Editorial....................................................................................................................................3
É
com grata satisfação que apresentamos o objetivo de aprimorar e sofisticar novas manei-
segundo número do Boletim do Instituto de ras de fazer. Esse processo, dinâmico e pleno de
Saúde (BIS), especialmente dedicado aos possibilidades, produz um corpo teórico vivo, pul-
trabalhos que se destacaram na 13ª Mostra de sante, complexo, sustentado e impulsionado per-
Experiências Exitosas em Saúde Pública dos mu- manentemente por aqueles que são os próprios
nicípios paulistas e receberam o VI Prêmio David sujeitos da prática transformadora representada
Capistrano, por ocasião do XXX Congresso dos pela constante produção e reprodução do SUS.
Secretários Municipais de Saúde de São Paulo, Assim, o SUS reinventa-se como um grande
no ano passado. e rico campo de formação profissional, lançando
Resultado da cooperação entre o Instituto mão, para tanto, do método científico e de cons-
de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde e tatações baseadas em evidências, para a qualifi-
o Conselho de Secretários Municipais de Saúde cação permanente de seus agentes em todos os
do Estado de São Paulo – COSEMS/SP, a edição níveis de atuação. Constitui-se, dessa forma, em
especial deste ano contou também com o funda- uma autêntica Universidade dirigida para a saúde
mental apoio da Organização Panamericana de pública, espaço social, político e cultural de deba-
Saúde – OPAS, que associou-se às duas institui- te e de produção teórica de qualidade.
ções e viabilizou a publicação dos 20 trabalhos A Mostra de Experiências Exitosas dos Mu-
escolhidos entre quase 600 enviados por municí- nicípios consolida anualmente essa constatação
pios de todas as regiões do Estado. Por esta ra- e dá visibilidade a uma pequena parte da imensa
zão, esta publicação integra concomitantemente produção prática e teórica que fecunda o campo
a Coleção SUS que Dá Certo, sendo seu número 2. da saúde pública brasileira.
A cada ano constatamos a evolução quali- Ao emprestar seu prestígio ao evento, o Ins-
tativa dos trabalhos inscritos, tradução do ama- tituto de Saúde nos honra a todos, gestores e tra-
durecimento e da consolidação do Sistema Único balhadores do SUS, e reafirma seu compromisso
de Saúde no âmbito local, pois os autores são com a produção científica e seu caráter de plata-
trabalhadores que desempenham funções de forma de transformação social.
gestão, planejamento e execução dos mais varia- A participação, neste segundo número es-
dos serviços e ações que constituem a complexa pecial do BIS, da Organização Panamericana de
teia de ofertas da saúde pública brasileira. Saúde como entidade colaboradora aponta pa-
A realização anual da Mostra de Experiências ra novas e promissoras perspectivas de fortale-
Exitosas revela ainda outra dimensão da saúde cimento e consolidação do caráter formador do
pública que, em geral, tem pouca visibilidade ou Sistema Único de Saúde.
escasso reconhecimento. Trata-se do papel forma- Aos autores dos trabalhos apresentados na
dor inerente às práticas da gestão e da execução 13ª Mostra apresentamos nossos cumprimentos
de uma das maiores políticas públicas do mundo. pela iniciativa e dedicação em registrar suas ex-
Após quase 30 anos de existência, ancorado em periências com rigor metodológico e pelo entu-
princípios e parâmetros absolutamente novos e siasmo em aceitar o desafio de construir um SUS
revolucionários em relação aos modelos que o an- cada vez mais forte e melhor.
tecederam, o Sistema Único de Saúde apresenta Luiza Sterman Heimann
um acúmulo gigantesco e plural de práticas que Stênio José Correia Miranda
estimulam a reflexão e a sistematização, com o Fernando Antônio Gomes Leles
|3
Conselho editorial
Amanda Cristiane Soares – Instituto de Saúde (IS) - São Paulo-SP – Brasil
Alberto Pellegrini Filho – Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz) – Rio de Janeiro-RJ – Brasil
Alexandre Kalache – The New York Academy of Medicine – Nova York – EUA
Benedito Medrado – Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Recife-PE – Brasil
Camila Garcia Tosetti Pejão – Instituto de Saúde (IS) - São Paulo-SP – Brasil
Carlos Tato Cortizo – Instituto de Saúde (IS) - São Paulo-SP – Brasil
Carmen Campos Arias Paulenas - Instituto de Saúde (IS) - São Paulo-SP – Brasil
Ernesto Báscolo – Instituto de la Salud Juan Lazarte - Universidad Nacional de Rosario - Rosario - Argentina
Fernando Szklo – Instituto Ciência Hoje (ICH) – Rio de Janeiro-RJ – Brasil
Francisco de Assis Accurcio – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Belo Horizonte-MG – Brasil
Ingo Sarlet – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS) – Porto Alegre-RS – Brasil
José da Rocha Carvalheiro – Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) - Rio de Janeiro-RJ – Brasil
Katia Cibelle Machado Pirotta – Instituto de Saúde (IS) - São Paulo-SP – Brasil
Lígia Rivero Pupo – Instituto de Saúde (IS) - São Paulo-SP – Brasil
Luiza S. Heimann – Instituto de Saúde (IS) - São Paulo-SP – Brasil
Márcio Derbli - Instituto de Saúde (IS) - São Paulo-SP – Brasil
Marco Meneguzzo – Università di Roma Tor Vergata – Roma – Itália
Marina Ruiz de Matos – Instituto de Saúde (IS) - São Paulo-SP – Brasil
Maria Lúcia Magalhães Bosi – Universidade Federal do Ceará (UFC) – Fortaleza-CE – Brasil
Monique Borba Cerqueira – Instituto de Saúde (IS) - São Paulo-SP – Brasil
Nelson Rodrigues dos Santos – Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo-SP – Brasil
Raul Borges Guimarães – Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Presidente Prudente-SP – Brasil
Samuel Antenor – Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo - Unicamp - Campinas-SP – Brasil
Sílvia Regina Dias Médici Saldiva - Instituto de Saúde (IS) - São Paulo-SP – Brasil
Sonia I. Venancio – Instituto de Saúde (IS) - São Paulo-SP – Brasil
Tereza Setsuko Toma – Instituto de Saúde (IS) - São Paulo-SP – Brasil
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Resumo Abstract
O ambiente escolar é muito importante para desenvolver, no pro- Scholar environment is very important to develop, in teaching pro-
cesso de ensino, as ações de saúde. Assim, o NASF Continental cess, health action. Therefore, NASF Continental and UBS Paulis-
e a UBS Paulista, junto com parceiros, desenvolveu uma Feira da ta, Brazilian basic care organizations, with partners support, de-
Saúde na Escola Estadual Roberta Maria Lopes Chaves, com o ob- veloped a Health Fair at the State School “Roberta Maria Lopes
jetivo de ampliar o conceito de saúde, mobilizando para o autocui- Chaves”, aiming to expand health concept, mobilizing to self-care
dado e autonomia. Foi realizado um circuito com dez salas temáti- and autonomy. A circuit was developed in tem theme rooms: oral
cas: Saúde Bucal; Higiene Pessoal; Guarda Responsável; Circuito health; personal hygiene; responsible guard; sensorial circuit;
Sensorial; Grafite; Bullying; Alimentação Saudável; Lixo; Água Vir- graphite; bullying; health feeding; garbage; virtual water; and medi-
tual; e Medicação. Participaram dessa atividade 682 alunos, da 1ª cation. 682 students, from 1st to 8th grade, took part in this ac-
à 8ª série. O objetivo foi alcançado, visto que a proposta principal tivity. The aim was reached, considering that the main proposal
era agregar conhecimento sobre saúde, valorizando a participação was to aggregate knowledge about health, valuing children partici-
das crianças nessa construção de saber, o que foi constatado pation in the construction of knowledge, which was stated during
durante as atividades com perguntas e grande interação das mes- activities with questions and interaction from these children. The
mas. A parceria com a organização escolar foi um facilitador para partnership with the scholar organization made it easier for the
que a estratégia fosse bem-sucedida, motivando os atores partici- strategy to succeed, motivating the actor involved, both children
pantes, tanto as crianças quanto os profissionais. and professional participants.
Palavras-chave: Saúde, Educação; Prevenção; Qualidade de vida. Keywords: Health, Education; Prevention; Quality of life.
I
Cíntia de Oliveira Barboza é Nutricionista do NASF Continental – Município IV
Marcelo Cordeiro Barreto de Oliveira é Assistente Social do NASF Continen-
de Guarulhos-SP. tal – Município de Guarulhos-SP.
II
Denise Rezende Nascimento é Fisioterapeuta do NASF Continental – Muni- V
Patricia Mara dos Santos é Fisioterapeuta do NASF Continental – Município
cípio de Guarulhos-SP. de Guarulhos-SP.
III
Estela Vitor Burdin é Fonoaudióloga do NASF Continental – Município de VI
Regina Luriko Shimizu é Psicóloga do NASF Continental – Município de Gua-
Guarulhos-SP. rulhos/SP.
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A
tão extremamente interligadas no contexto do
Organização Mundial de Saúde define a
desenvolvimento do pensar crítico e reflexivo en-
saúde como “um estado de completo bem-
quanto sujeitos histórico e social capaz de opi-
-estar físico, mental e social e não somen-
nar nas decisões do cuidar de si e da coletivi-
te ausência de afecções e enfermidades” (OMS, dade, podendo transformar a realidade em que
1997, pág. 1). Dessa forma, a concepção am- estão inseridas.
pliada de saúde refere que o indivíduo seja visto O ensino por meio do lúdico é uma impor-
como um todo e não apenas em partes, neces- tante ferramenta na construção da aprendizagem,
sitando a intersetorialidade na construção dos visto que, por meio da exploração a criança expan-
saberes para a produção de saúde, articulando de seus pensamentos e aprendizados, adjunto à
e mediando a prevenção e promoção de saúde e observação e investigação do mundo. Essa explo-
ração faz com que a criança se relacione com o
melhoria da qualidade de vida.
mundo pensando e agindo sobre o mesmo.
O ambiente escolar é muito importante para
Para Vygotsky (1984, pág. 103) “a apren-
desenvolver, no processo de ensino, as ações de
dizagem e o desenvolvimento estão estritamente
saúde. Dessa forma, foi criado em 2007 o Pro-
relacionados, sendo que as crianças se inter-rela-
grama Saúde na Escola (PSE)1, visando a realizar cionam com o meio objetal e social, internalizan-
e organizar estratégias intersetoriais para aprimo- do o conhecimento advindo de um processo de
rar o desenvolvimento pleno de crianças e ado- construção”. Pensando nessas interações, a me-
lescentes da educação pública. todologia utilizada busca atuar de forma lúdica e
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tendo em vista possibilitar espaços para reflexão Os temas contemplados foram organizados
de maneira a dar sentido as experiências viven- da seguinte maneira:
ciadas e que assim, incentive a autonomia e o
autocuidado no fazer saúde. Sala 1: Saúde Bucal - Odontologia UBS
Sendo assim, tendo a escola Escola Esta Paulista
dual Roberta Maria Lopes Chaves como forte Realizado o jogo da Trilha Bucal.
aliada, o Núcleo de Apoio a Saúde da Família Nessa sala temática foi aplicado o jogo da
Trilha Bucal, a qual era representada por uma bo-
(NASF) Continental e a Unidade Básica de Saúde
ca em papel com 28 dentes, em que cada dente
(UBS) Jardim Paulista se uniram para desenvolver
correspondia a uma casa numerada, iniciando-se
uma Feira da Saúde articulando as várias esferas
pelo segundo molar superior direito com o núme-
sociais; assegurando a diversidade no desenvol-
ro um, primeiro molar superior direito com o nú-
vimento do protagonismo infantojuvenil; enfati-
mero dois e assim sucessivamente no sentido
zando a autonomia e responsabilidade das mes-
horário até o último dente, sendo esse o segundo
mas favorecendo para a construção de um adulto
molar inferior direito com o número 28.
saudável e possíveis multiplicadores de saberes.
Foi criada uma tabela com as regras da Tri-
Os parceiros convidados foram: lha da Saúde Bucal relacionadas à higiene bu-
• Centro de Educacão Ambiental (CEA) cal e alimentação. Em cada dente foi adicionada
Jardim City Las Vegas; uma característica ilustrativa, podendo ser positi-
• Coordenadoria da Juventude; va fazendo com que o participante avançasse ou
• Coordenadoria do Fundo Social de negativa fazendo com que ele retrocedesse. As
Solidariedade. características relacionadas podem ser exempli-
ficadas como: restos de alimentos entre os den-
tes, gengivas sangrando, ausência de tártaro, au-
Objetivo sência de cárie, entre os outros.
Ampliar o conceito de saúde, mobilizando Os participantes foram divididos em duplas
para o autocuidado e autonomia para a preven- que lançavam um dado e esses avançavam de
ção e promoção da saúde e, assim, melhor qua- acordo com o número sorteado seguindo as orien-
lidade de vida. tações de cada casa (dente). Assim, sucessiva-
mente, dupla por dupla jogavam o dado, até que
a primeira dupla que chegasse na última casa do
Metodologia
jogo era a campeã da Trilha da Saúde Bucal.
Foi organizada uma feira de saúde em for-
mato de circuito, distribuída em 10 salas temá- Sala 2: Higiene Pessoal - Enfermagem UBS
ticas. Sendo que, cada período de aula (manhã Paulista
e tarde) tinham exatamente 10 salas de aulas Período da Manhã: Palestra sobre Higiene
- período da manhã: 1ª à 4ª série e período da Pessoal.
tarde: 5ª à 8ª série - cada sala de aula percorria Foi realizada uma reflexão sobre a importân-
o circuito passando em cada sala temática e per- cia dos cuidados básicos com a higiene e sua rela-
manecendo nela por 30 minutos, quando soava a ção com a saúde, buscando refletir sobre autocui-
sirene para que trocassem de sala. dado, autonomia, autoestima e interação social.
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Como metodologia foi elaborado material de importância de levá-los ao veterinário para ava-
apoio visual como cartazes informativos conten- liações e vacinas necessárias. Bem como quais
do orientações sobre a forma correta da higie- são os deveres e responsabilidades de um tutor.
nização de cada parte do corpo e frases dispa- Explicou-se também que as zoonoses são
radoras e motivadoras a respeito do tema abor- doenças que podem ser transmitidas entre os
dado para a discussão. Exemplos: O que a hi- animais e os humanos, abordando quais as prin-
giene pessoal faz por você?; A higiene pessoal cipais e como preveni-las.
previne a ocorrência de doenças infecciosas?; Foi explanado que a relação homem-animal
A higiene pessoal influencia na sua relação com pode trazer diversos benefícios à saúde física e
as outras pessoas? psicológica das pessoas.
Tivemos a participação de dois cães cote-
Período da Tarde: Exposição de Imagens de
rapeutas, com os quais as crianças puderam in-
Tatuagens e Piercings sem os Devidos Cuidados.
teragir. Os cães participantes desta ação passa-
Foi realizada uma reflexão a respeito da mo-
ram por processos de dessensibilização, sociali-
tivação que levam os jovens a procurarem esse
zação e treinamento para desenvolver esse tipo
tipo de procedimento, os cuidados pré e pós pro-
de atividade.
cedimentos bem como, os riscos para a saúde.
Foi aberto espaço para que os participantes
Os aspectos abordados foram os riscos de
pudessem colocar comentários e, ou, tirar dúvi-
contaminação por bactérias e vírus que podem
das sobre o assunto.
causar doenças como hepatites, HIV, entre ou-
tras e também, reações dermatológicas, alérgi-
Sala 4: Circuito Sensorial - NASF
cas e cicatrizes indesejáveis relacionadas ao or-
Circuito para estimulação sensorial, em
ganismo de cada indivíduo.
que as crianças entravam na sala uma de cada
Como metodologia foram confeccionados
vez, descalças, vendadas e direcionadas pelos
cartazes com imagens de procedimentos que
professores.
respeitaram os cuidados necessários levando em
- Visão: as crianças realizaram todo o circui-
consideração a escolha de um bom profissional,
to com os olhos vendados;
local que atende as condições de higiene sanitá-
- Olfato: através do olfato as crianças tinha
ria e os cuidados pré e pós procedimentos. Em
que adivinhar o que havia em cada recipiente:
contrapartida, foram elaborados também carta-
queijo ralado, canela e chocolate;
zes com imagens impactantes com tatuagens/
- Paladar: com um conta-gotas, gotinhas de
piercings que não tiveram esses mesmos cuida-
limão, açúcar ou sal eram colocados na língua
dos e que ocasionaram inflamações, dermatites,
das crianças para que elas, ao provar, identificas-
má cicatrização, entre outras.
sem cada item;
A partir destas imagens foi aberto espaço
- Audição: foi utilizado um aplicativo com
para discussão e reflexão do tema.
sons de animais e as crianças tinham que identi-
Sala 3: Guarda Responsável - NASF ficar qual o animal que emite aquele som;
Explicamos às crianças sobre os cuidados - Tato: os estímulos para mãos e pés foram
necessários com os animais de estimação (saú- realizados utilizando bolinhas de gelatina, lixa, al-
de, higiene e bem-estar), explicitando sobre a godão, colchonetes, amoeba e corda.
|8
A passagem para os diversos estímulos era Foi realizada uma apresentação de alimen-
diferenciada por cortinas que também continham tos para trabalhar as questões de alimentos Sau-
mais estímulos, como: feltro com perfume; boli- dáveis X Industrializados e uma atividade referen-
nhas de isopores; colares de plumas com guizos; te ao Projeto Saúde com Casca e Tudo, que visa o
e canudos. aproveitamento integral dos alimentos, utilizando
receitas de baixo custo e grande valor nutricional.
Sala 5: Grafite - Coordenadoria da Juventude Após a exibição de um vídeo sobre o tema,
Apresentação de um vídeo sobre a história do as crianças puderam degustar sucos feitos com
grafite com sua origem, representação das diversas folhas e verduras.
tribos sociais e as diferentes vertentes da arte.
Em seguida o palestrante compartilhou a Sala 8: Lixo - Centro de Educação Ambiental
sua história de vida pessoal com o grafite e co- Jardim City Las Vegas
mo agregou esse interesse na vida profissional, Palestra sobre a grande produção de lixo,
exemplificando com projetos dentro da Educação descarte incorreto de resíduos e seu impacto no
e nos diversos movimentos sociais que já partici- meio ambiente. Assim como: quais são os tipos
pou e, também, ilustrando o trabalho atual da Co- de lixo, quais as formas corretas de descarte, os
ordenadoria da Juventude, em que tem o grafite processos da reciclagem e como funciona um
como ferramenta de transformação social e cria aterro sanitário.
espaço para discussão de um projeto de vida dos Exposição de objetos feitos a partir do rea-
jovens envolvidos. proveitamento de resíduos sólidos.
Para finalizar, foi exposto algumas fotos de Realizada apresentação de vídeo sobre o te-
diversos trabalhos com grafites que o palestran- ma e, logo após, roda de conversa para discussão.
te atuou.
Sala 9: Água Virtual - Centro de Educação
Sala 6: Bullying - NASF Ambiental Jardim City Las Vegas
Teatro sobre o assunto e uma discussão so- Exposição sobre o consumo de água na pro-
bre a presença deste tema em suas vidas. dução de um bem, produto ou serviço e o seu
Foi dramatizada uma cena de duas pesso- conceito não apenas no sentido visível, físico,
as que se agrediam verbalmente – e até mesmo mas também no sentido virtual, considerando a
fisicamente – devido à não aceitação mútua, por água necessária aos processos produtivos indire-
conta das diferenças físicas. Um cenário em que tos também.
há um opressor que domina o outro atacando a Explanação sobre a importância desse re-
sua fragilidade emocional. curso na vida do planeta, uma vez que é um ele-
A partir desse contexto, foram levantadas mento essencial para a sobrevivência de animais
questões vivenciadas pelos alunos, tendo em vis- e vegetais. Bem como sobre o impacto do des-
ta entender e refletir sobre o tema, sobre os seus perdício e da poluição da água na Terra.
valores, problematizando e buscando com eles as Foram abordadas também as atitudes/di-
respostas para os questionamentos que surgiram. cas de consumo consciente da água.
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Palestra sobre a importância do uso correto porém, no contexto geral, os alunos e professo-
da medicação e a necessidade de sempre se man- res aprovaram o evento.
ter a dosagem e o período prescritos pelo médico, As crianças, segundo a coordenadora, perma-
além do perigo da automedicação. Assim como neceram falando sobre o evento durante a semana
a explicação sobre as consequências de se usar e umas das falas foram “Hoje, a escola foi legal”.
medicamentos com data de validade vencida.
Mostrou-se também como o descarte incorre-
to de medicamentos pode ocasionar danos à saúde Conclusão
da população, a agressão do meio ambiente e a A parceria com a organização escolar foi um
contaminação da água, do solo e dos animais.
facilitador para que a estratégia fosse bem-suce-
Foi aplicado um questionário para os pro- dida, motivando os atores participantes, tanto as
fessores responderem sobre o tema, a duração, crianças quanto os profissionais participantes.
a metodologia, com apenas uma questão aberta. A importância desse tipo de ação foi fornecer
clareza conceitual e recursos para a construção
crítica dos saberes de forma a despertar o auto-
Resultado
cuidado e empoderamento para escolhas mais as-
O objetivo proposto foi alcançado, visto que
sertivas, possibilitando uma reflexão para o que
a proposta principal era agregar conhecimen-
cada um acredita ser e ter qualidade de vida.
to sobre saúde, valorizando a participação das
crianças nessa construção de saber, o que foi
constatado durante as atividades com perguntas
Referências
e grande interação das mesmas, sendo um total
1. Passo a passo PSE (Programa Saúde na Escola) - Tecen-
de 682 alunos contemplados.
do Caminhos da Interesetorialidade. Ministério da Saúde.
A metodologia utilizada e a duração do circuito Ministério da Educação. Brasília-DF. 2011.
foram em sua maioria, analisadas como adequadas. 2. Cadernos de Atenção Básica - Saúde da Criança: Cres-
A parceria intersetorial foi um grande moti- cimento e Desenvolvimento. Ministério da Saúde. Brasília
vador para despertar o interesse do público, visto - DF. 2012.
que a metodologia na apresentação das temáti- 3. OMS/WHO. The World Health Organization Quality of Life
cas envolveu o público, sendo bastante interativa Assessment (WHOQOL): position paper from the World He-
e de fácil compreensão. alth Organization. Measuring Quality of Life. 1997.
A reclamação quanto uma profissional e 4. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Martins
sua metodologia também teve certa relevância, Fontes: São Paulo, 1984.
|10
Resumo Abstract
Com uma análise dos principais motivos de consultas médicas Through the analysis of main reasons for appointments in health
nas unidades básicas de saúde, observou-se que 85% dos pacien- basic unities, it could be observed that 85 % of patients com-
tes queixavam-se de dores crônicas e, por consequência, faziam plained about chronic pain and, consequently, used to consume
o consumo diário de medicações. Diante dessa realidade e com medication daily. Considering these data and aiming to improve the
o intuito de proporcionar uma melhoria na qualidade de vida, pre- quality of life, health prevention, promotion and rehab, acupunc-
venção, promoção e reabilitação em saúde, a acupuntura foi intro- ture was introduced in basic care as a complementary therapy for
duzida na Atenção Básica como terapia complementar às doenças chronic pain. The experience showed itself relevant over sessions,
crônicas. A experiência demonstrou-se relevante ao decorrer das pointing a decrease of medication consumption and the recover-
sessões, que apontaram uma diminuição no consumo de medica- ing of patients that previously used to have limitations in daily and
mentos e a recuperação de pacientes que anteriormente tinham basic actions.
limitações das ações básicas de vida.
Keywords: Complementary therapies, Basic care, Chronic disease.
Palavras-chave: Terapias complementares; Atenção básica;
Doença crônica.
I
Naiellen Cristina Jotta Ferreira (enfermagem@dhspompeia.com) é Enfermei-
ra do Departamento de Higiene e Saúde de Pompeia-SP.
II
Alessandra Lima Toledo Alvares (alessandra_toledo@hotmail.com) é Enfer-
meira, Departamento de Higiene e Saúde de Pompeia-SP.
|11
O
em torno de 85%, levando ao consumo diário de
município de Pompeia-SP, com a proposta
medicações como antiinflamatórios entre outras.
da intensificação a prevenção e promoção
Sendo uma proposta inovadora na atenção bá-
da saúde, introduzimos em todas as uni-
sica do município, inserimos um profissional na
dades básicas, com o apoio do Programa de Me-
equipe básica para a realização dos atendimen-
lhoria da qualidade na Atenção Básica PMAQ, a
tos e a elaboração de planos terapêuticos e linha
acupuntura como forma terapêutica complemen-
de cuidado como parte da equipe, atingindo re-
tar das doenças crônicas, iniciando no mês de
sultados expressivos na qualidade de vida.
abril de 2015. A acupuntura é um conjunto de
práticas terapêuticas inspirado nas tradições mé-
dicas orientais. Criada há mais de dois milênios, Objetivos
a acupuntura é um dos tratamentos médicos Realizar tratamento alternativo e comple-
mais antigos do mundo. Consiste na estimulação mentar aos pacientes portadores de doenças
de locais anatômicos sobre ou na pele os chama- crônicas, proporcionando a melhoria da qualida-
dos pontos de acupuntura. Buscamos a recupe- de de vida e reabilitação à saúde.
ração do organismo como um todo pela indução
de processos regenerativos, normalização das
funções alteradas, reforço do sistema imunológi- Metodologia
co e controle da dor. Analisando os relatórios de Iniciamos essa experiência exitosa no
atendimento das unidades básicas a quantidade ano de 2015 realizando o levantamento das
|12
principais doenças atendidas na atenção básica. dos pacientes e suas queixas. A proposta dessa
Dessa forma, elaboramos ações e a desenvolve- experiência foi motivadora e gratificante, demons-
mos. As principais queixas dos pacientes eram trando paciente com limitação das ações bási-
dores musculoesqueléticos, cefaleias e transtor- cas de vida voltando a sua rotina com autoestima
no de ansiedades, predominantemente as dores elevada.
crônicas elevavam os atendimentos de consultas
médicas em torno de 73% englobando o consu-
Resultados
mo diário de medicamentos. Elaboramos um pro-
• Inserção do tratamento complementar e
tocolo para direcionar os profissionais e rastre-
alternativo na atenção básica;
ar as necessidades e organizar fluxos de aten-
• Profissional acupunturista na atenção
dimentos, proporcionando acesso ao serviço.
básicas;
As unidades de saúde iniciaram com trabalhos
• Diminuição das consultas médicas por
em sala de espera e programas como saúde da
melhora das dores crônicas;
mulher, DCNT entre outras, demonstrando como
• Controle de medicamentos em uso diário
realiza os atendimentos e demonstrando os aten-
em 73%;
dimentos. As agendas foram selecionadas para
• Melhoria na qualidade de vida proporcio-
os atendimentos em horário diferenciados para
nando autocuidado e valorização pessoal;
garantir maior adesão e diminuir os faltosos. O
• Horário de atendimento diferenciado para
horário estabelecido ficou sendo das 16 às 20
melhor adesão e acesso;
horas no espaço físico das unidades básicas de
• Planejamento de linha de cuidados em
saúde. Os Agentes Comunitários de Saúde, nas
parceira da equipe multidisciplinar;
visitas diárias, orientam sobre o programa e a
• Aplicação de recurso financeiro PMAQ pa-
seus benefícios na qualidade de vida. Os pacien-
ra qualificação da atenção básica.
tes que iniciaram o acompanhamento durante as
primeiras sessões relataram a melhora das do-
res e a diminuição dos medicamentos, sendo que Considerações finais
nas ultimas 10 seções cessaram o uso dos me- A experiência inovadora citada demonstrou
dicamentos e voltaram a exercer atividades sim- para a equipe e pacientes a melhora da qualidade
ples do dia a dia, como varrer, lavar, caminhar, de vida e busca de atividades complementares
entre outras, com a avaliação final do tratamento na saúde pública como prevenção e promoção e
pontuando de 0 a 10 como 10, atingindo a me- reabilitação a saúde. Com os resultados apresen-
lhoria da qualidade de vida. Os médicos clínicos tados adquirimos credibilidade na classe medica
das unidades básicas foram essenciais para o transformando como aliados no tratamento alter-
bom desenvolvimento das experiências, como nativo e proporcionando atividades complemen-
instrumento de acompanhamento e reavaliação tares sem uso de medicamentos aos pacientes.
|13
Resumo Abstract
O objetivo foi realizar um levantamento dos riscos sanitários mais This study aims to carry out a survey of the most common sanitary
comuns encontrados nas inspeções sanitárias, com vistas a ela- risks found in sanitary inspections, in order to make an educa-
borar um recurso educativo para orientar a população quanto à tive resource to guide population about elderly security in institu-
segurança dos idosos nas instituições de atendimento ao idoso tions of assistance to the elderly in Riberão Preto municipality. The
no município de Ribeirão Preto. Os resultados evidenciaram os results showed the most common sanitary risks to which institu-
riscos sanitários mais comuns a que estão expostos os idosos tionalized elderly are subject and which aspects are these risks
institucionalizados e a que aspectos esses riscos se relacionam. related to. It can be said that educative resource will provide the
Acredita-se que o recurso educativo proporcionará a divulgação de spread of sanitary risks to the families and the population in gen-
conhecimento dos riscos sanitários aos familiares e à sociedade eral. Furthermore, it will contribute in a more effective way to the
em geral e poderá contribuir de maneira mais efetiva na proteção institutionalizes elderly rights protection and defense, according to
e defesa dos direitos dos idosos institucionalizados, conforme pre- what is stated at the Senior Citizens Statute, a statute that assure
visto no Estatuto do Idoso3. elderly people rights.
Palavras-chave: Idoso; Fatores de risco; Promoção da saúde. Keywords: Aged; Risk factors; Health promotion.
I
Giovanna Teresinha Candido (giovanna.teresinha@bol.com.br) é Enfermeira
da Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto/SP, na Divisão de Vigilân-
cia Sanitária.
II
Maria José Alves Braga (bragamaria1968@yahoo.com.br) é Agente Técnico
de Fiscalização da Vigilância Sanitária de Ribeirão Preto/SP.
|14
A
cializadas na prestação de serviços voltados pa-
população brasileira, seguindo uma ten-
ra o público idoso.
dência mundial, vivencia o aumento na
As instituições de atendimento ao idoso vêm
quantidade de pessoas idosas e maior lon-
se tornando uma alternativa para as famílias que
gevidade. Atualmente, sabe-se que a população
ficam impossibilitadas de oferecer os cuidados
de idosos no Brasil aproxima-se de 28 milhões de que o idoso necessita. Para muitos, a decisão
de pessoas e que, em 2050, esse número chega- de institucionalizar um familiar idoso é muito difí-
rá a 64 milhões6. Essa perspectiva aponta para a cil, principalmente do ponto de vista emocional, e
necessidade de novas estratégias que garantam ocorre quando todos os recursos e habilidades se
para a população idosa maior qualidade de vida. esgotaram. Outros percebem a institucionalização
No Brasil, a Política Nacional do Idoso a de forma negativa, como um descaso e abandono
Política Nacional de Saúde do Idoso4 e o Estatuto com a transferência de responsabilidades e, não,
do Idoso3 são exemplos de ações que vêm sendo uma alternativa quando o cuidado requer uma es-
desenvolvidas no âmbito governamental para me- trutura física adaptada, profissionais habilitados e
lhoria da condição de vida da população idosa. assistência de maior complexidade, atendimento
Com o aumento de pessoas idosas nos este que fica limitado na residência familiar.
domicílios, aliado às famílias que permanecem A legislação sanitária define instituições de
grande parte do tempo ausentes devido a traba- atendimento ao idoso como: Instituição de Longa
lho e demais atribuições da vida moderna, apa- Permanência para Idosos (ILPI), Clínicas ou Resi-
recem as dificuldades por falta de pessoas que dências Geriátricas e os Centros de Convivência
possam apoiar no cotidiano do idoso. Nesse para Idosos.
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|16
|17
2. Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Le- Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil. Rio de
gislação do SUS / Conselho Nacional de Secretários de Janeiro: IBGE, 2005, 154 p.:il.
Saúde. - Brasília : CONASS, 2003. 604 p. 7. São Paulo. Lei n° 10.083, de 23 de setembro de 1998.
3. Brasil. Ministério da Saúde.Estatuto do Idoso / Ministé- Dispõe sobre o Código Sanitário do Estado de São Paulo.
rio da Saúde. 1. ed., 2.ª reimpr. Brasília: Ministério da Saú- 4ª. ed. atual. ampl., 2001 (Série Legislação Estadual).
de, 2003.70 p.: il. (Série E. Legislação de Saúde). 8. São Paulo. Portaria CVS Nº 04, 21 de março de 2011.
4. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM nº 1.395, de 10 Dispõe sobre o Sistema Estadual de Vigilância Sanitária
de dezembro de 1999. Aprova a Política Nacional de Saúde (SEVISA), define o Cadastro Estadual de Vigilância Sanitária
do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União, (CEVS) e os procedimentos administrativos a serem ado-
Poder Executivo, Brasília, DF, 13 dez. 1999. tados pelas equipes estaduais e municipais de vigilância
5. Brasil. Lei n°. 8.842/1994 - Dispõe sobre a política na- sanitária no estado de São Paulo e dá outras providências.
cional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá Retificação da Portaria CVS 4, de 21/03/2011, retificada
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 1994. em 31/03/2011 , 17/01/2013 e 24/10/2014. Republica-
6. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. do em 24 de outubro de 2014.
|18
Nara Palatini LuccasI, Fabio de Brito BragaII, Felipe CardimIII, Igor Wilson de SouzaIV,
João Vitor Alves dos SantosV, Oswaldo de Souza JuniorVI
Resumo Abstract
Com a elevada incidência de uso de drogas pelos jovens, o alto ín- Considering the elevated incidence of young people using drugs,
dice de diagnósticos de depressão e ansiedade e da mortalidade the high level of depression and anxiety diagnoses and child mor-
infantil na região de Pirituba/Perus constatados pela Supervisão tality in Pirituba/Perus region, stated by the region health supervi-
de Saúde da região, foi pensada uma forma de intervenção por sion, a way of intervention was thought, through actions targeted to
meio de ações destinadas ao público jovem que integrassem as the young public that integrate culture, education and health secre-
secretarias da saúde, educação e cultura, além da subprefeitura e taries, besides the community and the sub prefecture, in order to
a comunidade, para que o quadro de incidências negativas fosse revert this negative incidences situation. The approaches were car-
revertido. As abordagens feitas aos adolescentes foram realizadas ried out by a program called Health in School, which used educa-
por meio do Programa Saúde na Escola (PSE) em forma de pales- tional e motivational lectures, and a dance contest that reached a
tras educativas e motivacionais, além de um concurso de dança great number of students from public elementary and high school.
que alcançou grande número de alunos de escolas municipais e The project, which was considered a success by the participants,
estaduais de ensino fundamental e médio do bairro. O projeto foi generated results as a change in students’ behavior.
considerado um sucesso pelos participantes e gerou resultados
como a mudança no comportamento dos alunos. Keywords: Adolescent, Intersectoral action, Dance.
I
Nara Palatini Luccas (naraluccas@gmail.com) Formação em enfermagem IV
Igor Wilson de Souza (igorsts.wilson@gmail.com) Formação em Arte Edu-
com especialização em saúde pública com ênfase em programa de saúde cação e Dançarino Dançarino profissional e voluntário do Projeto SUSdance.
da família. V
João Vitor Alves dos Santos (jv.santos1985@uol.com.br) Formação em en-
II
Fabio de Brito Braga (fabiodebritobr@yahoo.com.br) Formação em medicina fermagem, especialização em saúde da família Enfermeiro de família da UBS
– titular em medicina de família e comunidade Médico de família da UBS Vila Caiuba.
Vila Caiuba. VI
Oswaldo de Souza Junior (ojhunior@hotmail.com) Formação em enferma-
III
Felipe Cardim (fecardim@gmail.com) Formação em enfermagem – especia- gem, especialização em saúde da família, Gerente da UBS Recanto dos Hu-
lização em saúde pública com ênfase em programa de saúde da família e mildes.
gerenciamento em saúde.Gerente da UBS/AMA Integrada Perus.
|19
A
aproximação da equipe aos jovens, foi promovido
partir da elaboração do PES (Planejamento
um concurso de dança de rua “break” entre to-
Estratégico Situacional) no ano de 2014,
das as escolas do bairro inscritas, que desenca-
através da Supervisão de Saúde de Piritu-
dou em um grande evento social, envolvendo as
ba/Perus, foram apontados importantes proble-
secretarias da saúde, educação, cultura, subpre-
mas de saúde e sociais na região de Perus, que
feitura e a comunidade, sendo conhecido como
são: elevada incidência do uso de substâncias
“SUSDance Perus”.
psicoativas pelos jovens, elevada incidência de
transtornos mentais (depressão e ansiedade), e
também da mortalidade infantil. Partindo desse Objetivos
cenário e sabendo da ligação direta e indireta O SUSDance teve por objetivo a conscien-
destes problemas com os adolescentes, surge a tização dos jovens, tendo em vista um trabalho
necessidade da criação de ações de intervenção intersecretarial (saúde, educação, cultura e sub-
para esse público. Assim, nos utilizamos do es- prefeitura), promovendo e incentivando um novo
paço do Programa Saúde na Escola (PSE), para estilo de vida com qualidade e saúde, com a re-
abordar os jovens de uma forma inovadora e lú- alização de palestras nas 14 escolas municipais
dica, com palestras educativas e dinâmicas mo- e estaduais, de ensinos fundamental II e médio,
tivacionais com os alunos das escolas do bairro, seguidas de um concurso de dança de rua entre
abordando os temas: liberdade, coragem, meio essas escolas do bairro de Perus.
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Resumo Abstract
A Jornada Participativa do SUS de Santo André é um projeto in- The Participative Journey of the Brazilian Unified Health System
tersetorial, criado em 2015, que reuniu diversas iniciativas para (SUS) of Santo André municipality is an intersectional project cre-
aprimorar o planejamento e desempenho das eleições dos 56 Con- ated in 2015 that brought together many initiatives to improve the
selhos Locais de Saúde (CLS). Esse projeto realizou uma avaliação planning and performance of the 56 Local Health Councils (CLS)
minuciosa das eleições de 2013, identificando as dificuldades e elections. This project conducted a minutely evaluation of the
falhas do seu percurso. Esse processo de análise envolveu uma 2013 elections, identifying the difficulties and failures of the pro-
avaliação da conjuntura política do país, que tem gerado um pro- cess. This review process involved an assessment of the political
gressivo desinteresse e descrédito da população nas instituições situation of the country, which has generated a progressive disin-
e nos partidos políticos, o que contribuiu para o esvaziamento dos terest and distrust of the population in institutions and political
Conselhos Locais. A Gestão Participativa em Santo André é um parties, which contributed to the emptying of the Local councils.
método de governo que requer constante avaliação e ousadia para The Participative Management process of Santo André is a method
escutar e dialogar com os diversos setores no acompanhamento of government that requires constant evaluation and daring to lis-
e transparência da gestão. O governo municipal de Santo André ten and to dialogue with the various sectors in the monitoring and
apoia o processo de Controle Social como eixo estruturante da management transparency process of planning. The municipal gov-
gestão e, nesse contexto, os Conselhos Locais são considerados ernment of Santo André supports social control as a main conduc-
uma das principais organizações em defesa do SUS na cidade. tive axis of management, and in this context, the Local Councils
are considered one of the leading organizations in defense of the
Palavras-chave: Eleição conselhos locais de saúde; Participação po- Unified Health System in the city.
pular; Gestão participativa.
Keywords: Local health councils elections; Popular participation;
Participative management.
I
Homero Nepomuceno Duarte (hnduarte@santoandre.sp.gov.br) é Médico, V
Lucio E. Pereira (lucioeliaspereira@gmail.com) é Assistente de Apoio a Ges-
Secretário Municipal de Saúde de Santo André. tão, Técnico administrativo do Núcleo Participação Popular da Secretaria de
II
Cristina M. Athayde (crisathayde@yahoo.com.br) é Assistente Social, forma- Saúde de Santo André.
da pela PUC-SP, com especialização em Saúde do Trabalhador pela FUABC e VI
Shirlei Ap. de Sena (shirleisena81@gmail.com) é formada em Recursos Hu-
Gestão Ambiental, Educação e Sociedade pela UNESP - Rio Claro, atualmente manos, Auxiliar de Escritório do Núcleo de Participação Popular da Secretaria
é Secretária Executiva do Conselho Municipal de Saúde de Santo André e de Saúde de Santo André.
Coordenadora do Núcleo de Participação Popular da Secretaria da Saúde. VII
Silvana Silva (silvanaapsilva@yahoo.com.br) é formada em Gestão Pública, As-
III
José C. Ferreira (efranelas@gmail.com) é formado em História, Oficial Ad- sistente Administrativo do Núcleo de Participação Popular da Secretaria de Saúde.
ministrativo do Núcleo de Participação Popular da Secretaria de Saúde de
Santo André.
IV
Karina A. Viana (karinaanselmo@hotmail.com.br) é graduanda em Ciências
Contábeis e Atuariais, Oficial Administrativo do Núcleo de Participação Popular.
|22
A
a coordenação dos Conselhos Locais de Saúde.
Cidade de Santo André está localizada na
A cidade conta hoje com 56 CLS atuando em
região metropolitana do estado de São
100% das Unidades de Saúde – considerados ferra-
Paulo, com uma população estimada para
menta fundamental de participação popular e con-
2015² de 710.210 habitantes.
trole social no âmbito do território e gestão do SUS.
A institucionalização do Conselho Municipal
O Núcleo de Participação Popular da Secre-
de Saúde (CMS) com poder deliberativo e a imple-
mentação dos Conselhos Locais de Saúde (CLS) taria de Saúde, a partir da avaliação da eleição
ocorreu em 1992. dos CLS ocorrida em 2013, identificou várias di-
Todavia, em 1993, por ato administrativo do ficuldades e falhas na organização do processo
Prefeito, o CMS perdeu seu poder deliberativo, eleitoral, que subsidiou a elaboração de um pla-
prerrogativa recuperada em 1997, após intensa nejamento com o objetivo de qualificar e tornar o
luta dos Movimentos de Saúde do Município. processo mais participativo.
O ano de 2015 foi marcante para a partici- Um quesito observado na organização da
pação popular do SUS na cidade. Após 23 anos eleição em 2013 foi a elaboração e execução do
da primeira lei do Controle Social da Saúde, o projeto de forma isolada pelo Núcleo de Participa-
Conselho Municipal aprovou a adequação de uma ção Popular, desconectado do conjunto da Secre-
nova legislação, nº 9698/2015, que ampliou a taria de Saúde, e demais atores sociais e Secre-
participação dos representantes dos Conselhos tarias Municipais.
Locais de Saúde na composição da conferência Outra questão analisada foi a precária mobi-
municipal e do Conselho Municipal de Saúde. Pe- lização e divulgação do processo da eleição para
la primeira vez a presidência e a mesa diretora do a população, sem suporte pedagógico, tendo sido
|23
estabelecido um único dia e horário de reuniões Foram estabelecidas como diretrizes: a ela-
de mobilização em todas as Unidades, impossibi- boração de material didático atrativo e identifi-
litando a participação da equipe de gestão da Se- cado com a população (gibi), a descentralização
cretaria de Saúde, considerada fundamental para das reuniões das unidades de saúde; a produção
o êxito da ação. de uma agenda de encontros com a população
Outra preocupação da equipe foi em relação por unidade, priorizando os recursos da comuni-
à conjuntura política do país, o progressivo desin- dade e envolvendo os diversos atores sociais do
teresse e descrédito da população nas institui- seu entorno.
ções, partidos políticos e governos. A Secretaria de Educação, os Agentes de
Ouvidoria Itinerante do SUS e a Secretaria de Or-
Diante do exposto, a Secretaria de Saúde de-
çamento e Planejamento Participativo contribuí-
cidiu inovar criando a Jornada Participativa do SUS.
ram com a mobilização das lideranças dos bair-
ros e articulação de espaços para reunião.
Objetivo Com intuito de aprimorar e impulsionar os
Na perspectiva de aprimorar o processo da trabalhos, foram realizadas pela Escola da Saúde
participação da comunidade, foram definidos os Eduardo Nakamura encontros de formação com
seguintes objetivos: diversos atores e gestores locais.
• tornar o processo eleitoral uma ação de
Estado, integrando diversas secretarias
Produto
da municipalidade e atores sociais não
Para dar subsídio às reuniões, foi utilizada
governamentais;
uma revista-gibi intitulada: Eleições dos Conse-
• ampliar o número de candidatos e da par-
lhos de Saúde. Saiba... Por quê? Para Quê? ³ A
ticipação da comunidade no pleito;
revista foca questões cotidianas das unidades de
• eleger maior número de candidatos com-
saúde e busca esclarecer a população sobre o
prometidos com o SUS;
papel do Conselho Local e a importância do cida-
• obter uma renovação de no mínimo 30%
dão nas políticas públicas de saúde.
de representantes, conforme Resolução
453 – CNS¹;
• eleger delegados para Etapa Municipal da
XV Conferência Nacional com participação
efetiva dos Conselheiros Locais de Saúde;
• ampliar o empoderamento dos CLS, a par-
tir do desenvolvimento do plano de traba-
lho de educação permanente para o con-
trole social nos territórios.
Metodologia
A proposta da Jornada Participativa do SUS
foi apresentada à Secretaria de Governo que in-
corporou a proposta e articulou a inclusão de ou-
tras Secretarias no planejamento e execução do
projeto. Revista Gibi – Material de mobilização.
|24
O lançamento da revista contou com a pre- A ação tinha como meta alcançar o número
sença majoritária de Agentes Comunitários de mínimo de seis candidatos usuários por unidade,
Saúde (ACS) e conselheiros locais. No encontro meta atingida em 82% das unidades, sendo que
foi apresentado um filme do gibi para instrumen- em sete delas candidataram-se de quatro a cinco
talizar o público no processo de mobilização das munícipes. Foram formalizadas 278 candidaturas
eleições. de usuários e votaram no pleito cerca de 6 mil
eleitores, que elegeram 220 conselheiros, com
O Conselho Municipal de Saúde, que trimes-
renovação expressiva de 79% de usuários.
tralmente edita o jornal “A Voz do Conselho de
Saúde”, produziu uma edição especial, divulgan-
do o processo da eleição.
O seu informativo sobre o Conselho Municipal de Saúde de Santo André Maio/2015 (ano 2—nº 4)
|25
foram consideradas pedagógicas, pois toda mu- participação popular, independentemente de mu-
dança apresenta resistência. danças, políticas e administrativas, é fundamen-
tal ampliar o empoderamento e protagonismo
dos conselheiros, a partir do desenvolvimento de
Considerações finais um plano de trabalho de Educação Permanente
As eleições dos CLS apresentam grande nos territórios.
tensionamento, interno e externo ao Governo Mu- Dilatar o campo de visão sobre a participa-
nicipal, com desdobramentos políticos na gestão ção social no SUS em cada espaço da gestão
do SUS e da cidade. continua sendo um desafio presente. No entan-
Apesar da conjuntura política recente, a re- to, entendemos que os desafios são criados para
novação qualitativa dos conselheiros pode ser re- ser superados com inovação.
lacionada ao planejamento, à metodologia esta-
belecida e à legitimidade do processo. A descen-
tralização das reuniões e a utilização de material Referências
didático ousado proposto pelo Conselho Munici- 1. Conselho Nacional de Saúde: Resolução 453, 10 de maio
pal foram destacadas pelos novos representan- de 2012, A Organização dos Conselhos de Saúde, inciso V.
2. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
tes e trabalhadores como instrumentos motiva-
[acesso em 15 janeiro de 2016]. Disponível em: http://cod.
dores da participação.
ibge.gov.br/4BW.
Considerando que os Conselhos Locais 3. Secretaria Municipal de Saúde. “Eleições dos Conselhos de
é uma das principais bases de sustentação da Saúde. Saiba... Por quê? Para Quê?” (Revista/Gibi distribuída
gestão participativa do SUS e, para garantir essa na mobilização da comunidade). Santo André, SP, 2015.
|26
Beatriz de Fátima PereiraI, André Luiz de Souza SilvaII, Cleber W. Fernandes PinheiroIII
Resumo Abstract
A epidemia de dengue no Brasil registrada nos últimos anos aler- The registered dengue epidemic in Brazil in the last years warned
tou os profissionais da área da saúde pública para o desenvolvi- public health professionals to develop more agile tools and eas-
mento de ferramentas mais ágeis e de fácil acesso para subsidiar ily accessible to subsidize the control and the flow of the disease
o controle e o fluxo de notificação da doença. Observou-se a ne- notification. It was observed the need of creating tools and meth-
cessidade da elaboração de ferramentas e metodologias que per- odologies that allow the professional obtaining the necessary infor-
mitam ao profissional obter as informações necessárias em tempo mation in coherent time to health assistance and epidemic control.
congruente para a assistência em saúde e controle da epidemia. This paper describes the experience of a pilot project implemented
O artigo descreve a experiência de um projeto piloto implementado in two basic health unities and an emergency car unity. After the
em duas Unidades Básicas de Saúde e uma Unidade de Pronto project succeed, the system was implemented in all public health
Atendimento. Após o êxito do projeto, o sistema foi instituído em unities of the municipality, allowing the patient monitoring and his
todas as unidades de saúde pública do município, permitindo que attending to be accessed in real time, at one website only, by all
o monitoramento do paciente e seus respectivos atendimentos the region health network.
fossem acessados, em tempo real, em um único site, por toda
rede de saúde da região. Keywords: Dengue; Information Centers; Health Information
Systems
Palavras-chave: Dengue; Centros de informação; Sistema de infor-
mação em saúde.
I
Beatriz de Fátima Pereira (beatriz.fatima@sjc.sp.gov.br) é especialista em III
Cleber W. Fernandes Pinheiro é Analista de Sistemas III, Secretaria Muni-
Informática em Saúde, Secretaria Municipal de Saúde – Divisão de Tecnologia cipal de Saúde – Divisão de Tecnologia Informação - Pref. Municipal de São
Informação - Pref. Municipal de São José dos Campos. José dos Campos.
II
André Luiz de Souza Silva é Analista de Sistema II, Secretaria Municipal de
Saúde – Divisão de Tecnologia Informação - Pref. Municipal de São José dos
Campos.
|27
N
vos de Notificação (SINAN2) estar disponível na
os anos de 2014 a 2015 a epidemia de
web, a maioria dos municípios brasileiros ainda
dengue no Brasil coloca em cheque as fer-
centralizam a digitação desses dados em seus
ramentas de controle e fluxo de notifica-
núcleos de Vigilância Epidemiológica. O modelo
ção da doença.
de notificações centralizadas nos núcleos de Vi-
“O Brasil fechou 2015 com o registro de gilância Epidemiológica dos municípios não per-
1.649.008 casos prováveis de dengue, nú- mite a agilidade da informação, pois as mesmas
mero 178% maior do que o de 2014. Os da- são tramitadas em fichas preenchidas em pa-
dos são do Boletim Epidemiológico do Minis- pel. Outro problema originado por esse modelo
tério da Saúde de 2015, publicado hoje (15). é a necessidade de contratação de mão de obra
O documento também indica que, no período, para a entrada do dado nos núcleos de Vigilân-
foram confirmadas 843 mortes pela doença. cia. Esse modelo impacta no tempo em que a
Em 2014, foram 473 mortes. informação leva para chegar às áreas que pro-
Em São Paulo, Estado com maior número ab- movem o combate ao vetor e a assistência ao
soluto de casos, o salto foi de 226.866 (2014) paciente: Centro de Controle do Zoonozes (CCZ),
para 733.490 (2015). Goiás foi o Estado com Núcleo de Vigilância Epidemiológica (VE), Unida-
a maior proporção de pessoas com dengue: des Básicas de Saúde (UBS) e outras unidades
2,5 mil casos por 100 mil habitantes. Em se- de Urgência e Emergência.
guida, São Paulo, com 1.665, e Pernambuco, Diante desse cenário, fez-se necessário
com 1.107” (A Leal 1) criar ferramentas e adotar metodologias que
|28
|29
• É feito um relacionamento entre o bairro restritivo ao mais amplo, com base nas
informado na ficha com a respectiva área informações constantes na ficha.
de abrangência de cada UBS do Município. O único processo manual é a exportação do
• Pacientes com idade menores que cinco arquivo do SINAN e o envio do mesmo para o
anos, gestantes e idosos maiores com servidor. Isso se deve ao fato do sistema SINAN
idade maior do que 60 anos recebem não estar preparado para interoperabilidade com
outros sistemas. Todo o restante do processo é
uma classificação de risco mais elevada
feito de forma automatizada pelo servidor.
dentro do sistema. Essa regra foi previa-
mente estabelecida pela Vigilância Epide-
Fase 3 – Treinamento, implantação e piloto
miológica do Município.
Após o término do desenvolvimento o sis-
• Com base nas informações de logradou- tema foi implantado experimentalmente em
ro, número da residência, bairro e municí- 2 unidades básicas e uma unidade de pronto
pio de residência do paciente, é feito uma atendimento. Após os ajustes do piloto, os pro-
busca da latitude e longitude para poste- fissionais da rede foram treinados e o sistema
rior utilização no mapa georreferenciado. implantado em todas as unidades de saúde pú-
A exatidão do posicionamento vai do mais blicas do município.
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|31
|32
|33
Resumo Abstract
A Judicialização também atinge as Políticas Públicas de Saúde The Judicialization also affects the Mental Health Public Policy. This
Mental. Este estudo busca refletir sobre o processo de desins- study aimed to reflect on the process deinstitutionalization and
titucionalização e inserção da judicialização na Saúde Mental, insertion of judicialization in Mental Health, through the analysis
por meio da análise de internações compulsórias em desfavor do of compulsory hospitalization in disfavor of Ourinhos-SP in 2014
município de Ourinhos-SP, em 2014 e 2015. Das 83 internações, and 2015. Of the 83 hospitalization, 92.8% were with preliminary
92,8% foram com antecipação de tutela (68 pacientes e 15 rein- injunction (68 patients and 15 readmissions), obtaining 98.8% ap-
ternações), obtendo 98,8% deferimentos. Em 72,1% das limina- provals. In 72.1% of the injunctions does not present age of the
res não se apresentava idade dos pacientes, mas a maioria era patients, but most were men between 31 and 59 years old. 86.7%
homens entre 31 a 59 anos. A dependência química constou co- of the cases were drug addiction. Health and Judicial follow parallel
mo 86,7% das motivações para internação. Saúde e Judiciário se- paths, intends to meet citizens in their constitutional rights differ-
guem caminhos paralelos, propõem-se a atender o cidadão em ently, if not controversial. When the court says yes to the request
seus direitos constitucionais de maneira distinta, para não dizer of some hospitalization, may delay the possibility of reflection on
controversas. Quando o judiciário diz sim à solicitação de algu- the process of mental illness and consequent role that could result
mas internações, pode retardar a possibilidade de reflexão sobre from this empowerment.
o processo do adoecer psíquico e consequente protagonismo que
poderia advir desse empoderamento. Keywords: Compulsory hospitalization; Judicialization; Mental health.
I
Maurício Massayuki Nambu (far.sms.ourinhos@gmail.com) é Farmacêutico II
Rita de Cássia Rosa Calegaro (rita.calegaro@uol.com.br) é Psicóloga pela
pela Universidade Estadual de Londrina-PR, Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de São Paulo – UNESP/Assis, Especialista em Psicolo-
Faculdade de Odontologia de Piracicaba-FOP/UNICAMP, Especialista em Saúde gia e Saúde Pública pela UNESP, Especialista em Psicopedagogia pela Faculda-
Pública pela FANORPI e em Assistência Farmacêutica pela UNAERP/Ministério de Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Jacarezinho-PR e Especialização
da Saúde, professor dos cursos de Farmácia e Enfermagem das Faculdades em Desenvolvimento Gerencial e Recursos Humanos pela Faculdade Estácio
Integradas de Ourinhos e Farmacêutico da Prefeitura Municipal de Ourinhos. de Sá de Ourinhos-SP e Psicológa da Prefeitura Municipal de Ourinhos.
|34
A
do município de Ourinhos-SP, quanto às interna-
Judicialização da Saúde continua sendo
ções compulsórias.
uma das grandes preocupações no âmbi-
to da rede pública de saúde. A inquietu-
de vivida pelos órgãos e instituições emerge na Metodologia
preocupação dos profissionais em poder melhor Foi realizado um estudo transversal descriti-
auxiliar na condução desse processo, com olhar vo no município de Ourinhos-SP, sendo coletadas
para o serviço e cuidado aos usuários. As Políti- informações em ações judiciais na área de Saúde
cas Públicas de Saúde Mental também estão in- Mental da Secretaria Municipal de Saúde, entre
seridas nesse contexto, mais notadamente após janeiro de 2014 e dezembro de 2015, onde o mu-
a política de desinstitucionalização, confirmada nicípio constasse como polo passivo da ação, de
com a promulgação da Lei nº 10.216, de 2001.3 modo individual ou em conjunto. Foram excluídas
Portanto, a obtenção de dados na área, mais liminares onde as internações compulsórias não
especificamente das internações compulsórias, estivessem presentes. Os dados foram analisa-
mostra-se fator relevante para reflexão sobre as dos utilizando-se números absolutos e porcentu-
Políticas Públicas de Saúde Mental e o processo ais, através do programa Microsoft Excel®.
de Judicialização das Políticas Públicas de Saúde
junto aos municípios, buscando refletir sobre o Resultados e Discussão
processo desinstitucionalização e da judicializa- Das 83 internações compulsórias impetra-
ção das Políticas Públicas de Saúde Mental, por das contra a Secretaria Municipal de Saúde de
|35
Ourinhos no período estudado, 92,8% foram com acionada, seu envolvimento deu-se quase na to-
antecipação de tutela, direcionadas a 68 pacien- talidade. Do total de internações compulsórias a
tes e 15 reinternações, sendo 86,8% (59) desses dependência química mostrava-se em pelo me-
pacientes do sexo masculino e 13,2% (9) femini- nos 86,7% das citações como fator motivacional
no. Em 72,1% das documentações não consta- (Figura 3). A maioria das liminares não especifi-
vam a idade dos pacientes, mas a faixa etária de cava prazo para seu cumprimento (75,9%), mas,
maior incidência foi de 31 anos a 59 anos (13,2%), onde essa informação estava presente, a maioria
sendo que mais de 50% (55,4%) dos requerentes citava um prazo de dez dias (15,7%). As decisões
foram os genitores dos mesmos (Figura 1). O pa- são de 98,8% de deferimentos e apenas um in-
ciente consta como polo passivo em 100% (83) deferimento, sendo que, das liminares favoráveis
das liminares, o município em 97,6% (81) e o Es- ao requerente, 54,2% foram obtidas após solici-
tado em 62,7% (52) (Figura 2). Em quase todos tação de perícia médica e 38,6% com ou sem
os casos os requerentes são terceiros utilizando perícia médica na petição inicial. Na maioria das
a prerrogativa da internação involuntária, por isso liminares não se estabelece período mínimo de
100% dos pacientes figuram como requeridos. O internação (74,7%), mas, onde essa informação
Estado é citado como polo passivo em 62,7% das estava presente, a maioria encontrava-se entre
liminares, mas, como a central de vagas deve ser 15 dias e 90 dias.
Figura 1. Distribuição dos requerentes no total de ações judiciais com solicitação de internação com-
pulsória direcionadas ao município de Ourinhos-SP entre 2014 e 2015, em porcentagem (%).
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Ourinhos-SP
|36
Figura 2. Informações sobre os requeridos no total de ações judiciais com solicitação de internação
compulsória direcionadas ao município de Ourinhos-SP entre 2014 e 2015.
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Ourinhos-SP
Figura 3. Diagnósticos citados no total de ações judiciais com solicitação de internação compulsória
direcionadas ao município de Ourinhos-SP entre 2014 e 2015, em porcentagem (%).
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Ourinhos-SP
|37
|38
Resumo Abstract
O projeto “Uma Dose de Atenção” foi criado a partir das experiên- The project “A dose of attention” was created from the experiences
cias no atendimento realizado aos usuários do serviço de saúde of attending users of mental health service, which since 2013 is
mental, que desde 2013 é realizado dentro da UBS. Pensando em performed in Basic Health Unities (BHU). Thinking of humanizing
humanizar o atendimento e com o objetivo de ajudar esses usuá- the attending and aiming to help these users and their families in
rios e famílias no uso diário das medicações. Esse trabalho vem the daily use of medication. This paper has been developed since
sendo construído e realizado desde então por meio de um convite October, 2013, from an invitation to nursing appointment, or visit
para a consulta de enfermagem, ou visita realizada ao usuário, to the user, in which it is offered help to organize their medications,
making, therefore, a customized box from recyclable materials ac-
onde é oferecida ajuda para organizar suas medicações, realizan-
cording to each one needs. This box is fulfilled every 5, 7 or 15
do assim uma caixa personalizada a partir de material reciclado
days, or even monthly. In special cases, the user receives daily
de acordo com a necessidade de cada um; sendo reabastecida a
the medications in the BHU. This experience also looks for the cor-
cada 5, 7 ou 15 dias, e até mensalmente; e em casos especiais o
rect usage of medications, decrease its abusive usage, and make
usuário recebe diariamente as medicações na própria UBS. A ex-
stronger the link in health service and families, assuring, therefore,
periência objetiva também o uso correto das medicações, diminuir a human assistance e quality in basic attention.
o seu uso abusivo, fortalecimento de vínculos no serviço de saúde
e na família, assegurando assim uma assistência com humaniza- Keywords: Humanization; Attention; Medication.
ção e qualidade na atenção básica.
Palavras-chave: Humanização; Atenção; Medicações.
I
Fernanda Doretto André (ferdoretto@hotmail.com) é Enfermeira graduada
pela Universidade de Marília-Unimar, pós-graduada em formação didático-pe-
dagógica, pela Universidade do Vale do Ivaí, Enfermeira Assistencial da aten-
ção básica na unidade de saúde Lauro Borges do município de Lucianópolis.
|39
E
no tratamento.
m 2013, o município conseguiu a contrata-
ção de um profissional médico psiquiatra
para compor a equipe de saúde mental e Justificativa
realizar o atendimento dentro da unidade básica Considerando vários fatores dentro da reali-
de saúde, foi nesse momento, com a realização dade do município, entre eles o nível de escolari-
das consultas dentro da unidade básica e com dade da população idosa, o número de usuários
essa proximidade entre o usuário, o médico e a que moram sozinhos, as famílias com problemas
equipe de enfermagem, que foram observadas de vínculos afetivos, o número de usuários enca-
as dificuldades dos usuários com o uso das suas minhados para a especialidade de psiquiatria e a
crescente saída de medicações controladas da
medicações, bem como a falta de adesão ao tra-
farmácia da unidade, foi preciso buscar, algum
tamento e queixas de efeitos medicamentosos.
indício que acarretava esse processo. Foi nesse
A partir desse problema surgiu a ideia do proje-
momento que percebemos como os usuários se
to “Uma Dose de Atenção”, procurando buscar
atrapalhavam, confundiam ou faziam uso abu-
as dificuldades individuais e através da perso- sivo das medicações, ou por falta de entender
nalização e confecção de caixas organizadoras as prescrições médicas, ou por falta de leitura,
fracionar as doses das medicações de acordo ou por existir caixas e rótulos idênticos de algu-
com a necessidade de cada usuário, proporcio- mas medicações, ou pelo fato do volume eleva-
nando assim o uso correto das medicações e do de medicações ao dia. Por isso alguma coisa
|40
precisava ser feita imediatamente. Além da es- desses usuários e se conhecia a urgência das
cuta qualificada e individualizada, cada usuário ações a serem implementadas.
apresentava uma dificuldade e necessidade dife- O usuário é convidado para uma consulta de
rente, por isso as ações em saúde precisavam enfermagem e orientado para que nesta consulta
ser imediatas. Foi assim que a ideia “Uma Dose ele traga consigo todas as medicações que pos-
de Atenção” materializou-se, consistindo na con- sui em casa; aproveitando, solicita-se todos os
fecção de caixas personalizadas de acordo com a documentos e receitas de saúde que a pessoa
dificuldade e necessidade de cada usuário, para possui, assim é possível também organizar seu
que ele possa ter mais facilidade em fazer uso da retorno médico e verificar se está comparecendo
medicação diariamente. corretamente aos agendamentos da saúde.
A caixa é montada de acordo com a neces-
sidade de cada usuário, algumas com doses de
Objetivo
segunda a sexta, com retornos de 5 em 5 dias
Geral: proporcionar qualidade de vida e as-
para reabastecimento; outros, a cada sete dias,
sistência de saúde digna, respeitando e aplican-
quinze dias, chegando até ser mensalmente, ou
do todos os princípios norteadores do SUS aos
com uso diário na unidade.
usuários.
Para encapar as caixas e os frascos reuti-
Específicos:
lizados, o material também é reciclado, sobras
a) proporcionar condições para que o usuá-
de E.V.A. papel sulfite, papel adesivo de outros
rio realize o tratamento corretamente;
departamentos da saúde e de outras campanhas
b) promover o fortalecimento do usuário
realizadas anteriormente tornam-se material de
com a família e com a unidade de saúde;
trabalho.
c) prevenção de agravos de saúde;
d) atenção individualizada e humanizada;
e) devolver esse usuário ao convívio da Resultados / Produtos
comunidade; O Projeto Uma Dose de Atenção tem supera-
f) evitar o desperdício e o uso incorreto dos do as expectativas, pois toda a equipe de saúde
medicamentos. começou a se envolver com o projeto, trazendo
materiais para ser reutilizados na confecção das
caixas. Ocorreu o fortalecimento de vínculos entre
Metodologia
o usuário e família, entre os usuários e a unidade
A ideia para se materializar precisava de al-
de saúde, o que significou adesão ao tratamento
guns recursos financeiros e, como esses seguem
e, agora, melhora do quadro da sintomatologia
fluxos e normas levam algum tempo para se ma-
dos pacientes atendidos, melhora do relaciona-
terializar, a solução encontrada veio da sustenta-
mento do usuário com sua família, fortalecimento
bilidade, que consistiu em reaproveitar o que ia
de vínculo com o usuário e a unidade de saúde,
para o lixo, como as caixas de papelão da farmá-
além de acabar com o desperdício de medicação.
cia, os frascos vazios de fitas de glicemia e o que
havia disponível na unidade para improvisar co-
mo os frascos novos coletores e criar, assim, as Considerações finais
caixas personalizadas de medicação, porque já A partir da execução do projeto foram obser-
era de conhecimento os problemas e dificuldades vadas facilidades que consistiram no poder de
|41
Acredito que “Uma Dose de Atenção” tem uso de medicamentos entre os idosos: uma revisão. Cad.
conquistado mais espaço a cada dia e vai propor- Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p.717-724, maio/
cionar ajuda a muitos usuários e suas famílias. jun., 2003.
|42
Rosemeire CastanhaI
Resumo Abstract
Historicamente, Franco da Rocha é conhecido pelo seu centenário Historically, Franco da Rocha, a Brazilian municipality, is known for
Complexo Hospitalar Psiquiátrico Juquery, uma das mais antigas e its centennial Psychiatric Hospital Complex, named Juquery, one of
maiores colônias psiquiátricas do Brasil, bem como suas unidades the biggest and oldest Brazilian psychiatric colons, as well as it pri-
prisionais. Com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde sional unities. With the national policy of full attention to the health
das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional e a inci- of people who are in prisional system and the incidence of people
dência de pessoas vivendo com o HIV e outras infecções sexual- living with HIV and other sexually transmitted infections, govern-
mente transmissíveis, ações governamentais foram desenvolvidas mental actions were developed aiming primarily meet these people
visando prioritariamente a atender às peculiaridades dessas pes- peculiarities and the epidemiologic profile of the prisional unity, as
soas e ao perfil epidemiológico da unidade prisional e do território well as the place where they are located, contemplating preven-
onde elas se encontram, contemplando ações de prevenção, pro- tion actions, health care and promotion, preconized in the basic
moção e cuidado em saúde, preconizadas na Política Nacional de attention national policy, present in the national relation of action
Atenção Básica (PNAB), constantes na Relação Nacional de Ações and health services, in the Brazilian Health Unique System scope.
e Serviços de Saúde (RENASES), no âmbito do SUS. Nesse sen- That said, this intervention Project aimed to create an action plan
tido, esse projeto de intervenção teve a intenção de elaborar um to organize the population attendance in the infectology outpatient
plano de ação para organizar o atendimento a essa população no in Franco da Rocha municipality, aiming the qualification of profes-
ambulatório de infectologia do município de Franco da Rocha, ten- sionals for a friendly attendance, prejudice and stigma free, mak-
do como objetivo a capacitação dos profissionais no atendimento ing educational actions that contribute to care, and, therefore, to
acolhedor, livre de preconceitos e estigmas, realizando ações edu- the reduction of health grievance of sentenced people.
cativas que contribuam para entrega do cuidado e, assim, para
redução de agravos a saúde dos sentenciados. Keywords: User embracement; Prison; HIV.
I
Rosemeire Castanha (rosemeirecastanha@hotmail.com) é especialista em
Educação Permanente em Saúde pela UFRGS-RS, especialista em Micropolí-
tica da Gestão e Trabalho em Saúde pela UFF-RJ, gestora do CTA SAE Franco
da Rocha e integrante do grupo técnico saúde prisional de Franco da Rocha-SP.
|43
F
município dormitório.
ranco da Rocha, município da grande
A cidade é marcada por locais históricos,
São Paulo, tem uma população estimada
sendo o mais conhecido o Complexo Hospitalar
143.817 habitantes1. Até o século 19, era
Juquery, projeto do arquiteto Ramos de Azevedo
uma região que servia de caminho para os ban-
de 1885, inaugurado em 1898, a princípio deno-
deirantes ou todos aqueles que se dirigiam ao
minado Colônia Agrícola do Juquery. Em 1886, o
Estado de Minas Gerais. Nessa época, tratava-
doutor Francisco Franco da Rocha, a serviço do
-se de um lugarejo, que era conhecido pelos tro-
Governo do Estado, passa a administrar o maior
peiros como Parada do Feijão, onde a tropa que hospital psiquiátrico do Brasil e da América Lati-
transportava gados e mercadorias fazia suas re- na, onde recebia demandas de várias cidades,
feições2. Hoje, o acesso ao município se dá atra- dado o aumento da procura por famílias de/e
vés das rodovias: SP-332 Rodovia Tancredo Ne- portadores de doença mental. A importância do
ves, SP-023 Estrada do Governo, SP-354 Rodo- hospital é tanta que a cidade leva o nome do seu
via Edgar Máximo Zamboto, SP-348 Rodovia dos fundador, o médico Francisco Franco da Rocha2.
Bandeirantes, que cruza o território de Franco da O Parque Estadual do Juquery recebe esse
Rocha, porém sem acesso direto à cidade. Trem nome devido à grande ocorrência de uma planta
CPTM, linha 7 Rubi, com parada nas estações que os índios encontravam as margens dos rios
Franco da Rocha, Baltazar Fidelis, malha viária da região, a qual chamavam de yu-kery. Dessa
e férrea de grande importância econômica para planta os índios extraiam sal, que servia como
o país. A população, em sua maioria, trabalha e condimento para temperar os alimentos. Também
|44
conhecida como dorme-maria, a yu-kery, ao ser pesquisa de campo chamado “HIV e Sífilis no Sis-
tocada, fecha suas folhas, abrindo-as novamen- tema Prisional Feminino do Estado de São Paulo” 4
te após algum tempo. Rico em vegetação nati- e vi nesse convite a oportunidade de conhecer
va, o parque sofre com as queimadas criminosas internamente uma unidade prisional.
sazonais2. Em outubro de 2012, após treinamento so-
A cidade apresenta sete unidades prisio- bre a oferta do teste rápido para HIV e Sífilis e
nais e um centro de atendimento socioeducativo questões de segurança dentro da unidade, come-
ao adolescente, com uma população carcerária çamos a executar as atividades.
Um misto de angústia, ansiedade e curio-
flutuante estimada atualmente em 9.892 pacien-
sidade invadia meus pensamentos a cada pas-
tes, acompanhados de seus familiares, que esta-
so que dava ao adentrar aquele âmbito com a
belecem moradia no município durante a perma-
equipe de saúde, o cheiro adocicado misturado
nência do reeducando no sistema prisional3.
com ambiente fechado característico do local e o
Na década de 1980, os internos do Juquery
som daquelas portas de ferro nas costas foram
circulavam livremente pelo centro da cidade, eram
experiências únicas e marcantes. A cada ala que
identificados pelas roupas privativas que tinham
atuávamos era uma surpresa única, raios deco-
carimbo característico do serviço e uma sacola
rados, bem-cuidados, ambiente organizado pelas
envelope onde carregavam seus pertences. Era
próprias sentenciadas, demonstrando que mes-
comum abordarem a população na rua para pedir
mo reclusa havia uma hierarquia organizacional
cigarro, café, pilha para o “radinho”, revistas. Aos
com disciplina.
domingos, na missa, eles estavam presentes, ocu-
Fomos bem-recebidas, para elas, nossa
pavam os bancos da frente, os primeiros a chegar
presença representava uma oportunidade de se-
e os últimos a sair, não incomodavam ninguém,
rem ouvidas pela equipe de saúde, as queixas
às vezes um ou outro apresentava crises convul-
eram diversas, das mais simples às mais com-
sivas. O padre, pacientemente, interrompia a cele- plexas, mas, seguindo orientações do diretor de
bração e os ministros davam suporte ao interno, disciplina, não podíamos dar explicações, apenas
sem tocá-los, e, depois de passado aquele mo- direcioná-las a procurar o serviço de saúde da
mento, eles voltavam ao banco tranquilamente e unidade.
o padre prosseguia. Convivi com esse cenário dos Ao encerrar as atividades de pesquisa, pro-
meus 8 aos 12 anos, e observava atentamente curei a diretora da unidade prisional para enten-
cada um daqueles internos, esperando ansiosa- der as questões de saúde daquela população e
mente o momento da crise que me envolvia com fui esclarecida quanto ao fluxo de atendimento.
um sentimento de respeito, curiosidade e compai- Os indivíduos privados de liberdade, ao
xão por aquelas pessoas. Através da comunidade aguardarem sentença como presos preventivos
me aproximei deles, fazendo algumas amizades ou cumprindo suas penas, têm somente sua li-
que me marcam até os dias de hoje. berdade limitada, ficando sob a custódia do Esta-
Apesar das negativas que a imprensa divul- do, que assume a titularidade de responsabilida-
ga, Franco da Rocha não difere de outras cida- de de obrigações pela geração e manutenção da
des, tem seus problemas, mas também tem uma saúde, assim como a garantia de acesso a todos
linda história. os outros direitos que lhes são reservados (edu-
Exercendo atividades na unidade especia- cação, trabalho, bem-estar, inclusão social). Não
lizada em atendimento a DST/aids/Hepatites Vi- há dúvida de que essas pessoas precisam ser
rais, recebi um convite para participar de uma responsabilizadas por terem descumprido a lei,
|45
porém, o Estado também tem de cumprir a Cons- civil em considerar a saúde como um direito do
tituição e garantir, nas prisões, a universalização indivíduo privado de liberdade8, 10, 11.
da saúde e dos direitos fundamentais5, 6. Tendo em vista que as pessoas privadas de
A nova Política Nacional de Atenção Integral liberdade têm seus direitos à saúde como dispos-
à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no to nas legislações que os regulamentam, esse
Sistema Prisional tem como desafio a concretiza- projeto de intervenção mostra-se necessário para
ção do SUS constitucional no contexto do cárce-
a organização do fluxo de atendimento na rede
re, incluindo equidade e qualidade a essa grande
de saúde especializada, proporcionando atendi-
população no acesso às redes do SUS. Conhecer
mento humanizado pelos profissionais de saúde
a legislação pertinente ao assunto, compreender
conforme as políticas em vigor.
suas implicações e aplicá-las no cotidiano, na
realidade dos territórios, são os grandes desafios
dos gestores5, 6, 7.
2. Descrição do problema
As precárias condições de trabalho e o jul-
Organizar um fluxo de atendimento a pessoas
gamento moral sobre a conduta do preso indicam
uma recusa em reconhecer a legitimidade de seu privadas de liberdade no ambulatório de Infecto-
direito à saúde. Ainda que as leis brasileiras afir- logia do município de Franco da Rocha- SP
mem saúde como direito de todos e dever do Es-
tado, constata-se a não realização desse direito
tanto para as pessoas presas como para os pro- 3. Objetivos
fissionais que atuam no presídio7, 8, 9.
No sistema penitenciário brasileiro são bem 3.1 Objetivo geral
conhecidas as situações de superlotação, condi- Realizar atendimento à população prisional,
ções sanitárias rudimentares, alimentação insufi- respeitando os preceitos dos direitos humanos e
ciente, ausência de assistência médica, jurídica, de cidadania por meio de ações de saúde emba-
educacional e profissional. Tem-se, ainda, cons- sadas nos princípios e nas diretrizes do Sistema
tante violência entre os presos e entre esses e Único de Saúde (SUS).
o Estado, representado por policiais e agentes
penitenciários8, 9. 3.2 Objetivo específico
Há no sistema prisional riscos ligados à Oferecer à população prisional atenção es-
integridade física, à falta de infraestrutura e às pecializada em IST/aids/Hepatites Virais;
doenças infectocontagiosas, além de uma desva Contribuir para o controle e redução dos
lorização do preso e de suas queixas apresen-
agravos à saúde da população carcerária;
tadas inicialmente aos agentes penitenciários.
Capacitar as equipes de saúde das unida-
Esses fazem uma avaliação informal do caso e
des prisionais para realização de um atendimento
decidem, sem conhecimento de causa, apoiados
acolhedor e humanizado para realização do teste
em critérios pessoais, encaminhar ou não o pre-
so ao serviço médico, resultando em um descon- rápido de diagnóstico para HIV, teste de triagem
trole do acesso aos serviços de saúde. O enca- para Sífilis, Hepatites B e C, com acolhimento e
minhamento ou a produção de ações de saúde aconselhamento;
hierarquizadas e focadas na doença indica a re- Implementar ações educativas à população
sistência por parte dos agentes penitenciários, em geral, com ênfase na saúde da população
da administração penitenciária e da sociedade prisional.
|46
|47
|48
vendo com HIV/aids e o atendimento no mesmo em Prefeitura Municipal de Franco da Rocha: http://www.
dimento acolhedor, sem estigmas e preconceitos. 8. MARTINS, E. L., MARTINS, L. G., SILVEIRA, A. M., & ME-
LO, E. M. (2014). O contraditório direito à saúde de pessoas
A população em geral vem sendo esclareci-
em privação de liberdade: o caso de uma unidade prisional
da pelos profissionais do ambulatório sobre os
de Minas Gerais. Saude e Sociedade, 23(4), 1222-1234
direitos e deveres enquanto usuário do SUS e a
9. ADORNO, S., & NANCY, C. (2012). 5º Relatório Nacional
PNAISP. sobre os direitos Humanos no Brasil 2001-2010. Acesso em
A rede de atenção em saúde vem se ade- 25 de Abril de 2015, disponível em Núcleo de Estudos da
quando para prestar atendimento à população Viôlencia: http://www.nevusp.org/downloads/down265.pdf
privada de liberdade. 10. Silva, A. C., Nazario, N. O., & Lima, D. C. (s.d.). Atenção à
Com o Grupo de Convivência com os pa- saúde do homem privado de liberdade. Fonte: Universidade
cientes, foi observada a necessidade de oferecer Federal de Santa Catarina: www.unasus.ufsc.br
mais integração entre os pares. Os mesmos ma- 11. UFSC. (2015). Doenças prevalente entre homens pri-
vados de liberdade. Atenção a saúde do homem Privado de
nifestaram o desejo de realizar grupo de visitas
Liberdade, pp. 35-38.
ao sistema prisional para motivá-los na adesão
12. UNODC. (2012). ESCRITÓRIO DAS NAÇÕES UNIDAS SO-
ao tratamento e aos cuidados na prevenção.
BRE DROGAS E CRIME. Guia sobre gênero, HIV/Aids, coinfec-
Sendo um projeto de intervenção, os objeti-
ções no Sistema Prisional. Brasília. Fonte: Guia sobre gêne-
vos alcançados apontam para ações contínuas, ro, HIV/Aids, coinfecções no Sistema Prisional
pois tanto a população carcerária quanto os pro- 13. QUEIROZ, C. A. (Julho de 2014). Riscos para vírus da
fissionais de saúde que atuam nas unidades pri- imunodeficiência. Revista de Enfermagem da UFPE, 8, pp.
sionais são flutuantes. p. 2375-81,
|49
Resumo Abstract
Com o objetivo de incentivar, apoiar e proteger o aleitamento ma- In order to encourage, support and protect breastfeeding in this
terno no município, foi estabelecida a parceria entre as Secreta- city, it was established a partnership between the Departments
rias de Saúde e de Educação – o Mama Nenê na Creche, ressaltan- of Health and Education – Mama Nenê na Creche, emphasizing
do a importância de as creches serem parceiras para favorecer o the importance of child care centers being partners to promote
aleitamento materno. As 21 creches com berçário do município de breastfeeding. The 21 child care centers with baby nursery from
Americana foram capacitadas entre setembro de 2013 e novem- Americana were enabled between September/2013 and Novem-
bro de 2014. A proposta teve duas etapas: capacitação da equipe ber/2014. The proposal had two phases: training the support staff
de apoio (150 funcionários) e, em seguida, do corpo docente (320 (150 employees) and, then, the teaching staff (320 employees),
funcionários), abordando: benefícios da amamentação; incentivo considering: benefits of breastfeeding; incentives to mother going
para a mãe ir à creche amamentar e, ou, trazer seu leite ordenha- to daycare center to suckle and/or bringing her expressed milk;
do; e maus hábitos orais. Não é possível considerar como finaliza- and bad oral habits. The implementation of Mama Nenê na Creche
da a implementação do Mama Nenê na Creche em Americana, em in Americana cannot be considered as completed, due to turnover
virtude da rotatividade e, ou, ingresso de profissionais nas diver- and/or professional ingress in several educational institutions,
sas instituições educacionais, o que requer revisão permanente which creates the need of a permanent guidelines review and im-
de diretrizes e aperfeiçoamento das ações implementadas. provement of implemented actions.
Palavras-chave: Aleitamento materno; Parceria; Creche. Keywords: Breastfeeding; Partnership; Child day care centers.
I
Graciele Coral Fonseca Michelani (mamaenene@saudeamericana.com.br) é III
Aline Marcelino da Silva (mamaenene@saudeamericana.com.br) é Enfermei-
Fonoaudióloga, especialista em Disfagia e Linguagem. Atua como fonoaudió- ra especialista em Gestão e Enfermagem. Atua como enfermeira do Programa
loga do Programa Mamãe Nenê e do Projeto Mama Nenê na Creche da Secre- Mamãe Nenê da Secretaria Municipal de Saúde de Americana.
taria Municipal de Saúde de Americana. IV
Sandra Regina Possobon (mamaenene@saudeamericana.com.br) é
II
Maria Aparecida Mori Chen (mamaenene@saudeamericana.com.br) é Fonoaudióloga. Atua como coordenadora do Programa Mamãe Nenê da
Enfermeira especialista em Saúde da Família e licenciada em Enfermagem. Secretaria Municipal de Saúde de Americana.
Atua como enfermeira do Programa Mamãe Nenê e do Projeto Mama Nenê na
Creche da Secretaria Municipal de Saúde de Americana.
|50
A
o crescimento e o desenvolvimento neuropsico-
Organização Mundial de Saúde (OMS) e o
motor, emocional e social. Ajuda na rápida recu-
Ministério da Saúde (MS) recomendam o
peração em casos de doenças, protege o bebê
aleitamento materno exclusivo, devendo
contra diabetes e câncer na infância, possibilita
ser a única fonte de hidratação e alimentação
melhor resposta vacinal, diminui o risco de pro-
nos primeiros seis meses de vida e complemen-
blemas ortodônticos e fonoaudiológicos associa-
tado gradualmente, com alimentação saudável
dos ao uso de outros bicos (mamadeiras e, ou,
até dois anos6. chupetas) e até melhor desempenho em testes
A amamentação exclusiva nos seis primeiros de inteligência1.
meses de vida é fundamental para a saúde e o A amamentação traz também benefícios im-
desenvolvimento infantil. Sabe-se que a adminis- portantes à nutriz: diminui o risco de hemorragia
tração de outros alimentos, além do leite materno, e anemia após o parto, pois contribui com a recu-
interfere negativamente na absorção de nutrientes peração do útero; ajuda ao retorno do peso pré-
e em sua biodisponibilidade, aumenta o risco de -gestacional; minimiza o risco de câncer de mama
infecções, diminui a quantidade de leite materno e ovário, além de doenças cardiovasculares e dia-
ingerido e leva a menor ganho ponderal12. betes, no futuro13.
O leite materno contém fatores imunológi- A prevalência do AME em menores de seis
cos que protegem o bebê contra infecções, pro- meses foi de 41% no conjunto das capitais bra-
porciona melhor nutrição, beneficia a matura- sileiras e DF. O comportamento desse indicador
ção do trato gastrointestinal, fornece hidratação foi bastante heterogêneo, variando de 27,1% em
|51
Cuiabá/MT a 56,1% em Belém/PA. A duração me- quando a mãe retorna ao trabalho, precisando
diana do AME foi de 54,1 dias (1,8 meses) e a delegar os cuidados do bebê, aos quatro meses
duração mediana do AM de 341,6 dias (11,2 me- de idade, para outra pessoa ou instituição. As
ses) no conjunto das capitais brasileiras e DF 7. creches, instituições de educação e de cuidado
Os aspectos socioeconômicos e culturais têm que atendem os lactentes podem apoiar e prote-
exercido forte influência sobre o aleitamento ma- ger o aleitamento materno com práticas de aco-
terno, que, embora seja um ato natural, não é ins- lhimento e condutas sistematizadas de incentivo
tintivo, uma vez que as puérperas necessitam de à nutriz para amamentar seu filho na creche e,
apoio e ensinamentos para amamentar de forma ou, ordenhar seu leite para ser administrado ao
prazerosa, evitando o desmame precoce. bebê nesses estabelecimentos3. Porém as uni-
O início do século 20 foi marcado por in- dades escolares nem sempre estão capacitadas
tensas mudanças sociais como a industrializa- para recebê-la para amamentar ou para ofertar
ção, urbanização, inserção da mulher no merca- seu leite materno ordenhado.
do de trabalho e o aumento da disponibilidade A introdução do uso da mamadeira também
e marketing de leites industrializados, resultando pode prejudicar a amamentação, além de ser fon-
em uma “epidemia do desmame” 10. te de contaminação. Muitas crianças ao experi-
A falta de apoio/acolhimento da nutriz é mentarem a mamadeira começam a apresentar
uma das principais razões para o desmame pre- dificuldades quando vão mamar no peito. Alguns
coce, entretanto, as mães nem sempre tomam autores denominam essa dificuldade de “confu-
consciência e acabam atribuindo o desmame a são de bicos”, isso devido ao movimento distinto
problemas como: leite fraco, em pouca quantida- entre o movimento de ordenha do bebê ao peito e
de, mamilo invertido, mamilos doloridos, choro a sucção realizada na mamadeira. Nesses casos,
intenso do bebê, falta de sono, recusa ao peito é comum o bebê chorar intensamente quando le-
e à falta de apoio de profissionais de saúde, pa- vado ao seio materno, ocasionando o desmame
rentes, vizinhos e amigos14. precoce6.
Houve, portanto, uma mudança substancial O Ministério da Saúde adverte “A criança
no papel da mulher na sociedade e o emprego que mama no peito não necessita de mamadei-
materno tornou-se um importante obstáculo à ra, bico ou chupeta. O uso de mamadeira, bico ou
amamentação, em especial à exclusiva. A manu- chupeta prejudica a amamentação e seu uso pro-
tenção da amamentação nesse cenário depende longado prejudica a dentição e a fala da criança”.
do “tipo de ocupação da mãe, do número de horas (Art. 16, 1º § - Lei nº 11.265, de 3 de janeiro de
no trabalho, das leis e relações trabalhistas, do su- 2006). Também, veda a promoção comercial dos
porte ao aleitamento materno na família, na comu- produtos: fórmulas infantis, mamadeiras, bicos e
nidade e no ambiente de trabalho e, em especial, chupetas em quaisquer meios de comunicação.
das orientações dos profissionais capacitados pa- O sucesso do aleitamento materno depen-
ra a manutenção do aleitamento materno em situ- de do apoio de uma rede social, em que diferen-
ações que exigem a separação física entre mãe e tes profissões e profissionais têm objetivos em
bebê”. (Brasil, 2015 - páginas 47 e 48)6 comum de amparar a escolha dessas mulheres,
A amamentação está sujeita às condições para que a prática de nutrir seus filhos com o
ambientais, necessitando da proximidade física melhor alimento seja tranquila e segura9, e de
entre mãe e bebê, situação que se torna difícil estabelecer vínculo, que a facilitará expor suas
|52
queixas, dúvidas, medos e anseios relacionados sempre se encontravam capacitadas para rece-
ao aleitamento materno, garantindo uma atenção bê-las para amamentar, armazenar, manipular e
mais assertiva a favor da amamentação10. ofertar leite materno ordenhado ao seu bebê.
A prática da amamentação, portanto, au- Diante desse cenário, iniciou-se o “Mama
menta a sobrevivência infantil e a qualidade de Nenê na Creche” – Projeto de Incentivo à Ama-
vida do bebê e da mãe, o que a torna, segundo o mentação em Creches Municipais de Americana,
Instituto de Saúde (CIP/SES-SP), uma prioridade conduzido por duas profissionais, enfermeira e fo-
mundial e no Brasil tem sido uma política de saú- noaudióloga do Mamãe Nenê.
de priorizada desde 19812. Estudos nacionais
apontam que os índices de aleitamento materno
no Brasil têm melhorado, mas ainda estão muito Objetivos
abaixo dos considerados ideais pela Organização Incentivar, apoiar e proteger o aleitamento
Mundial da Saúde (OMS)8. Evidências científicas materno junto às crianças que ingressam nas
recentes demonstram que o aconselhamento em Unidades Educacionais Municipais com Creche
amamentação, atividade de apoio, promoção e em Americana/SP.
incentivo ao aleitamento em hospitais (Iniciativa
Hospital Amigo da Criança) e na comunidade são
formas economicamente viáveis de aumentar Metodologia
as taxas de amamentação exclusiva, tornando- O Programa Saúde na Escola (PSE) foi imple-
-se uma estratégia fundamental para a redução
mentado como uma política intersetorial entre os
da mortalidade infantil no país e para a melhoria
Ministérios da Saúde e da Educação, visando à
da qualidade de saúde das crianças brasileiras.
atenção integral à saúde de crianças, adolescen-
Nessa luta pela lactação natural é imprescindível
tes e jovens do ensino público básico, nas esco-
a participação de todos18.
Em Americana-SP, desde 2009, o Mamãe las e Unidades Básicas de Saúde, realizada pelas
Nenê (Programa de Educação e Acompanhamen- equipes de saúde da atenção básica e educação
to até os 3 anos) atua no incentivo, no apoio, e na de forma integrada5. A implementação de uma
proteção do aleitamento materno no município. É política mais transversal, integrada e interseto-
um programa da Secretaria de Saúde que atende rial, que propõe a articulação entre os serviços
as mães, seus bebês e familiares desde a alta de saúde a outros setores4, para promoção da
da maternidade até a criança completar 3 anos saúde, propicia o compartilhamento de saberes
e 11 meses de idade. Composto por uma equipe na busca de soluções das diversas problemáti-
multidisciplinar, com profissionais das áreas de cas. O profissional de saúde pode atuar junto aos
assistência social, enfermagem, fonoaudiologia,
professores, às famílias e aos alunos na busca
nutrição, odontopediatria e psicologia, que de-
de novos e mais eficientes meios de se abordar
senvolvem ações de promoção de saúde e pre-
educação em saúde no ambiente escolar9.
venção a agravos.
Nessa perspectiva, buscou-se estabelecer
Esse trabalho teve como ponto de partida
apoiar a necessidade demonstrada por mães, uma parceria entre Secretaria de Saúde e Secre-
acompanhadas pelo Mamãe Nenê, em manter taria de Educação. Para isso, o Programa Mamãe
o aleitamento materno exclusivo e, ou, evitar o Nenê foi apresentado aos diretores e pedagogos
desmame precoce mesmo quando do ingresso da Educação Infantil. Destacou-se a importância
de seus filhos nas creches municipais que nem das creches em apoiar e favorecer o aleitamento
|53
materno exclusivo até 6 meses, mesmo com o teórico, vídeos e ilustrações, além da técnica de
ingresso dos bebês aos 4 meses nas unidades, brainstormingI sobre os assuntos apresentados
e continuado até 2 anos. e dificuldades de implementação na unidade. Fi-
Nesse encontro, formou-se um grupo con- nalizou-se com a aplicação de um questionário
dutor, com integrantes da Secretaria de Educa- qualitativo para avaliar o impacto da capacitação.
ção (diretores de Unidades, pedagogos e nutri-
cionistas da Merenda Escolar) e da Secretaria de
Saúde (enfermeira e fonoaudióloga do Programa Resultados
Mamãe Nenê) para definição de diretrizes e ela- Foram capacitadas 100% das unidades das
boração das ações a serem implementadas. creches municipais com berçário. Em relação aos
O município de Americana situa-se na região profissionais da equipe de apoio, abrangeu-se a
leste do estado de São Paulo, distante 129 km quantidade de funcionários por unidade: Creche
da capital. Com um território de 134 km², teve Anajá - 4; Casa da Criança Aracy - 9; Casa da
em 2015 uma população estimada de 229.322 Criança Arapiranga - 10; Casa da Criança Araúna
habitantes. As capacitações do Projeto “Mama - 10; Casa da Criança Bitu - 8; Creche CAIC - 7;
Nenê na Creche”, nas 21 creches municipais com Creche Chuí - 4; Creche Curimã - 6; Casa da Crian-
berçário, tiveram início em setembro de 2013 e ça Curió - 6; Casa da Criança Graúna - 7; Casa da
terminaram em novembro de 2014. A proposta Criança Jaguari - 10; Casa da Criança Juriti - 6;
contemplou 2 etapas. Casa da Criança Maíra - 10; Casa da Criança Ma-
Na primeira etapa, foi realizada a capacita-
nacá - 8; Casa da Criança Panamby - 4; Casa da
ção da equipe de apoio (servente, auxiliar de cozi-
Criança Pitanga - 10; Casa da Criança Tahira - 6;
nha e cozinheira – total de 150 funcionários), que
Creche Taperá - 4; Casa da Criança Taraguá - 9;
aconteceu durante o expediente de trabalho, na
Casa da Criança Urupê - 7; Creche Wanda Pollo
unidade, com duração de 1 hora/unidade.
Müller - 5. (Gráfico 1)
Na segunda etapa, efetuou-se a capacita-
ção para o corpo docente (diretor, auxiliar de dire- O questionário qualitativo aplicado à equipe
ção, pedagogo, professor, estagiários – total de docente, com a classificação dos conceitos de
320 funcionários). Realizada no período noturno, “excelente”, “bom”, “médio” e “ruim”, demons-
no horário da reunião pedagógica, com duração trou os seguintes resultados quanto: à avaliação
de 2 horas/unidade. do conteúdo apresentado foi considerado 58%
As capacitações abordaram os temas: “excelente”, 40% “bom”, 2% “médio” e 0% “ruim”;
• importância da amamentação; à possibilidade de reformular conceitos a respei-
• normas de manuseio, armazenamento e to dos temas abordados foi estimado 48% “ex-
oferta do leite materno; celente”, 46% “bom”, 6% “médio” e 0% “ruim”; à
• consequências dos maus hábitos orais; avaliação geral da capacitação mostrou-se 53%
• desencorajamento ao uso de mamadei- “excelente”, 45% “bom”, 2% “médio” e 0% “ruim”;
ras e introdução do copo educativo como à avaliação da possibilidade de mudanças de
uma alternativa;
• estratégias e ações na inscrição e matrícu-
la, para incentivar e apoiar a mãe em ama-
mentar na creche e, ou, trazer seu leite. I
A técnica de brainstorming (tempestade cerebral) propõe que um grupo de
pessoas se reúnam e utilizem seus pensamentos e ideias para que possam
Foram utilizados recursos audiovisuais, chegar a um denominador comum, a fim de gerar ideias inovadoras que levem
um determinado projeto adiante (método criado nos Estados Unidos, pelo
apresentações em Power Point, com conteúdo publicitário Alex Osborn, usado para testar e explorar a capacidade criativa).
|54
Gráfico 1. Quantidade de profissionais, de cada unidade, da Equipe de Apoio Capacitada sobre a Im-
portância do Aleitamento Materno, Manuseio e Armazenamento do Leite Materno - 2013/2014.
(Unidades Educacionais Municipais com Berçários de Americana)
Gráfico 2. Avaliação da Capacitação Realizada pelo Corpo Docente sobre a Importância do Aleitamento
Materno e Maus Hábitos Orais - 2013/2014.
(Unidades Educacionais Municipais com Berçários de Americana)
|55
atitude foi analisado 33% “excelente”, 55% com a execução prática da teoria discutida nas
“bom”, 11% “médio” e 1% “ruim”. (Gráfico 2) capacitações.
Observou-se que o conceito “ruim” foi apli-
cado somente em relação à possibilidade de mu-
dança na rotina escolar, provavelmente devido à Referências
1. ALDEN, K. R. Nutrição e Alimentação do Recém-Nascido.
necessidade de quebrar paradigmas sobre a cul-
In: LOWDERMILK, D.L.; PERRY, S.; BOBAK, I. M. O cuida-
tura de bicos artificiais. A compilação dos dados,
do em Enfermagem Maternal. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed,
no geral, demonstrou que a maior parte dos par-
2002.
ticipantes (mais de 90%) ficou disposta a rever 2. ARAÚJO, M. DE F. M. DE; FIACO, A. D.; PIMENTEL, L. S.;
seus conceitos e adotar novas práticas na rotina SCHMITZ, B. DE A. S. Custo e Economia da Prática do Alei-
escolar. tamento Materno para a Família. Revista Brasileira de Saú-
de Materno Infantil. v. 4, n. 2. Recife, Abril/Junho - 2004.
3. BRAGA, N. P.; REZENDE, M. A.; FUJIMORI, E. Amamenta-
Aprendizados ção em Creches no Brasil. Revista Brasileira de Crescimen-
A formação do grupo condutor com integran- to e Desenvolvimento Humano. v. 19. n. 3. p. 465-474. São
tes de ambas as secretarias mostrou ser uma es- Paulo, Dezembro – 2009. Disponível em:<http://www.revis-
tas.usp.br/jhgd/article/download/19934/22012>. Acesso
tratégia essencial para facilitar a elaboração das
em: 29 de janeiro de 2016.
ações de Saúde a serem implementadas compa-
4. BRASIL, Ministério da Saúde. Política Nacional de Promo-
tíveis com a realidade escolar. O apoio da direção ção da saúde. Brasília (DF): 2006.
de cada unidade também favoreceu a realização 5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
da implementação do Mama Nenê na Creche. Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional
A resistência de alguns profissionais e a for- de Atenção Básica. Brasília, 2012.
te cultura do uso de bicos artificiais para as crian- 6. BRASIL, Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saú-
ças foram as principais dificuldades encontradas. de. Cadernos de Atenção Básica. Saúde da Criança: Aleita-
mento Materno e Alimentação Complementar. ed. 2 n. 23.
Esses questionamentos foram discutidos e traba-
Brasília, 2015. Disponível em: <http:// www.saude.gov.br/
lhados durante a capacitação.
bvs>. Acesso em: 01 de agosto 2016.
7. BRASIL, Ministério da Saúde. II Pesquisa de Prevalência
de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito
Considerações finais
Federal. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
A parceria entre Saúde e Educação, visando Ações Programáticas e Estratégicas Projetos, Programas
a estabelecer diretrizes e implementar uma linha e Relatórios. 1ª edição 1ª reimpressão Série C. Brasília,
de cuidados em benefício do desenvolvimento in- 2009.
fantil, mostrou-se eficiente, favorecendo tanto os 8. CHAVES, R. G.; LAMOUNIER, J. A.; CÉSAR, C. C. Fatores
profissionais quanto as crianças assistidas. Associados com a Duração do Aleitamento Materno. Jor-
O projeto “Mama Nenê na Creche” de Ame- nal de Pediatria do Rio de Janeiro. v. 83, n. 3. Porto Alegre
Maio/Junho - 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/
ricana, nas 21 unidades com berçário, mantém
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021755720070004
revisão permanente de diretrizes e aperfeiçoa-
00009&lang=t>. Acesso em: 28 de fevereiro de 2010.
mento das ações implementadas, principalmen- 9. COSTA, F. S.; SILVA, J.L.L.; DINIZ. M.I.G. A Importância
te, pelo fato de a Educação realizar, anualmen- da Interface Educação\Saúde no Ambiente Escolar como
te, novas atribuições de cargos aos seus pro- Prática de Promoção da Saúde. Informe-se em Promoção
fissionais. Além disso, esse projeto amplia-se da Saúde, v. 4, n. 2. p. 30-33, 2008.
|56
10. GOLDENBERB, P. Repensando a Desnutrição com Ques- =S0021-75572009000300004>. Acesso em: 28 de feve-
tão Social. Campinas: Unicamp, 1988. reiro de 2010.
11. IBIFAN. Projeto Piloto de Promoção da Amamentação 13. Portal Brasil Saúde. Amamentação Traz Benefícios Para
nas Creches da Rede Municipal de Educação do Rio de Ja- a Mãe e Bebê. Outubro, 2011. Disponível em:<http://www.
neiro - Instituto de Nutrição Annes Dias, Gerência de Pro-
brasil.gov.br/saude/2011/10/amamentacao-traz-beneficios-
gramas de Saúde da Criança - Junho de 2010. Disponível
-para-a-mae-e-o-bebe>. Acesso em: 06 de agosto de 2016.
em:<http://www.ibfan.org.br/documentos/outras/doc-542.
14. SPINELLI MGN et al. A Situação de Aleitamento Materno
pdf>. Acesso em 29 de janeiro de 2016.
de Crianças Atendidas em Creches da Secretaria da Assis-
12. PARIZOTO, G. M.; PARADA, C. M. G. DE L.; VENÂNCIO,
tência Social do Município de São Paulo - Região Freguesia
S. I.; CARVALHAES, M. A. DE B. L. Tendência e Determinan-
tes do Aleitamento Materno Exclusivo em Crianças Meno- do Ó. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. Reci-
res de seis meses. Jornal de Pediatria do Rio de Janeiro. fe, v. 2. n. 1. p. 23-28, Janeiro/Abril, 2002. Disponível em:
v.85 n.3 Porto Alegre, Maio/Junho - 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbsmi/v2n1/v2n1a04> Acesso
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid em: 29 de janeiro de 2016.
|57
Resumo Abstract
A dor crônica pode ser persistente e recorrente, tem um processo Chronic pain can be persistent and recurrent, it has a long treat-
de tratamento longo que inclui repouso e uso de fármacos para o ment process that includes rest and drug use for symptom relief,
alívio do sintoma, que, em muitas ocasiões, podem resultar em which, on many occasions, can result in unpleasant side effects,
efeitos colaterais desagradáveis, o que dificulta a adesão de pes- which makes it difficult for people to join Pharmacological treat-
soas ao tratamento farmacológico. A baixa adesão ao tratamento ment. Low adherence to treatment and possible side effects are
e os possíveis efeitos colaterais estão relacionados diretamente à directly related to the low efficacy of continuous medication use,
baixa eficácia do uso contínuo de medicamentos, fazendo neces- making it necessary a new form of multidimensional treatment,
sária uma nova forma de tratamento multidimensional, agindo não acting not only on the symptoms but also on the biopsychosocial
somente sobres os sintomas, mas também nas características characteristics of the patient. Faced with this problem, the forma-
biopsicossocial do paciente. Diante deste problema foi idealizada tion of a group for the relief of chronic pain at UBS Vila Marchi was
a formação de um grupo para alívio de dores crônicas na UBS Vila conceived to address the biological, psychological and social plan
Marchi que abordasse o plano biológico, psicológico e social dos of the patients through a program of stress management, patient
pacientes, por meio de programa sobre gestão do estresse, edu- and family education, relaxation and orientations of practices for
cação dos pacientes e das famílias, relaxamento e orientações everyday activities. In addition to qualification of referrals, the ar-
práticas para atividades do cotidiano. Além de qualificação dos ticle also reports the physical activities and social interaction that
encaminhamentos, também são relatadas no artigo as atividades provide better quality of life to the participants during the waiting
físicas e de interação social que proporcionam melhor qualidade period between the first consultation and medical referral to the
de vida aos participantes durante o período de espera entre a pri- rheumatologist.
meira consulta o encaminhamento ao reumatologista.
Keywords: Chronic Pain; Health Promotion; Complementary
Palavras-chave: Dor crônica; Promoção da saúde; Terapias Therapies
complementares.
I
Vinicius Santos Sanches (vinicius_422@hotmail.com) é trabalhador da Se- IV
Marcia Teixeira da Silva (marcia.spsobral@gmail.com) é trabalhadora da Se-
cretaria Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo. cretaria Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo.
II
Adriane Campo Gaino (adriaanegaino@gmail.com) é trabalhadora da Secre- V
Elisangela de Oliveira Nascimento (elisangela_nascioli@hotmail.com) é tra-
taria Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo. balhadora da Secretaria Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo.
III
Renata da Silva Santana (re.epm@gmail.com) é trabalhadora da Secretaria
Municipal de Saúde de São Bernardo do Campo.
|58
A
dor é uma percepção subjetiva, desagra- O tratamento clássico da dor (aguda) con-
dável e vital. A interpretação do estímu-
siste em repouso e uso de fármacos para o alívio
lo nocivo protege o organismo através
do sintoma, para favorecer a cicatrização da le-
desse sinal de alarme denominado dor (BARS et são (Zeller et al., 2008) e a redução do processo
al., 2004). inflamatório (Shang et al.,2003). Ao contrário do
No que se trata de classificação, podemos tratamento da dor aguda, os agentes químicos
utilizar o contexto temporal como indicador, sen- analgésicos não se demonstram eficazes contra
do a divisão feita em dor aguda e dor crônica. a dor crônica (Turk et al., 2006).
A dor crônica é aquela persistente ou recorren- A baixa eficácia do uso contínuo de fárma-
te. Em sua classificação, consideram-se crônicas cos está inevitavelmente associada a efeitos se-
cundários indesejáveis e à baixa adesão ao tra-
aquelas em que o sintoma se mantém além do
tamento farmacológico. Aproximadamente, 47%
tempo fisiológico de cicatrização de determinada
dos pacientes com fibromialgia (síndrome de dor
lesão, ou por permanecer por mais de três me-
crônica difusa) não aderem à medicação prescri-
ses (IASP 1986; Gureje et al., 1998).
ta, seja intencionalmente ou pela intensidade dos
Numa macrovisão, estima-se que, mundial- efeitos colaterais da medicação (Sewitch, 2004).
mente, 80% das consultas médicas devam-se à Por isso, o tratamento da dor crônica deve
presença da dor (Kerns et al., 2003) e em nível caracterizar-se por programas multidimensionais,
nacional demonstra que 75% dos pacientes que agindo sobre características biopsicossociais
|59
(Turk et al., 2006; Flor et al., 2004). No plano bio- médicos de família da UBS. Esse encontro pro-
lógico esses programas visam a regular os meca- porcionou uma visão mais ampliada sobre os ca-
nismos endógenos de controle da dor e a concen- sos de reumatologia. O terceiro momento deu-se
tração de neurotransmissores (como serotonina, com a convocação dos pacientes encaminhados
noradrenalina e dopamina). No plano psicológico, para reumatologia para uma reavaliação com par-
reduzem ansiedade, depressão, angústia e inca- ticipação dos apoiadores e uma médica da UBS.
pacidades mentais geradas pela dor crônica. No Dessa reavaliação, foram chamados os pacien-
plano social favorecem a autoestima, a participa- tes para participação no grupo.
ção social e a produtividade intelectual e física. Formato do grupo: foi pensado um grupo ro-
Dentre as estratégias empregadas pelos progra- tativo, feito em ciclos de 10 semanas. Terminado
mas multidisciplinares destinados à dor crônica, esse tempo, uma nova turma se inicia. A cada
temos gestão do estresse, educação dos pacien- semana é abordado um aspecto diferente na re-
tes e das famílias, relaxamento e orientações
cuperação e promoção da saúde, alongamentos,
práticas para as atividades de vida diária, sen-
exercícios para resistência, fortalecimento, ses-
do a atividade física a estratégia mais utilizada
sões de acupuntura, além de interação social e
(Bennett et al., 1996; Barcellos et al., 2007). A
abordagens multidisciplinares sobre a dor (intera-
prescrição de exercícios para o tratamento da dor
ção medicamentosa, cuidados gerais, posiciona-
crônica é defendida há mais de 20 anos pela lite-
mentos para minimização da dor, etc). Foi estabe-
ratura científica (McCain et al., 1988).
lecido um número de no máximo 20 participantes
por ciclo.
Objetivo
Este relato tem o objetivo de descrever co-
Resultado
mo foi e está sendo constituído o grupo para ali-
As ações pré-grupo fizeram estreitar os la-
vio de dores crônicas na UBS Vila Marchi.
ços entre as equipes, pudemos analisar como
Com a realização do grupo, proporcionar
estavam sendo realizados os encaminhamentos
orientação permanente aos pacientes com dores
crônicas de origem osteoarticular e, ou, muscular e assim qualificá-los, diminuindo a fila de espera,
sobre exercícios globais e atividades para alívio além de proporcionar melhor qualidade de vida
do quadro álgico. para os participantes do grupo durante esse mo-
mento de espera.
Metodologia
A preparação para realização do grupo ini- Considerações finais
ciou-se em outubro, visto a preocupação com as Os grupos de dor vêm para minimizar o sofri-
pessoas que aguardavam o chamado para con- mento das pessoas com dor crônica, sendo rea-
sulta com o reumatologista. O primeiro passo foi lizadas diversas atividades físicas e de interação
a análise das guias de encaminhamentos. Visto social. O matriciamento mostrou-se uma iniciati-
um número considerável de encaminhamentos, va necessária para realização do grupo, onde fo-
realizamos um momento entre especialista em ram solucionadas diversas dúvidas e houve uma
reumatologia (Policlínica Rudge Ramos) com os aproximação com a rede.
|60
|61
Resumo Abstract
Estudo inovador realizado pelo Departamento de Atenção Básica It is a innovate study carried out by Basic Attention Department in
do município de Santos, que propôs a análise detalhada do qua- Santos municipality, which proposed a detailed analysis of the hu-
dro de recursos humanos com vistas ao redimensionamento dos man resources board, aiming redirect professionals, aggregating
profissionais, agregando aos parâmetros do Ministério da Saúde, to Health Ministry concepts and guidelines of the Brazilian Health
conceitos e diretrizes do SUS, tais como acessibilidade, grau de Unique System, as well as accessibility, territory vulnerability, at-
vulnerabilidade do território, população adstrita e índice de utili- tached population and service usage index. Calculation was car-
zação dos serviços. Os cálculos foram realizados para todas as ried out to all professional categories, resulting in a set of spread-
categorias profissionais, resultando em um conjunto de planilhas sheets that point the deficit and the superavit for unit and for the
que apontam o déficit e o superávit por unidade e para todo o entire municipality. From a qualitative point of view, the study pro-
município. Do ponto de vista qualitativo, o estudo propiciou ainda vided yet the discussion about the work processes and the ways
a discussão sobre os processos de trabalho e os modos de pro- of care production, influencing, therefore, the quality of the assis-
dução de cuidado, impactando assim na qualidade da assistência tance given to the user.
prestada ao usuário.
Keywords: Resources management; Human resources; Primary
Palavras-chave: Gestão de recursos; Recursos humanos; Atenção health care.
básica.
III
Eliane Bittencourt Nogueira (eli_bittencourt@hotmail.com) é enfermeira com
I
Carolina Ozawa é Enfermeira de Saúde Pública, especialização em Educação especialização em Saúde Comunitária e da Família pela Universidade Nove de
em Saúde Pública, no Programa de Saúde da Família. Mestrado em Saúde Julho (UNINOVE) e especialização em Formação e Cuidado em Rede pela Uni-
Coletiva e Doutorado em Saúde Coletiva. Servidora da Secretaria Municipal versidade Federal de São Paulo - campus Baixada Santista (UNIFESP). Atual-
de Saúde de Santos-SP, foi chefe de seção de epidemiologia, coordenadora de mente é chefe da Policlínica da Aparecida, no município de Santos.
saúde coletiva, coordenadora de vigilância, chefe do departamento de espe- IV
Maria Lucia Martins da Silva Novaes (ml_novaes@hotmail.com) é enfermei-
cialidades, chefe do departamento de vigilância em saúde, chefe do departa- ra com especialização em Pediatria e Puericultura pela Universidade Federal
mento de atenção Básica , atualmente, assessora do gabinete da secretaria de São Paulo (UNIFESP) e Gestão para Educação Permanente dos Profissio-
de Saúde de Santos-SP. nais da rede de atenção às urgências e emergências pela Fundação Osvaldo
II
Danielle Abujamra Siufy Nardez (dsiufy@ig.com.br) é psicóloga formada pela Cruz (FIOCRUZ). Atualmente é coordenadora da Atenção Básica da Região da
Universidade Católica de Santos e Pedagoga formada pela Centro Universitá- Zona Noroeste do município de Santos.
rio Lusíada, com especialização em Formação e Cuidado em Rede e mestran- v
Tatiana das Neves Fraga Moreira (tatinfm@yahoo.com) é psicóloga formada
da no Programa de Ensino em Ciências da Saúde, ambas pela Universidade pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cientista social pela Universidade
Federal de São Paulo - campus Baixada Santista (UNIFESP) . Atualmente é de São Paulo e mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública
coordenadora da Atenção Básica da Região da Orla e Intermediária do muni- da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é chefe de departamento da
cípio de Santos. Atenção Básica do município de Santos.
|62
A
Província de Ontário.
gestão de recursos humanos é parte im-
O documento apresenta a necessidade de
portante do desenvolvimento do trabalho
manter em pauta a temática, fortalecendo políti-
em qualquer organização de saúde e está
cas de recursos humanos como parte da constru-
vinculada diretamente à qualidade do atendimen-
ção de sistemas de saúde equitativos e de qua-
to e do serviço prestado aos usuários. Por essa
lidade. Para isso define alguns princípios funda-
razão, torna-se relevante pensar na adequação
mentais para a elaboração de planos de fortaleci-
dos quadros de profissionais, considerando ain-
da que “Os trabalhadores do setor saúde consti- mento da força de trabalho em saúde. O primeiro
tuem a base para a viabilização e implementação deles aponta que são os recursos humanos a
dos projetos, ações e serviços de saúde dispo- base do sistema de saúde, indo ao encontro de
níveis para a população” (Ministério da Saúde uma das premissas citadas e presente nos Prin-
2005). cípios e Diretrizes para a Gestão do Trabalho no
O Chamado à Ação de Toronto para uma Dé- SUS (Ministério da Saúde 2005). O segundo prin-
cada de Recursos Humanos em Saúde (Organi- cípio situa o trabalho em saúde como um serviço
zação Pan-americana da Saúde 2006) é um do- público, de responsabilidade social e de grande
cumento que sintetiza as discussões realizadas importância para o desenvolvimento humano. Por
nos grupos de trabalho da VII Reunião Regional fim, reafirma que os trabalhadores de saúde são
dos Observatórios de Recursos Humanos em protagonistas do desenvolvimento e da melhoria
Saúde, realizada em Toronto, Canadá, promovi- dos sistemas de saúde. Nesse aspecto, consi-
da pela Organização Pan-americana de Saúde em dera-se que o trabalho em saúde deve ser orien-
conjunto com o Ministério de Saúde do Canadá e tado para a melhoria da situação de saúde da
|63
população e para isso faz-se necessário reunir que identifiquem a necessidade de pessoal,
um contingente bem-distribuído, capacitado, sau- em termos quantitativos e qualitativos, para
dável e motivado. atender direta, ou indiretamente as necessi-
No âmbito federal, os Princípios e Diretrizes dades das unidades ou área de trabalho” I
para a Gestão do Trabalho no SUS (Ministério da
Saúde 2005) têm por finalidade estabelecer e de-
O município de Santos
finir os modos de operacionalizar os preceitos da
A cidade de Santos, no litoral paulista, é um
legislação que rege o Sistema Único de Saúde –
município com 419.400 habitantes (IBGE, 2012)
SUS. Dentre as atribuições e responsabilidades
e integra, junto a nove municípios, a região co-
dos gestores das esferas municipais, estaduais
nhecida como Baixada Santista. Está, segundo
e federais sobre a Gestão do Trabalho no SUS,
o Programa das Nações Unidas para o Desenvol-
encontra-se a necessidade de elaborar diagnós-
vimento, em sexto lugar na lista dos municípios
ticos sobre o quadro de trabalhadores, relacio-
brasileiros por Índice de Desenvolvimento Huma-
nando ainda a necessidade prevista para a imple-
no (IDHM) e o terceiro lugar entre os municípios
mentação dos Planos locais de Saúde.
do Estado de São Paulo.
Dessa forma, o município assumiu o desa-
fio de realizar um estudo de dimensionamento do
quadro de profissionais da Atenção Básica, visan- Contextualizando nossa rede de atendimento
do à redistribuição de servidores e ao levanta- A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é
mento das reais necessidades da rede, a partir constituída por seis departamentos integrados
de critérios objetivos, mas que considerasse as que cuidam da Atenção Básica, da Atenção Pré-
especificidades de cada território. Noutras pala- -hospitalar e Hospitalar, das Vigilâncias Epidemio-
vras, um dimensionamento de recursos humanos lógica e Sanitária, dos Serviços da Especialidade,
norteado pelo princípio da equidade na distribui- de Regulação e de Infraestrutura e Finanças.
ção de profissionais, usando como critério a vul- Atualmente, o grande desafio da gestão mu-
nerabilidade de cada território. nicipal de saúde é manter a qualidade da atenção
A dimensão quantitativa do estudo permitiu oferecida à população, aperfeiçoando o acolhi-
avaliar numericamente a distribuição dos traba- mento e o acesso oportuno, promovendo ações
lhadores por unidades de saúde, comparar os em prol da adequada resolutividade da rede de
quadros atuais e dimensionados e identificar dé- serviços, incentivando a responsabilização dos
ficit ou superávit de horas de trabalho, conforme profissionais para o cuidado dos pacientes, inte-
apresentaremos a seguir. grando os serviços por meio das Redes de Aten-
A dimensão qualitativa possibilitou, no de- ção à Saúde.
correr mesmo do estudo, amplo debate sobre os “As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são ar-
processos de trabalho e contribuiu para difundir ranjos organizativos de ações e serviços de
a cultura da análise de dados para tomada de saúde, de diferentes densidades tecnológi-
decisão entre as chefias locais e do nível central cas que, integradas por meio de sistemas de
da gestão. apoio técnico, logístico e de gestão, buscam
“Dimensionamento do Quadro de Pessoal po- garantir a integralidade do cuidado” II
de ser entendido como um processo de pla-
nejamento contínuo de avaliação da força I
http://www.saude.campinas.sp.gov.br/biblioteca/XXIV_Congresso_de_Se-
de trabalho para atender aos objetivos da cretarios_Municipais_de_Saude_do_Estado_SP/Gestaodepessoas/Dimen-
sionamento_de_Medicos_Bete_Lelo.pdf
organização, através da definição de critérios II
http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php?conteudo=atributos_ras
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|65
|66
Foram informados pelas chefias das Uni- a qualquer tempo. Apresentaremos abaixo os pa-
dades em setembro de. râmetros utilizados, os cálculos e a planilha refe-
• horário de funcionamento das unidades rente aos auxiliares e técnicos de enfermagem,
de saúde. como exemplo:
A área de abrangência de cada Unidade foi • parâmetros utilizados;
analisada a partir do mapa IPVS 2010, conside- • horário de funcionamento da unidade;
rando-se o grupo de vulnerabilidade que repre- • postos de trabalho;
sentava a maior parte do território da Unidade. • jornada de trabalho;
Ao término da análise, as unidades foram classifi- • unidade de referência.
cadas em quatro níveis de vulnerabilidade: Baixa,
Média, Alta e Muito Alta.
Resultado
A partir dos critérios e índices citados, teve
Do ponto de vista quantitativo, o estudo
início o cálculo por categoria profissional, incluin-
possibilitou o análise entre o quadro atual e o
do médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de
dimensionado, evidenciando as diferenças entre
enfermagem, oficiais administrativos, dentistas, as unidades do departamento: se por um lado
auxiliares de saúde bucal, agentes comunitários há falta de cirurgiões-dentistas, oficiais adminis-
de saúde e profissionais do NASF. trativos e técnicos de enfermagem, por outro há
superávit de médicos pediatras. A partir da aná-
Apresentação dos cálculos lise do superávit, foi possível propor remaneja-
A partir de dados base, calculamos dois mentos entre as unidades, otimizando os recur-
índices importantes que nortearam o dimensio- sos existentes.
namento de diversos cargos. O primeiro deles é O processo iniciado pelas oficinas de tra-
a proporção de pessoas residentes na área de balho tornou-se espaços fomentadores do diálo-
abrangência da Unidade que efetivamente fazem go entre diferentes atores, não apenas sobre a
uso desse serviço, denominado Índice de Utili- distribuição dos recursos entre os serviços, mas
zação das Unidades. Em seguida, calculamos a também a respeito do modelo de Atenção Básica
Unidade de referência (UR), com base na popu- que almejamos construir em nosso município.
lação que efetivamente utiliza as Unidades e a
vulnerabilidade da área, tendo como parâmetro a
Considerações finais
composição de equipes previstas na Política Na-
O processo de analisar, com o detalhamen-
cional de Atenção Básica (Ministério da Saúde,
to proposto nesse estudo, o quadro de recursos
2012), na qual define que uma equipe da ESF
humanos do Departamento de Atenção Básica,
ficará responsável por 2,5 mil a 4 mil pessoas.
foi uma tarefa inédita na Secretaria de Saúde de
Assim, foi possível calcular o número de equipes
Santos, que pode garantir não apenas a adequa-
(com horas de profissionais equivalentes ao cal-
ção do número de profissionais por unidade de
culado nas Equipes de Saúde da Família) que é
saúde, mas também servir como subsídio para
necessário em cada Unidade.
discutir os processos de trabalho e os modos de
produção de cuidado para garantir a qualidade do
Cálculos por categoria profissional atendimento à população. A ferramenta permitiu
Optamos por elaborar planilhas eletrônicas o olhar mais objetivo sobre o tema, agregando
para auxiliar na elaboração de todas as etapas. Is- aos parâmetros assistenciais e de composição
so permite alterações necessárias e atualizações de equipe propostos pelo Ministério da Saúde,
|67
AUXILIARES/TÉCNICOS DE ENFERMAGEM
DIMENSIONADA ATUAL SUPERÁVIT/DÉFICIT
QUANTIDADE DE QUANTIDADE DE QUANTIDADE DE
POLICLÍNICA HORAS HORAS HORAS
PROFISSIONAIS PROFISSIONAIS PROFISSIONAIS
CONSELHEIRO NÉBIAS 13 510 9 350 -4 -160
MARTINS FONTES 11 438 10 390 -1 -48
VILA MATHIAS 9 378 10 400 1 22
RCH/ID 8 321 7 280 -1 -41
VALONGO 8 320 8 320 0 0
CARUARA 6 232 3 120 -3 -112
MONTE CABRÃO 5 213 3 120 -2 -93
MORRO NOVA CINTRA 9 350 10 390 1 40
MARAPÉ 11 435 9 360 -2 -75
MORRO SÃO BENTO 10 382 8 320 -2 -62
JABAQUARA 6 250 6 240 0 -10
VILA PROGRESSO 7 300 3 120 -4 -180
MORRO SANTA MARIA 6 253 3 120 -3 -133
MORRO DA PENHA 6 234 3 120 -3 -114
MONTE SERRAT 5 216 3 120 -2 -96
MORRO JOSÉ MENINO 6 227 4 160 -2 -67
APARECIDA 14 570 12 480 -2 -90
EMBARÉ 18 717 14 540 -4 -177
GONZAGA 11 450 10 390 -1 -60
CAMPO GRANDE 14 550 11 420 -3 -130
PONTA DA PRAIA 17 684 14 510 -3 -174
JOSÉ MENINO/POMPÉIA 14 540 13 520 -1 -20
RÁDIO CLUBE 17 688 17 680 0 -8
BOM RETIRO 10 408 10 390 0 -18
ALEMOA 8 313 9 350 1 37
SÃO JORGE/CANELEIRA 7 281 6 230 -1 -51
SÃO MANOEL 8 319 9 340 1 21
AREIA BRANCA 8 312 5 200 -3 -112
PIRATININGA 5 183 2 80 -3 -103
CASTELO 9 378 10 400 1 22
TOTAL 286 11451 241 9460 -45 -1991
aspectos relevantes como a vulnerabilidade dos unidades da atenção básica dentro dos princípios
territórios, o índice de utilização de cada unidade e diretrizes do SUS.
e as características atuais da Atenção Básica de
Santos. O estudo retrata a realidade e possibilita Referências
adequações e atualizações decorrentes de rema- 1. IBGE. IBGE. 2012. ftp://ftp.ibge.gov.br/perfil_munici-
nejamentos ou novas contratações, por exemplo, pios/2013/munic2013.pdf (acesso em 12 de agosto de
|68
Resumo Abstract
Os órgãos que compõem a Secretaria Municipal de Saúde nem The organs that form the Health Municipal Secretary not always
sempre conseguem trabalhar de forma integrada e as justificativas get to work in an integrated way and that happens for many rea-
são diversas: estrutura organizacional estabelecida, modelos de sons: the organizational structure, management models, jobs cus-
gestão, personalização de cargos, incompatibilidades pessoais, tomizations, personal incompatibilities, and politics, among oth-
fatores políticos, entre outros. Dessa forma, cria-se um mosaico ers. Therefore, it was created a board of health services, in which
de serviços de saúde onde cada órgão trabalha de forma isolada each organ works singly and, most of times, efficient. Goals are
e, na maior parte das vezes, eficiente. Atingem-se metas, cum- reached, plans are accomplished and health indicators are con-
prem-se planos e os indicadores de saúde são considerados ade- sidered appropriate. In this context, the Jundiaí Health Assistance
quados. Nesse contexto, a Assistência e a Vigilância em Saúde de and surveillance observed the urgency of stablishing an interaction
Jundiaí-SP, observaram a urgência de se estabelecer uma intera- more consolidated for dengue control. Despite the indicators pres-
ção mais consolidada para o controle da dengue. Apesar de os in- ent satisfying results, the goals reached consist of a more qualified
dicadores apontarem resultados muito satisfatórios, os objetivos service, an improvement of resources and effective involving from
almejados compreendiam um serviço mais qualificado, otimização responsible organs.
de recursos e envolvimento efetivo dos órgãos responsáveis.
Keywords: Public health surveillance; Dengue; Primary health care.
Palavras-chave: Vigilância em saúde pública; Dengue; Atenção
básica.
I
Carlos Hitoshi Ozahata (cozahata@jundiai.sp.gov.br) é trabalhador da Unida-
de de Vigilância de Zoonoses/Secretaria de Saúde de Jundiaí/SP.
|69
A
nhar em tempo real a situação epidemiológica de
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
cada território nem as áreas do município onde
assumiu a integração entre a Atenção Pri-
ocorriam as transmissões da doença. Sem dúvi-
mária ou Básica e a Vigilância em Saúde
da houve desestímulo à notificação e baixa quali-
como prioridade político-institucional em 2008,
dade no preenchimento das respectivas fichas. É
instituindo-se diretrizes a serem seguidas pela
União, Estados e municípios no tocante à integra- possível inferir que os profissionais de saúde te-
lidade do cuidado. Foram recomendadas ações nham tido dificuldades em relação aos diagnósti-
para organização do processo de trabalho, do cos diferenciais e à abordagem de cada paciente.
planejamento estratégico, do território integrado Por outro lado, a Vigilância em Saúde trabalhava
entre ambas, educação permanente, controle so- com os dados obtidos principalmente dos pronto-
cial e monitoramento e avaliação. -atendimentos e hospitais, uma vez que o hábito
No município de Jundiaí-SP, a política insti- da população local é procurar inicialmente esses
tuída obedece aos ditames do Ministério da Saú- serviços. Dessa forma, os canais de comunica-
de. No entanto, a interação da Vigilância em Saú- ção entre a Vigilância em Saúde e as Unidades
de com a Atenção Básica não havia ocorrido em Básicas de Saúde, que poderiam ser melhorados
sua plenitude no tocante às ações de controle da através desse procedimento, não foram consoli-
dengue. As atividades parceiras eram pontuais dados e o volume de informações acerca da si-
e não havia troca eficiente de informações entre tuação epidemiológica de territórios específicos
os participantes. Dessa forma, os profissionais certamente foi menor.
|70
Essa dissonância pode ser explicada pelo ações dos diferentes agravos de importância para
fato de os profissionais da Atenção Básica nor- o município. Prever, também, o estabelecimento
malmente não se verem como ‘vigilantes’ e não da sala de situação onde seriam discutidas ações
possuírem o hábito de analisar os dados epide- pontuais e em tempo real, (2) participação ativa
miológicos apresentados pela Vigilância em Saú- dos profissionais integrantes nos diferentes ní-
de. Essa, por sua vez, não emitia regularmente veis da Atenção e Vigilância, além das demais
Unidades de Saúde (público e privado), através
os informes com as análises epidemiológicas e
de seu envolvimento na construção dos proces-
os resultados atualizados. Em alguns momen-
sos de trabalho, (3) capacitação e recapacitação
tos, essas informações ficavam centralizadas em
dos demais colaboradores consolidando as atri-
profissionais específicos, causando prejuízos im-
buições de cada segmento e as metas a serem
portantes aos serviços. Considerando o caráter
atingidas, tanto para o setor público quanto priva-
agudo e epidêmico da dengue, era preocupante do, (4) feedback constante dos resultados obtidos
a situação vigente mesmo o município possuindo a todos os entes relacionados, (5) envolvimento
bons indicadores em relação ao número de casos da comunidade através dos conselhos gestores
autóctones e ausência de óbitos. regionais e o Conselho Municipal de Saúde, (6)
Outro procedimento a ser revisto era a cen- implementação de educação permanente e conti-
tralização das ações de vigilância e controle da nuada, (7) publicidade aos demais funcionários e
dengue na Unidade de Vigilância de Zoonoses. Is- à população sobre os objetivos a serem alcança-
so envolvia o acompanhamento das notificações, dos e os resultados obtidos.
investigação epidemiológica, realização de busca 1. A mensuração inicial dos resultados pode-
ativa, capacitações/recapacitações dos profis- rá parecer subjetiva, uma vez que não serão
sionais da assistência, atividades educativas e traduzidos necessariamente em dados numé-
ricos, mas em mudanças nos processos de
emissão de boletins epidemiológicos, além das
trabalho e nas parcerias estabelecidas. Obvia-
ações de controle do vetor. Esse modelo estabe-
mente, alguns dos indicadores convencionais
lecido há anos promove sobrecarga em um único
como, por exemplo, número de notificações,
órgão e acomodação de outros atores.
qualidade de preenchimento das fichas e volu-
me de exames laboratoriais poderão ser ava-
Objetivo liados imediatamente. No entanto, não poderá
Estabelecer trabalho integrado e institucio- ser considerado sucesso da implementação
nalizado entre os profissionais da Vigilância em desse trabalho se os demais resultados de
Saúde e a Atenção Básica nas ações de vigilân- mensuração não forem adequados: compro-
metimento das equipes, funcionários qualifi-
cia da dengue e demais arboviroses.
cados, protocolos e fluxos sendo obedecidos
e comunicação eficiente para/entre todos os
Metodologia segmentos. Propomos a observação de al-
A intervenção viável e factível a ser imple- guns desses itens para avaliar a evolução do
mentada é composta por um rol de medidas simul- sucesso das medidas instituídas:
tâneas: (1) estabelecimento de um colegiado ges- 2. Análise da implementação do fluxo e proto-
tor municipal, com representantes da Assistência colo = avaliação imediata, uma vez que será
e Vigilância em Saúde, visando a discutir protoco- possível verificar quais as unidades de saú-
los, procedimentos e diretrizes que nortearão as de estão adotando o protocolo padronizado e
|71
|72
|73
Lucimeire S. M. BrockveldI
Resumo Abstract
Este artigo descreve a implementação da Estratégia Amamenta e This paper describes the implementation of a strategy called Bra-
Alimenta Brasil (EAAB), no município de Embu das Artes, na região zil, breastfeed and feed (BBF), in Embu das Artes municipality, in
metropolitana da grande São Paulo. A EAAB, lançada em 2012, São Paulo downtown. BFF, which started in 2012, aims to qualify
tem como objetivo qualificar o processo de trabalho dos profis- the work process of basic care professionals, in order to reinforce
sionais da atenção básica com o intuito de reforçar e incentivar a and encourage breastfeeding and health feeding promotion for chil-
promoção do aleitamento materno e da alimentação saudável para dren younger the two in the scope of the Brazilian Public Health
crianças menores de 2 anos no âmbito do Sistema Único de Saúde System, known in Brazil as SUS. This initiative is a result of inte-
(SUS). Essa iniciativa é o resultado da integração de duas ações grating two Health Ministry’s important actions: Brazilian Breast-
importantes do Ministério da Saúde: a Rede Amamenta Brasil e a feeding Network (BBN) and the National Strategy for Healthy Com-
Estratégia Nacional para a Alimentação Complementar Saudável plementary Feeding (NSHCF), which joined themselves to perform
(ENPACS), que se uniram para formar essa nova estratégia, que a new strategy that is committed to create human resources in
tem como compromisso a formação de recursos humanos na aten- basic care. In Embu das Artes, BFF began with a workshop to form
ção básica. Em Embu das Artes, a EAAB teve início com uma ofici- tutors, carried out with Taboão da Serra municipality, forming 14
na de formação de tutores, realizada em conjunto com o município tutors in August 2014. Between May and October, the tutors car-
de Taboão da Serra, com a formação de 14 tutores, em agosto de ried out 37 workshops, in 15 Health Basic Unities. To each unity,
2014. Depois, no período de maio a outubro, os tutores realizaram it was necessary an individual planning, considering the amount of
37 oficinas de trabalho, em 15 UBS. Para cada unidade foi neces- professionals e a place for the workshops. 75% of the profession-
sário um planejamento individualizado, considerando o número de als acting in basic care were enabled. It was a great challenge to
profissionais e o local para a realização das oficinas. Foram capaci- conciliate agendas, places, the professionals’ schedules in such a
tados 75% dos profissionais atuantes na atenção básica, incluindo specific theme as breastfeeding and complementary feeding. The
todas as categorias profissionais das equipes de saúde. Foi um methodology used in the workshops benefited the teams’ interac-
grande desafio conciliar agendas, espaços, horários dos diversos tion and the combined elaboration of action plans to improve the
profissionais atuantes nas Unidades, em um tema tão específico indexes pointes in current researches.
como aleitamento materno e alimentação complementar. A meto-
dologia ativa aplicada nas oficinas favoreceu a interação das equi- Keywords: Breastfeeding, Complementary feeding, Basic health.
pes e a elaboração conjunta de planos de ação para a melhoria
dos índices apontados nas pesquisas.
I
Lucimeire de Sales Magalhães Brockveld (lucimeirebrockveld@gmail.com) é
cirurgiã-dentista, doutoranda em saúde pública na Universidade de São Paulo
(USP), mestre em saúde coletiva pelo Programa de Mestrado Profissional da
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, especialista em Saúde Pública
pela Universidade de São Paulo (USP), em Administração Hospitalar e de Sis-
temas de Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em Gestão Pública de
Saúde pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO) e em Processos
Educacionais em Saúde com Ênfase na Metodologia Ativa de Ensino Aprendi-
zagem, pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio e Libanês.
|74
A
zir alimentos seguros, acessíveis e culturalmente
Organização Mundial de Saúde (OMS), o
aceitos na dieta da criança, em época oportuna e
Fundo das Nações Unidas para a Infância
de forma adequada, favorece a formação de há-
(Unicef) e o Ministério da Saúde do Bra-
bitos alimentares saudáveis, o que contribui para
sil (MS) recomendam que a amamentação seja
a prevenção do excesso de peso e de outros dis-
exclusiva nos 6 primeiros meses de vida e com-
túrbios nutricionais associados à alimentação.6
plementada até 2 anos de idade ou mais, com a
No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)
introdução de alimentos sólidos/semissólidos de
as ações de promoção à saúde, especialmente
qualidade e em tempo oportuno, o que resulta de promoção da alimentação saudável, vêm cada
em inúmeros benefícios para a saúde das crian- vez mais sendo colocadas em lugar de destaque
ças em todas as etapas da vida.10,1 na agenda de prioridades.
Os dois primeiros anos de vida da criança, É fundamental, portanto, que as mães, os
que compreendem a fase da amamentação e da cuidadores e os familiares recebam orientações
introdução de novos alimentos, são um marco na adequadas e sejam apoiados para a prática do
formação do hábito alimentar do indivíduo e po- aleitamento materno e a introdução dos alimen-
dem determinar o desenvolvimento e crescimen- tos complementares.
to saudáveis da criança. Para que essas ações e práticas sejam
Os hábitos alimentares estabelecidos nos levadas à efeito, faz-se necessário um cuidado
primeiros anos de vida repercutem não só no es- com a formação e desenvolvimento dos profissio-
tado nutricional momentâneo das crianças, mas nais de saúde que estão na assistência. Requer
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|77
|78
alimentação saudável: guia alimentar para crianças meno- 8. STARFIELD B. Atenção primária: equilíbrio entre necessi-
res de dois anos: um guia para o profissional da saúde na dades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília, DF: Orga-
atenção básica. 2a Ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2013. nização das NaçõesUnidas para aEducação, a Ciência e a
6. JAIME, P.C. e cols. Ações de alimentação e nutrição na
Cultura; 2001.
atenção básica: a experiência de organização no Governo
9. VENANCIO, S. et al. Rede Amamenta Brasil: desafios e
Brasileiro. Rev. Nutr., Campinas, v. 24, n. 6, p. 809-824,
perspectivas da promoção do aleitamento materno na aten-
nov./dez., 2011.
ção básica. Cadernos de Saúde Pública, v. 29, n. 11, p.
7. LOM A.; BUENO ICHC; BEZERRA RC. Atenção Primária
à Saúde e Estratégia de Saúde. In: Campos GWS; Minayo 2261–2274, 2013b.
MCS; Akerman M; Drumond Jr M; Carvalho YM. Tratado de 10. WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Infant and young
SaúdeColetiva. São Paulo: Ed. Fiocruz; 2006. P. 783-836. child nutrition. Geneva, WHA 55, 18 may 2001.
|79
Resumo Abstract
Esta comunicação trata do processo de criação de um videodo- This paper is about the process of creating an institutional
cumentário institucional realizado por profissionais e usuários do documentary video made by professionals and users from the
Centro de Referência em Reabilitação (CRR), serviço de Saúde do Rehab Reference Center (RRC), a Brazilian Health Unique System
SUS Campinas que atende pessoas com deficiência física tempo- service, which assist people who have a temporary or definitive
rária ou permanente. O vídeo foi realizado por profissionais do pró- physical disability. The video was produced by RRC, Health
prio CRR, da Secretaria Municipal de Saúde e voluntários. A partir Municipal Secretary professionals and volunteers. From the focus
do enfoque dos espaços terapêuticos e de convivência mediados on therapeutic and living spaces, mediated by listening and art, as
pela escuta e pela arte, bem como depoimentos dos usuários e well as statements from health professionals and users, the rehab
profissionais de saúde, o processo de reabilitação é abordado nos process is considered in its physics, psych and social aspects,
seus aspectos físicos, psíquicos e sociais, visando à integralidade aiming the therapeutic action integrality. The video was produced
da ação terapêutica. O vídeo foi produzido em DVD e distribuído in DVD and distributed among users, professionals and public
para usuários, profissionais participantes e para serviços da rede health services involved in matrix works. The video is available for
pública de saúde integrantes dos trabalhos de matriciamento. Foi hire on the communication nucleus blog: suscampinas.wordpress.
disponibilizado no blog do Núcleo de comunicação: suscampinas. com/2010/11/10vídeo – quando-as-janela-se-abrem and also at
wordpress.com/2010/11/10vídeo – quando-as-janela-se-abrem. O YouTube. Since its production, the video allows a critic reflection
vídeo desde a sua construção vem permitindo uma reflexão crí- about rehab clinic inside a public health policy. This study being
tica sobre a clínica em reabilitação dentro da política em Saúde recorded makes possible the spread of the work. Furthermore,
Pública. O registro desse trabalho possibilita a divulgação e, para the creation process and its exhibition, trailed by chat groups was
além disso, o próprio processo de criação e sua exibição seguida considered a possible therapeutic resource.
de rodas de conversa mostrou-se como um recurso terapêutico
possível. Keywords: art therapy in physic rehab, expanded clinic, documen-
tary video
Palavras chave: Arte terapia em reabilitação física; Clínica amplia-
da, Videodocumentário
I
http://www.divshare.com/download/12409639-ca3
II
Karina Cyrineu Vale (karinacyrineu@gmail.com) é Psicóloga clínica do Centro
de Referência em Reabilitação da Prefeitura Municipal de Campinas (CRR/
PMC), graduada pela PUCCAMP, com formação em psicoterapia psicanalítica
pela FCM/UNICAMP, arteterapeuta com formação pela Escola de Extensão da
UNICAMP, Docente do Curso de Arteterapia do CEFAS (Centro de Formação e
Assistência à Saúde) - Campinas-SP, educadora somática pela técnica Klauss
Vianna pelo Salão do Movimento/Jussara Miller - Campinas-SP.
III
Maria Rodrigues Naves é Psicóloga do CRR/PMC, com formação em Saúde
Pública pela FCM/Unicamp, graduada pela UFU.
|80
“Quem faz um poema abre uma janela. (visual, auditiva, motora, mental ou intelectual),
Respira, tu que estás numa cela abafada, sendo que 7% referem-se à motora4. Historica-
esse ar que entra por ela. mente, nosso conceito de ‘normalidade’, restri-
Por isso é que os poemas têm ritmo
to a uma dimensão mais quantitativa, contribuiu
- para que possas profundamente respirar.
para um processo de estigmatização e exclusão
Quem faz um poema salva um afogado.
social desses cidadãos8. Até o passado recente,
(Emergência, Mario Quintana)
crianças com deficiência não frequentavam o sis-
tema de ensino regular e adultos com deficiência
tinham muito poucas oportunidades de explorar
Introdução
suas potencialidades laborativas.
E
m Saúde Pública, o termo ‘Reabilitação’ Graças aos avanços no campo dos direitos
vem sendo aplicado ao conjunto de práticas e, consequentemente, nas políticas públicas di-
e intervenções clínicas destinadas a pesso- recionadas a esse segmento populacional, essa
as que sofreram uma ‘perda’ corporal ou funcio- realidade vem mudando gradativamente.
nal. De forma geral, ao conjunto desses cidadãos No campo da Saúde podemos dizer que
que convivem com essas limitações ou sequelas essas mudanças vão se refletindo nas próprias
dá-se a denominação genérica de Pessoas com práticas dos serviços e nas relações entre profis-
Deficiência1. sionais e usuários. Nossas práticas clínicas em
Estima-se, considerando a população resi- reabilitação vão acompanhando as transforma-
dente no país, que 23,9% possuíam pelo menos ções de um ‘modelo’ medico ou biológico para
uma das deficiências atualmente investigadas um modelo social em reabilitação11.
|81
O trabalho do Centro de Referência em Rea- e criativa de cada um, seu verdadeiro self 15
. O
bilitação (CRR-Sousas), serviço de Saúde do SUS uso da arte no processo de reabilitação integral é
Campinas que atende pessoas com deficiência instrumento terapêutico, não só nos espaços de
física temporária ou permanente, mostrado nes- atendimento clínico que configura o trabalho ar-
se videodocumentário, revela esse percurso den- teterapêutico propriamente dito12, mas também
tro do binômio incapacidades-potencialidades em como um leque de opções de investimento da
suas múltiplas faces. libido e do potencial criativo dos pacientes nas
várias oficinas que estão sendo criadas, de forma
que a doença não seja o único foco, mas também
Da exclusão ao tecimento do projeto de vida
o potencial de saúde, o lúdico, o prazeroso em
A reclusão/exclusão dos “diferentes” con-
cada um. Nesse sentido, a ideia inicial de utili-
tribuiu para a naturalização da exclusão desses
zar a filmagem como registro do papel da arte
pacientes, ou seja, historicamente tal processo
na reabilitação, o próprio processo de criação do
contribuiu para a patologização da diferença7. Vi-
filme e a exibição do produto final mostraram-se
vendo um processo de ampliação da atenção pa-
como um recurso no tratamento, sensibilizando
ra além do atendimento médico e fisioterapêuti-
discussões do processo de terapêutico e geran-
co, o CRR em suas ações vem se pautando num
do reflexões e ressignificações das experiências
trabalho interprofissional nos moldes da clínica
subjetivas de cada expectador.
ampliada3, onde a inclusão desses pacientes
passa pela mudança do olhar e de estratégias
na reabilitação, buscando a integralidade como
O processo criativo do videodocumentário
paradigma norteador. Os recursos da Saúde Inte-
A ideia de registrar em imagem o trabalho
grativaIV (acupuntura, tai chi chuan, homeopatia,
realizado no CRR surgiu de um convite para par-
fitoterapia) juntam-se aos recursos da arte, atua
ticiparmos de uma mesa para falar dos aspectos
lizando as potências e ampliando o alcance do
psicossociais da reabilitação física. A ideia era
processo terapêutico.
apresentar o trabalho de reabilitação a partir des-
Partindo dos fundamentos na clínica winni-
se enfoque de atenção integral. Era um desejo da
cottiana16, buscamos o estabelecimento de um
equipe de profissionais ligados às oficinas tera-
“ambiente terapêutico suficientemente bom”, ou
pêuticas registrar o trabalho, pois percebíamos a
seja, reconhecendo suas necessidades e mo-
riqueza de experiências que esses espaços propi-
mentos de maior dependência do nosso cuidado,
ciavam aos pacientes. O verbal não era suficiente
mas também favorecendo e estimulando a auto-
para comunicar esse trabalho. Surgiu então o es-
nomia possível dentro do seu processo de desen-
tímulo concreto e eminente de registrar o traba-
volvimento na reabilitação. Referenciamo-nos ain-
da no seu conceito de criatividade como matriz lho utilizando-se do recurso audiovisual, buscan-
do desenvolvimento da saúde mental, buscan- do a amplitude do registro e da comunicação. Por
do no reconhecimento dos gestos espontâneos que não fazermos um documentário? Um recurso
o caminho de contato com a essência subjetiva artístico para registrar o trabalho terapêutico que
inclui a arte no seu processo.
Tendo como fio condutor a fala dos pró-
IV
Para saber mais sobre essa abordagem na saúde acessar: http://2009.
campinas.sp.gov.br/saude/programas/integrativa/2_7_8.htm prios usuários, o videodocumentário focou as
|82
oficinas e grupos que utilizam a arte no proces- primeira edição, a partir de um roteiro de corte
so terapêutico, a partir das vivências artísticas e proposto, mas também com intervenções a partir
integradoras dos pacientes em seu caminho de de suas próprias observações. Diálogos no pro-
reabilitação. Possibilitar um registro do trabalho cesso de criação.
de arte em reabilitação oferecido pelo serviço, Dessa relação entre profissionais técnicos,
visando à divulgação, reflexão e ampliação das terapeutas, gestores e voluntários foi nascendo
ofertas afins. Ampliar a clínica da reabilitação fí-
o documentário. Essa parceria gerou uma diversi-
sica, utilizando-se do recurso audiovisual como
dade de olhares e experiências.
instrumento de construção de um “olhar” sobre o
As oficinas e espaços que não puderam ser fil-
processo de reabilitação; propiciar voz e expres-
mados foram fotografados, mas mesmo assim mui-
são às vivências subjetivas dos usuários. Além
tos espaços não foram visualmente registrados,
disso, utilizar o videodocumentário em encontros
científicos (jornadas, seminários, congressos e pois essa não é uma prática cotidiana do serviço.
afins); compartilhar com usuários e profissionais Um trabalho cuidadoso de conversar com
da área de reabilitação uma síntese do trabalho os pacientes, explicar o propósito, adentrar o es-
de reabilitação e arte oferecido no CRR. paço que era da reclusão ou sigilo, propôr a fala,
Um desejo, uma agenda e nenhuma experi- o microfone, a câmera, a autorização da imagem
ência na área. Foi com a oferta de um voluntário e do depoimento.
que conhecia o serviço que fizemos as primeiras Um momento que foi, de um lado, tomando
imagens, tentando conciliar as agendas e o coti- partes do espaço terapêutico, medidas para não
diano do serviço. O roteiro foi pensado e estrutu- configurar uma invasão, cuidando do setting 14
rado em parceria por duas psicólogas do servi- que é, ao mesmo tempo, reinventado, ousando
ço, autoras dessa comunicação, nas funções de ampliações.
terapeuta e coordenadora na época, respectiva- A elaboração dos pacientes, que depois se
mente. A psicóloga terapeuta também dirigiu a fil- viam no filme e se sentiam ouvidos, que tinham
magem, de forma intuitiva, utilizando-se de suas
algo a dizer, que não eram “apenas” pacientes,
referências como amante da sétima arte2,5,6,9,13.
mas pessoas com algo a comunicar, a mostrar e
O roteiro e direção focou o ambiente terapêuti-
a se mostrar, de corpo inteiro. Não ‘pessoas com
co, o processo de criação, os produtos e obras
deficiência’, mas pessoas. Pessoas com algo a
realizadas, as relações e produtos subjetivos da
dizer sobre suas subjetividades, a partir do que
arteterapia, a visão da própria equipe.
é mais raro no ser humano, expressar suas expe-
A uma semana da apresentação tínhamos
riências de vida, sentindo-se vivos e, a partir da
somente as imagens. O trabalho de edição esta-
dor e da falta, transcendê-las.
va todo por fazer. As tentativas de parceria volun-
tária para edição não se haviam concretizado. Foi Da vivência da exclusão à experiência de abrir
nesse momento que conseguimos contatar uma das janelas. Janelas das imagens de suas obras,
pessoa na Secretaria de Saúde que estava parti- que resumem e ampliam suas trajetórias e abrem
cipando da implementação de um Núcleo de Co- possibilidades, de expressão de afetos, de ressig-
municação; um profissional formado em Cinema nificação de experiências, de elaboração dos lu-
apostou na ideia e realizou em tempo recorde a tos, olhares e escutas para novas possibilidades.
|83
Conclusões
Agradecimentos
O nosso vídeo, desde a sua construção, vem
À equipe, pelo trabalho cotidiano de
permitindo uma reflexão crítica sobre a clínica em
parcerias.
reabilitação dentro de uma política em Saúde Pú-
Aos usuários, nossos verdadeiros mestres.
blica. A proposta de trabalhar a Reabilitação Físi-
A Marcos Botelho, pela dedicada edição; e
ca com ofertas de oficinas e grupos terapêuticos
visa ao cuidado integral do paciente em reabili- a Jayme Pereira Júnior, pelas generosas imagens.
tação. O registro desse trabalho configurou um Pelo trabalho que transcendeu os limites do bom
objeto – o filme – que pretende gerar esses e profissionalismo e confluiu numa experiência ge-
outros diálogos. A partir do próprio processo de nuinamente humana.
criação, inerente a qualquer fazer artístico, e do
produto gerado, a obra, que cria vida própria e
Referências
gera reflexões; a partir dos infinitos olhares e in-
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à
terpretações que um processo e produto artístico
Saúde. Manual de legislação em saúde da pessoa portado-
são capazes de provocar. ra de deficiência. Brasília: Ministério da Saúde, 2003.
Foi um trabalho ousado, que reuniu mui- 2. Broz, Pedro; Berlinder, Roberto. Herbert de perto, doc
tos atores e saberes que vão além da formação Brasil, 2006
3. Campos, G.W.S. (1996/1997) A clínica do sujeito: por
uma clínica reformulada e ampliada. In Saúde Paideia. SP:
V
https://www.youtube.com/watch?v=HposgphKHyc
VI
suscampinas.wordpress.com/2010/11/10vídeo – quando-as-janela-se-abrem Ed Mussite, 2002
|84
4. Cartilha do Censo 2010 – Pessoas com Deficiência / Lui- 11. Mendes, L. G. G. Subjetividade e lesão medular: vida
za Maria Borges Oliveira / Secretaria de Direitos Humanos que escapa à paralisia. Belo Horizonte, 2007
da Presidência da República (SDH/PR) / Secretaria Nacio- 12. Lennon, John, Mc Carteney, Paul. A day in the life- clip you-
nal de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência tube: http://beatlestube.net/vídeo.php?title=a+day+in+the+life
(SNPD) / Coordenação-Geral do Sistema de Informações 13. Mendes, L. G. G. Subjetividade e lesão medular: vida
sobre a Pessoa com Deficiência; Brasília : SDH-PR/SNPD, que escapa à paralisia. Belo Horizonte, 2007
2012. 14. Pain, Sara; Jarreau, Gladys. Teoria e técnica de artertera-
5. DOC TV: Programa de Fomento à produção e Teledifusão do pia: a compreensão do sujeito. Porto alegre: Artes Méd, 1996.
Documentário brasileiro. TV Cultura, 2003. doctv.cultura.gov.br 15. Rocha, N S. Momentos, LG Portugal, maio 2010. http://
6. Faro, Fernando. Ensaio: Programa da TV Cultura. www. www.youtube.com/watch?v+FJku5nxMOuY&feature+player
tvcultura.com.br/ensaio/sid=239 emede#!
7. FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: 16. Winnicott, D.W. Aspectos clínicos e metapsicológicos da
Graal, 1979. regressão dentro do setting psicanalítico (1954-5) In: Tex-
8. GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação tos selecionados: da pediatria à psicanálise. RJ: F. Alves,
da identidade deteriorada. 4a. ed. Rio de Janeiro: Guana- 1998. p. 459-481
bara, 1988. 17. WINNICOTT, D. W. O Brincar e a Realidade. Imago ed.
9. Jardim, João, Harley, Karen. Lixo extraordinário (waste land) RJ: 1975.
Produção Lucy Walker. Doc, rasil-Reino Unido, 2010, 90 m 18. WINNICOTT, D. W. Preocupação materna primária (1956).
10. Lennon, John, Mc Carteney, Paul. A day in the life- clip you- In: Textos selecionados: da pediatria à psicanálise. RJ:
tube: http://beatlestube.net/vídeo.php?title=a+day+in+the+life F. Alves, 1998
|85
Resumo Abstract
O presente artigo relata o estudo realizado no município do Guaru- This paper states the study produced in a Brazilian municipali-
já, que implementou ações de saúde mental na atenção básica. A ty named Guarujá, which implanted health mental actions in ba-
partir da preocupação com o elevado número de encaminhamen- sic care. From the perspective of the concerning about the great
tos de pacientes das unidades básicas de saúde para consultas amount of guiding patients from basic health unities to psychiatric
psiquiátricas na atenção especializada, foi proposto um estudo pa- appointments in specialized attention, a study was proposed to
ra compreender os motivos dos encaminhamentos e buscar alter- understand the reasons for these guiding and to search alterna-
nativas de cuidados, dentro das unidades básicas de saúde, com tives of care in basic health unities with its own resources. The
recursos do próprio território. O resultado apontou grande resolu- result showed a significant resolution in basic attention e a reduc-
tividade na atenção básica e redução nos encaminhamentos para tion in guiding patients to specialized attention, which represents
atenção especializada, o que representou um marco importante an important milestone in increasing Guarujá’s mental health net-
na ampliação da rede de saúde mental do Guarujá, garantindo work, assuring to the population access and quality care in basic
aos munícipes acessos e cuidado de qualidade na atenção básica. attention.
Palavras-chave: Saúde mental; Atenção básica; Integralidade em Keywords: Mental health; Primary Health care; Integrality in health.
saúde.
I
Eliana Cristina Gardini (gardinieliana@yahoo.com.br) é psicóloga da prefei-
tura municipal do Guarujá-SP, com especialização em psicodrama terapêutico
– sociedade santista de psicodrama, especialização em dependência química
– UNIFESP, pós-graduação em saúde pública – UNISANTOS e pós-graduação
em violência doméstica contra crianças e adolescentes – LACRI/USP.
|86
Introdução Objetivos
N
Realizar escuta qualificada aos usuários
os últimos anos foi observado na atenção
encaminhados para consultas psiquiátricas; ofe-
básica, do município do Guarujá, que os
encaminhamentos para a psiquiatria au- recer alternativas de cuidados na atenção bási-
mentaram consideravelmente e a porta de en- ca; reduzir a medicalização na saúde mental do
trada para o cuidado em Saúde Mental dava-se município do Guarujá; realizar encaminhamentos
através da consulta direta psiquiátrica. Como implicados aos diferentes equipamentos da rede
resultante desse processo, a medicalização foi de saúde e promover, junto à equipe técnica das
instituída como forma predominante de cuidado, unidades básicas de saúde, um olhar multidisci-
onde o seguimento psiquiátrico de longo prazo e plinar na demanda em saúde mental.
com raríssimas altas apontaram para cuidados
com baixa resolutividade e pouco eficazes para
pessoas com sofrimento. Atualmente, o muni- Metodologia
cípio integra dez Unidades básicas de Saúde e, O estudo começou com visitas as dez uni-
diante da crescente demanda de consultas mé- dades básicas do município que realizavam os
dicas em psiquiatria, verificou-se a necessidade encaminhamentos para consultas psiquiátricas.
de um estudo para melhor compreender os pe- Segundo o critério de maior território e maior
didos de encaminhamentos e possibilitar a rea- número de encaminhamentos para as consultas
lização de encaminhamentos mais adequados e psiquiátricas foram selecionadas cinco unidades
eficazes. para participarem do estudo.
|87
|88
Dos 50 casos estudados, somente 12% ne- Detectou-se inúmeras solicitações de medi-
cessitaram de encaminhamentos para consulta cações por familiares e, ou, pacientes inseridos
psiquiátrica na atenção especializada. 10% foram ou não nos serviços de saúde do município, ca-
encaminhados para psicoterapia breve, 2% para racterizando a cultura de medicalização. Relatos
roda de conversa na USAFA e 76% dos casos fo- de compartilhamento de medicações entre fami-
ram cuidados na atenção básica, com recursos liares, amigos e vizinhos sem o conhecimento
territoriais. dos efeitos colaterais e reflexos dessas medica-
ções sobre a saúde.
Uso inadequado, uso abusivo e até a cons-
Aprendizado com a vivência: facilidades e tatação de quadros de dependência de medica-
dificuldades ções foram confirmadas, realidade do município
O estudo possibilitou identificar a atuação que a coordenação de saúde mental reconheceu
das unidades básicas de saúde no município do com grande preocupação.
Guarujá no que se refere aos pacientes que apre- Diante de tais dificuldades, o modelo ofere-
sentam algum sofrimento psíquico. Os aponta- cido no estudo mostrou-se oportuno, a vivência
mentos observados foram comuns às cinco uni- de um novo olhar sobre os encaminhamentos pa-
dades básicas que integraram o estudo. Consta- ra consultas psiquiátricas revelou-se um meio
tou-se resistência por parte das equipes em aco- importante de aproximar a saúde mental da aten-
lher a demanda “Psi” e assumir o papel de porta ção básica e oferecer cuidados em saúde mental
de entrada para os cuidados em saúde mental. dentro das unidades básicas de saúde.
Realizam elevado número de encaminha- O estudo questiona a atuação das unidades
mentos para consultas psiquiátricas em unida- básicas de saúde e propõe um modelo de atua-
des de especialidades, reforçando o cuidado pre- ção que facilite o acesso aos cuidados em saúde
dominantemente medicamentoso. mental, que busque alternativas de cuidados tais,
As ações das unidades básicas de saúde como rodas de conversas, atendimentos individu-
eram pautadas no modelo médico, que conside- ais ou em grupos, estratégias de matriciamento e
ra a queixa orgânica e desconsidera os concei- atividades sócio-ocupacionais, preferencialmente
tos do programa de saúde mental do município, com recursos do próprio território, através de um
que preconiza o acesso universal aos serviços de trabalho em equipe.
saúde e à integralidade da assistência e a des- Salienta a necessidade de encaminha-
centralização dos serviços. mentos criteriosos, visando à redução do nú-
A posição de alguns membros da equipe era mero de encaminhamentos para serviços de
de colocar-se distante da rede de saúde mental; especialidades.
não reconheciam a importante função da aten- Estabelece como meta a redução do uso de
ção básica de acolher e acompanhar os pacien- psicotrópicos e melhor controle na dispensação
tes com queixas emocionais. de medicações no município.
Justificavam equivocadamente que não ti- Por fim, compor as equipes das unidades
nham preparo técnico para executar as ações e básicas de saúde que participaram do estudo
que essas somente poderiam ser executadas por com psicólogo e terapeuta ocupacional, objeti-
profissionais da saúde mental. vando qualificar as ações na atenção básica e
|89
|90
João Gabriel Zerba CorrêaI, Guilherme Costa FerreiraII, Sueli Alcantara AmbrosioIII
Valéria Iracy Lira FlorentinoIV, Patrícia Garcia Braga dos AnjosV
Resumo Abstract
A síndrome do paciente acumulador, também conhecida como Sín- The compulsive accumulator syndrome, also known as Diogenes
drome de Diógenes, caracteriza-se por uma quebra e rejeição de Syndrome, is characterized for breaking and rejecting social pat-
padrões sociais observados no descuido pessoal e habitacional terns observed in severe personal and habitational careless, in
severo, no abandono do convívio social, no reduzido insight para o non-social coexistence, in the reduced insight for the problem, as
problema, assim como o comportamento de acúmulo de objetos e, well as the behavior of hoarding garbage and(or) animals. This pa-
ou, animais. Este trabalho tem como objetivo a atenção humaniza- per aims the humanized attention to people who have the Syn-
da ao munícipe com síndrome de acúmulo no território de São Mi- drome and live in São Miguel, in a try of identifying early this in-
guel, numa tentativa de identificar precocemente esse indivíduo e dividuals and improve the treatment and monitoring, carried out
melhorar o tratamento e o monitoramento posteori, realizado pelo by Compulsive Accumulator Support Group, which integrates many
Grupo de Apoio ao Municipe Acumulador (GAMA), integrando vários services of the region. For 11 accumulators that were monitored,
serviços da rede municipal como: SUVIS, UBS, STS, CAPS, CRAS, between February and August 2015, the preponderance was of
NPJ, Defesa Civil, CCZ, entre outros. No total, de 11 acumuladores garbage hoardings (80%), female sex (70%) and elderly (70% older
acompanhados, no período de fevereiro a agosto de 2015, verifi- than 60). Therefore, it can be stated that these data is not different
cou-se a preponderância de acumuladores de inservíveis (80%), from what is found in bibliography about this topic. Based on these
do sexo feminino (70%) e idosos (70% acima dos 60 anos). Assim, initial data, programs of shelter to this part of the population and
constata-se que os dados não diferem do que encontrado na bi- the preparation for servants to recognize and assist these patients
bliografia sobre o assunto. A partir desses dados iniciais, pode-se can be better made.
melhor os programas de acolhimento a esses munícipes e prepa-
ração aos servidores para reconhecer e atender esses pacientes. Keywords: Intersectoral action; Mental health; Syndrome.
I
João Gabriel Zerba Corrêa (jgzerba@prefeitura.sp.gov.br) é trabalhador da IV
Valéria Iracy Lira Florentino (vflorentino@prefeitura.sp.gov.br) é trabalhadora
prefeitura municipal de São Miguel Paulista. da prefeitura municipal de São Miguel Paulista.
II
Guilherme Costa Ferreira (guilhermecferreira@prefeitura.sp.gov.br) é traba- V
Patrícia Garcia Braga dos Anjos (panjos@prefeitura.sp.gov.br) é trabalhadora
lhador da prefeitura municipal de São Miguel Paulista. da prefeitura municipal de São Miguel Paulista.
III
Sueli Alcantara Ambrosio é trabalhadora da prefeitura municipal de São
Miguel Paulista.
|91
A
social. Faz parte do GAMA: A Supervisão de Vigi-
síndrome do paciente acumulador, conhe-
lância em Saúde, Supervisão Técnica em Saúde,
cida como Síndrome de Diógenes, eviden-
Centro de Referência de Assistência Social, Cen-
cia-se não somente pela literatura de saú-
tro de Atenção Psicossocial, Núcleo de Proteção
de especializada, mas também pela mídia. Sua
Jurídico Social e Apoio Psicológico, Defesa Civil
classificação surge em 1975 (Clark e Mankikar,
e as Unidades Básicas de Saúde, com reuniões
1975), e caracteriza-se por uma quebra e rejeição
mensais multiprofissionais e intersetoriais. Cada
de padrões sociais observados no descuido pes-
caso é discutido em sua singularidade, visando
soal e habitacional severo, no abandono do con-
às estratégias de fortalecimento de vinculo entre
vívio social, no reduzido insight para o problema,
a equipe e o munícipe e proposta de novas ações
assim como o comportamento de acúmulo de ob-
com resolutividade. Salienta-se que o grupo tem
jetos e, ou, animais (Almeida e Ribeiro, 2012). O
como foco o munícipe e não o objeto de acúmulo.
Grupo de Apoio ao Munícipe Acumulador (GAMA)
tem como função a atenção integral aos acumula-
dores compulsivos. O grupo técnico surgiu a partir Objetivo
da necessidade de um olhar mais atento, multi- Apresentar as ações em rede de atenção
profissional e intersetorial ao sofrimento psíquico psicossocial, com base na análise estatística dos
do munícipe em atuação de acúmulo, tendo em casos de munícipe com síndrome de acúmulo
vista que muitas vezes a demanda que chega aos atendidos no território pelo GAMA, em uma ten-
serviços traz o sujeito resumido a um endereço, e tativa de identificar precocemente este indivíduo
|92
|93
|94
Resumo Abstract
Este artigo busca traçar um breve panorama dos trabalhos apre This paper aims to provide a brief picture of the works presented
sentados na XIII Mostra de Experiências Exitosas no âmbito do in the 8th Show of successful experiences in the scope of profes
Programa de Aprimoramento Profissional do Instituto de Saúde sional improvement in São Paulo’s Health Secretary. To this end,
da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Para a sua rea formularies were created considering aspects as: the reach of the
lização foram elaborados formulários focando aspectos, tais co works’ goals; scope of application; replicability, diffusion and/or
mo: i) abrangência e, ou, alcance dos objetivos dos trabalhos; ii) appropriation potential; duration or sustainability; politics, program
âmbito da aplicação; iii) potencial de replicabilidade, difusão e, ou, and actions phases; involved areas and the Brazilian Public Health
apropriação; iv) duração ou sustentabilidade; v) fases da política, System referred principles, besides a synthesis of the 538 expe
do programa e das ações alcançadas; vi) setores sociais e, ou, riences presented in the Show. The first observation is about the
áreas relacionadas; vii) e princípios do Sistema Único da Saúde Show effectuation, regularity and diversity. Briefly, the initiative,
-SUS referidos, além de uma síntese das 538 experiências apre amount and quality of the work represent the commitment and the
sentadas na mostra. A primeira observação que se impõe é a efeti daily care from health workers in consolidating the Brazilian Public
vação, regularidade e diversidade da própria mostra. Em síntese, a Health System.
iniciativa, a quantidade e a qualidade dos trabalhos representam o Keywords: Professional Improvement; Successful Experiences;
profundo comprometimento com o cuidado no cotidiano por parte Brazilian Public Health System.
dos trabalhadores da saúde na consolidação do SUS.
I
A Turma do Aprimoramento 2016, responsável pelo trabalho de campo, e
os coautores deste artigo e do relatório é composta por: Adriana Maria do
Nascimento; Amanda Atsuda Braga; Bruna Aparecida Gonçalves; Cecília Setti;
Cézar Donizetti Luquine Junior; Cibele Monteiro Macedo; Cinira Fiuza; Danilo
Milev; Fernanda Luz Gonzaga da Silva; Flávia Ricetti Sartori; Francisco Jonas
da Silva; Gabriela Barros da Silva; Gianlucca Vergian Dalenogare; Iara Maki
Endo Marubayashi; Isabella Fontes Monteiro; Karina Sobral de Melo; Penélope
Baldassin da Rocha; Rebeca Rodrigues de Lima; Samanta Ribeiro Oliveira da
Silva; e Vanessa Matias da Rocha.
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|96
Houve a participação dos aprimorandos Fonte: Elaboração própria a partir dos pôsteres do XXX Con-
gresso COSEMS-SP, abril 2016.
nas Rodas de Conversa sobre os trabalhos da
mostra organizados nos nove temas do Congres- *A diferença entre o número de Pôsteres e o total de Experiências
Exitosas constante nos Anais deve-se a trabalhos apresentados
so, onde se procurou observar e identificar as- ou inscritos posteriormente ou em duplicidade.
pectos como: 1) afluência de participantes nos
grupos de discussão e 2) eixos, subtemas, pro- A primeira observação diz respeito à distri-
blemas e argumentos apontados e recorrentes buição dos trabalhos nos dois eixos definidos pe-
em relação às experiências apresentadas. O lo Congresso – Gestão do Sistema e Cuidado em
objetivo foi o de cotejar e comparar os dados Saúde –, e aqui temos certo equilíbrio com 256 e
gerais das experiências apresentadas nos pôs- 290 experiências inscritas, respectivamente.
teres em relação a sua capacidade de mobiliza- Convém lembrar que a classificação foi feita
ção, de problematização e a discussão realizada pelos participantes no ato da inscrição de cada
nos encontros. trabalho. O mesmo ocorreu também em relação
Trata-se de uma leitura exploratória, ainda ao registro em um dos nove temas propostos.
assim exercício temerário, tendo em vista a diver- Aliás, no ano de 2016 houve a retirada dos te-
sidade e a riqueza dos trabalhos apresentados mas Atenção Hospitalar e Urgência e Emergên-
e discutidos. Buscou-se apenas organizar alguns cia, presentes na mostra anterior, tendo em vista
apontamentos em relação ao conjunto das prá- a especificidade desses temas em relação aos
ticas, a considerável soma de 538 experiências seus objetivos. Houve também a junção dos te-
dispostas em 12 temas (tabela 1): mas Promoção em Saúde e Práticas Integrativas.
|97
Inicialmente, cabe destacar que os eixos e ação profissional, dado que esses temas se ca-
os temas muitas vezes se articulam, quase ne- racterizam pela implicação coletiva e o trabalho
cessariamente, uma vez que são propostos como intensivo, em consonância com a complexidade
ponto de partida para o diálogo das experiências no cuidado própria à atenção básica. Indica ainda
no campo da saúde. O mesmo ocorre com as no- a preocupação com as várias dimensões e articu-
ções de ‘sistema’ e de ‘gestão’, os dois eixos da lações que a gestão da saúde e do cuidado im-
mostra. Sistema aqui refere-se tanto a uma linha põe, tanto em termos da formulação como da im-
de cuidado como a uma experiência de referên- plementação e acompanhamentos necessários.
cia/contrarreferência entre níveis de atenção ou
complexidade. E gestão alude tanto à chefia de
um serviço ou componente de um programa de Vigilância em saúde
saúde como ao poder decisório na formulação, No ano passado foram apresentados 114
planejamento e implantação. Assim, gestão se trabalhos na XIII Mostra de Experiências Exitosas
refere ora à gerência de uma unidade, etapa ou no tema “Vigilância em saúde”, quase o dobro do
componente de um implementação, ora à gestão ano 2015. Dessas 114 experiências, 58, o equi-
municipal, à secretaria de saúde local. valente a 50,9% delas, foram inscritas em “Cui-
O alargamento no uso desses conceitos re- dado em saúde” e 56 (49,1%) classificadas como
“Gestão do sistema”.
quer reflexão e impõe redefinições, bem como le-
A quase totalidade delas, 111, são expe-
va a atentar para a especificidade dos atores e
riências de alcance municipal ou intramunicipal,
relacionados, bem como o lugar de onde falam.
sendo a maioria, 83, na Grande São Paulo. Em
Em todo caso, o equilíbrio entre os dois eixos –
relação ao chamado grau de replicabilidade –
gestão do sistema e cuidado em saúde – parece
aplicabilidade, viabilidade e sustentabilidade da
convergir para uma concepção de totalidade da
ação descrita em termos de recursos, relevância
ação ou iniciativa de dimensões necessariamen-
do problema ou necessidade de saúde e possí-
te relacionadas.
veis impactos –, 70 delas indicam grau alto ou
mais alto do que baixo.
As experiências apresentadas nesse tema
Temas mais frequentes: vigilância; atenção
mostraram grande diversidade, o que levou a
básica; gestão e promoção em saúde
agrupá-las em seis grandes subtemas, a saber.
Avançando nessa breve leitura do conjun-
O maior número delas concentrou-se em
to das experiências, vemos que os temas com Doenças transmissíveis, num total de 46, entre
maior número de trabalhos foram: Vigilância em elas 18 sobre o combate à Aedes aegypti – ba-
saúde, com 114; Atenção básica, 110; Gestão sicamente sobre uso e sistemas de informação,
em saúde, 77 e Gestão de pessoas, do traba- articulações entre serviços e promoção de saú-
lho e educação em saúde, com 75. Esses qua- de. Em Saúde ambiental houve 21 experiências,
tro temas somam 376 trabalhos, o equivalente cujo foco ia desde a crise hídrica (três), controle
a 69% do total. Somando-se os 66 trabalhos do de espécies animais (nove), violência e acidentes
tema Promoção de saúde e práticas integrativas, (cinco), além de dois trabalhos em Educação am-
chega-se a 442, o equivalente a 81% do total da biental, um deles em UBS. Em Saúde do traba-
mostra. lhador houve 14 experiências, sendo 7 delas ver-
Esse fato confirma o forte envolvimento dos sando sobre assédio moral e sexual, enquanto
trabalhadores na busca de efetivação da sua as demais referiam-se às ações e intervenções
|98
como uso da informação e combate à subnotifi- profissionais; b) a não articulação das diferentes
cação e redes de apoio à saúde do trabalhador. redes de apoio; c) acúmulo de funções dos profis-
O subtema Vigilância da situação de saúde en- sionais; d) resistência de usuários e profissionais
globou 13 experiências envolvendo avaliação de à implementação de mudanças; e) e sensibiliza-
indicadores, estratégias de gestão e implementa- ção da população. Outro ponto destacado foram
ção de programas, de modo a articular a gestão dificuldades diante das iniciativas de articulação
de sistema e o cuidado em saúde. Daí, inclusive, intersetorial.
a percepção de trabalhos que poderiam ser en-
quadrados em ambos os eixos. Em Vigilância sa-
nitária foram apresentadas 11 experiências, to- Atenção básica, promoção em saúde e práticas
das em municípios de grande porte – São Paulo, integrativas
ABC, Campinas e Ribeirão Preto, além de Embu Seguindo na busca de alinhavar apontamen-
das Artes e Mauá. Referem-se principalmente à tos e tendências do conjunto de trabalhos, foram
produção e manipulação de alimentos e às con- apresentadas 110 experiências em Atenção bási-
dições sanitárias de instituições de cuidado ao ca, número próximo às 94 do ano de 2015. Em
idoso e em saúde mental. Por fim, em Doenças Promoção de saúde – que neste ano passou a
não transmissíveis, foram apresentados nove tra- constituir um tema conjunto com Práticas inte-
balhos centrados na realização de inquéritos e grativas – totalizou-se 66 experiências, uma dimi-
pesquisas sobre o perfil de usuários, estratégias nuição se comparadas ao ano anterior, 81 e 25,
de avaliação e aperfeiçoamento de serviços e respectivamente.
educação permanente. Como a maioria dos trabalhos do segundo
A Roda de conversa sobre Vigilância em tema em número de inscritos, Atenção básica foi
saúde foi uma das mais concorridas, tendo si- inscrita em Cuidado em saúde – e com a quase
do realizadas em dois espaços – um deles foi totalidade, 62 entre 66 trabalhos em Promoção
a Sala Parque do Carmo, com a presença de e práticas integrativas, o quinto em frequência,
37 pessoas representando municípios da Gran- ocorreu o mesmo –, faremos uma leitura em con-
de São Paulo e o outro a Sala Interlagos, onde junto num mesmo perfil.
se discutiram 55 experiências sobre os temas – A maior parte dos trabalhos em Atenção bá-
principalmente os relacionados ao Aedes aegypti sica, 85, veio de municípios da Região Metropo-
e à dengue: sistemas de informação, georrefe- litana de São Paulo. Desses, 25 foram inscritos
renciamento, mudanças na ficha epidemiológica por Guarulhos e 42 pelo município sede do even-
e à resistência a elas. Igualmente, houve ampla to. Também Franco da Rocha, Iguape, Pereira
discussão sobre ações de promoção em saúde Barreto, São Vicente, Manduri, e Pompeia, entre
e articulação intersetorial – escolas e comunida- outros, reafirmaram presença. O último, inclusi-
de, de modo geral. ve, teve um trabalho contemplado com o Prêmio
Em síntese, dos pôsteres e das discus- David Capistrano 2016.
sões acompanhadas vimos que as principais fa- Das experiências inscritas em Gestão do
cilidades referidas foram: a) o comprometimento sistema destacam-se aquelas que, combinadas
e o engajamento das equipes de saúde; b) e a ou não com temáticas específicas, visaram prin-
participação dos usuários nas ações. As dificul- cipalmente à: a) formação dos trabalhadores; b)
dades mais citadas foram: a) adaptação para ampliação do acesso; c) organização de agendas
novos sistemas de informação ou desconheci- e consultas; d) instauração de protocolos e pro-
mento de recursos de informática por parte dos cedimentos; d) e avaliação de ações e serviços.
|99
Houve 8 (7%) trabalhos com caráter investi- Muitos produtos e resultados relataram
gativo na assistência prestada, buscando integrar avanços desde a visão centrada na interação
os sujeitos e familiares; 11 (10%) com caráter entre equipes de saúde e o uso de estratégias
educacional e foco na dimensão social na capa- como capacitação profissional e educação em
citação dos profissionais; 22 (20%) com foco na saúde, com o foco no engajamento da comuni-
mudança do modelo de atenção na assistência dade e o desenvolvimento de atividades sociocul-
prestada. Todos os demais, 69 (63%) trabalhos turais em conjunto às ações de saúde. Isso se
possuíam tópicos específicos dirigidos à promo- observou no enfrentamento da violência, sentido
ção e prevenção da saúde de determinado gru- amplo, tanto em função das muitas experiências
po, população, agravo ou linha de cuidado e, em focadas em questões como óbitos fetais, morta-
grande parte, com a evidente preocupação com lidade materna e infantil ou erros médicos, como
os condicionantes sociais da saúde e da doença. na preocupação com a violência – criminal, de
Em relação ao Cuidado em saúde, cabe des- raça ou gênero – e as implicações sociais diretas
tacar a articulação de ações e dos processos de e indiretas para além do fenômeno ou do agravo
trabalho com a organização dos serviços, ou se- em si.
ja, experiências abordando temas como atenção O tema Promoção em saúde e prática in-
tegrativas, como era de se esperar, teve inscri-
ao idoso e ao acamado, pré-natal, aleitamento
to a quase totalidade de suas experiências em
materno, segurança alimentar, câncer, adoles-
cuidado à saúde – 62 entre 66. Esses trabalhos
centes, público LGBT e atenção psicossocial alia-
podem ser separados pelos seguintes subtemas
das à preocupação central com aspectos da ges-
e respectivas quantidades: promoção em saúde
tão, da política de saúde, das linhas de cuidado
(14), educação em saúde (12), práticas integrati-
ou mediação de conflitos e situações de violên-
vas (12), educação ambiental (10), prática cura-
cia, além de acolhimento.
tiva (6), educação alimentar (4), saúde dos pro-
Quanto ao chamado potencial de replica-
fissionais (2), gestão em informação (3) e saúde
bilidade, difusão ou apropriação 88, ou seja,
bucal (1).
exatos 80% dos trabalhos, foram considerados
Com relação à localização dos projetos, 40
com um nível alto ou mais alto do que baixo, um
pertencem à capital de São Paulo; 6 pertencem
bom indicador da possível reprodutibilidade da à Grande São Paulo; 18 pertencem ao interior
experiência. de São Paulo e dois pertencem ao litoral de São
Nas Rodas de conversa, realizadas em duas Paulo.
salas, o que mais chamou a atenção foi o desta- Quanto ao público, 15 trabalhos focaram as
que conferido pelos autores às possibilidades e crianças; 8 aos idosos; 7 aos trabalhadores; 6
à relevância quanto ao papel da atenção básica ao sistema/serviço; 24 junto à comunidade e 6
no cuidado. Na segunda parte, diante da suges- a públicos específicos – pacientes com sequela
tão dos articuladores em problematizar a relação de AVC; população prisional, dor crônica; neces-
atenção básica e cuidado em saúde, foram cita- sidades especiais; pessoas em situação de rua e
dos como desafios: a) a dificuldade de trabalhar população negra/imigrantes.
em rede; b) o distanciamento entre o gestor e A maioria das experiências foi de alcance
os profissionais de saúde; c) a desvalorização da local ou municipal, com 62 trabalhos, todos em
atenção básica; d) a descontinuidade de ações municípios populosos. Uma hipótese levantada
devido às eleições municipais; e) e a importância pela mediadora da Roda de conversa é a de que
da educação permanente. em municípios menores há poucos profissionais
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para desenvolver as atividades, ficando sobrecar- É interessante que mais da metade dos tra-
regada. Isso contrasta com o potencial de repli- balhos (44) estava sendo ou foi realizada há mais
cabilidade, pois a maior parte das experiências, de um ano, ou de 7 a 12 meses (11), ainda que
51, pode ser considerada alto ou mais alto do em 13 casos não foi possível precisar o período
que baixo, utilizando como critério para avaliar o ou duração, ou seja, tendendo à consolidação.
potencial o baixo custo financeiro, a facilidade de Também se destaca que o potencial de replica-
apropriação do conhecimento e alta adesão dos bilidade, com base nos critérios referidos, 60, ou
participantes. seja, 72% das experiências apresentaram poten-
Foi possível notar que os produtos e resul- cial considerado alto ou mais alto do que baixo,
tados alcançados nas experiências exitosas são o que significa, possivelmente, o uso e a criação
projetos que, na maioria das vezes, resultavam de estratégias efetivas de interlocução e pactu-
de oficinas abertas à população do local em que ação na integração de serviços de referência ou
era realizada a atividade, com o intuito de promo- centrais de vagas. Nesse sentido, os princípios
ver saúde e a utilização de práticas integrativas do SUS mais citados, combinados ou não, foram
de formas diversificadas. Verifica-se melhora na a integralidade (58), a equidade (42) e a univer-
qualidade de vida dos participantes, aumento da salidade (35).
autoestima, estimulação da interação social, di- Em termos esquemáticos, o perfil das ex-
minuição do uso da medicamentação, conscien- periências pode ser descrito em termos de: a)
tização de alguns temas abordados nas oficinas, diagnóstico de saúde e ações dirigidas, com
parcerias entre secretarias, melhora do bem-es- 32 trabalhos sobre conhecimento e apropriação
tar físico, oficinas sobre o meio ambiente e a pre- baseados no território, bem como questões es-
ocupação com o mosquito Aedes aegypti. pecíficas, tais como absenteísmo em exames e
Na Roda de conversa, a síntese dos comen- consultas especializadas, adesão a programas e
tários foi a necessidade em: a) refletir sobre o respectivas respostas por parte do sistema ou
conceito de saúde e a visão compartilhada da serviço; b) análise epidemiológica, com 16 traba-
promoção em saúde; b) considerar a especifici- lhos onde se trabalhou indicadores e dados de
dade do grupo e do local; c) enfatizar a importân- morbimortalidade de grupos ou populações es-
cia da articulação intersetorial, caso das ações pecíficos; c) sistemas de informação, onde 13
de combate ao Aedes aegypti em parcerias com trabalhos discutiam questões como coleta e qua-
as escolas, com resultados muito positivos; d) lidade do dado, uso, acesso, circulação e publi-
analisar o desafio de se trabalhar sem o foco na cização da informação; d) formação e educação
doença, e) e refletir sobre a Saúde Coletiva na em saúde, em que 12 trabalhos apresentaram
contramão da sociedade consumista. experiências atinentes; e) articulação em rede, 6
experiências nas quais ações entre serviços ou
ferramentas intersetoriais envolviam alteração
Gestão em saúde de fluxos de gestão e atenção e principalmente a
O terceiro tema com o maior número de ins- reorientação profissional. Apesar de se tratarem
crições, 77, foi o de Gestão em saúde. A quase de experiências com baixa exigência de recursos
totalidade, como imaginado, no eixo gestão do físicos, o investimento em pessoal surge como
sistema, com 75. Também compreensível que a principal dificuldade na execução; f) e judicializa-
maioria tenha vindo da Região Metropolitana de ção em saúde, em que quatro trabalhos discu-
São Paulo ou, ainda, de Campinas e da Baixada, tiam experiências de regulação diante de ações e
onde a questão obviamente mais se evidencia. demandas judiciais.
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construção de consensos, maior eficácia, eficiên- equidade por 27 e controle e participação social
cia e efetividade por meio de ações que envolvem por 14 trabalhos.
o apoio ao controle social, à educação popular, à Assim, observou-se dois aspectos em co-
mobilização social, à busca da equidade, ao mo- mum entre os trabalhos inscritos: o do “fortaleci-
nitoramento e avaliação, à ouvidoria, à auditoria e mento” e o da “troca”, pontuando importância do
à gestão da ética nos serviços públicos de saúde. fortalecimento da rede, ou seja, a necessidade
de uma rede de serviços mais comunicativa, in-
tegrativa e participativa, que efetivaria a integra-
Redes de atenção à saúde ção dos serviços e a qualidade do trabalho. Isso
Tema que vem ganhando destaque crescen- permitiria: a) significar e ressignificar a execução
te, passando de 27 no ano de 2015 para 40 nes- do trabalho; b) compartilhar experiências nos ser-
ta edição, e seu conjunto é marcado justamente viços, melhoria de atendimento e satisfação da
pela diversidade de propostas e experiências. De população; c) mudanças na instrumentalização e
modo geral, uma possível classificação é: aperfeiçoamento dos serviços com intercâmbios
1) As ações intersetoriais como método e multiprofissionais; d) e maior diversidade nas uni-
princípio se repetem ao longo dos trabalhos, com dades e na rede como um todo.
equipamentos de outros setores (educação, as- Em síntese, em comum nesta análise vemos
sistência social, justiça). que os trabalhos buscam a melhoria da qualida-
de da atenção e da qualidade de vida dos sujei-
2) Ações educativas e a participação de
tos, a ação intersetorial e comunitária como pres-
usuários e comunidade como estratégias signifi-
suposto. Mas a ideia de redes de saúde, até pela
cativas na atenção básica, em especial em ações
incorporação recente, aparece com característi-
preventivas de saúde bucal.
cas e concepções singulares, dado que a maioria
3) Questões sociais como geração de traba-
dos trabalhos – 38 entre 40 – foi desenvolvida
lho e renda, praticadas na saúde na perspectiva
no âmbito local e muitas vezes nas próprias uni-
da inclusão de pessoas com deficiência e usuá-
dades de saúde e não com foco na interrelação
rios da saúde mental.
com outras unidades ou níveis de complexidade,
4) Propostas e realização de trabalhos em
no intuito da assistência integral do sujeito ou da
educação permanente, capacitação e treinamen-
linha de cuidado.
to de profissionais em demandas específicas, co-
mo anemia falciforme, infarto agudo do miocárdio
e avaliação de pessoa idosa na atenção básica. Saúde mental
Esse tipo de experiência trouxe resultados muito No tema Saúde mental, álcool e outras dro-
positivos em relação à organização desses servi- gas foram expostas 38 experiências, menos do
ços em qualidade e abrangência de atendimento. que as 54 no ano de 2015. De acordo com os
5) Iniciativas inovadoras no campo da pre- eixos do Congresso, foram inscritos 9 (23%7) tra-
venção de DST e aids, e a difusão de novos recur- balhos em gestão do sistema e 24 em cuidado
sos medicamentosos para a prevenção de aids em saúde (63,2%). Porém, na leitura, chegou-se
e de um aplicativo de aparelhos móveis para o à conclusão de que houve 6 intervenções abran-
controle de exposição ao vírus HIV. gendo as duas formas (15,8%).
Isso posto, faz sentido que o princípio do Quanto aos produtos e resultados alcan-
SUS mais citado seja o de integralidade, em 32 çados de forma geral, os trabalhos apresentam
trabalhos. A universalidade em 10 trabalhos, a a busca pela mudança nas formas do cuidado,
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participação e criação de associações entre os nos municípios paulistas no tema Assistência far-
usuários e familiares, utilização da arte e a cultu- macêutica, menos da metade das 24 apresenta-
ra como mais um recurso de reabilitação psicos- das em 2015. As experiências concentraram-se
social, fortalecimento e empoderamento do usuá- na Região Metropolitana de São Paulo e apenas
rio. Com isso, o foco recai sobre a redução de da- uma no município de Jundiaí.
nos, diminuição do uso de psicotrópicos, redução No eixo gestão de sistema houve cinco expe-
e cessação do uso de tabaco, articulação entre riências realizadas, todas ao nível local/municipal
as redes de cuidado, inserção da família no mo- na região metropolitana de São Paulo. O público-
delo de cuidado, maior articulação entre as equi- -alvo foi, em todas elas, os profissionais de saú-
pes multiprofissionais, implementação da RAPS, de. Dentre as principais características das ex-
melhoria na qualidade do acolhimento, ações in- periências deste grupo destacam-se: 1) planeja-
tersetoriais, gestão compartilhada, humanização mento de ações; 2) regulação farmacêutica; 3) in-
e alinhamento do cuidado, principalmente. terligação da rede; 4) e organização dos serviços.
Dos princípios do SUS, o mais referido é o As demais seis experiências, portanto, fo-
da Integralidade (87,2%); Controle e Participação ram classificadas no eixo cuidado em saúde.
Social (74,4%); Equidade (71,8%) e Universalida- Elas tiveram como foco a mudança do modelo,
de (48,7%). Evidencia-se no tema a ênfase na in- que antes era basicamente centrada em dispen-
tegralidade e na participação, com os maiores in- sações para um papel mais ativo na assistência
dicadores da mostra. Apenas 5,1% dos trabalhos para além dos fármacos e para o envolvimento e
não referiram nenhum princípio do SUS. participação no cuidado com o paciente. O cuida-
Em relação à solicitação da coordenação do em saúde na assistência farmacêutica refor-
da mostra em apontar facilidades e dificuldades ça a importância do profissional farmacêutico na
encontradas no desenvolvimento das respecti- atuação multidisciplinar em situações que envol-
vas experiências, em quase metade delas (42%) vem terapias farmacológicas, fornecendo infor-
houve ausência desse item. Das experiências mações, adequando tratamentos e incentivando
que referiram esses aspectos, observou-se que a adesão.
o engajamento dos profissionais e a participação Quanto à duração, observa-se que a maior
e envolvimento da família são os grandes facili- parte dos trabalhos, nove deles têm mais de um
tadores. Em relação às dificuldades, tivemos: a) ano de duração, e os outros dois ocorrem há qua-
redução dos usuários participantes das interven- se um ano, indicando, possivelmente maior grau
ções; b) alterações no sistema – referência, mar- de institucionalização da experiência. Quanto aos
cação de consultas; c) centramento no paradig- princípios do SUS, todas as experiências buscam
ma hospitalocêntrico e resistência por parte dos atingir ao menos um deles, destacando-se que a
médicos às mudanças; d) estereótipos sociais; e) integralidade foi referida e, ou, atingida em todas
restrição de recursos financeiros e deficiências os 11. A equidade e a universalidade, em oito de-
estruturais em equipamentos, serviços e assis- les. Em contrapartida, nenhum contempla a par-
tência; f) enrijecimento da conduta profissional; ticipação social.
g) e falta de capacitação dos profissionais. A Roda de conversa teve a presença de 17
pessoas, entre farmacêuticos, médicos e enfer-
meiros. Das 11 experiências inscritas, somente
Assistência farmacêutica oito estavam representadas. Entre os participan-
Na XIII Mostra de Experiências Exitosas fo- tes estavam três membros do CRF (Conselho Re-
ram apresentadas 11 experiências desenvolvidas gional de Farmácia), inclusive sua vice-presidente.
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A leitura sistematizada dos trabalhos ex- articulação com a luta cotidiana pela plena efeti-
postos e a posterior participação nas rodas de vação do SUS em suas várias dimensões.
conversa sobre cada temática permitiram acom- Exitosa, como dissemos, antes de tudo é
panhar trocas de experiências e o debate entre a própria efetivação da mostra. A proposta, a re-
congressistas e autores dos trabalhos. A obser- gularidade, a quantidade e a qualidade dos tra-
vação e leitura atenta das experiências possibili- balhos representam a iniciativa, o comprometi-
taram acompanhar de modo sistematizado as di- mento e o cuidado com o cuidado por parte dos
ferentes etapas, fases e momentos de políticas, trabalhadores da saúde. Dado que não há o pre-
programa e projetos em saúde, desde a formula- domínio do viés acadêmico, o ponto comum são
ção, implementação, monitoramento e avaliação a motivação e a disposição para o enfrentamento
das ações e iniciativas apresentadas. Puderam, dos desafios cotidianos, a troca e o diálogo. São,
principalmente, participar de uma vivência singu- principalmente, ações coletivas para coletivos,
lar das dificuldades e desafios enfrentados, mas com ênfase no caráter de prevenção e promoção
também de seus inúmeros êxitos, estímulos e da Atenção básica, na busca da reorientação de
gratificações. modelos de atenção e da reorganização de práti-
As grandes conversas permitiram compre- cas e de processos de trabalho.
ender e esboçar linhas gerais da construção co- As experiências, seus desafios e suas pro-
letiva e de um panorama multifacetado – que é posições, devem ser lidas à luz de enquadramen-
tos mais amplos, como aqueles discutidos nas
a própria realidade do Sistema Único de Saúde
Grandes Conversas realizadas no Congresso por
(SUS) no Estado de São Paulo e no Brasil. Re-
autoridades, estudiosos e gestores, ainda mais
presentantes das esferas governamentais, ges-
em um contexto de ameaças ao SUS como os
tores, acadêmicos e profissionais da área discur-
vividos neste ano de 2016, na garantia como polí-
saram e debateram acerca dos temas geradores
tica de Estado, diante das descontinuidades nas
do Congresso, trazendo as principais dificuldades
esferas municipais.
e desafios, bem como iniciativas e propostas atu-
almente pensadas e executadas.
IBANHES, L.C. et alli. Relatório de Atividades. XXX Con-
A inclusão do Café com Ideias constituiu- gresso do Conselho de Secretários Municipais de Saúde
-se em atividade extremamente instigante, tanto - COSEMS/SP, 2016. Programa de Aprimoramento Profis-
em termos da importância e contemporaneidade sional em Saúde Coletiva. Instituto de Saúde/Secretaria de
dos temas tratados, passando pelo rigor teóri- Estado da Saúde de São Paulo - IS/SES, maio de 2016
co-conceitual aliados à necessária e premente (texto mimeo.).
|106
Informações básicas e instruções aos autores Subtítulos do texto: nos subtítulos não se deve usar núme-
ros, mas apenas letras, em negrito e caixa Ab, ou seja, com
O Boletim do Instituto de Saúde (BIS) é uma publicação se- maiúsculas e minúsculas.
mestral do Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da
Corpo do texto: o corpo do artigo deve ser enviado em Times
Saúde de São Paulo. Com tiragem de 2 mil exemplares, a
New Roman, corpo 12, com espaçamento simples e 6 pts
cada número o BIS apresenta um núcleo temático, definido
após o parágrafo.
previamente, além de outros artigos técnico-científicos, es-
critos por pesquisadores dos diferentes Núcleos de Pesqui- Transcrições de trechos dentro do texto: devem ser feitas em
sa do Instituto, além de autores de outras instituições de Times New Roman, corpo 10, itálico, constando o sobreno-
ensino e pesquisa. A publicação é direcionada a um público me do autor, ano e página. Todas essas informações devem
leitor formado, primordialmente, por profissionais da área da ser colocadas entre parênteses.
saúde do SUS, como técnicos, enfermeiros, pesquisadores,
médicos e gestores da área da Saúde. Citação de autores no texto: deve ser indicado em expoen-
te o número correspondente à referência listada. Deve ser
Fontes de indexação: o BIS está indexado como publicação colocado após a pontuação, nos casos em que se aplique.
da área de Saúde Pública no Latindex. Na Capes, o BIS está Não devem ser utilizados parênteses, colchetes e similares.
nas áreas de Medicina II e Educação.
Citações de documentos não publicados e não indexados na
Copyright: é permitida a reprodução parcial ou total desta pu- literatura científica (relatórios e outros): devem ser evitadas.
blicação, desde que sejam mantidos os créditos dos autores Caso não possam ser substituídas por outras, não farão par-
e instituições. Os dados, análises e opiniões expressas nos te da lista de referências bibliográficas, devendo ser indica-
artigos são de responsabilidade de seus autores. das somente nos rodapés das páginas onde estão citadas.
Patrocinadores: o BIS é uma publicação do Instituto de Saú- Referências bibliográficas: preferencialmente, apenas a bi-
de, com apoio da Secretaria de Estado da Saúde de São bliografia citada no corpo do texto deve ser inserida na lista
Paulo. de referências. Elas devem ser ordenadas alfabeticamente
Resumo: os resumos os artigos submetidos para publicação e numeradas, no final do texto. A normalização seguirá o
deverão ser enviados para o e-mail boletim@isaude.sp.gov. estilo Vancouver. Obs: Excepcionalmente, este suplemento
br, antes da submissão dos artigos. Deverão ter até 200 também apresenta referências dispostas nas normas defi-
palavras (em Word Times New Roman, corpo 12, com es- nidas pela ABNT.
paçamento simples), em português, com 3 palavras-chave. Espaçamento das referências: deve ser igual ao do texto, ou
Caso o artigo seja aprovado, um resumo em inglês deve- seja, Times New Roman, corpo 12, com espaçamento sim-
rá ser providenciado pelo autor, nas mesmas condições do ples e 6 pts após o parágrafo.
resumo em português (em Word Times New Roman, corpo
12, com espaçamento simples, acompanhado de título e Termo de autorização para publicação: o autor deve autorizar,
palavras-chave). por escrito e por via eletrônica, a publicação dos textos en-
viados, de acordo com os padrões aqui estabelecidos. Após
Submissão: os artigos submetidos para publicação devem o aceite para publicação, o autor receberá um formulário
ser enviados, em português, para o e-mail boletim@isaude. específico, que deverá ser preenchido, assinado e devolvido
sp.gov.br e ter entre 15 mil e 25 mil caracteres com espaço aos editores da publicação.
no total (entre 6 e 7 páginas em Word Times New Roman,
corpo 12, com espaçamento simples), incluídas as referên- Obs.: no caso de trabalhos que requeiram o cumprimento da
cias bibliográficas, salvo orientações específicas dos edito- resolução CNS 196/1996, será necessária a apresentação
res. O arquivo deve ser enviado em formato Word 97/2003, de parecer de comitê de ética e pesquisa.
ou equivalente, a fim de evitar incompatibilidade de comu-
nicação entre diferentes sistemas operacionais. Figuras e Avaliação: os trabalhos são avaliados pelos editores cientí-
gráficos devem ser enviados à parte. ficos, por editores convidados e pareceristas ad hoc, a cada
edição, de acordo com sua área de atuação.
Título: deve ser escrito em Times New Roman, corpo 12, em ne-
grito e caixa Ab, ou seja, com letras maiúsculas e minúsculas. Acesso: a publicação faz parte do Portal de Revistas da SES-
-SP, em parceria com a BIREME, com utilização da metodolo-
Autor: o crédito de autoria deve estar à direita, em Times New gia Scielo para publicações eletrônicas, podendo ser aces-
Roman, corpo 10 (sem negrito e sem itálico) com nota de sada nos seguintes endereços:
rodapé numerada informando sua formação, títulos acadêmi-
cos, cargo e instituição a qual pertence. Também deve ser Portal de Revistas da SES-SP – http://periodicos.ses.sp.bvs.br
disponibilizado o endereço eletrônico para contato (e-mail). Instituto de Saúde – www.isaude.sp.gov.br
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Orientação aos autores – Notas técnicas de Avaliação de de o contexto de realização do parecer ou informe, o
Tecnologias de Saúde problema estudado e a tecnologia avaliada; Método
com pergunta de investigação estruturada, bases de
dados de literatura, estratégias de busca de informa-
Notas Técnicas de Avaliação de Tecnologias de Saúde incluem
ções científicas, critérios para seleção e análise dos
pareceres técnico-científicos e outros tipos de informes rápi-
estudos incluídos; Resultados e Discussão que inclu-
dos de avaliação de tecnologias de saúde (ATS), que possam
am uma apreciação sobre as limitações do estudo, a
contribuir para subsidiar a tomada de decisão sobre incor-
interpretação dos autores sobre os resultados obtidos
poração e ou exclusão de tecnologias no sistema de saúde.
Ensaios e reflexões sobre aspectos metodológicos e sobre e sobre suas principais implicações e a eventual indi-
políticas relacionadas à ATS também são bem-vindos. cação de caminhos para novas pesquisas. Recomen-
dação que possa subsidiar uma tomada de decisão
Tamanho do texto por gestores nos diferentes âmbitos do sistema de
saúde.
•«Deve ter até 2 mil palavras (excluindo resumo, tabela,
figura e referências), no máximo uma tabela ou figura e •«Fontes de financiamento: devem ser declaradas todas
até 10 referências. Sugere-se a seguinte distribuição as fontes de financiamento ou suporte, institucional
das partes do texto: Introdução (até 600 palavras); Mé- ou privado, para a realização do estudo.
todo (até 300 palavras); Resultados e Discussão (até
•«Conflito de interesses: deve ser informado qualquer
mil palavras); Recomendação (até 100 palavras).
potencial conflito de interesse.
•«O resumo não precisa ser estruturado, e deve ter até 150
•«Aspectos éticos: informar sobre avaliação por um co-
palavras, e ser apresentado em português e inglês.
mitê de ética em pesquisa, quando pertinente.
Estrutura do texto •«Colaboradores: devem ser especificadas as contribui-
•«Não há uma estrutura para apresentação de Notas ções individuais de cada autor na elaboração do artigo.
Técnicas no formato ensaios e reflexões. •«Agradecimentos: incluem instituições que de alguma
•«As Notas Técnicas relativas a pareceres técnico-cientí- forma possibilitaram a realização da pesquisa e, ou,
ficos e outros tipos de informes rápidos de ATS devem pessoas que colaboraram com o estudo, mas que não
obedecer a seguinte estrutura: Introdução que abor- preencheram os critérios para serem coautores.
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