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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

CRISE HÍDRICA NA CIDADE DE BRASÍLIA - DF

RESERVATÓRIO DO DESCOBERTO

Gabriela Hanisch Ferraz, Helena Becker da Silva, July Dequêch

1. INTRODUÇÃO

A barragem do Descoberto é responsável pelo abastecimento de água de


60% da população da capital do país, que, no início de 2017 começou a passar
por uma crise hídrica sem precedentes. Em consequência disso, a Companhia de
Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) adotou medidas drásticas,
tanto para o bolso quanto para a rotina dos brasilienses.

No presente trabalho serão apresentados dados e características


específicas do Reservatório do Descoberto, juntamente com informações sobre a
crise hídrica que levou mais de 500 mil pessoas, durante mais de um ano, ficar em
média 2 meses sem água nas torneiras - 24 horas a cada seis dias.

Em novembro de 2017 o Reservatório do Descoberto, que abastece dois de


cada três imóveis do Distrito Federal, marcou o menor volume da história: 5,3%.
Exatamente um ano após essa data histórica, o reservatório marcava
surpreendentes 61,9%. Abordaremos nesse trabalho quais medidas foram
adotadas para tal crescimento e normalidade da situação de crise que tanto
assustou os moradores brasilienses.

2. OBJETIVO

O presente trabalho tem por objetivo apresentar um caso de crise hídrica


que tenha acontecido no Brasil, e, após isso, descrever detalhadamente um
reservatório e a localidade que tenha sido afetado pela crise.
Analisar os mais diversos casos de crise hídrica no nosso país, é mais uma
forma de compreendermos as devidas medidas que devem ser tomadas para
evitarmos situações semelhantes futuramente. Entender quais foram as
circunstâncias que levaram essa crise hídrica chegar em um ponto tão crítico, e ter
sido necessário a tomada de decisões tão extremas a fim de solucionar esse
problema.

Criarmos uma visão tanto de cidadãos, como de engenheiros com uma


maior conscientização do devido uso da água. Muitas vezes esquecemos que
esse recurso tão abundante no planeta terra, não possui sua maioria disponível
em forma de água potável, e se não aprendermos a fazer o bom uso, em
quantidades corretas e sem desperdício, iremos sofrer com maior escassez no
futuro.

3. METODOLOGIA

Como o caso foi amplamente divulgado pela mídia, com as notícias


ocupando as primeiras páginas dos principais jornais, os portais de notícias e
rádios fazendo cobertura completa com todas as atualizações sobre a situação,
não houve grandes dificuldades para obter as informações, de forma geral. Os
dados foram integralmente coletados de documentos divulgados pelo Governo de
Brasília, Agência Nacional de Águas (ANA), assim como portais de notícias, como
G1, Correio Braziliense, etc. Todos estão disponíveis online.

Também utilizou-se de comparativos com outras situações semelhantes


que ocorreram no resto do país, dado que a última década foi marcada por crises
hídricas em todas as regiões do Brasil, causadas por secas (duradouras) e
estiagens (passageiras). Os casos mais lembrados são na região do Semiárido,
do Sistema Cantareira (SP), do Paraíba do sul (RJ) e assim por diante. Somente
em 2016, ano mais crítico em impactos para a população, 18 milhões de
habitantes foram afetados por estes fenômenos climáticos que causam escassez
hídrica.

Segundo a ANA, que conta com dados de mais de 50 instituições parceiras,


as secas e cheias representam 84% dos quase 39 mil desastres naturais entre
1991 e 2012 no território nacional, afetando cerca de 127 milhões de brasileiros.
No período de 1995 a 2014, as perdas chegaram a R$ 182,7 bilhões. Assim, os
prejuízos chegam a R$ 9 bilhões por ano, ou aproximadamente R$ 800 milhões
por mês.
4. DESCRIÇÃO DO RESERVATÓRIO E COMO A CRISE O AFETOU,
ASSIM COMO A LOCALIDADE

A Barragem do Rio Descoberto, inaugurada em 1974, deu origem a um


lago de 17km² de extensão e com capacidade de armazenar 102,3 hm³ de água,
configurando-se como um dos maiores reservatórios para o abastecimento de
água do Distrito Federal, abastecendo cerca de 68% da população atendida.

A barragem se localiza às margens da BR-070, a poucos metros da divisa


do Distrito Federal com o estado de Goiás.

Pela sua grande influência no abastecimento do estado, orgãos do governo


e a população local se interessam e se preocupam pela proteção deste manancial,
gerando uma grande necessidade de estabelecer mecanismos de controle de
processo de degradação ambiental.

A Barragem do Rio Descoberto é uma barragem do tipo concreto-


gravidade, concluída em 1974, de propriedade da Companhia da Caesb, utilizada
como reservatório para o abastecimento de água para grande parte de Distrito
Federal.

A Barragem está localizada a cerca de 50km a oeste de Brasília, podendo


ser acessada pela BR-070. A sua capacidade total é de 102.900.000 metros
cúbicos, medindo 3 metros de largura da crista, 33 metros de altura máxima e 265
metros de comprimento.

Em março de 2016, quase um ano antes da crise hídrica começar, não


cogitava-se a possibilidade do reservatório passar por problemas, pois marcava
100% da sua capacidade, atingindo 30 metros de altura e começando a
transbordar. De acordo com declaração do gerente do centro de controle da
Caesb, o fato da barragem verter garantia conforto aos moradores, que não
precisariam se preocupar com a disponibilidade de água. No ano anterior, de
2015, mesmo com 101 dias de estiagem, o menor registro da altura da barragem
foi de 26,2 metros, que ainda garantia abastecimento suficiente à população,
sendo a altura mínima para isso de 20 metros. Entretanto, a situação confortável
anunciada em 2016 não foi suficiente e, meses depois, o baixo nível do
Reservatório, resultando em medidas drásticas.
Após o início da crise, uma das medidas tomadas pelo governo foi de impor
que, desde o fim de 2016, quem consumisse mais de 10 metros cúbicos de água
por mês seria sobretaxado em até 40% na conta da Caesb.

Com essa medida não sendo suficiente para combater a falta de água na
região atendida pelo reservatório, no final de janeiro de 2017 passou a valer o
racionamento de água, onde o abastecimento foi suspenso por até 24 horas em
regiões previamente avisadas, em esquema de rodízio, medida que atingiu 1,8
milhão de moradores. O calendário dos cortes consistia num ciclo de seis dias: um
com interrupção completa, dois dias de estabilização e três de fornecimento
normal. No sétimo dia, o corte voltava a ocorrer. Segundo o presidente da Caesb,
a medida garantia segurança hídrica às empresas e moradores, reduzindo em
mais de 10% o consumo. Além disso, também foi reduzida a pressão na rede.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) atribuiu a situação


preocupante ao fenômeno El Niño, que provocou bloqueio atmosférico e
influenciou no regime de chuva de todo o país, causando um período de seca e
aumento considerável no consumo de água no DF, em função do calor e da baixa
umidade. Outros fatores, como o crescimento demográfico, a ocupação irregular
de áreas próximas aos mananciais de abastecimento e o baixo investimento em
obras de captação, também contribuíram para a situação crítica enfrentada pelo
DF. Na época, o Reservatório do Descoberto operava com a demanda muito
próxima da oferta, dessa maneira, qualquer variação nas chuvas afetaria a
população.

O Reservatório, que abastece 2 em cada 3 imóveis residenciais, comerciais


e industriais do Distrito Federal, chegou no seu menor volume, 5,3%, no dia 23 de
novembro de 2017. Esse nível estava apenas 0,3 ponto percentual acima dos 5%
previstos pela Caesb como “preocupantes”.

O racionamento de água chegou ao fim após 513 dias de rodízio, em junho


de 2018. Durante esse período de restrição hídrica, o reservatório subiu para
93,9% do seu volume. Segundo o governo, a decisão de acabar com o
racionamento foi tomada com base, principalmente, nos níveis dos reservatórios,
na redução do consumo de água e a inauguração de novas obras de captação.

5. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Ao decorrer desse longo período de rodízio no abastecimento de água, a
população deixou de gastar quase 980 litros de água por segundo em 2017. E
atualmente, no ano de 2019, o reservatório operou na grande maioria do tempo
com 100% do seu volume útil.

A bacia do Descoberto é muito usado para irrigação da agricultura. Por


isso, é preciso ter um controle de captação. O uso consciente de água na
produção rural foi estimulado por meio de capacitações oferecidas empresas que
atendem a localidade.  Os produtores foram orientados a adotarem os sistemas de
microaspersão e de gotejamento para reduzir as perdas na irrigação.

Embora o período de restrição hídrica tenha chegado ao fim,  é preciso


mantermos a conscientização e criarmos o hábito da economia de água. Segundo
pesquisa realizada pelo G1, a média, até julho de 2016 (próximo ao início da
crise), foi de 175,1 litros/habitante/dia, enquanto o recomendado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), é de 110 litros ao dia por pessoa.

Ao longo da pesquisa realizada, também pudemos verificar que o


investimento em meios que envolvem desde captação até a distribuição da água,
não vem sendo devidamente atendidos e, por meio de uma crise, lembramos a
tamanha importância e impacto que o correto planejamento e dimensionamento de
um reservatório pode causar em uma população.

6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CRISE HÍDRICA - G1. Disponivel em: <g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/um-ano-de-


racionamento-confira-os-numeros-da-crise-hidrica-no-df.ghtml>

CRISE HÍDRICA DESCOBERTO - Jornal de Brasília. Disponivel em:


<www.jornaldebrasilia.com.br/cidades/fim-da-crise-hidrica-descoberto>

CRISE HÍDRICA NO DF  - Metrópoles. Disponivel em: <www.metropoles.com/distrito-federal/meio-


ambiente/crise-hidrica-no-df-era-uma-situacao-inimaginavel-em-marco-de-2016>

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