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AULA 10 – ILUMINISMO

Introdução
Período marcado por grandes nomes intelectuais que interpretavam os movimentos
instaurados na época.
Todos os movimentos são plurais. O iluminismo também.
Há muitas teses e discursos sobre o Iluminismo. Não há consenso sobre a unidade ou não do
movimento. Há iluminismo ou iluminismos? Todos os movimentos da história das ideias e
das artes são plurais, até mesmo o fascismo. Porém, é mesmo necessário colocar um plural em
todos?
Iluminismo sofreu ataques tanto da direita como da esquerda.

Os iluministas sempre enxergaram a importância da igreja católica no Iluminismo, no


progresso.
Até os anos 60 a igreja católica não aceitava o Iluminismo
Segundo Israel, o Iluminismo marca o passo mais dramático rumo à secularização da história
da Europa e, pode-se argumentar, do mundo (2001, p. 8), porém não precisamos cair nesse
exagero.
 Os primeiros registros de “direito humano” (no singular) aparecem em francês em
1763 e, apesar de seu uso por Voltaire sete vezes em textos, o termo não pegou no
período.
A expressão “direitos humanos” remete a algo naturalmente inerente, igual para todos,
universal e inalienável.
Periodização do Iluminismo (para os Historiadores)
 Tradicionalmente o Iluminismo tem inicio por volta de 1680, com os trabalhos de
John Locke e Pierre Bayle, com a revogação do Edito de Nantes e a Revolução
Gloriosa ou após a Crise da Consciência Europeia de Paul Hazak e com termino por
volta da Revolução Francesa, foi um movimento entre revoluções.
 Para Peter Gay, o Iluminismo teve 3 fases: Antes de 1750, dominada por Montesquieu
e Voltaire, a sombra e Locke e Newton; Segunda com o crescente anticlericalismo e
terceira com mais ênfase no materialismo, economia pública e reformas legais.
 V. Ferroni vê como um Iluminismo tardio, mais ligado a ideia de direitos humanos e
reformas, mais conscientes de suas contradições (usada pelo Daniel)
Partes da aula
1. Iluminismo – Autoconsciência e Autoengano:
No iluminismo há uma autoconsciência muito maior que no Renascimento, porém não
se pode achar que ele tem vida própria. Há autoconsciências e autoenganos, sobre seus
próprios antecedentes, por exemplo. Bayle, no final do século XVII, já falava de
Ilustração, no progresso. D’Alembert diz que o século XVIII é o século da Filosofia
por excelência.
E. Cassirer – Noção de progresso não é apenas quantitativa (acumulo de saber), mas
sobretudo qualitativa – Ideia de progresso – fundamenta-se na historicidade humana e
na eficácia da ação humana no mundo.
A Pagden – Paz de Vestfália – fim da era das guerras de religião e consolidação de Sul
Católico e Norte Protestante/1685: revoga o Édito de Nantes.
Iluminismo e seus precedentes:
O Iluminismo cria seus próprios precedentes.
Iluminismo escocês: four stages theory
Ideia de que a sociedade tem o primeiro estágio da caça e coleta, segundo estágio que
é o pastoreio, o terceiro estágio que é agricultura e o ultimo o estágio do comércio, o
principio do capitalismo: a economia politica como forma de melhorar o mundo,
contribuição do iluminismo para a história ocidental moderna.
Marques de Condorcet: 1743-1794
Revolucionário gerondino, defendia a ideia de que o progresso humano detinha de 10
fases, sendo a ultima aquela que o sol só iluminará homens livres, ou seja, momento
em que tiranos e escravos só existirão na história e no teatro. 10 etapa: Eterna
discussão, debate e reflexão. Defendia o voto feminino, contrário a pena de morte, da
proteção a natureza contra a industrialização, da educação universal e da abolição.
Condorcet e sua razão não tem nada de positivista, nem da razão instrumental.
Segundo Robberpierre ele foi um grande homem. Condorcet vai ser relacionado a seita
inimiga do cristianismo (De Maistre)
Iluminismo Escocês: Four stages theory
Dicotomia Comum: Até o Seculo XVIII, há uma ideia recorrente de que existem dois
mundos, da História e da Filosofia, de uma ideia contingente e permanente,
respectivamente. Cassirer chama de Conquista do mundo Histórico.
A filosofia da História busca sentido no devir, não é composta pelo acúmulo de fatos.
A liberdade é fundamental para esse progresso.
Ocorre então durante esse período a invenção da expressão “Filosofia da História”, em
Voltaire de 1765. Enquanto a Historiografia faz levantamento de materiais, a filosofia
da história da época tem a ver com o sentido da História, as permanências de fatos
efêmeros, isso segundo Voltaire. Além disso, mostra as diferenças e desmistificar
preconceitos ao deseternizar crenças e instituições – religião artificial.
Progresso, para Voltaire, não é linear, mas alterna avanços e retrocesso, períodos de
glória.
Catharine Macaulay: History of England (1763 – 1783) > Livro dela ajuda a
redefinir termos pelos quais se enxergava a história da Inglaterra. Para ela, a chamada
Revolução Gloriosa foi sim importante, porém ainda haviam resquícios de
autoritarismo.

Candido, de Voltaire: Sua trajetória é a da própria história


 Inicia sua epopeia na Idade das Trevas, num belo castelo de Vestfália, iludido pelos
valores da nobreza, acreditando que tudo vai bem e era bem ordenado pelo Criador.
Então, ele é expulso do paraiso terrestre (acaba a menoridade). Enfrenta a partir de
então as “coisas mundanas”, como as doenças, as guerras, a escravidão, a Inquisição,
não há bom selvagem em lugar nenhum. A partir do momento em que Candido
conhece todas as desgraças do mundo, ele deixa de ser puro. Depois isso, ele decide
“cultivar o seu jardim”, ou seja, alguns dizem que seria a “solução burguesa”, cuidar
de si. Para Peter Gay, é o estoicismo, para Anthony Pagden é o epicuturismo, Grespan
acredita que é o ceticismo e outros ainda dizem que é o encontro da filosofia com a
realidade.
“Século das Luzes” > Os filósofos viam suas luzes como projeto: “Kant nos diz que é
a época do esclarecimento, mas não ainda esclarecida”
Adam Smith, em Teoria dos Sentimentos Morais, acredita em dois tipos de
patriotismo, onde o de Catão “de espírito forte, porém tosco”, busca destruir outras
nações; Já o patriotismo Cipião, é a “expressão liberal de um espírito mais ilustrado e
mais amplo”, o qual é solidário aos outros povos. Patriotismo segundo Smith é um
dever moral.
1795: Tratado de Basileia foi responsável por acabar com a Guerra entre a primeira
Coalizão de Estados Monárquicos contra a França Revolucionária. Quando termina
essa guerra, Kant diz que ela foi importante, porém é preciso que se pensem na paz
perpétua como projeto filosófico. Defende a Federação de Estados Livres em Paz.
Porém, não significa que Kant é democrata, era cético em relações às revoluções na
Suíça, países baixos e Grã-Bretanha.
Grande Momento da autoconsciência Iluminista:
1783: Berlinische Monatsschrift
Desde Kant, há uma ambiguidade na maneira que a historiografia/filosofia concebe o
Iluminismo. Era considerado como Movimento Filosófico do sec. XVIII, República
dos homens de Letras, Movimento que marca a modernidade ainda parte de nossa vida
social e política (o que é não o que foi o Iluminismo). São ambiguidades que também
marcam a historiografia.
Segundo Foucault, o Iluminismo é “um acontecimento singular inaugurador da
modernidade europeia e como processo permanente que se manifesta na história da
razão, no desenvolvimento e instauração de formas de racionalidade e de técnica, a
autonomia e a autoridade do saber, não é simplesmente para nós um episódio na
história das ideias”
Há muito mais Iluminismo do que Kant.
2. Historiografia
Cassirer: A. Ernst Cassirer (1874 – 1945)
Livro neo-kantiano publicado na Alemanha, em 1932, antes de seu exílio, em posição
as interpretações hegelianas. Esse texto dele é uma oposição, Padgen diz que é o
principal livro sobre o iluminismo.
No argumento essencial desse livro, ele já diz logo no início que busca “apresentar a
filosofia do iluminismo na unidade de sua raiz intelectual e de seu principio
determinante, destacar de modo visível e peculiar”. Renuncia ao espírito do sistema,
mas não do espirito sistemático.
Cassirer, XVII > Os filósofos do século XVII pretendiam construir sistemas
filosóficos que estabelecessem com firmeza a ideia primordial de um ser supremo e
uma certeza intuitivamente apreendida (esprit de systeme), a partir do método da
demonstração/dedução rigorosa; (Hobbes, Spinoza, Bacon, Descartes, Leibniz e
Malebranche perseguiriam sistemas).
Para Cassirer, os iluministas renunciam ao método de derivação e fundação
sistemática de Descartes, Hobbes e Spinoza – Vontade de não construir sistemas.
Recorrem ao método newtoniano que não parte de princípios e axiomas para chegar a
verdade, mas se move na direção oposta: menos dedução e mais análise – Descartes é
um ensaio, Newton uma obra-prima > Voltaire, Cartas Filosóficas.
Critica como elemento fundamental, segundo Cassirer:
A filosofia é uma força ativa, que vai ajudar a construir e descontruir, é um campo
especial de conhecimentos. Desmonta antigas crenças, antigos moldes.
Na visão dele, a filosofia “não consiste tanto em determinados princípios quanto na
forma e no modo de sua explanação intelectual.”
Razão: Se converte em ponto unitário e central, expressão pelo qual se empenha. A
razão não é a região das verdades eternas, um domínio de conhecimentos, de
princípios e verdades, não é um conteúdo, mas uma energia, uma força, um exercício,
uma ação a qual só pode ser percebida em suas ações e efeitos. Não é um conceito de
um ser, ela é um fazer.
Peter Gay – 1923/2015 e a crítica de Franco Venturi:
Afinidade com o pensamento clássico
Ferroni abre crítica, falando que a retomada dos antigos pelos iluministas é bastante
seletiva (sendo excluída frequentemente a era cristã, ao contrário dos renascentistas)
Venturi critica a preocupação de Gay com as “origens”
Para a maioria dos iluministas, até a década de 1770, contudo, republicanismo era
mais um ideal ético conciliável com monarquia (modelo inglês) do que uma
possibilidade. Muda isso a partir dos acontecimentos que envolvem 1776.
3. Marxismo e Iluminismo
Marx faz referências não sistemáticas ao Iluminismo em A Sagrada Família.
Pensar o Iluminismo e sua relação de classe envolve duas questões: Origem social dos
iluministas e o significado político e social de suas ideias. Lucien Goldman diz que
“Na perspectiva da história social, o iluminismo é um estágio historicamente
importante no desenvolvimento do pensamento burguês ocidental”
A relação entre Iluminismo e Revolução Francesa não é causa e consequência, mas
dialética. Não existe a revolução sem ideias, embora as ideias em si não sejam
necessariamente revolucionárias. Importante ter em mente que “pensamento também é
ação e a ação também é pensamento”.
4. Iluminismo, Afetos, Sentimentos Morais e Bom Senso (ou Senso Comum)
Anthony Pagden escreve um livro com a ideia de Iluminismo Unificado, embora nele
haja suas pluralidades, como qualquer outro período. Padgen se coloca contra a
divisão nacional ou entre radicais/moderados.
É errado atribuir aos homens da ilustração crença de que podemos prescindir de
qualquer sentimento.

Pode ser traduzida como uma ideia de que existe uma sabedoria própria do homem,
abstrata e inerente a população. A ideia do commom sense é a ideia de que há um
saber de valor epistemológico da sabedoria popular, sendo esse conceito importante
pra ilustração.

5. Iluminismo e Religião
A maioria dos Iluministas acreditavam que a religião era importante para a
sociedade/estado.
Pocock diz que é equivocado dizer que os pensadores iluministas se colocaram em
bloco “contra” a religião, uma de suas heranças fundamentais foi transformar a
teologia em história da teologia, de maneira que a questão linguistica e da crítica
bíblica – elas próprias heranças do humanismo e do século XVII assumem papel
central.
A secularização não é a queda da religião, mas sim a consciência de que as
crenças religiosas constituem uma escolha entre várias possíveis. Em suma, a
criação da oposição religiosa X secular, elemento fundamental da modernidade.
Pocock diz que não há iluminismo, mas sim Iluminismos
6. Iluminismo - Reforma e Utopia
A pena de morte causa, em alguém que está pensando em fazer um crime, menor medo
do que uma linga prisão.
Não é a crueldade das penas que impedem as pessoas de fazerem crimes, mas a certeza
de que elas serão aplicadas
A pena de morte é irreversível. Se a justiça erra, como é comum, e condena alguém a
morde, não há volta.
A pena de morte existiu em quase todos os países da história e o crime continua a
existir.
A pena de morte costuma ser um espetáculo, e causa mais prazer as pessoas do que
dor. Por isso, deixa de ser um exemplo para que existam novos crimes. Melhor seria a
longa prisão que afastasse o criminoso de nossos olhos.
Por fim, a pena de morte acaba mostrando aos homens o exemplo de um assassinato
cometido pelo Estado, como um carrasco autorizado.
Proposta – Substituir a pena de morte pelo trabalho forçado
Como resultado, há a dessacralização das penas e das leis. Ou seja a lei se separa da
religião, a vingança ou a morte como punição deixam de fazer sentido.
o Socialismo também é herança do período Iluminista (Venturi). Os próprios Beccaria
e Rousseau são chamados de “socialistas” pelo padre Ferdinando Facchinei, por
quererem reformas e homens livres/iguais.
Há uma tensão entre utopia e reforma. Venturi aponta que “depois da metade dos
setecentos, a ideia de que a abolição da propriedade pudesse mudar as próprias bases
da convivência humana, abolir toda moral tradicional, toda política do passado mais
desaparecerá dos espíritos contemporâneos” (VENTURI, p. 185)
7. Iluminismo, Natureza e Racismo
A ênfase das diferenças, no século XVIII, portanto, é geralmente cultural.
no fim no século XVIII, existiram grupos com maior ênfase no combate a escravidão.
Nesse século existem muitas viagens científicas.
Nenhum iluminista queria retroceder para a natureza
Civilização é consequência da história, da relação única do homem com o tempo e um
processo infinito , segundo Pagden, 321.
8. Iluminismo Underground e História Social das Ideias
Em seu livro, Antoine Lilti relata sobre como nasceram as ditas celebridades, escreve
sobre a invenção do termo e como esse é um fenômeno da modernidade, ligado a
emergência da opinião pública. Existiam três tipos de notoriedade: A Glória,
notoriedade adquirida por façanhas fora do comum; A reputação, julgamento feito
pelos membros de um grupo a partir da socialização de opiniões; E a celebridade,
julgamento por pessoas com quem você não tem (e provavelmente não terá) contato
direto e que, ao contrário da reputação, desliga-se de seu ato. Para que alguém se
tornasse celebridade, haveria de ter a existência de opinião pública e de vida privada.
Curiosidade acerca da vida privada, submissão à curiosidade do público; Quanto mais
célebre é uma estrela, mais seus fãs se convencem de manter uma relação íntima e
única com ela. Lilti se opõe a visão normativa, e não histórica. O advento da
celebridade no século XVIII se relaciona com a expansão da publicidade e da ideia ou
mito da “autenticidade individual”, do “eu autêntico”. Rousseau se revelava como um
ser que se preocupava com o feito público de suas palavras e com a celebridade. Em
uma citação de Lilt p. 231, Rousseau diz “prefiro que falem mal, mas que falem de
mim”.

9. Iluminismo Radical e Iluminismo Moderado


Jonathan Israel, em seu livro Iluminismo Radical, tenta retomar a história das ideias “a
moda antiga”, deixando de lado toda história intelectual que não seja história das
ideias.
Vincenzo Ferroni aposta em um iluminismo tardio, após a guerra de 7 anos.
 Relação entre Iluminismo e Modernidade
 Importância do tema para a atualidade
 Pluralidade e fragilidade de fórmulas fáceis
 Defesa de abordagem
 A ideia de Iluminismo transita entre História e Filosofia.
AULA 11:
Montesquieu:
Se tornará durante da era das revoluções, após sua morte, se tornará uma figura sacra das
revoluções. Nascido em 1689, na nobreza de toga. Na época dele, hpa um debate sobre a
história da França. Havendo três posições dominantes: A primeira a de que a Fraça sempre foi
absolutista, com rei poderosos; numa segunda, na qual a tese acredita que Clovis foi eleito,
então diz que o rei não era o maior poder na França na sua criação; Numa terceira, na época
de Clovis a França não era absolutista ou nobre, mas sim um sistema misto hereditário,
herdado das assembleias germânicas. Montesquieu recebeu título de barão e foi educado em
casa maior parte de sua vida, até sair pra estudar direito e novas leis na França.
1713 Montesquieu volta pra sua região quando seu pai morre.
Montesquieu refuta a ideia de que o ser já estava semeado no esperma ou no óvulo da mulher,
defendendo que o indivíduo nascia através da junção de fluidos. Inclusive, acreditava que a
junção de fluidos de plantas e animais era capaz de dar vida a um ser. Acreditava na
anfigênese.

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