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Universidade Presbiteriana Mackenzie

Faculdade de Direito

Etica e Cidadania - Etica à Nicômaco

Ricardo Brendli Tozetti CM: 402.3056-2

Direito Noturno Turma 1o T

Professor Marcos Peixoto

São Paulo 2002

Ricardo Brendli Tozetti

ÉTICA À NICÔMACO:

Trabalho referente à avaliação da disciplina de tica à Nicômaco do primeiro semestre do


curso de Direito Noturno, sob orientação do Professor Marcos Peixotos

Universidade Presbiteriana Mackenzie

São Paulo 2002

Livro 1

Toda arte e toda a investigação tende a um bem qualquer, fazendo com que todas as outras
coisas tendam também a ele. Muitas são as ações das artes e ciências, assim como suas
finalidades, que só são procuradas em função daquelas. Há um bem o qual todas as
ciências buscam em comum e o conhecimento deste é de fundamental importância sobre
nossas vidas, o objeto do nosso estudo será determina lo em linhas gerais partindo da
ciência política, pois esta define o que é certo, o que deve ser estudado e o que deve ser
ensinado, visto que ela se utiliza sobre as demais ciências e legisla sobre elas, abrangendo,
portanto a finalidade das demais, que podem beneficiar indivíduos ou toda a sociedade,
sendo este último interesse mais divino e nobre.

A ciência política admite uma flutuação nos seus conceitos de belo e justo, tornando - se
existente quase que somente por convenção. Flexibilidade de conceito semelhante existe
referente aos bens, pois já houve quem perecesse por causa de sua riqueza ou coragem,
por isso vamos nos contentar em encontrar a verdade de forma aproximada, e não absoluta.
Definido vulgarmente, a busca das ciências políticas pode ser a felicidade, o bem viver, o
ser rico ou ter saúde, para alguns pensadores este objeto seria um bem que, de tão
grandioso, torna-se inacessível e por existir tão grandes divergências consideraremos os
conceitos mais razoáveis.

Platão questionava Estamos no caminho que parte dos primeiros princípios ou estamos nos
dirigindo a eles? E para entrar nesta discussão avisamos desde já que se deve ter sido
educado nos bons hábitos e ser ouvinte, como dizia Hesiodo Ótimo é aquele que de si
mesmo conhece todas as coisas, bom o que escuta os conselhos dos homens judiciosos,
mas o que por si não pensa, nem acolhe a sabedoria alheia, este é em verdade um homem
inteiramente inútil

Existem três modos de vida, o do homem inútil, o da vida política e o da vida contemplativa,
podemos dizer que a razão da vida dos primeiros citados (ignorantes) é a felicidade e que a
honra é o bem da vida política, pois muitos a buscam incessantemente, talvez por quererem
um reconhecimento de uma vida honesta, nos permitindo colocar então a virtude também
como uma razão deste modo de vida, mas fica ainda o quadro incompleto. Veremos
somente mais tarde a vida contemplativa. Quanto à vida na busca pelo dinheiro, ela é
forçada, a riqueza é útil, mas não faz parte da nossa busca.

Consideremos o bem universal, em uma visão diferente da de Platão, os bem estão


divididos em duas classes, aqueles por si mesmos, buscados particularmente, e os que
servem para proteger outros bens ou afastar seus opostos, mas os bens não são uma
espécie de elemento comum que corresponda a uma idéia única, eles se mostram
diferentes nas diversas ciências e artes, sendo o objetivo destas, pois é pela saúde do
paciente que o médico busca a cura e quando esta é alcançada se faz o bem procurado.
Esta não correspondência única de idéias faz com que o bem universal seja inatingível,
deixando de ser o objeto de nossa busca, assim como este conjunto de bens, pois
procuramos aquele que é o absoluto dos absolutos, um bem buscado por ele mesmo e não
por qualquer outra coisa, como a felicidade, pois a honra, o prazer, a razão, tudo é buscado
ao fim dela, fazendo desta um bem absoluto, auto-suficiente e finalidade de todas as ações.
Concluído isso temos um esboço do que procuramos. A quem diga que o começo é mais
que a metade do caminho, pois é mais fácil completar o que já esta começado que iniciar
um trabalho.

Os bens que se relacionam com a alma são as ações e atividades psíquicas, este são os
bens no sentido mais verdadeiro da palavra, o homem feliz vive bem, age bem.

Nos jogos olímpicos não são os homens mais fortes e belos que ganham, mas os que
competem, pois só no meio destes surgirão os vencedores, assim sendo também as coisas
nobres e boas da vida, que só são conquistadas pelos que agem corretamente. O homem
bom não encontra conflitos dentro de si, mas sim paz entre seus interesses, que são nobres.
O homem que não se compraz nas ações nobres não é bom, pois quem consideraria justo
um homem que não sente prazer em fazer o bem. Portanto a felicidade é a melhor, a mais
nobre, a mais aprazível coisa do mundo, ela é nossa busca. Mas a felicidade não é
facilmente alcançada sem outros bens (os meios no qual se chega a ela), pois dificilmente
um homem que não tem amigos ou filhos, ou os tem e eles são perversos ou a morte levou
os bons, alcançará a felicidade, que alcançada por acaso não é tão realizadora quanto
aquela que foi intensamente procurada.

O homem feliz é aquele que consideramos que foi feliz durante a vida e até nos momentos
mais difíceis agiu com moral e nobreza. As atividades de cada um dá, ou não, nobreza e
felicidade a vida, portanto, nesta visão um homem de atitudes nobres nunca se tornará um
homem infeliz por nunca ter tomado atitudes não nobres ou ignóbeis assim como também a
felicidade ou os infortúnios dos amigos e descendentes deste homem antes e depois da
morte não são capazes de tirar a felicidade de quem a tem ou da-la pra quem nunca a teve.

Louvamos a felicidade? Louvamos aos deuses porque os comparamos conosco e vemos


que eles são melhores, mas quando nos comparamos com a justiça e a felicidade sempre
louvamos aquela, talvez porque temos felicidade com algo maior, assim como o prazer, pois
ambos não são louvados, nós os colocamos como algo que esta acima de nós.

A felicidade é uma virtude e, portanto para entender aquela devemos estudar esta. O
político é o estudioso da virtude e para conhecê-la como atividade da alma, deve estudar a
alma, assim com um oftalmologista deve também ter um conhecimento geral de todo o
corpo para entender o funcionamento dos olhos. As virtudes são as disposições louváveis
do espírito, e elas são divididas em intelectuais (como a compreensão ou a sabedoria
filosófica) ou morais (como a liberdade ou temperança), sendo por estas virtudes que
consideramos os homens.
Livro 2

A virtude intelectual é adquirida com o tempo, ao passo que a virtude moral é adquirida pelo
hábito, pois a natureza não nos dá virtudes, mas sim a capacidade de recebê-las e esta se
aperfeiçoa pelo hábito, assim como as demais coisas que nos vem por natureza, primeiro
recebemos a potência e depois cumprimos a atividade, nos tornamos justos praticando a
justiça, um exemplo de como isso acontece é o das cidades-estados, onde os legisladores
tornam a população honesta impondo leis que dizem que se deve agir de uma maneira
certa, da mesma forma transforma-se uma cidade em um lugar ruim para se viver
governando a pelas regras más, assim como geramos a virtude a destruímos. Por toda esta
importância é que devemos estudar os atos, pois eles constituem a virtude pelo hábito,
quanto mais enfrentamos nossos medos mais nos tornamos corajosos e quanto mais nos
tornamos corajosos mais temos a capacidade de enfrentar nossos medos.

O prazer e a dor estão ligados com a virtude dos atos, pois o homem que enfrentas seus
medos e se alegra com isso é corajoso e o homem que o faz, mas sente se aborrecido ou
sofre com isso é um covarde, fazemos as coisas certas por que nos dão prazer e deixamos
de fazer as coisas erradas por nos trazer dor ou mesmo por não nos dar prazer, ou vice-
versa, este é também o esquema usado no castigo, quando deixamos de fazer uma
determinada coisa por que o castigo não nos faz feliz.

As ações são ditas justas e temperadas quando são equivalentes às de um homem com
estas qualidades, mas isto não significa que aquele que as praticou tenha estas qualidades,
mas que apenas as praticou deste modo, o que faz parte do caminho para chegar a ter tais
virtudes, pois pela prática de atos justos se faz um homem justo e pela prática de atos
temperantes se faz um homem temperante, e sem a prática de tais atos jamais se tornariam
assim.

Quanto à virtude, ela é uma disposição, pois não somos julgados por elas, mas sim os
consideram por termos disposição a uma determinada virtude. Ela é responsável a dar
excelência aos nossos atos. O excesso e a falta destroem as boas obras de arte, por isso o
artista sempre deve buscar o meio termo, assim também é em relação à virtude moral, onde
as paixões e ações prescisam deste. Portanto a virtude é mediana, pois busca o meio
termo, que é relativo, pois a cada situação tem se um diferente, o que pra uma pode ser em
excesso para outro pode ser falta, deve se analisar o momento. As ações erradas, como o
adultério, o roubo o assassinato, são sempre más, nelas não existe nem falta nem excesso
nem meio termo, sempre, em qualquer situação são desprezíveis. Alcançar o meio termo,
assim como alcançar o centro de uma circunferência não é pra qualquer pessoa, mas para a
que sabe agir em relação a medida, ocasião, motivo e maneira que convém, e por ser tão
difícil chegar neste meio termo e tão facil se desviar dele devemos sempre nos distanciar de
um extremo, caminhando em direção ao outro, nos aproximando da atitude mediana. Não
censuramos o homem que se desvia um pouco demais ou de menos mas somente aquele
que se desvia considerávelmente, pois este não passa desapercebido.

Livro 3

As virtudes, ações e paixões, são de natureza voluntária ou involuntária, e após esta


distinção nosso julgamento sobre os atos devem mudar, pois as ações involuntárias são
dignas de perdão e até compaixão, pois são realizadas por ignorância, sob compulsão ou
até mesmo pressão, deixando bem claro a diferença entre na ignorância e por ignorância ,
pois um homem bêbado age na ignorância e não pro ser ignorante, o que o difere daquele
que age involuntáriamente é o peso na consiência, a intensão, e o que age voluntariamente
tem plena consiência do que vai fazer, mesmo nos momenos de cólera, pois se
considerássemos estes momentos como de inconciência nenhum dos animais ou criançlas
agiriam por vontade própria, e as ações irracionais das paixões são tão humanas quanto a
racionalidade e portanto não podem ser consideradas involuntárias.
Depois de definido voluntário e involuntário, vamos discutir sobre a escolha, pois os animais
e crianças praticam atos voluntários mas não os escolhem, assim como o homem em
cólera, fora deste momento nós sempre escolhemos nossas atitudes, e a escolha é aquilo
elegido de prefência à outras coisas.

Quanto ás deliberações, não deliberamos sobre os fins,mas sobre os meios, um médico não
delibera se deve ou não curar um paciente, mas sim como deve faze lo, assim, clamamos
por ajuda, discutimos e pedimos a opinião de terceiros porque não confiamos na nossa
capacidade de decidir. Os bens são aquilo sobre o que nos deliberamos e escolhemos, e os
fins aquilo que cada um deseja.

Cocluindo, depende de nós praticar atos nobres ou vís assim como depende de nós sermos
virtuosos ou viciosos. Ninguém recrimina um cego de nascença ou aquele que o é por causa
de um acidente ou doença mas sim aquele que o é pela bebedeira, pois foi de forma
consiênte que ele escolheu tal caminho, da mesma forma agimos quanto a ignorância ou
maldade alheia. O homem é o pai de sua pópria vontade!

Falemos um pouco de coragem, que, como ja definimos, é o meio termo entre o medo, que
é a expectativa do mal, e a temeridade, ou tudo posso . O que se deve temer? Alguns
temem a desonrra, o que é louvavel, pois aqueles que não a temem tornam-se
desavergonhados. A idéia é que algumas coisas devem ser temidas, e só o homem que
enfrenta estes males é que realmente é corajoso, temos que ver ainda, que coragem é um
adjetivo relativo, pois o covarde para guerra pode ser corajoso enquanto negociante. Sem
dúvia alguma, a morte é o maior dos medos e aquele que a enfrenta em nome da honra é o
mais corajoso e digno desta.

Coragem é nobre, portanto seu fim é nobre, pois cada coisa é definida por seu fim, assim
conclui se que é com uma finalidade nobre que um homem corajoso age e resiste conforme
lhe apronta a coragem. Porém, morrer para fugir da pobreza, ao amor, ou a qualquer coisa
dolorosa, não é próprio de um homem corajoso, mas sim de um covarde, pois é fraqueza
fugir do que nos atormenta, e um homem desta espécie enfrenta a morte não por ela ser
nobre, mas para escapar de um mal.

A paixão é confundida com a coragem pois ela, mais do que qualquer coisa, leva o homem
a enfrentar o perigo e às vezes, cegado pela paixão o faz não por coragem, mas por
impulso, pois a paixão só torna-se coragem quando lhe é acrecentado os motivos e a
escolha e para os verdadeiramente corajosos, que agem pela honra, a paixão só lhes dá
mais força. Não são corajosos também os otimistas, que só lutam por estarem vencendo
com freqüencia, ou os ignorantes, pois estes assim que tomam o conhecimento da realidade
fogem dela. por enfrentarem o que é penoso que os homens são chamados de corajosos,
pois a coragem envolve o que é penoso pois é mais difícil enfrentar o penoso do que abster
se do agradável.

Temperança é o meio termo das paixões e prazeres. Podemos fazer a distinção de prazeres
do corpo e da alma (como a honra). A temperança se relaciona com os prazeres do corpo,
mas não com todos pois não são chamados de intemperantes aqueles que vêem cores
demais ou ouvem músicas demais. Além do homem, nenhum animal tem o prazer
relacionado assim, pois o cheiro de lebre não deleita o cão, mas este se deleita em come la,
e o fato do cheiro da lebre dizer lhe que esta está perto o faz ralacionar. A intenperança nos
domina não como homens mais como animais. Os intenperantes excedem, não só no
prazer, mas também no sofrimento, como o homem que sofre demasiadamente por uma
perda se torna inconveniente. A intemperança é uma disposição mais voluntária que a
covardia, pois é motivada pelo prazer e a outra pelo medo, evitação. O homem temperante
deseja as coisas como se deve desejar e no momento em que se deve faze lo, como
determina o principio racional.
Livro 4

A liberalidade é o meio termo entre o a prodigalidade e a avareza, o homem liberal é


desprendido, na medida certa, de seus bens materiais, o pródigo é aquele que esbanja
dinheiro a ponto de disipar todos os seus bens, e o avarento é prezo à riqueza pelo amor.
Coisas úteis podem ser bem ou mal usadas, e a riqueza é uma destas coisas, o homem que
sabe usar la é o liberal, que é louvado mais por dar o dinheiro que tem do que por saber
receber da fonte certa, ele também sabe o momento, a quantia e a pessoa certa a receber,
todavia aquele que dá às pessoas que não deve, busca o dinheiro na fonte errada, tendo em
vista o que não é nobre ou sofre ao dar, não pode ser considerado liberal. O homem liberal
não é chamado assim por ter muitas posses, mas pelo modo de agir, tendo disposição em
dar. O pródigo, que peca pelo excesso, pode ser considerado melhor que o avarendo, pois
este por dar exessivamente acaba na pobreza e com ela tem grandes chances de se tornar
liberal quando criar juízo , além disso, ao dar demasiadamente acaba por ajudar outras
pessoas, diferentemente do avarento que não ajuda nem a si mesmo. Porém os pródigos
não visam a honra e na ansia de gastar não exigem pegar riqueza da fonte certa, o que os
torna também semelhantes aos avarentos que não visam o nobre e são apegados demais a
riqueza que vem da fonte errada, diferente dos migalheiros que não dão para que não
necessitem um dia de pegar dinheiro da fonte errada e eles não invejam o bem alheio, como
o avarento. A avareza é incurável.

A magnificência é semelhante ao liberalismo, pois consiste nos gasto astronômicos mas na


dose certa, com o objetivo certo, portanto todo homem magnificente é liberal, mas nem todo
homem liberal é magnificente, depende da quantia. O homem magnificente não deve gastar
demais em coisas erradas, ele sabe gastar certo as quantias grandes em nome da honra,
com bom gosto, e assim como o gasto seu resultado também deve ser grandioso. O homem
magnificente deve gastar, porém, dentro de seu orçamento, pois o homem pobre que tenta
se tornar magnificente sem ter, no entanto, o suficiente para isso é tolo. Os mesquinhos são
aqueles que em tudo que fazem verificam e reverificam o quanto devem gastar e sempre
acham que estão gastando demais, acabam estragando um belo banquete por economizar
palitos de dente, mas eles não são ofensivos as outras pessoas e por isso não é
repreensíveis.

A magnanimidade se relaciona com honras grandiosas e com o homem que esta a altura
destas, pois aquele que é arrogante a ponto de pensar que é digno da honras das quais não
é, é tolo e pretensioso, embora nem todos que pensem estar acima do que realmente estão
podem ser chamados de pretencioso. As pessoas que se consideram menos merecedoras
do que realmente são são indevidamente humildes. A magnanimidade é como o coroamento
das virtudes, pois ela as torna maiores e não existe sem elas por isso é dificil ser
verdadeiramente magnânimo sem possuir um caráter bom e nobre. Os humildes e
pretenciosos não são considerados maus, pois não fazem mau a ninguém, são apenas
equivocados.

A honra também tem seu meio termo, não se deve deseja la demasiadamente que se viva
exclusivamente para isso nem despreza la ao ponto de torna la irrelevante, o seu meio
termo não tem uma definição própria, mas seus extremos agem sempre como se ele não
existisse.

A calma é o meio termo da cólera, ela tende ao excesso, que é indefinido, mas se
assemelha como a pacatez. O homem que entra em cólera com as pessoa certas e nas
horas certas são calmos (vingar-se é humano), aqueles que entram em cólera por qualquer
motivo se tornam arrogantes e os pacatos demais, que não entram em cólera por nada
deste mundo, são tidos como tolos. Não é fácil dizer até quando se está no meio termo, mas
aquele que quase chega a este e o que passa um pouco, não merecem ser repreendidos,
nem tampouco é possível definir o perfil daquele merecedor de repreenção pois isto
depende de cada situação.
As pessoas que em sua vida social evitam demais magoar os outro e para isto concordam
com tudo, sem jamais se opor, para não desagradar outras são chamadas de obsequiosas,
aduladoras, enquanto as que não estão nem aí com os sentimentos alheios e somente
discordam, se opondo a tudo dito ou feito são consideradas grosseiras. Estas disposições
são censuráveis, assim como o seu meio termo louvável, mas este não tem um nome
determinado, embora se assemelhe com a amizade, se difere dela por tratarmos estranhos
e íntimos de maneiras diferentes, esta qualidade se trata de ser conveniente no concordar
ou discordar.

Falemos agora daqueles que buscam a verdade ou a falsidade tanto em atos e palavras
quanto em suas pretenções. considerado jactansioso o homem que se arroga em coisas
que trazem glórias quando as não tem, ou mais do que tem, o homem falsamente modesto
tende ao contrario, a negar ou a minimizar o que possui e o homem que observa o meio
termo, não exagera nem subestima, é veraz quer em seu modo de viver quer em suas
palavras, declarando o que efetivamente possui, nem mais nem menos. Cada uma destas
formas de agir podem ser adotadas com ou sem um objetivo, mas cada um age segundo
seu caráter, e o caráter do homem verdadeiro(veráz) é louvado assim como o do homem
falso (jactancioso) é repugnado. O homem veráz é assim com suas palavra e conduta,
mesmo quando a honra não esta em jogo, evitando a falsidade, se compraz mais em
atenuar a verdade do que em exagera la pois os exageros são desagradáveis. O homem
que diz ter mais do que possui sem ter objetivo algum com isso, ou em razão de conseguir
dinheiro é repugnante, sendo aquele que o faz com um objetivo honrrado, ainda que
jactansioso não é merecedor de repreensão, pois não é a potencialidade que faz o
jactancioso mas seu propósito. Os homem falsamente modestos parecem mais simpáticos,
mas por subestimarem seus atos e méritos negando possui-los, enquanto são óbveis são
impostores e devem ser repreendidos.

O lazer também faz parte da vida, como o falar e o ouvir, e o homem jocoso em excesso ou
seja, aquele que provoca riso sem levar em conta a conveniência do que diz, é considerado
vulgar, enquanto aquele que não sabe ser engraçado e não suporta os que são, é rústico e
grosseiro e aqueles que gracejam com medida são espirituosos.

A vergonha é mais um sentimento que uma virtude, mas é tomada como medo da desonhra
e por isso é uma disposição de caráter, ela é bem vista apenas nos jovens, pois estes vivem
pela emoção, ela acaba servindo para moldar seus caraters, já nas pessoas mais velhas,
entretanto, a vergonha não é bem vista, pois um homem experiente não deve ter do que se
envergonhar e caso tenha cometido um ato para tal, é uma pessoa má, pois nos
envergonhamos das ações que cometemos consientemente e um homem bom jamais
cometeria atitudes más voluntariamente, o despudor também é repreensível pois não se
envergonhar dos maus atos praticados é ruim.

Livro 5

Falemos da justiça e injustiça, o homem justo é conhecido por praticar atos justos e o
injusto, analogamente é conhecido por praticar atos injustos. A justiça é a virtude completa,
ela resume todas as virtudes pois é o exercicio delas, do mesmo modo a injustiça é o vício
inteiro, porém, o ganâncioso, na maioria das vezes, não mostra seus vícios, mas sem
dúvida tem uma dose de maldade e por isso deve ser repreendido. O homem que comete
adultério e com isso pretende ganhar algum dinheiro é pior que aquele que o faz por
vontade carnal e sofre perdas por isso, pois o primeiro é considerado injusto, sua motivação
é o prazer proporcionado pelo ganho, enquanto que a este atribui se apenas uma deficiência
moral em particular, mas se alguém comete um ato em particular este só pode ser
considerado injusto, portanto temos dois tipos de injustiça, a geral e a particular, sendo esta
ltima diferente do vício completo, e assim também é com a justiça pois ela tem seu lado
particular, que difere do bem completo. A justiça deve ser proporcional , e assim vemos que
o justo é o proporcional e o injusto é o que viola a proporção. Uma espécie de justiça é a
corretiva, pois para ela é indiferente, não importa se um homem bom lesou um homem mau,
ou se o contrário aconteceu, pois o juíz perguntará quem lesou e que foi lesado, tentando
trazer equilíbrio ao caso, trazendo prejuízo para o que teve ganho na ação, resarcindo, de
certa forma, a vítima que perdeu ao ser ferida ou roubada. Para isso serve o juíz, para
equilibrar, e a justiça corretiva, da qual ele faz uso, serve para trazer este equilíbrio, o igual.

A justiça, segundo alguns autores, não deve privilegiar ninguém, mas deve ser recíproca, e
a base do relacionamento humano está aí, pois os homens buscam se igualar para ser
manter unidos, como exemplo pensemos em um arquiteto que fez uma casa e um sapaterio
que fez um sapato, se trocarem seus feito não estarão iguais, por isso deve se ter uma
justiça igualitária, para que a igualdade seja alcançada e ninguém saia perdendo, pois um
médico não procura outro médico, mas se associa a um agricultor, pois necessitamos de
coisas desiguais para viver. Esta é a razão pela qual se instituiu o dinheiro, pois todos os
bens devem ser igualados de alguma forma, para que o trabalho de um não valha mais do
que o de outro. Portanto a injutiça é o excesso e a falta, ter muito pouco é ser sua vítima e
ter demais é agir injustamente. Porém, nem todos os que agem injustamente são injustos,
um homem que comete adultéio pode até saber quem é a mulher com a qual deita, mas não
faz isso em nome do pecado, mas pela paixão, portanto cometeu uma injustiça mas não é
injusto, este exemplo se aplica aos demais casos tamb m.

A justiça existe apenas entre homens cuja as relações são regidas pela lei, e esta (a lei) só
existe entre os quais injustiças podem ocorrer. Existe uma justiça por natureza (que é igual
em todos os lugares e imutável com o tempo) e outra existente só por convenção (que difere
de acordo com a região e o costume, muda).

O homem deve agir voluntariamente, de forma que, se seu ato não foi voluntário, foi
coagido, cometidos na ignorância, sem sua escolha, (por exemplo quando um homem esta
bêbado e comete algum erro sem pensar sobre seus atos, o ato é injusto, não o homem) ou
em cólera, não pode ser considerado justo ou injusto, mas sim infortúnios.

Quanto à equidade, que é a dispodição de reconhecer igualmente o direito de cada um, ela
não é idêntica à justiça mas superior a esta. O papel do homem equitativo é o instrumento
de correção de uma lei quando esta é deficiente e não prevê algum caso particular, o
equitativo não é superior a lei natural, mas a compreende e sabe aplica la no sentido
específico. Algumas leis não podem ser específicas, e esta é a razão deles.

Livro 6

Falaremos agora das virtudes da alma, que é formada por três elementos que controlam a
ação e a verdade: a sensação, a razão e o desejo. A origem da ação é a escolha e a origem
desta é o desejo e o raciocínio dirigido a algum fim, por isso a escolha não pode existir sem
a razão e o intelecto, nem sem a moral, pois as boas e as más ações não podem existir sem
uma combinação de intelecto e de caráter. Porém o intelecto não move nada então é
necessário que exista o intelecto prático, que vise a algum fim.

São cinco as virtudes pelas quais a alma possui a verdade: a arte, o conhecimento
científico, a sabedoria prática, a sabedoria filosófica e a intuição ou razão intuitiva. O
conhecimento científico é a convicção de um homem, a qual chegou este de uma maneira
conhecida por ele desde os pontos de partida até as conclusões, seu conhecimento puro é
tido de maneira acidental. Toda arte é relacionada com a criação, invenção, no estudo das
maneiras desta produção, de coisas que existem ou ainda não. A arte e o acaso visam
sobre os mesmos objetos . A sabedoria prática consiste na capacidade de raciocinar e agir
naquilo tocante ao bem e ao mau para os homens, difere se da arte por ser a arte excelente
na sua elaboração e não em sua ação. A sabedoria prática é a capacidade verdadeira e
raciocinada de agir no que se refere as ações humanas, já o conhecimento científico é o
juízo acerca de coisas universais e necessárias, tanto suas conclusões quanto
demonstrações são derivadas dos primeiros princípios.

Consideramos um homem sábio não em um campo particular, mas em âmbito geral, pois a
sabedoria deve ser a mais perfeita forma de conhecimento, ela deve ser a combinação entre
a razão intuitiva e o conhecimento científico.

A sabedoria prática possue um campo gigantesco, ela envolve tudo sobre o que o homem
pode deliberar e visa como agir, ela necessita de experiência por isso não se pode ser
jovem e sábio, já a sabedoria filosófica não visa a ação mas o estudo, é necessário ter
ambas pois uma completa a outra.

A sabedoria política e a prática correspondem à mesma disposição da alma mas são


diferentes pois a política relaciona se com a ação na cidade e a prática com o indivíduo e ele
mesmo.

Investigações e deliberações são diferentes, pois esta ltima refere se na investigação de


algo em particular e implica o raciocinio, a deliberação excelente é aquela que tende a
alcançar o bem, um bom deliberador normalmente é também dotado de sabedoria prática,
pois deve agir naquilo que delibera pra alcançar o bem.

A inteligência também difere da sabedoria prática, posto que esta encarrega se de agir em
suas delibeações e aquela se ocupa em julgar. A inteligencia não consiste em ter sabedoria
prática, mas em aprender, no exercício da arte de conhecer, no opinar, ela é idêntica a
perspicácia e o homem perspicaz é observador e sagaz.

Dicernimento é o julgar segundo a verdade, e a ele converge tudo aqui explicado,


inteligência, sabedoria prática, razão intuitiva; ás pessoas dotadas destes atributos também
é conferido o dicernimento, que assim como estas formas de sabedoria (exeto a inteligência)
vem com o tempo. Mas qual sera o benefício de ter a sabedoria prática e filosófica? pois um
homem sem virtude não se torna bom apenas por conseguir estas sabedorias com o tempo
se não as usasse, o fato é que elas trazem complemento a vida, fazem parte da felicidade
deixam nos cientes daquilo que acontece e daquilo que vivemos, elas não nos tornam
virtuosos e bons mas nos dão instrumentos para decidirmos se o queremos ser. As
disposições das virtudes, com as quais todos nascem de nada adiantariam sem a razão, do
mesmo modo que um corpo forte poderia cair ao chão sem a visão, por isso a razão é
indispensável para a formação das virtudes em nós, estas então quando praticadas e
estimuladas implicam em sabedoria prática.

Livro 7

Vamos comentar agora sobre outras três espécies de disposições morais, o vício, a
incontinência e a bestialidade, sua disposições contrárias são respectivamente a virtude, a
continência e uma espécie de habilidade heróica, sobrehumana, divinificada, sendo esta
última rara de encontrar tanto quanto ao homem bestial, que pode ser encontrado entre os
bárbaros, pois os bestias possuem imensa deformidade moral. A incontinência ou frouxidão
é dada ao homem que age mal segundo suas paixões, mesmo que consiente de seus atos,
Sócrates descorda desta posição, pois segundo ele um homem não agiria errado tendo
conhecimento e consiência de seus atos, salvo por ignorância, descordando dele
acreditamos que é possível que isso aconteça quando o homem, na ausência da ignorância,
se deixa levar por suas paixões, dominado por seus prazeres assim o faz quando suas
convecções são fracas, portanto devemos ter compaixão por sua incapacidade de se manter
firme em seus objetivos. Mas se a contingência se ressumir a manter suas idéias sobre
todas coisa pode se tornar uma coisa ruim no caso de não se querer abandonar uma idéia
má, sendo a incontingência neste caso uma coisa boa, fazendo o a abandonar. Além desta
visão dizemos que o incontinênte é aquele que tem o conhecimento mas não o usa, os
incontinêntes são semelhantes aos homem adormecidos e embriagados quem não
escolhem o que fazem no momento, ou aqueles que procuram os prazeres da carne por
demais, mas ninguém é incontinênte em absoluto, porém algumas pessoas são
demasiadamente que as chamamos assim, estes, por serem impulsionados por seus
desejos podemos compara los e equipara-los aos intemperantes. Todo homem busca os
prazeres da vida e foge dos desprazeres, mas somemte quem o faz com excessividade
pode ser considerado assim, mesmo que seja em apenas uma àrea de sua vida, assim
como consideramos um mau ator, ele não é mau como homem completo, mas apenas em
sua representação. A incontinência, assim como a bestialidade, pode vir da natureza, pelo
hábito ou por problemas, doenças e dificuldades, como um estuprador que quando criança
sofreu maus tratos e por isso quando adulto cometeu estes pecados. Todas a bestialidades
e incontinências vêm da deficiência moral, e a incontinência brutal, bestial e aquilo que é
excessivamente demais não é simplismente incontinência mas supera este conceito.

A incontinencia pelo apetite é mais reprovável do que pela cólera, pois se dá pelo impulso,
não é colocada sobre a razão ou ao julgo do raciocinio ao ser praticada, ja pela cólera, como
quando um insulto nos é dado este vai ao raciocínio e antes mesmo de termina-lo nos
premeditamos e concluímos que é preciso revidar, ela, com sua natureza ardente e
impetuosa, ouve mas não escuta a razão. Por isso a cólera é menos reprovável que o
apetite, pois é levada pelo raciocinio enquanto o outro sequer isso faz, embora perdoemos
com mais facilidade os erros cometidos em razão do apetite este é reprovável também por
especular, dá a nós, com o tempo a malícia de buscar o que queremos mesmo que por
meios errados, já a cólera não, está é sincera e momentanêa.

Quanto aos prazeres, dores, apetites e aversões, a maioria das pessoas são medianas
quanto a estes sentimentos, e as outras tendem mais aos seus extremos. Alguns prazeres
são necessários, outros não, seus extremos nunca, e o homem que busca a estes é vicioso.
Um homem que fere outro sem estar em cólera é mais recriminado que aquele que o faz em
tal situação, pois o que faria o primeiro quando encolerado? Por isso a intenperança se faz
pior do que a incontinência. O intenperante é incurável, pois nunca se arrependende do
caminho o qual escolhe, já o incontinênte é curável, pois este é capaz de se arrepender. A
intenperança e o vício diferem se pois o viciado não tem conhecimento de si e o incontinênte
tem.

O prazer também é estudado pelo filósofo político, e existem sobre ele três visões, a
primeira defende que o prazer, absolutamente, não é um bem, pois eles são evitados pelas
pessoas temperantes, as sábias buscam o que é isento de sofrimento, não a ele, que é um
obstáculo ao pensamento pois quando em seus braços um homem não consegue
concentrar se em nada, não exite arte no prazer enquanto que em todo bem ela esta
presente e as crianças e o animais irracionais buscam a ele. Uma segunda visão defende
que nem todos os prazeres são bons, pois existem prazeres que são ignóbeis e censuráveis
e há aqueles que prejudicam a nós e fazem mal saúde. Há ainda uma terceira visão dizendo
que o prazer não é o bem supremo pois não é um fim mas sim um processo, discordando de
todas estas visões defendemos que o prazer pode ser o bem supremos, pois é a busca
comum entre os animais irracionais as crianças e os homens.

Em relação aos prazeres do corpo, existem aqueles que são nobres, muito desejados, e os
vís, que se relacionam com os intemperantes. O homem que busca os excessos do prazer
se torna mau pois acaba por não buscar os prazeres necessários a todos os homens. A
causa dos prazeres da carne se tornarem mais desejáveis é que estes afastam o
sofrimento, pelos homens sofrerem muito buscam os prazeres da carne em excesso para
compensar.

Livro 8
Falaremos agora na amizade, pois ela é uma virtude (ou implica em uma) que é necessária
à vida tanto dos mais ricos, pois de que adiantaria toda a riqueza se não tivesse amigos
para compartilha la, quanto para os mais pobre, pois para estes a amizade torna se um
refúgio.

A amizade ajuda aos jovens, fazendo os evitar os erros e escolherem os caminhos certos, e
aos mais velhos, nas atividades que declinam com o passar dos anos. A amizade liga os
pais com os filhos, é observada também nos outros animais, ela é a força que mantém as
cidades unidas, os legisladores são seus defensores pois devem evitar o faccionismo, que
faz com que as cidades se disolvam. Pode se dizer que a mais autêntica forma de justiça é
uma espécie de amizade pois os homens amigos não necessitam de jusitça. Além de
necessária a amizade é nobre pois louvamos os homens de muitos amigos, estes são
considerados bons, porém existem vários debates relacionados com a amizade, há aqueles
que dizem que só se é amigo de seus semelhantes, enquanto outros defendem que dois do
mesmo ofício não se entendem , vamos tentam definir as espécies e graduações de
amizades, mas antes vamos olhar o amor, pois nem todas as coisas merecem ser
amadadas mas apenas o bom, o agradável e o útil. A benevolência quando reciproca se
torna amizade, e para serem amigas as pessoas devem conhecer uma à outra. As amizades
não são acidentais, as pessoas são amadas por proporcionarem algum bem ou prazer e é
por isso que as amizades e desfazem facilmente, pois quando uma das partes cessa de ser
agradável ou útil a outra deixa de ama la, este útil não é fixo mas muda constantemente;
este tipo de amizade é comum nos velhos, pois estes buscam o últi, já nos jovens as
amizades mais comum são aquelas que proporcionam o prazer pois este buscam acima de
tudo aquilo que é agradável e as coisas imediatas, mas com o passar do tempo seus
prazeres mudam e estas amizades são subistituídas rapidamente.

A amizade perfeita é aquela existente entre os homens bons e semelhantes nas suas
virtudes, tais pessoas desejam o bem de modo igual, mutuamente, e suas virtudes
raramente mudam por isso estas amizades são as mais duradouras, praticamente
permanentes, já que encontram um no outro todas as qualidades que os amigos devem
possuir, amizades como estas são raras assim como homens assim também o são, além
disso este tipo de amizade leva temo e intimidade. Quando a amizade é por interesse é
mais rapidamente configurada e neste a afinidade não é elemneto base, o homem mau
pode se tronar amigo do bom e vice-versa, esta amizade é mais fraca, estes são menos
amigos. Apenas a amizade entre os bons é invunerável à calúnia pois difícilmente
desacreditamos de alguém que durante muito tempo foi posto à prova, pois ali está a
confiança, diferentemente dos outros tipos de amizade. A distância não faz desaparecer a
amizade mas apenas sua atividade, no entanto a ausência durante um logo tempo faz com
que as pessoas esqueçam de suas amizades. Entre as pessoas idosas e as acrimôniosas
(as rudes) é mais difícil encontrar a amizade pois estas são mais mal humoradas e não
encontram muito prazer no convivio, que é a base desta.

Existem amizades em que os envolvidos dão e recebem diferentemente, como a amizade


de pai para filho, ou a de quem manda com a de quem obedece, ou a do marido para com
sua esposa, esta não dá, o mesmo que recebe pois tem uma visão diferente, porém o amor
trocado é proporcional.

Igualdade e semelhança formam a amizade, e amigos se firmam assim, amando sem


esperar ser amado da mesma maneira e intensidade, que depende do relacionamento que
os amigos tem entre si, os deveres de um pai para com seu filho não são os mesmo de
irmãos entre si. Da mesma forma a justiça tem intensidades, pois é mais grave ferir a um
grande amigo do que um estranho, um filho a um desconhecido.

Existem três formas de constituição de poder, igual em numero de desvios ou perversões: a


mornarquia, cuja a perversão é a tirania, ambas são o governo de um homem só, mas há
uma grande diferença, pois um rei, aquele que deve ser superior aos seus suditos em tudo,
não necessita de mais nada, já é completo e por isso governa, para o bem de seu povo,
sem visar vantagem própria, ao contrario do tirano que visa únicamente o bem próprio,
oposto a monarquia, melhor forma, a tirania é a pior forma de governo. Uma segunda forma
de governar é a aristocracia, e seu desvio constitue a oligarquia, que pela maldade dos
governantes que distribuem desigualmente os bens da cidade visando beneficios a si
mesmos. A terceira forma é o que podemos chamar de timocracia, que seria uma espécie
de governo baseado na posse de bens, chamado pela maioria de governo do povo , sua
degeneração é a democracia, que é a menos má forma de degeneração, pois apresenta um
pequeno desvio, que é onde todos são iguais, o que é característico de um local sem
governo ou com um chefe fraco onde todos agem conforme sua própria vontade. Todas
estas constituições conservam a amizade e a justiça na dose certa, mas nas formas
desviantes de governo quase não se pode dizer que a justiça exista, assim como a amizade,
na tirania estas quase não existem mas na democracia, onde a igualdade está presente
entre os cidadãos, elas estão presentes mais intensamente que naquela.

Existem três formas de amizade, a dos amigos iguais entre si, dequeles em que um é
superior que o outro e daqueles que são amigos para tirar vantegem disso, que é a amizade
com base na utilidade. A pimeira é mais sólida, e dificíl de se desfazer pois amigos iguais
ente si ficam juntos pelo amor comum existente entre eles, a segunda é bem menos sólida
pois, por serem diferentes entre si o que é superior deverá receber mais e,
proporcionalmente, o inferior menos. Mas o caso mais propenso a disolução é o tercerio em
que se busca um ganhar em cima do outro, pois quando uma das partes não fica satisfeita
não há mais razão para a amizade existir.

Livro 9

Na amizade entre o inferior e o superior surge um problema que a deixa ainda mais fraca,
pois quando uma das partes não recebe o que esperava, ainda que seja a que receberia
menos a amizade se desfaz, assim como ocorre na pela utilidade.

Deve se retribuir certo para cada tipo de pessoa, pois antes de dar sustento para qualquer
outro deve se cuidar dos pais, pois foram eles quem lhe sustentaram durante seu
crescimento, assim sendo também conviniênte convidando as pessoas certas para as
ocasiões certas e dando as honras certas a aqueles que merecem na ocasião certa.

Analisando, uma amizade que foi feita pelo interesse pode ser desfeita quando este não
existem mais e o amigo que se sentir prejudicado pelo fim desta deve culpar a si mesmo,
pois escolheu basear sua amizade em algo insólido. Já quando uma das partes muda e
passa a fazer o mal, seu amigo tem o direito de deixar a amizade, pois ninguém o irá
censurar por isso, porém o bom amigo quando vê que seu companheiro tem cura, ajuda
este a recuperar seu caráter.

Um amigo que ultrapassa o outro na forma de pensar, situação que chega a ser comum
quando se trata de amigos de infância, neste caso a amizade não prescisa continuar, pois
não existem o comum entre eles. Mas mesmo que a amizade tenha acabado devemos
considerar a intimidade que tivemos outrora com aquela pessoa, a não ser que o
rompimento tenha sido causado pelo excesso da maldade, assim como devemos tratar
amigos diferentemente dos estranho assim o devemos fazer no caso dos ex amigos.

A benevolência é um elemento da relação amigável, mas não é a amizade, podemos senti la


por uma pessoa sem que esta saiba disso, ou mesmo sem conhece la, o que não é possível
ocorrer com a amizade, pois para esta é necessário intimidade, mas podemos dizer que a
benevolência é um primeiro passo para que a amizade ocorra. A conformidade de opinião
também se assemelha com a amizade, mas não com todas, pois não podemos dizer que
somente pelas pessoas terem a mesma opinião sobre qualquer assunto estão em
conformidade, mas sim quando concordam no modo de agir, portanto ela esta mais ligada
com uma espécie de amizade política.

Critíca se muito se um homem deve amar acima de tudo a si mesmo, pois isto pode ser uma
característica de um egoísta, mas de acordo com o que falamos aqui o melhor amigo de um
homem é aquele que visa o seu bem acima de tudo ainda que ninguém saiba disso, estes
caracteres se enquadram corretamente no amor que deve se ter pra si mesmo acima de
tudo, o homem deve ser seu próprio melho amigo, mas diferente do modo que a maioria o é,
não sendo egoísta.

Todo o homem feliz necessita de amigo, aquele que está em dificuldade precisa deste para
ajuda lo a crescer e o que tem abundância para ter alguém a quem ajudar, pois memso que
este posua toda a riqueza ainda sim não seria feliz pois o homem é um ser político e a
convivência é esencial.

A felicidade é atividade e atividade é algo que se faz e por isso não esta conosco desde o
principio, não nos pertencem, temos que executa la.

O ditado não ser homem de muitos convidados, nem homem de nenhum é aplicável à vida
na amizade? Ora se for para amizades que buscam pelo prazer devemos ter um limite para
ela assim como para o tempero na comida, apenas uma certa quantia basta, assim como
para as amizades que visam a utilidade, pois ter que retribuir serviços em excesso não é
bom e não ter tempo de vida o suficiente para tal não é caracteristica do homem digno.
Porém na amizade nobre, dos bons amigos, seu numero é fixado pela convivência,
devemos ter quanto mais amigos comos quais conseguirmos conviver, pois o convívio é a
pricipal caracteristica da amizade e não consiguiremos conviver devidamente com um
numero muito grande de amigos.

A amizade é mais nobre quando estamos na riqueza, pois aí vemos e ajudamos a quem
amamos, ela se faz mais necessária na dificuldade, onde os amigos nos ajudam a
prosperar.

Livro 10

Analizaremos o prazer, pois é ele e o sofrimento que guiam os jovens. Comprazer se das
coisas apropriadas e desprezar as más tem fundamental importância na formação do
carater.

Eudoxo acreditava que o prazer é o bem, pois todos os animais buscam a ele, e seu oposto,
o sofrimento, é um objeto de aversão a todos. Segundo ele, o prazer quando buscado em
razão de um outro bem, como a justiça, torna se mais digno ainda, confirmando a idéia de
que o bem só pode ser acrecido pelo bem. Mas Platão, descordando desta idéia, diz que
qualquer bem acrecentado de um outro torna se mais digno, e que o prazer não é o bem
supremo pois o bem divino não tem como tornar-se mais digno. Tem-se ainda que o prazer
é indeterminado, pois admite uma graduação e o bem a que procuramos não, ele é
determinado. O prazer acompanha a atividade e por isso não o sentimos continuamente,
algumas coisas nos são prazerosas quando novidades, e nem tanto quando deixam de o
ser, isso se dá por causa da estimulação espiritual, assim como de início prestamos mais
atenção a algo e depois, com nossa atividade menos intensa, já não mais tanto.

O Prazer complementa as atividades tornando a vida completa, estando os dois (prazer e


vida) intimamente ligados, ele difere em várias espécies, por ocorrer sua divisão de acordo
com a atividade que este complementa e intensifica, e cada atividade que é realizada com
prazer é assim feita de uma maneira melhor, sendo assim alguém que tenha prazer em
estudar geometria fará mais descobertas e entendera melhor o assunto por ter nele
afinidade e prazer e quando nos comprazemos demais em uma determinada atividade nos
dedicamos demasiadamente a ela e não servimos a mais nenhuma outra. Análogamente
evitamos fazer aquilo que nos é penoso. Estes conceitos sobre o que é prazeroso e o que é
penoso variam de pessoa para pessoa pois o que é quente para um homem fraco pode não
o ser para um robusto.

Depois de termos discutido a respeito das virtudes, das formas de amizade e das várias
espécies de prazer resta nos discutir em linhas gerais a natureza da felicidade, já que ela é
o fim da natureza humana, o bem supremo. Podemos começar reiterando que a felicidade é
uma atividade pois não está acessível a aqueles que passam sua vida adormecidos, ela não
é uma disposição. À felicidade nada falta, ela é completamente auto-suficiente, é uma
atividade que não visa a mais nada a não ser a si mesma.

Uma vida virtuosa exige esforço e não consiste em divertimento, portanto podemos dizer
que a recreação não consistem em felicidade, por isso concluímos que a boa atividade na
virtude torna se felicidade.

Porém para por em prática os atos justos e bons são necessárias outras coisas, por
exemplo, um homem liberal necessitara de dinheiro para por em prática seus atos, por isso
devemos questionar o que é melhor, a vontade ou o ato, pois quanto mais nobres e justos
forem os atos mais coisas serão necessárias para sua realização. Temos então que a
contemplação é a melhor das atividades pois para ela ser realizada não necessitamos de
mais nada, por isso podemos concluir que os animais incapazes não participam da
felicidade total pois são privados desta atividade (contemplação) e as pessoas que mais são
capazes de realiza la são as mais felizes.

O homem para ser feliz prescisa também de bens exteriores pois nossa natureza não basta
a si mesma, embora estes itens não devam ser, necessáriamente, muitos ou grandes, mas
sim como Sólon os colocou, dizendo que o homem deve ser moderadamente provido de
bens exteriores.

Alguns pensam que por natureza nos tornamos bons, outros acreditam que é pelo hábito, e
outro pelo ensino, mas quanto a natureza, não depende de nós, ela se dá em decorrência
da vontade divína, e pelo ensino, alguém que vá aprender deve estar preparado para tal,
tornando se capaz de gostar ou sentir aversão de maneira correta através do hábito. Fazer
com que as pessoas ajam da maneira correta desde a infância é uma tarefa àrdua, e devem
existir leis definindo como deve ser educação dos jovens, leis que devem vigorar também
para os adultos pois a maioria das pessoas age certo mais por medo do castigo do que pelo
gosto à nobreza, pois somente quando o homem tem um raciocinio que vise a honra o
legislador deve agir de maneira diferente, deixando o poder coersivo, o que raramente pode
ocorrer, pois a maioria das pessoas não pensa assim e o legislador deve continuar com este
papel importante e para executa-lo deve ter uma visão universal do que é ético.

Referências Bibliográficas.

ARISTÓTELES tica á Nicômaco Tradução de Ramiro Marques Landy Editora. 232p,

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