CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA (Licenciatura)
Componente Curricular: HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA série: 1º ano:
2020
Docente: Profa. Dra. Solange Maria Norjosa Gonzaga - solangenorjosa@uepb.edu.br
Aluno (a) Gabriel da Silva Gomes matric. _ 201310651
Xenófanes de Cólofon
Xenófanes nasceu em Cólofon na Jônia em 475 a.C. Fez parte da escola Eleática e defendia
a tese do Uno. Dirigiu duras críticas aos poetas por terem dado aos deuses atributos humanos,
principalmente características negativas. Além disso os mortais concebiam as divindades
como seres humanos que nasciam, falavam, que possuíam vestimentas, etc. Para o filósofo
tudo isto era inaceitável, por isso chegou à conclusão de que os homens fizeram os deuses à
sua imagem e semelhança.
Se diferenciando dos demais, Xenófanes descreve as divindades de forma contrária à dos
poetas e coloca um deus como sendo o maior entre os outros deuses e mortais, em nada
semelhante aos homens, imóvel de tão poderoso que é e capaz de abalar tudo apenas com a
força do pensamento. Ele tudo vê, tudo pensa e tudo houve, para o filósofo esse deus é o Uno.
Argumentação contra a tradução do frag. 170 [eis theós, én te theosi kaì anthrópoisi
mégistos, …] do livro “Os Filósofos Pré-Socráticos” de Kirk Raven Schofield a partir do
contexto e religiosidade, cultura, política-economia da época.
Neste fragmento Xenófanes afirma que há um deus maior que os outros deuses e que em
nada se assemelha aos mortais. A tradução do livro sugere que o filósofo estaria introduzindo
o conceito de Monoteísmo na Grécia, que é a crença em uma única divindade, como por
exemplo o Deus das religiões Abraâmicas. A leitura superficial desta tradução propõe essa
associação com algo tão enraizado em nossa cultura ocidental. O que causa estranheza é que
Xenófanes fala de um deus maior entre outras divindades, algo inadmissível no monoteísmo.
Só levando em consideração o contexto histórico, cultural, político e religioso do filósofo é
que se pode interpretar corretamente o fragmento, livre de preconceitos projetados. Os gregos
sendo politeístas não professavam a fé numa única divindade, por isso não faz sentido buscar
algo assim na Grécia daquela época. Por fim vale ressaltar que Xenófanes não teceu críticas
diretas ao politeísmo mas antes a maneira como os poetas Homero e Hesíodo descreveram os
deuses, de forma antropomórfica, as características humanas e vergonhosas que atribuíram a
eles.
Referências:
Kirk Raven Schofield - Os Filósofos Pré-Socráticos