O documentário começa com um breve histórico do socialismo. Cita a
União Soviética e a crise do sistema no auge no final dos anos 80. Passa-se a citar características da planificação centralizada da economia, um poder político forte, monopolizado por um único partido (dirigido por uma elite privilegiada) e uma dominante burocratização. Esse ponto da economia planificada, é observado no vídeo, como decorrentes dos problemas do Socialismo a seguir descritos. A Burocratização total, ordem emanadas de cima (órgãos de planificação e planos quinquenais (o que produzir, quanta mão de obra empregar, de onde e de quem comprar, a que preço comprar as matérias-primas e a que preço vender o produto final). Emperra a economia por falta de criatividade e iniciativa. Estimula a ficção estatística (falsificação de relatórios) – crescimento econômico artificial – ampla carência de bens para a população. Observa-se comportamentos caracterizados pela perda de iniciativa (sem criatividade), tornando-se, os diretores de empresas públicas (burocrata), meros cumpridores de ordens (sem autonomia). Outro fator importante, a qualidade dos serviços e produtos – metas do plano quinquenal sempre quantitativas (não existe concorrência exigindo qualidade e diversificidade). É notório que um setor que experimentou sensível modernização tecnológica (URSS), o militar, devido à corrida armamentista (corrida espacial), em disputa com os EUA. Também, essa planificação funcionou muito bem com a petroquímica, Siderurgia e a metalurgia. Destaca-se que na indústria os resultados foram maiores do que na agricultura. A ausência de estímulos verificada no período pode ser explicada pelos mesmos salários e mesmo tratamento social. Outro fato interessante com relação a essa economia planificada, é que uma empresa cobria os prejuízos que a outra tivesse, dando uma certa credibilidade artificial ao sistema. No alvorecer dos anos 70, a abertura econômica e política se estruturou numa reestruturação denominada a Perestroika de Gorbachev. Foi, portanto, um projeto geopolítico que pretendia dinamizar a economia, o setor civil da URSS. Concomitantemente, o crescimento do Japão e da União Européia incomodava a URSS. A URSS, em crise desde os anos 70, já oferecia um padrão de vida ruim para o povo, priorizando para os investimentos em armamento. Assim, a economia soviética carente de recursos e inovações, viu na chamada Guerra fria um relativo sucesso do setor militar. A prioridade aos bens de produção, que se traduziu na supervalorização da indústria bélica, prejudicou a economia civil e seu consumo. A perestroica buscava corrigir isso, efetivando uma política externa para enfraquecer a guerra fria, atenuando, assim, os investimentos na indústria bélica. A correção também perpassava pela política interna, quando dois aspectos são importantes de citação, a modernização da economia civil e a abertura política (glasnors), derivando-se em transparência, liberdade para a imprensa e a possibilidade de se organizar outros partidos políticos. Também surtiu vários outros efeitos, tais como privatização de empresas, reabertura das bolsas de valores, campo livre para investimentos extrangeiros, menos rigor nos planos quinquenais, fim de subsídios, fechamento de empresas deficitárias, avanço na descentralização de decisões e relativa liberdade para o mercado estabelecer o preço das mercadorias.
ILHA DAS FLORES
A descrição de pessoas e fatos, nesse documentário, pode ser remetida à expressão de rede, em que todos numa sociedade tem um papel a ser desempenhado, influenciando e se deixando influenciar pelas práticas socioeconômicas tão características do capitalismo. Nesse cenário, os valores mais nobres dos seres humanos são relativizados, num jogo de palavras onde se impera a dicotomia, mesmo que de modo satírico, variando entre a sátira da imagem e a da fala de quem apresenta o vídeo. Evidência disso é a diferenciação entre os seres humanos e outros seres vivos, sempre enfatizando uma mesma característica humana a pessoas de tão diferentes condutas/realizações. Ao longo do vídeo, também se faz referência ao cérebro humano em habilidades e façanhas que somente o homem pode produzir, citando seus cinco sentidos. Isso pode ser percebido na aposição de bandeiras sobre o cérebro que remetem a visão, o olfato, a audição, o tato e o paladar. Aqui, o autor buscou reforçar a capacidade do cérebro humano em perceber o mundo e realizar escolhas adequadas ou inadequadas. A produção em excedente, para venda, é preliminarmente abordada quando da abordagem do agricultor de tomates. Nesse mesmo rumo, promove-se o dinheiro como o resultado das trocas numa sociedade moderna. Progressão de ideias que pode ser traduzida por um esforço em se definir, de modo simplório, as relações capitalistas atuantes. Os erros que a humanidade já cometeu permeia toda o enredo do documentário, exibindo-se desde o pecado original, passando pelo desastre da construção da Torre de Babel, retratando também o Holocausto e a utilização de bombas atômicas. Todos frutos da mente humana, que se diferencia dos demais seres por se considerarem superiores. O filme apresenta-se fiel à ideia de rede relatada no primeiro parágrafo, justificando os personagens e suas condições de vida. Desse modo, o lixo, que se vincula a desperdício e a doença é admitido por um “dono do dinheiro” que se utiliza de sua propriedade privada para servir de aterro sanitário, criando animais para vender (economia de mercado), auferindo lucro, empregando pessoas (divisão de classes). Itens sublinhados que remetem às características clássicas do capitalismo. A obra expõe, ainda, a questão de que tudo que não serve para a classe rica pode ser aproveitada pela classe pobre, que se utiliza do lixo para a garantia de sua sobrevivência. Essa característica oculta e perversa do capitalismo é evidenciada na exclusão de pessoas do consumismo, próprio do sistema. Concluindo a resenha, infere-se que, na cadeia de consumo, os seres humanos excluem seus semelhantes, estes últimos por não terem recursos, embora sejam relativamente livres, são taxativamente miseráveis.
Universo quântico e sincronicidade. A visão antrópica. As coincidências significativas. O inconsciente coletivo. O papel das pandemias no caminho evolutivo humano.