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TUCURUÍ/2017
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1. Introdução
1.1 Bombas funcionando como Turbinas
Quando se trata de uma máquina hidráulica, pode-se dizer que existem as máquinas
motoras e as geradoras. Nesse contexto, uma máquina de fluxo, operando como máquina
motriz, tem como objetivo transformar um tipo de energia disponível na natureza em trabalho
mecânico, e, quando opera como máquina geratriz, proporciona energia a um fluido, tendo
como exemplo o transporte do fluido de um local para outro. Portanto, quando uma máquina
de fluxo trabalha como motriz, é designada de turbina e, quando trabalha como geratriz, de
bomba. A figura 1 faz uma comparação entre esses tipos de máquinas de fluxo.
Figura 1 - Analogia entre bomba (pump) e turbina (turbine). Fonte: CHAPALLAZ et al., 1992.
ocorre com as turbinas. Já com relação à disponibilidade, tanto as bombas em si quanto suas
peças de reposição são mais fáceis de encontrar quando comparadas às turbinas. Se tratando
da construção, as bombas são descomplicadas e resistentes, portanto não demandam mão de
obra especializada para realizar suas manutenções. Também oferecem um esquema simples de
instalação, facilitando sua implantação para pequenas potências. Além disso, bombas e
motores podem ser obtidos concomitantemente, já que, analogamente às BFTs, motores de
indução podem operar como geradores, propiciando a formação de um grupo gerador integral
e sendo mais eficientes na redução de perdas do que os grupos geradores tradicionais.
No entanto, como bombas não são fabricadas particularmente para geração de energia,
sendo esta uma operação em reverso, existem alguns inconvenientes no momento em que
estas são usadas como turbinas, sendo estes: rendimento inferior se comparado às turbinas
convencionais; não possui dispositivo de controle hidráulico incorporado, chamado
distribuidor, fazendo com que o equipamento funcione apenas com potência constante, sendo
uma consequência disso a impossibilidade de alteração de carga como uma turbina
convencional. Apesar disto, estas desvantagens podem ser minimizadas se a bomba for
corretamente selecionada em função das características do sistema e ponderada a sua
utilização em termos de eficiência (Chapallaz et al, 1992).
Onde:
H ob - altura referente à velocidade nominal da bomba encontrada no catálogo do fabricante
[m];
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É apresentada na figura 3 a faixa de vazão e altura das bombas que poderão ser
utilizadas como turbinas, incluindo a potência hidráulica na faixa de 1kW até 1000kW,
divergindo de (VIANA, 1987) que delimita a potência em 50kW, que equivale à potência de
uma microcentral hidroelétrica. Respaldando-se na altura e na vazão disponíveis no
aproveitamento, seleciona-se o tipo de bomba a ser utilizado, através da figura 3. De maneira
distinta do método que por (VIANA, 1987) foi apresentado, (CHAPALLAZ et al, 1992)
apresentam resultados desde as bombas radiais ou centrífugas, mistas e axiais de maneira a
englobar toda a região de rotação específica. Consideram, além disso, as bombas de vários
estágios e as de rotor gêmeo ou duplo.
Após o tipo de bomba ser escolhido, calcula-se a rotação específica da BFT através da
equação (9).
n t . √ Qt
nqt = (9)
( H t )3 / 4
Onde:
nqt - rotação específica da BFT no Sistema Técnico;
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Pode-se notar que este método possui outra disparidade com relação ao Método de
Viana, que se baseia no cálculo da rotação específica da bomba, fundamentando-se na rotação
específica da BFT. A equação (10), obtida experimentalmente, possibilita essa operação.
nqt
nqb= (10)
0,89
Onde:
nqb - rotação específica da bomba;
nqt - rotação específica da BFT, calculada de acordo com a equação (9).
Figura 8 – Encontrando os Coeficientes de Viana através da rotação específica. Fonte: VIANA, 1987
(ADAPTADO).
c H = 0,71
c Q = 0,60
Por conseguinte, a altura e a vazão da bomba podem ser encontradas, nessa ordem,
pelas equações (1) e (2):
H b=c H . H t (1)
H b=0,74 . 20=14,2m
Qb=cQ . Qt (2)
3
Qb=0,60 . 0,100=0,06 m / s
Pelo fato de os valores encontrados para altura e vazão através das equações (1) e (2)
referirem-se à rotação de 1800 rpm, deve-se ser ajustadas para rotação encontrada no catálogo
do fabricante, presumindo que esta seja 1750 rpm, mediante o uso das equações (4) e (5):
2
n ob
H ob=( ) . H b (4)
nb
2
1750
H ob=( ) .14,2=13,48 m
1800
n ob
Qob=( ). Q b (5)
nb
1750
Qob=( ). 0,06=0,0583m3 / s
1800
Assim sendo, a fim de selecionar-se a bomba com melhor rendimento no catálogo do
fabricante, usa-se os dados da altura e da vazão da bomba calculados através das equações (4)
e (5).
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Com o propósito de comparar os dois métodos, deve agora então utilizar os mesmos
dados de altura, vazão e rotação da bomba, para fazer-se uso do Método de Chapallaz e então
realizar a seleção da bomba a ser utilizada, ou seja:
• H t=20m
• Qt =0,100 m3 / s
• nt =1800 rpm(30 rps)
Desta maneira, através da figura 3 constata-se que a bomba deverá ser do tipo mista,
como indicado na figura 9:
Figura 9 – Indicação do tipo de bomba através da pré-seleção da BFT com os valores de vazão e altura,
(CHAPALLAZ et al, 1992 (ADAPTADO).
Após isso, sendo determinado o tipo de bomba e assumindo a rotação da bomba igual
à 1800rpm, calcula-se a rotação específica da BFT, através da equação (9).
n t . √ Qt
nqt = (9)
( H t )3 / 4
1800 . √ 0,100
nqt = =60,18
(20)3 / 4
Em seguida, deve-se determinar a rotação específica da bomba utilizando a equação
(10):
nqt
nqb= (10)
0,89
60,18
nqb= =67,62
0,89
Em seguida, tem-se a estimativa da vazão da bomba estabelecida através da equação
(11):
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Qt
Q b= (11)
1,3
0,100
Q b= =0,0769 m3 /s
1,3
Fundamentado nos dados de rotação específica e vazão da bomba, seu rendimento
pode ser estipulado através da figura 4, como demonstrado na figura 10:
c H =1,35
c Q=1,30
Em seguida, considerando a rotação de 1800 rpm, a altura e vazão da bomba podem ser
calculadas por meio das equações (7) e (8):
Ht
H b= (7)
cH
20
H b= =14,81m
1,35
Qt
Q b= (8)
cQ
0,100
Q b= =0,0769 m3 /s
1,30
Mas, assim como no Método de Viana, deve-se ajustar esses valores de altura e vazão
da bomba com a rotação fornecida pelo fabricante, e, supondo que seja 1750 rpm, tem-se,
através das equações (4) e (5):
2
n ob
H ob=( ) . H b (4)
nb
1750 2
H ob=( ) .14,81=13,99 m
1800
16
n ob
Qob=( ). Q b (5)
nb
1750 3
Qob=( ). 0,0769=0,0747 m /s
1800
Verifica-se então, através da tabela 1, que os resultados entre os dois métodos são
muito próximos quando se trata dos valores de altura e vazão.
3. Conclusão
Por se tratar de uma comparação teórica, não se pode afirmar qual dos métodos
apresentaria resultados mais condizentes com o comportamento real da BFT na situação
proposta. Conclui-se então que, apesar de conduzirem a resultados números similares, os
diferentes métodos para seleção de BFTs trazem consigo uma carga de dubiedade que deve
ser considerada no momento do projeto. Em conformidade do seu caráter empírico, e do fato
de considerarem a influência da geometria do rotor, aconselha-se a utilização dos métodos de
Viana e Chapallaz para seleções reais de BFTs.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS