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História do povo Ghawazee

Aula teórica
Profª Nay Nunes

- A Dança do Ventre que dançamos hoje é uma configuração da entrada dos franceses e ingleses
no Egito. Lá eles encontraram DUAS classes de bailarinas: as ghawazees e as awali;

Ghawazees: dançarinas profissionais (no sentido de que ganhavam seu sustento através da
dança) que performavam nas ruas ou em festivais e festas particulares, como contratadas. A
origem étnica e histórica deste grupo e o próprio significado da palavra ainda são questões em
discussão entre pesquisadoras/es.

- Alguns autores as consideram ciganas mas há controvérsias sobre o fato de serem nômades
(Eles se assemelham a alguns costumes ciganos como por exemplo, só casam-se entre eles mas
talvez evitam de se entitular como tal devido ao preconceito)

(Elas não gostam de serem associadas a Raks Sharki mas sim a Raks Shaabi)

-Não eram árabes, nem egípcias e falavam um dialeto próprio

- Tinham um estilo próprio, vestidas de inúmeros adereços com um porte físico muito diferente
das europeias, isso despertou a curiosidade e preconceito.

- O governante da época, Mohamed Ali decretou a proibição de dançarinas se apresentarem no


Cairo (em torno de 7.000) e aí se deslocaram para a região de Luxor

Awali: Awalim (Almeh, no singular) cujo significado do termo é consenso é designando


“mulher culta”

-Inicialmente, eram consideradas artistas de uma classe mais elevada, detendo a reputação de
talentosas e cultas cantoras, que recebiam treinamento formal como recitadoras de poesia nos
lares da elite otomano-egípcia
- Capazes de memorizar um vasto repertório de canções, muitas vezes, religiosas, tal espécie de
performance era muito mais valorizada, no contexto islâmico, devido seu relacionamento com a
poesia, a forma de expressão com mais alto apreço pelos muçulmanos

- Outro fator de distinção social se dava por seus cuidados com a exposição excessiva: as
awalim atuavam apenas dentro dos haréns e, muitas vezes, ficavam escondidas por paredes de
treliça, ao contrário das ghawazee, que, por serem artistas de rua ou contratadas para atuar em
eventos públicos, dançavam na presença de qualquer pessoa – inclusive homens e estrangeiros -
sem o véu, o que era mal visto socialmente.

-30 anos depois do decreto, ele foi revogado só que aos moldes ingleses e só poderiam ser feitas
em alguns lugares (cabarets, por exemplo) e por as ghawazees terem pouco acesso a esses
lugares, elas foram desaparecendo nos registros históricos (século XX)

- Época OCIDENTALIZAÇÃO, com isso, elas foram tendo menos espaços. Surgimento de uma
dança mais limpa, sofisticada e menos pé no chão: Tahia Carioca, Samia Gamal e etc.

- atribuição de significado destes movimentos como sensuais e exóticos parte da apreciação


equivocada dos ocidentais. Para os orientais a questão da respeitabilidade ou não da dança
depende do contexto e do ambiente em que ela é praticada, não dos movimentos em si.
Argumenta que, nas sociedades árabes, existe uma marcada separação entre o âmbito público
e privado e que a expressão do indivíduo deve se adaptar a estes contextos. Se no âmbito
privado são valorizadas a autonomia, auto expressão e criatividade, no âmbito público o foco
deve ser na comunidade, no apagamento do indivíduo em detrimento do coletivo.

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