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RELIGIÕES, SEITAS E HERESIAS

Prof. Glauco Pereira

Disciplina ministrada no Curso de Bacharel em Teologia


1ª Edição 2014

SEMINÁRIO TEOLÓGICO CRISTÃO EVANGÉLICO DO BRASIL


2014

1
Texto para meditação: Mateus 16.13-16

“Chegando Jesus à região de Cesaréia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: Quem os outros
dizem que o Filho do homem é? Eles responderam: Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias;
e ainda outros, Jeremias ou um dos profetas. E vocês? Perguntou ele. Quem vocês dizem que eu
sou? Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo".

INTRODUÇÃO:

O estudo de religiões, seitas e heresias é de grande importância no cenário religioso e cristão em


que vivemos hoje. A cada dia surgem novos grupos religiosos e pessoas pregando o evangelho ou
algum suposto evangelho.

Os números de grupos religiosos que se intitulam “cristãos” ou “evangélicos” está se expandindo e


assustando aqueles que tem buscado com sinceridade e prudência o ensino da palavra de Deus e o
conhecimento verdadeiro do Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Com o aumento desses grupos aparecem ensinos estranhos à Escritura e também à tradição cristã
que vem se desenvolvendo ao longo da história. Alguns ensinos e manifestações são assustadores e
muitas vezes ofendem a Pessoa de Jesus ou a revelação de Deus.

Podemos perceber que as heresias sempre perseguiram a igreja, onde houver pessoas pensando e se
abrindo a novas revelações aparecerão novas doutrinas ou novas reflexões sobre o texto sagrado. O
problema não está em vivenciar novas experiências, mas fazer dessas experiências doutrinas
sagradas e torná-las axiomas que se desenvolvem separadamente da verdade bíblica e a parte da
igreja de Deus.

Diante de novas revelações e experiências que determinam as doutrinas desses grupos religiosos, se
torna necessário o estudo das heresias, e isso se dá como iniciativa das Escrituras, quando afirmam:
“Amados, embora estivesse muito ansioso por lhes escrever acerca da salvação que
compartilhamos, senti que era necessário escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé de uma
vez por todas confiada aos santos” (Jd 3,8).

1. POR QUE É IMPORTANTE ESTUDAR RELIGIÕES, SEITAS E HERESIAS?

a) Devemos estar preparados para saber responder aqueles que pedem a razão de nossa esperança
em Jesus Cristo – 1Pe 3.15-16.

b) Somos chamados a batalhar pela fé evangélica – Jd 3.

c) Para corrigir aqueles que se desviaram da verdade – 2Tm 2.25.

2. COMO JESUS ENCARAVA AS HERESIAS?

a) Diz que seus mestres são cegos guiando cegos – Mt 15.14.

b) Revela aqueles que são falsos mestres, profetas e apóstolos – Mt 24.23-24; Ap 2.2.
c) Quem não acredita em suas palavras, acredita em mentiras que vem do Diabo – Jo 8.43-44.

3. O NOVO TESTAMENTO E ALGUNS MOVIMENTOS HERÉTICOS


2
a) Grande parte do N.T defende a verdade contra heresias (alguns afirmam 1/3).

b) Alguns textos avisam a entrada de heresias – 2Pe 2.1.

c) Alguns movimentos heréticos na Bíblia


- Gnosticismo / matéria má, misticismo – refutação Jo 1.1,14/ Cl 2. 8-15.
- Doutrina de anjos / adoração – Cl 2:18.
- Legalismo / acréscimos à salvação ou a graça de Deus – At 15.

4. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS

a) Seita – Facção, Grupo com o mesmo pensamento, partido religioso.

- Entendimento Evangélico: Um grupo com um líder que deturpa a palavra de Deus e


acrescenta verdades para a salvação além da Graça de Deus.
- Práticas seitarias: Igrejas Evangélicas com práticas seitarias, mas com confissão bíblica.

b) Movimento contraditório: Igrejas Evangélicas com confissão bíblica, mas que praticam e
ensinam “coisas” contrárias à tradição cristã e carente de uma boa interpretação e teologia. Os
ensinos não chegam a ser heresia.

c) Heresia (Haireses) – Falso ensino, crença ou exposição que não condiz com a verdade revelada
das Escrituras. Acréscimos na interpretação ou anulação de verdades explícitas.

5. COMO IDENTIFICAR UMA SEITA

As seitas crescem cada vez mais e podemos ver muitas pessoas sendo enganadas e enredadas nas
mentiras de homens maus, caluniadores e falsos profetas (2Tm 3; Tt 1,2,3).

Mesmo diante de uma realidade como essa, as Escrituras nos advertem sobre esse fato e nos deixa
em alerta com sua revelação e manifestação da verdade de Deus em Cristo Jesus (2Tm 3.14-17).

Quando nos aproximamos das Escrituras e nos dedicamos à verdade conseguimos discernir aquilo
que vem do Senhor e aquilo que é invenção e engano.

Existem algumas características comuns que fazem que grupos se afastem do cristianismo
bíblico e se tornem seitas:

1. Como acreditam em Jesus Cristo


a) O Jesus revelado pelo líder da seita; por visões, sonhos, etc.
b) O Jesus não escriturístico ou recebido de outras fontes.

2. Autoridade fora da Bíblia


a) A Bíblia não é a única autoridade absoluta
b) Sua teologia não parte das Escrituras

3. Exclusivismo Absoluto
a) A organização religiosa é a única verdadeira
b) A organização é um meio de salvação
3
c) A organização local foi instituída por Deus

4. Controle dos Adeptos


a) Os adeptos são escravos da organização (fazem pactos, etc).
b) Criam doutrinas de manipulação
c) O apelo escatológico (são religiões apocalípticas)

5. Buscam a salvação pelos seus próprios méritos


a) Criam rituais de esforços (penitências, tipos de orações, etc)
b) São assistencialistas (“sem caridade não há salvação”; irmandades cooperadoras – ex:
maçonaria).
c) Buscam uma religiosidade perfeita e esotérica (ídolos, cultos de sacrifícios, etc).

6. TESTEMUNHAS DE JEOVÁ – Esboço histórico

1. A pessoa de Charles Taze Russell (1852-1916).

a) Experiência evangélica (congregacional e presbiteriana).


Charles era filho de presbiterianos, teve uma educação religiosa. Trabalhou com o pai no comércio
durante a adolescência e foi um ativo estudante da Bíblia. Devido a uma postura mais liberal,
deixou a igreja presbiteriana e começou a frequentar a igreja congregacional.

b) Problemas com a predestinação e penas eternas.


Charles tinha grande dificuldade com as doutrinas das penas eternas e da predestinação. Suas
palavras expressam essa dificuldade: "Um Deus que usasse seu poder para criar seres humanos, os
quais sabia de antemão e predestinara que fossem eternamente atormentados, não poderia ser
sábio, nem justo nem amoroso."1

c) Aproximação do Adventismo.
Em 1869, tem um contato com o Adventismo, o qual se identifica e desenvolve amizade com
N.H.Barbour, mas logo se separam por divergências em relação à expiação. Russel inicia um grupo
de estudos na Pensilvânia. Esse grupo cresce e se torna um novo movimento religioso.
Esse grupo predisse a volta de Cristo para 1874. Russel junto com N.H Balbour confirmou a volta
de Cristo (espiritual) e estabeleceram que nesse mesmo ano se iniciou o milênio.

"Como que por acaso, certa noite visitei uma sala poeirenta e mal-iluminada, onde eu ouvira
dizer que se realizavam cultos religiosos, para ver se o punhado de pessoas que se reunia ali
tinha algo mais sensato a oferecer do que as crenças das grandes religiões. Ali, pela primeira
vez, ouvi algo sobre os conceitos dos adventistas (Igreja Cristã do Advento), sendo o
Sr. Jonas Wendell o pregador… Assim, reconheço estar endividado com os adventistas e com
outras denominações. Embora a exposição bíblica feita por ele não fosse inteiramente clara,
…foi o suficiente, sob a orientação de Deus, para restaurar minha abalada fé na inspiração
divina da Bíblia e para mostrar que os escritos dos apóstolos e dos profetas estão
indissoluvelmente vinculados. O que ouvi me fez voltar à minha Bíblia para estudá-la com
mais zelo e cuidado do que nunca antes, e serei sempre grato ao Senhor por esta orientação;
pois, embora o adventismonão me tenha ajudado em nenhuma verdade específica, ajudou-me
grandemente a desaprender erros, e assim me preparou para a Verdade."2

d) A Sociedade de Tratados da Torre de Vigia de Sião.

1
In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Taze_Russell - 28/01/2014
2
In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Testemunhas_de_Jeov%C3%A1_-_Proclamadores_do_Reino_de_Deus – 28/01/2014.
4
O grupo de estudos de Russel passou a defender que a doutrina da Trindade não era bíblica, mas
que somente Jeová é o Deus e Criador Todo-poderoso (Dt 6.4), que Jesus Cristo é a Sua primeira
criação e o seu Filho unigénito (At 7.55, 56) e que o espírito santo não é uma pessoa, mas é a força
ativa, invisível, de Deus. Também defendia que a alma não é imortal, mas mortal (Ez 18.4,20; Sl
22.29,78.50.) Sendo que a esperança dos mortos está na ressurreição (At 24.15) e que a punição
pela maldade impenitente não seria um tormento eterno, mas o aniquilamento.

Professavam que um ensino básico da Bíblia é que Jesus deu a sua vida em resgate pela
humanidade. Consideravam que primeiro seriam remidos da terra 144.000 homens e mulheres, para
serem co-herdeiros de Cristo no reino celestial. Creêm ainda que, por meio do resgate de Jesus,
muitos outros, incluindo os ressuscitados dentre os mortos, atingiriam a perfeição humana, com a
perspectiva de vida eterna na terra, sob o governo do Reino. (Rev 21.3,4).

Em 16 de Fevereiro de 1881, junto com outros associados, ele fundou uma sociedade bíblica sem
fins lucrativos. Foi chamada de Sociedade Torre de Vigia de Tratados de Sião (Zion’s Watch
Tower Tract Society). Após o registro legal, Charles Taze Russel torna-se o seu primeiro Presidente.

A sociedade é oficializada em 1896 com o nome Sociedade torre de vigia de Bíblias e tratados. O
crescimento possibilitou a divulgação de suas revistas e escritos.

e) Surge a obra de Russel chamada Estudo das Escrituras.


O Estudos das Escrituras (Studies in the Scriptures) é o título de uma série de livros publicados
por Charles Taze Russell (fundador do movimento dos Estudantes da Bíblia) no final do século
XIX. Originalmente, a série de volumes era chamada de "Millennial Dawn" (Aurora do Milênio),
mas posteriormente, o título da série foi alterado para "Studies in the Scriptures" (Estudos das
Escrituras).

"Os seis tomos de Estudos das Escrituras constituem praticamente a Biblia. Não são
meramente um comentário acerca da Bíblia, mas praticamente a própria Bíblia... Não se pode
descobrir o plano divino estudando a Bíblia. Se Alguém coloca de lado os Estudos, mesmo
depois de familiarizar-se com eles e se dirige apenas à. Biblia, dentro de dois anos volta às
trevas. Ao contrário, se lê os Estudos das Escrituras com as suas citações, ainda que não
tenha lido sequer uma página da Bíblia, ao cabo de dois anos estará na luz"3

Russel tinha sérias dificuldades com a interpretação da Bíblia, isso o colocou em grandes problemas
com as denominações cristãs. O artigo abaixo relata muito bem essas questões:

“Apesar de sua falta de treinamento prévio em teologia ou línguas bíblicas, Russell


alegava ser o único com a verdade, e condenava vigorosamente todas as outras
religiões cristãs. Como resultado, ministros de várias denominações começaram a
expor os falsos ensinos de Russell e seu caráter questionável. Rev. J. J.
Ross publicou um panfleto que expôs as falsas alegações de Russell e suas
doutrinas. Ele revelou que Russell "nunca frequentou as escolas superiores de
ensino: não sabe absolutamente nada de filosofia, teologia sistemática ou histórica,
e é totalmente ignorante quanto a linguagens bíblicas [isto é, hebraico e
grego]". (3) Ross concluiu que o ensino de Russell era "anti-racional, anti-científico,
anti-bíblico, [e] anti-cristão" (4). Russell tentou sem sucesso impedir a
circulação desta informação prejudicial processando o Rev. Ross por calúnia
difamatória.

No entanto, ele não só perdeu o processo, mas se prejudicou grandemente em corte

3
The Watch Tower" de Setembro de 1910, p. 298 (em inglês).
5
quando ele mentiu sob juramento sobre seu conhecimento da língua grega. No
final Russell admitiu que as declarações sobre si mesmo no panfleto eram
verdadeiras. (5) Em 1906 a esposa de Russell o processou com sucesso para o
divórcio por causa de "sua vaidade, o egoísmo, a dominação e a conduta imprópria
em relação a outras mulheres", e ganhou um acordo de $6.036 dólares. (6) O
tribunal censurou a Russell severamente e chamou a sua
conduta "insultante", "dominador" e "arrogante" a um grau que tornou a
vida intolerável para uma mulher sensível e cristã. (7)

Em 1913, Russell sem sucesso processou a The Brooklyn Daily Eagle por difamação
quando o jornal expôs suas tentativas fraudulentas de vender trigo comum ao
preço exorbitante de US$ 60,00 por bushel (unidade de medida usada no passado),
alegando que era "Trigo Milagroso". (8) Apesar destes
contratempos, Russell continuou a atrair as pessoas com a sua fantástica
interpretação profética e alerta dramático que o Armagedom ia acontecer em
1914. Quando 1914 veio, passou, e nada aconteceu ele mudou a data para 1915”.4

h) Morreu em 31/10/1916.
Depois de muito enfermo faleceu em um trem em Pampa – Texas.

2. A pessoa de Joseph Franklin Rutherford (1869 – 1942).

a) Origem
Filho de pais batistas, nasceu numa fazenda no Condado de Morgan, Missouri, EUA. Quando tinha
16 anos, seu pai permitiu que cursasse a Faculdade de Direito, na condição de que arcasse com as
despesas para isso. Depois de concluir seu curso, passou 2 anos sob tutela do Juiz E. L. Edwards.
Aos 20 anos, tornou-se Escrivão Oficial do Tribunal da 14.ª Jurisdição Judicial de Missouri. Em 5
de maio de 1892, obteve da Ordem dos Advogados do Missouri licença para exercer advocacia em
Boonville. Em 1894, teve o seu primeiro contato com os escritos de Charles Taze Russell. Serviu
ainda durante 4 anos como Promotor Público. Mais tarde, tornou-se Juiz Especial da 8.ª Jurisdição
do Tribunal de Missouri. Os regristos do Tribunal provam que Rutherford serviu em mais de uma
ocasião como Juiz substituto.

b) Conversão e batismo como estudante da Bíblia.


Em 1906, Rutherford foi batizado como Estudante da Bíblia, e no ano seguinte, tornou-se consultor
jurídico da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA). Ele tornou-se bastante
popular entre os seus companheiros de crença porque, como advogado, travou diversas batalhas em
Tribunal em defesa de Charles Russell. Também, debateu publicamente em defesa das doutrinas
dos Estudantes da Bíblia como orador viajante da Sociedade. Em 24 de maio de 1909, obteve
licença para advogar perante o Supremo Tribunal de Justiça dos EUA.

c) Advogado da organização.
Rutherford se tornou advogado do grupo e defendeu Russel em muitos processos. Ele entendeu que
Deus tinha uma organização visível na terra e isso fez com que defendesse com afinco o grupo de
estudos e trabalhasse para organizar e desenvolver o grupo. Foi mais promissor e excedeu Russel
em sua liderança e trabalho.

d) Inicia a revista despertai.


Em 1919, inicia a revista despertai. O propósito era divulgar ensinos sobre o reino milenar de
Cristo. É distribuída juntamente com a Sentinela (1879).

4
http://buscandoverdade.weebly.com/charles-t-russell.html
6
"Esta revista é publicada para o benefício de todos os membros da família.
Mostra como enfrentar os problemas de nossos dias. Apresenta notícias,
histórias de pessoas de vários países e matérias de natureza religiosa e
científica. Mas faz mais que do isso. Ela analisa a fundo os acontecimentos
atuais e identifica o verdadeiro significado por trás deles. Ainda assim, é
sempre politicamente neutra e não exalta nenhuma raça como superior a
outra. O mais importante é que esta revista aumenta a confiança na
promessa de que o Criador em breve substituirá o atual mundo perverso e
anárquico por um novo mundo pacífico e seguro."

e) Começa uma luta anti-militar (é preso).


Rutherford e seis de seus colaboradores (diretores), foram condenados por interferência no esforço
de guerra dos EUA. Foram sentenciados a 20 anos na Penitenciária Federal de Atlanta, por 4
enquadramentos em delitos, mas com sentenças concomitantes. Essa experiência aumentou o
sentimento contra o militarismo, o qual influenciou à organização a ter uma posição contrária a todo
tipo de organização governamental e militar. Parece-me que ficou preso apenas 9 meses, foi solto
por fiança.5

f) Aqueles que são contra eles são organização do Diabo.


Ele acreditava que a organização era de fato a única levantada por Deus. As outras religiões foram
deturpadas e a igreja cristã se afastou das Escrituras por suas tradições anti-bíblicas.

g) A questão do Tetragrama YHWH (Jeová).


A organização era conhecida pelo nome de “Estudantes da Bíblia”, estes são fiéis a estrutura
chamada Sociedade Torre de Vigia. Rutherford deu um Novo Nome e assim passou a chamar
“Testemunhas de Jeová”. Em 26 de Julho de 1931, com base em Isaías 43.10 da Tradução do Novo
Mundo.
É interpretado o TETRAGRAMA em sua forma latina, ficando o Nome de Deus como Jeová. O
interessante é que eles mesmos se baseiam na tradição e no costume em se atribuir o nome Jeová,
assim dizem:
O judaísmo ensina que, ao passo que o nome de Deus existe em forma escrita, é
sagrado demais para ser pronunciado. O resultado foi que, no decurso dos últimos
2.000 anos, perdeu-se a pronúncia correta. Todavia, esta nem sempre foi a posição
judaica. Uns 3.500 anos atrás, Deus falou a Moisés, dizendo: “Assim dirás aos
israelitas: O Senhor (hebraico YHWH), O Deus de vossos antepassados, o Deus de
Abraão , o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, enviou-me a vós: Este será meu Nome
para sempre, esta minha designação por toda a eternidade.”(Ex 3.15;Sl 135.13) Qual
era esse nome e designação? A nota de rodapé na Tanack diz: “O nome YHWH
(tradicionalmente lido Adonai “o Senhor”) tem ligação aqui com a raiz hayah, “ser”.
Assim, temos aqui o sagrado nome de Deus, o Tetragrama, as quatro consoantes
hebraicas YHWH (Yahweh) que, na sua forma latinizada, vieram a ser conhecidas
ao longo dos séculos em português como JEOVÁ (JEHOVAH)”.6 (negrito meu)

h) Governo “teocrático” (tinha governo congregacional).


Com Rutherford o controle administrativo passou ao Corpo Governante. A ideia para alguns era
manter a identidade e unidade. A direção teocrática asseguraria os benefícios decorrentes do
progresso espiritual e a obra de evangelização cresceria em cumprimento à João 17.20-22.
Todas as decisões saem de Brooklyn sede da STV.
O nome da organização muda STV para TJ em 1931, com base em Isaías 43.10.

5
BAALEN, Jan Karel Van. O caos das Seitas. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986, pág. 181.
6
SOCIEDADE TORRE DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS. O homem em busca de Deus. pág. 225.
7
i) Morre em 1942.

3. A pessoa Natan Homer Knorr (1905-1977).

a) Era da Igreja Reformada Holandesa.


Nathan Homer Knorr nasceu em Bethlehem, Pensilvânia, Estados Unidos, em 23 de Abril de 1905.
Quando tinha 16 anos, associou-se com a Congregação Allentown dos Estudantes da Bíblia.
Em 1922, assistiu ao congresso em Cedar Point, Ohio, após o qual decidiu abandonar a Igreja
Reformista Holandesa. No ano seguinte, em 4 de Julho de 1923, foi baptizado. O discurso do
batismo foi proferido por Frederick William Franz.

b) Funda a Escola Bíblica Gileade em 1943.


O objetivo da escola era treinar obreiros para servir de tempo integral. Com o treinamento, a STV
começou a enviar pessoas para todos os lugares do mundo.

c) Aumenta as literaturas impressas.


Em 8 de Fevereiro de 1928, foi nomeado por Rutherford como co-responsável pela publicação da
revista Idade de Ouro, agora a mundialmente conhecida Despertai!. Com o falecimento do
Superintendente da Gráfica, Knorr foi designado para servir nesse cargo a 23 de
Setembro de 1932. Milton G. Henschel tornou-se secretário de Nathan H. Knorr, em 1939.

d) Organiza a tradução do novo mundo das escrituras sagradas.


Em 1946, foi criada a Comissão de Tradução do Novo Mundo, com o objectivo de produzir uma
nova versão da Bíblia, propriedade da Sociedade, visando a sua impressão em larga escala.
A tradução fica pronta em 1961 e em português 1967.

e) Depois de alguns meses de enfermidade, veio falecer a 8 de junho de 1977

BREVE ESTUDO DOUTRINÁRIO À LUZ DAS ESCRITURAS

1. A questão Trinitária
a) Dizem ser Satanás o autor da doutrina da Trindade (seja Deus verdadeiro, pg 81).
b) Enxergam a trindade como um monstro de três cabeças.
c) A palavra trindade não está na Bíblia.
d) Invenção religiosa de Tertuliano.

2. A doutrina cristã da Trindade


a) Um Deus que subsiste em três pessoas.
b) A trindade se fundamenta na divindade do Pai, Filho e do Espírito:
- no batismo de Cristo, Mt 3:16-17.
- na forma batismal, Mt 28:19.
- na benção apostólica, 2 Cor 13:13.
- na criação(façamos). Jesus é criador, Jo 1.

3. A divindade de Jesus Cristo


a) Jesus é o primogênito de Deus(criado por Deus).
b) Jesus é um deus inferior (Jo 1:1 TNM).
c) Foi um homem perfeito (parecido com unitaristas).

4. A doutrina cristã de Jesus


8
a) Jesus é Deus, Jo 1:1,18; Col 2:9; 1Jo 5:20 TNM
b) Jesus é Eterno, Col 1:17
c) Jesus é Criador, Col 1: 15-17; Jo 1:3
d) Jesus salva, Jo 3:16-17 / Deus salva Isaías 43:10-11.

5. Outros assuntos
a) O Espírito Santo – Força Ativa
A Bíblia ensina que Ele é Deus e uma pessoa, At 5:3-4, Rm 8:26.

- Analisar PROVAS DOCUMENTAIS, páginas 58 e 59.

b) A alma termina na morte (ressurreição somente para os membros da organização).


c) O sangue é a alma.
d) Os 144.000 - São os únicos que irão ao céu, os outros salvos herdarão a terra que será o paraíso.
A interpretação evangélica é que os 144.000 simboliza a igreja triunfante, o número é símbolo da
plenitude. Uma excessão pode ser encontrada no dispensacionalismo.

e) A volta de Cristo – “O apóstolo Paulo servia de ponta de lança na atividade missionária cristã.
Ele também lançava o alicerce para uma obra que seria terminada em nosso século 20”.7 Cristo
voltou em 1914, “o tempo do fim para os gentios” e em 1918 veio para o seu templo, que são os
14.000, com os quais constitui a Igreja”.8 Cristo não volta como humano, mas somente em espírito.

7. MORMONISMO – BREVE HISTÓRIA

1. A Pessoa de Joseph Smith (1805- 1844)


Joseph Smith Jr. nasceu em 23 de dezembro de 1805, em Sharon, Vermont. Seus pais eram Joseph
Smith Sr. e Lucy Mack Smith, um casal de fazendeiros migrantes. De família numerosa, tinha dez
irmãos e irmãs. Viveu sua infância em fazendas nos estados de Nova Iorque, Vermont e New
Hampshire. De origem pobre, a família Smith era religiosa e quase todos os seus membros eram
alfabetizados. Entre 1816 e 1817, a família Smith mudou-se para oeste de Nova Iorque, até à vila de
Palmyra. A área em que moravam possuía repetidos renascimentos religiosos durante este período.
Apesar de nunca ter se tornado adepto a uma das igrejas existentes em sua adolescência, Smith
participou de reuniões de algumas igrejas com sua família, como a Presbiteriana, onde estudavam
a Bíblia.9

Porém foi criado na ignorância, pobreza e superstição. Ainda moço, decepcionou-se com as igrejas
que conhecera. Foi nesse tempo que diz ter recebido a sua primeira visão, segundo a qual aparece-
ram-lhe o Pai e o Filho, denunciando a falsidade de todas as igrejas, com as seguintes palavras:
"Eles se chegam a mim com os seus lábios, mas seus corações estão longe de mim; eles ensinam
mandamentos dos homens como doutrina, tendo aparência de santidade, mas negando o meu poder"
(O Testemunho do Profeta Joseph Smith, p. 4).

2. As visões
a) Primeira visão – Deus pai em forma humana e o Filho aparecem a ele em 1820. A famosa
pergunta! “Qual de todas as seitas é a verdadeira, a fim de saber a qual unir-me? Foi me respondido

7
SILVA, Esequias Soares da. Provas documentais. São Paulo: Candeia, 1996, pág.26.
8
BAALEN, Jan Karel Van. O caos das Seitas. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986, pág.191.
9
Encontrado In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Joseph_Smith_Jr. Em 17/03/2014
9
que não me unisse a nenhuma delas, porque todas estavam erradas, que todos os seus credos eram
uma abominação a sua vista” (Pérola de Grande Valor, 2.5;10-11;15-20).

b) Segunda visão – Visita do anjo Morôni e o propósito da visita.


Aconteceu em 21/09/1823 – Um anjo chamado Morôni visitou o profeta em sua casa e lhe disse que
num monte chamado Cumora, perto de Palmyra, havia um livro escrito em placas de outro, dando
conta dos antigos habitantes desse continente, como também da plenitude do evangelho eterno
(Pérola de Grande Valor, 2.33-35).

3. As Placas10
Conforme a segunda visão, Morôni teria indicado a Joseph Smith o lugar onde as placas foram
escondidas, e emprestou-lhe umas pedras especiais, um certo tipo de lentes, chamadas "Urim" e
"Tumim", com as quais Joseph Smith poderia decifrar e traduzir os dizeres dessas placas.

Depois de conseguir as placas de ouro e as lentes, Smith, sentado por trás de uma cortina, teria
ditado a um amigo a tradução do que estava escrito nas placas. Depois devolveu as placas e as
lentes a Moroni. Uma vez traduzida, a obra foi publicada pela primeira vez em 1829, recebendo o
título de O Livro de Mórmon.

4. A organização da Igreja de Cristo (1830)11


Joseph Smith cedo encontrou quem o aceitasse como profeta, pelo que fundou a "Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias". Desde então, ficou estabelecido como um princípio doutri-
nário que esta era a única igreja verdadeira, e que fora dela não havia outro meio de salvação para o
homem. A igreja teve início em Abril de 1830, onde é dito que “foi restaurada a igreja de
Cristo”. Iniciou em Fayette e depois mudou-se para Nova York.

Uma série de "revelações" de Joseph Smith foi desenvolvendo a doutrina dessa igreja,
transformando-a, através dos anos, numa forma de politeísmo. Os crentes deveriam edificar uma
teocracia, isto é, teriam o assessoramento de doze apóstolos. As pretensões de domínio de Smith
eram tão elevadas que ele chegou a lançar-se candidato à presidência dos Estados Unidos.

Smith e seus seguidores sofriam não poucas perseguições, razão por que eram levados a peregrinar
de um a outro ponto da América, procurando onde estabelecer uma colônia e fundar o reino de
Deus. Encontraram acolhida em Illinois, onde erigiram a cidade de Nauvoo. Ali, acusado de
grosseira imoralidade e falsificação, Smith foi preso, e uma turba enfurecida invadiu a cadeia e, a
tiros, matou Smith e seu irmão, Hyrum.

Depois da morte de Joseph Smith, sua igreja se dividiu. A primeira facção seguiu a liderança de
Brigham Young, fiel discípulo do "profeta" Smith. Como ainda eram muitas as perseguições que
sofriam nessa época, Young e aqueles a quem liderava, após penosa peregrinação, em julho de
1847, chegaram ao Estado de Utah, na época território mexicano não ocupado, e, ali, onde hoje é a
cidade de Salt Lake City, fundaram a sede da igreja, uma espécie de quartel-general, de onde o
mundo seria alcançado pelos apóstolos do mormonismo.

A maioria, no entanto, decidiu ficar sob a liderança de um filho de Joseph Smith, e separou-se dos
demais, permanecendo no Estado de Missouri. Reorganizaram a igreja e estabeleceram sua sede em

10
OLIVEIRA, Raimundo de. Seitas e Heresias. São Paulo: CPAD, 2004.
11
Ibid, pág. 102 – Nota: As letras em Times é do texto citado; as letras em Arial são acréscimos do Prof.Glauco
10
Independence, Missouri. Chamaram-na "Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias". Esta igreja tem prosperado e ainda permanece, embora seja menor que a de Utah.

Das várias facções que surgiram depois da morte de Joseph Smith, outra digna de menção é a
"Igreja de Cristo do Lote do Templo", com sede em Bloomington, Estado de Illinóis. Segundo as
"revelações" recebidas por alguns líderes dessa facção, convenceram-se de que Sião, o lugar do
regresso de Cristo à Terra, está em Bloomington, e não em Israel. Crêem que Ele terá o seu templo
em certo lote da área onde está a sede dessa igreja.

BREVE ESTUDO DOUTRINÁRIO A LUZ DAS ESCRITURAS

1. O livro de Mórmon
a) O que fala?
O documento contém a história de três migrações do povo de Deus para as Américas. Os jareditas
receberam ordem, há quatro mil anos para abandonar o hemisfério oriental e viajar ao novo mundo.
Sob a liderança de Jarede, eles navegavam em balsas, chegaram com sucesso ao continente
americano e fundaram uma grande civilização, que durou aproximadamente 2000 anos. Foi
destruída devido a conflitos internos.
A segunda migração aconteceu durante o reinado do Rei Zedequias, chamado Muleque. Este deixou
Jerusalém depois que o reino de seu pai foi devastado e chegou ao fim. Seus descendentes uniram-
se a Lei e, juntos, os dois grupos cresceram para formar uma grande nação. Os mórmons acreditam
que esse povo é ancestral dos índios americanos.

No seu todo, O Livro de Mórmon soma um total de 239 capítulos e 6553 versículos. Nele são
encontrados capítulos inteiros da Bíblia. Por exemplo: Ia Nefi 20 é igual a Isaías 48; 2a Nefi 12 e 24
são iguais a Isaías 2 e 14; 3a Nefi 24 é igual a Malaquias 3; 3a Nefi 12 e 14 são iguais a Mateus 5 e
7; Moroni 10.7-20 é igual a 1 Coríntios 12.

b) Confrontando a Bíblia em Néfi e Alma.


O que o livro acha da Bíblia - 1Nefi 13.28,29 e 2Nefi 29.3,6.

c) O livro fala de 38 cidades que nunca existiram (universidade de Colúmbia).

d) As placas não foram encontradas e as histórias nunca comprovadas.

2. Governo
a) Presidente – Deus fala por meio dele através do processo de revelação continua.
b) Abaixo do presidente está o conselho dos Doze Apóstolos.
c) Outros cargos: Sacerdotes, Bispos, Diáconos, Patriarcas, Apóstolos, Élderes.
d) Os Élderes cuidam dos assuntos espirituais nas igrejas.

3. Bíblia
a) “Cremos ser a Bíblia a Palavra de Deus, o quanto sua tradução seja correta; cremos também ser o
Livro de Mórmon a Palavra de Deus”.
b) Além do Livro de Mórmon existe “Doutrina e Pactos” e” A pérola de grande valor”.
4. Deus
a) Existem deuses no universo.
b) Deus tem carne e osso (imagem e semelhança).
c) Jesus é criado e inferior ao Pai.
d) Jesus foi polígamo (Maria, Marta e Maria Madalena).
11
5. Igreja
a) Segundo revelação a IJSUD é a verdadeira igreja restaurada nos últimos dias através de Joseph
Smith.
b) A igreja prática Batismo por procuração para Salvação dos mortos.
c) O Casamento é eterno.

6. Os reinos
a) Celestial – reservado para os fiéis e justos, serão deuses e procriarão com suas esposas.
b) Terrestrial – reservado para os menos fiéis em algum outro planeta específico.
c) Telestial – localizado em outro planeta, aonde irão aqueles que não estão nos outros reinos, bem
como os ímpios que sofrerão nas mãos de Satã e depois lhes será oferecida a Salvação.

7. Os artigos de Fé
O próprio Joseph Smith, fundador do mormonismo, escreveu aquilo que até hoje é aceito como
"Regras de Fé d'A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias", as quais se seguem:

• Cremos em Deus, o Pai Eterno, e no seu Filho, Jesus Cristo, e no Espírito Santo.
• Cremos que os homens serão punidos pelos seus próprios pecados e não pela transgressão de
Adão.
• Cremos que, por meio do sacrifício expiatório de Cristo, toda a humanidade pode ser salva pela
obediência às leis e regras do Evangelho.
• Cremos que os primeiros princípios e ordenanças do Evangelho são: primeiro, fé no Senhor Jesus
Cristo; segundo, arrependimento; terceiro, batismo por imersão, para remissão dos nossos pecados;
quarto, imposição das mãos para o dom do Espírito Santo.
• Cremos que um homem deve ser chamado por Deus, por profecia e por imposição de mãos por
quem possua autoridade para pregar o Evangelho e administrar ordenanças.
• Cremos na mesma organização existente na igreja primitiva, isto é, apóstolos, profetas, pastores,
mestres, evangelistas, etc.
• Cremos no dom de línguas, na profecia, na revelação, nas visões, na cura, na interpretação de
línguas, etc.
• Cremos ser a Bíblia a Palavra de Deus, quando for correta a sua tradução; cremos também ser O
Livro de Mórmon a Palavra de Deus.
• Cremos em tudo o que Deus tem revelado, em tudo o que Ele revela agora, e cremos que Ele ainda
revelará muitas grandes e importantes coisas pertencentes ao Reino de Deus.
• Cremos na coligação literal de Sião, na restauração das Dez Tribos; que Sião será construída neste
continente (o norte-americano); que Cristo reinará pessoalmente sobre a Terra, a qual será renovada
e receberá a sua glória paradisíaca.
• Pretendemos ter o privilégio de adorar a Deus, o Todo-Poderoso, de acordo com os ditames da
nossa consciência, e concedemos a todos os homens o mesmo privilégio, deixando-os adorar, como
ou o que quiserem.
• Cremos na submissão aos reis, presidentes, governadores e magistrados, como também na
obediência, honra e manutenção da lei.
• Cremos ser honestos, verdadeiros, castos, benevolentes, virtuosos e em fazer o bem a todos os
homens. Na realidade, podemos dizer que seguimos a admoestação de Paulo. Cremos em todas as
coisas e confiamos na capacidade de tudo suportar. Se houver qualquer coisa virtuosa, amável e
louvável, nós a procuraremos.

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8. ESPIRITISMO – BREVE HISTÓRIA

1. Definição de Espiritismo.
a) O contato com espíritos dos mortos, diretamente ou por mediunidade.
b) O conceito de espiritismo já sugere a ideia de comunicação e reencarnação.

2. O modo antigo de Espiritismo (pré-espiritismo).


a) Ex: Gênesis 3; 1Samuel 28:7 – Deus condenando as antigas práticas pagãs Deuteronômio 18:9-
14; Apocalipse 21:8.
b) Religiões de espíritos: Tribais, Hindus, Grupos esotéricos, Etc.

3. O Espiritismo Moderno.
a) Margareth e Kat Fox (irmãs Fox) – 31/03/1848.
b) Ruídos e Objetos se mexendo.
c) Primeira experiência de comunicação - Margareth Fox.
d) Aprendeu a se comunicar e manipular os espíritos –Kat.
e) Em 1888 relatou diante da academia de música de NY que tudo era uma farsa.

4. O Espiritismo em Allan Kardec (1804-1869).


a) O médico Francês Hippolyte Leon Denizard Rivail.
b) Experiência sobrenatural em 1855.
c) Faz perguntas aos espíritos e com isso edita o Livro dos Espíritos.
d) Em 1857 inicia o Espiritismo Kardecista, pois Kardec recebi a missão de resgatar a igreja
apostata.
e) Em 1865 chega ao Brasil em Salvador-BA. Hoje com aprox. 2 milhões de adeptos.

5. O Baixo-Espiritismo ou Cultos Afros (espiritismo inculto, aberto).


a) Candomblé: Religião de negros Ioruba – Os Guias Orixás.
b) Umbanda: Os espíritos são de escravos e índios antigos-Pajelança.
- Realização de cultos sincretistas, assumindo os nomes de santos católicos.
c) Quimbanda: Realização de macumba, cultos sincréticos misturados com candomblé, índios, etc.

6. Espiritismo Científico (Grupos de estudos e ação social).


a) LBV; Ecletismo; Esoterismo; Teosofismo
b) Ensinamento da verdade, virtude, valor moral, filosofia mística.

Obs: Uma religião supostamente cristã e com atitudes bondosas.

Espiritismo – Estudo doutrinário a luz das Escrituras

1. O contato com os mortos.


a) A mediunidade é a forma de comunicação com os espíritos dos mortos.
b) Os espíritos protegem e consolam as pessoas.
e) Fora a mediunidade existe também outros meios usados; ex.rituais, manipulação, objetos, etc.
- O que a Bíblia diz: Dt 18; Lc 16:19-31.

2. Reencarnação.
a) “A reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o nome de ressurreição...A reencarnação é
a volta da alma, ou espírito, à vida corporal, mas em outro corpo novamente formado para ele que
nada tem em comum com o antigo”(O evangelho segundo o espiritismo, PP.24,25).
13
b) É um círculo sem fim, morre e volta em outro corpo.
c) A reencarnação tem haver com a lei do CARMA.
- O que a Bíblia diz: Todos os ressuscitados na Bíblia voltam no mesmo corpo.
- Em Lc 16:19 não há reencarnação.
- Em Hb 9:27 está o plano determinado por Deus em relação a morte.
- Em Ap 6:9 temos os mártires na vida eterna.

3. Acreditam:
a) Que a Bíblia tem erros e é um livro de homens – ler II Tm 3:16; II Pe 1:21.
b) Que “todos” vão ao céu ou mundo dos espíritos(candomblé) – Ap 21:8.
c) Cultuam imagens e os espíritos guias e anjos – Ex 20:3; Cl 2:18.
d) Jesus é um espírito evoluído, foi um homem especial- Jo 1:1; Fp 2.

9. O ISLAMISMO – Breve História

A palavra Islã o qual deriva o Islamismo significa “submissão”. O seguir da religião é chamado de
muçulmano, palavra que ignifica “submisso” ou “aquele que se submete”.

O fundador do Islã foi Maomé, nascido em 570d.c em Meca. Foi criado pelo tio-avó e educado para
ser pastor de ovelhas, tornou-se posteriormente condutor de camelos na rota comercial entre a Síria
e a Arábia. Casou-se aos 25 anos com uma viúva rica e influente chamada Khadija, uma ex-patroa e
quinze anos mais velha. Dada a influência de Khadija, Maomé, foi elevado a uma posição de
destaque nos círculos ricos e sociais de Meca.

Nos quinze anos subsequentes, Maomé tivera contato com judeus e cristãos, em suas viagens
comerciais, indignava-se da falta de postura moral dos adeptos destas duas religiões, ele era um
homem profundamente religioso e vê por outra encontrava-se em retiro para meditação nos
arredores de Meca.

Aos quarenta anos, alegou ter recebido uma suposta visita do anjo Gabriel, o qual revelara a
existência de um único Deus, denominado Alá, e que ele Maomé fora chamado para pregar uma
mensagem contra a imoralidade e idolatria humana. Maomé sofreu grande oposição de seus
compatriotas.

Pouco tempo depois da primeira visão, Gabriel reapareceu a Maomé e acrescentou mais revelações.
A oposição continuou, mas em um nível muito perigoso. Sua mensagem contradizia o politeísmo
em voga; porém, o que era mais importante, ia contra o hedonismo e a crença geral da época, de que
a riqueza era a prioridade da vida. Maomé conquistou cerca de setenta seguidores.

Com a morte de Khadija em 619, a oposição aumentou e Maomé teve que fugir. O ano do início
oficial do Islã é marcado por essa fuga. Em 622 Maomé foge de Meca para Medina e inicia suas
pregações de uma nova revelação de Deus. A chamada hégira (fuga), marcou esse momento
decisivo e o início da religião.

Oito anos em Medina provaram ser o tempo sufi ciente para Maomé reunir forças ao redor de sua
causa. De 624 a 630, seus seguidores atacaram e conquistaram as vilas na região ao redor de
Medina. Em 628, tentou fazer uma peregrinação a meca com 1600 seguidores. Os clãs de meca
estavam determinados a impedir que ele entrasse na cidade. Maomé e seus homens foram
interceptados em Hudaybiah. Depois de alguns dias, as tensões cessaram e foi assinado um tratado
de paz entre Maomé e os cidadãos de Meca. Parte do acordo estabelecia que os muçulmanos tinham
14
a permissão para fazer a peregrinação no ano seguinte, ou seja, 629. O poder de Maomé crescia
mais a cada dia e o estado moral, econômico e social em Meca estava em franco declínio. Nos anos
de 629, o tratado de Al Hudaybiyah foi quebrado, devido a complexas guerras entre os clãs.

Finalmente, em janeiro de 630, Maomé, seguido por dez mil homens, marchou contra Meca. Alguns
dos líderes da cidade foram ao encontro e renderam-se com pouca resistência. Maomé concedeu
uma anistia geral e posteriormente perdoou generosamente seus antigos inimigos, de modo que
diversos moradores de Meca foram conquistados por sua causa e muitos passaram a segui-lo em
outras campanhas. Embora nem toda a cidade de Meca estivesse convertida ao Islamismo, Maomé
expurgou a cidade de centenas de seus deuses pagãos, a fim de estabelecer uma religião monoteísta.
Em pouco tempo ele se tornou a figura religiosa mais conhecida de toda a Arábia. Conseguiu
formar uma federação de tribos árabes que posteriormente conquistaria os impérios bizantino e
persa, até o norte da África e de Bizâncio.

Maomé morreu em 632. Após sua morte, muitas foram as disputas pela liderança do movimento.
Dois de seus sogros assumiram previamente a sucessão, Califa Abu Bakr até 634 e Omar deste ano
em diante. Isto preparou caminho para a longa sucessão de califas durante a história do islamismo.

Por volta de 750, o islamismo encontrava-se na China e estendia-se para o Ocidente, onde chegou
no Marrocos e na Península Ibérica. Nos oito séculos seguintes ultrapassou as fronteiras de seu já
enorme império. Na época da Reforma Protestante na Europa, os turcos otomanos muçulmanos,
liderados pelo famoso sultão Suleiman, o magnífico, chegaram às portas do Santo Império Romano,
a fim de pressionar a própria capital, a cidade de Viena. Os cristãos viam a expansão do islamismo
com grande temor. Alguém observou o fenômeno como “uma chama que cresce a cada dia, a qual
consome tudo o que está ao redor e ainda segue em frente”. Carlos V, imperador do Santo Império
Romano, insistiu com os Luteranos, para que se unissem aos católicos contra o inimigo comum, os
turcos.

Um século antes, os portugueses e espanhóis conseguiram expulsar o islamismo da Península


Ibérica, e estabeleceram o Catolicismo Romano como a religião suprema. Durante o século 16 e
início do século 17, o islamismo sofreu um declínio em sua influência e caráter ético. Isto ocorreu
parcialmente, devido à elevação de sultões corruptos, dedicados não a propagação da liderança
teológica muçulmana, mas ao hedonismo e aos interesses pessoais.

A expansão do islamismo durante os primeiros mil anos sofreu uma divisão em três impérios
distintos. O primeiro foi o Otomano, formado principalmente pelos turcos. Como já mencionamos
acima, foram eles que forçaram o caminho para a Europa, em direção ao Ocidente, no século 16. O
segundo foi o império mogul, que se estabeleceu na Índia e era formado principalmente pelos
árabes muçulmanos, os quais foram para a Índia liderados por Akbar, em 1500. Ele tinha intenso
interesse pelas religiões. O terceiro império muçulmano distinto foi o Safavid, assim como a Mogul,
também foi estabelecido em 1500. Sob a liderança de Abbas I, que reinou de 1587 a 1629, o
Império Persa cresceu em poder e proeminência.

Muçulmanos Xiitas – ou “guerrilheiros”, acreditavam que o genro de Maomé, Ali, fosse seu
legítimo herdeiro. Esta seita, extremamente pequena, foi popularizada por Safavid, na pérsia.
Atualmente, constitui aproximadamente 10% da população do mundo muçulmano, mas certamente
compõe a mais expressiva de todas as facções islâmicas. Os líderes são chamados de imãs e
exercem autoridade absolutista política e espiritualmente. Um exemplo óbvio de nossos tempos foi
a liderança do Aiatolá Khoemini (1900-1989), nos anos 80. Ele chegou ao poder em 1979, através

15
de um golpe contra o Xá Mohamammad Pahlevi. O início de sua permanência no poder, que durou
uma década, foi marcado pelo sequestro de um grupo de norte americanos por 444 dias.

Muçulmanos Sunitas – a maioria dos muçulmanos (90%) é composta de sunitas. Diferentemente


dos xiitas, esse grupo é considerado a principal corrente tradicionalista do islamismo. Eles
aceitaram os 4 primeiros califas – Abu Bakr, Omar, Othman e Ali – como legítimos sucessores de
Maomé. Do ponto de vista político, os sunitas são radicalmente diferentes dos Xiitas. Enquanto
estes consideram o governos como uma instituição de Alá, a fim de estabelecer uma teonomia na
Terra, aqueles acreditavam que a fé islâmica é para ser vivida dentro do contexto dos governos
existentes. De modo geral, os sunitas são mais tolerantes para com a diversidade; portanto, mais
aptos à adaptação das culturas divergentes do mundo. Os sunitas e os xiitas lutam entre si através de
séculos. O ódio não é diferente das amargas guerras religiosas que assolaram a Cristandade,
principalmente depois da Reforma, quando os católicos e os protestantes tentaram resolver muitas
de suas divergências através da espada.

Escrituras
Apesar de os muçulmanos crerem que Deus se revelou na lei judaica(tawrat), nos Salmos(zabur) e
nos evangelhos9injill), afirmam que a Bíblia de hoje está corrompida ou tahriff. Afirmam que o
Alcorão é a palavra final de deus. Este livro está dividido em 114 capítulos ou suratas e tem
aproximadamente o tamanho do NT.

Há cinco doutrinas básicas:


a. Há somente um Deus.
b. Houve muitos profetas, inclusive Noé, Abraão, Moisés, Jesus. Maomé é o último deles.
c. Deus criou os anjos, alguns dos quais são bons e outros ruins.
d. O Alcorão é a revelação total e final de Deus.
e. O dia final de julgamento está vindo, seguido pelo céu para os fiéis e pelo inferno para os
perdidos.

Os Cinco Pilares do Islã


1. Tudo que é necessário para se tornar um muçulmano é confessar o shahadah: Não há Deus além
de Aká; Maomé é o mensageiro de Alá.
2. É preciso orar (salat), cinco vezes ao dia.
3. É preciso fazer um jejum anual (sawm) durante o nono mês lunar(Ramadã).
4. É preciso dar esmolas (zaqat) aos pobres, a quadragésima parte do salario.
5. Todo muçulmano capaz deve peregrinar para Meca pelo menos uma vez na vida (Haji).

Os muçulmanos também acreditavam na JIHAD, ou guerra santa, que alguns grupos radicais têm
exaltado ao nível de doutrina fundamental. Embora isso possa envolver a morte de infiéis por causa
se sua fé, para os muçulmanos mais moderados Jihad é esforço sagrado com a palavra, não
necessariamente com a espada.

Outros Assuntos:
1. Vida após a morte: O islamismo ensina que o homem tem uma alma que sobrevive para uma
vida futura. O Alcorão diz: “Alá recolhe as almas no momento da morte e, os que não morrem,
ainda (recolhe) durante o sono. Ele retém aqueles cuja morte tem decretada” (Surata 39:42). Ao
mesmo tempo, a surata 75 é totalmente dedicada à Alquiáma(Ressurreição, ou levantamento dos
mortos), “pelo dia da ressurreição... porventura, crê o homem jamais reuniremos seus ossos?
Perguntaram: Quando acontecerá o dia da Ressurreição?... Não será Alá capaz de ressuscitar os
mortos?” (Surata 75: 1, 3, 6 e 40).
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Segundo o Alcorão, a alma pode ter diferentes destinos, que pode ser um jardim celestial
paradisíaco ou a punição num inferno ardente. Como diz o alcorão: “Perguntaram: Quando chegará
o dia do juízo final? Será o o dia em que forem torturados no fogo! Ser-lhe-ás dito: Sofrei a vossa
tortura! Eis aqui o que pretendes ungir!” (Surata 51:12-14). “Sofrerão [os pecadores] um castigo na
vida terrena; porém, o do outro mundo será mais severo ainda e não terão defensor algum diante de
Alá” (Surata 13: 34). Outra descrição declara: “Em verdade o inferno será uma emboscada... onde
permanecerão séculos, até milênios, em que não provarão do frescor nem de qualquer bebida, a não
ser água fervente e uma paralisante beberagem” (Surata 78:21,23-25).

Os muçulmanos crêem que a alma dos falecidos vai para o Barzakh, ou “barreira”, o lugar de estado
em que as pessoas estarão após a morte e antes do julgamento. (Surata 23: 99, 100). A alma está
consciente neste lugar, sofrendo o que se chama de “Punição do túmulo” se a pessoa foi má, ou
desfrutando a felicidade, se foi fiel. Mas, os fiéis, também tem que sofrer algum tormento por causa
de seus poucos pecados enquanto vivos. No dia do juízo, cada qual encara seu destino eterno, que
finda aquele estágio intermediário.

Em contraste, aos justos se oferecem jardins celestiais paradisíacos. “Quanto aos crentes que
praticam o bem, introduzi-los-emos em jardins abaixo dos quais correm rios, em que morarão
eternamente”(Surata 4:57). “Naquele dia os moradores do Paraíso em nada pensarão a não ser na
felicidade. Junto com suas esposas, reclinar-se-ão sob arvoredos sombreados em sofás macios.
Antes disso nós escrevemos nos Salmos depois da mensagem 9dada a Moisés): Meus servos, os
justos herdarão a terra”. (Surata 36: 55,56). A menção do termo esposas leva-nos ao encontro de
uma das mais polêmicas questões da religião islâmica: a Poligamia.

2. Casamento
Embora o Alcorão permita a poligamia, muitos muçulmanos têm apenas uma esposa. Devido às
numerosas viúvas resultantes de custosas batalhas, o Alcorão fez concessão para a poligamia: “Se
temerdes ser injustos para com as órfãs, podereis desposar duas, três ou quatro das que vos aprouver
entre outras mulheres. Mas, se temerdes não poder ser equitativos para com estas, casai, então com
uma só, ou conformai-vos com o que está ao alcance de vossas mãos” (Surata 4:3). Uma biografia
de Maomé, feita por Ibn-Hisham, diz que após a morte de Khadija, Maomé casou-se com muitas
mulheres. Ao morrer deixou nove viúvas.

Outra forma de casamento islâmico é chamada de Mutah. É definido como “contrato especial
celebrado entre um homem e uma mulher através da oferta e aceitação de casamento por um
período limitado e com dote de especificação, semelhante ao contrato de casamento permanente. Os
sunitas chamam-no de casamento por prazer, e os xiitas, um casamento a ser encerrado num período
específico. Os filhos de tais casamentos são considerados legítimos e têm o mesmo direito dos
filhos de um casamento permanente. Parece que esta forma de casamento temporário era praticado
nos dias de Maomé, e ele permitiu que continuasse. Os sunitas insistem que foi proibida mais tarde,
ao passo, que os imamis (um dos maiores grupos xiitas), crêem que ainda vigora. Muitos,
efetivamente, o praticam em especial quando um homem se ausenta de sua esposa por um longo
período.

3. A Mesquita
Um outro elemento indispensável presente na religião muçulmana é a Mesquita(masjad, em árabe) é
o local de adoração dos muçulmanos, que eles classificam a “pedra fundamental para invocar a
Deus”.

17
O islamismo define a Mesquita como, local de oração, estudo, atividades legais e judiciais,
consultas, pregação, orientação, educação e preparação... A Mesquita é o coração da sociedade
muçulmana. Com a expansão da religião islâmica, a figura mesquita é hoje presente em quase todo
mundo. Um dos templos mais famosos da história é a Mesquita de Córdoba na Espanha, que por
séculos era a maior do mundo. A sua parte central é agora ocupada por uma catedral católica.

10. O BUDISMO – Breve História12

1- NA ÍNDIA

Quando a "Luz da Ásia" surgiu brilhantemente na Índia Central foi assinalado um dos maiores
acontecimentos que marcaram época na história espiritual da humanidade; ou em outras palavras,
quando a Fonte da Grande Sabedoria e compaixão aí se transbordou, enriqueceu a mente humana,
através dos séculos, até os dias atuais.

O Buda Gautama mais tarde conhecido como Sakyamuni ou o "Sábio do clã Sakya" pelos adeptos
budistas, abandonou o aconchego do lar, tornou-se um monge mendicante e dirigiu-se rumo ao sul,
até Magadha, onde, presumivelmente, nos meados do século V a.c, estando em meditação sob a
árvore BO (Bodhi-Ficus Religiosa), alcançou a iluminação. A partir desse momento começou Sua
árdua e difícil missão, continuando-a, incansavelmente, no decorrer de longos quarenta anos, até a
Sua "Grande Morte", com a qual entrou no Nirvana, pregando a Sabedoria e Compaixão. Após a
sua morte, muitos e grandes templos budistas continuaram a aparecer em reinos e em várias tribos
da Índia Central.

Durante o reinado do Rei Asoka (268-232 a.C.), o terceiro governante do Reino de Mauria, o
ensinamento do Buda Gautama disseminou-se por toda a Índia, chegando mesmo a se propagar para
além das fronteiras do país.

O reino Mauria foi o primeiro estado monárquico a se consolidar na Índia. Este reino, no tempo de
seu primeiro governador Candragupta (316-293 a.C. aproximadamente) já ocupava um vasto
domínio, que se limitava com as montanhas do Himalaia, ao norte, ao leste com o Golfo de
Bengala; a oeste, com as montanhas Hindu kush, e ao Sul, com as montanhas Vindhya. O Rei
Asoka expandiu, posteriormente, este domínio até o Planalto do Deccan, conquistando o reino de
Kalinga e de outros.

Este rei era tido como muito furioso por natureza e era chamado de Candasoka (o Furioso Asoka)
pelo povo; mas seu caráter mudou completamente e ele se tornou sincero devoto do ensinamento da
Sabedoria e Compaixão após testemunhar as devastações causadas pela guerra, na qual Kalinga foi
conquistado. Após esse episódio, ele fez muitas coisas como crente budista, entre as quais se
destacam dois empreendimentos dignos de honra.

O primeiro foii o "édito de Asoka" ou os princípios administrativos, baseados no ensinamento


budista, gravados em pilares de pedra ou em rochas polidas, que ele colocou em numerosos lugares,
disseminando assim o ensinamento de Buda. Em segundo lugar, ele enviou missões para todos os
lugares, para além do seu reino até outros países, para que levassem o ensinamento da Sabedoria e
Compaixão. Especialmente notável é o fato de que algumas dessas missões foram atingir lugares
como a Síria, Egito, Quirene, Macedônia e Épiro, disseminando o budismo no mundo ocidental.
Além disso, Mahendra, o embaixador enviado a Tamraparni ou Ceilão, foi bem sucedido ao

12
A Doutrina do Buda, 3ª edição, Bukkyo Dendo Kiokai, Japão, 1982, pgs.539-557.
18
"estabelecer o maravilhoso ensinamento nesta bela e tranqüila Lankadvipa (Ceilão)", iniciando,
assim, a propagação do budismo em direção sul da ilha.

2- A AURORA DO BUDISMO MAHAYANA

Referindo-se aos primórdios do budismo, os budistas de anos posteriores costumam mencionar o


"Movimento Oriental do budismo", mas a face do budismo esteve, durante muitos séculos antes de
Cristo, evidentemente voltado para o ocidente. Foi apenas um pouco antes ou depois do início da
Era Cristã que esta face do budismo começou a se voltar para o oriente. Entretanto, antes de
falarmos sobre este assunto, devemos falar sobre a grande mudança que ocorria no budismo. Esta
mudança nada mais é do que a "Nova Onda", conhecida como o Budismo Mahayana ou o Grande
Veículo do Budismo, que começava a se arraigar e aparecer como notável elemento no ensino da
época.

Quando, como e por quem esta "nova Onda" foi iniciada? Ninguém ainda pode dar a resposta
definitiva a estas questões. Quanto a isso, apenas podemos dizer que: Primeiro, esta tendência deve
ter surgido no seio da escola Mahasanghika, e trazida à luz pela maioria dos sacerdotes
progressistas da época; segundo, o fato é que já havia alguns fragmentos importantes das escrituras
mahayanas, durante o período que vai desde o primeiro ou segundo século a.C. até o primeiro
século da Era Cristã. E quando o magnífico pensamento de Nagarjuna, endossado pelas escrituras
mahayanas, desenvolveu-se, o budismo mahayana apresentou-se vigorosamente no primeiro plano
do palco da história religiosa.

O papel desempenhado pelo budismo mahayana foi muito grande e significativo na longa história
do budismo. Assim, o budismo na China e no Japão desenvolveu-se, sofrendo muitas influências da
doutrina mahayana. Isto não parecerá estranho, pois já se desenvolvia um novo ideal para a
salvação das massas, considerando os novos santos como Bodhisattvas para pôr em prática este
ideal; e, para ratificar usso, os resultados intelectuais nos domínios metafísicos e psicológicos
trazidos pelos pensadores mahayanistas, foram realmente magníficos. Desta maneira, embora, de
um lado, estivessem relacionados à doutrina de Buda Gautama, por outro, muitos novos aspectos da
Sabedoria e Compaixão lhe foram acrescentados. Com estes acréscimos, o budismo cresceu em
ardor e energia e chegou a enriquecer os países do leste, como as impetuosas correntes de um
grande rio.

3- NA ÁSIA CENTRAL

Foi através dos países da Ásia Central que a China veio a aprender o budismo. Portanto, para se
falar da disseminação do budismo da Índia para a China, é necessário que se diga algo sobre a Rota
da Seda. Esta rota, aberta durante o reinado do Imperador Wu, da Dinastia Han (140-87 a.C.),
atravessava infindáveis territórios da Ásia Central e ligava o ocidente ao oriente. Por esta época, o
domínio de Han se estendia para o oeste, e em países vizinhos como Fergana, Sogdiana, Tokhara e
mesmo na Parthia, o espírito mercantilista inspirado por Alexandre, o Grande, ainda estava
vigorosamente ativo. Ao longo desta importante rota que passava por estes países, a seda
desempenhava o mais importante papel no intercâmbio comercial, daí o nome de Rota da Seda.
Pouco antes ou depois do Início da Era Cristã, a Índia e a China iniciaram os seus novos contatos
culturais, através desta rota do comércio. Assim, esta rota pode ser considerada também como a rota
da expansão do budismo.

4- CHINA

19
A história do budismo chinês tem início na época em que se aceitaram e se traduziram as escrituras
budistas. A mais velha obra da qual se tem conhecimento parece ser a "Ssu-shih-êr-châng-ching"( O
Sutra em Quarenta e Duas Seções Pregado por Buda.) feita por Kasyapamatanga e outros durante a
era Ying-P'ing (58-76 AD) do Imperador Ming, da Dinastia Han posterior; mas hoje é considerada
como uma duvidosa história legendária. A abalizada opinião dos estudiosos atribui esta tradução a
Na-shin-Kao, que era tradutor em Lo-yang, de 148 a 171 a.D., aproximadamente. Desta época até a
era da Dinastia Sung Setentrional (960-1129 a.D.), os trabalhos de tradução continuaram durante
quase mil anos.

Durante os primeiros anos, os responsáveis pela introdução e tradução das escrituras foram os
monges vindos, em sua maioria, dos países da Ásia Central. Por exemplo, Na-shin-Kao, acima
mencionado, veio da Parthia; K'na-sêng-K'ai, originário de uma região de Samarcanda, chegou a
Lo-yang por volta do século III, e traduziu o Sukhavativyuha (O Livro da Vida Ilimitada). Além
disso, Chufa-hu ou Dharmaraksha, que é conhecido como o tradutor de Saddharmapundarika", veio
de Tokhara e se estabeleceu em Loyang ou Ch'ang-an, em fins do século III até os princípios do
século IV. Quando Kumarajiva, veio de Kucha, no início do século V, os trabalhos de tradução
atingiram o seu auge.

Nesta época, os monges começaram a desenvolver suas reais atividades, ao empreenderem viagens
à Índia, para estudar o sânscrito e a doutrina budista. O pioneiro deles todos foi o monge Fa-hsien
(339-420? a.D.). Saindo de Lo-yang em 399 a.D., foi à Índia, de onde retornou 15 anos mais tarde.
O mais notável desses monges que viajaram até a Índia dói Hsuan-Chuang (600-664 a.D.), que
partiu para a Índia em 627 a.D., aí permanecendo durante 19 anos e daí voltou em 645 a.D. Mais
tarde, I-ching (635-713 a.D.), (não confundir com o livro I-ching) foi à Índia, por mar, em 671 a.D.
e regressou pela mesma rota, vinte e cinco anos depois.

Estes monges visitaram a Índia, por livre vontade, para aprender o sânscrito e trazer para casa as
escrituras por eles escolhidas, e tiveram papel importante nos trabalhos de tradução das mesmas. O
mais importante deles foi Hsuan-chuang, cuja notável habilidade lingüística e cujo eficaz e
consciente trabalho fizeram com que os trabalhos de tradução das escrituras, na China, alcançassem
outro apogeu. As obras dos primeiros tempos feitas por aqueles representados por Kumarajiva são
chamadas as "Velhas Traduções", e as obras de Hsuan-chuang e dos últimos tradutores são
chamadas as "Novas Traduções" pelos estudiosos budistas nos últimos períodos.

Baseando-se nos inúmeros volumes das escrituras budistas que foram traduzidas do sânscrito, a
tendência do pensamento e das atividades religiosas desses homens letrados foi pouco a pouco se
adaptando à cultura chinesa. Daí a clara manifestação da natureza racial, das necessidades e das
esperanças do povo chinês. Os vacilantes ensaios que os monges empreenderam no campo
metafísico em relação à "não-substancialidade" e principalmente no que diz respeito ao Prajna
(Sabedoria) dos Sutras, foram uma manifestação desta tendência. Posteriormente, abandonaram o
assim chamado "Hinayana"ou o Veículo Menor, e voltaram sua atenção ao "Mahayana", o Grande
Veículo. Além disso, com a escola Tendai, esta tendência ganhou importância e notabilidade, e com
o aparecimento da escola Zen, ela alcançou o seu auge.

A escola Tendai, aperfeiçoada por Tendai Daishi Chih-i (538-597 a.D), seu terceiro patriarca,
alcançou a sua plenitude, na China, na última metade do século VI. Tendai Saishi foi um dos mais
ilustres vultos do pensamento budista, e sua classificação crítica da Doutrina de Buda em Cinco
Períodos e Oito Doutrinas exerceu, durante muito tempo, grande influência sobre o budismo da
China e do Japão.

20
Um meticuloso exame mostrará que, na China, os vários sutras foram trazidos, sem a preocupação
cronológica de sua origem, e foram traduzidos à medida que chegavam. Diante da numerosidade
desses sutras, tornou-se problemático saber a sua origem e avaliação. Conseqüentemente, foi
necessário considerar o budismo como um todo e mostrar como alguém deveriam portar-se de
acordo com sua própria compreensão desta doutrina. Quanto à avaliação dos sutras, deve-se levar
em conta, antes de tudo, a tendência do pensamento chinês. A avaliação feita por Chih-i foi, acima
de tudo, a mais sistemática e a mais persuasiva. Mas, modernamente, com o desenvolvimento do
trabalho de pesquisa sobre o budismo, mesmo esta dominante influência parece ter chegado a um
fim.

Na história do budismo chinês, a escola Zen foi "a que chegou por último". Seu fundador foi
Sramana, um monge de um país estrangeiro, chamado Bodhidarma (523-528 a.D); mas as sementes
por ele lançadas floresceram gloriosamente apenas depois da época de Hui-Neng (638-713 a.D.), o
sexto patriarca desta escola. Depois do século VIII, a Seita na China teve uma série de talentosos
mestres que fizeram o Zen prosperar durante vários séculos.

O budismo na China apresentava um novo modo de pensar, que estava profundamente arraigado na
natureza de seu povo. Outro não era senão o budismo matizado com o modo de pensar chinês. A
doutrina do Buda Gautama, agora acrescida com esta nova corrente, adquiriu vigor, tornou-se
impetuosa como um grande rio e chegou a enriquecer países no oriente.

5- NO JAPÃO

A história do budismo no Japão teve início no século VI. A introdução do budismo no Japão
verificou-se, pela primeira vez, em 538 a.D., quando o Rei de Pochi ( ou Kudara, Coréia) enviou
um embaixador para apresentar uma imagem budista e um rolo de sutras a Corte do Imperador
Kinmei. A história religiosa do Japão tem, portanto, mais de 1.400 anos.

Nesta história, o budismo japonês se prende a três focos. O primeiro deles deve ser situado no
budismo dos séculos VII e VIII. Para atestar essa assertiva, deve-se fazer referências à construção,
que se realizava nesta época, de vários templos como Templo Horyuji (607 a.D.) e o Templo
Todaiji (752 a.D.). Fazendo-se em retrospecto desta época, depara-se com um fato que não deve ser
omitido, isto é, o fato de que a maré de cultura surgiu inusitadamente alta através de toda a Ásia.

Durante este período, enquanto a civilização ocidental estava mergulhada em profunda escuridão, a
oriental desenvolvia um movimento surpreendentemente ativo e magnífico, Na China, na Ásia
Central, na Índia e nos países dos Mares do Sul,as atividades nos campos intelectual, religioso e no
das artes desenvolviam-se vigorosamente. Unindo-se a estes movimentos, o budismo banhava o
mundo oriental com sua vasta corrente de humanismo. O novo movimento de uma cultura japonesa,
testemunhado pela construção do brilhante Horyuji e do magnífico Todaiji e pelas atividades
religiosas e artísticas que surgiram com estes eventos, é notável por mostrar, no extremo oriente,a
brisa da maré cultural que cobria vastas áreas da Ásia.

O povo deste país que por muito tempo esteve mergulhado na ignorância, agora banhado pela
corrente de uma grande cultura e civilização, desenvolveu-se de repente. Tal foi a reviravolta da boa
fortuna que favoreceu o povo deste país nestes séculos. E o principal fator, responsável pelo
surgimento desta cultura, outro não foi senão o budismo. Conseqüentemente, os templos budistas da
época tornaram-se centros de brilhante cultura, e os monges foram os líderes deste novo saber. Aí se
desenvolveu uma cultura mais propriamente que uma religião. Este era o estado em que se
encontrava o budismo, nos primórdios de sua introdução no país.
21
No século IX, dois grandes mestres. Saicho (Dengyo Daishi, 767-822) e Kukai (Kobo Daishi, 774-
835), apareceram em cena e fundaram duas escolas budistas que, juntas, são conhecidas como o
Budismo Heian. Com isso se estabeleceu definitivamente o budismo japonês. Eles adotaram o
budismo em seu estado e práticas originais, e fundaram mosteiros no Monte Hiei e no Monte Koya,
respectivamente. Durante três séculos depois de sua fundação até a Era Kamakura, estas duas
denominações esotéricas - Tendai e Shingon - prosperaram principalmente entre os aristocratas e
nas cortes imperiais.

O segundo foco deve ser situado no budismo dos séculos XII e XIII. Nesta época, o Japão produziu
grandes e ilustres mestres, como Honen (1.133- 1.212 a.D.), Shinran ( 1.173-1262 a.D.), Dogen
(1200-1253 a.D.), Nichiren (1222-1282 a.D.), e outros mais. Mesmo hoje, quando se fala do
budismo japonês, é imprescindível que se mencionem os nomes destes grandes mestres. Por que
somente estes séculos em questão produziram tão notáveis instrutores? Foi pelo fato de terem
enfrentado um problema comum. E qual foi este problema comum? Este problema surgiu, talvez,
porque o budismo tenha sido aceito na maneira japonesa de pensar.

Isto nos leva a indagação "Por quê? Não era certo que o budismo foi aqui introduzido muito tempo
antes desta época?" Assim é historicamente. Mas também é verdade que foram necessários vários
séculos para que o povo japonês pudesse sistematizar e remodelar esta religião importada e faze-la
completamente sua. Em síntese, foi a partir dos séculos VII e VIII que se iniciaram os movimentos
para a aceitação do budismo, e como conseqüência desses esforços e pela influência dos mestres
dos séculos XII e XIII, a aceitação do budismo se completou.

Depois disso, o budismo japonês, firmado sobre o alicerce construído por aqueles mestres, mantém
suas glórias até os dias atuais. Desde a época em que apareceram aqueles notáveis instrutores, a
história do budismo japonês não conheceu mestres de têmpera daqueles já mencionados. Entretanto,
já um fato que atrai a nossa atenção e que é o fruto da pesquisa sobre o budismo original feita nos
tempos modernos.

Desde a época de sua aceitação, o budismo japonês foi, de modo geral, o budismo mahayana
influenciado pelo budismo chinês. Especialmente, depôs do aparecimento dos grandes mestres nos
séculos XII e XIII, a doutrina mahayana formou a principal corrente, tendo os fundadores de seitas
como seu centro difusor, assim continuando até hoje. Na história do budismo japonês, o estudo do
budismo original começou, aproximadamente, depois da Era Meiji. A figura do Buda Gautama
reapareceu brilhantemente diante daqueles que se esqueciam do fato de que houve um fundador do
Budismo, ao lado dos fundadores de escola, e isso se tornou claro para aqueles que nunca deram
atenção a nada a não ser à doutrina mahayana, e que se esqueceram de que havia também um credo
sistemático do budismo. Estas novas fases permanecem ainda na esfera de saber escolástico e ainda
não estão fortes bastante para despertar entusiasmo religioso. Mas o conhecimento do povo japonês
em relação ao Budismo parece, finalmente, estar atingindo uma grande reviravolta. É intenção do
autor deste artigo considerar esta fase como a última dos três focos acima mencionados.

6. Prática de fé

O Budismo consiste no ensinamento de como superar o sofrimento e atingir o nirvana (estado de


paz e plenitude) por meio da disciplina mental e de uma forma correta de vida. Também crêem na
lei do karma, segundo a qual, as ações de uma pessoa determinam sua condição na vida futura. A
doutrina é baseada nas quatro verdades de Buda: a) Toda existência é sofrimento; b) O sofrimento
vem do desejo ou anseio; c) A cessação do desejo significa o fim do sofrimento; d) Consegue-se a

22
cessação do sofrimento seguindo o caminho óctuplo, controlando a conduta, o pensamento e a
crença da pessoa.

O caminho óctuplo

1. Compreensão correta: a pessoa deve aceitar as quatro verdades e os oito passos de Buda.
2. Pensamento correto: A pessoa deve renunciar todo prazer através dos sentidos e o pensamento
mal.
3. Linguagem correta: A pessoa não deve mentir, enganar ou abusar ninguém.
4. Comportamento correto: a pessoa não deve destruir nenhuma criatura, ou cometer atos ilegais.
5. Modo de vida correto: O modo de vida não deve trazer prejuízo a nada ou a ninguém.
6. Esforço correto: a pessoa deve evitar qualquer mal hábito e desfazer de qualquer um que o
possua.
7. Desígnio correto: A pessoa deve observar, estar alerta, livre de desejo e dor.
8. Meditação correta: ao abandonar todos os prazeres sensuais, as más qualidades, alegrias e
dores a pessoa deve entrar nos quatro graus da meditação, que são produzidos pela
concentração.

7. Missões do Budismo
Um dos grandes generais hindus, Asoka, depois do ano 273 a.C, ficou tão impressionado com os
ensinos de Buda, que enviou missionários para todo o subcontinente indiano, espalhando essa
religião também na China, Afeganistão, Tibete, Nepal, Coréia, Japão e até Síria. Essa facção do
Budismo tornou-se popular e conhecida como Mahayana. A tradicional, ensinado na Índia é
chamado de Teravada.

O Budismo Teravada possui três grupos de escrituras consideradas sagradas, conhecidas como “Os
Três Cestos” ou Tripitaka:

O primeiro, Vinaya Pitaka (Cesto da Disciplina), contém regras para a alta classe.
O segundo, Sutta Pitaka(Cesto do Ensino), contém os ensinos de Buda.
O terceiro, Abidhamma Pitaka(Cesto da Metafísica), contém a teologia de Buda.

O Budismo começou a ter menos predominância na Índia desde a invasão muçulmana no séc. XIII.
Hoje, existem mais de 300 milhões de adeptos em todo o mundo, principalmente no Sri Lanka,
Mianmá, Laos, Tailândia, Camboja, Tibete, Nepal, Japão e China. Ramifica-se em várias escolas,
sendo as mais antigaso Budismo Tibetano e o Zen-budismo. O maior templo budista encontra-se na
cidade de Rangoon, em Burma, o qual possui 3500 imagens de Buda.

8. Teologia do Budismo
A divindade: não existe nenhum Deus absoluto e pessoal. A existência do mal e do sofrimento é
uma refutação da crença em Deus. Os que querem ser iluminados necessitam seguir seus próprios
caminhos espirituais e transcendentais. É UM ATEÍSMO RELIGIOSO
Antropologia: o homem não tem nenhum valor e sua existência é temporária.
Salvação: as forças do universo procurarão meios para que todos os homens sejam iluminados
(salvos).
A alma do homem: a reencarnação é um ciclo doloroso, porque a vida se caracteriza em transições.
Todas as criaturas são ficções.
O caminho: o impedimento para a iluminação é a ignorância. Deve-se combater a ignorância lendo
e estudando.
Posição ética: existem cinco preceitos a serem seguidos no Budismo:
23
a. Proibição de matar
b. Proibição de roubar
c. Proibição de ter relações sexuais ilícitas
d. Proibição de falso testemunho
e. Proibição do uso de drogas e álcool

No Budismo a pessoa pode meditar em sua respiração, nas suas atitudes ou em um objeto qualquer.
Em todos os casos, o propósito é se livrar dos desejos e da consciência do seu interior. Tem um alto
nível de moralidade.

11. O NEOPENTECOSTALISMO13

BREVE HISTÓRIA DO MOVIMENTO

Uma importante precursora dos grupos neopentecostais foi a Igreja de Nova Vida, fundada pelo
canadense Robert McAlister, que rompeu com a Assembléia de Deus em 1960. A Nova Vida foi
pioneira de um pentecostalismo de classe média, menos legalista, e investiu fortemente na mídia.
Foi também a primeira igreja pentecostal a adotar o episcopado no Brasil. Sua maior contribuição
foi ter sido um “estágio” para futuros líderes. Trabalhou com homens um pouco mais cultos e
conhecedores do mundo que os líderes da primeira e segunda ondas, e sugeriu-lhes um modelo
pentecostal mais culturalmente solto. Deu-lhes também uma formação indispensável para que se
tornassem independentes: segundo um ex-pastor, “a primeira coisa que aprendi na Nova Vida foi
como levantar uma boa oferta”. Em sintonia com isso, a mensagem devia ser sempre positiva. Era o
transplante do que havia de mais recente na religião americana, no estilo dos novos pregadores
televisivos. A Vida Nova foi berço de três grupos da terceira onda: a IURD, a Igreja Internacional
da Graça de Deus (fundada por Romildo R. Soares, cunhado de Edir Macedo, após um cisma na
IURD) e a Igreja Cristo Vive.

Uma influência significativa na Igreja de Vida Nova e no surgimento do movimento neopentecostal


como um todo foi a incipiente renovação carismática norte-americana. Esse movimento surgiu de
modo distinto no início dos anos 60 com a ocorrência de fenômenos pentecostais fora das estruturas
denominacionais do pentecostalismo clássico, ou seja, nas chamadas igrejas históricas e em grupos
não denominacionais. No Brasil, a chamada “renovação” produziu divisões em quase todas as
igrejas históricas, com a criação de grupos como a Igreja Batista Nacional, a Igreja Metodista
Wesleyana e a Igreja Presbiteriana Renovada. Para tornar esse quadro ainda mais complexo, os anos
60 também testemunharam o aparecimento da “renovação carismática católica”, que, apesar de uma
relação nem sempre fácil com a hierarquia, tem adquirido crescente visibilidade em anos recentes.
Em contraste com o pentecostalismo clássico, o movimento carismático, seja em sua modalidade
evangélica ou católica, tem atraído principalmente pessoas de classe média, daí a sua maior
preocupação com o decoro e a respeitabilidade do que se vê nos grupos populares.

Ao lado das manifestações espirituais extraordinárias como glossolália, curas, profecias e


exorcismo, os carismáticos e neopentecostais brasileiros caracterizam-se por uma forte ênfase na
“teologia da prosperidade,” outra influência norte-americana, difundida por líderes como Kenneth
Hagin e Benny Hinn. Este tem sido um dos principais elementos do maior fenômeno ocorrido no

13
Nota: A parte histórica foi extraída do artigo do Dr. Alderi In: http://www.mackenzie.com.br/7090.html e a
introdução da segunda parte do Dr. Solano Portela. In: http://www.monergismo.com/solano-portela/pentecostalismo-
neopentecostalismo-e-o-trabalho-do-espirito-santo. Em 10/02/2014.
24
protestantismo brasileiro nas últimas décadas: a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). A
igreja foi fundada por Edir Macedo (nascido em 1944), filho de um comerciante fluminense.

Macedo trabalhou por 16 anos na Loteria do Estado do Rio de Janeiro, período em que subiu de
contínuo até um cargo administrativo. De origem católica, ele ingressou na Igreja de Nova Vida na
adolescência, deixando essa igreja para fundar a sua própria, inicialmente denominada Igreja da
Bênção. Em 1977, deixou o emprego público para dedicar-se integralmente ao trabalho religioso.
Nesse mesmo ano surgiu o nome Igreja Universal do Reino de Deus e o primeiro programa de
rádio.

Macedo residiu nos Estados Unidos de 1986 a 1989. Quando retornou ao Brasil, transferiu a sede da
igreja para São Paulo e adquiriu a Rede Record. Em 1990, a IURD elegeu três deputados federais.
Macedo esteve preso por doze dias em 1992, sob a acusação de estelionato, charlatanismo e
curandeirismo. O acontecimento que deu maior publicidade à IURD nos últimos anos foi o episódio
do “chute na santa,” quando, em um programa de televisão transmitido em 12 de outubro de 1995, o
bispo Sergio von Helde referiu-se de modo desairoso à virgem Maria, dando alguns chutes numa
imagem da mesma.

Outro grupo neopentecostal que também dá grande ênfase à teologia da prosperidade e tem
despertado muito atenção da imprensa nos últimos meses é a Igreja Renascer em Cristo, fundada em
1985 pelo “apóstolo” Estevam Hernandes e sua esposa, a bispa ou “episcopisa” Sônia Hernandes. À
semelhança de outros líderes pentecostais, Estevam teve uma origem humilde como filho de um
jardineiro de cemitério e começou a trabalhar aos 7 anos, fazendo carreto em feiras livres. Mais
tarde, desiludido com o catolicismo, filiou-se a uma igreja pentecostal, onde conheceu a futura
esposa. Sete anos depois, casaram-se e decidiram fundar sua própria igreja, que hoje conta com
cerca de 50 mil fiéis e mais de 200 templos. À semelhança dos pastores da IURD, o casal
Hernandes tem grande habilidade em conseguir contribuições dos fiéis; todavia, ao contrário de
Edir Macedo, ostenta com orgulho sinais de riqueza, como roupas caras, jóias e automóveis
importados. O casal é proprietário da rentável Rede Gospel de Comunicação e procurou assumir o
controle da Rede Manchete de televisão.

Devido às suas características intrínsecas e à sua capacidade de adaptação às necessidades e


expectativas de vastos setores da população brasileira, o movimento neopentecostal está longe de
perder o seu ímpeto. É possível que surjam novos segmentos e os antigos grupos tomem rumos
ainda insuspeitados.

CARACTERÍSTICAS DO NEOPENTECOSTALISMO

Obviamente, o neopentecostalismo ou “pentecostalismo autônomo” partilha das mesmas


convicções, valores e práticas do pentecostalismo clássico: ênfase nos dons espirituais,
especialmente os mais extraordinários (línguas, profecias, curas); forte emotividade, especialmente
nos cultos; ênfase à pessoa e atividade do Espírito Santo; valorização da figura do líder (o “ungido
do Senhor”); preocupação constante com as forças do mal; e grande ênfase ao conceito de “poder.”

Todavia, os grupos neopentecostais distinguem-se da sua matriz ou por darem uma ênfase incomum
a determinados aspectos da herança pentecostal (por exemplo, curas, revelações e exorcismo), ou
por adotarem novas idéias e práticas, muitas delas provindas dos Estados Unidos (como batalha
espiritual, o “evangelho” da prosperidade, maldição hereditária e assim por diante). Aliás, um dos
traços mais marcantes do neopentecostalismo é sua criatividade, sua capacidade de inovação. No
esforço de manter o interesse dos fiéis e evitar a rotina, continuamente são apresentados novos
25
slogans, ensinos e práticas. O melhor exemplo é a Igreja Universal do Reino de Deus, com suas
correntes de oração e suas campanhas de prosperidade (por exemplo, a “fogueira santa de Israel”).

É curioso como a América do Norte continua a ser a fonte de inspiração para os neopentecostais
brasileiros, assim como o foi e continua sendo para os pentecostais clássicos. Autores e pregadores
como Kenneth Hagin, Morris Cerullo e Benny Hinn têm exercido poderosa influência através dos
seus livros, vídeos, programas de televisão e visitas ao Brasil. Benny Hinn tem sido especialmente
influente por encarnar alguns dos valores mais apreciados em muitos círculos neopentecostais,
como o sucesso e a prosperidade, apesar de muitos de seus ensinos serem questionados por
diferentes observadores. Há alguns anos os fenômenos ocorridos na famosa Igreja do Aeroporto de
Toronto, no Canadá, também despertaram enorme curiosidade e desejo de imitação. Essa igreja
inicialmente estava filiada ao ministério Vineyard, fundado por John Wimber na Califórnia, sendo
depois desligada do mesmo devido aos seus excessos. A chamada “bênção de Toronto” incluía
práticas como gargalhadas incontroláveis (o “riso santo”), cair no Espírito, ficar estendido no
carpete, emitir sons de animais (urros, latidos), tudo supostamente como conseqüência da presença
do Espírito Santo.

PRINCIPAIS PRÁTICAS RELIGIOSAS

O neopentecostalismo tem em comum com o pentecostalismo, a ênfase na experiência, e muitas das


doutrinas relacionadas com os dons extraordinários (operação de milagres, falar em línguas, novas
revelações). O neopentecostalismo, entretanto, é caracterizado por cruzar os limites das
denominações pentecostais, formando novas denominações com peculiaridades mais intensas e
penetrando nas demais denominações.

“O grande ponto de dissociação, entretanto, entre o pentecostalismo e o neopentecostalismo se dá


na compreensão da doutrina das Escrituras. A ênfase na experiência, do pentecostalismo, nunca
chegou a soterrar totalmente a importância da Palavra e pontos de tensão foram resolvidos, em
muitas ocasiões, com a primazia da própria Palavra. Nesse sentido, por exemplo, a insistência
inicial na total ausência de estudo bíblico formal (seminários, institutos bíblicos), uma vez que a
pregação viria “por revelação”, deu lugar à visão mais bíblica e mais sóbria, da necessidade do
estudo e na aplicação ao aprendizado; as próprias “cruzadas de milagres”, populares na década de
sessenta, no Brasil, foram suplantadas por estruturas denominacionais mais comprometidas com a
evangelização aos segmentos mais esquecidos da sociedade, ao discipulado e à formação de um
caráter cristão nos congregados. De “denominação de vanguarda” os pentecostais foram se
revelando conservadores em inúmeras doutrinas e, em não raras ocasiões, exercitam a disciplina
eclesiástica de forma coerente e bíblica”.

“O neopentecostalismo, entretanto, abraçou vários ensinamentos próprios – esses nem sempre com
respaldo ou analogia bíblica. No neopentecostalismo, é básica a adesão ao espetacular e
extraordinário, como sendo características inerentes ao próprio exercício da fé cristã, mas existem
outras peculiaridades doutrinárias, tais como”:

a) Teologia da Prosperidade ou Confissão Positiva14


Para satisfação de alguns e espanto da maioria, o movimento da "confissão positiva" tem se
alastrado na comunidade evangélica brasileira nos últimos anos. Conhecido popularmente como a
"teologia da prosperidade", esta corrente doutrinária ensina que qualquer sofrimento do cristão
indica falta de fé. Assim, a marca do cristão cheio de fé e bem-sucedido é a plena saúde física,

14
ROMEIRO, Paulo. Super Crentes. São Paulo: Mundo Cristão, 1998.
26
emocional e espiritual, além da prosperidade material. Pobreza e doença são resultados visíveis do
fracasso do cristão que vive em pecado ou que possui fé insuficiente.

Outros ensinos pouco ortodoxos caracterizam a confissão positiva, conhecida também como
"evangelho da saúde e da prosperidade'', ' 'palavra da fé'' ou ainda como "movimento da fé". Seus
líderes apregoam que os humanos possuem a natureza divina, que consultar médicos ou tomar
remédios é pouco recomendável para o cristão, que Jesus foi milionário e que a soberania de Deus é
limitada pela vontade humana.

Muitas pessoas no movimento da confissão positiva consideram Kenneth Hagin como o pai deste
ensino. Paul Crouch, presidente da maior rede evangélica de TV do mundo, conhecida como Trinity
Broadcasting Network (TBN), com sede na Califórnia, E.U.A., refere-se a Hagin como "papai
Hagin". Outros proeminentes pregadores do evangelho da prosperidade consideram-se de fato
discípulos de Kenneth Hagin. Entretanto, quando se investiga o desenvolvimento histórico do
movimento, chega-se à conclusão de que o verdadeiro pai da confissão positiva é Essek William
Kenyon.

Kenyon nasceu no condado de Saratoga, Nova York, Estados Unidos, em 1867. Sua conversão deve
ter acontecido quando ele tinha entre 15 e 19 anos de idade. Aos 19 anos, pregou o seu primeiro
sermão numa igreja metodista. Em 1892, mudou-se para Boston, onde freqüentou várias escolas,
entre elas a Faculdade Emerson de Oratória, fundada por Charles Emerson. É importante saber
quem foi Charles Emerson para se compreender a hermenêutica (ciência que trata da interpretação
bíblica) de Kenyon. Em seu livro A Different Gospel, McConnell comenta que Charles Emerson foi
um colecionador de religiões, um eclético, no sentido mais verdadeiro da palavra:

Em seus 40 anos de ministério, a teologia de Emerson evoluiu do congregacionalismo para o


universalismo, para o unitarismo, para o transcendentalismo, para o Novo Pensamento (Nova Idéia),
e terminou, finalmente, nas mais rígidas e dogmáticas de todas as seitas metafísicas, a Ciência
Cristã. Emerson uniu-se à Ciência Cristã em 1903 e nela permaneceu envolvido até sua morte, em
1908. Sua conversão à Ciência Cristã foi a última progressão lógica na sua evolução metafísica do
ortodoxo para o sectário.

Baxter estava engajado no Shepherding Movement, movimento que ensinava a necessidade de cada
novo membro no grupo ter um líder espiritual, um discipulador, a quem contaria todos os seus
pecados, fantasias ou qualquer outro problema do passado e do presente. Chegava-se ao cúmulo de
o discipulador poder decidir sobre a carreira, o curso na faculdade e até sobre com quem o discípulo
deveria se casar, tolhendo, assim, a liberdade cristã do novo membro e assumindo o papel do
Espírito Santo em sua vida.

Ern Baxter, que conheceu e conviveu com Kenyon, declara que ele sem dúvida foi influenciado por
Mary Baker Eddy, fundadora da seita norte-americana Ciência Cristã. Veja o que Baxter tem a dizer
sobre isto:

Minha razão principal para afirmar isto não se baseia apenas no que apanhei das coisas metafísicas
que ele dizia em nome do cristianismo, mas também de uma certa tarde em que me fez uma visita,
como já fizera em várias ocasiões. Ele estava sentado lendo, num canto da sala onde eu tinha uma
prateleira com alguns livros, um dos quais era Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, que eu
tinha para fins de referência, sendo estritamente contra quase todos os seus pontos de vista. Mas eu
o encontrei lendo o livro e sorri enquanto passava, não querendo interrompê-lo. Voltei uns 30 ou 40
minutos depois e ele ainda o estava lendo. Então fiz um comentário e ele respondeu, positivamente,
27
que havia muito que se poderia aproveitar de Mary Baker Eddy. Aquilo me despertou. Não posso
dizer que me surpreendeu, mas me alertou para o fato de que ele provavelmente não estava
formulando suas posições de fé inteiramente baseado em sola Scriptura, mas foi influenciado pelos
metafísicos.

Mary Baker Eddy15 - Filha de Mark Baker e Abgail Barnard Ambrose, Mary Baker Eddy era a
caçula de uma família compostas de três irmãos - Samuel, Albert e George Sulivan - e de duas
irmãs - Abigail e Martha - tendo sido educada num lar cristão puritano. A família pertencia à Igreja
Congregacional Trinitária, à qual Mary filiou-se aos 12 anos de idade. Na ocasião, numa entrevista
com o pastor, declarou-lhe não aceitar a doutrina da predestinação - um dos artigos de fé
do Calvinismo.

Estimulada pelo segundo marido, Patterson, Mary Baker pesquisou a cura pela homeopatia. Em
1862, aconselhada pela irmã, submeteu-se a um tratamento pela hidroterapia no Instituto
Hidroterapia do doutor Vail. Na sequencia chegou ao conhecimento de Patterson alguns relatos
sobre um certo Phineas P. Quimby, o qual começava a fazer curas na cidade de Portland, no Maine.
Mary Baker foi conhecê-lo. Sua saúde melhorou, nas primeiras consultas, mas logo em seguida
voltou ao estado inicial. A conclusão a que ela chegou, com essa experiência, foi de que as curas
operadas por Quimby eram baseadas no hipnotismo. Como resultado de suas próprias investigações
das pseudo-curas operadas por Quimby, Mary Baker concluiu que ele não sabia explicar como as
curas aconteciam; ela também observou que Quimby não tinha nenhuma inclinação
religiosa. Conclusão que é reforçada pela historiografia registrada pelo filho de Quimby.

Em uma noite fria de fevereiro de 1866, as ruas estavam cobertas de gelo. Mary Baker dirigia-se a
pé para uma reunião da Liga Feminina Antialcoólica, da Legião dos Bons Templários de Linn, da
qual era presidente. Ela então escorregou e sofreu uma queda violenta. Foi levada inconsciente para
uma casa nas proximidades. O médico que a atendeu diagnosticou uma contusão cerebral, lesões
internas e um comprometimento da coluna vertebral. No dia seguinte ela dispensou o uso dos
remédios recomendados e solicitou ser levada para sua casa em Swampscott.
Os jornais da época noticiaram seu estado crítico de saúde. No domingo, um pastor foi visitá-la, não
encontrando nela nenhuma esperança de recuperação. Tendo ficado sozinha, voltou-se para a Bíblia
e abriu-a no 3.º capítulo de Marcos. Ao ler a cura da mão ressequida, feita por Jesus Cristo, sentiu
imediatos efeitos curativos por todo o seu corpo. Levantou-se e as pessoas que estavam presentes na
sala ficaram muito surpresas. Diante de uma súbita recaída, ela novamente abriu a Bíblia no
capítulo 9.º de Mateus, na cura do paralítico. Aquela ordem de Jesus dada ao paralítico: "levanta-te
e anda!", teve efeito imediato em sua mente e no corpo, e ela curou-se completamente. Depois
dessa cura, dedicou os três anos seguintes a estudar profundamente a Bíblia e ao desenvolvimento
da Ciência Cristã, tendo curado todos os casos de pacientes que vinham até ela - normalmente
quando todos os outros recursos haviam falhado e não havia mais esperança de
restabelecimento. Mary Baker estava convencida de que a doença tinha basicamente uma causa
mental, e que poderia ser curada através de uma clara compreensão de Deus perfeito e homem
perfeito.

Em seguida, começou a curar e a ensinar o método de cura, recém descoberto e experimentado por
ela mesma, em sua cura completa. Consta na historiografia oficial que foi um médico que sugeriu

15
Consultado In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mary_Baker_Eddy. Em 12/03/2014.
28
Mary Baker que escrevesse um livro para explicar seu recém-descoberto método de cura - isto após
ele ter presenciado, pessoalmente, uma cura de tuberculose realizada por Mary Baker, em uma
paciente que ele havia desenganado. Esta cura está descrita no livro Ciência e Saúde pág. 184-185.
Ela então escreveu e publicou, pela primeira vez em 1875, o livro Ciência e Saúde com Chave das
Escrituras (Science and Health with Key to the Scriptures), disponível em português. Mary Baker
fundou sua igreja, estabeleceu a Ciência Cristã como um movimento religioso e trabalhou,
incansavelmente, para disponibilizar o conhecimento universal da cura cristã, para toda a
humanidade, restabelecendo o método empregado por Cristo Jesus.
Em 1879, fundou A Igreja de Cristo, Cientista, com seus primeiro alunos evangélicos que passaram
a ser chamados de "cientistas cristãos", em Boston, Massachusetts. Em 1892, por inspiração
divina, transformou a igreja local anteriormente criada numa organização internacional denominada
"A Primeira Igreja de Cristo, Cientista – A Igreja Mãe", já plenamente imbuída do caráter
universal da Igreja de Cristo.
Mary Baker Eddy é responsável pela cura da mente e também pelo positivismo nas palavras (pensar
positivo ou declarar algo).

“A Mente governa tudo. Que nós existimos perfeitos em Deus, não há dúvida alguma, pois as
concepções da Vida, da Verdade e do Amor devem ser perfeitos e mediante esta verdade básica
vencemos a doença, o pecado e a morte. Muitas vezes, para vencer a fé do paciente em
medicamentos e higiene pessoal, isto requer tempo; mas, estando ele um vez convencido da
inutilidade destes métodos materiais, o progresso é rápido”.

“Em nenhuma outra coisa apareceu Jesus de Nazaré mais divino do que na sua fé na imortalidade
de suas palavras. Ele disse: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão”, (Mat.
24:35); e não passaram. Os ventos do tempo varrem a fundo os séculos, mas não conseguem levar
as suas palavras ao esquecimento. Ainda vivem e amanha falarão mais alto do que hoje. Hoje, elas
são como uma voz que prega no deserto, clamando: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as
suas veredas para a saúde, a santidade, a harmonia universal e subai até aqui”. A grandiosidade da
palavra, o poder da Verdade, está novamente expulsando os males e curando os doentes; e sussurra:
“Isto é Ciência”.”16

Hoje é muito fácil identificar as práticas positivistas: cura pela mente; há poder em suas palavras;
declarar ou determinar; negação do natural; etc.

b) A doutrina da cura17
O movimento neopentecostal desenvolveu ao longo do anos uma doutrina nova e bem peculiar.
Chamarei essa doutrina de “Doutrina da Cura”. E os textos abaixo revelarão seu conteúdo:

Usando o texto de Isaías 53:4-5, os pregadores da fé afirmam que a cura divina já está totalmente
garantida na expiação. (Esta passagem de Isaías seria citada mais tarde em Mateus 8:14-17 e em 1
Pedro 2:24.). A ideia é que a morte de Cristo na cruz trouxe direitos de cura total para todos os
crentes, o qual através de uma vida de fé não podem permanecer enfermos. Os crentes precisam
tomar posse da promessa e viver saudavelmente, com qualidade de vida (prosperidade).

O Pr. Jorge Tadeu declara que "Deus promete curar todas as enfermidades", citando Isaías 53:4, 5 e
1 Pedro 2:24. Ele vai um pouco mais além dizendo que "Deus promete partos normais às senhoras",
16
Textos extraídos de ESCRITOS MISCELÂNIOS de Mary Baker Eddy.
17
ROMEIRO, Paulo. Super Crentes. São Paulo: Mundo Cristão, 1998.
29
citando Êxodo 23:26 e Deuteronômio 28:4.22. Outra afirmação desse homem é atribuindo a doença
ao Diabo. “Deus só pode dar o que Ele tem. Para Deus lhe dar uma doença teria que pedi-la
emprestada ao diabo, o que é uma idéia absurda”.

Obs: Fazer um exercício exegético na sala de aula - Isaías 53.4-6 – Mateus 8.16-17; 1Pedro
2.24.

c) A superstição: Israelatria e usos de objetos sagrados


É muito comum ver no movimento neopentecostal expressões do judaísmo. De alguns anos para cá,
percebe-se um crescimento do apego às coisas relacionadas à Israel. Não é um apego missionário no
sentido de evangelização, mas uma recepção de costumes e práticas da religião e as vezes um apego
à nação como expressão religiosa. Recentemente assisti um casamento de dois gentios, no costume
judaico, feito por um líder "evangélico". Fiquei com dúvida: Isso seria judaizar ou uma israelatria?

Morei bem próximo da construção do templo de Salomão em São Paulo e tenho me perguntado,
haverá sacrifícios? Pois na obra de Cristo nem acreditam mais! Há muitas bandeiras de Israel sendo
apresentadas em Igrejas, mas o Maguen David não é um símbolo místico? O símbolo religioso e
que a Igreja em Jerusalém usava não era a Menoráh, com o peixe para diferenciar do judaísmo?

Tenho muitos conhecidos e amigos indo a Israel, ouço que vão a boates, dança do ventre, etc... Ué,
pensei que todos viajavam para pesquisas, estudos bíblicos e tal! Tenho ouvido de muitos que se
rebatizam no rio jordão. O batismo não é único? Há poder especial nas aguas do jordão?

No mais há um uso excessivo do Antigo Testamento sem considerar o novo e a obra de Cristo. O
uso de objetos sagrados é muito comum. Por exemplo: O óleo da unção, representações de culto
(fogueira santa), o palco como altar, entre outros.

Em Atos dos Apóstolos houve esse problema, a igreja decidiu não impor aos gentios a lei de Moisés
e nem encargo algum – At 15. Na carta de Colossenses e Hebreus vemos claramente o cumprimento
de todas essas coisas em Cristo. Toda expressão não autoridade é idolatria, conforme Êxodo 20.

d) O movimento “apostólico”
Quando ligamos o rádio e televisão em nossos dias pode-se ver um movimento que surgiu
recentemente e cresce a cada dia. O movimento é conhecido como “Movimento Apostólico”.

A ideia desse movimento é de resgatar o ofício Apostólico como era praticado na Igreja Primitiva,
ouve-se da necessidade de resgatar o dom descrito em Efésios 4.11. Já ouvi e participei de um
congresso, onde os argumentos eram lançados e com muito entusiasmo as pessoas estão
reconhecendo essa restauração como algo possível.

É claro que a tentativa de argumentar bíblicamente cai por terra sem muito esforço, mas quando são
questionados sobre seus fundamentos sentem a necessidade de abrir mão da Bíblia e partir para a
experiência. A partir de então os argumentos são baseados em novas revelações do Espírito, os
sinais que os acompanham e a autoridade como anjo da igreja.

Um certo dia em um programa de televisão, um desses líderes famosos, depois de questionado se


cumpria os critérios bíblicos para ter sido ordenado apóstolo, ele respondeu: “Eu vi Jesus Cristo
ressuscitado”. A ideia foi demonstrar que seu chamado era semelhante de Paulo e não seguiu os
padrões estabelecidos pela Igreja de Jerusalém (At 1).

30
Após várias conversas com amigos sobre isso, resolvi escrever um pouco. Tenho percebido muitas
dúvidas e alguns amigos aderindo a esse movimento estranho e sem fundamento na Bíblia.

A Bíblia é muito clara e objetiva quando trata do ofício dos Apóstolos. O ministério desses irmãos
foi fundamental para a existência e bases da Igreja de Deus. Por isso aqueles que foram chamados
pessoalmente por Jesus tinham que:

1. Ter andado com Jesus desde o batismo – At 1.22.


O texto acima em Atos não é simplesmente narrativa, mas a Igreja reunida sob a autoridade dos
Apóstolos e sendo moderada por Pedro, definiu os critérios em oração e como o texto revela foi
aprovado por Deus, quando Ele escolhe Matias como resposta da oração de toda a Igreja.

2. Ser testemunhos do ministério e ressurreição de Cristo - At 1.21,22.

3. Ser escolhido por uma manifestação sobrenatural - At 1.23-26, 9.3; 1 Co 15.3-8.

4. Realizar sinais e prodígios como testemunho do chamado - At 15.12; Rm 15.19; 2Cor 12.12.

5. Transmitir a verdade oral e canônica de Cristo conhecida como doutrina dos Apóstolos - At
2.42; 1 Cor 15.3.

6. Experimentar sofrimento e perseguição pela causa de Cristo - 1 Cor 4.9.

7. Ser parte da edificação da Igreja de Deus - Ef 2.20.

Através de uma reflexão sincera e íntegra com o texto sagrado, percebe-se que o ofício apostólico
não é permanente, portanto não tem sucessão apostólica no sentido de oficio (1Co 3.11; Ef 2.20).
Os critérios, bem como as exigências do Nosso Senhor não podem ser aplicadas a nenhum
indivíduo em nossos dias. Os Apóstolos de Jesus Cristo ou Apóstolos do Cordeiro são somente os
doze, como nos afirma Jesus em Apocalipse 21.14.

E agora? Como fica o Apóstolo Paulo?


Com certeza se nosso irmão Paulo fosse vivo, poderíamos dizer que ele é o “cara”. Não porque
tenha sido grande, mas porque anda na contramão desse movimento moderno.
Com certeza Paulo é um verdadeiro Apóstolo da Igreja, mas vamos olhar sua declaração em defesa
ministerial.

“... depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo. Pois sou o menor
dos apóstolos e nem sequer mereço ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus”. 1Cor
15.8,9.

Algumas considerações importantes:


1. Paulo assumiu como sendo a única excessão, e por essas razões do texto não se tornou um dos
doze, pois nasceu fora de tempo. Aprouve a Deus chamar o Apóstolo depois, e o próprio Jesus
revela o motivo, ou seja, chegou a hora dos gentios serem enxertados em Israel e Paulo seria o
Apóstolo entre os gentios – Rm 11.13.
Como Apóstolo é responsável por implantar igrejas e anunciar o evangelho aos povos não
alcançados – Rm 15.20.

2. Paulo não se ordena ao Ministério Sagrado.


31
a) Quando é chamado por Jesus, testemunha sua vocação com evidências plausíveis – Gl 1.11-17.
b) Teve um período no deserto, sem ser apresentado como Apóstolo.
c) Quando retorna vai a Pedro e Tiago, depois de quatorze anos retorna outra vez. Se encontra com
Pedro, Tiago e João. Paulo reconhece os três como colunas da Igreja, e são eles que reconhecem o
chamado de Paulo – Gl 2;
Obs: Alguns argumentam o Apostolado de Barnabé, mas se lermos com atenção, aqui Paulo diz
que eles reconhecem a graça que somente ele recebeu – Gl 2.9. É possível entender que não houve
reconhecimento para um apostolado de Barnabé.
d) Como ordenado e cumprindo alguns requisitos, tinha autoridade na igreja e reclamou obediência
- Rm 1.5; 1 Cor 9.1; 2Co 2.9.

3. Bom! Barnabé tudo bem, mas e os outros?


“ Saúdem Andrônico e Júnias, meus parentes que estiveram na prisão comigo. São notáveis entre os
apóstolos, e estavam em Cristo antes de mim”. Rm 16.7.

Já ouvi alguém usando esse texto para provar que haviam outros Apóstolos entre eles. Diante de
todo o contexto a única possibilidade aqui é que esses irmãos andavam com os Apóstolos.
Muitos andavam com Jesus, entre os discípulos e nem por isso podemos dizer que eram Jesus ou
discípulos. Em nossas reuniões de pastores há muitos entre nós que são missionários, diáconos,
cozinheiros, amigos, não são pastores por isso!

4. Puxa! Esqueci de Epafrodito!


“ Contudo, penso que será necessário enviar-lhes de volta Epafrodito, meu irmão, cooperador e
companheiro de lutas, mensageiro que vocês enviaram para atender às minhas necessidades”. Fp
2.25

No texto acima Epafrodito é chamado Apóstolo. A palavra que é traduzida por mensageiro vem da
palavra “απστολον”, apóstolo. A tradução está adequada, com certeza!

No caso de Epafrodito, bem como de Barnabé a palavra apóstolo é usada no sentido simples.
Sempre que é usada para alguém que não pertence ao grupo dos doze + Paulo, é usada para designar
uma missão. Tanto Barnabé, como Epafrodito foram enviados para uma obra específica, assim se
aplica essa palavra, portanto não tem nada haver com ofício e autoridade da Igreja.

Minha conclusão é que não há respaldo Bíblico para um resgate do dom apostólico e nem mesmo
para uma sucessão através do episcopalismo, seja Romano ou Protestante. A sucessão apostólica
deveria ser caracterizada unicamente pela Igreja, quando a mesma cumpre sua missão e persevera
na doutrina recebida por aqueles que andaram com Jesus e receberam inspiração do Espírito.

O ministério apostólico em seu aspecto comunitário ou universal envolve todos aqueles que
pertencem ao corpo de Cristo, a Igreja é Apostólica.

O ministério apostólico hoje é muito usado para promover status em alguns homens em destaque,
esses para se diferenciar dos demais reclama para si esse título, mas sem cumprir os requisitos
necessários, pois para ser apóstolo seria necessário ter andado como o Cristo encarnado e hoje os
apóstolos nem ao menos desenvolvem um ministério transcultural, veja se existe algum apóstolo
moderno no meio de um povo não alcançado e se ao menos já foi pioneiro em alguma etnia. Os
apóstolos de hoje gostam de carros do ano, apartamentos em Miami, congressos, política partidária,
etc. O que temos é uma auto-ordenação, talvez o texto que mais se aplique a isso seja Apocalipse
2.2.
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Tentei ao máximo fazer uma exposição do ensino bíblico, talvez alguns possam discordar de
minhas opiniões, mas espero que a palavra de Deus aqui seja a autoridade como nossa regra de fé.
Também fico tranqüilo de saber que após reflexões por alguns anos a grande maioria dos
evangélicos conservadores concordariam com meu entendimento bíblico.

Se de alguma forma fui influenciado pelo pensamento reformado, e talvez seja mesmo, foi tudo
conscientemente e sempre minhas decisões teológicas tem como princípio, o partir das Escrituras.

Que possamos retornar a simplicidade das Escrituras e ouvir os Santos Profetas do A.T e Apóstolos
do N.T que foram levantados na Igreja para nos trazer a revelação de Deus – Efésios 4.11.

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