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A IDENTIDADE E A OBRA DO LOGOS

João 1.1-10

Logos, em grego, significa “palavra, razão ou plano no sentido de propósito”. Tal como
é usada na filosofia e na teologia, basicamente o termo logos significa “a razão divina
implícita no cosmos, ordenando-o e dando-lhe forma e significado.” Dois conceitos de
logos: Primeiro, temos o uso de logos significando “palavra, fala, discurso, revelação,
não no sentido de algo proclamado e ouvido, mas no sentido de algo exposto,
reconhecido e compreendido; logos como poder racional de calcular, em virtude do qual
o homem vê a si mesmo e o seu lugar no mundo; logos como indicação de um conteúdo
inteligente no mundo, e; logos como base e estrutura da lei. Segundo - o uso de logos
como “realidade metafísica, termo estabelecido na filosofia e na teologia, do qual se
desenvolveu na Antiguidade uma entidade cosmológica e hipóstase da divindade - o
segundo Deus.”

Os gregos admitiam a existência de um logos primário, uma lei inteligível e


reconhecível, que tornava possível a compreensão do logos humano. Mas este logos não
é algo meramente teórico. Ele exige uma pessoa. É ele que determina sua vida e seu
caráter. O logos é uma norma. Para os gregos, “o conhecimento é sempre o
conhecimento de uma lei e, consequentemente, do seu cumprimento”.

De acordo com Heráclito, o logos é o princípio de ligação entre o homem e o cosmos e


que torna possível sua compreensão. Ele liga o homem ao mundo, a Deus e ao seu
semelhante. Faz também a ligação entre esta vida e a vida além. É o logos que
“estabelece no homem o seu verdadeiro ser em virtude dessas ligações com Deus, com
o mundo e com o outro. “Este logos, os homens, antes ou depois de o haverem ouvido,
jamais o compreendem.

(v.3;10): “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi
feito se fez; O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o
mundo não o conheceu.”
Outros filósofos definiram o logos como “princípio ativo espiritual e racional que
permeia a realidade”. O logos era intermediário entre Deus e o mundo. Era o agente da
criação e o elemento através do qual a mente humana pode aprender e compreender
Deus.

Para alguns filósofos judeu, o logos era imanente ao mundo, mas, como mente divina,
era
transcendente. Indica a manifestação dos poderes divinos e de suas ideias no universo.
Deus é um ser abstrato, mas dele procede o logos que representa seu pensamento
racional, que primeiro existiu, como o mundo ideal, na mente divina, e então formou e
habita no cosmos atual.

O logos é, portanto, o criador do mundo a partir da matéria amorfa, e através do qual


Deus pode ser racionalmente reconhecido. O logos existe eternamente em Deus e se
tornou ativo no mundo, e se revelou de modo especial aos hebreus, nas Sagradas
Escrituras.
(v.1-2): “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.”

O “Verbo” ou a palavra logos é a base da doutrina cristã na “preexistência” do Filho de


Deus - Jesus de Nazaré. Para o cristianismo o logos é um princípio de harmonia: é a
ligação espiritual que conserva a unidade do mundo.

(a) João identifica Jesus Cristo com a “palavra encarnada”. Ele é o logos que se fez
carne. A identificação de Jesus de Nazaré, com o logos, se baseia no conceito de
revelação do Antigo Testamento, tal como ocorre na frase “a Palavra do Senhor”, que
expressa a ideia da “atividade e do poder de Deus” - o “agente divino” que conduz o
homem a Deus.

(b) João usa essa expressão filosófica, amplamente conhecida no mundo helenista, para
salientar o “caráter redentor da pessoa de Jesus Cristo” - afirmando a preexistência de
Jesus Cristo. Para João, “Jesus é a força personificada da vida e a iluminação da
humanidade”. Para ele, o logos é inseparável de Jesus e não apenas a mensagem por ele
proclamada, porque verdadeiramente Jesus Cristo é a encarnação de uma pessoa divina
e eterna.

(c) João usa o termo logos num sentido especial, para indicar “a eterna verdade
revelada aos homens por Deus” - esta verdade enquanto expressa em palavras, quer
sejam as da Escritura, quer, especialmente, as palavras de Cristo. O logos divino não é
simplesmente as palavras anunciadas, mas é um “conteúdo racional de pensamento,
correspondendo a realidade última do universo.” A verdade revelada, não – como em
certa doutrina contemporânea – na contemplação ou na visão estática, mas como
“falada e ouvida”.

A ideia de revelação em João é dominada pela categoria de “ouvir a Palavra do Senhor”,


seja qual for a extensão desta categoria. Para ele, embora o logos de Deus seja um
“conteúdo racional do pensamento”, ele é sempre, em certo sentido, proferido, e porque
é proferido, torna-se um “poder vivificante para os homens”.

(d) O logos aqui em João é a “razão universal” – Ele é o verdadeiro “bing-bang”. O


logos é a lei universal que rege a evolução do universo, sendo o princípio racional
manifesto no cosmos. O logos é “força divina da qual o mundo surgiu”.
Para o apóstolo João Cristo é o logos preexistente, que revela Deus a humanidade, isto
é, “razão divina” da qual participa toda a raça humana. O logos é a palavra divina, pela
qual os mundos foram criados e que sustenta tudo quanto existe.

(v.4-5): “vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e
as trevas não prevaleceram contra ela. ” A vida é pertencente ao logos e a revelação de
Deus aos homens. O termo dzoē: vida plena.
1. Jesus é o “logos divino”; o governador e organizador de todo “universo”.
2. Jesus é o “logos divino” como intermediário entre Deus e mundo.
3. Jesus é o “logos divino” – agente da comunicação divina.
4. Jesus é o “logos divino”, o elemento através do qual a mente humana pode aprende e
compreender Deus.
5. Jesus é o “logos divino”, criador do mundo a partir da matéria amorfa (que não tem
forma determinada), e através do qual Deus poder ser racionalmente reconhecido.
6. Jesus é o “logos divino” que existe eternamente em Deus e se tornou ativo no mundo,
e se revelou de modo especial a nós.

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