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Diogo Mentor é Mestre em Direito Econômico e Desenvolvimento pela Universidade Candido
Mendes; Especialista em Direito Penal e Processual Penal Alemão, Europeu e Internacional pela
Escola Alemã de Ciências Criminais da Georg-August-Universität Göttingen; Pós-graduado em
Direito pelo Instituto Superior do Ministério Público; Graduado em Direito pela Universidade
Candido Mendes; Coordenador Técnico do curso de Pós-graduação em Direito Penal Empresarial
e Criminalidade Complexa do Ibmec; Professor de Direito Penal Econômico dos Cursos de Pós-
Graduação e LL.M. em Direito do Ibmec; Professor e Coordenador dos cursos de Direito Penal da
Escola Superior de Advocacia - ESA/OAB-RJ; Professor de Direito Penal Econômico da Pós-
graduação em Ciências Penais do Instituto de Educação e Pesquisa do Ministério Público do
Estado do Rio de Janeiro - IEP-MPRJ; Professor de Direito Penal Econômico da Pós-graduação
em Ciências Criminais da Universidade Candido Mendes - Ucam; Professor de Direito Penal da
AVM - Faculdade Integrada; Membro da Comissão de Processo Penal da OAB/RJ; Membro da
Comissão de Direito Penal do Instituto dos Advogados Brasileiros - IAB; Membro do Instituto
Brasileiro de Ciências Criminais - IBCCrim; Membro Fundador do Instituto de Proteção das
Garantias Individuais - IPGI; Sócio Fundador do Escritório de Advocacia Criminal Serpa & Mentor
Advogados; Diretor da Seção Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (2011-
2013); Assessor Jurídico dos Desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro (2006-2011).
2
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012.
3
ARAGONESES ALONSO, Pedro. Instituciones de Derecho Procesal Penal. 5. ed. Madri: Editorial
Rubí Artes Gráficas, 1984.
2
4
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012.
5
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012.
3
Tal caminho, diz a doutrina – por todos, Aragoneses Alonso6 – converge para
as regras processuais penais, as quais devem ser reconhecidas como sendo a única
estrutura legítima para a satisfação da pretensão acusatória e para a imposição de
uma pena; assim não fosse e evidentemente estaríamos regredindo à autotutela.
Vê-se, pois, que a evolução histórica do processo penal caminha
conjuntamente com a própria evolução da pena, passando da autotutela ao
processo punitivo legitimamente exercido pelo Estado.
Los principios de la política procesal de una nación no son otra cosa que
segmentos de su politica estatal en general. Se puede decir que la
estructura del proceso penal de una nación no es sino el termómetro de los
elementos corporativos o autoritarios de su Constitución. Partiendo de esta
6
ARAGONESES ALONSO, Pedro. Instituciones de Derecho Procesal Penal. 5. ed. Madri: Editorial
Rubí Artes Gráficas, 1984.
7
In Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 2. ed. rev. e amp. Nova Fronteira.
8
CARNELUTTI, Francesco. Derecho Procesal Civil y Penal. Trad. Henrique Figueroa Alfonzo.
México: Episa, 1997.
4
9
GOLDSHMIDT, James. Problemas Jurídicos y Políticos Del Proceso Penal. Barcelona: Bosch, 1935.
10
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
5
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BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Processo Penal. Rio de Janeiro: Campus – Elsevier,
2012.
6
O processo não pode mais ser visto como um simples instrumento a serviço
do poder punitivo (Direito Penal), senão que desempenha o papel de
limitador do poder e garantidor do indivíduo a ele submetido. Há que se
compreender que o respeito às garantias fundamentais não se confunde
com impunidade, e jamais se defendeu isso. O processo penal é um
caminho necessário para chegar-se, legitimamente, à pena. Daí por que
somente se admite sua existência quando ao longo desse caminho forem
12
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
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13
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012.
14
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Processo Penal. Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2012.
8
15
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Iavhy. Processo Penal. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. p. 22-23.
16
Fac-símile editado por Martin Claret, São Paulo, 2004, p. 17. Apud BADARÓ, Gustavo Henrique
Righi Iavhy. Processo Penal. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. p. 23.
9
“La prueba sobre la prueba, por otro lado, supone un control sobre la
fiabilidad de las pruebas existentes, que la confirme o la impugne. Se trata
de pruebas que no versan directa ni indirectamente sobre los hechos del
caso, sino sobre otras pruebas, y son esenciales en muchos casos para una
17
PRADO, Geraldo. A cadeia de custódia da prova no processo penal. São Paulo: Marcial Pons,
2019.
18
PRADO, Geraldo. A cadeia de custódia da prova no processo penal. São Paulo: Marcial Pons,
2019. p. 76 e 101.
10
19
BELTRÁN, Jordi Ferrer. La valoración racional de la prueba. Madrid: Marcial Pons, 2007. p. 89.
11
20
THAMAN, Stephen C. Verdad o legalidad: los límites del blanqueo de pruebas ilegalmente
recogidas en un Estado de derecho. In AMBOS, Kai. (Org.). Ciencias Criminales en Alemania
desde una perspectiva comparada e internacional. Göttingen: Göttingen University Press, 2018. p.
115-145. (Cuarta Escuela de Verano en ciencias criminales y dogmática penal alemana). p. 125.
21
BRADLEY, Craig M. The exclusionary rule in Germany. Cambridge: Harvard Law Review, 1983.
(1032-1066). p. 1034.
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“§78 – Exclusion of unfair evidence. (1) In any proceedings the court may refuse to allow evidence
on which the prosecution proposes to rely to be given if it appears to the court that, having regard
to all the circumstances, including the circumstances in which the evidence was obtained, the
admission of the evidence would have such an adverse effect on the fairness of the proceedings
that the court ought not to admit it.” Em tradução livre: Em qualquer processo, o Tribunal pode
recusar-se a permitir que sejam fornecidas provas pelas quais a acusação se baseie se parecer ao
Tribunal que, tendo em conta todas as circunstâncias, incluindo as circunstâncias em que as
provas foram obtidas, a admissão das provas teria um efeito tão adverso sobre a equidade do
processo que o tribunal não deveria admiti-las. Disponível em
<http://www.legislation.gov.uk/ukpga/1984/60/section/78> Consultado em 23.03.2020.
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Nunca é demais lembrar que no processo penal estadunidense o mérito das acusações criminais é
apreciado por um júri popular, sendo que a instrução criminal é conduzida por um juiz togado
singular, que é quem analisa a admissibilidade das provas.
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Ressalte-se que o fato de este pedido poder ser realizado tanto pela acusação quanto pela defesa
já denota outra característica do processo penal estadunidense que enaltece a equidade entre as
partes processuais: a possibilidade de ampla e irrestrita investigação defensiva. Nos Estados
Unidos, assim como a acusação, a defesa possui amplos poderes investigatórios, sendo-lhe
garantida, inclusive, a requisição de documentos e a intimação para oitivas. Não por outro motivo
que a impugnação da admissibilidade da prova pode ser requerida por ambas as partes: se
acusação e defesa podem investigar, ambos podem cometer ilegalidades na produção e obtenção
da prova.
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BRADLEY, Craig M. The exclusionary rule in Germany. Cambridge: Harvard Law Review, 1983.
(1032-1066). p. 1036.
26
THAMAN, Stephen C. Verdad o legalidad: los límites del blanqueo de pruebas ilegalmente
recogidas en un Estado de derecho. In AMBOS, Kai. (Org.). Ciencias Criminales en Alemania
desde una perspectiva comparada e internacional. Göttingen: Göttingen University Press, 2018. p.
115-145. (Cuarta Escuela de Verano en ciencias criminales y dogmática penal alemana). p. 118,
119 e 128.
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Também conhecidos por Miranda Warnings, a cláusula de Miranda surge em 1966 a partir do
célebre julgamento, pela Suprema Corte norte-americana, do caso Ernesto Miranda Vs. Arizona
State (384 U.S. 436 {1966}), onde restou pacificado o entendimento de que toda e qualquer pessoa
tem o direito de não produzir provas auto incriminatórias, sendo mandatória a comunicação
expressa ao acusado do seu direito ao silêncio e de ser assistido por um advogado.
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4 – Conclusão.
Com o novo sistema implementado pela Lei nº 13.964/19, a análise da
admissibilidade da prova passa a ser desempenhada por magistrado diverso
daquele que será o competente para analisar o mérito da imputação, o qual deixa de
ter contato com a gestão da prova.
Passa-se, pois, a diferenciar a fiabilidade da prova da sua valoração:
enquanto aquela diz respeito à análise das regras legais, convencionais e
constitucionais para a produção e obtenção das provas; esta se refere à capacidade
daquele determinado elemento de prova influenciar na formação do convencimento
do julgador.
Essa diferenciação vem ao encontro da necessidade de se proporcionar
tratamento igualitário às partes processuais, da garantia constitucional do devido
processo legal – e por via de consequência, do Estado de Direito – e das garantias
fundamentais dos acusados.
Acarreta ainda, e acima de tudo, a garantia de julgamento imparcial e,
portanto, justo, tendo em vista que o julgador não estará influenciado por provas
produzidas de maneira ilegítima.
Com efeito, quando a figura do gestor da produção das provas se confunde
com a do julgador, o risco de um julgamento imparcial é imenso, pois nenhuma
pessoa quer errar nas suas previsões.
A partir de uma visão ontognoseológica da epistemologia jurídica extraída da
Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale28, conclui-se que, ao julgar uma
28
REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
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causa penal, o juiz está sempre influenciado pelas suas próprias e íntimas
convicções, sendo utópica a figura do juiz neutro.
Nesse sentido, ao deferir a produção de uma determinada prova que afronta
uma garantia fundamental e, portanto, impõe reserva de jurisdição, como uma
interceptação telefônica, por exemplo, é necessária uma causa provável da prática
de um delito, pois o standard exigido para o deferimento dessa medida é mais
elevado do que aquele exigido para a produção de uma prova menos contundente.
Nessa esteira, o juiz que defere esta medida já está influenciado por uma
hipótese previamente estabelecida em seu subjetivismo que aponta para a possível
prática de um delito, e se ele é o responsável pelo julgamento do mérito da causa, a
probabilidade de este julgamento ser feito de modo a apenas legitimar aquela
hipótese inicial é muito grande.
Daí a importância do juiz de garantias: reconhecendo-se a impossibilidade de
existência de um juiz neutro, incrementam-se as ferramentas que garantem o
julgamento da causa penal por um juiz imparcial.
Nessa toada, a implementação do juiz de garantias é conditio sine qua non
para a efetivação não só do sistema acusatório puro tão propalado na academia nos
últimos tempos, mas de equidade entre as partes processuais, de julgamentos justos
e, para além disso, da higidez do Estado de Direito.
5 – Referências bibliográficas.
ANDRÉS IBÁÑEZ, Perfecto. Garantismo: una teoría crítica de la jurisdicción.
In: CARBONELL, Miguel; SALAZAR, Pedro. Garantismo: estúdios sobre el
pensamiento jurídico de Luigi Ferrajoli. Madrid: Trotta, 2005.
ARAGONESES ALONSO, Pedro. Instituciones de Derecho Procesal Penal. 5.
ed. Madri: Editorial Rubí Artes Gráficas, 1984.
BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Processo Penal. Rio de Janeiro:
Campus – Elsevier, 2012.
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da
constituição: fundamentos de uma dogmática constitucional transformadora. 3. ed.
São Paulo: Saraiva, 1999.
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