Você está na página 1de 6

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

-RECLAMACAO 0049019-72.2020.8.19.0000
RECORRENTE: MÁRCIA MACIEL QUARESMA e ANDRÉ FELIPE ALVES DA COSTA
TREDINNICK
RECORRIDO: Seção Cível do TJRJ
INTERESSADO: Município do Rio de Janeiro
AGRAVO CONTRA DECISÃO DENEGATÓRIA DE RECLAMAÇÃO
- Artigo 1º da Resolução 03/2016 do Superior Tribunal de Justiça

ANDRÉ FELIPE ALVES DA COSTA TREDINNICK e MÁRCIA MACIEL QUARESMA, já


devidamente qualificados nos autos do processo em epígrafe, irresignados,
concessa maxima venia, com a decisão desse Excelentíssimo Senhor Desembargador
Vice-Presidente dessa Egrégia Corte Estadual de Justiça, publicada no DJe em
06/11/2020, que inadmitiu Reclamação interposta contra o acórdão da Egrégia
Primeira Seção Cível desse Tribunal, vem, por intermédio de seus advogados ao final
assinados, com amparo no artigo 1º da Resolução 03/2016 do Superior Tribunal de
Justiça, interpor o presente
Agravo para a Colenda Corte do Superior Tribunal de Justiça,
o que faz em tempo hábil, consubstanciada nas razões de fato e de direito em
anexo.
Dessa forma, por estarem as razões do presente recurso consubstanciadas em
fundamentos de direito, roga, após intimação do agravado para apresentar
contrarrazões, que se digne Vossa Excelência em determinar a imediata remessa
dos autos à Corte Superior de Justiça, tudo em consonância com os ditames legais.
Nesses termos,
Pede e espera deferimento
Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2020.
EXCELENTÍSSIMOS SENHORES MINISTROS DO COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA
Agravante: MÁRCIA MACIEL QUARESMA e ANDRÉ FELIPE ALVES DA COSTA TREDINNICK.

Agravados: Seção Cível do TJRJ.

Interessado: DETRAN/RJ

Origem: Reclamação de acórdão da 1ª Turma Recursal Fazendária.

Processo n.º 0104038-94.2019.8.19.0001 – 1ª Turma Especial Recursal Fazendária do Tribunal de Justiça do Estado do RJ

Agravo Contra Decisão de Inadmissibilidade de Reclamação


Com fundamento no artigo 1º da Resolução 03/2016 do Superior Tribunal de Justiça.
Eminentes Julgadores,
I – Preliminarmente:
A) Tempestividade:
O presente recurso é tempestivo, eis que a publicação foi disponibilizada no DJ do
dia 06/11/2020, nos termos dos art. Artigo 4, §§ da Lei nº 11.419 de 19 de Dezembro de
2006.
A referida publicação deu-se em 06/11/2020 (sexta-feira), iniciando-se o prazo no
primeiro dia útil subsequente, qual seja, 09/11/2020 (segunda-feira), observando-se,
contudo, o dia 20/11/2020 (feriado), daí o prazo final ser na data de hoje.
Dessa forma, sendo de 15 (quinze) dias úteis o prazo para interposição de Agravo
contra a decisão denegatória de Reclamação, tem-se como termo final para
apresentação da insurgência o dia 20/05/2016 (sexta-feira).
II – Dos fatos:
Após o tramite processual de praxe, os desembargadores que compõem a Seção
Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por maioria,
declararam inadmissível a Reclamação que se pretende dar conhecimento ao E. STJ,
como a saber:
“RECLAMACAO CONTRA ACORDAO PROFERIDO POR TURMA
RECURSAL FAZENDARIA EXTRAORDIARIA DESTE TRIBUNAL QUE
REFORMOU A SENTENCA DE PROCEDENCIA E CONCLUIU PELA
ILEGITIMIDADE DO DETRAN/RJ. PRONUNCIAMENTO JUDICIAL
OBJETO DA RECLAMACAO CONSISTENTE EM PROVIMENTO DO
RECUSO PARA JULGAR EXTINTO O PROCESSO, SEM JULGAMENTO
DO MERITO, POR RECONHECER A LEGITIMACAO PASSIVA DO
ORGAO AUTUADOR EM ACAO EM QUE SE DISCUTE A
DESCONSTITUICAO DE SANCOES CONFERIDAS COM SUPEDANEO
NO CODIGO DE TRANSITO. RECONHECIMENTO NO PROVIMENTO
JUDICIAL QUESTIONADO DA ILEGITIMIDADE DO DETRAN PARA A
ANULACAO DAS MULTAS IMPINGIDAS, INDICANDO A
PERTINENCIA SUBJETIVA AO ENTE FEDERATIVO QUE E O
MUNICIPIO DO RIO DE JANEIRO. ALEGACAO DE AFRONTA A
JURISPRUDENCIA DO STJ QUE EFETIVAMENTE NAO OCORRE, AO
REVES, A POSICAO E CONSENTANEA COM A DA TURMA
RECURSAL. "O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICA FIRMOU
ENTENDIMENTO DE QUE O DETRAN NÃO É PARTE LEGITIMA PARA
FIGURAR NO POLO PASSIVO DE ACAO QUE VISE DESCONSTITUIR
AUTUACAO POR INFRACAO DE TRANSITO LAVRADA POR ORGAO
DIVERSO" (ARESP 1532007ES2019/0187450-2). A EVENTUAL
DIVERGENCIA DO ACORDAO DA TURMA RECURSAL COM
JULGAMENTOS AVULSOS DE TRIBUNAL SUPERIOR NAO ADMITE O
MANEJO DA RECLAMACAO.A TESE NAO GUARDA RELACAO COM
NENHUMA DAS HIPOTESES RESTRITIVAS PREVISTAS NO ARTIGO
988 DO CPC. RECLAMENTES QUE, NA REALIDADE, PRETENDEM
NOVA VALORACAO DA CONJUNTURA FATICO-PROBATORIA
DECLINADA NOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE DE REINAUGURAR
DISCUSSAO SOBRE CONTROVERSIAS E SITUACOES FATICO-
JURIDICAS JA APRECIADAS, SOB PENA DE DESVIRTUAMENTO DO
INSTITUTO. IMPROPRIEDADE DA UTILIZACAO DA RECLAMACAO
COMO MODALIDADE RECURSAL. RECLAMACAO MANIFESTAMENTE
INADMISSIVEL. Conclusoes: Por maioria de votos, inadmitiu-se a
Reclamacao, nos termos do voto do Desembagador Relator,
vencido o Desembargador Nagib Slaibi Filho.”

É justamente contra o Venerando Acórdão da 1ª Turma Recursal


Fazendária que se ingressou com a Reclamação, apontando que (i) é insubsistente a
tese de que o DETRAN - RJ não possui legitimidade passiva, que seria do Município
do RJ, e que (ii) as multas foram cobradas pelo DETRAN RJ, pagas em boleto desse
órgão, e o recurso administrativo, que oportunizou ao reclamado rever a situação
criada, foi admitido e rejeitado pelo próprio, sem se abordar tal tese, (iii) A multa é
aplicada pela referida autarquia, órgão criado pelo Decreto-lei estadual n. 46 de
1975, que estabelece, em seu artigo 1º, que “ A Administração do trânsito, no
Estado, será exercida pelo Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro –
DETRAN-RJ, a ser organizado sob a forma de Autarquia, dotada de personalidade
jurídica de direito público interno, dispondo de autonomia administrativa,
patrimônio e gestão financeira próprios” e (iv) confundir a autarquia estadual com o
ente federativo do Município do Rio de Janeiro, modificando qualquer noção da
autonomia administrativa que goza a autarquia em relação não só ao ente
federativo Estado do Rio de Janeiro, como especialmente com relação do Município
do Rio de Janeiro, não possui fundamento.

Verifica-se que em momento algum se discute fato ou prova, e, o que é


de nota, o acórdão do STJ (cfr. ARESP 1532007ES2019/0187450-2, no Resp
1293522/PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, da 1ª Turma do STJ, julgado em
07/08/2019, Dje 23/05/2019) citado pela R. Seção Cível, tratou a ilegitimidade do
DETRAN/ES não por reconhecer a legitimidade do Município do local da infração,
mas por reconhecer a legitimidade de outra autarquia, DER, que aplicou a multa e
sanção correlata por infração cometida em rodovia federal!
O entendimento esposado por algumas turmas fazendárias do TJRJ
pode ser defensável como qualquer acórdão, mas não possui simetria com o texto
expresso do ordenamento jurídico brasileiro, nem com os julgamentos do STJ.

Em suma, são esses os fundamentos da lide e do julgamento.

III – Fundamentos do Agravo:


Conforme afirmado, a Reclamação interposta pelos Agravantes foi inadmitida, sob
as seguintes alegações: (i) haveria decisão do STJ de que a competência é do ente
federativo (Município) e não de sua autarquia (Detran), e cita aresto n. ARESP
1532007ES2019/0187450-2, (ii) admite que há ‘julgamentos avulsos’ (sic) do STJ no
exato sentido da Reclamação, (iii) alega que os ora agravantes “pretendem nova
valoracao da conjuntura fatico-probatoria declinada nos autos” (sic).

Muito bem. Temos que (i) o acórdão do STJ citado pela Seção Cível, como dito, não
abraça a tese isolada das Turmas Fazendárias locais, ao contrário, esposa a
autonomia das autarquias responsáveis pelas aplicações das sanções do CNT, (ii)
admite que há precedente do STJ contrário à tese isolada das Turmas Fazendárias
locais e que foi devidamente citado na Reclamação, com comprovação de sua
publicação e (iii) é de se notar que, em momento algum, desde a primeira
instância, discutiu-se prova ou teria a Reclamação pretendido discutir valoração de
fatos ou provas, como é fácil observar.

Ocorre, Senhores Ministros, que ao contrário dos entendimento supra, não trata
de simples reexame de matéria, tampouco em incursão na conjuntura
fática/probatória.
Insta observar, Excelências, que ao contrário do que afirmou o Ilustre
Desembargador Vice-Presidente do Egrégio TJ, a peça recursal apresentada está
completamente de acordo com o previsto no artigo 1º, final, da Resolução 03/2016
do STJ, artigo 988, II c/c 927, IV do CPC, uma vez que compete ao Superior Tribunal
de Justiça, analisar reclamação para garantir a observância de precedentes, para
garantir a autoridade das decisões do STJ, uma vez que o acórdão da Turma
Recursal Fazendária é diametralmente oposto a acórdão do STJ, além, como bem
observou o nobre Des. Divergente, ser nulo por absoluta falta de fundamentação.

Diante do exposto, deve ser provido integralmente o presente Agravo, com


consequente admissibilidade, seguimento e provimento da Reclamação pelo E. STJ.
IV - Razões da Reclamação:
Com relação às razões da Reclamação, urge salientar que as mesmas se
confundem com a matéria exposta nos itens desta peça processual destinados à
violação do dispositivo de lei federal e ou sua interpretação equivocada e
preservação da autoridade dos julgados do STJ.
Dessa feita, não há dúvidas quanto à plausibilidade da Reclamação interposta, na
medida em que o acórdão proferido nos autos do processo em tela merece ser
totalmente reformado por essa egrégia Corte, já que está em direto confronto com
a legislação federal vigente e precedentes do STJ.
V – Requerimentos:
ISTO POSTO, comprovado o equívoco presente na decisão que inadmitiu a
Reclamação interposta pelos ora Agravantes, em face do acórdão proferido pela
Egrégia 1ª Turma Recursal Fazendária do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro no julgamento pela Seção Cível do TJRJ, requerem os ora Agravantes,
fundados nos princípios constitucionais que legitimam a interveniência do Poder
Judiciário para afastar lesão ou ameaça de direito, pelo PROVIMENTO integral do
presente Agravo, com a admissibilidade, seguimento e provimento da Reclamação,
conforme os pleitos nela encartados.
Nesses termos,
Pede e espera deferimento.
CIDADE/UF ADVOGADO – OAB/UF

007. RECLAMACAO 0049019-72.2020.8.19.0000 Assunto: Decisao E/ou


Ato Omissivo / Do Juiz / Orgaos Judiciarios e Auxiliares da Justica /
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO Origem: CAPITAL 1
TURMA RECURSAL DOS JUI ESP FAZENDA PUB. Acao: 0104038-
94.2019.8.19.0001 Protocolo: 3204/2020.00436766 - RECLAMANTE:
MARCIA MACIEL QUARESMA RECLAMANTE: ANDRE FELIPE ALVES DA
COSTA TREDINNICK ADVOGADO: RODRIGO MAGALHAES
ROMANO OAB/RJ-083114 RECLAMADO: PRIMEIRA TURMA RECURSAL
DOS JUIZADOS ESPECIAIS FAZENDARIOS DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO INTERESSADO: DEPARTAMENTO DE TRANSITO DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO DETRAN RJ PROC. EST.: MARIA LUIZA FAVERET
CAVALCANTI GARCIA DE SOUZA Relator: DES. ANDRE LUIZ CIDRA
Funciona: Ministerio Publico Ementa: RECLAMACAO
CONTRAACORDAO PROFERIDO POR TURMA RECURSAL FAZENDARIA
EXTRAORDIARIA DESTE TRIBUNAL QUE REFORMOU A SENTENCA DE
PROCEDENCIA E CONCLUIU PELA ILEGITIMIDADE DO DETRAN/RJ.
PRONUNCIAMENTO JUDICIAL OBJETO DA RECLAMACAO
CONSISTENTE EM PROVIMENTO DO RECUSO PARA JULGAR EXTINTO
O PROCESSO, SEM JULGAMENTO DO MERITO, POR RECONHECER A
LEGITIMACAO PASSIVA DO ORGAO AUTUADOR EM ACAO EM QUE SE
DISCUTE A DESCONSTITUICAO DE SANCOES CONFERIDAS COM
SUPEDANEO NO CODIGO DE TRANSITO. RECONHECIMENTO NO
PROVIMENTO JUDICIAL QUESTIONADO DA ILEGITIMIDADE DO
DETRAN PARA A ANULACAO DAS MULTAS IMPINGIDAS, INDICANDO A
PERTINENNCIA SUBJETIVA AO ENTE FEDERATIVO QUE E O MUNICIPIO
DO RIO DE JANEIRO. ALEGACAO DE AFRONTA A JURISPRUDENCIA DO
STJ QUE EFETIVAMENTE NAO OCORRE, AO REVES, A POSICAO E
CONSENTANEA COM A DA TURMA RECURSAL. "O SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTICA FIRMOU ENTENDIMENTO DE QUE O DETRAN
NAO E PARTE LEGITIMA PARA FIGURAR NO POLO PASSIVO DE ACAO
QUE VISE DESCONSTITUIR AUTUACAO POR INFRACAO DE TRANSITO
LAVRADA POR ORGAO DIVERSO" (ARESP 1532007ES2019/0187450-2). A
EVENTUAL DIVERGENCIA DO ACORDAO DA TURMA RECURSAL COM
JULGAMENTOS AVULSOS DE TRIBUNAL SUPERIOR NAO ADMITE O
MANEJO DA RECLAMACAO.A TESE NAO GUARDA RELACAO COM
NENHUMA DAS HIPOTESES RESTRITIVAS PREVISTAS NO ARTIGO 988
DO CPC. RECLAMENTES QUE, NA REALIDADE, PRETENDEM NOVA
VALORACAO DA CONJUNTURA FATICO-PROBATORIA DECLINADA NOS
AUTOS. IMPOSSIBILIDADE DE REINAUGURAR DISCUSSAO SOBRE
CONTROVERSIAS E SITUACOES FATICO-JURIDICAS JA APRECIADAS,
SOB PENA DE DESVIRTUAMENTO DO INSTITUTO. IMPROPRIEDADE DA
UTILIZACAO DA RECLAMACAO COMO MODALIDADE RECURSAL.
RECLAMACAO MANIFESTAMENTE INADMISSIVEL. Conclusoes: Por
maioria de votos, inadmitiu-se a Reclamacao, nos termos do voto do
Desembagador Relator, vencido o Desembargador Nagib Slaibi Filho. 

Você também pode gostar