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RESUMO
Este artigo objetiva fazer uma reflexão sobre a importância da educação ambiental no
processo de gerenciamento de resíduos sólidos, no sentido de desenvolver uma nova
mentalidade de responsabilidade e gestão ambiental. A educação ambiental possui um papel
importante na luta pela preservação do meio ambiente. A participação atuante da comunidade
é fundamental para a implementação e êxito do processo de gestão de resíduos sólidos.
Introdução
1
Bióloga Licenciada e Bacharelada (UFSJ, 2009), Especialista em Gestão Ambiental e Sustentabilidade
(UNINTER, 2012) e estudante do 7º período do curso de Serviço Social (UNIFEG, 2013). Email:
ariene.prado@hotmail.com
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Graduado em Tecnologia em Gestão Ambiental (Faculdades Integradas Camões/PR, 2008), Especialista em
Biotecnologia (PUC/PR, 2010) e Docente do Grupo UNINTER (2013).
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Assistente Social (UNIFEG, 2007), Especialista em Educação, Didática e Metodologia no Ensino Superior
(UNIFEG, 2009), Especialista em Filosofia Contemporânea (PUC/MG, 2011), Mestre em Serviço Social
(PUC/SP) e Docente do curso de Serviço Social do UNIFEG. E-mail: rtveroneze@hotmail.com
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A consciência de que o lixo permanecerá, sem se decompor, por muitos e muitos anos,
apontada por Mendes (2009), é compartilhada por pesquisadores que acreditam na criação de
mecanismos de gestão que possam atenuar os efeitos da retenção desses resíduos na natureza.
Os impactos negativos desencadeados por estes efeitos podem refletir na qualidade de
vida da população, acarretando problemas de saúde como defende Demajorovic (1994), em
especial as populações vulneráveis que vivem da coleta seletiva de recicláveis, acabam por
residir, em grande medida, ao redor dos lixões, sem habitação adequada, saneamento
ambiental e demais necessidades básicas. A repercussão deste assunto é parte integrante do
trabalho de Rocha (2005) que avalia os impactos ambientais desencadeados pelos países em
desenvolvimento.
Em contrapartida a este processo, a criação de uma Legislação Ambiental cada vez
mais rígida ajuda a minimizar a degradação ambiental preservando assim, a qualidade do
meio ambiente e da biodiversidade das espécies.
Os resíduos sólidos oriundos do processo de desenvolvimento e crescimento
econômico devem ser vistos como um problema da sociedade civil, do poder público e
privado. Além do poder destrutivo desses na natureza, seu gerenciamento, até o momento, era
pouco discutido, pois, requer investimento de todas as esferas da sociedade, conforme os
apontamentos de Mendes (2009). Fazem parte do gerenciamento, etapas como a redução,
reutilização e reciclagem dos produtos. (CUNHA JUNIOR, 2005)
O gerenciamento de resíduos sólidos, estabelecida pela Política Nacional de Resíduos
Sólidos - PNRS (PEDROSO; CERUTI, 2009), inclui a coleta, o tratamento e a disposição
correta dos produtos por parte dos geradores, conforme coloca Demajorovic (1994). A Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos trata-se de um conjunto de metodologias que visam reduzir a
produção desses resíduos na sua origem e um acompanhamento continuo do ciclo produtivo,
de modo, a minimizar a toxicidade dos produtos, além de dar um direcionamento aos
materiais recicláveis.
Dentre estas metodologias podemos destacar a importância da Educação Ambiental –
EA. Zaneti & Sá (2003) trabalha a Educação Ambiental como uma possibilidade da sociedade
modificar a realidade atual e reconstruir sua história tendo em vista a sustentabilidade social.
Isso significa minimizar os efeitos da degradação ecológica causada pelo excesso de resíduos
e pela falta de consciência ambiental da sociedade.
Neste contexto, o presente artigo tem o objetivo de refletir sobre a educação ambiental
como sendo uma ferramenta de conscientização no processo de gestão dos resíduos sólidos.
Esta metodologia voltada para a questão ambiental tem tido boa aceitação em todas as esferas
governamentais.
A elaboração de programas de educação ambiental, segundo Persich & Silveira
(2011), consegue desenvolver na população uma consciência diferenciada sobre as questões
econômicas e ambientais, transformando-os de geradores a participantes ativos no processo de
preservação do meio ambiente.
[...] Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações (BRASIL, 2013, on line).
Outrora esta preocupação com o meio ambiente já fora evidenciada por Patrick
Geddes, segundo Dias (2002), considerado o “pai” da Educação Ambiental que expressou sua
preocupação com os efeitos da Revolução industrial iniciada em 1779, na Inglaterra. Nesta
ocasião a preocupação era com o desfecho do processo de urbanização e suas consequências
para o meio ambiente.
Atualmente essa problemática passa por uma fase de intensa discussão. A globalização
mudou todo cenário mundial, e com isso devemos pensar em como adaptar a educação ao
processo transformador que atingiu as áreas da administração de uma sociedade.
Na era da globalização, Gadotti (2000) mostra que é necessário lidar com as mudanças
do “estado do mundo” pensando globalmente e agindo localmente. Quando falamos em
modificações globais, Dias (2000) proferi que a atenção deve ser dada à correlação
crescimento populacional versus mudanças globais induzidas pelas práticas de uso do solo e
pelas modificações causadas em sua cobertura. Consequências drásticas para a caracterização
inata do meio.
Em razão destes fatos e de outros que são utilizados no processo de adaptação ao
meio, Odum (1997, p. 56) compara o homem a um “parasita”, relatando: “Até a data e no
geral, o homem atuou no seu ambiente como um parasita, tomando o que dele deseja com
pouca atenção pela saúde de seu hospedeiro, isto é, do sistema de sustentação da sua vida”.
Neste sentido, é indispensável que a educação acompanhe o desenvolvimento, baseada
na Educação Ambiental, caracterizando-se como um método para introduzir na realidade de
toda a sociedade, desde as escolas até estabelecimentos públicos e privados a ideia de
sustentabilidade. É intenso o trabalho e, para Barbieri e Silva (2011), um dos desafios é
trabalhar a questão ambiental dirigido a jovens e adultos.
A Educação Ambiental teorizada em vários países e discutida em conferências e
demais encontros sobre o mesmo tema, aplica-se como uma prática da educação, orientada
para a resolução dos problemas do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares e de
uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e do coletivo (SOUZA, 2003).
No Brasil, a Lei 9.795 de 27/04/99, o artigo 1º dispõe sobre a Educação Ambiental e
define como sendo:
Processos por meio dos quais o individuo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do
meio ambiente, bem de uso comum e do povo, essencial à sadia qualidade de vida
de sua sustentabilidade (BRASIL, 1999, on line).
Assim, o/a assistente social atrelado aos relatos históricos e baseados na Educação
Ambiental é possível diminuir as calamidades ambientais e estabelecer um senso coletivo
sobre a relação da humanidade com a natureza através da informação, seja ela formal ou
informal, do gerenciamento e gestão do manejo dos resíduos sólidos e recicláveis, do fomento
de cooperativas de catadores de recicláveis, de programas e projetos de preservação do meio
ambiente e de sustentabilidade social, enfim, alternativas viáveis para a preservação do
ecosistema.
Souza (2003) em sua tese coloca parte do texto ratificado na Conferência de Tbilisi,
Primeira Conferência sobre Educação Ambiental, em Tbilisi, Geórgia, 1997 que pode ser lido
abaixo:
[...] Formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com
os problemas que lhe dizem respeito, uma população que tenha conhecimentos, as
competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e
engajamento que lhe permitam trabalhar individualmente para resolver problemas
atuais e impedir que se repitam (UNESCO, 1977, p. 10).
A Educação Ambiental deve atingir uma visão mais holística e que ajude a estabelecer
uma relação de coexistência do ser social e da natureza. Guiados pelos princípios da
sustentabilidade, homens e mulheres devem garantir para as gerações futuras, segundo
Barbieri e Silva (2011), não somente os prejuízos, mas também, benefícios como os avanços
tecnológicos e outras formas de capital humano e social para lidar com os recursos.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos de 2010 estabelece:
Esta lei estabelece uma série de compromissos e obrigações a serem cumpridos com
prazos definidos que, aliados à legislação existente sobre resíduos sólidos (SIRVINSKAS,
2011). Nesse sentido, deve aumentar significativamente a pressão sobre os geradores de
subprodutos e a alocação correta do material que não pode ser reutilizado.
Sobre este assunto, Demajorovic (1995), destaca a mudança do termo “lixo” por
“resíduos sólidos”, e sua caracterização que anteriormente eram vistos como subprodutos do
sistema produtivo e hoje possuem valor econômico agregado.
Assim, a PNRS prescreve aos setores da sociedade formas de lidar com a produção
destes materiais, serviços e a destinação final dos resíduos sólidos. O fato de possuírem valor
econômico faz com que careçam de técnicas de gerenciamento, que estimule o
reaproveitamento dentro do próprio processo produtivo, afirma Demajorovic (1995).
Atividades como a coleta seletiva, a reciclagem e a logística reversa formam a base
desta estrutura de gestão, que se fortalece no conceito de responsabilidade compartilhada,
onde todos deverão ter sua parcela de participação. A partir de então, devemos estabelecer
regras civilizadas de convivência e produção.
Isso é de grande valia, porém, deve ser levando em consideração os níveis de
entendimento das pessoas, seus valores e as divergências a cerca da temática socioecológica.
Segundo Gadotti (2000), o simples fato de aprender a economizar, a reciclar, a
compartilhar, a complementar, a preservar, a aceitar a diferença pode representar uma
revolução no corpo do sistema social. A sustentabilidade deve fazer parte da vida de todas as
pessoas e a correria do dia-a-dia não pode atrapalhar essa formação ideológica.
Além disso, os governos perceberam que enriquecer é importante, mas, as ameaças
ambientais são sérias e precisam ser enfrentadas. Preservar o meio ambiente é uma condição
essencial para que no futuro os recursos ainda estejam disponíveis. Portanto: “o
desenvolvimento sustentável vai além da preservação dos recursos naturais e da viabilidade
de um desenvolvimento sem agressão ao meio, implica um equilíbrio do ser humano consigo
mesmo e, em consequência, com o planeta”. (GADOTTI, 2000, p. 35)
Muitos estudiosos dizem que a humanidade deixou de lado o processo de obtenção de
riqueza para atacar a natureza: “Há 50 anos, na Índia, Mahatma Gandhi dizia que a terra era
suficiente para todos, mais não para a voracidade dos consumistas” (MARINHO, 2004, p.
27). Este fato pode ser comprovado pela extinção de ecossistemas inteiros.
O movimento ecológico e a globalização estão abrindo novos caminhos não só para a
educação, mas também para a cultura e a ciência (GADOTTI, 2000). Neste âmbito, o
conhecimento deve ser integrado para que ocorra a diminuição ou eliminação dos problemas
ecológicos.
Um projeto de educação ambiental bem conduzido consegue desenvolver na
população uma consciência diferenciada sobre as questões econômicas e ambientais em que
estão inseridos, transformando-os em partícipes eficientes no processo de sustentabilidade.
Conceito este, baseado nas instâncias da realidade antrópica, sendo contextualizada por
Gadotti (2000) e Dias (2002), nas áreas: ambiental, social, política, cultural, educacional etc.
O maior desafio, para Dias (2002), é utilizar a ética nas mais diversas situações.
Com base na ideia de que a educação é uma ferramenta de modificação neste
momento ambiental, temos que levar em conta que as alterações pretendidas com ela, são
frutos de um longo e incessante processo de modificação de hábitos e de formação de uma
visão analítica do entorno.
De acordo com o posicionamento de Dias (2002), as gerações atuais foram preparadas
por um sistema educacional que as faz ignorar as consequências ambientais dos seus atos e
objetiva torná-las consumidoras úteis e perseguidoras obsessivas de bens materiais. Esses
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valores e conceitos que foram moldados pela cultura que até hoje só desperdiçou e explorou
os recursos naturais.
Gadotti (2000) utiliza o termo ecologizar, como pretexto para trabalhar a integridade
das pessoas através da Educação Ambiental, procurando um equilíbrio entre o ser humano e o
meio ambiente. Esta ferramenta é base indispensável do trabalho de gestão dos recursos
sólidos, pois pode ser utilizada como instrumento de reflexão e maior conhecimento sobre
descarte correto dos produtos (FRANCO, et. al..., 2010).
A educação Ambiental deve corroborar com o desenvolvimento de uma
responsabilidade ambiental, estabelecendo limites sobre a exploração dos recursos,
respeitando o equilíbrio dinâmico da categoria.
[...] A sociedade civil mundial ou global está ainda em formação e abrange uma
grande variedade de sociedades contemporâneas, a leste a oeste, pobres e ricas,
centrais ou periféricas, desenvolvidas e subdesenvolvidas, dependentes e agregadas,
o conceito que se quiser usar. (GADOTTI, 2000, p. 137)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
10
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