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EDIÇÃO ESPECIAL

REVISTA DA
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
Revista da ABRAPP • ICSS • SINDAPP • UniAbrapp • Ano XXXIX • Número 428 • Maio/Junho 2020

Os efeitos
iniciais da
COVID-19
no Brasil e
no exterior
O papel do Estado
Mercado de trabalho
Poupança de longo prazo
Investimentos privados
Solvência
Comunicação
Governança
Gestão de ativos e passivos
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EXPEDIENTE

04 Vida Associativa

09 A crise como grande oportunidade


Entrevista com Paulo Rabello de Castro

15 Visão de longo prazo equilibra investimentos


Entidades movimentam-se com rapidez para tentar reduzir perdas, melho-
rar a liquidez e aproveitar oportunidades de investimento

25 Soluções e realidades diferentes


Tipos de patrocínio, formatos de planos e portes distintos levam a reações
variadas à adversidade

33 A COVID-19 e os efeitos sobre a Previdência Complementar


Reguladores mundo afora definem abordagens para proteger participantes,
assistidos e empresas

Ano XXXIX - Número 428 43 Comunicação, educação e tecnologia


Maio/Junho 2020 Interação com o participante é prioridade máxima dos gestores de planos
privados, aponta pesquisa Mercer/Abrapp

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
53 Processo de seleção de entidades para operar planos de
Revista da
previdência para servidores públicos
ABRAPP / ICSS / SINDAPP / UniAbrapp Artigo de Carlos Alberto Vagetti Silva
Editora
Flávia Pereira da Silva 59 Resposta rápida para resguardar a solvência
Reg. Profissional nº 0035080/RJ Contexto de excepcionalidade pede urgência na definição de critérios mais
flexíveis para o equacionamento de déficits
Programação visual e Capa
Virgínia Carraca
Colaboradores
65 Como preservar empregos na pandemia
Governos se apressam para garantir renda ao trabalhador e amenizar danos
Alexandre Sammogini
à economia
Bruna Chieco
Débora Diniz
Martha Elizabeth Corazza
73 Resiliência perante as dificuldades
Profissionais experientes falam sobre a crise atual e como superaram si-
Redação
tuações desafiadoras impostas aos planos de pensão ao longo dos anos
flaviampsilva@gmail.com

PUBLICIDADE: 79 A proteção do dever fiduciário


Abrapp Atende
Ponto de vista - Adacir Reis
(11) 3043-8783
(11) 3043-8784 81 Retrato dos idosos no País
(11) 3043-8785 Com renda estável, pessoas acima de 65 anos são mais facilmente
(11) 3043-8787 alcançadas pelos planos de contingência contra o Coronavírus
(11) 3043-8739
E-mail: abrappatende@abrapp.org.br 84 O desafio da poupança e do investimento
Núcleo de Comercialização Abrapp Crise traz a rediscussão do Estado como indutor de investimentos privados
Telefone: (11) 3031-2317/7313 e poupança de longo prazo

ENDEREÇO 87 Regras adiadas acendem discussão


Av. Nações Unidas, 12.551 – 20º andar Novo modelo de precificação de títulos dará melhores condições para a
World Trade Center - Brooklin Novo definição de estratégias de casamento de ativos e passivos
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2 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


CARTA DA EDITORA
Diretor-Presidente

N
Luís Ricardo Marcondes Martins
Diretor-Vice-Presidente a edição passada, publicada em meados de março, o Brasil ainda
Luiz Paulo Brasizza
Diretores Executivos vivenciava a pandemia, de certa forma, como expectador. Desde então, o
Regional Centro-Norte
Amarildo Vieira de Oliveira País foi atingido em cheio: o isolamento social interrompeu as atividades não-
José Roberto Rodrigues Peres
Regional Leste
essenciais, indústrias pararam ou reduziram drasticamente a produção, a Bolsa
Denner Glaudsson de Freitas despencou, o dólar foi às alturas, houve demissões em massa e as autoridades
Armando Quintão Bello de Oliveira Junior
Regional Nordeste têm agido, ainda que com dificuldades, para mitigar os impactos da crise.
Augusto da Silva Reis
Jussara Carvalho Salustino A Previdência Complementar se mobilizou rapidamente. Entidades passaram
Regional Sudeste
Sérgio Wilson Ferraz Fontes a utilizar o teletrabalho e ampliaram os programas de empréstimo, ao mesmo
Carlos Alberto Pereira
Regional Sudoeste
tempo em que intensificaram os canais de relacionamento e as ações educativas
Carlos Henrique Flory para tranquilizar participantes e assistidos sobre a continuidade do pagamento
Jarbas Antonio de Biagi
Regional Sul de benefícios, orientando-os, ainda, sobre o rumo dos investimentos e a
Rodrigo Sisnandes Pereira
Cláudia Trindade necessidade de não fazer movimentos bruscos nos perfis a fim de se evitar
Conselho Deliberativo perdas. Priorizar pessoas e manter a sustentabilidade são as palavras de ordem
Presidente
José Maurício Pereira Coelho do momento.
Vice-Presidente
Edécio Ribeiro Brasil
1º Secretário
Os órgãos governamentais adiaram prazos, o regulador se reuniu várias
Walter Mendes de Oliveira Filho vezes no período recente e a Previc tem levantado informações para elaborar
2º Secretário
Reginaldo José Camilo propostas. Há, contudo, certo receio quanto à demora na definição de medidas
Conselho Fiscal
Presidente emergenciais, em especial no que tange à solvência e à possibilidade de resgates,
Edgar Silva Grassi
assuntos esses aqui discutidos.

Em meio a muitas dúvidas, a comunicação rápida e direta é fundamental, e as


Presidente
Guilherme Velloso Leão mudanças nas relações de trabalho, que já vinham se desenhando, passam a ser
Diretores
Alexandre Wernersbach Neves ainda mais céleres, impondo desafios importantes ao fomento. Por outro lado, a
João Carlos Ferreira
Conselho Fiscal
crise tende a fazer com que as pessoas tenham mais consciência da necessidade
Presidente de constituir reserva financeira, seja para a aposentadoria ou para momentos
Edgar Silva Grassi
de maior dificuldade como o atual, criando um ambiente mais favorável para a
poupança de longo prazo. Também há consenso de que o Estado precisa oferecer
Diretor-Presidente
José de Souza Mendonça proteção social, reacendendo-se, assim, a discussão sobre o seu papel (e tamanho)
Diretor-Vice-Presidente
José Luiz Costa Taborda Rauen no pós-pandemia, incluindo-se aí o estímulo aos investimentos privados.
Diretores
Marcelo Sampaio Soares O momento é difícil, mas a Previdência Complementar Fechada sempre teve
Erasmo Cirqueira Lino
Liane Câmara Matoso Chacon
como marca o espírito de superação. Foram muitas as crises vividas e superadas,
Ana Maria Mallmann Costi e a crise do Covid-19, embora maior e diferente, será mais um exemplo de
Conselho Fiscal
Presidente resiliência. Quando o mundo voltar à normalidade, abre-se mais uma janela
Edgar Silva Grassi
de oportunidade de protagonismo para que o setor ocupe o lugar que lhe cabe
UniAbrapp como parceiro do Estado na retomada econômica e social.
Diretor-Presidente
Luiz Paulo Brasizza Nesta edição, fazemos uma análise de 360˚ do atual momento e do que esperar
Diretor-Vice-Presidente
Luiz Carlos Cotta daqui para frente segundo a visão de economistas, reguladores, atuários,
Diretora Administrativa e Financeira
Liane Câmara Matoso Chacon dirigentes, comunicadores, enfim, profissionais relevantes cujas opiniões
Diretora Acadêmica
Cláudia Trindade compartilhamos com você, leitor e leitora, nas próximas páginas.
Diretor Executivo
José Jurandir Bastos Mesquita Fiquemos firmes!
Conselho Deliberativo
Presidente A editora
Luís Ricardo Marcondes Martins
Conselho Fiscal
Presidente
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
José de Souza Mendonça
MAIO/JUNHO 2020 | 3
VIDA ASSOCIATIVA

Fique por dentro das ■ HACKAPREV


AÇÕES e POSICIONAMENTOS Foi dado o pontapé inicial para o
Hack’A’Prev, o hackathon da Previdência
da sua Associação Complementar. Os hackathons são ma-
ratonas que reúnem desenvolvedores de
software, designers e outros profissionais
da área de programação visando soluções
■ REINVENÇÃO inovadoras para desafios específicos.
Referência no segmento, a UniAbrapp (Universidade Corpora- Neste caso, o foco é a previdência num
tiva da Previdência Complementar) está em franco processo cenário de mudanças de estilo de vida e
de reinvenção. A mudança mais significativa é a realização de de mentalidade daqueles em fase inicial
cursos online, com aulas ao vivo e valores acessíveis, alinhados da vida laborativa.
ao “novo normal”. “Queremos estar ao lado dos profissionais Organizado por Abrapp e Conecta com
das EFPCs neste desafio, que pede a parceria de todos, fazen- o apoio da Shawee, o hackathon é 100%
do nossas capacitações chegarem a mais pessoas”, destaca o online, com premiações de R$ 12 mil,
Diretor-Presidente da Universidade, Luiz Paulo Brasizza. R$ 5 mil e R$ 3 mil aos 1º, 2º e 3º lugares.
ão cinco novos títulos de curta duração, além do relança-
S As inscrições terminaram em 28 de maio
mento do best-seller Programa para Conselheiros, agora com e os projetos devem ser submetidos até o
novo nome e disciplinas, como “Insights para Conselhos de dia 31. A avaliação dos jurados ocorrerá
Alta Performance” e “Gestão Digital e Inovação em Conse- de 1 a 3 de junho, e a live final de divulga-
lhos”. Confira as novidades em www.uniabrapp.org.br. ção dos projetos será em 4 de junho.

■ PREPARATIVOS PARA O 41º CONGRESSO


Neste ano, o 41º Congresso Brasileiro da Previdência Complementar Fechada será realizado de maneira híbrida,
em dezembro, no Transamérica Expo-Center, em São Paulo. Ressaltando a importância da defesa do legado das
EFPCs em um cenário de mudanças e lições aprendidas com a crise da Covid-19, o tema será “Oportunidades para
avançar #vamosagir”. “Teremos nomes importantes e temas instigantes. Há potencial para ser o maior de todos
em riqueza de discussões nesse cenário de crise”, destaca o Diretor-Presidente da Abrapp, Luís Ricardo Martins.
Intitulada “O Papel da Liderança na Transformação: Um Novo Mindset”, a Palestra Magna será de Bernardinho,
ex-técnico de voleibol da seleção brasileira. Os eixos temáticos da programação interconectam o compromis-
so das EFPCs com o legado, as lições extraídas da pandemia, medidas anticíclicas, transformação digital, o
posicionamento das entidades nesse novo contexto e o pós-crise. “É um momento de ensinamento e de exter-
narmos para a sociedade que o sistema está bem fundamentado”, afirma o Coordenador Executivo do evento,
Devanir Silva.
A interação em tempo real, via web, ocorrerá por meio de uma plataforma digital, com Q&A, enquetes e comen-
tários sobre as sessões transmitidas ao vivo. “A plataforma dará ainda a possibilidade de networking e realização
da feira de negócios virtual, em 3D, o que vai agregar ainda mais valor para os patrocinadores”, complementa
Silva. A ferramenta viabilizará, inclusive, a realização do evento em formato 100% virtual, se necessário.

4 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


VIDA ASSOCIATIVA
■ NOVO MODELO
■ NOTA CONJUNTA
O ICSS avança para levar
Abrapp, Anbima, Febraban e ABBS divulgaram nota conjunta em que demonstram dispo-
seu know-how de certifi- sição para ajudar na retomada da atividade econômica diante da crise financeira impos-
cação aos profissionais ta pela pandemia de Covid-19. A carta expressa a intenção de incentivar uma negociação
dos Regimes Próprios de mais flexível das dívidas de empresas financiadas pelo mercado de capitais, num esforço
Previdência Social (RPPS). conjunto para superar os desafios do momento atual. Leia a nota na íntegra.
A Diretoria do Instituto
apresentou o modelo de ■ REUNIÕES COM AS REGIONAIS
Certificação por Prova e O Grupo Abrapp, Sindapp, ICSS e UniAbrapp realizou, em 26 de maio, reunião por video-
Títulos a representantes conferência com os dirigentes das associadas da Regional Sudoeste (São Paulo), uma ini-
ciativa para se aproximar das entidades e relatar as ações e medidas adotadas diante da
do governo, o qual foi crise e da implementação do planejamento estratégico do sistema.
muito bem recebido. Segundo análise do Diretor-Presidente da Abrapp, Luís Ricardo Martins, o setor está absor-
No início de maio, o ICSS vendo os impactos da pandemia com tranquilidade maior que outros segmentos. Na pau-
também apresentou a re- ta, figuraram ainda temas como a solvência, medidas emergenciais, inovação tecnológica e
o 41º Congresso da Previdência Complementar Fechada.
presentantes da Previc o
No âmbito do Sindapp, foi discutida a nova composição da Comissão de Ética e a revisão
modelo revisado da Cer- dos Código de Autorregulação, ao passo que o ICSS expôs os avanços na certificação e o
tificação por Experiência, trabalho feito junto à Previc. Novos cursos da UniAbrapp e o andamento de demandas do
que passará a combinar sistema junto ao governo e ao Poder Judiciário complementaram as discussões.
Prova e Títulos a partir No próximo dia 3 de junho (quarta-feira), às 15h00, o grupo Abrapp realizará nova reu-
de 2021. Segundo Gui- nião por videoconferência com os dirigentes, conselheiros, gestores e demais profissio-
nais das associadas da Regional Leste (Minas Gerais).
lherme Leão, Presidente
No dia 04 de junho, será a vez da reunião com as associadas da Regional Centro-Norte
do Instituto, a principal e, no dia seguinte, com as entidades da regional Sudeste.
novidade do modelo é a
incorporação do teste de
conhecimentos na ênfase ■ ASSEMBLEIA HISTÓRICA
As entidades do Grupo Abrapp realizaram em 29 de abril as primeiras assembleias de
de certificação escolhida,
aprovação de contas em formato 100% virtual da história. Com quórum expressivo,
que se somará à análise as associadas aprovaram por unanimidade os relatórios anuais, balanços e demons-
do currículo do candidato trações financeiras do exercício de 2019 das quatro instituições, acompanhadas dos
e a outros documentos de respectivos pareceres dos Conselhos Fiscais e dos auditores independentes. “É uma
assembleia histórica, decorrente dessa pandemia que mudou tudo em poucos meses.
comprovação da experi-
Por outro lado, ela nos dá oportunidade de aprendizado. Muita coisa mudou e as inova-
ência, os quais passarão a ções vieram para ficar”, destacou o Diretor-Presidente da Abrapp, Luís Ricardo Martins.
ser parametrizados dentro
de um sistema de “score”.
A combinação desses ele- ■ PLANO DE AÇÃO
mentos proporcionará a A Conecta Soluções Associativas tem implementado um plano de ação com o objetivo
de produzir e difundir conteúdos que agreguem valor para seus parceiros e clientes du-
nota final do candidato. rante o período de quarentena. As produções estão em diferentes formatos como víde-
“Será uma elevação ain- os, bate-papos, podcasts e postagens para redes sociais.
da maior da qualidade do Em meados de abril, foi lançado um podcast em que foi abordada a questão do
processo de certificação marketing de relacionamento, aspecto importante no atual contexto, diz Cláudia Ja-
nesko, Superintendente Executiva da Conecta. “Temos de considerar os aspectos de
do ICSS, em linha com
fidelização da carteira de clientes que a entidade já possui e o fortalecimento da mar-
as exigências previstas ca. É essencial não deixar de pensar no momento de pós-crise e quanto o brand deverá
na Instrução Previc n. estar forte no momento de recuperação.” Todas as ações da Conecta para o período
13/2019”, destaca Leão. estão disponíveis em suas redes sociais.

MAIO/JUNHO 2020 | 5
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ENTREVISTA

PAULO RABELLO DE CASTRO

A CRISE
COMO GRANDE
OPORTUNIDADE
D
iante da crise atual, as tou a outros especialistas para
perdas são inevitáveis formular o chamado Programa
em todos os países do de Retomada Consciente, em
mundo. A diferença está na que elenca ações para auxiliar
forma como cada um deles o setor econômico a sobrevi-
lidará com o problema. É essa ver à crise e, claro, retomar o
reação que definirá o ritmo crescimento quando a norma-
da retomada, como defende lidade voltar. Nesta entrevista
o economista Paulo Rabello exclusiva, Rabello destaca ain-
de Castro, ex-Presidente do da a importância do papel dos
BNDES e fundador da SR investidores de longo prazo na
Rating, primeira empresa economia. “É preciso preser-
especializada em rating de var esse sistema, que deve ser
riscos de crédito do Brasil. ativado neste momento como
Com a experiência adquirida um colaborador importantís-
ao longo dos anos, ele se jun- simo do governo no processo

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 9


ENTREVISTA | Paulo Rabello de Castro

de retomada consciente. Espero que governamental, é que seria O outro destinatário desse
esta conversa sirva como alerta. Dá capaz de fazer os investimentos plano são as pequenas e médias
tempo e tem jeito, porque a crise é decolarem no segundo semestre e empresas. E aí entramos em um
uma grande oportunidade”, argu­ começarem a ter uma influência campo onde a atuação tem sido
menta o economista. positiva em 2021. Por enquanto, próxima de zero. Até que esta
não estamos enxergando isso no revista circule, teremos passado
Como você define o horizonte, mas ainda dá tempo de mais de dois meses do início da
Brasil da pandemia? mudar. Daí a nossa proposta de pandemia e com um balanço ainda
um programa de retomada para a muito sofrido dessa abordagem
Paulo Rabello: O Brasil da
economia. para empresas, principalmente
pandemia está muito próximo
no campo comercial de serviços
de um pandemônio. Podemos
Em que consiste esse que são, no geral, empresas de
dizer que, para além do que está
pequeno porte, que vão acabar
acontecendo com o Coronavírus, programa de retomada?
tendo que fechar suas portas por
temos uma crise econômica Paulo Rabello: Ao longo dos anos, falta de um apoio mínimo de
muito grande que não está sendo
nossa consultoria tem realizado liquidez.
administrada com a velocidade
programas nacionais ou estaduais O governo poderia já ter atuado
e nem com a intensidade
de desenvolvimento e estratégias através do BNDES, da Caixa
necessárias. Acho que velocidade
para a aceleração do crescimento, Econômica e do Banco do Brasil
e intensidade são as duas
como já fizemos em Mato Grosso por meio do sistema bancário
palavras-chave do momento, no
e no Paraná, por exemplo. O via recolhimentos compulsórios.
atendimento do setor empresarial
programa nacional que estamos Ele liberou os recolhimentos
e do setor federativo, porque os
propondo está ancorado, compulsórios dos bancos, mas
governos estaduais e municipais
basicamente, em três planos. O não condicionou essa liberação à
entraram também no processo
plano que eu chamo de “aéreo ou ampla repactuação tanto da pessoa
de perda de receitas. Mas há uma
grande lentidão, que até seria helicóptero”, em uma referência física quanto da pessoa jurídica de
justificável pela gravidade do à rapidez emergencial com que é pequeno porte.
processo, que deixará sequelas no preciso chegar até o destinatário,
desempenho do Produto Interno tem como finalidade a distribuição A etapa seguinte é a que
Bruto deste e do próximo ano. rápida para milhões de pessoas vocês denominaram de
dessa âncora emergencial que “plano naval”, baseada no
O Brasil da pandemia é um
país que está, em parte,
o governo, de fato, estabeleceu desembolso fiscal. Fale
confortavelmente instalado em na faixa de R$ 600, mas que um pouco mais sobre ele.
casa e, em outra, exposto. E esse visivelmente não atinge ainda uma Paulo Rabello: O Brasil vai ter
grau de exposição é inevitável boa parte da população. Acho que um grave problema de aumento
para um grupo grande de pessoas existe pelo menos outra metade da dívida pública se não fizer os
que são obrigadas a continuar de todos os milhões que foram ajustes nas contas fiscais tanto
tentando ganhar a vida. Há um atendidos à espera de ajuda. E do Governo Federal quanto, por
agravamento das desigualdades. essa não é uma operação fácil, indução, nos governos estaduais e
Óbvio que, com o nível de diga-se de passagem. Ela teria que municipais. Como nenhum ajuste
desemprego aumentando, apenas ser menos discriminadora. Temos seria perfeitamente plausível, nós
uma retomada do processo um Brasil ainda desconhecido das idealizamos esse “plano naval”,
empresarial, com a ajuda de um autoridades e que precisaria desse chamado assim de flutuadores,
grau elevado de coordenação apoio no momento. em que se pretende manter uma

10 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


ENTREVISTA

relativa flutuação com resultados na indústria, na construção civil, o campo político é exatamente o
neste ano e nos anos consecutivos. como milhões de empregos. oposto do que a sociedade exigiria
Nossa proposta é de um corte A parte relativa ao chamado nesse momento.
dos orçamentos públicos e em “plano flutuador” inclui algo
todas as contas, que o Congresso que é o equilíbrio fiscal dos A Previdência
poderia administrar de forma estados e municípios que hoje Complementar Fechada é
que algumas fossem preservadas, pedem um socorro inferior formada, essencialmente,
como a da saúde. É isso que a R$ 80 bilhões para cobrir a por investidores de
significa administrar uma crise: diferença entre o que vão deixar longo prazo. Quais os
reforçar os pagamentos das de arrecadar e o que deveriam impactos sobre esse
pessoas que estão na frente da arrecadar este ano. Portanto, é segmento específico?
batalha, aplicar os adicionais de uma pedida multibilionária que
Paulo Rabello: A gestão de
periculosidade e insalubridade por vai de alguma forma pesar ainda
poupança a longo prazo é
tempo trabalhado, que realmente mais sobre os contribuintes no
importantíssima. É disso que se
não estão sendo adequadamente orçamento Federal, mas deveria
trata a atividade de transporte
praticados. Nesse momento, os ser uma oportunidade de todos de renda, por assim dizer, do
salários poderiam ser refreados se sentarem e fazerem uma presente para o futuro, realizado
para equilibrar e fazer flutuar o repactuação geral das dívidas pelas entidades fechadas. Neste
orçamento como um todo, tanto do Estado: um grande pacto momento, podemos perceber uma
neste ano quanto no próximo. federativo que acelere vias de certa perplexidade de lideranças
saneamento definitivo, não só setoriais, que já deveriam estar
O terceiro pilar deste paliativo, inclusive o aspecto de chamando os principais dirigentes
programa é o “plano uma boa e necessária reforma da Abrapp para reformular as
terrestre”. O que seria? tributária e, por que não, de uma metas atuariais e estabelecer
reforma financeira em termos de novos desafios factíveis dentro
Paulo Rabello: Ele atua sobre o
competição bancária. do enorme impacto que o setor
território e tem como objetivo
desenvolver projetos para sofreu. E que impacto é esse? É
retomada mais rápida dos
Por que chamar tudo o impacto da perda de riqueza,
investimentos, e isso poderia
isso de programa de de valor, de ativos de renda fixa,
ser feito acionando as reservas retomada consciente? embora a economia comemore,
internacionais do Brasil ou Paulo Rabello: Este programa por assim dizer, a baixa
através do BNDES, que tem saldos de retomada tem o nome de generalizada da taxa de juros.
bastante confortáveis. Trata-se “consciente” exatamente porque A verdade é que esse novo
de um plano recuperador da eu não vejo consciência nem normal de taxa de juros no
vitalidade econômica perdida. da magnitude da crise, nem das Brasil, com títulos públicos a
Achamos que esse plano tem oportunidades de repactuação pouco menos de 4% ao ano -
fundamento econômico, desde federativa que existiriam neste podendo cair mais - destrói a
que seja modulado com o momento. Nós não vemos as possibilidade de atingimento
“plano naval”, que faz flutuar lideranças se apoiando em grandes da meta atuarial pelo lado da
o orçamento, fazendo uma ideias para apresentar, na crise, renda fixa. E com a pancada
revisitação de todas as rubricas de grandes soluções. Estamos dando monumental sofrida do lado da
forma a sobrar, em bilhões, esse um super bom exemplo no campo renda variável, o patrimônio
contra-ataque de investimentos de ação dos servidores públicos administrado momentaneamente
para recuperar não só a atividade e privados na área da saúde. Já foi desvalorizado. Isso já deveria

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 11


ENTREVISTA | Paulo Rabello de Castro

ter sido objeto de discussão (do sistema pode ser utilizado O que você diria para
governo) com a Abrapp e os como estratégia para os investidores neste
dirigentes. Se esse diálogo ainda retomar essa economia? momento? Onde
não ocorreu, é porque há uma Paulo Rabello: Eu diria que na
alocar recursos?
atitude refratária por parte da reformulação da dosagem entre Paulo Rabello: Temos que ter um
administração Federal, quando, renda fixa e renda variável. programa que começa do zero. É
na verdade, deveria haver uma Nós, historicamente, estamos por isso que eu chamo de plano de
atividade febril de arrumação acostumados a ter uma proporção retomada consciente. O consciente
da economia e desse setor que de pelo menos três quartos de aí é um adjetivo que tem tremenda
é importante na retomada dos renda fixa para um quarto de importância em termos de alerta
investimentos, para que se una ao renda variável numa carteira para o fato de que estamos diante
governo, fazendo o programa de típica. Isso nos bons tempos de algo muito novo, desconhecido.
retomada consciente acontecer. dos juros altos dos títulos Portanto, tem que ser respeitado
Eu confio muito na poupança públicos, realidade que mudou por ser complexo. Parte desse
institucional. Aliás, um dos itens radicalmente. respeito está em dar importância
importantes do chamado “plano Os fundos de pensão teriam para a necessidade de organizar,
terrestre” dentro do programa que torcer por uma retomada mudar nossas forças em torno
de retomada é aquele que ativa consciente da economia ao disso. Até que isso aconteça, o meu
investimentos, utilizando uma invés dessa perspectiva que nós prognóstico não é muito favorável.
pequena parcela das reservas infelizmente hoje antevemos, que Vamos estender o processo de
internacionais aplicadas com é de um desdobramento na forma perda de valor de ativos da renda
valores de renda fixa no exterior. de um L, e não na forma de um variável, manter esse estado de
Se nós capturarmos US$ 30 bilhões V. Estamos na vertente de queda anemia nas taxas de juros por um
que fossem para montar um do V, mas, em muitos países, as longo período e as empresas vão,
fundo numa praça estrangeira autoridades já fazem um discurso por precaução, preferir manter
qualquer, fazendo uma espécie de que no ano que vem a subida da o pouco caixa que tiverem bem
de Plano Marshall de fora para economia vai compensar a puxada próximo. E essa é uma forma
o Brasil, já seria suficiente. Com para baixo. No caso brasileiro, segura de a gente entrar em uma
a taxa de juros atual, daria mais porém, nem as autoridades estão recessão muito duradoura, o que
de R$ 150 bilhões, administrados tendo muita coragem de fazer não é bom. Está todo mundo
pelo BNDES, por exemplo, que tem esse discurso. Eles não têm um combinado que ninguém vai fazer
profissionais preparados. Se as programa que seja adequado de nada. Infelizmente, o “fica em
entidades deslocassem uma parte retomada robusta; só conseguimos casa” tem esse desdobramento.
da sua renda fixa para a escolha antever o L, ou seja, um Enquanto não voltarmos para
de novos investimentos rentáveis comportamento de estabilização nossa vida normal, e o isolamento
para vir junto com esses US$ 30 de queda. Isso significa, para é necessário porque o vírus é
milhões iniciais de alavancagem as Entidades Fechadas de extremamente competente,
de investimentos, já estaríamos Previdência Complementar, a agressivo, contagioso e traiçoeiro,
começando a falar em retomada manutenção de um panorama de sabemos que esse “ficar em casa”
de investimentos de longo prazo desvalorização dos seus ativos causará ao Brasil dobramentos
dando uma saída importante. durante um longo período, gravíssimos em termos de perda
cristalizando o que eles pagam de substância econômica. Em
Como o patrimônio que hoje aos seus beneficiários e o que particular, o setor de poupança e os
se tem em reservas do podem antever para o futuro. fundos de pensão, especialmente a

12 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


ENTREVISTA

poupança nacional organizada, são de surpresa e, neste momento, o orçamento público é para bater
os que mais sofrem porque é um o BNDESPAR se fez presente, nos outros. A Alemanha hoje está
setor que está fundamentalmente transformando-se em investidor. firmemente em uma doutrina
no futuro. Anos depois, como Presidente do que eles chamam de doutrina de
Aliás, o negócio das EFPCs é o BNDES, tive a oportunidade de economia social de mercado, em
futuro. Se não houver futuro, não fazer a fusão dessas duas grandes que adotam princípios liberais
há fundo de pensão. Pode até ter empresas, já completamente inteligentes. O mercado tem
um compromisso de benefício, recuperadas, sadias e valorizadas. supremacia sobre o governo, mas
mas não vai ter o ativo. É preciso Houve um ganho de caixa da o governo sabe se posicionar; o
preservar esse sistema, que deve ordem de R$ 8,5 bilhões. Ao longo sistema público funciona bem
ser ativado neste momento como dos anos, a operação se mostrou e ele consegue ter um razoável
um colaborador importantíssimo extremamente bem-sucedida equilíbrio fiscal. Durante a
do governo no processo de e lucrativa. Em determinados crise de 2008/2009, os alemães
retomada consciente. Espero que momentos, você salva ou não salva. foram os primeiros a utilizar o
esta conversa sirva como alerta. Dá É como uma UTI do Coronavírus: sistema de cortes emergenciais,
tempo e tem jeito, porque a crise é ou você tem respirador ou você estabeleceram um limitador de
uma grande oportunidade. não tem. É preciso atuar, não tem despesas e partiram para o controle
conversa. das contas públicas, o que exigiu
O que pode ser feito para Na medida em que nós passamos sacrifício.
tentar mitigar um pouco a atuar inteligentemente na crise,
os efeitos da crise para o parece que ocorre uma espécie de O que esperar do Brasil
investidor institucional? recuperação da esperança. É como pós-pandemia?
uma guerra, a gente começa a ficar Paulo Rabello: Primeiro, um
Paulo Rabello: Diretamente, muito
entusiasmado com a possibilidade
pouco porque o governo não tem eleitorado mais exigente, por estar
de que vamos conseguir nos reunir,
como, por decisão voluntarista, mais decepcionado. Segundo,
organizar melhor, e isso abre
motivar a Bolsa a subir quando ela vai mudar muito a maneira de as
espaço para que surja uma nova
está caindo. O que ele pode, sim, é pessoas agirem. Elas serão mais
sociedade, muito menos gastadora
usar o BNDESPAR, um órgão dentro cautelosas, até mesmo em relação
no setor público. Fizemos uma
da estrutura do BNDES, como um à poupança. As pessoas que já
visita ao ministro Braga Neto com
estabilizador nesses processos de tinham essa preocupação de ter algo
intuito de apresentar o programa
queda de Bolsa, inclusive trazendo para se manter quando acontecer
de retomada consciente, o que
ganhos para a própria instituição. um imprevisto, neste momento,
pode servir como alento, neste
Não é simplesmente entrar para ficarão ainda mais cautelosas. Seria
momento, de que elementos no
comprar caro e depois vender interessante solidarizar o povo
governo estão buscando saídas.
barato. O órgão poderia atuar sobre esse objeto futuro, que é a
para oportunisticamente manter apropriação do capital da sociedade.
Algum país pode ser um A sociedade brasileira deveria ter
o preço um pouco melhor nos
papéis, porque há a possibilidade
exemplo para o Brasil? o direito de ser dona desse capital
de esperar um pouco mais, Paulo Rabello: Eu sempre observo para se motivar a construir o futuro.
como órgão de investimento com muita atenção a Alemanha. Deveríamos valorizar o capital
governamental, girando isso mais Também poderiam ser os Estados estatal para transformar o capital
à frente. Quando houve a crise Unidos, mas o problema é que de todos através de um mecanismo
de 2008/2009, algumas empresas eles estão constantemente em de poupança previdenciária. É uma
importantes do Brasil foram pegas guerra com alguém e, então, até área interessante de ser retomada. ■

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 13


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INVESTIMENTOS

VISÃO DE LONGO PRAZO


EQUILIBRA
INVESTIMENTOS
Entidades movimentam-se com rapidez
para tentar reduzir perdas, melhorar a liquidez e
aproveitar oportunidades de investimento

POR MARTHA ELIZABETH CORAZZA

A
gilidade para fazer ajustes entre outros aspectos, o horizonte
táticos e rever estratégias de longo prazo. “As características
de alocação que minimizem de pagamento de benefícios em
o risco, ao mesmo tempo em que longo prazo e a menor necessidade
se projeta um novo desenho para de retirada de capital em curto pra-
as políticas de investimentos, é o zo têm atuado como fatores cru-
desafio das Entidades Fechadas de ciais para mitigar perdas para os
Previdência Complementar neste fundos de pensão na atual conjun-
segundo trimestre do ano, contur- tura, além de potencializar a busca
bado pela crise financeira decor- de oportunidades em ativos de boa
rente da pandemia de Coronavírus. qualidade com preços momenta-
No ambiente de altíssima volatili- neamente depreciados”, observa o
dade, a gestão das carteiras de pre- Professor de Finanças da COPPEAD
vidência fechada tem a seu favor, - UFRJ, Carlos Heitor Campani.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 15


INVESTIMENTOS

Em meio a uma crise de proporções iné- No entanto, as grandes movimen-


ditas, esse perfil de investidor transmite maior tações de portfolio foram evitadas até
segurança aos próprios mercados porque ajuda agora, e os gestores estão cautelosos com
a retirar uma parte da volatilidade de curto pra- os próximos passos. “Acreditar que essa
zo da renda variável e, por consequência, miti- crise ficará encapsulada em 2020 é um
ga o aumento do custo de capital para as empre- autoengano”, avisa o Diretor de Investi-
sas. “Essa postura, que está ligada ao cerne do mentos e Patrimônio da Funcesp, Jorge
negócio das EFPCs, é essencial neste momento. Simino, que recomenda muito cuidado
Retirar recursos de aplicações no curto prazo para que não “se compre ilusões” dian-
é como jogar gasolina na fogueira de um con- te de movimentos de ativos financeiros
texto econômico financeiro já crítico”, pondera que pareçam descolados do lado real da
Campani. economia.

Liquidez e qualidade
Quem estava bem posicionado no exterior perdeu
“Podemos dizer que este é o pior
menos graças aos ganhos cambiais e à aposta em desastre documentado na história do
setores menos prejudicados pela paralisia econômica capitalismo, nem mesmo comparável ao
da gripe espanhola, cem anos atrás, ou às
guerras do século XX”, analisa o Diretor
As entidades conseguiram mover-se com
de Investimentos da Previ, Marcelo Otá-
rapidez no tabuleiro instável dos mercados sob
vio Wagner. A atual pandemia configura
a ótica de curto e médio prazos para tentar re- uma crise secular cujo início foi dado
duzir perdas e melhorar a situação de seus cai- pela questão sanitária e lançou seus re-
xas. Do lado positivo, conta o aprendizado ad- flexos na economia, exigindo um olhar
quirido na gestão de investimentos por conta da diferenciado sobre a sua dimensão,
redução do juro básico, que levou à necessidade complementa. Uma avaliação diferen-
de diversificação. Em contrapartida, o juro me- ciada também se faz necessária na hora
nor levou a uma maior exposição de risco nas de medir os impactos sobre o investidor
carteiras, com impacto principalmente em ren- institucional como um todo, e as EFPCs
da variável e em ativos ilíquidos. em particular.
Quem estava bem posicionado em estraté- Com passivos mais longos, as enti-
gias no exterior conseguiu perder menos gra- dades são mais preparadas para absorver
ças aos ganhos cambiais e à aposta em setores as grandes crises porque cumprem um
que não foram tão prejudicados pela paralisia papel anticíclico. Suas obrigações du-
econômica global. Os movimentos rápidos fei- ram décadas e isso lhes permite passar
tos de março para cá para aproveitar o súbito por turbulências fortes desde que sejam
aumento das taxas de juros pagas pelas NTN-Bs cumpridas duas pré-condições, aponta
longas ou a alta nos prêmios do crédito corpo- Wagner. A primeira é o controle rigoro-
rativo foram relevantes para compensar parte so da liquidez de curto prazo - 24 meses
das perdas na renda variável. - para honrar os pagamentos de bene-

16 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


INVESTIMENTOS

fícios sem vender ativos que estejam estudos de cenários e passando por todo o pro-
fora de seu preço intrínseco. A segunda cesso de governança.”
pré-condição é ter uma carteira de ativos O Diretor da Previ observa que o Brasil é
de boa qualidade e diversidade, bem es- um país de economia-satélite, fornecedora das
truturada, e com empresas cujos preços grandes cadeias globais de suprimentos e, em-
serão reajustados aos poucos. bora tenha um mercado doméstico bem desen-
Na Previ, essas condições já esta- volvido, pujante tanto em renda fixa quanto em
vam presentes antes da crise, até porque renda variável, é natural que as EFPCs busquem
elas devem ser garantidas em épocas de diversificar em classes de ativos, estratégias e
bonança, com estudos de ALM e de sen- também regionalmente. “Essas três formas de
sibilidade do fluxo de caixa, colchões de diversificação devem ser compreendidas de
liquidez e outros instrumentos. “É nessas maneira interligada; investir em exterior é uma
horas críticas que o dever fiduciário se opção que melhora a resiliência e a estrutura da
revela e nossa administração de caixa, carteira”, pondera Wagner.
que pode até ser considerada excessiva-
mente conservadora, faz a diferença”, Nova realidade
afirma Wagner. Sem receber aluguéis Rever políticas de investimento é uma
nem dividendos, a situação de caixa da necessidade, pois os ALM feitos em dezembro
entidade é confortável pelos próximos do ano passado não refletem o que está acon-
24 meses, podendo ser sustentada com tecendo e tampouco o que vai acontecer nos
tranquilidade só pela carteira de renda próximos dois a três anos, sublinha o Diretor
fixa, enquanto os fundos multimercados de Investimento e Patrimônio da Funcesp, Jor-
atuam no ciclo da economia. A monta- ge Simino. O convívio com o vírus vai perma-
gem dos ativos em função dos passivos necer por muito tempo, já que vacinas demo-
de longo prazo tem efeito anticíclico, ram. Somando isso ao lado político tanto lá fora
funcionando como uma “apólice de segu- quanto aqui no Brasil, o ano eleitoral nos EUA,
ros” contra movimentos de curto prazo. e o cálculo de que o desemprego chegará a 14%,
Graças a essa situação, a Previ tem é fácil concluir que a recuperação será lenta.
feito apenas mudanças pontuais em bus- “Não acredito na ideia de retomada em V, ou
ca dos papéis mais resilientes e pagado- seja, recuperação tão veloz quanto foi a queda.”
res de dividendos. “São ajustes na mar-
gem, para proteção, porque a carteira foi
montada antes da crise”, explica Wagner. A Previ tem feito apenas mudanças pontuais
No momento, a fundação prepara a re- em busca dos papéis mais resilientes
visão da política de investimento diante
e pagadores de dividendos
dos fatos novos trazidos pela crise. “No
segundo semestre do ano passado, quan-
do elaboramos a atual política, o ciclo A resposta terá que vir da politica monetá-
econômico apontava para crescimento ria e da política fiscal, como tem ocorrido nos
em 2020. Vamos recalibrar com base em EUA, analisa Simino. A crise encontrou gente

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 17


INVESTIMENTOS

muito alavancada, tomando risco, e o ajuste e resgate de 50% dos fundos multimer-
técnico nos preços dos ativos foi inédito em cados exclusivos e estruturados. A fun-
velocidade e magnitude no Brasil e no exterior. dação também vendeu NTN-Bs 2035 e
Na renda variável, a sensatez dá sinais de ter outras séries com prazos mais curtos, já
abandonado o mercado, analisa o especialista, que o desconforto com a situação fiscal
e em abril surgiu um rally de alta na Bolsa que do País é grande. A carteira de Fundos
não reflete a situação real da economia. “O PIB de Investimento Imobiliário, que era de
dos EUA no primeiro trimestre recuou 4,8% e o R$ 450 milhões no final de janeiro, enco-
impacto sobre o segundo trimestre será maior, lheu em cerca de R$ 80 milhões. Nesse
então ou os ativos financeiros descolaram do caso, um movimento seletivo que redu-
lado real ou estão considerando uma recupera- ziu bem a parte de shopping centers frente
ção muito rápida.” às lajes e galpões logísticos. No total, fo-
ram R$ 2,6 bilhões em liquidez adicional
obtidos com a redução de posições de
A dificuldade na montagem de cenários começou risco, a qual passou de 7% para 15% dos
a ser mitigada em meados de abril, mas ainda ativos garantidores.
Boas oportunidades também foram
falta clareza para desenhar políticas
aproveitadas. No início de abril, a funda-
ção atuou na compra de ativos de crédi-
to privado quando esse mercado elevou
A única certeza é que todos os países e
os prêmios para compensar a falta de
agentes econômicos vão sair com um nível de
liquidez. “Fizemos duas ou três transa-
endividamento muito mais alto do que era pro-
ções com valores pequenos, mas preços
jetado. No Brasil, a projeção de dívida pública
bons, de até IPCA mais 6%, em papéis de
neste ano passou de 78% para 90% do PIB, com
empresas com robustez financeira que
alguns cálculos apontando 108% em 2030. Ele
precisaram vender ativos mais líquidos”,
lembra que a pandemia atinge oferta e deman-
conta o Diretor. A Funcesp montou ain-
da no curto prazo, e isso é deflacionário. Há
da um fundo de ações, com horizonte de
projeções de bons economistas falando em
três anos, de empresas resilientes, com
Selic a 2%, o que significa que as aplicações
liderança no mercado e boa governança.
das EFPCs para seu caixa vão render quase
Como proteção, foram realizadas opera-
nada. “Entidades mais maduras como a nossa
ções de hedge em renda variável e nos pa-
têm que carregar caixa para pagar benefícios.
péis públicos mais longos (NTN-C 2031).
Na Funcesp são R$ 2,5 bilhões ao ano em bene-
fícios pagos; nossos investimentos suportam
cerca de 70% disso ou perto de R$ 1,8 bilhão
Montagem de cenários
que sai do caixa.” Para o Diretor de Investimentos da
A entidade optou por reduzir risco como Petros, Alexandre Mathias, a extrema
forma de mitigar as perdas que seriam trazidas dificuldade na montagem de cenários
pela crise. No início de março, o ajuste incluiu começou a ser um pouco mitigada des-
a venda de 30% das posições de renda variável de meados de abril. “Hoje conseguimos

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INVESTIMENTOS

ter algum chão, inclusive olhando os si- abrangendo, entre outros aspectos, os projetos
nais emitidos pelas Bolsas americanas, na área de infraestrutura. “Os Fundos de Inves-
onde as médias móveis de 10 e de 21 dias timento em Participações são a única vedação
mostravam uma tendência ascendente que temos. A chave para explorar essas opor-
do final de março até o final da primeira tunidades depende da qualidade, governança,
semana de maio.” rentabilidade dos projetos e possibilidade de
No entanto, ainda falta clareza para mitigação de riscos, mas ainda é pouco cedo
desenhar cenários, políticas e gestão de porque o ciclo de revisão não terminou”, conta
investimentos. “Os dados dos próximos o Diretor da fundação.
meses serão muito ruins e exigirão polí-
ticas anticíclicas para que o desemprego
não suba tanto. É verossímil pensar em Até agora, as duas principais lições para
voltar ao PIB do ano passado em 2021, as EFPCs são a importância da liquidez e
mas ainda é muito cedo para fazer qual-
da qualidade das carteiras de ativos
quer movimento”, observa o Diretor da
Petros.
No primeiro cenário, o isolamento Para ele, é hora de fortalecer o mercado
seria relaxado a partir de junho e a eco- institucional e o pilar da Previdência Comple-
nomia voltaria a funcionar em julho, mentar, “essencial para a recuperação da eco-
abrindo espaço para um terceiro trimes- nomia de forma sustentável”, complementa o
tre de recuperação. Assim mesmo serão dirigente.
necessários de doze a quinze meses até O Diretor de Investimentos da Funcef,
que o PIB retorne aos patamares anterio- Paulo Werneck, lembra que o segredo no mo-
res à crise, o que só acontecerá no segun- mento é garantir a liquidez e mensurar correta-
do trimestre de 2021. No segundo cená- mente os passivos. “Temos duration mais longa
rio, o isolamento será estendido além de do passivo, o que funciona como um colchão
junho, o desemprego crescerá mais do de liquidez para 12 a 24 meses. Mas é crucial
que o imaginado, e a recuperação da eco- observar as medidas anticíclicas adotadas pelo
nomia só acontecerá em meados de 2022. governo e seu efeito sobre a economia para só
“Esta é a crise mais séria do capitalismo, depois mensurar os nossos passivos”, aponta
mas as EFPCs estão em pé e mais profis- Werneck.
sionalizadas”, lembra Mathias.
Fluxo de caixa
Liquidez e qualidade Com a economia global praticamente fe-
A expectativa é que o próximo tri- chada, falta de crédito e de transações, e incer-
mestre traga um cenário menos imprevi- tezas fiscais e políticas no ambiente doméstico,
sível, reforça Marcelo Wagner. Na Previ, o cenário está longe de transmitir segurança,
embora o processo de revisão da política colocando todos os ativos sob dúvida, afirma
de investimentos não esteja concluído, o Diretor de Investimentos e Controladoria da
a análise de oportunidades é contínua, Fundação Libertas, Rodrigo Eustáquio Barata.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 19


INVESTIMENTOS

Ele observa que o Brasil não tem mais es- da com a do início da crise”, diz o Diretor
paço para fazer política monetária, com o juro da Petros, Alexandre Mathias.
real da Selic abaixo de 1%, moeda depreciada, A fundação trocou um pouco de ris-
elevação da dívida pública em relação ao PIB e co da renda variável pela renda fixa por
fuga de capitais. “O governo terá que pagar mais conta da abertura de taxas, mas já subiu
caro para colocar títulos longos no mercado. Os um primeiro degrau na recomposição
preços das NTN-Bs não estavam condizentes da renda variável, aumentando, em me-
com a situação econômica e política do País. ados de abril, a alocação no segmento
A tendência é que depreciem mais; assim, as em 2,5%. “Temos feito isso desde então,
EFPCs poderão voltar a comprar esses papéis o que tem nos ajudado a recompor o re-
com taxas melhores no longo prazo”, pondera. torno, mas, como o risco é muito alto, o
viés continua cauteloso”, conta Mathias.
Agora a EFPC prepara estudos de
O enfrentamento da crise de saúde no Brasil traz
otimização das carteiras. Uma das op-
a vantagem, ao menos teórica, do aprendizado
ções é fazer alocações mais conservado-
de outros países que já viveram esse ciclo ras em 2020, buscando apenas manter o
patrimônio dos planos sem perseguir as
metas atuariais. “Estudamos essa pos-
Na Fundação Libertas, a liquidez é boa e a
sibilidade porque o risco para chegar à
fatia de alocação em renda variável é de apenas
meta seria alto demais. A ideia é fazer
7%. Assim mesmo, o impacto da crise será for-
isso apenas em 2021, já considerando a
te, diz o Diretor. “No momento seria precipitado
meta do biênio.” A proposta, ainda em
trocarmos a política de investimentos. A verda-
fase preliminar de discussão, terá que
de é que ninguém sabe o que vem pela frente,
então é importante sermos conservadores e passar pela aprovação das instâncias de

sem muita exposição a risco”, afirma Barata. A governança da fundação.


entidade tem trabalhado para aperfeiçoar sua
governança e processos decisórios. Entre os Processo de retomada
projetos, está a criação de perfis de investimen- O primeiro estágio de enfrenta-
tos e estudos para iniciar a alocação de ativos mento da crise de saúde criada pela
no exterior. pandemia no Brasil traz a vantagem, ao
menos teórica, do aprendizado de outros
Otimização de carteiras países que já viveram esse ciclo. O segun-
A maior incógnita é saber se a “pandemia do estágio, em que será preciso enfrentar
que parou a Terra” terá consequências perma- as consequências da crise sanitária, está
nentes ou temporárias. “O cenário pré-vírus era sinalizado o aumento maciço das dívidas
positivo, segundo a precificação do mercado, públicas, sendo necessário dar uma res-
mas o gestor de longo prazo sabe que uma que- posta à questão da segurança alimentar,
da muito forte exige, para que seja possível re- sublinha Marcelo Wagner, da Previ. “Isso
cuperar as perdas, uma alocação média pareci- significa evitar que as pessoas caiam

20 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


INVESTIMENTOS

abaixo da linha de pobreza, de forma que nas de um problema financeiro. É uma situação
elas possam ao menos se alimentar.” em que apenas a injeção de dinheiro na eco-
No âmbito internacional, a Ásia nomia não resolve”, aponta Rodrigo Barata, da
poderá ter uma retomada em V, analisa Fundação Libertas. Mesmo com a vantagem de
Wagner. Já a economia americana costu- poder aplicar uma visão de médio e longo prazos
ma ser resiliente, embora os EUA emitam aos seus investimentos, ele observa que muitas
sinais alarmantes, com quase um milhão EFPCs entraram na pandemia com déficits que
de pessoas contaminadas. No Brasil, a estavam sendo equacionados ou a equacionar.
hipótese utilizada pela Previ até o fecha- “Provavelmente haverá mais déficit este ano e
mento desta edição era de que o lockdown vai ser difícil buscar retornos que ajudem a ge-
iria até junho, com um retorno paulatino rar superávits nas atuais condições do mercado.”
da atividade a partir do terceiro trimes-
tre. “Esse é o cenário que está orientan- Transparência
do a nossa recalibragem da política de
investimentos no momento. Porém, se Se as EFPCs têm melhores condições de

o lockdown for estendido até o terceiro explorar oportunidades de risco em médio


trimestre, a perspectiva de retorno às ati- e longo prazos, é fundamental cuidar da go-
vidades seria apenas no início de 2021.” vernança e da transparência neste momento,
A grande dúvida é como será or- pontua Campani. “Isso adquire ainda mais
ganizada essa retomada: se a dívida em importância diante do aumento do risco e da
relação ao PIB será concentrada no curto volatilidade dos mercados. A transparência da
prazo ou se vai alterar a trajetória fiscal, estratégia adotada pelos gestores deve ser total,
se haverá um programa de investimentos assim como a documentação dos modelos de
ou a volta à agenda de reformas, lembra controle de risco.”
Wagner.
A tendência de inflação acima da
Selic pode levar o governo brasileiro a “A transparência da estratégia adotada
injetar moeda, pressionando ainda mais a pelos gestores deve ser total, assim como a
inflação, num círculo vicioso já visto em documentação dos modelos de controle de risco”
crises anteriores, observa o Professor de
Finanças da COPPEAD - UFRJ, Carlos Hei-
tor Campani. “Vale lembrar que crise eco- As políticas precisam ser claras e as es-
nômica e dos mercados é uma coisa, crise tratégias muito bem definidas pelos comitês
social é outra.” Ele também chama aten- de investimento, com a participação de experts
ção para a mudança nos fundamentos independentes. “Atingir metas atuariais com os
dos investimentos trazida pela crise nos retornos dos títulos públicos exigia menor nível
preços do petróleo, capaz de mudar toda de gestão de risco, mas isso mudou de maneira
a base de análise das empresas investidas. radical. A revisão das políticas agora deve ser
“O momento é difícil para todas as não só bem planejada, como bem comunicada
EFPCs. Em 42 anos de sistema, nunca vi para transmitir a percepção de sustentabili-
crise tão difícil, porque não se trata ape- dade”, avisa o Professor de Finanças. ■

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 21


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DIFERENTES
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Tipos de patrocínio, s diferenças de porte e ca-
racterísticas das Entidades
formatos de planos e Fechadas de Previdência
portes distintos levam Complementar poucas vezes esti-
veram tão explícitas quanto este
a reações variadas ano, desde que eclodiu a crise eco-
à adversidade nômica produzida pela pandemia.
Ao avaliar as medidas neces-
sárias para amenizar o impacto,
as grandes, médias e pequenas
fundações, com diferentes tipos
de patrocínio e formato de planos,
devem buscar soluções e propos-
tas tão diversas quanto elas, obser-
va o Sócio-Diretor da consultoria
Prevue, Geraldo Magela. Em mar-
ço, no auge da incerteza quanto

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 25


HETEROGENEIDADE

aos efeitos da crise, as propostas patrocinadores encararem a crise, Algumas empresas se anteci-
chegaram a ser excessivas pela he- lembra o Diretor de Investimentos param inclusive a qualquer decisão
terogeneidade, diz o consultor, ci- e AETQ da Volkswagen Previdên- do Conselho Nacional de Previdên-
tando como exemplo a suspensão cia Privada, Luiz Paulo Brasizza: cia Complementar (CNPC) e sus-
de contribuições de patrocinado- “Há os que não são tão afetados e penderam contribuições porque ti-
res que estavam bem, com todos os outros que sofrerão impactos mais nham previsão regulamentar para
trabalhadores empregados. graves, como a nossa patrocinado- isso, enquanto outras caminham
É preciso analisar setor a ra, que está sentindo na pele todas na direção de suspender contribui-
setor para saber qual foi o impac- as mudanças no processo de traba- ções em 2020. “Há situações mais
to sobre a patrocinadora e seus complexas, como as dos planos BD,
lho, que foi paralisado.” Na média,
empregados, e estudar soluções por exemplo, mas houve empresas
a capacidade de reação à crise de-
compatíveis, alerta Magela. A que decidiram andar com esse
penderá mais das características
maior preocupação identificada processo independentemente do
da patrocinadora do que do porte
pela consultoria foi com as em- CNPC”, informa Magela.
da EFPC, a não ser no caso das en-
presas do setor privado. Os diri-
tidades muito grandes, acredita o
gentes de entidades procuraram Perfis e risco
dirigente.
antecipar movimentos para aju- Um aspecto que ilustra bem
As medidas de alívio terão
dar as patrocinadoras, tentando a diferença entre as entidades
que ser analisadas caso a caso, con-
evitar que as contribuições aos está na maneira de lidar com seus
siderando a situação das empresas,
fundos de pensão atrapalhassem perfis de investimento frente ao
concorda o Diretor Presidente da
mais ainda os balanços. “Essa pânico nos mercados, aponta o
Previ-Ericsson, Rogério Tatulli.
proximidade é importante para consultor. Têm surgido situações
que algumas empresas possam “Os patrocinadores do setor auto-
interessantes porque alguns re-
continuar vivas e patrocinando motivo e das companhias aéreas
gulamentos de planos “travam” a
os planos previdenciários. Em estão em situação bem mais deli-
opção do participante, de modo
alguns casos, o elo mais frágil é cada porque vão sentir bastante os que ele só possa alterar seu perfil
mesmo o das empresas.” efeitos do choque de demanda na uma vez por ano. Diante da queda
Do lado das patrocinadoras, economia. Já as empresas ligadas abrupta dos ativos de renda variá-
segue o movimento de consultas ao setor farmacêutico, e-commerce vel, por exemplo, houve casos de
sobre o futuro dos planos de be- ou processamento de alimentos entidades que pensaram em res-
nefícios e o que fazer diante das não sofrerão.” tringir essa opção para evitar que
incertezas do momento econô- os participantes realizassem pre-
mico. “O que mudou é que agora juízos em suas reservas. E, na con-
as EFPCs passaram a avaliar com tramão desse movimento, também
mais calma o que é de fato rele- houve entidades interessadas em
vante para cada uma delas dentro Na média, a capacidade de flexibilizar e permitir mudanças
do leque de opções”, comenta Ma- reação à crise dependerá de perfil mais rapidamente, fora
gela. do calendário anual, para atender
mais das características
Estão mais claras as diferen- à demanda dos participantes.
ças entre as pequenas, médias e da patrocinadora do Diferenças à parte, o denomi-
grandes, assim como as formas dos que do porte da EFPC nador comum é tentar orientar os

26 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


HETEROGENEIDADE

investidores para reduzir a realiza- A diferença entre as gativa em março, mas não foi tão
ção de perdas. De 2019 para 2020, entidades fica expressiva quanto as perdas ob-
a Value Prev havia programado servadas nos mercados. “Avisamos
bastante evidente que esperávamos recuperação, en-
ajustes na asset allocation dos per-
fis de investimento até o próximo na maneira de gerir tão recomendamos que não movi-
mês de julho. Agora, os ajustes fo- os perfis de investimento mentassem suas reservas para não
ram suspensos, e a entidade está realizar prejuízos”, conta o Diretor
intensificando sua agenda de pa- Presidente da entidade, Milton An-
lestras, todas virtuais, para refor- telo. As carteiras da fundação são
çar a orientação aos participantes resilientes, construídas para nave-
em relação às eventuais alterações pensar no longo prazo. A comu- gar em diferentes ambientes tanto
que estejam planejando fazer. As nicação com transparência é uma no plano BD quanto no CD.
trocas de perfis são permitidas se- perna essencial desse arcabouço.”
mestralmente, nos meses de junho A Itaúsa permite mudanças Empréstimos e confiança
e dezembro. “Este ano estamos semestrais entre os perfis, mas Um dos pontos de atenção tem
adotando cuidado maior porque a como elas são feitas por indivídu- sido os programas de empréstimos
tendência dos participantes é re- os, na prática acontecem altera- aos participantes, cuja implemen-
alizar prejuízos ao sair dos perfis ções todos os meses. Antes da pan- tação ou ampliação vêm sendo
com maior nível de risco, o que demia, o cenário era mais benigno aceleradas como forma de oferecer
procuramos evitar”, explica o Dire- para os ativos de risco e houve uma liquidez às pessoas sem que seja
tor e AETQ da entidade, João Carlos entrada grande de recursos nos liberado o resgate. “Essa é uma mo-
Ferreira. perfis moderado e agressivo. Em dalidade de investimentos que ficou
Na Fundação Itaúsa Indus- março a bússola mudou para o mais interessante para as EFPCs
trial, que mantém um plano BD perfil mais conservador, embora o neste cenário de menor rentabili-
e dois planos CD com perfis de volume financeiro não tenha sido dade na renda fixa”, avalia Geraldo
investimento, foi necessário um atípico, informa Andrade. Magela.
reforço extra na comunicação, A Volkswagen Previdência Uma das entidades que resol-
conta o Diretor Gerente da EFPC, Privada tem trabalhado, em espe- veu pisar no acelerador para criar
Herbert Andrade. Além de reforçar cial, o lado educacional para expli- o seu programa de empréstimos
a característica de longo prazo da car aos participantes o horizonte aos participantes foi a Prevcom,
poupança previdenciária, tem sido de longo prazo de suas reservas e que espera ter esse processo fi-
fundamental passar informações convence-los a não fazer mudan- nalizado até o início de junho. “É
que inibam o “efeito retrovisor” por ças bruscas de perfil. “Muitos deles uma maneira indireta de oferecer
parte dos participantes, evitando enviavam questionamentos sobre ao participante um saque, cujo pa-
mudanças abruptas de um perfil uma mudança imediata, mas, feliz- gamento sairá de sua conta. O pro-
de maior risco para outro mais con- mente, só poderão alterar seus per- grama será implementado por uma
servador. “Entre fevereiro e mar- fis em outubro. Até lá, esperamos empresa terceirizada, por meio de
ço, com uma rentabilidade ruim, que surta efeito o trabalho educa- licitação, para agilizar o processo,
muitos queriam fazer movimentos tivo”, conta Brasizza. principalmente agora com a equi-
desse tipo, que dariam maior preju- Na Fundação Promon, o pla- pe em trabalho remoto”, diz o Dire-
ízo, então explicamos que é preciso no CD sofreu rentabilidade ne- tor Presidente, Carlos Flory.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 27


HETEROGENEIDADE

A Previ-Ericsson continua sofrer redução salarial. “Não gos- momento, apenas eventuais ajus-
com o seu programa de emprés- to dessa medida. Se o CNPC apro- tes táticos. Vamos levar o risco a
timos, tendo reduzido os juros ao var, provavelmente não iremos um ponto neutro, observando os
retirar o spread e cobrar apenas o implementar porque as reservas fatos novos para elevar ou reduzir
equivalente à meta atuarial da en- dos participantes precisam ser renda variável e estruturados.”
tidade: IPCA mais 5%. “Taxa de ad- mantidas em longo prazo”, com- A Value Prev optou por fazer
ministração já não tínhamos desde plementa Antelo. ajustes graduais em sua política de
o ano passado, então somos bem investimentos, sem realizar preju-
competitivos nesse segmento para Carteiras de ativos ízos e mantendo os novos recur-
dar liquidez aos participantes”, co- sos em caixa, detalha João Carlos
A discussão sobre revisão de
menta Tatulli. Ferreira. Para o segundo semes-
políticas de investimento segue
A demanda por resgates de tre, tudo ainda é muito incerto na
forte, com um ponto em comum:
uma parcela do saldo não surgiu na economia e nos mercados, o que
o olhar para os passivos diante da
Itaúsa, informa Andrade, até por- significa que as eventuais altera-
liquidez, além de cautela e muita
que o programa de empréstimos ções nos investimentos só serão
fé na diversificação, que atenuou feitas quando houver um início de
aos participantes oferecido pela
parte das perdas neste semestre estabilização.
entidade é bastante competitivo e
dramático. “A diversificação ajuda
atende as necessidades de liquidez
muito, é uma lição que já tínha- Agro e florestas no foco
das pessoas.
Na Fundação Promon, uma mos entendido na Itaúsa, mas que
A orientação da economia
série de medidas foram tomadas agora foi reforçada, assim como a
pós-pandemia e as perspectivas
para facilitar a vida dos partici- importância de ter ativos de qua-
setoriais já sinalizam algumas li-
pantes e evitar movimentações lidade”, pontua Herbert Andrade.
nhas de ação para a alocação de
de reservas que pudessem gerar Ele avalia que alguns ativos recursos no futuro, acredita Ta-
perdas. A entidade deu carência poderão sofrer mudanças definiti- tulli. “Estamos nos preparando
de até três meses para os emprés- vas de preços e assegura que não é para ter mais fundos florestais
timos aos participantes; abriu hora de fazer movimentos abrup- em nosso portfolio. Já investimos
janelas de alteração de contribui- tos na gestão de investimentos. nesse segmento desde 2012 e os
ções fora do prazo normal de três “Decidimos que não seria neces- resultados são bem interessantes.”
meses; e passou a permitir que os sário fazer revisão de política de Mas o comportamento do in-
assistidos do plano CD alterem o investimentos para enfrentar este vestidor em relação a determina-
valor do recebimento antes de ja- das classes de ativos considerados
neiro de 2021 (é possível escolher, alternativos é uma das incógnitas
a cada ano, o valor que receberão trazidas pela crise. Entre eles,
de janeiro a dezembro, de acordo os fundos florestais, que vinham
com as suas necessidades). “Foi o Programas de empréstimos crescendo nas carteiras das enti-
que deu para fazer por enquanto. aos participantes vêm dades brasileiras. “As estimativas
Outras medidas dependerão das do possível escopo e trajetória do
sendo implementados ou
decisões do CNPC”, assinala Mil- surto de Covid-19 permanecem
ton Antelo. Também em discussão ampliados para oferecer altamente incertas no momento,
está o resgate parcial para quem liquidez às pessoas tornando difícil quantificar os im-

28 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


HETEROGENEIDADE

pactos nos mercados de madeira Os investimentos em investimentos, explica Brasizza.


e produtos florestais”, assinala o florestas podem garantir Também não serão feitos movi-
Diretor da Hancock Natural Resour- mentos bruscos para evitar perder
ces Group, Tim Cayen. Ele acres-
renda e preservação
ganhos de mercado no futuro. “Te-
centa que a duração e magnitude de capital, devendo mos liquidez para arcarmos com
dos efeitos no mercado irão variar continuar no radar todas as obrigações, e os ativos
drasticamente entre as regiões estruturados acabaram ajudando
produtoras. Assim, as mais depen- a reduzir a volatilidade porque são
dentes do comércio internacional, marcados na curva e têm horizon-
que exige frete marítimo, podem te de longo prazo. É provável que
ser as mais vulneráveis ​​nos próxi- diversificação está fazendo uma venhamos a ter mais estruturados.”
mos meses. diferença muito grande. Para o di-
Ao mesmo tempo, Cayen rigente, está mais do que na hora Governança e
observa que investimentos em dos gestores de EFPCs deixarem
trabalho remoto
florestas podem garantir renda, de lado a tentativa de operar câm-
valorização e preservação de ca- A qualidade da governança é
bio e aumentarem sua exposição a
pital. Por isso ele aposta na con- uma das preocupações do órgão
exterior sem hedge cambial. “Isso
tinuidade da demanda por parte supervisor diante da guinada re-
tem nos ajudado muito agora, mas
das EFPCs. Os ativos florestais pentina das equipes para o mode-
é preciso ter um pensamento dis-
são considerados investimentos lo de trabalho remoto. “O cenário
ruptivo, e nem todos têm.” Como o
de retorno total (geração de fluxo atual é desafiador porque os pro-
sistema é heterogêneo, seus con-
de caixa e valorização de longo blemas têm que ser resolvidos de
selheiros também o são e muitas
prazo), oferecendo flexibilidade vezes não estão preparados para maneira rápida”, observa Herbert
quanto ao prazo de retorno. Ou- aprovar decisões que são impor- Andrade.
tro fator que pode reduzir a vola- tantes para as entidades. “Daí a No pós-pandemia, uma atua-
tilidade do investimento devido à importância dos eventos e treina- ção mais próxima, por meio da tec-
baixa correlação em áreas flores- mentos realizados pela Abrapp”, nologia, vai imprimir maior agili-
tais é a distribuição dos projetos ressalta Tatulli. dade aos processos decisórios, e
em diferentes regiões do Brasil, O plano CD da Previ-Ericsson incrementar a interação da gover-
com várias espécies de árvores, foi o que sofreu mais em suas cotas nança em sistemas, controles e
produtos florestais e diversifica- no mês de março com o mergulho procedimentos internos de aten-
ção de mercados. das Bolsas, mas o foco no longo dimento aos participantes. “Na
prazo é essencial. “O mais impor- Itausa já temos um sistema muito
Evitar o pânico tante é evitar o pânico e mostrar maduro nesse sentido, mas va-
A Previ-Ericsson não vai ao participante que o mundo não mos aproveitar a experiência para
resgatar suas posições de renda vai acabar. Não temos déficit e ampliar essa discussão quando as
variável porque é uma posição sempre adotamos a transparência operações voltarem à normalida-
estrutural, com base em ALM, na total ao informar as pessoas.” de”, diz Andrade.
política de investimentos e em Na previdência da Volkswa- Com toda a equipe traba-
diversos estudos técnicos. Nes- gen, a decisão é que não será lhando em home office, a funda-
se sentido, Tatulli reforça que a necessário alterar a política de ção trocou papéis por e-mail ou

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 29


HETEROGENEIDADE

comunicação digital, suspendeu frente, as assinaturas físicas serão de com os gestores externos, por
todo o atendimento presencial e dispensadas. meio de reuniões mensais e algu-
mergulhou no mundo do trabalho A governança e os aspectos mas extraordinárias, sempre que
remoto com reuniões diárias, até operacionais do dia a dia, incluin- são percebidos eventuais desvios.
para monitorar a saúde e o grau do a concessão de benefícios e O mesmo ocorre com os três mil
de engajamento da equipe. “Essa pagamentos, não sofreram alte- participantes da Value Prev, mas
mudança nos aproximou mais dos rações na Value Prev. No opera- este ano as palestras serão acele-
gestores externos com os quais te- cional, há uma plataforma online radas.
mos reuniões semanais. Eles nos onde são feitos todos os trâmites A crise não trouxe fatores
garantem insumo para informar de documentos, com o seu histó- desconhecidos na parte operacio-
os participantes em comunicados rico completo. A equipe trabalha nal e administrativa do trabalho
semanais.” 100% fora do escritório, mas isso da Previ-Ericsson, explica Rogério
Na Promon, a pandemia exi- não é novo para a entidade. “O Tatulli. Seguindo o modelo prati-
giu maior proximidade com os home office já faz parte da nossa cado pela patrocinadora há uma
gestores externos. A fundação, cultura e a governança também década, a entidade já havia adota-
cujo patrimônio é de R$ 1,8 bi- não teve mudanças porque fazía- do o trabalho remoto há mais de
lhão, possui nove funcionários, mos apenas duas ou três reuniões cinco anos, em sistema de rodízio.
sendo apenas dois pertencentes à presenciais por ano, o restante Foi necessário apenas ajustar a
equipe interna. “O distanciamento era virtual”, explica o Diretor João estrutura de TI, mobilidade e se-
social facilitou porque pudemos Carlos Ferreira. gurança da informação, além do
fazer reuniões remotas que nos A única providência adicio-
cuidado para adequar a cultura de
nal foi obter um “de acordo” das
permitiram acessar mais gestores trabalho a essa modelagem. “Pas-
atas de reuniões, que é enviado
em pouco tempo, além de promo- samos a testar tudo remotamente,
por e-mail. “Estamos caminhando
ver maior aproximação interna”, inclusive os pagamentos de bene-
para ter o certificado digital das
diz Milton Antelo, que define a fícios, e todos funcionaram perfei-
atas. 100% dos nossos conselhei-
experiência como “mais positiva tamente. A orientação é fortalecer
ros terão esse certificado, aceito
do que era esperado”. Os projetos o distanciamento social. Estamos
pelos cartórios.” Quanto aos con-
foram continuados e a adequação seguindo as recomendações do
tratos e outros documentos, já são
à Lei Geral de Proteção de Dados comitê de crise criado pela Erics-
assinados digitalmente. Há tam-
segue sem paralisação ou maiores son”, diz o Superintendente.
bém uma cultura de proximida-
desafios. O processo de gover- Na Volkswagen, a patrocina-
nança envolvendo o encerramen- dora montou um sistema de apoio
to das contas do período anterior, aos funcionários com webinars
no mês de março, foi feito pelas de atendimento psicológico. Há
ferramentas digitais, incluindo O trabalho remoto programas voltados para todos os
reuniões com conselheiros e audi- e o maior uso da colaboradores. “É um primeiro
tores. A coleta de assinaturas nas passo para a saída da crise: garan-
tecnologia não impuseram
atas foi um desafio, mas a funda- tir a saúde mental das pessoas, em
ção já vinha tratando de contratar grandes dificuldades linha com o estilo alemão de aten-
empresa certificadora. Daqui para às fundações ção social”, afirma Brasizza.

30 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


HETEROGENEIDADE

O
s impactos produzidos na esteira nança, processos operacionais e adminis-
da pandemia de Covid-19 serão trativos, comunicação, transparência e
acompanhados de perto pelo ór- relação com as empresas patrocinadoras.
gão supervisor do sistema, a Previc, en-
No final do ano passado, graças à renta-
quanto perdurar a situação de crise. Não
bilidade das EFPCs (superior a 14%), à
havia, até o final de abril, sinais de que redução progressiva dos déficits e ao au-
seria necessária uma ação sistêmica por mento dos superávits, a perspectiva era
parte da autoridade de supervisão, infor- de crescimento. O órgão supervisor tinha
ma seu titular, Lucio Capelletto. Até então, uma visão positiva para o sistema, tanto
as EFPCs vinham buscado soluções indivi- no que dizia respeito aos resultados quan-
duais para seus problemas.
O OLHAR DA PREVIC

to ao número crescente de participantes,


Mas o monitoramento seguirá mais aper- explica Capelletto.
tado para pelo menos 36 delas - as 17 Enti- Surpreendidos pela situação de calamida-
dades Sistemicamente Importantes (ESIs), de pública a partir de março deste ano, os
que somam 70% do total de ativos das fun- supervisores decidiram ajustar o foco para
dações - e outras 19 fundações sob super- verificar mais de perto as preocupações
visão permanente. Todas elas entraram na de liquidez das entidades, sua capacida-
lista prioritária para fornecer informações de de pagamento, e de cumprimento de
detalhadas sobre sua realidade diante da prazos para a entrega das obrigações, que
crise e as providências que estão sendo acabaram sendo adiados. As fundações
adotadas. A compilação das respostas foram liberadas, por exemplo, de enviar as
dará material suficiente para que a Previc Demonstrações Contábeis e informações
decida se deve encaminhar propostas de previstas para os meses de março e abril
medidas emergenciais ao Conselho Nacio- de 2020, com a publicação da Instrução nº
nal de Previdência Complementar (CNPC). 23. A prorrogação estende-se aos proces-
A intenção é fazer com que as perguntas sos de licenciamento e fiscalização.
enviadas a essas grandes entidades sejam “Identificamos a necessidade de avaliar
disseminadas e absorvidas pelo conjunto medidas emergenciais destinadas a par-
das fundações e seus questionamentos vi- ticipantes e patrocinadores sem colocar
rem uma espécie de checklist para orientar em risco a capacidade de pagamento de
o “dever de casa” em relação a todos os benefícios pelas entidades. Essas medi-
processos. Com isso, será possível montar das serão analisadas pelo CNPC com base
um retrato dos principais pontos de aten- nos dados que estamos coletando junto
ção e respostas individuais que o sistema ao sistema”, diz Capelletto. Entre elas, a
está pronto para apresentar frente à crise, eventual suspensão de contribuições ordi-
seja em relação aos seus investimentos e nárias ou extraordinárias e mecanismos de
desinvestimentos, análise de risco, gover- resgate parcial das reservas.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 31


HETEROGENEIDADE

INFORMAÇÕES ATUALIZADAS - Enquanto uma sintonia fina em alguns aspectos.” Ficou


consolidava os dados recebidos, com infor- claro, no mês de abril, que as áreas de análise
mações qualitativas e quantitativas relativas à de risco estavam acompanhando o mercado
liquidez e projeções de resultados feitas com com cuidado porque a volatilidade ainda era
data-base em 31 de março, a Previc apostava muito elevada.
na robustez dos dados para encaminhar as
O mais importante, diz Capelletto, é que
propostas ao CNPC. “Já tínhamos informa-
os gestores mantenham a serenidade para
ções prévias, agora queremos dados da rea-
tomar qualquer decisão, usem uma visão
lidade das EFPCs depois da configuração da
prospectiva e transmitam aos participantes
crise, que são importantíssimos”, diz o Diretor
a situação dos planos para que eles tenham
Superintendente do órgão de supervisão. En-
O OLHAR DA PREVIC

conhecimento dos impactos e das perspec-


tretanto, ele afirma que há tranquilidade em
tivas. Desse modo, os participantes também
relação à liquidez, sem previsão de situações
podem tomar suas decisões com bons funda-
de estresse, a não ser casos muito pontuais.
mentos e sem o risco de prejuízos futuros.
As ESIs, que vivem sob supervisão perma-
nente, têm liquidez elevada e não realizaram Difícil é avaliar impactos a médio e longo
prejuízos com a venda de ativos nesse perío- prazos enquanto os mercados seguirem tão
do mais instável dos mercados, o que tende voláteis. A instabilidade na Bolsa e o mer-
a assegurar uma certa tranquilidade para os cado de renda fixa, com um alta nos juros dos
períodos seguintes. Mas a Previc está olhando títulos públicos mais longos, afetam a visão
também para a liquidez de curto prazo diante estratégica das EFPCs. “Estamos acompa-
das perdas significativas nos mercados. nhando isso junto com as entidades, e vamos
monitorar a evolução dessa volatilidade nos
“Detectamos até o final de abril que havia
preços dos ativos até o final do ano, quando
respostas favoráveis também em relação à
saírem os resultados anuais e eventuais pla-
governança e aos fluxos de informação, com
nos de equacionamento de déficits”, informa
todos os processos em funcionamento e al-
Capelletto.
gumas entidades já totalmente digitalizadas”,
assegura Capelletto. Apenas uma minoria ain- Se houver necessidade, a Previc pretende
da depende de algum contato físico em seus constituir inclusive um Grupo de Trabalho para
processos, mas, ainda assim, estavam com avaliar déficits e regras de equacionamento.
funcionamento normal. O supervisor espera uma postura proativa
dos dirigentes para apresentarem políticas
POSTURA PROATIVA - A preocupação no de investimentos aderentes, que reflitam os
primeiro momento era mais voltada a tópi- possíveis cenários de recuperação econômi-
cos como a revisão ou análise das políticas ca. “Ser proativo significa atuar dessa maneira
de investimento. “Identificamos, na primeira em todos os ritos, desde a análise de risco e
parte dos dados coletados, que não se pro- processos de governança até as decisões de
jetava fazer mudanças significativas, apenas desinvestimento”, avisa o Superintendente. ■

32 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


CONTEXTO INTERNACIONAL

A COVID-19
E OS EFEITOS SOBRE A
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

A
Reguladores pandemia da Covid-19
tem gerado turbulência
mundo afora sem precedentes, com
definem abordagens impactos sobre os mercados
financeiros globais, elevado
para proteger nível de desemprego, poten-
participantes, cial recessão e quebra de em-
presas. Trata-se de uma crise
assistidos e empresas simétrica que impõe grandes
desafios aos planos de pensão
capitalizados, que dependem da
economia e dos mercados. No
curto prazo, avaliam especia-
listas, os efeitos negativos são
severos. “Os fundos de pensão,
no entanto, são investidores de
longo prazo que possuem passi-

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 33


CONTEXTO INTERNACIONAL

vos também de longo prazo. Com gestão e a pressão sobre as empre- cional é um subsídio importante
a adoção de políticas adequadas, sas patrocinadoras. para a formulação de políticas,
serão capazes de sair bem da crise, configurando-se como mais um
contribuindo para a recuperação Estudo no CNPC insumo para a reflexão da sua
dos mercados financeiros e da eco- pertinência para o Brasil. Os orga-
No Brasil, o Conselho Nacio-
nomia real”, declarou, em nota, a nismos multilaterais também de-
nal de Previdência Complemen-
PensionsEurope, organização que sempenham um papel importan-
tar (CNPC) publicou, no início de
reúne 24 associações nacionais de tíssimo ao estabelecer um espaço
abril, um comunicado sobre as
fundos de pensão da Europa. amplo para o debate. “A Secretaria
ações em curso para o enfrenta-
No velho continente, assim de Previdência participa, por exem-
mento dos impactos da Covid-19.
como no Brasil, muitos trabalha- plo, da Rede de Pensões na Améri-
Entre as medidas adotadas está o
dores contam majoritariamente ca Latina e no Caribe (Rede PLAC),
monitorando permanente da situ-
com um sistema previdenciário criada pelo Banco Interamericano
ação dos planos, dados e informa-
de repartição simples, que tende de Desenvolvimento (BID), o qual
ções do sistema.
a ser afetado pelo baixo cresci- financia atividades e debates para
mento econômico e a contração Em reunião do órgão reali-
melhorar a capacidade institucio-
da economia, especialmente se o zada pouco antes, no dia 31/03, a
nal e técnica do sistema de previ-
desemprego gerado pela crise se Subsecretaria do Regime de Pre-
dência”, elucida.
sustentar por um tempo maior. A vidência Complementar da Se-
No levantamento realizado
fim de garantir um sistema mais cretaria da Previdência (SURPC)
pela SURPC, observou-se a conver-
justo e sustentável, em muitos apresentou um levantamento de
gência de ações no campo da previ-
países, os benefícios (mais baixos) políticas adotadas em outros paí-
dência pública obrigatória, como a
pagos pelo Estado são comple- ses, bem como orientações colhi-
redução nas taxas de contribuição;
mentados por planos privados, se- das de organismos multilaterais a
a isenção temporária de obriga-
jam eles corporativos, associativos fim de subsidiar e auxiliar o Con-
ções de contribuição, e a prorroga-
ou individuais, cujo papel tende a selho no diagnóstico e na avalia-
ção dos prazos de pagamento pelas
ganhar ainda mais relevância no ção de políticas para a Previdência
empresas. Muitos países também
pós-crise. Complementar brasileira.
estenderam suas medidas para
Nesse contexto, a Márcia Paim Romera, Coor-
reduzir as obrigações de contri-
PensionsEurope recomenda que os denadora-Geral da Subsecretaria,
buição dos trabalhadores autôno-
governos deem o suporte necessá- afirma que a experiência interna-
mos. “Alterações desse tipo foram
rio para que os planos de pensão
realizadas em todas as regiões do
consigam enfrentar a difícil situa-
mundo, incluindo, por exemplo,
ção dos mercados financeiros e as
Bélgica, China, França, Alemanha,
graves consequências da desace-
Japão, Espanha, Tailândia e Esta-
leração econômica subsequente. O CNPC publicou, em
dos Unidos”, diz Romera.
Seja no âmbito dos governos na- abril, um comunicado
cionais ou na gestão individual dos
sobre as ações em curso Resgate Parcial
planos, o organismo recomenda
medidas para aliviar os impactos para o enfrentamento dos No que tange à Previdência
sobre a solvência, o dia a dia da impactos da Covid-19 Complementar mais especifica-

34 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


CONTEXTO INTERNACIONAL

mente, conforme evidenciado no Organismos internacionais riormente, para 4% dos salários até
referido estudo, ainda não há con- avaliam que o acesso o final de 2020.
senso sobre como e quando permi- As medidas anunciadas por
aos fundos de pensão
tir o resgate parcial dos recursos ambos os países são consideradas
do participante. Afinal, é difícil en- deve ser ferramenta “lamentáveis, porém necessárias”
contrar o ponto de equilíbrio ideal de último recurso frente às difíceis condições econô-
entre a necessidade de liquidez das micas. Em sua página eletrônica,
famílias no curto prazo e a manu- o governo australiano escreveu:
tenção do objetivo dos fundos de “Embora os super fundos (capita-
pensão, que é proporcionar uma lizados, na modalidade de Contri-
renda adequada na velhice. Malásia “abriram as portas” para buição Definida, conhecidos como
Se por um lado a literatura que os participantes de planos de Superannuation Funds) ajudem as
demonstra que, em situações nor- filiação obrigatória utilizem parte pessoas a poupar para a aposen-
mais, o acesso a uma porcentagem da sua poupança para amenizar os tadoria, o governo reconhece que,
limitada da poupança de aposen- efeitos da crise. Em 22 de março, o para as pessoas afetadas financei-
tadoria pode ser conveniente ao governo australiano anunciou que ramente pelo Coronavírus, o aces-
financiar necessidades legítimas os trabalhadores demitidos este so à parte da poupança hoje pode
de gastos, como um grave choque ano ou que tenham sofrido uma ser mais benéfico do que manter
de renda, na situação presente, os redução mínima de 20% na car- esses ativos até a aposentadoria”.
organismos consultados pela Sub- ga horária poderão sacar até AU$ Em tom similar, o CEO do malaio
secretaria do Regime de Previdên- EPF, Alizakri Alias, declarou que
10.000 (US$ 5.800) de suas contas
cia Complementar avaliam que o “como fundo de previdência, pre-
individuais até 30 de junho (en-
acesso às reservas individuais dos cisamos encontrar um equilíbrio
cerramento do ano fiscal por lá),
fundos de pensão deve ser uma fer- entre a nossa missão de salvaguar-
e outros AU$ 10.000 adicionais no
ramenta de último recurso. dar a poupança de aposentadoria
primeiro trimestre do novo exer-
“Seria desejável fazer um in- dos participantes e o zelo pelo seu
cício (livres de tributos).
ventário dos instrumentos dispo- bem-estar”.
Mais ou menos na mesma
níveis, como seguro-desemprego, Analistas salientam que é prá-
época, o Primeiro Ministro da Ma-
transferências condicionais, em- tica comum entre muitos fundos
lásia, Muhyiddin Yassin, também
préstimos ou outros instrumen- de pensão permitir saques preco-
autorizou que os cidadãos do país
tos, e estabelecer uma ordem de ces em momentos de necessidade
prioridade adequada”, argumenta saquem, nos próximos 12 meses, financeira do participante, um
Márcia Romera. Ela acrescenta até 500 ringgits malaios (US$ 114) movimento que tende a reforçar
que, sob as atuais condições, o mensais da poupança acumulada a ampliação das prerrogativas das
acesso aos fundos de pensão pode no Employees Provident Fund - EPF, entidades, que vêm deixando de ter
levar à materialização de perdas, entidade estatal que gerencia os foco restrito na aposentadoria, pas-
principalmente para as pessoas benefícios previdenciários dos tra- sando, ao invés disso, a priorizar o
mais próximas à idade da aposen- balhadores da iniciativa privada. bem-estar financeiro do indivíduo
tadoria. As contribuições obrigatórias ao ao longo de todo o ciclo de vida.
Na contramão dessa dire- EPF também foram reduzidas de Ainda assim, estudiosos res-
triz, os reguladores de Austrália e 11% para 7% em fevereiro e, poste- saltam os enormes custos a serem

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 35


CONTEXTO INTERNACIONAL

arcados pelos poupadores, no mo- planos de pensão australianos para auxílio maternidade ou paterni-
mento atual, ao sacarem recursos os exercícios de 2019-20 e 2020-21 dade, trabalhadores rurais, entre
das contas individuais, cujos sal- também foi reduzido em 50%. Caso outros.
dos já foram fortemente afetados esse valor já tenha sido aportado, Na Suíça, as autoridades re-
pela enorme queda observada na as contribuições podem ser inter- nunciaram ao cálculo de juros so-
renda variável. Por isso, a fim de rompidas até o final do ano. bre pagamentos devidos ao siste-
que seja possível tirar proveito de Na esfera da previdência es- ma de previdência estatal por um
uma eventual recuperação dos tatal, o governo da Austrália re- período de seis meses. Até o final
mercados, a recomendação é que duziu ainda, em mais de 50%, as
de junho, lembretes sobre contri-
o resgate só seja feito em caso de chamadas “deeming rates”. Gros-
buições não pagas também deixa-
extrema necessidade. A concessão so modo, trata-se de percentuais
rão de ser enviados aos segurados.
de empréstimos ou algum tipo de aplicados na projeção de renta-
Foi estabelecido ainda o congela-
auxilio emergencial pelo governo bilidade dos ativos individuais,
mento dos processos oficiais de
seriam opções mais adequadas no utilizados para estimar o valor
recuperação de dívidas junto ao
atual cenário. de benefícios na previdência pú-
Estado, incluindo-se aí as dívidas
Segundo os cálculos de Kirby blica. A mudança pode gerar até
junto à previdência social.
Rappell, Diretor Executivo da con- AU$ 804 adicionais por ano para
pensionistas solteiros e AU$ 1.053 Os empregadores do país
sultoria SuperRatings, com sede
para casais. também poderão parcelar aportes
em Sydney, na Austrália, um jo-
Complementam o “pacote” devidos no passado, e, nos casos
vem de 25 anos que opte por res-
de ajuda aos segurados e bene- em que o salário do funcionário
gatar os AU$ 20.000 permitidos
ficiários do sistema público dois sofrer alteração devido a congela-
pelo governo se aposentará, aos 67
pagamentos de AU$ 750 - em abril mento ou demissão, a nova renda
anos, com AU$ 132.000 a menos.
e julho - para recipientes de de- anual para cálculo do benefício
Por outro lado, um participante de
terminados benefícios assisten- poderá ser comunicada à autori-
55 anos que saque a mesma quan-
ciais, bem como um suplemento dade previdenciária a fim de que
tia teria um prejuízo de “apenas”
de AU$ 550 por quinzena, durante o valor dos pré-pagamentos seja
AU$ 27.000 aos 67 anos. O Depar-
seis meses (podendo ser prorroga- ajustado de imediato.
tamento do Tesouro da Austrália
do), para destinatários de seguro-
prevê que AU$ 27 bilhões, ou cerca
-desemprego, auxílio financeiro Alívio operacional
de 1% dos ativos, devem deixar o
para jovens em busca de trabalho,
sistema de Previdência Comple- Para a PensionsEurope, na
mentar do país, com saques sen- atual situação, os fundos de pen-
do realizados por 1 em cada 10 são precisam concentrar seus
participantes, ou 1,35 milhão de esforços em garantir a continui-
pessoas.
Entidades trocam foco dade dos negócios enquanto res-
guardam a saúde de seus próprios
Pacote de ajuda exclusivo na aposentadoria
funcionários. Isso não significa,
pelo bem-estar porém, que todas as atividades
Para ajudar os participantes,
o pagamento anual mínimo exi- financeiro ao longo de serão preservadas, pois pode ha-
gido para determinados tipos de todo o ciclo de vida ver limitação na mão de obra e,

36 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


CONTEXTO INTERNACIONAL

consequentemente, na prestação Recomenda-se o alívio de por sua vez, podem registrar um


de serviços. prazos e exigências, bem maior nível de saques, quando
Nesse sentido, recomenda- permitido pela legislação, em
como maior flexibilidade
-se o alívio de prazos e exigências, meio a retornos menores obtidos
bem como maior flexibilidade à à realização de reuniões nos mercados financeiros.
realização de reuniões dos con- de conselhos e diretorias Sendo assim, diz a
selhos e diretorias. O organismo PensionsEurope, é fundamental
internacional considera natural o que os gestores previdenciários
aumento da demanda dos partici- desenvolvam estratégias de comu-
pantes junto às entidades, seja em nicação adequadas, informando
busca de informações, emprés- em planos de Benefício Definido e aos participantes quais seriam
timos ou alteração dos perfis de subsídios entre participantes. “É suas opções em termos de desacu-
investimento, quando couber. necessário garantir uma consis- mulação e investimentos no atual
Na Europa, medidas espe- tência intertemporal que promo- contexto.
cíficas já foram adotadas pela va a neutralidade atuarial entre Considerando o perfil de
supervisão a fim de amenizar as gerações”, assinala Romera, desta- longo prazo das obrigações pre-
obrigações impostas às entidades. cando, ainda, a importância de se videnciárias e o estágio inicial
Na Holanda, por exemplo, o Ban- estabelecer procedimentos e pro- dos efeitos da pandemia, “a reco-
co Central pretende afrouxar as cessos digitais, de forma célere, “a mendação é que os reguladores
exigências de prestação de contas fim de cumprir os protocolos de tenham cautela nas ações relacio-
por parte dos fundos de pensão, segurança e  saúde estabelecidos nadas ao estabelecimento de pra-
concedendo a determinados tipos em cada país em resposta à pan- zos e regras relativas aos planos de
de planos três meses adicionais demia”. recuperação/equacionamento até
para que submetam seus relató- que se tenha uma imagem mais
rios anuais. Na Alemanha, o pra- clara da escala da crise e o seu im-
Solvência
zo de entrega dos demonstrativos pacto”, assinala Márcia Romera.
de investimento, que seria dia 31 A situação atual nos merca- De fato, especialistas mundo
de março, foi suspenso, passando dos financeiros também exerce afora têm aconselhado a extensão
para 30 de junho. Na Bulgária, a novas pressões sobre a solvência dos planos de equacionamento
entrega dos relatórios foi adia- dos planos, podendo agravar a si- de déficits. Maior flexibilidade
da e estuda-se a possibilidade de tuação de fundeamento de progra- também se faz necessária entre a
protelar o pagamento de certos mas de Benefício Definido (BD), apuração do déficit e a colocação,
tributos. em particular, na medida em que em prática, do respectivo plano
Segundo a Coordenadora- o valor dos ativos sofre reduções de recuperação. “Medidas que
-Geral da Subsecretaria do Regime drásticas e as taxas de juros mais assegurem que os períodos de re-
de Previdência Complementar, baixas fazem aumentar o valor cuperação sejam estendidos per-
é desejável ater-se à governança dos passivos. mitiriam que os fundos de pensão
para garantir que os planos sejam Apesar de não haver, por recuperassem a sua posição de
protegidos de pressões de deter- sua natureza, maiores preocupa- solvência antes de adotar qual-
minados grupos. Efeitos adversos ções com a solvência dos planos quer medida saneadora”, declara
incluiriam a suspensão de aportes de Contribuição Definida, estes, a PensionsEurope, que indica, em

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 37


CONTEXTO INTERNACIONAL

especial, o relaxamento dos requi- Comportamentos vidas junto a bancos; assistência


sitos mínimos de solvência por um pró-cíclicos financeira direta para pequenas
período limitado. empresas; e a cobertura de par-
devem ser evitados
te dos custos com mão-de-obra e
Comportamento sob pena de agravamento previdência para as empresas que
pró-cíclico da economia real sofrerem redução de receitas.
Na Holanda, o governo deci-
Analistas do mercado in-
diu conceder uma espécie de com-
ternacional também destacam a
pensação financeira aos emprega-
importância da não promoção de
dores que cobre parcialmente o
comportamentos pró-cíclicos via
tos da crise e mantê-las em fun- pagamento de salários e contri-
regulação, sob pena de desestabi-
cionamento”, argumenta Márcia buições previdenciárias pelas or-
lização dos mercados financeiros
Romera. Trata-se de um aspecto ganizações. Os fundos de pensão
e agravamento da economia real.
vital, seja de uma ampla perspec- do país também pretendem adiar
Medidas desse tipo forçariam os
tiva econômica, seja sob o ponto o desconto das contribuições nos
fundos a vender com prejuízo,
de vista específico dos fundos de contracheques dos trabalhadores
contrariando o interesse de par-
pensão, considerando que empre- dentro dos limites legalmente es-
ticipantes e empresas patrocina-
sas são patrocinadoras desses fun- tabelecidos. Medidas semelhantes
doras.
dos, diz ela. foram adotadas na Bulgária.
Dependendo do desenho
Atualmente, muitas em- Na Alemanha, optou-se pelo
do sistema, medidas pró-cíclicas
presas patrocinadoras estão sob adiamento, para 2021, dos aportes
também podem levar ao aumen-
forte estresse, pois enfrentam patronais destinados à cobertura
to de pressões financeiras sobre
dificuldades tanto do lado da de- de déficits, exigida legalmente
o patrocinador, potencialmente
manda quanto da oferta. A liqui- quando o mesmo excede 10%.
demandando contribuições adi-
dez acaba prejudicada, afetando O governo da Suíça, por sua vez,
cionais, o que, por sua vez, afe-
sua capacidade de cumprir o introduziu uma regra que permite
taria negativamente a liquidez da
cronograma de pagamentos ao às empresas utilizarem o Fundo
empresa, dando origem a mais
plano de pensão corporativo. Por de Reserva Contributiva para co-
um problema relevante no atual
isso, a PensionsEurope apoia a ado- brir os aportes aos planos devidos
cenário.
ção de medidas para flexibilizar a tanto por empregados quanto pelo
realização dos aportes patronais e empregador. A medida vale por
Apoio ao patrocinador cumprimento dos planos de equa- seis meses.
“Há um relativo consenso cionamento de déficits. Previstos em lei, tais fundos
entre os organismos multilate- O conjunto de políticas de- de reserva podem ser constituídos
rais de que o importante para o fendidas pela organização inter- pelos empregadores, com benefí-
segmento dos fundos de pensão nacional inclui ainda: o adiamen- cios tributários, para cobrir apor-
neste momento é o suporte e a to de pagamentos de tributos e tes patronais ao fundo de pensão
implementação de medidas dese- aportes previdenciários; novos em momentos de dificuldades
nhadas para apoiar as empresas tipos de garantias para emprésti- financeiras. Excepcionalmente,
e fornecer-lhes liquidez adicional mos bancários e outros subsídios; durante esse período de crise, as
com o objetivo de atenuar os efei- a suspensão do pagamento de dí- empresas também poderão fazer

38 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


CONTEXTO INTERNACIONAL

uso da reserva para pagar as con- longo prazo”, opina Adrian Jones, aplicar um leque de medidas em
tribuições obrigatórias dos funcio- Sócio da PwC Suíça. decorrência da crise, independen-
nários. temente de qualquer alteração re-
Vale mencionar que, apesar Atuação ampla gulatória”. Dentre essas medidas,
dos esforços angariados para ame- No Brasil, a análise da Subse- observa Romera, destacam-se a
nizar os impactos da pandemia so- cretaria do Regime de Previdência comunicação ampla, clara e direta
bre os fundos de pensão, o enten- Complementar é que o Governo com participantes, assistidos e pa-
dimento de especialistas suíços é Federal vem atuando de forma trocinadores no intuito de dar ade-
que os efeitos da Covid-19 serão bastante ampla, com uma diver-
quada divulgação e transparência
limitados. “Além de algumas deci- sidade de políticas em curso para
às ações que estão sendo tomadas
sões táticas de alocação de ativos, aliviar empresas, manter o empre-
pela entidade; a revisão e adequa-
não há necessidade de pânico. go e amenizar as consequências
O curto prazo trará algum efeito ção da política de investimentos;
indesejáveis da paralisação dos
negativo sobre os retornos, bem diversos setores da economia. a renegociação e a concessão de
como taxas de juros mais baixas, Márcia Romera assinala que empréstimos a participantes; e o
mas o desafio para os fundos de conforme consta em comunica- uso de deliberações e processos
pensão suíços continua sendo o de do do CNPC, “as EFPCs já podem digitais. ■

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COMUNICAÇÃO,
EDUCAÇÃO
E TECNOLOGIA

E
Interação com ntre 13 e 16 de abril, a Mercer
realizou, com o apoio da
o participante é Abrapp, uma pesquisa junto a
prioridade máxima 132 organizações que administram
ou patrocinam planos de Previdên-
dos gestores de cia Complementar dos segmentos
planos privados, aberto e fechado, representando 61%
do mercado de previdência privada
aponta pesquisa corporativa do Brasil. O levantamen-
Mercer/Abrapp to, intitulado “Agindo diante dos im-
pactos do Covid-19 - Quais ações já
podem ser tomadas pelos gestores?”,
apontou que pouco mais da metade
dos respondentes possui participan-
tes e assistidos preocupados com os
efeitos da pandemia, e porcentagem
significativa (78%) acredita ser neces-
sário priorizar estratégias de comuni-
cação e educação financeira no atual

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 43


PESQUISA MERCER/ABRAPP

contexto. No entanto, predominam, no Para Morais, um dos aspectos que


momento, a reavaliação das posições de mais chama a atenção no levantamento é
investimento e atuariais e até mesmo a o reflexo de reduzir a exposição a ativos
revisão dos planos e suas regras. de risco, ainda que, de maneira geral,
Em se tratando de ativos sob gestão, ainda não se perceba grandes alterações
14% dos planos abrangidos pelo estudo na composição das carteiras. “Interpreto
possuem patrimônio superior a R$ 5 bi- isso como um movimento de proteção na-
lhões; 20% entre R$ 2 e 5 bilhões; 33% tural, dada a elevada volatilidade e incer-
teza que existe no mercado.” Porém, ele
de R$ 500 milhões a R$ 2 bilhões; 15% de
acredita que “toda crise tem início, meio
R$ 200 milhões a 500 milhões em ativos
e fim” e, quando o cenário se tornar mais
e 18% detêm montante inferior a R$ 200
claro, todo o movimento de diversificação
milhões sob gestão. Aproximadamente
que vinha sendo feito no Brasil e no exte-
1/3 dos gestores ouvidos pertencem a
rior deverá voltar a ganhar tração.
planos de Benefício Definido (BD), 20%
Carlos Alberto Cardoso, Diretor Pre-
a planos de Contribuição Variável (CV),
sidente da Sistel, manifestou preocupação
e os cerca de 50% restantes a planos de
com a potencial revisão do plano de inves-
Contribuição Definida (CD) e planos do
timento mencionado maciçamente pelos
tipo PGBL (Plano Gerador de Benefício respondentes da pesquisa. Em webinar re-
Livre), da previdência aberta. alizado pela Mercer, Cardoso recomendou
48% dos entrevistados são presi- cautela nesse momento desafiador. “Uma
dentes e diretores; 23% gerentes e coor- coisa é revisitar, rever alguns pontos. Mas,
denadores; 16% analistas, assessores e com essa volatilidade, é preciso cuidado
especialistas; e 13% ocupantes de outros com uma revisão mais abruta.”
cargos. “A participação significativa de É fato que muitos dirigentes estão
lideranças na pesquisa demonstra como avaliando o rebalanceamento dos seus
esse é um tema prioritário para todos”, portfolios. Nesse sentido, salvo os títu-
ressalta João Morais, Líder de Previdên- los públicos, cujos estoques devem ser
cia e Investimentos da Mercer Brasil. mantidos, os demais segmentos - títulos
privados, multimercado, renda variável,
Impactos para a gestão exterior e imóveis - estão com propensão
à redução. “Aqui há um dilema. Fica níti-
Em reação aos impactos da pan-
do na pesquisa uma tendência a reduzir
demia, 82% dos gestores já consideram
o risco nesse momento de crise, mas não
alguma medida. Destes, 59% pretendem está claro onde esses recursos serão alo-
Revisão de revisar as políticas de investimentos e cados”, explica Silvio Rangel, Consultor
investimentos, 53% têm a intenção de rever os cenários Associado da Mercer.
de juros e políticas de ALM (Asset Liability Do lado do passivo, a redução das
cenários de juros
Modelling). 31% almejam revisar a estru- taxas de retorno esperadas nos investi-
e custos de gestão tura de custos da gestão; 29% planejam mentos em função da crise e da pouca
são medidas de reavaliar sua posição atuarial e 25% que- propensão ao risco, associada à redução
enfrentamento rem revisitar as regras do plano. no limite normativo (ETTJ 2020), tem

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PESQUISA MERCER/ABRAPP

como reflexos a redução da taxa atua- técnica da questão junto ao Conselho “A única regra
rial, o aumento do passivo e do custeio. Nacional de Previdência Complementar que deveríamos
Felizmente, a vocação de longo prazo da (CNPC). “Não podemos tomar nenhuma
ter nesse
Previdência Complementar Fechada é um medida açodada, mas também não pode-
alento contra a crise, concordam os espe- mos adiar esse dever de casa.” momento
cialistas. “Não fazemos politica de investi- O Superintendente Geral defende a é não ter regra”
mento para o mercado, mas para o nosso manutenção das premissas, a exemplo
passivo. Nesse momento, conhecer com de crises anteriores. Ele reconhece que
clareza o passivo é uma bússola impor- o momento é de aflição, mas também
tante”, argumentou Devanir Silva, Supe- de foco e manutenção de estratégias.
rintendente Geral da Abrapp, no webinar “Muitos dos gestores hoje abandonaram
organizado pela Mercer. a meta. A defesa é mais focada em risco,
A Petros já vem fazendo um traba- liquidez. O momento pede muita prudên-
lho de redução das metas atuariais em cia”, reforça.
todos os planos, com impacto mais sig-
nificativo no PPSP, o maior plano de Be- Impactos para os participantes
nefício Definido da entidade. “Também
Outro ponto que chama a atenção
estamos fazendo um trabalho intenso na
no levantamento Mercer/Abrapp é a ex-
área de risco e no ALM”, diz Flávio Cas-
tro, Diretor de Seguridade da fundação. tensão do impacto da Covid-19 sobre as
Ele argumenta que, de todas as medidas questões financeiras dos participantes
reativas à crise Covid-19 elencadas pelos e assuntos relacionados ao seu plano de
respondentes na pesquisa, “é preciso Previdência Complementar. Tanto que
fazer um pouco de cada coisa”. “Não dá apenas 29% dos respondentes deixaram
para escolher. As pessoas estão em casa, de reportar alguma mudança relevante
mas há muito a ser feito.” de comportamento dos participantes pós-
Em se tratando das regras dos pla- -advento da pandemia.
nos, a Petros fez, no PPSP, um equacio- Dentre as principais demandas dos
namento com redução de benefícios. “O participantes junto aos gestores destaca-
momento requer flexibilidade. Nosso -se a preocupação com a situação do pla-
produto não é de um ano, mas de 50, 60 no (55%), seguida de preocupações com a
anos. É preciso flexibilidade para manter própria situação financeira (47%). Quase
o sistema”, opina Castro. um terço dos respondentes (29%) relatam
A necessidade de flexibilidade neste que os membros têm entrado em contato
momento é um posicionamento compar- em busca de orientação de tomada de de-
tilhado pela Abrapp, concorda Devanir cisão; outros 29% para alterar a opção de
Silva. “A única regra que deveríamos ter investimento, quando o plano permite; e
nesse momento é não ter regra, deixan- 27% para solicitar a redução ou suspen-
do eventual equacionamento para 2021.” são das contribuições, quando possível.
A questão da solvência dos planos é vista “A base da pesquisa foi muito vasta
com preocupação pela Associação, que e há planos que não oferecem essas op-
inclusive tem apoiado uma análise mais ções (alteração de perfis e suspensão/

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 45


PESQUISA MERCER/ABRAPP

redução de contribuições). Certamente, tes frente à pandemia, a necessidade de


se oferecessem, essas opções subiriam implantar ou expandir os programas de
no ranking”, aposta Guilherme Gazzoni, empréstimos (22%), incluindo-se aí a re-
Líder de Desenvolvimento de Produtos da visão de regras, ampliação de coberturas
Mercer Brasil. Não há muita diferença en- e renovação de concessões, e ações para
tre as reações dos gestores dos fundos de permitir a suspensão ou interrupção das
previdência aberta ou fechada, observa contribuições (17%).
o especialista. A principal distinção, se- Na Sistel, diz Carlos Alberto Cardo-
gundo ele, é que os participantes da pre- so, cerca de 90% dos participantes já são
vidência aberta têm mais flexibilidade de aposentados, e a maior preocupação, por-
resgate ou mudança de perfil de investi- tanto, diz respeito ao recebimento do be-
mento, causando maior preocupação dos nefício. Diante disso, esse foi, incialmente,
gestores no atual cenário de crise. o maior foco dos esforços de comunicação
Dirigentes também relatam a enor- da entidade. “Procuramos dar a esse parti-
me preocupação manifestada por assis- cipante a tranquilidade de que o beneficio
tidos e aposentados, logo no início da será pago no último dia do mês, todos os
pandemia, com o pagamento da folha de meses, até o fim da sua vida”, explica o Di-
benefícios, tendo sido comuns os conta- retor Presidente, destacando, ainda, uma
tos posteriores para agradecer às funda- campanha intensa abordando a liquidez e
ções pelo referido pagamento. “Embora a estrutura de investimento do grande pla-
tenhamos planos estáveis e com investi- no da entidade, o PBS-A (BD), que respon-
mentos de longo prazo, há um alto índice de por 80% do patrimônio.
de pessoas preocupadas com a estabilida- Foram utilizados como canais o
de financeira da entidade ou do gestor”, WhatsApp e mensagens de texto, conside-
acrescenta Guilherme Gazzoni. radas mais adequadas a um público não
A pesquisa também apurou quais tão familiarizado com a tecnologia, o que
ações devem ser tomadas para ajudar os tem funcionado muito bem, afirma Car-
participantes a lidar com os impactos da doso. “Também temos executado muitos
Covid-19. Atendendo às expectativas, a vídeos assegurando que os benefícios não
solução mais apontada foi o reforço da serão interrompidos em hipótese alguma.
comunicação, com 78% das respostas. A Nesse momento de crise, quando um fi-
crise, aliás, tem evidenciado, para os diri- lho ou neto fica desempregado, é junto
gentes que ainda não estavam plenamente ao aposentado que eles buscam suporte
“convencidos”, de que comunicação não financeiro.”
deve ser vista como custo, mas investi- Já os participantes ativos da funda-
mento pelos fundos de pensão. ção, normalmente filiados a planos CD,
Assistidos e Investir mais em educação finan- vêm demonstrando maior preocupação
aposentados estão ceira e tecnologia para interagir com o com a estrutura do plano. Nesse caso,
participante ocupam o segundo e terceiro também foram feitos vídeos e enviados
apreensivos com
lugares na lista de prioridades, com 49% e comunicados explicando a estratégia de
o pagamento 42%, respectivamente. Complementam o investimento que está sendo implemen-
de benefícios rol de medidas de auxílio aos participan- tada. Completa a abordagem a disponi-

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PESQUISA MERCER/ABRAPP

bilização de atendimento individual para preocupação com os impactos da Covid-19 Apenas 34% das
sanar as dúvidas adicionais que possam sobre os planos de previdência. 32% dos organizações
surgir. “Isso lhes dá conforto porque eles patrocinadores já reagiram à crise, solici-
não demonstram
passam a ter consciência de que estamos tando esclarecimentos e ações dos gestores
efetivamente atuando para mitigar os ris- dos planos de pensão; 30% preocupam-se preocupação com
cos, que são de curto ou médio prazos.” com sua própria situação financeira, ou os impactos
Há consenso de que no momento a seja, da empresa; e 28% se dizem preocu- sobre os planos
prioridade é comunicar que não haverá pados com a situação financeira e equilí-
interrupção do beneficio. “As perdas têm brio do plano previdenciário. “A crise é
impacto contábil, mas não financeiro, como dirigir no nevoeiro. Algumas respos-
mensagem que deve ser passada direta- tas ainda não estão efetivamente dadas”,
mente, olho no olho”, advoga Devanir Sil- comenta o Líder da área de Patrimônio da
va. Tal engajamento exige investimento Mercer no Brasil, Felipe Bruno.
em tecnologia e comunicação, ratifica Fernando Gazzoni, Diretor Institu-
o Superintendente Geral da Abrapp. “É cional da Mercer e representante dos pa-
hora de tranquilizar o participante, mas trocinadores e instituidores no Conselho
não podemos tutelá-lo. Eles precisam Nacional de Previdência Complementar
tomar suas decisões, cabendo ao fundo (CNPC), lembra que essa primeira pes-
levar as informações. Transparência, in- quisa capta a fase inicial de isolamen-
formação de qualidade e nível técnico: é to social. Nesse contexto, ele destaca a
assim que vamos sair da crise.” grande demanda por empréstimos pelos
A pandemia e seus efeitos evidenciam participantes e relatos das entidades de
que o sistema está atento ao elemento hu- que os patrocinadores estão demitindo.
Igualmente relevante é a constatação de
mano, concordam os especialistas. “Nes-
que dois terços das organizações se pre-
se período tão desafiador, a Previdência
ocupam com a situação da Previdência
Complementar consegue trazer soluções
Complementar. “Também me chamou
para as pessoas que estão poupando para
muita atenção o fato de 30% das patroci-
a sua aposentadoria”, observa João Morais.
nadoras estarem preocupadas com a pró-
Diante das dificuldades associadas
pria saúde financeira. Vemos o empresá-
à Covid-19, a Sistel suspendeu a cobran-
rio patrocinador de plano de previdência
ça das parcelas de empréstimos por três
clamando por ajuda, por liquidez.”
meses. Fundações também estão redu-
Atualmente, a prioridade é manter
zindo taxas de carregamento e custos
empregos, o que implica em olhar para
administrativos, revelando, dessa forma,
o patrocinador, preservando, também, a
a preocupação em estabelecer uma par-
sustentabilidade do sistema. Nesse senti-
ceria com o seu participante.
do, a flexibilização temporária de regras
é bem-vinda, concordam os dirigentes. O
Impactos para o patrocinador contexto também é oportuno para pensar
A levantamento feito pela Mercer em operações ativas com os patrocinado-
com o apoio da Abrapp apurou que apenas res, vetada pela Resolução CMN nº 4.661,
34% das organizações não demonstram que disciplina os investimentos das Enti-

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 47


PESQUISA MERCER/ABRAPP

dades Fechadas de Previdência Comple- ção pode esperar, ainda que necessárias e
mentar, mas que têm o suporte da Previc. importantes. A Previc, então, agilmente se
A pesquisa deixa claro, ainda, que as empenhou em elaborar uma minuta das
entidades precisam se aproximar mais do sugestões emergenciais, que contava in-
patrocinador e não há momento mais pro- clusive com parecer favorável da Procura-
pício que esse, salienta Gazzoni. “Precisa- doria Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
mos dar maior segurança e flexibilidade
“A despeito de todos os esforços, por falta
ao patrocinador, e isso inclui um assunto
de orientação para os membros do gover-
há tempos em pauta, que é um tratamen-
no sobre como votar a matéria, a pauta
to tributário adequado”, acrescenta.
permanece aberta”, relata Gazzoni.
Em reunião realizada no dia 24 de
Visão de futuro
abril, foi aprovada apenas a postergação
Em relação ao futuro da Previdência
do prazo para entrega de documentos por
Complementar, 34% dos patrocinadores
parte das entidades, entre eles o Relató-
se dizem otimistas; 39% têm uma visão
rio Anual de Atividades (RAI), cujo prazo
neutra, e 27% se declararam pessimistas
terminaria em 30 de abril. “A Abrapp pu-
em relação às perspectivas do sistema.
blicou um estudo aprofundado com me-
Por fim, quando perguntados sobre como
didas facultativas a serem implantadas
fortalecer a Previdência Complementar
após a crise, 76% defendem a flexibiliza- apenas após estudos técnicos. O CNPC
ção de regras; 75% apoiam programas de tem propostas”, argumenta o conselhei-
educação financeira, e 70% vislumbram ro, referindo-se a medidas emergenciais
maiores incentivos para o aumento da como facultar as contribuições, permitir
poupança previdenciária via planos pri- resgates em situações específicas e adiar
vados capitalizados. prazos, entre outras.
Fernando Gazzoni explica que o Devanir Silva lembra que o siste-
CNPC - colegiado composto por nove ma é exitoso e que o futuro oferece uma
membros, seis deles integrantes do pró- oportunidade, talvez única, de retorno à
prio governo (sendo quatro do Ministério agenda do governo. Ele também assinala
da Economia) e três da sociedade civil -
a necessidade de mudança no modelo de
está atuante e comprometido. Tanto que,
negócios, que envolverá, dentre outras
desde que a crise se instaurou no País,
características, a venda de planos indi-
foram realizadas diversas reuniões com o
viduais e não mais coletivos. “Os inves-
intuito de discutir sugestões colhidas pela
tidores capazes de formar poupança es-
agência de supervisão Previc, Abrapp,
tável de longo prazo têm um importante
Momento é Anapar e patrocinadores.
As sugestões foram separadas em papel a desempenhar na economia real.
propício para
dois grandes blocos: o primeiro, chamado No day after da pandemia, muitos setores
a aproximação vão precisar de investimentos do setor
de emergencial, visa dar liquidez para o
de entidades e sistema. O segundo, mais ligado a questões privado e quem tem essa oportunidade
patrocinadores de solvência, inclui medidas cuja delibera- são as nossas entidades.”

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PESQUISA MERCER/ABRAPP

COMO COMUNICAR EM TEMPOS DE CRISE

Transparência é
O ineditismo da pandemia Em todo esse contexto, os
fundamental
atual mexe até mesmo com os fundos de pensão têm um desafio
conceitos da gestão de crise, na- para as EFPCs, que adicional, que é o de lidar com
quilo que especialistas chamam públicos distintos. De um lado, há
têm como função
de cisne negro, expressão usada os jovens entrantes, com sua lin-
para definir algo altamente im- “vender” um futuro guagem e comunicação próprios.
provável. Em tal situação, não há De outro, os assistidos que, nessa
hoje desconhecido
referência nos manuais de condu- pandemia, em especial, merecem
ta e tudo precisa ser reinventado. cuidado adicional por estarem no
É assim que as organizações, in- centro dos grupos de risco. Além
clusive as Entidades Fechadas de mente, diz, os três estão brigando disso, as EFPCs têm como grande
Previdência Complementar, estão entre si, quando deveria haver ativo o futuro das pessoas. Mas
lidando com o atual cenário.  convergência de ações. “Esse é um como “vender” futuro quando
“Poucas pessoas se deram dilema que está tendo no Brasil e nada se sabe a respeito do que
conta que nós não temos uma em outras partes do mundo. To- virá? O segredo, mais uma vez, é a
crise, temos várias. A organização dos estamos perdidos e a comuni- transparência. 
tem que pensar no que fazer, não cação é a âncora neste momento.” Internamente, a comunica-
pode jogar o peso da crise em cima O que não se discute em ção aberta passou a ter um valor
do cliente. Alguns já estão cons- tempos de crise, seja ela inédita extraordinário e conversar com
cientes disso quando, por exem- ou não, é que a comunicação deve as equipes tornou-se indispensá-
plo, abrem mão do lucro para pelo ser transparente. “As empresas vel. “Não temos mais tempo para
menos manter algum salário para têm que olhar para as pessoas. esconder informação. As pessoas
as pessoas”, comenta João José É preciso que entrem nas redes estão precisando de esperança
Forni, jornalista com larga experi- sociais e usem os meios de comu- porque estão desesperadas. E espe-
ência em comunicação de crise. nicação que mais se adaptam aos rança é uma coisa barata, não cus-
Para ele, a crise atual está seus públicos, falando de uma for- ta nada dar. Essa crise exige lide-
baseada em três pilares: sanitário, ma amistosa, carinhosa, porque rança para tranquilizar as pessoas.
econômico e o político. Infeliz- as pessoas estão com medo.” Em qualquer crise, aliás, a maior

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PESQUISA MERCER/ABRAPP

preocupação deve ser sempre com da instituição, que ainda é jovem cialista na ciência do imprevisível
as pessoas”, diz o especialista.  e fruto da mudança na aposenta- e estudioso de incertezas.
doria dos servidores federais, o “O cisne negro é imprevisí-
Estreitar canais que exige agilidade e estratégia vel, resulta em casos impactan-
na comunicação. Para aperfeiçoar tes e, após a sua ocorrência, nós
Essa tem sido a aposta da
ainda mais os canais, a Funpresp inventamos um meio de torná-lo
Funpresp, que desde o início da
formulou um plano de comunica- menos aleatório e mais explicá-
quarentena optou por estreitar
ção específico para este período, vel. O cisne negro da pandemia
canais de comunicação já tradi-
mostrando exatamente o que está era algo que a academia científica
cionais, como os boletins infor-
sendo feito. “Estamos mostrando achava improvável, pois se espe-
mativos, mas também aderiu a
nossa performance, que é um perí- rava um vírus lento na propagação
uma ferramenta que vem sendo
odo difícil, mas que estamos jun- e altamente letal ou muito rápido
adotada com sucesso pelos mais
tos com o participante”, diz Pena. em sua propagação, mas pouco
diversos setores: o webinar. Mais
“Além disso, tivemos que nos adap- letal”, analisa Marins. O problema
de 300 pessoas acompanharam
tar rapidamente para que todos os é que o Coronavírus é os dois: se
ao vivo o primeiro deles, feito em
setores continuassem operando propaga muito rápido e tem alta
conjunto com a Funpresp-Jud; ou-
remotamente, inclusive o nosso letalidade. “A comunidade cientí-
tras centenas visualizaram o con-
serviço 0800. Tudo continuou fun- fica estava altamente descrente de
teúdo depois.
cionando, o que mostra nossa ca- que isso fosse acontecer.”
“No primeiro momento,
pacidade de reagir.” Gerenciar uma crise dessa
a ideia foi mostrar as aflições e
caminhos que estão sendo ado- magnitude é pensar no imediato,
tados. Por cerca de 1h30, respon- Para aperfeiçoar ainda mais colocando as vidas em primeiro
demos perguntas para mostrar seus canais, a Funpresp lugar. Não há muito o que se fazer
que o setor está funcionando, formulou um plano de em relação ao futuro porque nin-
sem minimizar as dificuldades comunicação específico guém sabe o que vai acontecer, e
que estamos enfrentando”, relata esse é um desafio adicional para o
para este período
Ricardo Pena, Diretor Presidente profissional de comunicação.
da Funpresp. A experiência foi tão Um elemento muito forte
positiva que a entidade pretende
Cisne negro nessa gestão é o combate à de-
manter a ferramenta para o pós- O quadro atual é tão inusita- sinformação. Os fatos vêm sendo
-pandemia. “O lado bom dessa cri- do que nem mesmo existia a previ- contaminados por elementos po-
se é que traz agilidade, e isso vai são de pandemia nos manuais do líticos e esse duplo comando de
mudar o dia a dia das fundações. Fórum Econômico Mundial, como informação deixa o cidadão per-
Viagens longas para uma reunião relata Patrícia Marins, Diretora da plexo, inerte, sem falar no fenô-
de uma hora, por exemplo, não agência InPress Oficina e especia- meno das “fake news”. É preciso,
serão mais necessárias. É o mo- lista em comunicação estratégica portanto, achar uma forma de co-
mento de aprender com o que está e gerenciamento de crise. Ela lem- municar, sabendo que a cegueira
sendo vivenciado”, pondera. bra que a lógica do cisne negro foi e a desinformação de parte da po-
A entidade já tinha um forte abordada em livro pelo indiano pulação são obstáculos adicionais
trabalho na área até pela natureza Nassim Nicholas Taleb, um espe- a serem superados.

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PESQUISA MERCER/ABRAPP

O segundo momento da ges- crise, que de fato perturba a ges- É o que pensa também Cris-
tão de crise é a retomada. Esta é tão da organização e coloca em tiano Verardo, Diretor de Co-
uma crise que demanda análise risco sua reputação. “Uma orga- municação e Relacionamento e
de cenário, das redes sociais, do nização tem que lidar com vários Diretor de Seguridade da Vexty,
que está acontecendo lá fora. Um públicos diferentes. Na crise, isso que vê no atual cenário uma boa
comitê de crise precisa ser insti- fica muito dinâmico, rápido, e oportunidade de as entidades se
tuído, independentemente do ta- você não pode cometer erros para mostrarem. “O mês de março foi
manho da organização. E ele deve não ampliar essa crise.” É igual- trágico para todo mundo. Mas
ser interdisciplinar, com poucas mente importante prever os pro- esse resultado ruim não é de
pessoas, para atuar nessa batalha blemas antes que eles aconteçam, responsabilidade da instituição
da informação. porque a capacidade de gerenciar e, sim, da pandemia. Portanto, é
Nesse contexto, o papel do a crise vai depender do que se tem uma boa oportunidade para que
líder se sobressai. Ele precisa instalado. Quando a organização as entidades coloquem sua cara
passar confiança, calma, orientar está preparada para falar com to- na rua, com um canal de comuni-
os caminhos, falar a verdade. É dos os seus públicos em situação cação mais estreito”, sugere.
muito importante que se trabalhe de normalidade, é bem mais fácil Um desses canais são as re-
com os elementos que se tem, e lidar com imprevistos. des sociais, com vídeos curtos.
prevendo o pior. O mais difícil, Aliás, essa é outra mudança - e
na avaliação de Patrícia Marins, O atual cenário é visto oportunidade - causada pela crise
é a gestão da expectativa. Como
como uma boa atual e que deve mudar a lógica da
não se sabe o que vai acontecer comunicação das entidades tam-
oportunidade para as
amanhã, é preciso ser verdadeiro, bém no pós-pandemia. Ninguém
atendo-se ao hoje, sem garantir entidades mostrarem
se importa mais com alta quali-
nada que não possa ser cumprido.  seu trabalho
dade na produção dos vídeos, que
A regra vale inclusive para
custavam caro e demoravam para
as más notícias: se for necessário A crise aflora os problemas;
ser finalizados. Agora, a regra é
reduzir o quadro, retirar bene- por isso, é preciso estar prepara-
lançar um produto simples, rápi-
fícios ou, o que tem sido a triste do, orientado e com um o corpo
do e barato.
realidade desses dias, comunicar dirigente acostumado a ouvir
a morte. “Não tem mais grandes pessoas, com uma boa reputação
A comunicação da crise
assembleias, eventos, é o virtual, e relacionamento com o público-
é o online, que tem se mostrado -alvo. “Eu diria que isso é 60% da Jorge Duarte chama a aten-
muito engajador. As pessoas que- capacidade de lidar com uma cri- ção para a distinção a ser feita en-
rem saber, querem se esclarecer. se. Hoje temos um grande proble- tre crise e a comunicação da crise.
Dessa forma, o efeito do amanhã ma com informação, as pessoas No caso específico da Covid-19, há
vai ser minimizado.” não acreditam mais nas coisas. falta de respiradores, treinamen-
Para Jorge Duarte, Gerente Elas entendem que você possa ter to de pessoas, hospitais cheios,
de Comunicação Estratégica da problemas e cometer erros, o que e isso não é comunicação, isso é
Embrapa e especialista no tema, não aceitam é que você não es- gestão e operação. Outra coisa é
é importante ter a consciência de clareça, não peça desculpas”, diz a comunicação disso. “Temos que
que é necessário conviver com a Jorge Duarte. limitar comunicação à comunica-

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 51


PESQUISA MERCER/ABRAPP

ção da crise e não à gestão. Trata- cessário que alguém diga o que ção nesse momento”, recomenda
-se de um papel complementar de está sendo feito, e isso requer Duarte. Para ele, a crise atual terá
apoio, de explicar que o equipa- preparo, dedicação. No caso das um legado importante, que é o
mento não vai chegar por causa EFPCs, que têm por característica
resgate do trabalho da imprensa
disso e aquilo.” a heterogeneidade de público, é
convencional e o maior nível de
Fazer comunicação implica primordial definir que mensagem
em ter retaguarda. Ela é definido- se quer levar para cada um deles. exigência das pessoas na busca
ra da crise porque lida com a per- Falar com o jovem que vai receber por informação. “A minha grande
cepção das pessoas, e a maneira daqui a 30 anos é uma coisa; falar surpresa foi que lá atrás nós acha-
como elas recebem a informação com quem está recebendo agora é mos que a internet iria tornar o
é essencial. “O gestor tem que ser bem diferente. mundo mais organizado, pacífico,
capaz de dizer: isso é bom por “Quando há uma boa gestão,
com mais diálogo mas, na verda-
causa disso e aquilo. Se a gente as perdas são as menores possí-
de, virou uma arma de guerra. Es-
conseguir fazer essa orientação, veis. Por isso é preciso estabele-
já está ótimo”, define.  cer a mensagem que se quer levar. pero que com essa fase as pessoas
No momento atual, a fala do Tem que ter uma estratégia e sa- estejam percebendo o quando isso
porta-voz é fundamental. É ne- ber qual é o desafio da comunica- é maléfico e negativo”, ressalta. ■

O IDGII é um sistema de gerenciamento em tempo real dos indicadores de desempenho de gestão, que permitem
acompanhar a situação atual, a evolução, o cumprimento de metas e a comparação com outros fundos de pensão.

Dados de mais de Facilidade em refinar os


300 EFPCs e de 1.000 resultados através de filtros
planos carregados (porte, região demográfica, etc.)

Inclusão de perfis Os dados são tratados


distintos para os de forma sigilosa
usuários

São 26 indicadores, Análises através


distribuídos em áreas de comparativos e
diversas. desempenhos mensais.

Acesse o sistema e usufrua de mais um produto exclusivo, oferecido sem ônus às associadas da Abrapp.
52 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
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OPINIÃO

PROCESSO DE SELEÇÃO DE ENTIDADES


PARA OPERAR PLANOS DE PREVIDÊNCIA
PARA SERVIDORES PÚBLICOS
POR CARLOS ALBERTO VAGETTI SILVA*

D
urante todo o ano de 2019, Porém, a Emenda Constitu-
um assunto permeou os de- cional não encerrou o processo
bates públicos e privados, de reestruturação do sistema pre-
sendo apontado como uma das videnciário brasileiro. Pelo con-
grandes condições para que a eco- trário: a Emenda tem cara e jeito
nomia brasileira se recuperasse e de um “pontapé inicial” em um
superasse a grave depressão ocorri- processo amplo de saneamento
da nos últimos anos: a Reforma da do sistema, em especial no que
Previdência. Com muitos percalços diz respeito aos servidores públi-
ao longo do caminho, a Reforma foi cos, trazendo consigo uma série
finalmente aprovada em novem- de “deveres de casa” para que uma
bro, por meio da promulgação da tão sonhada sustentabilidade fi-
Emenda Constitucional nº 103. que mais próxima.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 53


OPINIÃO | CARLOS ALBERTO VAGETTI SILVA

Dentre os vários desafios impostos pela Reforma, gestora do regime próprio de previdência social ao §
um dos principais é o reavivamento de uma das solu- 20 do art. 40 da Constituição Federal deverão ocorrer
ções já previstas na Constituição, mas que, provavel- no prazo máximo de 2 (dois) anos da data de entra-
mente pelo seu custo político, vinha sendo protelada da em vigor desta Emenda Constitucional. (grifou-se)
pela maioria dos entes federados: a implementação do A fixação de prazo máximo para que seja imple-
Regime de Previdência Complementar – RPC dos ser- mentado o RPC fez com que essa medida subisse algu-
vidores públicos, prevista no artigo 40, § 14 da Carta mas posições no ranking de prioridades dos Estados e
Magna, cuja redação deixou de ser permissiva e passou Municípios que ainda não oferecem previdência com-
a ser preceptiva, ou seja, substituiu uma faculdade por plementar aos seus servidores. Porém, o impacto não
um comando: se limitou aos entes federados: as Entidades Fechadas
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- de Previdência Complementar – EFPC também passa-
nicípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo ram a acompanhar de perto esse quase certo aumento
Poder Executivo, regime de previdência complemen- na demanda (e, possivelmente, também na concorrên-
tar para servidores públicos ocupantes de cargo efetivo, cia): ao mesmo tempo em que algumas entidades ope-
observado o limite máximo dos benefícios do Regime radoras de planos patrocinados já começam a preparar
Geral de Previdência Social para o valor das aposenta- soluções para oferecer a esses potenciais novos clien-
dorias e das pensões em regime próprio de previdência tes, outras entidades podem ver novos players entrando
social, ressalvado o disposto no § 16. (grifou-se) no mercado para competir pelos seus participantes,
O principal e mais vantajoso efeito para os entes, eventualmente com o atrativo da contrapartida do pa-
da implementação do RPC, é a limitação das aposen- trocinador.
tadorias e pensões concedidas pelos Regimes Próprios Isso para não falar na ameaça trazida pelo novo
de Previdência Social – RPPS ao limite máximo dos be- texto do § 15 do art. 40:
nefícios do Regime Geral de Previdência Social – RGPS Art. 40 [...]
(o chamado “teto do INSS”). Com isso, os entes econo- § 15. O regime de previdência complementar de que
mizarão em duas frentes: de forma imediata, com o re- trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na
colhimento de contribuições previdenciárias patronais modalidade contribuição definida, observará o dis-
menores (que incidirão sobre uma base de cálculo me- posto no art. 202 e será efetivado por intermédio de
nor, equivalente à parcela do vencimento do servidor entidade fechada de previdência complementar ou de
que não excede o “teto do INSS”); no longo prazo, com o entidade aberta de previdência complementar.
pagamento de aposentadorias e pensões menores (cujo Em breve, bancos e seguradoras acirrarão ainda
valor máximo será o “teto do INSS”). Ressalva-se que mais a competição, o que, a depender de como será
essa limitação somente se aplica aos servidores que in- disciplinada a atuação dessas figuras no mercado,
gressarem após a instituição, por Lei, do RPC. pode causar uma devastadora “debandada” do sistema
Além de trazer a obrigatoriedade de instituição do de previdência complementar fechada. Essa disciplina
RPC, a EC nº 103 traz, em seu artigo 9º, § 6º, um prazo deve se dar por Lei Complementar, na forma prevista
para que isso ocorra: no § 4º do art. 202 da Constituição, já com a redação que
Art. 9º [...] lhe conferiu a Emenda Constitucional supracitada. No
§ 6º A instituição do regime de previdência comple- momento, e até a edição da referida Lei Complemen-
mentar na forma dos §§ 14 a 16 do art. 40 da Cons- tar, por força do que dispõe o art. 33 da EC nº 103, o
tituição Federal e a adequação do órgão ou entidade mercado da previdência complementar de servidores

54 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


OPINIÃO

públicos está reservado às entidades fechadas, mas não controle que parece contraditória e contraproducente
se sabe até quando. (mas que não será objeto deste artigo).
Os órgãos de regulação, fiscalização e controle Apesar dos esforços de todos os agentes envol-
não estão alheios às mudanças em curso: a Subsecre- vidos, a realidade ainda é de falta de informação, em
taria do Regime de Previdência Complementar editou e especial dos entes federados, sobre o que fazer e como
publicou, ainda no ano passado, o Guia da Previdência fazer. O Guia da Previdência Complementar para Entes
Complementar para Entes Federativos, resultado das Federativos, apesar de bastante útil e informativo, dei-
discussões ocorridas em grupo de trabalho constituído xa algumas lacunas a serem preenchidas. A intenção
no âmbito do Conselho Nacional de Previdência Com- deste artigo é tratar de uma dessas lacunas: o processo
plementar – CNPC que congregou membros do Gover- de seleção da entidade que operará o(s) plano(s) de be-
no, dos RPPS, de fundos de pensão e de associações de nefícios a ser(em) oferecido(s) aos servidores.
participantes e patrocinadores, com a pretensão de ser Uma vez promulgada a Lei que institui o RPC, cabe
um “passo-a-passo” das medidas a serem adotadas para ao Executivo tomar a primeira grande decisão: qual
a implementação do regime de previdência comple- será a entidade operadora do plano de benefícios a ser
mentar. oferecido aos servidores. Aqui, é importante fazer uma
A Superintendência Nacional de Previdência distinção que, por mais óbvia que pareça para quem
Complementar – Previc também está atenta e atuan- trabalha no mercado de previdência complementar,
te: publicou, no último mês de março, um modelo de vem sendo motivo de muita confusão e ruído na co-
Regulamento de Plano de Benefícios para ser ofereci- municação: o Regime de Previdência Complementar
do aos entes federados. Os modelos de Regulamento é autônomo e não se comunica com o RPPS mantido
(comumente chamados de “planos de prateleira”) têm pelo ente, e a operação de cada um dos regimes é feita
apreciação e aprovação facilitada, com prazos muito por entidades completamente diversas. Essa distinção
menores do que os usuais. é prevista no texto constitucional, no caput do artigo
Na “outra ponta”, que fiscaliza os potenciais pa- 202, que estabelece a autonomia do regime de previ-
trocinadores, estão os Tribunais de Contas, que tam- dência privada. Ainda, conforme previsto no art. 2º da
bém estão interagindo cada vez mais com o universo Lei Complementar nº 109/01:
da previdência complementar fechada. O Tribunal Art. 2º O regime de previdência complementar é ope-
de Contas da União – TCU passou a pedir informa- rado por entidades de previdência complementar que
ções às EFPC, a princípio somente com o intuito de têm por objetivo principal instituir e executar planos
ter um repositório atualizado de dados eventualmen- de benefícios de caráter previdenciário, na forma des-
te úteis. Porém, no âmbito dos Tribunais de Contas, ta Lei Complementar.
o tema não é novidade: não só o TCU como também Não existe, portanto, a menor possibilidade de o
os Tribunais de Contas de vários Estados fiscalizam ente federado “aproveitar” a estrutura da entidade que
as entidades que administram planos de servidores rege o RPPS: a EFPC deve ser autônoma, e deve ter por
públicos, tomando-lhes contas e fazendo processo de objetivo principal a instituição e execução de planos de
fiscalização assemelhado àquele dos demais integran- benefícios de previdência complementar. Ainda que
tes da Administração Indireta. As EFPC há muito ma- haja intercâmbio operacional entre a EFPC e a gestora
nifestam discordância da fiscalização pelos Tribunais do RPPS, não há, entre as entidades, nenhum vínculo
de Contas, inclusive por meio da Abrapp, dado que jurídico, e sim vínculos jurídicos autônomos entre cada
existe uma sobreposição de órgãos de fiscalização e uma delas e o ente federado.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 55


OPINIÃO | CARLOS ALBERTO VAGETTI SILVA

Encerrada a ressalva, retoma-se o problema: de- a) Relação jurídica de convênio


cidir qual entidade operará os planos de benefícios a O Guia explicita (p. 28) que a relação jurídica entre
serem oferecidos aos servidores do ente. o ente e a EFPC tem os contornos de um convênio, dado
A primeira e mais óbvia alternativa é a criação que há uma convergência de interesses a um fim co-
de uma EFPC. Ocorre que essa alternativa está longe mum. Essa é, inclusive, a nomenclatura do instrumen-
de ser viável para a esmagadora maioria dos entes to que é celebrado entre as partes, conforme previsto
federados: não só os custos para a criação de uma no caput do art. 13 da Lei Complementar nº 109:
entidade são inviáveis para a maior parte dos Esta- Art. 13. A formalização da condição de patrocina-
dos e Municípios brasileiros (com seus caixas cada dor ou instituidor de um plano de benefício dar-se-á
vez mais combalidos), como também são necessários mediante convênio de adesão a ser celebrado entre
tempo e pessoal qualificado, dois ativos escassos, o patrocinador ou instituidor e a entidade fechada,
especialmente para quem está “correndo contra o em relação a cada plano de benefícios por esta admi-
relógio”. nistrado e executado, mediante prévia autorização do
A segunda alternativa – objeto deste artigo – é se- órgão regulador e fiscalizador, conforme regulamen-
lecionar uma EFPC já existente para operar o plano. O tação do Poder Executivo. (grifou-se)
Guia traz um capítulo dedicado ao processo de contra- Diante dessa relação jurídica de convênio, o Guia
tação da entidade. Esse capítulo é complementado por vai além para afirmar que “a relação estabelecida entre
um anexo que elenca os aspectos mínimos a ser(em) uma EFPC e os patrocinadores não parece se enquadrar
observado(s) na escolha da entidade. Os aspectos são no conceito de contrato administrativo cuja disciplina
divididos em três grandes grupos (p. 58): pertence à Lei nº 8.666/93, Lei de Licitações” (grifou-se).
i. Experiência da entidade: estrutura de governança, Ainda que não tenha caráter normativo, o enten-
gestão de riscos e controles internos, porte/escala, dimento esposado pelo órgão regulador ganha bastante
experiência em planos de contribuição definida, importância, pois, caso prevaleça, traz uma série de
transparência, equipe e estrutura técnica; efeitos relevantes ao processo de contratação. O pri-
ii. Caraterísticas do plano oferecido: modelagem do meiro e mais evidente é que fica afastada a necessidade
plano e benefícios de risco, características do plano de procedimento licitatório, ao menos de forma típica,
e existência de benefícios de risco, taxa de adminis- conformado aos ditames da Lei de Licitações; esse pon-
tração e carregamento, plano de custeio, política de to será analisado de forma apartada a seguir.
investimentos, custo para implementação do plano Outro efeito importante é que não é necessária a

(aporte inicial), regulamento e seus procedimentos celebração de um contrato administrativo típico, com
os limites e cláusulas obrigatórias trazidas pela própria
de alteração; e
Lei de Licitações. Ora, o entendimento não poderia ser
iii. Operação: estratégias de divulgação e procedimen-
outro, dado que, novamente fazendo remissão ao art.
tos de inscrição, canais acessíveis de atendimento
13 da Lei Complementar nº 109, a relação jurídica é de
ao participante, compatibilidade de sistemas.
convênio de adesão. Do ponto de vista da hermenêutica
Quanto ao processo de contratação, alguns pon- jurídica, além da necessária aplicação do princípio da
tos presentes no Guia merecem destaque, pois, apesar especificidade, ainda é necessário se ter em conta que,
de não ter caráter normativo, representam a visão do apesar de não haver superioridade hierárquica de uma
órgão responsável pela regulação do regime de previ- Lei Complementar em relação a uma Lei Ordinária,
dência complementar: aquela vem justamente para complementar a norma

56 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


OPINIÃO

emanada pelo texto constitucional, no caso, especifica- Dizer que o processo seletivo deve ser impessoal
mente o artigo 202 da Constituição. Não há, portanto, significa dizer que não deve ser de forma alguma di-
subsunção à regra constitucional regulamentada pela recionado à contratação desta ou daquela entidade.
Lei nº 8.666/93, qual seja, o inciso XXI do art. 37 da Car- Deve contar com critérios objetivos, claros, relevantes
ta Magna: à satisfação do interesse público e à preservação dos
Art. 37 A administração pública direta e indireta de interesses do ente federado e dos seus servidores.
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis- A publicidade, por sua vez, se configura em ca-
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos prin- racterística inafastável da atividade do administrador
cípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, público. Nos dizeres de Justen Filho1:
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: A democracia republicana impõe a transparência
(...) das atividades administrativas (conforme exposto
XXI - ressalvados os casos especificados na legis- no Cap, 3). Daí decorre a exigência de publicida-
lação, as obras, serviços, compras e alienações serão de nos procedimentos administrativos. O princípio
contratados mediante processo de licitação pública da publicidade impõe que todos os atos do proce-
que assegure igualdade de condições a todos os con- dimento sejam previamente levados ao conheci-
correntes, com cláusulas que estabeleçam obrigações mento público, que a prática de tais atos se faça na
de pagamento, mantidas as condições efetivas da pro- presença de qualquer interessado e que o conteúdo
posta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as do procedimento possa ser conhecido por qualquer
exigências de qualificação técnica e econômica indis- um. (grifou-se)
pensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
O princípio da eficiência, por sua vez, impõe que
(...) (grifou-se)
o administrador otimize a utilização dos recursos pú-
A ressalva para o afastamento da norma licitatória blicos, evitando a todo custo desperdiçar os recursos
em casos específicos previstos pela legislação é trazida amealhados perante a sociedade para o custeio da
pelo próprio texto do inciso XXI. Ainda da análise do máquina pública. Em outras palavras, o administra-
artigo 37 se pode inferir que, não obstante afastado o dor não deve fazer com mais o que poderia fazer com
procedimento licitatório, não está afastada a observân- menos. Esse é um princípio indissociavelmente ligado
cia aos princípios que regem a administração pública. ao princípio republicano. Recorrendo novamente às
É com essa premissa em mente que se passa à análise lições de Justen Filho2:
das características do processo seletivo. Ora, um dos aspectos essenciais do direito administra-
b) Processo seletivo tivo reside na vedação ao desperdício ou má utilização
No que diz respeito ao processo seletivo, o pró- dos recursos destinados à satisfação de necessidades
prio Guia traz os aspectos mínimos a serem levados em coletivas. É necessário obter o máximo de resultados
consideração, já transcritos acima. Ainda, conforme já com a menor quantidade possível de desembolsos.
mencionado, é necessário que seja garantida a obser- Assim o impõe a concepção republicana de organi-
vância dos princípios que regem a administração pú- zação do poder político que estabelece que todas as
blica, dentre os quais se destacam, no presente caso, a competências estatais têm de ser exercitadas do modo
impessoalidade, a publicidade e a eficiência. mais satisfatório possível.

1. JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo, 10. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 346.
2. Ibid., p. 222.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 57


OPINIÃO | CARLOS ALBERTO VAGETTI SILVA

Portanto, o próprio princípio da República já impõe dades e limitações, mas devem levar em conta os as-
o dever de utilização eficiente dos recursos públicos. pectos mínimos previstos pelo Guia da Previdência
(grifou-se) Complementar para Entes Federativos: experiência
da entidade, caraterísticas do plano oferecido e ope-
Nesse mesmo sentido, ainda que afastado o pro-
cedimento licitatório, parece prudente que o processo ração do(s) plano(s).

seletivo adote um procedimento que incorpore algu- iii. O processo seletivo deve observar os princípios
mas etapas e a atuação de alguns agentes e colegiados norteadores da administração pública, em especial
que assegurem a correta observância dos princípios aqueles insculpidos no caput do artigo 37, asseguran-
já mencionados. Alguns deles seriam: a composição do a impessoalidade e publicidade dos atos praticados.
de uma comissão julgadora, a publicação de um edital Para a plena satisfação das condições acima,
contendo as características do processo seletivo e, pos- sugere-se que, ainda que afastado o procedimento li-
teriormente, do seu resultado, e que se ofereça a possi- citatório, seja composta uma comissão julgadora, seja
bilidade de recurso das decisões da comissão julgadora publicado um edital contendo as características do pro-
(decorrente dos direitos de petição e de recorribilidade cesso seletivo e, posteriormente, outro contendo o seu
das decisões administrativas, previstos respectivamen- resultado, e também que se ofereça a possibilidade de
te nos incisos XXXIV e LV do artigo 5º da Constituição). recurso das decisões da comissão julgadora.
Encaminhando para a conclusão, é importante res- Do processo seletivo deverá decorrer a celebra-
salvar que todos os argumentos trazidos têm a intenção ção de um convênio de adesão, nos moldes previstos
precípua de facilitar a tomada de decisão pelos agentes pela Lei Complementar nº 109/01 e demais normativos
públicos, mas de forma alguma encerram o debate; pelo aplicados ao regime de previdência complementar, e
contrário, têm a intenção de instigá-lo. O tema estará não nos moldes previstos na Lei Federal nº 8.666/93 e
sem dúvida em voga nos próximos meses e anos, e mui- demais normativos que regem as licitações e contratos
tos dos personagens envolvidos estão perdidos em meio administrativos.
a um mar de informação (e desinformação). O “mapa” Ainda há muitos outros obstáculos a serem ven-
fornecido pelo Guia da Previdência Complementar para cidos, e os entes federados certamente enfrentarão
Entes Federativos é incompleto, e passa longe de alertar inúmeras dificuldades para a devida implementação
para todos os obstáculos no caminho. do regime de previdência complementar. É papel das
Neste artigo, a discussão trata de um obstáculo entidades interessadas na operação de planos para esse
bem específico: o que um ente federado deve levar em nicho compreender e participar ativamente de todas as
conta no processo de seleção de Entidade Fechada de etapas do processo, para que as soluções sejam as me-
Previdência Complementar para operar o plano (ou os lhores possíveis.
planos) de benefícios a serem oferecidos aos seus ser-
vidores. Aqui foram delineadas algumas condições, a
*Carlos Alberto Vagetti Silva, advogado graduado em
nosso ver, inafastáveis e estruturantes do processo:
Direito pela Universidade Federal do Paraná – UFPR (2011),
i. Enquanto não for editada a Lei Complementar a Analista Sênior da Diretoria Financeira da CuritibaPrev –
que faz menção o § 4º do art. 202 da Constituição, Fundação de Previdência Complementar do Município de
somente estão aptas a participar entidades fechadas Curitiba, ex-Diretor de Gestão Corporativa da Companhia
Paranaense de Securitização – PRSEC e ex-servidor público
de previdência complementar.
da Secretaria de Estado da Fazenda e do Tribunal de Justiça
ii. Os critérios de seleção podem ser livremente esta- do Estado do Paraná, possui Certificado Profissional
belecidos pelo ente de acordo com as suas necessi- Anbima – Série 20 (CPA-20)

58 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


EQUACIONAMENTO DE DÉFICITS

RESPOSTA RÁPIDA
PARA RESGUARDAR A
SOLVÊNCIA
POR DÉBORA DINIZ

Contexto de
D
iante do cenário econômi-
co atual, fortemente im-
excepcionalidade pactado pela pandemia da
pede urgência na Covid-19, as Entidades Fechadas
de Previdência Complementar
definição de critérios já se preparam para um inevitá-
mais flexíveis para vel déficit no resultado de 2020,
com projeções de números que
o equacionamento variam de R$ 30 bilhões a R$ 100
bilhões. Se é prematuro cravar
de déficits
um valor exato para esse saldo,
o mesmo não se pode dizer das
medidas para enfrentá-lo. Para
alguns especialistas, o governo já
está atrasado. A expectativa é que
daqui para frente os entendimen-
tos ocorram com mais celeridade,

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 59


EQUACIONAMENTO DE DÉFICITS

com propostas sendo analisadas no investimentos, visto que as taxas de


âmbito do CNPC (Conselho Nacional juros e rentabilidade passaram a exigir
de Previdência Complementar) e do ór- alocações mais audaciosas. Já havia,
gão supervisor (Previc), algumas delas também, novos direcionamentos da
apresentadas pela Abrapp. comunicação e fomento para que o seu
O momento exige muita sereni- produto se tornasse mais competitivo.
dade e reflexão, pois nunca se viu algo Neste momento em que tanto se fala
de uma envergadura tão grande, o que na coletividade, solidariedade e rein-
realmente preocupa, observa Luís venção, o segmento, portanto, saiu em
Ricardo Marcondes Martins, Diretor- vantagem quando comparado a outros
-Presidente da Abrapp. “Precisamos setores. “Mutualismo, coletividade,
saber o que podemos tirar de aprendi- bem-estar e visão de longo prazo têm
zado disso. Por enquanto, tudo ainda tudo a ver com o nosso DNA, o que nos
é incerto, mas estão sendo estudadas traz novas oportunidades neste mo-
diversas medidas para reduzir o im- mento em que as pessoas estão solidá-
pacto no sistema, com o CNPC se reu- rias e reflexivas.”
nido periodicamente para este debate Quanto ao déficit, o Diretor-Pre-
e reflexão.” sidente da Abrapp ressalta que haverá
Na avaliação de Martins, é preci- dificuldades com resultados em todo o
so criar mecanismos para o sistema, mundo, com perdas significativas para
semelhantes ao esforço que vem sendo os ativos. Mas aí o sistema tem outra
feito para reduzir o impacto da pande- vantagem adicional, por já estar acos-
mia, como a desoneração de empresas,
tumado a lidar com instabilidades. “O
a liberação do FGTS, pagamento emer-
perfil de longo prazo favorece a recu-
gencial e linhas de crédito especiais. A
peração ao longo da duration do plano.
proposta da Abrapp prevê a suspensão
Se a conjuntura econômica derruba a
das contribuições dos planos CD e CV
rentabilidade, esse lançamento é con-
na fase de acumulação por 90 dias. Ba-
tábil, não financeiro. O longo prazo vai
seada em estudos prévios, a suspensão
nos ajudar a trazer essa recuperação
por esse período não afetaria a liquidez
para pagar os benefícios porque o sis-
dos planos. “A última coisa que o gover-
tema tem uma alta solvência.”
no quer é mexer na reserva previden-
ciária. Nós concordamos que é sempre
Definição urgente
melhor preservá-las, mas consideran-
do o cenário de hoje, o desemprego e Resta ao CNPC dar uma resposta
a análise que não haveria abalo à liqui- sobre as medidas emergenciais e esta-
Em 2020, haverá dez, achamos a proposta viável.” belecer uma agenda estratégica, com a
dificuldades nos planos Na opinião do dirigente, a crise criação de mecanismos de incentivo.
foi bem absorvida operacionalmente A Abrapp criou um Grupo de Trabalho
em todo o mundo, com
pelas EFPCs porque o sistema já vi- para discutir possíveis adequações na
perdas significativas nha em um movimento crescente de Resolução CNPC nº 30/2018, que trata
para os ativos disrupção, inclusive em relação aos das regras de solvência. Formado por

60 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


EQUACIONAMENTO DE DÉFICITS

especialistas e dirigentes, o GT teve sua “O cenário aponta para a neces- “Podemos revisitar a
primeira reunião no dia 15 de maio. sidade de equacionamento em dezem- Resolução(CNPC nº 30)
Uma das primeiras medidas será a re- bro, mas não podemos esperar pelos re-
e lá mesmo encontrar
alização de um levantamento da situa- sultados para indicar quais parâmetros
ção de solvência e liquidez dos planos, podem ser mudados. Em maio e junho parâmetros para enfrentar
ainda na primeira quinzena de junho. será possível ter uma noção melhor do o cenário atual”
Também serão solicitadas projeções caminho”, adverte Gazzoni. Embora a
em diferentes cenários. A análise des- previsão de fechamento deste ano seja
ses dados vai embasar propostas para negativa, é importante ressaltar que es-
uma ponte de transição até o cenário truturalmente o sistema é sadio. Os úl-
de normalidade. timos relatórios divulgados pela Previc
Umas das alterações que po- mostram um índice de solvência bem
dem ser feitas neste contexto de próximo de 100%, o que reduz os riscos
excepcionalidade é adiar o equaciona- de eventuais adiamentos no equacio-
mento para o ano que vem. “A Abrapp namento do déficit.
entende que não há o que esperar, que Outras medidas consideradas me-
já podemos discutir previamente al- nos radicais são o ajuste do prazo de
terações na Resolução. Sabemos que equacionamento. “Hoje, é permitido
o assunto está também no radar da financiar uma vez e meia a duration do
Previc e da sociedade civil.” plano. Podemos passar essa medida
Quem também ressalta o caráter para duas vezes. Poderia, também, ha-
de longo prazo como vantagem do sis- ver a suavização do intervalo da taxa de
tema é o Antônio Gazzoni, Diretor Ins-
juros atuarial”, sugere. A Previc, aliás,
titucional da Mercer. Para ele, a crise é
já sinalizou que pode revogar a Portaria
conjuntural e o sistema tem condições
que estabelece esse intervalo de taxa
de estabilizar resultados no médio e
de juros, caso seja esse o entendimento
no longo prazos, o que requer calma
do CNPC.
dos gestores. Ele considera desneces-
“Temos que chegar em junho, no
sário promover grandes alterações na
máximo em julho, com definições. No
Resolução 30, apontadas por ele como
calendário de obrigações, a entidade
“extremamente bem estruturada”, com
tem até agosto para apresentar estudos
parâmetros que podem ser ajustados
caso vá trabalhar fora da taxa de juros
em situações como a atual. “Podemos
informada como parâmetro. No mo-
revisitar a Resolução e lá mesmo en-
mento em que a TJP é divulgada pela
contrar parâmetros para enfrentar o
Previc, as entidades já começam a tra-
cenário atual. Mexer em regras a todo
balhar”, ressalta o Diretor da Mercer.
momento causa volatilidade.” Para o
atuário, a realização de reuniões ex-
traordinárias do CNPC mostra que há
Conjuntural ou estrutural
preocupação com o momento, mas, ao Para Evandro Oliveira, Diretor
mesmo tempo, ainda há indefinições e de Aposentadoria da Willis Towers
protelação de medidas. Watson, é importante separar o que é

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 61


EQUACIONAMENTO DE DÉFICITS

efeito da pandemia e o que já vinha sen- cessariamente capturar esse potencial


do mudado de forma estrutural dentro aumento decorrente da pandemia e da
do sistema. Ele explica que antes da situação econômica.
pandemia, no fechamento de 2019, já Por outro lado, o ativo financeiro,
havia discussões, dentro do cenário marcado a mercado ou na curva, deve
econômico de redução de taxas de ju- capturar o efeito do mercado em de-
ros, que o encerramento do exercício zembro de 2020. Ou seja, o passivo terá
de 2020 seria bastante desafiador para taxa de juros baixa, elevando o valor
as EFPCs. “Já vínhamos mapeando e das obrigações, ao passo que o ativo
identificando que as taxas de desconto financeiro terá capturado toda perda
praticadas em 2019 tinham chegado no de renda variável. Essa combinação,
seu topo e começariam a declinar bas- avalia Oliveira, tem potencial de gerar
tante em 2020”, lembra. um déficit muito alto em dezembro de
Para 2020, a expectativa era que 2020.
os patamares de taxa de desconto cai- “A pergunta que a gente vai preci-
riam abaixo de 4%, dependendo do sar fazer é se esse déficit é circunstan-
tipo de investimento da entidade, o que cial ou estrutural. Sabemos que a legis-
já traria potencialmente uma situação lação não faz essa separação; porém,
de déficit maior para a indústria. “O as medidas que poderão ser tomadas
que é novo com a pandemia é o desa- para o seu equacionamento requerem
fio adicional nos ativos financeiros dos esse tipo de análise”, pondera. Caso o
fundos de pensão, porque os investi- chamado “novo normal” aponte para
mentos tiveram um impacto que não cenários de taxas de juros mais altas
estava mapeado”, destaca Oliveira. no futuro, fazer o equacionamento de
Tanto a parcela de renda variável um déficit que foi promovido por uma
quanto a parcela de renda fixa tiveram situação circunstancial em dezembro
reduções significativas em função dos de 2020 pode onerar o patrocinador de
efeitos do novo Coronavírus. Entidades uma forma desnecessária, pois ele não
com exposição moderada ou pouco se concretizará ao longo dos anos. Daí
agressiva à renda variável registraram, o pedido para que as medidas de equa-
no mês de março, rentabilidades que cionamento provenientes dos reflexos
podem representar taxas negativas no da Covid-19 sejam tratadas de forma
patamar de 10% ou mais. E essa redu- diferente.
ção vai trazer um impacto direto no Em contrapartida, se a percepção
equilíbrio técnico dos planos. for a de que o novo normal é equivalen-
Para o atuário, também é preci- te ao fechamento de 2020, a forma de
É preciso apurar se o so levar em conta que a taxa de juros tratar esse déficit tem que ser outra. “A
déficit é circunstancial pode ter um aumento ao longo dos gente precisa tomar iniciativas para que
próximos meses em função do cenário esse déficit tenha um equacionamento
ou estrutural. A
econômico, favorecendo o equilíbrio bem estruturado, eventualmente com
legislação atual não técnico dos planos. O problema é que seu início postergado ou flexibilizado,
faz essa distinção a metodologia adotada pode não ne- em função da capacidade financeira

62 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


EQUACIONAMENTO DE DÉFICITS

das patrocinadoras.” O terceiro ponto é todo o processo. Uma entidade que seja Toda a análise
definir quem paga a conta; afinal, tan- muito flexível pode postergar de for- e o ponto de
to participantes quanto patrocinadores ma demasiada os pagamentos, já que
flexibilização devem
estarão bastante fragilizados financei- muitos segmentos estão sofrendo mais
ramente. com a pandemia. Assim, pode haver considerar, também,
O desafio para o sistema é criar, dificuldade para uma empresa honrar a saúde financeira
o quanto antes, normativos que preve- o pagamento do déficit dos planos e, do patrocinador
jam essas situações para que, quando consequentemente, os planos terão
forem feitas as simulações, já se tenha dificuldade de honrar o pagamento de
um caminho a seguir. “Não dá para es- benefícios aos participantes, adverte
perar chegar outubro, novembro ou, Oliveira.
como já vimos em algumas situações, Toda essa análise e o ponto de
fevereiro de 2021 para trazer medidas flexibilização devem considerar, tam-
para que o mercado atravesse esse bém, a saúde financeira do patroci-
momento sem que a sua estrutura seja nador. Aí cabe ao colegiado, de forma
comprometida.” independente e prudente, verificar que
tipo de flexibilização pode acontecer,
Análise realista preservando quem custeia o fundo,
mas sem perder de vista as garantias do
É necessário que cada plano, con-
participante. O cuidado a ser tomado
selho e diretoria tenha uma análise
é não usar a mesma receita para todo
muito realista da sua situação, porque
mundo. A Resolução estabelece limites
há realidades muito distintas no mer-
operacionais, mas a decisão da forma
cado, diz Evandro Oliveira. Algumas
de implementação de eventuais flexi-
entidades já estão usando taxas com
bilizações cabe à entidade, em comum
intervalos de confiança maiores, que
acordo com seu patrocinador.
produzem taxas de desconto menores,
O especialista também lamenta
e entidades que usam o limite inferior
a demora das definições e diz que o
do intervalo de confiança para a deter-
mercado esperava uma resposta mais
minação de taxas de desconto. Essas
rápida dos órgãos que têm o poder de
têm menos fôlego ou capacidade de
determinar mudanças, embora seja
gestão do seu passivo atuarial.
compreensível o cuidado com a análise
Essa análise, porém, deve ser feita
e a prudência na adoção de novos me-
por cada um dos planos junto aos atu-
canismos.
ários para se entender qual o impacto
de longo prazo que esse contexto trará
para o fundo de pensão e qual o equilí-
Curto prazo
brio que precisa se estabelecer para a Diretor da consultoria Rodarte
forma com que patrocinador e partici- Nogueira, José Roberto Ferreira des-
pante vão realizar os pagamentos. taca que se analisadas as condições de
Também não se pode perder de solvência do sistema como um todo à
vista a responsabilidade fiduciária em luz do ritmo que vinha até o final de

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 63


EQUACIONAMENTO DE DÉFICITS

Uma possibilidade 2019, as regras que constam na Resolu- incorporando ao seu orçamento essa
é que o resultado ção nº 30 se mostram bastante contem- flexibilização.
porâneas e adequadas, porque tratam Ele sugere outras soluções, como
de 2020 seja tratado
tanto dos desequilíbrios dos planos, a suspensão das parcelas de emprésti-
conjuntamente com sejam positivos ou negativos, e princi- mos e de financiamento imobiliário,
outros exercícios palmente da preservação da solvência. até porque esses valores costumam
Mas essa norma, assim como todo ar- ser mais significativos do que os valo-
cabouço, se aplica a situações de nor- res das contribuições. “Isso traria um
malidade. efeito econômico positivo para partici-
“Esse é um tema sobre o qual o pantes e assistidos sem comprometer o
CNPC precisa investir a melhor de fluxo de contribuições do plano. Várias
suas intenções. Não digo que não este- entidades já estão fazendo isso”, diz.
jam fazendo, mas outros assuntos vêm
surgindo na pauta e, me parece, des- Natureza técnica
viando a atenção.” Se fala muito em Para fins de equacionamento de
uma descompressão financeira para déficit, o especialista aponta a possi-
participantes, assistidos e patrocina- bilidade de mudança na “calibragem”.
dores, que são medidas importantes, Hoje, para definir o limite de tolerân-
mas de curto prazo, argumenta. cia de equacionamentos, considera-se
No passado, lembra o atuário, a duration média dos fluxos do plano
havia a possibilidade de operações menos quatro. Se esse número (qua-
de empréstimos com patrocinadores, tro) for flexibilizado, amplia-se o nível
que foi vetada, mas que poderia ser re- de tolerância.
avaliada a fim de se promover o fluxo Outra possibilidade é que o re-
de contribuições. A medida, porém, sultado de 2020 pudesse ser tratado
exigiria alterações na regulamenta- conjuntamente com outros exercícios
ção. Já as medidas de impulsionamen- para que, de alguma forma, tenha seus
to podem ocorrer fora do escopo do efeitos diluídos. “Há uma série de pos-
CNPC, tendo em vista que a maioria é sibilidades de natureza técnica para
da competência da própria entidade, que haja mais tolerância em termos
definida no plano de custeio. Cabe, de convívio com déficits, desde que,
portanto, ao Conselho Deliberativo naturalmente, a principal salvaguarda
trabalhar esse assunto. seja preservar a solvência e a liquidez
Ferreira demonstra preocupação do plano de benefício.”
com a suspensão das contribuições Ferreira também defende urgên-
porque não há garantia de que, ao final cia nas mudanças, já que, segundo ele,
de três meses, o nível de normalidade quanto mais perto das datas-limite,
seja suficiente para que os aportes se- mais caros, sobre todos os aspectos,
jam retomados. Neste caso, pode ha- são os resultados, garantindo, ainda,
ver dificuldade em voltar à condição prazos razoáveis de planejamento
anterior porque as pessoas acabam para entidades e patrocinadores. ■

64 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


MERCADO DE TRABALHO

COMO PRESERVAR
EMPREGOS
NA PANDEMIA
POR FLÁVIA SILVA

S
Governos se egundo um estudo da
ONU realizado no início
apressam para de abril, 81% da força de
garantir renda trabalho global de 3,3 bilhões
de pessoas tiveram seu local de
ao trabalhador e trabalho total ou parcialmente
amenizar danos fechado por causa da pandemia.
Os mercados emergentes e os
à economia países em desenvolvimento são
os mais atingidos, exigindo cen-
tenas de bilhões de dólares em
ajuda externa. Nesse contexto,
entram em cena arranjos alter-
nativos de trabalho, redução
de salários e maior auxílio go-

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 65


MERCADO DE TRABALHO

vernamental a fim de evitar demissões deve aumentar pela primeira vez desde
em massa e resguardar ao máximo as 1990. E, dependendo da linha de pobreza
cadeias produtivas. usada, esse avanço pode significar uma
Kristalina Georgieva, Diretora Ge- reversão de até uma década no progres-
ral do Fundo Monetário Internacional so obtido na redução da pobreza mundo
(FMI), afirmou que o mundo enfrenta afora. Em algumas regiões, os impactos
a pior crise econômica desde a Grande da pandemia resultarão em níveis de po-
Depressão, ocorrida na década de 1930. breza semelhantes aos registrados há 30
O isolamento social forçou o fechamen- anos. No cenário mais pessimista, que
to de muitas empresas e demissão de leva em conta uma contração de 20% da
funcionários, de tal forma que 2021 verá renda, o número de pessoas vivendo na
apenas uma recuperação parcial das pobreza pode aumentar entre 434 mi-
economias. “No início do ano, prevía- lhões e 611 milhões.
mos um crescimento positivo da renda
per capita em mais de 160 países. Agora Plano Marshall
projetamos que mais de 170 nações terão
De acordo com a OCDE (Organiza-
um crescimento negativo da renda este
ção para Cooperação e Desenvolvimento
ano. Prevemos as piores consequências
Econômico), a pandemia traz consigo a
econômicas desde a Grande Depressão”,
terceira e maior crise econômica, finan-
analisa a especialista.
ceira e social do século XXI, superando
apenas o 11 de setembro e a crise finan-
Fome antes da doença ceira global de 2008. “As medidas que es-
Uma análise recente publicada pela tão sendo adotadas em vários países são
Universidade das Nações Unidas - Insti- essenciais para conter o avanço do vírus,
tuto Mundial para a Pesquisa em Econo- mas elas acarretam uma paralisia econô-
mia do Desenvolvimento (United Nations mica sem precedentes”, declarou Angel
University World Institute for Development Gurría, Secretário Geral do organismo
Economics Research - UNU-WIDER) esti- internacional.
ma que cerca de meio bilhão de pessoas, Gurría afirma ser necessário lide-
ou 8% da população mundial, poderão rança, conhecimento “e um nível de am-
ser empurradas para a pobreza. A aná- bição semelhante ao do Plano Marshall,
lise considera o potencial impacto de pelo qual a OCDE foi criada”. Ele também
curto prazo do Coronavírus na renda defende uma visão similar àquela que
global com base nas linhas de pobreza serviu de inspiração para o “New Deal”,
Independente do utilizadas como referência pelo Banco mas em escala planetária. “Com sere-
cenário, a pobreza Mundial: US$1,90; US$3,20 e US$5,50 nidade, disciplina individual e coletiva,
por dia, além de reduções na renda ou solidariedade e um propósito compar-
global deve aumentar
consumo familiar per capita. tilhado em escala mundial, poderemos
pela primeira vez Os números mostram que, inde- superar essa situação inesperada e com-
desde 1990 pendente do cenário, a pobreza global plexa.” O New Deal foi o nome dado à

66 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


MERCADO DE TRABALHO

série de programas implementados nos das pela organização multilateral para Acordos trabalhistas
Estados Unidos, entre 1933 e 1937, com mitigar o impacto da crise no mercado temporários foram
o objetivo de recuperar a economia e dar de trabalho.
rapidamente
suporte à população afetada pela Grande Diversos acordos trabalhistas de
Depressão. curta duração foram negociados rapi- negociados em
É o momento de coordenar políticas damente em vários países, oferecendo diferentes países
e propiciar um colchão de solvência para à economia uma espécie de escudo pro-
que as economias amorteçam o impacto tetor contra a possibilidade de recessão
negativo imediato da pandemia, cami- prolongada, argumenta o think tank
nhando rumo à recuperação. Na frente “Global Deal”, associado à OCDE. Na Di-
“trabalho”, a OCDE recomenda progra- namarca, um acordo tripartite firmado
mas de emprego temporários; maior fa- em março buscou preservar empregos.
cilidade de acesso ao seguro-desemprego; Às empresas que demitiriam 30% ou
suporte financeiro aos trabalhadores mais de 50 trabalhadores serão repassa-
mais vulneráveis e crédito aos profissio- dos 75% da folha (até certo limite) desde
nais autônomos. Para auxiliar as empre- que continuem pagando o salário inte-
sas, é importante adiar o pagamento de gral e não demitam nenhum trabalhador
taxas e impostos; oferecer linhas de crédi- durante o período em que estejam rece-
to ou garantias públicas; e adotar medidas bendo o subsídio do governo. Em troca,
especiais para PMEs, especialmente nos os trabalhadores precisam abrir mão de
setores de turismo e serviços. cinco dias de férias ou folga. Os termos
são válidos por três meses, ou até junho
de 2020.
Diálogo social
Na Áustria, o governo constituiu um
O diálogo social é essencial para fundo de 4 bilhões de euros para com-
mitigar o impacto da Covid-19 sobre a bater a crise da Covid-19. Parte desse
economia, os negócios e os trabalhado- montante será usada para financiar uma
res. Ao manter empregos e estabilizar o nova modalidade provisória de trabalho,
fluxo de renda das famílias, o consumo e cujos moldes foram discutidos pelos par-
a atividade econômica também ganham ceiros sociais (sindicatos, empregadores
certo nível de proteção. A Organização e governo). Nesse novo modelo, o aviso
Internacional do Trabalho (OIT) afirma, prévio foi reduzido de 6 semanas para 48
no entanto, que os acordos trabalhistas horas, ao passo que a carga horária pode
devem ser negociados de forma que os chegar a zero. O programa, normalmen-
empregadores se comprometam a não te limitado a grandes empresas, passou
demitir funcionários, os sindicatos acei- a acomodar pequenas e médias, com ga-
tem reduzir a carga horária e os salários, rantia de 80% a 90% dos salários até certo
e o poder público intervenha para com- limite, pagos principalmente com recur-
pensar parte da diferença entre o salário sos do seguro-desemprego. Em determi-
cheio e o salário reduzido. Essa é uma nados setores, o empregador arcará com
das principais alternativas recomenda- um pequeno complemento adicional.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 67


MERCADO DE TRABALHO

Em princípio, não serão dadas férias co- Agilidade necessária


letivas, mas se a crise persistir por mais
No Brasil, o governo editou duas
de três meses, três semanas de licença
Medidas Provisórias para lidar com a
serão implementadas.
pandemia. A MP 936, mais recente, dis-
Após pressão exercida pelos par-
põe sobre a suspensão de contratos de
ceiros sociais, o governo espanhol sim-
trabalho, bem como a redução de jorna-
plificou o acesso ao seguro-desemprego das e salários, com a novidade de que isso
e as negociações trabalhistas foram des- possa ser feito via acordos individuais.
burocratizadas. Os aportes patronais à Não há necessidade de negociação com
previdência estatal estão suspensos e os sindicato caso o empregado receba até
funcionários em regime de teletrabalho três salários mínimos.
devem receber 100% da renda. Na Ale- “Isso dá agilidade para as microem-
manha, o seguro-desemprego passou de presas”, assinalou Hélio Zylberstajn, Pro-
60% para 67% do salário, podendo ser fessor da FEA/USP, em webinar recente
utilizado pelas empresas quando 10% do promovido pela Abrapp. Ao contrário do
quadro (anteriormente 30%) forem afe- que se pensava inicialmente, não houve
tados. Os empregadores estão desobri- um “massacre do trabalhador”, argumen-
gados do pagamento de contribuições à ta, já que em muitos casos registrou-se o
previdência social para os funcionários aumento da renda devido à compensação
que estejam com carga horária reduzida do governo.
e, em alguns setores, o empregador terá Quem ganha um salário mínimo,
que complementar o valor do seguro a por exemplo, passou a ganhar mais, já
fim de elevar as taxas de reposição de que no seguro-desemprego não vem des-
renda. Reduções de jornada devem pas- contada a contribuição de 7,5% do INSS.
sar pelo crivo de um conselho formado “Quanto menor o rendimento, maior a
por representantes de empregados e proporção de renda depois do acerto in-
empregadores. dividual. A medida tem um olhar intenso
A Suécia introduziu um progra- na base da pirâmide.” Os empregados
ma abrangente de trabalho, em caráter que a CLT considera hiperssuficientes,
temporário, que garante 90% do salário ou seja, que tenham diploma de curso su-
mediante redução de 40% da carga ho- perior e possuam salário de R$ 12.202,12
rária, com o governo pagando 75% do ou mais, também podem fazer acordo
custo da operação (anteriormente 33%). individual.
No Paquistão, governos provinciais esta- Centenas de negociações coletivas
No Brasil, beleceram férias coletivas para o perío- já foram documentadas no País, cabendo
o governo editou do de isolamento, evitando demissões. às empresas negociarem uma série de
África do Sul e a Botsuana, por sua vez, arranjos, como férias coletivas, teletraba-
duas Medidas
definiram equipes para discutir medidas lho, entre outros. “Isso vai permitir que
Provisórias para de proteção aos trabalhadores e apoio às a gente suporte esse choque inicial no
lidar com a crise empresas. mercado. Vale ressaltar que se a empresa

68 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


MERCADO DE TRABALHO

fizer um acordo, ela tem que garantir o do bem comum, promovendo, em sua Reter funcionários
emprego pelo período do acordo acresci- essência, dois valores: a justiça e a con- experientes deixa as
do do mesmo período posteriormente”, fiança. “Respostas à crise atual só podem
empresas mais aptas a
explica Zylberstajn. ser eficazes quando consideradas justas,
Outra Medida Provisória editada e os esforços amplamente compartilha- liderar a recuperação
pelo governo, de nº 927, trata do auxí- dos”, diz a OIT. O diálogo social nem sem- posteriormente
lio emergencial, por vezes denominado pre é fácil, exigindo, geralmente, muito
“corona voucher”. Mais de 50 milhões de esforço e tempo. No entanto, a prática
pessoas já receberam a primeira parcela costuma valer a pena.
do auxílio, dentre as três previstas. “Não Os acordos coletivos, continua o
é muito, mas também não é uma renda organismo internacional, mantêm os
desprezível”, salienta o catedrático, lem- trabalhadores em seus empregos a des-
brando que todos os trabalhadores tam- peito da conjuntura econômica, além de
bém poderão sacar um valor equivalente permitirem que as economias rompam o
ao salário mínimo do FGTS (Fundo de ciclo vicioso de danos à cadeia produtiva.
Garantia do Tempo de Serviço). Trata-se, portanto, de uma abordagem
Juntas, as duas MPs vão atender benéfica para todos. Ao mesmo tempo,
75 milhões de pessoas, um gasto cor- profissionais qualificados são mantidos
respondente a 40% da massa mensal pelas empresas, evitando que as mesmas
de rendimento. “São recursos maciços, tenham que organizar novos processos
suficientes pra atravessar a tempestade seletivos quando a economia se recupe-
mantendo o emprego.” rar. Pelo contrário: ao preservar traba-
Zylberstajn acredita que, num pri- lhadores experientes e qualificados em
meiro momento, muitas empresas demi- seus quadros, estarão mais aptas a liderar
tiram. No entanto, tem havido uma busca o processo de recuperação no pós-crise.
contínua por informação, de forma que Essa postura coletiva, embora ain-
outras opções vêm sendo buscadas. “De- da tímida, começa a ser vista no Brasil,
missão é caro. Não é um mar de rosas, observa Hélio Zylberstajn. “Algumas câ-
mas estamos equipados para resistir no maras de deputados nos estados estão
mercado de trabalho.” cortando salários, abrindo mão de be-
nefícios nesta situação de calamidade.”
Bom para todos Trata-se ainda de uma sementinha, argu-
menta, mas que possibilita, no futuro, a
Tradicionalmente, os exemplos de
cobrança de uma redução permanente.
parceria social vêm de economias com
forte tradição na área. Em tempos de cri-
se, essas sociedades tendem a se unir e
Dados animadores
encontrar, coletivamente, soluções para Por aqui, constata Zylberstajn, o
os problemas que se apresentam. Os in- mercado de trabalho já está sendo forte-
teresses individuais às custas da coletivi- mente afetado. Ele observa que a PNAD
dade costumam ser preteridos em prol móvel (referente aos meses de janeiro,

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 69


MERCADO DE TRABALHO

fevereiro e março) mostrou o crescimen- semprego foram feitos via web. O mesmo
to do desemprego, que já supera 12% ou tem sido observado em relação ao cha-
13 milhões pessoas. A referida edição da mado “corona voucher”. Isso indica que
Pesquisa Nacional por Amostra de Domi- os trabalhadores estão aprendendo rapi-
cílios refere-se sobretudo ao período pré- damente a usar a internet.
-pandemia, com exceção do mês de mar-
ço, quando a crise já estava mais aguda. Volta à normalidade
Nesses três meses, o País perdeu
Cabe aos governos garantir que a vol-
2,3 milhões de ocupações (a PNAD le-
ta à normalidade seja coordenada dentro
vanta ocupação e não empregos, incluin-
das cadeias produtivas e não em setores
do os que trabalham por conta própria),
específicos, advoga Zylberstajn. Na au-
num total de 1,6 milhões de informais e
sência de um planejamento palpável por
700 mil postos com carteira assinada no
parte do governo federal para a retomada
setor privado. O impacto no setor infor-
da normalidade, os estados buscam pre-
mal é natural, diz o Professor, indicando
encher essa lacuna. Diante disso, o futuro
sobretudo perda de ocupação. “No se-
é ainda mais nebuloso, embora haja con-
gundo e terceiro mês pós-Covid vai ter
senso de que o novo normal será muito
explosão de desemprego”, prevê.
Por outro lado, Zylberstajn chama diferente do anterior.

a atenção para a dinâmica do seguro- É cedo para saber quais serão os


-desemprego nesse período. “Nos EUA, contornos do mercado de trabalho no
a média de pedidos pulou de 200 mil Brasil e no exterior no “pós-Covid”. O
para 6 milhões por semana, enquanto, que se sabe é que os tipos de emprego e
no Brasil, entre 1º de março e 15 de as relações trabalhistas, que já vinham
abril, o número foi menor que o mes- mudando, tendem a ser transformadas
mo período do ano passado, ou 50 mil em ritmo acelerado. O uso maciço da
a menos.” internet, o teletrabalho, aulas remotas,
Ele reconhece que há um problema todas essas práticas dificilmente serão
logístico, já que as agências operadas revertidas em sua integralidade.
pelos estados fecharam, com o governo Nesse novo ambiente onde a rela-
estimando um represamento de 200 mil ção de emprego será cada vez mais rara,
novos pedidos. “Ainda assim, teríamos é preciso definir que tipo de proteção o
150 mil a mais ou um aumento de 15%. trabalhador vai precisar, transformando
A primeira percepção é que o choque foi essa necessidade em políticas públicas.
grande, mas não tanto quanto nos EUA”, “É preciso pensar numa proteção para o
A dinâmica do opina, acrescentando que, com o passar mercado, que inclui reciclagem, treina-
seguro-desemprego do tempo, esse “lag” de 200 mil deve de- mento e o desenvolvimento de talentos.
saparecer. Vamos aprender a usar a tecnologia para
e o maior uso da
Outro dado animador, em sua o trabalho.” Também serão necessários
internet são pontos opinião, é que na segunda quinzena de bons serviços de colocação e ajuda do Es-
positivos do momento abril, 90% dos pedidos de seguro-de- tado para transições na carreira.

70 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


MERCADO DE TRABALHO

Os invisíveis pacto de gerações precisa ser preservado, O Estado não deve


Mundo afora, gestores previden- mas não pode ser o único pilar. O teto do seguir o modelo
ciários buscam incessantemente res- INSS é quase três vezes a renda média do
liberal e tampouco
ponder uma série de perguntas sobre o brasileiro. Isso é muito.”
emprego do futuro, afinal, o assunto tem O sistema proposto pela FIPE/USP voltar ao modelo
tudo a ver com o business da Previdência conta ainda com um terceiro pilar capi- intervencionista
Complementar, que nada mais é que a talizado, com previsão de uso do FGTS, e
proteção da renda pós-trabalho. Neste um quarto pilar privado, também de capi-
novo mercado de trabalho, em que vín- talização. Assim, diz Zylberstajn, criar-se-
culos empregatícios serão cada vez mais -ia finalmente um mercado de capitais no
raros, o negócio da Previdência Comple- Brasil para financiar a expansão da infra-
mentar será impactado, uma vez que o estrutura e da produção. “A poupança de
plano de pensão hoje é baseado na folha aposentadoria tem que voltar para a pro-
de salários. Atrair os trabalhadores sem dução via fundos capitalizados. A ideia
vínculo para a previdência é um desafio sempre existiu, mas a prática é diferente.”
a ser enfrentado tanto pelo Estado, como
gestor do sistema público, quanto pelos Estado novo
stakeholders do regime complementar. O Estado brasileiro do futuro resta
A pandemia também trouxe à tona claro, não deve seguir o modelo liberal
uma triste realidade do Brasil: a dos in- e tampouco voltar ao modelo empreen-
visíveis, indivíduos que não constam em dedor, intervencionista. Todavia, a crise
nenhum cadastro oficial, e que se enfi- evidenciou a necessidade de ampliar os
leiraram em frente a agências bancárias instrumentos para combater a pobreza,
para receber o auxílio-emergencial. Para unificando-os. “Chega de benefício, bolsa.
lidar com o problema, o Professor da É preciso haver uma só política, transferir
FEA/USP sugere a instituição de uma de- renda, mas com porta de saída.” Além de
claração anual de cidadania. “Todo brasi- uniformizar e universalizar a transferên-
leiro deve dizer ao governo, uma vez por cia de renda e dar assistência aos pobres,
ano, que existe, ter um CPF. A partir daí completariam o rol de tarefas do novo
pensamos na reformulação da previdên- Estado mais investimentos em educação e
cia pública e complementar.” segurança.
Para o futuro do sistema previden- Nesse debate entram certamente a
ciário, aliás, ele defende o modelo ela- reformulação do Sistema Único de Saúde
borado pela FIPE/USP, composto por um (SUS), redescoberto como fundamental
pilar básico não contributivo universal nos dias de hoje. Para Zylberstajn, um bom
e um segundo pilar de repartição, com- ponto de partida seria a referência do NHS
plementar ao primeiro, mas menos am- britânico. “Precisamos rediscutir uma
bicioso que o atual. Se ambos os pilares nova relação com médicos e enfermeiros,
atenderem à renda média de R$ 2.300 olhar para a Inglaterra. O Primeiro Minis-
mensais, diz o especialista, resolve-se o tro foi tratado na rede pública de lá. Aqui
problema de 80% dos trabalhadores. “O isso não acontece, mas precisa mudar.” ■

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 71


+
Elevados padrões éticos, e de integridade

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Atividades de gestão de recursos buscando sempre as
melhores práticas de governança

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Ações que promovam a transparência nos processos
de governança

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LIÇÕES DA CRISE

RESILIÊNCIA
PERANTE AS
DIFICULDADES

E
Profissionais “ m tempos de incerteza,
como os que estamos vi-
experientes falam vendo, é comum que o
sobre a crise atual abatimento aconteça. Ao mes-
mo tempo deve-se lembrar que,
e como superaram mesmo diante de tanta contra-
situações desafiadoras riedade, surgem exemplos de
resistência bem-sucedida aos
impostas aos males que pareciam incontorná-
planos de pensão veis.” Assim começa um elogia-
do artigo que o Superintendente
ao longo dos anos Geral, Devanir Silva, publicou no
blog da Abrapp recentemente.
Nele, o dirigente fala como a
Previdência Complementar bra-
sileira demonstrou resiliência
ao longo dos anos, atravessando

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 73


LIÇÕES DA CRISE

inúmeras crises que, a despeito

CRISES dos efeitos indesejados, também


contribuíram para seu aprimora-
mento. Hoje, o sistema cumpre
ATRAVÉS DOS ANOS rigorosamente seus compromis-
sos com um nível cada vez maior
de profissionalismo e excelência,
superando, inclusive, o desempe-
nho de sistemas desenvolvidos de
economias de primeiro mundo.
A seguir, trazemos o testemunho
de atores relevantes da indústria,
suas lições do passado e expectati-
vas para o futuro.

“Mar revolto”
Consultor respeitado, Sílvio
Rangel foi dirigente de fundo de
pensão entre 1997 e 2018, tendo
atravessado diversas crises nesse
período, cada qual com caracte-
rísticas próprias que demandaram
reflexões e decisões adequadas,
diz ele.
Crise da Ásia, crise russa,
atentado das torres gêmeas, crise
argentina, do subprime, crise da
dívida na Europa, foram muitas
as dificuldades ao longo desses
vinte anos como gestor. Mas ele
se recorda, em especial, das pri-
meiras experiências desafiadoras
que teve em 1997 e 1998, quando
a então Bovespa acionou o “circuit
breaker” diversas vezes. “Elas
impactaram a minha forma de
abordar e enfrentar os riscos, e
despertaram minha necessidade
de estudo e pesquisa acadêmica
na área.”

74 || PREVIDÊNCIA
74 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020
LIÇÕES DA CRISE

Estudos incluíram um MBA, “Em mar revolto, olhar Crise de imagem


a compreensão e aplicação de mo- para as ondas dá enjoo. Desde que entrou no sistema,
delos quantitativos de avaliação de
Precisamos olhar para o em 1996, José Ribeiro Pena Neto
risco e seleção de fundos. “Poste-
vivenciou diversas crises econô-
riormente passei a me interessar horizonte para aguentar os
micas, sendo a mais significativa,
pelo risco sob outra perspectiva, solavancos do mercado” em sua opinião, a de 2008. “A crise
filosófica e jurídica, e acabei pu-
de 2008, de dimensão internacio-
blicando um livro em 2010 que
nal, foi a mais séria, pois provo-
aborda a questão previdenciária
cou grande abalo no mercado
sob a ótica da Sociedade de Risco.” financeiro, atingindo em cheio os
Rangel tem a percepção que ciplina em relação à estratégia de
ativos dos fundos de pensão.”
cada fundação tende a ser afetada investimentos de longo prazo.
Ele também se recorda de
de forma diversa pelas dificulda- “Navegando em um mar re-
problemas específicos - e igual-
des que se apresentam, seja pelas volto, olhar para as ondas dá en-
mente relevantes - que impacta-
diferenças da alocação de ativos joo. Precisamos olhar para o hori-
ram especificamente o segmento,
zonte para aguentar os solavancos
que integram suas carteiras, seja como a crise de imagem que vi-
das ondas do mercado que afetam
em função de seus processos e veu a Previdência Complementar
nosso barco”, ilustra Rangel, refe-
governança. Mas, de forma geral, Fechada há cerca de cinco anos,
rindo-se à maneira como a falta
o sistema vem evoluindo a cada com a chamada CPI dos fundos de
de informação e de tranquilidade
crise, subindo um degrau a mais pensão e seus desdobramentos.
pode levar a reações passionais,
na qualidade e profissionalismo “Apesar de se referir a casos pon-
gerando prejuízo para a entidade.
da gestão. Prova disso são os re- tuais, acabou prejudicando nossa
“Informação, técnica e tranquili-
sultados consolidados do siste- imagem perante a sociedade e os
dade são elementos importantes
ma, cujos níveis de solvência são nossos participantes”, lamenta.
em qualquer crise”, complementa.
mais elevados do que em grande Para lidar com as adversida-
A situação atual adquire di-
parte do mundo. “Construímos des daquele período, ele destaca a
mensões inéditas, com repercus-
regras inteligentes e flexíveis que reformulação da área de comuni-
sões ainda difíceis de mensurar.
se adaptam a diferentes cenários, “Mas, como em toda crise, opor- cação da Abrapp, que empreendeu
de forma anticíclica, no que pode tunidades surgem, e ainda que o notável esforço junto à sociedade
ser uma referência para outros foco atual seja na gestão dos ris- e aos formadores de opinião, e in-
países.” cos, é importante que os gestores teragiu com os Poderes Executivo
O especialista observa que, estejam abertos para perceber e Legislativo, buscando evidenciar
em momentos como o atual, a oportunidades e diversificar mais a seriedade do sistema e o caráter
disponibilidade de informação suas carteiras.” Ampliar o leque de atípico dos desvios, considerados
e de ferramentas de análise e si- segmentos de investimentos elegí- pontos fora da curva. Concomitan-
mulação se mostram essenciais veis, no Brasil e no exterior, pode temente, de maneira individual,
para um diagnóstico correto do ser um elemento relevante para a cada entidade procurou agir junto
impacto, levando à adoção de me- gestão do risco. “Esse talvez seja o ao seu público-alvo para compro-
didas proporcionais e adequadas. grande aprendizado do momen- var a boa gestão dos recursos dos
Também é muito importante a dis- to”, pondera. participantes.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 75


LIÇÕES DA CRISE

Nas crises financeiras, a re- do os seus efeitos de longo prazo, lembro que a folha de pagamen-
cuperação dos fundos de pensão ao mesmo tempo em que se evita to de muitas patrocinadoras foi
se deu graças a uma alocação de medidas que no curto prazo pare- viabilizada através desse procedi-
recursos adequada e ao foco no çam adequadas, mas que podem mento.”
longo prazo, preservando-se a vir a causar efeitos indesejados Na crise de 2008, as fun-
solvência e evitando-se manobras e de difícil recuperação em hori- dações procuraram investir em
precipitadas. “As entidades esta- zontes mais longos. “Parece-me comunicação, intensificando o
vam muito mais concentradas em que, nesta crise, a tarefa dos di- engajamento com participantes e
papéis de renda fixa, especial- rigentes de fundos de pensão seja assistidos. “Transparência, clare-
mente títulos públicos, com ven- menos difícil do que a de quem za da situação e proatividade fo-
cimentos longos, casados com está à frente das demais empre- ram as marcas registradas daquela
seu passivo atuarial”, comenta sas, que tem de tomar decisões época”, lembra Sernache.
Pena Neto, que já presidiu a emergenciais sem saber exata- Ele destaca ainda que a atu-
Abrapp. No entanto, nenhuma si- mente as consequências. Temos o ação dos órgãos de regulação e
tuação anterior chega próxima da fator tempo a nosso favor.” supervisão, ao longo dos anos,
atual, diz ele, definindo-a como teve papel fundamental. “Penso
uma crise sanitária que abala o Papel do regulador que a agilidade do órgão regula-
mundo com graves consequên- dor na emissão de normas que
Para o consultor Felinto Ser-
cias econômicas e sociais.  destravaram potenciais impedi-
“Num negócio de longo nache, além da crise financeira de mentos normativos foi crucial
prazo como é a previdência ca- 2008, outro momento particular- para o enfrentamento das crises.”
pitalizada, sempre haverá altos mente desafiador para a Previdên- Isso permitiu que a governança
e baixos. Claro que esses baixos cia Complementar foi a crise de das fundações tivesse um cami-
às vezes são muito baixos, são as liquidez do Plano Collor, na qual nho seguro a ser percorrido, diz
crises. Foi fundamental manter as fundações tiveram papel funda- Sernache. “Além disso, a transpa-
o foco no longo prazo”, reafir- mental. “Naquela ocasião existia rência na comunicação com par-
ma. Todavia, como a atual crise é uma possibilidade na legislação ticipantes e assistidos foi funda-
mais grave e o sistema está cada que facultava às Entidades Fecha- mental para a travessia daqueles
vez mais voltado para os planos das a concessão de empréstimo de momentos difíceis.”
de Contribuição Definida (CD), recursos às patrocinadoras. Me Dada a relevância de uma
cujo saldo da conta individual é regulação adequada, em sincro-
checado pelo participante com nia com os desafios que se apre-
maior frequência, abordagens sentam hoje, é que as entidades
anteriores podem não funcionar esperam ações imediatas do Con-
ou serem mais difíceis de aplicar. selho Nacional de Previdência
Opinião de consenso, a cha- A atuação dos órgãos Complementar (CNPC) que facili-
ve, para Pena Neto, nesse momen- de regulação e tem a liberação do fluxo de caixa
to, é evitar precipitação. Afinal, o de patrocinadores, participantes
supervisão teve papel
fato de gerir um negócio de longo e assistidos, assinala o especialis-
prazo permite ao sistema tomar fundamental nas diversas ta. “Não dá para conviver com os
decisões mais pensadas, avalian- crises enfrentadas adiamentos sucessivos das reu-

76 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


LIÇÕES DA CRISE

niões do órgão. Enquanto isso, já A resiliência dos fundos Outro fator importantíssi-
temos milhares de trabalhadores de pensão deve-se a mo, a seu ver, é a boa governança
e aposentados com impacto finan- corporativa. “A relação entre os
estratégias de investimentos
ceiro nas suas rendas.” colegiados, com segurança, con-
Aos gestores das fundações, bem definidas e coerentes fiança e rapidez na comunicação
Sernache recomenda a adoção com as curvas do passivo e tomada de decisão, podem ser
de medidas de curto prazo que determinantes para um bom re-
possibilitem uma travessia me- sultado. É o momento em que
nos turbulenta nos próximos todos precisam olhar na mesma
três meses, sempre “com ênfase direção.” Ela sublinha ainda a
na comunicação e proatividade determinam o tamanho do impac- dinâmica com que o órgão regu-
junto a participantes, assistidos e to”, salienta Pozzi. Ainda assim, lador e a Abrapp sempre atuaram
pensionistas”. levando em conta os resultados nesses momentos, seja ajustando
anuais obtidos pelas entidades em as exigências ao novo cenário,
Timing adequado comparação às metas atuariais e seja orientando e apoiando os
benchmarks, de maneira geral, diz gestores das fundações.
No período em que vem atu-
ela, o sistema foi exitoso. Na situação atual, Pozzi re-
ando no sistema de Previdência
“Importante ressaltar, entre- comenda cautela e celeridade
Complementar, Nélia Pozzi en-
tanto, que não devemos nos ater a a fim de que não se perca o “ti-
frentou crises relevantes, com
uma análise limitada aos anos de ming” dos acontecimentos e
impactos diretos e indiretos no crise, sob pena de tirarmos con- medidas reativas. A revisão das
trabalho e nos resultados das clusões equivocadas”, avalia. Afi- políticas de investimento sob a
EFPCs. “Posso citar, como exem- nal, se a estratégia de investimen- perspectiva de um mercado que
plo, a crise da moratória da Rússia tos é de longo prazo, é importante terá que se adaptar a um mun-
em 1998, a maxidesvalorização do ampliar o período de análise. Des-
do diferente, e o cuidado com a
Real em 1999, o estouro da bolha sa forma, ainda que no epicentro
comunicação com seus partici-
da Nasdaq em 2000, o subprime da crise uma fundação tenha um
pantes, que também sairão dife-
em 2008, e a atual, sem qualquer resultado abaixo da meta, no exer-
rentes desse processo, requerem
parâmetro, da Covid-19”, relata a cício seguinte ela pode recuperar e
atenção especial. “É preciso es-
ex-Presidente do Sindapp. até mesmo superar os parâmetros
tar aberto para rever conceitos
Em sua opinião, as fundações estabelecidos.
e flexível para mudar no que for
brasileiras se saíram razoavelmen- Pozzi atribui a resiliência dos
necessário. O que era verdade ab-
te bem dessas crises, principal- fundos de pensão brasileiros a es-
soluta ontem pode não valer mais
mente se comparadas a entidades tratégias de investimentos muito
para amanhã”, conclui.
americanas e europeias. “Eviden- bem definidas e coerentes com o
temente, os efeitos não foram ou perfil dos planos e curvas do pas-
são homogêneos mesmo se focar- sivo. “Isso é que permite a visão
Números não mentem
mos só nas fundações brasileiras, de longo prazo e dá aos gestores a Ao longo dos anos e a despeito
uma vez que temos uma diversi- condição de tomar decisões acer- das dificuldades, o sistema fecha-
dade grande de porte, planos e tadas nos momentos de stress do do de Previdência Complementar
políticas de investimentos, que mercado.” brasileiro demonstrou resiliência,

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 77


LIÇÕES DA CRISE

lembra o Superintendente Geral da 1,64%, foi o único momento que penho negativo da ordem de 20%.
Abrapp, Devanir Silva. “A crise do isso ocorreu.” No mesmo período, A resiliência do setor em tempos
subprime de 2008, quando o sistema salienta, os fundos de pensão de de crise está refletida no gráfico a
teve uma rentabilidade negativa de outros países registraram desem- seguir.

RENTABILIDADE ESTIMADA
1995 à 2010

* Taxa Atuarial (TMA) e Taxa de Juros Padrão (TJP)


Fonte: Abrapp

“O que a gente percebe em gica com foco sempre no duration muito equilíbrio e maturidade no
todas as situações é que elas foram dos planos são alguns dos fatores encaminhamento dessa questão.”
absorvidas no momento ou supe- que contribuíram para esse resul- Segundo o dirigente, novas
radas em seguida”, ressalta Silva, tado. Uma legislação orientadora mídias e formas de comunicação,
referindo-se especificamente a para a diversificação, comunicação bem como o uso intensivo da tec-
2009, ano “pós-crise” em que o sis- e engajamento com os participan- nologia que vem sendo praticado,
tema atingiu quase que o dobro da tes, além da sensibilidade por parte a exemplo da célere adoção do te-
necessidade de rentabilidade com- da supervisão completam o rol de letrabalho por muitas entidades,
parada à meta atuarial. atribuições. “Esses pontos foram e constituem aprendizados impor-
Visão de longo prazo, equipes serão fundamentais para mais uma tantes. “A minha visão é de que mais
qualificadas, gestores e consultores vez sairmos vitoriosos e seguirmos uma vez daremos prova de compe-
de alto nível, manutenção de políti- adiante. É um momento sério, gra- tência, serenidade. Esse momento
cas de investimento e visão estraté- ve, mas o sistema tem mostrado será superado com sucesso.” ■

78 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


OPINIÃO

ADACIR REIS Falta de entrosamento

A PROTEÇÃO
Vivemos agora uma crise mui-
to diferente das anteriores, pela
sua própria natureza e pela inten-

DO DEVER FIDUCIÁRIO
sidade dos seus efeitos. Em 2008,
com a crise financeira que atingiu
o mundo, as diversas forças inter-
O dever fiduciário das Entidades Fechadas de Previdência nacionais agiram e conseguiram
Complementar deve ser valorizado no diálogo com os demais apresentar uma grande articula-
ção. Agora, há uma expressiva di-
atores do sistema, incluindo empresas patrocinadoras, para
ferença no nível de entrosamento
que as eventuais iniciativas de alívio diante do impacto dos países e, ao mesmo tempo,
da atual crise sejam definidas em condição de igualdade. maior grau de interdependência,
A avaliação é do advogado Adacir Reis, ex-Secretário de o que produz efeitos muito maio-
res sobre a saúde e a economia.
Previdência Complementar e Presidente do Instituto San
Teremos que enfrentar um perío-
Tiago Dantas de Direito e Economia. A situação é séria, e seus do equivalente a um “pós-guerra”,
efeitos irão perdurar, pontua. A seguir, Reis compartilha alguns mas falta, para isso, uma avaliação
pontos de vista sobre a crise atual e seus desdobramentos. adequada dos organismos e fóruns
internacionais.

Inquietação do discurso
No Brasil, sentimos a ausência de entro-
samento até mesmo entre os entes federados Avaliação cuidadosa
na área da saúde, para o combate à pandemia, O sistema de Previdência Complementar Fechada,
assim como na economia. O que significa que fortemente heterogêneo nas suas características, por-
a crise será ainda mais dolorosa. Há muita in- tes e necessidades das diversas entidades, terá que
quietação no discurso de quem lidera a eco- olhar com cuidado especial para essa conjuntura. A
nomia e demonstra a intenção de retomar, heterogeneidade revela diferenças grandes de acordo
a partir de 2021, a agenda de reformas e de com o número e tipo de planos, de participantes, etc.
austeridade fiscal. Inquieta porque sabemos Nos planos de Contribuição Definida (CD), por exem-
que a bíblia de Milton Friedman, que pauta plo, há maior flexibilidade, mas não é tão simples falar
essa agenda, terá que ser deixada de lado em reduzir contribuições ou suspender pagamentos
para ser substituída pela volta das ideias de de empréstimos, entre outras possibilidades que en-
Keynes. A previsão é que o mundo viva uma traram em debate no Conselho Nacional da Previdên-
depressão econômica; no Brasil, terminamos cia Complementar (CNPC). Essa avaliação precisa ser
2019 com um crescimento de apenas 1,1% do cuidadosa porque o impacto da crise não será o de um
PIB, antes, portanto, do início da pandemia. meteoro, que vem, faz seu estrago e passa. O impacto
Agora, com o dólar acima de cinco reais, há vai perdurar por um bom tempo, e suas consequências
um agravamento da situação. atingirão a todos.

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 79


OPINIÃO | ADACIR REIS

Balizamentos e critérios
Distribuição dos impactos
Será necessário ter uma Resolução que traga al-
É preciso considerar que as patrocinadoras dos pla- guns balizamentos e critérios básicos para que, em
nos de benefícios também são bastante heterogêneas; seguida, as decisões sejam tomadas pelas instân-
há empresas que até crescerão por conta da crise, de- cias de governança das EFPCs e acompanhadas pela
pendendo do seu setor de atividade, enquanto outras supervisão, porque a saída dessa crise não será ho-
poderão sucumbir. Essa é, aliás, a história das crises, o mogênea. Ela terá idas e vindas de acordo com o com-
que torna difícil lidar com essas diferenças. Entre as portamento da pandemia. Isso inclui definir critérios
patrocinadoras, há empresas estatais, mas também que levem em conta o nível de liquidez e de maturi-
há empresas privadas de grande porte, multinacionais dade dos planos, como será a gestão de seus investi-
grandes, médias e pequenas. Temos que avaliar como mentos, performance e perfil dos ativos garantidores.
se encontram os planos, estudar alguma flexibilização
Não se pode sair correndo para vender ati-
nas regras para equacionamento de déficits e de apro-
vos, mas, se um plano for obrigado a fazer isso por
veitamento dos superávits, aí com muita parcimônia.
questões de liquidez, o CNPC terá que estabelecer
Nos planos BD, por exemplo, talvez seja possível
parâmetros. É importante, porém, deixar as EFPCs
flexibilizar o tratamento de déficits e o CNPC poderia
definirem como cada uma irá “calçar esse sapato”.
estudar algumas possibilidades nesse sentido, mas é
As medidas terão que ser avaliadas caso a caso de
preciso olhar tanto da parte da supervisão do sistema
modo que os atos do órgão regulador sejam adap-
quanto das EFPCs, definindo critérios passo a passo
tados pelas instâncias decisórias e sob a supervisão
para identificar e atingir quem realmente precisa.
da Previc. Esses são atos complexos que envolvem
vários atores, sempre respeitando a razão previden-
ciária e considerando os casos dos patrocinadores
Gestão de expectativas que tiverem, de fato, razões objetivas e reais para
Os planos CD eram vistos como um complemento adotar as medidas.
dos benefícios previdenciários básicos, mas, com as É importante que as entidades não sejam “alvos
novas regras adotadas para a previdência pública, es- automáticos” nem os atores mais complacentes num
ses benefícios foram reduzidos, havendo uma respon- leque amplo de stakeholders. Elas devem se colocar
sabilidade maior nessa complementação. Isso pode em posição de igualdade, cientes de seu dever fidu-
causar uma decepção entre os participantes desses ciário. Além disso, é fundamental que qualquer deci-
planos, caso eles sejam transformados no “alvo único” são para eventuais suspensões de contribuições ou
das medidas de alívio. Pode até haver medidas que outras medidas sejam dialogadas. Os integrantes dos
flexibilizem contribuições, entre outras, mas o plano órgãos estatutários das EFPCs devem seguir a refe-
CD não pode virar o destinatário de todos os sacrifí- rência de seu dever fiduciário diante da patrocinado-
cios. Será preciso analisar o assunto com muito cuida- ra, com uma posição bem fundamentada em relação
do para evitar uma decepção generalizada. aos seus atos do ponto de vista de gestores.

Riscos jurídicos
Um dos principais cuidados diante do atual quadro está no risco cibernético, um risco colateral que exige atenção
ainda maior às medidas de segurança no manuseio de informações, arquivamento de dados e outros. A adequação
das entidades à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) ganha maior importância agora. A esse respeito, vale a pena
ler autores que tratam do assunto das guerras modernas, que são cibernéticas, como Niall Ferguson (segundo o
qual a inteligência artificial e a computação quântica equivalem às “armas nucleares” da guerra fria moderna). Para
as EFPCs, a gestão de informações sob seus cuidados exige atenção especial. Temas de inteligência artificial nas
relações de emprego, proteção de dados e fluxos financeiros, terrorismo cibernético, entre outros temas, serão cada
vez mais essenciais num mundo conectado e digitalmente integrado.

80 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


IDOSOS

RETRATO DOS
IDOSOS
NO PAÍS

S
Com renda estável, e, por um lado, as pessoas com
idade superior a 65 anos são mais
pessoas acima vulneráveis à pandemia do novo
de 65 anos são Coronavírus, por outro, elas podem ser
as mais beneficiadas com as medidas
mais facilmente implementadas pelas autoridades sanitá-
alcançadas rias para reduzir a propagação da doen-
ça no Brasil. É o que aponta a pesquisa
pelos planos de “Onde Estão os Idosos? Conhecimento
contingência contra sobre o Covid-19”, lançada em meados de
abril pelo Centro de Políticas Sociais da
o Coronavírus Fundação Getúlio Vargas - o FGV Social.
Isso tem explicação na rede de pro-
teção social oferecida aos idosos no País,
impulsionada sobretudo pelo sistema de
previdência social, explica o economis-
ta Marcelo Neri, do Centro de Políticas
Sociais da FGV (FGV Social). Com renda
estável, as pessoas com mais de 65 anos
podem ser mais facilmente alcançadas

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 81


IDOSOS

pelos planos de contingência contra maior probabilidade de emergi- um grupo extremamente visível do
o Coronavírus, que têm como base rem: 70,51% cruzaram esse estado ponto de vista de políticas públi-
primeira o isolamento social como crítico no período de um ano con- cas, pelas vias da aposentadoria, do
forma de reduzir a curva de contá- tra 28,77% da média registrada na BPC e da Previdência Complemen-
gio da doença. população em geral. tar. Temos como constatar e saber
Realizado com dados de “A probabilidade de um ido- quem são, diferente dos informais,
recente Pesquisa Nacional por so entrar na pobreza é menor em do Bolsa Família e do Cadastro Úni-
Amostra de Domicílios Contínua mais de um terço do que a média co”, ressalta.
do Instituto Brasileiro de Geográ- da população. E uma vez na pobre-
fica e Estatística (IBGE), o estudo za, a probabilidade de sair dela é, Comunicação é desafio
mostra que a população com mais mais ou menos, três vezes maior.
Se a estabilidade é um fator
de 65 anos no País cresceu 20% en- Então, é um grupo, do ponto de
que pode contribuir para o êxito das
tre 2012 e 2018, quando passou a vista econômico, que tem certa
proteção”, explica Marcelo Neri. medidas que visam mitigar os efei-
representar 10,53% do total de bra-
Para o economista, esse cenário tos do Coronavírus junto aos idosos,
sileiros. O levantamento mostra
tem justificativa no que classifica a falta de escolaridade e pouco aces-
que a maioria dos idosos é do sexo
como abrangente rede de proteção so à tecnologia podem dificultar a
feminino, amarelos ou brancos.
social. Segundo o estudo, 59,64% sua conscientização sobre a impor-
Os idosos brasileiros são mais
são aposentados da previdência tância de aderirem às recomenda-
abastados: representam 17,44%
dos mais ricos e apenas 1,67% dos social, e outros 44,78% recebem o ções das autoridades sanitárias.
mais pobres. Na divisão por clas- Benefício de Prestação Continuada O estudo do FGV Social mos-
ses, compõem 15,54% dentre aque- (BPC). Somente 0,89% são benefi- tra que a taxa de idosos entre os
les que pertencem aos estratos A e ciários do Bolsa Família, que paga poucos escolarizados costuma ser
B da sociedade, e 13,7% dentre os R$ 191 por núcleo familiar, valor maior que a média da população.
que integram a camada C. Apenas cinco vezes menor que o do BPC, Das pessoas com mais de 65 anos,
1,4% das pessoas com mais de 65 por exemplo. 16,6% têm entre um a três anos de
anos estão na classe E. Na avaliação de Neri, a maior estudo apenas. Esse índice, no en-
A desigualdade de renda per parte dos idosos está efetivamente tanto, cai abruptamente para 5,8%
capita entre os idosos é 10% menor. bem protegida e tem renda aci- entre os mais escolarizados – ou
O grupo também está menos ex- ma da média. Essa estabilidade seja, aqueles com 11 anos ou mais
posto à pobreza: são apenas 2,37% pode facilitar o desenvolvimento de estudo. Apenas 10% têm nível
os que se encontram nesse extrato de ações para mitigar os efeitos superior completo. Já o percentual
social contra 11,5% da média regis- da Covid-19 junto a esse grupo. “É de analfabetos é alto, chegando a
trada entre a população em geral. 30%. “Idosos têm 3,3 anos de estu-
De acordo com a pesquisa, os ido- do completos a menos que a mé-
sos não pobres registravam apenas dia”, frisa Marcelo Neri.
1,58% de chance de descer a esse A taxa de idosos é maior entre
patamar - índice bem menor que A desigualdade e a aqueles que têm imóvel próprio.
a média da população, de 5,6%. Porém, dentre os brasileiros sem
pobreza entre os mais
De forma oposta, as pessoas com internet em casa, eles são 22,47%.
mais de 65 anos que se encontram velhos são menores que Ainda de acordo com o estudo,
em situação de pobreza registram na população em geral 12% das pessoas com mais de 65

82 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


IDOSOS

anos têm TV com antena, enquanto “Cada um de nós é gestor Segundo a Organização Mun-
10,22% são assinantes de TV a cabo. dial da Saúde (OMS), os idosos es-
de política pública no
Outro fator que preocupa tão mais propensos a desenvolver
é o fato de o idoso brasileiro cor-
dia a dia. Temos que um quadro severo de Covid-19 e
responder, em 19,3% dos casos, cuidar do próximo” detêm taxas maiores de letalidade
à pessoa de referência ou chefe ao adquirir a doença. Para Marce-
de domicílio. Boa parte deles são lo Neri, identificar e localizar es-
avó e avô (91,5%), assim como so- sas pessoas é imprescindível para
gros e sogras (69%) ou pais e mães a elaboração das medidas para
(61,2%). Por outro lado, residên- com 13,06% do total. Na sequência conter a disseminação do vírus,
cias com pessoas acima de 65 anos estão o Rio Grande do Sul (12,95%), principalmente diante do fato de
têm, em 25,6% dos casos, menor São Paulo (11,27%) e Minas Gerais não se saber por quanto tempo
número de moradores que a média (11,19%). Na lista das unidades mais a pandemia irá durar.
geral. De acordo com a pesquisa, da federação com menos idosos, Por esse motivo, a Pesquisa
esses dados apontam uma dificul- destacam-se o Pará (7,7%), Acre “Onde Estão os Idosos? Conhe-
(6,9%), Amazonas (6,7%), Ama- cimento contra o Covid-19” terá
dade para o cumprimento da polí-
pá (5,75%) e Roraima (5,26%). desdobramento. A próxima eta-
tica de isolamento social.
No ranking das cidades, a capital pa irá detalhar o perfil de quem
Para Neri, a comunicação
fluminense é a que detém maior reside com as pessoas que têm
mais analógica, simples e direta,
percentual - 14,5% no total, segui- mais de 65 anos de idade. “Esta-
parece ser a melhor estratégia de
da por Porto Alegre, com 14%. mos analisando quem mora com
comunicação a ser adotada junto
No mundo, os países mais os idosos para entendermos me-
aos idosos, principalmente nesse
ricos são os que registram um nú- lhor o desenho da política de iso-
período de pandemia, inclusive
mero maior de idosos. O Japão é a lamento social. Estamos olhando
pelas entidades de previdência. O
nação com mais habitantes na ter- também para a questão das co-
acolhimento também é importante.
ceira idade - 28,4% no total. Em se- morbidades, como diabetes, hi-
“As ações de acolhimen-
guida, estão Itália (23,3%), Portugal pertensão e problemas cardíacos
to e de cunho psicológico, que
(22,77%), Finlândia (22,55%) e Gré- e pulmonares, que afetam esse e
transmitam cuidado aos idosos
cia (22,28%). O número de idosos outros grupos mais vulneráveis
que muitas vezes estão sozinhos,
é menor no continente africano, ao Covid-19.”
podem motivar. Aproximar mais
Oriente Médio e sudoeste asiático. O objetivo, argumenta Neri, é
os idosos é uma vertente interes-
Nessa lista destacam-se os Emira- oferecer informações à sociedade,
sante, assim como fazer com que
dos Árabes Unidos (1,26%), Catar com o maior detalhamento possível
interajam com outras gerações”,
(1,69%), Uganda (1,99%), Zâmbia e na mesma escala dos dados inter-
sugere o economista.
(2,13%) e Angola (2,19%). nacionais. “Cada um de nós é gestor
No ranking global, o Brasil de política pública no dia a dia, no
Distribuição geográfica se encontra em uma categoria sentido de que temos que cuidar do
Segundo projeção para 2020 intermediária, ocupando a 122ª nosso próximo. E, para isso, infor-
apresentada na pesquisa do FGV posição, com 9,59% de idosos. Na mação é ingrediente importante”,
Social, o Rio de Janeiro ocupa o América do Sul, o Uruguai é o país finaliza o economista. A íntegra
primeiro lugar dentre os estados com maior proporção, ou 15,9% da da pesquisa está disponível no link
que têm mais residentes idosos, população. www.fgv.br/fgvsocial/covidage. ■

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 83


POUPANÇA PREVIDENCIÁRIA

O DESAFIO
DA POUPANÇA E DO
INVESTIMENTO
Crise traz a rediscussão

U
ma preocupação cen-
tral dos economistas e
do Estado como indutor de
investidores é saber o investimentos privados e
que se desenha no período pós-
-pandemia para a atividade eco-
poupança de longo prazo
nômica e condições de renda
da população brasileira. A crise
deflagrada pela Covid-19 anteci- Nesse contexto, é prová-
pa a premência para que o Bra- vel que muito dos antigos em-
sil resolva o desafio do número pregados, que agora se tornam
crescente de trabalhadores que desempregados, também se
não têm emprego e, com isso, transformem em trabalhadores
ficam sem acesso à previdência independentes, como já ocorreu
social e à proteção trabalhis- na recessão de 2014. “Por isso
ta, aponta o economista José será urgente repensar as rela-
Roberto Afonso, especialista em ções sociais e econômicas, não
finanças públicas e pesquisador apenas trabalhistas. Dentre as
do IBRE-FGV. mudanças, é preciso estimular

84 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


POUPANÇA PREVIDENCIÁRIA

a formação particular de poupança rio global transformado e, em par- aumentará, rápida e fortemente,
previdenciária para assegurar pro- ticular, no ambiente doméstico a poupança daqueles que conse-
teção não só na velhice, como tam- brasileiro, estão ligados ao inves- guiram preservar suas rendas.”
bém em infortúnios como agora”, timento público, mas, se possível, É claro, entretanto, que haverá
pondera Afonso. com financiamento e gestão pri- também o efeito adverso dos que
Consultor do Projeto de Lei vados, avalia Afonso. E não apenas perderam emprego e renda, mui-
de Proteção ao Poupador Previ- em parceria, como também em tos dos quais, inclusive, precisarão
denciário elaborado pela Abrapp, concessão. “Esse é um caminho recorrer à despoupança.
o economista lembra que esse tipo unânime para reconstruir a eco- Ainda não se tem uma avalia-
de legislação poderá ter efeitos nomia brasileira, o que exige esti- ção do efeito líquido dessas duas
positivos sobre a formação de pou- mular a formação de poupança e tendências, diz o pesquisador, mas
pança de longo prazo. Para isso, novos mecanismos de crédito que ele desconfia que possa ser positi-
porém, é necessário garantir a sua passem muito mais pelo mercado vo. “Como a preocupação com o fu-
aplicação efetiva. Antes de tudo, de capitais do que apenas pelo turo deve entrar no radar das novas
diz, a lei deve trazer o símbolo de sistema bancário tradicional.” O gerações, tende a melhorar a pro-
que o Estado se preocupa, estimula formato é importante não só por pensão para se poupar visando as-
e protege a poupança, particular- razões sociais, mas também como segurar um mínimo padrão de vida
mente a previdenciária, que é lon- condição necessária para a saí- depois que se pare de trabalhar.”
ga e voltada para assegurar renda da da crise, o que significa que a Como consequência da pande-
no futuro e na hora da adversidade. poupança previdenciária precisa mia, pode-se esperar no futuro uma
“Importante agora é debater seus ser mais e melhor estimulada no redução do consumo excessivo e au-
princípios e principais medidas a Brasil. mento da poupança previdenciária,
fim de se construir o apoio social Os impactos da conjuntu- valorizando o papel da Previdência
e popular para que o projeto pos- ra econômica sobre os níveis de Complementar, reforça o professor
sa ser apresentado e aprovado no poupança nacional em geral, e Sérgio Vale, Economista-Chefe da
Congresso Nacional.” da poupança previdenciária, em consultoria MB Associados. Nesse
Uma questão central colocada particular, deverão ocorrer de ma- horizonte, caberá aos fundos de
pela atual crise, apontam analistas, neiras distintas segundo Afonso. pensão, mais do que nunca, pensar
será a rediscussão do papel do Esta- “Pelas peculiaridades dessa crise, em investir no mercado de capitais,
do como indutor de investimentos com o confinamento que reduz o selecionando as empresas que de-
em setores fundamentais, como nível de consumo, em princípio verão ser beneficiadas.
infraestrutura, saúde, educação e O setor agro será um vetor de
outros. Cresce a percepção de que crescimento este ano, mas é pre-
surgirá, junto com o fim da pan- ciso trazer novas empresas para
demia, um debate renovado sobre que o mercado se desenvolva e a
o tema, bem como o início de um A reconstrução da economia não precise recorrer ao
novo pensamento sobre o papel do economia requer financiamento pelo BNDES, acre-
Estado como indutor da poupança dita Vale. Tudo o que acontece no
mais crédito via
de longo prazo. momento vai atrasar esse proces-
Os vetores para aumento do mercado de capitais so, mas, segundo o economista,
investimento privado nesse cená- do que bancos o Brasil do juro baixo e do mer-

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 85


POUPANÇA PREVIDENCIÁRIA

cado de capitais é o que faz mais Para produzir superávit tores de incerteza”, avalia o Econo-
sentido. Isso significa que a crise primário, o País mista-Chefe do Santander no país,
não deverá matar o processo de Maurício Oreng.
formação de poupança de longo
precisará avançar
Em sua opinião, é necessário
prazo, ao contrário, o conceito de nas privatizações retomar a discussão sobre as refor-
poupança permanece, com condi- e concessões mas tanto para manter o teto de gas-
ções de crescer intensamente nos tos quanto para estimular mais o in-
próximos anos. “Por um tempo, o vestimento privado. Ele lembra que
poupador médio manterá a aver- o Brasil vai sair da crise com efeitos
são ao risco, mas, para os grandes muito adversos sobre as finanças
investidores, não há outra saída a do mais claros. “A depreciação dos das empresas, dos consumidores e
não ser no mercado de capitais.” ativos atingiu tanto as entidades do governo, e que a queda de 9,1%
abertas quanto as fechadas, mas na atividade industrial de março,
Longo prazo esse é um investidor com perfil de divulgada pelo IBGE em abril, pode
Neste ano, o crescimento de longo prazo e não vimos grandes re- ser apenas a ponta do iceberg.
2% do PIB brasileiro virou uma tiradas de recursos, apenas consul- “Os níveis de endividamento
queda que tem sido calculada, tas para compreender a situação.” serão bem mais altos, e precisamos
até meados de maio, em torno de A crise trouxe ainda a chance lembrar que antes da pandemia o
4,5%. A Selic foi cortada para 3%, para as fundações rechearem suas Brasil estava em ciclo frágil de re-
e a projeção do IPCA, por conta da carteiras com papéis do Tesouro cuperação, o que só foi agravado
baixa atividade econômica, sofreu a taxas superiores, complementa. nos últimos meses.” Nesse am-
redução de 3,70% para 2%, estima o “Nesses dois meses, as entidades biente, o arcabouço fiscal e mone-
Vice-Presidente de Investimentos, fechadas e as abertas conseguiram tário precisa ser crível, diz Oreng.
Vida e Previdência da SulAmérica montar posições vantajosas em títu- Isso exige a compreensão de que
Investimentos, Marcelo Mello. O los públicos de vencimento longo, a situação é temporária e que, em
aumento projetado pela instituição fazendo um match perfeito para 2021, será preciso focar em refor-
para a dívida pública em relação quem tinha passivo mais desafiador mas e consolidação fiscal.
ao PIB, que sai de 75% para 87%, O grande debate dos próxi-
frente às metas”, observa Mello.
sinaliza um necessário ajuste fiscal mos anos será como produzir su-
lá na frente. perávit primário, e é importante
Ponta do iceberg
Para o mercado de Previdên- que o País avance nas privatizações
cia Complementar, a SulAmérica Enquanto o Brasil ainda vive a e concessões, analisa Sérgio Vale.
leva em conta a projeção maior de escalada para o pico da pandemia, A crise atual suspendeu essa dis-
desemprego, de 11,6 % para 14,5%, outros países que já passaram por cussão, mas, ao mesmo tempo,
o que prejudica a adesão de novos isso lutam para evitar segundas on- trouxe à tona a questão do Estado
entrantes aos planos previdenciá- das de contágio e iluminar as pers- eficaz, que investe em educação e
rios este ano. Mas o pânico inicial pectivas do cenário econômico. “É saúde, em contraposição ao Esta-
dos mercados começa a ser substi- difícil saber qual será o timing da do grande. “A presença do Estado
tuído por análises mais racionais de recuperação no Brasil, até porque não deve ser demonizada. O risco é
cenários, diz Mello, e os impactos a maior parte do PIB ainda está em surgir pressão pelo Estado grande,
efetivos para o segmento vão fican- isolamento social e há múltiplos fa- recheado de estatais.” ■

86 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


MARCAÇÃO DE TÍTULOS

REGRAS ADIADAS
ACENDEM
DISCUSSÃO

A
Novo modelo nova norma para pre-
cificação dos títulos de
de precificação renda fixa nas carteiras
de títulos dará das Entidades Fechadas de Pre-
vidência Complementar, que
melhores condições tinha sua entrada em vigor es-
para a definição perada para maio, sofreu um
adiamento no início do mês,
de estratégias de quando o Conselho Nacional
casamento de de Previdência Complementar
(CNPC) decidiu postergar a pu-
ativos e passivos blicação da Resolução que havia
sido aprovada no último dia 13
de março. Esse novo conjunto
de regras define o espaço para
que as fundações mantenham
títulos privados marcados na

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 87


MARCAÇÃO DE TÍTULOS

curva ou a mercado, de acordo vedação para marcar na curva é Ele credita a demora na publica-
com o tipo de plano, garantindo apenas para planos CD e, no caso ção à burocracia nos processos de
flexibilidade no que diz respeito dos planos BD, somente para pa- análise da PGFN, conforme a jus-
aos estoques de ativos já em cartei- péis com prazos inferiores a cinco tificativa oficial. “Não sabemos se
ra. Ao mesmo tempo, reduz o espa- anos. Nesse sentido, não haveria houve algum fator adicional ligado
ço para marcação na curva no caso impacto porque também não há a à pandemia ou se apenas decorreu
dos novos títulos comprados. obrigatoriedade de marcar a mer- de atos formais que foram retarda-
O adiamento da mudança cado os títulos que estão em esto- dos”, diz o dirigente.
em pleno ambiente de crise - e de que precificados na curva. “Talvez
altíssima volatilidade - frustrou alguns planos CV ou CD que quei- Marca registrada
expectativas e trouxe à tona a preo- ram comprar mais NTN-Bs fica-
A flexibilidade é a marca re-
cupação de que a Resolução tivesse riam sem espaço adicional, mas
eles ainda estão muito longe disso.” gistrada da norma, que embora
sido postergada em decorrência
Benites lembra que tanto as mais restritiva em relação ao uso
de fatores ligados ao mercado de
EFPCs quanto o seu órgão supervi- da marcação na curva, preservou
investimentos. Mas o mais prová-
sor (Previc) participaram de todo o essa possibilidade para os títulos
vel, concordam dirigentes e con-
processo de discussões que levou à em estoque, que poderão seguir
sultores, é que isso tenha ocorrido
elaboração da norma, assim como as regras anteriores. Além disso,
apenas em função de questões
administrativas. A justificativa do ao seu acompanhamento junto ao o modelo de precificação de títu-

governo é que a demora na análise mercado. A nova Resolução, por- los das EFPCs fica mais próximo
da Procuradoria Geral da Fazenda tanto, deverá vir bem alinhada ao ao que é praticado na indústria de
Nacional (PGFN) motivou o atraso que já vinha sendo praticado pelas fundos de investimentos, estando
na publicação. fundações. alinhado às regras contábeis inter-
Uma das hipóteses seria a de “As mudanças na marcação de nacionais (CPC 49) e à Instrução
que a marcação a mercado, que ativos foram fruto de uma ampla CVM nº 438.
será obrigatória para as novas discussão do sistema no âmbito do Por conta da suavidade ado-
aquisições de papéis pelos planos CNPC. A Resolução é uma norma tada na mudança, Martins observa
de Contribuição Definida (CD) e moderna, flexível, que atende às que não haveria qualquer proble-
Benefício Definido (BD) em de- necessidades do sistema”, afirma ma para as entidades, até porque
terminadas condições, inibiria o Diretor-Presidente da Abrapp, no atual ambiente de crise os mo-
a compra de NTN-Bs com venci- Luís Ricardo Marcondes Martins. vimentos de rebalanceamento de
mento em prazos mais longos, carteiras têm sido muito pontuais.
cujas taxas foram elevadas depois “Queremos ver a Resolução publi-
do início da crise. “Não vejo re- cada o quanto antes; ela é importan-
lação forte entre o adiamento e te para o sistema e dará melhores
questões de mercado nesse caso”, “Fruto de ampla condições para os gestores defini-
analisa o Sócio-Diretor da consul- discussão, a Resolução rem as estratégias de casamento de
toria Aditus, Guilherme Benites. ativos e passivos dos planos.”
é uma norma moderna,
Ele explica que as novas re- Na avaliação do Diretor de
gras não inviabilizariam as opera- flexível, que atende às Investimentos e Controladoria
ções com NTN-Bs longas, já que a necessidades do sistema” da Fundação Libertas, Rodrigo

88 | PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020


MARCAÇÃO DE TÍTULOS

Eustáquio Barata, “a marcação a Um ponto essencial é que Crítica da flexibilidade dada


mercado representa o futuro, par- os títulos marcados na pela nova norma, ela lembra que a
ticularmente nos planos CD, que segregação entre estoques e novas
curva dificultam a venda
dão muita flexibilidade ao partici- aquisições poderá trazer dificulda-
pante, inclusive com possibilidade de posições e reduzem des para a gestão de riscos, já que
de resgate”. Barata avalia, no en- a agilidade da gestão não faria sentido ter o mesmo pa-
tanto, que a postergação pode ter pel com duas formas diferentes de
sido um ato cauteloso diante da rentabilidade. “A segregação dos
alta volatilidade dos mercados e da estoques faz parecer que uma des-
facilidade com que o risco assusta sas formas está se saindo melhor
os participantes dos planos em si- a agilidade da gestão. “Eu prefiro do que a outra. É preciso entender
tuações de grande turbulência. lidar com a volatilidade dos mer- que a carteira tem um valor diário
cados do que perder agilidade.” e assim deve ser precificada”, opi-
Volatilidade e agilidade Na fundação, a maior parte dos na Marques.
37 planos de benefícios tem entre Ela defende que essa trans-
O adiamento faz sentido
1% e 3% de seus ativos na curva. parência, inclusive, poderá con-
neste momento porque a agenda
“Os planos CV têm um pouco mais tribuir para a educação financeira
emergencial do sistema é a dis-
do que isso, mas estamos tocando dos participantes. A adoção geral e
cussão sobre liquidez e segurança,
um projeto para movê-los para a irrestrita da marcação a mercado
afirma o Diretor de Investimentos ajudaria os atuários a enxergar
marcação a mercado, independen-
da Petros, Alexandre Mathias. Ele melhor o risco dos investimentos,
temente do que disser a Previc”,
pondera que há duas ideias que facilitando uma visão integrada
informa Mathias.
fundamentam a precificação dos de ativos e passivos. “Espero que
ativos. A primeira diz que a mar- essa discussão evolua para que
cação na curva isola a volatilidade
Gestão de riscos
os planos BD também decidam
e facilita assumir posições mais Caso a postergação seja por marcar suas carteiras de títulos a
longas e próximas da duration dos um período curto, de um mês, não mercado.”
passivos. Mas a segunda ressalta haveria problema com a demora, A opção de marcar tudo a mer-
que essa é apenas uma questão mas é fundamental ter uma lei- cado sempre esteve na mesa de dis-
de contabilização, não alterando tura correta do risco do mercado, cussões, observa Benites. “Eu não
em nada a realidade econômica. que está longe de ser normal neste tenho nada contra. A questão é que
“A Petros concorda com a segunda momento, defende a Diretora de toda a regulação de déficits e supe-
ideia e reconhece a importância de Previdência da Luz Soluções Finan- rávits parte do pressuposto de que
ter estruturas de investimento pen- ceiras, Sara Marques. “Não dá para há marcação na curva, então seria
sadas para se comunicarem conti- fingir que está tudo bem ou colocar preciso haver uma grande mudan-
nuamente com os passivos; se isso a marcação a mercado para debai- ça para mexer também do outro
vai ser feito na curva ou a mercado xo do tapete só por causa da vola- lado da regra.” Para o consultor, é
não faz muita diferença”, assegura. tilidade. É mais importante para bom lembrar que embora isso não
Um ponto essencial é que os as EFPCs mostrarem claramente seja visível, nos balancetes os nú-
títulos marcados na curva dificul- como veem o risco e como isso afe- meros já estão todos marcados da
tam a venda de posições e reduzem ta suas estratégias.” forma adequada, a mercado. ■

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR MAIO/JUNHO 2020 | 89


A PERFORMANCE DOS SEUS INVESTIMENTOS FOI BOA?

ESTRATÉGIA É A PALAVRA CHAVE DO NOVO IGI.


• O que faz o gestor?
• Em quais ativos investe?

• Qual o estilo do seu gestor?


• Usa estratégias voltadas para o longo prazo?
• Ou prefere arriscar em ações com potencial
de rápido crescimento?

• 181 EFPCS

• 403 PLANOS

• PATRIMÔNIO DE R$ 444 BILHÕES

• 984 FUNDOS

• 10 ESTRATÉGIAS DE RENDA FIXA

• 09 ESTRATÉGIAS DE RENDA VARIÁVEL

• 13 ESTRATÉGIAS MULTIMERCADOS

IMPORTAM AS AÇÕES, NÃO AS PALAVRAS!


http://sistemas.abrapp.org.br/igi

igi_porpostas.indd 1 30/01/2020 11:10:42


DESTAQUES - DEZEMBRO/19

Os ativos das EFPCs atingem a expressiva marca de mais de R$ 986 bilhões, representando 13,6% do PIB. A carteira consolidada dos Fundos de Pensão obteve rentabili-
DESTAQUE
dade de 14,24% no fechamento de 2019, resultado superior a TJP que foi de 10,73%. A Renda Fixa, que representa 72,9% dos ativos, proporcionou retorno de 2,41% e a
Renda Variável, que fechou o mês de dezembro com alocação de 19,6% dos recursos teve retorno de 6,89% no mesmo período. O déficit registrado até dezembro de 2019
foi de R$ 25,8 bilhões, comparativamente inferior ao déficit registrado em 2018 (R$ 29,3 bilhões). Os planos instituídos já contam com mais de 500 mil participantes.

DESTAQUE
MERCADO - DEZEMBRO/19

Em dezembro de 2019 o Ibovespa teve sua segunda maior alta mensal do ano (6,85%), fechando 2019 nos 115.645 pontos e acumulando uma rentabilidade anual de
31,6%. Outro destaque positivo foi o IFIX, que fechou o mês com ganho de 10,63% e o ano em alta de 35,95%. Já o dólar, que alcançou a sua máxima nominal durante
o ano, fechou dezembro em queda de -4,58%, terminando 2019 com uma variação de 4,02% e cotado a R$4,03. O segmento de Renda Fixa, de maneira geral, também
contribuiu com rentabilidade positiva em 2019, sendo que o IMA-B5 e IMA-B5+ valorizaram no ano, respectivamente, 13,15% e 30,37%. Por fim, na reunião de dezembro,
o Copom realizou mais um corte na taxa básica de juros, fazendo a Selic fechar 2019 em 4,5% e atingir o menor valor desde a adoção do regime de metas para inflação,
em 1999.

I. CARTEIRA CONSOLIDADA POR TIPO DE APLICAÇÃO (R$ milhões)

Discriminação 2012 % 2013 % 2014 % 2015 % 2016 % 2017 % 2018 % 2019 %


Renda Fixa 396.046 61,7% 386.773 60,4% 431.140 64,2% 483.907 70,7% 546.764 72,4% 592.735 73,6% 635.113 73,4% 692.121 72,9%
      Títulos públicos 98.639 15,4% 67.446 10,5% 83.351 12,4% 105.949 15,5% 131.273 17,4% 142.564 17,7% 155.420 18,0% 157.503 16,6%
      Créditos Privados e Depósitos 32.619 5,1% 26.672 4,2% 27.099 4,0% 24.473 3,6% 23.843 3,2% 21.341 2,7% 17.897 2,1% 19.063 2,0%
      SPE 213 0,0% 186 0,0% 160 0,0% 142 0,0% 139 0,0% 130 0,0% 84 0,0% 73 0,0%
      Fundos de investimentos - RF1 264.575 41,2% 292.469 45,7% 320.530 47,7% 353.344 51,6% 391.508 51,8% 428.700 53,3% 461.712 53,4% 515.482 54,3%
Renda Variável 183.621 28,6% 185.755 29,0% 166.267 24,7% 126.869 18,5% 137.014 18,1% 142.703 17,7% 159.742 18,5% 186.531 19,6%
      Ações 89.404 13,9% 84.213 13,2% 77.026 11,5% 58.445 8,5% 71.536 9,5% 66.706 8,3% 62.999 7,3% 74.668 7,9%
      Fundos de investimentos - RV2 94.217 14,7% 101.542 15,9% 89.241 13,3% 68.425 10,0% 65.478 8,7% 75.997 9,4% 96.743 11,2% 111.862 11,8%
Investimentos Estruturados 17.282 2,7% 19.355 3,0% 22.467 3,3% 19.706 2,9% 16.574 2,2% 13.116 1,6% 12.613 1,5% 12.756 1,3%
Empresas Emergentes 359 0,1% 346 0,1% 304 0,0% 258 0,0% 326 0,0% 340 0,0% 234 0,0% 207 0,0%
Participações 15.016 2,3% 16.819 2,6% 19.546 2,9% 17.422 2,5% 14.342 1,9% 10.963 1,4% 10.575 1,2% 10.122 1,1%
Fundo Imobiliário 1.908 0,3% 2.191 0,3% 2.617 0,4% 2.026 0,3% 1.906 0,3% 1.813 0,2% 1.803 0,2% 2.427 0,3%
Imóveis 25.811 4,0% 28.988 4,5% 31.450 4,7% 32.798 4,8% 32.485 4,3% 31.740 3,9% 32.100 3,7% 32.061 3,4%
Operações com participantes 16.352 2,5% 17.291 2,7% 18.705 2,8% 19.423 2,8% 19.969 2,6% 20.105 2,5% 21.019 2,4% 21.220 2,2%
      Empréstimo a Participantes 14.593 2,3% 15.685 2,4% 17.217 2,6% 17.950 2,6% 18.546 2,5% 18.746 2,3% 19.632 2,3% 19.882 2,1%
      Financiamento imobiliário 1.760 0,3% 1.606 0,3% 1.488 0,2% 1.473 0,2% 1.424 0,2% 1.360 0,2% 1.387 0,2% 1.338 0,1%
Outros3 2.613 0,4% 2.165 0,3% 1.901 0,3% 2.213 0,3% 2.289 0,3% 4.405 0,5% 4.605 0,5% 5.263 0,6%
Total 641.725 100,0% 640.328 100,0% 672.054 100,0% 684.916 100,0% 755.096 100,0% 804.803 100,0% 865.191 100,0% 949.953 100,0%

Notas: ¹ Inclui Curto Prazo, Referenciado, Renda Fixa, Multimercado e FIDC; ² Inclui Ações e Índice de Mercado; ³ Inclui Cambial, Dívida Externa, Ações - Companhias Abertas - Exterior, Outros Realizáveis,
Derivativos, Outros.

II. EVOLUÇÃO DOS ATIVOS POR TIPO DE INVESTIMENTO

72,4% 73,6% 73,4% 72,9% Títulos públicos


70,7%
16,6%
Renda Fixa 64,2% Créditos Privados e Depósitos
2,0%
54,3% 0,0% SPE

Renda Variável Fundos de investimentos - RF¹

24,7% Ações
18,5% 18,1% 18,5% 19,6% 7,9%
17,7%
11,8% Fundos de investimentos - RV²

2014 2015 2016 2017 2018 2019

0,3%
0,3%

0,3%
0,5%
0,5%
3,3% 2,9% 0,6%
Imóveis
2,2%
1,6%
1,5%
Operações com Participantes
1,3%
11,1% 10,8%
2,8% 2,8%
Investimentos Estruturados 2,6% 9,4% 2,5% 8,6% 2,4% 8,1%
2,2% 7,5%
Outros

Total

4,7% 4,8% 4,3% 3,9% 3,7% 3,4%

2014 2015 2016 2017 2018 2019


III. EVOLUÇÃO DOS ATIVOS* X PERCENTUAL DO PIB
20, 0%

900

19, 0%

18, 0%

800

17, 0%

700
15,9%
16, 0%

14,4%
15, 0%

600

13,7% 13,6%
14,2% 13,2%
14, 0%

13,0% 12,8%
500
12,7% 12,6%
12,2%
13, 0%

12, 0%

400

11, 0%

515 558 597 668 669 700 718 790 838 900 986
300 10, 0%

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Ativos das EFPCs (R$ bi) Ativos EFFPs/ PIB


Fonte: IBGE/ABRAPP
O ativo representa o disponível + realizável + permanente
PIB referente ao I, II, III e IV trim/2019
* Valor estimado

IV. EVOLUÇÃO DO SUPERÁVIT E DÉFICIT DAS EFPCs (acumulado) (R$ bilhões)

Superávit Déficit

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Qtde Qtde
187 186 136 138 127 138 141 139 139 48 33 92 95 92 80 77 78 70
EFPCs EFPCs
Qtde Qtde
550 516 402 417 398 438 437 415 384 153 111 257 237 239 205 193 199 168
Planos Planos
75,0

55,0
48,2
55,0

38,2
27,6 26,5 26,2
35,0

Concentração do Déficit
13,9 18,2 20,3

SUPERÁVIT
15,0

7%
14%
DÉFICIT
-5,0

-7,9 -9,1
-25,0

-21,4
-29,3 -25,8
-31,4 -33,7
-45,0

79%

-65,0

10 planos
-71,7
-85,0
-76,7 20 planos
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
138 planos

V. COMPARATIVO REGIONAL

Quantidade de Investimento Participantes


Regional* % % % Dependentes % Assistidos %
Entidades** (R$ milhões) Ativos

Centro-Norte 34 13,1% 153.022 16,1% 664.317 25,1% 704.824 17,8% 157.976 18,4%

Leste 14 5,4% 36.255 3,8% 88.428 3,3% 133.345 3,4% 53.487 6,2%

Nordeste 21 8,1% 25.513 2,7% 34.003 1,3% 85.922 2,2% 36.462 4,2%

Sudeste 44 16,9% 440.321 46,4% 462.354 17,4% 1.256.309 31,7% 337.630 39,3%

Sudoeste 102 39,2% 228.879 24,1% 1.096.125 41,4% 1.299.672 32,8% 206.738 24,1%

Sul 45 17,3% 65.962 6,9% 305.611 11,5% 480.809 12,1% 66.006 7,7%

Total 260 100,0% 949.953 100,0% 2.650.838 100,0% 3.960.881 100,0% 858.299 100,0%
* Composição Regional: Centro-Norte - RO, AM, RR, AP, GO, DF, AC, MA, MT, MS, PA, PI e TO. Leste - MG. Nordeste - AL, BA, CE, PB, PE, RN e SE. Sudeste - RJ e ES. Sudoeste - SP. Sul - PR, SC e RS.
** EFPCs da amostra / Obs.: Qtde de EFPCs ativas por região de acordo com Estatística Trimestral (set/19) - PREVIC - Centro-Norte = 36, Leste = 16, Nordeste = 26, Sudeste = 51, Sudoeste = 116 e Sul = 53 -> (Total = 298)

VI. COMPARATIVO POR TIPO DE PATROCÍNIO

Quantidade de Investimento Participantes


Patrocínio % % % Dependentes % Assistidos %
Entidades* (R$ milhões) Ativos

Instituidor 17 6,5% 9.719 1,0% 230.217 8,7% 450.850 11,4% 7.453 0,9%

Privado 158 60,8% 359.618 37,9% 1.669.945 63,0% 2.128.674 53,7% 367.435 42,8%

Público 85 32,7% 580.616 61,1% 750.676 28,3% 1.381.357 34,9% 483.411 56,3%

Total 260 100,0% 949.953 100,0% 2.650.838 100,0% 3.960.881 100,0% 858.299 100,0%
*EFPCs da amostra / Obs.: Qtde de EFPCs ativas por tipo de Patrocínio de acordo com Estatística Trimestral (set/19) - PREVIC: Instituidor = 22, Privado = 187 e Público = 89-> ( Total = 298).
VII. RENTABILIDADE ESTIMADA
Período CDI IMA Geral IBOVESPA TMA/TJP* EFPCs

2005 19,00% 18,19% 27,73% 11,35% 19,05%


2006 15,03% 17,53% 32,93% 8,98% 23,45% TMA/TJP* CDI EFPCs

2007 11,87% 12,63% 43,65% 11,47% 25,88% 504%


2008 12,38% 12,69% -41,22% 12,87% -1,62%
2009 9,88% 12,90% 82,66% 10,36% 21,50% 429% 434%

2010 9,77% 12,98% 1,04% 12,85% 13,26% 371% 382%


381%
2011 11,58% 13,65% -18,11% 12,44% 9,80% 323%
338%
354%
2012 8,40% 17,72% 7,40% 12,57% 15,37% 302% 327%
269% 288%
2013 8,06% -1,42% -15,50% 11,63% 3,28% 251% 254%
2014 10,82% 12,36% -2,91% 12,07% 7,07% 228% 241%
217% 201%
2015 13,26% 9,32% -13,31% 17,55% 5,22% 175% 171% 201%
150% 151%
2016 14,01% 20,99% 38,94% 13,60% 14,56% 132% 169%
121%
141%
2017 9,93% 12,82% 26,86% 8,86% 11,36% 108%
82% 89% 114%
85%
2018 6,42% 10,05% 15,03% 10,14% 12,30% 47% 72% 90%
19% 53% 68%
dez/19 0,37% 0,90% 6,85% 1,70% 3,16% 19% 37% 53%
35%
21%
2019 5,96% 12,81% 31,58% 10,73% 14,24% 11%
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
12 meses 5,96% 12,81% 31,58% 10,73% 14,24%
Acumulado 381,20% 517,33% 341,54% 433,85% 504,28%

Acumulado
11,04% 12,90% 10,41% 11,81% 12,74%
anualizado Fonte: ABRAPP / BACEN / IPEADATA

* TJP- Taxa de Juros Padrão (INPC + taxa de juros parâmetro de 5,84% a.a. considerando 10 anos - de acordo com a Portaria PREVIC nº 300 de 12/04/2019); (INPC + limite superior de 6,39% a.a. considerando 10 anos - de acordo com
a Portaria PREVIC nº 363 de 26/04/2018); (INPC + limite superior de 6,66% a.a. considerando 10 anos - de acordo com a Portaria PREVIC nº 375 de 17/04/2017); (INPC + limite superior de 6,59% a.a. considerando 10 anos - de acordo
com a Portaria PREVIC nº 186 de 28/04/2016); (INPC + limite superior de 5,65% a.a. considerando 10 anos - de acordo com a IN nº 19/2015 e Portaria PREVIC nº 197 de 14/04/2015 até dez/2015); TMA - Taxa Máxima Atuarial (até
dez/2014) - de acordo com as premissas previstas na Resolução CNPC nº 9 de 29/11/2012.

VIII. RENTABILIDADE ACUMULADA POR PLANO (2010 à 2019)


18, 0% 200 ,0%

16,4%
174,7%
15,4%14,9%15,6% 168,6%
180 ,0%

15,2%
16, 0%

14,7% 173,4%
13,8% 14,1% 13,72% 14,1% 160 ,0%

14, 0%

12,7%
11,9% 140 ,0%

12, 0%
11,7% 11,7%
10,7%
10,2% 10,4% 10,54%
9,8% 10,0% 10,0%
120 ,0%

9,3%
10, 0%

8,6% 8,8% 8,72% 100 ,0%

8,0 %

80, 0%

6,0 %
6,2%
60, 0%

4,0 %
4,0%
3,1%
40, 0%

2,0 %

1,5% 20, 0%

0,7%
0,0 % 0,0 %

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

BD CD CV BD acumulado CD acumulado CV acumulado

IX. ALOCAÇÃO DA CARTEIRA CONSOLIDADA POR TIPO DE PLANO*

Benefício Definido Contribuição Definida Contribuição Variável


Segmento
R$ milhões % Modalidade % Segmento R$ milhões % Modalidade % Segmento R$ milhões % Modalidade % Segmento

Renda Fixa 382.648 66,6% 56,6% 108.743 87,4% 16,1% 184.603 79,1% 27,3%

Renda Variável 138.299 24,1% 74,4% 13.047 10,5% 7,0% 34.469 14,8% 18,6%

Investimentos Estruturados 9.188 1,6% 72,3% 710 0,6% 5,6% 2.817 1,2% 22,2%

Imóveis 28.248 4,9% 88,5% 429 0,3% 1,3% 3.253 1,4% 10,2%

Operações Com Participantes 12.432 2,2% 59,7% 1.145 0,9% 5,5% 7.236 3,1% 34,8%

Outros 3.838 0,7% 72,8% 401 0,3% 7,6% 1.031 0,4% 19,6%

Total 574.653 100,0% 61,6% 124.476 100,0% 13,3% 233.409 100,0% 25,0%
* São considerados os investimentos dos Planos Previdenciais.

X. RENTABILIDADE ESTIMADA POR TIPO DE PLANO


Benefício Contribuição Contribuição
Período EFPCs
Definido Definida Variável
2010 13,79% 9,76% 11,67% 13,26%
174,74%
173,35% 173,26% 2011 10,04% 8,62% 9,96% 9,80%
2012 15,38% 14,90% 15,56% 15,37%
168,55%
2013 3,96% 0,66% 1,52% 3,28%
2014 6,15% 10,22% 8,78% 7,07%
2015 3,15% 10,69% 9,32% 5,22%
2016 14,10% 16,40% 15,23% 14,56%
2017 11,68% 11,95% 10,36% 11,36%

2018 13,72% 8,72% 10,54% 12,30%


dez/19 4,01% 1,69% 1,93% 3,16%

BD CD CV EFPCs 2019 14,72% 12,66% 14,08% 14,24%


Acumulado 173,35% 168,55% 174,74% 173,26%
XI. ALOCAÇÃO MÉDIA (ARITMÉTICA) POR FAIXA DE PATRIMÔNIO

Investimentos Operações com


PATRIMÔNIO Qtde. de EFPCs Renda Fixa Renda Variável Imóveis Outros
Estruturados Participantes

Até R$ 100 mi 31 93,1% 2,9% 0,0% 1,0% 0,4% 2,6%


Entre R$ 100 mi e R$ 500 mi 69 86,4% 9,0% 0,5% 1,4% 0,8% 1,8%
Entre R$ 500 mi e R$ 2 bi 92 86,7% 8,8% 1,0% 1,6% 1,1% 0,6%
Entre R$ 2 bi e R$ 10 bi 55 85,5% 9,6% 1,4% 1,7% 1,3% 0,5%
Acima de R$ 10 bi 13 79,7% 12,6% 1,7% 3,6% 2,1% 0,3%
Consolidado 260 86,8% 8,5% 0,9% 1,6% 1,0% 1,1%

Percentual alocado fora da Renda Fixa

6,9%
13,6% 13,3% 14,5% 20,3% 13,2%


Até R$ 100 mi


Entre R$ 500 mi e R$ 2 bi Consolidado
Entre R$ 100 mi e R$ 500 mi Entre R$ 2 bi e R$ 10 bi

Acima de R$ 10 bi

XII. RANKING DOS 15 MAIORES PLANOS

BENEFÍCIO DEFINIDO CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA

Investimentos Investimentos
Nome do Plano EFPC Nome do Plano EFPC
(R$ mil) (R$ mil)
1 PB1 PREVI 192.142.318 1 PLANO ITAUBANCO CD FUNDAÇÃO ITAÚ UNIBANCO 11.004.013

2 REG/REPLAN FUNCEF 51.944.028 2 PLANO DE BENEFÍCIOS VISÃO VISÃO PREV 5.790.505

3 PPSP PETROS 46.107.366 3 IBM - CD FUNDAÇÃO IBM 4.716.419

4 PLANO BD REAL GRANDEZA 16.031.296 4 PLANO DE APOS.SANTANDERPREVI SANTANDERPREVI 4.081.032

5 PBB FAPES 14.446.071 5 CEEEPREV ELETROCEEE 3.456.184

6 PBS-A SISTEL 12.061.318 6 PLANO VEXTY 3.417.738

7 PLANO V BANESPREV 12.016.035 7 EMBRAER PREV EMBRAER PREV 3.390.474

8 PLANO PETROS DO SISTEMA PETROS 11.992.976 8 PLANO CD GERDAU GERDAU PREVIDÊNCIA 3.330.316
9 PLANO BD VALIA 11.171.068 9 PLANO PRECAVER QUANTA - PREVIDÊNCIA 3.316.219
10 PSAP/ELETROPAULO FUNCESP 9.796.104
10 01-B PREVINORTE 3.089.442
11 PAC FUNDAÇÃO ITAÚ UNIBANCO 8.359.903
11 PAI-CD FUNDAÇÃO ITAÚSA 2.859.902
12 PLANO BANESPREV II BANESPREV 8.238.976
12 VIVAPREV FUNDAÇÃO VIVA DE PREVIDÊNCIA 2.833.208
13 A FORLUZ 6.177.746
13 PLANO DE APOSENTADORIA UNILEVERPREV 2.694.313
14 PSAP/CESP B1 FUNCESP 6.116.257 14 PREVDOW PREVDOW 2.393.190
15 PBB CENTRUS 6.060.352 15 EXECPREV FUNPRESP-EXE 2.156.159

CONTRIBUIÇÃO VARIÁVEL INSTITUÍDOS

Investimentos Investimentos
Nome do Plano EFPC Nome do Plano EFPC
(R$ mil) (R$ mil)

1 PLANO PETROS-2 PETROS 27.117.296 1 PLANO PRECAVER QUANTA - PREVIDÊNCIA 3.316.219

2 PREVI FUTURO PREVI 19.056.463 2 VIVAPREV FUNDAÇÃO VIVA DE PREVIDÊNCIA 2.833.208

3 NOVO PLANO FUNCEF 18.874.715 3 SICOOB MULTI INSTITUÍDO SICOOB PREVI 1.058.997

4 B FORLUZ 10.507.396 4 UNIMED-BH MULTICOOP 904.450

5 PLANO VALE MAIS VALIA 10.130.126 5 OABPREV-SP OABPREV-SP 867.809

6 PPCPFL FUNCESP 5.592.409 6 ANAPARPREV PETROS 584.235

7 POSTALPREV POSTALIS 5.509.205 7 PBPA OABPREV-PR 437.083

8 PLANO III FUNDAÇÃO COPEL 5.425.902 8 PLANJUS JUSPREV 288.683

9 TELEMARPREV FUNDAÇÃO ATLÂNTICO 5.169.520 9 PBPA OABPREV-MG 212.540

10 PCV I TELOS 4.899.864 10 PBPA OABPREV-SC 191.228

11 PLANO PREVI-GM 4.706.041 11 PREVCOOP QUANTA - PREVIDÊNCIA 167.356

12 TCSPREV FUNDAÇÃO ATLÂNTICO 4.670.171 12 TECNOPREV BB PREVIDÊNCIA 160.425

13 PLANO RFFSA FUNDAÇÃO REFER 4.180.532 13 COOPERADO MULTICOOP 151.219

14 PS-II SERPROS 3.948.753 14 ACRICELPREV MULTIBRA INSTITUIDOR 141.122

15 CD FACHESF 3.717.651 15 ADV-PREV OABPREV-GO 118.575


XIII. EVOLUÇÃO DOS PLANOS INSTITUÍDOS* XIV. EVOLUÇÃO DOS ATIVOS*, EFPCs e PLANOS DOS SERVIDORES
2005 2010 2013 2019
547,9
17
150 00 550 ,0

Planos Instituídos em EFPCs Multipatrocinadas (R$ mi)


6.00 0 18
147 00

144 00

141 00

Planos Instituídos em EFPCs Instituidoras (R$ mi) 12.618


138 00

135 00

132 00

16
129 00

Total (R$ mi)


126 00
450 ,0

123 00

5.00 0
120 00

117 00

Participantes Ativos (mil) ref. dez/19 13


114 00

3.369 13
14
111 00

108 00

105 00

102 00

11
350 ,0
990 0

960 0

O ativo representa o disponível + realizável + permanente


4.00 0 12
930 0

10
900 0

870 0

840 0

* Valor em R$ milhões
224,7 9 9 9
810 0

780 0

10
750 0 250 ,0

8 8
720 0

690 0

3.00 0
660 0

630 0

600 0

8
570 0

6
540 0

510 0

9.250
150 ,0

480 0

84,9 5
450 0

420 0

2.00 0 6
390 0

2.431
360 0

330 0

300 0

18,1 3
270 0

709
50, 0
240 0

1.018
4
210 0

180 0

2
150 0

36 363
1.00 0

1.722
120 0

5.024
900

655
600

2
300

3.108
0 -50,0

2005 2010 2013 2019 50 1.280 1.977


-
417 774 -

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019


Planos Instituídos 2005 2010 2013 2017 2019
Ativos (R$ mi) Qtd EFPC Qtd Planos
Em EFPC Instituidoras (Qtde) 18 18 22 22 22 * Valor em R$ milhões

Em EFPC Multipatrocinadas (Qtde) - 28 34 37 37

XV. PASSIVO ATUARIAL XVI. DEMONSTRATIVO DE BENEFÍCIOS



Percentual das Provisões Matemáticas Valor Médio
Tipo Valor (R$ mil)¹
Mensal2 (R$)
15,1%
32,6% Aposentadoria Programada 32.028.688 6.262
68,1% 64,8%
Aposentadoria por Invalidez 1.178.307 2.727
84,9%
67,4%
Pensões 4.645.164 2.962
31,9% 35,2%
Nota: O valor dos Benefícios pagos, quando também considerados os Auxílios - Prestação Continuada,
Pecúlios e Outros benefícios de Prestação Continuada é de R$ 53 bi (dez/2018).
BD CD CV EFPCs
Benefícios Concedidos Benefícios a Conceder 6.262

EFPCs e Planos de acordo com o percentual da Provisão Matemática de
Benefícios Concedidos

Tipo
Qtde.
EFPCs/Planos
Até 25%
Entre 25% e
50%
Entre 50% e
75%
Entre 75% e
100% 2.727 2.962
BD 257 8 24 48 178

CD 364 268 58 27 11

CV 275 113 94 43 25
Aposentadoria Programada Aposentadoria por Invalidez Pensões
EFPCs 256 73 68 69 46

*Foram consideradas apenas EFPCs com dados disponíveis 1
Valor acumulado até dezembro de 2018, considerando amostra com 110 EFPCs.
2
Média estimada dos valores acumulados até dezembro de 2018 (R$).

XVII. ESTATÍSTICAS DE POPULAÇÃO

Participantes* Aposentados* Beneficiários de Pensão*


Faixa Etária
Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Participantes Aposentados Beneficiários de Pensão
Até 24 anos 4,7% 3,5% 0,0% 0,0% 2,5% 2,4%
De 25 a 34 anos 15,9% 8,8% 0,0% 0,0% 0,4% 0,5%
12%
24%
De 35 a 54 anos 36,6% 17,3% 3,2% 1,6% 1,6% 7,3% 33%

De 55 a 64 anos 7,1% 2,7% 25,4% 10,4% 2,0% 16,7%


De 65 a 74 anos 1,8% 0,7% 29,9% 9,5% 2,9% 25,9% 67%
76%
De 75 a 84 anos 0,6% 0,2% 13,8% 2,2% 1,9% 23,4% 88%

Mais de 85 anos 0,1% 0,1% 3,4% 0,6% 0,8% 11,6%


Masculino Feminino Masculino Feminino
Total 66,8% 33,2% 75,7% 24,3% 12,0% 88,0% Masculino Feminino

*Dados de 2019 / Amostra com aprox. 2,5 milhões de pessoas


Evolução da Maturidade Populacional** - EFPCs Maturidade Populacional por Tipo de Plano Percentual das EFPCs e Planos de acordo com a
Maturidade Populacional
2019 24,3%
44,4%
2018 24,5%
Qtde. Entre 25% Entre 50% Entre 75%
Tipo Até 25%
e 50% e 75% e 100%
EFPCs/Planos
2017 24,8%
BD 287 16% 12% 18% 54%
2014 22,3%
CD 388 89% 7% 2% 2%
2006 24,7%
15,5%
CV 326 73% 14% 7% 6%
1996 13,5% 5,0%
EFPCs 313 59% 20% 12% 9%

**Divisão dos assistidos (aposentados e beneficiários de pensão) pela BD CD CV
soma dos participantes e assistidos
XVIII. CLASSIFICAÇÃO DAS EFPCs
Ano Ano
INVESTIMENTO PARTIC. INVESTIMENTO PARTIC.
EFPC DEPENDENTES ASSISTIDOS Referência EFPC DEPENDENTES ASSISTIDOS Referência
(R$ mil) ATIVOS População (R$ mil) ATIVOS População

1 PREVI 212.882.527 86.068 241.969 106.453 2019 65 PREVDOW 2.394.755 3.635 5.220 797 2019

2 PETROS 90.415.883 65.327 308.840 74.588 2019 66 FUNSEJEM 2.094.278 21.546 24.882 890 2019

3 FUNCEF 73.594.495 85.019 212.865 51.685 2019 67 PREVIBAYER 2.091.354 3.969 12.396 1.718 2019

4 FUNCESP 31.974.409 15.813 46.521 32.638 2019 68 FAELBA 1.910.641 4.737 14.058 2.469 2019

5 FUND. ITAÚ UNIBANCO 28.609.468 28.018 2.548 22.352 2019 69 BANDEPREV 1.909.701 - 1.598 1.920 2019

6 BANESPREV 25.685.929 2.748 21.995 25.833 2019 70 JOHNSON & JOHNSON 1.907.029 8.876 8.733 1.034 2019

7 VALIA 24.699.323 77.208 310.447 23.862 2019 71 INSTITUTO AMBEV 1.905.588 7.756 787 1.392 2019

8 SISTEL 19.300.918 1.745 24.654 22.690 2019 72 ENERPREV 1.892.434 3.169 6.441 2.434 2019

9 REAL GRANDEZA 17.867.069 3.137 17.613 9.352 2019 73 PRECE 1.878.075 2.761 5.165 7.182 2019

10 FORLUZ 16.757.578 6.906 29.105 15.972 2019 74 BANESES 1.839.430 512 535 - 2019

11 FAPES 14.695.314 2.657 7.643 2.227 2019 75 FUNDAÇÃO CORSAN 1.820.631 5.087 9.074 4.051 2019

12 FUNDAÇÃO COPEL 11.565.872 12.518 11.964 8.885 2019 76 PREVI-SIEMENS 1.784.580 7.135 10.490 1.461 2019

13 FUNDAÇÃO ATLÂNTICO 10.985.243 10.679 46.599 15.271 2019 77 FUNDAÇÃO PROMON 1.725.745 1.307 4.744 757 2019

14 PREVIDÊNCIA USIMINAS 9.404.489 17.012 50.878 20.488 2019 78 FUSAN 1.719.751 6.736 13.797 2.770 2019

15 POSTALIS 8.869.199 89.137 74.867 40.147 2019 79 FASC 1.714.810 5.533 7.492 876 2019

16 TELOS 8.309.969 7.296 24.852 7.157 2019 80 PREVDATA 1.650.684 3.072 7.583 1.758 2019

17 CERES 8.282.031 13.821 22.712 8.307 2019 81 PRHOSPER 1.598.661 2.353 2.530 1.500 2019

18 MULTIBRA 7.788.962 60.500 105.687 9.692 2019 82 FIPECQ 1.570.599 9.376 25.915 457 2019

19 FACHESF 7.768.934 4.708 13.173 10.013 2019 83 PREVIG 1.500.568 2.165 1.949 879 2019

20 BB PREVIDÊNCIA 7.542.163 146.621 69.991 3.243 2019 84 FACEB 1.488.445 879 2.687 1.582 2019

21 MULTIPREV 7.307.696 47.131 44.138 2.079 2018 85 PREVISC 1.485.693 17.527 31.083 1.436 2019

22 ELETROCEEE 7.283.994 8.743 16.813 9.217 2019 86 BASF 1.457.267 4.021 3.722 593 2019

23 CENTRUS 7.158.775 591 1.622 1.451 2019 87 PREVCOM 1.446.141 23.682 10.555 301 2019

24 VISÃO PREV 7.148.150 11.034 15.866 6.075 2019 88 PREVI-ERICSSON 1.436.250 2.649 709 817 2019

25 ECONOMUS 6.867.049 10.004 17.676 9.087 2019 89 SYNGENTA PREVI 1.427.113 3.108 5.384 325 2019

26 SERPROS 6.410.578 9.050 24.200 4.785 2019 90 VALUEPREV 1.384.419 3.356 182 396 2018

27 FUNDAÇÃO REFER 6.047.249 3.804 35.466 25.676 2019 91 SÃO BERNARDO 1.381.248 10.039 9.116 1.502 2019

28 CBS PREVIDÊNCIA 5.534.904 21.841 35.131 13.193 2019 92 FAELCE 1.351.710 1.079 3.839 2.409 2019

29 FUNDAÇÃO IBM 5.509.846 9.215 13.004 1.457 2019 93 PREVUNIÃO 1.315.833 4.100 7.838 1.006 2019

30 FUNDAÇÃO BANRISUL 5.476.849 10.318 15.781 8.070 2019 94 ISBRE 1.305.294 408 1.192 511 2019

31 ELETROS 5.423.065 2.847 7.661 2.658 2019 95 CARGILLPREV 1.276.594 7.535 10.346 323 2019

32 CAPEF 5.023.228 6.894 14.103 5.493 2019 96 IAJA 1.275.230 8.494 10.565 1.198 2019

33 FUNBEP 4.722.195 367 8.119 5.889 2019 97 BRASILETROS 1.253.397 933 2.945 2.503 2019

34 PREVI-GM 4.708.862 15.718 13.562 3.643 2019 98 PREVI NOVARTIS 1.197.114 1.933 1.159 599 2019

35 PREVINORTE 4.380.833 4.727 6.381 2.054 2019 99 ENERGISAPREV 1.194.399 7.140 12.186 2.181 2019

36 GERDAU PREVIDÊNCIA 4.171.513 14.460 17.126 3.109 2019 100 SICOOB PREVI 1.180.623 165.678 32.823 389 2019

37 SANTANDERPREVI 4.087.655 36.817 617 1.565 2019 101 SÃO RAFAEL 1.166.786 1.081 2.297 799 2019

38 FIBRA 4.034.391 1.371 4.026 1.900 2019 102 MULTICOOP 1.135.443 8.911 13.435 96 2019

39 BRF PREVIDÊNCIA 4.024.499 46.955 138.971 7.366 2019 103 DESBAN 1.087.100 335 989 571 2019

40 INFRAPREV 3.805.325 7.543 12.904 4.809 2019 104 INOVAR 1.068.298 1.679 7.176 717 2019

41 NUCLEOS 3.658.874 2.947 6.086 1.840 2019 105 RUMOS 1.064.278 1.852 739 337 2019

42 CITIPREVI 3.651.508 8.531 - 1.192 2018 106 AGROS 1.036.457 5.472 6.703 837 2019

43 FUNSSEST 3.649.639 6.327 - 2.919 2018 107 PREVIBOSCH 1.019.130 8.400 11.909 1.171 2019

44 FUNDAÇÃO LIBERTAS 3.636.724 16.599 2.012 4.408 2019 108 MBPREV 1.013.094 9.838 1.619 1.227 2019

45 QUANTA - PREVIDÊNCIA 3.583.913 97.905 171.999 487 2019 109 PREVSAN 977.473 2.648 13.319 1.887 2019

46 BRASLIGHT 3.511.776 5.241 12.148 5.506 2019 110 BASES 969.493 284 825 1.553 2019

47 UNILEVERPREV 3.439.647 10.958 607 1.541 2019 111 CELPOS 962.468 1.665 4.585 3.391 2017

48 VEXTY 3.424.053 15.810 - 893 2019 112 COMSHELL 950.532 1.396 2.479 522 2019

49 EMBRAER PREV 3.396.801 19.318 33.418 1.498 2019 113 ECOS 939.745 64 895 727 2019

50 ELOS 3.348.748 1.278 3.292 3.108 2019 114 PLANEJAR 932.669 4.311 6.467 519 2019

51 SABESPREV 3.314.114 13.210 37.313 7.993 2019 115 FUNDAMBRAS 923.258 8.019 1.175 917 2019

52 FUNEPP 3.132.532 19.884 11.232 19 2019 116 FUND. SÃO FRANCISCO 916.825 1.240 1.892 898 2019

53 FUNDAÇÃO ITAÚSA 3.104.279 5.152 10.405 1.159 2019 117 OABPREV-SP 911.936 52.096 86.530 253 2019

54 VWPP 3.013.431 34.686 92.302 2.518 2019 118 SEBRAE PREVIDÊNCIA 905.915 8.202 7.800 335 2019

55 FUND. VIVA DE PREV. 2.918.742 47.044 134.713 5.903 2018 119 COMPESAPREV 883.615 2.685 5.567 2.684 2019

56 ITAÚ FUNDO MULTI 2.899.361 33.977 8.283 1.132 2019 120 SERGUS 873.715 1.152 1.655 602 2019

57 CELOS 2.871.503 6.858 9.233 5.567 2019 121 FABASA 845.660 4.229 14.556 682 2019

58 REGIUS 2.810.206 4.021 3.511 1.474 2019 122 CAPAF 837.508 1.781 3.068 2.089 2019

59 METRUS 2.758.268 8.688 17.737 4.045 2019 123 VIKINGPREV 788.516 4.256 78 344 2019

60 PREVIRB 2.681.309 511 1.196 1.524 2019 124 FUNPRESP-JUD 757.917 19.571 3.251 10 2019

61 ICATUFMP 2.604.804 28.642 32.092 2.381 2019 125 ELETRA 743.618 1.119 2.848 1.227 2019

62 FUNPRESP-EXE 2.420.202 85.297 - 74 2019 126 FGV-PREVI 723.304 2.273 2.548 149 2019

63 FUSESC 2.414.044 2.161 7.112 5.058 2019 127 PREVIPLAN 718.522 2.326 6.568 521 2019

64 MÚLTIPLA 2.413.305 20.377 19.431 895 2019 128 PREVMON 711.495 2.984 4.901 99 2019
XVIII. CLASSIFICAÇÃO DAS EFPCs
Ano Ano
INVESTIMENTO PARTIC. INVESTIMENTO PARTIC.
EFPC DEPENDENTES ASSISTIDOS Referência EFPC DEPENDENTES ASSISTIDOS Referência
(R$ mil) ATIVOS População
(R$ mil) ATIVOS População

129 PREVICOKE 703.916 1.018 1.614 248 2019 188 JUSPREV 288.856 3.292 5.605 35 2019

130 PREVEME 687.387 2.195 3.158 726 2019 189 SUPRE 277.730 454 1.194 407 2019

131 MAIS VIDA PREVIDÊNCIA 678.424 1.147 1.918 141 2019 190 TOYOTA PREVI 276.725 5.342 7.991 60 2019

132 PORTOPREV 669.462 5.909 12.618 216 2019 191 SOMUPP 267.608 - - 119 2019

133 MSD PREV 667.207 1.769 3.094 241 2019 192 AVONPREV 261.505 8.135 6.685 111 2019

134 PREVHAB 625.103 4 503 587 2019 193 PREVIHONDA 249.363 11.404 19.957 131 2019

135 FACEAL 612.403 666 - 876 2019 194 CAPOF 245.496 68 370 406 2019

136 PREVIM-MICHELIN 603.460 5.240 7.858 312 2019 195 FIOPREV 244.631 63 106 85 2019

137 MULTIBRA INSTITUIDOR 565.741 2.824 4.530 328 2019 196 FUCAP 244.388 1.009 1.583 298 2019

138 FAPERS 554.116 1.628 2.895 838 2019 197 CAGEPREV 235.746 1.360 1.782 86 2019

139 GOODYEAR 545.060 5.243 9.367 1.489 2019 198 CARBOPREV 230.705 743 1.112 189 2019

140 BUNGEPREV 544.984 10.994 16.495 292 2019 199 INSTITUTO GEIPREV 229.332 42 220 319 2019

141 GASIUS 543.276 27 631 1.023 2019 200 OABPREV-MG 214.828 10.733 17.960 53 2019

142 FACEPI 536.321 219 1.210 1.571 2019 201 ALPHA 201.007 831 1.879 261 2018

143 ULTRAPREV 535.590 10.554 4.380 354 2019 202 FAPECE 196.345 290 - 155 2019

144 ABBPREV 532.482 4.233 2.137 230 2018 203 OABPREV-SC 193.313 8.811 14.295 96 2019

145 SEGURIDADE 527.097 2.003 782 486 2019 204 FUMPRESC 185.742 549 925 391 2019

146 CP PREV 526.272 3.481 5.871 137 2019 205 PREVBEP 160.341 24 168 159 2019

147 POUPREV 523.420 1.236 1.877 90 2017 206 FUNDO PARANÁ 143.576 5.443 6.987 29 2019

148 INDUSPREVI 523.017 2.199 2.991 619 2019 207 RECKITTPREV 140.432 1.607 2.097 66 2019

149 DERMINAS 514.341 5.607 - 4.025 2019 208 SIAS 140.423 7.261 4.987 728 2019

150 PREVIDEXXONMOBIL 505.891 1.953 2.730 105 2018 209 CAFBEP 131.573 nd nd nd 2019

151 SUPREV 500.404 3.183 3.015 1.042 2019 210 MÚTUOPREV 121.505 nd nd nd 2019

152 CARREFOURPREV 493.646 57.295 37.269 218 2019 211 PREVYASUDA 121.471 937 884 97 2019

153 FAPA 486.175 481 2.226 670 2019 212 OABPREV-GO 120.038 nd nd nd 2019

154 PFIZER PREV 483.292 2.218 748 192 2019 213 OABPREV-RS 119.902 8.798 17.000 53 2019

155 PREVINDUS 474.779 7.771 4.756 1.085 2019 214 TEXPREV 119.500 208 480 38 2019

156 RANDONPREV 453.776 12.637 20.455 271 2019 215 OABPREV-RJ 115.657 6.872 12.587 192 2018

157 MAIS VIDA PREV 443.529 5.449 2.562 908 2019 216 DATUSPREV 101.270 309 370 70 2019

158 OABPREV-PR 439.058 17.662 22.163 126 2019 217 MAG FUNDOS DE PENSÃO 96.757 3.439 5.229 23 2018

159 PREVISCÂNIA 437.090 4.624 315 213 2019 218 RJPREV 91.711 2.217 2.749 4 2018

160 FUTURA 434.360 849 1.167 409 2019 219 FUTURA II 86.724 5.201 7.801 13 2019

161 ALPAPREV 433.087 20.096 22.379 201 2019 220 ALBAPREV 84.265 209 477 9 2019

162 PREVCUMMINS 427.906 2.829 3.072 210 2019 221 INERGUS 82.017 659 975 610 2019

163 PREV PEPSICO 426.196 15.890 16.141 146 2019 222 PREVCHEVRON 77.261 117 194 68 2019

164 PREVIP 424.161 4.710 8.177 155 2019 223 FUNCASAL 68.707 741 1.535 736 2019

165 CIFRÃO 420.814 664 1.268 1.070 2019 224 MM PREV 60.609 1.762 2.104 36 2019

166 P&G PREV 418.018 4.781 6.165 213 2019 225 PREVES 55.627 3.535 - 1 2019

167 CAPESESP 415.676 33.177 5.372 674 2019 226 SBOT PREV 54.268 1.676 1.734 4 2019

168 MENDESPREV 412.251 39 623 457 2019 227 PREVUNISUL 47.663 884 947 124 2019

169 LILLY PREV 408.172 821 1.269 270 2019 228 ALEPEPREV 44.624 180 222 29 2019

170 FAECES 403.106 1.038 2.111 951 2019 229 SILIUS 36.531 13 270 317 2019

171 RAIZPREV 400.710 27.608 41.328 62 2019 230 ANABBPREV 32.218 1.103 2.123 8 2019

172 KPMG PREV 399.698 4.965 7.746 75 2019 231 CNBPREV 32.206 774 1.302 7 2019

173 UNISYS PREVI 393.783 544 3 75 2019 232 RS-PREV 27.843 612 - - 2018

174 VOITH PREV 384.169 1.853 3.336 255 2019 233 DF-PREVICOM 18.367 nd nd nd 2019

175 MAUÁ PREV 380.217 5.267 898 226 2019 234 PREVNORDESTE 15.730 595 532 - 2019

176 DANAPREV 373.796 5.112 8.003 170 2019 235 PREVCOM-MG 13.747 nd nd nd 2019

177 FASERN 368.557 792 1.979 523 2018 236 SCPREV 13.658 603 195 - 2019

178 MERCERPREV 368.325 2.298 2.485 45 2019 237 SINDPD|FPA 6.136 466 630 2 2018

179 TETRA PAK PREV 367.925 1.908 2.959 69 2019 238 PREVCOM-GO 5.125 185 82 - 2019

180 CABEC 365.618 22 1.602 1.161 2019 239 MAPPIN 5.113 3.463 2.895 35 2014

181 EATONPREV 340.812 3.857 5.169 234 2019 240 CAVA 3.787 883 1.511 566 2017

182 PREVEME II 321.367 4.164 7.225 207 2019 241 CURITIBAPREV 2.599 nd nd nd 2019

183 PORTUS 312.262 999 13.191 8.056 2019 242 FUCAE 2.326 nd nd nd 2019

184 CASANPREV 311.930 1.315 2.929 681 2019 243 ORIUS 1.266 - 23 46 2019

185 ROCHEPREV 301.627 1.617 2.146 59 2019 244 ACIPREV 824 356 576 - 2019

186 PREVICEL 299.017 796 1.173 201 2019 245 FFMB 136 250 237 115 2014

187 BOTICÁRIO PREV 294.754 8.001 8.933 37 2019

TOTAL ESTIMADO
Investimentos (R$ mil) 949.952.730 Participantes Ativos 2.650.838 Dependentes 3.960.881 Assistidos 858.299

Consolidado Estatístico é uma publicação da ABRAPP - Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar
Produção: Núcleo Técnico - ABRAPP / e-mail: nucleotecnico@abrapp.org.br site: www.abrapp.org.br
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