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Filosofia

Nome: Hugo Leonardo Miranda


Matrícula: 202008473284

Resenha crítica

PLATÃO: IDEALISMO, VIRTUDE E TRANSCENDÊNCIA ÉTICA

Por volta de 429 A.C., em uma família da aristocracia grega ateniense, nascia
Platão, fundador da Academia e discípulo de Sócrates.
O pensamento de Platão segue as mesmas premissas que a de seu mestre,
com poucas diferenças. Os pressupostos elementares do pensamento socrático são:
a virtude é conhecimento e o vício existe em função da ignorância. Já os
pressupostos do pensamento platônico são transcendentes e, nisso, se resume todo
o sistema filosófico platônico.
A preocupação filosófica platônica decorre não de uma vivência direta e
efetiva em meio às coisas humanas e, sim, nos assuntos da alma, sua preexistência,
a reminiscência das ideias, a subsistência da alma.
Assim como Sócrates, Platão acreditava que a filosofia fazia parte de um
processo de contínuo questionamento e diálogo e, essa crença, direcionou todos os
trabalhos redigidos por Platão. Porém, Platão deixava claro que esse conhecimento
só pertencia ao filósofo, por ele ter tido contato e contemplado a Verdade Superior, e
não para a população em geral. Em sua visão o povo não podia e não deveria entrar
em contato com essas idéias, somente aqueles que estão em busca da verdade.
Nesse formato de transmissão do conhecimento, Platão se mostrou um
exímio escritor. Em suas obras Platão nunca falava explicitamente a própria opinião
e, nunca se colocou como participante das conversas. A intenção de Platão era que
seus leitores pudessem desenvolver a capacidade de formar a própria opinião e não
que aprendessem a se posicionar. Por esse motivo suas obras nunca chegavam a
uma conclusão concisa, sendo que, aquele que chega a essa conclusão é posto à
prova de contra-argumentos e dúvidas.
Baseado na visão de prudência de Sócrates, Platão queria criar as bases de
uma educação cidadã, porém, com o trágico destino de seu mestre, Platão se
distanciou dessas ideias e da política e passou a lecionar em um lugar apertado
onde o pensamento poderia vagar livremente. Esse lugar foi chamado de Academia.
Ao definir sua Teoria das Formas, Platão acabou por desenvolver um de seus
conceitos mais importantes, a de que a realidade existia em dois níveis específicos:
o mundo visível, feito de imagens e sons e o mundo inteligível o qual dá sentido e
existência ao mundo visível.
A Teoria da Alma Tripartite é outro conceito muito importante de Platão. Nela
o filósofo divide a alma em três partes: Alma logística ou Razão responsável pelo
pensamento e pelas definições de verdadeiro e falso a qual está ligado à figura do
filósofo, a Alma irascível ou Espírito a qual está ligado aos desejos e paixões
cavalheirescas e a Alma apetitiva ou Apetite a qual está ligada às ânsias e desejos
mais básicos do ser humano, como o sexo e a gula.
Platão considerava que somente as ideias eram certas, eternas e imutáveis e
todo o resto é incerto, perecível e mutável e somente a alma logística é capaz de
ciência que deriva da contemplação das ideias perfeitas e imutáveis do filósofo.
Com a influência de Pitágoras, Platão desenvolveu a teoria das
reminiscências, defendendo o conhecimento latente da alma. Segundo essa teoria,
nós, seres humanos podemos relembrar e trazer à consciência fatos e
conhecimentos que carregamos desde o nosso nascimento.
Em seus discursos, Platão fazia uso dos mitos, porém, em sentido diferente
da mitologia grega. Para ele, os mitos tinham uma função alegórica, ou seja, serviam
para ilustrar um conceito ou ideia, fazendo uso de metáforas, imagens ou símbolos.
Somente assim, segundo sua visão, assuntos mais complexos poderiam ser
ensinados com maior facilidade.
Os seus mitos mais famosos são: O mito da caverna, o mito de Giges e o mito
de Er. Em o mito da caverna, Platão nos mostra que o verdadeiro conhecimento
somente se dá pela filosofia e que a percepção humana existe sem que ninguém
perceba as formas. Nesse mito, ele compara os prisioneiros como as pessoas que
vivem na ignorância e na ilusão pois desconhecem a Teoria das Formas e vivem
muito felizes pois, a ignorância é tudo o que conhecem. O conhecimento da verdade
pode nos assustar e faz com que continuemos na ilusão, porém, aquele que busca a
verdade sem desanimar compreende melhor o mundo ao seu redor. O prisioneiro
libertado representa o filósofo e Platão conclui que qualquer conhecimento obtido
com os sentidos não é conhecimento e sim mera opinião.
Em o mito de Er vemos a expressão do platonismo, que prima pelo idealismo
e não pelo realismo. Esse mito conta a história do guerreiro Er que morreu em
batalha e teve seu corpo velado por 12 dias e no último dia ele ressuscitou contando
o que havia visto nesse período no mundo de Hades. Aqui vemos em Platão uma
aproximação das teorias de reencarnação e da lei de punições e recompensas. O
justo é recompensado enquanto o injusto é condenado.
No mito de Giges, Platão nos ensina que, o ser humano ao entrar em contato
com algum poder que dê vantagens sobre as outras pessoas ou situações, o mesmo
se corrompe pela sedução das vantagens obtidas, pois, a sua alma ainda é
corruptível, não atingiu a Alma logística ou Razão e não alcançou ou contemplou a
Verdade e, por esse motivo, é seduzido pela ganância e prazeres mundanos.
Sua visão de justiça é admitida no reconhecimento de uma Realidade (divina)
para além da realidade (humana), sendo assim, existindo uma justiça divina para
além da conhecida e praticada justiça dos homens. Platão acreditava que, por ser a
Justiça divina, infalível e absoluta, governava o cosmo e que dela não se pode furtar
nenhum infrator. A visão de justiça de Platão se torna então metafísica.
Em se tratando de política, no platonismo não há a democracia. Platão
acreditava que o povo, a multidão, não sabia se governar por estarem ligados a
interesses mundanos. Dentro da política proposta por Platão, o Estado Ideal,
governantes ordenam e governados obedecem, havendo uma cooperação entre as
partes para que se realize a justiça.
Esse modelo político seria um modelo teocrático, onde o governante deveria
ser o filósofo, pois, é sábio e, por ter contemplado a Verdade teria condições para
realizar essa tarefa socialmente e governar de acordo com os interesses dos
deuses.
A educação, dentro desse Estado Ideal, deveria ser pública e administrada
pelo Estado, o qual monopoliza a vida do cidadão. Tamanha crença parte do
pressuposto de que a educação teria por finalidade encaminhar a alma ao pedagogo
universal, o Bem Absoluto e, por esse motivo, não poderia ser administrada por
outros meios. A educação, também, teria a finalidade de melhor aproveitamento do
cidadão pelo Estado e do Estado pelo cidadão.

Bibliografia
BITTAR, E. C. B.; ALMEIDA, G. A. D. Curso de Filosofia do Direito. 14ª. ed. São Paulo: Atlas, 2019.

KLEINMAN, P. Tudo que você precisa saber sobre filosofia: de Platão e Sócrates até a ética e
metafísica, o livro essencial sobre o pensamento humano. São Paulo: Editora Gente, 2014.

MATTAR, J. Filosofia. 2ª. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2018.

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