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Ética Antiga, Medieval e Moderna

Os conceitos de moral e ética, ainda que diferentes, são com frequência


usados como sinônimos. Basicamente, ética é o comportamento individual e
refletido de uma pessoa com base em um código de ética ou de conduta que
deve ter aplicabilidade geral. É chamado de ética o campo da Filosofia que se
dedica a entender e a refletir as ações humanas (ações morais) e a classificá-
las enquanto certas ou erradas. Por isso, podemos dizer que ética é uma
espécie de “filosofia moral”. Moral é, por sua vez, o costume ou hábito de um
povo, de uma sociedade, ou seja, de determinados povos em tempos
determinados. A moral muda constantemente, pois os hábitos sociais são
renovados periodicamente e de acordo com o local em que são observados.
A reflexão ética grega - No século V a.C, no período clássico da filosofia grega,
os filósofos ampliaram as áreas de reflexão, abrangendo as questões morais.
No entanto, na Antiguidade, o sujeito moral não podia ser compreendido na sua
completa individualidade, como hoje. Os gregos eram antes de tudo cidadãos,
membros de uma comunidade, e a ética ligava-se intrinsecamente à política.
Era no campo da política que os gregos exerciam a liberdade, já que se tratava
do espaço dos “iguais”. Filósofos principais: Sofistas, Platão e Aristóteles.
A ética helenista – Destacam-se duas doutrinas: o hedonismo que surgiu com
Epicuro de Samos. Segundo a ética epicurista, os prazeres dos corpos são a
causas de ansiedade e sofrimento, por isso, para que a alma permaneça
imperturbável, é preciso aprender a gozar os prazeres com moderação e a
desprezar os prazeres materiais, privilegiando os prazeres espirituais,
sobretudo os que dizem respeito a amizade; e o estoicismo criado por Zeno de
Cítio, possuía uma crença no fatalismo, por isso propunha a aceitação da
necessidade decorrente do Universo. Como nada pode ser feito contra essas
forças externas, a felicidade consiste na liberdade interior de exercitar a
insensibilidade diante da dor e do sofrimento. Como é próprio da natureza
humana viver racionalmente, cabe à razão substituir o instinto pela vontade, a
fim de alcançar a harmonia de vida e, portanto, a sabedoria.
As concepções éticas medievais - Após a queda do Império Romano a Igreja
Católica surgiu como elemento agregador das diferenças ao difundir a mesma
fé cristã. O clero era o único detentor da educação e, portanto, guardião da
tradição greco-romana, que foi adaptada aos ideais religiosos, segundos os
quais o sobrenatural tem primazia sobre o humano. Assim, toda ação orienta-
se para a contemplação de Deus e a conquista da vida eterna. A visão
teocêntrica do mundo fez os valores religiosos impregnarem as concepções
éticas, de modo que os critérios do bem e do mal vinculavam-se à fé e
dependiam da esperança de vida após a morte. De acordo com essa
perspectiva, os valores são transcendentes porque resultam da doação divina,
o que determina a identificação do sujeito moral ao ser temente a Deus.
A ética moderna – Na idade Moderna, o pensamento humano passou por
mudanças cruciais. O teocentrismo medieval foi substituído por um crescente
antropocentrismo: em lugar da fé, a reflexão filosófica seculariza-se, ou seja,
volta-se para buscar o seu fundamento racional. As alterações sociais e
econômicas delinearam uma nova era de ascensão da burguesia, com o
florescimento do comércio e do capitalismo. A revolução científica produziu
outra realidade, em que se descobriu o poder do conhecimento humano, capaz
de transformar o ambiente, ou como se dizia então, de “dominar a natureza” e
tornar-se “senhor” dela.

Exercícios
1- (Instituto Pró-Município – 2009-Ceará) – O período helenístico caracterizou-
se por um processo de interação cultural entre a cultura grega clássica e a
cultura dos povos orientais conquistados. Neste período destacaram-se duas
novas escolas filosóficas: o estoicismo e o hedonismo. Nesse contexto, os
estóicos defendiam:
a) Que o ser humano devia buscar o prazer da vida;
b) Que o prazer estava vinculado ao bem;
c) Um espírito de completa austeridade moral e física;
d) A realização de uma conduta virtuosa;

2-(Enem/2019)
Considero apropriado deter-me algum tempo na contemplação deste Deus todo
perfeito, ponderar totalmente à vontade seus maravilhosos atributos,
considerar, admirar e adorar a incomparável beleza dessa imensa luz.
(DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1980).
Qual será a forma mais razoável de entender como é o mundo? Existirá
alguma boa razão para acreditar que o mundo foi criado por uma divindade
todo-poderosa? Não podemos dizer que a crença em Deus é “apenas” uma
questão de fé. (RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009).
Os textos abordam um questionamento da construção da modernidade que
defende um modelo
a) Centrado na razão humana
b) Baseado na explicação mitológica
c) Fundamentado na ordenação imanentista
d) Focado na legitimação contratualista
Introdução à Filosofia da Ciência

A filosofia surgiu na Grécia por volta dos séculos VII e VI a.C., mais
propriamente nas colônias gregas da Jônia e da Magna Grécia. Essa filosofia,
conhecida como pré-socrática, representou um esforço de racionalização para
desvincular-se do pensamento mítico. Caracteriza-se ainda pelas questões
cosmológicas, por especular a respeito da origem e da natureza do mundo
físico, procurando o princípio de todas as coisas. Naquele período filosofia e
ciência ainda estavam vinculadas: era o "filósofo natural" que se debruçava
sobre questões científicas porque faltava à ciência grega um método próprio
que a distinguisse da filosofia.
No Egito, os funcionários do faraó sabiam dividir as terras após o refluxo das
cheias do Nilo, o que supõe conhecimento de geometria. Além dos
agrimensores egípcios, também hindus e chineses de épocas mais recuadas já
distinguiam diversas propriedades geométricas, mas sempre visando à
aplicação prática. Foram os gregos pré-socráticos que transformaram o
conhecimento empírico por meio de demonstrações racionais, desenvolvendo
assim a geometria de forma abstrata. Tales de Mileto (séc. VII e VI a.C.),
matemático e astrônomo, é considerado o mais antigo filósofo. No entanto,
como não deixou nada escrito, o que conhecemos dele são relatos de outros
autores, havendo muita discrepância e lendas em torno de suas teorias e
atuação. Outro filósofo pioneiro da geometria foi Pitágoras de Samos (séc. VI
a.C.), para quem o número é a arkhé de todas as coisas, o princípio de onde
deriva a harmonia da natureza. Demonstrou vários teoremas e estudou as
relações proporcionais entre os diferentes comprimentos de uma corda, bem
como as alterações de tensão ou espessura que mudam os sons emitidos pela
lira.
Com a medicina ocorreu semelhante processo de racionalização da prática, ao
desvincular-se tanto quanto possível das superstições e da magia, a partir da
atuação de Hipócrates de Cós (séc. V a.C.), conhecido como o "pai da
medicina". Com seus colegas e discípulos, elaborou o Corpus Hipoeratieum
(Coleção Hipocrática), título latino da obra com registros detalhados de casos e
a identificação de várias doenças e formas de tratamento, além de uma
orientação para uma vida saudável. Hipócrates observou os efeitos do clima e
do meio ambiente na saúde e desenvolveu a doutrina dos humores (ou líquidos
corporais), que foi aceita até o século XVII. Ainda hoje ele é lembrado no
tradicional "juramento hipocrático", o comprometimento ético dos profissionais
da saúde no exercício de sua atividade.

Exercícios
1- Sobre a relação entre Filosofia e Ciência é correto dizer:
a) Surgiram em momentos históricos opostos e sempre foram distintas.
b) Em sua origem, uma equivalia a outra, ou seja, Ciência e Filosofia
representavam a mesma coisa.
c) Ciência e Filosofia são, até hoje, indistintas.
d) Enquanto a Ciência representava a busca por um conhecimento mais
seguro, a Filosofia baseava-se na fé e no conhecimento religioso.

2- (ENEM – 2012 - adaptada) Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o


elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas
provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo,
ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do
ar por filtragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água,
quanto mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao
máximo possível, transforma- se em pedras. (BURNET, J. A aurora da filosofia
grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a
origem do universo, a partir de uma explicação racional. As teses de
Anaxímenes, filósofo grego antigo, e dos demais filósofos da natureza têm em
comum na sua fundamentação teorias que:
A) eram baseadas nas ciências da natureza.
B) refutavam as teorias de filósofos da religião.
C) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
D) postulavam um princípio originário para o mundo.

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