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 elos sapatos, logo vi que se tratava de alguém sério, talvez até sisudo, responsável com

P
certeza.
Tive medo de levantar a cabeça. É estranho o quanto nossa mente pode trabalhar em apenas
alguns segundos.
Na verdade, descobri olhando para aqueles sapatos, que estava em pânico, disse a mim
mesmo - seja homem - lembrei-me na hora de minha vovozinha dizendo: - você é um homem
ou um saquinho de pipoca -, eu certamente me sentia um saquinho de pipoca, usado e
amassado, sem nenhuma bravura. Ela em sua altivez natural, teria pena de mim, podia
visualizar seu olhar de desapontamento por debaixo de seus óculos de lentes garrafais.
Tentei mais uma vez; - vamos rapaz, esta é sua hora de ser homem -, mas meu cérebro era
sacudido por passeatas de oposição, atos terroristas no córtex e nos neurônios, as mais
variadas formas de protestos que teimavam em desobedecer.
Lembrei de uma frase de Nietzsche: “o que não te mata, te fortalece”.
Ele com certeza não me mataria, não alí, na frente da sua família.
Então, impelido por não tão certa valentia, fico em pé, ergo a cabeça, olho em seus olhos,
estendo a mão e digo: - Muito prazer, eu sou o Roberval, ...vim pedir sua filha em namoro.

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