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Artigo Inédito

Relatos clínicos e de técnicas, investigação científica e


revisões literárias

Avaliação de um Método de De-


terminação do Estágio de
Maturação Esquelética
utilizando as Vértebras
Cervicais Presentes nas
Telerradiografias em Norma
Lateral
O objetivo desta pesquisa foi o de verificar a aplicabilidade e a confiabilidade da utilização das alterações morfológicas das vértebras
cervicais, observadas nas telerradiografias em norma lateral pertencentes à documentação ortodôntica de rotina, como um método de
determinação do estágio de maturação esquelética.
UNITERMOS: Idade Esquelética; Telerradiografias Laterais; Vértebras Cervicais.

Evaluation of a method of determination of the skeletal maturarion using the cevical


vertebrae present in the lateral cephalometric radiographs

The aim of this research was to determine the reliability of the morphological changes of the cervical vertebrae observed on the lateral
cephalometric radiograph that makes part of the routinely taken pretreatment records, as a method of assessment of skeletal age.
UNITERMS: Skeletal Age; Lateral Cephalometric Radiographs; Cervical Vertebrae

Suzi Cristina Barbosa Nakamura Santos A


Prof. Dr. Renato Rodrigues de Almeida B
C
Prof. Dr. José Fernando Castanha Henriques
Prof. Dr. Francisco Antônio Bertoz D
Profª. Renata Rodrigues de Almeida E

A
Mestre em Ortodontia pelo Curso de Pós-Graduação em Odontologia, Área de Ortodontia, da FOB-USP.
B
Professor Assistente Doutor da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP; Professor Responsável pela Disciplina de Ortodontia da
Faculdade de Odontologia de Lins-F.O.L. e Coordenador do Curso de Especialização da F.O.L.-UNIMEP.
C
Professor Associado da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP.
D
Professor Titular da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP.
E
Aluna do Curso de Pós-graduação, ao Nível de Mestrado, em Ortodontia, da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP; Especialista em Radiologia pela FOB-USP,
Suzi C. B. N. Santos Professora Assistente da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Lins, F.O.L.-UNIMEP.

REVISTA DENTAL PRESS DE ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL VOLUME 3, Nº 3 MAIO / JUNHO - 1998 67
INTRODUÇÃO REVISÃO DA LITERATURA aposição óssea, a partir do periósteo e este
A idade cronológica, o desenvolvi- A radiografia cefalométrica ou lateral crescimento ocorre apenas ventral e late-
mento dentário e esquelético, a altura, padronizada foi introduzida na Ortodontia ralmente. Tais informações mostram que
o peso e a manifestação das caracterís- durante a década de 30, com HOFRATH, na as vértebras cervicais, apesar de ignoradas
ticas sexuais secundárias constituem al- Alemanha, e BROADBENT, nos Estados Uni- muitas vezes durante a avaliação das teler-
guns dos parâmetros mais dos 18, 20, 24. A partir de então, muitos estu- radiografias laterais, podem ser
freqüentemente utilizados para a iden- dos cefalométricos foram realizados com o visualizadas já numa idade bem precoce, o
tificação dos estágios de crescimento de objetivo de estudar o crescimento facial. que viabiliza sua utilização em estudos do
um indivíduo. Devido às variações exis- Apesar da incontestável importância desses crescimento.
tentes na época, duração e velocidade estudos para a apreciação do crescimento Vários pesquisadores chamam a aten-
do crescimento corporal geral, a deter- craniofacial, com a preocupação atual em ção para o fato de que o conhecimento
minação do estágio de maturação e, se reduzir o número de exposições da anatomia e das mudanças
subseqüentemente, a avaliação do po- radiográficas dos pacientes, vem crescen- morfológicas que acompanham o desen-
tencial de crescimento durante a pré- do a tendência de se utilizar outras estrutu- volvimento dessas estruturas, se não uti-
adolescência e a adolescência propria- ras presentes nas próprias telerradiografi- lizado na predição do crescimento, pode,
mente dita constituem fatores de essen- as laterais, antes ignoradas, para a avalia- pelo menos ser útil na detecção precoce
cial importância no diagnóstico orto- ção da maturação esquelética dos pacien- de algumas anomalias dessa região do
dôntico, uma vez que na maioria dos tes. Alguns desses exemplos encontram-se esqueleto. O ortodontista não necessita
pacientes, o crescimento que ocorre ou na observação do crescimento e desenvol- ser um especialista em anomalias das vér-
está para ocorrer nesse período apre- vimento das vértebras cervicais 5, 8, 9, 13, 16. A tebras cervicais, mas deve estar, pelo
senta uma participação fundamental no vantagem da utilização dessas estruturas menos, apto a reconhecer prontamente
prognóstico dos casos, bem como nos encontra-se no fato de que estas radiogra- sua anatomia radiográfica normal. Mui-
seus resultados finais. Como o cresci- fias já fazem parte da documentação regu- tas das anomalias que acometem as vér-
mento das estruturas faciais ocorre pró- lar dos pacientes ortodônticos. tebras cervicais não se manifestam sinto-
ximo ao pico máximo de crescimento Anatomicamente, tem-se que a coluna maticamente até que o paciente tenha al-
estatural ou, mais precisamente, logo cervical propriamente dita é constituída cançado a adolescência ou mesmo a to-
após o mesmo, e ambos se comportam pelas sete primeiras vértebras da coluna tal maturidade, de tal forma que o profis-
de modo semelhante, torna-se possível (C1 a C7) 25. sional da área ortodôntica possui a opor-
estabelecer uma comparação entre eles As duas primeiras vértebras cervicais tunidade de detectar algumas dessas al-
1, 3, 4, 7, 10, 12, 14, 15, 17, 19, 22
. possuem um formato atípico: a Atlas, a terações antes de seu agravamento.
Contudo, uma grande preocupação primeira delas, possui um corpo bastante A despeito de alguns trabalhos abor-
reside, atualmente, na simplificação dos delgado, que é complementado por meio darem apenas os aspectos de desenvol-
recursos disponíveis de diagnóstico e, de sua articulação com o processo vimento das vértebras cervicais presen-
principalmente, na redução de exposi- odontóide ou dens, presente na segunda tes nas telerradiografias laterais, regis-
ções radiográficas indicadas aos pacien- vértebra, ou Axis 23. O processo odontóide trando suas alterações morfológicas
tes. Com essa finalidade, esforços têm apresenta-se amplamente cartilaginoso ao mais notáveis e freqüentes, outros es-
sido empregados no sentido de se utili- nascimento, o que explica a presença de tudos utilizaram-se destes registros para
zar as radiografias que fazem parte da poucas áreas de calcificação dessa estru- verificar a possibilidade que ofereciam
documentação ortodôntica de rotina, tura, quando visualizada na determinação do estágio de
como é o caso das telerradiografias la- radiograficamente 2. maturação dos pacientes ortodônticos,
terais, ou mesmo de se instituir algumas O crescimento das vértebras ocorre comparando-os com a usual e consa-
modificações durante a obtenção dessas principalmente no sentido vertical, sendo grada avaliação das radiografias carpais
radiografias, que venham de encontro às esse desenvolvimento bastante rápido e com o crescimento estatural que ocor-
necessidades presentes. durante a infância, diminuindo, contudo, re na fase da puberdade.
Partindo-se da premissa de alguns au- sua velocidade em direção à adolescên- Um importante estudo neste sentido
tores de que as alterações morfológicas cia11. Além disso, observa-se um maior foi realizado por LAMPARSKI13, em 1972,
das vértebras cervicais, presentes nas te- aumento no tamanho do corpo das vérte- que observou as mudanças no tamanho e
lerradiografias laterais de rotina, podem bras cervicais a partir da segunda até a forma das vértebras cervicais e as com-
ser utilizadas como indicativas do desen- quinta vértebra, de acordo com a tendên- parou com as modificações ósseas das
volvimento esquelético de um indivíduo, cia de que a coluna vertebral aumente, estruturas da mão e punho, avaliadas pelo
o objetivo principal deste estudo consis- em tamanho, do tórax em direção à re- método de GREULICH; PYLE 6. Após suas
te em verificar a aplicabilidade e a eficá- gião lombar 2. Após completar-se a observações, o autor descreveu 6 estági-
cia desse método de avaliação do cres- ossificação endocondral, o crescimento os de maturação, baseados nas alterações
cimento. nos corpos vertebrais toma lugar por morfológicas das vértebras cervicais, mais

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precisamente da segunda à sexta vértebra. o objetivo de correlacionar as alterações sual de um cefalograma lateral permitiria
Os resultados de sua pesquisa permitiram, ocorridas na altura e na largura dessas estimar o período de crescimento em que
chegar às seguintes conclusões: estruturas com o crescimento estatural o paciente se encontra, sendo de grande
· as mudanças relativas à maturação, puberal. Esse foi um estudo transversal ajuda, uma vez que se pode ter uma idéia
que ocorrem entre a segunda e a sexta que envolveu as telerradiografias laterais do remanescente de crescimento e
vértebra cervical, poderiam ser utilizadas de 107 indivíduos de ambos os sexos, antecipá-lo com o tratamento.
para a avaliação da idade esquelética de divididos em três grupos com diferentes Mais recentemente, GARCIA
um indivíduo; faixas etárias- 8, 11 e 15 anos - e 22 indi- FERNANDEZ5 realizou, em 1996, uma avali-
· a avaliação da idade esquelética por víduos adultos, sendo que, do total da ação semelhante à executada por HASSEL;
este meio mostrou-se estatisticamente vá- amostra, nenhum indivíduo havia rece- FARMAN8 utilizando uma amostra compos-
lida e confiável, apresentando o mesmo bido tratamento ortodôntico e nem apre- ta pelas telerradiografias laterais e radiogra-
valor clínico que a avaliação da região da sentava desvios de coluna. Foram utiliza- fias carpais de 113 jovens mexicanos, de
mão e punho; das as medições da altura total da vérte- ambos os sexos, abrangendo a faixa etária
· os indicadores de maturação das bra C2, das alturas anterior e posterior dos 9 aos 18 anos, para verificar a
vértebras cervicais constituem-se do iní- das vértebras C3 a C6, bem como sua confiabilidade da utilização das vértebras
cio do desenvolvimento de concavidades largura e o registro da altura dos indiví- cervicais, quando comparadas com os ín-
nas bordas inferiores dos corpos verte- duos. Os resultados revelaram que tanto dices de maturação de FISHMAN4 para
brais e de aumentos sucessivos na altura a altura quanto a largura das vértebras carpais e para avaliar o estágio de cresci-
vertical total destes corpos, que passam cervicais podem ser utilizadas como in- mento em latino-americanos. Os resultados
de um formato de cunha, com declive de dicadores de crescimento esquelético. encontrados pela autora validaram a hipó-
posterior para anterior na sua superfície Em 1995, HASSEL; FARMAN8 encontra- tese de que não havia diferenças estatistica-
superior, para um formato retangular e ram uma alta correlação quando da com- mente significantes entre os dois métodos
posteriormente, quadrado, para, ao final paração entre os indicadores de de avaliação da idade esquelética e mostra-
do desenvolvimento, apresentarem uma maturação vertebral propostos por ram que as vértebras cervicais poderiam
altura maior que sua largura. LAMPARSKI13, em 1972 e os de FISHMAN ser igualmente utilizadas para determinar o
4
Os indicadores de maturação verte- , em 1982, para a mão e punho. Os auto- estágio de crescimento do paciente na prá-
bral definidos por LAMPARSKI 13 serviram res estudaram uma amostra de caráter tica ortodôntica.
como base para outros estudos que abor- longitudinal, constituída de 220 indivíduos
daram o crescimento esquelético geral e de ambos os sexos, com idades variando MATERIAL E MÉTODOS
facial. Nesta linha de pesquisa encontra- dos 8 aos 18 anos e que possuíam regis- AMOSTRA
se o trabalho de O´REILLY; YANIELLO16, tros radiográficos anuais da região da mão Para este estudo transversal foram uti-
apresentado em 1988, consistindo de um e punho (radiografias carpais), bem como lizadas as telerradiografias em norma la-
estudo longitudinal envolvendo a avalia- telerradiografias em norma lateral. Em teral de 77 jovens, de ambos os sexos,
ção dos estágios de maturação óssea das uma modificação do método proposto por abrangendo a faixa etária dos 8 anos e 5
vértebras cervicais com o propósito de LAMPARSKI 13, em 1972, apenas a segun- meses aos 16 anos e 5 meses. As radio-
correlacionarem as mudanças ocorridas da, a terceira e a quarta vértebras cervicais grafias foram obtidas dos arquivos da Fa-
nessa região com o crescimento das dife- foram avaliadas nesse estudo (C2 - pro- culdade de Odontologia de Araçatuba da
rentes partes da mandíbula. Para tanto, cesso odontóide, C3 e C4, respectivamen- Universidade Estadual Paulista (UNESP),
utilizaram telerradiografias laterais, toma- te), pelo fato dessas estruturas não serem sendo todas provenientes do mesmo cen-
das anualmente, de 13 jovens do sexo fe- cobertas quando da utilização do colar de tro de documentação radiológica e reali-
minino, dos 9 aos 15 anos de idade. Além proteção da tireóide, durante a tomada zadas por um único operador.
da avaliação das vértebras cervicais (C2 a radiográfica. Os estágios de maturação
C6), foram feitas medições do compri- foram divididos pelos autores em 6 fases: MÉTODOS
mento do corpo e do ramo da mandíbula Iniciação, Aceleração, Maturação, Transi- Todas as telerradiografias receberam
e desta como um todo. Os autores encon- ção, Desaceleração e Finalização. Cada uma tira de cartolina preta de 3,5 x 8,5cm
traram uma correlação entre os picos de uma dessas fases apresentaria caracterís- cobrindo a identificação das mesmas, fixa-
crescimento das estruturas mandibulares ticas próprias, de acordo com as descri- das com fita adesiva. Esse procedimento
e os estágios de maturação vertebrais, de tas por LAMPARSKI 13, e representariam teve como finalidade evitar qualquer influ-
tal modo que estes poderiam ser utiliza- uma provável porcentagem de crescimen- ência do sexo ou da idade cronológica dos
dos com confiança para a avaliação da to esquelético geral. Os autores observa- pacientes sobre o examinador, durante a
época de ocorrência das mudanças man- ram que as mudanças morfológicas das avaliação dos estágios de maturação
dibulares na adolescência. vértebras cervicais poderiam denotar os esquelética. Além disso, todas as radiogra-
As vértebras cervicais também foram diferentes estágios de crescimento de um fias foram misturadas aleatoriamente e re-
utilizadas por HELLSING 9, em 1991, com indivíduo. Para os autores, a avaliação vi- ceberam um número (Figura 1).

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Avaliação da Maturidade Esquelética
Para a avaliação dos estágios de
maturação esquelética por meio das
telerradiografias laterais, utilizou-se o
método descrito por HASSEL; FARMAN8
(1995), modificado a partir do estudo
de LAMPARSKI13 (1972), de observação
das mudanças anatômicas ocorridas nas
2as, 3as e 4as vértebras cervicais (C2, C3 e
C4, respectivamente), divididas em 6 es-
tágios, denominados de Indicadores de
Maturação das Vértebras Cervicais
(IMCVs) (Figura 2). Cada fase apresen-
tava características próprias e
correspondia a uma determinada taxa de
crescimento (Figura 3). Foram, então,
elaboradas tabelas contendo os núme-
ros de 1 a 77 em ordem crescente, para
facilitar a anotação do índice atribuído a
cada radiografia pelo examinador.
Para a avaliação da maturação
esquelética, segundo esse método, são
utilizados os contornos anatômicos das
vértebras C2, ou, mais precisamente, do
processo odontóide ou dens da mesma,
da vértebra C3 e da vértebra C4, obser-
vando-se as mudanças ocorridas nas es-
truturas constituintes da coluna cervical,
com o decorrer da maturidade óssea.

Teste Intra-Examinador
Após 4 semanas, as avaliações foram
repetidas na íntegra para todas as 77
telerradiografias laterais e os índices ob-
servados nesta segunda avaliação foram
Fig. 1 - Telerradiografia em norma lateral preparada para as avaliações anotados em uma nova ficha, idêntica à
utilizada para o primeiro exame (SN-1o
exame ou SN-1), denominada SN-2o exa-
me ou SN-2.
1 - INICIAÇÃO 2 - ACELERAÇÃO 3 - TRANSIÇÃO
Testes Inter-Examinadores
Neste intervalo de tempo de 4 sema-
nas, com o objetivo de obter-se uma aná-
lise estatística mais consistente e testar a
reprodutibilidade do método, foram se-
lecionados 5 examinadores para a repro-
dução dos testes.
A cada um dos examinadores foi
dada uma explicação prévia a respeito
do assunto em pesquisa e do modo de
aplicação dos índices de maturação.
4 - DESACELERAÇÃO 5 - MATURAÇÃO 6 - FINALIZAÇÃO
Foram realizados também testes em
Fig. 2 - Indicadores de Maturação das Vértebras Cervicais (IMVCs) utilizando a vértebra C3 conjunto com o examinador SN, utili-
como exemplo 8 zando-se para tanto, 10 telerradiografias

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1 - INICIAÇÃO
Bordas inferiores da C2, C3 e C4, planas ou achatadas;
Bordas superiores de C3 e C4, afuniladas de posterior para anterior;
Expectativa de grande quantidade de crescimento puberal (80% a 100%);

2 - ACELERAÇÃO
Início do desenvolvimento de concavidades nas bordas inferiores da C2 e da C3; borda inferior da C4, plana ou achatada;
C3 e C4 com formatos tendendo a retangulares;
Expectativa de crescimento puberal significante(65% a 85%);

3 - TRANSIÇÃO
Presença de concavidades distintas nas bordas inferiores da C2 e da C3;
Início do desenvolvimento de uma concavidade na borda inferior da C4;
C3 e C4 apresentam-se retangulares em seu formato;
Expectativa moderada de crescimento puberal (25% a 65%);

4 - DESACELERAÇÃO
Presença de concavidades distintas nas bordas inferiores da C2, C3 e C4;
Formato da C3 e C4 aproximando-se de um quadrado;
Expectativa reduzida de crescimento puberal (10% a 25%);

5 - MATURAÇÃO
Presença de concavidades acentuadas nas bordas inferiores de C2, C3, C4;
Formato quadrado das vértebras C3 e C4;
Expectativa de quantidade insignificante de crescimento puberal (5% a 10%);

6 - FINALIZAÇÃO
Presença de concavidades profundas nas bordas inferiores de C2, C3 e C4;
Altura das vértebras C3 e C4 ultrapassando sua largura;
Crescimento puberal completo nesta fase.

Fig. 3 - Características dos Indicadores de Maturação das Vértebras Cervicais (IMVCs) e sua correlação com o crescimento puberal 8

escolhidas de modo aleatório, com o 1 - determinar o coeficiente de corre- RESULTADOS


objetivo de verificar se havia ocorrido a lação entre as avaliações das Coeficientes De Correlação
assimilação adequada do modo de avali- telerradiografias no teste intra-operador A Tabela 1 refere-se aos coeficientes
ação. Isto também possibilitou aos exa- (SN-1 x SN-2) e entre a primeira avalia- de correlação derivados da comparação
minadores solverem algumas dúvidas que ção do examinador SN e as dos demais dos resultados da primeira avaliação do
porventura surgissem ao longo dos tes- examinadores, ou inter-examinadores examinador SN (SN-1) com os da sua se-
tes explicativos. Após esse treinamento (SN-1 x Ex. A; SN-1 x Ex. B, SN-1 x Ex. C, gunda avaliação (SN-2), ou seja, do teste
prévio, os examinadores receberam as SN-1 x Ex. D, SN-1 x Ex. E), com nível de intra-examinador e dos resultados de SN-
77 telerradiografias laterais e fichas para significância de p < 0.05. Essa avaliação 1 com os das avaliações dos examinado-
a anotação dos índices escolhidos, permitiu verificar a reprodutibilidade dos res A, B, C, D e E, que correspondem aos
identificadas segundo cada examinador testes; testes inter-examinadores.
(examinadores A, B, C, D, E). 2 - determinar o grau de coincidên- Os resultados das avaliações das teler-
cia entre os índices atribuídos às radiografias demonstraram uma correla-
Análise Estatística telerradiografias pelo examinador SN em ção positiva e significante para todas as
As fichas de cada examinador contendo suas duas avaliações (SN1 e SN2 - Teste comparações (testes intra e inter-exami-
os escores atribuídos às 77 telerradiografias Intra-Operador) e entre os escores da nadores), indicando que os índices ou
foram convertidas em tabelas e foram avalia- primeira avaliação do examinador SN escores atribuídos a cada uma delas fo-
das estatisticamente. A análise estatística foi (SN-1) e dos examinadores A, B, C, D e E ram semelhantes. Os valores revelaram
realizada com as seguintes finalidades: (Testes Inter-Operadores). também a reprodutibilidade desse método

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Tabela 1 - Coeficientes de correlação de Spearman - Telerradiografias de avaliação entre um mesmo examinador
Examinadores Nº Teles r p e entre examinadores diferentes.
SN-1 x SN-2 77 .901108 .000* Comparação Dos Escores Atribuí-
SN-1 x A 77 .776599 .000* dos Às Telerradiografias Laterais
SN-1 x B 77 .856287 .000* A Tabela 2 representa a comparação dos
índices ou escores atribuídos às telerradio-
SN-1 x C 77 .816702 .000*
grafias na primeira e na segunda avaliação
SN-1 x D 77 .831190 .000* do examinador SN (SN-1 x SN-2).
SN-1 x E 77 .874327 .000* A primeira coluna representa os es-
* Estatisticamente Significante - p < 0.05 cores atribuídos às telerradiografias late-
rais na primeira avaliação do examinador
SN (SN-1), enquanto a última representa
o total de telerradiografias que receberam
cada um dos índices nesta avaliação. De
modo similar, a primeira e a última linha
representam, respectivamente, os 6 esco-
Tabela 2 - Comparação dos escores atribuídos às telerradiografias no 10 e no res e o número de radiografias que cada
20 exame de SN (Teste Intra-Examinador) um recebeu na segunda avaliação do exa-
ESCORES minador SN (SN-2). No corpo da tabela,
SN-2 1 2 3 4 5 6 Total os números destacados na diagonal repre-
SN-2 1 2 3 4 5 6 sentam o número de telerradiografias que
E SN-1 (SN-1)
receberam o mesmo índice nas duas ava-
S 1 11 2 0 0 0 0 13
liações (número de radiografias coinci-
C 2 8 14 1 0 0 0 23 dentes).
O 3 0 7 11 1 0 0 19 Como procedimento padrão, permi-
R 4 0 0 3 4 2 0 9 tido pela análise estatística, adotou-se
a primeira série de valores do exami-
E 5 0 0 0 4 9 0 13 nador SN (SN-1) para as comparações
S 6 0 0 0 0 0 0 0 com os escores atribuídos pelos exami-
Total 19 23 15 9 11 0 77 nadores A, B, C, D e E, representadas
Total 19 23 15 9 11 0 77 pelas tabelas 3, 4, 5, 6 e 7, respectiva-
(SN-2)
mente. A leitura dessas tabelas segue o
mesmo raciocínio do texto referente à
Tabela 2.
A Tabela 8 representa o agrupamento
dos números totais de telerradiografias que
foram ou não coincidentes nas avaliações
Tabela 3 - Comparação dos escores atribuídos às telerradiografias na 1a ava- comparadas (intra e inter-examinadores).
liação do examinador SN (SN-1) e na avaliação do examinador A Os resultados da Tabela 8 mostram que
a avaliação intra-examinador foi a que apre-
ESCORES
Ex. A 1 2 3 4 5 6 Total sentou o maior número e, conseqüente-
- 1 2 3 4 5 6 mente, a maior porcentagem de coincidên-
E SN-1 (SN-1)
cia de escores atribuídos às telerradiogra-
S 1 8 5 0 0 0 0 13 fias laterais. Com exceção dos examinado-
C 2 6 9 4 3 1 0 23 res C e D, todos os demais apresentaram
O 3 0 4 12 2 1 0 19 um número maior de valores coincidentes
do que não coincidentes, quando compa-
R 4 0 0 2 6 1 0 9 rados com a primeira avaliação do exami-
E 5 0 0 2 3 7 1 13 nador SN. Os valores e as porcentagens
S 6 0 0 0 0 0 0 0 médios indicam que o número de coinci-
dências de escores entre as avaliações foi
Total 14 18 20 14 10 1 77
Total 14 18 20 14 10 1 77 discretamente maior que o número de não
(Ex. A) coincidências.

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Tabela 4 - Comparação dos escores atribuídos às telerradiografias na 1a ava- DISCUSSÃO
liação do examinador SN (SN-1) e na avaliação do examinador B A confiabilidade de um método, se-
ESCORES gundo ROCHE; DAVILA 21, 1976, compõe-
Ex. B 1 2 3 4 5 6 Total se de dois aspectos: de sua capacidade
- 1 2 3 4 5 6
E SN-1 (SN-1) de ser comparado, verificada por meio
de testes intra-examinadores e de sua
S 1 7 6 0 0 0 0 13
reprodutibilidade, observada por inter-
C 2 4 14 3 1 1 0 23 médio de testes inter-examinadores. As
O 3 1 2 7 7 2 0 19 averiguações desta pesquisa foram reali-
R 4 0 0 0 3 6 0 9 zadas tomando-se estas duas premissas
como orientação.
E 5 0 0 0 0 9 4 13
S 6 0 0 0 0 0 0 0 Testes de Correlação
Total 12 22 10 11 18 4 77 A análise dos escores atribuídos às
12 22 10 11 18 4 77 telerradiografias mostrou que houve uma
(Ex. B) correlação positiva e significante quando
os resultados de duas avaliações distintas
eram comparados, indicando a possibi-
lidade de reproduzir o método e sua
Tabela 5 - Comparação dos escores atribuídos às telerradiografias na 1a ava- confiabilidade.
liação do examinador SN (SN-1) e na avaliação do examinador C Os coeficientes de correlação positi-
ESCORES vos e de valores altos indicam a possibili-
Ex. C 1 2 3 4 5 6 Total dade de se reproduzir o método de avali-
- 1 2 3 4 5 6 ação. Assim, pode-se concluir que foi
E SN-1 (SN-1)
possível reproduzir esta avaliação com um
S 1 6 5 2 0 0 0 13 número razoável de concordância, tanto
C 2 3 10 5 4 1 0 23 pelo examinador SN, após 4 semanas de
O 3 0 1 5 10 3 0 19 intervalo, quanto pelo restante dos exa-
minadores, concordando com os resul-
R 4 0 0 1 5 1 2 9
tados apresentados por HASSEL;
E 5 0 0 0 1 8 4 13 FARMAN8, 1995.
S 6 0 0 0 0 0 0 0
Discussão dos escores atribuídos às
Total 9 16 13 20 13 6 77
9 16 13 20 13 6 77 Telerradiografias
(Ex. C) Tabela 9 - Porcentagens totais e mé-
dias de crescimento estatural esperado
para cada estágio das vértebras cervicais,
observados nas telerradiografias
Tabela 6 - Comparação dos escores atribuídos às telerradiografias na 1a ava- Esta tabela indica que há uma redu-
liação do examinador SN (SN-1) e na avaliação do examinador D ção de 15% do crescimento puberal do
estágio de maturação 1 para o estágio
ESCORES
Ex. D 1 2 3 4 5 6 Total 2. Entretanto, nesses dois estágios o pa-
- 1 2 3 4 5 6 ciente encontra-se na curva ascendente
E SN-1 (SN-1)
do crescimento estatural. Já do estágio
S 1 9 3 1 0 0 0 13 2 para o estágio 3 ocorre uma redução
C 2 4 13 5 1 0 0 23 média de 30% do crescimento em altu-
O 3 0 4 4 7 4 0 19 ra esperado, indicando se o paciente
completou uma grande parte do seu
R 4 0 1 1 3 4 0 9 crescimento, está na fase de pico máxi-
E 5 0 0 0 2 9 2 13 mo ou já passou por ele. Entre os está-
S 6 0 0 0 0 0 0 0 gios 3 e 4, e 4 e 5, há redução de 27,5%
e 10%, respectivamente, nas taxas de
Total 13 21 11 13 17 2 77
13 21 11 13 17 2 77 crescimento a ser esperado. Estes dois
(Ex. D) últimos estágios indicam que o paciente

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encontra-se na curva descendente do tes,(45,5%) não houve concordância estágio 1 significa que o crescimento
crescimento estatural, após o pico e que absoluta entre escores atribuídos. En- estatural que ocorre na puberdade ape-
vai culminar com o estágio 6, em que não tretanto, destes 35 casos, 28 apresenta- nas começou e que há uma expectativa de
há mais crescimento em estatura a ser ram variação de um escore, tanto para crescimento estimada em torno de 80% a
esperado. Tendo-se em mente que o cres- mais quanto para menos, e podem ser 100%, o que significa que praticamente
cimento das estruturas faciais ocorre considerados como aceitáveis, de acor- todo o crescimento puberal está ainda por
próximo ao pico máximo de crescimen- do com HASSEL; FARMAN8. Apenas 7 ra- ocorrer. O estágio 3 indica que o paciente
to estatural ou, mais precisamente, logo diografias apresentaram uma diferença encontra-se ainda em fase de crescimen-
após o mesmo e que ambos se compor- mais marcante, com a variação de 2 e to, porém, mais próximo do pico 8,13,16. As
tam de modo semelhante, torna-se pos- até 3 escores. O examinador SN, por taxas de crescimento esperado variam de
sível estabelecer uma comparação entre exemplo, atribuiu um índice igual a 2 25% a 65% neste estágio, havendo, por-
eles 1, 3, 4, 7, 10, 12, 14, 15, 17, 19, 22. para 23 telerradiografias, das quais três tanto, uma diferença média de aproxima-
(3) receberam, do examinador A, um damente 45% de crescimento esperado de
Teste intra-examinador (SN-1 x SN-2) índice igual a 4 e uma (1), um índice um estágio para outro. Do estágio 3 para
- Tabela 2 igual a 5. Estas consistem em variações o 5, além da redução média de aproxima-
Na avaliação intra-operador obser- importantes, visto que no estágio 2 deve- damente 37,5% da expectativa de cresci-
vou-se que os escores atribuídos às se esperar uma taxa de crescimento mento, o primeiro significa que o pacien-
telerradiografias concordaram em 49 dos estatural de 65% a 85%, ou seja, o pa- te está próximo do pico ou acabou de pas-
77 casos, havendo coincidência de re- ciente encontra-se na fase de crescimen- sar por ele, enquanto o estágio 5 significa
sultados ao redor de 63,9%. Todos os to acelerado, enquanto nos estágios 4 e que ele encontra-se já em fase de
demais 28 casos (36,4%) não coinciden- 5 ele estaria em fase de desaceleração maturação, com uma quantidade insigni-
tes apresentaram variação de apenas 1 e maturação, respectivamente, com uma ficante de crescimento a ser esperado.
índice ou escore. De acordo com HASSEL; expectativa reduzida de crescimento Como conseqüência, a diferença de inter-
FARMAN8, entretanto, essa flutuação en- (10% a 25% e 5% a 10%) 8. pretação desses estágios pode resultar em
tre 2 escores contíguos não apresenta O tratamento executado durante os mudanças na planificação do tratamento
relevância clínica para invalidar o méto- períodos de crescimento acelerado ou ortodôntico e no seu prognóstico, afetan-
do. Muitos casos dúbios podem não per- intenso contribui mais significativamen- do também os resultados finais, principal-
mitir a determinação de um estágio com te para a correção dos problemas faciais mente durante as fases de contenção e
precisão, principalmente se for conside- e dentários e para a melhora do perfil 17. pós-contenção 3. Isto pode ser bem expli-
rado que a radiografia pode ter sido ob- Além disso, quando instituído na fase de cado pelos resultados encontrados por
tida quando estava ocorrendo a transi- aceleração do crescimento, há uma pos- O´REILLY; YANIELLO 16 , quando
ção de um estágio para outro subseqüen- sibilidade de que os movimentos dentá- correlacionaram o crescimento das vér-
te. Assim, a avaliação pode ocorrer tanto rios requeridos sejam menos extensos 3. tebras cervicais com o da mandíbula: al-
no início quanto no final de um determi- A variação ocorrida do estágio 3 para o tas taxas de incremento no comprimento
nado estágio de maturação e o mais pro- estágio 5 traz também as mesmas impli- do corpo e do ramo da mandíbula foram
vável, nessas situações, é que ele assuma cações 8, 13, 16. observadas nos estágios de maturação ver-
as características semelhantes aos estági- tebral 1, 2 e 3.
os que o precedem ou o sucedem8. Os Teste inter-examinadores (SN-1 x B)
resultados da avaliação intra-examinador - Tabela 4 Teste inter-examinadores (SN-1 x C)
denotam que houve, portanto, uma quan- Essa comparação revelou que houve - Tabela 5
tidade relativamente pequena de variação uma coincidência entre 40 das 77 teler- A comparação das avaliações dos exa-
na interpretação dos resultados em duas radiografias avaliadas, ou seja, de 52% minadores SN (SN-1) e C mostrou que 34
etapas, ou, de outra forma, que houve do total. Em contrapartida, 37 telerra- telerradiografias (44,2%) obtiveram o
uma relativa estabilidade na interpreta- diografias, ou 48%, não foram concor- mesmo escore nos dois exames, contra 43
ção dos casos, entre as duas avaliações dantes, significando que quase a metade radiografias (55,8%) com escores dife-
de S.N. da amostra não apresentou os mesmos rentes. Destas 43 radiografias, 30 apre-
resultados entre as duas avaliações. Po- sentaram variação de apenas 1 escore,
Teste inter-examinadores (SN-1 x A) rém, destes 37 casos, 32 apresentaram enquanto 13 apresentaram escores vari-
- Tabela 3 variação de apenas 1 escore, de um exa- ando em 2 ou mais níveis (variações en-
Os resultados dessa comparação de- me para o outro, contra 5 casos com va- tre os níveis 1 e 3, 2 e 4, 2 e 5, 3 e 5, e 4 e
monstraram que houve uma concordân- riação de 2 escores ou mais. 6). Essas diferenças trazem consigo deta-
cia de classificação entre 42 das 77 te- A Tabela 4 mostra que houve variações lhes importantes. A variação do escore 1,
lerradiografias, ou seja, em 54,5% do de resultados dos escores 2 para o 5, dos que significa uma expectativa de 80% a
total. Nas 35 telerradiografias restan- escores 1 para o 3 e deste para o 5. O 100% de crescimento, para o escore 3

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Tabela 7 - Comparação dos escores atribuídos às telerradiografias na 1a ava- zada, principalmente nos tratamentos
liação do examinador SN (SN-1) e na avaliação do examinador E que necessitem de um controle preciso
ESCORES da finalização do crescimento, como nos
Ex. E 1 2 3 4 5 6 Total casos de cirurgia ortognática. Esta
- 1 2 3 4 5 6
E SN-1 (SN-1) extrapolação do crescimento estatural
para o facial é possível, visto que este úl-
S 1 5 7 1 0 0 0 13
timo ocorre, de acordo com a literatura,
C 2 0 13 9 1 0 0 23 ao mesmo tempo ou logo após o cresci-
O 3 0 1 16 2 0 0 19 mento estatural 1, 4, 7, 10, 12, 14, 15, 17, 19, 22, ou
R 4 0 0 1 5 3 0 9 seja, durante o surto máximo de cresci-
mento estatural de um indivíduo, os in-
E 5 0 0 0 3 7 3 13 crementos das estruturas de sua face es-
S 6 0 0 0 0 0 0 0 tão também em sua máxima expressão.
Total 5 21 27 11 10 3 77
5 21 27 11 10 3 77 Teste inter-examinadores (SN-1 x D)
(Ex. E)
- Tabela 6
Entre os examinadores SN e D, o nú-
Tabela 8 - Total de resultados coincidentes e não coincidentes, obtidos nas mero de telerradiografias que receberam
avaliações intra e inter-examinadores para as telerradiografias a mesma classificação foi de 38, ou
Avaliações Nº de resultados Nº de resultados não Total 49,4%, com 39 radiografias, ou 50,6%,
coincidentes coincidentes não coincidentes. Portanto, o número de
coincidentes e não coincidentes foi prati-
SN-1 x SN-2 49 (63,6%) 28 (36,4%) 77 (100%)
camente o mesmo. Das 39
SN-1 x Ex. A 42 (54,5%) 35 (45,5%) 77 (100%) telerradiografias não coincidentes, 32 ti-
SN-1 x Ex. B 40 (52,0%) 37 (48,0%) 77 (100%) veram seus escores variando em apenas
SN-1 x Ex. C 34 (44,2%) 43 (55,8%) 77 (100%) 1 nível, contra 9 radiografias, com esco-
res variando em 2 níveis.
SN-1 x Ex. D 38 (49,4%) 39 (50,6%) 77 (100%)
SN-1 x Ex. E 46 (59,8%) 31 (40,2%) 77 (100%) Teste inter-examinadores (SN-1 x E)
_ - Tabela 7
x 41,5 (53,9%) 35,5 (46,1%) 77 (100%)
Nesta comparação, os resultados
coincidentes superaram discretamen-
apresenta uma redução média de 45% de diferenças, provavelmente, irão também te os não coincidentes (46 telerradio-
crescimento esperado. Do mesmo modo, refletir-se sobre o tipo de tratamento or- grafias coincidentes, ou 59,8%, contra
a variação do escore 2 para os escores 4 todôntico ou ortopédico eleito, bem 31 não coincidentes, ou 40,2%). Das
e 5 significa que, de uma expectativa de como nos seus resultados finais 17. Do 31 radiografias que não obtiveram con-
65% a 85% de crescimento, houve uma escore 4 para o escore 6 há uma dife- cordância de resultados, 29 apresen-
redução para 10% a 25% e 5% a 10%, rença de 10% a 25% nas taxas de cresci- taram a variação de 1 escore, clinica-
respectivamente. Em outras palavras, en- mento esperado, sendo que o escore 6 mente não significante. Apenas 2 diver-
quanto o escore 2 significa que o paci- significa que não há mais crescimento. giram entre si em 2 escores - uma
ente encontra-se em uma fase de cresci- Não obstante o escore 4 indique que está telerradiografia recebeu de SN um es-
mento acelerado, os escores 4 e 5 deno- ocorrendo uma expressiva desaceleração core relativo a 1 e outra, escore 2, en-
tam um crescimento reduzido, indican- do crescimento, restando apenas uma quanto que, na avaliação do examina-
do que o paciente encontra-se na curva pequena ou insignificante quantidade a dor E, os escores atribuídos foram 3 e
descendente do crescimento estatural. As ser esperada, esta não deve ser despre- 4, respectivamente.

Tabela 9 - Porcentagens totais e médias de crescimento estatural esperado para cada estágio das vértebras cervicais,
observados nas telerradiografias.
Escores 1 2 3 4 5 6
total 80%~100% 65%~85% 25%~65% 10%~25% 5%~10% 0
média 90% 75% 45% 17,5% 7,5% 0

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CONSIDERAÇÕES SOBRE O MÉTO- quanto o utilizado para as radiografias dos como limítrofes, dificultando uma ava-
DO ESTUDADO carpais, mostraram-se válidos e aplicá- liação precisa. Mas, conforme o mencio-
Ao serem interrogados sobre o mé- veis. A grande maioria dos resultados nado ao longo da discussão dos resulta-
todo que utilizava as telerradiografias, não concordantes para as dos, é provável que a variação entre dois
todos os examinadores concordaram telerradiografias variou em apenas um estágios subseqüentes não implique em
que era possível observar as alterações estágio de maturação, sendo aceitável, grandes diferenças clínicas, não compro-
progressivas no formato das vértebras de acordo com o observado por metendo, portanto, o método utilizado. A
cervicais. Contudo, os resultados mos- HASSEL; FARMAN8. O fato de não ter sido não invalidação do método é ainda refor-
traram que a classificação de um está- utilizado algum tipo de “máscara” que çada pela opinião unânime de vários au-
gio específico de maturação, com base cobrisse as demais estruturas da radio- tores de que nenhum método que avalie o
nessas mudanças, apresentou uma re- grafia avaliada, principalmente a região estágio de maturação de um paciente deve
lativa dificuldade. As maiores dificulda- oclusal das telerradiografias, pode ter ser utilizado de forma isolada. Ao contrá-
des pertinentes a esse tipo de avaliação contribuído para uma maior dificulda- rio, deve-se, sempre que possível, reunir o
foram com relação a imagens dúbias ou de durante a sua classificação, princi- maior número de informações disponíveis
pouco precisas, que podem ter sido cau- palmente nos casos mais confusos. A por outros métodos, para que se possa
sadas pela qualidade das imagens utilização de uma máscara de papel es- alcançar um resultado mais definitivo e
radiográficas ou pela postura da coluna curo evitaria a atribuição de um escore próximo do real.
cervical, levando à presença de caracte- tendencioso, baseado em outras estru-
rísticas de 2 estágios contíguos, em uma turas expostas nas radiografias. CONCLUSÕES
mesma telerradiografia e dificultando a A despeito dessas constatações, há que Os resultados deste estudo permitiram
eleição de um único estágio de se considerar que todos os tipos de avalia- inferir que a observação das mudanças
maturação. Houve, entretanto, uma con- ções da maturidade esquelética que en- morfológicas que ocorrem nas vértebras
cordância com a afirmação de volvem critérios subjetivos, como é o caso cervicais, visualizadas nas telerradiografi-
LAMPARSKI 13 , 1972, O´REILLY; do método utilizado nesta pesquisa, tra- as laterais, mostrou-se um método útil e
YANIELLO 16, 1988; HELLSING 9, 1991; zem consigo uma certa variabilidade, que, aplicável na avaliação do estágio de
HASSEL; FARMAN 8 , 1995 e GARCIA no entanto, não chegam a invalidá-los. Os maturação de um paciente na prática clíni-
FERNANDEZ5, 1996, de que as mudan- resultados numéricos e as opiniões expri- ca. Entretanto, como ocorre com qualquer
ças morfológicas das vértebras cervicais midas pelos examinadores a respeito do outro método utilizado com este objetivo,
podem ser utilizadas para avaliar a método que utiliza as telerradiografias con- deve-se complementá-lo com o maior nú-
maturação esquelética dos pacientes. cordaram com a hipótese formulada por mero de recursos e informações disponí-
Os testes intra e inter-examinadores de- HASSEL; FARMAN8 de que um estágio de veis a respeito do desenvolvimento de cada
monstraram que tanto o critério utiliza- maturação vertebral parece misturar-se indivíduo, para que se possa obter um di-
do para avaliar as vértebras cervicais, com o seu próximo nos casos considera- agnóstico mais preciso e fidedigno.

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