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A PERCEPÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR

Belmira Schmitz Teles


Prof.: Daniela Regina da Silva
Prof.: Roberta Monteiro

Centro Universitário Leonardo da Vinci- UNIASSELVI


Licenciatura em Pedagogia (PED. 3841) Psicologia da Educação e Aprendizagem
Data: 1º/07/2008

RESUMO
Na vida humana a aprendizagem inicia ou se dá até antes do nascimento e se prolonga até
a morte, por isso ela é um processo fundamental na vida. Todo o individuo aprende e
através da aprendizagem desenvolve comportamentos que lhe dão possibilidade de viver.
Todas as atividades e realizações do homem mostram os resultados dessa aprendizagem, e
a escola está incumbida de auxiliar esse indivíduo a desenvolver todas as sua
potencialidades.

Palavras – Chave: Linguagem; escola, aprendizagem; adaptação

1. INTRODUÇÃO

Quando consideramos todas as habilidades, interesses, atitudes,os conhecimentos e as


informações adquiridas, dentro e fora da escola e suas relações com o comportamento, a
personalidade, maneiras de viver, nos dizem que a percepção , a aprendizagem acompanha
a vida toda de cada um.

A aprendizagem tem diferentes conceitos e características, para muitos teóricos é


um processo de associação entre uma situação estimuladora e a resposta, outros dizem que
é ajustamento ou adaptação do indivíduo ao ambiente, assim como uma subordinação de
reações ou um processo de reforço do comportamento, um processo perceptivo em que se
dá uma mudança na estrutura cognitiva, assim fica difícil conceituar de modo satisfatório a
aprendizagem.
Ao aprender o indivíduo está desenvolvendo, construindo afinidades que estabelece
com o ambiente físico, é através do convívio social, das atividades que pratica são criadas
condições para que a consciência se manifeste e essa consciência é a capacidade de
distinguir entre propriedades objetivas estáveis da realidade , daquilo que é vivido
subjetivamente.

O comportamento é devido aos estímulos que recebemos e reagimos conforme as


circunstâncias , tendo em vista nossa adaptação , onde muitas vezes reações complexas
nos obrigam a vários atos que nos levam a um mesmo fim e outros são simples ou
puramente mentais.

As ações físicas, típicas da inteligência sensório -motoras, são internalizadas e passam


assim a ocorrer mentalmente, a percepção se torna conceitual.

Para Vygotsky o funcionamento do cérebro humano fundamenta-se em suas idéias de


que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da história social do
homem, na sua relação com o mundo, ele rejeitou a idéia de funções mentais fixas e
imutáveis, trabalhando com a noção do cérebro como um sistema aberto.

Uma idéia central para a compreensão das concepções de Vygotsky sobre o


desenvolvimento humano como processo sócio-histórico é a idéia de mediação. Enquanto
sujeito do conhecimento o homem não tem acesso direto ao objeto,mas acesso mediado.

O conceito de mediação refere-se ao processo de representação mental, a idéia de que


o homem é capaz agir mentalmente sobre o mundo, imaginar objetos, situações e eventos
do mundo real no seu universo psicológico. Essa capacidade de representar o que é real é
que dá condições para que ele faça relações mentais na ausência de referentes concretos,
que imagine o que não vivenciou, que faça plano, enfim que ultrapasse o mundo
perceptível.

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2. LINGUAGEM E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Ao aparecer a linguagem iniciam –se os processos mentais superiores, a percepção,


memória e a atenção, a criança estará apta a criar instrumentos que a auxiliam para
solucionar problemas, a superar a impulsividade e a controlar seu próprio comportamento
(como o de xingar seu amiguinho, dizendo para si: “não vou brigar”) ao repetir
mentalmente, ela já está controlando sua memória.

Para Vygotsky, uma função psicológica superior ou um comportamento complexo


difere da elementar, mediante a existência de um processo de internalização, que é a
reconstrução mental de uma ação realizada externamente.

Quanto mais a fala se desenvolve, a criança se sente independente em relação ao seu


meio concreto e imediato, ocorrendo mudanças no seu campo psicológico, pois o que virá
depois, amanhã, futuramente, passa a fazer parte de suas interações físicas e sociais.

Consideramos que o desenvolvimento total evolui da seguinte forma: a função


primordial da fala, tanto nas crianças quanto nos adultos, é a comunicação, o
contato social. A fala mais primitiva da criança, é portanto essencialmente
social. A princípio é global e multifuncional, posteriormente, suas funções
tornam-se diferenciada. Numa certa idade, a fala social da criança divide-se
muito nitidamente em fala egocêntrica e fala comunicativa.(Vygotsky,
p.23,2005).

[...] isso nos leva a outro fato inquestionável e de grande importância: o


desenvolvimento do pensamento é determinado pela linguagem, isto é, pelos
instrumentos lingüísticos do pensamento e pela experiência sócio-cultural da
criança. Basicamente, o desenvolvimento da fala interior depende de fatores
externos. (Vygotsky, p.62, 2005).

A criança ao utilizar a linguagem egocêntrica, falando com ela mesma, sem se


importar de estar sendo escutada ou não, essa linguagem tem um objetivo, uma função que
está interagindo com seu pensamento, ela está dessa forma internalizando o que irá depois
desempenhar, isto é, ela precisa disso se vai solucionar um problema. Vygotsky acha que
essa fala egocêntrica a criança carrega de uma vida socializada para uma transição

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puramente interna , primeiro ela usa essa linguagem apenas para se comunicar depois ela
utiliza como forma de pensar, internalizando.

[...] a fala egocêntrica é um fenômeno de transição das funções


interpsíquicas para as intrapsíquicas, isto é, da atividade social e
coletiva da criança para a sua atividade mais individualizada – um
padrão de desenvolvimento comum a todas as funções psicológicas
superiores [...] ( Vygotsky, p.166, 2005).

3. APROPRIAÇÃO E ADAPTAÇÃO

A criança desde o seu nascimento está cercada de coisas idealizadas e criadas pelo
homem, a linguagem reflete as idéias, os conceitos e conseqüentemente o desenvolvimento
mental da criança é iniciadA em um mundo humanizado. Ela se apropria dos fenômenos e
objetos humanos que estão à sua volta, ela não está adaptada a esse mundo, todas essa
relação é mediadas pelos adultos.

Ela só se adapta se o seu ambiente assim exigir, antão haverá uma mudança de
comportamento e de sua capacidade. Mas no momento em que ela se apropria é quando
reproduz qualidades, capacidades e característica humanas de comportamento.

Vygotsky acredita que o desenvolvimento é um processo complexo, caracterizado


pela periodicidade e desigualdade do desenvolvimento de diferentes funções. Logo em
seguida esses comportamentos deixam de ser predominantes, ai então, aparecem os
comportamentos superiores que se desenvolvem nas relações sociais.

Na escola a criança deve entender as bases para chegar a estudos científicos, ele
precisará se apropriar de conceitos, de abstrações. A criança não consegue, muitas vezes,
entender essa repetição de palavras sem sentido.

Para conseguir se apropriar desses conceitos que vivenciou na escola, precisa da


mediação, necessita do auxílio do professor ou de outras crianças.Por isso a tarefa da escola

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é auxiliar a criança a chegar a um processo superior de desenvolvimento, Vygotsky chama
isso de zona de desenvolvimento proximal, um nível potencial de desenvolvimento a ser
trabalhado pela escola.

Quando a criança chega na escola, traz consigo uma bagagem de conhecimentos,


quando começa a aprender a linguagem escrita, ela já utiliza formas de comunicação, ao
desenhar, fazer sinais e riscos, assim está expressando suas impressões do seu cotidiano.

A escola deve considerar essa sua cultura, pois antes de absorver conceitos
científicos, ela precisa ter passado por esses conceitos espontâneos, que abrem caminho
para conceitos mais elaborados, criando estruturas necessárias para assimilação. [...] é na
zona de desenvolvimento proximal que a interferência de outros indivíduos é a mais
transformadora.(Oliveira,p.61,2005).

A zona de desenvolvimento proximal é, pois, um domínio


psicológico em constante transformação: aquilo que uma criança é
capaz de fazer com a ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer
sozinha, amanhã. (Oliveira,p.60,2005).

Como na escola o aprendizado é um resultado desejável, é o


próprio objetivo do processo escolar, a intervenção é um processo
pedagógico privilegiado. O professor tem o papel explícito de
interferir na zona de desenvolvimento proximal dos alunos,
provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente. [...] a
criança não tem condições de percorrer, sozinha, o caminho do
aprendizado. A intervenção de outras pessoas – que, no caso
específico da escola, são o professor e as demais crianças – é
fundamental para a promoção do desenvolvimento do indivíduo.
(Oliveira, p.62, 2005).

Paulo Freire diz que “Ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos”, dessa
forma a escola tem que conduzir seus alunos a chegarem à um nível mais elevado de
conhecimento, deixando assim estágios mais primitivos e passando a utilizar processo
mentais superiores. A criança passa a construir novos conhecimentos e formas de pensar, a
escola tem que auxilia-lo nesse processo, é preciso que a criança seja capaz de buscar o

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conhecimento: é importante que desenvolva habilidades de leitura, interpretação, a
questionar, pesquisar, a descobrir o estudo independente, a descobrir esquemas de
conhecimento, necessários para a aprendizagem.

O processo de ensino-aprendizado na escola deve ser construído,


então, tomando como ponto de partida o nível de desenvolvimento
real da criança- num dado momento e com relação a um
determinado conteúdo a ser desenvolvido - é como ponto de
chegada os objetivos estabelecidos pela escola, supostamente
adequados à faixa etária e ao nível de conhecimentos e habilidades
de cada grupo de crianças. (Oliveira,p.62,2005).

O professor deve se preocupar em ter um olhar, para cada um de seus alunos, verificar
como eles aprendem, como raciocinam, no momento em que ele os conhece, embora em
salas de aula abarrotadas de crianças e com muitas dificuldades, é preciso que ele tenha a
preocupação de identificar cada diferença e, assim, poder organizar seus planos e situações
de aprendizagem que auxiliem seus alunos a progredirem.

Quando professor e alunos interagem há uma troca de objetivos e atividades a serem


alcançados, isto fará com que a aprendizagem aconteça de forma produtiva, e os obstáculos
sejam vencidos.
Por isso é que, na formação permanente dos professores, o
momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É
pensando criticamente a prática hoje ou de ontem que se pode
melhorar a próxima prática.(Freire, p.39,1996).

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4. CONCLUSÃO

O desenvolvimento do indivíduo é atribuído ao seu desenvolvimento mental e


crescimento orgânico,onde o desenvolvimento mental é construído durante toda a sua vida,
e aos poucos as estruturas mentais vão aparecendo e cada vez mais se aperfeiçoando e
solidificando, até estarem todas plenamente desenvolvidas, a inteligência, a afetividade e
socialização, etc.

A criança apresenta características próprias de cada idade em que ela está. Piaget
apresenta em suas pesquisas que existem formas de perceber, compreender e comportar-se
diante do mundo, próprias de cada idade. Para ele estudar esse comportamento significa
conhecer as individualidades, todos esses aspectos levantados têm importância para a
educação.

A escola deve se incumbir de planejar o que e como ensinar, assim como conhecer o
educando. Ela está a par das dificuldades de aprendizagem que as crianças enfrentam na
escola, quais motivos levam aos fracassos e o que precisam ter no seu meio familiar. É
preciso que a escola seja um lugar onde a criança sinta vontade de ir, que seja um lugar
onde elas tenham a possibilidade de adquirir conhecimento e aprendizagens várias.

Ela deve estar adequada aos processos de aprendizagem, deve estar atenta aos
sentimentos de frustração, dd inferioridade, de revolta, de perturbação emocional, quando
esse aluno se depara com dificuldades de aprendizagens.

A escola é uns dos agentes responsáveis pela integração desse aluno na vida social,
claro que a família é fundamental. Uma escola bem estruturada, equipada e preocupada
em contribuir para o bom desenvolvimento do educando, assim como sua socialização,
deve buscar, sim formas de prevenir a evasão escolar, a superar as dificuldades de
aprendizagem, deve preparar o professor e capacita-lo para atenderem seus alunos e
diferenciar cada um, respeitando seus ritmos, fazendo-os sentirem-se bem e amados, onde
os problemas que cabem à escola resolver, procurem solucionar, essa escola deve abdicar

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toda a forma de discriminação, tendo a sensibilidade de saber integrar a todos, sem
distinção de classe, raça, cor gênero e dificuldades que esses alunos possam apresentar.

A grande tarefa do sujeito que pensa certo não é transferir,


depositar, oferecer, doar ao outro, tomando como paciente seu
pensar, a inteligibilidade das coisas, dos fatos dos conceitos.
A tarefa coerente do educador que pensa certo e, exercendo como
ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando
com quem se comunica e a quem comunica, produzir sua
compreensão do que vem sendo comunicado. ( Freire,p.38, 1996).

E o que dizer, mas sobretudo que esperar de mim, se, como


professor, não me acho tomado por este outro saber, o de que
preciso estar aberto aos educandos e á própria prática educativa de
que participo.[...] ( Freire, p.141, 1996)

5. REFERÊNCIAS

Davis, C.; Oliveira, Z. Psicologia na Educação. São Paulo:Cortez. 1990.

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São


Paul: Paz e Terra, 2007.

Oliveira,M.K.Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento: um processo sócio-


histórico.4ed. São Paulo: Scipione, 2005.

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