Resenha: Neoliberalismo e educação: manual do usuário – Pablo Gentili
Pablo Antonio Amadeo Gentili nasceu em Buenos Aires no ano de 1963. Possui doutorado em Ciências da Educação pela Universidad de Buenos Aires (UBA), é professor do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH) na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Publicou mais de 20 livros como organizador e 10 como autor; suas pesquisas analisam as reformas educacionais na América Latina, juntamente com os processos de produção de desigualdades e formas de exclusão no campo da educação. O texto Neoliberalismo e educação: manual do usuário, abordado em seguida, foi retirado do livro Escola S.A. – Quem Ganha e Quem Perde no Mercado Educacional do Neoliberalismo. O texto é estruturado em tópicos e questões, de modo a facilitar a leitura e consequentemente um melhor entendimento. Pessimismo da inteligência, otimismo da vontade! Nesse texto é apresentado a retórica neoliberal na educação, suas motivações, estratégias e consequências. Gentili com sua abordagem crítica nos chama a compreender a ofensiva neoliberal contra a educação e, ao mesmo tempo, faz repercutir no leitor a vontade de se manter atuante na luta contra um sistema que quebra as bases da sustentação democrática do direito à educação. O autor inicia apontando o neoliberalismo como construção hegemônica, onde é expressado um projeto de reforma ideológica juntamente com a difusão de um novo senso comum, impulsionado, logicamente, pelo bloco dominante no qual se encontra os intelectuais conservadores, os quais querem garantir o êxito dessa nova ordem social regulada pelo livre-mercado e sem a intervenção do Estado. De modo a compreendermos criticamente a retórica neoliberal no campo educacional, nos é apresentado apenas quatro questões que de modo simples e sucinto nos propiciam uma clara assimilação. Respondendo a essas questões Gentili nos mostra que pela perspectiva neoliberal os sistemas educacionais estão enfrentando uma crise gerencial e a estratégia para sair da crise consiste em transferir a educação da esfera da política para do mercado, reduzindo assim o caráter de direito da educação a condição de propriedade. Na visão neoliberal, o modelo de Estado assistencialista e os sindicatos constituem forte barreira para o desenvolvimento de mecanismos de competição individual que garantem o progresso. O conceito de qualidade decorre das práticas empresariais, acarretando à mcdonaldização das escolas, que se trata de um processo de reestruturação educacional onde é definido lógicas produtivistas que reduzem a reforma escolar a uma série de critérios empresariais de caráter alienante e excludente. Governos neoliberais aumentam a pobreza, exclusão e desigualdade, incrementam a discriminação e exacerbam o individualismo e a competição. O tema em si é bastante estimulante e a estrutura do texto proporciona uma leitura dinâmica e de fácil compreensão. Tanto no decorrer do texto, quanto no final com a citação de Gramsci, Gentili nos instiga a analisar de forma crítica o discurso neoliberal e nos faz refletir sobre como, com essa nova visão, é possível agir contra as dinâmicas desiguais possibilitadas por este modelo de política.
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