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Patrick Alves
Marcelo Andrade
2021
1. INTRODUÇÃO
Tendo em conta que a complexidade importa, resta-nos saber quais são
os seus principais determinantes. Yalta e Yalta (2020), ao analisar o atraso e
os determinantes da complexidade econômica de países norte-africanos,
encontraram que o capital humano é o principal determinante da complexidade,
enquanto os recursos naturais possuem um efeito negativo. Os resultados
também sugerem que o efeito adverso da renda proveniente de recursos
naturais desaparece quando interagem com o capital humano e a democracia.
Nguyen et al (2020) também buscaram analisar os determinantes da
complexidade econômica, chegando à conclusão de que as patentes afetam
positivamente o grau de complexidade, assim como o desenvolvimento do
mercado financeiro, devido à maior possibilidade de financiar as patentes e
novo conhecimento.
Este facto, foi constatado por Celso Furtado, no seu estudo sobre
Venezuela, nos anos 50, identificando que o setor petrolífero ligado ao capital
estrangeiro e exportações pouco articulava com os outros setores na
economia, ou seja, havia pouco ganho em termos de produtividade do setor
exportador (que se beneficiava de novas tecnologias importadas) para toda
economia.
Por isso, dos determinantes da complexidade econômica identificados a
priori neste ensaio, tais como capital humano, patentes e o desenvolvimento do
mercado financeiro, pode-se aliar esta situação ou a tendência do IDE que flui
para os países africanos que estão ligados a indústrias extrativas sem
nenhuma articulação com a economia como um todo, o que ajudará a analisar
as possibilidades futura de desenvolvimento deste continente pela
diversificação na composição das suas exportações por cestas constituídos de
produtos mais complexos.
Assim, para medir o potencial que um país tem em capital humano, foi
concebido o Índice de Capital Humano (ICH) que destaca a forma como as
melhorias atuais da saúde e educação moldam a produtividade da próxima
geração de trabalhadores, assumindo que as crianças nascidas hoje
experimentam nos próximos 18 anos as oportunidades educacionais e os
riscos de saúde que as crianças nesta mesma faixa etária enfrentam
atualmente, em três componentes: (i) sobrevivência desde o nascimento até à
idade escolar, medida utilizando as taxas de mortalidade de menores de 5
anos; (ii) anos previstos de aprendizagem em termos quantitativos (o número
de anos de escolaridade até aos 18 anos) e qualitativos (aproveitamento
escolar) da educação; (iii) saúde, que indiretamente é medida por duas
componentes: (a) as taxas de sobrevivência dos adultos (de 15 anos que
sobrevivem até aos 60 anos de idade) e (b) a taxa de atrofiamento para
crianças com menos de 5 anos de idade. (World Bank, 2020)
Desta feita, o índice varia entre 0 e 1. Um país em que uma criança
nascida hoje pode esperar atingir a saúde plena (sem atrofiamento e 100% de
sobrevivência adulta) e o potencial de educação plena (14 anos de escola de
alta qualidade aos 18 anos de idade) obteria um valor de 1. Então, em termos
de interpretação, uma pontuação de 0,70 indica que a produtividade como
futuro trabalhador de uma criança nascida hoje está 30% abaixo do que
poderia ter sido alcançado com educação completa e saúde completa.
Numa escala global, os países considerados mais desenvolvidos
possuem um ICH acima de 64% e os menos desenvolvimento, com um índice
abaixo de 39% destes muitos são da África Subsaariana, com exceção de
África do Sul, Zimbabwe, Etiópia, Gana e Senegal que os seus índices se
apresentaram acima de 40%, conforme o mapa abaixo.
Mapa 05. Índice de Desenvolvimento Financeiro, 2020
Fonte: FMI Development Index Database (2020)
World Bank. The Human Capital Index 2020 Update: Human Capital in the
Time of COVID-19. Washington DC: World Bank Group, 2020.