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Tomo I
Brasília, 1993
u. F. R. J,
BIBLIOTECA
Indice i p p u r
TOMO S
PARTE I
TEO RIA SOCIAL E TEO RIA DO PLANEJAM ENTO
2. N ecessitam os Planejar? 17
5. Eu Planejo, Tu Planejas 49
7. O Triângulo de Governo 59
8. O Tem po no Planejamento 63
9. Epistemología do Planejamento 71
PARTE II
OS FUNDAMENTOS DO PLANEJAM ENTO SITUACIO NAL
TOMO II
PARTE III
OS QUATRO MOMENTOS DO PROCESSO DE PLANEJAM ENTO
SITUACIO NAL
PARTE IV
CONCLUSÕ ES E GLO SSÁRIO S DE CONCEITOS
3. Bibliografia 587
Prefáeio à Edição B iras ¡feira
(
pelo Planejamento Estratégico Situacional. O estilo brasileiro,
com seu modo sintético de se referir a este método, criou a sigla
PES, como hoje é amplamente conhecido este método de plane
jam ento estratégico governamental. Num plano muito abstrato,
tem como origem a obra ‘Planificación de Situaciones” (Fondo de
Cultura Económica, México, 1978) e desenvolve-se de form a mais
concreta em “Política, Planificación y Gobierno”, cuja tradução
aqui se apresenta.
Por diversas vias, o conteúdo deste livro j á fo i divulgado em lín
gua portuguesa, ou numa combinação de línguas que os brasileiros
designam como “portunhol”. No início, meus esforços foram na
maior parte envidados no Brasil, apesar de não dominar o idioma.
O CENDEC, órgão integrado ao IPEA, empenhou-se na renovação
do planejamento tradicional a partir do fin a l de 1988 e, deste ano até
1992, ministrei dez cursos para o IPEA/CENDEC, três cursos para a
Sudene, um para o Dieese, dois para o governo de Pernambuco, um
para o BNDES, um para a Fundação Nacional de Saúde, três cursos
para partidos políticos, dois para a Receita Federal e um curso para
a Fundap de São Paulo. Foram, no total, vinte e quatro cursos em
pouco mais de quatro anos; um grande esforço de difusão.
Em 1984 a Venezuela havia dado início a esse processo de reno
vação com a experiência do VII Plan de la Nación. No entanto, a se
mente ali caiu em solo não preparado; os frutos só vieram vários
anos mais tarde com a experiência de modernização do Conzuplan no
estado de Zulia.
II
Carlos Malus
Caracas, outubro de 1993
TOMO 1
se impôs sobre outras para im prim ir-lhe uma direção. O m undo, meu
país, a realidade, esta região e o seu próprio município não estão parali
zados à espera que alguém planeje seu destino e atue em conseqüência.
Nosso destino vai-se construindo dia a dia, incessantem ente,
m esm o que não saibamos ao certo para onde ele nos conduz. Assim é
que, quem quiser enfrentar o desafio de criar um futuro com sua von
tade, poder e recursos deverá, em certo sentido, navegar contra a cor
ren te, porque deverá vencer um a força que contradiz suas intenções —
salvo se planejar para acelerar e acentuar as tendências já arraigadas no
sistema social, um a vez que se pode tam bém planejar a favor da corren
te; mas este não é o caso mais com um nem o principal para justificar o
planejam ento.
Dessa form a, o planejamento apresenta dificuldades sem elhantes às
enfrentadas para se agarrar com as mãos um peixe na á^ua, em condi
ções de má visibilidade. Trata-se de algo m uito com plexo, não som ente
pelo núm ero de variáveis que condicionam o êxito de nosso propósito,
mas tam bém porque tais variáveis são difíceis de imaginar, enum erar e
analisar.
O peixe dificulta minha tarefa de uma form a “inteligente”, ou cria
tiva, alterando sua velocidade, direção e profundidade de m aneira ines
perada. E mais: às vezes parece que o peixe “adivinha” meus m ovim en
tos para capturá-lo e efetua oportunam ente as manobras para im pedir
m eu êxito.
É um processo não redutível a uma teoria bem estruturada e que
req u er m uita experiência, perseverança e capacidade de aprendizagem
na prática, além de forças e recursos para alterar o curso dos aconteci
m entos na direção desejada. Essa dificuldade para aluar sobre a reali
dade, vencendo um m ovim ento e um a resistência, é a que m elhor justi
fica a analogia com a correnteza do rio. O objeto do plano não é um alvo
fixo, inerte e sem inteligência, para o qual aponta o planejador.
No entanto, essa afirmação não é absoluta. Depende de qual é o
objeto planejado. G eralm ente, quando se fala de planejam ento, referi
m o-nos ao processo de desenvolvimento econômico-social. Mas o pla
nejam ento, com o corpo de teoria geral, pode aplicar-se a qualquer ati
vidade hum ana em que é necessário um esforço para alcançar um objeti-
T e o ria S o c i a l e T e o r ia d o P la n e j a m e n t o l i
r i
------- ►Homem Coletivo A ---------------- ►Instrumento --------- ►Objetivo A
Conflito Conflito
Individual Social
' I
-------► Homem Coletivo B — -----------►Instrumento --------- ►Objetivo B
I
-------- - ► Indivíduo
(C ) (E )
\ ca' lcülo
(A ) (B) Cálculo (D ) Cálculo
Cálculo Cálculo técnico- Cálculo técnico -
intuitivo técnico , polltico técnico político
assistemático assistematico assistemático sistemático sistemático
TEMPO \
To/
Hoje I I A to fs j Imediatismo :jS Ei
Tm /
Amanhã 0 político comum 1.
v.v.v.v.v.v.v.v.v,
í intuição S: iPIanejam entoi
TI lan o DTI ! ! E T i ::
T 5 5 anos
..... .................
ção social dos hom ens. O risco de incêndio, diz a associação, depende
das regras de organização espacial das cidades e do desenho urbano.
Nem todas as opiniões têm o mesmo peso. Algumas consistem em
argum entos técnicos, individuais ou de equipes, que o chefe de bom bei
ros pode desprezar porque por trás delas não existe força ou peso políti
co próprio que o obrigue a considerá-las na decisão. Por outro lado há
opiniões, p o r vezes menos fundamentadas tecnicam ente, que refletem
posições de atores sociais, sejam estes personalidades, organizações so
ciais ou partidos políticos. São atores sociais porque têm capacidade de
produzir fatos políticos e constituem centros de acumulação e desacu-
mulação de poder.
Alguns dos atores m encionados crêem que o problem a pode e deve
ser solucionado tecnicam ente, enquanto outros crêem que não há solu
ção para os problem as, mas som ente mudanças em sua natureza.
EXPLICAÇÕES,
PROPOSTAS, ATOR 1 ATOR 2 ATOR 3 ATOR 4
ATITUDES
O9«
, A titude técnica
' convencional
"A
? Atitude técnica
transformadora
**
A titude
3. sócio-política
convencional
Atitude *
4 socio-política
transform adora 1
Nessa análise surgem distintas opiniões sobre as medidas adequadas
e os m étodos para desenhá-las: soluções ótimas versus soluções boas,
variáveis técnicas versus variáveis políticas, confiança nos m étodos ana
26 P o lític a , P l a n e j a m e n t o e G o v e r n o
BIBLIOTECA
1P P U R
T e oria S o c ia l e T e o r ia do P l a n e j a m e n t o 27
Ocorre com isto aquilo que dizem os médicos sobre a tísica, que no
princípio é fácil curar e difícil de conhecer, mas com o passar do
tempo, não tendo sido ela nem detectada nem tratada, é fácil de
conhecer e difícil de curar. Assim ocorre com as coisas do Estado,
porque conhecendo à distância (o que só ocorre com os prudentes)
os males que surgem, podem eles ser rapidamente curados; mas
quando, por não se ter dado conta, nada se fez, eles crescem até
que todos se dêem conta, não tendo eles mais cura. (pp. 33-34,
Ed. Aguilar)
32 P o lític a , P l a n e j a m e n t o e G o v e r n o
GRÁFICO 1
sta anedota norm ativa e hum orística ocorreu realm ente, pelo m e
E
nos segundo a versão de um jornalista desportivo brasileiro.
executa
Administrador não não não sim sim
e controla
preconceitos
OBJETIVOS
— > DIAGNÓSTICO
<—
definições
a p lic a ç ã o o u
PRODUÇÃO DE
RECURSOS DE PODER
FATOS SOCIAS
DE UMA FORÇA SOCIAL
uso
ACUMULAÇÃO OU
DESACUMULAÇÃO
iv. o ator que planeja e dirige não controla algumas variáveis, mas
as variáveis não-controladas não têm condução inteligente e
criativa, porque não se referem a outros atores que fazem pla
nos.
TÉCNICAS DE
NATUREZA DO
-> PLANEJAMENTO
CASO OU PROBLEMA
<— PERTINENTES
Por essa razão é fácil com preender que, para as pessoas que conhe
cem apenas um modo de planejamento (o planejamento econômico
norm ativo), suas técnicas não constituem problem a teórico, na explica
ção das deficiências práticas do planejamento na América Latina. Crêem
sim plesmente que o problem a consiste em dotar-se de boas políticas de
desenvolvim ento, boas políticas econômicas e bons economistas. Aqui
desaparece o triângulo de governo, ficando ele reduzido a um a de suas
partes: o projeto de governo. A governabilidade do sistema e a capaci
dade de governo ficam esquecidas.
O m undo dos hom ens é do tamanho do seu vocabulário, dos con
ceitos que conhece. Se para mim não existe o conceito de oponente, na
minha realidade haverá som ente agentes econômicos. Se tam pouco m a
nejo o conceito de ação estratégica, na realidade, para m im , som ente
existirá a ação-com portam ento que assimilei da teoria econômica. Por
essa via nego inadvertidam ente uma parte da realidade. Se eu com pre
endo o m undo através do vocabulário que já conheço, não existe form a
de enriquecer minha visão do m undo sem ampliar meu vocabulário.
O filósofo da linguagem John Searle (Speech Acts, 1969, Cam
bridge University Press) coloca o problem a desta forma:
peso dos variantes peso do planejamento peso das variantes peso do planejamento
diretivo diretivo
/¿ D
PON. PD \
\ v
\ ej
complexidade
de estrutura
hierárquica
7
cálculo estratégico planejamento formalizado
7
0 Triângulo de Governo
overnar ou conduzir é algo m uito com plexo, que não pode ser
C reduzido inteiram ente a uma teoria. É uma arte, mas não é pura
arte. Para governar requer-se cada vez mais um certo domínio te
órico sobre os sistemas sociais.
O co n dutor dirige um processo para alcançar objetivos que escolhe
e altera segundo as circunstâncias (seu projeto), superando os obstácu
los de m aneira não-passiva, mas ativamente resistente (governabilidade
do sistema). E, para vencer essa resistência com sua força limitada, o
condutor deve dem onstrar capacidade de governo.
G overnar, então, exige a constante articulação de três variáveis:
(a) projeto de governo;
PROJETO 0 0 GOVERNO
GOVERNABILIDADE DO CAPACIDADE DE
SISTEMA GOVERNO
lugar adequado da cadeia tem poral de eventos aquele evento para o qual
se quer construir viabilidade. Ambos os processos de gestação de opor
tunidades conjugam-se na prática social somando-se ou com pensando-se
parcial ou totalm ente.
No entanto, os casos em que os atores aproveitam as oportunida
des constituem exceção. O conceito de oportunidade está quase associ
ado à idéia de deixá-la passar. Geralm ente os governos desperdiçam os
prim eiros seis meses de administração, deixam passar as oportunidades
para reativar a economia, deixam crescer o adversário quando este está
quase vencido, desperdiçam a oportunidade para negociar quando é
possível fazê-lo, deixam acumular as condições que geram problemas
potenciais até se converterem em problemas reais, desperdiçam o
tem po de campanha eleitoral para preparar o program a de governo, etc.
Assim, a história política e econômica é a história do desencontro
entre oportunidade e ações, com exceção das estratégias bem-sucedidas
que se caracterizam, justam ente, por aquele encontro. C ertam ente a
oportunidade não é o único requisito; há também a persistência e a di-
recionalidade das ações. A prim eira é necessária para abrir caminhos no
processo social, e a segunda para que a sem ente das ações encontre te r
reno propício para se desenvolver em reações e iniciativas que reforcem
o m ovim ento inicial.
c a s o n o r m a t iv o :
• • •
• • • • • • • • • •
v • • • • • •
ESTADO ^ • • • • R E A LID A D E • • •
(SU JEITO QUE i ( OBJETO • • • •
PLA N E JA ) < PLANEJADO ) • • •
• • •
Postulado 1
O Sujeito E Diferenciável do Objeto
Postulado 2
Não Pode Haver Mais de Uma Explicação Verdadeira
Postulado 3
Explicar E Descobrir as Leis que Regem os Objetos
Postulado 4
O Poder Não E um Recurso Escasso
O único ator que planeja é o Estado e ele não convive com outros
atores com capacidades equivalentes; esse ator tem todo o poder e, con
seqüentem ente, som ente os recursos econômicos são escassos. Não
existem oponentes; o planejamento pode referir-se apenas ao
econômico-social, seu critério de eficácia pode ser apenas econômico e
seu cálculo restringir-se a um cálculo econômico.
C om o decorrência, o planejamento pode identificar-se com o cál
culo norm ativo de desenho de um deve ser, que diverge do tende a ser
revelado pelo diagnóstico. O cálculo estratégico sobra porque som ente
T e o ria S o c ia l e T e o ria do P la n e j a m e n t o 75
o Estado planeja a fim de alterar os com portam entos dos agentes eco
nômicos.
O contexto do plano é a harm onia, o concerto prom ovido central
m ente pelo Estado.
Postulado 5
Não Existe a Incerteza Maldefinida
Postulado 6
Os Problemas a que se Refere o Plano São Bem -Estruturados e
Têm Solução Conhecida
CASO e s t r a t é g ic o :
R E A LID A D E
<k.
Postulado 1
O Sujeito Não É D istinto do Objeto
Postulado 2
Há Mais de Uma Explicação Verdadeira
Postulado 3
Os A tores Sociais Geram Possibilidades N um Sistema Social Cria
tivo que Som ente em Parte Segue Leis
Postulado 4
O Poder E Escasso e Limita a Viabilidade do Deve Ser
Se o ator que planeja com parte a realidade com outros atores que
tam bém planejam, o planejamento deve então, necessariamente, vencer
ou evitar a resistência dos outros a seu próprio plano.
O planejamento não deve, portanto, ser confundido com o de
senho norm ativo do deve ser; ele precisa abarcar o pode ser e a vontade
de fazer.
Por esse motivo o planejamento deve, inevitavelm ente, sistem a
tizar o cálculo político e centrar sua atenção na conjuntura. O contexto
do plano é um a passagem contínua entre conflito, concerto e consenso.
O objeto não som ente resiste a ser planejado; ele tam bém tem planos
próprios. O planejamento econômico é apenas um âmbito do planeja
m ento sócio-político. As forças sociais e os atores sociais são o centro
do plano, e não os agentes econômicos.
T e o ria S o c i a l e T e o ria do P la n e j a m e n t o 79
Postulado 5
A Incerteza Mal definida Domina o Sistema Social
Postulado 6
O Plano Refere-se a Problemas Quase-Estruturados
a. A T eoria da Ação
PURAMENTE
rt>CONFLITANTE
( guerra)
PURAMENTE
r>íESTRATÉGICA COOPERATIVA
ESTRATEGICA
[H> CONFUTANTE- 4>MISTA
COOPERATIVA
ESTRATAGEMA
engano calculado)
.ENCOBERTAMENTE
1- AÇÃO SOCIAL ESTRATEGICA
INTERATIVA .ENGANO
“ m tu e tu na INCONSCIENTE
situaçõo )
ESTRATEGICA
4 > COMUNICATIVA
( diálogo)
AÇAO SOCIAL
NTENOONAL
REFLEXIVA
AÇÃO INSTRUMENTAL
— ” perturbar um sistema )
ACAO SOCIAL
AÇÃO COMPORTAMENTO
H > N A O INTERATIVA — C>
( reação ò instrumental )
(eu e o sistem a)
; AÇÃO INFORMATIVA
— 1> ( entrega informapõo sem
esperar inferaçSo)
REAÇÃO 2
REAÇÃO 1
A AÇÃO ESTRATÉGICA
RETROALIMEN PRE- _
TAÇÃO ALIMENTAÇAO
AVALIAÇÃO ( aprendizado) ( futuro )
DE RESULTADOS
juízo de continuidade,
realização ou
mudança da aç9o) V
A SIMULAÇÃO
------- DA MUDANÇA -
SITUACIONAL
RESULTANTE
__AÇÃO E MUDANÇA
SITUACIONAL RE A LO— SITUAÇÃO
ATUAL
( juizo de
<3— <3-
oportunidad*)
MUDANÇA _ SITUAÇAO
s it u a c io n a l <
OPORTUNA
PREVISTA
T e o ria S o c i a l e T e o ria do P la n e j a m e n t o 89
0 CÁLCULO INTERATIVO
V
JUÍZO DE JUIZO DE
CONTINUIOADE EFICACIA
OU A
MUDANÇA
ESTÍMULO JUÍZO DE
ATOR A ■OjUÍZO DE NECESSIDADE T-^pnççiRii in/\
POSSIBILIDADE
V V V
ESTÍMULO JUIZO DE
-OJUÍZO DE NECESSIDADE
ATOR B POSSIBILIDADE
JUÍZO DE V
CONTINUIDADE JUÍZO DE
OU EFICÁCIA
^ ■ação préconstrulda
regulação prévia
T e o ria S o c ia l e T e o r ia do P la n e j a m e n t o 91
confusão e irresolução
Distingamos prim eiram ente com portam ento e criação hum ana
particular, referente a um indivíduo, um a em presa, a direção de um
partido político, etc. e o com portam ento e criação hum ana agregada,
referente a grandes aglomerados de indivíduos, em presas, forças, etc.
Na análise de um sistema social com plexo lidamos com a criação
humana particular de um ou vários indivíduos, atores sociais, grupos de
pressão, grupos econômicos, etc. e com a ação-resposta, tam bém cria
tiva, de atores particulares. Ambos os tipos de ações refletem -se nos
com portam entos de grandes grupos humanos agregados.
Por exem plo, a direção do partido político A apresenta um projeto
de lei (criação hum ana particular) ao Congresso Nacional. O partido
político B reage recusando tal projeto e apresenta outro (criação reativa
humana particular). Com o a população considera irrelevante esse de
bate, tendo em conta os grandes problem as nacionais, ambos os parti
dos perdem adesão popular nas pesquisas de opinião pública (resposta
reativa de grandes grupos hum anos agregados).
Mas o que faz com que algumas ações sejam criativas e outras res
pondam a com portam entos estáveis?
Distingamos nos indivíduos e nas organizações humanas particula
res três tipos de variáveis que explicam a natureza de suas ações:
interseções potenciais
(im a g in a çã o )
capacidades
m Intenções MMMMMM
MM Capacidades MMMMM
MM Necessidades MMMMM
MU A MMMMMM
...............X _ 3 T
O com portam ento, por sua vez, é um sistema dominado pela ca
pacidade de produção, seu recurso mais escasso; isto determ ina um a in
terseção fraca entre os espaços de intenções, capacidades e necessidades,
ou seja, com portam ento (imaginação, necessidades, capacidade de
ação).
A reduzida interseção entre os três espaços pode te r várias razões,
entre elas a divergência de aptidões que dissocia as necessidades da ima
ginação e das capacidades; no entanto, interessa-nos destacar a im por
tância do caso em que a estreiteza do espaço das capacidades determ ina a
escassa interseção com os outros espaços, travando a imaginação e a sa
tisfação das necessidades humanas. Neste caso, a dominância da escassez
das capacidades de produção (poder, recursos econômicos, organização,
conhecim entos, etc.) conduz a uma única alternativa: o com portam ento
previsível. Assim, o com portam ento previsível é um caso particular das
relações iniciativa —resposta.
Do que precede tam bém se deduz um princípio de ação estratégica.
Se um ator Al quer tornar previsível a estratégia de seu oponente A2, a
via mais efetiva para alcançar este objetivo é reduzir o espaço de capaci
dade de produção do oponente.
T e o ria S o c i a l e T e o r ia do P la n e j a m e n t o 95
4— <—
1 1 t
Modelo de variáveis Hipóteses de código prova
condicionantes da operacional do ator
açâo do ator
96 P o lític a , P l a n e j a m e n t o e G o v e r n o
(b) intenções;
(c) capacidades;
(d) necessidades.
No padrão psicológico são consideradas suas predisposições, esta
bilidade emocional, visão de seu papel no m undo, ego, estilo de apro
ximação às situações, relações com os outros, valorização dos estím ulos,
etc.
Na análise de suas intenções devem ser abordadas sua ideologia, seu
espaço direcional, seus projetos utópicos, seus hábitos cotidianos, seus
planos concretos, sua valorização dos problemas e das oportunidades,
suas tendências e reações em diversas situações, seus valores mais p ro
fundos, sua imaginação para conceber situações distintas, etc. Em sínte
se, seu vetor de motivações.
No estudo de suas capacidades deve-se necessariamente explorar
sua inteligência, sua criatividade e. audácia, sua formação teórica em di
ferentes domínios da realidade, sua capacidade estratégica e tática, seu
peso político, intelectual, econômico e religioso, seu carisma, suas ca
pacidades organizativas, seus estilos de trabalho e condução, seu ambi
ente de apoio imediato (equipes, apoio externo, etc.), suas relações
com as organizações de base, suas destrezas práticas adquiridas, seu con
trole das variáveis decisivas, etc. Em síntese, o vetor de recursos do ator
analisado.
No estudo de suas necessidades aparecerão seus vícios, virtudes e
vulnerabilidades, as urgências situacionais individuais, as urgências si-
tuacionais institucionais, seu julgam ento acerca da necessidade e possi-
T e o ria S o c i a l e T e o ria do P la n e j a m e n t o 97
bilidade de seus planos etc. Aqui é im portante relacionar aquilo que su
postam ente o ator estudado pede ao m undo com o que ele crê que o
m undo lhe pede no seu papel de líder. Em síntese, seu vetor de necessi
dades.
Com este m odelo histórico do ator estudado, inter-relacionando os
quatro grupos de variáveis, é necessário chegar a um a síntese interpre
tativa do ator que seja útil para simular possibilidades de iniciativa e res
posta em distintos cenários. Para tal, pode-se construir uma hipótese
sobre o código operacional do ator. Este código operacional é um con
junto de proposições iniciadas por um se, condicional, estabelecendo
relações específicas entre as situações hipotéticas e as conseqüentes ini
ciativas e respostas previsíveis do ator estudado. N aturalm ente, o códi
go deve ser subm etido à prova da experiência histórica e deve ser expe
rim entado através de explorações do futuro, verificáveis posteriorm ente
na prática.
O código operacional não estabelece um padrão de com porta
m ento, inexistente em atores criativos, mas um padrão de reflexão es
tratégico que pode ter certa constância.
11
0 Processo de
Produção Social
A
Esta é uma afirmação penetrante do Professor Russel Ackoff (Tdoward
An Idealized University, Management Science, dez. 1970).
Esta frase pode significar muitas coisas ao m esm o tem po, mas para
nós é uma incitação a com preender a realidade tal com o ela é, indi
visível, sem os com partim entos estanques criados pelas ciências. A rea
lidade tem problem as, a Universidade tem departam entos e o plane
jam ento tem setores. Q uem se preocupa com a teoria indivisível do
conhecim ento da totalidade situacional para facilitar sua mediação com a
ação?
Na realidade não existe o departam ento de economia diferenciado
do de sociologia, ciência política, história, etc. Tam pouco os processos
sociais estão claram ente demarcados dos naturais. O m undo não reco
nhece os setores como a saúde, a educação, o transporte, etc. Este é o
drama do hom em de ação. Por um lado, ele deve apoiar-se nas ciências
departamentalizadas desenvolvidas nas universidades, e por outro num
planejamento dividido em setores. As ciências e o planejam ento não lhe
oferecem outra alternativa. No entanto, ele deve atuar num a realidade
que não reconhece os departam entos criados pelas universidades nem os
setores criados pelo planejamento econômico.
100 P o lític a , P la n e j a m e n t o e G o v e r n o
O segundo, por sua vez, explica o m undo pelo m ero desejo de satisfazer
sua sede de conhecim entos e não está diretam ente interessado na ação; é
um espectador inteligente e curioso sobre a realidade em que vive, cuja
motivação é acumular conhecim entos que não pretende utilizar direta
m ente para preservar ou alterar o m undo. Os grandes atores, estrategis
tas e estadistas reúnem , num a mesma pessoa, uma dose suficiente de
ambos.
O m undo da ação não está desligado do m undo das ciências; ele
sim plesm ente o segue com atraso. O homem prático de hoje, por
exem plo, está ainda contagiado pelo conceito de diagnóstico que as ci
ências naturais desenvolveram há um século. O desejo de imitação
transplantou, com atraso, essa categoria de análise para o campo das ci
ências sociais. Estas, por sua vez, só agora acolhem o conceito de situa
ção, já desenvolvido pela física na teoria da relatividade de Einstein e
pela biologia na análise auto-referencial.
Assim, a prática distancia-se bastante das teorias mais potentes. Por
essa razão a palavra prático é ambígua e tem pelo menos dois significa
dos: o que se refere ao hom em guiado pelo interesse da ação, cujo opos
to não é nem pode ser o teórico, e o que se refere ao hom em que não se
interessa em criar e aprofundar num a explicação própria do m undo;
sim plesm ente faz coisas que alteram as coisas sem a capacidade de p re
ver essas mudanças. Ainda assim, este últim o não pode deixar de ter
um a explicação para os seus atos. Não há ação sem teoria, m esm o que
essa “teoria” seja pobre. Por isso, a teoria do hom em prático é muitas
vezes influenciada pelo pensam ento que foi dom inante há cinqüenta
anos atrás, ou então é uma criação implícita, m uito fraca e parcial, que
lhe parece oposta ao conceito de teoria. Não há, portanto, oposição en
tre teoria e prática, mas entre teorias fracas postas em prática e teorias
mais potentes que ainda não assimilamos.
Em todo caso o hom em pensa com os m étodos e sobre os temas
condizentes com a situação em que está imerso. Por conseguinte, não
existe um a só forma de conhecer o m undo.
A situação apresenta-se com o unidade da realidade. Isto ocorre
quando tentam os conhecê-la de forma a utilizar esse conhecim ento para
dar racionalidade global à ação com que já estamos com prom etidos ou à
ação que começa a fazer parte de nosso interesse, de nossa vontade.
102 P o lí t ic a , P la n e j a m e n t o e G o v e r n o
AÇAO ACAO
AÇAO AÇAO AÇÃO
AS CIÊNCIAS POLÍTICA POLÍTICA ETC
GLOBAL EMPRESARIAL SINDICAL PARTI DÄRIA BÉLICA
(DEPARTAMENTOS P \
CIÊNCIAS NATURAIS
■ ■ ■■ MM
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Biologia
Física
Química
etc.
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CIÊNCIAS SOCIAIS
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Economia
Politologie W .V .W .
w m S Í Í Ã & Ã v . v . v . v . v . vv X. vv. .vX. vv «
Sociologia Interseção entre departamentos do conhecimento e âmbitos îÿ;
Histo'ria problemáticos da vida real
&
Organização k>’í í í M
o e e o e o o
—0
* 1. RECURSOS ÇCONÔMICOS Produção Social
#- 2.RECURSOS DE PODER Toda produção tem inòivisivelmente
*3 . ACERVO DE VALORES uma dimensão econômico-social,
*4 . ACERVO DE uma dimensão ideológico—
ATORES CONHECIMENTOS cultural uma dimensão congnitiva,
SOCIAIS * 5. RECURSOS NORMATIVOS uma dimensão juridico-social, e
OU LEGAIS uma dimensão ecológico-especial
* 6. RECURSOS NATURAIS
INCORPORADOS
__ (espaço, terra, e tc ).
REGRAS BA'SICAS
G -------->
( Regras bdsicas ou
genoestruturas)
T e o ria S o c i a l e T e o ria do P l a n e j a m e n t o 113
instância. Além delas não há mais regulam entações. Essas regras e valo
res essenciais são nossa últim a barreira explicativa. Dai partem todas
nossas práticas de acumulação e produção, mas, se querem os estudar
um problem a específico, podem os, e por vezes devemos fazê-lo num
espaço restrito , que limita o alcance de nossa análise ou o alcance de
nossas capacidades de ação sobre o referido problem a. Tudo o que ocor
re neste espaço restrito é determ inado pelas regras, acumulações e flu
xos pertinentes, no espaço geral.
Por exem plo, se querem os com preender por que nossa capital está
constantem ente congestionada por um trânsito urbano denso e lento de
veículos, devemos selecionar um espaço restrito para estudar o proble
ma e traçar fronteiras com relação a outros problem as, com o a ocupa
ção regional do espaço, o transporte de carga, a descentralização adm i
nistrativa, etc.
Por outro lado, não seria eficiente estudar um problem a singular
sem parcelar o espaço social, pois isto refletiria necessariamente um a
certa incapacidade de com preender a particularidade do problem a.
O que o bom senso nos leva a fazer? Tom ar o espaço geral com o pano
de fundo que determ ina nossa análise particular e, em interação com as
variáveis relevantes desse espaço geral, estudar o problem a particular
em seu próprio espaço.
No espaço particular ou singular do problem a de congestionam en
to de trânsito há certas regras, que são regras básicas ou geno-estruturas
nesse espaço. Por exem plo, as regras formais do trânsito, as regulam en
tações não-escritas sobre o m ovim ento de veículos e pedestres, os hábi
tos dos condutores, seus valores a respeito dos veículos e pedestres,
etc.
N aturalm ente, essas regras e valores sobre o trânsito urbano não
são apenas hierarquicam ente inferiores às geno-estruturas do sistema,
mas tam bém são por elas determ inadas. Isto significa que as regulam en
tações sobre o trânsito só podem existir dentro do espaço de variedade
do possível estabelecido pelas geno-estruturas do sistema.
Assim, no processo de produção social tam bém existe um a d eter
minação hieráquico-espacial. O que ocorre no espaço geral determ ina a
variedade do possível nos espaços particulares e singulares.
116 P o lí t ic a , P la n e j a m e n t o e G o v e r n o
«•V.* •
••• •V *v.» v.*
• •
••••••••
............
dominação
I
GENOESTRUTURAS determinação * FENOESTRUTURAS
(regras vigentes) ---------- ----- - ...4 (relação de forças)
plano das feno-estruturas; e serve tam bém para etiquetar as regras bási
cas do sistema, como a estrutura da propriedade dos meios de p rodu
ção, que pertence às geno-estruturas.
Os problemas não podem ser bem analisados se não se fizer distin
ção entre fluxos de produção, feno-estruturas e geno-estruturas.
Tam pouco poderão ser resolvidos os problem as se suas causas forem
identificadas em planos equivocados, um a vez que não foi considerada
sua existência. Uma coisa é atuar conscientem ente apenas no plano dos
fluxos de produção, por não term os força para alterar as feno-estrutu
ras; outra coisa é fazê-lo por incom preensão do problema.
Por últim o, não é possível resolver os problemas m onopolizando e
centralizando sua análise. Devemos elevar massivamente a capacidade da
população de analisar seus próprios problem as. Isso facilita a assimilação
das medidas adequadas para enfrentá-los, ainda que signifique sacrifícios.
A população não rejeita os sacrificios que ela mesma qualifica com o n e
cessários e justos.
Não somos obrigados a saber tudo. Na realidade existem muitas
coisas que não conhecemos nem podem os conhecer.
No entanto, devemos tom ar decisões sobre muitas coisas e, conse
qüentem ente, somos obrigados a saber perguntar. Um problem a pode
ser rapidam ente com preendido se fizermos as perguntas corretas.
Mas para saber perguntar devemos, novam ente, distinguir o plano
das manifestações factuais (fluxos de produção), o plano das feno-estru-
turas e o plano das geno-estruturas.
Esta breve introdução ao processo de produção social perm ite-nos
também com preender as fortes inter-relações entre o político e o
econômico.
Nas geno-estruturas as regras políticas básicas determ inam e são
determinadas pelas regras econômicas (referentes ao processo de acu
mulação de capital e à produção de bens e serviços); por sua vez, as re
gras econômicas determ inam o tipo de acumulações econômicas possí
veis, as acumulações econômicas condicionam as relações de forças e es
tas condicionam as regras políticas possíveis.
Pode-se verificar aqui, com clareza, que o critério de eficácia
econômica não pode ser utilizado independentem ente do de eficácia p o
lítica. Certas regras econômicas podem ser eficazes para o processo de
T e o ria S o c i a l e T e o r ia do P l a n e j a m e n t o 123
I $
regras econômicas 4.—^ acumulações econômicas
1 ( 1. 1 )
FEN0-PR00UÇA0 FATOS
(PROOUÇÂO SOCIAL)
(13) ( 1.2)
(2 1 ]
SL
FENO-ESTRUTURAS ACUMULAÇÕES
SOCIAIS
(2.3)
A
(3.2-1)
Uma situação refere-se sem pre a um ator social. Mas um ator so
cial é algo com plexo. A direção nacional de um partido político não é o
mesm o ator que a direção deste partido num município. Ambas operam
em espaços distintos e com capacidades distintas. Se analisamos um
problem a fazendo a distinção entre regras básicas, acumulações e fluxos
de produção, admitimos im plicitam ente que, mesmo passando de um
plano situacional a outro, é sem pre um mesmo ator social que explica.
Mas tais atores mudam , já que a realidade está integrada por distintos
espaços hierárquicos, nos quais os problemas se desenvolvem e as regras
básicas, as acumulações e os fluxos de produção ganham diferentes es
pecificidades.
O espaço de análise e ação de um ator social sobre, um problem a é
particular a este ator: nesse espaço, ele se diferencia de qualquer outro
ator. No espaço da situação global movem-se forças diferentes daquelas
situadas no espaço de um problem a particular de um m inistério ou de
128 P o lí t ic a , P la n e j a m e n t o e G o v e r n o
PLANOS
GENOESTRUTURAS FENOESTRUTURAS FLUXOS
ESPAÇOS
POSSIBILIDADES DE ENFRENTAMENTQ DE U i
P RO BLEM A DE DESNUTRIÇÃO IN FA N TIL
réqras básicas acumulações fluxos
(6 ) (FEN ) (FLU)
EG EP ES
acumulações. Se por sua vez alteram -se as regras do jogo para introduzir
o financiamento local, todo o espaço de variedade do possível no plano
das acumulações e dos fluxos será alterado, pois abrem -se novas possi
bilidade.
Suponhamos, por outro lado, que a comissão de m oradores solicite
ao Governo do Estado e ao M inistério da Saúde que altere a regra de
alocação de recursos para o program a de desnutrição infantil por zonas,
pois sob as regras atuais o distrito recebe menos recursos por crianças
desnutrida que a média do estado. Se as autoridades decidem pela m u
dança o problem a sobe para o espaço EP, e é abordado no plano das ge-
no-estruturas neste espaço, ou seja, m ediante a alteração das regras de
alocação de recursos para as cotas alimentares nos diferentes distritos.
No entanto, as posições do m inistro da Saúde e do governador vão
mais além , pois argumentam que a desnutrição infantil é. um a manifesta
ção de um problem a mais amplo: a extrem a pobreza nessas zonas. O de
sem prego, a pouca cultura do país, a má qualidade da água, a forma
com o preparam os alim entos, etc. reforçam a desnutrição infantil.
Dessa maneira a alimentação com plem entar tem um efeito m uito
parcial; parte das cotas perde-se por mal uso, as diarréias intensificam a
desnutrição, etc.
Com base nessa análise, as autoridades estaduais decidem enfrentar
o problem a da pobreza extrem a na medida de suas capacidades (dentro
dos limites do espaço de sua ação). Propõem , por conseguinte, criar
novas regras de organização social para incentivar as famílias de bairros
marginais a se organizarem em cooperativas de produção de bens e ser
viços, entre os quais a comercialização de alimentos básicos.
Com essa mudança nas regras (Gp), querem que as organizações
ganhem peso político, que se criem novas fontes de em prego e que se
to rn e mais barata a distribuição de alimentos.
Essa mudança nas geno-estruturas particulares do problem a abre
um novo espaço de variedade para as acumulações e os fluxos. Por
exem plo, com parte do projeto m encionado o governador pode decidir
construir mercados populares nas zonas marginais, adm inistrados pelos
próprios m oradores (FENp), e estabelecer um controle rigoroso de
preços de alimentos para crianças (FLUp), assim como proibir ativida
des m onopolizadoras e interm ediários (Gp).
T e o ria S o c i a l e T e o ria do P l a n e j a m e n t o 133
«
altera é o grau e natureza da incerteza, e a forma dom inante ou
dom inada pela qual se articula com processos em que a previsão
singular é possível. A incerteza surge porque o ator que planeja e
seus oponentes exercem um cálculo interativo, que redefine perm anen
tem ente o universo de eventos possíveis que eles podem e querem p ro
duzir; porque a natureza sobre a qual eles atuam pode passar p o r estados
imprevisíveis que pertubam o sistema social; e porque o próprio sistema
social, regido parcialm ente por leis de implicância causai, admite so
m ente um a causalidade sistêmica com plexa, plural e variada na qual só
raram ente é possível estabelecer relações biunívocas de causa — efeito
com algum grau de certeza.
Por últim o, a incerteza pode introduzir-se na situação planejada
por meio das perturbações que o cenário externo exerce sobre ela. Por
conseguinte, o planejador não pode ignorar a incerteza, deve conviver e
aprender a lidar com ela.
Em nível mais abstrato, a incerteza provém das características do
universo de eventos possíveis e do grau de conhecim ento do planejador
sobre as probabilidades de ocorrência de cada evento. O Q uadro a se
guir sintetiza a tipologia de casos possíveis.
136 P o lí t ic a , P l a n e j a m e n t o e G o v e r n o
\ P r o b a b ilid a d e s
CONHECIDA DESCONHECIDA
Universo
de eventos
A B
A incerteza A incerteza
BEM DEFINIDO definida quantitativa
C D
A incerteza A incerteza
MAL DEFINIDO
qualitativa total
Ei Ej
Un— O
pi
Ek < H
T e o ria S o c i a l e T e o ria do P la n e j a m e n t o 137
N este caso:
Un = Ei u Ej u Ek,
Un = Ei u Ej u Ek, mas
138 P o lític a , P la n e j a m e n t o e G o v e r n o
Pi (?) + P j( ? ) + Pk(?) = 1
1í r
■ .
Ei Ei
EU 1
pk
????????????
?????????????????????
e = ( í-pi pj )
Un .??????????????'??????????????
?????????????????????????????????
??? ?????????????
??? Ei U Ej ??????????????
?v ????????????????
? ????????????????
????????????????
Ei
???????????
Ei
????? - ?
PJ
???
??????????????????????
????????????????
pi = 9
Este caso pode ser representado pelo seguinte exem plo: um a pes
soa deseja saber como vestir-se em função do clima que fará amanhã.
Para isso ela considera as seguintes possibilidades: Ei = chove, E2 = faz
sol e E3 = nublado, existindo outras possibilidades não bem definidas
140 P o lí t ic a , P l a n e j a m e n t o e G o v e r n o
Mas este caso pode ser transform ado em outro, se reduzido a seu
universo prático:
Un=Up
Ei u Ej=Up
pi + pj=1,
num problem a para o planejam ento, porque a seleção das variantes se
gundo as probabilidades do universo prático tem um valor duvidoso. No
entanto, operar com o universo prático parece ser um a das poucas solu
ções teóricas para este problem a.
P ortanto, é preciso um m étodo para delim itar e verificar a validade
do universo prático e é aqui que as técnicas de simulação hum ana, como
os jogos, são um meio valioso para selecionar o conjunto de eventos
mais possíveis. De fato, o jogo com simulação hum ana é equivalente a
lançar um dado irregular cujo núm ero de lados desconhecemos.
C onseqüentem ente, vários jogos repetitivos assumem o papel de vários
lançamentos do dado, até que se delim ite o universo prático de possibi
lidades. Com o já foi dito, o jogo perm ite transform ar um caso de incer
teza qualitativa em outro de incerteza mais ou menos definida, graças à
definição de um universo prático que despreza todos os eventos de pro
babilidade m uito baixa.
Este é um caso de incerteza total sobre o futuro, que tam bém pode
ser chamado de ignorância. As características desta situação são as se
guintes:
(a) o universo está mal definido;
????????????
???????????????????????
? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ????
Un — — ►?????????????????????????????
? ? ?? ?? ??? ? ? ?? ??'?'? ?????? ?? ? ???????
?? ??????????????
??? ???????????????????
??? El- p ????????????????????
?? ?????????????????????????
? ?????????????????????????
??????????????????????
?????????????????
Fl ???? ??'?????
A ??????????
???????
N este caso:
U n = E1 u E1
p1 = ?
Problemas
m
PROBLEMAS QUASE-ESTRUTURADOS E
Mal definido
INESTRUTURADOS
13
O Cálculo
Social Interativo
a. Os Processos C riativos
alguns cálculos são mais imaginativos que outros mas todos param
num momento dado.
Um pouco mais adiante, Berlin acrescenta:
Enquanto não tiv e r derrotado meu adversário, devo temer que ele
possa me derrotar. Já não sou, portanto, dono de mim mesmo; ele
força minha mão como eu forço a sua. (D a G u e rra , p . 1 29 , E d
M a te u ).
-A ». X1 X3 X5 X7
71 71 M 71 ^1
"B ” : 02 04 06 08
X5 08
06 02 X7
X1 X3 04
X5 06
X7 02
X1 X3 04
150 P o lí t ic a , P l a n e j a m e n t o e G o v e r n o
2. distinguir as casas nas quais é mais eficaz fazer a prim eira joga
da: no centro ou em algum canto?
você, depois eu, prim eiro eu, depois você. Por últim o, o jogo começa e
term ina de form a bem precisa.
Estas características correspondem ao que mais adiante analisare
m os com o problem as bem -estruturados. As diferenças entre o jogo cri
ado pelo hom em como passatempo e o jogo social real é crucial para
com preender a com plexidade do planejamento situacional, porque no
conflito social o universo teórico de possibilidades é quase sem pre des
conhecido.
Não podem os enum erar exaustivamente as jogadas do oponente;
som ente podem os enum erar algumas delas. Tam pouco está normatizada
ou pré-definida a natureza ou tipo de jogadas possíveis. Não existe n e
nhum a regra social que me obrigue a atuar em seqüência; pelo contrá
rio, posso antecipar-m e, atuar sim ultaneam ente a meu oponente, tom ar
várias decisões seguidas ou esperar que o outro tom e a iniciativa.
O tem po é relativo a cada jogador e os jogadores têm diferentes
urgências e valorações do futuro.
O jogo social não tem com eço nem fim, desenvolve-se com com
pleta continuidade e indivisibilidade no tem po.
Nessas circunstâncias, não tem sentido maximizar o resultado de
um jogo até alcançar um ótim o, porque este ótim o pode ser uma m era
“vitória de Pirro” na continuidade do processo social. O horizonte de
tem po contínuo altera todos os critérios de eficácia.
MOVIMENTO 1 MOVIMENTO 2
XI = JOGADA 0 2 = JOGADA
02
OFENSIVA OFENSIVA
XI XI
MOVIMENTO 3 MOVIMENTO 4
02 02
X 3 = JOGADA 0 4 = JOGADA
OFENSIVA OFENSIVA
XI X3 DEFENSIVA XI X3 04
MOVIMENTO 5 MOVIMENTO 6
X5 X5
X 5 = JOGAOA 0 6 = JOGADA
02 06 02
OFENSIVA OFENSIVA
DEFENSIVA DEFENSIVA
XI X3 04 XI X3 04
MOVIMENTO 7 MOVIMENTO 8
X5 X5 X8
X7 = JOGADA 0 8 = JOGADA
06 02 X7 06 02 X7
DEFENSIVA DEFENSIVA
XI X3 04 XI X3 04
a'r v o r e d e p o s s ib il id a d e s n o jo g o da v e l h a
156 P o lític a , P l a n e j a m e n t o e G o v e r n o
?????? ?????
titu ir a pergunta originária por esta outra: quantas faces práticas tem o
dado?
Distribuição
1 16 27
2 12 25
3 11 12
4 15 8
5 14 7
6 1 5
7 13 4
8 4 4
9 10 3
10 26 2
11 8 1
12 21 1
13 22 1
P = P u R , porque R = O.
P<PuR
Nestas circunstâncias, a probabilidade de haver um a identidade en
tre o universo prático e o universo teórico de possibilidades será m enor
164 P o lí t ic a , P la n e j a m e n t o e G o v e r n o
ii. desconhecendo o núm ero de faces que o dado realm ente tem ,
é possível planejar a partir da experiência prática ou do jogo
simulado.
d. 0 Jogo Siluacional
Num jogo, um a força social interage com outras num sistema que
simula situações de oposição ou com petição. Nesse contexto, cada força
deve tom ar decisões que supostam ente conduzem às suas respectivas si-
tuações-objetivo, as quais são excludentes ou com petitivas, m esm o ha
vendo aspectos comuns.
No jogo os jogadores assumem os papéis das forças na situação real
—daí tratar-se fundam entalm ente de um a simulação hum ana. A técnica
do jogo consiste em núm ero de jogadores interagir, de form a confli
tante e regular, e periodicam ente tom ar decisões que, em combinação
com as decisões dos outros jogadores, podem m udar a situação. Esta si
tuação alterada será o novo ponto de partida para as novas decisões dos
jogadores.
N o jogo, assim com o na vida real, os jogadores têm objetivos, re
cursos e restrições. As regras do jogo encarregam-se de encontrar a
m elhor relação de representatividade possível entre a simulação e a rea
lidade social que se pretende reproduzir artificialmente.
O jogo simula enfrentam entos de diferentes intensidades, bem
como possibilidades de cooperação entre os jogadores. Nesse sentido, a
teoria do planejam ento situacional é a teoria de um jogo, não no sentido
matem ático da teoria dos jogos, mas no sentido de kriegspiel (jogo de
guerra), com o assinala corretam ente o professor N oel Mc Ginn, da
Universidade de Harvard.
Para explicar as relações entre o planejamento situacional e o krie
gspiel, a técnica de jogos estratégicos ou jogos operacionais, suponha
mos que coexistam dois oponentes na situação. Cada um tem um a situ-
ação-objetivo (SoA e SoB) contraditória em relação ao outro. Ambos
com partilham um a situação inicial (S l) com diferente significado para
cada oponente. Terem os assim dois arcos direcionais em conflito,
(Sl —> SoA) e (Sl —> SoB), que refletem o plano norm ativo de cada jo
gador.
Em tal contexto, o problem a do plano consiste em que cada força
deve vencer a resistência ativa e criativa do oponente para poder alcan
çar sua situação-objetivo. C onseqüentem ente, cada jogador deve dese
nhar uma estratégia e uma tática para construir a viabilidade de seu arco
direcional. Isso supõe uma sucessão de m ovim entos de ambas as partes
172 P o lí t ic a , P l a n e j a m e n t o e G o v e r n o
->Sk1
S]-> ->Sk2
-» Sk3
ii. porque perm ite a interação viva entre oponentes, estim ulando
a exploração do espaço de possibilidades para cada um deles
frente às exigências, tensões e rupturas produzidas na simula
ção humana;
Por todas essas razões, o jogo como simulação hum ana é um dos
instrum entos mais ricos de que dispõe o planejam ento estratégico ou si
tuacional.
O planejam ento situacional necessita de instrum entos de análise
para resolver os problem as que se levantam em seu cálculo sobre o fu
turo. Aqui apresentam -se dois problem as de natureza distinta.
O prim eiro problem a consiste em observar, registrar e projetar o
com portam ento das forças sociais e dos agentes econômicos e integrar
tais com portam entos num sistema explicativo rigoroso. A dificuldade,
neste p o n to , deve-se à variação de tais com portam entos “estáveis” fren
te a novas situações.
Isto significa que as relações com portam entais som ente têm valida
de para um determ inado período de tem po, ou para parte do segm ento
de um a trajetória de situações. Pode-se recorrer às técnicas estatísticas e
à m odelagem matem ática para resolver o problem a de simular com por
tam entos estáveis e integrá-los num sistema inter-relacionado, no qual
se condicionam m utuam ente. As técnicas estatísticas ajudam a elaborar
boas relações de com portam ento; a m odelagem m atem ática ajuda a es
tabelecer form alm ente a teoria concreta que perm ite relacionar tais
com portam entos na totalidade do sistema.
Com a ajuda da estatística podem os verificar e ensaiar diferentes
combinações de variáveis explicativas de um com portam ento, até en
contrar um a equação satisfatória.
Com a ajuda da m odelagem m atem ática, podem os estabelecer as
conexões ou relações entre os com portam entos parciais, a fim de re p re
sentar rigorosam ente um processo social por um sistema de equações.
N aturalm ente, ao se usar a estatística e a modelagem matem ática,
há alguma teoria social subjacente.
Podemos nos referir a esse prim eiro problem a com o o de simular
com portam entos no qual a resposta formal é a modelagem m atemática.
174 P o lític a , P l a n e j a m e n t o e G o v e r n o
Planificação
Situacional
I¿
Simulação de Simulação de
Cálculo Interativo Comportamentos
Simulação Simulação
Humana matemática
^1 l¿
Técnicas de
Simulação
T e o ria S o c ia l e T e o ria do P l a n e j a m e n t o 177
C p=c ( PTB -T )
DIREÇÃO DO JOGO
(TENDÊNCIAS Y FL U T U
r
PTB o = Cpo + I po + Go -f Xo - Mp
AÇÕES D E X )
V IA B ILID A D E ECONOMICA
Ipo = bCp - z + z (P T B o - P T B - 1 )
TÉC NIC A E FÍSICA
S IM U LAÇ Ã O MATEMÁTICA
i. ten tar um determ inado nível de gasto público de com prom is
so, buscando um acordo negociado com o Congresso Nacio
nal;
ii. ten tar um nível de gasto público conform e o que estima n o r
m ativam ente necessário, apelando diretam ente à opinião p ú
blica, sem negociar com as outras forças no Congresso;
iii. deixar que o jogo das forças fixe o nível de gasto público, sem
ten tar forçar a situação para um a m eta determ inada;
iv. dissolver o Congresso Nacional e convocar eleições.
Problemas quase-estruturados
vi. o espaço e o tem po são relativos aos hom ens que se rela
cionam com o problem a a partir de diferentes posições;
vii. o sistema é criativo e suas variáveis não são dadas, não são
todas enum eráveis, nem conhecidas e nem finitas;
0
As vezes usamos a palavra estratégia para indicar algo im portante,
outras para se assinalar coisas transcendentes, referentes ao futuro.
Tam bém a usamos para indicar um cálculo, um a form a de ganhar
um jogo ou vencer a resistência de um oponente que dificulta nossos
objetivos.
Esta ambigüidade da linguagem comum deve ser eliminada quando
nos referim os ao planejam ento. O que é planejam ento estratégico?
O que é planejam ento situacional?
Examinemos os principais usos da palavra estratégia.
Gabor:
Estratégia é a teoria do movimento em direção ao objetivo, onde o
critério de decisão de cada movimento é obter o máximo de liber
dade de jogo após cada decisão e resposta do oponente.
Clausewitz:
A estratégia é o uso do encontro para alcançar o objetivo da guerra.
A tática revela o uso da força nos encontros e a estratégia o uso dos
encontros para alcançar o objetivo da guerra.
Beaufre:
A base do jogo estratégico é a Juta pela liberdade de ação própria e
a aptidão para privar o oponente de sua liberdade de ação.
T e o ria S o c i a l e T e o ria do P l a n e j a m e n t o 195
Esta precisão é irrelevante para aqueles que sem pre com preende
ram os problem as sociais como problem as quase-estruturados; ela
constitui, porém , toda a diferença que existe para aqueles que analisam
os problem as sociais como se fossem problemas da física e da química
tradicionais.
PARTE II
OS FUNDAMENTOS DO
PLANEJAMENTO SITUACIONAL
1
Em que Casos é Pertinente
o Planejamento Situacional?
A
realidade. Pelo contrário, é um m étodo que pretende ser eficaz
para um a determ inada tipologia de situações. A problem ática que
ele pretende representar é a do conflito na mudança situacional.
Antes de prosseguir esta análise, é conveniente precisar duas ques
tões metodológicas.
(a) que o m étodo pode ter validade mais restrita que o enfoque
m etodológico;
novas práticas e novas mentalidades. Por vezes isso exige novos atores.
Assim ocorreu com o planejamento norm ativo que, entre outras coisas,
forçou o desenvolvim ento da contabilidade social, a criação dos atuais
gabinetes de planejamento e o estabelecim ento de um a prática de plane
jam ento até então inexistente.
Feitos estes esclarecim entos, podem os dizer que o enfoque m eto
dológico, ou a familia m etodológica do planejamento estratégico, à qual
pertence o planejam ento situacional, pretende ser válido para formações
sociais que apresentam alguns dos seguintes problemas:
iv. os objetivos dos atores que planejam são algo mais que meras
conquistas econômicas, mensuráveis em term os de contabili
dade nacional;
m uito especiais, como assinala O rtega, mas para nós a explicação situa
cional não é oposta ao cálculo, mas um a form a de reflexão diferente do
cálculo racionalista. E justam ente um cálculo situacional, uma reflexão
“de dentro”. A explicação situacional é consciente de sua cegueira quan
to a outras explicações, esforça-se por combatê-la mas ao m esm o tem po
reconhece a impossibilidade de eliminá-la com pletam ente. O que a dis
tingue do diagnóstico, supostam ente objetivo, não é o rigor científico.
Pelo contrário, o diagnóstico é cego à sua cegueira e, por conseguinte, é
menos rigoroso.
A profundidade do pensam ento de O rtega levou-o a destacar a ra
zão vital, que é situacional, em detrim ento da razão abstrata. Num a
prim eira tentativa, O rtega destaca a circunstância com o restrição da
realidade situacional particular que o hom em vive:
A situação fala por si m esm a e com plem enta a linguagem form al,
dando-lhe um significado isento de equívocos. O contexto situacional
com plem enta o texto da linguagem nas conversações, da m esma forma
que o contexto situacional com plem enta a explicação do texto situacio-
206 P o lític a , P l a n e j a m e n t o e G o v e r n o
nal pertinente à prática da ação vital. O significado não existe fora da si
tuação.
Prosseguindo na citação de Ortega:
A própria idéia de uma situação significa que não estamos fora dela
e, conseqüentemente, que estamos incapacitados de ter algum co
nhecimento objetivo da mesma. Estamos sempre dentro da situa
ção, e esclarecê-la é uma tarefa que nunca se completa inteira
mente (■■.)■ Existir historicamente significa que o conhecimento
sobre si próprio nunca pode completar se. ( T r u th a n d M e th o d ,
p p . 2 0 8 -2 0 9 ).
o ponto de vista assumido. Por exem plo, (E) Al m ostra que o ator Al
explica, A2* indica que tal explicação tenta assumir o ponto de vista de
A2.
A análise destes casos é instrutiva na m edida em que revela a falta
de rigor e precisão do diagnóstico tradicional.
ALGUNS CASOS POSSÍVEIS DE EXPLICAÇÃO DA REALIDADE
CASO 2
1) 0 ATOR QUE EXPLICA LOCALIZA-SE
FORA DO SISTEMA
CASO 3
1 ) 0 ATOR QUE EXPLICA
LO CA LIZA -SE DENTRO DA SITUAÇÃO
Nos prim eiros casos, o ator que explica se coloca fora do sistema e
pode representar a atitude do historiador ou de um observador estran
geiro em trânsito, narrando um processo social que não vive e sobre o
qual não quer nem pode tom ar decisões.
O terceiro caso indica um ator, que de dentro da situação ignora
taticam ente a existência do outro. É a explicação egocêntrica.
Os F u n d a m e n t o s do P l a n e j a m e n t o S i t u a c i o n a l 213
2 ) A EXPLICAÇÃO É POLICÊNTRICA
(ARTICULA A EXPLICAÇÃO DOS
OUTROS EM FORMA SUBORDINADA
A PRÓPRIA, A EXPLICAÇÃO DO EU
DOMINA A DO OUTRO)
EX2
iii. A3 não poderá verificar sua teoria geral sobre o com porta
m ento de ambos os atores;
vi. A3 poderá verificar que sua previsão sobre o cum prim ento de
b l é correta ou falsa, segundo a teoria que se m ostre mais efi
caz para abordar a situação, mas enquanto m antiver um a ex
plicação egocêntrica não conseguirá entender a totalidade do
problem a.
EX1(a,b)
a = deficiências de educação
b = desinteresse e desmotivação
EX2(x,y)
EX1 x (EX2)
( A y) (B, y)
EX2 x (E X 1)
(a, Y) (b, Y)
mais po ten te. N aturalm ente, essa teoria que nos parece mais válida não
escapa, em alguma m edida, da nossa auto-referencia explicativa. Há
aqui, p o rtan to , dois m om entos explicativos:
v e rm e lh o = 01;
b ra n c o = 02;
a zu l = 03.
Por essa via, a qualidade de alto pode ser objeto de precisão num é
rica convencional.
A precisão descritiva de uma situação, ou de um elem ento situaci-
onal, adquire, p ortanto, a form a de um a enumeração de variáveis signi
ficativas de qualidade e quantidade, no tem po e no espaço, tal com o se
fez no exem plo da marginalidade social. Mas a prova de que esta preci
são da marginalidade social é boa consiste em verificar se a caracteriza-
Os F u n d a m e n to s do P la n e j a m e n t o S i t u a c i o n a l 225
Centros de Poder
INSTITUIÇÕES
ATORES
Controle
SOCIAIS
POPULAÇÃO
representação
228 Política, Planejamento e Governo
M ilita n te s de A 512
M ilita n te s d e B 469
M ilita n te s de C 358
In d e p e n d e n te s 270
P o p u la ç ã o n a o -o rg a n iz a d a 1.091
TO TAL 2 .7 0 0
F o rç a A 1 .0 8 0
F o rç a B 972
F o rç a C 378
In d e p e n d e n te s 270
TO TAL 2.700
Força B
tas sentem certa segurança para predizer o com portam ento das famílias
e das em presas, não se atrevendo a fazer o m esm o com o Estado.
A B C IN D E PNO
B II
IN
E III IV
PNO
A situação pode m udar por diversas razões, e isto pode ter diferen
tes conseqüências. Os fatores capazes de produzir um a mudança situaci
onal são, sinteticam ente, os seguintes:
los seguintes, e p or outro revisar constantem ente o plano, cada vez que
a situação se altera.
Esse processo de avaliação perm anente supõe com parar o planejado
e o alcançável com o obtido em cada situação. Exige tam bém analisar se
o curso seguinte do m ovim ento planejado está na direção correta. Este
últim o aspecto da avaliação supõe um a comparação perm anente entre o
arco conjuntural do plano, o arco direcional e o arco da utopia perse
guida. Tais arcos situacionais são o caminho imaginário mais curto e di
re to en tre duas situações.
O arco conjuntural une a situação inicial à situação im ediatam ente
seguinte; esta pode ser a situação que se busca com o objetivo e referir-
se à um a ação capaz de produzir esta mudança.
O arco direcional é um caminho reto entre a situação inicial e a si-
tuação-objetivo.
Ambos os arcos estão no horizonte de tem po do plano. Já o da
utopia, que une a situação inicial à utopia concreta do ator que planeja,
está fora do horizonte de tem po do plano e constitui o arco direcional
últim o do processo de planejam ento.
ARCO CONJUNTURAL
ARCO DIRECIONAL
ARCO DA UTOPIA
0,45 > 0 ,3 ;
0,9 > 0 ,3
Inversam ente, se o arco direcional tem um a probabilidade maior
que a trajetória na qual se encontra o arco conjuntural, o passo de Si
para Sj não se justifica. Desta form a, a probabilidade de chegar ao obje
tivo é um a m edida da distância entre um a situação qualquer e a situação-
objetivo. Não se trata, obviam ente, de um a distância física, mas do
tem po, da probabilidade e dos custos para se alcançar o objetivo.
Estes conceitos de arcos e suas respectivas probabilidades não são
operacionais nem podem constituir a base dos instrum entos operacio
nais de cálculo no planejam ento. No entanto, são instrum entos concei-
Os F u n d a m e n t o s do P l a n e j a m e n t o S i t u a c i o n a l 241
rência futura, para ser guia, deve m anter um a distância tem poral da re a
lidade presente.
Em segundo lugar, a m udança situacional m uda os problem as, re
solve alguns, agrega outros, cria novos problem as, to rn a inviáveis certas
soluções, abre possibilidades para outras soluções, etc. Frente a toda
esta m udança real, a situação-objetivo deve ser reatualizada com o refe
rência direcional da ação.
Em terceiro e últim o lugar, a situação-objetivo pode e deve alterar-
se com vistas a seu próprio cum prim ento, pois, apesar dos cálculos ori
ginais para o seu desenho, poderão aparecer desde o início da execução
do plano novos fatores que apontem para sua inviabilidade política ou
econômica.
Seria absurdo m anter com o referência futura um a imagem rígida
que se sabe inalcançável, ou que deixa de ser um a aspiração. Por todas
essas razões, a situação-objetivo tem necessariamente de ser um guia
flexível e m óvel.
7
Programa Direcional
e Cenários de Planejamento
EXTREMO OTIMISTA
\
EXTREMO PESSIMISTA
fundam entar um a ação presente. Ela é tam bém um exercício para ima
ginar possibilidades e capacidades.
Esses diversos usos dão origem a diferentes conceitos de cenários.
Assim, fala-se de cenários imagináveis ou hipotéticos, cenários possí
veis, cenários norm ativos ou de intenção, cenários mais prováveis ou de
referência central, cenários extrem os ou de contraste, etc.
Um bom exem plo para ilustrar a questão pode ser encontrado no
VII Plano da Nação, da Venuzuela, cujas linhas estratégicas utilizam,
pela prim eira vez em nível nacional, a técnica de cenários. Mesmo tendo
em conta que sua aceitação com o guia de ação do governo tem sido
fraca, e considerando os progressos e recuos m etodológicos, convém
destacar o avanço que significou esse Plano, ainda que suas ações tenham
ficado na m etade do caminho.
As linhas do VII Plano argum entam com a necessidade de planejar
através de cenários, no parágrafo referente ao marco quantitativo:
O futuro está envolto em incerteza. Os preços e volumes de expor
tação de petróleo, a evolução das taxas de juros internacionais, a
reação dos agentes e instituições ás distintas políticas propostas, o
complexo processo de tomada de decisões em nível legislativo e
judicial são algumas das incógnitas que pesam sobre o VII Plano.
Ninguém pode ter uma visão correta do nosso futuro, ainda menos
quando o objetivo do Plano é alterar seu rumo. No entanto, é ne
cessário, neste e em qualquer momento, tomar decisões cujo obje
tivo é influir sobre o futuro, e essas decisões devem, em muitos ca
sos, ser adequadamente dimensionadas. Para isso, é preciso estimar
a evolução que sofreriam as principais grandezas de nossa socie
dade, nos diferentes cenários em que elas poderiam ocorrer.
Mais adiante, as linhas definem as variantes fora do controle do go
verno. Referem -se fundam entalm ente às receitas de exportação de p e
tróleo e às opções que, em bora se tratando de decisões governam entais,
são tam bém incertas na medida em que são respostas às condições cria
das pelas variantes. As principais opções referem -se ao nível de gasto
público e à taxa de câmbio. Combinando as variantes e as opções, as li
nhas conform am quatro cenários iniciais que devem ser perm anente
m ente ajustados segundo as circunstâncias. Esses quatro cenários foram
criados assim:
25 2 P o lít ic a , P la n e ja m e n to e G ove rn o
Opções
Petróleo Petróleo Petróleo
Central Base Alto
Variantes X. (1) (2) (3)
(B) Cenário
Necessidades Austero X X
Financeiras
Nulas
\ o
\0 01 02 03
p \
p \ 01 02 03 04 05 06 07
P rl
P rl Pr 2
Pr 2 Pr 3
Pr3
Pr 4 \ °
04 05 06 07
p\
Pr5
Pr 4
Pr5
Os F u n d a m e n t o s do P l a n e j a m e n t o S i t u a c i o n a l 259
PRO BLEM AS
ATUAIS F D B
TER M IN A IS
PRO BLEM AS
ATU A IS E c A
IN TER M E D IÁ R IO S
PRO BLEM AS
PO TE NC IA IS L J H
TER M INAIS
PRO BLEM AS
PO TE NC IA IS K 1 G
IN TER M E D IÁ R IO S
PRESENTE HORIZONTE DO
problemas nacionais
A
problemas estaduais
B
problemas locais
C
term inal, interm ediário, etc. O passo seguinte será dem arcar o proble
m a para explicá-lo, com preendê-lo e desenhar a form a de enfrentá-lo.
N este aspecto convém definir os principais elem entos que constituem
um problem a.
Um problem a com põe-se de três elem entos: explicado, explicando
e espaço explicativo.
P r = E (Ex1, Ex2)
EXPLICANDO EXPLICADO
< - ES
Rx2
Ry2
t
EP
Ni = Vi (Eix, Ps)
t
ES
<- EG
Ator que explica
->
<-
ESPAÇO DO PROBLEMA 1
Aqui, o ator que explica está com prom etido com a ação planejada
para alterar ou preservar a situação, ou é por ela afetado positiva ou n e
gativam ente, em bora distante do problem a específico. Q uem explica
não é indiferente ao que ocorre, mas não tem um a vivência direta do
problem a.
<— EG
<—
—>
ES —>
presário têxtil que valoram o problem a das im portações têxteis num a si
tuação de m ercado interno limitado.
Em síntese, um ator valorará um problem a e lhe atribuirá priorida
de de solução em função dos seguintes elem entos condicionantes:
i. se ele está dentro ou fora do espaço EG do conjunto de p ro
blemas do plano;
* * *
* * *
FALSA RESTRIÇÃO DO
ESPAÇO PARA A SOLUÇÃO
DO PROBLEM A.
ciai em que eu existo com preende outros sujeitos que tam bém planejam
com objetivos distintos dos meus.
M eu plano m ede forças com o plano do m eu oponente (3) e ele é
um ator social (4) que gera processos criativos (5). Não é sim plesm ente
um “agente social” que segue com portam entos predizíveis. Se eu quero
alcançar minha situação-objetivo (6) devo vencer a resistência do outro
ou o b ter sua cooperação. Minhas estratégias e táticas, assim com o as
dele, combinam cooperação e conflito.
Se sigo um a estratégia de cooperação (7), ambos podem os alcançar
um a situação-objetivo de consenso. Se desenvolvo, no entanto, um a es
tratégia de conflito (8) e ele alcança sua situação-objetivo, eu fracasso.
Inversam ente, se eu alcanço minha situação-objetivo, ele fracassa. Mas
m eu êxito e seu fracasso são m om entos (9) de um processo contínuo
(10) com plexo (11) e criativo no qual nem meu êxito nem seus fracas
sos são definitivos. O processo social continua e converte êxitos em fra
cassos e fracassos em êxitos.
O plano é, assim, conflito e cooperação. Surge na situação inicial
(12), ou seja, em qualquer situação de referência para o início formal do
m eu plano, a partir de m inha explicação situacional (13) que distingue
problem as (14) num a perspectiva distinta da do outro. A m esma reali
dade é distinta para nós. Cada um , na sua auto-referência (15), vive um
m undo distinto. O valor de um problema (16) torna-se tam bém dife
ren te para nós.
Eu desenvolvo minha atividade de m udança dentro do m eu espaço
direcional (17); esse espaço limita as fronteiras de minhas intenções, n e
cessidades e capacidades. M eu espaço direcional apenas interpreta o do
outro, eu sei que ele tam bém planeja, faz um juízo de necessidade (18),
um ju ízo de possibilidade (19), um juízo de oportunidade (20) e um ju í
zo de eficácia (21) que m otivam e guiam sua apão estratégica (22). Eu
faço o m esm o e procuro vencê-lo ou conquistá-lo para m eu plano.
Para lidar com o outro devo fazer um cálculo interativo (23), pois
ele não segue com portam entos. Nesse cálculo, a eficácia de minha ação
depende do que ele tenha feito antes e fará depois. Por sua vez, a eficá
cia de sua ação depende do que eu tenha feito antes e faça depois. A efi
cácia não depende apenas de m im , tam bém depende do outro. Não sou
inteiram ente livre.
Os F u n d a m e n to s do P la n e j a m e n t o S i t u a c i o n a l 287
Há, en tre ambos, um a relação de forças (24) que determ ina nossa
liberdade m útua de ação. Nossa produção de ações depende dessa rela
ção de forças e constitui a base do processo de produção social (25).
Nossa produção social está limitada pelos m últiplos recursos escassos
(26) de natureza m uito diversa. M eu poder, m eus conhecim entos, m i
nhas capacidades organizativas, m eu tem po e m eus recursos econômicos
são escassos. Isso complica m eu cálculo porque devo considerar vários
critérios de eficácia (27) conflitantes. Nesse processo, a eficácia política
(28) nem sem pre é com patível com a eficácia econômica (29) num
mesmo horizonte de tem po. Além disso, o tem po é um recurso escasso
cujo valor diverge entre nós. Ele pode aplicar um a alta taxa psicológica
de desconto do tem po (30) e com isso desvalorizar o futuro, e eu apli
car um a taxa baixa. Mas não é apenas isso que nos diferencia.
Para fazer o cálculo interativo devo tentar conhecer meu oponente,
explorar seu espaço de intenções (31), seu espaço de capacidades (32)
e seu espaço de necessidades (33) para descobrir seu código operacional
(34).
Com esse conhecim ento im perfeito poderei fazer cálculos sobre
sua estratégia. Explorarei o futuro mediante a simulação de cenários
(35), combinando opções (36) e variantes (37). Esse futuro é próprio
de um sistema de final aberto (38). Está im pregnado de incerteza mal
definida (39) e de problemas quase-estruturados (40).
E ntre minha situação inicial e minha situação-objetivo há uma rede
de trajetórias (41) incertas: são as trajetórias que posso imaginar e criar
como seqüências de mudanças para lidar com m eu oponente e com as
circunstâncias. Com o escolher um curso de ação (42) sem fazer uma
aposta cega sobre o futuro? Não posso, porém , deixar de escolher, pois
devo, dia a dia, fazer um cálculo que precede e preside minha ação (43).
Não posso deixar de conduzir.
Não tenho alternativa. Devo fazer esse cálculo mas não posso me
basear exclusivamente nele. Para lidar com a incerteza mal definida u ti
lizarei quatro recursos de cálculo (44): minhas capacidades de predição
e previsão (45), minha capacidade de reação veloz ante a surpresa (46) e
minha capacidade de aprendizagem com os erros (47). Apoiado nesses
quatro recursos de cálculo farei meu cálculo sobre o futuro, retilicando-
o a cada dia segundo as circunstâncias, ou seja, calcularei incessante-
288 P o lít ic a , P la n e ja m e n to e G ove rn o
m ente antes de atuar. O planejam ento não será, para m im , o cálculo fei
to de um a vez p o r todas, custando grande esforço e levando anos. Esse
é o caminho seguro para se estar fora das oportunidades e fora da reali
dade em mudança.
M eu plano estará sem pre pronto, mas estará sem pre em processo
de revisão. Não haverá tem po para o “plano-livro”. Devo calcular rapi
dam ente e com capacidade de antecipar a mudança situacional (48) real.
Esse cálculo deve ser um processo incessante e perm anente de pré-ali-
mentação (49) do futuro e de retroalimentação (50) do passado recente.
Assim, m eu plano se parece mais com a estratégia num jogo (51) que
com um desenho norm ativo (52). Esse jogo pode ser de soma zero ou
de soma positiva, mas requer sem pre cálculo estratégico. No entanto, o
plano tem m uito de jogo e tam bém m uito de desenho. E um jogo em
que cada um de nós deve desenhar o objetivo que procura. Meu p ro
grama direcional (53) é m eu desenho. Nele, preciso minha situação-
objetivo, os problemas que valoro na minha situação inicial e os projetos
de ação (54) com que os enfrentarei.
Os problemas são o centro tem ático do m eu plano. Tentarei evitar
ser arrastado pelos problemas atuais (55) e intermediários (56), a fim de
fazer um planejamento preventivo (57). O plano reativo (58) é perigo
so; ele m e impede de atacar em tem po os problemas potenciais (59) e
m e distrai dos problemas terminais (60) do sistema social.
A cooperação e o conflito no plano dependem de minha seleção de
problem as e de sua seleção de problem as, assim com o da escolha das
vias para abordá-los.
Se eu estou à Irente de uma estrutura organizacional com plexa, a
formalização do plano (61) surgirá como necessidade de direção e ge
rência. O m ero cálculo estratégico (62) não será suficiente. Deverei
pensar num sistema de planejam ento centrado no processo de planeja
m ento (63). Se não quero que meu plano seja uma imposição, devo cen
tralizar dem ocraticam ente e definir os espaços relativos de autonom ia
que devem existir em cada nível do sistema para que coexistam , de for
ma eficaz, a criatividade e a coerência no processo de planejam ento. Mas
descentralizar implica tam bém definir regras para assegurar a coerência
global. Este é o papel do m étodo de planejamento (64), com o desen
volvim ento prático de um enfoque de planejamento (65). O núcleo
Os F u n d a m e n t o s do P la n e j a m e n t o S i t u a c i o n a l 289
A data “hoje” transcorrerá com o tem po. Hoje será a situação Sj,
assim com o ontem , quando era hoje, foi a situação Si. Desta form a, a
mediação entre o conhecim ento e a ação é constante e incessante.
Nesse processo de condução destacamos duas características.
Primeira: o governo de situações é inseparável do planejamento e
da gerência. No dia a dia eles se confundem para articular o desenho e a
execução do projeto de governo (93), a governabilidade do sistema (94)
ganha ou perdida e a capacidade de governo (95) aum entada ou dim i
nuída.
í' . ,
292 P o lític a , P la n e ja m e n to e G o ve rn o
Matus, Carlos
Política, planejamento & governo / Carlos
Matus. — Brasília : IPEA ; 1993.
6*5 8
2 v . — (Série IPEA; 143)
K UU 'S jp
tr. 4. 1. Planejamento - Teoria. 2. Planejamento
Estratégico. I. Título. II. Série
¡PPUR - UFRJ
b ib l io t e c a 3 3 8 .9
Data: Q3 !U í pqJ z
N° R e g is tro : J Y Í H