O debate sobre a Igreja foi muito intenso e graves objeções foram levantadas
em relação ao esquema De ecclesia, à sua redação e à linha eclesiológica. Parecia
pouco sintonizado com a elaboração teológica mais recente e ainda ligado demais aos
aspectos institucionais da Igreja, em prejuízo dos aspectos mistéricos; pouco sensível
às questões ecumênicas; também o tema do episcopado era apresentado numa
perspectiva subalterna em relação às prerrogativas do oficio papal.
Alguns pontos de vista foram colocados, por exemplo, o mistério da relação vital
de Cristo com sua Igreja, mediante a qual comunica aos homens a salvação; a
exigência da pobreza da Igreja não como condição moral, mas como sinal da
encarnação nu,m mundo que rejeita a pobreza da Igreja; pedia-se atenção à natureza
da Igreja como povo de Deus e à sua missão em relação à humanidade.
Após a morte de João XXIII em 03/06/1963 e a eleição de Paulo VI, este deu
continuidade ao concílio. Neste inicio, Paulo VI constituiu um restrito colégio de
“moderadores”, que formariam o elo de ligação entre o Papa e a assembleia e também
criou uma categoria de “ouvintes” do concílio.
Um dos assuntos mais esquema XIII que tratava da relação entra a Igreja e o
mundo. A contribuição seguramente mais eficaz que o concílio podia dar a um
autêntico diálogo entre a Igreja e o mundo consistia em desenvolver coerentemente a
renovação da Igreja mesma. Uma igreja mais livre dos condicionamentos mundanos,
que reencontrasse sua natureza profunda de povo de Deus em peregrinação pela
história, reunido em torno da Palavra e da eucaristia. Também era crucial a atitude do
concílio a propósito da guerra e do sistema de dissuasão nuclear, que dominava
naquele tempo as relações entre os blocos político-militares contrapostas.
Por sua vez o decreto Unitatis redintegratio fazia o catolicismo sair de sua
secular esquivança em relação ao compromisso com a reconstituição da unidade
cristã; o que em várias ocasiões, manifestou-se como incompreensão e hostilidade
para com os esforços ecumênicos de outros cristãos, aos quais se negava a fé
autêntica e, mais ainda, de serem membros de comunidades eclesiais. O decreto
indicava os princípios católicos sobre o ecumenismo, estimulava os fiéis à ação
promotora da unidade cristã e, enfim, dirigia-se às Igrejas orientais de tradição ortodoxa
e às comunidades que nasceram da Reforma para incitá-las a uma convergência em
todos os níveis da vida cristã. Era particularmente significativa a definição de um
modelo de unidade fundado não na uniformidade e na absorção, mas na variedade dos
carismas e na complementaridade das tradições.
Referência bibliográfica