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Rio de Janeiro
Fevereiro de 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO
DEM/POLI/UFRJ
Aprovado por:
Fevereiro de 2017
Berti, Marcelo Zanardo
Microsoft Excel para cálculos de Acústica
Ambiental/Marcelo Zanardo Berti. – Rio de Janeiro:
UFRJ/Escola Politécnica, 2017.
XI, 52 p.: il.; 29, 7cm.
Orientador: Jules Ghislain Slama
Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/Curso de
Engenharia Mecânica, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 53-54
1. Acústica Ambiental 2. Microsoft Excel. 3. Planilhas
Eletrônicas. 4. Acústica de Salas. 5. ISO 9613
I. Slama, Jules Ghislain. II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia
Mecânica. III. Título.
iii
Agradecimentos
Ao, meu pai, Paulo, e minha mãe, Cleuzenir, que sempre me proporcionaram
mais do que eu poderia pedir. Esta vitória é sua. Saber que isto lhes traz orgulho
vale mais do que qualquer título.
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.
Fevereiro/2017
v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment
of the requirements for the degree of Engineer.
February/2017
vi
Sumário
1. Introdução ............................................................................................................................ 1
2. Conceitos básicos .............................................................................................................. 1
2.1. Frequência e comprimento de onda ........................................................................ 3
2.2. Velocidade ................................................................................................................... 3
2.3. Pressão sonora ........................................................................................................... 5
2.4. Pressão sonora eficaz ............................................................................................... 5
2.5. Potência sonora .......................................................................................................... 5
2.6. Intensidade sonora ..................................................................................................... 6
2.7. Modelos de onda ........................................................................................................ 7
2.8. Nível de pressão sonora............................................................................................ 7
2.9. Nível de potência sonora........................................................................................... 8
2.10. Nível de intensidade sonora ................................................................................. 8
2.11. Oitavas, faixas de oitavas e terço de oitavas ..................................................... 8
2.12. Adição logarítmica de níveis de pressão sonora ............................................... 9
2.12.1 Método exato ....................................................................................................... 9
2.12.2. Método aproximado...................................................................................... 10
2.13. Ponderação A........................................................................................................ 10
3. Acústica de salas .............................................................................................................. 11
3.1. Campos direto, reverberante e difuso ................................................................... 11
3.2. Coeficiente de reflexão sonora ............................................................................... 11
3.3. Coeficiente de absorção sonora ............................................................................ 12
3.4. Noise reduction coeficient (Coeficiente de redução sonora, NRC) .................. 12
3.5. Espaços normais ...................................................................................................... 12
3.5.1. Distância crítica ..................................................................................................... 14
3.5.2. Controle de ruído pela aplicação de materiais absorventes .......................... 14
3.5.3. Tempo de reverberação (T60)............................................................................ 14
3.5.3.1. Fórmula de Sabine ........................................................................................... 15
3.5.3.2. Fórmula de Norris-Eyring ................................................................................ 15
3.5.3.3. Fórmula de Millington-Sette ............................................................................ 16
3.6. Espaços muito grandes ........................................................................................... 16
3.6.1. Fórmula de Thompson ......................................................................................... 17
3.6.2. Influências diversas sobre a propagação do som em grandes espaços ..... 18
3.6.2.1. Absorção molecular.......................................................................................... 18
3.6.2.2. Fontes de Extensão Finita .............................................................................. 19
3.6.2.3. Barreiras acústicas ........................................................................................... 19
vii
3.6.2.4. Fórmula de Maekawa ...................................................................................... 19
4. A norma ISO 9613 ............................................................................................................ 19
4.1. ISO 9613-1: cálculo da absorção do som pela atmosfera ................................. 20
4.2. Expressão básica para a atenuação ..................................................................... 20
4.3. Atenuação do nível de pressão sonora................................................................. 21
4.4. Fórmulas para frequência de relaxação do oxigênio e do nitrogênio .............. 21
4.5. Fórmula para o coeficiente de atenuação pela absorção atmosférica ............ 21
4.6. Quanto à tabulação presente na norma ............................................................... 22
4.7. Acurácia dos resultados em função das variáveis .............................................. 22
4.8. Conversão de dados para obtenção da concentração molar de vapor d’água
23
4.9. ISO 9613-2: Método geral de cálculo .................................................................... 24
4.10. Descrição da fonte................................................................................................ 25
4.11. Condições meteorológicas .................................................................................. 25
4.12. Equações básicas ................................................................................................ 25
4.12.1. Nível de pressão sonora em banda de oitava contínuo equivalente com
vento a favor.......................................................................................................................... 25
4.12.2. Atenuação .......................................................................................................... 26
4.12.3. Nível de pressão sonora ponderado em A contínuo equivalente com
vento a favor.......................................................................................................................... 26
4.12.4. Nível de pressão médio de um longo tempo ponderado em A ................. 26
4.13. Cálculo dos termos de atenuação ..................................................................... 27
4.13.1. Divergência geométrica (Adiv) ......................................................................... 27
4.13.2. Atenuação devida à absorção atmosférica (Aatm) ........................................ 27
4.13.3. Atenuação devida ao solo (Agr) ...................................................................... 27
4.13.4. Atenuação devida à barreira acústica (Abar) ................................................. 30
4.13.5. Atenuação devida a outras causas (Amisc) .................................................... 31
4.13.5.1. Atenuação devida à área de mata ................................................................. 31
4.14. Atenuação devida à área habitada .................................................................... 32
4.15. Reflexões sonoras ................................................................................................ 33
5. Transmissão entre ambientes ........................................................................................ 33
5.1. Índice de redução sonora (IRS) ............................................................................. 34
5.2. Transmissão entre dois ambientes fechados....................................................... 34
5.3. Isolamento acústico com divisórias simples......................................................... 35
5.3.1. Lei da massa ......................................................................................................... 35
5.4. Isolamento com divisória dupla .............................................................................. 35
6. Implementação e resultados ........................................................................................... 36
viii
6.2. Cálculos gerais ......................................................................................................... 37
6.3. Adição logarítmica de NPS ..................................................................................... 39
6.3.1. Método exato: “Adição logarítmica (exato)” ..................................................... 39
6.3.2. Método aproximado: “Adição logarítmica de NPS (aproximado)” ................ 41
6.4. Acústica de Salas ..................................................................................................... 42
6.5. ISO 9613-1 ................................................................................................................ 46
6.6. ISO 9613-2 ................................................................................................................ 47
7. Conclusão e sugestões para trabalhos futuros ........................................................... 51
8. Bibliografia ......................................................................................................................... 52
Apêndice: capítulos do curso e planilhas correspondentes............................................... 54
ix
Lista de figuras
Figura 1: Propagação do som, compressão e rarefação das partículas (Fonte: [2])....... 2
Figura 2: Variação da pressão do ar devida à onda sonora (Fonte: [3]) ........................... 2
Figura 3: Intensidade sonora (Fonte: [7]) ............................................................................... 6
Figura 4: As três regiões entre fonte e receptor (Fonte: [17]) ........................................... 28
Figura 5: Gráficos para a', b', c' e d' (Fonte: [17])................................................................ 29
Figura 6: Equações para a', b', c' e d' (Fonte: [17])............................................................. 29
Figura 7: Atenuação devida à propagação através de folhagem (Fonte: [17]) .............. 31
Figura 8: Exemplo de aba Instruções.................................................................................... 36
Figura 9: Cálculos Gerais, aba principal ............................................................................... 38
Figura 10: Cálculos Gerais, aba Exemplo ............................................................................ 39
Figura 11: Adição logarítmica de NPS, aba principal ......................................................... 40
Figura 12: Adição logarítmica (exato), aba Exemplo .......................................................... 41
Figura 13: Adição logarítmica de NPS (aproximado), aba principal ................................. 42
Figura 14: Acústica de salas, aba principal .......................................................................... 43
Figura 15: Acústica de salas, aba Materiais......................................................................... 43
Figura 16: Coeficientes de direcionalidade (fonte omnidirecional perto de uma
superfície) .................................................................................................................................. 44
Figura 17: Tempos de reverberação ..................................................................................... 45
Figura 18: Acústica de salas, Gráficos .................................................................................. 45
Figura 19: ISO 9613-1, aba principal .................................................................................... 46
Figura 20: Atenuação devida à geometria de irradiação ................................................... 47
Figura 21: Atenuação devida à absorção atmosférica ....................................................... 47
Figura 22: Atenuação devida ao tipo de solo, inputs .......................................................... 48
Figura 23: Fatores G ................................................................................................................ 48
Figura 24: Atenuação devida ao solo, resultados ............................................................... 48
Figura 25: Atenuação devida à barreira acústica, inputs ................................................... 49
Figura 26: Atenuação devida à barreira acústica, cálculos intermediários ..................... 49
Figura 27: Atenuação por barreira, final ............................................................................... 49
Figura 28: Atenuação devida a outras causas, área de mata ........................................... 50
Figura 29: Atenuação devida a outras causas, área industrial ......................................... 50
Figura 30: Atenuação devido a outras causas, área habitada .......................................... 50
Figura 31: Cálculo de reflexão sonora .................................................................................. 50
Figura 32: ISO 9613-2, Resumo ............................................................................................ 51
x
Lista de tabelas
Tabela 1: Velocidade do som em diversos materiais. (Fonte: [6])...................................... 4
Tabela 2: NPS, método aproximado ..................................................................................... 10
Tabela 3: Ponderação A (Fonte: [9]) ..................................................................................... 11
Tabela 4: Validade dos modelos para o tempo de reverberação (T60) .......................... 17
Tabela 5: Acurácia em função das variáveis de entrada ................................................... 23
Tabela 6: Equações para o cálculo das contribuições para a atenuação devida ao tipo
de solo ........................................................................................................................................ 28
Tabela 7: Atenuação ou coeficiente por faixa de oitava através de folhagem densa ... 32
Tabela 8: Coeficientes de atenuação por faixa de oitava, área industrial ....................... 32
xi
1. Introdução
Sabendo da importância dos softwares computacionais para o desenvolvimento da
atividade de engenharia, bem como seu papel na didática, este texto tem por objetivo
produzir um conjunto de planilhas em Excel para servir de suporte a um curso de
acústica ambiental que possa ser ministrado para engenheiros, físicos e arquitetos. Os
pré-requisitos para este curso são um conhecimento básico de Excel, com algumas
operações elementares, e alguns conhecimentos de física.
As planilhas são apresentadas associadas, no momento, aos cinco primeiros capítulos
do curso, que são:
1- Acústica Básica
2- Métricas e Normas (Utilização da norma NBR 12179)
3- Propagação em ambientes abertos (ISO 9613)
4- Propagação em Ambientes fechados
5- Transmissão entre ambientes (entre duas salas, entre o exterior e uma sala)
O Microsoft Excel é um programa editor de planilhas largamente utilizado que tem como
vantagem sobre outras aplicações computacionais para fins científicos sua interface
intuitiva e simplicidade na utilização. Segundo pesquisa anual realizada pelo Centro de
Tecnologia da Informação Aplicada da FGV-EAESP [1], em 2015, o software respondeu
por mais de 93% da área de editores de planilhas eletrônicas. Visa-se, portanto,
contribuir com uma ferramenta eficiente para cálculos acústicos utilizando uma
aplicação extremamente difundida, a fim de beneficiar docentes e discentes da área.
O texto discorrerá primeiramente sobre os conceitos e aspectos teóricos relativos à
disciplina, como a natureza do próprio som, suas propriedades físicas, as normas ISO
abordadas no curso que tiveram seus cálculos programados, etc. Posteriormente,
demonstrar-se-á como foi feita a aplicação do Excel para os cálculos em questão,
explicando as fórmulas utilizadas, com imagens de tela capturadas e auxiliando o
usuário a utilizar o software de maneira apropriada.
2. Conceitos básicos
Em se tratando de um trabalho sobre acústica, é conveniente definir primeiramente o
que é “som”. Numa primeira abordagem, de cunho estritamente físico, o som pode ser
definido como um movimento oscilatório (onda) que se propaga em um meio material
possuidor de forças internas (por exemplo, sólidos, líquidos e gases) ou a superposição
de tais movimentos oscilatórios. Alternativamente, em uma abordagem psicofísica, pode
ser compreendido como o estímulo do mecanismo auditivo que resulta em uma
percepção (sensação). [2]
Esta característica ondulatória do fenômeno gera, alternadamente, compressões e
rarefações de matéria ao se propagar no meio em questão o que, por sua vez, propicia
oscilações de pressão capazes de serem percebidas pelo ouvido humano, como pode
se visualizar na figura 2.
1
Figura 1: Propagação do som, compressão e rarefação das partículas (Fonte: [2])
2
Podemos caracterizar o som através de diversas propriedades matemáticas e físicas:
frequência (ou, inversamente, comprimento de onda), pressão sonora, intensidade
sonora, velocidade, direcionalidade, dentre outras. Nesta seção, consideraremos
diversas dessas grandezas.
Onde:
f é a frequência (Hz)
c é a velocidade do som (m/s)
λ é o comprimento de onda (m)
Em se tratando da frequência, o ouvido humano saudável é capaz de distinguir sons
na faixa de, aproximadamente, 20 a 20000 Hz. [4]
Nas condições normais de temperatura e pressão, isto corresponde a uma faixa de
comprimentos de onda de 17 m a 17 mm.
2.2. Velocidade
A velocidade de propagação do som, dada pela equação de Newton-Laplace, é:
𝐾
𝑐= √ (2.3)
𝜌
Onde:
c é a velocidade do som (m/s)
K é o módulo volumétrico (Pa)
ρ é a massa específica do meio (kg/m³)
Na realidade, a velocidade do som também é função da temperatura do meio. Uma
relação que leva esta dependência em consideração é:
3
𝑇
𝑐 = 322√1 + (2.4)
273
Onde:
c é a velocidade do som (m/s)
T é a temperatura do ar em ºC
Uma das planilhas feitas no curso contém um exercício no qual se mostra a variação
do comprimento de onda em função da temperatura (Atenuação de barreira em função
da temperatura, feita por Mariani Dan Taufner).
Pode-se ainda utilizar outras equações não inclusas aqui para o cálculo em diversos
meios, que podem ser encontradas em [5].
A tabela a seguir mostra a grande variação na velocidade da propagação do som em
função do meio material no qual ele viaja. Isto se dá porque a propagação da onda
mecânica é grandemente facilitada quanto maior a densidade do meio físico no qual ela
se propaga.
Tabela 1: Velocidade do som em diversos materiais. (Fonte: [6])
4
2.3. Pressão sonora
A pressão sonora é dada por:
Onde:
Onde:
5
2.6. Intensidade sonora
A intensidade sonora é definida como a potência sonora por unidade de área normal à
direção da propagação da onda sonora, ou seja, a taxa média de transmissão de energia
desta onda. [8]
𝑊
𝐼= (2.7)
𝐴
Onde:
I é a intensidade sonora (W/m²)
W é a potência sonora (W)
6
A é unidade de área normal à direção da propagação da onda sonora (m²)
Intensidade e potência sonora, considerando uma fonte pontual, propagação esférica e
omnidirecional, relacionam-se à pressão sonora da seguinte forma:
(𝑝𝑟𝑚𝑠 )²
𝐼= (2.8)
𝜌𝑐
Onde:
I é a intensidade (W/m²)
prms é a pressão sonora raiz média quadrática (Pa)
ρ é a densidade do meio (kg/m³)
c é a velocidade do som no meio (m/s)
7
𝑝 2 𝑝
𝑁𝑃𝑆 = 10 𝑙𝑜𝑔10 ( ) = 20 𝑙𝑜𝑔10 ( ) [𝑑𝐵] (2.9)
𝑝0 𝑝0
Onde:
p é a pressão sonora em Pascais (Pa)
p0 = pressão de referência (p0 = 0,00002 Pa)
𝑊
𝐿𝑊 = 10 log ( ) (2.10)
𝑊0
Onde:
W é a potência sonora em Watts (W)
W0 é a potência sonora de referência,10-12 W
𝐼
𝐿𝐼 = 10 log ( ) (2.11)
𝐼0
Onde:
I é a intensidade sonora em W/m²
I0 é a intensidade de referência, 10-12 W/m²
𝑓0 = √𝑓1 𝑓2 (2.12)
8
Onde:
f0 é a frequência central
f1 é a frequência de limite inferior
f2 é a frequência de limite superior
Faixas de terço de oitava são semelhantes, mas para o limite superior multiplica-se a
frequência central pela raiz cúbica de 2 e para o limite inferior divide-se pela raiz cúbica
de 2.
Para se calcular a distância em oitavas entre duas frequências, basta calcular o
logaritmo na base 2 de seu quociente. Ou seja,
𝑓2
𝑑(𝑓1 , 𝑓2 ) = log 2 (𝑒𝑚 𝑜𝑖𝑡𝑎𝑣𝑎𝑠) (2.13)
𝑓1
Por exemplo,
f2 = 880 Hz
f1 = 440 Hz
d(f2,f1) = log2(2) = uma oitava
Foram criadas tabelas para o curso que fazem os cálculos dos NPS (“NPS por oitava”,
“NPS por terço de oitava”), tanto para as frequências normalizadas de oitava quanto
para de terço de oitava.
Isto é,
9
𝐿𝑝1 𝐿𝑝2 𝐿𝑝𝑁
𝐿𝑝 = 10 log10 (10 10 + 10 10 + ⋯+ 10 10 ) (2.17)
Este cálculo foi implementado na planilha “Cálculo de NPS exato”, a qual será explicada
mais adiante neste texto.
Δ 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
N 3 3 2 2 2 1 1 1 1 1 0
2.13. Ponderação A
A sensação gerada no ouvido humano varia com a frequência do som emitido. Notou-
se que para os mesmos níveis sonoros, sons de frequência mais baixa parecem ter
níveis menores, por exemplo. Portanto, criou-se ponderações, famílias de curvas que
buscam fazer esta “correção”, considerando a sensação do ouvinte.
Na prática, os valores da ponderação para faixas de oitavas ou terço de oitavas foram
tabelados e estes valores são somados a um nível sonoro em dB para obter seu
correspondente ponderado em dB(A). A tabela 3 mostra os valores da ponderação A
para faixas de terço de oitava.
10
Tabela 3: Ponderação A (Fonte: [9])
3. Acústica de salas
Em se tratando da propagação do som em ambientes fechados, temos três situações
distintas: fonte em espaço muito pequeno, onde as dimensões são pequenas em
relação ao comprimento de onda dos ruídos considerados. Neste caso, a análise modal
é importante; fonte em espaço normal, onde as dimensões são grandes
comparativamente com o comprimento de onda do som considerado. Aqui, o campo
reverberante é constante em quase toda a sala; fonte em espaço muito grande com
relação ao comprimento de onda. Neste caso, o campo reverberante decresce quando
a distância da fonte ao receptor aumenta.
11
Conforme dito anteriormente, quando uma onda sonora incide sobre uma superfície,
parte da energia é refletida de volta e parte é absorvida. Define-se o coeficiente de
absorção sonora de uma superfície como:
𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑟𝑒𝑓𝑙𝑒𝑡𝑖𝑑𝑎
𝛽= (3.1)
𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑖𝑛𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒
𝛼 =1− 𝛽 (3.2)
Onde:
αi é o coeficiente de absorção sonora da respectiva faixa de frequência
12
𝑄(𝑓) 4
𝐿𝑝 (𝑓) = 𝐿𝑤 (𝑓) + 10 log [ + ] (3.4)
4𝜋𝑟 2 𝑅
Onde:
Lp(f) é o nível de pressão sonora do campo difuso por faixa de frequência em decibéis
Lw(f) é o nível de potência sonora da fonte
r é a distância entre o receptor e a fonte
Q(f) é o coeficiente de direcionalidade, melhor explicado logo à frente
R é a constante da sala, definida por:
𝑆𝛼̅
𝑅= (3.5)
1 − 𝛼̅
Onde:
S é a superfície total de absorção da sala
ᾱ é o coeficiente de absorção médio da sala, definido por:
∑𝑖 𝛼𝑖 𝑆𝑖
𝛼̅ = (3.6)
∑𝑖 𝑆𝑖
Onde:
ᾱi é o coeficiente de absorção da superfície Si
O coeficiente de direcionalidade Q é definido em termos da presença de uma superfície
sólida nas proximidades na fonte de modo que esta modifique o modelo geométrico da
onda gerada. Isto é, se a fonte se encontra distante de qualquer superfície, considera-
se que ela se comporta como uma fonte pontual em campo livre e Q = 1.
Caso haja uma única superfície próxima, de modo que a onda gerada seja uma
semiesfera, temos Q = 2.
Se a fonte está no encontro de duas superfícies perpendiculares entre si, como no
rodapé de uma sala, Q aumenta, de modo que Q = 4.
Finalmente, se a fonte se apresenta numa quina, isto é, na interseção de três planos
perpendiculares entre si, Q assume seu maior valor com Q = 8.
Os campos direto e reverberante estão de certa forma já embutidos na expressão para
o campo difuso apresentada pouco acima, da seguinte forma:
𝑄(𝑓)
𝐿𝑃𝐷 (𝑓) = 𝐿𝑤 (𝑓) + 10 log [ ] (3.7)
4𝜋𝑟 2
LPD(f) é o nível de pressão sonora do campo direto para uma frequência específica.
13
4
𝐿𝑃𝑅 (𝑓) = 𝐿𝑤 (𝑓) + 10 log [ ] (3.8)
𝑅
𝑅𝑄
𝑑𝑐 = √ (3.9)
16𝜋
Onde:
Q(f) é o coeficiente de direcionalidade
R é a constante da sala
𝛼̅2
𝑅𝑒𝑑𝑢çã𝑜 = 10 𝑙𝑜𝑔 ( ) (3.10)
𝛼̅1
Onde:
ᾱ1 é o coeficiente de absorção média da sala antes do tratamento
ᾱ2 é o coeficiente de absorção média da sala depois do tratamento
14
Há uma planilha feita para o curso com este cálculo implementado.
𝑉
𝑇60 (𝑓) = 0,161 (3.11)
𝑆 𝛼̅(𝑓)
Onde:
V é o volume da sala
S é a superfície da sala
ᾱ(f) é o coeficiente de absorção médio da sala
A constante 0,161 foi determinada primeiramente empiricamente e é encontrada com
pequenas variações na literatura, como 0,16, 0,162, 0,163 e 0,164. O próprio Sabine
determinou originalmente o valor de 0,164. [11] [12]
É importante registrar que essa fórmula é válida (e possivelmente ainda mais acurada
que outras) para salas pouco absortivas, isto é, com baixos valores de coeficientes de
absorção. O limite para que esta afirmação seja verdadeira é um coeficiente de
absorção médio menor do que, aproximadamente, 0,4 [13]. Neste trabalho,
consideraremos que a fórmula de Sabine deve ser utilizada para salas com coeficiente
de absorção menor que 0,3.
15
3.5.3.2. Fórmula de Norris-Eyring
Mais tarde, em 1930, Eyring publicou sua fórmula, mais apropriada para salas mais
absorventes [14]:
𝑉
𝑇60 (𝑓) = 0,161 (3.12)
𝑆 ln(1 − 𝛼̅(𝑓))
Onde:
V é o volume da sala
S é a superfície da sala
ᾱ(f) é o coeficiente de absorção médio da sala
Deve-se utilizar esta equação para espaços de média absorção, isto é, aqueles cujo
coeficiente médio de absorção fica entre 0,3 e 0,5.
𝑉
𝑇60 (𝑓) = 0,161 (3.13)
∑ 𝑆𝑖 ln(1 − 𝛼𝑖 (𝑓))
Onde:
V é o volume da sala
Si é a área de cada superfície da sala
αi é o coeficiente de absorção da respectiva superfície
Há diferentes maneiras de determinar esta curva descrita acima, que é válida numa
região próxima da fonte e longe das paredes. É possível descrevê-la através de
16
equações empíricas simplificadas, como proposto por diversos autores ao longo do
tempo. Doutra forma, simulações numéricas também se prestam a resolver este
problema. Uma última possibilidade é determinar este modelo de maneira experimental,
utilizando uma fonte de referência.
Prefere-se, em geral, definir o decaimento médio em dB(A) por duplicação da distância.
Dependendo do tipo de sala, é possível identificar três regiões distintas para o
decaimento sonoro a medida em que o receptor se afasta da fonte, de forma que a curva
assume uma forma que se assemelha a uma banheira.
Na primeira região, próxima à fonte, nos encontramos ainda dentro do campo direto.
Ocorre um forte decréscimo do nível sonoro com a distância, de 6 db/dd (decibéis por
duplicação da distância).
Na segunda região, mais distante da fonte, porém ainda longe das paredes o
decréscimo ou inferior a 6 dB/dd. Isto se dá porque o campo é refletido pelo chão e pelo
teto, mas há pouca influência das paredes. Esta influência se fará significativa na
terceira região.
Na terceira região, de fato, o nível sonoro volta a crescer por causa da reflexão das
ondas sonoras nas paredes. Levantamentos experimentais, como estudos de acústica
previsional, têm mostrado que a forma da curva na segunda região varia com a absorção
dos locais e em particular a absorção do teto. Esta parte da curva desce e a sua
inclinação aumenta quando a absorção aumenta.
𝑄(𝑓) 4𝑀𝐹𝑃
𝐿𝑝 (𝑓) = 𝐿𝑤 (𝑓) + 10 log [ + ] (3.15)
4𝜋𝑟 2 𝑟𝑅
Onde:
Lp(f) é o nível de pressão sonora da onda, por frequência
Lw(f) é o nível de potência sonora da fonte, por frequência
Q(f) é o coeficiente de direcionalidade da fonte
r é a distância até o receptor
R é a constante da sala
17
MFP é o livre percurso médio (MFP vem da sigla em inglês para “mean free path”.
Calcula-se o MFP como:
4𝑉
𝑀𝐹𝑃 = (3.16)
𝑆
Onde:
V é o volume da sala
S é o somatório das áreas internas da sala
Novamente, vale ressaltar que cada um dos modelos apresentados é válido dentro de
sua respectiva faixa de coeficiente de absorção. A precisão destes modelos analíticos
é limitada em se tratando de altas frequências e grandes distâncias da fonte.
A tabela 4 resume para quais casos cada um dos modelos vistos é apropriado.
Tabela 4: Validade dos modelos para o tempo de reverberação (T60)
𝑚𝑉
ᾱ′ = ᾱ + 4 (3.17)
𝑆
Onde:
V é o volume da sala
18
S é o somatório das superfícies
m é a absorção do ar em Neper por metro (Np/m)
Além disso, a constante da sala R se torna:
𝑆ᾱ′ + 4 𝑚𝑉
𝑅= (3.18)
4𝑚𝑉
1 − ᾱ′ − 𝑆
Onde:
V é o volume da sala
S é o somatório das superfícies
m é a absorção do ar em Neper por metro (Np/m)
ᾱ’ é o coeficiente de absorção da sala modificado
19
Onde:
ΔL = L0 – LB = nível sem barreira menos nível com barreira
N é o número de Fresnel, dado por:
2𝛿
𝑁= (3.20)
𝜆
Onde:
δ é a diferença entre o caminho difratado e o caminho direto. É sempre maior que 1 se
há difração.
λ é o comprimento de onda
20
Outra utilidade da norma, além dos resultados obtidos diretamente através de suas
fórmulas, é fazer ajustes à valores de pressão sonora determinados experimentalmente
para levar em consideração diferenças entre perdas por absorção atmosférica em
condições meteorológicas diferentes.
Nos cálculos desta norma, usar-se-á como valores de referência para temperatura (T0)
e pressão (pr) 273,15 K (20 ºC) e 101,325 kPa, respectivamente. A temperatura referida
anteriormente é aquela à qual se obteve os dados mais confiáveis para validar a norma.
𝑝𝑡 = 𝑝𝑖 exp(−0,1151𝛼𝑠) (4.1)
Onde:
pt é a amplitude de pressão sonora no ponto estudado (Pa)
pi é a amplitude sonora inicial (Pa)
α é o coeficiente de absorção atmosférico de tom puro (dB/m)
s é a distância entre a fonte e o ponto estudado (m)
𝑝𝑖2
𝛿𝐿𝑡 (𝑓) = 10 log ( 2 ) = 𝛼𝑠 (4.2)
𝑝𝑡
𝑝𝑎 0,02 + ℎ
𝑓𝑟𝑂 = (24 + 4,04 × 104 ℎ ) (4.3)
𝑝𝑟 0,391 + ℎ
21
𝑝𝑎 𝑇 −1/2
𝑓𝑟𝑁 = ( )
𝑝𝑟 𝑇0
1 (4.4)
𝑇 −3
× (9 + 280 ℎ 𝑒𝑥𝑝 {−4,170 [( ) − 1]})
𝑇0
Onde:
pa é a pressão atmosférica ambiente (Pa)
pr é a pressão de referência (Pa)
h é a concentração molar de vapor d’água, em porcentagem
T é a temperatura ambiente (K)
T0 é a temperatura de referência (K)
𝑓𝑚 = (1000)(103𝑏⁄10 )𝑘 (4.6)
22
Onde:
1000 Hz é a frequência de referência
b é uma fração racional que serve como designador da largura de banda para qualquer
largura de filtro de banda fracional (sendo 1/3 para um filtro de terço de oitava, o que foi
adotado).
k é um índice inteiro que vai de -13 a +10, correspondendo às frequências preferidas de
50 Hz a 10 kHz.
Razão
Concentração
Temperatura do Pressão entre
Acurácia molar de vapor
ar atmosférica frequência
d’água
e pressão
40 Hz/atm
253,15 < T
±10% 0,05% < h < 5% pa < 200 kPa < f2p < 10
< 323,15
MHz/atm
40 Hz/atm
0,05% < h < 0,5% 253,15 < T
±20% pa < 200 kPa < f2p < 10
ou h > 5% < 323,15
MHz/atm
40 Hz/atm
±50% h < 0,005% T > 200 K pa < 200 kPa < f2p < 10
MHz/atm
Vale notar ainda que h = 100% (atmosfera com precipitação) não está incluso nestes
limites.
23
4.8. Conversão de dados para obtenção da concentração
molar de vapor d’água
O apêndice B da norma ISO 9613-1 trata do cálculo da concentração molar do vapor
d’água presente no ar, necessário para os valores das frequências de relaxação que,
por sua vez, permitem atingirmos nosso objetivo final, calcular o coeficiente de
atenuação.
Para uma amostra de ar úmido a uma dada temperatura e pressão, a umidade relativa
é a razão, expressa em porcentagem, da pressão do vapor d’água em relação à pressão
de saturação, psat, com respeito à uma superfície plana d’água líquida às mesmas
temperatura e pressão que caracterizam a amostra de ar úmido. Para uma dada
temperatura e pressão, a concentração molar de vapor d’água, h, em porcentagem,
pode ser calculada para uma umidade relativa especificada ht, também em
porcentagem, a partir de:
𝑝𝑠𝑎𝑡 𝑝𝑎
ℎ = ℎ𝑡 ( )( ) (4.7)
𝑝𝑟 𝑝𝑟
Onde:
pa é a pressão atmosférica
pr é a pressão de referência
Já a pressão de saturação de vapor aquoso sobre uma superfície plana de água líquida
é uma função unicamente da temperatura do ar. Na norma e neste texto foram utilizadas
as equações a seguir, que por sua vez, são aproximações das calculadas pela World
Meteorological Organization.
𝑝𝑠𝑎𝑡
= 10𝐶 (4.8)
𝑝𝑟
𝑇01 1,261
𝐶 = −6,3846 ( ) + 4,6151 (4.9)
𝑇
24
Este método busca predizer o nível de pressão sonora ponderado em A contínuo
equivalente com vento a favor (condições meteorológicas de propagação favoráveis,
isto é, a favor do vento) a partir de fontes de níveis sonoros conhecidos. Estas condições
meteorológicas ditas favoráveis também incluem a propagação sob uma inversão de
temperatura moderada bem desenvolvida com base no solo, assim como ocorre
comumente durante a noite. Condições de inversão sobre água não estão inclusas, e
os cálculos a partir desta norma podem prever valores menores que os reais.
O método também se propõe a fazer a predição do nível de pressão sonora ponderado
em A médio ao longo de um tempo de medição, sob condições meteorológicas variadas
a partir de fontes sonoras de níveis conhecidos.
A forma pela qual se busca fazer estas estimativas se baseia em algoritmos para cada
banda de oitava com frequências de meia-banda nominais indo de 63 Hz a 8 kHz -
diferentemente de quando se trabalha com acústica de salas, quando se ignora
frequências maiores que aquelas contidas na faixa de oitava dos 4 kHz, conforme visto
anteriormente – para obter a atenuação que se aplica a uma fonte pontual ou um
conjunto de fontes pontuais, que pode(m) estar em movimento ou não.
Termos específicos são fornecidos nos algoritmos para os seguintes mecanismos de
atenuação:
i. Divergência geométrica
ii. Absorção atmosférica
iii. Efeito do solo
iv. Reflexão em superfícies
v. Obstáculos que funcionam como barreiras
vi. Áreas habitadas
vii. Folhagem (área de mata)
viii. Áreas industriais
Conforme veremos mais à frente, diversos parâmetros precisam ser conhecidos para a
aplicação desta metodologia de cálculo, quais sejam, a geometria da fonte e do
ambiente, características da superfície do solo e os níveis de potência sonora da fonte
nas direções relevantes para a propagação.
4.10.Descrição da fonte
As expressões propostas nesta norma são para fontes pontuais. Fontes de ruído
extensas como rodovias, ferrovias, áreas industriais (que podem incluir diversas plantas
ou instalações e seus tráfegos internos) devem ser representadas como um conjunto de
seções, cada uma tendo sua própria potência sonora e diretividade. Calcula-se a
atenuação para um ponto representativo da seção e considera-se que ela é válida para
toda a seção. Ainda, um conjunto de fontes pontuais pode ser descrito como uma única
fonte pontual no meio delas se:
25
4.11.Condições meteorológicas
As condições de propagação a favor do vento se constituem em:
4.12.Equações básicas
As seguintes equações constituem a base da ISO 9613-2. Em última instância, são elas
que desejamos calcular, as outras servindo como passos intermediários para que estas
possam ser avaliadas.
Onde:
Lw é o nível de potência sonora em banda de oitava [dB];
Dc é a correção de direcionalidade [dB];
A é a atenuação em banda de oitava [dB]
Vale dizer que Dc na realidade é composto pela soma de dois termos, D1 e DΩ. Porém,
para fontes omnidirecionais se propagando em campo livre, Dc é igual a zero.
4.12.2. Atenuação
A atenuação na equação anterior é dada por:
Onde:
Adiv é a atenuação devida à geometria de irradiação [dB]
Aatm é a atenuação devida à absorção atmosférica [dB]
Agr é a atenuação devida ao tipo de solo [dB]
Abar é a atenuação devida à barreira acústica [dB]
26
Amisc é a atenuação devida a outras causas [dB]
𝑛 𝑚
[𝐿𝑓𝑡𝑖𝑗 (𝐷𝑊)+𝐴𝑓𝑗 ]
𝐿𝐴𝑇 (𝐷𝑊) = 10 𝑙𝑜𝑔10 {∑ [∑ 10 10 ]} (4.12)
𝑖=1 𝑗=1
Onde:
n é o número de contribuições (fontes e caminhos)
m é o número de bandas de oitava de 63 Hz a 8 kHz
LfTij(DW) é o nível de pressão sonora em banda de oitava contínuo equivalente com
vento a favor correspondente a contribuição i e a banda de oitava j [dB]
Afj é ponderação em frequência A na banda de oitava j [dB]
Onde:
Cmet é a correção para as condições meteorológicas [dB(A)]
Cmet é dado por:
10(ℎ𝑠 + ℎ𝑟 )
𝐶𝑚𝑒𝑡 = 𝐶0 [1 − ] , 𝑠𝑒 𝑑𝑝 > 10(ℎ𝑠 + ℎ𝑟 ) (4.15)
𝑑𝑝
27
4.13.Cálculo dos termos de atenuação
A partir de agora veremos o cálculo de cada um dos termos que compõe a atenuação.
Onde:
d é a distância entre a fonte e o receptor [m]
d0 é a distância de referência; d0=1 m
Esta parcela quantifica a o espalhamento esférico da onda proveniente de uma fonte
pontual em campo livre.
𝛼𝑑
𝐴𝑎𝑡𝑚 = [𝑑𝐵] (4.17)
1000
28
Figura 4: As três regiões entre fonte e receptor (Fonte: [17])
Onde:
dp é a distância entre a fonte e o receptor projetada sobre o solo [m]
hs é a altura da fonte [m]
hr é a altura do receptor [m]
As superfícies podem ser de três naturezas: solo com pouca porosidade: pavimentação,
concreto, água, gelo. Neste caso o fator G referido na norma é igual a 0; solo poroso:
grama, árvore ou outra vegetação, fator G = 1; solo misto: possui solo com pouca
porosidade e solo poroso. Fator G entre 0 e 1 proporcional a região de solo poroso.
A atenuação para cada faixa de oitava deve ser calculada a partir da seguinte equação:
𝐴𝑔𝑟 = 𝐴𝑠 + 𝐴𝑟 + 𝐴𝑚 (4.18)
Onde:
As é a atenuação para a região da fonte especificada pelo fator Gs [dB] (Tabela 5)
Ar é a atenuação para a região do receptor especificada pelo fator Gr [dB] (Tabela 5)
Am é a atenuação para a região entre a fonte e o receptor especificada pelo fator Gm
[dB] (Tabela 6).
Tabela 6: Equações para o cálculo das contribuições para a atenuação devida ao tipo
de solo
29
Figura 5: Gráficos para a', b', c' e d' (Fonte: [17])
Figura 6: Equações para a' (4.19), b' (4.20), c' (4.21) e d' (4.22) (Fonte: [17])
30
30(ℎ𝑠 + ℎ𝑟 )
𝑠𝑒, 𝑑𝑝 > 30(ℎ𝑠 + ℎ𝑟 ) → 𝑞 = 1 − (4.24)
𝑑𝑝
𝐶2
𝐷𝑧 = 10 𝑙𝑜𝑔 [3 + ( ) 𝐶3 𝑧𝐾𝑚𝑒𝑡 ] 𝑑𝐵 (4.27)
𝜆
Onde:
C2 é igual a 20 quando inclui o efeito de reflexão no solo e é igual a 40 quando não inclui
λ é o comprimento de onda do som [m]
z é diferença entre os comprimentos dos caminhos do som difratado e direto, que será
quantificada à frente
Kmet é o fator de correção para efeitos meteorológicos, quantificado mais adiante
Além disso:
31
5𝜆 2
1+( )
𝐶3 = [ 𝑒 ] (4.28)
1 5𝜆 2
+( )
3 𝑒
z é calculado como:
−1 𝑑𝑠𝑠 𝑑𝑠𝑟 𝑑
𝐾𝑚𝑒𝑡 = exp [ √ ] (4.30)
2000 2𝑧
32
Figura 7: Atenuação devida à propagação através de folhagem (Fonte: [17])
Caso df seja maior que 200 m, deve-se utilizar a atenuação para 200 m.
Tabela 7: Atenuação ou coeficiente por faixa de oitava através de folhagem densa
Distância de Frequência, Hz
propagação, m
63 125 250 500 1000 2000 4000 8000
10 ≤ df ≤ 20 0 dB 0 dB 1 dB 1 dB 1 dB 1 dB 2 dB 3 dB
20 ≤ df ≤ 200 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,08 0,09 0,12
dB/m dB/m dB/m dB/m dB/m dB/m dB/m dB/m
33
obtidos com medições em campo ou modelagem computacional. Somam-se dois
termos, de modo que:
Onde:
Sendo:
B a densidade das construções ao longo do caminho de propagação (área das
construções / área total)
db o comprimento do caminho de propagação [m]
Caso as construções formem uma linha bem definida próximo a uma rodovia, a uma
ferrovia, ou a um corredor similar, o termo adicional abaixo deve ser incluído.
𝑝
𝐴ℎ𝑜𝑢𝑠,2 = −10 log10 [1 − ( )] [𝑑𝐵(𝐴)] (4.33)
100
4.15.Reflexões sonoras
As reflexões sonoras são consideradas em termos de fontes-imagem. Assim como para
verificar se um objeto age como barreira, existem critérios para determinar se existem
reflexões sonoras apreciáveis. A reflexão existirá se os seguintes critérios forem
satisfeitos: uma reflexão especular puder ser construída; o coeficiente de reflexão da
superfície refletora for maior que 0,2 e se a superfície refletora for larga o suficiente
comparada com o comprimento de onda de interesse, isto é, se a seguinte relação for
satisfeita:
1 2 𝑑𝑠,𝑜 𝑑𝑜,𝑟
>[ ][ ] (4.34)
𝜆 (𝑙𝑚𝑖𝑛 𝑐𝑜𝑠𝛽)² 𝑑𝑠,𝑜 + 𝑑𝑜,𝑟
Onde:
lmin é a dimensão mínima da superfície refletora (comprimento ou altura) [m]
β é o ângulo de incidência [rad]
ds,o distância entre a fonte e o ponto de reflexão no obstáculo [m]
do,r distância entre o ponto de reflexão no obstáculo e o receptor [m]
34
Todos os critérios apresentados acima têm que ser satisfeitos para a mesma banda de
oitava para a reflexão ser apreciável.
A potência da fonte-imagem é calculada como:
𝑊𝑡
𝜏= (5.1)
𝑊𝑖
Onde,
Wt é a potência sonora transmitida
Wi é a potência sonora incidente
35
𝑊𝑡 1
𝐼𝑅𝑆 = 10 log10 = 10 log10 (5.2)
𝑊𝑖 𝜏
𝑇
𝐼𝑅𝑆 = 𝐿1 − 𝐿2 + 10 log10 𝑆 + 10 log10 ( ) (5.3)
0,163𝑉
Onde:
L1 é o NPS do campo difuso da sala-fonte
L2 é o NPS do campo difuso da sala receptora
S é a área da superfície divisória entre as duas salas
T é o tempo de reverberação da sala receptora
V é o volume da sala receptora
Onde:
f é a frequência [Hz]
36
m é a massa [kg/m²]
Em freqüências muito altas ou muito baixas a transmissão não é regida pela Lei da
Massa devido à baixa freqüência de ressonância, à rigidez e ao fenômeno chamado de
coincidência.
6. Implementação e resultados
O principal intuito deste trabalho foi criar planilhas eletrônicas que possam servir como
um material de apoio para a ministração de um curso de acústica ambiental. Até o
momento, discorremos sobre diversos aspectos teóricos da disciplina e, a partir de
agora, iremos ver a aplicação do software nesses conceitos.
As planilhas criadas foram:
A. Cálculos Gerais
B. Composição de NPS (exato)
C. Composição de NPS (aproximado)
D. Acústica de Salas
E. ISO 9613-1
F. ISO 9613-2
G. Transmissão entre ambientes
37
Figura 8: Exemplo de aba Instruções
As planilhas contam ainda com uma aba “Exemplo” que elucida como a mesma pode
ser usada.
A figura 9 mostra a aba principal, que permite executar os cálculos. A fórmula utiliza
para calcular a velocidade do som é:
𝑇
𝑐 = 322√1 + (2.4)
273
38
Figura 9: Cálculos Gerais, aba principal
A figura 10 mostra a aba exemplo. Neste caso, por se tratar de uma planilha bastante
simples, mais do que todas as outras, ela apenas explicita os valores de referência
utilizados em cada um dos cálculos e demonstra os resultados para certos valores de
entrada quaisquer.
39
Figura 10: Cálculos Gerais, aba Exemplo
40
Figura 11: Adição logarítmica de NPS, aba principal
Como pode se notar a partir dos símbolos de “+” na parte superior, existem colunas que
foram ocultas. Estas colunas contêm cálculos auxiliares que ficam explícitos na aba
Exemplo, vista a seguir na figura 12. Ainda nesta aba, foram selecionados valores
aleatórios de dados de entrada para ilustração.
Para a conveniência do usuário, a planilha permite o cálculo tanto se ele possui apenas
os valores de pressão efetiva quanto se ele dispõe somente dos níveis de pressão
sonora, devendo os respectivos valores serem inseridos na coluna apropriada.
41
Figura 12: Adição logarítmica (exato), aba Exemplo
42
Figura 13: Adição logarítmica de NPS (aproximado), aba principal
43
Figura 14: Acústica de salas, aba principal
Como toda tabela dinâmica, é possível filtrar as informações mostradas, neste caso, de
acordo com cada categoria de material. As categorias são: assoalho, material de
construção usual, móvel/tecido/gente, porta/janela/abertura, co-vibradores (chapas
densas, folhas). Basta clicar no botão ao lado de “Tipo”.
Voltando a aba principal, além dos coeficientes de absorção, devem ser fornecidas as
dimensões da sala e de cada superfície. Caso queira se levar em consideração as áreas
44
de objetos na sala, pessoas, etc., isto deve ser feito separadamente, isto é, deve-se
somar todas estas áreas e colocar o resultado na célula ”Superfície_da_sala” (L9). Este
processo não foi automatizado por se tratar de algo muito particular de cada ambiente
sendo estudado.
Logo abaixo dessas linhas de input, são mostrados os respectivos valores de α e R. O
programa leva em consideração o volume da sala para este cálculo. A partir de 1000
m³, utilizam-se as fórmulas de espaços muito grandes. Caso isso ocorra, deve ir até a
aba Atenuação do ar, que, em realidade, é a mesma da planilha ISO 9613-1, que será
analisada mais adiante, e inserir os valores de temperatura, pressão, umidade relativa
do ambiente e frequência da fonte para a obtenção do coeficiente de atenuação do ar.
As fórmulas utilizadas já convertem o valor de dB/m para Neper/m.
Prosseguindo, temos uma segunda parte de aba, na qual o devem ser fornecidos os
valores de potência sonora da fonte por faixa de oitava, a distância da fonte que se
deseja estudar os níveis sonoros e o coeficiente de direcionalidade. Para isto, basta
clicar num dos botões à direita que representa cada um dos casos possíveis. Veja a
figura 16.
Figura 16: Coeficientes de direcionalidade (fonte omnidirecional perto de uma
superfície)
45
Figura 17: Tempos de reverberação
Tempo de Reverberação
Fórmula de Sabine
Frequência [Hz] 125 250 500 1000 2000 4000
T60 [s] 2,683 1,509 0,710 0,627 0,498 0,469
Fórmula de Norris-Eyring
Frequência [Hz] 125 250 500 1000 2000 4000
T60 [s] 2,643 1,469 0,669 0,586 0,457 0,427
Fórmula de Millington-Sette
Frequência [Hz] 125 250 500 1000 2000 4000
Parcela do chão -0,7 -2,1 -7,6 -9,7 -14,9 -11,5
Parcela do teto -0,3 -0,3 -0,3 -0,3 -0,4 -0,7
Parcela superfície 1 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,3 -0,6
Parcela superfície 2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,3 -0,6
Parcela superfície 3 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,3 -0,6
Parcela superfície 4 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,3 -0,6
T60 [s] 2,627 1,392 0,506 0,406 0,265 0,303
Por se tratarem de gráficos dinâmicos, o gráfico do NPS dos campos – de onde também
é possível se estimar a distância crítica – permite filtrar qual faixa de frequência se
deseja analisar clicando no gráfico e, em seguida, no botão de funil.
Conforme dito anteriormente, as abas Materiais (data) e Salas (apoio) servem somente
como base de dados para os gráficos e a tabela dinâmica com os coeficientes de
absorção dos materiais. Caso queira se adicionar materiais deve se editar a aba
46
“Materiais (data)”. Caso se deseje alterar a distância máxima do gráfico dos NPS dos
campos, a aba “Salas - Apoio” é que deve ser corrigida.
Por fim, a aba Exemplo contém os mesmos valores da principal, mas adiciona alguns
comentários.
47
Tendo essas informações, prossegue-se para o cálculo do coeficiente de atenuação do
ar, em dB/m, coeficiente este que é utilizado também na planilha de acústica de salas
(se for o caso) e que será utilizado também na planilha da norma ISO 9613-2, que será
vista na sequência.
Uma vez determinado α, para uma dada amplitude inicial de pressão sonora e distância
da fonte, podemos calcular a amplitude de pressão sonora atenuada e a própria
atenuação, o que é feito nas células abaixo do coeficiente de atenuação.
Por último, conforme explicado anteriormente neste texto e também na aba Instruções
desta mesma planilha, a observação trata da aparente discrepância entre os dados
obtidos a partir dos cálculos em Excel e das tabelas presentes na norma.
A aba Exemplo é semelhante à principal, mas contém algumas notas explicativas.
Aqui, basta o usuário fornecer a distância da fonte à qual o cálculo deve ser feito e o
resultado é mostrado logo em seguida.
Agora, fazemos uso da ISO 9613-1 para o cálculo da atenuação devida à absorção
atmosférica. Como tratam-se de dados fornecidos em outra tabela, apenas os
resultados são exibidos para cada faixa de oitava (α e Aatm, ver figura 21).
Figura 21: Atenuação devida à absorção atmosférica
48
Agora, temos o cálculo da atenuação devido ao solo. Conforme mostrado nas figuras
22, 23 e 24. Nesta seção devem ser fornecidos: a altura da fonte, do receptor, a distância
entre os dois projetada sobre o solo e os fatores G, se for o caso.
Figura 22: Atenuação devida ao tipo de solo, inputs
Quanto aos fatores G, o usuário pode apenas clicar no botão relativo ao caso apropriado
para cada região (figura 22).
Figura 23: Fatores G
49
Figura 25: Atenuação devida à barreira acústica, inputs
Vale reforçar a nota ao lado que instrui que deve se colocar a distância entre as duas
bordas como nula, caso se deseje considerar difração simples, ainda que,
evidentemente, toda barreira possua uma certa espessura.
A figura 26 mostra que o usuário deve inserir os valores de potência sonora da fonte e
exibe também diversos cálculos intermediários que foram elucidados anteriormente
neste texto como as grandezas Kmet, C3 etc. Quanto a C2, não é necessário que o
usuário lembre a regra para a determinação de seu valor, basta que ele selecione um
dos dois botões ao lado para que esta variável assuma seu devido valor (20 ou 40).
Temos duas linhas para Dz (normalmente a primeira fica oculta) apenas por motivos
computacionais porque diversos testes lógicos são feitos para determinar qual deve ser
o valor final desta grandeza e assim a implementação do código ficou facilitada. Isto se
repete algumas vezes neste trabalho.
Figura 26: Atenuação devida à barreira acústica, cálculos intermediários
Finalizando o termo da atenuação por barreira, basta o usuário selecionar se ele deseja
considerar a difração como sendo sobre a borda superior da barreira ou pela borda
lateral. Para isso, é necessário selecionar o botão correspondente (ver figura 27).
Ao marcar uma das duas opções, os valores apropriados são inseridos nos cálculos
finais automaticamente.
Figura 27: Atenuação por barreira, final
A atenuação vem a seguir. As figuras 28 a 30 mostram cada um dos seus termos. Assim
como para as outras atenuações, todas as decisões lógicas são tomadas
automaticamente pelo computador de acordo com a norma, bastando ao usuário dar os
inputs.
50
Figura 28: Atenuação devida a outras causas, área de mata
Encerrando esta planilha, vem a aba ISO 9613-2, Resumo. Esta aba sintetiza todos os
resultados obtidos anteriormente, da maneira exposta na figura 32.
51
Figura 32: ISO 9613-2, Resumo
Aqui chegamos aos resultados finais do nível de pressão sonora em banda de oitava
equivalente contínuo com vento a favor (em dB e dB(A)) e nível de pressão médio de
um longo tempo ponderado em A.
52
8. Bibliografia
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entre tempos de reverberação calculados e medidos”, Ambiente Construído, n. 4, v.
5, pp. 75-85, Out./Dez. 2005.
[16] ISO – International Organization for Standardization. ISO 9613-1:1993(E),
Acoustics: Calculation of the absorption of sound by the atmosphere, Apêndice C.
Genebra, Suiça, 1993
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[17] ISO – International Organization for Standardization. ISO 9613-2:1993(E),
Acoustics: General method of calculation, Genebra, Suiça, 1993
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Apêndice: capítulos do curso e planilhas
correspondentes
I. Acústica Básica
i. Cálculos Gerais
ii. Atenuação de barreira em função da temperatura (Mariani Dan Taufner)
iii. Adição logarítmica de NPS (exato)
iv. Adição logarítmica de NPS (aproximado)
II. Métricas e Normas (Utilização da norma NBR 12179)
i. Cálculos Gerais
Propagação em ambientes abertos (ISO 9613)
ii. ISO 9613-1
iii. ISO 9613-2
iv. ISO 9613 (Mariani Dan Taufner)
III. Propagação em Ambientes fechados
i. Acústica de salas
ii. Coeficientes de absorção de superfícies (Mariani Dan Taufner)
IV. Transmissão entre ambientes (entre duas salas, entre o exterior e uma sala)
i. Transmissão entre dois ambientes
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