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A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento
*BARROS, Manoel. Exercícios de ser criança. Rio de Janeiro: Salamandra. 1999, 29.
1) Observe as alternativas abaixo, verifique se elas se aplicam ao texto de
Manuel de Barros, caracterizando-o e assinale a opção abaixo de acordo
com as respostas.
1. No texto literário, importa não o que se diz, mas também o modo como se diz.
2. O texto literário é conotativo, isto é, cria novos significados. Enquanto o texto não-literário
aspira à denotação, o texto literário com a função estética busca a conotação. Por isso, usa
largamente os mecanismos da metáfora e da metonímia.
3. O texto literário tem uma função estética, enquanto o texto não-literário tem uma função
utilitária (informar, convencer, explicar, responder, ordenar, etc.).
b) Sua obra é uma síntese singular entre o passado e o presente: ainda tem os torneios
verbais do Quinhentismo português, mas combina-os com a paixão das imagens pré-
românticas.
c) Dos poetas arcádicos eminentes, foi sem dúvida o mais liberal, o que mais claramente
manifestou as idéias da ilustração francesa.
e) Sua famosa sátira à autoridade portuguesa na Minas do chamado ciclo do ouro é prova
de que seus talento não se restringia ao lirismo amoroso.
4) Vagabundo
5) Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
(Oswald de Andrade)
Sobre o poema de Oswald de Andrade, julgue as seguintes
proposições:
I. O poema de Oswald de Andrade volta-se contra o
preconceito linguístico e nos chama a atenção para a
necessidade de uma espécie de ética linguística pautada na
diferença entre as línguas, nesse caso em uma única língua.
II. O poema critica a maneira de falar do povo brasileiro,
sobretudo das classes incultas que desconhecem o nível
formal da língua.
III. Para ele, os falantes que dizem “mio”, “mió”, “pió”, “teia”,
“teiado”, de certa forma, constroem um “telhado”, ou seja,
criam novas formas de pronúncia que se sobressaem, em
muitos casos, à norma culta.
IV. A palavra “vício”, encontrada no título do poema, denota
certo preconceito linguístico do autor, que julga a norma
culta superior ao coloquialismo presente na fala das pessoas
menos esclarecidas.
a) Todas estão corretas.
b) I e III estão corretas.
c) I, III e IV estão corretas.
d) II e III estão corretas.
e) Todas são falsas
6) Enem 2009
Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e
[comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e
[sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.
Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento
modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo na alma do
Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos.
Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o universal e o particular,
como se percebe claramente na construção do poema Confidência do
Itabirano. Tendo em vista os procedimentos de construção do texto
literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema
acima
a) representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom contestatório
e à utilização de expressões e usos linguísticos típicos da oralidade.
b) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a
apresentação objetiva de fatos e dados históricos.
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por
intermédio de imagens que representam a forma como a sociedade e o
mundo colaboram para a constituição do indivíduo.
d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do
poeta e da poesia em comparação com as prendas resgatadas de
Itabira.
e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da
individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra natal, por
meio de recursos retóricos pomposos.
E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e
braços nus, para dançar. [...]
Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e
bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa
sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já
correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda,
como se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em que se não toma
pé e nunca se encontra fundo. [...]E Jerônimo via e escutava, sentindo ir–se–lhe
toda a alma pelos olhos enamorados. Naquela mulata estava o grande mistério, a
síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do
meio–dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos
trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira
virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o
açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que
abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta
viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo
dele, assanhando–lhe os desejos, acordando–lhe as fibras embambecidas pela
saudade da terra, picando–lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma
centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos
de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da
Rita Baiana e espalhavam–se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.
AZEVEDO, Aluísio de. O cortiço. 26. Ed. São Paulo: Ática, 1994. Pág. 72‐73.
(Fragmento).
Forma
Reforma
Disforma
Transforma
Conforma
Informa
Forma
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot
15. (FUVEST/SP)
Profundamente
Manuel Bandeira, Libertinagem.