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Primeira proposta:

No dia 25 de julho de 2015, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho


(Sinait) divulgou estatísticas apontando que em 82% dos casos de trabalho análogo à
escravidão, encontrados nos últimos 20 anos, os trabalhadores eram terceirizados. O
auditor Luis Alexandre Faria, do Ministério do Trabalho e Emprego em São Paulo,
afirmou sobre o assunto que “Os casos mais frequentes estão no setor de confecções e da
construção civil. São pessoas sem registro em carteira e principalmente sem documentos”.

A partir dessas informações, podemos recuperar as recentes denúncias sofridas por


grandes lojas de departamento, como Renner, Marisa e M. Officer. Relembre o contexto de
tais acusações lendo a coletânea abaixo:

Texto 1.

Renner está envolvida com trabalho escravo

Por Samantha Maia – publicado 28/11/2014 11h58, última modificação 28/11/2014 -12h18

Varejista recebeu 30 autuações e será multada em até R$ 2 mi; 37 funcionários bolivianos que viviam em
condições degradantes e trabalhavam jornadas exaustivas foram resgatados

Aos pés da serra da Cantareira, no bairro paulistano do Tremembé, roupas da Lojas


Renner eram fabricadas por trabalhadores bolivianos em regime análogo ao escravo. Em
11 de novembro, a fábrica foi interditada pelo Ministério do Trabalho e 37 funcionários
foram resgatados, dentre eles 36 adultos (21 homens e 15 mulheres) e um adolescente de
16 anos. Havia 35 mil peças da Renner, das marcas Cortelle, Just Be, Blue Steel e Blue
Steel Urban.

Apesar de terem registro em carteira, os trabalhadores viviam em alojamentos em


condições degradantes, tinham descontos indevidos nos salários, trabalhavam em jornadas
exaustivas, eram remunerados por produção e sofriam violência psicológica, verbal e
física. Identificou-se ainda o crime de tráfico de seres humanos para fins de exploração
laboral. A Renner poderá ser incluída na lista suja do trabalho escravo.

A oficina prestava serviços às confecções Kabriolli e Betilha. As duas intermediárias


e a oficina possuem certificação de boas práticas nas relações de trabalho da Associação
Brasileira do Varejo Têxtil, expedida pela empresa de auditoria Bureau Veritas. Na quarta-
feira 26, a Renner recebeu 30 autuações referentes a cada problema identificado, o que a
responsabiliza a pagar 930 mil reais aos trabalhadores por danos morais e dívidas
trabalhistas acumuladas desde junho de 2013, período em que foi verificada a produção da
oficina para a varejista. Representantes da Renner não compareceram, porém, à assinatura
do Termo de Ajuste de Conduta, firmado apenas pelas duas fornecedoras, que assumiram
emergencialmente o pagamento.
A Renner será multada em até 2 milhões de reais pelo ministério por infração
administrativa. Outra multa por dano moral coletivo será estabelecida pelo Ministério
Público do Trabalho. Os trabalhadores receberão três meses de seguro desemprego.

O boliviano M. S. produzia 26 vestimentas da Renner por hora. Em 2013, um cronômetro


ao lado da máquina de costura controlava o ritmo de produção. Se a meta não fosse
atingida, o valor era descontado do salário de 1,082 mil reais. Também eram abatidos
valores de emissão de documentos, multas por não cumprimento de tarefas como lavar
banheiros, pagamentos de creche e custos por materiais de trabalho quebrados. Alguns
trabalhadores ficavam com saldos negativos, o que configura servidão por dívida.

Cada peça rendia 85 centavos de real ao costureiro. O marcador de tempo foi substituído
neste ano pelo controle por peça produzida, o que estendia o expediente a largas horas.
Trabalhava das 7 da manhã às 9 da noite e nos fins de semana. Um registro de ponto na
parede servia apenas para fraudar a fiscalização.

Tímido, M.S. conta ter chegado ao Brasil em 2012 na esperança de uma vida melhor e
dinheiro para enviar a familiares na Bolívia. Porém, o que ganha mal dá para sobreviver
com a esposa, também costureira, e o filho de 1 ano e meio. O dinheiro que restava depois
dos descontos era retido pela oficina, prática induzida pelo empregador, sob a alegação de
segurança. O pagamento era feito por vales de acordo com a necessidade de gastos do
funcionário. Caso quisessem deixar a empresa, não conseguiam reaver os valores retidos e
a oficina proibia desligamento antes de dois anos de trabalho.

No alojamento de três andares onde viviam cerca de 20 bolivianos, cada família com
crianças ocupava um cômodo, alguns separados por divisórias de madeira. Beliches,
guarda-roupas e televisões compunham o ambiente mofado e com cortinas no lugar das
portas. Botijões de gás estavam em locais de risco com pouca circulação de ar. Na cozinha
coletiva, pequenas baratas andavam perto das comidas. Ratoeiras denunciavam a presença
de roedores no local. “Submeter os trabalhadores a essas condições representa desrespeito
à dignidade da pessoa humana”, lê-se no relatório dos fiscais. Certo dia, os trabalhadores
reclamaram da qualidade da comida, que por vezes vinha com baratas e cabelos. No dia
seguinte, não foi servido o almoço, nem havia mantimentos no alojamento para cozinhar.

Os relatos sobre os abusos só surgiram depois do resgate. No dia da fiscalização, os


trabalhadores repetiam as mesmas informações de que pagavam o aluguel da moradia e
trabalhavam oito horas por dia. Os empregadores diziam aos funcionários que as horas
adicionais sem remuneração serviam para cobrir as despesas com o alojamento e a comida.
Se quisessem morar em outro lugar, receberiam apenas 10 centavos de real a mais por peça
produzida. Ao fim de dois anos de trabalho, mentiam os contratantes sobre os valores
descontados para o INSS, que em vez de recolhidos eram retidos, seriam devolvidos aos
costureiros.

A escravidão moderna escora-se na vulnerabilidade das vítimas, muitas vezes


imigrantes que desconhecem as leis do país onde vão trabalhar. Por isso, muitas vezes
torna-se uma relação consentida. “Eles ficam presos a correntes invisíveis e a libertação
consiste em explicar que o acordo fechado com o empregador não está correto”, explica o
auditor fiscal do trabalho Luis Alexandre de Faria. Há medo de deportação, apesar da
vigência do acordo de livre circulação do Brasil com o Mercosul, Bolívia e Chile, que
permite aos habitantes desses países solicitarem permanência no outro com garantia de
todos os direitos civis, incluindo trabalhistas.

Para o Ministério do Trabalho, a jornada exaustiva imposta na oficina é diretamente


relacionada ao baixo valor pago pela Renner e aos prazos de entrega impostos. A
pulverização de fornecedores, o chamado sweatshops, comum no setor têxtil, serviria
justamente para reduzir custos com a precarização do serviço. Apenas a mão de obra de
maior expertise, responsável pela criação dos produtos e pelo controle de qualidade, é
contratada direta das grifes. A Lojas Renner, signatária do Pacto de Erradicação do
Trabalho Escravo e Pacto Global em 2013, respondeu não compactuar e disse repudiar a
utilização de mão de obra irregular em qualquer etapa de produção. Segundo a varejista, o
processo de auditoria e certificação de fornecedores será revisado.

Documentos obtidos pela fiscalização mostram que a Renner calcula os custos do


fornecedor e determina o preço pago por peça. Uma eventual negociação de preço exigiria
do fornecedor o detalhamento de cada variável de custo e sua margem de lucro. Ou seja, as
grifes sabem qual o nível de subcontratação de oficinas de cada confecção. O ministério
verificou que os mesmos fornecedores atuam de forma diferenciada, com costureiras
próprias, quando o varejista exige e paga um preço melhor.

Diante das denúncias de uso de trabalho escravo, os grandes magazines passaram a


auditar os fornecedores. Uma certificação de boas práticas foi lançada em 2010 e 7 mil
empresas receberam o selo. O resultado da primeira auditoria realizada pela Renner, em
2013, foi a redução de fornecedores locais, de 636 para 551, e o aumento das importações.

As indústrias têxteis brasileiras acusam as confecções estrangeiras, principalmente as


da Ásia, onde as leis trabalhistas são menos exigentes e pouco se fiscaliza, de dumping
social. “É preciso exigir que todos os países sigam um padrão de leis trabalhistas, pois, se o
comércio é global, os meios de produção também precisam ser”, afirma Rafael Cervone,
presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção. O alerta foi levado
pelos empresários à Organização Internacional do Trabalho na 103ª Conferência, em
Genebra, em junho deste ano. Segundo o Ministério Público, uma oficina com 20
trabalhadores explorados das formas encontradas nas fiscalizações pode obter uma
vantagem competitiva mensal de 20 mil dólares em relação ao empresário cumpridor da
legislação.

O caso Renner indica mais uma vez que cabe às grandes grifes, maiores clientes de
confecções no mundo inteiro, ir além das certificações, hoje burladas, e assumir uma
remuneração pelo serviço que permita a sobrevivência de empresas seguidoras da lei.
(http://www.cartacapital.com.br/revista/828/renner-esta-envolvida-com-trabalho-escravo-1352.html) – aqui
tem gráficos interessantes

Texto 2.

Após denúncias de trabalho escravo, M. Officer e Marisa afirmam que roupas


vinham de terceirizados
Representantes das empresas foram ouvidos na CPI do Trabalho Escravo da Assembleia Legislativa de São Paulo

POR O GLOBO
18/06/2014 - 19:19

SÃO PAULO - A Comissão Parlamentar de Inquérito do Trabalho Escravo da


Assembleia Legislativa de São Paulo ouviu nesta quarta-feira representantes da marcas M.
Officer e Marisa. De acordo com declarações de diretores das empresas, alvos de
denúncias do Ministério do Trabalho, as roupas vendidas por ambas eram compradas
prontas de fornecedores terceirizados. Portanto, esses fornecedores seriam os únicos
responsáveis por manter trabalhadores em condições análogas à escravidão, declararam os
representantes da M. Officer e da Marisa.

A diretora da M. Officer, Rosicler Fernandes Gomes, disse aos parlamentares que a


marca, embora seja registrada como uma confecção, não desenha suas coleções e "jamais
visitou quem idealiza as peças e as entrega prontas, nem após a primeira denúncia de
trabalho escravo em 2013". De acordo com a diretora da M. Officer, empresas contratadas
pela marca para confeccionar suas peças não poderiam ter repassado o trabalho a outras.

No início do mês de maio, fiscais do Ministério do Trabalho resgataram seis


bolivianos que costuravam peças da marca M. Officer em condições análogas à escravidão
em uma oficina na zona leste da capital paulista. Segundo o auditor do ministério, Luiz
Alexandre Faria, os trabalhadores eram submetidos a jornadas extenuantes de trabalho em
ambiente insalubre e perigoso.

“O que a equipe encontrou foi uma situação bem chocante”, afirmou o auditor.

O flagrante ocorreu em ação conjunta do Ministério do Trabalho e Emprego, do


Ministério Público do Trabalho (MPT), da Defensoria Pública da União e do Tribunal
Regional do Trabalho da 2ª Região.

A Marisa foi envolvida em denúncias de utilizar mão-de-obra em condições análogas


à escravidão em 2007 e depois em 2010. A Marisa questiona na Justiça a autoridade dos
auditores do Ministério do Trabalho nas fiscalizações e também a constitucionalidade da
Lista Suja do Trabalho Escravo.

“Estamos exercendo nosso direito de defesa”, afirmou Ricardo José Ribeiro dos
Santos, diretor de Expansão, Patrimônio e Relações Institucionais da Marisa.
“As empresas dizem tomar providências para auditar a própria cadeia produtiva e
afirmam ter responsabilidade social. Mas estão com um exército de advogados
questionando a fiscalização” - disse o presidente da CPI, deputado Carlos Bezerra Jr.
(http://oglobo.globo.com/economia/apos-denuncias-de-trabalho-escravo-officer-marisa-afirmam-que-roupas-vinham-de-
terceirizados-12920768)

Link interessante: http://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=357632

Charge:

Atividade:

Com base nos textos lidos, você deverá redigir a abertura e o primeiro parágrafo de
argumentação de uma carta dirigida ao representante legal de uma das lojas envolvidas. O
intuito de seu texto é convencê-lo de que a terceirização não isentaria a empresa da qual ele
é o porta-voz da responsabilidade sobre os fragrantes de trabalho escravo denunciados.
Para tanto, utilize, pelo menos, um argumento de autoridade e/ou estatístico.

Segunda proposta:

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/07/usp-tem-caso-de-estupro-e-secretario-quer-
mudar-forma-de-policiar-campus.html

http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/blog-faz-guia-de-estupro-na-usp-
defende-pedofilia-e-xinga-a-oab-1dgu2aaqd5ypwi7ww2zvt427a

http://www.esquerdadiario.com.br/Mulheres-farao-protesto-na-rota-do-estupro-da-USP

http://www.esquerdadiario.com.br/USP-quer-processar-mulheres-que-fizeram-protesto-
contra-estupros
Atividade:

Posicionar-se como um enunciador feminino que se dirige ao reitor da USP discutindo a


questão da segurança da mulher nos campi. A tarefa central seria levantar argumentos
contra o uso de câmeras de vigilância nas vias da universidade.

Terceira proposta:

Escrever uma carta argumentativa para o secretário de saúde do município de São Paulo
questionando o não atendimento aos haitianos e defendendo um maior treinamento dos
atendentes dos órgãos de saúde pública para receber o imigrante.

http://www.cartacapital.com.br/blogs/parlatorio/seis-imigrantes-haitianos-sao-baleados-
em-sao-paulo-9027.html

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/08/haitianos-baleados-depois-do-atentado-o-
desprezo-e-o-descaso.html (essa matéria traz a fala da Secretaria de Saúde, a acho mais
interessante que a da Carta).

Quarta proposta:

Escrever uma carta para Fábio Silva, deputado estadual do RJ, refutando os dizeres da lei
por ele proposta que criminalizaria quem ridicularizar qualquer aspecto religioso.

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/08/alerj-vota-projeto-de-lei-que-multa-
quem-ridicularizar-religiao.html (tem uma fala do pai do deputado, também político,
“interessante” na matéria).

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelo-freixo/2015/08/1673105-teologia-da-
intolerancia.shtml#_=_ (O comentarista e também deputado do RJ cita Guimarães, por
citar Grande Sertão já tá valendo! hehehe)

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