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O prof.

Diego Moreira é doutorando e mestre em Educação: História, Política e Sociedade pela


PUCSP. É graduado em História e Pedagoga, e formado pelo magistério do CEFAM

Atua há mais de 20 anos na Educação, passando por todos os segmentos do ensino. É


professor universitário há 13 anos. Já coordenou cursos Graduação e Pós-graduação. Atua
também como analista e consultor no mercado editorial, escolas, prefeituras e institutos de
educação.

Dirige a Escola dos Saberes. Faz palestras e consultorias em todo o Brasil.É um dos autores no
livro: BNCC na prática e do livro de literatura infantil: Chico, o corajoso.

É pai da Ana Clara e da Carolina, esposo da Prof. EvelizeZamone. É apaixonado pela


Educação.

e-mail: professordiegomoreira@hotmail.com / Instagram: @profdiegomoreira

site: www.profdiegomoreira.com.br

O país sofre por não ter estadistas.

Entramos a semana batendo recordes de mortes diárias, 1840 pessoas vitimas da Covid
-19 segundo dados divulgados pelo Consórcio dos Veículos de Imprensa em 03 de
março de 2021. Até o momento que escrevia esse texto os números chegavam a
259.271 óbitos. Os especialistas apontam que bateremos mais de 2.000 mil mortes
diárias podendo chegar a 3.000 vidas perdidas por dia.

Todos os indicadores de lotação de leitos beiram o 100% de ocupação e têm filas de


espera para internação na maioria das cidades, ou seja, não estamos mais a beira do
colapso. Estamos vivendo o colapso e o pior momento da pandemia. O Brasil hoje é o
epicentro mundial da crise.

Entre tantas outras, estamos diante de três grandes crises que assolam diretamente o
cotidiano da população brasileira: a crise da saúde, da economia e da educação. E para
nenhuma delas temos lideranças aptas para gerir a situação que se agrava a cada
instante. O país sofre por não ter estadistas.

Sobre a crise da saúde temos o Ministro mais incompetente que já vimos na história do
país sob a liderança de um Presidente da República pequeno para a cadeira que ocupa.
Pazuello não consegue organizar sequer a compra de vacinas, nem a aprovação na
agência de vigilância sanitária e tampouco acerta o envio de vacinas para os estados.
Ele confunde Amapá com Amazonas. Além da notável incapacidade de gestão soma-se
o mau caratismo negacionista que leva milhares a morte diariamente.

O Presidente apostou no caos, desestimulou o uso de máscaras, promoveu


aglomerações, e mandou produzir remédios comprovadamente ineficazes e na mesma
linha de ação manda uma comissão a Israel para verificar a existência de um spray
milagroso.
A inépcia da liderança para a gestão da crise leva o Brasil a ser um pária mundial. O
governo não participou da primeira rodada de investimentos e compras das vacinas,
zombou da vacina produzida na China e entrou numa batalha inglória com os
governadores.

No campo da economia o país dia a dia mergulha no que podemos chamar de abismo.
Os indicadores de desemprego crescem exponencialmente, os preços dos itens básicos
estão cada vez mais inflacionados e a gasolina bate recordes de aumento. Ainda não
podemos deixar de comentar sobre o aumento de gastos públicos com compra de
picanha e cerveja, além da conta (escondida) do cartão corporativo da presidência. Uma
imoralidade em qualquer país sério.

Esse debate extrapola o posicionamento teórico da linha econômica a seguir, não


estamos dialogando num alicerce de divergências da condução da economia e ou das
linhas teóricas da administração pública. Vemos o enorme descaso do governo com a
moralidade ao lidar com o bem público. O Ministro Paulo Guedes tem a desfaçatez de
chantagear o nosso povo mais pobre para liberar o auxílio emergencial. O Brasil saiu do
ranking das 10 maiores potências do mundo, caindo da 6ª posição ocupada em 2013
para a 12ª colocação atualmente. Ainda, na mesma semana que batemos recorde de
mortes o presidente promoveu festa. Não temos estadista à frente da nação. E a
Educação?

O Ministério da Educação em todos os regimes democráticos brasileiros foi protagonista


do debate nacional sobre o presente e o futuro da nação. O MEC além de ser um dos
ministérios mais importantes, possui uma lista de relevantes serviços prestados para o
país. Políticas educacionais do ensino superior como o Prouni e Fies, o ENEM, os
Institutos Federais, e uma lista imensa como o debate sobre a BNCC, o custo aluno, a
alimentação, o transporte. A implantação de sistemas de avaliação, pesquisas do INEP
e tudo que deve envolver um setor com a grandeza da Educação.

E cadê as ações do Ministro na condução do setor diante da mais grave crise do século?

Em notícia veiculada a semana passada, aponta que o Ministério da Educação deixou


de executar o orçamento em 47%. Isso não é economia. Essa decisão tira recursos da
escola de educação básica, do ensino profissionalizante e do ensino superior. Empurra o
país para níveis de investimentos semelhantes a países com PIB bem menores que o
nosso.

As obras inacabadas do MEC estão espalhadas pelo país, o desmonte da rede de


Universidades Federais é constrangedor. E o apoio aos municípios? Nenhum! Os
municípios não recebem orientação e nem apoio técnico. O presidente do INEP, órgão
fundamental para a formulação de políticas educacionais e desenvolvimento econômico
e social do país, foi demitido e a cadeira segue vazia.

Os estados e municípios precisam decidir sozinhos como lidar com a crise de educação
e saúde. Não existe norte. Nenhum direcionamento.

O Ministro da Educação que responde inquérito no STF por homofobia em declaração


recente disse que o papel dele é “mais espiritual que político”. Pois bem, a ausência de
um Ministro numa das pastas mais importantes do Brasil leva o setor a se arranjar como
pode e com o que têm. Não temos estadista a frente do Ministério da Educação, temos
um pastor com formação precária e que desconhece as principais pautas do campo
educacional. É um forasteiro na Educação.

Semana passada em mais uma investida do governo para estabelecer teto de gastos
para educação, o Ministro não apareceu. Emudeceu. Não fez nem a defesa do setor que
representa. É uma vergonha!

Cadê o Ministro da Educação para explicar um projeto que diminui recursos e coloca em
jogo o futuro das crianças e adolescentes?

Cadê o Ministro da Educação para explicar que a pesquisa no Brasil tem cada dia
menos investimento e isso impacta diretamente na soberania e no desenvolvimento?

Cadê o Ministro da Educação para dar respostas sérias, reais e responsáveis para os
prefeitos e secretários de educação sobre saídas conjuntas nacionalmente.

Cadê o Ministro?

Cadê o Ministro que não lidera nenhum projeto de relevância nacional, que não possui
articulação com os estados e nem com a iniciativa privada.

Por ora, me parece que se esconde atrás de púlpitos pelo interior do país, falando para
fiéis que pouco sabem sobre os rumos que o país tem tomado. O Ministério da
Educação é o triste quadro que representa todo esse governo.

Sem direção cada estado tende a resolver com os elementos que têm em mãos, em São
Paulo a Secretaria Estadual de Educação, cometeu grave erro em decidir manter as
escolas abertas. Não faz sentido nem com a justificativa técnica e nem com a
justificativa política que as escolas permaneçam abertas no período de maior
agravamento da crise de saúde.

O governo paulista empurra a classe docente para a beira do abismo com a decisão de
manter o funcionamento das escolas nesse cenário. O maior estado da federação se
apequena com a decisão e sacrificará vidas por esse erro.

A ausência de lideranças capazes de gerir a crise no âmbito nacional faz o povo sofrer.
Não temos estadistas comprometidos com o bem público, com o bem comum e com a
garantia e melhoria de vida das pessoas.

A pergunta é: Quem assinará junto esses atestados de óbito?

A história nos ensina que as Repúblicas suportam estadistas fracos desde que
mantenham uma democracia pujante e instituições consolidadas. O Brasil ainda não tem
nenhuma das duas, e ficamos a mercê de espectro de Presidente.

O genocídio que estamos presenciando será escrito nos livros de história, a crise da
saúde, economia e educação não serão apenas números em jornais. A ausência de
estadistas no governo deixará a marca da morte nesse período e entraremos mais uma
vez para a história sem honrar as vidas que se foram.

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