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Os grupos humanos sempre reagiram (¢ reagem) das formas mais variadas as diferencas que percebiam (e percebem) entre eles e os outros; desde a curiosidade e a admiracao (fonte 1), 0 estranhamento e o riso diante do diferente (fonte 2), até a rivalidade e a violéncia fisica e psi- coldgica (fonte 3). A reagdo mais frequente de cada grupo humano em sociedade tem sido a de valorizar ao maximo suas formas de pensar e agir coletivamente e, a0 mesmo tempo, desvalorizar as do outro. A esse comportamento damos o nome de etnocentrismo. Gonzo Azuenaasypix 0 Pensador, escultura de Auguste Rodin; note que @ menina olha para la com admiracéo e encantamento, Visdo infantil, escultura de John Davies; note que 2 Museu de Belas Artes Legion of Honor, estatua provoca o estranhamento e 0 riso nos garotos. California, Estados Unidos, 2007. Museu de Belas Artes de Bilbao, Espanha, 2010. A fotografia retrata uma briga ent? torcidas organizadas, fato cada ve? mais comum nos estadios de todo 0 pats. Essas brigas, combinadas, POF vezes, pela internet, tém resultado em mutilacées e mortes de joven torcedores. Apesar das penalidades impostas aos agressores, a intolerénciy 2 hostilidade e a violéncia continuam fazendo vitimas, disseminando 0 edo e inibindo a ida aos estadios. ‘So Paulo (SP), 2014. Leia o texto a seguir em que especialistas escrevem sobre o etnocentrismo. Além da fome, [...] das doengas, da desigualdade, um dos graves pro- blemas que o mundo contemporaneo enfrenta €a intolerancia entre os Povos. A dificuldade em encarar a diversidade humana conduz a nega- cao dos valores culturais alheios e supervalorizacao do “grupo do eu”, visdo e atitude que chamamos de etnocentrismo [. Uma visio do mundo onde 0 nosso préprio gtupo é tomado como centro de tudo e todos os outros sao pensados e sentidos atra- vés dos nossos valores, nossos modelos, nossas definicdes do que é existncia. [..] De um ado, conhecemos um grupo do “eu", 0 “nosso” grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhe- ce problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma, empresta vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Ai, ento, de repente, nos deparamos Xenofobia: & 0 medo do com um “outro”, o grupo do “diferente” que, as vezes, nem sequer | “oure”tevado faz as coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que | oqueveio no reconhecemos como possiveis. E, mais grave ainda, este “ou. | deme tro" também sobrevive a sua maneira, gosta dela, também est no emi mundo e, ainda que diferente, também existe. [...] alguém capaz © grupo do “eu faz, entiio, da sua visio a tinica possivel ou, mais | de contami; discretamente se for o caso, a melhor, a natural, a superior, a certa, tomrenve © grupo do “outro”, o grupo do diferente fica, nessa légica, como_ | ls"em.a sendo engracado, absurdo, anormal ou ininteligivel. (Roti, fveardo, | fobia rodva O que é etnocentrismo. S30 Paulo: Brasiliense, 1994. p. 7-9.) um medo que induz 8 Essa visdo do outro produz distorgées, preconceitos, agressividades, | intolerincia, equivocos, hostilidades, intolerancia e, inclusive, xenofobia. A histéria | 20 crime, a contemporanea nos revela intimeros acontecimentos cruéis que foram jain motivados por esta impossibilidade de respeito A diferenca. guerras, ASSIS, Cisia Lobo; NEFOMUCENO, Cristiane Naria. Estudos cantempordneos de cultura, (ampins Grande: UEPB/UFRN, 2008. Disponivel em: . Acesso em: 28 abr. 2016, » Vocé jé ouviu expressées etnocéntricas como, por exemplo, “programa de indio” ou “o brasileiro é um bicho preguicoso”, e outras do género? Ja viu alguém fazendo “cara de nojo” ao ver uma pessoa comer algo que ele jamais Comeria? Ja presenciou um gesto de desprezo diante de um determinado gé- Nero de miisica? Vocé Ja foi vitima de uma atitude etnocéntrica? 34 praticou ° etnocentrismo ao se referir a uma pessoa OU povo? UNIDADE 1 | NOS E 0S OUTROS. go cerc, 0s povos amerindios possuem culturas préprias e diferentes umas das outras. Essa diversidade pode ser melhor aprendida observando-se 0 mapa. Jovem maia, México, 2012. Jovem asteca, Mexico, 2012. SS Ta tears icone ae Fonte: HISTORIA das civilizacdes. io Paulo: Abril, 2001. v3. p. 113. Mulher inca, Meninos Peru, 2014, guaranis, S40 Paulo (SP), 2011, Menina kaiap6, Alto Paraiso de Goias (60), 2014, » As imagens sao recentes e retratam individuos pertencentes a diferentes povos amerindios; quais as diferencas entre eles? » O que esses povos tam em comum? Que linguas falam? » Como viviam antes da chegada de Colombo na América (1492)? » Que problemas tam enfrentado no relacionamento coma sociedade envolvente? 12 UNIDADE 1 | NOs E 0S OUTROS: A QUESTAO DO. ETNOCENTRISMO. ‘Sabe-se que os povos amerindios eram numerosos. Mas, sobre 0 total da populacao na época do contato com o europeu em 4492, temos apenas uma estimativa. Observe a tabela. SSE ‘América do Norte 4400000 Mexico 21400000 ‘América Central 5.650000 Caribe 5850000 ‘Andes 11500 000 ies da América do Sul 8500000 Total 57300000 Fonte de pesquisa: LOCKHART, James; Latina na época colonial. Rio de Janeiro: Civilizacao Brasile STUART, B. Schwartz. A América 2002. p. 57. Entre todos os povos que viviam na América antes de Colombo, daremos especial atencao aos astecas, maias, incas e tupis. 0s I 0s astecas viveram em Aztlan (dai o seu nome), no norte da ‘América, até por volta do século XII, quando deixaram sua regio de origem em busca de terras férteis. No inicio do século seguinte, depois de muito caminhar, chegaram ao Vale do México, a beira do lago Texcoco, e, em 1325, fundaram a cidade de Tenochtitlan. ‘Aos poucos, por meio da guerra € de aliangas politicas, os astecas subjugaram diversos povos da regido. Assim, a cidade de Tenochtitlan passou a ser a cabeca do que se convencionou chamar de Império Asteca. C1 bios Re 1945-1952 Atesen. aoa eas sk Faeroe cas Império Asteca: nunca foi uma unidade politica; era, na verdade, um conjunto de povos com diferentes graus de subordinagao aos astecas. Alguns pagavam tributos, mas tinham uma relativa autonomia; outros eram apenas governados e, outros, ainda, £6 pagavam tributos a forca quando eram vitimas de expedigdes punitivas promovidas pelos astecas. Dica! Tour virtual tridimensional por Tenochtitlan. [Duracao: 2 minutos]. Acesse: . Detalhe de A grande cidade de Tenochtitlén, afresco do muralista mexicano Diego Rivera (1886- 1957). Rivera inovou ao valorizar a matriz indigena na historia do México, numa época em que 05 livros de Historia daquele pafs mostravam os espanhéis como “os Gnicos construtores” da nagdo. 0 movimento das pessoas, o tipo de trabalho e a existncia de mercadorias ‘expostas 4 venda mostradas em primeiro plano indicam tratar- -se de um mercado. 0 detalhe mostra os canteiros flutuantes, as chinampas, ilhas artificiais feitas sobre estacas fixas no fundo do lago. A fertilidade dessas terras pantanosas garantia a producdo de alimentos para os habitantes da cidade lacustre. Cortada por canais e aquedutos, ruas largas e retas, Tenochtitlan provocou enorme admiracao nos conquistadores espanhois nascidos em cidades relativamente = menores, de ruas tortas e Adominagio ¢ 05 tributos oxigidos pelos astecas geravamn revolta, Além disso, no coragio do Tmpério Asteca havia a cidade de Tlaxcala, inimiga ferrenha dos astecas, DPT OTC eh a Cutelepte rae) cae.4 05) wong ee Rie whe ray ay aoe aa Ihe fon 1 A Nickens wales ie (Org.). Hlstbria da América Latina colon, ‘Sao Paulo: Edusp, 2004. v 1. p55, 2 05 povos submetidos aos astecas tinham de cultuar o deus #4 uitzilopochtli - deus da guerra, das tempestades e do Sol E ram obrigados também a pagar tributos tais como: penas ra- ras (do passaro Quetzal, por exemplo), pedras preciosas (como 0 jade), tecidos de algodao, madeira, mantos, esteiras, colares e cacau, com o qual faziam o tao apreciado xocoatl (chocolate), Caso se recusassem a pagar os tributos eram castigados com expedigées punitivas - que inclufam saques e rapto de pessoas para oferecer em sacrificio aos deuses. Isto explica por que Y Lista de tributos pagos 05 povos sob o dominio asteca se rebelavam com frequéncia aber ~O povo de Cuctlaxtlan, por exemplo, chegou a aprisionar os co- a Dica! Documentario sobre a formagio do impérioastecae as invengies desse povo, [Duragio: 44 minutos), Acesse: , letores de impostos astecas em uma casa a qual atearam fogo. A sociedade asteca 0 Império Asteca apresentava uma sociedade complexa e estratificada. 0 imperador, considerado um ser semidivino, concentrava enorme poder e riqueza. Essa riqueza provinha, sobretudo, dos impostos (na forma de pedras preciosas, tecidos, cereais e outros), que se acumulavam no palacio imperial, onde eram registrados pelos escribas. Em tempo de escassez, 05 Celeiros imperiais eram abertos para que se distribuissem alimentos e r0U- Pas ao povo. Pelo fato de o imperador ser o comandante do exército e, 20 mesmo tempo, o mais alto sacerdote, alguns historiadores afirmam que 0 Império Asteca era uma monarquia militar teocratica. CI] Os nobres ocupavam as funcées administrativas, militares e religiosas ©, geralmente, levavam uma vida regrada e sem vicios. A bebida, bem como 0 luxo e a ostentacdo, eram reprovados socialmente e punidos com ----_Figor. Os nobres com fungdes administrativas no governo eram isentos d2 14 UNIDADE 1 | NOS £ 0S OUTROS: A QUESTAO DO ETNOCENTRISMO. impostos e seus filhos tinham direito a uma educagao diferenciada. Suas residéncias eram construidas e mantidas pelo governo. Parte da nobreza se dedicava 4 guerra; os guerreiros que conseguiam se destacar ingressa~ vam em prestigiadas ordens militares, como a dos aguias e a dos jaguar, que serviam ao deus Sol. Parte dos sacerdotes também saia da nobreza. Sua principal fun¢ao era organizar e conduzir o culto aos deuses e inter- pretar suas vontades. Tal como os sacerdotes do Egito antigo, os astecas acumulavam riquezas em terras e joias doadas pelo imperador ou por particulares. Outra camada social era a dos comerciantes, chamados de pochtecas; eles enriqueciam por meio de trabalho mas procuravam dissimular a rique- za, pois se demonstrassem ser ricos eram perseguidos pela nobreza. Eles transmitiam sua profissao de pai para filho. Havia ainda os artesdos que desempenhavam atividades como a ourivesa- ria, a joalheria e o trabalho com plumas. Eles estavam agrupados em corpo- rages e cada uma delas tinha um conjunto de tradicdes e um deus proprio. Eles trabalhavam tanto em suas casas quanto nos palacios e residéncias da nobreza. E, assim como os comerciantes, transmitiam seu oficio aos filhos. Ja 0s camponeses eram o grupo mais numeroso da sociedade asteca. Ao se casarem, recebiam um lote de terra onde construfam uma casa e passavam a cultivar milho, feijao, pimenta, abébora, cacau, tomate, entre outros. No entanto, eram obrigados a pagar pesados impostos, prestar o servico militar e trabalhar gratuitamente na conservacao de estradas e canais e na constru- Go de diques e monumentos. Com poucas chances de ascensao social, os camponeses podiam passar a vida no mesmo pedaco de terra, saindo apenas quando chamados ao servico das armas. Na base da piramide social estavam 0s escravos, que eram geralmente prisioneiros de guerra. a Os maias z Os maias estao entre as civiliza- Ses mais antigas da América. Seus ancestrais viviam nas montanhas da atual Guatemala desde 2500 a.C. A civilizagao maia se desenvolveu na confluéncia entre a América do Norte © a América Central, mais pre- Csamente na Peninsula de Yucatan, Numa area em que se encontram cin- ©estados do México atual, quase to- a a Guatemala, parte de El Salvador, Parte de Honduras e Belize. Observe ® mapa ao lado. ii as enemas ‘aardin Stage Se, Cte Fs Cédice Florentino, Bemardino de Sahagun, c. 1540- 1585. 0 primeiro e ~ © terceiro guerreiros pertenciam & ordem dos aguias e 0 do meio integrava a ‘ordem do jaguar; todos eles serviam ao deus Sol. gl Dica! Documentério analisando 0 encontro de culturas entre os astecas e 0s espanhdis. [Duracao: 44 minutos}. ‘Acesse: . Estela maia de cerca de 732 a.C. encontrada na cidade de Copan, atual Honduras. A estela @ uma coluna com inscricdes e figuras de deuses ou personagens histéricos usada para adornar urnas mortuarias. @ 41.Dica! Documentario sobre a civilizagao maia. [Duracao: 43 minutos]. Acesse: <. 2. Dica! Documentério sobre a construgéo da cidade maia de Palenque. [Duracé 43 minutos}. Acesse: . ane Caletontow mages Habitando um meio indspito, esses povos se deslocavam pela selva em busca de alimentos (caca, pesca e colheita). Posteriormente, do- mesticaram plantas como o milho, a pimenta € 0 feijao, e se estabeleceram na Peninsula de Yucatan, local em que os arquedlogos desco- briram, em meio 4 floresta tropical, as cidades de Tikal e Copan. Depois, os maias ocuparam também cidades ja existentes, como Uxmal Chichén-Itza, situadas ao norte. jaias As cidades-Estado 1 Assim como os antigos gregos, os maias vi- viam em cidades-Estado, ou seja, cidades com governo, leis e costumes préprios. Em caso de guerra contra um inimigo comum, as cidades maias se organizavam em confederacées, mas nunca chegaram a constituir um império, a exemplo das astecas e das incas. As grandes e sofisticadas construgées maias e © deslocamento de enormes blocos de pedra reve- lam seus conhecimentos de engenharia e calculo. As pirdmides serviam de esteio para os templos religiosos aos quais se chegava por meio de uma escadaria ingreme. Algumas Vista geral do centro cerimonial da cidade maia de Palenque, 2011. Note que 0 conjunto arquitetinico emerge da exuberante floresta tropical. 0 centro cerimonial era destinado a0 culto dos deuses, & pritica do comércio (troca de bens agrtcolas, artesanats e sagrados) e também a celebracio das festas maias. Fotografia de Marcelo Lambe estudioso da historia € da cultura dos povos astecas, incase maias. (12 piramides, como a de Tikal, tinham mais de 60 m de altura. Muitas cidades maias surgiram em torno dos centros cerimoniais. (J 1 Sociedade, economia e arte A sociedade maia era hierarquizada, (governantes, sacerdotes comerciante: . abébora, algodao, cacau, aba- cate emilho, Este dltimo era a base de sua alimentaca Por volta do século IX, os maias abandonaram suas cidades subitamente, Para alguns, as razdes do abandono foram flagelos naturais, como epide- B mia, secas prolongadas, inundacées, terremotos, furacées. Para outros, as Documentério ram tragédias provocadas pelo ohare Proprio ser humano, tais como ‘Mvasbes violentas, pressdo de STUPOS peri- dos maias, [Duracao: fericos, insurreigées populares, aSminutas) - iat ., * Acesse: , € Sutfos povos do Vale do México, que conquistaram as cidades maias por volta de 1400. I Para saber mais © 0s povos da Mesoamérica, particularmente os maias, conseguiram atingir uma pre- Cisdo extraordinaria em seus célculos astronémicos. Veja © que diz um especialista, A astronomia eo calendario Todos os grandes povos da Mesoamérica Sentiram-se poderosamente fag. Cinados pelo mistério do cosmo: a tecorréncia [...] dos fendmenos Celestes, © ritmo infatigavel das estagées e a influéncia destas nas diversas fases da Cultura do milho; o Proprio ciclo da vida e da morte, do dia e da noite em sua alternéncia [...] necessaria. [...] Desde os primeiros séculos de nossa era (talvez ™esmo a partir do grande desenvolvimento olmeca) esses povos PoSsuiram [-.] dois calendérios dos quais se serviam simultaneamente; um calendérig Titual de 260 dias divididos em 13 grupos de 20 dias; e um calendario solar, [+] civil, de 365 dias mais uma fracio |..] comportando 18 BTupos de 20 diag mais cinco dias adicionais, geralmente considerados nefastos. Os dias de cada um desses calendérios, permutando-se de forma ciclica segundo uma ordem, determinada, terminavam por fazer os dois calendarios se Teencontrarem no ™esmo ponto de partida a cada $2 anos, quando Tecomegava 0 ciclo, [..]. CAPETULO 1 | AMERICA uns Para administrar esses célculos, foi concebido um sistema simples e enge- nhoso - tendo por base o ntimero 20 — reduzindo-se ao emprego de dois simbo- los: o ponto para a unidade, a barra para o cinco, mais um signo em forma de con- cha alongada equivalente a “zero”, ou melhor, significando auséncia de valor. Esses signos prestavam-se facilmente & composicao de ntimeros inteiros, poden- do ultrapassar o milhar. Segundo esse sistema mesoamericano, o valor de po- sigao crescia progressivamente, nas co- lunas verticais, de baixo para cima. [...] GENDROP, Paul. A civlizagdo moia, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. p. 36-37. 0 observatério El Caracol, em Chichén Itza, no México, foi construido por volta de 1050. Esse sélido edificio de pedra com argamassa e plataformas nos quatro lados era usado como observatério de astronomia. Fotografia de 2013. Osincas z DIALOGANDO Acredita-se que, enquanto caminhavam a procura de terras férteis, os Osincas incas chegaram ao interior da Corditheira dos Andes por volta do século Xu justificavam a Naquelas terras altas, comegaram suas vidas como camponeses & pastores & dominacio sobre | —erqueram a cidade de Cuzco. Aos poucos, no entanto, ampliaramn seus dom Gulros povos nios aliando-se aos povos da regido ou submetendo-os. Em 1438, fant bras AGE O um império, que teve Pachakuti como primeiro imperador, No processo & “los caved, formagao do seu império, os incas assimilaram elementos de ous ae 7 elevar-thes a inclusive o quéchua, a lingua que mais tarde espathariam pelos Andes. . “civilizagao”. Voce © Império Inca expandiu-se consideravelmente qragas is sucesstv2* comhece outros conquistas. Ele era dividido em varias regides administrativas, cujos 9° Povosqueusaram | _vernadores deviam prestar contas de seus atos ao imperador. A interligagae nee! entre as regides do império era feita por uma eficiente rede de estradas cedepoinyan Construfdas nas encostas das montanhas. Jovens eram treinados ast justificar suas infancia para correr por elas, levando e trazendo informacdes e prod i conquistas? Por longas distancias. As principais estradas incas ligavam 9 inter i Same NI Cuzco, uma cidade planejada que servia como capital do império incale™ | Aone Veja o que disse sobre ela um cronista espanhol do século XVI: corpmsto aa 418 | UNIDADE 1 | NOS E 05 OUTROS: A CUESTAO bo ETNOcENTRISMO az ¢ inteligente. Tem ruas muito boas, embora estreitas, e as casas esto construidas de macicas pedras, belamente unidas[.] Cuzco era a cidade mais rica das Indias, riquezas que chegavam a ela c grandeza dos nobres, pelo grande actimulo de | | Era grande e majestosa e deve ter sido fundada por gente ca- | ‘om frequéncia, para incrementar a LEON, Peco Cieza de, 1553 apud NEVES, Ana Maria Bergamin; HUMBERG, livia R. 0s pvos da Ameria: ds primeitoshabtantes ds priv lurbanas. Séo Paulo: Atual, 1996. p. 77-30, Antes de comecar uma construclo, os incas produziam uma maquete de argia e pedra que os ajudava a formar uma ideia da obra depois de pron- {a. Na construdo, usavam grandes blocos de pedra, que eram cortados encaixados uns nos outros sem a necessidade de uma substincia colante. Restam, ainda hoje, construcées incas intactas e um nero grande de vestigios delas em cidades como Cuzco, Lima e Quito, Em Machu Picchu existem edificagdes em que se pode ver o de uma cidade inca, C12 modo de organizacao dos bairros Economia inca Habitando regides montanhosas, os incas adotavam a irrigacéo siste- matica e construiam terracos na forma de uma imensa escada para a pré- tica da agricultura. Nos degraus mais altos, cultivavam espécies vegetais resistentes ao frio, como a batata; nos do meio, milho, abbora e feijao; _ 08 mais baixos, semeavam as Arvores frutiferas. Com isso, conseguiam |) cobhetas vatiadas e fartas 0 ano inteiro. Os incas se dedicavam também | 29 pastor: criavam a thama, animal de carga com grande resistencia, | ‘lem da alpaca e do guanaco, dos quais obtinham a lé e o leite, | ocidentais: = Gl sobre a cidade de Machu Picchu. shttp://tub. a! Documentario analisando a arquitetura da cidade de Machu Picchu no Peru. [Duragi minutos}. Acess , 46 Abaixo, vista dos teracos e construgies de Machu Picchu, 2012, Aesquerda, uma thama, no mesmo local, em 2013, esas TNT aa eee EELS OcEANO ‘Topco de Capncrmea PACIFIGO Fonte: KINDER, Hermann; HERGT, Manfr Werner. Atlas histdrico mundial: 0 ayllu e a mita A maioria da populagao inca era composta de familias campon trabalhavam na agricultura ou no pastoreio. Um conjunto de familias uni por lacos de parentesco ou alianga formava o ayllu, unidade social basic: cujo chefe chamava-se kuraka. As terras de cada ayllu eram divididas em tres partes: uma pertencia ao imperador, outra a5 deuses (isto @, aos sacerdotes) e uma terceira parte, aos camponeses que ali viviam. ‘Alem de trabalhar na agropecudria, as familias do ayllu eram obrigadas 4 mita - prestacao de servigos gratuitos para 0 governo, como semear, plantar beneficiar frutos, construire consertar estradas e templos, entre outros. Além da mita, os camponeses pagavam um tributo em espécie e tinham de fazer vestimentas, calcados e armas para serem usados em tempos de guerra. 0s produtos iam para os armazéns do Estado e eram distribuidos quando invernos epidemias ou inundagées provocavam a falta de alimentos. que rigorosos, ea) A sociedade incaica No topo da sociedade incaica estava o im- perador, intitulado Inca, o “filho do Sol”, reve- renciado e respeitado por todos. Abaixo dele, a nobreza, da qual saiam os governantes, os sacerdotes e os chefes militares. Entre os grupos intermedidrios estavam os médicos, 0s contabilistas, os projetistas, os guerreiros, 0s artesdos (teceldes, tapeceiros, ceramistas, ourives). Esses grupos profissio- nais - além do imperador e dos nobres - viviam em cidades e eram ajudados pelo governo. J4 os camponeses, que constituiam a maioria da populagdo, moravam em aldeias rodeadas por campos de cultivo e de pastoreio e viviam oprimidos por diferentes tributos. No Império Inca, a religido - que tinha como principal ce- riménia 0 culto ao deus Sol - e a lingua oficial, © quichua, eram obrigat fe los origenes a ‘nuestros dias, 22, ed. Madrid: Akal, 2007. p. 234. gl Dica! Video sobre os astecas, 0s maias e os incas. [Duracio: 49 minutos). Acesse: - Para refletir Leia 0 texto a seguir com atengio, As linguas da América Latina Muita gente pensa que nos paises da América Latina sio faladas apenas duas Inguas, espanhol © portugues Mas na realidade ha centenas, ainda que um grande niimero delas esteja em risco de extingiio [J Ha dois pafses onde niio sé 0 cas- y co . telhano, mas tambérn certas Hnigoss Mulher inca falante do idioma quichua, indigenas tém estatuto oficial: Peru e Peru 2010. Paraguai, No Peru, o quéchua e o aimara sao reconhecidos como oficiais pela Cons- tituicao, mas nurn papel secundario: na pratica, so reconhecidas apenas para se- rem usadas e ensinadas dentro das. respectivas comunidades indigenas e nao ha nenhuma tentativa séria de tratd-las como linguas nacionais. J4 no Paraguai, o guarani é realmente a segunda lingua nacional, ensinada em todas as escolas. [.] Existe um curioso preconceito segundo o qual as linguas indigenas so “afetivas”, “sentimentais", ao passo que as linguas europeias sao “légicas”, “racionais”. Isso nada tem a ver com as linguas em si, mas com a forma como sao aprendidas e usadas pelos bilingues. O indio “ladino” (isto é, que fala uma lingua latina) e o mestico latino-americano geralmente aprender a lingua indigena com a mae e com seus companheiros de infancia eausam em contextos intimos, familiares ou de amizade |...]. Pelo contrario, uma lin- gua como o castelhano (ou outra europeia qualquer) é aprendida na escola [...] e 0 [individuo] bilingue o continua usando em esferas relacionadas corn a racionalidade e a impessoalidade: as reparticdes piblicas, a rela¢io com os Superiores, o comércio nas grandes cidades [...]. Sao raras as [...] tentativas de traduzir textos cientificos modernos para essas linguas [...]. COSTA, Antonio Luiz Monteiro Coelho da. As linguas da América Latina. Como & @ América “" latina, 24 maio 2012. Blogue. Disponivel em: . Acesso em: 6 abr 2016, filoséfico? » 24 _ b) O autor se dirige a um piblico especializado ou a um publico em geral? Justifique, ¢) Em dupla. De acordo com o texto, podemos afirmar que no Peru a lingua indig a reconhecida como oficial possui o mesmo prestigio que o espanhol? Justifique. 4) Segundo o autor, as linguas indigenas sao “naturalmente” afetivas? a) O texto acima pode ser classificado como jornalistico, literario, historiografico ou Indigenas nas terras onde hoje é o Brasil Gl 0 conhecimento acumulado sobre os indigenas do Brasil & pouco disse minado entre nés, 0 que leva muitas pessoas a reproduzir juizos extra, Diea! Documentario do senso comum. Um equivoco, por exemplo, € ver os povos indigenas twoduzito velo uses goo parados no tempo, como muitas vezes vemos em noticérios, jomais @ tevistas, As sociedades indigenas passaram por mudancas significativa, Sao historias de mithares de anos, marcadas por confrontos e aiancas, deslocamentos, conquistas e perdas; enfim uma historia to movimentady e interessante quanto a de outros povos, 0s dados sobre a populagao indigena em 1500, quando os portugueses aqui chegaram, sao divergentes. Alguns dizem que havia de 2 a 4 mithaes de indigenas. Outros afirmam que poderia variar de 6 a 10 mithdes. Outros, ainda, mais ponderados, acham que seria de 3,5 a 6 milhdes. De uma for- ma ou de outra, eram milhées de indios, agrupados em centenas de povos falantes de cerca de 1 300 linguas. Diferengas entre os indigenas Os povos indigenas sao diferentes entre si, como se pode notar compa- rando a aparéncia fisica de cada grupo, as linguas que falam, as artes que praticam, seus modos de construir casas e seus rituals. nih 1Alo ) Franc Cana 18501858, 1 Y Repare nas diferencas fisicas entre os indigenas representados nesta pgina. As representacGes que ‘5 pintores europeus fizeram desses povos so quase sempre idealizadas, mas suficientes para marcar 25 diferencas entre eles. Cortes de cabelo, adornos, pintura corporal e arte pluméria expressam uma grande diversidade sociocultural. As pinturas so do século XIX e foram feitas por Francis Castelnau (imagem 4 esquerda) ¢ Hércules Florence (8 direita). 22. UNIDADE 1 | NOS E 05 OUTROS: A QUESTAO Do ETNOCENTRISMO } As linguas indigenas Um elemento importante da cultura de um povo é a lingua; as linguas | Cultura: : Tt 7 : ado de um povo viver séo agrupadas em familias e estas, em troncos. As linguas latinas, celtas, | rit en nw eu germanicas e eslavas, por exemplo, originaram-se todas de um mesmo tron- | meio. Cada povo poss co, @ indo-europeu. 0 quadro a seguir & uma representacao de linguas e | ume citwe pops. familias pertencentes ao tronco indo-europeu. a outa es eis annie ee | espanhol bretio ingles russo DIALOGANDO | portugués irlandés holandés polonés Vood sabe por " al] [LTrancés ete. gaulés etc. aleméo tcheco etc. queatingua sueco portuguesa ¢ noruegués ete. chamada de Fonte de pesquisa: TEXETRA, Raquel F. A. As linguas indigenas no Brain: GRuPronr, Treolatina? Luis Donisete Benzi; SILVA, Aracy Lopes da. A teméticaindigena na escola: novos subsios cet para professores de 1° e 2 graus. Brasilia: MEC/Unesco, 1998, p, 300. Poveda da tai geettaxk soho Usando esse mesmo tipo de classificagao para as linguas indigenas, a “°"2™="" estudiosa Raquel F. Teixeira afirma que no Brasil ha dois troncos linguisticos Principais: 0 Tupi (0 mais conhecido) e o Macro-jé. 0 tronco Tupi tem cerca e 10 familias, e 0 Macro-jé, aproximadamente 12. Observe o esquema relativo 20 tronco Tu akwéwa karitiana juruna —_ DIALOGANDO — xipdya cinta-targa = = aie Nonossodiaa = dia, usamos, sem Fonte de pesquisa: TENET, Raquel A.A Uinguas ingens ro Gri. Im: perceber, muitas ‘GRUPIONE, Luis Donisete Benzi; SILVA, Aracy Lopes da. A temdtica indigona na escola; te ‘novos subsidios para professores de 1° e 2* graus. Brasilia: MEC/Unesco, 1998. p. 309, Palavras de origem o Tupi. Jacaré, por Ao chegar as terras onde hoje € o Brasil, 0s portugueses encontraram Gwemle gua Povos falantes de linguas do tronco Tupi. Veja no quadro abaixo a semelhan- detas, Diga quais {3 de algumas palavras faladas ainda hoje e pertencentes a essas linguas. das palavras a seguir sao de origem indigena: = = - abacaxi, acai, ha ma = a amendoim, arara, Tata Tata Tata Tata babagu, bacurau, ‘Taguarete "| _Djégwara Teaward Jgwareté | beiju, cajue Tecat Djakaré Taakaré Djakaré curumim, Fe Aan Rheem SacieGaNl CGRUPIONE Lue Donisete Bai SILVA, Aracy Lopes da, A tematic Fndigena na escola: tues cis ran acl owes subsidios para professores de 1*e 2 graus. Brasilia: MEC/Unesco, 1998. p, 209, ocala dnvwstante pr eigen CAPITULO 2 | AMERICA INDIGENA 23, o As artes indigenas Além da lingua, outro elemento de diferenciacdo entre os povos indige- nas sdo as artes praticadas por eles. Segundo um estudo sobre o assunto: [..] As formas de manipular pigmentos, plumas, fibras vege- tais, argila, madeira, pedra e outros materiais conferem singula- ridade & produgo amerindia, diferenciando-a da arte ocidental, assim como da producio africana ou asiatica. Entretanto, ndo se trata de uma “arte indigena’”, e sim de “artes indigenas”, ja que cada povo posstii particularidades na sua maneira de se expres: sare de conferir sentido as suas producées. [...] INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (ISA). Disponivel em: . Acesso em: 7 fev. 2016, arte pluméria ‘em fotografia de 2008. ta, pinture corporal. Kayapé t aldeia Moyrerekd, ‘Séo Felix do Kingu (PA), 2015. Semelhancas entre os indigenas Entre 0s povos indigenas ha também semelhancas acentuadas: » Cada grupo indigena se identifica como uma sociedade especifica (kaiapd, guarani, ianomami, botocudo, kalapalo e outras); » A posse da terra e dos recursos nela existentes é coletiva. Nas sociedades indigenas a te" 6 de quem trabalha nela. Enquanto um grupo estiver plantando, colhendo, cacando e Pes” cando numa determinada area, seus recursos e frutos the pertencem. Depois, outro grup? pode vir a ocupar essa mesma area e se beneficiar dela; » A divisao do trabalho é feita por sexo e idade. Isto é, ha tarefas que sao masculinas, como derrubar a mata e preparar a terra para o plantio, cuidar da seguranca do grupo, ca¢#" pescar, construir moradias; e outras que séo femininas, como plantar, colher, transporta” fazer farinha, cestos, redes, cozinhar e cuidar das criancas. As criancas ajudam os adulto® em tarefas compativeis com sua idade; 1» Todos os individuos de um povo tém acesso as condigdes e aos conhecimentos necessarios 4 sua realizaglo pessoal e sobrevivéncia, ou seja, nas sociedades indigenas, o conhecimem™? @ socializado. " ynrpape 1 | NOS € 0S OUTROS: A QUESTAO DO ETNOCENTRISMO Viens, = é Fig. 1: construgdo de oca, Aldeia Kamayuré, Parque do Xingu, Mato Grosso, 2014. Fig, 2: colheita da _mandioca, povo indigena barasano, Manaus (AM), 2014, Fig, 3: mulher Kalapalo preparando beiju, Aldeia Atha, “também no Parque do Xingu, 2011, Encontro e desencontro: + os portugueses e os tupiniquins Os primeiros contatos entre os tupiniquins e os portugueses nas terras onde hoje € Porto Seguro, na Bahia, em 1500, foram mediados pelo estra- nhamento. Segundo o escrivao da armada de Cabral, Pero Vaz de Caminha, esses habitantes eram pardos, nao usavam qualquer vestimenta e traziam consigo arcos e setas. Os tupiniquins, certamente, também estranharam 0 modo de se vestir e de falar dos portugueses. Nas primeiras décadas do século XVI, os contatos entre os tupis e os portugueses foram sobretudo amistosos;-6s indigenas foram parceiros co- merciais dos lusos trocando com eles fou-brasit ma madeira abundanté no litoral brasileiro, por objetos dteis Zetes-cottio machados, pas, foices, facas, espelhos. Outra forma de relacionamento amigavel foram os casa- mentos de portugueses com mulheres tupis. Ocorreu, ainda, a alianca dos europeus com alguns grupos indigenas para guerrear contra outros; os por- tugueses, por exemplo, aliaram-se aos tupiniquins para guerrear contra os tupinambés, fazé-los prisioneiros e escravizé-los. A partir de 1532, e sobretudo apés a instalagao do Governo Geral, em 1549, porém, os portugueses passaram a capturar os fndios para empre- 98-Los como escravos nos engenhos de produgao de agticar e nos afazeres domésticos. Daf a violéncia passou a predominar nas relagdes entre os co- lonizadores e os povos indigenas. . . Esses povos, por sua vez, reagiram a escravizaca0 por we revolts coletivas, da violéncia individual, do saque © da a co : e conqi ators acabaram vencendo pela ee grandes fomes que geralmente Igenas. As guerras de apres sobretudo, doengas, como izagao e, acompanhavam essas guerras, 2 escravizacao a afiiite de dezeas de Stipe, sarampo, tuberculose e variola, causara Mithares de indigenas. Pau-brasil: espécie de madetra nativa da Mata Atlantica: tem 0 tronco recoberto de espinhas, © interior avermethado, e pode atingir até 30 m altura e 1,5 m de eto, Tuberculose: infecgio que se manifesta nos pulmes, sistema nervoso, intestino e sins. € transmitida por leite contaminado, pela saliva e pela ‘manipulagaa de abjetos. 0s sintomas si0, ‘emagrecimento e toss. Variola: dng inecciosa caracteizada por febre alta e erupgdes na pele, com fomacio ae bolhas com pus. Costuma deixar marcas, DIALOGANDO Vocé sabe por que, no caso dos indigenas, as, doengas mataram mais do que as armas de fogo? ti disso es se mane Demografia e terra trari i s indigenas iando previsdes fatalistas segundo as quais os povo: se nom em extinggo, a populacdo indigena vem crescendo em um ritmo iam en aceleredo. Observe a tabela. Popullacao % sobre o total 1991 | 294 000 | 2 2000 | 734 000 | 044 2010 | 817 000 | 20,42 Fonte: CIMI, Brasilia, 2011. DIALOGANDO nimera de pessoas ue =. peo S¢ declararam indigenas em 2010 foi 11% maior que o registrado no Censo de 2000, Em 2040, os cerca de 817 mil no pais estavam distribuido: fas, que falam 274 linguas, Gas quais apenas metade foi 8 ‘ontram-se na tegiao Norte. Segundo o Instituto Socioambie i ‘ndigenas (TIs), a maior parte . Conheca a situacdo Gessas terras observando a tabela: ‘outros, 05 indios devem possuir asters que Sadicionalmente ane iterery ee ocupam. Evocé, 9 asus Leora ae qe Pensa sobreg Tdentificada Lessee “Aextensig Peste grupo refere. $e a ian rece: INSTTuTD: SOCTOAMBIENTAL. ). = Sent 7 ts is MSNA Nae tg BBO 2 Aces er Trea, 380 indigenista fed I, inicia * tadicionalmente ocx acd la terra sobre 9 coAP&48 por um ou ual ja fo da Unda bat 8 posi est Problemas dos indigenas hoje Um dos principais problemas dos povos indigenas na atualidade 6 conseguir 0 reconhecimento do seu direito s terras em que habitam. 0 reconhecimento dessas terras pelo Estado tem ocasionado disputas acirradas, o que con- tribui para aumentar violéncia e as mortes no campo. De um lado, estdo os indigenas e seus aliados; de outro, os fazendeiros, grileiros, madeireiros, posseiros e garimpeiros que nao reconhecem os territérios de ocupacao tradicional como terra indigena. [11 Outro problema é a invasao das areas indigenas (ja de- limitadas) por fazendeiros, posseiros, madeireiros e garim- peiros desejosos de explorar as riquezas nelas existentes, Mais um problema, ainda, € que os povos indigenas sao numerosos, falam linguas diferentes e estio espalhados por areas distantes umas das outras, o que dificulta a luta deles por direitos. FI 2 Queréncia (MT), 2009, a 41,Dica! Documentario sobre a aldeia indigena Ribeirdo Silvetra, em Bertioga (SP). (Duracio: 27 minutos]. Acesse: , 2,Dica! Video produzido pela ONU abordando os suicidios eo desespero de indigenas Tupl-Guarani no Brasil. [Dura¢do: 9 minutos]. Acesse: , As lutas dos povos indigenas 4s organizagées em defesa da causa indigena tém crescido em importan- cia e representatividade. Parte delas sao organizagées indigenistas, como 0 Conselho Indigenista Organizacées Missionério (Cimi), érgao oficialda Igreja catblica, eoInstitutoSocioambiental | indigenistas: (St), uma organizacao da socedade civil de interese pablco, Qutra parte é | SRNSer vata: formada por organizacées lideradas pelos préprios indigenas. Algumas dessas organizagdes estdo ligadas a uma s6 aldeia, como a Associacdo Xavante de Pimentel Barbosa, no estado do Mato Grosso; ou- ‘ras reGinem varios povos localizados a0 longo de determinado rio ou re- Sito, como a Federacio das Organizacées Indigenas do Rio Negro (Foi); Sutras ainda possuem uma representagao maior e mais variada, como a Coordenacio das Organizagdes Indigenas da Amazénia Brasileira (Coiab), mada por mais de uma centena de povos. Em nivel nacional, foi cons. ituida a Articulagao dos Povos Indigenas do Brasil (Apib), que redne re- esentantes de organizacdes indigenas de todo o pais e que, nos dltimos NOs, vem liderando manifestaces em defesa dos direitos indigenas. ti CAPITULO 1 | AMERICA INDIGENA 27 2 aa 28 As lutas dos povos indigenas tém rendido frutos. Sua participacdo ativg nos trabalhos que deram origem a Constituigo de 5 de outubro de 198g portante para a aprovacao de varias leis de seu interesse. foi in a das principals conquistas dessa Constituigéo foi o reconhecimenty de seu diteito a diferenga, ou seja, 0 diteito de ser indio e de permanecer como tal. Qutra conquista foi o reconhecimento de seu direito a terra, 0 caput do artigo 231 da Constituigio de 1988 afirma que “sag reco. nhecidos aos indios sua organizagio social, costumes, linguas, crencas g tradig .]'. Diz ainda 0 mesmo artigo: “So reconher ireito de! dos 405 indios (.) originarios sobre as tertas que tradicionalmente ocupam, com. ‘ao demarcé-las, protegere fazer respeitar todos 05 seus bene ém disso, 0 paragrafo 2 do artigo 210, dessa mesma Constituici, 2 205 povos indigenas um Ensino Fundamental regular em lingua por. eitando a utilizagdo de suas linguas maternas € processos rg. aprendizagem, incentivando, assim, a educacdo escolar indigena, Ores ara atuar junto as suas populacées. Em 1991, a responsabil;. ducagzo escolar indigena passou para as secretarias estaduas cipais de educacdo. Em 1999, 0 MEC estabeleceu normas de funcio. amento das escolas indigenas e as diretrizes curriculares destinadas ag ensino bilingue da historia e da ciéncia desses povos. Enfim, mobilizados e atuantes, os povos indigenas tém conquistado es- mportantes no cenério politico local e nacional. Por meio de suas rias organizacbes, e do apoio de seus aliados, avangam na conquista cidadania. Uma cidadania da qual estiveram excluidos Por século: Como observado em um texto do Ministério da Educacao: s. 4 se foi o tempo de missionarios, juristas e politicos decidirem 0 destino dos indios. Isso cabe a eles. A eles cabe o direito de de- ir seu futuro, resolver o que querem mudar e o que pretendem nter. A nés, cabe lutar por uma sociedade que saiba respeitar ferenca e conviver com ela, possibilitando a todos o acesso 8 2 cidadania, MEC/Seed/SEF. Cadernos da TV Esco: Indios no Brasil 3. Brasilia, 200. pt

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