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SUMÁRIO

1. OBJETIVO GERAL.................................................................................................05
1.1. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA.................................................................................05
2. FATO GERADOR......................................................................................................06
3. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA....................................................................................07
4. CRÉDITO TRIBUTÁRIO...........................................................................................12
4.1. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO..................................................12
4.2. LANÇAMENTO......................................................................................................12
4.3. DÍVIDA ATIVA E EXECUÇÃO FISCAL..............................................................13

5. OBJETIVO ESPECÍFICO.......................................................................................15
5.1. COBRANÇA ADMINISTRATIVA E COBRANÇA JUDICIAL...........................15

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................17
7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO......................................................................18
2

INTRODUÇÃO

A análise do Código Tributário Nacional nos permite verificar que seu objetivo
principal é disciplinar a arrecadação promovida pelo Estado, ante a seus administrados,
através dos tributos.
Contudo, para que advenha ao Estado o „dever-poder‟ de tributar, é necessária a
ocorrência de fatos, provenientes de atos lícitos ou não, disciplinados por lei, que geram
também ao contribuinte o dever de pagar.
Neste contexto, inserem-se as definições de fato geradoras e hipótese de
incidência, razão de certa divergência, que a seguir será abordada.
A relação existente entre pessoas sujeitas à tributação e o Estado há muito não
mais é uma relação simplesmente de poder, configura-se agora em uma relação mais
complexa, em uma relação jurídica, ocorrendo de um fato previsto em uma norma.
Várias são os termos que surgiram para designar o antecedente da norma
tributária, que é o fato que deve ocorrer para que, produzindo seus efeitos, forme a
relação jurídica tributária. As expressões mais comuns estabelecidas pela doutrina são
“fato gerador” e “hipótese de incidência“.
O fato gerador indica a ocorrência de um determinado procedimento que gera,
no mundo fenomênico, uma obrigação tributária. Porém, para surgir esta obrigação
tributária é imprescindível que a ocorrência da situação - fato - esteja prevista em lei.
Kiyoshi Harada diz que “costuma-se definir o fato gerador como uma situação
abstrata, descrita na lei, a qual, uma vez ocorrida em concreto enseja o nascimento da
obrigação tributária. Logo, essa expressão fato gerador pode ser entendida em dois
planos: no plano abstrato da norma descritiva do ato ou do fato e no plano da
concretização daquele ato ou fato descrito”.
3

CAPÍTULO I
1. OBJETIVO GERAL
1.1. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA

A hipótese de incidência tributária pode ser descrita como o fato previsto em lei,
que em caso de sua ocorrência resultará no nascimento da relação jurídico tributária. O
legislador diante de inúmeros fatos ocorridos no mundo fenomênico escolheu entre
estes, o que percebem a circulação de riquezas para criar a hipótese de incidência, ou
seja, ocorrendo o fato descrito em lei, surge a obrigação tributária.
Eduardo Sabbag destaca em sua obra o entendimento de Vittorio Cassone, onde
destaca a hipótese de incidência, “descrição que a lei faz de um fato tributário que,
quando ocorrer, fará nascer à obrigação tributária (obrigação de o sujeito passivo ter de
pagar ao sujeito ativo o tributo correspondente)”.
Para Paulo de Barros Carvalho,

”A norma tributária em sentido estrito será a que prescreve a


incidência (.....). A hipótese ou suposto prevê um fato de conteúdo
econômico, enquanto o consequente estatui um vinculo obrigacional
entre o Estado, ou quem lhe faça as vezes, na condição de sujeito
ativo, e uma pessoa física ou jurídica, particular ou publica, como
sujeito passivo, de tal sorte que o primeiro fica investido do direito
subjetivo publico de exigir, do segundo, o pagamento de determinada
quantia em dinheiro. Em contrapartida, o sujeito passivo será
cometido do dever jurídico ( ou dever subjetivo) de prestar aquele
objeto.”

Fato gerador e hipótese de incidência tanto podem ser considerados sinônimos,


como também tratados de forma diferenciada. Há doutrina para ambas as situações. Do
ponto de vista didático, entretanto, é mais adequado o tratamento distinto desses
importantes institutos do Direito Tributário, porque do estudo individualizado
compreende-se com mais propriedade toda a sistemática da obrigação tributária e do
crédito fiscal.
Com base nessa premissa, convém primeiramente estudar-se a hipótese de
incidência tributária. Consiste esse instituto na descrição constante de norma legal
acerca de um determinado fato. A hipótese de incidência (H.I.) nada mais é do que uma
previsão legal, necessariamente abstrata, porquanto prevista em lei (sentido genérico),
4

decorrente de uma formulação legislativa que tem por objetivo a descrição de uma
situação relevante do ponto de vista tributário.
GERALDO ATALIBA (1984, p. 56), procurando pela melhor didática, indica a
lição de Perez de Ayala, tributarista espanhol, para quem “a definição por uma lei de
certos supostos de fato a cuja hipotética e possível realização a lei atribua determinados
efeitos jurídicos (obrigação de pagar tributo), convertendo-os assim, numa classe de fato
jurídica (fato imponível). A realização desse fato jurídico, o fato imponível, que origina
a obrigação de pagar o tributo”.
Hipótese de incidência é conceito legal, no sentido de que é uma representação
de um fato. Nesse passo, mostra-se apropriado o estudo do outro instituto tributário, que
é o fato gerador. Também conhecido por fato imponível, previsto no art. 114, do CTN,
o F.G. representa a concretude da hipótese de incidência. Por outras palavras, é o objeto
do conceito, ou seja, a situação descrita em lei quando realizada.

ATALIBA (1984, p. 57), antevendo a confusão que os institutos


poderiam suscitar, serve-se novamente do tributarista espanhol para
dirimir qualquer dúvida, frisando que “a hipótese legal é só uma
definição contida numa lei. Pertence ao mundo dos valores jurídicos.
Pelo contrário, o fato imponível real é a realização dessa hipótese
legal. Pertence ao mundo da realidade fática”.

“Fato imponível é o fato concreto, localizado no tempo e no espaço, acontecido


efetivamente no universo fenomênico, que por corresponder rigorosamente à descrição
prévia, hipoteticamente formulada pela hipótese de incidência dá nascimento à
obrigação tributária.” As peculiaridades de cada um dos institutos relevam suas
diferenças e removem alguma dúvida que ainda persista:

2. FATO GERADOR

Nas palavras do Professor Kiyoshi Harada, “define o fato gerador como uma
situação abstrata, descrita na lei, a qual, uma vez ocorrida em concreto enseja o
nascimento da obrigação tributária. Logo, essa expressão fato gerador pode ser
entendida em dois planos: no plano abstrato da norma descritiva do ato ou do fato e no
plano da concretização daquele ato ou fato descritos.” No entanto estão descritos nos
artigos do Código Tributário Nacional, sendo do s 114 a 118.
Nas palavras de Paulo de Barros Carvalho, “o fato jurídico tributário será
tomado como um enunciado protocolar, denotativo, posto na posição sintática de
5

antecedente de uma norma individual e concreta, emitido, portanto, com função


prescritiva, num determinado ponto do processo de positivação do direito”.
Entendemos oportuno ainda destacar que o Professor Sabbag em sua obra,
ressalta as palavras de Geraldo Ataliba, o fato gerador ou “fato imponível “é a
materialização da hipótese de incidência, representando o momento concreto de sua
realização, que se opõe à abstração do paradigma legal que o antecede”“.
Assim, sendo o Professor Sabbag, demonstra “hipótese de incidência é a
situação descrita em lei, recortada pelo legislador entre inúmeros fatos do mundo
fenomênico, a qual, uma vez concretizada no fato gerador, enseja o surgimento da
obrigação principal”.
Vale ainda descrever que o Kiyoshi Harada, apresenta o elemento objetivo e
subjetivo do fato gerador. “O elemento objetivo ou o núcleo do fato gerador é a
descrição abstrata de ato ou fato, de cuja concreção surge a obrigação tributária.” Já o
aspecto subjetivo do fato gerador é a relação tributária onde existe dois sujeitos, o ativo
e o passivo.
Definição – obrigação principal e acessória – CTN, arts. 114 e 115.

Art. 114. “Fato gerador da obrigação principal é a situação definida


em lei como necessária e suficiente a sua ocorrência”.

Art. 115. “Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação


que, na forma da legislação aplicável, impõe a pratica ou a abstenção
de ato que não configure obrigação principal”.

Fato gerador obrigação principal definido em lei (sentido estrito). Fato gerador
obrigação acessória definido na legislação tributaria (decreto, portaria etc). Hipótese de
incidência (ou fato gerador abstrato) situação hipotética descrita na lei. Fato gerador (ou
fato gerador concreto) situação ocorrida no mundo real; Subsunção do fato à norma: a
ocorrência da hipótese de incidência faz surgir imediata e automaticamente a obrigação
tributaria (chama-se fato gerador da obrigação tributaria).

3. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

A relação jurídico-tributária é o vinculo entre o sujeito ativo ( União, Estados,


Municípios e Distrito Federal) e o sujeito passivo ( contribuinte ou responsável - pessoa
física ou jurídica ), no qual o primeiro por meio da relação de soberania, pode coibir o
6

segundo, diante da ocorrência de um fato descrito em lei a cumprir com uma prestação
consistente em pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
O Professor Eduardo Sabbag, demonstra que a relação jurídica tributária, pode
ser analisada através da linha do tempo, ou seja, “HI – hipótese de incidência; FG – fato
gerador; OT – obrigação tributária; CT – crédito tributário”.
Conforme já mencionado nesse curso, a relação entre o Estado e as pessoas
sujeitas à tributação não é uma mera relação de “poder”, mas sim uma relação jurídica
de natureza obrigacional. Sendo o direito das obrigações um instituto originário do
Direito Civil, é nele que se deve procurar o conceito de obrigação.
Washington de Barros Monteiro (em sua obra “Curso de Direito Civil”) define
obrigação da seguinte maneira: “Obrigação é uma relação jurídica, de caráter
transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa prestação
pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-
lhe o adimplemento através do seu patrimônio”.
A relação de natureza tributária surge da ocorrência de um fato previsto em uma
norma (lei em sentido estrito – principio da legalidade) como capaz de produzir esse
efeito. Alguns doutrinadores denominam esse fato previsto em lei como “hipótese de
incidência”, que nada mais é do que uma situação hipotética prescrita em lei. Uma vez
praticada a situação hipotética prevista em lei, ocorre o que se denomina de “fato
gerador” (ou fato imponível) da obrigação tributária.
Obrigação tributária - conceito (Hugo de Brito Machado1): “É a relação jurídica
em virtude da qual o particular (sujeito passive) tem o dever de prestar dinheiro ao
Estado (sujeito ativo), ou de fazer, não fazer ou tolerar algo no interesse da arrecadação
ou da fiscalização dos tributos e o Estado tem o direito de constituir contra o particular
um crédito”.
Em Direito Tributário, assim como no Direito Civil, a obrigação se divide em
três espécies: obrigação de dar, de fazer e de deixar de fazer. A obrigação de dar
dinheiro é considerada obrigação principal. Doutro lado, as obrigações de fazer e de
deixar de fazer são consideradas obrigações acessórias.
A definição de obrigação tributária, segundo o Harada,2 “obrigação tributária
como uma relação jurídica que decorre da lei descritiva do fato pela qual o sujeito ativo

1
MACHADO, Hugo Brito. Curso de Direito Tributário. Rio: Forense
2
Ibidem, p. 416.
7

( União, Estados, DF ou Município) impõe ao sujeito passivo (contribuinte ou


responsável tributário) uma prestação consistente em pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária ( art. 113, § 1º, do CTN), ou prática ou abstenção de ato no
interesse da arrecadação ou da fiscalização tributária ( art. 113, § 2º, do CTN).
Ensina o Professor Harada, 3que o artigo 113 do CTN classifica a obrigação
tributária em principal e acessória, prescrevendo que a primeira surge com a ocorrência
do fato gerador e tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária (§1º),
ao passo que a segunda decorre da legislação tributária4 e tem por objeto as prestações,
positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos
tributos (§2º). Acrescenta o seu § 3º que a obrigação acessória pelo simples fato de sua
inobservância converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade
pecuniária.
No entendimento de Eduardo Marcial Ferreira Jardim, 5obrigação, em direito, é
sinônima de relação jurídica, e nesse sentido representa o vinculo abstrato pelo qual
uma pessoa –sujeito ativo – fica investida do direito subjetivo de exigir o cumprimento
de uma prestação de outra pessoa – sujeito passivo -, sobre a qual recai o dever jurídico
correspondente.
 Sujeito Ativo
6
Nas palavras de Sabbag, “A sujeição ativa é matéria afeta ao polo ativo da
relação jurídico-tributária. Refere-se, pois, ao lado credor da relação intersubjetiva
tributária, representado pelos entes que devem proceder à invasão patrimonial para a
retirada compulsória de valores, a título de tributos”.
Vejamos o artigo 119 do Código Tributário Nacional: Art. 119. Sujeito ativo da
obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o
seu cumprimento.
Assim, na obrigação tributária, irá figurar no polo ativo as pessoas jurídicas de
direito público, sendo portanto, encarregadas de arrecadar e fiscalizar os tributos.

3
Ibidem, p. 417.
4
Art. 96 do CTN Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as
convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte,
sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.
5
JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Manual de Direito Financeiro e Tributário. 10ªed.São
Paulo:Saraiva, 2009, p. 255
6
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 1 Ed. São Paulo:Saraiva, 2009, p. 620.
8

Em leitura ao artigo 7º do Código Tributário Nacional, encontramos as


disposições pertinentes à competência tributária:

Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das


funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis,
serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária,
conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos
termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios
processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a
conferir.
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato
unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido.
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a
pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar
tributos.

Demonstra ainda o Professor Sabbag, 7 “Há dois tipos de sujeitos ativos: o direto
e o indireto. Sujeito ativo direito: são os entes tributantes – União, Estados, Municípios
e Distrito Federal (art. 41, I, II, III do Código Civil, Lei nº 10.406/2002) – detentores de
competência tributária, ou seja, do poder legiferante8 de instituição de tributo. Sujeito
ativo indireto: são os entes parafiscais9 – CREA, CRM, CRC, entre outros – detentores
de capacidade tributária ativa, ou seja, do poder de arrecadação e fiscalização de
tributo”.
 Sujeito Passivo
Eduardo Sabbag,10 menciona, “A sujeição passiva é matéria adstrita ao polo
passivo da relação jurídico-tributária. Refere-se, pois, ao lado devedor da relação
intersubjetiva tributária, representado pelos entes destinatários da invasão patrimonial
na retirada compulsória de valores, a titulo de tributos”.
As disposições legais diante do sujeito passivo da obrigação tributária
encontram-se, nos artigos 121 a 123 do Código Tributário Nacional, vejamos:

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada


ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação
que constitua o respectivo fato gerador;

7
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 1 Ed. São Paulo:Saraiva, 2009, p. 620.
8
Refere-se ao ato de legiferar, legislar. A função legiferante consiste no poder de estabelecer leis. Tem
função legiferante o órgão competente para criar leis.
9
Parafiscais - contribuição cobrada por autarquia, órgãos paraestatias, profissionais ou sociais, para
custear seu financiamento autônomo. Exemplo: taxa anual do CRC, CREA, etc.
10
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 1 Ed. São Paulo:Saraiva, 2009, p. 624.
9

II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua


obrigação decorra de disposição expressa de lei.
Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada
às prestações que constituam o seu objeto.
Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções
particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos,
não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição
legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.

Dessa forma, os artigos 121 e 122 acima transcritos, preveem o sujeito passivo
da obrigação principal e da acessória. E, por sua vez, a disposição do artigo 121
supracitado, divide o sujeito passivo da obrigação principal em direto e indireto, ou
seja, respectivamente, o contribuinte e responsável. O sujeito passivo da obrigação
principal ou acessória nasce do liame que se faz com a instauração da obrigação
tributária.
11
Conforme ensinamentos do Professor Sabbag, “há dois tipos de sujeitos
passivos: o direto (contribuinte) e o indireto (responsável)”.
Sujeito passivo direto (art. 121, parágrafo único I, do CTN): é o contribuinte,
ou seja, aquele que tem uma relação pessoal e direta com o fato gerador. Exemplos: o
proprietário do bem imóvel ou o possuidor com ânimo de domínio, quando ao IPTU; o
adquirente do bem imóvel transmitido com onerosidade, quanto ao ITBI, entre outros.
Sujeito passivo indireto (art. 121, parágrafo único, II do CTN): é o responsável,
ou seja, a terceira pessoa escolhida por lei para pagar o tributo, sem que tenha realizado
o fato gerador. ”12
Já no que tange a obrigação principal e acessória deve ser destacado, as palavras
de Eduardo Marcial Ferreira Jardim: 13
 Obrigação principal teria por objetivo o pagamento de tributo ou da
penalidade pecuniária;
 Obrigação acessória teria por objeto o comportamento compreendido
em prestações positivas ou negativas.

11
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 1 Ed. São Paulo:Saraiva, 2009, p. 625.
12
O professor Sabbag, exemplifica casos práticos de sujeito passivo responsável:
 “ bem móvel alienado com dividas de IPVA (art. 131, I, do CTN) - o adquirente do veiculo será
o responsável pelos tributos, enquanto o alienante, por ter relação direta com o fato gerador, permanece
como contribuinte.
 “bem imóvel alienado com dívidas de IPTU ( art. 130 do CTN) – o adquirente de imóvel, pela
própria conveniência do Fisco, será o responsável pelos tributos referentes ao bem imóvel, enquanto o
alienante, por ter relação direta com o fato gerador, permanece como contribuinte.
13
JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Manual de Direito Financeiro e Tributário. 10ªed.São
Paulo:Saraiva, 2009, p. 258.
10

14
Hugo de Brito Machado, considera que o sujeito passivo da obrigação
acessória “é a pessoa à qual a legislação tributária atribui deveres diversos do dever de
pagar. (...) Qualquer dever diverso do pagamento atribuído pela legislação tributária a
qualquer pessoa, no interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos, é obrigação
acessória, na linguagem do Código Tributário Nacional”.
15
Luciano Amaro, entende que "a identificação do sujeito passivo da obrigação
principal (gênero) depende apenas de verificar quem é a pessoa que, à vista da lei, tem o
dever legal de efetuar o pagamento da obrigação, não importando indagar qual o tipo de
relação que ela possui com o fato gerador".

4. CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Assim sendo, passa-se a definição de Crédito Tributário segundo Machado


(2002), o Crédito Tributário é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do
qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável
(sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação
obrigacional).

4.1. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

A constituição do Crédito Tributário decorre, sem dúvida, da obrigação


principal, vez que é de natureza idêntica.
Assim, para Paulo de Barros Carvalho nasce o Crédito Tributário no exato
instante em que irrompe o laço obrigacional, isto é, ao acontecer, no mundo físico
exterior, aquele fato hipoteticamente descrito no suposto normativo. Instaurada a
obrigação, dentro dela estará, inexoravelmente, o crédito, numa relação de absoluta
inerência.
Em suma, o crédito tributário se constitui juntamente com a obrigação e esta
nasce com a ocorrência do fato jurídico tributário.

4.2. LANÇAMENTO

14
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário, 29 ed.: São Paulo.Malheiros, 2004. p. 126.
15
AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro, 02ª ed., São Paulo: Saraiva, 1998, p. 280.
11

É o lançamento que torna o crédito tributário em condições de ser exigido pelo


credor. O art. 142 do Código Tributário Nacional define o lançamento como
procedimento administrativo com os seguintes objetivos:
 I - Verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente;
 II – Determinação da matéria tributável;
 III – O cálculo do montante do tributo devido;
 IV – Identificação do sujeito passivo;
 V – Aplicação da penalidade, se cabível no caso.
Na doutrina, ensina o mestre Aliomar Baleeiro, o lançamento tem sido definido
como o ato, ou série de atos, de competência vinculada, praticada por agente
competente do Fisco para verificação do fato gerador em relação a determinado
contribuinte, apurando quantitativa e qualitativamente o valor da matéria tributável,
segundo base de cálculo, e, em consequência, liquidando o quantum do tributo a ser
cobrado.

4.3. DÍVIDA ATIVA E EXECUÇÃO FISCAL

A compreensão do conceito de dívida ativa exige que se reporte a alguns


dispositivos legais que tratam da matéria. A Dívida Ativa, segundo o artigo 2º da Lei
6830/80, é aquela conceituada no artigo 39 da Lei 4320 de 17 de março de 1964, com as
alterações introduzidas pelo Decreto Lei 1735 de 20 de dezembro de 1979.
O § 2º do artigo 39 conceitua a dívida ativa tributária como sendo o crédito da
Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e
respectivos adicionais e multas, e dívida ativa não tributária, os demais créditos da
Fazenda Pública.
O conceito de Dívida Ativa Tributária está explicitado no art. 201 do Código
Tributário Nacional: Art. 201. “Constitui Dívida Ativa Tributária a proveniente de
crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente,
depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final
proferida em processo regular”.
Segundo Lazarin (1996), o conceito trazido pelo art. 201 do CTN não é rigoroso,
embora sirva para fins didáticos, pois há dívidas ativas que não decorrem de créditos
12

tributários. Isto é percebido pela definição explicitada na lei nº 4320/64, a qual


estabeleceu de forma clara quais os créditos que podem se tornar dívida ativa, dentre os
quais os créditos não tributários.
“Dívida Ativa é, pois, o crédito da Fazenda Pública regularmente inscrita no
órgão e por autoridade competente, depois de esgotado o prazo final para pagamento
fixado pela lei ou por decisão final, em processo administrativo regular”. Este foi o
conceito traçado pelo professor Leon Frejda Szklarowsky.

É um conceito muito semelhante ao trazido pelo CTN, diferenciando-


se pelo fato de que o catedrático não restringiu o conceito, apenas
colocou como dívida ativa o crédito da Fazenda Pública, ficando
subentendido qualquer crédito inscrito em órgão competente e por
autoridade com capacidade para tal ato, esgotada o prazo final para o
cumprimento da obrigação fixado por lei ou por decisão final. Os
elementos conceituais supracitados serão posteriormente estudados
por se tratar de grande importância para a compreensão da matéria.

Os doutrinadores, ao tratar de Dívida Ativa, no momento de conceituá-la,


utilizam-se, mormente, das definições das leis nº 4320/64 e lei nº 5172/66 (Código
Tributário Nacional).
Hely Lopes Meirelles aparece no mundo jurídico com uma visão bastante
revolucionária e ímpar no que se refere à Dívida Ativa. O mestre expôs
irreverentemente que a expressão dívida ativa é imprópria e contraditória porque toda
dívida é obrigação e, como tal, passiva. Sendo assim, a expressão correta deveria ser
“crédito fiscal”.
A cobrança atividade destinada a receber o crédito da Fazenda Pública pode ser
feita, em caráter amigável (extrajudicial) ou judicialmente. A cobrança amigável faz-se
no âmbito da Administração e a outra, em Juízo, através da execução judicial do crédito
tributário ou não, inscrito como dívida ativa.
A execução fiscal, para cobrança da dívida ativa, alicerça-se no título executivo
criado pela Fazenda Pública. A execução fiscal ou a ação de execução fiscal é uma ação
especial de cobrança da dívida ativa da Fazenda Pública, que tem o seu próprio direito.
O processo judicial de execução fiscal tem inicio quando concluído o
procedimento administrativo fiscal o débito permanece inadimplido, após a devida
apuração do crédito pelo competente órgão fazendário acerca da liquidez e certeza do
titulo cuja exigibilidade se pretende a fim de promover a inscrição na divida ativa.
13

Execução Fiscal. Lei 6.830/80. A execução deverá ser proposta no domicílio do


réu, ou no de sua residência, ou no lugar onde for encontrado. Nas comarcas do interior,
onde não funciona vara da Justiça Federal, os juízes estaduais são competentes para, em
primeira instância, processar e julgar os executivos fiscais da União e de suas autarquias
ajuizados contra devedores domiciliados nas respectivas comarcas.

5. OBJETIVO ESPECÍFICO
5.1. COBRANÇA ADMINISTRATIVA E COBRANÇA JUDICIAL

A competência das autoridades administrativas em matéria de fiscalização é


regulada na legislação tributária; indispensável, portanto, que a fiscalização seja feita
por pessoas às quais a legislação atribua competência para tanto, em caráter geral, ou
especificadamente, em função do tributo de que se tratar; todo ato da administração
tributária só tem validade se praticado por quem tenha competência para tanto; as regras
básicas sobre a matéria encontram-se no CTN e devem ser observadas pela legislação
(art. 194); as normas dessa legislação, quando não constem de lei, evidentemente devem
tratar apenas de aspectos procedimentais, ou de simples obrigações acessórias.
A Lei 6830/80 consagrou definitivamente a tendência doutrinária de diferenciar
a execução judicial da execução administrativa ou, na expressão de Silva Pacheco, não
há que confundir a cobrança judicial da cobrança administrativa.
A cobrança judicial somente deverá ser tentada quando esgotado o prazo para o
pagamento amigável, ou seja, quando forem adotadas, sem êxito, todas as providências
administrativas visando o recebimento da dívida ativa. Ainda assim, deverá o devedor
ser cientificado dessa iniciativa, a fim de que lhe seja oferecida uma última
oportunidade para a efetivação do respectivo pagamento.
O processo de cobrança deverá obedecer às normas do Código de Processo
Civil, ressalvando, entretanto, o que hoje vem disciplinado por lei ordinária (Lei
6830/80). A petição inicial será instruída com certidão de dívida ativa e o executado
será citado para, no prazo de cinco dias, pagar a dívida acrescida dos respectivos
encargos ou garantir a execução. Não se verificando o pagamento, nem a garantia de
execução dentro dos prazos previstos pela legislação vigente, a execução deverá cair em
qualquer bem penhorável do executado. A lei assegura ao executado oferecer embargos
14

no prazo de 30 dias, contados a partir do depósito, da juntada da prova da fiança


bancária ou da intimação de penhora.
Uma vez recebidos os embargos, o Juiz providenciará a intimação da Fazenda,
para que esta possa impugná-los no prazo de 30 dias, designando, de logo, audiência de
instrução e julgamento. Na impossibilidade de oferecimento dos embargos, a Fazenda
Pública deverá se manifestar sobre a garantia da execução.
Não sendo embargada a execução ou sendo rejeitado o embargo, no caso de a
garantia ser prestada por terceiro, será este intimado, sob pena de contra ele prosseguir a
execução nos próximos autos, para, no prazo de 15 dias, remir o bem, se a garantia for
real, ou pagar o valor da dívida acrescido de juros, multa e outros encargos, pelos quais
se obriga, se a garantia for fidejussória.
15

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Do exposto, incorpora-se como melhor entendimento, que hipótese de incidência


e fato gerador possui "nomen iuris" diversos pelo fato de se tratarem de percepções de
momentos diversos de fenômenos próximos. Enquanto a hipótese de incidência
encontra-se no campo hipotético da abstração, o fato gerador amolda-se mais técnico
em momento superveniente, quando a hipótese de incidência passa a ter concretude com
a realização fática de sua previsão.
No tocante a tributação dos atos ilícitos demonstrou-se o equívoco dos que
defendem sua impossibilidade, já que se atentaria contra o princípio da isonomia, estar-
se-ia em desacordo com a previsão do art. 118, CTN, e respaldamos nossa posição
trazendo o exemplo emblemático do IR, onde se tributa acréscimos patrimoniais sem
em momento algum cogitar-se da exclusão de tributação de atos ilícitos, tributando-se
atos ou fatos jurídicos desde que praticada pelo sujeito passivo a hipótese de incidência
da norma impositiva.
Pelo exposto, vimos que hipótese de incidência e fato gerador não tem
tratamento unânime na Doutrina, que, em sua maioria, descreve hipótese de incidência
como a previsão abstrata do fato na norma jurídica e fato gerador como a efetiva
ocorrência no mundo fático da situação prevista em lei.
Entendemos que independentemente da questão semântica, da nomenclatura, o
que interessa ao estudo e aplicação do Direito Tributário é que haja distinção e
compreensão das situações que não se confundem. Ou seja, uma coisa é a previsão da
situação descrita na norma, que atende ao princípio da legalidade, conforme acima
descrevemos. Outra coisa é o efetivo acontecimento no mundo fenomênico da situação
descrita na norma.
Em resumo, o vínculo entre o sujeito passivo e o sujeito ativo decorre da lei.
Esta estabelece uma hipótese de incidência e, quando ocorre no mundo real o fato
descrito abstratamente na norma (chama-se a isso subsunção do fato à norma), imediata
e automaticamente surge a obrigação tributária (por isso o fato é chamado fato gerador
da obrigação tributária).
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7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

GERALDO ATALIBA (1984, p. 56)


ATALIBA (1984, p. 57),
HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2009,
p. 416.
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário-Fundamentos Jurídicos da
Incidência. 2ªed. São Paulo: Saraiva 1999, p. 80.
___________, Paulo de Barros. Direito Tributário-Fundamentos Jurídicos da
Incidência. 2ªed. São Paulo: Saraiva 1999, p. 105.
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 1 Ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p.
614.
Ibidem, p. 615.
1. MACHADO, Hugo Brito. Curso de Direito Tributário. Rio: Forense
2. Ibidem, p. 416.
3. Ibidem, p. 417.
4. Art. 96 do CTN Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os
tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que
versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.
5. JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Manual de Direito Financeiro e Tributário.
10ªed. São Paulo: Saraiva 2009, p. 255.
6. SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 1 Ed. São Paulo: Saraiva, 2009,
p. 620.
7. SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 1 Ed. São Paulo: Saraiva, 2009,
p. 620.
8. Refere-se ao ato de legiferar, legislar. A função legiferante consiste no poder de
estabelecer leis. Tem função legiferante o órgão competente para criar leis.
9. Parafiscais - contribuição cobrada por autarquia, órgãos paraestatias, profissionais
ou sociais, para custear seu financiamento autônomo. Exemplo: taxa anual do CRC,
CREA, etc.
10. SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 1 Ed. São Paulo: Saraiva, 2009,
p. 624.
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11. SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 1 Ed. São Paulo:Saraiva, 2009,
p. 625.
12. O professor Sabbag, exemplifica casos práticos de sujeito passivo responsável:
 “bem móvel alienado com dividas de IPVA (art. 131, I, do CTN) - o adquirente
do veiculo será o responsável pelos tributos, enquanto o alienante, por ter relação direta
com o fato gerador, permanece como contribuinte.
 “bem imóvel alienado com dívidas de IPTU ( art. 130 do CTN) – o adquirente
de imóvel, pela própria conveniência do Fisco, será o responsável pelos tributos
referentes ao bem imóvel, enquanto o alienante, por ter relação direta com o fato
gerador, permanece como contribuinte.
13. JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Manual de Direito Financeiro e Tributário.
10ª ed. São Paulo: Saraiva 2009, p. 258.
14. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário, 29 ed.: São Paulo.
Malheiros, 2004. p. 126.
15. AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro, 02ª ed., São Paulo: Saraiva, 1998,
p. 280.

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