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ARTIGO TRADUZIDO

O Folículo dental canino causa a reabsorção


das raízes incisivas permanentes? Um estudo
tomográfico computadorizado do rompimento/
nascimento de caninos maxilares
Sune ERICSON, DDS, PhD; Krister BJERKLIN, DDS, PhD; Babak FALAHAT, DDS

Resumo
Tomografias computadorizadas (TC) foram desenvolvidas em 107 crianças e adolescentes, com idades entre 9-
15anos com 176 caninos maxilares não nascidos (152 nasceram ectopicamente e 24 nasceram normalmente) para
se determinar se existe uma associação entre folículos dentais ampliados de caninos maxilares e reabsorção dos
incisivos adjacentes durante o rompimento dental. Esquadrinhamentos axiais contíguos (transversal) de TC foram
obtidos através da maxila na região dos caninos. A extensão e forma dos folículos dentais foram armazenados,
assim como os contatos entre os folículos e as coroas dos caninos maxilares e incisivos adjacentes. Cinqüenta e
oito incisivos laterais (38%) e 14 incisivos centrais (9%) tiveram algum tipo de reabsorção da raiz. A posição do
canino maxilar em relação à raiz do incisivo lateral variaram enormemente, assim como a extensão e a forma do
folículo dental canino. A extensão do folículo variou de 0.5 mm a 7.0 mm. A média de extensão ± SD dos folículos
dentais foi, em média, maior para os caninos ectopicamente posicionados (2.9 ± 0.8 mm) do que para os caninos
em rompimento normal (2.5 ± 0.8 mm) (P ≤ .01). Descobriu-se que durante o rompimento, o folículo do canino
maxilar em rompimento freqüentemente reabsorvia os contornos periodontais dos dentes permanentes adjacentes,
mas não os tecidos rígidos das raízes. Conclui-se que o folículo dental não causou a reabsorção das raízes dos
dentes permanentes. A reabsorção dos dentes permanentes durante o rompimento dos dentes caninos maxilares
foi mais provavelmente um efeito do contato físico entre o canino rompente e o dente adjacente, além da pressão
ativa durante o rompimento e das atividades celulares em tecidos nos pontos de contato, todos fazendo parte do
mecanismo eruptivo. Os resultados também confirmam uma associação entre a reabsorção dos caninos decíduos e
os folículos dentais dos caninos permanentes em rompimento. (Angle Orthod 2002; 72:95 – 104.)
Palavras-chave: Folículo dental - rompimento. Reabsorção da raiz dental. Tomografia computadorizada (TC). Canino
maxilar. Dente canino. Incisivo. Raiz decídua.

INTRODUÇÃO folículo dental e relacionado à ativação metabólica


O processo permanente de rompimento dental no folículo ou nos tecidos rígidos e moles adjacen-
e o movimento em direção a posição funcional final tes.1,3,4,7-10. Uma extensiva atividade microvascular
na cavidade oral englobam uma série de aconteci- e celular ocorre na parte superior (coronal) do fo-
mentos. Inúmeras teorias têm sido propostas para lículo e, durante o rompimento, o folículo dental
se explicar tal processo1, que envolve a reabsorção é invadido por grânulos e células monomolecula-
e a formação óssea dentro do processo alveolar, a res que se fundem e formam os pré-osteoclastos,
destruição e a reconstrução dos tecidos periodon- os osteoclastos, e os odontoclastos nas camadas
tais, e a reabsorção dos dentes primários.1-6 O me- frontais e externas do folículo dos dentes rompen-
canismo de reabsorção parece estar confinado ao tes4,7-9,11-13. A modificação da matriz extracelular

Traduzido de Does the canine dental follicle cause resorption of permanent incisor roots? A computed tomographic study of erupting maxillary
canines
Angle Orthodontics. v. 72, v. 2, p. 95-104, Abril 2002.

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O Folículo dental canino causa a reabsorção das raízes incisivas permanentes? Um estudo tomográfico computadorizado do rompimento/nascimento de caninos maxilares

que circunda o dente em desenvolvimento ocorre mente22. Os mecanismos biológicos por trás da
simultaneamente1,3,7,8,13. Estes processos iniciam- reabsorção das raízes dos dentes permanentes e os
se logo no início do rompimento dental ativo e fatores envolvidos neste processo têm sido deba-
formam a senda do rompimento1,4,7,11-13. tidos e não parecem esclarecidos5. Tem-se consi-
Em estudos experimentais em cães, Cahill e derado que o tamanho e a forma do folículo do
Marks8,14,15 concluíram que a reabsorção óssea e canino maxilar em rompimento pode variar con-
a formação de uma senda para o rompimento dos sideravelmente entre as pessoas. Tem-se também
dentes envolvia um folículo dental e ocorriam in- afirmado que um folículo dental ativo aumentado,
dependentemente da pressão do dente rompente. assim como a pressão causada por um dente rom-
Procedimentos cirúrgicos em cães demonstraram pente podem ser responsáveis pela reabsorção1,5,22-
que o folículo dental e não a coroa do dente per- 26
, mas até o presente momento não foi mostrada
manente em rompimento era um pré-requisito prova final a favor ou contra tais teorias. A varia-
para a formação da senda para os dentes rompen- ção no tamanho e forma do folículo dental pode
tes9,14-18. Esta descoberta sugere que os processos refletir as propriedades do folículo que provoca a
internos e ao redor do folículo exercem grande reabsorção da raiz do incisivo.
influência no rompimento dos dentes e que a fase O objetivo deste estudo foi elucidar o papel do
intra-óssea do rompimento dos dentes envolve re- folículo do canino permanente na reabsorção das
absorção óssea e, em certas regiões, a reabsorção raízes tanto do incisivo maxilar permanente como
dos dentes primários. dos caninos decíduos durante o rompimento ectó-
Os caninos maxilares desenvolvem-se tardia- pico dos caninos maxilares.
mente e surgem na cavidade oral após o rompi-
mento dos incisivos adjacentes. Em crianças de 3 SUJEITOS E MÉTODOS
anos de idade, o germe (embrião) do canino situa- Os sujeitos deste estudo são 107 crianças e adoles-
se na parte superior da maxila, e a coroa é direcio- centes, 39 meninos (36%) e 68 meninas (64%), com
nada medianamente e de certa forma lingualmen- 156 caninos maxilares rompendo ectopicamente e
te. À medida que o canino se move em direção ao 58 caninos maxilares rompendo normalmente. Fo-
plano oclusal, torna-se gradualmente mais vertical ram recomendados a tratamento ortodôntico clínico,
até que alcance o ponto distal da raiz do incisivo pois corriam o risco de terem os incisivos reabsorvi-
lateral19. dos devido o rompimento dos caninos maxilares. As
Estudos morfológicos e histológicos em seres idades das crianças e dos adolescentes variavam de
humanos têm demonstrado que o folículo do ca- 9 a 15 anos, com idade mínima de 12,5 anos, para
nino irá certamente expor a raiz do incisivo ad- ambos os sexos. Faltavam sete incisivos maxilares de-
jacente durante o rompimento sem reabsorver vido a aplasia, sendo 4 bilaterais e 3 unilaterais; 3 es-
nenhum dos tecidos sólidos da raiz, além do ci- tavam adjacentes a caninos em rompimento normal.
mento, a menos que o rompimento dental aconte- Quatro dos caninos ectopicamente posicionados e
ça normalmente6,20-23. 34 dos caninos em rompimento normal haviam pe-
A reabsorção da raiz dos incisivos maxilares netrado a gengiva. A tabela 1 mostra a distribuição
permanentes causada pelo rompimento ectópico dos caninos em rompimento normal e a aplasia e a
do canino permanente realmente ocorre e consi- reabsorção dos incisivos adjacentes na amostragem
dera-se que tenha uma prevalência total de 12%, do estudo.
prevalência esta que é 4 vezes em meninas do Cinqüenta e oito dos 152 incisivos maxilares
que em meninos21. A reabsorção algumas vezes laterais (38%) e 14 dos 156 incisivos maxilares
também ocorre quando o canino rompe normal- centrais (9%) adjacentes aos caninos rompentes

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ERICSON, SUNE; BJERKLIN, KRISTER ; FALAHAT, BABAK

ectopicamente apresentaram algum tipo de reab- Os esquadrinhamentos/exames/scans trans-


sorção. Nas laterais de 7 mandíbulas, tanto os inci- versais contíguos de CT com a espessura de 2 mm
sivos laterais como os centrais foram reabsorvidos. foram dispostos através do osso alveolar da maxi-
O grau de reabsorção dos incisivos é apresentado la, perpendicularmente ao longo eixo dos incisivos
na tabela 2. Para uma apresentação mais detalhada maxilares laterais (Fig. 1 a 7). Obteve-se em mé-
do material em questão, confira Ericson e Kurol22 e dia 6 exames scan. Os exames foram documen-
Ericson e Bjerklin23. tados em filme com uma câmera a laser Siemens
(Siemens AG). O aumento (fator de zoom) no
Exame radiográfico filme foi de X1.5, e a resolução da imagem foi de
Um scanner de tomografia computadorizada aproximadamente de 0.3 mm. Para uma descrição
Siemens Somatome Plus (TC) (Siemens AG, Ale- mais detalhada da performance e precisão do mé-
manha) foi utilizado para se obter esquadrinha- todo TC na representação dos caninos maxilares,
mento/exame de tomografia computadorizada confira Ericson e Kurol6.
(TC) dos dentes e do osso alveolar na maxila27.
Um algoritmo ósseo para o ouvido médio foi ins- Variáveis consideradas
talado, e o enrijecimento da abertura foi de apro- O rompimento dos caninos maxilares, a reab-
ximadamente de 2800 unidades Hounfield (HU), sorção dos incisivos permanentes adjacentes e dos
com um valor central de 750-800 HU. A filtragem caninos decíduos e o tamanho e forma dos folícu-
foi desenvolvida de acordo com o padrão do algo- los dentais caninos foram analisados na tela e no
ritmo. As imagens dos objetos na tela e nos filmes filme. A seguintes variáveis foram consideradas:
foram reconstruídos a partir dos conjuntos de da- Canino maxilar permanente. Três parâmetros fo-
dos básicos. ram avaliados para os caninos maxilares permanentes:

TABELA 1. Distribuição dos caninos maxilares e incisos em uma amostragem de 107 crianças e adolescentes
com 156 caninos maxilares ectopicamente em rompimento e 58 caninos maxilares em rompimento normal.
No. De Caninos No. (%) de Incisivos Centrais No. (%) de Incisivos Laterais
Posição Reabsorvidos Total Reabsorvidos
Total Rompidos Total Aplasia
Canina (%) (%)
Ectópica 156 4 (2.6) 156 14 (9) 152 4 58 (38.1)*
Normal 58 34 (58.6)‡ 58 _ 55 3 3 (5.5)†
Total 214 38 (17.8) 214 14 (6.5) 207 7 61 (29.5)
*Um incisivo lateral reabsorvido estava adjacente a um canino parcialmente rompido ectopicamente.
† Incisivos laterais reabsorvidos estavam adjacentes aos incisivos em rompimento normal, 1 adjacente a um canino parcialmente
rompido.
‡ Aplasia de 2 incisivos laterais.

TABELA 2. Grau de reabsorção das raízes dos incisivos maxilares laterais e centrais como o observado nos
esquadrinhamentos/exames transversais CT*.
Grau de Reabsorção
Incisivo Nenhum Leve Moderado Intenso Total
Lateral, n (%) †
94 (62) 18 (12) 5 (3) 35 (23) 152 (100)†
Central, n (%) 142 (91) 5 (3) 3 (2) 6 (4) 156 (100)
*CT indica tomografia computadorizada.
† Aplasia dos 4 incisivos laterais.

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FIGURA 1 -Resultados observados em um menino de 13 anos. (A, B) filmes periapicais intraorais. Nº 23 está se rompendo ectopicamente/de forma ectópica. O folículo dental
de Nº 23 está aumentado (setas). Não há reabsorção visível do Nº 22. (C, D) Esquadrinhamentos/scans de tomografia computadorizada axial (TC) durante o processo alveolar
no nível das coroas dos caninos maxilares rompentes. Nº 13 está se rompendo normalmente, e o Nº 23 está se rompendo lingualmente em relação ao Nº 22. Os folículos
dentais dos caninos estão aumentados (setas). O folículo do Nº 23 apresenta uma forma irregular e se expande para dentro do osso medular ao redor sem desviar das
estruturas adjacentes. As superfícies das raízes do Nº 22 e do Nº 21 revestindo o folículo estão expostas, e não se pode observar os contornos periodontais nas zonas de
contato. O tecido folicular não aparece no ponto de contato entre o Nº 22 e a raiz de Nº 22 foi levemente reabsorvida (seta). O espaço entre a coroa do Nº 13 e a raiz do Nº 12
está preenchido com tecidos foliculares. Nenhuma reabsorção do Nº 12 pode ser observada.

• A localização interna no osso: o folículo esta- à área periférica do folículo.


va presente (Fig. 1) • A distância foi medida no plano transversal
• O rompimento através da gengiva: nenhum em esquadrinhamentos/scans axiais de TC (tomo-
folículo estava presente, ou o folículo não estava grafia computadorizada) ao nível mais próximo a
acessível. 0.5mm23
• A posição da coroa em relação aos dentes ad-
jacentes22 Forma do folículo dental. O forma do folículo
dental foi determinada para 1 das 2 categorias ba-
Extensão do folículo dental. A extensão de seadas no extensão do folículo:
cada folículo de canino maxilar foi medida: • Extensão simétrica: forma arredondada ou
• A extensão foi definida como a maior distân- esférica com a coroa do canino no centro (Fig. 2)
cia a partir da coroa do canino maxilar em direção • Extensão assimétrica: forma irregular (Fig. 1)

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FIGURA 2 -Resultados observados em um menino de 12 anos de idade em um


esquadrinhamento de tomografia computadorizada axial (TC) por sobre as co-
roas do Nº 13 e do Nº 23. Os caninos maxilares estão se rompendo em posições
levemente linguais dentro da arcada dental. Os folículos dentais se apresentam
simetricamente aumentados e deixam expostas as raízes dos Nº 12 e 22. Há uma
abertura entre os caninos e os incisivos laterais (flechas). Nenhuma reabsorção
das raízes e dos incisivos pode ser observada. Os folículos aumentaram o osso
alveolar lingualmente.

Reabsorção da raiz dos incisivos maxilares per-


manentes. O estado de reabsorção de cada raiz dos
incisivos foi determinado entre 1 das 4 categorias:
• Não-reabsorção: superfícies das raízes intac-
tas, a camada de cimento/cementum pode ter sido
perdida (Fig. 1 e 5)
• Reabsorção leve: reabsorção estendida até a
metade da distância da espessura da dentina até a
polpa dentária (Fig. 1)
• Reabsorção moderada: reabsorção estendida
até a metade da distância até a polpa dentária ou
mais, o alinhamento da polpa dentária apresenta-
se intacto (Fig. 3)
• Reabsorção intensa: a reabsorção atingiu a
polpa dentária (Fig. 3).

FIGURA 3 -Resultados apresentados em um menino de 12 anos de idade. (A-C)


Esquadrinhamentos/scans de tomografia computadorizada axial (TC) obtidas
na mesma ocasião. O Nº 13 está se rompendo apicamente ao Nº 12. O folícu-
lo dental mostra-se simetricamente aumentado (C, setas). A cúspide bucal do
Nº 13 atinge a raiz do Nº 12 (B, setas). Ocorre reabsorção extensiva do Nº 12
próximo a cúspide bucal do Nº 13. Os contornos periodontais do Nº 14 e do Nº
11 foram reabsorvidos próximos ao folículo dental do Nº 13 (C, setas). Nenhuma
reabsorção do Nº 14 e do Nº 11 pode ser observada. O Nº 23 está se rompendo
distalmente/perifericamente ao Nº 22. O ângulo mesial da cúspide bucal do Nº 23 está em contato com o Nº 22. Reabsorção intensa da raiz do Nº 22 na área de contato (A,
seta). E ( C), a parte proeminente da coroa do Nº 23 se rompeu. A área de reabsorção do contorno periodontal do Nº 22 está sendo reconstruída (C, seta). O folículo dental do
Nº 23 está expondo medianamente a raiz do Nº 24 (B, C setas curvas). Não há contato entre a coroa do Nº 23 e a raiz do Nº 24, nem a reabsorção do Nº 24 pode ser vista. (D)
A extração do Nº 12 mostra extensiva reabsorção da raiz.

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FIGURA 4 -Resultados detectados em um menino de 14 anos de idade em esqua-


drinhamentos/scans de tomografia computadorizada axial (TC). O Nº 23 está se
rompendo lingualmente em relação ao Nº 21 e Nº 22. Os contornos periodontais
do Nº 21 e do Nº 22 cobrindo o folículo do Nº 23 estão faltando. O Nº 23 está em
contato com o ponto do Nº 22, e a raiz mostra-se levemente reabsorvida no ponto
de contato (B, seta). O folículo do Nº 23 se estende em direção ao Nº 63, e a raiz
do Nº 63 foi absorvida adjacente ao folículo, mas mostra-se bucalmente intacta.
Há um intervalo entre o Nº 23 e o Nº 63 (A, seta). O Nº 13 está se rompendo nor-
malmente e distante do Nº 12 e do Nº 14. Os contornos periodontais do Nº 14 e do
Nº 12 não foram interrompidos.

Contornos periodontais dos incisivos maxila-


res permanentes. Os contornos periodontais dos
incisivos foram determinados por uma das três
categorias: FIGURA 5 -Resultados obtidos em uma menina de 12 anos de idade em esqua-
• Contornos não-interrompidos: a lâmina dura do drinhamento/scan em tomografia computadorizada axial (TC). O Nº 13 está se
rompendo lingualmente e com inclinação mesial ao Nº 12. O folículo dental do
alvéolo e o espaço periodontal apresentam-se intactos Nº 13 mostra-se aumentado, expondo as raízes do Nº 12 e do Nº 11 (A-C) e uma
• Contornos interrompidos: a lâmina dura do pequena área do Nº 53. O contorno periodontal cobrindo o folículo está ausente.
O Nº 53 (setas) não foi reabsorvido. A superfície bucal da coroa do Nº 13 toca a
alvéolo mostra-se destruída, mas não há reabsor- raiz do Nº 12 (A, B). Não há reabsorção do Nº 12 na área de contato. A raiz do Nº
12 apresenta-se bucalmente deslocada. O Nº 23 está se rompendo distalmente
ção dos dentes permanentes (Fig. 2) em direção ao Nº 22 em posição vertical e de certa forma lingualmente dentro da
• Contornos periodontais interrompidos e rea- arcada dentária (A-C). O folículo dental do Nº 23 mostra-se aumentado, expondo
as raízes do Nº 22, Nº 24 e do Nº 63. Os contornos periodontais que revestem o
bsorção da(s) raízes (raízes) adjacentes ao canino folículo estão ausentes. A coroa do Nº 23 está em contato com o Nº 22 e o Nº
maxilar permanente em rompimento. (Fig. 1, 3 , 24, mas não com o Nº 63. O Nº 22 e o Nº 24 mostram-se intactos. A raiz do Nº 63
foi reabsorvida nas áreas que cobrem o folículo dental do Nº 23, mas mostra-se
4, 5, e 7) intacta bucalmente.

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FIGURA 7 -Resultados obtidos em um menino de 10 anos de idade em esqua-


drinhamento/scan de tomografia computadorizada axial (TC). O Nº 13 está rom-
pendo lingualmente ao Nº 53 e distalmente ao Nº 12. O folículo dental do Nº 13
mostra-se aumentado, e as raízes do Nº 53 e do Nº 12 aparecem expostas nas
laterais cobrindo o folículo (setas). O Nº 53 foi absorvido nas proximidades do
folículo (seta estreita), mas a raiz do Nº 12 está intacta. Há um intervalo entre o
Nº 53 e a coroa do Nº 13. O Nº 23 está se rompendo dentro da arcada dental e em
contato com o Nº 22. O folículo dental aparece aumentado, e os contornos perio-
dontais do Nº 22 e do Nº 24 que revestem o folículo foram reabsorvidos. Nenhuma
reabsorção do Nº 22 e do Nº 24 pode ser notada.

o folículo do canino permanente e o canino decí-


duo.
FIGURA 6 -Resultados obtidos em uma menina de 12 anos de idade em esqua-
• A reabsorção da raiz, contato entre o folículo
drinhamento/scan em tomografia computadorizada axial (TC). O Nº 13 está se do canino permanente e o canino decíduo (Fig. 4,
rompendo com inclinação mesial e lingualmente em relação ao Nº 12 e ao Nº 11.
A coroa do Nº 13 está tocando o Nº 11 (A, B). O folículo dental do Nº 13 mostra-se 5 e 7)
levemente aumentado e reabsorveu os contornos periodontais das raízes do Nº
11 e do Nº 12 no lado que cobre o folículo. Nenhuma reabsorção é observada.A
raiz do Nº 53 está separada do folículo dental do Nº 13 por osso (setas) e a raiz do Relações de contato. As relações de contato
Nº 53 mostra-se intacta.
entre o canino maxilar permanente e o incisivo
e o canino decíduo foram determinadas por uma
Caninos Maxilares Decíduos. O estado dos ca- das duas categorias:
ninos maxilares decíduos foi determinado por 1 • Contato: A distância entre a coroa do canino
das 4 categorias: maxilar permanente e o insisivo adjacente ou o
• A falta do dente (Fig. 1 até a 3) canino decíduo foi menor que 1 mm (Fig. 1 e 5)
• A não-reabsorção da raiz do canino decíduo • Nenhum contato: a distância entre a coroa
(Fig. 5 e 6) do canino permanente e o incisivo adjacente ou o
• A reabsorção da raiz, nenhum contato entre canino decíduo foi maior que 1mm.

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Análises estatísticas a proximidade do folículo dental canino foi consi-


O programa de computador SPSS foi utilizado derada significante (P ≤ .001).
para as análise estatísticas28. Os valores descritivos
foram expressos como a média ± SD. As relações Proximidade do folículo dental e reabsorção da raiz
dos dados categóricos foram estudadas utilizando- Dos 169 incisivos laterais que foram expos-
se o teste chi-squared (teste exato de Fisher); as tos pelo folículo dental do canino rompente, 57
diferenças nas média entre 2 grupos foram anali- (34%) tiveram as superfícies das raízes reabsorvi-
sadas utilizando-se o teste do estudante (Student’s das (Tab. 3). Para os incisivos centrais os valores
t-test). correspondentes foram de 76 (85%) e 14 (15%)
de 90, respectivamente. Um incisivo lateral que
RESULTADOS se achava próximo ao canino maxilar e que tinha
parcialmente se rompido dentro da cavidade oral
Canino permanente foi também absorvido (Tab. 1 e 3). A associação
A extensão do folículo dental do canino maxi- entre a reabsorção da raiz dos incisivos adjacen-
lar foi calculada para ser 2.9 ± 1.0 mm com uma tes laterais ou centrais e a proximidade do folículo
variação de 0.5 a 7.0 mm para toda a amostragem dental do canino rompente em relação às raízes
de 176 caninos não rompidos/nascidos. Não foram dos incisivos foi estudada utilizando-se o teste
detectadas diferenças com relação à idade e sexo23. chi-square. Nenhuma relação significante foi de-
Para a análise a seguir, os valores dos folículos den- tectada entre a reabsorção da raiz dos incisivos e a
tais em meninos e meninas foram combinados. Os proximidade do folículo dental do canino maxilar
folículos dos caninos em rompimento ectópico em rompimento.
foram, em média, significantemente maiores (2.9
± 1.0 mm) do que os de caninos em rompimento Medida do folículo dental e reabsorção da raiz
normal (2.5 ± 0.8 mm) (P ≤ .01)23. Foram comparadas as medidas dos folículos
dentais dos caninos maxilares que haviam sofrido
Contornos periodontais dos incisivos adjacentes algum tipo de reabsorção e dos incisivos que não
A relação entre os folículos dentais dos caninos haviam sido reabsorvidos (Tab. 4). Nenhuma dife-
maxilares rompentes e a reabsorção dos contornos rença na extensão dos folículos foi observada com
e as raízes dos incisivos adjacentes foi analisada relação aos incisivos laterais. Para os incisivos cen-
e apresentada na tabela 3. A coroa e o folículo trais, a extensão máxima dos folículos dentais dos
dental do canino, bem como as raízes dos incisi- caninos maxilares foi considerada menor quando a
vos foram estudadas esquadrinhamento/scan por raiz do incisivo central tinha sido reabsorvida (2.1
esquadrinhamento/scan por toda a extensão das ± 0.6 mm) do que quando a raiz não tinha sido
raízes. Somente 2 (1%) dos 171 folículos dentais reabsorvida (3.0 ± 1.0 mm) (P ≤ .01). Entretanto,
caninos não tiveram contato com as raízes dos in- o número dos incisivos centrais reabsorvidos era
cisivos laterais. Os contornos periodontais destes pequeno, o que pode ter influído nos resultados.
dois incisivos laterais estavam intactos, enquanto
que os contornos dos 169 remanescentes (99%) Forma do Folículo dental e reabsorção da raiz
foram interrompidos na região do folículo (Fig. 1 A forma dos folículos dentais dos caninos ma-
a 7). Oitenta e seis (49%) dos incisivos apresen- xilares variou. Dentre os posicionados ectopica-
tavam contornos intactos e 90 (51%) tiveram os mente, os caninos maxilares não rompidos, 42%
contornos interrompidos. A relação entre o con- tinha forma arredondada, com a coroa do canino
torno periodontal interrompido de um incisivo e no centro, e 58% tinha a forma irregular com ex-

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tensões assimétricas (P ≤ .01). A relação entre a Posição da coroa e reabsorção da raiz


reabsorção dos incisivos permanentes adjacentes e A associação entre a reabsorção da raiz do inci-
a forma do folículo do canino maxilar é apresen- sivo permanente e o contato com a coroa do canino
tada na tabela 5. Vinte e nove (45%) dos folículos maxilar em rompimento também foi estudada. As
em contato com as raízes reabsorvidas apresenta- raízes dos incisivos com algum tipo de reabsorção
ram-se de forma arredondada, e 35 (55%) apre- foram observadas com maior freqüência quando a
sentaram-se de forma irregular. Estes números coroa do canino estava em contato com a raiz do
coincidem com a distribuição das formas dos folí- incisivo do que quando não havia nenhum conta-
culos para toda a amostragem23. Entre os folículos to entre o canino e o incisivo (Tab. 7 e 8) (P ≤ .001
adjacentes aos incisivos reabsorvidos, os folículos cada para os incisivos laterais e centrais).
de forma irregular eram significativamente maio-
res do que os folículos de forma arredondada Caninos decíduos
(P ≤ .01), o que corresponde ao modelo observa- Cinqüenta e nove caninos maxilares decídu-
do em toda a amostragem de caninos não rompi- os foram encontrados e destes, 53 ocorreram na
dos. Para os 176 caninos não rompidos, nenhuma amostragem com os caninos maxilares permanen-
diferença significante foi notada na distribuição tes não rompidos e ectopicamente posicionados
dos folículos dentais caninos irregulares ou arre- (Tab. 9). Doze (20%) dos 59 caninos decíduos
dondados entre os incisivos laterais reabsorvidos e encontravam-se em contato direto com a coroa
não reabsorvidos. do canino permanente. Estes doze caninos foram

TABELA 3. Associação entre o folículo dental do canino maxilar permanente e as reabsorções das raízes dos
incisivos permanentes adjacentes.
Contorno Periodontal, Contato com o Folículo Dental do Canino, e Estado de Reabsorção da Raiz
Contorno Interrompido, Contorno Interrompido,
Nº Contato
Incisivo Não-reabsorção da(s) Reabsorção da(s) Total
Raiz Intacta
Raiz(es) Adjacente(s) Raiz(es) Adjacente(s)
Lateral, n 2 112 57 171*
Central, n 86 76 14 176
* Aplasia dos 4 incisivos laterais.
† Um desprezado, canino adjacente parcialmente rompido.

TABELA 4. Extensão do folículo dental dos caninos maxilares permanentes medidos em esquadrinhamentos/
scans em TC em relação à reabsorção da raiz dos incisivos adjacentes*
Estado de Reabsorção da Extensão do Folículo,
Nº Grau de Significância
raiz do dente Incisivo Média ± SD, mm
Lateral
Não-reabsorção † 114 2.9 ± 1.0 NS
Reabsorção (todos)‡ 57 3.0 ± 1.0 NS
Reabsorção Intensa 35 3.1 ± 1.0 NS
Central
Não-reabsorção 162 3.0 ± 1.0 P ≤ .01
Reabsorção (todos) 14 2.1 ± 0.6
* TC indica tomografia computadorizada; NS, Não-significante.
† Aplasia de 4 incisivos laterais.
‡ Um canino parcialmente rompido não considerado.

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O Folículo dental canino causa a reabsorção das raízes incisivas permanentes? Um estudo tomográfico computadorizado do rompimento/nascimento de caninos maxilares

desprezados no estudo sobre a relação entre a re- produzida pela TC foi equilibrada por sua capa-
absorção do canino decíduo e o folículo dental do cidade em prover uma melhor fundamentação e
canino permanente na fase de rompimento. Trinta prognóstico para o tratamento ortodôntico.
e seis (77%) dos caninos decíduos remanescentes Além da maior precisão na imagem da morfo-
estavam em contato com os folículos dentais dos logia das raízes entre as mandíbulas, o contorno
caninos permanentes adjacentes, enquanto que 11 periodontal das raízes e a aparência e extensão
(23%) não tiveram nenhum contato (Tab. 9). Uma dos folículos dentais dos caninos em rompimento
significativa relação foi observada entre os caninos podem também ser focalizados em detalhe na to-
decíduos reabsorvidos e a proximidade do folículo mografia computadorizada (Fig. 1 até 7). Limita-
dental dos caninos permanentes em rompimento ções como sobreposições e distorções, problemas
(P ≤ .01). Entretanto, alguns caninos decíduos reab- comuns na radiografia convencional, tornam-se
sorvidos não apresentaram contato folicular, e alguns insignificantes na imagem em TC.
caninos decíduos que estavam em contato com o fo- Conclui-se que o folículo dental do canino
lículo dental mostraram-se intactos (Tab. 9, Fig. 5). maxilar em rompimento variou em forma e
A associação entre a reabsorção das raízes dos medida, mas não houve associação entre forma
caninos maxilares e a extensão dos folículos den- e medida e sexo e idade ou posição do canino
tais. A associação entre a reabsorção das raízes em rompimento (normal ou ectópico)23. Outros
dos caninos maxilares e a extensão dos folículos fatores como as qualidades do osso, o espaço
dentais) dos caninos permanentes foi analisada disponível dentro do osso para a expansão do
(Tab. 10). As medidas dos folículos dentais apre- folículo, e as mudanças no folículo e na região
sentaram-se, em média, maiores para os caninos ao seu redor ativados por hormônios ou outros
decíduos que tinham reabsorvido as raízes do fatores relacionados ao crescimento mostram-se
que para os que tinham raízes não-reabsorvidas mais importantes na determinação das variações
(P ≤ .05 até .01). nas dimensões do folículo4,5,10-13,23. Em adultos,
observa-se que os folículos dentais de dentes
DISCUSSÃO inclusos freqüentemente diminuem de exten-
A tomografia computadorizada é superior são se mudanças patológicas não ocorrem5,30.
aos métodos de raio-X convencionais no que Evidência de que fatores de crescimento podem
se refere a avaliação da reabsorção da raiz do influir no rompimento de dentes e no seu ajuste
incisivo em conjunto com os caninos maxilares têm sido encontrados em ratos10,12,29,31. O fato
ectopicamente posicionados6, 22. Enquanto a ra- que folículos dentais de dentes inclusos pode
diografia descreve de forma insatisfatória a re- diminuir em tamanho em adultos pode reforçar
lação entre um dente em rompimento ectópico esta pressuposição.
e as raízes dos dentes permanentes adjacentes, Durante o rompimento normal, o canino ma-
o uso de TC pode ser justificado, apesar de seu xilar desce pelo ponto distal da raiz do incisivo
alto custo e da radiação adicional, de forma que lateral. No presente estudo, o contorno perio-
os problemas possam ser solucionados, para o dontal do incisivo lateral que reveste o folículo
benefício do paciente. As crianças neste estudo do canino em rompimento muitas vezes não foi
foram avaliadas sob esta indicação. A dose efe- detectado, e o folículo deixava à vista a raiz do
tiva de radiação utilizada foi considerada ainda incisivo. Estes achados confirmam as observações
aceitável em nossa abordagem, porque o baixo preliminares1,20 e ressaltam o poder de reabsorção
risco total no que se refere a efeitos residuais do folículo dental. A variação de idade dos indiví-
(stochastic) e qualquer desvantagem da imagem duos neste estudo (de 9 a 15 anos de idade) e sua

Dental Press 8 Maringá, mar. 2004


ERICSON, SUNE; BJERKLIN, KRISTER ; FALAHAT, BABAK

TABELA 5. Forma e extensão do folículo dental dos posicionados ectopicamente. caninos maxilares não rompi-
dos em uma amostragem de 57 incisivos laterais reabsorvidos e 14 incisivos centrais reabsorvidos
Extensão do Folículo,
Forma do folículo Nº * Grau de Significância
Média ± SD, mm
Arredondado 29 2.6 ± 0.9 (P ≤ .01)
Irregular 35 3.3 ± 1.0 (P ≤ .01)
* Sete laterais mandibulares apresentaram reabsorção de raiz tanto nos incisivos laterais como nos incisivos centrais.

TABELA 6. Relação entre a forma do folículo dental do canino maxilar e reabsorção da raiz dos incisivos adja-
centes
Nº de Folículos*
Estado de
Grau de
Reabsorção da Raiz Arredondado Irregular Total
Significância
do Incisivo
Nenhuma
55 57 112 NS
Reabsorção
Reabsorção 29 35 64 NS
Total* 84 92 176 NS
*Ambos os incisivos centrais e laterais em 7 laterais mandibulares tinham sofrido reabsorção da raiz. Um canino ectopicamente em
rompimento e 3 em rompimento normal haviam rompido através da gengiva.

TABELA 7. Relação entre reabsorção da raiz do incisivo maxilar lateral e contato com a coroa do canino adja-
cente
Relação de Contato*
Estado de Reabsorção da
Nenhum Contato Contato Probabilidade
Raiz do Incisivo
Nenhuma Reabsorção 37 109 P < .001
Reabsorção 2 59 P < .001
*Aplasia de 7 incisivos laterais

TABELA 8. Relação entre a reabsorção da raiz do incisivo central maxilar e o contato com a coroa do ca-
nino adjacente
Relação de Contato
Estado de Reabsorção da
Nenhum Contato Contato Probabilidade
Raiz do Incisivo
Nenhuma reabsorção 180 20 P < .001
Reabsorção 2 12 P < .001

Dental Press 9 Maringá, mar. 2004


O Folículo dental canino causa a reabsorção das raízes incisivas permanentes? Um estudo tomográfico computadorizado do rompimento/nascimento de caninos maxilares

diversidade tornaram possível o acompanhamento e a proximidade do folículo dental foi confirmada.


do rompimento do canino maxilar em situações As conclusões quanto a manejo no que se refere à
diferentes. Ao se analisar o folículo, a coroa, e as reabsorção e restauração dos contornos periodon-
raízes dos incisivos adjacentes através da imagem tais durante o rompimento dos dentes permanen-
de TC, pode-se obter informação detalhada sobre tes estão de acordo com as observações histológi-
os processos de reabsorção e restauração nesta po- cas de Cahil14,15, Marks e Cahil16, Cahil et al.18 e
pulação. Marks et al.32.
Conclui-se que a reabsorção do contorno perio- Constatou-se uma alta freqüência de incisivos
dontal ocorreu quando o folículo aproximou-se da maxilares neste grupo de estudo. As cavidades
lamina dura, e o contorno foi reconstruído quando nas raízes dos incisivos permanentes que foram
o folículo do canino havia se extinguido (Fig. 3). causadas por reabsorção ocorreram próximo aos
Caninos em rompimento normal e ectópico por- folículos e coroas dos caninos em rompimento.
taram-se de forma similar, e a associação entre a No local da reabsorção, o folículo dental canino
reabsorção e restauração do contorno periodontal ora estava ausente ou apresentava-se fino, ou do

TABELA 9. Números de Caninos Decíduos Maxilares e as Relações de Contato Entre os Caninos Maxilares Permanentes e os
Caninos Maxilares Decíduos
Relação de Contato dos Caninos Decíduos
Nº Contato com o Folículo do Canino Permanente Contato com o Folículo Contato com a Coroa
Posição do

Canino Per- Ausentes Presentes Intactos Reabsorvidos Intactos Reabsorvidos Intactos Reabsorvidos
total
manente
Ectópica, n 156 103 53 7 4 9 24 _ 9
Normal, n 58 52 6 _ _ _ 3 _ 3
Total, n 214 155 59 7 4 9 27 12

TABELA 10. Medida do Folículo Dental do Canino Maxilar Permanente em Relação à reabsorção da Raiz
de 47 Caninos Decíduos Adjacentes
Relação entre a Raiz do
Canino Decíduo e o Fo- Medida do Folículo

lículo do Canino Perma- Média ± SD, mm Probabilidade*
nente
Intactos, sem contato
7 2.6 ± 1.4 NS
c/ folículo
Intactos, com contato
9 2.5 ± 0.6 P ≤ .01
c/ folículo
Reabsorvidos, com conta-
27 3.3 ± 1.0 P ≤ .05
to c/ folículo
Reabsorvidos, sem conta-
4 2.4± 0.7
to c/ folículo
*NS indica não-significativo

Dental Press 10 Maringá, mar. 2004


ERICSON, SUNE; BJERKLIN, KRISTER ; FALAHAT, BABAK

contrário, apresentava-se aumentado. Quando CONCLUSÕES


ocorria um intervalo no folículo entre a raiz não Os resultados do estudo sustentam as seguin-
confirmada do incisivo e a coroa do canino, a tes conclusões:
raiz do incisivo não era reabsorvida. O formato • Os folículos dentais dos caninos maxilares
e o tamanho do folículo fora da zona de contato permanentes em rompimento por si só causam a
não foram diferentes entre os casos com raízes reabsorção do incisivo maxilar permanente.
absorvidas e casos com raízes não-absorvidas. • Nenhuma relação existe entre a extensão ou
Este achado sugere que outros fatores envolvi- formato do folículo dental do canino maxilar e
dos no processo de rompimento e não o folículo a reabsorção dos incisivos adjacentes na fase do
dental em si tenha causado a reabsorção da raiz rompimento.
do incisivo. A forte relação entre o contato físico • O folículo dental do canino maxilar em
entre a coroa do canino em rompimento e a rea- rompimento normalmente causa a reabsorção do
bsorção das raízes dos incisivos adjacentes indi- contorno periodontal do incisivo lateral durante o
ca que a coroa é a responsável pelo rompimento. rompimento.
Partindo-se de tratamento ortodôntico, sabe-se • A reabsorção da raiz dos incisivos maxila-
bem que a pressão física sobre os tecidos sólidos res permanentes após o rompimento dos caninos
induz a atividade celular na membrana perio- maxilares é provavelmente causada pelo contato
dontal e a formação de dentinoclastos e osteo- físico entre o incisivo e o canino e pela pressão do
clastos33. Tais observações indiretamente corro- canino como parte do processo de rompimento do
boram a teoria de que a pressão ativa durante o dente.
rompimento do dente permanente, como sendo • O folículo dental do canino permanente em
parte do mecanismo eruptivo/de rompimento rompimento geralmente causa a reabsorção da
dos dentes, é o fator que dispara a reabsorção raiz do canino decíduo adjacente.
da raiz do incisivo. A forte associação entre a
absorção da raiz do dente incisivo e o contato Agradecimento
com o canino adjacente em erupção detectada Agradecemos ao estatístico Birgit Ljunqvist, PhD
neste estudo sustenta tal teoria. pela consulta estatística.
Também investigou-se a reabsorção do canino
maxilar decíduo durante o rompimento do canino
maxilar permanente. Contrariamente ao ocorrido
às raízes dos incisivos, a raízes dos caninos decídu-
os foram freqüentemente reabsorvidas quando o
folículo do canino permanente entrava em conta-
to com a raiz do dente decíduo. A relação entre a
reabsorção e o contato com o folículo foi confir-
mada, mas também verificou-se a presença de ca-
ninos parcialmente reabsorvidos que não estavam
em contato com o folículo, bem como de raízes
intactas dos decíduos que estavam em contato
com o folículo. Tais raízes foram encontradas nas
crianças mais novas na amostragem, nas quais as
relações de contato podem ter sido estabelecidas
há pouco tempo somente.

Dental Press 11 Maringá, mar. 2004


O Folículo dental canino causa a reabsorção das raízes incisivas permanentes? Um estudo tomográfico computadorizado do rompimento/nascimento de caninos maxilares

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Dental Press 12 Maringá, mar. 2004

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