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CPF 32931622826

Propostas de
Livro Digital
Redação
Dissertação
2ª Atualização

Professores Fernando Andrade e


Wagner Santos
(Organização e comentário)

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Prof. Fernando Andrade & Wagner Santos
Propostas

Sumário
Sumário
Apresentação .................................................................................................................................... 6
Propostas .......................................................................................................................... 6
1.Questão social ................................................................................................................ 6
Consumo Fuvest 2013 ....................................................................................................................... 6
Liberação do porte de armas Unesp 2018 ........................................................................................ 7
“Camarotização” da sociedade brasileira Fuvest 2015 .................................................................... 8
Legado da escravidão e preconceito contra negros no Brasil Unesp 2015 .................................... 10
Atletas transexuais FAMEMA 2018 ................................................................................................. 11
Trabalho escravo UEA 2018 ............................................................................................................ 13
O papel do consumidor no combate à escravidão moderna Facisb 2019 ...................................... 14
Violência contra o professor FAMEMA 2018 .................................................................................. 15
Obrigatoriedade da vacinação Famerp 2019 ................................................................................. 16
Comportamentos machistas na internet UEA 2019 ....................................................................... 18
Depressão na adolescência Autoral 2020 modelo FUVEST (Wagner Santos) ................................ 19
Desperdício de alimentos Autoral 2020 modelo ENEM (Wagner Santos) ...................................... 20
Formação identitária de grupos minoritários Autoral 2020 (Wagner Santos) ............................... 22
Vigilância previne ou não desobediências Autoral 2020 modelo UERJ (Wagner Santos) .............. 24
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Apropriação cultural Autoral 2020 modelo UNESP (Wagner Santos) ............................................ 25


Desvalorização do idoso na pandemia de Covid-29 Autoral 2020 modelo FUVEST (Fernando
Andrade) .......................................................................................................................................... 26
Imigrantes Autoral 2020 modelo FUVEST (Fernando Andrade) ..................................................... 27
Epidemia de sífilis no Brasil UEA 2018/2020................................................................................... 27
Selfies FAMERP 2017 ....................................................................................................................... 29
Remoção de órgãos saudáveis para prevenir o câncer FAMECA 2016 ........................................... 30
Criação dos filhos UFGRS 2019 ....................................................................................................... 31
Redução da maioridade penal FAMEMA 2020 ............................................................................... 33
Liberdade, opressão e injustiças sociais UEMA 2016 ..................................................................... 35
“Uberização” do trabalho Faculdade Israelita Albert Einstein 2020 .............................................. 38
Fome e desperdício de alimentos Mackenzie 2014 ........................................................................ 39
Videogames violentos Mackenzie 2019 .......................................................................................... 40
Coronavírus Autoral 2020 modelo UNESP (Fernando Andrade) ..................................................... 41
2.Ética.............................................................................................................................. 43
O carro será o novo cigarro? ........................................................................................................... 43
Idosos Fuvest 2014 .......................................................................................................................... 44
Eutanasia Unifesp 2019................................................................................................................... 45
Redes sociais UNIFESP 2018 ............................................................................................................ 46
Há limite para a liberdade de expressão? UNICAMP 2018 ............................................................. 47
Leitura como medida de redução de pena FAMEMA 2016 ............................................................ 49
Linchamento virtual Autoral 2020 (Fernando Andrade) ................................................................. 50
3.Subjetividade ................................................................................................................ 54

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Amizades via internet UEMA 2014 ................................................................................................. 54


Desumanização do ser humano UDESC 2016 ................................................................................. 56
A obrigatoriedade de ser feliz da geração atual UNAERP/ 2014 .................................................... 57
4. Educação ..................................................................................................................... 58
Obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia FAMECA 2019 .............................................. 58
Homeschooling FAMERP 2020 ....................................................................................................... 59
O livro na era da digitalização do escrito e da adoção de novas ferramentas de leitura UFRGS
2016 ................................................................................................................................................. 61
Uso do celular na escola INSPER/ 2018 ........................................................................................... 62
Leitura no Brasil Mackenzie/2015................................................................................................... 63
O uso das novas tecnologias na educação Autoral 2020 (Fernando Andrade) .............................. 64
5.Representação do Mundo ............................................................................................. 69
Negacionismo Autoral 2020 ............................................................................................................ 69
Publicação de imagens trágicas Unesp 2016 .................................................................................. 71
Importância das Ciências Humanas no século XXI Unesp 2020 ...................................................... 72
Vigilância epistêmica Fuvest 2008 .................................................................................................. 74
O papel da ciência no mundo contemporâneo Fuvest 2020 ........................................................... 76
Um mundo por imagens na época da manipulação midiática Autoral 2020 ................................. 77
Telenovelas e compromisso com a realidade Faculdade Israelita Albert Einstein 2019 ................ 80
Fronteiras Fuvest 2009 .................................................................................................................... 81
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6.Tecnologia .................................................................................................................... 82
Estelionato virtual Autoral 2020 (Wagner Santos) ......................................................................... 82
7. Meio Ambiente ............................................................................................................ 84
Ativismo ambiental Autoral 2020 ................................................................................................... 84
Agrotóxicos FAMECA 2017 .............................................................................................................. 85
Lixo: da educação às políticas públicas UNIMAT 2019.2 ................................................................ 86
8. Política ......................................................................................................................... 88
Intervenção do Estado na dinâmica social e vigilância do indivíduo .............................................. 88
Corrupção no Congresso Nacional Unesp 2014 .............................................................................. 90
Democratização da Cultura Autoral 2020....................................................................................... 91
Corrupção e passividade do brasileiro Autoral 2020 modelo UNB (Wagner Santos) ..................... 93
Participação política do jovem no século XXI Autoral 2020 (Wagner Santos) ............................... 95
Possibilidades e limites da ação política e moral IME 2017/2018 modificada ............................... 97
Voto nulo UNIFESP 2017 ................................................................................................................. 99
Quadro de desesperança política brasileira Faculdade Israelita Albert Einstein 2017 ................ 100
Guerras: derrota para a humanidade UNB/2017 ......................................................................... 103
Questão indígena Autoral 2020 (Fernando Andrade) ................................................................... 105
Encaminhamentos possíveis .......................................................................................... 109
1.Questão social ............................................................................................................ 109
Consumo Fuvest 2013 ................................................................................................................... 109
Liberação do porte de armas Unesp 2018 .................................................................................... 111
“Camarotização” da sociedade brasileira Fuvest 2015 ................................................................ 112

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Legado da escravidão e preconceito contra negros no Brasil Unesp 2015 .................................. 114
Atletas transexuais FAMEMA 2018 ............................................................................................... 117
Trabalho escravo UEA 2018 .......................................................................................................... 119
O papel do consumidor no combate à escravidão moderna Facisb 2019 .................................... 120
Violência contra o professor FAMEMA 2018 ................................................................................ 122
Obrigatoriedade da vacinação Famerp 2019 ............................................................................... 123
Comportamentos machistas na internet UEA 2019 ..................................................................... 125
Depressão na adolescência Autoral 2020 modelo FUVEST (Wagner Santos) .............................. 126
Desperdício de alimentos Autoral 2020 modelo ENEM (Wagner Santos) .................................... 127
Formação identitária de grupos minoritários Autoral 2020 (Wagner Santos) ............................. 128
Vigilância constante previne ou não desobediências Autoral 2020 modelo UERJ (Wagner Santos)
....................................................................................................................................................... 128
Apropriação cultural Autoral 2020 modelo UNESP (Wagner Santos) .......................................... 129
Desvalorização dos idosos Autoral 2020 modelo FUVEST (Fernando Andrade)........................... 130
Imigrantes Autoral 2020 modelo FUVEST (Fernando Andrade) ................................................... 132
Epidemia de sífilis no Brasil UEA 2018/2020................................................................................. 134
Selfies FAMERP 2017 ..................................................................................................................... 137
Retirada de órgãos saudáveis para prevenir o câncer FAMECA 2016 .......................................... 141
Criação dos filhos UFRGS 2019...................................................................................................... 144
“Uberização” do trabalho Faculdade Israelita Albert Einstein 2020 ........................................... 148
Redução da maioridade penal FAMEMA 2020 ............................................................................. 150
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Liberdade, opressão e injustiças sociais UEMA 2016 ................................................................... 153


Fome e desperdício de alimentos Mackenzie 2014 ...................................................................... 155
Videogames violentos Mackenzie 2019 ....................................................................................... 158
Coronavírus Autoral 2020 modelo UNESP (Fernando Andrade) ................................................... 161
2.Ética............................................................................................................................ 164
O carro será o novo cigarro? ......................................................................................................... 164
Idosos Fuvest 2014 ........................................................................................................................ 167
Eutanasia Unifesp 2019................................................................................................................. 169
Redes sociais UNIFESP 2018 .......................................................................................................... 170
Há limite para a liberdade de expressão? UNICAMP 2018 ........................................................... 172
Leitura como medida para redução de pena FAMEMA 2016 ....................................................... 173
Linchamento virtual Autoral 2020 (Fernando Andrade) ............................................................... 177
3.Subjetividade .............................................................................................................. 179
Amizades via internet UEMA 2014................................................................................................ 179
Desumanização do ser humano UDESC/ 2016 .............................................................................. 182
A obrigatoriedade de ser feliz da geração atual UNAERP/ 2014 .................................................. 185
4.Educação .................................................................................................................... 187
Obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia FAMECA 2019 ............................................ 188
Homeschooling FAMERP 2020 ..................................................................................................... 190
O livro na era da digitalização do escrito e da adoção de novas ferramentas de leitura UFRGS
2016 ............................................................................................................................................... 192
Uso do celular na escola INSPER/ 2018 ......................................................................................... 195
Leitura no Brasil Mackenzie/2015................................................................................................. 199

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O uso das novas tecnologias na educação Autoral 2020 (Fernando Andrade) ............................ 202
5.Representação do Mundo ........................................................................................... 204
Negacionismo Autoral 2020 .......................................................................................................... 204
Publicação de imagens trágicas Unesp 2016 ................................................................................ 206
Importância das Ciências Humanas no século XXI Unesp 2020 .................................................... 208
Vigilância epistêmica Fuvest 2008 ................................................................................................ 209
O papel da ciência no mundo contemporâneo Fuvest 2020 ......................................................... 211
Um mundo por imagens na época da manipulação midiática Autoral 2020 ............................... 214
Telenovelas e compromisso com a realidade Faculdade Israelita Albert Einstein 2019 .............. 216
Fuvest 2009 ................................................................................................................................... 217
6.Tecnologia .................................................................................................................. 220
Autoral 2020 (Wagner Santos)...................................................................................................... 220
7. Meio Ambiente .......................................................................................................... 220
Ativismo ambiental Autoral 2020 ................................................................................................. 220
Agrotóxicos FAMECA 2017 ............................................................................................................ 222
Lixo: da educação às políticas públicas UNIMAT 2019.2 .............................................................. 223
8. Política ....................................................................................................................... 226
Intervenção do Estado na dinâmica social e vigilância do indivíduo ............................................ 227
O papel da ciência no mundo contemporâneo Fuvest 2020 ......................................................... 228
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Corrupção no Congresso Nacional Unesp 2014 ............................................................................ 228


Democratização da Cultura Autoral 2020..................................................................................... 230
Autoral 2020 modelo UNB (Wagner Santos) ................................................................................ 231
Autoral 2020 (Wagner Santos)...................................................................................................... 232
IME 2017/2018 modificada ........................................................................................................... 232
UNIFESP 2017 ................................................................................................................................ 234
Quadro de desesperança política brasileira Faculdade Israelita Albert Einstein 2017 ................ 237
Guerras: derrota para a humanidade UNB 2017 .......................................................................... 240
Questão indígena Autoral 2020 (Fernando Andrade) ................................................................... 244
Considerações finais ...................................................................................................... 247

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Apresentação

Olá!

Como parte do material, disponibilizamos um número grande de propostas de redação, a


maioria já dadas e outras inéditas. Você pode aproveitar esse material e escrever à vontade.

As atualizações serão periódicas. Cada nova atualização trará mais propostas.

Bora lá, corujinha sangue nos olhos.

Boa escrita.

Fernando Andrade

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1.Questão social

Consumo Fuvest 2013

FUVEST/2013

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Esta é a reprodução (aqui, sem as marcas normais dos anunciantes, que foram substituídas
por X) de um anúncio publicitário real, colhido em uma revista, publicada no ano de 2012.
Como toda mensagem, esse anúncio, formado pela relação entre imagem e texto, carrega
pressupostos e implicações: se o observarmos bem, veremos que ele expressa uma determinada
mentalidade, projeta uma dada visão de mundo, manifesta uma certa escolha de valores e assim
por diante.
Redija uma dissertação em prosa, na qual você interprete e discuta a mensagem contida
nesse anúncio, considerando os aspectos mencionados no parágrafo anterior e, se quiser, também
outros aspectos que julgue relevantes. Procure argumentar de modo a deixar claro seu ponto de
vista sobre o assunto.

Liberação do porte de armas Unesp 2018

Proposta 1
(Unesp 2018) Texto 1

A maioria dos brasileiros segue contrária à ampliação do porte de armas de fogo. Segundo
recente pesquisa Datafolha, 56% dos entrevistados se disseram contrários ao porte legal estendido
a todos os cidadãos.
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Sancionado em 2003, o Estatuto do Desarmamento, criado para controlar o uso de armas no


país, é constantemente alvo de críticas por não ter contribuído para a redução da criminalidade.
Especialistas em segurança pública, porém, dizem o contrário.
(“Maioria no país segue contrária à ampliação do porte legal de armas”. www1.folha.uol.com.br,
07.01.2018. Adaptado.)
Texto 2
Imagine um país onde qualquer pessoa com mais de 21 anos pudesse andar armada na rua,
dentro do carro, nos bares, festas, parques e shoppings centers. Em um passado não muito distante,
esse país era o Brasil. Até 2003, aqui era possível, sem muita burocracia, comprar uma pistola ou um
revólver em lojas de artigos esportivos, onde as armas ficavam em prateleiras na seção de artigos
de caça, ao lado de varas de pesca e anzóis.
Mas, de acordo com os indicadores da época, os anos em que a população podia se armar
para teoricamente “fazer frente à bandidagem” não foram de paz absoluta, mas de crescente
violência, segundo dados do Ministério da Saúde e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA). Para conter o avanço das mortes, foi sancionado, em 2003, o Estatuto do Desarmamento,
que restringiu drasticamente a posse e o acesso a armas no país. Atualmente a taxa de homicídios
está em 29,9 assassinatos por 100.000 habitantes, o que pressupõe que o desarmamento não
reduziu drasticamente os homicídios mas estancou seu crescimento.
O tema é sensível, uma vez que um grupo de deputados e senadores quer voltar para os
velhos tempos, quando era possível comprar armas com facilidade. O tema ganha eco também em
alguns setores da sociedade que enxergam no direito de se armar – e a reagir à violência — uma
possibilidade de “salvar vidas”.
Daniel Cerqueira, pesquisador do IPEA, explica que uma grave crise econômica ocorrida

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durante a década de 1980 ampliou a desigualdade social e foi um dos fatores responsáveis pelo
aumento das taxas de homicídio. “No meio desse processo, as pessoas começaram a comprar mais
armas. Isso fez com que o ciclo de violência se auto-alimentasse. Quanto mais medo as pessoas
sentem e mais homicídios ocorrem, mais elas se armam. Quanto mais se armam, mais mortes
temos”, afirma. Ele destaca que, ao contrário do que frequentemente se diz, a maior parte dos
crimes com morte não são praticados pelo “criminoso contumaz”, e sim “pelo cidadão de bem que,
em um momento de ira, perde a cabeça”.
Nem todos concordam com Cerqueira. “As pessoas se sentiam mais seguras naquela época”,
afirma Benê Barbosa, um dos mais antigos militantes pró-armas do Brasil. De acordo com Barbosa,
nos anos de 1990 deveria haver “aproximadamente meio milhão de pessoas armadas em São Paulo,
e você não tinha bangue-bangue nas ruas”. Para ele, o Estatuto do Desarmamento “elitizou” a posse
de armas, ao instituir a cobrança de taxas proibitivas.

(Gil Alessi. “Como era o Brasil quando as armas eram vendidas em shoppings e munição nas
lojas de ferragem”. http://brasil.elpais.com, 31.10.2017. Adaptado.)

Texto 3
Devemos liberar as armas? Sim.
“O direito à autodefesa é pilar de uma sociedade livre e democrática. No Brasil, os bandidos
continuam a ter acesso livre às armas de fogo e o cidadão fica à mercê dos criminosos.” Denis
Rosenfield (professor de filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
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Devemos liberar as armas? Não.


“Voltar a armar a sociedade é um fator de risco para o aumento das mortes violentas no país.
O uso de armas deve ser restrito às forças policiais.” José Mariano Beltrame (ex-secretário de
Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro).

(“Devemos liberar as armas?”. https://epoca.globo.com, 24.04.2015. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

Liberar o porte de armas de fogo a todos os cidadãos diminuirá a violência no Brasil?

“Camarotização” da sociedade brasileira Fuvest 2015

Na verdade, durante a maior parte do século XX, os estádios eram lugares onde os executivos
empresariais sentavam-se lado a lado com os operários, todo mundo entrava nas mesmas filas para
comprar sanduíches e cerveja, e ricos e pobres, igualmente, se molhavam se chovesse. Nas últimas
décadas, contudo, isso está mudando. O advento de camarotes especiais, em geral, acima do campo,
separam os abastados e privilegiados das pessoas comuns nas arquibancadas mais embaixo. (...) O
desaparecimento do convívio entre classes sociais diferentes, outrora vivenciado nos estádios,
representa uma perda não só para os que olham de baixo para cima, mas também para os que olham
de cima para baixo.

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Os estádios são um caso exemplar, mas não único. Algo semelhante vem acontecendo na sociedade
americana como um todo, assim como em outros países. Numa época de crescente desigualdade, a
“camarotização” de tudo significa que as pessoas abastadas e as de poucos recursos levam vidas
cada vez mais separadas. Vivemos, trabalhamos, compramos e nos distraímos em lugares diferentes.
Nossos filhos vão a escolas diferentes. Estamos falando de uma espécie de “camarotização” da vida
social. Não é bom para a democracia e nem sequer é uma maneira satisfatória de levar a vida.
Democracia não quer dizer igualdade perfeita, mas, de fato, exige que os cidadãos compartilhem
uma vida comum. O importante é que pessoas de contextos e posições sociais diferentes encontrem-
se e convivam na vida cotidiana, pois é assim que aprendemos a negociar e a respeitar as diferenças:
ao cuidar do bem comum.
Michael J. Sandel. Professor da Universidade Harvard. O que o dinheiro não compra. Adaptado.

Comentário do Prof. Michael J. Sandel referente à afirmação de que, no Brasil, se teria produzido
uma sociedade ainda mais segregada do que a norte-americana.
O maior erro é pensar que serviços públicos são apenas para quem não pode pagar por coisa melhor.
Esse é o início da destruição da ideia do bem comum. Parques, praças e transporte público precisam
ser tão bons a ponto de que todos queiram usá-los, até os mais ricos. Se a escola pública é boa, quem
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pode pagar uma escola particular vai preferir que seu filho fique na pública, e assim teremos uma
base política para defender a qualidade da escola pública. Seria uma tragédia se nossos espaços
públicos fossem shopping centers, algo que acontece em vários países, não só no Brasil. Nossa
identidade ali é de consumidor, não de cidadão.
Entrevista. Folha de S. Paulo, 28/04/2014. Adaptado.

[No Brasil, com o aumento da presença de classes populares em centros de compras, aeroportos,
lugares turísticos etc., é crescente a tendência dos mais ricos a frequentarem espaços exclusivos,
que marquem sua distinção e superioridade.] (...) Pode ser que o fenômeno “camarotização”, isto é,
a separação física entre classes sociais, prospere para muitos outros setores. De repente, os
supermercados poderão ter ala VIP, com entrada independente, cuja acessibilidade, tacitamente,
seja decidida pelo limite do cartão de crédito.
Renato de P. Pereira. www.gazetadigital.com.br, 06/05/2014. [Resumido] e adaptado.
Até os anos de 1960, a escola pública que eu conheci, embora existisse em menor número, tinha
boa qualidade e era um espaço animado de convívio de classes sociais diferentes. Aprendíamos
muito, uns com os outros, sobre nossas diferentes experiências de vida, mas, em geral, nos
sentíamos pertencentes a uma só sociedade, a um mesmo país e a uma mesma cultura, que era de
todos. Por isso, acreditávamos que teríamos, também, um futuro em comum. Vejo com tristeza que
hoje se estabeleceu o contrário: as escolas passaram a segregar os diferentes estratos sociais. Acho
que a perda cultural foi imensa e as consequências, para a vida social, desastrosas.

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(Trecho do testemunho de um professor universitário sobre a Escola Fundamental e Média em que


estudou.)
Os três primeiros textos aqui reproduzidos, referem-se à “camarotização” da sociedade, nome dado
à tendência a manter segregados os diferentes estratos sociais. Em contraponto, encontra-se
também reproduzido um testemunho no qual se recupera a experiência de um período em que, no
Brasil, a tendência era outra.
Tendo em conta as sugestões desses textos, além de outras informações que julgue relevantes,
redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema
“Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia.

Legado da escravidão e preconceito contra negros no Brasil Unesp 2015

Texto 1
O Brasil era o último país do mundo ocidental a eliminar a escravidão! Para a maioria dos
parlamentares que se tinham empenhado pela abolição, a questão estava encerrada. Os ex-escravos
foram abandonados à sua própria sorte. Caberia a eles, daí por diante, converter sua emancipação
em realidade. Se a lei lhes garantia o status jurídico de homens livres, ela não lhes fornecia meios
para tornar sua liberdade efetiva. A igualdade jurídica não era suficiente para eliminar as enormes
distâncias sociais e os preconceitos que mais de trezentos anos de cativeiro haviam criado. A Lei
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Áurea abolia a escravidão, mas não seu legado. Trezentos anos de opressão não se eliminam com
uma penada. A abolição foi apenas o primeiro passo na direção da emancipação do negro. Nem por
isso deixou de ser uma conquista, se bem que de efeito limitado.
(Emília Viotti da Costa. A abolição, 2008.)
Texto 2
O Instituto Ethos, em parceria com outras entidades, divulgou um estudo sobre a participação do
negro nas 500 maiores empresas do país e lamentou, com os jornais, o fato de que 27% delas não
souberam responder quantos negros havia em cada nível funcional. Esse dado foi divulgado como
indício de que, no Brasil, existe racismo. Um paradoxo. Quase um terço das empresas demonstra a
entidades seríssimas que “cor” ou “raça” não são filtros em seus departamentos de RH e,
exatamente por essa razão, as empresas passam a ser suspeitas de racismo. Elas são acusadas por
aquilo que as absolve. Tempos perigosos, em que pessoas, com ótimas intenções, não percebem
que talvez estejam jogando no lixo o nosso maior patrimônio: a ausência de ódio racial.
Há toda uma gama de historiadores sérios, dedicados e igualmente bem-intencionados, que
estudam a escravidão e se deparam com esta mesma constatação: nossa riqueza é esta, a tolerância.
Nada escamoteiam: bem documentados, mostram os horrores da escravidão, mas atestam que, não
a cor, mas a condição econômica é que explica a manutenção de um indivíduo na pobreza. [...]. Hoje,
se a maior parte dos pobres é composta por negros, isso não se deve à cor da pele. Com uma melhor
distribuição de renda, a condição do negro vai melhorar acentuadamente. Porque, aqui, cor não é
uma questão.
(Ali Kamel. “Não somos racistas”. www.oglobo.com.br, 09.12.2003.)

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Texto 3
Qualquer estudo sobre o racismo no Brasil deve começar por notar que, aqui, o racismo é um tabu.
De fato, os brasileiros imaginam que vivem numa sociedade onde não há discriminação racial. Essa
é uma fonte de orgulho nacional, e serve, no nosso confronto e comparação com outras nações,
como prova inconteste de nosso status de povo civilizado.
(Antonio Sérgio Alfredo Guimarães. Racismo e antirracismo no Brasil, 1999. Adaptado.)
Texto 4
Na ausência de uma política discriminatória oficial, estamos envoltos no país de uma “boa
consciência”, que nega o preconceito ou o reconhece como mais brando. Afirma-se, de modo
genérico e sem questionamento, uma certa harmonia racial e joga-se para o plano pessoal os
possíveis conflitos. Essa é sem dúvida uma maneira problemática de lidar com o tema: ora ele se
torna inexistente, ora aparece na roupa de alguém outro.
É só dessa maneira que podemos explicar os resultados de uma pesquisa realizada em 1988, em São
Paulo, na qual 97% dos entrevistados afirmaram não ter preconceito e 98% dos mesmos
entrevistados disseram conhecer outras pessoas que tinham, sim, preconceito. Ao mesmo tempo,
quando inquiridos sobre o grau de relação com aqueles que consideravam racistas, os entrevistados
apontavam com frequência parentes próximos, namorados e amigos íntimos. Todo brasileiro parece
se sentir, portanto, como uma ilha de democracia racial, cercado de racistas por todos os lados.
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(Lilia Moritz Schwarcz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário, 2012. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de
gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O LEGADO DA ESCRAVIDÃO E O PRECONCEITO CONTRA NEGROS NO BRASIL

Atletas transexuais FAMEMA 2018

Texto 1
Primeira jogadora transexual a atuar na Superliga feminina, Tifanny Abreu marcou 39 pontos
em um mesmo jogo nesta terça-feira (30.01.2018) e quebrou o recorde da principal competição
nacional de vôlei – que antes pertencia a Tandara, com 37 pontos. Tal fato atiçou ainda mais o
questionamento sobre a permissão de atletas trans atuarem em esportes de alto rendimento.
Ao entrar em quadra por uma liga profissional, Tifanny carrega com ela a representatividade
de toda uma minoria social, que busca abrir oportunidades de inserção em vários âmbitos da
sociedade, inclusive no mercado de trabalho. Então não seria diferente no esporte, que vem se
profissionalizando cada vez mais nas últimas décadas.
(Maíra Nunes. “Caso Tifanny: Proibir transexuais no esporte é solução?”. http://blogs.correiobraziliense.com.br,
31.01.2018. Adaptado.)

Texto 2

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Aos 33 anos, Tifanny Pereira de Abreu é a primeira transexual a disputar a Superliga feminina
de vôlei. Mas, depois de completar a transição de gênero, incluindo duas cirurgias de mudança de
sexo, e ser liberada pela Comissão Nacional Médica (Conamev) da Confederação Brasileira de Vôlei
(CBV), a atacante do Bauru (SP) tem a condição feminina discutida. Isso porque a ciência ainda não
é capaz de determinar quanto tempo o corpo precisaria para se adaptar à nova realidade, com
testosterona compatível ao corpo de uma mulher. É por esta razão que João Granjeiro, coordenador
da Conamev, responsável pela liberação da atleta para a disputa da competição mais importante do
vôlei nacional, acredita que Tifanny não deveria atuar entre as mulheres: “Ela nasceu homem e
construiu seu corpo, músculos, ossos, articulações com testosterona alta. Nenhuma mulher, a não
ser que tenha usado testosterona de origem externa ao organismo, conseguiria formar o mesmo
corpo. É só olhar para a atleta, alta e muito forte.”
(Carol Knoploch e João Pedro Fonseca. “Médicos que liberaram Tifanny acham que ela não deveria atuar no
feminino”. https://oglobo.globo.com, 03.01.2018. Adaptado.)
Texto 3
O espaço conquistado de maneira íntegra por mulheres no esporte está em jogo. Tenho orgulho de
ser herdeira dos valores que construíram a civilização ocidental, a mais livre, próspera, tolerante e
plural da história da humanidade. Este legado sociocultural único permitiu que nós mulheres
pudéssemos conquistar nosso espaço na sociedade, no mercado e nos esportes. A verdade mais
óbvia e respeitada por todos os envolvidos no esporte é a diferença biológica entre homens e
mulheres. Se não houvesse, por que estabelecer categorias separadas entre os sexos? O combate
ao preconceito contra transexuais e homossexuais é uma discussão justa e pertinente. A inclusão de
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pessoas transexuais na sociedade deve ser respeitada, mas essa apressada e irrefletida decisão de
incluir biologicamente homens, nascidos e construídos com testosterona, com altura, força e
capacidade aeróbica de homens, sai da esfera da tolerância e constrange, humilha e exclui mulheres.
(Ana Paula Henkel. “Carta aberta ao Comitê Olímpico Internacional”. https://politica.estadao.com.br, 16.01.2018.
Adaptado.)
Texto 4
Para uma transexual entrar no mercado de trabalho, é uma verdadeira via crucis. Elas enfrentam
preconceito, desconfiança e muita rejeição. Mas o desafio pode ser ainda pior para aquelas que
sonham em seguir carreira como atleta. O esporte ainda é muito fechado para a diversidade sexual
e poucas esportistas chegam ao nível de alto rendimento. De acordo com a pesquisadora Joanna
Harper, do Providence Portland Medical Center, nos Estados Unidos, “terapia hormonal para
mulheres trans normalmente envolve um bloqueador de testosterona e um suplemento de
estrógeno. Quando os níveis do ‘hormônio masculino’ se aproximam do esperado para a transição,
a paciente percebe uma diminuição na massa muscular, densidade óssea e na proporção de células
vermelhas que carregam o oxigênio no corpo”, diz Joanna. Ainda conforme pontuou a especialista,
enquanto isso, o estrógeno aumenta as reservas de gordura, principalmente nos quadris. Juntas,
essas mudanças levam a uma perda de velocidade, força e resistência — todos componentes
importantes de um atleta. Durante a terapia hormonal, Tifanny perdeu toda a potência e explosão.
Se saltava 3,50 m quando homem, agora pula, no máximo, 3,25m.
(Juliana Contaifer. “Afinal, atletas transexuais têm mais força que as jogadoras cisgênero?”. www.metropoles.com,
11.03.2018. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma- -padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

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Atletas transexuais devem participar de esportes competitivos sob o novo gênero?

Trabalho escravo UEA 2018

UEA/ 2019
Texto 1
O Ministério da Economia divulgou a atualização do cadastro de empregadores que tenham
submetido trabalhadores a condições análogas à escravidão, conhecido como lista suja do trabalho
escravo. A lista denuncia pela prática do crime 187 empregadores, entre empresas e pessoas físicas.
No total, 2375 trabalhadores foram submetidos a condições análogas à escravidão. A maioria dos
casos está relacionada a trabalhos praticados em fazendas, obras de construção civil, oficinas de
costura, garimpo e mineração.
A legislação brasileira atual classifica como trabalho análogo à escravidão toda atividade forçada
desenvolvida sob condições degradantes ou em jornadas exaustivas. Também é passível de denúncia
qualquer caso em que o funcionário seja vigiado constantemente, de forma ostensiva, por seu
patrão. Outra forma de escravidão contemporânea reconhecida no Brasil é a servidão por dívida,
que ocorre quando o funcionário tem seu deslocamento restrito pelo empregador sob alegação de
que deve liquidar determinada quantia de dinheiro.
(Bruno Bocchini. “Atualização da lista suja do trabalho escravo tem 187 empregadores”.
https://agenciabrasil.ebc.com.br, 03.04.2019. Adaptado.)
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Texto 2
A lista de empregadores flagrados utilizando trabalho análogo ao escravo no Brasil é considerada
pela ONU um modelo de combate à escravidão contemporânea em todo o mundo.
A partir da chamada “lista suja”, empresas e bancos públicos que assinaram o Pacto Nacional pela
Erradicação do Trabalho Escravo podem negar crédito, empréstimos e contratos a empresários que
usam trabalho análogo ao escravo.
“A lista é simplesmente um instrumento de transparência da ação do Estado, que tem a obrigação
de fiscalizar e garantir direitos trabalhistas”, afirma Mércia Silva, do Instituto Pacto Nacional para a
Erradicação do Trabalho Escravo (Inpacto). “A lista suja combate o trabalho escravo, mas, mais do
que isso, é um instrumento de gerenciamento de risco para a atividade econômica brasileira, porque
ninguém quer se associar a empresas que usam trabalho análogo à escravidão”, disse o cientista
político Leonardo Sakamoto. “Não é uma questão de ‘bondade’ do mercado. A empresa que foi
flagrada com trabalho escravo pode estar sofrendo um processo grande e pode nem ter dinheiro no
futuro para quitar empréstimos que venha a tomar, se for condenada a pagar milhões. Era
necessário que o mercado brasileiro tivesse um instrumento para garantir esse controle”, afirma
Sakamoto.
(Camilla Costa. “Para que serve a ‘lista suja’ do trabalho escravo?”. www.bbc.com, 06.04.2015. Adaptado.)
Texto 3
Para o presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Distrito Federal, Pedro Foltran, a função da
lista suja do trabalho escravo é intimidar empresas. As empresas afirmam que são incluídas na lista
depois de um suposto flagrante autuado pelos fiscais do governo e alegam que não têm a
oportunidade de se manifestar no processo, o que viola seu direito à ampla defesa.

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(“‘Lista do trabalho escravo’ serve para intimidar, diz presidente do TRT-10”. https://conjur.com.br, 06.03.2017.
Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto
dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Lista suja do trabalho escravo: entre a proteção aos trabalhadores afetados e o direito de defesa
das empresas.

O papel do consumidor no combate à escravidão moderna Facisb 2019

Texto 1
Cerca de 45,8 milhões de pessoas em todo o mundo estão sujeitas a alguma forma de escravidão moderna.
A estimativa é do relatório Índice de Escravidão Global 2016, da Fundação Walk Free, divulgado em maio
deste ano. Segundo o último relatório, de 2014, cerca de 35,8 milhões de pessoas vivem nessa situação.
A escravidão moderna ocorre quando uma pessoa controla a outra, de tal forma que retire dela sua liberdade
individual, com a intenção de explorá-la. Entre as formas de escravidão está o trabalho forçado em condições
degradantes, com extensas jornadas, sob coerção, violência ou ameaça. Este é um crime oculto que afeta
todos os países, por isso é preciso o envolvimento dos governos, da sociedade civil, do setor privado e da
comunidade para proteção da população vulnerável. A pobreza e a falta de oportunidades são fatores
determinantes para o aumento da vulnerabilidade à escravidão moderna.
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(Andreia Verdélio. “Escravidão moderna atinge 45,8 milhões de pessoas no mundo”.


www.agenciabrasil.ebc.com.br, 30.05.2016. Adaptado.)
Texto 2
“Desenvolvemos nossos produtos com o objetivo de atender mulheres que valorizam a sofisticação, o
requinte e o conforto sempre com um olhar contemporâneo”, dizem peças publicitárias de uma marca de
roupas femininas. Mas uma investigação do Ministério do Trabalho e Emprego sugere que esse objetivo
possa estar sendo cumprido com ajuda da exploração de trabalho escravo. Cinco trabalhadores bolivianos
foram encontrados em uma pequena oficina de confecção, cuja produção era 100% destinada à marca. Sem
carteira assinada ou férias, eles trabalhavam e dormiam com suas famílias em ambientes com cheiro forte,
onde camas eram separadas de máquinas de costura por placas de madeira e plástico. Os salários desses
trabalhadores eram de R$ 6,00, em média, por roupa costurada. Segundo o Ministério, a empresa, cujas
peças podem custar mais de R$ 500,00 nas lojas, recusou-se a pagar os direitos trabalhistas dos resgatados.
Conforme o relatório da fiscalização, “no modelo adotado nesse núcleo fabril, não havia qualquer limitação
de jornada, sendo inexistentes os limites, inclusive de espaço físico entre a vida fora e dentro do trabalho”,
afirmam os auditores do Ministério. “Esta jornada, agravada pelo ritmo intenso, pelo nível de dificuldade,
detalhamento e concentração exigido no trabalho de costura de peças de vestuário e pela remuneração por
produção, leva os trabalhadores ao esgotamento físico e mental.”
(Ricardo Senra. “Fiscalização flagra trabalho escravo e infantil em marca de roupas de luxo em SP”.
www.bbc.com, 20.06.2016. Adaptado.)
Texto 3
É preciso entender o porquê da existência de trabalho escravo em pleno 2016. São muitos os fatores e, entre
eles, está o estilo de consumo que se tem perpetuado nos dias de hoje. Tomemos como exemplo o sujeito
que, no Pará, cata e vende castanhas a R$ 5,00 o quilo, produto que, nas cidades grandes, é vendido a R$
40,00 o quilo, na lojinha de produtos orgânicos. Ou as lojas de roupas que, muito embora vendam seus
produtos por preços exorbitantes, pagam R$ 5,00 às costureiras para cada peça feita. Como desconfiar de

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que esses produtos têm origem em trabalho escravo contemporâneo? Em que medida o consumidor,
indivíduo pensante, coopera para a manutenção desses trabalhadores em situações análogas à escravidão?
Talvez a sociedade precise refletir mais sobre o produto que consome. Não dá mais para continuar a
transferir a responsabilidade desse problema tão grave ao outro. Devemos parar de responsabilizar só o
empresário e o empregador, sem parar para pensar em toda a cadeia que alimenta e colabora para a
perpetuação desse crime. Esse problema é social. É de todos nós e de cada um de nós. Está na hora de sermos
mais responsáveis pelos problemas que assolam nossa sociedade, que estão mais próximos da nossa vida do
que podemos imaginar e que, ainda que inconscientemente, acabamos por alimentar.
(Flávia Guth. “Sociedade precisa assumir a responsabilidade pelo trabalho escravo”. www.metropoles.com,
19.06.2016. Adaptado.)
Texto 4
Campanhas para não consumir produtos de determinadas lojas ou marcas foram lançadas nas redes sociais.
Mas como funciona: você deve deixar de comprar aqui para fazê-lo em outro lugar porque sua consciência
manda? Certo. Mas, em alguns meses, mais uma denúncia acontece; dessa vez, é a outra marca que explora
as pessoas, e o consumidor se vê, mais uma vez, tendo que mudar seu destino de compra. Quer dizer, então,
que cabe ao cliente punir as empresas acusadas de trabalho escravo? Não deveria caber ao governo e às
outras empresas? Ou à fiscalização relacionada a essa prática? Será que as leis não deveriam ser mais duras
e a fiscalização mais certeira?
É tão absurdo quanto horrendo saber que pessoas trabalham em situações sub-humanas, mas não cabe ao
consumidor ser o fiscal nem o promotor dessas ações de combate. Ele deve, sim, denunciar quando houver
suspeita, claro. Mas, além disso, combater o trabalho escravo é ou deveria ser de total responsabilidade do
Estado e das empresas e marcas. Algumas delas estão tomando medidas proativas para abordar a escravidão
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em sua cadeia de abastecimento, no âmbito do Plano Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. As
empresas utilizam uma lista suja para identificar os fornecedores com evidência de escravidão. Empresas de
abastecimento identificadas nessa lista não são elegíveis para crédito financeiro e enfrentam sanções
econômicas e jurídicas. Ou seja, os esforços parecem aumentar, mas ainda precisa melhorar muita coisa.
(“Trabalho escravo: a culpa é de quem?”. www.consumidormoderno.com.br, 13.05.2015. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma--padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “O papel do consumidor no combate à
escravidão moderna”.

Violência contra o professor FAMEMA 2018

Texto 1
Uma pesquisa mundial da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
com mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e do
ensino médio (alunos de 11 a 16 anos) põe o Brasil no topo de um ranking de violência em escolas:
12,5% dos professores ouvidos no país disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação
de alunos pelo menos uma vez por semana. Trata-se do índice mais alto entre os 34 países
pesquisados.
A pesquisadora Rosemeyre de Oliveira, da PUC-SP, atribui a violência nas escolas à impunidade dos
estudantes. “O aluno que agride o professor sabe que vai ser aprovado. Pode ser transferido de
colégio – às vezes é apenas suspenso por oito dias”, diz. “Os regimentos escolares não costumam
sequer prever esse tipo de crime. Aí, quando ele ocorre, nada acontece.”

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(Luiza Tenente e Vanessa Fajardo. “Brasil é #1 no ranking da violência contra professores: entenda
os dados e o que se sabe sobre o tema”. g1.globo.com, 22.08.2017. Adaptado.)
Texto 2
A presidente-executiva da organização Todos Pela Educação, Priscila Cruz, acredita que o primeiro
passo para diminuir as agressões contra os professores é reconhecer que a escola sozinha não é
capaz de prevenir a violência. “Muitas vezes, essa é a referência em casa, na comunidade. É preciso
trabalhar a cultura de paz na escola, motivar a solução não violenta de conflitos. Qualquer violência
escolar não é um problema só da educação.”
Para a coordenadora executiva da Comunidade Educativa (Cedac), Roberta Panico, esse tipo de
violência é uma reprodução do que ocorre fora da escola, mas há outro tipo de agressão praticada
pela escola contra o aluno, da qual pouco se fala. “A sociedade está mais violenta. Ir para uma escola
suja, quebrada, não aprender o que deveria, isso também é violência.”
(Maiza Santos. “Brasil é campeão em atos violentos de alunos contra professores”. www.em.com.br,
23.08.217. Adaptado.)
Texto 3
No contexto escolar, a partir do conjunto de regras que ditam os comportamentos e as relações –
incluído aí o exercício da autoridade por parte do professor – desenvolvem-se sentimentos, atitudes
e percepções variadas acerca da própria escola, que podem, muitas vezes, levar a desinteresse,
indisciplina e atos de violência por parte dos alunos. Esses reclamam que os próprios adultos
infringem as regras e que há abuso de poder por parte das instituições, que impõem regras sem
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margens de defesa ou possibilidades de contestação por parte dos jovens.


Por outro lado, os professores sugerem que a estrutura familiar e a falta de sintonia entre escola e
família em relação ao papel que desempenham na formação do aluno contribuem para a incidência
de agressões. Segundo os docentes, a violência contra o professor é um reflexo da classe social a
que pertencem os alunos, das comunidades em que estão inseridos, da família da qual fazem parte
e das mídias a que têm acesso.
(Kátia dos Santos Pereira. “Violência contra os professores nas escolas”. www2.camara.leg.br, maio
de 2016. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma- -padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A violência contra o professor é consequência de regras escolares impostas aos alunos de
forma autoritária ou reflexo de uma sociedade violenta?

Obrigatoriedade da vacinação Famerp 2019

Texto 1
O sarampo era considerado uma doença erradicada no Brasil desde 2016, quando a Organização
Mundial da Saúde (OMS) identificou que o país estava há um ano sem registro de casos do vírus.
Mas isso mudou em 2018: boletins recentes da entidade advertem que está em curso um surto da
doença, altamente contagiosa e que pode levar à morte crianças pequenas ou causar sequelas
graves.

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O Ministério da Saúde, por sua vez, informou haver alto risco de retorno da poliomielite em pelo
menos 312 cidades brasileiras. A doença era considerada erradicada na América do Sul desde 1994,
após décadas provocando milhares de casos de paralisia infantil. A preocupação com a pólio se dá
pelo fato de que, embora não tenha havido casos recentes no Brasil, identificou-se um registro da
doença na vizinha Venezuela e a circulação do vírus em outros 23 países do mundo nos últimos três
anos.
Os alertas acima colocam em evidência doenças que estavam controladas graças à vacinação em
massa, mas que ameaçam provocar estragos na saúde pública brasileira caso a imunização sofra
baixas. “Por não termos mais contato com algumas doenças infecciosas, a percepção é que elas
deixaram de existir e que a vacinação é inútil. Mas poucas intervenções da medicina foram tão
eficazes como as vacinas, capazes de erradicar doenças que antes matavam muitas pessoas”, avalia
o pesquisador do Serviço de Bacteriologia do Instituto Butantan, Paulo Lee Ho.
(Laís Modelli. “Sarampo, pólio, difteria e rubéola voltam a ameaçar após erradicação no Brasil”.
www.bbc.com, 07.07.2018. Adaptado.)
Texto 2
Embora o Brasil tenha um dos mais reconhecidos programas públicos de vacinação do mundo, com
os principais imunizantes disponíveis a todos gratuitamente, vêm ganhando força no país grupos
que se recusam a vacinar os filhos ou a si próprios.
Esses movimentos “antivacina” estão sendo apontados como um dos principais fatores responsáveis
por um recente surto de sarampo na Europa, onde mais de 7 mil pessoas já foram contaminadas. No
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Brasil, os grupos, principalmente de pais, são impulsionados por meio de páginas temáticas em redes
sociais que divulgam, sem base científica, supostos efeitos colaterais das vacinas.
Os pais também trocam informações sobre como não serem denunciados (por exemplo, não
informar aos pediatras sobre a decisão de não vacinar os filhos) e compartilham estratégias que eles
acreditam que garantiriam a imunização das crianças de forma alternativa, com óleos, homeopatia
e alimentos.
(Fabiana Cambricoli e Isabela Palhares. “Grupos contrários à vacinação avançam no país; movimento
preocupa Ministério da Saúde”. https://noticias.uol.com.br, 22.05.2017. Adaptado.)

Rio de Janeiro, início do século XX. Uma cidade com cerca de 700 mil habitantes e graves problemas
urbanos: rede insuficiente de água e esgoto, toneladas de lixo nas ruas, cortiços superpovoados. Um
ambiente propício à proliferação de várias doenças, o Rio era conhecido pelos imigrantes que aqui
aportavam como “túmulo de estrangeiros”.
Texto 3
Nessa época, Oswaldo Cruz criou as Brigadas Mata-Mosquitos, formadas por grupos de funcionários
do Serviço Sanitário que, acompanhados de policiais, invadiam as casas – e tinham até mesmo
autoridade para mandar derrubá-las nos casos em que as considerassem uma ameaça à saúde
pública – para desinfecção e extermínio dos mosquitos transmissores da febre amarela. Para acabar
com os ratos, transmissores da peste bubônica, ele mandou espalhar raticida pela cidade e tornou
obrigatório o recolhimento do lixo pela população. E, finalmente, para erradicar a varíola, lançou a
vacinação obrigatória, medida que se tornou o estopim de uma revolta da população. Apesar das

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divergências estatísticas, sabe-se que a Revolta da Vacina


foi o maior motim da história do Rio de Janeiro.
(Rio de Janeiro. Secretaria Especial de Comunicação
Social. 1904 – Revolta da Vacina. A maior batalha do Rio,
2006. Adaptado.)
Com base em seus conhecimentos e nos textos
apresentados, escreva uma dissertação, empregando a
norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Obrigatoriedade da vacinação: entre a prevenção a
doenças e o respeito às escolhas individuais

Comportamentos machistas na internet UEA 2019

Texto 1
Atitudes machistas de torcedores na Copa do Mundo de
2018 na Rússia geraram polêmicas com a divulgação de
vídeos em que mulheres são constrangidas ao repetirem palavras ofensivas em idiomas que não
conhecem.
O caso que gerou maior repercussão no país envolve um grupo de brasileiros que, sob pretexto de
ensinar cantos de torcida, fez com que uma jovem repetisse palavras que remetessem ao órgão
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sexual feminino. Ela sorri e repete animada.


A jurista e ativista russa Alena Popova fez um abaixo-assinado on-line para denunciar a atitude dos
torcedores brasileiros. Segundo ela, a petição pode ser usada pelo governo russo para uma possível
punição. Popova diz que os torcedores poderiam ser punidos com uma multa por humilhar
publicamente a honra e a dignidade da mulher russa e por violar a ordem pública.
(“Vídeos machistas de torcedores na Rússia se espalham pela web e causam revolta”.
https://g1.globo.com.br, 19.06.2018. Adaptado.)
Texto 2
O jornalista âncora do RedeTV News, Boris Casoy, causou grande polêmica ao comentar o vídeo
machista de brasileiros, gravado durante a Copa do Mundo de 2018 na Rússia: “O que esses turistas
fizeram é reprovável, mas tudo isso não passa de uma molecagem que não é inédita, uma
cafajestagem de péssimo gosto. Nada comparável a um crime. Portanto, nada justifica o
linchamento desses moleques, que está circulando pelo Brasil inteiro como se tivessem cometido o
pior crime do mundo. São apenas moleques e cafajestes”, avaliou Casoy.
(Leandro Mendonça. “Boris Casoy causa polêmica ao defender brasileiros de vídeo de assédio na
Copa do Mundo”. https://minutolivre.com, 20.06.2018. Adaptado.)
Texto 3
]O ambiente virtual favorece a formação de aglomerações espontâneas que se dedicam tanto a
castigar pessoas específicas quanto a atacar grupos sociais.
Em seu livro “Is Shame Necessary?” (“A vergonha é necessária?”, ainda sem tradução no Brasil), a
professora Jennifer Jacquet enxerga o lado positivo do fenômeno. Segundo ela, o constrangimento

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público facilitado pela tecnologia pode ser útil para que a sociedade civil exponha autoridades e
empresas, reprovando ações que considere nocivas.
“A punição pela exposição pública age não apenas para desestimular um indivíduo a repetir
comportamentos, mas para sinalizar à sociedade que um comportamento não é apropriado”,
reforça a professora.
(Walter Porto. “Redes sociais empoderam indivíduos, mas viram nova praça de linchamento”.
www1.folha.uol.com.br, 24.04.2015. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A exposição de autores de comportamentos machistas na internet contribui para
desestimular tais comportamentos?

Depressão na adolescência Autoral 2020 modelo FUVEST (Wagner Santos)

Texto I
Depressão na adolescência (Drauzio Varella)
Depressão é uma doença crônica, recorrente, muitas vezes com alta concentração de casos
na mesma família, que ocorre não só em adultos, mas também em crianças e adolescentes. O que
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caracteriza os quadros depressivos nessas faixas etárias é o estado de espírito persistentemente


irritado, tristonho ou atormentado que compromete as relações familiares, as amizades e a
performance escolar. (...)
A doença é recorrente: para quem já apresentou um episódio de depressão a probabilidade
de ter o segundo em dois anos é de 40%, e de 72% em 5 anos.
Em pelo menos 20% dos pacientes com depressão instalada na infância ou adolescência,
existe o risco de surgirem distúrbios bipolares, nos quais fases de depressão se alternam com outras
de mania, caracterizadas por euforia, agitação psicomotora, diminuição da necessidade de sono,
ideias de grandeza e comportamentos de risco.
Antes da puberdade, o risco de apresentar depressão é o mesmo para meninos ou meninas.
Mais tarde, ele se torna duas vezes maior no sexo feminino. A prevalência da enfermidade é alta:
depressão está presente em 1% das crianças e em 5% dos adolescentes.
Ter um dos pais com depressão aumenta de 2 a 4 vezes o risco da criança. O quadro é mais
comum entre portadores de doenças crônicas como diabetes, epilepsia ou depois de
acontecimentos estressantes como a perda de um ente querido. Negligência dos pais e/ou violência
sofrida na primeira infância também aumentam o risco.
É muito difícil tratar depressão em adolescentes sem os pais estarem esclarecidos sobre a
natureza da enfermidade, seus sintomas, causas, provável evolução e as opções medicamentosas.
Uma classe de antidepressivos conhecida como a dos inibidores seletivos da recaptação da
serotonina (fluoxetina, paroxetina, citalopran, etc.) é considerada como de primeira linha no
tratamento em crianças e adolescentes e os estudos mostram que 60% respondem bem a esse tipo
de medicação, que apresenta menos efeitos colaterais e menor risco de complicações por
“overdose” do que outras classes de antidepressivos.

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(https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/depressao-na-adolescencia/. Fragmento)

Texto II

Considerando as ideias apresentadas no texto e outras que julgar importantes, redija uma
dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: como os jovens devem
lidar com as mudanças em sua vida para tentar evitar a depressão?

Instruções:
• A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma culta da língua portuguesa.
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• Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível, e não ultrapasse o limite de 30 linhas.
• Dê, se achar necessário, um título à sua redação.

Desperdício de alimentos Autoral 2020 modelo ENEM (Wagner Santos)

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade formal da língua
portuguesa sobre o tema:

O problema do desperdício de alimentos no Brasil do século XXI

Escreva um texto apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.


Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa do seu
ponto de vista.

Texto I
O desperdício de alimentos continua alto (*Coriolano Xavier)
É difícil conviver tranquilo com o desperdício corrente de alimentos, que não é pouco. Dados
da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), por exemplo, mostram que o setor deixou pelo
caminho cerca de R$ 7 bilhões em 2016, por conta de alimentos jogados fora devido à aparência,
danos ou validade. A maior parte foi de frutas, legumes e verduras (FLV). Mas padaria, confeitaria,

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comida pronta, peixes e carnes também pesaram no desperdício. Juntas, essas categorias
registraram perdas próximas a 20% do faturamento líquido do setor.
O desperdício começa nas lavouras, continua depois da porteira e faz com que 30% do que se
produz no campo não chegue ao consumidor, segundo alerta a FAO Brasil, órgão da ONU para a
agricultura e alimentação. Essa enormidade de alimento desperdiçado decorre, em parte, do próprio
gigantismo do sistema de produção e distribuição alimentar, reflexo da acelerada urbanização que
vivemos. Perde-se alimento no transporte, no manuseio de varejo, no processamento, por padrões
de consumo, vencimento e deterioração.
Para reduzir o problema, em geral se busca prolongar o tempo de prateleira dos produtos
perecíveis com melhorias em refrigeração, embalagem, técnicas de exposição e logística. A genética
também é convocada para desenvolver cultivares mais resistentes aos desafios do complexo
percurso do campo à mesa. E tem ainda o marketing, que pode ajudar nessa cruzada contra o
desperdício trabalhando sobre crenças que hoje contribuem para o encalhe de produtos.
Já se viu, por pesquisa, que mais de 40% das pessoas associam produto feio a impróprio para
consumo (o que não é necessariamente um fato) e mudar tal percepção, com transparência e dentro
de princípios éticos, certamente contribuiria para diminuir refugos. Incentivar novas formas de
consumo é outro caminho possível, aproveitando alimentos fora da cartilha convencional em sucos,
sopas, saladas e outras formas de preparo. Enfim, apostar no conceito de conveniência e na
educação do consumidor para driblar o rejeito de produtos.
É possível também reposicionar produtos de menor valor percebido, aumentando seu
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atrativo para consumo. O caso das pequeninas "maçãs da Mônica" já é um clássico. Miúdas, fora do
padrão premium e azedinhas, elas não tinham grande apelo e eram aproveitadas para produção de
sucos. Mas foram reconceituadas como produto para crianças, com o reforço publicitário de um
personagem famoso de HQ infantil, abrindo seu espaço no mercado. Hoje, fala-se que as azedinhas
representam mais de 10% do mercado nacional de maças.
No complexo sistema de produção alimentar, dificilmente uma só coisa resolve um grande
problema. É um setor multidisciplinar e, muitas vezes, a solução para seus desafios não está somente
ao longo da cadeia produtiva, mas também na ponta do abastecimento, na mente do consumidor.
Evitar que uma enormidade de alimentos acabe no lixo parece ser um de seus desafios essenciais.
Vital para a sustentabilidade do setor. E o marketing pode ajudar bastante.
(Coriolano Xavier é vice-presidente de Comunicação do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), professor do
Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM.)
http://www.abras.com.br/home/redacao-portal/cultura/?materia=20096

Texto II

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INSTRUÇÕES:
• O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
• O texto definitivo deverá ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
• A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de
Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
• tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.
• fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
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• apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos.


• apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

Formação identitária de grupos minoritários Autoral 2020 (Wagner Santos)

Texto 1
Turbante, dreadlocks, cocar, desenhos tradicionais. Símbolos culturais e estéticos que, se por
um lado ajudam a compor o imaginário de nação miscigenada, também carregam seu valor
simbólico de resistência dentro da comunidade na qual estão inseridos. No palco dos sincretismos,
diversos atores e culturas se misturam, não sem provocar polêmica e discussões que muitas vezes
não arranham mais que a superfície da questão.
Enquadra-se aí o debate sobre “apropriação cultural”, tema que vem dividindo opiniões
desde que sites e jornais repercutiram o caso de uma garota branca que teria sido repreendida por
duas mulheres negras porque usava um turbante.
A educadora e pesquisadora de dinâmicas raciais Suzane Jardim afirma que, toda vez que
emerge, essa discussão é erroneamente deslocada para o âmbito do “purismo cultural”, na qual
apenas os responsáveis pela criação de um determinado elemento teriam autorização de utilizá-lo.
Longe disso, o que está em jogo segunda ela é a forma como se dá a interação entre grupos
historicamente marginalizados e seus antagonistas – relação que seria marcada por “preconceito,
exclusão, etnocentrismo, poder e capitalismo”.

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“Vemos a diferença sistêmica entre os que usam esses elementos como adorno e os que usam
por princípio, religião ou resgate de uma identidade”, diz Jardim. “Quando falam em cultura, os
negros se referem muito mais a resistência e racismo do que à origem dos elementos,
propriamente”.
Disponível em: revistacult.uol.com.br. Acesso em: 23/07/2019.

Texto 2
Há algum tempo, havia uma preocupação em relacionar a questão da identidade à
nacionalidade do indivíduo. Era importante impor um laço de pertencimento ao território onde o
sujeito se encontrava. Para este não havia necessidade, pois sabia que pertencia àquele lugar, ali
estavam suas origens e suas relações sociais que eram concentradas no domínio da proximidade.
Não havia dúvidas quanto à veracidade de sua nacionalidade.
Mas, com o nascimento do Estado moderno, surgem mudanças e o indivíduo, que antes
mantinha uma relação de proximidade, começa a ser deslocado daquele lugar ao qual pertencia. Um
bom exemplo das transformações ocorridas está na revolução dos transportes, que propiciaram
uma rápida expansão dos territórios. Dessa forma, com o desenvolvimento das regiões e a
consequente legitimação da nação, o problema da identidade seria visto de forma positiva e as
pessoas assim admitiriam sua nacionalidade/identidade.
Nesse sentido, podemos observar que, desde o início, a identidade nacional foi vista como
um marco da soberania do Estado. Por muitas vezes, para se mantê-la, mesmo que incompleta, fazia-
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se um esforço gigantesco e usava-se uma pequena dose de força para que a nacionalidade fosse
protegida. Vale salientar que as identidades consideradas “menores” só seriam aceitas se não
violassem a lealdade nacional, pois o Estado detinha o poder e nada poderia estremecê-lo.
Atualmente, podemos perceber que muitas foram as mudanças ocorridas. As preocupações
contemporâneas transcenderam a simples (se podemos assim dizer) questão da identidade
nacional. Na sociedade pós-moderna, temos assistido a uma profusão de transformações,
principalmente no campo das relações interpessoais, fazendo com que haja mudanças no
comportamento dos sujeitos.
Segundo Bauman (2005), a “identificação” se torna cada vez mais importante para os
indivíduos que buscam desesperadamente um “nós” a que possam pedir acesso. As “novas” relações
começam a interferir em nossas construções cotidianas, nossas práticas sociais, como forma de
entendimento do mundo. Com isso, as identidades, antes consideradas seguras e estáveis, começam
a fragmentar-se. Tudo o que somos e pensamos advém de nosso contato com o mundo. Nesse
sentido, um “eu” verdadeiro, um sujeito singular não é possível no contexto da pós- modernidade,
pois seria determinado por uma série de situações, seria um simulacro de um sujeito real. Hall (2005)
aponta que as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram a vida social, estão em declínio,
fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como sujeito
unificado. Não há mais uma identidade una, centralizada, mas um sujeito plural, heterogêneo. Dessa
forma, ao refletirmos sobre a questão do sujeito na era da globalização, vislumbramos carências,
dúvidas e urgências, presentes nesse indivíduo, perdido em suas inseguranças, com a necessidade
emergencial de pertencer a algum lugar. Será esse um colapso do sujeito moderno? Uma crise de
identidade? Como observa Mercer (1990, p. 43), “a identidade somente se torna uma questão

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quando está em crise, quando algo que se supõe como fixo, coerente e estável é deslocado pela
experiência da dúvida e da incerteza”.
(Sheila da Silva Monte. A IDENTIDADE DO SUJEITO NA PÓS-MODERNIDADE: ALGUMAS REFLEXÕES. ITABAIANA:
GEPIADDE, Ano 6, Volume 12/jul-dez de 2012.)

A partir dos textos acima, que têm caráter unicamente motivador, redija, utilizando a modalidade
padrão da língua escrita, um texto dissertativo-argumentativo que verse acerca do seguinte tema:

A construção identitária das minorias e grupos de exclusão no Brasil do século XXI

Em seu texto:
• Defina minorias e grupos de exclusão;
• Aborde as práticas sociais que auxiliam na construção da identidade das minorias e
dos grupos de exclusão.

Vigilância previne ou não desobediências Autoral 2020 modelo UERJ (Wagner Santos)
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Uma das figuras mais importantes para a obra 1984, de George Orwell, é o Big Brother, entendido
de muitas formas, inclusive por seu processo de vigilância perpétuo. A ideia se relaciona diretamente
com a noção de que a vigilância constante evita maiores problemas e desobediências.

A partir da leitura do romance, escreva uma redação dissertativo-argumentativa, com 20 a 30 linhas,


em que discuta a seguinte questão:

A vigilância constante é capaz de diminuir a necessidade de se cometerem desobediências?

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Seu texto deve atender à norma-padrão da língua portuguesa, conter um título, além de ser
inteiramente escrito com caneta, sem apresentar qualquer identificação.

Apropriação cultural Autoral 2020 modelo UNESP (Wagner Santos)

Texto 1
Turbante, dreadlocks, cocar, desenhos tradicionais. Símbolos culturais e estéticos que, se por um lado
ajudam a compor o imaginário de nação miscigenada, também carregam seu valor simbólico de resistência
dentro da comunidade na qual estão inseridos. No palco dos sincretismos, diversos atores e culturas se
misturam, não sem provocar polêmica e discussões que muitas vezes não arranham mais que a superfície da
questão.
Enquadra-se aí o debate sobre “apropriação cultural”, tema que vem dividindo opiniões desde que
sites e jornais repercutiram o caso de uma garota branca que teria sido repreendida por duas mulheres
negras porque usava um turbante.
A educadora e pesquisadora de dinâmicas raciais Suzane Jardim afirma que, toda vez que emerge,
essa discussão é erroneamente deslocada para o âmbito do “purismo cultural”, na qual apenas os
responsáveis pela criação de um determinado elemento teriam autorização de utilizá-lo.
Longe disso, o que está em jogo segunda ela é a forma como se dá a interação entre grupos
historicamente marginalizados e seus antagonistas – relação que seria marcada por “preconceito, exclusão,
etnocentrismo, poder e capitalismo”.
“Vemos a diferença sistêmica entre os que usam esses elementos como adorno e os que usam por
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princípio, religião ou resgate de uma identidade”, diz Jardim. “Quando falam em cultura, os negros se
referem muito mais a resistência e racismo do que à origem dos elementos, propriamente”.

Disponível em: revistacult.uol.com.br. Acesso em: 23/07/2019.

Texto 2
Ultimamente tem se falado muito sobre apropriação cultural nas redes sociais. Textos e mais textos
sobre o tema, discussões, muitas vezes infrutíferas, e esvaziamento de conceitos. Sim, acredito que é
necessário se discutir essa questão com seriedade, porém, sem intransigências e desonestidade. Há
colunistas, por exemplo, escrevendo que apropriação cultural não existe, e por outro lado, pessoas
colocando a responsabilidade nos indivíduos, ignorando as questões estruturais. Acredito que ambos os
caminhos são equivocados.
Precisamos entender como o sistema funciona. Por exemplo: durante muito tempo, o samba foi
criminalizado, tido como coisa de “preto favelado”, mas, a partir do momento que se percebe a possibilidade
de lucro do samba, a imagem muda. E a imagem mudar significa que se embranquece seus símbolos e atores
para com o objetivo de mercantilização. Para ganhar dinheiro, o capitalista coloca o branco como a nova cara
do samba.
Por que isso é um problema? Porque esvazia de sentido uma cultura com o propósito de
mercantilização ao mesmo tempo em que exclui e invisibiliza quem produz. Essa apropriação cultural cínica
não se transforma em respeito e em direitos na prática do dia a dia. Mulheres negras não passaram a ser
tratadas com dignidade, por exemplo, porque o samba ganhou o status de símbolo nacional. E é
extremamente importante apontar isso: falar sobre apropriação cultural significa apontar uma questão que
envolve um apagamento de quem sempre foi inferiorizado e vê sua cultura ganhando proporções maiores,
mas com outro protagonista.

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Disponível em: https://azmina.com.br/. Acesso em: 23/07/2019.

A partir dos textos acima, que têm caráter unicamente motivador, redija, utilizando a modalidade padrão da
língua escrita, um texto dissertativo-argumentativo que verse acerca do seguinte tema:

Apropriação cultural: soma de culturas ou violência cultural?

Desvalorização do idoso na pandemia de Covid-29 Autoral 2020 modelo FUVEST (Fernando


Andrade)

Leia o texto abaixo, para fazer sua redação.

Vice-governador do Texas sugere que idosos arrisquem a vida pela economia (UOL 24/03/2020)
O vice-governador do Texas, Dan Patrick, sugeriu em um programa de TV da Fox News que as
pessoas devam voltar às suas vidas normais em meio a pandemia de coronavírus para salvar a
economia dos Estados Unidos. Na entrevista ao jornalista Tucker Carlson, o político disse que até
mesmo os idosos devem deixar o isolamento preventivo. (...)
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Segundo Patrick, ver a economia dos EUA em colapso após um possível fechamento de três
meses é pior que a morte. "Nosso maior presente que damos ao nosso país, nossos filhos e netos, é
o legado de nosso país", afirmou o vice-governador. "E agora, isso está em risco, e eu sinto que,
como disse o presidente, a taxa de mortalidade é tão baixa, temos que fechar o país inteiro por
isso?".
Os posicionamentos de Dan Patrick não foram bem recebidos nas redes sociais dos EUA e ele
recebeu muitas críticas.
(Disponível em https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2020/03/24/vice-governador-do-texas-sugere-que-idosos-
arrisquem-a-vida-pela-economia.htm, acessado em 30.03.2019 ).

Em 2014, a FUVEST solicitou que o candidato emitisse sua opinião sobre a frase de Taro Aso de que
“os velhos deveriam se apressar em morrer”. Na época, foi solicitado um texto que discutisse o
significado da frase no mundo atual.
Passados seis anos, em plena crise do coronavírus, uma frase semelhante foi ouvida de uma
autoridade pública. Sendo assim, vale a pena voltar ao tema. O que se propõe agora é o seguinte:
Dada a desvalorização do idoso, disserte sobre a questão do valor social das pessoas mais velhas.
Elas deveriam ser valorizadas somente se houver algum ganho? Há ganhos na preservação da
vida dessas pessoas? Quais são os valores que devem servir de premissa para a preservação da
vida do idoso?

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Imigrantes Autoral 2020 modelo FUVEST (Fernando Andrade)

Refugiados
Itália: “Acabou o recreio, façam as malas e partam”, diz Salvini aos imigrantes
Os anúncios aconteceram no mesmo dia em que naufragava mais uma barcaça com 180 pessoas a
bordo. Apenas 68 sobreviveram

Matteo Salvini, líder da Liga e novo ministro do Interior italiano, lançou no domingo (3) na Sicília a
nova campanha anti-refugiados. A principal mensagem de Salvini dirigiu-se à Europa: “Ou a UE nos
ajuda, ou escolheremos outras vias”. Ele anunciou também o encerramento dos portos italianos aos
barcos das organizações não governamentais que realizam operações de socorro.
A imigração é o tema mais mobilizador para a sua base eleitoral e uma preocupação muito difusa.
Por conta disso, ele disse num comício no Norte: “Acabou o recreio para os clandestinos. Façam as
malas e partam.” Um editorialista disse que estas palavras estão no “limite da indecência”. O escritor
Roberto Saviano apelou à resistência: “Desobedecer a este ministro do Interior que quer afogar
pessoas.”
Os anúncios aconteceram no mesmo dia em que naufragava mais uma barcaça com 180 pessoas a
bordo. Ontem, tinham sido recolhidos 43 corpos sem vida, tendo sido salvos 68 fugitivos. As
operações de busca continuavam.
O último relatório da ONU sobre a população mundial prevê que o número de migrantes deverá
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continuar estável até 2050. Entretanto, o ex-ministro do Interior, Marco Minniti, conseguiu reduzir
drasticamente o número de imigrantes nos primeiros cinco meses do ano — 13.500 contra 60 mil
no período homólogo de 2017 — na sequência de negociações com países como a Líbia.
(Disponível em https://www.revistaforum.com.br/italia-acabou-o-recreio-facam-as-malas-e-partam-diz-
salvini-aos-imigrantes/, acessado em 20.04.2019)

Considere as opiniões expressas pelo político italiano, considerando todas as implicações em torno
do fato: éticas, culturais, sociais e econômicas.
O que essas opiniões revelam sobre a sociedade contemporânea? O que a motiva? Essa ideia seria
possível no Brasil? Como as jovens gerações encaram os movimentos migratórios?
Escolhendo, entre os diversos aspectos do tema, os que você considerar mais relevantes, redija um
texto em prosa, no qual você avalie as posições do Ministro, supondo que esse texto se destine à
publicação – seja em um jornal, uma revista ou em sum site da internet.

Epidemia de sífilis no Brasil UEA 2018/2020

Texto 1
O Brasil vive uma nova epidemia de sífilis, uma doença sexualmente transmissível que parecia
existir, para a maior parte da população, apenas nos livros de história. A doença, causada por uma
bactéria, pode levar a problemas de fertilidade e até a morte, se não tratada.

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O Ministério da Saúde divulgou dados recentes mostrando que o número de pessoas


infectadas no Brasil aumentou 32,7% entre 2014 e 2015 e algumas mudanças comportamentais
ajudam a entender porque a bactéria voltou a assustar.
Os jovens de 13 a 15 anos estão se protegendo menos na hora do sexo, segundo um
levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2012, 75% dos
entrevistados usaram preservativo em sua última relação sexual. No ano passado, apenas 66%
fizeram uso da camisinha.
Para reverter esse quadro, será preciso investir mais do que em campanhas que elucidem
sobre os perigos do sexo sem camisinha, mas que contemplem a prevenção nas diferentes formas
de exercer a sexualidade. A camisinha, seja masculina ou feminina, ainda é o único método
contraceptivo capaz de impedir a transmissão de DSTs. “Os adolescentes estão transando e não há
nada que os impeça. O objetivo é apostar em conhecimento, e não no medo, como foi feito anos
atrás”, diz Lena Vilela, educadora sexual. As campanhas de prevenção devem focar nas novas formas
de exercer a sexualidade, dando abertura para que as pessoas possam discutir abertamente com
seus médicos seus comportamentos e as melhores formas de se prevenir.
(Bruna de Alencar. “Por que o Brasil vive uma epidemia de sífilis?”. www.epoca.globo.com, 01.11.2016. Adaptado.)

Texto 2
Segundo o ginecologista e obstetra Dr. Ricardo Luba, na década de 70, o Brasil também passou
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por uma epidemia de sífilis semelhante a que estamos vendo agora devido à liberação sexual e aos
valores que foram contestados na época. Para ele, a falta de cuidado consigo mesmo é algo muito
enraizado na mentalidade dos brasileiros. Isso rebate conceitos preconceituosos, tanto é que
pessoas do mais alto nível intelectual também podem contrair, devido à negligência com o próprio
corpo, algo que vem acontecendo com homens e mulheres ao redor do mundo.
O principal fator é a falta do uso de preservativo associado a um comportamento de risco,
que implica na rotatividade de parceiros e parceiras. Não há problema em ter uma vida sexual
agitada desde que você se proteja e faça exames de rotina com certa regularidade. Quando
descoberta no estágio primário, a sífilis pode ser tratada com uma dose única de penicilina benzatina
intramuscular. O problema maior começa a surgir quando o diagnóstico não é feito rapidamente.
(Débora Stevaux. “5 perguntas para entender a epidemia de sífilis no Brasil”. www.claudia.abril.com.br, 21.04.2017. Adaptado.)

Texto 3
Segundo a médica colaboradora da Organização Mundial de Saúde (OMS), Nemora Barcellos,
o esgotamento do impacto das campanhas de uso de preservativos e da sua ampla disponibilização
parece ser um dos fatores do agravamento dos casos de sífilis. Para ela, a principal forma de
prevenção é o uso de preservativos no ato sexual. Por outro lado, a implicação do desabastecimento
de penicilina afeta a evolução individual da doença e a possibilidade de cura, já que o tratamento
correto e completo também é considerado uma forma eficaz de controle, pois interrompe a cadeia
de transmissão. Além disso, o tratamento de ambos os parceiros é muito importante na prevenção
para impedir que ocorra a reinfecção, garantindo que o ciclo seja interrompido.

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Para a médica, o histórico de prática sexual sem uso de preservativos deve ser investigado
com seriedade em consultas, seja na atenção básica, seja com especialistas da área de ginecologia
ou urologia. A existência de testes rápidos para sífilis facilita muito a investigação.
(Marina Wentzel. “Como se proteger da epidemia de sífilis no Brasil?”. www.bbc.com, 24.09.2016. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A epidemia de sífilis no Brasil é resultado do comportamento dos jovens ou de problemas do
sistema de saúde?

Selfies FAMERP 2017

Texto 1
O respeitabilíssimo Dicionário Oxford, o mais extenso da língua inglesa, anunciou que um
novo verbete passaria a figurar em suas páginas: selfie, que reúne o substantivo “self” (eu, a própria
pessoa) e o sufixo “-ie”. Eis sua definição: “Fotografia que alguém tira de si mesmo, em geral com
smartphone ou webcam, e carrega em uma rede social.”
(Rafael Sbarai. “Selfie é a nova maneira de expressão e autopromoção”. veja.abril.com.br, 23.11.2013. Adaptado.)
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Texto 2
O professor de psicologia da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, Keith Campbell,
sugere que um dos motivos que nos fazem amar selfies é porque elas são uma forma de expressão
criativa. Ele afirma que a selfie é uma variação moderna dos autorretratos dos artistas.
As selfies também nos permitem exercer um nível de controle maior sobre como os outros
nos enxergam online, e isso é um grande apelo. Graças às câmeras dos celulares localizadas na
frente, podemos tirar inúmeras fotos de nós mesmos até conseguir a imagem que nos mostra
exatamente como queremos – uma imagem a qual nos sentimos felizes de compartilhar com o
mundo online. Curioso notar que uma pesquisa sugere que essa “auto representação seletiva” pode
na verdade aumentar nossa autoestima e confiança.
E os benefícios potenciais da selfie não param aí. As selfies têm uma característica espontânea
e íntima que vem mudando a maneira com que documentamos, compartilhamos e celebramos
eventos. Quando encontramos uma celebridade, não buscamos mais um autógrafo impessoal, nem
precisamos usar cartões postais para dividir as memórias de uma viagem bacana. Pelo contrário,
capturamos esses momentos únicos e compartilhamos com nossos amigos imediatamente. A Dra.
Andrea Letamendi explica que “psicologicamente, podem haver benefícios em se compartilhar
selfies porque essa prática está impregnada em nossa cultura e é uma maneira de se interagir
socialmente com outros.”
(“O que seu selfie diz sobre você? A ciência por trás da nossa obsessão”. www.shutterstock.com. Adaptado.)

Texto 3

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Na mitologia grega, Narciso era conhecido por sua beleza, mas, ao ver-se refletido nas águas
de uma fonte, apaixonou-se por si mesmo. E, em busca desse amor impossível, fundiu-se consigo
mesmo e sucumbiu na própria imagem. Trazendo para o atual contexto, podemos ver o narcisismo
nas tecnologias, principalmente com o uso das redes sociais e as tão faladas selfies, que não estariam
ligadas apenas à intenção de se expor, através de um autorretrato, mas também a uma busca pelo
elogio e pelo olhar do outro para ser admirado, reconhecido e, assim, amado.
O que é muito discutido atualmente é se toda essa exposição e busca revela um sintoma da
sociedade, cada vez menos interessada nas relações de fato e reais, à medida que apenas investe na
proliferação de imagens, que não necessariamente traduzem o sentido real, ou seja, se o indivíduo
de fato está feliz e bem. Mas essa busca por ser admirado e amado, de modo tão instantâneo, traduz
os reais sentimentos? E, ao final, o indivíduo que terá muitas curtidas e elogios realmente se sentirá
melhor?
Dessa forma, cada vez mais as relações se tornam superficiais, ou seja, quando o indivíduo
está realmente em contato com o outro, pouco expõe o que deseja, sente, pensa, já que está tão
voltado para a sua selfie.
(“O narcisismo na contemporaneidade: o mal-estar da era das selfies”. http://lounge.obviousmag.org, setembro de 2014. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, de
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o seguinte tema:
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Selfies: mecanismo de interação social ou narcisismo em excesso?

Remoção de órgãos saudáveis para prevenir o câncer FAMECA 2016

Texto 1
A decisão de Angelina Jolie de remover um órgão para prevenir a incidência de câncer gerou
repercussão mundial mais uma vez, lançando luz sobre a solução indicada por especialistas para os
casos de quem apresenta mutação no gene BRCA1. Angelina, que perdeu a mãe, a avó e a tia para a
doença, retirou as mamas (mastectomia) em 2013 e, recentemente, fez cirurgia para a remoção de
ovários e trompas de Falópio (tubas uterinas). Patricia Prolla, professora de Genética da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenadora da Rede Nacional de Câncer
Familial, ressalta que a decisão da atriz em nada tem a ver com exagero ou automutilação: “O que
ela está fazendo é alertar para um risco muito alto e está tentando desmistificar uma conduta que
é agressiva, mas necessária.”.
(“Entenda a mutação do gene de Angelina Jolie”. http://zh.clicrbs.com.br, 27.03.2015. Adaptado.)

Texto 2
Segundo o Dr. Antonio Luiz Frasson, mastologista do Hospital Albert Einstein, tumores nas
mamas associados à mutação do gene BRCA1 afetam mulheres mais jovens, justamente uma faixa
etária na qual alguns métodos de rastreamento, como a mamografia tradicional, podem se revelar
menos eficientes. O rastreamento familiar e os exames moleculares permitem identificar se há

Propostas 30
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suscetibilidade hereditária a mutações. Quando confirmada a mutação genética, particularmente do


gene BRCA1, a mastectomia é, sim, um eficiente recurso preventivo.
(“Mastectomia profilática: fazer ou não?”. www.einstein.br, 12.06.2013. Adaptado.)

Texto 3
Uma mulher com alto risco para câncer de mama pode optar por não fazer a mastectomia
preventiva. Uma alternativa é redobrar o acompanhamento das mamas, partindo para exames de
rastreamento, como ultrassom e mamografias, em intervalos de tempos mais curtos, por exemplo.
O objetivo, nesse caso, é identificar o câncer numa fase muito precoce e iniciar o tratamento
adequado a partir desse diagnóstico. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que, se
a doença for detectada em estágio inicial, a chance de cura chega a 90%.
(“Mastectomia preventiva: cirurgia”. www.minhavida.com.br. Adaptado.)

Texto 4
A cirurgia de retirada dos ovários, das trompas e das mamas não é a única forma de prevenir
o câncer nesses locais. Uma alimentação equilibrada, aliada a exercícios físicos e a um rigoroso
acompanhamento médico, pode evitar o crescimento de tumores e impedir a mutilação. “A retirada
dos órgãos diminui em 90% a possibilidade de a mulher ter a doença, mas não a extingue por
completo”, afirma Reynaldo Augusto Machado Júnior, ginecologista da Beneficência Portuguesa de
São Paulo. Outro agravante da retirada dos ovários é a menopausa precoce, que pode trazer
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sintomas depressivos, osteoporose desencadeada pela perda de massa óssea e queda na libido. A
reposição hormonal pode ajudar a evitar esses sintomas, mas, por ter potencial cancerígeno,
também aumenta a chance de desenvolver outros tipos de câncer.
(“Cirurgia de Angelina para evitar câncer leva à menopausa e queda da libido”. http://noticias.uol.com.br, 24.03.2015. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

Remoção de órgãos saudáveis para evitar o câncer: prevenção necessária ou conduta exagerada?

Criação dos filhos UFGRS 2019

Considere a seguinte situação.


Você foi aprovado no vestibular e começou a frequentar a Universidade. No primeiro
semestre, você está cursando a disciplina de Língua Portuguesa e, nela, está vivenciando atividades
de leitura e produção textual.
Na última aula, foi lido e discutido por todos os presentes o texto do psicanalista Contardo
Calligaris, “Os adolescentes que merecemos” (colocado a seguir). As ideias apresentadas pelo
psicanalista têm grande força argumentativa e expressam um ponto de vista bem definido.
Evidentemente, durante a discussão em sala de aula, muitas opiniões surgiram sobre o texto:
algumas favoráveis, outras contrárias. Essa diferença de opiniões, quando feita nos limites da

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tolerância e do respeito, é bem-vinda, pois ela possibilita instaurar um debate bem fundamentado
a respeito de qualquer assunto.
Após a discussão, ficou decidido que você deverá produzir um texto dissertativo sobre as
ideias expressas pelo autor. Além disso, foi decidido também que você lerá seu texto, na próxima
semana, integralmente, em voz alta, para todos os colegas da turma da faculdade.
Ora, tendo em vista essa situação, é fundamental que sua opinião seja apresentada de modo
articulado, em um conjunto de ideias claras e consistentes. Para desenvolvê-la, você pode se valer,
além das ideias do texto de Contardo Calligaris, de exemplos pessoais, situações presenciadas, fatos,
acontecimentos, enfim, tudo o que possa ajudá-lo a sustentar de maneira qualificada suas ideias e
a convencer os colegas de turma de que seu posicionamento a respeito do texto do psicanalista é
defensável. Em resumo, você deverá escrever um texto dissertativo que:
a) apresente claramente sua opinião e seu ponto de vista sobre as ideias expressas pelo autor do
texto a seguir;
b) desenvolva argumentos que permitam fundamentar sua opinião e seu ponto de vista

Os adolescentes que merecemos


Contardo Calligaris ABBY SUNDERLAND nasceu na Califórnia, em outubro de 1993. A família vivia num barco, ao longo da costa do Pacífico.

O irmão mais velho de Abby, Zac, aos 17 anos, tornou-se o mais jovem velejador a circum-
navegar a Terra sozinho. O recorde de Zac não resistiu muito tempo: logo, Michael Perham, um
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adolescente inglês um ano mais jovem que Zac, completou sua volta solitária ao mundo. Note-se
que Perham, aos 14 anos, já tinha atravessado o Atlântico sozinho.
Abby também, desde seus 13 anos, sonhava em circum-navegar a Terra. No começo deste
ano, aos 16, sozinha, ela largou as amarras de seu veleiro de 12 metros e desceu o Pacífico Sul.
Passou o Cabo Horn, atravessou o Atlântico e passou o Cabo de Boa Esperança, lançando-se no
Oceano Índico. Entre a África e a Austrália, Abby encontrou uma tempestade à qual o mastro de seu
barco não resistiu. No sábado passado, depois de dois dias à deriva num mar infernal, ela foi
resgatada.
Pela internet afora e na imprensa dos EUA, os pais de Abby estão sendo criticados por um
coro indignado: como vocês puderam deixar uma menina de 16 anos errar sozinha pelo mar e pelos
portos? Fora tsunamis e tempestades, o que dizer dos meses insones espreitando o mar e o vento a
cada meia hora, da solidão, do trabalho incessante, do frio, do desconforto de uma navegação
solitária ao redor do mundo? E os piratas ao sul da Malásia? Por qual permissividade maluca vocês
aceitaram que Abby se lançasse numa aventura que seria arriscada para gente grande? Já a bordo
do barco que a resgatou, Abby escreveu no seu blog: "Há uma quantidade de coisas que as pessoas
podem estar a fim de culpar pela minha situação: minha idade, a época do ano e muito mais. A
verdade é que passei por uma tempestade, e você não navega pelo Oceano Índico sem entrar em,
no mínimo, uma tempestade. Não foi a época do ano, foi apenas uma tempestade do Oceano Sul.
As tempestades fazem parte do pacote quando você veleja ao redor do mundo. No que concerne à
idade, desde quando a mocidade do velejador cria ondas gigantescas?".

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Se você duvida que Abby tivesse a maturidade necessária para sua empreitada, leia o diário
da viagem (www.soloround.blogspot.com) – sobretudo as notas de Abby durante a interminável
navegação no Atlântico Sul.
Os que censuram os pais de Abby afirmam que nunca autorizariam seus rebentos a velejar
sozinhos ao redor do mundo porque, aos tais rebentos, falta seriedade e falta experiência. Eles
devem ter razão – afinal, eles conhecem seus filhos. Mas cabe perguntar: essa falta de seriedade e
experiência é efeito de quê? Da simples juventude? Duvido: La Pérouse, o navegador francês, aos
17 anos, em 1758, já estava combatendo os ingleses ao largo de Terra Nova. Então, efeito de quê?
Pois é, provavelmente, os mesmos pais que se indignam com a "irresponsabilidade" dos genitores
de Abby permitem a seus filhos, mais jovens que Abby, de sair em baladas nas quais os únicos adultos
são os que vendem drogas e bebidas.
Será que a volta para casa de madrugada, num carro dirigido por amigos exaustos, exaltados
ou sonolentos, é menos perigosa do que a circum-navegação do mundo num veleiro pilotado por
Abby, animada há anos por um desejo intenso e focado? E, de qualquer forma, qual das duas
experiências você prefere para seus filhos?
O fato é que muitos pais preferem que os filhos errem como baratas tontas, de festinha em
festinha. Por quê? Simples: assim, os filhos ficam infinitamente mais dependentes. E os pais
modernos, em regra, querem os filhos por perto; eles adoram que os filhos demonstrem que eles
não são suficientemente maduros para sair pelo mundo e para correr os riscos que o desejo acarreta.
Não deveríamos nos perguntar qual é a loucura dos pais que empurraram Zac, Abby e Michael
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mar adentro, mas qual é a loucura dos pais que preferem largar seus filhos nas noites, em que vodca,
cerveja, maconha, ecstasy e papo furado servem para convencer os próprios adolescentes de que
ainda não começaram a viver e, portanto, vão precisar dos adultos por muito tempo.
Comentando a aventura de Abby, um pai me disse: "Nunca deixaria minha filha navegar
sozinha, eu não quero perdê-la". Pois é, "não quero perdê-la" em que sentido?
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1706201023.htm. Acesso em: 10 out. 2018.

Redução da maioridade penal FAMEMA 2020

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Texto 2
Tema bastante controverso, a redução da maioridade penal vem conquistando um número
cada vez maior de adeptos, que, pressionados pela sensação generalizada de insegurança, veem a
sua implantação como a única solução imediatamente possível para a diminuição da criminalidade
praticada por menores.
Vige desde o século XIX a teoria de que crianças e adolescentes não possuiriam o
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desenvolvimento intelectual e psicológico completo, necessário e essencial para a responsabilização


criminal nos termos do Código Penal. Considerando-se as transformações ocorridas na sociedade,
em que os jovens têm maior acesso às informações e participam de forma cada vez mais autônoma
das diversas relações sociais, ter-se-ia por indispensável o conhecimento daquilo que é ou não lícito.
Tanto é assim, que o Código Civil prevê a capacidade relativa da pessoa com 16 anos completos,
permitindo-lhe casar, continuar atividade empresária já iniciada, dispor de seu patrimônio em
testamento, ser emancipado, dentre outras hipóteses. Além disso, a Constituição Federal autoriza
que os menores púberes (com 16 anos) possam exercer o direito de voto. Ora, seria inconcebível
pressupor a capacidade intelectiva para tais atos e sustentar que os jovens infratores não possuem
plena consciência dos atos ilícitos porventura cometidos.
A impunidade, certamente, é a causa principal da ocorrência, cada vez maior, de atos ilícitos
entre os adolescentes. Certos de que se capturados sofrerão restrição de liberdade por não mais de
03 anos, os jovens infratores se sentem atraídos por essa vantagem. A impunidade, além de
constranger, desrespeitar e violar os direitos das vítimas de crimes cometidos por menores
infratores, incentiva a prática de novos crimes, bem como a formação de novos infratores.

Izabelle Rhaissa F. Moreira. “Argumentos favoráveis à redução da maioridade penal”. https://jus.com.br, fevereiro de 2017. Adaptado.

Texto 3
“Se prisão resolvesse alguma coisa, nós deveríamos ser um país muito mais seguro”, comenta
Rafael Custódio, coordenador do programa de justiça da ONG Conectas Direitos Humanos. O sistema
prisional brasileiro atravessa problemas históricos, como a superlotação e o alto índice de

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reincidência criminal. De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça, um em cada quatro
condenados volta a cometer crimes. Nesse cenário, Custódio aponta que inserir menores de idade
no sistema penal adulto contribuiria para que a violência aumentasse ao invés de diminuir. “O Brasil
criou um sistema carcerário que viola direitos, não recupera ninguém e só produz mais violência.
Diante dessa realidade, nós queremos trazer os adolescentes para essa lógica? Não faz sentido”.
Heloisa de Souza Dantas, mestre em Psicologia Comunitária pela Michigan State University,
também afirma que a redução da maioridade penal não é o caminho para combater a violência.
Além de investimentos em educação e saúde, a psicóloga defende que a sociedade deve mudar o
tratamento dado a esse assunto. “É um país que precisa olhar os adolescentes como seus filhos e
não como inimigos”. Sobre o debate acerca do assunto, a psicóloga acha que está se formando uma
“cortina de fumaça” que desvia as atenções do problema real. A maioria dos atos infracionais
cometidos por jovens estão relacionados ao tráfico de drogas, enquanto crimes hediondos
representam um número menor. Souza aponta que um investimento maior em inteligência policial
ajudaria a pegar os “peixes grandes” do tráfico de drogas ao invés de manter a política de
encarceramento em massa, que não tem ajudado a reduzir os índices de violência no Brasil.

Natália Silva. “Os riscos da redução da maioridade penal”. www.cartacapital.com.br, 08.11.2018. Adaptado.

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto
dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
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A redução da maioridade penal pode colaborar para a diminuição da violência no Brasil?

Liberdade, opressão e injustiças sociais UEMA 2016

UEMA 2016
Os textos a seguir problematizam questões sociais. No texto I, o capítulo “Baleia”, de Vidas
Secas, apresenta e representa a condição humana, tentando criar novos caminhos. No texto II, o
crítico Hermenegildo Bastos diz que Baleia é figuração dos derrotados, uma consciência ao mesmo
tempo individual e coletiva que vive tanto o mundo da opressão, como o sonho de liberdade. No
texto III, “Cidade Prevista”, de Drummond, o sonho poético é de “um mundo ordenado, uma pátria
sem fronteiras”, em que todo homem carrega a responsabilidade de transformar as injustiças
sociais.

Texto I
Baleia
A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos,
as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas
de moscas.

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Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com
o sacatrapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito. Ao chegar às
catingueiras, modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos traseiros e
inutilizou uma perna de Baleia.
Baleia pôs-se a latir e desejou morder Fabiano. Realmente não latia: uivava baixinho, e os
uivos iam diminuindo, tornavam-se quase imperceptíveis. Não poderia morder Fabiano: tinha
nascido perto dele, numa camarinha, sob a cama de varas, e consumira a existência em submissão,
ladrando para juntar o gado quando o vaqueiro batia palmas.
Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num
mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se
espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. Um mundo ficaria
todo cheio de preás, gordos, enormes.
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 127 ed. Rio de Janeiro: Record, 2015. (Com adaptações)

Texto II
Posfácio
Baleia é a figuração dos derrotados, mas transmite universalidade. Uma consciência ao
mesmo tempo individual e coletiva vive o mundo da opressão, mas também o sonho de liberdade.
O sonho termina em delírio porque não há lugar para ele, só pode ser realizado pela transformação
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do mundo.
Arte é liberdade, como tal se opõe ao mundo da opressão em que vivemos. O trabalho
literário é, assim, ao mesmo tempo, amaldiçoado porque lembra ao homem, pelo revés, a sua falta
de liberdade, mas também o espaço de resistência porque reafirma o horizonte da liberdade.
A primeira coisa que nos diz uma obra de arte é que o mundo da liberdade é possível, e isso
nos dá força para lutar contra o mundo da opressão. A arte é a antítese da sociedade.
BASTOS. Hermenegildo. Posfácio, Inferno, Alpercata: trabalho e liberdade em Vidas Secas.
In: RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 2015. (Com adaptações)

Texto III
Cidade Prevista
[...]
Irmãos, cantai esse mundo
que não verei, mas virá
um dia, dentro em mil anos
talvez mais... não tenho pressa.
Um mundo enfim ordenado,
uma pátria sem fronteiras

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sem leis e regulamentos,


uma terra sem bandeiras,
sem igrejas, nem quartéis,
sem dor, sem febre, sem ouro
um jeito só de viver,
[...] Este país não é meu
nem vosso ainda, poetas.
Mas ele será um dia
o país de todo homem.
ANDRADE, Carlos Drummond de. A Rosa do Povo. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

PROPOSTA DE REDAÇÃO
Para elaborar sua produção textual, considere a leitura das obras indicadas e dos textos
selecionados para compor esta prova. Redija um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, em
que defenda seu ponto de vista, de modo coerente, acerca do tema:
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O MUNDO DA LIBERDADE É POSSÍVEL, E ISSO NOS DÁ FORÇA PARA LUTAR CONTRA A OPRESSÃO
E AS INJUSTIÇAS SOCIAIS.

Instruções
• Dê um título à sua redação.
• Utilize a norma padrão da língua.
• Não copie trechos dos textos apresentados na coletânea.
• Não escreva a lápis.
• Escreva de modo legível.
• Obedeça ao que consta no Edital n°80/2015 – REITORIA/UEMA a respeito da correção da Produção
Textual.

Será atribuída nota zero à prova de produção textual (redação) do candidato que identificar
a folha destinada à sua produção textual; desenvolver o texto em forma de verso; desenvolver o
texto sob forma não articulada verbalmente (apenas com números, desenhos, palavras soltas);
fugir à temática e à tipologia textual propostas na prova; escrever de forma ilegível; escrever
menos de quinze linhas; deixar a produção textual (redação) em branco.

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“Uberização” do trabalho Faculdade Israelita Albert Einstein 2020

Texto 1
Nem só de grupos, influenciadores e jogos vivem os aplicativos. Com a queda do número de
vagas formais no mercado de trabalho, as pessoas vêm buscando novas fontes de renda e trabalhar
para aplicativos de serviços é uma delas. Se, por um lado, as novas plataformas propiciam um espaço
para que as pessoas possam obter rendimentos, por outro, geram também questões inerentes ao
século XXI, sobre transformação das relações de trabalho, qualidade de vida e saúde.
No novo modelo, o trabalhador tem mais autonomia sobre seu processo produtivo e horários
de trabalho. Para isso, no entanto, muitos abrem mão de direitos garantidos pela CLT (Consolidação
das Leis do Trabalho), como o décimo terceiro salário e as férias e, em muitos casos, abdicam até
mesmo dos finais de semana. O fenômeno já é conhecido como “uberização do trabalho” e está
sendo estudado por áreas que vão do direito às ciências sociais.
(Mariana Ceci. “Autônomos usam aplicativos para driblar crise financeira no RN”. http://tribunadonorte.com.br, 19.05.2019. Adaptado.)

Texto 2
Uma massa de 5,5 milhões de profissionais brasileiros já trabalha para ou com aplicativos,
segundo a Associação Brasileira Online to Offline, que representa as empresas do setor. Se esses
trabalhadores fossem considerados empregados formais, grupos como Uber, iFood ou Rappi seriam
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os maiores do país em número de funcionários.


O Diretor da associação, Marcos Carvalho, contesta, no entanto, a tese defendida por muitos
atualmente de que haja vínculo trabalhista entre esses profissionais e as empresas. Segundo ele, “o
profissional tem total autonomia e flexibilidade para definir sua jornada de trabalho de acordo com
o que for conveniente, sem ter que prestar nenhuma satisfação com relação ao horário ou à forma
como ele vai realizar entregas, por exemplo. São pessoas que possivelmente estariam com grandes
dificuldades de ter uma fonte de renda. Isso mostra o impacto de inclusão social desses trabalhos
num momento de tanta fragilidade econômica como o que estamos tendo no país.”
(Guilherme Balza. “Brasil já tem mais de 5 milhões trabalhando para aplicativos”. https://cbn.globoradio.globo.com, 05.06.2019. Adaptado.)

Texto 3
As empresas responsáveis pelos aplicativos afirmam que apenas fazem a “ponte” entre as
partes, as quais trabalham de forma autônoma e com liberdade de acordo com sua disposição e
necessidades — um argumento frequente em tempos de “uberização” do trabalho. Mas, para
especialistas, não é bem assim. “Este modelo de trabalho se apoia no discurso do
empreendedorismo, na ideia de você não ter patrão e poder fazer o seu próprio horário”, afirma
Selma Venco, socióloga do Trabalho e professora da Unicamp. Segundo ela, este “discurso neoliberal
camufla a real situação, que é a de precarização não apenas nas relações de trabalho, mas também
nas condições de vida. Há uma superexploração do trabalhador, pois ele terá que trabalhar uma
jornada de 14 ou 15 horas para ter um ganho mínimo, ou seja, irá além dos limites físicos para poder
sobreviver. E sem nenhuma proteção, nenhum direito associado a isso.”

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(Gil Alessi. “Jornada maior que 24 horas e um salário menor que o mínimo, a vida dos ciclistas de aplicativo em SP”. https://brasil.elpais.com,
13.08.2019. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto
dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

“Uberização”: entre a autonomia do trabalhador e a perda de direitos trabalhistas

Fome e desperdício de alimentos Mackenzie 2014

Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.
Obs.: O texto deve ter título e estabelecer relação entre o que é apresentado nos textos da
coletânea.

Texto I
Muitas vezes, tomamos conhecimento de movimentos nacionais e internacionais de luta
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contra a fome. Ficamos sabendo que, em outros países e no nosso, milhares de pessoas, sobretudo
crianças e velhos, morrem de penúria e inanição. Sentimos piedade. Sentimos indignação diante de
tamanha injustiça (especialmente quando vemos o desperdício dos que não têm fome e vivem na
abundância). Sentimos responsabilidade. Movidos pela solidariedade, participamos de campanhas
contra a fome. Nossos sentimentos e nossas ações exprimem nosso senso moral.
Marilena Chauí, filósofa

Texto II
Em todo o mundo joga-se fora ou perde-se, por ano, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos, o
equivalente a um terço da produção total e mais da metade da colheita de cereais. Num cenário em
que a população do planeta deve saltar dos atuais 7 bilhões para 9 bilhões de habitantes até 2050,
impõe-se a revisão urgente dos padrões de consumo e de produção alimentar. Assim, o Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO) decidiram lançar uma campanha de conscientização para tentar
reduzir o desperdício que se verifica, em maior ou menor grau, em todos os países.
O Estado de S.Paulo, 02/02/2013

Texto III
De acordo com um levantamento da FAO (sigla em inglês para “Food and Agriculture
Organization”, agência especializada das Nações Unidas destinada a lidar com assuntos como este),
apesar do número ainda grande de famintos, atualmente por volta de 1 bilhão de pessoas, pela

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primeira vez em quinze anos o número total de pessoas em situação de insegurança alimentar
registrou queda de 10%. Outro dado positivo é que, atualmente, as chamadas fronteiras da fome,
ou seja, o conjunto de países com problemas crônicos de distribuição alimentar, vem diminuindo.
www.infoescola.com, acesso em setembro de 2013

Videogames violentos Mackenzie 2019

Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo. Obs.: O texto
deve ter título e estabelecer relação entre o que é apresentado nos textos da coletânea.
Texto I
O temor de tantos pais e educadores acaba de ganhar um argumento científico a favor:
videogames violentos realmente tornam os jovens menos sensíveis à violência real. Pesquisadores
trabalharam com o conceito de dessensibilização, isto é, a diminuição da resposta emocional,
medida fisiologicamente, a cenas reais de violência. As variáveis avaliadas foram frequência cardíaca
e resposta galvânica da pele (alterações da resistência elétrica da pele, muito sensível à variação dos
estados emocionais).
(Revista Mente-Cérebro)

Texto II
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Eu acho que a tendência em procurar culpados nesses momentos de tragédia existe porque
a situação é tão horrível e absurda que parece que precisamos acreditar que ela só pode ter sido
causada por um elemento externo e poderoso. Hoje são os games, mas já foram os quadrinhos, a
televisão etc. Em relação aos videogames especificamente, o consumo deles ainda é bem atrelado
a crianças e adolescentes no senso comum (embora quando analisamos estudos demográficos sobre
jogos essa visão não se sustenta, já que o gamer médio tem mais ou menos 30 anos) e o “mundo
dos jovens” é sempre colocado como exótico e até meio bizarro, fora da compreensão dos adultos
e cheio de perigos. Aí acaba sendo uma saída mais confortável considerar games violentos culpados
sem levar em conta o isolamento social e sofrimento psicológico que muitas vezes essa mesma
cultura acaba impondo sobre os jovens.
(Beatriz Blanco, pesquisadora de videogames)

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Coronavírus Autoral 2020 modelo UNESP (Fernando Andrade)

Texto I
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Disponível em https://www.agazeta.com.br/charge/charge-do-amarildo-panico-boliche-e-o-coronavirus-
0320, acessado em 12.10.2019.

Texto II
Folha de São Paulo, 28/03/2020
Pandemia leva a guerra estúpida entre 'arautos da vida' e 'campeões da economia' (Demétrio
Magnoli)
Em nome da coerência, a conta da crise precisa chegar às grande fortunas
Economia é vida: inexiste a alternativa de proteger a saúde pública às custas do desligamento
indefinido da produção e do consumo. O humanismo com vista para o mar é tão nocivo quanto o
negacionismo que nasce do desprezo pela ciência.

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Além de indivíduos com espessos colchões financeiros, há profissionais de empresas que


adotaram o home office, empregados de setores que seguem funcionando, funcionários públicos
estáveis.
Desses estratos brotam torrentes incontroláveis de humanismo. Vidas não têm preço, valem
qualquer sacrifício do vil metal, explicam-nos os que não sacrificarão seus empregos ou meios de
sobrevivência. Mas, apesar deles, economia é vida.
Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/demetriomagnoli/2020/03/pandemia-leva-a-guerra-
estupida-entre-arautos-da-vida-e-campeoes-da-economia.shtml , acessado em 12.10.2019.

Texto III
El país (28/03/2020): OCDE calcula que cada mês de confinamento tira dois pontos do PIB
O organismo calcula que a Espanha será uma das economias mais afetadas
Conforme a pandemia de coronavírus avança, a OCDE traça um panorama cada vez mais sombrio
para a atividade. Segundo seus cálculos, por cada mês de confinamento as economias sofrerão uma
perda de aproximadamente dois pontos percentuais do PIB. A conta é a seguinte: o PIB de uma
semana é aproximadamente 2% do de todo o ano (52 semanas). Se este cair 25% durante quatro
semanas, então estão se esfumando dois pontos do PIB ao mês.
(disponível em https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-28/ocde-calcula-que-cada-mes-de-
confinamento-tira-dois-pontos-do-pib.html, acessado em 30.03.2020).

Nesse ano, a crise do coronavirus trouxe à tona uma antiga dicotomia entre economia e vidas
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humanas. Dentro desse contexto e com base nos textos apresentados e em seus próprios
conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da
língua portuguesa, sobre o tema:
Crise do coronavirus: entre a economia e a saúde.

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2.Ética
O carro será o novo cigarro?
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Texto 4
Jaime Lerner, arquiteto e ex-prefeito de Curitiba que priorizou o transporte coletivo na capital
paranaense, chamou o carro de “cigarro do futuro”: “Você poderá continuar a usar, mas as pessoas
se irritarão por isso.” Depois de décadas em que o modelo curitibano, que privilegia corredores de
ônibus, vem sendo copiado no exterior, é ainda lentamente que ganha adeptos no Brasil, com a
adoção de corredores e ciclovias e a discussão de limitar, no Plano Diretor de São Paulo, a oferta de
vagas de garagem. O escritor e empresário australiano Ross Dawson tem opinião parecida à de
Lerner: “Um dia as pessoas vão olhar para trás e se perguntar como era aceitável poluir tanto, da

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mesma forma como hoje pensamos sobre o tempo em que cigarro era aceito em restaurantes,
aviões e lugares fechados.” Nos EUA, o carro perde espaço não apenas como meio de locomoção,
mas também como objeto de desejo e expressão de um certo modo de vida. Demografia e
economia, além da questão ambiental, fazem com que menos jovens tirem carteira de motorista e
cidades invistam em sustentabilidade para atrair moradores. 20% dos jovens americanos entre 20 e
24 anos de idade não têm hoje habilitação — e o mesmo vale para 40% dos americanos de 18 anos.
Em ambos os casos, o número de jovens que não dirigem dobrou entre 1983 e 2013, segundo estudo
da Universidade de Michigan. (Raul Juste Lores. “O declínio de uma paixão”. Folha de S.Paulo,
29.06.2014. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto
dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O carro será o novo cigarro?

Idosos Fuvest 2014

FUVEST/2014
O ministro de finanças do Japão, Taro Aso, disse, na segunda-feira (dia 21), que os velhos deveriam
“apressar-se a morrer”, para aliviar a pressão que suas despesas médicas exercem sobre o Estado.
“Deus nos livre de uma situação em que você é forçado a viver quando você quer morrer. Eu
acordaria me sentindo cada vez pior se soubesse que o tratamento é todo pago pelo governo”, disse
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ele, durante uma reunião do conselho nacional, a respeito das reformas na seguridade social. “O
problema não será resolvido, a menos que você permita que eles se apressem a morrer”.
Os comentários de Aso são suscetíveis de causar ofensa no Japão, onde quase um quarto da
população de 128 milhões tem mais de 60 anos. A proporção deve atingir 40% nos próximos 50 anos.
Aso, de 72 anos de idade, que tem funções de vice-primeiro-ministro, disse que iria recusar os
cuidados de fim de vida. “Eu não preciso desse tipo de atendimento”, declarou ele em comentários
citados pela imprensa local, acrescentando que havia redigido uma nota instruindo sua família a
negar-lhe tratamento médico para prolongar a vida. Para maior agravo, ele chamou de “pessoas-
tubo” os pacientes idosos que já não conseguem se alimentar sozinhos. O ministério da saúde e do
bem-estar, acrescentou, está “bem consciente de que custa várias dezenas de milhões de ienes” por
mês o tratamento de um único doente em fase final de vida.
Mais tarde, Aso tentou explicar seus comentários. Ele reconheceu que sua linguagem fora
“inapropriada” em um fórum público e insistiu que expressara apenas sua preferência pessoal. “Eu
disse o que eu, pessoalmente, penso, não o que o sistema de assistência médica a idosos deve ser”,
declarou ele a jornalistas.
Não foi a primeira vez que Aso, um dos mais ricos políticos do Japão, questionou o dever do Estado
para com sua grande população idosa. Anteriormente, em um encontro de economistas, ele já
dissera: “Por que eu deveria pagar por pessoas que apenas comem e bebem e não fazem nenhum
esforço? Eu faço caminhadas todos os dias, além de muitas outras coisas, e estou pagando mais
impostos”.
theguardian.com, Tuesday, 22 January 2013. Traduzido e adaptado.
Considere as opiniões atribuídas ao referido político japonês, tendo em conta que elas possuem
implicações éticas, culturais, sociais e econômicas capazes de suscitar questões de várias ordens:

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essas opiniões são tão raras ou isoladas quanto podem parecer? O que as motiva? O que elas dizem
sobre as sociedades contemporâneas? Opiniões desse teor seriam possíveis no contexto brasileiro?
Como as jovens gerações encaram os idosos?

Eutanasia Unifesp 2019

Texto 1
A morte continua sendo um tabu. Por isso não falamos dela. Mas quando perguntamos às pessoas
se têm medo da morte, elas costumam responder que, na verdade, têm medo do sofrimento. Da
dor física, claro, mas também da dor psicológica de ter que continuar vivendo em condições
insuportáveis. “Sinto-me preso numa jaula”, dizia Fabiano Antoniani, um tetraplégico italiano que
vivia prostrado desde que sofreu um grave acidente, em 2014, que o deixou sem visão nem
mobilidade. Sabia que ainda podia viver bastante tempo, porque o organismo de um homem forte
de 40 anos pode aguentar muito, mas não queria seguir assim. No final de fevereiro, Antoniani foi à
Suíça – o único país, entre os seis nos quais a eutanásia (a ajuda ao suicídio) está legalizada, que
admite estrangeiros. Ele mesmo, com um movimento dos lábios, acionou o mecanismo que
introduziu o coquetel da morte em sua boca.
A perspectiva de uma longa e penosa deterioração faz com que muitos cidadãos queiram decidir,
por si sós, quando e como morrer. Nas palavras de Ramón Sampedro (tetraplégico espanhol que
recorreu em vão aos tribunais para que o ajudassem a morrer), existe o direito à vida, mas não a
obrigação de viver a qualquer preço. Este é o princípio no qual se baseiam os que propõem a
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despenalização da eutanásia. Ter acesso a uma morte medicamente assistida significaria uma
extensão dos direitos civis.
Romper o tabu da morte exige poder falar com naturalidade dela. A regulamentação da eutanásia
precisa de uma deliberação informada, distante dos apriorismos e dos sectarismos ideológicos.
Sempre haverá opositores porque consideram que as pessoas não podem dispor de sua vida pois
ela só a Deus pertence. Os partidários da regulamentação lembram que o fato de que seja regulada
não obriga ninguém a optar pela eutanásia.
(Milagros Pérez Oliva. “Quem decide como devemos morrer?”. http://brasil.elpais.com, 01.04.2017.
Adaptado.) Texto 2
Professor de antropologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Claudio Bertolli enxerga a
eutanásia como uma questão de liberdade individual. Portanto, cabe ao indivíduo decidir o que
fazer. Essa opinião é compartilhada por Reinaldo Ayer (coordenador do Centro de Bioética do
Conselho Regional de Medicina de São Paulo): “A pessoa deve ter todos os recursos para reverter
ou minimizar uma situação de doença. Mas, mesmo com tudo isso, ela pode decidir por não
continuar. Neste momento, tem que ser dada a ela a possibilidade de escolha.”
A juíza Mônica Silveira (autora do livro Eutanásia: humanizando a visão jurídica) fala que a liberdade
ilimitada não é uma forma de proteger o cidadão: “Começa como permissão e pode se tornar
obrigação. Pode haver pressão social para que idosos e doentes recorram à prática. Quando você
autoriza determinado tipo de prática, não tem como dominar os efeitos de propagação.”
Há seis anos trabalhando em UTIs na Secretaria de Saúde do Distrito Federal, o psicólogo Adriano
Facioli é a favor da prática: “Sem eutanásia as pessoas sofrem. Muitos que poderiam ocupar aquele
leito morrem porque tem alguém condenado submetido a uma distanásia [morte lenta, com grande

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sofrimento]. O que o Estado faz é investir no sofrimento das pessoas, uma vez que não existe acesso
aos cuidados paliativos nem a legalização da eutanásia.”
(“Vida ou morte: os argumentos pró e contra sobre o direito de morrer por aqueles que convivem
com a iminência do fim”. https://tab.uol.com.br. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Eutanásia: entre a liberdade de escolha e a preservação da vida

Redes sociais UNIFESP 2018

Texto 1
Apenas reproduzimos nas redes sociais o que somos na vida off-line. Mas hoje se
convencionou que tudo é culpa da tecnologia. A previsão é sempre de um futuro sombrio, em que
as pessoas não se relacionam, não se falam, não se encontram.
Falava-se a mesma coisa da TV. Para os pessimistas há sempre uma praga tecnológica mais
atual. Os saudosistas olham para o passado e acham que a vida era mais vida lá atrás.
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Não é melhor nem pior. É apenas diferente. Só temos que nos adaptar. As redes sociais
podem, sim, nos dar uma falsa impressão de convivência cumprida. Corremos o risco de viver as
relações de forma superficial. Sabemos da vida alheia, rimos das mesmas piadas, mandamos
coraçõezinhos, distribuímos likes. E, então, voltamos para nossa vida ocupada.
Não dou conta de responder a todos os e-mails, inbox do Facebook, mensagens de WhatsApp.
Fico na intenção. Não é egoísmo. É falta de habilidade em ser onipresente em todas as plataformas.
Nunca estivemos tão em contato mesmo à distância. As redes sociais têm o poder de estreitar
laços e desvendar afinidades até com desconhecidos.
(Mariliz Pereira Jorge. “As redes sociais têm o poder de estreitar laços”. Folha de S.Paulo, 19.02.2015. Adaptado.)

Texto 2
Não podemos supor que as redes sociais tragam somente meras mudanças de costumes,
porque seu peso, associado ao desenvolvimento da informática, é semelhante à introdução da
imprensa, da máquina a vapor ou da industrialização na dinâmica do nosso mundo. As redes sociais
provocam mudanças de fundo no modo como as nossas relações ocorrem, intervindo
significativamente no nosso comportamento social e político. Isso merece a nossa atenção, pois
acredito que uma característica das redes sociais é, por mais contraditório que pareça, a implantação
do isolamento como padrão para as relações humanas.
Ao participar das redes sociais acreditamos ter muitos amigos à nossa volta, ser populares,
estar ligados a todos os acontecimentos e participando efetivamente de tudo. Isso é uma verdade,
mas também uma ilusão, porque essas conexões são superficiais e instáveis. Os contatos se formam
e se desfazem com imensa rapidez; os vínculos estabelecidos são voláteis e atrelados a interesses

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momentâneos. Além disso, as relações cultivadas nas redes sociais se baseiam na virtualidade,
portanto, no distanciamento físico entre as pessoas.
A opinião do outro é apenas a oportunidade para se expressar a sua própria. O outro parece
importar, mas de fato não importa. Importam apenas a própria posição e a autoexposição. Daí a
constante informação sobre as viagens, os pensamentos, as emoções, as atividades de alguém. É
preciso estar em cena e sempre. Há nisso um evidente desenvolvimento do narcisismo e,
consequentemente, do reforço do distanciamento entre as pessoas.
(Dulce Critelli. “A ilusão das redes sociais”. www.cartaeducacao.com.br, 07.11.2013. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
As redes sociais estreitam os laços entre as pessoas ou as tornam egoístas?

Há limite para a liberdade de expressão? UNICAMP 2018

Considere a seguinte situação: uma postagem recente em uma rede social de uma mensagem de
ódio contra os nordestinos foi foco de intensa discussão. Dada a repercussão do caso, o jornal de
maior circulação de sua cidade resolveu fazer um caderno especial sobre o tema “Liberdade de
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Expressão”. Leitores de diferentes perfis foram convidados a se manifestar e você foi o estudante
escolhido. Para atender a esse convite, você deverá escrever um artigo de opinião em que discutirá
a seguinte questão: “Há limite para a liberdade de expressão?”
No seu artigo de opinião, você deve:
a) identificar e explicitar os dois principais posicionamentos sobre a questão tratada;
b) assumir um desses dois posicionamentos e sustentá-lo com argumentos.
Seu texto deverá considerar as seguintes citações:
"Liberdade de expressão é a possibilidade de as pessoas se manifestarem sobre fatos e ideias sem
interferências externas, sobretudo do Estado. Discurso de ódio é uma tentativa de desqualificar e
excluir do debate grupos historicamente vulneráveis, seja por religião, cor da pele, gênero,
orientação sexual ou qualquer traço utilizado com o objetivo de inferiorizar pessoa ou grupo.” (Luís
Roberto Barroso, Ministro do STF.)
----------
"A frase ‘eu discordo do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo’ talvez seja a
melhor definição para a liberdade de expressão. Afinal, é muito fácil conceder a liberdade de
expressão às ideias com que concordamos; muito mais difícil é aceitar a manifestação de ideias que
desgostamos. O que se tem visto no Brasil nos últimos tempos, no entanto, é uma crescente vontade
de reprimir formas de expressão que sejam consideradas desrespeitosas e preconceituosas. A
iniciativa, embora tenha como pano de fundo uma intenção nobre, tem gerado situações
desproporcionais, limitando o direito à livre expressão e violando a Constituição Federal.” (Bruno de
Oliveira Carreirão, advogado.)
----------

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"Liberdade de expressão é poder se manifestar sobre aquilo que não ofenda ou ataque o sentimento
íntimo das pessoas. Discurso de ódio é o que tem por objetivo incitar, criar beligerância e promover
animosidades contra esses sentimentos pessoais." (Marcelo Itagiba, ex-deputado.)
----------
"As grandes sociedades se caracterizam pela pluralidade de valores, alguns excludentes. A liberdade
de expressão é ligada à liberdade em si, mas há o valor da luta contra o preconceito. Como lidar com
o conflito de valores? Os EUA optaram pela liberdade de expressão. O Brasil optou por uma
legislação protetiva. Isso guarda um certo paternalismo, mas expressa respeito. (Fernando Schüler,
cientista político.)
----------
"É necessário entender a ideia de identidade e de alteridade. Por uma questão de sobrevivência, nos
sentimos seguros quando próximos de algo com que nos identificamos. Queremos sempre que o
outro seja igual a nós e, se não for, talvez tenhamos que destruí-lo. Este é um pressuposto
fundamental para o surgimento do discurso de ódio.” (Izidoro Blikstein, professor da FGV e
especialista em Análise do Discurso.)
----------
"Liberdade de expressão é o direito de expor a opinião e exercitar a divergência sem ser perseguido
ou condenado. O discurso de ódio é um conceito um tanto abstrato e elástico. Para uns, é a
expressão da verdade desnuda do politicamente correto; para outros, é a tentativa abjeta de
difamar seu interlocutor.”
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(Rachel Sheherazade, jornalista e apresentadora de TV.)


-----------
"O discurso de ódio aparece quando você acha que seu modo de ser e estar no mundo deve ser um
modelo com o qual outras pessoas têm que se conformar. Se isso não acontecer, o discurso de ódio
vem para deslegitimar a sua vivência, para fazer com que pareça que sua vida não merece ser vivida."
(Linn da Quebrada, cantora.)
----------
"Liberdade de expressão não é um direito absoluto, nem pode ser. As pessoas têm dificuldade de
entender que vivem em sociedade, que existem regras e que a gente precisa delas, sobretudo no
que diz respeito à vida do outro." (Djamila Ribeiro, ativista dos movimentos negro e feminista e ex-
Secretária Adjunta de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo.)
(Adaptado de http://temas.folha.uol.com.br/liberdade-de-opiniao-x-discurso-de-odio/o-que-e-o-
que-e/ personalidades-discutem-o-que-e-liberdade-de-opiniao-e-discurso-de-odio.shtml. Acessado
em 13/11/2017.)

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É verdade, corujinha. A UNICAMP não solicita ao candidato uma dissertação. A Banca pede
que o vestibulando faça duas redações de gêneros diferentes, ou seja, pode ser solicitado que se
faça uma carta, um abaixo-assinado, um comentário em numa página de internet, um discurso de
apresentação etc. Mas em 2018, a Banca solicitou que fosse produzido um artigo de opinião.

Artigo de opinião é um texto argumentativo de cunho pessoal e enfático. Trata-se de um


gênero muito próximo da dissertação. A diferença consiste em dois elementos.

Em primeiro lugar, há a possibilidade de se usar a primeira pessoa do singular (eu) sem causar
estranheza. Pode-se dizer, por exemplo, “Nessa semana que passou, tomei um susto ao ler a
publicação de um amigo na rede social. Indignado, ele divulgou alguns comentários que estavam
circulando na rede sobre preconceito contra nordestinos.”

O outro traço distintivo refere-se ao fato de que o redator do texto pode ser um pouco mais enfático.

Na verdade, como você pode ver, as distinções são muito sutis. A estrutura dos dois (dissertação e
artigo de opinião) é a mesma (introdução, desenvolvimento argumentativo e conclusão). Além disso,
seu texto será avaliado, nos dois casos, pela qualidade argumentativa. A diferença é tão sutil que se
você fizer uma dissertação e publicá-la no espaço dedicado ao artigo de opinião, seu texto será
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encarado como sendo artigo e opinião, ninguém fará objeção.

Portanto, não se enrole. Aliás, aproveite. Usar a primeira pessoa torna a escrita mais fácil. Pense
assim, trata-se de uma dissertação em que posso usar a primeira pessoa do singular.

Leitura como medida de redução de pena FAMEMA 2016

Texto 1
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) instituiu a redução de pena pela leitura
por meio de uma portaria, em 2013, que estabeleceu a possibilidade de que o preso, no período de
um ano, possa reduzir até 48 dias de sua pena por meio da apresentação de resenhas de obras
literárias disponíveis na unidade prisional. O texto define que o preso tem até 30 dias para realizar
a leitura de uma obra e apresentar a sua resenha a uma comissão formada no sistema prisional –
em caso de suspeita de plágio, o juiz pode realizar a arguição oral do participante.
De acordo com o juiz auxiliar da Corregedoria do TJSP, Jayme Garcia dos Santos Junior, a
expectativa é de que, até o segundo semestre de 2016, a possibilidade de redução pela leitura, que
hoje acontece em alguns presídios da capital e do interior de São Paulo, já seja realidade em 90%
das unidades prisionais do estado.
(Luiza de Carvalho Fariello. www.cnj.jus.br, 30.06.2015. Adaptado.)

Texto 2

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O projeto “Remição da Pena pelo Estudo através da Leitura” do governo do Paraná registrou, até
2014, a média mensal de 2,3 mil detentos participantes.
Pedagoga e professora do curso de pedagogia da Universidade Estadual de Maringá (UEM),
Aparecida Meire Calegari-Falco ressalta a importância da leitura no processo de humanização das
pessoas, especialmente daquelas que se encontram privadas de liberdade. “A leitura pode ser uma
janela para o mundo lá fora, além de que o projeto talvez seja a única possibilidade de contato com
a leitura que essas pessoas terão”. A pedagoga reforça, ainda, o incentivo ao conhecimento que o
hábito de ler pode trazer, contribuindo para diminuir a reincidência de crimes. Segundo ela, a falta
de capacitação profissional é um dos principais motivos para que ex-detentos continuem a cometer
delitos, um problema que pode ser resolvido através do incentivo ao conhecimento proporcionado
pela leitura.
Desde a implantação da lei, o Paraná vem sendo reconhecido no cenário nacional por ser o
pioneiro no projeto. Tendo ganhado vários prêmios, o Estado já possui o maior número de presos
que garantiram uma vaga na universidade neste ano. Através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu)
do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 55 detentos entraram para uma universidade pública
em 2015.
(Fabiola Junghans et al. www.portalcomunicare.com.br. Adaptado.)

Texto 3
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Cid Gomes, enquanto governador do Ceará, apresentou projeto de redução de pena pela
leitura, conferindo ao condenado 4 dias a menos na prisão por livro lido no mês. Embora simpática
aos olhos de alguns, a medida merece ser censurada sob vários aspectos.
A respeito da execução da pena, a legislação federal estabelece a possibilidade de redução
por trabalho ou por estudo, devendo, nesta hipótese, ocorrer a frequência escolar – atividade de
ensino fundamental, médio, profissionalizante, superior, ou ainda de requalificação profissional. A
proposta governamental esbarra nessa lei, pois a simples leitura não se enquadra em estudo regular,
mesmo mediante avaliação. A leitura serve como mero deleite, busca de conhecimento, de
reconstrução, de entretenimento, sendo um item a mais no processo de ressocialização. É, porém,
inadmissível que ressocialização seja sinônimo de redução de pena. A leitura, pela simples leitura e
sem o ensino formal, não propiciará a revitalização do sistema penitenciário brasileiro.
(Heitor Férrer. www.opovo.com.br, 19.12.2014. Adaptado.)

Com base na leitura dos textos e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, na
norma-padrão da língua portuguesa, sobre o seguinte tema:
A leitura deve ser uma medida para a redução da pena de presidiários?

Linchamento virtual Autoral 2020 (Fernando Andrade)

Texto I
A gênese do ataque

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A vítima de um linchamento geralmente “cumpre a função ritual e sacrificial do bode


expiatório”, escreve José Martins de Souza, sociólogo e professor da USP, no livro Linchamentos: a
justiça popular no Brasil. Em seu levantamento, Martins estima que haja um linchamento físico por
dia no País, e que, nos últimos 60 anos, cerca de um milhão de brasileiros tenha participado de pelo
menos um ato ou uma tentativa desse tipo.
Apesar das diferenças entre o linchamento físico e o virtual, a efeito de pesquisa, a distinção
é menos acentuada: “o linchamento virtual também é real. A pessoa atacada tem família, vida social,
não é só um avatar”, explica a pesquisadora da Unicamp Karen Tank Mercuri Macedo, que estudou
o tema. “Acreditamos que o linchamento virtual muitas vezes acontece por falta de letramento
digital. Se a pessoa não tem uso crítico da tecnologia, não conseguirá avaliar a fonte das informações
que recebe e tem mais chances de ser um linchador ou linchado em potencial.”
Mas quem toma parte em linchamentos tem consciência do que está fazendo? Depende da
situação. “Há um caso de um linchamento real no Rio de Janeiro em que uma idosa foi vista tentando
arrancar o olho da vítima com uma colher. Quando foi levada para a delegacia, ela não lembrava o
que tinha feito. Acreditamos que a fúria da multidão deixe vir à tona um comportamento que nem
a pessoa entende”, explica Macedo. Mas a situação muda nas redes sociais, mesmo que envolva
uma ação impensada. “A pessoa tem muito mais consciência do que está fazendo na internet do que
na agressão física no mundo real, que geralmente parte de uma explosão súbita.”
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Três casos de linchamento virtual com consequências bem reais


“NÃO PEGO AIDS, SOU BRANCA”
Em dezembro de 2013, a relações públicas Justine Sacco, de 30 anos, aguardava um voo de Londres
para a Cidade do Cabo, na África do Sul, quando tuitou: “Indo para a África. Espero não pegar aids.
Brincadeira! Sou branca.” Onze horas depois, ao desembarcar, Sacco descobriu que havia recebido
mais de 100 mil mensagens de repúdio e ameaças de morte. Até Donald Trump tuitou pedindo sua
demissão — algo que de fato aconteceu.
“MATE UM NORDESTINO AFOGADO”
Após a vitória de Dilma Rousseff nas eleições de 2010, a estudante paulista Mayara Petruso tuitou
uma série de comentários, entre os quais viralizou a frase: “Nordestino não é gente, faça um favor
a SP, mate um nordestino afogado!”. A forte repercussão levou Mayara a abandonar a faculdade e
ser demitida. Ela foi condenada a um ano e cinco meses de prisão por incitação à violência.
FANTASIA: VÍTIMA DA MARATONA DE BOSTON
Em 2013, Alicia Ann Lynch, uma norte-americana de 22 anos, decidiu tuitar sua foto do Halloween.
Sua fantasia: vítima do atentado na maratona de Boston, que matou três pessoas e feriu mais 264.
A reação foi rápida: mensagens de ódio, informações pessoais e até fotos íntimas de Lynch vazaram
na rede.

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(Disponível em: <https://super.abril.com.br/tecnologia/o-que-motiva-os-linchamentos-virtuais/>.


Acesso em: 26/09/1019. Fragmento)

Texto II

Linchamento virtual: Uma arma perigosa que pode ser letal


A irresponsabilidade utilizada como arma no meio virtual

Nós, brasileiros, ocupamos a 3ª posição no ranking mundial da internet, segundo dados do


Ibope Nielsen Online. O uso da internet em locais de trabalho e domicílios brasileiros vem crescendo
muito nos últimos tempos, colocando o Brasil acima de países como a Alemanha, o que por um lado
é benéfico, porque nos traz os benefícios dos avanços tecnológicos; mas, por outro lado, muita
preocupação quanto ás formas e finalidades para as quais muitos internautas fazem uso da internet.
Blogs, sites, redes sociais em geral são usadas com a finalidade de empreendedorismo por
quem sabe usá-los como ferramentas e mecanismos auxiliares, e hoje, indispensáveis, na
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comunicação e marketing que varia dos pequenos aos grandes negócios, mas existe uma gama de
usuários, que a exploram pelo lado negro, desnecessário e até criminoso, causando desconfortos e
prejuízos a toda comunidade virtual.
Com o crescimento da incitação ao ódio e à violência nas redes sociais, é comum nos
depararmos com campanhas e mais campanhas educativas, que visam aplacar essa onda de ataques
virtuais, que cresce com o desconhecimento das leis que regulamentam o uso racional e responsável
da web, prevendo punições aos infratores das mesmas. A internet nunca foi terra de ninguém como
apregoam os que dela utilizam para o mal.
Não obstante às campanhas educativas, criação de Delegacias Especializadas em Crimes
Cibernéticos, a exemplo da Safernet Brasil, DEICC, DRCI, dentre outros, é muito comum
encontrarmos publicações maldosas que divulgam nomes e imagens de pessoas, de forma injuriosa,
caluniosa e difamatória, frases de efeito como, “morte ao fulano”, incitando o ódio e a violência sem
se quer medir as consequências danosas de tamanha irresponsabilidade virtual.
Num passado não muito distante, em 03 de maio de 2014, o Brasil foi impactado pelas
consequências desse, hoje, tão habitual, linchamento virtual, que veio a ser letal, trágico na vida da
senhora Fabiane Maria de Jesus, dona de casa, 33 anos, violentamente agredida por dezenas de
moradores de uma comunidade em Guarujá, no litoral de São Paulo, após ter sua imagem divulgada
irresponsavelmente na internet, onde a denunciavam como sequestradora de crianças para rituais
de magia negra.

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(Disponível em: <https://amitafamitaf.jusbrasil.com.br/>.


Acesso em: 26/09/1019. Fragmento. Adaptado.)

Texto III
A professora de Estudos Ambientais da Universidade de Nova York, Jennifer Jacquet, autora
do livro “A vergonha é necessária? Novos usos para uma velha ferramenta”, diz em seu livro que a
exposição pública de alguém que tem um comportamento reprovável tem uma função social
desejável. Ela defende que envergonhar publicamente um indivíduo ou uma marca tem o poder de
mudar comportamentos sociais tanto dos alvos da vergonha quanto daqueles que entram em
contato com o ato – e pode causar mudanças reais naqueles indivíduos. Além disso, a mobilização
também ajuda a chamar atenção do poder público para um caso, o que pode render alguma ação
legal se o ato executado pelo indivíduo for, além de algo moralmente reprovável, um crime.
No entanto, Jacquet alerta para o poder que a internet coloca na mão das multidões, para o
bem e para o mal. A perseguição virtual de pessoas comuns, para ela, é um problema porque muitas
vezes gera consequências desproporcionais para o indivíduo em comparação à infração que ele
cometeu. E é alimentado pelo viés de grupo, fenômeno social que gera sentimento de ódio ou medo
em relação àqueles que consideramos diferentes. O linchamento virtual adquire outro caráter
quando lembramos que as informações que publicamos e registramos na rede são difíceis de apagar.
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Além do impacto imediato na vida da pessoa que foi linchada, ela pode seguir sendo punida por uma
mancha enorme em sua reputação pelo resto da vida: basta uma busca na internet.

(Disponível em: <https:// https://www.nexojornal.com.br/>.


Acesso em: 26/09/1019. Fragmento.)

O Linchamento Virtual é uma forma de denegrir virtualmente a imagem de alguém, principalmente


a partir de uma forma polêmica ou diferente de agir virtualmente. Por exemplo, a postagem de uma
foto ou storie (modalidade de postagem com tempo programado) que possa ofender alguém ou
algum grupo acaba por viralizar e tornar a vida do usuário em um amontoado de confusões. Os
prejuízos dessa forma de ação vão da criação de perfis falsos à perseguição fora do meio virtual,
normalmente marcado por ameaças físicas. Em meio ao desenvolvimento de uma série de
problemas típicos da virtualidade, como o estupro virtual e o estelionato virtual, o usuário de
internet se vê cercado de cuidados a tomar e atitudes a controlar.

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-
-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

Como o linchamento virtual afeta a vida real do usuário?

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3.Subjetividade
Amizades via internet UEMA 2014

Texto I
O que é um amigo?
― Entre as reflexões que faço sobre a amizade, acho que a melhor síntese em resposta à sua
pergunta é que um amigo de verdade é aquele que nos protege dos tormentos do amor, nos afasta
da fúria raivosa, faz recuar a morte. [...] Você não pode esperar tudo de um amigo, mas só uma
amizade verdadeira é capaz de nos proteger das oscilações tumultuosas [...]
Parece quase impossível encontrar um amigo verdadeiro?
― Eu diria que é muito difícil. Ainda assim, estamos sempre à procura de um. O fio condutor da
minha existência é essa procura por um amigo ideal. Como ocorre com a maioria das pessoas, a
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intensidade dessa busca foi maior na adolescência, quando queremos alguém para nos acompanhar
na descoberta sobre o mundo e a quem confiar nossos segredos e medos e vice-versa. [...] Há quem
faça o elogio da amizade sem conseguir cultivá-la. [...]
Entrevista com o filósofo, psicanalista e escritor Jean-Bertrand Pontalis – Veja, 2013. (com adaptações)

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Texto III
Porque as amizades que se conseguem por interesse e não por nobreza ou grandeza de caráter, são
compradas, não se podendo contar com as mesmas no momento preciso.
MACHIAVELLI, Niccolò. O Príncipe. (comentado por Napoleão Bonaparte); tradução de Torrieri Guimarães. São Paulo, Hemus,1977.

Texto IV
Um historiador da nossa língua, creio que João de Barros, põe na boca de um rei bárbaro algumas
palavras mansas: dizia o rei que os bons amigos deviam ficar longe uns dos outros, não perto, para
não se zangarem como as águas do mar que batiam furiosas no rochedo que eles viam dali. [...] Eu
creio que o mar então batia na pedra, como é seu costume, desde Ulisses e antes. Agora que a
comparação seja verdadeira é que não. Seguramente há inimigos contíguos, mas há também amigos
de perto e do peito. E o escritor esquecia (salvo se ainda não era do seu tempo) esquecia o adágio:
longe dos olhos, longe do coração.
MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Amigos Próximos – Dom Casmurro. São Paulo: Globo, 2008. (com adaptações)

Texto V
A internet e as redes sociais estão tornando as amizades superficiais? [...] Virou lugar-comum
pensar que a versão virtual das relações é inferior ao correspondente real”, escreveu o filósofo
holandês Johnny Hartz Soraker. “É preciso considerar a possibilidade de as amizades virtuais
suscitarem confiança e espalharem felicidade”.

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Os limites da amizade, via internet, ainda não estão definidos – e são objetos de intensa
controvérsia, teórica e prática. Pessoas comuns inscritas no Facebook se perguntam se aquilo que
elas fazem todos os dias, se as horas que dedicam ao trato e à troca com pessoas que nunca olharam
nos olhos são apenas uma perversão digital do mais nobre dos afetos humanos. É possível criar
amizades verdadeiras pela internet e cultivá-las à distância? Ou, na verdade, as redes sociais estão
nos isolando atrás da tela do computador?
O filósofo grego Aristóteles, 300 anos antes de Cristo, dizia que duas pessoas são capazes de
nutrir uma amizade verdadeira se desejarem, genuinamente, o bem da outra, sem visar ao benefício
próprio. [...] Independentemente da tecnologia usada para manter as amizades, tanto os
relacionamentos da vida real quanto da virtual exigem dedicação e doação – de tempo,
disponibilidade e afeto.
Revista Época: Vida – comportamento – 2012, nº 749. (com adaptações)

Pergunta-se: “A internet e as redes sociais estão tornando as amizades superficiais?” O que é um


amigo? Que critérios podem ser essenciais para que se reconheçam amigos como sendo
verdadeiros? E a relação entre amigos virtuais passa longe de uma amizade verdadeira? Como não
confundir amigos e conhecidos na internet? Até que ponto as controvérsias sobre amigos via
internet podem ser fundamentadas?
Redija um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, em que você manifeste sua posição a
respeito do questionamento a seguir.
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AMIGOS VIA INTERNET: É POSSÍVEL CULTIVÁ-LOS DE VERDADE?

Desumanização do ser humano UDESC 2016

PROPOSTA 1
Com base na leitura dos textos motivadores abaixo, redija uma dissertação, enfocando o tema: O
homem é apenas um número.

TEXTO 1
“[…] O silêncio das quatro paredes, os olhares curiosos dos recepcionistas, a impessoalidade de tudo:
você é apenas um número, o do seu quarto”.
SCHROEDER, Carlos Henrique. As fantasias eletivas. 4ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2016.p.109.

TEXTO 2
Muitos anos de asilo
Ninguém os quis
Nem a cor nem a idade certas
Ficaram lá.
E ficaram até depois que saíram
Guardaram o apelido
Ele, 36.

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Ela, 37.
Eram os números que marcavam as roupas
E as camas
Os números da chamada
Das cadeiras do café da manhã.
VIGNA, Elvira. Vitória Valentina. 1ª ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2016.

TEXTO 3
Você é um Número
Se você não tomar cuidado vira um número até para si mesmo. Porque a partir do instante
em que você nasce classificam-no com um número. Sua identidade no Félix Pacheco é um número.
O registro civil é um número. Seu título de eleitor é um número. Profissionalmente falando você
também é. Para ser motorista, tem carteira com número, e chapa de carro. No Imposto de Renda, o
contribuinte é identificado com número. Seu prédio, seu telefone, seu número de apartamento –
Tudo é número. Se é dos que abrem crediário, para eles você também é um número. Se tem
propriedades, também. Se é sócio de um clube tem um número. Se é imortal da Academia Brasileira
de Letras tem número da cadeira.
Clarice Lispector – Disponível em: http://claricelispector.blogspot.com.br/2008/06/voc-um-nmero.html, acessado em 23/03/2017.

A obrigatoriedade de ser feliz da geração atual UNAERP/ 2014


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Com base nas informações apresentadas, escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema
proposto.

4. Educação
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Obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia FAMECA 2019

Texto 1
As disciplinas de filosofia e sociologia poderão ser ensinadas de forma “diluída” durante o
ensino médio, e não necessariamente como disciplinas obrigatórias ao longo dos três anos.
A decisão foi do plenário da Câmara dos Deputados, que votou emendas ao texto da medida
provisória (MP) que flexibiliza o ensino médio, considerada a fase mais problemática do ensino
brasileiro.
(“Filosofia e sociologia serão diluídas no ensino médio”. http://exame.abril.com.br, 20.02.2018. Adaptado.)

Texto 2
A inclusão de filosofia e sociologia como disciplinas obrigatórias no ensino médio em 2009
prejudicou a aprendizagem de matemática dos jovens brasileiros, principalmente os de baixa renda.
A conclusão é dos pesquisadores Thais Waideman Niquito e Adolfo Sachsida, em estudo inédito que
será publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo eles, a mudança levou
as notas de jovens residentes em municípios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) muito
baixo a cair 11,8%, 8,8% e 7,7% em redação, matemática e linguagens, respectivamente.
“Os resultados preocupam porque o nível de formação do capital humano no Brasil é baixo.
Não podemos nos dar ao luxo de piorar o que já é ruim”, diz Niquito, pesquisadora visitante do Ipea
e professora da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina).

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A hipótese levantada pelos pesquisadores é que, dada a limitação de carga horária do ensino
médio, a inserção obrigatória de qualquer nova disciplina “se reflete em redução no tempo dedicado
ao ensino das demais”.
(Érica Fraga. “Filosofia e sociologia obrigatórias derrubam notas em matemática”. www.folha.uol.com.br, 16.04.2018. Adaptado.)

Texto 3
“Filosofia e sociologia obrigatórias derrubam notas em Matemática”. O título da reportagem
publicada na Folha de S. Paulo revela os resultados de uma pesquisa inédita. O estudo defende que
a presença das disciplinas como componentes curriculares obrigatórios no ensino médio prejudica
a aprendizagem dos estudantes, essencialmente os de baixa renda.
Para chegar à conclusão de que a obrigatoriedade das disciplinas, estabelecida pela Lei 11.684
de 2008, levou à queda no desempenho escolar, os pesquisadores tomaram como base os resultados
de estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em dois momentos. A pesquisa
comparou os resultados dos alunos que prestaram o exame em 2009, por entender que eles ainda
não tinham sido impactados pela obrigatoriedade, com aqueles que o prestaram em 2012, após a
promulgação da Lei.
Tal aferição é vista com preocupação pela socióloga e professora do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia São Paulo (IFSP), Ana Paula Corti. A especialista, que também é
membro da Rede Escola Pública e Universidade (REPU), pontua inconsistências no estudo e
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questiona a sua intenção: “É notório que o desempenho em português e matemática, assim como
em outras disciplinas, muitas vezes é colocado como insatisfatório nos resultados de avaliações em
larga escala”, avalia. “Muitas questões explicam isso, como a precariedade do sistema público, a
falta de investimento e os problemas de financiamento e estrutura. Em nenhum momento, as
pesquisas ou o conhecimento acumulado sugerem que esses problemas possam ser explicados pela
presença de alguns componentes curriculares na escola”. Além disso, para a professora, sociologia
e filosofia são para muitos uma pedra no sapato por serem disciplinas de vocação crítica, reflexiva e
que trazem o tema da política para a sala de aula como uma demanda da formação cidadã
contemporânea.
(Ana Luiza Basilio. “Qual o interesse em retirar Sociologia e Filosofia do currículo?”. www.cartacapital.com.br, 21.04.2018. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A obrigatoriedade do ensino de filosofia e sociologia e os impactos na formação escolar

Homeschooling FAMERP 2020

Texto 1
A educação domiciliar ou homeschooling consiste na prática pela qual os próprios pais ou
responsáveis assumem a responsabilidade direta pela educação formal dos filhos, que é feita em
casa. As aulas podem ser ministradas por eles, ou por professores particulares contratados, com o
auxílio de materiais didáticos e pedagógicos.

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Mais de 60 países permitem ou ao menos não proíbem a educação domiciliar, como é o caso
dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Nova Zelândia, França, Portugal, Bélgica, Irlanda,
Finlândia, entre outros. Outros proíbem essa prática, como Alemanha, Espanha, Grécia e Suécia. A
educação domiciliar é um fenômeno emergente e crescente e estima-se que apenas nos Estados
Unidos, mais de 2 milhões de estudantes recebem essa modalidade de ensino. No Brasil, apesar de
não haver legislação permissiva, acredita-se que cerca de 7 mil famílias e 15 mil crianças e
adolescentes praticavam a educação domiciliar em 2018.
(Alessandra Gotti. “Educação domiciliar: os pais podem optar por substituir a escola no Brasil?” https://novaescola.org.br, 22.04.2019.
Adaptado.)

Texto 2
Os críticos da educação domiciliar afirmam que a modalidade impede o processo pleno de
socialização das crianças e jovens, algo que só é possível, segundo eles, no ambiente escolar. Eles
argumentam ainda que a educação domiciliar é uma forma de os pais, por motivos religiosos, morais
e ideológicos, isolarem os alunos da discussão de temas fundamentais para a evolução do
aprendizado.
O publicitário Rick Dias, presidente da Aned (Associação Nacional de Educação Domiciliar),
discorda: “Se a Constituição menciona pluralidade de ideias e de concepções pedagógicas, não
podemos conceber que a escolarização seja a única maneira de transmitir conhecimento. Apenas
fizemos a opção que entendemos ser a melhor para nossos filhos”, diz ele.
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A pedagoga e docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Telma Vinha,


doutora na área de Psicologia, Desenvolvimento Humano e Educação, discorda: “Escola e família são
instituições complementares, e não capazes de substituir uma a outra no processo de ensino”. “Até
que ponto os pais estão ou estarão preparados para ensinar seus filhos de forma ampla? São e serão
capazes de controlar todos os pontos no desenvolvimento dos valores? E de identificar quando um
erro é estrutural ou no desenvolvimento?”.
Já a professora da Faculdade de Educação da Unicamp e autora de uma tese de doutorado
sobre o assunto, Luciane Barbosa, é defensora da educação domiciliar. Luciane apoia a
regulamentação dessa modalidade de educação, mas ressalta que ela deve ser realizada “com muito
cuidado”, em grupos de trabalho que envolvam universidade, famílias, associações representantes
e poder público. “Assim será possível fazer com que os direitos de todas as crianças, dentro e fora
das escolas, sejam respeitados”, acredita. Para ela, a saída é equilibrar a liberdade de escolha dos
pais com o papel do Estado como ente responsável pela viabilização e fiscalização do direito à
educação das crianças e adolescentes”.
(Eduardo Marini. “Ensino domiciliar não enfrenta os graves problemas educacionais do país”.
www.revistaeducacao.com.br, 02.05.2019. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto
dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

A educação domiciliar no Brasil: exercício da liberdade de escolha ou negligência dos pais?

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O livro na era da digitalização do escrito e da adoção de novas ferramentas de leitura UFRGS


2016

Observe a charge abaixo. Marco Aurelio.


FEIRA DO LIVRO
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Zero Hora. 7 nov. 2015.


A charge faz referência à Feira do Livro de Porto Alegre. Na imagem, vê-se um grande número
de pessoas, provavelmente visitantes, que não tiram os olhos de seus tablets e smartphones, o que
sugere certa redução do protagonismo do livro, mesmo em uma feira de livros. O autor da charge
apresenta seu ponto de vista sobre essa situação de uma perspectiva, sem dúvida, crítica, que pode
ser inferida da expressão facial do livreiro.
Essa questão adquire contornos mais complexos, se avaliada a partir da passagem abaixo,
também recentemente publicada.
[...] fiquei sabendo que a Amazon Books – a livraria on-line mais famosa do mundo – havia
inaugurado sua primeira loja física nos Estados Unidos. Depois de duas décadas de vendas pela
internet, ameaçando a existência das livrarias tradicionais, a gigante do comércio eletrônico se
instalou numa loja de shopping com os 6 mil títulos mais vendidos e mais bem avaliados no seu site.
Ou seja: em vez do texto virtual, para os leitores digitais, ou da encomenda on-line, as pessoas
poderão pegar o livro na mão, apertar como se fosse um tomate, folhear e cheirar à vontade,
exatamente como fazem os frequentadores da nossa feira porto-alegrense. E o mais importante:
poderão levar o produto com elas, abrir e consumir em qualquer lugar, sem necessidade de bateria,
wi-fi ou 3G.
Adaptado de: SOUZA, Nilson. Livros e tomates. Zero Hora. Segundo Caderno. 7 nov. 2015.
p. 7.

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Finalmente, e a título de informação suplementar, cabe lembrar a opinião de Umberto Eco e


JeanClaude Carrière, em um livro cujo título é sugestivo, Não contem com o fim do livro.
“Das duas, uma: ou o livro permanecerá o suporte da leitura, ou existirá alguma coisa similar
ao que o livro nunca deixou de ser, mesmo antes da invenção da tipografia. As variações em torno
do objeto livro não modificaram sua função, nem sua sintaxe, em mais de quinhentos anos. O livro
é como a colher, o martelo, a roda ou a tesoura. Uma vez inventados, não podem ser aprimorados.
Você não pode fazer uma colher melhor que uma colher [...]. O livro venceu seus desafios e não
vemos como, para o mesmo uso, poderíamos fazer algo melhor que o próprio livro. Talvez ele evolua
em seus componentes, talvez as páginas não sejam mais de papel. Mas ele permanecerá o que é.”
ECO, Umberto; CARRIÈRE, Jean-Claude. Não contem com o fim do livro. Trad. André Telles. Rio de
Janeiro-São Paulo: Record, 2010. p. 14.

A partir da leitura dos textos e considerando que, atualmente, discute-se, de diferentes


pontos de vista, o futuro do livro no mundo contemporâneo, escreva um texto dissertativo sobre o
tema abaixo.
O livro na era da digitalização do escrito e da adoção de novas ferramentas de leitura

Para desenvolver seu texto,


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- defenda um ponto de vista específico de abordagem do tema;


- apresente argumentos que fundamentem seu ponto de vista sobre a abordagem do tema.
Instruções
A versão final do seu texto deve:
1 - conter um título na linha destinada a esse fim;
2 - ter a extensão mínima de 30 linhas, excluído o título – aquém disso, seu texto não será avaliado
–, e máxima de 50 linhas. Segmentos emendados, ou rasurados, ou repetidos, ou linhas em branco
terão esses espaços descontados do cômputo total de linhas.
3 - ser escrita, na folha definitiva, com caneta e em letra legível, de tamanho regular.

Uso do celular na escola INSPER/ 2018

Texto 1
Não há lei nacional sobre o uso de celular nas escolas brasileiras. Em Minas Gerais, a
assembleia estadual aprovou um projeto de lei que tem como objetivo proibir a utilização de
aparelhos eletrônicos em ambientes de estudo, com destaque para aparelhos celulares em salas de
aula. O estado de Pernambuco, desde 2015, veda o uso do aparelho em salas de aula e bibliotecas
de escolas públicas e particulares. No Rio Grande do Sul, a proibição de celulares em escolas
estaduais data de 2008.

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De acordo com um estudo da London School of Economics, escolas que cortaram o uso de
celulares viram uma melhoria de 6,4% no desempenho dos estudantes na faixa dos 16 anos, o
equivalente ao acréscimo de cinco dias ao ano letivo. “Descobrimos que não apenas o desempenho
dos estudantes melhorou, mas também que alunos de rendimento pior e de faixas de renda mais
baixas foram os que mais se beneficiaram”, disseram os autores do estudo à BBC.
Por outro lado, muitos reconhecem que pode haver benefícios na tecnologia quando usada
de forma adequada. Segundo relatório da Unesco, “um número crescente de projetos mostrou que
tecnologias móveis fornecem um excelente meio de estender oportunidades educacionais para
estudantes que não têm acesso à educação de boa qualidade”.
(Camilo Rocha. “Por que a França quer banir completamente os celulares das escolas”. www.nexojornal.com.br, 12.12.2017. Adaptado)

Texto 2
A partir de agora, estudantes e professores podem usar seus celulares para fins pedagógicos
durante o horário de aula. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sancionou lei alterando
legislação de 2007 que proibia o uso do aparelho. A nova lei foi criada a pedido do secretário de
Educação, José Renato Nalini, em 2016, segundo o qual a intenção da nova legislação é respeitar a
autonomia do professor. “Ele decide se vai ser producente pesquisar e consultar a internet durante
a aula. Já existia muito professor fazendo isso, mesmo com a proibição, mas agora não vão precisar
se preocupar se estão dentro da lei ou não. A escola tem que estar de acordo com o que acontece
fora dela. Os alunos têm que ter acesso a tudo para exercer o protagonismo e a criatividade”, diz.
(Caroline Monteiro. “Por que a liberação do celular em sala de aula não é o fim do mundo”. https://novaescola.org.br, 08.10.2017. Adaptado)
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Texto 3
A proibição do uso de celular em sala de aula é uma medida que se harmoniza com o ambiente
em que o estudante está. A sala de aula é um local de aprendizagem, onde o discente deve se
esforçar ao máximo para extrair do professor os conhecimentos da matéria. Nesse contexto, o
celular é um aparelho que só vem dificultar a relação ensino-aprendizagem. Por que banir o uso do
celular? Ter acesso fácil ao celular faz com o que aluno tenha mais chance de distração, o que pode
levar a notas mais baixas; adolescentes ainda não têm maturidade para usar nos momentos
apropriados; em ambientes liberados, é muito difícil para o professor monitorar a sala toda; a
distração do smartphone é muito pior do que desenhar no caderno, por exemplo, porque o aluno
entra em um “universo paralelo”.
(Orlando Morando. “Celular em sala de aula: uma proibição necessária”. www.al.sp.gov.br, 22.06.2015. Adaptado)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O uso de celulares em sala de aula atrapalha a aprendizagem ou colabora para o ensino?

Leitura no Brasil Mackenzie/2015

Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.
Obs.: O texto deve ter título e estabelecer relação entre o que é apresentado nos textos da
coletânea.

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Texto I
Dados da edição de 2012 da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pela Fundação
Pró-Livro e pelo Ibope Inteligência, mostram que os brasileiros estão cada vez mais trocando o hábito
de ler jornais, revistas, livros e textos na internet por atividades como ver televisão, assistir a filmes
em DVD, reunir-se com amigos e família e navegar na rede de computadores por diversão.
Portal G1 Educação

Texto II
O problema não é o computador ou a TV, é o uso excessivo deles. Tem criança que fica o dia inteiro
com as telinhas ligadas. Não pode. É preciso ter hora para brincar, estudar, sair, comer e, claro,
também para o computador e a TV. Tem que ter disciplina.
Ruth Rocha, escritora

Texto III
O computador pode ser um instrumento que desenvolva o hábito da leitura em crianças usuárias
desta ferramenta podendo, portanto, melhorar a capacidade intelectual delas, e ainda possibilitar a
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realização de atividades lúdicas que contribuem para atrair a atenção e o interesse de leitores
iniciantes.
Valéria Gomes da Silva e Elieuza Aparecida de Lima, pesquisadoras

O uso das novas tecnologias na educação Autoral 2020 (Fernando Andrade)

(Autoral)
Texto I
Entenda agora a importância da tecnologia na educação atual

Por muito tempo a escola foi um espaço que oferecia métodos defasados de ensino,
fundamentados em quadros-negros, livros e aulas completamente expositivas. Essa didática estava
descontextualizada da vida dos jovens fora da instituição, e a partir daí surgiu a necessidade de
aplicar a tecnologia na educação.
A diferença de realidades entre o que o aluno tinha acesso na sala de aula e na rua fazia com
que o estudante fosse perdendo o interesse pelas aulas e pelas práticas escolares.
Uma metodologia que inova e transforma tecnologias em ferramentas pedagógicas pode
prender muito mais a atenção do estudante contemporâneo. Sendo assim, adaptar os sistemas
educativos é cada vez mais necessário. (...)

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Por que se fala tanto em tecnologia na educação?


Os alunos da educação básica de hoje já nasceram conectados ao mundo virtual — são
praticamente nativos digitais! Todos esses jovens têm o mundo digital muito mais integrado à sua
realidade.
Esse contexto desafia as escolas e os professores a respeito do uso de novos recursos
tecnológicos em prol do ensino. Evitar a presença deles não é mais uma opção, e é preciso integrá-
los à educação da melhor forma possível.

Quais são os seus benefícios?


As tecnologias precisam agregar o interesse de pais, alunos e professores, de forma a deixar as aulas
mais motivadoras, criativas e interessantes. Além disso, a tecnologia oferece formas mais práticas,
lúdicas, interativas e dinâmicas de explicar um conteúdo, envolvendo e dando autonomia aos
estudantes.
Respeita a individualidade
A inserção da tecnologia ao ensino permite que o professor avalie melhor o desempenho de cada
criança nas atividades propostas. Isso porque é possível que o educador receba um feedback das
atividades realizadas pelo estudante, o número de acertos e as dúvidas que ele teve durante os
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estudos.
Aumenta a atenção
As aulas no modelo tradicional de ensino, expositivas e com cerca de 50 minutos de duração, são
cansativas e dificilmente prendem a atenção dos alunos por tanto tempo. Com as novas
possibilidades de ensino, o professor tem autonomia para aplicar aquelas que mais atendem ao
perfil dos seus alunos, de forma a mantê-los sempre focados.
Estimula a interação
Como já nascem familiarizados com as ferramentas tecnológicas, os jovens conseguem interagir bem
por meio delas. Assim, com o auxílio da internet, mesmo os mais tímidos são capazes de realizar
trabalhos em grupo, expressar suas opiniões e mostrar seus conhecimentos.
Aumenta a motivação
É possível tornar o ambiente escolar instigante e atrativo para crianças e adolescentes. Exercícios
estimulantes, jogos desafiadores, vídeos didáticos e atividades lúdicas: há uma série de recursos a
serem explorados por alunos e professores.

(Disponível em: < https://novosalunos.com.br/entenda-agora-a-importancia-da-tecnologia-na-educacao-atual/>.


Acesso em: 02/10/2019. Fragmento)

Texto II

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(Disponível em: <https://intertvweb.com.br/educacao-tecnologica/educacao-e-uso-de-midia-em-sala-de-aula/>.


Acesso em: 02/10/2019.)

Texto III
Educação e uso de mídia em sala de aula
(Caroline Petian)

Tenho ouvido que os modelos de ensino estão sendo alterados, que essa nova geração de
alunos é diferenciada, que não suporta mais a aula tradicional e realmente esforços estão
acontecendo nesse sentido.
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Há iniciativas de universidades, por exemplo, que estão extinguindo uso de slides porque isso
pode tornar a aula chata. Alternativas como esta sinalizam para uma nova preocupação quanto ao
formato da aula clássica, sem dúvida, porém, seria mesmo o uso de determinadas tecnologias que
estaria tornando as aulas monótonas? Questiono se podemos colocar toda a responsabilidade nos
recursos tecnológicos, às vezes, mal utilizados por nós, professores.
O interesse em mudar os padrões de ensino passivo já existe entre alunos, entre docentes e
na própria gestão escolar, mas ainda é necessário que compreendamos de modo geral, que o
incentivo a uma aula interessante, colaborativa e realmente proveitosa dependerá do esforço
pessoal dos atores envolvidos no ensino-aprendizagem, o que nem sempre vai envolver uso de
tecnologias em sala de aula.
É certo que estamos vivendo uma condição de época tecnológica irreversível. Entretanto, a
inserção da tecnologia na educação precisa considerar a proposta de aula, os objetivos do ensino e
da aprendizagem. Inserir uma tecnologia apenas para cumprir com a obrigação de época, ou de
modismo, não condiz com a proposta educacional. Seria um adereço sem propósito, apenas para
fins decorativos. E atualmente, com tantas possibilidades, em alguns momentos continuamos a
seguir esse modelo, mesmo com o uso desses recursos.
O que queremos ao utilizar tecnologia em sala de aula é fazer com que o conteúdo possa se
aproximar mais do estudante, que o aluno possa ouvir, assistir e agir colaborativamente atingindo o
patamar de um ensino-aprendizagem que fomentem o conhecimento. Sempre lembrando que

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também não é ideal atribuirmos sucesso à aula por ter usado determinadas mídias. O diferencial
está no modo de conduzir o conteúdo, na relação aluno-docente-escola.

(Disponível em: <https://intertvweb.com.br/educacao-tecnologica/educacao-e-uso-de-midia-em-sala-de-aula/>.


Acesso em: 26/09/1019. Adaptado.)

Texto IV
4 lados negativos da tecnologia para estudantes
A tecnologia pode ser de grande utilidade para a educação, mas também apresenta alguns
aspectos que são obstáculos para os estudantes. Confira 4 lados negativos da tecnologia

• O excesso de informação pode conspirar contra o aprendizado.


• A facilidade de comunicação pode trazer extensas participações, mas pode desvirtuar o
objetivo do aprendizado.
• O uso da rede pode potencializar a vulnerabilidade a ataques ou perdas de informação.

Viver sem a tecnologia pode parecer uma tarefa complicada nos dias atuais. Nós nos
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tornamos dependentes de aparelhos eletrônicos e aplicativos que automatizam tarefas cotidianas.


Isso não é um problema. A questão é que a tecnologia provocou alguns comportamentos nos
estudantes que são um obstáculo na hora de estudar e em suas vidas pessoais.

1. Irritação
A tecnologia fez com que os estudantes se tornassem cada vez mais irritados quando têm que
deixar os seus aparelhos e jogos de lado. Deixar de jogar Fornite (para iOS ou para Android) para
prestar atenção nos estudos, de repente, parece uma catástrofe. Talvez esta seja a primeira
preocupação dos professores que consideram a implantação da tecnologia em sala de aula: que os
estudantes estarão ocupados nas redes sociais e não prestarão atenção na lição dada. A curiosidade
inata dos alunos, juntamente com a compreensão da tecnologia poderia conduzir a uma maior
socialização on-line em ambientes onde os dispositivos são de fácil acesso.
2. Paciência
A paciência é uma virtude difícil de ser encontrada nos estudantes de hoje. Eles ficam irritados
quando uma página na internet demora a carregar e não têm muita paciência para gastar este
mesmo tempo com os estudos, já que estudar demora mais do que acessar o Facebook. Nem todos
os estudantes têm acesso às ferramentas de tecnologia fora da sala de aula. A biblioteca acaba sendo
uma opção, mas com frequência existe uma espera para usar os computadores conectados à
Internet, e é muito comum que não seja permitido baixar aplicativos y software em computadores
públicos.

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A tecnologia em sala de aula funciona se todos os estudantes têm acesso aos dispositivos.
Entretanto, quando são considerados determinados programas tecnológicos para fazer a tarefa, em
uma intervenção em casa, ou de aprendizado, deve-se levar em conta se os estudantes têm acesso
à Internet para que não haja desmotivação na realização da tarefa a ser cumprida.
3. Escrita
O constante uso das redes sociais faz com que os estudantes percam as suas habilidades de
escrita, uma vez que a maioria das palavras é abreviada na linguagem on-line. Por outro lado, o plágio
foi sempre uma preocupação dos professores. Atualmente, os estudantes podem ter acesso
facilmente a ensaios, relatórios, anotações de sala de aula, provas on-line etc., o que faz com que
seja muito mais difícil que os professores saibam se o trabalho realmente foi feito pelos estudantes
e é original. Mesmo que existam ferramentas de alta tecnologia para ajudar os professores a
descobrir se o trabalho é um plágio, nenhum sistema é perfeito.
4. Interação social
A tecnologia dá a impressão de que estamos interagindo o tempo todo, mas estudantes estão
cada vez mais perdendo o hábito de conversar e interagir socialmente por meios off-line. Manter
uma conversa pessoalmente está se tornando uma tarefa difícil e evitada pelas crianças de hoje.
Outra questão que deve ser levada em conta é a privacidade da informação do estudante e os seus
dados. Os aplicativos e as plataformas percorreram um longo caminho para melhorar as suas
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medidas de privacidade, especialmente quando elas afetam os estudantes, mas é suficiente para
convencer as escolas de que vale a pena correr o risco?
Os dados dos alunos são muito importantes dentro das paredes da sala de aula, mas os
professores podem se sentir seguros de que é aí onde a informação ficará quando forem utilizados
os aplicativos tecnológicos? A tecnologia continuará oferecendo descobertas e progressos que a
mente humana ainda nem pode sonhar. Muito acreditam que ter um site, por exemplo, é garantia
de sucesso. A tecnologia tem uma natureza perversa, porque dá uma falsa sensação de suficiência.
É preciso dar a sua justa dimensão, mas é inegável que o papel fundamental que vem cumprindo
dentro das organizações e, portanto, para a humanidade.

(Disponível em: <https://noticias.universia.com.br/>.


Acesso em: 03/11/1019.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

O uso das novas tecnologias da informação no ensino é positiva ou negativa?

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5.Representação do Mundo

Negacionismo Autoral 2020

(Autoral/ inédita)
Considere as seguintes informações como texto de apoio para a proposta de redação que se segue.

“A intrusão do tipo de transcendência que denomino Gaia faz existir no seio de nossas vidas um
desconhecido maior, e que está aí para ficar. É o que, aliás, talvez seja mais difícil de conceber: não
existe futuro previsível em que ela [Gaia] nos restituirá a liberdade de ignorá-la; não se trata de ‘um
mau momento que vai passar’, seguido de uma forma qualquer de happy end no sentido pobre de
‘problema resolvido’. Não estamos mais autorizados a esquecê-lo. Teremos que responder sem
cessar por aquilo que fazemos face a um ser implacável, surdo às nossas justificações”
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(Isabelle Stengers, Au temps des catastrophes: résister à la barbarie qui vient. Paris: La Découverte, 2009,

“E, no entanto, basta abrir os jornais ou ligar a TV para perceber o grau de esquizofrenia que acomete
hoje nossa sociedade, e como esse consenso científico estranhamente não gerou um consenso da
opinião, ou ao menos não gerou uma consciência da real gravidade da situação que estamos
vivendo. Enquanto os cientistas (inclusive pesquisadores brasileiros de instituições com alta
legitimidade científica) falam em um aumento de 4 a 6 º C na temperatura do planeta até o fim deste
século , aqui “embaixo”, por trás da enxurrada de campanhas publicitárias das empresas que cada
vez mais usam e abusam da maquiagem verde, limitamo-nos a discutir reciclagem de lixo e outras
medidas proporcionalmente insignificantes, e o governo se empenha em destruir, pouco a pouco, a
legislação ambiental construída a duras penas ao longo de décadas, difamando os ambientalistas
como “ecochatos” e acusando-os de querer atrasar o desenvolvimento do país em nome de suas
fantasias de mundos impossíveis. Boa parte da esquerda ainda considera a preocupação com o meio-
ambiente um luxo tipicamente burguês, ou se vê obrigada, muito a contragosto vale dizer, a
“domesticar” a questão ambiental de modo a fazê-la caber dentro de seus esquemas cosmológicos
clássicos, de conteúdo fortemente antropocêntrico e messiânico.”
(Disponível em http://culturaebarbarie.org/sopro/n70scribd.pdf, consultado em 21.02.2019)

Negacionismo
nome masculino
1.atitude de quem afirma que algo não é verdadeiro ou não existe
2.rejeição da validade de conceitos apoiados por consenso científico ou empiricamente verificáveis

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3.HISTÓRIA. posição de quem nega a existência de um facto documentado ou de quem propõe


interpretações não fundamentadas de fenómenos históricos já estudados; revisionismo
(disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/negacionismo, consultado em 21.02.2019)

Arte: Mariana Rudzinski


(disponível em http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2017/08/o-que-ha-de-real-no-negacionismo/,
consultado em 21.02.2019)

Cientistas protestam contra conferência de negacionistas no Porto


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Mais de 60 cientistas e trabalhadores em Ciência expressam o seu protesto pelo facto da


Universidade do Porto “promover uma conferência que vem favorecer a desinformação”6 de
Setembro de 2018, 13:1
“A conferência “Basic science of a Changing climate”, que vai decorrer esta sexta-feira e sábado na
Faculdade de Letras da Universidade do Porto (UP), levou um grupo de personalidades ligadas à
Ciência a escrever uma carta aberta de protesto dirigida ao reitor da Universidade do Porto (clique
para ler o documento). Os signatários condenam o encontro “organizado por um conhecido lobby
negacionista das alterações climáticas, o autodenominado ‘Independent Comittee on Geoethics’” e
defendem que a universidade “deve escrutinar os eventos que organiza e promover o conhecimento
baseado em Ciência”.
(PÚBLICO , 6 de Setembro de 2018)
(disponível em https://www.publico.pt/2018/09/06/ciencia/noticia/cientistas-escrevem-carta-aberta-sobre-
conferencia-de-negacionistas-no-porto-1843220#gs.Fqo6P09a, consultado em 21.02.2019)

Estes textos apresentam notícias e opiniões sobre a reação negacionista frente ao possível
aquecimento global.
Como todo movimento social, esse fenômeno pode ser entendido como expressão de dilemas que
a sociedade contemporânea enfrenta. O que essa polêmica revela sobre os paradoxos e
encruzilhadas em que a humanidade se encontra? Que tipo de visão de mundo o negacionismo
revela? Quais interesses? Com que seriedade a geração atual encara tal discussão?
Redija uma dissertação em prosa, na qual você interprete e discuta esse fenômeno, considerando
os aspectos mencionados no parágrafo anterior e, se quiser, também outros aspectos que julgue
relevantes. Procure argumentar de modo a deixar claro seu ponto de vista sobre o assunto.

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Publicação de imagens trágicas Unesp 2016

UNESP 2016/1

Texto 1
Um dos traços característicos da vida moderna é oferecer inúmeras oportunidades de vermos (à
distância, por meio de fotos e vídeos) horrores que acontecem no mundo inteiro. Mas o que a
representação da crueldade provoca em nós? Nossa percepção do sofrimento humano terá sido
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desgastada pelo bombardeio diário dessas imagens?


Qual o sentido de se exibir essas fotos? Para despertar indignação? Para nos sentirmos “mal”, ou
seja, para consternar e entristecer? Será mesmo necessário olhar para essas fotos? Tornamo-nos
melhores por ver essas imagens? Será que elas, de fato, nos ensinam alguma coisa?
Muitos críticos argumentam que, em um mundo saturado de imagens, aquelas que deveriam ser
importantes para nós têm seu efeito reduzido: tornamo-nos insensíveis. Inundados por imagens
que, no passado, nos chocavam e causavam indignação, estamos perdendo a capacidade de nos
sensibilizar. No fim, tais imagens apenas nos tornam um pouco menos capazes de sentir, de ter nossa
consciência instigada.
(Susan Sontag. Diante da dor dos outros, 2003. Adaptado.)
Texto 2
Quantas imagens de crianças mortas você precisa ver antes de entender que matar crianças é
errado? Eu pergunto isso porque as mídias sociais estão inundadas com o sangue de inocentes. Em
algum momento, as mídias terão de pensar cuidadosamente sobre a decisão de se publicar imagens
como essas. No momento, há, no Twitter particularmente, incontáveis fotos de crianças mortas. Tais
fotos são tuitadas e retuitadas para expressar o horror do que está acontecendo em várias partes
do mundo. Isto é obsceno. Nenhuma dessas imagens me persuadiu a pensar diferentemente do
modo como eu já pensava. Eu não preciso ver mais imagens de crianças mortas para querer um
acordo político. Eu não preciso que você as tuite para me mostrar que você se importa. Um pequeno
cadáver não é um símbolo de consumo público.
(Suzanne Moore. “Compartilhar imagens de cadáveres nas mídias sociais não é o modo de se chegar a um cessar-fogo”.
www.theguardian.com, 21.07.2014. Adaptado.)

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Texto 3
A morbidez deve ser evitada a todo custo, mas imagens fotográficas chocantes que podem
servir a propósitos humanitários e ajudar a manter vivos na memória coletiva horrores inomináveis
(dificultando, com isso, a ocorrência de horrores similares) devem ser publicadas.
(Carlos Eduardo Lins da Silva. “Muito além de Aylan Kurdi”. http://observatoriodaimprensa.com.br, 08.09.2015.
Adaptado.)
Texto 4
Diretor da ONG Human Rights Watch, Peter Bouckaert publicou em seu Twitter a foto do
menino sírio de 3 anos que se afogou. Ele explicou sua decisão: “Alguns dizem que a imagem é muito
ofensiva para ser divulgada. Mas ofensivo é aparecerem crianças afogadas em nossas praias quando
muito mais pode ser feito para evitar suas mortes.”
(“Diretor de ONG explica publicação de foto de criança”. Folha de S.Paulo, 03.09.2015. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma
dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Publicação de imagens trágicas: banalização do sofrimento ou forma de sensibilização?

Importância das Ciências Humanas no século XXI Unesp 2020


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Texto 1

Disponiível emhttp://acertodecontas.blog.br/politica/politica-e-educacao-nas-charges-de-angeli/, acessado em 28.05.2019)

Texto 2
As Universidades Precisam Formar Sábio
A reitora de Harvard diz que instituições devem resolver questões práticas, mas não podem ignorar
a marca do próprio DNA: produzir conhecimento
Veja.com, 25.03.2011

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Em artigo recente para o jornal The New York Times, a senhora afirma que as universidades vivem
uma crise de propósitos. Poderia explicar essa ideia? Um debate frequente de nossos dias é acerca
de como as universidades podem contribuir com as necessidades mais imediatas da sociedade.
Algumas delas são necessidades econômicas, e os estudantes vão às universidades de forma a serem
treinados e qualificados para futuros empregos. Outras são descobertas e inovações e outros tipos
de intervenções que podem ter um efeito imediato no mundo, como a cura de uma doença. Mas as
universidades têm outros propósitos, que são de longo prazo e que são mais difíceis de mensurar,
mas que são extremamente importantes para todos nós. No encontro que tive com os reitores
brasileiros, ouvi uma frase que resume esse pensamento: a sociedade nos pede soluções para
problemas práticos. Mas a universidade não deve se preocupar apenas com o bem estar imediato
dos seres humanos, precisa fazer também com que eles sejam sábios. As universidades têm esse
propósito humano, histórico, antropológico, que nos faz transcender o momento presente. Não nos
preocupamos apenas se nossos alunos terão emprego amanhã. Precisamos garantir que eles
tenham conhecimento.
(Disponível emhttps://veja.abril.com.br/educacao/as-universidades-precisam-formar-sabios/, acessado em 28.05.2019)

Texto 3
O profissional do século XXI
10 de dezembro de 2007
E como dever ser o profissional do século XXI? Bem, ele deve possuir muitas características, entre
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elas, empreendedorismo, resiliência, pró-atividade, liderança energizadora, percepção,


comunicação, persuasão, assertividade, criatividade, cultura, humanismo. Todas elas têm sido
muito requisitadas pelas empresas, mas devemos lembrar que não se trata de buscar profissionais
supra-humanos, visto que isso é impossível e têm levado muitos a um nível elevado de estresse.
Trata-se, apenas, de reconhecer seus potenciais e limitações, e a partir daí, de forma equilibrada e
estruturada, buscar o autodesenvolvimento.

Também não podemos esquecer da relevância da tecnologia na vida de um profissional


globalizado. Independentemente da área do conhecimento, ela fornece a base conceitual
necessária a uma evolução do pensamento e da análise. Ainda, a utilização de ferramentas
tecnológicas é um fator de diferenciação no mercado de trabalho. Compreender claramente o
ambiente altamente tecnológico em que vivemos e suas correlações é fundamental para qualquer
profissional, mas nada exacerbado que nos torne consumidores compulsivos dessas tecnologias.
Por outro lado, os profissionais não podem ficar desatualizados com tal evolução e devem saber
usá-la a seu favor para gerar resultados efetivos.

(Acessado em https://administradores.com.br/noticias/o-profissional-do-seculo-xxi, disponível em 28.05.2019)


Texto 4
A Universidade é um espaço de doutrinação ideológica?
A grande dificuldade de quem desmerece o valor dos conhecimentos das ciências humanas é não
entender que elas não geram resultados palpáveis (a produção de uma cadeira, a construção de uma
ponte) e sim em níveis abstratos. Raciocínio, lógica, reflexão, crítica, o significado de ética, a situação

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do ser humano em relação às outras coisas, as diferenças culturais, as regras simbólicas que regem
as relações humanas, os motivos pelos quais levam as pessoas a fazerem o que fazem.
(...)
As ciências humanas não comportam verdades absolutas, diferente de outras disciplinas. Basta
lembrar das fórmulas matemáticas, as leis que regem as reações químicas e físicas, as características
biológicas de cada ser...
(...)
A crítica mais ácida aos cursos de ciências humanas é a de que teriam se tornado verdadeiros redutos
de esquerdistas. Ela em parte é verdade, pois muitos diretórios e centros acadêmicos praticamente
se tornaram diretórios de partidos políticos —principalmente PT, PCdoB e PSOL. Além disso, muitos
mestres e doutores realmente têm mais afinidades com ideologias e lideranças mais à esquerda. No
entanto, imaginar que seja possível “doutrinar” estudantes “ingênuos e indefesos” é um grande
exagero.
(Disponível http://www.jornaldaorla.com.br/noticias/38306-a-forca-do-pensamento/, acessado em 28.05.2019)
Texto 5

“Quatro anos e meio de faculdade, centenas de desenhos feitos, dezenas de livros lidos, e finalmente
você vai trabalhar… E percebe que muito que aprendeu não vale nada no mercado de trabalho.”

(Depoimento de uma estudante de design, http://design.blog.br, consultado em 04.06.2013)


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Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
As Humanidades perderam a função no século XXI ?

Vigilância epistêmica Fuvest 2008

(Fuvest 2008) REDAÇÃO

Vigilância epistêmica* é a preocupação que todos nós deveríamos ter com relação a tudo o que
lemos, ouvimos e aprendemos de outros seres humanos, para não sermos enganados, para não
acreditarmos em tudo o que é escrito e dito por aí. É preciso vigiar o futuro para sabermos separar
o joio do trigo**.

Hoje boa parte dos sites de busca indexam tudo o que encontram pela frente à internet, mesmo que
se trate de uma grande bobagem ou de evidente inverdade. Qualquer opinião emitida, vista como
um direito de todos, é divulgada aos quatro cantos do mundo. De fato, alguns desses sites de busca
deveriam colocar, nos primeiros lugares, páginas de renomadas Universidades, preocupadas com a
verdade.
Todos precisamos estar muito atentos a dois aspectos com relação a tudo o que ouvimos e lemos:
- se quem nos fala ou escreve conhece a fundo o assunto, se é um especialista comprovado, se sabe
do que está falando;

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- se quem nos fala ou escreve, na verdade, é um idiota que ouviu falar algo e simplesmente repassa,
aos outros, o que leu e ouviu, sem acrescentar absolutamente nada de útil.
Aumentar nossa vigilância e preocupação com a verdade é necessidade cada vez mais premente
num tempo que todos os gurus chamam de Era da Informação.
Discordo, profundamente, desses gurus. Estamos, na realidade, na Era da Desinformação, de tanto
lixo e ruído sem significado que, na maior parte das vezes, nos são transmitidos, todos os dias,
eletronicamente, sem que exista o menor cuidado com a precisão e seriedade do que se emite, por
parte das fontes que colocam matérias na rede. É mais uma consequência dessa ideia que a maioria
das pessoas tem sobre a liberdade de expressar o que bem quiser, de expressar qualquer opinião
que seja, como se opiniões não precisassem se basear no rigor científico, antes de serem emitidas.

Stephen Kanitz, Revista Veja, 03/10/2007. Adaptado.

* Vigilância epistêmica = capacidade de ficar atento e perceber se uma afirmação tem ou não valor
científico.
** Separar o joio do trigo = no contexto, capacidade de diferenciar observações equivocadas,
mentiras mesmo, de outras afirmações que contêm verdades.
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Países se unem em projeto da ONU

Tesouros informativos de vários países estarão disponíveis gratuitamente para qualquer internauta,
a partir deste mês, com a formação da Biblioteca Digital Mundial, uma iniciativa da ONU. O portal
terá, na primeira fase, mapas, fotografias e manuscritos, com textos explicativos em sete línguas,
inclusive português. Na segunda fase, será possível consultar livros.
A Biblioteca Nacional brasileira é uma das participantes.
O Estado de S. Paulo, 02/10/2007. Adaptado.

O acesso à Informação (em sua maioria, eletrônica) se tornou o direito humano mais zelosamente
defendido. E aquilo sobre o que a informação mais informa é a fluidez do mundo habitado e a

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flexibilidade dos habitantes. O noticiário - essa parte da informação eletrônica que tem maior chance
de ser confundida com a verdadeira representação do mundo lá fora é dos mais perecíveis bens da
eletrônica. Mas a perecibilidade dos noticiários, como informação sobre o mundo real, é em si
mesma uma importante informação: a transmissão das notícias é a celebração constante e
diariamente repetida da enorme velocidade da mudança, do acelerado envelhecimento e da
perpetuidade dos novos começos.

Zygmunt Bauman. Modernidade Líquida. Adaptado.

Instrução: Os textos apresentados trazem reflexões e notícias sobre o mundo digital. Com base
nesses textos e em outras informações e ideias que julgar pertinentes, redija uma DISSERTAÇÃO EM
PROSA, argumentando de modo claro e coerente.

O papel da ciência no mundo contemporâneo Fuvest 2020


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Texto 2: Somente numa sociedade onde exista um clima cultural, em que o impulso à curiosidade e
o amor à descoberta sejam compreendidos e cultivados, pode a ciência florescer. Somente quando
a ciência se torna profundamente enraizada como um elemento cultural da sociedade é que pode
ser mantida e desenvolvida uma tecnologia progressista e inovadora, tornando-se, então, possível
uma associação íntima e vital entre ciência e tecnologia. Essa associação é uma característica da
nossa época e certamente essencial para a manutenção de uma civilização com os níveis presentes
de população e qualidade de vida.
Oscar Sala, O papel da ciência na sociedade. 1974. Disponível em http://www.revistas.usp.br/revhistoria.
Adaptado.

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Texto 4: Nós criamos uma civilização global em que os elementos mais cruciais – o transporte, as
comunicações e todas as outras indústrias, a agricultura, a medicina, a educação, o entretenimento,
a proteção ao meio ambiente e até a importante instituição democrática do voto – dependem
profundamente da ciência e da tecnologia. Também criamos uma ordem em que quase ninguém
compreende a ciência e a tecnologia. É uma receita para o desastre. Podemos escapar ilesos por
algum tempo, porém mais cedo ou mais tarde essa mistura inflamável de ignorância e poder vai
explodir na nossa cara.
Carl Sagan,1996.
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Texto 5: Algo muito estranho está acontecendo no mundo atual. Vivemos melhor que qual quer
outra geração anterior. Pessoas são saudáveis graças às ciências da saúde. Moram em residências
robustas, produto da engenharia. Usam eletricidade, domada pelo homem devido ao seu
conhecimento de química e física. Paradoxalmente, essas mesmas pessoas ligam seus
computadores, tablets e celulares para adquirir e disseminar informações que rejeitam a mesma
ciência que é tão presente em suas vidas. Vivemos num mundo em que pessoas usam a ciência para
negar a ciência.
Alicia Kowaltowski, Usando a ciência para negar a ciência. 2019. Disponível em
https://www.nexojornal.com.br/. Adaptado.

Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar
pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o
tema: o papel da ciência no mundo contemporâneo.
Instruções:
• A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
• Escreva, no mínimo,20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha
de redação.
• Dê um título a sua redação.

Um mundo por imagens na época da manipulação midiática Autoral 2020

Texto 1

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(...)Errar, falsear ou mentir, portanto, é não ver os seres tais como são, é não falar deles tais como
são. Como é isso possível? A resposta dos gregos é dupla:
1. o erro, o falso e a mentira se referem à aparência superficial e ilusória das coisas ou dos seres e
surgem quando não conseguimos alcançar a essência das realidades...; são um defeito ou uma falha
de nossa percepção sensorial ou intelectual;
2. o erro, o falso e a mentira surgem quando dizemos de algum ser aquilo que ele não é, quando lhe
atribuímos qualidades ou propriedades que ele não possui ou quando lhe negamos qualidades ou
propriedades que ele possui. Nesse caso, o erro, o falso e a mentira se alojam na linguagem e
acontecem no momento em que fazemos afirmações ou negações que não correspondem à essência
de alguma coisa...
Se eu formular o seguinte juízo: “Sócrates é imortal”, o erro se encontra na atribuição do
predicado “imortal” a um sujeito “Sócrates”, que não possui a qualidade ou a propriedade da
imortalidade. O erro é um engano do juízo quando desconhecemos a essência de um ser. O falso e
a mentira, porém, são juízos deliberadamente errados, isto é, conhecemos a essência de alguma
coisa, mas deliberadamente emitimos um juízo errado sobre ela.
O que é a verdade? É a conformidade entre nosso pensamento e nosso juízo e as coisas
pensadas ou formuladas. Qual a condição para o conhecimento verdadeiro? A evidência, isto é, a
visão intelectual da essência de um ser. Para formular um juízo verdadeiro precisamos, portanto,
primeiro conhecer a essência, e a conhecemos ou por intuição, ou por dedução, ou por indução.
A verdade exige que nos libertemos das aparências das coisas; exige, portanto, que nos
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libertemos das opiniões estabelecidas e das ilusões de nossos órgãos dos sentidos. Em outras
palavras, a verdade sendo o conhecimento da essência real e profunda dos seres é sempre universal
e necessária, enquanto as opiniões variam de lugar para lugar, de época para época, de sociedade
para sociedade, de pessoa para pessoa. Essa variabilidade e inconstância das opiniões provam que
a essência dos seres não está conhecida e, por isso, se nos mantivermos no plano das opiniões, nunca
alcançaremos a verdade.
(...)
A verdade é, ao mesmo tempo, frágil e poderosa. Frágil porque os poderes estabelecidos podem
destrui-la, assim como mudanças teóricas podem substituí-la por outra. Poderosa, porque a
exigência do verdadeiro é o que dá sentido à existência humana. Um texto do filósofo Pascal nos
mostra essa fragilidade-força do desejo do verdadeiro:
“O homem é apenas um caniço, o mais fraco da Natureza: mas é um caniço pensante. Não é preciso
que o Universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água são suficientes para
matá-lo. Mas, mesmo que o Universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que aquilo
que o mata, porque ele sabe que morre e conhece a vantagem do Universo sobre ele; mas disso o
Universo nada sabe. Toda nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. É a partir dele que nos
devemos elevar e não do espaço e do tempo, que não saberíamos ocupar.”
(Chaui, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo:Editora Ática, 200)

Texto 2
Como combater deepfakes?
Vídeos ainda são evidências vistas com os próprios olhos.

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Folha de São Paulo 11.mar.2019


O termo “deepfake” refere-se à possibilidade de usar inteligência artificial e outras ferramentas para
criar imagens ou vozes falsas, mas incrivelmente parecidas com a realidade. Por esses recursos dá
para gerar uma foto, um áudio ou um vídeo de situação que nunca existiu...

Hoje as pessoas acreditam intuitivamente naquilo que veem, especialmente vídeos. Textos e fotos
geram menos confiança, porque cada vez mais gente sabe que podem ser manipulados. No entanto,
vídeos ainda são evidências vistas “com os próprios olhos”.
(Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2019/03/como-combater-
deepfakes.shtml, acessado em 21.08.2019)

Texto 3

Falsificações de fotografias na União Soviética.


(Wikipedia)

Depois que Josef Stalin subiu ao poder no Partido Comunista da


União Soviética e tornou- se líder soviético, iniciou uma série de
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expurgos que eliminaram inimigos percebidos. No início, os


expurgos significavam a expulsão do Partido Comunista, mas após
o Grande Expurgo na década de 1930, os membros seriam detidos,
encarcerados, enviados para gulags ou ao exílio interno na Sibéria,
ou executados.
O governo soviético tentou apagar algumas figuras que expurgava
da história soviética e tomou medidas que incluíam falsificação e
alterações de imagens, destruindo filmes, e em casos mais
extremos, matando famílias inteiras.[1]
Acusam-se as autoridades da antiga União Soviética, de praticar
modificações e adulterações de fotografias com objetivo de
propaganda do regime e "reescrever o passado." Segundo estas
alegações, as fotografias foram cortadas com um bisturi.

(Disponível em
https://pt.wikipedia.org/wiki/Falsifica%C3%A7%C3%B5es_de_fotografias_na_Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica, acessado em
21.07.2019)
Texto 4

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Um dos traços mais marcantes do final do século XX foi a


substituição do real pela representação através das imagens
que se tornaram onipresentes devido aos avanços
tecnológicos no que diz respeito às mídias.
O século XXI traz uma novidade, a possibilidade de
manipulação das imagens que serviram até agora como fontes
documentais. O primeiro texto discute filosoficamente a
representação que fazemos do real através do conceito de
verdade. O segundo traz a novidade da “deepfake”. O texto
seguinte relembra o que pode acontecer com a manipulação
das imagens, pois no regime soviético isso foi feito algumas
vezes e tendo por autor o governo autoritário soviético. A
última imagem, um quadro do pintor surrealista Renée
Magrite (1898-1967), figurativiza um cachimbo, ao mesmo
tempo que uma frase embaixo da tela lembra que aquilo não
é um cachimbo.
A partir dessas reflexões, escreva uma dissertação sobre o
(Fonte: Prova de Redação de PUC/GO, tema: um mundo por imagens na época da manipulação
2010-1) midiática.
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Telenovelas e compromisso com a realidade Faculdade Israelita Albert Einstein 2019

A novela Segundo Sol reacendeu uma questão que, vez ou outra, retorna para o circuito da televisão
brasileira: a ausência de atores e atrizes negras nas produções. Logo que foi anunciado o elenco,
vieram as contestações: como um corpo de intérpretes majoritariamente branco daria vida à Bahia,
um estado onde 76% dos habitantes se declaram pretos ou pardos?
Mauro Alencar, doutor em Teledramaturgia brasileira e latino-americana pela USP, explica que a
verossimilhança1 “se dá por uma sutil junção entre a imaginação do autor e a realidade”. É quando
o criador monta uma trama tão bem elaborada que, mesmo tendo consciência de que ali está uma
ficção, o público acredita nas personagens e na história.
Julio Cesar Fernandes, professor da pós-graduação em Produção Transmídia da Faculdade Cásper
Líbero, afirma que causa estranhamento a ausência de personagens negros em qualquer história
que se passe no Brasil e explica que as telenovelas realizam um movimento de retroalimentação: “A
teledramaturgia reflete o que acontece na sociedade, e a sociedade se espelha no que vê nas
novelas”, pontua.
(Isabel Costa. “Nova novela da Globo gera polêmica com elenco reduzido de negros”.
www.opovo.com.br, 14.05.2018. Adaptado.)
1 verossimilhança: ligação, nexo ou harmonia entre fatos, ideias etc. numa obra literária, ainda que
os elementos imaginosos ou fantásticos sejam determinantes no texto; coerência (Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa).
Texto 2

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A Globo divulgou um posicionamento sobre a controvérsia em torno da novela O Outro Lado do


Paraíso, classificada como “desserviço” pelo Conselho Federal de Psicologia por sugerir que a
personagem Laura (Bella Piero), que foi abusada pelo padrasto quando era criança, seria tratada
pela advogada Adriana (Julia Dalavia), que é coach, com o uso de hipnose. “As novelas são obras de
ficção, sem compromisso algum com a realidade”, diz o comunicado enviado pela emissora.
A cena exibida na novela foi uma ação de merchandising do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC).
Procurado pela Veja nesta terça, o IBC afirmou que coaches não fazem uso da hipnose.
(“Globo defende ‘O Outro Lado do Paraíso’: ‘Novelas são ficção’”. https://veja.abril.com.br,
06.02.2018. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma--padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Por se tratar de uma obra de ficção, a telenovela pode abrir mão do compromisso com a
realidade?

Fronteiras Fuvest 2009


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Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Baarle-Nassau_fronti%C3%A8re_caf%C3%A9.jpg,
30/06/2008.

fronteira
substantivo feminino

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1 parte extrema de uma área, região etc., a parte limítrofe de um espaço em relação a outro. Ex.:
Havia patrulhas em toda a f.
2 o marco, a raia, a linha divisória entre duas áreas, regiões, estados, países etc. Ex.: O rio servia de
f. entre as duas fazendas.
3 Derivação: por extensão de sentido. o fim, o termo, o limite, especialmente do espaço. Ex.: Para a
ciência, o céu não tem f.
4 Derivação: sentido figurado. o limite, o fim de algo de cunho abstrato. Ex.: Havia chegado à f. da
decência.
Fonte: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Adaptado.

As fronteiras geográficas são passíveis de contínua mobilidade, dependendo dos movimentos sociais
e políticos de um ou mais grupos de pessoas.
Além do significado geográfico, físico, o termo “fronteira” é utilizado também em sentido figurado,
especialmente, quando se refere a diferentes campos do conhecimento. Assim, existem fronteiras
psicológicas, fronteiras do pensamento, da ciência, da linguagem etc.
Com base nas ideias sugeridas acima, escolha uma ou até duas delas, como tema, e redija uma
dissertação em prosa, utilizando informações e argumentos que deem consistência a seu ponto de
vista.
Procure seguir estas instruções:
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- Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da modalidade escrita culta
da língua portuguesa.
- Dê um título para sua redação, que deverá ter entre 20 e 30 linhas.

6.Tecnologia
Estelionato virtual Autoral 2020 (Wagner Santos)

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao
longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade formal da língua
portuguesa, com, no máximo, 30 linhas, sobre o tema:

Estelionato virtual: uma preocupação moderna

Texto I
As autoridades só deram atenção aos crimes cometidos na rede em meados da década de 80,
quando houve um grande aumento nos delitos, ainda que a internet tenha aparecido em 1969. Com
toda essa transformação na tecnologia, apareceram novas chances de delitos que não existiam
antes, pois envolvem técnicas novas e não conhecidas. A criminalização dos delitos da informática é
de extrema urgência, pois tem como objetivo a proteção de informações privadas, por exemplo,

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dados pessoais, dignidade da pessoa humana, proteção da propriedade, e, acima de tudo isso, tem
foco em conservar a confiança nas tecnologias e a sua integridade.
Entre os vários delitos virtuais que surgem todo dia, existe um que precisa um foco maior,
porque vem aumentando de forma descontrolada, formando mais vítimas a cada dia, esse delito é
o estelionato virtual, aquele que ocorre na internet com uso de aparelhos eletrônicos, delito em foco
neste trabalho, delito com relação ao qual localizar os criminosos e puni-los é algo demorado e
complicado, possuindo em mente que não existe atualmente lei especifica que tipifique o delito
virtual, assim deixando os operadores do direito sem muitas ações contra tal delito.

Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/65242/crimes-virtuais-estelionato>. Adaptado.

TEXTO II
A história ensina que o progresso é inerente ao homem, e que fomos feitos para evoluir e
inovar e incondicionalmente buscar o avanço, contudo com muitos avanços pode-se ter também o
retrocesso, em que no meio de tantos benefícios, indivíduos procuram oportunidades para se
beneficiar com a falta de conhecimento do que é novo. Desta forma nos deparamos com a internet,
e com os crimes que a envolvem. Vale ressaltar que a internet é um instrumento considerado hoje
como o mais benéfico já desenvolvido, em razão das facilidades que proporciona, a título de exemplo
compras realizadas através de computadores com internet em que se tem a comodidade e
segurança de não sair de casa e poder se comunicar com familiares e amigos em todos os lugares.
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Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/


iegWxiOtVJB1t5C_2019-2-28-16-36-0.pdf>.

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7. Meio Ambiente
Ativismo ambiental Autoral 2020

Observe a peça publicitária e leia os textos abaixo.


Novo relatório da ONU reforça ameaças do aquecimento global
O novo trabalho do órgão da ONU Painel Intergovernamental para a Mudança Climática
(IPCC, na sigla em inglês) diz que os efeitos do aquecimento estão sendo sentidos em todo lugar,
contribuindo para possíveis crises de escassez alimentar, desastres naturais e guerras.
(...)
Os cientistas projetam que o aquecimento poderá reduzir o PIB global em 0,2 a 2 por cento ao ano,
caso as temperaturas medianas subam até 2 graus Celsius — uma estimativa que muitos países
consideram modesta demais.
“Ao longo da próxima década, a mudança climática terá impactos majoritariamente negativos”,
disse Michel Jarraud, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), citando
cidades, ecossistemas e o abastecimento hídrico como áreas de risco.
“Os pobres e vulneráveis serão mais afetados”, acrescentou. Entre os principais riscos estão a
inundação permanente de pequenas ilhas e áreas costeiras.
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( disponível em https://br.reuters.com/article/worldNews/idBRSPEA2U01420140331, acessado em


18.03.2019)

A marca DIESEL tornou-se um ícone da moda fashion e um objeto de desejo principalmente entre os
jovens. A marca cresceu ao longo dos anos com campanhas publicitárias
ousadas e que fugiam ao comum. Nos exemplos acima, pode-se notar um novo posicionamento da
marca e um novo tema abordado em suas campanhas: o aquecimento global e as alterações que
nosso planeta vem sofrendo. Para tal fazem uso de imagens de cartões postais tais como o Cristo
Redentor, Muralha da China, Monte Rushmore, para alertar que mudanças estão ocorrendo e que
devemos parar para refletir e agir antes que resultados como os simulados nos anúncios realmente
ocorram. Um posicionamento novo da marca propondo um posicionamento novo a todo.

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(disponível em http://publizitat.blogspot.com/2010/11/anuncios-da-diesel-remetem-ao.html,
acessado em 18.03.2019)

Impostura verde
Já houve até evento fashion em que hedonistas voluntariam trocados para plantar árvores
(...)
Pessoas sensatas, em tempos normais, pensariam duas vezes antes de adquirir confecções
de uma empresa que publica no Brasil anúncios inteiramente em inglês. Só que nosso tempo há
muito deixou de ser normal. E o Brasil, todos sabem, nunca foi sério. Precisava carimbar a campanha
com um "Global Warming Ready", porém? Para quem não sabe, a frase quer dizer "pronto(a) para
o aquecimento global". Noutro lugar, anuncia-se que são roupas para permanecer "cool" (bacana,
ou, literalmente, fresco) enquanto o mundo se aquece.
(...)

O aquecimento global virou moda, modismo. Já houve até evento fashion "carbon-neutral",
em que hedonistas compungidos voluntariam uns caraminguás para plantar árvores, não se sabe
nem se quer saber onde. Peles de animais, contudo, voltaram a ser chiques. O mundinho é verde,
ma non troppo. Ao final, todos montam em seus jipões 4x4 movidos a (muito) diesel e rodam
superiores sobre o asfalto esburacado das metrópoles brasileiras. Os mais radicais se filiam a alguma
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ONG -com nome em inglês, claro.

( Leite, Marcelo. Folha de São Paulo. São Paulo, 18 de março de 2007).

O texto 1 alerta para os efeitos do aquecimento global. A peça publicitária da Diesel é ambígua em
relação à questão, traço discutido e criticado pelo artigo de opinião de Marcelo Leite. Com base nas
ideias e sugestões presentes na coletânea, redija uma dissertação argumentativa em prosa, a partir
do seguinte recorte temático:
Importância e limites do ativismo ambiental.

Agrotóxicos FAMECA 2017

Texto 1
Muito comum na agricultura brasileira para exterminar pragas e doenças que causam danos às
plantações, o uso de agrotóxicos nos alimentos ainda gera muita dúvida.
Mesmo com a higienização adequada, não é possível remover totalmente o agrotóxico presente nos
alimentos. Para reduzir a ingestão dessas substâncias, uma solução é optar por alimentos orgânicos,
que são cultivados sem o uso de agrotóxicos ou de adubos químicos.
(“Agrotóxicos nos alimentos”. www.maisequilibrio.com.br. Adaptado.)
Texto 2

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O Brasil é líder na produção e na exportação de soja, milho, cana, algodão, laranja etc. Situado em
região tropical, o país desenvolveu tecnologias próprias para superar suas limitações. Um dos
grandes desafios tem sido a redução dos danos causados pelas pragas agrícolas (insetos, doenças e
plantas daninhas).
As pragas são controladas utilizando-se várias medidas disponíveis. O manejo químico com produtos
agrotóxicos é uma das medidas mais empregadas, por sua eficiência e sua segurança. Trata-se da
aplicação de inseticidas, fungicidas e herbicidas. Se esses produtos não fossem utilizados, a produção
agrícola sofreria redução da ordem de 50%. Sem defensivos, seria necessário dobrar a área cultivada,
com a incorporação de terras hoje cobertas de floresta, com elevação nos preços dos alimentos.
Os agrotóxicos usados no Brasil são extremamente seguros. São desenvolvidos por empresas que
empregam ciência e tecnologia de ponta. Para que um novo produto chegue aos produtores rurais,
há necessidade de muita pesquisa e de avaliações rigorosas de qualidade.
(José Otavio Menten, Ciro Rosolem e Luiz Carlos C. Carvalho. “Agrotóxicos são necessários ou não?”.
http://opiniao.estadao.com.br, 19.07.2016. Adaptado.)
Texto 3
Desde 2008, o Brasil ocupa o lugar de maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Segundo o
Instituto Nacional do Câncer (INCA), isso representa o consumo, por brasileiro, de cinco litros de
veneno a cada ano. Tal consumo não é somente uma estimativa, e sim uma realidade vivenciada por
todos. Dados oficiais demonstram que a intoxicação, seja aguda ou crônica, atinge os trabalhadores,
a população do entorno das fábricas de agrotóxicos e os consumidores de alimentos contaminados,
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ou seja, toda a população.


Como resultado, tem-se o aumento da incidência de doenças, tais como doenças endócrinas, câncer,
infertilidade, distúrbios neurológicos, déficits de atenção e hiperatividade em crianças.
(Andréa Bruginski. “Alimentação saudável e agrotóxicos nos alimentos”. www.crn8.org.br.
Adaptado.)
Com base nas informações apresentadas pelos textos e em seus próprios conhecimentos, escreva
uma dissertação, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o seguinte tema:
O setor agrícola brasileiro deve continuar utilizando agrotóxicos no combate às pragas?

Lixo: da educação às políticas públicas UNIMAT 2019.2

Texto I

Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo e recicla apenas 1%


O Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos,
China e Índia. O país também é um dos menos recicla este tipo de lixo: apenas 1,2% é reciclado, ou
seja, 145.043 toneladas. Os dados são do estudo feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF,
sigla em inglês). O relatório “Solucionar a Poluição Plástica – Transparência e Responsabilização"
será apresentado na Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-4), que será
realizada em Nairóbi, no Quênia, de 11 a 15 de março [...].
Disponível em: https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/03/04/brasile-o-4o-maior-produtor-de-lixo-plastico-do-mundo-e-recicla-apenas-
1.ghtml. Acesso em: mar.2019.

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Texto II
Parque de adversões
[...]
A manhã é uma infância
num poema malogrado
e exilado na lata de lixo.
No dia vazio de poetas
não cabe uma flor.
MARQUES, Santiago Vilela. Selvagem. Cuiabá: Carlini & Caniato, 2013, p. 23
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Uma velha rede de náilon prende como numa armadilha a tartaruga-cabeçuda no litoral espanhol,
no Mediterrâneo. Embora ainda conseguisse esticar o pescoço para respirar fora da água, a tartaruga
morreria caso não fosse libertada pelo fotógrafo.
Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/2018/05/animais-plastico-uso-unico-oceanos-lixo Acesso em: mar.2019

PROPOSTA DE REDAÇÃO

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Com base na coletânea de textos norteadores e nos seus conhecimentos, produza um texto sobre o
tema: “o lixo: da educação às políticas públicas”. Lembre-se que seu texto deve ser dissertativo-
argumentativo. Para tanto, organize suas ideias de forma a estabelecer relações com a coletânea de
textos, de forma crítica, coesa e coerente, defendendo seu ponto de vista e propondo sugestões de
solução para o problema com argumentos consistentes. Não se esqueça de que deve ser escrito em
linguagem formal.

8. Política
Intervenção do Estado na dinâmica social e vigilância do indivíduo

Texto I
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu nesta sexta-feira o monitoramento de
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dados de internet de usuários de todo o mundo e ligações telefônicas nos Estados Unidos feito pela
Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês).
Em discurso sobre a reforma de saúde, ele comentou pela primeira vez sobre o caso, que causou
polêmica por causa das suspeitas de violação de privacidade. Ele afirmou que, antes de assumir o
governo, era cético em relação ao programa, mas concluiu que eles realmente ajudam o combate
ao terrorismo.
"Quando assumi meu mandato, me comprometi com duas coisas: o respeito à Constituição e a
proteção dos cidadãos americanos. Não podemos ter 100% de segurança com 100% de privacidade
e sem nenhum inconveniente".
Folha de São Paulo on line, 07/06/2013,
(http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/06/1291350-obama-diz-que-monitoramento-de-
dados-foi-informado-ao-congresso.shtml, site consultado em 05/09/2014)

Texto II

“A história da Gestapo, a polícia secreta de Hitler”

Ela nasceu em 1933 para esmagar a oposição a Adolf Hitler e logo se transformou na peça central
do terror nazista. Com a ajuda de cidadãos comuns, a Gestapo vigiou, sequestrou, torturou e
executou milhares de pessoas
Em 1934, a estudante de música Ilse Sonja Totzke chamou a atenção dos moradores da pequena
Wurtzburgo, na Alemanha. Volta e meia, era vista conversando com judeus. Graças a denúncias

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anônimas, em 1936, sua caixa de correio passou a ser vigiada pela Gestapo. Três anos depois, o
médico Ludwig Kneisel foi ao quartel-general da polícia secreta do regime nazista para delatar o
"comportamento suspeito" da vizinha. Em 1940, foi a vez da jovem Gertrude Weiss. Ela informou
aos agentes que a estudante nunca respondia à saudação "Heil Hitler!".
Questionada no ano seguinte, Totzke confirmou que tinha amigas, mas não amigos judeus. Corria o
risco de ser acusada de ter relações sexuais com eles - um grave delito de "desonra racial".
(...)
Raros alemães desafiaram a Gestapo como ela. Milhões, contudo, viveram no mesmo clima de
pavor, em que todos eram denunciantes e potenciais denunciados.
Após a Segunda Guerra, a polícia secreta de Adolf Hitler tinha a fama de ser infalível e implacável,
quase onisciente, até. Hoje, porém, historiadores têm uma visão distinta. Embora fosse a peça
central do terror nazista e agisse praticamente acima da lei, a Gestapo não teria a mesma eficácia
sem a colaboração de cidadãos comuns, como Kneisel e Weiss.
(...)
Vigiar o pensamento não era novidade no país. Desde os tempos do Segundo Império (1871-1918),
o chanceler Otto von Bismarck costumava recorrer a leis especiais para perseguir oponentes.
(Perazzo, Priscila F. “A história da Gestapo.doc”.
In http://minhateca.com.br/pedroassisteixeira/Documentos/LIVROS+E+ARTIGOS, site consultado
em 05.09.2014)

Texto III
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“As cidades de segurança urbanas transformaram-se ao longo dos séculos em estufas ou


incubadoras de perigos reais ou imaginários, endêmicos ou planejados. Construídas com a ideia de
instalar ilhas de ordem num mar de caos, as cidades transformaram-se nas fontes mais profusas de
desordem, exigindo muralhas, barricadas, torres de vigilância e canhoneiras visíveis e invisíveis –
além de incontáveis homens armados.
(...) o tema unificador de todos esses dispositivos de segurança intraurbana é “o medo do Outro”.
Mas esse Outro que tendemos ou somos induzidos a temer não é algum indivíduo ou categoria de
indivíduos que se estabeleceu, ou foi forçado a fazê-lo, fora dos limites da cidade, e aos quais se
negou o direito de fixar residência ou se estabelecer temporariamente. Em vez disso, o Outro é um
vizinho, um transeunte, um vadio, um espreitador, em última instância, qualquer estranho. Mas
então, como todos sabemos, os moradores das cidades são estranhos entre si, e todos somos
suspeitos de portar o perigo; assim, todos nós, em algum grau, queremos que as ameaças
flutuantes, difusas e incontroladas sejam condensadas e acumuladas num conjunto de “suspeitos
habituais”. Espera-se que essa condensação mantenha a ameaça afastada e também,
simultaneamente, nos proteja do perigo de sermos classificados como parte dela.
É por essa dupla razão – proteger-nos dos perigos e de sermos classificados como um perigo – que
temos investido numa densa rede de medidas de vigilância, seleção, segregação e exclusão.

(Bauman, Zygmunt. Vigilância líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2013)

Trabalhe sua dissertação a partir do seguinte recorte temático:

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Segundo o artigo 144 da Constituição, a segurança pública é dever do Estado, direito e


responsabilidade de todos. Tal responsabilidade permite ao Estado intervir no comportamento
individual e coletivo com ações preventivas que incluem a vigilância.
Levando em consideração esses aspectos, o que foi considerado na coletânea e aquilo que você
achar relevante, faça uma dissertação de cunho argumentativo sobre o seguinte tema: até que
ponto o Estado pode intervir diretamente na dinâmica social e vigiar o indivíduo?

Lembre-se de que seu texto deve partir de uma tese bem determinada, ou seja, você deve
manifestar um posicionamento claro diante do tema.
Sua redação deve ter no mínimo 20 linhas e, no máximo 30.

Corrupção no Congresso Nacional Unesp 2014

Texto 1
Dos 594 deputados e senadores em exercício no Congresso Nacional, 190 (32%) já foram
condenados na Justiça e/ou nos Tribunais de Contas.
As ocorrências se encaixam em quatro grandes áreas: irregularidades em contas e processos
administrativos no âmbito dos Tribunais de Contas (como fraudes em licitações); citações na Justiça
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Eleitoral (contas de campanha rejeitadas, compra de votos, por exemplo); condenações na Justiça
referentes à lida com o bem público no exercício da função (enriquecimento ilícito, peculato etc.); e
outros (homicídio culposo, trabalho degradante etc.).
(Natália Paiva. www.transparencia.org.br. Adaptado.)
Texto 2
Nossa tradição cultural, por diversas razões, criou um ideal de cidadania política sem vínculos com a
efetiva vida social dos brasileiros. Na teoria, aprendemos que devemos ser cidadãos; na prática, que
não é possível, nem desejável, comportarmo-nos como cidadãos. A face política do modelo de
identidade nacional é permanentemente corroída pelo desrespeito aos nossos ideais de conduta.
Idealmente, ser brasileiro significa herdar a tradição democrática na qual somos todos iguais perante
a lei e onde o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade é uma propriedade inalienável de
cada um de nós; na realidade, ser brasileiro significa viver em um sistema socioeconômico injusto,
onde a lei só existe para os pobres e para os inimigos e onde os direitos individuais são monopólio
dos poucos que têm muito.
Preso nesse impasse, o brasileiro vem sendo coagido a reagir de duas maneiras. Na primeira, com
apatia e desesperança. É o caso dos que continuam acreditando nos valores ideais da cultura e não
querem converter-se ao cinismo das classes dominantes e de seus seguidores. Essas pessoas
experimentam uma notável diminuição da autoestima na identidade de cidadão, pois não aceitam
conviver com o baixo padrão de moralidade vigente, mas tampouco sabem como agir honradamente
sem se tornarem vítimas de abusos e humilhações de toda ordem. Deixam-se assim contagiar pela

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inércia ou sonham em renunciar à identidade nacional, abandonando o país. Na segunda maneira, a


mais nociva, o indivíduo adere à ética da sobrevivência ou à lei do vale-tudo: pensa escapar à
delinquência, tornando-se delinquente.
(Jurandir Freire Costa. http://super.abril.com.br. Adaptado.)
Texto 3
Se o eleitorado tem bastante clareza quanto à falta de honestidade dos políticos brasileiros, não se
pode dizer o mesmo em relação à sua própria imagem como “povo brasileiro”. Isto pode ser um
reflexo do aclamado “jeitinho brasileiro”, ora motivo de orgulho, ora de vergonha.
De qualquer forma, fica claro que há problemas tanto quando se fala de honestidade de uma forma
genérica, como quando há abordagem específica de comportamentos antiéticos, alguns ilegais: a
“caixinha” para o guarda não multar, a sonegação de impostos, a compra de produtos piratas, as
fraudes no seguro, entre outros. A questão que está posta aqui é que a população parece não
relacionar seus “pequenos desvios” com o comportamento desonesto atribuído aos políticos.

(Silvia Cervellini. www.ibope.com.br. Adaptado.)


Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de
gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
CORRUPÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL: REFLEXO DA SOCIEDADE BRASILEIRA?
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Democratização da Cultura Autoral 2020

Apesar de ser um país com múltiplas expressões artísticas e culturais, o Brasil ainda enfrenta
muitos problemas quanto ao acesso a esses bens. Segundo reportagem do Nexo¹, cerca de 32% da
população depende da gratuidade para frequentar atividades ligadas à arte ou cultura. Segundo a
pesquisa, cerca de 12 milhões de brasileiros nunca assistiram a um espetáculo teatral e 10 milhões
nunca estiveram num museu. Esses números abarcam, inclusive, pessoas vivendo em grandes
centros de produção cultural.
A partir da leitura dos trechos a seguir, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma
padrão da língua portuguesa sob o tema: Democratização da cultura. Os textos poderão servir como
subsídios para a sua argumentação, mas não devem ser integralmente copiados. O

Texto 1.:
“O site do Instituto de Arte de Chicago disponibilizou um acervo com mais de 52 mil imagens
de obras de arte em alta resolução. Todas elas estão em Creative Commons, tipo de licença que
permite a você compartilhar, baixá-las em alta resolução e, assim, dar uma pegada mais conceitual
ao plano de fundo de seu computador ou celular, por exemplo.
A coleção pode ser acessada a partir de vários filtros – tudo está em inglês, mas a navegação,
garantimos, é simples. Clicando na categoria “Mostrar Apenas” e selecionando a opção ”Domínio
Público”, você pode explorar aspectos como as obra por data – o posto de mais antiga da lista é
ocupado por um artefato de pedra esculpida encontrado nos Estados Unidos, que têm mais de 10

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mil anos de idade. Há imagens de pinturas, ilustrações, gravuras, fotografias, esculturas e trabalhos
em tecido. (...)” (Revista Superinteressante, 09/11/18)
Fonte: < https://super.abril.com.br/cultura/monet-van-gogh-picasso-52-mil-obras-de-arte-disponiveis-para-download/> Acesso em 14 Mar.2019.

Texto 2.:
“Desigualdades no acesso à produção cultural:
- Entretenimento: a minoria dos brasileiros frequenta cinema uma vez no ano. Quase todos os
brasileiros nunca frequentaram museus ou jamais frequentaram alguma exposição de arte. Mais de
70% dos brasileiros nunca assistiram a um espetáculo de dança, embora muitos saiam para dançar.
Grande parte dos municípios não possui salas de cinema, teatro, museus e espaços culturais
multiuso.
- Livros e Bibliotecas: o brasileiro praticamente não tem o hábito de leitura. A maioria dos livros
estão concentrados nas mãos de muito poucos. O preço médio do livro de leitura é muito elevado
quando se compara com a renda do brasileiro nas classes C/D/E. Muitos municípios brasileiros não
têm biblioteca, a maioria destes se localiza no Nordeste, e apenas dois no Sudeste.
- Acesso à Internet: uma grande porcentagem de brasileiros não possui computador em casa, destes,
a maioria não tem qualquer acesso à internet (nem no trabalho, nem na escola).” (UNESCO, sem
data)
Fonte: < www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/culture-and-development/access-to-culture> Acesso em 14 Mar. 2019.
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Texto 3.:
“Para Ezequiel Ander-Egg (1987), o paradigma da democratização da cultura pretende
ampliar o acesso do grande público à cultura e à vida artística, caracterizando-se por distribuir os
benefícios da cultura para a população, mediante a difusão desde as instituições, e consistiria em
proporcionar conhecimentos e serviços da elite cultural, buscando diminuir a desigualdade no
acesso aos bens culturais, bem como ao patrimônio histórico. (...)
O outro paradigma de política pública voltada para a cultura, a democracia cultural, teria a
função de proporcionar a indivíduos, grupos e comunidades instrumentos necessários para
desenvolver suas potencialidades culturais, com a possibilidade de os cidadãos participarem
ativamente da vida social. Nesta perspectiva, a população se apropriaria de meios necessários para
desenvolver suas próprias práticas, dinamizando a cultura local a partir de suas referências e não
tendo como horizonte somente as práticas artísticas consagradas. O centro desta concepção tem a
ver com a cultura local e autônoma, enfatizando-se a cultura realizada por todos. O mais importante
passa a ser a participação na criação e nos processos culturais. Aqui, a cultura é vista como processo
em que cada um possa conduzir sua vida de modo autônomo, com o fim de desenvolver o conjunto
de suas potencialidades, com especial atenção à identidade cultural. Esta política busca valorizar as
produções e ações culturais independentes, sem que o Estado interfira nas escolhas e nos fazeres
de grupos e comunidades (ANDER-EGG, 1987, p. 41-45).”²
Fonte: <http://polis.org.br/wp-content/uploads/192-674-1-PB.pdf> Acesso em 14 Mar. 2019.

Texto 4.:

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Fonte: <http://meia-entradasim.blogspot.com/2008/12/charge-do-latuff.html> Acesso em 14 Mar.2019.

¹ Disponível em <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/07/25/O-que-esta-pesquisa-revela-sobre-o-acesso-%C3%A0-
cultura-no-Brasil> Acesso em 24 Mar. 2019.
² SOUZA, Valmir de. Cidadania Cultural: entre a democratização da cultura e a democracia cultural. Pólis. Ano 8, número 14,
semestral, out/2017 a mar/ 2018, p. 97 – 107.

Corrupção e passividade do brasileiro Autoral 2020 modelo UNB (Wagner Santos)


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Texto I
A CORRUPÇÃO NO BRASIL TAMBÉM É BANCADA POR NÓS!
(Mauricio Alvarez da Silva)
Estamos novamente em meio a um turbilhão de escândalos públicos, o que tem sido uma
situação constante desde a época em que éramos uma simples colônia. Como diz o adágio popular
vivemos na “casa da mãe Joana”.
No entanto, a questão da corrupção no Brasil é muito mais profunda. Acredito que apenas
uma pequena parte dos casos seja descoberta e venha a público. Imagino que grande parcela fique
escondida nas entranhas públicas. Temos a corrupção política, a corrupção de servidores e de
cidadãos desonestos. A corrupção sempre tem dois lados, um corrompendo e outro sendo
corrompido.
É nítido que a máquina pública está comprometida. Desde criança escutamos falar sobre a tal
da corrupção, agora vemos, todo dia, ao vivo e a cores na TV.
Na esfera política houve e há muito apadrinhamento para se obter a dita governabilidade.
Não importa os interesses da sociedade, desde que os interesses pessoais e partidários sejam
atendidos, com isso vem a briga pela distribuição de cargos públicos, comissionamentos e outras
benesses. Isto ocorre em todos os níveis de governo (municipal, estadual e federal), afinal é preciso
acomodar todos os camaradas.
Se pararmos para pensar, no final das contas, mesmo que inconscientemente, somos nós que
financiamos toda essa corrupção. Os corruptos visam o dinheiro público, que em última análise é o
seu dinheiro e o meu dinheiro, que disponibilizamos para a manutenção da sociedade.

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Na medida em que os recursos destinados a financiar hospitais, escolas, saneamento básico


e outras necessidades primárias são desviados, debaixo de nossos narizes, e não tomamos qualquer
atitude, também temos nossa parcela de culpa, por uma simples questão de omissão.
Todo mês a arrecadação tributária bate recordes, o governo encosta os contribuintes na
parede e suga a maior parcela dos seus recursos e tudo isso para quê? Para vermos que o nosso
dinheiro está sendo desviado, utilizado para manter um gigantesco cabide de empregos, manter o
inchaço da máquina pública ou aplicado em obras fúteis, enfim, uma grande parcela escoando pelo
ralo. (...)
Falta-nos esse poder de mobilização e indignação, afinal quem manda neste país é o povo
brasileiro, sua vontade é soberana e cabe aos ocupantes dos cargos públicos nos representar e,
sobretudo, nos respeitar.
A situação pode, sim, ser mudada. Desde que você e eu nos manifestemos abertamente, pois
nossa manifestação, quando multiplicada, gerará a necessária mudança da opinião pública sobre o
assunto. Sinta-se à vontade para utilizar ou compartilhar este artigo com seus amigos e colegas, e
peça-os para manifestarem também em blogs, twitters e outros meios, enviando cópia para
deputados, senadores e outras autoridades.

Texto II
“No Brasil, corrupção é forma de gestão, é sistema político”, diz Jabor
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Esta crise vem do atraso brasileiro. Quem a provoca é a resistência daqueles que vivem da
precariedade de nossas instituições, aqueles que vivem nos buracos da lei, como os ratos. O
Ministério Público com Janot e o juiz Sérgio Moro não estão provocando crise alguma, mas uma
mutação histórica. Mesmo que acabe em pizza, nunca mais o país será o mesmo.
Isso porque aqui a corrupção não é apenas um malfeito, um "pecado" de ladrões, mas uma
forma de gestão, um sistema político que contamina os órgãos públicos, deformando qualquer
hipótese de crescimento e governança.
Está vindo à luz um Brasil que estava oculto debaixo da terra e dos esgotos. A maldita herança
que Lula deixou abriu as portas para esse desmanche do país. Há 12 anos a ordem ainda é: "Façam
o que quiserem com o Estado, desde que me apoiem".
E assim se criou o pior cenário para o Brasil: uma frente única da esquerda incompetente com
a mais arcaica direita feudal. O perigo que a Lava Jato corre não são as investidas do ambicioso trator
Eduardo Cunha. Não. Perigosas são as artimanhas sutis, armadas para tentar que o STJ anule as
investigações.
No Brasil fala-se muito em democracia para não exercê-la. Mas Janot e os procuradores estão
mostrando que a verdadeira democracia é: "Todos os homens são iguais perante à lei".

A partir dos textos motivadores, e tomando-os unicamente como motivadores, escreva um


texto dissertativo expositivo-argumentativo que verse acerca do seguinte tema: A corrupção e a
passividade do brasileiro. Seu texto deverá ter, no máximo, 30 linhas e ser escrito segundo a norma
culta da língua portuguesa.

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Participação política do jovem no século XXI Autoral 2020 (Wagner Santos)

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade formal da língua
portuguesa sobre o tema “A participação do jovem na vida política brasileira no séc. XXI”.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa do seu
ponto de vista.

Texto I
Participação política, quando o jovem entra em cena
Entrevista com Renato Souza de Almeida, publicada na edição nº 390, setembro de 2008.
Votar com consciência social, discernindo o que é melhor para o município, mas sobretudo
votar com o coração, com a sensibilidade e o senso de justiça para enxergar o sofrimento dos pobres
que mais precisam do serviço público.
Este é um direito e uma obrigação dos jovens que começam a participar, não apenas das
eleições, mas também da organização de grupos e do debate sobre o futuro que queremos. Um
debate que conta com as ideias e a ação de Renato Souza de Almeida.
Dizem que o jovem não gosta de política. Isto é verdade?
O jovem não é um sujeito isolado do restante da sociedade. E, de uma forma geral, toda a
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sociedade tem partilhado certa descrença na ação política. Num contexto histórico em que muitas
pessoas estão desanimadas com a política, é evidente que muitos jovens também vão partilhar desse
sentimento. No entanto o que é política? Nas últimas pesquisas realizadas com jovens sobre este
tema é interessante notar que, ao falar de política, muitos afirmam que não gostam. Mas quando se
trata do tema da participação social, a maioria acha que é muito importante. E participar não é um
ato político? A palavra política está muito associada ao governo, ao partido... Se ampliarmos esta
noção de política para a ideia de participação pública e coletiva, pode crer que muitos jovens não só
gostam de política como têm um forte engajamento, maior inclusive que qualquer outro segmento
social.
O que leva o jovem a desacreditar na política?
Primeiro, é entendermos o que de fato o jovem está chamando de política. Algumas palavras
são muito significativas, mas estão desgastadas quanto ao seu uso. Evidentemente isso não é por
acaso. No campo da política institucional, a forma com que muitos dos políticos profissionais têm
tratado as questões públicas faz com que desacreditemos que qualquer mudança seja possível. Da
mesma forma, a mídia também contribui para que tenhamos uma ideia ruim da política. Valoriza-se
muito, nos noticiários, atitudes de corrupção, nepotismo... e muito pouco (ou quase nada) as boas
ações políticas. Há uma série de leis e políticas públicas importantes que foram pensadas por gente
muito comprometida. Mas tenta-se colocar todos no mesmo saco. Se se conhece apenas maus
exemplos, o descrédito dos jovens a esta política institucional será natural.

(http://www.mundojovem.com.br/entrevistas/participacao-politica-quando-o-jovem-entra-em-cena. Fragmento.)
Texto II

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Texto III
Cidadania: reflexo da participação política
Por CRISTIANE ROZICKI (Mestre em Direito pelo Curso de Pós Graduação em Direito da Universidade
Federal de Santa Catarina e doutoranda no mesmo curso)
Nos últimos tempos, usamos com frequência o termo cidadania em qualquer discurso ou
diálogo trivial, pois consiste, este vocábulo, devido ao seu significado abrangente, a designação que
tende a ser oportuna e adequada em inúmeras situações.
Todos experimentamos o exercício da cidadania ou o seu desrespeito na vida e, assim,
acabamos perfeitamente aptos para apontar a existência ou a falta da mesma sem dificuldades. Esta
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realidade permite alcançar o conteúdo que aquele termo designa a partir de um sem número de
direitos que o integram. Tais direitos, seguindo a moral de vida de uma sociedade e de seus
interesses, vão sendo estendidos e ampliados, favorecendo, por conseguinte, a identificação do
significado e conteúdo da cidadania em uma quase infinita variedade de situações.
Cidadania, palavra derivada de cidade, estudada por Aristóteles, é melhor compreendida se
pensarmos a cidade como o Estado. Desse modo entendida cidadania, é possível dizer que, todo
cidadão, que integra a sociedade pluralista do Estado democrático, é senhor do exercício da
cidadania, a qual, em síntese, é vocábulo que expressa um extenso conjunto de direitos e de deveres.
Esta ideia, de exercício de um vasto conjunto de direitos e de deveres, consiste o conceito
amplo de cidadania, cujo conteúdo, superior ao conceito estrito de cidadania, o qual é percebido
unicamente como o exercício do direito e dever políticos de votar e de ser votado, só adquire pleno
significado, no mundo contemporâneo, num Estado democrático de direito. E, normalmente, na
atualidade, quando fazemos referência à cidadania, estamos falando de seu sentido ampliado.
Como se disse há pouco, perceber o pleno alcance do conceito amplo de cidadania, hoje,
exige, necessariamente, o ambiente de vida e de convívio entre os homens típico e próprio de um
Estado democrático de direito. Em sua acepção ampla, cidadania constitui o fundamento da
primordial finalidade daquele Estado, que é possibilitar aos indivíduos habitantes de um país o seu
pleno desenvolvimento através do alcance de uma igual dignidade social e econômica.

INSTRUÇÕES:
• O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
• O texto definitivo deverá ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.

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• A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de


Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

Possibilidades e limites da ação política e moral IME 2017/2018 modificada

Texto 1
A CONDIÇÃO HUMANA
A Vita Activa e a Condição Humana
Com a expressão vita activa, pretendo designar três atividades humanas fundamentais: labor,
trabalho e ação. Trata-se de atividades fundamentais porque a cada uma delas corresponde uma
das condições básicas mediante as quais a vida foi dada ao homem na Terra.
O labor é a atividade que corresponde ao processo biológico do corpo humano, cujos crescimento
espontâneo, metabolismo e eventual declínio têm a ver com as necessidades vitais produzidas e
introduzidas pelo labor no processo da vida. A condição humana do labor é a própria vida.
O trabalho é a atividade correspondente ao artificialismo da existência humana, existência esta não
necessariamente contida no eterno ciclo vital da espécie, e cuja mortalidade não é compensada por
este último. O trabalho produz um mundo “artificial” de coisas, nitidamente diferente de qualquer
ambiente natural. Dentro de suas fronteiras habita cada vida individual, embora esse mundo se
destine a sobreviver e a transcender todas as vidas individuais. A condição humana do trabalho é a
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mundanidade.
A ação, única atividade que se exerce diretamente entre os homens sem a mediação das coisas ou
da matéria, corresponde à condição humana da pluralidade, ao fato de que homens, e não o
Homem, vivem na Terra e habitam o mundo. Todos os aspectos da condição humana têm alguma
relação com a política; mas esta pluralidade é especificamente a condição – não apenas a conditio
sine qua non, mas a conditio per quam – de toda a vida política. (...) A ação seria um luxo
desnecessário, uma caprichosa interferência com as leis gerais do comportamento, se os homens
não passassem de repetições interminavelmente reproduzíveis do mesmo modelo, todas dotadas
da mesma natureza e essência, tão previsíveis quanto a natureza e a essência de qualquer outra
coisa.
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Tradução de Roberto Raposo:
Editora da Universidade de São Paulo, 1981. pp. 15-17 (texto adaptado).

Texto 2
Das vantagens de ser bobo

O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é
capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma
coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando.".
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio
da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.

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O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão
atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples
pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez.
No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido
para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo,
praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o
aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de
que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas,
em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e, portanto, estar tranquilo,
enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no
estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem
menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase:
"Até tu, Brutus?".
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto
não teria morrido na cruz.

LISPECTOR, Clarice. Das vantagens de ser bobo.


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Disponível em: http://www.revistapazes.com/das-vantagens-de-ser-bobo/. Acesso em 10


de maio de 2017.
Originalmente publicado no Jornal do Brasil em 12 de setembro de 1970.

Texto 3
EXAUSTO
Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.

PRADO, Adelia. Exausto. Disponível em <http://byluleoa-


tecendopalavras.blogspot.com.br/> Acesso em 31/07/17.

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Texto 4

Disponível em <http://www.universidadedocoracao.org/joomla/index.php/rss-da-univerdade-do-
coracao/item/92-mova-se-nao-seja-morno-saia-do-comodismo>, acessado em 25.09.2019.

Os textos acima discutem a ação moral ou política como própria essência do ser humano. Com base
nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando
a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: As possibilidades e limites da ação política ou
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moral.

Voto nulo UNIFESP 2017

Texto 1
Na história, o voto nulo já foi uma bandeira ideológica. Era uma ideia básica dos anarquistas,
um dos movimentos utópicos que nasceram no século XIX e fizeram sucesso no começo do século
XX. Para eles, votar nulo era uma condição para manter a própria liberdade, se recusando a entregá-
la na mão de um líder. “Não mais partidos, não mais autoridade, liberdade absoluta do homem e do
cidadão”, pregava o filósofo francês Pierre-Josef Proudhon. O sonho dos anarquistas era uma
sociedade organizada pelas próprias pessoas, sem funcionários, sem autoridades e sem líderes.
Hoje, esse discurso utópico parece estar empoeirado. Mas há quem se pergunte se um pouco
da utopia da década de 1930 não serviria como uma opção coerente diante de tantos problemas da
democracia. A favor ou contra o voto nulo, todos concordam que o atual sistema político do Brasil
tem problemas muito mais profundos que a escolha de um ou outro candidato. Segundo o IBGE,
mais de 30% dos brasileiros não sabem quem é o governador de seu estado. Dois em cada 10
brasileiros não conseguem dizer quem é o presidente da República, e só 18% praticaram alguma
ação política, como fazer uma reclamação ou preencher um abaixo-assinado.
Para Edson Passetti, pesquisador do Departamento de Política da PUC-SP, votar nulo não
serve para eliminar corruptos da política, mas pode funcionar como uma crítica generalizada: “Optar
pelo voto nulo é saudável como protesto contra todo um sistema.” Já para Marco Aurélio Mello,
presidente do TSE, o voto nulo não seria um ato responsável: “Dar uma de avestruz, enfiando a

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cabeça na areia e deixar o vendaval passar, é a melhor forma de comprometer negativamente o


futuro do país.”
(Liliana Pinheiro. “Adianta votar nulo?”. Superinteressante, setembro de 2006. Adaptado.)

Texto 2
Qual é, em comparação com outras estratégias de protesto, a eficácia do voto nulo? Em que
medida e sob que circunstâncias ele produz realmente o efeito desejado?
Afastemos, desde logo, a suposição de que um alto percentual de votos nulos acarreta a
nulidade da própria eleição. Trata-se de uma crença totalmente desprovida de fundamento; a
Constituição vigente nada estipula nesse sentido. A questão a considerar é, pois, o objetivo dos
proponentes do voto nulo. Protestar contra o quê, exatamente?
O atual estado de coisas é lastimável, mas a contribuição do voto nulo à correção dele é
rigorosamente zero. Neste caso, nada há na anulação que se possa chamar de público – ou seja, de
político, no melhor sentido da palavra. Nas condições do momento, ele apenas exprime um mal-
estar subjetivo, difuso, de caráter individual. Qualquer que seja seu peso nos números finais da
eleição, ele será apenas uma soma desses mal-estares e da apatia que deles decorre.
(Bolívar Lamounier. “Voto nulo: como, quando, para quê?”. Folha de S.Paulo, 12.07.2014. Adaptado.)

Texto 3
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Não concordo com o sistema de representação política do Brasil. Minha alternativa de protesto é
o voto nulo.
Na hora de divulgar os resultados, reais ou de pesquisas, a imprensa costuma somar os votos
nulos e brancos. O significado dos dois é diferente. O voto nulo é, em princípio, um protesto,
inclusive contra o próprio processo eleitoral. Já o voto branco diz que o eleitor concorda com a
decisão da maioria.
Votar nulo não se trata de atacar o governo ou a oposição, mas o sistema político inteiro,
dizendo não à promiscuidade partidária que confunde o eleitor com essa miscelânea de acordos
nacionais e regionais que querem reduzir a cidadania a uma negociata por horários na TV.
(Hugo Possolo. “Protestar pelo voto nulo”. Folha de S.Paulo, 14.07.2014. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O voto nulo é um ato político eficaz?

Quadro de desesperança política brasileira Faculdade Israelita Albert Einstein 2017

A entrevista e a charge que seguem servirão de base para você elaborar sua redação.
Historiador vê 'redefinição política e moral' no País
Publicado e atualizado 29/01/2017 - 22h32 • Por Maria Teresa Costa

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Com um histórico de golpes, contragolpes e crises, o momento de crise econômica e política


que o Brasil vive hoje é apenas mais um na sua história. Mas desta vez há um novo componente.
“Estamos, pela primeira vez, em um processo de redefinição do espaço político e da moral. Nós
estamos redefinindo liames políticos e isso está atingindo todos os partidos. A sociedade está
cobrando mais questões éticas. Hoje eu sou mais esperançoso do que em 1990, por exemplo”, disse
neste domingo (29) o historiador Leandro Karnal, professor da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), pouco antes da aula inaugural para os novos alunos dos cursos de medicina e odontologia
da Faculdade São Leopoldo Mandic. Leia abaixo, trechos da entrevista concedida ao Correio.
O Brasil tem jeito?
Você só pode fazer alguma coisa mediante a característica essencial da esperança. O
problema do pessimismo é que ele não constrói nenhum projeto de vida ou de empresa, ou de
estudo. Então, eu acho que a crise econômica é uma entre dezenas. Vocês podem reclamar de uma
inflação de 7% ao ano, e como eu tenho 53 anos, eu já peguei 84% ao mês, no último ano do governo
Sarney. As crises vêm e vão. Toda a minha vida pessoal e profissional foi feita com crise. A questão
econômica vem e volta.
Na comparação com a evolução de outras crises, diria que essa está chegando ao fim?
Há sinais mais ou menos sistêmicos de que o grosso da recessão começou a terminar. Há
sinais de que não está mais diminuindo a atividade econômica, mas ela continua com 12 milhões de
desempregados. E isso é bastante angustiante, porque o desemprego tira a esperança de jovens e
joga jovens para os campos extremos de esquerda e de direita, que são dois campos estéreis, ruins,
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agressivos. Mas a crise econômica tende a passar. A crise econômica funciona como doença, ou
passa a doença ou passa o doente. Ou seja, ou o Brasil resolve a crise ou nós desaparecemos.
A crise política também está passando?
Acho que nós estamos, pela primeira vez, em um processo de redefinição do espaço político
e da moral. Eu acho isso muito interessante. Eu tenho mais esperança nesse momento do que eu
tinha há 20 anos. Nós estamos redefinindo liames políticos e isso está atingindo todos os partidos.
A sociedade está cobrando mais questões éticas. Hoje eu sou mais esperançoso do que em 1990,
por exemplo.
Na história do Brasil, nós já passamos por uma crise tão forte como essa?
Tivemos piores que essa. O que nós nunca passamos é por uma vontade sistemática de
resolver. Só para lembrar, em agosto de 1954, o Brasil estava magnetizado pelas denúncias de
corrupção contra Getúlio Vargas. O atentado da Rua Tonelero contra Lacerda (o jornalista e político
Carlos Lacerda, principal opositor de Vargas) trouxe à tona que o chefe da guarda pessoal de Getúlio
tinha fazendas apesar de ser um funcionário público mal-remunerado. As denúncias de corrupção
se multiplicaram, Getúlio se suicidou dia 24 de agosto e foi sucedido por Café Filho. No ano seguinte,
Café Filho teve um problema de saúde, e foi sucedido por um inimigo do grupo que estava no poder,
que era Carlos Luz que tentou dar um golpe, fugiu do Rio de Janeiro em um barco, foi bombardeado
na Baía da Guanabara pelo marechal Lott (ministro da Guerra em 1955), que deu o contragolpe para
garantir a posse do ministro do Supremo e finalmente passar o poder para Juscelino Kubitschek em
1956. Ou seja, em prazo muito curto nós tivemos cinco presidentes.
O que tivemos de diferente na história recente?

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A história do Brasil inteira é uma história de golpes, contragolpes. Na verdade, o que os jovens
não têm muita clareza é que o período em que eles se tornaram mais maduros, ou com mais
consciência, é uma exceção na história do Brasil, que é a era Fernando Henrique e Lula, quando um
presidente civil eleito passou o poder para outro presidente civil eleito em meio a estabilidade
econômica. E isto é excepcional e parece que acostumou mal as pessoas.
Então, olhando a história, diria que dessa vez nós estamos nos saindo bem?
Nós estamos no processo de refazer a política nacional. Hoje, atitudes que contrariam a
vontade popular representam imediatamente manifestações. Temos uma imprensa muito mais livre
e atuante, uma internet, uma capacidade de gravar coisas, uma transparência. Nós não resolvemos
os problemas, mas nós estamos hoje com potencial para resolvê-los. Isso não ocorria antes. Nós
temos hoje uma verificação da ética que é muito maior do que já houve na história do Brasil. A
diferença é que hoje nós estamos na investigação dos problemas. Isso é novo e muito esperançoso.
Então, temos saída?
Tem, e não é aquela que se dizia na década perdida, na década 80, que era o aeroporto. E
nem aquela desilusão de um general como Simon Bolívar que em 1830, pouco antes de morrer de
tuberculose no Rio Madalena, dizia que quem luta pela liberdade na América está arando o mar,
está fazendo algo inútil. Perguntaram a ele o que fazer pelo nosso continente, ele dizia: emigrar.
Esse discurso de ódio que vem aflorando na sociedade vai acalmar?
Isso está trazendo à tona que pessoas com diferentes projetos políticos estão convivendo.
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Gente que nunca conviveu fora do seu gueto está convivendo e temos hoje debates distintos sobre
os destinos do País, temos posições políticas muito distintas, nós aprendemos a expor nossas ideias.
Está faltando a etapa seguinte, que é aprender a ouvir os outros. A democracia sempre é um
aprendizado. O Congresso brasileiro é uma representação dessa sociedade e é justo e bom que lá
você encontre pessoas muito diferentes umas das outras. Temos a aprender que dentro da lei o
debate é muito bom.
Disponível em: http://correio.rac.com.br/_conteudo/2017/01/campinas_e_rmc/467035-historiador-ve-redefinicao-politica-e-moral-no-
pais.html. Acesso em: 12 abr. 2017.
[Adaptado para fins de vestibular]

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Proposta de Redação
Como retratado ironicamente na charge, grande parte da sociedade brasileira considera-se
desesperançada em relação à situação atual do país. Diferentemente desse posicionamento, o
Professor Leandro Karnal crê existir potencial para a resolução de problemas que afetam a política
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nacional.
Considerando esses dois olhares, manifeste seu ponto de vista, expressando o que você faria para
contribuir com a retroversão desse quadro de desesperança.
Sustente seu posicionamento com argumentos relevantes e convincentes, articulados de forma
coesa e coerente. Dê um título ao texto.
Seu trabalho será avaliado de acordo com os seguintes critérios: espírito crítico, adequação do texto
ao desenvolvimento do tema, estrutura textual compatível com o texto dissertativo-argumentativo
e emprego da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

Guerras: derrota para a humanidade UNB/2017

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Pode-se definir guerra como a condução de atos


sistemáticos de violência material ou psicológica,
executados de forma mais ou menos organizada por
grupos sociais que se contrapõem. Tal violência é
motivada por interesses considerados essenciais, no
caso de não se chegar a um acordo por meios pacíficos
de solução de controvérsias. Esses interesses são de
ordem política, territorial, econômica, legal, ideológica,
psicológica e social.
Guilherme A. Silva e Williams Gonçalves.
Dicionário de relações internacionais. 2.ª ed. rev. e
ampl. Barueri: Manole, 2010, p. 107 (com adaptações).

A história das guerras é uma história de alteridades. Cada guerra é um fenômeno único,
singular, irredutível. Os gregos guerreavam em nome da virtude; os “bárbaros” germânicos e os
cavaleiros das estepes asiáticas, em nome do saque. Os cruzados lutaram na Terra Santa por Deus e
pela Igreja. Os franceses e protestantes alemães combateram o império Habsburgo portando o
estandarte da soberania secular. Napoleão Bonaparte marchou sob a bandeira do império. A glória
nacional animou o exército prussiano de Bismarck; o “Reich de mil anos”, a Wehrmacht de Hitler. Os
vietnamitas enfrentaram a França e os Estados Unidos da América para conseguirem a
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independência e a soberania. Árabes e israelenses bateram-se por fragmentos de território.


Demétrio Magnoli. No espelho da guerra. In: Demétrio Magnoli (org.) História das guerras. 3.ª ed.
São Paulo: Contexto, 2006, p. 15 (com adaptações).

Existe alguém esperando por você


Que vai comprar a sua juventude
E convencê-lo a vencer
Mais uma guerra sem razão
Já são tantas as crianças
Com armas na mão
Mas explicam novamente
Que a guerra gera empregos
Aumenta a produção...
Uma guerra sempre avança
A tecnologia
Mesmo sendo guerra santa
Quente, morna ou fria
Pra que exportar comida?
Se as armas dão mais lucros
Na exportação...
(...)
Que belíssimas cenas
De destruição

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Não teremos mais problemas


Com a superpopulação...
Legião Urbana. A canção do senhor da guerra.
In: Músicas para acampamentos. EMI Music. 1992.

Considerando que os textos e as imagens apresentados têm caráter unicamente motivador, redija,
utilizando a modalidade padrão da língua escrita, um texto expositivo-argumentativo sobre o
seguinte tema.

Guerras: derrota para a humanidade

Ao elaborar seu texto, aborde necessariamente os seguintes aspectos:


• motivações para as guerras;
• o impacto da evolução do conhecimento nas guerras;
• a guerra como derrota para vencidos e para vencedores.

Questão indígena Autoral 2020 (Fernando Andrade)

Texto I
A luta dos povos indígenas para preservar sua cultura
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Por: Isabela Alves

Muitas histórias teriam diferente repercussão se fossem contadas com outro ponto de vista.
Há 517 anos, os povos indígenas já moravam nas terras brasileiras. Os colonizadores, por sua vez, se
depararam com uma terra fértil, cheia de riquezas, água potável e o povo indígena despido. “O nome
índio quem deu foram os assaltantes dessa terra, o Brasil já era descoberto muito antes deles
chegarem”, comenta José Carlos Lucas, 60 anos, músico e médico espiritual indígena.
Com o ‘descobrimento’ do Brasil, esse povo sofreu diversas violações, o que é pouco
lembrado nos livros de história. “De acordo com relatos de pajés mais velhos, muitos não aceitaram
ser escravos e tiveram que se separar, fugir ou foram assassinados”, conta o músico. Os portugueses
possuíam armas de fogo, enquanto os indígenas só tinham arcos e flechas. Os índios perderam suas
terras e a liberdade para exercer sua cultura. Ainda hoje, o povo indígena luta para ter seu espaço
respeitado e apenas deseja que sua cultura não desapareça. “O Brasil é o único país que não dá valor
a suas raízes, mas todos são um pouco índios. Existe violência contra a cor da pele, mas o espiritual
é só um, o que importa mais é o ser da pessoa, todos são a mesma coisa”, afirma José Carlos.
Atualmente, existem 896,9 mil indígenas em todo o território nacional, segundo o Censo
2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Entre as regiões do Brasil, a maior
parte está concentrada na região Norte, com 342,8 mil indígenas, e a menor no Sul, com 78,8 mil.

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Entre as principais etnias indígenas brasileiras na atualidade estão a Ticuna (35.000), Guarani
(30.000), Caiagangue ou Caigangue (25.000), Macuxi (20.000), Terena (16.000), Guajajara (14.000),
Xavante (12.000), Ianomâmi (12.000), Pataxó (9.700) e Potiguara (7.700).

A preservação da cultura versus a tecnologia


Um dos grandes desafios para muitos desses povos é encontrar um equilíbrio entre a
necessidade de preservar a própria cultura e a de se adaptar às mudanças no mundo. Um exemplo
disso é o uso ou não da tecnologia dentro das aldeias. Em muitas delas, hoje já é possível encontrar
televisões, celulares e notebooks.
“Não é que o índio deve ficar pelado, fumando cachimbo, o índio também evolui. Deve-se
usar o celular, mas minha crítica sobre o uso do celular é para todo mundo, é uma questão de
consciência. Todo mundo está jogando tudo em cima do celular, a internet dita o que devemos fazer
com a nossa vida”, afirma José Carlos.
Enquanto os mais velhos buscam a preservação dos antigos costumes, alguns índios mais
jovens buscam mais inclusão e seu lugar no mundo.
“As grandes cidades oferecem muitas facilidades, oferecem shopping, tênis, celular de última
geração, e até as crianças de hoje em dia não querem mais saber de brincar na rua. O que se esperar
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de uma sociedade assim?”, observa o músico.

(Disponível em: <https://observatorio3setor.org.br/carrossel/luta-dos-povos-indigenas-para-preservar-sua-cultura/>.


Acesso em: 04/10/2019. Fragmento)

Texto II
Retratos – Índios: Regaste cultural
(2009. Ano 6. Edição 52 – 05/07/2009)
Por Suelen Menezes, de Brasília

Iphan inicia reconhecimento de manifestações culturais indígenas. "Preservar as referências


culturais dos povos indígenas significa que estamos reafirmando nossas raízes", diz Ana Gita de
Oliveira, do instituto

Preservar a cultura indígena é reconhecer a contribuição do índio na formação dos diversos


aspectos da vida nacional. No vocabulário: catapora, peteca, siri, ipanema, paraíba, flor, dia e pipoca
são alguns exemplos. Na culinária, o Brasil também deve muito aos índios: feijão, milho, mandioca,
frutas. Sem esquecer o hábito de tomar banho diariamente, coisa que não agradava nada aos
portugueses que começaram a chegar a essa terra em 1500 e, depois de algumas trocas de nomes,
a batizaram Brasil. Os índios, tratados como inimigos, foram expulsos de sua terra, mas deixaram
marcas indeléveis na cultura Brasileira.

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Em 1988, com a promulgação da nova Constituição, o Brasil assumiu o dever de proteger os


índios. O artigo 231 diz que são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas,
crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Compete
à União demarcar as terras, proteger e fazer respeitar todos os bens indígenas. Nesse sentido, o
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tem trabalhado para preservar os locais
sagrados indígenas - patrimônio material – bem como a cultura, os ritos e tradições – patrimônio
imaterial.
"Preservar as referências culturais dos povos indígenas significa que, ao reconhecê-los como
parte fundadora da nossa condição nacional, estamos reafirmando nossas raízes e incluindo-os no
campo de nossas políticas públicas. A ação patrimonial tem o papel de ajudar na construção da
cidadania, garantindo a esses povos o exercício de plenos direitos. A salvaguarda dos patrimônios
indígenas garantirá, às gerações futuras, acesso aos testemunhos de sua história e aos domínios da
vida social que dão significado aos complexos processos de construção de identidades", explica Ana
Gita de Oliveira, Gerente de Identificação e Registro do Departamento de Patrimônio Imaterial-
DPI/Iphan.
Um dos projetos que estão em fase de conclusão é o de tombamento das paisagens sagradas
dos povos indígenas do Alto Xingu, no Mato Grosso. Entre 2005 e 2006, foram encontrados materiais
arqueológicos na região onde foi construída a Usina Hidrelétrica Paranatinga II, no rio Culuene, um
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dos principais formadores do rio Xingu.


O trabalho de arqueologia foi desenvolvido com a participação ativa de todas as comunidades
indígenas envolvidas. "Por ser considerado o território sagrado dos índios, entendemos que não
poderíamos fazer isso sem eles", diz Rogério José Dias, gerente de Arqueologia do Iphan, que
acompanhou toda a pesquisa.
"Dois caciques coordenaram a abertura da mata, delimitando o perímetro da aldeia sagrada.
Logo nos primeiros vinte metros foram encontradas, em superfície, centenas de fragmentos de
vasilhas cerâmicas que se estendem em quase toda a totalidade da delimitação. Uma peça de
cerâmica com formato de rabo de tartaruga foi muito comemorada, assim como as trempes para
suporte das panelas e tachos de assar beiju. Todos estavam de acordo que aquele lugar era de fato
o local da aldeia sagrada", de acordo com o relatório de instrumentação ao processo de tombamento
das paisagens sagradas do Alto Xingu.

(Disponível em: <http://desafios.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2268:catid=28&Itemid=23>.


Acesso em: 04/10/2019. Fragmento)

Texto III
Especialistas dizem que políticas de assimilação podem destruir povos indígenas

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Em mensagem para o Dia Internacional dos Povos Indígenas, 9 de agosto, relatores da ONU
alertaram para os riscos de desaparecimento das línguas indígenas.
Estima-se que, de todos os 7 mil idiomas falados no mundo, 40% estão em perigo e podem deixar
de existir — a maioria deles é de línguas indígenas. Para os relatores, o atual cenário é reflexo de
políticas estatais de assimilação que podem “destruir uma cultura e até mesmo um povo”.

Em mensagem para o Dia Internacional dos Povos Indígenas, 9 de agosto, relatores da ONU
alertaram para os riscos de desaparecimento das línguas indígenas. Estima-se que, de todos os 7 mil
idiomas falados no mundo, 40% estão em perigo e podem deixar de existir — a maioria deles é de
línguas indígenas. Para os relatores, o atual cenário é reflexo de políticas estatais de assimilação que
podem “destruir uma cultura e até mesmo um povo”.
“Essa situação reflete políticas históricas de Estados e a discriminação contínua contra os
falantes de línguas indígenas e com vistas à assimilação de minorias e à construção da nação. Com o
tempo, tais políticas podem debilitar e destruir efetivamente uma cultura, e até mesmo um povo”,
afirmaram os especialistas independentes das Nações Unidas.
“A língua é um direito, não um privilégio. A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos
dos Povos Indígenas reconhece o direito dos povos indígenas de revitalizar, usar, desenvolver e
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transmitir as suas línguas às gerações futuras. Isso inclui principalmente o direito de estabelecer e
controlar as instituições responsáveis pela educação, mídia e governança.” De acordo com a ONU,
existem aproximadamente 370 milhões de indígenas no mundo, espalhados por cerca de 90 países.
Os relatores explicaram ainda que as línguas indígenas são necessárias para o exercício de
diferentes direitos humanos, como as liberdades de expressão e de consciência — ambas
fundamentais para a dignidade humana. Os idiomas dos povos originários, segundo os especialistas
da ONU, são essenciais para os processos culturais e políticos de autodeterminação.
“Eles (os idiomas indígenas) também são críticos para a sobrevivência da nossa sociedade
global. Contendo a sabedoria de conhecimentos ambientais tradicionais e da comunicação
intercultural, as línguas indígenas apontam o caminho para combater a mudanças climáticas e para
viver em paz.”

(Disponível em: <https://nacoesunidas.org/especialistas-dizem-que-politicas-de-assimilacao-podem-destruir-povos-indigenas/>.


Acesso em: 04/10/2019. Fragmento)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-
-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

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Questão indígena: assimilação ou preservação?

Encaminhamentos possíveis

1.Questão social

Consumo Fuvest 2013


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Em 2013, a Banca da FUVEST optou por uma proposta mais enxuta, basicamente composta
por poucos subsídios: um texto visual, um parágrafo de comentário sobre a imagem e, finalmente,
instruções sobre como produzir a dissertação.
O primeiro texto apresentava uma peça publicitária de um cartão de crédito. A seguir, havia
um parágrafo de autoria da Banca, no qual o candidato era lembrado de que aquela figura carregava
“pressupostos e implicações” e enfatizava a possibilidade de se deduzir da imagem “mentalidades”,
“visões de mundo” e “valores”. Finalmente, o último parágrafo, ao dar as instruções para a escrita,
sugeria um percurso argumentativo: interpretar o anúncio, “considerando os aspectos” do parágrafo
anterior (os implícitos da imagem).

Interpretação da Imagem
O texto visual focaliza num plano frontal o vão de um shopping center com todos os andares
à mostra. A composição é extremamente agradável: o espaço amplo, as cores pastéis e elementos
distribuídos de forma simétrica. A imagem evoca a experiência do receptor de ter andado pelas
galerias do templo do consumo. Nesse tipo de espaço, a temperatura é controlada e agradável, a
distribuição das lojas segue uma lógica compreensível, o boulevard é ornamentado como uma praça.
Tudo isso permite ao consumidor apreciar os objetos de consumo sem pressa como se estivesse
num museu observando obras de arte.
No canto direito da propaganda, há uma caixa de diálogo, na qual se lê: “aproveite o melhor
que o mundo tem a oferecer com o Cartão de Crédito X”. O jogo entre texto escrito e visual é
imediato: o que há de melhor no mundo estaria sendo oferecido em um shopping. A partir desse

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pressuposto, chega-se a outra conclusão: a de que “o melhor” poderia ser comprado, consumido. A
ligação entre proposta e consumismo é imediata. O que se pedia ao candidato era que ele emitisse
uma opinião sobre a questão. Caberia nesse momento problematizar o consumismo, pensando em
perguntas que incluiriam “visão de mundo”, “valores” e “mentalidade”. Qual a mentalidade que
esse anúncio revela? Qual a diferença entre essa visão de mundo contemporânea e a visão de mundo
que as pessoas manifestavam no passado? Essa mentalidade se traduz em outros valores? Quais
valores? O consumismo altera a relação entre as pessoas? Quais os ganhos dessa mentalidade?
Quais as perdas?

Teses possíveis (ideias a serem defendidas)


A proposta não permite a elaboração imediata da tese. Deve-se partir dos pressupostos da
propaganda aliando o subtema implícito (valores, visão de mundo, mentalidade) a determinados
julgamentos. Abaixo seguem alguns exemplos.
*O consumismo (tema) acaba por promover um egocentrismo (valores) incompatível com a vida
social (julgamento);
*Na sociedade de consumo (tema), o indivíduo acaba por desenvolver uma visão de mundo
(mentalidade) segundo a qual a felicidade advém única e exclusivamente da obtenção de produtos
(julgamento).
*Essa nova forma de viver baseada no consumo (tema) criou novas demandas e novas relações das
quais as pessoas participam (visão de mundo), não há como fugir dessa nova realidade.
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Encaminhamentos possíveis
A seguir, apresento algumas sequências argumentativas bem resumidas. Elas não esgotam as
possibilidades.
Das consequências:
- respeito ao consumidor: as relações são baseadas na valorização do indivíduo e dos seus
direitos;
- inclusão: qualquer indivíduo que tenha poder de compra se sente integrado no jogo social;
- inversão de valores: sucesso financeiro e poder de compra tornam-se valores morais;
- materialismo: valores materiais passam a ter maior importância em detrimento dos valores
religiosos;
- engano: o consumidor pode acreditar seriamente que o consumo basta para a existência.
Das causas:
- Capitalismo tardio;
- Necessidade de valores sociais que deem sentido a vida.

Cuidado com o conceito de “consumismo”. No dicionário Houaiss on-line, você encontrará a


seguinte definição: “ato, efeito, fato ou prática de consumir (no sentido de 'comprar em demasia')”.

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Esse sentido leva em consideração o indivíduo - é consumista aquele que não consegue refrear seu
ímpeto de comprar sem necessidade. Contudo, a imagem não focaliza o indivíduo, mas a estrutura,
o shopping. Nesse caso, deve-se pensar no conceito da Sociologia de “sociedade de consumo”. Trata-
se de um sistema de produção material que necessita do consumo excessivo das pessoas sob o risco
de colapso. Consequentemente, o ímpeto de comprar deve ser estimulado ao máximo e qualquer
pessoa que viva nesse tipo de sociedade é consumista em alguma medida.

Liberação do porte de armas Unesp 2018

Em 2018, a UNESP forneceu 3 textos de apoio e um tema explícito: Liberar o porte de armas
de fogo a todos os cidadãos diminuirá a violência no Brasil?
Os textos eram bastante informativos e possibilitavam ao candidato entrar em contato com
diferentes opiniões sobre o tema. O primeiro trazia fatos relevantes: a maioria dos brasileiros são
contra a liberação de armas; o Estatuto do Desarmamento não reduziu a criminalidade; Especialistas
discordam disso.
O texto 2 trazia um histórico do Estatuto. Antes do Regulamento, qualquer cidadão poderia
andar armado. Esse fato não contribui para a diminuição dos índices de violência. O texto reafirma
a tese de que também o Estatuto, aprovado em 2003, não diminui substancialmente os índices de
violência. O pesquisador do IPEA, Daniel Cerqueira, atribuiu os altos índices de violência até 2003 à
crise de 1980. Para ele, o acesso à arma, na época, retroalimentou a tendência de alta.
No último parágrafo do texto, há o depoimento de Benê Barbosa, militante pró-armas. Para
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ele, as pessoas se sentiam mais seguras.


Finalmente, o candidato se deparava com duas opiniões contraditórias baseadas em dois
argumentos não desenvolvidos. A favor da liberação do porte de armas o argumento se pauta no
direito à autodefesa. Contra a liberação, o ex-secretário da Segurança Pública do Estado do Rio de
Janeiro afirmava que isso seria um fator de risco.

Encaminhamentos Possíveis
Primeiramente, pense nas possibilidades de tese. Não há apenas 2, a favor e contra a
liberação, pois você poderia defender um meio termo, ou seja, uma liberação menos radical, em
algumas circunstâncias que você indicaria no seu texto. Óbvio que, para isso, você deveria conhecer
bem o assunto.
Os argumentos não são complicados e são até bem conhecidos.
A favor do porte de armas:
- Não há prova substancial de que o porte de arma aumente ou diminua os índices de homicídios.
- O cidadão deve ter o direito de se defender.
- A proibição é uma ingerência do Estado na vida do cidadão.
- Pode ser até que o porte não tenha efeito prático para o cidadão, mas tem um efeito psicológico
importante: o indivíduo se sente mais seguro.
Contra o porte de armas:
-O Estatuto, se não diminuiu o número de homicídios, pelo menos estancou o crescimento do índice
de mortes.
-Aumenta-se o risco de acidentes com armas de fogo.
-O cidadão comum teria que ser muito bem treinado para usar uma arma com propriedade.
- Aumentaria o número de armas em circulação e, portanto, os criminosos também teriam acesso

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facilitado seja pela forma legal, seja pelo roubo de armas.


- A restrição de uso de armas de fogo fortalece o poder público e a polícia, quem deve ter o direito
de uso da violência dentro dos parâmetros legais.
Essa enumeração argumentativa não esgota o assunto e você deve ter notado que as ideias
não são exatamente criativas. Trata-se de um tema comum para o qual os argumentos tanto a favor
quanto contrários são bem conhecidos.
Nesse caso, o diferencial ficará por conta dos fatos, exemplos, raciocínios que você vai usar
para dar apoio a cada uma dessas sequências argumentativas. Com certeza, numa proposta assim,
que beira o senso comum, o corretor estará bastante atento à força dos recursos argumentativos,
à coerência e à coesão.

“Camarotização” da sociedade brasileira Fuvest 2015

Em 2015, a FUVEST fez uma proposta baseada na palavra “camarotização”. O nome remetia a um
tipo lendário que provocou frisson na internet chamado “Rei do Camarote”, em 2013. Alexander de
Almeida, 39, empresário, divulgou, na Veja São Paulo, os dez mandamentos de quem deseja
provocar inveja alheia. A arrogância e exibicionismo de alguém que faz questão de se colocar acima
dos outros mortais serviu para discussões sobre esse orgulho em ser alguém especial na sociedade.
Esse episódio não foi mencionado na coletânea, mas, obviamente, poderia ajudar o candidato a
entender melhor a condenação implícita que os textos da coletânea faziam à segregação social das
elites. O primeiro texto explicava o termo e defendia a tese de que essa postura ameaça a
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democracia. O mapa mental do texto 1 exemplifica esse tipo de leitura.

Os textos 2 e 3 traziam a discussão para a realidade brasileira. Havia uma referência à


afirmação de que o Brasil teria produzido “uma sociedade ainda mais segregada do que a norte-

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americana”. O Prof. Michael J. Sandel lamenta o fato de que, no país, os espaços públicos são
estigmatizados por serem coisas de pobre. O segundo texto exemplifica o que é segregação social,
a tendência de a classe superior se retirar dos espaços públicos, o que ameaça qualquer possibilidade
de solidariedade social entre classes.
Finalmente, no texto 4, o candidato entrava em contato com um depoimento de alguém que
tinha frequentado a escola pública nos anos 60, quando as melhores escolas eram públicas e os
alunos que as frequentavam eram oriundos de várias classes sociais. O autor afirmava:
“aprendíamos muito, uns com os outros, sobre nossas diferentes experiências de vida, mas, em
geral, nos sentíamos pertencentes a uma só sociedade.”

Esboço

Tema: Camarotização e Democracia.


Com esse tema, a FUVEST direcionou a redação. Não deixou espaço para discutir se há ou não
camarotização.
Ideias do senso comum sobre o assunto:
✓ Quem pode mais tem o direito de ser V.I.P.;
✓ A separação social tem a ver com segurança;
✓ Esse negócio de camarotização sempre existiu e não é algo que ocorre só no Brasil;
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✓ Aqueles que lutaram e têm mérito, têm o direito de serem tratados de forma diferente;
✓ No Brasil, só rico tem vez.

Camarotização Democracia Problema da camarotização


(Características)
✓ Camarote: lugar especial ✓ Sistema político em ✓ Acirramento dos ódios
que separa quem tem mais que todos devem entre classes;
poder aquisitivo; ter voz; ✓ Normatização da
✓ Prática comum no mundo ✓ O funcionamento humilhação social;
contemporâneo; da democracia ✓ Atendimento às
✓ Problema? Quando isso depende da necessidades dos grupos
extrapola casos particulares, solidariedade e não da sociedade em
como um camarote em um social; geral.
teatro, e passa a ser algo ✓ Estado de direito;
comum no dia a dia; ✓ Liberdade de
✓ Prática de segregação como Expressão.
algo corriqueiro;
✓ Status do camarote;
✓ Exibicionismo da situação
social como forma de acirrar
culturalmente as divisões
sociais.

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Possibilidades de intertexto/referência histórica/ repertório:


✓ A história do “Rei do camarote”;
✓ “Homem cordial” de Sérgio Buarque de Holanda;
✓ Risco à democracia segundo Tocqueville: “O individualismo é um sentimento consciente e
tranquilo, que leva o cidadão a isolar-se da massa dos seus semelhantes e a afastar-se, com
a família e os amigos. O homem constitui assim, à sua volta, uma pequena sociedade, para o
seu uso, e deixa voluntariamente de se interessar pela grande sociedade propriamente dita.”;
✓ Condomínios;
✓ Separação social no período colonial: casa grande e senzala.

Tese (resumo do que você irá defender no seu texto):


Novamente, trata-se um tema que leva o candidato a fazer uma redação expositiva. Na
medida do possível, tente transformá-la em argumentativa. Lembre-se de que você deve usar as
palavras-chave do tema na tese.
Exemplos:
✓ A camarotização traz risco à democracia;
✓ A democracia, se respeitada, deve servir como barreira ao processo de camarotização;
✓ A camarotização ou segregação não permite que a democracia brasileira seja plena;
✓ O ódio provocado pela camarotização contamina a democracia com violência.
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Elabore a sua tese, pense nos argumentos. Bom texto.


Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________

Legado da escravidão e preconceito contra negros no Brasil Unesp 2015

Essa proposta de cunho social solicitava que o candidato refletisse sobre a questão do racismo
no Brasil. A partir de uma coletânea de textos, a banca solicitava que o candidato produzisse uma
redação de gênero dissertativo sobre o seguinte tema explícito: O LEGADO DA ESCRAVIDÃO E O
PRECONCEITO CONTRA NEGROS NO BRASIL.
No geral, os textos apresentavam um recorte temático interessante e delimitado a dois
fatores: o preconceito ainda existente nos dias de hoje e há déficit de emancipação econômica. Para
fazer uma leitura mais atenta, fiz um mapa mental tentando apreender as ideias principais que
serviram de parâmetro para os textos da coletânea.

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O texto 1 ressaltava, basicamente, o fato de que a libertação dos escravos não havia encerrado a
grande vergonha da escravidão, pois a liberdade jurídica não significou liberdade de fato. Os outros
três textos discutiam o racismo “enrustido” do brasileiro.
O mais enigmático dos textos é o segundo. Nele, o autor destaca que algo que parece ser
manifestação da “democracia racial” é justamente o seu contrário. Numa pesquisa entre as 500
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maiores empresas do país sobre o número de funcionários negros, 27% não tinham registro de raça
nos departamentos de RH. À primeira vista, essa despreocupação racial dá a entender que não há
nenhuma restrição racista. Na prática ocorre o contrário. Bem documentados, os dados sobre os
negros mostrariam “os horrores da escravidão”. Não documentar significa apagar dos registros as
injustiças sociais, reafirmando a ideia falsa de que no Brasil não existe ódio racial.
O texto 3 vai nessa direção, afirmando que o racismo no Brasil é tabu. A palavra “tabu” é
utilizada no sentido de ser um tema do qual não se fala, para que se tenha a impressão de que ele
não existe.
Finalmente, o texto 4 critica fortemente o senso comum de que o racismo no Brasil é mais
humano e brando. Segundo Lilia Schwarcz, essa postura configuraria a tentativa de manifestar uma
“boa consciência”. Para provar o quanto somos racistas e o quanto nos enganamos, ela cita uma
pesquisa na qual 97% dos brasileiros dizem que não são racistas e 98% dizem conhecer alguém
racista. Ou seja, a conta não fecha.
Esboço

Tema: O LEGADO DA ESCRAVIDÃO E O PRECONCEITO CONTRA NEGROS NO BRASIL.


Com esse tema, a UNESP direcionou a redação. Não deixou espaço para uma polêmica em que seria
possível se posicionar a favor ou contra.
Ideias do senso comum sobre o assunto:
✓ Não há preconceito de forma descarada no Brasil;
✓ O problema no Brasil não é ser negro, mas ser pobre;
✓ A escravidão já foi há muito tempo, nós não temos nada a ver com isso;

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✓ Todo negro é uma vítima da escravidão;


✓ Piadas sobre negro.
Legado social (situação dos negros) Preconceito
✓ Depois da escravidão, os ✓ A negação do racismo é um racismo
negros não receberam apoio às avessas;
(emancipação econômica); ✓ Em nome da democracia de raça no
✓ Demora para reconhecimento Brasil, deixou-se pouco espaço para
dos direitos dos negros no que a luta por direitos, como ocorreu
diz respeito à educação; nos EUA;
✓ A polícia detém, com ✓ Perduram xingamentos em que
frequência, mais negros do nivelam o negro a animais;
que brancos; ✓ Enraizou-se, na cultura brasileira,
✓ Há uma relação entre cor da uma certa tolerância para com a
pele e pobreza no Brasil; crueldade com o outro, já que as
✓ O aspecto físico do negro ainda relações entre brancos e negros, até
é considerado inferior. a escravidão, eram pautadas pela
violência permitida.
Possibilidades de intertexto/referência histórica/repertório:
✓ A estatística apresentada pela Lilia;
✓ Rui Barbosa queimou os arquivos para não pagar indenizações aos senhores; hoje, apagamos
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registros para não percebermos que o preconceito existe;


✓ A escola pública só se tornou universal no Brasil depois da década de 50, até então, o acesso
do negro à educação era bastante restrito;
✓ Comparação entre a situação dos negros no Brasil e a situação dos negros nos EUA;
✓ Citação da Constituição, que prevê que todos os homens são iguais perante a lei;
✓ Os negros são mais abordados em batidas policiais e o número de presidiários negros e pardos
é maior do que a porcentagem que eles representam no total da população;
✓ A cena de Memórias Póstumas de Brás Cubas, na qual Brás Cubas brinca de cavalinho com o
menino Prudêncio, um filho de escravos negros que vivia na casa.

Tese (resumo do que você irá defender no seu texto):


Novamente, trata-se um tema que leva o candidato a fazer uma redação expositiva. Na
medida do possível, tente transformá-la em argumentativa. Lembre-se de que você deve usar as
palavras-chave do tema na tese.
Exemplos:
✓ A negação do racismo é um legado da escravidão que não conseguimos apagar;
✓ São dois os legados vergonhosos que permanecem no Brasil, no que diz respeito aos negros:
a situação econômica e social de boa parcela deles, como também o preconceito.
✓ O racismo no Brasil, legado da Escravidão, não é explícito, mas existe;
✓ Etc.

Elabore a sua tese e pense nos argumentos. Bom texto.

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Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________

Atletas transexuais FAMEMA 2018

Em 2018, a FAMEMA solicitou que o candidato discorresse sobre o tema explícito: Atletas
transexuais devem participar de esportes competitivos sob o novo gênero? Para isso, a Banca
ofereceu 4 excertos como apoio para a reflexão.
O primeiro texto narra o recorde de uma jogadora transexual, ela conseguiu marcar 39 pontos
em um mesmo jogo. Tal fato atiçou o questionamento sobre permissão de atletas trans atuarem nos
esportes, e, ao mesmo tempo, deu visibilidade a um grupo normalmente marginalizado, pois o fato
poderia abrir oportunidades de inserção de pessoas trans no esporte. O segundo texto explica
melhor a polêmica. Tifany, a jogadora, ainda não estaria nos níveis hormonais em que uma mulher
se encontra, portanto, seria injusto que ele participasse em competições femininas.
O texto 3, era uma “Carta aberta ao Comitê Olímpico Internacional” de Ana Paulo Henkel.
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Nela, Henkel demonstrava respeito pela pauta de luta dos transexuais, mas afirmava que a inclusão
de alguém que tinha originalmente corpo e hormônio masculinos humilhava as jogadoras. Por fim,
o último texto da coletânea esclarecia como realiza-se a transformação. Atualmente, é possível
medir a taxa de hormônios e fazê-los atingir a taxa média do que se espera para uma mulher, isso
traz consequências. No caso da Tifany, ela teve alteração na densidade óssea, na musculatura e na
proporção de células vermelhas. Ela perdeu potência e explosão.
Teses possíveis
Esse é um tipo de proposta que permite uma variação de resposta muito pequena. Há três
possibilidades:
1. As atletas transexuais devem participar de esportes competitivos.
2. As atletas transexuais não devem participar de esportes competitivos.
3. As atletas transexuais podem participar, mas....
Argumentos possíveis (entre outros)
Primeira tese: as atletas transexuais devem participar
- O controle hormonal permite que o trans tenha o mesmo nível de hormônio que uma
mulher ou um homem.
- A participação de uma trans nessa área tão exclusiva poderia abrir portas para os
transgêneros na luta pelo reconhecimento.
- No próprio esporte, desde a década de 80, tornou-se comum o uso de substâncias que
potencializam a capacidade dos atletas; ora, uma atleta trans poderia ser equiparada a um atleta
que usa anabolizantes, prática comum no esporte.

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- Não se trata de má-fé; o atleta quer apenas ser reconhecido, não se vale de alguma
vantagem física por malandragem.
- O que uma trans manifesta, um nível hormonal alterado e musculatura um pouco mais
robusta, também é encontrado em mulheres; ou seja, ela não está acima do espectro feminino.
Segunda tese: as atletas transexuais não devem participar
- Por mais que o indivíduo use hormônios e os estabilize, a formação inicial de homem deixa
marcas que faz com que o atleta tenha vantagens diante de outras mulheres.
- Naturalmente, as mulheres têm taxas de explosão muscular e de força mais baixas que as
dos homens, por isso foi criada uma categoria só para elas.
- A necessidade constante de bloqueadores de testosterona indica que o corpo, no que diz
respeito ao seu funcionamento, mantém características masculinas.
- Como a condição feminina é mantida artificialmente, jamais se poderá saber qual seria, de
fato, as potencialidades do atleta se ele nascesse mulher.
Terceira tese: As atletas transexuais deveriam participar, mas...
Nesse caso, seria importante destacar em quais circunstâncias isso seria possível. Pode-se
pensar que não haveria restrições...
-quando a transição do gênero fosse do masculino para o feminino;
- se houvesse acompanhamento médico constante que avaliasse os níveis hormonais;
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- para os esportes que não exigissem explosão ou potência de forma significativa, como tênis
de mesa, tiro, esgrima etc...
Obviamente haveria muitas outros encaminhamentos argumentativos.
Repertório
A questão da sexualidade e da transexualidade
As recentes discussões sobre sexualidade poderiam ser incluídas no texto implícita ou
explicitamente.
Acredita-se, atualmente, que a identidade sexual desenvolve-se a partir de dois fatores: um
fisiológico, seus órgãos genitais; e pela posterior orientação sexual. Não se deve usar a expressão
“opção sexual”, pois a criança, a partir de dois anos, começa a manifestar que talvez ela não aceite
sua determinação fisiológica. Ora, na infância, uma criança não poderia escolher, ou seja, não se
trata de uma “opção”, palavra que dá a entender que o indivíduo escolheu conscientemente sua
sexualidade.
No caso de transsexuais, a pessoa apresenta uma discordância entre o seu sexo biológico e o
seu senso de pertencer a um determinado gênero.
Cultura versus natureza
Quem não aceita as outras formas de orientação sexual, normalmente se apegam a ideia de
que existe uma sexualidade natural. A existência dos órgãos genitais expressaria isso. Essa é uma
tese complicada, pois não temos provas de que isso é verdadeiro, já que, se apenas a genitália
bastasse, não haveria tanta variação de desejos sexuais.
A tese contrária, a de que a orientação sexual não se reduz ao dado da natureza, encontra
apoio em Freud, por exemplo, o pai da psicanálise. O alemão observou que diferentemente dos

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animais, a sexualidade humana não se restringe à genitália, aos fins reprodutivos e nem ao coito
simplesmente.
Outra ideia interessante que poderia ser utilizada é a dos existencialistas, e, entre eles, a de
Jean-Paul Sartre, para quem a existência precede a essência. Isso significa que o homem não tem
determinações biológicas (essência), ele se produz como homem nas suas práticas e nas suas
escolhas. Um trans nasce com seu sexo biológico, mas isso nada significa, pois como ele vai lidar com
isso é que determinará o que ele de fato será.

Trabalho escravo UEA 2018

O estilo da proposta da UEA segue o modelo já consagrado da banca VUNESP, uma coletânea
média e instruções com tema explícito. Nesse caso, o candidato foi convidado a refletir sobre o tema
explícito: “Lista suja do trabalho escravo: entre a proteção aos trabalhadores afetados e o direito de
defesa das empresas.”
Uma das grandes dificuldades em relação a esse tema se relaciona à falta de conhecimento
em relação ao tema. O que é escravidão moderna? O que é lista suja? Como isso funciona? A
coletânea fornecia dados para que o aluno se inteirasse da questão.
O texto 1 era bastante informativo. Traduzia a prática análoga a escravidão em números: 187
empregadores estão na lista suja, 2.375 trabalhadores foram submetidos a tais condições e são 5,
as áreas em que se observa esse tipo de trabalho: fazenda, construção civil, oficina de costura,
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garimpo e mineração.
Além disso, o texto define o que é trabalho análogo à escravidão, uma atividade forçada
exercida sob condições degradantes e jornadas exaustivas. Classifica-se da mesma forma a servidão
por dívida.
Já o texto seguinte esclarecia o que era lista suja. Trata-se de um registro de empresas que se
valeram desse tipo de trabalho. Há consequências para quem tem o seu nome inserido nessa lista.
Não receberá qualquer aporte de bancos públicos e nem poderá negociar com estatais. Além disso,
outras empresas, que precisam manter o bom nome diante do consumidor, não vão querer vincular
seus produtos a fornecedores que se valem do trabalho análogo ao escravo. Trata-se de um
mecanismo de transparência.
Nessa polêmica, fica difícil defender as empresas, ainda mais que a Banca não oferece muitos
detalhes dos problemas que as empresas podem enfrentar. No texto 3, há uma declaração vaga das
empresas de que, depois da suposta autuação, não têm a oportunidade de se manifestar nos autos.
Teses possíveis
Esse é um tipo de proposta bastante comum nessa banca. O candidato fica entre dois
extremos podendo admitir uma situação intermediária de conciliação.
1. A lista suja deve ser defendida, pois protege os trabalhadores afetados.
2. A lista suja é injusta em relação às empresas.
3. A lista suja deve ser mantida, mas a inclusão das empresas só pode ocorrer depois de
meticulosa averiguação.
Argumentos

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A tese a favor das empresas é mais difícil de defender, e os argumentos possíveis foram
assinalados na coletânea: não se permite uma defesa ampla, pois o nome do possível infrator já é
listado nesse cadastro logo depois do flagrante. Pode-se, talvez, apelar para o livre mercado ou para
o fato de que tal lista suja acaba tornando a situação do empresário que deseja regularizar sua
situação muito difícil.
Os argumentos a favor dos trabalhadores são mais consistentes e permitem abertura para
uso do repertório. Na relação entre trabalhador e empregado, obviamente, o segundo, por não ter
os meios de produção (Marx), submete-se ao empregador numa situação de desigualdade de
reconhecimento de diretos fundamentais.
A prática de escravidão, sempre se pautou pelo uso do indivíduo como sendo um objeto para
manipulação. Ideia que vai contra todos os parâmetros de direitos reconhecidos inclusive pela
legislação brasileira. Pode-se citar Kant, que afirma ser totalmente antiético tratar um outro ser
humano como meio e não como um fim. Outra estratégia consiste em explorar o que foi a
escravidão no Brasil, só que, nesse caso, é preciso cuidado para não dar a impressão de que a
escravidão daquela época “é a mesma” que podemos encontrar no Brasil de hoje.
Outro veio argumentativo passa pela configuração do Liberalismo dada pelos contratualistas.
Hobbes, por exemplo, entendia o Estado como regulador de contratos entre as partes
(empresas/empresas ou empresas/pessoas). Ora, um contrato exige que as duas pessoas sejam
livres. Sendo assim, a escravidão remete a uma fase pré-contratualista e pré-capitalista. O hábito é
francamente antimoderno.
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Quanto à argumentação desses empresário de que não teriam direito à defesa, basta lembrar
que a inclusão no cadastro só ocorre depois da atuação dos fiscais. Não há registros de ações desse
tipo tenham sido fraudulentas. Quando os fiscais conseguem um mandato para realizar a operação,
já há provas suficientes de que os trabalhadores estejam vivendo sob péssimas condições.
A terceira via permite a produção de um texto mais equilibrado, mas não necessariamente
melhor. Tudo vai depender da organização textual e do repertório que você consegue inserir na sua
redação para torná-la mais interessante.
Pode-se defender os direitos dos trabalhadores e, no final, apresentar alguma ressalva a favor
dos empresários. Conceder que lhes seja permitido um prazo maior de defesa, por exemplo.

O papel do consumidor no combate à escravidão moderna Facisb 2019

A banca oferece ao candidato uma coletânea composta por 4 textos de apoio e, ao final, a frase
tema: “O papel do consumidor no combate à escravidão moderna”. Essa frase tema não está dividida
em duas partes a fim de que o candidato se posicione entre uma delas. Aqui, o mais importante é
atentar-se para não tangenciar o tema: não se deve falar de consumismo ou do consumidor ou da
escravidão moderna, mas sim do papel do consumidor na escravidão moderna.
O texto 1 é muito importante, pois define qual conceito de escravidão moderna está sendo
considerado para essa proposta. Nesse caso, a escravidão moderna será “quando uma pessoa
controla a outra, de tal forma que retire dela sua liberdade individual, com a intenção de explorá-
la”. Em seguida, para ainda maior clareza sobre a abordagem, temos um exemplo: trabalho forçado
em condições degradantes, com extensas jornadas, sob coerção, violência ou ameaça. O texto usa o
termo “crime oculto”. É uma oportunidade de pensar: o que o torna oculto? Por que o uso do

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adjetivo “oculto”? Uma resposta pode se relacionar ao fato de que essa não é uma das
problemáticas mais discutidas pelas mídias de comunicação.
Pode-se também pensar o motivo que não leva as mídias de comunicação atuais a noticiarem
bastante esse assunto? Será que tem a ver com o público afetado por essa condição de subemprego
geralmente ser de classes mais baixas? O que isso significa sobre a imparcialidade das mídias?
Por último, esse texto leva à reflexão do que faria pessoas aceitarem trabalhos em condições tão
degradantes e não se pronunciarem. Segundo o próprio texto, “a pobreza e a falta de oportunidades
são fatores determinantes para o aumento da vulnerabilidade à escravidão moderna.”.
Já o texto 2 começa narrando uma situação que se enquadra na descrição dada de escravidão
moderna. No segundo parágrafo, traz mais um fator à análise sobre essas condições de trabalho:
inexistência de limites entre a vida dentro e fora do trabalho. Isso nos leva a pensar por um outro
lado: além do trabalhador explorado sob condições insalubres, o indivíduo profundamente inserido
no capitalismo, que trabalha excessivamente, em detrimento de várias coisas (saúde, tempo de
lazer, tempo com a família, etc) também está em um cenário de escravidão moderna?
No fim do texto, é trazida a questão do esgotamento físico e também do esgotamento mental. Esse
segundo, especialmente para o indivíduo citado acima (que vive apenas a esfera do trabalho, o
“workaholic”), é bastante comum.
Contudo, essa discussão precisa ser aprofundada se for ser usada em redação. Atente-se para fazer
a devida caracterização e separação dos cenários do trabalhador explorado e subempregado e do
trabalhador compulsivo. A questão financeira e o status são dois pontos muito importantes: ambos
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possuem o mesmo status em sociedade? Sofrem dores ou ausências semelhantes?


O texto 3 começa questionando o motivo de, em pleno século XXI, ainda existir trabalho escravo.
Surge então a questão do modelo atual de consumo. Que modelo é esse? Como você irá caracterizá-
lo em redação? Aqui é muito importante prestar atenção nos saltos de raciocínio. Estamos
desenvolvendo reflexões sobre conceitos que podem ser diferentemente entendidos. É necessário
que você garanta que o corretor, ao ler sua redação, compreenda exatamente qual definição está
sendo utilizada naquele contexto.
Um outro conceito útil nesse ponto é o de “sociedade de consumo”: “sociedade de consumo é um
termo utilizado para designar o tipo de sociedade que se encontra numa avançada etapa de
desenvolvimento industrial capitalista e que se caracteriza pelo consumo massivo de bens e serviços
disponíveis, graças a elevada produção.”.
Como o modelo de consumo atual é um dos motivos, então, da escravidão moderna?
Uma resposta para essa pergunta pode estar na “obsolescência programada”: “Obsolescência
programada é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar, distribuir e vender
um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para
forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto.”. Sabe a coleção verão de determinada
marca? Ela está programada para se tornar obsoleta quando o verão acabar. Para aqueles
profundamente inseridos nesse modelo de consumo, após o fim do verão, já não é mais aceitável
comprar ou usar roupas da coleção passada. Literalmente se estaria “fora de moda”. Não é difícil
pensar em outros exemplos, como o novo modelo de iphone que é lançado todo final de ano.
Existe uma música da banda Engenheiros do Hawaii com o nome “3ª do plural” que fala um
pouquinho dessa situação de consumo e usa, inclusive, o termo “obsolescência programada”. Pode
ser uma maneira de começar sua dissertação com uma ilustração na contextualização.

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Voltando ao texto 3, no fim do primeiro parágrafo, o autor questiona qual o papel do consumidor
nessa situação da escravidão moderna. Como o consumidor, consciente ou inconscientemente,
ajuda a manter esse problema social? Podemos pensar sobre a questão de responsabilidade social
do indivíduo nesse momento.
Já trazendo o gancho para o texto 4: nesse texto, defende-se que a escravidão moderna é
responsabilidade social das empresas e do Estado. Ao indivíduo caberia o papel de denunciar quando
existirem suspeitas de exploração ou de subemprego, contudo, o texto desencoraja atitudes por
parte do público, como boicotes a marcas.
Encaminhamentos possíveis:
1) Em se tratando de um problema diretamente afetado por suas ações em sociedade, cabe ao
consumidor se posicionar frente ao trabalho escravo moderno e às condições de
subemprego.
OU
Dado que faz parte de uma coletividade adepta de um modelo de consumo do qual usufrui,
é papel do consumidor se responsabilizar pelas consequências e manifestações desse
contexto.

Argumentos:
- Papel político do cidadão;
- Empatia;
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- O que comprar de uma empresa que desrespeita os direitos trabalhistas diz sobre os valores
do consumidor?
- Indivíduo x coletividade.

2) Dada a separação entre o contexto empresa e cliente, o papel do consumidor frente à


escravidão moderna se encerra nas denúncias e o da empresa e do Estado começam no
devido seguimento dos direitos trabalhistas.
Argumentos:
- Crescente individualismo/ ensimesmamento;
- Modelo econômico baseado na lei da oferta e da procura e regulado pelo livre mercado.

Violência contra o professor FAMEMA 2018

PROPOSTA:
A banca traz 3 textos na coletânea e apresenta um questionamento dividido em dois
posicionamentos possíveis, um dos quais, portanto, deve ser o escolhido pelo aluno. O primeiro
texto aborda a questão da alta violência física contra o professor no Brasil. O segundo texto
acrescenta a reflexão da violência sofrida pelo aluno ao receber uma escola e uma educação
sucateadas. O terceiro texto opina que existem diversos outros fatores da construção social dos
alunos que refletem na violência contra o professor.
Análise da proposta:

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A proposta pede a construção de uma dissertação.


Gênero:
O texto dissertativo é um tipo de texto argumentativo e opinativo, já que opina sobre determinado
assunto ou tema, de forma lógica, coerente e coesa.
Finalidade:
Discutir se a violência contra o professor é causada pelas regras escolares impostas aos alunos ou se
é reflexo de uma sociedade violenta.
Circunstância:
Texto dissertativo.
Formato do comentário:
O texto dissertativo tem o objetivo de discutir e argumentar sobre um tema, sendo defendido um
ponto de vista. Sua estrutura mais comum envolve introdução, argumentação e conclusão. A
introdução deve apresenta claramente o assunto a ser tratado. A argumentação, ou
desenvolvimento, é a parte em que se expõem as ideias. Por fim, a conclusão é o momento final do
texto, apresentando uma retomada, visão final do assunto discutido.
É importante verificar a coesão e a coerência para que o texto faça sentido tanto na macroestrutura,
que são os parágrafos, quanto na microestrutura, isto é, as ideias contidas em cada parágrafo. A
linguagem deve seguir a norma culta e não há muito espaço para informalidade.
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Encaminhamentos:
Alguns encaminhamentos possíveis são:
- sendo o Brasil um dos países com maior taxa de violência contra o professor, quais estruturas da
sociedade brasileira estão diretamente relacionadas com esse ranking?
- considerando que a construção social dos alunos envolve diversas esferas, cabe discutir questões
brasileiras de desigualdade social, desemprego, ambiente doméstico de violência, por exemplo, e
como essas situações podem influenciar as crianças e os jovens, principalmente, em suas posturas
escolares. Consequentemente, cabe avaliar também como isso influência a valorização da educação
do Brasil, pela sociedade e pelos detentores de poder político.
- Para aprofundar ainda mais, cabe discutir o jogo de poder envolvido na política brasileira e como
o sucateamento das escolas, segundo muitos pensadores, pode ser um dos sintomas mais relevantes
para a manutenção de uma estrutura que desvaloriza o pensamento crítico e o professor, figura
representativa disso em muitas outras culturas, acaba desvalorizado e desamparado.

Obrigatoriedade da vacinação Famerp 2019

A banca trouxe 3 textos de apoio e a frase tema “Obrigatoriedade da vacinação: entre a prevenção
a doenças e o respeito às escolhas individuais”. Essa frase tema traz os dois direcionamentos entre
os quais os candidatos devem escolher para confeccionar seu texto. Seu posicionamento deve ficar
claro pela argumentação da dissertação.
O texto 1 discute o retorno de ocorrências de várias doenças que haviam sido consideradas
erradicadas há anos. Por fim, no último parágrafo, o texto destaca que uma possível causa desse

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retorno seja o descuido da população com a vacinação, já que as pessoas consideraram


desnecessário vacinar-se se as doenças em questão “não existem” mais. Nesse caso, é um texto que
oferece mais argumentos para aqueles candidatos que escolherem defender a importância das
vacinas como métodos eficientes de prevenção de doenças.
Aqui, é possível expandir a argumentação levando-se em conta a contradição entre a disseminação
de informação atualmente e a concentração de informação em alguns nichos específicos, como a
área da medicina.
Apesar da internet e de toda a informação disponível, conhecimentos acerca de saúde foram
democratizados a todos? É importante tomar muito cuidado aqui com “lugar de fala”, pois a
realidade de miséria e falta de acesso a direitos básicos ainda é recorrente em parte do Brasil, então,
atente-se para não fazer generalizações que façam seu texto perder credibilidade.
Mais uma expansão argumentativa poderia estar na discussão a seguir:
Se há uma quantidade tão imensa de informações disponíveis, as informações corretas ou de
qualidade perdem espaço e visibilidade no fluxo intenso de banalidades e acabam não atingindo o
público. Quantas vezes você está rolando o feed do facebook ou do instagram e só vê
superficialidades? Será que se houvesse alguma informação relevante sobre saúde (aviso do
ministério da educação ou da saúde, por exemplo) não passaria despercebida?
O inverso também pode ser refletido: será que o grande acesso à informação fez com que mais
pessoas fossem informadas? O exemplo do preservativo talvez seja algo que se encaixe nessa linha
de raciocínio.
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Lembrando sempre de atentar para não fugir do tema nas discussões.


Já o texto 2 discute a questão da vacinação especificamente no Brasil. Apesar de possuir um sistema
de vacinação admirado por todo o mundo, o país sofre retaliações de parcela da população que
acredita se tratar de uma espécie de plano governamental que prejudicaria a saúde do povo. O texto
explicita como existem grupos defensores desse pensamento e sua organização elaborada para se
ajudarem, tanto a não serem pegos pelas autoridades quanto para encontrarem alternativas às
vacinas, visto por eles como nocivas.
O principal ponto a ser percebido e discutido nesse texto, em termos de sociedade, seria a relação
do brasileiro com a figura da autoridade. Em geral, a população não dá muito crédito aos órgãos
públicos e suas autoridades e representantes políticos. Para fundamentar esse ponto de vista, é
possível utilizar o ciclo vicioso em que os processos geralmente são ineficientes no serviço público,
o que faz com que as pessoas procurem não os utilizar (talvez preferindo o meio privado) e
acomodem-se com essa situação, aceitando-a; e aí, sem cobrança/fiscalização/demanda, o serviço
público também se acomoda. Você já ouviu alguém dizer que "no serviço público ninguém
trabalha?", pois então. E existe também o outro lado da moeda, em que a pergunta é "você sabe
com quem está falando?".
O texto 3 funciona como uma sumarização das ideias anteriormente discutidas. Ele mostra que são
antigos a desconfiança da vacinação e o pensamento de que talvez haja algum prejuízo por trás.
Além disso, ele reforça a desinformação da população. Por último, aqui é possível discutir (e usar a
alusão histórica para fundamentar) como a falta de informação gera medo do desconhecido e
atitudes por vezes extremas, como mostrado pelo texto.
Encaminhamentos possíveis:

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1) Fundamentando-se nas manifestações de especialistas da área da saúde sobre o enorme


efeito benéfico das vacinas, não se vacinar é uma forma de se arriscar a contrair doenças
outrora consideradas erradicadas.
Argumentos:
- Argumentos de autoridades médicas;
- Estatísticas que afirmam o retorno de doenças que estavam erradicadas.
2) Embora a liberdade individual seja defendida por lei, escolher não se vacinar ou não vacinar
seus filhos não se trata apenas de uma decisão individual, visto que afeta a coletividade em
que se está inserido.
Argumentos:
- Conceito de democracia representativa, em que os representantes escolhidos, em teoria,
tomam decisões em benefício de uma maioria;
- Dado que vivemos em sociedade, se uma parcela não se vacina, corre o risco de haver
contaminação interna.
3) Visto que se trata de uma decisão que demanda a ingestão de componentes não
naturais/químicos, vacinar-se torna-se uma decisão individual sobre como cuidar do próprio
corpo.
Argumentos:
- Liberdade de escolha individual;
- (é um caminho argumentativo um pouco mais trabalhoso) Analogia com as grávidas que
recusam anestesia total ou parcial ao darem a luz, a fim de não contaminar o filho com
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nenhuma substância não natural.

Comportamentos machistas na internet UEA 2019

A banca traz 3 textos de apoio e uma frase tema na forma de questionamento “A exposição de autores de
comportamentos machistas na internet contribui para desestimular tais comportamentos? ”. A resposta
afirmativa ou negativa ao questionamento deve vir no posicionamento do texto.
O texto 1 relata acontecimento machistas na copa do mundo de 2018. O que é muito importante de se
perceber nesse texto é o papel de destaque do brasileiro. Embora não tenha sido apresentada uma pesquisa
estatística sobre a presença do machismo no Brasil, esse texto, de forma mais sutil, fundamenta sua
existência.
O texto 2, que segue o texto 1 tanto na ordem escrita quanto no conteúdo, mostra uma faceta de como o
país lida com o machismo em contrapartida a outros países. No texto 1, informa-se que uma ativista russa
começou uma petição online para que os brasileiros envolvidos nas atitudes sejam responsabilizados
criminalmente. Já o jornalista Boris Casoy, em uma atitude muito menos séria sobre o machismo, defende
que os brasileiros agiram de maneira infantil (chama-os de “moleques e cafajestes”), mas não devem
responder por nenhum crime.
Aqui cabem muitas discussões. A primeira delas envolve o conceito de “jeitinho brasileiro”.
“A expressão jeitinho brasileiro, ou simplesmente jeitinho, refere-se de modo abrangente à maneira que o
povo brasileiro teria de improvisar soluções para situações problemáticas, usualmente não adotando
procedimentos ou técnicas ou formais estipuladas previamente.”.
Assim, pode-se discutir a atitude de Boris Casoy segundo todo esse modo de agir visto como típico do
brasileiro.

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Outra discussão possível se relaciona à relativização: se as atitudes dos brasileiros, apesar de infantil e infeliz,
não é criminosa, apenas a atitude do estrupo de fato é crime? Onde fica o limite?
Já o texto 3 acrescenta mais um fato: as mídias online. O texto traz uma discussão importante sobre como o
anonimato pode fazer com que grupo propagadores de ódio se juntem e ganhem força. Esse é o texto que
mais se relaciona com a frase tema. Aqui, alguns caminhos para o raciocínio são a questão do anonimato
como forma de evitar represálias legais (ser responsabilizado criminalmente) e o anonimato como forma de
se impor evitando represálias sociais (não envolvem crimes, mas podem levar a exclusão ou à segregação do
grupo do qual faz parte. Vários discursos de ódio que afetam fortemente celebridades, por exemplo, não
tem a ver com crimes e sim com mera discordância de pontos de vista).
Encaminhamentos possíveis:
1) A partir do momento em que a exposição estiver associada à responsabilização legal de forma
eficiente, a tendência é que as atitudes machistas online se reduzam.
Argumentos:
- Internet permite fakes e anonimato;
- Responsabilizar-se criminalmente;
- Ressignificação do jeitinho brasileiro.
2) Visto que a internet é composta por indivíduos que encontram, com maior facilidade, outros que
compartilhem das mesmas mentalidades e sabendo de sua abrangência, torna-se inviável expor todos os
autores. Tal qual a hidra, ao cortar uma cabeça, surgem outras no lugar. Assim, a redução das atitudes
machistas virá de uma mudança coletiva de mentalidade e aumento do respeito à mulher.
Argumentos:
- Pensamento coletivo arraigado/ herança histórica sobre o papel da mulher;
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- País extremamente patriarcal, cuja objetificação da mulher ainda é uma realidade (exemplos na música
funk podem ser usados);
- Pouco arcabouço legal ainda em efetiva atuação.

Depressão na adolescência Autoral 2020 modelo FUVEST (Wagner Santos)

A depressão, não somente entre os jovens, é, sem dúvida alguma, um dos problemas mais
sérios da modernidade. Fruto de uma série de fatores, entre eles aspectos biológicos, vem se
tornando cada dia mais comum entre os jovens, aumentando, de forma preocupante, o número de
suicídios de pessoas que não conseguem encontrar saída para o problema, seja pela falta de
informação, seja pelo tratamento que recebe pela sociedade. Apesar de ser um processo crescente,
recomendamos que você não fale profundamente sobre o suicídio, visto que esse é um tabu na
sociedade e, dependendo da forma como você o tratar, pode ocorrer um tangenciamento do tema,
fator que devemos evitar.
Dessa forma, baseado na maneira como a propostas e o tema foram construídos, você deve
se focar nas formas de preparação para que o jovem consiga lidar com o problema da depressão,
enfrentando, sem dúvida, preconceito social e familiar e, muitas vezes, o próprio preconceito. Para
uma abordagem organizada, você pode pensar em um parágrafo discutindo as causas, não em forma
de lista, para que você não perca em textualidade; e um parágrafo com as consequências, também
em forma de texto e não de lista. Recomendo, inclusive, que você pense em uma causa e uma
consequência específicas para desenvolver melhor seu texto.
Não se esqueça de que, assim como ocorre com a maior parte dos exames espalhados pelo
Brasil, a Fuvest avalia de forma muito específica o conteúdo de sua redação. Dessa forma, busque

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repertórios que auxiliem na construção e sustentação de seus argumentos. Não se esqueça de que
seu texto é um texto dissertativo-argumentativo, visto que temos a defesa de um ponto de vista
sobre o tema. Determine tese, preferencialmente na sua introdução; e em argumentos sustentados
por repertório, para a defesa dela.
Um bom caminho a seguir, por exemplo, para as causas, é lidar com as pressões sociais
aumentadas pela modernidade que, como Bauman apresenta, é líquida e sem durabilidade das
estruturas, que se modificam a cada momento, dependendo das necessidades envolvidas. Esse é um
argumento sólido que pode ser interessante para sua redação. Com relação à conclusão, penso ser
interessante com uma retomada da tese, e consequente reforço dela, em como com um pequeno
resumo dos argumentos. Fuja, nesse caso, do clichê da proposta de intervenção. Por quê?
Exatamente por ser um clichê no momento.

Desperdício de alimentos Autoral 2020 modelo ENEM (Wagner Santos)

Os temas do ENEM, como vocês já estão bastante acostumados, são socialmente


posicionados e de importância para o Brasil, normalmente com esse recorte de localidade. Nesse
nosso 3º simulado, apresentamos um problema que se torna, em momentos de pandemia global,
ainda mais importante, com as dificuldades econômicas sendo asseveradas: o desperdício de
alimentos.
Esse tema liga-se diretamente a dois temas transversais, visto que não auxiliam no combate
à fome – primeiro tema transversal – e atingem diretamente os que são socialmente marginalizados
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– segundo tema transversal. Por conta de transversalidade, torna-se ainda mais importante discutir
o problema e buscar soluções para ele. É de conhecimento geral, ao menos se espera, que a
produção de alimentos do mundo seria capaz de atender a todos se não houvesse tamanho
desperdício.
Para a construção do tema, não se esqueça de que você deverá construir uma
problematização, não ficando “livre” para discordar de sua existência. Pode parecer estranho, claro,
que mesmo diante de tantas pessoas passando fome e de tantos dados que comprovam o tamanho
do desperdício, algo como um terço do que é produzido no mundo, algumas pessoas defendam a
ideia de que ele não existe ou que é ampliado pela mídia. Mesmo com a liberdade de expressão
sendo talvez colocada em xeque, nesse caso, na proposta, não há como fugir da problematização
desse tema.
Assim, aponte claramente, na sua introdução, a tese que será defendida (fruto da leitura dos
textos motivadores e de seu planejamento), em seguida, apresente os argumentos que você usará
para defendê-la. Não se esqueça de que esses argumentos precisam estar relacionados ao problema
apresentado, visto que serão sua problematização e, além disso, que estejam comprovados por
repertório que seja explorado por vocês de forma a ficar produtivo. Nunca se esqueça dessas
características de seu repertório. Ah sim, vale dizer que os dados encontrados nos textos
motivadores, se usados em sua redação, não são considerados cópia de texto motivador, desde que
sejam somente os dados e não seus argumentos.
Por fim, construa a sua proposta de intervenção considerando a presença dos já famosos
cinco elementos: agente, ação, meio/modo, efeito e detalhamento. Essa proposta, que pode ser
única, deve resolver os dois problemas apresentados, por isso a importância de estarem próximos e
interconectados (sempre acho que causa e consequência são importantes nesse momento).

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Planeje seu texto, descubra tudo antes de escrever e faça seu melhor. Escreva muito, porque,
só assim, alcançamos a perfeição!

Formação identitária de grupos minoritários Autoral 2020 (Wagner Santos)

Nessa proposta, será necessário construir um texto dissertativo-argumentativo, também


conhecido como dissertação-escolar. Nesse texto, você precisará tomar um posicionamento sobre
o tema que, como podemos perceber, é um pouco mais complicado, ainda que extremamente
interessante. O tema trata de uma das discussões comuns para o momento atual: como os grupos
de exclusão e minorias se definem em uma sociedade massificada.
Esse ponto é a origem de seu texto: você deverá olhar para o momento atual e ver como esses
grupos se comportam socialmente, principalmente no que constrói sua identidade. Nesse ponto, é
interessante que você pense no que é a identidade em meio à massificação social, no sentido de que
todos acabam apresentando as mesmas formas de comportamento, muito influenciadas, por
exemplo, pela organização econômica da sociedade e suas formas de relação pessoal. Aqui, você
pode usar e abusar da teoria de Modernidade Líquida de Bauman, por exemplo, visto que ele
apresenta as modificações que vêm ocorrendo, nos últimos anos, com relação às relações humanas
em meio ao que ele entende como uma sociedade líquida.
Vale destacar, ainda, que seu texto deve apresentar dois elementos já pedidos pela própria
banca: a definição de minorias e grupos de exclusão, entendidos como aqueles grupos que não têm
seus direitos respeitados e cumpridos em meio à sociedade; bem como a apresentação das práticas
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sociais que auxiliam na construção identitária desses grupos. Acreditamos que o primeiro conceito
pode, facilmente, fazer parte de sua introdução, visto que ela fica extremamente interessante
quando apresenta contextualização e não aborda diretamente sua tese. O segundo elemento pode
aparecer ou em seu desenvolvimento, como fundamentação para seus argumentos, ou em sua
conclusão, em que você apresentaria o conceito como retomada das ideias apresentadas.
Não se esqueça de que, ainda que essa redação não seja uma redação para o ENEM, é
interessante que você fundamente suas ideias, seus argumentos, sempre por meio de repertório
que seja pertinente às suas ideia, para que elas não fiquem pairando, por assim dizer, no senso
comum. Essa é uma dica que se aplica a todas as suas construções argumentativas: use repertório
para fundamentar suas ideias.
Seguindo o que a proposta pede, você produzirá uma redação que será bem avaliada na
correção feita.

Vigilância constante previne ou não desobediências Autoral 2020 modelo UERJ (Wagner Santos)

A redação apresentada, como era de se esperar, segue o padrão das redações apresentadas na Uerj,
com apresentação de uma construção fundamentada em um tema encontrado na obra 1984, de
George Orwell. Em uma obra tão rica em detalhes e em conteúdos relevantes, aproveitamos um viés
possível de ser inferido da obra. Dessa maneira, a presença de uma vigilância constante, fato
encontrado em toda a obra, aparece como tema dessa redação. Aqui, não fechamos a noção
temática para um lado das possibilidades, deixando o tema mais aberto para que vocês possam
construir sua redação de forma mais pessoal.

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Com isso, queremos dizer que vocês podem trabalhar com desobediências da lei, colocando ênfase
na vigilância pública, seja ela feita pela polícia, seja ela feita de maneira independente, com as
câmeras de vigilância de lojas, por exemplo; você pode trabalhar no sentido da criação de filhos,
quando a vigilância dos pais aparece de forma mais clara; ou, ainda, você pode falar de forma
genérica, utilizando esses temas acima como exemplos. A decisão é sua e deverá ser apresentada
na introdução do seu texto como tese.
Não se esqueça de que você precisa determinar uma tese. Nesse caso, inclusive, você pode trabalhar
com uma relação de apresentação de momentos em que a vigilância pode ser utilizada de forma
produtiva em contraste com momentos em que ela se mostra pouco efetiva. O importante, nesse
caso, é que você deve apresentar uma tese clara, ainda que no final de seu texto. Como outras
opções, você pode dizer, diretamente, comprovando sua ideia por meio dos argumentos, sua
posição, apresentando defesa da eficiência da vigilância ou negando essa eficiência.
Como repertório, busque conhecer o que apresenta Michel Foucault em Vigiar e punir. Na obra, o
autor defende a ideia de que, em lugar da punição exemplar, a vigilância contínua é a forma de agir
dos Estados modernos para controlar o crime. Surge, inclusive, a ideia do Panóptico, “o olho que
tudo vê”, a partir da ideia de que uma vigilância constante é empregada para que tenhamos uma
sociedade melhor.

Apropriação cultural Autoral 2020 modelo UNESP (Wagner Santos)

A redação da Unesp, aplicada na segunda fase desse vestibular, organizado pela Vunesp, tem
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um valor importante para a composição de nota (28% da nota total) e apresenta sempre um tema
em forma de pergunta, com um tema atual e, na maior parte das vezes, mais polêmico. Dessa forma,
tentamos reproduzir, aqui, o que você encontrará na hora de sua prova, apresentando um tema de
importância social, em forma de pergunta e com uma boa variedade de opções de argumentação,
para podermos avaliar a sua capacidade de organização de ideias e de organização textual. Esse,
inclusive, é o principal objetivo de uma redação escolar, como chamamos esse tipo de dissertação
que são cobradas em vestibulares.
O tema, então, é bastante transversal, visto que, ao falarmos sobre apropriação cultural,
passamos, necessariamente, por temas como o racismo e a condição do negro no país. Em uma
nação que “bate no peito” para dizer que vivemos uma democracia racial, determinada apenas pelo
esforço dos envolvidos, vemos que determinados símbolos da cultura negra, em especial, são vistos
de maneira diferente quando utilizados por pessoas de etnias diferentes. Por exemplo, uma negra
que utiliza um turbante pode ser – e é – muitas vezes muitas vezes entendidas como uma afronta à
sociedade. Por outro lado, uma mulher branca usando um turbante pode ser entendida como
alguém que “homenageia” outra etnia.
Olhando a partir de uma outra perspectiva, é possível entender que a utilização de símbolos
pode ser vista como fruto de uma construção cultural miscigenada. Esse é um caminho possível,
claro, que não necessariamente será fácil de entender, principalmente quando pensamos que os
símbolos são esvaziados ao serem utilizados por aqueles que não estão envolvidos culturalmente
com os próprios símbolos. É o que vejo, por exemplo, com o uso constante de fantasias de índios em
escolas e durante o carnaval, momentos em que a simbologia das penas e da ausência de roupas
não é considerada um aspecto religioso e, principalmente, cultural. Esse é um bom exemplo
comparativo para a sua construção textual.

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Dessa forma, pensar em uma apropriação cultural, em um país como o nosso, pode ser difícil,
se levarmos em consideração a apropriação, bem como pode ser uma saída para a discussão dessa
miscigenação na cultura. É inegável que o verdadeiro brasileiro é uma mistura de raças (hoje, já
chamamos de raça porque consideramos a completude da etnia com os aspectos culturais), contudo
é mais complicado entendermos que há, realmente, uma configuração miscigenada em nossa
cultura, visto que os símbolos são ressignificados ao serem utilizados de forma mais ampla.

Desvalorização dos idosos Autoral 2020 modelo FUVEST (Fernando Andrade)

Tema e proposta
O tema apresentado nessa proposta é extremamente interessante e mostra como a discussão
acerca da valorização das pessoas sempre está em voga. Em meio à crise mundial causada pelo
coronavírus, os grupos de risco, em especial os idosos estão no centro da discussão. Isso ocorre
porque a principal forma de frear a contaminação pelo vírus é a chamada quarentena, que tem por
objetivo evitar o contato social e, assim, diminuir o número de pessoas contaminadas, utilizando-se
da saúde pública que, de forma geral, no mundo, não suporta a quantidade de doentes que surgem
em uma pandemia.
O problema causado por essa solução para a diminuição das contaminações é considerado
complicado, porque coloca em risco a saúde econômica do país. Com todos recolhidos em suas
casas, sem a relação básica de compra e venda, não temos a economia girando, fazendo-a correr um
risco grande de recrudescer, principalmente em economias que estejam em desenvolvimento, como
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no caso do Brasil. Assim, surge a discussão sobre o tamanho dos perigos da pandemia, muitas vezes
relativizados pelos governos; bem como discute-se o valor da vida dos grupos de risco. É comum,
inclusive, ouvirmos que o problema é menor porque afeta somente esses grupos de risco.
Assim, de um lado, temos a discussão humana e, do outro, a discussão econômica. No meio
desse, digamos, tiroteio, temos o principal grupo de risco, os idosos, que nem sempre são
valorizados nas sociedades em que vivem, gerando declarações como a apontada na construção
dessa proposta. Vale à pena destacar que as perguntas feitas no próprio tema são extremamente
interessantes e auxiliam na construção do texto.
De forma mais objetiva, seu texto deverá ser construído com uma tese, que contará como
resposta à pergunta mais importante, Elas deveriam ser valorizadas somente se houver algum
ganho? Essa é a pergunta que irá direcionar a sua tese. Você se posicionará dizendo que sim ou não,
ainda que não escrevendo efetivamente que sim ou não, claro. Assim, tudo o que você colocará na
sua redação parte desse ponto: qual é a valorização que devemos endereçar aos idosos? Eles devem
ser valorizados independente de sua “participação” na sociedade ou só devem ser valorizados
quando forem “produtivos”?
Vale nosso primeiro cuidado por aqui: ainda que não tenhamos indicação de anulação da
redação quando há ferimento dos direitos humanos, cuidado para que sua tese não se encaminhe
para esse lado. Evite construir uma redação em que os direitos, inclusive os garantidos por lei, sejam
atacados e desrespeitados por suas ideias. Particularmente, eu acho muito complicada a ideia de
dizer que a morte de idosos, simplesmente porque o são, deve ser defendida em qualquer nível,
para ser sincero. Contudo, há sempre defendida a liberdade de expressão.
Seus argumentos, que na Fuvest, como vocês bem sabem, são extremamente importantes,
devem apresentar-se e construir-se a partir da resposta às duas outras perguntas do tema: Há

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ganhos na preservação da vida dessas pessoas? Quais são os valores que devem servir de premissa
para a preservação da vida do idoso? Claro que a resposta a essas perguntas se correlacionarão com
o que você falará na sua tese. Nem preciso te dizer isso, né?
Por fim, é interessante que você retome sua tese e resuma seus argumentos, naquela típica
conclusão por retomada e resumo. Claro que, se você problematizar bastante, pode construir uma
proposta de intervenção. Ainda assim, acho que ela corre um risco muito forte de ser clichê e mais
atrapalhar do que ajudar na sua nota. Por isso, recomendo que você pense na clássica conclusão por
retomada e resumo.

Texto motivador
O texto apresentado nessa proposta, literalmente no singular, é um texto que serve, apenas
para que entendamos de onde surge essa discussão, sendo, literalmente, um texto motivador e
direcionador para o tema. Tema importante, como dissemos acima, e que está sendo discutido de
formas distintas, como mostra o próprio texto, com “apagamento” da importância dos mais velhos
na nossa sociedade. Essa forma de ver é motivada, claramente, em meio à pandemia em que
vivemos no momento. Apesar disso, é possível afirmar que temos essa visão sempre, somente muito
à tona por conta do momento.

Tese, argumentos e repertórios


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Como discutimos acima, temos, essencialmente, duas teses possíveis, como apresentaremos
a seguir. Dentre essas duas teses, temos uma mais lógica, por ser a mais, digamos, humana, e a outra
que leva em consideração os fatores econômicos de forma muito aparente. Para essa segunda tese,
temos muita dificuldade, por não concordarmos com ela, de encontrarmos argumentos para essa
forma de pensar. De qualquer forma, apresentamos, a seguir, cada uma das teses com possíveis
argumentos.
Como essa proposta se aplica à Fuvest, vale lembrar que o comportamento é diferente
daquele que encontramos no ENEM, por exemplo, e em outros vestibulares: as ideias e os
argumentos devem sempre ser amplos. Analisar os temas sem prender-se a uma única localidade.
Por isso, perceba que nossos argumentos, de forma geral, inspiram-se, claro, em um lugar, mas não
necessariamente se prendem a ele.
Claro que precisamos deixar muito claro que esses argumentos e esses repertórios servem,
somente, para direcionar seu pensamento e seu texto. Passemos a eles.

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Imigrantes Autoral 2020 modelo FUVEST (Fernando Andrade)

Nessa proposta, eu resolvi seguir de perto um formato experimentado pela FUVEST em 2014. A
Banca apresentou uma reportagem sobre a fala de Taro Aso, Primeiro Ministro do Japão, a respeito
dos idosos. Pediu que o candidato fizesse uma espécie de artigo de opinião que seria publicado no
Jornal sobre o fato. Para guiar o vestibulando havia uma séria de questões nas instruções..
Eu escolhi um texto sobre a fala do Ministro do Interior da Itália a respeito dos imigrantes. No artigo,
destaca-se que o político foi duro com os imigrantes ao dizer “façam as malas e partam”, no mesmo
dia em que uma embarcação repleta de imigrantes naufragava, matando 48 pessoas.
A seguir, praticamente colei o tipo de comentário feito pela Banca em 2014. Esse fato manifesta
implicações “éticas, culturais, sociais e econômicas”. A partir daí apresentei 4 questões que, se
respondidas, poderiam servir de guia para a redação.

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Pressupostos do tema
Veja que a proposta não é sobre a imigração em si, mas sobre as causas do fenômeno. Basicamente,
a questão é política e econômica. Os imigrantes saem de suas nações por causa de conflitos armados
ou para procurar condições melhores de trabalho. Um dos efeitos da globalização, a melhora dos
meios de transporte, possibilita o deslocamento de populações de um continente para o outro de
uma maneira mais rápida. Além disso, a globalização cultural faz com que o estilo de vida europeu
seja visto como o ideal por parte dos outros povos.
Do ponto de vista do cidadão comum que vive nos países que recebem esse fluxo de imigrantes, a
situação é vista com desconfiança e desconforto. A entrada de tantas pessoas dispostas a qualquer
trabalho altera o valor da mão de obra e a concorrência por postos de trabalho. O excedente desses
trabalhadores estrangeiros em condições precárias dá a sensação de aumento da pobreza. Do ponto
de vista cultural, o outro com seus costumes assusta os habitantes nativos que ficam com a
impressão de que sua cultura está sendo ameaçada.
Encaminhamentos possíveis
Primeiramente seria interessante que você selecionasse que implicação você gostaria de abordar.
Lógico que você poderia escolher mais do que uma, mas isso tornaria a tarefa mais difícil, mas não
necessariamente mais vitoriosa. Depois da escolha, você deveria fazer um esquema com a tese e os
argumentos escolhidos. A título de exemplo, elaborei abaixo esboços, um para cada tipo de
implicação.
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Implicação cultural
Tese A fala do Ministro Italiano mostra que a cultura universalista
da Europa está caindo em descrédito.
Argumento 1 Depois da 2ª Guerra, os Europeus foram responsáveis pela
divulgação de uma cultura humanista universal. Fato: Criação dos
Fóruns de Proteção (ONU etc)
Argumento 2 A fala do Ministro vai contra esse universalismo. Fato: outros
países tem movimentos parecidos França, Alemanha, Hungria
Argumento 3 O que motiva? O medo do outro; no Brasil não é diferente.
Fato: as manifestações contra imigrantes venezuelanos em Roraima.

Implicação
econômica
Tese A fala do Ministro Italiano é fruto do medo da população
nativa de perder seu poder aquisitivo ou suas garantias trabalhistas
Argumento 1 A proteção trabalhista e a garantia de altos salários
dependem de escassez de trabalhadores. Se houver falta de
trabalhadores, os salários sobem.
Argumento 2 Entre os refugiados, é possível encontrar vários tipos de
trabalhadores e o número elevado desse contingente, faz com que
as populações nacionais temam a concorrência.
Argumento 3 No Brasil, não seria diferente. A taxa de desemprego é alta e
afeta os jovens. Se houvesse fluxo intenso ocorreria algo parecido..

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Implicação ética
Tese A fala do Ministro Italiano mostra que uma ética perigosa está
sendo construída no mudo contemporâneo: a ética do conflito
aberto.
Argumento 1 Depois do Nazismo, tal tipo de discurso anti-humanista seria
considerado vergonhoso. Fato: as marcas do nazismo/racismo na
Europa.
Argumento 2 Se o Ministro disse isso publicamente é porque ele representa
uma população que pensa assim. Esse tipo de discurso que estimula
a ver o outro como inimigo tem disso defendido abertamente.
Argumento 3 Embora no Brasil, esse não seja o problema maior, na última
eleição, percebeu-se essa mudança ética também aqui.

Implicação social
Tese A fala do Ministro italiano estimula o preconceito e a divisão
interna; marginalizando os imigrantes que se tornam um perigo
social.
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Argumento 1 O fluxo de imigrantes não vai ser detido até porque os


europeus estão envelhecendo.
Argumento 2 A fala do Ministro pode até fazer diminuir o fluxo para a Itália,
mas também leva os italianos a verem os imigrantes como
marginais, não ajuda a integrá-los
Argumento 3 Isso é claro na França. Os imigrantes franceses não se sentem
parte da nação e já protestaram violentamente várias vezes. São
foco de tensão.

Epidemia de sífilis no Brasil UEA 2018/2020

O tema toca em um assunto de enorme preocupação social: o retorno da sífilis como um


problema de saúde sério. Os fatores que levam a esse retorno são muito controversos e se tornam
o tema dessa redação, visto que o tema, em forma de pergunta, apresenta duas das possíveis
motivações para que a epidemia aconteça. Segundo especialistas, há uma diminuição absurda no
número de pessoas que usam a camisinha, principalmente com relação aos jovens. Além disso,
temos um sistema de saúde exemplar em muitos aspectos – como os de atendimento de toda a
população – e precário em muitos outros, principalmente com o desvio constante de verbas para a
saúde.
Segundo o tema, você pode escolher um desses dois caminhos para a tese, apesar de
entendemos que pode haver um equilíbrio entre eles. Ou seja, você pode colocar “na conta” dos
jovens que não se protegem a culpa pela maior parte das contaminações; pode dizer que isso é culpa
do sistema de saúde, principalmente pela falta de prevenção e de tratamento, dado o

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desabastecimento de penicilina que, volta e meia, assola o país; ou, ainda, pode dividir a culpa. Os
jovens, descuidados, ao buscarem tratamento não o encontram e, sem se curar, dão continuidade
ao ciclo de contaminação entre outros jovens.
Um dos seus argumentos, ou caminho argumentativo, é trabalhar com a necessidade de que
o Estado, ainda que não seja o completo culpado pelo problema, tem como principal função cuidar
dos seus cidadãos, como afirmam Aristóteles e Hobbes em momentos diferentes. Como os textos
indicam, o arrefecimento das campanhas governamentais de conscientização dos jovens é um dos
problemas que afeta diretamente a transmissão dessa doença. Além disso, podemos entender que
a enorme discussão acerca da disciplina de “orientação sexual” nas escolas atrapalha um momento
em que os jovens poderiam aprender sobre as formas de prevenção não somente à sífilis, problema
mais específico, como a todas as demais doenças sexualmente transmissíveis.
Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você
apresente contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu
texto não terá conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha
com isso, uma vez que já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do
nosso tema. Eu sempre digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você
coloque essa contextualização em sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente
sua tese, para que fique claro aquilo que será defendido por você.
Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que
estamos defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos.
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Tais argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que
se convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório,
sustenta o argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente,
agrada o leitor. Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para
sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão, a partir do tema trazido na proposta, não combina com uma proposta
de intervenção, que vocês têm usado com cada vez mais frequência, por apresentar uma fórmula
que auxilia vocês na escrita. Recomendamos que, aqui vocês usem uma conclusão no estilo clássico,
com retomada de tese em seu início, reafirmando o que você defendeu; e resumo dos argumentos.
Se, ainda assim, vocês decidirem ir para o “lado” da proposta, muito cuidado para não ferir nenhum
direito garantido pela legislação brasileira ou que fira os direitos humanos.
A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos
lá!

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Coletânea de textos
Na coletânea de textos dessa proposta, temos textos extremamente diretos e que
corroboram nossa ideia de que a epidemia é uma relação que conjuga o descaso governamental e o
comportamento preocupante dos jovens brasileiros. Atente-se para o fato de que o tema fala
diretamente dos jovens, a parcela atualmente mais afetada pela epidemia.
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Teses e caminhos argumentativos


Como apresentei antes, nesse caso, com a construção da pergunta, ainda que essa só indique
duas possibilidades de resposta, entendemos que há uma terceira, mais lógica, de que a culpa da
epidemia é uma mistura de culpas, visto que somente o governo não consegue resolver e causar o
problema, e que o comportamento dos jovens pode ser influenciado pelo governo, por meio de
campanhas. Tente, assim, construir uma argumentação que seja condizente com essa ideia. A seguir,
apresentamos alguns argumentos que podem servir como ponto de partida de seu texto.
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Selfies FAMERP 2017

O tema apresentado é bastante interessante para a construção de uma dissertação-


argumentativa, principalmente porque apresenta, em sua construção, perguntas que comporão a
sua tese. Entendemos, inclusive, que há três respostas envolvidas: como mecanismo de interação
social; narcisismo em excesso, e, na minha compreensão, uma mistura das duas, dependendo da

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forma como são utilizadas as selfies por parte dos cidadãos. Ainda que você siga esse terceiro
caminho, não estará ficando em cima do muro, fato que devemos evitar com frequência cada vez
maior em textos que serão julgados pelas bancas.
O hábito de tirar essas fotos de si mesmo, vem crescendo grandemente nos últimos tempos,
principalmente com o crescimento, na vida das pessoas, da participação das redes sociais. De
qualquer forma, temos opções interessantes de caminhos para seguir. Essa prática, segundo boa
parte dos estudiosos da psiquê humana, se configura como uma necessidade extrema de atenção e
carinho. É o que, hoje, chamamos de “pedir biscoito” na internet. Inclusive, tal prática fez com que
uma das redes mais utilizadas, o Instagram, que tem como função principal a publicação de fotos,
ocultasse, dos demais usuários, o número de “curtidas” recebidas em cada uma das fotos publicadas.
Segundo a plataforma, essa decisão foi tomada para que as pessoas possam postar suas fotos sem
a comparação de “biscoitos” recebidos em cada foto (o problema é que o próprio usuário pode saber
a sua quantidade de likes).
Por outro lado, temos a ideia de que a tecnologia deve ser vista uma aliada da sociedade
moderna e não uma “pedra de tropeço”, como diz a sabedoria popular. Hoje, o que vemos é uma
série de pessoas endemonizando o uso das redes sociais de maneira, muitas vezes, infundada. É
comum lermos que, necessariamente, o uso das redes, em especial por meio do smartphone, afasta
as pessoas de relações sociais presenciais. Há uma constante comparação entre a vida on-line e a
vida off-line, como se uma precisasse excluir a outra. Sabemos, que, com parcimônia, o uso das redes
pode ser positivo. Inclusive, destaco que, durante o momento de pandemia do Covid-19, as redes
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sociais mostraram-se essenciais para que a saúde mental de boa parte das pessoas fosse mantida.
Outro fator importante, antes de passarmos à estrutura do texto, diz respeito ao risco de se
“perder” falando das redes sociais e da web, de forma geral, e deixar o tema fugir. Não se esqueça
de que seu tema é a selfie e não a internet e seu uso. Esse, juntamente com as redes sociais, é um
tema transversal, que deve parecer, claro, mas não tomar o espaço completo da sua redação.
Organize seu pensamento antes exatamente para evitar o tangenciamento e a fuga ao tema.
Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você
apresente contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu
texto não terá conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha
com isso, uma vez que já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do
nosso tema. Eu sempre digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você
coloque essa contextualização em sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente
sua tese, para que fique claro aquilo que será defendido por você.
Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que
estamos defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos.
Tais argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que
se convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório,
sustenta o argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente,
agrada o leitor. Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para
sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão, a partir do tema trazido na proposta, não combina com uma proposta
de intervenção, que vocês têm usado com cada vez mais frequência, por apresentar uma fórmula
que auxilia vocês na escrita. Recomendamos que, aqui vocês usem uma conclusão no estilo clássico,

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com retomada de tese em seu início, reafirmando o que você defendeu; e resumo dos argumentos.
Se, ainda assim, vocês decidirem ir para o “lado” da proposta, muito cuidado para não ferir nenhum
direito garantido pela legislação brasileira ou que fira os direitos humanos.
A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos
lá!
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Coletânea de textos
A seguir, apresentamos um resumo da coletânea de textos, na realidade com um texto de
definição e dois textos que caminham para lados contrários no tema.

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Tese e caminhos argumentativos


Como apresentei rapidamente na análise do tema, esse permite que trabalhemos com três
teses essenciais, a saber:

• As selfies como mecanismos válidos de interação social (em que as redes sociais devem ser
vistas de forma positiva)
• As selfies como uma demonstração de narcisismo exagerado (em que as redes contribuem
para o afastamento das pessoas e, principalmente, contribuem para a demonstração do
usuário)
• As selfies como uma forma de valorização própria e, em alguns casos, como forma de
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demonstração exagerada de narcisismo.

A seguir, apresentaremos argumentos que servem para direcionar seu pensamento para esse
tema. Como sempre digo, não pense que esses argumentos são verdade absoluta e que excluem
outros caminhos. Nosso objetivo é somente “dar um empurrãozinho” na redação de vocês.

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Retirada de órgãos saudáveis para prevenir o câncer FAMECA 2016


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Nessa proposta da FAMECA, o tema é extremamente “espinhoso” e polêmico, visto que


relaciona as decisões pessoais às possibilidades de acontecimento. Ao descobrir que é um paciente
em potencial para o desenvolvimento do câncer, como devem agir as pessoas? Exatamente esse é
o ponto. Como julgaremos o fato de pessoas retirarem órgãos saudáveis, mas com objetivo de
preservação? Essa é a discussão proposta para seu texto.
Esse tema toca em dois pontos extremamente importantes, que podem ser considerados por
vocês: hoje, muitas pessoas tomam medidas mais severas para a preservação de sua saúde ou
estética; e os limites das decisões pessoais. Inclusive, recomendamos que não exista quaisquer
referências às ações governamentais, visto que a decisão pessoal, sendo fundamentada pela ciência,
determinada pelo Estado. No primeiro caso, claro que os exageros para a manutenção estética são
extremamente preocupantes e perigosos, contudo não é esse o caso aqui tratado. Estamos diante
de uma decisão relacionada à saúde das pessoas, fundamentada em exames e indicações médicas.
Claro que, como os próprios textos apresentam, existem opções menos invasivas para o caso.
Essa pode ser a sua posição, indicando que não é necessário que a automutilação aconteça no caso
dessa prevenção. Você deverá fundamentar suas ideias nas alternativas para a medida mais
extrema. São, ambas, posturas sustentáveis por métodos científicos que divergem, mas que não se
apresentam como soluções definitivas. O que eu quero dizer, aqui, é que as duas formas de pensar
são válidas e podem ser defendidas, isso não é problema. O que não deve acontecer é que tenhamos
a apresentação de uma verdade absoluta. Cuidado com isso dos dois lados.
Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você
apresente contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu
texto não terá conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha

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com isso, uma vez que já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do
nosso tema. Eu sempre digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você
coloque essa contextualização em sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente
sua tese, para que fique claro aquilo que será defendido por você.
Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que
estamos defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos.
Tais argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que
se convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório,
sustenta o argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente,
agrada o leitor. Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para
sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão a nosso ver, não deve seguir o clichê atual de construção de proposta
de intervenção em todos os temas. Como temos um tema que, como vimos, toca em pontos
extremamente pessoais, não acho que seria interessante que se apresente um modelo de
comportamento, ainda que você seja contra “o outro lado”. Claro que isso não significa que você
construirá um texto sem opinião, de maneira alguma, mas significa que você não apresentará uma
forma de comportamento por meio da proposta. Você argumenta e se posiciona normalmente,
somente não apresenta regras a serem seguidas. Fechou?
A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos
lá!
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Coletânea de textos
Na coletânea de texto constante da proposta, temos textos motivadores que apresentam os
“dois lados da moeda”, visto que apresentam as ideias relacionadas à efetividade da retirada dos
órgãos como prevenção para o câncer, ao mesmo tempo em que apresentam atitudes que são
opções para a retirada de órgãos. Como vimos que é possível apresentar duas teses, os textos
servem para auxiliar no direcionamento de seu pensamento. Leia os textos com calma e defina suas
ideias para a escrita.

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Tese e caminhos argumentativos


Como a proposta se fundamenta em uma pergunta com dois elementos coordenados entre
si, entendemos que sua tese pode tomar dois caminhos diferentes. É possível que você apresente
sua ideia de que a retirada de órgãos, para evitar o câncer, é uma medida preventiva necessária,
ou, ainda, você pode se posicionar com a ideia de que essa retirada é uma conduta exagerada. Para
cada uma delas, você deve buscar argumentos fundamentados em repertório para que fujamos do
senso comum.
Percebemos que, em um tema como esse, seus melhores repertórios serão baseados nos
exemplos reais, sem copiar os textos motivadores, e nos dados estatísticos. Recomendamos que
você pense em sua tese e argumentos antecipadamente, para que possa organizar suas ideias e,
inclusive, escolher seu repertório. Sempre pense que esse repertório é essencial. Inclusive, em

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alguns casos em que você tenha menos repertório, é comum que retiremos os nossos argumentos
desse próprio repertório, para evitar que não tenhamos o uso do senso comum de forma muito
clara.
Partimos, então, para a apresentação de alguns argumentos que podem direcionar seu texto
e sua tese.
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Criação dos filhos UFRGS 2019

UFRGS, como de costume, apresenta a chamada “construção de cenário”, que serve para que
os candidatos possam entender a funcionalidade social de seu texto, ou seja, serve para mostrar que
o texto teria, na sociedade, uma aplicação. Por tratar-se de uma dissertação-argumentativa, o
cenário construído é o de uma situação acadêmica, visto que esse gênero não é facilmente aplicado
na sociedade em outros cenários. Apesar do cenário, vale destacar que ele não modifica a forma de
apresentação de sua redação, indicando, apenas, a necessidade de uma organização anterior de
seus argumentos e tese. Pense em seu texto antecipadamente e já defina tudo o que aparecerá em
seu texto.
Diferente do que o título do texto parece indicar, a discussão de seu texto relaciona-se
diretamente à criação dos filhos, em especial do espaço que é dado aos adolescentes e jovens.
Perceba que muito se fala sobre a forma como se devem criar os filhos: para alguns pais, o cuidado
com eles é essencial e não é, de forma alguma nocivo ao desenvolvimento dos filhos, enquanto para
outros a liberdade é fator essencial para o crescimento e para a preparação dos filhos, que deverão
enfrentar problemas reais trazidos pelo mundo, por assim dizer.

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É um tema interessante demais de ser tratado e apresenta muitos fatores a serem


considerados. Cada pai tenta repetir, na criação de seus filhos, aquilo que vivenciaram e que, na
ótica deles, é funcional. Para outros pais, a busca é a de não repetir a forma como foram criados,
visto que essa forma pode envolver violências diferentes, bem como por terem sido criados de forma
muito protetora. O fato é que, por tratarmos com seres humanos, determinados psicologicamente
por muitos fatores, não é possível determinar uma cartilha do que realmente funciona e daquilo que
não funciona. A experiência é adquirida de formas diferentes e, pior do que isso, processada de
maneira muito diferente de pessoa para pessoa. Alguns jovens e adolescentes lidam com a
responsabilidade e a liberdade de forma mais tranquila, enquanto outros abusam dessas benesses.
O que podemos tirar de tudo isso? É possível perceber que não há uma forma “correta” de
criação dos filhos, visto que os pais, assim como os próprios filhos, são construções psicológicas
diferentes, motivados por sonhos e experiências diferentes. Como diz a psicologia, somos sempre
formados por aquilo que vivemos e aquilo que desejamos ter vivido. É uma soma que, muitas vezes,
não fecha. Para finalizar, vale lembrar que, segundo o psicólogo Piaget, estudioso do
desenvolvimento humano, essencialmente nas fases da infância e da adolescência, o crescimento
só ocorre quando passamos por processos de “descentração”, em que nossa organização deixa de
ser suficiente para o mundo em que vivemos. Com o protecionismo exagerado, as descentrações
demoram mais a acontecer, atrasando as modificações necessárias ao crescimento e
desenvolvimento psicológico dos jovens e adolescentes.
Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você
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apresente contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu
texto não terá conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha
com isso, uma vez que já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do
nosso tema. Eu sempre digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você
coloque essa contextualização em sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente
sua tese, para que fique claro aquilo que será defendido por você.
Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que
estamos defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos.
Tais argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que
se convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório,
sustenta o argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente,
agrada o leitor. Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para
sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão pode apresentar -se de forma mais clássica, com a construção de uma
retomada da tese e um resumo dos argumentos. Dizemos isso, porque será muito estranho
apresentar uma proposta de intervenção para determinar como as pessoas devem se comportar em
suas vidas. É muito comum, hoje, que vocês, sempre que possível, “sapequem” uma proposta de
intervenção em todas as redações, dado que são mais tranquilas de escrever por terem uma
formulazinha a seguir. Nesse caso, não é possível aplicar uma proposta realmente. Siga pelo caminho
mais clássico para facilitar sua vida.
A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos
lá!

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Coletânea de textos
A coletânea conta com apenas um texto, que deve servir de gerador para a discussão proposta
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pelo tema da redação. Quando isso acontece, não se esqueça de ler atentamente o texto, com
destaque das ideias principais para que você possa gerar a sua redação. Faça isso com calma e
atenção. A seguir, apresentamos um resumo do texto da proposta.

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Tese e caminhos argumentativos possíveis


Sua tese, nessa proposta, deve ser construída a partir da opinião que você apresentará com
relação à forma como os jovens e adolescentes devem ser criados e tratados pelos pais. Como é um
tema extremamente amplo, com muitos outros temas transversais, é necessário que vocês
organizem bastante bem as ideias de vocês, com colocação de sua tese clara e seus argumentos
também. A organização do texto é fruto claro de uma organização constante de suas ideias.
Constante e anterior.
Como tese, percebemos ser possíveis, essencialmente, dois posicionamentos, principalmente
quando analisamos o texto motivador. Claro que você pode encontrar um viés diferenciado dos
apresentados aqui e isso não é um problema, de maneira alguma. Tendo caminhado para não fugir
ou tangenciar o tema, ok! Volto a reforçar que sua tese precisa ser definida antes de você começar
a escrever. Não entre “na pilha” de partir para a escrita, colocando tudo aquilo que você pensa sobre
o tema. Isso deve ser feito antecipadamente.
Como teses possíveis, pensamos da seguinte forma:

• Os adolescentes precisam de proteção máxima em sua criação: nesse caso, indicamos


que, se você pensar dessa forma, deve apresentar argumentos sustentados para
defender essa ideia, é concernente com o que apresentam, no texto motivador,
aqueles pais que criticaram os pais de Abby.
• Os adolescentes precisam de liberdade em sua criação: entendemos que essa seria a
tese indicada, visto que, ao afirmar que os adolescentes e jovens precisam de liberdade

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para um melhor desenvolvimento, não abrimos, necessariamente, mão do controle


desses adolescentes.

Achamos, aqui, que a tese em defesa de uma liberdade total é complicada para a defesa
sustentada, visto que o controle, ainda que com parcimônia, é extremamente importante na criação
de filhos. Não queremos, claro, apresentar verdades absolutas, visto que não existem. A seguir,
trazemos alguns argumentos para serem usados por vocês na construção do texto.
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“Uberização” do trabalho Faculdade Israelita Albert Einstein 2020

Tema e proposta
O tema é bastante atual e se mostra necessário para a discussão na sociedade, principalmente
porque temos um país em que a crise econômica é extremamente presente, acompanhada de um
número recorde de desempregados que encontram, na chamada economia informal, a sua forma
de sustento e sobrevivência. Aproveitando-se desse problema, as empresas de aplicativos crescem
pelo mundo, colocando em questão uma série de direitos e de ideias antigas sobre o trabalho.
Para muitos, esse momento é criado pela própria ideia neoliberal que promete combater o
problema. Seria mais ou menos o seguinte: criamos o problema e prometemos resolvê-lo. É essa a
ideia desses “salvadores da pátria” que são os aplicativos, tanto os de entrega e compras, quanto os
de aluguel de carros e casas. A proposta é que você lucre com a sua capacidade, colocando em xeque
os seus direitos e prometendo uma enorme liberdade, pensando no momento em que você monta
seu horário e dias em que quer trabalhar.

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Seu texto, em meio a essa discussão, deverá apresentar um posicionamento, claro, visto
tratar-se de um texto dissertativo argumentativo. Por isso, você deve acrescentar, em sua
introdução, a sua tese, demonstrando o que será defendido por você durante a redação. Assim, você
deverá apresentar argumentos que comprovem que você está defendendo uma ideia lógica, que
pode ser defendida. Por fim, não é interessante apresentar uma proposta de intervenção, como
vocês têm feito com muita frequência. É importante que você termine sua redação retomando suas
ideias.

Coletânea de textos
Nessa coletânea de textos, temos uma relação ampla para o tema, fazendo com que o
pensamento dos candidatos seja extremamente amplo também na escrita. Dessa forma,
percebemos que devemos considerar as diferentes formas de pensar esse assunto. Ainda mais
porque há uma possibilidade de pensarmos no meio do caminho das duas formas apresentadas,
afinal, temos aspectos importantes dos dois lados de pensar, seja a favor da uberização, seja contra
ela.
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Tese, argumentos e repertórios


Da forma como o tema se apresenta, percebemos a possibilidade de somente duas
colocações: a uberização como um processo ruim, ainda que “vendendo” a ideia de que o
trabalhador é livre para trabalhar somente quando e como quiser; e a ideia de que a uberização
garante essa liberdade e que isso é muito mais importante que ter direitos trabalhistas garantidos,
como acontece nos empregos regidos pela chamada CLT.

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Há, ainda uma opção de colocar as ideias dos dois misturados, mostrando que a uberização
tem fatores positivos e negativos. nesse caso, basta que você una as ideias mais interessante dos
dois elementos colocados a seguir.
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Redução da maioridade penal FAMEMA 2020

Tema e proposta
O tema apresentado propõe a construção de uma dissertação-argumentativa, em que será
defendida uma das teses que serão apresentadas mais à frente. Sua defesa, claro, deverá ser feita
por meio de argumentos que se combinem com a tese. Importante destacar que, de posse de um
tema tão complexo, é necessário que seus argumentos sejam extremamente fundamentados, por
meio de base argumentativa, que, hoje, é mais conhecida como repertório, depois do ENEM.
O tema em sim, que trata da redução da maioridade penal no país, é extremamente
contemporâneo e polêmico, principalmente porque as pessoas se dividem, hoje, em dois grupos,
essencialmente, o daqueles que são contra e o daqueles que são a favor, polarizadamente. Dessa
maneira, é importante que você pondere bastante com relação à sua escolha de tese e, claro, de
argumentos. Como é um tema que trata de seres humanos e punição, diretamente, é interessante
notar que há sempre perigo de ferirmos os direitos humanos. Ainda que isso não seja motivo de

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anulação da sua redação, é comum que a nota de argumentação caia substancialmente quando esse
desrespeito ocorra.
Assim, organize suas ideias antecipadamente, posicionando-se diante da pergunta que é o
tema. Ah sim, vale sempre destacar que, como o tema está em forma de pergunta, é necessário que
vocês a respondam de maneira indireta, sem ser “sim ou não”, ou sem qualquer referência a ela. O
tema deve ser apresentado e sua tese será a resposta à pergunta do tema. Pense bastante nisso
antes mesmo de escrever.

Coletânea de textos
É interessante notar que a coletânea de textos apresenta dois textos bastante posicionados
contra a redução da maioridade, no caso, a charge e o último texto; e um texto posicionado a favor
da redução, com viés de análise dos direitos e respeito às vítimas. Com relação ao posicionamento
contrário à redução, temos a charge, que é o texto mais “pesado”, por assim dizer, porque inclui a
classe social na discussão; e o texto 3, que aponta evidências científicas para a não redução. A favor
do processo de redução, temos o texto 2, que apresenta a ideia de que as vítimas, nessa relação,
não estão sendo respeitadas. A seguir, como já é praxe, apresentamos um pequeno resumo dos
textos.
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Não se esqueça de não usar os textos que, necessariamente, são somente motivadores, sem
que sejam copiados de forma alguma.

Teses e argumentos possíveis para o tema

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A construção de um tema em forma de pergunta é muito interessante, porque as teses ficam


bastante diretas. Assim, seu posicionamento poderá ser:

01. A redução auxiliará na diminuição dos números da violência no Brasil


• Adolescentes de 16 e 17 anos, na proposta de redução para os 16 anos, já têm
discernimento para responder pelo que faz, sabendo o que faz e porque faz.
• Há grande apoio popular à redução, por pressão social e de aumento na criminalidade.
• O fato de só poderem permanecer presos por 3 anos aumenta a sensação de
impunidade para os adolescentes e jovens, fato que amplia a vontade de cometer
crimes.
• As medidas de redução são muito comuns em outros países, como os Estados Unidos
e a Nova Zelândia.
• O ECA, apesar de ser um documento interessante, é insuficiente para resolver o
problema da violência cometida por menores.
• Os crimes cometidos antes dos 18 anos não configuram “reincidência” após os 18, fato
que atrapalha a análise de vida do criminoso.
• Com um maior rigor nas punições e consequente redução, temos que os menores
serão menos aliciados pelos traficantes, por exemplo.
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02. A redução não auxiliará na diminuição dos números da violência no Brasil


• Sabe-se que educar é melhor do que punir, como provam os estudiosos.
• A redução da maioridade será muito prejudicial para as classes mais pobres.
• O sistema prisional é conhecido, de maneira correta, como “escola do crime”, visto
que não garante a reinserção dos ex-detentos na sociedade.
• O sistema carcerário, sobrecarregado, seria ainda mais prejudicado com a entrada
desses jovens nos presídios.
• Apesar de países com maioridade inferior a 18 anos, a maior parte dos países mantém
a maioridade em 18 anos.
• Há um processo protetivo e educativo na idade da maioridade e na existência do ECA.

Sempre gosto de destacar que esse são argumentos que podem servir de direcionamento
para o que você escreverá, bem como os repertórios apresentados a seguir. Sabemos, inclusive, que
este costuma ser um problema de início para vocês, visto que arrumar argumentos costuma ser
muito complicado na produção de um texto.

Repertórios

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• Aproximadamente 85% da população brasileira é favorável à redução, segundo


pesquisa do Datafolha.
• Os crimes hediondos correspondem a cerca de 20% dos crimes cometidos por
menores, que são encabeçados por crimes mais leves ou relacionados ao tráfico de
drogas.
• A população pobre e preta é afetada de forma mais direta por qualquer modificação
relacionada a crimes no país, visto corresponder a 75% dos presos em presídios no
país.
• Há um fortalecimento de discurso das classes dominantes nesse caso, visto que, ainda
que os criminosos sejam cidadãos brasileiros também com direitos, somente a
segurança da classe dominante será defendida com essa redução.
• O pensamento egocêntrico, segundo Bauman, torna-se cada vez mais presente na
sociedade pós-moderna. Há uma necessidade de cuidar-se exclusivamente,
independente dos outros.
• No Brasil, são 600 mil presidiários para 350 mil vagas nas cadeias.
• A Constituição garante o cuidado e a proteção especial para os menores de 18 anos.

Liberdade, opressão e injustiças sociais UEMA 2016


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Tema e proposta
É muito interessante notar que a UEMA, como vocês sabem bastante bem, é uma banca que
constrói as suas propostas de forma bastante detalhada, apresentando, inclusive, uma pequena
análise dos textos constantes da prova. Além disso, apresenta muito claramente cada um dos
elementos que são esperados de vocês nessa construção textual.
O tema é sempre atual, uma vez que há problemas sociais em profusão e a possibilidade de
imaginarmos uma solução para eles é libertadora. Nesse sentido, aparece a arte como uma das
formas de propagar essas ideias de liberdade e de um mundo melhor. Seu texto, então, deve
trabalhar com a ideia de que essa possibilidade de pensar o mundo de forma diferente é o que nos
move em direção ao combate das desigualdades. Claro que você pode se colocar contrário a isso,
pensando, por exemplo, que a imaginação do mundo pode afetar a colocação em prática desses
sonhos. É possível, assim, que tenhamos a ideia de uma utopia criada, sem que se tente colocá-la
em prática.
Você pode, ainda, pensar que há um meio termo nisso, deixando claro que saber da liberdade
de pensamento e da liberdade de um mundo mais justo e correto não resolve o problema, somente
nos coloca em posição de pensar nele. Destaque que a ação é fruto também dessa posição de
liberdade de mundo. É o objetivo que deve ser buscado.
Para a construção de seu texto, lembre-se de que você deve estruturar seu texto de forma
clara desde a introdução. Nela, apresente o tema e a sua tese. Pense em todos os argumentos
possíveis e organize suas ideias. Se quiser, coloque esses argumentos já na introdução para poder
retomá-los na sua redação, no seu desenvolvimento. Esse, como podemos perceber, é um tema

Propostas 153
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mais subjetivo, tornando a utilização de repertórios um pouco mais complicada para seu
desenvolvimento. Um bom tipo de repertório é a própria literatura e os exemplos da vida real que
podemos utilizar.
Recomendo que, nesse caso específico, vocês evitem construir propostas de intervenção.
Essas, que ficaram tão famosas por conta do ENEM, servem para temas em que problematizamos.
Nesse caso, é interessante que vocês pensam em fazer uma retomada do que apresentou no texto.
Caso queira construir uma proposta de solução, não tente “enfiar goela abaixo” uma solução que
obrigue as pessoas a mudarem de posição e de comportamento.

Coletânea de textos
A coletânea de textos apresentada é muito interessante quando analisamos do ponto de vista
de construção de saberes, visto que temos duas obras literárias de peso, Vidas secas, de Graciliano
Ramos; e A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade. Além disso, temos um trecho da
excelente análise de Hermenegildo Bastos da personagem apresentada no primeiro texto.
Não nego que o texto 1 é um dos meus preferidos da literatura brasileira, uma vez que é o
capítulo em que Baleia, personagem com as características mais humanas de Vidas Secas é morta
por seu dono, Fabiano, para resolver o problema da raiva que a cadela havia contraído. Nesse trecho,
percebe-se muito claramente a crítica social de Graciliano, presente na apresentação de um mundo
em que não faltasse comida, representado pelos preás que correriam soltos para alimentar Baleia.
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Baleia sente sua ligação com Fabiano e percebe que não seria capaz de se vingar dele. Percebe-se,
ainda, tamanho sofrimento da cadela, que representa, como aponta o texto seguinte, a
universalidade do sofrimento humano.
No texto 2, temos um dos maiores especialistas em Graciliano no Brasil, o professor
Hermenegildo, da Universidade de Brasília. Para o professor, Baleia é a representação dupla da
individualidade sofredora do homem, em especial por problemas sociais, e a universalização desse
ser humano, que sofre com a sociedade que o oprime e sofre com esses problemas sociais. É
interessante notar que o autor apresenta a noção da arte como libertadora. É por meio da arte que
podemos exercer a liberdade de nos posicionarmos diante desses problemas, exatamente o que
Graciliano e, por extensão Drummond, faz em sua obra.
No texto 3, temos a apresentação, porque não dizer, de uma utopia na construção de um
mundo melhor e mais correto quanto à igualdade social. Notem que é uma continuação do que faz
Baleia. Em ambos os textos literários, percebem-se possibilidades, ou melhor, sonhos de solução dos
problemas denunciados pelos dois autores. Assim, a liberdade da arte permite a denúncia e o sonho
da solução.

Teses e argumentos possíveis


Nesse momento, pensem que temos um tema bastante social que cobra um posicionamento
em direção a um mundo mais justo e igualitário. Ainda assim, apresentamos a ideia de que você
pode realmente se colocar contrário a esse uso da liberdade como motivação. É estanho, mas, caso
se decida por ele, pense exatamente na ideia de que há necessidade de tirar da imaginação essa luta
por um mundo melhor, colocando-o em prática.

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Para auxiliar vocês, apresento abaixo algumas ideias de argumentos para direcionar seu texto.
• Imaginar que podemos resolver os problemas sociais pode servir como forma de
motivação para a mudança.
• É necessário pensarmos um mundo melhor para que nos movamos em direção a ele.
• A arte pode servir como auxílio nessa construção, principalmente quando a
imaginamos como uma forma de conscientização dos problemas.
• A mudança começa com a crítica aos problemas.
• Contudo, somente pensar um mundo melhor, livre de toda a desigualdade, não resolve
o problema que é palpável;
• Os exemplos diários de empatia e de auxílio aos outros, menos afortunados, servem
para que vejamos o mundo de outra perspectiva, como possível de ser modificado.
• A ação modificadora é essencial para a construção de um mundo melhor.
• A noção de uma ação conjunta também é bastante interessante, porque, como
apresenta Durkheim, a sociedade é um corpo e, como tal, deve funcionar em
harmonia, para que tenhamos um corpo social coeso e mais interessante.

Fome e desperdício de alimentos Mackenzie 2014

Tema e proposta
Como já estamos acostumados nas produções textuais do Mackenzie, a banca apresenta uma
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coletânea de textos curtos, que serão analisados à frente, e, da leitura atenta desses textos, é
necessário retirar o tema a ser tratado em uma redação dissertativa-argumentativa, a conhecida
dissertação escolar, que vocês tanto estudam na escola e treinam. É uma produção de texto que
depende, em nosso caso específico, de conexão com as ideias defendidas nos textos. Essa nem
sempre é a “atitude” das propostas, visto que, em muitos casos, temos os textos da coletânea
funcionando apenas como motivadores.
O tema aqui abordado é amplo, atual e necessário para a discussão sobre a construção de
uma sociedade mais justa e igualitária: a fome. Como veremos à frente de forma mais específica, os
temas tratados nos textos, relacionados claro à fome, passam pela participação popular em
campanhas de combate à fome; pelo enorme desperdício alimentar que assola o mundo; e pelas
consequências do combate à fome em todo mundo, com uma diminuição significativa da fome no
mundo. Esses são temas transversais a aparecer em seu texto.
O problema da fome é um dos mais sérios do atual momento. Em um mundo com mais de 7
bilhões de habitantes, com crescimento de quase 25% previsto para os próximos 30 anos, a
distribuição de alimentos, necessária a uma vida digna, como determinam os “direitos humanos”, é
tema importante para discussão. É claro que há inúmeros esforços para que esse problema seja
eliminado ou, ao menos, diminuído de forma significativa. Como empecilho para isso, encontramos
o desperdício de quase um terço dos alimentos produzidos no mundo e, claramente, a diferença
social, com grande desigualdade. Esses são argumentos que retomaremos à frente, mas que já
servem para direcionar sua organização de texto. Inclusive, recomendamos que você faça um bom
planejamento de seu texto antes de escrevê-lo, visto que o tema é bastante amplo.
Olhando para sua produção textual, sua introdução deve apresentar o tema e, caso você vá
se “dedicar” a um dos temas transversais incluídos (fato que desaconselhamos, visto que você deve

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fazer referência aos textos de alguma forma – sem copiá-los, claro), um recorte desse tema. Na
realidade, esse recorte é importante já na introdução, visto que temos um tema amplo demais. Falar
sobre fome é importante, mas envolve elementos demais que, se não forem delimitados, podem
acabar causando problemas á leitura fluida e correta de seu texto. Para auxiliar nessa clareza, é
importante aquela nossa organização prévia. Destacamos, ainda, que sua tese será importante já na
sua introdução.
Em seu desenvolvimento, por sua vez, é importante que você apresente os argumentos que
sustentarão o seu recorte e sua tese. Um parágrafo para cada um desses argumentos é o necessário.
Coloque seus argumentos de forma sustentada por base argumentativa, conhecida ultimamente
como repertório. Nesse caso, as estatísticas e as pesquisas serão sua principal fundamentação, visto
tratar-se de um tema muito real e presente na sociedade. Ao falar de governo, cabem também
repertórios relacionados ao papel do Estado nesse caso. Só não deixe de sustentar suas ideias,
inclusive para que elas fujam do senso comum.
Por fim, ao apresentar sua conclusão, você pode seguir um dos dois caminhos: ou apresenta
uma retomada das ideias apresentadas, com reforço de tese e resumo dos argumentos; ou, caso
problematize em seu texto, pode utilizar uma proposta de intervenção que, penso, deve ser mais
criativa, fugindo dos clichês de criação de leis e de campanhas que visem à conscientização da
população. Seriam interessantes, por exemplo, a criação de programas nas escolas, para que as
crianças aprendam, com a prática, a situação das pessoas que passam por momentos de fome.
Em resumo, não se esqueça de que sua estrutura deve ser pensada da seguinte forma:
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Coletânea de textos
A coletânea de textos, nessa proposta, é extremamente importante, visto que é da leitura dos
textos que tiramos o tema e porque, como indica a banca, suas ideias precisam estar conectadas
com as dos textos. Por isso, sempre que se deparar com uma proposta do Mack, leia atentamente e
com calma os textos, procurando, inclusive, destacar as informações principais, porque isso já

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facilitará sua escrita. Destaco, contudo, que essa relação de proximidade não deve passar por cópia
dos textos, não se esqueça disso.
Dessa forma, o texto 1, da filósofa Marilena Chauí, temos a apresentação do problema da
fome, passando pela existência de programas que visam acabar com o problema. O texto é um pouco
mais subjetivo, porque apresenta a forma como nos sentimos diante desse problema tão sério que,
como a autora apresenta, atinge de forma mais forte “crianças e idosos”. Nesse texto, já temos o
gancho para o que será apresentado a seguir: o desperdício como um dos problemas geradores da
fome e de nossa indignação. Na conclusão do trecho, a autora apresenta que essa preocupação faz
parte de nosso senso moral, ou seja, deve fazer parte de nossa formação individual. É necessário
que tenhamos preocupações relacionadas ao problema da fome no mundo.
O texto 2, por sua vez, apresenta de forma direta o problema do desperdício de forma direta,
com dados que comprovam esse desperdício. Os números são assustadores, quando pensamos,
conforme o texto, que um terço dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados enquanto
as pessoas passam fome. Esses números indicam que o consumo por parte das pessoas que ocupam
classes sociais privilegiadas e consomem desregradamente e, pior do que isso, desperdiçam sem
levar em conta quem poderia ser ajudado com isso. No final do texto, o autor apresenta a relação
de cuidado da ONU em lançar uma campanha de conscientização sobre o consumo e o desperdício
de alimentos.
Por fim, o texto 3, apresenta a ideia de que o problema é grave, claro, mas que tem começado
a demonstrar melhora substancial, com diminuição do número de pessoas que passam fome e que,
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geograficamente, a fome tem se reduzido, com a retração das chamadas “fronteiras da fome”, as
quais, como o autor aponta, são “o conjunto de países com problemas crônicos de distribuição
alimentar”.
De posse dessas informações trazidas pelos textos, podemos começar a pensar em alguns
argumentos, apresentados a seguir, para direcionar seu pensamento, apenas.

Tese e elementos argumentativos


A seguir, apresentamos alguns argumentos e repertórios que podem ser utilizados por vocês
na construção de seu texto. Ressaltamos, como dito anteriormente, que as informações
apresentadas a seguir servirão como direcionamento para vocês e não como verdades absolutas ou
redutoras.

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Videogames violentos Mackenzie 2019

Tema e tese
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A proposta do Mackenzie apresenta como tema a relação entre violência e videogames, com
a ideia comum de que o uso de jogos violentos gera jovens mais violentos. Como temos um alto
índice de violência entre os jovens, em especial com reações violentas com relação aos outros que
os desagradam, buscam-se motivos para que esses episódios aconteçam. Esse é o tema transversal
dos textos apresentados e, como apontado na proposta, é a leitura da coletânea de textos que nos
interessa para a determinação desse tema.
Muito se discute sobre essa influência nefasta dos videogames na vida dos jovens, levando
em consideração o que esse uso deve causar. É interessante que se note que a proposta pede que
seu texto se aproxime do ponto de vista apresentado nos textos motivadores, ou seja, você precisará
pensar em apresentar, em seu texto, ideias que sejam concernentes com as apresentadas no texto.
Por isso, deixaremos a discussão de tese e de argumentos para o momento após a apresentação da
interpretação dos textos.
Contudo, nesse momento, apresentaremos o tema de forma mais ampla, sem nos
preocuparmos com a formação de argumentos. Como contextualização, entendemos que a geração
mais nova, com pré-adolescentes, adolescentes e muitos jovens, encontra nos jogos de videogame
uma forma de lazer muito profícua. Essa “vida em frente as telas”, por assim dizer, se intensifica
quando a possibilidade dos jogos em rede se tornou realidade, com a popularização da internet e da
possibilidade de contato por meio dos jogos. O fato interessante é que essa forma de diversão traz,
consigo, uma série de características que tornam a visão sobre essa vida um problema.
Aqueles que se envolvem nessa vida dos jogos acaba se isolando um pouco do convívio social
e familiar, fato que gera a visão da sociedade sobre eles em algo extremamente estereotipado. Esse
estereótipo é aumentado quando pensamos que os jovens que usualmente se envolvem em
massacres em escolas ou outros locais, são jogadores contumazes. São os chamados nerds, que

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sofrem de bullying por sua aparência e hábitos, além de conhecerem, pela visão social, a violência
gratuita por meio dos jogos.
Muitas vezes, as pessoas, ao colocarem a culpa dos comportamentos violentos nos jogos, se
esquecem de que a violência é uma realidade social, presente em nossa sociedade. Além disso,
muitas vezes não levam em consideração que esses nerds sofrem violências em seu dia a dia na
escola e em outros locais de convívio. São pressionados pelos pais a terem uma vida social mais
presente, experenciando as relações com os outros de forma offline, como costumamos dizer.
Além disso, reduzir a formação psicológica de uma criança ou jovem ao uso de videogames é
reduzir a pessoa a apenas um fator de sua constituição. É claro que o isolamento social e o convívio
com cenários de violência dos jogos podem afetar mentes em formação, contudo esse é um ponto
do problema maior. Poderíamos dizer que temos um combo de elementos que leva os jovens a agir
de forma violenta, visto que nem todas as pessoas que se divertem dessa forma envolvem-se em
cenários de violência real. Se a culpa fosse exclusivamente dos jogos, teríamos um número imenso
de jovens envolvidos nesses massacres ou cometendo diferentes formas de violência na sociedade.
Olhando para sua produção textual, não se esqueça de que sua estrutura deve ser pensada
da seguinte forma:
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Busque apresentar, em sua introdução, uma boa contextualização do tema. Cite ideias
relacionadas ao uso de videogames, essencialmente os violentos na sociedade. Destaque que o uso
dessa forma de lazer cresce bastante no meio digital. É um tema amplo, bastante interessante, que
abre um espaço excelente para que você construa seu texto. Pense em seu texto antes, construa um
bom planejamento de argumentos e texto, principalmente porque haverá muitos argumentos
surgindo em sua cabeça.

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Coletânea de textos
Nessa proposta a coletânea ganha uma importância enorme, visto que é dela que se
depreende o tema. Além disso, a própria banca pede que tenhamos um texto com referências aos
textos motivadores, claro que não colocando elementos copiados desses textos, mas ideias que se
apresentam nos textos. O direcionamento da tese, então, fica extremamente claro: existe influência
dos jogos violentos na construção de jogadores violentos, ainda que esse não possa ser
reconhecido como o único fator de formação dos jovens.
Assim, o texto 1 apresenta os resultados de uma pesquisa que mostra que os jovens que
jogam jogos violentos tornam-se menos sensíveis à violência real. Essa pesquisa foi feita com
medições fisiológicas dos jovens ao serem expostos a cenas de violência. Apesar de parecer que esse
texto indica a formação de jovens violentos por culpa exclusiva dos videogames, percebemos que
esse é um dos fatores que pode vir a fazer o jovem agir de forma mais violenta, visto que ele não
mais se solidariza com o sofrimento alheio com facilidade. Contudo, é interessante ressaltar que o
texto não afirma que a culpa da violência é dos jogos, mas que os jovens perdem sensibilidade à
violência após serem expostos a esse tipo de divertimento. Essa ideia reforça a nossa tese de que os
jogos contribuem para a violência, mas não a gera diretamente.
O texto 2, por sua vez, apresenta que a endemonização dos games violentos é uma resposta
à necessidade de achar um culpado para um momento de tragédia como ocorre nos massacres
causados por jovens em escolas e em lugares públicos. A autora aponta que a ideia de que os jovens
e adolescentes é falsa, porque o jogador médio desse tipo de game tem mais ou menos trinta anos.
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Além disso, aponta que o universo de convívio dos jovens é considerado bizarro e potencializado
pelo isolamento dos games, visto que os jogadores passam muito tempo em frente ao jogo, fugindo
do convívio social e familiar. Esse texto fundamenta bem nossa ideia de que a construção de um
jovem vai além daquilo que o diverte.
Por fim, o texto 3 é uma propaganda que aponta para a ideia de que os videogames são
diferentes da violência real, offline. Utilizando-se de uma construção com duas colagens, destacando
que a arma montada está relacionada à realidade, enquanto o joystick apresenta a palavra “fantasia”
em destaque. Essa separação é ponto importante na discussão acerca de nosso tema. Para muitos,
a fantasia pode fazer parte da construção da realidade; para outros muitos, há uma diferença entre
a fantasia e a realidade, sendo que essa diferença precisa ser levada em consideração pelas pessoas.

Tese e argumentos
Para esse tema, precisaremos trabalhar com uma tese importante: os jogos violentos são
fator de composição na violência real. Chegamos a essa tese quando analisamos os textos
apresentados na proposta, visto que se percebe que não é somente o jogo violento que construirá
uma pessoa violenta. Dessa forma, você deverá pensar em argumentos que devem ser entendidos
como sustentação para o que você está defendendo. Cuidado, inclusive, para não construir um texto
em que tenhamos uma incoerência, com supervalorização dos jogos nessa construção. A seguir,
trazemos algumas ideias para que você construa a sua redação. Não são ideias fechadas, mas ideias
que podem auxiliar na sua percepção do tema, da tese e, claro, dos seus argumentos.

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• A constituição psicológica de uma pessoa é elemento bastante diverso, de pessoa a pessoa,


sendo feita por relações de criação, de apresentação de moral e ética, e de convívio social.
• Os jogos, quando utilizados de forma equilibrada, podem servir de momento de diversão e
lazer para as pessoas que se dedicam a eles.
• É preocupante o contexto de utilização desses jogos, que podem levar os gamers a ficar
longos períodos isolados e com suas relações sociais prejudicadas.
• A violência, se fosse fruto dos games violentos, só começaria a existir quando a tecnologia
permitiu essa forma de diversão. Em outros momentos, essa discussão asseverou-se com
relação à televisão e os filmes, visto que a violência sempre existiu.
• Contextos de bullying, muitas vezes causados pela aparência e gostos dos nerds, é fator
também determinante para comportamentos violentos como os encontrados nos massacres
como o de Suzano, ocorrido em 2019.
• A participação familiar na construção dos jovens é essencial para que a compreensão do uso
dos games, fazendo os jovens entenderem que a ficção não deve, jamais, confundir-se com a
realidade.

Coronavírus Autoral 2020 modelo UNESP (Fernando Andrade)


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Tema e proposta
O tema apresentado propõe a construção de uma dissertação-argumentativa, em que será
defendida uma das teses que serão apresentadas mais à frente. Sua defesa, claro, deverá ser feita
por meio de argumentos que se combinem com a tese. Importante destacar que, de posse de um
tema tão complexo, é necessário que seus argumentos sejam extremamente fundamentados, por
meio de base argumentativa, que, hoje, é mais conhecida como repertório, depois do ENEM.
O tema em si, Crise do coronavirus: entre a economia e a saúde, coloca em choque os dois
elementos de discussão mais severa nesse momento no mundo, a economia e a saúde colocadas
frente a frente em um contexto de pandemia que pede isolamento social como forma de não
crescimento da epidemia. Países que demoraram demais a propor o isolamento social, como a Itália,
hoje apresentam um volume de mortes absurdo, percentualmente falando. Outros, como os EUA,
que também demoraram a admitir a existência e a seriedade da pandemia, hoje são o epicentro do
vírus.
Independente do caminho que você escolher, sempre coloque em sua cabeça que é um
argumento muito complicado aquele que fala sobre vidas valerem menos do que a economia. É uma
equação muito complicada, pensar que poucas mortes são aceitáveis, desde que não tenhamos um
colapso financeiro. Leve em consideração, também, que os incentivadores da não quarentena
completa são aqueles que mais acumulam capital, ou seja, as grandes fortunas não querem deixar
de ser grandes.

Coletânea de textos

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Nossa coletânea de textos apresenta dois pensamentos opostos, exatamente para não
direcionar o pensamento de vocês. Desses, antes do resumo, destaco a charge que trabalha com a
relação entre a morte e o vírus. Esse é o cerne da discussão. Os contrários à economia como foco
nesse momento, trabalham com a ideia de que as mortes causadas pelo vírus não são em volume
absurdo, principalmente no Brasil, fato que pode justificar a relação de não parar o país.
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Tese e argumentos possíveis (já trazendo alguns repertórios)


Ao analisarmos de forma lógica a relação proposta no tema, encontramos três teses possíveis.
Uma que coloca a economia acima do resto; outra que coloca a saúde acima de tudo; e, por fim,
nossa tese preferida, que é a que busca o equilíbrio entre os dois casos. Claro que, a título de
argumentação, apresentaremos os argumentos a favor e os contra, visto que, para a tese que prega
o equilíbrio, basta pegar os melhores argumentos de cada um.
Vamos ver a seguir essa relação.

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Como dito na introdução dessa seção, para a nossa tese preferida, aquela que aponta a
necessidade de cuidar do problema sem, necessariamente, frear a economia, você pode aproveitar-
se de argumentos dos dois lados. Entenda que sua posição, seja ela qual for, deve ser objetiva e
centrada. É necessário que tenhamos clareza da sua defesa durante a escrita.

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2.Ética
O carro será o novo cigarro?

A banca da UNESP apresentou um tema bastante próximo dos jovens adultos que chegam ao
vestibular. Quando faz 18 anos, o jovem se vê confrontado com a seguinte questão “tirar ou não
tirar carta de habilitação?” Antenada com os movimentos sociais que mostram uma mudança de
perspectiva da nova geração em relação ao automóvel, a Banca solicitou que o candidato fizesse um
texto dissertativo-argumentativo sobre o tema explícito: “O carro será o novo cigarro?”
Havia quatro textos motivadores. O primeiro, um fragmento do “Manifesto do Futurismo”
(1918), apresentava uma visão bastante positiva do automóvel. Nele, Marinetti afirmava que o carro
representava uma nova beleza, exaltando a aparência, a sonoridade e até mesmo os resíduos tóxicos
(“hálito explosivo).
O texto seguinte era um poema de Carlos Drummond sobre o carro. Nele, o eu lírico
tematizava o vínculo de dependência que o homem estava criando com o carro. A pergunta “a vida
parou/ ou foi o automóvel?” sugere que o ritmo de vida do homem é determinado pela máquina. A
questão do poeta ganhou significados mais contundentes quando, nas décadas de 70 e 80, as
grandes cidades começaram a ter problemas com mobilidade devido ao grande número de veículos
circulando no espaço público.
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O texto 3 levava ao extremo o problema já sugerido pelo que se lia no poema de Drummond.
Tratava-se de uma charge. No primeiro quadrinho, observava-se a representação de um
congestionamento de veículos. Essa imagem se contrapunha-se ao terceiro quadrinho, no qual se
observavam poucas pessoas utilizando um metrô quase vazio. No quadrinho do meio, era possível
ler um comentário a essa situação: “a superfície era quase ocupada por carros, pedestres só podiam
circular por debaixo da terra.
Essa charge de 2016 tinha o seguinte título: “Quadrinhos dos anos 10”. Era como se alguém
que estivesse vivendo no final do século XXI comentasse com espanto e curiosidade como os homens
vivam no começo da década de 2010.
O texto 4 fechava o recorte temático com um fragmento de um artigo de opinião cujo título
era “ O declínio de uma paixão”. O articulista defendia a tese de que o carro não desperta mais a
atenção da nova geração e que, no futuro, pode ter o mesmo destino do cigarro, que um dia foi
considerado um objeto de desejo e hoje é demonizado. Ele acompanhava o argumento de Jaime
Lerner, ex-prefeito de Curitiba, que chamou o carro de “cigarro do futuro”.

Teses possíveis (ideias a serem defendidas)


A proposta em forma de pergunta não deixava muitas alternativas de resposta a não ser estas
três:
- O carro será o nosso cigarro de amanhã, pois....
- O carro não será o novo cigarro, pois, apesar, dessa tendência, ele vai ser usado como é
usado hoje.

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- Não será o novo cigarro, pois a tendência é que haja um equilíbrio em relação ao uso do
automóvel.
Pressupostos
Há dois implícitos nessa proposta que deveriam ser percebidos pelo aluno. Primeiramente, o
candidato deveria interpretar a metáfora. O cigarro foi símbolo de status durante boa parte do
século XX. No último quartel do século, começou-se a associar a substância aos efeitos negativos à
saúde. Leis foram aprovadas que autorizavam sanções aos fumantes. O paralelo entre carro e cigarro
supõe que o destino do automóvel será o mesmo.
A outra questão que surge quase como decorrência lógica do tema é: por quê? Quais são as
causas do aparente declínio do prestígio do carro. Nesse ponto, seria possível já pensar em respostas
para isso, o que nos levaria para o brainstorm necessário para pensar em uma tese completa.
Exemplo de mapa mental do Brainstorm (ideias possíveis)
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Percurso mais simples (implícito à coletânea)


Para o candidato que não tivesse muito tempo para fazer a redação ou que estivesse sem
ideias, haveria a possibilidade de acompanhar o percurso argumentativo implícito no diálogo entre
os textos da coletânea.
Há uma sequência temporal. O primeiro texto, de 1909, manifesta uma perspectiva
apologética do carro. Os seguintes apontam para os problemas que o uso do carro acarretam e o
último apresenta o declínio. Veja, você poderia fazer uma introdução com a tese de que o carro
seria, sim, o cigarro do futuro. Depois disso você poderia seguir esse percurso histórico. Não precisa
se preocupar com a questão da originalidade. Os exemplos que você apresentaria para comprovar
os danos causados pelo uso do carro seriam autorais.

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Encaminhamentos possíveis e exemplificativos


Vale sempre lembrar que há várias possibilidades de desenvolvimento da tese. Seguem
alguns como possibilidades.
Tese: O carro é o cigarro de amanhã.
- A emissão de CO2 afeta a saúde do planeta como o cigarro afetava a saúde do indivíduo;
- A economia compartilhada tornou o carro próprio quase desnecessário;
- Os jovens tendem a encarar os celulares ou a tecnologia digital como status de modernidade
e não mais o automóvel;
- O carro necessita de cuidados que a jovem geração não quer dispensar
- O carro tornou-se sinônimo de imobilidade urbana.
Tese: O carro não é, e nunca será o cigarro de amanhã
-Diferentemente do cigarro, o carro tem um caráter utilitário que nunca poderá ser
descartado;
- A tendência é de que o carro movido a combustível fóssil seja substituído pelo carro elétrico;
- A indústria automobilística representa uma parte importante da economia mundial e,
portanto, não vai ser suprimida;
- A queda do número de habilitações por parte dos jovens significa apenas que eles estão
transferindo a tarefa de dirigir para profissionais especializados, não houve diminuição significativa
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na frota que, esse sim, seria um indicador de que o carro vai ser algo ultrapassado.
Tese: O carro não tem mais o prestígio de antigamente, mas nada indica que haverá uma
sanção moral e uma sanção legal em relação ao uso do carro.
- O cigarro sofre sansão moral e legal, o carro não;
- É possível que, no futuro, haja alguma desvalorização em relação ao uso do carro, mas não
será como ocorre como o cigarro, pois o carro tem um valor utilitário inegável.
- O carro pode ser substituído no futuro como sonho de consumo, mas seu valor utilitário vai
se manter.
- A questão da poluição pode ser resolvida com avanços tecnológicos que permitam ao carro
se valer de energia limpa;
- A questão da mobilidade pode ser contornada, seja pela estagnação do aumento da
população, seja por projetos urbanísticos que têm permitido ampliar o leque de opções de
transportes.
Repertório
Alguns conceitos de outras áreas do conhecimento poderiam ser utilizados, mas sempre tendo
bastante cuidado de conciliar o conceito com a resposta que deveria ser dada ao tema.
Fato social (sociologia): fatos sociais são valores, normas, formas de comportamento e
estruturas sociais que exercem um grande poder sobre os indivíduos por serem coercitivos
culturalmente. O candidato poderia dizer que “fumar cigarro” já foi um fato social, coercitivo, pois
as pessoas se viam confrontadas com ter que fumar e sentiam-se pressionadas a isso; hoje o fato
social mudou. O indivíduo se sente pressionado a não fumar, há sanções contra esse ato. Algo similar
pode acontecer com o carro, e parece que estamos vivendo esse momento de transição.

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Fetiche (mercadoria capitalista): Dentro da lógica capitalista toda mercadoria tem uma
espécie de vida útil. Quanto há saturação da mercadoria ou ela deixa de dar tanto lucro como
antigamente, ela tende a ser substituída por outra. O capitalismo se revoluciona a si mesmo. Nesse
sentido, o carro pode tornar-se uma mercadoria obsoleta no futuro.
Revolução Industrial: Pode-se usar a revolução industrial como substituta da analogia com
o cigarro. Aquelas fábricas fumegantes foram substituídas por outros modos de produção. Assim
como também a produção industrial sofreu ao longo de dois séculos transformações. Por isso, pode-
se esperar que, em algum momento, o carro deixe de ter a importância que ele ocupou no século
XX.
Ditado “Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”. Como todo ditado,
ele não serve para muita coisa, mas seria bem-vindo como frase de efeito para se terminar o texto.
No meio do texto, como argumento, ele é complicado, é geral demais. A não ser que servisse de
mote para explicar que o carro foi um bem que foi se transformando num mal. Lembre-se de que
generalizações muito amplas precisam de sucessivas concretizações para começar a ter efeito
argumentativo.

Idosos Fuvest 2014

Na proposta de 2014, a banca da FUVEST inovou em alguns aspectos. Não apresentou exatamente
uma coletânea, mas um texto base. Tratava-se de uma reportagem do The Guardian, que narrava a
polêmica envolvendo o Ministro das Finanças do Japão, Taro Aso. O político teria dito que os “idosos
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deveriam apressar-se em morrer” para não sobrecarregar o sistema de saúde do país.


O comentário de Taro Aso provocou estranheza por vários motivos. Os japoneses têm um padrão de
vida elevado, o que nos faz imaginar que seria uma mesquinharia o Estado japonês propor a morte
de parte dos cidadãos como forma de fortalecer a economia da nação. Além disso, a cultura japonesa
sempre foi reconhecida pela valorização dos mais velhos; a fala do Ministro parece indicar uma nova
perspectiva em relação à própria tradição do país.
Por outro lado, a fala exagerada de alguém das finanças chama a atenção para um grande problema
econômico que deverá ser enfrentado num futuro próximo. O aumento da expectativa de vida,
aliado à queda no número de nascimentos, tem como consequência uma situação jamais imaginada.
Haverá um número alto de idosos que necessitarão de cuidados médicos extremamente caros e uma
população jovem que deverá arcar com essas despesas sociais. Será que a sociedade está disposta a
aceitar esse sacrifício?
A questão é bastante polêmica, mas a banca teria dado uma luz ao fazer comentários destacando
que o episódio tinha implicações e suscitava perguntas. No processo criativo do candidato, bastava
pensar nas implicações e responder às perguntas como uma espécie de brainstorming.
Esboço

Tema: Respeito ao idoso.


Ideias do senso comum sobre o assunto:
✓ Idoso já está “fazendo hora extra na terra”;
✓ O idoso deveria ser respeitado;

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✓ O idoso já fez muito para nós, chegou a hora de fazermos por ele;
✓ O idoso tem sabedoria de viver.
Segue um mapa mental das ideias sobre o tema, a partir da sugestão do enunciado das instruções:
pensar nas implicações da opinião expressa por Taro Aso e nas perguntas que podem ser feitas.
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Possibilidades de intertexto/referência histórica/ repertório:


✓ Crescimento vegetativo e expectativa de vida;
✓ Análise dos déficits governamentais;
✓ Crise do Estado de bem-estar social.

Estrutura
Esse tipo de proposta, centrada num fato específico, deixa implícito que o candidato faria um artigo
de opinião. Esse gênero textual que circula nos jornais tem um traço muito particular. Normalmente,
o comentador parte de um fato muito específico e usa o incidente para registrar sua opinião. Isso
significa que seu texto deveria ter essa estrutura: paráfrase do que aconteceu (ou resumo da notícia
de Taro Aso), sua opinião sobre o acontecido e argumentos que sustentem sua tese.

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Tese (resumo do que você irá defender no seu texto):


Exemplos:
✓ As opiniões de Taro Aso não são incomuns, já que os déficits dos governos com o Estado de
bem-estar social comprometem a manutenção de apoio aos idosos;
✓ As opiniões de Taro Aso representam uma postura antiética que deve ser repudiada por uma
sociedade que alcançou um nível de produção material que não condiz com o sacrifício dos
idosos;
✓ As opiniões de Taro Aso manifestam um desprezo pelos idosos, próprio de uma sociedade
que exalta a juventude no plano cultural;
✓ Etc.

Elabore a sua tese e pense nos argumentos. Bom texto.


Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
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Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________

Eutanasia Unifesp 2019

A banca traz 2 textos de apoio e, por fim, a frase tema “Eutanásia: entre a liberdade de escolha e a
preservação da vida” que, embora não seja um questionamento, mostra entre quais dois posicionamentos
a banca espera que o candidato escolha. Essa escolha deve ficar clara pelo posicionamento e pela
argumentação do texto.
O texto 1 destaca principalmente situações de indivíduos em condições de muito sofrimento devido a
acidentes. Vários ficaram tetraplégicos, o que reduz em muito suas habilidades de aproveitar a vida (aqui
seria muito legal atentar para a diferenciação entre “viver” e “sobreviver”, visto que biologicamente o
organismo consegue sobreviver muito mais tempo após a tetraplegia, por exemplo, contudo, a mente e a
consciência sofrem um baque muito mais intenso e veloz) e, devido a isso, eles consideram a morte.
Esse texto oferece argumentos para os candidatos que optarem por tratar a eutanásia como uma liberdade
de escolha: “Ter acesso a uma morte medicamente assistida significaria uma extensão dos direitos civis.”.
Há, ainda, outro ponto a serem destacado. No terceiro parágrafo do texto 1, discute-se rapidamente a
relação da proibição da eutanásia devido a implicações religiosas que determinam a vida como presente
divino e, portanto, sendo de Deus o papel de decidir retirá-la. Existe uma possibilidade de discussão sobre
isso na dissertação segundo o ângulo do quanto a religião (e aqui ainda podemos perceber que trata-se das
religiões dominantes, não se abraça a diversidade religiosa) influencia na vida política dos cidadãos até hoje,
mesmo que não legalmente como na Idade Média.
Por fim, esse texto pode funcionar como gatilho para a ideia de começar a dissertação com uma ilustração
ou com uma narração relacionada ao filme “Me before you” (“Como eu era antes de você”), sobre um jovem
atlético e ativo que sofre um acidente e fica tetraplégico. Após certo tempo nessa condição, ele não mais
decide continuar vivendo.

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O texto 2 traz diversas opiniões de autoridades no assunto, tanto da área médica quanto da área jurídica,
por exemplo. A maioria das opiniões recai na eutanásia como escolha individual. Contudo, é importante
destacar a visão da juíza Mônica Silveira, que possui outro ponto de vista. Segundo ela, não é possível prever
como a liberação da morte assistida irá impactar a sociedade. Ela alega que pode ser que surja, a partir de
então, uma pressão social para que acidentados, muito doentes ou idosos “parem de dar gastos ao Estado e
demandar cuidados públicos e dos familiares”.
Aqui, se o candidato optar por defender essa ideia (e esse encaminhamento oferece maior nível de
dificuldade, pois necessita-se estar atento a todo momento para não desrespeitar os direitos humanos),
pode-se utilizar a fala do ministro de finanças japonês Taro Aso, em 2014 (proposta de redação fuvest 2014)
sobre como os “idosos devem apressar-se a morrer”. Se ainda não está familiarizado com essa proposta da
fuvest, sugiro que dê uma olhada para contribuir para seu repertório.
Encaminhamentos possíveis:
1) Visto que muitos não querem continuar vivendo em condições extremamente limitantes, a
regulamentação da eutanásia pode ser a solução para ampliar os direitos civis e dar uma opção a
cidadãos nessas condições.
Argumentos:
- Exemplos de pessoas que se acidentaram gravemente e vivem paralisadas, sem conseguir falar,
comer sozinhas, usar o banheiro, etc;
- Discussão da divisão entre Igreja e Estado no que tange à discussão sobre a vida pertencer a Deus e
somente Ele poder decidir tirá-la (aqui cabe uma pequena digressão histórica para contextualizar o
presente e a Idade Média, quando a Igreja tinha voz política);
- Opinião de autoridade da área da saúde, que defendem que a não regularização configura
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investimento estatal no sofrimento e ocupa leitos em hospitais, dificultando que outros cidadãos (que
podem ainda ser tratados e curados) recebam cuidados.
2) Como não é possível prever a reação do todo social frente à regulamentação da morte assistida, a
sociedade atual não se mostra ainda preparada para assumir esse risco.
Argumentos:
- Possibilidade de uma pressão social para que acidentados, muito doentes ou idosos “parem de dar
gastos ao Estado e demandar cuidados públicos e dos familiares”;
- Defesa de que a medicina pode evoluir enquanto o paciente aguarda e alguma cura ou tratamento
pode surgir (caso o candidato de fato domine o assunto, pode mencionar as pesquisas em células
tronco ou criogenia).

Redes sociais UNIFESP 2018

Tema e proposta
O tema apresentado nessa proposta de redação é extremamente contemporâneo e tem sido
discutido com frequência, ainda mais em meio à chamada geração millenium que, para os
especialistas, nasce conectada aos aparelhos tecnológicos que permitem ligação com os outros. Em
meio a tantos argumentos a favor de uma maior proximidade humana, literalmente falando, temos
a tecnologia quebrando barreiras e aproximando pessoas que não podem estar juntas.
Um exemplo desse momento, em que as redes sociais saem de vilãs a “heroínas”, por assim
dizer, é o momento da pandemia de Covid-19, uma vez que, em processos mundiais de isolamento
social, a tecnologia tem sido a forma de manutenção de contato com as outras pessoas, auxiliando,

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inclusive, na preservação da saúde mental daqueles que estão quarentemados. Além disso, a relação
econômica também tem se fundamentado nessa forma de comunicação para a manutenção do
chamado Home Office, incluindo, ainda, as reuniões de trabalho. Assim, a tecnologia que, em muitos
momentos parece fator de desunião, transforma-se em fator essencial para a sociedade atual.
Por outro lado, principalmente os jovens têm aberto mão de estar com seus familiares para
jogar pelo computador, ou, ainda, conversar com os amigos pela internet. Assim, é interessante que
notemos que, ainda assim, a tecnologia pode ser pensada de maneira a não prejudicar as relações
sociais ou o desenvolvimento dos jovens.
Seu texto, em meio a essa discussão, deverá apresentar um posicionamento, claro, visto
tratar-se de um texto dissertativo argumentativo. Por isso, você deve acrescentar, em sua
introdução, a sua tese, demonstrando o que será defendido por você durante a redação. Assim, você
deverá apresentar argumentos que comprovem que você está defendendo uma ideia lógica, que
pode ser defendida. Por fim, não é interessante apresentar uma proposta de intervenção, como
vocês têm feito com muita frequência. É importante que você termine sua redação retomando suas
ideias.

Coletânea de textos
Os textos apresentam as duas visões possíveis acerca das redes sociais, fato que nos auxilia
na construção de uma argumentação para qualquer um dos lados que queiramos ir. O primeiro texto
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é uma visão positiva dessa relação com as redes sociais, visto que entende que os laços foram
estreitados por elas, enquanto o segundo texto apresenta-se bastante crítico no sentido do uso
dessas redes. É interessante perceber que não temos, então, quaisquer direcionamentos de tese,
como algumas vezes vemos em propostas de redação. Assim, leia-os atentamente e perceba que
são motivadores apenas.

Tese, argumentos e repertórios

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Há, nesse tema, duas possibilidades de construção de tese: ou encaramos as redes sociais
como positivas e capazes de aproximar as pessoas, como se percebe a partir do apontado no texto
um e nos argumentos a seguir, ou, ainda, podemos ver que as redes fazem com que as pessoas se
afastam umas das outras, valorizando o egocentrismo e a pessoalidade. É claro que, normalmente,
ao ver as redes sociais como algo negativo, sua tendência é tornar esse fato em algo errado,
causando problemas para os demais argumentos. Cuidado com isso, meu caro candidato. Busque
não endemonizar as redes sociais a partir de argumentos fundamentados no senso comum.
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Há limite para a liberdade de expressão? UNICAMP 2018

Essa proposta é perfeita para alguém que ainda não tem muito traquejo na escrita de dissertação.
Em primeiro lugar, trata-se de um artigo, o de opinião, cuja regra mais flexível em relação ao uso da
primeira pessoa do singular dá maior liberdade para quem escreve.

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Em segundo lugar, a tese é bem clara, você deve responder à pergunta “Há limite para a liberdade
de expressão?”. Em terceiro lugar, a Banca direcionou a formatação da introdução e da tese, você
deve apresentar os dois posicionamentos, escolher um e defendê-lo. E além de tudo, forneceu uma
coletânea de textos curtos exigindo que o candidato utilizasse alguma dessas informações em seu
texto.
Como se trata de um artigo de opinião, seria interessante que você fizesse uma boa
contextualização. Inicialmente, poderia indicar como ficou sabendo da polêmica e quais comentários
você leu a respeito. Nesse momento, você cumpriria a primeira parte do que foi exigido, resumindo
um ou outro tópico dos defensores e um ou dois tópicos dos detratores da liberdade de expressão.
Em seguida, você deveria apontar qual tese você defenderia. Logicamente, haveria 3 possibilidades
de tese: ser a favor; ser contra ou ser a favor com restrições. Na verdade, dificilmente alguém
defenderia a censura total, portanto, resta-nos 2 opções: liberdade absoluta ou com restrições.
Seguem alguns argumentos, entre outros.
A favor
*Fatos históricos: há muitos fatos que poderiam ser usados a favor da liberdade de expressão,
sempre a partir do exemplo negativo. Toda vez que houve limitação à liberdade de expressão,
ocorreu algum tipo de prejuízo social. Eis alguns fatos: a proibição da expressão religiosa na época
da Contrarreforma; a proibição da manifestação de ideias no Nazismo ou no Socialismo soviético
etc.
*Exemplo/ fato: a proibição da Igreja em relação às ideias Galileu Galilei.
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*Citação: pode-se citar a lei que garante a liberdade de expressão; pode-se argumentar que não é
preciso restringir tal direito uma vez que existe a lei que configura injúria se houver abuso do direito.
Contra
*Exemplo: em uma família, a livre expressão, sem respeito, leva a brigas irreconciliáveis.
*Fato: sem alguma restrição, a circulação de fake News compromete a sociedade, tanto que o
Facebook tem tomado medidas para restringir a liberdade de expressão.
*Fato/exemplo: Na década de 60, um líder da Ku Klux Klan foi preso por defender a violência
em um discurso filmado. A Suprema Corte decidiu que o discurso inflamatório seria uma
restrição à liberdade de expressão.

Leitura como medida para redução de pena FAMEMA 2016

O tema apresentado é bastante controverso e polêmico, com visões muito diferentes. Isso
faz com que seja necessário tomar muito cuidado com os argumentos e posicionamentos em seu
texto. Isso, claro, nada tem a ver com cerceamento de opiniões, não me entenda mal. Contudo, em
um tema como esse, muito discutido atualmente, é necessário que pensemos que deve haver
respeito aos direitos humanos e parcimônia em nossos argumentos, para evitar que criemos um
clima muito ruim para nossa redação. Pense calmamente, ainda que você creia que, em hipótese
alguma deve haver redução de pena. Expresse-se fundamentando-se em argumentos consistentes
e tudo correrá como deve.

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Como essa proposta apresenta um tema em forma de pergunta, é interessante que você
compreenda que sua tese será a resposta a essa pergunta. Assim, você pode se posicionar de duas
formas: a favor da redução de pena para aqueles que se dedicarem à leitura ou contrário a isso. Você
tem liberdade para se expressar quanto à sua tese. Ao decidir qual das duas opiniões defenderá,
pense em seus argumentos e apresente-os de forma sustentada. Discutiremos, a seguir, cada uma
dessas formas de pensar de maneira resumida.
A redução de pena, bem como os processos de ressocialização dos presos, é tema necessário
e polêmico no país. Ao percebermos que temos um sistema carcerário extremamente punitivo e
deficiente, nos perguntamos como esses presos, tendo cumprido a pena inteira ou não, podem
voltar ao convívio social sem que se configurem como problemas novamente para a sociedade,
reincidindo em seus crimes e retornando à cadeia. Diante desse cenário, muito se tem falado sobre
como seria possível “reeducar” aqueles que se envolveram em crimes, violentos ou não.
Nessa discussão, surge a possibilidade de que a leitura, tornada um hábito, seja utilizada como
forma de educação formal e seja transformada, para incentivar os presos a lerem, em medida de
redução de pena, como ocorre com o trabalho físico nas cadeias. Muitos já são os elementos que
permitem essa redução, como o trabalho físico e a participação do ENEM, por exemplo. Dessa forma,
temos que avaliar como a leitura pode modificar o ser humano, ao torná-lo mais próximo da cultura.
Assim, há dois fatores importantes a considerarmos: a importância e o poder transformador da
leitura; e a possibilidade de modificação daqueles que estão presos e que precisam se reintegrar à
sociedade.
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É importante, ainda, lembrar um fato: de qualquer forma, os presidiários serão reintegrados


à sociedade, ainda que não contando com a redução de sua pena. Pense nisso para a definição de
suas ideias com relação ao tema. Preparar um ser humano melhor dentro das cadeias é uma das
funções do sistema prisional que, no Brasil, além de punitivo, tem uma função educativa, voltada
exatamente a essa reinserção dos presidiários. Penso que, com a infraestrutura e os contatos
existentes dentro de nosso sistema penitenciário, a reintegração torna-se complexa, muito
complexa. Esse é um dos pontos que você pode abordar.
Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você
apresente contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu
texto não terá conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha
com isso, uma vez que já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do
nosso tema. Eu sempre digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você
coloque essa contextualização em sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente
sua tese, para que fique claro aquilo que será defendido por você.
Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que
estamos defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos.
Tais argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que
se convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório,
sustenta o argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente,
agrada o leitor. Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para
sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão pode apresentar -se de forma mais clássica, com a construção de uma
retomada da tese e um resumo dos argumentos. Pode, ainda, apresentar uma proposta de

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intervenção com a apresentação, por exemplo de como poderemos construir o hábito da leitura
como um processo de redução de pena em nossos presídios. Seria literalmente apresenta uma ideia
de como essa conta seria feita, como seriam controlados e administrados os livros que foram
efetivamente lidos.
A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos
lá!
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Coletânea de textos
A coletânea de textos é variada e apresenta a existência de projetos com a leitura envolvida,
inclusive como forma de redução de pena. Acredito que o texto 3, nesse caso, é bastante
interessante por apresentar claramente o juízo de valor do autor. Os demais, são textos que
discutem a eficiência já existente dos processos.

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Tese e caminhos argumentativos possíveis


Como apresentamos inicialmente, por ser um tema construído em forma de pergunta, você
pode “trabalhar” com duas teses: o uso da leitura como fator que pode contribuir para a redução
de pena e a visão de que, por mais que possa ser visto como importante, não deve resultar em
redução de pena. É claro que você deve se ater a esse ponto, o da redução, podendo, claro, falar
sobre ressocialização dos presos, visto que, ao reduzir a pena, esse preso será libertado em algum
momento anterior àquele da condenação. CONTUDO, CUIDADO PARA NÃO FALAR SOMENTE
SOBRE RESSOCIALIZAÇÃO! Essa é um tema transversal do seu texto, podendo surgir como
argumento, desde que leve em consideração a temática da leitura como “contribuinte” para isso.
A seguir, apresentamos argumentos que podem ajudar na sua organização textual e de
direcionamento, não como definitivos ou qualquer outra forma de verdade absoluta.

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Linchamento virtual Autoral 2020 (Fernando Andrade)

O linchamento é uma prática considerada criminosa e abusiva, pois dá ao cidadão o papel de juiz e
carrasco da vítima. De forma física, e não virtual, é uma barbárie que, muitas vezes, acaba com a
morte do alvo da fúria popular. De uma forma geral, aplica-se a crimes mais “pesados”, os quais
normalmente envolvem processos sociais mais conservadores ou com atores sociais considerados
indefesos, como mulheres e crianças.
Como ocorre em toda relação de linchamento, é comum que tenhamos dois momentos diferentes:
um primeiro cidadão “comanda” a destruição da vida da vítima, mas não segue com o processo de
destruição da vida da vítima, principalmente no que diz respeito à desconstrução da vítima.
Normalmente, o primeiro cidadão é o que tem, arraigados, pensamentos sociais mais conservadores
e sente-se ameaçado pelo comportamento dissonante da vítima.
Essa transferência de vida leva, consigo, os problemas do mundo físico. Assim, os mesmos crimes e
problemas existentes em nossa realidade não virtual acabam por aparecer em meio à virtualidade.
É o caso, por exemplo, do linchamento, que, agora, também acontece no meio da internet, c
Tendo esses repertórios como possibilidades de sustentação, podemos começar a construir nossa
argumentação. Para isso, como sabemos, é necessário, inicialmente definirmos a tese a ser
defendida. Nesse caso específico, há algumas possibilidades de tese, essas serão construídas como
resposta à pergunta apresentada. Dessa forma, apresentamos, a seguir, algumas opções, mais uma
vez não exaustivas, para serem utilizadas como argumentos.

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• O linchamento virtual, por apresentar correlação com o linchamento físico, coloca em risco a
vida das pessoas, tanto em um sentido mais conotativo (como a vida social e a forma de
comportamento do usuário) quanto denotativo, por muitas vezes o usuário receber ameaças
de violências e morte.
• A vítima de linchamento pode desenvolver problemas psicológicos sérios, que incluem
síndromes como a do pânico e de ansiedade. É comum que a psiquê humana reaja de forma
a preservar a vida humana, visto que essas síndromes podem ser entendidas como
mecanismos de defesa, por ocorrer o afastamento da vida física.
• Os relacionamentos humanos tornaram-se muito voláteis e ocorrem sempre de forma a
suprir a necessidade das pessoas, fato que pode tornar os usuários de internet mais
suscetíveis a ameaças e linchamentos digitais.
• A vida social do usuário pode ser negativamente afetada, visto que, como há difamação
incluída nas táticas de linchamento, o trabalho do usuário, também chamado de vítima, pode
ser afetado diretamente.
• Quando o linchamento inclui crimes físicos, como no caso de Fabiane de Jesus, que, em 2013,
foi confundida com uma suspeita de homicídio infantil, há perigo de que injustiças
aconteçam. Ou seja, o linchamento, por ser arbitrário em nível máximo, pode gerar outros
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crimes que devem ser evitados.


• Sempre vale à pena lembrar que o linchamento, por mais que apresente justificativas muitas
vezes aceitas socialmente, é outra forma de crime, ou seja, há a resolução de um crime por
meio de outro.
• A possibilidade de invisibilidade da internet nivela todas as pessoas e as coloca como possíveis
agressores que não serão facilmente reconhecidos.
• Há a possibilidade de criação de um perfil falso com extrema facilidade, proporcionando que
o agressor fique escondido em meio à “massa digital”.
• A internet ainda é uma “terra sem lei”, visto que sua modernidade e pouco tempo de
existência, quando comparado com o tempo histórico necessário para um acontecimento ser
analisado, impedem que as leis sejam criadas e punidas.
Vale destacar, por fim, que seu texto deverá levar em consideração a modernidade do fato e,
principalmente, a junção da vida digital com a não digital, ou seja, a modernidade do fato.

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3.Subjetividade
Amizades via internet UEMA 2014

O tema, atual e importante, temos uma mescla de um tema mais subjetivo, com a amizade;
e a objetividade da análise do uso das redes sociais para cultivar amigos. Falar sobre tecnologia,
inclusive, tem sido muito comum e importante nos últimos tempos. Inclusive, vale bastante que você
tenha argumentos e repertórios prontos para fazer uma redação com esse tema. Fique com alguns
argumentos “na manga” para te ajudar nessa construção sobre tecnologia.
Hoje, é muito comum encontrarmos pessoas que fazem das redes sociais sua forma de
contato mais constante, mantendo relações de amizade com novas pessoas e com pessoas já
conhecidas. Inclusive, no momento da pandemia de Covid-19, a internet tornou-se a forma mais
segura de manutenção de relações pessoais, passando de um elemento que “afasta” as pessoas,
como alguns dizem, para a única maneira de manter contato de forma segura durante o isolamento
social.
É necessário que se tome muito cuidado com a forma de argumentação e tese, visto que há,
como aponta um dos textos, uma culpabilização constante das redes sociais como fator não de
socialização, mas de afastamento. Essa visão pode ser aplicada, claro, àquelas pessoas que, em
tempos normais, troca completamente o contato offline por contatos online, contudo a
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generalização dessa visão é bastante complicada e joga seu argumento para o senso comum. Não se
esqueça de que seus argumentos precisam sempre ser fundamentados com o que chamamos de
repertório para que sejam válidos e fujam do senso comum.
É interessante que você estabeleça um ponto, digamos, médio. Você deve apontar a
possibilidade, sim, de criação e manutenção de amizades por meio das redes sociais, ao mesmo
tempo em que, se não usadas com parcimônia, podem causar afastamento, mas isso não é regra.
Argumente, fundamentado no pensamento de que amizades podem surgir em meios digitais e
manterem-se normalmente. Não há uma regra de funcionamento das amizades e das relações. O
que funciona para uma pessoa, não necessariamente funcionará para a outra, da mesma forma que
uma relação não funcional para uns pode, tranquilamente, ser funcionais para outros.
Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você
apresente contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu
texto não terá conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha
com isso, uma vez que já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do
nosso tema. Eu sempre digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você
coloque essa contextualização em sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente
sua tese, para que fique claro aquilo que será defendido por você.
Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que
estamos defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos.
Tais argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que
se convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório,
sustenta o argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente,

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agrada o leitor. Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para
sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão pode apresentar -se de forma mais clássica, com a construção de uma
retomada da tese e um resumo dos argumentos. Dizemos isso, porque será muito estranho
apresentar uma proposta de intervenção para determinar como as pessoas devem se comportar em
suas vidas. É muito comum, hoje, que vocês, sempre que possível, “sapequem” uma proposta de
intervenção em todas as redações, dado que são mais tranquilas de escrever por terem uma
formulazinha a seguir. Nesse caso, não é possível aplicar uma proposta realmente. Siga pelo caminho
mais clássico para facilitar sua vida.
A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos
lá!
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Coletânea de textos
A coletânea de textos dessa proposta, considerada longa, visto que são cinco textos, aborda
a questão por vários pontos de vista e servem como motivadora para vocês, não como ponto de
cópia ou de retirada clara de argumentos. Posicione-se levando em consideração os textos. A seguir,
trazemos um resuminho de cada um dos textos, para ajudar vocês na compreensão. Lembre-se de
sempre, sempre ler com calma e de forma atenta os textos de sua proposta.

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Tese e caminhos argumentativos possíveis


Nessa proposta, temos a possibilidade de construção de duas teses, visto que temos um tema
construído por meio de uma pergunta. Assim, cada uma das respostas possíveis é entendida como
uma tese também possível, e entendemos que há duas possibilidades de resposta para a pergunta,
levando em consideração a forma como essa pergunta foi construída. Essas seriam:

• É possível cultivar amizades por meio da internet.


• Não é possível cultivar amizades por meio da internet.

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A seguir, apresentamos alguns argumentos para ajudar vocês na construção de sua redação.
Não são verdades absolutas ou argumentos redutores, pelo contrário. São ideias para que você
possa pensar o seu texto com a sua cara.
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Desumanização do ser humano UDESC/ 2016

Tema e proposta
A proposta apresentada na Udesc apresenta um tema extremamente subjetivo e atual,
relacionado com a formação individual e com a relação das pessoas em meio a uma sociedade
individualista e consumista. A ideia de que o homem é somente um número dialoga diretamente
com a noção de descartabilidade e de importância das pessoas nos tempos atuais. Por serem tempos
em que os números econômicos se configuram mais importantes do que as pessoas, é comum que
essas tenham a impressão de serem desvalorizadas e isso pode afetar a formação psicológica delas.
É interessante notar que o tema se relaciona completamente com a modernidade, abrindo
um leque interessante de argumentos e de repertórios de fundamentação desses argumentos.
Contudo, por ser um tema muito amplo, é necessário que você pense em um recorte dele, para não
atrapalhar na compreensão de sua construção textual. Além disso, é importante que você pense
esse texto antecipadamente, planejando-o e organizando sua cabeça para não se perder em sua
argumentação. Esse é um ponto crucial de sua produção textual. Exatamente por ser um tema muito
amplo, é necessário que você consiga “fechá-lo” já na sua cabeça, escolhendo a tese e os argumentos
previamente.

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A noção de sermos meros números se fortalece quando pensamos que participamos de dados
estatísticos e de outras formas de tratamento que nos despersonalizam, ou seja, perdemos a nossa
identidade como indivíduos e passamos a pertencer a grupos maiores, sendo contabilizados neles.
Há, então, enorme grau de subjetividade pensar nisso. Quando deixamos de sermos quem somos
na realidade e passamos a fazer parte de contagens, sofremos com esse processo de desvalorização.
Tal processo pode levar a pessoa a estados de depressão ou de não encontro com sua importância
na sociedade.
Esse processo, além de ser moderno, é entendido pela maior parte dos estudiosos, como uma
herança viva da industrialização e do capitalismo mais “selvagem”, passando, inclusive, por
pensamentos liberais que se focam na economia. Com relação à industrialização, gera-se um
processo chamado “reificação”, em que as pessoas passam a ser tratadas como coisas que podem
ser descartadas e substituídas por aqueles que conseguem produzir mais e melhor. Além disso,
encontramos na tecnologia um fator de exclusão do aspecto humano, visto que muitos
trabalhadores podem ser substituídos por máquinas que facilitam a produção.
Dessa forma, percebe-se que há muitos argumentos e contextos em jogo, fato que deve ser
entendido como positivo para facilitar a escrita da redação. Com relação à sua produção de maneira
específica, o certame nos pede a produção de uma dissertação, preferencialmente argumentativa
pela construção do pensamento dos textos motivadores. Por ser um texto mais “científico”, é
necessário que se cuide da subjetividade da produção, visto que nosso objetivo não é construir um
texto “sentimental” demais. Por isso, é necessário que você estabeleça uma tese e se foque nela ao
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apresentar seus argumentos. Tudo isso fruto daquele planejamento que comentamos
anteriormente.
De forma mais prática, é bom pensar da seguinte forma:

Coletânea de textos

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Nessa proposta, a coletânea de textos serve como direcionadora de pensamento, sem que
sejam feitas referências claras a ela. Você deverá ler com calma os textos, procurando identificar as
principais informações que temos nesses textos. Fique atento sempre para as informações que
podem ser aproveitadas de forma parafrásica. Acredito, inclusive, que você deverá extrapolar essas
informações, visto a modernidade é ponto essencial na construção de sua argumentação.
Na coletânea, o texto 1 é composto de um pequeno trecho de uma obra literária que
apresenta a impessoalidade de alguém hospedado em um hotel, provavelmente, sendo visto como
mais uma pessoa, sem identidade individual e representando somente alguém que consome o
produto ofertado. É interessante notar que esse é um dos caminhos argumentativos que podemos
tomar em nosso texto: a modernidade capitalista é um dos fatores mais fortes de impessoalização
dos seres humanos.
O texto 2, por sua vez, é um poema em que se faz uma reflexão acerca da descartabilidade
dos mais velhos, que, assim como os outros, na sociedade, são reduzidos a números de crachás e de
chamada. Nesse texto, aborda-se um elemento interessante que também se relaciona à
modernidade produtiva e consumidora: os idosos, por não terem “valor produtivo”, são colocados
de lado e excluídos do convívio social, isolados em asilos. Esse é um dos temas transversais que
podem aparecer em sua redação, visto que é uma situação bastante comum de exclusão em nossa
sociedade.
Por fim, o texto 3, de Clarice Lispector, faz uma jogada com os números que nos representam.
Desde que nascemos, somos identificados por números que somente aumentam em quantidade de
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identificação durante nossa vida adulta. Essa identificação, como já vimos discutindo, é que nos
“desidentifica”, digamos assim. Somo identificados por aquilo que nos tira nossa identificação.
Louco, né?

Tese e elementos argumentativos


A tese que devemos defender, principalmente quando pensamos no que nos apresentam os
textos motivadores, é a de que a modernidade realmente nos tira a personalidade, nos impessoaliza,
por meio de números que passam a nos identificar. É por aí que seguiremos com nossos argumentos
e construção de pensamento.

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A obrigatoriedade de ser feliz da geração atual UNAERP/ 2014

Tema e proposta
O tema, como você pôde, com certeza, perceber, é retirado da leitura atenta dos textos. Ao
analisarmos o tema que transversalmente apresenta-se nos textos, percebemos que ele versa sobre
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a construção da nova geração, acostumada à felicidade e, principalmente, pouco acostumada ao


fracasso ou ao esforço para alcançar os ganhos. Seria algo como “A nova geração e a felicidade
eterna: a geração que não se acostumou a perder”.
Esse tema é extremamente interessante e próximo da realidade. Muito se fala sobre isso hoje,
principalmente em uma sociedade acostumada a cobrar que todos positivem suas atitudes e
pensamentos, como se fosse errado ser triste, ou fosse errado aceitar que a vida é feita de “certos
e errados”, ou, ainda, que a tristeza possa coexistir com a felicidade. É a geração dos Coachs, que
pedem que a linguagem, por meio da Reprogramação linguística seja feita. Algo como “as palavras
têm poder”. Ao positivarmos nossas palavras, positivamos nossa vida.
Para seu texto, você deverá se posicionar, claro, visto tratar-se de um texto dissertativo-
argumentativo. As teses possíveis, discutiremos à frente, pensando na forma mais lógica a partir dos
próprios textos. Claro que você não precisa defender aquilo que apresentamos como o mais lógico
aqui. Interessante notar que, como você já está acostumado, em seu texto, logo na introdução,
apresentam-se os elementos de contextualização e, claro, a sua tese. Essa deverá ser definida
antecipadamente, para que você possa definir os argumentos de seu texto.
No desenvolvimento, por sua vez, como você já está bem acostumado, apresentam-se os
argumentos, com a ideia de aprofundar ao máximo cada um deles. Esse aprofundamento se dará
por meio de repertório, como o ENEM fez a base argumentativa ficar conhecida. Por fim, você deve
apresentar uma solução, caso problematize a tese e os argumento, ou, ainda, uma conclusão mais
tradicional, quando apresenta uma retomada de tema e de argumentos, resumindo-os para reforçá-
los.

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Coletânea de textos
O tema, como discutimos logo acima, é depreendido da leitura dos três textos. Perceba que,
por serem os geradores do tema, não devem ser utilizados em seu texto. Inclusive, eu sempre
recomendo que vocês evitem copiar quaisquer informações dos textos. Salvo, no caso, se houver
dados. Dados são mais fáceis de serem usados, porque não configuram argumentos ou informações
essenciais. Nesse caso específico, não se preocupe com a semelhança que seu texto terá com relação
aos textos, afinal seu tema saiu de dentro deles, certo?
Assim, apresentamos, a seguir, um pequeno resumo de apresentação dos textos.
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Teses e argumentos para esse tema


Temos duas possibilidades de tese, em que se destaca que podemos ter níveis diferentes
entre eles. Assim, a intensidade desses posicionamentos pode variar sem, necessariamente,
configurar outra tese. Assim, as duas teses são:

1. A geração atual não está acostumada a se esforçar e a receber respostas negativas da vida.
2. A geração atual, assim como todas as outras, flutua entre a felicidade e a tristeza, aceitando-
as.

A seguir, apresentaremos alguns argumentos e repertórios que podem ser usados por vocês
nessa construção de texto. É importante que vocês entendam que esses não são argumentos únicos
e exaustivos. São argumentos que servirão para que vocês direcionem seus pensamentos. Isso

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ocorre sempre, porque muitos de vocês ficam com dificuldades de começar a argumentação. Assim,
nosso objetivo é auxiliar vocês nesse processo.

• A geração atual é levada a crer que a positivização da vida passa pela não aceitação do
fracasso.
• A capacidade de interpretar os erros como uma forma de aprendizagem tornou-se
errôneo no momento atual.
• A modernidade líquida é marcada pela velocidade absurda de modificação das coisas,
dada a necessidade de adaptação de todas as relações às necessidades dos envolvidos.
• A onda de “coachs”, muito atual, reforça a ideia de que a tristeza é ruim, não deve ser
vivenciada, porque denota fracasso.
• A ideia de que a criação de uma geração é melhor do que a outra ultrapassa o tempo
e se constrói como verdade absoluta para as pessoas.
• É comum ouvirmos que essa é a geração de cristal, que sempre se cansa e se revolta
por pouca coisa, desacostumada a perder e a pensar em como as coisas ocorrem.
• Contudo, nenhuma geração é forjada na derrota e na tristeza. Todos preferem
encontrar a tão sonhada e pressionada felicidade.
• Essa geração atual é chamada de “Millenium”, uma vez que é a geração acostumada a
usar a tecnologia.
• As relações existentes entre as pessoas se tornaram mais distantes e instantâneas,
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principalmente com as redes sociais. Essa evolução é natural em uma sociedade que
cresce como a nossa.
• As relações digitais auxiliam várias pessoas que não se relacionam facilmente.
• A sociedade capitalista atual acaba determinando o que é o sucesso. Tudo que não
alcança esse ponto é considerado derrota.
• A geração atual é assim por culpa de quem?
• Para Piaget, só crescemos quando nossa organização de vida se torna insuficiente para
o momento. São as chamadas “descentrações”, que ocorrem, segundo Habermas, no
desenvolvimento do mundo.
• A liquidez é possível, ainda, com relação às estruturas sociais, não somente com
relação aos relacionamentos humanos e sociais.

4.Educação

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Obrigatoriedade do ensino de Filosofia e Sociologia FAMECA 2019

Tema e proposta
O tema trata das modificações feitas no sistema educacional de ensino médio brasileiro. Essas
modificações têm por objetivo tornar mais “profissionalizante” o ensino, mantendo como
obrigatórias somente as disciplinas que podem ser utilizadas como formação profissional. Dessa
maneira, ficam obrigatórias somente as disciplinas de Matemática e Português, com as demais
sendo escolhidas conforme a necessidade do estudante para sua formação profissional futura.
Dessa maneira, disciplinas como a Filosofia e a Sociologia são entendidas como supérfluas e
dispensáveis em meio à formação tecnicista a que se propõe a nova organização de ensino médio.
Isso ocorre porque a maior parte das pessoas não consegue entender o conhecimento como
libertador e como formador de uma pessoa melhor, servindo, claro, como formação para a vida dos
estudantes em um futuro não tão distante. O que quero dizer com isso é que a formação humana,
proposta e promovida por essas duas disciplinas, é essencial para um adulto que consiga relacionar-
se e importar-se com o outro.
Em uma sociedade marcada pela diferença de pensamento, pela polarização e pela visão
muitas vezes deturpada do próprio ser humano, com valores e ideais não empáticos e, muitas vezes,
não humanos. Entendemos, então, que a Sociologia e a Filosofia são disciplinas responsáveis pelo
auxílio de formação ética e moral do estudante, ainda que, claro, entendamos que os valores são
formados, ainda por influência da família e do restante da sociedade.
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Seu texto, em meio a essa discussão, deverá apresentar um posicionamento, claro, visto
tratar-se de um texto dissertativo argumentativo. Por isso, você deve acrescentar, em sua
introdução, a sua tese, demonstrando o que será defendido por você durante a redação. Assim, você
deverá apresentar argumentos que comprovem que você está defendendo uma ideia lógica, que
pode ser defendida. Por fim, não é interessante apresentar uma proposta de intervenção, como
vocês têm feito com muita frequência. É importante que você termine sua redação retomando suas
ideias.

Coletânea textual
Os textos trazidos nessa proposta apresentam ideias variadas para o tema a ser tratado, sem,
claro, apresentar um caminho a ser seguido por vocês, garantindo a liberdade de seguirmos para o
lado que melhor entendermos. Assim, o primeiro texto é, digamos, apresentado somente para
introduzir o problema que será

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Tese, argumentos e repertórios


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Para essa proposta, temos a possibilidade de duas teses: a manutenção dessas duas
disciplinas como obrigatórias, visando a formação humana dos estudantes; e a diluição, como
proposta, das duas disciplinas durante o ensino médio. Para essa defesa, será necessário partir do
pressuposto de que há uma doutrinação ideológica que justifique a diluição. Além disso, o caminho
mais interessante é a mecanização e a profissionalização do ensino, com vistas a uma melhor
formação profissional dos estudantes.
A seguir, trazemos possibilidades de tese, argumentos e repertórios. Destacamos sempre que
esses argumentos e repertórios são exemplos para vocês começarem a redação e a argumentação.

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Homeschooling FAMERP 2020

Tema e proposta
O tema se constrói a partir de uma pergunta que apresenta duas opções, o que nos restringe
a somente uma das duas respostas. Ainda assim, são respostas interessante e não complementares,
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fato que nos impedirá de “ficar em cima do muro”. Como tema, temos a já muito discutida e atual
educação domiciliar, na qual apresenta-se a opção dos pais, em casa, educarem formalmente os
filhos, fato que contraria a necessidade de contato social da criança, visto que a escola não tem
caráter unicamente formativo de conteúdo, senão auxiliando na formação humana e social da
criança.
Dessa forma, a proposta nos coloca frente a uma relação bastante complexa, visto que se
coloca em jogo a liberdade dos pais e a intervenção estatal, de regulamentação dessa modalidade
de educação. Surgem, ainda, ao menos dois problemas que precisam ser discutidos: a formação dos
pais para passar esse conhecimento formal para as crianças e as formas de avaliar como se deu a
aprendizagem dos estudantes. Esses dois questionamentos são importantes para o futuro dos
estudantes, visto que a entrada, no Ensino Superior, no país, é feita por meio de mérito com notas
em um exame.
Soma-se a isso a motivação da escolha, na maior parte das vezes, pela modalidade de estudo
domiciliar. Boa parte dos pais escolhe cuidar da educação dos filhos por motivos ideológicos ou
religiosos. Como muitos não concordam com o pensamento que é ensinado na escola, inclusive com
constantes afirmações de que as escolas são doutrinadoras e de que tentam fazer o papel das
famílias ao ensinar valores e moral para os estudantes. Assim, torna-se ainda mais interessante a
discussão, visto que fica clara a possibilidade de termos estudantes com formações prejudicadas
pelos próprios pais.
Essa forma de pensar o tema e a proposta faz com que tenhamos que tomar muito cuidado
com a argumentação. Nenhum problema em escolher qualquer das duas posições apresentadas,
contudo, é necessário cuidar para não termos uma argumentação que se fundamente, somente, no

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senso comum, ou que, ainda, seja ofensiva ou fira os direitos humanos. Ao selecionar seus
argumentos, cuidado com o desenvolvimento deles, colocando-os somente com boa base de ideias.
Seu texto, em meio a essa discussão, deverá apresentar um posicionamento, claro, visto
tratar-se de um texto dissertativo argumentativo. Por isso, você deve acrescentar, em sua
introdução, a sua tese, demonstrando o que será defendido por você durante a redação. Assim, você
deverá apresentar argumentos que comprovem que você está defendendo uma ideia lógica, que
pode ser defendida. Por fim, não é interessante apresentar uma proposta de intervenção, como
vocês têm feito com muita frequência. É importante que você termine sua redação retomando suas
ideias.

Coletânea de textos
Nessa coletânea de textos, temos uma relação ampla para o tema, fazendo com que o
pensamento dos candidatos seja extremamente amplo também na escrita. Dessa forma,
percebemos que devemos considerar as diferentes formas de pensar esse assunto. Ainda mais
porque há uma possibilidade de pensarmos no meio do caminho das duas formas apresentadas,
afinal, temos aspectos importantes dos dois lados de pensar, seja a favor da educação domiciliar,
seja contra ela.
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Tese, argumentos e repertórios

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O tema A educação domiciliar no Brasil: exercício da liberdade de escolha ou negligência


dos pais? permite, por sua construção em forma de pergunta, a construção de, somente, duas teses.
Ou você, meu candidato, fala que a educação domiciliar deve ser entendida como um fruto da
liberdade dos pais, defendendo-a; ou, ainda, pensando nessa forma de educação como uma maneira
de negligenciar a educação dos filhos em nome de pensamentos religiosos ou ideológicos. É
importante destacar, ainda, que, mesmo que você seja a favor dessa modalidade, pode defendê-la
sem que, necessariamente, faça-a parecer uma solução ou obrigatoriedade. Ela pode aparecer, sem
maiores problemas, como uma opção para os pais.
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O livro na era da digitalização do escrito e da adoção de novas ferramentas de leitura UFRGS


2016

Tema e proposta
Muito se discute, nos dias atuais, o papel da tecnologia na vida das pessoas, principalmente
das mais jovens. É uma discussão muito constante, porque as pessoas têm a tendência de defender
a ideia de que aquilo que vivenciarem é mais interessante e melhor do que o novo. Assim, a
discussão gira em torno da troca de formas de diversão antigas, tais como a leitura de livros
impressos pelas diversões tecnológicas.

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Nessa discussão, aparece, inclusive, a ideia de que a leitura de textos em devices, aparelhos
eletrônicos, é ruim e deve ser evitada. Há uma aura de nostalgia com relação ao livro de papel e cria-
se, inclusive, uma noção de que somente essa leitura é válida e, talvez pior, somente ela é nobre.
Por outro lado, temos a discussão acerca da troca do hábito da leitura, seja ele de produções em
papel, seja ele em tablets e afins, por elementos do universo dos jogos e da informática, também
realizáveis por meio dos aparelhos eletrônicos.
É interessante notar que a tecnologia pode ser utilizada como uma ferramenta
interessantíssima de difusão de conhecimento, fazendo com que os livros e a leitura possam ser
popularizados. Perceba que há, sempre, dois lados para uma ideia, a tecnologia pode servir como
uma ferramenta extremamente positiva para os seus usuários, partilhando conhecimento e
facilitando o acesso a obras e elementos intelectuais que antes seriam mais restritos; ou, ainda,
como uma ferramenta que afasta as pessoas desses elementos, colocando as pessoas em contato
com outras formas de pensar e de se divertir.
Dessa forma, você deverá, como estamos acostumados na UFRGS, produzir um texto
dissertativo-argumentativo extenso, com mínimo de 30 e máximo de 50 linhas. Para um texto como
esse, é muito importante que você planeje e pense antecipadamente tudo que puder, colocando no
papel um bom braisntorm de argumentos, e decidindo as suas ideias em ordem. Caso decida
escrever um texto mais longo, pode pensar em utilizar três argumentos, fato que normalmente não
indicamos em um texto mais curto de 30 linhas, por exemplo.
Ao escrever sua redação, apresente o tema e a tese já na introdução. Coloque sua opinião a
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ser defendida após escrever uma contextualização do tema, apresentando aquilo que vamos ler de
forma gradual. Se quiser, pode indicar, já na introdução, seus argumentos a serem desenvolvidos
posteriormente. No desenvolvimento, claro, colocamos os argumentos com desenvolvimento e,
preferencialmente, com base de argumentação, o que se condicionou, agora, a chamar de
repertório. Por fim, na conclusão, você pode apresentar uma proposta de solução, desde que
apresente um problema, e pode, ainda, fazer somente o resumo dos argumentos com a retomada
de tese, com a conclusão chamada de clássica.

Coletânea de textos
Os textos, na UFRGS, são motivadores e levam-nos a descobrir o caminho, ou caminhos, que
podemos seguir nessa caminhada de escrever um texto. Dessa forma, temos o texto 1 como gerador
do tema e do problema que pode aparecer. Nele, temos uma charge que mostra a “desvalorização”
do livro impresso em meio à tecnologia. A parte não verbal mostra as pessoas caminhando em uma
feira do livro muito mais interessados no que veem nas telas dos aparelhos do que no que está nas
estantes. A fisionomia e a reação do livreiro mostram muito claramente que há uma mudança de
comportamento nos dias de hoje.
No segundo texto, temos uma referência à venda de livros físicos, que podem ser “tocados e
cheirados” e levados a qualquer lugar. É interessante que notemos que, nesse texto, há, claramente,
uma defesa da compra e do consumo de livros físicos, mostrando-os como mais interessantes do
que aqueles que podem ser lidos nos aparelhos. Notem que essa forma de pensar encaixa-se
naquela que comentamos logo acima, em que temos a leitura do livro impresso como superior à
leitura digital. Esse é um ponto muito interessante para a discussão. Guarde-o.

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No terceiro texto, por fim, temos uma relação interessante entre o que o livro representou,
representa e representará para a sociedade. Segundo os autores, independente da forma como o
livro se apresente ao leitor, o importante é que ele se apresente. Nesse caso, ainda que não
declaradamente, temos uma defesa da tecnologia como manutenção da leitura. Uma ferramenta
que pode fazer com que a leitura cresça e alcance outras pessoas.
Esse comportamento dos textos é muito interessante, porque apresentam as duas
possibilidades de se pensar sem que se tenha um direcionamento para você, candidato. Dessa
maneira, como veremos na próxima seção, podemos ter duas possibilidades de tese a ser defendida:
colocando a tecnologia como uma ferramenta de auxílio para a leitura, com os livros on-line talvez
substituindo os livros de papel, ou, ainda, como uma forma de atrapalhar esse hábito. É claro que
podemos conjugar as duas ideias, pensando que a tecnologia atrapalha o livro, mas pode vir a ajudá-
lo.

Tese, argumentos e repertórios


Como apresentado logo acima, temos essencialmente três possibilidades de pensar uma tese:
o livro sobrevive com o auxílio da tecnologia; que a tecnologia colocará um fim no livro como o
conhecemos; ou, ainda, que tem sido usada de forma errônea e, por isso, se usada da maneira
“correta”, pode auxiliar na construção de leitores. Apresentamos, a seguir, argumentos que podem
sustentar as duas primeiras teses. Você pode estar se perguntando o porquê de apresentarmos
somente as duas primeiras teses. Fazemos isso porque, para a construção de argumentação da
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terceira, há possibilidade de você utilizar os melhores argumentos de cada uma das anteriores.
Sendo sincero com vocês, essa terceira tese é a mais interessante, uma vez que a tecnologia
apresenta essas facetas que podem ser trabalhadas conjuntamente.

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Uso do celular na escola INSPER/ 2018

Tema e gênero textual


O tema apresentado nessa proposta é extremamente atual e extremamente importante no
cenário educacional atual, visto que a tecnologia é uma realidade na vida das pessoas. Hoje, segundo
dados do IBGE, temos quase 1,8 celular ativo por habitante do país, ou seja, temos quase dois
celulares para uma pessoa, fato que nos leva a pensar que não podemos simplesmente desprezar a
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tecnologia, proibindo-a de outros locais, como a escola. Essa atualidade do tema o torna
extremamente importante nesse momento.
Além disso, é um tema importante também, porque muitas pessoas opinam, como se fossem
especialistas, sobre esse assunto. Essa forma de pensar pode aparecer em seu texto, analisando essa
relação atual, de “especialistas” em todos os assuntos, conhecimento baseado, na maior parte das
vezes, no achismo e contando com o desprezo às teorias científicas. É comum, inclusive, que
ouçamos a ideia básica de que “no meu tempo, não tínhamos celular e aprendíamos muito melhor”.
Essa ideia é reducionista e, ainda que esteja fundamentada em suposta experiência, não deve ser
entendida como verdade universal, visto termos pessoas com diferentes formas de aprendizagem e
diferentes maneiras de lidar com o processo de aprendizagem.
Destacamos que o tema se prende, se seguirmos os textos motivadores, no ensino básico,
contudo, podemos ampliar a compreensão para todas as salas de aula, incluindo as salas do ensino
superior. Dessa maneira, é necessário pensarmos se a proibição, pura e simples, do uso dos celulares
em sala é suficiente para que o problema esteja resolvido, ou se, ainda, é mais produtivo que a escola
absorva as tecnologias e utilize-as como parte do processo, tornando-o, inclusive, mais produtivo
para o estudante.
Com relação aos aspectos mais formais da proposta, temos a construção de um tema em
forma de pergunta, que não deve motivar a resposta direta à pergunta, com um sim ou não, ou seja,
sua resposta à pergunta deve se fundamentar na sua tese e, consequentemente, nos seus
argumentos. É importante lembrar que a construção do texto segue normalmente, com a
apresentação de tese, argumentos e conclusão, que pode ser uma proposta ou uma conclusão
clássica de retomada e resumo de tese e argumentos.

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Com relação ao gênero, como percebemos, temos a “boa e velha” dissertação escolar, que se
fundamenta na organização a seguir.

Coletânea de textos
Na coletânea de textos, temos a apresentação das duas formas de pensar, sem a indicação
de uma tese a seguir. É importante destacar que há um equilíbrio entre os aspectos positivos e
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negativos do uso dessas novas tecnologias. Assim, a leitura desses textos vai te ajudar a determinar
suas ideias, ou, como eles se propõem sempre, te ajudar a estruturar seu pensamento.
A seguir, faremos um pequeno resumo de cada um dos textos apresentados. Perceba,
inclusive, que os textos são curtos e objetivos, exatamente para auxiliar na sua construção de
pensamento e de argumentos. Não se esqueça de que sua construção argumentativa deverá
considerar, de maneira mais clara, a tese que for mais dominada por você.

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Tese e caminhos argumentativos


Nesse ponto, analisaremos as possibilidades de tese e de argumentos. Destacamos, como
sempre fazemos, que os argumentos aqui encontrados são, na realidade, possibilidades de
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argumentos para serem utilizados por vocês. Não estamos, aqui, trazendo verdades absolutas ou,
ainda, reducionistas sobre o tema. São, somente algumas ideias que podem servir como
direcionadoras de seus pensamentos.
Começamos pensando, claro, que temos três possibilidades de posicionamento para esse
tema, com argumentos que perfazem duas delas e, ainda, que complementam a terceira. Ou seja,
temos “o meio do caminho”. Antes de aprofundarmos, contudo, essas ideias, vamos olhar as três
teses:

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Assim, temos possibilidades muito diversas de argumentos, como apresentaremos a seguir.


Como temos uma tese que une as duas outras, apresentaremos somente os argumentos a favor e
os argumentos contra o uso. Caso você escolha a tese “do meio”, que nos parece muito interessante,
basta unir os melhores argumentos de cada um.
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Expostos os possíveis argumentos para os dois posicionamentos que podem ser


complementares, como dissemos anteriormente. Dessa forma, apresentaremos alguns repertórios
interessantes para o seu texto que, da mesma forma servirão como fundamentação para um
pensamento que pode se desenvolver, não sendo, claro, exaustivos.

Repertórios possíveis
Apresentaremos, a seguir, alguns repertórios que podem nos auxiliar na construção de
significados que, como dissemos anteriormente, é extremamente importante para a maior parte das
bancas. Destacamos, inclusive, que é interessante pensarmos no repertório como é feito no ENEM,
com importância, sendo eles explorados e pertinentes com o tema. Pense sempre assim.

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• Segundo Vygotsky, o professor é um “facilitador de aprendizagem”, ou seja, não é um poço


de conhecimento em que o aluno deve beber.
• O aluno é o construtor de seu conhecimento, é ator do processo e, na realidade, é o
protagonista desse processo, colocando-se em posição de destaque na sala de aula, segundo
Vygotsky.
• Para Piaget, temos a aprendizagem ocorrendo como processos de confusão na organização
das crianças, as chamadas “descentrações”. Assim, para aprender, a criança, ou adolescente,
chega em um momento de seu desenvolvimento em que a organização anterior não é
suficiente, obrigando-o a um novo processo.
• A atual geração é chamada de “geração Z”, ou Millenium, sendo muito capaz de lidar com as
novas tecnologias de forma facilitada, desde que seja orientado.
• É uma falácia, segundo a psicologia, acreditar que o estudante utilizará a tecnologia de forma
naturalizada, sem o direcionamento do professor ou da escola.
• Ainda segundo a psicologia, essa é a geração “ciborgue”, visto que uma das partes do corpo
é o device da tecnologia, que sempre está nas mãos dos jovens.

Leitura no Brasil Mackenzie/2015

Tema e proposta
Como estamos acostumados com relação às propostas da Mack, é necessário que façamos a
leitura detalhada dos textos motivadores, porque é deles que surgirá o tema a ser desenvolvido.
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Como são textos curtos e objetivos, não é das tarefas mais complicadas essa leitura e depreensão,
necessária ao tema. Em termos pedagógicos, é interessante notar que essa redação envolve outras
competências, como a interpretação e a capacidade de depreensão a partir da leitura.
Assim, ao lermos os textos, temos A modernidade e a diversão, ou fatos que se relacionem
com esse ponto. É possível falarmos, ainda, sobre as formas mais novas de leitura como diversão,
visto que temos uma modernização grande no mundo. Essa modernização termina sendo a
responsável por mudanças, claro, de pensamento e de comportamento, fatos que são apresentados
nos textos da coletânea. É interessante notar que há muitos caminhos a seguir, visto que podemos
analisar essa modernização como um aspecto positivo, ou, ainda, como um aspecto negativo.
Como aspecto formal, precisamos acrescentar um título que se relacione com seu texto e,
claro, com o tema e a tese. Assim, recomendamos que vocês escrevam todo o texto antes de definir
o título, porque, quando o vestibular exige a colocação de um título, é comum que tenhamos a
avaliação mais severa do título. É necessário, assim, que exista criatividade e relação com o
texto/tema.
Com relação ao gênero, perceba que a proposta não deixa claro que seu texto deve ser um
texto argumentativo. Assim, você pode escrever, segundo a proposta, um texto mais expositivo, que
não recomendamos para que ele não fique superficial, ou um texto dissertativo-argumentativo, em
que você definirá sua tese e, consequentemente, seus argumentos. Recomendamos esse tipo de
texto, porque é mais próximo da realidade de vocês e porque tem uma estrutura mais fácil de ser
seguida.

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Coletânea de textos
Como os textos não são tão longos e apresentam o tema, faremos, para facilitar, uma leitura
geral, uma vez que não podem ser utilizados no texto, salvo para determinar o tema que você deverá
seguir.
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Como os textos ponderam o que ocorre no momento, sem entrar em uma relação de valor, é
interessante que notemos que o seu texto seria melhor seguindo o mesmo caminho.

Tese e caminhos argumentativos


Nesse tipo de tema, é possível que encontremos, ao menos, três possibilidades de tese, todas
sem negar que há claramente uma modificação na forma como as pessoas se divertem hoje. Esse
ponto é essencial: considerando bom o ruim, ou no meio do caminho, a modificação na relação é
inegável. Esse ponto não podemos deixar de lado. Antes de adentrarmos nas teses e nos
argumentos, vale destacar que não estamos tentando esgotar as possibilidades, mas somente

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construindo caminhos para que você possa seguir em seu texto, visto que, como temos
acompanhado, há muita dificuldade de vocês começarem.
Vamos às teses e a seus possíveis argumentos.

1. As modificações na forma de diversão são prejudiciais às pessoas


• A leitura de livros, revistas e jornais, auxilia no desenvolvimento de funções cognitivas
importantes das crianças.
• A televisão, ainda que controladamente aplicada, costuma afastar as pessoas do
contato social com família e demais amigos.
• A facilitação do acesso ao conhecimento faz com que as pessoas olhem para o
conhecimento como algo que não deve ser acumulado, visto que está sempre
disponível.
• Sem a leitura, a criança diminui a sua capacidade de criação de mundos e de reflexão.
• O uso constante de internet facilita a influência consumidora na criança, criando novos
mercados de consumo muito antes.

2. As modificações são benéficas para a sociedade, em especial para as crianças


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• As cores e a velocidade das imagens, na TV e na internet, permitem uma maior


capacidade de desenvolvimento das crianças.
• A tecnologia pode ser utilizada de forma extremamente positiva, para que aumente a
quantidade de conteúdo a que a criança terá acesso.
• Apesar de dizerem que a falta de leitura atrapalha o desenvolvimento da criança, com
relação à criatividade, percebe-se que, com os veículos tecnológicos, temos maior
desenvolvimento de outros sentidos.
• A criança, desde que seja controlada pelos pais, deve entrar em contato com todas as
formas de conhecimento possíveis, porque auxilia no conhecimento futuro.
• Já se comprovou que as cores e o acesso a linguagem e informações distintas consegue
ser apreendida pelos mais jovens de forma fácil.
• Os mais velhos têm, também, modificado a forma de diversão, alfabetizando-se
digitalmente.
• Há, de forma generalizada, a ideia de que a forma como vivemos nosso período de
aprendizado da infância é melhor.

3. Há que existir um equilíbrio para o desenvolvimento da criança


Nesse caso, basta que, para escrever seu texto, você construa sua argumentação colocando
argumentos que seja, positivos e argumentos que sejam negativos. Ainda assim, é interessante notar
que, ainda que fiquemos em cima do muro, há sempre um lado que é mais “desenvolvido” ou “mais

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próximo do que pensamos”. Acredito que essa tese seja a mais interessante, porque temos sempre
aspectos positivos e negativos nesse tipo de construção humana. Assim, pensar que temos várias
formas de olhar o mesmo assunto é interessante.

O uso das novas tecnologias na educação Autoral 2020 (Fernando Andrade)

O uso das tecnologias da informação, bem como da Internet das Coisas (IoT), é uma das discussões
mais acaloradas da atualidade, visto que, para muitos, a nova geração, chamada de millenium já
“nasce conectada” e, por isso, deve ter sua vida extremamente ligada à tecnologia, inclusive, no que
tange à educação formal, aquela que é recebida na escola, com a participação do professor.
Nesse caso, é interessante notar que há três atores sociais incluídos no processo de ensino-
aprendizagem, ou seja, no processo educacional do jovem ou adulto. Esses três atores são, como
você já deve estar pensando, o aluno, o professor e a família. No caso desse nosso tema, aqui
tratado, interessam-nos os dois primeiros, por estarem em sala de aula durante o processo de
ensino-aprendizagem.
Pensando de maneira direta a proposta, é interessante notar que podemos trabalhar, a partir da
pergunta geradora do tema, entendida como essencial (quando em conjunto com os textos
motivadores), podemos apresentar três posicionamentos, apresentados em ordem aleatória, sem
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relação direta com importância ou necessidade de uso:

• Tal uso é exclusivamente positivo.


• Tal uso é exclusivamente negativo.
• Tal uso apresenta prós e contras.

Vale lembrar que essa será a tese de seu texto, aquela que será defendida na construção de
argumentos. Tendo isso em mente novamente, passamos para a análise das possibilidades de
argumentos, de forma geral. Vale destacar que essa análise de argumentos não é exaustiva, é uma
construção de ideias que podem ajudar vocês a construírem seus argumentos.

1. Tal uso é exclusivamente positivo

• Valoriza o conhecimento do aluno: neste caso, você pode argumentar por meio da ideia de
que, com o uso de uma tecnologia que seja dominada pelos estudantes, há valorização do
conhecimento destes. Seria uma boa ideia essa correlação.

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• Modifica o ambiente em que estão inseridos os estudantes: ao utilizar tecnologias mais


próximas dos estudantes, o ambiente deverá ser modificado, aproximando o conhecimento
daqueles que devem buscá-lo. É interessante perceber, inclusive, que por meio dessa
utilização, o professor passa a valorizar o conhecimento do aluno, visto que o estudante
compartilha seu conhecimento.
• Amplia as possibilidades de trabalho pedagógico: quando o estudante entra em contato com
conhecimentos prévios, valorizados por ele, é comum que o aprendizado acontece de forma
mais fácil e participativa, com a estima dos estudantes mais elevada por perceberem que não
são “vazios” que devem ser enchidos.
• Modifica a apresentação dos conteúdos: o bom uso das tecnologias da informação modifica
a forma como o conteúdo é apresentado, possibilitando mais diversidade e formas diferentes
de apresentação dos conteúdos. Tal fato pode gerar mais interesse por parte dos estudantes,
por sentirem-se valorizados.
• Adiciona valor à preparação da aula: para adaptar-se ao novo estilo de aula, com o uso da
tecnologia, os professores precisarão passar por um processo de melhoria de organização de
aula, ou seja, eles precisarão adaptar suas aulas às novas formas de pensamento e de
apresentação de conteúdo.
• Prepara os estudantes para o mercado de trabalho: como a nova realidade insere a tecnologia
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entre suas formas de organização e de conhecimento, um trabalho voltado para a tecnologia


e o uso diferenciado dela pode auxiliar na formação profissional do jovem.
• Incentiva a criatividade: o uso de tecnologias permite a maior criatividade por parte tanto do
professor quanto do estudante, uma vez que o estudante e o professor serão estimulados a
usar sua criatividade para construir as aulas e para estudar para elas.

2. Tal uso é exclusivamente negativo

• O excesso de informações pode atrapalhar o aprendizado do estudante: um dos assuntos mais


discutidos quando o assunto é o uso das informações nas salas de aula é a forma como os
estudantes lidarão com o número excessivo de informações que são vinculadas na internet a
todo momento.
• A possibilidade de o jovem prestar menos atenção nas aulas: outra discussão corriqueira é
acerca da forma como o estudante vai lidar com a liberdade de ter, em mãos, o instrumento
tecnológico que permite acesso a outras ferramentas, tais como redes sociais, que podem
atrapalhar o momento da aula.
• A facilitação do conhecimento diminuindo o esforço do estudante: muito se discute, ainda, se
a facilidade de acesso a informações variadas não servirá, ainda, como método de não
aprendizado. Isto é, como a informação está disponível o tempo inteiro, não será necessário
que o estudante memorize a informação.

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• A menor valorização do trabalho do professor: o estudante corre o risco de valorizar menos o


trabalho do professor pela facilidade de aprendizagem que as novas tecnologias se permitem.

3. Tal uso apresenta prós e contras

Evite fazer uma redação que apenas enumera fatores a favor e contrários. O texto perde a finalidade.
O melhor seria fazer um texto concessivo em que você apresenta um fator, mas dá mais destaque
ao seu contrário. Por exemplo, seria possível fazer a seguinte tese: Apesar de permitir um
aprendizado bastante individualizado, a tecnologia na educação permite ao aluno o contato com
informação tão abrangente que acabar por prejudicar o processo de aprendizado. Observe que, você
falou do “lado negativo” e “positivo”, mas a ênfase recaiu sobre o segundo termo da tese, ou seja,
você relativizou o tema, mas inda defendeu uma ideia.
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5.Representação do Mundo

Negacionismo Autoral 2020

Nessa proposta, foram selecionados 4 textos verbais e um não verbal como estímulo para se pensar
o tema: “a reação negacionista frente ao possível aquecimento global”. Após a seleção, observavam-
se três parágrafos nos quais era possível compreender o tema e o recorte exigido pelo elaborador
da proposta.
Os primeiros fragmentos expressavam, de forma diferente, o descontentamento com a maneira de
lidar com a questão ambiental. O primeiro, de cunho mais poético, fazia uma advertência,
retomando a mitologia grega cuja deusa, Gaia, era a própria personificação do nosso planeta.
Segundo a autora, não podemos ignorar o globo em que vivemos, não há final feliz sem incluir em
nossos projetos o cuidado com Gaia. Não estaríamos sequer autorizados a nos esquecermos desse
perigo ambiental que nos espreita.
O segundo texto dava detalhes de como ocorre esse esquecimento. O fragmento partia da tese de
que nossa atitude diante do aquecimento global é esquizofrênica. Temos consciência da catástrofe

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que se avizinha, mas adotamos ações inócuas como lutar pela reciclagem de lixo, algo que pouco
altera a marcha da devastação, basta observar que os governos têm afrouxado as leis ambientais.
O texto visual fechava esse grupo de fragmentos que pareciam ter a finalidade de sensibilizar o leitor
para a gravidade do problema: o planeta derrete-se diante de uma lupa que aquece sua superfície.
Os textos restantes consideravam a outra parte do tema: o negacionismo. Havia um fragmento com
a definição da ideia, “rejeição da validade de conceitos apoiados por consenso científico”, que se
associava com a notícia de que houve, na cidade do Porto, um encontro de cientistas que negavam
a existência do fenômeno.
Na sequência dos textos da coletânea, o examinador apresentava o tema explicitamente e
enumerava perguntas que serviam de baliza para o recorte temático desejável. Uma das estratégias
possíveis seria a de responder a cada pergunta, tentando elaborar uma tese.
Perguntas e possíveis respostas/sugestões de teses e encaminhamentos
Veja que maravilha! O examinador incluiu questões. Vamos fazer um exercício de respondê-
las rapidamente:
- O que essa polêmica revela sobre os paradoxos e encruzilhadas em que a humanidade se
encontra? Encontramo-nos numa encruzilhada entre o crescimento econômico e a preservação
ambiental, esse é um dos paradoxos.
- Que tipo de visão de mundo o negacionismo revela? Revela uma preocupação com o lucro;
e uma mentalidade mais imediata, supõe-se que tudo possa ser resolvido no futuro.
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- Quais interesses? Econômicos (grandes corporações precisam de matéria prima), políticos


(os governos dependem da estabilidade econômica), sociais (uma limitação da matéria prima levaria
a uma crise social).
- Com que seriedade a geração atual encara tal discussão? Uma seriedade parcial: enquanto
tema genérico, não há quem não defenda a preservação ambiental, mas quando isso começa a
afetar o dia a dia, as pessoas desconsideram na prática o discurso teórico de condenação.
Óbvio que há outras possibilidades de respostas. Mas tentei mostrar para você que, a partir
das respostas, começa a despontar uma tese e um encaminhamento argumentativo. A título de
exemplo, vou considerar duas possibilidades de formulação de tese e de projeto de
desenvolvimento textual.
Tese 1: O negacionismo é uma reação irracional ao risco de crise econômica
Argumentos: não é simplesmente uma maldade de gente que quer destruir a terra; a agressão
ao meio ambiente tem como causa a necessidade crescente de matéria prima; sem matéria prima o
crescimento econômico mundial entra em colapso (exemplo, crise do petróleo de 1973); o processo
é irracional: a tragédia será maior no futuro.
Tese 2: O negacionismo é criticado de forma hipócrita, pois execram-se aqueles que
publicamente negam o aquecimento global, mas cotidianamente cada um de nós nega o
aquecimento nas ações mais simples.
Argumentos: Trump, que nega o aquecimento, é duramente criticado; ele teve apoio de
parcela da população que aceita suas ideias sem dizê-las publicamente; o cidadão que hoje critica o
negacionismo consome produtos que estão ameaçando o planeta (considerar a importância do
petróleo); o estilo de vida atual deveria ser totalmente reformulado; é possível?

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Essas duas teses seguem o caminho da tentativa de compreender o fenômeno. Lógico que
você poderá enveredar pela condenação do negacionismo, se bem que, convenhamos, depois de
perceber as causas, a tarefa fica um pouco mais difícil, mas encare o desafio, tente provar algo como:
o negacionismo é uma ação inconsequente e quase suicida por parte da humanidade.

FICA A DICA

Você deve ter observado que, ao ler as paráfrases da coletânea nos comentários de
encaminhamento, as ideias de tese ou de desenvolvimento de texto surgiam quase
espontaneamente. Se você percebeu isso - você que somente leu -, imagine o que eu percebi, uma
vez que eu elaborei as paráfrases!
É surpreendente que o simples exercício de colocar em palavras o que eu entendi do texto já
desencadeou processos mentais que me permitiram relacionar informações.
Então fica a dica: diante de um tema obscuro ou diante de uma situação em que faltam ideias, pegue
a caneta e comece a parafrasear a coletânea, isso pode ajudá-lo.
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Publicação de imagens trágicas Unesp 2016

Em 2016, a Banca da VUNESP ofereceu como subsídio ao candidato uma imagem e 4 textos. Seguia-
se a pergunta explícita: Publicação de imagens trágicas: banalização do sofrimento ou forma de
sensibilização?
Para começar a refletir sobre a proposta, a Banca disponibilizou 3 imagens trágicas e que marcaram
o mundo contemporâneo. A primeira, de 1972, apresentava uma menina atingida por Napalm; a
segunda foto exibia uma menina sudanesa em pele e osso, sendo observada por um abutre como se
ele estivesse simplesmente esperando a menina morrer (foto de 1993); a última, mais recente, de
2015, difundia a imagem do menino sírio que morreu afogado e foi encontrado em uma praia da
Turquia, vítima de um naufrágio de uma embarcação repleta de refugiados.
As imagens são significativas, pois, pelo menos as duas primeiras geraram reações mundiais que de
alteraram de algum modo a realidade. A foto da menina atingida pela Napalm teve papel importante
na proibição do uso da arma em 1980. A foto da menina sudanesa gerou ações de combate à fome.
A dúvida surge em relação à última, qual a reação que ela realmente provocou?
O texto 1 faz esse tipo de questionamento, acrescentando uma possível causa para o efeito de
banalização: a proliferação de imagens desgasta nossa percepção da crueldade. O texto 2 vai na
mesma direção e acrescenta mais um fator, as mídias sociais. Além disso, o autor declara que a
imagem é óbvia por si mesma, matar uma criança é errado, ou seja, a foto não altera a percepção
do indivíduo.

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Na contramão dos dois textos anteriores, o texto 3, de Carlos Eduardo Lins da Silva, apela para a
função da memória coletiva. A foto, como documento que pode ser acessado, serve como peça
acusatória para uma sociedade insensível. Apagar essa imagem significa apagar o incômodo.
No texto 4, a reportagem da Folha destaca o motivo que levou o diretor da ONG Human Rights
Whatch a defender a divulgação da foto: o caráter ofensivo da imagem deve se traduzir em repúdio
ao próprio fenômeno e levar as pessoas a fazerem muito mais para evitar as mortes.
Encaminhamentos possíveis
1) A publicação da imagem banaliza o sofrimento e não produz efeitos substanciais.
Argumentos
-vivemos em uma sociedade do espetáculo;
- imagem como consumo (argumento do texto 1) ;
- tragédia como entretenimento;
- A imagem no ambiente das novas mídias (texto 2);
- a própria história da foto do menino sírio, pois o crescimento dos movimentos xenófobos anti-
imigração mostram que a influência da imagem foi reduzida.
2) A publicação da foto sensibiliza
- As outras duas fotos sensibilizaram a opinião pública;
- A imagem causa impacto (uma imagem vale mais do que mil palavras);
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- A imagem serve como memória (aí pode-se inclusive apelar para a importância das fotos do
nazismo).
- Em um mundo cheio de imagens, abdicar das imagens é abdicar da luta (texto 4).
3) A publicação das imagens banalizam mas continuam tendo o potencial de sensibilizar
Esse tipo de argumento faz uma espécie de síntese sem deixar de manifestar um ponto de vista, já
que, obviamente, por essa tese, as imagens continuam tendo um efeito de sensibilizar, talvez com
potencial de conscientização menor, mas ainda seriam importantes.

O tema da sociedade do espetáculo, da cultura de massa e da indústria cultural é muito interessante


e serve como base para vários temas de dissertação. Trata-se também de um tópico de Sociologia e
Filosofia com alta incidência na primeira e na segunda fases da UNESP. Sendo assim, vale a pena
pesquisar esses tópicos e tentá-los incluir na sua redação.
Os autores que desenvolveram melhor esses assuntos foram: Guy Dabord, Walter Benjamin e
Theodor Adorno.

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Importância das Ciências Humanas no século XXI Unesp 2020

Essa proposta bastante atual, pede que o aluno reflita sobre as humanidades no século XXI. A
proposta foi construída no formato tradicional da UNESP: uma imagem, alguns textos e uma
pergunta que inicialmente pode ser respondida com “sim” ou “não”.
A imagem do Angeli é instigante, pois nos leva a questionar a própria existência da instituição
educacional, no caso da proposta, da Universidade.
O texto 2, uma entrevista com a reitora de Harvard, destaca que realmente há um desafio para a
universidade que é produzir conhecimento que deve ser aplicado de forma imediata, mas que há
propósitos mais vagos e a longo prazo que não podem ser desprezados, pois a Universidade deveria
“fazer também com que eles (os homens) sejam sábios”. Essa entrevista, no contexto da proposta,
já faz uma divisão que praticamente se aplica a diferença entre ciências humanas e ciências exatas.
As primeiras seriam responsáveis pela “sabedoria”, as últimas, pelo caráter técnico.
No texto 3, é possível ler sobre o perfil do profissional do século XXI que, ao que tudo indica, deve
desenvolver cada vez mais habilidades na área tecno-científica. O texto faz referência também à
formação humana (“cultura, humanismo”), mas essas características parecem ser um traço menor
diante da “relevância da tecnologia”.
Mesmo alunos da área tecnológica reclamam do abismo entre Universidade e mundo prático, o
texto 5 é exemplar nesse sentido, pois expressa o sentimento de muitos alunos que frequentam o
ensino superior.
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O texto 4, considera outra perspectiva, a das críticas diretas aos cursos de Humanidades das
universidades. Inicialmente, o texto expressa qual é a dificuldade em valorizar esse campo do saber:
ele não gera resultados palpáveis e não comporta “verdades absolutas”. Após esse diagnóstico, o
autor enfrenta a crítica de que tal área seria reduto da esquerda. Ele reconhece que há algo de
verdadeiro nessa premissa, mas conclui que“imaginar que seja possível ‘doutrinar’ estudantes
‘ingênuos e indefesos’ é um grande exagero.”
Análise das possibilidades de tese
A questão proposta, As Humanidades perderam a função no século XXI ? não se resolve com um
simples “sim”, “não” ou uma tentativa de síntese. Há muito mais envolvido. Pode-se pensar em
termos absolutos, ou seja, se a área de Humanas tem valor em si; ou pode-se discutir se o valor
desse tipo de conhecimento tem valor nas condições em que nós vivemos, ou seja, num mundo com
demandas relacionadas a formação técnica do indivíduo. Imaginei algumas teses possíveis,
elencadas abaixo.
- As Humanidades como área em que se procura “transcender o presente” (texto2) e dar conta da
complexidade do mundo jamais perderia sua função, por mais que fosse incompreendida.
- No mundo tecnicista em que vivemos, há a tendência de que as Humanidades percam o espaço, já
que estão longe do sistema produtivo, muitas vezes sendo críticas a ele (Texto 3)
- Na sociedade da tecnologia, as Humanidades têm muito pouco a oferecer em relação aos desafios
próprios de um mundo globalizado.
-Nesse momento em que as Humanidades perdem valor social é, justamente, o momento em que
mais se necessitada desse tipo de conhecimento para que o homem não abdique de sua
humanidade.

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-As Humanidades têm valor, mas no Brasil, dado o criticismo desenvolvido nas Universidades
durante o Regime Militar, tornaram-se alvos do setor conservador que a vê reduto de esquerda
(texto 4).
Essas variações dão a medida da complexidade do tema, mas também mostram que basta selecionar
bem o caminho que se quer adotar para se fazer uma boa redação.
Para defender essa ideia, lembre-se de alguns recursos argumentativos
- Definição do que é a área de Humanas;
- Análise do mercado de Trabalho e de suas necessidades;
- Análise das condições sociais e a possível contribuição das Humanidades na elaboração de projetos
político-administrativos;
-A diferença entre discurso teórico e prático;
- A história da Universidade no Brasil e no mundo;

Tome cuidado para não ser exagerado, lembre-se: você está fazendo uma dissertação que será
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avaliada pelo bom senso e pela razoabilidade, você não está fazendo um texto de Twitter no qual
você diz o que quer do jeito que deseja.
Pode-se afirmar, como faz o texto 4, que nas universidades de Humanas encontra-se um número
significativo de pessoas que militam para partidos de esquerda, mas isso não significa
necessariamente doutrinação. Aliás evite essa palavra, em qualquer contexto, porque ela supõe que
os indivíduos são incapazes de tomar decisões, quando na verdade somos influenciáveis, mas não
doutrináveis, a não ser que desejemos aderir fanaticamente a uma ideia e, mesmo nesse caso,
fazemos isso por vontade e não por lavagem cerebral.

Vigilância epistêmica Fuvest 2008

Analisando a proposta, percebe-se que não tem como fugir da discussão dos dois subtemas
que compõem a proposta: a proliferação das informações no ambiente virtual e a vigilância
epistêmica.
Além disso, o tema não é polêmico, não dá para defender uma tese contrária à vigilância
epistêmica. Nesse sentido, trata-se de um recorte bem fechado. O que você poderia fazer? Dar
mais ênfase em um dos dois subtemas. Por exemplo, você poderia contextualizar a
contemporaneidade a partir de difusão de informação para, a seguir, voltar sua carga argumentativa
para a necessidade de vigilância epistêmica. Poderia até exagerar um pouco, fazendo uma afirmação
do tipo: a vigilância epistêmica poderá determinar o futuro da humanidade.

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No formato contrário, você poderia desenvolver mais a questão da disseminação das


informações. Mostrar historicamente como isso ocorreu, ligar tal fenômeno à globalização,
considerar o impacto disso na cultura e nas formas de viver etc. Tendo desenvolvido essa subtema,
restaria, na segunda parte da redação, a proposição da vigilância epistêmica como intervenção.
A seguir apresento algumas sequências argumentativas que poderiam ser levantadas a partir
dos textos de apoio.
Texto 1
-Os sites de busca indexam informação sem filtros relevantes em relação à verdade.
-Os sites poderiam indexar informações ligadas a centros de pesquisa e de informação, mas
preferem apresentar as informações mais acessadas (há uma predominância da quantidade e não
da qualidade).
-Vivemos em uma época em que a opinião baseada no senso comum tem o mesmo valor que
a opinião de um estudioso.
-Trata-se de uma era da desinformação devido à quantidade de ideias que circulam fazendo
com que a informação relevante seja como uma agulha no palheiro.
- O ruído provocado pelas opiniões desvia a atenção do que é mais importante.
-A desinformação é “consequência dessa ideia que a maioria das pessoas tem sobre a
liberdade de expressar o que bem quiser..., como se opiniões não precisassem se basear no rigor
científico, antes de serem emitidas”.
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Texto 2
- Não há como negar a vantagem das redes em relação às informações; a foto de D. Pedro,
anteriormente acessível a poucas pessoas, agora pode ser vista por milhares de pessoas.
- O jogo entre imagem e o texto do Estadão pode levar a uma reflexão inversa, já que a foto
de D. Pedro não diz muita coisa sobre quem foi realmente o monarca; pode-se deduzir um
argumento interessante: de que vale tanta informação se o leitor não tiver formação adequada para
processar novos dados de forma significativa?
Texto 3
O texto do Zigmunt Bauman é o mais complicado. Basicamente ele aponta causas para o
fenômeno.
- Por que as pessoas não se preocupam com a veracidade da informação? Porque nesse
mundo da rapidez das informações o que importa é o mais novo fenômeno e não o que é mais
verdadeiro. Sendo assim, ninguém se importa muito com a verdade.
Três outras ideias interessantes para desenvolvimento do texto
-Diferença entre informação da cultura de massa e cultura de formação. Na escola o indivíduo
aprende a hierarquizar ideias dando sentido a elas, por isso elas se tornam importante. Sem essa
capacidade de organizar dados, as informações tornam-se apenas entretenimento e daí é irrelevante
se elas são verdadeiras ou falsas.
-Está provado por algumas experiências que os homens tendem a aceitar uma mentira se ela
estiver de acordo com a sua visão de mundo; temos resistência em aceitar aquilo que nos
desestabiliza.

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-A informação é importante, dados falsos levam o indivíduo ou a sociedade a projetar um


cenário futuro fantasioso e agir de forma equivocada no presente.

O papel da ciência no mundo contemporâneo Fuvest 2020

Neste ano a FUVEST, mantendo seu estilo, resolveu entrar na polêmica que ainda movimenta
opiniões em torno da importância da ciência. Foram comuns, durante o ano, discussões em relação
aos terraplanistas ou àqueles que negam a eficácia das vacinas. Justamente dois episódios que
colocam em xeque a ciência no seu âmago. Afinal, a ciência moderna se inicia com o questionamento
do lugar que terra ocupa no Cosmos e a vacina sempre representou o que há de mais palpável em
relação a importância da ciência para o Homem.
O estilo, você já conhece, apresentar o problema de forma ampla. O aluno deveria produzir
um texto dissertativo sobre o tema explícito: o papel da ciência no mundo contemporâneo. Como
apoio, a Banca ofereceu uma coletânea com 5 textos, que, se bem refletidos, permitiria ao candidato
elaborar um percurso dissertativo bastante interessante. Vamos a eles.
O texto 1, na verdade uma charge, tematizava o perigo que a ciência representa. Uma das
cobras que se apresenta como inventora da roda, manifesta arrependimento, quando o artefato,
descendo um plano inclinado, ameaça atropelá-la.
O texto 2 defende a tese de que “a manutenção de uma civilização com os níveis presentes”
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depende do papel social que a ciência vier a ocupar. O texto 3 pode ser lido como ampliação poética
dessa ideia. Trata-se de uma música composta por Gilberto Gil, na qual ele propõe um tipo de
aproximação entre ciência e religião que aboliria a diferença entre essas esferas. No refrão ““Cântico
dos cânticos/ Quântico dos quânticos”, o eu lírico faz referência ao livro da bíblia que tem esse nome,
“Cântico dos cânticos”, e à expressão tirada das mais recentes teorias da física, a teoria quântica.
Os dois últimos fragmentos expõem o perigo que ronda essa relação entre ciência e
sociedade. O primeiro expressa o paradoxo em que vivemos, dependemos da ciência de uma forma
nunca imaginada e ao mesmo tempo desconhecemos o que é a ciência. Isso seria uma “receita para
o desastre”, segundo o texto 4. O último texto trata dessa contradição em uma medida mais
profunda, considera aqueles que podem ser denominados “negacionistas” (negam evidências). Tais
pessoas valem-se da ciência e da tecnologia para, justamente, “disseminar informações que rejeitam
a mesma ciência”.

Percurso da coletânea

Para os desesperados de plantão, a própria coletânea apresentava uma possibilidade de


desenvolvimento. O texto 2 apresentava a tese: a ciência é importante para manter os níveis atuais
de civilização. O texto 1 deixava claro que a ciência por si, pode ser benéfica ou prejudicial a quem a
criou. Há riscos. Os outros textos nomeavam esses riscos: o negacionismo, o desconhecimento do
“espírito da ciência” e o hiato social entre ciência e sociedade.
Como você pode observar, havia uma tese e três riscos que poderiam ser desenvolvidos em
3 parágrafos. Bastaria que o candidato preenchesse essas ideias gerais com repertório próprio,
progressão, coesão etc.

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Outros percursos

Qualquer outro percurso argumentativo dependeria das teses que poderiam ser formuladas.
Lembre-se, para elaborar uma tese, retome o tema e acrescente o que você deseja afirmar: “o papel
da ciência no mundo contemporâneo é...”
A partir daí, podemos pensar em 2 possibilidades: (1) é importante ou (2) não é importante.
Há um posicionamento intermediário: o papel da ciência é acessório. Fazendo combinações,
podemos chegar a variações:
- A ciência tem papel fundamental e determinante para o futuro da sociedade.
- A ciência tem papel importante para transformar o mundo em algo melhor.
- A ciência tem papel importante, mas há riscos.
- A ciência tem papel acessório, pois...
- A ciência como constituída hoje tem um papel subordinado ao sistema econômico....
- A ciência tem assumido um papel que representa um risco para a humanidade...
- Diante de uma opinião pública hostil à ciência, o papel da ciência é o de se justificar perante
a sociedade.
- Etc.

Pressupostos:
De certa forma, o próprio candidato deveria demonstrar que tem conhecimentos sobre a
ciência. Aliás, se alguém pretende fazer parte do circuito acadêmico regido pelos pressupostos do
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conhecimento moderno, deve ser capaz de saber do que se está falando.


A ciência moderna como configurada a partir do Renascimento é uma forma de conhecer o
mundo baseada num método rigoroso que parte do pressuposto da dúvida. Parte-se da premissa
de que qualquer afirmação que se proponha a ter validade de verdade pode ser posta em dúvida
até prova em contrário. O cientista quando apresenta uma resposta deve provar o que diz através
de experimentos, cálculos e diálogo com a comunidade acadêmica. Isso se refere à ciência pura.
A ciência gerou a tecnologia. Trata-se de conhecimento aplicado que permitiu ao homem
desenvolver máquinas e ferramentas capazes de solucionar problemas práticos.
Tanto a ciência quanto a tecnologia devem ser vistas como meios, como ferramentas e não
como fins em si. São modos de se conseguir uma vida mais confortável. O que define o papel de
alguma ferramenta é o seu uso. Uma faca utilizada para cortar alimentos não representa qualquer
ameaça, empunhada na mão de um terrorista, o utensílio assume outro significado.

Repertório possível
A seguir enumero alguns percursos argumentativos dentre vários outros que poderiam ser
usados. Observe que eles poderiam ser utilizados para apoiar diferentes teses.

Crítica à ciência
- A ciência considerada como um ídolo sem qualquer crítica produz desastres, basta
considerar as teorias deterministas, evolucionistas e racistas do final do século XIX que serviram de
base para políticas de eugenia e extermínio.
- As descobertas científicas estão submetidas a interesses econômicos, nunca se destruiu o
meio ambiente tão velozmente quanto no século XX, época em que a tecnologia se tornou a
mediadora entre o homem e a natureza. Atualmente, o desenvolvimento da inteligência artificial, se

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não for bem administrado, pode provocar a exclusão de boa parte da humanidade que não se
beneficiará dos avanços da ciência.
- Os pensadores da Escola de Frankfurt formularam a expressão “razão instrumental” para
nomear o processo no qual o homem cria a ciência para dominar a natureza e acaba por ser
dominado por um tipo de conhecimento técnico que está a serviço do próprio sistema capitalista.
- Michael Foucault criou o termo biopolítica para destacar que, a partir de desenvolvimento
da biologia, houve um processo de disciplinarização e vigilância que torna as pessoas dóceis aos
poderes de manipulação. Em nome da ciência médica, pode-se classificar pessoas, alterar seus
hábitos, proibir procedimentos (como fumar), constranger etc.
- Duas histórias bem conhecidas, dentre outras, expressam o risco da ciência: “o médico e o
monstro” e “o aprendiz de feiticeiro”. No primeiro caso, a ciência leva à criação de uma aberração
insustentável; no segundo, o aprendiz não consegue mais controlar as forças que ele mesmo
despertou na natureza.
- O filósofo brasileiro Paulo Arantes definiu barbárie de uma maneira nova. O termo não se
refere a procedimentos não-civilizacionais, mas à incapacidade de o homem lidar com o poder da
tecnologia e da ciência.
-Zigmunt Bauman, sociólogo, chamou a atenção em seu livro “Mundo para Consumo” para o
fato de que os aparatos informacionais produziram uma tal quantidade de informação que corremos
o risco de que sistemas de inteligência artificial ocupem o lugar decisório de seres humanos, algo
que parcialmente já ocorre, quando se considera o papel dos algoritmos na nossa vida.
- Historicamente, é possível destacar como a ciência fez grandes progressos a partir de
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cobaias humanas.

Elogio à ciência
- A ciência ocupou o lugar do dogmatismo religioso, mais nefasto, pois a religião não permite
a dúvida o que leva frequentemente a massacres.
- Historicamente, a ciência foi capaz de aumentar a expectativa de vida, de encontrar alívios
para os sofrimentos humanos, de permitir uma vida mais confortável etc.
- A ciência e a tecnologia permitiram uma certa autonomia do indivíduo frente à tradição.

Riscos para o sociedade em relação à forma como tratamos a ciência.


- O negacionismo pode levar os homens a obscurantismo, a desenvolver ideias que redundam
em preconceito e na tese de que, se tudo é válido, então a realidade deve ser regulada pela lei do
mais forte.
- Se os pressupostos da ciência não forem assimilados pelas pessoas comuns – o fundamento
da dúvida, o método científico e o rigor formal – elas não darão valor à ciência.
- Vivemos em uma sociedade extremamente complexa, na qual a tecnologia aliada interesses
econômicos têm o potencial de provocar grandes estragos, mas, ao mesmo tempo, somente a
ciência pode dar respostas aos grandes desafios sociais, se ela for aceita e compreendida pelas
pessoas.
- Se as pessoas não perceberem o papel social da ciência e se não for usada para beneficiar a
grande maioria, ela se tronará simplesmente um instrumento poderoso na mão de pessoas ou de
instituições que usarão a tecnologia não para o bem comum, mas para vantagens particulares.

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Um mundo por imagens na época da manipulação midiática Autoral 2020

A proposta apresentava 4 textos como repertório, seguidos de instruções sobre como


encaminhar a produção textual e um tema explícito: um mundo por imagens na época da
manipulação midiática. A coletânea apresenta uma visão filosófica, uma perspectiva histórica, uma
pintura surrealista e um texto informativo sobre deepfake.
Um possível mapa mental do primeiro texto, poderia ser semelhante a esse que fiz abaixo.
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O texto da Marilena Chauí traz informações importantes para que se possa perceber qual é o
problema grave da manipulação das imagens. Basicamente, ela define o que é verdade, “a
conformidade entre o que se afirma e o real”, e destaca que a verdade exige o desprendimento das
opiniões sobre as coisas.
O segundo texto traz uma informação bastante assustadora. Com as técnicas que possuímos,
turbinadas pela inteligência artificial, podem-se “criar imagens ou vozes falsas, mas incrivelmente
parecidas com a realidade”. O tamanho do problema pode ser percebido se fizermos uma analogia
histórica.
A difusão das mentiras e a manipulação de imagens nunca foram novidade. Na União
Soviética, Stalin não só expurgou vários inimigos mandando-os para a Sibéria ou eliminando-os
fisicamente, como também apagou o registro dessas pessoas em fotos e vídeos. A foto ao lado do
texto 3 é esclarecedora. Na primeira foto, observa-se a figura de Nikolai Yezhov, cuidadosamente
apagada na foto seguinte.
No texto 4, era possível observar uma alusão ao quadro de René Magritte, no qual vê-se um
cachimbo e os dizeres abaixo. Isso não é um cachimbo. O pintor queria realçar a diferença entre

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realidade e imagem da realidade. Toda imagem traz um recorte preciso que manifesta, de algum
modo, um ponto de vista.
Esboço

Tema: Um mundo por imagens na época da manipulação midiática.


Esse tema, por si só, exige que você faça uma redação analítica que enverede por causas e
consequências do fenômeno. Dado o tipo de proposta, pode parecer tentador fazer uma redação
expositiva. Lembre-se, uma redação desse tipo não fica interessante para o leitor. Tente fazer uma
análise ao mesmo tempo em que você defende uma opinião positiva ou negativa sobre o assunto.
Ideias do senso comum sobre o assunto.
✓ A mídia é vendida no Brasil;
✓ Apareceu no WhatsApp ou no YouTube, então, é verdade;
✓ Uma imagem vale mais do que mil palavras;
✓ O pessoal de esquerda/de direita distorce as informações.

Tamanho do Problema Causas Consequências


✓ Antes, a ✓ Desenvolvimento das ✓ A informação falsa leva as
manipulação das mídias sociais; autoridades a tomarem
imagens estava ✓ Grupos de interesse decisões que não se
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centralizada, agora precisam de outros adequam à realidade;


pode haver mecanismos para ✓ Risco de alienação completa
proliferação de influenciar as decisões das novas gerações;
várias fontes; políticas, o velho lobby ✓ Falta de senso de realidade;
✓ Ações políticas no Congresso Nacional ✓ Controle da informação
efetivas dependem não basta; significa ameaça à
de informações ✓ Na internet, os democracia representativa;
fidedignas; falsificadores estão ✓ Na sociedade complexa em
✓ Grupos com poder parcialmente que vivemos, os desafios
financeiro têm mais protegidos. devem ser enfrentados a
condições de partir de análises coerentes
influenciar. da realidade, a informação
falsa traz grandes riscos.
✓ Disseminação de ódio pela
internet (Cyberbullying).

Possibilidades de intertexto/referência histórica/repertório


✓ Falsificação de fotos na União Soviética;
✓ Fake news nas eleições do Brasil e dos EUA;
✓ Teoria da representação e da verdade (filosofia);
✓ Mito da Caverna de Platão (vivemos em uma espécie de caverna onde vemos somente as
sombras das coisas).

Tese (resumo do que você irá defender no seu texto):

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Exemplos:
✓ A manipulação de imagens em um mundo midiático representa um sério risco à democracia;
✓ A manipulação de imagens em um mundo midiático pode levar à alienação dos indivíduos;
✓ A manipulação de imagens em um mundo midiático põe em risco a capacidade da
humanidade em lidar com os grandes desafios do século XXI;
✓ A manipulação de imagens em um mundo midiático tende a acirrar o ódio em sociedades
cada vez mais divididas e intolerantes.

Elabore a sua tese, pense nos argumentos. Bom texto.


Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________

Telenovelas e compromisso com a realidade Faculdade Israelita Albert Einstein 2019


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A banca traz dois textos de apoio seguidos pela frase tema “Por se tratar de uma obra de ficção, a
telenovela pode abrir mão do compromisso com a realidade?” que deve ser respondida
afirmativamente ou negativamente ao longo do texto.
Vale destacar que a dissertação argumentativa, por exigir do candidato argumentação coerente com
ponto de vista escolhido, é uma pedida mais recomendada para a dissertação de vestibular. Isso
significa que você seu texto deve manifestar um ponto de vista claramente identificável pelo leitor
e deve argumentar a favor da sua ideia.
Agora sobre a coletânea.
O texto 1 traz uma notícia que discute, a partir de um fato recente, a questão da ficção e da
verossimilhança nas telenovelas brasileiras. O fato recente utilizado foi o elenco branco da novela
“Segundo Sol” representando personagens localizados no estado da Bahia, contexto onde se
esperaria indivíduos majoritariamente negros ou pardos, segundo opinião dos próprios habitantes
desse estado.
Além disso, é importante perceber que, por trás da discussão em si sobre a cor de pele do elenco,
o candidato pode explorar algumas questões culturais mais substanciais. A primeira delas está
relacionada a como a sociedade brasileira, em geral, prioriza o branco em detrimento do negro, o
que pode levar a discussões sobre racismo, desigualdade racial, herança histórica da escravidão, etc.
A segunda discussão de razoável peso argumentativo se relaciona à colocação final feita no texto 1:
“A teledramaturgia reflete o que acontece na sociedade, e a sociedade se espelha no que vê nas
novelas”. Assim, o candidato pode discorrer sobre esse ciclo de causa/consequência e suas
influências na sociedade atual de acordo com a tese que decidir defender (afirmativamente ou
negativamente ao questionamento da frase tema).

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O texto 2, por sua vez, traz outra notícia que discute um conflito entre realidade e abordagem
utilizada na telenovela “O outro lado do paraíso”. Dessa vez, a verossimilhança questionada recai
sobre formas de tratamento e profissionais retratados na novela. Aqui, é possível discutir o papel
social da novela enquanto formadora de opinião e fonte de conhecimento/informação. Veja bem,
ao retratar uma personagem com um trauma de abuso na infância sendo tratada por um coach que
utiliza hipnose, algum telespectador pode começar a acreditar que esse método de tratamento é
recomendado. É importante atentar na sua redação para não depreciar o trabalho de coach nem a
hipnose.
Encaminhamentos possíveis:
1)Dada a complexidade da sociedade brasileira, a novela não poderia se descuidar de seu papel
social de formadora de opinião.
Argumentos:
- Baixa escolaridade/ escolaridade deficiente/ escolas sucateadas;
- Cultura de massa que não promove a conscientização;
- Acesso a informação por meio da TV aberta (aqui cabe uma discussão sobre como TV aberta x TV
fechada delimitam uma forma de desigualdade social, a partir do momento que a primeira não se
compromete com a qualidade da informação e a segunda supostamente traz melhor conteúdo);
- Ao não se comprometer com a realidade, perpetuam-se questões, como a racial (texto 1),
encobertas e não discutidas e a novela pode constituir espaço crítico e de discussão.
2) Visto que se trata de uma obra ficcional, sem compromisso com a realidade, tal qual a literatura
e o cinema, a novela permite que a verossimilhança não seja prioridade.
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Argumentos:
- valor da arte como, por princípio, forma de escapismo da realidade (argumento difícil de sustentar
sem possuir boa bagagem literária, principalmente, dado que bom conhecimento dos movimentos
escapistas e sem cunho social ajudaria a fortalecer o argumento);
- importância da telenovela como escapismo ao cidadão comum, cuja realidade de menor condição
econômica e, consequentemente, menor tempo de lazer, leva ao desejo/sonho por uma vida “mais
glamorosa”, o que ocasionou o surgimento de diversos movimentos como o “funk ostentação”.
(Aqui é importante atentar bastante ao lugar de fala do cidadão comum e tentar enxergar o papel
da novela como “contos de fadas moderno” principalmente para esse público).

Fuvest 2009

A Banca, em 2009, propôs o tema de fronteiras que já foi apresentado a você no inicio desta aula
e foi trabalhado parcialmente nos exercícios, fato que deve ter facilitado o seu trabalho. O
examinador optou por ampliar a questão. Incialmente, o candidato encontrava um foto que
representava uma fronteira apenas demarcada no chão entre Holanda e Bélgica. Essa foto deveria
causar estranhamento, pois estamos acostumados a todo um aparato burocrático entre um lado
da fronteira e outro, guaritas, guardas, cancelas etc.
A seguir, havia cinco verbetes de definição da palavra “fronteira” citados do dicionário Houaiss. Os
verbetes escolhidos traziam a definição tradicional “a linha divisória entre duas áreas, regiões,
estados, países etc” mas também os sentidos mais amplos, inclusive o figurado, que incluía um
limite entre coisas abstratas.

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Tendo apresentado esse dois textos como coletânea, a Banca dava os critérios de produção do
texto a partir de um comentário temático e da explicitação do tema. No primeiro período das
instruções, destacava-se a “contínua mobilidade”, elemento presente na foto, já que uma fronteira
demarcada à tina, no chão de um café, é extremamente porosa. No períodos seguintes, o
examinador destacava que o termo “fronteira” pode ser aplicado a outras áreas da vida humana e
até mesmo nomeia algumas delas: “fronteiras psicológicas, fronteiras do pensamento, da ciência,
da linguagem etc.”
A exigência era clara, “escolha uma ou até duas delas...e redija uma dissertação em prosa”. Ora,
escrever o que sobre fronteiras? A foto e o primeiro comentário davam a “fita”, escrever sobre a
mobilidade dessas linhas que acreditamos ser quase inamovíveis.
Contexto
Do ponto de vista geográfico, a Globalização alterou em muito nossa percepção das fronteiras.
Note que a fronteira destacada, entre Holanda e Bélgica, é de países membros da União Europeia.
A complexidade do mundo moderno se observa nisto: aparentemente, o limite deixou de ser
determinante nas relações entre países...
Bem, na verdade, isso não ocorre em todo mundo. Se você estiver na divisa entre México e EUA, a
situação vai ser bem diferente, pouca mobilidade, muita desconfiança.
Esse mesmo paradoxo parece ocorrer no mundo simbólico. Vivemos o que se chama de pós-
modernidade, cuja característica mais forte é a relativização de todos os valores. Os casamentos
são mais flexíveis e abertos, os padrões morais dependem de cada indivíduo e na própria ciência
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ganhou força da ideia de que as teorias fixas não dão conta do real.
Por outro lado, as regras da tradição de alguma forma continuam funcionando deixando o
indivíduo entre angustiado e confuso. Tome, como exemplo, o comportamento sexual. A mudança
de costumes ocorrida a partir da década de 70, permitiu que cada um definisse sua sexualidade e a
forma de se realizar sexualmente. Mesmo assim, o discurso moralista ainda circula e é utilizado
para condenar uma mulher que tem vários parceiros sexuais.
Teses possíveis
Entendendo o contexto, torna-se mais fácil pensar numa tese. Qualquer que seja o objeto da tese -
fronteira geográfica, científica, comportamental – deveria ser considerada pela perspectiva da
mobilidade. Faltaria apenas ligar a esse recorte um atributo. Comportaria uma constatação (você
poderia fazer um redação expositiva) ou um julgamento (caso em que sua redação seria valorativa,
opinativa). Só para você ter uma ideia, vou listar dois casos exemplares porque ilustram as duas
possibilidades.

As fronteiras de....são passíveis de mundança

Essa tese é expositiva. Você deve considerar uma das fronteiras propostas e provar através de
evidências, fatos etc que essa mobilidade no presente está ocorrendo de forma acelerada.
As mobilidade das fronteiras de....são
angustiantes
Essa tese é o que chamaríamos opinativa-argumentativa, pois há um julgamento valorativo que
deve ser demonstrado.

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Tendo em mente se a dissertação vai ser expositiva ou argumentativa, a questão passa a ser outra:
qual área da vida humana você quer discutir?
Obviamente, discutir sobre os limites geopolíticos é mais fácil, pois esse conteúdo também é
exigido em Geografia e você deve ter bastante repertório. Não fique encanado pelo fato de que
“todo mundo vai falar de fronteira geográfica”. O conflito escolhido para desenvolver o tema e a
linguagem particular definem um texto como único. O corretor não dará nota por “criatividade”,
porque você falou sobre um tema que ninguém explorou, mas pelo desenvolvimento
argumentativo segundo padrões discutidos nessa aula.
Desenvolvimentos possíveis
Abaixo listei alguns temas, considerando esse paradoxo entre mobilidade e delimitação.
Recorte Delimitação Mobilidade
temático
Fronteira Impede pessoas de Globalização flexibilizou a circulação
geográfica circular entre países de mercadorias e aumentou o trânsito de
pessoas
Língua Há regras e lógica A valorização do coloquialismo nas
próprias de cada idioma e novas mídias flexibiliza o uso do padrão culto
o padrão culto garante
uma relativa imobilidade
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Informação As mídias A internet permite a circulação de


tradicionais e a escola informação de várias fontes alternativas sem
garantem um tipo de hierarquização
informação hierarquizada
e segundo critérios de
fontes confiáveis
Cultura Divisão rígida entre Todo tipo de cultura passa a circular
cultura erudita, popular e na internet desfazendo parcialmente a
massificada distinção entre culturas.

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6.Tecnologia
Autoral 2020 (Wagner Santos)

Os temas relacionados à modernidade têm se mostrado extremamente importantes em


diversos vestibulares e exames pelo país. Aqui, decidimos trabalhar com um dos que têm aparecido
de forma mais clara nas discussões sobre a modernidade: o estelionato virtual. Esse interesse tem
crescido porque, em meio a uma sociedade cada vez mais tecnológica, os crimes que antes
aconteciam de forma “real”, em contraste com a virtualidade, têm passado para o mundo virtual,
com adequações interessantes quanto à metodologia utilizada para a aplicação dos crimes.
Dessa forma, surgem, como temas transversais, o uso constante das redes sociais, com a
exposição completa da vida dos usuários; a necessidade de utilização da tecnologia para
relacionamentos; a segurança dos dados de usuários dentro da internet; entre tantos outros. Notem
que o tema é amplo e, por isso, vocês devem tomar muito cuidado com o tangenciamento de tema,
porque você não deverá falar sobre esses temas transversais acima, mas sobre o crime de
estelionato virtual de forma específica.
Um caminho interessante é a comparação entre o estelionato físico e o virtual, com reforço
das características diferentes de cada um deles. Por exemplo, um dos golpes mais comuns
atualmente é a clonagem dos telefones e o envio de informações para contatos conhecidos, com
pedidos de dinheiro e de outros favores, como se fosse o dono da linha. Lembre-se de que, para que
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tenhamos estelionato, é necessário que exista uma tentativa de roubo de dinheiro.

7. Meio Ambiente
Ativismo ambiental Autoral 2020

A proposta continha 2 textos verbais e um texto figurativo, acompanhado de uma legenda


explicativa. O recorte explícito, ”Importância e limites do ativismo ambiental”, seria melhor
compreendido pela interpretação dos textos da coletânea. O direcionamento já estava dado em
negrito, você deveria seguir o caminho indicado pela Banca: (1) explorar a importância do ativismo
e depois (2)apontar seus limites.
Quanto a primeira parte, não haveria problema. O texto 1 é claro e as ideias nele divulgadas
são amplamente aceitas e de fácil desenvolvimento. A segunda parte exigiria reflexão e, para isso, o
tom e a argumentação do texto 2 deveriam inspirá-lo para a compreensão do contexto, ou seja, do
abismo entre discursos ambientalistas e práticas cotidianas.

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Um dos grandes problemas é que o texto “Impostura verde” por si só já representa um grande
desafio ao leitor, pois exige uma competência acima da média. A tese do autor não é clara, ele
enumera argumentos distintos ( o que exige atenção) e discorre sobre um fato – o lançamento da
campanha publicitária da Diesel - que deveria ser reconhecido pelo leitor. Para cobrir a lacuna em
relação ao conhecimento da peça publicitária, havia a reprodução de um dos cartazes com uma
legenda explicativa.
A tese do articulista aparecia no título. A preocupação com o meio ambiente seria uma
verdadeira impostura. Para provar isso, ele elege a campanha da Diesel, criticando-a duramente.
Para o autor, a empresa se vale de “sobretons frívolos para retratar uma questão de sobrevivência”.
Conclui que a questão ambiental se tornou uma questão de moda e não exatamente uma
preocupação séria.
A composição das imagens junta pontos geográficos em circunstâncias impossíveis como
moldura exótica para que modelos descontraídos e bem vestidos usufruam o local. Como o próprio
articulista destaca, as imagens são inverossímeis, mas ele pergunta: “quem é que quer saber de
informação, no entanto?”
A partir dessa interpretação, a polêmica fica mais clara. O discurso de defesa ambiental
parece ter conquistado mentes e corações e quase todo mundo o repete como um mantra. Na
prática, essa postura é ostentada como forma de reconhecimento social, mas apenas isso. Defender
o meio ambiente se tornou “legal”. A adesão ao ativismo ambiental é cínica, fala-se muito, faz-se
pouco.
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Observe, contudo, que esse é o ponto de partida. Para que sua redação ficasse mais
interessante, além de apontar essa forma hipócrita de agir, você deveria destacar e desenvolver os
limites para tal engajamento.
Não se irrite com a essa delimitação do desenvolvimento do tema. Se a primeira parte está
bem delineada – falar da questão ambiental, da importância do ativismo e dos seus limites - , a
segunda parte – a do limite do ativismo – permite desenvolvimento autoral.

Encaminhamentos possíveis
Nesse caso, como em muitos outros temas, há dois caminhos no atacado:
- fazer uma redação moralista: o problema gira em torno da falta de vontade do indivíduo (o
texto “Impostura verde” vai por esse caminho);
- ou fazer uma redação estrutural, partindo do pressuposto de que as pessoas agem assim
devido à estrutura social: capitalismo, consumismo, classes sociais etc.
Exemplo: é possível destacar que na sociedade do consumo, a compra de mercadorias não
pode se basear numa reflexão sobre o próprio ato de comprar, ou seja, a questão ambiental só pode
ser lembrada de forma superficial, sem que gere qualquer tipo de culpa; nesse contexto, o ativismo
encontra seu limite na própria dinâmica da vida moderna.

O que é estrutura social?

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O termo se refere aos arranjos sociais acima do indivíduo e que determinam a dinâmica de como as
pessoas se relacionam e de como se comportam. O sistema Capitalista sempre é considerado um
dos elementos estruturais mais significativos, pois a forma econômica de acumulação de capital é o
que leva as pessoas a se organizarem para o trabalho de uma determinada maneira.

Mas há outras instituições ou sistemas que estruturam também as relações entre as pessoas: a
política, a família, a igreja. Essas instituições são estruturais, pois organizam e sistematizam formas
de viver. Se essas estruturas abarcam elementos viciosos, os indivíduos em particular não poderão
ser responsabilizados de forma moralista.

Agrotóxicos FAMECA 2017

A banca traz 3 textos na coletânea e, por fim, a frase tema na forma de questionamento: “ O setor
agrícola brasileiro deve continuar utilizando agrotóxicos no combate às pragas?”, que deve ser respondido
positivamente ou negativamente no posicionamento escolhido no texto.
Sempre bom relembrar que a proposta não especifica se a dissertação deve ser argumentativa ou expositiva,
contudo, por se tratar de um texto de vestibular, recomenda-se a construção de um texto dissertativo
argumentativo, que, justamente pelos argumentos, apresenta melhor domínio da técnica dissertativa.
O texto 1 é bem sucinto, contudo, não é pouco informativo. Ele deixa claro a concepção de “alimentos
orgânicos”, isto é, aqueles sem agrotóxicos (que também costumam ser mais caros e podem levar a uma
discussão sobre poder de compra e desigualdade econômica/social). É importante prestar atenção aos
conceitos e às concepções apresentados nos textos de apoio, pois utilizá-los incorretamente no texto
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configura falha grave. Uma outra informação que esse texto traz é sobre a quase impossível remoção dos
agrotóxicos uma vez que tenham sido utilizados.
O texto 2 foca na situação do Brasil frente aos agrotóxicos. Ele traz muitos argumentos àqueles que optarem
por uma tese que defenda o uso dos químicos na produção. Nesse texto, fica claro que a utilização de
agrotóxicos é regulamentada e feita com segurança por empresas de ponta na área. Além disso, frente às
situações climáticas do Brasil, deixar de utilizá-los significaria redução da produção em 50% (aqui é possível
utilizar argumentos das teorias demográficas como a Malthusiana, por exemplo, o que seria um bom uso de
repertório) e maior desmatamento de áreas verdes para ampliar os campos de cultivo, a fim de suprir a
demanda. Isso tudo, finalmente, culminaria no aumento do preço do alimento. Nesse ponto, é possível
discutir a desigualdade de renda no país e como um aumento de preço nos alimentos básicos prejudicaria
principalmente a parcela de menor renda.
Ainda, se o candidato tiver esse repertório, aumentaria bastante o peso argumentativo do texto se ele
conseguisse conectar essa discussão com o recente retorno do Brasil à linha de miséria, visto que as recentes
políticas econômicas fizeram com que muitas famílias retornassem à situação de fome que haviam saído nos
últimos anos com as políticas como “Bolsa Família” e os subsídios aos pequenos e médios produtos.
O texto 3, por sua vez, traz diversos argumentos àqueles candidatos que optarem pode defender a retirada
dos agrotóxicos. Ele afirma que o Brasil lidera o ranking no uso de agrotóxicos no mundo na última década e
fica claro, devido à escolha vocabular da palavra “veneno” e, posteriormente, de “contaminados”, que, do
ponto de vista do autor, essa liderança representa um uso excessivo (“5 litros de veneno”). Ademais, o texto
também cita vários malefícios para a saúde decorrentes dessa “contaminação”.
É sempre importante atentar para o léxico do texto, pois ele pode ajudar muito a perceber se a coletânea
direciona para algum posicionamento ou se determinado texto de apoio oferece argumentos a favor ou
contra.
Encaminhamentos possíveis:

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1) Levando-se em conta o retorno do Brasil à linha da fome, aumentar o preço dos alimentos básicos
prejudicaria ainda mais a parcela menos abastada da população, assim, os produtos orgânicos não se
mostram uma opção viável.
Argumentos:
- Crise econômica atual, desemprego, retorno da linha da fome;
- Mudança das políticas públicas de auxílio do governo Dilma/Temer para o governo Bolsonaro;
- Questões ambientais relacionadas ao desmatamento de maior área produtiva a fim de suprir a
menor produção que seria ocasionada pelo não uso de agrotóxicos.
2) Considerando a saúde da população, o uso de agrotóxicos representa uma ameaça tanto pela própria
química quando pela desinformação sobre essa contaminação.
Argumentos:
- Doenças causadas pelo uso de agrotóxicos;
- Geração de empregos se maior mão de obra fosse necessária para manter a produção suficiente;
- Não é bem esclarecido para o cidadão comum o que é ingerido no alimento não orgânico.

Lixo: da educação às políticas públicas UNIMAT 2019.2

Tema e proposta
O tema apresentado é extremamente atual e importante, visto que em sido constante a
discussão sobre a produção de lixo no mundo e, principalmente com relação ao que isso tem
causado ao mundo. Com a quantidade de pessoas habitando o mundo, coisa de 7 bilhões, e a
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prevalença do sistema capitalista, há crescimento na produção de bens de consumo (com


durabilidade cada vez menor) e do consumo por parte das pessoas. Com a necessidade de consumo
crescendo, cresce o descarte de materiais que, na maior parte das vezes, pode ser reaproveitado de
alguma forma.
Perceba uma coisa importante: o consumo e o descarte, claro, tornam-se constantes no
momento e, de forma geral, esse tem sido um problema para a Terra. Com o lançamento de uma
maior quantidade de poluição na atmosfera, fere-se o meio ambiente de forma, inclusive,
irreversível na maior parte das vezes. É claro que esse não é o nosso tema a ser tratado aqui. Nosso
foco é a produção de lixo e, claro, o descarte desse lixo, contudo temos o lixo sendo produzido a
partir de uma relação de produção de bens de consumo, claro. Logo, essa ideia pode aparecer na
sua redação, visto que você deve apresentar soluções para tal produção. Falaremos delas um pouco
mais à frente.
Outro elemento importante para o seu tema é que ele já apresenta um recorte bastante
interessante, porque já trata da educação como uma das formas de diminuição do lixo, bem como
da passagem dessa para as políticas públicas. Nesse ponto, é necessário que eu destaque para vocês
que já existe uma lei, de 2010, chamada de PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólidos), que trata da
destinação dos resíduos sólidos em nosso país, com a troca dos lixões por aterros sanitários. Com
relação a isso, temos que a aplicação de políticas públicas já se apresenta respaldada pela lei.
Diante desse recorte, um dos perigos que corremos é o de apresentar uma construção textual
que se resume a soluções para o problema. Como seu texto é um texto dissertativo-argumentativo,
no qual apresentamos problemas que devem ser discutidos, você precisará apresentar argumentos
sobre o tema. Por exemplo, se você defender que a educação, somada às políticas públicas, serve
como solução para o problema apresentado, você precisará necessariamente argumentar para

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defender essa ideia. Claro que você pode, em cada um dos parágrafos, apresentar uma relação de
solução relacionada com o argumento apresentado. Assim, se você construir um parágrafo
defendendo a importância da educação e outro defendendo a necessidade da ação governamental,
em cada um deles, você poderá apresentar uma solução.
Assim, de forma mais resumida, apresente sua tese, em concordância com os textos
motivadores, que apresentaremos em análise um pouco à frente, na sua introdução e pense em
argumentos que podem defendê-la. Da maneira como apresenta-se a proposta, não podemos
construir uma redação em que não se defenda a necessidade de educação e da existência de
políticas públicas. Sua organização textual deve seguir o que apresentamos a seguir para cada uma
das partes de sua redação. Antes disso, quero destacar, ainda, que os exemplos de ações bem
sucedidas pelo mundo são excelentes sustentações para seus argumentos. Pode usar livremente
ações que funcionaram.
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Coletânea de textos
A coletânea de textos apresentada serve para direcionar a sua tese e, consequentemente, o
seu texto. Você deverá realmente trabalhar com a ideia de que a produção de lixo, no Brasil, é
extremamente grande e que a maior parte desse lixo não é tratada de forma correta. Essa é, como
falaremos à frente, a nossa única tese possível. Não se perca dessa ideia de forma alguma. Leia
atentamente os textos e desenvolva argumentos que sejam próximos a ele.
Dessa forma, o texto 1 é um texto informativo que apresenta o Brasil como o 4º maior
produtor de plástico do mundo, fato que nos dá um bom direcionamento para o que será tratado
em seu texto. Você pode falar sobre a produção de lixo de forma geral e apresentar o plástico como
o maior problema do nosso país. É interessante notar que esse lixo específico quase não é reciclado
no Brasil, como aponta o texto, com menos de 2% de reaproveitamento. Contudo, o país é um dos

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maiores recicladores de latinhas de alumínio, fato que diminui imensamente a extração de bauxita
por aqui. Você pode usar esse ponto de comparação na construção de sua argumentação.
Olhando para o texto 2, vemos um trecho de poema regional, escrito por um poeta cuiabano.
O texto apresenta a visão de como a destruição do meio ambiente por meio da produção do lixo
serve como uma barreira para a produção poética. A flor, usualmente, na Literatura, apresenta a
noção da esperança que vence as dificuldades e nasce. No caso do poema, por conta do lixo, nem a
flor consegue perseverar em meio ao mundo atual. Podemos entender, inclusive, que o lixo, além
de matar o planeta, mata a poesia. É bem interessante a leitura desse texto.
O texto 3, por sua vez, apresenta uma tabela que relaciona o plástico produzido no mundo e
sua destinação após o descarte. Perceba que temos, nessa tabela, valores comparativos entre os
números de incineração do lixo e os números do plástico reciclado. Esses números são comparativos
pelo mundo e contêm uma relação ruim para o meio ambiente: a incineração. Apesar de ser um
método que dá fim no material produzido, contribui para outras formas de poluição, visto que o
plástico não deixa de existir simplesmente, somente diminui seu volume. Além disso, a queima de
lixo libera gases poluentes para o meio ambiente, levando-nos àquele famoso ditado popular: é
cobrir a cabeça e descobrir os pés.
Por fim, o texto 4, é uma imagem que, claramente, tem o objetivo de lidar com o
sentimentalismo do candidato na hora de escrever. Nessa imagem, vemos uma tartaruga enrolada
em uma quantidade absurda de plástico, sendo salva pelo fotógrafo que registra a cena. Esse texto
serve, também, como demonstração de que o lixo, principalmente o plástico, jogado no lixo é
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extremamente perigoso para a fauna marinha. Destaco, ainda, que o mar é o local preferido de
descarte de lixo no mundo, com toneladas de plástico sendo jogadas nesse local.

Tese e argumentos possíveis


Como defendido anteriormente, nossa tese, nesse caso, é uma só: necessitamos resolver o
problema do descarte do lixo, em especial do plástico, por meio da educação e da participação
estatal. É claro que, nesse meio do caminho, temos a participação social, visto que, sem ela, não
temos solução de problemas dentro da sociedade, claro. Contudo, a parte da sociedade pode estar
relacionada à educação. Sobre essa tese, desenvolveremos argumentos para que você possa
escolher os que combinam com suas ideias e que se aproximam daquilo que você pensa sobre o
tema. Note que não apresentaremos verdades absolutas, somente ideias para direcionar seu
pensamento.

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8. Política

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Intervenção do Estado na dinâmica social e vigilância do indivíduo

Nessa proposta você encontrou uma seleção de textos complementares. O primeiro, uma notícia de
2014, relata a adesão do então presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, ao programa de
“monitoramento de dados de internet de usuários de todo o mundo e ligações telefônicas nos
Estados Unidos feito pela Agência Nacional de Segurança (NSA, em inglês)”.
O segundo texto traça um histórico da política de segurança do Nazismo e da terrível Gestapo para,
no final, apontar um dado elementar: a ação de vigilância só foi possível porque teve o assentimento
dos alemães.
Já o texto três tece reflexões bastante perturbadoras sobre o fenômeno que elegemos como causa
para justificar o aparato de vigilância: a violência.
O Sociológo, Zygmunt Bauman (“queridinho da FUVEST”) localiza a base da política de segurança dos
Estados modernos no medo. O grande problema é que, nas sociedades urbanas de massa, a falta de
solidariedade entre indivíduos faz com que cada um veja o outro como potencial inimigo e tenha
medo do seu próximo.
Esse medo vago, muitas vezes confirmado por ações violentas de fato, alimenta a esperança de que
o Estado possa manter tal ameaça longe de nós. Contudo, trata-se de uma ação ambígua: queremos
que o perigo encarnado em sujeitos violentos seja afastado, ao mesmo tempo que corremos o perigo
de sermos classificados como parte desse perigo. O resultado de toda essa angústia vaga é que,
segundo o sociólogo, “temos investido numa densa rede de medidas de vigilância, seleção,
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segregação e exclusão.”
Depois desses três textos que permitiam ampliar a visão e a complexidade do tema, as instruções
apresentavam um recorte preciso e um encaminhamento que deveriam ser bem observados. A
Banca lembrava que era dever do estado a garantia da segurança pública, para em seguida fazer a
pergunta que deveria ser respondida antes de fazer o esboço da redação: até onde vai o poder do
Estado de intervir diretamente na dinâmica social e vigiar o indivíduo para assegurar a segurança
pública?
Essa pergunta não permite a famosa tríade – a favor, contra e meio termo. Ela parte do pressuposto
de que o Estado tem o direito de vigiar o indivíduo. A questão passa a ser: em que medida e em qual
intensidade? Qual a linha de delimitação entre o que pode ser tolerado e o que não pode?
Em primeiro lugar seria necessário mapear esse terreno pantanoso.
A proporção que se tomam medidas para garantir a segurança, a liberdade individual diminui e vice-
versa. Qual seria o ponto de equilíbrio?
Pensar em casos particulares talvez ajude. A vigilância a que Obama se referiu foi além dos limites.
A NSA espionou inclusive chefes de Estado, como a aliada Angela Merkel, chanceler alemã. Esse
caso, específico dá uma medida. A vigilância deve atender a finalidades muito precisas e não servir
a interesses que não sejam a segurança dos cidadãos.
Mas supondo que você não tenha se lembrado desse fato. O que fazer?
Nesse caso, a leitura atenta poderia tê-lo ajudado. Bauman cita o perigo e, portanto, o limite:
“seleção, segregação e exclusão”. Vigiar extensivamente somente uma parte da população, aquela
que é considerada suspeita, reforça estigmas sociais e justifica práticas violentas contra essa
população.

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Obviamente, você poderia fazer a balança pender mais para o outro lado, para o lado da segurança.
Poderia lembrar que o governo Obama estava lidando com o pós 11 de setembro e, portanto,
práticas de vigilância se tonaram necessárias para que o medo social não fizesse mais estragos. É só
imaginar que se o Estado não assumisse seu papel público, os cidadãos americanos poderiam partir
para a autodefesa privada.
Esses exemplos apontam o caminho das pedras, mas não esgotam as possibilidades.
De qualquer forma, valeria a pena, no começo do seu texto, tentar contextualizar a questão
(mostrando que você leu bem o tema) e apontando com clareza a sua tese.

O papel da ciência no mundo contemporâneo Fuvest 2020

Corrupção no Congresso Nacional Unesp 2014

Comentário/ Proposta 5
Em 2014, a banca da UNESP ofereceu 3 textos-estímulo e um tema explícito: CORRUPÇÃO NO
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CONGRESSO NACIONAL: REFLEXO DA SOCIEDADE BRASILEIRA?


A partir da leitura dos três textos, fiz o mapa mental abaixo.

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Novamente, estamos diante de uma proposta direcionada. A pergunta, de certa forma, é


respondida pela coletânea, da qual se deduz que a culpa da corrupção na política é do próprio
brasileiro, pois o cidadão comum seria tão desonesto quanto os políticos em geral. Claro que essa
resposta direcionada poderia ser negada, mas você precisaria de bons argumentos para tanto.
Esboço

Tema: CORRUPÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL: REFLEXO DA SOCIEDADE BRASILEIRA?

Ideias do senso comum sobre o assunto:


✓ Todo político é ladrão;
✓ Brasileiro gosta do jeitinho, é malandro;
✓ Eles (os políticos) fazem o que querem;
✓ No Brasil só tem ladrão.

A corrupção não é reflexo da sociedade A corrupção é reflexo da sociedade


brasileira, a malandragem política é brasileira
algo muito próprio.
✓ O tipo de corrupção do Congresso ✓ O brasileiro é hipócrita porque
Nacional é bem diferente do que condena o outro, mas também age
se observa no dia a dia; com malandragem;
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✓ O malandro é um tipo que precisa ✓ O político, imbuído da cultura do


“se virar” para sobreviver; o jeitinho, se comporta no Congresso da
político tem regalias, não mesma maneira que o indivíduo
precisaria de subterfúgios para ter comum;
uma vida boa; ✓ Na sociedade brasileira, na prática,
✓ A corrupção da política decorre de não se respeita a cidadania, o que leva
uma empáfia cultural própria os congressistas a terem um
dessa classe política. comportamento similar.

Possibilidades de intertexto/referência histórica/ repertório:


✓ Definição de jeitinho brasileiro;
✓ Definição de Estado de Direito;
✓ Casos de corrupção na política recente;
✓ Lava Jato;
✓ Anticorrupção como bandeira da última eleição (intolerância do brasileiro à corrupção
política);
✓ Estudo do homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda.

Tese (resumo do que você irá defender no seu texto):

Tese 1: A corrupção política não é reflexo direto da sociedade brasileira, pois a malandragem
do cidadão comum é uma forma de sobrevivência, enquanto a malandragem do político tem a ver
com a ideia de tirar proveito de uma situação social já privilegiada.

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Tese2: A corrupção política é reflexo de uma sociedade que, na prática, desdenha da cidadania.

Tese 3: A corrupção política é facilitada pela disseminação do “jeitinho brasileiro”, mas vai
além, pois o poder político tem mais atribuições do que o cidadão comum.
Essas são amostras de tese. Há outras possibilidades.
A partir da tese, você deve apontar os 2 argumentos que
poderiam sustentá-los.

Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________
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Democratização da Cultura Autoral 2020

Nesta proposta, espera-se que o aluno seja capaz de identificar possíveis temas relacionados
à democratização da cultura.
O Texto 1. fala sobre uma iniciativa de digitalização de acervo de museu. A internet se mostra,
hoje, capaz de alcançar distâncias maiores, aumentando o conhecimento e acesso a locais e acervos
que antes só poderiam ser vistos pessoalmente. Porém, o acesso à tecnologia e a barreira linguística
– já que a maioria dos sites de museus do mundo estão em inglês – ainda podem ser entraves na
democratização da cultura.
O Texto 2. apresenta dados acerca do acesso à arte e cultura no Brasil hoje. Fica evidente
pelos dados que algumas questões se mostram como obstáculos nesse campo: a arte e a cultura
ainda se encontram em espaços caros ou elitizados, o que afasta uma parcela da população desses
ambientes; o tempo para ir a espaços de cultura é pequeno, dado o cotidiano de trabalho dos
brasileiros; as desigualdades sociais ainda são um entrave no consumo de cultura, principalmente
tendo em vista o papel da internet nesse campo.
O Texto 3. distingue dois conceitos: democratização da cultura e democracia cultural.
Enquanto uma lida com a difusão, ou seja, o acesso ao consumo de cultura, a outra pensa nos
processos produtivos. O autor fala sobre a ideia de que cultura seja vista como processo capaz de
criar uma vida autônoma, além da possibilidade de constituição de identidades a partir da produção
cultural.
O Texto 4. demonstra visualmente as dificuldades ainda encontradas no acesso à cultura. Fica
claro que a classe social ainda é um dado definidor da possibilidade de consumo de bens culturais.

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Além disso, apesar de haver estratégias que diminuam o impacto financeiro do acesso às artes e à
cultura – como a meia entrada – o sistema tende a criar impedimentos para que o direito seja
usufruído.
Há uma série de teses que poderiam ser desenvolvidas a partir disso. Tomando como base
alguns elementos de cada texto:
-O papel da internet como possibilitador da democratização da cultura.
Possíveis argumentos: a internet permite acesso a conteúdo no exterior do Brasil; com mais
acesso à internet, há mais facilidade de encontrar suas áreas de interesse, incentivando a vontade
de consumir cultura; a internet facilita que artistas divulguem suas obras.
-A participação ativa na produção cultural como modo de ampliar o acesso.
Possíveis argumentos: maior diversidade entre os produtores garante obras mais diferentes
entre si e, portanto, maior oferta de cultura; a originalidade dos temas atrai públicos diferentes;
artistas de realidades periféricas costumam se preocupar com aumentar o acesso.
-A necessidade de igualdade social para que haja maior acesso à cultura.
Possíveis argumentos: ampliação do acesso à internet garante maior contato com cultura e
a arte; o hábito de frequentar espaços de cultura também está ligado à classe; os museus precisam
agir de modo a facilitar o acesso (horários, dias entrada franca em algum dia, etc.).
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Autoral 2020 modelo UNB (Wagner Santos)

Esta proposta apresenta um tema bastante próximo do que, muitas vezes, o Cebraspe pode
vir a trabalhar durante suas cobranças no vestibular: um tema socialmente encaixado. Na realidade,
quando analisamos o Cebraspe, em suas provas de redação, percebemos uma alternância nem
sempre seguida à risca, entre temas mais socialmente posicionados, para muitos, inclusive,
ideologicamente posicionados; e temas mais subjetivos, mais “viajantes” ou filosóficos, como
costumamos dizer.
No nosso caso, o tema é socialmente posicionado e deve ser tratado dessa forma. Podemos
concordar que o brasileiro é passivo diante da corrupção ou indicar que, na realidade ele não o é,
combatendo-a a todo custo e, inclusive, colocando sua vida nesse sentido, sem cometer as pequenas
corrupções diárias, tão típicas de uma vida em sociedade, tal qual frear no radar de velocidade, furar
a fila, usar sua influência para se beneficiar, esse tipo de atitude que, para muitos, não se configura
como atos de corrupção.
O gênero pedido é, também, o mais típico do Cebraspe nos últimos anos, apesar de ser cobrado, ali
e quase que exclusivamente ali. Ou seja, nenhum outro vestibular tem apresentado esse tipo de
texto que, muitas vezes complica o candidato, principalmente, porque não é um texto estudado.
Esse, o texto dissertativo expositivo-argumentativo, reúne características dos expositivos e dos
argumentativos.

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Assim, a fórmula mais usada nesse tipo de texto é a apresentação do tema na introdução de seu
texto, você deverá construir uma contextualização boa sobre o tema, mas, preferencialmente, sem
dar indícios de pra que lado estará sua tese. No desenvolvimento, por sua vez, costumeiramente
apresentam-se aspectos positivos e negativos do tema, colocando sua tese somente na conclusão,
na qual, normalmente, colocamos uma retomada do que foi dito anteriormente.

Autoral 2020 (Wagner Santos)

O tema apresentado é bastante atual e provém de uma discussão bastante próxima da nossa
realidade: a necessidade de participação, na vida política do país, de todos, inclusive dos mais jovens.
Notemos o momento de polarização política em que vivemos pede-nos posicionamento o tempo
inteiro, inclusive para que possa haver uma “defesa” com relação ao nosso pensamento.
Quando pensamos nos jovens, temos uma geração que está bastante ligada aos meios digitais sendo
extremamente influenciados por aqueles que analisam as questões nas redes sociais, em especial o
Instagram e o Twitter. Dessa forma, surge a pergunta relacionada à participação dos jovens nesse
meio, visto que a maioria participa de forma virtual, do conforto de suas casas e sem expor-se para
a sociedade. Outros, por sua vez, abrem mão completamente desse tipo de posicionamento,
preferindo eximir-se, inclusive, de pensar sobre o assunto.
Diante disso, surge a ideia de que a modificação dos aspectos políticos, no país, fica prejudicada,
visto que não temos a geração que será a responsável por tal mudança empenhada em pensar um
país melhor, não assolado por tamanha corrupção e pensamento em si mesmo. Cabe, inclusive em
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sua redação, questionar o papel dos mais velhos nessa história. Esse papel está prejudicado
terrivelmente no caso dos professores que, muitas vezes, ao tentarem criar pensamento crítico nos
estudantes, são taxados de doutrinadores. Esse pensamento pode ser aplicado facilmente como um
de seus argumentos ao questionar a relação entre o jovem e a sua participação mais efetiva na
política.
Bons exemplos para sua argumentação são os relacionados às manifestações, muitas vezes
organizadas pelos jovens, com objetivos políticos muito claros, como aquelas organizadas pela UNE
durante a ditadura militar; o momento das Diretas Já que teve a participação efetiva das
organizações de estudantes, mais uma vez como a UNE; e, de forma mais clara ainda, o movimento
dos cara-pintada da década de 90, responsável por enorme pressão contra o presidente Fernando
Collor.

IME 2017/2018 modificada

A proposta traz à tona uma das temáticas mais discutidas nos últimos tempos no Brasil,
principalmente nos dois últimos anos (2018 e 2019), com as eleições de 2018. De forma geral, o
cenário político brasileiro polarizou-se e apresentou visões extremadas em ambos os lados. Discutir
sobre ação política tornou-se quase que uma obrigação para qualquer brasileiro.
Olhando para a construção da proposta, a coletânea de textos apresenta-se bastante
diversificada e com ideias interessantes que podem enriquecer o texto com motivações diferentes.
Logo de primeira, temos um texto da filósofa Hannah Arendt, muito conhecida por sua análise da
condição humana em contextos de maldade extrema, visto ser ela sobrevivente do massacre nazista.

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No texto, a autora define o que seria labor, trabalho e ação, já nos levando a uma primeira reflexão
acerca do tema: o posicionamento político é possível e produtivo se não houver ação motivada por
ele? Ou seja, será que somente termos um posicionamento político é o suficiente para nossa
participação política?
No texto 2, por sua vez, há um exemplo da sensacional Clarice Lispector, em seu “Das
vantagens de ser bobo”, um texto que exalta ironicamente a “bobeira” como a ideia da inocência e
da ausência de atitudes desnecessárias, que sobrecarregariam o ser humano. É bom ser bobo,
quando essa condição nos coloca olhando as coisas de uma outra perspectiva. Surgem, então, outras
perguntas, tais como: é possível olharmos o mundo de uma perspectiva menos ideológica e fazer
isso ser algo positivo?
Por fim, temos a charge que mostra o ostracismo das pessoas diante das “máquinas” de
formação de pensamento massificado. Nesse caso, somos dirigidos a uma discussão muito moderna
que fala dos “ativistas de Facebook”, em referência às pessoas que passaram muito tempo se
posicionando nas redes sociais, mas pouco fizeram de forma real e física. Nesse caso, podemos
trabalhar com a construção de um pensamento massificado, incluindo o do ostracismo político, bem
como podemos trabalhar com a Escola de Frankfurt e os conceitos relacionados com uma cultura de
massa, como defendido por Adorno e Horkheimer. Essa análise dos textos motivadores já nos leva
a caminhos bastante interessantes.
Percebemos que a expectativa da banca é que o candidato analise o comportamento do
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cidadão com relação à participação política. De maneira ilustrativa, seguem algumas possibilidades
de limite e possibilidades.
Há limites:
✓ Por mais que se deseje, o sistema político, na sociedade atual, limita participação política.
✓ O estilo de vida do mundo moderno, com ênfase no sucesso pessoal, exaure o indivíduo e
deixa pouco espaço para ações políticas ou morais.
✓ A cyber política promove uma certa ilusão de participação política e moral.
Há possibilidades
✓ As estruturas democráticas atuais permitem as possibilidades de participação política ou
moral
✓ A internet democratizou e ampliou o espaço de ação, por um lado, pois permite a discussão
necessária para ação.

Como a banca procura a ideia de uma análise mais ampla do tema, pode ser interessante
falar, nesse caso, sobre como é importante a participação política do cidadão é extremamente
importante para o país. Acredito que esse posicionamento será o mais amplo e o mais bem-visto
pela banca na hora da correção. Dessa forma, foque seus esforços argumentativos nesse caminho
de tese.
Quando pensamos na necessidade de participação do cidadão no meio político, nos
deparamos com uma série de fatores que atrapalham essa participação. Tais fatores podem ser

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entendidos como os argumentos a serem utilizados, como veremos a seguir. Uma das considerações
de contexto que precisamos analisar é a fuga do cidadão brasileiro de discutir quaisquer aspectos
relacionados à política, como quando usamos o famoso “ditado” de que religião, futebol e política
não devem ser discutidos. É interessante perceber que essa postura acaba tomando conta dos
cidadãos, uma vez que preferimos deixar de lado discussões engrandecedoras, mas renunciamos à
discussão por conta do medo de tocar em assuntos sacralizados pela população.
Vale destacar que a discussão política não se liga necessariamente à discussão ideológica.
Claro que há grande possibilidade de a discussão caminhar para o lado da polarização brasileira
atual. Tendo isso em conta, podemos apresentar alguns elementos e argumentos que poderão ser
utilizados na construção do texto dissertativo solicitado.

• O indivíduo se esconde atrás de uma tela de computador para postar suas ideias, mas não
age com relação à política.
• As manifestações e demonstrações de pensamento político dos últimos anos, no Brasil, são
exemplo da tentativa de uma maior participação do povo no assunto.
• A compreensão de que o posicionamento é importante tem sido construído com o tempo.
• As crianças deveriam ser estimuladas a pensar em política durante a escola, visto que, no
futuro, elas serão decisivas para a política do país e precisam entender como esta funciona.
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• A massificação do pensamento acaba sendo perpetrada, quando não há discussão aberta


sobre o assunto.
• O posicionamento político é fora de propósito se não se transformar em ação social e política.
• Há necessidade de que as pessoas discutam e ajam para que a política perca o estigma de
tabu em nossa sociedade.

UNIFESP 2017

O tema desta proposta é extremamente interessante, visto que trata do voto nulo e de suas
reais intenções e motivações. É interessante notar que muito se fala, principalmente em época de
eleição, sobre os votos brancos e nulos que, claramente, crescem a cada eleição. A principal
motivação para essa, digamos isenção, é, sem dúvida, o descontentamento com relação ao cenário
político brasileiro, extremamente marcado pela corrupção, e o próprio descontentamento com o
processo eleitoral, sempre manipulador e marcador de diferenças cada vez mais violentas. Para
muitos, ainda, votar branco ou nulo (no nosso caso o assunto é o voto nulo, NÃO SE ESQUEÇA
DISSO) é uma forma de demonstrar revolta contra a obrigatoriedade do voto, considerada, inclusive
pelos não liberais, uma forma de intervenção estatal direta na vida do cidadão.
Em meio a um cenário político cada vez mais desesperador, em que a corrupção é uma das
marcas, votar torna-se um processo, para muitos, doloroso, visto que nenhum dos candidatos
consegue atender às necessidades do cidadão votante. Esse “não encontro” de representatividade
é extremamente reforçado quando analisamos que os políticos sustentam sua honestidade e

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propõem o combate à corrupção, contudo, ao alcançarem o poder, não é a relação de combate à


corrupção que se encontra, senão a complacência com o processo corrupto, ou, ainda, a
manutenção de privilégios e busca por atender aos interesses de um grupo.
Esse ponto é extremamente interessante. Cada dia mais, temos um recorte feito pelos
candidatos em sua fatia de eleitores. É a representação das minorias, quaisquer que sejam, que
prevalece nas atuais eleições. Claro que, muitas vezes, essa representatividade surge, exatamente,
da falta dela no meio político. Defender minorias que não têm seus direitos respeitados faz sentido
em nossa realidade, contudo o que se vê é a representatividade de muitos grupos dominantes, bem
da forma como Foucault apresenta, e de grupos que desejam colocar seu processo ideológico sobre
os outros. Isso, claro, independe da vertente política (de direita ou de esquerda, de forma bastante
reducionista) desses grupos. Esse ponto auxilia na visão do voto nulo, visto que, se eu, como eleitor,
não vejo candidato que me represente, por exemplo, posso optar por um voto de protesto.
Contudo, apesar de todas essas justificativas, percebe-se que o voto nulo, no momento atual,
não surte o efeito modificador e protestador que tanto se imagina. Nas últimas eleições, por
exemplo, percebeu-se um número absurdo, beirando os 40%, de pessoas que abriram mão de seus
votos por não concordar com a polarização proposta naquele momento. Dessa forma, fica o
questionamento sobre a validade (política e não legal) do voto nulo. Cuidado, contudo, com o
tangenciamento de sua redação. O centro dela precisa ser, necessariamente, o voto nulo e não a
corrupção ou a eleição. Esses são temas transversais.
Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você
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apresente contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu
texto não terá conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha
com isso, uma vez que já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do
nosso tema. Eu sempre digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você
coloque essa contextualização em sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente
sua tese, para que fique claro aquilo que será defendido por você.
Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que
estamos defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos.
Tais argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que
se convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório,
sustenta o argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente,
agrada o leitor. Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para
sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão pode apresentar -se de forma mais clássica, com a construção de uma
retomada da tese e um resumo dos argumentos. Pode, ainda, apresentar uma proposta de
intervenção com a apresentação, por exemplo de como poderemos construir o hábito da leitura
como um processo de redução de pena em nossos presídios. Seria literalmente apresenta uma ideia
de como essa conta seria feita, como seriam controlados e administrados os livros que foram
efetivamente lidos.
A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos
lá!

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Coletânea de textos
Nessa coletânea de textos, há a apresentação de ideias que veem o voto nulo como uma
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opção de protesto por parte dos eleitores e há a apresentação de ideias contrárias a ele, buscando
elucidar, aos leitores, as reais motivações dessa ação. Em geral, o voto nulo é visto como um protesto
contrário ao processo eleitoral como funciona no país, não servindo como combate à corrupção, por
exemplo.

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Tese e caminhos argumentativos possíveis


Como o tema apresenta-se, mais uma vez, em forma de pergunta, é importante destacar que
há, essencialmente, duas posições possíveis. Ou seja, duas possibilidades de tese: a funcionalidade
do voto nulo como ato político, ou seja, se há efetividade nessa forma de protesto, atingindo o
objetivo de quem vota dessa forma; e a ineficiência desse tipo de voto, considerando que não há
preocupação política com essa forma de protesto. Escolha uma das formas de tese e argumente em
defesa dela.
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Quadro de desesperança política brasileira Faculdade Israelita Albert Einstein 2017

Nessa proposta, percebe-se a necessidade de se escrever uma dissertação-argumentativa, ou


seja, um texto em que você deverá tomar um posicionamento claro, chamado de tese, como você
já sabe. Essa tese precisa de uma sustentação, que são os argumentos. Por fim, como o tema propõe,
você deve apresentar uma “espécie” de proposta de intervenção, apresentando o que poderíamos

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fazer para contribuir com a desesperança. Mais para frente, apresentaremos uma análise mais
profunda de tese e argumentos possíveis.
Com relação ao tema, percebe-se claramente que estamos falando de algo muito atual, ainda
que não somente típico desse momento: a crise econômica e as atitudes e sentimentos dos
cidadãos. Perceba que devemos falar sobre o sentimento de esperança ou desesperança da
população em meio à crise. Será que conseguiremos sair dessa situação? A situação já está perdida?
Esse é o seu tema real. Discutir as relações entre os cidadãos e a crise.
É possível que escrevamos um texto muito pessoal nesse caso, e esse deve ser um cuidado a
ser tomado por você na hora de seu texto. É necessário que se aborde o assunto com uma “pegada”
um pouco mais científica, com argumentos que consigamos sustentar. Você pode apresentar ideias
relacionadas à sempre existência dessas crises na história do Brasil, mostrando que já foi possível
sairmos dela. É importante destacara que, por mais que a proposta fale sobre a relação dos dois
pontos de vista, como você deve apresentar uma proposta de intervenção pessoal sobre como
mudar o quadro de desesperança, entendemos que você deve defender a ideia de que, apesar da
crise, o povo deve se postar de forma esperançosa, ou, ao menos, ter esperança de que tudo pode
mudar.
Esse é um ponto importante mesmo. Sem esperança, podemos pensar que nada mudará e a
situação, apesar de parecer impossível, pode piorar. Perceba que o primeiro texto, entrevista com
Leandro Karnal, historiador e professor brasileiro, apresenta a ideia de que há esperança para que
possamos nos mover da crise, principalmente quando pensamos historicamente. A charge, por sua
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vez, apresenta a ideia de que a população está desesperançosa com a situação, visto que ela parece
modificar-se.
Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você
apresente contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu
texto não terá conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha
com isso, uma vez que já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do
nosso tema. Eu sempre digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você
coloque essa contextualização em sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente
sua tese, para que fique claro aquilo que será defendido por você.
Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que
estamos defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos.
Tais argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que
se convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório,
sustenta o argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente,
agrada o leitor. Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para
sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão deve apresentar uma proposta de intervenção com ações, ou ação,
que deve buscar diminuir a desesperança com relação à crise. Busque fazer uma proposta que não
seja clichê e que envolva a população, por mais que tenha sido pedida uma proposta mais
pessoalizada, visto que usa o pronome “você” como determinante de quem deverá fazer alguma
coisa para combater a desesperança. A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado
por você em seu texto. Vamos lá!

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Coletânea de textos
Nessa coletânea, temos dois textos para direcionar nossa escrita. Um deles apresenta que o
cenário de crise não deve atrapalhar a visão da população com relação à crise e à luta contra ela.
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Lembre-se de que os textos são motivadores, ou seja, servem para que você saiba mais sobre o tema
e consiga ter clareza com relação a ele e àquilo que será defendido por você. Pense que você não
deve, de forma alguma, copiar partes desses textos na escrita do seu.

Tese e caminhos argumentativos

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Como apresentamos rapidamente no início de nossa análise, a tese nesse caso deve trabalhar
pelo caminho de que é necessário termos esperança para o combate a crise. Chegamos a essa
conclusão, porque sua proposta deve apresentar a ideia de que temos que lutar contra a
desesperança no combate à crise. Como analisamos a ideia de que devemos combater a
desesperança, partimos do pressuposto de que essa desesperança existe, ainda que não de forma
generalizada, como você pode apresentar em seu texto. Esse é um dos caminhos, apresentar a ideia
de que nem toda a população é desesperançosa com relação ao combate da crise.
Não se esqueça de que temos argumentação em defesa da tese apresentada, que deve prezar
pela esperança. Não se esqueça, também, de que você deve tratar esses argumentos de forma mais
profunda, apresentando repertórios que sustentem os seus argumentos. Profundidade é sempre
importante na construção de um texto.
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Guerras: derrota para a humanidade UNB 2017

Tema e tese
Essa proposta é o que podemos chamar de uma típica proposta do Cebraspe para o vestibular
“tradicional” da UnB. Há um tema com a indicação do caminho a seguir, precedida de uma coletânea
de textos bastante diversificada e, principalmente, com o gênero dissertativo expositivo-
argumentativo, pouquíssimo utilizados pelos outros vestibulares do Brasil e com peculiaridades que
exploraremos para que você não se perca. Além dessas características apresentadas, temos a
indicação de elementos que devem compor o seu texto, colocados no final da proposta.
O tema é bastante interessante para a produção textual, visto que trabalha com a ideia da
tese como uma derrota para a humanidade, independente da motivação que essas guerras
apresentam, inclusive com essas motivações sendo apresentadas na sua produção de modo claro e

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explícito. Não há determinação de onde se deve usar cada um desses aspectos, podendo aparecer
em sua introdução, desenvolvimento e conclusão. Eu penso que uma boa divisão para esses aspectos
seria:

Com relação aos aspectos necessários à sua produção, usualmente o Cebraspe coloca um
item de correção desses aspectos com três níveis. Como assim, prof? Estabelece-se um valor para
essa parte, relacionada sempre com o conteúdo do seu texto, e esse valor é dividido por três, com
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atribuição bastante simples de nota: o uso de um dos aspectos tem atribuição de 1/3 da nota; o de
2 aspectos, 2/3; e, claro, o dos três aspectos, o valor total da avaliação. Já que falamos sobre correção
do Cebraspe, é interessante destacar que essa varia conforme o vestibular e com o tema. Contudo,
sempre apresenta uma regularidade: avaliam-se os aspectos de conteúdo, de coesão e coerência e
de progressão textual. Com relação à gramática, como você já está acostumado, temos descontos
por erros com uma relação desses e do número de linhas.
Com relação ao tema, é importante destacar que, para muitas pessoas, a guerra é um fator
importante de desenvolvimento tecnológico do mundo. Ou seja, muitas pessoas defendem que as
guerras, apesar de extremamente complexas com relação aos seres humanos, apresentam esse
aspecto positivo, com uma série de exemplos de elementos tecnológicos que foram criados em
diversos desses conflitos. Contudo, cabe a reflexão acerca do “valor pago para isso”: a perda de
tantas pessoas justificaria esse desenvolvimento tecnológico? Seria essa uma tentativa de justificar
a barbárie que representa a guerra? É isso que você deve apresentar em sua redação, visto que o
tema apresenta os conflitos como uma derrota para a humanidade.
Outro ponto importante é aquele que trata das motivações da guerra que, como
apresentamos, gera uma interessante introdução para a sua redação. Apresentamos, assim, as três
principais causas para a guerra:

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Sempre vale lembrar que a principal motivação para os conflitos armados é o interesse
econômico que, na maior parte das vezes, se disfarça com a afirmação de serem travadas por outras
motivações. Essa é uma discussão interessante para sua redação.
De posse dessas informações mais gerais, passo a falar sobre o gênero expositivo-
argumentativo, visto que é um dos gêneros mais utilizados na UnB e menos explicados em sua vida
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escolar. Na realidade, na escola, sempre há um reforço muito grande do texto dissertativo-


argumentativo, mas não necessariamente olhamos para o texto expositivo ou para o expositivo-
argumentativo. Por isso, apresentamos a seguir um pequeno roteiro de indicação de uma das formas
que você pode se utilizar para a produção dessa proposta. Destaco que essa é uma das ideias
baseadas no que temos visto nas redações do Cebraspe, com correção dessa banca.

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Coletânea de textos
Usualmente, as coletâneas de texto do Cebraspe são extremamente diversificadas, com
textos mais curtos e em uma quantidade menor do que o usual. São entre 3 e 5 textos que são de
gêneros e com objetivos diferentes. Nessa proposta, vemos um texto científico relacionado às
guerras, retirado de um dicionário de história; um texto também científico, mas de história; e um
texto “lírico”, com a sensacional música de Renato Russo, gravada pela banda Legião Urbana. São
textos considerados, pela banca, como motivadores e não devem, claro, ser copiados de forma
alguma.
O texto 1 apresenta uma definição do que é a guerra, já com indícios de suas motivações
variadas. Por ser um texto de dicionário, é bastante didático e apresenta-se com uma compreensão
mais fácil por parte do candidato. É interessante notar, claro, que você pode utilizar uma definição
de guerra em sua redação, visto que é uma das formas mais comuns de construção de introduções,
contudo essa definição apresentada por você não pode ser a cópia do que está no primeiro texto,
senão uma paráfrase interpretativa dele. Inclusive, como no seu texto você deverá falar sobre as
motivações para as guerras, não há problema em repetir as apresentadas no texto, visto que são as
mesmas.
O texto 2, por sua vez, apresenta a ideia de que há, ainda que difícil de se pensar no senso
comum, uma singularidade nas guerras. São eventos sangrentos, claro, mas com particularidades,
principalmente em suas motivações. Inclusive, é interessante perceber que a motivação oficial da
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guerra é o que movimentará os envolvidos, visto que, muitas vezes, esquecemo-nos de que os
soldados são motivados por fatores que não necessariamente se relacionam àquilo que pensam os
comandantes e os governantes. Nesse caso, essas motivações também são bastante interessantes
para nossa construção textual e, claro, podem repetir aquilo que está no texto, sem, contudo, copiar
o texto. Faça uma paráfrase.
Por fim, o texto 3 (minha música preferida do Legião) apresenta uma visão subjetiva da
guerra, pensando-a sempre como sem motivos, pelo menos aqueles que são ditos como os oficiais,
e a relação desses conflitos com a população. São jovens que irão para a guerra, para lutar por
motivações que não necessariamente sejam as suas. Há, claro, uma crítica a real motivação da maior
parte das guerras: os interesses econômicos, com a venda de armas e demais processos envolvidos
na guerra. O final do texto destaca a quantidade de mortes que ocorrem em uma guerra, fator que
sempre precisa ser levado em consideração por vocês, nossos candidatos.

Tese e argumentação
Como apresentamos no início dessa nossa análise, a construção do tema como “Guerra:
derrota para a humanidade”, juntamente com o aspecto que apresenta a guerra como uma derrota
para os vencidos e vencedores, leva a nossa tese a um direcionamento extremamente claro e, na
minha singela opinião, difícil de não ter nossa concordância: A guerra é realmente uma derrota para
todos, independente do lado em que lutam. Entendemos, inclusive, que, independente do que a
guerra possa gerar como desenvolvimento para o mundo, o preço a ser pago por esse
desenvolvimento é muito alto, visto que envolve a vida de muitas pessoas que guerreiam em nome

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daquilo que necessariamente não acreditam, fazendo-o por patriotismo ou por convicção nos
líderes.
Apresentamos, então, alguns argumentos que servirão somente como direcionamento de sua
redação, com ênfase para os aspectos que devem aparecer em sua redação. Destacamos, inclusive,
que o Cebraspe é afeito de forma profunda a uma redação bem escrita, claro, com fundamentação
em seus argumentos sempre que possível. Dessa forma, entendemos que os exemplos e referências
históricas, nesse caso, gerarão os melhores repertórios de justificativa de pensamentos. Use tudo
aquilo que você aprendeu no decorrer de sua vida escolar nas aulas de história, além daquilo que
você aprende aqui conosco, no Estratégia.
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Questão indígena Autoral 2020 (Fernando Andrade)

Comentário

No caso do tema em questão, a forma de construção da proposta denota a ideia de uma


tomada de posicionamento, ou seja, você deverá escolher se a questão indígena, tão discutida nos
últimos tempos, no Brasil, é uma questão de assimilação cultural, ou de preservação. Assim, há três
opções de tese para esse tema:

• A questão indígena é uma questão de assimilação.


• A questão indígena é uma questão de preservação.
• A questão indígena mistura as duas possibilidades: assimilação e preservação.

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Vale ressaltar que é sempre interessante tomar uma tese como forma direta de
posicionamento, isto é, deve-se evitar “ficar em cima do muro”. Contudo, mesclar assimilação e
preservação pode não ser considerada uma forma de não posicionamento, porque, ao afirmar que
a cultura indígena, por exemplo, precisa ser preservada, caminhamos para o lado de que parte dela
já se assimilou à cultura brasileira.
Devemos trabalhar, inicialmente, com os conceitos de “assimilação” e “preservação”. Nesse
caso, entendemos a assimilação como uma possibilidade de o índio integrar-se à sociedade
“branca”, vivendo culturalmente segundo essa sociedade. Assimilar algo significa absorver. Por
outro lado, a preservação envolve, da mesma forma, todos os aspectos da questão indígena,
incluindo a demarcação de terras e a cultura. É claro que, mesmo que denfendamos a preservação,
esta não precisa ser completa, isto é, podemos pensar que preservamos as características indígenas
e damos, ao índio, a possibilidade de integrar-se, se for de sua vontade, à sociedade não índia.
Para alguns, essa discussão é infrutífera, por entenderem que a cultura indígena é menor e
menos desenvolvida que a não índia. Além disso, muitos afirmam que há, no Brasil, uma cultura já
miscigenada e que, por isso, não precisamos preservar nada ou, ainda, assimilar. Tal afirmação se
prende no que Sérgio Buarque de Holanda classificou como característica do “homem cordial”
brasileiro: aquele que tem uma dificuldade imensa de admitir que tem visões preconceituosas em
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quaisquer níveis. Além disso, é bastante duvidosa a ideia de que temos uma cultura miscigenada,
uma vez que, durante o carnaval, conseguimos encontrar muitas crianças vestidas de índios,
reforçando ideias estereotipadas.
Por fim, antes de discutirmos os argumentos, é interessante notar que, muitas vezes, pode
ocorrer assimilação por meio de apropriação, uma vez que se esvaziam os significados originais dos
símbolos e usam-nos de forma aleatória, reforçando formas errôneas de visão sobre a vida do índio.
Diante disso, vale à pena discutirmos alguns argumentos para cada uma das possibilidades de tese.

1) Defendemos a assimilação.

• No caso da assimilação, deve-se tomar cuidado para não haver ferimento dos direitos
humanos, pois isso pode ser mal interpretado por parte da banca corretora, ainda que não
signifique ter a redação eliminada do processo. Dessa forma, uma das possibilidades de
argumentação é que, como os índios participam da realidade do país, devem estar integrados
à sociedade da qual fazem parte, relacionando-se com o Estado a partir do mesmo contrato
social dos demais cidadãos da sociedade.
• Outra possibilidade de análise é a de que, para os nativos, é mais seguro ter sua realidade
absorvida pela sociedade branca, uma vez que passam a ser detentores dos mesmos direitos

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que as demais pessoas da sociedade. Note que a relação de assimilar a realidade indígena
tem princípio defensor dos nativos.
• Ao aproximarmos os indígenas de nossa realidade, fica possível a utilização das áreas naturais
ocupadas incialmente pelos nativos, proporcionando a exploração da terra, aquecendo a
economia do país e gerando empregos no país.

Destaco que essa defesa é a mais complicada, uma vez que pode passar por cima da vontade
indígena, que temos entendido como sendo uma cultura preservacionista, ou seja, que busca a
preservação de sua história e de sua cultura. Aí temos um ponto interessante: a cultura não índia,
considerada etnocêntrica, por colocar o pensamento europeu de civilização em prática, como se
fosse superior à cultura indígena. A prática de etnocentrismo (no caso, eurocentrismo) é bastante
comum em relações de colonização, em que o povo dominador troca a cultura do dominado pela
sua, por entender que é civilizada e que aqueles que não apresentarem a mesma relação cultural é,
ainda, bárbaro, como a visão grega.
Aqui, vale trazer um ponto importante para entender a relação cultural do índio, bem como
sua relação com o mundo. Para o índio, o sagrado e a terra em que habitam é a mesma coisa, ou
seja, cada parte da natureza da floresta, assim como da terra na qual nasceram, são partes do
universo divino, são deuses. Essa relação explica o porquê do índio é tão ligado à questão da terra,
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necessitando de demarcação para permanência no seu local sagrado. Dessa forma, como a terra é
divinizada, o índio a defende de destruição por parte do homem branco.

2) Defendemos a preservação

• O principal argumento, aqui tratado, é a ideia de que, a não preservação significa o fim da
cultura indígena como é conhecida, ou melhor, o fim das culturas indígenas, uma vez que há
uma variedade imensa de tribos e povos com diferentes relações culturais e linguísticas.
• A relação ancestral do índio com a terra, aqui em nosso continente, deve conceder, a ele, a
possibilidade de manutenção de suas terras.
• A melhoria de preservação do meio ambiente, exatamente porque o índio estabelece uma
relação religiosa com a terra.
• Assimilar a cultura indígena é destruir tal cultura, uma vem que há diferenças claras entre as
culturas, sendo vários os costumes indígenas que são malvistos na sociedade não índia.
• Permitir a preservação da cultura indígena é, sem dúvida, reconhecer que o índio teve
importância na formação do Brasil como nação, de forma diferente do que, normalmente, é
dito. É comum termos a visão de que o branco ajudou, e ainda ajuda, o índio na sua
construção como ser humano.

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• O ponto de vista histórico é sempre o do povo dominador, o que nos leva à ideia de que
realmente há uma diferença e certa bondade por parte da população não índia para com os
nossos nativos.

Por fim, ressaltamos que, caso você, candidato, queira construir a tese mesclada, poderá
aproveitar os argumentos das duas listas, tomando o cuidado imenso de não compilar argumentos
contrários, ou seja, apresentar ideias que se eliminam, sob pena de tornar o texto incoerente. Boa
escrita!

Considerações finais
Não deixe de produzir as redações e enviá-las para correção. É muito importante que você
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não acumule redações para a última hora.


Esperamos seus textos.

Professor Fernando Andrade

@filosofia.do.portuga Redação e Filosofia

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Versão Data Modificações

1 Primeira versão do texto.

2 24/05/2020 Segunda versão do texto


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