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Breno Baía- Aula 2- Controle de Constitucionalidade.

Controle de Constitucionalidade no Brasil

Como vimos anteriormente, o controle de constitucionalidade das leis surgiu nos


Estados Unidos, no período de 1903 e paralelo a isso, no Brasil estávamos sob o regime
imperial; durante esse período não tivemos uma discussão sobre controle de
constitucionalidade em nosso país. No entanto, essa discussão só irá surgir em 1891, no
século XIX (surgimento da primeira constituição republicana de 1891) e vale destacar
que essa constituição foi idealizada por Ruy Barbosa.

Ruy Barbosa foi um pensador com boas intenções, mas que tinha um complexo
de vira lata e resolveu exaltar o modelo de constitucionalismo americano,
consequentemente o adotando porque o achava ideal justamente porque o Brasil sempre
teve muitos problemas políticos e problemas de desigualdades sociais. Desse modo, a
constituição de 1891 simplesmente reproduziu a constituição norte americana de 1787 e
consequente adotando a ideia de controle difuso de constitucionalidade e permanece até
hoje.

Após o final da República Velha com a revolução de 30 nós experimentamos um


governo que era antiliberal, então era na vigência da constituição de 1934 e 1937; e
Vargas não era fã de direitos individuais e ele começa a pensar na concentração de
poderes em suas mãos. No entanto, antes da decretação do Estado Novo, teve a
decretação da constituição de vida curta, que foi a de 1934. E ela é uma constituição
muito importante para a discussão de controle de constitucionalidade, pois ela irá trazer
dois institutos que existem até hoje no direito constitucional brasileiro de 1988:
resolução suspensiva do senado e a cláusula de reserva de plenário.

Esses artigos surgem na constituição de 1934 e o instituto da resolução


suspensiva do senado consistia no senado suspender no todo ou em parte de
qualquer lei ou regulamento quando hajam sidos declaradas inconstitucionais pelo
poder judiciário. Essa foi a alternativa para contornar a ausência da doutrina do efeito
vinculante no Brasil (visto que nos EUA a questão de inconstitucionalidade somente era
entre as partes envolvidas). (SUSPENSÃO DA RESOLUÇÃO DA LEI E ESSA
SUSPENSÃO TERÁ VALIDADE GENÉRICA).
Porém, isso não foi suficiente porque se houvesse vários órgãos fracionários
tomando decisões contraditórias? Para evitar esse problema, a constituição de
1934 criou a reserva de plenário. Essa cláusula significa que o único órgão que
pode declarar a inconstitucionalidade das leis ou é o órgão especial ou o plenário.
Órgão fracionário não pode regular a constitucionalidade das leis.

Para entender o que são órgãos fracionários é preciso levar em consideração o


exemplo do STF: O Supremo Tribunal Federal é composto por 11 ministros, no entanto,
para tornar o trabalho do tribunal mais célere, o supremo tribunal se divide em dois
órgãos: 1ª Turma e 2ª Turma, elas se se dividem respectivamente em 5 ministros para
cada, exceto o presidente. Essas turmas divididas representam órgãos fracionários. A
contraposição dos órgãos fracionários é o órgão do plenário, onde os 11 ministros se
reúnem.

Por outro lado, o STJ é composto por 33 ministros que se dividem em 6 turmas e cada
duas turmas é responsável por um ramo do direito. Porém, o STJ não tem plenário, ele
tem um órgão especial; esse órgão especial é composto pelos 15 ministros mais antigos.
No STJ quem pode exercer controle de constitucionalidade é o órgão especial, visto que
o STJ quando dividido por turmas se tem a existência de órgãos fracionários.

Constituição de 1946

A constituição de 1946 traz uma experiência efetivamente democrática e ela repete


praticamente tudo o que estava na constituição de 1934 com a tentativa de recuperar a
ideia de controle de constitucionalidade difuso, porém em 01 de Abril de 1964 se tem o
golpe militar e desde então a constituição de 1946 passa a operar de forma incipiente,
tendo em vista que os primeiros Atos Institucionais foram editados sob a égide da
constituição de 1934.

Ademais, uma das reformas dos militares propostas a constituição democrática de 1946
foi a inserção da representação de inconstitucionalidade. Nesse sentido, dentro de um
modelo clássico de modelo difuso, os militares inseriram um modelo de concentração
dentro desse regime de constituição. No entanto, são inseridos apenas elementos do
controle concentrado e essa implementação não impediu o exercício do controle difuso.

Essa representação de controle de inconstitucionalidade cria uma ação específica para


avaliar a constitucionalidade ou não de uma lei, contudo, essa ação está concentrada nas
mãos do STF. E quem poderá levar essa ação era somente a procuradoria geral da
república.

Nosso controle de constitucionalidade continuou tradicionalmente difuso, porém, desde


1965 passamos a inserir alguns elementos de concentração. Um desses elementos foi a
representação de controle de constitucionalidade.

Constituição de 1988

A constituição de 1988 trouxe para o controle de constitucionalidade uma série de


inovações e talvez um dos mais importantes seria a ampliação do rol para a propositura
de representação de inconstitucionalidade que passa a se chamar de ação direta de
inconstitucionalidade (ADI).

Desse modo, criaram um extenso rol de legitimados para propor uma ação direta de
inconstitucionalidade destacados no Art.103 CF depois de muitas pressões do povo,
porém, esses aparecem no texto constitucional de forma mitigada. Assim, o que antes
era restrito apenas ao PGR, agora passa a ter um rol extenso de legitimados.

Além disso, a constituição criou a Arguição de Descumprimento de Preceito


Fundamental e que foi uma inovação de nossa atual constituição, mas ela surgiu de
forma inesperada nos debates constituintes.

Outrossim, outro elemento que a constituição irá criar será a Ação Declaratória de
Constitucionalidade através de EC e que tem uma explicação política muito
problemática. E ela tem por objeto declarar a constitucionalidade de uma lei que já se
pressupõe inconstitucional.

Prazo

No âmbito do controle de constitucionalidade concentrado, não há prazo para propor


ação de inconstitucionalidade. Porém, no âmbito do controle difuso, se tem que
justificar a incidência dessa lei no campo do meu interesse próprio, e eu devo esclarecer
que forma esta lei está interferindo no meu direito.

Além dessas inovações trazidas pela constituição de 1988, essas passaram a conviver
com o modelo difuso antigo que estava vigente, e incorporamos a cláusula de reserva de
plenário e a resolução suspensiva do senado. Desse modo, a convivência entre o
controle difuso de inconstitucionalidade e os elementos de concentração que surgiram
na constituição de 1988 não irá ser harmoniosa. Pois se um juiz de 1º Grau decidir se
uma lei é inconstitucional pelo controle difuso, eu posso recorrer até o STF e se o STF
decidir que é inconstitucional, essa será relacionada apenas a demanda. Ou seja, uma
decisão vinda de um mesmo tribunal, pode ter diversos efeitos.

(A ideia da resolução suspensiva no senado é permitir que o Supremo no campo de


controle difuso de constitucionalidade remeta sua decisão que só tem efeito entre
as partes, ele remete a norma ao senado e que estará vinculante para todos).

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