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TEXTO I

O menino que carregava água na peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.

Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento

e sair com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água.

O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.

Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.

A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.

Falava que os vazios são maiores e até infinitos.

Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito,

porque gostava de carregar água na peneira,

com o tempo, descobriu que escrever seria o mesmo

que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu que era capaz de ser

noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.

E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o voo de um pássaro botando ponto final na frase.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.

O menino fazia prodígios.

Até fez uma pedra dar flor!

A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou: meu filho você vai ser poeta.

Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os vazios com suas peraltagens

e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos.

*BARROS, Manoel. Exercícios de ser criança. Rio de Janeiro: Salamandra. 1999, 29.
1) Observe as alternativas abaixo, verifique se elas se aplicam ao texto de
Manuel de Barros, caracterizando-o e assinale a opção abaixo de acordo
com as respostas.

1. No texto literário, importa não o que se diz, mas também o modo como se diz.
2. O texto literário é conotativo, isto é, cria novos significados. Enquanto o texto não-literário
aspira à denotação, o texto literário com a função estética busca a conotação. Por isso, usa
largamente os mecanismos da metáfora e da metonímia.
3. O texto literário tem uma função estética, enquanto o texto não-literário tem uma função
utilitária (informar, convencer, explicar, responder, ordenar, etc.).

4. No uso estético da linguagem, procura-se desautomatizá-la, criar novas relações entre as


palavras, estabelecer associações inesperadas e insólitas entre elas, para tornar singular a sua
combinatória e, assim, revelar novas maneiras de ver o mundo.

A) Quando as alternativas 1, 2 e 3 estiverem corretas

B) Quando as alternativas 1 e 3 estiverem corretas

C) Quando as alternativas 2 e 4 estiverem corretas

D) Quando somente a alternativa 4 estiver correta

E) Quando todas as alternativas estiverem corretas

2) Ardor em firme coração nascido;


pranto por belos olhos derramado;
incêndio em mares de água disfarçado;
rio de neve em fogo convertido:
tu, que em um peito abrasas escondido;
tu, que em um rosto corres desatado;
quando fogo, em cristais aprisionado;
quando crista, em chamas derretido.
Se és fogo, como passas brandamente,
se és fogo, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
Pois para temperar a tirania,
como quis que aqui fosse a neve ardente,
permitiu parecesse a chama fria.
O texto pertencente a Gregório de Matos e apresenta todas seguintes
características:

a) Trocadilhos, predomínio de metonímias e de símiles, a dualidade temática


da sensualidade e do refreamento, antíteses claras dispostas em ordem direta.
b) Sintaxe segundo a ordem lógica do Classicismo, a qual o autor buscava
imitar, predomínio das metáforas e das antíteses, temática da fugacidade do
tempo e da vida.

c) Dualidade temática da sensualidade e do refreamento, construção sintática


por simétrica por simetrias sucessivas, predomínio figurativo das metáforas e
pares antitéticos que tendem para o paradoxo.

d) Temática naturalista, assimetria total de construção, ordem direta


predominando sobre a ordem inversa, imagens que prenunciam o
Romantismo.

e) Verificação clássica, temática neoclássica, sintaxe preciosista evidente no


uso das síntese, dos anacolutos e das alegorias, construção assimétrica.

3) (UEL) Identifique a afirmação que se refere a Gregório de Matos:

a) No seu esforço da criação a comédia brasileira, realiza um trabalho de crítica que


encontra seguidores no Romantismo e mesmo no restante do século XIX.

b) Sua obra é uma síntese singular entre o passado e o presente: ainda tem os torneios
verbais do Quinhentismo português, mas combina-os com a paixão das imagens pré-
românticas.

c) Dos poetas arcádicos eminentes, foi sem dúvida o mais liberal, o que mais claramente
manifestou as idéias da ilustração francesa.

d) Teve grande capacidade em fixar num lampejo os vícios, os ridículos, os desmandos do


poder local, valendo-se para isso do engenho artificioso que caracteriza o estilo da época.

e) Sua famosa sátira à autoridade portuguesa na Minas do chamado ciclo do ouro é prova
de que seus talento não se restringia ao lirismo amoroso.

4) Vagabundo

Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,


Fumando meu cigarro vaporoso;
Nas noites de verão namoro estrelas;
Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!
Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noite serenatas,
E quem vive de amor não tem pobrezas.
Álvares de Azevedo
 
A visão de mundo expressa pelo eu lírico nos versos de Álvares de
Azevedo revela o(a)
a) desequilíbrio do poeta adolescente e indeciso, que não é capaz de amar uma
mulher nem a si próprio.
b) valorização da vida boêmia que proporciona um outro tipo felicidade,
desvinculada de valores materiais.
c) postura acrítica que o poeta tem diante da realidade, seja em relação ao
amor,seja em relação à vida social.
d) lamento do poeta que leva a vida peregrina e pobre, sem bens materiais e
nenhuma forma de felicidade.
e) constatação de que a música é o único expediente capaz de levá-lo à
obtenção de recursos materiais.

5) Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
(Oswald de Andrade)
Sobre o poema de Oswald de Andrade, julgue as seguintes
proposições:
I. O poema de Oswald de Andrade volta-se contra o
preconceito linguístico e nos chama a atenção para a
necessidade de uma espécie de ética linguística pautada na
diferença entre as línguas, nesse caso em uma única língua.
II. O poema critica a maneira de falar do povo brasileiro,
sobretudo das classes incultas que desconhecem o nível
formal da língua.
III. Para ele, os falantes que dizem “mio”, “mió”, “pió”, “teia”,
“teiado”, de certa forma, constroem um “telhado”, ou seja,
criam novas formas de pronúncia que se sobressaem, em
muitos casos, à norma culta.
IV. A palavra “vício”, encontrada no título do poema, denota
certo preconceito linguístico do autor, que julga a norma
culta superior ao coloquialismo presente na fala das pessoas
menos esclarecidas.
a) Todas estão corretas.
b) I e III estão corretas.
c) I, III e IV estão corretas.
d) II e III estão corretas.
e) Todas são falsas

6) Enem 2009
Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e
[comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e
[sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.
Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento
modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo na alma do
Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos.
Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o universal e o particular,
como se percebe claramente na construção do poema Confidência do
Itabirano. Tendo em vista os procedimentos de construção do texto
literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema
acima
a) representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom contestatório
e à utilização de expressões e usos linguísticos típicos da oralidade.
b) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a
apresentação objetiva de fatos e dados históricos.
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por
intermédio de imagens que representam a forma como a sociedade e o
mundo colaboram para a constituição do indivíduo.
d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do
poeta e da poesia em comparação com as prendas resgatadas de
Itabira.
e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da
individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra natal, por
meio de recursos retóricos pomposos.

Leia o trecho da obra “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, em que o personagem


Jerônimo* deixa–se seduzir por Rita Baiana.

*Jerônimo, imigrante português, homem honesto, inserido em ambiente


degradado.

Jerônimo levantou–se, quase que maquinalmente, e seguido por Piedade,


aproximou–se da grande roda que se formara em torno dos dois mulatos. [...]

E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e
braços nus, para dançar. [...]
Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e
bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa
sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já
correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda,
como se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em que se não toma
pé e nunca se encontra fundo. [...]E Jerônimo via e escutava, sentindo ir–se–lhe
toda a alma pelos olhos enamorados. Naquela mulata estava o grande mistério, a
síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do
meio–dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos
trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira
virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o
açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que
abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta
viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo
dele, assanhando–lhe os desejos, acordando–lhe as fibras embambecidas pela
saudade da terra, picando–lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma
centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos
de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da
Rita Baiana e espalhavam–se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.
AZEVEDO, Aluísio de. O cortiço. 26. Ed. São Paulo: Ática, 1994. Pág. 72‐73.
(Fragmento).

Ilhargas: partes laterais e inferiores do baixo‐ventre.


Setentrional: próprio do norte.
Cantáridas: insetos de coloração verde‐dourada com reflexos avermelhados.
(UFLA MG)

7)A aplicabilidade da teoria de Darwin nesta obra tem correspondência com a


seguinte alternativa:

a) demonstrar a tese de que o ser humano é fruto do meio em que vive –


Jerônimo está condenado à degradação moral.
b) descrever os movimentos de Rita Baiana, recorrendo, com frequência, a
comparações com animais e plantas.
c) associar a sexualidade aos elementos da natureza nacional, despertando
desejos a que o português Jerônimo não conseguirá resistir.
d) atribuir ao cortiço a condição de uma personagem, que vai se expandindo e
multiplicando a cada dia.

8) Sobre o Naturalismo literário, é correto afirmar:

I. Ao aprofundar aspectos realistas da literatura, cientificiza um discurso,


assumido no plano estético pela ficção, induzindo o leitor a buscar não somente
entretenimento em seus romances, mas também a problematização de estruturas
sociais e de aspectos psicológicos das personagens.
II. O romance de tese, a exemplo de O cortiço, é o melhor projeto para o
naturalista, uma vez que este só é considerado naturalista na medida em que sua
produção literária se realiza unicamente no chamado romance de tese.
III. O realce de traços físicos e psicológicos nos romances de tese ratifica a
ideia de o naturalismo, em suas narrativas, acentuar as tensões sociais e de
demandas coletivas como proposta a ser problematizada a partir do elemento
com o qual o leitor estabelece um grau de intimidade ou identificação, a saber, a
personagem de ficção.

a) somente II e III estão corretas


b) somente I está correta
c) somente I e II estão corretas
d) somente I e III estão corretas
e) as três proposições estão corretas

9)  Das citações apresentadas abaixo, qual não apresenta, evidentemente, um enfoque


naturalista?
a) Às esquinas, nas quitandas vazias, fermentava um cheiro acre de sabão da terra e
aguardente.
b) … as peixeiras, quase todas negras, muito gordas, o tabuleiro na cabeça, rebolando os
grossos quadris trêmulos e as tetas opulentas.
c) Os cães, estendidos pelas calçadas, tinham uivos que pareciam gemidos humanos.
d) … batiam-lhe com a biqueira do chapéu nos ombros e nas coxas, experimentando-
lhes o vigor da
musculatura, como se estivesse a comprar cavalos.
e) À porta dos leilões aglomeravam-se os que queriam comprar e os simples curiosos.

10) (STA. CASA) Transcreve-se um poema de José Lino


Grünewald: 

Forma 
Reforma 
Disforma 
Transforma 
Conforma 
Informa 
Forma 

Este é um poema escrito dentro dos princípios do Concretismo,


movimento poético brasileiro da década de 50, neste século XX.
Escrevemos a seguir, que no Concretismo: 

I - A poesia não fica apenas no âmbito do consumo auditivo.


II - À noção de poesia incorpora um novo elemento: o visual. 
III - O apelo à comunicação não-verbal exerce papel fundamental. 

Escreveu-se corretamente em: 


a) I e II apenas
b) I e III apenas 
c) II e III apenas 
d) I, II e III 
e) nenhuma das ACIMAS
11)“Para a criação de uma verdadeira cultura
brasileira, característica e forte, expressiva ao menos,
essa herança maldita européia e americana terá que
ser absolvida, antropofagicamente, pela negra e índia
da nossa terra, que na verdade são as únicas
significativas, pois a maioria dos produtos da arte
brasileira é híbrida, intelectualizada ao extremo, vazia
de um significativo próprio.” (Hélio Oiticica)” Tal fala do
artista Hélio Oiticica, diz respeito ao tratamento
antropofágico que os participantes da tropicália davam
às diversas influências culturais que tinham, dessa
maneira, “absorviam” e “absolviam” as múltiplas
culturas ao seu redor, sincretizando e mesclando para
produzir algo novo , único e brasileiro. Este tipo de
comportamento artístico não era novo na cultura
brasileira, e já havia sido utilizado por outra escola
literária, estamos falando do:
a) Concretismo
b) Modernismo, segunda fase
c) Modernismo , Terceria fase
d) Modernismo , primeira fase
e) Simbolismo
9) Leia abaixo a letra de “Alegria , alegria” de Caetano Veloso e marque a
alternativa que melhor desempenha um papel interpretativo sobre a
canção.

12) Alegria , Alegria (Caetano Veloso)

Caminhando contra o vento


Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou

O sol se reparte em crimes


Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot

O sol nas bancas de revista


Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou

Por entre fotos e nomes


Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não
Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento
Eu vou

Eu tomo uma Coca-Cola


Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou

Por entre fotos e nomes


Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil

Ela nem sabe até pensei


Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou

Sem lenço, sem documento


Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou

Por que não, por que não?


Por que não, por que não?
Por que não, por que não?
Por que não, por que não?

a) A música de Caetano é uma grande sátira à cultura segregadora


estabelecida pelo movimento tropicalista. Ao incorporar elementos
da cultura pop e norte-americana em sua letra, Caetano satiriza o
comportamento preconceituoso da esquerda intelectualizada que ,
até então, abominava o uso de elementos estéticos norte-
americanos.
b) Caminhar contra o vento é uma expressão metaforizada que
significa “ir contra aquilo que está estabelecido”, ou, mais
popularmente, nadar contra a maré. Na letra, há um manifesto
subentendido do movimento tropicalista, que demonstra pela
primeira vez, e indo contra os grandes pensadores da esquerda,
absolver e absorver todas as influencias culturais possíveis, sejam
elas nacionais ou estrangeiras, algo impensado na cultura
brasileira até então. A tropicália, passa a ser, então, o primeiro
movimento cultural brasileiro a incorporar simbolicamente a
“antropofagia” como um de seus lemas e pilares conceituais.
c) Ao falar “o peito cheio de amores vãos”, o eu-lirico revela uma
crítica à juventude da época que, embora vivesse em um
momento de tensão política, preferia se entreter e se alienar com
as influencias estrangeiras da época, trazidas pelos instrumentos
de comunicação em massa. Daí surge uma das críticas cruciais da
tropicália, que vêem a invasão da cultura estrangeira como algo
extremamente prejudicial ao país.
d) A crítica à esquerda intelectualizada, a sedução dos meios de
comunicação de massas, o retrato da realidade urbana e industrial, tudo
isso montado como uma colagem de fragmentos do dia-a-dia: eis os
ingredientes de Alegria, Alegria, música composta pelo músico e escritor
brasileiro Caetano Veloso (nasc. 1942), que funcionou como ponto de
partida e síntese do Tropicalismo.
e) A estrofe “Por entre fotos e nomes/Sem livros e sem fuzil/Sem
fome, sem telefone/No coração do Brasil” é uma crítica direta ao
governo militar que, em nome da defesa da pátria, seqüestrava
jovens das escolas para, obrigatoriamente, inseri-los dentro do
exército e dos outros braços das forças armadas. Com a
justificativa de que estes jovens deveriam lutar contra a ameaça
comunista em outros países latino-americanos.

13) Leia o trecho da música abaixo e depois responda o que


se pede.

"Sobre a cabeça os aviões


Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento no planalto central do país.”

Marque abaixo a alternativa que melhor desempenha um papel


interpretativo a respeito do trecho de música citado acima.

a) A música “Tropicália” de Caetano, mais especificamente, os


trechos citados acima, fazem uma relação entre a época do
golpe do estado novo e os engajamentos político-sociais
implementados pelo governo militar em 1964, entre eles a
construção de Brasília e de Rodovias. Essa relação se dá
como um elogio ao estado e seus planos
desenvolvimentistas.
b) O movimento tropicalista, do qual Caetano Veloso foi um
representante, traça um retrato "cantado" do Brasil. Segundo
algumas interpretações, na música Tropicália o autor
contesta a ideologia que dominava o pensamento político do
Brasil, principalmente entre as décadas de 1930 e 1960,
mostrando as contradições da modernização
subdesenvolvida do Brasil. No segundo verso, a canção se
refere ao rodoviarismo como opção de transporte (após a
chegada das montadoras de automóveis) e integração do
território. No sétimo verso, à inauguração de Brasília,
ocorrida em 1960.
c) Como parte dos ideais da Tropicália era a adoção de uma
visão latino-americana inserida na realidade cotidiana, os
tropicalistas relatam os acontecimentos ao seu redor de
uma maneira clara e objetiva, deixando transparecer toda o
seu criticismo a respeito das situações políticas da época.
No trecho citado, estamos diante de uma crítica direta à
falta de direção dos movimentos políticos de esquerda
daquele tempo. Ao dizer “eu organizo o movimento/ eu
oriento o carnaval” , o eu-lírico nos coloca diante de uma
situação antitética, pois se você organiza o movimento,
você não o direciona, logo, não chega a lugar nenhum. Por
outro lado, o carnaval, ainda que desorganizado, possui um
objetivo traçado, uma orientação. Esta relação é uma
grande sátira à esquerda intelectualizada da época que,
embora conseguisse entreter alguns, não tinha
objetividade.
d) O trecho traz uma crítica aos padrões culturais da época que,
influenciados pela construção de Brasília e pela chegada de
montadoras norte-americanas de automóveis, deixaram-se
contaminar com ideologias desenvolvimentistas e
imperialistas, coisas inaceitáveis aos padrões
ufanistas/xenofóbicos dos tropicalistas.
e) Todas as respostas acima são interpretações plausíveis e
coerentes com os padrões estéticos do movimento
tropicalista, com as possíveis maneiras de se compreender o
trecho da música e com a época em que o movimento
eclodiu.

14. (ENEM/MEC) Poética, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento


modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que
representam o pensamento estético predominante na época.
Poética

"Estou farto do lirismo comedido


Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e
[manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
[cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas 
[...]

Quero antes o lirismo dos loucos


O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare 
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.”

BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa. 


Rio de Janeiro. Aguilar, 1974.

Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:

a) Critica o lirismo louco do movimento modernista.

b) Critica todo e qualquer lirismo na literatura.

c) Propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.

d) Propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico.

e) Propõe a criação de um novo lirismo.

15. (FUVEST/SP)

Profundamente

“Quando ontem adormeci


Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
[...]

Onde estavam os que há pouco


Dançavam
Cantavam
E riam 
Ao pé das fogueiras acesas?
— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente

Quando eu tinha seis anos


Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.”

Manuel Bandeira, Libertinagem.

No conhecido poema de Bandeira, aqui parcialmente reproduzido, a experiência do


afastamento da festa de São João

a) É de ordem subjetiva e ocorre, primordialmente, no plano do sonho e da


imaginação.

b) Reflete, em chave saudosista, o tradicionalismo que caracterizou a geração


modernista de 1922.

c) Se dá predominantemente no plano do tempo e encaminha uma reflexão sobre a


transitoriedade das coisas humanas.

d) Assume feição abstrata, na medida em que evita assimilar os dados da percepção


sensível, registrados pela visão e pela audição.

e) É figurada poeticamente segundo o princípio estético que prevê a separação nítida


de prosa e poesia.

Instrução: (Unifesp/SP) Leia o poema de Oswald de Andrade e responda às questões


abaixo

16. Senhor feudal

"Se Pedro Segundo


Vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia.”

(Unifesp/SP) Considere as seguintes características do Modernismo brasileiro:


I. Busca de uma língua brasileira;

II. Versos livres;

III. Ironia e humor.

Nos versos de Oswald de Andrade,

a) Apenas I está presente.

b) Apenas III está presente.

c) Apenas I e II estão presentes.

d) Apenas I e III estão presentes.

e) I, II e III estão presentes.

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