Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Natal
2013
II
Natal
2013
Catalogação da Publicação na Fonte.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).
Agradecimentos
Joy-C, Keyla Maria, Fêfa, Sarinha, Ilana e Isa, pelas discussões, leituras, reuniões,
grande admiração, para além das óbvias qualificações como pesquisador. Aos colegas,
assistida. À Cilene pela presteza nas resoluções dos problemas, mas principalmente
pelo carinho. Aos professores Jorge Falcão e Paulo Menandro, pelas contribuições nos
horas produtivo, horas divertido, horas preocupante – com a amizade que sempre me faz
sorrir – Lua, Ju, meu filho Diogo, meu genro Léo, Carol, Maria Cristina, Camila Paula,
estatística, pela revisão do texto, pelo apoio e confiança, mas principalmente pelas horas
de lazer e descontração. Sem você não teria a menor graça! E também a seus pais e
irmão (Cláudio, Regina, Gê e Dani), os quais tomei emprestado e hoje posso também
chamar de família.
À minha mamy Socorro e meu irmão Andrey pela “bolsa família”, pelo amor e
carinho incondicionais. A meu pai, Alderi, que sempre me apoiou em todas as decisões
IV
e que, de alguma forma, sempre estará perto. Vocês são o porto seguro, onde minha
Sumário
Lista de Tabelas
................................................................................................................................. 58
críticas ..................................................................................................................... 67
Tabela 15 - Relação entre o tempo como bolsista e se desenvolve projeto individual ... 70
individual ................................................................................................................ 71
livro ......................................................................................................................... 74
Resumo
sentido, a formação científica é indicada como uma possibilidade para suprir essas
lacunas. Dessa forma, este trabalho investigou como acontece a formação dos alunos de
dos respondentes. A maioria dos participantes (70%) afirmou que a principal motivação
para entrar no programa foi o interesse na pesquisa ou na carreira acadêmica. 60% dos
bolsa. Dos respondentes, 65,4% são de fato acompanhados diretamente pelo orientador
e 80% têm orientações uma ou mais vezes a cada 15 dias. Identificou-se que os bolsistas
crítico-reflexiva do aluno. Por fim, menos de 25% dos alunos publicaram artigos ou
bolsistas avaliam positivamente o programa, acreditando que esse contribui para sua
desqualificação da formação que a maior parte dos alunos, não bolsistas, recebem.
IX
Assim, ressalta-se que deve haver maior investimento para melhoria do ensino de
Abstract
aspects related to the critical education and the integration between theory and practice.
Hence, the scientific education has been considered a possibility to overcome those
lacks. Therefore, this study has investigated the undergraduate education process of
The scholarship program has been a strategic tool for the undergraduate scientific
research. Electronic questionnaires have been sent to all the PIBIC scholarship students
of Psychology in Brazil (622; 104 have answered), containing questions about the
program developed activities, tutoring and advising, PIBIC evaluation and other ones.
The students’ scientific and academic production has also been investigated through
their Lattes (CNPq’s Platform in which researchers have their academic résumés). The
major part of the participants (70%) has stated that the first motivation to be in the
program had been their interest in the research or in the academic career. Furthermore,
60% of the scholarship students has worked as volunteers before receiving PIBIC
scholarship. Among the students who have answered the research, 65,4% has reported
they are tutored directly by their advisors, and 80% of them attends one or more than
one advising meeting every fifteen days. It has been identified that the Psychology
scholarship students do not participate in all the research activities and that the
proximity with the advisor is related to the accomplishment of tasks which contributes
with the student critical and reflexive education. Finally, less than 25% of the students
has published scientific articles or book chapters during the scholarship, what
XI
demonstrates a possible exclusion of them in that phase of the process. In general, the
with their professional and academic education. For those reasons, it is observed
PIBIC’s potential role for the undergraduate education in order to develop more critical
results obtained in programs like the studied one denounce the disqualification of the
provided undergraduate education for the major part of the university students, who do
not have a PIBIC scholarship. As a result, it is emphasized that it there should be more
investment for improving the quality of the undergraduate education itself and not only
education.
XII
Apresentação
Psicologia.
Acredito que é importante que eu deixe clara a trajetória deste projeto, que tem
sua semente plantada ainda no ano de 2006, quando ingressei no Grupo de Pesquisas
Marxismo & Educação. Dediquei uma parte considerável da minha formação à pesquisa
que tinha como grande tema a inserção e atuação do psicólogo no campo das políticas
sociais, recebi uma bolsa PIBIC. Os aprendizados advindos com as atividades como
lacunas apontadas são muitas e diversas. Eu me perguntava, então, por que eu estava
recebendo aquela bolsa para ter uma formação, em tese, mais qualificada? Ora, havia
Foi então, que com o passar do tempo, a ideia de entrar para o mestrado passou
percebi que no Brasil, o meio pelo qual mais se investe é o PIBIC. Percebi também que
muitos estudos sobre o PIBIC mostram que os resultados do programa, em geral, têm
principal meio de investimento, o que esses alunos fazem durante a experiência como
bolsistas que lhes propiciariam essa formação mais qualificada? O que essa formação
as Diretrizes Curriculares para o curso de Psicologia de 2004). Foi feita também uma
contexto.
finaliza expondo a criação do PIBIC. Além disso, traz os dados levantados na pesquisa
feita aos sites do CNPQ, MEC, CAPES e INEP, como forma de caracterizar o campo e
(1964-1965). Desde então, diversas pesquisas vêm sendo realizadas com o objetivo de
(Bastos & Gondim, 2010). Nesta seção, será feita uma breve retomada do histórico da
expansão dos cursos na rede privada a partir da Reforma Universitária de 1968, a Lei de
americanos, ou por meio de viagens ao exterior para estudar, ou por visitas desses
pelos temas pesquisados e divulgados na Europa e nos EUA sobre a Psicologia. Assim,
a Psicologia encontra nas áreas da Educação e da Medicina um campo fértil para o seu
conhecimentos científicos da Psicologia para dar suporte ao seu novo projeto (Antunes,
2004).
Brasil, criado por Ruy Barbosa em 1890, que mais tarde, em 1906, deu origem ao
Bonfim (Massimi, 2004). Outros laboratórios foram criados, em relação direta com as
não apenas para a aplicação dos conhecimentos psicológicos, mas também como espaço
Reforma Benjamin Constant de 1890 que instituiu a criação das cátedras de Psicologia e
Pedagogia nas escolas normais, e fomentou pesquisas e obras escritas. (Antunes, 2004).
consolidação das universidades brasileiras. Esse, por sua vez, foi outro fator que abriu
Pedagogia, as disciplinas eram mais voltadas para a aplicação, com uso de critérios
Dessa forma, a Psicologia foi se expandindo à medida que adquiria maior visibilidade
Minas Gerais (1932), coordenada por Helena Antipoff; a “Escola para Anormais” no
psicólogo brasileiro (Pereira & Pereira Neto, 2003). No entanto, essa oficialização “não
Barbosa, 2009, p.722), uma vez que não estabelecia normas, nem tempo
preestabelecido, estabelecia apenas que essa formação era direcionada para quem
houvesse cursado os três primeiros anos dos cursos de Filosofia, Biologia, Fisiologia,
Antropologia ou Estatística.
Vargas (FGV), de Emílio Mira y Lopez em 1947 (Esch & Jacó-Vilela, 2001).
psicológicas, mas também funcionaria como uma escola superior de Psicologia. De fato,
se estabeleceu.
aos seus propósitos. Um indicativo disso é o grande número de instituições criadas e/ou
financiadas pelo poder público, além desse ser seu maior usuário, principalmente nas
aplicação e formação (Gomes, 2003). Assim, é possível afirmar que, nesse período,
havia uma integração entre pesquisa e prática, e que os anseios por uma formação
Universidade de São Paulo (USP), em 1958. Esses movimentos tiveram como cerne de
psicólogo, pois essa seria uma forma de garantir um padrão de qualidade e também o
da profissão e da formação em Psicologia deu-se por meio da lei 4.119. (Esch & Jacó-
Vilela, 2001).
vindas, e sofreu pressão da classe médica que temia pela perda de mercado para o
mesmo ano, foi aprovado o parecer 403 do Conselho Federal de Educação, que
(Antunes, 2004).
Psicopatologia Geral. Além dessas, outras cinco disciplinas precisam ser escolhidas,
agregação entre pesquisa, teoria e prática; pelo contrário, separava disciplinas básicas
(que seriam teóricas e mais relacionadas à pesquisa), colocadas nos primeiros semestres,
das disciplinas voltadas para a prática, alocadas mais para o final do curso. Dessa forma,
governo militar no Brasil, com o golpe de 1964. Em meio a diversos retrocessos, como
a intensa retração dos direitos civis e a restrição democrática e dos movimentos sociais,
o regime autocrático burguês implantou, por meio da lei 5.540, a Reforma Universitária
de 1968. Essa lei propiciou a expansão das vagas no ensino superior por meio da
indissociação entre ensino e pesquisa. O rápido crescimento dos cursos (em 1962 eram
três, em 1974 eram 40, 1984 já eram 73) trouxe consigo algumas condições que podem
sugerir a sua precarização. Era fato que não haviam profissionais qualificados em
número suficiente para suprir a demanda de professores das instituições privadas. Além
de seus alunos (Antunes, 2004; Gomes, 2003). Em pouco tempo as IES privadas
realizada.
gerais, que as IES seguiriam nas elaborações de seus currículos para os cursos de
graduação.
A reforma curricular dos cursos de Psicologia teve início no final de 1997, por
(MEC) às IES que enviassem propostas para a elaboração das DCNs dos cursos de
Especialistas de Ensino de cada área (Catani, Oliveira & Dourado, 2001). A forma
como as DCNs foram elaboradas permitiam uma maior flexibilização na criação dos
competências e habilidades gerais. O curso passou a ser formado por um núcleo comum
comum como para as ênfases. Ficam também extintas as três habilitações do currículo
1
Atualmente, os cursos de Psicologia são obrigados a oferecer formação complementar para a habilitação
em licenciatura para aqueles alunos que optarem por ter também essa formação. Essa obrigatoriedade
ficou estabelecida pela DCN de 2011, Resolução do CNE/CES nº 5, de 15 de março de 2011,
24
flexibilidade dos currículos proposta pela LDB, Yamamoto (2000) coloca que a
outros.
que diz respeito à articulação da pesquisa à formação prática e teórica do aluno. Essa
preocupação está presente nos eixos estruturantes e também nos princípios orientadores,
pesquisadores e professores.
especialmente o artigo 13º, que resolve que: “A Formação de Professores de Psicologia dar-se-á em um
projeto pedagógico complementar e diferenciado, elaborado em conformidade com a legislação que
regulamenta a formação de professores no País.”. Disponível em http://www.abepsi.org.br/portal/wp-
content/uploads/2011/07/DCN-20112.pdf
25
formação.
são numerosas e diversas, mas que têm um ponto em comum: “uma grande insatisfação
formação dos profissionais, entretanto, não se restringem ao Brasil, mas vêm sendo
tema de debate em toda a América Latina. O principal vetor parece ter sido as críticas à
formação deficitária é certamente indicada como um dos grandes problemas para a falta
de preparo e limitação na atuação (Bock, 1997; Botomé, 1988; Branco, 1997; Cruces,
2008; Francisco & Bastos, 2005; Gomide, 1988, Yamamoto et al., 2010).
anos têm sido o crescimento vertiginoso dos cursos de graduação2 e a presença maciça
2
Para exemplificar, em 1986 o número de cursos de Psicologia era de 81, distribuídos em 17 estados, que
ofereciam um total de 10.659 vagas, sendo que 70% dos cursos eram da rede privada de ensino (Gomide,
26
de instituições privadas (Cruces, 2008; Yamamoto, Souza, Silva & Zanelli, 2010).
Ambas podem ter decorrências para a tão clamada deficiência na formação, de tal modo
que Yamamoto et al. (2010) acreditam que para se compreender a formação graduada
conjuntura do ensino da rede privada. O autor aponta ainda que no Exame Nacional de
ENADE) e tiveram uma média superior a das instituições privadas (as primeiras tiveram
al. (2010) questiona se haveria implicação para a formação do profissional, uma vez que
instituições3.
década de 1980, os dados apresentados por Gomide (1988) mostravam essa insatisfação
no ensino por parte dos profissionais. Grande parte deles se dizia insatisfeito com os
1988). Em 2006, o número de cursos mais do que quadruplicou: passou a 350, de acordo com dados do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). O total de formados
nesse mesmo ano foi de 16.836, desses, 13.796 (81,9%) formaram-se em instituições privadas
(Yamamoto, Souza, Silva & Zanelli, 2010).
3
Yamamoto et al. (2010) pondera que, a despeito da polêmica sobre a forma como é feita a avaliação do
ensino superior, o ENADE, no momento, é o parâmetro para a discussão da qualidade dos cursos. Bastos,
Gondim, Souza e Souza (2011) complementam que o exame é referência particularmente em relação a
“quão efetivas elas [as instituições de ensino] estão sendo no desenvolvimento de competências básicas
do futuro psicólogo”.
27
para treino em pesquisa e/ou iniciação científica, uma vez que o investimento nesse
Uma pesquisa mais recente, acerca dos resultados do ENADE 2006 (Bastos,
Gondim, Souza e Souza, 2011), acrescenta mais dados a essa constatação, apontando
desempenho dos cursos privados foi o pior da avaliação na comparação com os cursos
públicos.
tema apontam para um ensino deficitário, com foco na teoria e na técnica, incapaz de
qualificação e pouco preparo para atuar, sobretudo, em novos contextos, quando acabam
por utilizar-se, na grande maioria dos casos, de instrumentais clássicos, sem avaliar
adequação ao contexto.
principais lacunas da graduação (Francisco & Bastos, 2005). Uma das saídas indicadas
formação científica (Bock, 1997; Calazans, 1999; Francisco & Bastos, 2005;
Curriculares para a Psicologia elaborada pela comissão de especialistas, que afirma que
(Yamamoto, 2000).
produção de conhecimento, como para a formação dos alunos e, ainda, como vetor para
mudanças no rumo da profissão (Francisco & Bastos, 2005). É necessário que se invista
uma formação completa, na qual consiga ter uma sólida base conceitual, tenha uma
PIBIC é um programa de incentivo à pesquisa que tem como objetivo central a iniciação
não só do ensino, mas também da pesquisa científica é um dos principais fatores para a
Uma breve retomada da história do ensino superior no Brasil mostra que ele se
família Real e de toda a corte. A colônia precisava adaptar-se para prover uma estrutura
Pernambuco (Fávero, 2006; Oliven, 2002). Contudo, esses eram cursos voltados apenas
instituições seculares mais voltadas ao ensino do que à pesquisa” (Oliven, 2002, p.25).
é o modelo que ainda hoje é defendido e regulamentado (Fávero, 2006; Oliven, 2002).
todas as questões relativas à segurança nacional, trazidas pelo período da Guerra Fria.
(Oliveira, 2003).
humanos de alta qualificação (tanto para a área acadêmica, quanto para as áreas
científicas.
32
bolsas similares ao que hoje chamamos IC, mas foi na década de 1980 que o PIBIC foi
disponibilizou 6.349 bolsas IC e vinte anos depois foram 24.043 bolsas. Massi e
Queiroz (2010) apontam que o fomento à iniciação científica por meio do PIBIC sempre
como um todo decaíram, como na década de 1990, a verba para bolsas esteve em
crescimento.
Para este trabalho, foi realizado um levantamento nos sites do CNPq, CAPES,
MEC, INEP e das próprias universidades acerca dos dados sobre a distribuição de
bolsa. Em 2010, no total das 78.128 bolsas concedidas pelo CNPQ (modalidades:
PIBIC são maiores do que para as outras modalidades de bolsa, o que é indicativo da
em cursos presenciais do ensino superior no Brasil nesse mesmo ano foi igual a
5.115.896. Ou seja, em cada 1.000 alunos, menos de 5 têm bolsa de IC. A informação
chama atenção para o baixo alcance do programa, que não atinge nem 1% da população
total matriculada no ensino superior brasileiro, mesmo diante das diversas pesquisas e
em 2009 e, de acordo com dados do último Censo do Ensino Superior (2009), foram
5
Dados obtidos em http://www.cnpq.br/estatisticas/indicadores.htm Acesso em abril de 2011.
34
Foi realizado também uma caracterização das IES que recebem cota de bolsa
segundo o último levantamento, feito por Lisboa e Barbosa (2009), 396 cursos, apenas
Organização Acadêmica
Universidade Centro acadêmico Faculdade
1%
6%
93%
Figura 1 – Organização acadêmica das IES com curso de Psicologia e cota de bolsa
PIBIC em 2009.
universitários e as faculdades não são obrigados pela legislação a cumprirem esse papel
(Gomes, 2010).
Outra informação obtida, é que, das IES que têm bolsa, 40 têm programas de
em Psicologia. As 50 IES que não tem pós-graduação em Psicologia detém apenas 22%
35
das bolsas PIBIC distribuídas na área da Psicologia. As que têm pós-graduação somam
Além disso, 60% das IES com cota de bolsa são de categoria administrativa
pública, detendo 71% (n=440) das bolsas distribuídas6. Os cursos de Psicologia são em
sua maioria privados (84%), ou seja, os cursos que não participam do programa são os
é de origem privada, pode-se perceber que é uma parcela pequena dos alunos de
Em relação à distribuição nas regiões, temos 48% (297) das bolsas na região
Sudeste, 18% (112) na Nordeste, 16% (100) na região Sul, 11% (69) na região Centro
sudeste.
apontam para seu desempenho positivo na formação dos alunos. Alguns estudos
3. Problemática
científica é apontada por Bastos et al. (2011) como o grande diferencial entre a
formação numa IES pública daquela numa IES privada, para que a primeira obtenha
iniciação científica, uma vez que esse é o protagonista desta prática, e é por sua
formação que é estabelecido o programa de IC. Assim, o PIBIC deve ser objeto de
investigações, a fim de avaliar resultados do processo, o que está sendo feito, de que
Psicologia pelos Programas de Iniciação Científica. Quais contribuições têm dado para a
38
4. Objetivos
aluno de Psicologia.
Objetivos específicos:
epistemológicos e teóricos.
atribuída pelos alunos bolsistas de IC, para a sua formação e para seu futuro
profissional.
39
5. Método
eletrônicos enviados para seus endereços eletrônicos. Para fins desta pesquisa, foi
amostra foram: ser bolsista PIBIC CNPq na área da Psicologia, ser aluno do curso de
para sua formação (muito alta, alta, indiferente, baixa, muito baixa);
aluno e para seu futuro profissional – são listadas formas que o PIBIC pode contribuir
envolve uma formação mais ampla acerca da ciência (poderá ser observado pelo
clareza e pertinência das questões e sobre o tempo necessário para resposta. Com as
considerações dos respondentes, foram feitas alterações, buscando maior clareza nas
realização da tarefa.
seus endereços eletrônicos, os quais foram encontrados no site do CNPq. Com uma
semana de envio, o número de retorno foi de 10%. O questionário foi enviado mais duas
16,7%.
https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dFd1b0t6TmNPZ2Y0c2lfUTF
hMTBJSlE6MQ#gid=0
realmente bolsista PIBIC, foi usado o nome do bolsista para filtrar as respostas.
Além disso, foi feita uma busca paralela, no site do Currículo Lattes do CNPq,
adotada, em vez de inserir como seção do questionário, com o intuito de não aumentar o
6. Resultados
bolsistas PIBIC da área da Psicologia em todo Brasil, além daqueles obtidos junto aos
CV Lattes dos bolsistas que responderam aos questionários (como já descrito na sessão
de método).
pesquisa. Para tanto, serão utilizadas informações fornecidas pelos próprios bolsistas no
questionário que responderam. Tais informações são: idade, sexo, renda familiar mensal
Brasil.
por sua vez, representa apenas 14,5% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos). Nos
cursos de Psicologia essa proporção se mantém. Dessa forma, o que se espera nessa
tanto será usado como referência para comparação os dados do Censo da Educação
do ENADE 2006.
Sobre as instituições que têm cota de bolsa PIBIC na área da Psicologia já foi
feito um panorama na segunda seção deste trabalho, o que se espera a partir daqui é
problematizar as IES dos bolsistas respondentes com base em dois dados: natureza
foram tomadas porque dão subsídios a uma discussão acerca do acesso ao ensino
respondentes, e então, serão também utilizadas para averiguar se o aluno bolsista PIBIC
Tabela 1
Caracterização das instituições de ensino dos participantes
n %
Natureza jurídico-administrativa Pública 69 66,3
Privada 20 19,2
Turno
Noturno 18 17,3
em pesquisa é caro (bolsas pagas, qualificação dos professores, carga horária dedicada à
privadas, pode-se constatar isso de acordo com os dados do ENADE 2006 (Yamamoto,
Falcão &Seixas, 2011), segundo o qual 83,7% dos alunos de Psicologia frequentam IES
da rede privada de ensino, contra 16,3% que estão matriculados na rede pública. De
acordo com o Censo da Educação Superior de 2009, existem 502 IES com o curso de
Psicologia, dessas, 111 são públicas (22,1%) e 391 são privadas (77,9%). A situação da
Falcão & Seixas (2011), ao discutirem o perfil dos alunos de Psicologia no Brasil,
afirmam que “os dados referentes à Psicologia replicam, em linhas gerais, a situação
diurno (integral, apenas matutino e apenas vespertino), totalizam 73%; apenas 17% dos
bolsistas são do turno noturno. De acordo com o Censo da educação Superior 2009, das
73.903 vagas oferecidas, 36,6% estão no turno diurno, 56,7% no noturno e 6,7% no
Seixas (2011), nas instituições públicas federais as matrículas diurnas representam 70%,
enquanto nas privadas 73% dos alunos estão matriculados no turno da noite.
classes mais baixas, dos alunos que têm a necessidade de trabalhar (Bittar, Almeida &
Veloso, 2008).
O que os dados sugerem é que os alunos de Psicologia que têm bolsa PIBIC
a maior parte dos alunos de Psicologia (bolsistas e não bolsistas) está matriculada em
Tabela 2
Caracterização sociodemográfica dos participantes
n %
Idade
18 a 20 anos 6 5,8
21 a 23 anos 67 64,4
24 a 26 anos 22 21,2
27 a 29 anos 2 1,9
Sexo
Feminino 74 71,2
Masculino 30 28,8
1 a 3 SM 18 20,2
4 a 6 SM 35 39,3
7 a 9 SM 9 10,1
10 a 12 SM 13 14,6
13 a 15 SM 6 6,7
Mais de 16 SM 8 9
Total 89 100
Não respondeu 15
não) 15 14,4
Sozinho(a) 6 5,8
bolsistas respondentes tem entre 21 e 23 anos, sendo a média de idade igual a 23,64
anos, o bolsista com menor idade tem 18 e o com maior idade tem 51 anos. Esse dado
não se diferencia dos alunos de Psicologia, pois de acordo com os microdados do Censo
do Ensino Superior de 2009, 65.040 (52%) alunos têm entre 19 e 24 anos. Em relação
47
do ensino superior tinha menos de 24 anos e a média de idade nos cursos presenciais era
está um pouco abaixo dos alunos do ensino superior como um todo, o que não
surpreende, uma vez que para se dedicar ao PIBIC o aluno não pode exercer outras
atividades remuneradas. Quanto mais alta a idade, maiores serão as chances de o aluno
Em relação ao sexo dos bolsistas, temos que 71,2 % são do sexo feminino. No
ensino superior (ES) como um todo, as mulheres são maioria, representam 57% das
matrículas desde 2001. Nos cursos de Psicologia do Brasil, 100.832 dos matriculados
são mulheres, o que representa 80,7%. Um olhar displicente para este dado afirmaria
apenas que as mulheres são maioria também entre os bolsistas PIBIC na área da
Psicologia. No entanto, a análise a ser feita aqui deve comparar esse número com o
efetivo total de homens e mulheres nos cursos de Psicologia do Brasil. Pode-se perceber
Em relação à renda familiar, 59,5% têm até 6 salários mínimos, enquanto 30%
estudantes têm até três salários como renda familiar mensal, 21,4% mais de três até
cinco salários e 71,8% até 10 salários mínimos (Yamamoto, Falcão & Seixas, 2011).
Quanto à moradia, 68,3% moram com os pais e outros familiares; 14,4% com
amigos; com cônjuge e/ou filho 9,6%; 5,8% moram sozinhos; e apenas 1% vive em
alojamento universitário.
48
do ENADE 2006 para tentar compor, por meio de uma ferramenta estatística,
agrupamentos que poderiam elucidar possíveis perfis e/ou trajetórias desses estudantes.
um, não-elitizado (...) e outro, elitizado (...)” (p. 227). Uma discussão possível é a
alunos do grupo elitizado. Contudo, essa aproximação não pode ser feita de forma
categórica, pois não se está lidando com as mesmas variáveis, nem foi feito o mesmo
procedimento estatístico.
Essa seção terá como objetivo mostrar dados que lancem luz sobre a trajetória
do aluno como bolsista e também suas motivações para entrar no programa. A Tabela 3
Tabela 3
Histórico dos bolsistas respondentes
n %
Sim 62 59,6
Não 42 40,4
Convite 60 57,7
Financeiro 7 6,7
Outras 1 1
1 a 12 meses 46 45,1
13 a 24 meses 48 47,1
25 a 36 meses 6 5,9
37 a 48 meses 2 2,0
Não respondeu 2
Total 104
Sim 82 79,6
Não 21 20,4
Não respondeu 1
50
Total 104
De acordo com os dados acima, 60% dos bolsistas exerciam atividades como
voluntário antes de receber a bolsa, o que permite inferir que esses alunos já tinham um
comum que os alunos sejam voluntários, inclusive, nunca chegando a serem bolsistas,
uma vez que o número de bolsas é muito pequeno em relação ao número de alunos da
graduação. É importante ver esse dado de duas formas: uma delas é o voluntariado
entrar em contato com a temática pesquisada, com o mundo da pesquisa em geral. Com
para o bolsista e para o orientador, uma vez que ambos já estarão cientes de como será a
relação, direitos e deveres, entre outros. A outra forma de ver é pelo ângulo que mostra
o pequeno número de bolsas no país, que faz com que seja necessário muitas vezes que
o aluno que se interessa por pesquisa científica tenha que ser voluntário e não conte com
pesquisador. Nesse sentido, faz-se necessário uma averiguação mais profunda, por
exemplo, de pesquisas que mostrem quantos alunos desistem do programa por não
serem bolsistas.
A forma de ingresso por convite pode sugerir que o aluno já tinha algum
contato com o professor orientador, como voluntário, por exemplo. O ingresso por
processo seletivo (como entrevista, análise de currículo, entre outros) pode de alguma
para todos os alunos e não fica restrita àqueles que já estão em contato com o orientador
Como principal motivação para entrada no programa, 70% afirmam ter sido o
responderam ser o interesse no tema estudado pelo professor orientador, 6,7% dizem ser
motivo para entrar no programa podem ajudar a traçar um “perfil” de um bolsista que
teria maior probabilidade de obter sucesso durante a bolsa (por exemplo, exercer todas
publicar seus resultados, etc.). Isso porque ao ter um interesse prévio infere-se que o
bolsista irá se empenhar mais do que outros que tenham apenas interesse financeiro. O
retorno financeiro como principal interesse pode não representar motivação suficiente
para manter o aluno no programa, uma vez que os encargos e atividades podem de
pesquisa pode servir apenas como um indicativo, e não determinante, do perfil do aluno.
Todavia, esse dado pode também ser relevante para discutir o sucesso do
para os alunos como um todo, é importante que se dê oportunidade para o maior número
52
possível de alunos, para que todos possam ter o contato com a pesquisa científica. E
com isso, todos vivenciem a formação propiciada pelo PIBIC e que possam transpor o
Trabalhos sobre o tema (Bettoi, 1995; Bridi, 2004; Cabrero, 2007) apontam
que a remuneração financeira não consta como principal motivação para entrada em
programas de IC, exemplo que constata esse indicativo é o número de alunos que se
bolsistas. No entanto, o financiamento via bolsa é muitas vezes determinante para que o
grande importância para a formação do aluno IC, possibilitando a interação com pessoas
com as respostas obtidas, 79,6% dos alunos participam de grupo de pesquisa e teriam,
6.3. Orientação
Uma das exigências do PIBIC é que o aluno seja orientado por um professor
um acompanhamento direto de suas atividades e que haja uma troca, pois o aluno ajuda
e análise de dados. Além disso, há também uma espécie de “iniciação”, posto que é
7
Disponível em http://www.cnpq.br/view/-/journal_content/56_INSTANCE_0oED/10157/100352
54
Tabela 4
Quem acompanha diretamente o trabalho do bolsista
n %
aspectos mais ricos da IC, pois possibilita o contato com outros trabalhos, com
que um terço dos bolsistas da área da Psicologia não tem um acompanhamento direto do
controle da qualidade dessa orientação. Simão (1996) aponta ainda para a relevância da
pelo seu currículo não é uma garantia completa da qualidade da orientação, mas é uma
forma de garantir que o aluno estará aprendendo com um pesquisador que já tem uma
inserção no campo.
orientação de seus bolsistas, uma vez que se disponibilizam a essa atividade e assumem
Rodrigues (1996) indicam que o trabalho docente nas IES exige muito mais do
professor do que as horas dedicadas em sala de aula e que não valorizam o trabalho de
cargos assumidos (tanto na própria universidade, como nas agências como CAPES e
CNPq) e outras atribuições podem ser um fator que acaba por deixar o professor
sobrecarregado e este acaba por ser displicente com algumas de suas muitas atividades,
8
Disponível em http://www.cnpq.br/view/-/journal_content/56_INSTANCE_0oED/10157/100352
56
da IC não ser considerada nos encargos docentes só a coloca como uma forma de
processo. Ademais, isoladamente esse não é um fator que indique, por exemplo, a
precariedade no programa, ou que o mesmo não tem um bom padrão de qualidade, mas
Tabela 5
Frequência das orientações
n %
Nunca 2 1,9
informaram que têm, em média, uma orientação por semana e 28,8% afirmam que têm
mais de uma orientação por semana. Leite (1996) afirma que a relação aluno-orientador
57
pode variar desde a ênfase na autonomia do aluno até o acompanhamento mais próximo.
com a quantidade das orientações, mas também com a forma como se dá o processo de
orientação como um todo, como, por exemplo, no quesito formas de trabalho, desde
Contudo, com base nas informações acima podemos ter um indicativo de que os
orientadores estão presentes no dia-a-dia do bolsista, pois 80% afirmam que encontram
seu orientador uma ou mais vezes a cada 15 dias, que pode ser considerada uma alta
frequência.
qualidade da orientação que o bolsista recebe, logo, é possível que os alunos que são
orientação mais frequentes. A fim de investigar se existe essa relação nos dados
coletados, foi utilizado o teste estatístico qui-quadrado (χ2) para analisar as variáveis
prerrogativas estatísticas desse teste é necessário que haja no mínimo cinco frequências
em cada célula de cruzamento das categorias avaliadas. Para isso, foi necessário
dias” / “Menos de uma vez a cada 15 dias” x “Professor orientador” / “Outros, que não
o orientador”).
58
Tabela 6
Relação entre o responsável pela orientação e a frequência das orientações
Frequência das orientações
p < 0,001. Logo, é possível inferir que os alunos que são acompanhados diretamente
estão os dados.
Tabela 7
Principal pauta nas orientações
n %
Subtotal 99 95,2
59
pautas como discussão teórica sobre o tema da pesquisa e orientações para o estudo
12%.
encontrou que em relação à orientação 67% dos alunos esperavam ter uma “orientação
dos 53% que citaram ter alguma frustração com o programa, a mais citada (17%) estava
esses orientadores não cumpriram totalmente seu papel por falta de tempo e pelo
crucial, não só para uma formação em pesquisa deficitária nos aspectos técnicos e
científica.
6.4. Atividades
modalidades de bolsas por cota no País, como bolsa de apoio técnico (AT), IC, pós-
(PIBITI) está definido como obrigação dos bolsistas: “Dedicar-se às atividades previstas
Dessa forma, o que se tem é uma regulamentação maleável em relação às atividades que
o aluno pode ou deve executar como bolsista, uma vez que este é o único
direcionamento do decreto acerca das atividades que devem ser desempenhadas pelo
realmente sendo inseridos no processo de pesquisa como um todo. Uma vez que o
programa não estabelece a priori, de forma rígida, o que deve ser atribuição dos
bolsistas, deixa margem para que esses sejam utilizados como executores de tarefas
graduação”.
Cabe esclarecer que, assim como Simão (1996), a IC não é entendida neste
Tabela 8
Atividades realizadas e suas prioridade
Prioridade
dados expostos acima indicam que os bolsistas de Psicologia não participam de todas as
maior número de bolsistas (96,2%), seguida pela análise de dados (95,2%) e pelo estudo
(92,3%)9.
tarefas repetitivas, muitas vezes mecânicas, não reflexivas. Entraram nessa categoria as
9
Cabe aqui uma resalva sobre a maneira que os dados foram coletados, principalmente quando esses são
relativos ao desempenho do respondente. Dados autoavaliativos podem não dar resultado exato da
participação do bolsista nas atividades investigadas, podendo haver um viés no sentido de haver uma
tendência a responder afirmativamente às questões no intuito de demonstrar um melhor desempenho
como bolsista. Contudo, apesar de não ser uma medida exata, os dados autoavaliativos podem servir
como fonte precisa de informação para análises comparativas entre indivíduos que responderam ao
mesmo instrumento de pesquisa.
10
Ressaltamos que estamos cientes do risco de simplificação decorrente de tal categorização, uma vez que
cada uma das atividades listadas pode ser executada de maneira diferente, dependendo do contexto no
qual é realizada. Contudo tal divisão foi feita com base em pesquisas anteriores – algumas de cunho
qualitativo que descreviam em detalhes os afazeres dos bolsistas – e é uma tentativa de agrupar as
atividades listadas. O objetivo dessa categorização foi compreender melhor de que forma a inserção do
aluno de Psicologia no PIBIC pode contribuir para sua formação. Além de tentar encontrar quais
variáveis estariam possivelmente relacionadas a uma inserção mais completa nas atividades acadêmico-
científicas.
63
Quadro 1
Relação das atividades Críticas e Técnicas
Atividades Críticas:
Análise de dados;
Elaboração de instrumento;
Leitura/estudo.
Atividades Técnicas:
Busca bibliográfica;
Coleta de dados;
Tabela 9
Quantidade de atividades críticas desenvolvidas
Quantidade de Número de
%
atividades críticas alunos
0 1 1,0
1 1 1,0
2 16 15,4
3 18 17,3
4 32 30,8
5 36 34,6
Tabela 10
Quantidade de atividades técnicas desenvolvidas
Quantidade de Número de
atividades técnicas alunos %
1 1 1,0
2 8 7,7
3 13 12,5
4 45 43,3
5 37 35,6
Tabela 11
Quantidade de atividades desenvolvidas
Quantidade de Número
atividades de alunos %
4 3 2,9
5 5 4,8
6 17 16,3
7 14 13,5
8 23 22,1
9 25 24,0
10 17 16,3
10, 78,8% dos bolsistas fazem de 4 a 5 atividades técnicas. No entanto, da forma como
os dados foram organizados, não se pode fazer maiores considerações, pois, como
concentração de bolsistas que realizam entre seis e dez atividades, não havendo nenhum
bolsista que faça apenas uma, duas ou três e apenas 8 alunos que afirmam realizar entre
4 e 5 atividades. Assim, pode-se afirmar que existe uma tendência dos bolsistas a
fazerem mais atividades técnicas, mas não apenas essas. A Tabela 11 mostra que mais
Esse cenário mostra-se positivo para a formação do bolsista, uma vez que as
completo. No entanto, uma vez que o bolsista permaneça apenas no patamar das
atividades técnicas, o PIBIC não estará cumprindo seu papel genuíno de formação
científica. O que a literatura aponta (Bridi, 2004; Leite, 1996) é que para uma formação
completa, o bolsista deve realizar tarefas de ambas as naturezas, contudo não devendo
atividades tidas como crítico-reflexivas, uma vez que essas seriam as que propiciam a
Dentre os fatores que podem auxiliar a formação mais completa estão o número de
quadrado (χ2) também foi utilizado, foi necessário aglutinar algumas categorias de
cada célula de cruzamento de categoria. Como a maioria dos participantes afirmou que
realizava mais do que quatro atividades pesquisadas (vide tabela 11), optou-se por duas
Tabela 12
Relação entre a frequência das orientações e a quantidade de atividades
críticas
Quantidade de atividades
críticas
Menos de 4 4 ou mais
Total
Frequência Menos de uma n 13 8 21
da vez a cada 15 %
36,1% 11,8% 20,2%
orientações dias
Uma ou mais n 23 60 83
vezes a cada 15 %
63,9% 88,2% 79,8%
dias
Total n 36 68 104
8,65, p < 0,01. Logo, pode-se afirmar que os alunos que têm maior frequência de
responsável pela orientação. Neste caso, também foi utilizado o teste qui-quadrado (χ2)
estatístico demonstrou que há sim uma relação, χ2 (1, N=104) = 3,86, p < 0,05, entre as
do aluno.
Tabela 13
Relação entre o responsável pela orientação e a quantidade de atividades
críticas realizadas
Quantidade de atividades
críticas
Quatro ou
Menos de três mais Total
Responsável Outros, que não n 17 19 36
orientação Professor n 19 49 68
Total n 36 68 104
tem papel essencial para o desenvolvimento das tarefas que exigem esforço intelectual,
crítico e reflexivo. Um aspecto que pode elucidar essa questão é o caso de bolsistas de
IC que raramente ou nunca têm interação direta com o professor (que deveria ser o
afirmaram que se deve tomar cuidado para que o bolsista não seja convertido em “mão
de obra barata”, “promovendo uma típica exploração de auxílio burocrático” (p. 76).
Outro ponto que pode clarificar essa discussão são os modelos de inserção do
bolsista na pesquisa, identificados por Leite (1996) como “projeto individual” e “projeto
69
integrado”. O autor questiona até que ponto um seria mais vantajoso do que o outro, ou
se deveriam ser tocados paralelamente. Nesta pesquisa, foi perguntado aos alunos
Tabela 14
Bolsistas que desenvolvem
projeto individual
n %
Sim 57 54,8
Não 47 45,2
Uma possibilidade é a de que os alunos que estão há mais tempo como bolsista
poderiam, por este fato, possuir um projeto individual. Entretanto, quando foi analisado
se o tempo como bolsista dos alunos (“Até 1 ano” e “Mais de 1 ano”) estava relacionado
ao fato desses desenvolverem um projeto individual, foi possível perceber pelo teste
estatístico qui-quadrado(χ2), que não havia relação significativa – χ2 (1, N=102) = 0,81,
p = 0,36 – entre as duas variáveis averiguadas. Assim, não há relação entre o tempo
11
Não foi considerada a possibilidade de o bolsista desenvolver ambas as atividades, pesquisa individual
mais pesquisa integrada. Dessa forma, os alunos que responderam sim à pergunta feita pode apenas
desenvolver um projeto individual, como também desenvolver projeto individual e projeto integrado ao
do orientador.
70
Tabela 15
Relação entre o tempo como bolsista e se desenvolve projeto
individual
Desenvolve
algum projeto
individual
Sim Não
Total
Tempo Mais de 1 n 33 23 56
Total n 56 46 102
Outra variável que poderia estar relacionada com o fato de o bolsista possuir ou
individual” e “Frequência das orientações” (Tabela 16), χ2 (1, N=104) = 1,52, p = 0,22.
71
Tabela 16
Relação entre a frequência das orientações e se desenvolve projeto individual
Desenvolve algum
projeto individual
Sim Não
Total
Menos de uma n 9 12 21
Frequência vez a cada 15
% 15,8% 25,5% 20,2%
dias
das
Uma ou mais n 48 35 83
orientações
vezes a cada 15
% 84,2% 74,5% 79,8%
dias
Total n 57 47 104
só pelo óbvio exercício da reflexão crítica, mas também como destacou Massi (2008),
ao discutir a aquisição da linguagem científica por parte de alunos de IC, a prática dessa
Faz parte das obrigações das IES detentoras de cota de bolsa PIBIC, uma vez ao
ano, promover um evento que reúna todas as produções de seus bolsistas e, dessa forma,
Tabela 17
Bolsistas que possuem alguma publicação
acadêmico-científica
n %
Nenhuma 34 32,7
Sim 70 67,3
Tabela 18
Percentual de bolsistas que publicaram e quantidade de publicações
Número de publicações*
% de bolsistas
que
1 2 3 4 5 6 ou + 0
publicaram
Artigos 23,1 11,5% 4,8% 1,9% 1,0% 1,0% 2,9% 76,9%
Capítulos de livros 10,6 6,7% 1,9% 1,0% 0,0% 0,0% 0,0% 90,4%
73
Trabalhos em
produções. Pelos dados coletados, percebe-se que, dos bolsistas respondentes, 24%
em eventos. A quantidade de material produzido por bolsista varia de 1 a 10, sendo que
Considerando que faz parte das obrigações dos bolsistas apresentarem seus
trabalhos ao menos uma vez ao ano nos congressos de IC organizados pela IES às quais
Tabela 19
Quantidade de bolsistas autores e bolsistas coautores de artigos e/ou capítulos de
livros
Sim Não Total
coautores do que autores12 (Tabela 19), entretanto a diferença encontrada não é grande
como a esperada, posto que uma vez que o bolsista está ainda em formação como
pesquisador, muitas vezes dando suporte a trabalhos de outros níveis acadêmicos, esse
poderia figurar muito mais vezes como coautor do que como autor dos trabalhos que
publicam. Cabe aqui ressaltar o número considerável de bolsistas que são primeiros
pesquisa.
A quantidade de publicações dos alunos foi cruzada com outras variáveis a fim
Tabela 20
Relação entre o tempo como bolsista e se publicou artigo ou capítulo de livro
Publicação de artigo ou
capítulo de livro
Nenhuma Sim Total
Mais de 1 ano n 35 21 56
Total n 72 30 102
artigos e livros publicados. Os alunos que estão há mais tempo no programa são os que
12
Considerando autoria como autor isolado ou primeiro autor.
75
mais publicam. Esse é um dado esperado, uma vez que os alunos que estão há mais
tempo no programa tiveram mais tempo para a produção científica, assim como já têm
maior bagagem técnica e teórica. O teste estatístico qui-quadrado (χ2) mostra que é
orientação” não trouxeram nenhum dado significativo que se pudesse agregar à análise.
Foi perguntado aos bolsistas sobre suas opiniões referentes a alguns aspectos
do PIBIC.
Tabela 21
Como o bolsista avalia a contribuição do PIBIC
Muito boa Boa Regular Fraca
Para a formação acadêmica 86,5% 13,5% 0,0% 0,0%
respondentes avaliou ambas as contribuições como “muito boa”, sendo que para a
formação acadêmica não houve qualquer resposta “regular” ou “fraca” e para formação
“fraca”. Essa informação mostra que o aluno bolsista tem uma avaliação positiva em
relação ao programa.
poderia propiciar o desenvolvimento. Essa lista foi feita com base no questionário do
76
itens listados foram: Postura / atuação ética, com responsabilidade social; Organização,
científicos e de tecnologias.
Tabela 22
Habilidades desenvolvidas durante a participação no PIBIC
Contribuiu Contribuiu Contribuiu Não
NA
amplamente parcialmente muito pouco contribui
Postura / atuação
ética, com
55,8% 26,0% 12,5% 1,9% 3,8%
responsabilidade
social.
Organização,
expressão e
67,3% 26,0% 5,8% 1,0% 0,0%
comunicação do
pensamento.
Raciocínio lógico e
65,4% 28,8% 3,8% 1,0% 1,0%
análise crítica.
Compreensão de
processos, tomada
de decisão e 53,8% 34,6% 7,7% 3,8% 0,0%
resolução de
problemas.
Observação,
interpretação e
82,7% 12,5% 4,8% 0,0% 0,0%
análise de dados e
informações.
77
Utilização de
procedimentos de
métodos científicos 66,3% 20,2% 11,5% 1,0% 1,0%
e de conhecimentos
tecnológicos.
Assimilação crítica
de conceitos
57,7% 27,9% 11,5% 1,9% 1,0%
científicos e de
tecnologias.
“contribui amplamente” por no mínimo 53% dos respondentes. Os itens que obtiveram
com as atividades mais citadas (ver Tabela 8). As atividades citadas por mais de 90%
e análise de dados e informações”. O “estudo” pode não ter relação direta com essas
atividades, mas sem dúvida tem grande contribuição para o desenvolvimento global do
também vai depender da forma como é executada. Se feita de uma forma mecânica, o
feito de maneira crítica, questionando o porquê das categorias arroladas, por exemplo,
na Tabela 8). No entanto, essas foram das atividades menos citadas pelos bolsistas.
muito pouco” estão: “Postura / atuação ética, com responsabilidade social”; “Utilização
citadas como “contribuindo muito pouco” por 11% dos respondentes, é surpreendente
tecnologias” estejam nesse conjunto, pois essas seriam as habilidades que estariam mais
uma avaliação positiva das contribuições para suas formações. As habilidades mais
assinaladas contribuem não apenas para aqueles bolsistas que pretendem seguir carreira
acadêmica, mas também para os que pretendem seguir a carreira profissional como
entre docentes e alunos, chegou a duas grandes categorias sobre a contribuição da IC:
pesquisa.
Tabela 23
Pretensões de carreira do bolsista
n %
Seguir carreira acadêmica 62 59,6
Por último, foi perguntado aos bolsistas quais carreiras pretendiam seguir.
disseram que não sabiam; 18% afirmaram que pretendem ingressar no mercado de
trabalho como profissional; e 2,9% pretendem seguir ambas as carreiras. Esses dados
mostram que o programa de iniciação científica é visto como uma etapa preparatória
para a vida acadêmica. Talvez isso se justifique pela forma que o programa foi
programa.
7. Considerações finais
literatura. E não é à toa. A IC tem se mostrado como uma maneira eficaz de inserção do
que muitas vezes supera o nível técnico e racional. É comum os alunos e orientadores
terem uma relação afetiva positiva com o programa e seus resultados. Os estudos até
desenvolvimento.
vida acadêmica. Contudo, reconhece, com os dados obtidos em sua pesquisa, que
professores e alunos veem esta atividade com possibilidade de alcançar uma função
acadêmico ou não. Ades anuncia as vantagens dessa formação como “um caminho para
concepção do treino em pesquisa deve, para o autor, ser um processo formativo, uma
conhecimentos que aplica, questionando a forma como foram desenvolvidos e para que
propósito, e se, de fato, se aplicam ao contexto no qual estão atuando. Para ele o treino
em pesquisa propicia essa habilidade de duas maneiras: “mostrando como a gente não
pesquisa versus prática – ainda indicada por outros trabalhos mais atuais (Francisco &
identidade epistemológica subjacente” (p. 131). Ele aponta assim uma maneira de
compreensão ampla do fazer científico. Como já apontado por Ades (1981) a relação de
problema a ser melhor investigado, pois os dados reunidos nesta pesquisa indicam para
83
pelos seus orientadores, o que pode significar grande perda para esses bolsistas.
dentre as mais técnicas, até as mais críticas, metade deles desenvolvendo inclusive um
para que isso ocorra. Dessa forma “o aprimoramento virá por vias indiretas, sem a
1981, p.134). Contudo, o que se percebe com os dados coletados é que poucos bolsistas
aluno dessa fase tão importante da ciência, a escrita e divulgação dos resultados, que
programa contribui para sua formação não só acadêmica, mas também como
profissional.
PIBIC pode ter para a formação do psicólogo como um profissional mais crítico, que
aprendidas em manuais.
84
públicas, no turno diurno, têm alta renda e que já têm interesse por pesquisa.
alunos (maioria deles) que está em condições mais precárias (em instituições privadas,
que pouco ou nada investem em pesquisa e no turno da noite) e que, em tese, seriam os
que mais poderiam se beneficiar do PIBIC, ficam fora do programa. É fato que a
cursos não faz parte dos objetivos do PIBIC, contudo está se perdendo uma grande
completa e crítica, que atualmente está restrita a uma parcela muito pequena de alunos.
Logo, o PIBIC está aquém de disseminar a cultura de pesquisa científica no país. Nesse
uma reorganização dos objetivos do programa a fim de inserir uma pauta mais ampla
Além disso, programas como o PIBIC, que têm sido demonstrados como
desqualificação da formação que a maior parte dos alunos, não bolsistas, recebem, pois
mostram que, sim, é possível uma formação mais qualificada. Nesse sentido, uma
deveriam ser incrementadas (e não apenas a criação de programas que atingem poucos,
8. Referências bibliográficas
(3-4), 87-112. Republicado em 1987, como folheto pelo ISOP, ABP e ABPA.
Edicon.
Campinas: Alínea.
610.
desafios da ciência e da prática psicológica (pp. 23-59). 1ª ed. São Paulo: Casa
do Psicólogo.
ANPEPP/UFMG.
Lisboa, F. S., & Barbosa, A. J. (2009). Formação em Psicologia no Brasil: um perfil dos
Maccariello, M. C., Novicki, V., & Castro, E. M. (1999). Ação pedagógica na iniciação
Campinas: Átomo.
do século XIX. In: Ana Maria Jacó Vilela, Arthur Arruda leal Ferreira &
Catarina, Florianópolis.
Pereira, F. M., & Pereira Neto, A. (2003). O Psicólogo no Brasil: Notas sobre seu
Pessotti, I. (1988). Notas para uma história da psicologia brasileira. In: Conselho
Paulo: Edicon.
ANPEPP/UFMG.
spe), 08-41.
91
Yamamoto, O. H.; Souza, J. A. J.; Silva, N. & Zanelli, J. C. (2010). A formação básica,
Artmed.
20(4), 30-37.
92
9. Apêndices
Apêndice I
Questionário
Convido você a responder esse questionário que se refere a uma pesquisa nacional sobre
a formação do aluno de Psicologia, bolsista do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação Científica (PIBIC) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).
O questionário consta de cinco partes e você levará no máximo 10 minutos para
respondê-lo.
Clique no link abaixo para acessá-lo.
Agradecemos a contribuição!
Pesquisadores responsáveis:
Andressa Maia de Oliveira - aluna do mestrado do PPGPsi - UFRN
Prof. Dr. Oswaldo Hajime Yamamoto - PPGPsi – UFRN
93
Ao participar desta pesquisa você não terá nenhum benefício direto. Entretanto, sua
participação será muito importante para a compreensão do tema em estudo.
Sempre que quiser, você poderá pedir mais informações sobre a pesquisa, perguntando
diretamente para Andressa Maia de Oliveira, pelo endereço eletrônico
andressamaiaoliveira@gmail.com ou pelo telefone 84 3215-3590 Ramal 211.
III. Questionário
DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS
1) Nome (Essa informação servirá apenas para a organização dos dados e sua
posterior complementação, em hipótese alguma os sujeitos da pesquisa serão
identificados):
2) Idade:________________
3) Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
4) Qual sua renda familiar em salários mínimos?
5) Com quem você mora?
a. Pais e/ou com outros familiares
b. Cônjuge e/ou filho(s)
c. Com amigos (compartilhando despesas ou não).
d. Com colegas, em alojamento universitário.
e. Sozinho(a)
6) Em qual instituição de Ensino Superior está matriculado (a)?
7) Em qual curso está matriculado(a)?
8) Qual período (semestre) está cursando?
9) Qual o turno em que está matriculado?
a. Diurno (integral).
b. Diurno (matutino).
c. Diurno (vespertino).
d. Noturno.
e. Diurno e noturno
15) Além de auxiliar o professor orientador, você desenvolve algum projeto de sua
autoria?
Atividades
Abaixo serão listadas atividades que podem ou não ser atribuições de um bolsista
PIBIC. Marque "sim" para aquelas que você já executou / executa como bolsista e, logo
abaixo, informe a prioridade que essa atividade assume dentre as atividades realizadas
na iniciação científica.
( ) Sim.
( )Não.
( ) Alta
( ) Baixa
( ) Intermediária
( ) Sim.
( )Não.
( ) Alta
( ) Baixa
( ) Intermediária
96
( ) Sim.
( )Não.
( ) Alta
( ) Baixa
( ) Intermediária
( ) Sim.
( )Não.
( ) Alta
( ) Baixa
( ) Intermediária
( ) Sim.
( )Não.
( ) Alta
( ) Baixa
( ) Intermediária
( ) Não.
( ) Alta
( ) Baixa
( ) Intermediária
( )Não.
( ) Alta
( ) Baixa
( ) Intermediária
( )Não.
( ) Alta
( ) Baixa
( ) Intermediária
( )Não.
( ) Alta
( ) Baixa
( ) Intermediária
25) Estudo.
( ) Sim.
( )Não.
( ) Alta
( ) Baixa
( ) Intermediária
26) Você realiza alguma outra atividade relacionada à bolsa que não foi listada nesse
questionário? Qual?
ORIENTAÇÃO
IMPRESSÕES PESSOAIS
32) Como você avalia a contribuição das atividades do PIBIC para sua formação
acadêmica?
a) Muito boa.
b) Boa.
c) Regular.
d) Fraca.
e) Muito Fraca.
33) Como você avalia a contribuição das atividades do PIBIC para sua formação
profissional?
f) Muito boa.
g) Boa.
h) Regular.
i) Fraca.
j) Muito Fraca.