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Alguns Modelos de Transporte de Sedimentos para o Curso D’água Numa Bacia


Semiárida do Estado de Pernambuco

Conference Paper · January 2012


DOI: 10.12702/8sbcmac-a097

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5 authors, including:

Jose Cantalice Victor Piscoya


Federal Rural of Pernambuco University Universidade Federal Rural de Pernambuco
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ALGUNS MODELOS DE TRANSPORTE DE SEDIMENTOS PARA O CURSO D’ÁGUA
NUMA BACIA SEMIÁRIDA DO ESTADO DE PERNAMBUCO1

Moacyr Cunha Filho2, Priscila Souza Alves3, José Ramon Barros Cantalice4,
Victor Cassimiro Piscoya5 & Ana Clara Paixão Campos6

Resumo: O transporte de sedimentos de um curso d’água no semiárido de Pernambuco assume um importante


papel, pois deste é que encontramos uma paisagem significativa e que também ajuda em muitos aspectos os
ribeirinhos. Devido a estes dois motivos o presente trabalho veio com intuito de mostrar, o acúmulo de
sedimentos por carga de fundo, trazida pelo transporte de saltação, deslizamento e principalmente por arraste.
O trabalho foi realizado na bacia hidrográfica do riacho Exu, situado no município de Serra Talhada-PE, com
área total de 537,37 Km². Foi utilizado o instrumento de medição direta o amostrador BLH-84 para medir a
descarga sólida direta, e também utilizada às equações de transporte de sedimentos por arraste de Shields,
Kalinske e Duboys para estimar a descarga de sedimento de fundo. O modelo de transporte de sedimentos por
arraste de Shields foi a que apresentou o menor erro de estimativa no riacho Exu. A produção de sedimento de
fundo na bacia do riacho Exu para o ano de 2010 foi de 0,00836 t ha-1ano-1 e a estimada pelo modelo de
Shields foi de 0,09548 t ha-1ano-1, para o ano de 2011.

Palavras-chave: riacho Exu, sedimentos, transporte.

INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural escasso e cuja disponibilidade tem sido crescentemente limitada, principalmente
em regiões áridas e semiáridas (Gheyi et al., 2012).
Erosão, transporte e deposição de sedimentos em leitos de cursos d’água são processos naturais e se dão de
forma lenta e contínua.
O transporte de sedimentos em rios pode ocorrer em diferentes modalidades dependendo das condições
hidrodinâmicas do escoamento e das propriedades dos sedimentos. Materiais de granulometria da areia ou
classe superior a essa são transportados por arraste sobre o leito através de movimentos do tipo saltação,
rolamento ou deslizamento. Materiais finos como o silte e a argila são transportados em suspensão. Os
sedimentos correspondentes a classe areia poderão também ser transportados em suspensão quando a condição
de turbulência do escoamento for elevada (Merten et al., 2008). As formas de transportes são representadas
através da Figura 1.
A descarga sólida do leito varia longitudinalmente e transversalmente ao canal. Entre as causas dessa
variação são atribuídos fatores como a forma do fundo do canal, flutuações da turbulência, variações do
suprimento de sedimentos de montante e mudanças na composição granulométrica dos sedimentos que se
encontram na superfície do leito (Diplas et al., 2008). Os processos físicos que ditam se um grão será transportado
como partícula em suspensão ou como carga de fundo dependerá das forças que induzem um grão a vir ao
fundo (gravidade) ou que a força agir como partícula em suspensão (turbulência e viscosidade) (Mount e Fong,
1995).
Desta maneira, o presente trabalho tem como objetivo identificar as formas de transporte de sedimentos
por carga de fundo, em um riacho, no semiárido de Pernambuco.

1
Projeto financiado pelo CNPq/INSA – Processo nº 562472/2010-0.
2
Doutor em Ciência do Solo, Professor Associado do Programa de Pós-Graduação de Estatística Aplicada e Biometria da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Rua Dom
Manoel de Medeiros s/n, Recife, PE, CEP 52.171-900. E-mail: moacyr@deinfo.ufrpe.br Telefones:(0xx81)99545977/87425053
3
Graduanda em Agronomia, Departamento de Agronomia da UFRPE
4
Doutor em Ciência do Solo, Departamento de Agronomia da UFRPE
5
Doutor em Ciência do Solo, Departamento de Engenharia Florestal da UFRPE
6
Mestranda do Programa em Estatística Aplicada e Biometria da UFRPE
Figura 1. Formas de transporte de sedimentos por arraste, saltação e deslizamento

MATERIAIS e MÉTODOS

A bacia do riacho Exu apresenta uma área total de 537,37 Km2, sendo localizada no município de Serra
Talhada - PE, no semiárido brasileiro. Foi usado para medição direta um amostrador BLH-84, e as equações
que foram avaliadas para o transporte dos sedimentos por arraste, foi a de Shields, Kalinske e Duboys na
estimativa da descarga de sedimento de fundo.
As coletas foram realizadas a vau com um amostrador do tipo BLH–84 (Figura 2) com diferencial de
pressão (relação entre entrada e saída é 1,4), que apresenta uma estrutura metálica com largura de amostragem
de 0,076 m, sendo este equipamento projetado para coletar sedimentos que variam de um tamanho entre 1 a
38 mm de diâmetro (Diplas et al., 2008).

Figura 2. Detalhes do amostrador (BLH – 84)

Para estimativa de descarga sólida por corpo de fundo, o primeiro modelo que foi utilizado foi o modelo de
DuBoys com a seguinte expressão:

q S         C 

0,01003
Em que: q S = descarga sólida (kg s-1 m-1);  = (onde D é o diâmetro característico da mistura de
D3/ 4
sedimentos, d 50 );  = tensão de cisalhamento do escoamento sobre o leito (N m-2) e  C = tensão crítica de
cisalhamento (kg m-2), abaixo da qual não existe erosão, obtida no diagrama de Zeller de acordo com Graf
(1988).
O modelo semiempírico proposto por Shields para o transporte sólido de fundo do riacho Exu, tem a
seguinte expressão:

qS   S   C
 10 
q   S  S     d

Em que: qs = descarga sólida (kg s-1); q = descarga líquida por unidade de largura (m2 s-1); d = diâmetro
característico da mistura de sedimentos, d50 (m);  e s = peso específico da água e do sedimento (N m-3); S =
declividade do sulco (m m-1);  = tensão de cisalhamento do escoamento sobre o leito (N m-2) e C = tensão
crítica de cisalhamento, abaixo da qual não existe erosão, obtida no diagrama de Shields.
O modelo de Kalinske, baseado em turbulência, tem a expressão:

qS  
*
 f C 
U d  

Em que: qs = descarga sólida (kg s-1); d = diâmetro da partícula do sedimento, d50 (m); U* = velocidade de
 c 
cisalhamento (m s-1); f é uma função de   ;  = tensão de cisalhamento do escoamento sobre o leito (N m-
 
2
) e C = tensão crítica de cisalhamento, abaixo da qual não existe erosão (N m-2), obtida pela relação proposta
pelo autor:

 C  0,12   S  d 50

Em que: s = peso específico do sedimento submerso (N m-3) e d50 = diâmetro característico do sedimento (m).
A estimativa de erro das velocidades medidas de acordo com Einstein e Abdel (1972) que define o erro de
estimativa como a diferença entre o valor estimado e o valor observado, dividido pelo valor observado, através
do modelo estatístico:

V  V medido
estimado
Erro de estimativa = x 100
V
medido

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores de descarga sólida por carga de fundo (Qsf), calculados a partir dos modelos de transporte de
sedimentos desenvolvidas por DuBoys, Shields e Kalinske, para o ano de 2011, são apresentados na Tabela 1.
Pode-se observar que as taxas de descarga encontradas também apresentam diferenças entre os métodos
empregados, semelhante ao ano de 2010.
Na avaliação da proporção entre a descarga por carga de fundo e em suspensão observamos que, para o ano
de 2010, os valores encontrados pelo modelo de Duboys variou entre 4,63% e 313,42% com comportamento
crescente ao longo do período. Isso se explica pelo fato de que nas primeiras avaliações realizadas a concentração
de sedimentos em suspensão era bem elevada, o que tende a decrescer com a diminuição das frequências das
Tabela 1. Descarga sólida por carga de fundo do riacho Exu determinada pela aplicação dos modelos
de DuBoys, Shields e Kalinske para o ano de 2011
Descarga sólida por carga de fundo (t dia-1)
Dia 2011
DuBoys Shields Kalinske
26/3 626, 824 432,062 0,235
27/3 603, 462 371,445 0,232
28/3 552, 387 277,634 0,227
7/4 454, 005 222,464 0,208
8/4 406, 927 162,544 0,202
8/4 361, 175 120,165 0,196
9/4 318, 063 95,8700 0,182
9/4 273,891 69,8160 0,175
10/4 241,268 53,4090 0,170
10/4 208,198 38,4180 0,164
11/4 232,676 52,2630 0,168
11/4 189,687 35,7500 0,160
12/4 183,209 33,8650 0,159
14/4 152,178 22,3380 0,152
15/4 114,999 14,4250 0,135
15/4 88,975 8,52400 0,119
16/4 113,451 13,8540 0,135
16/4 89,993 8,21000 0,118
17/4 54,267 3,84800 0,105
18/4 53,289 3,55200 0,105
28/4 33,742 2,30400 0,083
29/4 19,653 1,30200 0,069
29/4 11,106 0,61300 0,057
30/4 32,805 2,24300 0,082
30/4 19,048 1,21400 0,068
1/5 10,737 0,58100 0,056
1/5 10,306 0,64200 0,047
2/5 7,2320 0,37000 0,041
12/5 19,882 0,86100 0,061
13/5 16,017 0,62500 0,055
13/5 12,655 0,44700 0,050
14/5 9,0030 0,27200 0,046
14/5 7,0630 0,18500 0,038
15/5 4,3170 0,13300 0,026
15/5 3,3400 0,09500 0,024
16/5 2,8370 0,06700 0,022
Média 153,769 57,011 0,116

chuvas na área da bacia. A proporção entre os valores encontrados pelo medelo de Shields variou entre 3,19%
e 31,96% e pela aplicação do modelo de Kalinske a proporção da descarga de sedimento por carga de fundo
encontrada em função da descarga de sedimento em suspensão ficou entre 0,002% e 2,123%.

CONCLUSÕES

O transporte de corpo de fundo ocorre principalmente por arraste. Existe uma interação entre o tamanho da
partícula e a velocidade média. O acúmulo de sedimentos no fundo prejudica a qualidade da água superficialmente.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, ao CNPq/INSA-2010 pela oportunidade de trabalhar com projeto aprovado e


mostrar ao Brasil e ao mundo o que fazemos com dedicação e compromisso.
REFERÊNICAS BIBLIOGRÁFICAS

CHARLTON, R. Fundamentals of Fluvial Geomorphology. Routledge: London, 243p.; 2007.


DIPLAS, P.; KUHNLE, J.; GLYSSON, D. EDWARDS, T. Sediment Transport Measurements, in:
Sedimentation Engineering – Process, Measurements, Modelling and Practice, Ed. Garcia, M. H. ASCE
Manual and Report on Engineering Practice Nº 110, Reston, Va. Pp. 307 – 309. 2008.
EINSTEIN, H. A.; ABDEL-AaL, F. M. Einstein Bed Load Function at High Sediment Rates. Journal of the
Hydraulics. Vol. 98, pp. 137 – 152, 1972.
GRAF, W.L. Fluvial Processes in Dryland Rivers. Springer-Verlag, Berlin. 1988.
GHEYI, H.R.; PAZ, V.P.S.; MEDEIROS, S.S.; GALVÃO, C.O. Recursos hídricos em regiões semiáridas.
UFRB, 258p. 2012.
MERTEN, G. H.; MINELLA, J. P. G.; CUNHA, R. B.; GOMES, S. T. Avaliação da descarga sólida do leito em
rio de montanha com uso do amostrador BLH-84. VIII Encontro Nacional de Engenharia de Sedimento,
2008.
MOUNT, J. F.; FONG, J. C. California rivers and streams: the conflict between fluvial process and land use.
University of California Press: California. 359p. 1995.

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