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UNISUAM

ENGENHARIA ELÉTRICA

CONVERSÃO DE
ENERGIA

TEORIA

PROF RAED

2020-2

1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• MÁQUINAS ELÉTRICAS E TRANSFORMADORES


Autor: Irving I. Kosow – Editora: Globo – 14° Edição.

• FUNDAMENTOS DE MÁQUINAS ELÉTRICAS


Autor: Stephen J. Chapman
Editora: AMGH Editora LTDA – Grupo A Educação S.A. – 5° Edição.

• MÁQUINAS ELÉTRICAS
Autor: A. E. Fitzgerald – Charles Kingsley Jr – Alexander Kusko
Editora: AMGH Editora LTDA – Grupo A Educação S.A. – 7° Edição.

• MANUAL DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


Autor: João Mamede Filho
Editora: Grupo GEN – 4° Edição.

• TRANSFORMADORES TEORIA E ENSAIOS


Autores: José Carlos de Oliveira
João Roberto Cogo
José Policarpo G. de Abreu
Editora: Edgard Blücher Ltda.

• MÁQUINAS ELÉTRICAS
Autor: Syed A. Nasar – Editora: Mc Graw-Hill

• TRANSFORMADORES
Autor: Alfonso Martignoni – Editora: Globo

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CONTEÚDO BÁSICO DA DISCIPLINA
• Transformador monofásico
• Autotransformador monofásico
• Transformador trifásico

TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Definição – é um dispositivo eletromagnético, que acopla dois ou mais circuitos elétricos de iguais
ou diferentes tensões, sem haver conexão condutiva entre eles, através de um circuito magnético
condutor.

O transformador tem como principal função a transferência de potência, por indução eletromagnética,
transformando tensão e corrente alternada entre dois ou mais circuitos sem mudança de frequência.

O transformador é constituído de dois ou mais enrolamentos e de um núcleo que poderá ser o próprio
ar ou feito de ferro ou outro material. Existem na prática dois tipos de circuitos magnéticos: o de
núcleo envolvido e o de núcleo envolvente.

O núcleo envolvido possui a forma indicada a seguir para o transformador monofásico e trifásico.
Neste tipo de núcleo os enrolamentos colocados sobre as colunas envolvem o respectivo circuito
magnético sem serem envolvidos por este.

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O núcleo envolvente adquire a forma indicada abaixo. Neste tipo de núcleo os enrolamentos
envolvem o respectivo circuito magnético, ficando, porém, envolvidos por este. Os enrolamentos
ficam quase totalmente cobertos pelo núcleo, de onde surgiu também o nome de encouraçado.

Principais aplicações do transformador


• Circuitos de potência (transformadores de força usados nas redes de distribuição e nas
subestações).
• Circuitos de controle e proteção (transformador de corrente - TC e transformador de potencial -
TP).
• Circuitos eletrônicos (transformador de acoplamento) para desempenhar funções de casador de
impedâncias, ou seja, transferir a máxima potência da fonte para a carga.
• Isolamento de circuitos.

Princípio de funcionamento do transformador


Uma característica do transformador é transferir energia elétrica de um enrolamento elétrico para
outro. O seu funcionamento se baseia no princípio da indução eletromagnética e exige apenas a
presença de um fluxo alternado no tempo, concatenando todos os enrolamentos.

Tal ação pode ser obtida de forma mais eficiente nos transformadores com o núcleo de ferro, porque
a maior parte do fluxo está confinada a um caminho definido. A indução eletromagnética será mais
intensa nos materiais ferromagnéticos, devido a permeabilidade magnética ter um valor muito maior
que no núcleo de ar.

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Para entender o princípio de funcionamento do transformador, é necessário analisar um transformador
ideal, no qual sejam nulas as resistências elétricas dos enrolamentos, as perdas no ferro e as dispersões
magnéticas.

Funcionamento a vazio

Considerando um transformador com dois enrolamentos e se for ligado a um destes enrolamentos


uma fonte de tensão alternada no tempo de valor eficaz (𝑉1 ), este enrolamento passa a ser denominado
de primário (𝑁1 ), e nele aparecerá uma pequena corrente de regime, chamada de corrente de
excitação (𝐼0 ). Essa corrente produz um fluxo mútuo alternado (𝑚 ) no circuito magnético,
concatenando com o enrolamento primário e com o outro enrolamento que é chamado de secundário
(𝑁2 ). E caso o enrolamento secundário esteja funcionando em circuito aberto, é definido que o
transformador está operando a vazio.

Supondo nula a resistência ôhmica, o enrolamento primário comporta-se como um circuito puramente
indutivo. Este absorverá, portanto, determinada corrente de magnetização denominada de 𝐼𝑚 ,
defasada de 90º em atraso com respeito à tensão aplicada 𝑉1. Esta corrente produzirá um fluxo (),
que na hipótese feita, fica totalmente canalizado no núcleo. Este fluxo é evidentemente um fluxo
alternado que varia com a mesma fase da corrente 𝐼𝑚 , que o produz.

Se 𝑚á𝑥 é o valor máximo deste fluxo e  = 2 .  . 𝑓 (sua pulsação) ele induz em cada espira que o
abraça uma fem cujo valor é de  . 𝑚á𝑥 . Esta fem é defasada de 90º em atraso com respeito ao fluxo.
No enrolamento primário composto de 𝑁1 espiras agrupadas em série, gera-se uma fem (primária)
que adquire o seu valor máximo igual a: 𝐸1𝑚á𝑥 =  . 𝑚á𝑥 . 𝑁1

Esta fem é representada no diagrama pelo vetor 𝐸1 a 90º em atraso com respeito ao vetor  que
representa o fluxo. Analogamente o mesmo fluxo induz no outro enrolamento composto por 𝑁2
espiras, a fem secundária cujo valor máximo será: 𝐸2𝑚á𝑥 =  . 𝑚á𝑥 . 𝑁2 .

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Esta fem é representada no diagrama pelo vetor 𝐸2 a 90º em atraso com respeito a  e, portanto, em
fase com 𝐸1 .

Os valores eficazes das duas fem, primária e secundária, são dadas por:
𝐸1𝑚á𝑥  . 𝑚á𝑥 . 𝑁1 𝑁1 . 2 .  . 𝑓 . 𝑚á𝑥
𝐸1 = = = = 4,44 . 𝑁1 . 𝑓. 𝑚á𝑥
√2 √2 √2

𝐸2𝑚á𝑥  . 𝑚á𝑥 . 𝑁2 𝑁2 . 2 .  . 𝑓 . 𝑚á𝑥


𝐸2 = = = = 4,44 . 𝑁2 . 𝑓. 𝑚á𝑥
√2 √2 √2

De onde, dividindo-se membro a membro, obtém-se:

𝐸1 𝑁1
=
𝐸2 𝑁2

As duas fem, primária e secundária, estão entre si na relação direta dos números das espiras dos
respectivos enrolamentos.

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O diagrama mostra que as fem induzidas nos dois enrolamentos resultam em oposição de fase com a
tensão primária. Portanto, a fem primária 𝐸1 reage sobre a tensão aplicada 𝑉1 como uma força
contraeletromotriz (fcem).

Supondo nula a resistência ôhmica e as dispersões magnéticas, portanto, nula a queda de tensão
correspondente, deverá resultar 𝑉1 = 𝐸1. Esta condição determina o valor do fluxo que se deve
produzir no núcleo. O fluxo no núcleo deverá adquirir o valor máximo 𝑚á𝑥 que fica determinado
pela relação:
𝐸1
𝑚á𝑥 =
4,44 . 𝑓 . 𝑁1

Se for fixada a tensão primária 𝑉1, o fluxo no núcleo será completamente independente da forma e da
relutância do sistema, a qual intervirá somente para determinar o valor da corrente de magnetização
𝐼𝑚 necessária a produzi-lo.

Se a relutância 𝑹 do núcleo, correspondente ao valor máximo 𝑚á𝑥 do fluxo, a corrente de


magnetização 𝐼𝑚 deverá alcançar um valor máximo 𝐼𝑚𝑚á𝑥 que ficará determinado pela relação:
𝑁1 . 𝐼𝑚𝑚á𝑥 = 𝑅 . 𝑚á𝑥

No funcionamento em vazio do transformador a tensão 𝑉1 aplicada ao enrolamento primário produz


um fluxo que por sua vez gera no enrolamento primário a fcem 𝐸1 igual e contrária à tensão aplicada.
Este fluxo é produzido pela corrente magnetizante 𝐼𝑚 , defasada de 90º em atraso sobre a tensão 𝑉1.

Para se reduzir esta corrente, ao menor valor possível, é necessária que a relutância do núcleo seja a
menor possível.

No transformador ideal, a fem primária 𝐸1 foi considerada igual a tensão aplicada 𝑉1. Substituindo-
se a fem secundária 𝐸2 pela tensão que se manifesta nos extremos do circuito secundário 𝑉2 (com
circuito aberto) pode-se escrever:
𝑉1 𝐸1 𝑁1
= = =
𝑉2 𝐸2 𝑁2

Onde  é a relação de transformação do transformador.

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Aplicando ao circuito primário a tensão 𝑉1, nos terminais do secundário aparecerá a tensão
𝑁
𝑉2 = 𝑁2 . 𝑉1. Construindo-se o enrolamento secundário com elevado número de espiras em relação
1

ao primário, pode-se obter uma tensão secundária elevada, mesmo que a tensão primária seja muito
pequena. Inversamente, alimentando-se o enrolamento possuidor de muitas espiras com uma tensão
elevada, pode-se obter no outro enrolamento uma tensão reduzida.

Existe, assim, a possibilidade de realizar qualquer relação de transformação unicamente fixando


𝑁1
convenientemente a relação de espiras ; nos transformadores esta relação coincide com a relação
𝑁2

𝐸1 𝑉1
; enquanto a relação , resulta, como será visto posteriormente, um pouco diferente em
𝐸2 𝑉2 ,

consequências das quedas de tensão nos enrolamentos.

Funcionamento com carga


Se nos terminais do enrolamento secundário houver uma impedância (que se supõe de caráter
indutivo), a fem 𝐸2 faz circular nesta a corrente 𝐼2 , que resultará defasada com respeito à fem de certo
ângulo 2 . Esta corrente secundária, circulando nas espiras do enrolamento correspondente, produz
sobre o núcleo uma força magnetomotriz expressa por: 𝑁2 . 𝐼2 em fase com 𝐼2 , a qual tende
evidentemente a alterar o fluxo produzido pela força magnetomotriz 𝑁1 . 𝐼𝑚 . Nestas condições,
alteram-se as fem induzidas nos dois enrolamentos, o que produz no circuito primário um
desequilíbrio entre a tensão aplicada 𝑉1 e a fem contrastante 𝐸1 .

O enrolamento primário absorverá uma corrente mais elevada. A nova corrente absorvida deverá ser
tal que possa restabelecer o equilíbrio preexistente entre a tensão aplicada 𝑉1 e a correspondente fem.
É fácil compreender, portanto, que começando circular uma corrente 𝐼2 no circuito secundário, no
enrolamento primário é imediatamente chamada, além da precedente corrente de magnetizante 𝐼𝑚
uma nova corrente 𝐼′1 , chamada de corrente primária de reação ou componente primária de carga,
cuja fmm 𝑁1 . 𝐼′1 se destina a equilibrar a fmm secundária 𝑁2 . 𝐼2 .

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O diagrama vetorial mostra que o vetor N 2 . I 2 se contrapõe ao vetor N 1 . I 1' igual e oposto e
consequentemente a fmm resultante será ainda a precedente N1 . I m e o fluxo no núcleo adquire,

portanto, o seu valor inicial  . Restabelece-se assim o equilíbrio entre a tensão aplicada ao
enrolamento primário V1 e a fem que a contrasta E1 .

N 1 I 2 E1
= = =
N 2 I 1' E 2

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Variando a carga do transformador, isto é, variando a corrente fornecida pelo enrolamento secundário,
fica inalterada a corrente magnetizante I m , mas varia junto à corrente I 2 a corrente primária de reação

I 1' . Quando o transformador opera com carga reduzida, isto é, com uma pequena corrente secundária,

também a corrente de reação é pequena e, portanto, a corrente total primária I 1 tende a aproximar-se

da corrente de magnetização I m e o ângulo 1 aproxima-se de 90º. Quando, pelo contrário, o

transformador opera a plena carga, acontece que a corrente de magnetização I m resulta muito

pequena com respeito à corrente de reação I 1' e, portanto, a corrente total primária I 1 é quase igual a

corrente I 1' e pode-se escrever:


N1 I 2

N2 I1

Com carga reduzida a corrente de magnetização não pode ser desprezada e a relação a ser considerada
tem que ser igual a:
N1 I 2
= '
N2 I1

Fluxo magnético ()


 = B  A  cos
Onde:
 → é o fluxo magnético, em weber (wb).
B → é a densidade magnética, em wb/m² ou tesla (T).
A → é a área da seção reta do núcleo, em m².
 → é o ângulo entre a normal do plano e as linhas do campo magnético.

 m =  máx  sen t

 m → é o fluxo mútuo instantâneo, em weber (wb);

 máx → é o fluxo mútuo máximo, em weber (wb).

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d m
e1 = − N1 
dt

e1 → é força contra-eletromotriz do primário ou fem induzida do primário.

N 1 → é o número de espiras do enrolamento primário.

d m
→ é a taxa de variação do fluxo mútuo no tempo.
dt

e1 = − N1 .
d
dt
( máx . sen t ) = − N1 . .  máx . cos t = N1 . .  máx (− cos t )

e1 = N1 . .  máx . sen ( t − 90º ) = E1máx . sen ( t − 90º )

 → é a velocidade angular  = 2    f
f → é a frequência da fonte, em hertz (Hz)

E1máx = N1    máx = N1  2    f   máx

Na operação em regime permanente, o que interessa é o valor eficaz da força eletromotriz induzida
e1 , valor esse dado por:

E1máx N1  2    f   máx
E1 = =
2 2

Portanto, os valores eficazes das forças eletromotrizes induzidas no primário e no secundário,


expressos em função do valor máximo do fluxo mútuo, serão, respectivamente:

E1 = 4,44  N1  f   máx

E 2 = 4,44 . N 2 . f .  máx

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As características magnéticas do núcleo determinarão a corrente de excitação. Esta corrente deverá
se ajustar de forma a produzir uma fmm (força magnetomotriz) necessária para gerar o fluxo
magnético requerido.

𝑓𝑚𝑚 = 𝑁 . 𝐼 = 𝐻 . ℓ

Onde:
f mm → é a força magnetomotriz, em ampères (A).
N → é o número de espiras.
I → é a intensidade da corrente elétrica, em ampères (A).
H → é a intensidade do campo magnético, em A/m.
ℓ → é o comprimento do circuito magnético, em metros, (m).

B B
= H =
H 

Onde:
 → é a constante magnética (permeabilidade magnética), em T.m/A
B → é a densidade magnética, em tesla (T) ou wb/m2
H → é a intensidade do campo magnético, em A/m

𝐵. ℓ 
𝑓𝑚𝑚 = 𝑁 . 𝐼 = B=
µ A

Onde:
 → é o fluxo magnético, em weber (wb)
A → é a área da seção reta do núcleo, em m²

. ℓ ℓ
𝑓𝑚𝑚 = 𝑁 . 𝐼 =
µ. 𝐴
 = µ. 𝐴

 → é a relutância magnética, em A/wb

fmm = N  I =  . 

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Quanto maior for a permeabilidade magnética, (  ), menor será a corrente de excitação necessária
para gerar o fluxo requerido. Em outras palavras, quanto menor a relutância magnética do núcleo,
menor, também, será a corrente de excitação necessária para produzir a tensão induzida nos
enrolamentos do transformador. Esta condição, menor relutância do circuito magnético, contribui
para redução das perdas no núcleo (ferro) do transformador.

𝑁 .𝐼 𝑁 .𝐼
= =
 ℓ
µ .𝐴

1 weber = 108 linhas do fluxo magnético

Os transformadores projetados para operarem a uma dada frequência, não deverão operar com uma
outra frequência, sem as correspondentes alterações na tensão aplicada, de forma que o fluxo mútuo
máximo fique inalterado.

E
 m áx =
4,44  N  f

Transformador Ideal
Se um transformador de dois enrolamentos, com N 1 espiras no primário e N 2 espiras no secundário,
tiver as propriedades descritas a seguir, será chamado de transformador ideal.
• As resistências dos enrolamentos primários e secundários são desprezíveis, não havendo,
portanto, perdas no cobre;
• o fluxo está todo confinado no núcleo e se interliga com os enrolamentos primário e secundário,
não existindo, portanto, fluxo de dispersão. Desta forma, as reatâncias de dispersões de ambos
os enrolamentos são desprezíveis;
• não há perdas no núcleo (histerese e corrente de Foucault);
• a permeabilidade do núcleo é tão alta que uma corrente de excitação de valor desprezível, é
suficiente para produzir o fluxo requerido.

Essas propriedades são hipotéticas e, portanto, não ocorrem nos transformadores reais.

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Impedância refletida, transformação de impedância
Transformador operando com carga

V1 V2
Z1 = Z2 =
I '1 I2

Qualquer alteração na impedância de carga ( Z 2 ) e na corrente do secundário ( I 2 ) reflete-se como


alteração na corrente primária ( I '1 ) e, algumas vezes, é conveniente simplificar o transformador
representando-o por um único circuito equivalente. Isto implica em refletir a impedância secundária
( Z 2 ) ao primário.

V1   V2 V
Z1 = = =  2  2 =  2  Z2
I '1 I2 I2

2
Z1  N1 
=  =2
Z 2  N 2 

N1 Z1
=
N2 Z2

Impedância refletida do secundário para o primário.

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Transformador de Acoplamento
O transformador de acoplamento é utilizado para realizar o casamento de impedância. Quando a
impedância interna da fonte é casada (igual) à impedância da carga, a máxima potência é transferida
da fonte para a carga. Quando a impedância da carga é maior ou menor do que a impedância da fonte,
a potência na carga decresce. Ainda que a impedância inclua resistência e reatância, somente a
resistência é usada na discussão que se segue.

Para entender a necessidade do casamento de impedâncias, é necessário rever o significado do


teorema da transferência máxima de potência.

Esta teoria pode ser explicada, inicialmente, de uma maneira simples através de um circuito de
corrente contínua. A transferência máxima de potência da fonte para a carga ocorre quando a
resistência interna da fonte ( Ri ) é igual a resistência da carga ( R L ).

Exemplo: Determine a transferência máxima de potência de uma bateria de 10 volts, que tem uma
resistência interna, ( Ri ), igual a 5, para um resistor de carga, R L .

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Ri = RL = 5

V 10
I= = = 1A
Ri + RL 5 + 5

PRL = RL  I 2 = 5  12 = 5W

I ( A) = PRL (W ) = RL  I 2
V
Ri ( ) R L ( ) Ri + RL

5 1 1,66 2,76
5 2 1,43 4,09
5 3 1,25 4,69
5 4 1,11 4,93
5 5 1,00 5,00
5 6 0,91 4,97
5 8 0,77 4,73
5 10 0,63 4,49

Em corrente alternada é transferida uma quantidade máxima de potência de um circuito para outro,
quando as impedâncias dos dois circuitos tiverem os mesmos valores ou quando estiverem “casadas”.

Se Z 1 (impedância interna da fonte) for diferente de Z 2 (impedância da carga), deve ser usado um
transformador de acoplamento para “casar” as duas impedâncias. A razão de espiras estabelece a
relação correta entre a razão das impedâncias dos enrolamentos do primário e do secundário. Esta
razão é expressa através da equação.

2
Z1  N1 
=   =  2
Z2  N2 

N1 Z1
=
N2 Z2

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Exemplo: Uma fonte CA com impedância interna de 100 alimenta uma carga com impedância de
25. Determine a relação de espiras de um transformador de acoplamento, que deve ser instalado
entre a fonte e a carga para casar as impedâncias.

N1 Z1 100
= = =2
N2 Z2 25

- Circuito sem o transformador de acoplamento.

No exemplo anterior a relação de transformação () a ser escolhida será igual a 2 (dois). A fonte de
corrente alternada operará com uma impedância de 100 e a carga irá operar com uma impedância
referida à fonte igual a 100. Nesse caso, as impedâncias estarão casadas e será obtida a transferência
máxima de potência. O casamento de impedância é uma aplicação importante dos transformadores
de acoplamento em circuitos de eletricidade e eletrônica.

- Circuito com o transformador de acoplamento

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Coeficiente de Acoplamento (K )
O coeficiente de acoplamento ( K ) entre duas bobinas é a relação entre o fluxo mútuo e o fluxo total.
m M
K= =
 m + 1 L1  L2

Onde:
K → é o coeficiente de acoplamento;
 m → é o fluxo mútuo, em weber (wb);
 1 → é o fluxo disperso na bobina primária, em weber (wb);

M → é a indutância mútua, em henry (H);


L1 → é a indutância do enrolamento primário, em henry (H);

L2 → é a indutância do enrolamento secundário, em henry (H).

Se as duas bobinas estiverem frouxamente acopladas, como no transformador de núcleo de ar, o


coeficiente de acoplamento é baixo e nesse caso haverá uma reduzida transferência de potência do
circuito primário para o secundário. Se todas as linhas de fluxo do primário acoplassem com todas as
espiras do secundário, como no caso do transformador ideal, o coeficiente de acoplamento (𝐾) teria
um valor igual a 1 ou 100%, e neste caso:
K =1  M = L1  L2

Corrente a vazio ou de excitação (I0)


É a corrente de linha que surge quando em um dos enrolamentos do transformador são ligadas a sua
tensão nominal e frequência nominal, enquanto os terminais do outro enrolamento (secundário), sem
carga, apresentam a tensão nominal e a mesma frequência primária.

A corrente de excitação é variável conforme o projeto e tamanho do transformador, atingindo valores


percentuais mais altos quanto menor for a potência do mesmo.

A função da corrente em vazio é suprir as perdas a vazio (núcleo) e produzir o fluxo magnético mútuo.

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Considerando-se estes aspectos, esta corrente pode ser subdividida em duas parcelas, a saber:
a) A corrente ativa ou de perdas, (I C ) , é responsável pelas perdas no núcleo e, está em fase com a

tensão aplicada ao primário V1 .

b) A corrente magnetizante ou reativa, (I m ) , é responsável pela criação do fluxo magnético (  ) e

está atrasada de 90 em relação a V1 .

O gráfico a seguir representa a corrente a vazio em relação à tensão aplicada no transformador, onde:

I0 = IC + Im
2 2

De acordo com o gráfico anterior, tem-se:


I C = I 0  cos

I m = I 0  sen

A perda em vazio pode ser calculada por:


PO = V1  I 0  cos

Onde o ângulo  é a defasagem entre V1 e I 0 .

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É de interesse prático que as perdas no núcleo sejam as menores possíveis. Para que tal ocorra, a
corrente de excitação (I 0 ) deve ser, em quase sua totalidade, utilizada para a magnetização do núcleo,

ou seja: I m  I C

Em transformadores bem projetados, é comum considerar que a corrente de excitação seja igual a
corrente de magnetização, pois I m  I C .

Assim o valor de  deverá ser o mais próximo possível do ângulo de 90º e nestas condições, o fator

de potência do transformador em vazio (cos  ) é sempre muito baixo, cerca de 0,1.

Forma de onda da corrente a vazio


A corrente a vazio assume valor bastante baixo. É compreendido em geral entre 6% e 1% da corrente
nominal do circuito primário. Dessa forma, a queda de tensão no primário é pequena, ou seja:

V1  E1

Se a tensão aplicada ao primário (V1 ) possuir forma de onda senoidal, a tensão induzida no

enrolamento primário (E1 ) também o será. Por outro lado, considerando-se as expressões de E1 e
E 2 , tem-se que o fluxo possui a mesma forma de onda de E1 , porém com defasagem de 90 elétricos.

d m
E1 = N1
dt

d m
A tensão induzida no enrolamento secundário (E2 ) é: E2 = N 2
dt

Da lei de Ampère e utilizando-se a expressão da relutância ( ) , observa-se que o fluxo magnético

( m ) é senoidal, o número de espiras do primário (N1 ) é constante, porém a relutância varia devido
aos diferentes estados de saturação que ocorrem no núcleo.
 m 
Im = =
N1 A

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Com tais considerações, conclui-se que a corrente a vazio, obrigatoriamente, não é senoidal, devido
à corrente de magnetização (I m ) não o ser. Como consequência do formato não senoidal da corrente

a vazio, há a produção de harmônicas, principalmente as de terceira ordem.

O processo gráfico para obtenção da forma de onda da corrente de magnetização é mostrado na figura
a seguir.

Para a construção da forma de onda, adota-se o seguinte procedimento:


a) Para um determinado instante (t 0 ) , determina-se o valor de  m .

b) Para este valor de  m (crescente ou decrescente); verifica-se na curva de histerese o valor de I 0 ;

c) Transporta-se para o dado t 0 , o valor de I 0 correspondente e, assim, tem-se um ponto da curva de

I0 ;
d) Repetir o processo para outros pontos e traçar a forma de onda da corrente.

21
Corrente transitória de magnetização ou corrente de energização (INRUSH).
É o valor máximo da corrente de excitação (I 0 ) no momento em que o transformador é conectado à

linha, ou seja, no instante que for energizado. Esta corrente depende das características construtivas
do transformador.

Esta corrente é maior quanto maior for a indução usada no núcleo e maior quanto menor for o
transformador. O valor máximo varia em média de 4 a 20 vezes a corrente nominal.

O fabricante deverá ser consultado para se saber o seu valor. Costuma-se admitir seu tempo de
duração em torno de 0,1 segundo, após a qual a mesma já desapareceu.

Um oscilograma típico da corrente de magnetização, incluindo o regime transitório, terá o aspecto


ilustrado nas figuras a seguir.

22
Relações do transformador
Transformador real operando a vazio

- Não havendo carga, a corrente secundária é nula ( I 2 = 0 ), logo a componente primária de carga

I 1' , também, é nula.


- A tensão aplicada V1 faz aparecer um fluxo mútuo alternado no tempo (  m ), produzindo E1

(força contra-eletromotriz primária) e E 2 (força eletromotriz induzida secundária) com a polaridade

instantânea conforme  m .

- Uma pequena corrente primária ( I 0 ), conhecida como corrente de excitação, deve circular

mesmo quando o transformador estiver descarregado. Essa corrente de excitação ( I 0 ) é uma função

primariamente da relutância do circuito magnético (  ) e do valor de pico do fluxo mútuo


magnetizante (  m ), para um dado número de espiras primárias ( N 1 ).

- O fluxo magnético (  m ), por sua vez, requer 90º para produzir as tensões induzidas primária

e secundária, E1 e E 2 . Estas tensões induzidas estão em fase uma com a outra, por serem ambas

produzidas por (  m ). De acordo com a lei de Lenz a tensão induzida primária ( E1 ) se opõe a tensão

aplicada no primário ( V1 ).

23
No caso do transformador ideal, pelo fato de não possuir resistência e reatância no circuito primário,
não há queda e por isso E1 = V1 . No núcleo existe o fluxo  0 que induz nos dois enrolamentos

primário e secundário as fem respectivas E10 e E20 , as quais constituem as fem a vazio do
transformador.
E10 = 4,44 . N1 . f .  0

E20 = 4,44 . N 2 . f .  0

No caso do transformador real, provido de resistência e indutância, a corrente primária I 0 produz

uma queda de tensão ôhmica R1 .I 0 , em fase com I 0 e uma queda X 1 . I 0 defasada de 90º em

adiantamento com respeito a I 0 .

Pode-se escrever:
V1 = E1 + R1 . I 0 + X 1 . I 0

Ou então, E1 = V1 − R1 . I 0 − X 1 . I 0 . Dessa equação resulta claramente que em virtude das quedas de

tensão produzidas no enrolamento primário, pela corrente I 0 a fem é menor do que a considerada no

transformador ideal E10 . Menor será também o fluxo  necessário a produzir esta fem e, por
conseguinte, será também menor a fem E 2 que se manifesta nos terminais do enrolamento secundário.
Esta fem continua sendo expressa pela relação:

E1 N 1
=
E2 N 2

E1 . N 2
E2 =
N1

24
25
V1 . N 2
Sendo, porém: E1  V1 resulta E 2 
N1

No funcionamento a vazio a corrente I 0 é muito pequena o que permite desprezar as quedas ôhmicas

e indutivas, podendo-se escrever:


V1 . N 2
V2 = E 2 
N1

No diagrama anterior, observa-se que a corrente I 0 está defasada em atraso do ângulo  0 com

respeito à tensão V1 .

A fórmula P0 = V1 . I 0 . cos 0 , representa a potência a vazio do transformador, isto é, as perdas no

ferro mais as perdas no cobre R1 .I 02 .

As perdas no cobre R1 .I 02 , devidas à corrente a vazio, são tão pequenas que podem ser praticamente

desprezadas, e, por conseguinte, considerar a potência P0 = V1 . I 0 . cos 0 , como sendo constituída

unicamente pelas perdas no ferro.

O fator de potência, cos 0 , chama-se fator de potência do transformador a vazio.

Transformador real operando com carga

- Supondo uma carga indutiva ligada aos terminais do secundário do transformador ideal, uma
corrente I 2 , atrasada em relação a V 2 de um ângulo  2 .

- Os ampères–espiras secundários ( N 2  I 2 ) tendem a produzir um fluxo desmagnetizante, que

reduz o fluxo mútuo (  m ) e as tensões induzidas E1 e E 2 , instantaneamente.

26
- A redução de E1 produz uma componente primária da corrente de carga ( I '1 ), que circula no

primário, tal que N 1  I '1 = N 2  I 2 , restabelecendo  m em seu valor original. A corrente I '1 se atrasa

em relação a componente − E1 de um ângulo similar a  2 , enquanto I 2 se atrasa em relação a E 2 de

 2 . Esta similaridade é necessária a fim de que os ampères-espiras primários restaurados ( N1  I '1 )


sejam iguais e opostos aos ampères-espiras secundários desmagnetizantes ( N 2  I 2 )

- O efeito da componente primária da corrente de carga I '1 é mostrada a seguir, onde a corrente

primária I 1 é a soma fasorial de I 0 e I '1 .

- A composição geométrica da corrente I 1' e da corrente I 0 fornece a corrente primária I 1 . Esta

corrente produz uma queda ôhmica primária R1 . I 1 em fase com I 1 e uma queda indutiva X 1 . I 1 ,

defasada de 90º em adiantamento sobre I 1 . Estas duas quedas deduzidas da tensão primária fornecem

a fem primária E1 , isto é: E1 = V1 − R1 . I 1 − X 1 . I 1

27
- Esta fem E1 é consideravelmente inferior à fem primária E10 que se manifesta com o
transformador a vazio, isto porque, aumentando a corrente primária, aumentam as quedas de tensão
e, portanto, diminui a fem que deve ser gerada.
- A diminuição da fem E1 traz como consequência a diminuição do fluxo  .
- No funcionamento com carga, o fluxo no núcleo do transformador é levemente inferior ao
fluxo existente no mesmo quando o funcionamento é a vazio.
- A diminuição do fluxo traz uma diminuição da fem E 2 gerada no secundário. Observa-se
assim a interferência do circuito primário no funcionamento do circuito secundário do transformador.
- A corrente I 2 ao atravessar o enrolamento secundário provoca as quedas de tensão R2 . I 2 e
X 2 . I 2 , respectivamente em fase e defasada de 90º em adiantamento com respeito a I 2 . Em vista

destas quedas de tensão, a tensão V 2 disponível nos terminais do enrolamento secundário resulta:
V2 = E 2 − R2 . I 2 − X 2 . I 2

- A composição das quedas R1 . I 1 e X 1 . I 1 fornece a queda de tensão total primária: V1 = Z 1 . I 1

onde Z 1 = R12 + X 12

- Analogamente a composição das quedas R2 . I 2 e X 2 . I 2 fornece a queda de tensão total

secundária: V2 = Z 2 . I 2 onde Z 2 = R22 + X 22

- O ângulo de fase do circuito primário não é exatamente o mesmo do circuito secundário. Para
uma carga em atraso, o fator de potência visto pelo primário (cos 1 ) é menor que o da carga (cos  2 )

, porque 1   2 .

- Observa-se ainda que para cargas normais onde a corrente I 1' é muito elevada em relação a

I 0 a corrente I 1  I 1' e o fator de potência primário é aproximadamente igual ao do secundário.

E1
- Finalmente, outro fato importante a ser observado é que a relação coincide sempre com
E2

N1
a relação das espiras , chamando-se esta última de relação de transformação a vazio. A relação
N2

V1
é levemente diferente da anterior, sendo chamada de relação de transformação com carga.
V2

28
Transformador Real
No caso do transformador real, existem as perdas no cobre e no ferro (núcleo).

( )
Perdas no cobre R  I 2 : As perdas no cobre são devidas as resistências dos enrolamentos primários
e secundários e serão apresentadas posteriormente.

Perdas no ferro (PFe ): As perdas no ferro são devidas a histerese e as correntes parasitas (correntes

de Foucault).

A histerese está relacionada com o tipo de material da lâmina que é utilizado para formar o núcleo.
As correntes parasitas estão relacionadas com o processo de montagem do núcleo e da espessura de
suas lâminas.

PFe = PH + PF

Onde:
PH → são perdas por histerese.

PF → são perdas por Foucault.

A determinação prática das perdas por histerese ( PH ) é feita a partir de:

PH =  S  Bm f
1, 6
[W/kg de núcleo]

Onde:
 S → é o coeficiente de Steinmetz, que depende do tipo de material usado no núcleo;

Bm → é a indução máxima no núcleo, em wb/m2 ou tesla (T);


f → é a frequência, em hertz (Hz).

29
A tabela a seguir mostra a influência da escolha do material do núcleo nas perdas por histerese.

MATERIAL S
Ferro doce 2,50
Aço doce 2,70
Aço doce para máquinas 10,00
Aço fundido 15,00
Fundição 17,00
Aço doce 2% silício 1,50
Aço doce 3% silício 1,25
Aço doce 4% silício 1,00
Laminação doce 3,10
Laminação delgada 3,80
Laminação ordinária 4,20

O aparecimento das correntes de Foucault é explicado pela Lei de Faraday, a qual para este caso seria
interpretada como "estando o núcleo sujeito a um fluxo alternado, onde serão induzidas fem".
Considerando um circuito elétrico formado no próprio núcleo, serão estabelecidas correntes
obedecendo a sentidos, tais como mostra a figura a seguir.

Para reduzir as perdas por correntes de Foucault, o núcleo deve ser constituído de lâminas, ou finas
chapas com uma finíssima camada de isolamento entre as mesmas. As lâminas são orientadas
paralelamente à direção do fluxo, conforme figura a seguir. A perda por correntes de Foucault é
aproximadamente proporcional ao quadrado da espessura de laminação, a qual varia de 0,5 a 5 mm
em quase todas as máquinas elétricas. Laminando-se um núcleo, aumenta-se o volume. A razão do
volume realmente ocupado pelo material magnético para o volume total do núcleo é conhecida como
fator de laminação, também conhecido por fator de empilhamento.

30
O produto da resistência do circuito correspondente, pelo quadrado da corrente, significa um consumo
de potência. As perdas devido ao efeito das correntes parasitas podem ser calculadas pela equação a
seguir.

PF = 2,2  f 2  Bm  d 2  10 −3
2
[W/kg]

Onde:
f → é a frequência, em hertz (Hz);

Bm → é a indução máxima no núcleo, em wb/m2 ou tesla (T);

d → é a espessura da lâmina, em milímetros (mm)

Geralmente o núcleo de aço dos transformadores é laminado para reduzir a indução de correntes
parasitas (corrente de Foucault) no próprio núcleo, já que essas correntes contribuem para o
surgimento de perdas por aquecimento devido ao efeito Joule. Em geral se utiliza aço-silício com o
intuito de se aumentar a resistividade e diminuir ainda mais essas correntes parasitas.

31
Circuitos de transformadores reais:
Um transformador real, de núcleo de ferro, carregado é representado abaixo. Embora hermeticamente
acoplado pelo núcleo de ferro, uma pequena porção de fluxo disperso é produzida nos enrolamentos
primário e secundário,  1 e  2 , respectivamente, além do fluxo mútuo,  m .

O fluxo disperso primário,  1 , produz uma reatância indutiva primária, X 1 . O fluxo disperso
secundário,  2 , produz uma reatância indutiva secundária, X 2 . Além disso, os enrolamentos
primário e secundário são constituídos de condutores de cobre, que têm certa resistência. A resistência
interna do enrolamento primário é R1 e a do secundário é R2 . As resistências e reatâncias de
dispersões dos enrolamentos do primário e secundário, respectivamente, produzem quedas de tensões
no interior do transformador, como resultado das correntes primária e secundária. Embora estas
quedas de tensões sejam internas, é conveniente representá-las externamente como parâmetros puros
em série com um transformador ideal, mostrado na figura “B”. O transformador ideal mostrado na
figura “A”, é imaginado sem quedas internas nas resistências e reatâncias de dispersões de seus
enrolamentos. A dispersão foi incluída na queda de tensão primária (Z 1  I 1 ) e na queda de tensão
secundária (Z 2  I 2 ) . Uma vez que estas são quedas de tensões indutivas, a impedância interna
primária (Z 1 ) e a secundária (Z 2 ) do transformador é: Z 1 = R1 + jX 1
Z 2 = R2 + jX 2

Para representar as perdas no ferro (PFe ) introduz-se no ramo magnetizante um resistor de perdas

magnéticas (RC ) , que sendo percorrido por uma corrente denominada de perdas ativas do ferro I C ,

dissipa a perda no ferro. Onde: PFe = RC  I C2 .

Figura “A” - Transformador ideal

32
Quando os efeitos das resistências dos enrolamentos, das reatâncias de dispersões e de magnetização,
e, finalmente das perdas do núcleo são incluídos, o circuito da figura “A” é modificado para aquele
da figura “B” abaixo, onde o primário e o secundário estão acoplados por um transformador ideal. O
circuito equivalente de um transformador real com uma carga ZL é mostrado a seguir:

Figura A
Figura “B” - Transformador real
Onde:
V1 → é a tensão terminal primária;

V 2 → é a tensão terminal secundária;

 → é a relação de transformação;
E1 → é a força contra-eletromotriz do primário ou fem induzida do primário;

E 2 → é a fem induzida do secundário;

I 1 → é a corrente primária;

I 2 → é a corrente secundária ou corrente de carga;

I1 → é a componente primária da corrente de carga;


'

I 0 → é a corrente de excitação;
R1 → é a resistência do enrolamento primário;

R2 → é a resistência do enrolamento secundário;

X 1 → é a reatância de dispersão do enrolamento primário;

X 2 → é a reatância de dispersão do enrolamento secundário;

I m e X m → é a corrente e reatância de magnetização;

I C e RC → é a corrente e resistência para representar o parâmetro equivalente às perdas de potência


no ferro do núcleo do transformador (perdas por histerese e correntes parasitas);
Z L → é a impedância da carga.

Usando as relações anteriores, o transformador real da figura “B” e todo circuito equivalente, pode
ser referido ou para o primário ou para o secundário.

33
Relação de transformação
2
N E I V N  Z
 = 1 = 1 = 2' = 1  =  1
2
 = 1
N 2 E 2 I 1 V2  N2  Z2

Circuitos equivalentes para um transformador real de potência, com uma carga Z L


V1 = (R1 + jX 1 )  I 1 + E1

E 2 = (R2 + jX 2 )  I 2 + V2

V1 = (R1 + jX 1 )  I 1 +   E 2

V1 = (R1 + jX 1 )  I 1 +   (R2 + jX 2 )  I 2 +   V2

V1 = (R1 + jX 1 )  I1 +  2  (R2 + jX 2 )  I1 +   Z L  I 2
'

V1 = (R1 + jX 1 )  I1 +  2  (R2 + jX 2 )  I1 +  2  Z L  I1
' '

Circuito equivalente referido ao primário

Diagrama fasorial referido para o primário

34
Circuito equivalente referido ao secundário
V1 = (R1 + jX 1 )  I 1 + E1

E 2 = (R2 + jX 2 )  I 2 + V2

E1 = V1 − (R1 + jX 1 )  I 1

V2 = E 2 − (R2 + jX 2 )  I 2

E1
V2 = − (R2 + jX 2 )  I 2

V1 R X 
V2 = −  1 + j 1   I 1 − (R2 + jX 2 )  I 2
   

V1 R X 
V2 = −  12 + j 21    I 1 − (R2 + jX 2 )   I 1
'

   

Circuito equivalente aproximado referido ao primário

Circuito equivalente aproximado referido ao secundário

35
Circuito equivalente simplificado referido ao primário

Circuito equivalente simplificado referido ao secundário

Re1 = R1 +  2  R2  é a resistência equivalente dos enrolamentos primário e secundário,

referida ao primário;

X e1 = X 1 +  2  X 2  é a reatância equivalente dos enrolamentos primário e secundário,

referida ao primário;

Z e1 = Re1 + jX e1  é a impedância equivalente dos enrolamentos primário e secundário,

referida ao primário.

R1
Re 2 = + R2  é a resistência equivalente dos enrolamentos primário e secundário,
2
referida ao secundário;

X1
X e2 = + X2  é a reatância equivalente dos enrolamentos primário e secundário,
2
referida ao secundário;

Z e 2 = Re 2 + jX e 2  é a impedância equivalente dos enrolamentos primário e secundário,

referida ao secundário.

36
Cálculo da corrente primária (I 1 )
V1 V1 V1
I1 = = =
Z e1 +   Z L
2 2
( 2
) (
(Re1 + jX e1 ) +   (RL  jX L ) Re1 +   RL + j X e1   2  X L )

Onde:
 2  Z L =  2  (RL  jX L )

O sinal (+) será aplicado quando a carga for indutiva.


O sinal (-) será aplicado quando a carga for capacitiva.

Regulação de Tensão
A regulação de tensão de uma máquina mede a variação de tensão em seus terminais devido a
passagem de regime a vazio para o regime em carga.

Para o caso específico de transformadores, a regulação mede a variação de tensão nos terminais do
secundário quando a este se conecta uma carga. Com o transformador a vazio no secundário, tem-se
a tensão E 2 , que passa para um valor V 2 ao se ligar uma carga. Se a regulação é boa, esta variação
será pequena e vice-versa.
vazio − c arg a E 2 − V2
Reg % =  100 =  100
c arg a V2

Cálculo de E 2 : E 2 = (V2  cos  2 + Re 2  I 2 ) + j (V2  sen  2  Xe 2  I 2 )

O sinal positivo é usado para carga com fator de potência unitário ou atrasado.

O sinal negativo é usado para carga com fator de potência adiantado.

37
Diagramas fasoriais
Referido ao primário

(
Carga com fator de potência unitário  2 = 0 0 )

(
Carga com fator de potência atrasado 0 0   2  90 0 )

(
Carga com fator de potência adiantado − 90 0   2  0 0 )

38
Referido ao secundário

(
Carga com fator de potência unitário  2 = 0 0 )

(
Carga com fator de potência atrasado 0 0   2  90 0 )

(
Carga com fator de potência adiantado − 90 0   2  0 0 )

39
Cálculo do rendimento percentual do transformador (%)

PS PS PS
% =  100 =  100 =  100
Pe PS + Pd PS + PFe + PCu

Onde:
PS → é a potência de saída;

Pe → é a potência de entrada;

Pd → são as perdas totais.

As perdas totais são equivalentes a soma das perdas no cobre e no ferro do transformador.

Perdas no cobre → PCu = R1  I12 + R2  I 22

Perdas no ferro → PFe = RC  I C2

PS V2 .I 2 . cos 2
% =  100 =  100
PS + Pd V2 .I 2 . cos 2 + PFe + PCu

40
Ensaio de curto-circuito

Procedimento para realização do ensaio:


1 - Os terminais secundários, X1 – X2, são curto-circuitados.

2 – Lenta e cuidadosamente, aumenta-se a tensão aplicada usando um autotransformador ajustado,


até que a corrente nominal primária seja lida no amperímetro. A corrente nominal primária é
determinada a partir da capacidade nominal do transformador em VA, dividida pela tensão nominal
do enrolamento de entrada.

3 – Lê-se a potência de curto-circuito, PCC , a tensão de curto-circuito VCC e a corrente primária de

curto-circuito, I CC = I 1 (nominal).

4 – Calcula-se Ze1 pela relação das leituras do voltímetro e do amperímetro.

I CC → é a leitura do amperímetro;

VCC → é a leitura do voltímetro;

PCC → é a leitura do wattímetro.

Se o secundário de baixa tensão (enrolamento de tensão inferior) de um transformador é curto-


circuitado, ambos, V 2 (a tensão terminal secundária) e Z L (a impedância de carga secundária), são
zero. O circuito equivalente é mostrado a seguir, com o secundário curto-circuitado. Nestas condições
apenas as resistências e reatâncias primárias e secundárias estão carregando. Consequentemente, a
corrente I CC drenada de VCC é determinada apenas pela impedância equivalente interna, Ze1 .

O wattímetro mede essencialmente as perdas no cobre, ou seja, a potência correspondente às perdas


nas resistências dos enrolamentos primário e secundário, referidas para o lado do enrolamento de
tensão superior.

41
As perdas do núcleo do transformador neste ensaio são desprezíveis, devido a tensão aplicada ser
apenas uma pequena fração da tensão nominal do lado do enrolamento de tensão superior.

Embora qualquer lado possa ser curto-circuitado, é usual curto-circuitar o lado de tensão inferior,
porque o seu enrolamento tem uma tensão nominal menor e uma corrente nominal maior.

PCC = PCu = Re1  I CC


2

PCC
Re1 = R1 +  2  R2 → Re1 = 2
I CC

VCC
Ze1 = Re 1 + jXe1 → Ze1 =
I CC

Xe1 = X 1 +  2  X 2 → Xe1 = Ze12 − Re12

42
Ensaio a vazio ou de circuito aberto

Procedimento para realização do ensaio:


1 – Leva-se o autotransformador ajustável, desde zero até a tensão nominal, para o enrolamento em
que está ligado o voltímetro.

2 – Lê-se a potência de circuito aberto, P0 , a tensão nominal do lado de tensão inferior, V0 , e a

corrente de excitação referida para o lado de tensão inferior, I 02 , nos instrumentos.

3 – Calculam-se as perdas no núcleo a partir de PFe = P0 − RBT  I 02


2
, onde R BT é a resistência do
enrolamento onde foi aplicada a tensão nominal, que nesse caso é o de tensão inferior.

P0 → é a leitura do wattímetro;

V0 → é a leitura do voltímetro;

I 02 → é a leitura do amperímetro.

Executar o ensaio a vazio, para determinar as perdas do núcleo, através do enrolamento de tensão
inferior, é usual e mais seguro.

A principal razão para realização do ensaio a vazio é a medição das perdas do núcleo à tensão nominal.

Como o transformador está a vazio, a corrente primária é relativamente pequena, bem como a
resistência do enrolamento de tensão inferior no qual o ensaio está sendo realizado. Na maioria dos
casos, assim, é usual tomar-se a leitura do wattímetro como o valor das perdas no núcleo, sem subtrair
as pequenas perdas no cobre produzidas pela corrente de excitação.

43
PFe = P0 − RBT . ( I 02 ) 2

P0
FP0 = cos 0 =
V0  I 02

 P0 
 0 = arc cos  
 0 02 
V . I

E0 = V0  0 − ( RBT + j X BT ) I 02  −  0

2
E0
RC 2 =
PFe

E0
IC2 = I m2 = 2
I 02 − I C2 2
RC 2

E0
X m2 =
I m2

RC =  2  RC 2

X m =  2  X m2

O valor de  utilizado será como abaixador. Onde, RC e X m estão referidos para o lado de tensão

superior.

44
Circuito equivalente aproximado do transformador, referido para o lado de tensão inferior.

Circuito equivalente do ensaio a vazio.

As correntes a vazio do lado do enrolamento de tensão inferior são: I 02 , I C 2 e I m 2 .

A potência medida no ensaio (P0 ) é igual a perda no ferro do transformador (PFe ) .

P0  P0 
FP0 = cos 0 =  0 = arc cos  
V0  I 02  0 02 
V . I

V02 V0
RC 2 = IC 2 = I m 2 = I 02
2
− I C2 2
PFe RC 2

V V02
X m2 = 0 X m2 =
I m2 V02 . I 02
2
− P02

RC =  2  RC 2

X m =  2  X m2

O valor de  utilizado será como abaixador. Onde, RC e X m estão referidos para o lado tensão

superior.

45
Justificativa da realização dos ensaios a vazio e de curto-circuito
Além da regulação de tensão, é possível que sejam usados os dados do ensaio de curto-circuito e o
ensaio a vazio para prever o rendimento do transformador. Os ensaios empregam técnicas
convencionais, em vez do carregamento direto. A vantagem das técnicas convencionais é a utilização
de pouca potência para o teste, uma vez que usualmente não se dispõem de cargas grandes para testar
transformadores de elevadas potências.

Ponto de operação de rendimento máximo


Conforme já mostrada, a equação abaixo é o rendimento do transformador, onde o numerador
representa a potência útil transferida do primário para o secundário. As perdas que ocorrem durante
esta transferência são de dois tipos:
1) Perdas fixas, as perdas no núcleo (ferro).

2) Perdas variáveis, as equivalentes perdas no cobre referidas ao secundário.


PS V2  I 2  cos 2
% =  100 =  100
PS + Pd V2  I 2  cos  2 + PFe + PCu

PFe = RC  I C2 → Perdas fixas

PCu = Re 2  I 22 → Perdas var iáveis

A potência útil de saída e as perdas equivalentes no cobre são ambas em função da corrente
secundária, I 2 .

O rendimento máximo ocorre quando as perdas fixas e variáveis são iguais, ou seja:
PCu = PFe = Re 2  I 22

Onde a perda do ferro é uma perda fixa, determinada a partir do ensaio a vazio.
O valor da corrente secundária, para o qual ocorre o rendimento máximo pode ser calculado da
seguinte forma:
PFe
I2 =
Re 2

46
Rendimento do transformador segundo o fator de potência da carga
Sob cargas relativamente leves, as perdas fixas são elevadas em relação a saída, e o rendimento é
baixo. Com o transformador operando com sobrecarga, as perdas variáveis são elevadas em relação
a saída e o rendimento é novamente baixo. O rendimento máximo, evidentemente, ocorre a um valor
de carga para o qual as perdas fixas (perdas no núcleo) igualam as perdas variáveis (perdas no cobre).
A curva do rendimento, portanto, eleva-se desde zero (com saída zero, a vazio) até um máximo à,
aproximadamente, metade da carga nominal, e cai novamente para cargas pesadas (acima da
nominal).

Rendimento diário
Além de permitir o cálculo da regulação e do rendimento, os ensaios a vazio e de curto-circuito
fornecem dados úteis para o cálculo do rendimento diário de transformadores de transmissão e de
distribuição, que é expresso por:
WOUT (total ) W1 + W2 + W3 + ... + Wn
 d % = Re n dim ento diário = =
WIN (total ) WOUT (total ) + W perdas (total )

Onde: W1 + W2 + W3 + ... + Wn são as energias recebidas do transformador pelas diferentes cargas

ligadas durante o período de 24 horas. A W perdas (total ) é a soma das energias perdidas, constituídas

das perdas do núcleo (fixas) e no cobre (variáveis), para o período de 24 horas.

47
Impedância (Z %), Resistência (R %) e Reatância (X %) Percentuais:
Com a montagem do ensaio em curto-circuito, os instrumentos empregados permitem a obtenção de:
PCC , a potência fornecida ao transformador em curto; VCC , a tensão de curto-circuito medida no

enrolamento de TS (tensão superior); e I1N e I 2 N , as correntes nominais nos dois enrolamentos,

primário e secundário, respectivamente.

Para o ensaio de curto-circuito são válidos os circuitos equivalentes representados abaixo. Verifica-
se deste modo que o transformador, como elemento de um circuito, se comporta exatamente como
uma impedância (Ze 2 ) constituída pela associação série de uma resistência (Re 2 ) e de uma reatância
( Xe 2 ) .

Como a potência ativa neste ensaio (PCC ) corresponde a aproximadamente a potência dissipada em

R1 e R2 , e, sendo Re 2 uma resistência que representa a resistência equivalente dos dois


enrolamentos, mas referida para o secundário.
PCC
Re 2 = (1)
I 22N

Caso interesse a resistência equivalente dos dois enrolamentos, referida ao primário, basta substituir
na expressão (1) I 2 N por I1N . Para evitar dependência com o lado de referência, procura-se

representar tais resistências por um elemento que independa do lado a que são referidas. Assim sendo,
define-se um novo parâmetro:
Re 2  I 2 N Re1  I 1N
R% =  100 =  100 (2)
V2 N V1N

A resistência percentual, R % , que, embora adimensional, continua possuindo uma conceituação de


resistência, com a vantagem de apresentar o mesmo valor, quer quando calculada para o primário,
quer quando para o secundário do transformador;
V1N e V2 N são as tensões nominais do primário e secundário, respectivamente; e

48
I1N e I 2 N , as correntes nominais do primário e secundário.

Substituindo a equação (1) na expressão de R %:


PCC  I 2 N PCC
R% =  100 =  100 (3)
V2 N  I 2
2N V2 N  I 2 N

Como o produto V2N  I 2N é igual a potência nominal do transformador (S N ) ;

PCC
R% =  100 (4)
SN

O módulo da impedância equivalente referida ao secundário (Ze 2 ) pode ser calculado como:

Vcc1
Ze2 = (5)
  I 2N

Que pelo mesmo motivo anterior deve ser, de preferência, expressa em termos de seu valor percentual,
que é definido por:
Ze2  I 2 N Ze1  I 1N
Z%=  100 =  100 (6)
V2 N V1N

Substituindo Ze 2 pela expressão (5):


Vcc1  I 2 N Vcc1
Z%=  100 =  100 (7)
  I 2  V2
N N
  V2 N

Lembrando que o produto   V2N é igual a V1N :

Vcc1
Z%=  100 (8)
V1N

Considerando a associação série:

X%= (Z %)2 − (R %)2 (9)

49
Tendo R% , embora sem unidade, um significado de resistência, seu valor sofre variações com a
temperatura. Como na realidade do ensaio não há tempo suficiente para o aquecimento do
transformador, justifica-se sua correção para 75º C no caso de transformadores de classe de
temperatura de 105º C a 130º C e para temperatura de 115º C para a classe de temperatura de 155º C
a 180º C, aplicando para tanto expressão apropriada. O valor de X % não sofrerá variação. Como
Z % corresponde a impedância equivalente da associação de X % com R % , deverá também ser
corrigida pela expressão apresentada a seguir.
R % f = k  R % a (10)

Z % f = (R% )2 f
+ ( X %)
2
(11)

Onde:
k → é o coeficiente de correção de temperatura dado por:

1
+ f
k = 
1
+a

 → é o coeficiente de variação da resistência com a temperatura;


1 1
para o cobre o valor é 234,5 e para o alumínio o valor é 225;
 

 a → é a temperatura ambiente em grau centígrado;


 f → é a temperatura final de operação em grau centígrado;

R % f → é a resistência percentual à temperatura final considerada (75º C ou 115º C);

R % a → é a resistência percentual à temperatura do ensaio; e

Z % f → é a impedância percentual à temperatura final considerada (75º C ou 115º C).

50
CÁLCULO DA POTÊNCIA DE CURTO-CIRCUITO DE UM
TRANSFORMADOR MONOFÁSICO UTILIZANDO A IMPEDÂNCIA
PERCENTUAL (Z%)

A impedância percentual (Z%) representa o valor percentual da tensão nominal do transformador,


que se deve aplicar, para que se obtenha a corrente nominal no ensaio de curto circuito. A partir dos
dados obtidos no ensaio de curto-circuito, a impedância percentual é definida conforme a expressão
matemática abaixo:

𝑉𝐶𝐶
𝑍% = × 100 (1)
𝑉𝑁

𝑉𝐶𝐶
𝑍𝐶𝐶 = (2)
𝐼𝑁

Quando ocorre um curto-circuito no secundário de um transformador monofásico, a corrente de curto-


circuito (ICC) é limitada pela impedância do transformador (ZCC). Essa impedância é obtida do ensaio
de curto-circuito.

𝑉𝑁
𝐼𝐶𝐶 = (3)
𝑍𝐶𝐶

• Substituindo a equação (2) em (3), tem-se:

𝑉𝑁 𝑉𝑁 × 𝐼𝑁 𝐼𝑁
𝐼𝐶𝐶 = = =
𝑉𝐶𝐶 𝑉𝐶𝐶 𝑉𝐶𝐶
𝐼𝑁 𝑉𝑁

51
Multiplicando por (100) o numerador e o denominador da equação anterior, e, além disso, observando
a definição de (Z%) na equação (1), defini-se a corrente de curto-circuito em função da corrente
nominal e da impedância percentual.
𝐼𝑁 × 100
𝐼𝐶𝐶 =
𝑉𝐶𝐶
× 100
𝑉𝑁

𝐼𝑁 ×100
𝐼𝐶𝐶 = (4)
𝑍%

A potência de curto-circuito a ser considerada no transformador monofásico é calculada pela


expressão matemática abaixo:

𝑆𝐶𝐶 = 𝑉𝑁 × 𝐼𝐶𝐶 (5)

Segue a demonstração para o cálculo da potência de curto-circuito utilizando a impedância (Z%) e a


potência nominal do transformador monofásico (SN).

• Substituindo a equação (4) em (5), tem-se:

𝑉𝑁 ×𝐼𝑁 ×100
𝑆𝐶𝐶 = (6)
𝑍%

Uma vez conhecida a impedância percentual, é possível calcular a potência de curto-circuito de um


transformador monofásico em função de sua potência nominal.

O produto (VN × IN) resulta na potência nominal do transformador monofásico. Reorganizando a


equação (6), defini-se a expressão matemática para o cálculo da potência de curto-circuito de um
transformador monofásico, em função de sua potência nominal (SN) e sua impedância percentual
(Z%).

𝑆𝑁 × 100
𝑆𝐶𝐶 =
𝑍%

52
Polaridade dos enrolamentos do transformador:

H1 – H2 e H3 – H4 → bobinas de tensão superior (muitas espiras e condutor de menor seção).

X1 – X2 e X3 – X4 → bobinas de tensão inferior (poucas espiras e condutor de maior seção).

H1 – H2 e X3 – X4 → enrolados na mesma direção; o ponto situa-se no terminal da esquerda.

X1 – X2 e H3 – H4 → enrolados no mesmo sentido, um em relação ao outro, mas em oposição a H1


– H2; o ponto está situado no terminal da direita.

Os subíndices ímpares correspondem aos terminais pontuados que representam a fem induzida
positiva em cada enrolamento.

Exemplos:
Bobinas de TS em série e bobinas de TI em série

53
Bobinas de TS em série e bobinas de TI em paralelo

Bobinas de TS em paralelo e bobinas de TI em série

Bobinas de TS em paralelo e bobinas de TI em paralelo

TS  tensão superior;
TI  tensão inferior.

54
Polaridade de transformadores monofásicos
A marcação da polaridade dos terminais dos enrolamentos de um transformador monofásico indica
quais são os terminais positivos e negativos em um determinado instante, isto é, a relação entre os
sentidos momentâneos das fem nos enrolamentos primário e secundário. Por outro lado, o ângulo de
defasagem entre tensões de TS e TI, isto é, o defasamento angular (D.A.), é importante de ser
determinado nas seguintes situações:
a) ligações em paralelo de transformadores;
b) ligações de transformadores de corrente e potencial, nos circuitos de medição e proteção.

A polaridade dos transformadores depende fundamentalmente de como são enroladas as espiras do


primário e do secundário, que podem ter sentidos concordantes ou discordantes, como se pode ver na
figura 1. Esses sentidos têm implicação direta quanto à polaridade da fcem e da fem.

Aplicando uma tensão V1 ao primário de ambos os transformadores, com a polaridade indicada na


figura 1, haverá circulação de correntes nesses enrolamentos, segundo o sentido mostrado. Admitindo
que as tensões e, consequentemente, as correntes estão crescendo, então os correspondentes fluxos
serão crescentes e seus sentidos indicados (ver na figura 1 o sentido de  ). Como já se conhece da
teoria dos transformadores, devido ao referido fluxo, aparecerão fem nos enrolamentos secundários
que, de acordo com a lei de Lenz, contrariam a causa que as deu origem. Logo, no caso “a”, haverá
uma fem induzida que tenderia a produzir a corrente I 2 indicada. Portanto seria induzida uma fem
e 2 no sentido indicado, ou seja, de 2’ para 1’, que irá ser responsável por um fluxo ( ') contrário ao
 . Já no caso “b”, tal fem deverá ter sentido exatamente oposto ao interior, com o propósito de
continuar produzindo um fluxo contrário ao indutor.

Analogamente ao que acontece no secundário, estando o mesmo fluxo ( ) cortando também o


primário, tem-se uma tensão induzida no circuito do primário, sendo, pois, denominada por fcem,
tendo o sentido indicado na figura 1 “a” e “b”. Uma vez que a tensão aplicada (V1 ) tem a mesma

polaridade para a fcem e1 de modo que se tenha o efeito de queda de tensão.

Ligando-se, agora, os terminais 1 e 1’ em curto, e colocando-se um voltímetro entre 2 e 2’, verifica-


se que as tensões induzidas ( e1 e e 2 ) irão subtrair-se (caso “a” ) ou somar-se (caso “b”), originando
daí a designação para os transformadores:

55
O fluxo ( ) é produzido pela corrente i1 .

a) sentido concordante dos enrolamentos; b) sentido discordante dos enrolamentos.


Figura 1 – Influência do sentido do enrolamento na polaridade.

Caso a: Polaridade subtrativa (mesmo sentido dos enrolamentos).


Caso b: Polaridade aditiva (sentidos contrários dos enrolamentos).

Marcação dos terminais


A ABNT recomenda que os terminais de tensão superior sejam marcados com H1 e H2, e os de tensão
inferior com X1 e X2, de tal modo que os sentidos das fem momentâneas sejam sempre concordantes
com respeito aos índices.

Usando tal notação, têm-se os arranjos da figura 2.

Com isso, pode-se observar que, na polaridade subtrativa, os terminais com índice 1 são adjacentes,
o mesmo acontecendo com os de índice 2, e, na polaridade aditiva, esses índices são opostos entre si.

Um outro tipo de distinção entre os dois transformadores apresentados, pode ser feita em termos de
defasamento, entre os dois fasores representativos de e1 e e2.

56
Embora tal representação não seja usada para transformadores monofásicos, a mesma é aqui
introduzida pela necessidade posterior dos transformadores trifásicos e, no presente ponto, sua
conceituação se faz mais facilmente.

Considerando as direções e os sentidos dos fasores indicados na figura 2, verifica-se que, no primeiro
caso, o ângulo entre os mesmos é de zero grau e, no segundo caso, de 180º. Assim, ao se marcar os
terminais desses transformadores, serão realizados sem se preocupar realmente com os sentidos
corretos, isto é, se os mesmos índices (por exemplo, 1) são adjacentes ou não. Nesta situação, haverá
a marcação como indica a figura 3.

a) polaridade subtrativa; b) polaridade aditiva


Figura 2 – Polaridade de transformadores monofásicos.

Evidentemente, se os terminais dos transformadores são marcados como na figura 3, de acordo com
a primeira notação, os mesmos seriam introduzidos como dois subtrativos. Entretanto, é conhecido
que o segundo não o é, surgindo daí a necessidade do fornecimento de um outro elemento que os
identifique ou os diferencie. Este elemento poderia ser o próprio ângulo entre e1 e e2. Assim, se no
lado do primeiro se colocar a designação 0º, entende-se que e1 e e2 têm o mesmo sentido, (portanto
subtrativo), ao passo que, colocando-se 180º ao lado do segundo, entende-se que as fem estão
defasadas do correspondente ângulo (transformador aditivo). Concluindo, com a nova marcação os
índices perderam seu sentido anterior.

57
Figura 3 – Outro modo para a marcação da polaridade de transformadores monofásicos.

Métodos de ensaio de polaridade


Segundo a ABNT, os métodos de ensaio usados para a determinação da polaridade de
transformadores monofásicos são do golpe indutivo, da corrente alternada e do transformador-padrão,
que a seguir serão analisados.

Método do golpe indutivo com corrente contínua


De acordo com a figura 4, ligam-se os terminais de tensão superior a uma fonte de corrente contínua.
Instala-se um voltímetro de corrente contínua entre os terminais, de modo a se obter uma deflexão
positiva ao se ligar à fonte de corrente contínua, estando a chave comutadora na posição 1.
Naturalmente, nesta posição será observada a tensão entre os terminais H1 e H2. Em seguida,
colocando-se a chave na posição 2, transfere-se cada terminal do voltímetro para a baixa tensão do
transformador.

Desliga-se, em seguida, a corrente de alimentação, observando-se o sentido de deflexão do voltímetro.

Quando as duas deflexões são em sentidos opostos, a polaridade é subtrativa; quando no mesmo
sentido, é aditiva. Essas conclusões estão baseadas na lei de Lenz.

Atenção: Para transformadores de medidas (TP e TC), os ensaios são normalizados de acordo com a
norma ABNT e o método recomendado também é o do golpe indutivo com a corrente contínua.

58
Figura 4 – Determinação da polaridade pelo método do golpe indutivo.

Método da corrente alternada


Este método é praticamente limitado aos transformadores cuja relação do número de espiras é de no
máximo igual a 30.

Aplica-se uma tensão alternada conveniente aos terminais de tensão superior, lêem-se as indicações
de um voltímetro ligado primeiramente entre os terminais de tensão superior (chave na posição 1) e
depois entre os terminais adjacentes (chave na posição 2), como indica a figura 5. Se a primeira for
maior que a segunda, a polaridade será subtrativa; caso contrário, será aditiva. Esta conclusão é obtida
da própria definição de transformadores aditivo e subtrativo.

Figura 5 – Determinação da polaridade pelo método da corrente alternada

59
Método do transformador-padrão
Este método consiste em comparar o transformador a ensaiar com um transformador-padrão de
polaridade conhecida, que tenha a mesma relação do número de espiras de acordo com a figura 6.

Ligam-se entre si, na tensão inferior, os terminais situados a esquerda de quem olha pelo lado da
tensão inferior, deixando livre os terminais situados a direita.

Aplica-se uma tensão reduzida nos enrolamentos de maior tensão, que devem estar ligados em
paralelo (com isso, definem H1 e H2 do segundo transformador), uma vez que estão eletricamente
ligados aos correspondentes terminais do primeiro transformador, e mede-se o valor da tensão
acusada pelo voltímetro. Se este valor for nulo ou praticamente nulo, os dois transformadores terão a
mesma polaridade, ficando dessa forma conhecida a marcação dos terminais do transformador em
teste. Se a leitura der o dobro da fem no secundário de um dos transformadores, ou valor próximo a
este, sabe-se que a marcação dos terminais do secundário do transformador será em sequência oposta
ao do primeiro.

Figura 6 – Determinação da polaridade pelo método do transformador-padrão.

Exemplo de ensaio de polaridade utilizando um transformador monofásico 120V / 12V.


Polaridade aditiva

Vt = 120 + 12 = 132 V

60
Polaridade subtrativa

Vt = 120 − 12 = 108 V

AUTOTRANSFORMADOR

Definição – Um autotransformador é definido como um transformador que só tem um enrolamento.


Assim, um transformador de enrolamentos múltiplos pode ser considerado um autotransformador, se
todos os seus enrolamentos são ligados em série em adição ou oposição, para formar um único
enrolamento.

Autotransformador operando como abaixador

I 2 = I1 + I C

Autotransformador operando como elevador

I1 = I C + I 2

61
Autotransformador Variável (VARIAC ou VARIVOLT)
Consiste de um simples enrolamento, praticado no núcleo de ferro toroidal, conforme o desenho
abaixo. O variac tem uma escova de carvão solidária a um eixo rotativo, que faz contato com as
espiras expostas do enrolamento do autotransformador. Devido a sua construção só permite ser usado
como abaixador.

O autotransformador, abaixo, permite seu uso como elevador ou abaixador. Isto é impossível ocorrer
em um potenciômetro.

Os autotransformadores variáveis são extremamente úteis em laboratórios ou em situações


experimentais que requerem uma larga faixa de ajuste de tensão com pequena perda de potência.

Qualquer transformador comum, de dois enrolamentos isolados, pode ser convertido em


autotransformador.

62
Transformador isolado ligado como autotransformador elevador, utilizando polaridade em adição
Exemplo: Transformador de 10kVA, 1.200V/120V

Ligação como autotransformador elevador, usando polaridade em adição

V1 NC
=
V2 N C + N S

Onde:
V1 − é a tensão de entrada;

V 2 − é a tensão de saída;

N C − é o número de espiras do enrolamento comum (primário);

N S − é o número de espiras do enrolamento série.

Operando como abaixador

63
A corrente que passa pela carga é: I 2 = I1 + I C

A potência transferida condutivamente é: S C = V2  I1

A potência transformada é: S t = V2  I C = (V1 − V2 )  I1

A potência total do autotransformador é: ST = S C + S t = V2  (I1 + I C ) = V2  I 2


𝑆𝑇 = 𝑆𝐶 + 𝑆𝑡 = 𝑉1 . 𝐼1 = [𝑉2 + (𝑉1 − 𝑉2 )] . 𝐼1

V1 N S + N C
A relação de transformação é: =
V2 NC

Operando como elevador

A corrente primária é: 𝐼1 = 𝐼2 + 𝐼𝐶

A potência transferida condutivamente é: S C = V1  I 2

A potência transformada é: S t = V1  I C = (V2 − V1 )  I 2

A potência total do autotransformador é: ST = S C + S t = V1  (I 2 + I C ) = V1  I1


𝑆𝑇 = 𝑆𝐶 + 𝑆𝑡 = 𝑉2 . 𝐼2 = [𝑉1 + (𝑉2 − 𝑉1 )] . 𝐼2

V1 NC
A relação de transformação é: =
V2 N S + N C

64
Características do autotransformador
Diferenças entre um autotransformador e um transformador convencional, assim como as vantagens
e desvantagens, e vice-versa.

1 − O aumento da capacidade em kVA de um autotransformador é devido ao seu menor tamanho


quando comparado a um transformador isolado comum de mesma capacidade.

2 − O autotransformador é capaz de transferir mais energia do primário ao secundário, quando


comparado a um transformador isolado.

No transformador isolado comum não há ligação condutiva entre os circuitos primário e secundário.
Nesse caso toda energia recebida pelo primário deve ser transformada para atingir o secundário.

Em um autotransformador, parte da energia pode ser transferida condutivamente do primário para o


secundário e o restante da energia transferida por ação de transformação. A energia transferida
condutivamente representa o acréscimo da capacidade em kVA.

3 − O autotransformador tem tamanho reduzido, devido ao fato de transferir parte de seus kVA por
condução, por isso suas perdas no núcleo são menores.

4 − O autotransformador possui apenas um enrolamento por definição, em comparação aos dois do


transformador convencional isolado. Além disso, a corrente que circula no enrolamento comum ao
circuito primário e secundário é a diferença entre as correntes desses dois circuitos. Estes dois fatores,
um só enrolamento e a menor corrente, tendem a reduzir as perdas variáveis (perdas no cobre).

5 − Os autotransformadores tem mais rendimento que os transformadores convencionais isolados de


mesma capacidade e esse rendimento do autotransformador aumenta à medida que a relação de
transformação se aproxima da unidade. Por exemplo:

65
Se os autotransformadores são tão superiores em relação aos transformadores convencionais isolados,
por que não se utilizam apenas autotransformadores?

A resposta é a seguinte: se houver uma falta de tensão no primário ou no secundário de um


transformador isolado, devido a algum circuito aberto, não aparecerá tensão nos terminais da carga,
e, logo que possível, o enrolamento será substituído após ser constatada a falha. No autotransformador
equivalente as junções “A” e “B” carregam as correntes mais altas, e, portanto, desenvolvem pontos
aquecidos que podem resultar em circuitos abertos. Uma abertura no ponto “B” faz com que a carga
receba uma tensão igual a do primário V1 .

66
TRANSFORMADOR TRIFÁSICO

Equipamentos utilizados para transformação trifásica


• Transformador trifásico.
• Autotransformador trifásico.
• Banco de transformadores monofásicos (uma bancada  -  pode ser operada em V - V com um
transformador removido, sem descontinuidade de serviço).

Transformador trifásico:
Terminais de tensão superior

Terminais de tensão inferior

Banco de transformadores (composto de três transformadores monofásicos)

67
Sistemas Trifásicos

Máquina Teórica
- Diversas limitações práticas impedem sua utilização.
- Atualmente, na prática, o campo gira, enquanto o enrolamento trifásico é estacionário.

Sequência ABC

Estrela

VL = V f  3

IL = I f

68
Triângulo

VL = V f

IL = I f  3

Exemplo:
Três transformadores monofásicos idênticos de 10kVA – 1330V / 230V.

69
Tipos de Conexões

Estrela – Estrela (Y – Y)

Tensões de linha aplicadas nos terminais de AT (primário) dos transformadores monofásicos ligados
em Y (estrela).

figura1 figura 2

figura 1 – VL e Vf aplicadas nos enrolamentos primários.

figura 2 – tensões de fase induzidas nos enrolamentos secundários.

70
Ligação com X2 comum

A tensão de linha secundária entre “a” e “b”, chamada Vab , é a soma fasorial das tensões entre X1 e

X2 da bobina “a”, além de, X2 e X1 da bobina “b”, ou seja, Vab = Van + Vnb = Van − Vbn .

VL = 3  V f

A tensão de linha ( V L ) está deslocada de 30º da tensão de fase ( V f ).

Avaliação Importante
Não há deslocamento entre as tensões de linha do secundário e as do primário. Semelhantemente, não
há deslocamento (rotação de fase) entre as tensões de fase primárias e secundárias.

Primário: VAB = 23000º V VAN = 1330 -30º V


Secundário: Vab = 400 0º V Van = 230 -30º V

Esta verificação é importante para ligação em paralelo dos secundários dos transformadores.

71
Um enrolamento acidentalmente invertido

Vca = 400 120 º V Van = 230  − 30 º V


Vab = 230  − 90 º V Vbn = 230  30 º V
Vbc = 230  − 30 º V Vcn = 230  90 º V

Invertendo-se a bobina “b” acidentalmente, as tensões de linha ficarão desbalanceadas, ou seja, os


valores absolutos das tensões de linha serão diferentes e não estarão mais defasados de 120º umas em
relação às outras, e, também, não estarão mais em fase com as tensões de linha primária.

72
Ligação com X1 comum

As tensões de linha (VL) e de fase (Vf) do secundário estão defasadas de 180º em relação a ligação
anterior. Portanto, esses dois transformadores não poderão ser ligadas em paralelo, pois qualquer
tentativa resultará num curto-circuito.

73
Estrela – Triângulo ( Y -  )

É comum utilizar um voltímetro para medir a tensão resultante (VR), antes de fechar o triângulo. Se
VR = 0, o voltímetro será retirado para fechamento do triângulo.

Um enrolamento acidentalmente invertido


Se o triângulo for fechado, o curto-circuito formado, faz com que circulem altas correntes de malha
no transformador.

O voltímetro medirá, nesse caso, uma tensão resultante (VR) de 460 V. Logo, uma tensão resultante
(VR) diferente de zero volt. Portanto, a conexão triângulo deverá ser refeita.
VR = 230  330° + 230  210° - 230  90° = 230  330° + 230  210° + 230  270°
VR = 460  270° V

74
Operações em paralelo
Para adequada operação em paralelo, os transformadores devem atender certos requisitos básicos,
que estão listados a seguir:

(a) Condições fundamentais


(a1) Mesma relação de transformação:
• A alimentação primária das várias unidades deve ter as mesmas características elétricas;
• As tensões secundárias devem ser iguais.

(a2) Polaridade ou defasamento angular conveniente:


• Os transformadores devem ter o mesmo deslocamento angular.

(b) Condições de otimização


(b1) Mesma impedância percentual:
• As impedâncias percentuais dos transformadores devem ser preferencialmente iguais.

(b2) Mesma relação entre resistência e reatância percentual:


• Os fatores de potência de curto-circuito dos transformadores devem ser iguais.

(c) A relação entre as potências nominais das diversas unidades não seja superior a 3:1.

Exemplo de operação em paralelo de dois transformadores Y-Y.

75
A operação em paralelo de transformadores é de grande importância, para o aumento da capacidade
de potência transmitida e da melhoria da confiabilidade do sistema. São possíveis as seguintes
combinações para ligação em paralelo:
Y - Y → Y - Y : não há deslocamento de fase entre as tensões de linha primárias e secundárias.

Y -  → Y -  : mesma rotação de fase de 30º entre primário e secundário em todos os


transformadores.

 - Y →  - Y : mesma rotação de fase de 30º entre primário e secundário em todos os


transformadores.

 -  →  -  : não há rotação de fase entre primário e secundário.

 -  → Y - Y ou Y - Y →  -  : não há rotação de fase entre primário e secundário, mas são


necessárias diferentes relações de transformação em tensões.

Observação
Nunca será possível ligar em paralelo dois transformadores, quando em um houver rotação de fase e
para o outro não, como por exemplo:  - Y → Y - Y e Y -  →  - .

A importância do neutro e meios para obtê-lo


O neutro é fundamental para a supressão das harmônicas num sistema Y - Y. Mas, além desta função
ele fornece as seguintes vantagens:
- um caminho para as correntes desequilibradas devidas as cargas desequilibradas;
- um meio pelo qual um serviço elétrico duplo pode ser fornecido;
- um meio pelo qual as tensões de fase são equilibradas em relação as tensões de linha.

76
Transformação  - Y

Z2 Z
Za = Zb = Zc = =
Z +Z +Z 3

Transformador com conexão  - Y

Transformador com conexão  - 

77
O sistema delta aberto ou conexão V – V:
Se o sistema primário de um transformador de uma bancada de um sistema  -  for acidentalmente
aberto, o sistema continuará a entregar energia a uma carga trifásica. Se for o caso de um
transformador monofásico defeituoso, e, por isto, desligado e removido, conforme a figura abaixo, a
bancada resultante se chamará delta aberto ou sistema V –V.

O sistema continuará a suprir a potência trifásica às cargas ligadas em  ou Y sem alterações nas
tensões.

figura 1 figura 2

figura 1 – Tensões de linha aplicadas ao primário do sistema V – V.


figura 2 – Tensões de linha secundárias produzidas pela bancada V – V.

O sistema delta aberto (V - V) ainda produz três tensões de linha defasadas de 120º. Pode, portanto,
ser ligado em paralelo com aqueles transformadores (para as mesmas tensões de linha primárias e
secundárias) que não dão deslocamento angular.

A potência suprida por transformador num sistema delta aberto (V - V) não é a metade (50%) da
1
potência total, mas sim 57,735% e isso é igual a × 100.
√3

78
Desde que cada transformador num sistema V - V agora entrega a corrente de linha (e não a de fase),
a potência suprida por transformador num delta aberto, comparada a potência total trifásica é:

Potência por trafo (V − V ) Vf  I f VL  I L 1


= = = = 0,57735
Potência total 3 ( −  ) 3  VL  I L 3  VL  I L 3

Se três transformadores em  -  estiverem suprindo carga nominal e um transformador for removido,


a carga em cada um dos transformadores que permanecer será de 173,2%, ou seja, (√3). 100

Se dois transformadores estiverem operando em V - V e com carga nominal, a adição de um terceiro


transformador aumentará a capacidade total de 173,2%. Assim um aumento no custo de 50%, para o
terceiro transformador, permitirá um acréscimo da capacidade do sistema em 73,2%, ao convertê-lo
de V - V em  - .

79

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