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Miras Telescópicas – Conceitos Básicos


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Miras telescópicas, popularmente chamadas de lunetas, são dispositivos óticos
destinados a facilitar e melhorar a precisão dos impactos de projéteis disparados por
armas de fogo, ou até mesmo de armas de ar comprimido, principalmente em tiros de
longa distância. Elas são muito similares a telescópios refrativos comuns, porém
equipados com alguns dispositivos destinados especificamente ao uso como aparelho
de pontaria.

Essas miras são quase sempre objetos de muita curiosidade por parte do público leigo,
não muito familiarizado com armas, o que muitas vezes acaba gerando lendas e
alguns exageros sobre o limites que, na realidade, esses aparelhos conseguem atingir.
Fomentadas por  alguns filmes, por exemplo, muitas pessoas julgam o tiro efetuado
com armas dotadas de luneta, como algo infalível e de muito fácil utilização.

O emprego das lunetas, principalmente em armas longas, existe de longa data, pois se
tem conhecimento da existência delas desde o século 17, instrumentos rústicos, a
bem da verdade. Mas só a partir de 1835 a 1840 é que se tem notícia de que os
inventores norte-americanos Morgan James e William Malcolm haviam desenvolvido
suas lunetas com relativo sucesso e com bom desempenho. Aliás, atribui-se a
Malcolm, por volta de 1855, a criação da primeira mira telescópica com retículo
regulável internamente. As miras desenvolvidas por Malcolm tornaram-se padrão em
uso militar nos USA por volta da Guerra Civil (1860-1865), onde eram utilizadas pelos
“snipers” (atiradores de elite) da época.
Afirma-se que o Major General John F. Reynolds, do Exército da União, foi morto por
um atirador de tocaia do Exército Confederado,   posicionado sobre uma árvore e
armado com um fuzil equipado com uma dessas lunetas. Foi um tiro certeiro na nuca,
quando  o General se encontrava montado em seu cavalo, durante a batalha de
Gettysburg, em julho de 1863.

As vantagens de uma mira ótica, como as lunetas, em relação às miras convencionais é


muito grande, em virtude de diversas particularidades, sendo a mais importante delas
o fator de aumento, ou seja, a vantagem de “trazer para perto” do atirador, o seu alvo.
Particularmente aos usuários de óculos, que são portadores de deficiências muito
comuns como miopia, presbiopia e hipermetropia, as lunetas apresentam a grande
vantagem de permitirem a não mais necessidade de lançar mão de óculos especiais
para tiro,  possibilitando a maravilhosa sensação de obterem na sua visada, tanto a
mira (retículo) como o alvo, estarem ambos em perfeito foco, o que é impossível para
eles com as miras comuns. Os portadores de deficiências visuais sabem, muito bem,
da dificuldade de conseguirem foco perfeito ao mesmo tempo, tanto na alça de mira
como na massa, bem como no próprio alvo.
Como se classificam:

Miras telescópicas são normalmente classificadas e designadas baseadas no índice de


aumento e no diâmetro de sua objetiva. Por exemplo, uma luneta designada como
10X50 significa uma lente com 10X de aumento (magnitude) e objetiva de 50mm de
diâmetro. Neste caso trata-se de uma luneta de magnitude fixa. Nos modelos de
magnitude variável, as chamadas lentes “zoom”, a nomenclatura é expressa assim: 6-
24X40 (magnitude de 6 a 24X, com objetiva de 40mm de diâmetro).

A magnitude é o índice de aumento que uma lente proporciona. Se uma determinada


lente é de magnitude 6, significa que um objeto observado através dela se apresentará
ao olho humano como se estivesse 6 vezes mais perto, ou tendo seu tamanho
aumentado em 6X. Imagine-se um alvo circular, posicionado a 50 metros de distância
do atirador,  com 20cm de diâmetro. Observado a olho nu, será um objeto muito difícil
de ser visualizado. Utilizando-se uma mira telescópica de 10X de magnitude, o mesmo
alvo observado através dela se apresentará ao atirador como se ele estivesse
posicionado a cerca de 5 metros de distância, onde esse mesmo alvo de 20 cm de
diâmetro seria facilmente observado a olho nu.

Entretanto, as coisas não são tão simples assim. Dependendo do instrumento


utilizado, a luminosidade pode ser um pouco comprometida e um correto e eficiente
apoio para a arma é crucial. Com cerca de 8X de aumento, uma carabina sem apoio
dificilmente consegue dar ao atirador uma visada fixa e estável, sem se tremer.
Portanto, via de regra, quanto mais aumento tivermos, teremos mais chance de tremer
e menos luz disponível. Um bipé montado na arma ou mesmo só o apoio dos
cotovelos numa posição de tiro deitada, são imprescindíveis para um disparo com
precisão a longas distâncias, com ou sem o uso de miras telescópicas.

Uma magnitude muito alta também restringe o campo de visão a uma determinada
distância, o que em alguns casos prejudica a “visão de conjunto”. Um alvo a 50 metros
de distância, por exemplo, dependendo do seu tamanho e da magnitude que a lente
possui, poderá facilmente preencher todo o campo de visão da lente, não permitindo
ao atirador um pouco da visão periférica. Por isso as lentes variáveis, com zoom, são
mais versáteis principalmente na atividade de caça.
Luneta Schmidt-Bender de fabricação alemã, modelo PM II de 5-25X56, ocular
regulável e ajuste de foco (paralaxe); ótica de primeira linha mas com um preço
compatível e salgado, algo em torno de US$ 3.000,00. 
A luminosidade está diretamente relacionada ao diâmetro da objetiva. Portanto,
quanto maior o valor do diâmetro mais luz teremos na saída da ocular, embora a
magnitude também interfira como fator importante. Exemplificando, duas lentes da
mesma magnitude mas com objetivas diferentes, como uma 4X50 e uma 4X32, a
primeira será bem mais luminosa que a segunda. Porém, se temos uma lente 8X32 e
uma outra 12X40, como saberemos qual é a mais luminosa? O índice que nos dá essa
luminosidade, independente do aumento da lente, se chama “pupila de saída”, ou “ exit
pupil” . Quanto maior o diâmetro de pupila de saída, mais clara e luminosa será a
lente. Chega-se neste valor dividindo-se o diâmetro da objetiva pela sua magnitude.
Nos dois exemplos acima, temos:
32/8 = pupila de saída de 4mm

40/12 = pupila de saída de 3,3mm

Portanto, a primeira lente, apesar de ter magnitude inferior (8X) é mais luminosa do
que a segunda. Percebemos então que em uma lente variável (zoom), a pupila de saída
varia de acordo com a magnitude: temos a lente 3-9X40: sua pupila de saída será de
13,3mm (na posição 3X) até 4,4mm (na posição 9X).

O melhor índice de conforto da pupila de saída é algo em torno de 7mm, que é o


diâmetro de uma íris dilatada do olho humano, diâmetro esse que diminui com a
idade. Com a pupila de saída muito baixa, por exemplo, o olho humano pode ter
alguma dificuldade em visualizar todo o campo ótico da luneta, criando o efeito
chamado de vinhetagem, que são áreas de sombra laterais que aparecem quando o
cone de luz que sai da luneta não coincide exatamente com a irís do olho.

Construção:

Vista interna de uma mira telescópica moderna, de magnitude fixa, onde se observa a
montagem com dois tubos, interno e externo, para possibilitar os ajustes.
No desenho acima podemos ver como é a construção de uma mira telescópica atual,
de magnitude fixa. A objetiva é o lado que fica voltado ao alvo e a ocular, voltado ao
olho do atirador. Um retículo é montado na extremidade de um segundo tubo (interno)
existente no interior do tubo externo. Falaremos de retículos mais adiante, mas eles
são basicamente compostos de dois fios posicionados em formato de uma cruz, para
servirem de referência à pontaria. Dentro do tubo interno também estão as lentes
destinadas a inverter a imagem e as lentes oculares, por onde sai a luz que entrou pela
objetiva.

Quando se giram os botões de ajuste de altura ou de lateralidade, os eixos dos


mesmos apoiam-se no tubo interno, que numa extremidade permite seu movimento,
dessa forma alinhando internamente o retículo, sem se mover a luneta propriamente
dita. Entretanto, existem alguns suportes ( mounts) que possem regulagem adicional,
no caso de que os ajustes internos não sejam suficientes para alinhar a luneta
corretamente.
Ajuste de elevação típico, sem sua tampa de proteção: cada estágio de ajuste (um
clique) equivale, nesta lente, a 1/4 M.O.A., ou seja 0.25 de um minuto de ângulo, o
que significa desvio de 6,35 mm a 100 metros.  (M.O.A.significa ”minute of
angle”). Nesta luneta, o botão de ajuste, depois da luneta ter sido calibrada numa
determinada arma, pode ser “zerado” na sua posição, soltando-se os parafusos “allen”
visíveis na foto. . 
Lembramos aqui que todo telescópio refrator simples, inverte ou gira a posição da
imagem observada em 180º. Nos telescópios astronômicos, onde a posição correta
dos astros é irrelevante, não se utilizam lentes destinadas a inverter a imagem pois as
mesmas diminuem a luminosidade e causam mais interferências óticas. Porém, em
lunetas terrestres, lembrando que as miras telescópicas se encaixam nessa
especificação, é evidente que desejamos obter uma imagem na sua posição correta e
não de cabeça para baixo.

Montados, um deles em cima e o outro num dos lados do tubo externo, situam-se os
botões de ajuste: o botão de cima ajusta a mira quanto à elevação e o botão lateral
ajusta a mira lateralmente. Ambos possuem uma capa de proteção rosqueada e
dispõem de uma escala graduada; seu movimento é clicado em ambas as direções,
para evitar que girem livremente. Cada posição ou clique ajusta a posição do tubo
interno e consequentemente do retículo que é montado nele, para permitir a
regulagem da mira em relação ao cano da arma e em relação à distância do alvo. De
maneira geral e dependendo da luneta, um clique de ajuste, seja para cima ou para
baixo, seja para a direita ou para a esquerda, altera o ponto de impacto do projétil em
cerca de 3 mm a 10 mm, a 100 metros de distância.

Detalhe de uma luneta norte-americana Bushnell, montada em uma carabina CBC


Impala. Note o uso de dois calços, montados sobre o trilho da arma, que possibilitam
o uso da luneta sem a remoção da alça de mira. 
Finalmente, outra característica importante de uma mira telescópica é a distância
ocular ou “alívio do olho”, ou em inglês “ eye-relief“. Esse fator determina a distância
em que a ocular da luneta ficará posicionada em relação ao olho. A grande maioria das
lunetas para armas longas possuem um “ eye-relief” em torno de 70 mm a 115 mm, o
que proporciona uma posição segura no caso de armas de calibre potente e com
grande recuo, cuja ocular muito próxima poderá ferir o olho do atirador.
Excepcionalmente alguns fabricantes desenvolvem lentes com “ eye-relief” maior, em
torno de 250 mm a 300 mm, para uso específico em armas cuja posição de montagem
da lente poderá interferir com o manejo ou carregamento da mesma. Os atiradores de
tocaia alemães na II Guerra, por exemplo, usavam lentes como essas, o modelo ZF41
da Zeiss, nas carabinas Mauser modelo 98K, isso porque o carregamento dos
cartuchos dessas armas é feito por cima, através do uso de clipes metálicos com 5
cartuchos, impossíveis de serem utilizados com uma luneta instalada sobre a abertura
de entrada dos cartuchos.
Outra utilização de lunetas com grande “ eye relief” são nas armas curtas, nas miras
utilizadas em revólveres ou pistolas, por exemplo, onde a distância da luneta ao olho é
muito mais longa, de mais de 60 cm. Lunetas para armas curtas geralmente não
possuem magnitude nenhuma, ou quando muito podem chegar a aumentos de 1,5X
ou 2X.
Retículos:

Os retículos são dispositivos internos das lunetas destinados a fornecer ao atirador


todos os recursos para a precisão do tiro. Os mais comuns são os do tipo “ cross-hair“,
duas finas linhas cruzadas feitas em aço. Há retículos para várias atividades tais como
para uso militar, para cálculo de distância, para a caça esportiva, para o tiro esportivo,
com correções de queda do projétil, etc.

Na figura ao lado, vemos exemplos dos retículos mais comumente utilizados, alguns
deles com funções específicas.

O retículo tipo “mil-dot“, por exemplo, muito em moda hoje em dia, ajuda no cálculo
da distância atirador-alvo, de forma muito rápida e simples, sem o custo adicional de
dispositivos “range-finder” mecânicos.
Este retículo possui no seu “cross-hair” uma série de 10 pontos em ambos os sentidos,
espaçados de forma regular. O fabricante fornece no manual qual a relação que cada
espaçamento tem em determinada distância. O atirador mira em um objeto cuja altura
ou largura seja sua conhecida e verifica quantos pontos ou meios-pontos a figura
preenche. A quantidade de pontos ou de frações deles, multiplicado por um fator,
indica a distância do objeto.
Há retículos denominados de BDC, abreviatura que significa Bullet Drop Compensator,
que permite ao atirador estabelecer o ajuste da luneta à diversas distâncias diferentes,
levando-se em conta a queda natural da trajetória do projétil. É claro que para cada
cartucho deve-se ter ajustes diferentes; há lunetas que são fornecidas com meia-dúzia
de knobs de ajuste que podem ser trocados a qualquer momento, cada um apropriado
para os calibres mais populares.
O modelo SVD visto ao lado é de uso militar, onde uma escala é exibida baseada em
um alvo de uma pessoa de 1,70m de altura; com a ajuda das escalas ali fornecidas, o
atirador com o alvo humano em mira saberá determinar a distância que o alvo se
encontra.

Os retículos com círculos em diversos tamanhos são os mais indicados para uso em
espingardas. Muito em uso hoje em dia são os modelos dotados de retículos
iluminados, seja com o uso de pequenas baterias de fácil substituição ou com uso de
isótopos radioativos como o tritium, que não necessitam de fonte de alimentação,
embora possuam uma duração estimada entre 8 a 12 anos, quando perdem suas
características luminosas. Para utilização noturna os retículos iluminados são de
grande valia.

Algumas lunetas, principalmente as com aumento variável e de magnitudes superiores


a 10X são fornecidas com um ajuste adicional, normalmente um anel posicionado
junto à objetiva, similar aos anéis de foco existentes em lentes fotográficas. Na
verdade trata-se  de um ajuste de foco, com as marcas de distâncias desde 30 metros
a infinito. Devido à própria construção interna, muitas vezes a imagem não se
apresenta perfeitamente nítida sobre o plano do retículo, efeito que se denomina
paralaxe. Através do ajuste deste anel, consegue-se ajustar o foco perfeito da imagem
sobre o retículo.

  
Acima, ajuste de paralaxe posicionada em 50 metros – à esquerda, anel de zoom
(ajuste de magnitude) em uma luneta de 6 a 24 X
Exemplo: temos uma típica objetiva com distância focal de 100mm, sistema com 10X
de magnitude e lentes focadas, de fábrica, à distância de 1000 metros. Se formos
utilizar essa luneta em um objeto distante à 100 metros, a imagem resultante se
formará em foco perfeito à:  (1000m / 100m) / 100mm = 0.1mm., ou seja, 0.1 mm
atrás do retículo; parece pouco mas isso, multiplicado por 10X (aumento da lente)
ocasionará um erro de 10 mm de variação no alvo.

Montagem na arma:

A montagem das miras telescópicas nas armas é feito geralmente por dispositivos
denominados de “mounts“, ou suportes, que quase sempre em número de dois,
abraçam o tubo central da luneta e fixam-se nas ranhuras existentes na arma. Essas
ranhuras, também chamadas de trilhos, são usinadas geralmente na culatra das armas
longas, com larguras padronizadas. Sem essas ranhuras, é mais difícil e trabalhoso de
se montar lunetas pois esses “mounts” necessitam ser de tipo diferente do padrão,
como é o caso dos modelos que se fixam em trilhos adaptados à arma.

                           

Nas fotos acima, vemos típicos suportes para lunetas com tubo de 1/2 polegada de
diâmetro e engates para trilhos de 11mm de largura.
Esses suportes, que normalmente podem ser seccionados em duas metades e presos
por um parafuso em cada extremidade, medem normalmente 3/4″ (19mm), passando
por 22 mm, uma polegada (25,4mm), 26, 30 e 34mm. adaptando-se assim a uma
variedade muito grande de lunetas.
A fixação dos suportes é algo que tem que ser feito cuidadosamente para não danificar
a luneta nem as ranhuras. Geralmente eles são primeiramente  fixados ao corpo da
luneta e só depois montados à arma. Nesta etapa, deve-se ter muito cuidado com o
alinhamento  vertical do retículo em relação à arma, para evitar que o mesmo fique
inclinado, para um lado ou outro. Também é importante verificar o posicionamento
dos suportes em relação ao trilho da arma e verificar, quando se posicionar a lente
sobre a arma, se a distância da ocular em relação ao olho do atirador, o chamado
“eye-relief“,  está de acordo com a especificação.
Dentro do possível a luneta deverá estar montada na posição mais baixa, o mais
próxima do cano, mas isso nem sempre ocorre devido à possíveis interferências da
luneta com alguma peça da arma, principalmente com as alças de mira, que
normalmente são removidas.

Uma vez determinada a posição correta da luneta sobre o trilho, monta-se a mesma e
aperta-se bem seus parafusos para que se obtenha uma montagem firme, sem folgas
e livre de trepidação.

Existem suportes específicos para alguns modelos de armas que não possuem trilhos,
suportes que são afixados por parafusos diretamente à armação ou na culatra de rifles
e carabinas.

Na figura acima, um interessante sistema “snap-in” de encaixe nos trilhos, sem uso de
parafusos, onde é possível a instalação e a remoção da luneta sem uso de
ferramentas. 
Há casos em que, dependendo das características de uma arma, seja um pouco mais
complicado de se utilizar uma mira telescópica, como por exemplo nos típicos rifles
Winchester de alavanca, onde a extração dos cartuchos se faz por cima da culatra, o
que ocasionaria se chocarem contra a lente, e também pelo fato de não haver trilhos
para montagem. Outro caso comum são fuzís baseados na ação Mauser, onde a luneta
sobre a culatra dificulta o carregamento dos cartuchos, com o uso de clipes. Neste
último caso, pode-se optar por lunetas de “eye-relief” mais longos, de cerca de 20 mm
a 30 mm, podendo-se assim montar a luneta sobre o cano, para a frente da abertura
do ferrolho. Outro problema comum em armas de ferrolho é a possibilidade da
alavanca de manejo bater no corpo da luneta, ao ser aberta. Muitas vezes será
necessária uma modificação nessas alavancas.

Na figura ao lado, uma solução interessante do fabricante norte-americano Weaver


Scopes: um suporte rebatível, onde o conjunto pode ser tombado para o lado esquerdo
da arma, quando necessário, possibilitando assim o acesso mais rápido e fácil à
operação de carregamento.

Entretanto, soluções como essa podem causar, às vezes, efeitos indesejáveis pois
qualquer articulação ou peças móveis no conjunto da luneta e seu suporte podem
causar variação nos ajustes, afetando a precisão do tiro. Não é o caso deste fabricante,
mas claro que esse conjunto articulado deverá sempre ser construído com materiais de
primeira linha, evitando-se assim folgas e desgastes no decorrer do uso.

Para cada caso, existe disponível ao atirador uma infinidade de peças fornecidas por
diversos fabricantes como trilhos, extensores, prolongadores e calços, permitindo que
virtualmente possa se montar uma mira telescópica em qualquer arma.

Escolha da luneta:
Importante ponto na hora da escolha da luneta é a compatibilidade dela com a arma
onde vai ser utilizada e a aplicação que se pretende, como caça ou tiro esportivo. Há
lunetas específicas para carabinas de ar comprimido, de calibres não muito potentes,
até os rifles de alta potência e grande recuo. Uma luneta mal concebida e mal
empregada pode sofrer danos internos em seus elementos devido ao excesso de
vibração de uma carabina de ar do tipo bomba ou de um rifle com grande recuo.

O calibre e consequentemente o alcance do projétil merece ser levado em conta, uma


vez que seria um desperdício de dinheiro, por exemplo, adquirir e montar uma luneta
de grande magnitude em uma carabina ou rifle de pequena potência e alcance. Para
uso em tiro esportivo as miras telescópicas de magnitude fixa são as mais indicadas,
pois normalmente os alvos situam-se à uma distância quase sempre padrão e essas
lentes são mais luminosas. Para a atividade de caça, as lunetas “zoom” são mais
versáteis, uma vez que o tiro em campo aberto e em alvos móveis a distâncias variadas
exigem maior ou menor aumento bem como melhor campo de visão.

Regulagem do ponto de impacto:

Essa é a operação mais importante a ser executada: o casamento da arma e da luneta.


Algumas coisas são necessárias para se executar um ajuste perfeito. Em um estande
de tiro, de preferência com 50 metros de pista, arrume um bom apoio para a carabina,
como um saco de areia ou use alguns suportes especiais existentes para tiro apoiado.
Coloque um alvo de papelão, em cujo verso foi pintado, com caneta de ponta grossa,
uma linha horizontal e outra vertical, que se cruzam no centro do alvo, dividindo-o
assim em quatro partes e com uma aparência similar ao retículo “cross-hair”.

Monte esse alvo em um suporte e posicione-o à 25 metros, a uma altura equivalente à


sua linha de visada, ou seja, na altura em que a arma ficará apoiada. Utilize um apoio
para armas longas, ou use um saco de areia para isso. A arma deve ficar o mais fixa e
imóvel possível na ocasião do disparo. Efetue um disparo com o retículo da luneta
posicionado exatamente sobre a cruz do alvo. Não use grande magnitude; use algo em
torno de 4 a 6 X.

Verifique primeiro o desvio lateral e meça de quantos centímetros é o desvio, para a


esquerda ou direita. Clique o ajuste lateral para o lado indicado, esquerdo ou direito,
estimado conforme o M.O.A. especificado pelo fabricante. Lembre-se que à 25 metros
a quantidade de cliques é 4 vezes menor, pois geralmente o M.O.A. é especificado
para 91 metros (100 jardas). Como a diferença de 9 metros existente entre 100 jardas
e 100 metros é irrelevante para o ajuste, vamos trabalhar somente com metros daqui
para a frente.

Efetue agora outros disparos até que consiga agrupar uns dois ou tres sobre, ou bem
próximo, à linha vertical do alvo. Passamos agora à regulagem vertical. Meça a
distância dos impactos na linha vertical em relação ao centro do alvo e clique o ajuste
de elevação de acordo com os dados de M.O.A. do fabricante. Faça com que os
grupamentos cheguem todos sobre, ou bem próximo, ao centro da cruz do alvo. A
luneta está regulada para 25 metros.

Obreie os furos ou faça um novo alvo e posicione-o agora à 50 metros. Efetue uns
dois disparos e verifique que o desvio lateral não deve ter sofrido alteração, uma vez
que não haja a presença de ventos laterais. O que deve ter ocorrido foi a queda da
trajetória típica dos projéteis, de poucos centímetros, dependendo do calibre. Meça
esse desvio e clique, calculando novamente pelo índice de M.O.A. agora dividindo o
resultado de cliques por dois, pois estamos agora a 50 metros. Efetue mais alguns
disparos e ajustes adicionais até confirmar o agrupamento no centro do alvo. Neste
caso, regulou-se a luneta para 50 metros. O procedimento é o mesmo,
posteriormente, para 100 metros.

Se os botões de ajuste do modelo de luneta em uso permite que seja ajustado para
zero, efetua essa operação, zerando ambos os ajustes para as posições de 50 ou 100
metros. Desta forma, qualquer utilização fora dessa distância poderá ser mais
facilmente revisada, baseada na quantidade de cliques necessária. Por exemplo, se a
queda do projétil de um determinado cartucho é de 5 cm a partir de 50 metros até 100
metros, pelo índice M.O.A. calcule quantos cliques serão necessários para corrigir
esses 5 cm. Se forem 10 cliques, somente gire o ajuste em 10 cliques, partindo do
zero, para usar a arma a 100 metros. Retorne o ajuste ao zero para utilizar novamente
a arma para a distância de 50 metros.

Entendendo o M.O.A.:

M.O.A. significa “minuto de ângulo”. Em balística, M.O.A. é a medida, em frações de


graus, do desvio da trajetória de um projétil devido a vários fatores como gravidade,
velocidade e resistência do ar. A exata medida de um M.O.A. a 100 jardas de distância
é de 1.047″.
Como uma jarda equivale a 0, 91 metros
e uma polegada a 25,4 mm, temos que um M.O.A. equivale a 26,5 mm a 91 metros.
De forma arredondada, e como um minuto de ângulo é uma medida linear, um M.O.A.
equivale a uma polegada a 100 jardas, 1/2 polegada a 50 jardas ou 2 polegadas a 200
jardas. A grosso modo e usando nossas medidas mais comuns no Brasil, temos que 1
MOA equivale a 25 mm a 100 metros, a 13 mm a 50 metros, a 6,25mm a 25metros ou
a 50 mm a 200 metros.

Se uma luneta possui ajustes de 1/4 MOA como a ilustrada ao lado, as medidas de
MOA devem ser divididas por 04. Então temos para essa luneta que um clique equivale
a 06 mm a 100 metros, 03 mm a 50 metros ou 1,5mm a 25 metros.

No ajuste dessa mira da foto, por exemplo, se os impactos dos projéteis num alvo a 50
metros causam um desvio para baixo de 06 cm (60 mm),  serão necessários 20 cliques
no sentido correto (UP), para corrigir.

Os fabricantes de lunetas telescópicas fornecem suas lentes com ajustes de 1/2 MOA
ou de 1/4 MOA para cada clique de posição de ajuste. Quanto menor for o M.O.A. mais
preciso será o ajuste da mira. Como o M.O.A. é uma medida linear, isso significa que o
dobro da distância é também o dobro do desvio.

Acessórios:

Os acessórios mais comuns às lunetas são:

1. Os parasóis, destinados a cobrir parcialmente a objetiva, como uma aba de um


boné, eliminando-se efeitos de luz indesejáveis, como quando os raios solares
atingem diretamente a objetiva, criando os chamados “ glares“, manchas de luz de
diversas formas que interferem na visibilidade.
2. Tampas  para objetivas e oculares, algumas delas com articulações que permitem
ser abertas ou fechadas, sem precisar removê-las da lente. (Foto abaixo).
3. Filtros óticos para diversas finalidades, como os de cor cinza, de densidade variável,
os polarizadores ou os coloridos, para melhorarem o contraste e definição.

4. Anéis de borracha sanfonada para as oculares, de forma a fechar quase


completamente a entrada de luz entre o olho do atirador e a lente; são de certa forma
problemáticos quando da utilização de armas com muito recuo.

Considerações finais:

O mercado hoje é muito favorável na área das miras telescópicas, pois com a entrada
agressiva dos produtos chineses, o preço é muito acessível, porém, a qualidade nem
tanto. A exemplo do que ocorreu na indústria de equipamentos fotográficos, os
tradicionais e melhores fabricantes, tais como os alemães, japoneses e americanos,
partiram para a opção de instalarem suas fábricas nos países asiáticos, como Coréia
do Sul, Tailândia e China, onde a possibilidade de produção desses instrumentos, com
custo final mais baixo, é melhor. Nestes casos ainda vale a premissa de que as marcas
de prestígio como Leopold, Weaver e Bushnell (norte-americanas), Nikon (japonesas) e
Leitz (alemãs), e que hoje também são produzidas no oriente, mesmo assim ainda
possuem qualidade muito acima da média.

Produtos europeus como os da linha Carl Zeiss, Ernst Leitz, Schmidt-Bender e outras,
ainda mantém valores elevados de preços, mas com a certeza da aquisição dos
melhores produtos deste tipo que o mercado pode oferecer.

Entretanto, há uma infinidade de marcas disponíveis hoje, tanto nas lojas como na
Internet, como as Bushmaster, Bosile, Titan, Nikko, Tasco, Gamo e  Shilba, entre
outras, com preço bastante convidativo mas que merecem muita atenção e cuidado na
hora da escolha. Falta de luminosidade, aberrações óticas e foco impreciso são fatores
que não são tão raros nessas lentes, algumas delas com preços inferiores a R$ 150,00.

Muito cuidado também na escolha a ser feita em relação à arma: há muitas lunetas
baratas no mercado que, pelo preço baixo, estimulam os atiradores de carabinas de ar
comprimido por ação de mola, a adquiri-las. É necessária uma pesquisa bem feita e
indagações aos vendedores sobre a construção dessas lunetas, pois mesmo nesse tipo
de arma, o contra-recuo que ocorre no momento da distenção da mola e no seu
impacto no final do pistão, causam vibrações tão grandes que acabam, literalmente,
destruindo e desalinhando os elementos internos das lunetas.

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