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PM-SP

Soldado PM de 2ª Classe

1. HISTÓRIA GERAL 1.1. Primeira Guerra Mundial. 1.2. O nazifascismo e a Segunda Guerra Mundial.
1.3. A Guerra Fria. 1.4. Globalização e as políticas neoliberais. .............................................................. 1

2. HISTÓRIA DO BRASIL 2.1. A Revolução de 1930 e a Era Vargas. 2.2. As Constituições


Republicanas. 2.3. A estrutura política e os movimentos sociais no período militar. 2.4. A abertura política
e a redemocratização do Brasil. ............................................................................................................ 37

3. GEOGRAFIA GERAL 3.1. A nova ordem mundial, o espaço geopolítico e a globalização. 3.2. Os
principais problemas ambientais. ........................................................................................................... 63

4. GEOGRAFIA DO BRASIL 4.1. A natureza brasileira (relevo, hidrografia, clima e vegetação). 4.2. A
população: crescimento, distribuição, estrutura e movimentos. 4.3. As atividades econômicas:
industrialização e urbanização, fontes de energia e agropecuária. 4.4. Os impactos ambientais. ......... 90

5. ATUALIDADES Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos, sociais e culturais, nacionais


e internacionais, ocorridos a partir do 1º de março de 2017, divulgados na mídia local e/ou nacional. 152

Candidatos ao Concurso Público,


O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas
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1. HISTÓRIA GERAL 1.1. Primeira Guerra Mundial. 1.2. O nazifascismo
e a Segunda Guerra Mundial. 1.3. A Guerra Fria. 1.4. Globalização e
as políticas neoliberais.

Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br

A Primeira Guerra Mundial


A Primeira Guerra Mundial ou Grande Guerra, como foi chamada na época, aconteceu entre os anos
de 1914 e 1918. Foi chamada assim por seus contemporâneos, pois nenhuma das guerras europeias
haviam atingido proporções globais.

I - Antecedentes
A Primeira Guerra Mundial, surgiu a partir de tensões formadas na segunda metade do século XIX. O
desenvolvimento do nacionalismo e do imperialismo – prática que consistiu no domínio de nações
poderosas sobre povos mais pobres – desencadeou a formação dos Estados nacionalistas. O capitalismo,
motivou o conflito entres as grandes potências europeias. O desejo de ampliar mercados, através do
imperialismo, aumenta ainda mais a tensão entre os países da Europa.

Um dos fatores que fez aumentar a insatisfação entre os países europeus, foi a má divisão da África e
Ásia, que ocorreu no final do século XIX. Como a Itália e a Alemanha haviam se unificado tardiamente,
fato que fez com que eles ficassem fora do processo neocolonial, enquanto a França e a Inglaterra
exploravam as novas colônias, ricas em matérias-primas, gerou descontentamento, e aumentou o
sentimento de rivalidade já existente entre a Alemanha e a França, já que os franceses haviam perdido
para a Alemanha a região da Alsácia-Lorena. As tensões crescem mais ainda quando a Alemanha, de
forma diplomática, exige o domínio de regiões afro-asiáticas, pertencentes a Inglaterra.

Apesar de ter se unificado tardiamente, a Alemanha conseguiu que seus produtos industrializados
ganhassem espaço. Os alemães conseguiram formar uma grande indústria que conseguiu superar a
tradicional potência britânica.

A partir do Imperialismo, um novo sentimento surge na paisagem pré Primeira Guerra. O nacionalismo,
aparece como uma fonte legitimadora da guerra. Esse sentimento aparece sob diversas formas, por
exemplo, na França o revanchismo aparece, provocado pela sua derrota na Guerra Franco-Prussiana.
Na Rússia, surge o pan-eslavismo, que se baseava na teoria de que todos os eslavos pertencentes a
Europa Oriental, deveriam constituir-se como uma família, e a Rússia como país mais poderoso dos
estados eslavos, deveria ser o líder e o protetor. Já na Alemanha, aparece uma forma de nacionalismo
que se manifesta na forma de pangermanismo, uma corrente ideologia que lutava para que todos os
povos germânicos se unissem sob a liderança alemã.

O grande sentimento nacionalista e a disputa imperialista, fazem com que as nações formem dois
blocos. O primeiro a surgir foi a Tríplice Aliança, formada pela Alemanha, Austro-Hungria e a Itália no
ano de 1882. Logo depois, surge a Tríplice Entente, aliança militar formada pela Inglaterra, França e
Rússia.

Dessa forma, as seis maiores potências europeias estavam prontas para a guerra, a Europa estava
dividida politicamente em dois blocos. A única coisa que faltava para iniciar um confronto era um pretexto,
e ele surge no dia 28 de junho de 1914, com o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro
do trono austríaco, na capital da Bósnia, Sarajevo, por um estudante sérvio.

II - A Guerra
Com a morte do arquiduque austríaco, a Áustria culpou a Sérvia e exigiu que providencias fossem
tomadas. Como a Sérvia não encontrou uma saída que agradece ambos, a Áustria declara guerra à
Sérvia. No dia 30 de julho a Rússia entra na guerra, mobilizando suas tropas para atacar a Áustria, em

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resposta a Alemanha declara guerra aos russos. Logo em seguida, no dia 3 de agosto, a Alemanha
declara guerra à França e invade o território Belga, um país neutro. Devido a violação da neutralidade, a
Alemanha da motivo para a Inglaterra intervir e declarar guerra à Alemanha, no dia 4 de agosto.

II.a - Primeira Fase da Guerra: Guerra de movimento


A primeira fase da guerra, iniciada em agosto de 1914, contou com ataques a França, realizados pela
Alemanha. Os alemães planejavam derrotar a França de forma rápida, contudo o exército francês
conseguiu deter o ataque, esse conflito ficou conhecido como a primeira batalha de Marne. Essa batalha
inaugurou a chamada guerra de trincheiras (frentes estáticas escondidas em valas cavadas no chão). Os
franceses conseguiram deter a ofensiva alemã, a apenas 40 km de Paris, graças à ajuda dos britânicos,
esse avanço é contido, mas a capital do país passa a ser Bordeaux. A Rússia, em 15 de agosto de 1914,
invade a Alemanha e a Austro-Hungria.

II.b - Segunda Fase da Guerra: Guerra de Trincheiras ou Guerra de posições


A segunda fase da Primeira Guerra Mundial, foi a época em que ocorreu os avanços estratégicos. O
uso das trincheiras foram amplamente utilizados. O armamento despertou um surto industrial fazendo
com que novas armas aparecessem.

Em 1917, com o triunfo da revolução Russa, a Rússia assina um acordo com a Alemanha, que
oficializava a sua saída da guerra, o acordo levou o nome de Tratado de Brest-Litovsk.

No mesmo ano os Estados Unidos entram na Guerra após ter seus navios mercantes atacados em
águas internacionais, por submarinos alemães. Apesar de manterem uma política de não-intervenção nos
assuntos europeus, depois do ataque, o presidente declara guerra à Alemanha.

Com a intensificação da guerra, as alianças estavam desenhadas da seguinte forma: A Tríplice


Aliança, antes de iniciar a guerra, reunia a Alemanha, Austro-Hungria e Itália. Com o início dos conflitos,
O império Turco-Otomano alia-se com a Alemanha, devido a sua rivalidade com a Rússia em 1914, a
Bulgária se une a eles em 1915. A Tríplice-Entente, antes formada pela Inglaterra, França e Rússia,
durante a guerra, mais 24 nações são incorporadas. Nações como o Japão (1915), Portugal e Romênia
(1916), Estados Unidos, Grécia e Brasil (1917). A Itália que antes pertencia a Tríplice Aliança, entra no
conflito em 1915 ao lado dos países da tríplice Entente.

III - O Final da Guerra


Depois da saída da Rússia e com a entrada dos Estados Unidos no conflito, a situação da Aliança foi
ficando cada vez mais crítica. E março de 1918 os alemães iniciaram mais uma ofensiva na frente
ocidental, utilizando aviões, canhões e tanques, nessa investida, chegaram a 46 km de Paris. Nesse
momento, com a ajuda dos norte-americanos, os alemães forma obrigados a recuar. A partir de então,
eles começaram a perder aliados até o ponto da situação ficar insustentável.

Neste momento o povo alemão sofria com a fome, devido a um bloqueio naval, a escassez de
alimentos levou a população a fazer uma manifestação pedindo o a saída da guerra. A população de
Berlim, em novembro de 1918, conseguiu tirar do poder o imperador Guilherme II, implantou-se então um
governo provisório, sob a liderança do Partido Social-Democrata, que assinou um acordo de paz com os
Aliados, terminando assim, a Primeira Guerra Mundial

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IV – Consequências
Com a rendição dos países que formavam a Tríplice Aliança, um acordo foi assinado, nas proximidades
de Paris, apenas os países vencedores participaram. Pelo acordo a Alsácia-Lorena, voltava a pertencer
a França, além de ter perdido território para outros países. Este tratado também impôs fortes punições, a
Alemanha foi obrigada a pagar uma indenização aos países, afim de pagar os prejuízos da guerra, outra
imposição foi a de que deveria ser entregue aos países vencedores uma parte de sua frota mercante,
suas locomotivas e suas reservas de ouro. Seu exército teve de ser reduzido, assim como sua indústria
bélica. Esse tratado, assinado em junho de 1919 levou o nome de Tratado de Versalhes, pois foi
assinado na sala dos Espelhos do palácio de Versalhes.

A Primeira Guerra Mundial, deixou um legado de aproximadamente 10 milhões de mortos, e quase o


triplo de feridos. Campos a indústria foram destruídos, além dos grandes prejuízos.

O conceito de guerra mudou a partir da Primeira Guerra Mundia, o modelo aristocrático que
caracterizou as guerras de Napoleão, não existia mais. O uso de novas armas, como bombas, tanques,
rifles de precisão e metralhadoras, transformou os exércitos em uma máquina mortífera. Esse motivo fez
com que a guerra durasse mais do que se esperava.

As Influências da Primeira Guerra Mundial no Cenário Brasileiro1


A primeira guerra representa para a industrialização brasileira um momento de desenvolvimento
acelerado. Por ser o Brasil geograficamente complexo, com suas unidades distantes e pobres,
representava um mercado interno incipiente. Somente através das medidas fiscais e protecionistas de
certos governos, pode-se localizar uma indústria caseira nos fins do século XIX e início do XX. Com a
Guerra dificultam-se as importações de produtos, incentivando-se o surgimento de novos ramos
industriais. Por ser este um processo de transformação das estruturas de certas zonas geográficas é um
processo lento. Esta expansão é liderada pelas regiões Sul e Leste, por serem ricas e variadas
climaticamente.
Os elementos da acumulação capitalista são a aplicação de pequeno capital e o baixo salário, que
acrescia, além dos lucros normais, pela inflação e pela aplicação de parte dos lucros do café, devido à
proibição de novos plantios em 1902.

Depois de 1914 surgem as grandes indústrias e uma concentração operária. Dá seus primeiros passos
a indústria pesada e vai ocupar parcialmente um mercado que demanda uma autossuficiência, somente
alcançada no período da Segunda Guerra, em Volta Redonda. Paradoxalmente, desenvolvem-se as
indústrias subsidiarias estrangeiras de petróleo e derivados, químicos e farmacêuticos, que
conjuntamente aos trustes estrangeiros, crescem acompanhando as necessidades do país.

As classes dominantes não apoiam esta expansão, por ser formada basicamente por proprietários de
terras. A indústria só superará a atividade agrária após a Segunda Guerra. Somente no governo de Afonso
Pena que se compreendeu a necessidade de um equilíbrio entre indústria e consumidor. No Governo de
Hermes da Fonseca e de Venceslau Brás, tentava-se rever as taxas alfandegárias. A guerra precipita a
solução, onde, nota-se a necessidade de desenvolver os recursos industriais de energia e ferro próprios.

Devido à guerra, ocorrem grandes dificuldades fiscais, levando o país a uma inflação acelerada, onde
a moeda circulante ultrapassa a casa de um milhão de contos de réis de emissão do tesouro, sem contar
as emissões bancárias. O presidente Epitácio Pessoa (1919- 1922), adota uma política de baixa cambial.
Com esta situação, aumenta as reivindicações operárias e pequeno-burguesas com relação a custo de
vida e moradia. Este governo foi o último que tentou uma política antiindustrialista. Os governos
posteriores tiveram de reconhecer a necessidade da industrialização.
Diferentemente da produção industrial, exclusivamente de consumo interno, a produção industrial,
exclusivamente de consumo interno, a produção agrícola é basicamente de exportação.

Esta produção primária aumenta progressivamente, acarretando em um saldo credor para o Brasil,
onde, se permitia cobrir compromissos externos e suprir algumas necessidades internas. Com a
concorrência das plantações africanas e asiáticas, onde ocorre aplicação de grandes capitais e uso de

1
BRASIL ESCOLA. As influências da Primeira Guerra Mundial no cenário brasileiro. Brasil Escola. Disponível em:
<http://brasilescola.uol.com.br/historiab/influencias-da-primeira-guerra-cenario-brasileiro.htm> Acesso em 10 de maio de 2017.

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técnica racional, com mão-de-obra mais barata e clima propício, fizeram com que certos produtos de
exportações brasileiras a partir da Primeira Guerra fossem declinando.

Por sua vez, o café, teve vários fatores a seu favor. O Brasil que possuía ¾ da produção mundial
expandia-se nas terras roxas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, principalmente. Aumenta
continuamente sua produção devido a interesses capitalistas estrangeiros, que participaram
principalmente de sua distribuição. Devido ao consumo ser menor que a produção, sente-se à
consequência da acumulação que se dá a partir da Crise de 1893.

Com estas ações protecionistas, que garantia a estabilidade, guerra, em um país como o Brasil, um
círculo vicioso entre bons preços e mais aplicações de capitais em novas lavouras, tendo como resultado
um acúmulo de estoque que tendia à crise, desenrolada e m 1929. (Esta crise de 1929 foi uma crise
mundial que assolou em especial os EUA com o Crack da bolsa de Nova York que depois da primeira
guerra viveram um fortalecimento da suas economias por tudo que produzirem ser exportado para a
Europa que ficou destruída com a Guerra neste período já estavam quase que recuperada e não
precisava mais nem dos empréstimos em dinheiro americano ou de produtos dos demais países os
excedentes de produção levaram muitos destes países à crise econômica). Em continuação aos
prósperos anos de guerra, as mercadorias agrícolas e industriais atingem um superávit, com relação às
importações. Passada a euforia econômica de 1919, segue uma paralisação e a crise de 1920, acelerada
devido à política titubeante e antiindustrialista do governo.

Questões

01. (CVM - Agente Executivo – ESAF) Atritos permanentes decorrentes de disputas imperialistas,
profundas rivalidades políticas assentadas em extremado nacionalismo e constituição de dois blocos
antagônicos de alianças entre países, a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente, configuram, entre outros
aspectos, o quadro histórico que resultou na:
(A) Segunda Guerra Mundial.
(B) Guerra Franco-Prussiana
(C) Guerra dos Boxers
(D) Guerra Civil Americana
(E) Primeira Guerra Mundial

02. (PC-MG - Escrivão de Polícia Civil – FUMARC) São conjunturas que precedem à eclosão da
Primeira Guerra Mundial, EXCETO:
(A) A presença de várias potências europeias na Ásia e na África fez com que interesses imperialistas
se antagonizassem, sobretudo, no que se refere ao controle de territórios.
(B) A política de alianças produzirá um “efeito dominó”, lançando à guerra, uma após outra as nações
signatárias dos acordos.
(C) O nacionalismo adquire grande importância na eclosão da guerra, uma vez que as alianças entre
as nações europeias, no período que precede o conflito, nortearam-se fundamentalmente, por questões
étnicas.
(D) A escalada inflacionária, o desemprego e o ódio racial favoreceram a subida ao poder de partidos
totalitários como o Partido Nacional dos Trabalhadores Alemães. Antissemitismo e expansionismo
territorial faziam parte da política desses partidos, o que acabou determinando a guerra.

03. (CONFERE – Auditor - INSTITUTO CIDADES) Vários problemas atingiam as principais nações
europeias no início do século XX. O século anterior havia deixado feridas difíceis de curar. Alguns países
estavam extremamente descontentes com a partilha da Ásia e da África, ocorrida no final do século XIX.
Alemanha e Itália, por exemplo, haviam ficado de fora no processo neocolonial. Enquanto isso, França e
Inglaterra podiam explorar diversas colônias, ricas em matérias-primas e com um grande mercado
consumidor. A insatisfação da Itália e da Alemanha, neste contexto, pode ser considerada uma das
causas da:
(A) Guerra Fria
(B) Grande Guerra
(C) Segunda Guerra Mundial
(D) Revolução Socialista Marxista

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04. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Acerca do processo histórico que desencadeou a I
Guerra Mundial, julgue (C ou E) os itens a seguir.
A expansão econômica da Alemanha levou-a a competir com a Inglaterra e com a França.
(A) Certo
(B) Errado

05. (SEE-AL - Professor – História – CESPE) No que se refere à Idade Contemporânea e ao período
que abrange as duas guerras mundiais e seus efeitos, julgue os itens a seguir.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a Espanha, a Suíça e os Países Baixos mantiveram-se imparciais
e conseguiram permanecer relativamente distantes do conflito.
(A) Certo
(B) Errado

06. (Prefeitura de Betim – MG – Professor PII - História - Prefeitura de Betim – MG) É coerente
com as razões que levaram à 1ª Grande Guerra Mundial:
(A) Um dos fatos que contribuiu para o final do confronto foi a entrada da Rússia na Guerra, pois tinha
um exército grande e bem preparado, impondo aos alemães derrotas vexatórias.
(B) O processo de Imperialismo, promovido pelas grandes potências capitalistas da Europa,
principalmente França, Inglaterra e Alemanha, gerou conflitos e até confrontos pela disputa de territórios,
ao ponto de desencadear a 1ª Guerra.
(C) Temendo uma ofensiva alemã, Japão, Inglaterra e França formaram a Tríplice Aliança.
(D) O início da Guerra se deu quando as tropas alemãs invadiram a Polônia, apresentando ao mundo
a famosa Guerra Relâmpago, deixando marcas desastrosas para os poloneses.

07. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Acerca do processo histórico que desencadeou a I
Guerra Mundial, julgue (C ou E) os itens a seguir.
A ascensão econômica e política do Império Austro-Húngaro levou-o a confrontar os interesses
ingleses nos Bálcãs. O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, em Sarajevo, permitiu que se
atribuísse ao imperialismo britânico a responsabilidade pelo clima de tensão regional, e constituiu o marco
inicial da guerra.
(A) Certo
(B) Errado

08. Os países envolvidos na I Guerra Mundial dividiram-se em duas coligações de nações que se
enfrentaram durante os anos da guerra, incialmente eram formados por seis países. Das alternativas
abaixo, qual está correta?
(A) Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão; e os Aliados, composto por França, Inglaterra e
Estados Unidos.
(B) Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão; e Tríplice Entente, formada pela França, Inglaterra e
Rússia.
(C) Tríplice Aliança, composta pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália; e a Tríplice Entente, formada
pela França, Inglaterra e Rússia
(D) Tríplice Aliança, composta pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália; e os Aliados, composto por
França, Inglaterra e Estados Unidos.

09. Após o início da guerra, os bloco antes formados por seis países, sofrem alterações, A Tríplice-
Entente, antes formada pela Inglaterra, França e Rússia, durante a guerra, mais 24 nações são
incorporadas. Nações como o Japão, Portugal e Romênia, Estados Unidos, Grécia e Brasil. Sobre a
formação da Tríplice Aliança, podemos afirmar que quais países compunham esse bloco?
(A) Alemanha, Império Turco-Otomano, Bulgária e Austro-Hungria.
(B) Alemanha, Rússia e Itália.
(C) Alemanha, Inglaterra e Rússia.
(D) Alemanha, Itália, Império Austro-húngaro

10. Qual foi o estopim para que acontece a Primeira Guerra Mundial?
(A) O não cumprimento do Tratado de Versalhes pela Alemanha.
(B) Assassinato do primeiro-ministro francês General De Gaulle.
(C) Assassinato do príncipe herdeiro do trono austríaco Francisco Ferdinando.
(D) A Revolução Socialista em 1917 na URSS.

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Respostas

01. Resposta: E.
Podemos afirmar que os antecedentes da Primeira Guerra Mundial surgiu a partir de tensões formadas
na segunda metade do século XIX, com o desenvolvimento do nacionalismo e do imperialismo nos países
europeus. A partir dessas tensões dois blocos antagônicos se formas, a Tríplice Aliança, formada pela
Alemanha, Austro-Hungria e a Itália no ano de 1882 e a Tríplice Entente, aliança militar formada pela
Inglaterra, França e Rússia.

02. Resposta: D.
A opção D é a única que não se refere ao período que antecede a Primeira Guerra Mundial, pois a
afirmativa da questão, refere-se aos motivos que antecederam a Segunda Guerra Mundial. As opções A,
B e C estão corretas a respeito dos motivos que precederam o início da Grande Guerra.

03. Resposta: B.
A unificação tardia da Alemanha e da Itália, faz com que ambas as nação ficassem fora do processo
neocolonial, gerando um grande descontentamento. As tensões crescem mais ainda quando a Alemanha,
de forma diplomática, exige o domínio de regiões afro-asiáticas, pertencentes a Inglaterra.

04. Resposta: A.
Apesar de ter se unificado tardiamente, a Alemanha conseguiu que seus produtos industrializados
ganhassem espaço. Os alemães conseguiram formar uma grande indústria que conseguiu superar a
tradicional potência britânica.

05. Resposta: A.
A afirmativa da questão está correta, Espanha, a Suíça e os Países Baixos mantiveram-se imparciais
durante a Primeira Guerra, conseguindo manter uma certa distância dos conflitos acontecidos entre os
anos de 1914 a 1918.

06. Resposta: B.
O capitalismo, motivou o conflito entres as grandes potências europeias. O desejo de ampliar
mercados, através do imperialismo, aumentou ainda mais a tensão entre os países da Europa, pois como
a Alemanha e a Itália se unificaram tardiamente, ambas ficaram fora do processo neocolonial, o que gerou
grande descontentamento.

07. Resposta: B.
A Afirmativa da questão está errada. Primeiramente a responsabilidade pelo assassinado do
arquiduque Francisco Ferdinando, em Sarajevo, foi dada a Sérvia. A Inglaterra só entra na guerra a partir
do ataque a Bélgica, pais neutro, pelo exército alemão.

08. Resposta: C
O grande sentimento nacionalista e a disputa imperialista, fazem com que as nações formem dois
blocos. O primeiro a surgir foi a Tríplice Aliança, formada pela Alemanha, Austro-Hungria e a Itália no ano
de 1882. Logo depois, surge a Tríplice Entente, aliança militar formada pela Inglaterra, França e Rússia.

09. Resposta:
A Tríplice Aliança, antes de iniciar a guerra, reunia a Alemanha, Austro-Hungria e Itália. Com o início
dos conflitos, O império Turco-Otomano alia-se com a Alemanha, devido a sua rivalidade com a Rússia
em 1914, a Bulgária se une a eles em 1915.

10. Resposta: C
Com a formação dos blocos formados, a única coisa que precisavam para iniciarem uma guerra era
um pretexto e ele surge no dia 28 de junho de 1914, com o assassinato do arquiduque Francisco
Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, na capital da Bósnia, Sarajevo, por um estudante sérvio.

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O Nazi-fascismo e a Segunda Guerra Mundial

O Totalitarismo
O Totalitarismo é uma forma de governo em que uma ditadura controla o estado em todas as esferas
da sociedade. O controle sobre os meios de informação é muito forte e a repressão é utilizada como meio
de conter as revoltas da população e evitar novas ações. A educação vincula-se à propaganda como
meio de controle e promoção do regime, ressaltando suas realizações, obras, projetos e principalmente
a figura do líder do governo, que em muitos casos passa a ser venerado através da imposição. O modelo
totalitário ganhou força no século XX após a Primeira Guerra Mundial. Existem duas vertentes do
Totalitarismo: Esquerda e Direita
O Totalitarismo de Esquerda caracteriza-se pela abolição da propriedade privada, adoção das ideias
do socialismo, extinção da religião na esfera política e coletivização obrigatória de meios de produção
agrícolas e industriais.

No Totalitarismo de Direita as organizações sindicais estão sob olhar atento do Estado. A cultura,
religião e etnicidade são valorizados de maneira tradicionalista e a burguesia industrial é fortemente
apoiada.

Apesar das grandes diferenças, tanto o Totalitarismo de esquerda como o de direita possuem diversas
semelhanças, como a adoção de um único partido que comanda o pais e de onde partem as decisões
sobre os rumos que ele deve tomar. Ideias de supervalorização do sentimento de orgulho do
país(patriotismo), seu enaltecimento e elogios ao potencial energético, natural e humano (Ufanismo) e a
defesa ferrenha e muitas vezes irracional do país (chauvinismo) são incentivadas e impostas à população
como forma de aumentar e garantir seu domínio. O culto à personalidade do líder do partido é também
imposto como forma de dominação carismática. Alguns dos maiores exemplos de culto à personalidade
são os ditadores Adolf Hitler na Alemanha Nazista e Joseph Stalin na União Soviética. Na atualidade a
figura de Kim Il-Sung na Coréia do Norte é um exemplo de culto à personalidade.

Entre os regimes totalitários mais significativos estão o Nazifacismo presentes em países como Itália,
Alemanha, Portugal e Espanha, e o Stalinismo na União Soviética.

O Fascismo Italiano
O fascismo italiano teve início no começo da década de 20, resultado da insatisfação com os resultados
da Primeira Guerra Mundial. Os tratados assinados após a guerra não garantiram para a Itália alguns
territórios de interesse, como o caso de algumas colônias alemãs na África e a região da Dalmácia,
atribuída à Iugoslávia. Além dos territórios desejados não serem entregues ao país, o saldo de mortos
durante a guerra foi enorme. Em torno de 650 mil pessoas morreram, além da região de Veneza ter sido
devastada.

A situação econômica do pais entrou em um momento de grande caos e crise. A Itália já possuía um
problema de superpovoamento e atrasos de desenvolvimento, que foram agravados após a I Guerra com
a alta inflação provocada pela emissão de moedas e empréstimos exteriores para financiar seu exército.
Como resultado, a Lira, que era a moeda nacional da época, ficou extremamente desvalorizada.

Com a crise econômica afetando até mesmo as grandes indústrias do país, o desemprego cresceu,
juntamente com o número de greves de operários. Revoltas e pilhagens de lojas pela população tornaram-
se constantes. Por volta de 1920, mais de 600 mil metalúrgicos das regiões piemonteses e lombardos
tomaram controle de fábricas e tentaram dirigi-las, tentativa que falhou por conta da falta de credito
bancário. Além das fábricas e cidades, no campo várias terras foram ocupadas e muitos camponeses
exigiam reforma agraria.

Com medo do avanço dos movimentos sociais, do avanço das ideias comunistas e a incapacidade do
governo em conter as revoltas, grupos burgueses acabaram aliando-se a um grupo contrário ao
comunismo e ao socialismo: os Fascistas.

Os fascistas tinham como representante Benito Mussolini. Nascido em uma família pobre e
crescendo em um meio de influencias anarquistas, ingressou no Partido Socialista e refugiou-se durante
algum tempo na Suíça para fugir do serviço militar. Mussolini possuía ideais pacifistas, tendo inclusive
trabalhado como redator do jornal Avanti. Suas opiniões mudariam após o início da I Guerra Mundial,

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quando fazia pedidos de intervenção militar da Itália em favor dos aliados em seu próprio jornal, Popolo
d’Itália.

Mussolini participou da guerra, de onde voltou gravemente ferido. Em seu jornal exigia atendimento
aos ex-combatentes que não conseguiam empregos, além de propor reformas sociais e criticar a
degradação e perda de poder do Estado, exigindo um regime de governo forte.

Os fascistas culpavam a democracia e o liberalismo. Vestiam-se de preto, daí o nome como foram
conhecidos, “camisas negras de Milão”. Formavam grupos paramilitares, os Squadres, ou “Fascio
de combatimiento” que combatiam as greves e os comunistas. Em 1922 estava marcada uma grande
greve geral em Roma, liderada pelos comunistas. Os fascistas impediram violentamente esta greve e
realizaram uma grande passeata, a “Marcha sobre Roma”. Após a marcha e a grande popularidade
alcançada pelos fascistas, o Imperador italiano indicou Mussolini para Primeiro Ministro. Mussolini foi
responsável por uma grande manobra diplomática com a Igreja Católica. Através do Tratado de Latrão
foi criado o Estado do Vaticano, que conquista o apoio e reconhecimento do Estado Italiano pela Igreja
(reconhecimento que não havia ocorrido desde a unificação Italiana em 1870)

Salazarismo e Franquismo
As consequências do fim da I Guerra Mundial e da Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque
causaram um efeito devastador na política e na economia de muitos países europeus. As crises
econômicas se alastravam, o desemprego aumentava junto com a insatisfação de operários de fabricas
que realizavam greves constantemente e muitos grupos políticos de esquerda chegavam ao poder. Com
medo de perder espaço e privilégios, os grandes empresários e a igreja católica aliaram-se e financiaram
a ascensão de grupos políticos de extrema-direita para conter as revoltas sociais e o avanço das ideias
socialistas que se espalhavam pelo continente. A década de 30 na Europa foi marcada pela ascensão do
nazifascismo. Esse modelo de governo surgido na Itália e Alemanha foi também praticado em Portugal
(Salazarismo) e Espanha (franquismo).

Em Portugal, assim como na Alemanha, a crise de 1929 colocou a extrema direita no poder, o que
possibilitou a ascensão de Antônio Oliveira Salazar que em 1930 instaurou a ditadura do “Estado Novo”
e outorgou uma constituição autoritária, nacionalista, com unipartidarismo e a proibição de greves. O
ditador permaneceu no poder até 1970, quando faleceu. O modelo ditatorial permaneceu em vigor até o
ano de 1974, quando acontece a “Revolução dos Cravos” que derruba o governo autoritário promove
novamente a democracia. A revolução também coloca fim na Guerra Colonial portuguesa, conflito entre
tropas portuguesas e grupos separatistas de Angola, Guiné e Moçambique. Os separatistas buscavam a
autonomia, ou seja a independência do domínio colonial de Portugal. Salazar foi contrário à ideia de
separação e enviou tropas para suas colônias na África a partir de 1961 para conter os rebeldes. Com a
saída de Salazar do poder, a partir de 1975 tem início uma rodada de negociações para discutir a
descolonização dos territórios conflituosos com o Tratado de Alvor.

Com a queda do governo monárquico em 1931, após a renúncia do rei Afonso XIII, é proclamada a
Segunda Republica. Nas eleições ocorridas em dezembro do mesmo ano a esquerda sai vitoriosa. Alcalá
Zamora é eleito presidente da República. Com as reformas propostas pelo governo, que não se
mostraram significativas para nenhum dos lados, a insatisfação aumenta.

Manuel Azaña ficara encarregado por Alcalá Zamora de organizar o governo, que não consegue
resolver as questões agrária e trabalhista. Na questão religiosa, a companhia de Jesus é dissolvida na
Espanha, e as demais ordens religiosas apesar de continuarem, são proibidas de dedicar-se ao ensino.
As reformas foram consideradas moderadas em relação ao espirito anticlerical presente no parlamento
espanhol, que era composto por uma maioria de esquerda. As medidas tomadas não agradaram nem a
direita e a igreja, que enxergavam de forma negativa a laicização do Estado (Separação entre Estado e
religião) e do ensino, nem a esquerda, que considerava as reformas promovidas como medidas
insignificantes.

A polarização política (como no resto da Europa) entre a extrema direita e a extrema esquerda levou
o pais à uma guerra civil em 1936. Enfrentaram-se o “Nacionalistas”, grupo formado pelo Exército, a
Igreja e os Latifundiários (grandes proprietários de terra) e os “Republicanos”, grupo formado pelos
sindicatos, partidos de esquerda e os partidários da democracia. A Guerra Civil Espanhola (1936-1939)
teve apoio das tropas portuguesas da ditadura salazarista e também o apoio da Alemanha nazista. O

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conflito serviu de laboratório para a nova nova tática de guerra nazista: a Blitzkrieg (termo alemão para
"guerra-relâmpago. A Blitzkrieg consistia em uma doutrina militar que consistia em utilizar forças móveis
em ataques rápidos e de surpresa, com o intuito de evitar que as forças inimigas tivessem tempo de
organizar a defesa.Com o desequilíbrio das forças militares os nacionalistas venceram a guerra e subiu
ao poder o General Francisco Franco, que governou até 1975, ano de sua morte. Seu governo era
fundamentado no militarismo, anticomunismo e no catolicismo.

A Guerra Civil Espanhola deixou um saldo de mais de 500 mil vítimas, além de muitos prédios
destruídos, metade do gado do país morto e uma estagnação econômica que durou pelos próximos 30
anos. A guerra causou impacto também em vários artistas, que manifestaram sua visão através de obras
e textos criticando o conflito. Entre as produções mais expressivas está a pintura de Pablo Picasso,
Guernica.

A obra, uma pintura a óleo em estilo cubista, retrata o bombardeio e a destruição da cidade basca de
Guernica, no norte da Espanha. O autor a produziu em 1937, enquanto o autor morava em Paris. Nela
estão retratados os sofrimentos e mutilações de pessoas e animais e a destruição edifícios atingidos pela
Luftwaffe (Força Aérea Alemã).

Picasso, Pablo. Guernica. Óleo sobre tela.


Fonte:http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/08/guernica2.jpg

Além de Picasso, outros artistas como o pintor surrealista Salvador Dali, o poeta Federico García Lorca
e o escritor estadunidense Ernest Hemingway.

O Nazismo Alemão
O Nazismo era a sigla em alemão para “partido nacional socialista dos trabalhadores alemães”
(National Sozialistische Deutsche Arbeiterpartei ou N.S.D.A.P) fundado em 1920. Em 1923 membros do
partido tentam um golpe de Estado que ficou conhecido como Putch de Munique. O golpe foi frustrado e
os nazistas foram presos, entre eles um soldado que combatera na Primeira Guerra Mundial, chamado
Adolf Hitler. Na cadeia Hitler escreve seu livro com os princípios fundamentais do nazismo o “Mein Kampf”
(minha luta) no qual ele expressou suas ideias antissemitas, racialistas e nacional-socialistas. Após serem
anistiados (anistia = perdão de crime político) os membros do partido começaram um intenso trabalho de
divulgação de suas ideias, recebendo o apoio de grandes industriais e banqueiros alemães. Com o apoio
recebido os nazistas chegam ao poder. Após a vitória parlamentar do partido nazista, Hitler é nomeado
chanceler (primeiro ministro) da Alemanha em 1933.

Com a chegada de Hitler ao poder, tem início a implantação da ditadura totalitária nazista. O
parlamento foi incendiado e a culpa foi jogada nos grupos comunistas. As greves e os partidos comunistas
foram proibidos, e teve início a perseguição realizada aos Judeus. Hitler desobedece ao tratado de
Versalhes e inicia a militarização do país, pregando a necessidade de “espaço vital” alemão, ou seja o
espaço necessário para a expansão territorial de um povo, e a conquista de territórios ocupados pela
população Germânica. Inicia-se também a recuperação econômica com base em um programa baseado
na militarização do país e criação de empregos (principalmente na indústria militar).

A expansão Nazista
Os nazistas deram início em 1936 uma expansão militar com a participação em conflitos, a invasão e
anexação de territórios. Hitler leva a Europa à guerra (desta vez sim, a culpa é da Alemanha). O início da
expansão militar ocorre com a participação alemã na “Guerra Civil Espanhola”, em 1936, depois em

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1938 anexam a Áustria, e em 1938/39 invadem e anexam os Sudetos da Tchecoslováquia (região
montanhosa à sudoeste do país).

A Guerra civil espanhola e a Blitzkrieg: Para muitos historiadores a Guerra Civil Espanhola foi um
laboratório para os alemães testarem sua nova tática de guerra, a Blitzkrieg (Guerra relâmpago). Era um
ataque surpresa e simultâneo entre a aviação (Luftwaffe), divisão de tanques blindados (divisão Panzer)
e a infantaria de soldados.

Segunda Guerra Mundial

Na década de 1930 novas tensões começam a surgir na Europa, acabando com a sensação de
otimismo dos países do continente, que começavam a se recuperar dos danos causados pela Primeira
Guerra, principalmente depois de 1925. A crise econômica de 1929 impulsionou o nacionalismo e o
sentimento de inquietação, dividindo a Europa em três blocos:

- A União Soviética, de governo socialista;

- Democracias Liberais, como a França e a Inglaterra;

- Estados fascistas, representados pela Alemanha e Itália.

Esses grupos aproximavam-se apenas quando era conveniente por motivos econômicos ou políticos,
priorizando os interesses imediatos e deixando de lado a ideologia.

A situação tornou-se grave com o expansionismo territorial promovido por alguns Estados.

Em setembro de 1931 o Japão anexou a Manchúria(China), além de colocar um imperador sob o


controle japonês na região.
A partir de 1937 os japoneses começam a invadir a China, governada por Chang Kai-chek. A Liga das
Nações protestou contra as ações do país, porém o Japão retirou-se da Liga, e ela não pôde fazer nada
para evitar as agressões.

Nesse mesmo período a Alemanha reiniciou sua produção armamentista e a reorganização de suas
forças armadas, desrespeitando diretamente o Tratado de Versalhes. Além do aparato militar, a
Alemanha desrespeitou novamente o tratado ao invadir a Renânia, uma região desmilitarizada na
fronteira com a França. Assim como o Japão, a Alemanha abandonou a Liga das Nações.

A Itália invadiu no ano de 1935 a região da Abissínia, atual Etiópia.

Com a Alemanha novamente militarizada, sua busca por novos territórios aumentou, com o intuito de
Hitler de aumentar o território alemão. Após abandonar a Liga das Nações, em 1936 foi anunciada a
aliança oficial com Mussolini, formando o Eixo Roma-Berlim. A formação dessa aliança colocou em risco
diversos pequenos Estados da Europa Central, já que não era segredo o objetivo de Hitler de unificar
todos os povos com semelhanças físicas com os alemães.

A Inglaterra, partidária do relacionamento pacífico entre os Estados, procurava contornar todas as


questões internacionais, com favorecimento para a política alemã. A França, país mais frágil e que
precisava garantir-se contra a Alemanha, apegava-se à Inglaterra como último recurso. A URSS estava
isolada, e os EUA proclamavam neutralidade. Todos esses fatores colaboraram para que Hitler pudesse
agir livremente para realizar seus interesses.

Seu plano de expansão estava organizado de acordo com etapas bem calculadas. Em 1938 a Áustria
foi anexada à Alemanha (Anschluss). Passou então a reivindicar a integração das minorias germânicas
habitantes dos Sudetos (região montanhosa na Tchecoslováquia). A guerra parecia iminente, já que a
Tchecoslováquia não tinha intenção de ceder o território, além de começar a convocar forças para
enfrentar a ameaça alemã.

Mussolini reuniu as potências ocidentais, no caso França e Inglaterra, para resolver a questão
territorial juntamente com Itália e Alemanha. Durante os dias 29 e 30 de setembro de 1938 foi realizada

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a Conferencia de Munique. Buscando uma posição pacífica, Daladier e Chamberlain, que eram
representantes da França e Inglaterra, permitiram que a região fosse anexada pensando que com isso
acalmariam as tensões e evitariam novos conflitos.

Enquanto isso, Mussolini ameaçava interferir na Albânia. A política de apaziguamento adotada pelas
potencias mostrava suas deficiências. Depois de ocupar o restante da Tchecoslováquia, Hitler voltou-se
contra a Polônia. Ele exigia a anexação do território de Dantzig e da faixa de terra que garantia ao país
acesso ao mar.

A Alemanha havia formado com a Itália e o Japão um acordo para evitar a expansão do comunismo,
voltado diretamente contra a Rússia. Em 1939 a Alemanha assinou com o país um pacto de não-
agressão. Uma parte secreta do acordo estabelecia que a Polônia seria conquistada e dividida pelas duas
potencias, ficando a URSS livre para expandir-se no Mar Báltico (anexação da Lituânia, Letônia e
Estônia).

No dia 1 de Setembro de 1939 a Polônia foi invadida pela Alemanha. Com tecnologia e
armamentos inferiores aos alemães, os poloneses resistiram por menos de um mês ao ataque.
A Inglaterra, que era aliada da Polônia, declarou guerra à Alemanha. A França, aliada da Inglaterra,
fez o mesmo. A Itália declarou-se potência não-beligerante e manteve-se nessa posição até 1940. A
Rússia dominou a parte oriental da Polônia e invadiu a Finlândia.

A guerra de 1939 a 1945


Em sua primeira etapa, a guerra foi exclusivamente europeia. Em seguida o conflito generalizou-se,
tornando-se mundial.

Quando a Inglaterra declarou guerra à Alemanha, todos os domínios que faziam parte do Império
Britânico a imitaram, com exceção da Irlanda. Até a Itália declarar guerra aos Aliados em junho de 1940,
nenhum outro país europeu entrou na guerra, a não ser os países ocupados pela Alemanha como base
para o ataque que iria desfechar contra a França em 1940 (Noruega, Bélgica e Holanda).

A Dinamarca foi ocupada, mas não declarou guerra à Alemanha.

Na primavera de 1940, em apenas seis semanas, os alemães dominaram quase toda a França, tendo
o governo francês abandonado Paris e se instalado no sul da França. Os exércitos ingleses que tinham
desembarcado na França foram batidos pelos alemães e obrigados a se retirar para a Inglaterra, em
completa desorganização e com enorme perda de material e homens (Retirada de Dunquerque)

Sem condições de continuar a luta, os franceses assinaram um armistício com os alemães e italianos
em 1940. Nesse momento, a Alemanha dominava toda a Europa, com poucas exceções.

A ligação entre Alemanha e URSS dependia exclusivamente dos interesses momentâneos dos dois
países. As divergências ideológicas entre eles eram profundas. Se Hitler conseguisse retirar a Inglaterra
da Luta, mediante armistício ou pela conquista, iria voltar seus esforços contra a URSS. Daí a
concentração de esforços alemães na Batalha da Inglaterra.

A Inglaterra estava praticamente sozinha na guerra. Lutava no Mediterrâneo e Atlântico para preservar
a integridade das suas comunicações marítimas, a fim de não ficar isolada. Apesar da ajuda econômica
e financeira dos EUA, sua situação era precária. Mas Hitler não conseguiu vencê-la.

Em 1941, a guerra ampliou-se. Após ter levado a efeito seus objetivos na Europa Central e Meridional,
Hitler atacou a URSS (22 de junho), sem obter vitórias mais conclusivas que a ocupação de vastos
territórios. A essa altura, os EUA inquietavam-se com a expansão do Japão na Ásia, mas somente após
a agressão japonesa a Pearl Harbor (7 de dezembro) é que eles entraram na guerra. Não conseguiram,
no entanto, impedir as numerosas conquistas japonesas no Sudeste Asiático e no Pacífico.

Dessa forma, de 1942 a 1945, a guerra tornou-se total. Igualmente, a sorte da luta começou a mudar.
A vitória soviética em Stalingrado, impedindo a continuidade da ofensiva alemã, deu vantagem aos
aliados. Os ingleses e americanos expulsaram os alemães da África do Norte e passaram a controlar o
Mediterrâneo. O avanço japonês na Índia e Austrália foi contido.

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Mesmo com perdas significativas em diversas frentes de batalha, os nazistas não se deram por
vencidos. Hitler acreditava poder implantar na Europa um Nova Ordem, explorando brutalmente os povos
dominados em proveito da “raça superior” ariana. O terror racista aumentou. Os campos de
concentração se multiplicaram. Milhares de pessoas foram mortas em câmaras de gás.

Hitler procurava guarnecer as fronteiras das regiões conquistadas. O assalto Aliado a esta Fortaleza
da Europa veio em 1943. A Itália capitulou (assinou sua rendição) no mesmo ano. Em 1944, os aliados
desembarcaram na França, libertando a Europa Ocidental. O exército soviético avançava pela Europa
Oriental, dominando os aliados nazistas.

Em 1945, a Alemanha, invadida por todos os lados, foi obrigada a render-se incondicionalmente.
Americanos e concentraram-se, então, na região do Pacífico: em agosto de 1945, o Japão finalmente
cedeu, após ter sofrido dois ataques nucleares dos Estados Unidos, que destruíram as cidades de
Hiroshima e Nagasaki, matando milhares de civis e militares e causando diversos efeitos colaterais nos
sobreviventes.

O mundo todo foi tocado pelas destruições provocadas pela guerra total, e não somente na Europa.
A destruição foi impressionante por ter sido sistemática, graças ao emprego de maquinas modernas.
Apesar da vitória dos Aliados e da destruição do nazifascismo, o mundo estava profundamente dividido.
Os países tocados pela guerra tinham graves problemas de reconstrução econômica e de reorganização
política.

A oposição existia entre os vencedores. Para evitar novos conflitos, o mundo foi dividido em zonas de
influência, o que evitava o conflito, mas aumentava o desentendimento.

A velocidade da produção bélica e de destruição da vida


A Segunda Guerra Mundial deixou o mundo perplexo diante da veloz movimentação de tropas e da
capacidade bélica que os envolvidos no conflito demonstraram.

Nos Estados Unidos, 8,8 milhões de pessoas passaram a trabalhar na indústria bélica, chegando a
produzir um avião a cada cinco minutos e um navio por dia. Em 1943, foram jogadas 120 mil toneladas
de bombas; em 1944, 650 mil toneladas; e em 1945, 500 mil toneladas, apenas sobre a Alemanha.

As perdas humanas também foram imensas. Estima-se que em torno de 55 milhões de pessoas,
entre civis e militares, morreram no conflito.

Entre os mais afetados, a União Soviética teve 20 milhões de mortos; na china, 6 milhões de soldados
foram mortos; a Alemanha perdeu 4 milhões de soldados; no Japão, 1,2 milhão de pessoas morreram; e
o Holocausto matou em torno de 6 milhões de judeus.

O Holocausto
O Holocausto foi uma prática de perseguição política, étnica, religiosa e sexual estabelecida durante o
governo de Adolf Hitler. Segundo as ideias do nazismo, a Alemanha deveria ser composta apenas por
indivíduos superiores. Segundo essa mesma ideia, o povo legitimamente alemão era descendente dos
arianos, um antigo povo que – segundo os etnólogos europeus do século XIX – tinham pele branca e
deram origem à civilização europeia.

Para que a supremacia racial ariana fosse conquistada pelo povo alemão, o governo de Hitler passou
a pregar o ódio contra aqueles que impediam a pureza racial dentro do território alemão. Segundo o
discurso nazista, os maiores culpados por impedirem esse processo de eugenia étnica eram os ciganos
e – principalmente – os judeus. Com isso, Hitler passou a perseguir e forçar o isolamento em guetos do
povo judeu da Alemanha.
Dado o início da Segunda Guerra, o governo nazista criou campos de concentração onde os judeus e
ciganos eram forçados a viver e trabalhar. Nos campos, os concentrados eram obrigados a trabalhar nas
indústrias vitais para a sustentação da Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Além disso, os ocupantes
dos campos viviam em condições insalubres, tinham péssima alimentação, sofriam torturas e eram
utilizados como cobaias em experimentos científicos.

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Com o fim dos conflitos da 2ª Guerra e a derrota alemã, muitos oficiais do exército alemão decidiram
assassinar os concentrados. Tal medida seria tomada com o intuito de acobertar todas as atrocidades
praticadas nos vários campos de concentração espalhados pela Europa. Porém, as tropas francesas,
britânicas e norte-americanas conseguiram expor a carnificina promovida pelos nazistas alemães.

Depois de renderem os exércitos alemães, seus principais líderes foram julgados por um tribunal
internacional criado na cidade alemã de Nuremberg. Com o fim do julgamento, muitos deles foram
condenados à morte sob a alegação de praticarem crimes de guerra. Hoje em dia, muitas obras, museus
e instituições são mantidos com o objetivo de lutarem contra a propagação do nazismo ou ódio racial.

O Brasil na Segunda Guerra Mundial2


Neutralidade brasileira na primeira fase da guerra
Desde 1939, início do conflito, o Brasil assumiu uma posição neutra na Segunda Guerra Mundial. O
presidente do Brasil na época era Getúlio Vargas.
Ataques nazistas e entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial
Porém, esta posição de neutralidade acabou em 1942 quando algumas embarcações brasileiras foram
atingidas e afundadas por submarinos alemães no Oceano Atlântico. A partir deste momento, Vargas fez
um acordo com Roosevelt (presidente dos Estados Unidos) e o Brasil entrou na guerra ao lado dos Aliados
(Estados Unidos, Inglaterra, França, União Soviética, entre outros). Era importante para os Aliados que o
Brasil ficasse ao lado deles, em função da posição geográfica estratégica de nosso país e de seu vasto
litoral.
Participação efetiva no conflito
A participação militar brasileira foi importante na Segunda Guerra Mundial, pois somou forças na luta
contra os países do Eixo (Alemanha, Japão e Itália). O Brasil enviou para a Itália (ocupada pelas forças
nazistas), em julho de 1944, 25 mil militares da FEB (Força Expedicionária Brasileira), 42 pilotos e 400
homens de apoio da FAB (Força Aérea Brasileira).
As dificuldades foram muitas, pois o clima era muito frio na região dos Montes Apeninos, além do que
os soldados brasileiros não eram acostumados com relevo montanhoso.
Vitórias
Os militares brasileiros da FEB (também conhecidos como pracinhas) conseguiram, ao lado de
soldados aliados, importantes vitórias. Após duras batalhas, os militares brasileiros ajudaram na tomada
de Monte Castelo, Turim, Montese e outras cidades.
Apesar das vitórias, centenas de soldados brasileiros morreram em combate. Na Batalha de Monte
Castelo (a mais difícil), cerca de 400 militares brasileiros foram mortos.
Outras formas de participação
Além de enviar tropas para as áreas de combate na Itália, o Brasil participou de outras formas
importantes. Vale lembrar que o Brasil forneceu matérias-primas, principalmente borracha, para os países
das forças aliadas.
O Brasil também cedeu bases militares aéreas e navais para os aliados. A principal foi a base militar
da cidade de Natal (Rio Grande do Norte) que serviu de local de abastecimento para os aviões dos
Estados Unidos.
Foi importante também a participação da marinha brasileira, que realizou o patrulhamento e a proteção
do litoral brasileiro, fazendo também a escolta de navios mercantes brasileiros para garantir a proteção
contra ataques de submarinos alemães.

2
O Brasil na Segunda Guerra Mundial. Sua Pesquisa. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/segundaguerra/brasil.htm> Acesso em 03 de maio de 2017.

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A Conferência do Cairo
Em novembro de 1943 encontraram-se na capital do Egito, Winston Churchill (primeiro-ministro
inglês), Franklin Delano Roosevelt (presidente dos Estados Unidos) e Chang Kai-chek (presidente da
China).

O objetivo da reunião era discutir o mapa da Ásia após a vitória sobre o Japão. Decidiu-se que a China
receberia os territórios tomados pelo Japão durante a guerra sino-japonesa.

Os demais países conquistados pelo Japão durante o conflito retomariam sua independência.

A Conferência de Teerã
Em dezembro de 1943, na capital do Irã, Roosevelt e Churchill encontraram-se com o presidente da
União Soviética, Josef Stalin.

Com a entrada dos soviéticos no conflito, a derrota da Itália e o enfraquecimento da Alemanha, os três
líderes discutiram a abertura de uma nova frente de batalha na Europa Ocidental para derrotar de vez os
nazistas. O local escolhido foi a Normandia, no norte da França, onde desembarcaram as tropas Aliadas
no episódio que ficou conhecido como Dia D.

Foi formulada a proposta de criação de um organismo internacional para preservar a paz. Decidiu-se
a divisão da Alemanha em zonas de influência.

Estônia, Letônia e Lituânia, além do leste da Polônia, foram considerados áreas anexadas ao território
soviético pelos EUA e Inglaterra.

Conferência de Ialta
Em fevereiro de 1945, Stalin, Churchill e Roosevelt voltaram a se encontrar no balneário de Ialta, na
União Soviética.

Durante o encontro houve a confirmação do desmembramento da Alemanha, após o término da guerra,


e sua submissão a um Conselho de Controle Aliado, composto por EUA, França, Inglaterra e União
Soviética.

O leste da Polônia ficou sob controle da União soviética, assim como o arquipélago das Curilas, o sul
da Ilha Sacalina e Porto Arthur.

A Coréia foi dividida em duas zonas de influência, ficando o norte controlado pela União Soviética e o
Sul pelos Estados Unidos (A separação permanece até hoje com a Coréia do Norte e Coréia do Sul)

A Iugoslávia, que já possuía influência soviética, teve o governo do marechal Tito legitimado.

Conferência de Potsdam
Após a derrota alemã, realizou-se um novo encontro em Potsdam, na Alemanha.

Clement Attlee (novo primeiro-ministro da Inglaterra), Harry Truman (presidente dos Estados Unidos
após o falecimento de Roosevelt) e Stalin reuniram-se entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945 para
confirmar as decisões tomadas em Ialta.

Com relação à Alemanha, decidiu-se pelo fim do nazismo, a criação de um tribunal para que fossem
julgados os crimes de guerra (Tribunal de Nuremberg), a divisão do território alemão em quatro zonas
de influência, a entrega de Dantzig para a Polônia e a divisão da Prússia Oriental entre Polônia e União
Soviética.

A Alemanha ainda deveria pagar uma indenização de 20 bilhões de dólares para a União Soviética,
França, Inglaterra e Estados Unidos.

O fim da Guerra e as os ataques à Hiroshima e Nagasaki


A Guerra já havia terminado na Europa, mas o Japão continuava em guerra no Pacífico. Seu principal
inimigo eram os EUA. Os Japoneses sofreram os dois únicos ataques nucleares da História. Os EUA

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haviam desenvolvido suas armas nucleares e as usaram pela primeira vez na cidade de Hiroshima e na
sequência na cidade de Nagasaki. Foram milhares de mortos e contaminados pela radiação das bombas.

Questões

01. O fascismo se afirmou onde estava em curso uma crise econômica (inflação, desemprego, carestia
etc.), ou onde ela não tinha sido completamente superada, assim como estava em curso uma crise do
sistema parlamentar, o que reforçava a ideia de uma falta de alternativas válidas de governo.
(Renzo De Felice. O fascismo como problema interpretativo,
In. A Itália de Mussolini e a origem do fascismo. São Paulo: Ícone Editora, 1988, p 78-79. Adaptado)

Interpretando-se o texto, pode-se afirmar que os regimes fascistas, característicos de alguns países
europeus no período entre as duas guerras mundiais, foram estabelecidos em um quadro histórico de
(A) abolição das economias nacionais devido à fusão de indústrias e de empresas capitalistas em
escala global.
(B) criação de blocos econômicos internacionais com a participação dos países de economia socialista.
(C) dificuldades econômicas conjugadas com a descrença na capacidade de sua solução pelos meios
democráticos.
(D) independência das colônias africanas devido ao desequilíbrio provocado pelas revoluções
nacionalistas.
(E) enfraquecimento do Estado na maioria das nações devido ao controle da economia pelos
trabalhadores.

02. (VUNESP PMSP) Leia a notícia.


Um jovem preso por planejar um massacre contra alunos da Universidade de Brasília (UnB) é suspeito
de atuar como representante de grupos neonazistas no Distrito Federal. A Polícia Federal (PF) investiga
a ligação de Marcelo Valle Silveira Mello, 26 anos, com radicais da Região Sul que pregam o ódio a
negros, homossexuais e judeus.
(Http://www.correiobraziliense.com.br.
Acesso em 14.05.2012. Adaptado)

Prática como essa tem como modelo o regime nazista (1933-45), que defendia
(A) o pluripartidarismo e a expansão militar.
(B) a xenofobia e o internacionalismo.
(C) a democracia e o irracionalismo.
(D) o nacionalismo e a intolerância.
(E) a guerra e a diversidade cultural.

03. São características da ideologia Nazista:


(A) racismo, totalitarismo e marxismo;
(B) racismo, defesa do capitalismo e humanismo;
(C) unipartidarismo; marxismo e totalitarismo;
(D) sociedade militarista; antissemitismo e racismo;
(E) nacionalismo; bolchevismo e totalitarismo.

04. (Fgvrj) O período entre as duas grandes guerras mundiais, de 1918 a 1939, caracterizou-se por
uma intensa polarização ideológica e política. Assinale a alternativa que apresenta somente elementos
vinculados a esse período:
(A) New Deal; Globalização; Guerra do Vietnã.
(B) Guerra do Vietnã; Revolução Cubana; Muro de Berlim.
(C) Guerra Civil Espanhola; Nazifascismo; Quebra da Bolsa de Nova York.
(D) Nazifascismo; New Deal; Crise dos Mísseis.
(E) Doutrina Truman; República de Weimar; Revolução Sandinista.

05. (Upe) Leia atentamente o trecho que se segue, extraído do livro de memórias do cineasta espanhol
Luis Buñuel (1900-1983):

“Em julho de 1936, Franco desembarcava à frente de tropas marroquinas, com a intenção inabalável
de acabar com a República e de restabelecer ‘a ordem’ na Espanha. Minha mulher e meu filho acabavam

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de retornar a Paris, fazia um mês. Eu estava sozinho em Madri. Em uma manhã, bem cedo, fui acordado
por uma explosão, seguida de várias outras. Um avião republicano bombardeava o quartel de La Montaña,
e ouvi também alguns disparos de canhão. [...]. Eu mal podia crer. [...]. A revolução violenta que sentíamos
germinar havia alguns anos, e que pessoalmente eu tanto almejara, passava sob a minha janela, diante
dos meus olhos. Ela me encontrava desorientado, descrente.”
(BUÑUEL, Luis. Meu último suspiro. São Paulo: Cosac & Naify, 2009, p. 215. Adaptado.)

Baseando-se no texto acima e no fato histórico por ele mencionado, analise as afirmações seguintes:
I. Madri foi um dos palcos da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), que dividiu a Espanha entre radicais
conservadores de direita e republicanos de esquerda.
II. O general Franco tinha o apoio interno da Igreja, do exército e dos latifundiários, contando, ainda,
com o apoio internacional da Alemanha hitlerista.
III. A fuga para o exterior, como fez a esposa e o filho de Buñuel, foi uma prática comum entre os
cidadãos espanhóis, durante a guerra, a qual recebia apoio dos republicanos.
IV. Apoiados pela Igreja, os republicanos não aceitaram a participação de voluntários estrangeiros em
seu exército.
V. Os republicanos de esquerda foram influenciados pelo pensamento socialista e anarquista.

Estão corretas
(A) I, III e IV.
(B) I, IV e V.
(C) II, III e IV.
(D) II, IV e V.
(E) I, II e V.

06. (Unesp) Nas primeiras sequências de O triunfo da vontade [filme alemão de 1935], Hitler chega
de avião como um esperado Messias. O bimotor plaina sobre as nuvens que se abrem à medida que ele
desce sobre a cidade. A propósito dessa cena, a cineasta escreveria: “O sol desapareceu atrás das
nuvens. Mas quando o Führer chega, os raios de sol cortam o céu, o céu hitleriano”.
(Alcir Lenharo. Nazismo, o triunfo da vontade, 1986.)

O texto mostra algumas características centrais do nazismo:


(A) o desprezo pelas manifestações de massa e a defesa de princípios religiosos do catolicismo.
(B) a glorificação das principais lideranças políticas e a depreciação da natureza.
(C) o uso intenso do cinema como propaganda política e o culto da figura do líder.
(D) a valorização dos espaços urbanos e o estímulo à migração dos camponeses para as cidades.
(E) o apreço pelas conquistas tecnológicas e a identificação do líder como um homem comum.

07. (TJ-PR - Titular de Serviços de Notas e de Registros – IBFC) Sobre a Segunda Guerra Mundial
(1939/1945), assinale a alternativa incorreta:
(A) Uma de suas causas foram as severas sanções pecuniárias impostas pelo Tratado de Versalhes
à Alemanha e seus aliados, comprometendo a sua economia, elevando a inflação a índices astronômicos
e gerando um arraigado sentimento de humilhação nos alemães e a exacerbação do nacionalismo,
possibilitando a ascensão de Hitler e do Partido Nazista ao poder.
(B) O evento que deflagrou o conflito foi o ataque japonês à base americana de Pearl Harbor, situadano
Oceano Pacífico.
(C) O conflito envolveu basicamente dois grupos: o Eixo (integrado por Alemanha, Itália e Japão) e os
Aliados (entre eles: Inglaterra, Estados Unidos, França e União Soviética).
(D) Com a vitória aliada, foi dissolvido o Terceiro Reich e dividida a Alemanha (Oriental e Ocidental),
criada a ONU-Organização das Nações Unidas e iniciada a Guerra Fria, diante do estabelecimento dos
Estados Unidos e da União Soviética como superpotências.

08. (SEDU-ES - Professor B — Ensino Fundamental e Médio — História – CESPE) Um mundo


dividido ideologicamente, além das marcas da destruição causadas por vigorosas máquinas de guerra —
eis a realidade que emerge da Segunda Guerra Mundial, oficialmente encerrada em 1945. No que
concerne à história mundial após o encerramento do grande conflito, julgue o próximo item.
A Organização das Nações Unidas (ONU) é considerada uma das mais significativas consequências
da Segunda Guerra Mundial e nela coexistem órgãos de participação igualitária entre os estados-

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membros, como a Assembleia Geral, e outros dominados por alguns poucos, como o Conselho de
Segurança.
(A) Certo
(B) Errado

09. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Na Segunda Guerra Mundial, o Japão aliou-se à
Alemanha, tal como já fizera na Primeira Guerra.
(A) Certo
(B) Errado

10. (SEDF - Estudantes Universitários – CESPE) As divergências econômicas entre França e


Alemanha foram o estopim do conflito de proporções mundiais conhecido como a Segunda Guerra
Mundial.
(A) Certo
(B) Errado

11. (SEE-AL - Professor – História – CESPE) Com relação à participação do Brasil na Segunda
Guerra Mundial, julgue os itens subsequentes.
A atuação da Força Expedicionária Brasileira não foi decisiva para a vitória dos Aliados na Segunda
Guerra Mundial, visto que o contingente militar brasileiro era relativamente pequeno e o envio de soldados
para o combate ocorreu tardiamente.
(A) Certo
(B) Errado

12. (SEDU-ES - Professor B — Ensino Fundamental e Médio — História – CESPE) Um mundo


dividido ideologicamente, além das marcas da destruição causadas por vigorosas máquinas de guerra —
eis a realidade que emerge da Segunda Guerra Mundial, oficialmente encerrada em 1945. No que
concerne à história mundial após o encerramento do grande conflito, julgue o próximo item.
A bipolaridade americano-soviético traduziu-se em um jogo de enfrentamento que se convencionou
chamar de Guerra Fria.
(A) Certo
(B) Errado

13. (MPE-SP - Auxiliar de Promotoria – VUNESP) Em relação à participação do Brasil na 2.ª Guerra
Mundial, é correto afirmar que o país
(A) manteve neutralidade política, não participando do conflito.
(B) enviou apenas um corpo médico para o conflito, e não soldados.
(C) lutou ao lado dos Aliados: Inglaterra, França, Estados Unidos e União Soviética.
(D) lutou ao lado do Eixo: Itália, Alemanha e Japão.
(E) participou do conflito, do início ao fim da guerra (1939- 1945).

14. (SEDU-ES - Professor B — Ensino Fundamental e Médio — História – CESPE) O intervalo


entre as duas guerras mundiais do século XX não foi outra coisa senão uma trégua. Nesse sentido, a
Grande Guerra de 1914 nada mais fez do que preparar a Segunda Guerra Mundial. Revanchismo, orgulho
nacional ferido e problemas econômico-sociais figuraram entre os fatores que levaram à eclosão do
conflito em 1939, sem contar com a desorganização da economia mundial determinada pela Crise de
1929. Em relação a esse quadro, cujo epicentro foi a Segunda Guerra Mundial, julgue o item subsequente.
Causas distintas e diferentes protagonistas inviabilizam qualquer análise histórica que estabeleça
vínculos entre as guerras mundiais do século XX.
(A) Certo
(B) Errado

15. (SEPLAG-DF - Professor – História - CESPE) Em dezembro de 1941, os Estados Unidos da


América (EUA) uniram duas guerras paralelas, a da Ásia e a da Europa, em uma só.
(A) Certo
(B) Errado

16. (CONFERE - Auditor(a) VII - INSTITUTO CIDADES) No ano de 1939, em meio à atmosfera de
tensão política que desencadeou a sucessão de conflitos da Segunda Guerra Mundial, um acordo de não

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agressão foi firmado entre a Alemanha e a União Soviética, o Pacto Germano-Soviético. Esse pacto
estabelecia que, se acaso a Alemanha entrasse em conflito com a Inglaterra ou a França em razão de
uma eventual investida da Alemanha contra a Polônia, a URSS, por sua vez, ficaria afastada, sem se
manifestar militarmente. Tal pacto também pode ser chamado de:
(A) Tratado de Moscou
(B) Tratado de Versalhes
(C) Pacto de Varsóvia
(D) Pacto Ribbentrop-Molotov

Respostas

01. Resposta C.
As inúmeras crises em que entraram diversos países após o fim da Primeira Guerra Mundial levaram
ao surgimento de muitos estados de governos extremistas, que levaram até mesmo a população a
acreditar que a melhor forma de governo seria a de um estado forte que controlava a economia.

02. Resposta D.
O Nazismo deriva do nome do partido que comandou a Alemanha de 1933 a 1945, o partido Nacional-
Socialista. Entre as crenças dos defensores do partido estava a de que o povo alemão derivava de uma
raça superior e de que muitos outros povos não chegavam nem perto do desenvolvimento alemão ou
como no caso dos Judeus, foram culpados pela situação econômica instável que o pais alcançou após o
final da Primeira Guerra Mundial.

03. Resposta D.
Entre as ideias defendidas pelo nazismo estavam as que pregavam o ódio a judeus, negros, ciganos,
homossexuais e outras minorias da sociedade, enquanto o povo alemão era celebrado como raça
suprema da humanidade. O alistamento militar tornou-se obrigatório a partir de 1936, além da existência
da juventude hitlerista, grupo paramilitar que alistava crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos.

04. Resposta C.
Os elementos apresentados na resposta mostram situações em que a polarização entre grupos de
direita e de esquerda tornou-se extrema. Os eventos apresentados ocorrem durante o período
mencionado, com o movimento nazifascista surgindo e ganhando força após o fim da Primeira Guerra
Mundial. A Bolsa de Nova York enfrenta momentos de crise com sua quebra em 1929, causando efeitos
devastadores na economia dos Estados Unidos, além de outros países. A Guerra Civil Espanhola ocorreu
de 1936 a 1939, surgindo do conflito entre grupos de esquerda e de direita na Espanha. Entre os tópicos
citados nas demais alternativas, a globalização surgiu após a queda da URSS no início dos anos 1990.
O Muro de Berlim foi erguido somente em 1961, época em que ocorria a Guerra do Vietnã, que durou de
1955 a 1975. A revolução cubana ocorreu em 1959 e a Crise dos Misseis, envolvendo Cuba e Estados
Unidos aconteceu no ano de 1962.

05. Resposta E.
A Guerra Civil Espanhola teve conflitos por toda a Espanha, uma disputa entre radicais conservadores
de direita e republicanos de esquerda. O general Francisco Franco recebeu apoio de grupos
conservadores que apoiavam a ideia de uma Espanha livre do comunismo e do socialismo. Entre os
grupos que o apoiavam estavam a Igreja, o Exército e diversos latifundiários (grandes proprietários de
terras). Com a intenção de frear o avanço do comunismo na Europa, tropas nazistas auxiliaram o general
no confronto com grupos influenciados pelas ideias socialistas e anarquistas.

06. Resposta C.
O Totalitarismo que ganhou força após o fim da Primeira Guerra Mundial na Europa tinha como
característica o culto ao líder e sua figura. O trecho representa essa ideia ao relacionar a chegada do
Führer (Hitler) com a chegada de bons tempos, da calmaria. O cinema foi uma das formas de propaganda
mais utilizadas pelo regime Nazista para divulgar suas ideias para a população, seja para enaltecer e
celebrar a figura do líder, seja para culpar e hostilizar a figura do Judeu.

07. Resposta: B.
A afirmativa “B” está errada pois o fato que desencadeou a guerra foi a quebra do pacto feito entre a
Alemanha e a União Soviética, quando o exército alemão invadiu a Polônia.

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08. Resposta: A.
A criação da ONU, após a Segunda Guerra Mundial, pode ser considerada uma das principais
consequências da guerra. A Carta das Nações Unidas foi incialmente assinada por cinquenta países,
onde foram excluídos de participar os países que participaram do Eixo. A criação da ONU foi a segunda
tentativa de promover a paz.

09. Resposta: B.
A afirmativa da questão está errada, pois o Japão não se aliou a Alemanha na Primeira Guerra. O país
fez parte da Tríplice Entente.

10. Resposta: B.
O fato que serviu de estopim para a guerra foi a invasão da Polônia pela Alemanha, já que esta havia
feito um acordo com a União Soviética de não agressão e a região polonesa havia sido dividida. Após
esta invasão França e Inglaterra declararam guerra à Alemanha, iniciando assim a Segunda Guerra
Mundial.

11. Resposta: A.
Apesar da entrada do Brasil na guerra e do envio de soldados e pilotos, podemos considerar que a
sua participação do país não foi o fator decisivo para que os Aliados ganhassem a guerra. O país entrou
no conflito tardiamente, apenas em 1942

12. Resposta: A.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a URSS saíram como grandes potência
mundiais. As ideias antagônicas desses países acabaram por dividir o mundo entre o capitalismo e
socialismo, conflito que ganhou o nome de Guerra Fria.

13. Resposta: C.
Após receber ataques em suas embarcações, o presente Getúlio Vargas, resolve fazer um acordo com
o presidente norte-americano Roosevelt, onde o país entrou na guerra ao lado Aliados Inglaterra, França,
Estados Unidos e União Soviética.

14. Resposta: B.
Tanto a Primeira como a Segunda Guerra Mundial estão intimamente ligadas, uma é decorrência da
outra. As feridas abertas no primeiro conflito é que resultam no início do segundo conflito.

15. Resposta: A.
Quando em 1941 o Japão ataca a base norte-americana no Havaí, eles já estavam em guerra na Ásia,
pelo domínio da região. Após o ataque, os Estados Unidos entram na guerra, que acontecia na Europa,
e continuava a lutar com o Japão no Pacífico.

16. Resposta: D.
O Pacto de não agressão assinado pela Alemanha e União Soviética em 1939 ganhou o nome de
Pacto Ribbentrop-Molotov.

A Guerra Fria

O período conhecido como Guerra Fria teve início logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, em
1945, percorrendo praticamente todo o restante do século XX, e terminando em 1991, com o fim da União
Soviética.

Ela tem início partir da emergência de duas grandes potências econômicas no fim da Segunda Guerra
Mundial: Estados Unidos e União Soviética, defensores do Capitalismo e do Socialismo,
respectivamente.

A diferença ideológica entre os dois países era marcante, o que levou o período a ser conhecido
também como Mundo Bipolar.

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A conferência de Potsdam
Logo após o término da guerra, em 1945, as nações vencedoras do conflito reuniram-se para decidir
sobre os rumos da política e da economia mundial.

No dia 17 de julho os Estados Unidos, a União Soviética e o Reino Unido estabeleceram as definições
sobre a Alemanha no pós-guerra, dividindo-a em zonas de ocupação. Sob o controle soviético ficaram os
territórios a leste dos rios Oder e Neisse. Berlim, encravada no território que viraria Alemanha Oriental,
também foi dividida em quatro setores. Ao final da conferencia foram definidas quatro ações prioritárias a
serem exercidas na Alemanha: desnazificar, desmilitarizar, descentralizar a economia e reeducar os
alemães para a democracia. Também foi exigida a rendição imediata do Japão.

As tensões começam
Desde a Revolução Russa, em 1917, vários setores do capitalismo, especialmente nos Estados
Unidos, temiam o aumento do socialismo, conflitante com seus interesses. Após o fim da Segunda Guerra
essa preocupação aumentou ainda mais, já que a União Soviética havia saído como uma das vencedoras
do conflito.

A definição de fronteiras estabelecidas durante acordos anteriores, como a conferencia de Yalta não
agradou a todos, e focos de conflitos começaram a aflorar. Em 1947 surgiram, tanto na Grécia quanto na
Turquia, movimentos revolucionários de caráter comunista, com o objetivo de aliar esses países à União
Soviética. Pelo acordo estabelecido na Conferência de Yalta, ambos os países deveriam ficar sob o
domínio do Reino Unido, o que levou as tropas estadunidenses a intervirem na região e sufocar os
movimentos revolucionários.

Como parte da justificativa para a invasão, o presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, enviou
uma mensagem ao Congresso dizendo que os Estados Unidos deveriam apoiar os países livres que
estavam “resistindo a tentativas de subjugação por minorias armadas ou por pressões externas.” Com
esse discurso o presidente pretendia justificar também qualquer intervenção em países que estivessem
sob o domínio ou influência política comunista.

Essa atitude do presidente ficou conhecida como Doutrina Truman, iniciando efetivamente a Guerra
Fria. A partir de então, Estados Unidos e União Soviética passaram a buscar o fortalecimento econômico,
político, ideológico e militar, formando os dois blocos econômicos que dominaram o mundo durante
restante do conflito.

A oposição dos Estados Unidos ao comunismo gerou um pensamento maniqueísta, colocando


capitalismo como algo bom e o comunismo como algo ruim e mau. A análise desses sistemas econômicos
através de definições tão simples é algo equivocado, pois não é possível reduzi-los a uma comparação
tão rasa. O auge desse maniqueísmo político se deu através da figura do senador Joseph Raymond
McCarthy. Por meio de discursos inflamados e diversos projetos de lei, esse estadista conseguiu aprovar
a formação de comitês e leis que determinavam o controle e a imposição de penalidades contra aqueles
que tivessem algum envolvimento com “atividades antiamericanas”. Essa perseguição ao comunistas
ficou conhecida como Macarthismo.

Incentivos Econômicos
Em 1947 os Estados Unidos lançaram uma política econômica de reconstrução da Europa, devastada
pela guerra. O Programa de Recuperação Europeia ficou popularmente conhecido como Plano
Marshall. Recebeu esse nome em função do Secretário de Estado dos Estados Unidos chamado
George Marshall, seu idealizador.

Entre os objetivos do Plano Marshall estavam:

- Possibilitar a reconstrução material dos países capitalistas destruídos na Segunda Guerra Mundial;

- Recuperar e reorganizar a economia dos países capitalistas, aumentando o vínculo deles com os
Estados Unidos, principalmente através das relações comerciais;

- Fazer frente aos avanços do socialismo presente, principalmente, no leste europeu.

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Até o início da década de 1950, os Estados Unidos destinaram cerca de 13 bilhões de dólares aos
países que aderiram ao plano. O dinheiro foi aplicado em assistência técnica e econômica e, ao fim do
período de investimento, os países participantes viram suas economias crescerem muito mais do que os
índices registrados antes da Segunda Guerra Mundial. A Europa Ocidental gozou de prosperidade e
crescimento nas duas décadas seguintes e viu nascer a integração que hoje a caracteriza. Por outro lado,
os Estados Unidos solidificavam sua hegemonia mundial e a influência sobre vários países europeus,
enquanto impunha seus princípios a vários países de outros continentes. Entre os países que mais
receberam auxílio do plano estão a França, a Inglaterra e a Alemanha.

A União Soviética também buscou recuperar a economia dos países participantes do bloco socialista,
através da COMECON (Conselho de Assistência Econômica Mútua) auxiliando a Polônia, Bulgária,
Hungria, Romênia, Mongólia, Tchecoslováquia e Alemanha Oriental. Assim como os Estados Unidos, a
União Soviética também utilizou o plano para espalhar sua influência e sua ideologia para os países
beneficiados.

Baseados nesses programas de ajuda, os dois blocos que se formavam passaram a construir alianças
político-militares com o objetivo de proteção contra ataques inimigos. Essas alianças também eram
utilizadas como demonstração de força através do desenvolvimento armamentista.

As Alianças Militares
No dia 4 de abril de 1949 foi criada em Washington a Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN), formada pelos Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha Ocidental, Canadá, Islândia,
Bélgica, Holanda, Noruega, Dinamarca, Luxemburgo, Portugal, Itália, Grécia e Turquia. Ficava então
estabelecido que os países envolvidos se comprometiam na colaboração militar mútua em caso de
ataques oriundos dos países referentes ao bloco socialista.

A atuação da OTAN não ficou restrita apenas ao campo militar. Embora fosse seu preceito inicial, a
organização tomou dimensões de interferência nas relações econômicas e comerciais dos países
envolvidos.

Como resposta à criação da OTAN, em 1955 o bloco soviético também criou uma aliança militar, o
Pacto de Varsóvia, celebrado entre a União Soviética, Albânia, Bulgária, Tchecoslováquia, Hungria,
Polônia, Romênia e Alemanha Oriental.

A atuação do Pacto de Varsóvia se deu no âmbito militar e no econômico, e manteve a ligação entre
os países membros. As principais ações do Pacto de Varsóvia se deram na repressão das revoltas
internas. Foi o caso no ano de 1956 quando as forças militares do grupo reprimiram ações de revoltosos
na Hungria e na Polônia e também em 1968 no evento conhecido como Primavera de Praga, ocorrido na
Tchecoslováquia.

Os Conflitos
Com a criação das alianças políticas, tanto Estados Unidos como União Soviética estiveram presentes
em diversos conflitos pelo mundo, fosse com a presença militar ou com o apoio econômico. Apesar disso,
os países nunca enfrentaram um ao outro diretamente.

Guerra da Coréia (1950-1953)


Após o termino da Segunda Guerra, a Coréia foi dividida em duas zonas de influência: o Sul foi
ocupado pelos Estados Unidos e o Norte foi ocupado pela União Soviética, sendo divididos pelo Paralelo
38º, determinado pela conferência de Potsdam.

Em 1947, na tentativa de unificar a Coréia, a Organização das Nações Unidas – ONU - cria um grupo
não autorizado pela URSS, para pretensamente ordenar a nação através da realização de eleições em
todo o país. Esta iniciativa não tem êxito e, no dia 9 de setembro de 1948, a zona soviética anuncia sua
independência como República Democrática Popular da Coréia, mais conhecida como Coréia do
Norte. A partir de então, a região é dividida em dois países diferentes - o norte socialista, apoiado pelos
soviéticos; e o sul, reconhecido e patrocinado pelos EUA.

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Mesmo após a divisão entre os dois países, a região da fronteira continuou gerando tensões, com
tentativas dos dois lados para garantir a soberania sobre o território vizinho, principalmente através da
propaganda, de ambos os lados.

Em 25 de junho de 1950 a Coreia do Norte alegou uma transgressão do paralelo 38º pela Coreia do
Sul. A partir de então começa uma invasão que resulta na tomada da capital sul-coreana, Seul, em 3 de
julho do mesmo ano.

A ONU não aceitou a invasão propagada pela Coreia do Norte e enviou tropas para conter o avanço,
comandadas pelo general americano Douglas MacArthur, para expulsar os socialistas, que pretendiam
unificar o país sob a bandeira do Comunismo. A união Soviética não agiu diretamente no conflito, porém,
cedeu apoio militar para a Coreia do Norte.

Em setembro de 1950, as forças das Nações Unidas tentam resgatar o litoral da região oeste, sob o
domínio dos norte-coreanos, atingindo sem muitas dificuldades Inchon, próximo a Seul, onde se
desenrola uma das principais batalhas, e depois de poucas horas elas ingressam na cidade invadida,
com cerca de cento e quarenta mil soldados, contra setenta mil soldados da Coréia do Norte. O resultado
é inevitável, vencem as forças sob o comando dos EUA. Com o domínio do Sul, as tropas multinacionais
seguem o exemplo dos norte-coreanos e também atravessam o Paralelo 38º. Seguem então na direção
da Coréia do Norte, entrando logo depois em sua capital, Pyongyang, ameaçando a fronteira chinesa ao
acuar os norte-coreanos no Rio Yalu, sede de intensa batalha.

Com medo do avanço das tropas sobre seu território, a China resolve entrar na batalha, enviando
trezentos mil soldados para auxiliar a Coreia do Norte, forçando o general MacArthur a recuar e
conquistando Seul em janeiro de 1951. Em contrapartida, as tropas americanas avançaram novamente
entre fevereiro e março, expulsando as tropas coreanas e chinesas e obrigando-as a retornar para os
limites estabelecidos pelo Paralelo 38º, deixando os conflitos equilibrados entre os dois lados. A guerra
continua até meados de 1953, quando em 27 de julho o tratado de paz é assinado, com o Armistício de
Panmunjon. Após o tratado, as fronteiras estabelecidas em 1948 foram mantidas e foi criada uma região
desmilitarizada entre as duas Coreias. Apesar do fim da guerra as tensões entre os dois países continua
até a atualidade, com a corrida armamentista e as declarações da Coreia do Norte sobre a fabricação e
armazenamento de armamento nuclear.

Guerra do Vietnã (1959-1975)


O Vietnã está localizado na península da Indochina. Era uma possessão colonial francesa. Na
Segunda Guerra foi invadido pelos japoneses. Os vietnamitas expulsaram o Japão ao fim da guerra e
teve início o processo independência (chamado pelos franceses de descolonização). Ao norte as tropas
que expulsaram os franceses eram tropas lideradas por líderes socialistas. Em 1954, na Convenção de
Genebra, foi reconhecida a independência dos países da península da Indochina: Laos, Camboja e
Vietnã.

Foi estabelecida então a divisão do Vietnã pelo Paralelo 17º. O Vietnã do Norte manteve-se governado
pelo líder comunista Ho Chi Minh e o Vietnã do Sul, governado pelo rei Bao Dai, que nomeou Ngo Dinh
Diem como Primeiro-ministro.
Em 1955, Ngo Dinh Diem, aplicou um golpe de Estado e depôs o rei Bao Dai. Após a chegada ao
poder, Ngo Dihn Diem proclamou a República, recebendo apoio dos Estados Unidos. O governo de Ngo
Dihn Diem foi marcado pelo autoritarismo e pela impopularidade. Em 1956 o presidente suspendeu as
eleições estabelecidas pela conferência de Genebra, repetindo o ato em 1960.

Em oposição ao governo foi criada a Frente de Libertação Nacional, que tinha como objetivo depor
o presidente e unificar o Vietnã. A Frente de Libertação, possuía um exército guerrilheiro, o Vietcongue.

Após o cancelamento das eleições em 1960, o conflito teve início. O exército Vietcongue teve apoio
do Vietnã do Norte e em 1961 os Estados Unidos enviaram auxilio ao presidente do Vietnã do Sul. O
exército guerrilheiro dominou boa parte dos territórios do Sul até 1963, mesmo ano em que morreu o
presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, e o governo foi assumido por seu vice, Lyndon Johnson.

Em 1964, dois comandantes estadunidenses iniciaram o bombardeio do Vietnã do Norte, sob a


alegação de que o país havia atacados dois navios norte-americanos em Tonquim.

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Os bombardeios norte-americanos sobre o Norte prolongaram-se até 1968, quando foram suspensos
com o início das conversações de paz, em Paris, entre norte-americanos e norte-vietnamitas. Como nos
encontros de Paris não se chegou a uma solução, os combates prosseguiram. Em 1970, o presidente dos
EUA, Richard Nixon, autorizou a invasão do Camboja e, em 1971, tropas sul-vietnamitas e norte-
americanas invadiram o Laos. Os bombardeios sobre o Vietnã do Norte por aviões dos EUA recomeçaram
em 1972.

Desde 1968, a opinião pública norte-americana, perplexa diante dos horrores produzidos pela guerra,
colocava-se contrária à permanência dos EUA no conflito, exercendo uma forte pressão sobre o governo,
que iniciou a retirada gradual dos soldados. Em 1961, eram 184.300 soldados norte-americanos em
combate; em 1965, esse número se elevou para 536.100 soldados; e, em 1971, o número caía para
156.800 soldados. Em 27 de janeiro de 1973 era assinado o Acordo de Paris, segundo o qual as tropas
norte-americanas se retiravam do conflito; haveria a troca de prisioneiros de guerra e a realização de
eleições no Vietnã do Sul. Com a retirada das tropas norte-americanas, os norte-vietnamitas e o
Vietcongue deram início a urna fulminante ofensiva sobre o Sul, que resultou, em abril de 1975, na vitória
do Norte. Em 1976, o Vietnã reunificava-se, adotando o regime comunista, sob influência soviética. Em
1975, os movimentos de resistência no Laos e no Camboja também tomaram o poder, adotando o regime
comunista, sob influência chinesa no caso do Camboja. Os soldados cambojanos, com apoio vietnamita,
em 1979, derrubaram o governo pró-chinês do Khmer Vermelho.

A guerra do Vietnã é considerada o conflito mais violento da segunda metade do século XX, com
violações constantes dos direitos humanos e batalhas sangrentas. Durante todo o desenrolar da guerra,
os meios de comunicação do mundo inteiro divulgaram a violência e intensidade do conflito, além de
falarem sobre o mau desempenho dos americanos, que investiram bilhões de dólares e mesmo assim,
não conseguiram derrotar o Vietnã. Foi nesta guerra que os helicópteros foram usados pela primeira vez.

Entre as técnicas mais devastadoras utilizadas pelos Estados Unidos estavam o Agente Laranja e o
Napalm.

A característica de guerrilha do exército Vietcongue priorizava os ataques através de emboscadas,


evitando o combate direto. Para facilitar a identificação dos guerrilheiros nas matas, os norte-americanos
e sul-vietnamitas utilizaram o Agente Laranja, um desfolhante (produto químico que causa a queda das
folhas, normalmente utilizado como agrotóxico) lançando-o através de aviões, o que impedia que os
soldados se escondessem na mata. Calcula-se que tenham sido lançados 45,6 milhões de litros do
produto durante os anos 60, atingindo vinte e seis mil aldeias e cobrindo dez por cento do território do
Vietnã. O Agente Laranja causa sérios danos ao meio ambiente e à população, e seus efeitos, como
degradação do solo e mutações genéticas são sentidos até hoje.

Outro agente químico utilizado na guerra, foi o Napalm, que é um conjunto de líquidos inflamáveis à
base de gasolina gelificada, tendo o nome vindo de seus componentes: sais de alumínio co-precipitados
dos ácidos nafténico e palmítico.

O napalm foi usado em lança-chamas e bombas incendiárias pelos Estados Unidos, vitimando alvos
militares e cidades e vilarejos de civis posteriormente.

A questão Alemã e o muro de Berlim


Após a divisão alemã entre os vencedores da Segunda Guerra, os países capitalistas (Estados Unidos,
França e Inglaterra) resolveram unificar suas zonas de ocupação e implantar uma reforma monetária,
além de criar um Estado provisório sob seu controle. Para empresários e autônomos, a reforma era algo
extremamente favorável.

Com medo de que a população do lado oriental migrasse para a zona de domínio ocidental, Stalin
bloqueou o lado ocidental de Berlim, deixando-o isolado. Para incorporar essa parte da cidade à Zona de
Ocupação Soviética, Stalin mandou interditar todas as comunicações por terra.

Vale lembrar que pela divisão de territórios em Potsdam, Berlim estava situada dentro do domínio
soviético. Porém, a cidade também foi dividida, provocando isolamento da parte Ocidental por via
terrestre.

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Isolado das zonas ocidentais e de Berlim Oriental, o oeste de Berlim ficou sem luz nem alimentos de
23 de junho de 1948 até 12 de maio de 1949. A população só sobreviveu graças a uma ponte aérea
organizada pelos Aliados, que garantiu seu abastecimento.

Em 23 de maio de 1949, os aliados criaram a República Federal da Alemanha (RFA). A URSS que
ocupava a parte leste do país decidiu também por transformá-la em um país, e em outubro do mesmo
ano foi fundada a República Democrática Alemã (RDA), com capital em Berlim Oriental. A RDA era
baseada na política comunista e de economia planificada, dando prosseguimento à socialização da
indústria e ao confisco de terras e de propriedades privadas. O Partido Socialista Unitário (SED) passou
a ser a única força política na "democracia antifascista" alemã-oriental.

Com a criação dos dois Estados alemães, a disputa entre EUA e URSS foi acirrada, manifestando de
maneira intensa a disputa da Guerra Fria.

Auxiliada pelo Plano Marshall, em alguns anos a Alemanha Ocidental alcançou um nível de
prosperidade econômica elevada, garantida também pela estabilidade interna e pela integração à
comunidade europeia que surgia no pós-guerra. A RFA também integrou a OTAN.

A Alemanha Oriental integrou o pacto de Varsóvia, e apesar das despesas com a guerra e com a
reconstrução do país, também alcançou desenvolvimento significativo entre os países socialistas.

Apesar do avanço, com o passar do tempo as diferenças foram acentuando-se, e muitos alemães
residentes na parte Oriental migravam para a parte ocidental, atraídos pela liberdade democrática e pelo
estilo de vida.

A situação ficou crítica no final dos anos 50, com as tentativas de unificação. A RFA não reconhecia a
RDA como um país, e exigia a integração. Por outro lado, os soviéticos exigiam a saída das tropas norte-
americanas de Berlim Ocidental.

Entre 1949 a 1961, quase 3 milhões de pessoas fugiram da Alemanha comunista para os setores
ocidentais de Berlim. Somente em julho de 1961, 30 mil pessoas escaparam. A ameaça de esvaziamento
da Alemanha Oriental levou a URSS a construir uma barreira física no meio da cidade. Na manhã de 13
de agosto de 1961, soldados começaram a construir o Muro de Berlim, demarcando a linha divisória
inicialmente com arame farpado, tanques e trincheiras. Nos meses seguintes, foi sendo erguido em
concreto armado o muro que marcaria a vida da cidade até 1989. Ao longo dos anos, a fronteira
transformou-se numa fortaleza. Como os soldados tivessem ordem de atirar para matar, muitos que
tentaram atravessar acabaram morrendo.

A divisão imposta pelo Muro de Berlim também separou muitas famílias, o que levou muitas pessoas
a tentar atravessá-lo durante os 28 anos em que manteve-se de pé. Ao longo do tempo o muro foi sendo
fortificado com paredes de concreto, alarmes, e torres de vigia, dificultando cada vez mais a fuga.

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Corrida Armamentista
Apesar de não terem travado batalhas diretas, os líderes dos blocos econômicos gastaram
massivamente na pesquisa, desenvolvimento e produção de armas. Assim que um novo armamento era
apresentado por um país, o outro buscava desenvolver algo semelhante e, se possível, melhor. Essa
busca pela superioridade bélica ficou conhecida como corrida armamentista, e preocupou muitos, pois
a capacidade de destruição alcançada pelos armamentos poderia até mesmo destruir o planeta, caso
usados com força total.

O ponto de partida da corrida armamentista se deu com as bombas nucleares lançadas pelos Estados
Unidos no Japão em 1945. Em 1949 a União Soviética também possuía a tecnologia para produzir tais
bomba. A possibilidade de ataque nuclear por ambos os lados criaram a ideia de uma Hecatombe
Nuclear, que aconteceria caso um dos países atacasse o outro, desencadeando uma guerra que
terminaria por extinguir os seres humanos.
Surgiu assim um jogo político-diplomático conhecido como "o equilíbrio do terror", que se transformou
num dos elementos principais do jogo de poder entre EUA e URSS. Os dois buscavam produzir cada vez
mais armamentos de destruição em massa, como forma de ameaçar o inimigo.

A corrida armamentista implicava também uma estratégia de dominação, em que as alianças regionais
e a instalação de bases militares eram de extrema importância. Os exércitos de ambos os lados possuíam
centenas de soldados, armas convencionais, armas mortais, mísseis de todos os tipos, inclusive
nucleares que estavam permanentemente apontados para o inimigo, com objetivo de atingir o alvo a partir
de longas distâncias.

Para se ter uma noção do poder destrutivo dos armamentos, em 1960 a União Soviética produziu a
maior bomba nuclear de todos os tempos, a Tsar Bomba. Com um poder de detonação de 100 megatons
a bomba era 3 mil vezes mais poderosa que a bomba lançada sobre Hiroshima em 1945, e era capaz de
destruir tudo em um raio de 35 quilômetros da explosão.

A necessidade de posicionar-se contra o inimigo deixou o mundo muito perto da Terceira Guerra
Mundial em 1962, durante o episódio conhecido como Crise dos Mísseis de Cuba.

Em 1961 os Estados Unidos haviam instalado uma base na Turquia, com capacidade de operação de
armamentos nucleares. A atitude desagradou os soviéticos, devido à proximidade geográfica da Turquia
e da URSS. Para revidar, a União Soviética decidiu instalar uma base de misseis em Cuba, sua aliada na
América, que havia passado por uma revolução socialista em 1959, e estava localizada a
aproximadamente 200 quilômetros da costa da Flórida, ao sul dos Estados Unidos.

Desde a revolução socialista, os Estados Unidos tentavam derrubar o presidente da ilha, Fidel Castro.
Em 1961, apoiados pela CIA, agência secreta americana, um grupos de 1400 refugiados cubanos tentou
invadir a ilha pela baía dos Porcos, em um episódio desastroso que acabou com a morte de 112 pessoas
e a prisão dos restantes.

Buscando novas maneiras de depor o presidente, em 1962 os americanos sobrevoaram a ilha e


descobriram que a União Soviética estava instalando também plataformas de lançamento de armamentos
nucleares.

No dia 14 de agosto, o presidente americano, John Kennedy, anunciou para a população de seu país
sobre o risco existente com a possibilidade de um ataque altamente destrutivo, encarando o fato como
um ato de guerra. Do outro lado do Atlântico, o Primeiro Ministro soviético Nikita Kruschev alegou que a
base com os mísseis resultavam apenas de uma ação defensiva e serviriam também para impedir um
nova invasão dos Estados Unidos à Cuba.

Durante treze dias de tensão, foram realizadas diversas negociações que acabaram por resultar na
retirada dos misseis da Turquia e de Cuba.

Corrida Espacial
A tentativa de superioridade não esteve limitada ao campo bélico. Durante a Guerra Fria a disputa
também foi travada fora do planeta.

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Durante a Segunda Guerra, os cientistas alemães desenvolveram a tecnologia de propulsão de
foguetes, que foram utilizados para equipar as bombas V-1 e V-2. Após o termino da guerra, muitos dos
cientistas que trabalharam no projeto de construção desses artefatos foram capturados por ambos os
lados, que buscavam o domínio dessa tecnologia.

Em 4 de outubro de 1957 a União Soviética lançou na órbita terrestre o satélite Sputnik I. Poucas
semanas depois, em novembro, os soviéticos inovaram novamente e lançaram o primeiro ser vivo ao
espaço, a cadela Laika, que morreu na volta.

Como reação por parte dos Estados Unidos, em 1958 foi criada a National Aeronautics & Space
Administration, NASA, que no mesmo ano lançou ao espaço o satélite Explorer 1.

Buscando superar suas conquistas, a união Soviética saiu na frente novamente, lançando o primeiro
ser humano em órbita terrestre. Em 12 de abril de 1961, durante uma hora e quarenta e oito minutos, o
cosmonauta Iuri Gagarin percorreu 40 mil quilômetros ao redor da terra, a bordo da capsula espacial
Vostok 1. Os Estados Unidos reagiram em 1962, ao enviar o astronauta John Glenn para o espaço.

Após os lançamentos de seres humanos ao espaço, o objetivo foi enviar um ser humano para a lua.
Os Estados Unidos investiram pesadamente no programa Apollo, que em 1968 enviou a primeira equipe
de astronautas para a órbita lunar e, em 1969 realizou o primeiro pouso, com os astronautas Neil
Armstrong e Edwin Aldrin.

A União Soviética não conseguiu acompanhar o passo dos Estados Unidos, e mudou seu foco para a
exploração e pesquisa do ambiente espacial e da gravidade zero com a estação espacial Salyut, lançada
em 19 de abril de 1971. Em resposta, os americanos lançaram, em maio de 1973, a Skylab. Em 1986, a
URSS lançou a Mir, que já foi destruída.

Durante a Guerra Fria, importantes projetos espaciais foram realizados. A sonda americana Voyager
1, lançada em 1977, foi a Júpiter e a Saturno e a Voyager 2, lançada no mesmo ano, visitou Júpiter,
Saturno, Urano e Netuno. As duas sondas encontram-se agora fora do sistema solar. O Telescópio
Espacial Hubble, a nave Galileu, a Estação Espacial Internacional Alpha, a exploração de Marte e o Neat
(Programas de Rastreamento de Asteroides Próximos da Terra) fazem parte dessa geração.

Em 1978, a Agência Espacial Europeia entra na corrida espacial com os foguetes lançadores Ariane.
A França passa a controlar sozinha o projeto Ariane em 1984 e, atualmente, detém cerca de 50% do
mercado mundial de lançamento de satélites.

O fim da Guerra Fria


A disputa entre União Soviética e Estados Unidos durante a Guerra Fria sofreu uma desaceleração
entre o fim dos anos 1970 e início de 1980. Durante esse período a União Soviética passou a enfrentar
crises internas nos setores políticos e econômicos. O gasto com armamentos e pesquisas espaciais para
equiparar-se aos Estados Unidos foi enorme, e os dois países buscam firmar acordos para reduzir o poder
bélico, e finalmente alcançar uma trégua.

Internamente, o país passava por crises de abastecimento e revoltas sociais. Desde a morte de Stalin,
em 1956, a URSS passou por pequenas reformas, porém manteve o perfil ditatorial, com controle sobre
os meios de comunicação e da população. Os líderes que sucederam Stalin mantiveram o mesmo
sistema, o que agravou a crise interna. Em 1985 o país colocou no poder o ultimo líder do Partido
Comunista da União Soviética: Mikhail Gorbachev. Gorbachev defendia a ideia de que a URSS deveria
passar por mudanças que a adequassem à realidade mundial.

Durante a década de 1980 a União Soviética enfrentou momentos difíceis, como a invasão ao
Afeganistão, que gerou altos gastos, e o acidente na usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia. Além disso,
boa parte das commodities, matérias-primas exportadas pelo país, como petróleo e gás natural sofreram
quedas nos preços. Buscando salvar o país de um colapso iminente, Gorbachev lançou dois planos: a
Perestroika e o Glasnost.

A Perestroika, Também chamada de reestruturação econômica, teve início em 1986, logo após a
instalação do governo Gorbatchev. A Perestroika consistia em um projeto de reintrodução dos

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mecanismos de mercado, renovação do direito à propriedade privada em diferentes setores e
retomada do crescimento. Ou seja, acabar com a economia planificada existente na União Soviética.

A Economia planificada, também chamada de "economia centralizada" ou "economia centralmente


planejada", é um sistema econômico no qual a produção é previa e racionalmente planejada por
especialistas, na qual os meios de produção são propriedade do Estado e a atividade econômica é
controlada por uma autoridade central.

A perestroika tinha como objetivo acabar com os monopólios estatais, descentralizar as decisões
empresariais e criar setores industriais, comerciais e de serviços em mãos de proprietários privados
nacionais e estrangeiros. Apesar das mudanças, o Estado continuaria como principal proprietário, porém,
permitindo a propriedade privada em setores secundários da produção de bens de consumo, comércio
varejista e serviços não-essenciais. No setor agrícola foi permitido o arrendamento de terras estatais e
cooperativas por grupos familiares e indivíduos. A retomada do crescimento é projetada por meio da
conversão de indústrias militares em civis, voltadas para a produção de bens de consumo, e de
investimentos estrangeiros.

O Glasnost, Também chamado de transparência política, surgiu juntamente com a perestroika, e foi
considerado essencial para mudar a mentalidade social, liquidar a burocracia e criar uma vontade política
nacional de realizar as reformas.

Entre as medidas mais importantes estavam o fim da censura, da perseguição e da proibição de


determinados assuntos. Foi marcada simbolicamente pelo retorno do exílio do físico Andrei Sakharov, em
1986, e incluiu campanhas contra a corrupção e a ineficiência administrativa, realizadas com a
intervenção ativa dos meios de comunicação e a crescente participação da população. Avança ainda na
liberalização cultural, com a liberação de obras proibidas, a permissão para a publicação de uma nova
safra de obras literárias críticas ao regime e a liberdade de imprensa, caracterizada pelo número
crescente de jornais e programas de rádio e TV que abrem espaço às críticas.

A abertura causada pela Perestroika e pelo Glasnost impulsionaram os movimentos de independência


e de separação de países membros da URSS, enfraquecendo o Pacto de Varsóvia. Um importante
acontecimento nesse período foi a queda do Muro de Berlim, que simbolicamente representava o fim da
Guerra Fria.

O muro de Berlim formava uma barreira, sendo que Somente na região metropolitana de Berlim, o
Muro tinha mais de 43 quilômetros de comprimento, vigiado por torres militares para observação do
movimento nos arredores. Além disso, contava com cães policiais e cercas elétricas para manter a
população afastada. Mesmo com todos esses mecanismos, muitas pessoas tentaram atravessar essa
barreira, resultando em 80 mortes oficialmente.

A proibição existia apenas na passagem de Berlim Oriental para Berlim Ocidental. O trajeto contrário
era permitido. Durante a década de 70, havia oito pontos onde, obtidas as permissões e os documentos
necessários, as pessoas do lado ocidental podiam atravessar o muro. O mais famoso deles - conhecido
como Checkpoint Charlie - era reservado para visitantes estrangeiros, incluindo diplomatas e autoridades
militares do bloco capitalista.

Durante o tempo em que esteve de pé, o Muro de Berlim foi um ícone da Guerra Fria. Com as
mudanças políticas ocorridas na União Soviética, várias revoltas começaram a surgir nas duas partes da
Alemanha, pedindo a queda do Muro, que separava o país desde 1961. No dia 9 de novembro de 1989,
diante das pressões contra o controle de passagem do muro, o porta-voz da Alemanha Oriental, Günter
Schabowski, disse em uma entrevista que o governo iria permitir viagens da população ao lado Ocidental.
Questionado sobre quando essa mudança vigoraria, ele deu a entender que já estava valendo.
Finalmente, população revoltada resolve derrubar o muro por conta própria, utilizando marretas, martelos
e tudo o mais que estivesse disponível.

O muro só foi totalmente destruído entre julho e novembro de 1990, porém as pessoas e o próprio
governo iam abrindo passagens para facilitar o transito entre as duas partes da cidade. No dia 3 de
outubro de 1991, após uma separação que dividiu a Alemanha em duas, o país foi novamente unificado
por lei, atendendo ao desejo da população alemã que celebrou a vitória.

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Além da Alemanha, a Polônia e a Hungria abriam caminho para eleições livres, e revoltas pelo fim da
URSS aconteceram na Tchecoslováquia, Bulgária, e Romênia. As políticas adotadas por Gorbachev
causaram uma divisão dentro do Partido Comunista, com setores contra e a favor das reformas. Esta
situação repentina levou alguns conservadores da União Soviética, liderados pelo General Guenédi
Ianaiev e Boris Pugo, a tentar um golpe de estado contra Gorbachev em Agosto de 1991. O golpe, todavia,
foi frustrado por Boris Iéltsin. Mesmo assim, a liderança de Gorbachev estava em decadência e, em
Setembro, os países bálticos conseguiram a independência.

Em Dezembro, a Ucrânia também se tornou independente. Finalmente, no dia 31 de Dezembro de


1991, Gorbachev anunciava o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, renunciando ao cargo.

Assim termina a União Soviética, e também acaba oficialmente a Guerra Fria.

Questões

01. (VUNESP PMSP) Os dois lados viram-se comprometidos com uma insana corrida armamentista
para a mútua destruição. Os dois também se viram comprometidos com o que o presidente em fim de
mandato, Eisenhower, chamou de “complexo industrial-militar”, ou seja, o crescimento cada vez maior de
homens e recursos que viviam da preparação da guerra.
Mais do que nunca, esse era um interesse estabelecido em tempos de paz estável entre as potências.
Como era de se esperar, os dois complexos industrial-militares eram estimulados por seus governos a
usar sua capacidade excedente para atrair e armar aliados e clientes, e conquistar lucrativos mercados
de exportação, enquanto reservavam apenas para si os armamentos mais atualizados e, claro, suas
armas nucleares.
(Eric Hobsbawm. Era dos extremos – O breve século XX – 1914-1991.
São Paulo: Cia. das Letras, 1995, p. 233. Adaptado)
O historiador refere-se à situação da política internacional que resultou, em grande medida, da
Segunda Guerra Mundial, e que pode ser definida como a
(A) democratização do uso de armas nucleares, o que tornou possível o seu emprego por pequenos
grupos de guerrilheiros.
(B) existência de equilíbrio nuclear entre as maiores potências, somada à grande corrida armamentista.
(C) expansão da ideologia da paz armada, que estimulou as potências a equiparem os países pobres
com armas nucleares.
(D) predominância de uma potência nuclear em escala global, que interfere militarmente nos países
subdesenvolvidos.
(E) formação de uma associação internacional de potências nucleares, que garantiu uma paz
duradoura entre os países.

02. Período histórico denominado de Guerra Fria, refere-se


(A) à rivalidade de dois blocos antagônicos liderados pelos EUA e URSS.
(B) às sucessivas guerras pela independência nacional ocorridas na Ásia.
(C) ao conjunto de lutas travadas pelo povo iraquiano contra a dinastia Pahlevi.
(D) às disputas diplomáticas entre árabes e israelenses pela posse da península do Sinai.

03. Sobre a queda do muro de Berlim, no dia 10 de novembro de 1989, é correto afirmar que
(A) o fato acirrou as tensões entre Oriente e Ocidente, manifestas na permanência da divisão da
Alemanha.
(B) resultou de uma longa disputa diplomática, que culminou com a entrada da Alemanha no Pacto de
Varsóvia.
(C) expressou os esforços da ONU que, por meio de acordos bilaterais, colaborou para reunificar a
cidade, dividida pelos aliados.
(D) constituiu-se num dos marcos do final da Guerra Fria, política que dominou as relações
internacionais após a Segunda Guerra Mundial.
(E) marcou a vitória dos princípios liberais e democráticos contra o absolutismo prussiano e
conservador.

04. O lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki, em 6 de agosto de 1945, provocou
a rendição incondicional do Japão, na Segunda Guerra. Nesse momento, o mundo ocidental vivia a

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dualidade ideológica, capitalismo e socialismo. Nesse contexto, o lançamento da bomba está relacionado
com
(A) o descompasso entre o desenvolvimento da ciência, financiado pelos Estados beligerantes (em
guerra), e os interesses da população civil.
(B) a busca de hegemonia dos Estados Unidos, que demonstraram seu poder bélico para conter, no
futuro, a União Soviética.
(C) a persistência da luta contra o nazifascismo, pelos países aliados, objetivando a expansão da
democracia.
(D) a difusão de políticas de cunho racista associadas a pesquisas que comprovassem a superioridade
da civilização europeia.
(E) a convergência de posições entre norte-americanos e soviéticos, escolhendo o Japão como inimigo
a ser derrotado.

05. (SEDUC-PI – História – NUCEPE) O século XX foi marcado por conflitos de diferentes matizes,
principalmente após a 2ª Guerra Mundial. Sobre esse período, podemos afirmar corretamente, EXCETO
que
(A) a Guerra do Vietnã, que durou entre 1967 e 1975, teve início quando as tropas do Vietnã do Norte
invadiram Saigon, capital do Vietnã do Sul. Considerada a maior derrota militar dos Estados Unidos no
século XX, teve entre seus motores de reação a guerrilha, a militância pacifista e a cobertura crítica da
imprensa.
(B) na União Soviética, o governo de Mikhail Gorbatchev implantou a glasnost no campo político e a
perestroika na área econômica, decisões que evidenciaram a crise do “socialismo real” naquele país,
contribuindo para seu esfacelamento político.
(C) na década de 1950, os Estados Unidos implantaram a política conhecida como macarthismo, que
restringiu-se ao apoio financeiro para a reconstrução das economias europeias, devastadas após a 2ª
Guerra Mundial.
(D) a Queda do Muro de Berlim, em 1989, é considerada a metáfora do fim da Guerra Fria, e repercutiu
no mundo inteiro, com o fim de diversos regimes socialistas do Leste Europeu, tendo repercutido até nas
eleições presidenciais brasileiras, ao promover um discurso de descrédito às esquerdas brasileiras.
(E) a Revolução Cubana, na década de 1950, combateu o governo de Fulgêncio Batista e implantou
um governo dirigido pelo Partido Comunista na América Central.

Respostas
01. Resposta B.
O medo de um ataque nuclear desferido pelo inimigo fez com que as duas maiores potências do mundo
durante a Guerra Fria, EUA e URSS entrassem em uma disputa tecnológica para provar ao inimigo que
possuíam o melhor armamento. O clima de desconforto entre as duas nações criou um equilíbrio gerado
pela constante atualização de seus armamentos.

02. Resposta A.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os dois países emergem como as duas grandes
superpotências do planeta, em uma disputa indireta que possuía ideias políticas diferentes. De um lado
os EUA com a defesa do Capitalismo enquanto do outro a URSS representava a ideia de uma sociedade
Socialista.

03. Resposta D.
A queda do muro de Berlim é um dos grandes marcos do fim da Guerra Fria. Após o fim da Segunda
Guerra e a divisão da Alemanha entre os vencedores do conflito e simbolizou a divisão do mundo durante
a Guerra Fria, separando em dois a cidade de Berlim e estabelecendo contraste entre o mundo capitalista
e o mundo socialista.

04. Resposta B.
Com o lançamento de duas bombas atômicas no Japão em 1945, os estados Unidos demonstram ao
mundo o seu potencial bélico. A demonstração de poder levou a URSS a desenvolver um programa
nuclear durante a Guerra Fria, dentro da ideia do medo de ser atacado pelo inimigo sem poder devolver
o ataque em poder de fogo semelhante.

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05. Resposta: C
O Macarthismo era uma ideia de perseguição aos comunistas dentro dos EUA. A política de auxilio
econômico após a Segunda Guerra Mundial ficou conhecida como Plano Marshall.

Globalização e as políticas neoliberais

A nova ordem mundial, o espaço geopolítico e a globalização3

Uma ordem mundial refere-se às hierarquias nas relações de poder entre os países do mundo 4

Uma ordem mundial diz respeito às configurações gerais das hierarquias de poder existentes entre
os países do mundo. Dessa forma, as ordens mundiais modificam-se a cada oscilação em seu contexto
histórico. Portanto, ao falar de uma nova ordem mundial, estamos nos referindo ao atual contexto das
relações políticas e econômicas internacionais de poder.

Durante a Guerra Fria, existiam duas nações principais que dominavam e polarizavam as relações de
poder no globo: Estados Unidos e União Soviética.

Essa ordem mundial era notadamente marcada pelas corridas armamentista e espacial e pelas
disputas geopolíticas no que se refere ao grau de influência de cada uma no plano internacional. Este era
o mundo bipolar.

A partir do final da década de 1980 e início dos anos 1990, mais especificamente após a queda do
Muro de Berlim e do esfacelamento da União Soviética, o mundo passou a conhecer apenas uma grande
potência econômica e, principalmente, militar: os EUA. Analistas e cientistas políticos passaram a nomear
a então ordem mundial vigente como unipolar.

Entretanto, tal nomeação não era consenso. Alguns analistas enxergavam que tal soberania pudesse
não ser tão notável assim, até porque a ordem mundial deixava de ser medida pelo poderio bélico e
espacial de uma nação e passava a ser medida pelo poderio político e econômico.

Nesse contexto, nos últimos anos, o mundo assistiu às sucessivas crescentes econômicas da União
Europeia e do Japão, apesar das crises que estas frentes de poder sofreram no final dos anos 2000.

De outro lado, também vêm sendo notáveis os índices de crescimento econômico que colocaram a
China como a segunda maior nação do mundo em tamanho do PIB (Produto Interno Bruto). Por esse
motivo, muitos cientistas políticos passaram a denominar a Nova Ordem Mundial como mundo multipolar.

Mas é preciso lembrar que não há no mundo nenhuma nação que possua o poderio bélico e nuclear
dos EUA.

Esse país possui bombas e ogivas nucleares que, juntas, seriam capazes de destruir todo o planeta
várias vezes.

3
SCALZARETTO, Reinaldo. Geografia Geral – Geopolítica. 4ª edição. São Paulo: Anglo.

4
PENA, Rodolfo F. Alves. Nova Ordem Mundial – Geopolítica. Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/nova-ordem-mundial.htm.

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A Rússia, grande herdeira do império soviético, mesmo possuindo tecnologia nuclear e um elevado
número de armamentos, vem perdendo espaço no campo bélico em virtude da falta de investimentos na
manutenção de seu arsenal, em razão das dificuldades econômicas enfrentadas pelo país após a Guerra
Fria.

É por esse motivo que a maior parte dos especialistas em Geopolítica e Relações Internacionais,
atualmente, nomeia a Nova Ordem Mundial como mundo unimultipolar. “Uni” no sentido militar, pois os
Estados Unidos é líder incontestável. “Multi” em razão das diversas crescentes econômicas de novos
polos de poder, sobretudo a União Europeia, o Japão e a China.

A Divisão do Mundo entre Norte e Sul


Durante a ordem geopolítica bipolar, o mundo era rotineiramente dividido entre leste e oeste.

O Oeste era a representação do Capitalismo liderado pelos EUA, enquanto o Leste demarcava o
mundo Socialista representado pela URSS. Essa divisão não era necessariamente fiel aos critérios
cartográficos, pois no Oeste havia nações socialistas (a exemplo de Cuba) e no leste havia nações
capitalistas.

Contudo, esse modelo ruiu. Atualmente, o mundo é dividido entre Norte e Sul, de modo que no Norte
encontram-se as nações desenvolvidas e, ao sul, encontram-se as nações subdesenvolvidas ou
emergentes. Tal divisão também segue os ditames da Nova Ordem Mundial, em considerar
preferencialmente os critérios econômicos em detrimento do poderio bélico.

Em vermelho, os países do sul subdesenvolvido e, em azul, os países do norte desenvolvido

Observa-se que também nessa nova divisão do mundo não há uma total fidelidade aos critérios
cartográficos, uma vez que alguns poucos países localizados ao sul pertencem ao “Norte” (como a
Austrália) e alguns países do norte pertencem ao “Sul” (como a China).

A Economia Capitalista Hoje:


Vivemos na segunda década da Nova Ordem Internacional. Suas características tornam-se a cada dia
mais claras. Suas raízes econômicas remontam às transformações iniciadas com as tecnologias dos anos
de 1970, que influenciam as potências atuais de forma marcante.

No campo geopolítico, essa nova era configurou-se com a crise do socialismo, o fim da Guerra Fria e
a valorização dos problemas sociais e ambientais.

Na atualidade, o grupo de países desenvolvidos, formado por 23 nações (Estados Unidos, Canadá,
Japão, Austrália, Nova Zelândia, Islândia, Noruega, Suíça e os 15 membros da União Europeia), torna-
se cada vez mais rico. Em 2005, a população dessas nações somava 900 milhões de pessoas (13% do
total mundial) e produzia cerca de 32 trilhões de dólares (80% do PIB mundial), o que dava uma renda
per capita de mais de 35 mil dólares. Em 1960, os mesmos países tinham cerca de 20% da população
mundial e controlavam cerca de 60% do PIB do mundo.

Uma das características político-econômicas mais importantes da Nova Ordem Internacional foi o
crescente uso dos princípios teóricos do neoliberalismo. O jornalista Ignacio Ramonet, do jornal francês
Le Monde, acredita que os neoliberais criaram, com seu pragmatismo, um conjunto de regras econômicas
muito claro, que se resume aos seguintes aspectos:

* O Estado deve se restringir a algumas funções públicas;

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* O déficit público deve ser evitado e, se existir, reduzido;

* As empresas estatais devem ser privatizadas;

* O Banco Central de cada país deve ser independente;

* A moeda deve ser estável, com um mínimo de inflação;

* Os fluxos financeiros não devem sofrer restrições;

* Os mercados devem ser abertos, liberalizados e desregulamentados;

* A produção industrial deve ser internacionalizada, buscando-se mão-de-obra mais barata;

* As empresas devem ser modernizadas, enxutas e competitivas.

Frente às crises e ao aumento da miséria nos países subdesenvolvidos, alguns neoliberais modernos
defendem que esse receituário não tem dado certo por culpa dos governos. Seria necessário apenas
conter os monopólios privados, supervisionar os bancos com mais atenção, investir em educação e
aumentar a poupança interna.

Dentro da Nova Ordem Internacional, o controle que os países desenvolvidos exerciam sobre o
comércio de exportação no mundo continuou, embora sua participação no total tenha sido um pouco
reduzida. Essa redução foi consequência do crescimento das exportações conquistado pelos países
subdesenvolvidos industrializados.

A participação dos países subdesenvolvidos no comércio mundial de exportação vinha decrescendo


desde o início da Ordem da Guerra Fria (era de cerca de 31% do total mundial em 1950 e caiu para cerca
de 20% em 1985). Essa situação começou a se reverter no início da Nova Ordem Internacional. Nos dez
anos seguintes, os países pobres passaram a controlar maiores parcelas do comércio mundial de
exportação.

Esse aumento das exportações, por si só, não foi suficiente para elevar o padrão de riqueza dos países
subdesenvolvidos como um todo. A maior parte desse aumento foi de responsabilidade de um restrito
grupo de países subdesenvolvidos industrializados, enquanto a grande maioria dos mais de 150 países
subdesenvolvidos continuou a assistir à queda dos preços de suas mercadorias de exportação
(commodities) e a redução de sua participação no comércio mundial, exceto os exportadores de petróleo.

Mesmo assim, o crescimento do comércio internacional é apontado como um dos indicadores da


aceleração do processo de globalização, que criou uma maior dependência das economias nacionais em
relação à economia internacional, pois uma grande parcela das atividades produtivas e dos trabalhadores
fica dependente do desempenho de seus países no mercado mundial.

Esse crescimento do comércio e essa maior dependência das economias nacionais são o resultado
das políticas de liberalização alfandegária colocadas em prática desde o final da Segunda Guerra
Mundial. Desde então, as taxas alfandegárias médias dos países mais desenvolvidos do mundo caíram
de 40% para menos de 5%. Por outro lado, o crescimento do comércio internacional foi fruto da maior
integração e complementação econômica dos conjuntos de países que formaram organizações ou zonas
de livre comércio, como a União Europeia e o Nafta.

Características da Nova Ordem Internacional:


A Nova Ordem Internacional já pode ser caracterizada por um amplo conjunto de aspectos. Citaremos
todos, porém, nos atentaremos mais detalhadamente, à Globalização.

São eles:

* Investimentos em P&D;

* Os blocos econômicos;

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* Dívida externa;

*Desemprego;

* As economias em transição;

* O problema da pobreza.

* Globalização:
A Globalização não é nenhuma novidade. Há séculos ela evolui na forma de ciclos, intensificando os
fluxos de pessoas, bens, capital e hábitos culturais. Ela se originou com a primeira fase da expansão
capitalista europeia, impulsionada pelas Grandes Navegações do final do século XV. Entre 1870 e 1890,
a globalização foi novamente intensificada, graças à aceleração dos investimentos internacionais, a
ampliação do comércio e o aperfeiçoamento dos meios de transportes e comunicações. Posteriormente,
durante o período que se estende entre 1910 e 1920, houve nova aceleração desse processo, associada
ao crescente militarismo, que culminaria com a Primeira Guerra Mundial. Um terceiro pico ocorreu durante
a década de 1930, antecedendo a Segunda Guerra Mundial.

Após a Segunda Guerra Mundial, o processo de globalização foi mais lento, amarrado pelas relações
limitadas entre os países capitalistas e os socialistas e pelas políticas comerciais altamente
protecionistas. Somente na década de 1990 os investimentos internacionais retornariam ao patamar
de 1941.

Com a expansão das transnacionais, a partir da década de 1950, a globalização foi acelerada. Hoje, a
Terceira Revolução Industrial, que gerou um sistema de produção econômica com regras que se
uniformizam e se universalizam rapidamente, está criando uma nova onda de globalização. Suas
instituições passam a controlar e organizar essa economia em que as fronteiras perdem a importância e
muitos Estados disputam o direito de abrigar as sedes ou as filiais das grandes corporações, que
controlam a oferta de empregos e investimentos.
Dessa forma, o espaço geográfico mundial tem caminhado em direção a uma crescente
homogeneização, fruto da imposição de um sistema econômico e social globalizado sobre toda a
superfície da Terra. Nas últimas décadas, esse processo sofreu uma forte aceleração, especialmente
porque o polo de oposição ao capitalismo, que durante 45 anos compartia o mundo, criando a bipolaridade
da Guerra Fria, entrou em crise.

Os investimentos internacionais são realizados de forma direta, pelas empresas transnacionais que
implantam ou ampliam suas unidades produtivas, ou indireta, quando se relacionam aos fluxos de capital
que entram por meio de empréstimos, moeda trazida por estrangeiros, pagamentos de exportações,
vendas de títulos públicos no exterior e investimentos no mercado financeiro (especialmente em bolsas
de valores). Observe sua evolução recente:

Os investimentos internacionais foram acelerados na Nova Ordem. Eles saltaram de 924 bilhões de
dólares em 1991 para mais de 5,4 trilhões em 2001.
Na era da globalização, quando as informações são instantâneas, um observador pode acompanhar
a abertura e o fechamento das mais importantes bolsas de valores do mundo durante 22 horas
seguidas: se ele estiver em São Paulo, a Bolsa de Tóquio abre às 21 horas (hora de Brasília) e fecha
às 5 horas do dia seguinte. Uma hora mais tarde, abre a Bolsa de Londres e, às 11 horas, a de Nova
Iorque, que só fecha às 19 horas.

Podemos notar facilmente que a maior parte dos investimentos tem sido sempre no mercado
financeiro, ou seja, nas bolsas de valores. É o que se chama de capital volátil. Esses investimentos entram
nos países e saem muito rapidamente, circulando diariamente no mundo, de uma bolsa para outra, mais
de 3 trilhões de dólares.

O mercado financeiro de ações comercializadas em bolsas de valores estocava um patrimônio coletivo


de 47 trilhões de dólares em 2005. Com o desenvolvimento da informática, o mercado financeiro se
acelerou como forma de investimento.

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Os investimentos financeiros diretos também cresceram bastante, aumentando mais de sete vezes
nesse período, principalmente por meio da compra de empresas privatizadas, dentro da política
neoliberal. As privatizações se expandiram muito desde o início da década de 1990. Entre 1988 e 2003,
houve mais de 9 mil privatizações em cerca de 120 países, que somaram mais de 410 bilhões de dólares
de transações.

Grande parte das pessoas acredita que as privatizações, na atualidade, só ocorrem em países
subdesenvolvidos ou nos países socialistas que estão em transição para a economia de mercado. Na
verdade, a década de 1990 foi marcada pelo aumento das privatizações em diversos países
desenvolvidos.

Embora a globalização seja comandada pelos agentes financeiros e econômicos, há uma profunda
relação entre seus interesses e as ações políticas desenvolvidas pelos Estados. Na atualidade, vemos
uma espécie de privatização do Estado, que é colocado a serviço dos interesses do grande capital.

Hoje, mais do que em qualquer outra época da modernidade, a elite econômica colocou o Estado a
serviço de seus interesses. São os governos dos países mais ricos do mundo que promovem, numa ação
política bem orquestrada, a globalização, preparando encontros, ampliando o raio de ação das
organizações internacionais, realizando acordos comerciais, que favorecem a quem controla a economia.

Recentemente, por causa das transformações econômicas em direção à globalização, a redução das
taxas alfandegárias e a liberação do movimento dos capitais, muitos estudiosos passaram a acreditar que
o Estado nacional estava em fase de dissolução. Em verdade, ocorreu a sua transformação: as relações
entre o Estado e a economia se internacionalizaram, e a privatização tornou-se norma. Dessa forma, o
Estado abandonou o papel de agente econômico, desfazendo-se dos seus ativos, e passou a exercer o
papel de organizador e gestor de uma economia globalizada, no qual o conceito de soberania nacional
passou por uma revisão.

As aquisições e fusões que têm caracterizado a globalização desde o início da década de 1990 não
pretendem aumentar a produção, criar novas fábricas e ampliar os empregos. A função dessa onda de
fusões é cortar as atividades redundantes, reduzir a concorrência e aumentar a concentração de capitais.
O resultado final tem sido sempre a elevação das taxas de desemprego e o aumento da monopolização.

O volume das transações financeiras provocadas pelas fusões de grandes empresas tem ampliado
o mercado de ações e acelerado a movimentação de capitais.

No contexto da globalização, os países subdesenvolvidos ou periféricos não têm peso na definição


desse novo panorama geopolítico mundial, ficando, cada mais uma vez, atrelados aos países líderes.
Assim, com a decadência do bloco socialista, resta para o capitalismo resolver, num futuro próximo, três
graves problemas:

Desigualdade – Há uma crescente desigualdade de padrão de vida entre os países desenvolvidos e


os subdesenvolvidos, além das diferenças de renda dentro dos próprios países desenvolvidos. Segundo
Hobsbawm, a ameaça que a expansão socialista representou após 1945 impulsionou a formação do
Welfare State (Estado de bem-estar social), com reformas sociais nos países desenvolvidos, criando-se
uma parceria entre capital e trabalho organizado (sindicatos), sob os auspícios do Estado. Isso gerou a
consciência de que a democracia liberal precisava garantir a lealdade da classe trabalhadora, com caras
concessões econômicas. O abandono dessas políticas sociais tem ampliado o quadro da desigualdade
social, até mesmo em países desenvolvidos.

Conflitos Étnicos – Ascensão do racismo e crescente xenofobia, especialmente na Europa e nos


Estados Unidos, devido ao grande fluxo de imigrantes das regiões mais pobres para os países
industrialmente mais desenvolvidos.

Meio Ambiente – Crise ecológica mundial, que alerta para a necessidade de solucionar as agressões
ao meio ambiente, que podem afetar todo o planeta.

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Neoliberalismo

Podemos definir o neoliberalismo como um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que
defende a não participação do estado na economia. De acordo com esta doutrina, deve haver total
liberdade de comércio (livre mercado), pois este princípio garante o crescimento econômico e o
desenvolvimento social de um país.

Surgiu na década de 1970, através da Escola Monetarista do economista Milton Friedman, como uma
solução para a crise que atingiu a economia mundial em 1973, provocada pelo aumento excessivo no
preço do petróleo.

Críticas ao neoliberalismo
Os críticos ao sistema afirmam que a economia neoliberal só beneficia as grandes potências
econômicas e as empresas multinacionais. Os países pobres ou em processo de desenvolvimento (Brasil,
por exemplo) sofrem com os resultados de uma política neoliberal. Nestes países, são apontadas como
causas do neoliberalismo: desemprego, baixos salários, aumento das diferenças sociais e dependência
do capital internacional.

Pontos positivos
Os defensores do neoliberalismo acreditam que este sistema é capaz de proporcionar o
desenvolvimento econômico e social de um país. Defendem que o neoliberalismo deixa a economia mais
competitiva, proporciona ao desenvolvimento tecnológico e, através da livre concorrência, faz os preços
e a inflação caírem.

Exemplos de governos que adotaram políticas econômicas neoliberais nos últimos anos:

- No Brasil: Fernando Collor de Melo (1990 - 1992) e Fernando Henrique Cardoso (1995 - 2003)

- No Chile: Eduardo Frei (1994 - 2000), Ricardo Lagos (2000 - 2006) e Michelle Bachelet (2006 - 2010)

- Nos Estados Unidos: Ronald Reagan (1981 - 1989), George Bush (1989 - 1993) e George W. Bush
(2001- 2009)

- No México: Vicente Fox Quesada (2000 - 2006)

- No Reino Unido: Margaret Thatcher (1979 - 1990)

Principais teóricos do Neoliberalismo:

- Friedrich Hayek (Escola Austríaca)

- Leopold von Wiese

- Ludwig von Mises

-Milton Friedman (Escola Monetarista, Escola de Chicago)

Questões

01. (PC/PI – Escrivão de Polícia Civil – UESPI) No início dos anos 1990, o mundo assistiu à
derrocada do chamado Bloco Socialista, comandado pela ex-União Soviética, tendo como consequência
o fim da Guerra Fria e o surgimento de uma Nova Ordem Mundial, que apresenta como características,
EXCETO,
(A) o controle do mercado mundial por grandes corporações transnacionais.
(B) aprofundamento da Globalização da economia e consolidação da tendência à formação de blocos
econômicos regionais.
(C) processos pacíficos de Fragmentação territorial sem ocorrência de conflitos étnicos, a exemplo da
ex-Iugoslávia.
(D) ampliação das desigualdades internacionais.

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(E) a existência de uma realidade mais complexa, com múltiplas oposições ou tensões econômicas,
étnicas, religiosas, ambientais etc.

02. (Prefeitura de Martinópole/CE – Agente Administrativo – CONSULPAM/) A nova economia


internacional possui elementos característicos onde os que se destacam são os que se referem ao quadro
geral determinado pela Globalização. Com isso podemos AFIRMAR que o atual cenário mundial é
assinalado pela:
(A) bipolaridade
(B) unimultipolaridade
(C) velha ordem mundial
(D) Nova Guerra Fria

03. (SEDU/ES – Professor de Geografia – CESPE/Adaptada) Com relação à geografia política


mundial, julgue o item a seguir.
A nova ordem mundial apresenta uma faceta geopolítica e outra econômica. Na geopolítica, houve
uma mudança para um mundo multipolar, onde as potências impõem mais por seu poder econômico que
pelo poder bélico. Na economia, o que aconteceu foi o processo de globalização e a formação de blocos
econômicos supranacionais.
(....) Certo (....) Errado

04. (IF/SE – Analista – IF/SE/Adaptada) "Com a derrocada do socialismo real e da União Soviética,
entre 1989 e 1991, surgiu uma nova ordem mundial que, a princípio, parecia ser unipolar, com uma única
superpotência, os Estados Unidos. Mas essa ideia parece ser aplicável somente a um breve período
transitório, pois o poderio estadunidense vem se enfraquecendo, em termos relativos (isto é, em
comparação com o crescimento da China, da Europa unificada, da Índia etc...)." Vesentini, Wiliam - 2009.
Assinale a afirmativa correta sobre os fatos da nova ordem mundial:
(A) O ponto fraco da União Europeia é o rápido envelhecimento e o baixo poder aquisitivo de sua
população.
(B) Apesar da crise na transição do socialismo real para a economia, a herdeira da Ex União Soviética,
Rússia, voltou a ser uma superpotência, apesar da fragilidade do setor de tecnologia de ponta.
(C) Uma das dificuldades para o Japão na formação de um Megabloco na Ásia é a desconfiança de
algumas importantes nações, como China e Coréia do Sul, que o consideram um país imperialista,
sobretudo pela brutalidade e pelo racismo demonstrado pelas tropas japonesas quando da ocupação de
seus territórios.
(D) A China atualmente é o Estado nacional que poderia ameaçar a hegemonia estadunidense, em
função do crescimento econômico e do regime político democrático.
(E) A Índia é outro país que vem se modernizando, e é favorecida pela abundância de recursos
minerais e ausência de problemas étnicos, sociais e político territoriais.

05. (IF/SP – Professor de Geografia – FUNDEP) O processo de mundialização da economia


capitalista inaugurou uma nova divisão internacional do trabalho porque
(A) a diversidade das plantas industriais, até então vigentes nas mais diferentes economias do planeta,
sofreram homogeneização, excluindo a complementaridade.
(B) a divisão do mundo em países produtores de bens industrializados e países unicamente produtores
de matérias-primas, quer agrícolas, quer minerais, já não bastava.
(C) a expansão industrial sobrepôs uma divisão horizontal à antiga divisão vertical do trabalho,
mediante eliminação de níveis de qualificação dentro de cada ramo industrial
(D) a indústria multinacional restringiu sua atuação aos mercados de países centrais e criou bases
produtivas adaptadas às necessidades de seus mercados nacionais.

Respostas

01. Resposta: C.
(...). Com a crise do bloco socialista, no final dos anos 1980, uma nova fase se abriu para a história da
Iugoslávia. Em 1991, Croácia, Eslovênia e Macedônia declararam sua independência, sendo que apenas
esta última de maneira pacífica. A separação da Croácia e da Eslovênia foi acompanhada por intensos
conflitos militares liderados pelo então presidente sérvio Slobodan Milosevic. Em 1992, a Bósnia declarou
sua independência, passando a enfrentar militarmente a Croácia, em disputa por territórios, e sobretudo
a Sérvia, contrária ao movimento separatista de mais uma região iugoslava. (...)

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(Fonte:http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/geopolitica/conflitos-na-ex-iugoslavia.htm).

02. Resposta: B.
Nova Ordem Mundial é a lógica internacional da ordem de poder entre os Estados nacionais no período
que sucede a Guerra Fria. A Nova Ordem Mundial é caracterizada pela UNIMULTIPOLARIDADE, uma
vez que temos a supremacia dos Estados Unidos no campo bélico e político, e a emergência de várias
potências no campo econômico: China, União Europeia, Japão e o próprio EUA.

03. Resposta: Certo.


Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, a comunidade internacional passa por uma reformulação
das estruturas de poder e força entre os Estados Nacionais, gerando uma nova configuração geopolítica
e econômica que foi chamada de Nova Ordem Mundial. Uma das mudanças principais desse novo plano
geopolítico internacional foi o estabelecimento de uma multipolaridade, onde o poderio militar não era
mais o critério determinante de poder global de um Estado Nacional, perdendo lugar para o poderio
econômico. Já a área econômica passa por um processo de globalização, gerando fluxos crescentes de
bens, serviços e capitais que perpassam as fronteiras nacionais. Além disso, a formação de blocos
econômicos supranacionais visam atender tanto os interesses de corporações transnacionais, que
almejam a eliminação das barreiras alfandegárias, como os Estados Nacionais que tentam garantir
algumas vantagens políticas.

04. Resposta: C.
O Japão apesar de ser o mais rico da Ásia em outrora buscou seu domínio nos países do pacífico com
ocupações territoriais, principalmente durante a 2ª guerra, desde então os asiáticos não fecham em um
bloco econômico com receio de um novo domínio japonês, através da economia sobre eles.

05. Resposta: B.
O processo de mundialização da economia capitalista monopolista teve como pressuposto básico a
necessidade de uma nova divisão internacional do trabalho. Já não bastava um mundo dividido em países
produtores de bens industrializados e países unicamente produtores de matérias-primas, quer agrícolas,
quer minerais. A mundialização da economia pressupõe uma descentralização da atividade industrial e
sua instalação e difusão por todo o mundo. Pressupõe também um outro nível de especialização dos
produtos oriundos dos diferentes países do mundo para o mercado internacional. Assim,
simultaneamente, a indústria multinacional implanta-se nos mercados existentes em todos os países
(através de filiais, fusões, associações, franquias etc.) e cria bases para a produção industrial adaptada
às necessidades desses mercados nacionais. Ao mesmo tempo, atua de forma a aprimorar a exploração
e a exportação das matérias-primas requeridas pelo mercado internacional. Esse processo de expansão
industrial sobrepôs uma divisão vertical à antiga divisão horizontal do trabalho. Agora combina-se a antiga
divisão por setores (primário: agrícola e mineiro, e secundário: industrial) em níveis de qualificação dentro
de cada ramo industrial.
(ROSS, Sanches L. Jurandyr: Geografia do Brasil. - 4ª ed. - São Paulo: Editora da Universidade de
São Paulo, 2001. - Didática; 3).

2. HISTÓRIA DO BRASIL 2.1. A Revolução de 1930 e a Era Vargas. 2.2.


As Constituições Republicanas. 2.3. A estrutura política e os
movimentos sociais no período militar. 2.4. A abertura política e a
redemocratização do Brasil.

A Revolução de 1930
Em 1º de março de 1930 Júlio Prestes foi eleito presidente do Brasil conquistando 1.091.709 votos,
contra 742.794 votos recebidos por Getúlio Vargas. Ambos os lados foram acusados de cometer fraudes
contra o sistema eleitoral, seja manipulando votos, seja impondo votos forçados através de violência e
ameaça.

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A derrota Júlio Prestes nas eleições de 1930 para não significou o fim da Aliança Liberal e sua busca
pelo controle do poder executivo. Os chamados “tenentes civis” acreditavam que ainda poderiam
conquistar o poder através das armas.

As discordâncias provocadas pelo apoio de Washington Luís a Júlio Prestes não foram suficientes, até
aquele momento, para promover uma ruptura de grandes proporções na política, porém um grupo de
políticos mais jovens e em busca de ascensão política perceberam que para alcançar novos patamares,
ainda dependiam da aprovação de um grupo muito estreito.

Entre os que buscavam novos caminhos, estavam os gaúchos Getúlio Vargas, Flores da Cunha,
Osvaldo Aranha, Lindolfo Collor, João Neves, Maurício Cardoso e Paim Filho. Em Minas Gerais também
haviam Virgílio de Melo Franco e Francisco Campos, descendentes de famílias tradicionais do estado.
Até mesmo entre membros antigos da política, representantes das velhas oligarquias, haviam aqueles
que enxergavam nos políticos mais jovens a possibilidade de aumento do poder pessoal, como Artur
Bernardes, Venceslau Brás, Afrânio de Melo Franco, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e João Pessoa.

Buscando agir pelo caminho que o movimento tenentista havia tentado anos antes, os jovens políticos
buscaram fazer contato com militares rebeldes, que receberam a atitude com desconfiança. Entre os
motivos para o receio dos tenentes, estava o fato de que alguns nomes, como João Pessoa e Osvaldo
Aranha, estiveram envolvidos em perseguições, confrontos e condenações contra o grupo. Porém, depois
de conversas e desconfianças dos dois lados, os grupos chegaram a um acordo, com a adesão de nomes
de destaque dos movimentos da década de 20, como Juarez Távora, João Alberto e Miguel Costa. A
grande exceção foi o nome de Luís Carlos Prestes, que em maio de 1930 declarou-se abertamente como
socialista revolucionário, e recusou-se a apoiar a disputa oligárquica.

Os preparativos para a tomada do poder não aconteceram da maneira esperada, deixando o


movimento conspiratório em uma situação de desvantagem. Porém, em 26 de julho de 1930 ocorreu um
fato que serviu de estopim para o movimento revolucionário: por volta das 17 horas, na confeitaria
“Glória”, em Recife, João Pessoa foi assassinado por João Duarte Dantas.

O crime, motivado tanto por disputas pessoais como por disputas públicas, foi utilizado como
justificativa para o movimento revolucionário, sendo explorado seu lado público, e transformado João
Pessoa em “mártir da revolução”.

Entre as razões para o assassinato, estiveram as mudanças políticas promovidas por João Pessoa ao
tornar-se governador. Em uma tentativa de modernizar a administração, o governador direcionou as
transações comerciais para os portos da capital e de Cabedelo, buscando tornar eficiente a arrecadação
de impostos e diminuir a dependência que o estado tinha do Recife. A medida adotada pelo governador
chocava-se com os interesses de produtores, principalmente de algodão, do interior do estado, que
realizavam as transações comerciais por terra, diretamente com Recife, escapando dessa forma das
cobranças de impostos. Os interesses conflitantes resultaram na Revolta de Princesa, movimento rebelde
liderado por José Pereira Lima, deflagrado no município de Princesa, atual Princesa Isabel, na fronteira
com Pernambuco, em fevereiro de 1930. Um dos principais aliados do Coronel José Pereira foi a família
Dantas.

As divergências entre governo e revoltosos resultou na invasão do escritório de advocacia de João


Dantas, que localizava-se na capital do estado, da qual foram retirados de um cofre alguns papéis, entre
eles cartas de amor trocadas entre o advogado e a professora Anaíde Beiriz. Apesar de ambos serem
solteiros, o jornal A União, de cunho governista, divulgou a existência das cartas como obras de conteúdo
impróprio, que não poderiam sequer serem publicadas no jornal.

Após a divulgação, a jovem professora, caindo em desgraça e abandonada pela família, fugiu para o
Recife. João Dantas sentiu-se com a honra manchada, e resolveu acertar as contas com o governador,
assassinando-o com dois tiros, dentro da Padaria Glória, na capital Pernambucana.

A morte de João Pessoa foi extremamente explorada por seus aliados como elemento político para
concretizar os objetivos da revolução. Apesar de ter morrido no Nordeste e ser natural da região, o corpo
do presidente da Paraíba foi enterrado no Rio de Janeiro, então capital da República, fator que reuniu

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uma enorme quantidade de pessoas para acompanhar o funeral. A morte de João Pessoa garantiu a
adesão de setores do exército que até então estavam relutantes em apoiar a causa dos revolucionários.

Feitos os preparativos, no dia 3 de outubro de 1930, nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul
e no Nordeste, estourou a revolução, comandada por Getúlio Vargas e pelo tenente-coronel Góes
Monteiro. As ações foram rápidas e não encontraram uma resistência forte. No Nordeste, as operações
ficaram a cargo de Juarez Távora, que contando com a ajuda da população, conseguiu dominar
Pernambuco sem esforços.

Após o Sul e o Nordeste dominados, os esforços concentraram-se em São Paulo. Os revolucionários


montaram quartel em Ponta Grossa, no Paraná, e começaram a elaborar um plano de ataque contra as
forças militares leais a Washington Luís. O ataque, definido para acontecer em território paulista, mais
precisamente na cidade de Itararé, ficou conhecido como “batalha de Itararé” ou também, a batalha que
não ocorreu, pois antes do desfecho do confronto, em 24 de outubro, os generais Leite de Castro, Tasso
Fragoso e Mena Barreto e o almirante Isaías Noronha depuseram Washington Luís da presidência e
instalaram uma junta provisória de governo.

Em virtude do maior peso político que os gaúchos detinham no movimento e sob pressão das forças
revolucionárias, a Junta finalmente decidiu transmitir o poder a Getúlio Vargas. Num gesto simbólico que
representou a tomada do poder, os revolucionários gaúchos, chegando ao Rio, amarraram seus cavalos
no Obelisco da avenida Rio Branco. Em 3 de novembro chegava ao fim a Primeira República.

A nova economia do Brasil


A política trabalhista foi taxada de “paternalista” por intelectuais de esquerda, que acusavam Getúlio
de tentar anular a influência desta sobre o proletariado, desejando transformar a classe operária num
setor sob seu controle nos moldes da Carta del Lavoro do fascista italiano Benito Mussolini. Os defensores
de Getúlio Vargas diziam que em nenhum outro momento da história do Brasil houve avanços
comparáveis nos direitos dos trabalhadores. Os expoentes máximos dessa posição foram João Goulart
e Leonel Brizola, sendo Brizola considerado o último herdeiro político do “Getulismo”, ou da “Era Vargas”,
na linguagem dos brasileiros.

A crítica de direita, ou liberal, argumenta que, em longo prazo, as leis trabalhistas prejudicam os
trabalhadores porque aumentam o chamado “custo Brasil”, onerando muito as empresas e gerando a
inflação que corrói o valor real dos salários. Segundo esta versão, o Custo Brasil faz com que as empresas
brasileiras contratem menos trabalhadores, aumentem a informalidade e faz que as empresas
estrangeiras se tornem receosas de investirem no Brasil. Assim, segundo a crítica liberal, as leis
trabalhistas gerariam, além da inflação, mais desemprego e subemprego entre os trabalhadores.

As Forças de oposição ao Regime Oligárquico


No decorrer das três primeiras décadas do século XX houveram uma série de manifestações operárias,
insatisfação dos setores urbanos e movimentos de rebeldia no interior do Exército (Tenentismo). Eram
forças de oposição ao regime oligárquico, mas que ainda não representavam ameaça à sua estabilidade.
Esse quadro sofreu uma grande modificação quando, no biênio 1921-30, a crise econômica e o
rompimento da política do café-com-leite por Washington Luís colocaram na oposição uma fração
importante das elites agrárias e oligárquicas. Os acontecimentos que se seguiram (formação da Aliança
Liberal, o golpe de 30) e a consequente ascensão de Vargas ao poder podem ser entendidos como o
resultado desse complexo movimento político. Ele se apoiou em vários setores sociais liderados por
frações das oligarquias descontentes com o exclusivismo paulista sobre o poder republicano federal.

O Governo Provisório
Com Washingtom Luís deposto e exilado, Getúlio Vargas foi empossado como chefe do governo
provisório. As medidas do novo governo tinham como objetivo básico promover uma centralização política
e administrativa que garantisse ao governo sediado no Rio de Janeiro o controle efetivo do país. Em
outras palavras, o federalismo da República Velha caía por terra. Para atingir esse objetivo, foram
nomeados interventores para governar os estados. Eram homens de confiança, normalmente oriundos
do Tenentismo, cuja tarefa era fazer cumprir, em cada estado, as determinações do governo provisório.

Esse fato e mais o adiamento que Getúlio Vargas foi impondo à convocação de novas eleições
desencadearam reações de hostilidade ao seu governo, especialmente no estado de São Paulo. As

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eleições dariam ao país uma nova constituição, um presidente eleito pela população e um governo com
legitimidade jurídica e política. Mas poderia também significar a volta ao poder dos derrotados na
Revolução de 30.

A Reação Paulista
A oligarquia paulista estava convencida da derrota que sofreu em 24 de outubro de 1930, mas não
admitia perder o controle do Executivo em “seu” próprio estado. A reação paulista começou com a não
aceitação do interventor indicado para São Paulo, o tenentista João Alberto. Às pressões pela indicação
de um interventor civil e paulista, começa a se somar a reivindicação de eleições para a Constituinte.
Essas teses foram ganhando rapidamente simpatia popular.

As manifestações de rua começaram a ocorrer com o apoio de todas as forças políticas do estado, até
por aquelas que tinham simpatizado com o movimento de 1930 (exemplo do Partido Democrático - PD).
Diante das pressões crescentes, Getúlio resolveu negociar com a oligarquia paulista, indicando um
interventor do próprio estado. Isso foi interpretado como um sinal de fraqueza. Acreditando que poderiam
derrubar o governo federal, os oligarcas articularam com outros estados uma ação nesse sentido.
Manifestações de rua intensificaram-se em São Paulo. Numa delas, quatro jovens, Miragaia, Martins,
Dráusio e Camargo foram mortos e se transformaram em mártires da luta paulista em nome da legalidade
constitucional. Getúlio, por seu lado, aprovou outras “concessões”: elaborou o código eleitoral (que previa
o voto secreto e o voto feminino), mandou preparar o anteprojeto para a Constituição e marcou as eleições
para 1933.

A Revolução Constitucionalista de 1932


A oligarquia paulista, entretanto, não considerava as “concessões” suficientes. Baseada no apoio
popular que conseguira obter e contando com a adesão de outros estados, desencadeou em 9 de julho
de 1932, a chamada Revolução Constitucionalista. Ela visava a derrubada do governo provisório e a
aprovação imediata das medidas que Getúlio protelava. Entretanto, o apoio esperado dos outros estados
não ocorreu e, depois de três meses, a revolta foi sufocada. Até hoje, o caráter e o significado da
Revolução Constitucionalista de 1932 geram polêmicas. De qualquer forma, é inegável que o movimento
teve duas dimensões. No plano mais aparente, predominaram as reivindicações para que o país
retornasse à normalidade política e jurídica, lastreadas numa expressiva participação popular. Nesse
sentido, alguns destacam que o movimento foi um marco na luta pelo fortalecimento da cidadania no
Brasil. Num plano menos aparente, mas muito mais ativo, estava o rancor das elites paulistas, que viam
no movimento uma possibilidade de retomar o controle do poder político que lhe fora arrebatado em 1930.
Se admitirmos que existiu uma revolução em 1930, o que aconteceu em São Paulo, em 1932, foi a
tentativa de uma contra revolução, pois visava restaurar uma supremacia que, durante mais de 30 anos,
fez a nação orbitar em torno dos interesses da cafeicultura. Nesse sentido, o movimento era marcado por
um reacionarismo elitista, contrário ao limitado projeto modernizador de 1930.

As Leis Trabalhistas
Foi aprovado também um conjunto de leis que garantiam direitos aos trabalhadores, destacando-se
entre eles: salário mínimo, jornada de oito horas, regulamentação do trabalho feminino e infantil, descanso
remunerado (férias e finais de semana), indenização por demissão, assistência médica, previdência
social. A formalização dessa legislação trabalhista teve vários significados e implicações. Representou a
primeira modificação importante na maneira de o Estado enfrentar a questão social e definiu as regras a
partir das quais o mercado de trabalho e as relações trabalhistas poderiam se organizar. Garantiu, assim,
uma certa estabilidade ao crescimento econômico. Por fim, foi muito útil para obter o apoio dos
assalariados urbanos à política getulista.

Essa legislação denota a grande habilidade política de Getúlio. Ele apenas formalizou um conjunto de
conquistas que, em boa parte, já vigoravam nas relações de trabalho nos principais centros industriais.
Com isso, construiu a sua imagem como “Pai dos Pobres” e benfeitor dos trabalhadores.

O Controle Sindical
A aprovação da legislação sindical representou um grande avanço nas relações de trabalho no Brasil,
pois pela primeira vez o trabalhador obtinha, individualmente, amparo nas leis para resistir aos excessos
da exploração capitalista. Por outro lado, paralelamente à sua implantação, o Estado definiu regras
extremamente rígidas para a organização dos sindicatos, entre as quais a que autorizava o seu
funcionamento (Carta Sindical), as que regulavam os recursos da entidade e as que davam ao governo

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direito de intervir nos sindicatos, afastando diretorias se julgasse necessário. Mantinha, assim, os
sindicatos sob um controle rigoroso.

Eleições Presidenciais de 1934


Uma vez promulgada a Constituição de 1934, a Assembleia Constituinte converteu-se em Congresso
Nacional e elegeu o presidente da República por via indireta: o próprio Getúlio. Começava o período
constitucional do governo Vargas.

O Governo Constitucional e a Polarização Ideológica


Durante esse período, simultaneamente à implantação do projeto político do governo, foram se
desenhando outros dois projetos para o país. Esse breve período constitucional foi marcado por lutas, às
vezes violentas, entre os defensores desses projetos, levando a uma verdadeira polarização ideológica.
O tom desse momento político do país foi marcado pelo confronto entre duas correntes: uma defendia
um nacionalismo conservador, a outra, um nacionalismo revolucionário.

Nacionalismo conservador
Esse movimento contava com o apoio de vários estratos das classes médias urbanas, Igreja e setores
do Exército. O projeto que seus apoiadores tinham em mente decorria de uma certa leitura que faziam da
história do país até aquele momento.

Segundo os conservadores, o aspecto que marcava mais profundamente a formação histórica do país
e do seu povo era a tradição agrícola. Desde o descobrimento, toda a vida econômica, social e política
organizou-se em torno da agricultura. Todos os nossos valores morais, regras de convivência social,
costumes e tradições, enfim, a espinha dorsal da nossa cultura, fincavam suas raízes no modo de vida
rural. Dessa forma, tudo o que ameaçava essa “tradição agrícola” (isto é, estímulos a outros setores da
economia, crescimento da indústria, expansão da urbanização e suas consequências, como a
propagação de novos valores, hábitos e costumes tipicamente urbanos, bem como novas formas de
expressão artística e culturais) representava um atentado contra a integridade e o caráter nacional, uma
corrupção da nossa identidade como povo e nação. Por ser contrário a transformações e à medida que
as tendências modernizadoras tinham origem externa (induzidas pela industrialização, vanguardas
artísticas europeias etc.) é que o movimento caracterizava-se por ser nacionalista e conservador.

Para que a coerência com a nossa identidade histórica fosse mantida, os ideólogos do nacionalismo
conservador propunham o seguinte: os latifúndios deveriam ser divididos em pequenas parcelas de terras
a ser distribuídas. Assim, as famílias retornariam ao campo, tornando o Brasil uma grande comunidade
de pequenos e prósperos proprietários. Podemos concluir, a partir desse ideário, que eram
antilatifundiários, antiindustrialistas e, no limite, anticapitalistas. Na esfera política, defendiam um regime
autoritário de partido único.

O Integralismo
Esse movimento deu origem à Ação Integralista Brasileira, cujo lema era Deus, Pátria e Família, tendo
como seu principal líder e ideólogo Plínio Salgado. Tradicionalmente, a AIB tem sido interpretada como a
manifestação do nazifascismo no Brasil, pela semelhança entre os aspectos aparentes do integralismo e
do nazifascismo. Uniformes, tipo de saudação, ultranacionalismo, feroz anticomunismo, tendências
ditatoriais e apelo à violência eram traços que aproximavam as duas ideologias. Um exame mais atento,
entretanto, mostra que eram projetos distintos. Enquanto o nazi fascismo era apoiado pelo grande capital
e buscava uma expansão econômico-industrial a qualquer custo, ao preço de uma guerra mundial se
necessário, os integralistas queriam voltar ao campo. Num certo sentido, o projeto nazifascista era mais
modernizante que o integralista. Assim, as semelhanças entre eles escondiam propostas e projetos
globais para a sociedade radicalmente distintos.

Nacionalismo Revolucionário
Frações dos setores médios urbanos, sindicatos, associações de classe, profissionais liberais,
jornalistas e o Partido Comunista prestaram apoio a outro movimento político: o nacionalismo
revolucionário. Este defendia a industrialização do país, mas sem que isso implicasse subordinação e
dependência em relação às potências estrangeiras, como a Inglaterra e os Estados Unidos.

O nacionalismo revolucionário propunha uma reforma agrária como forma de melhorar as condições
de vida do trabalhador urbano e rural e potencializar o desenvolvimento industrial. Considerava que a

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única maneira de realizar esses objetivos seria a implantação de um governo popular no Brasil. Esse
movimento deu origem à Aliança Nacional Libertadora, cujo presidente de honra era Luís Carlos Prestes,
então membro do Partido Comunista.

As Eleições de 1938
Contida a oposição de esquerda, o processo político evoluiu sem conflitos maiores até 1937. Nesse
ano, começaram a se desenhar as candidaturas para as eleições de 1938. Dentre as candidaturas,
começou a se destacar a de Armando Sales Oliveira, paulista que articulava com outros estados sua
eleição para presidente. Getúlio Vargas, as oligarquias que lhe davam apoio e os militares herdeiros da
tradição tenentista não viam com bons olhos a possibilidade de retorno da oligarquia paulista ao poder.
Mas, uma vez mantido o calendário eleitoral, isso parecia inevitável.

O Plano Cohen
Enquanto as articulações políticas visando as eleições se desenvolviam, veio à luz o famoso Plano
Cohen. Segundo as informações oficiais, forças de segurança do governo tinham descoberto um plano
de tomada do poder pelos comunistas. Muito bem elaborado, colocava em risco as instituições, caso
fosse deflagrado. O governo então, para evitar o perigo vermelho, solicitou do Congresso Nacional a
aprovação do estado de sítio, que suspendia as liberdades públicas e dava ao governo amplos poderes
para combater a subversão.

A Decretação do Estado de Sítio e o Golpe de 1937


A fração oligárquica paulista hesitava em aprovar a medida, mas diante do clamor do Exército, das
classes médias e da Igreja, que temiam a escalada comunista, o Congresso autorizou a decretação do
estado de sítio. A seguir, com amplos poderes concentrados em suas mãos, Getúlio Vargas outorgou
uma nova Constituição ao país, implantando, por meio desse golpe o Estado Novo.

Estado Novo (1937-1945)5


A ditadura estabelecida por Getúlio Vargas durou oito anos, indo de 1937 a 1945. Embora Vargas
agisse habilidosamente, com o intuito de aumentar o próprio poder, não foi somente sua atuação que
gerou o Estado Novo. Pelo menos três elementos convergiam para sua criação:

- A defesa de um Estado forte por parte dos cafeicultores, que dependiam dele para manter os preços
do café;

- Os industriais, que seguiam a mesma linha de defesa dos cafeicultores, já que o crescimento das
industrias dependia da proteção estatal;

- As oligarquias e classe média urbana, que assustavam-se com a expansão da esquerda e julgavam
que para “salvar a democracia” era necessário um governo forte.
Além disso Vargas tinha também o apoio dos militares, por alguns motivos:
- Por sua formação profissional, os militares possuíam uma visão hierarquizada do Estado, com
tendência a apoiar mais um regime autoritário do que um regime liberal;

- Os oficiais de tendência liberal haviam sido expurgados do exército por Vargas e pela dupla Góis
Monteiro-Gaspar Dutra;

- Entre os oficiais do exército estava se consolidando o pensamento de que se deveria substituir a


política no exército pela política do exército. E a política do exército naquele momento, visava o próprio
fortalecimento, resultado atingido mais facilmente em uma ditadura.

Com todos esses fatores a seu favor, não houveram dificuldades para Getúlio instalar e manter por
oito anos a ditadura no país. Durante o período foi implacável o autoritarismo, a censura, a repressão
policial e política e a perseguição daqueles que fossem considerados inimigos do Estado.

Política econômica do Estado Novo


Por meio de interventores, o governo passou a controlar a política dos estados. Paralelamente aos
interventores, foi criado em cada um dos estados um Departamento Administrativo, que era

5
Adaptado de MOURA, José Carlos Pires. História do Brasil.

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diretamente subordinado ao Ministério da Justiça, com membros nomeados pelo presidente da república.
Cada Departamento Administrativo estudava e aprovava as leis decretadas pelo interventor e fiscalizava
seus atos, orçamentos, empréstimos, entre outros. Dessa forma os programas estaduais ficavam
subordinados ao governo federal.

Na área federal foi criado o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). Além de
centralizar a reforma administrativa, o Departamento tinha poderes para elaborar o orçamento dos órgãos
públicos e controlar a execução orçamentaria deles. Com a criação do DASP e do Conselho Nacional
de Economia, não só a atuação administrativa e econômica do governo passou a ser muito mais
eficiente, como também aumentou consideravelmente o poder do Estado e do presidente da república,
agora diretamente envolvido na solução dos principais problemas econômicos do país, inclusive com a
criação de órgãos especializados: o instituto do Açúcar e Álcool, o Instituto do Mate, Instituto do pinho,
etc.

Por meio dessas medidas, o governo conseguiu solucionar de maneira satisfatória os principais
problemas econômicos da época. A cafeicultura foi convenientemente defendida, a exportação agrícola
foi diversificada, a dívida externa foi congelada, a indústria cresceu rapidamente, a mineração de ferro e
carvão expandiu-se e a legislação trabalhista foi consolidada. Com essas medidas as elites enriqueceram,
a classe média melhorou seu padrão de vida e o operariado ganhou a proteção que lutou por anos para
conseguir. Dessa forma Vargas atingiu altos níveis de popularidade, mesmo com a repressão e
perseguição política de seu regime.

No mesmo período de 1937 a 1940, a ação econômica do Estado objetivava racionalizar e incentivar
atividades econômicas já existentes no Brasil. Já a partir de 1940, com a instalação de grandes empresas
estatais, o Estado alterou seu papel, passando a ser um dos principais investidores do setor industrial,
principalmente na indústria pesada (responsável por transformar grandes quantidades de matéria-prima).

Os investimentos estatais concentravam-se na indústria pesada, principalmente a siderurgia, química,


mecânica pesada, metalurgia, mineração de ferro e geração de energia hidroelétrica. Esses eram setores
que exigiam grandes investimentos e garantiam retorno somente no longo prazo, o que não despertou o
interesse da burguesia brasileira. Como saída, existiam duas opções para sua implantação: o
investimento do capital estrangeiro ou o investimento estatal, sendo o segundo o escolhido. A iniciativa
teve êxito graças a um pequeno número de empresários e também do exército, que associava a indústria
de base com a produção de armamentos, entendendo-a como assunto de segurança nacional.

A maior participação do Estado na economia gerou a formação de novos órgãos oficiais de


coordenação e planejamento econômico, destacando-se:

CNP – Conselho Nacional do Petróleo (1938)

CNAEE – Conselho Nacional de Aguas e Energia Elétrica (1939)

CME – Coordenação da Mobilização Econômica (1942)

CNPIC – Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial (1944)

CPE – Comissão de Planejamento Econômico (1944)

As principais empresas estatais criadas no período foram:

CSN – Companhia Siderúrgica Nacional (1940)

CVRD – Companhia Vale do Rio Doce (1942)

CNA – Companhia nacional de Álcalis (1943)

FNM – Fábrica Nacional de Motores (1943)

CHESF – Companhia Hidroelétrica do São Francisco (1945)

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Desse modo, apesar da desaceleração do crescimento industrial ocasionado pela Segunda Guerra
Mundial, devido à dificuldade para importar equipamentos e matéria-prima, quando o Estado Novo se
encerrou em 1945, a indústria brasileira estava plenamente consolidada.

Características políticas do Estado Novo


Pode até parecer estranho, mas a ditadura estadonovista possuía uma constituição, que é uma
característica das ditaduras brasileiras, onde a constituição afirmava o poder absoluto do ditador.

A nova constituição foi apelidada de “Polaca”, elaborada por Francisco Campos, o mesmo responsável
por criar o AI-1 em 1964, que deu origem à ditadura militar no Brasil. A constituição “Polaca” era
extremamente autoritária e concedia poderes praticamente ilimitados ao governo.

Em termos práticos, o governo do Estado Novo funcionou da seguinte maneira:

- O poder político concentrava-se todo nas mãos do presidente da república;

- O Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e as Câmaras Municipais foram fechadas;

- O sistema judiciário ficou subordinado ao poder executivo;

- Os Estados eram governados por interventores nomeados por Vargas, os quais, por sua vez,
nomeavam os prefeitos municipais;

- A Polícia Especial (PE) e as polícias estaduais adquiriram total liberdade de ação, prendendo,
torturando e assassinando qualquer pessoa suspeita de se opor ao governo;

- A propaganda pela imprensa e pelo rádio foi largamente usada pelo governo, por meio do
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).

Foram fechados os partidos políticos, até mesmo o Partido Integralista, que mudou seu nome para
Associação Brasileira de Cultura. Em 1938 os integralistas tentaram um golpe de governo que fracassou
em poucas horas, com seus principais líderes presos, inclusive Plinio Salgado, que foi exilado para
Portugal.

Nesse meio tempo, o DIP e a PE prosseguiam seu trabalho. Chefiado por Lourival Fontes, o DIP era
incansável tanto na censura quanto na propaganda, voltada para todos os setores da sociedade –
operários, estudantes, classe média, crianças, militares – e abrangendo assuntos tão diversos quanto
siderurgia, carnaval e futebol; procurava-se, assim, formar uma ideologia estadonovista que fosse aceita
pelas diversas camadas sociais e grupos profissionais e intelectuais. Cabia também ao DIP o preparo das
gigantescas manifestações operarias, particularmente no dia 1º de Maio, quando os trabalhadores, além
de comemorarem o Dia do Trabalho, prestavam uma homenagem a Vargas, apelidado de “o pai dos
pobres”.

Leis trabalhistas no governo de Getúlio Vargas


Getúlio Vargas garantiu diversas mudanças em relação ao trabalho e ao trabalhador durante seu
governo. Decretou a organização da jornada de trabalho, instituiu o Ministério do Trabalho, criou a Lei de
Sindicalização, o salário mínimo em 1940.

Apesar de muitas das conquistas trabalhistas terem sido aprovadas por Vargas, elas já eram
reinvindicações antigas de diversos movimentos de trabalhadores, principalmente operários e sindicatos
urbanos, desde a Primeira República.

As concessões garantidas por Getúlio criavam a imagem do Estado disciplinando o mercado de


trabalho em benefício dos assalariados, porém também serviram para encobrir o caráter controlador do
Estado sobre os movimentos operários, e possuía clara inspiração nas ideias do Ditador italiano Benito
Mussolini.

O relacionamento entre Getúlio e os trabalhadores era muito interessante, temperado pelos famosos
discursos do ditador os quais sempre começavam pela frase “trabalhadores do Brasil....”. Utilizando um

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modelo de política populista, Vargas, de um lado, eliminava qualquer liderança operaria que tentasse
um atuação autônoma em relação ao governo, acusando-a de “comunista”, enquanto por outro lado,
concedia frequentes benefícios trabalhistas ao operariado, incluindo a decretação do salário-mínimo e
da Consolidação das Leis do Trabalho(CLT). Desse modo, por meio de uma inteligente mistura de
propaganda, repressão e concessões, Getúlio obteve um amplo apoio das camadas populares.

A CLT entrou em vigor em 1943, durante a típica comemoração do 1º de maio. Entre seus principais
pontos estão:

Regulamentação da jornada de trabalho – 8 horas diárias.

Descanso de um dia semanal, remunerado.

Regulamentação do trabalho e salário de menores.

Obrigatoriedade de salário mínimo como base de salário.

Direito a férias anuais.

Obrigatoriedade de registro do contrato de trabalho na carteira do trabalhador.

As deliberações da CLT priorizaram, em 1943, as relações do trabalhador urbano, praticamente


ignorando o trabalhador rural, que ainda representava uma grande parcela da população. Segundo dados
do IBGE, em 1940 aproximadamente 70% da população brasileira estava na zona rural.

Essas pessoas não foram beneficiadas com medidas trabalhistas específicas, nem com políticas que
facilitassem o acesso à terra e à propriedade.

Porém, não houve legislação que protegesse o trabalhador rural ou lhe facilitasse o acesso à terra.
Mantiveram-se as relações de arrendamento e as diárias. Os poucos trabalhadores assalariados do
campo cumpriam funções especializadas.

Para organizar os trabalhadores rurais, desde a década de 50, surgiram movimentos sociais como as
Ligas Camponesas, as Associações de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, até o mais estruturado
destes movimentos, o MST, nascido nos encontros da CPT- Comissão Pastoral da Terra, em 1985, no
Paraná.

Enquanto isso, a Polícia Especial (PE), sob o comando de Filinto Müller, continuava agindo: prendia
milhares e milhares de pessoas, sendo que a maioria jamais foi julgada, ficando apenas presas e sendo
torturadas durante anos a fio.

Após o fim do Estado Novo foi formada uma comissão para investigar as barbaridades cometidas pela
polícia durante o período de ditadura, chamada de “Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos
Delituosos da Ditadura”. Mas os levantamentos feitos pela comissão em 1946 e 1947, eram quase sempre
abafados, fazendo-se o possível para que caíssem no esquecimento, por duas razões:

- A maioria dos torturadores e assassinos permaneciam no polícia depois que a PE havia sido extinta,
sendo apenas transferidos para outros órgãos e funções;

- Muitos civis e militares envolvidos nas torturas e assassinatos fizeram mais tarde rápida carreira,
chegando a ocupar postos importantes na administração e na política.

O relatório concluído pela comissão revela os extremos da violência e banditismo organizado


alcançados durante o Estado Novo: prisões arbitrarias, intimidação, tortura. Muitas vezes os presos eram
pendurados em “paus-de-arara”, espancados com paus e pedaços de borracha e espetados com
alfinetes. Além disso as torturas também poderiam incluir a inserção de farpas de bambu sob as unhas,
retirada de pelos e dentes com alicate, queimaduras com cigarro ou maçarico em órgãos sexuais,
choques e a obrigação de beber óleo de rícino.

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Para os torturadores não havia muita diferenciação entre homens, mulheres, crianças e velhos. Muitas
vezes os familiares próximos também eram presos e torturados para obrigar o preso a falar. Quando não
resistia aos ferimentos, o prisioneiro era desovado em um matagal ou atirado de um prédio alto para
simular suicídio.

Também era comum durante o período a espionagem, feita por militares e civis, que eram conhecidos
como “invisíveis”. Sua função poderia ser a de espiar alguém em específico ou fazer uma espionagem
generalizada em escolas, universidades, fábricas, estádios de futebol, transporte público, cinemas, locais
de lazer, unidades militares e repartições públicas. Formaram-se milhares de arquivos pessoais com
informações minuciosas sobre as pessoas, que seriam utilizadas novamente 19 anos após o fim do estado
Novo, na Ditadura Militar.

Fim do Estado Novo


Com o início da Segunda Guerra Mundial em 1939, houveram muitas consequências. Permitiu ao
governo de Vargas neutralidade para negociar tanto com os Aliados como com o Eixo, conseguindo
financiamento dos Estados Unidos para a construção da usina siderúrgica de Volta Redonda, a compra
de armamentos alemães e fornecimento de material bélico norte-americano.

Apesar da neutralidade de Getúlio, que esperava o desenrolar do conflito para determinar apoio ao
provável vencedor, em seu governo haviam grupos divididos e definidos sobre quem apoiar: Oswaldo
Aranha, que era ministro das Relações Exteriores era favorável aos Estados Unidos, enquanto os
generais Gaspar Dutra e Góis Monteiro eram favoráveis ao nazismo. Com a entrada dos Estados Unidos
na guerra em 1941 e o torpedeamento de vários navios mercantes brasileiros, o país entra em guerra ao
lado dos aliados em agosto de 1942. A saída de Lourival Fontes (DIP) Fillinto Müller (PE) e Francisco
Campos (Ministério da Justiça) também colaboraram para a decisão.

Em 1944 foram mandados 25.000 soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para a Itália,
marcando a participação do Brasil no conflito.

Mais do que a vitória contra as forças do Eixo na Europa, a Segunda Guerra Mundial teve um efeito
na política brasileira. Muitos dos que lutavam contra o Fascismo na Europa não aceitavam voltar para
casa e viver em um regime autoritário. O sentimento de revolta cresceu na população e muitas
manifestações em prol da redemocratização foram realizadas, mesmo com forte repressão da polícia.
Pressionado pelas reivindicações, em 1945 Vargas assinou um Ato Adicional que marcava eleições para
o final daquele ano. Foram formados vários partidos: UDN (União Democrática nacional), PSD (Partido
Social Democrático), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), o PCB (Partido Comunista Brasileiro) foi
legalizado, além de outros menores. Venceu a candidatura do General Dutra, que concorreu pela aliança
entre PTB e PSD. Além dele foram candidatos o brigadeiro Eduardo Gomes da UDN e Yedo Fiúza do
PCB.

Apesar dos protestos para o fim do Estado Novo, muitas pessoas queriam que a redemocratização
ocorresse com a continuação de Getúlio no poder. Daí vem o movimento conhecido como “Queremismo”,
que vem do slogan “Queremos Getúlio”.

Questões

01. (Instituto Rio Branco - Diplomata - Bolsa-prêmio de vocação para a Diplomacia – CESPE) A
Era Vargas teve início com a vitória do político gaúcho nas eleições de 1930.
(A) Certo
(B) Errado

02. (Instituto Rio Branco - Diplomata - Bolsa-prêmio de vocação para a Diplomacia – CESPE)
Embora com tendência à centralização político-administrativa, a Era Vargas desconheceu um período
claramente ditatorial.
(A) Certo
(B) Errado

03. (EsSA - Sargento – Exército) Em 1945 chega ao fim o Estado Novo implantado pelo presidente
Getúlio Vargas. Entre as causas tivemos a(s)

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(A) Revolução de 1945 realizada pelos sindicatos e apoiado pelo Partido Trabalhista Brasileiro daquela
época
(B) atuação do movimento estudantil, liderado pela UNE, que assumiu o poder apoiando o partido da
União Democrática Nacional
(C) pressões norte-americanas obrigando Getúlio Vargas a extinguir o Estado Novo e tornar o país
uma democracia
(D) adesão de Getúlio ao Fascismo, propiciando que ele implante no Brasil um regime semelhante
após 1945.
(E) participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial ao lado das democracias, criando uma situação interna
contraditória, pois o país vivia, até aquele ano, uma ditadura.

04. (Prefeitura de Caratinga - MG - Auxiliar Administrativo) “Todo o homem que trabalha tem direito
a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência
compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção
social.”
(Declaração Universal dos Direitos do Homem.)
“A CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) foi criada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de
1943, e sancionada pelo presidente __________________, durante o período do Estado Novo.” Assinale
a alternativa que completa corretamente a afirmativa anterior.
(A) José Sarney
(B) Gaspar Dutra
(C) Jânio Quadros
(D) Getúlio Vargas

05. Desde que o jornal integralista A Ofensiva estampara as primeiras convocações para o evento na
praça da Sé, esquerdistas dos mais variados matizes idealizaram uma contramanifestação, combinada
propositadamente para o mesmo dia (7 de outubro de 1934), horário e local. “És amigo da liberdade?
Queres que o Brasil marche para a paz e o progresso? Repugna-te o crime e a bandalheira? És amante
da arte, da ciência e da filosofia? Pois, então, guerra ao integralismo com todas as suas energias", incitava
um panfleto da Federação Operária de São Paulo, de orientação anarquista.
NETO, Lira. [ ] Do Governo Provisório à Ditadura do Estado Novo (1930 -1945). São Paulo: Companhia
das Letras, 2013, p.193.
O embate previamente anunciado entre esquerdistas e integralistas foi fatal e ocorreu no governo do
presidente
(A) Café Filho
(B) Getúlio Vargas
(C) Jânio Quadros
(D) Washington Luís
(E) Juscelino Kubitschek

06. (Câmara de Jahu – SP – Advogado - SIGMA ASSESSORIA) Foi Presidente do Brasil por duas
vezes, e é considerado o maior representante dos trabalhadores. Criou a Justiça do Trabalho, instituiu o
Salário Mínimo, a Consolidação das Leis do Trabalho, a Carteira Profissional e Férias Remuneradas.
Cometeu o suicídio em 1954 em sua residência oficial que era o Palácio do Governo:
(A) Tancredo Neves
(B) Jânio Quadros
(C) Juscelino Kubitschek
(D) Afonso Pena
(E) Getúlio Vargas

Respostas

01. Resposta: B.
Quem venceu as eleições foi Júlio Prestes, derrotando Vargas. Mas ele não chegou a assumir o cargo.
Vargas conseguiu assumir o poder através de um golpe, na Revolução de 1930.

02. Resposta: B
O período do Estado Novo foi marcado pelo governo autoritário e ditatorial de Vargas.

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03. Resposta: E.
A participação do Brasil ao lado dos Aliados na Segunda Guerra Mundial produziu uma contradição
pelo fato de o país viver uma ditadura internamente.

04. Resposta: D.
A CLT foi criada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e sancionada pelo presidente
Getúlio Vargas, durante o período do Estado Novo. A Consolidação foi assinada pelo então presidente
no Estádio de São Januário (Club de Regatas Vasco da Gama), que estava lotado para comemorar o
feito. Dois anos antes, em 1941, Getúlio havia assinado a criação da Justiça do Trabalho, no mesmo local
e mesmo dia do ano.

05. Resposta: B.
A época retratada no enunciado faz referência ao período entendido como Era Vargas. Em 1934,
quando ocorre o fato que antecede a Intentona Comunista, Vargas já estava no poder.

06. Resposta: E.
As atribuições feitas pelo enunciado da questão faz referência a Getúlio Vargas. Uma das maiores
atribuições foi a criação a Justiça do Trabalho, o Salário Mínimo e a criação da CLT.

As Constituições Republicanas

As Constituições Brasileiras6
Ao estudarmos as constituições que o Brasil já teve, e suas principais emendas, fazemos uma
importante revisão sobre conteúdos de nossa história. Os contextos econômicos, sociais e políticos do
Brasil de cada época, desde a independência até os dias atuais, estão refletidos nas linhas mestras de
nossas cartas magnas.

Precisamos lembrar que nossas constituições são apenas textos. Se serão meras utopias ou se
servirão de indicativos para a conquista de direitos e, consequentemente, para a construção de uma
sociedade mais justa e digna vai depender de nossa participação enquanto homens e mulheres em busca
de uma verdadeira cidadania.

1824
- Nome do país – Império do Brasi.

- Outorgada (tornada pública) pelo imperador D. Pedro I.

- Estado centralizado / Monarquia hereditária e constitucional.

- Quatro poderes (Executivo / Legislativo / Judiciário / Moderador (exercido pelo imperador).

- Fortaleceu o poder pessoal do imperador com a criação do quarto poder (moderador), que permitia
ao soberano intervir, com funções fiscalizadoras, em assuntos próprios dos poderes Legislativo e
Judiciário.

- Províncias passam a ser governadas por presidentes nomeados pelo imperador.

- O mandato dos senadores era vitalício.

- Estabeleceu eleições indiretas e censitárias (homens livres, proprietários e condicionados ao seu


nível de renda).

- Estado confessional (ligado à Igreja – catolicismo como religião oficial).

- Modelo externo – monarquias europeias restauradas (após o Congresso de Viena).

1891

6
Adaptado. Fonte: http://www.mundovestibular.com.br/articles/2771/1/CONSTITUICOES-BRASILEIRAS-DE-1824-A-1988/Paacutegina1.html

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- Nome do país – Estados Unidos do Brasil.

- Promulgada pelo Congresso Constitucional, elegeu indiretamente para a Presidência da República o


marechal Deodoro da Fonseca.

- Três poderes (extinto o poder moderador).

- Estabeleceu o voto universal, não-obrigatório e não-secreto; ficavam excluídos das eleições os


menores de 21 anos, as mulheres, os analfabetos, os soldados e os religiosos.

- Instituiu o presidencialismo, eleições diretas para a Câmara e o Senado e mandato presidencial de


quatro anos.

- Estado Laico (separado da Igreja).

- Modelo externo – constituição norte-americana

1934
- Nome do país – Estados Unidos do Brasil.

- Promulgada pela Assembleia Constituinte no primeiro governo de Getúlio Vargas.

- Instituiu a obrigatoriedade do voto e tornou-o secreto; ampliou o direito de voto para mulheres e
cidadãos de no mínimo 18 anos de idade. Continuaram fora do jogo democrático os analfabetos, os
soldados e os religiosos. Para dar maior confiabilidade aos pleitos, foi criada a Justiça Eleitoral.

- Instituiu o salário mínimo, a jornada de trabalho de oito horas, o repouso semanal e as férias anuais
remunerados e a indenização por dispensa sem justa causa. Sindicatos e associações profissionais
passaram a ser reconhecidos, com o direito de funcionar autonomamente.

1937

- Nome do país – Estados Unidos do Brasil.

- Outorgada (concedida) no governo Getúlio Vargas.

- Inspiração fascista – regime ditatorial, perseguição e opositores, intervenção do estado na economia.

- Suprimiu a liberdade partidária e extinguiu a independência dos poderes e a autonomia federativa.


Governadores e prefeitos passaram a ser nomeados pelo presidente, cuja eleição também seria indireta.
Vargas, porém, permaneceu no poder, sem aprovação de sua continuidade, até 1945.

- Instituiu o regime ditatorial do Estado Novo: a pena de morte, a suspensão de imunidades


parlamentares, a prisão e o exílio de opositores.

- Mandato presidencial prorrogado até a realização de um plebiscito (que nunca foi realizado).

- Modelo externo – Ditaduras fascistas (ex., Itália, Polônia, Alemanha).

1946
- Nome do país – Estados Unidos do Brasil.

- Promulgada no governo de Eurico Gaspar Dutra, após o período do Estado Novo, restabeleceu os
direitos individuais e extinguiu a censura e a pena de morte.

- Instituiu eleições diretas para presidente da República, com mandato de cinco anos.

- Ampla autonomia político-administrativa para estados e municípios.

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- Retomou a independência dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e a autonomia dos
estados e municípios.

- Defesa da propriedade privada (e do latifúndio).

- Restabeleceu o direito de greve e o direito à estabilidade de emprego após 10 anos de serviço.

- Garantia liberdade de opinião e de expressão.

- Contraditória na medida em que conciliava resquícios do autoritarismo anterior (intervenção do


Estado nas relações patrão x empregado) com medidas liberais (favorecimento ao empresariado).

- Retomou o direito de voto obrigatório e universal, sendo excluídos os menores de 18 anos, os


analfabetos, os soldados e os religiosos.

- Retomada do pleno estado de direito democrático após o período militar.

- Ampliação e fortalecimento das garantias dos direitos individuais e das liberdades públicas.

- Retomada do regime representativo, presidencialista e federativo.

- Destaque para a defesa do meio ambiente e do patrimônio cultural da nação.

- Garantia do direito de voto aos analfabetos e aos maiores de 16 anos (opcional) em eleições livres e
diretas, para todos os níveis, com voto universal, secreto e obrigatório.

Reformas Constitucionais

1961
Adoção do parlamentarismo.

Foi aprovada na Câmara dos Deputados, em primeira discussão, por 234 votos contra 59, e, em
segunda discussão, por 233 votos contra 55, a ementa constitucional que instituiu um regime parlamentar
no Brasil semelhante ao vigente na República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental), cujos
dispositivos visavam impedir a queda sucessiva de gabinetes e limitar a casos muito específicos o poder
do Presidente da República de dissolver a Câmara dos Deputados.

1963
Volta ao presidencialismo.

Cerca de 80% dos eleitores votaram pelo restabelecimento do presidencialismo. O plebiscito foi
convocado pelo presidente João Goulart (Jango) para decidir sobre a manutenção ou não do sistema
parlamentarista, em vigor desde a renúncia de Jânio Quadros, em 1961. A partir da vitória no plebiscito,
João Goulart passou a governar o país com todos os poderes constitucionais.

1964-1967
Com o golpe de Estado e até 1967, são decretados quatro atos institucionais que permitem ao governo
legislar sobre qualquer assunto. É instituída, entre outras coisas, a Lei de Greve e o Fundo de Garantia
por Tempo de Serviço (FGTS); decretam-se o fim da estabilidade no emprego, as eleições indiretas para
presidente da República e governadores de estados. O Poder Judiciário torna-se mais dependente do
Executivo. São extintos os partidos políticos e é criado o bipartidarismo.

1967
- Nome do país – República Federativa do Brasil.

- Documento promulgado (foi aprovado por um Congresso Nacional mutilado pelas cassações).

- Uma Carta constitucional institucionaliza o regime militar de 1964.

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- Mantêm-se os atos institucionais promulgados entre 1964 e 1967.

- Fica restringida a autonomia dos estados.

O presidente da República pode expedir decretos-leis sobre segurança nacional e assuntos financeiros
sem submetê-los previamente à apreciação do Congresso. As eleições presidenciais permanecem
indiretas, com voto descoberto.

1968
Ato Institucional nº5

Suspensão da Constituição.
Poderes absolutos do presidente: fechar o Congresso, legislar sem impedimento, reabrir cassações,
demissões e demais punições sumárias, sem possibilidade de apreciação judicial.

1969
Nova emenda constitucional, que passou a ser chamada de Constituição de 1969. Foi promulgado
pelo general Emílio Garrastazu Médici (escolhido para presidente da República por oficiais de altas
patentes das três Armas e com ratificação pelo Congresso Nacional, convocado somente para aceitar as
decisões do Alto Comando militar).

Incorporou o Ato Institucional nº5.


Mandava punir a todos que ofendessem a Lei de Segurança Nacional. Extinguiu a inviolabilidade dos
mandatos dos parlamentares e instituiu a censura aos seus pronunciamentos. Suspendeu a eleição direta
para governadores, marcada para o ano seguinte.

1979
Reforma da Constituição de 1969, em que é revogado o AI-5 e outros atos que conflitavam com o texto
constitucional. Quanto às medidas de emergência, o presidente poderia determiná-las, dependendo
apenas da consulta a um conselho constitucional, composto pelo presidente da República, pelo vice-
presidente, pelos presidentes do Senado e da Câmara, pelo ministro da Justiça e por um ministro
representando as Forças Armadas. O estado de sítio só poderia ser decretado com a aprovação do
Congresso.

1988
- Nome do país – República Federativa do Brasil.

- Carta promulgada (feita legalmente).

- Reforma eleitoral (voto para analfabetos e para brasileiros de 16 e 17 anos).

- Terra com função social (base para uma futura reforma agrária).

- Combate ao racismo (sua prática constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão).

- Garantia aos índios da posse de suas terras (a serem demarcadas).

- Novos direitos trabalhistas – redução da jornada semanal, seguro desemprego, férias remuneradas
acrescidas de 1/3 do salário, os direitos trabalhistas aplicam-se aos trabalhadores urbanos e rurais e se
estendem aos trabalhadores domésticos.

Decretada e promulgada pela Assembléia Nacional Constituinte de 1988, deu forma ao regime político
vigente. Manteve o governo presidencial, garantindo que fossem eleitos pelo povo, por voto direto e
secreto, o Presidente da República, os Governadores dos Estados, os Prefeitos Municipais e os
representantes do poder legislativo, bem como a independência e harmonia dos poderes constituídos.
Ampliou os direitos sociais e as atribuições do poder público, alterou a divisão administrativa do país que
passou a ter 26 estados federados e um distrito federal. Instituiu uma ordem econômica tendo por base
a função social da propriedade e a liberdade de iniciativa, limitada pelo intervencionismo estatal.

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Questões

01. O estudo comparativo das Constituições Brasileiras de 1824 (Carta Outorgada, Imperial) e de 1891
(Carta promulgada, Republicana) não permite afirmar:
(A) A Carta de 1891 estabeleceu a Federação como forma de Estado.
(B) A Carta Republicana teve inspiração europeia, ao passo que a lei maior imperial buscou seguir o
modelo norte-americano.
(C) A Carta de 1824 criou o Unitarismo como forma de Estado, mesmo porque as Províncias eram
destituídas de preparo político.
(D) A Carta Imperial criou 4 (quatro) poderes, mas o documento republicano estabeleceu somente 3
(três).
(E) Enquanto o estatuto Imperial recebeu uma emenda, o Ato Adicional, um progresso rumo à
federação, a Carta republicana foi emendada em 1926, com fortalecimento do Poder Central.

02. A Constituição Brasileira de 1988 introduziu alterações significativas no plano jurídico-político


nacional. Dentre elas pode-se citar:
(A) instituição do habeas data, que torna passível de fiança crimes como racismo, tráfico de drogas e
terrorismo.
(B) extensão do direito de elegibilidade às mulheres e voto facultativo aos jovens entre 16 e 18 anos.
(C) proibição da greve aos setores considerados essenciais: saúde, transportes, polícia e
funcionalismo público.
(D) extensão do voto a analfabetos, proteção ao meio ambiente e reconhecimento da cidadania dos
índios.
(E) restrição dos direitos trabalhistas apenas ao setor produtivo urbano e eleições em dois turnos para
presidente, governador e prefeitos.

03. O Brasil, desde sua emancipação política até os dias de hoje, concebeu diferentes ordens jurídicas
constitucionais. Muitos pesquisadores consideram as Constituições brasileiras de 1934 e 1988 as mais
progressistas por estabelecerem, respectivamente, dentre outros, os seguintes avanços sociais:
(A) voto feminino e crime de racismo inafiançável
(B) corporativismo sindical e voto dos analfabetos
(C) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e direito de greve irrestrito
(D) voto obrigatório para maiores de 18 anos e Estatuto da Criança e do Adolescente

04. A respeito da Constituição de 1988, é correto afirmar que.


(A) o direito de promover ações de inconstitucionalidade foi retirado do Ministério Público, que se
enfraqueceu.
(B) o direito de voto foi assegurado a todos os brasileiros e brasileiras, a partir dos dezesseis anos,
desde que alfabetizados.
(C) os direitos civis foram amplamente assegurados, sendo a prática de racismo classificada como
crime inafiançável.
(D) o direito do poder público intervir nos sindicatos foi assegurado, aumentando o controle do Estado
sobre os trabalhadores.
(E) o direito à informação ampliou-se, ainda que o governo possa impor censura prévia à imprensa.

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Respostas

01. Resposta: B
A alternativa “b” está errada, pois a constituição imperial de 1824 não foi inspirada no modelo américa
e sim no europeu, o mesmo erro acontece na afirmação sobre a constituição republicana, ela foi inspirada
no modelo americano e não no europeu.

02. Resposta: D
A única alternativa correta é letra “d”, pois mostra as alteração esmais significativas. Em outras
alternativas, afirmativas como proibição da greve, restrição dos direitos trabalhistas então erradas.

03. Resposta: A
A constituição de 1934 trouxe Instituiu a obrigatoriedade do voto e tornou-o secreto; ampliou o direito
de voto para mulheres e cidadãos de no mínimo 18 anos de idade. A de 1988 iniciou o combate ao
racismo, sua prática passou a constituir crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão.

04. Resposta: C
A constituição de 1988 trouxe, pela primeira vez a preocupação com o racismo, através dela a prática
racista se tornou crime inafiançável e imprescritível.

A estrutura política e os movimentos sociais no período militar

O Regime Militar
Em 1º de abril de 1964 foi dado o golpe militar pelo exército. Contou com apoio de vários setores
sociais como o alto clero da Igreja Católica, ruralistas e grandes empresários urbanos. Devido a este
apoio este período atualmente é chamado de Ditadura Civil-Militar.

(Ditadura militar com apoio civil). O argumento para o golpe foi afastar o “risco comunista”. Entre
1946 e 1964 o Brasil viveu um período democrático e muito rico culturalmente. Neste momento os
movimentos sociais e estudantis atuaram com bastante intensidade. Havia um movimento que lutava pela
reforma agrária (como o MST) chamado de “ligas camponesas”, a UNE (união nacional de estudantes),
teatros populares e sindicatos de várias categorias de trabalhadores. Muitas manifestações populares e
greves estavam ocorrendo naquele momento, sobretudo no início da década de 60. Nas eleições de 1959
foi eleito para presidente da república Jânio Quadros e como vice João Goulart (eram de partidos opostos
Goulart era PTB, partido de Vargas e Jânio era apoiado pela UDN. Jânio Quadros após pouco mais de
seis meses de mandato renunciou à presidência. O vice João Goulart estava em visita diplomática à
China. O congresso (deputados federais e senadores) brasileiro quis impedir a posse de João Goulart por
considerá-lo esquerdista comunista. Para tanto, enquanto ainda Jango estava no exterior o regime de
governo foi mudado de presidencialismo para parlamentarismo. Quando Jango retorna toma posse como
presidente, mas com poderes limitados.

No presidencialismo o presidente é ao mesmo tempo chefe de governo (quem governa realmente) e


chefe de Estado (representação diplomática).

No parlamentarismo o presidente é chefe de Estado (representação diplomática) e o chefe de governo


é o primeiro ministro (escolhido entre os deputados).

Jango passou seu governo tentando retomar o poder conseguiu um plebiscito para 1963 para a
população optar pelo presidencialismo ou pelo parlamentarismo. O presidencialismo ganhou e Goulart
tenta a reeleição. Realizou alguns comícios em que anunciou as reformas de base: A reforma agrária
(redistribuição das terras improdutivas), tributária (reordenamento dos impostos), política (mudanças na
lei eleitoral). Essas reformas eram consideradas muito esquerdistas e radicais para a época, o que
reforçava a imagem de comunista de Jango. Além disso, como a crise econômica e uma pesada inflação
estava rolando à anos, as greves se espalharam. Espalharam-se manifestações de apoio ao presidente
e de repúdio a ele, como a “marcha por Deus, pela Família e pela Liberdade”.

Diante deste contexto de fortes agitações sociais que o exército dá o golpe sob o argumento de afastar
o risco comunista que rondava os pais.

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Quando inicia o governo militar realizam uma grande perseguição política aos líderes de esquerda,
que são presos na calada da noite. Os deputados e políticos em geral que tinham mandatos de partidos
de esquerda foram cassados (expulsos). Para tanto foi criado o SNI (serviço nacional de informação). Era
o serviço secreto do Exército e havia agente em todos os lugares como jornais, sindicatos, escolas ...
Bastava o agente do SNI apontar um suspeito para ele ser preso. Apesar das cassações de mandato o
congresso nacional foi mantido. Os militares passaram a governar através de Atos institucionais. Mesmo
após a constituição de 67, que institucionalizava o regime os militares continuaram governando através
de atos institucionais.

AI- 1: Ampliação dos poderes do presidente, eleição indireta e a cassação de parlamentares de


esquerda. (O início da instalação da Ditadura. Perseguem lideranças de oposição (lideres camponeses,
estudantis, sindicais, partidários e intelectuais) e são cassados mandados políticos e cargos públicos.

AI- 2: Instituiu bipartidarismo. Só podiam existir a ARENA e o MDB. Consolida as eleições indiretas.
Os voto dos congressistas para a presidência era aberto e declarado dito no microfone na assembleia.
Além disso, toda a oposição já teve seus mandatos cassados. Não havia oposição de fato. O congresso
aprovava tudo o que os presidentes militares mandavam.

AI- 3: Estabelecia eleições indiretas para governadores de estado. Votavam os deputados estaduais
por voto aberto e declarado.

AI- 4: convocação urgente da assembleia para a aprovação da constituição de 67.

AI- 5: Concede poder excepcional ao presidente que pode cassar mandatos e cargos fechar o
congresso, estabelecer estado de sítio. Eliminou as garantias individuais.

Os presidentes eram escolhidos pelos próprios militares em colégio eleitoral, assim como os
governadores de estado e prefeitos de cidades com mais de 300 mil habitantes. O voto da população em
nível federal limita-se aos deputados e senadores que eram ou da ARENA (partido do sim) ou do MDB
(partido do sim senhor). Não havia oposição real e concreta no congresso. Somente a permitida pelos
militares.

Foram presidentes militares:


Castelo Branco (64-67)
Costa e Silva (67-69)
Garrastazu Médici (69-74)
Ernesto Geisel (74-79)
Figueiredo (79-85)

A ditadura entre 1964 e 1967 durante o governo do Marechal Castelo Brancos foi um período mais
brando dentro do contexto do regime. Os partidos foram extintos (ficou o bipartidarismo) e a censura
ocorria, mas ainda que pequeno, havia um espaço para os trabalhadores e estudantes se manifestares,
sobretudo os artistas. As manifestações proliferaram. Ocorreram grandes greves operárias em Contagem
(MG) e São Paulo. O último ato de Castelo Branco foi a imposição de LSN (lei de segurança nacional),
que estabelecia que certas ações de oposição ao regime seriam consideradas “atentatórias” à segurança
nacional e punidas com rigor. Após enfrentamentos entre os estudantes e militares em que ocorreram
mortes de jovens, contra a repressão ocorreu a passeata dos 100 mil. Em dezembro de 1968, sob o
governo do Marechal Costa e Silva foi instituído o AI-5 o mais duro e repressor dos atos institucionais
acabava com as garantias civis (de ser preso após julgamento por exemplo), enrijecia a censura e a
perseguição. Concedia uma autoridade excepcional para o poder executivo. O Presidente poderia fechar
o congresso nacional e cassar mandatos parlamentares, aposentar intelectuais, demitir juízes, suspender
garantias do judiciário e declarar estado de sítio.

Alguns grupos políticos contra a ditadura passaram à atuar na clandestinidade. Alguns deles, devido
ao AI-5 optaram por partir para a revolta armada. Surgiram focos de guerrilha urbana (principalmente são
Paulo) e guerrilha rural (na região do rio Araguaia). A guerrilha nunca representou um grande problema
de verdade pois eram pequenos e poucos grupos, mas forneceu o argumento que a ditadura precisava
para manter e aumentar a repressão, pois tínhamos inclusive um inimigo interno comunista. O risco não
havia passado (lembra-se que o pretexto do golpe era afastar o risco comunista?).

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Milagre econômico e repressão
Durante o Governo do General Médici o país viveu a maior onda de repressões e torturas da ditadura.
O AI-5 era aplicado com toda a força e a censura era plena. Ao mesmo tempo o pais vivia um período de
propaganda ufanista (nacionalismo de enaltecimento do Brasil) e experimentava um grande crescimento
econômico e urbano em razão do “milagre econômico”. Foram contraídos empréstimos e concedidos
créditos ao consumido, mas ao mesmo temo os salários foram congelados. Esta política nos primeiros
anos de aplicação gerou um enorme consumo e consequentemente gerou empregos (cada vez menos
remunerados). Ao final da década de setenta o pais amargava uma grande inflação, salários cada vez
mais defasados e um aumento da desigualdade social. O período Médici foi o qual viveu maior
propaganda ufanista crescimento econômico conciliada com a maior repressão do período.

Movimentos de resistência

O movimento estudantil
Entre os grupos que mais protestavam contra o governo de João Goulart para a implementação de
reformas sociais estavam os estudantes, mobilizados pela União Nacional dos Estudantes e União
Brasileira dos Estudantes secundaristas. Quando os militares chegaram ao poder em 1964, os estudantes
eram um dos setores mais identificados com a esquerda, comunista, subversiva e desordeira; uma das
formas de desqualificar o movimento estudantil era chamá-lo de baderna, como se seus agentes não
passassem de jovens irresponsáveis, e isso se justificava para a intensa perseguição que se estabeleceu.

Em novembro de 64, Castelo Branco aprovou uma lei, conhecida como lei "Suplicy de Lacerda", nome
do ministro da Educação, reorganizando as entidades e proibindo-as de desenvolverem atividades
políticas.
Os estudantes reagiram, boicotando as novas entidades oficiais e realizando passeatas cada vez mais
frequentes. Ao mesmo tempo, o movimento estudantil procurou assegurar a existência das suas
entidades legítimas, agora na clandestinidade.

Em 1968 o movimento estudantil cresceu em resposta, não só a repressão, mas também em virtude
da política educacional do governo, que já revelava a tendência que iria se acentuar cada vez mais, no
sentido da privatização da educação, cujos efeitos são sentidos até hoje.

A política de privatização tinha dois sentidos: um era o estabelecimento do ensino pago (principalmente
no nível superior) e outro, o direcionamento da formação educacional dos jovens para o atendimento das
necessidades econômicas das empresas capitalistas (mão-de-obra e técnicos especializados). Estas
diretrizes correspondiam à forte influência norte-americana exercida através de técnicos da Usaid
(agência americana que destinava verbas e auxílio técnico para projetos de desenvolvimento
educacional) que atuavam junto ao MEC por solicitação do governo brasileiro, gerando uma série de
acordos que deveriam orientar a política educacional brasileira.

As manifestações estudantis foram os mais expressivos meios de denúncia e reação contra a


subordinação brasileira aos objetivos e diretrizes do capitalismo norte-americano. O movimento estudantil
não parava de crescer, e com ele a repressão. No dia 28 de março de 1968 uma manifestação contra a
má qualidade do ensino, realizada no restaurante estudantil Calabouço, no Rio de Janeiro, foi
violentamente reprimida pela polícia, resultando na morte do estudante Edson Luís Lima Souto.

A reação estudantil foi imediata: no dia seguinte, o enterro do jovem estudante transformou-se em um
dos maiores atos públicos contra a repressão; missas de sétimo dia foram celebradas em quase todas as
capitais do país, seguidas de passeatas que reuniram milhares de pessoas.

Em outubro do mesmo ano, a UNE (na ilegalidade) convocou um congresso para a pequena cidade
de Ibiúna, no interior de São Paulo. A polícia descobriu a reunião, invadiu o local e prendeu os estudantes.

Movimentos sindicais
As greves foram reprimidas duramente durante a ditadura. Os últimos movimentos operários ocorreram
em 1968, em Osasco e Contagem, sendo reavivadas somente no fim da década de 1970, com a greve
de 1.600 trabalhadores, no ABC paulista em 12 de maio de 1978, que marcou a volta do movimento
operário à cena política.

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Em junho do mesmo ano, o movimento espalhou-se por São Paulo, Osasco e Campinas. Até 27 de
julho registraram-se 166 acordos entre empresas e sindicatos, beneficiando cerca de 280 mil
trabalhadores. Nessas negociações, tornou-se conhecido em todo o país o presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, Luís Inácio da Silva.

No dia 29 de outubro de 1979 os metalúrgicos de São Paulo e Guarulhos interromperam o trabalho.


No dia seguinte o operário Santos Dias da Silva acabou morrendo em confronto com a polícia, durante
um piquete na frente uma fábrica no bairro paulistano de Santo Amaro. As greves se espalharam por todo
o país.

Em consequência de uma greve realizada no dia 1º de Abril de 1980 pelos metalúrgicos do ABC
paulista e de mais 15 cidades do interior de São Paulo, no dia 17 de Abril, o ministro do Trabalho, Murillo
Macedo, determinou a intervenção nos sindicatos de São Bernardo do Campo e Santo André, prendendo
13 líderes sindicais dois dias depois. A organização da greve mobilizou estudantes e membros da Igreja.

Ligas Camponesas
O movimento de resistência esteve presente também no campo. Além da sindicalização, formaram-se
Ligas Camponesas que, sobretudo no Nordeste, sob a liderança do advogado Franscisco Julião, foram
importantes instrumentos de organização e de atuação dos camponeses. Em 15 de maio de 1984 cerca
de 5 mil cortadores de cana e colhedores de laranja do interior paulista entraram em greve por melhores
salários e condições de trabalho. No dia seguinte invadiram as cidades de Guariba e Bebedouro. Um
canavial foi incendiado. O movimento foi reprimido por 300 soldados. Greves de trabalhadores se
espalharam por várias regiões do país, principalmente no Nordeste.

A luta armada
Militantes da Esquerda resolveram resistir ao regime militar através da luta armada, com a intenção de
iniciar um processo revolucionário. Entre os grupos mais notórios estão:

Ação Libertadora Nacional (ALN), em que se destaca Carlos Marighella, ex-deputado e ex-membro
do Partido Comunista Brasileiro, morto numa emboscada em 1969;

Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), que era comandada pelo ex-capitão do Exército Carlos
Lamarca, morto na Bahia, em 17 de setembro de 1971. Em 1969 funde-se com o Comando de
Libertação Nacional (COLINA), e muda o nome para Vanguarda Armada Revolucionária Palmares
(VAR-Palmares), que teve participação também da presidenta Dilma Rousseff;

A Ação Popular, que teve origem em 1962 a partir de grupos católicos, especialmente influentes no
movimento estudantil;

Partido Comunista do Brasil (PC do B), que surge de um conflito interno dentro do PCB.

Um dos principais feitos da ALN, em conjunto ao Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), foi
o sequestro do embaixador estadunidense Charles Ewbrick, em 1969. Em nenhum lugar do mundo um
embaixador dos EUA havia sido sequestrado. Essa façanha possibilitou aos guerrilheiros negociar a
libertação de quinze prisioneiros políticos. Outro embaixador sequestrado foi o alemão-ocidental Ehrefried
Von Hollebem, que resultou na soltura de quarenta presos.

A luta armada intensificou o argumento de aumento da repressão. As torturas aumentaram e a


perseguição aos opositores também. Carlos Marighella foi morto por forças policiais na cidade de São
Paulo. As informações sobre seu paradeiro foram conseguidas também através de torturas.

O VPR realizou ações no Vale do Ribeira, em São Paulo, mas teve que enfrentar a perseguição militar
na região. Lamarca conseguiu fugir para o Nordeste, mas acabou morto na Bahia, em 1971.

O último foco de resistência a ser desmantelado foi a Guerrilha do Araguaia. Desde 1967, militantes
do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) dirigiram-se para região do Bico do Papagaio, entre os rios
Araguaia e Tocantins, onde passaram a travar contato com os camponeses da região, ensinando a eles
cuidados médicos e auxiliando-os na lavoura.

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As Forças Armadas passaram a perseguir os guerrilheiros do Araguaia em 1972, quando descobriu a
ação do grupo. O desmantelamento ocorreria apenas em 1975, quando uma força especial de
paraquedistas foi enviada à região, acabando com a Guerrilha do Araguaia.

No Brasil, as ações guerrilheiras não conseguiram um amplo apoio da população, levando os grupos
a se isolarem, facilitando a ação repressiva. Após 1975, as guerrilhas praticamente desapareceram, e os
corpos dos guerrilheiros do Araguaia também. À época, a ditadura civil-militar proibiu a divulgação de
informações sobre a guerrilha, e até o início da década de 2010 o exército não havia divulgado informação
sobre o paradeiro dos corpos.

Situação Econômica Pós 1964, Redemocratização do País e Diretas Já.

O General Geisel assume em 74. Foi o militar que deu início à abertura política, assinalando o fim da
ditadura. O fim do regime foi articulado pelos próprios militares que planejarem uma abertura “lenta,
segura e gradual”. Nas eleições parlamentares de 74 os militares imaginaram que teriam a vitória da
ARENA, mas o MDB teve esmagadora vitória. Em razão deste acontecimento a ditadura lança a lei falcão
e o pacote de abril. A lei falcão acabava com a propaganda eleitoral. Todos os candidatos apareceriam
o mesmo tempo na TV, segurando seu número enquanto uma voz narrava brevemente seu currículo.
Apesar de uma oposição consentida o MDB estava incomodando e o pacote de abril serviu para
garantir supremacia da ARENA. A constituição poderia ser mudada somente por 50% dos votos
(garante a vitória da ARENA). Um terço dos senadores seria “senador biônico”, ou seja, indicado pela
assembleia (sempre senadores da ARENA) e alterou o coeficiente eleitoral de forma que a região
nordeste (que ainda ocorria claramente o voto de “cabresto” e os eleitores votavam em peso na ARENA)
tivesse um maior número de deputados. Geisel pôs fim ao AI-5 em 1978.

Em 1979 assumiu a presidência o General Figueiredo, sob uma forte crise econômica resultado da
política econômica do milagre brasileiro. Em 79 foi aprovada a lei da anistia (perdão de crimes
políticos), que de acordo com o governo militar era uma anistia “ampla, geral e irrestrita”. O que isso
queria dizer? Que todos os crimes cometidos na ditadura seriam perdoados, tanto o “crime” dos militantes
políticos, estudantes, intelectuais e artistas que se encontravam exilados (fora do pais por motivos de
perseguição política), e puderam voltar ao Brasil, como os torturadores do regime também foram.

Em 1979 são liberadas para a próxima eleição de 1982 a voto direto aos governadores. Também foi
aprovada a “lei orgânica dos partidos” que punha fim ao bipartidarismo e foram fundados novos 5
partidos:

PDS (Partido democrático social)


PMDB (Partido do movimento democrático brasileiro)
PTB (Partido trabalhista brasileiro)
PDT (Partido trabalhista brasileiro)
PT (partido dos trabalhadores)

Obs.: A lei eleitoral obrigava a votar somente em candidatos do mesmo partido, de vereador à
governador. A oposição ao regime, na eleição para governador de 1982, obteve vitória esmagadora.
Em 1984 o deputado do PMDB Dante de Oliveira propôs uma emenda constitucional que restabelecia
as eleições diretas para presidente. A partir da emenda Dante de Oliveira tem início o maior movimento
popular pela redemocratização do pais, as Diretas Já que pediam eleições diretas para presidente no
próximo ano. Infelizmente a emenda não foi aprovada. Em 1985 ocorreram eleições indiretas e formaram-
se chapas para concorrer à presidência. Através das eleições indiretas ganhou a chapa do PMDB em que
o presidente eleito foi Tancredo Neves e seu vice José Sarney. Contudo Tancredo Neves passou mal
na véspera da posse e foi internado com infecção intestinal, não resistiu e morreu. Assumiria a presidência
da República em 1985 José Sarney.

O Governo de José Sarney foi um momento de enorme crise econômica, com hiperinflação, mas um
dos momentos mais fundamentais que coroaria a redemocratização, pois foi em seu governo que foi
aprovada a nova constituição. Foi reunida em 1987 uma assembleia nacional constituinte (assembleia
reunida para escrever e promulgar uma nova constituição).

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A constituição de 1988
A nova constituição foi votada em meio a grandes debates políticos de diferentes visões políticas.
Havia muitos interesses em disputa. O voto secreto e direto para presidente foi restaurado, proibida a
censura, garantida a liberdade de expressão e igualdade de gênero, racismo tornou-se crime e o estado
estabeleceu constitucionalmente garantias sociais de acesso a saúde, educação, moradia e
aposentadoria.

Ao final de 1989 foi realizada a primeira eleição livre desde o golpe de 1964. Foi disputada em dois
turnos. O segundo foi concorrido entre o candidato Fernando Collor de Mello (PRN – partido da renovação
nacional), contra Luís Inácio Lula da Silva. Collor ganhou a eleição, com apoio dos meios de comunicação
e governou até 1992 após ser afastado por um processo de impeachment e ocorreram grandes
manifestações populares, sobretudo estudantis, conhecidas como o “movimento dos caras-pintadas”.

Questões

01. (TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) O processo de abertura política
no Brasil, ao final do período de regime militar, foi marcado
(A) pela denominada “teoria dos dois demônios”, discurso oficial que culpava os grupos guerrilheiros
e o imperialismo soviético pelo endurecimento do autoritarismo no Brasil e nos países vizinhos.
(B) pelo chamado “entulho autoritário”, pois a Constituição outorgada em 1967 continuou vigente,
mantiveram-se os cargos “biônicos” e persistiu prática da decretação de Atos Institucionais durante a
década de 1980.
(C) pela lógica do “ajuste de contas”, pois, ainda que o governo encampasse uma abertura “lenta,
gradual e irrestrita”, os setores populares organizaram greves nacionais que culminaram na realização de
eleições diretas para presidente em 1985.
(D) pelo caráter de “transição negociada”, uma vez que prevaleceram pressões por parte dos setores
afinados com o regime e concessões dos movimentos pela democratização, em um complexo jogo
político que se estendeu pelos anos 1980.
(E) pela busca da “conciliação nacional” ao se instituírem as Comissões da Verdade que conseguiram,
com o aval do primeiro governo civil pós-ditadura, atender as demandas por “verdade, justiça e reparação”
da sociedade brasileira.

02. (TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) A respeito dos Atos Institucionais
decretados durante o regime militar no Brasil,
(A) sucederam-se rapidamente totalizando cinco durante a ditadura, sendo o último, em 1968, o que
suspendeu a garantia do direito ao habeas corpus e instituiu a censura prévia.
(B) refletiram a intenção dos militares em preservar a institucionalidade da democracia, uma vez que
todos os atos eram votados pelo Congresso.
(C) prestaram-se a substituir a falta de uma nova Constituição, chegando a 20 decretações que se
estenderam até o governo Geisel.
(D) foram mais de dez e entre os objetivos de sua promulgação destaca-se o reforço dos poderes
discricionários da Presidência da República.
(E) concentraram-se nos dois primeiros anos de governo militar e instituíram o estado de sítio e o
bipartidarismo.

03. (TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – História – FCC) O golpe de 1964, que deu início
ao regime militar no Brasil e que foi chamado pelos militares de “revolução de 64”, teve, entre seus
objetivos
(A) refrear o avanço do comunismo apoiado pelo presidente Jango que, após ver concretizado seu
programa reformista, articulava-se para adaptar o Estado aos moldes socialistas, por meio do projeto de
uma nova constituição difundido e aplaudido no histórico Comício da Central do Brasil.
(B) reinstaurar o presidencialismo, uma vez que o regime parlamentarista pelo qual João Goulart
governava favorecia alianças entre partidos pequenos e grupos de esquerda liderados pelo PTB, que
tinha representação significativa na Câmara e no Senado.
(C) destituir o governo de João Goulart, contando com o apoio do governo dos Estados Unidos e de
parcelas da sociedade brasileira que apoiaram, dias antes, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade
organizada por setores conservadores da Igreja Católica.

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(D) restaurar a ordem no país e garantir a recuperação do equilíbrio econômico, uma vez que greves
paralisavam a produção nacional e movimentos de apoio à reforma agrária se radicalizavam, caso das
Ligas Camponesas que haviam iniciado a guerrilha do Araguaia.
(E) iniciar um processo autoritário de transição política e econômica nos moldes do neoliberalismo, por
meio de uma estratégia defendida por entidades como o FMI, a ONU e a Cepal, com o aval do
empresariado brasileiro insatisfeito com o governo vigente.

04. (VUNESP) A partir dessa época, a tortura passou a ser amplamente empregada, especialmente
para obter informações de pessoas envolvidas com a luta armada. Contando com a “assessoria técnica”
de militares americanos que ensinavam a torturar, grupos policiais e militares começavam a agredir no
momento da prisão, invadindo casas ou locais de trabalho. A coisa piorava nas delegacias de polícia e
em quartéis, onde muitas vezes havia salas de interrogatório revestidas com material isolante para evitar
que os gritos dos presos fossem ouvidos.
(Roberto Navarro – http://mundoestranho.abril.com.br. Acesso em 24.03.2014)

Os aspectos citados no texto permitem identificar a época a que ele se refere como sendo a da
(A) repressão à Revolução Constitucionalista de 1932.
(B) Nova República, cujo primeiro presidente foi José Sarney.
(C) Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder.
(D) democracia populista, que durou de 1946 a 1964.
(E) ditadura militar, iniciada com o golpe de 1964.

05. (VUNESP) A imagem a seguir refere-se a um movimento da década de 1980 que contou com
grande participação popular em várias cidades do Brasil.

(Http://www.oabsp.org.br/portaldamemoria/historia-da-oab/ a-redemocratizacao-e-o-processo-constituinte)

Assinale a alternativa que indica corretamente o objetivo deste movimento.


(A) Devolver à população o direito de votar nos candidatos à presidência do país.
(B) Anistiar os presos políticos e permitir o retorno dos exilados ao Brasil.
(C) Reajustar o salário-mínimo de acordo com os índices reais de inflação.
(D) Autorizar a justiça comum a punir políticos envolvidos em crimes de corrupção.
(E) Permitir que leis propostas pela população fossem discutidas no Congresso Nacional.

Respostas

01. Resposta: D
A ideia de uma abertura “Lenta, gradual e segura” foi utilizada pelo governo militar. No final da década
de 70 e início da década de 80 ocorreram sim muitas greves, principalmente na região do ABC paulista.
A primeira eleição direta para presidente após a abertura ocorreu em 15 de novembro de 1989.

02. Resposta: D
Os Atos Institucionais foram normas elaboradas no período de 1964 a 1969, durante o regime militar.
Foram editadas pelos Comandantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ou pelo
Presidente da República, com o respaldo do Conselho de Segurança Nacional. Foram 17 atos ao todo,

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sendo o mais conhecido deles o AI-5, cuja descrição é: Suspende a garantia do habeas corpus para
determinados crimes; dispõe sobre os poderes do Presidente da República de decretar: estado de sítio,
nos casos previstos na Constituição Federal de 1967; intervenção federal, sem os limites constitucionais;
suspensão de direitos políticos e restrição ao exercício de qualquer direito público ou privado; cassação
de mandatos eletivos; recesso do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de
Vereadores; exclui da apreciação judicial atos praticados de acordo com suas normas e Atos
Complementares decorrentes; e dá outras providências.

03. Resposta: C
Em 1º de abril de 1964 foi dado o golpe militar pelo exército. Contou com apoio de vários setores
sociais como o alto clero da Igreja Católica, ruralistas e grandes empresários urbanos. Devido a este
apoio este período atualmente é chamado de Ditadura Civil-Militar (Ditadura militar com apoio civil). O
argumento para o golpe foi afastar o “risco comunista”.

04. Resposta: E
Citando a própria matéria referida na questão:
Uma pesquisa coordenada pela Igreja Católica com documentos produzidos pelos próprios militares
identificou mais de cem torturas usadas nos "anos de chumbo" (1964-1985). Esse baú de crueldades,
que incluía choques elétricos, afogamentos e muita pancadaria, foi aberto de vez em 1968, o início do
período mais duro do regime militar. Durante o governo militar, mais de 280 pessoas foram mortas -
muitas sob tortura. Mais de cem desapareceram, segundo números reconhecidos oficialmente. Mas
ninguém acusado de torturar presos políticos durante a ditadura militar chegou a ser punido.

05. Resposta: A
Em 1984 o deputado do PMDB Dante de Oliveira propôs uma emenda constitucional que restabelecia
as eleições diretas para presidente. A partir da emenda Dante de Oliveira tem início o maior movimento
popular pela redemocratização do pais, as Diretas Já que pediam eleições diretas para presidente no
próximo ano. Infelizmente a emenda não foi aprovada. Em 1985 ocorreram eleições indiretas e formaram-
se chapas para concorrer à presidência. Através das eleições indiretas ganhou a chapa do PMDB em que
o presidente eleito foi Tancredo Neves e seu vice José Sarney.

Abertura política e redemocratização do Brasil

Eleições Diretas
Em novembro de 1980, foram restauradas as eleições diretas para governador. Realizadas as
eleições, as previsões do estrategista do regime se confirmaram. Apesar de a oposição (PMDB, PDT e
PT) ter recebido a maioria dos votos e eleito governadores de estados importantes (Montoro, em São
Paulo; Brizola, no Rio de Janeiro; Tancredo Neves, em Minas Gerais), o PDS conseguiu obter maioria no
Congresso (Câmara e Senado) e no Colégio Eleitoral, que deveria eleger o sucessor de Figueiredo em
1984. Os militares conseguiam assim criar as condições que garantiam a continuidade da abertura nas
sequências e no ritmo que desejavam, bem como a transferência do poder aos civis de sua confiança.

A Resistência às Reformas Políticas de Figueiredo


Assim como Geisel, o general Figueiredo teve de enfrentar resistência da linha-dura às reformas
políticas que estavam em andamento. As primeiras manifestações dos grupos que estavam descontentes
com a abertura vieram em 1980. No final desse ano e no início de 1981, bombas começaram a explodir
em bancas de jornal que vendiam periódicos considerados de esquerda (Jornal Movimento, Pasquim,
Opinião etc.). Uma carta-bomba foi enviada à OAB e explodiu nas mãos de uma secretária, matando-a.
Havia desconfianças de que fora uma ação do DOI-Codi, mas nunca se conseguiu provar nada.

O Caso Riocentro
Em abril de 1981, ocorreu uma explosão no Riocentro durante a realização de um show de música
popular. Dele participavam inúmeros artistas considerados de esquerda pelo Regime. Quando as
primeiras pessoas, inclusive fotógrafos, se aproximaram do local da explosão, depararam com uma cena
dramática e constrangedora. Um carro esporte (Puma) estava com os vidros, o teto e as portas
destroçados. Havia dois homens no seu interior, reconhecidos posteriormente como oficiais do Exército
ligados ao DOI-Codi. O sargento, sentado no banco do passageiro, estava morto, praticamente partido
ao meio. A bomba explodira na altura de sua cintura. O motorista, um capitão, estava vivo, mas
gravemente ferido e inconsciente. O Exército abriu um Inquérito Policial-Militar para apurar o caso e,

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depois de muitas averiguações, pesquisas, tomadas de depoimentos, concluiu que a bomba havia sido
colocada ali, dentro do carro e sobre as pernas do sargento do Exército, por grupos terroristas. Essa foi
a conclusão da Justiça Militar, e o caso foi encerrado.
A campanha das Diretas-já
As eleições de 1982, como dissemos, provocaram um clima de euforia na oposição, pois ela fora muito
bem votada, em especial o PMDB. Esse fortalecimento da oposição acabou motivando o deputado Dante
de Oliveira, do PMDB, a propor, em janeiro de 1983, uma emenda constitucional restaurando as eleições
para presidente da República em 1984. A iniciativa do deputado passou, a princípio, despercebida.
Entretanto, progressivamente, sua proposta foi ganhando adesões importantes. Em março, o jornal Folha
de S. Paulo resolveu, em editorial, apoiar a emenda para as diretas. Em junho, reuniram-se no Rio de
Janeiro os governadores Franco Montoro e Leonel Brizola, mais o líder do PT, Luís Inácio da Silva, para
discutir como os partidos políticos de oposição poderiam agir para aprovar a emenda das diretas. Vários
governadores do PMDB assinaram um manifesto de apoio. O PT e entidades da sociedade civil de São
Paulo convocaram uma manifestação de apoio à eleição direta. Ela reuniu cerca de 10.000 pessoas. A
campanha começava a ganhar as ruas. A seguir, ocorreram manifestações em Curitiba (40.000 pessoas),
Salvador (15.000 pessoas), Vitória (10.000 pessoas), novamente em São Paulo (200.000 a 300.000
pessoas). Em fevereiro de 1984, Ulisses Guimarães (PMDB), Lula (PT) e Doutel de Andrade (PDT) saíram
em caravana pelo Brasil, fazendo comícios nos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Lula
começava a se firmar como liderança nacional. A campanha ganhava força. Novas manifestações
ocorreram no Rio de Janeiro, Belém, Belo Horizonte (250.000 pessoas). No dia 10 de abril de 1984, foi
convocada uma manifestação no Rio de Janeiro, com o apoio de Brizola, que reuniu na praça da
Candelária cerca de 1 milhão de pessoas. Era a maior manifestação pública realizada em toda a história
do país até aquela data. No dia 16 realizada no Anhangabaú, em São Paulo, uma manifestação que
quebrou o recorde do Rio. Reuniu mais de 1,7 milhão de pessoas. Não havia dúvida. O povo brasileiro
queria votar para presidente. O governo era contra. Figueiredo aparecia na televisão dizendo que a
eleição seria indireta. O governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, Mário Andreazza (ministro dos
Transportes de Figueiredo), Paulo Maluf, José Sarney, todos do partido do governo, o PDS, faziam de
tudo para evitar que a campanha produzisse efeito no Congresso. Mário Andreazza, Paulo Maluf e Sarney
disputavam a indicação pelo PDS como candidatos a presidente no Colégio Eleitoral. As emissoras de
televisão, principalmente a Rede Globo, tentaram ignorar as manifestações públicas. Quem só se
informava pelo Jornal Nacional teve a impressão de que a campanha das diretas surgiu do nada. Quando
as manifestações de rua superaram 1 milhão de pessoas, até a Globo teve de dar a notícia.

Finalmente, no dia 25 de abril de 1984, ocorreu a votação da emenda Dante de Oliveira. Foi derrotada.
Faltaram 22 votos para atingir os dois terços necessários. Da bancada do PDS, 112 deputados não
compareceram ao Congresso, contrariando a vontade popular, que se manifestara de forma cristalina nas
ruas. Um profundo sentimento de frustração e impotência tomou conta do país. O Congresso Nacional,
que deveria expressar a vontade da nação, na verdade, agia de acordo com a vontade e as conveniências
políticas de uma elite minoritária, mas que dominava o país. O poder dessa elite advinha da força
econômica, do controle que mantinha sobre o PDS, sobre vários políticos oportunistas e do comando que
detinha dos meios de comunicação, especialmente das emissoras de televisão.

As Articulações Políticas que Antecederam a Eleição Indireta de Janeiro de 1985


Derrotada a emenda das diretas, estava nas mãos do Colégio Eleitoral a escolha do novo presidente.
Ele era composto por senadores, deputados federais e delegados de cada estado. O PMDB iria lançar
um candidato. Desde meados de 1984, o nome estava praticamente escolhido. Era o governador de
Minas Gerais, Tancredo Neves. Político moderado, ligado aos banqueiros, era um homem de confiança
dos grupos conservadores, mas, ao mesmo tempo, respeitado pela oposição. Faltava, entretanto, definir
quem seria o vice-presidente na chapa de Tancredo. Do lado do PDS as coisas estavam cada vez mais
complicadas. Três grupos políticos debatiam-se para conseguir a indicação do partido. O primeiro era
liderado por Paulo Maluf; o segundo, por Mário Andreazza; e o terceiro, por um grupo de políticos do
Nordeste liderado por José Sarney e Marco Maciel. Com a aproximação da convenção do PDS, Paulo
Maluf, com seu estilo autoritário, arrivista e arrogante, tinha grandes chances de conseguir a indicação.

O Surgimento da Frente Liberal: José Sarney, Marco Maciel, Antônio Carlos Magalhães e aliados já
se sentiam derrotados do PDS. Estavam também convencidos de que teriam pouca influência em um
possível governo malufista. Criaram, então, a Frente Liberal, embrião do futuro PFL (Partido da Frente
Liberal).

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O Surgimento da Aliança Democrática
A Frente Liberal aliou-se ao PMDB, compondo uma frente política para derrotar Maluf no Colégio
Eleitoral. Surgiu a Aliança Democrática, que apoiou a chapa Tancredo Neves (presidente), pelo PMDB, e
José Sarney (vice-presidente), pela Frente Liberal. Enquanto Maluf representava uma fração de elite
econômica paulista, o leque de forças políticas que sustentavam a Aliança Democrática era muito maior.
Ela juntava o maior partido de oposição, o PMDB, lideranças de Minas Gerais e as principais expressões
políticas conservadoras dos estados nordestinos. Além disso, tais lideranças, como José Sarney e
Antônio Carlos Magalhães, eram políticos da confiança de Roberto Marinho, proprietário da Rede Globo
de Televisão. Ou seja, o apoio desses políticos à candidatura Tancredo trouxe junto o apoio da Rede
Globo. Maluf estava derrotado. Alguns militares acusaram os dissidentes do PDS, que formaram a Frente
Liberal, de traidores. Tiveram como resposta que traição era apoiar um corrupto como Maluf. Entre
xingamentos e agressões verbais, os meses finais de 1984 expiraram.

A Vitória da Aliança Democrática e a posse de Sarney


Em 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral elegeu Tancredo Neves, primeiro presidente civil em 20
anos. Ele obteve 275 votos do PMDB (em 280 possíveis), 166 do PDS (em 340 possíveis), que
correspondiam à dissidência da Frente Liberal, e mais 39 votos espalhados entre os outros partidos. No
total foram 480 contra 180 do candidato derrotado. O PT, por não concordar com as eleições indiretas,
não participou da votação. A posse do novo presidente estava marcada para 15 de março. Um dia antes,
entretanto, Tancredo Neves foi internado com diverticulite. Depois de várias operações, seu estado de
saúde se agravou, falecendo no dia 21 de abril de 1985. Com a morte do presidente eleito, assumiu o
vice, José Sarney. Figueiredo negou-se a lhe entregar a faixa presidencial, dando-a a Ulisses Guimarães,
presidente da Câmara, e este empossou Sarney.

O governo Sarney
José Sarney foi o primeiro presidente após o fim da ditadura militar. Durante seu governo foi
consolidado o processo de redemocratização do Estado brasileiro, garantido liberdade sindical e
participação popular na política, além da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte,
encarregada de elaborar uma nova constituição para o Brasil.

Entre os princípios incluídos na Constituição de 1988 também chamada Carta Magna, estão:

- garantia de direitos políticos e sociais;

- aumento de assistência aos trabalhadores;

- ampliação das atribuições do poder legislativo;

- limitação do poder executivo;

- igualdade perante a lei, sem qualquer tipo de distinção;

- estabelecimento do racismo como crime inafiançável

No plano econômico, o governo adotou inúmeras medidas para conter a inflação, como congelamento
de preços e salários e a criação de um novo plano econômico, o Plano Cruzado.

No final de 1986, o plano começou a demonstrar sinais de fracasso, acentuado pela falta de
mercadorias e pressão por aumento de preços.

Além do Plano cruzado, outras tentativas de conter a inflação foram colocadas em prática durante o
governo Sarney, como o Plano Cruzado II, o Plano Bresser e o Plano de Verão. No último mês do
governo Sarney, março de 1990, a inflação alcançou o nível de 84%.

Questões

01. (IF-AL- Cefet) O Brasil, a partir do processo de redemocratização (1985), definiu-se por medidas
econômicas que foram significativamente adotadas. Podemos afirmar que entre as medidas citadas
consta:

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(A) Processo de privatização em ramos da economia, como comunicação e mineração.
(B) Prioridade na ampliação do comércio internacional com os países africanos e asiáticos.
(C) Proteção da indústria nacional, por meio do aumento de tarifas alfandegárias de importações.
(D) Retirada da prioridade para exportações dos produtos agrícolas nacionais.
(E) Um intenso programa de reforma agrária no país, inclusive sem indenizações das terras
desapropriadas.

02. (CESGRANRIO) Nas cidades gregas da Antiguidade, a democracia limitava-se à minoria da


população. Os escravos e as mulheres não tinham direitos políticos. Além disso, só aqueles que nasciam
na cidade de Atenas podiam ser cidadãos.
De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, quem NÃO pode votar no Brasil atualmente são os
(A) maiores de 70 anos.
(B) maiores de dezesseis anos.
(C) estrangeiros naturalizados.
(D) analfabetos.
(E) que estão cumprindo o serviço militar obrigatório.

Respostas
01. Resposta: A
Entre as medidas tomadas para garantir o funcionamento da economia brasileira estiveram os
programas de privatização de algumas empresas estatais, como a Vale do Rio Doce, por exemplo.

02. Resposta: E
Os menores de 16 anos, os conscritos (o jovem prestando serviço militar obrigatório), e os presos com
sentença transitada em julgado que estejam cumprindo suas penas privativas de liberdade não podem
votar. A razão para isso é que todos eles seriam facilmente manipuláveis pelos pais, pelo comandante do
quartel ou pelo diretor do presídio.

3. GEOGRAFIA GERAL 3.1. A nova ordem mundial, o espaço geopolítico e


a globalização. 3.2. Os principais problemas ambientais

A nova ordem mundial, o espaço geopolítico e a globalização

Uma ordem mundial refere-se às hierarquias nas relações de poder entre os países do mundo7

Uma ordem mundial diz respeito às configurações gerais das hierarquias de poder existentes entre
os países do mundo. Dessa forma, as ordens mundiais modificam-se a cada oscilação em seu contexto
histórico. Portanto, ao falar de uma nova ordem mundial, estamos nos referindo ao atual contexto das
relações políticas e econômicas internacionais de poder.
Durante a Guerra Fria, existiam duas nações principais que dominavam e polarizavam as relações de
poder no globo: Estados Unidos e União Soviética.
Essa ordem mundial era notadamente marcada pelas corridas armamentista e espacial e pelas
disputas geopolíticas no que se refere ao grau de influência de cada uma no plano internacional. Este era
o mundo bipolar.
7
PENA, Rodolfo F. Alves. Nova Ordem Mundial – Geopolítica. Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/nova-ordem-mundial.htm.

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A partir do final da década de 1980 e início dos anos 1990, mais especificamente após a queda do
Muro de Berlim e do esfacelamento da União Soviética, o mundo passou a conhecer apenas uma grande
potência econômica e, principalmente, militar: os EUA. Analistas e cientistas políticos passaram a nomear
a então ordem mundial vigente como unipolar.
Entretanto, tal nomeação não era consenso. Alguns analistas enxergavam que tal soberania pudesse
não ser tão notável assim, até porque a ordem mundial deixava de ser medida pelo poderio bélico e
espacial de uma nação e passava a ser medida pelo poderio político e econômico.
Nesse contexto, nos últimos anos, o mundo assistiu às sucessivas crescentes econômicas da União
Europeia e do Japão, apesar das crises que estas frentes de poder sofreram no final dos anos 2000.
De outro lado, também vêm sendo notáveis os índices de crescimento econômico que colocaram a
China como a segunda maior nação do mundo em tamanho do PIB (Produto Interno Bruto). Por esse
motivo, muitos cientistas políticos passaram a denominar a Nova Ordem Mundial como mundo multipolar.
Mas é preciso lembrar que não há no mundo nenhuma nação que possua o poderio bélico e nuclear
dos EUA.
Esse país possui bombas e ogivas nucleares que, juntas, seriam capazes de destruir todo o planeta
várias vezes.
A Rússia, grande herdeira do império soviético, mesmo possuindo tecnologia nuclear e um elevado
número de armamentos, vem perdendo espaço no campo bélico em virtude da falta de investimentos na
manutenção de seu arsenal, em razão das dificuldades econômicas enfrentadas pelo país após a Guerra
Fria.
É por esse motivo que a maior parte dos especialistas em Geopolítica e Relações Internacionais,
atualmente, nomeia a Nova Ordem Mundial como mundo unimultipolar. “Uni” no sentido militar, pois os
Estados Unidos é líder incontestável. “Multi” em razão das diversas crescentes econômicas de novos
polos de poder, sobretudo a União Europeia, o Japão e a China.

A Divisão do Mundo entre Norte e Sul


Durante a ordem geopolítica bipolar, o mundo era rotineiramente dividido entre leste e oeste.
O Oeste era a representação do Capitalismo liderado pelos EUA, enquanto o Leste demarcava o
mundo Socialista representado pela URSS. Essa divisão não era necessariamente fiel aos critérios
cartográficos, pois no Oeste havia nações socialistas (a exemplo de Cuba) e no leste havia nações
capitalistas.
Contudo, esse modelo ruiu. Atualmente, o mundo é dividido entre Norte e Sul, de modo que no Norte
encontram-se as nações desenvolvidas e, ao sul, encontram-se as nações subdesenvolvidas ou
emergentes. Tal divisão também segue os ditames da Nova Ordem Mundial, em considerar
preferencialmente os critérios econômicos em detrimento do poderio bélico.

Em vermelho, os países do sul subdesenvolvido e, em azul, os países do norte desenvolvido

Observa-se que também nessa nova divisão do mundo não há uma total fidelidade aos critérios
cartográficos, uma vez que alguns poucos países localizados ao sul pertencem ao “Norte” (como a
Austrália) e alguns países do norte pertencem ao “Sul” (como a China).

A Economia Capitalista Hoje:


Vivemos na segunda década da Nova Ordem Internacional. Suas características tornam-se a cada dia
mais claras. Suas raízes econômicas remontam às transformações iniciadas com as tecnologias dos anos
de 1970, que influenciam as potências atuais de forma marcante.
No campo geopolítico, essa nova era configurou-se com a crise do socialismo, o fim da Guerra Fria e
a valorização dos problemas sociais e ambientais.
Na atualidade, o grupo de países desenvolvidos, formado por 23 nações (Estados Unidos, Canadá,
Japão, Austrália, Nova Zelândia, Islândia, Noruega, Suíça e os 15 membros da União Europeia), torna-
se cada vez mais rico. Em 2005, a população dessas nações somava 900 milhões de pessoas (13% do

. 64
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total mundial) e produzia cerca de 32 trilhões de dólares (80% do PIB mundial), o que dava uma renda
per capita de mais de 35 mil dólares. Em 1960, os mesmos países tinham cerca de 20% da população
mundial e controlavam cerca de 60% do PIB do mundo.
Uma das características político-econômicas mais importantes da Nova Ordem Internacional foi o
crescente uso dos princípios teóricos do neoliberalismo. O jornalista Ignacio Ramonet, do jornal francês
Le Monde, acredita que os neoliberais criaram, com seu pragmatismo, um conjunto de regras econômicas
muito claro, que se resume aos seguintes aspectos:
* O Estado deve se restringir a algumas funções públicas;
* O déficit público deve ser evitado e, se existir, reduzido;
* As empresas estatais devem ser privatizadas;
* O Banco Central de cada país deve ser independente;
* A moeda deve ser estável, com um mínimo de inflação;
* Os fluxos financeiros não devem sofrer restrições;
* Os mercados devem ser abertos, liberalizados e desregulamentados;
* A produção industrial deve ser internacionalizada, buscando-se mão-de-obra mais barata;
* As empresas devem ser modernizadas, enxutas e competitivas.

Frente às crises e ao aumento da miséria nos países subdesenvolvidos, alguns neoliberais modernos
defendem que esse receituário não tem dado certo por culpa dos governos. Seria necessário apenas
conter os monopólios privados, supervisionar os bancos com mais atenção, investir em educação e
aumentar a poupança interna.
Dentro da Nova Ordem Internacional, o controle que os países desenvolvidos exerciam sobre o
comércio de exportação no mundo continuou, embora sua participação no total tenha sido um pouco
reduzida. Essa redução foi consequência do crescimento das exportações conquistado pelos países
subdesenvolvidos industrializados.
A participação dos países subdesenvolvidos no comércio mundial de exportação vinha decrescendo
desde o início da Ordem da Guerra Fria (era de cerca de 31% do total mundial em 1950 e caiu para cerca
de 20% em 1985). Essa situação começou a se reverter no início da Nova Ordem Internacional. Nos dez
anos seguintes, os países pobres passaram a controlar maiores parcelas do comércio mundial de
exportação. Observe na tabela abaixo a evolução recente dessa situação:

Exportações mundiais: totais e participação


dos grupos de países
1990 2000 2004
Mundo (em 3.493 6.435 8.975
bilhões de US$)
Países 75% 68% 66%
Desenvolvidos
Países 25% 32% 34%
Subdesenvolvidos

Esse aumento das exportações, por si só, não foi suficiente para elevar o padrão de riqueza dos países
subdesenvolvidos como um todo. A maior parte desse aumento foi de responsabilidade de um restrito
grupo de países subdesenvolvidos industrializados, enquanto a grande maioria dos mais de 150 países
subdesenvolvidos continuou a assistir à queda dos preços de suas mercadorias de exportação
(commodities) e a redução de sua participação no comércio mundial, exceto os exportadores de petróleo.
Mesmo assim, o crescimento do comércio internacional é apontado como um dos indicadores da
aceleração do processo de globalização, que criou uma maior dependência das economias nacionais em
relação à economia internacional, pois uma grande parcela das atividades produtivas e dos trabalhadores
fica dependente do desempenho de seus países no mercado mundial.
Esse crescimento do comércio e essa maior dependência das economias nacionais são o resultado
das políticas de liberalização alfandegária colocadas em prática desde o final da Segunda Guerra
Mundial. Desde então, as taxas alfandegárias médias dos países mais desenvolvidos do mundo caíram
de 40% para menos de 5%. Por outro lado, o crescimento do comércio internacional foi fruto da maior
integração e complementação econômica dos conjuntos de países que formaram organizações ou zonas
de livre comércio, como a União Europeia e o Nafta.

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Características da Nova Ordem Internacional:
A Nova Ordem Internacional já pode ser caracterizada por um amplo conjunto de aspectos. Citaremos
todos, porém, nos atentaremos mais detalhadamente, à Globalização.
São eles:
* Investimentos em P&D;
* Os blocos econômicos;
* Dívida externa;
*Desemprego;
* As economias em transição;
* O problema da pobreza.

* Globalização:

A Globalização não é nenhuma novidade. Há séculos ela evolui na forma de ciclos, intensificando os
fluxos de pessoas, bens, capital e hábitos culturais. Ela se originou com a primeira fase da expansão
capitalista europeia, impulsionada pelas Grandes Navegações do final do século XV. Entre 1870 e 1890,
a globalização foi novamente intensificada, graças à aceleração dos investimentos internacionais, a
ampliação do comércio e o aperfeiçoamento dos meios de transportes e comunicações. Posteriormente,
durante o período que se estende entre 1910 e 1920, houve nova aceleração desse processo, associada
ao crescente militarismo, que culminaria com a Primeira Guerra Mundial. Um terceiro pico ocorreu durante
a década de 1930, antecedendo a Segunda Guerra Mundial.

Após a Segunda Guerra Mundial, o


processo de globalização foi mais lento,
amarrado pelas relações limitadas entre
os países capitalistas e os socialistas e
pelas políticas comerciais altamente
protecionistas. Somente na década de
1990 os investimentos internacionais
retornariam ao patamar de 1941.

Com a expansão das transnacionais, a partir da década de 1950, a globalização foi acelerada. Hoje, a
Terceira Revolução Industrial, que gerou um sistema de produção econômica com regras que se
uniformizam e se universalizam rapidamente, está criando uma nova onda de globalização. Suas
instituições passam a controlar e organizar essa economia em que as fronteiras perdem a importância e
muitos Estados disputam o direito de abrigar as sedes ou as filiais das grandes corporações, que
controlam a oferta de empregos e investimentos.
Dessa forma, o espaço geográfico mundial tem caminhado em direção a uma crescente
homogeneização, fruto da imposição de um sistema econômico e social globalizado sobre toda a
superfície da Terra. Nas últimas décadas, esse processo sofreu uma forte aceleração, especialmente
porque o polo de oposição ao capitalismo, que durante 45 anos compartia o mundo, criando a bipolaridade
da Guerra Fria, entrou em crise.
Os investimentos internacionais são realizados de forma direta, pelas empresas transnacionais que
implantam ou ampliam suas unidades produtivas, ou indireta, quando se relacionam aos fluxos de capital
que entram por meio de empréstimos, moeda trazida por estrangeiros, pagamentos de exportações,
vendas de títulos públicos no exterior e investimentos no mercado financeiro (especialmente em bolsas
de valores). Observe sua evolução recente:

Os investimentos internacionais foram


acelerados na Nova Ordem. Eles saltaram
de 924 bilhões de dólares em 1991 para
mais de 5,4 trilhões em 2001.
Na era da globalização, quando as
informações são instantâneas, um
observador pode acompanhar a abertura
e o fechamento das mais importantes
bolsas de valores do mundo durante 22
horas seguidas: se ele estiver em São
Paulo, a Bolsa de Tóquio abre às 21 horas

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(hora de Brasília) e fecha às 5 horas do dia
seguinte. Uma hora mais tarde, abre a
Bolsa de Londres e, às 11 horas, a de
Nova Iorque, que só fecha às 19 horas.

Podemos notar facilmente que a maior parte dos investimentos tem sido sempre no mercado
financeiro, ou seja, nas bolsas de valores. É o que se chama de capital volátil. Esses investimentos entram
nos países e saem muito rapidamente, circulando diariamente no mundo, de uma bolsa para outra, mais
de 3 trilhões de dólares.
O mercado financeiro de ações comercializadas em bolsas de valores estocava um patrimônio coletivo
de 47 trilhões de dólares em 2005. Com o desenvolvimento da informática, o mercado financeiro se
acelerou como forma de investimento.
Os investimentos financeiros diretos também cresceram bastante, aumentando mais de sete vezes
nesse período, principalmente por meio da compra de empresas privatizadas, dentro da política
neoliberal. As privatizações se expandiram muito desde o início da década de 1990. Entre 1988 e 2003,
houve mais de 9 mil privatizações em cerca de 120 países, que somaram mais de 410 bilhões de dólares
de transações.
Grande parte das pessoas acredita que as privatizações, na atualidade, só ocorrem em países
subdesenvolvidos ou nos países socialistas que estão em transição para a economia de mercado. Na
verdade, a década de 1990 foi marcada pelo aumento das privatizações em diversos países
desenvolvidos.

Embora a globalização seja comandada pelos agentes financeiros e econômicos, há uma profunda
relação entre seus interesses e as ações políticas desenvolvidas pelos Estados. Na atualidade, vemos
uma espécie de privatização do Estado, que é colocado a serviço dos interesses do grande capital.
Hoje, mais do que em qualquer outra época da modernidade, a elite econômica colocou o Estado a
serviço de seus interesses. São os governos dos países mais ricos do mundo que promovem, numa ação
política bem orquestrada, a globalização, preparando encontros, ampliando o raio de ação das
organizações internacionais, realizando acordos comerciais, que favorecem a quem controla a economia.
Recentemente, por causa das transformações econômicas em direção à globalização, a redução das
taxas alfandegárias e a liberação do movimento dos capitais, muitos estudiosos passaram a acreditar que
o Estado nacional estava em fase de dissolução. Em verdade, ocorreu a sua transformação: as relações
entre o Estado e a economia se internacionalizaram, e a privatização tornou-se norma. Dessa forma, o
Estado abandonou o papel de agente econômico, desfazendo-se dos seus ativos, e passou a exercer o
papel de organizador e gestor de uma economia globalizada, no qual o conceito de soberania nacional
passou por uma revisão.
As aquisições e fusões que têm caracterizado a globalização desde o início da década de 1990 não
pretendem aumentar a produção, criar novas fábricas e ampliar os empregos. A função dessa onda de
fusões é cortar as atividades redundantes, reduzir a concorrência e aumentar a concentração de capitais.
O resultado final tem sido sempre a elevação das taxas de desemprego e o aumento da monopolização.

O volume das transações financeiras


provocadas pelas fusões de grandes
empresas tem ampliado o mercado de
ações e acelerado a movimentação de
capitais.

No contexto da globalização, os países subdesenvolvidos ou periféricos não têm peso na definição


desse novo panorama geopolítico mundial, ficando, cada mais uma vez, atrelados aos países líderes.
Assim, com a decadência do bloco socialista, resta para o capitalismo resolver, num futuro próximo, três
graves problemas:

Desigualdade – Há uma crescente desigualdade de padrão de vida entre os países desenvolvidos e


os subdesenvolvidos, além das diferenças de renda dentro dos próprios países desenvolvidos. Segundo
Hobsbawm, a ameaça que a expansão socialista representou após 1945 impulsionou a formação do
Welfare State (Estado de bem-estar social), com reformas sociais nos países desenvolvidos, criando-se
uma parceria entre capital e trabalho organizado (sindicatos), sob os auspícios do Estado. Isso gerou a
consciência de que a democracia liberal precisava garantir a lealdade da classe trabalhadora, com caras

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concessões econômicas. O abandono dessas políticas sociais tem ampliado o quadro da desigualdade
social, até mesmo em países desenvolvidos.

Conflitos Étnicos – Ascensão do racismo e crescente xenofobia, especialmente na Europa e nos


Estados Unidos, devido ao grande fluxo de imigrantes das regiões mais pobres para os países
industrialmente mais desenvolvidos.

Meio Ambiente – Crise ecológica mundial, que alerta para a necessidade de solucionar as agressões
ao meio ambiente, que podem afetar todo o planeta.

Referências Bibliográficas:
SCALZARETTO, Reinaldo. Geografia Geral – Geopolítica. 4ª edição. São Paulo: Anglo.

Questões

01. (PC/PI – Escrivão de Polícia Civil – UESPI) No início dos anos 1990, o mundo assistiu à
derrocada do chamado Bloco Socialista, comandado pela ex-União Soviética, tendo como consequência
o fim da Guerra Fria e o surgimento de uma Nova Ordem Mundial, que apresenta como características,
EXCETO,
(A) o controle do mercado mundial por grandes corporações transnacionais.
(B) aprofundamento da Globalização da economia e consolidação da tendência à formação de blocos
econômicos regionais.
(C) processos pacíficos de Fragmentação territorial sem ocorrência de conflitos étnicos, a exemplo da
ex-Iugoslávia.
(D) ampliação das desigualdades internacionais.
(E) a existência de uma realidade mais complexa, com múltiplas oposições ou tensões econômicas,
étnicas, religiosas, ambientais etc.
02. (Prefeitura de Martinópole/CE – Agente Administrativo – CONSULPAM/2015) A nova
economia internacional possui elementos característicos onde os que se destacam são os que se referem
ao quadro geral determinado pela Globalização. Com isso podemos AFIRMAR que o atual cenário
mundial é assinalado pela:
(A) bipolaridade
(B) unimultipolaridade
(C) velha ordem mundial
(D) Nova Guerra Fria

03. (SEDU/ES – Professor de Geografia – CESPE) Com relação à geografia política mundial, julgue
o item a seguir.
A nova ordem mundial apresenta uma faceta geopolítica e outra econômica. Na geopolítica, houve
uma mudança para um mundo multipolar, onde as potências impõem mais por seu poder econômico que
pelo poder bélico. Na economia, o que aconteceu foi o processo de globalização e a formação de blocos
econômicos supranacionais.
(....) Certo (....) Errado

04. (IF/SE – Analista – IF/SE) "Com a derrocada do socialismo real e da União Soviética, entre 1989
e 1991, surgiu uma nova ordem mundial que, a princípio, parecia ser unipolar, com uma única
superpotência, os Estados Unidos. Mas essa ideia parece ser aplicável somente a um breve período
transitório, pois o poderio estadunidense vem se enfraquecendo, em termos relativos (isto é, em
comparação com o crescimento da China, da Europa unificada, da Índia etc...)." Vesentini, Wiliam - 2009.
Assinale a afirmativa correta sobre os fatos da nova ordem mundial:
(A) O ponto fraco da União Europeia é o rápido envelhecimento e o baixo poder aquisitivo de sua
população.
(B) Apesar da crise na transição do socialismo real para a economia, a herdeira da Ex União Soviética,
Rússia, voltou a ser uma superpotência, apesar da fragilidade do setor de tecnologia de ponta.
(C) Uma das dificuldades para o Japão na formação de um Megabloco na Ásia é a desconfiança de
algumas importantes nações, como China e Coréia do Sul, que o consideram um país imperialista,
sobretudo pela brutalidade e pelo racismo demonstrado pelas tropas japonesas quando da ocupação de
seus territórios.

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(D) A China atualmente é o Estado nacional que poderia ameaçar a hegemonia estadunidense, em
função do crescimento econômico e do regime político democrático.
(E) A Índia é outro país que vem se modernizando, e é favorecida pela abundância de recursos
minerais e ausência de problemas étnicos, sociais e político territoriais.

05. (IF/SP – Professor de Geografia – FUNDEP) O processo de mundialização da economia


capitalista inaugurou uma nova divisão internacional do trabalho porque
(A) a diversidade das plantas industriais, até então vigentes nas mais diferentes economias do planeta,
sofreram homogeneização, excluindo a complementaridade.
(B) a divisão do mundo em países produtores de bens industrializados e países unicamente produtores
de matérias-primas, quer agrícolas, quer minerais, já não bastava.
(C) a expansão industrial sobrepôs uma divisão horizontal à antiga divisão vertical do trabalho,
mediante eliminação de níveis de qualificação dentro de cada ramo industrial
(D) a indústria multinacional restringiu sua atuação aos mercados de países centrais e criou bases
produtivas adaptadas às necessidades de seus mercados nacionais.

06. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE/2016) A mundialização não diz respeito apenas às
atividades dos grupos empresariais e aos fluxos comerciais que elas provocam. Inclui também a
globalização financeira, que não pode ser abstraída da lista das forças às quais deve ser imposta a
adaptação dos mais fracos e desguarnecidos.
François Chesnais. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996 (com adaptações).
Tendo como referência inicial o fragmento de texto apresentado, julgue (C ou E) o item subsequente.
Mundialização do capital ou globalização refletem a capacidade estratégica de grandes grupos
oligopolistas, voltados para a produção industrial ou para as principais atividades de serviços, em adotar,
por conta própria, enfoque e conduta globais.
(....) Certo (....) Errado

07. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE/2016) A mundialização não diz respeito apenas às
atividades dos grupos empresariais e aos fluxos comerciais que elas provocam. Inclui também a
globalização financeira, que não pode ser abstraída da lista das forças às quais deve ser imposta a
adaptação dos mais fracos e desguarnecidos.
François Chesnais. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996 (com adaptações).
Tendo como referência inicial o fragmento de texto apresentado, julgue (C ou E) o item subsequente.
O princípio geográfico da localização, no mundo globalizado economicamente competitivo, é superado
pelos sistemas técnicos e de informação.
(....) Certo (....) Errado

08. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE/2016) A mundialização não diz respeito apenas às
atividades dos grupos empresariais e aos fluxos comerciais que elas provocam. Inclui também a
globalização financeira, que não pode ser abstraída da lista das forças às quais deve ser imposta a
adaptação dos mais fracos e desguarnecidos.
François Chesnais. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996 (com adaptações).
Tendo como referência inicial o fragmento de texto apresentado, julgue (C ou E) o item subsequente.
No mundo globalizado, observa-se uma tendência de compartimentação generalizada dos territórios,
onde se associam e se chocam o movimento geral da sociedade do trabalho e o movimento particular de
cada fração espacial: do nacional ao regional e ao local.
(....) Certo (....) Errado

Respostas

01. Resposta: C.
(...). Com a crise do bloco socialista, no final dos anos 1980, uma nova fase se abriu para a história da
Iugoslávia. Em 1991, Croácia, Eslovênia e Macedônia declararam sua independência, sendo que apenas
esta última de maneira pacífica. A separação da Croácia e da Eslovênia foi acompanhada por intensos
conflitos militares liderados pelo então presidente sérvio Slobodan Milosevic. Em 1992, a Bósnia declarou
sua independência, passando a enfrentar militarmente a Croácia, em disputa por territórios, e sobretudo
a Sérvia, contrária ao movimento separatista de mais uma região iugoslava.

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02. Resposta: B.
Nova Ordem Mundial é a lógica internacional da ordem de poder entre os Estados nacionais no período
que sucede a Guerra Fria. A Nova Ordem Mundial é caracterizada pela UNIMULTIPOLARIDADE, uma
vez que temos a supremacia dos Estados Unidos no campo bélico e político, e a emergência de várias
potências no campo econômico: China, União Europeia, Japão e o próprio EUA.

03. Resposta: Certo.


Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, a comunidade internacional passa por uma reformulação
das estruturas de poder e força entre os Estados Nacionais, gerando uma nova configuração geopolítica
e econômica que foi chamada de Nova Ordem Mundial. Uma das mudanças principais desse novo plano
geopolítico internacional foi o estabelecimento de uma multipolaridade, onde o poderio militar não era
mais o critério determinante de poder global de um Estado Nacional, perdendo lugar para o poderio
econômico. Já a área econômica passa por um processo de globalização, gerando fluxos crescentes de
bens, serviços e capitais que perpassam as fronteiras nacionais. Além disso, a formação de blocos
econômicos supranacionais visam atender tanto os interesses de corporações transnacionais, que
almejam a eliminação das barreiras alfandegárias, como os Estados Nacionais que tentam garantir
algumas vantagens políticas.

04. Resposta: C.
O Japão apesar de ser o mais rico da Ásia em outrora buscou seu domínio nos países do pacífico com
ocupações territoriais, principalmente durante a 2ª guerra, desde então os asiáticos não fecham em um
bloco econômico com receio de um novo domínio japonês, através da economia sobre eles.

05. Resposta: B.
O processo de mundialização da economia capitalista monopolista teve como pressuposto básico a
necessidade de uma nova divisão internacional do trabalho. Já não bastava um mundo dividido em países
produtores de bens industrializados e países unicamente produtores de matérias-primas, quer agrícolas,
quer minerais. A mundialização da economia pressupõe uma descentralização da atividade industrial e
sua instalação e difusão por todo o mundo. Pressupõe também um outro nível de especialização dos
produtos oriundos dos diferentes países do mundo para o mercado internacional. Assim,
simultaneamente, a indústria multinacional implanta-se nos mercados existentes em todos os países
(através de filiais, fusões, associações, franquias etc.) e cria bases para a produção industrial adaptada
às necessidades desses mercados nacionais. Ao mesmo tempo, atua de forma a aprimorar a exploração
e a exportação das matérias-primas requeridas pelo mercado internacional. Esse processo de expansão
industrial sobrepôs uma divisão vertical à antiga divisão horizontal do trabalho. Agora combina-se a antiga
divisão por setores (primário: agrícola e mineiro, e secundário: industrial) em níveis de qualificação dentro
de cada ramo industrial.

06. Resposta: Certo.


A globalização pode ser interpretada sob 4 linhas básicas:
1) Globalização como um período histórico;
2) Globalização como compressão do tempo e do espaço;
3) Globalização como hegemonia dos valores liberais; e
4) Globalização como fenômeno socioeconômico. Nesta concepção, François Chesnay, economista
da OCDE, entende que a globalização traduz a capacidade estratégica do grande grupo oligopolista em
adotar abordagem e conduta globais, relativas simultaneamente a mercados compradores, fontes de
aprovisionamento, localização da produção industrial e estratégias dos principais concorrentes.

07. Resposta: Errado.


Apesar da maior integração e na diminuição do tempo e custo necessários para a circulação de
informações e mercadorias, o princípio geográfico da localização não foi superado. A rede global não
flutua no ar, ela se entrelaça em nós, em locais estratégicos dentre os quais é possível citar grandes
áreas de produção industrial, portos de redistribuição mundial como Singapura e Rotterdam, centros de
decisão como o Vale do Silício nos Estados Unidos, dentre outras. Também mostra como o princípio de
localização não foi superado a elevação de fenômenos de valorização regional, que crescem como
antinomia ao global. Um exemplo disso são os selos de origem regional europeus, que valorizam produtos
oriundos de regiões específicas por suas características únicas e exclusivas, como o Champanhe francês.

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08. Resposta: Certo.
Os territórios tendem a uma compartimentação generalizada, onde se associam e se chocam o
movimento geral da sociedade planetária e o movimento particular de cada fração, regional ou local, da
sociedade nacional. Esses movimentos são paralelos a um processo de fragmentação que rouba às
coletividades o comando do seu destino, enquanto os novos atores também não dispõem de instrumentos
de regulação que interessem à sociedade em seu conjunto.

As questões ambientais do planeta

Os Problemas Ambientais: A Degradação Ambiental e seus Impactos

Observe as manchetes abaixo:

Aquecimento global e esgoto irregular estão sufocando os lagos europeus


PLIVETO, Paloma. Aquecimento global e esgoto irregular estão sufocando os lagos europeus.
Correio Braziliense, Brasília, 21 jul. 2012. Disponível em:
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-
saude/2012/07/21/interna_ciencia_saude,313031/aquecimento-global-e-esgoto-irregular-estao-
sufocando-os-lagos-europeus.shtml.

Poluição do ar mata pelo menos 2 milhões de pessoas por ano no mundo


GIRALDI, Renata. Poluição do ar mata pelo menos 2 milhões de pessoas por ano no mundo. Jornal
do Brasil, Rio de Janeiro, 26 set. 2011. Disponível em:
http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2011-09-26/poluicao-do-ar-mata-pelo-menos-2-
milhoes-de-pessoas-por-ano-no-mundo-diz-oms.

O modelo de desenvolvimento econômico calcado no avanço do industrialismo, no consumismo


desenfreado e na exploração cada vez mais intensa dos recursos naturais do planeta tem levado tanto
ao agravamento quanto ao surgimento de novos problemas ambientais, como os destacados nas
manchetes apresentadas acima.
Diante dos problemas ambientais existentes no passado, os sintomas da crise ambiental
contemporânea adquiriram proporções jamais alcançadas, atingindo, inclusive, as áreas mais remotas e
inóspitas do planeta, como as regiões polares, que já sofrem os efeitos das alterações climáticas
desencadeadas pela intensa poluição atmosférica.
O exemplo do derretimento das geleiras polares no Ártico, decorrente do aquecimento atmosférico
global, nos revela também outra face da problemática ambiental contemporânea, em que os problemas
ambientais deixaram de se restringir no âmbito local ou regional para se tornarem questões de ordem
planetária. Os gases tóxicos lançados na atmosfera pelo escapamento dos veículos automotores e pelas
chaminés das fábricas agravam os índices de poluição do ar nos grandes centros urbanos e, ao mesmo
tempo, contribuem para a ocorrência do efeito estufa artificial, fenômeno que vem interferindo nas
condições climáticas globais com impactos observados em várias partes do mundo.
É por isso que muitos dos problemas ambientais da nossa época (aquecimento global, extinção de
espécies, perda de biodiversidade, desertificação dos solos, chuva ácida, diminuição da camada de
ozônio, etc.) deixaram de ser uma preocupação restrita a um ou outro país, pois as consequências
geradas por muitos desses problemas não respeitam as fronteiras nacionais. Temos, por exemplo, o caso
das florestas canadenses afetadas pela ocorrência de chuvas ácidas, que se formam a partir dos
poluentes atmosféricos lançados no território dos Estados Unidos. O mesmo se pode dizer da
contaminação ou exploração das águas dos rios que passam pelos territórios de vários países, ou, ainda,
dos nocivos efeitos dos acidentes nucleares, como o ocorrido em 1986, na usina de Chernobil (na extinta
União Soviética, hoje localizada no território da Ucrânia), cuja nuvem radioativa se dispersou pelas
correntes de ventos por milhares de quilômetros, afetando vários países da Europa Central.

A humanidade está diante de uma terrível crise ambiental. Os problema de hoje são resultantes de
centenas de anos de descaso com a preservação ambiental. Desde a primeira fase da Revolução
Industrial, os seres humano apropriaram-se dos recursos naturais em larga escala de maneira
desordenada.
Mudanças climáticas, efeito estufa, derretimento das geleiras, extinção de espécies vegetais e animais
e desertificação são alguns dos problemas ambientais que podem estar relacionados ao modelo de
sociedade atual, marcado principalmente pelo consumo desenfreado.

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É assim que fica cada vez mais intensa a sensação de que a humanidade tem um destino comum e
que depende de cada um de nós adotar medidas para que as gerações futuras tenham melhor qualidade
de vida.

As origens dos problemas ambientais

Desde a Antiguidade, o ambiente é um tema discutido pelas sociedades. Na Grécia antiga, por
exemplo, os filósofos já debatiam sobre qual era a essência de tudo o que existe no mundo, especialmente
da água, da terra, do fogo e do ar. As poucas, mas significativas, descobertas feitas por eles levaram-nos
a acreditar que a Terra era perfeitamente harmônica, concebida por algo divino e de extrema inteligência.
Aristóteles (c. 485 a.C-420 a.C.), um dos maiores pensadores gregos, defendia que todas as coisas
na Terra, vivas e não vivas (como as rochas), tinham uma profunda ligação entre si e até mesmo uma
essência comum, sendo úteis para a sobrevivência. Pouco a pouco se desenvolveu a ideia de que a Terra
é um gigantesco ser vivo.
Na Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), o ambiente passou a ser tratado isoladamente, como
se fosse um conjunto de elementos que não tinham nenhuma relação com a sociedade e existiam apenas
para atender às suas necessidades,
Dentro desse contexto histórico - com suas características sociais, econômicas e políticas -, os
interesses econômicos privados tomaram-se explícitos e prevaleceram sobre qualquer alerta de
problemas ambientais que poderiam surgir em longo prazo.
Em 1962, por exemplo, a cientista estadunidense Rachel Carson (1907-1964) denunciou em seu livro
Primavera silenciosa o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras, afirmando que eles eram
prejudiciais à natureza e à saúde humana.
Imediatamente ela foi perseguida e difamada pelas indústrias químicas. Em 1963, uma equipe
científica do próprio governo dos Estados Unidos afirmou que a pesquisadora tinha razão, levando uma
parcela da opinião pública mundial a entender que os problemas com o equilíbrio da vida no planeta
poderiam ser graves.
O processo de desenvolvimento do capitalismo foi acompanhado por profundos avanços científicos,
muitas vezes patrocinados por investimentos particulares. Mas qual é a relação disso com o ambiente?
As descobertas aceleraram a busca por recursos naturais, e, naquele período, não havia espaço para
que os alertas da devastação ambiental fossem ouvidos. De meados do século XIX até os nossos dias,
ocorreu um verdadeiro saque aos recursos naturais e uma destruição de muitos elementos da natureza.

O atual modo de vida e seus impactos

Certamente, nesses tempos de preocupações ambientais, o modo de vida indígena chama a atenção.
A forma como se relacionam com os recursos naturais e os manejam é mais branda que a nossa. Suas
vidas estão organizadas para que as alterações feitas no seu espaço geográfico não causem grandes
impactos.
Mas é muito importante que se faça uma ressalva: os meios de comunicação e até mesmo as
observações simplistas podem nos levar a pensar que os indígenas vivem isolados e que seu modo de
vida é totalmente harmônico com a natureza. Essa visão é muito diferente daquela que os índios têm a
seu próprio respeito. Nos estudos feitos por antropólogos e outros estudiosos, percebe-se que as variadas
nações indígenas têm infinitas formas de se relacionar com o meio que as cerca. Em comum, os índios
têm somente a visão de que a vida, em todos os sentidos, faz parte de uma rede de relações. Dessa
forma, os índios entendem que o ser humano está em constante ligação com a natureza. Assim, fica claro
que não existe a ideia de natureza intocada nem mesmo para essas sociedades. Para os índios,
certamente, não se pressupõe a natureza sem a intervenção humana.

A sociedade de consumo

Vivemos em uma sociedade marcada e dominada pela lógica do consumo. Todos os seus
componentes, jovens, adultos, idosos - sejam eles ricos ou pobres -, estão inseridos nesse contexto.
Grande parte dos meios de comunicação faz uma ligação entre o consumo e o prazer. São centenas de
milhares de produtos apresentados como necessários para se alcançar a felicidade. É cada vez mais
comum observarmos que o ato de consumir é colocado como uma das formas que permite ao cidadão
ou ao indivíduo sentir-se inserido na sociedade.

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A expansão acelerada do consumismo acarreta alta demanda de energia, minérios, água e tudo o que
é necessário à produção e ao funcionamento dos bens de consumo. Esse padrão vem se difundindo em
todo o globo, por uma espécie de globalização do consumo, que vem crescendo a cada ano.
Extensos estudos feitos pela ONU, por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,
alertam para a velocidade de utilização dos recursos naturais, que já é muito maior que a capacidade de
regeneração da natureza, uma vez que a reposição de alguns elementos é impossível, pois a escala de
tempo para a sua formação é milhões de vezes maior que a da vida média dos seres humanos.

Tempo social e tempo geológico


É muito comum não compararmos a idade da Terra, estimada pelos cientistas, à vida humana. Leia
com atenção o texto a seguir para perceber como a comparação pode nos ajudar a entender o impacto
humano sobre o planeta.
Se todos os 4,5 bilhões de anos do tempo geológico da Terra fossem comprimidos em um só ano,
teríamos a seguinte situação: as rochas mais antigas seriam formadas em março, os primeiros seres
vivos apareceriam somente em maio, as plantas e os primeiros animais terrestres surgiriam somente no
final de novembro e os depósitos de carvão surgiriam durante cerca de quatro dias no início de dezembro.
Os dinossauros viveriam entre os dias 15 e 26 de dezembro, e aproximadamente na primeira hora do dia
27 de dezembro surgiriam as grandes montanhas na Terra. Quando começasse a anoitecer, no dia 31 de
dezembro, surgiriam as primeiras criaturas humanoides, e as grandes capas de gelo que cobriam o
hemisfério norte começariam a derreter às 23:58. Roma teria governado o mundo das 23:59:45 às
23:59:50. Colombo teria descoberto a América três segundos antes da meia-noite, e a atividade industrial
teria surgido somente no último segundo desse impressionante ano. Metaforicamente, podemos afirmar
que um descontrole daquilo que surgiu no último segundo está destruindo tudo o que levou "um ano" para
ser feito.
Para compreender ainda melhor essa grave situação, acompanhe a descrição a seguir.
Uma gigantesca rocha é exposta durante milhares de anos à chuva, ao vento e ao Sol. Desgastada,
nela formam-se buracos e rachaduras que vão pouco a pouco se esfarelando. Pequenos microrganismos,
com as substâncias que produzem, ajudam a decompor ainda mais a rocha. Depois de alguns milhares
de anos, nas partes mais esfareladas surgem fungos e alguns musgos É esse farelo de rocha que vai dar
origem ao solo. Cada centímetro de camada de solo demora entre 200 e 400 anos para se formar. Para
ficar apropriado à agricultura, ele pode levar de 3 mil a 12 mil anos! Geólogos afirmam que apenas duas
décadas de descuido podem acabar com todo o solo de uma área que demorou milhares de anos para
se formar.

Os impactos do consumismo

Em nossos dias é perceptível que, para manter-se produtivo, o sistema capitalista precisa ter cada vez
mais recursos, como água e ar, por exemplo. Essa afirmativa, além de real, é impressionante, uma vez
que até bem pouco tempo atrás água e ar eram recursos limpos.
Hoje a reciclagem e a purificação desses recursos são cada vez mais complexas e caras. Até mesmo
estudos para criação de tecnologias que permitam esse reaproveitamento têm um custo altíssimo.
A expansão desenfreada do consumo gera problemas que antes eram vistos como indiretos, mas que
hoje, em função da complexidade das relações capitalistas, estão cada vez mais ligados de forma direta
aos problemas ambientais.
Estamos diante de um impasse, pois, de fato, precisamos de desenvolvimento econômico. Mas que
tipo de desenvolvimento econômico pode ter?

O consumo e seus impactos no espaço urbano


O consumo crescente também altera a paisagem urbana. As melhores áreas e as mais centrais, ou
ainda com melhor acessibilidade, normalmente são dominadas pelo setor comercial, gerando uma
hipervalorizarão dos imóveis em seu entorno.
Essa especulação imobiliária nos grandes centros urbanos empurrou e ainda empurra um grande
número de trabalhadores para locais distantes dos seus postos de trabalho. Maiores serão os
deslocamentos, maiores os custos de transporte e maior a poluição gerada.
Isso está diretamente ligado à produção de veículos, que por sua vez está atrelada à produção de
aço, petróleo, ferramentas e máquinas. Em uma sociedade de consumo, o investimento em transporte
deve se manter vinculado à produção de mercadorias a serem transportadas. Portanto, mais consumo,
maior produção; maior produção, mais transportes; mais transportes, maior emissão de poluentes.

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Por fim, a produção de energia de e acompanhar o crescimento de todas essas atividades
econômicas, o Que demanda também maior produção de equipamentos.
Note, portanto, que estamos praticamente em um ciclo vicioso.

O desenvolvimento sustentável

Apesar de relativamente recente, a ideia de desenvolvimento sustentável vem ~ando espaço com o
desenvolvimento das relações internacionais intensificadas pelo aumento das trocas comerciais,
principalmente nos últimos 200 anos.
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é que essas preocupações ganharam relevância.
Uma das razões para isso foi a tragédia das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki (1945), que
mataram centenas de milhares de pessoas. Ao deixar um rastro de radioatividade, as bombas ampliaram
muito as ocupações ambientais de uma considerável parcela da população mundial.
Com a criação da ONU, em 1945, as relações internacionais passaram por uma mudança que também
atingiu a questão ambiental. Em 1949 ocorreu a conferência das Nações Unidas para a Conservação e
Utilização dos Recursos Unscur), em Nova York. Em 1968 intelectuais, empresários e líderes políticos
criaram uma organização voltada ao debate sobre futuro da humanidade, o Clube de Roma, que financia
pesquisas para publicação de relatórios importantes. Em :972 eles lançaram o relatório Limites do
crescimento, em conjunto com cientistas do Massachusetts Institute ofTechnology (MIT).
Esse relatório gerou muita polêmica, pois basicamente afirmava que, se continuassem os ritmos de
crescimento da população, da utilização dos recursos naturais e da poluição, a humanidade correria
sérios riscos de sobrevivência no final do século XXI.

Um novo patamar de discussões a partir de 1972

Em 1972, a ONU organizou a Conferência de Estocolmo, conhecida também como Primeira


Conferência Internacional para o Meio Ambiente Humano.
Já se sabia que a economia do planeta consumia um volume cada vez maior de combustíveis fósseis
recursos não renováveis - e lançava bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, criando
uma grande instabilidade climática.
Buscando abastecer as atividades econômicas e expandir as áreas produtivas, tem havido uma
devastação toda vez maior de todas as formações vegetais e uma utilização incessante de terras
agrícolas que se desgastam cada vez mais, provocando uma erosão crescente.
Era preciso reduzir o impacto das atividades econômicas, mas, para isso, fazia-se necessário reduzir
o consumo e o desperdício. Começava, então, uma corrida para se atingir o desenvolvimento sustentável.
Efetivamente, poucos avanços foram conseguidos ao final desse encontro em 1972. Porém, a
sensibilização das lideranças da comunidade internacional acabou levando a ONU a criar, naquele
período, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, conhecida pela sigla Pnuma.
Como as discussões eram preliminares, acreditava-se em poucas alternativas para a solução da
agressão ao ambiente. Os delegados de Estocolmo afirmavam que era preciso controlar o crescimento
populacional ou reduzir a velocidade do crescimento econômico - argumentação que ficou conhecida
como Neomalthusianismo. Em ambo os casos, os mais afetados seriam os países em desenvolvimento
pois haviam iniciado seu processo de industrialização e inserção na economia mundial recentemente e
suas populações tinham altas taxas de crescimento vegetativo. Dessa forma, ocorreram muitos protestos
desses países, que acusavam os países ricos de tentar restringir o seu desenvolvimento e assim manter
a dependência dos países pobres em relação aos ricos.
Ficava claro que os países em desenvolvimento e os países muito pobres não estavam interessados
em abrir mão das vantagens do desenvolvimento econômico em nome da preservação ambiental.
Como havia muitas discussões sem solução, foi adotado um conceito chamado “ecodesenvolvimento".
O ecodesenvolvimento é um conjunto de ideias e procedimentos que dão prioridade ao processo
criativo de transformação do meio em que vivemos, porem com a ajuda de técnicas ecologicamente
corretas e que sejam adequadas a da um dos lugares. São as populações desses lugares que devem se
envolver, se organizar, utilizar os recursos naturais de forma prudente e procurar soluções que em a um
futuro digno.
Somente em 1987 o Pnuma divulgou o relatório Nosso futuro comum. É o primeiro grande documento
científico que apresenta com detalhes as causas dos principais problemas ambientais e ecológicos.
A grande contribuição desse documento é a popularização do chamado desenvolvimento sustentável,
um aperfeiçoamento do ecodesenvolvimento que estudamos há pouco.

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Para atingir o desenvolvimento sustentável é necessário:
• implantar projetos econômicos baseados em tecnologias menos agressivas ao ambiente como uma
forma de ajuda ao combate das instabilidades e do subdesenvolvimento, que representam um risco para
o equilíbrio ecológico, justamente pela falta de recursos para implementar as mudanças necessárias.
• combater a pobreza humana, uma vez que populações desempregadas e desamparadas tendem a
retirar recursos da natureza de forma descontrolada para sua sobrevivência; portanto, o conceito inclui
desenvolvimento social.
• que as decisões sobre os caminhos a serem tomados tenham ampla participação da sociedade, para
que sejam revertidos em resultados positivos ao equilíbrio ambiental; portanto, desenvolvimento
sustentável inclui democracia,
Em todos os foros nos quais esse tema era discutido, chegava-se a um consenso: o padrão de
consumo dos países ricos não poderia ser reproduzido pelos países pobres, uma vez que isso levaria ao
esgotamento do planeta. Ao mesmo tempo, é fundamental que os países ricos procurem soluções
alternativas (recic1agem, uso de energias limpas) para o consumo exacerbado e assim assumam sua
responsabilidade na preservação ambiental.
Assim, algumas frases extraídas do relatório Nosso futuro comum definem o conceito de
desenvolvimento sustentável:
Desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades da geração presente sem
comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.
O desenvolvimento sustentável é mais que crescimento, Ele exige uma mudança na forma de
crescimento, a fim de consumir menos matérias primas e energia, diminuindo assim seu impacto.
Fonte: ONU. Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso futuro comum. Oxford: OUP, 1987.

O crescimento da economia chinesa passou a ser também um termômetro da devastação ambiental


Antigamente, falar em um crescimento da economia por volta de 10 representava mais empregos, mais
dinheiro, mais produção. Hoje, essas taxas podem representar a devastação desenfreada do ambiente.
Não se cresce a taxas de 10 sem comprometer o equilíbrio ambiental. Se a China continuar a crescer no
mesmo ritmo, 1,45 bilhão de chineses vão ter a mesma renda per capita que apenas 300 milhões de
habitantes dos EUA, em 2030. Isso significa que o padrão de consumo estadunidense reproduzido vai
deixar o planeta em uma séria crise. Observe alguns dados levantados pelo pesquisador Lester Brown,
divulgados em 2005:
• Se a China continuar a ampliar seu consumo nesse ritmo, será necessário ampliar uma área produtiva
semelhante ao tamanho da Floresta Amazônica;
• Em 2030, a população da China consumirá 67 da produção mundial de grãos;
• A China já consome o dobro da quantidade de carne bovina consumida nos Estados Unidos;
• Em 20310 país terá 1,1 bilhão de carros e queimará 99 milhões de barris de óleo por dia - 20 milhões
a mais que a produção mundial.

Imagine se a Índia seguir o mesmo caminho. Existirão recursos para tudo isso? Certamente não.

Eco-92

Em junho de 1992, a ONU organizou na cidade do Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento 'Cnumad), que ficou conhecida como Cúpula da Terra ou Eco-
92.
Entre os objetivos principais dessa conferência, destacaram-se:
• Examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas relações com o estilo de desenvolvimento
vigente;
• Estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não poluentes aos países
subdesenvolvidos;
• Incorporar critérios ambientais ao processo de desenvolvimento;
• Prever ameaças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais;
• Reavaliar os organismos da ONU, eventualmente criando novas instituições para implementar as
decisões da conferência.
Vamos conhecer algumas resoluções e documentos importantes da ECO-92.

A Convenção do Clima
A Convenção do Clima atribuiu aos países desenvolvidos a responsabilidade pelas principais emissões
poluentes, dando a eles os encargos mais importantes no combate às mudanças do clima. Aos países

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em desenvolvimento, concedeu-se a prioridade do desenvolvimento social e econômico, mantendo,
porém, a tarefa de controlar suas parcelas de emissões de poluentes na medida em que se
industrializassem. As recomendações da convenção foram:
• adotar políticas que promovessem eficiência energética e tecnologias mais limpas;
• reduzir as emissões do setor agrícola;
• desenvolver programas que protegessem os cidadãos e a economia contra
• possíveis impactos da mudança do clima;
• apoiar pesquisas sobre o sistema climático;
• prestar assistência a outros países em necessidade;
• promover a conscientização pública sobre essa questão.

Entretanto, as dificuldades para implementação do acordo são imensas. Pressionado pelo lobby das
indústrias de petróleo, carvão e de automóveis, o G-7 (grupo formado pelos sete países mais ricos do
mundo, capitaneados por Estados Unidos, Japão e Alemanha) sabotou o acordo ao exigir que os países
em desenvolvimento também fossem submetidos às mesmas limitações previstas para eles, mas o Grupo
dos 77 (grupo de países em desenvolvimento, capitaneados por China, Índia e Brasil) não concordou com
essa exigência. Os acordos da Eco-92 ficaram apenas no plano das boas intenções.

A Convenção da Biodiversidade

Nessa convenção, está prevista a transferência de parte dos recursos ou lucros obtidos com a
exploração e comercialização dos recursos naturais para o seu local de origem, que receberia esse
volume de dinheiro para aplicar em programas de preservação e de educação ambiental.
Esse tratado visava a favorecer o diálogo Norte-Sul, ou seja, as relações entre os países desenvolvidos
e as nações em desenvolvimento. Porém, muito pouco foi feito.
A evolução dos estudos genéticos levou a biotecnologia a adquirir a capacidade de alterar e reproduzir
organismos - plantas e seres vivos em geral. Esse fato dotou os países ricos da possibilidade de explorar
produtos naturais e modificá-los geneticamente, adquirindo o direito de patentear tais espécies. Isso abriu
espaço para a biopirataria.
A biopirataria não seria somente a prática de contrabandear plantas e animais exóticos ou de alto valor
comercial, mas, principalmente, de apropriar-se dos conhecimentos das populações (como os
conhecimentos dos índios brasileiros sobre as propriedades medicinais de espécies vegetais, por
exemplo) e monopolizá-los, no que se refere ao uso dos recursos naturais. O quadro é particularmente
crítico em regiões de riquíssima biodiversidade, como a Amazônia.
O conhecimento das potencialidades de certos elementos da natureza deve ser disseminado, e não
pode ser tratado como uma mercadoria comercializada como qualquer objeto.

A Agenda 21

Esse documento, assinado pela comunidade internacional durante a Eco-92, assume compromissos
para a mudança do padrão de desenvolvimento no século XXI. Ou seja, a Agenda 21 procura traduzir em
ações o conceito de desenvolvimento sustentável

O termo "agenda" tem, nesse caso, o sentido de intenções, isto é, de propostas de mudanças, visando
a criar um modelo de civilização pelo qual sejam possíveis a convivência e a simultaneidade do equilíbrio
ambiental com a justiça social entre as nações.

A Agenda 21 busca:
• geração de emprego e de renda;
• diminuição das disparidades regionais e interpessoais de renda;
• mudança nos padrões de produção e consumo;
• construção de cidades sustentáveis;
• adoção de novos modelos e instrumentos de gestão.

Para alcançar essas metas, é preciso mobilizar, além dos governos, todos os segmentos da sociedade.

As dificuldades de implementação das decisões da Eco-92

Algumas das dificuldades para se implementarem esses tratados foram:

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• as questões econômicas, que ainda se sobrepõem às questões ambientai.
Um agravante é o problema do desemprego, que leva muito governos a associar a preservação
ambiental à diminuição da atividade econômica;
• o fato de os países ricos não fazerem esforços reais para cumprir as legislações internacionais, por
sofrerem pressões de grupos sempre ariais prejudicados por muitos desses tratados;
• o fato de os organismos internacionais dedicados à diminuição da pobreza e às campanhas de
educação ambiental padecerem de falta de recursos financeiros;
• as tecnologias para produção de energia limpa, que, bem como os programas de reciclagem em
escala industrial, necessitam de mais pesquisas para se tornarem viáveis a ponto de levarem ao
abandono as práticas poluidoras.

Uma nova etapa pós-Eco 92: o Protocolo de Kyoto

Como estava previsto na Convenção do Clima, assinada durante a Eco-92, deveria ocorrer um novo
encontro internacional para discutir a redução da emissão de gases responsáveis pelo aumento da
temperatura do planeta. Tal reunião ocorreu em 1997, em Kyoto, no Japão: líderes de 160 nações
assinaram um compromisso que ficou conhecido como Protocolo de Kyoto. Esse documento previa, entre
2008 e 2012, um corte de 5,2 nas emissões dos gases causadores do efeito estufa, em relação aos níveis
de 1990.
Protocolo de Kyoto permite que os países possuidores de florestas utilizem-nas como créditos a serem
abatidos do total de emissões que deveriam reduzir. Isso, na prática, permite que eles não cumpram a
meta de redução e comercializem suas cotas de poluição com os países ricos.
Protocolo de Kyoto previa que os EUA cortassem 7 de suas emissões de carbono até 2010. No entanto,
o volume de carbono que o país lança na atmosfera ainda está acima dos níveis de 1990.
Para entrar em vigência, o Protocolo de Kyoto deveria ser ratificado por, no mínimo, 55 governos, que,
se somados, representassem no mínimo 55 das emissões de CO2 produzidas pelos países
industrializados. Essa porcentagem foi adotada para que os Estados Unidos, maiores poluidores do
planeta, não pudessem impedir, sozinhos, a adoção dessas medidas.

O mecanismo de desenvolvimento limpo e o comércio de créditos de carbono


Durante a Conferência de Kyoto foi criado um importante projeto, o Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL), cuja meta principal era reduzir a emissão de qualquer poluente ou produto causador de
mudança climática. Ficou estabelecido, portanto, que empresas de países mais industrializados seriam
incentivadas a investir em projetos de redução de emissões dos países em desenvolvimento, como o
Brasil, por exemplo.
São considerados projetos de desenvolvimento limpo:
• captura de gás em aterro sanitário;
• troca de combustível;
• geração de energia por fontes renováveis (biomassa, energia eólica, pequenas e médias hidrelétricas,
energia solar);
• compostagem de resíduos sólidos urbanos;
• geração de metano por meio de resíduos orgânicos (biogaseificação).
Assim, se o projeto comprovadamente retira ou reduz emissões de carbono, a empresa financiadora
obtém créditos de carbono. Mas o que são créditos de carbono?
Os países que têm metas de redução de emissão de poluentes fazem um mapeamento das empresas
mais poluidoras. Essas empresas podem compensar a sua emissão financiando projetos do MDL e,
assim, obter créditos que correspondam ao seu excesso de emissão. Quando a empresa propriamente
dita atingir suas metas de redução, ela vai poder vender esses créditos para outras empresas que ainda
não atingiram os patamares desejáveis.

Quantos créditos rende cada gás


CO2 (Dióxido de carbono) 1
CH4 (Metano) 21
N2O (Óxido Nitroso) 310
HFCs (Hidrofluorcarbonetos) 140 a 11700
PFCs (Perfluorcarbonetos) 6500 a 9200
SF6 (Hexafluoreto de enxofre) 23900
Um outro olhar sobre o Protocolo de Kyoto

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Recentes pesquisas apontam um problema muito grave: países que até 1997, em Kyoto, não
representavam ameaças ao aquecimento passaram a representar.

Brasil, China e Índia, por exemplo, estão se aproximando cada vez mais dos grandes poluidores. No
caso do Brasil, a devastação das florestas e a expansão dos rebanhos fazem do país um dos principais
emissores de metano, um gás muito agressivo para a atmosfera. Já Índia e China preocupam pela
crescente industrialização, uma vez que a energia usada é basicamente oriunda do carvão e do petróleo.

O Protocolo de Kyoto não consegue forçar os participantes a mudar sua organização socioeconômica
poluente para uma que seja de menor emissão de carbono.

O insucesso de Kyoto mostra que, se novos acordos surgirem, como veremos a seguir, eles devem
incluir metas de redução a todos os países, sejam eles altamente industrializados, sejam eles
emergentes.

A Rio+10

Em 2002, mais uma vez a ONU tentou estabelecer ações globais para a melhoria da qualidade de
vida. Tal medida ficou conhecida como Rio+ 10, a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável,
que se realizou em Johanesburgo '3"0, África do Sul. Os principais temas então abordados foram:
• clima e energia: foi estabelecido o uso de energias limpas, mas não foram determinadas as metas.
Por isso, os ambientalistas protestaram, afirmando que o texto permite a inclusão da energia nuclear; já
que incentiva as energias avançadas.
• subsídio agrícola: segundo muitos críticos, a superficialidade do texto fortalece a OMC, controlada
pelos países ricos, e esvazia o papel mediador da ONU.
• o Protocolo de Kyoto: desde o protocolo, pouco mudou, pois os países que não haviam assinado até
então apenas prometeram que estudariam o caso (exceto os Estados Unidos, que até mesmo
abandonaram a reunião antes de seu final).
• biodiversidade: decidiu-se reduzir o ritmo de desaparecimento de espécies em extinção e repassar
os recursos obtidos pela exploração de produtos naturais para seus locais de origem.
• água e saneamento: foi decidido que se deve aumentar o número de pessoas com acesso à água
potável. Os críticos afirmam, porém, que o texto poderia ser mais específico quanto aos procedimentos
conjuntos a serem adotados.
• transgênicos: foram objeto de polêmica, pois as organizações supranacionais recomendam que
regiões com fome crônica adotem esses alimentos. Por outro lado, o mesmo documento diz que os países
têm o direito de rejeitar os transgênicos até o surgimento de estudos mais conclusivos.
. pesca e oceano: o tema constituiu a maior conquista da reunião, já que prevê a criação de áreas de
proteção marinha e a abolição imediata de qualquer subsídio à atividade pesqueira irregular.

O Painel intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)

N o fim dos anos 1980, aumentou a percepção de que as atividades humanas (antrópicas) eram cada
vez mais prejudiciais ao clima do planeta. A ONU convocou cientistas do mundo todo para acompanhar
esse processo e, com a colaboração de 130 governos, criaram o Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (em inglês, Intergovernrnental Panel on Climate Change - IPCC).
O principal papel desse organismo foi o de criar relatórios e documentos para acompanhar a situação
ambiental do planeta e também o de fornecer essas informações para a Convenção do Quadro das
Nações Unidas sobre. Mudanças Climáticas, órgão responsável por essas discussões. Em 2007, o IPCC
recebeu, junto com o ex-vice-presidente estadunidense AI Gore, o prêmio Nobel da paz, pelo trabalho de
divulgação e-busca de conscientização sobre os riscos das mudanças climáticas.
Veja a seguir os principais alertas do IPCC:
• a temperatura da Terra deve subir entre 1,8 °C e 4°C, nas próximas décadas, o que aumentará a
intensidade de tufões e secas, ameaçará um terço das espécies do planeta e provocará epidemias e
desnutrição;
• o derretimento das camadas polares pode fazer que os oceanos elevem-se entre 18 em e 58 cm até
2100, fazendo desaparecer pequenas ilhas e, assim, obrigando centenas de milhares de pessoas a
aumentar o fluxo dos chamados "refugiados ambientais".

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A Conferência de Copenhague

Em dezembro de 2009, realizou-se em Copenhague, Dinamarca, a Cop-15 (Conferência da ONU


sobre Mudanças do Clima), a 15~ conferência das Partes da ONU. O princípio que norteou o encontro foi
o das responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Mas o que seria isso?
Os países industrializados, que historicamente foram os primeiros a lançar uma quantidade maior de
CO2 e outros gases de efeito estufa na atmosfera, têm uma responsabilidade maior no corte de emissões.
Acreditava-se que eles fossem assumir plenamente uma meta de 25 a 40 de redução até 2020. Os países
emergentes seguiriam o mesmo caminho, mas com outras metas.

O Reino Unido apresentou um projeto de longo prazo, que visa à transição para o baixo carbono (baixo
consumo de derivados de carvão e petróleo), a ser adotado por toda a sua sociedade e economia. Os
Estados Unidos apresentaram seus esforços, iniciados no governo Barack Obama, para se atingir uma
energia limpa, ou seja, menos dependente do petróleo e de seus derivados.
Estes são os resultados da reunião de Copenhague:
• Brasil, China, Índia, Estados Unidos e África do Sul foram os responsáveis pela redação do
documento final da conferência, mas que não representava a intenção ou os anseios de todos os líderes
que lá estavam;
• mais uma vez um texto genérico fala sobre a necessidade de evitar um aumento da temperatura
global;
• o acordo criou um fundo de US$ 100 bilhões para os próximo três ano com o objetivo de auxiliar os
países em desenvolvimento a criar uma economia sustentável e de diminuir suas emissões de poluentes•
• o acordo não estabeleceu novas datas de reuniões mas se comprometeu a manter as negociações
em caráter permanente.

A Rio+20

Em 2012, o Rio de Janeiro foi sede de um evento para marcar o 20 aniversário da Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento do meio Ambiente, realizada em 1992, conhecida como Rio-92.
O encontro foi popularmente chamado de Rio+20.
A meta principal foi fazer um balanço dos últimos _o ano na busca de um modelo econômico baseado
no desenvolvimento sustentável, Uma das principais resoluções foi transformar o Programa das -ações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) numa agência da ONU, como a Organização Mundial da Saúde
(OMS) ou a Organização Mundial do Comércio (OMC), o que lhe daria mais poderes e recursos.
O fato mais frustrante nessa conferência foi a posição do G-77 (grupo dos países mais pobres ou em
desenvolvimento, que e articula eventualmente em reuniões internacionais). Como eles pretendem
crescer economicamente, praticamente rejeitaram os termos específicos sobre uma economia
ambientalmente mais equilibrada e sobre investimentos em energias renováveis. Isso obviamente
aconteceria, já que não ocorreram grandes avanços nem mesmo entre os países ricos.
Apesar disso, um exemplo de avanço na Rio+20 foi o acordo que o grupo das 40 megacidades fez
para reduzir suas emissões de gases causadores de efeito estufa.

Os principais problemas ambientais do planeta

Poluição Atmosférica
A poluição do ar consiste no lançamento e acúmulo de partículas sólidas e gases tóxicos que se
concentram na atmosfera terrestre alterando suas características físico-químicas.
De maneira geral, os poluentes atmosféricos podem ser produzidos por fontes primárias ou
secundárias. Os poluentes primários são aqueles liberados diretamente das fontes de emissão, como os
gases que provém de queimadas em florestas ou da queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão),
lançados do escapamento dos veículos automotores e também das chaminés das fábricas, entre eles,
monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO²), dióxido de enxofre (SO²) e metano (CH4). Os
poluentes secundários, por sua vez, são aqueles formados na atmosfera a partir de reações químicas
entre poluentes primários e componentes naturais da atmosfera, como o ácido sulfúrico (H²SO4), ácido
nítrico (HNO³) e ozônio (O³). A esses poluentes somam-se ainda materiais particulados que abrangem
um grande conjunto de poluentes formados por poeiras, fumaças, materiais sólidos e líquidos, que se
mantêm suspensos na atmosfera.

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Desde o início da Revolução Industrial, em meados do século XVIII, o nível de poluentes na atmosfera
terrestre vem aumentando exponencialmente com o avanço da industrialização, dos meios de transportes
e demais atividades econômicas que se desenvolvem apoiadas na queima de combustíveis fósseis.
Milhares de toneladas de gases poluentes são lançados todos os dias na atmosfera terrestre,
desencadeando uma série de problemas ambientais, com impactos que ocorrem tanto em escalas local
e regional (como o fenômeno das inversões térmicas e das chuvas ácidas) quanto em escala global (como
a diminuição da camada de ozônio e a ocorrência do efeito estufa).
A alta concentração de poluentes no ar forma uma camada de partículas em suspensão, parecida com
uma neblina, conhecida como smog, fazendo com que a visibilidade diminua. Também causa muitos
problemas de saúde, principalmente relacionados ao sistema respiratório e cardiovascular. Em grandes
centros urbanos dos países industrializados, é frequente os níveis de poluição do ar ultrapassarem os
limites estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esses gases poluentes são
provenientes da queima de florestas e, em especial, de combustíveis fósseis (petróleo e carvão). Os
principais agentes poluidores são os veículos automotores e as indústrias, sobretudo as termelétricas,
siderúrgicas, metalúrgicas, químicas e refinarias de petróleo.
Um exemplo disso é a população chinesa, que é aconselhada constantemente a usar máscara para
sair às ruas, evitar exercícios ao ar livre e, em dias críticos, é alertada a permanecer no interior de suas
casas, devido aos altos níveis de poluição do ar encontrados em diversas províncias do país. Foram
registradas milhares de mortes, principalmente na última década, decorrentes de problemas respiratórios
e cardiovasculares agravados pela poluição do ar.

Inversão térmica
Em condições normais, o ar presente na Troposfera costuma circular em movimentos ascendentes, o
que ocorre em razão das diferenças de temperatura entre o ar mais aquecido e, portanto, mais leve, nas
camadas mais baixas, e o ar mais frio e mais denso, nas camadas mais elevadas.
Em regiões afetadas por intensa poluição atmosférica, como os grandes centros urbanos, a fuligem e
os gases poluentes lançados pelas chaminés da fábricas e pelo escapamento dos veículos automotores
tendem a se dispersar por meio dessas correntes ascendentes. Em dias mais frios, com baixas
temperaturas e pouco vento, típicos do outono e do inverno, a ausência de corrente de ar dificulta a
dispersão dos poluentes atmosféricos. Nessa situação, o ar em contato com a superfície mais fria também
se resfria, ficando aprisionado pela camada de ar mais quente acima, o que impede a dispersão dos
poluentes atmosféricos. Tem-se, assim, uma inversão da temperatura do ar atmosférico, a chamada
inversão térmica, fenômeno que pode ser observado na forma de uma faixa cinza-alaranjada no horizonte
dos grandes centros urbanos.
Com a ausência dos ventos ascendentes, os poluentes atmosféricos deixam de dispersar e
concentram-se próximos à superfície, o que compromete a qualidade do ar e gera problemas de saúde
aos habitantes das grandes cidades. Quando expostas aos altos índices de poluição, muitas pessoas
apresentam sintomas como dores de cabeça, coceira na garganta e irritação nos olhos, crises alérgicas
e pulmonares, problemas que afetam principalmente crianças e idosos, mais sensíveis à poluição.

As mudanças climáticas

A humanidade já passou por períodos mais quentes que o atual e por períodos muito frios, como
podemos observar no gráfico a seguir.
Dessa forma, muitos podem afirmar que as preocupações com o aquecimento são exageradas e que
a Terra vai passar por períodos de resfriamento tal qual já ocorreu.
Isso não é verdade. ° problema está no fato de que se ampliou muito a emissão de CO2 na atmosfera
desde o início da Revolução Industrial As fábricas e as indústrias usavam e ainda usam carvão mineral
e, posteriormente e, petróleo para gerar energia. Com o avanço das tecnologias, o petróleo passou a ser
usado também como matéria-prima e fonte de combustíveis para muitos sistemas de transporte.
Apesar de a emissão de poluentes não ser igual em todos os países e de os mais industrializados
terem responsabilidade maior nesse processo hoje já é possível afirmar que se trata de um problema
global. Grandes quantidades de poluição produzidas em um lugar podem atingir outras localidades do
planeta em função da circulação das massas de ar que transportam esses rejeitos.

O desequilíbrio no efeito estufa


O principal problema causado pelo CO2 e por outros poluentes é o desequilíbrio no efeito estufa. °
efeito estufa é um fenômeno natural em que alguns gases funcionam como retentores de calor, condição
fundamental para manter a existência de vida no planeta.

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As temperaturas médias no mundo subiram muito nos últimos 150 anos, e a explicação está no
acúmulo de gases causadores do efeito estufa.
O metano é outro gás muito agressivo. Sua capacidade de reter calor na atmosfera é 23 vezes maior
que a do gás carbônico. Cerca de 30 das emissões mundiais de metano estão ligadas à pecuária,
principalmente pela ruminação e pelo esterco.
Pesquisas realizadas pela Organização para Alimentação e Agricultura (em inglês, Food and
Agriculture Organization - FAO), órgão vinculado à ONU responsável pelo setor de alimentação, e pela
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) afirmam que algumas árvores são suficientes
para reter o metano liberado pelo processo de ruminação. Além disso, o crescimento das pastagens
absorve o carbono.
O metano é liberado também por outras fontes: pela queima de gás natural, de carvão e de material
vegetal e também por campos de arroz inundados, esgotos, aterros e lixões.
O meta no ainda é preocupante em função da devastação das florestas. Um exemplo é o caso das
matas brasileiras, em especial da Floresta Amazônica. Historicamente, o fogo é um dos principais aliados
dos pequenos camponeses para derrubar a floresta. As queimadas na Amazônia são utilizadas há muito
tempo como forma de criar áreas para a agricultura de subsistência, fato que já faz parte cultura do povo
essa região. A expansão das atividades econômicas, especialmente a agricultura comercial, a pecuária
e a exploração madeireira, vem levando a região a entrar na lista dos maiores emissores de poluição do
planta em função da destruição de sua biomassa.

O buraco na camada de ozônio

No final do século XVIII e início do século XIX, o cientista holandês lartinus van Marum descobriu um
gás com cheiro muito forte durante algumas experiências com reações químicas. Anos depois, o cientista
alemão Friedrich Schõnbein chamou esse gás de ozônio quando percebeu que ele era liberado nos
processos químicos de purificação da água. Schõnbein também notou que esse gás subia pelo ar
rapidamente e adquiria uma cor azul bem pálida. Ele acreditava então que o ozônio existia em grande
quantidade nas altas camadas da atmosfera, fato que veio a ser comprovado por Gordon Dobson por
volta dos anos 1920.
Por meio dessas pesquisas foi possível perceber que a camada de ozônio é um filtro natural para a
Terra. A constituição química do gás detém os raios solares nocivos à saúde humana; portanto, a camada
de ozônio é um dos elementos mais importantes para a manutenção da vida.
A destruição dessa camada tem relação direta com o modo de vida e o modelo produtivo adotado pela
economia mundial nos últimos tempos. Para refrigerar os alimentos usavam-se, no início do século XX,
gases extremamente perigosos, como a amônia e o enxofre.
No final dos anos 1920, Thomas Midgley Jr. descobriu um gás proveniente da combinação do carbono
com o flúor e o cloro: trata-se do clorofluorcarboneto (CFC), depois registra o pela empresa dona a patente
como gás fréon.
Com inúmeras vantagens em relação aos outros gases, o fréon passou a ser usado largamente e
permitiu a popularização das geladeiras domésticas, que eram impensáveis quando se usavam os outros
gases. As pesquisas permitiram a fabricação de espumas, produtos de limpeza, sprays e uma quantidade
infinita de derivados desse gás.
Em meados dos anos 1980, descobriu-se a existência de uma falha nessa camada protetora da Terra.
Cientistas britânicos e estadunidenses anunciaram que havia um buraco de milhões de quilômetros
quadrados na atmosfera sobre a Antártida.
As pesquisas apontavam que esse buraco era causado pela emissão de gases Réon, que, quando
sobem às altas camadas, destroem o ozônio e permitem a passagem dos raios solares nocivos à vida. O
problema reside no fato de que esses gases duram na atmosfera entre 20 e 90 anos.
O buraco está principalmente sobre a Antártica, mas já se notam pequenas falhas também no
Hemisfério Norte. Sabe-se que existe um sistema mundial de circulação de ar que acumula os gases
fréon sobre a Antártica em quantidade máxima justamente nos meses mais frios, quando o ar fica mais
denso e circula somente nas proximidades dessa área. Quando os raios solares mais fortes chegam a
essa região no verão, as reações químicas quebram o ozônio e permitem a passagem dos raios nocivos.
A solução para esse problema está ligada à redução da emissão de gás CFC, fato que já foi registrado
muitas vezes por cientistas credenciados pela ONU. Para se chegar a esse pequeno avanço, foi assinado
em 1987 o Protocolo de Montreal (Canadá), que previa a erradicação gradual da produção de CFC. Entre
1988 e 1995, o consumo do gás diminuiu quase 80 em escala mundial. Mesmo assim, especialistas
acreditam existir um mercado paralelo e ilegal de CFÇ que movimenta milhares de toneladas de gás por
ano.

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Esse quadro influencia diretamente a saúde humana. Especialistas na área de medicina afirmam que
os casos de catarata e câncer de pele vêm se avolumando em grande escala no planeta. Em algumas
cidades do extremo sul da América do Sul, principalmente, como Punta Arenas, no Chile, as pessoas
usam roupas de mangas compridas, óculos escuros, protetor solar e chapéus entre 11 e 15 horas, quando
os raios solares são mais fortes. Essas precauções já fazem parte do cotidiano de muitas pessoas no
planeta.
A devastação das florestas

As atividades agropecuárias, a urbanização e a industrialização podem ser caracterizadas de maneira


geral como os processos que iniciaram a devastação das florestas.
Com o desenvolvimento da tecnologia em todos os campos da ação humana, surgiram métodos que
aceleraram o desmatamento e acabaram afetando vastas áreas ricas em biodiversidade.
Como exemplos, podem-se citar extensas áreas florestais da Europa e dos Estados Unidos
praticamente extintas no final do século XIX e início do século XX. Esse processo esteve ligado ao
desenvolvimento e ao avanço das relações capitalistas que se materializavam no território.
Infelizmente esse processo de destruição continua até hoje e de forma cada vez mais preocupante. A
instalação de atividades econômicas sobre áreas praticamente intactas é resultado da expansão da
indústria madeireira, das atividades mineradoras, em especial as ilegais, e da corrida por novas áreas
pela agricultura comercial, fato que ficou conhecido como expansão das fronteiras agrícolas.
A partir dos anos 1980, principalmente, a consciência ecológica levou muitos países, em especial os
mais desenvolvidos, a realizar programas de replantio de espécies nativas, o que possibilitou a
recuperação de antigas áreas devastadas. Em contrapartida, nos países mais pobres e nas nações em
desenvolvimento, essa tragédia natural tem crescido ano a ano.
A atuação de grandes empresas exploradoras que operam em regiões florestais do planeta gera outros
graves problemas. As populações das regiões florestais extremamente pobres viviam dos frutos das
florestas de forma racional, uma vez que o ritmo de exploração das matas permitia a sua regeneração.
Com a chegada das grandes empresas exploradoras, ocorreu uma radical mudança na vida dessas
pessoas.
Desprovidos de áreas para exercer suas atividades, os trabalhadores pobres empregam-se nessas
companhias, recebendo baixíssimos salários. Aqueles que não trabalham nessas empresas acabam
derrubando a mata para vender a madeira de forma ilegal e assim obter recursos para sustentar suas
famílias.
Nos últimos anos as preocupações estão cada vez maiores, pois mapeamentos detalhados mostram
que a devastação põe em risco principalmente as florestas localizadas em regiões úmidas do planeta.
São áreas de mata inundadas ou saturadas de água, como as várzeas dos rios, manguezais, florestas
em áreas costeiras e próximas de grandes bacias hidrográficas.
Na Ásia, a maior parte das terras úmidas florestadas estão ameaçadas pela expansão da agricultura
comercial do arroz e pela exploração de madeira, como no caso da indonésia, que já perdeu grande parte
de sua cobertura florestal original.
Todos os relatórios e avisos feitos pelos cientistas alertam que essas áreas úmidas devem ser
preservadas, pois ajudam a regular o fluxo e o abastecimento de depósitos subterrâneos de água. Caso
essas regiões entrem em colapso natural, isso pode gerar um efeito desastroso para a sociedade, que
ficaria sem água.
Uma experiência que merece menção é a da Finlândia. Quase 80 do território finlandês é coberto por
florestas, o que é a maior taxa de ocupação florestal da Europa, em razão de as florestas terem sido
consideradas patrimônio ecológico, social, cultural e econômico do país. Nas últimas décadas, as áreas
plantadas vêm superando as áreas cortadas em 20 a 30 anualmente.
Um dos grandes segredos desse sucesso está no replantio de espécies nativas; na Finlândia somente
podem ser replantadas madeiras originais daquela região. Isso permite uma atividade econômica mais
sustentável e não tão agressiva ao solo, ao clima e aos animais que habitam essas matas.
Os defensores da silvicultura (atividade que se dedica ao manejo e estudo de florestas plantadas)
finlandesa afirmam que a estrutura do replantio é semelhante à das florestas naturais e que os seres
humanos a exploram desde sempre.
Dessa forma, a indústria florestal é um dos maiores setores da economia do país, e a comercialização
de madeira, papel, polpa de papel e outros derivados da celulose chega a representar cerca de 30 de
suas exportações.
Para combater o mercado clandestino de madeira e o desmatamento em todo o mundo, foi criada a
certificação florestal pelo Conselho de Manejo Florestal 'Forest Stewardship Council - FSC), uma entidade
ambientalista mundial.

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Esse certificado garante ao consumidor final de madeira e de seus derivados que aquele produto é
fruto de um reflorestamento não agressivo ou mesmo de uma exploração sustentável, que preserva e
respeita o ritmo de regeneração da natureza. Já existem milhares de itens e produtos que contam com
essa certificação. Portas, pisos, móveis e até mesmo papel higiênico são certificados para comprovar que
não vieram de uma matéria-prima fruto da devastação.

Os hotspots

A enorme diversidade natural das florestas chamou a atenção de muitos pesquisadores. Um deles foi
o cientista inglês Norma Myers. Ao perceber que existiam algumas regiões com maior variedade de
espécies vegetais e animais que outras, ele deu um novo significado para o conceito de biodiversidade,
antes visto genericamente como o incrível número de espécies diferentes do planeta.
Após as pesquisas de Myers, a biodiversidade pôde ser medida. Existem lugares mais biodiversos e
outros menos. Ele procurou identificar as regiões que concentravam os mais altos níveis de
biodiversidade para direcionar as ações de conservação. Essas regiões, que foram por ele chamadas de
hotspots, são localidades prioritárias para a conservação, pois sua destruição comprometeria um número
maior de vegetais e animais. Myers definiu hotspot da seguinte forma: área com pelo menos 1500
espécies endêmicas de plantas e que tenha perdido mais de três quartos de sua vegetação original.
Depois de inúmeras pesquisas, percebeu-se que todos os hotspots juntos somam apenas 2,3 da
superfície terrestre. Nessa superfície estão 50 das plantas e 42 de todos os animais vertebrados do
planeta; ou seja, cuidando como se deve e com comprometimento, podemos preservar quase metade de
toda a vida.

Preservacionistas X conservacionistas e a ecologia profunda


O conservacionismo é uma ideia do engenheiro florestal e político estadunidense Gif- ford Pinchot. Ele
acreditava em um convívio harmônico entre os seres humanos e a natureza, desde que os seres humanos
soubessem usar de forma correta e eficiente os recursos naturais, sem desperdício, para o bem da
maioria da população, conservando o ambiente para as gerações futuras.
Em oposição a essa linha, surgiram os preservacionistas. Eles enxergam a sociedade como uma
ameaça ao meio ambiente. As áreas naturais devem se manter intocadas para serem protegidas da
destruição. Um dos maiores defensores do preservacionismo foi John Muir. Nascido na Escócia e criado
nos Estados Unidos, ele defendeu a criação de inúmeros parques nacionais que são santuários da
natureza.
Quando as discussões sobre meio ambiente começaram a ocupar um lugar central, o filósofo
norueguês Arne Naess passou a defender uma ideia chamada de ecologia profunda ou ecosofia. Ele
acreditava que tanto a vida humana como a não humana no planeta tinham a mesma importância. Assim,
os seres humanos não tinham o direito de reduzir essa riqueza e diversidade para satisfazer suas
necessidades e deviam mudar radicalmente o padrão de vida para poderem sobreviver em escala
mundial.

A destruição dos recursos hídricos

O modelo econômico que vigora em nossos dias é marcado por um consumo crescente de
mercadorias das mais variadas: de alimentos a automóveis, de geladeiras a roupas. Para produzir tanto,
estamos assistindo a um desenfreado consumo de água. Veja de maneira geral como foi a evolução do
consumo de água :10 Brasil e no mundo no século XX.
Em função desse modelo econômico, o processo de industrialização e de urbanização dá origem a um
volume cada vez maior de esgotos domiciliares, lixo e outros resíduos, que são lançados nos rios e mares
cotidianamente. Isso afeta qualidade das águas, tanto as superficiais quanto as dos aquíferos, em vários
pontos do planeta.
No final dos anos 1990, veio à tona um problema exemplarmente grave no norte do Golfo do México,
litoral sudeste dos Estados Unidos. Produtos químicos como fertilizantes foram levados para o mar pelo
Rio Mississipi, destruindo oxigênio nessas águas. Consequentemente, a vida marinha foi dizimada,
gerando o que os especialistas passaram a chamar de "zona morta", com aproximadamente mil
quilômetros quadrados.
Escassez de água: uma crise anunciada

Os rios e os lagos, que formam os ecossistemas de água doce, são considerados o meio de vida
natural mais ameaçado do planeta.

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Embora ocupem apenas 1 da superfície terrestre, os ecossistemas de água doce abrigam cerca de 40
das espécies de peixes e 12 dos demais animais. Para ter uma ideia da diversidade desses ecossistemas,
o Rio Amazonas, sozinho, possuiu mais de 3 mil espécies de peixe. Todos os estudos feitos recentemente
apontam que 34 das espécies de peixes de água doce encontradas em todo o mundo correm o risco de
extinção, ameaçadas, principalmente, pela construção de represas, canalização dos rios e poluição.
Entre 1950 e os nossos dias, o número de grandes barragens no mundo passou de 5750 para mais
de 41 mil, fato que alterou radicalmente a dinâmica da vida aquática.
Esse cenário alarmante é agravado pela pequena disponibilidade de água para o consumo humano.
Embora 75 da superfície terrestre seja recoberta por água, os seres humanos só podem usar uma
pequena porção desse volume, porque nem sempre ela é adequada ao consumo. É o caso da água
salgada dos mares e oceanos, que representa cerca de 97 da quantidade total disponível na Terra.
Dos cerca de 3 restantes, apenas um terço é acessível, em rios, lagos, lençóis freáticos superficiais e
na atmosfera. Os outros dois terços são encontrados nas geleiras, calotas polares e lençóis freáticos
muito profundos.
Além de ser um recurso finito, a água é cada vez mais consumida no mundo todo. Ao longo do século
XX, por exemplo, a população mundial cresceu três vezes, enquanto as superfícies irrigadas cresceram
seis vezes e o consumo global, sete vezes.
Esse aumento exponencial do consumo mundial de água está gerando um fenômeno conhecido como
estresse hídrico, isto é, carência de água. Segundo o Banco Mundial, essa situação ocorre quando a
disponibilidade de água não chega a 1000 metros cúbicos anuais por habitante.

As águas mal usadas e a salinização dos solos


São consideradas regiões que sofrem com a salinização aquelas que perdem o rendimento econômico
na agricultura. Os solos mais sujeitos a esse problema são os que estão em regiões mais secas. Neles,
qualquer tipo de irrigação mal conduzida pode gerar uma forte salinização se não estiver presente um
adequado sistema de drenagem. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e agricultura
estima que, dos 250 milhões de hectares irrigados em todo o planeta, cerca de metade já tem problemas
de salinização, e uma grande parte é abandonada todo ano por esse motivo. Por isso, a irrigação precisa
ser feita com muito cuidado.
Entendemos que a água está cada vez mais escassa em todo o globo. A combinação de fatores
naturais e socioeconômicos com. pressão demo gráfica e uso irracional gera desertificação, salinização
e poluição desenfreada.
O aumento do estresse hídrico já reduziu de forma considerável as reservas hídricas disponíveis no
planeta. Em quase metade das localidades habitadas, já existem problemas de escassez, e cerca de 20
a 30 da população mundial não têm acesso a redes satisfatórias de água e esgoto. Esse quadro fica ainda
mais grave uma vez que a escassez desse recurso se soma a problemas políticos entre povos e nações.
No Oriente Médio, por exemplo, há inúmeras disputas pela posse da água que se misturam a
rivalidades criadas por décadas de conflitos.
Israelenses e palestinos têm na água um dos maiores pontos de discórdia. Eles disputam as águas
oriundas da nascente do Rio Jordão e do Lago Tiberíades nas proximidades das Colinas de Golã. Além
disso, 90 dos canais de abastecimento de água são controlados por Israel.
Organismos internacionais afirmam que a disponibilidade per capita de água é quatro vezes maior em
Israel do que nos territórios palestinos, fato que potencializa epidemias, queda da produtividade agrícola
e tantos outros problemas.
Outro exemplo de tensão em razão da disputa pela água ocorre entre Síria, Turquia e Iraque. A Turquia
tem um plano de desenvolvimento que inclui a construção de mais de 20 barragens ao longo dos rios
Tigre e Eufrates.
Essas obras de grande porte alteram radicalmente a vazão de água dos rios e ameaçam o
abastecimento de grandes áreas em países vizinhos, como o Iraque e a Síria. Esses países discutem
hoje um estatuto comum para a administração desses rios, visto que não foram poucas as vezes que eles
entraram em alerta para uma possível guerra: um temendo perder o enorme volume de água, fundamental
para seu povo, outro temendo perder as barragens, fundamentais para seu desenvolvimento.

A destruição dos oceanos

A intensificação do comércio internacional nas últimas décadas tem deixado marcas negativas nos
oceanos.
Nos mares de quase todas as regiões do planeta existem gigantescas manchas de petróleo. Em parte,
essas manchas ocorrem por descaso e pelo uso de equipamentos obsoletos que causam vazamentos.

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Além disso, muitos navios petroleiros chegam a lavar seus reservatórios nas costas de países pobres,
especialmente africanos, que não têm sistemas de vigilância eficientes para evitar esse crime.
Outro grave problema é a pesca predatória, que também contribui para o esgotamento dos estoques
de pescados oceânicos. Cerca de 90 das espécies comerciais, ou seja, pescadas, processadas e
vendidas, correm risco iminente de destruição em razão da pesca predatória.
Grandes grupos econômicos ligados direta e indiretamente ao setor alimentício são os responsáveis
por essa destruição. Eles permitem a prática da pesca predatória, que, na busca do lucro imediato, não
respeita, em muitos casos, o período de reprodução das espécies, fato que minimamente garantiria a
reposição dos estoques.
O mar também sofre a partir das terras costeiras. Grupos imobiliários promovem a ocupação irregular
de áreas litorâneas pela construção de casas, condomínios e hotéis em áreas de manguezal, alterando
o equilíbrio ambiental.
É importante lembrar que os oceanos são fundamentais para o equilíbrio ecológico de todo o planeta.
Eles concentram 97% das águas e produzem cerca de -:1\6 do oxigênio da atmosfera, além de serem os
principais responsáveis pela recomposição dos estoques de água doce, graças à umidade que geram.
Por todos - es fatores, os oceanos são fundamentais para a manutenção das características climáticas
do planeta.

A degradação dos solos

A degradação do solo geralmente é causada pela associação de situações climáticas extremas, como
a seca ou o excesso de chuvas, com práticas predatórias, como o desmatamento de áreas florestais, a
expansão das pastagens, a utilização intensiva de agrotóxicos e a mineração descontrolada.
Essas atividades alteram e destroem a cobertura vegetal natural do solo, deixando-o exposto à ação
das intempéries como o vento e a chuva, que gradualmente desgastam o solo desnudo de vegetação.
Esse processo erosivo pode evoluir, e a rocha bruta, base do solo, chegar a ficar exposta. Quando
isso ocorre, está se iniciando o processo de desertificação.
O manejo agrícola inadequado é um dos grandes responsáveis pela degradação dos solos. Quase
metade das áreas agrícolas do planeta tem algum problema que afeta a sua produção de alimentos.
Esse problema está longe de ser somente ambiental. Ele tem profunda relação com a sociedade e a
economia, uma vez que a perda de grãos com a desertificação chega a mais de 20 milhões de toneladas,
cifra suficientemente grande para atenuar o problema da fome no mundo.
As consequências nefastas da degradação do solo afligem também grandes contingentes
populacionais. Calcula-se que 30 milhões de pessoas morreram, nas últimas décadas, de fome
ocasionada pelo esgotamento de suas áreas naturais, e mais de 120 milhões realizaram o êxodo rural
nos últimos 50 anos.
As soluções para esse problema passam sempre pela alteração do modelo produtivo ou pela aplicação
de enormes recursos financeiros na recuperação de áreas.
Em 1994 foi assinada a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação. A principal
decisão foi a aplicação de vastos recursos financeiros para promover a educação ambiental,
principalmente em sociedades agrárias, para que estas sejam reprodutoras das práticas e dos
conhecimentos voltados à conservação dos solos.

Resíduos sólidos: recurso e problema

Diariamente milhões de toneladas de resíduos sólidos são lançadas no ambiente. A prática de


depositar resíduos ao ar livre, lançá-los na água, descartá-los em terrenos baldios e queimar os restos
inaproveitáveis teve início nas civilizações antigas, em que os métodos de lidar com os descartes
consistiam em depositá-los bem longe das moradias.
Essa solução vigorou durante muito tempo e se incorporou à cultura cotidiana de muitas populações.
Hoje é evidente que o crescimento populacional e o aumento do consumo levaram a humanidade a uma
enorme produção de resíduos, que causam graves problemas quando manipulados e depositados de
forma inadequada.
Após a década de 1950, iniciou-se uma mudança de mentalidade em relação ao resíduo sólido, a
princípio nos países mais ricos. Antes visto como desprezível e problemático, gradualmente ele passou
a ser encarado como energia, matéria prima e parte da solução para alguns problemas.
Atualmente, processos como a reciclarem reduzem o volume de resíduos sólidos descartado e
interferem no processo produtivo, economizando energia, água e matéria-prima, além de reduzir

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sensivelmente a poluição da água, do ar e do solo. Mesmo assim, a quantidade de lixo reciclada é muito
pequena perante a total.
Uma das soluções que podem ajudar a solucionar esse problema é a coleta seletiva de lixo, ou seja,
o processo pelo qual se separam os materiais encontrados no lixo. Essa separação é fundamental para
o reaproveitamento dos resíduos, pois a coleta potencializa o reaproveitamento dos materiais. A
reciclagem passou a ser uma obrigação em função do enorme volume de. Do que a sociedade produz.
Um cidadão estadunidense produz quase 800 quilos de resíduos sólidos por ano. O surgimento de
novas mercadorias, o desperdício de matérias por falta de urna efetiva educação ambienta1 e o uso de
produtos descartáveis industrializados são os principais responsáveis pela contínua tendência de
expansão desse índice. Segundo os estudos mais recentes, cada tonelada reciclada resulta em uma
economia de 500 dólares. A fabricação de papel reciclado, por exemplo, consome 74% menos energia
que a produção de um papel novo.
O Japão reutiliza 50 de seu resíduo sólido e desenvolveu processos de reutilização das águas do
chuveiro no vaso sanitário. Nos Estados Unidos e na Europa, as autoridades estão eliminando os aterros
sanitários - em que o lixo acumulado acaba contaminando o solo e a água subterrânea - ao mesmo tempo
que estimulam a instalação de usinas de reciclagem. Desde 2006, a União Europeia exige dos fabricantes
de automóveis e motocicletas que se responsabilizem pelo destino final de 85 do material dos veículos.

As consequências das mudanças climáticas e ambientais

A chuva ácida

A atmosfera, como vimos, vem sendo contaminada por compostos químicos como o enxofre e o
nitrogênio, que vão se concentrando no vapor de água e, consequentemente, nas nuvens. Estas, quando
muito carregadas, despejam uma chuva extremamente ácida.

Até a década de 1990, a chuva ácida era comum apenas nos países de industrialização mais antiga,
mas depois, com a expansão mundial do processo industrial, ela passou a ocorrer em grande quantidade
também na Ásia, em países como China, Índia, Tailândia e Coreia do Sul, que hoje são os grandes
responsáveis pela emissão de óxido nitroso (NO) e dióxido de enxofre (S02). Grande parte desse
problema foi surgindo conforme a produção industrial se expandia. Isso significou maior uso de
termelétricas que geram energia por meio do carvão e do petróleo (combustíveis altamente poluentes),
maior circulação de carros e outros meios de transportes.

Nos últimos anos há incidência de chuva ácida praticamente em todo o mundo. Em alguns lugares
onde não existem atividades industriais poluentes, ela ocorre em razão do deslocamento das massas de
ar vindas de países emissores de poluição.
Entre as consequências da chuva ácida, destacam-se:
• alteração da composição do solo e das águas, tanto dos rios quanto dos lençóis freáticos;
• destruição da cobertura florestal. No Brasil, isso é visível em trechos das encostas da Serra do Mar
nas proximidades de Cubatão, no litoral de São Paulo, importante polo industrial petroquímico que já foi
conhecido mundialmente pela péssima qualidade do ar;
• contaminação das lavouras;
• corrosão de edifícios, estátuas e monumentos históricos.

No Hemisfério Norte, as chuvas ácidas já provocaram alterações em 35 dos ecossistemas.

Poluição Atmosférica e Aquecimento Global: O aumento da temperatura do planeta

As razões do aumento da temperatura do planeta ainda geram muitos debates entre os cientistas.
Causas naturais e provocadas pelos seres humanos têm sido propostas para explicar o fenômeno. A
principal evidência do aquecimento vem das medidas de temperatura de estações meteorológicas em
todo o globo desde 1860. Os dados mostram que houve um aumento médio da temperatura durante o
século XX. Para explicar essas mudanças, os cientistas usam ainda evidências secundárias, como a
variação da cobertura de gelo e neve em certas áreas, o aumento do nível dos mares e das quantidades
de chuvas, entre outras.
Diversas montanhas já perderam enormes áreas geladas e nevadas, e a cobertura de gelo no
Hemisfério Norte na primavera e no verão também diminuiu drasticamente.

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O aumento da temperatura global pode levar um ecossistema a graves mudanças, forçando algumas
espécies a sair de seus hábitats, invadindo outros ecossistemas, ou potencializando a extinção.

Outra situação que causa grande preocupação é o aumento do nível do mar, de 20 a 30 em por década.
Algumas ilhas no Oceano Pacífico já sofrem com esse problema.

Deve-se lembrar que a subida dos mares ocorre principalmente por causa da expansão térmica da
água dos oceanos, ou seja, as águas dilatam; no entanto, as preocupações com o futuro incluem também
o derretimento das calotas polares e dos glaciares, que guardam enormes quantidades de água na forma
de gelo. Alguns cientistas afirmam que as mudanças podem ocorrer de forma sutil e mesmo imperceptível.
Tudo isso leva a uma situação preocupante. Previsões feitas pela ONU alertam que entre 50 e 100
milhões de pessoas podem abandonar suas casas temporária ou definitivamente por problemas
relacionados a questões ambientais nas próximas décadas, tornando-se refugiados ambientais. Nesses
números estão incluídos grupos humanos, comunidades inteiras que serão levadas a migrar em razão da
poluição das águas, de enchentes, do desgaste dos solos, do fim da disponibilidade de peixes e da subida
do nível dos oceanos. É certo que essa situação exigirá~ uma legislação internacional, uma vez que
países e regiões inteiras vão ser evacuados, e os refugiados poderão ser levados em circunstâncias
emergenciais a outros países.

A formação territorial do Brasil

Segundo o geógrafo Milton Santos, o território nacional é o espaço de todos os habitantes de um dado
Estado. Uma vez usufruído pelos indivíduos, esse território constitui, em última análise, o próprio e paço
geográfico.
Entretanto, a construção do território se dá pela mediação entre o mundo e o lugar onde, afinal,
vivemos cotidianamente. Por exemplo, a formação do território brasileiro, que hoje abriga uma enorme
quantidade de lugares, foi iniciada pela colonização imposta pela metrópole portuguesa, no século XVI.
A partir daí, diversas atividades econômicas passaram a moldar o espaço geográfico brasileiro.
Com base nessas premissas, o espaço geográfico brasileiro tem sido construído e reconstruído a todo
instante, muitas vezes em detrimento das reais necessidades de sua população.

Referências Bibliográficas:
TAMDJIAN, James Onning. Geografia: estudos para compreensão do espaço. 2ª edição. São Paulo: FTD.

Questões

01. (FGV-RJ) A partir da segunda metade do século passado, a mobilização em torno do ambiente foi
divulgada e se consolidou por meio de estudos e das cúpulas, ou das conferências internacionais.
Sobre essas conferências, pode-se afirmar:
I. A primeira grande conferência internacional convocada especificamente para a discussão da
problemática ambiental ocorreu em Estocolmo, em 1972.
II. Na Rio-92, foram divulgadas as convenções sobre Mudanças Climáticas e sobre Diversidade
Biológica, que figuram na agenda ambiental internacional.
III. Na Rio+20, que ocorreu no Rio de Janeiro, em 2012, todos os países participantes ratificaram o
novo Protocolo de Kyoto, aderindo à nova ordem ambiental internacional.
Está correto o que se afirmar em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.

02. (UFPR) O Brasil sediou, no mês de junho de 2012, a Conferência Rio+20, voltada às preocupações
da relação entre sociedade e natureza, entre desenvolvimento e meio ambiente. Considerando as
questões ambientais contemporâneas e os fóruns internacionais de debates e decisões acerca da relação
entre meio ambiente e desenvolvimento das últimas décadas, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) A realização das grandes conferências mundiais sobre meio ambiente e desenvolvimento evidencia
que a resolução dos problemas ambientais do planeta passa, essencialmente, pela esfera política.

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(B) As grandes conferências mundiais sobre meio ambiente e desenvolvimento datam dos últimos
quarenta anos, aproximadamente, período no qual a degradação ambiental passou a ameaçar o
desenvolvimento econômico mundial.
(C) Na conferência Rio+20, a principal divergência de posições colocou em evidência o antagonismo
entre os defensores da economia verde e os defensores do desenvolvimento ecologicamente sustentável.
(D) As convenções da Biodiversidade e das Mudanças Climáticas Globais, associadas às convenções
da Amazônia e da Mata Atlântica (brasileiras), foram ratificadas pelos países-membros da ONU na última
década.
(E) O desenvolvimento sustentável, proposto pela Comissão Brutland nos anos oitenta, constitui-se
numa perspectiva de reorientação da produção econômica moderna considerando as bases ecológicas
do planeta.

03. (FGV-RJ)
A próxima conferência internacional do clima, em Durban, na África do Sul, centrará seu foco no destino
do Protocolo de Kyoto. [ ... ] Se não for renovado, expira em 2012. Durban é a última oportunidade de
salvar Kyoto. Sem ele, desaparece o único acordo climático internacional que existe.
A decisão tem dia marcado: 9 de dezembro. É quando termina a Cop-17, o encontro anual que reúne
negociadores do mundo todo para discutir um acordo climático internacional, desta vez, na África do Sul.
<http://clippingmp.planejamento. gov. br/cadastroslnoticiasl2011 18/1 01 futuro-do-protocolo-de-
kyoto-sera-prioridade-nacupula-do- clima/?searchterm=Clima20Kyoto>.
Sobre o Protocolo de Kyoto, mencionado na reportagem, assinale a alternativa correta:
(A) Afirma o princípio da responsabilidade comum, estabelecendo metas de redução obrigatória das
emissões de gases de efeito estufa para todos os países signatários.
(B) Não foi ratificado pelos Estados Unidos, um dos maiores emissores de gases de efeito estufa do
mundo.
(C) Criou um sistema de comércio de créditos de carbono válido apenas entre os países
industrializados: o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.
(D) Entrou em vigor em 2008, quando ocorreu a adesão de dois países que figuram entre os maiores
emissores de poluentes: a índia e a China.
(E) Considera apenas os níveis atuais de emissão, eximindo os países industrializados da
responsabilidade sobre o estoque de gases estufa presente na atmosfera.

4. (FGV-SP) Leia atentamente o texto a seguir:


As Nações Unidas estimam que, até 2026, dois terços da população mundial sofrerão escassez,
moderada ou severa, de água. Essa situação tem sido interpretada corno resultante da falta física de
água doce para o atendimento da demanda das populações da Terra. Entretanto, no plano geral, há água
suficiente no mundo ( ... ) para satisfazer as necessidades de todos. De fato, este cenário de escassez
significa que, no ano 2026, apenas um terço da humanidade deverá dispor de dinheiro suficiente para
pagar o serviço de abastecimento d'água decente, isto é, com regularidade de fornecimento e qualidade
garantida da água.
Aldo Rebouças. O ambiente brasileiro: 500 anos de exploração. In: Wagner Costa Ribeiro (Org.).
Patrimônio Ambiental Brasileiro. Edusp.
Considerando os argumentos do texto, é correto afirmar que:
(A) A "crise da água" resulta do elevado crescimento da população dos países mais pobres.
(B) A "crise da água" não pode ser enfrentada com as tecnologias disponíveis, por isso tende a se
aprofundar.
(C) No cenário projetado pela ONU, a escassez de água tenderá a se agravar devido à continuidade
do processo de urbanização.
(D) Fatores sociais e econômicos desempenham um papel importante no problema da escassez de
água.
(E) A água é um recurso natural renovável, portanto, a escassez resulta apenas da distribuição
desigual desse recurso pela superfície da Terra.

5. (UespiPl) Um dos desastres ambientais mais destacados, existentes na superfície terrestre, ocorreu
no mar de Aral, localizado entre o Uzbequistão e o Cazaquistão. Esse corpo líquido ocupava uma área
de aproximadamente 68.000 km2• Atualmente possui, segundo cálculos divulgados internacionalmente,
apenas 10 do volume de água que continha.
O que explica esse fato?
a) O aquecimento global, que provocou o aumento considerável da evaporação na região.

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b) O desvio dos rios Amu e Syr para irrigar lavouras da ex-URSS.
c) A transposição das águas do rio Volga para as áreas secas da Europa Oriental.
d) A utilização maciça das águas para o consumo humano, mediante a dessalinização intensa.
e) A alteração climática verificada na ex-URSS, durante as décadas de 1950 e 1960, que acarretou
mudança nos regimes fluviais.

6. (UERJ) O acesso das populações a água potável é um dos indicativos do nível de desenvolvimento
e das condições de vida das sociedades no mundo contemporâneo.
A associação adequada entre o espaço geográfico e dois fatores que influenciam o percentual de
acesso de sua população a água potável está indicada em:
a) Austrália - alta renda per capita/regularidade do regime de chuvas.
b) África Central - elevada mortalidade/insuficiência da bacia hidrográfica.
c) América do Norte - política de inclusão social/erradicação de agentes poluentes.
d) Europa Ocidental - estabilidade demográfica/qualidade dos sistemas de saneamento.

07. (PRODAM/AM – Engenharia Elétrica – FUNCAB) Usinas de geração hidroelétrica podem causar
problemas ambientais como:
(A) emissão de CO2.
(B) permitir o controle de inundações.
(C) permitir que os rios se tornem navegáveis.
(D) perda de um sistema natural de drenagem.
(E) dependência de fatores climáticos.

08. (Banco do Brasil – Escriturário – CESGRANRIO)

Para além do aquecimento global, o Secretário chama a atenção para os atuais problemas ambientais
relativos à
(A) cultura de massa.
(B) produção flexível.
(C) economia de mercado.
(D) ideologia ecológica.
(E) diversidade biológica.

Respostas

01. C/02. D/03. B/04. D/05. D/06. B

07. Resposta: D.
As usinas hidrelétricas costumam provocar um outro tipo de impacto ambiental: as represas artificiais
formadas pelas barragens dos rios ocasionam a expulsão de algumas cidades, povoados e florestas, e
até a perda de solos cultiváveis e de material arqueológico, de riquezas pré-históricas que podem existir
no subsolo da área alagada.

08. Resposta: E.
A diversidade biológica ou biodiversidade é o grau de variação da vida. Definida em termos de genes,
espécies e ecossistemas. No seu uso comum, o termo é usado para descrever o número e a variedade
dos organismos vivos.

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4. GEOGRAFIA DO BRASIL 4.1. A natureza brasileira (relevo,
hidrografia, clima e vegetação). 4.2. A população: crescimento,
distribuição, estrutura e movimentos. 4.3. As atividades econômicas:
industrialização e urbanização, fontes de energia e agropecuária. 4.4.
Os impactos ambientais

Clima:

Situação geográfica:
A maior parte do território brasileiro (92%) localiza-se na zona intertropical, sendo cortado, ao sul (SP,
MS, PR), pelo Trópico de Capricórnio. Nesta zona climática estão as maiores médias térmicas do planeta.
No entanto, deve-se lembrar que o Brasil também é atravessado pelo Equador (AP, AM, RR, PA),
apresentando 93% de sua superfície no Hemisfério Sul, que se caracteriza por um relativo equilíbrio entre
massas continentais e massas oceânicas, justificando temperaturas mais amenas e maior umidade.

Classificação climática:
Segundo Lísia Bernardes, existem no Brasil cinco tipos climáticos principais:

Equatorial:
Abrange a maior parte da Amazônia Brasileira. Apresenta temperaturas elevadas o ano todo, pequena
amplitude térmica anual, chuvas abundantes e bem distribuídas durante o ano todo (2.000 – 3.000
mm/ano);
Tropical:
Tipo climático predominante no Brasil (Centro-Oeste, Meio-Norte, maior parte da Bahia e Agreste).
Apresenta temperaturas elevadas (verão 25ºC, inverno 21ºC), com duas estações bem definidas: verão
chuvoso e inverno seco;

Tropical de altitude:
Abrange o domínio de mares de morros no Sudeste (maior parte de Minas Gerais e trechos do Espírito
Santo, Rio de Janeiro e São Paulo). É um clima mesotérmico, com temperaturas amenas (verão 25ºC,
inverno 18ºC) e com chuvas concentradas no verão;

Semiárido:
Característico do Sertão Nordestino, abrangendo o Vale Médio do São Francisco e norte de Minas
Gerais, apresenta temperaturas elevadas (superiores a 25ºC), chuvas escassas e irregulares.
Caracterizado pelas estiagens bem pronunciadas;

Subtropical:
Predominante na porção meridional do Brasil (parte de São Paulo, Paraná, além de Santa Catarina e
Rio Grande do Sul). Mesotérmico, com temperaturas amenas, apresenta grande amplitude térmica (verão
25ºC, inverno 15ºC) e chuvas distribuídas regularmente durante o ano todo, sem estação seca, com
índices pluviométricos entre 1.700/1.900 mm/ano.

Paisagens Vegetais:

A distribuição dos vegetais na superfície terrestre está intimamente relacionada com as caraterísticas
climáticas de cada lugar, havendo até quem afirme que a vegetação é o reflexo do clima.
Assim, para analisar a distribuição das principais formações vegetais brasileiras, é preciso considerar
também os diversos domínios climáticos existentes no país.

A vegetação brasileira:
Entre outras classificações de nossa vegetação, uma das mais didáticas (proposta pela geógrafa Dora
Amarante Romariz) é a que identifica no Brasil quatro grandes formações vegetais: florestais, complexas,
campestres e litorâneas).

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Formações Florestais:
Segundo suas características, as formações florestais classificam-se em dois tipos: latifoliadas e
aciculifoliadas.
As latifoliadas caracterizam-se pela presença de árvores que têm folhas largas e que se agrupam
densamente. Quase todas atingem grande altura e abrigam sob suas copas árvores menores, arbustos
e herbáceas. Distribuem-se amplamente no Brasil, graças ao predomínio de climas quentes e úmidos.
As aciculifoliadas compõem-se de espécies com folhas pontiagudas, adaptadas às baixas
temperaturas. No Brasil, ocorrem especialmente nas áreas mais elevadas da bacia do Paraná, onde se
verifica o clima subtropical, com verões brandos.

Floresta latifoliada equatorial:


Também conhecia como Floresta Amazônica ou Hileia, essa formação ocupa cerca de 40% do
território brasileiro, estendendo-se pela quase totalidade da região Norte, pela porção setentrional de Mato
Grosso e pela porção ocidental do Maranhão.
Característica de clima quente e super úmido, é uma floresta extremamente heterogênea e densa,
apresentando-se dividida em três estratos:
* igapó – corresponde à parte da floresta que se assenta sobre o nível mais inferior da topografia,
onde o solo está permanentemente inundado. Sua principal área de ocorrência é o baixo Amazonas;
* várzea – ocupa parte de média altitude do relevo, onde as inundações são periódicas;
* terra firme – localiza-se na parte mais elevada do relvo, livre das inundações, e por isso é o trecho
mais desenvolvido e exuberante da floresta.

Floresta latifoliada tropical:


Formação exuberante, bastante parecida com a floresta equatorial. Heterogênea, intrincada e densa,
aparece em diferentes pontos do país onde há temperaturas elevadas e alto teor de umidade.
No litoral, com o nome de Mata Atlântica, estendia-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul,
porém foi intensamente devastada pela cultura canavieira desde o período colonial, sobretudo na região
Nordeste. No litoral sudeste e sul, a presença da serra do Mar dificultou a ocupação humana e a
exploração florestal, mas vem ocorrendo devastação, por causa das empresas madeireiras e da
construção de estradas; além disso, a vegetação é destruída pela poluição industrial, como ocorreu em
Cubatão, na Baixada Santista.
No interior da região Sudeste, aparecia em quase toda a área drenada pelo rio Paraná e seus afluentes,
sendo por isso denominada Mata da Bacia do Paraná. Com o avanço da cultura cafeeira em São Paulo
e Minas Gerais, no final do século XIX e início do século passado, foi quase toda devastada, restando
como vestígios, hoje, estreitas faixas de árvores que margeiam os rios da região, denominadas matas
galerias ou ciliares.

Mata dos Cocais:


Formação de transição, concentrada no Meio-Norte ou Nordeste Ocidental (região composta pelos
estados do Maranhão e do Piauí), ladeada por climas opostos – o equatorial super úmido a oeste e o
semiárido a leste.
Na área um pouco mais úmida, que abrange o Maranhão, o oeste do Piauí e o norte de Tocantins, é
comum a ocorrência de babaçu. Na área menos úmida, que abrange o leste do Piauí e os litorais do
Ceará e do Rio Grande do Norte, encontra-se a carnaúba.

Floresta aciculifoliada subtropical:


A floresta aciculifoliada é uma formação típica do clima subtropical, menos quente e úmido que o
equatorial e o tropical. Suas árvores têm folhas finas e alongadas (em forma de agulha), o que evita a
excessiva perda de umidade. Relativamente homogênea, apresenta poucas variedades, predominado a
Araucária angustifólia ou pinheiro-do-paraná.
Estendia-se orginalmente do sul de São Paulo ao norte do Rio Grande do Sul. Mas o fato de ser uma
formação aberta facilitou sua exploração intensa e não racional.

Formações Complexas:
As formações complexas correspondem aos domínios do cerrado, da caatinga e do Pantanal, onde
extratos arbóreos, arbustivos e herbáceos convivem na paisagem:

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O Cerrado:
Também denominado savana-do-brasil, o cerrado é a segunda formação vegetal mais extensa do país.
Ocupava originariamente quase 25% do nosso território, mas vem se reduzindo cada vez mais.
Típico de áreas de clima tropical com duas estações bem marcadas – verão chuvoso e inverno seco -
, aparece em quase todo o Brasil Central, isto é, na Região Centro-Oeste e arredores, como o sul do Pará
e do Maranhão, o interior de Tocantins, o oeste da Bahia e de Minas Gerais e o norte de São Paulo.
Caracteriza-se pelo domínio de pequenas árvores e arbustos bastante retorcidos, com casca grossa,
geralmente caducifólios (cujas folhas caem, impedindo o vegetal de perder água) e com raízes profundas.
Sua origem é uma incógnita: alguns a atribuem ao clima com alternância entre as estações úmida e
seca durante o ano; outros, ao solo extremamente ácido e pobre; outros, ainda, à ação conjunta desses
dois fatores. Além disso, deve-se levar em conta a ação humana: certos tipos de cerrado resultam da
realização de queimadas sucessivas num mesmo local. Em escala mais ampla, o aproveitamento
econômico dos domínios do cerrado vem destruindo a vegetação natural para a prática da pecuária e da
agricultura comercial mecanizada (cultivo de soja).

A Caatinga:
A caatinga, formação típica do clima semiárido do sertão nordestino, ocupa cerca de 11% do território
brasileiro. É composta por plantas xerófilas (como as cactáceas, com folhas em espinhos), caducifólias e
pela carnaubeira, cujas folhas se recobrem de uma cera que evita a transpiração.
O principal uso econômico dos domínios da caatinga é a agropecuária, que apresenta baixos
rendimentos e afeta negativamente o equilíbrio ecológico. Seria preciso adotar técnicas de uso do solo
mais racionais do que as empregadas hoje e expandir a construção de açudes e de canais de irrigação,
para impedir uma provável desertificação, a médio ou longo prazo, do já muito seco sertão nordestino.

O Pantanal:
O Pantanal, uma grande depressão localizada no interior de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul,
com altitude média de 100m acima do nível do mar, tem uma porção inundável em que apenas nas
estiagens de inverno se desenvolve vegetação – uma formação rasteira apropriada à prática da pecuária.
Na sua porção de alagamento eventual, à vegetação rasteira misturam-se arbustos. Nas áreas altas,
encontramos espécies típicas dos cerrados, que, em alguns pontos mais úmidos, misturam-se as
espécies arbóreas da floresta tropical.
A economia tradicional do Pantanal sempre foi a pecuária, praticada em harmonia com o ambiente,
sem destruí-lo. Mais recentemente, porém, a região tornou-se objeto de novas formas de ocupação:
envolvendo o investimento de grandes capitais, a implantação da agricultura comercial, a utilização de
agrotóxicos e a construção de estradas, com a barragem das águas realizada por pontes, têm ocasionado
sérios desequilíbrios ecológicos. Além desses problemas, surgiram outros, como a caça ilegal de jacarés
e a pesca predatória, especialmente na piracema.

Formações Herbáceas:
As formações herbáceas – também denominadas campestres -, compostas de vegetação rasteira, com
gramíneas e pequenos arbustos, são encontradas em todas as regiões brasileiras e diferenciam-se de
acordo com as características climáticas e pedológicas (do solo) das áreas de ocorrência, que são:
* os campos meridionais, destacando-se a Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul – onde se
encontra a área de gramíneas mais extensa e homogênea (denominada “campos limpos”) – e os Campos
de Vacaria, em Mato Grosso do Sul. A pecuária é a atividade econômica mais comum nessas regiões;
* os campos da Hileia, que correspondem às áreas inundáveis da Amazônia oriental, como o litoral
do Amapá, a ilha de Marajó e o Golfão Maranhense;
* os campos de altitude, na serra da Mantiqueira (no Sudeste) e na região serrana dos Planaltos
Residuais Norte-Amazônicos, chamados Campos de Roraima (na Amazônia).

Formações Litorâneas:
As formações litorâneas estendem-se por toda a costa brasileira e apresentam constituições variadas,
condicionadas ao tipo de solo e ao nível de umidade:
* nos mangues, há vegetais adaptados à intensa salinidade e à falta de oxigenação do solo, em áreas
alagadas periodicamente pelas águas do mar. São arbustos misturados a espécies arbóreas, quase
sempre de tronco muito fino e raízes aéreas. É nos mangues que se pratica a extração de caranguejos
como atividade econômica;
* nas restingas, misturam-se espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas, como a aroeira-de-praia e
o cajueiro, favorecendo a formação de dunas;

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* nas dunas, são comuns vegetais rasteiros, com raízes profundas e grande extensão horizontal,
formando verdadeiros cordões vegetais;
* nas praias, são comuns as espécies halófilas, que proliferam em lugares ricos em sal, como a salsa-
de-praia e o jundu, vegetação arbóreo-arbustiva do litoral paulista.

Problemas Ambientais:

Como todos os países do mundo, o Brasil também registrou uma intensa destruição do meio ambiente
ao longo de sua história. E as causas de tal destruição estão vinculadas intimamente ao modelo de
desenvolvimento econômico adotado desde o início da colonização. Aqui, da mesma forma que nos
países mais desenvolvidos, a busca do lucro foi sempre prioritária, em detrimento da natureza.
A expansão da agricultura demonstra, mais claramente do que qualquer outro processo, esse perverso
mecanismo de destruição. Em geral, o caminho para a implantação da imensa maioria dos cultivos é
aberto por um desmatamento descontrolado. Assim aconteceu com o cultivo da cana-de-açúcar na Zona
da Mata nordestina, durante o século XVI, quando foi devastada grande parte da Mata Atlântica; com o
cultivo do café em São Paulo, no século XIX, que repetiu essa mesma destruição no Sudeste; com o
cultivo da soja no Centro-Oeste, que em pouco mais de três décadas alterou radicalmente o ecossistema
do cerrado.

Principais Problemas Ambientais no mundo e no Brasil:


Os problemas ambientais no mundo podem ser divididos em três níveis:
a) alterações climáticas;
b) formas distintas de poluição;
c) extinção de espécies e desmatamento.
A Vida Cercada de Ameaças

Dentre as alterações climáticas podemos citar:

* Destruição dos Habitats – é a causa principal da crescente perda de biodiversidade no mundo.


Plantas e animais morrem em consequência da destruição do seus locais de origem;
* Efeito Estufa – provocado pela poluição, é acusado de ser o responsável pelo aumento da
temperatura e pelo degelamento das zonas polares, ameaçando a vida de várias espécies;
* Desertificação – cálculos alarmantes indicam que cerca de 1/3 das terras cultiváveis do mundo
acabará se desertificando;
* Exploração de Madeira – as motosserras que roncam nas florestas tropicais, da Amazônia às
ricas áreas vegetais da Malásia, devem seu vigor aos lucros obtidos com a extração ilegal de madeira;
* Sobrepesca Marinha – a pesca de arrastão, o envenenamento por resíduos tóxicos e a pesca
com explosivos estão entre as maiores ameaças à biodiversidade marinha;
* Caça – sob a mira dos caçadores, milhares de jacarés foram mortos. Várias espécies de
extinguiram ou estão ameaçadas por causa da caça;
* Urbanização e Crescimento – também são causadores diretos da destruição dos habitats. Cerca
de 92,7% da Mata Atlântica foi destruída em nome de urbanização;
* Poluição – a chuva ácida, o envenenamento dos rios e do ar das cidades, entre outros efeitos,
provocam a morte de peixes, pássaros, pequenos mamíferos e até seres humanos;
* Expansão de Pastagens – pastagens muitas vezes escondem a razão real da sua criação; a
ampliação de latifúndios. São perdidos 15 milhões de hectares de florestas tropicais a cada ano por
causa delas;
* Expansão da Fronteira Agrícola – enormes extensões de florestas tropicais são dizimadas a
cada ano, geralmente por meio de queimadas, em nome de monoculturas.

Os campeões da Biodiversidade

Apenas 17 das 200 nações existentes no mundo conseguem reunir 70% da diversidade biológica
do planeta. Países como o Brasil, Colômbia, Peru, Venezuela, Indonésia e Malásia, por possuir
grandes porções de florestas tropicais em seus territórios, concentram a maior parte da biodiversidade
terrestre.

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Formas de Poluição:

Do Ar – concentrado de dióxido de carbono pela queima de combustíveis fósseis;


Hídrica – contaminação dos rios, lagos e represas, onde são necessários muitos esforços para
despoluição;
Do Solo – por meio de resíduos (lixo) sólidos não-degradáveis, ou que demoram muito tempo para
desaparecer no ambiente, como o vidro, que leva cerca de 5 mil anos para se decompor, ou ainda pelo
uso de componentes químicos. São as principais fontes de poluição do solo: inseticidas, solventes,
produtos farmacêuticos, plásticos, herbicidas, incineração de lixo, componentes eletrônicos, fluidos
hidráulicos, luzes fluorescentes, tintas, gasolinas, processamento de zinco e fertilizantes, baterias.

Legislação Ambiental

Preservação:
Impede qualquer interferência humana em um dado ambiente para evitar dano, degradação ou
destruição dos ecossistemas, áreas geográficas definidas ou espécies animais e vegetais.

Conservação:
Prevê o manejo sustentável, isto é, a exploração econômica de recursos de uma região, desde que
seja baseada em pesquisas e levantamentos e feita de acordo com certas normas e treinamento
específico, além de respeitar a legislação em vigor.

Poluição Sonora – principalmente nos grandes centros urbanos, dores de cabeça, mal-estar e
redução auditiva;
Poluição Visual – causada pelo excesso de placas, propagandas, outdoors, que tiram a atenção
principalmente dos motoristas, pode ser um dos motivos de acidentes de trânsito.
Extinção de Espécies e Desmatamento:
São estimados no mundo cerca de 5 milhões e 15 milhões, respectivamente, de exemplares de flora
e de fauna incluídos os microrganismos. Desse total, de 4 a 8 milhões seriam insetos, 300 mil plantas e
50 mil animais vertebrados, 10 mil aves, 5 mil anfíbios e 4 mil mamíferos.
O desmatamento, a caça e a pesca predatórias colocam em risco essas espécies.
O crescimento econômico e demográfico ampliam a demanda de espécies e pressionam a extinção.

São exemplos de Fauna Ameaçadas de Extermínio no Brasil:


* Aves:
Arara-azul, arara-azul-de-lear, ararajuba, ararinha-azul, gavião-real, guará, papagaio-charão,
papagaio-de-cara-roxa, pica-pau-de-cara-amarela, pica-pau-de-coleira, pintor-verdadeiro.

* Mamíferos:
Ariranha, jaguatirica, lobo-guará, mico-leão-dourado, muriqui, onça-pintada, tamanduá-bandeira, tatu-
canastra, uacari-vermelho, veado-campeiro.

* Répteis:
Lagartixa-de-areia, tartaruga-de-couro, tartaruga-de-pente, tartaruga-verde.

Importância das florestas


Constituem ecossistemas ricos em biodiversidade e sua destruição representa um grande risco
ambiental; pois, além de comprometer as espécies, a absorção de carbono é outra função muito
importante, que atua como filtros que limpam o ar dos gases causadores do efeito estufa.

As atividades agrárias, a construção de estradas e usinas hidrelétricas são as grandes


responsáveis pelos desmatamentos e queimadas.

A devastação das florestas


O processo de degradação ambiental no Brasil já ocorria no período colonial. Os portugueses iniciaram
a devastação das florestas brasileiras com a exploração do pau-brasil, que inseriu o país em uma série
de ciclos econômicos voltados aos interesses das metrópoles europeias.
A madeira era usada principalmente como matéria-prima para a fabricação de produtos para tingir
tecidos e para a fabricação de móveis. Calcula-se que mais de 80% das árvores de pau-brasil foram

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derrubadas, restando pequenas amostras, geralmente em áreas de preservação ambiental, nos Estados
do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia.
Essa árvore faz parte de uma complexa formação florestal, a Mata Atlântica, que foi o primeiro
elemento do ambiente brasileiro agredido pela ocupação humana.
A Mata Atlântica estende-se sobre um relevo de morros baixos, formação conhecida como “mares de
morros”. Dada a sucessiva ondulação do terreno, as árvores constituiriam uma proteção contra
deslizamentos de terra provocados por chuvas fortes. Posteriormente, esses morros não dispunham mais
dessa capa protetora de vegetação.
As últimas áreas de Mata Atlântica do interior de São Paulo foram destruídas pela expansão acelerada
da cafeicultura, na segunda metade do século XIX e no início do século XX.
Para fortalecer a fiscalização, surgiram diversas ONGs (organizações não-governamentais) que lutam
para implantar formas de manejo adequadas a essa região. Uma das mais conhecidas é a SOS Mata
Atlântica, que se transformou em uma entidade muito forte e organizada.

A questão Amazônica
Durante séculos, essa imensa parcela do espaço brasileiro representou uma fronteira preservada e
praticamente desabitada, a ser conquistada pela “civilização” que se ergueu no Centro-Sul do país.
Seus primeiros habitantes já haviam estabelecido uma forma equilibrada de relacionamento com a
gigantesca floresta. Se compararmos a sua forma de ocupação com aquela que viria a ser imposta por
nossa sociedade ocidentalizada, podemos observar que os índios viviam em harmonia com seu espaço.
As primeiras incursões de grande porte ocorreram no final do século XIX e início do século XX,
motivadas pela exploração da Hevea brasiliensis (seringueira). A região recebeu nessa época um grande
contingente de pessoas, mas as picadas (nome popular de uma trilha em ambiente florestal) e as poucas
estradas não resultaram em grande devastação. Podemos afirmar que até meados da década de 1970 a
Amazônia permaneceu preservada.
Nessa década, os governos militares brasileiros, segundo a doutrina de Segurança Nacional elaborada
por eles, acreditavam que era necessário ocupar a fronteira norte do país, pois temiam que, se
continuasse desabitada (os indígenas, numerosos na região, não eram levados em conta), a região
amazônica constituiria um grave risco estratégico.
Por isso foi implementado um plano de ocupação e aproveitamento da região. Em linhas gerais,
destacam-se os seguinte pontos:
* Criação da zona franca de Manaus;
* Promoção de uma reforma agrária;
* Construção da Transamazônica;
* Implantação de grandiosos projetos de exploração agrícola mineral.
Esse conjunto de iniciativas promoveu o “descobrimento” dessa importante parcela do território
nacional. Em meados da década de 1970 muitos agricultores do Sul dispuseram-se a emigrar para as
terras mais baratas do Centro-Oeste e para as bordas da Floresta Amazônica propriamente dita, fato que,
infelizmente, contribuiu de forma decisiva para agravar a devastação da área.
Na década de 1980 muitos grupos econômicos, especialmente empresas multinacionais e
especuladores, desencadearam o loteamento e a exploração desse importante conjunto de terras
florestadas. Vários desses grupos são madeireiras, que continuam devastando gigantescas áreas em
pouco tempo e criando imensas clareiras na floresta.
Na década de 1990, esse processo de degradação se acelerou devido à chegada de grandes
madeireiras da Malásia e da Indonésia. Sentindo o esgotamento dos recursos na Ásia, essas empresas
passaram a atuar na Amazônia, associando-se a grupos brasileiros e japoneses.
Já no século XXI grandes empresas de mineração ainda destruíam a cobertura vegetal para explorar
o subsolo. Nem sempre seus dirigentes consideravam a necessidade de recompor a área.

Os planos de manejo, obrigatórios no Brasil, apresentam estudos denominados EIA e RIMA


(Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto Ambiental, respectivamente) antes de
explorar qualquer área, dificilmente podem recuperar locais intensamente afetados, cujo aspecto
lembra as paisagens lunares.

O caráter predatório da agricultura e da pecuária itinerante também agride a floresta por meio das
queimadas, técnica antiquada para abrir espaços de forma rápida para o plantio e a criação.
Em muitos lugares a devastação está ligada à obtenção de carvão vegetal. Além disso, segundo muitas
denúncias e vários flagrantes policiais, essa atividade ainda utiliza trabalho escravo e trabalho infantil.

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De qualquer modo, a floresta continua correndo grave risco. Até 1970, somente 2% da mesma havia
desaparecido. Passados pouco mais de trinta anos, aproximadamente 20% já estavam devastados.
Esse rico ambiente bio diverso, posteriormente passou a gerar a cobiça de novos grupos econômicos.
O desenvolvimento da biotecnologia desviou para a Amazônia a atenção de inúmeros laboratórios e
órgãos de pesquisa de países ricos. Tais instituições têm o conhecimento de que o ambiente amazônico
contém plantas ainda pouco estudadas, om imenso potencial para a produção de medicamentos.
Apesar das dificuldades, tem-se desenvolvido uma consciência em relação a essa questão no Brasil.
Desde os anos de 1980, o líder seringueiro Chico Mendes, assassinado em 1988, fazia seguidas
denúncias sobre a atuação de fazendeiros e especuladores na região. Segundo Chico Mendes, os
mesmos eram a ponta-de-lança do grande capital, que vinha em busca de madeira, minérios e produtos
medicinais.
Assim, a partir de suas denúncias, surgiu a ideia de criar as chamadas reservas extrativistas, que
visavam alcançar o que atualmente chama-se desenvolvimento autossustentado ou desenvolvimento
sustentável.

Trata-se de garantir a exploração de recursos florestais para as populações locais, que tem
conhecimento e respeito do ritmo de regeneração das plantas e, portanto, são capazes de explorar
tais recursos sem devasta-los.

A questão da Água
Em nível mundial, é provável que a água tenha se tornado a questão mais debatida em todos os fóruns
de discussão sobre o meio ambiente. No Brasil, dois problemas têm gerado uma crescente preocupação
da sociedade: a deterioração sistemática dos recursos hídricos e sua crescente escassez.
A deterioração da qualidade dos recursos hídricos, especialmente nos rios e represas, é causada
principalmente pela poluição. Esta, por sua vez, tem como origem principal os esgotos urbanos e os
rejeitos agrícolas.
Os esgotos urbanos são produzidos tanto pelas residências quanto pelas empresas, principalmente
pelas indústrias.
A escassez da água tem como causa principal o mau uso desse recurso, especialmente o desperdício.
Outras causas são a ocupação das áreas de mananciais por loteamentos irregulares e a destruição das
matas que protegem as nascentes dos rios. Além disso, a expansão acelerada da agricultura tem
promovido a devastação da mata ciliar, a floresta nativa que acompanha o curso dos rios. Sem essa
vegetação, as margens dos rios ficam expostas à erosão pelas enxurradas, são destruídas e acarretam
o assoreamento dos leitos, que constitui a principal causa de diminuição do volume de água nos rios.
Os portos de areia, áreas de extração muito comuns nas várzeas dos rios que drenam terrenos
sedimentares, também causam assoreamento. Nessas várzeas de onde se extrai areia o rio forma
meandros e, portanto, fica mais lento, reduzindo sensivelmente o volume de água a jusante.

O impacto da Agricultura sobre o Meio Ambiente


A modernização da agricultura também causa profunda deterioração dos recursos hídricos, devido à
utilização de agrotóxicos em larga escala. É cada vez mais comum a utilização de insumos como adubos
químicos, pesticidas, inseticidas e herbicidas, que, uma vez aplicados nos cultivos, são levados pelas
águas das chuvas aos rios, além de penetrarem no solo e atingirem o lençol freático.
O Brasil ainda enfrenta muitos outros problemas ambientais oriundos da agricultura. É o caso das
queimadas, até hoje uma prática comum durante a colheita da cana-de-açúcar nos estados do Centro-
Sul. A fuligem produzida por elas atinge as cidades e provoca uma verdadeira “chuva negra”, que polui o
ar e suja as roupas estendidas nos varais das residências. A queimada também destrói os nutrientes do
solo, o que exige uso ainda maior de produtos químicos sob forma de adubos e corretivos; cria-se,
portanto, um risco maior de poluição do mananciais.
A monocultura acelera também o processo de erosão do solo. Ao longo dos anos, esse processo dá
origem às voçorocas – profundos e extensos sulcos na terra resultantes da ação das enxurradas sobre o
solo desprotegido. Os prejuízos decorrentes desse fenômeno são enormes: terras cultiváveis e férteis
simplesmente desaparecem, transformando-se em milhões de toneladas de areia que vão assorear os
rios, ao mesmo tempo que geram a desertificação de extensas áreas, como o sudoeste gaúcho, antes
recoberto por pastagens e plantações de soja.
Finalmente, faz-se necessário o registro da expansão rápida da cultura da soja nos estados das
regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil.

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Poluição litorânea
A pior agressão à biomassa litorânea tem sido a ocupação humana do litoral. O crescimento das
cidades na faixa costeira foi uma das marcas do processo de ocupação do território no Brasil, onde
concentrava-se a maior parte da população.
Os grandes e pequenos aglomerados que lá se instalaram quase sempre comprometem a diversidade
da vida e o equilíbrio do ambiente. Em muitos pontos da costa, as cidades litorâneas se desenvolveram
sem nenhum planejamento, e a rede de água e esgoto não foi suficientemente organizada para apresentar
um modelo satisfatório de qualidade d vida.
Uma das situações mais graves envolve a sobrevivência dos manguezais, formações vegetais que se
erguem nas áreas de encontro entre as águas dos rios e do mar, um ambiente muito rico para a
reprodução de inúmeras espécies. Os solos extremamente permeáveis, constituídos por uma profunda
camada de lama, permitem o desenvolvimento de plantas de médio porte, criando um bioma único, cujos
ecossistemas têm equilíbrio muito frágil.

Bioma é uma porção da superfície terrestre que se individualiza geograficamente na paisagem


natural, pois apresenta características de clima, solo, vegetação e fauna que a tornam única.

Problemas ambientais urbanos


Os problemas ambientais também são dramáticos nas cidades brasileiras. No Estado de São Paulo,
metade dos municípios ainda utiliza aterros sanitários (lixões). Tal fato é muito preocupante, uma vez que
o chorume – resíduo altamente tóxico produzido pela decomposição do lixo urbano – pode facilmente
penetrar no subsolo e, consequentemente, contaminar os recursos hídricos. Esse problema é
particularmente grave nas cidades em que a maior parte da água consumida provém de lençóis freáticos
pouco profundos, facilmente contaminados por aterros sanitários.
Em tempos mais remotos, o lixo era produzido em pequenas quantidades e era basicamente composto
por sobras de alimentos.
A Revolução Industrial e a chegada da “era dos descartáveis” aumentaram o voluma de resíduos, que
hoje são variados e vão desde embalagens de plástico, papel, até móveis, calçados, pneus,
eletrodomésticos, implementos de informática e o próprio computador.
A desova clandestina do lixo não respeita os lugares e a natureza é vítima do descaso.
O destino do lixo é um problema: as propostas para soluciona-lo sempre trazem algumas
desvantagens ou colocam em risco a saúde pública, poluem o solo, a água e o ar.

Lixões ou vazadouros a céu aberto:


São mais comuns, mas possuem aspectos negativos: são poluidores e exalam um cheiro fétido no
ar;

Aterros sanitários:
Têm resíduos compactados e cobertos com terra, sã ode baixo custo, mas se não forem bem
administrados, podem se transformar em depósitos de ratos e insetos;

Incineração:
Transforma o lixo em cinzas, diminui o volume, mas tem um alto custo e a fumaça polui o ar;

Compostagem:
Consiste em transformar restos de comida, esterco de animais e podes de árvores em adubo;
também reduz o volume e pode ser usada como cobertura para aterros sanitários, mas o processo é
lento, e os gases que produz exalam mal cheiro;

Reciclagem:
Considerada a solução ideal pelo governo e por ecologistas, consiste no processamento e
reaproveitamento de determinados produtos. Mas, para tanto, algumas providências terão de ser
tomadas, como a coleta seletiva, reutilização de vasilhames, latas, sacolas, doação do que não se
usa, não atirar as coisas aleatoriamente, entre outras medidas.

Desertificação
É o empobrecimento dos ecossistemas áridos ou sub úmidos em virtude do efeito combinado das
atividades humanas e da seca (Nairóbi, 1077).

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É a degradação das terras áridas e semiáridas e sub úmidas resultante de vários fatores, incluindo
variações climáticas e atividades humanas (Rio/92).

Usualmente a desertificação manifesta-se através de:


* Redução da biomassa (aumento do solo nu);
* Elevação do albedo (índice de refração solar);
* Agravamento da erosão e empobrecimento do solo;
* Voçorocamento das encostas e assoreamento dos vales.

As causas são, basicamente, duas:


* Crescimento demográfico e pressão sobre os recursos, com destruição irreversível dos
ecossistemas;
* Anomalias de comportamento climático, resultando em mudanças significativas na distribuição
espacial e temporal da precipitação (Mudanças climáticas globais – Prof. José Bueno Couto).

“(...) é o poluidor obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os


danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da
União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos
causados ao meio ambiente”.
(Citado por Clarita Müller – Plantenberg e Aziz N. Ab`Sáber, Previsão de impactos, p. 81).

Bibliografia:
ANTUNES, Vera Lúcia da Costa. Geografia do Brasil: Quadro Natural e Humano. Coleção Objetivo. Editora Sol.

GARCIA, Hélio Carlos; e GARAVELLO, Tito Márcio. Geografia do Brasil. 4ª edição: Anglo.

TAMDJIAN, James Onnig. Geografia geral e do Brasil: estudos para compreensão do espaço. São Paulo: FTD.
Questões

01. (MPOG – Geógrafo – CESPE/2015) O clima do Brasil, fortemente influenciado pela intensidade
de interferência das massas de ar equatorial, tropical e polar, pode ser dividido em: equatorial úmido,
tropical seco e úmido, tropical seco, litorâneo úmido e subtropical úmido. A maioria dos estados brasileiros
apresenta um ou dois tipos climáticos, com exceção da Bahia que apresenta três tipos.
Com relação a essas classes climáticas do Brasil, julgue o item que se segue.
No estado do Mato Grosso, predominam os climas equatorial úmido e tropical seco e úmido.
(....) Certo (....) Errado

02. (MPOG – Geógrafo – CESPE/2015) O clima do Brasil, fortemente influenciado pela intensidade
de interferência das massas de ar equatorial, tropical e polar, pode ser dividido em: equatorial úmido,
tropical seco e úmido, tropical seco, litorâneo úmido e subtropical úmido. A maioria dos estados brasileiros
apresenta um ou dois tipos climáticos, com exceção da Bahia que apresenta três tipos.
Com relação a essas classes climáticas do Brasil, julgue o item que se segue.
O clima predominante no bioma Pantanal é o equatorial úmido.
(....) Certo (....) Errado

03. (MPOG – Geógrafo – CESPE/2015) O clima do Brasil, fortemente influenciado pela intensidade
de interferência das massas de ar equatorial, tropical e polar, pode ser dividido em: equatorial úmido,
tropical seco e úmido, tropical seco, litorâneo úmido e subtropical úmido. A maioria dos estados brasileiros
apresenta um ou dois tipos climáticos, com exceção da Bahia que apresenta três tipos.
Com relação a essas classes climáticas do Brasil, julgue o item que se segue.
Na região litorânea brasileira, que se estende do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, predomina
o clima litorâneo úmido, com chuvas denominadas orográficas, cujo volume atinge médias anuais em
torno de 1.500 mm.
(....) Certo (....) Errado

04. (TJ/PR – Titular de Serviços de Notas e de Registros – IBFC) Acerca dos tipos climáticos do
Brasil, assinale a opção incorreta:
(A) São eles: clima equatorial, tropical, tropical litorâneo, tropical de altitude, tropical semiárido e
subtropical.

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(B) O clima equatorial é encontrado em altas latitudes, nas proximidades da linha do Equador, na
região amazônica e se caracteriza pelas elevadas temperaturas e alta amplitude térmica.
(C) Friagem é a diminuição atípica da temperatura, oriunda de Massa Polar Atlântica, fria e úmida, que
se desloca pela depressão do Chaco, entre a Cordilheira dos Andes e o Planalto Central do Brasil,
alcançando a região Norte do Brasil.
(D) O clima subtropical ou temperado ocorre ao sul do Trópico de Capricórnio e sofre influência da
massa Polar Atlântica, com as quatro estações do ano bem definidas.

05. (Adaptada) Explique as características e as causas da ocorrência do clima subtropical no Brasil.

06. (Adaptada) Segundo uma organização mundial de estudos ambientais, em 2025, “duas de cada
três pessoas viverão situações de carência de água, caso não haja mudanças no padrão atual de
consumo do produto”.
Uma alternativa adequada e viável para prevenir a escassez, considerando-se a disponibilidade global,
seria:
(A) Desenvolver processos de reutilização de água.
(B) Explorar leitos de água subterrânea.
(C) Ampliar a oferta de água, captando-a em outros rios.
(D) Captar águas pluviais.
(E) Importar água doce de outros estados.

Respostas

01. Resposta: Correto.


Basta associar à vegetação predominante: Floresta Amazônica e Cerrado;
Clima Equatorial Úmido: Floresta Amazônica.
Clima Tropical Seco e Úmido: Cerrado.
02. Resposta: Errado.
No Pantanal, o clima, predominantemente tropical, apresenta características de continentalidade, com
diferenças bem marcantes entre as estações seca e chuvosa.

03. Resposta: Errado.


O Clima Litorâneo ou úmido se estende pela região costeira do estado do Rio Grande do Norte ao
Estado de São Paulo, e não até o Rio Grande do Sul.

04. Resposta: B.
O clima equatorial é aquele que ocorre a baixas latitudes (ou seja, na região próxima a Linha do
Equador) com a Amazônia.
As principais características das regiões de clima equatorial são a alta temperatura e umidade durante
o ano todo, esta última, resultado dos altos índices de evaporação provocados pela temperatura que fica
em torno de 26°C o ano todo, com muito pouca variação.

05. Resposta:
As características do clima subtropical são:
* Temperatura média anual baixa, oscilando entre 16ºC e 20ºC;
* Amplitude térmica relativamente acentuada;
* Chuvas regularmente distribuídas nas quatro estações;
* índices pluviométricos entre 1.700-1.900mm/anuais.
A existência deste clima no Sul do País está ligada à posição geográfica (região situada ao sul do
Trópico de Capricórnio) e à maior penetração da massa de ar Polar atlântica (mPa).

06. Resposta: A.
Com a tendência do crescimento do consumo per capita e do aumento da população absoluta, a
escassez de água é, nas próximas décadas, algo iminente. A questão não se restringe apenas em ampliar
o volume de água disponível nem remanejar os depósitos conhecidos à disposição, com captação de
água subterrânea ou de lugares distantes. É imperativo utilizar racionalmente os recursos hídricos, e a
reutilização da água é a forma mais viável.

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População Brasileira

Quem são os brasileiros?

A formação do povo brasileiro

Diversos intelectuais buscam definir o que seria o povo brasileiro. Obviamente, essa tarefa não parece
ser uma das mais fáceis, levando em conta a diversidade étnica e cultural da nossa população, além do
processo histórico de povoamento das diversas regiões do país.
Se adotarmos como critério o tempo de ocupação, os indígenas foram os primeiros habitantes do que
hoje é o território brasileiro. Porém, os indígenas dividem-se em diversos grupos étnicos, logo é impossível
afirmar que eles representam uma única nação, pois não possuem os mesmos vínculos históricos e
culturais.
Atualmente representam a menor parcela da população do Brasil e vivem em áreas menores e
diferentes daquelas que ocupavam em 1500. Observe o mapa abaixo.

Brasil: povos indígenas na época do descobrimento

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Mapa-dos-Povos-Indigenas-na-Epoca-do-Descobrimento.jpg.

Para conhecer as características e as diferenças da população brasileira, é necessário compreender


como se deu o processo histórico de povoamento da região que hoje é o Brasil.

A população no Brasil Colonial

O território do Brasil atual era ocupado exclusivamente por povos indígenas até o início do Século XVI.
Mesmo após a chegada da primeira embarcação portuguesa na região no ano de 1500, comandada por
Pedro Álvares Cabral, a Coroa portuguesa não promoveu nenhuma política concreta de colonização do
local até 1530.
Estima-se que, no final do século XVI, a população branca na Colônia era de cerca de 30 mil
habitantes, concentrada no litoral, especialmente na região correspondente ao atual Nordeste brasileiro,
na época o centro econômico do país. Entre os imigrantes portugueses, estavam: nobres e pessoas ricas
ligadas à produção de açúcar ou à administração da Colônia; membros do clero; aventureiros; e pessoas
condenadas por crimes em Portugal.
Nesse mesmo século, parte da Colônia portuguesa foi ocupada por franceses que se estabeleceram
na região do Rio de Janeiro. Mais tarde, a França também ocupou a região do Maranhão, entre os anos
de 1594 e 1615 – enviando colonos para lá.

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No período colonial, o número de mulheres brancas que imigravam para a Colônia não era muito
significativo – uma vez que as terras na América eram vistas como selvagens e perigosas pelos europeus.
Dessa forma, a Coroa portuguesa enviava garotas órfãs para se casarem com os brancos que aqui viviam.
O pequeno número de mulheres brancas solteiras na Colônia foi um dos motivos que levaram à
miscigenação dos colonos europeus com mulheres indígenas ou negras – que, por serem escravas,
muitas vezes eram forçadas a tal pelos homens brancos. Com isso, ao longo do período colonial, ocorreu
a formação de uma população mestiça na Colônia.
Durante o século XVII, deu-se continuidade ao processo de colonização portuguesa no Brasil, de modo
que a ocupação de territórios no continente avançou para as regiões do Pará e do Maranhão (onde
também ocorreu um intenso processo de miscigenação).
Porém, entre 1630 e 1654, a região de Pernambuco foi ocupada por holandeses e também por judeus,
que imigraram para lá por conta da liberdade religiosa que o governo local lhes propiciava (algo que na
época não costumava acontecer em territórios católicos).
Após a expulsão dos holandeses de Pernambuco, a Coroa portuguesa buscou retomar as políticas de
povoamento, de modo a proteger a Colônia de novas invasões estrangeiras. Estima-se que no final do
século XVI a população branca na Colônia era de cerca de 100 mil pessoas, o que representava cerca
de 30% da população local. O restante era composto por negros, indígenas e mestiços.
Porém, com a descoberta de ouro em Minas Gerais e também nas atuais regiões de Goiás e Mato
Grosso, houve um grande aumento do fluxo migratório de europeus ao longo do século XVIII. Esses
imigrantes mudaram-se para o território brasileiro e povoaram as regiões das minas em busca de metais
preciosos e enriquecimento. Nesse período verificou-se um aumento significativo da população da
Colônia. As estimativas da tabela a seguir indicam que a população local passou a ser de 3,2 milhões de
habitantes no final daquele século.

A população do Brasil em 1798

Raça Número de habitantes Porcentagem do total da


população
Brancos 1,1 milhão 31,1%
Negros 1,9 milhão 61,2%
Indígenas 252 mil 7,3%
Total 3,2 milhões 100%

Os dados anteriores representam estimativas da população brasileira em 1798. Apesar de se


considerar os mestiços como negros ou indígenas, essa tabela nos fornece um panorama da demografia
colonial nesse período, separando a quantidade de população negra da indígena. A porcentagem da
população indígena é a mais baixa, enquanto, o número de brancos e negros é bem mais alto. É preciso
destacar que a maior parte dos habitantes do território brasileiro possuía origem africana – fossem eles
mestiços ou não.

A composição da população brasileira

O brasileiro no período pós-independência

Com a independência brasileira em 1822, o recém-criado Estado brasileiro tinha como difícil tarefa
manter a sua unidade territorial, combatendo movimentos separatistas. Para isso, era de fundamental
importância a criação de um sentimento nacional – inexistente até então. Em outras palavras, era
necessário que os habitantes das diversas regiões do Brasil se sentissem pertencentes a uma mesma
nação, com os mesmos vínculos históricos e culturais.
Não devemos esquecer que, até a independência brasileira, o sentimento de ser brasileiro não existia.
O único vínculo histórico que os habitantes possuíam era a relação com a Coroa portuguesa. Além disso,
em cada região do território, o processo de povoamento, miscigenação e desenvolvimento econômico e
cultural ocorreu de modo diferente. Ao longo do século XIX, portanto, a preocupação era promover a
construção da identidade brasileira e do entendimento sobre quem era o povo com o qual contávamos
para construir o país.
Até 1888, a sociedade brasileira esteve estruturada com base em relações escravocratas, nas quais
os negros eram considerados socialmente inferiores. Dessa forma, o fato de a população brasileira ser,
em sua maioria, afrodescendentes representava um incômodo para a elite local: branca e culturalmente
vinculada com a Europa.

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Assim como em outros países vizinhos, o debate sobre a construção da identidade nacional no Brasil
envolveu um embate ideológico: valorizar a cultura dos povos originários ou adotar como referência a
cultura europeia. No caso brasileiro, devido aos vínculos culturais da elite local, o modelo cultural europeu
foi adotado como ideal de civilização. Com isso, no século XIX, o Estado brasileiro passou a promover
gradualmente a imigração de colonos europeus, visando “embranquecer” a sua população.
Um dos primeiros fluxos migratórios foi o de colonos alemães para o Sul do país, nos estados do Rio
Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Em seguida, deu-se início a um intenso processo de imigração
de italianos nessas regiões e, principalmente, no estado de São Paulo.
Devido ao seu grande desenvolvimento econômico a partir da segunda metade do século XIX, São
Paulo passou a receber a maior parte do fluxo de imigrantes estrangeiros nesse período.
Em um primeiro momento, a região recebeu um intenso fluxo de italianos, que foram trabalhar nas
plantações de café no interior do estado. Posteriormente, os imigrantes italianos passaram a se dirigir
para as zonas urbanas em busca de emprego. O principal destino foi a cidade de São Paulo que, devido
ao seu crescimento econômico, possuía maior oferta de trabalho.
A partir do final do século XIX e no início do século XX, São Paulo recebeu diversos fluxos de
imigrantes europeus (entre eles espanhóis, portugueses e judeus), como também de sírios, libaneses e
japoneses. Mais tarde, ocorreria a migração de nordestinos para a região. Essa população tinha como
objetivo trabalhar em diversas atividades econômicas, como agricultura, comércio, indústria e construção
civil.

A população brasileira nos dias atuais

Atualmente, a população estimada do Brasil é de um pouco mais de 200 milhões de habitantes, número
que o classifica como o quinto país mais populoso do mundo.
Segundo dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes
ao ano de 2014, 51,3% da população brasileira à época, era feminina. Já os homens representavam
48,7% do total de habitantes.
Em relação à distribuição dos habitantes no território brasileiro, pode-se dizer que é um reflexo do
processo histórico de povoamento durante o período colonial, uma vez que há maior concentração nas
regiões onde historicamente houve maior desenvolvimento econômico. O mapa a seguir retrata esse
fenômeno.

Brasil: densidade populacional (2010)

Fonte: http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias.html?view=noticia&id=1&idnoticia=2501&busca=1&t=ibge-lanca-mapa-densidade-demografica-2010.

Como é possível notar, a maior parte dos habitantes ainda se concentra nas áreas próximas ao litoral,
principalmente nas regiões Sul e Sudeste, onde se localizam os maiores centros urbanos. O interior do

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país, que envolve grande parte da região Centro-Oeste e, sobretudo, Norte, continua sendo menos
povoado.
Segundo o mapa, é possível verificar que as capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Bahia
e Fortaleza, são áreas de grande concentração populacional. Desde a década de 1960, a maior parte da
população brasileira vive em zonas urbanas.
Dados de 2014 divulgados pelo IBGE indicam que cerca de 85,43% dos habitantes à época, moravam
em zonas urbanas – principalmente nas capitais de estados. Os 14,7% restantes estavam distribuídos
nas zonas rurais. As cidades são as regiões mais povoadas devido à sua maior oferta de emprego.
O crescimento da população brasileira também está vinculado aos variados fluxos migratórios
ocorridos em direção ao território brasileiro – os quais resultaram em diferentes tipos de migração.
Entre o final do século XIX e o início do XX, a região Sudeste do país, sobretudo a cidade de São
Paulo, foi a que recebeu o maior número de imigrantes. Esse fenômeno ocorreu graças ao
desenvolvimento econômico local, que possibilitou a criação de mais ofertas de trabalho. As cidades de
São Paulo e do Rio de Janeiro receberiam, mais tarde, uma grande leva de nordestinos, igualmente
atraídos pelo mercado de trabalho da região.
Devido ao seu processo histórico de povoamento da região e à miscigenação, a população brasileira
possui uma grande diversidade étnica e cultural.
Composição da população brasileira por cor de pele (2013)

Cor População Total Porcentagem da população


total do país
Branca 93,0 milhões 46,1%
Parda 90,6 milhões 45%
Negra 16,3 milhões 8,1%
Indígena ou 1,7 milhão 0,8%
amarela

Segundo os dados do IBGE apresentados na tabela anterior, a maioria da população brasileira declara
ser ou ter origem predominantemente branca; logo em seguida, há aqueles que afirmam ser pardos, ou
seja, frutos de qualquer mistura envolvendo brancos, indígenas ou negros. Em contrapartida, apenas
8,1% dos entrevistados consideram-se negros, e 0,8%, amarelos (de origem asiática) ou indígenas.
Em relação à distribuição populacional, pode-se dizer que o perfil étnico-cultural dos habitantes varia
consideravelmente de região para região no país. Essas diferenças estão diretamente relacionadas com
os processos de imigração e miscigenação que ocorreram nas diferentes regiões brasileiras a partir do
século XVI.
Na região Sul, por exemplo, a maior parte da população (76,8%) afirma ser de cor branca, o que se
deve em grande parte à imigração europeia na região: portugueses e espanhóis, durante o período
colonial; e alemães e italianos, no século XIX. Devido aos intensos fluxos migratórios que recebeu ao
longo da história, a região Sudeste é a que apresenta maior diversidade em termos raciais. Desde o
século XVIII, com a descoberta do ouro em Minas Gerais, e sobretudo no século XX, o Sudeste recebeu
tantos estrangeiros (europeus e asiáticos) como brasileiros de outras regiões (principalmente
nordestinos).
As regiões Norte e Nordeste são as que apresentam as maiores taxas da população parda (70,2% e
62,5%, respectivamente). No caso do Nordeste, a população parda se destaca. No Norte, a maior parte
da miscigenação ocorreu entre brancos e indígenas, devido às características históricas do povoamento
na região.
O número de indígenas no Brasil é maior nas regiões Norte e Centro-Oeste. Nesta última, a população
é predominantemente branca, parda também em função da miscigenação entre brancos e indígenas, e,
em menor escala, indígena.

O crescimento da população nos séculos XX e XXI

O processo de desenvolvimento econômico e urbano ocorrido no Brasil no século XX trouxe avanços


que resultaram no aumento significativo da expectativa de vida da população brasileira e na redução das
taxas de mortalidade. Esses avanços estão relacionados tanto à medicina como às infraestruturas
urbanas, como saneamento básico e água tratada, à maior produção de alimentos e à redução da
pobreza.
A redução das taxas de mortalidade no Brasil, associada ao alto número de nascimentos ainda
registrados no início do século XX, provocou um grande aumento populacional. Porém, a partir das

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décadas de 1940 e 1950, a população brasileira passou a apresentar uma diminuição de suas taxas de
natalidade e de fecundidade, o que reduziu a sua taxa de crescimento vegetativo.
A diminuição das taxas de natalidade observadas no Brasil indica que a nossa população vem
reduzindo o número de filhos. Esse fenômeno, associado ao aumento da expectativa de vida, tem
provocado um envelhecimento da população brasileira – uma vez que o número de jovens diminui e o
número de idosos aumenta.
A queda das taxas de natalidade no Brasil está relacionada a uma série de transformações culturais e
econômicas. Entre elas, pode-se destacar a inserção das mulheres no mercado de trabalho, o que fez
que muitas delas optassem por ter filhos mais tarde ou não tê-los. Da mesma forma, o elevado custo de
vida nas cidades, onde vive a maioria dos brasileiros, também levou à queda na média de filhos por
família.
Observe os gráficos abaixo, conhecidos como pirâmides etárias. Elas indicam a quantidade de
habitantes, homens e mulheres, em um país, por faixas etárias. As diferentes faixas etárias estão
mostradas no canto esquerdo da imagem. Já o número absoluto de homens e mulheres correspondentes
a cada faixa etária está indicado na parte inferior dos gráficos.
A base dos gráficos representa a quantidade de pessoas jovens no país. Já as partes superiores
mostram a proporção de pessoas mais velhas. Quanto maior (ou mais larga) a base desse gráfico, maior
é a proporção de jovens na população local. A mesma lógica aplica-se às regiões intermediárias e
superiores do gráfico, que representam as populações adulta e idosa, respectivamente.
Os gráficos indicam o perfil da população brasileira em 2013 e quais são as mudanças previstas para
2040 e 2060, com base em estudos feitos pelo IBGE. É possível verificar que o crescimento vegetativo
brasileiro continuará diminuindo progressivamente até a década de 2040. Dessa forma, a população do
país crescerá cada vez menos até esse período. A partir de 2040, espera-se que o número de habitantes
do país diminua, por causa das taxas de natalidade que serão menores do que as de mortalidade,
resultando em um crescimento vegetativo negativo.

Fonte: https://fernandonogueiracosta.files.wordpress.com/2010/12/pirc3a2mides-etc3a1rias-absolutas.png.

A dinâmica demográfica do Brasil torna-se mais compreensível a partir da análise de dois processos
que a compõem:
* Crescimento vertical, mais conhecido como crescimento vegetativo;
* Crescimento horizontal, resultante dos fluxos migratórios internacionais.

O comportamento das populações muda ao longo do tempo, bem como o ritmo de sua dinâmica. Por
isso, o estudo da população sempre acompanha as mudanças históricas.
Geralmente, toma-se como ponto de partida o período posterior à Segunda Guerra Mundial, quando
profundas transformações socioeconômicas afetaram o Brasil, provocando grandes variações na
dinâmica demográfica.

O Crescimento vegetativo de um país é o índice que resulta da diferença entre a taxa de


natalidade e a de mortalidade observadas num determinado período. Pode ser, portanto, positivo ou
negativo.

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O Crescimento horizontal de um país resulta da diferença entre o total de imigrantes e o de
emigrantes registrada num dado período. Pode ser, também, positivo ou negativo.

Envelhecimento Populacional e Previdência Social no Brasil

No Brasil, o déficit da previdência aumenta a cada ano, pois, se por um lado há um aumento da
expectativa de vida da população, por outro, há uma grande quantidade de trabalhadores que não são
contribuintes do sistema previdenciário – em 2001, os não – contribuintes perfaziam 50% da população
ocupada em alguma atividade econômica.
Mas a mudança na dinâmica demográfica, por si só, não explica os problemas da previdência social.
O sistema permite alguns milhares de aposentadorias extremamente elevadas ao lado de milhões de
aposentadorias miseráveis.
Além disso, a previdência foi fraudada durante décadas e não são raros os casos de quadrilhas
formadas no Brasil para roubar o sistema previdenciário.

Referências Bibliográficas:
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.

Questões

01. (Colégio Pedro II – Segmento do Ensino Fundamental – Colégio Pedro II/2016) A pirâmide
etária representa a estrutura de uma população por gênero e por idade. Observe as pirâmides etárias do
Estado do Rio de Janeiro em dois momentos distintos.

As alterações na base e no topo da pirâmide têm como causa, respectivamente


(A) o aumento da natalidade e o aumento da expectativa de vida.
(B) a queda de natalidade e o aumento da expectativa de vida.
(C) o aumento da natalidade e a diminuição da expectativa de vida.
(D) a queda da natalidade e a diminuição da expectativa de vida.

02. (SEDU/ES – Professor de Geografia – FCC/2016) Segundo relatório do IBGE, a taxa de


mortalidade infantil (TMI) de crianças entre 0 e 5 anos de idade era de 53,7 mortes por mil nascidos vivos
em 1990 e passou para 17,7 em 2011. O relatório mostra que a queda mais significativa registrada da
mortalidade na infância ocorreu na faixa entre um e quatro anos de idade.
A leitura do texto e os conhecimentos sobre a dinâmica demográfica brasileira permitem afirmar que
(A) em 2011, o Brasil atingiu a meta de redução da TMI prevista pelos Objetivos do Milênio
estabelecidos pela ONU.
(B) a redução da TMI observada no período 1990-2011 teve grande influência no crescimento
demográfico do país.
(C) ao longo do período 1990–2011 pôde-se constatar uma relativa homogeneização das TMI em todas
as regiões do país.

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(D) a queda da TMI em duas décadas possibilitou ao Brasil tornar-se o país com menores TMI em toda
a América Latina.
(E) a diminuição da TMI produz inúmeras consequências, dentre as quais o aumento da base da
pirâmide etária do Brasil.

03. (IBGE – Recenseador – CESGRANRIO) Com relação à expectativa de vida dos brasileiros, os
recenseamentos do IBGE comprovam que, nos últimos anos, verificou-se
(A) retrocesso significativo.
(B) estagnação relativa.
(C) desaceleração abrupta.
(D) aumento progressivo.

04. (SEE/MG – Professor de Geografia – FCC) Observe o gráfico.

Os dados do gráfico estão corretamente interpretados em:


(A) O excesso de população em relação à capacidade de produção agrícola do território explica a
projeção do IBGE para a possível redução da população brasileira a partir de 2040.
(B) Fatores como a urbanização e a entrada da mulher no mercado de trabalho ajudam a explicar a
tendência na dinâmica populacional brasileira de redução do crescimento da população.
(C) As melhorias na economia brasileira a partir de 1990 explicam a aceleração do crescimento
populacional, enquanto se espera uma crise econômica a partir de 2040.
(D) O aumento da população brasileira desde a década de 1950, apesar da redução do crescimento
vegetativo, é explicado pela lenta, porém contínua, entrada de imigrantes no País.

05. (IF/SE – Analista – IF/SE) O Brasil já ultrapassou a etapa de elevado crescimento vegetativo e,
sob o impacto da urbanização, apresenta redução contínua das taxas de natalidade. Essa dinâmica da
sociedade brasileira tem repercussões na estrutura etária e exerce influência sobre as políticas públicas.
A partir da reflexão sobre o texto e de seus conhecimentos sobre a sociedade brasileira, aponte a
afirmativa correta:
(A) Atualmente, verifica-se na população brasileira um gradual aumento das taxas de natalidade.
(B) A população brasileira é, hoje, predominantemente urbana e a força de trabalho concentra-se no
setor secundário da economia.
(C) As habitações e o intenso favelamento das cidades diminuíram em face das medidas
governamentais preventivas e das políticas públicas que favorecem a população mais precária.
(D) Com relação às tendências do mercado de trabalho, no Brasil, há uma redução expressiva do
número de pessoas ocupadas no mercado informal do trabalho.
(E) Umas das razões da mobilidade populacional brasileira está na diferença de desenvolvimento
econômico existente entre as várias regiões do país.

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06. (ABIN – Agente de Inteligência – CESPE)

Com auxílio dos dados apresentados no gráfico, que mostra a pirâmide etária brasileira no ano de
2000 e a sua projeção para 2020, julgue o seguinte item.
Observa-se uma previsão de diminuição da população brasileira até 2020.
(....) Certo (....) Errado

07. (ANTT – Especialista em Regulação – CESPE) Julgue o seguinte item, relativo ao perfil da
população brasileira, incluindo suas desigualdades.
Um novo padrão de ocupação do território revela acelerado processo de urbanização e de
concentração da pobreza em áreas urbanas. A atual dinâmica demográfica acentua a concentração
populacional nas grandes cidades e em cidades de porte médio que compõem a rede urbana brasileira,
com o consequente esvaziamento do campo e mudanças na natureza e na concentração da pobreza.
(....) Certo (....) Errado

Respostas

01. Resposta: B.
A expectativa de vida da população brasileira aumentou bastante nos últimos anos. De acordo com o
IBGE, atualmente, a média de vida de um cidadão brasileiro é de 75,5 anos. Vários são os fatores que
propiciaram isso: o crescimento econômico do país, melhor distribuição da renda, melhor acesso aos
sistemas de saúde (tanto público quanto privado), desenvolvimento de novos medicamentos, acesso à
água tratada e esgoto, etc.

02. Resposta: A.
O Brasil alcançou com antecedência mais dois Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)
fixados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para 2015: reduzir pela metade a população sem
acesso a saneamento e em dois terços a mortalidade até cinco anos de idade.
Segundo o relatório nacional, conseguiu atingir a meta em 2011, reduzindo os óbitos de 53,7 para 17,7
em mil.

03. Resposta: D.
A esperança de vida dos brasileiros aumentou, isso segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística). Vários foram os fatores que propiciaram essa ascensão, dentre muitos, o crescimento
econômico do país, acesso à água tratada e esgoto, aumento do consumo, entre outros.

04. Resposta: B.
A partir daquela década, as taxas de crescimento começaram a declinar até atingir 1,6%, conforme
resultados do Censo de 2000 – e continuam em queda.
Esse declínio, deve-se à maior inserção da mulher no mercado de trabalho, à disseminação do uso de
pílulas anticoncepcionais, ao aumento do número de abortos provocados e à esterilização de mulheres,

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entre outros fatores, relacionados ao rápido processo de urbanização que caracterizou o Brasil na
segunda metade do século passado.

05. Resposta: E.
(A) Atualmente, verifica-se na população brasileira uma gradual diminuição das taxas de natalidade.
(B) A população brasileira é, hoje, predominantemente urbana e a força de trabalho concentra-se no
setor terciário da economia.
(C) As habitações e o intenso favelamento das cidades aumentaram em face das medidas
governamentais preventivas e das políticas públicas que favorecem a população mais precária.
(D) Com relação às tendências do mercado de trabalho, no Brasil, há um aumento expressivo do
número de pessoas ocupadas no mercado informal do trabalho.

06. Resposta: Errado.


Há uma redução da natalidade, mas isso não significa necessariamente que a população se reduzirá.
Apesar de nascerem menos pessoas que antes, elas vivem muito mais tempo, gerando, portanto, um
aumento da população mais velha.
A população brasileira continuará crescendo, ainda que em ritmo menos acelerado.

07. Resposta: Certo.


A atual dinâmica demográfica acentua a concentração populacional nas grandes cidades e em cidades
de porte médio que compõem a rede urbana brasileira, entre outros fatores, relacionados ao rápido
processo de urbanização que caracterizou o Brasil na segunda metade do século passado.

Atividades Econômicas

A ocupação do território brasileiro por meio das atividades econômicas

Nos primeiros 30 anos depois da chegada dos portugueses ao território brasileiro, Portugal não deu
grande atenção a essas terras.
Na época era prioritário o comércio com o Oriente, cujas especiarias propiciavam lucros muito
elevados. Mesmo assim, nesse período, foram enviadas ao Brasil algumas expedições de
reconhecimento e de defesa: era preciso garantir as novas terras ante a cobiça de outras nações
europeias.

A exploração do pau-brasil

Como os portugueses não encontraram nos primórdios da colonização os tão desejados metais
preciosos, pois as reservas de ouro e de prata estavam longe do mar e dos olhos dos conquistadores –
ao contrário do que ocorreu nas possessões espanholas -, estes decidiram explorar de imediato o que
fosse mais fácil. Começaram, então, a extrair pau-brasil – árvore abundante no litoral, cujo extrato era
usado, na forma de pó, como corante para tecidos.
No entanto, o processo de exploração do pau-brasil mostrou-se extremamente nocivo, uma vez que,
além de não estimular a ocupação efetiva do território, acarretou rápida devastação da Mata Atlântica.

A produção de cana-de-açúcar

Ainda no século XVI, o comércio com o Oriente deixou de oferecer os lucros desejados. Isso estimulou
os governantes portugueses a explorar economicamente as terras do Brasil, cultivando algum produto
que alcançasse grande valor no mercado europeu.
O primeiro produto escolhido para a produção foi o açúcar. Portanto, foi iniciado o plantio de cana-de-
açúcar, produto bastante conhecido dos portugueses, uma vez que já era cultivada por Portugal em
algumas ilhas do Atlântico.
Para viabilizar essa atividade econômica, a partir de 1532, a monarquia portuguesa começou a
procurar investidores que se comprometessem a ocupar as terras brasileiras e torná-las produtivas.
Observe, no mapa a seguir, a distribuição das atividades econômicas no Brasil do século XVI e
compare com o mapa das capitanias hereditárias.
As capitanias, entre 1534 e 1536, foram doadas em sua maior parte para fidalgos e comerciantes
portugueses, que deviam arcar com a maior parte dos gastos da ocupação.

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Brasil: economia (século XVI)

Fonte: https://fichasmarra.files.wordpress.com/2010/03/1.jpg.

As capitanias hereditárias estendiam-se do litoral até a linha limítrofe do Tratado de Tordesilhas. Cabia
aos donatários povoá-las, atraindo outros colonizadores.

Capitanias Hereditárias

Fonte: https://2.bp.blogspot.com/-7vjyDBxKj7s/V8ygfZs3uKI/AAAAAAAA12I/XIrdbYZq
6tIRUsjwAXfjaW6woZH4REKxwCLcB/s1600/mapa%2Bcapitanias.gif.

No entanto, o comércio do açúcar promoveu o progresso de poucas capitanias. Muitas delas não
conseguiram resolver os problemas com nações indígenas, que lutavam por suas terras e sua cultura, o
que afastava possíveis colonizadores.
Outras não tinham solos nem climas apropriados ao plantio da cana-de-açúcar, e algumas não
chegaram sequer a despertar o interesse de seus próprios donatários.

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As únicas capitanias que tiveram grande desenvolvimento em razão da produção do açúcar foram as
de São Vicente e Pernambuco. A de São Vicente já contava com uma vila (fundada em 1532) e pôde
desenvolver a criação de gado e o plantio de cana. Na capitania de Pernambuco, o plantio de cana-de-
açúcar foi mais rentável por causa de dois fatores: a maior proximidade com a Europa, o que agilizava e
barateava o transporte, e a existência, na Zona da Mata, de largas extensões de terra com solo massapé,
extremamente fértil.
Foi nessa época que começou a imigração forçada e violenta de trabalhadores negros africanos,
escravizados, que serviam no cultivo da terra e no trabalho dos engenhos, e, assim, propiciavam os
lucros exigidos pela economia europeia.
Pode-se afirmar que as capitanias hereditárias tiveram um resultado abaixo da expectativa de Portugal,
pois continuaram a existir imensas áreas do território brasileiro sem a presença de um único colonizador
europeu. Dessa maneira, para atender aos interesses de Portugal, era necessário providenciar outra
forma de ocupação humana e econômica do território.
O predomínio da economia açucareira no Brasil só chegaria ao fim por volta de 1680. Nessa época, o
preço do açúcar caiu muito na Europa, afetando diretamente todo o processo colonial brasileiro.

As Bandeiras interiorizam a colonização

Brasil: principais Bandeiras

Fonte: https://santarosadeviterbo.files.wordpress.com/2013/03/entradas-e-bandeiras.jpg.

O dinamismo econômico no Nordeste, decorrente da atividade açucareira, não se reproduziu com a


mesma intensidade na capitania de São Vicente. Ao contrário, após breve período de sucesso nessa
capitania, a economia com base na cana-de-açúcar entrou em declínio, e sua população teve de procurar
outras atividades econômicas.
A alternativa que ofereceu melhores resultados foi a das Bandeiras, denominação dada às expedições
que buscavam riquezas em lugares distantes do litoral. O apresamento de indígenas e a busca de metais
e pedras preciosas eram os principais objetivos das Bandeiras.
Os bandeirantes provocaram, num primeiro momento, o despovoamento de várias regiões do território,
massacrando e escravizando os indígenas. Além disso, disseminaram doenças que causaram grandes
epidemias, dizimando povos indígenas inteiros.
Em contrapartida, as Bandeiras ultrapassaram a linha do Tratado de Tordesilhas, deslocando as
fronteiras dos domínios portugueses no sentido oeste em relação ao antigo acordo.

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Foram também os bandeirantes, no fim do século XVII, que descobriram as riquezas minerais –
especialmente o ouro, em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso -, que seriam responsáveis pelo novo rumo
da economia colonial no século XVIII.

A pecuária no Nordeste

No Nordeste, durante o século XVII, paralelamente ao desenvolvimento dos engenhos de cana-de-


açúcar, surgiram outras atividades econômicas de grande importância.
Na Bahia, por exemplo, as plantações de fumo contribuíram para a ocupação e o adensamento
populacional do território.
Além disso, o fumo era usado pelos fazendeiros como produto de troca para obtenção de escravos.
Em alguns trechos do Sertão, surgiram lavouras de algodão, matéria-prima usada pelas pequenas
manufaturas de tecidos, fios e linhas, que surgiram no Nordeste para atender às necessidades dos
engenhos.
Outra relevante atividade econômica desenvolvida no Nordeste nessa época foi a criação de gado,
que contribuiu decisivamente para a interiorização do povoamento do Brasil colônia.
O crescimento dos rebanhos, principalmente bovinos, exigia muitas pastagens, fazendo com que o
gado se espalhasse pelo Sertão, ficando a Zona da Mata voltada, exclusivamente, para o cultivo da cana-
de-açúcar. Houve inclusive uma lei portuguesa de 1710 que proibia a criação de gado a menos de 10
léguas (60 quilômetros) do litoral. Dessa maneira, a pecuária complementou a economia açucareira e
iniciou a penetração território adentro, a conquista e o povoamento efetivos na colônia.
No século XVIII, no Sertão, os rebanhos se espalharam a partir das margens dos rios, principalmente
do Parnaíba e do São Francisco, o qual, por essa razão, ficou conhecido como “Rio dos Currais”. Curral
era o nome genérico dado às terras destinadas ao gado (observe no mapa abaixo as áreas de
desenvolvimento da pecuária).
Como os produtores da pecuária se destinavam ao mercado interno, principalmente aos engenhos, as
feiras de gado tornaram-se o elo entre os interesses de criadores e os senhores de engenho.

As Drogas do Sertão na Amazônia

Enquanto no Nordeste a economia açucareira prosperava, no Norte o foco econômico eram os


produtos extraídos da floresta. Chamadas de “Drogas do Sertão”, essas mercadorias eram basicamente
especiarias, como urucum, cravo, baunilha, canela e guaraná, mas também cascas, folhas e raízes com
propriedades medicinais, além de cacau, castanha-do-pará e madeiras valiosas.
As Drogas do Sertão constituíram a base da economia regional. Ao longo dos séculos XVII e XVIII, a
coleta desses produtos foi o principal estímulo para a ocupação da Amazônia. Em consequência, a região
amazônica foi incorporada à colonização portuguesa – com a criação da província do Grão-Pará e
Maranhão – e passou a abrigar vários fortes – bases militares portuguesas construídas para proteger a
região de invasores estrangeiros.
Esses lugares serviram como pontos de apoio para caçadores de índios, sertanistas que buscavam as
Drogas do Sertão, e jesuítas empenhados em catequizar os indígenas. Como os bandeirantes, esses
grupos também avançaram muito além do limite de Tordesilhas e conquistaram uma área que, por esse
tratado, pertencia, até então, à Espanha.

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Brasil: atividades econômicas (século XVIII)

Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_q1UTQKTEGpo/S7kV1n0m0kI/AAAAAAAAAO0/uoBf4FRgFLM/s1600/Imagem2.jpg.

O Ouro em Minas Gerais

No fim do século XVII, difundiu-se a notícia da descoberta de ouro em Minas Gerais (mapa abaixo),
que passou, então, a atrair muitos aventureiros. Os bandeirantes conheceram, por meio dos indígenas,
histórias que confirmavam a existência de pedras preciosas no leito dos rios.
Isso alarmou a monarquia portuguesa, que resolveu militarizar a área, temendo perder as riquezas lá
encontradas.
Em pouco tempo, milhares de pessoas já estavam explorando a região. Houve conflitos entre os
indígenas e os primeiros exploradores, que resultaram em mortes. Foi usada cada vez mais a violência
para expulsar os indígenas de suas terras, que guardavam enormes riquezas minerais.
No início, ouro e esmeralda eram encontrados em abundância nos leitos dos rios. Quando essas
riquezas se esgotaram nos leitos dos rios, os exploradores passaram a cavar a base das montanhas,
onde também encontraram muito ouro.
Esse tipo de exploração fez surgir minas profundas em inúmeros lugares que, em consequência,
passaram a concentrar importantes contingentes populacionais. Surgiram, assim, as primeiras vilas.
Esses pequenos povoados tinham uma grande variedade de prestadores de serviços e de comerciantes,
como ferreiros, marceneiros, pedreiros, trabalhadores braçais em geral.
Ao mesmo tempo, foram abertas estradas para permitir o escoamento dessas riquezas até os portos
de embarque do Rio de Janeiro e de Parati (RJ).

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Brasil colônia: rotas de abastecimento para as minas

Fonte: http://www.klepsidra.net/klepsidra4/tr-mapa.jpg.

A Pecuária no Sul

As grandes oportunidades de enriquecimento no Brasil colônia atraíram um número cada vez maior
de portugueses, fato que estimulava novas expansões territoriais.
No século XVII, por exemplo, os bandeirantes fizeram violentas incursões pelo sul do Brasil,
expulsando jesuítas e soldados espanhóis, aprisionando e matando milhares de indígenas.
Os jesuítas estavam na região para catequizar os indígenas. Para conseguir isso, os jesuítas
organizaram as missões. Também conhecidas como reduções, essas missões consistiam em
agrupamentos de moradias indígenas em torno de igrejas. Nelas, os indígenas cultivavam produtos
agrícolas e desempenhavam outras atividades econômicas. Além disso, obtinham formação religiosa.
Depois da expulsão dos jesuítas, em meados do século XVIII, a Coroa portuguesa acelerou o
povoamento da região. O primeiro passo foi estabelecer uma colônia de portugueses, sobretudo
açorianos, nos litorais dos atuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Posteriormente, foram trazidas outras levas de imigrantes para ocupar gradualmente regiões mais
interioranas do território. A criação de gado, inicialmente despretensiosa, prosperou rapidamente no
extremo sul, região dominada pelos Pampas gaúchos, ricas pastagens naturais que recobrem um relevo
suavemente ondulado (pequenas colinas denominadas coxilhas).
Desse modo, nos Pampas gaúchos, principalmente, prosperaram fazendas de criação de gado, as
estâncias, que mais tarde passaram a abastecer as cidades que se desenvolveram em Minas Gerais em
função da mineração do ouro.
Incursões territoriais como essas foram recorrentes durante o período colonial, fato que levou ao
rompimento definitivo do Tratado de Tordesilhas.

O café no Sudeste

O principal responsável pelas transformações econômicas, sociais e políticas ocorridas no Brasil na


segunda metade do século XIX foi outro produto agrícola de exportação: o café. Graças a ele, a economia
brasileira reintegrou-se nos mercados internacionais.

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O café contribuiu também para o incremento das relações assalariadas de produção e possibilitou a
acumulação de capital, que foi aplicado em sua própria expansão e em alguns setores urbanos, como a
indústria, por exemplo.
O cultivo e o comércio do café foram também responsáveis pela inversão na balança comercial
brasileira. Depois de uma história de constantes déficits, a balança comercial passou a apresentar
resultados positivos (superávits) entre 1861 e 1885.
O superávit desse período facilitou a obtenção de novos empréstimos, até então usados quase
exclusivamente para cobrir despesas do governo. A partir de 1861, os empréstimos passaram a ser
utilizados também no desenvolvimento interno do país, na construção de estradas e em outas obras
públicas.

A borracha na Amazônia

Na virada do século XIX para o XX, o Brasil já se encontrava inserido na economia internacional como
grande fornecedor de matérias-primas.
Desenrolava-se a Segunda Revolução Industrial, quando os inúmeros avanços técnicos ocorridos no
âmbito das grandes potências europeias demandavam enormes quantidades de matérias-primas.
Uma dessas mercadorias era a borracha, utilizada para abastecer a nascente indústria automobilística,
que necessitava de pneus, entre outras aplicações.
Sabe-se que o látex – matéria-prima para a fabricação da borracha – é extraído da seringueira, espécie
vegetal abundante na região amazônica. À medida que crescia a procura internacional por esse recurso,
mais e mais trabalhadores braçais eram atraídos para a Floresta.
Chegavam de toda parte, aos milhares, mas a maioria vinha do Nordeste, em busca de trabalho no
processo de extração do látex.
Seguindo o mesmo caminho dos primeiros exploradores, que buscavam as Drogas do Sertão, esses
trabalhadores – os seringueiros – avançaram para o oeste, sempre em busca de grandes seringueiras.
Assim, em 1877, chegaram ao território boliviano em grande número. Aproximadamente duas décadas
mais tarde, em 1899, os trabalhadores brasileiros foram violentamente repelidos pelas forças armadas
bolivianas.
Seguiram-se quatro anos de conflitos, que resultaram em muitas mortes dos seringueiros brasileiros e
de soldados bolivianos.
As hostilidades somente terminaram em 17 de novembro de 1903, com a assinatura do Tratado de
Petrópolis, pelo qual o Brasil adquiriu o estado do Acre.
O Acre foi uma das últimas grandes aquisições territoriais do nosso país. No início do século XX, o
Brasil já possuía as dimensões que tem hoje.

O espaço geográfico brasileiro

Espaço geográfico é todo meio, natural ou não, modificado pela ação humana pelo uso de técnicas.
Ao longo do tempo, as técnicas de modificação da natureza foram desenvolvidas e difundidas pelas
diversas sociedades humanas. Em consequência, praticamente toda a superfície terrestre transformou-
se em um único espaço geográfico.
Em geral, o espaço geográfico é construído com base nas atividades econômicas exercidas pela
sociedade. Assim, o espaço do Brasil pré-colonial estava adequado à organização indígena.
A aldeia era uma das representações dessa sociedade e o extrativismo era a principal atividade
econômica.
Com o passar do tempo, os europeus, especialmente os portugueses, desenvolveram novas formas
de ocupação do espaço, afetando a antiga organização socioeconômica dos indígenas.
A partir da segunda metade do século XVI, surgiram, na Zona da Mata, as pequenas vilas, que eram
aglomerações urbanas iniciais, os canaviais e os engenhos, fábricas de açúcar que funcionavam graças
à mão-de-obra dos escravizados.
Quanto mais a economia e a sociedade se desenvolviam, mais formas variadas de ocupação surgiam.
É o caso das fazendas de gado (chamadas genericamente de currais), que acompanhavam o curso do
Rio São Francisco, e, no século XVII, das missões ou reduções, que agrupavam os indígenas para
catequese no Sul.
No Sul, as estâncias de criação de gado garantiram a posse do território para os portugueses e foram
importantes para firmar os contornos atuais das fronteiras brasileiras.
No Norte, a construção dos fortes no Pará e no Maranhão, por sua vez, serviu de base para os
exploradores da Amazônia.

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Essas diferentes formas de ocupação e suas dinâmicas socioeconômicas determinaram as dimensões
territoriais do Brasil, servindo de apoio à interiorização do povoamento.
É importante preservar construções históricas como fortes, missões e casarões seculares, pois, além
de serem traços marcantes da identidade cultural brasileira, elas ajudam a manter viva a memória da
formação de nosso espaço geográfico.

Referências Bibliográficas:
TAMDJIAN, James Onnig. Geografia: estudos para compreensão do espaço. James Onnig Tamdjian; Ivan Lazzari Mendes. 2ª edição. São Paulo: FTD, 2013.

Questões

01. (EsSA – Sargento – Exército) No tocante as primeiras atividades econômicas desenvolvidas pelos
portugueses na colônia do Brasil, entre os anos 1501 a 1530, é correto afirmar que se destacaram como
atividade (s) principal (is)
(A) a exploração de ouro e pedras preciosas.
(B) a escravização do indígena.
(C) a extração das chamadas drogas do sertão e criação de gado.
(D) a extração e comercialização do pau-brasil.
(E) o cultivo de fumo e do café.

02. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) Escravidão negra, latifúndio e monocultura. No
início da década de 60 do século XX, afirmava-se ser esse o conjunto de fatores em que se assentara a
economia brasileira do século XVI ao XIX, como resultado da sua forma de integração ao mercado
mundial na qualidade de área subsidiária da Europa, como produtora de artigos tropicais e,
posteriormente, de metais preciosos. Essa visão, excessivamente reducionista, com frequência,
associava-se à atualmente criticada concepção dos ciclos econômicos. Não se negava, mas
minimizavam-se, em forma decisiva, a presença e a importância de outras relações de produção que não
a escravidão de africanos e de seus descendentes. Era uma historiografia que não vislumbrava a
considerável complexidade econômico-social brasileira.
Se considerarmos somente as partes do Brasil que, em cada época, concentram principalmente a
população e as produções coloniais, tornar-se-á possível perceber quatro fases no que concerne à
história do trabalho:
1) 1500-1532: período chamado pré-colonial, caracterizado poruma economia extrativista baseada no
escambo com os índios;
2) 1532-1600: época de predomínio da escravidão indígena;
3) 1600-1700: fase de instalação do escravismo colonial de plantation em sua forma clássica;
4) 1700-1822: anos de diversificação das atividades, em razão da mineração, do surgimento de uma
rede urbana, e de posterior importância da manufatura — embora sempre sob o signo da escravidão
dominante.
(Ciro Flamarion Santana Cardoso. O Trabalho na colônia. In: Maria Yedda Linhares (org.).
História geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1996, p. 78-9 (com adaptações)).

Considerando o texto acima como referência inicial, julgue os itens seguintes, relativos ao contexto
colonial brasileiro.
A leitura atenta do texto permite concluir que a mineração do século XVIII, embora tenha estimulado o
processo de interiorização da colônia, não foi capaz de promover o aparecimento de outras atividades
econômicas e nem mesmo o de uma sociedade menos ruralizada do que a existente no Nordeste
açucareiro.
(....) Certo (....) Errado

03. (SEE/MG – Professor – FCC) Leia o texto abaixo.


O nobre metal (...) provocou um afluxo formidável de gente, não só da metrópole como das capitanias
vizinhas. (...) Em 1709, era 30 mil o número das pessoas ocupadas em atividades mineradoras, agrícolas
e comerciais, sem falar nos escravos vindos da África e das zonas açucareiras em retração.
Com os olhos voltados para o ouro, (...) pode-se imaginar a fome que assolou essa população.
(Laura de Mello e Souza. Desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século XVIII. Rio de Janeiro: Graal, 2004. p. 41-42)

Segundo o texto, está correto afirmar que a sociedade mineradora

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(A) assemelhava-se à sociedade formada em torno da produção do açúcar, ambas marcadas pela
diversidade das atividades econômicas e intensa mobilidade social.
(B) caracterizou-se pela ausência de dinamismo e poucos conflitos entre os colonos e o governo
português, desinteressado por esse tipo de atividade econômica.
(C) provocou intenso deslocamento populacional, motivado pelo ouro de aluvião e atividades
econômicas paralelas à mineração, como a agricultura e o comércio.
(D) contou com uma produção artística precária, desprovida de religiosidade e marcada por valores e
princípios tradicionais da cultura portuguesa

Respostas

01. Resposta: D.
A extração e comercialização de pau-brasil, pelo sistema de “estanco”, foi a primeira atividade
econômica desenvolvida pelos portugueses na colônia do Brasil entre os anos 1504-1530.

02. Resposta: Errado.


Os pequenos povoados surgidos em decorrência da mineração tinham uma grande variedade de
prestadores de serviços e de comerciantes, como ferreiros, marceneiros, pedreiros, trabalhadores braçais
em geral.

03. Resposta: C.
A mineração fez surgir minas profundas em inúmeros lugares que, em consequência, passaram a
concentrar importantes contingentes populacionais. Surgiram, assim, as primeiras vilas.

Industrialização no Brasil

O processo de industrialização intensificou e acelerou as mudanças na organização espacial do mundo


e do Brasil.
O processo de industrialização concentrou atividades econômicas e população, acentuou processos
poluidores, desenvolveu tecnologias e novas formas de aproveitamento de recursos naturais e
intensificou a articulação entre os diferentes países num grande mercado mundial. Esse processo pode
ser considerado, junto com a Revolução Agrícola do Neolítico, a outra grande revolução pela qual passou
a sociedade humana.

Os tipos de indústria

A indústria moderna caracteriza-se pelo uso intensivo de diversos tipos de máquinas, o que possibilita
a produção de mercadorias em grande escala, e pode ser classificada em:

→ Indústria de transformação: são as indústrias responsáveis por transformar os bens naturais em


matérias-primas processadas. Elas produzem:
Bens duráveis: que são utilizados por bastante tempo, como carros, eletrodomésticos, móveis;
Bens não duráveis: possuem uma vida útil relativamente curta, como os alimentos e as peças de
vestuário;
Bens intermediários para a indústria de base: tais indústrias produzem manufaturas que virarão
produtos em outro setor industrial, por exemplo, a produção de aço para a indústria siderúrgica.

→ Indústria de construção: responsável pela construção de casas, edifícios, fábricas, aeroportos,


estradas e outras obras de engenharia.

→ Indústria de extração: refere-se àquelas indústrias que retiram da natureza os bens que usamos
em várias atividades econômicas, sem que haja significativa mudança em suas propriedades. Podem ser
indústrias de extração vegetal, pesca e mineração.

A Revolução Industrial em uma linha do tempo

Observe, a seguir, uma linha do tempo. Nela, você poderá ver como tardou para que o Brasil se
integrasse ao desenvolvimento industrial dos países capitalistas centrais.

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Início da Revolução Industrial A Segunda Revolução Terceira Revolução Industrial.
na Inglaterra, que iria se irradiar Industrial atinge a maior parte da Desenvolvimento da robótica, da
para a França e Bélgica. Europa, incluindo Itália e biotecnologia e dos meios de
Destaque para o setor têxtil e o Alemanha, chegando também comunicação revoluciona a
uso do carvão e máquinas a aos EUA e Japão. Na segunda produção industrial por todo o
vapor. metade do século XX, o Terceiro globo.
Mundo também se industrializa.

1750 A partir de 1850 A partir de 1930 A partir de 1980


O espaço brasileiro No Brasil, a A quebra da Bolsa As cidades de
estava consolidado expansão da cultura do de Nova York provoca Campinas e São José
como exportador de café exigia cada vez uma profunda crise dos Campos se
bens primários. mais braços do trabalho econômica entre os estabelecem como
escravizado. A cafeicultores centros de pesquisa
imigração europeia já brasileiros. tecnológica no Brasil.
havia se iniciado. Aproveitando-se dos
capitais oriundos do
café, da crise
econômica e da
existência de pequenas
oficinas criadas por
imigrantes,
notadamente em São
Paulo, tem início o
processo de
substituição de
importações no Brasil,
com crescimento
exponencial do parque
industrial a partir de
então.

A industrialização brasileira

Até o século XIX não houve um desenvolvimento autônomo do Brasil, pois o país estava atrelado aos
interesses de Portugal. Dessa forma, a industrialização brasileira, assim como a urbanização, chegou
tardiamente por aqui em comparação à Europa.
Embora no começo do século (mais precisamente em 1808, quando a família real portuguesa instalou-
se no Rio de Janeiro – fugindo das Guerras Napoleônicas e tornando o Brasil a sede do Império) D. João
tenha começado a incentivar a incipiente indústria brasileira, a concorrência com os produtos ingleses e
as barreiras impostas pelos proprietários de terras imobilizaram esse setor por mais um tempo.
Por isso, até o começo do século XX, o país caracterizou-se como um exportador de produtos
primários. O café, além de criar as condições econômicas necessárias para a indústria, também forneceu
as bases materiais para tal. Para exportar o café, criou-se uma rede ferroviária importante, sobretudo nos
estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Essa rede contribuiu também para a expansão urbana. O café
dominava o cenário econômico, e as elites até então não tinham interesse ou não possuíam condições
econômicas suficientes para investir no setor industrial.

A indústria só conseguiu desenvolver-se mais efetivamente graças a três processos complementares:


→ Acumulação de capital: a indústria é um setor econômico que necessita de demanda de
investimento inicial para investimento em maquinarias, na construção do espaço a ser utilizado, entre
outras coisas. O café foi o produto agrícola que gerou esse capital necessário para a indústria se
desenvolver, sobretudo no Sudeste, onde a cidade de São Paulo já funcionava como um espaço de
gestão do mercado cafeeiro e onde se concentrou a maioria dos investidores;

→ Mudanças nas relações de trabalho: em 1888 o trabalho escravo finalmente tornou-se ilegal no
Brasil, um dos últimos países no mundo a promover o fim da escravidão. A partir desse momento a
migração foi incentivada para suprir a demanda de trabalhadores no estado de São Paulo;

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→ Aumento da capacidade de consumo interno: uma vez assalariados, os trabalhadores passaram
a ter a capacidade de consumir os produtos que começaram a ser industrializados no Brasil.

A crise mundial de abastecimento na primeira metade do século XX, causada pelas Guerras Mundiais
(a primeira entre 1914 e 1918, e a segunda entre 1939 e 1945), também corroborou para que finalmente
entrássemos na era industrial. Como os países industriais estavam envolvidos no conflito, coube ao Brasil
começar a produzir produtos próprios. Foi dessa forma, para substituir as importações, que o Brasil
diminuiu paulatinamente a vinda de produtos de fora para começar a produção industrial em nosso
território.
O primeiro setor que se desenvolveu foi o de bens de consumo não duráveis, produzidos em um tipo
de indústria que não necessita de uma tecnologia muito complexa, tampouco de grandes investimentos.
Mas sua produção era muito dependente de tecnologia e maquinaria produzidas externamente.
O presidente Getúlio Vargas, que adotou uma política nacionalista em seus governos (1930-1945 e
1951-1954), criou as primeiras leis trabalhistas e buscou incentivar a indústria brasileira, desistindo da
busca de mão de obra imigrante a fim de incentivar a contratação de brasileiros para trabalhar nas
indústrias do Brasil. Vargas criou indústrias de base, como a Companhia Siderúrgica Nacional (1941),
responsável pela produção de aço, a então chamada Companhia Vale do Rio Doce (1942), de exploração
de minérios, e a Petrobras (1953), que extrai petróleo e seus derivados.
Posteriormente, no governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), foi criado o Plano de
Metas, que priorizou a indústria e o transporte em nível nacional, criando uma malha rodoviária no país.
Foi durante esse período que São Paulo se confirmou como a região industrial por excelência do país.
Kubitschek orientou a maior parte dos projetos de desenvolvimento industrial em São Paulo e também no
Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Naquele momento, estes eram os estados com as melhores condições
nos setores elétrico e de transportes e também que possuíam um mercado consumidor promissor.

A indústria no território nacional

Por causa da própria experiência na economia cafeeira, que criou condições materiais para o processo
de industrialização, a Região Sudeste, sobretudo o estado de São Paulo, concentrou desde o começo as
atividades industriais e acabou polarizando economicamente o setor industrial e o de serviços. Além
disso, o Brasil não possuía até então uma unidade territorial tão marcada, parecia mais uma espécie de
arquipélago, pois as regiões pouco se relacionavam economicamente entre si.
Ao longo do século XX, a indústria tornou-se o carro-chefe de nossa economia em nível nacional, tendo
a cidade como seu par espacial. A partir dos anos 1950, por causa da emergente indústria automobilística,
a rodovia substituiu a ferrovia como meio preponderante de circulação de mercadorias e pessoas. Devido
ao interesse das grandes empresas, e com o auxílio do Estado, expandiu-se a lógica do automóvel.
As rodovias foram direcionadas sobretudo para o interior, mesma concepção de construção de Brasília,
que era a de acabar com o cenário de “Brasil arquipélago”. As rodovias tiveram um papel importante
nesse movimento junto à indústria, a qual, embora concentrada no Sudeste, possuía o mercado
consumidor em todo território.
Na metrópole de São Paulo, principalmente na região do “ABCD paulista” (Santo André, São Bernardo,
São Caetano e Diadema), encontramos o paradigma dessa concentração industrial naquele estado do
Sudeste. Ali estavam as maiores indústrias automobilísticas de todo o país. Ao redor dessas indústrias,
gravitam outras que se concentraram também ali para abastece-las: borracha, plásticos, vidros, peças,
etc.
O Sudeste, ao longo do século XX, exerceu uma posição de dominância econômica pela capacidade
de polarizar a indústria e os serviços em torno dela. Por isso, passou a abastecer o mercado das outras
regiões brasileiras, que também fornecem matéria-prima e mão-de-obra. Nos anos 1970, durante a
ditadura militar (1964-1958), foram criados diversos órgãos de desenvolvimento econômico regional –
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam); Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste (Sudene); Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco); e
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), que tinham a intenção de diversificar a produção
espacial industrial do país.
Contudo, desde a década de 1990 vem ocorrendo um processo chamado de “desconcentração
industrial”, que se refere ao deslocamento de empresas em direção a outros estados do país, motivadas
pelo aumento dos preços do terreno, congestionamento, impostos e outras características que encarecem
e dificultam a produção nas tradicionais cidades industriais brasileiras. As cidades e os estados que
recebem essas indústrias, por sua vez, oferecem vantagens para atraí-las, que vão desde isenções de
pagamento de impostos até a construção de obras de infraestrutura.

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Porém, mesmo com esse movimento de desconcentração industrial, o Sudeste continua despontando
como a região que polariza esse setor, como mostra o mapa a seguir.

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo/distribuicao-industria-brasil.jpg.

Regiões Industriais do Brasil: regiões tradicionais e descentralização industrial

As indústrias, ao se instalarem em determinados lugares, consideravam estrategicamente a presença


ou proximidade dos seguintes elementos:
* mercado consumidor;
* disponibilidade de matérias-primas;
* oferta de energia;
* custos com transportes;
* mão de obra.

Esses elementos determinaram, durante muito tempo, a localização espacial das indústrias. Desse
modo, a presença desses elementos na região Sudeste, especialmente em São Paulo, favoreceu um
processo de concentração espacial das atividades industriais no Brasil.
Apesar de as indústrias brasileiras se concentrarem na Região Sudeste, especialmente no estado de
São Paulo, deve-se considerar que existem diversas regiões industriais no Brasil.

Áreas industriais tradicionais

Áreas industriais tradicionais são aquelas caracterizadas por um processo mais antigo de
industrialização, assentando no padrão fordista-taylorista de produção.
Esse modelo de produção na indústria pode ser caracterizado, de modo geral, por:
* economia de escala;
* produção estandardizada;
* competição via preços;
* existência de um mercado de consumo de massas;
* combinação entre a utilização de equipamentos automatizados e trabalhadores não qualificados;
* divisão e especialização do trabalho;
* separação entre a concepção e a execução das tarefas.

A partir das mudanças e novas demandas do processo produtivo, as áreas industriais baseadas nesse
modelo sofreram profundos impactos econômicos e sociais. Esse processo, denominado genericamente
desindustrialização, caracterizou-se pelo fechamento e/ou deslocamento das indústrias para outras
áreas, atraídas por maiores possibilidades de realização de lucros. Um exemplo mundialmente conhecido
desse processo é a cidade de Detroit, nos Estados Unidos, que, a partir da década de 1980, assistiu ao
fechamento de inúmeras empresas e ao aumento do desemprego em massa.

A região Sudeste representa uma das regiões do Brasil de mais antiga e intensa industrialização.
Suas principais regiões industriais são centros polindustriais, na medida em que nessas cidade
encontramos praticamente todos os ramos da indústria.
A principal área industrial concentra-se no estado de São Paulo, inicialmente na cidade de São Paulo
e no ABCD, região composta pelas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do

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Sul e Diadema. A partir das décadas de 1980-90, as indústrias localizadas na região metropolitana de
São Paulo assistiram a um crescente deslocamento rumo ao interior do Estado, utilizando os principais
eixos viários como os sistemas Anchieta-Imigrantes, Anhanguera-Bandeirantes e a Rodovia Dutra.
Historicamente, o estado de São Paulo também concentrou a indústria automobilística instalada no
Brasil até a década de 1970. A partir de então, essa indústria passou a se deslocar para outros estados.
São exemplos dessas transferências da indústria automobilística:
* a implantação da fábrica da Fiat, em Minas Gerais, na década de 1970;
* a implantação dos parques industriais da Renault e da Audi/VW, na década de 1990, no Paraná;
* a implantação da Ford em Camaçari, na Bahia, em 2001.

Região Sul

A industrialização da Região Sul associa-se à sua produção agropecuária, à influência da imigração


europeia e à proximidade com a principal área industrial do Brasil – São Paulo. Destacam-se indústrias
metalúrgicas, têxtis, de material mecânico e transporte, automobilísticas, alimentícias, de bebidas,
calçados, madeiras e móveis.
As principais regiões industriais do Sul são:
Porto Alegre, Caxias do Sul, Garibaldi, Bento Gonçalves, São Leopoldo e Novo Hamburgo, no Rio
Grande do Sul.
Blumenau, Brusque (Vale do Itajaí), Joinville, Criciúma e Siderópolis (zona Carbonífera), em Santa
Catarina.
Curitiba, no Paraná.

Região Nordeste

O processo de industrialização da região Nordeste é associado à ação da Sudene (Superintendência


de Desenvolvimento do Nordeste, criada em 1959). Entre as ações da Sudene para impulsionar a
industrialização dessa região, podemos citar:
* doação de terrenos;
* concessão de empréstimos a juros muito baixos;
* isenção de impostos;
* concessão de subsídios à produção.

Associada à Sudene, destaca-se a criação da CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco),


que, ao elevar a oferta de energia para a região, tornou-se também fator de atração das empresas.
As principais regiões industriais do Nordeste são:
Salvador, Polo Petroquímico de Camaçari e Distrito Industrial de Aratu, na Bahia;
Recife e os Distritos Industriais de Cabo e Paulista, em Pernambuco;
Fortaleza, no Ceará.

Região Norte

O processo de industrialização dessa região associa-se à ação da SUDAM (Superintendência de


Desenvolvimento da Amazônia), e, sobretudo, da SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de
Manaus).
Nessa região, existem indústrias de produtos eletroeletrônicos, atraídas por benefícios como isenção
de impostos, concessão de subsídios, doação de terrenos. Em termos de áreas industriais, o destaque é
para a Zona Franca de Manaus no Amazonas e para o polo extrativo-mineral de Carajás, no Pará,
implantado para explorar as ricas jazidas minerais dessa região.

Região Centro-Oeste

Nessa região, predominam indústrias ligadas ao beneficiamento da produção agropecuária, como


empresas alimentícias, de bebidas, têxteis e calçadistas. As principais áreas industriais localizam-se
próximas às cidades de Goiânia, Brasília, Anápolis, Corumbá e Campo Grande.

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Desconcentração industrial

A partir do final da década de 1980, com progressiva abertura da economia brasileira e profundas
transformações nos processos produtivos nas empresas, genericamente denominados “toyotismo”, as
indústrias procuraram reordenar os padrões de localização espacial, tendo por pressupostos:
* a proximidade ou facilidade do escoamento da produção, em detrimento da localização dos recursos;
* a crescente utilização de tecnologia, exigindo mão de obra cada vez mais qualificada, o que levou as
empresas a buscarem proximidades com centros produtores de ciência em detrimento do excedente de
mão de obra pouco qualificada;
* o deslocamento de empresas intensivas em mão de obra para áreas cada vez mais periféricas e com
legislações trabalhista e ambiental cada vez mais flexíveis.

Tal processo é genericamente conhecido como “desconcentração industrial”.


Nesse caso, não necessariamente o “cérebro” da empresa se desloca. O deslocamento ocorre nas
linhas de produção, sendo que as decisões mais importante e os lucros permanecem concentrados em
outro lugar, geralmente um centro financeiro mais importante.

Reconcentração espacial

A partir de meados da década de 1990, o processo de desconcentração industrial tendeu a diminuir


ou mesmo reverter seu fluxo rumo a uma reconcentração espacial nas regiões mais ricas e
industrializadas do Brasil (Sudeste e Sul).
Entre as causas desse processo de reconcentração, podemos citar:
* novos requisitos locacionais da acumulação flexível (“toyotismo”);
* melhor oferta de recursos humanos qualificados nas regiões de industrialização mais antiga;
* maior proximidade com os centros de produção do conhecimento e de tecnologia;
* maior e mais eficiente dotação de infraestrutura;
* mudanças tecnológicas que reduzem os custos de investimento;
* abertura comercial, favorecendo “focos exportadores”;
* a criação do Mercosul, que reforça a tendência a arrastar o crescimento industrial para as regiões
Sul e Sudeste.

Desse modo, configura-se uma nova espacialização da indústria brasileira dentro de um polígono que
envolve as cidades de Belo Horizonte (MG), Uberlândia (MG), Maringá (PR), Porto Alegre (RS),
Florianópolis (SC) e Curitiba (PR), fechando-se novamente em Belo Horizonte (MG). Os processos de
concentração e desconcentração espacial (e industrial) demonstram o caráter seletivo dos investimentos
industriais, que privilegiam alguns espaços específicos nas regiões brasileiras.
Atualmente, a tendência é de que os investimentos mais dinâmicos se concentrem nas regiões onde
se iniciou e se consolidou a atividade industrial brasileira (Sudeste e Sul).
As metrópoles globais (São Paulo e Rio de Janeiro) também têm suas principais funções modificadas:
de centros industriais, especializam-se cada vez mais em atividades do setor terciário (serviços), na área
financeira e no desenvolvimento de novas tecnologias. Desse modo, as indústrias estratégicas atuais
continuam a concentrar-se nessas metrópoles, assim como a sede das empresas, o mercado financeiro
e o setor de serviços.
Aquelas indústrias mais leves, que exigem menores investimentos e utilizam muita mão de obra (em
vez de muita tecnologia), e que, portanto, apresentam um custo menor, tendem, por sua vez, a se
concentrar em regiões de menor nível de desenvolvimento e custo de mão de obra (como o Nordeste, o
Norte e o Centro-Oeste).
Outra diferença desse processo em relação à concentração anterior (das décadas de 1950 a 70)
refere-se à atração locacional exercida por cidades de porte médio (em torno de 100 mil habitantes),
especialmente por aquelas cidades localizadas próximas a eixos de transportes (portanto, com boas
condições de acesso), em vez da concentração industrial nas metrópoles.
Além dessa reconcentração espacial da indústria, observa-se, no Brasil, uma tendência à constituição
de clusters (ou aglomerados industriais).
Portanto, a formação de clusters parece ser uma outra tendência da economia brasileira. Exemplos de
clusters em alguns estados brasileiros:
* a indústria do mobiliário em Votuporanga, São Paulo;
* a indústria de joias em Limeira, São Paulo;
* a produção de artefatos de couros e calçados em Franca, São Paulo;

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* produção de móveis em Uberlândia, Minas Gerais;
* indústrias de software em Campina Grande, Paraíba;
* indústrias de software em Juiz de Fora, Minas Gerais, cuja especialização está nos aplicativos para
o setor de agronegócios;
* indústrias de software em Fortaleza, Ceará;
* indústrias de software em Petrópolis, Rio de Janeiro;
* indústrias de software em Pato Branco, Paraná, em que se destacam os produtos para apoio,
avaliação e terapia de fala e linguagem; gestão e avaliação de escolas de idiomas; software educacionais
multimídia;
* empresas de informática em Ilhéus, na Bahia.

Impactos ambientais do modelo urbano-industrial

As cidades estão cada vez mais cheias de pessoas, e o fenômeno urbano expande-se em direção ao
mundo rural de maneira massiva. Todos nós estamos cercados desses produtos criados por indústrias,
e muitas vezes não temos dimensão de todo o processo que ocorreu até eles chegarem em nossas mãos.
A seguir veremos alguns desses impactos ambientais em decorrência do modelo urbano-industrial
brasileiro.

Poluição das águas


Um dos grandes problemas das cidades brasileiras na atualidade é a poluição das águas pelos dejetos
domésticos e industriais. Muitas nem sequer contam com uma rede de coleta e tratamento de esgoto, o
qual é jogado diretamente nos rios e mares, ocasionando a extinção de muitas espécies animais e
vegetais, além de oferecer muito risco para a saúde das pessoas.
Além disso, há um histórico de acidentes ambientais envolvendo indústrias. A indústria petroleira é
uma delas. A mineração é outra grande poluidora; o mercúrio que é usado no processo de separação do
ouro é jogado nos rios e é muito prejudicial para a vida humana e aquática.

Poluição atmosférica
As fumaças liberadas pelos carros e pelas indústrias afetam em nível local a saúde das pessoas,
dificultando a respiração e causando doenças respiratórias. Além disso, há indícios de que esse tipo de
poluição afeta o efeito estufa. Nas cidades, também há formação de ilhas de calor. A retirada de
vegetação, somada à concentração de concreto, asfalto, vidros, metais e poluentes, faz que a
temperatura média das cidades seja maior em comparação ao meio rural, porque os componentes dos
poluentes atmosféricos possuem a capacidade de reter o calor.
As chuvas em geral são ácidas, mas a concentração de poluentes na atmosfera das cidades, quando
combinada com o oxigênio, produz uma chuva capaz de danificar construções pela corrosão, além de
oferecer perigo à saúde e contaminar rios e lagos.

Poluição sonora e visual


O ritmo frenético da vida nas cidades grandes e nas metrópoles, sobretudo nas áreas comerciais e
grandes avenidas, gera muito ruído, o que aumenta o estresse e afeta a sensação de bem-estar da
população. Além disso, a quantidade de informações e propagandas espalhadas ao redor também
prejudica a qualidade de vida da população.

O direito à cidade
Assim como gera impactos ambientais, o modelo discutido acima também possui uma dimensão social,
baseada na economia. A forma como são estruturadas as cidades tem como objetivo tornar o modelo
produtivo economicamente vantajoso, capaz de gerar cada vez mais lucros, a fim de que as pessoas
continuem consumindo cada vez mais.
Porém, esse modelo está se mostrando ecológica e socialmente insustentável. As cidades são os
lugares onde se concentra a maior parte da população, formando moradias precárias e favelas, que não
possuem um adequado sistema de esgoto e água e são construídas em lugares pouco seguros.
Contudo, o poder público não dá conta de oferecer satisfatoriamente os serviços básicos para toda a
população: hospitais, educação, lazer, cultura, saneamento básico, moradia, transporte, lixo,
pavimentação, segurança, entre outros.

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Referências Bibliográficas:
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.

MARTINI, Alice de. Geografia. Alice de Martini, Rogata Soares Del Gaudio. 3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013.

Questões

01. (TJ/SC – Analista Jurídico – TJ/SC) Sobre o espaço econômico brasileiro, suas características e
o processo industrial do Brasil, todas as alternativas abaixo estão corretas, EXCETO:
(A) Dentre os fatores responsáveis pela concentração industrial na região Sudeste, podemos afirmar
que a região foi se organizando como área de atração da população e de capital, tornando-se região
concentradora de riquezas. O mercado consumidor que aí se formou, o desenvolvimento do sistema
rodoviário, os recursos naturais favoráveis e a imigração contribuíram para a concentração industrial
nesta região.
(B) São Paulo concentra a maior parte da produção industrial do país, cujas raízes encontram-se nas
etapas iniciais do processo da industrialização do Brasil. Mas, nos últimos anos, a participação relativa
do Estado começa a diminuir, o que reflete o início do processo de dispersão industrial espacial, no país.
(C) O processo industrial brasileiro se firmou nos anos 70, os anos do “milagre brasileiro”, baseado em
um tripé, representado pela forte participação do capital estatal, pelos grandes conglomerados
transnacionais e um mercado consumidor em ascensão.
(D) Uma das características do processo industrial atual do Brasil, corresponde à forte dispersão
financeira das empresas e à grande concentração espacial.
(E) Uma das influências diretas da inserção do Brasil nos mercados globais é a disseminação no
território brasileiro dos polos tecnológicos próximos de centros universitários e de pesquisas.

02. (Prefeitura de Nilópolis/RJ – Professor de Geografia – FUNCEFET) A industrialização promove


a concentração espacial da riqueza e dos recursos financeiros e produtivos. Em certo ponto do
desenvolvimento econômico, a tendência de concentração espacial da indústria arrefece e dá lugar a
movimentos de desconcentração.
Assinale a alternativa que indica os movimentos geradores de desconcentração industrial no Brasil.
(A) Evolução das tecnologias, infraestrutura de transportes e comunicações
(B) Escassez de mão de obra e poluição
(C) Segregação espacial e ação dos movimentos sociais
(D) Concentração de infraestrutura e poluição

03. (UFRN) O sistema capitalista teve suas origens com a expansão comercial europeia e consolidou-
se com a denominada “Revolução Industrial”. No Brasil, as atividades capitalistas industriais
desenvolveram-se no período compreendido entre as últimas décadas do século XIX e a “Era Vargas”,
provocando significativas mudanças socioeconômicas.
Mencione e explique três mudanças socioeconômicas vinculadas ao processo de industrialização que
se estruturou no País, do final do século XIX até a “Era Vargas”.

04. (UNIFESP) Comparando-se dois momentos do processo de industrialização brasileira, a década


de 1930 e a década de 1950, responda:
a) Quais são as diferenças, com relação ao mercado externo, entre esses dois momentos?
b) Quais transformações a industrialização trouxe para a organização espacial brasileira?

05. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) A partir de meados da década de 90 do século
passado, a denominada guerra fiscal entre os estados brasileiros intensificou-se. A abertura econômica
atraía, então, novos fluxos externos de investimentos industriais para o país e estimulava a guerra dos
lugares.
A respeito desse assunto, julgue (C ou E) o item que se segue.
O processo de desconcentração regional da indústria brasileira favorece o prolongamento da disputa
entre as unidades federativas com base na renúncia fiscal.
(....) Certo (....) Errado

06. (UNICAMP) Nos anos 1990, foi retomado o incentivo específico à indústria automotiva, tendo como
foco a descentralização geográfica. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores), em 2012 havia 53 fábricas em 9 Estados. Estas fábricas pertencem a 26

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empresas que fabricam automóveis, veículos comerciais leves, caminhões e ônibus (9 produzem carros
de passeio). Com 3,3 milhões de unidades produzidas, o Brasil é o sexto maior produtor do mundo.
(Adaptado de Fatia da indústria automobilística no PIB cresce 45,6% em 11 anos, em
http://economia.estadao.com.br /noticias/economia-geral. Acessado em 05/05/2013.)
a) A partir dos anos 1990, a distribuição geográfica da indústria automotiva no Brasil desencadeou
uma forte tensão nas relações entre Estado, mercado, sociedade e território, que ficou conhecida como
“guerra fiscal” ou “guerra dos lugares”. Explique o que é a guerra fiscal ou dos lugares.
b) Além de São Paulo, berço tradicional da indústria automobilística brasileira, indique outros três
Estados que possuem esse tipo de indústria.

07. (UERJ) Acompanhando uma tendência mundial, a partir dos anos 1970, houve uma série de
mudanças na localização das atividades industriais brasileiras, como representado, por exemplo, no mapa
do estado de São Paulo.

Indique duas causas para a desconcentração industrial nesse estado e duas consequências desse
processo para a região metropolitana paulista.

08. (Petrobras – Profissional Júnior – CESGRANRIO/2015) Como tantos outros países periféricos,
o Brasil era exportador de matérias-primas e importador de produtos manufaturados. Há um momento
em que o minério de ferro do Brasil impressiona os técnicos das indústrias siderúrgicas da Europa e dos
Estados Unidos, mas o Brasil importa até as grades de ferro que cercarão as árvores da recém-aberta
Avenida Central, no Rio.
Nessas poucas palavras, sobre a coação da história a estrangular o futuro dos países como o Brasil,
encerra-se toda a política econômica da Revolução de 30, do presidente que a levou ao poder e de toda
a Era Vargas: fazer do Brasil um país que transforme em aço o ferro de seu subsolo, que explore seu
petróleo e suas fontes de energia elétrica, que produza tratores, caminhões, automóveis e até aviões, um
país não mais vítima, mas protagonista e criador de seu futuro.
RIBEIRO, José Augusto. A Era Vargas, o suicídio e o petróleo. Revista Caros Amigos, São Paulo,
n.209, p.41, ago. 2014.
Com base no texto, é possível associar a realidade socioeconômica e a política brasileira da Era
Vargas
(A) à expansão da agroindústria
(B) à opção pelo neoliberalismo
(C) ao modelo de substituição de importações
(D) ao processo produtivo de acumulação flexível
(E) às privatizações no setor de produção de energia

09. (FUVEST)

Com base no mapa acima e em seus conhecimentos,

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a) identifique o tipo de indústria predominante na região Nordeste, considerando sua capacidade
geradora de emprego.
b) caracterize o parque industrial da região Sudeste.

Respostas

01. Resposta: D.
Com a evolução das tecnologias e infraestruturas de transportes e comunicações houve a redução nos
custos de transferência de bens, de modo que o espaço se tornou mais fluido, abrindo novas localizações
adequadas para a indústria.
O que ocorre é um processo de desconcentração espacial das indústrias. Tal fato deve-se a maior
abertura econômica e pelo desenvolvimento técnico-científico, associado a informática e comunicação.

02. Resposta: A.
Com os avanços tecnológicos nos meios de transporte e comunicações, não eram mais necessárias
uma aglomeração industrial e, tampouco, a proximidade entre indústria e mercado consumidor. Por isso,
muitas empresas resolveram migrar para regiões interioranas e cidades médias, longe dos problemas
relacionados às grandes cidades.

03. Resolução:
- Ampliação da indústria de base – no contexto da 2ª Guerra Mundial, os acordos entre os governos
brasileiro e norte-americano resultaram na implantação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), fator
decisivo para o desenvolvimento da indústria de base no País.
- Política de substituição das importações – em razão das dificuldades de importação de produtos
devido ao envolvimento dos países na Guerra (Inglaterra, Alemanha, França, Estados Unidos), várias
indústrias se desenvolveram no Brasil, visando a produzir o que não se poderia obter mais com o comércio
de importação.
- Processo de urbanização – o paulatino desenvolvimento capitalista no Brasil promoveu acentuado
processo de urbanização. Em busca de empregos na indústria, milhares de pessoas se deslocaram para
os principais centros urbanos do País.
- Ampliação das desigualdades regionais – o processo de industrialização concentrou-se nas regiões
Sul e Sudeste, gerando expressivo desequilíbrio entre as regiões brasileiras.

04. Resolução:
a) O processo de industrialização brasileira de 1930 desenvolveu-se apoiado em medidas
protecionistas, apoiado na substituição das importações com capital nacional e voltada para a produção
de bens não duráveis ao mercado interno.
O processo de industrialização brasileira de 1950 desenvolveu-se no contexto de expansão do capital
multinacional. Ocorre no Brasil uma grande entrada de empresas estrangeiras voltadas para a produção
de diferentes mercadorias, especialmente, aos produtos de bens de consumo duráveis.

b) Ocorreu a intensificação do processo de urbanização e a solidificação do centro-sul como a principal


área geoeconômica do país, por nela se concentrarem os principais polos de desenvolvimento industrial,
dentre os quais se destacaram os do eixo industrial São Paulo-Rio-Belo Horizonte. Ocorreu também a
ampliação das desigualdades regionais nesse período.

05. Resposta: Certo.


As disputas fiscais entre os estados em torno do aumento da arrecadação gerou um cenário instável
de busca desenfreada pelo estabelecimento de indústrias, em troca da concessão de benefícios fiscais
como geração de créditos e isenções, transformando-se em verdadeira “guerra fiscal”.

06. Resolução:
a) A guerra fiscal ou dos lugares é uma competição de municípios entre si de Estados entre si para
atrair investimentos, utilizando-se de isenções fiscais, doações de terrenos, oferta de infraestruturas,
alterações de leis (inclusive trabalhistas), entre outras facilidades negociadas entre os poderes públicos
e as empresas.
b) Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amazonas.

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07. Resolução:
Causas:
• guerra fiscal
• aumento dos custos ambientais
• ampliação de impostos nas grandes cidades
• aumento do preço da terra nas áreas centrais
• problemas de tráfego na região metropolitana
• busca de áreas com fraca organização sindical
• aumento dos custos dos serviços públicos urbanos

Consequências:
• incremento do setor terciário
• extinção de postos de trabalho
• aumento da taxa de desemprego
• processo de desmetropolização, ou seja, crescimento lento em relação às cidades de porte médio do
interior
• mudança do destino das correntes migratórias, voltadas agora para o interior do estado e para o
retorno de nordestinos a seu estado de origem.

08. Resposta: C.
A política nacionalista dos governos de Getúlio Vargas era caracterizada pela decisiva intervenção do
Estado na economia. Transformado em agente fomentador da industrialização, o Estado brasileiro
realizou pesados investimentos, graças os quais foram implantadas uma moderna infraestrutura e
inúmeras indústrias de base. Foram construídos muitos portos, além de sistemas de transporte terrestre
e de geração de energia. Foram fundadas grandes companhias de capital estatal. A disponibilidade das
matérias-primas produzidas por essas indústria de base estatais estimulou a criação de diversas
indústrias privadas de capital nacional. Equipadas com uma tecnologia menos sofisticada que as
indústrias de bens de consumo duráveis, a instalação de indústrias de bens de consumo não-duráveis
necessita de menos investimentos. Por isso foi registrado um aumento maior do número de indústrias
privadas de bens de consumo não-duráveis, como tecelagens, fábricas de produtos alimentícios e de
bebidas, fábricas de calçados, estabelecimentos de torrefação de café, etc.

09. Resolução:
a) A região Nordeste passou por um processo de industrialização mais recente comparativamente ao
Sudeste. Devido a suas condições locacionais, infra estruturais, dos investimentos e da qualificação de
sua mão de obra, a região Nordeste desenvolveu mais o setor de bens de consumo não duráveis como
os setores alimentício, calçadista, têxtil e construção civil. São setores relativamente mais simples e suas
cadeias produtivas tem maior capacidade de contratar mão de obra, com vantagens comparativas para
uma região carente de atividades.
b) A concentração histórica de capital na região Sudeste, foi geradora de novas necessidades de
consumo e diversificação. Isso acaba transformando a região na maior concentração industrial do Brasil,
caracterizado por setores os mais variados, com unidades de produção que vão desde as mais simples,
bens de consumo não duráveis, como alimentícia e construção civil, até as mais complexas e
desenvolvidas como informática e aviação, passando pela indústria pesada como siderúrgicas. A
evolução tecnológica e comercial criou novas demandas e mudanças locacionais, favorecendo a
descentralização da produção e o surgimento de tecnopolos que concentram áreas de formação de mão
de obra, pesquisa e produção e com níveis cada vez maiores de automação que modificam a estrutura
funcional, demandando cada vez menos trabalhadores. São fatos que exigem novas política públicas de
qualificação e localização da mão de obra com ênfase a novas possibilidades como serviços e terceiro
setor.

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A urbanização brasileira

Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-KRaKbTocB78/Tbs2sUdL80I/AAAAAAAACg0/5Hg-IQAv2nI/s1600/grau-de-urbanizac3a7c3a3o-2010.png.

De maneira geral, podemos afirmar que a cidade é um aglomerado de construções e pessoas, a sede
do município e o lugar onde se localizam as casas do poder político. A urbanização, por outro lado, refere-
se ao surgimento de novas cidades e à expansão física e em números demográficos das cidades
existentes.
No Brasil, a migração, a industrialização e o crescimento populacional relacionam-se direta ou
indiretamente com o crescimento urbano, que, por sua vez, multiplica o fluxo de mercadorias, de pessoas
e de informações.

As primeiras cidades brasileiras

A origem das primeiras cidades está ligada às atividades relacionadas à exploração dos produtos das
terras brasileiras e ao envio destes para a metrópole europeia, Portugal. Localizavam-se na faixa litorânea
e tiveram, portanto, a função de posto comercial e de defesa militar.
Além disso, as características naturais também foram um ponto de extrema importância para escolher
onde ficaria o sítio urbano a ser desenvolvido. O acesso à água, por exemplo, funcionou como um fator
de decisão de onde se instalaria a cidade.
São Vicente (SP), foi a primeira vila a ser formada, na costa do que hoje é o Estado de São Paulo. Foi
criada por Martim Afonso de Souza em 1532, que lá construiu um pelourinho, uma câmara e uma igreja,
e em 22 de agosto do mesmo ano, realizou as primeiras eleições de toda América Latina.
A primeira capital brasileira foi Salvador, escolhida para ser a sede da Colônia. A baía de seu litoral,
Baía de Todos os Santos, facilitava a exportação de cana-de-açúcar e pau-brasil, que eram os principais
produtos de interesse português naquele momento. A baía servia também como ponto de apoio para
navegações rumo à África e à Ásia, pois era estrategicamente um porto seguro para as embarcações
portuguesas.
O modelo agroexportador foi predominante em todo o período colonial e influenciou a configuração
territorial, a urbanização e a mentalidade da sociedade daquela época. A lógica da plantation era tão
forte que a burguesia brasileira naquela época era rural e morava junto a suas plantações. Embora tivesse
negócios e propriedades nas cidades, seu poder político e econômico era baseado nesse modelo.
Os poderes políticos eram dominados pela oligarquia agrária, que morava em suas fazendas (as casas
grandes, os engenhos e as senzalas conformavam esses espaços), e as cidades eram habitadas,
majoritariamente, por servidores públicos, artesãos, mercadores, etc.
As cidades coloniais, de maneira geral, não foram planejadas, seus traçados não obedeciam a lógica
alguma e seu crescimento deu-se de maneira desordenada, ao ritmo da própria pulsação populacional,
subindo os morros e descendo as vertentes.
Embora já existisse uma relativa ocupação no interior do país, somente com a crise do modelo
agroexportador – por causa da concorrência com a produção de cana-de-açúcar nas Antilhas (na América
Central) – que a exploração de metais preciosos ganhou força para suprir a demanda financeira exigida
pela metrópole. Dessa forma, a exploração de ouro e prata tornou-se a principal fonte econômica lusitana
na Colônia a partir do final do século XVII, o que motivou também a ocupação do interior. A ocupação,

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que era mais efetiva na Zona da Mata e no Agreste baiano, onde ocorria a maior parte da produção de
cana-de-açúcar, foi reorientada em direção ao interior, onde havia as maiores jazidas de pedras
preciosas: Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
As cidades criadas na época da mineração esbanjavam riqueza em sua arquitetura. No século XVIII
foram o epicentro da vida social do país, motivando muitas migrações de gente vinda de Portugal e de
diversas localidades da atual região Nordeste. A predominância de morros em seu relevo dificultava a
produção agrícola. O abastecimento de alimentos era realizado por tropeiros que viajavam levando
mercadorias de uma cidade a outra. Esse comércio também foi motivador para a criação de cidades e
vilas em torno dos corredores de passagem das tropas que vinham do Sul.
O esgotamento das jazidas levou à decadência das cidades que viviam dessa economia. De maneira
geral, a ocupação territorial na Colônia possuiu essa característica de desenvolvimento econômico
baseado na exploração até o limite. Assim, quando os recursos naturais se esgotavam ou quando o
mercado entrava em crise, tais regiões entravam em decadência.
As cidades que tiveram maior continuidade econômica, portanto, foram aquelas cuja função estava
ligada ao porto, como Salvador e Rio de Janeiro. A última foi elevada à capital do Império em 1763,
permanecendo até 1960, quando a capital da República foi transferida para Brasília.
Com o esgotamento da economia mineradora, o café despontou como a base da economia brasileira
até o século XX, quando a indústria começou a deslanchar. Nesse período, concomitante ao ciclo do café,
a exploração da borracha destacou-se economicamente, incentivando a relativa ocupação e urbanização
das maiores cidades amazônicas: Belém do Pará (PA) e Manaus (AM).
A predominância da população nas áreas rurais até durante o século XIX no Brasil pode ser explicada
pela economia baseada nas produções agrícolas, que fixava os trabalhadores (escravos até 1888 e
imigrantes livres) no campo, junto à área produtiva. A economia cafeeira do início do século XX propiciou
o suficiente acúmulo econômico para gerar a industrialização em nosso país. Essa nova economia, por
concentrar-se na cidade, foi responsável por uma virada populacional. Dessa forma, a urbanização
brasileira é recente, tendo sido mais incentivada e desenvolvida ao longo do século XX.

O crescimento das cidades

Foi somente no século XX que o crescimento urbano se intensificou no Brasil. Motivada pela crescente
indústria no começo do século, sobretudo no eixo Rio-São Paulo, a população urbana superou a rural na
década de 1970. A cidade que mais representou esse processo no país é São Paulo, pois foi a que mais
migrantes recebeu e a que mais cresceu, sendo hoje a maior do país.
Esse aumento da população urbana deve-se muito às migrações de pessoas que viviam no campo em
direção à cidade, em busca de oportunidades. Por conta do histórico agroexportador brasileiro, da
concentração fundiária e da mecanização, a vida no campo se tornou difícil para os trabalhadores que
não tiveram acesso à propriedade privada da terra, que se generalizou sobretudo com a Lei de Terras de
1850.
O crescimento das cidades no século XX não foi acompanhado por um planejamento eficiente por
parte do Estado, o que resultou em diversos problemas de organização urbana nas grandes cidades
brasileiras.

As metrópoles brasileiras

O que caracteriza as metrópoles brasileiras é, antes de mais nada, seu processo histórico de formação.
Desde o período da colonização até hoje, as principais cidades cresceram em regiões próximas ao litoral,
locais por onde as mercadorias produzidas eram exportadas e as mercadorias estrangeiras chegavam ao
Brasil. Nestas cidades de concentravam as funções administrativas e políticas.
O desenvolvimento econômico e político do país reforçou essa configuração territorial, ainda que a
ocupação tenha se expandido para o interior. A maioria das metrópoles brasileiras se localiza na faixa a
menos de 200 quilômetros do litoral, como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Porto Alegre, etc.
O conceito que utilizaremos para definir o que é uma metrópole refere-se a cidades que são centros
de decisão política e econômica, em constante relação e interdependência com as regiões em seu
entorno. As metrópoles garantem uma articulação desde a escala regional até a global e, de acordo com
sua área de influência e redes urbanas estabelecidas, essas cidades podem apresentar diferentes
funções no cenário nacional.
Vejamos a cidade de Goiânia. Ela é considerada uma metrópole regional que interfere na organização
socioespacial do Centro-Oeste brasileiro por ser polo de decisões administrativas e econômicas regionais

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e por atrair pessoas em busca tanto de melhores salários e qualidade de vida quanto de serviços
especializados.
Enquanto isso, Porto Alegre, além de abarcas as características de uma metrópole regional, oferece
uma estrutura mais complexa de equipamentos públicos, serviços e universidades, o que permite
caracteriza-la como metrópole nacional.
Já São Paulo e Rio de Janeiro são metrópoles globais que possuem uma dinâmica socioespacial capaz
de concentrar grande número de sedes de empresas multinacionais e de grandes bancos, além de
universidades e os principais polos tecnológicos industriais do país. Assim, não só possuem significativa
importância política e econômica nacional como também global, pois garantem boa parte das relações
internacionais e alianças de cooperação.

Problemas urbano-ambientais

A indústria e os avanços tecnológicos representaram não apenas mudanças na produção de


mercadorias, mas influenciaram o modo como a sociedade brasileira passou a organizar sua vida. A
modernização do campo brasileiro resultou em um rápido movimento populacional das áreas rurais para
as cidades, onde as indústrias se instalavam. Os trabalhadores dessas indústrias tinham a possibilidade
de receber salários e garantir um nível de consumo necessário para sua sobrevivência.
No entanto, o avanço do sistema capitalista não se deu apenas com a contratação de mão de obra,
mas também graças ao consumo dessas pessoas. O acesso a produtos tornava-se cada vez mais
possível conforme a propaganda e marketing das empresas estimulavam a compra, garantindo assim a
venda e o aumento do próprio lucro.
As novas tecnologias possibilitaram ao sistema capitalista oferecer maior quantidade de mercadorias
em circulação no comércio. Com isso, a concorrência entre produtos aumentou, o que obrigou as
empresas a regular seus preços para não perderem espaço no mercado. Assim, os produtos passaram
a ser mais acessíveis aos indivíduos que atingiram altíssimos níveis de consumo que até hoje estão
presentes em nosso cotidiano.
Você já parou para pensar sobre a quantidade de matéria-prima necessária para a produção daquilo
que compramos? O meio ambiente possui um ritmo próprio de renovação daquilo que lhe é extraído, o
que significa que a retirada de matéria-prima deve ser cautelosa. Caso contrário, rapidamente ela estará
em falta. Essa reflexão serve para nosso consumo de água, de produtos derivados do petróleo, da
madeira, etc.
No entanto, não devemos preocupar-nos apenas com o que retiramos do meio ambiente, mas também
com o que devolvemos a ele. Será que todo o lixo que criamos retorna para a natureza sem trazer danos
a ela? Esse questionamento é válido para pensarmos em tudo o que consumimos e na quantidade de
lixo que produzimos.
Os lixões e os aterros sanitários têm sido tema de importantes discussões sobre o descarte dos
resíduos sólidos no meio ambiente. Os lixões a céu aberto que recebem a maior parte do lixo no país não
possuem estrutura adequada, pois não protegem ou tratam os resíduos, deixando-os expostos ao calor
e à chuva. O líquido produzido pela decomposição do lixo, o chorume, infiltra-se no solo e muitas vezes
atinge os lençóis freáticos.
A intoxicação de lençóis freáticos é muitas vezes desencadeada pela instalação de tais lixões. O aterro
sanitário, por sua vez, também traz esse tipo de problema, porém segue uma regulamentação específica
criada pelo governo, que tenta minimizar os efeitos do acúmulo de lixo no meio ambiente.
Em áreas pobres das cidades, onde o governo não oferece a coleta de lixo regular, as populações
lidam como podem com os resíduos. Com isso, muitas vezes jogam o lixo nos rios e na beira de rodovias.
Porém, a poluição das águas também é ocasionada pelo descarte de esgoto e de líquidos tóxicos por
parte de grandes empresas, como costumava ocorrer antigamente com muita frequência no Rio Tietê,
em São Paulo.
Logo, a poluição das águas e a do próprio solo oferecem risco de enchentes quando os bueiros
entopem ou quando os rios não conseguem escoar a quantidade de água necessária, transbordando.

Sustentabilidade urbana

Os problemas urbano-ambientais não tem origem apenas na emissão de gases poluentes ou no0
descarte de resíduos líquidos poluentes nos rios. A causa também está em nossa relação com o espaço
que nos rodeia. Ou seja, como nos relacionamos, por exemplo, com o lixo que produzimos, com aquilo
que comemos, com os produtos que consumimos, com o meio ambiente e com o mundo em que vivemos.
Em suma, a origem desses problemas também está na organização de nosso cotidiano na cidade.

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A sustentabilidade não tem a ver apenas com questões ambientais, mas culturais, econômicas,
políticas e sociais em equilíbrio. Repensar a organização do cotidiano é importante para que o estilo de
vida das pessoas seja reestruturado, tornando-se sustentável. As condições de moradia, transporte
público, saneamento básico, saúde, educação e meio ambiente revelam se há sustentabilidade urbana
ou não.
A própria população evidencia isso quando a comunidade luta por mais áreas verdes, parques públicos
e hortas comunitárias. A organização independente é uma ação importantíssima para que o governo
perceba as necessidades do povo.
O movimento organizado por ciclistas de cidades grandes do Brasil demonstra uma iniciativa que se
preocupa com o meio ambiente, evitando a emissão de gases poluentes.
Está relacionada à saúde e ao bem-estar, e também se trata de uma luta em prol de outra relação com
a cidade que não seja apenas a do estresse e trabalho.
As feiras de troca caracterizam uma prática que demonstra a tentativa de tornar a vida mais sustentável
e solidária as cidades, sem a necessidade de maior produção de mercadorias, reduzindo assim o
consumo e o lixo.
O debate urgente acerca da sustentabilidade urbana vem à tona quando a população, mesmo inserida
em um cenário desigual da sociedade, percebe que, em pouco tempo, se nenhuma atitude for tomada, o
espaço que ocupamos logo irá se tornar inviável para viver.

Referências Bibliográficas:
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015. (Coleção geografia cidadã).

Questões

01. (SEDF – Estudantes Universitários – CESPE) Com relação à geografia urbana no Brasil, julgue
o item que se seguem.
Os fatores que propiciam o crescimento populacional no interior do Brasil incluem a atração de
indústrias para as cidades de médio porte.
(....) Certo (....) Errado

02. (SEDF – Estudantes Universitários – CESPE) Com relação à geografia urbana no Brasil, julgue
o item que se seguem.
O processo de industrialização foi o fator responsável pelo desenvolvimento das cidades brasileiras,
cujos territórios se transformaram devido ao aumento da atividade produtiva no campo.
(....) Certo (....) Errado

03. (IBGE – Tecnologista/Geografia – FGV/2016) Na organização do espaço urbano brasileiro na


contemporaneidade, observa-se uma expansão impulsionada por duas lógicas, a da localização dos
empregos nos núcleos das aglomerações e a da localização das moradias nas áreas periféricas. A
incorporação de novas áreas residenciais, o aumento da mobilidade e a oferta de transporte eficiente
favorecem a formação de arranjos populacionais de diferentes magnitudes que aglutinam diferentes
unidades espaciais. Adaptado de: IBGE. Arranjos populacionais e concentrações urbanas no Brasil. Rio
de Janeiro: IBGE, 2015. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou 294 arranjos
populacionais no País, formados por 938 municípios e que representam 55,9% da população residente
no Brasil em 2010.
Os critérios utilizados na identificação dos arranjos populacionais empregam a noção de integração,
medida:
(A) pelos movimentos pendulares para trabalho e estudo e/ou pela contiguidade urbana;
(B) pelas funções urbanas e/ou pelo rendimento dos responsáveis por domicílio;
(C) pelos fluxos telefônicos e/ou pelas unidades locais das empresas de serviços à produção;
(D) pela densidade demográfica e/ou pela estrutura da População Economicamente Ativa;
(E) pelo tamanho populacional e/ou pelo fluxo de bens, mercadorias, informações e capitais.

04. (IBGE – Técnico em Informações Geográficas e Estatísticas – FGV/2016) O texto a seguir


descreve duas fases do processo de urbanização do território brasileiro após a década de 1950. “Desde
a revolução urbana brasileira, consecutiva à revolução demográfica dos anos 1950, tivemos, primeiro,
uma urbanização aglomerada, com o aumento do número - e da respectiva população - dos núcleos com

. 130
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mais de 20 mil habitantes, e em seguida, uma urbanização concentrada, com a multiplicação de cidades
de tamanho intermédio [...].”
Fonte: SANTOS, M. e SILVEIRA, M. Brasil: Território e Sociedade no início do século XXI. Rio de
Janeiro: Record, 2001: 202.

A terceira fase, representada nos mapas, caracterizou-se pela:


(A) urbanização difusa;
(B) reurbanização;
(C) metropolização;
(D) explosão demográfica;
(E) periurbanização.

Respostas

01. Resposta: Certo.


Um assunto que tem estado bastante em voga na economia brasileira desde o final do século XX é a
descentralização de indústrias, processo que, de acordo com o geógrafo Paulo Inácio Vieira Carvalho,
“tem início na década de 1980, quando as fábricas começam a deixar as regiões metropolitanas em
direção a municípios do interior”.
Inicialmente, as indústrias se retiraram das capitais do Rio de Janeiro e de São Paulo visando
estabelecer-se em cidades do interior desses estados, mas, posteriormente, o projeto estendeu-se
também para estados menos industrializados do país.

02. Resposta: Errado.


Os territórios se transformaram devido ao aumento da atividade produtiva NAS CIDADES e não no
campo, além disso, o processo de industrialização foi um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento
das cidades brasileiras, porém, não o único.

03. Resposta: A.
Os movimentos pendulares são cada vez mais importantes para o entendimento da dinâmica urbana.
São utilizados para estudar a organização funcional dos espaços regionais e delimitar regiões
metropolitanas; dimensionar e caracterizar os fluxos gerados para o estudo e para o trabalho; para o
planejamento urbano, em especial o de transportes, entre outros.

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04. Resposta: C.
Metropolização é o processo de crescimento urbano de uma cidade e sua constituição como
centralidade de uma região metropolitana, isto é, de uma área composta por vários municípios que
congregam a mesma dinâmica espaço-territorial. A metrópole passa a ser vista como a zona na qual as
demais cidades tornam-se dependentes e interligadas economicamente. Entre os exemplos de
metrópoles no Brasil, temos as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Goiânia,
Porto Alegre e muitas outras.
Para entender a lógica da metropolização (e, posteriormente, da desmetropolização), é preciso
considerar a seguinte premissa básica: a industrialização tende a induzir à urbanização, ou seja, quando
uma cidade ou uma região se industrializam, a tendência é de que, com o tempo, a sua população se
eleve, bem como o número de residências e o crescimento horizontal de seu espaço geográfico urbano.8

Recursos Minerais e Fonte de Energia

A Natureza como Fonte de Recursos: As sociedades e suas técnicas

Ainda que o desenvolvimento das técnicas, acompanhado do expressivo avanço do conhecimento


científico dos últimos dois séculos tenha se tornado uma característica marcante dos mais diversos
setores da nossa sociedade, não podemos esquecer que nem todas as sociedades evoluíram
tecnicamente da mesma forma. Ainda hoje, existem diversas delas que garantem sua subsistência por
meio de técnicas rudimentares e pouco elaboradas. Como exemplo, temos as agrícolas tradicionais, que
vivem da caça, da pesca e da coleta, e se dedicam quase que exclusivamente ao cultivo de subsistência,
e as sociedades que sobrevivem do pastoreio nômade.
Ao longo de sua história na Terra, o ser humano vem acumulando e adquirindo novos conhecimentos
e habilidades, assim como, aprimorando e desenvolvendo instrumentos e técnicas de trabalho para extrair
da natureza os recursos necessários à sua sobrevivência. Além disso, necessita garantir sua existência
por meio da produção de alimentos, construção de moradias, fabricação de roupas, utensílios,
ferramentas de trabalho, etc.
Nos últimos dois séculos, porém, com os constantes avanços científicos e tecnológicos da sociedade
capitalista industrial, as condições técnicas foram aprimoradas a um ritmo jamais alcançado antes. Ao
serem aplicadas no processo produtivo, essas técnicas ampliaram de forma extraordinária a capacidade
humana de intervir e, consequentemente, de explorar com maior intensidade os recursos naturais, a
exemplo dos solos, crescentemente aproveitados para a formação de lavouras e pastagens e das fontes
hídricas, cada vez mais exploradas para pesca, navegação, irrigação de cultivos, abastecimento de
cidades ou, ainda, para a geração de energia elétrica.
Tudo o que a sociedade humana utiliza para produzir os bens de que precisa ou de que faz uso são
obtidos de elementos existentes na natureza, também chamados recursos naturais.

“Falar de recursos naturais é falar de recurso que, por sua própria natureza, existem
independentemente da ação humana e, assim, não estão disponíveis de acordo com o livre-arbítrio de
quem quer que seja”. (PORTO GONÇALVES, Carlos Walter. O desafio ambiental. Rio de Janeiro: Record,
2004, p.66).

A exploração dos recursos naturais promovida pelas atividades humanas começou a se tornar mais
intensa nos últimos 250 anos, a partir da Revolução Industrial. A expansão da produção econômica,
apoiada principalmente no desenvolvimento das atividades industriais, promoveu o aumento da produção
em larga escala, exigindo, como consequência, a utilização cada vez maior de matérias primas e de fontes
energéticas cuja exploração alcançou níveis sem precedentes em toda a história.
Com o advento da sociedade industrial e o desenvolvimento científico e tecnológico voltado para o
aumento crescente da produção, arraigou-se na sociedade capitalista a ideia da natureza como
fornecedora de recursos econômicos, vistos como bens que podem ser explorados a fim de gerar riquezas
e lucros. Com essa mentalidade estritamente econômica, a natureza passou a ser tratada como um
simples estoque de matérias-primas, fonte inesgotável de recursos necessários para sustentar e garantir
a própria reprodução do modo de produção.
Dessa forma, a lógica que sustenta o industrialismo econômico em expansão ao longo dos últimos
séculos está centrada na concepção de natureza como recurso infinito e inesgotável. Isso significa,
portanto, que o sistema econômico moderno está organizado e orientado para a utilização cada vez mais

8
PENA, Rodolfo F. Alves. "Metropolização"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/metropolizacao.htm>.

. 132
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eficaz da natureza e de seus recursos. Assim, pode-se dizer que as raízes do intenso processo de
degradação da natureza e o agravamento dos problemas ambientais que presenciamos em nossa época
ligam-se diretamente a esse modelo econômico predatório do ponto de vista ambiental.

De maneira geral, os recursos naturais podem ser classificados ou agrupados e duas categorias:

Recursos Naturais Renováveis: aqueles que podem ser repostos ou recriados (renovados) pela
natureza em um período de tempo relativamente curto, desde que utilizados de maneira racional. Entre
esses recursos estão florestas, solos e fontes hídricas (rios, lagos, oceanos);
Recursos Naturais Não Renováveis: aqueles que não podem ser repostos pela sociedade e que
levam milhões de anos para serem repostos pela natureza. Os minerais, como bauxita, ferro, ouro, etc.;
e os combustíveis fósseis, como o petróleo, são exemplos de recursos que vão se esgotando à medida
que são extraídos da natureza.

De modo simples, podemos entender por indústria “o ato de transformar, com ajuda de um certo
trabalho, a matéria-prima em bens de produção e consumo”.

As indústrias podem ser divididas em:

a) Extrativas: Aquelas que extraem certos produtos da natureza, sem, contudo, alterar suas
características. Compreendem dois tipos principais: a indústria extrativa vegetal e a indústria extrativa
mineral.

b) De Transformação: São aquelas que transformam as matérias-primas em bens. Compreendem


dois tipos: as indústrias de bens de consumo e as indústrias de bens de produção.
A importância da mineração no contexto da economia nacional é reforçada quando se verifica o valor
da produção da indústria de transformação mineral (metalurgia, siderurgia, fertilizantes, cimento,
petroquímica, etc.).

Os recursos minerais, as fontes de energia e os impactos ambientais

Sobre a superfície da Terra, vamos encontrar basicamente dois tipos de minerais: os fósseis e os não-
fósseis. Os minerais fósseis são aqueles originários da decomposição de restos de animais e vegetais
que ficaram depositados em camadas de rochas sedimentares como o carvão, o petróleo e o xisto. Já os
minerais não-fósseis são os compostos químicos metálicos e não-metálicos que se consolidaram no
interior das rochas, geralmente cristalinas, como, por exemplo, o ouro, o manganês, o ferro, o silício, o
caulim.
Isso significa que os diversos elementos vão surgir em uma determinada região, de acordo com o tipo
de formação geológica do local. É evidente que, quanto maior for a área de um país, maior será a
possibilidade desse país contar com todos os tipos de rochas e assim possuir todos os tipos de minerais.
Entretanto, mesmo para um país de enormes dimensões como o Brasil, que contém todos os tipos de
rochas, os minerais não surgirão na quantidade que a nossa economia exige. Assim, poderíamos
classificar os minerais quanto à disponibilidade em três tipos:
a) abundantes: aqueles que surgem em enormes quantidades, sendo usados tanto internamente
quanto exportados, como por exemplo, o ferro, o manganês, o alumínio, o nióbio.
b) suficientes: os que existem em quantidade suficiente apenas para o abastecimento interno, não
podendo ser exportados.
c) carentes: aqueles cuja quantidade seja insuficiente para atender às necessidades internas como,
por exemplo, o carvão mineral.

Tipos de recursos minerais


Recursos minerais metálicos Recursos minerais não-metálicos
Ferro, alumínio, cromo, manganês, titânio e Minerais para uso químico, fertilizantes e
magnésio. usos especiais
Cloreto de sódio, fosfatos, nitratos, enxofre,
etc.
Cobre, chumbo, zinco, tungstênio, ouro, Materiais de construção
estanho, prata, platina, urânio, mercúrio, Cimento, areia, cascalho, gipso, amianto, etc.
molibdênio, etc.

. 133
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Combustíveis fósseis
Carvão, petróleo, gás natural e folhelho (xisto)
betuminoso.
Água
Lagos, rios e água subterrânea.

A importância dos Recursos Minerais

Os recursos minerais são vitais para o desenvolvimento de um país, por sua importância como matéria-
prima para a indústria – em particular para os setores industriais de base, como a metalurgia e a química
pesadas (assim qualificadas por utilizarem muita matéria-prima. Na primeira, destacam-se as unidades
produtivas voltadas para a fabricação de metais como aço, alumínio, cobre, chumbo e estanho. Na
segunda, aquelas voltadas para a fabricação de ácidos como o sulfúrico, o nítrico e o clorídrico.

Minerais metálicos e não-metálicos


Como observamos, segundo a sua composição, os recursos minerais classificam-se como
metálicos – como ferro, manganês, cobre e estanho. E não-metálicos – como enxofre, calcário e
cloreto de sódio.
As rochas em cuja composição a incidência de minerais metálicos é suficiente para viabilizar sua
exploração econômica denominam-se minérios metálicos. São exemplos a hematita (minério de
ferro), a bauxita (minério de alumínio) e a cassiterita (minério de estanho).

A produção siderúrgica é uma das mais importantes no processo industrial brasileiro. Sua implantação,
porém, é de custo muito elevado, o que fez com que o Estado assumisse essa incumbência nas décadas
de 1940 a 1970.
O minério de ferro é a base da produção do aço, o que explica a implantação das siderúrgicas bastante
próximas das grandes jazidas desse minério.
Como as produções minerais têm caráter estratégico no processo industrial, historicamente os países
desenvolvidos buscaram controlar reservas minerais dentro e também fora dos seus limites territoriais. A
ação das suas empresas mineradoras é bastante sensível nos países subdesenvolvidos, que dispõem de
grandes reservas minerais mas de recursos escassos para explorá-las.
O Brasil, enquadrado nessa descrição, teve de acolher muitas empresas estrangeiras do setor mineral.

A produção mineral brasileira

O Brasil é um dos países mais ricos do mundo em quantidade e diversidade de recursos minerais,
dentre os quais se destacam os minérios de ferro, de estanho, de manganês e de alumínio.
Um aspecto revelador da importância dessa atividade na economia brasileira é a participação relativa
da sua produção e da produção dos metais no total exportado pelo país, destacando-se dentre as
exportações os minérios de ferro, de alumínio e de manganês e, entre os metais, o aço e o alumínio.
A dependência externa do setor mineral é relativamente pequena (ao contrário do que ocorre com os
recursos energéticos, como o petróleo e o carvão), porque o Brasil importa apenas alguns produtos cuja
produção nacional ainda não basta para atender as exigências do mercado interno, como cobre, enxofre
e mercúrio.

Os principais minérios do Brasil

Ferro:
O ferro é obtido pela redução dos seus óxidos. Seus principais minérios são:
Magnetita, com 72,4% de teor de ferro;
Hematita, com 70,0% de teor de ferro;
Limonita, com 59,9% de teor de ferro;
Siderita, com 48,0% de teor de ferro.
A ocorrência de minério de ferro no Brasil foi revelada no final do século XVIII e o seu aproveitamento
teve início na segunda década do século XIX, em Minas Gerais.
Em 1996, o Brasil possuía 8,6% das reservas mundiais, classificando-se em 5º lugar entre os países
detentores do maior volume de minério. Porém, devido ao alto teor de ferro contido em seus minérios, do
tipo hematita e itabirito (60%), o Brasil ocupa posição privilegiada em relação ao ferro produzido
mundialmente. Entre os produtores e exportadores, o Brasil coloca-se entre os maiores.

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As grandes jazidas do Brasil encontram-se em Minas Gerais (Quadrilátero do ferro), Pará (Serra dos
Carajás) e Mato Grosso do Sul (Morro do Urucum).

Manganês:
O manganês é um metal encontrado na crosta terrestre em formas combinadas (óxidos, silicatos,
carbonatos, etc.). A quantidade de minerais de manganês é muito grande (mais de 100), sendo o principal
a pirolusita.
A principal utilidade do manganês (95%) é na indústria siderúrgica, na qual se utilizam 30 Kg de minério
de manganês para cada 1 tonelada de aço. Devido ao seu grande emprego, é um minério considerado
estratégico, sendo que os maiores consumidores (EUA, França, Alemanha, Inglaterra e Japão) não
possuem grandes reservas, exceto a Rússia.
As reservas brasileiras são cerca de 53.790 mil toneladas (cerca de 1,07% das reservas mundiais). As
principais jazidas estão: na Serra dos Carajás (PA), e no Quadrilátero do Ferro (MG).
O Brasil possui a 6ª reserva do mundo, atrás da África do Sul (a maior do mundo), Ucrânia, Gabão,
China e Austrália.

Outros Minérios

Alumínio
O alumínio é um metal branco, leve e que não se deixa tocar pela corrosão. É utilizado pela indústria
elétrica, material de transporte, construção civil, utensílios domésticos, etc.
O principal minério é a bauxita. De um total de reservas mundiais de 28,8 bilhões de toneladas, o Brasil
possui depósitos de bauxita de boa qualidade avaliados em 3,8 bilhões de toneladas, ou seja, 13,5% do
total, sendo o terceiro país em reservas de alumínio. Os depósitos encontram-se principalmente nas áreas
do rio Trombetas, de Paragominas, Juriti e Almerim, todas na região Amazônica, e em Poços de Caldas
e Muriaé (MG), Amapá, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Em 1996 houve um acréscimo de
20,5% na produção brasileira (aproximadamente 2 milhões de toneladas), principalmente em razão do
incremento na produção da Mineração do Rio do Norte S.A. (MRN), uma das mais importantes empresas
produtoras, respondendo por 78,6% do total produzido pelo país naquele ano. Outra grande empresa é a
Companhia Brasileira de Alumínio S.A. (CBA), com 10,1% do total de 1996.
No que se refere ao metal propriamente dito, o alumínio (metal primário), a produção brasileira
apresentou uma variação não muito significativa, passando de 1,18 pra 1,19 milhão de toneladas, mas
que nos situou em quinto lugar (5,8%) na produção mundial.

Cobre
É um metal conhecido desde os primórdios dos tempos da metalurgia, em razão da facilidade de sua
obtenção e pelo seu poder de combinação com outros metais, resultando em famílias de bronzes, latões
e alpacas.
Tem por características principais a dificuldade de corrosão, alto grau de condutibilidade térmica e
elétrica, maleabilidade tanto a quente quanto a frio e é facilmente soldável. Tornou-se o terceiro metal de
maior consumo, sendo superado apenas pelo ferro e pelo alumínio.
Os principais minerais do cobre são sulfetos contendo de 0,5% a 2,0% de cobre (a calcopirita ou cuprita
é um dos mais importantes).
As principais reservas de cobre do mundo estão situadas no Chile, com 27,3%, e Estados Unidos, com
15,1%, perfazendo quase metade das reservas mundiais (42,4%). Entretanto, uma razoável quantidade
desses minérios encontra-se nos países do terceiro mundo, fazendo destes os maiores fornecedores para
os países do primeiro mundo (maiores consumidores).
O Brasil, com 1,9% dessas reservas e uma produção de 46.000 t, que representa, aproximadamente,
0,4% da produção mundial, tem nesse metal uma de suas principais carências, sendo um importante
comprador no mercado mundial.
As maiores jazidas de minério de cobre no Brasil são a de Camaquã (RS), a de Caraíba (BA) e a de
Carajás (Pará).
Os maiores fornecedores de cobre ao Brasil são: o Chile, o Canadá, o Peru e o México.

Estanho
Metal brilhante de aparência semelhante à prata. Extremamente maleável, facilmente amoldável e
fusível (dos metais é o que tem um dos mais baixos pontos de fusão). O estanho é conhecido desde a
Grécia Antiga e era ali considerado precioso juntamente com o ouro e a prata. Geralmente é utilizado na
indústria elétrica, na fabricação de ligas metálicas, empregado com o revestimento em outros metais a

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fim de evitar a corrosão (principalmente nas folhas-de-flandres). Até meados dos anos 60, o Sudeste
Asiático reunia os maiores produtores do metal, com Malásia, Indonésia, Tailândia e China entre os mais
importantes. Nessa época, a maior exploração brasileira era realizada por garimpagem no Estado de
Rondônia. Em 1971, a garimpagem foi proibida e uma modificação na estrutura produtiva resultou num
aumento significativo da produção brasileira, tendo-se o estanho tornado o principal metal não-ferroso a
suprir a demanda interna (consumo local), passando a ser exportável.
Os maiores produtores do minério de estanho no Brasil, a cassiterita, são os Estados do Amazonas,
responsável por 60%, e Rondônia, com 40% (estanho contido). Em relação à produção do estanho
metálico, São Paulo é o principal responsável, com a empresa Mamoré e Metalurgia S.A. respondendo
por 83% dessa produção e a ERSA de Ariquemes – RO com 14%.

Chumbo
O chumbo é um metal conhecido desde a Roma Antiga e possui certos caracteres marcantes que o
diferencia de outros metais: baixo ponto de fusão, muito pouco duro (chega a ser facilmente riscado pela
unha) e possui uma alta capacidade de combinação com outros metais, originado ligas com as mais
diversas aplicações. É utilizado na indústria de baterias, cabos e isolantes para instalações nucleares. Ao
contrário de outros metais, tem tido o seu uso reduzido (como aditivo na gasolina).
O minério de onde mais se extrai o chumbo é a galena (sulfeto de chumbo – PbS).
As reservas brasileiras desse metal são pouquíssimas e pouco significativas, somando, em metal
contido, algo em torno de 350 mil toneladas.

Ouro:
Foi um dos primeiros metais a ser conhecido e trabalhado pelo homem em razão de suas propriedades
como dureza, maleabilidade, ductilidade e um dos metais de mais antiga exploração na América e
também no Brasil. Utilizado na indústria de ferramentas médicas, ourivesaria e na indústria eletrônica de
precisão.
A exploração de ouro no País de faz principalmente por garimpagem (ouro de aluvião, o mais
frequente) principalmente nos rios da Amazônia, o que tem trazido sérios problemas de destruição
ambiental em função do excesso de mercúrio lançado aos rios.
Os maiores produtores mundiais de ouro são: África do Sul, Estados Unidos, Austrália e Rússia. O
Brasil, no ano de 1996, apresentou uma redução de 6% em relação ao ano anterior, tendo produzido 60
toneladas, com 41 toneladas de participação de empresas de mineração (41 no total, entre elas a CVRD,
Grupo Morro Velho, Rio Paracatu Mineração, Mineração Serra Grande) e 19 toneladas dos garimpos.
Nossas principais áreas produtoras estão em Minas Gerais, na Serra de Paracatu e Quadrilátero
Ferrífero, Goiás e no Estado da Bahia. O Pará, após a grande produção na mina a céu aberto de Serra
Pelada, viu suas reservas acabar rapidamente.

Sal Marinho
Ocupa uma posição de destaque no setor da indústria extrativa mineral; é utilizado na pecuária, na
alimentação humana e na indústria química.
As principais áreas produtoras são Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.

Fontes de Energia

Energia Renovável e Não-Renovável

A maior parte da energia produzida no mundo (mais de 80%) é obtida de fontes não-renováveis, isto
é, que não podem ser repostas –como os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral, gás natural) e
os minérios radioativos (urânio, tório). Dentre as fontes renováveis, ainda pouco aproveitadas, destacam-
se a energia elétrica de origem hidráulica e a biomassa (que abrange, entre outras matérias orgânicas, a
lenha, o carvão vegetal, o álcool e o bagaço de cana).
O Brasil é relativamente pobre em recursos energéticos não-renováveis: as suas reservas de minerais
radioativos são expressivas, mas as de combustíveis fósseis são relativamente pequenas. Entretanto o
país é muito rico em recursos energéticos renováveis, principalmente de origem hidráulica, pois é bem
servido de rios planálticos, com muitas quedas-d’água, e assim as bacias hidrográficas em geral têm
levada potência hidrelétrica.

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Petróleo: Origem e Importância

Em períodos geológicos distantes, restos de animais e vegetais (plâncton) depositaram-se no fundo


de mares e lagos. Sofrendo intensa sedimentação, calor, pressão e a ação de microrganismos, essa
matéria orgânica transformou-se em petróleo – um óleo natural, constituído principalmente de
hidrocarbonetos, necessário tanto para a obtenção de gasolina, óleo diesel, querosene e gás de cozinha,
como para a fabricação de plásticos, borrachas sintéticas, fertilizantes, inseticidas, pesticidas e alguns
tipos de medicamentos e produtos químicos.

A exploração econômica de uma jazida petrolífera depende de uma conjunção de fatores:


existência de rocha-mãe, condições propícias à transformação química e bioquímica (temperatura e
pressão), ocorrência de processos migratórios (presença de água), existência de rocha porosa e de
estruturas acumuladoras (suaves dobramentos).

Como fonte de energia e matéria-prima, trata-se de um produto estratégico, por ser indispensável para
os transportes e as indústrias em todo o mundo. Em razão disso, em praticamente todos os países, sua
exploração só pode ser realizada, mesmo por empresas privadas, com autorização governamental – ou
melhor, ela é regulamentada pelo Estado. Não-renovável e distribuído de forma desigual pela natureza,
o petróleo ganhou tal importância no contexto econômico mundial ao longo do século XX, que já motivou
diversos conflitos internacionais.

O Petróleo no Brasil

A história do petróleo no Brasil confunde-se com a da Petrobras, criada pelo governo Getúlio Vargas
em 1953, numa conjuntura política marcada pelo nacionalismo. Em defesa da soberania nacional na
exploração do petróleo presente no sobsolo brasileiro, estabeleceu-se que a empresa responsável pelo
setor seria uma companhia mista, devendo pertencer à União, por lei, no mínimo 51% das suas ações.
Nos artigos da Constituição de 1988 referentes às atividades petrolíferas sob monopólio estatal,
observa-se que os contratos de risco (autorizados na década de 1970) foram eliminados, o que impediria
a participação de empresas particulares, nacionais ou estrangeiras, no processo de prospecção e lavra
do petróleo, em território nacional.
Com as transformações de cunho neoliberal que marcaram os anos de 1990 no país, o monopólio
estatal do petróleo passou a ser questionado por poderosas forças políticas e econômicas nacionais.
Assim, por uma emenda constitucional de 1995, aprovada no Congresso Nacional em dois turnos
(primeiro na Câmara Federal e depois no Senado), a União agora pode contratar empresas privadas ou
estatais, nacionais ou estrangeiras, para atuar no setor petrolífero, que a Petrobrás dominou com
exclusividade por 42 anos.
Entretanto, a importância dessa empresa, que é a maior da América Latina, não deve diminuir. Além
de não haver concorrente nacional ou internacional capaz de lhe fazer frente na exploração do petróleo
brasileiro, ela atua, por meio de subsidiárias, também nos setores de distribuição de derivados (Petrobrás
Distribuidora), produção petroquímica (Petroquisa), prospecção e exploração de petróleo no exterior
(Braspetro), entre outros.

As Reservas e Produções Brasileiras de Petróleo

As reservas de petróleo do Brasil já comprovadas são de aproximadamente 12 bilhões de barris.


Comparadas com as das grandes áreas produtoras no mundo – como o Oriente Médio, cujas reservas
são pequenas, mas a nossa produção (em torno de 1,7 milhão de barris/dia) supre cerca de 90% do
consumo interno.
A maior parte dessa produção provém da plataforma continental, destacando-se dentre as principais
áreas produtoras as bacias dos estados do Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia (Recôncavo Baiano),
Ceará, Espírito Santo, Alagoas e, mais que todas elas, a bacia de Campos, no Rio de Janeiro, responsável
por mais da metade da produção nacional.
Foi sobretudo graças à intensificação dos trabalhos de prospecção em águas profundas, em particular
nessa bacia, que as reservas brasileiras saltaram de aproximadamente 760 milhões de barris, em 1975,
para o volume atual.

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Programa Nacional do Álcool – Proálcool

O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi definido em 1975 e teve sua implantação acelerada em
1979, com o segundo choque do petróleo, cujos efeitos desastrosos se pretendia minimizar usando álcool
como fonte energética alternativa – seja misturado à gasolina em substituição ao chumbo tetraetila,
altamente poluente, à proporção de 23% (álcool anidro, isto é, sem água), seja substituindo a própria
gasolina (álcool hidratado ou etanol), como combustível de veículos especialmente fabricados para esse
fim.
Para expandir a produção, era preciso ampliar a cultura da cana-de-açúcar, e o governo canalizou
esforços para as tradicionais áreas de concentração das usinas, como o planalto Ocidental Paulista e a
Zona da Mata nordestina.
O setor usineiro, interessado em ampliar a produção e o mercado, aderiu à proposta governamental,
incluindo-se entre os beneficiários dos investimentos destinados aos setores ligados à produção do álcool
no país, na forma de créditos ou subsídios, num montante que se acredita ter superado 10 bilhões de
dólares.
Todas as metas estabelecidas foram cumpridas e até extrapoladas. Para se ter uma ideia, em 1985,
no auge do programa, cerca de 91% dos veículos produzidos no país eram movidos a álcool. Mas, a partir
de 1986, com o declínio dos preços internacionais do petróleo, o resultado de tanto esforço começou a
cair por terra, e vários aspectos do Proálcool foram questionados, especialmente os seguintes:
* Em muitos casos, a expansão da cultura da cana ocupou espaços agrícolas antes usados para o
cultivo de gêneros alimentícios;
* O álcool substitui a gasolina, mas não o petróleo, e sua produção depende de derivados petrolíferos,
pois os caminhões que transportam a cana e distribuem o álcool são movidos a diesel;
* O uso do álcool gerou excedentes de gasolina de difícil comercialização, uma vez que os baixos
preços desse derivado no mercado internacional eram incompatíveis com os altos custos da Petrobrás.
Nesse contexto, a manutenção do Proálcool passou a depender de subsídios governamentais e da
vontade política da Petrobrás de arcar com pesados prejuízos na sua revenda.
No início dos anos de 1990, entre outras medidas drásticas, o governo orientou as montadoras de
automóveis a priorizar a produção de carros a gasolina – e em 1996(quando o barril de álcool custava 34
dólares, contra 19 dólares do barril de gasolina) apenas 4,6% dos veículos produzidos no Brasil eram a
álcool.
A situação agravou-se em 1997 com a resolução do governo de suspender os subsídios direcionados
ao setor produtor de álcool, ameaçando a sobrevivência de muitas usinas em funcionamento no país.
Nos anos 2000, a produção de álcool combustível cresceu de forma bastante rápida, tanto no Brasil
como no resto do mundo, o que resultou em uma produção da ordem de 46 bilhões de litros. Entre os
fatores responsáveis por tal crescimento está a elevação acelerada nos preços mundiais do petróleo, o
que levou a uma maior procura por fontes alternativas e, no Brasil, a criação de carros bicombustíveis
(flex), expandido o mercado consumidor interno de álcool.

Carvão Mineral
O carvão mineral é um combustível fóssil originado do soterramento de antigas florestas, em ambiente
com pouco oxigênio, particularmente no período Paleozoico (permocarbonífero). Dependendo das
condições ambientais e da época da sua formação, ele pode ser encontrado em diferentes estágios, como
a turfa, o linhito, a hulha e o antracito.
As reservas brasileiras são relativamente pequenas e de baixa qualidade, pois apresentam, como
regra, baixo poder calorífico e alto teor de cinzas, o que dificulta seu aproveitamento como fonte
energética ou como matéria-prima no setor siderúrgico.
Em razão dessas deficiências, o país importa 50% do carvão mineral que consome.
As maiores reservas de carvão mineral do Brasil ocorrem nos terrenos permocarboníferos do Sul.
O carvão brasileiro tem baixa qualidade, é altamente poluente, e seu aproveitamento envolve elevados
custos de transporte. Por isso, só foi cogitado seriamente como fonte energética em épocas de crise.
Foi o que se viu na década de 1970, quando os choques do petróleo fizeram que se atentasse para as
reservas sulinas, particularmente as de carvão vapor, antes tratadas como entulho, por falta de consumo.
Para incrementar a produção e o consumo, foram então adotadas diversas medidas, como: oferta de
financiamentos e facilidades às companhias carboníferas que elevassem o nível técnico da extração;
instalação de termoelétricas, sobretudo próximo às áreas produtoras de carvão ( o que explica a
concentração de tais usinas no sul do país); incentivos à vários setores industriais para substituírem o
óleo diesel por carvão vapor no processo de aquecimento das caldeiras (caso das indústrias de cimento);

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desenvolvimento no setor carboquímico, para aproveitamento dos subprodutos derivados no processo de
extração do carvão (caso da pirita carbonosa, composta de ferro e enxofre).

O Gás Natural
As reservas de gás natural do Brasil, em 2005, eram relativamente pequenas, da ordem de 326 bilhões
de metros cúbicos, o que correspondia a cerca de 40% das reservas de hidrocarbonetos no país. O
consumo também era relativamente pequeno: a participação do gás natural na matriz energética brasileira
era próxima de 4,8%, apenas, sobretudo porque ele foi historicamente tratado no país como fonte
energética de importância secundária.
Por volta de 2007, graças ao avanço tecnológico dos equipamentos que possibilitavam o uso do gás
natural, o Brasil, acompanhando uma tendência mundial, procurou estimular o aumento da produção e
do consumo interno desse produto, visto ser o menos poluente dos combustíveis fósseis.
Em 1993, foi assinado com a Bolívia um acordo de fornecimento com a intenção de provocar
expressiva elevação da participação dessa fonte na matriz energética nacional.
Segundo o Anuário 2005, a Agência Nacional de Petróleo (ANP), O Brasil importou em 2004 cerca de
8 bilhões de m³ de gás natural, o que representou 46% do consumo total do país.

Lenha e Carvão Vegetal


A produção de lenha e carvão vegetal é ainda bastante expressiva no Brasil. A lenha é utilizada
principalmente no âmbito doméstico, sendo mais da metade de seu consumo (cerca de 56%) verificado
na região Nordeste. O carvão vegetal é empregado sobretudo no setor siderúrgico, sendo mais da metade
do seu consumo (cerca de 53%) observado no estado de Minas Gerais.
O uso desses dois produtos tem sido apontado como uma das causas do intenso desmatamento que
ocorre em nosso território. Para compensar a perda das florestas nativas, nas áreas siderúrgicas de Minas
Gerais, as empresas do setor passaram a ser obrigadas a desenvolver um acelerado processo de
reflorestamento.

Desde o início do processo de ocupação colonial, as florestas brasileiras vêm sendo destruídas
para ser utilizadas como fonte de energia, na forma de lenha ou carvão vegetal. O absurdo é que,
depois de cinco séculos, ainda exista esse tipo de utilização da vegetação que resta no país.

Exploração Mineral e Problemas Ambientais

A formação das jazidas minerais resulta de processos geológicos que ocorreram ao longo de milhões
de anos. Elas constituem recursos esgotáveis e, se forem mantidos os atuais níveis de exploração
mineral, em pouco tempo poderão faltar matérias-primas essenciais à transformação industrial.
Em várias regiões do mundo já são encontradas gigantescas áreas nas quais havia exploração
mineral. Essas jazidas esgotadas ficam, muitas vezes, abandonadas, deixando um rastro de imensas
crateras, nas quais o processo de erosão tende a intensificar os danos ambientais. Em diversos países,
as mineradoras que encerram suas atividades em determinada área de extração são obrigadas, por lei,
a reflorestá-la. Contudo, esse reflorestamento não garante a recuperação do hábitat natural.
No Brasil, as mineradoras simplesmente abandonam as jazidas que se tornaram economicamente
inviáveis, o que agrava os danos ambientais. O esgotamento de jazidas também aumenta as tensões
sociais, pois deixa um grande número de trabalhadores sem emprego e, portanto, sem condições de
sobrevivência.
Durante o processo de exploração, os problemas ambientais são imensos. Para dar início à exploração
é necessária a devastação da vegetação local, comprometendo a sobrevivência da fauna que faz parte
do seu ecossistema. Outro problema são os rejeitos – aquilo que não tem utilidade econômica numa
jazida – depositados em qualquer local e transportados pelo ventou ou pela água das chuvas para outros
lugares, atingindo os rios e provocando o assoreamento dos seus leitos.
Assoreamento é a deposição de sedimentos no leito de um rio, os quais podem impedir a livre
circulação das águas, provocar cheias em determinados trechos e vazantes em outros. Os trechos
assoreados acumulam dejetos dos mais diversos tipos, cuja decomposição contribui para a poluição das
águas.

No Brasil, boa parte do garimpo de ouro ocorre em rios da Amazônia e do Pantanal. Os garimpeiros
utilizam o mercúrio para agregar as pepitas menores, espalhadas na água. Depois de agregadas, o
material é aquecido, o que permite separar o ouro do mercúrio.

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O mercúrio é um metal líquido, altamente tóxico e, dependendo da quantidade ingerida pelo organismo
humano, pode comprometer o sistema nervoso, provocar cegueira, debilidade mental e levar a pessoa à
morte. Atinge, em primeiro lugar, o próprio garimpeiro; e, seguida, os peixes e a fauna do rio em que o
garimpo é feito; e, por fim, as populações ribeirinhas e todos os que consomem o produto da pesca do rio
contaminado.
Entre os diversos minerais explorados, o petróleo é, sem dúvida, o grande vilão do ambiente. Além da
poluição causada pelo consumo de seus múltiplos derivados, são cada vez mais frequentes as tragédias
ambientais decorrentes tanto do processo de extração como de distribuição. O derrame de óleo por navios
petroleiros, que forma as chamadas “marés negras”, e o rompimento de oleodutos têm causado impactos
ambientais de difícil reparação.
Entre o final do século XX e o início deste século, já ocorreram no Brasil diversos acidentes
relacionados à extração e ao transporte de petróleo, como o naufrágio da plataforma P-36, na bacia de
Campos (RJ) – principal região de produção petrolífera do país; e o rompimento do oleoduto da refinaria
de Araucária (PR), que provocou o vazamento de cerca de um bilhão de litros de óleo para os rios Birigui
e Iguaçu.
Um desses acidentes – o rompimento de um duto da refinaria de Duque de Caxias (RJ), que, em
janeiro de 2000, poluiu a baía de Guanabara – é considerado o maior desastre ambiental marítimo do
país; grande quantidade de óleo atingiu os manguezais, provocando a morte de muitos animais e
vegetais. Esse acidente afetou a atividade pesqueira na região e a vida de milhares de pescadores.
Os sucessivos governos brasileiros ainda não adotaram uma ampla política para a exploração racional
dos recursos minerais, a qual priorizasse o desenvolvimento econômico sustentável, a preservação da
natureza e a conservação dessas jazidas.

A sociedade de consumo e o consumismo

O modelo de acumulação capitalista calcado na obtenção de lucros se reproduz, em grande parte, no


aumento crescente dos níveis de produção e de consumo de bens e serviços. Mas essa expansão da
sociedade de consumo em escala também crescente pode ser apontada como uma das causas
estruturais da degradação ambiental contemporânea promovida pelo capitalismo.
A cultura do consumo, que se coloca como condição básica para a manutenção do mercado, depende
do aumento da produção, o que, por sua vez, aumenta a pressão sobre os recursos naturais, acarretando
os mais avariados impactos e problemas ambientais. Embora o consumo seja condição vital para que as
pessoas satisfaçam suas necessidades básicas de sobrevivência (alimentos, roupas, medicamentos,
moradias, escolas, hospitais, etc.), o modelo econômico e a lógica do mercado têm estimulado as pessoas
a consumir exageradamente, o que nos permite dizer, portanto, que estamos vivendo em um mundo cada
vez mais consumista.
Associado a um conjunto de práticas sociais, culturais e econômicas, esse comportamento consumista
está inserido na lógica mercantil, sendo motivado por causas múltiplas. Na disputa pelo domínio de fatias
cada vez maiores do mercado, os segmentos produtivos utilizam inúmeros mecanismos e estratégias de
venda. Por meio do marketing, por exemplo, anúncios publicitários veiculados na mídia (rádio, televisão,
jornais, revistas, outdoors, etc.) procuram estimular o consumo, despertando nas pessoas o desejo de
adquirir mais e mais produtos).
A rapidez com que as inovações tecnológicas ocorrem também contribui para o aumento do consumo.
Com as empresas lançando produtos cada vez mais sofisticados e avançados do ponto de vista
tecnológico, as pessoas tendem a substituir produtos ainda novos pelos que acabam de chegar às lojas
do comércio. Estrategicamente planejado pelas empresas, o lançamento de novos produtos que inundam
as lojas do comércio aumenta em muito suas vendas gerando, portanto, novos hábitos consumistas.
Mas, para garantir essa expansão do consumo e estimular as pessoas a comprar cada vez mais, o
mercado também se encarregou de criar inúmeras estratégias de venda. Os estabelecimentos
comerciais, sobretudo as grandes redes, apostam na realização de promoções e liquidações e oferecem
formas de pagamento “facilitadas” como crediários, prestações, parcelamento em cartões de crédito, etc.
as instituições financeiras, por outro lado, oferecem linhas de crédito, como financiamento e empréstimos
que permitem a aquisição de produtos sem que o consumidor tenha de fazer o pagamento imediato da
compra. Embora essas opções facilitem o acesso ao consumo, elas induzem ao consumismo,
aumentando também o endividamento individual, uma vez quem muitos consumidores acabam tendo
dificuldades de efetuar o pagamento dos compromissos assumidos no ato da compra.

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Desigualdade e consumo no mundo

Ainda que o nível de consumo da sociedade contemporânea continue se expandindo, ele ocorre de
maneira bastante desigual entre os países do mundo. Como o consumo de uma população é determinado
em grande parte pelo nível de sua renda, pode-se concluir que existem grandes diferenças de consumo
entre os países ricos e desenvolvidos e os países subdesenvolvidos. Nos países ricos, a renda per capita
anual da população está, em média, em 40 mil dólares, como ocorre nos Estados Unidos, Canadá,
Alemanha, França, Bélgica, Japão e Austrália. Já em países mais pobres, essa mesma renda não chega
a 800 dólares ao ano, caso do Haiti, Bangladesh, Afeganistão, Serra Leoa, Níger e Ruanda.

Recursos naturais: escassez e abundância x riqueza e pobreza

Faz-se hoje uma grande comparação entre o crescimento econômico de um país e suas implicações
sobre a oferta de recursos naturais. Não é difícil notar que um país desenvolvido consome muito mais
produtos, inclusive descartáveis, aumentando a pressão sobre os recursos naturais. Vejamos um exemplo
simplificado de um estudo publicado nos Estados Unidos.

Quanto do seu orçamento uma família compromete com alimentação (2003)


Família albanesa 100%
Família iraquiana 90%
Família haitiana 80%
Família tailandesa 77%
Família norte-americana 9%

Os países desenvolvidos, tendo um maior poder aquisitivo, são os responsáveis pelo maior consumo
no planeta, muitas vezes de maneira impulsiva e desnecessária.
Esse estilo de vida baseado no “consumo como forma de obter felicidade” foi mais uma estratégia
capitalista de ampliação de negócios que, nos Estados Unidos, recebeu o nome de American Way of Life.
Basta mensurar tal comportamento pelo lixo produzido:
. Produção de lixo mundial por dia: 2 milhões de toneladas;
. Média mundial/dia por habitante de áreas urbanas: 700 g;
. Média de produção de lixo por habitante/dia na cidade de Nova York (EUA): 3 KG.

Os países industrializados apresentam menos de 25% da população mundial, mas consomem 75% da
energia global, 80% dos combustíveis comercializados e cerca de 85% dos produtos madeireiros.
Em contrapartida, nos países subdesenvolvidos, a renda média equivale a apenas 5% da obtida em
países industrializados, indicando que o consumo nesses países se restringe ao necessário ou a menos
que isso. Mesmo assim, a pobreza também exerce pressão negativa sobre o meio ambiente, uma vez
que, em muitos casos, o comportamento de quem vive na miséria e na pobreza é predatório. Poderíamos
citar como exemplos de comportamentos predatórios contra o meio ambiente:
. a coivara – queimada -, técnica primitiva de agricultura;
. o garimpo ilegal e a contaminação de rios com mercúrio;
. a ocupação irregular das margens de mananciais pelas favelas em expansão, nos países pobres.

Mananciais são fontes de água doce, superficiais ou subterrâneas, que podem ser utilizadas para
consumo humano ou desenvolvimento de atividades econômicas.
(Fonte: Ministério do Meio Ambiente).

O despertar da consciência ecológica

A preocupação com o agravamento dos problemas ambientais levou, a partir das décadas de 1960 e
1970, ao surgimento de movimentos ambientalistas organizados pela sociedade civil como forma de
protestar, alarmar e cobrar mudanças para reverter o preocupante cenário de degradação da natureza
promovido pela sociedade.
A emergência dos movimentos ambientalistas eclodiu juntamente com um conjunto de outras
manifestações de caráter social, das quais fazem parte o movimento das mulheres, dos negros e dos
pacifistas, por meio de determinados segmentos sociais engajados na luta por melhores condições de
existência e de vida no planeta. Uma característica singular dos movimentos ambientalistas ecológicos,

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em comparação com outros movimentos sociais, reside no fato de que, na prática, nenhum outro
movimento passou a questionar, de maneira tão ampla, temas tão distintos quanto aqueles que
perpassam pela questão ambiental.
Os movimentos ambientalistas começaram a se fortalecer primeiro na Europa e nos Estados Unidos a
partir de alguns grandes desastres ambientais ocorridos antes d década de 1970, tais como: a
contaminação do ar nas cidades de Nova York e Londres, entre 1952 e 1960; a intoxicação por mercúrio
nas baías de Minamata e Niigata, entre 1953 e 1965, no Japão; o acidente com o navio superpetroleiro
Torrey Canyon, ocorrido no canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França, em 1967; a redução da vida
aquática em alguns dos Grandes Lagos, nos Estados Unidos; a morte de aves causada pelos efeitos de
pesticidas, como o DDT. Nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, esses movimentos chegaram um
pouco mais tarde, já no final da década de 1970 e início dos anos 1980.
Paralelamente a acontecimentos como esses que despertaram a opinião pública, a questão ambiental
também se tornou alvo de maior preocupação da comunidade científica, sobretudo com os avanços da
ecologia e ciências correlatas, como a biologia, por exemplo. Uma nova literatura começou, então, a
questionar os imites da degradação ambiental no planeta, que, no plano político internacional, também
se tornaram alvo de maior preocupação.
Em 1968, especialistas de diversos países se reuniram em Roma, Itália, a fim de formularem projeções
sobre o futuro do planeta, alertando para os riscos ambientais promovidos pelo modelo econômico
vigente, baseado na exploração dos recursos naturais. Esse acontecimento assinalou a fundação do
Clube de Roma que, em 1972, publicou o estudo intitulado Os limites do crescimento. Ao apontar os
limites da exploração do planeta, algo até então inquestionável, esse estudo estimulou a consciência da
sociedade e da tomada de atitude de governos de diferentes países a respeito da problemática ambiental.
Foi nesse contexto que a temática ambiental adquiriu projeção e ganhou espaço nas grandes
discussões internacionais. Ainda em 1972, a ONU realizou em Estocolmo, Suécia, a I Conferência das
Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente. Contando com representantes de mais de 100 países
e outras centenas de instituições governamentais e não governamentais, foram discutidas questões como
o controle da poluição do ar, a proteção dos recursos marinhos, a preservação e o uso dos recursos
naturais, entre outras.
Na década de 1980, a ONU deu continuidade ao debate da questão ambiental com a Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada para estudar a problemática ambiental. Em
1987, esses estudos foram concluídos com a elaboração do documento Our Common Future (Nosso
futuro comum), conhecido como Relatório Brundtland. Como forma de conciliar o crescimento
econômico com a preservação do meio ambiente, o documento trouxe à tona a necessidade de se
promover um novo modelo de crescimento, o chamado “desenvolvimento sustentável”, como sendo
aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem as suas necessidades.
Em 1992, vinte anos após o encontro em Estocolmo, a cidade do Rio de Janeiro sediou a Conferência
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Eco-92 ou Rio-92.
Além de reafirmar a importância do desenvolvimento sustentável, como meta para conciliar o crescimento
econômico, com justiça social e conservação ambiental, o encontro contribuiu para ampliar a
conscientização sobre os problemas ambientais, fortalecendo ainda maios os movimentos ambientalistas
e ecológicos.
Em 1997, na cidade japonesa de Kyoto, foi formalizado um protocolo que instituiu metas para a redução
progressiva na emissão de gases poluentes, sobretudo daqueles que agravam o efeito estufa, como o
dióxido de carbono (CO²). De acordo com esse documento, os países mais ricos e industrializados
deveriam se comprometer a reduzir a emissão desses gases. Embora aceito pela grande maioria dos
países, o protocolo foi recusado pelos Estados Unidos (que respondem por cerca de 25% da emissão
total de CO² na atmosfera) enquanto outros países se opõem a ratificar o tratado que prevê cortes ainda
maiores nas emissões desses gases.
Em 2002, foi realizada em Johanesburgo, na África do Sul, a Conferência da Cúpula Mundial para o
Desenvolvimento Sustentável, a Rio +10, com o objetivo de fazer um balanço das ações realizadas e dos
resultados obtidos com base nos acordos firmados entre os países que participaram da Rio-92. Além das
questões relacionadas à conservação ambienta, também foram discutidas temáticas em âmbito social,
como a meta de redução do número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. Nesse encontro,
entretanto, houve pouco comprometimento das nações envolvidas em assumir realmente ações que
tivessem como resultado a melhoria socioambiental, como o cancelamento da dívida externa de países
subdesenvolvidos, a substituição de parte da energia provinda de combustível fóssil por fontes
energéticas renováveis (como a eólica, a solar, etc.).

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Em junho de 2012, objetivando um encontro entre representantes do governo, ONGs, empresas
provadas e setores da sociedade civil em geral de grande parte dos países do mundo, foi realizada, no
Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Nesse
encontro, fez-se um balanço do que foi efetivamente realizado nos últimos vinte anos sobre as questões
ambientais, em especial, as estratégias mais eficientes para se promover a sustentabilidade ambiental e
também para se combater e eliminar a pobreza extrema no mundo.

Referências Bibliográficas:
ANGLO: GARCIA, Hélio Carlos; GARAVELLO, Tito Márcio. Geografia do Brasil. São Paulo, 4ª edição: Anglo.

COLEÇÃO OBJETIVO – Sistema de Métodos de Aprendizagem – ANTUNES, Vera Lúcia da Costa. Geografia do Brasil: Quadro Natural e Humano.

LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil. Elian Alabi Lucci; Anselmo Lazaro Branco; Cláudio Mendonça. 3ª ed. São Paulo: Saraiva.
MARTINEZ, Rogério. Novo olhar: Geografia. Rogério Martinez, Wanessa Pires Garcia Vidal. 1ª edição. São Paulo: FTD, 2013.

MARTINI, Alice de. Geografia. Alice de Martini, Rogata Soares Del Gaudio. 3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013.

Questões

01. (FAAP) As águas superficiais do Atlântico, que banham a costa nordestina, possuem temperaturas
médias em torno de 25ºC e salinidade em torno de 37 gramas/litro, fatores que, entre outros,
possibilitaram o aparecimento de salinas no litoral. Aponte três razões que explicam a elevada salinidade
desse litoral.

02. (FUVEST) O ferro e o manganês são elementos fundamentais para implantação da siderurgia.
Como se apresenta a situação brasileira quanto a esses minérios, principalmente no que diz respeito à
distribuição de suas jazidas pelo território nacional e seu aproveitamento para o consumo interno ou para
a exportação?

* As questões 03 e 04 referem-se ao texto abaixo:

Conhecida como “costa do sal”, ocorre no litoral do Nordeste, trecho Norte, extensa área salineira,
responsável pela maior parte da produção do sal nordestino.

03. (FAAP) Diga o nome de dois municípios produtores de sal ali localizados.

04. (FAAP) Aponte duas razões, além do teor salino das águas oceânicas, que possibilitam a extração
do sal, nessa região.

05. (MAUÁ) Cite dois minerais que o Brasil deve importar com grande sacrifício de sua balança
comercial.

06. (MAUÁ) Cite dois minérios básicos para a produção do aço, cujas jazidas são tão ricas que
permitem sua exportação.

07. (UNICAMP) O artigo 231 da Constituição Brasileira reconhece aos índios “...os direitos originários
sobre as terras que tradicionalmente ocupam”. Os índios, porém, não são proprietários da terra, são
usufrutuários. As terras indígenas são patrimônio da União, a quem compete demarcá-las e protegê-las.
Alguns setores da sociedade alegam que “é muita terra para pouco índio”. Tais terras são constantemente
invadidas e índios são exterminados.
Considerando as informações, responda:
a) Quais os principais setores da sociedade que ficaram contra a demarcação da reserva Ianomâmi?
b) Quais os argumentos utilizados por esses setores?

08. (TCE/AP – Analista – FCC) O desenvolvimento sustentável visa atender as necessidades do


presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias
necessidades. Esta afirmação se baseia em duas ideias:
(A) Todos os recursos naturais são infinitos e qualquer dano ambiental causado pelo homem é
reversível.
(B) Os recursos naturais não são suficientes nem para a geração atual e os danos ambientais causados
pelo homem são sempre irreversíveis.

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(C) Muitos recursos naturais são finitos e danos ambientais causados pelo homem podem ser
irreversíveis.
(D) Os recursos naturais são suficientes para muitas gerações e todos os danos ambientais causados
pelo homem são reversíveis.
(E) Os recursos naturais já estão praticamente esgotados e qualquer dano ambiental causado pelo
homem é reversível.

09. (Prefeitura de Maturéia/PB – Agente Administrativo – Educa/2016) O desmatamento é um dos


mais graves problemas ambientais da atualidade, pois além de devastar as florestas e os recursos
naturais, compromete o equilíbrio do planeta em seus diversos elementos, incluindo os ecossistemas,
afetando gravemente também a economia e a sociedade.
Existem alguns motivos que provocam ou intensificam a ocorrência do desmatamento, entre os quais,
podemos mencionar, EXCETO:
(A) Expansão agropecuária.
(B) Atividade mineradora.
(C) Maior demanda por recursos naturais.
(D) Êxodo rural.
(E) Aumento das queimadas.

Respostas

01. Resolução:
a) Altas temperaturas e ventos alísios (forte evaporação).
b) Baixo Índice pluviométrico.
c) Ausência de desembocaduras de grandes rios.

02. Resolução:
A siderurgia utiliza, como minério básico para a fabricação do aço, o ferro e o manganês como minério
de liga, que são os minerais mas abundantes do subsolo brasileiro, colocando o Brasil como grande
produtor e exportador mundial. O minério de ferro é encontrado no Quadrilátero Ferrífero (Minas Gerais),
a maior área produtora e exportadora do país; no Maciço do Urucum (Mato Grosso do Sul), que atende
ao mercado consumidor interno e na Serra dos Carajás (Pará), maior reserva brasileira.
Quanto ao minério de manganês, a maior produtora foi, até 1995, a Serra do Navio (AP), sendo
totalmente exportado por meio do Porto de Santana (AP). Para consumo interno, é utilizado o manganês
do Quadrilátero Ferrífero e do Maciço de Urucum.

03. Resolução:
Areia Branca, Macau e o Mossoró.

04. Resolução:
Altas temperaturas, ventos constantes, altas marés.

05. Resolução:
Petróleo e carvão mineral.

06. Resolução:
Ferro e manganês.

07. Resolução:
a) Os setores da sociedade que ficaram contra a demarcação da área da reserva Ianomâmi são:
companhias de mineração (nacionais e multinacionais); garimpeiros, interessados nas riquezas da região;
grandes proprietários de terra; exército, por problemas de segurança, e até governos estaduais, que
alegam que as reservas são um empecilho aos investimentos externos.
b) O primeiro argumento contra a demarcação é que a área destinada à reserva é exclusivamente
extensa em relação às necessidades do índio, pois os setores acima citados afirmam que o
aproveitamento dos recursos naturais da reserva indígena fica aquém das potencialidades da área. Outro
argumento afirma que os índios, com sua forma de ocupação, tornam as áreas de reserva vulneráveis a
ações externas, já que tais áreas se encontram próximas à fronteira.

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08. Resposta: C.
Gestão da Sustentabilidade: O termo sustentabilidade está cada vez mais presente no ambiente
empresarial. A definição de sustentabilidade mais difundida é a da Comissão Brundtland (WCED, 1987),
a qual considera que o desenvolvimento sustentável deve satisfazer às necessidades da geração
presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Essa definição deixa claro um dos
princípios básicos de sustentabilidade, a visão de longo prazo, uma vez que os interesses das futuras
gerações devem ser analisados.
Para toda e qualquer empresa que lute pelo símbolo da sustentabilidade, ser reconhecida por práticas
na área de responsabilidade socioambiental é apenas o resultado do seu esforço.
Na atual competição de lançamentos, cada vez mais completos no quesito sustentável, as práticas
conhecidas se unem com uma série de inovações de estímulo ao consumo consciente.
As empresas lutam cada vez mais por ambientes diferenciados para apresentar seus produtos e
serviços preocupados com o meio ambiente.
Hoje, evidências e práticas destas empresas já são analisadas pelo consumidor final, que as escolhem
por possuir bons programas de comprometimento ambiental.
Elas, por sua vez, para se destacar e crescer no mercado sustentável, se preocupam em compor um
quadro de parcerias com seus fornecedores no uso de energia, redução de resíduos, relatórios de
emissões de gases do efeito estufa, além de esforços ao envasar seus produtos em embalagens
recicláveis e/ou retornáveis e fabricá-los com matéria prima renovável, 100% biodegradável e
compostável.
Todos estes comprometimentos com a responsabilidade socioambiental resultam numa parceria que
alia a sustentabilidade da empresa com as vendas de seus produtos. E esta parceria destaca o sucesso
e reconhecimento das ações por quem mais interessa no resultado final de qualquer atividade industrial
ou comercial: o cliente.

09. Resposta: D.
Podemos definir êxodo rural como sendo o deslocamento de pessoas da zona rural (campo) para a
zona urbana (cidades). Ele ocorre quando os habitantes do campo visam obter condições de vida melhor.
Causas: Os principais motivos que fazem com que grandes quantidades de habitantes saiam da zona
rural para as grandes cidades são: busca de empregos com boa remuneração, mecanização da produção
rural, fuga de desastres naturais (secas, enchentes, etc.), qualidade de ensino e necessidade de
infraestrutura e serviços (hospitais, transportes, educação, etc.).
O êxodo rural provoca, na maioria das vezes, problemas sociais. Cidades que recebem grande
quantidade de migrantes, muitas vezes, não estão preparadas para tal fenômeno. Os empregos não são
suficientes e muitos migrantes partem para o mercado de trabalho informal e passam a residir em
habitações sem boas condições (favelas, cortiços, etc.).
Além do desemprego, o êxodo rural descontrolado causa outros problemas nas grandes cidades. Ele
aumenta em grandes proporções a população nos bairros de periferia das grandes cidades. Como são
bairros carentes em hospitais e escolas, a população destes locais acabam sofrendo com o atendimento
destes serviços. Escolas com excesso de alunos por sala de aula e hospitais superlotados são as
consequências deste fato.
Os municípios rurais também acabam sendo afetados pelo êxodo rural. Com a diminuição da
população local, diminui a arrecadação de impostos, a produção agrícola decresce e muitos municípios
acabam entrando em crise. Há casos de municípios que deixam de existir quando todos os habitantes
deixam a região.

Organização do espaço (agrário: atividades econômicas, modernização e conflitos

Questões Agrícola e Agrária no Brasil:

A agropecuária no Brasil apresenta duas faces diferentes. Uma – denominada agronegócio


(agribusiness) – é a da modernidade e da elevada produtividade, que a coloca entre as mais competitivas
do mundo, apesar das barreiras encontradas pelos produtos agrícolas brasileiros nos principais mercados
internacionais. Outra se caracteriza pela miséria dos trabalhadores rurais, que perdem seus empregos e
suas terras e tornam-se incapazes de prover a própria subsistência.

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Agribusiness – o que é isso?
Fornecedores de Produção Processamento e Distribuição e
insumos e bens de agropecuária transformação Consumo
produção
Sementes Produção animal Alimentos CONSUMIDORES
Calcário Lavouras Têxteis
Fertilizantes permanentes Vestuário Restaurantes
Rações Lavouras Madeira Hotéis
Defensivos temporárias Bebidas Bares
vegetais Horticultura Álcool Padarias
Prod. Veterinários Silvicultura Papel Fast-food
Tratores Extração vegetal Fumo Self-service
Colheitadeiras Indústria rural Óleos, essências Supermercados
Implementos Com. Atacadista
Equipamentos Exportação
Máquinas
Motores
Serviços de apoio: veterinários, agronômicos, P&D, bancários, marketing, vendas, transporte, armazenagem, portuários, assistência técnica, informação de
marcados, bolsas, seguros, outros.

(Fonte: Complexo agroindustrial – o agrobusiness brasileiro. Em: Revista Rumos, ano 23, nº 163, agosto de 1999, p.26).

A ideia central do agrobusiness é a de constituição de cadeias produtivas, formadas por


dezenas de elos ou agentes econômicos, integrados por diversos mecanismos, como
cooperativismo, associativismo, parcerias, contratos, integração vertical e alianças
estratégicas. (Revista Rumos, ano 23, nº 163, agosto de 1999, p.27).

A Produção Agrícola Brasileira e o Agronegócio

A safra brasileira de grãos e as exportações de carne bovina, suína e de frango tem registrado
sucessivos recordes nas três últimas décadas.
Em 2004, o setor agropecuário respondeu por 42% da exportações do país e por 34% do PIB (Produto
Interno Bruto).
O Brasil tem um dos maiores rebanhos bovinos do mundo e várias medidas foram tomadas para
melhorar a qualidade do gado e erradicar doenças que impediam a colocação do produto n o mercado
internacional, diviso às barreiras sanitárias. Foi efetivo, por exemplo, o combate à febre aftosa, inclusive
com destruição de rebanhos contaminados.

Distribuição do rebanho bovino no Brasil – 2003


(mil cabeças)
REGIÕES
Nordeste Sul Norte Sudeste Centro-
Oeste
24,99 28,03 33,93 38,71 69,88
BRASIL: 195,54
(Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal. Em: Ministério da Agricultura, 2005).

Entre os produtos agrícolas, destacam-se no Brasil: soja, laranja, cana-de-açúcar, café, algodão e
arroz. Em 2004, a produção de grãos atingiu 130 milhões de toneladas; o principal produto foi a soja, que
expandiu a sua área de cultivo da região Sul para o cerrado, principalmente no Mato Grosso. Já a
produção de trigo, ao contrário, apresentou problemas. Apesar de ser básico para a alimentação e,
portanto, estratégico, é um dos principais produtos de importação. O governo vem dando apoio restrito a
sua produção e as áreas de cultivo acabam sendo substituídas por culturas mais rentáveis
comercialmente, como a soja.

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Agribusiness – Brasil (2003)
Os produtos do Agribusiness e que o país é líder mundial
Açúcar Carne Soja em Suco Tabaco Café Carne
de Frango Grão de Laranja Bovina
Vende É o Detém Vende Vende Vende Assumiu
29% de primeiro em 38,4% do 81,9% do 23,1% do 28,5% do a liderança
todo o vendas, mercado suco tabaco café em em 2003,
açúcar com mundial. distribuído consumido grão com 19%
consumido exportações no planeta. no mundo. consumido de
no mundo. de 1,9 no planeta participação
bilhão de e 43,6% do no mercado
dólares. café mundial.
solúvel.
(Fonte: Ícone e Abef. Em Veja, 14/01/2004).

A Questão da Terra no Brasil

O Brasil está entre os países com pior distribuição de terras da América e essa distribuição é uma das
mais desiguais do mundo, apesar de ser um país de dimensões territoriais gigantescas, com elevado
potencial de terras disponíveis e não-trabalhadas. A situação fundiária é uma questão pendente, apesar
dos frequentes conflitos pela posse de terras, da maior organização dos trabalhadores em luta pela terra
e da repercussão internacional negativa dessa realidade social do campo.
De acordo com dados oficiais de 2003, a distribuição de terras apresentou um contraste alarmante,
embora tenha havido aumento de assentamentos agrícolas na década passada.
A elevada concentração de terras é resultante de ocupação ilegal, grilagem, conflitos violentes e,
principalmente, de leis que regulamentam a posse e a propriedade da terra no Brasil.
A grilagem, praticada no Brasil dede o século XIX, foi um dos principais responsáveis pela
concentração de terras no meio rural. A prática de grilagem resume-se à criação de documentos falsos,
em nome de determinadas famílias, para concessão ilegal de terras públicas a particulares, em conluio
com órgãos oficiais, como cartórios de registro de imóveis e outros órgãos públicos.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em 2002 existiam 100 milhões de hectares
suspeitos de serem terras griladas, área equivalente a todos os países da América Central.

A reforma agrária e os movimentos sociais no campo

A questão fundiária é um dos assuntos mais importantes e polêmicos do Brasil. Causam apreensão
as invasões de terras que têm levado milhares de famílias a ocupar áreas de propriedades, supostamente
improdutivas, como instrumento de pressão para forçar o governo a acelerar o processo de assentamento
e reforma agrária.
A questão fundiária no Brasil oferece o seguinte histórico:
* Década de 1940 – Com o fim da ditadura Vargas e a promulgação de uma nova Constituição, foram
iniciadas as discussões sobre a questão agrária, não se verificando na época grandes progressos;
* Década de 1950 – Na segunda metade, conheceu-se a organização das “Ligas Camponesas”, em
Pernambuco, lideradas entre outros por Francisco Julião, radicalizando a luta pela terra;
* Década de 1960 – Durante o governo de João Goulart, ocorreram invasões de terras no Nordeste e
o populismo de Jango criou a SUPRA (Superintendência para a Reforma Agrária), tornando-se um dos
fatores que desencadearam o movimento militar de 1964;
* Outubro de 1964 – Alguns meses após sua ascensão ao poder, o governo militar decretou o Estatuto
da Terra e criou o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária);
* Década de 1980 – Após 20 anos de atuação do INCRA, o governo José Sarney (1985) criou o
Ministério da Reforma Agrária em substituição àquele Instituto. Foi criado o PNRA (Plano Nacional de
Reforma Agrária), sem resultados práticos;
* 1988 – Durante os trabalhos da Assembleia Constituinte, discutiu-se a reforma agrária, que acabou
incorporada ao texto da nova Constituição, cabendo ao governo promove-la;
* Década de 1990 – Evidencia-se a atuação do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST),
organizando sucessivas invasões que abrangeram inúmeras áreas em diferentes regiões do País.

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Os critérios da Reforma Agrária

O valor de uma propriedade rural não depende necessariamente do seu tamanho. Uma fazenda com
metade da área de outra pode até valer mais do que ela, em razão de um conjunto de fatoras, tais como:
a localização numa região mais favorável à comercialização, a qualidade natural dos elementos da
paisagem (em particular a do solo), a existência de infraestrutura de energia e transporte em torno da
propriedade, as benfeitorias nela realizadas, a disponibilidade de capitais para investimentos na
produção.
É nesse aspecto do preço da terra, ligado à localização e à fertilidade natural, que reside uma das mais
discutidas soluções propostas para a questão agrária no Brasil: na visão de alguns grandes proprietários
rurais do Centro-Sul – que são donos das melhores terras do país e não querem perder lucratividade – o
Estado poderia resolver logo o problema dos sem-terra, distribuindo entre eles áreas vazias do extremo
ocidental da Amazônia ou trechos paupérrimos do Semiárido nordestino.
Outro aspecto controvertido da questão, que contribuiu para atrasar a concretização de soluções, foi
o estabelecimento de uma definição legal para propriedade produtiva. Embora a Constituição de 1988
tenha aprovado o artigo referente à realização da reforma agrária nas terras não produtivas, somente em
1993 o Congresso Nacional oficializou um primeiro critério de produtividade: para ser considerada
produtiva, uma propriedade rural deve apresentar, no mínimo, um índice de utilização de 80% da área
aproveitável (já descontadas as áreas de reserva vegetal, de mananciais, etc.).
Desde então, as propriedades com aproveitamento abaixo desse índice podem ser desapropriadas
para realizar-se a reforma agrária.

Características do programa de Reforma Agrária


* Modificação da estrutura da propriedade da terra;
* Subordinação da propriedade da terra à justiça social, às necessidades do povo e aos objetivos da
sociedade;
* Garantia de que a produção agropecuária esteja voltada para a segurança alimentar e o
desenvolvimento econômico e social dos trabalhadores;
* Apoio à produção familiar e cooperativa, com preços justos, crédito acessível e seguro agrícola;
* Aplicação de um programa especial de desenvolvimento para a região do semiárido;
* Desenvolvimento de tecnologias adequadas à realidade brasileira, preservando e recuperando os
recursos naturais, como modelo de desenvolvimento agrícola autossustentável.

A questão dos Sem-Terra

O MST congrega os “sem-terra” tanto do campo quanto das cidades, lutando pela moradia. Segundo
o MST, o “sem-terra” é:
* O assalariado rural que deseja mais do que benefícios trabalhistas; é aquele que quer terra;
* O parceiro, o meeiro e o arrendatário (pessoas que produzem em terras de terceiros, pagando pelo
uso da terra com parcela da produção);
* O “boia-fria” (empregado contratado por tarefa);
* O proprietário rural com área de até 5 hectares;
* O filho de proprietário rural cuja família tenha até 30 hectares, sem condições de dividir a propriedade
com os filhos.

As características sociais e econômicas dos sem-terra indicam que eles são os habitantes do campo
que vivem nas piores condições, o que, sem dúvida, favorece os movimentos de ocupação e, ao mesmo
tempo, exige dos governantes medidas urgentes para minimizar os problemas dessa massa de
trabalhadores.

Um problema histórico
A questão dos sem-terra sempre foi uma das mais sérias que o país enfrentou e tem de enfrentar: sua
origem remonta às primeiras décadas do século XVI, quando foram implantados os grandes latifúndios
monocultores de cana, no período da ocupação colonial do Brasil.
O meio rural praticamente se manteve nas mesmas condições com a instauração do Império e da
República. Sua integração ao processo de modernização do país só se iniciou de fato nos anos de 1930,
com a crise do café – em parte pela derrocada econômica de antigos proprietários rurais, em parte pelas
novas ideias trazidas pelos imigrantes, especialmente europeus.

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Na década de 1950, houve uma das primeiras iniciativas de organizar os trabalhadores rurais, no
interior da região Nordeste, com a criação das Ligas Camponesas.
Desde aquela época, com a expansão industrial do país, as transformações ocorridas no campo
acentuaram os problemas sociais, intensificando o êxodo rural e a luta pela posse da terra. Criaram-se,
assim, as condições para o surgimento dos Movimentos Estaduais dos Sem-Terra (o primeiros deles no
rio Grande do Sul), no final da década de 1970.
Em 1984, as principais lideranças dessas entidades reuniram-se e constituíram o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com o objetivo de organizar em âmbito nacional a luta dos
trabalhadores rurais por uma reforma agrária ampla e imediata.

A presença de um acampamento de sem-terra em qualquer ponto do território indica que ainda


existem sérios problemas a serem resolvidos no meio rural brasileiro.
A demora das autoridades governamentais na realização da reforma agrária só faz aumentar o
contingente de trabalhadores sem-terra, favorecendo a organização do movimento.

A agricultura e os impactos ambientais

Problemas dos Solos


Entre os diversos problemas que afetam os solos brasileiros, estão os seguintes: erosão, esgotamento,
laterização, lixiviação e desertificação.
Esses problemas são de grande intensidade e decorrentes das características climáticas (climas
quentes e úmidos) e das técnicas agrícolas empregadas, rudimentares e/ou impróprias. Apesar de
limitadas, tenta-se combater os referidos problemas por meio de medias, tais como: terraceamentos,
curvas de nível, aplicação de adubos, irrigação e reflorestamento, práticas estas mais difundidas nas
regiões Sudeste e Sul do país.

Erosão e Esgotamento dos Solos: são provocados sobretudo pelas características climáticas
predominantes no país, isto é, maior concentração das chuvas durante o verão, e também pelo
predomínio de técnicas rudimentares de cultivo, as quais provocam esgotamento precoce do solo.

Laterização: processo característico das regiões intertropicais de clima úmido e estações chuvosas e
secas alternadas. Consiste na remoção da sílica e no enriquecimentos dos solos em óxidos de ferro e
alumínio, originando a formação de uma “crosta ferruginosa” capaz de impedir ou dificultar a prática
agrícola. Esta crosta é conhecida também como “canga” e aparece em grandes extensões dos chapadões
do Centro-Oeste na Amazônia.

Lixiviação: é a “lavagem” que ocorre nos solos das regiões tropicais úmidas, quando as chuvas
intensas atravessam os solos de cima para baixo, carregando os elementos nutritivos superficiais.

Desertificação: Um sério problema ambiental, típico das áreas de climas áridos e semiáridos, é o
processo de modificação da paisagem denominado desertificação, que se caracteriza pela rápida redução
(e até eliminação) da vegetação, com consequente empobrecimento (e até esterilização) do solo.
Embora seja acentuado pelo clima, esse fenômeno na verdade resulta da ação humana – de
desmatamento acelerado, queimadas, plantio em áreas de declive (que acelera a erosão), entre outras
práticas inadequadas, ligadas à agricultura itinerante, à expansão das áreas de pecuária extensiva ou a
métodos de garimpagem primitivos.
No Brasil existe uma área no interior do “polígono da seca” (no sertão do Nordeste) que apresenta
diversas características da desertificação. Somadas aos problemas climáticos (chuvas escassas e
distribuídas irregularmente durante o ano), as precárias condições econômicas da população local
refletem-se no comprometimento do solo, que é prejudicado pelas queimadas, pela pecuária extensiva
de bovinos (que o pisoteiam) e caprinos (que arrancam os pastos com as raízes), bem como pelo
desmatamento indiscriminado para obtenção de lenha (empregada como fonte de energia doméstica).

Quando a ação humana inadequada em relação ao uso do solo se associa a um clima árido (ou
semiárido), o resultado pode ser catastrófico para o ambiente.

A degradação do solo é um dos mais graves problemas ambientais sendo consequência da erosão,
poluição por agrotóxicos, redução da atividade biológica subterrânea, queda da fertilidade, compactação,
salinização, encharcamento e outros.

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A intensidade da erosão e degradação do solo em áreas agrícolas varia bastante em razão de fatores
como: tipo de cultura, regime da cultura (perene ou anual), técnicas de cultivo, uso de agroquímicos,
espaçamento entre plantas, nível de cobertura do solo e outras características das plantas cultivadas.
A queimada é outra prática agrícola que provoca degradação biológica. É praticada com a finalidade
de retirar a vegetação nativa para implantar campos de cultivo, eliminar restos de culturas ou renovar
pastagens.
A atenção dos cientistas tem se dirigido ao crescente processo de desertificação que ocorre, com
diferentes intensidades, nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas.
No Brasil, o fenômeno da desertificação é observado na Região Nordeste, onde são identificados mais
de 660.000 km² de área em que o processo atinge níveis preocupantes, afetando diretamente mais de 3
milhões de habitantes.

Recursos Hídricos
Ao modificar as espécies e as quantidades de vegetais predominantes numa dada área, a agricultura
provoca um grande desiquilíbrio no meio ambiente local. Os sistemas agrícolas modernos interferem em
vários processos ecológicos e reduziram a reciclagem de nutrientes. Quando ocorrem perturbações
climáticas, ecológicas ou práticas agrícolas inadequadas teremos um processo de degradação que atinge
o solo e as águas.
A carência de água inibe a atividade agrícola em vastas regiões do planeta. Estudos da FAO indicam
que a água é um fator restritivo para quase 600 milhões de hectares potencialmente agricultáveis no
mundo.
Grande parte dos problemas com os recursos hídricos tem como causas:
* Uso excessivo e inadequado de agroquímicos;
* A destruição da cobertura vegetal dos solos para plantio;
* A não-preservação de matas ciliares e das vegetações protetoras de nascentes;
* O descaso com a conservação dos solos;
* Grandes obras de irrigação, desvios e represamentos de água.

As maiores consequências dessas práticas agrícolas em relação aos recursos hídricos são:
* A poluição dos cursos de água e lençóis freáticos;
* As alterações nos ciclos hidrológicos;
* Redução do volume de água disponível.
A irrigação é uma prática muito importante para a humanidade, pois apesar de ser aplicada em apenas
15% das terras agricultáveis, ela gera, nessas áreas, cerce de 36% da produção agrícola mundial.

A irrigação moderna provoca grandes desequilíbrios ambientais como:


* Encharcamento ou alagamento, onde o excesso de umidade nas raízes provoca a redução da
produção;
* Salinização: ocorre principalmente em áreas áridas e semiáridas com acúmulo de sais minerais nas
camadas superficiais do solo;
* Eutrofização: consiste no acúmulo de fertilizantes químicos (principalmente nitrogênio e fósforo) nos
rios e reservatórios que drenam os campos irrigados. O excesso de nutrientes na água provoca o aumento
de certas algas, que passam a consumir grande parte do oxigênio, dificultando a vida de outros
organismos aquáticos;
* Desperdício: 40 a 60% das águas são perdidas por evaporação ou por infiltração;
* Proliferação de pragas: o aumento da umidade local facilita a proliferação de fungos e insetos
prejudiciais às plantações.

Questões

01. (IBGE – Agente de Pesquisas e Mapeamento – CESGRANRIO) Segundo dados do IBGE, cerca
de 28% da PEA (população economicamente ativa) brasileira trabalha no setor primário, sendo a
agropecuária responsável por apenas 9,1% do nosso produto interno bruto (PIB). Levando em conta que
ainda grande parte dos trabalhadores agrícolas mora na periferia das cidades e que eles se deslocam
diariamente ao campo para trabalhar como boias-frias em modernas agroindústrias, percebemos que,
apesar da modernização verificada nas técnicas agrícolas, ainda persistem o subemprego, a baixa
produtividade e a pobreza no campo.
(SENE, E. e MOREIRA, J. Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2000. p. 276. Adaptado).
Essa modernização técnica do campo provoca a seguinte consequência sócio espacial:

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(A) reforma agrária
(B) assentamento fundiário
(C) redução das exportações
(D) emigração estrangeira
(E) êxodo rural

02. (IBGE – Agente de Pesquisas e Mapeamento – CESGRANRIO) Os portugueses introduziram,


pioneiramente, na África e no Brasil, um tipo de agricultura apoiada na monocultura açucareira em
grandes propriedades, com mão de obra constituída predominantemente de escravos. Toda a produção
era embarcada em navios com destino à Europa. Esse tipo de agricultura persiste até hoje no Brasil, com
o protagonismo das exportações de produtos tropicais.
MAGNOLI, D. e ARAUJO, R. Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 1997, p. 239. Adaptado.
A atividade agrícola descrita acima é denominada agricultura de
(A) jardinagem
(B) regadio
(C) subsistência
(D) precisão
(E) plantation

Respostas

01. Resposta: E.
Êxodo Rural
O crescimento vegetativo das cidades tem sido menor ou, no máximo igual ao das áreas rurais; então,
a intensa urbanização tem outras explicações, das quais a principal é o êxodo rural – a transferência de
população do campo para as cidades.

Fenômeno migratório mundial, o êxodo rural é consequência, entre outros fatores, da


implantação de relações capitalistas modernas na produção agropecuária, que é levada a
adaptar-se a uma economia complexa e diversificada, centrada nas cidades. Nesse quadro, o
setor agrícola fornece insumos e matérias-primas para as indústrias, consome mercadorias
industriais (máquinas, adubos, pesticidas, implementos, etc.) e, substituindo o trabalho
humano pela máquina, libera excedentes de mão-de-obra – ou seja, expulsa a população do
campo para o meio urbano.

Nos países desenvolvidos, os acontecimentos que ocasionaram essa dinâmica marcaram a história
do século XIX e as primeiras décadas do século XX – ou seja, houve uma urbanização relativamente
progressiva, gradual.
Já nos países subdesenvolvidos e de industrialização recente o ritmo do êxodo rural foi muito mais
acelerado: no Brasil, por exemplo, a maioria da população deslocou-se para o meio urbano em poucas
décadas, pois o processo industrial iniciou-se em 1930 e acelerou-se na década de 1950 (com o governo
de Juscelino Kubitschek e a penetração maciça de investimentos internacionais), logo formando um
mercado nacional centralizado no Sudeste, particularmente em São Paulo.
A rápida transição de uma economia agrário – exportadora para um modelo econômico urbano e
industrial instituiu ou acirrou, no campo, uma série de fatores de expulsão dos trabalhadores para as
cidades. Dentre eles, destacam-se:
* a mecanização agrícola – típica das áreas do Centro-Sul do país, onde há capitalização da
agricultura. Nas décadas de 1970 e 1980, esse processo expandiu-se para áreas de cerrado de Mato
Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Bahia, geralmente associado ao aumento da produção de soja para
exportação, e também para as regiões Norte e Nordeste.
* a concentração fundiária – fenômeno geralmente paralelo ao crescimento da mecanização das
atividades agrícolas. No Brasil, ocorreram ondas sucessivas de concentração de latifúndios em áreas
antes ocupadas por pequenas propriedades. É o que se observou no norte do Paraná, no Mato Grosso
do Sul e no sul de Goiás, poucas décadas após o movimento de ocupação dessas regiões por pequenos
proprietários. O mesmo ocorreu em prazo ainda menor em Rondônia, área de atração de minifundistas,
e em outras áreas de fronteira agrícola da Amazônia. Nesse processo de ocupação dos espaços
pioneiros, os pequenos proprietários são desalojados pela grande propriedade e empurrados para
fronteiras mais distantes ou para os centros urbanos.

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* a alteração das relações de trabalho na agricultura – introdução de formas capitalistas de
produção agrícola. Parceiros e meeiros, pequenos rendeiros, colonos e moradores das fazendas são
rapidamente substituídos por assalariados temporários (volantes e boias-frias), que residem nos centros
urbanos e trabalham sazonalmente, nas épocas de colheita ou plantio. Essa categoria cresceu muito, não
só com a modernização agrícola do país, como também com a promulgação do Estatuto do Trabalhador
Rural (em 1964): estendendo aos trabalhadores do campo os direitos garantidos para os trabalhadores
urbanos, esse documento legal, destinado a beneficiar os moradores das fazendas, acabou por acelerar
sua expulsão, por fazer deles uma mão-de-obra mais cara.
Também áreas em que predominam o mini latifúndio e a produção para subsistência costumam repelir
populações, à medida que as propriedades vão sendo sucessivamente subdivididas, até atingirem um
parcelamento extremado. Exemplo significativo de área desse tipo é o vale do rio Jequitinhonha, no norte
semiárido de Minas Gerais, de onde saíam migrantes sazonais que se empregavam como boias-frias nas
safras de cana-de-açúcar, amendoim, laranja e soja de São Paulo e do Paraná. A população excedente
dessas áreas dirigiu-se para outros centros urbanos.

02. Resposta: E.
Plantation é um tipo de sistema agrícola (uma plantação) baseado em uma monocultura de exportação
mediante a utilização de latifúndios e mão de obra escrava. Foi bastante utilizado na colonização da
América — sendo mais tarde levada para a África e Ásia —, principalmente no cultivo de gêneros tropicais
e é atualmente comum a países subdesenvolvidos, com as mesmas características, exceto, obviamente,
por não mais empregar mão de obra escrava.
O sistema plantation foi introduzido no Brasil na época colonial, com o cultivo da cana-de-açúcar.
As grandes plantations no Brasil atual são: laranjas, cana de açúcar, soja e o pioneiro café.
Plantation:
* Domínio Geográfico: áreas tropicais;
* monocultura;
* grandes estabelecimentos;
* capitais abundantes;
* mão-de-obra numerosa e barata;
* alto nível tecnológico;
* trabalho assalariado;
* aproveitamento agroindustrial da produção;
* cultivos destinados à exportação;
* grande rendimento.

5. ATUALIDADES Questões relacionadas a fatos políticos, econômicos,


sociais e culturais, nacionais e internacionais, ocorridos a partir do 1º
de março de 2017, divulgados na mídia local e/ou nacional.

Política

Papelão e substância cancerígena ou exagero? O que se sabe - e o que é dúvida - na Operação


Carne Fraca9
A BBC Brasil conversou com engenheiros de alimentos e especialistas em carnes para esclarecer o
que pode e o que não pode ser adicionado no processamento de carnes e quais as preocupações que a
investigação da PF deve despertar no consumidor.
Para alguns deles, a maneira como a operação foi divulgada acabou gerando uma desconfiança
"exagerada" sobre a carne brasileira.
"A polícia agiu mal com a maneira como divulgaram tudo. Acho que houve um certo exagero, para
precipitar a loucura que foi na imprensa ontem", disse à BBC Brasil o médico veterinário e especialista
em carnes Pedro Eduardo de Felício, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp.
A engenheira de alimentos Carmen Castillo, da ESALQ - USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz), pontua que alguns ingredientes citados nas acusações, como o ácido ascórbico, são
necessários para o processamento dos alimentos e é preciso tomar cuidado para não "demonizá-los".

9
19/03/2017 – Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39317738

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"Não é problema usar esses ingredientes (em alimentos processados e embutidos), o problema é não
respeitar os níveis permitidos na lei", disse à BBC Brasil.
De acordo com a Polícia Federal, esse seria um dos delitos cometidos pelas empresas, que utilizavam
ingredientes no processamento de carnes em quantidades acima do que determina a regulamentação.
"Eles usam ácidos, outros ingredientes químicos, em quantidades muito superior à permitida por lei
pra poder maquiar o aspecto físico do alimento estragado ou com mau cheiro", explicou o delegado da
PF responsável pela investigação, Maurício Moscardi Grillo, em entrevista coletiva na sexta-feira.
A operação deflagrada pela PF foi a maior de sua história e revelou que empresas do setor, incluindo
as as gigantes JBS e a BRF, adulteravam a carne que vendiam no mercado interno e externo.
A investigação também revelou um esquema de propinas e presentes dados pelos frigoríficos a fiscais
do Ministério da Agricultura, que supostamente recebiam para afrouxar a fiscalização e liberar a
comercialização de carne vencida e adulterada.
Sobre as acusações, a JBS se manifestou dizendo que "é a maior interessada no fortalecimento da
inspeção sanitária no Brasil", ressaltando que "no despacho da Justiça Federal que deflagrou a operação,
não há qualquer menção a irregularidades sanitárias ou à qualidade dos produtos da JBS e de suas
marcas."
A BRF disse que "apóia a fiscalização do setor e o direito de informação da sociedade com base em
fatos, sem generalizações que podem prejudicar a reputação de empresas idôneas e gerar alarme
desnecessário na população."

Exagero?
O delegado Grillo explicou os problemas encontrados na carne das empresas investigadas pela
operação - que iam desde mudar a data de vencimento e a embalagem de carnes estragadas, que eram
usadas como matéria-prima para embutidos, até injetar água em frangos para alterar seu peso e mascarar
a deterioração de carnes com o uso de ácido ascórbico.
"São dois anos de análise de fatos, desde utilização de papelão por essas empresas - até essas que
já citei de grande porte (JBS e BRF) - para colocar esse tipo de situação em comidas, pra fazer enlatados,
e outras coisas que podem prejudicar a saúde humana. (...) Tudo isso mostra que o que interessa para
esse grupo é o capitalismo, é o mercado, independente da saúde pública", disse.
"Determinados produtos, cancerígenos até, em alguns casos, eram usados pra poder maquiar as
características de um produto estragado ou com cheiro."
Mas alguns especialistas ouvidos pela BBC Brasil avaliam o modo como as informações foram
divulgadas como "sensacionalista".
"A divulgação da operação foi muito sensacionalista. Essa é uma questão pontual. Estou nesse
mercado, estudando e trabalhando, há 30 anos. Uma das empresas que dirijo importava carne do Uruguai
e da Argentinos até 2012. Hoje, 100% da carne que usamos é produzida no Brasil porque melhorou muito
a qualidade", afirma Sylvio Lazzarini, dono do restaurante Varanda Grill, em São Paulo.
Já Felício ressaltou a importância da investigação e disse que a operação revela um problema no
setor, que "precisa de uma renovação no sistema de fiscalização". Ele destaca, porém, que é preciso
esclarecer melhor as informações divulgadas sobre ingredientes comuns na indústria de carnes, como o
ácido ascórbico, "que é utilizado no mundo todo".
Tanto Felício quanto Lazzarini apontaram o fato de que, ao anunciar a operação, a PF não explicitou
quais infrações foram cometidas por quais empresas, o que facilitaria uma "generalização" do problema.
A BBC Brasil procurou a Polícia Federal, mas não obteve resposta até o fechamento dessa
reportagem.

Papelão
Ao anunciar a operação, a PF mencionou que empresas envolvidas no esquema de corrupção
"usavam papelão para fazer enlatados (embutidos)".
Em uma das ligações telefônicas citadas no relatório da Polícia, funcionários da BRF falam sobre o
uso de papelão na área onde produzem CMS (carne mecanicamente separada, comumente usada na
produção de salsichas).
No áudio, é possível ouvir:
Funcionário: o problema é colocar papelão lá dentro do cms também né. Tem mais essa ainda. Eu vou
ver se eu consigo colocar em papelão. Agora se eu não consegui em papelão, daí infelizmente eu vou ter
que condenar.
Luiz Fossati (gerente de produção da BRF): ai tu pesa tudo que nós vamos dar perda. Não vamos
pagar rendimentos isso.

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Pedro Felício acredita que a referência ao papelão não foi feita como ingrediente para o processamento
da carne. "Acho muito difícil isso ter acontecido. O que acontece é que tem áreas dentro das indústrias
que são chamadas de áreas limpas, onde não podem entrar embalagens secundárias, como caixas de
papelão", diz.
"Na gravação que ouvi, duas pessoas falavam em entrar com uma embalagem de papelão na área
limpa. Evitar papelão nessas áreas faz parte das boas práticas de manufatura, mas não fazer isso não é
o mesmo que usar papelão dentro da salsicha."
Em nota, a empresa BRF afirmou que "houve um grande mal entendido na interpretação do áudio
capturado pela Polícia Federal".
A empresa afirma que um de seus funcionários falava que tentaria embalar a carne em papelão. O
produto é embalado normalmente em plásticos.
"Na frase seguinte, ele deixa claro que, caso não obtenha a aprovação para a mudança de embalagem,
terá de condenar o produto, ou seja, descartá-lo", afirma a empresa.

Ácido ascórbico
O ácido ascórbico - a popular vitamina C - também foi citado pelo delegado da PF como algo utilizado
para "maquiar" o aspecto da carne.
"Eles usam ácido ascórbico e outras substâncias na carne pra maquiar essa imagem ruim que ficaria
se ela fosse expostas dessa forma. Inclusive cancerígenas. Então se usa esses produtos multiplicados
cinco, seis vezes pela quantia permitida pela lei para que não dê cheiro, e o aspecto de cor fique bom
também", disse Grillo.
A partir daí, muitas pessoas entenderam que o ácido ascórbico é uma substância potencialmente
cancerígena.
De acordo com a OMS, ela pode contribuir com distúrbios gastrointestinais, cálculos renais e outros
problemas de saúde se for consumida em excesso e por longos períodos de tempo, mas não há
evidências de relação direta com o câncer.
Falta saber que substâncias cancerígenas estariam sendo usadas e por quais empresas, de acordo
com a investigação da Polícia Federal.
Os especialistas alertam que o uso de ácido ascórbico na carne não é problema.
"O uso dele tem benefícios e não é para mascarar carne adulterada. Ele tem uma função nas carnes
processadas como antioxidante, ajuda a melhorar a estabilidade do sabor e reduzir o teor de nitrito
residual. O nitrito é um aditivo para realizar a cura, que é uma etapa importante no processamento da
maior parte dos produtos processados. Todo ingrediente não cárneo tem função a cumprir no
processamento de alimentos", afirmou Carmen Castillo.
Pedro Eduardo de Felício pontua que o ácido ascórbico "evita que a carne fique com uma coloração
marrom" e que "isso é feito no mundo todo".
A substância, segundo Felício, conseguiria mascarar a deterioração da carne no princípio, quando ela
só tem algumas manchas, mas não quando o estado é mais avançado.
De qualquer forma, ela só deve ser usada somente em produtos embutidos como parte de seu
processamento, e não nas carnes que são vendidas como matéria-prima para estes produtos - nem nas
carnes compradas no supermercado.
"A carne usada como matéria-prima não deve ter qualquer aditivo, nem o ácido ascórbico. Se a Polícia
achou isso, não deveria acontecer", diz.

Salsicha de peru sem peru


A descoberta de que, no Paraná, alunos da rede pública estadual consumiram salsicha de peru sem
carne de peru - preenchida com proteína de soja, fécula de mandioca e carne de frango - deu início à
investigação de dois anos.
"Muitas vezes verificou-se a falta de proteína, por exemplo, numa merenda escolar, trocada por fécula
de mandioca ou então a proteína da soja, que é muito mais barata do que a carne, então substituía.
Muitas vezes até tinha a quantidade de proteína suficiente, mas não era a proteína da carne, era proteína
de outro alimento, que não traz as mesmas substâncias pro corpo humano como a carne", afirmou o
delegado.
O uso de soja e de fécula de mandioca são comuns na produção de embutidos em todo o mundo,
segundo os especialistas, porém é preciso respeitar as quantidades determinadas pela lei.
"É preciso observar as quantidades usadas, porque elas só podem ser usadas dentro dos limites da
lei. Senão, você tem um produto de carne que tem predominância de matérias-primas não cárneas", diz
Felício.

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Injeção de água no frango
Segundo a PF, fiscais teriam descoberto que frangos da empresa BRF, a maior exportadora de frango
do mundo, teriam "absorção de água superior ao índice permitido".
"Injetar água no frango é um problemão com o qual o Brasil vive e luta contra há muito tempo. Há oito
anos que o Ministério da Agricultura é cobrado pelo Ministério Público que o frango não pode ter mais de
8% de água", afirma Felício.
"É uma luta difícil. Eu não duvido que isso aconteça muito por aí, mas existe um esforço para
combater."
A prática não chega a ser prejudicial à saúde, mas altera o peso da carne. "É uma fraude econômica",
diz o engenheiro.

Cabeça de porco
O uso da carne de cabeça de porco ou de boi em linguiças é discutido em uma das ligações
interceptadas entre os sócios do frigorífico Peccin e é proibido no Brasil. "Usavam cabeça de porco, animal
morto, tudo para fazer esse tipo de produtos, principalmente esses derivados, salsicha, linguiça, e outros
produtos", afirmou Grillo.
A utilização de cabeça de porco é admitida em outros países, segundo Felício. "Não será a melhor
linguiça do mundo, mas não é prejudicial à saúde. Será um produto comestível, mas de categoria inferior."
"No Brasil, essa carne é considerada como matéria-prima nas formulações de embutidos cozidos,
como mortadela, mas não em linguiças, que são cruas."

O consumidor deve se preocupar?


Segundo Sylvio Lazzarini, as irregularidades encontradas pela Polícia Federal devem ser punidas, mas
não representam a totalidade dos produtos feitos no Brasil e vendidos em supermercados e restaurantes.
"A carne brasileira evoluiu muito nos últimos anos e é muito segura. Senão o Brasil não exportaria para
os países asiáticos, e muito menos para os EUA, que tem um dos maiores controles fitossanitários do
planeta", diz Lazzarini.
Para o empresário, "irregularidades desse nível existem em todo o mundo porque bandidos existem
em todo lugar".
O Ministério da Agricultura divulgou nota também para acalmar os ânimos dos consumidores.
"O Serviço de Inspeção Federal é considerado um dos mais eficientes e rigorosos do mundo. Tem um
quadro de 2.300 servidores e inspeciona 4.837 unidades produtoras habilitadas para exportação para 160
países. Foi com este Serviço que construímos uma reputação de excelência na agropecuária e
conseguimos atender às exigências rigorosas de diferentes nações", afirma a pasta.
O delegado da PF chegou a ser questionado na coletiva de imprensa se seria correto afirmar que
"quase nenhum produto no mercado hoje está 100% livre dessas possíveis fraudes". Ele respondeu com
cautela, mas não escondeu sua preocupação.
"É possível que a gente tenha consumido alimentos de baixa qualidade, no mínimo, com qualidade
inferior do que deveria ser fornecido."
"Hoje é realmente complicado. Tenho ido ao mercado e passeio um bom tempo até escolher um
produto, mudou esse aspecto na minha vida. É difícil porque a confiança que a gente tem nas empresas,
pelo menos da minha parte, mudou muito. São empresas que a gente considerava corretas, então
assusta. Obviamente deve ter empresas sérias, corretas, mas na investigação foi assim, foi aparecendo
uma, depois outra. Acho que a gente pode dizer que todas as empresas que a gente teve o azar ou a
sorte de investigar tiveram problemas sérios. Foram quase 40."
Para evitar problemas, Pedro Eduardo de Felício afirma que os consumidores devem conferir se os
estabelecimentos de onde compram carne vendem produtos com certificação de origem e de inspeção,
mesmo após as acusações de corrupção de inspetores federais.
"Este escândalo é de desvio de conduta de 33 funcionários, que foram afastados, entre mais de quatro
mil inspetores. E o Ministério da Agricultura estar tomando atitudes para corrigir o problema. A partir de
agora, todo mundo vai ficar alerta."
"Os erros que foram cometidos devem ser comprovados e punidos, com certeza. Mas eu não acredito
que essas acusações possam ser generalizadas, acho que esse foi problema localizado e o governo terá
que resolver", diz.

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Seis perguntas para entender a operação Carne Fraca10
A Polícia Federal deflagrou, na manhã da última sexta-feira (17/03) a operação Carne Fraca, destinada
a combater a venda ilegal de carnes no país. A operação, a maior já realizada pela PF, contou com o
trabalho de mais de mil agentes, em sete Estados. Revelou uma extensa rede de corrupção - da qual
participavam empresários e dezenas de inspetores do governo - criada para garantir a comercialização
de carnes adulteradas e com data de validade vencida. A investigação implicou mais de 30 empresas,
entre elas as gigantes JBS e BRF - donas de marcas como Friboi, Sadia e Perdigão. As duas figuram
entre as maiores exportadoras mundiais de carne. Negam ter cometidos essas irregularidades.

O que houve?
De acordo com a Polícia Federal, ao menos 30 empresas produtoras de carne no Brasil adulteravam
a data de validade dos produtos comercializados. Para mascarar a aparência e o cheiro ruim da carne
vencida, eram usados produtos químicos - o ácido ascórbico e o ácido sórbico. As empresas também
injetavam água nas peças, para aumentar o peso dos produtos, e acrescentavam papelão no preparo de
embutidos. As carnes chegavam aos supermercados graças ao pagamento de propina a fiscais do
Ministério da Agricultura, que afrouxavam a vigilância. Nem sempre a propina envolvia dinheiro - até
mesmo caixas de carnes, frango e botas foram dadas como forma de pagamento pela vista grossa das
autoridades.

Havia envolvimento de políticos?


Segundo a Polícia Federal, a propina paga aos fiscais acabava alimentando os cofres de PP e PMDB.
A polícia, no entanto, ainda não conseguiu estabelecer por que essa divisão acontecia. Um dos envolvidos
no caso é o ministro da Justiça Osmar Serraglio (PMDB- PR). Ele aparece em grampos interceptados
pela PF, conversando com Daniel Golçalves Filho, fiscal agropecuário e líder do esquema criminoso. Na
época, Serraglio ainda não era ministro, e a PF, apesar dos telefonemas, não encontrou indícios de crime
em sua conduta. Nas interceptações, também foram citados outros parlamentares do PMDB do Paraná -
como o deputado federal Sérgio Souza, da Frente Parlamentar da Agropecuária.

Quem comer a carne vencida vai ficar doente?


Não necessariamente - a carne que já passou da data de validade não tem uma aparência muito
diferente da carne boa, caso mantida sob refrigeração adequada. O que muda é o gosto, que logo
denuncia o produto ruim. Segundo especialistas consultados pelo jornal Folha de S. Paulo, haverá
problema se tiverem se proliferado, no produto, colônias de bactérias potencialmente nocivas, como
coliformes fecais. Nesse caso, o consumo da carne pode provocar enjoos, vômito e diarreia.

Para onde toda essa carne foi vendida?


As carnes eram comercializadas em todo o país e também exportadas. A agência de notícias
Bloomberg destacou que o esquema envolvia inclusive uma carga de carnes contaminada com salmonela
e que estava a caminho da Europa.

E o mercado externo? Como reagiu?


Na sexta-feira, quando foi deflagrada a operação, as ações da JBS caíra 10,6% e as da BRF caíram
7,3%. Em parte, pesou contra elas a má repercussão internacional do caso. O jornal americano The New
York Times chegou a dizer que o caso abala um dos poucos pilares ainda seguros da instável economia
brasileira, o agronegócio.

Haverá punições?
Por ora, a Justiça Federal do Paraná já decretou o bloqueio de R$1 bi em bens das investigadas. A
Polícia Federal também cumpriu 38 mandados de prisão - 34 deles para funcionários públicos. Foram
detidos, também, quatro executivos das empresas envolvidas. Entre eles, o gerente de Relações
Institucionais e Governamentais da BRF Brasil, Roney Nogueira dos Santos, e o diretor da BRF André
Luiz Baldissera.

10
18/03/2017 – Fonte: http://epoca.globo.com/brasil/noticia/2017/03/seis-perguntas-para-entender-operacao-carne-fraca.html

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Conheça Marcelo Odebrecht, o homem que comprou o Brasil: propinas chegaram a R$ 10
bilhões11
Como o executivo se tornou um dos homens mais poderosos do Brasil ao negociar nos bastidores
pagamentos bilionários a políticos e partidos até ser preso e condenado por Moro
“Lá em casa, quando as minhas meninas tinham uma briga, eu perguntava: ‘Quem fez isso?' Talvez
eu brigasse mais com quem dedurasse do que com aquele que fez o fato”. A resposta de Marcelo Bahia
Odebrecht, de 48 anos, quando questionado em 2015, na CPI da Petrobras, se tinha intenção de fazer
acordo de delação premiada, deixa clara a mudança de postura do hoje ex-presidente da maior
construtora da América Latina após um ano e oito meses atrás das grades.
A conduta arrogante e inconformada do empresário, que já esteve entre os 10 mais ricos do Brasil, se
transformou após sucessivas derrotas na Justiça (com habeas corpus negados sucessivamente) e da
condenação a 19 anos e quatro meses por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa na
Operação Lava-jato. Em dezembro, Marcelo resolveu contar em detalhes tudo que sabia sobre
pagamentos ilegais que chegaram em nove anos a US$ 3,37 bilhões (mais de R$ 10 bilhões) para
políticos de quase todos os partidos, empresários, lobistas, sindicalistas e até lideranças indígenas.
Ao atender o pedido do promotor para falar olhando diretamente para a câmera, Marcelo revela, com
um certo ar de banalidade e distanciamento, os detalhes sobre negociações que ocorreram em gabinetes
e salas de reuniões e de estar dos principais nomes da política nacional. “Não conheço nenhum político
que consiga se eleger sem caixa 2. Isso não existe. O político pode até dizer que não sabia, mas o que
disser que não recebeu caixa 2 está mentindo”, afirmou.
Ao longo das várias horas de depoimentos aos promotores e ao juiz Sérgio Moro, o empresário, que
se permite até a divagar até sobre a institucionalização do caixa 2 nas campanhas eleitorais e cita a
distribuição de dinheiro para partidos como forma de servir ao sistema político, admite que “ser um grande
doador é sempre melhor” para manter as relações com os grupos influentes. “Pagar caixa 2 virou coisa
tão comum que não era mais tratado como crime, era tratado como algo necessário. Fazia parte, já que
o caixa 1 era uma parte muito pequena de nossa contribuição”, justificou Marcelo.

ASCENSÃO E QUEDA
Herdeiro de uma dinastia de empreiteiros, o engenheiro civil baiano Marcelo Odebrecht entrou na
empresa da família logo ao se formar na Universidade Federal da Bahia, em 1992, e teve como primeiro
trabalho a construção de um edifício em Salvador. Ambicioso e metódico, rapidamente tomou conta de
outros projetos, como a construção de uma hidrelétrica em Goiás. Depois partiu para o exterior, trabalhou
na montagem de plataformas de petróleo na Inglaterra e fez um MBA nos EUA.
Voltou ao Brasil no fim dos anos 1990 como uma das maiores referências do setor de petroquímica.
Poucos anos depois, em 2002, assumiu a presidência da construtora Odebrecht. Aos 40 anos, em
dezembro 2008, ele chegou ao topo do conglomerado da família, o Odebrecht S.A., com 15 empresas.
Arrojado, avançou no setor de petroquímica com a consolidação da Braskem e abriu mais canteiros de
obras para a empresa em 21 países.
Sob a gestão de Marcelo, a Odebrecht saltou de uma receita de R$ 38 bilhões, em 2009, para R$ 107
bilhões em 2014. O crescimento representou também uma participação cada vez maior no jogo político.
Em seus depoimentos ele afirmou que doações e negociações com políticos são comuns na empresa há
décadas, mas com o aumento da importância da construtora na economia aumentaram também as
demandas de políticos por doações para campanhas.
“Até a década de 1980, os pagamentos não contabilizados eram feitas nas próprias obras. As
empresas que queriam fazer os pagamentos não contabilizados faziam. A partir da década de 1990, se
adotou o modelo que existe até hoje: gerar recursos não contabilizados e distribuir em off shores no
exterior. O modelo então foi evoluindo para gerar eficiência fiscal e não ter riscos fiscais”, explicou Marcelo
aos investigadores.
Em 2015, Marcelo apareceu na Revista Forbes como um dos mais ricos do Brasil, com fortuna
estimada em R$ 13,1 bilhões. Desde sua prisão, em 19 de junho de 2015, quando os agentes invadiram
o condomínio de luxo no Morumbi, Zona Sul de São Paulo, Marcelo passou por uma transformação. As
ordens dadas aos outros diretores que dividiam cela na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, foram
aos poucos dando lugar a uma postura mais humilde, sempre com cabeça baixa (segundo agentes
policiais).
O empresário que afirmou que os delatores eram “dedos-duros” acabou obrigado a fazer o mesmo
para evitar passar mais de 10 anos na prisão, longe da família e do conforto no qual estava acostumado.

11
. FONSECA, Marcelo. Conheça Marcelo Odebrecht, o homem que comprou o Brasil: propinas chegaram a R$10 bilhões. Disponível em:<
http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2017/04/16/interna_politica,862501/conheca-marcelo-odebrecht-o-homem-que-comprou-o-brasil-propinas-cheg.shtml>
Acesso em 18 de abril de 2017.

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No acordo fechado com o Ministério Público Federal, os advogados de Marcelo conseguiram reduzir sua
pena e ele deve ficar preso em regime fechado até dezembro deste ano.

Delação da JBS aponta que Temer pedia propina desde 201012


Informação está no anexo 9 do acordo de colaboração firmado junto à Procuradoria-Geral da República
(PGR)
Em um dos trechos da delação de Joesley Batista, um dos proprietários da JBS, o empresário descreve
a relação que tinha com o presidente Michel Temer, detalha os pedidos de pagamento de propina feitos
pelo presidente e conta sobre o último encontro, ocorrido no Palácio do Jaburu, em março deste ano.
Segundo o delator, Temer solicitava pagamentos irregulares à empresa desde 2010.
A informação está no anexo 9 do acordo de colaboração firmado junto à Procuradoria-Geral da
República (PGR).
O empresário relata que conheceu Temer no escritório do peemedebista, em São Paulo. Joesley
atendeu a um primeiro pedido de R$ 3 milhões em propina, sendo R$ 1 milhão através de doação oficial
e R$ 2 milhões para a empresa Pública Comunicações. Os repasses foram registrados em notas fiscais.
No mesmo ano, o empresário também concordou com outro pedido do presidente para o pagamento
de propina de R$ 240 mil à empresa Ilha Produções. Joesley disse ter se encontrado Temer ao menos
20 vezes — no escritório de advocacia do peemedebista, na sua residência e no Palácio do Jaburu.

Temer teria voltado a solicitar pagamentos em 2012


De acordo com a delação, em 2012, na campanha à prefeitura de São Paulo, Temer voltou a solicitar
pagamentos milionários para a campanha de Gabriel Chalita, o que ocorreu por meio de caixa 2. A partir
de então, estreitou-se a relação entre Joesley e Temer, "ficando claro que o então vice-presidente
operava, além de Wagner Rossi (então Ministro da Agricultura), em aliança com Geddel Vieira Lima,
Moreira Franco e Eduardo Cunha, entre outros".
Joesley descreve que, durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Temer o chamou para
uma reunião para pedir uma propina de R$ 300 mil com o objetivo de pagar as despesas de marketing
político pela internet, pois "o mesmo estava sendo duramente atacado no ambiente virtual".
Quando Temer assumiu a presidência, o empresário estabeleceu um canal de interlocução, junto com
Geddel Vieira Lima, na qual enviava pedidos ao presidente. Entre os pedidos, Joesley lembra de ter
solicitado que ele realizasse uma intervenção no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) para que a instituição não vetasse a mudança da sede da JBS para o Exterior.
Após a queda de Geddel, Joesley afirma que teve dificuldades de manter o canal de interlocução com
Temer "e avançar agendas de seu interesse". Foi quando contatou o deputado federal Rodrigo Rocha
Loures (PMDB-PR) e, por meio dele, conseguiu uma reunião com Temer no Palácio do Jaburu. O
encontro ocorreu ema 7 de maio de 2017, e os assuntos foram descritos pelo empresário em tópicos.
Primeiro falam sobre assuntos econômicos, e logo a seguir Joesley "procurou tranquilizar Temer sobre
o risco de delações", dizendo que estava "cuidando" de Eduardo Cunha e de Lucio Funaro, ao que Temer
respondeu "importante manter isso". O empresário disse, ainda, que estava "tranquilo em relação às
investigações que lhe diziam respeito, a propósito de ter entrado em ajustes com autoridades do sistema
de Justiça".
Na sequência, Joesley pede ao presidente que lhe indique alguém para tratar dos interesses de ambos,
no que Temer menciona o próprio Loures. O empresário pediu, ainda, que Temer encontrasse uma
solução junto a Henrique Meirelles nos assuntos de interesse do Grupo JF, e exemplificou o pedido com
assuntos relacionados ao Cade e à CVM, além de questões relacionadas com o BNDES.
O encontro, que ocorreu à noite, é finalizado com Joesley indicando que o método de reunião noturna
e entrada discreta havia funcionado, no que Temer teria concordado.
A seguir, o documento descreve dois encontros de Joesley com Loures, em que o empresário pede
para o deputado interceder junto ao Cade, "pois uma empresa controlada pela JF precisava de liminar
para afastar o monopólio da Petrobras do fornecimento de gás para termelétrica do Grupo JF.
Ao final do documento, Joesley conta que ofereceu "lançar mais créditos na planilha a medida que
outras intercessões de Temer e Rodrigo em favor do Grupo JF fossem bem sucedidas em negócios tais
como energia a longo prazo e destravamento das compensações de crédito PIS/Cofins com débitos de
INSS". Afirma, ainda, que disse para o deputado, assim como havia feito com o presidente, que "estava
cuidando de Eduardo Cunha e Lucio Funaro". Loures teria indicado que isso "era bom".

12
SCHUCH, MATHEUS. SORDI, JAQUELINE. Delação da JBS aponta que Temer pedia propina desde 2010. Gaúcha. Disponível em:
<http://gaucha.clicrbs.com.br/rs/noticia-aberta/delacao-da-jbs-aponta-que-temer-pedia-propina-desde-2010-195975.html> Acesso em 19 de maio de 2017.

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Rocha Loures é afastado do mandato de deputado13
Câmara foi notificada da decisão do Supremo Tribunal Federal. Deputado do PMDB aparece na
delação dos donos da JBS e foi filmado recebendo mala de dinheiro.
O deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) foi afastado do cargo após decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF). O afastamento foi determinado em despacho do presidente Rodrigo Maia (DEM-
RJ) nos termos da decisão da Corte.
A Câmara foi notificada da decisão do STF na noite desta quinta-feira (18) e, no mesmo dia, determinou
a providência. Quando o conteúdo da delação começou a ser divulgado, Loures estava nos Estados
Unidos. Ele retornou ao Brasil nesta manhã.
Loures aparece na delação premiada dos donos do frigorífico JBS, Joeslye e Wesley Batista, como
intermediário do presidente Michel Temer para assuntos da empresa com o governo. Ele atuou para
resolver uma disputa relativa ao preço do gás fornecido pela Petrobras à termelétrica do grupo JBS.
Quando o conteúdo da delação começou a ser divulgado, Loures estava nos Estados Unidos. Ele
retornou ao Brasil nesta manhã.

Mala de dinheiro
Reportagem do jornal "O Globo" relata que o dono da JBS marcou um encontro com Rocha Loures
em Brasília e contou sobre sua demanda no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Pelo
serviço, segundo "O Globo", Joesley ofereceu propina de 5%, e o deputado deu o aval.
De acordo com documentos da investigação obtidos pela TV Globo, o deputado afastado foi filmado
pela PF recebendo uma bolsa com R$ 500 mil enviados por Joesley, após combinar pagamento semanal
no mesmo valor pelo período de 20 anos.
A entrega de R$ 500 mil para Rocha Loures, feita por Ricardo Saud, diretor da JBS, ocorreu em São
Paulo. Depois de passar por três endereços em um mesmo encontro (um café em um shopping, um
restaurante e uma pizzaria), Loures deixa a pizzaria levando uma mala preta com o dinheiro.
Conforme o relatório, o valor semanal poderia chegar a R$ 1 milhão se o Preço de Liquidação das
Diferenças (PLD), valor fixado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em R$/MWh,
para a comercialização da energia, ultrapassasse R$ 400.
De acordo com "O Globo", Loures teria telefonado para o presidente interino do Cade, Gilvandro
Araújo, para interceder pelo grupo. O Cade informou, em nota, que a área técnica da Superintendência
Geral recomendou a instauração, inicialmente, de Procedimento Preparatório e, posteriormente, de
Inquérito Administrativo, procedimentos padrão para apurar denúncias anticoncorrenciais.

Retorno ao Brasil
Quando o conteúdo da delação dos donos da JBS foi divulgada, Loures estava em Nova York, nos
Estados Unidos, acompanhando o evento Person of The Year (personalidade do ano), no qual o prefeito
de São Paulo João Doria foi premiado. O deputado retornou ao Brasil nesta manhã.
Ele desembarcou no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, às 7h35, uma hora depois de o avião
pousar, às 6h25.
No saguão do aeroporto, Loures foi chamado de "ladrão", "bandido" e algumas pessoas pediram
"cadeia". Ele não quis gravar entrevista, entrou em um táxi branco e não respondeu para qual cidade vai.

Temer revoga decreto que autorizou Forças Armadas na Esplanada14


Militares ocuparam ruas de Brasília após protesto de centrais sindicais terminar em vandalismo.
Ministro anunciou que o presidente mandou AGU acionar na Justiça responsáveis pelas depredações.
O presidente Michel Temer revogou nesta quinta-feira (25), por meio de uma edição extraordinária do
"Diário Oficial da União", o decreto que autorizou o uso de tropas das Forças Armadas na Esplanada dos
Ministérios.
No decreto que revogou o ato anterior, o presidente afirma que, "considerando a cessação dos atos
de depredação e violência e o consequente restabelecimento da Lei e da Ordem no Distrito Federal, em
especial na Esplanada dos Ministérios", ele decidiu retirar os militares das ruas de Brasília.
O decreto publicado nesta quinta-feira tem apenas dois artigos:

13
G1. Rocha Loures é afastado do mandato de deputado. G1, Política. Disponível em: < http://g1.globo.com/politica/noticia/deputado-rocha-loures-e-afastado-
do-mandato-de-deputado.ghtml> Acesso em 19 de maio de 2017.

14
AGUIAR, GUSTAVO. Temer revoga decreto que autorizou Forças Armadas na Esplanada. G1, Política. Disponível em: <
http://g1.globo.com/politica/noticia/governo-revoga-decreto-que-autorizou-atuacao-do-exercito-na-esplanada-dos-ministerios.ghtml> Acesso em 25 de maio de 2017.

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Art. 1º Fica revogado o Decreto de 24 de maio de 2017, que autoriza o emprego das Forças Armadas
para a Garantia da Lei e da Ordem no Distrito Federal;
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 25 de maio de 2017; 196º da
Independência e 129º da República.
A decisão se deu menos de 24 horas após a assinatura do decreto que determinou o envio de tropas
das Forças Armadas para o Distrito Federal. Na manhã desta quinta, Temer se reuniu, no Palácio do
Planalto, com ministros de seu núcleo político e de defesa para avaliar a eventual saída dos militares da
Esplanada.
Participaram da reunião com o presidente da República os ministros Raul Jungmann (Defesa), Eliseu
Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral), Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo) e
Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional).

Ações judiciais
Após a publicação da edição extra do "Diário Oficial", os ministros da Defesa e do GSI concederam
uma coletiva no Planalto para explicar a decisão de retirar as tropas do centro de Brasília.
Raul Jungmann afirmou aos jornalistas que, ao avaliar que a ordem havia sido "restaurada" na capital
federal, Michel Temer determinou a suspensão da operação de garantia da lei e da ordem.
O ministro da Defesa também comunicou que o presidente da República ordenou que a Advocacia-
Geral da União acione perícias em todos os imóveis federais da Esplanada dos Ministérios nos quais
foram registrados atos de vandalismo para que sejam ajuizadas ações judiciais – cíveis e criminais –
contra os autores dos atos de violência.
"A desordem não será tolerada. Não serão toleradas essas manifestações que descambem para o
vandalismo e para a violência", enfatizou.
Segundo Jungmann, de 2010 a 2017, foram realizadas no país 29 ações de garantia da lei e da ordem,
nas quais as Forças Armadas são enviadas às ruas.

Envio das tropas


Michel Temer havia assinado nesta quarta (24) o decreto de garantia da lei e da ordem no Distrito
Federal que autorizou o uso de tropas militares na segurança de prédios públicos federais.
A decisão foi motivada pelos tumultos e atos de vandalismo registrados nesta quarta, na área central
de Brasília, durante a manifestação organizada por centrais sindicais para reivindicar que Temer deixe o
comando do Palácio do Planalto e também para protestar contra as reformas nas regras previdenciárias
e trabalhistas propostas pelo peemedebista.
O protesto, que havia iniciado de forma pacífica e reuniu 35 mil pessoas, segundo a Polícia Militar do
DF, terminou com 7 presos, 49 feridos e prédios públicos queimados e depredados.
Jungmann informou nesta quarta que seriam usados 1,5 mil militares para cumprir o decreto
presidencial – 1,3 mil do Exército e 200 fuzileiros navais.

Presidente da Câmara
Em meio à entrevista, o titular da Defesa foi indagado sobre o fato de ele ter atribuído ao presidente
da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), o pedido para que os militares fossem enviados à
Esplanada. Na véspera, foi o próprio Jungmann quem informou que havia sido determinado o uso das
tropas para atender a uma solicitação do parlamentar do DEM.
A presença de tropas do Exército nas ruas da capital federal gerou polêmica, especialmente, no
Congresso Nacional. Assim que foi anunciado o envio dos militares para a área central de Brasília,
deputados da oposição questionaram duramente o presidente da Câmara no plenário da Casa.
O notícia causou discussões e tumulto durante a sessão da Câmara. Maia, porém, disse que havia
pedido a Temer o emprego da Força Nacional, e não das Forças Armadas.
Aos jornalistas, Jungmann disse nesta quinta-feira que houve um "mal-entendido".
"Houve um mal-entendido da comunicação. A decisão foi do presidente da República, ouvindo Defesa
e GSI. Era absolutamente necessário que ocorresse, e o senhor Rodrigo Maia não tem responsabilidade
sobre a decisão", justificou o ministro.
"Esse conflito [de versões] está devidamente esclarecido. A responsabilidade foi nossa", acrescentou.

Oposição
Inconformados com a autorização para as Forças Armadas policiarem o centro de Brasília,
parlamentares da oposição chegaram a apresentar projetos na Câmara e no Senado com o objetivo de
derrubar o decreto editado nesta quarta pelo presidente da República.

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Além disso, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF)
mandado de segurança contra o ato da Presidência da República.
Na ação, o parlamentar pedi que a Suprema Corte derrubasse o decreto, argumentando que a medida
só cabia “quando esgotados todos os meios normais para o reestabelecimento da lei e da ordem”.
O mandado de segurança, que perdeu o objeto com a revogação do ato anterior do presidente da
República, será analisado pelo ministro Dias Toffoli.

Rollemberg
No mesmo dia em que Michel Temer deu aval para os militares ocuparem a Esplanada dos Ministérios,
o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), divulgou uma nota na qual classificou de
"medida extrema" o decreto presidencial. Rollemberg ressaltou no comunicado que a decisão do Planalto
não teve "anuência" do governo do DF.
Responsável pela segurança institucional do Palácio do Planalto, o general Sérgio Etchegoyen
contradisse o governador. Na versão do ministro do GSI, a conversa com o governo do Distrito Federal
foi "absolutamente harmônica" quanto ao uso do Exército para reforçar a segurança na região central de
Brasília.
"Não vou criar uma querela com o senhor governador do Distrito Federal. A conversa conosco foi
absolutamente harmônica. Não vamos imaginar que há uma briga com a polícia do DF", destacou.

Polícia Federal deflagra a 2ª fase da Operação Carne Fraca15


Ex-superintendente do Mapa de Goiás foi preso preventivamente.
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (31) a 2ª fase da Operação Carne Fraca, que
investiga irregularidades na fiscalização de frigoríficos.
De acordo com a PF, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão
preventiva, que é por tempo indeterminado, em Goiás.
O principal alvo desta fase é Franciso Carlos de Assis, ex-superintendente regional do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Estado de Goiás. Ele será levado para a
superintendência da PF em Curitiba, onde ficará à disposição da Justiça.
Franciso Carlos de Assis foi flagrado, conforme a PF, "em interceptações telefônicas destruindo provas
relevantes" para a apuração da Operação Carne Fraca. A PF ainda não explicou como ocorreu a
destruição das provas.
Esta nova etapa foi batizada de "Antídoto" em referência à uma ação policial com o objetivo de cessar
os atos criminosos do investigado e de preservar eventuais novas provas.
O ex-superintendente já é réu na Justiça, em ação penal relacionada à 1ª fase da operação. Segundo
a PF, ele participou de um esquema de corrupção entre uma grande empresa do ramo alimentício e o ex-
chefe do Serviço de Inspeção em Produtos de Origem Animal (Sipoa) de Goiás.
A partir desta nova etapa, os investigados podem responder, ainda segundo a PF, por obstrução de
investigação criminal.

1ª fase da Carne Fraca


A 1ª fase da operação foi deflagrada no dia 17 de março e cumpriu 309 mandados judiciais em seis
estados e no Distrito Federal. A ação apurou o envolvimento de fiscais do Mapa em um esquema de
liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.
Em abril, o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, decidiu receber as cinco
denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF), referentes à primeira fase da operação.
Das 60 pessoas denunciadas, o magistrado resolveu acolher denúncias contra 59. Com isso, elas
passaram a ser consideradas rés nas ações penais que respondem junto à Justiça.
Atualmente, 24 pessoas seguem detidas em caráter preventivo, ou seja, não têm prazo para deixar a
cadeia.

Ex-ministro citado
O ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio (PMDB-PR) foi citado na 1ª etapa da Carne Fraca. Na época,
ele ainda era ministro.
Em uma ligação grampeada, Osmar Serraglio chamou de "grande chefe" um dos líderes do suposto
esquema, o ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa)
Daniel Gonçalves Filho.
15
G1 PR, RPC CURITIBA. Polícia Federal deflagra a 2ª fase da Operação Carne Fraca. G1, Paraná, RPC. Disponível em:
<http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/policia-federal-deflagra-a-2-fase-da-operacao-carne-fraca.ghtml> Acesso em 31 de maio de 2017.

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No domingo (28), o presidente Michel Temer (PMDB) decidiu transferir o ministro Torquato Jardim do
Ministério da Transparência para o comando do Ministério da Justiça, substituindo Osmar Serraglio, que
estava no cargo desde março.

TSE absolve a chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico e político nas Eleições 201416
Coube ao presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes, desempatar o placar do julgamento
Por 4 votos a 3, os ministros que compõem o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) absolveram nesta sexta-
feira (9) a chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico e político nas Eleições 2014. Votaram pela
absolvição os ministros Gilmar Mendes, que foi o voto de desempate, Napoleão Maia Nunes e os recém
indicados por Temer Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira. Votaram pela condenação os ministros Rosa
Weber, Luiz Fux e o relator Herman Benjamin.
Coube ao presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes, desempatar o placar do julgamento. Por recair
sobre ele o peso da absolvição, o ministro fez um voto extenso. Justificou o motivo de ter votado pelo
prosseguimento da ação contra a chapa que agora absolve em 2015. Voto que foi citado pelo relator
Herman Benjamin várias vezes ao longo do julgamento.
— Havia sinais de que havia abusos, como na questão das gráficas. Mas aqui é como se fosse, no
máximo, o recebimento de uma denúncia. Quantas vezes recebemos denúncia que são depois excluídas.
Primeiro é preciso julgar para depois condenar. E é assim que se faz. O objeto dessa questão é sensível
e não se compara a qualquer outro porque trata da soberania popular.
O relator, ainda na quinta (8), ao finalizar o seu voto, já com a sinalização de que seria derrotado pelo
plenário, defendeu o uso das provas coletadas e das delações da Odebrecht, alvo de grande discussão
ao longo de todo o julgamento.
— Recuso papel de coveiro de prova viva. Posso participar do velório, mas não carrego caixão.
Dilma e Temer eram acusados de usar recursos de propina de contratos superfaturados da Petrobras
na campanha eleitoral que saiu vitoriosa por uma margem pequena da chapa de Aécio Neves, autor da
ação. O PSDB e o Ministério Público Eleitoral podem recorrer ao próprio TSE por meio de embargos de
declaração, assim como aconteceu no julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), mas
ainda não declararam se irão recorrer da decisão. Os embargos só podem ser apresentados após a
publicação do acórdão do julgamento, que deve demorar cerca de dez dias.
As sessões começaram na noite de terça-feira (6) e se estenderam até esta sexta (9). Somado, o
julgamento durou cerca de 30 horas, descontados os intervalos. A maior parte do tempo foi gasta na
discussão das preliminares (questões colocadas pela defesa sobre o processo, e não sobre o mérito) e
no voto do relator.
A única das sete preliminares apresentadas pela defesa aceita pela maioria dos ministros foi a de
descartar as delações da Odebrecht da ação de cassação, por terem sido reveladas depois do início da
ação (inicial).
Apesar da maioria dos ministros entenderem que as delações da Odebrecht deveriam ser descartadas,
o relator Herman Benjamin centrou o seu voto pela condenação nas informações prestadas pelos
marqueteiros João Santana e Mônica Moura.
Para o relator, as investigações da Lava Jato revelaram o esquema de distribuição de propina e os
políticos tinham conhecimento de que recebiam dinheiro ilícito nas campanhas. Benjamin usou os
depoimentos dos marqueteiros para comprovar o uso de caixa 2.
Ele chegou a dividir a propina em caixa 2, propina-gordura, ou propina-poupança (dinheiro reservado
para ser usado depois) e caixa 3 (operações de empresas que serviram como "barriga de aluguel" para
que outras doassem mais dinheiro e seus nomes não aparecessem nas contabilidades das campanhas).
— A Odebrecht está na petição inicial, queria dizer que temos Petrobras, temos uma contratante da
Petrobras, temos pagamento tirado de um crédito rotativo de uma conta poupança para o partido do
governo e esses recursos foram utilizados para os marqueteiros dessa campanha de 2014. E que sejam
relacionados a débitos de 2010, 2012 é irrelevante, pois sem esses pagamentos, eles disseram em
depoimentos, não fariam a campanha. Por isso reconheço o abuso de poder político com altos impactos
nas eleições.
Em abril, quando o julgamento começou, o tribunal aceitou pedido da defesa de incluir novas
testemunhas no processo, o ex-ministro Guido Mantega e os delatores João Santana, Mônica Moura e
André Santana, estes três últimos presos na Operação Acarajé após a descoberta do departamento de
operações estruturadas (propina) da Odebrecht.

16
LONDRES, MARIANA. TSE absolve a chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico e político nas eleições de 2014. R7, Brasil. Disponível em: <
http://noticias.r7.com/brasil/tse-absolve-a-chapa-dilma-temer-por-abuso-de-poder-economico-e-politico-nas-eleicoes-2014-10062017> Acesso em 12 de junho de
2017.

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1358909 E-book gerado especialmente para ARLEM SANTOS
— A Odebrecht até merecia uma fase própria. Não é um capítulo, é um título inteiro. Uma empresa
que liderou o ataque à Petrobras e que está desde o início. A Odebrecht era a matriarca da manada de
elefantes que transformou a Petrobras numa savana africana para a reprodução da rapinagem.
O julgamento foi marcado pelo embate entre os ministros Herman Benjamin, relator, e Gilmar Mendes,
presidente da Corte, que tinham visões divergentes. Apesar das discussões dentro do plenário, Benjamin
e Mendes são amigos há mais de trinta anos.
Para tentar convencer os seus colegas tanto na preliminar quanto no mérito, Benjamin chegou a usar
um voto anterior de Gilmar Mendes no próprio processo, quando ele defendeu dar seguimento a ação.
Mendes acusou Benjamin de distorcer a sua visão e chegou a chamar o relator de 'falacioso' em
um de seus argumentos.
O relator focou o seu voto quanto ao mérito no uso de caixa 2 nas eleições. Também foi discutida a
importância da reforma eleitoral para acabar com arrecadações ilegais em eleições no Brasil, como disse
o relator.
— No Brasil ninguém fazia doações por questões ideológicas. Aqui era sempre na expectativa de
cooptação e favorecimento futuro ou já ocorrido.
Para Gilmar Mendes, houve "alargamento" do pedido inicial da ação. Para ele, a Odebrecht não tem
relação com o possível pagamento de propina da Petrobras a chapa. Ele ressaltou, contudo, que não
está negando a corrupção, mas se atendo aos fatos sobre a chapa eleitoral.
— Estamos discutindo abuso de poder econômico nas eleições.
Durante o julgamento das preliminares também foi discutido se recursos eram caixa 2 ou caixa 1
(doações legais de empresas para as campanhas). Um dos ministros, Admar Gonzaga disse que só caixa
1 deveria ser considerado. O argumento foi rechaçado pelo relator, e lembrado sempre no seu voto.
— Se foi montado um sofisticado esquema de arrecadação de dinheiro público, como não é caixa 2?
questionou o relator.
Admar Gozaga chegou a dizer que Benjamin estava tentando constranger os demais ministros.
Nos quatro dias de julgamento, apenas o assessor de Temer Gastão Toledo esteve no TSE para
acompanhar de perto das discussões. O ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, que era presidente da
corte durante o julgamento do mensalão, também esteve no plenário em uma das sessões de discussão.

Último dia de julgamento


O último dia do julgamento, esta sexta (9), foi marcado pela finalização do voto do relator, que ao todo
levou nove horas em dois dias, e pelos votos dos demais ministros. Por um acordo entre os ministros,
cada um, tirando o relator, tinha vinte minutos para falar.
Além das leituras dos votos, o vice-procurador eleitoral Nicolao Dino pediu o impedimento do ministro
Admar Gonzaga, por ele ter sido, nas Eleições 2010, advogado da ex-presidente Dilma Rousseff. O
pedido foi negado pela corte e o presidente Gilmar Mendes chegou a suspender a sessão por cinco
minutos em função do pedido, seguido por uma manifestação acalorada do ministro Napoleão Maia
Nunes.

Aprovação de Temer é de 7%, a menor marca em 28 anos, diz Datafolha17


Na estimativa do instituto, apenas José Sarney ficou abaixo, com 5% em 1989
BRASÍLIA — Apenas 7% dos brasileiros consideram o governo de Michel Temer como ótimo ou bom
— a menor marca apurada pelo Instituto Datafolha em 28 anos. Na série histórica, apenas José Sarney
ficou abaixo deste patamar, ao tocar 5% de aprovação em setembro de 1989, durante a crise da
hiperinflação.
A impopularidade do presidente aumentou desde a revelação da colaboração premiada dos donos da
JBS, que situaram Temer no centro de um esquema de corrupção nacional. Segundo o Datafolha, 69%
do público considerada a gestão ruim ou péssima, e 23% avaliam o governo como regular.
Mulheres, jovens e eleitores de renda mais baixa mostram mais indisposição com Temer, em
comparação com a média da população.
Em 1989, 68% consideravam ruim ou péssima a atuação de Sarney, enquanto 24% julgavam a
administração regular.
O novo levantamento do instituto ouviu 2.771 pessoas entre quarta-feira e a sexta-feira. Os novos
números evidenciam a queda da popularidade do presidente, que, há dois meses, somava 9% entre os
entrevistados que avaliavam a gestão como ótima ou boa. No fim de abril, 61% julgavam o governo como
ruim ou péssimo e 28% enxergavam uma administração regular.

17
O GLOBO. Aprovação de Temer é de 7%, a menor marca em 28 anos, diz Datafolha. O Globo, Brasil. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/brasil/aprovacao-
de-temer-de-7-menor-marca-em-28-anos-diz-datafolha-21515257> Acesso em 26 de junho de 2017.

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A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O Datafolha ainda informou
que a nota do presidente caiu de 3 para 2,7 na nova pesquisa. Não souberam responder 2% dos
entrevistados.
A avaliação de Temer é pior que a de Dilma Rousseff às vésperas da conclusão do processo de
impeachment, quando a petista seria destituída pelo Congresso. Na época, ela tinha 13% de aprovação
e 63% de reprovação. A impopularidade do peemedebista é semelhante à da ex-presidente de agosto de
2015, quando Dilma amealhou 71% de avaliações de um governo ruim ou péssimo.
Além de Temer, Dilma e Sarney, apenas Fernando Collor atingiu índices tão negativos frente à
população. Ele somava 68% de ruim e péssimo, em setembro de 1992, ao sofrer impeachment.

Ex-ministro Geddel Vieira Lima, do PMDB, é preso na Bahia18


Ele é suspeito de tentar obstruir investigações sobre recursos da Caixa.
Geddel teria tentado evitar que Funaro e Cunha fizessem delação.
A Polícia Federal prendeu preventivamente o ex-ministro Geddel Vieira Lima, do PMDB da Bahia. Ele
é suspeito de tentar obstruir investigações sobre irregularidades na liberação de recursos da Caixa.
Os investigadores afirmam que o ex-ministro Geddel Vieira Lima tentou evitar que o doleiro Lúcio
Funaro e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, ambos presos pela Lava Jato, fizessem acordo de
delação premiada; e que Geddel procurou várias vezes a mulher de Funaro. Quem deu o alerta inicial foi
o próprio Funaro, em um depoimento em junho.
O doleiro disse às autoridades que: “estranha alguns telefonemas que sua esposa tem recebido de
Geddel Vieira Lima, no sentido de estar sondando qual seria o ânimo do declarante em relação a fazer
um acordo de colaboração premiada”.
Na decisão, o juiz federal Vallisney de Oliveira afirmou que esse fato “é gravíssimo”. Como prova,
Lúcio Funaro apresentou à polícia imagens de telas de celular que mostram mensagens enviadas por
Geddel à mulher do doleiro.
Os investigadores afirmam que esses novos elementos deixam claro que Geddel continua agindo para
obstruir as apurações de crimes. Ele está sendo investigado na Operação Cui Bono, deflagrada em
janeiro, que apura irregularidades na liberação de recursos da Caixa.
No pedido, o Ministério Público Federal disse que a prisão é necessária como proteção à ordem pública
e à ordem econômica, contra novos crimes em série que poderiam ser cometidos por Geddel. A prisão
tem caráter preventivo.
Na decisão, o juiz listou outros motivos para a prisão. Segundo o juiz, Geddel - mesmo após sair do
cargo de vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal - continuou a interferir no banco
indevidamente, usando sua influência política em negociações ilícitas em desfavor da empresa pública.
O juiz lembrou ainda que, em depoimento, Lúcio Funaro também disse que Geddel teria recebido
aproximadamente R$ 20 milhões em espécie a título de propina pela atuação no esquema ilícito. Dinheiro
que não foi localizado até hoje, e que pode ter sido escondido, escamoteado.
Pesou também, para a prisão de Geddel, informações passadas em delação premiada pelo empresário
Joesley Batista e pelo diretor jurídico do grupo J&F, Francisco Assis. Segundo Joesley, Geddel Vieira
Lima era o principal contato dele com o governo Temer, até ser afastado e substituído pelo ex-assessor
de Temer, Rodrigo Rocha Loures.

Lula é condenado na Lava Jato a 9 anos e 6 meses de prisão no caso do triplex19


Na sentença, juiz Sergio Moro cita documentos e depoimentos que comprovam que apartamento no
litoral de SP era destinado ao ex-presidente, diz que há 'provas documentais' e que Lula 'faltou com a
verdade'.
O juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância,
condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de
corrupção passiva e de lavagem de dinheiro.
A acusação é pela ocultação da propriedade de uma cobertura triplex em Guarujá, no litoral paulista,
recebida como propina da empreiteira OAS, em troca de favores na Petrobras.
Outros dois réus no mesmo processo também foram condenados, e quatro, absolvidos (veja a lista
completa abaixo).
É a primeira vez, na história, que um ocupante da Presidência é condenado por um crime comum no
Brasil. A sentença foi publicada nesta quarta-feira (12) e permite que o petista recorra em liberdade.

18
G1. Ex-ministro Geddel Vieira Lima, do PMDB, é preso na Bahia. G1, Jornal Nacional. Disponível em: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/07/ex-
ministro-geddel-vieira-lima-do-pmdb-e-preso-na-bahia.html Acesso em 04 de julho de 2017.
19
FONSECA, A. GIMENES, E. KANIAK, T. DIONÍSIO, B. Lula é condenado na Lava Jato a 9 anos e 6 meses de prisão no caso do tríplex. G1, Paraná. Disponível
em: <http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/lula-e-condenado-na-lava-jato-no-caso-do-triplex.ghtml> Acesso em 13 de julho de 2017.

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Na sentença, de 218 páginas, o juiz Moro resume as acusações que pesam contra Lula, relata os
argumentos da defesa e analisa as provas documentais, periciais e testemunhais. O magistrado afirma
que houve condutas inapropriadas por parte da defesa de Lula que revelam tentativa de intimidação da
Justiça e, por isso, até caberia decretar a prisão preventiva do ex-presidente. Porém, decidiu não mandar
prendê-lo por "prudência".
"[...] Considerando que a prisão cautelar de um ex-Presidente da República não deixa de envolver
certos traumas, a prudência recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apelação antes de
se extrair as consequências próprias da condenação. Assim, poderá o ex-Presidente apresentar a sua
apelação em liberdade", diz a decisão.
Por "falta de prova suficiente da materialidade", o juiz absolveu Lula das acusações de corrupção e
lavagem de dinheiro envolvendo o armazenamento do acervo presidencial numa transportadora, que teria
sido pago pela empresa OAS.
Moro determinou ainda que Lula não pode exercer cargo ou função pública pelo dobro do tempo da
pena, ou seja, a 19 anos. A decisão, no entanto, só passa a valer após ser referendada por colegiado --
no caso, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
A defesa de Lula diz que o ex-presidente é "inocente". Os advogados declararam que a condenação
foi "politicamente motivada", que o julgamento "ataca o Estado de Direito no Brasil" e que Moro deveria
"se afastar de todas as suas funções". Durante o decorrer do processo, os advogados negaram que Lula
fosse dono do triplex.
Moro diz "que a presente condenação não traz a este julgador qualquer satisfação pessoal, pelo
contrário". "É de todo lamentável que um ex-Presidente da República seja condenado criminalmente, mas
a causa disso são os crimes por ele praticados e a culpa não é da regular aplicação da lei. Prevalece,
enfim, o ditado 'não importa o quão alto você esteja, a lei ainda está acima de você' (uma adaptação livre
de 'be you never so high the law is above you')", escreveu Moro na sentença.

Juiz Sérgio Moro condena ex-presidente Lula a 9 anos e 6 meses de prisão


O Ministério Público Federal (MPF) havia denunciado o ex-presidente por ter recebido R$ 3,7 milhões
em propina dissimulada da OAS por meio do triplex reformado no Condomínio Solaris e pelo pagamento
de R$ 1.313.747,24 para a empresa Granero guardar itens que Lula recebeu durante o exercício da
presidência, entre 2002 e 2010. Em troca, segundo a acusação, o ex-presidente conseguiria contratos da
Petrobras para a empresa.
Com a absolvição no caso do armazenamento, Moro considerou que Lula recebeu mais de R$ 2,2
milhões em propina. "Do montante da propina acertada no acerto de corrupção, cerca de R$
2.252.472,00, consubstanciado na diferença entre o pago e o preço do apartamento triplex (R$
1.147.770,00) e no custo das reformas (R$ 1.104.702,00), foram destinados como vantagem indevida ao
ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva", diz na sentença.

Apartamento
Sobre o apartamento, Moro afirmou que, segundo o MPF, não teria havido o pagamento do preço pelo
ex-presidente, nem do apartamento nem das reformas feitas no imóvel.
Moro também lembrou que, segundo a defesa de Lula, o triplex 164-A jamais pertenceu ao ex-
presidente, e, embora tivesse sido oferecido a ele em 2014, não houve interesse na aquisição e, portanto,
não houve a compra.
Para o juiz, essa é a questão crucial do processo, pois se determinado que foi de fato concedida a Lula
pelo grupo OAS, sem o pagamento correspondente, haverá prova da concessão a Lula de um benefício
patrimonial considerável, estimado em R$ 2,424 milhões, e para o qual não haveria uma causa ou
explicação lícita.
Para o juiz, na resolução desta questão, não é suficiente um exame meramente formal da titularidade
ou da transferência da propriedade do triplex. Isso porque, segundo a acusação, a concessão do
apartamento ao ex-presidente Lula teria ocorrido de maneira "subreptícia", com a manutenção da
titularidade do bem com o grupo OAS, também com o objetivo de ocular e dissimular o ilícito.
Para Moro, apesar de não haver escritura em nome do ex-presidente, é preciso examinar as provas
documentais. O juiz afirmou que, embora não haja dúvida de que o registro da matrícula do imóvel aponte
que ele permanece em nome da OAS, isso não é suficiente para a solução do caso.
De acordo com Moro, nem a configuração do crime de corrupção, nem do crime de lavagem, que
pressupõe estratagemas de ocultação e dissimulação, exigiriam, para a sua consumação, a transferência
formal da propriedade do imóvel do grupo OAS para o nome do ex-presidente Lula.
Inicialmente, o condomínio onde está localizado o triplex era um empreendimento da Cooperativa dos
Bancários do Estado de São Paulo (Bancoop). A Bancoop passou por problemas financeiros, quebrou e

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transferiu o empreendimento para o grupo OAS. Segundo o juiz, o ex-presidente teria pago, quando o
imóvel ainda pertencia à Bancoop, cerca de R$ 209 mil por um apartamento simples, de preço muito
inferior ao triplex.
Moro também aplicou a Lula uma multa. "Considerando a dimensão dos crimes e especialmente renda
declarada de Luiz Inácio Lula da Silva (cerca de R$ 952.814,00 em lucros e dividendos recebidos da LILS
Palestras só no ano de 2016), fixo o dia multa em cinco salários mínimos vigentes ao tempo do último ato
criminoso que fixo em 12/2014".

Provas
Os principais pontos da sentença que condenou o ex-presidente Lula
No decorrer da sentença, o juiz afirmou que há provas documentais contra o ex-presidente e que Lula
não apresentou resposta concreta. Disse que as reformas feitas no apartamento têm caráter de
personalização.
Uma das provas, segundo Moro, são rasuras em documentos de adesão da cota habitacional no
edifício do Guarujá. Os documentos foram encontrados no apartamento de Lula em São Bernardo do
Campo. O número 141, de um apartamento mais simples, foi escrito em cima de 174, que seria a primeira
numeração do triplex, que, depois, passou a 164-A.
Outra rasura foi identificada do lado esquerdo do documento, na palavra "triplex". Para Moro, essa
constatação revela que havia a pretensão de adquirir o apartamento.
Ainda de acordo com Moro, há registros documentais de que todos os cooperados com direito a
unidades da Bancoop tiveram que optar, em 30 dias, por celebrar novos contratos de compra e venda
com a OAS ou por desistir e solicitar a restituição do dinheiro.
Moro também afirma que a OAS informou sobre os empreendimentos que recebeu da Bancoop.
Consta no relatório que haveria 112 unidades no condomínio Solaris e que "foram vendidas para ex-
cooperados da Bancoop, bem como uma unidade do empreendimento para novo adquirente".
Apesar dessas informações, de que todas as unidades teriam sido vendidas, de que os antigos
cooperados tinham prazo de 30 dias para adquirir as novas unidades ou pedir o dinheiro de volta, e que
não consta que o ex-presidente Lula ou sua esposa, Marisa Letícia, teriam tomado qualquer uma das
providências.
Então, para Moro, o que se tem presente até o momento é que Lula e a esposa, diferentemente dos
demais cooperados do antigo empreendimento, não atenderam prazo de 30 dias contadas da assembleia
para celebrar novo contrato com a OAS ou para requerer a devolução do dinheiro.
Moro também sustenta que não há qualquer registro de que Lula e a família foram cobrados, pela
Bancoop ou pela OAS, para realizar formalmente qualquer uma das opções.
Neste ponto da sentença, o juiz evidencia que o triplex era do ex-presidente. Ele citou as declarações
de renda de Lula e de dona Mariza de que não houve alteração formal da contratação junto à Bancoop
ou à OAS antes do início das investigações --e afirmou que documentos apreendidos na sede da Bancoop
mostram que a unidade estava reservada a Lula. Ressalta ainda que o triplex jamais foi colocado à venda,
ao contrário do apartamento mais simples, o 141, vendido em agosto de 2014.

Reforma é a prova, diz Moro


Moro também afirmou que a reforma do apartamento é prova de que o triplex é de Lula. O juiz lembrou
que "Léo Pinheiro realizou reformas expressivas durante todo o ano de 2014, com despesas de R$
1.104.702 incluindo a instalação de um elevador privativo para o triplex, instalação de cozinhas e
armários, retirada de sauna, demolição de dormitório e colocação de aparelhos eletrodomésticos". Disse
ainda que tal reforma não foi feita para nenhum outro apartamento no condomínio Solaris.
"Assim, por exemplo, não se amplia o deck de piscina, realiza-se a demolição de um dormitório ou
retira-se a sauna de um apartamento de luxo para incrementar o seu valor para o público externo, mas
sim para atender ao gosto de um cliente, já proprietário do imóvel, que deseja ampliar o deck da piscina,
que pretende eliminar um dormitório para ganhar espaço livre para outra finalidade, e que não se interessa
por sauna e quer aproveitar o espaço para outro propósito", diz Moro (veja íntegra das provas que
basearam a condenação no fim da reportagem).
Sérgio Moro destaca que a versão de Lula, de que ele sequer foi comunicado das reformas e que não
as solicitou, nem sua esposa, fica sem qualquer sentido. Em outro trecho, o juiz pergunta: "Afinal, por que
a OAS realizaria reformas personalizadas no apartamento se não fosse para atender um cliente
específico?".
Moro listou as notas fiscais da construtora responsável pela reforma, no valor de R$ 777.189,90 e
destacou que todas foram emitidas para a OAS.

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E-mails e mensagens de telefone
Entre outras provas de que as reformas eram para Lula, Moro citou e-mails e mensagens de telefone.
Entre essas provas estão as que fazem referência ao projeto do "Guarujá" e ao da "Praia", e que foram
submetidos à aprovação da "Madame" ou "Dama". Sérgio Moro diz que "é inequívoco de que se trata de
projetos submetidos à esposa de Luiz Inácio Lula da Silva, como, aliás, confirmado pelos interlocutores.
Na sentença, Moro ressalta ainda as contradições nos depoimentos prestados pelo ex-presidente Lula.
Primeiro à Polícia Federal, em São Paulo, em março do ano passado, quando foi alvo da 24ª fase da
Lava Jato, e, depois, ao próprio Moro, em Curitiba. O juiz disse que o depoimento prestado em juízo e,
mesmo antes, o prestado ante a autoridade policial pelo ex-presidente, são absolutamente inconsistentes
com os fatos provados documentalmente".
Moro ressaltou que Lula, ao longo de seu depoimento, foi confrontado com todas essas contradições
entre as suas declarações, e o constante nos documentos, e não apresentou esclarecimentos concretos.
E que "a única explicação disponível para as inconsistências e a ausência de esclarecimentos
concretos é que, infelizmente, o ex-presidente faltou com a verdade dos fatos em seus depoimentos
acerca do apartamento triplex".
O juiz ainda menciona moro que testemunhas ligadas à OAS e ao condomínio também comprovam
que o apartamento era de Lula.
Na sentença, o juiz Sergio Moro também cita o depoimento do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro,
que confirmou que o triplex foi reservado à família de Lula em 2009, que a OAS não poderia vender o
imóvel e que a diferença de preço do imóvel e o custo das reformas seriam abatidos das dívidas de
propinas do Grupo OAS com o PT, ligado ao esquema da Petrobras.
A PT emitiu uma nota sobre a sentença na qual afirma que a condenação de Lula é "ataque à
democracia" e "conduzida por um juiz parcial".

Réus no processo
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente: condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro a 9
anos e 6 meses de prisão no caso do triplex. Absolvido dos mesmos crimes no caso do armazenamento
de bens.
Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS: condenado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro a 10 anos
de 8 meses de prisão no caso do triplex. Absolvido dos mesmo crimes no caso do armazenamento de
bens.
Agenor Franklin Magalhães Medeiros, ex-executivo da OAS: condenado por corrupção ativa a 6 anos
de prisão.
Paulo Gordilho, arquiteto e ex-executivo da OAS: absolvido da acusação de lavagem de dinheiro.
Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula: absolvido da acusação de lavagem de dinheiro.
Fábio Hori Yonamine, ex-presidente da OAS Investimentos: absolvido da acusação de lavagem de
dinheiro.
Roberto Moreira Ferreira, ligado à OAS: absolvido da acusação de lavagem de dinheiro.

O que dizem os réus


Léo Pinheiro
Em nota, a defesa do ex-presidente da OAS afirmou que "a sentença reconheceu a efetividade da
colaboração prestada por Léo Pinheiro, que admitiu os ilícitos praticados e apresentou novas informações
e provas decisivas para o esclarecimento da verdade".

Agenor Franklin Magalhães Medeiros


"Eu e meu sócio aqui copiado, Luís Carlos Dias Torres, fizemos uma análise preliminar da sentença.
Vemos com bons olhos o reconhecimento pelo Dr. Moro da colaboração que nosso cliente deu para o
esclarecimento da verdade, a qual está lastreado em documentos contidos nos autos. Aliás, esse é o
nosso maior compromisso: colaborar com as autoridades para que a verdade dos fatos venha à tona,
independentemente de termos ou não um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público.
Ainda estudamos se iremos recorrer ou não da decisão", disse o advogado Leandro Falavigna.

Paulo Okamotto
"A absolvição do ex-presidente Lula e do ex-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto quanto à
acusação de lavagem de dinheiro pela manutenção do acervo presidencial demonstra que a Operação
Lava Jato está preenchida por ilegalidades e acusações que não constituem crime. A expectativa é que,
em razão do parecer da Procuradoria Geral da República perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ)

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pelo trancamento da ação, o procurador Deltan Dallagnol não recorra da decisão preferida pelo juiz Sergio
Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba", afirma nota da defesa.

Fábio Hori Yonamine


A defesa de Fabio Hori Yonamine afirmou que "tem suas esperanças renovadas na Justiça Criminal
com a absolvição do réu pelos crimes imputados na denúncia sem fundamento concreto". A advogada
Carolina Fonti, do escritório Urquiza, Pimentel e Fonti Advogados, afirmou que "no caso do Triplex,
mesmo após a injusta e penosa exposição de Fabio durante o processo, a sentença muito bem
fundamentada não deixa dúvidas sobre a sua inocência".

Roberto Ferreira
A defesa afirmou que seu cliente foi absolvido, "como o esperado".

Outros processos de Lula


O ex-presidente é réu em outras duas ações da Lava Jato: uma ligada à Operação Janus, que trata
de contratos no BNDES, e outra relacionada à Operação Zelotes, que apura venda de medidas
provisórias.
Lula também foi denunciado no caso envolvendo o sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, no âmbito
da Lava Jato.
Ele é alvo ainda de dois inquéritos na Lava Jato: um sobre a formação de organização criminosa para
fraudar a Petrobras, e outro sobre obstrução das investigações ao tomar posse como ministro de Dilma.
Na Zelotes, ele é investigado em inquérito sobre a edição da medida provisória 471, que criou o Refis.

Temer sanciona texto da reforma trabalhista em cerimônia no Planalto20


Modificações na CLT foram aprovadas pelo Senado na última terça (11) em uma sessão tumultuada.
Governo prometeu alterar pontos da reforma por meio de medida provisória.
O presidente Michel Temer sancionou nesta quinta-feira (13) o projeto de reforma trabalhista aprovado
pelo Congresso Nacional.
A nova legislação altera regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e prevê pontos que
poderão ser negociados entre empregadores e empregados e, em caso de acordo coletivo, passarão a
ter força de lei. As novas regras entrarão em vigor daqui a quatro meses, conforme previsto na nova
legislação.
Ao discursar na solenidade de sanção da reforma trabalhista, o peemedebista também criticou o que
chama de “passionalização” na Justiça que, na opinião dele, gera instabilidade ao país.
Temer argumentou que se "passionalizou" praticamente todas as questões que vão ao Judiciário.
Segundo ele, em vez de aplicar "rigidamente" a lei "sem qualquer emoção", há pessoas que usam
"ideologia" e "sentimentos psicológicos e sociológicos".
"Isso, naturalmente, quebra a rigidez, a higidez da ordem jurídica e, naturalmente, instabiliza o país.
Toda e qualquer desobediência à ordem jurídica significa precisamente a instabilização da ordem
jurídica", declarou o presidente da República.
'Não precisamos registrar que foi árduo o percurso', diz Temer sobre reforma trabalhista
Temer também enalteceu a atuação do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, e do relator da
proposta na Câmara, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), na articulação política do projeto. Na
avaliação do presidente, foi "árduo o percurso" para aprovar a reforma das leis trabalhistas.
Aprovado pela Câmara em abril, o projeto da reforma trabalhista foi aprovado pelo Senado na última
terça-feira (11) em uma sessão tumultuada.
Com a reforma trabalhista, a negociação entre empresas e trabalhadores prevalecerá sobre a lei em
pontos como parcelamento das férias, flexibilização da jornada, participação nos lucros e resultados,
intervalo de almoço, plano de cargos e salários e banco de horas.
Outros pontos, como FGTS, salário mínimo, 13º salário, seguro-desemprego, benefícios
previdenciários, licença-maternidade, porém, não poderão ser negociados.

'Suposta crise'
Em meio ao discurso sobre a reforma trabalhista, Temer afirmou que o país vive uma ‘suposta crise’,
mas que há um “entusiasmo extraordinário” em relação às políticas públicas.

20
LIS, LAÍS. Temer sanciona texto da reforma trabalhista em cerimônia no Planalto. G1 Política. Disponível em: < http://g1.globo.com/politica/noticia/temer-
sanciona-texto-da-reforma-trabalhista-em-solenidade-no-planalto.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1> Acesso em 14 de julho de
2017.

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“Eu faço um registro curioso: nessas últimas semanas, certa e precisamente, em função de uma
suposta crise, o que tem acontecido é um entusiasmo extraordinário”, enfatizou.
O presidente também fez um balanço das medidas aprovadas, citando, além da reforma trabalhista,
as mudanças no ensino médio e a PEC do teto de gastos.
“Poderia elencar tudo que nós fizemos ao longo desses 14 meses e olhe: não são 4 anos, não são oito
anos, são 14 meses. E, toda a modéstia de lado, estamos revolucionando o país. Fizemos a reforma
trabalhista, a do ensino médio”, destacou.

Medida provisória
Diante da polêmica gerada em torno das modificações prometidas pelo Palácio do Planalto na
legislação aprovada nesta semana, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), voltou a
afirmar nesta quinta que o Executivo federal vai editar uma medida provisória para alterar os pontos
negociados com os congressistas.
O peemedebista afiançou durante a tramitação do projeto no Senado as mudanças exigidas, inclusive
por integrantes da base aliada, como o dispositivo que permite que gestantes trabalhem em ambientes
insalubres.
O acordo foi costurado com os senadores governistas para que o texto que chegou da Câmara não
fosse alterado no Senado. Se o texto retornasse para nova análise dos deputados, iria atrasar a sanção
das novas regras.
Segundo Jucá, o governo tem 119 dias para editar a MP que modificará a recém-aprovada reforma
trabalhista.
Antes da solenidade de sanção da reforma, o líder do governo no Senado divulgou o texto-prévio da
medida provisória que Michel Temer deve enviar ao Congresso com mudanças em nove pontos da
proposta.

Justiça do Trabalho
Convidado a participar da cerimônia de sanção da reforma trabalhista, o presidente do Tribunal
Superior do Trabalho (TST), ministro Ives Gandra Filho, cumprimentou Michel Temer, em meio ao seu
discurso, pelo que classificou de “coragem, perseverança e visão de futuro" do chefe do Executivo federal
ao "abraçar" as mudanças na legislação trabalhista, o ajuste fiscal e a reforma previdenciária.
Gandra Filho afirmou ainda que a negociação coletiva, que é a espinha dorsal da reforma, é importante
porque, na avaliação dele, quem trabalha em cada segmento é que sabe as reais necessidades daqueles
trabalhadores.
“Aquilo que é próprio de cada categoria você estabelece por negociação coletiva, quem melhor
conhece as necessidades de cada ramo é quem trabalha naquele ramo”, disse.
Veja abaixo alguns pontos que a MP deve modificar:

Gestantes e lactantes
Um dos pontos que a proposta de MP deve alterar é a possibilidade de que gestantes trabalhem em
locais insalubres. O texto original previa que gestantes deveriam apresentar atestado para que fossem
afastadas de atividades insalubres de grau médio ou mínimo.
A proposta de MP divulgada por Jucá determina que “o exercício de atividades insalubres em grau
médio ou mínimo, pela gestante, somente será permitido quando ela, voluntariamente, apresentar
atestado de saúde”.

Jornada 12x36
Outra ponto que o texto-prévio da MP pretende alterar é o que permitia que acordo individual entre
patrão e empregado pudesse estabelecer jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas ininterruptas de
descanso. A minuta divulgada por Jucá quer viabilizar essa jornada após acordo coletivo, ou convenção
coletiva.

Trabalhador autônomo
O texto aprovado prevê que as empresas poderão contratar autônomos e, ainda que haja relação de
exclusividade e continuidade, o projeto prevê que isso não será considerado vínculo empregatício.
A proposta de medida provisória quer alterar esse trecho para vedar a celebração de cláusula de
exclusividade no contrato com trabalhadores autônomos. Além disso, prevê que não será admitida a
restrição da prestação de serviço pelo autônomo a uma única empresa, sob pena de caracterização de
vínculo empregatício.

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Prorrogação de jornada e insalubridade
O texto-prévio da MP também tem a intenção de modificar a lei sancionada no trecho que sobre a
negociação coletiva para estabelecimento de enquadramento do grau de insalubridade e prorrogação de
jornada em ambientes insalubres.
Pela minuta, isso será permitido por negociação coletiva, mas desde que sejam respeitadas normas
de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério
do Trabalho.

Outros pontos
A minuta também promete alterar outros pontos da proposta relativos à contribuição previdenciária e
ao pagamento de indenizações por danos morais no ambiente do trabalho.
Além disso, o texto-prévio da MP que deverá ser enviada ao Congresso prevê mudanças para
salvaguardar a participação de sindicatos em negociações de trabalho.
Pela proposta, comissão de representantes dos empregados não substituirá a função do sindicato de
defender os direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas, sendo obrigatória a participação dos sindicatos em negociações coletivas.

Contribuição sindical
Durante a tramitação da proposta no Senado, chegou-se a postular, por senadores governistas, uma
sugestão de que a Casa Civil elaborasse uma proposta de eliminação gradual da obrigatoriedade da
contribuição sindical.
O objetivo era conquistar apoio de parlamentares ligados a sindicatos de trabalhadores.
A proposta aprovada pelo Congresso retira a obrigatoriedade dessa contribuição, o que foi alvo de
críticas de movimentos sindicais.
A proposta de medida provisória apresentada nesta quinta, no entanto, não trata do assunto.

JBS reúne documentos sobre R$1,1 bi em propinas e cita Temer e ministros, diz revista Época21
(Reuters) - O grupo de alimentos JBS movimentou 1,1 bilhão de reais em propinas entre 2006 e 2017,
incluindo pagamentos ao presidente Michel Temer e seus interlocutores, com repasses de recursos
também a diversos ministros de governo e políticos, afirma a revista Época em reportagem neste sábado.
As acusações vêm em um momento em que o presidente busca apoio de deputados para uma votação
em sessão extraordinária na Câmara em que os congressistas analisarão se autorizam o Supremo
Tribunal Federal (STF) a analisar denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer pelo
crime de corrupção prevista. A votação está prevista para quarta-feira.
De acordo com a Época, a JBS tem se preparado para entregar uma série de documentos e evidências
sobre as irregularidades à PGR como prova de crimes descritos em delação premiada por executivos da
companhia.
A revista afirma que esses documentos mostram que a JBS teria distribuído 21,7 milhões de reais "a
pedido de Michel Temer para aliados políticos e amigos em campanhas eleitorais ou fora delas", sendo
que Temer teria recebido 2,2 milhões de reais com notas frias e 9 milhões de reais na forma de doação
oficial.
De acordo com a reportagem, o coronel João Baptista Lima, amigo do presidente, também teria
recebido um repasse de 1 milhão de reais em espécie em setembro de 2014, em dinheiro que segundo
a JBS deveria ir para Temer.
A matéria cita ainda cinco ministros do governo Temer que teriam recebido um total de 46,7 milhões
de reais em propinas da JBS: os titulares das pastas de Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD),
Minas e Energia, Fernando Coelho Filho (PSB), das Cidades, Bruno Araújo (PSB), da Integração
Nacional, Helder Barbalho (PMDB) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Marcos Pereira (PRB).
A lista dos beneficiados com dinheiro da JBS ainda incluiria governadores, senadores e deputados,
incluindo o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), de acordo com a época.
Procurados pela reportagem, os políticos negaram as acusações. Temer disse em nota à revista que
"jamais ordenou...pagamento a quem quer que seja" e afirmou que as acusações contra ele na delação
de executivos da JBS são "uma peça de ficção".

21
REUTERS. JBS reúne documentos sobre R$1,1 bi em propinas e cita Temer e ministros, diz revista Época. Reuters. Disponível em: <
http://br.reuters.com/article/domesticNews/idBRKBN1AE0MI-OBRDN?feedType=RSS&feedName=domesticNews&utm_source=dlvr.it&utm_medium=twitter>
Acesso em 31 de julho de 2017.

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Emendas, promessas de cargos e pacote de bondades: veja as estratégias de Temer para barrar
denúncia na Câmara22
Denúncia por corrupção passiva contra presidente foi rejeitada nesta quarta-feira (2) em votação no
plenário e não será analisada pelo STF enquanto Temer estiver no cargo.
Bilhões liberados em emendas parlamentares, promessa de cargos a partidos, pacote de bondade
para a bancada ruralista e ministros em ação no plenário foram algumas das estratégias usadas pelo
governo Michel Temer para conseguir barrar na Câmara denúncia contra ele apresentada pela
Procuradoria Geral da República (PGR).
Era necessário o aval da Câmara para que a denúncia por corrupção passiva continuasse o trâmite no
Supremo Tribunal Federal (STF), e foi rejeitada nesta quarta-feira (2) por 263 votos, contra 227 pela
continuidade do processo.
No pronunciamento que fez após o resultado, Temer afirmou que a rejeição não foi uma vitória pessoal.
"A decisão soberana do parlamento não é uma vitória pessoal de quem quer que seja, mas é uma
conquista do estado democrático, da força das instituições e da própria Constituição", disse.

Emendas parlamentares
Nas três primeiras semanas de julho, mês que antecedeu à votação da denúncia contra Temer no
plenário da Câmara, o governo liberou R$ 2,11 bilhões em emendas parlamentares – valor equivalente
ao total de todo o primeiro semestre.
De janeiro a junho deste ano, o Planalto destinou R$ 2,12 bilhões para emendas, sendo R$ 2,02 bilhões
só no mês de junho, quando foi apresentada a denúncia contra Temer pela PGR e começou o processo
de análise na Câmara. Para efeito de comparação, nos cinco primeiros meses do ano, o governo liberou
R$ 102 milhões ao todo, mostra levantamento da ONG Contas Abertas.
O Planalto afirma que a liberação de emendas são uma imposição legal e que só está cumprindo a lei.

Liberação de emendas parlamentares segundo a ONG Contas Abertas (Foto: Arte/G1)

Emendas são recursos previstos no Orçamento com aplicação indicada pelo parlamentar. Esse
dinheiro tem de ser obrigatoriamente empregado em projetos e obras nos estados e municípios. A
liberação dos recursos é obrigatória, e o governo tem todo o ano para fazer os repasses.
A primeira etapa da análise da denúncia na Câmara foi a votação de parecer na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ). Dos 40 deputados que votaram a favor de Temer, 36 receberam R$ 134
milhões em emendas em junho. A votação na comissão ocorreu em 13 de julho e rejeitou o parecer pela
continuidade da denúncia. Os deputados que votaram contra Temer receberam, no mesmo período,
metade do valor em emendas: R$ 66 milhões.

22
G1. Emendas, promessas de cargo e pacote de bondades: veja as estratégias de Temer para barrar a denúncia na Câmara. G1 Política. Disponível em:
<http://g1.globo.com/politica/noticia/emendas-promessas-de-cargos-e-pacote-de-bondades-veja-as-estrategias-de-temer-para-barrar-denuncia-na-camara.ghtml>
Acesso em 03 de agosto de 2017.

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A CCJ aprovou por 41 a 24 o relatório alternativo do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) pela
rejeição da denúncia. Entre os parlamentares favoráveis a Temer, Abi-Ackel foi o que recebeu o maior
valor em emendas: R$ 5,1 milhões.
A oposição acusa Temer de comprar votos. A Rede e o PSOL pediram à PGR que investigue a
liberação de emendas pelo governo durante a tramitação da denúncia na Câmara.

Promessas de cargos
Na véspera da votação no plenário, Temer autorizou interlocutores a sinalizar a deputados com cargos
de 2º e 3º escalões para que eles votassem contra a denúncia da PGR, informou a colunista
do G1 Andréia Sadi.
Com a vitória na Câmara, Temer se prepara para enfrentar a demanda dos deputados do centrão por
mais espaço ministerial. Eles cobram do Planalto os cargos ocupados pelo PSDB no governo, informa
Sadi. O partido liberou a bancada, mas o líder tucano, Ricardo Trípoli, orientou voto contra Temer.
Segundo a colunista Cristiana Lôbo, partidos que fecharam questão a favor de Temer, em particular o
PP, PR e o próprio PMDB, cobraram do presidente mais espaço no governo em troca de apoio.
O Podemos e uma ala mais insatisfeita do PMDB pediram vagas no Incra, Funasa e Caixa Econômica
Federal.

Pacote de bondade para ruralistas


Para conquistar votos da bancada ruralista, que tem 231 deputados, Temer decidiu atender
importantes demandas do grupo.
Na véspera da votação no plenário, o governo publicou no "Diário Oficial da União" uma medida
provisória (MP) que permite aos produtores e empresários do agronegócio pagar dívidas previdenciárias
com desconto e mais prazo. O texto também reduz a alíquota paga pelos produtores ao Fundo de
Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural).
As condições de pagamento das dívidas com contribuições previdenciárias permitem redução de 25%
no valor das multas, pagamento sem juros e em até 176 prestações. No mesmo dia em que publicou a
medida, Temer almoçou com membros da bancada ruralista.
Os agrados aos ruralistas, porém, começaram ainda na fase de análise da denúncia na CCJ. Na época,
Temer anunciou R$ 103 bilhões do Banco do Brasil para a próxima safra e sancionou a lei criada a partir
da MP 759, chamada pelos ambientalistas de "MP da grilagem", informou "O Globo". Segundo o jornal, a
MP muda regras da reforma agrária e regula a compra de terras em áreas de proteção ambiental para
produção agrícola.

Ministros em ação
Além da atuação dos aliados na Câmara, Temer mobilizou sua tropa de choque no primeiro escalão
para garantir votos que barrassem a denúncia. Nos dias que antecederam à votação em plenário, os
ministros foram convocados a ficar em Brasília de "plantão" para atender às demandas dos deputados,
informou o colunista do G1 Gerson Camarotti.
Os ministros também atuaram diretamente no plenário – dez deles reassumiram os mandatos de
deputado para votar a favor de Temer e também articular apoios durante a votação.

Trocas na CCJ
Para derrotar na CCJ o parecer de Jorge Zveiter que recomendava a continuidade da denúncia, o
governo promoveu uma dança das cadeiras entre os membros da comissão. Os partidos aliados
fizeram 26 remanejamentos entre os integrantes do colegiado, substituindo deputados que haviam
indicado voto contra Temer.
O troca-troca causou protestos e críticas por parte da oposição e de parlamentares dissidentes da
base, que chegaram a recorrer ao STF na tentativa de anular as mudanças de membros da CCJ.

Municípios e estados
Na véspera da votação do parecer sobre a denúncia na CCJ, Temer anunciou um programa de apoio
a concessões nos municípios e estados, que prevê a destinação de R$ 5,7 bilhões para investimentos de
mobilidade urbana e saneamento, e um crédito de R$ 2 bilhões via Banco do Brasil para financiamento
de projetos de saúde, educação, eficiência energética, modernização da gestão e infraestrutura viária

Comissão da Câmara aprova texto-base da reforma política; saiba o que está previsto23
23
CARAM, B. CALGARO, F. Comissão da Câmara aprova texto-base da reforma política; saiba o que está previsto. G1 Política. Disponível em:
<http://g1.globo.com/politica/noticia/comissao-da-camara-aprova-texto-base-da-reforma-politica-saiba-o-que-esta-previsto.ghtml> Acesso em 11 de agosto de 2017.

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Parecer de Vicente Cândido foi aprovado após 9 horas de sessão. Entre outros pontos, ele propôs
sistema distrital misto, fundo para financiar campanhas e extinção do vice-presidente.
A comissão da Câmara destinada à análise de uma das propostas que estabelecem a reforma política
aprovou nesta quarta-feira (9), por 25 votos a 8, o texto-base do relatório apresentado pelo deputado
Vicente Cândido (PT-SP) – saiba mais abaixo o que está previsto.
O parecer de Vicente Cândido sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi aprovado após
9 horas de sessão. Os deputados, contudo, não haviam concluído a análise do projeto até a última
atualização desta reportagem, isso porque, após o texto-base, eles passaram a analisar os destaques,
ou seja, sugestões que podem mudar a redação.
Após passar na comissão, a PEC seguirá para o plenário da Câmara, onde deverá ser aprovada em
dois turnos antes de seguir para o Senado. A proposta precisa do apoio mínimo de 308 deputados.
Como a sessão se estendia sem previsão de encerramento, a deputada Laura Carneiro (PMDB-RJ)
distribuiu sanduíches a alguns parlamentares.
Entre outros pontos, o projeto cria um fundo para financiar campanhas eleitorais com recursos públicos
e faz mudanças no sistema eleitoral.
Durante a sessão desta quarta, o relator esclareceu que o parecer dele não prevê o chamado
"distritão", modelo que ganhou força entre parlamentares e lideranças partidárias nos últimos dias,
embora o modelo possa ser incluído por meio de uma emenda apresentada por outro parlamentar.
No "distritão", acaba o quociente eleitoral e os mais votados são eleitos, ou seja, seria uma eleição
majoritária, como para presidente. Cada estado vira um distrito eleitoral. No caso de vereador, seria o
município. O eleitor vota em um nome no distrito. Os mais votados são eleitos.

Sistema eleitoral
A proposta aprovada pela comissão estabelece o sistema distrital misto a partir de 2022 nas eleições
para deputado federal, deputado estadual e vereador nos municípios com mais de 200 mil eleitores. O
modelo é uma mistura dos sistemas proporcional e majoritário.
Pelo texto, para escolher deputados federais, por exemplo, o eleitor votará duas vezes. Uma nos
candidatos do distrito e outra nas listas fechadas pelos partidos. A metade das vagas, portanto, iria para
os candidatos eleitos por maioria simples. A outra metade, preenchida conforme o quociente eleitoral
pelos candidatos da lista partidária.
No caso de municípios de até 200 mil eleitores, será adotado o sistema eleitoral de lista preordenada
nas eleições para vereador.

Eleições de 2018 e de 2020


Pela proposta elaborada pelo deputado Vicente Cândido, o sistema eleitoral será mantido como é hoje
em 2018 e em 2020, no modelo proporcional com lista aberta.
Nele, é possível votar tanto no candidato quanto na legenda, e um quociente eleitoral é formado,
definindo quais partidos ou coligações têm direito de ocupar as vagas em disputa. A partir desse cálculo,
são preenchidas as cadeiras disponíveis, proporcionalmente.
O sistema sofre críticas por permitir que candidatos com pouquíssimos votos sejam eleitos, "puxados"
por aqueles com mais votos do mesmo partido.
Na proposta de Cândido, a mudança está na limitação no número de candidatos. A depender do
número de vagas a serem preenchidas, cada partido terá um limite específico de candidatos que poderá
lançar.

Fundo de campanha
Ao apresentar o parecer, o relator Vicente Cândido (PT-SP) dobrou o valor previsto de recursos
públicos que serão usados para financiar campanhas eleitorais.
O projeto institui o Fundo Especial de Financiamento da Democracia, que será mantido com recursos
públicos, previstos no orçamento. Na versão anterior do relatório, Cândido havia estabelecido que 0,25%
da receita corrente líquida do governo em 12 meses seria destinada a financiar campanhas.
Havia uma exceção somente para as eleições de 2018, com o valor do fundo em 0,5% da Receita
Corrente Líquida, o que corresponderá a cerca de R$ 3,6 bilhões.
No novo parecer, Vicente Cândido tornou a exceção uma regra. Pelo texto reformulado, o valor do
fundo será de 0,5% da receita corrente líquida em 12 meses, de maneira permanente.

Extinção do cargo de vice


O relatório aprovado nesta quarta extingue da política brasileira as figuras de vice-presidente da
República, vice-governador e vice-prefeito.

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Vacância da presidência
No caso de vacância do cargo de presidente da República, será feita eleição 90 dias após a vaga
aberta. Se a vacância ocorrer no último ano do mandato presidencial, será feita eleição indireta, pelo
Congresso, até 30 dias após a abertura da vaga.
A regra também valerá para governadores e prefeitos.

Mandato nos tribunais


O texto define que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), do Tribunal de Contas da União
(TCU) e de tribunais superiores serão nomeados para mandatos de dez anos.
A mesma regra valerá para os membros de tribunais de contas dos estados e dos municípios, tribunais
regionais federais e dos estados. Os juízes dos tribunais eleitorais terão mandato de quatro anos.

Posse
As datas das posses dos eleitos passarão a ser as seguintes:
6 de janeiro: governadores e prefeitos;
7 de janeiro: presidente da República;
1º de fevereiro: deputados e vereadores.

Suplente de senador
A proposta reduz o número de suplentes de senadores, de dois suplentes para um. Em caso de morte
ou renúncia do titular, será feita nova eleição para o cargo, na eleição subsequente. Esse substituto terá
mandato somente até o término do mandato do antecessor.
O texto define, ainda, que o suplente de senador será o candidato a deputado federal que ocupar o
primeiro lugar na lista preordenada do partido do titular do mandato.

Imunidade do presidente da República


Inicialmente, Vicente Cândido chegou a propor estender aos presidentes da Câmara, do Senado e do
Supremo Tribunal Federal (STF) a imunidade garantida ao presidente da República.
Pela Constituição, o presidente não pode ser investigado por crime cometido fora do mandato. Diante
da reação negativa de diversos integrantes da comissão, o relator informou que retiraria a proposta do
parecer.

Tentativa de adiamento
O PSOL tentou adiar a votação do parecer, sob a justificativa de que seria preciso ouvir antes a
sociedade sobre o texto final, mas não conseguiu.
"Não querer ouvir a sociedade é novamente virar de costas para a opinião popular. Há uma sofreguição
de preservação de mandatos para o sistema continuar o mesmo", afirmou o deputado Chico Alencar
(PSOL-RJ).

Ex-ministro Geddel Vieira Lima é preso após apreensão de R$ 51 milhões24


Ex-ministro já cumpria prisão domiciliar em Salvador. PF e MPF pediram nova preventiva para evitar
destruição de provas.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima, do PMDB, foi preso preventivamente (sem prazo determinado) na
manhã desta sexta-feira (8), em Salvador, três dias após a Polícia Federal (PF) apreender R$ 51 milhões
em um imóvel supostamente utilizado pelo peemedebista.
A prisão foi determinada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, em
uma nova fase da Operação Cui Bono, que investiga fraudes na Caixa Econômica Federal. Além de
Geddel, a PF cumpre mandado de prisão preventiva contra Gustavo Ferraz – que, segundo as
investigações, é ligado ao ex-ministro – e outros três mandados de busca e apreensão, todos na capital
baiana.
Geddel deixou o prédio pouco depois das 7h, no banco de trás de uma viatura da PF, e chegou ao
aeroporto Luiz Eduardo Magalhães cerca de meia hora depois. Ele será levado para Brasília).
O ex-ministro já tinha sido preso preventivamente na operação, em julho, mas recebeu autorização do
desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, para cumprir prisão domiciliar.
Embora a decisão judicial determine que ele seja monitorado por tornozeleira eletrônica, isso não vinha
acontecendo pois o governo da Bahia não tem o equipamento.

24
BOMFIM, CAMILA. Ex-ministro Geddel Vieira Lima é preso após apreensão de R$ 51 milhões. G1 Bahia. Disponível em: <
http://g1.globo.com/bahia/noticia/mpf-pede-prisao-preventiva-de-geddel-vieira-lima.ghtml> Acesso em 08 de setembro de 2017.

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Sete agentes e dois carros da PF entraram no condomínio de Geddel às 6h. Segundo a TV Bahia
(afiliada da Rede Globo), um vendedor ambulante, que estava na região, foi levado para dentro do
condomínio, possivelmente para servir de testemunha.
Segundo o MPF, a nova fase da operação busca apreender provas de crimes como corrupção passiva,
lavagem de dinheiro e organização criminosa, e que as medidas são necessárias para evitar a destruição
de provas.
O G1 tentou contato com a defesa de Geddel, mas não obteve resposta até a última atualização desta
reportagem.

Fortuna em outro imóvel


Na terça-feira (5), a PF apreendeu R$ 51 milhões em um apartamento que seria utilizado por Geddel
em Salvador. O dono do imóvel afirmou à PF que havia emprestado o imóvel ao ex-ministro para que ele
guardasse pertences do pai, que morreu no ano passado.
Segundo o jornal "O Globo", a PF reuniu 4 provas que reforçam a ligação Geddel com o dinheiro. As
impressões digitais do ex-ministro foram encontradas no próprio dinheiro, uma outra testemunha
confirmou que o espaço tinha sido cedido a ele, e uma segunda pessoa é suspeita de ajudar Geddel na
destinação das caixas e das malas de dinheiro. Além disso, a PF identificou risco de fuga, depois da
divulgação da apreensão do dinheiro.
A apreensão do dinheiro é um desdobramento da Operação Cui Bono, que investiga fraudes na
liberação de créditos da Caixa Econômica Federal. De acordo com o MPF, entre 2011 e 2013, Geddel
agia para beneficiar empresas com liberações de créditos e fornecia informações privilegiadas para os
outros membros da quadrilha que integrava.
O ex-ministro virou réu em agosto em uma ação na Justiça Federal em Brasília por obstrução de
justiça. Ele é acusado de tentar atrapalhar as investigações. Em nota divulgada após a decisão da Justiça,
a defesa de Geddel rechaçou as acusações, a a que chamou de "fruto de verdadeiro devaneio e excesso
acusatório".
A defesa do ex-ministro não se manifestou sobre os R$ 51 milhões.

Ex-ministro de Lula e Temer


Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) deixou o cargo de ministro da Secretaria de Governo em novembro de
2016. Ele foi acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de tê-lo pressionado para liberar uma
obra na Ladeira da Barra, área nobre de Salvador. Geddel era um dos principais responsáveis pela
articulação política do governo Temer com deputados e senadores. Ele ficou no cargo por seis meses.
O peemedebista também foi ministro da Integração Nacional do governo Lula, entre 2007 e 2010,
depois de ter sido crítico ferrenho do primeiro mandato do petista e defensor do governo Fernando
Henrique Cardoso (PSDB). No ministério, encampou a transposição do Rio São Francisco, que prometeu
efetivar em seu mandato.
Atuou como vice-presidente de Pessoa Jurídica na Caixa entre 2011 e 2013, cargo do qual chegou a
pedir exoneração pelo Twitter à então presidente Dilma Rousseff, pela possibilidade de concorrer nas
eleições seguintes. Quem o convidou para o cargo foi Michel Temer. Foi derrotado por Otto Alencar (PSD)
na eleição ao Senado.
Formado em administração de empresas pela Universidade de Brasília, é natural de Salvador, onde
foi assessor da Casa Civil da Prefeitura entre 1988 e 1989. Em 1990, filiou-se ao PMDB, partido pelo qual
foi eleito cinco vezes deputado federal.

Acordos de delação de Joesley e Saud foram rescindidos, informa PGR25


Rodrigo Janot já havia anunciado revisão dos acordos por suspeitas de que delatores haviam omitido
informações. Segundo PGR, mesmo com a rescisão, provas entregues permanecem válidas.
Procuradoria Geral da República (PGR) informou nesta quinta-feira (14) que os acordos de delação
premiada de Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, e de Ricardo Saud, um dos executivos do
grupo, foram rescindidos.
A informação consta de um comunicado divulgado à imprensa na tarde desta quarta, pela procuradoria,
no qual a PGR informa ter denunciado o presidente Michel Temer, Joesley, Saud e integrantes do
PMDB ao Supremo Tribunal Federal.
Segundo a PGR, mesmo com a rescisão, as provas entregues pelos dois delatores permanecem
válidas.

25
MATOSO, F. NETTO, V. PARREIRA, M. Acordos de delação de Joesley e Saud foram rescindidos, informa PGR. G1, Política. Disponível em:
<https://g1.globo.com/politica/noticia/acordos-de-delacao-de-joesley-e-saud-foram-rescindidos-informa-
pgr.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1> Acesso em 15 de setembro de 2017.

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De acordo com a assessoria da PGR, a rescisão do acordo de colaboração ainda precisa ser
confirmada pelo ministro Edson Fachin.
Na semana passada, o procurador-geral, Rodrigo Janot, já havia anunciado a revisão dos acordos dos
delatores por suspeitas de que os dois executivos haviam omitido informações.
Em razão disso, o Supremo Tribunal Federal suspendeu, no último fim de semana, os
benefícios concedidos a Joesley e a Saud.

A decisão de Janot
Rodrigo Janot entendeu que os dois delatores mentiram sobre fatos de que tinham conhecimento, se
recusaram a prestar informações e que ficou provado que, após a assinatura do acordo, eles sonegaram,
adulteraram, destruíram ou suprimiram provas.
Por enquanto, o procurador-geral manteve o acordo do diretor jurídico da J&F, Francisco de Assis,
enquanto aguarda informações sobre uma investigação de uso de informação privilegiada que envolve a
delação premiada.
A informação sobre a rescisão do acordo foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal.

'Confiança'
Ao decidir pela rescisão dos acordos, Janot escreveu que confiança é uma "via de mão dupla",
devendo o investigado assimilar e assumir a condição de colaborador da Justiça, "falando tudo o que
sabe e não omitindo qualquer fato relevante, ainda mais quando este fato pode configurar crime".
O procurador-geral acrescenta, então, que não cabe ao colaborador fazer juízo de valor ou escolher
os fatos que pretende entregar, fazendo, assim, com que a manutenção do acordo dependa da boa-fé e
do fiel cumprimento das cláusulas estabelecidas.
O que ocorreu nas delações de Joesley e de Saud, diz Janot, foi o descumprimento de cláusulas que
proíbem a "omissão deliberada, a má-fé, o dever de transparência" entre as partes contraentes.
"Como se vê, a consequência jurídica da rescisão do acordo por culpa exclusiva do colaborador é a
perda da premiação e a validade de todas as provas produzidas, que poderão ser usadas nos processos
em curso e futuros."

Janot acusa Temer de chefiar organização criminosa: 10 perguntas para entender a denúncia26
Mesmo ferido por graves acusações contra a atuação do Ministério Público Federal na condução da
delação da JBS, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, lançou sua segunda "flechada" contra
Michel Temer e denunciou o presidente nesta quinta-feira sob as acusações de obstrução de Justiça e
de integrar organização criminosa.
O disparo foi dado a três dias de Janot passar o cargo para a próxima procuradora-geral, Raquel
Dodge.
Agora, o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá avaliar se encaminha a denúncia diretamente para
a análise da Câmara dos Deputados ou se vai suspender seu andamento até que se concluam as
investigações sobre a legalidade do acordo firmado com Joesley Batista e outros executivos do grupo.
Em nota, a Presidência da República, afirmou que Janot "continua sua marcha irresponsável para
encobrir suas próprias falhas", ignorando "deliberadamente as graves suspeitas que fragilizam as
delações sobre as quais se baseou para formular a segunda denúncia contra o presidente da República".
"A segunda denúncia é recheada de absurdos. Fala de pagamentos em contas no exterior ao
presidente sem demonstrar a existência de conta do presidente em outro país. Transforma contribuição
lícita de campanha em ilícita, mistura fatos e confunde para tentar ganhar ares de verdade. É realismo
fantástico em estado puro", diz o texto.
Já o PMDB informou lamentar "mais um ato de irresponsabilidade realizado pelo procurador-geral" e
afirmou que "a Justiça e sociedade saberão identificar as reais motivações" de Janot.
Entenda, em dez perguntas, as acusações contra Temer e o que deve acontecer agora:

1. Do que Janot acusa Temer agora?


O presidente é acusado de integrar uma organização criminosa com outros peemedebistas - eles
teriam montado uma complexa estrutura para desvio de dinheiro público, cujos valores superariam R$
580 milhões.
Segundo a denúncia, políticos do PMDB, sob a liderança de Temer, teriam recebido propinas de
empresas em troca de interferências ilegais em operações de crédito da Caixa, negócios da Petrobras,

26
SCHREIBER, MARIANA. Janot acusa Temer de chefiar organização criminosa: 10 perguntas para entender a denúncia. BBC Brasil. Disponível em: <
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41261952?ocid=socialflow_twitter> Acesso em 15 de setembro de 2017.

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concessões de aeroportos e ações dos ministérios da Agricultura e da Integração Nacional, além da
inclusão de emendas em medidas provisórias no Congresso.
Janot diz que o grupo começou a se articular a partir de 2006, quando o PMDB passou a ocupar cargos
no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que precisou ampliar sua base de apoio após o
escândalo do mensalão.
Temer e Henrique Eduardo Alves, na época deputados, teriam negociado "cargos-chaves" para o
grupo criminoso, "tais como a presidência de Furnas, a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias
na Caixa Econômica, o Ministério da Integração Nacional, a Diretoria Internacional da Petrobras, entre
outros", diz a denúncia.
O procurador-geral frisa também que a organização criminosa continuou praticando crimes nos anos
de 2015, 2016 e 2017, e que Temer teria se tornado o "líder" do grupo em maio do ano passado, quando
assumiu a Presidência da República.
Temer, especificamente, teria obtido "vantagem" de R$ 31,5 milhões, sendo R$ 500 mil da JBS por
meio de Rodrigo Rocha Loures, R$ 10 milhões em doações da Odebrecht, R$ 20 milhões referentes ao
contrato PAC SMS da Diretoria Internacional da Petrobras com a Odebrecht e R$ 1 milhão entregue ao
coronel João Batista Lima Filho, amigo do peemedebista.
Além disso, Janot também acusa o presidente de tentar obstruir a Justiça ao dar aval para suposta
compra de silêncio do ex-presidente da Câmara, o peemedebista Eduardo Cunha, e do operador Lúcio
Funaro.
Para embasar essa acusação, o procurador-geral usa, por exemplo, a gravação da conversa entre o
presidente e Joesley Batista, dono da JBS. Ele sustenta que Temer instigou Batista a pagar, por meio de
Ricardo Saud, vantagens a Roberta Funaro, irmã de Lúcio Funaro.

2. Quem foi denunciado ao lado do presidente?


A suposta organização criminosa denunciada por Janot contaria com mais seis integrantes, todos
peemedebistas: o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, os ministros Moreira Franco (Secretaria-
Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil), os ex-ministros Henrique Eduardo Alves (Turismo) e
Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e o ex-assessor de Temer e ex-deputado Rodrigo Rocha
Loures.
Desses, estão presos hoje Cunha, Alves, Geddel e Loures.
Segundo relatório da Polícia Federal usado para embasar a denúncia, "enquanto Eduardo Cunha fazia
a parte obscura das tratativas espúrias, negociatas, ameaças e chantagem política", "o presidente Michel
Temer, como liderança dentro do PMDB, tinha a função de conferir oficialidade aos atos que viabilizam
as tratativas acertadas por Eduardo Cunha e os demais participantes, dando aparente legalidade e
legitimidade em atos que interessam ao grupo."
Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud, da JBS, perderam a imunidade que haviam negociado no
acordo de delação e foram denunciados pelo crime de obstrução de Justiça.

3. É o mesmo caso da mala de R$ 500 mil?


A segunda denúncia é mais ampla que a primeira, que foi apresentada no final de junho e acusava o
presidente de corrupção passiva, com base em informações da delação da JBS, revelada em 17 de maio.
Havia um prazo curto para apresentar aquela primeira denúncia porque ela envolvia também um
investigado preso, Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial de Temer, filmado recebendo uma mala
de R$ 500 mil de um executivo da multinacional.
Esse pagamento seria, segundo a Procuradoria, a primeira parcela de propina em troca de
interferência do governo no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em favor da JBS.
Temer nega que tivesse ciência de qualquer acordo entre Loures e JBS e que tenha interferido no
órgão. A Câmara dos Deputados rejeitou o andamento dessa denúncia no início de agosto.

4. Por que a segunda denúncia só foi apresentada agora?


No caso das suspeitas de obstrução de Justiça e formação de quadrilha, não havia exigência de prazo
curto para apresentação da denúncia e, por isso, a Procuradoria-Geral da República pôde continuar
investigando para incluir novos elementos na denúncia, como foi o caso da delação de Funaro.
"O Ministério Público não tem pressa e nem retarda denúncia. Existem investigações em curso", disse
Janot em julho, ao ser questionado sobre a segunda denúncia contra Temer.
Já o presidente e seus aliados acusam o procurador-geral de agir politicamente ao fatiar as denúncias.
"Qual foi primeira ideia? Vamos fatiar a denúncia. Para que fatiar a denúncia, se inquérito é um só, e
os fatos estão ali, elencados? Foi para dizer, se ele ganhar a primeira, eu venho com a segunda. Se ele
ganhar a segunda, eu venho com a terceira", disse Temer em entrevista ao SBT na semana passada.

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"Não é tipicamente uma função digamos para estatura de um chefe do Ministério Público", completou
o presidente.

5. Quem são os delatores que denunciaram Temer?


A principal novidade dessa denúncia são as acusações de Lúcio Funaro, tido como operador de
propina do PMDB e que acaba de fechar acordo de delação premiada.
Janot usa também os depoimentos de executivos da JBS, como Joesley Batista e Ricardo Saud,
embora essa delação esteja hoje em xeque e corra o risco de ser anulada por suposta ilegalidade na sua
condução por parte de membros do Ministério Público, como o ex-procurador Marcelo Miller.
O procurador-geral sustenta que a rescisão do acordo dos dois não impede a utilização das provas
apresentadas por eles - e que são centrais na nova denúncia.
Em defesa dessa tese, cita um voto proferido pelo ministro do STF Dias Toffoli em julgamento de 2015,
no qual o magistrado afirmou que as declarações dos colaboradores "poderão ser consideradas meio de
prova válido para fundamentar a condenação de coautores e partícipes da organização criminosa", "ainda
que o colaborador, por descumprir alguma condição do acordo, não faça juz a qualquer sanção premial
(benefício da delação)".
Janot cita ainda na denúncia revelações de outros delatores da operação Lava Jato, como Paulo
Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e executivos da Odebrecht.

6. O STF pode derrubar essa denúncia antes que a Câmara decida?


A defesa de Temer tentou impedir no STF o oferecimento dessa segunda denúncia, sob o argumento
de que ainda está em curso a investigação para esclarecer se a delação da JBS foi ilegal.
O Supremo, no entanto, adiou essa decisão para a próxima semana, o que na prática deixou o caminho
livre para Janot fazer a denúncia antes de deixar o cargo no domingo.
Agora, de acordo com juristas ouvidos pela BBC Brasil, o STF pode tanto suspender o andamento da
denúncia até o fim das investigações quanto decidir encaminhar a denúncia diretamente para análise da
Câmara.
Nesse caso, a decisão sobre a validade do uso da delação da JBS passaria para o momento de análise
do recebimento da denúncia.
Segundo a Constituição, o Supremo só pode avaliar o recebimento da denúncia para abertura de um
processo contra o presidente caso obtenha a autorização de 342 dos 513 deputados.

7. O que acontece com Temer agora?


Se o STF não impedir o andamento da denúncia, Temer permanece no cargo enquanto os deputados
decidem se autorizam seu julgamento pelo Supremo.
O ministro do STF Edson Fachin deve enviar o pedido da Procuradoria para a Câmara, onde primeiro
haverá uma análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Seja qual for a recomendação da CCJ,
se pela aceitação ou rejeição da denúncia, o crivo final será do plenário da Casa.
Para que o STF fique autorizado a julgar Temer, é necessário o aval de 342 deputados. Ao analisar a
primeira denúncia, a Câmara barrou seu andamento por 263 votos a 227. Se esse resultado se repetir, a
denúncia fica em suspenso e só poderá ser analisada pela Justiça quando terminar o mandato de Temer.

8. E se a Câmara autorizar o julgamento?


Se o andamento da denúncia for aprovado, os onze ministros do Supremo decidirão se há elementos
jurídicos suficientes para tornar Temer réu. Caso isso aconteça, o presidente ficaria afastado por até seis
meses, enquanto a Corte realizaria o julgamento. Durante o processo, o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia, assumiria interinamente.
Na hipótese de Temer ser condenado, Maia teria que convocar uma eleição indireta para que o
Congresso escolhesse o novo presidente. No caso de absolvição, o peemedebista reassumiria o
comando do país.

9. Temer pode ser preso?


A Constituição prevê expressamente que Temer não pode ser preso enquanto for presidente, a não
ser que seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal após julgamento autorizado pela Câmara.

10. Haverá novas denúncias?


A apresentação de novas denúncias dependerá do resultado de novas investigações e da avaliação
da nova procuradora-geral, Raquel Dodge, que assume o lugar de Janot na segunda-feira.

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Nesta semana, o ministro do STF Luís Roberto Barroso autorizou novo inquérito contra o presidente
para apurar supostas ilegalidades na edição de um decreto sobre o setor de Portos, em maio deste ano.
"Os elementos colhidos revelam que Rodrigo Rocha Loures, homem sabidamente da confiança do
presidente da República, menciona pessoas que poderiam ser intermediárias de repasses ilícitos para o
próprio presidente da República, em troca da edição de ato normativo de específico interesse de
determinada empresa, no caso, a Rodrimar S/A", assinalou Barroso na decisão de abertura do inquérito.
Em nota, a empresa negou qualquer ilegalidade. A assessoria de Temer disse em comunicado que o
decreto foi debatido entre o governo e empresas e que o presidente "não teve interferência no debate e
acatou as deliberações e aconselhamentos técnicos, sem que houvesse qualquer tipo de pressão política
que turvasse todo esse processo".

Temer tem a pior aprovação pessoal e de governo da série histórica27


Segundo os dados do levantamento, a avaliação negativa do peemedebista alcançou 75,6% neste
mês de setembro; até então, o pior desempenho era da ex-presidente Dilma Rousseff, que teve índice de
70,9% em julho de 2015
O presidente Michel Temer (PMDB) registrou a pior aprovação pessoal e de governo da série histórica
da pesquisa CNT/MDA, cuja última edição foi divulgada nesta terça-feira (19) pela Confederação Nacional
do Transporte (CNT).
Do ponto de vista de avaliação de governo, a série histórica da pesquisa começou a ser registrada
pela CNT em julho de 1998, durante o segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
De lá para cá, Temer é o presidente da República com a pior avaliação.
Segundo os dados do levantamento, a avaliação negativa do peemedebista alcançou 75,6% neste
mês de setembro. Até então, o pior desempenho era da ex-presidente Dilma Rousseff, que teve índice
de 70,9% em julho de 2015.
Temer também é dono do pior desempenho pessoal da história, avaliação que começou a ser medida
em 2001. Isso porque 84,5% desaprovam o desempenho do presidente, segundo dados de setembro
A 134ª pesquisa CNT/MDA foi realizada entre os dias 13 e 16 de setembro. Foram ouvidas 2.002
pessoas, em 137 municípios de 25 unidades federativas, das cinco regiões do Brasil. A margem de erro
é 2,2 pontos porcentuais, com 95% de nível de confiança.

Governo Temer é considerado ruim ou péssimo para 77%, diz Ibope28


Popularidade do presidente Temer voltou a cair, segundo a pesquisa ibope de avaliação do governo,
divulgada nesta quinta (28) pela CNI.
Governo Temer é considerado ruim ou péssimo para 77%, diz Ibope
Popularidade do presidente Temer voltou a cair, segundo a pesquisa ibope de avaliação do governo,
divulgada nesta quinta (28) pela CNI.
O Ibope divulgou nesta quinta-feira (28) uma nova pesquisa sobre o governo do presidente Michel
Temer, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria – CNI. Segundo a pesquisa, a
popularidade de Temer manteve a trajetória de queda e atingiu o índice mais baixo de avaliação de um
presidente, desde que o Ibope começou a fazer esse tipo de pesquisa, em março de 1986.
O nível de confiança da pesquisa é de 95%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais
ou para menos.
Em março, consideravam o governo Temer ótimo ou bom 10% dos entrevistados. Em julho, 5%. E
agora, 3%. Consideravam regular: 31%. Depois, 21%. E agora, 16%.
O governo era ruim ou péssimo: para 55%. Depois, 70%. E agora, 77%. Antes, 4% não souberam ou
não responderam. Depois, 3%. E agora, 3% também.
Em março, aprovavam a maneira de governar do presidente Temer 20%. Depois, 11. Agora, 7%.
Desaprovavam: 73%. Depois, 83%. Agora, 89%. Não souberam ou não responderam: 7%, depois 5% e
agora 4%.
O Ibope também divulgou o índice de confiança no presidente Michel Temer. Em março, 17%
confiavam no presidente. Depois, 10. Agora, 6%. Não confiavam: 79%. Depois, 87% E agora, 92%. Não
souberam ou não responderam: 3%. Depois, 3% de novo. E agora 2%.
O Ibope ouviu duas mil pessoas, em cento e vinte e seis municípios, entre 15 e 20 de setembro.

27
AGÊNCIA ESTADO. Temer tem a pior aprovação pessoal e de governo da série histórica. O Tempo Política. Disponível em:
<http://www.otempo.com.br/capa/pol%C3%ADtica/temer-tem-a-pior-aprova%C3%A7%C3%A3o-pessoal-e-de-governo-da-s%C3%A9rie-hist%C3%B3rica-
1.1521968> Acesso em 20 de setembro de 2017.
28
JORNAL HOJE. Governo Temer é considerado ruim ou péssimo para 77%, diz Ibope. G1 jornal Hoje. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-
hoje/noticia/2017/09/governo-temer-e-considerado-ruim-ou-pessimo-para-77-diz-ibope.html?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=jh> Acesso
em 29 de setembro de 2017.

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Economia

Qual é o impacto do escândalo das carnes na economia brasileira?29


Terceiro maior produto de exportação do Brasil, atrás da soja e do minério de ferro, as carnes
brasileiras conquistaram o mundo, tornando-se sinônimo de qualidade em mais de 150 países.
Mas esse selo de garantia está sob risco desde a última sexta-feira, quando a Polícia Federal revelou
um esquema de adulteração envolvendo pelo menos 30 frigoríficos.
Por si só, pela natureza das descobertas, a operação Carne Fraca já teria o potencial de causar
estragos significativos no mercado interno. Afinal, qual brasileiro vai querer comprar - e consumir -
possível carne adulterada?
Mas o problema se torna ainda pior porque essa mesma pergunta está sendo feita pelos compradores
internacionais - nesta segunda-feira (20/03), países como China, Chile e Coreia do Sul, além da União
Europeia, suspenderam temporariamente as importações de empresas citadas na fraude.
Por causa disso, segundo economistas ouvidos pela BBC Brasil, o impacto na economia brasileira
pode ser "maior do que se imaginava".
Eles ressalvam, contudo, que tudo "dependerá de quanto vão durar os embargos e se mais países vão
aderir a ele".

'Péssimo momento'
Mas existe um consenso: a operação da PF veio em um "péssimo momento" para o agronegócio, um
dos pilares da economia brasileira, que vinha esboçando sinais de recuperação.
"O Brasil custou para abrir novos mercados e agora a imagem do país está abalada lá fora. É difícil
prever o que vai acontecer, mas não resta dúvida de que esse escândalo será prejudicial para a economia
brasileira", diz à BBC Brasil José Carlos Hausknecht, sócio diretor da MB Agro, braço agrícola da
consultoria MB Associados.
Em outras palavras: isso pode acarretar um prolongamento da recessão, afetando a vida de todos os
brasileiros.
Já segundo estimativa da consultoria LCA consultores, no pior dos cenários - se todos os países
fecharem as portas às importações de carne brasileira - o impacto no PIB pode ser de até 1 ponto
porcentual. A previsão oficial do governo, que deve ser revisada para baixo nos próximos dias, é de
crescimento de 1%.

Desemprego e inflação
A revelação do esquema de carne adulterada terá consequências para a economia brasileira, explicam
os especialistas, pela "importância do setor de carnes".
Atualmente, de toda a carne produzida no Brasil, 80% é consumida pelo mercado interno. O restante
vai para fora.
No ano passado, as exportações brasileiras do produto somaram mais de US$ 14 bilhões (R$ 43
bilhões), ou 7,5% do total exportado, atrás apenas do minério de ferro e da soja.
Além disso, o setor de carnes possui uma cadeia produtiva "muito extensa", com "efeitos indiretos",
lembra Gesner Oliveira, sócio da consultoria GO Associados.
Oliveira estima que uma redução de 10% nas exportações brasileiras de carne pode custar 420 mil
postos de trabalho e R$ 1,1 bilhão a menos em impostos - notícia nada positiva em um momento de crise
fiscal.
Já a inflação também deve subir por causa do escândalo, "devido a algum tipo de recall das carnes já
distribuídas ao comércio", diz à BBC Brasil André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
Apesar disso, ressalva ele, o impacto na subida dos preços deve ser residual, já que o peso total das
carnes no índice oficial (IPCA) é de apenas 3,69%.
"Nesse sentido, uma alta adicional de 2% nesses produtos iria criar um impacto de 7 pontos base (ou
0,07%) na inflação plena: neste caso, se o IPCA fosse de 4,50%, ele ficaria em 4,57%", afirma.
"Mas será preciso saber mais detalhes sobre como isso vai ocorrer, pois não há notícias de
desabastecimento e não se trata da totalidade de toda a cadeia da carne", acrescenta.

Concorrência e protecionismo
Os especialistas também apontaram que, por causa do escândalo, o Brasil poderia perder espaço para
outros competidores no mercado global de carnes.

29
21/03/2017 – Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/qual-e-o-impacto-do-escandalo-das-carnes-na-economia-brasileira.ghtml

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Nesse sentido, segundo eles, seria um "grande retrocesso" para um setor que se tornou prioridade
durante os mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016).
Nesse período, recursos públicos foram direcionados (via BNDES, a agência nacional de fomento)
para a criação dos chamados "campeões nacionais" - com o apoio irrestrito do governo, empresas como
a JBS e a BRF formaram monopólios e se projetaram internacionalmente.
"Hoje em dia, o mercado é altamente competitivo. Qualquer deslize pode ser fatal", diz Oliveira, da GO
Associados.
Hausknecht, da MB Agro, concorda que o escândalo acaba gerando uma oportunidade para potenciais
concorrentes, mas avalia que, atualmente, pelas condições do mercado, não há competidores à altura do
Brasil.
"A Austrália, por exemplo, que poderia ser uma alternativa ao Brasil para a oferta de carnes à China,
ainda estão recompondo o rebanho", diz, em alusão à forte seca que forçou produtores australianos a
elevarem o escoamento de animais para o abate.
"Já os Estados Unidos, o segundo maior produtor mundial de carne bovina, tampouco tem muita
entrada no mercado chinês por causa da escalada da tensão entre Washington e Pequim."
"Por fim, a Índia também é outro grande exportador de carne bovina, mas ela é de pior qualidade",
completa.
Para Campos, da LCA Consultores, a maior consequência do escândalo é dar munição a governos
para impor mais tarifas alfandegárias ao Brasil, em um contexto de maior protecionismo no mundo.
"Trump (Donald Trump, presidente dos Estados Unidos) já deu sinais de que pretende lançar mão de
medidas protecionistas. Nesse caso, isso (escândalo das carnes adulteradas) pode ser usado como
desculpa", conclui.

Desemprego fica em 13,7% no 1º trimestre de 2017 e atinge 14,2 milhões30


Essa é a maior taxa da série do indicador, iniciada em 2012. Em 3 anos, número de desempregados
mais que dobrou no país.
O desemprego subiu para 13,7% no trimestre de janeiro a março, segundo dados divulgados nesta
sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da pesquisa Pnad
Contínua. De acordo com o IBGE, essa foi a maior taxa de desocupação da série histórica, iniciada em
2012. No 1º trimestre, o Brasil tinha 14,2 milhões de desempregados, também batendo recorde da série
histórica.

30
SILVEIRA, Daniel. CAVALLINI, Marta. Desemprego fica em 13,7% no 1° trimestre de 2017 e atinge 14,2 milhões. G1 Economia. Disponível em: <
http://g1.globo.com/economia/noticia/desemprego-fica-em-137-no-1-trimestre-de-2017.ghtml> Acesso em 28 de abril de 2017.

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Taxa de desocupação, segundo a Pnad do IBGE (Foto: Editoria de arte/G1)

Em relação à taxa, as altas são de 1,7 ponto percentual frente ao trimestre de outubro a dezembro de
2016 (12%) e de 2,8 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre de 2016 (10,9%).
Já em relação ao número de desocupados, o contingente cresceu 14,9% (mais 1,8 milhão de pessoas)
frente ao trimestre de outubro a dezembro de 2016 e 27,8% (mais 3,1 milhões em busca de trabalho) em
relação ao mesmo trimestre de 2016, segundo o IBGE.
Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, desde o 1º trimestre de
2014, o país perdeu cerca de 3 milhões de postos de trabalho com carteira assinada. De acordo com o
IBGE, a menor desocupação foi registrada no trimestre encerrado em fevereiro de 2014, quando havia
6,6 milhões de desempregados, ou seja, esse número mais que dobrou em três anos.
“O mercado de trabalho continua a apresentar deterioração. Perdemos mais de 1,8 milhão de postos
de trabalho, sendo que cerca de 70% dessa perda foi de empregos com carteira de trabalho assinada”,
diz Azeredo.
Já a população ocupada também bateu recorde - é o menor contingente desde o trimestre fevereiro-
abril de 2012. No trimestre encerrado em março, eram 88,9 milhões de pessoas no mercado de trabalho.
O recuo se deu tanto em relação ao trimestre anterior (-1,5%, ou menos 1,3 milhão de pessoas) como
em relação ao mesmo trimestre de 2016 (-1,9%, ou menos 1,7 milhão de pessoas).
“Na passagem do 4º trimestre para o 1º trimestre percebe-se uma redução da população ocupada e
consequentemente aumento da desocupação em função da dispensa das contratações temporárias do
final do ano. Mas, o que está em questão, é o fato de o Brasil manter esse ritmo da crise no mercado de
trabalho”, analisa Azeredo.

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Número de pessoas desocupadas, segundo a Pnad do IBGE (Foto: Editoria de arte/G1)

“Não tem absolutamente nada na Pnad Contínua que mostre uma melhoria no mercado de trabalho,
na geração de empregos, ou qualquer tipo de recuperação em qualquer tipo de inserção ou grupamento
de atividade”, completa o pesquisador.

Carteira assinada
Desse total, 33,4 milhões de pessoas que estavam empregadas no setor privado tinham carteira
assinada. Esse número também recuou em ambos os períodos de comparação: frente ao trimestre
outubro/dezembro de 2016 (-1,8% ou menos 599 mil pessoas) e ao trimestre janeiro/março de 2016 (-
3,5% ou menos 1,2 milhão de pessoas). Segundo o IBGE, foi o menor contingente de trabalhadores com
carteira assinada já observado na série histórica da pesquisa.
O pico de trabalhadores com carteira assinada foi registrado no trimestre encerrado em junho de 2014
- 33,9 milhões de trabalhadores.
Segundo Azeredo, a notícia mais impactante da pesquisa é a perda expressiva de empregos com
carteira assinada. “Perder postos de trabalho com carteira significa perda de arrecadação da Previdência,
perda de acesso ao seguro-desemprego, perda de garantias trabalhistas. Além disso, a carteira de

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trabalho serve como garantia de acesso ao crédito. A grande notícia que a Pnad Contínua traz neste
primeiro semestre do ano é que o mercado continua destruindo postos de trabalho”, disse Azeredo.
De acordo com o pesquisador, a queda do número de carteiras assinadas tem relação direta com a
conjuntura política e econômica do país. “Um cenário econômico conturbado, um cenário político instável,
isso traz desestabilização para o mercado de trabalho e seus efeitos são quase imediatos. Reestruturar
postos de trabalho, recompor carteira, isso demora”, afirma.
O número de empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada (10,2 milhões)
apresentou queda em relação ao trimestre anterior (-3,2%), mas cresceu 4,7% (ou mais 461 mil pessoas)
em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
O número de trabalhadores por conta própria (22,1 milhões de pessoas) registrou estabilidade em
relação ao trimestre anterior (outubro a dezembro de 2016). Em relação ao mesmo período do ano
passado, houve queda de 4,6%, ou seja 1,1 milhão de pessoas a menos. “O trabalhador por conta própria,
que no início da crise segurou um pouco a população desocupada, mostra uma redução", diz Azeredo.
Já a categoria dos trabalhadores domésticos, estimada em 6,1 milhões de pessoas, se manteve
estável em ambos os trimestres comparativos, segundo o IBGE.

Nível de ocupação
O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi
estimado em 53,1% no trimestre de janeiro a março, apresentando queda de 0,9 ponto percentual frente
ao trimestre de outubro a dezembro de 2016, (54%).
Em relação a igual trimestre do ano anterior, houve retração de 1,7 ponto percentual, quando recuou
de 54,7% para 53,1%. Foi o menor nível da ocupação observado desde o início da série da pesquisa.

Rendimento
O rendimento médio foi estimado em R$ 2.110 no 1º trimestre de 2017, estável tanto ante o trimestre
de outubro a dezembro de 2016 (R$ 2.064) como mesmo trimestre do ano anterior (R$ 2.059).
Em relação ao trimestre anterior, houve alta para os empregados no setor público (1,9%) e para os
trabalhadores domésticos (1,7%). Em relação ao mesmo trimestre de 2016, apenas os empregados no
setor público apresentaram variação positiva (4,3%). Nas demais posições, foi estável.
“Há um crescimento do rendimento nominal do trabalhador. Isso mostra que você tem um aumento do
poder de compra da população, mas o efeito inflacionário sobre ele fez com que a massa de rendimento
se mantivesse estável”, explicou o pesquisador.

Por setores e atividades


Os grupamentos de atividade que mais têm sofrido deterioração dos postos de trabalho é a indústria
e a construção. De acordo com Azeredo, desde 2015, a indústria perdeu 1,9 milhão de postos e a
construção mais de 800 mil.
“Parte expressiva dessa perda de postos com carteira de trabalho assinada, certamente, vem da
indústria, que é o segmento mais organizado e com maior número de formalidade”, diz.
Em relação ao mesmo trimestre de 2016, houve redução de trabalhadores nos setores de construção
(-9,5% ou -719 mil pessoas), agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e agricultura (-8,0% ou -758
mil pessoas), indústria geral (-2,9% ou -342 mil pessoas) e serviços domésticos (-2,9% ou -184 mil
pessoas). Apenas o grupamento de alojamento e alimentação teve alta (11% ou mais 493 mil pessoas).

Caged
De acordo com os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em
março as demissões superaram as contratações em 63.624 vagas, resultado de 1.261.332 admissões e
de 1.324.956 demissões em março. No acumulado do primeiro trimestre de 2017, o país registrou o
fechamento de 64.378 postos de trabalho.

População brasileira já pagou R$ 1 trilhão em impostos este ano31


A marca de R$ 1 trilhão no painel do Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) foi
registrada às 8h desta sexta-feira (16). O valor equivale ao total de impostos, taxas e contribuições pagos
pela população brasileira desde o dia 1º de janeiro de 2017.
Em 2016, o montante de R$ 1 trilhão foi alcançado em 5 de julho. O presidente da entidade, Alencar
Burti, explica que a arrecadação aumenta quando há crescimento econômico e elevação de impostos.
“Já que nossa economia não está crescendo, essa diferença de 19 dias reflete aumentos e correções
31
SOUZA, LUDMILLA. População brasileira já pagou R$1 trilhão em impostos esse ano. EBC Agência Brasil. Disponível em:
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-06/populacao-brasileira-ja-pagou-r-1-trilhao-em-impostos-este-ano> Acesso em 16 de junho de 2017.

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feitos em impostos e isenções, além da obtenção de receitas extraordinárias como o Refis [parcelamento
de débitos tributários]. Reflete também a inflação, que, apesar de ter caído, segue em patamar alto”,
analisa. Para Burti, “no segundo semestre, espera-se elevação da arrecadação em função da melhora da
atividade econômica”.

Arrecadação federal
O presidente da ACSP esclarece que, embora a arrecadação federal tenha caído em termos reais, é
o número nominal (sem descontar a inflação), o mesmo medido pelo Impostômetro, que deve ser
analisado. “Nosso painel não mede apenas tributos federais. Também entram na conta os estaduais e
municipais. O que temos que observar são os valores nominais, porque os gastos são todos nominais”.

Estados Unidos suspendem importação de carne fresca do Brasil32


Medida é anunciada após recorrentes preocupações sobre segurança dos produtos
BRASÍLIA - O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira que suspendeu todas as
importações de carne in natura do Brasil. Em comunicado, o secretário de Agricultura dos Estados Unidos,
Sonny Perdue, informou que há "preocupações recorrentes sobre a segurança dos produtos destinados
ao mercado americano".
Os EUA tinham passado mais de 10 anos sem comprar carne fresca brasileira e só reabriu o mercado
no ano passado. Os americanos são tradicionais importadores de carne industrializada do Brasil. A
decisão de suspender as importações é mais um revés para a indústria de carne, que enfrenta uma
sequência de problemas desde o início do ano, que afetam as exportações e o preço dos produtos e
comprometem toda a indústria cadeia do setor no Brasil.
As autoridades dos EUA informaram que a suspensão dos embarques permanecerá em vigor até que
o Ministério da Agricultura do Brasil tome medidas corretivas que os Estados Unidos considerem
satisfatórias.
O Serviço de Inspeção e Segurança de Alimentos dos Estados Unidos informou, em comunicado, que
desde março vem inspecionando todos os produtos de carne que chegam do Brasil ao país. As
autoridades recusaram a entrada para 11% dos produtos brasileiros de carne fresca, segundo o texto.
"Esse valor é substancialmente superior à taxa de rejeição de 1% das remessas do resto do mundo.
Desde a implementação do aumento da inspeção, foi recusada a entrada para 106 lotes de produtos
bovinos brasileiros devido a problemas de saúde pública, condições sanitárias e problemas de saúde
animal. É importante notar que nenhum dos lotes rejeitados chegou ao mercado norte-americano",
informou o comunicado.
O governo americano disse ainda que o Brasil se comprometeu a resolver essas preocupações. Os
compradores dos Estados Unidos identificaram irregularidades provocadas pela reação à vacina da febre
aftosa na carne enviada ao país. Em alguns casos, a vacina pode provocar manchas internas na carne.
Na semana passada, o Ministério da Agricultura já havia suspendido as exportações de cinco frigoríficos
para os Estados Unidos.
"Garantir a segurança do fornecimento de alimentos da nossa nação é uma das nossas missões
críticas, e é uma tarefa que empreendemos com muita seriedade. Embora o comércio internacional seja
uma parte importante do que fazemos nos EUA, e o Brasil seja há muito tempo um dos nossos parceiros,
minha primeira prioridade é proteger os consumidores americanos. Foi isso o que fizemos ao interromper
a importação de carne fresca brasileira", disse o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny
Perdue, por meio de comunicado à imprensa.
O GLOBO procurou o Ministério da Agricultura, que ainda não se manifestou. Entre janeiro e maio
deste ano, o Brasil exportou US$ 18,9 milhões em carne fresca para os Estados Unidos, segundo dados
da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
— Isso é um absurdo e é inconsequente. Isso se trata de reação a um componente da vacina contra
a febre aftosa. É um prejuízo intangível. Nós levamos mais de 15 anos para abrir o mercado, estávamos
preparando para acessar os parceiros do Nafta, vamos ter que rever isso. Agora, além dos problemas
internos, tem isso. O problema é muito sério — disse o presidente da Abiec, Antonio Camardell,
acrescentando:
— O produtor não tem nada a ver com isso. O abscesso é oriundo de um componente da vacina. O
Brasil está perdendo o mercado americano por conta de uma falha de sistema.

32
VENTURA, M. SORIMA, N. J. Estados Unidos suspendem importação de carne fresca do Brasil. O Globo, Economia. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/economia/estados-unidos-suspendem-importacao-de-carne-fresca-do-brasil-
21508582?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo> Acesso em 23 de junho de 2017.

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O consultor Cesar de Castro Alves, da MB Agro, observa que o volume exportado de carne fresca para
os EUA não é significativo. Mesmo assim, a preocupação é com a sinalização que os EUA dão a outros
mercados importantes que o Brasil almejava entrar com esses produtos.
— O volume exportado de carne fresca aos EUA não é significativo. Mas a sinalização é ruim. O Brasil
começou a exportar carne fresca para os americanos no ano passado, depois de cerca de dez anos de
negociações. Com essa abertura, almejava entrar em mercados importantes como Japão e Coréia do Sul
— afirmou Alves.
O especialista ressalta que os EUA são muito cuidados com as exigências sanitárias estabelecidas
para carnes in natura.
— Carnes cujo rebanho não foi vacinado contra a febre aftosa, por exemplo, podem ser rejeitadas.
Isso não está relacionado a má qualidade do produto, mas à falta de cuidado com as exigências impostas
pelos EUA — diz o especialista.
Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, a
notícia não poderia ter sido pior. Ainda mais agora, que os EUA decidiram facilitar as importações de
carnes da China.
— A notícia é lamentável. Foram longos anos de negociações para abrir o mercado americano. É uma
péssima notícia para nós — afirmou Castro.
Entre os produtores, a notícia é "péssima" e afeta ainda mais a credibilidade da carne brasileira.
— Para o Brasil em geral é uma questão de credibilidade. Infelizmente as instituições do Brasil estão
fragilizadas. Das mais altas e inclusive a segurança sanitária — disse o vice-presidente da Sociedade
Rural Brasileira, Pedro de Camargo Neto.
MINISTÉRIO JÁ HAVIA ANUNCIADO SUSPENSÃO DE EXPORTAÇÕES
Na quarta-feira, porém, o Ministério da Agricultura anunciou que já havia suspendido as exportações
de carne de cinco frigoríficos para os Estados Unidos, desde a semana passada. Segundo a pasta, o
mecanismo de "autossuspensão" permite que as exportações sejam retomadas de forma mais rápida,
após os problemas serem resolvidos.
Em nota, o ministério afirmou que trabalha para "prestar todos os esclarecimentos e correções no
sentido de normalizar a situação. A proibição está valendo desde a última sexta-feira e continuará em
vigor até que sejam adotadas 'medidas corretivas'".

Temer assina decreto que aumenta imposto sobre combustíveis. Veja quanto vai ficar33
Governo espera arrecadar R$ 10,4 bilhões com reajuste da PIS/Cofins sobre gasolina, etanol e diesel.
Preço do litro de gasolina pode ficar até R$ 0,41 mais caro nas refinarias.
O presidente Michel Temer (PMDB) assinou decreto nesta quinta-feira (20) aumentando tributos que
incidem sobre a gasolina, o diesel e o etanol. A alíquota do PIS/Cofins para a gasolina mais que dobrará,
passando dos atuais R$ 0,3816 por litro para R$ 0,7925 por litro. Ou seja, o litro do combustível poderá
ficar até R$ 0,41 mais caro nas refinarias. A estimativa de arrecadação com o aumento é de R$ 5,191
bilhões até o fim do ano.
Já a alíquota tributária para o diesel subirá de R$ 0,2480 por litro para R$ 0,4615 por litro do
combustível, com reforço de receitas de R$ 3,962 bilhões ao Tesouro até o fim do ano. Com isso, o litro
do diesel poderá ficar R$ 0,22 mais caro.
O aumento do PIS/Cofins para os produtores de etanol será menor, passando de R$ 0,1200 por litro
para R$ 0,1309 por litro, com impacto de apenas R$ 114,90 milhões na arrecadação. Na distribuição do
etanol, o PIS/Cofins estava zerado, mas voltará a ser cobrado em R$ 0,1964 por litro, com uma receita
esperada de R$ 1,152 bilhão ainda este ano.
No total, o governo espera arrecadar R$ 10,4 bilhões com a medida, que já passa a valer a partir de
amanhã, com a publicação do decreto no Diário Oficial. O Ministério da Fazenda informou que o preço
final dos combustíveis na bomba dependerá do valor que os postos repassarem do aumento de tributação
ao preço de venda ao consumidor final. Portanto, dependerá das condições de mercado.
Contingenciamento
O governo também anunciou um contingenciamento no Orçamento de R$ 5,9 bilhões como parte do
esforço para fechar as contas de 2017 em um cenário de queda na arrecadação federal. A decisão de
aumentar o tributo sobre os combustíveis também. Este ano o governo central tem como meta alcançar
um déficit primário de R$ 139 bilhões. Alterar essa previsão seria negativo perante os investidores e a
opção foi pela elevação de tributos. Neste ano até junho, a arrecadação total da Receita Federal registra

33
PIERRY, FLÁVIA. Temer assina decreto que aumenta imposto sobre combustíveis. Veja quanto vai ficar. Gazeta do Povo. Disponível em: <
http://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/temer-assina-decreto-que-aumenta-imposto-sobre-combustiveis-veja-quanto-vai-ficar-
5d3uue5tg8vr4kgytqr835mf4>

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queda real (descontando a inflação) de 0,20% ante mesmo período do ano passado, com quedas
verificadas mês a mês.
Como o preço da gasolina vem caindo e a inflação está sob controle, a equipe econômica optou por
elevar o tributo sobre os combustíveis. Pesquisa feita pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) aponta que em maio o preço médio do litro da gasolina vendida ao consumidor
final nos postos do país era de R$ 3,617, com preço mínimo de R$ 2,96. Em julho, o preço médio da
gasolina caiu para R$ 3,487, sendo encontrado até a R$ 2,79.

Validade imediata
A elevação da alíquota do PIS e da Cofins foi a escolhida pois isso pode ser feito por decreto, com
validade imediata. Outros aumentos de tributos dependeriam de envio de projeto ao Congresso, o que
demoraria a valer e ainda dependeria da votação dos deputados e senadores em um momento político
conturbado para Temer. Neste ano, de janeiro a junho, a arrecadação da PIS/Cofins sobre combustíveis
soma R$ 10,5 bilhões, com uma queda de 13,2% ante mesmo período do ano passado, também
ocasionada pela redução no valor do litro dos combustíveis.
O espaço para cortes de gastos não obrigatórios está muito limitado e vai ficar ainda mais restrito nos
próximos anos. Em 2020, estima-se que os gastos obrigatórios do governo (que incluem a folha de
pagamento do funcionalismo público e o custeio da saúde, educação e Previdência) irão tomar todo o
Orçamento da União, sem restar espaço para investimentos, por exemplo.
Segundo levantamento da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado, este ano o governo federal
conta com apenas R$ 39 bilhões em recursos que podem ser cortados ou contingenciados, e que incluem
o valor de investimentos públicos. Porém, com a vigência do limite de gastos públicos definido pela PEC
do Teto de Gastos (aprovada em 2016), em 2019 estarão disponíveis apenas R$ 12 bilhões no Orçamento
para gastos não obrigatórios e a partir de 2020 todo o Orçamento será tomado pelas despesas
obrigatórias.

PAC perde R$ 7,48 bilhões; governo remaneja recursos para áreas essenciais34
Planejamento confirma corte adicional de R$ 5,9 bilhões e anuncia remanejamento de R$ 2,2 bilhões
para atender a áreas essenciais. Ministro diz que obras do PAC não serão suspensas.
O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, informou nesta quinta-feira (27) que o governo vai
bloquear e remanejar recursos em um valor total de R$ 8,1 bilhões com o objetivo de cumprir a meta fiscal
do governo, que é fechar o ano com um déficit de R$ 139 bilhões.
Oliveira confirmou o bloqueio de R$ 5,9 bilhões em gastos, anunciado na semana passada, e informou
que serão remanejados para outras áreas R$ 2,2 bilhões, o que totaliza os R$ 8,1 bilhões, dos quais R$
7,48 bilhões serão retirados do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O ministro do Planejamento afirmou que o bloqueio de recursos do PAC não deve resultar, de imediato,
na suspensão de obras públicas.
"A expectativa é de recomposição dos limites ao longo do ano. Pode haver atraso nos empenhos, mas
isso poderá ser recuperado se conseguirmos reaver receitas", declarou o ministro.
Na lei orçamentária deste ano, aprovada pelo Congresso Nacional, os recursos para o PAC somavam
R$ 36,07 bilhões. Com os cortes realizados até agora, o valor caiu quase pela metade: para R$ 19,68
bilhões.
Além do PAC, o governo também vai remanejar recursos de emendas parlamentares.
Segundo Oliveira, o governo procura reaver R$ 2,1 bilhões em precatórios não sacados por seus
beneficiários; R$ 2,5 bilhões com a outorga de aeroportos; e R$ 1 bilhão com a privatização da Lotex.
Áreas essenciais
Entre as áreas consideradas essenciais pelo ministro do Planejamento e que serão contempladas pelo
remanejamento de R$ 2,2 bilhões, estão:

- fiscalização de trabalho escravo;


- defesa civil;
- Polícia Rodoviária Federal;
- Polícia Federal;
- sistema de controle do espaço aéreo;
- agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

34
MARTELLO, ALEXANDRO. PAC perde R$7,48 bilhões; governo remaneja recursos para áreas essenciais. G1 Economia. Disponível em: <
http://g1.globo.com/economia/noticia/pac-perde-r-748-bilhoes-e-governo-remaneja-recursos-para-areas-essenciais.ghtml> Acesso em 28 de julho de 2017.

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Levantamento realizado pelo G1 mostra que o corte de verba restringiu a atuação de vários órgãos e
setores dependentes do governo federal.
Além do bloqueio adicional de R$ 5,9 bilhões em gastos no orçamento federal anunciado na semana
passada, o governo também subiu a tributação sobre os combustíveis.
O objetivo do governo, ao elevar tributos e bloquear gastos no orçamento, é tentar cumprir a meta
fiscal de 2017, fixada em um déficit (despesas maiores que receitas) de R$ 139 bilhões. A conta não inclui
as despesas com pagamento de juros da dívida pública.
A arrecadação neste ano tem ficado abaixo da esperada pelo governo. No ano passado, quando
estimou as receitas com impostos e tributos em 2017, o governo previa que a economia brasileira estaria
crescendo em um ritmo mais acelerado, o que não ocorreu.
Com o orçamento apertado e os gastos limitados pela regra do teto, que começou a valer neste ano,
o governo já reduziu investimentos e sofre para manter alguns serviços. Para analistas, as restrições
devem continuar nos próximos meses.
Apesar dos esforços da equipe econômica, economistas das instituições financeiras estimam que
o rombo das contas do governo ficará em 145,26 bilhões. O valor está acima da meta fiscal fixada para
2017, que é de um resultado negativo de até R$ 139 bilhões.

Entenda o que é a meta fiscal e por que o governo revisou o número35


Com receitas abaixo do esperado, governo enfrenta dificuldade para cumprir meta e teve de prever
um rombo maior nas contas públicas em 2017 e 2018.
O governo anunciou nesta terça-feira (15) a revisão da meta fiscal para 2017 e 2018. Na prática, o
governo admitiu que não conseguirá fechar as contas públicas dentro da previsão orçamentária neste
ano e no ano que vem.
A nova meta prevê um rombo de R$ 159 bilhões nas contas públicas em 2017 e 2018. É um rombo
maior do que o previsto anteriormente, de R$ 139 bilhões para 2017 e R$ 129 bilhões em 2018.
Essa mudança poderá trazer consequências para a dívida pública, a nota de crédito do Brasil e a
própria credibilidade do governo.

O que é a meta fiscal?


É uma estimativa feita pelo governo da diferença entre a sua expectativa de receitas e de gastos em
um ano. Se essa diferença for positiva (ou seja, receitas maiores que gastos), a meta prevê um superávit
primário. Se for negativa (com gastos maiores que receitas), será um déficit primário.
Ao estabelecer um valor, o governo assume um compromisso público de como vai equilibrar as contas
públicas e manter a dívida pública sob controle.

Quem define a meta?


O próprio governo através da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que precisa ser aprovada pelo
Congresso.

Por que o governo teve que reajustar a meta?


O governo enfrenta dificuldades em cumprir a meta fiscal porque a recuperação da economia brasileira
está mais lenta que o previsto e, com isso, a arrecadação com impostos e contribuições está ficando
abaixo do esperado. Na prática, a arrecadação cresceu menos de 1% no primeiro semestre. Como os
gastos públicos continuam a crescer, há um desequilíbrio financeiro.
"O grande problema é que o governo acreditou que algumas reformas iam acontecer e já reduziriam
os gastos agora. Eles acreditavam que a economia ia conseguir se recuperar com mais força e que teriam
mais receita. Não conseguiram cortar gastos como queriam, e a receita não aumentou", diz a professora
da Fecap.
Ela cita a reforma trabalhista, que foi aprovada no Congresso com mudanças, e as expectativas das
reformas tributária e da Previdência, que ainda não se concretizaram. "Com a reforma tributária, o governo
esperava ter força para aumentar e ajustar alguns tributos, o que não aconteceu. Já a reforma da
Previdência não traria redução de gastos hoje, mas sinalizaria ao mercado um comprometimento de
ajuste fiscal a médio prazo."

Quais são as consequências do reajuste?


O governo terá que cobrir um déficit fiscal maior (despesas maiores que as receitas). Para isso, ele
precisa captar recursos com a emissão de títulos públicos. Assim, ele consegue financiar os gastos que
35
VELASCO, CLARA. Entenda o que é a meta fiscal e por que o governo revisou o número. G1 Economia. Disponível em:
<http://g1.globo.com/economia/noticia/entenda-o-que-e-a-meta-fiscal-e-por-que-o-governo-revisou-o-numero.ghtml> Acesso em 16 de agosto de 2017.

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foram liberados. Mas, como efeito, sua dívida pública fica maior em relação ao tamanho da economia,
assim como os juros a serem pagos.
"Estamos falando de um acréscimo que não é nada desprezível, R$ 20 bilhões que o governo vai ter
que tirar de algum lugar. Vai ter um aumento da dívida pública, então o ano que vem deve ter taxas de
juros mais altas. O investimento se torna mais caro, então deve ser menor em 2018", diz Inhasz.

Como o reajuste afeta a vida das pessoas?


O crescimento da dívida pública tem efeitos negativos na economia. Segundo a professora da Fecap,
a população deve sentir pouco o reajuste de maneira imediata, mas os efeitos terão mais força no ano
que vem. "Deve ter um aumento na inflação, que não deve ser um baita aumento, mas a população deve
sentir".

Como a meta fiscal é calculada?


O governo faz o planejamento do valor que vai gastar em determinado ano (despesas) e o total de
recursos esperados (receitas).
Os gastos são todas as despesas da máquina pública, exceto o pagamento de juros. "É tudo aquilo
que o governo gasta para colocar serviços à disposição das pessoas: educação, saúde, pagamento de
funcionários públicos, emissão de passaportes", diz Juliana Inhasz, professora de economia da Fundação
Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap).
Já as receitas vêm da tributação – impostos diretos cobrados sobre o patrimônio e renda e tributos
indiretos sobre o preço de bens e serviços – e refinanciamentos, como o Refis.

O que acontece se o governo não cumprir a meta?


Ele desrespeita a Lei de Responsabilidade Fiscal e perde credibilidade internacional. Para evitar isso,
o governo tem a possibilidade de reajustar a meta fiscal. As revisões na meta tornaram-se comuns durante
o governo de Dilma Rousseff e acabaram vistas pelo mercado como sinônimo da falta de compromisso
com o orçamento público e com a retomada da economia.
"[O governo] sinaliza para o mercado que não tem dispositivo econômico suficiente para fazer ajustes
necessários para colocar as contas em ordem. As pessoas enxergam que, se hoje o governo não ficou
dentro da meta, ele pode fazer isso de novo, de dizer uma coisa e fazer outra, já que no início do ano, ele
se comprometeu com uma meta fiscal que depois teve que reajustar", diz Inhasz.
Segundo especialistas ouvidos pelo G1, porém, no contexto atual, o anúncio não compromete a
credibilidade da equipe econômica diante dos investidores.

O que o governo fez para tentar cumprir a meta?


Para tentar cumprir a meta deste ano, o governo já bloqueou gastos e aumentou tributos sobre os
combustíveis, por exemplo. Além disso, o governo já anunciou a adoção de um programa de incentivo
para demissão de servidores e planeja adiar o reajuste programado para o início do ano que vem.

Governo anuncia privatização da Casa da Moeda; leilão de aeroportos será no 2º semestre de


201836
Órgão, que fabrica notas de real e passaportes, deve ir a leilão no final do ano que vem. Anúncio ocorre
em meio a rombo das contas públicas e necessidade do governo de elevar arrecadação.
O governo federal anunciou nesta quarta-feira (23) que pretende privatizar a Casa da Moeda, órgão
que confecciona as notas de real, além de passaportes brasileiros, selos postais e diplomas.
A expectativa é de que o edital seja publicado no terceiro trimestre do ano que vem e que o leilão
ocorra no final de 2018. A Casa da Moeda está hoje vinculada ao Ministério da Fazenda.
O plano faz parte do Programa de Parcerias de Investimento (PPI), que discute, dentro do governo
Michel Temer, as concessões e privatizações.
O PPI divulgou nesta quarta um calendário prevendo uma série de ações voltadas para leilão de novos
bens públicos, como aeroportos, rodovias e terminais portuários. O objetivo é de elevar as receitas do
governo em um momento de arrecadação fraca, e tentar cumprir a meta fiscal.
Segundo o ministro da secretaria-geral da Presidência, Moreira Franco, 57 novos ativos foram
disponibilizados para concessão ou desestatização nesta segunda fase do programa. A primeira foi
anunciada em setembro do ano passado e incluía 34 projetos.

36
MARTELLO, A. MAZUI, G. Governo anuncia privatização da Casa da Moeda; leilão de aeroportos será no 2º semestre de 2018. G1, Economia. Disponível
em: <http://g1.globo.com/economia/noticia/em-meio-a-crise-governo-fortalece-programa-de-parcerias-e-quer-privatizar-casa-da-moeda.ghtml> Acesso em 24 de
agosto de 2017.

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Moreira Franco disse que o objetivo é "enfrentar a questão do emprego e da renda." O governo não
estimou quanto pretende arrecadar com os novos leilões, mas informou que eles representarão R$ 44
bilhões em investimentos ao longo da vigência dos contratos.
Nesta semana, o Ministério de Minas e Energia já havia anunciado a proposta de privatizar a
Eletrobras, através da venda de parte das ações da estatal que pertencem hoje à União. A proposta foi
aprovada nesta quarta pelo conselho do PPI.
Veja abaixo as propostas do governo para concessões e privatizações:

(Foto: Arte/G1)

Rodovias
O governo anunciou que quer leiloar um trecho de 806 quilômetros da BR-364, entre Porto Velho, em
Rondônia, e Comodoro, no Mato Grosso, e relicitar o trecho de 634 km da BR-153, entre Anápolis, em
Goiás, e Aliança do Tocantins.
A BR-153 foi leiloada durante o governo Dilma Rousseff, em 2014, porém a concessionária Galvão
não cumpriu os investimentos previstos e teve o contrato encerrado.
A previsão oficial é realizar os leilões dos dois trechos no último trimestre de 2018.

Terminais portuários
O Ministério dos Transportes propôs ainda a concessão de 15 terminais portuários, que são áreas
dedicadas a movimentação de carga nos portos.
Os terminais que irão a leilão ficam nos portos de Belém (GLP e granéis líquidos), Vila do Conde
(granéis líquidos), Paranaguá (grãos) e Vitória (granéis líquidos).
A proposta do governo também inclui a prorrogação antecipada do terminal de fertilizantes do porto de
Itaqui e a autorização para ampliação de capacidade do Terminal Agrovia do Nordeste, no porto de Suape.
Os leilões estão previstos para 2018.

Aeroportos e controle aéreo


O PPI confirmou a previsão, já anunciada pelo governo, de que novos aeroportos sejam leiloados no
segundo semestre do ano que vem. De acordo com documento divulgado pelo PPI, o Ministério dos
Transportes propôs a concessão de 12 aeroportos, em dois blocos regionais:
Bloco Nordeste: Maceió, Aracaju, João Pessoa, Campina Grande, Juazeiro do Norte e Recife.

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Bloco Centro-Oeste: Cuiabá, Sinop, Alta Floresta, Barra do Garças e Rondonópolis.
Além disso, segundo o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, o governo ainda vai estudar o
leilão dos aeroportos de Congonhas (SP), Vitória (ES) e Macaé (RJ). Na semana passada, o Ministério
do Planejamento deu como certo o leilão de Congonhas.
O documento confirma ainda a intenção do governo de vender a participação acionária da Infraero nos
aeroportos de Guarulhos, Confins, Brasília e Galeão, que foram leiloados durante o governo da ex-
presidente Dilma Rousseff.
Além disso, o Ministério da Defesa incluiu na relação de projetos do PPI a proposta de uma Parceria-
Público Privada (PPP), na modalidade concessão administrativa, voltada ao serviço de transporte de
sinais de telecomunicações para o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e organizações
militares no país.
O projeto trata do controle do espaço aéreo, com previsão de investimento de R$ 1,1 bilhão ao longo
de 25 anos de concessão.

Energia elétrica
Consta ainda da lista o leilão de 11 lotes de linhas de transmissão de energia, além de subestações.
São novas estruturas, que serão construídas pelas empresas vencedoras dos leilões e que vão ampliar
a rede de transmissão de energia do país.
Os lotes estão distribuídos em dez estados: Bahia, Ceará, Pará, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Piauí,
Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Tocantins.

Eletrobras
Sobre a Eletrobras, o governo informou que a redução da participação do governo na empresa será
feita por meio de emissão de papéis pela estatal, sem subscrição da União, que, com isso, perderá o
controle acionário.
"No entanto, a União manterá o poder de veto para garantir a preservação de decisões estratégicas
para o país. Esse modelo já tem sido usado com sucesso em países como Portugal, França e Itália",
informou.
De acordo com o governo, a venda injetará "expressivos recursos" no Tesouro Nacional, mas também
proporcionará a "modernização de processos, o aumento da eficiência e melhoria da governança, sem
que as tarifas sejam afetadas."
Na reunião desta quarta, o conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) aprovou a
proposta do Ministério de Minas e Energia de privatizar a Eletrobras.

Meta fiscal e crise econômica


O governo conta com a verba extra que virá das concessões e privatizações para elevar suas receitas
e conseguir fechar as contas em 2018.
Recentemente, propôs ao Congresso elevar o teto para o rombo das contas públicas em 2017 e 2018
para R$ 159 bilhões devido à arrecadação abaixo da esperada, reflexo da recuperação da economia mais
lenta que a prevista.
A meta atual já é de déficit (despesas maiores que receitas), ou seja, de resultado negativo, de R$ 139
bilhões em 2017 e de R$ 129 bilhões em 2018.
O fortalecimento do PPI também acontece em um momento de forte queda nos investimentos do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - que pode ter, em 2017, o menor orçamento em vários
anos - e de cortes no orçamento, feitos pelo governo, e que vem prejudicando a continuação de alguns
serviços públicos.
Segundo analistas, com a queda dos juros neste ano e o reforço do PPI, a expectativa é de que as
parcerias com o setor privado avancem nos próximos anos e ocupem um espaço maior no setor de
infraestrutura.

Temer: chineses reclamam da burocracia, mas querem investir mais no Brasil37


Futebol, aviões, cinema, vistos, Belo Monte, comércio eletrônico e investimentos em infraestrutura
formam o pot-pourri de anúncios que serão feitos nesta sexta-feira, 1.º, em Pequim, pelos presidentes do
Brasil, Michel Temer, e da China, Xi Jinping.
Alguns são novidade e outros, repaginação de decisões divulgadas nos últimos meses. Mas a segunda
visita de Temer ao país no espaço de um ano evidencia o papel crucial da nação da Ásia na economia

37
ESTADÃO CONTEÚDO. Temer: chineses reclamam da burocracia, mas querem investir mais no Brasil. Istoé, Economia. Disponível em: <
http://istoe.com.br/temer-chineses-reclamam-da-burocracia-mas-querem-investir-mais-no-brasil/> Acesso em 01 de setembro de 2017.

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brasileira. Como todas as passagens de ocupantes do governo do Brasil pela China, esta deverá
contemplar a venda de aviões da Embraer.
A expectativa do lado brasileiro é o anúncio de contrato de 20 unidades com a Fuzhou Airlines, cujo
valor de tabela se aproxima de US$ 1,5 bilhão. Também repetindo o padrão de outras viagens, deverá
haver o anúncio de que a China dará autorização para a Embraer finalizar vendas divulgadas em outras
visitas presidenciais, mas não concretizadas.
O presidente brasileiro será recebido por Xi numa visita de Estado, a mais elevada e elaborada na lista
das interações diplomáticas entre líderes de diferentes países. Além do presidente da China, Temer
também se reunirá com o primeiro-ministro Li Keqiang. Todos os eventos ocorrerão no Grande Palácio
do Povo, na Praça da Paz Celestial, sede dos congressos do Partido Comunista da China (PCC) que
definem a composição da liderança do país a cada cinco anos. O próximo ocorrerá em outubro.
Os primeiros compromissos do brasileiro depois da chegada à capital chinesa, nesta quinta-feira, 31,
foram reuniões sucessivas com representantes de quatro grandes empresas chinesas com negócios no
Brasil: State Grid, Huawei, Three Gorges Corporation e HNA.
De acordo com Temer, as companhias reclamaram da lentidão burocrática, mas manifestaram a
intenção de ampliar os investimentos no País. Compradora da fatia da Odebrecht no Aeroporto
Internacional Tom Jobim (RioGaleão), a HNA afirmou que pretende transformar o local num hub de
ligação entre a América Latina e a Ásia, segundo relato de uma fonte que acompanhou o encontro.
Neste sábado, 2, o presidente brasileiro voltará a falar ao setor privado, num seminário empresarial
que reunirá 300 participantes e no qual serão anunciados acordos entre empresas dos dois países. A
administração brasileira se valerá da reunião de Temer com Xi para destacar a concessão de licença
ambiental que permitirá o início das obras da linha de transmissão que a chinesa State Grid construirá
entre a Usina Belo Monte, no Pará, e a Região Sudeste.
Com 2.518 quilômetros de extensão, será a maior do País. A empresa havia obtido a licença prévia
em fevereiro, que permitia a realização de estudos de viabilidade, mas não o início da construção. A nova
licença foi concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) no dia 18 e divulgada num curto comunicado.
Com capital de sobra, as empresas chinesas têm demonstrado interesse crescente por projetos de
infraestrutura no Brasil, principalmente nas áreas de energia, transportes e telecomunicações. Conforme
assessores do chefe do Executivo brasileiro, ele pretende realçar que o Brasil é um “porto seguro” para
investimentos de longo prazo, depois da reformulação de agências e marcos regulatórios, entre os quais
o de petróleo e gás. Também, na análise do Poder Executivo brasileiro, abordará as reformas que
reduziram custos e melhoraram o ambiente de negócios no País, como a trabalhista.
O Brasil deverá ainda se apresentar como um fornecedor seguro de produtos que alimentam o
crescimento chinês e a população de 1,4 bilhão de habitantes. De janeiro a julho, as exportações
brasileiras ao país asiático cresceram 33%, para US$ 30,8 bilhões. Num sinal da debilidade da economia
nacional, as importações tiveram expansão bem inferior, de 12%, e somaram US$ 14,5 bilhões.
O resultado gerou um saldo favorável ao Brasil de US$ 16,3 bilhões. Apesar de sucessivos governos
defenderem a necessidade de diversificação da pauta de exportações à China, pois continua concentrada
em poucas commodities: soja, minério de ferro e petróleo representam 80% dos embarques.

Governo arrecada R$ 12,13 bilhões com leilão de 4 usinas hidrelétricas38


Todas as usinas foram vendidas e o ágio foi de 9,73%; grupo chinês levou usina de São Simão, o
maior negócio, por R$ 7,18 bilhões.
O governo federal arrecadou R$ 12,13 bilhões com o leilão de quatro usinas hidrelétricas realizado
nesta quarta-feira (27), em São Paulo. Todas as usinas foram vendidas e o valor arrecadado foi 9,73%
acima do valor esperado pelo governo, de R$ 11 bilhões.
Foram vendidas quatro usinas hidrelétricas que hoje são operadas pela Companhia Energética de
Minas Gerais (Cemig), mas que estão com as concessões vencidas: Jaguara, São Simão, Miranda e
Volta Grande. Juntas, elas têm capacidade de gerar 2.922 MegaWatts (MW) de energia.
O dinheiro pago pelas empresas vai ajudar o governo federal a bater a meta fiscal, que prevê um déficit
de R$ 159 bilhões em 2017. O valor da outorga entra como uma receita extraordinária para o governo.
Outorga é um montante pago pela empresa ao governo pelo direito de explorar um bem público.

Resultado

38
LAPORTA, T. MELO, L. Governo arrecada R$ 12,13 bilhões com leilão de 4 usinas hidrelétricas. G1 Economia. Disponível em:
<https://g1.globo.com/economia/noticia/governo-arrecada-r-1213-bilhoes-com-leilao-de-4-usinas-hidreletricas.ghtml> Acesso em 27 de setembro de 2017.

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O maior negócio ficou com investidores chineses, que levaram a concessão da usina de São Simão,
por R$ 7,18 bilhões, um ágio de 6,51% sobre o lance inicial. O grupo foi o único a fazer proposta pela
usina.
A Engie, que é a antiga GDF Suez, arrematou a usina de Jaguara por R$ 2,171 bilhões, um ágio de
13,59%, e a de Miranda por R$ 1,36 bilhão, ágio de 22,42%.
Já a Enel ficou com a usina de Volta Grande, por R$ 1,42 bilhão, ágio de 9,84%.
Além das vencedoras, também participou do leilão a Aliança Energia, que é uma joint venture
(sociedade) da Cemig com a Vale. Apesar de estar inscrito e presente no leilão, o grupo não apresentou
qualquer proposta pelas usinas hidrelétricas.
Até a noite de terça-feira (27), a empresa mineira tentou evitar que suas usinas fossem relicitadas. As
quatro usinas vendidas pertence atualmente à Cemig, mas as concessões estão vencidas.

Segurança jurídica
Para o diretor-geral da Aneel, Romeo Rufino, o leilão tem segurança jurídica, apesar da possibilidade
de a Cemig ainda recorrer das decisões judiciais que negaram o cancelamento do leilão.
O secretaria de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, disse que o ágio em todos os processos demonstra
que a percepção de risco jurídico do leilão "não é significativa".
"A resposta está dada pela presença dos investidores que fizeram propostas de valores significativos",
afirmou Pedrosa.
O diretor de negócios do grupo Engie, Gustavo Labanca, disse acreditar que o resultado do leilão foi
um "sucesso" e "irreversível".
No Twitter, o presidente Michel Temer disse que o Brasil resgatou a confiança do mundo. "Nós
resgatamos definitivamente a confiança do mundo no Brasil. Leilão das usinas da Cemig rendeu R$ 12,13
bi, acima da expectativa", disse.

Impasse sobre leilão até a véspera


O processo para o leilão das usinas de Jaguara, São Simão, Miranda e Volta Grande foi marcado por
impasses e liminares judiciais. A Cemig, que opera essas usinas atualmente, vinha tentando manter o
controle sobre elas, inclusive com ações na Justiça.
Uma liminar do final de agosto havia atendido a um pedido da empresa e suspendido o leilão das
quatro hidrelétricas, mas o governo conseguiu reverter a decisão.
As quatro usinas envolvem contratos de concessão que venceram entre agosto de 2013 e fevereiro
de 2017. As usinas respondem por aproximadamente 37% de toda a geração de energia da Cemig.

Sociedade

Em 79º lugar, Brasil estaciona no ranking de desenvolvimento humano da ONU


O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgou nesta terça-feira (21/03) o
Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), e o Brasil se manteve no 79º lugar no ranking que abrange
188 países, do mais ao menos desenvolvido. O relatório foi elaborado em 2016 e tem como base os
dados de 2015.
O IDH é um índice medido anualmente pela ONU e utiliza indicadores de renda, saúde e educação.
O ranking mundial de desenvolvimento humano dos países apresenta o índice de cada nação, que
varia de 0 a 1 – quanto mais próximo de um, mais desenvolvido é o país. No RDH divulgado nesta terça,
o Brasil registrou IDH de 0,754, mesmo índice que havia sido registrado em 2014.
Conforme o relatório da Pnud, esta foi a primeira vez desde 2010 que o IDH do Brasil se manteve no
mesmo patamar:

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A ONU divide os países entre os que têm o desenvolvimento humano "muito alto", "alto", "médio" e
"baixo".
Veja na imagem abaixo quais países ocupam os primeiros lugares no ranking mundial de IDH; os que
estão próximos à faixa do Brasil; e os que ocupam os últimos lugares no ranking:

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América Latina
Na América do Sul, alguns países vizinhos ao Brasil apresentaram índices de desenvolvimento
humano melhores.
O Chile, por exemplo, ficou em 38º lugar, com IDH 0,847; a Argentina, em 45º lugar (IDH 0,827); o
Uruguai, em 54º lugar (IDH 0,795); e a Venezuela, em 71º lugar (IDH 0,767).
No Mercosul, o único abaixo do Brasil no ranking é o Paraguai, no 110º lugar (IDH 0,693). O país se
enquadra naqueles com desenvolvimento humano "médio", segundo a ONU. Outros países vizinhos,
como Equador (IDH 0,739) e Colômbia (IDH 0,727), ficaram nas posições 89 e 95, respectivamente.
Na América Central, também há países melhores classificados do que o Brasil. Cuba, por exemplo,
está no 68º lugar (IDH 0,775); Trinidad e Tobago, no 65º lugar (IDH 0,780); e Barbados, na 54ª posição
(IDH 0,795).

Brics
Entre os Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o país está atrás somente
da Rússia, no 49º lugar (IDH 0,804).
Na sequência, entre os países do grupo, aparecem China, no 90º lugar (IDH 0,738, excluída Hong
Kong); África do Sul, na 119ª posição (IDH 0,666); e Índia, no 131º lugar (IDH 0,624).

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Desigualdade
Ao elaborar o Relatório de Desenvolvimento Humano, o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento também divulga o "IDH ajustado à desiguldade".
Nem todos os países têm esse índice medido pela ONU. No caso do Brasil, o Pnud afirma que, se for
levado em conta o "IDH ajustado à desigualdade", o índice de desenvolvimento humano do país cairia de
0,754 para 0,561 e o Brasil cairia 19 posições no ranking mundial. Países vizinhos como Argentina e
Uruguai também perderiam posições, 6 e 7, respectivamente.
Entre os 20 primeiros países do ranking, classificados entre as nações com desenvolvimento humano
"muito alto", somente Países Baixos, Islândia, Suécia e Luxemburgo ganhariam posições, se levada em
conta a desigualdade social. Estados Unidos, Dinamarca e Israel, por exemplo, cairiam.

Escolaridade e expectativa de vida


Um dos itens que compõem o IDH é a expectativa de anos de estudo dos cidadãos. De 2010 a 2013,
esse número subiu de 14 anos para 15,2 anos, mas, desde então, não aumentou, se mantendo o mesmo
em 2014 e em 2015.
A média de anos de estudo, por outro lado, manteve neste ano a trajetória de crescimento que vem
sendo registrada desde 2010. Naquele ano, eram 6,9 anos. O número, então, subiu para 7,2 anos em
2012 e para 7,7 anos em 2014, por exemplo, chegando a 7,8 anos em 2015. A média brasileira, porém,
está abaixo das registradas no Mercosul e nos Brics.
Outro idem levado em conta na composição do IDH é a expectativa de vida ao nascer. Segundo o
relatório divulgado nesta terça, a expectativa dos brasileiros manteve a trajetória de crescimento dos
últimos. De 2014 para 2015, o índice subiu de 74,5 anos para 74,7 anos.
Desde 2010, o número tem subido. Naquele ano, eram 73,3 anos, depois, em 2011, passou para 73,6
anos; 73,9 anos (2012); e 74,2 anos (2013).

Metodologia
De acordo com a ONU, o Índice de Desenvolvimento Humano leva em consideração três fatores:
Saúde (expectativa de vida);
Conhecimento (média de anos de estudo e os anos esperados de escolaridade);
Padrão de vida (renda nacional bruta per capita).
Para formular o IDH, o Pnud informou que não coleta dados com os países analisados, mas, sim,
checa bases de dados internacionais, como da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
De acordo com as Nações Unidas, é comum, após a divulgação do IDH, países reivindicarem melhores
avaliações conforme dados próprios, contrariando o "princípio de independência" que o Pnud defende
para o ranking mundial.
O IDH divulgado nesta terça foi elaborado em 2016 com base nos dados de 2015. O relatório do Pnud
abrange 188 posições (no caso da China, o IDH de Hong Kong é divulgado em separado).
Segundo a ONU, o índice foi criado como uma forma de se contrapor ao critério de desenvolvimento
de um país tendo como base somente o resultado de crescimento econômico, medido pelo Produto
Interno Bruto (PIB).
O organismo internacional diz que outros critérios, como acesso à educação e expectativa de vida,
também devem ser usados para medir o desenvolvimento de um país.

Brasil tem 2,6 milhões de crianças em situação de trabalho infantil, diz estudo39
O Brasil tem 2,6 milhões de crianças e adolescentes (entre 5 e 17 anos) em situação de trabalho
infantil, segundo levantamento feito pela Fundação Abrinq. O panorama nacional da infância e
adolescência é lançado nesta terça-feira (21/03) pela organização sem fins lucrativos que promove a
defesa dos direitos de crianças e adolescentes.
A pesquisa ainda aponta um aumento de 8,5 mil crianças de 5 a 9 anos em situação de trabalho infantil,
e redução de 659 mil crianças e adolescentes na faixa de 10 a 17 anos na comparação entre os anos de
2014 e 2015 – segundo dados da Pnad 2015.
A maior parte delas encontra-se nas regiões Nordeste e Sudeste, sendo que, proporcionalmente, a
Região Sul lidera a concentração desse público nessa condição.
A compilação reúne os dados mais recentes no tema, disponibilizados em órgãos como IBGE,
Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Disque Denúncia, entre outros.

39
21/03/2017 – Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/brasil-tem-26-milhoes-de-criancas-em-situacao-de-trabalho-infantil-diz-estudo.ghtml

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Pobreza
O “Cenário da Infância e Adolescência – 2017” também revela que 17,3 milhões de crianças de 0 a 14
anos, equivalente a 40,2% da população brasileira nessa faixa etária, vivem em domicílios de baixa renda,
segundo dados do IBGE (2015).
Entre as regiões que apresentam a maior concentração de pobreza (pessoas que vivem com renda
domiciliar per capita mensal igual ou inferior a meio salário mínimo), o Nordeste e o Norte do País
continuam apresentando os piores cenários, com 60% e 54% das crianças, respectivamente, vivendo
nessa condição.
O guia também traz números sobre o que é considerado como “extrema pobreza”, isto é, crianças cuja
família tem renda per capita é inferior a ¼ de salário mínimo: 5,8 milhões de habitantes (13,5% da
população) de 0 a 14 anos de idade.
A publicação chama a atenção sobre o fato de as regiões que mais concentram crianças e
adolescentes no Brasil apresentarem, justamente, os piores indicadores sociais. No Norte do país, 25,5%
dos bebês dos nascidos são de mães com menos de 19 anos.

Violência
De acordo com o estudo, quase 18,4% dos homicídios no país são praticados contra crianças e
adolescentes. Pouco mais de 80% deles com armas de fogo.
A região Nordeste concentra a maior proporção de homicídios de crianças e jovens por armas de fogo
e supera a proporção nacional em 5,4 pontos percentuais.

Brasil tem greve e protestos em 25 estados contra as reformas de Temer40


Paralisação de 24 horas convocada por centrais sindicais e movimentos sociais acontece em todo o
país. Serviços de transporte coletivo, aeroportos e escolas são os principais afetados.
Diversas cidades em todo o país amanheceram com vias bloqueadas nesta sexta-feira (28/04), devido
à greve geral contra as reformas trabalhista e da Previdência, ainda em tramitação, e a Lei da
Terceirização.
A greve, que pretende ser maior em mais de 20 anos, foi convocada após a Câmara dos Deputados
aprovar a reforma trabalhista na quarta-feira. Convocada por centrais sindicais e movimentos sociais, a
paralisação foi acordada nos últimos dias em vários estados por meio de assembleias. Com adesão em
25 estados e no Distrito Federal, a greve e as manifestações afetaram, sobretudo, os serviços de
transporte coletivo, aeroportos e escolas.

Brasília
Rodoviários, metroviários, bancários, professores da rede pública e privada, servidores administrativos
do governo do DF e do Departamento de Trânsito (Detran), além de técnicos e professores da
Universidade de Brasília (UnB) prometeram parar suas atividades por 24 horas, informa a Central Única
dos Trabalhadores (CUT).
Também devem aderir vigilantes, trabalhadores do setor de hotéis, bares e restaurantes, servidores
da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), da Companhia Energética de Brasília (CEB) e
do Ministério Público da União, além dos trabalhadores do ramo financeiro, como os de transporte de
valores.
São Paulo
Pelo menos 15 categorias afirmaram que participarão da greve. Entre elas, estão professores da rede
pública estadual, municipal e particular, bancários, servidores municipais, trabalhadores da Saúde e
Previdência do estado e metalúrgicos do ABC.
Metroviários (com exceção da Linha Amarela), ferroviários (Linhas 7, 10, 11 e 12 da CPTM não
funcionarão) e rodoviários também cruzarão os braços por um dia, Já os funcionários dos Correios
decretaram greve nacional por tempo indeterminado.

Rio de Janeiro
A greve geral tem a adesão de funcionários do metrô, motoristas e cobradores de ônibus, policiais
civis, militares, federais; servidores da Justiça Federal e da Trabalhista; radialistas; petroleiros; carteiros
e aeroviários.
A Secretaria Estadual de Transportes, contudo, informou que os sistemas de metrô, trens, barcas e
ônibus intermunicipais funcionarão normalmente, ainda que com planos de contingência.
40
DW. Brasil tem greve e protestos em 25 estados contra as reformas de Temer. DW Brasil. Disponível em: < http://www.dw.com/pt-br/brasil-tem-greve-e-
protestos-em-25-estados-contra-as-reformas-de-temer/a-38630159> Acesso em 28 de abril de 2017.

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Professores das escolas públicas e particulares também prometeram aderir, mas as secretarias
estadual e municipal de Educação avisaram que as escolas abrirão normalmente e que os profissionais
que faltarem terão o ponto cortado.

Belo Horizonte
Rodoviários, metroviários, professores das redes pública e privada, servidores públicos, profissionais
da saúde, trabalhadores dos Correios, eletricitários, bancários, psicólogos, economistas, jornalistas,
radialistas, petroleiros e aeroportuários, entre outros, prometeram aderir à greve.
No caso dos professores das escolas municipais, foi aprovada uma greve de dois dias, que teve início
já na véspera. Professores e servidores da Universidade Federal de Minas Gerais também decidiram
parar. Algumas unidades do setor de saúde devem funcionar com escala reduzida, a exemplo do Hospital
de Pronto-Socorro João XXIII e dos hospitais Júlia Kubistchek e Odete Valadares.
O TRT-MG declarou feriado no órgão, suspendendo as audiências e os prazos que venceriam na data.
A BH Airport, concessionária do Aeroporto Internacional de Confins, afirmou que os serviços serão
oferecidos normalmente, mas pede que os passageiros se informem diretamente com as companhias
aéreas sobre a situação de seus voos.

Salvador
Rodoviários, bancários, professores das redes estadual e municipal, petroleiros, além de servidores
municipais, da Justiça e do Ministério Público Estadual afirmaram que irão parar as atividades. Os
médicos estaduais também informaram que vão suspender os atendimentos eletivos (como consultas),
mas que os serviços de urgência e de emergência serão mantidos.
No Aeroporto Internacional de Salvador, aeronautas anunciaram adesão ao movimento, e voos
poderão ser cancelados ou remarcados. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas orienta os
passageiros com viagem marcada para que entrem em contato com a empresa aérea e se informem
sobre possíveis cancelamentos e remarcações.

Recife
Policiais civis, federais, rodoviários federais, agentes penitenciários e guardas municipais do Recife
devem aderir à greve geral. Também prometeram parar servidores da Assembleia Legislativa e do
Ministério Público de Pernambuco, professores e servidores das redes estadual, municipal e privada de
educação e auditores fiscais da Secretaria da Fazenda do estado. Houve adesão ainda de metalúrgicos,
petroleiros, químicos, indústria naval, construção pesada, bancários e comerciários.
Uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT) determinou que os serviços de
ônibus e metrô funcionem com 50% da frota nos horários de pico e 30% nos demais períodos e
estabeleceu uma multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento. O Sindicato dos Rodoviários de
Pernambuco, porém, informou que a paralisação está mantida.

Porto Alegre
Rodoviários, metroviários, aeroviários e bancários prometeram aderir à greve. Professores das redes
municipal, estadual, tanto do setor público quanto privado, também aprovaram a adesão.

Curitiba
Motoristas e cobradores de ônibus, professores e servidores das escolas municipais e estaduais,
servidores estaduais da saúde, aeroviários e trabalhadores da limpeza urbana decidiram paralisar nesta
sexta-feira.

34% dizem ter vergonha de ser brasileiros, segundo Datafolha41


Ainda segundo o levantamento, publicado pelo jornal 'Folha de S.Paulo', 63% se sentem mais
orgulhosos do que envergonhados.
Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta terça-feira (2) pelo jornal "Folha de S.Paulo" apontou
que 34% têm vergonha de ser brasileiros. O índice daqueles que têm mais orgulho do que vergonha de
ser brasileiros é de 63%, o menor valor para a série histórica, segundo o Datafolha.
O Datafolha questiona a população sobre o orgulho de ser brasileiro desde 2000. O menor resultado
havia sido em julho de 2016, quando 67% diziam se sentir orgulhosos. Já o menor índice dos
envergonhados havia sido em 2000, quando era de 9%.

41
G1, BRASÍLIA. 34% dizem ter vergonha de ser brasileiros, segundo Datafolha. G1, Política. Disponível em: < http://g1.globo.com/politica/noticia/34-dizem-ter-
vergonha-de-ser-brasileiros-segundo-datafolha.ghtml> Acesso em 02 de maio de 2017.

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A atual pesquisa ouviu 2.781 pessoas em 172 municípios na semana passada. A margem de erro de
2 pontos percentuais para mais ou para menos.
O Datafolha também ouviu as pessoas sobre a avaliação do Brasil como lugar para viver. Para 54%,
o Brasil é um país ótimo ou bom para morar, uma queda de sete pontos percentuais desde o final do ano
passado. Para 26% é regular e para 20% é ruim ou péssimo.
Segundo o instituto, as duas avaliações, apesar de estar em queda, ainda mostram otimismo com o
país, já que a maioria sente orgulho de ser brasileiro e considera o Brasil um bom lugar para morar.

Alckmin e Doria deixam entrevista coletiva após protesto na região da Cracolândia42


Governador de São Paulo e Prefeito da capital paulista foram à região da Luz para falar sobre projeto
da Cracolândia. Manifestantes protestavam contra ações da Prefeitura e do governo do estado.
Manifestantes contrários às operações na Cracolândia interromperam a entrevista coletiva do prefeito
de São Paulo, João Doria (PSDB), e o governador, Geraldo Alckmin, marcada para a manhã desta quarta-
feira (24). Com a confusão, os dois acabaram abandonando o local sem concluir a entrevista e o evento
foi transferido para a sede da Prefeitura.
Doria e Alckmin começariam a falar sobre uma parceria público-privada para a construção de moradias
populares na região da Cracolândia, quando manifestantes entraram no estacionamento onde eles
estavam. Houve confusão e empurra-empurra, e Alckmin e Doria saíram em carro oficial.
Os manifestantes protestavam contra as ações da Prefeitura e do governo do estado na Cracolândia
nos últimos dias. No domingo, (21) operação contra o tráfico de drogas na região, no Centro da capital
paulista, deixou 51 pessoas detidas e afastou usuários de drogas dos quarteirões onde eles ficavam,
próximo à Luz. Nesta terça-feira, uma demolição de muro na região atingiu um imóvel vizinho e deixou
três pessoas feridas.
Nesta quarta-feira, manifestantes chegaram ao local onde estavam Alckmin e Doria aos gritos de
"fascistas". Eles criticaram a derrubada dos prédios da região sem diálogo com a comunidade que mora
nas proximidades.
"Eles dão terrenos públicos para várias instituições privadas, não conversam com os usuários, não
conversam com os moradores, vem tudo de cima pra baixo, entregando todos os terrenos públicos para
especulação imobiliária, construindo prédio em cima de sangue", disse um manifestante que vaiou o
prefeito e o governador e não quis se identificar.
Devido aos gritos, vaias e xingamentos dos manifestantes, o governador e o prefeito falaram
rapidamente no palanque. O evento não durou mais que três minutos. Os dois saíram sem falar com a
imprensa. "Está muita confusão, não dá pra falar aqui", disse Doria.
A coletiva ocorreu um dia após nova ação na região da Cracolândia contra o tráfico de drogas, que
teve disparo de bombas de efeito moral e barricadas feitas por moradores. Desde o último domingo (21),
com a ação que deteve 51 pessoas, a Prefeitura vem chamado a área de Nova Luz e vem prometendo a
revitalização da região. Usuários de drogas que viviam na Cracolândia têm se espalhado por várias partes
do Centro nos últimos dias.

Manifestação
Após a saída de Doria e Alckmin da coletiva nesta quarta, moradores e comerciantes da região
continuaram protestando pelo Centro. Renata Soares, que tem uma loja na Alameda Dino Bueno
reclamou das ações dos últimos dias na região. "Fecharam meu comércio sem eu ter direito de tirar nada
de dentro", disse Renata, que seguia na frente do ato acompanhada de 3 filhos pequenos.
O grupo pedia moradia e é contra a internação compulsória de usuários de drogas. Parte dos
manifestantes entrou na Duque de Caxias e chegou até a General Couto Magalhães, no Comando Geral
da Guarda Civil Metropolitana. O grupo que chegou ao local após a saída de Doria e Alckmin gritou em
coro "Doria, seu fujão, tem medo do povão".

Governo Temer empurra Brasil de volta ao mapa mundial da fome43


Jornal GGN - A crise econômica aumentou o desemprego no Brasil e ações deflagrados no governo
Temer, sob o guarda-chuva do ajuste fiscal, empurra o País de volta ao mapa mundial da fome da ONU.
Entre elas, a exclusão de pessoas do programa Bolsa Família e o corte no programa de agricultura
familiar, que tem impedido centenas de milhares de pessoas de terem renda suficiente para comprar
alimentos. É o que aponta reportagem publicada pelo jornal O Globo neste domingo (9).

42
BRANDT, M. PAULO, P. P. SANTIAGO, T. Alckmin e Doria deixam entrevista coletiva após protesto na região da Cracolândia. G1, São Paulo. Disponível em:
<http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/alckmin-e-doria-abandonam-entrevista-coletiva-apos-protesto-na-regiao-cracolandia.ghtml> Acesso em 24 de maio de 2017.
43
NASSIF, LUIS. Governo Temer empurra Brasil de volta ao mapa mundial da fome. GGN. Disponível em: <http://jornalggn.com.br/noticia/governo-temer-
empurra-brasil-de-volta-ao-mapa-mundial-da-fome> Acesso em 11 de julho de 2017.

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Segundo o veículo, "três anos depois de o Brasil sair do mapa mundial da fome da ONU — o que
significa ter menos de 5% da população sem se alimentar o suficiente —, o velho fantasma volta a
assombrar famílias" no Brasil.
O alerta conta em relatório que será apresentado às Nações Unidas na próxima semana, sobre o
"cumprimento de um plano de ação com objetivos de desenvolvimento sustentável acordado entre os
Estados-membros da ONU, a chamada Agenda 2030".
O Globo ouviu de Francisco Menezes, coordenador do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Soicias
e Econômicas) e consultor do ActionAid, que "o país atingiu um índice de pleno emprego, na primeira
metade desta década, mesmo os que estavam em situação de pobreza passaram a dispor de empregos
formais ou informais, o que melhorou a capacidade de acesso aos alimentos".
Mas a mudança na base de dados do Bolsa Família com o intuito de esvaziar o programa, realizada
no final do ano passado, além da "redução do valor investido no Programa de Aquisição de Alimentos da
Agricultura Familiar (PAA), que compra do pequeno agricultor e distribui a hospitais, escolas públicas e
presídios, são uma vergonha para um país que trilhava avanços que o colocava como referência em todo
o mundo".
O jornal lembrou que, ano passado, Temer promoveu um "pente-fino" no Bolsa Família com a desculpa
de que o programa estava cheio de beneficiários que adulteravam os dados para continuar recebendo a
ajuda de custo do governo sem ter necessidade. Com esse valor "economizado", Temer pretendia fazer
um reajuste no programa.
Porém, segundo O Globo, o pente-fino do governo só mostrou que a pobreza no Brasil avança a
passos largos, em meio à crise econômica.
"O resultado [do pente-fino], porém, foi a confirmação de um fenômeno de empobrecimento. Ao cruzar
bases de dados, a fiscalização encontrou mais de 1,5 milhão de famílias que tinham renda menor que a
declarada — haviam perdido o emprego, mas não atualizaram o cadastro — e, por isso, teriam direito a
benefícios maiores do que recebiam. Isso corresponde a 46% dos 2,2 milhões de famílias que caíram na
malha fina por inconsistência nos dados. E o prometido reajuste no benefício, que seria de 4,6%, foi
suspenso no fim do mês passado pelo governo, por falta de recursos."
No Facebook, a assessoria de Lula comentou a reportagem. "O Brasil estava no caminho da inclusão
social e da redução da fome e da miséria, com programas sociais que são referência em todo mundo.
Com a sabotagem promovida pelos golpistas e o golpe, o Brasil saiu desse caminho."

Refugiado sírio é atacado em Copacabana: 'Saia do meu país!'44


Mohamed Ali vendia esfirras na esquina da Rua Santa Clara com a Avenida Nossa Senhora de
Copacabana quando foi insultado
RIO - Um refugiado sírio foi vítima de um ataque em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Mohamed Ali,
de 33 anos, que vende esfirras e outros quitutes árabes, e foi agredido verbalmente por um homem por
causa do ponto de venda. Um vídeo da discussão foi publicado nas redes sociais e viralizou.
Nas imagens é possível ver um homem com dois pedaços de madeira nas mãos gritando: "saia do
meu país! Eu sou brasileiro e estou vendo meu país ser invadido por esses homens-bombas que
mataram, esquartejaram crianças, adolescentes. São miseráveis". Adiante no vídeo, ele ainda fala: "Essa
terra aqui é nossa. Não vai tomar nosso lugar não".
Os comerciantes chegam a derrubar a mercadoria de Mohamed no chão, que pergunta o motivo da
agressão. Os homens, então, falam novamente para ele sair do Brasil. Mohamed está no Brasil há três
anos e estava trabalhando na esquina da Avenida Nossa Senhora de Copacabana com a Rua Santa
Clara na sexta-feira, quando tudo aconteceu.
— Eu não entendi muito bem porque ele veio brigar comigo. De repente ele começou a gritar e me
pedir para sair. Ele falava muito rápido e não consegui compreender algumas coisas. Outras pessoas que
estavam traduzindo para mim. Sei que ele falou que os muçulmanos estavam invadindo o país e falando
de homens-bomba. Não esperava que isso pudesse acontecer comigo. Vim para o Brasil porque a guerra
me fez vir para cá. Vim com amor, porque os amigos sempre diziam que o Brasil aceita muito outras
culturas e religiões, e as pessoas são amáveis e todos os refugiados procuram paz. Não sou terrorista,
se eu fosse, eu não estaria aqui, estaria lá — disse.
No vídeo, ainda é possível ouvir algumas pessoas defendendo Mohamed. Uma mulher ainda o orientou
a deixar o local diante da confusão. Ele, então, retira os pertences.
— Chegaram carros da polícia, da Guarda Municipal. Me falaram para registrar na polícia, mas não
quis. Não quero confusão. Quero apenas trabalhar em paz – disse.

44
VIANA GABRIELA. Refugiado Sírio é atacado em Copacabana: ‘Saia do meu país!’. O Globo. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/rio/refugiado-sirio-
atacado-em-copacabana-saia-do-meu-pais-21665327?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=OGlobo> Acesso em 04 de agosto de 2017.

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No Facebook, diversos internautas pediram desculpas a Mohamed em nome dos brasileiros pelo
ocorrido:
"Olá, Mohamed Ali, boa noite. Em nome de todos os brasileiros e trabalhadores, peço desculpas pelo
que você passou enquanto trabalhava", escreveu uma internauta.
"Você é bem-vindo no Brasil. Perdoe este sujeito que te atacou, ele não sabe o que faz", disse outro.
Apesar do ocorrido e de ter medo de encontrar o homem que o ofendeu, Mohamed não tem intenção
de sair do Rio ou deixar de trabalhar em Copacabana.
– Passei a trabalhar em outro ponto para não encontrá-lo novamente, mas não vou sair daqui. Mudar,
trocar de casa, é difícil. Espero apenas que não aconteça novamente. Foi muito triste. Não quero outra
briga. Fico com medo. Trabalho sozinho – falou.
O titular da 12ª DP (Copacabana), Gabriel Ferrando, disse ter conhecimento das imagens, mas em
casos como o de Mohamed, a atuação da polícia depende de uma manifestação da vítima.
– O ofendido não compareceu para registrar e denunciar o feito. Ameaça e injúria dependem de
manifestação de vontade da vítima. Independente disso estamos analisando as imagens para tentar
localizar os envolvidos. Estamos diligenciando – disse.
Em nota, a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI)
afirma que acompanha o caso do refugiado agredido. O órgão repudia o ataque de xenofobia, e afirma
que já está em contato com a família do sírio, que participou do curso de português oferecido pela
secretaria no ano passado, para prestar a assistência necessária.
"É inaceitável casos de xenofobia e intolerância religiosa ainda aconteçam no Rio de Janeiro. Essas
pessoas saíram dos seus países por serem vítimas de algum tipo de perseguição e viram no Brasil uma
oportunidade de recomeço. Eles trazem uma grande contribuição para a economia do estado, além da
rica troca cultural com os fluminenses.", afirma, em nota, o secretário Átila A. Nunes.

Suspeitos de ataques contra terreiros na Baixada Fluminense são identificados45


Foram sete ataques contra terreiros de umbanda e candomblé nas duas últimas semanas
RIO - A Polícia Civil identificou parte dos autores de sete ataques contra terreiros de umbanda e
candomblé, ocorridos nas duas últimas semanas, em pontos diferentes de Nova Iguaçu, na Baixada
Fluminense. Todos os identificados, que não tiveram nomes divulgados, são ligados ao tráfico de drogas.
As investigações correm em sigilo e estão sendo feitas pela 58ª DP (Posse).
Nesta quarta-feira, policiais civis chegaram trocar tiros com suspeitos, mas não houve feridos ou
prisões. Também nesta quarta, o secretário estadual de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e
Idosos (SEDHMI), Átila Alexandre Nunes, confirmou a ocorrência de um oitavo ataque na mesma região.
O caso também será encaminhado para a 58ª DP. Segundo o secretário, um terreiro de candomblé,
em Nova Iguaçu, foi atacado na terça-feira da semana passada por homens armados. Os bandidos
renderam uma mãe de santo e outras quatro pessoas, uma delas uma idosa de 75 anos. A idosa teve um
kelê (colar usado por iniciados na religião), arrancado do pescoço com um revólver.
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra a mãe de santo sendo ameaçada com um taco de
beisebol e, ainda, sendo obrigada a quebrar imagens religiosas. Enquanto isso, um dos bandidos diz que
todo mal tem de ser destruído.

AUMENTO NO NÚMERO DE CASOS


Para o secretário Átila Alexandre Nunes a série de ataques contra terreiros em Nova Iguaçu revela
que falsos religiosos estão influenciando traficantes para realizar atos de intolerância religiosa.
— Existe sim um fenômeno onde você tem falsos religiosos exercendo poder e influência sobre
atividades criminosas, ou seja funcionando até como líderes religiosos de traficantes. O que chama
atenção para um problema muito maior que uma intolerância religiosa convencional. Eles invadem os
terreiros sem propósitos financeiros. Fazem isso apenas para impedir outra prática religiosa na região.
Como dando um recado. Ou seja, nesta região não poderá haver outro tipo de manifestação religiosa—
disse.
Nesta terça-feira, Atila se reuniu com o secretário estadual de Segurança. Roberto Sá, e com o chefe
de Polícia Civil, Carlos Augusto Leba. Na pauta, foi discutida a criação da Delegacia de Combate a Crimes
Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
Segundo o secretário, a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança acenaram com a possibilidade da
criação da especializada, o que deverá se concretizar até o fim do ano.

45
NUNES, MARCOS. Suspeitos de ataques contra terreiros na Baixada Fluminense são identificados. O Globo. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/rio/suspeitos-de-ataques-contra-terreiros-na-baixada-fluminense-sao-identificados-
21818540?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar> Acesso em 14 de setembro de 2017.

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Também está nos planos a criação de registros on line para denúncias de intolerância religiosa ou de
homofobia LGBT.
Já o delegado Geraldo Assed, da 37ª DP (Ilha do Governador) investiga imagens exibidas em um outro
vídeo que está circulando nas redes sociais. Elas mostram traficantes obrigando um homem a depredar
um centro espírita. A polícia investiga se o fato ocorreu no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, na
Zona Norte do Rio.

Juiz federal do DF libera tratamento de homossexualidade como doença46


Ação popular questionava resolução do Conselho Federal de Psicologia que proibia tratamentos de
reorientação sexual. Desde 1990, OMS deixou de considerar homossexualidade doença.
Justiça Federal do Distrito Federal liberou psicólogos a tratarem gays e lésbicas como doentes,
podendo fazer terapias de “reversão sexual”, sem sofrerem qualquer tipo de censura por parte dos
conselhos de classe. A decisão, do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, é liminar e acata parcialmente o
pedido de uma ação popular. Esse tipo de tratamento é proibido desde 1999 por uma resolução do
Conselho Federal de Psicologia. O órgão disse que vai recorrer.
A ação popular foi assinada por um grupo de psicólogos defensores das terapias de reversão sexual.
A decisão é de sexta-feira (15). Nela, Carvalho mantém a integralidade da resolução, mas determina que
o conselho não proíba os profissionais de fazerem atendimento de reorientação sexual. Além disso, diz
que os atendimentos têm caráter reservado.
Na resolução 01/1999, o conselho estabelece as normas de condutas dos psicólogos no tratamento
de questões envolvendo orientação sexual. De acordo com a organização, ela trouxe impactos positivos
no enfrentamento a preconceitos e proteção de direitos da população homossexual no país, “que
apresenta altos índices de violência e mortes por LGBTfobia”.
Para o Conselho Federal de Psicologia, terapias de reversão sexual representam “uma violação dos
direitos humanos e não têm qualquer embasamento científico”. Desde 1990, a homossexualidade deixou
de ser considerada doença pela Organização Mundial da Saúde.
Ainda de acordo com o conselho, a resolução não cerceia a liberdade dos profissionais nem de
pesquisas na área de sexualidade. O juiz mantém a resolução, mas determina que o Conselho Federal
de Psicologia não impeça os psicólogos de promoverem estudos ou atendimento profissional, de forma
reservada, e veta qualquer possibilidade de censura ou necessidade de licença prévia.
“O que está em jogo é o enfraquecimento da Resolução 01/99 pela disputa de sua interpretação, já
que até agora outras tentativas de sustar a norma, inclusive por meio de lei federal, não obtiveram
sucesso", afirma o conselho.
"O Judiciário se equivoca, neste caso, ao desconsiderar a diretriz ética que embasa a resolução, que
é reconhecer como legítimas as orientações sexuais não heteronormativas, sem as criminalizar ou
patologizar. A decisão do juiz, valendo-se dos manuais psiquiátricos, reintroduz a perspectiva
patologizante, ferindo o cerne da Resolução 01/99.”

Ação popular
Uma das autoras da ação popular que questionava a resolução é a psicóloga Rozângela Alves Justino,
que oferecia terapia para que gays e lésbicas deixassem de ser homossexuais. Ela foi punida em 2009
pela prática.
Na época, Rozângela disse ao G1 que considera a homossexualidade um distúrbio, provocado
principalmente por abusos e traumas sofridos durante a infância. Ela afirmou ter "aliviado o sofrimento"
de vários homossexuais.
“Estou me sentindo amordaçada e impedida de ajudar as pessoas que, voluntariamente, desejam
largar a atração por pessoas do mesmo sexo", disse Rozângela na ocasião.

Poema-sentença
O mesmo juiz decidiu, no ano passado, abandonar as formalidades e usou a poesia para afastar a
multa aplicada pelo Ibama a uma moradora de Brasília por manter uma arara-canindé em cativeiro sem
autorização ambiental. Nos 77 versos, o magistrado descreve a história do processo, fundamenta a
decisão, extingue a cobrança e ainda dá um "puxão de orelha" na Justiça.
Segundo a decisão, Elisabete Ramos dos Santos deveria pagar R$ 5 mil. Em depoimento, a acusada
informou à Justiça que o pássaro pertencia ao irmão desde 1993 e foi herdado por ela após a morte do
familiar.

46
MORAIS, RAQUEL. Juiz Federal do DF libera tratamento de homossexualidade como doença. G1 Distrito Federal. Disponível em:
<https://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/juiz-federal-do-df-libera-tratamento-de-homossexualidade-como-doenca.ghtml> Acesso em 19 de setembro de 2017.

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Na sentença, o juiz da 14ª Vara Federal Waldemar Cláudio de Carvalho diz que a idosa tentou entregar
a ave ao Zoológico de Brasília, após ouvir reclamações de vizinhos, mas não teve sucesso. A arara foi
entregue à polícia. Meses depois, Elisabete recebeu a multa e recorreu à Justiça para anular a cobrança.
"Quanto recurso despendido: / salário, tempo, papel e atos demandados, / para movimentar o
Judiciário / com mais essa demanda desnecessária", diz um trecho da sentença. Carvalho diz que a ave
vivia solta na varanda e, por isso, não estava propriamente "em cativeiro".
Com a decisão, a multa foi extinta e o processo foi enviado para arquivamento.

Mortes violentas no Brasil: perguntas e respostas47


Quais são as causas da epidemia de mortes no país? Parceria entre o G1, o Núcleo de Estudos da
Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Monitor da Violência busca as respostas.
Uma pessoa morre a cada 8 minutos no Brasil. Por ano, são quase 60 mil homicídios. Mas quais são
as causas de toda essa violência? Veja algumas premissas e as respostas para elas, dadas pelos
pesquisadores David Marques e Roberta Astolfi, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e por
especialistas do Núcleo de Estudos da Violência da USP.

1) As mortes ocorrem principalmente em regiões tomadas pelo tráfico, que é o que gera a
violência que existe hoje no Brasil?
Não existe uma associação direta entre tráfico e violência. São Paulo, por exemplo, estado com a
menor taxa de homicídios do Brasil, é também o principal mercado de drogas do país.
Estudos apontam uma relação entre competição e violência. Quando grupos rivais disputam mercados,
têm acesso a armas de fogo e lidam com governos politicamente fracos, a violência é maior. É o que
ocorre em estados das regiões Norte e Nordeste. Em São Paulo, o mercado é regulamentado por um
único grande grupo criminoso.

2) Grande parte das mortes é resultado de tentativas de roubo?


O percentual de mortes provocadas em assaltos é baixo em relação ao total de homicídios. Em 2015,
foram 2.314 casos de roubos seguido de morte, entre 58.467 mortes violentas, o que representa pouco
menos do que 4% do total.

3) A maior parte das vítimas da violência é negra e pobre, resultado da desigualdade social?
De cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. A chance de um negro ser vítima de
homicídio é 23,5% maior que a de pessoas de outras raças/cores. Em estados no Norte e Nordeste, o
abismo é ainda mais profundo. Em Sergipe, por exemplo, a taxa de homicídios entre negros é de 73 por
100 mil habitantes, enquanto que a de brancos é de 13 por 100 mil.
A desigualdade social é importante para compreender a concentração, já que os homicídios se
concentram em bairros com desvantagens sociais concentradas – com boa parte de moradores negros.
O preconceito e o estigma social e racial acabam direcionando contra estes grupos controles excessivos
por parte das instituições de segurança e Justiça do estado, resultando muitas vezes em violência policial
e aprisionamentos arbitrários.
Além disso, diversos estudos sugerem que o sistema de justiça criminal opera de forma seletiva,
priorizando casos que atraem atenção da mídia e cujas vítimas são brancas ou de classe média.

4) Grande parte das mortes é resultado de brigas entre gangues ou facções, principalmente nas
regiões mais periféricas?
Parte das disputas e dos ciclos de vinganças ocorrem muitas vezes entre grupos de jovens armados
nos bairros mais violentos do Brasil – como indica a grande quantidade de homicídios com características
de execução.
As disputas entre grupos organizados foram importantes para entender fenômenos como no Rio de
Janeiro, nos anos 80 e 90. Em São Paulo, contudo, havia formatos distintos, como os justiceiros, vigilantes
bancados por comerciantes nos anos 80, que foram importantes no crescimento das mortes na década.
As gangues e as facções vão se fortalecer principalmente depois dos anos 2000, dentro dos presídios.
Atualmente, nos estados do Norte e Nordeste, as disputas transcenderam os muros das prisões e são
importantes para explicar o crescimento das mortes nos bairros mais violentos.

5) O feminicídio é um dos principais tipos de mortes violentas no país?

47
G1, SÃO PAULO. Mortes violentas no Brasil: perguntas e respostas. G1, Monitor da violência. Disponível em: <https://g1.globo.com/monitor-da-
violencia/noticia/mortes-violentas-no-brasil-perguntas-e-respostas.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1> Acesso em 26 de setembro
de 2017.

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A lei do Feminicídio (13.104/2015) foi sancionada em 2015 e passou a incluir o feminicídio no rol de
qualificadoras dos homicídios dolosos justamente como reconhecimento ao fato de que parcela
significativa dos homicídios de mulheres é motivada pela condição de gênero. A lei prevê que estas razões
se configuram nos casos de violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de
ser mulher.
Apesar de ainda não haver estatísticas exatas sobre o fenômeno no país, dados do Mapa da Violência
indicam que 50% das mulheres vítimas de homicídio foram mortas por um familiar, companheiro ou ex-
companheiro.

6) Grande parte das mortes ocorre por ação da própria polícia, por despreparo ou excesso, e
podem ser evitadas?
No Brasil, foram registradas 3.320 mortes em decorrência de intervenção policial (no serviço ou fora
de serviço) em 2015, o que torna a polícia brasileira a mais violenta do mundo. Considerando mortes por
100 mil habitantes, as mais violentas nesse ano foram as polícias do Amapá (5), Rio de Janeiro (3,9) e
Alagoas. São Paulo, que registra 2,2 mortos por 100 mil, foi proporcionalmente onde a polícia mais matou
em relação aos homicídios em geral, quase 20% do total de mortes violentas.
Apesar da péssima qualidade na investigação sobre esses casos, a elevada taxa de letalidade é um
indicador da baixa capacidade de planejamento e de inteligência policial.

7) O grande número de mortes no país se deve à extensão territorial brasileira?


Não. O Brasil é o quinto país em extensão territorial do mundo, mas tem mais homicídios que os quatro
primeiros – Rússia, Canadá, China e Estados Unidos.

8) A superlotação das prisões brasileiras causa grande parte das mortes, porque os presídios
estão lotados com membros do crime organizado?
O Brasil registrou 379 mortes violentas em 2016 dentro dos presídios, o que significa uma pequena
parte do total de mortes no Brasil. Neste ano, considerando só os massacres no Amazonas (56), Rio
Grande do Norte (26) e Roraima (33), foram 115 mortos. Apesar de elevados, são uma pequena parte do
total de homicídios no Brasil. Os dados sobre mortes em prisões são difíceis de obter e às vezes são
mascarados – o que parece um suicídio pode ser um homicídio. A superlotação dos presídios, no entanto,
tem contribuído para o fortalecimento das gangues prisionais e para a organização do crime.

9) Os linchamentos podem ser considerados entre as situações que mais acarretam mortes no
país?
É difícil quantificar os casos de linchamentos no Brasil. Mesmo assim, pode-se afirmar que o número
é bem menor que o total de homicídios. Pesquisa feita por Ariadne Natal, do NEV-USP, sobre os registros
de linchamentos em 30 anos (1980-2009) publicados na imprensa brasileira aponta que, na década de
1980, os casos de linchamento resultavam em mortes na maioria das vezes. Porém, a partir da década
de 1990, a polícia passou a atender mais rapidamente casos de linchamento, diminuindo a letalidade.

10) A impunidade contribui para o aumento de mortes a cada ano no país?


Segundo pesquisa realizada e publicada pelo coordenador do NEV-USP, Sérgio Adorno, é possível
dizer em linhas gerais que sim, que a impunidade contribui para o aumento de mortes no país. Diz o
pesquisador: “Ao preterir o maciço volume de ocorrências com autoria desconhecida (nos processos de
investigação de crimes), agentes e agências policiais contribuem para produzir elevadas taxas de
impunidade penal. E, como revelam os resultados da pesquisa, têm elevada responsabilidade institucional
nesse processo”.
Outro fato que influencia a impunidade e, consequentemente, o aumento de mortes é a morosidade
da justiça penal para os casos de homicídios. Pesquisa em cinco capitais brasileiras constata que um
caso de homicídio leva, em média, 8,6 anos para ser julgado.
Ou seja, o Brasil vive um paradoxo em termos de punição. Se, por um lado, tem uma das maiores
populações prisionais do planeta, por outro, tem um nível de punição muito intensa sobre alguns tipos de
crimes enquanto outros tipos de crimes não estão no radar do sistema de justiça criminal. Apesar de o
crime de homicídio contar com os melhores indicadores de esclarecimento, a maior parte da população
prisional não está encarcerada por crimes contra a vida, mas sim por delitos relacionados a drogas.
Há indícios de que políticas de segurança enfocadas em retirar das ruas homicidas contumazes tem
efeito determinante sobre a taxa de homicídio. É o que sugere o caso do Pacto Pela Vida em Pernambuco,
que tinha esta como uma das principais diretrizes da política de segurança pública e alcançou bastante
sucesso na redução dos homicídios dolosos.

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11) Há mais mortes nas capitais que nas cidades do interior?
Desde a década de 1970, o crescimento dos homicídios no Brasil era um fenômeno observado
tipicamente nas grandes cidades, relacionado aos processos de urbanização e industrialização. As
regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo, por exemplo, viram suas taxas atingirem o pico
no final da década de 1990, mas depois iniciaram uma curva consistente de queda considerável, mesmo
com algumas oscilações entre um ano e outro. Comparando-se todas as capitais do país, entre 2005 e
2015, as taxas de homicídio caíram em 11 delas, mas aumentaram em 16.
Em outro sentido, verifica-se mais recentemente um aumento das taxas de homicídios em muitas
cidades menores e cidades do interior, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Esse aumento aconteceu
de forma concomitante ao crescimento econômico, e uma explicação possível é que a maior circulação
de dinheiro, em especial em pequenas cidades do Norte e Nordeste, tornou viável a expansão dos
mercados locais de drogas ilícitas, o que pode motivar disputas violentas. Outra modalidade de aumento
de violência letal pode ser observada em cidades como Altamira, no Pará, que observou uma explosão
populacional repentina com a construção da usina de Belo Monte, sem que houvesse qualquer preparo
da capacidade administrativa local para atender às novas demandas por infraestrutura e serviços.

12) O desarmamento contribui para as mortes porque as pessoas não possuem armas para se
defender?
Estudo produzido pelo Ipea apresenta evidências de que a política de desarmamento praticada no
estado de São Paulo foi um dos fatores determinantes para a diminuição nos crimes violentos, em
particular nos homicídios. O mesmo estudo mostra que, a cada 1% na proliferação de armas de fogo, há
um aumento de 2% dos homicídios.
No ano de 2016, mais de 50 pesquisadores brasileiros assinaram um manifesto contra a revogação
do Estatuto do Desarmamento, apresentando uma série de evidências científicas nacionais e
internacionais que indicam que uma maior quantidade de armas de fogo está associada a uma maior
incidência de homicídios com arma de fogo.

13) A entrada de armas e drogas pelas fronteiras brasileiras contribuem para o aumento da
violência, gerando mais mortes violentas?
Segundo estudo do Ipea, quanto mais armas em circulação, maior o número de crimes, especialmente
homicídios. Contudo, estudos sobre as armas de fogo apreendidas no Brasil revelam em sua maior parte
que estas armas são de fabricação nacional.
Estudos também apontam para a relação entre competição e violência. Quando grupos rivais disputam
mercados e têm acesso a armas de fogo, a violência é maior.

14) Quanto maior a população de um país, maior o número de mortes violentas?


O tamanho da população precisa ser levado em consideração para comparar o fenômeno dos
homicídios entre diferentes países. Rússia e Japão são, respectivamente, o 9º e o 10º países em tamanho
de população. Em 2014 a Rússia contabilizou 17.414 homicídios e, no mesmo ano, o Japão registrou
apenas 395. Nesse exemplo, como a diferença é muito marcante, não é difícil intuir que a Rússia padece
de maior violência homicida do que o Japão. Mas se a comparação for da Rússia com a Índia, fica mais
complicado. A Índia tem a segunda maior população do mundo e em 2014 registrou 41.623 homicídios.
A melhor forma de realizar comparações dos níveis de violência homicida entre países é calcular a taxa
por 100 mil habitantes. Para calcular a taxa, multiplica-se o número absoluto de homicídios por 100 mil e
divide-se pela população. Se for feito isso, há uma taxa de 12,14 por 100 mil habitantes na Rússia e de
3,21 por 100 mil habitantes na Índia. Todos esses dados são do Estudo Global de Homicídios do Escritório
das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes. Neste estudo, em 2014, o Brasil está na décima primeira
posição entre as maiores taxas de homicídio do mundo, praticamente empatado com a Colômbia na
décima posição.

15) Quando uma pessoa é ferida em um assalto e vai para o hospital com vida, morrendo dias
depois, essa morte é contabilizada como morte a esclarecer e não entra na estatística de
homicídios?
No Código Penal brasileiro, roubo seguido de morte é um “latrocínio” e, como tal, não é contabilizado
entre os homicídios. É por isso que muitas organizações que publicam estatísticas utilizam, além dos
homicídios, categorias que agregam ambos os fenômenos como Crimes Violentos Letais Intencionais ou
Mortes Violentas Intencionais (como é utilizado no Anuário Brasileiro de Segurança Pública).
De qualquer modo, quando uma morte ocorre depois da confecção do boletim de ocorrência,
geralmente quando a vítima está no hospital, é necessário realizar procedimentos de atualização dos

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boletins. Além de atualizar os boletins, é preciso atualizar as estatísticas já publicadas. Essa é uma
questão bastante sensível para a contabilidade de homicídios no país, e o Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, em uma pesquisa publicada em 2015, encontrou que pouco mais de 50% dos órgãos
responsáveis pelas estatísticas nas unidades da federação realizavam esse procedimento.

16) A maioria das mortes ocorre em locais sem iluminação pública ou presença da Polícia
Militar?
Não há estudos que verifiquem empiricamente a relação entre iluminação pública e ocorrência de
homicídios. Os estudos sugerem, no entanto, que a falta de iluminação em locais públicos está associada
à sensação de insegurança e à percepção de abandono por parte das autoridades, podendo contribuir
com a prática de alguns tipos de delitos como roubos e estupros.
Um estudo sobre a cidade de São Paulo indicou que distritos com menores relações de efetivo policial
por habitante apresentam maior proporção de crimes de autoria desconhecida. Contudo, outro estudo
aponta que o aumento do efetivo policial pode estar relacionado à redução de crimes de oportunidade e
crimes contra o patrimônio, sem, todavia, identificar qualquer relação com a redução de crimes contra a
vida.

17) A violência no Brasil mata muito menos pessoas que doenças causadas pela falta de
saneamento básico e estrutura hospitalar?
Segundo o estudo Global Acceleration Action for the Health of Adolescents (2017), da OMS, o Brasil
encontra-se no grupo de países no qual as principais causas de mortes entre adolescentes de 10 a 15
anos são, nesta ordem: violência interpessoal, acidentes de trânsito, afogamento, leucemia e infecções
respiratórias. Já jovens na faixa de 15 a 19 anos morrem em decorrência de violência interpessoal,
acidentes de trânsito, suicídio, afogamento e infecções respiratórias.

18) Muito mais pessoas morrem em acidentes de trânsito que em ocorrências de roubo?
O percentual de mortes provocadas em assaltos é baixo em comparação com os acidentes de trânsito.
Em 2015, foram 2.314 casos de roubos seguidos de morte (latrocínios). Já as mortes por acidentes de
trânsito somaram 39.543 no mesmo ano.

19) A maioria das mortes ocorre por motivos banais?


Na pesquisa de mestrado do pesquisador do NEV Renan Theodoro, a palavra “banalidade” é usada
como uma justificativa recorrente aplicada à mortes violentas, aliada ao alto índice de homicídios
registrados na cidade de São Paulo entre os anos 1990 e 2000. A pesquisa se debruça sobre o que a
Justiça entende como “banalidade”. “Identificou-se que os conceitos banais e fúteis são manipulados a
fim de qualificar tipos aceitáveis de sensibilidade e emoções sociais envolvidos em crimes violentos”,
escreve Renan no resumo da dissertação que, ao final, entre outras conclusões, aponta que “as
hostilidades são consequência de brigas ou desafios públicos; isso significa que o conflito surge como
uma forma de estabelecer limites e fronteiras para as autoridades sociais". "Neste cenário, tem-se como
resultado que a desconfiança interpessoal parece sustentar o uso da violência.”
Dados produzidos pela Estratégia Nacional de Segurança Pública indicam, no entanto, que apenas
8% dos homicídios são esclarecidos no Brasil. Como a taxa de resolução destes crimes é muito baixa,
torna-se difícil apurar as motivações e autorias dos homicídios.
Um estudo produzido pelo Ministério da Justiça a partir dos inquéritos policiais indicou como principais
macrocausas dos homicídios no país: disponibilidade de armas de fogo, presença de gangues e drogas,
violência patrimonial, violência interpessoal, violência doméstica, conflitos entre a polícia e cidadãos,
dentre outros.

20) No Brasil, há uma subnotificação das estatísticas de homicídios, ou seja, há muito mais
mortes que o contabilizado?
Há duas principais fontes oficiais de contabilização de homicídios no Brasil: o Sistema de Informação
de Mortalidade, SIM/DATASUS, e a contabilização dos boletins de ocorrências produzidos pela Polícia
Civil de cada UF. O SIM/DATASUS utiliza a Classificação Internacional de Doenças CID-10. Há uma
categoria chamada “Mortes por causa indeterminada”, que é utilizada quando o exame pericial é
inconclusivo. No Brasil, em 2009, esse indicador alcançou um patamar de 9,6%, contra um máximo de
1% em países desenvolvidos. O mais provável é que uma parte dessas mortes assim classificadas sejam
na verdade homicídios (embora seja improvável que todas o sejam). Esse indicador tem melhorado no
país ao longo dos anos, mas ainda não atingiu um patamar satisfatório.

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Na área da segurança pública, “morte a esclarecer” e “morte por causa indeterminada" são
terminologias utilizadas nos boletins de ocorrência, feitos pela Polícia Civil, quando não é possível saber,
de imediato, se foi uma morte natural (quando não há sinais externos de violência, por exemplo) ou se foi
um suicídio (quando há violência, mas não é possível saber se foi auto infligida). Cada unidade da
federação tem um procedimento diferente de contabilizar ou não essas mortes nas estatísticas de
homicídio, bem como têm procedimentos diferentes de atualização dos boletins quando o andamento do
inquérito esclarece se a ocorrência foi ou não homicídio. A classificação de uma proporção muito grande
de ocorrências em categorias como “encontro de cadáver”, “encontro de ossada”, “morte a esclarecer” e
assim por diante é um indicador de subnotificação. Além disso, é preciso estar atento para quando o
Estado publica o número de ocorrências, mas não o número de vítimas.

Cultura

A cultura no Brasil é um reflexo da formação do país, já no período colonial, quando começam a surgir
as primeiras relações entre portugueses e indígenas, no primeiros anos do contato. Ao longo de mais de
cinco séculos de transformação, ela incorpora elementos de todos aqueles que ajudaram a criar o país
ou que vieram para o Brasil em buscas de vida nova. Do churrasco ao acarajé, catolicismo a umbanda,
norte ao sul, o Brasil é um país de contrastes, definidos por seus habitantes que convergem seus
costumes, crenças e práticas em território nacional.
Mesmo admitindo a existência de diversos estudos e discussões antropológicas sobre o conceito de
cultura, podemos considerá-la, grosso modo, da seguinte forma: a cultura diz respeito a um conjunto de
hábitos, comportamentos, valores morais, crenças e símbolos, dentre outros aspectos mais gerais, como
forma de organização social, política e econômica que caracterizam uma sociedade. Dessa forma,
podemos pensar na seguinte questão: o que caracteriza a cultura brasileira? Certamente, ela possui suas
particularidades quando comparada ao restante do mundo, principalmente quando nos debruçamos sobre
um passado marcado pela miscigenação racial entre índios, europeus e africanos e que sofreu ainda a
influência de povos do Oriente Médio e da Ásia. Além de celebrar seus escritores, como Nelson
Rodrigues, dramaturgo, jornalista e escritor, que deixou um legado que ressurge cada vez mais forte
através de suas obras sempre atuais, inexoráveis ao tempo, o cenário cultural brasileiro é marcado pelo
retomada da produção cinematográfica que tem levado alguns cineastas do Brasil a dirigir filmes na
Europa e nos Estado Unidos. José Padilha é o exemplo mais recente deste fenômeno. Depois do sucesso
com “Tropa de Elite”, ele dirigiu o remake de Robocop. No embalo da Copa do Mundo e das Olimpíadas
do Rio de Janeiro, que acontecem em 2016, ritmos musicais de diversas regiões do Brasil têm feito muito
sucesso no exterior. A culinária brasileira, conhecida pela forte influência europeia, africana e indígena
também ganha lugar de destaque.

Diversidade Cultural no Brasil


A diversidade cultural reflete os diferentes costumes e práticas que compõem a sociedade brasileira.
O Brasil é um país de dimensões continentais, que passou por diversos processos de ocupação,
migração, imigração e emigração, incorporando os traços de diversos povos e sociedades para compor
uma cultura única e diversificada. Além disso, por conter um extenso território, apresenta diferenças
climáticas, econômicas, sociais e culturais entre as suas regiões.
Entre as principais fontes de contribuição para a formação da cultura brasileira, estão os diferentes
povos indígenas que habitaram e ainda habitam o território brasileiro, os africanos escravizados e os
colonizadores e imigrantes europeus.
Para facilitar o entendimento da diversidade cultural brasileira é possível dividi-la pelas cinco regiões,
lembrando porém que cada localidade possui características únicas, que muitas vezes não podem
simplesmente serem englobadas de maneira simples.

Ministério da Cultura cria teto para Lei Rouanet e promete maior controle48
O ministério da Cultura anunciou nesta terça-feira (21/03) a criação de um teto para liberação de
recursos pela Lei Rouanet. A legislação permite a captação de verbas para projetos culturais por meio de
incentivos fiscais para empresas e pessoas físicas. Pelas novas regras, o limite será de R$ 700 mil para
pessoas físicas e microempreendedores. Grandes empresas podem captar até R$ 40 milhões para até
10 projetos, sendo que um único projeto não pode receber mais de R$ 10 milhões.
Os cachês individuais também não poderão ultrapassar R$ 30 mil por artista. Todas as despesas dos
produtores serão pagas a partir de uma conta única do Banco do Brasil, e o ministério receberá os dados

48
21/03/2017 – Fonte: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/ministerio-da-cultura-cria-teto-para-lei-rouanet-e-promete-maior-controle.ghtml

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sobre cada transferência em até 24 horas. Em 30 dias, o governo promete divulgar essas informações no
Portal da Transparência.
Os produtos gerados a partir da Lei Rouanet também vão sofrer mudança. Livros e ingressos deverão
ter valor médio de R$ 150. Antes o valor limite era de R$ 200. Na prática, uma peça de teatro pode custar
bem mais caro do que R$ 150, mas se o valor médio (considerando também o número de meias em
relação ao total de ingressos comprados) ficar até este limite, está autorizado.
Por exemplo, uma peça de teatro pode custar R$ 300, mas fazendo a média com número de cadeiras
de estudantes, o valor médio abaixa para R$ 150.
As regras ainda estabelecem que o valor total da receita bruta da produtora não pode ser superior ao
valor previsto no projeto. Estão isentos dos limites de captação projetos que trabalhem com área de
patrimônio e museologia.
Segundo o Ministério da Cultura, o objetivo é trazer maior controle sobre a gestão e aproveitamento
dos recursos destinados para incentivar a cultura.
De acordo com a nova resolução, que substitui as regras aprovadas em 2013, o ministério vai priorizar
projetos que já tenham captado 10% dos recursos do orçamento aprovado. Na opinião do governo, essas
são propostas com maior chance de serem executadas. Atualmente, um a cada quatro projetos consegue
patrocínio suficiente para começar a fase preparatória e ser considerado executável pelos pareceristas
do ministério.
Os repasses da pasta foram alvos de uma operação da Polícia Federal deflagrada em junho de 2016,
a Operação Boca Livre, que segue investigando a liberação de R$ 180 milhões em projetos fraudulentos
com recursos da lei. Em 2016, a Lei Rouanet aprovou projetos no valor total de R$ 1,142 bilhão.

Descentralizar
Outro ponto da resolução desta terça (21/03) é o incentivo para projetos que forem realizados nas
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. Em 2016, o ministério informou que 91,1% das
liberações de recursos pela Lei Rouanet foram para projetos no Sul e Sudeste. A mesma concentração
foi registrada nos dois anos anteriores.
Para reduzir esse índice de desigualdade, o limite de orçamento poderá ser 50% maior caso o produtor
cultural apresente algum projeto a ser realizado nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país.
Atualmente, os números do ministério mostram que enquanto 62% dos projetos beneficiados se
concentram na região Sudeste; o Nordeste conta com 8,13% dos favorecidos e Centro-Oeste e Norte
com 3,5% e 1,2% respectivamente.

Nomeação de Sérgio Sá Leitão para Cultura é publicada49


Sérgio Sá Leitão assume o comando do Ministério da Cultura no lugar do ministro interino João Batista
de Andrade, que estava no cargo desde maio, após o deputado Roberto Freire (PPS-PE) ter deixado a
pasta
A nomeação de Sérgio Sá Leitão para o comando do Ministério da Cultura está publicada na edição
desta terça-feira (25) do Diário Oficial da União. A cerimônia de posse do novo ministro ocorre às 11h, no
Palácio do Planalto.
Além da passagem pela direção da Agência Nacional de Cinema, para onde teve a indicação aprovada
em abril pelo Senado, Leitão ocupou a chefia de gabinete do Ministério da Cultura durante a gestão do
ex-ministro Gilberto Gil e foi secretário municipal de Cultura do Rio de Janeiro.
Sérgio Sá Leitão assume o comando do Ministério da Cultura no lugar do ministro interino João Batista
de Andrade, que estava no cargo desde maio, após o deputado Roberto Freire (PPS-PE) ter deixado a
pasta.

Estado quer receber exposição cancelada por protestos50


Com mais de 270 obras, a mostra explorava a diversidade dos gêneros
Depois de ser cancelada pelo Santander Cultural, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a
exposição Queermuseu - Cartografias da diferença na arte brasileira pode ser reaberta em Belo
Horizonte. A possibilidade foi levantada numa conversa entre um amigo em comum do curador da mostra,
Gaudêncio Fidelis, e o Secretário Municipal de Cultura de BH, Juca Ferreira. Em entrevista ao Estado de
Minas, o secretário disse que vê com "bons olhos" a exposição.

49
AGÊNCIA BRASIL. Nomeação de Sérgio Sá Leitão para cultura é publicada. O Tempo. Política. Disponível em:
<http://www.otempo.com.br/capa/pol%C3%ADtica/nomea%C3%A7%C3%A3o-de-s%C3%A9rgio-s%C3%A1-leit%C3%A3o-para-cultura-%C3%A9-publicada-
1.1501297> Acesso em 26 de julho de 2017.
50
VIVER/DIARIO. Estado quer receber exposição cancelada por protestos. Diário de Pernambuco. Disponível em:
<http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2017/09/12/internas_viver,722192/estado-quer-receber-exposicao-cancelada-por-protestos.shtml>
Acesso em 13 de setembro de 2017.

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"O curador sinalizou que gostaria de vir para BH pelo clima de liberdade e aceitação que estamos
vivendo aqui. Um amigo me ligou e disse que havia essa possibilidade, e eu disse que a via com bons
olhos, mas ainda não podemos confirmar nada", afirmou o secretário. Ainda de acordo com Ferreira, é
preciso avaliar as possibilidades para a vinda da mostra. "Custa dinheiro trazer uma mostra desse porte
para a cidade. Precisamos de um investidor, de patrocínio e de estudar um espaço cultural viável para
abrigar a exposição".
Em seu perfil no Facebook, o sociólogo e ex-ministro da Cultura dos governos Lula (2008-2011) e
Dilma Rousseff (2015-2016) levantou a bandeira a favor da exposição e afirmou que "diante de qualquer
tentativa de censura à arte, a única coisa a não fazer é ceder". Ele disse ainda que é lamentável a decisão
do Santander Cultural de fechar a mostra e afirmou ser "inadmissível que, no Brasil, ainda sejam
praticados atos autoritários de interdição a obras de arte e a outras formas de expressão baseados na
opinião de grupos moralistas, sectários, fundamentalistas religiosos".
A assessoria de imprensa do Santander Cultural descartou a hipótese de a mostra Queermuseu vir
para Belo Horizonte com o patrocínio do banco. De acordo com a assessoria, a exposição foi fechada por
conta dos protestos e não há nenhuma possibilidade de reabertura, a não ser que o curador encontre
outro patrocinador. A mostra contava com mais de 270 obras, que exploram a diversidade dos gêneros,
e estava prevista para ir até 8 de outubro no Santander Cultural, mas foi fechada no domingo (10). Na
segunda-feira (11), o Banco Santander comunicou que irá devolver à Receita Federal os R$ 800 mil
captados via Lei Rouanet para a realização da exposição.

Mundo – Relações e Conflitos

Nº de mortes em 'ataque químico' passa de 70 na Síria; ONU denuncia crimes de guerra51


O suposto ataque químico que matou pelo menos 72 civis em uma cidade do norte da Síria demonstra
os "crimes de guerra" continuam sendo cometidos no país, afirmou nesta quarta-feira (05/04) o secretário-
geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
O balanço divulgado pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) nesta quarta indica que
20 das mais de 70 vítimas são crianças. De acordo com a ONG, houve um ataque aéreo no reduto rebelde
da cidade de Khan Sheikhun, na província de Idlib. Logo em seguida, foi liberado um "gás tóxico" que a
instituição não sabe identificar. Civis morreram por e dezenas apresentaram problemas respiratórios,
vômitos e desmaios.
"Os horríveis acontecimentos de terça-feira demonstram, infelizmente, que os crimes de guerra
continuam na Síria e que o direito internacional humanitário é violado frequentemente", disse Guterres ao
chegar a Bruxelas, onde ocorre uma conferência sobre o conflito sírio.
Guterres afirmou que a ONU deseja estabelecer responsabilidades por estes crimes e expressou
confiança de que o Conselho de Segurança estará " à altura de suas responsabilidades".

Ação do regime?
Para a oposição ao presidente sírio, Bashar al-Assad, e para a União Europeia, o regime sírio é
responsável pelo bombardeio. O governo da Síria nega.
A Rússia nega ter atacado a região, mas afirma que a aviação de Damasco bombardeou um "depósito
terrorista" onde eram armazenadas "substâncias tóxicas" destinadas a combatentes no Iraque. Os russos
têm poder de veto no Conselho de Segurança e apoiam o presidente sírio Bashar al-Assad contra os
rebeldes.
Alguns minutos antes, o ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, havia dito que
"todas as provas" apontam para o regime de Bashar al-Assad como responsável pelo suposto ataque.
"Todas as provas que vi sugerem que foi o regime de Al-Assad... usando armas ilegais contra seu
próprio povo", disse Johnson.
"É a confirmação de que se trata de um regime bárbaro que torna impossível aos nossos olhos que
imaginar que possa ter a menor autoridade na Síria após o fim do conflito", completou o ministro britânico.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, pediu um grande esforço a favor das negociações
de paz sobre a Síria em Genebra, que tem a mediação da ONU. "Temos que unir a comunidade
internacional nas negociações", declarou Mogherini.
Estados Unidos, França e Reino Unido apresentaram na terça-feira (04/04) um projeto de resolução
ao Conselho de Segurança que condena o ataque químico na Síria e exige uma investigação completa e
rápida.

51
05/04/2017 – Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/ataque-quimico-mata-dezenas-na-siria-o-que-se-sabe-ate-agora.ghtml e
http://g1.globo.com/mundo/noticia/vai-a-72-o-numero-de-mortos-apos-ataque-quimico-na-siria-diz-ong.ghtml

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O que aconteceu?
Os aviões teriam atacado Khan Sheikhoun, que fica cerca de 50 km ao sul da cidade de Idlib, no início
da manhã desta terça-feira (04/04).
Hussein Kayal, um fotógrafo do grupo de jornalistas pró-oposição Edlib Media Center (EMC), disse à
agência de notícias Associated Press que ele foi acordado pelo som de uma explosão às 6h30 no horário
local.
Quando ele chegou ao local do ataque, disse não ter sentido cheiro de nada, mas viu pessoas no chão,
sem conseguirem se mover e com as pupilas contraídas.
Mohammed Rasoul, o chefe de um serviço caritativo de ambulâncias em Idlib, disse à BBC que os
médicos que ele transportava encontraram pessoas, muitas delas crianças, sufocando nas ruas.
O grupo Observatório Sírio também citou relatos de médicos dizendo que estavam tratando pessoas
com sintomas que incluíam desmaios, vômito e espuma na boca.
Um jornalista da agência de notícias AFP afirmou ter visto uma garota, uma mulher e dois idosos
mortos em um hospital, todos com espuma ainda visível ao redor da boca.
O jornalista também afirmou que o hospital foi atingido por um foguete na tarde de terça, e que médicos
que cuidavam dos doentes foram atingidos por pedras e destroços.
A procedência dos foguetes não está clara, mas o EMC e os Comitês de Coordenação Local, da
oposição ao governo, dizem que aviões alvejaram diversas clínicas.
Jornalistas pró-governo citaram fontes militares dizendo que houve uma explosão em uma fábrica de
armas químicas em Khan Sheikhoun - que teria sido causada por um ataque aéreo ou por acidente.

Que substância foi usada?


O Observatório Sírio de Direitos Humanos diz que não foi possível determinar que tipo de substância
teria sido usada no ataque.
O EMC e os Comitês de Coordenação Local afirmam que pode ter sido o gás sarin, que é altamente
tóxico e considerado 20 vezes mais letal do que o cianureto.
O sarin inibe a ação de uma enzima que desativa os sinais que as células nervosas humanas
transmitem aos músculos para relaxá-los. Isso faz com que o coração e outros músculos - incluindo os
envolvidos na respiração - tenham espasmos.
A exposição ao gás pode causar desmaios, convulsões e levar à morte por asfixia em minutos.
O especialista em armas químicas Dan Kaszeta disse à BBC que é difícil determinar se o sarin foi
usado no ataque apenas examinando vídeos, como os compartilhados nas redes sociais por
sobreviventes e jornalistas.
Ele afirmou que o ataque pode ter sido resultado de uma série de agentes químicos que "tendem a ter
efeitos semelhantes no corpo humano".
O sarin é quase impossível de detectar - é um líquido claro, sem cor e sem gosto que, em sua forma
mais pura, também não tem odor.

O sarin já foi usado antes na Síria?


O governo sírio foi acusado pelas potências ocidentais de atirar foguetes cheios de sarin em uma série
de subúrbios da capital, Damasco, que eram controlados pelos rebeldes em agosto de 2013, matando
centenas de pessoas.
O presidente Bashar al-Assad negou as acusações, culpando combatentes rebeldes, mas, em
seguida, concordou em destruir o arsenal químico da Síria.
Apesar disso, a Organização pela Proibição de Armas Químicas continua a documentar o uso de
químicos tóxicos em ataques na Síria.
Em janeiro de 2016, o órgão disse que amostras de sangue das vítimas de um ataque não especificado
no país mostrou que elas foram expostas ao sarin ou substância semelhante.

O que se sabe sobre o uso de outros agentes químicos?


Uma investigação conjunta da Organização pela Proibição de Armas Químicas com a ONU concluiu,
no último mês de outubro, que as forças do governo usaram gás cloro, que também provoca asfixia, como
arma ao menos três vezes entre 2014 e 2015.
Os investigadores também concluíram que militantes do grupo autodenominado Estado Islâmico, que
atua no país, usaram gás mostarda - que pode provocar cegueira, ferimentos na pele e morte.
A ONG de direitos humanos Human Rights Watch acusou recentemente helicópteros do governo de
soltarem bombas contendo gás cloro em áreas controladas por rebeldes em Aleppo em ao menos oito
ocasiões entre os dias 17 de novembro e 13 de dezembro de 2016, durante os estágios finais da batalha
pela cidade.

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E na semana passada, dois ataques supostamente químicos foram registrados na província de Hama,
uma área controlada pelos rebeldes próxima a Khan Sheikhoun.

Qual foi a reação ao ataque desta terça?


A província de Idlib, onde os ataques ocorreram, é quase completamente controlada por uma aliança
rebelde e pelo grupo jihadista Hayat Tahrir Al-Sham, ligado à al-Qaeda.
A região, onde vivem 900 mil pessoas, é frequentemente alvejada pelo governo e pela Rússia, sua
aliada, assim como pela coalizão contra o EI, liderada pelos Estados Unidos.
Não houve comentário oficial imediato após o ataque desta terça-feira, mas uma fonte militar disse à
agência de notícias Reuters que o governo "não usa e não usou" armas químicas contra a população.
O enviado dos grupos de oposição sírios na ONU, Staffan de Mistura, disse que o ataque foi "horrível"
e que deve haver uma "identificação clara de responsabilidades e prestação de contas" pelo ataque na
cidade.
Em um comunicado, o presidente francês François Hollande acusou o governo sírio de cometer um
"massacre".
O ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, disse que Assad seria considerado
culpado de um crime de guerra caso seu governo seja responsável.
O Reino Unido e a França pediram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.
Em comunicado, o presidente americano Donald Trump também responsabilizou o governo Assad e
condenou o que chamou de "ações abomináveis" do regime.

Brexit: Reino Unido entrega carta e dá início à saída da União Europeia52


O Reino Unido deu início na manhã desta quarta-feira (29/03) ao processo de saída da União Europeia.
O afastamento efetivo só acontecerá depois de pelo menos dois anos de negociação com os outros 27
integrantes do bloco. Essa é a 1ª vez que um país pede para deixar o grupo.
O embaixador britânico na União Europeia, Tim Barrow, entregou nesta manhã ao presidente do
Conselho Europeu, Donald Tusk, uma carta que simboliza o acionamento do Artigo 50 do Tratado de
Lisboa – dando início às discussões sobre o processo de afastamento. A carta de seis páginas é assinada
pela pela premiê britânica, Theresa May.

Sem volta
Logo após a entrega da carta, Theresa May fez um pronunciamento no Parlamento britânico. “O Reino
Unido está deixando a União Europeia. Este é um momento histórico do qual não pode haver volta".
May também indicou a intenção de buscar um acordo comercial "audaz e ambicioso" ao mesmo que
tempo que negocia o Brexit.
A premiê fez um apelo pela união do Reino Unido no Parlamento britânico. "Agora é a hora de nos unir
nesta casa [do Parlamento] e em todo o país para garantir que trabalhamos para o melhor acordo possível
para o Reino Unido e para o melhor futuro possível para todos nós", declarou May. Na terça-feira, a
Escócia aprovou a realização de um novo referendo sobre a independência.

Obrigado e adeus
Tusk afirmou que a União Europeia está descontente com a saída da Grã-Bretanha. Para ele, não há
razão para dizer que esta quarta-feira é um dia feliz nem para o Reino Unido nem para a União Europeia.
O bloco tem o objetivo de minimizar o custo para os cidadãos europeus, os negócios e para os países
membros do bloco. "Já sentimos a sua falta, obrigado e adeus", declarou ao concluir uma breve coletiva
de imprensa, segundo a Reuters.
O presidente do Conselho Europeu já tinha prometido informar na sexta-feira (31/03) as primeiras
diretrizes do processo de negociação, mas uma resposta formal do bloco dificilmente será divulgada antes
do primeiro encontro oficial dos países membros, já sem a presença do Reino Unido, em 29 de abril.
Esta é a primeira vez que o artigo, criado em 2009, é invocado por um país que decide deixar o bloco,
O prazo de dois anos de negociações só pode ser prorrogado com uma aprovação unânime de todos os
países da União Europeia. A negociação é muito complexa pois exige rescisão de vários tratados
internacionais, acordos comerciais e uma nova política migratória.

52
29/03/2017 – Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/brexit-reino-unido-entrega-carta-e-da-inicio-a-saida-da-uniao-europeia.ghtml

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Divórcio difícil
O processo para encerrar 40 anos de união não é automático e se anuncia um divórcio difícil, porque
tem de ser discutido com os outros 27 membros do bloco. O afastamento de um país-membro é inédito
no bloco.
A negociação é muito complexa, já que exige rescisão de vários tratados internacionais. Só com a
União Europeia, há pelo menos 80 mil páginas de acordos. Por isso, é provável que, após a negociação,
exista uma fase de transição.

Principais dúvidas
1. Imigração
Em seu pronunciamento nesta manhã, May afirmou que a situação dos europeus no Reino Unido será
uma das prioridades da negociação.
Atualmente, cerca de 3 milhões de cidadãos europeus vivem no Reino Unido, vindos principalmente
da Polônia (850 mil), da República da Irlanda (330 mil) e de diversos países do antigo bloco soviético.
Esses podem pedir a residência permanente no Reino Unido quando completarem cinco anos vivendo no
país. Com a Brexit, o Certificado de Residência Permanente para Cidadão da UE, no entanto, deve deixar
de valer.
Ao longo das negociações, é preciso estabelecer uma nova política migratória, uma das principais
reinvindicações dos partidários da Brexit, que exigiam medidas mais restritivas. Analistas e políticos
ouvidos pela BBC disseram na época que a mudança será gradual e que ninguém terá de deixar o país
da noite para o dia.

2. Comércio
A participação na União Europeia permite que os países comprem e vendam produtos e serviços entre
si sem a aplicação de taxas e impostos dentro da área comum. O Reino Unido então passará a ter taxas
diferentes no comércio exterior com os países europeus em relação às praticadas agora, podendo
inclusive trocar de parceiros.
Segundo a União Europeia, o Reino Unido exporta principalmente para os EUA, a Alemanha e os
Países Baixos. Por sua vez, as suas importações vêm sobretudo da Alemanha, da China e dos EUA.

3. Compromissos europeus
Os defensores do Brexit alegavam que a contribuição do Reino Unido para União Europeia era muito
elevada. Nesse processo é preciso discutir quais são as dívidas britânicas com relação ao bloco, a
chamada, “conta do divórcio”, que poderá custar por volta de 50 bilhões de libras (mais de R$ 191 bilhões).
Outras questões que deverão ser discutidas são, por exemplo, regras de segurança para o cruzamento
de fronteiras; o "Mandado Europeu de Prisão", que é um mandado de prisão válido em todos os países
membros do bloco; a mudança de agências europeias que têm suas bases no Reino Unido.

Sem acordo?
May, no entanto, declarou em janeiro deste ano que o Reino Unido deixará o bloco mesmo que não
haja um pleno acordo nesse período. Segundo a primeira-ministra, ela está pronta a abandonar as
discussões se suas exigências não forem atendidas, e chegou a afirmar que “nenhum acordo para o
Reino Unido é melhor do que um acordo ruim para o Reino Unido”.
A decisão de sair da União Europeia, conhecida como Brexit, foi tomada em um referendo, realizado
em 23 de junho de 2016. Na ocasião, 51,9% dos britânicos optaram por deixar o bloco, o que provocou a
queda do então primeiro-ministro, David Cameron.
Após o referendo, o Brexit foi aprovado também pelo Parlamento britânico e no dia 16 de março deste
ano suas negociações receberam autorização formal da rainha Elizabeth 2ª.

Oposição escocesa
A decisão de deixar a União Europeia desapontou especialmente a população da Escócia, onde 66%
votaram contra o Brexit. Líderes políticos a favor da independência usaram o resultado como argumento
para justificar o pedido para um novo referendo sobre a independência do país.
O Reino Unido tenta barrar ou ao menos adiar a realização da nova consulta para o fim de 2018 ou
em 2019, que foi aprovada pelo parlamento escocês na terça-feira (28). A chefe de governo britânica já
chamou o novo referendo de "inaceitável", porém não há um artigo na Constituição que proíba a sua
realização.

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Em 2014, a decisão de permanecer no Reino Unido foi aprovada com 55% dos votos em um plebiscito,
mas os nacionalistas escoceses acreditam que o temor de deixar a União Europeia será decisiva para
aprovação da independência do país.

Sobe para três o número de mortos em protestos na Venezuela53


Membro da Guarda Nacional foi baleado em Caracas; governo acusa oposição
CARACAS — Um membro da Guarda Nacional foi morto na noite desta quarta-feira em Caracas,
elevando para três o número de vítimas durante os protestos realizados na Venezuela. Mais cedo, dois
jovens já haviam sido mortos.
Segundo a Defensoria do Povo, o militar foi baleado por um franco-atirador. O deputado chavista
Diosdado Cabello, homem forte do regime, culpou o governador de Miranda, Henrique Capriles, e a
oposição pela morte.
— Acabam de assassinar um guarda nacional em San Antonio de los Altos. Capriles e seu combo de
assassinos estavam buscando mortos, desesperados. Mas aqui haverá justiça, tenham certeza de que
vai haver justiça — afirmou Cabello, em seu programa televisivo semanal.
Já haviam sido confirmadas as mortes de Carlos José Moreno Baron, de 17 anos, atingido por uma
bala na cabeça, na região de San Bernardino, em Caracas; e Paola Ramírez, de 23 anos, em San
Cristóbal, no estado de Táchira. Ambos, segundo a mídia local, foram atingidos por disparos feitos pelos
coletivos chavistas, embora não estivessem participando das marchas.
A oposição marcou um novo protesto para esta quinta-feira.
— Amanhã, na mesma hora, convocamos todo o povo venezuelano a se mobilizar. Hoje fomos milhões
e amanhã temos que reunir mais pessoas — declarou Capriles, em entrevista coletiva.

'MÃE DE TODAS AS MARCHAS'


Chamada de "mãe de todas as marchas", a manifestação ocorreu um dia depois de o presidente,
Nicolás Maduro, ter denunciado em cadeia nacional uma tentativa de golpe de Estado “da direita
venezuelana, liderada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”.
Sem fazer qualquer menção às mortes ocorridas durante as marchas, Maduro parabenizou a Força
Armada Nacional Bolivariana (Fanb) pelo “sucesso na largada do Plano Zamora”, anunciado na véspera
como a grande aposta do Palácio de Miraflores “para derrotar o golpe de Estado”.
— O Plano Zamora está dando resultados — comemorou, ao fim de uma manifestação convocada
para se contrapor, como de costume, aos protestos opositores.
A repressão também atingiu a imprensa: o sinal da TV do jornal colombiano “El Tiempo” foi retirado do
ar pelo governo quando transmitia ao vivo os protestos. Do Brasil, o chanceler Aloysio Nunes, acusou
Maduro de ser o responsável pela morte do manifestante em Caracas. “Aconteceu o que eu mais temia
na Venezuela: a repressão do governo matou um manifestante”, escreveu no Twitter.
— A repressão está se tornando cada vez mais violenta, existe uma vontade evidente de impedir as
ações da oposição — disse Carlos Correa, da ONG Espaço Público, que classifica a marcha de quarta-
feira como a maior dos últimos anos. — As pessoas estão decididas a continuar nas ruas. As declarações
de Maduro e do ministro da Defesa (Vladimir Padrino López) mostram um governo em guerra.
Na marcha, como em todas realizadas nos últimos dias — até durante a Semana Santa — dirigentes
de peso da Mesa de Unidade Democrática (MUD) como Capriles, estiveram presentes e foram atingidos
pela repressão. O uso de gás lacrimogêneo — inclusive de helicópteros — é cada vez mais intenso e
obrigou muitas pessoas a serem atendidas em hospitais.

MADURO ACUSA PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA


Um dos detidos foi o secretário geral do partido Primeiro Justiça (PJ, de Capriles) em Táchira, Gustavo
Gandica, acusado pelo governo de estar envolvido no suposto plano para derrubar Maduro.
— A violência é o último recurso do governo e, por isso, estamos vendo uma violência descontrolada.
Caracas virou uma espécie de Berlim, só que aqui o muro não é de cimento, e sim formado por militares
que não permitem que manifestantes da oposição cheguem ao centro da cidade — assegurou Carlos
Romero, professor da Universidade Central da Venezuela.
Para ele, o governo já se esqueceu da política, não se importa com a repercussão internacional e
ignora os alertas:

53
O GLOBO com Agências Internacionais. Sobe para três número de mortos em protestos na Venezuela. Disponível em: <
http://oglobo.globo.com/mundo/sobe-para-tres-numero-de-mortos-em-protestos-na-venezuela-
21232749?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo> Acesso em 20 de abril de 2017.

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— Mais cedo ou mais tarde, um setor militar não acompanhará mais esta aventura repressiva, mas
pode levar meses.

Nicolás Maduro
Eleito em abril de 2013 para suceder Hugo Chávez, o presidente enfrenta forte pressão por conta da
escassez de alimentos e remédios, agravada pela queda dos preços do petróleo. Trava uma guerra
política contra o Parlamento, controlado pela oposição, que o chama de ditador.
Maduro acusou o presidente da Assembleia Nacional, deputado Julio Borges, de ter violando a
Constituição ao pedir à Fanb que “esteja ao lado do povo”. Em Caracas, há a sensação de que Borges
pode ser um dos próximos perseguidos.
— Borges, mais uma vez, cometeu um delito contra a Constituição e deverá ser processado. Ele está
pedindo, abertamente, um golpe de Estado e a divisão dentro da Fanb — disse, prometendo eleições “em
breve”, mas sem falar em datas.
Já o presidente da AN assegurou que seu único objetivo é “pedir que a Constituição seja respeitada”.
E pela segunda vez em menos de um mês, a procuradora-geral da República, a chavista Luisa Ortega,
questionou publicamente o governo ao exigir a garantia ao direito de manifestações pacíficas.

Estados Unidos adiam construção do muro na fronteira com México54


Financiamento do muro colocou em risco votação orçamentária do governo.
Trump recuou e disse que aceita que o dinheiro seja liberado em setembro
A ameaça de uma paralisação do governo americano fez o presidente Donald Trump suspender, por
enquanto, uma das promessas mais repetidas na campanha eleitoral do ano passado.
A pressa acabou. É que a disputa política virou uma barreira maior do que o muro de 3.500 quilômetros
entre os Estados Unidos e o México, que Donald Trump prometeu durante a campanha presidencial.
Trump queria mais de US$ 1 bilhão para começar a construção. E queria a verba até sexta-feira (28),
prazo para que o Congresso aprove uma extensão do orçamento federal.
Mas o impasse sobre como financiar o muro estava colocando em risco a votação do orçamento, e
poderia forçar uma paralisação do governo americano.
Na segunda-feira (24), numa conversa fechada com jornalistas, Trump recuou e disse que aceita que
o dinheiro só seja liberado em setembro, quando começa um novo ano fiscal.
Nesta terça-feira (25), o presidente afirmou: “O muro vai ser construído. Temos tempo de sobra.”
Mas o muro pode não sair do papel da forma como foi prometido. Alguns senadores propõem uma
mistura de barreira física com barreira tecnológica, usando câmeras e sensores de movimento. O desafio
para Donald Trump vai ser explicar essa mudança para os eleitores dele.

Estado Islâmico reivindica autoria de atentado em Manchester55


Partidários do grupo extremista celebraram atentado que matou ao menos 22 pessoas
MANCHESTER — O Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta terça-feira a autoria do ataque suicida que
deixou ao menos 22 mortos e 59 feridos em Manchester, no final do show da cantora americana Ariana
Grande. A polícia britânica deteve três pessoas, incluindo um jovem de 23 anos, por suspeita de conexão
com o atentado. Segundo a primeira-ministra britânica, Theresa May, as autoridades acreditam conhecer
a identidade do autor do ataque, que morreu ao detonar um explosivo caseiro no momento em que as
pessoas deixavam o concerto.
Em comunicado, o grupo extremista disse que um de seus membros perpetrou o ataque — o mais
violento no Reino Unido desde os atentados que atingiram os transportes públicos de Londres em 2005.
Autoridades do Reino Unido e dos EUA ainda não confirmaram ter comprovado que o atentado foi mesmo
realizado pelo EI.
"Um dos soldados do califado colocou uma bomba no meio da multidão durante o show", diz a nota.
Partidários do Estado Islâmico comemoraram a ação nas redes sociais. Contas do Twitter associadas
ao grupo usaram hashtags referindo-se à explosão para publicar mensagens de celebração, com alguns
usuários encorajando ataques semelhantes em outros lugares.

54
G1. Estados Unidos adiam construção do muro na fronteira com México. G1, Jornal Nacional. Disponível em: < http://g1.globo.com/jornal-
nacional/noticia/2017/04/estados-unidos-adiam-construcao-do-muro-na-fronteira-com-mexico.html?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_content=jn>
Acesso em 26 de abril de 2017.
55
O GLOBO. Estado Islâmico reivindica autoria de atentado em Manchester. O Globo, Mundo. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/mundo/estado-
islamico-reivindica-autoria-de-atentado-em-manchester-21379175> Acesso em 23 de maio de 2017.

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Manchester Arena, Inglaterra
Em maio de 2017, 22 pessoas foram mortas em um atentado suicida no final do show da cantora pop
Ariana Grande, no Manchester Arena. Outras dezenas de pessoas ficaram feridas, incluindo adolescentes
e crianças que faziam parte do público. O ataque foi o mais grave no país desde 2005, quando vários
atentados suicidas deixaram 52 mortos.
Algumas mensagens descreveram o ataque como um ato de vingança em resposta a ataques aéreos
no Iraque e na Síria.
"Parece que bombas da Força Aérea britânica sobre crianças em Mossul e Raqqa acabaram de voltar
para #Manchester", escreveu um usuário chamado Abdul Haqq no Twitter, em referência às cidades
iraquianas e sírias controladas por militantes onde uma coalizão liderada pelos Estados Unidos, da qual
o Reino Unido faz parte, está conduzindo ataques aéreos.
Falando em frente à sua residência oficial na Downing Street, a premier Theresa May disse que as
autoridades ainda não estão prontas para revelar informações sobre o suposto terrorista. Ela confirmou
que o autor do ataque tinha realizado a ação sozinho, mas ainda não estava claro se outras pessoas
tinham ajudado na preparação do atentado.
— Sabemos que um único terrorista detonou um dispositivo caseiro perto de uma das saídas da arena,
deliberadamente escolhendo a hora e o local para provocar uma carnificina máxima — declarou a
primeira-ministra. — À noite experimentamos o pior da Humanidade em Manchester
A polícia recebeu um alerta de explosão na Manchester Arena, com capacidade para 20 mil pessoas,
às 22h35 (18h35 de Brasília). A área foi isolada e viaturas policiais e ambulâncias foram enviadas ao
local.
O homem-bomba detonou a carga explosiva na saída do show. Entre as vítimas estão crianças e
adolescentes.
O atentado provocou a suspensão dos atos da campanha para as eleições de 8 de junho no Reino
Unido e aconteceu exatamente dois meses depois do ataque perto do Parlamento de Londres que deixou
cinco mortos, quando um homem avançou com seu carro contra uma multidão e esfaqueou um policial.
O nível de ameaça de atentados no Reino Unido é severo, o segundo mais elevado na escala do
governo, e significa que é altamente provável que aconteçam atentados. O nível mais elevado na escala
é o crítico, ativado em caso de ameaça iminente.
O ataque de Manchester é o mais grave no Reino Unido desde julho de 2005, quando vários atentados
suicidas deixaram 52 mortos, incluindo quatro terroristas, e 700 feridos no metrô e em um ônibus de dois
andares de Londres. Esta ação foi reivindicada por um grupo que dizia pertencer à al-Qaeda.

Portugal vive sua maior tragédia em incêndio florestal56


Portugal está arrasada com o incêndio que matou pelo menos 61 pessoas e deixou cerca de 60 feridos.
Essa é, certamente, a maior tragédia registrada no país nas últimas décadas. O incêndio que atingiu
Pedrógrão Grande e região é o incidente que fez mais vítimas fatais na história recente de Portugal e já
é considerado um dos mais graves do mundo. O fogo começou no sábado e ainda não está totalmente
controlado.
O cenário nos vilarejos tomados pelo fogo assusta. Segundo relata a mídia portuguesa, há corpos
espalhados pelo chão esperando para serem recolhidos. Alguns estão cobertos com lençóis brancos.
Outros nem isso. Há inúmeras pessoas desaparecidas e outras tantas em desespero por terem perdido
parentes, vizinhos ou amigos. Pessoas com as quais conviviam diariamente e cuja família se conhecia a
gerações até tudo se acabar em chamas.
Para se ter uma ideia do estrago que o fogo causou nos vilarejos aos quais chegou é preciso entender
Portugal. O país tem pouco mais de 10 milhões de habitantes. Cerca de 1/3 da população vive na capital
Lisboa ou arredores. Outra parte reside em volta do Porto, cidade ao Norte do país. O país é pequeno e
praticamente todo mundo, de alguma forma, se conhece – ou conhece alguém que conhece alguém.
Pedrógão Grande é uma vila que pertence ao Distrito de Leiria, na região central do país, com menos
de 2 mil habitantes. Há inúmeros vilarejos em volta, que pertencem ao concelho – a divisão municipal
portuguesa difere da brasileira. Alguns desses vilarejos (ou aldeias, como chamam por aqui) têm 100
habitantes. Outros, 30 ou menos. Há vilarejos onde sobreviveram apenas algumas pessoas para contar
a história e narrar os momentos de pavor ao tentar escapar das chamas e salvar pessoas – pois as casas
arderam.
Segundo informações preliminares, o fogo iniciou por causas naturais – presume-se que um raio tenha
colocado em chamas alguma árvore e, por causa do calor combinado à umidade, o fogo tenha se
espalhado rapidamente. A fumaça que emanou da floresta que fica no local tinha coloração branca – e é
56
PUGLLERO, FERNANDA. Portugal vive sua maior tragédia em incêndio florestal. Correio do Povo. Disponível em: <
http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/Internacional/2017/6/620719/Portugal-vive-sua-maior-tragedia-em-incendio-florestal> Acesso em 19 de junho de 2017.

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extremamente tóxica. Sem informação sobre o perigo e sobre a grandeza do incidente, alguns moradores
tentaram fugir das chamas que poderiam chegar às suas casas e se dirigiram à principal estrada da região
– que agora ficou conhecida como “Estrada da Morte”, pois as pessoas que ali estavam acabaram
intoxicadas pela fumaça antes de serem carbonizadas pelas chamas.
Um dos maiores canais da televisão portuguesa sobrevoou a estrada com um drone. O cenário é
devastador. Os carros foram consumidos pelas chamas e, provavelmente, as pessoas desesperadas com
o avançar do fogo não sabiam para onde fugir. A maioria morreu dentro dos automóveis. Alguns foram
encontrados nas laterais da estrada e, presume-se, tenham morrido intoxicados antes de terem os corpos
queimados – pois quando uma pessoa morre queimada, coloca os membros em posição de defesa, o
que não se observou nas vítimas que estavam com os braços estendidos ao lado do corpo.
O governo português decretou luto oficial de três dias e promete investigar as causas do incêndio.
Alguns donativos já começam a chegar para ajudar as famílias das vítimas fatais e os sobreviventes a
reconstruírem suas vidas – se bem que talvez isso não seja possível, após o trauma de ver o fogo avançar
e nada ser feito. Muitos moradores locais criticam a lentidão das autoridades em apagar o incêndio:
“Deixaram-nos aqui para morrer”, disse um residente de Pedrógrão Grande a um site de notícias
português. As festas juninas foram suspensas por três dias em todo o país – junho é um mês festivo em
Portugal. O clima está pesado nas ruas e “toda a gente”, como dizem os portugueses, lamenta a tragédia.

Número de refugiados no mundo é o maior já registrado, diz relatório da ONU57


De acordo com os dados, números registrados em 2016 superam os de 2015, com um aumento de
mais de 330 mil pessoas que tiveram que ser deslocadas
Só no ano passado, cerca de 65,6 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocar em todo o mundo.
Do total forçado a se deslocar, 10,3 milhões de pessoas são novas e cerca de dois terços (6,9 milhões)
delas se deslocaram dentro de seus próprios países. As crianças representam a metade do número total
dos refugiados de todo o mundo.
As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (19) por meio do maior levantamento sobre
deslocamentos no mundo, o relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
De acordo com os dados, os números registrados em 2016 superam os de 2015, com um aumento de
mais de 300 mil pessoas. O número de refugiados aumentou, alcançando a marca de 22,5 milhões de
pessoas.
Conflitos políticos, guerras e perseguições são as principais causas dos deslocamentos. Desse total
de pessoas, 17,2 milhões estão sob a responsabilidade do Acnur, e o restante é formado por refugiados
palestinos. O conflito na Síria mantém o país como o local de origem do maior número de deslocados (5,5
milhões).
Ainda de acordo com o Acnur, se não for levada em conta a situação dos palestinos, os afegãos
continuam sendo a segunda maior população de deslocados (4,7 milhões) no mundo, seguidos pelos
iraquianos (4,2 milhões).
O Sudão do Sul também aparece em destaque nos números de 2016, onde “a desastrosa ruptura dos
esforços de paz contribuiu para o êxodo de 739,9 mil pessoas entre julho e dezembro. No total, já são
1,87 milhão de deslocados originários do Sudão do Sul”.
No fim do ano passado, a organização registrou que 40,3 milhões de pessoas foram forçadas a se
deslocar dentro de seus próprios países.
Além disso, a Síria, o Iraque e “o ainda expressivo deslocamento dentro da Colômbia foram as
situações de maior movimento interno. Esse tipo de deslocamento representa quase dois terços dos
deslocamentos forçados em todo o mundo”, acrescenta a organização.
Países receptivos
O relatório diz ainda que, em 2016, 2,8 milhões de pessoas pediram formalmente refúgio em outros
países. Para o Acnur, os números indicam a necessidade de consolidar mecanismos de proteção para
essas pessoas e de suporte para países e comunidades que apoiam pessoas deslocadas.
O retorno das pessoas para as suas casas, em conjunto com outras soluções como reassentamento
em outros países, significou melhores condições de vidas para muitos no ano passado.
"No total, cerca de 37 países aceitaram 189.300 refugiados para reassentamento. Cerca de meio
milhão deles tiveram a oportunidade de voltar para seus países, e aproximadamente 6,5 milhões de
deslocados internos regressaram para suas regiões de origem – embora muitos deles em circunstâncias
abaixo do ideal e com um futuro incerto”, afirma a organização.

57
IG SÃO PAULO. Número de refugiados no mundo é o maior já registrado, diz relatório da ONU. Último Segundo. Mundo. Disponível em: <
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2017-06-19/refugiados.html> Acesso em 19 de junho de 2017.

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Decreto que barra entrada nos EUA de cidadãos de 6 países já vigora58
Os países vetados são Irã, Síria, Iêmen, Somália, Sudão e Líbia.
Mas quem tem ligação autêntica com os EUA não pode ser barrado.
Entrou em vigor nesta quinta-feira (29), às 21h pelo horário de Brasília, o decreto do presidente
americano Donald Trump que barra a entrada de cidadãos de seis países de maioria muçulmana nos
Estados Unidos.
Quem é a sua família? O governo americano teve que responder a essa pergunta nesta quinta-feira
(29) e é claro que isso causou controvérsia. É porque a Suprema Corte liberou na segunda-feira (26) o
decreto de Donald Trump que barra gente de seis países: Irã, Síria, Iêmen, Somália, Sudão e Líbia. Só
que fez uma ressalva: gente que tivesse ligação autêntica com os Estados Unidos não poderia ser
barrada. Familiares de quem mora no país, por exemplo.
Na ocasião, dois juízes até levantaram a bola: como definir o que é uma ligação autêntica com os
Estados Unidos? Então, na noite de quarta-feira (28), o Departamento de Estado apresentou uma lista
mais detalhada das pessoas desses países que vão poder entrar nos Estados Unidos. E começou tendo
que definir quem é família.
Segundo o decreto, são familiares próximos pais, sogros, filhos, genros, noras e irmãos. Agora, avós,
não e nem netos, nem tios ou sobrinhos, primos, cunhados ou noivos. Ativista diz que o decreto fere a
estrutura familiar e que o governo não é responsável por definir o que é família. Podem entrar também
estudantes que já tenham sido aceitos por uma universidade, trabalhadores contratados por uma empresa
e também jornalistas e palestrantes. Isso vai valer por 90 dias.
Uma vitória para Donald Trump. Ele já tentava barrar esses imigrantes desde janeiro, mas juízes de
instâncias inferiores consideraram que o decreto vai contra a liberdade religiosa porque todos os países
vetados são muçulmanos.

Iraque declara vitória contra Estado Islâmico em Mossul59


Cidade iraquiana vive uma batalha de quase nove meses contra Estado Islâmico. Soldados já
comemoravam mesmo antes de anúncio formal da vitória.
O primeiro-ministro iraquiano, Haider Al-Abadi, proclamou neste domingo (9) a vitória de seu exército
em Mossul, cidade "libertada" após uma batalha de quase nove meses contra os extremistas do grupo
Estado Islâmico (EI), anunciou seu gabinete em um comunicado.
Mossul é a segunda maior cidade do Iraque e último grande reduto urbano que ainda era controlado
pelos extremistas islâmicos. A reconquista da cidade é considerada a mais importante vitória das forças
iraquianas desde que o grupo extremista sunita se apoderou, em 2014, de vastos territórios no país e na
vizinha Síria. No entanto, a guerra contra o EI continua em outras cidades.
Abadi foi a Mossul se encontrar com os soldadados, e cumprimentá-los pela vitória. Abadi "chega a
cidade libertada de Mossul e felicita os combatentes heroicos e o povo iraquiano por esta importante
vitória", indica o comunicado.
A batalha deixou a cidade em ruínas e matou milhares de civis.
A ONU afirma que cerca de 915 mil pessoas fugiram desde outubro de 2016, e 700 mil continuam fora
de suas casas. Eles receberam um ultimato do EI: se converter ao Islã, pagar uma taxa especial ou
abandonar a cidade, sob pena de execução.
Aos poucos, os sobreviventes tentam retornar às suas residências, e narram cenas de horror vividas
nas ruas da cidade.
Nas últimas horas, comandantes militares do Iraque vinham afirmando que a retirada da cidade das
mãos dos extremistas era iminente. Já o Estado Islâmico tinha prometido "lutar até a morte" em Mossul.

Primeiro-ministro iraquiano anuncia vitória sobre o Estado Islâmico


Mesmo antes da declaração formal de vitória, dezenas de soldados iraquianos comemoraram entre os
destroços às margens do Rio Tigre neste sábado (8), alguns dançando ao som da música que tocava em
um caminhão e atirando metralhadoras para o ar, afirmou um correspondente da Reuters.
O clima estava menos festivo, no entanto, entre os aproximadamente um milhão de habitantes de
Mossul deslocados por meses de combates, muitos dos quais estão vivendo em acampamentos no lado
de fora da cidade, com pouca proteção do calor do verão.

58
G1. Decreto que barra entrada nos EUA de cidadãos de 6 países já vigora. G1 Jornal Nacional. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-
nacional/noticia/2017/06/decreto-que-barra-entrada-nos-eua-de-cidadaos-de-6-paises-ja-vigora.html?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=jn>
Acesso em 30 de junho de 2017.
59
G1. Iraque declara vitória contra Estado Islâmico em Mossul. G1 Mundo. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/primeiro-ministro-iraquiano-
proclama-vitoria-contra-estado-islamico-em-mossul.ghtml?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=g1> Acesso em 10 de julho de 2017.

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"Se não houver reconstruções, e as pessoas não voltarem para suas casas e recuperarem seus
pertences, qual o significado da libertação?", disse à Reuters Mohammed Haji Ahmed, 43 anos, um
vendedor de roupas, no acampamento de Hassan Sham, ao leste de Mossul.

Relatos de sobreviventes
Em Mossul, os mais fracos pagam a sua sobrevivência a preços elevados. Os civis encurralados na
cidade viveram ao longo dos últimos meses em condições "terríveis", sofrendo com a falta de alimentos
e água, os bombardeios e intensos combates, além de serem usados como "escudos humanos" pelos
extremistas.
Centenas de mulheres e crianças libertadas do EI estão inconsoláveis. Nos arredores da Cidade
Antiga, onde o ressoar dos tiros das armas automáticas e explosões de morteiros continuava, quinze
mulheres e cerca de cinquenta crianças esperavam em fila em uma calçada na sombra para se proteger
de um sol escaldante.
Os militares acabavam de trazê-las de Maidan, último bairro onde os extremistas do EI resistiam às
forças iraquianas, que acabaram de anunciar sua vitória após oito meses de combates.
Fátima explodiu em lágrimas ao contar sobre os quatro meses passados com sua família sem "quase
nenhuma comida ou água" em um porão, monitorado pelo EI, rezando para não ser bombardeado.
Naquela mesma manhã, quando a rua parecia ter sido libertada pelo Exército, voltaram a ver o céu e
caminharam para a liberdade. Uma bala atingiu Ahmad, o irmão de Fátima. Ele foi levado em uma
ambulância.
Outra mulher soluçava, prostrada, olhando para o céu. Ao deixar a Cidade Antiga de Mossul, Liqaa
deixou para trás o corpo de seu irmão Ibrahim, também atingido por um franco-atirador jihadista.
Ela começa a cantar o nome de Ibrahim e procura consolo em sua vizinha, que não pode lhe dar:
Fátima, já cheia de lágrimas.
Algumas mulheres esperam o retorno de seus maridos, alguns dos quais são controlados pelos
militares encarregados de rastrear os jihadistas que tentam fugir. As outras, já viúvas, não esperam por
mais ninguém.
Na calçada, uma menina de cerca de 3 anos vagueava perdida. Cabelo castanho desgrenhado, túnica
azul-turquesa e atadura branca no pescoço, ela apertava contra o seu coração uma pequena garrafa de
água meio vazia. "Quem é essa criança?", gritava um soldado. Ao redor, as mulheres choravam demais
para responder.

Patrimônio destruído
A partir de julho de 2014, o EI atacou mausoléus xiitas e santuários, que eram ricamente decorados.
O grupo explodiu a mesquita onde ficava a tumba do profeta Jonas (Nabi Yunés). Em 19 de junho de
2017, destruiu a emblemática mesquita Al Nuri, onde Baghdadi tinha sido filmado, e seu minarete
inclinado do século XII.
No museu de Mossul, o mais importante do Iraque depois do de Bagdá, os radicais queimaram livros
e manuscritos antigos, destruíram tesouros pré-islâmicos, como os famosos touros alados assírios com
rosto humano, datados de vários séculos antes do cristianismo.

Antiga rota de comércio


Mossul, uma tradicional rota comercial entre Turquia, Síria e o resto do Iraque, era muito conhecida
por seus finos tecidos de algodão, as musselinas, seus monumentos e sítios arqueológicos e também
pelos parques.
Atravessada pelo rio Tigre e situada a 350 km ao norte de Bagdá, Mossul é a capital da província de
Nínive, rica em petróleo.
A cidade é de maioria sunita numa região predominantemente curda, e tradicionalmente tinha
numerosas minorias em sua população (curdos, turcomanos, xiitas, cristãos...).
Mas a região se tornou um terreno de violência diária após a invasão americana ao Iraque, em março
de 2003, que provocou a queda do regime do ditador Saddam Hussein.
Os jihadistas do EI fizeram da cidade um laboratório de sua administração. Ali, decidiram os programas
escolares, horários de funcionamento de lojas, os trajes permitidos. Foi proibida a venda e o consumo de
álcool e tabaco.

Guerra contra o EI
Foi de Mossul que, há quase três anos, o líder do grupo extremista Abu Bakr al-Baghdadi declarou um
"califado", juntando partes do Iraque e da Síria.

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Apesar da vitória importante, a retomada de Mossul não marcará o fim da guerra contra o EI, que ainda
controla várias zonas no Iraque, incluindo as cidades de Tal Afar (50 km a oeste de Mossul) e Hawija
(cerca de 300 km ao norte de Bagdá) e zonas desérticas da província de Al-Anbar (oeste), bem como a
região de Al-Qaïm, na fronteira com a Síria.
O grupo extremista ainda controla igualmente territórios no leste e no centro da Síria, apesar de ter
perdido terreno desde 2015, e seu reduto de Raqa (norte) é cercado pelas forças apoiadas pelos Estados
Unidos.
Uma coalizão liderada pelos Estados Unidos fornece apoio aéreo e terrestre na campanha de oito
meses para recuperar Mossul, de longe a maior cidade tomada pelo Estado Islâmico, em 2014.

Mais da metade da população mundial não tem acesso a saneamento básico, diz ONU60
Cerca de 4,5 bilhões de pessoas no mundo – bem mais da metade da população global atual de 7,6
bilhões de habitantes - não têm acesso a saneamento básico seguro, segundo relatório recente divulgado
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Já
a quantidade de moradores do planeta com algum saneamento básico é de 2,3 bilhões. A informação é
da ONU News.
O documento das Nações Unidas indica ainda que o número de pessoas sem acesso à água potável
em casa é de 2,1 bilhões em todo o mundo. Esta é a primeira vez que a OMS e o Unicef fazem um
levantamento global sobre água, saneamento básico e higiene.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus afirmou que água potável encanada, saneamento e
higiene não deveriam ser privilégios apenas daqueles que vivem em centros urbanos e em áreas ricas.
Para ele, os governos são responsáveis por assegurar que todos tenham acesso a esses serviços.
Esgoto tratado
Desde 2000, quando foi lançada a agenda dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, bilhões de
pessoas ganharam acesso à água potável e saneamento, mas esses serviços não garantem
necessariamente o saneamento seguro, aquele que é ligado a uma rede de esgoto tratado.
Esse quadro gera doenças que podem ser mortais para crianças com menos de cinco anos de idade.
Todos os anos, mais de 360 mil menores morrem de diarreia, uma doença evitável. Já o saneamento
mal feito pode causar cólera, disenteria, hepatite A e febre tifóide, entre outros problemas.
O diretor-executivo do Unicef, Anthony Lake, disse que ao melhorar esses serviços para todos, o
mundo dará às crianças a chance de um futuro melhor.
Em 90 países, o avanço na área de saneamento básico é muito lento, o que leva a crer que a cobertura
universal não será alcançada até 2030, quando se encerra o prazo para cumprimento da Agenda 2030,
que estabelece os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, que devem
ser implementados por todos os países até aquele ano.

Latrinas compartilhadas
Dos 4,5 bilhões de pessoas sem acesso a esgoto tratado, 600 milhões têm que compartilhar um toalete
ou uma latrina com moradores de outros lares. Já o número de pessoas que defecam a céu aberto é de
892 milhões. Devido ao aumento da população, essa situação tem crescido na África Subsaariana e na
Oceania.
O relatório indica ainda que, em países que passam por conflitos, as crianças têm quatro vezes menos
chance de usar serviços de abastecimento de água e duas vezes menos de ter o saneamento básico que
crianças em outros países.
Os serviços de água potável, saneamento básico e higiene são essenciais para que o mundo alcance
o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 3: assegurar uma vida saudável e promover o bem-
estar de todos, em todas as faixas etárias.

Mercosul submete Venezuela a 'suspensão política' do bloco61


Acordo inclui cláusula democrática que justificou a suspensão
Em reunião nesta manhã de sábado em São Paulo, representantes do Mercosul - bloco formado por
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai - anunciaram a suspensão da Venezuela do bloco econômico.
"Desta vez, temos sanção de natureza política. Ainda que ela internalize os acordos e não tenha

60
ONU NEWS. Mais da metade da população mundial não tem acesso a saneamento básico, diz ONU. EBC Agência Brasil. Disponível em: <
http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-07/mais-da-metade-da-populacao-mundial-nao-tem-acesso-saneamento-basico> Acesso em 13 de julho
de 2017.
61
ESTADO DE MINAS. Mercosul submete Venezuela a ‘suspensão política’ do bloco. Em.com.br. Disponível em:
<http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2017/08/05/internas_economia,889588/mercosul-submete-venezuela-a-suspensao-politica-do-bloco.shtml> Acesso
em 07 de agosto de 2017.

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reestabelecido a democracia, seguirá suspensa", explicou o ministro das relações exteriores, Aloysio
Nunes.
Os chanceleres do Mercosul tomaram a decisão com base no Protocolo de Ushuaia. O compromisso
assinado em 1998 inclui uma cláusula democrática que levou à suspensão política do país no bloco.
Atualmente, o Brasil ocupa a presidência temporária do bloco. O encontro foi realizado na prefeitura de
São Paulo, no centro da cidade.
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes chegou a antecipar, por meio de sua conta no
Twitter, que o Brasil pediria a suspensão da Venezuela do Mercosul. "É intolerável que nós tenhamos no
continente sul-americano uma ditadura. Houve uma ruptura da ordem democrática na Venezuela", disse.
"E, por consequência, o Brasil vai propor que ela seja suspensa do Mercosul até que a democracia volte.",
completou.
Desde abril, a Venezuela vive uma onda de manifestações a favor e contra o governo, muitas delas
violentas e que já deixaram cerca de 100 mortos e mais de mil feridos. O governo Maduro deu posse
nesta sexta-feira (4) a uma nova Assembleia Nacional Constituinte, que a oposição não aceita. A iniciativa
foi criticada pelo Mercosul, bloco do qual a Venezuela também faz parte, mas está suspensa por causa
dos conflitos políticos.
Eleita presidente da Assembleia Nacional Constituinte venezuelana, a governista Delcy Rodríguez
convocou para hoje (5) a primeira sessão do poder "plenipotenciário" para iniciar o processo que
reformará a Constituição e reordenará o Estado. Delcy também acusou a oposição de espalhar ideias
falsas sobre o que acontece no país e garantiu que "na Venezuela não há fome, na Venezuela há vontade
aqui não há crise humanitária, aqui há amor".

'Sou nazista, sim': o protesto da extrema-direita dos EUA contra negros, imigrantes, gays e
judeus62
Centenas de homens e mulheres carregando tochas, fazendo saudações nazistas e gritando palavras
de ordem contra negros, imigrantes, homossexuais e judeus.
Foi a cena - surreal, para muitos observadores - que desfilou aos olhos da pacata cidade universitária
de Charlottesville, no Estado americano de Virgínia.
O protesto, na noite da sexta-feira, foi descrito pelos participantes como um aquecimento para o evento
"Unir a Direita", que acontece na tarde deste sábado na cidade e promete reunir mais de mil pessoas,
incluindo os principais líderes de grupos associados à extrema direita no país.
A cidade, de pouco mais de 50 mil habitantes e a apenas duas horas de Washington, foi escolhida
como palco dos protestos após anunciar que pretende retirar uma estátua do general confederado Robert
E. Lee de um parque municipal.
Durante a Guerra Civil do país (1861-1865), os chamados Estados Confederados, do sul americano,
buscaram independência para impedir a abolição da escravatura. Atualmente, várias cidades americanas
vêm retirando homenagens a militares confederados - o que tem gerado alívio, de um lado, e fúria, de
outro.
Os participantes do protesto desta sexta-feira carregavam bandeiras dos Confederados e gritavam
palavras de ordem como: "Vocês não vão nos substituir", em referência a imigrantes; "Vidas Brancas
Importam", em contraposição ao movimento negro Black Lives Matter; e "Morte aos Antifas", abreviação
de "antifascistas", como são conhecidos grupos que se opõem a protestos neonazistas.
Estudantes negros do campus da universidade da Virginia, onde ocorreu a marcha, e jovens que se
apresentavam como antifascistas tentaram fazer uma "parede-humana" para impedir a chegada dos
manifestantes à parada final do marcha, uma estátua do terceiro presidente americano, Thomas
Jefferson.
"Fogo! Fogo! Fogo!", gritavam os manifestantes, enquanto se aproximavam do grupo de estudantes.
Em número bem menor, o grupo que fazia oposição à marcha foi expulso da estátua em poucos
minutos. A reportagem flagrou homens lançando tochas sobre os estudantes, enquanto estes, por sua
vez, dispararam spray de pimenta nos olhos dos oponentes.
A polícia, que acompanhou todo o protesto de longe, interviu e separou os dois grupos, enquanto
ambulâncias se deslocavam ao local para socorrer feridos pelo confronto.
"Esta manifestação é ilegal", afirmou um dos oficiais aos manifestantes, que se afastaram. A polícia
não confirmou se houve presos.
Nazis
"Sim, eu sou nazista, eu sou nazista, sim", afirmou um homem, em frente à reportagem, durante uma
discussão com um dos membros do grupo opositor.
62
SENRA, RICARDO. ‘Sou nazista, sim’: o protesto da extrema direita dos EUA contra negros, imigrantes, gays e judeus. BBC Brasil. Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/internacional-40910927?ocid=socialflow_twitter> Acesso em 14 de agosto de 2017.

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Ao contrário das especulações anteriores, a marcha incluiu muitas mulheres, que também seguravam
tochas.
A BBC Brasil conversou com um pai e uma mãe que levaram a filha de 14 anos ao protesto. "Eu
aprendi com meu pai que precisamos defender a raça branca e hoje estou passando este ensinamento
para a minha filha", afirmou o pai.
"Se não fizermos algo, seremos expulsos do nosso próprio país", disse a mãe. A conversa foi
interrompida por um homem forte e careca. "Vocês estão falando com um estrangeiro. Olha o sotaque
dele!", afirmou, rindo, em referência ao repórter.
A família se afastou e se juntou ao coro, que cantava "Judeus não vão nos substituir". Os três
seguravam tochas.
Outro homem afirmou que estava ali porque "têm o direito de se expressar".
"Gays, negros, imigrantes imundos, todos eles se manifestam e recebem apoio por isso. Porque
quando homens brancos decidem gritar por seus direitos e sua sobrevivência vocês fazem esse
escândalo?", questionou o homem a um grupo de jornalistas.
Perto dali, sozinho, um rapaz jovem estendia a mão e fazia uma saudação nazista, enquanto era
fotografado por fotojornalistas e gritava: "Vocês não vão nos substituir".
As tochas são uma marca da Ku Klux Klan, grupo fundado pouco depois da guerra por ex-soldados
confederados - derrotados no conflito. Originalmente concebida como um clube recreativo, a KKK
rapidamente começou a promover a violência contra populações negras do sul dos EUA.
Por muitas décadas, grupos supremacistas brancos promoveram linchamentos, enforcamentos e
assassinatos de negros.
Não houve referências ao presidente americano Donald Trump durante todo o ato. Mas as críticas à
imprensa eram constantes e faziam coro com o slogan de Trump: "Não temos medo de 'fake news', seus
mentirosos".
Chorando muito, uma estudante era amparada por amigos. "É pior do que a gente pensava. É muito
pior. Isso vai virar um inferno."
"A negra está assustada!", gritou uma mulher, rindo junto a um grupo de homens portando tochas.
Alt-right
O prefeito de Charlottesville divulgou uma nota após a marcha, classificando o ato como "uma parada
covarde de ódio, fanatismo, racismo e intolerância".
"A Constituição permite que todo mundo tenha o direito de expressar sua opinião de forma pacífica,
então aqui está a minha: não só como prefeito de Charlottesville, mas como membro e ex-aluno da
universidade de Virginia, fico mais do que incomodado com essa demonstração não-autorizada e
desprezível de intimidação visual em um campus universitário".
Para o protesto deste sábado, são esperadas figuras como Richard Spencer, criador do termo alt-right,
uma abreviação de "alternative right", ou "direita alternativa", em português. O grupo é acusado de
racismo e antissemitismo e têm representantes no governo de Donald Trump.
Esta é a segunda vez que a cidade se torna sede de protestos de grupos supremacistas. Em 8 de
julho, aproximadamente 40 membros da sede local da Ku Klux Klan também acenderam tochas em
Charlottesville.
Presidente de uma organização que define como "dedicada à herança, identidade e ao futuro de
pessoas de ascendência europeia nos EUA", Spencer ganhou visibilidade internacional por fazer a
saudação "Hail Trump, hail nosso povo, hail vitória", logo após a eleição do republicano.
Formado em filosofia política na Universidade de Chicago, Spencer já declarou que o ativista negro
Martin Luther King Jr. era uma "fraude" e um símbolo da "desconstrução da Civilização Ocidental".
Também disse que imigrantes latinos nos EUA estavam "se assimilando ao longo das gerações rumo
à cultura e ao comportamento dos afro-americanos" e lamentou que o país estivesse se tornando diferente
da "América Branca que veio antes".

Corpos foram levados pela lama em deslizamento em Serra Leoa; mais de 400 mortes estão
confirmadas63
No continente africano, o deslizamento é um dos mais devastadores em décadas. Mulheres e crianças
foram os mais atingidos
No local em que ocorreu um deslizamento, na cidade de Freetown, capital de Serra Leoa, a
coordenadora de emergência dos Serviços Católicos, Idalia Amaya, afirma ter ficado horrorizada ao ver
casas arrastadas, vilarejos soterrados e corpos flutuando por ruas alagadas pela lama que se espalhou

63
O POVO ONLINE. Corpos foram levados pela lama em deslizamento em Serra Leoa; mais de 400 mortes estão confirmadas. O Povo online. Disponível em:
<http://www.opovo.com.br/noticias/mundo/2017/08/agente-em-serra-leoa-diz-que-corpos-foram-levados-pela-lama.html> Acesso em 17 de agosto de 2017.

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e já matou centenas de pessoas - mais de 400 mortes estão confirmadas e organizações humanitárias
estimam entre 600 e 1.500 desaparecidos. Em alguns bairros, há mais gente morta do que viva.
Amaya relata que viu corpos descendo pelos córregos, enquanto muitas pessoas choravam e gemiam.
Em entrevista à Thomson Reuters Foundation, a assistente humanitária disse ter tido um visão horrível.
A encosta de uma montanha desmoronou na manhã da última segunda-feira, no subúrbio de Freetown,
o que soterrou dezenas de residências.
No continente africano, o deslizamento é um dos mais devastadores em décadas. Mulheres e crianças
foram os mais atingidos, já que os homens haviam saído cedo para trabalhar. Pelo menos 3 mil pessoas
estão desabrigadas e precisam de alimentos. Para Amaya, a chance de encontrar sobreviventes é
improvável.

Atentado com van em Barcelona deixa 13 mortos e mais de 100 feridos64


O Estado Islâmico reivindicou o ataque em um comunicado divulgado por sua agência de propaganda
Pelo menos 13 pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas nesta quinta-feira em Barcelona,
quando uma van avançou sobre uma multidão em Las Ramblas, turística avenida da capital catalã, em
ataque terrorista reivindicado pelo grupo Estado Islâmico. "Nós podemos confirmar neste momento que
há 13 mortos e mais de uma centena de feridos", declarou à imprensa o ministro do Interior catalão,
Joaquim Forn, ao revisar para cima o balanço de feridos, que era de cinquenta pessoas.
O grupo Estado Islâmico (EI) reivindicou o ataque em um comunicado divulgado por sua agência de
propaganda Amaq e retransmitido pelo centro americano de vigilância dos sites extremistas, SITE.
Os autores "do ataque de Barcelona eram soldados do Estado Islâmico", indica o comunicado,
apontando que "a operação foi realizada em resposta aos pedidos de alvejar os Estados da coalizão"
internacional anti-extremista que atua na Síria e no Iraque.
Por volta das 17h locais (12h de Brasília), uma van atravessou a toda velocidade a mais turística das
avenidas de Barcelona, onde turistas espanhóis e estrangeiros costumam passear.

MUITO SANGUE
"Estava ao lado, no Corte Inglés [loja de departamentos] e ouvi um barulho forte. Tentamos sair, mas
não pudemos. Vi quatro, cinco corpos no chão e pessoas tentado reanimá-los, e muito sangue", contou
Lily Sution, uma turista holandesa.
"Quando tudo aconteceu, saí correndo e vi destroços, quatro corpos no chão, pessoas socorrendo,
gente chorando e também havia muitos estrangeiros que perderam os seus familiares", contou à AFP
Xavi Pérez, de 26 anos e balconista.
Dois suspeitos foram detidos. O primeiro foi identificado pela Polícia como Driss Oukabir, disse à AFP
um porta-voz do sindicato policial SUP. Depois, o presidente regional da Catalunha, Carles Puigdemont,
informou um segundo detido, sem dar maiores detalhes.
Este ataque remete a outros atentados terroristas na Europa com veículos, como o de Nice em 14 de
julho de 2016, quando um caminhão conduzido por um tunisiano foi lançado contra a multidão, matando
86 pessoas e deixando mais de 400 feridos.
O atentado provocou uma dura condenação da Casa Real espanhola.
"São uns assassinos, simplesmente uns criminosos que não vão nos aterrorizar. Toda a Espanha é
Barcelona. Las Ramblas voltarão a ser de todos", reagiu o Palácio real no Twitter.
"Os terroristas nunca derrotarão um povo unido que ama a liberdade diante da barbárie", assinalou o
chefe de Governo, Mariano Rajoy, que se deslocava até Barcelona junto com a sua vice-presidente e o
ministro do Interior, confirmou um porta-voz do governo à AFP.

CENAS DE PÂNICO
Enquanto a área de Las Ramblas na segunda cidade espanhola se mantinha cercada por um cordão
de segurança, a Polícia pediu à população que evitasse se deslocar. Inúmeros veículos de emergência e
policiais estavam no local, constatou um jornalista da AFP.
Em meio a cenas de pânico, alguns feridos foram levados ao Corte Inglés, aparentemente para receber
os primeiros socorros, indicou um jornalista da AFP. Os policiais pediam às lojas próximas ao local que
deixassem os pedestres entrar e fechassem as portas.
Outros agentes evacuaram a Praça Catalunha, enquanto diziam por alto-falantes: "ataque terrorista".
As autoridades ordenaram o fechamento das estações de metrô e de trem próximas à zona, enquanto
cancelavam todas as "atividades lúdicas" do dia na cidade.

64
AGENCE PRESSE-FRANCE. Atentado com van em Barcelona deixa 13 mortos e mais de 100 feridos. Em.com.br Internacional. Disponível em:
<http://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2017/08/17/interna_internacional,892860/atentado-com-van-em-barcelona-deixa-13-mortos-e-mais-de-100-
feridos.shtml> Acesso em 18 de agosto de 2017.

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Condenação internacional
O ataque também foi condenado internacionalmente.
"Estamos consternados com o ataque em Barcelona. O Brasil se solidariza com o povo espanhol.
Nossos sentimentos à família das vítimas", escreveu o presidente Michel Temer em sua conta no Twitter.
"Os Estados Unidos condenam o ataque terrorista em Barcelona, na Espanha, e farão todo o
necessário para ajudar", tuitou o presidente Donald Trump.
O presidente francês, Emmanuel Macron, transmitiu "a solidariedade da França às vítimas", enquanto
a primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que seu país "apoia a Espanha contra o terrorismo".
O presidente russo, Vladimir Putin, pediu que o mundo se una "em uma batalha intransigente contra
as forças do terror", após o violento ataque em Barcelona, informou o Kremlin.
"Nós pensamos com profunda tristeza nas vítimas do ataque revoltante de Barcelona - com
solidariedade e amizade nos espanhóis", escreveu Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã, Angela
Merkel, em sua conta no Twitter.
A Espanha, terceiro destino turístico mundial, permaneceu até agora à margem da onda dos atentados
do grupo Estado Islâmico em grandes cidade europeias como Paris, Bruxelas, Londres, Nice e Berlim.
Mas em 11 de março de 2004 sofreu os atentados extremistas mais sangrentos cometidos na Europa,
quando cerca de 10 bombas explodiram em vários trens de Madri deixando quase 200 mortos. Os ataques
foram reivindicados em nome da Al-Qaeda por uma célula islamita radical.

Tempestade tropical Harvey chega à Louisiana, já em estado de emergência65


Região ainda não se recuperou completamente dos danos do furacão Katrina
CAMERON, EUA — Cinco dias depois de ter tocado a terra no Texas e deixado um lastro de destruição
e inundações, a tempestade Harvey chegou nesta quarta-feira à Louisiana, nos Estados Unidos. O estado
ainda não se recuperou completamente dos danos causados pelo furacão Katrina, em 2005. De acordo
com o NWS, quase 13 milhões de pessoas estão sob alerta ou observação de enchentes nas duas
regiões. Segundo o jornal "The New York Times", há relatos de 30 mortes no Texas, de acordo com
autoridades locais.
O Centro Nacional de Furacões anunciou que Harvey tocou a terra ao oeste da cidade de Cameron
com "chuvas torrenciais" que encheram as ruas do Sudeste do Texas e do Sudoeste do estado vizinho,
Louisiana.
O presidente americano, Donald Trump, declarou na segunda-feira estado de emergência no estado
de Louisiana diante do avanço da tempestade tropical Harvey para outras partes do país. O Serviço
Nacional de Meteorologia (NWS) previa até 63,5 centímetros de chuva no estado. O nível das chuvas
atingiu recorde contínuo no território americano, excluindo o Havaí, chegando a 125,3 centímetros. O
órgão informou que o ápice das inundações no Texas deve ocorrer na quarta e na quinta-feira.

Medidas de segurança em Houston


Em Houston, foram registrados 76 centímetros de chuva desde sexta-feira. O prefeito de Houston,
Sylvester Turner, impôs na terça-feira um toque de recolher de 00h às 5h da manhã. A medida foi tomada
para impedir roubos e invasões em propriedades vazias na cidade e já entrou em vigor por um período
indefinido. Após saques, assaltos à mão armada e pessoas que se fingem de policiais, reforços de
segurança vão ser trazidos de outras regiões dos EUA.
Até agora, 13 mil pessoas já foram resgatadas em Houston e seus arredores, segundo autoridades
locais. A cidade está abrindo mais abrigos de emergências para aliviar a multidão que se encontra em
um centro de convenções, no momento com 10 mil pessoas. Alguns dos moradores vão ser transferidos
para uma casa de shows e uma arena de basquete próximas. A cidade também abrirá um novo abrigo no
lado oeste, onde mais de 3 mil casas foram inundadas. Um outro centro em Humble vai abrigar pessoas
dos subúrbios ao norte da cidade, segundo o prefeito.

Tempestade Harvey deixa milhares de desabrigados no Texas


A Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema) declarou no domingo que o fenômeno é o maior
desastre natural na história do Texas e deve levar a uma recuperação que poderá durar anos.
Após atingir o território americano como um furacão de categoria 4 — a segunda maior na escala
Saffir-Simpson — na noite de sexta-feira (25), Harvey se enfraqueceu para tormenta tropical, com ventos
de cerca de 110 km/h. Seu lento avanço pela região o torna muito perigoso, devido às chuvas torrenciais

65
O GLOBO. Tempestade tropical Harvey chega à Louisiania, já em estado de emergência. O Globo, Mundo. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/mundo/2017/08/30/2273-tempestade-tropical-harvey-chega-louisiana-ja-em-estado-de-
emergencia?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo> Acesso em 31 de agosto de 2017.

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que devem castigar a área com "enchentes prolongadas, perigosas e potencialmente catastróficas na
próxima semana", de acordo com o NWS.

Coreia do Norte anuncia teste com bomba de hidrogênio66


País afirma que artefato pode ser instalado em míssil intercontinental
Coreia do Norte testou neste domingo (03/09) sua bomba atômica mais potente até o momento, um
artefato termonuclear ou bomba H, que, segundo o regime, pode ser instalado em um míssil
intercontinental. Se confirmado, isso representa um importante e perigoso aumento de suas capacidades
militares.
O sexto experimento nuclear norte-coreano e segundo supostamente realizado com um artefato
termonuclear culmina um período de frenética atividade armamentista por parte do regime de Kim Jong-
un, após testar mais de uma dezena de mísseis balísticos desde o começo do ano, entre eles dois
intercontinentais.
Essa intensificação coincidiu com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro passado –
o de hoje é o primeiro teste atômico norte-coreano sob seu mandato –, e gerou uma das piores crises de
segurança na região nos últimos anos.
O novo experimento atômico ocorreu hoje (3) por volta das 12h30 (horário local, 0h30 em Brasília),
quando os institutos sismológicos de Seul, Tóquio e Pequim detectaram um forte terremoto de origem
aparentemente artificial devido a sua pouca profundidade e com hipocentro na província onde a Coreia
do Norte realizou seu teste nuclear anterior.
Algumas horas depois, a imprensa oficial norte-coreana anunciou que o país tinha testado com "total
sucesso" um artefato termonuclear que pode ser instalado em um dos seus mísseis balísticos
intercontinentais (ICBM).
"O teste foi realizado com uma bomba com poder sem precedentes", disse a locutora da rede estatal
KCTV Ri Chun-hee, a encarregada de dar as notícias mais importantes para o regime, acrescentando
que o experimento teve "duas fases" e foi executado por ordem direta do líder Kim Jong-un.
A intensidade da detonação detectada neste domingo pelos países vizinhos e pela Organização do
Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBTO, na sua sigla em inglês) indica que se tratou de
um ensaio muito mais potente que os cinco anteriores executados pelo regime.
A explosão teve uma potência estimada próxima a 100 quilotons, cinco vezes maior que o teste atômico
norte-coreano anterior, de setembro do ano passado, e cerca de 11 vezes superior à detectada em janeiro
do mesmo ano, quando Pyongyang afirmou ter testado outra bomba de hidrogênio.
Uma análise posterior apontou que o teste de janeiro de 2016 foi de um artefato de características
inferiores a um termonuclear, e desta vez Seul e Tóquio assinalaram que ainda estão analisando os dados
recolhidos para determinar se tratou-se de uma bomba H.
O teste volta a demonstrar que a Coreia do Norte não tem intenção de abandonar seu programa
nuclear apesar da pressão sem precedentes da comunidade internacional e dos recentes apelos ao
diálogo de Washington e Seul.

Comunidade internacional condena teste


A Itália, Estados Unidos, China, Rússia, Japão, Coreia do Sul, França, além da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia condenaram o novo teste nuclear com uma bomba
de hidrogênio realizado pela Coreia do Norte neste domingo (3) A comunidade internacional repudiou a
nova violação das diversas resoluções do Conselho de Segurança das Organizações das Nações Unidas
(ONU) e exigiram o fim dos programas nuclear e balístico do país asiático.
O ministro das Relações Exteriores, Angelino Alfano, chamou a atitude da Coreia do Norte de
"irresponsável" e condenou o novo teste dizendo que "é a mais clara violação de muitas resoluções do
Conselho de Segurança das Nações Unidas".
"A Itália expressa sua solidariedade com os países da região pelas consequências do comportamento
irresponsável de Pyongyang", diz a nota do governo italiano.
O primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, entrou em contato por telefone com o presidente da
França, Emmanuel Macron, para comentar a situação, segundo fontes oficiais.
Em nota, o francês disse que "a comunidade internacional deve tratar esta nova provocação com a
maior firmeza, para que a Coreia do Norte volte incondicionalmente ao caminho do diálogo e proceda ao
desmantelamento completo, verificável e irreversível de seu programa nuclear e balístico".

66
AGÊNCIA BRASIL E EFE. Coreia do Norte anuncia teste com bomba de hidrogênio. Época Negócios. Disponível em:
<http://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2017/09/coreia-do-norte-anuncia-teste-com-bomba-de-
hidrogenio.html?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=post> Acesso em 04 de setembro de 2017.

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De acordo com a Casa Branca, o presidente norte-americano, Donald Trump, telefonou para o
primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, para conversar sobre uma possível medida para "maximizar a
pressão sobre a Coreia do Norte".
Na conversa, os dois líderes reafirmaram a importância de uma estreita cooperação entre os Estados
Unidos, a Coreia do Sul e o Japão diante da "crescente ameaça dos norte-coreanos" e ainda destacaram
que medidas serão discutidas na Assembleia Geral da ONU.
No Twitter, Trump disse que as palavras e ações da Coreia do Norte continuam sendo muito hostis e
perigosas para os Estados Unidos. O republicano ainda disse que o país se tornou uma grande ameaça
e um constrangimento para a China. Além disso, Trump convocou uma reunião de emergência do
Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca para tratar o teste da Coreia do Norte.
Por sua vez, o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, anunciou que irá "preparar
uma série de sanções, que apresentarei ao presidente" para punir os norte-coreanos.
"Aqueles que fazem negócios com eles (Coreia do Norte) não poderão fazer negócios conosco.
Trabalharemos com nossos aliados. Trabalharemos com a China", indicou ele.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que "a Coreia do Norte ignorou a
oposição da comunidade internacional efetuando um novo teste nuclear. O governo chinês expressa forte
oposição e forte condenação".
"Nós recomendamos que a Coreia do Norte olhe para o forte desejo expressado pela comunidade
internacional sobre a questão da desnuclearização, apoiada seriamente pelo Conselho de Segurança da
Onu, para evitar tomar as ações erradas que pioram a situação", acrescentou.
Já o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse que o novo teste nuclear foi "uma ameaça de
segurança séria e imediata" que "aumenta ainda mais o perigo do regime" e "compromete seriamente a
paz e a segurança no país".
Por sua vez, a Otan se disse preocupada com as ações "desestabilizadoras de Pyongyang", porque
representam uma "ameaça para a segurança nacional e internacional". "A Coreia do Norte cessa
imediatamente todas as atividades nucleares, balísticas, totalmente verificáveis e irreversíveis existentes
e retoma o diálogo com a comunidade internacional", ressaltou Jens Stoltenberg, secretário-geral da
Otan. A União Europeia definiu o teste como uma "grave provocação" e acrescentou que se trata de uma
nova violação "direta e inaceitável" das obrigações internacionais de Pyongyang.
"A mensagem da União Europeia é clara: a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) deve
abandonar os seus programas nucleares, de armas de destruição em massa e de mísseis balísticos de
forma completa, verificável e irreversível e pôr fim imediatamente a todas as atividades relacionadas",
afirmou em comunicado a representante da União para Assuntos Exteriores, Federica Mogherini. O
Ministério das Relações Exteriores da Rússia pediu calma e que todos os envolvidos mantenham o
diálogo. Por sua vez, o presidente sul-coreano Moon Jae-in, disse que Seul "nunca permitirá que a Coreia
do Norte continue avançando com suas tecnologias nucleares e de mísseis", segundo a agência local
"Yonhap".

Confiscadas possíveis cédulas censitárias para referendo na Catalunha67


Um juiz ordenou nesta terça-feira o confisco de uma grande quantidade de material encontrado em
uma empresa transportadora na Catalunha, que poderia se tratar de cédulas censitárias para o referendo
de autodeterminação proibido pela Justiça espanhola, anunciou o Tribunal Superior de Justiça da
Catalunha.
A "enorme quantidade de envelopes com o logotipo da Generalitat", o Executivo catalão, foi descoberta
pela Guarda Civil em uma sede da empresa Unipost em Terrasa, a 30 km de Barcelona, indicou o auto
do juiz de guarda nessa localidade.
Segundo o documento, os envelopes "poderiam conter as cédulas censitárias necessárias para
celebrar o referendo de 1º de outubro", convocado pelo Executivo separatista da Catalunha, mas proibido
pelo Tribunal Constitucional espanhol.
A imprensa espanhola indicou que o material incluiria efetivamente as cédulas censitárias, que
informam os eleitores o seu local de votação, assim como citações para os que deverão ser membros da
mesa no referendo.
Com cartazes a favor do referendo, dezenas de pessoas se concentraram em frente à empresa. Alguns
deles se sentaram, de forma a bloquear a porta, para impedir a entrada do secretário judicial para entregar
a ordem de confisco.

67
AFP. Confiscadas possíveis cédulas censitárias para referendo na Catalunha. Jornal de Santa Catarina. Disponível em: <
http://jornaldesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/mundo/noticia/2017/09/confiscadas-possiveis-cedulas-censitarias-para-referendo-na-catalunha-9906409.html> Acesso
em 21 de setembro de 2017.

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Estes manifestantes foram retirados por agentes da Polícia catalã, segundo constatou um jornalista da
AFP.
O material será levado a dependências judiciais para determinar se efetivamente tratam-se de cédulas
censitárias, o que poderia acarretar em sanções ao responsável da empresa transportadora como
"cooperador necessário de um crime de malversação de bens públicos".
As instituições espanholas aumentaram as ações para impedir a realização do referendo: incursões
em locais de impressão e que possam fornecer material eleitoral, e citações da Procuradoria a prefeitos
dispostos a permitir a votação, entre outras medidas.
A Guarda Civil confiscou no domingo, próximo a Barcelona, 1,3 milhão de panfletos, folhetos e cartazes
para o referendo.
Os separatistas são maioria no Parlamento catalão desde 2015, mas a sociedade catalã se mostra
muito dividida diante da independência desta região de 7,5 milhões de habitantes, segundo as pesquisas.
Nas eleições regionais de 2015, os separatistas obtiveram 47,6% dos votos, e os defensores de
permanecer na Espanha, 51,28%. Mas 70% dos catalães são a favor de acabar com a questão por meio
de um referendo legal, segundo as pesquisas.

EUA substituem veto migratório por restrição a 8 países, incluindo Venezuela e Coreia do
Norte68
A medida entrará em vigor no dia 18 de outubro. Sudão foi retirado da lista original e Chade, Coreia
do Norte e Venezuela foram incluídos no novo veto.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, substituiu neste domingo o polêmico veto imigratório
a seis países de maioria muçulmana, que expirou hoje, por um decreto que impõe restrições a oito nações,
entre eles a Venezuela e a Coreia do Norte.
Os países afetados pela nova medida são: Irã, Líbia, Síria, Iêmen, Somália, Chade, Coreia do Norte e
Venezuela. A medida entrará em vigor no dia 18 de outubro.
O veto de Trump, emitido em março, entrou em vigor parcialmente no final de junho e impedia durante
120 dias a entrada nos EUA de refugiados e, durante 90 dias, o de cidadãos de seis países de maioria
muçulmana (Irã, Somália, Sudão, Síria, Iêmen e Líbia).
O Tribunal Supremo dos EUA permitiu sua entrada em vigor e deu liberdade ao Executivo para definir
suas próprias normas de aplicação, ainda que em uma audiência programada para o dia 10 de outubro
estudará sua legalidade a fundo.
"As novas restrições se baseiam em uma revisão mundial em função da informação de que as nações
afetadas compartilham com os EUA, e não em critérios de religião ou raça", explicaram funcionários de
alto escalão do Governo em coletiva de imprensa.
"As restrições são vitais para a segurança nacional", destacou um desses funcionários.
"Portanto, se somam à lista Chade, Coreia do Norte e Venezuela, saindo dela o Sudão devido a seu
"melhor nível de cooperação" com as autoridades americanas", explicaram os representantes do Governo
na coletiva.
"A Venezuela foi incluída porque seu Governo não coopera em verificar se os seus cidadãos
representam ameaça para a segurança nacional ou para a segurança pública", segundo a ordem emitida
por Trump.
"Logo, as restrições se centram em funcionários do Governo da Venezuela que são responsáveis pelas
deficiências identificadas", acrescentaram na coletiva os representantes do Executivo americano.
Trump emitiu uma primeira versão do veto migratório no dia 27 de janeiro, mas teve que assinar outro
decreto em março para substituí-lo e restringi-lo, por causa dos contínuos revezes judiciais.
O segundo decreto, diferente do anterior, deixou de fora os cidadãos do Iraque e modificou a provisão
sobre os refugiados sírios, ao proibir sua entrada no país durante 120 dias e não de maneira indefinida,
como estabelecia o veto original.

Maduro pede que militares 'lubrifiquem' fuzis diante de ameaça dos EUA69
Em agosto, Trump não descartou a possibilidade do uso da força para pressionar Caracas a
restabelecer a democracia
CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, apelou nesta terça-feira, 26, às Forças
Armadas para que "lubrifiquem" os fuzis diante das ameaças do presidente americano, Donald Trump.

68
AGENCIA EFE. EUA substituem veto migratório por restrição a 8 países, incluindo Venezuela e Coreia do Norte. G1, Mundo. Disponível em:
<https://g1.globo.com/mundo/noticia/eua-substituem-veto-migratorio-por-restricao-a-8-paises-incluindo-venezuela-e-coreia-do-norte.ghtml> Acesso em 25 de
setembro de 2017.
69
O ESTADO DE S.PAULO. Maduro pede que militares ‘lubrifiquem’ fuzis diante de ameaça dos EUA. Estadão, Internacional. Disponível em:
<http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,maduro-pede-que-militares-lubrifiquem-fuzis-diante-de-ameaca-dos-eua,70002017182> Acesso em 27 de
setembro de 2017.

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"Estamos sendo ameaçados descaradamente pelo império mais criminoso que já existiu e temos a
obrigação de nos preparar para garantir a paz", disse Maduro durante uma cerimônia na base aérea
Libertador, na cidade de Maracay (norte).
Dois dias após Trump incluir a Venezuela na lista de países com restrições para viagens aos Estados
Unidos, Maduro destacou que para obter a "prosperidade" é necessário "ter os fuzis, os mísseis e os
tanques bem lubrificados, preparados (...) para defender cada palmo do território" venezuelano.
Em agosto, Trump não descartou a possibilidade do uso da força para pressionar Caracas a
restabelecer a democracia. "O futuro da humanidade não pode ser o mundo das sanções ilegais, da
perseguição econômica", assinalou Maduro, vestido com uma camisa verde oliva e uma boina militar.
O líder venezuelano pediu às Forças Armadas "máxima lealdade", enquanto centenas de soldados
realizavam manobras terrestres e aéreas, incluindo um desembarque de tropas e combates corpo a
corpo.
Aviões de fabricação russa sobrevoaram a base durante a cerimônia, na qual também desfilaram
tanques, veículos blindados e mísseis.
"A Venezuela conta hoje com o sistema de mísseis mais moderno que as Forças Armadas já
possuíram em sua história", destacou Maduro, em claro desafio a Trump, que considera o líder chavista
de "ditador".
Sanções. "Tenho esperança de que nossos amigos na União Europeia seguirão em breve os Estados
Unidos, o Canadá e muitas outras nações latino-americanas na sanção ao regime de (o presidente
Nicolás) Maduro", disse hoje Trump em uma entrevista coletiva com o chefe de governo espanhol,
Mariano Rajoy.
O presidente americano afirmou que na Venezuela a população "tem suportado uma fome imensa,
sofrimentos e perigos, além de instabilidade política" sob o que denominou de "um opressivo regime
socialista".
Rajoy, por sua vez, disse que em uma reunião e um almoço de trabalho que manteve com Trump
compartilharam impressões sobre a "orientação totalitária" na Venezuela, assim como seu "consequente
empobrecimento".
"Constatamos a necessidade de manter a pressão internacional sobre o governo venezuelano", leu
Rajoy. "Estamos liderando na UE a proposta para sancionar a Venezuela."
Na visão de Rajoy, o país sul-americano "está em uma orientação que o leva inevitavelmente a uma
ditadura" e por isso está convencido de que "as sanções são importantes", assim como uma "coalizão
internacional que pressione" o governo de Caracas.
Até o momento somente os Estados Unidos e o Canadá adotaram sanções financeiras ou contra
funcionários do governo venezuelano.
Washington adotou as primeiras sanções contra a Venezuela durante o governo de Barack Obama,
embora Trump tenha endurecido notavelmente as medidas.
No domingo, a Casa Branca vetou a entrada em território americano de certos funcionários
venezuelanos, ao incluir o país em uma lista integrada por Coreia do Norte, Irã, Chade, Líbia, Síria,
Somália e Iêmen.
Na sexta-feira, o governo canadense anunciou a adoção de sanções contra o presidente venezuelano,
Nicolás Maduro, e outros 39 funcionários aos quais responsabilizou pela "deterioração da democracia".
As medidas tomadas pelo governo de Justin Trudeau se referem "ao congelamento de ativos e à
proibição de transações dirigidas a indivíduos específicos", assim como à proibição para os canadenses
de "prestar seus serviços financeiros ou serviços conexos".
O governo venezuelano acusou a Casa Branca de usar o "terrorismo psicológico" com suas sanções
e denunciou o governo canadense por se submeter a uma "subordinação aberrante" a Trump.
Na segunda-feira, o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro,
emitiu um novo relatório sobre a Venezuela, no qual pediu à comunidade internacional que aplique mais
sanções contra o governo de Caracas. / AFP

Questões

01. (TJM/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP) Com Trump eleito, medo toma conta da
comunidade muçulmana nos EUA
O país elegeu o republicano, querido pela maioria dos movimentos extremistas. Vivem nos EUA 3,3
milhões de muçulmanos, 1% da população. Na comunidade, é forte a fobia de uma Casa Branca sob a
guarda do empresário. (Folha, 12.11.2016. Disponível em: <https://goo.gl/EzXE46>. Adaptado)
Tal fobia deve-se à proposta de campanha de Trump de
(A) vetar a entrada de muçulmanos nos EUA, especialmente de países com histórico terrorista.

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(B) proibir a construção de novas mesquitas no país, impedindo a disseminação da religião.
(C) criminalizar o culto islâmico em espaços públicos, restringindo-o à prática doméstica.
(D) expulsar a população muçulmana estrangeira residente nos EUA, cassando os seus vistos.
(E) censurar a utilização de roupas muçulmanas, tais como o véu utilizado por mulheres.

02. (TJM/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP) De saída do governo, o ex-ministro da


Cultura, Marcelo Calero, acusa o ministro Geddel Vieira Lima (Governo) de tê-lo pressionado para
favorecer seus interesses pessoais. Calero diz que o articulador político do governo Temer o procurou
pelo menos cinco vezes, por telefone e pessoalmente.
(Folha, 19.11.2016. Disponível em:<https://goo.gl/YjmzVm> . Adaptado)
Marcelo Calero acusa Geddel Vieira Lima de pressionar o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional), órgão subordinado à Cultura, a
(A) aprovar projeto imobiliário de interesse particular de Geddel localizado nas cercanias de bens
históricos tombados pelo patrimônio.
(B) financiar projetos de restauro de prédios históricos que pertencem a empresários próximos a
Geddel que pretendem explorá-los economicamente.
(C) rejeitar o tombamento de uma nova área que está em discussão no órgão para favorecer
empreendimentos que interessam a Geddel.
(D) direcionar projetos, investimentos e recursos voltados à preservação do patrimônio histórico na
região da base eleitoral de Geddel.
(E) nomear aliados e políticos próximos a Geddel para funções estratégicas e cargos de confiança do
órgão, favorecendo o loteamento de cargos.

03. (CRB – 6ª Região – Auxiliar Administrativo – QUADRIX) Sobre as investigações da chamada


"Lava-Jato", analise as seguintes afirmativas.
I. O promotor público Sergio Moro é um dos principais agentes no que se refere ao andamento das
investigações, o que fez com que ele ficasse conhecido nacionalmente.
II. Até o momento, diversos políticos e representantes de empreiteiras foram denunciados, sendo que
alguns já foram presos.
III. A denominação dada à operação é proveniente de uma investigação semelhante ocorrida em
postos de gasolina nos Estados Unidos nos anos 90.
Está correto o que se afirma em:
(A) I, somente.
(B) I e II, somente.
(C) I e III, somente.
(D) II, somente.
(E) todas.

04. (Pref. Tremembé/SP – Oficial de Escola – Instituto Excelência) O Impeachment de Dilma


Rousseff foi um dos acontecimentos recentes mais importantes do Brasil, do ponto de vista político.
Referente a isto, assinale a alternativa CORRETA:
(A) Em discurso, o ex-presidente Fernando Collor adotou um tom conciliador com a oposição, gritando
“Não vai ter golpe”.
(B) Como previsto no texto constitucional, Dilma Rousseff teve que se afastar temporariamente do
cargo. Seu vice, Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu interinamente o posto.
(C) Foi montada uma Comissão Especial de Impeachment para apurar as denúncias do processo,
ouvir testemunhas da acusação e da defesa e debater política e juridicamente o caso.
(D) Nenhuma das alternativas.

05. (Câmara de Maria Helena – Advogado – FAUL) Votada recentemente pelo Senado Federal, a
chamada PEC 55 gerou uma série de protestos por todo o país. Assinale a alternativa que melhor define
essa PEC:
a) Medida provisória que promove alterações na estrutura do Ensino Médio, última etapa da educação
básica nacional.
b) Processo instaurado com base em denúncia de crime de responsabilidade contra alta autoridade
do poder executivo.
c) Proposta que altera a Constituição Federal e institui um novo regime fiscal no país, estabelecendo
um limite para os gastos do governo.

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d) Trata-se da maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já conheceu,
centralizada em recursos desviados da Petrobras.

06. (Prefeitura de Cipotânea – MG – Enfermeiro - REIS & REIS/) “Apontada como um mecanismo
importante de financiamento cultural no Brasil, a ________________ é constantemente alvo de críticas e
voltou ao debate nacional por causa da extinção – agora revertida – do Ministério da Cultura na gestão
interina de Michel Temer. Esta Lei foi criada em 1991, durante o governo Collor, e permite que produtores
e instituições captem, junto a pessoas físicas e jurídicas, recursos para financiar projetos culturais. O valor
destinado a esses projetos pode ser deduzido integralmente do Imposto de Renda a pagar.”
Marque a alternativa que completa corretamente o enunciado acima:
(A) Lei Collor.
(B) Lei Rouanet.
(C) Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
(D) Lei Echer.

07. (TJ-SP – Assistente Social Jurídico – Vunesp) O presidente Michel Temer sancionou na noite
desta sexta-feira o projeto de lei que regulamenta a terceirização no país.
A iniciativa foi publicada em edição extra do “Diário Oficial da União” e inclui vetos parciais a três pontos
da proposta.
(Folha de S.Paulo, 31.03.2017)
O projeto de lei sancionado
(A) Isenta as empresas contratantes e contratadas dos serviços terceirizados de qualquer ação no
âmbito da Justiça do Trabalho e determina que todos os trabalhadores terceirizados devem se constituir
em microempresários, dessa forma responsáveis pelos tributos relacionados ao trabalho.
(B) Determina que todas as empresas privadas podem terceirizar qualquer atividade profissional,
desde que todos os direitos trabalhistas sejam respeitados, e veta a utilização de trabalho terceirizado
para as empresas de economia mista e a administração pública, com exceção para a área de saúde.
(C) Limita a terceirização do trabalhador à denominada atividade-meio e, em caso de litígio trabalhista,
as empresas contratadas e contratantes devem ser acionadas conjuntamente na Justiça do Trabalho e
dividirão os custos das indenizações relacionadas a tais processos.
(D) Impede que a empresa de terceirização subcontrate outras empresas, prática denominada de
quarteirização, e amplia os direitos trabalhistas dos funcionários das empresas de terceirização, por
exemplo o aumento da multa sobre o valor dos depósitos do FGTS em caso de demissão sem justa
causa.
(E) Permite a terceirização de todas as atividades e autoriza a empresa de terceirização a subcontratar
outras empresas para realizar serviços de contratação, remuneração e direção do trabalho e atribui à
empresa terceirizada, em casos de ações trabalhistas, o pagamento dos direitos questionados na Justiça,
se houver condenação.

08. (CRBio-1ª Região – Auxiliar Administrativo – Vunesp ) O ministro (...) foi escolhido para ser o
novo relator dos processos da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), em sorteio
realizado nesta quinta-feira (02.02) por determinação da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia.
O ministro vai herdar os processos ligados à operação que estavam com o ministro Teori Zavaski,
morto num acidente aéreo em janeiro. Estavam sob a relatoria de Teori 16 denúncias e outros 58
inquéritos relacionados à Lava Jato.
(Uol, https://goo.gl/NANZYF, 02.02.2017. Adaptado)
O novo relator escolhido por sorteio é o ministro

(A) Alexandre de Moraes


(B) Dias Toffoli
(C) Edson Fachin
(D) Gilmar Mendes
(E) Luiz Fux

09. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – Vunesp) A crise atual entre os EUA e a Coreia do
Norte se intensificou em 8 de abril, quando, após um teste de míssil frustrado pela Coreia do Norte,
Trump disse ter enviado uma “armada muito poderosa” para a península coreana, uma referência ao
porta-aviões USS Carl Vinson e a um grupo tático.
(G1, 23.04.17. Disponível em: <https://goo.gl/20hQJx>. Adaptado)

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Entre as reações da Coreia do Norte a essa ação norte-americana, é correto identificar

(A) a decisão de interromper o programa nuclear, o convite público a agentes de inspeção da ONU e
a aproximação com os países vizinhos.
(B) a ruptura com a moderada e conciliatória China, a ameaça de invasão da Coreia do Sul e a
hostilização do Japão.
(C) o seu desligamento da ONU, a expulsão dos diplomatas dos países ocidentais e a aliança com
outros países comunistas.
(D) o pedido de intermediação da China, o recurso à ONU para negociação e o aceno aos EUA com
uma proposta de acordo.
(E) a exibição pública do seu arsenal militar, a realização de novos testes de mísseis e a ameaça de
um ataque nuclear preventivo.

10. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – Vunesp) Os chanceleres dos países fundadores do
Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) farão uma reunião de emergência neste sábado [1
de abril] em Buenos Aires para discutir sua reação à situação da Venezuela. O tema central deverá
ser a suspensão do país do bloco econômico. É possível que se discuta uma medida ainda mais dura:
a expulsão.
(Estadão, 31.03.17. Disponível em: <https://goo.gl/w9Pv4N> . Adaptado)
Essa possível suspensão ou expulsão deve-se
(A) à aplicação da cláusula democrática, que determina alguma sanção nos casos de interrupção da
ordem democrática, como estaria ocorrendo na Venezuela.
(B) à realização de práticas irregulares de protecionismo e renúncia fiscal na Venezuela, contrariando
as políticas de livre comércio do bloco.
(C) à recusa da Venezuela em aceitar as propostas que visam à construção de uma moeda única para
o bloco, o que atrasa o processo de integração.
(D) aos obstáculos impostos pela Venezuela às negociações dos tratados de comércio com os EUA,
destoando das decisões dos outros países do bloco.
(E) à iminência de guerra civil por conta da profunda crise social que atinge a Venezuela, retirando o
país da situação de paz interna exigida pelo bloco.

11. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – Vunesp ) O governo endureceu as negociações com
os parlamentares e deu um basta a novas concessões na reforma da Previdência, rejeitando assim
o lobby pesado de algumas categorias do serviço público, sobretudo com altos salários.
(O Globo, 23.04.17. Disponível em: <https://goo.gl/E79kQQ> . Adaptado)

(A) a aplicação do fator previdenciário para servidores públicos e o direito à aposentadoria com menos
anos de contribuição do que os trabalhadores privados.
(B) a integralidade, que garante a aposentadoria com o último salário da carreira, e a paridade, que
garante ao servidor aposentado reajustes salarias iguais ao do pessoal da ativa.
(C) o período mínimo de 25 anos de contribuição, que passaria para 35 com a reforma, e o mínimo de
50 anos de idade para aposentar-se, que poderia aumentar para 60 anos.
(D) a estabilidade após dez anos de serviço e o pagamento, aos filhos, de pensão integral vitalícia no
caso de servidores públicos que venham a falecer.
(E) a não contribuição dos servidores com o INSS, destinado apenas à aposentadoria na iniciativa
privada, e o direito ao aumento real anual no valor da aposentadoria.

Respostas
01. Resposta: A.
"Vivem nos EUA 3,3 milhões de islâmicos, 1% da população. Na comunidade, é forte a fobia de uma
Casa Branca sob a guarda do empresário que prometeu dar um pontapé no “politicamente correto” e vetar
a entrada de islâmicos no país.
Trump enviou a ideia na esteira de atentados como o de San Bernardino e Orlando, cometidos por
adeptos dessa fé que, contudo, já eram naturalizados ou nascidos no país.
Ainda não se sabe como e se ele vai fazer tudo o que prometeu durante a campanha. O republicano
já havia recuado da proposta em parte, declarando que só baniria islâmicos de países com histórico
terrorista, como refugiados sírios."
(http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/11/1831788-com-trump-eleito-medo-toma-conta-da-
comunidade-muculmana-nos-eua.shtml)

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02. Resposta: A.
Segundo Calero, Geddel o procurou, em ao menos cinco ocasiões, em busca de conseguir, junto ao
Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) a liberação de um projeto imobiliário em área
tombada de Salvador, na Bahia. Vieira Lima afirmou para Calero ser dono de um apartamento no prédio,
que dependia de aprovação federal, após ter sido liberado pelo Iphan da Bahia, comandado por seus
aliados.

03. Resposta: D.
I. Errado - Sérgio Moro é juiz federal, e não promotor público.
II. Correto.
III. Errado - A operação tem esse nome porque, em seus primórdios, os grupos faziam uso de uma
rede de lavanderias em Brasília e postos de combustíveis para movimentar os valores oriundos de suas
práticas criminosas.

04. Resposta: C.
A Comissão Especial do Impeachment aprovou em sessão nesta quinta-feira (4), por 14 favoráveis e
5 contrários, o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) que diz que a presidente afastada
Dilma Rousseff cometeu ilegalidades e recomenda que o caso seja levado a julgamento final.
Com a decisão, se encerraram os trabalhos da Comissão de Impeachment. A sessão durou quase três
horas, e 22 senadores discursaram. O parecer do relator Anastasia será agora votado pelo plenário
principal do Senado em sessão prevista para a próxima terça-feira (9). Se a maioria simples dos
senadores também aprovar o relatório de Anastasia, Dilma será levada a julgamento final, com início
previsto para o final deste mês.
Dos 21 integrantes da comissão, 20 tinham direito a voto, porque Raimundo Lira, presidente do
colegiado, só votaria em caso de empate. No entanto, foram registrados somente 19 votos porque o
senador Wellington Fagundes (PR-MT) não compareceu à votação por motivos pessoais e suplente dele,
Eduardo Amorim (PSC-SE), também não estava presente.
(http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/08/por-14-votos-5-comissao-especial-recomenda-que-dilma-
seja-julgada.html)

05. Resposta: C
A PEC 55 “institui o Novo Regime Fiscal no âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da
União, que vigorará por 20 exercícios financeiros, existindo limites individualizados para as despesas
primárias de cada um dos três Poderes, do Ministério Público da União e da Defensoria Pública da União”
(fonte: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/127337)

06. Resposta: B
Segue na íntegra a notícia onde ainda há debates a respeito da lei Rouanet (Referência: <
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-36364789> Acesso em 21 de junho de 2017.).

07. Resposta: E
Seria algo como uma “quarteirização”. As novas regras permitem que uma empresa terceirizada
terceirize o serviço para o qual ela foi contratada ou para que essas empresas encontrem outras para
executar esse serviço. Segue o link explicativo < http://g1.globo.com/politica/noticia/temer-sanciona-com-
3-vetos-projeto-da-camara-sobre-terceirizacao.ghtml>

08. Resposta: C
Como tem sido recorrente em notícias que envolvem política, é sabido que o ministro Edson Fachin foi
sorteado para a função de relator da Operação Lava Jato no lugar do ministro Teori Zavaski. Segue o link
com uma notícia do dia do sorteio <http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,edson-fachin-sera-o-
relator-da-lava-jato-no-stf,70001650453>

09. Resposta: E
Cerca de uma semana após esse episódio, Pyongyang dá uma resposta indireta ao presidente dos
Estados Unidos através de desfile organizado em comemoração à data de aniversário de seu avô. Segue
o link com a notícia na íntegra e imagens do arsenal exibido pelo líder exército norte-coreano.

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10. Resposta: A
A data da questão remete a uma situação anterior. No dia seguinte os países que compõem o Mercosul
usaram a clausula democrática e infligiram nova suspensão à Venezuela (ela já havia sido suspensa em
dezembro de 2016). A nova suspensão é um grande passo em direção à expulsão do país do bloco.

11. Resposta: B
Próximo a data da notícia, Temer já havia feito reuniões para manter a reforma sem alteração, mesmo
com as reivindicações de vários setores. <https://oglobo.globo.com/economia/temer-reune-lideres-
determina-que-texto-da-reforma-da-previdencia-sera-votado-como-esta-21246160> . Após suas
recentes vitórias é provável que a base governista tenha força para aprovar a reforma da maneira que
está.

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