2.9.1 Exemplo
Capítulo 2
Conceitos e Soluções Elementares
Este Capítulo do curso começa pela dedução da equação da difusividade que governa o
escoamento de fluidos em meios porosos. Na sequência, apresenta-se uma breve discussão das
condições de contorno associadas às situações físicas mais comuns encontradas na prática e que
completam a formulação matemática. Abordamos em seguida os problemas associados aos
regimes de fluxo permanente e pseudo-permanente que podem ser solucionados por técnicas
elementares de integração. Em seguida, a solução da linha-fonte no regime transiente é obtida
por meio de uma transformação auto-similar. Uma dedução para a mesma solução da linha-
fonte é obtida por meio da transformada de Laplace. A introdução das variáveis adimensionais
e do sistema de unidades é feita através de um exemplo. O Capítulo termina com a descrição do
algoritmo de Stehfest que é utilizado com frequência na inversão numérica da solução no espaço
de Laplace para o campo real.
O volume de controle pode assumir qualquer forma geométrica, mas para facilitar, a forma é
escolhida em função do sistema de coordenadas utilizada para descrever o fenômeno físico de
interesse.
Premissas:
1. O escoamento do fluido se dá somente nas direções r e z (ou seja, não ocorre fluxo
de fluido na direção tangencial θ).
2. O escoamento é monofásico e o fluido satura 100% o meio poroso.
3. Não existem fontes e/ou sumidouros no VC.
[( ρφ )t + ∆t − ( ρφ )t ] π [( r + ∆r )2 − r 2 ] ∆z . ................................. (3)
Volume
2 [( rρ vr )r − ( rρ vr )r + ∆r ] [( ρ v z )z − ( ρ v z )z + ∆z ] [( ρφ )t + ∆t − ( ρφ )t ]
+ = . ...... (4)
( r + ∆r )2 − r 2 ∆z ∆t
1 ∂( rρ v r ) ∂( ρ v z ) ∂( φρ )
+ =− . .......................................... (5)
r ∂r ∂z ∂t
Observação:
Quando duas ou mais fases escoam no meio poroso sem troca de massa entre elas (óleo
e água, por exemplo), fazemos o balanço de cada fase separadamente, usando a velocidade e a
massa específica de cada fase. Havendo transferência de massa entre as fases (óleo e gás, por
exemplo), o balanço de massa deve ser feito por componente presente em todas as fases.
kℓ ρ ∂ Φ
vℓ = − , ......................................................... (1)
µ ∂ℓ
O potencial de fluxo Φ é definido como sendo o trabalho exercido para elevar uma unidade de
massa de fluido de uma posição de referência z0 para a posição z. Hubert (1940) apresenta a
seguinte expressão para o potencial de fluxo:
p = p( z )
dp′
Φ=
p0 = p ( z 0 ) ρ ( p ′ )
+ g( z − z 0 ) + v 2 / 2 . ................................ (2)
energia potencial energia cinética
por unid . massa por unid . massa
trabalho exercido pelo
fluido por unid .massa
kℓ ρ ∂ p
dp ′
vℓ = −
µ ∂ℓ p0 ρ( p′ )
+ g ( z − z 0 ) . ..................................... (4)
onde y é uma variável muda de integração. Usando a regra de Liebnitz na Eq. 4, chega-se em
kℓ ∂ p ∂z
vℓ = − + ρ g . ................................................. (5)
µ ∂ℓ ∂ℓ
Comentários:
A lei de Darcy não contém nenhuma informação sobre a estrutura microscópica do meio poroso
(nem mesmo porosidade). É assumido que:
kr ∂ p ∂z k ∂p
vr = − + ρg = − r . ......................................... (6)
µ ∂r ∂r µ ∂r
kz ∂ p ∂z k ∂ p
vz = − + ρ g = − z + ρ g . .................................. (7)
µ ∂z ∂z µ ∂z
1 ∂ kr ∂ p ∂ k z ∂ p ∂( φρ )
rρ + ρ + ρ g = . ............................ (8)
r ∂r µ ∂r ∂z µ ∂z ∂t
1 ∂V
c=− , ........................................................... (1)
V ∂p T
onde V representa um volume mantido sob temperatura T constante. O sinal negativo na Eq. 1
garante que a compressibilidade do fluido seja sempre positiva. Sendo massa específica =
massa/volume, a equação acima pode ser escrita como
1 ∂ρ
c= . ............................................................. (2)
ρ ∂p T
ρ ( p ) = ρ 0 [ 1 + c( p − p0 )] , ............................................... (4)
Quando o fluido é um “gás real”, a relação entre a massa específica e a pressão é expressa por
pM
ρ( p ) = , .......................................................... (5)
ZRT
1 1 ∂Z
c= − . ........................................................ (6)
p Z ∂p T
A Eq. 6 indica que a compressibilidade dos gases não é pequena e muito menos constante. Note
que em baixas pressões o gás se comporta como um gás ideal (Z = 1), assim c = 1 p .
1 ∂ k r ∂ p ∂ k z ∂ p ∂( φρ )
rρ + ρ = . ................................. (1)
r ∂r µ ∂r ∂z µ ∂z ∂t
d
[a( x )b( x )] = a( x ) db( x ) + b( x ) da( x ) ,
dx dx dx
1 ∂ k r ∂p 1 ∂ k r ∂p k r ∂p ∂ρ
rρ = ρ r + .
r ∂r µ ∂r r ∂r µ ∂r µ ∂r ∂r
∂ρ ∂ρ ∂p ∂p
= = ρc ,
∂r T ∂p T
∂r ∂r
onde a primeira igualdade resulta da aplicação da regra da cadeia, enquanto que a segunda
igualdade vem da própria definição da compressibilidade isotérmica.
1 ∂ k r ∂p 1 ∂ k r ∂p k r ∂p
2
rρ = ρ r + c . ........................... (2)
r ∂r µ ∂r r ∂r µ ∂r µ ∂r
∂ kz ∂ p ∂ k z ∂p k z ∂p 2
ρ = ρ + c . ................................ (3)
∂z µ ∂z ∂z µ ∂z µ ∂z
∂( φρ ) ∂ρ ∂φ ∂ρ ∂p ∂φ ∂p 1 ∂ρ 1 ∂φ ∂p
=φ +ρ =φ +ρ = φ ρ + .............. (4)
∂t ∂t ∂t ∂p ∂t ∂p ∂t ρ ∂p φ ∂p ∂t
derivada do produto
1 ∂φ
cR = . ............................................................ (5)
φ ∂p T
∂( φρ ) ∂p ∂p
= φ ρ ( c + cR ) = φ ρ ct , ........................................ (6)
∂t ∂t ∂t
1 ∂ k r ∂p ∂ k z ∂p c ∂p ∂p ∂p
2 2
r + + k r + k z = φ ct . .............. (7)
r ∂r µ ∂r ∂z µ ∂z µ ∂r ∂z ∂t
Assim, usando a Lei de Darcy e uma equação de estado para o fluido, a Equação da Continuidade
foi reescrita em termos de uma única variável dependente (pressão).
Vale destacar que até aqui as únicas simplificações e hipóteses adotadas foram: (i) fluxo
monofásico e isotérmico de um fluido que satura 100% o meio poroso; (ii) escoamento somente
nas direções r e z sem fontes e sumidouros; (iii) a lei de Darcy é aplicável; (iv) o efeito da
gravidade foi desprezado. Nada mais foi assumido. Portanto o campo de permeabilidades pode
ser heterogêneo e anisotrópico e dependente da pressão, assim como a porosidade, que pode
variar em r e z e com a pressão. Na dedução da Eq. 7, não foi assumido que a compressibilidade
de rocha, a compressibilidade do fluido e que a viscosidade eram constante com a pressão.
Assim, até o momento, temos que ct = ct ( p ) e µ = µ ( p ) .
Para ficar visível a dependência das propriedades de rocha fluido em relação à posição no espaço
(r,z) e também com a pressão, a Eq. 7 pode ser escrita na seguinte forma
1 ∂ k r ( r , z , p ) ∂p ∂ k z ( r , z , p ) ∂p
r + +
r ∂r µ ( p ) ∂r ∂z µ( p ) ∂z
c( p ) ∂p ∂p ∂p
2 2
+ k r ( r , z , p ) + k z ( r , z , p ) = φ ( r , z , p ) ct ( p ) . ............ (8)
µ ( p ) ∂r ∂z ∂t
1 ∂ ∂p ∂ ∂p
kr ( r , z ) r + k z ( r , z ) +
r ∂r ∂r ∂z ∂z
∂p
2
∂p
2
∂p
+ c k r ( r , z ) + k z ( r , z ) = φ ( r , z ) µ ct . .................... (8-A)
∂r ∂z ∂t
Definição:
Sejam f e g soluções de uma EDP. A EDP é dita linear quando Af + Bg também é uma
solução da EDP (A e B constantes arbitrárias).
Não é difícil verificar que a Eq. 8-A não satisfaz a definição acima por causa dos termos
quadráticos (∂p ∂r ) e (∂p ∂z ) . Assim a Eq. 8-A é classificada com uma EDP não linear. EDP´s
2 2
não lineares geralmente não admitem soluções analíticas simples, uma forma de prosseguir é
buscar uma linearização para a EDP.
Uma aproximação largamente utilizada faz uso do fato que a compressibilidade dos líquidos é
muito pequena (2 a 3 ordens de magnitude menor do que a dos gases). Então, quando o
gradiente de pressão é relativamente pequeno (baixas velocidades), o produto da
compressibilidade de um líquido c pelo termo entre colchetes na Eq. 8-A fica desprezível quando
comparado com o primeiro termo do lado esquerdo da Eq. 8-A. Note que esta aproximação não
é aplicável para o escoamento de um gás, pois além do c ser grande, a velocidade é bem mais
elevada.
1 ∂ ∂p ∂ ∂p ∂p
k r ( r , z ) r + k z ( r , z ) = φ ( r , z ) µ ct . ....................... (9)
r ∂r ∂r ∂z ∂z ∂t
Assim, para escoamento num meio poroso homogêneo com anisotropia vertical, a Eq. 9 passa
a ser dada por
k r ∂ ∂p ∂2 p ∂p
r + k z 2 = φ µ ct . ....................................... (10)
r ∂r ∂r ∂z ∂t
1 ∂ ∂p ∂ 2 p φ µ ct ∂p
r + = , ......................................... (11)
r ∂r ∂r ∂ z 2 k ∂t
A Eq. 11 admite infinitas soluções. Para obter a solução para um caso particular é necessário
especificar a condição inicial (no tempo zero) e as condições de contorno (de borda, de
fronteira), como veremos no item 2.6.
∂ ∂p ∂ ∂p ∂p
k x ( x , y ) + k y ( x , y ) = φ ( x , y ) µ ct . ........................ (1)
∂x ∂x ∂y ∂y ∂t
∂2 p ∂2 p ∂p
k x 2 + k y 2 = φ µ ct . .............................................. (2)
∂x ∂y ∂t
1
k̂ 2
y′ = y , .......................................................... (4)
k
y
com k̂ sendo um valor constante a ser determinado. Usando a regra da cadeia tem-se que
1
∂p ∂p k̂ 2
= . Então,
∂x ∂x′ k x
∂ 2 p k̂ ∂ 2 p
= . .......................................................... (5)
∂x 2 k x ∂x′ 2
De forma similar
∂ 2 p k̂ ∂ 2 p
= . .......................................................... (6)
∂y 2 k y ∂y ′ 2
∂ 2 p ∂ 2 p φ µ c t ∂p
+ = , ................................................. (7)
∂x ′ 2 ∂y ′ 2 k̂ ∂t
que passa a ser a EDP sob essa transformação de coordenadas. Como achar o valor de k̂ ?
Qual a relação com k x e k y ? O que representa k̂ ?
Considerando o aspecto físico do problema, parece intuitivo assumir que o volume poroso de
um elemento infinitesimal no novo sistema de coordenadas (x´, y´) deva respeitar o volume
infinitesimal nas coordenadas originais (x, y), ou seja, o volume infinitesimal nos 2 sistemas deve
ser igual. Ver Figura 3 abaixo.
k̂ = (k x k y ) 2 , ............................................................ (8)
1
1
ky 4
x′ = x , ........................................................... (9)
kx
1
k 4
y′ = y x . ........................................................ (10)
k
y
Vamos agora analisar o efeito que a transformação mostrada acima causa num círculo, o raio do
poço ( rw ), por exemplo. Vamos assumir que a permeabilidade máxima está alinhada com a
direção x e, consequentemente, a permeabilidade mínima na direção na direção y dos eixos.
Este caso pode ser representado pela notação k x = k max e k y = k min . A Figura 4 ilustra o
resultado da aplicação da transformação dada pelas Eqs. 9 e 10 no raio do poço.
Qual a forma geométrica resultante da transformação? Note que a equação do círculo de raio
rw é
x′ 2 y′2
2
+ 2
= rw2 ,
k
1
4 k
1
4
min max
k max k min
ou
x′ 2 y′2
2
+ 2
= 1 . ..................................... (12)
k
1
4 k
1
4
rw min rw max
k max k min
A equação de uma elipse com centro em (x´=0, y´=0) e de semi-eixos a e b (ver Figura 5) é dada
por
x′ 2 y ′ 2
+ = 1 ........................................................... (13)
a2 b2
Comparando a Eq. 12 com a Eq. 13, conclui-se que a transformação torna a circunferência do
poço numa elipse. Note que embora a transformação dada pelas Eqs. 9 e 10 leva um sistema
anisotrópico para um sistema homogêneo equivalente, a geometria resultante pode ficar mais
difícil de se trabalhar.
Você pode verificar que a área do poço é realmente preservada (Dica: a área da elipse é igual a
π a b ). E o perímetro do poço (que representa a área aberta ao fluxo na interface poço-
reservatório)? Será que ele é preservado pela transformação de coordenadas?
A Condição de Contorno Externa (CCE) deve refletir a condição de fluxo no limite externo do
reservatório. Vamos descrever alguns exemplos típicos:
Exemplo 1 de CCE
Uma formação que está limitada numa direção por uma barreira de permeabilidade (falha
selante) impõe uma condição de fluxo nulo ao longo dessa barreira, ou seja, não há fluxo de
fluido através da mesma. Ver Figura 6 abaixo. Assim, a velocidade é nula na posição da barreira.
Pela Lei de Darcy, o gradiente de pressão ortogonal ao plano da barreira deve ser nulo, isto é
∂p
= 0 . ............................................................. (1)
∂x x =d
Exemplo 2 de CCE
Em um reservatório de óleo em contato com um aquífero de grande volume, a pressão no
contato óleo-água é mantida constante (e igual à pressão original) durante a produção do
campo. A Figura 7 abaixo mostra o caso idealizado de um reservatório de óleo perfeitamente
circular com raio externo re em contato com um aquífero de grande extensão. Nesse caso, a CCE
seria dada por
p( r = re ,t ) = pi . ......................................................... (2)
É usual usar a notação pe para indicar a pressão mantida constante no raio externo re .
Exemplo 3 de CCE
Uma CCE bastante utilizada na modelagem matemática de testes de pressão em poços é a de
reservatório “infinito”. Quando as fronteiras externas (limites) do reservatório não afetam
significativamente o comportamento das pressões registradas no poço durante o período de
execução de um teste de pressão, o comportamento observado é similar ao de um reservatório
de extensão infinita. Nesses casos, é adequado representar matematicamente a CCE por
lim p( r ,t ) = pi , ......................................................... (3)
r→ ∞
onde pi representa a pressão inicial (t = 0) de equilíbrio do reservatório. A Eq. 3 diz que a pressão
no “infinito” nunca cai em função da produção do poço em teste.
A Condição de Contorno Interna (CCI) indica o modo como poço é produzido no teste de
formação. Novamente, vamos descrever alguns exemplos típicos:
Exemplo 1 de CCI
A CCI é dita como sendo de pressão especificada quando se impõe uma pressão de fundo na
interface do poço com a formação. Esta condição é típica de testes com mecanismo de elevação
artificial (ex: bombeio centrífugo de fundo, pistoneio em poços terrestres, etc). Para produção
com pressão de fundo mantida constante em um poço vertical, a CCI é formulada como
p( r = rw ,t ) = po , ........................................................ (4)
onde po representa um valor de pressão (menor do que a pressão inicial) que permanece
constante durante todo o tempo.
Exemplo 2 de CCI
A CCI mais utilizada na teoria de testes de pressão em poço é a do tipo “vazão especificada”. A
maior parte das soluções analíticas da literatura faz uso da CCI para vazão constante (a solução
para o caso de vazão variável no tempo pode ser obtida a partir da solução para vazão
constante).
Para o caso de um poço vertical num reservatório de óleo, homogêneo isotrópico com
permeabilidade k, com toda a espessura porosa h canhoneada (isto é, aberta ao fluxo de fluidos)
e produzindo com vazão constante q, a CCI em unidades consistentes é dada por
k ∂p 2π k h ∂p
q = −[vr ( r ) A( r )]r = rw = − − 2π r h = r , ................. (5)
µ ∂r rw µ ∂r rw
onde usamos a Lei de Darcy aplicada no raio do poço. Como é usual na área de testes de pressão,
a vazão é tomada como positiva (q > 0) para produção do reservatório. Na Eq. 5 fica
subentendido que a vazão volumétrica q é dada em condições de fundo, isto é, na pressão e
temperatura da face da formação. Se a CCI for especificada para vazão de óleo constante nas
condições-padrão de p e T, usamos a notação qsc , sendo necessário introduzir na Eq. 5 o fator-
volume-formação B para converter a vazão qsc na vazão q. Nesse caso a Eq. 5 fica
2π k h ∂p
q sc = r . ................................................ (5-A)
Bµ ∂r rw
p( r ,t = 0 ) = pi . ..................................................... (6-A)
Formulação matemática:
Para escoamento apenas na direção radial, a formulação matemática para o problema físico
descrito acima é dada por
1 ∂ ∂p ∂p
EDP k( r ) r = φ ( r ) µ ct , ......................................... (1)
r ∂r ∂r ∂t
CI p( r ,t = 0 ) = pe , ........................................................ (2)
2π h ∂p
CCI q= k( r ) r . ................................................. (4)
µ ∂r rw
Note que a vazão q na Eq. 4 representa a vazão nas condições da face da formação, isto é, a
vazão volumétrica q é dada nas condições de p e T de fundo.
Após algum tempo, o influxo de fluido através da fronteira externa vai equilibrar a produção do
poço. A partir desse momento, que recebe a notação tss, todo o volume produzido pelo poço
será reposto pelo influxo na fronteira externa re . Quando isso ocorre, o perfil de pressão ao
longo do reservatório fica constante (isto é, não varia mais com o tempo). Ver a Fig. 9. Assim
temos que ∂p ∂t = 0 para todo r. Então, para esse período de tempo (t > tss), a formulação
matemática pode ser simplificada e passa a ser dada por
1 d dp
EDO k ( r ) r = 0 . .................................................... (5)
r dr dr
2π h dp
CCI q= k( r ) r . ................................................. (7)
µ dr rw
Comentários:
Como o lado direito da Eq. 1 representa acumulação de massa, o lado direito da Eq. 5 durante o
regime permanente sendo igual a zero significa que não há acúmulo de massa em nenhum ponto
do reservatório e essa é a característica fundamental que caracteriza um regime permanente.
Pergunta-se: por que sumiu a CI da formulação original?
qµ re
1
pe − p( r ) =
2πh r r ′ k( r ′ )
dr ′ . ......................................... (13)
(As equações nesse item 2.7 seguem a numeração das notas de aula de cursos anteriores e foi
mantida para manter a correspondência entre os textos).
qµ re
1
pe − pwf =
2πh rw r ′ k( r ′ )
dr ′ . .......................................... (14)
Uma terceira expressão para o regime permanente é obtida subtraindo a Eq. 13 da Eq. 14
qµ r
1
p( r ) − p wf =
2πh rw r ′ k( r ′ )
dr ′ . ........................................ (15)
qµ r
pe − p( r ) = ln e , .............................................. (16)
2π kh r
qµ r
p e − p wf = ln e , .............................................. (17)
2π kh rw
qµ r
p( r ) − p wf = ln . ............................................ (18)
2π kh rw
Um gráfico do perfil das pressões x ln(r) a partir das Eqs. 16 ou 18 desenvolve uma reta com
declividade igual a qµ ( 2π kh ) . Ver Fig. 10 abaixo.
Comentários:
1. A EDO do regime permanente (Eq.5) é de segunda ordem que para ser resolvida
necessita apenas de 2 condições de contorno.
2. Isso significa que dos 3 parâmetros pe , p wf e q só se pode especificar dois deles.
3. Na formulação apresentada (Eqs. 5-7) especificou-se pe na CCE e q na CCI. Assim,
não existe nenhum grau de liberdade para se escolher p wf .
4. Se a CCI no problema homogêneo fosse de pressão especificada p wf no lugar da Eq.
7, pode ser mostrado que a solução seria dada por
( pe − p wf )
pe − p( r ) = ln( re / r ) . ................................... (18-A)
ln( re / rw )
A Eq. 18-A mostra que, durante o regime permanente, o perfil de pressão não
depende das propriedades de rocha e fluido e nem da vazão, somente das pressões
no poço e no raio externo. Esse resultado faz sentido? O resultado acima é coerente
com a Eq. 16? (Dica 1: partindo da Eq. 18-A, use a lei de Darcy para obter a Eq. 16;
Dica 2: Combine as Eqs. 16 e Eq. 17 para eliminar a vazão e as propriedades de rocha
e fluido. A Eq. 18-A é obtida de imediato.)
1
p=
V p( V ′ ) dV ′ ,
V
qµ re2 r 1
p − pwf = 2 ln e − .
2π kh re − rw rw 2
2
x2 x2
Dica: para integrar a Eq. 19 use
x ln x dx =
2
ln x − .
4
Tipicamente temos re >> rw , assim a expressão da pressão média fica
qµ re 1
p − p wf = ln − . .......................................... (20)
2π kh rw 2
Pergunta-se: em que posição do reservatório ocorre a p ? Ou seja, qual é o valor do raio que
satisfaz p( r ) = p ? Usando a Eq. 18 para r ≡ r e igualando com o lado direito da Eq. 20 temos
qµ r qµ re 1
p( r ) − p wf = ln = ln − ,
2π kh rw 2π kh rw 2
O resultado acima mostra que a posição da pressão média p durante o regime permanente não
depende das propriedades de rocha e fluido, nem da vazão q.
Formulação matemática:
Considerando o caso de reservatório homogêneo (isto é, k e φ constantes), a formulação
matemática para fluxo nulo pela fronteira re é dada por
1 ∂ ∂p φ µ ct ∂p
EDP r = , ................................................ (1)
r ∂r ∂r k ∂t
CI p( r ,t = 0 ) = pi , ........................................................ (2)
∂p
CCE r = 0 , ......................................................... (3)
∂r re
2π k h ∂p
CCI q= r . .................................................... (4)
µ ∂r rw
Note que a CCE (Eq. 3) é obtida diretamente da lei de Darcy para fluxo nulo no raio externo. A
vazão volumétrica q na Eq. 4 é constante e especificada nas condições de p e T de fundo.
Para o período de tempo que se deseja obter a solução, t > tpss onde tpss representa o tempo do
início do regime pseudopermanente, temos por premissa que (∂p ∂t )r é constante para todo
r. Qual o valor dessa constante? Uma maneira de se determinar essa constante é mostrada a
seguir.
b
Usando o teorema fundamental do cálculo ( a ( df / dx ) dx = f ( b ) − f ( a ) ) no lado esquerdo e que
(∂p ∂t )r é uma constante para t > tpss, chega-se em
∂p ∂p φ µ ct ∂p re2 − rw2
r − r = .
∂r re ∂r rw k ∂t 2
∂p q
=− . .................................................. (5)
∂t φ π ( re − rw2 )h ct
2
volume poroso
Comentários:
1. Explique o sinal negativo da Eq. 5.
2. Note que a taxa da queda da pressão durante o pseudopermanente não depende de
k e nem de µ . Assim, vemos que não é possível estimar a permeabilidade durante
o regime de fluxo pseudopermanente!
3. Não é difícil de ver que a Eq. 5 representa um balanço de massa no reservatório.
1 ∂ ∂p qµ
r =− . ............................................ (6)
r ∂r ∂r k hπ ( re2 − rw2 )
∂p q µ ( re2 − r 2 )
r = , ................................................ (8)
∂r 2π k h ( re − rw )
2 2
ou
∂p qµ 1 re2
= − r . ........................................... (9)
∂r 2π k h ( re2 − rw2 ) r
qµ re2 r 1 ( r 2 − rw2 )
p( r ,t ) − p wf ( t ) = 2 2 ln − 2
, ................. (10)
2π k h ( re − rw ) rw 2 ( re − rw )
2
qµ re2 re 1
pe ( t ) − p wf ( t ) = 2 2 ln − . ........................... (11)
2π k h ( re − rw ) rw 2
qµ re 1
pe ( t ) − p wf ( t ) = ln − . .................................... (12)
2π k h rw 2
Comentários:
1. A Eq. 12 é apresentada na literatura sem a dependência explícita de pe e pwf com o
tempo t.
2. Note que tanto pe e pwf caem com o tempo no regime pseudopermanente, porém a
diferença pe ( t ) − p wf ( t ) é constante.
3. Como uma simples curiosidade, note que o lado direito da Eq. 12 é exatamente igual
ao lado direito da Eq. 20 do item 2.7.3 (que representa a diferença entre pressão
média e a pressão no poço no regime permanente).
2π k h ∂p
q( r ) = r . ................................................. (13)
µ ∂r
Substituindo a Eq. 8 no lado direito da Eq. 13, obtém-se (usando a mesma numeração das
equações das notas de aula de cursos anteriores)
( re2 − r 2 )
q( r ) = q , .................................................... (15)
( re2 − rw2 )
que relaciona a vazão num ponto r qualquer com a vazão q do poço. Verificando: para r = rw a
Eq. 15 mostra que q(rw) = q (OK); para r = re a Eq. 15 mostra que q(re) = 0 (OK).
qµ r 2 2 r 3 1 r 2
p( t ) − p wf ( t ) = 2
e
ln e − − 2 w 2 . ............... (17)
2
2π k h re − rw rw 4 2 re − rw
qµ re 3
p( t ) − pwf ( t ) = ln − . .................................... (18)
2π k h rw 4
qµ re qµ 0.472 re
p( t ) − p wf ( t ) = ln exp( −3 / 4 ) = ln . ........... (19)
2π k h rw 2π k h rw
Algumas pessoas interpretam erroneamente a Eq. 19 achando que a pressão média no regime
de fluxo pseudopermanente ocorre na posição r = 0.472 re. Então, em que posição r realmente
ocorre a p( t ) ?
Para achar a posição r na qual p( r = r ,t ) = p( t ) basta igualar as Eqs. 18 e 10. Vamos assumir
que re > r >> rw . Após simplificação, chega-se em
2
r 1 r 3
ln = − ,
re 2 re 4
ou
2 2
r r 3
ln = − , ................................................... (20)
re re 2
que deve ser resolvida numericamente ou até por gráfico. Independente do caminho escolhido,
a solução da Eq. 20 que tem significado físico ( r < re ) é
Observa-se assim que a posição da pressão média durante o pseudopermanente não varia com
o tempo (ou seja, a posição é fixa), não depende da vazão e nem das propriedades de rocha e
fluido.
2.9.1 Exemplo
Neste subitem apresenta-se um exemplo passo a passo do processo de adimensionalizar a
formulação matemática de um problema de interesse deste curso. É importante compreender
as etapas envolvidas, pois no restante do curso iremos trabalhar quase que exclusivamente com
problemas na forma adimensional.
Formulação Matemática
Para o modelo físico acima, é conveniente trabalhar em coordenadas cilíndricas r-θ-z. Tendo em
conta que o reservatório é isotrópico, a gravidade é desprezada e que o poço vertical atravessa
toda a espessura porosa, não temos fluxo nas direções tangencial e vertical. Dessa forma o
escoamento ocorre apenas na direção radial. Assim, a EDP e as CC’s que representam o modelo
físico são dadas por
1 ∂ ∂p φ µ c t ∂p
EDP: r = .................................................. (1)
r ∂ r ∂ r k ∂t
2π k h ∂p
CCI: q= r ..................................................... (4)
µ ∂ r r = rw
Raio adimensional rD
O raio do poço (rw) parece ser a escolha natural para o fator de escala da coordenada r. Então,
o raio adimensional é definido por
r
rD = ................................................................. (5)
rw
r = rw rD = 1
r → ∞ rD → ∞
e que as derivadas parciais da pressão em relação ao raio podem ser escritas como
∂p ∂p drD 1 ∂p
= = .................................................. (6)
∂ r ∂ rD d r rw ∂ rD
Usando as Eqs. 5 e 6, o problema original (1) – (4) passa a ser escrito como
1 ∂ ∂p φ µ ct rw2 ∂p
EDP: rD = ............................................. (7)
rD ∂ rD ∂ rD k ∂t
2π k h ∂p
CCI: q= rD ................................................. (10)
µ ∂ rD rD =1
Tempo adimensional tD
Note que o lado esquerdo da Eq. 7 tem unidade de “pressão”, portanto o lado direito da
igualdade também deve ter. Assim, o fator φ µ ct rw2 k só pode ter a dimensão de tempo e que
parece ser o fator de escala apropriado para a variável temporal deste problema. Então, o tempo
adimensional fica definido por
kt
tD = .......................................................... (11)
φ µ ct rw2
∂p ∂p dtD k ∂p
= = ............................................ (12)
∂ t ∂ tD d t φ µ ct rw ∂ t D
2
1 ∂ ∂p ∂p
EDP: rD = ................................................. (13)
rD ∂ rD ∂ rD ∂ t D
2π k h ∂p
CCI: q= rD ................................................. (16)
µ ∂ rD rD =1
Pressão adimensional pD
Aparentemente o único fator de escala da pressão é a pressão inicial de equilíbrio do
reservatório pi. Assim poderíamos propor algo como
p( r ,t )
pD ( rD ,t D ) =
pi
que certamente é adimensional, mas o que não é suficiente neste problema. Note que ao usar
esta proposta de definição para pD, a CCI (Eq. 16) não ficaria adimensionalizada pois ficaria ainda
alguns parâmetros de rocha e fluido “sobrando”. Outro aspecto é que com esta definição de pD
as Eqs. 14 e 15 resultantes não seriam do tipo homogêneo (isto é, igual a zero). O fato é que
algumas técnicas matemáticas de resolução de EDP’s necessitam de condições homogêneas. Já
com outras técnicas que lidam bem com condições não homogêneas, o uso de condições
homogêneas facilita em muito a resolução do problema. Para contornar este último aspecto,
vamos primeiramente fazer uma mudança de variável, adotando a variação da pressão a partir
do estado de repouso, isto é,
∂∆p ∂p ∂∆p ∂p
=− ; =− .
∂ rD ∂ rD ∂ tD ∂ tD
Com esta nova variável dependente ∆p, as Eqs. 13-16 passam a ser dadas por
1 ∂ ∂∆ p ∂∆ p
EDP: rD = ................................................ (18)
rD ∂ rD ∂ rD ∂ t D
2π k h ∂∆p
CCI: q=− rD ............................................... (21)
µ ∂ rD rD =1
Note que, como desejado, as Eqs. 19 e 20 ficaram homogêneas. Observando agora a CCI (Eq.
21), a definição de pD aparece naturalmente
2π k h ∆p( r ,t )
pD ( rD ,t D ) = ............................................. (22)
qµ
Finalmente, usando a Eq. 22 e as relações acima, o problema dimensional original dado pelas
Eqs. 1-4 fica
1 ∂ ∂p D ∂p D
EDP: rD = ................................................. (23)
rD ∂ rD ∂ rD ∂ t D
∂p D
CCI: rD = −1 ...................................................... (26)
∂ rD rD =1
Um Roteiro Genérico
A definição das variáveis adimensionais para outros problemas de interesse pode seguir o
mesmo caminho adotado no exemplo acima, a saber:
A definição de pD e tD do item 2.9.1 é baseada num sistema de unidades consistente. Para outros
sistemas de unidades, estas definições passam a ser dadas por
αt k t
tD = .......................................................... (27)
φ µ ct rw2
k h ∆p( r ,t )
p D ( rD ,t D ) = ................................................ (28)
αp qµ
Nas Eqs. 27 e 28, αt e αp são constantes para conversão de unidades. Consulte o Anexo I
distribuído. Para os sistemas S.I. e Darcy temos α t = 1 e α p = 1 ( 2 π ) . Nas unidades de Campo
(sistema americano) estas constantes passam para α t = 0,0002637 quando t for dado em
horas e α p = 141,2 . As constantes no sistema de unidades adotado pela indústria do petróleo
no Brasil são α t = 0,0003484 para tempo em horas e α p = 19,03 .
A aproximação da linha-fonte implica em substituir a CCI de poço com rw finito (eq. 26 item 2.9.1)
∂p D
rD = −1
∂ rD rD =1
por
∂p
lim rD D = −1 .
∂ rD
rD → 0
1 ∂ ∂p D ∂p D
EDP: rD = ................................................... (1)
rD ∂ rD ∂ rD ∂ tD
∂p
CCI: lim rD D = −1 ....................................................... (4)
rD → 0
∂ rD
A solução da EDP acima sujeita as condições 2-4, pode ser obtidas por meio de diversas técnicas
matemáticas. Neste item vamos usar a transformada de Boltzmann, definida por
rD2
y= ................................................................. (5)
4t D
Observações:
1. A solução por meio da transformada dada pela Eq. 5 pertence a classe dos métodos de
similaridade.
2. Note que a transformada colapsa as duas variáveis independentes do problema (tempo
e posição espacial) numa única variável independente. Busca-se assim uma solução em
função dessa variável, i.e., pD = pD(y).
3. Essa técnica pode ser útil na solução de alguns problemas não lineares.
Vamos agora reescrever a EDP (Eq. 1) em termos dessa variável de Boltzmann. Usando a regra
da cadeia, as derivadas da pressão adimensional em relação a rD e tD são dadas por
∂p D dp D ∂ y dp D 2rD
= = ,............................................... (6)
∂ rD dy ∂ rD dy 4 t D
∂p D dp D ∂ y dp D rD2
= = − 2 . ........................................... (7)
∂ tD dy ∂ t D dy 4 tD
1 ∂ 2rD2 dp D rD2 dp D
= − .
rD ∂ rD 4 t D dy 4 t D2 dy
Usando a regra da cadeia na derivada parcial do lado esquerdo da equação acima e usando a
definição da variável de Bolztmann (Eq. 5), chega-se em
d dp D dp
y = − y D . ................................................... (8)
dy dy dy
Note que a EDP foi transformada numa EDO. Para que o método de similaridade seja bem
sucedido é necessário que não só a EDP seja transformável, mas que as CC também o sejam.
Para transformar a CI note que quando tD tende para zero, a variável y tende para infinito. Assim,
A Eq. 2 passa a ser dada por
Já a CCE, quando rD tende para infinito temos que y tende para infinito. Assim a Eq. 3 em termos
da nova variável y fica
lim p D ( y ) = 0 ,
y→ ∞
que é igual a Eq. 9. Percebe-se que a CI e a CCE do problema original colapsam numa única
condição de contorno no problema tendo y como variável independente. Este fato é necessário
para que a transformada de Boltzmann possa ser aplicada: ao transformar a EDP numa EDO é
necessário que as 3 condições de contorno originais (2 CC + 1 CI) sejam reduzidas para duas CC.
dp 1
lim y D = − . .................................................... (10)
y→ 0
dy 2
d 2 p D dp D dp
y 2
+ = −y D .
dy dy dy
Para y ≠ 0
d 2 p D 1 + y dp D
+ = 0 , ................................................. (11)
dy 2 y dy
que é uma EDO de segunda ordem linear homogênea e com coeficiente variável. A solução geral
encontra-se no Boyce e Diprima citado nas referências bibliográficas. Uma técnica simples de
solução é por substituição de variável, como mostrado a seguir.
d u 1+ y
+ u = 0.
dy y
Separando as variáveis y e u
du 1+ y
=− dy . ....................................................... (12)
u y
ln u = − ln y − y + C1
exp( − y )
u = C2 , ...................................................... (13)
y
onde C2 é uma constante (C2 = exp[C1]). Substituindo a definição da variável auxiliar u na Eq. 13
dp D exp( − y )
= C2 . ................................................... (14)
dy y
Antes de prosseguir para achar a solução para pD, podemos determinar a constante C2 de
imediato usando a CC dada pela Eq. 10
dp exp( − y ) 1
lim y D = lim y C 2 = − ,
y→ 0 y→ 0
dy y 2
dp D 1 exp( − y )
=− . .................................................. (15)
dy 2 y
∞ dy ′
dy ′ = −
2 ∞ y′
dy ′ .
1 ∞
exp( − y ′ )
p D ( y ) − lim p D ( y ) =
y→∞ 2 y y′
dy ′ . ................................. (16)
= 0 ( Eq . 9 )
1 ∞
exp( −u )
p D ( rD2 4t D ) =
2
rD2 4 t D u
du . ...................................... (17)
1
p D ( rD ,t D ) = − Ei ( − rD2 4t D ) , .......................................... (19)
2
Note que solução da linha-fonte NÃO é o mesmo que função integral-exponencial. A solução da
pressão adimensional p D é a metade da Ei . Recomendo corrigir a legenda original da Fig. C.2 do
Monograph 5 de Exponential-Integral Solution para Line Source Solution.
Tabelas da função integral-exponencial podem ser encontradas em vários textos. O Anexo 2-A
reproduz a tabela publicada por Lee, Rollins e Spivey, Pressure Transient Testing, SPE Textbook
Series Vol. 9, 2003. A tabela da função Ei mostrada no Anexo 2-B foi calculada com as
aproximações apresentadas na página 231 do Abramowitz (ver Anexo 4).
Fig. 12 – Solução da linha-fonte – Figura extraída de Earlougher Jr., Robert. Advances in Well
Test Analysis. SPE Monograph 5, 1977.
k h ∆p( r ,t ) 1 φ µ ct r 2
= − Ei − . ...................................... (20)
αp qµ 2 4 α t k t
t1 t
2
= 22 ............................................................... (21)
r1 r2
ou seja, o valor de ∆p observado em r1 num tempo t1 vai ocorrer na posição r2 (r2 > r1) no
tempo t2 (t2 > t1). Temos assim a sensação que o “distúrbio” de pressão “viaja” através
do reservatório numa certa velocidade. Algumas fórmulas para raio de investigação são
baseadas nessa ideia.
3. A Eq. 20 mostra, no entanto que, não importa quão distante se esteja do poço, a
produção do mesmo causa uma queda de pressão para t > 0. Isto é, o efeito da produção
é sentido instantaneamente em todos os pontos do reservatório.
Quando tal aproximação passa a ser válida, a solução da linha fonte dada pela Eq. 19 fica
1 4tD
p D ( rD ,t D ) ≅ ln , .............................................. (24)
2 e γ rD2
O erro relativo nos valores de p D ao usar a Eq. 24 no lugar da Eq. 19 é menor do que 1% para
t D rD2 > 25 e menor que 2% para t D rD2 > 5 .
∂2 p ∂ 2 p φ µ ct ∂p
kx + k = . ............................................. (1)
∂x 2 ∂y 2 α t ∂t
y
∂ 2 p ∂ 2 p φ µ ct ∂p
+ = , ................................................. (4)
∂x ′ 2 ∂y ′ 2 α t k̂ ∂t
k̂ = (k x k y ) 2 . ........................................................... (5)
1
(
r ′ = x′2 + y ′2 ) 1/ 2
. ....................................................... (6)
∂ 2 p ∂ 2 p 1 ∂ ∂p
+ = r ′ . ............................................. (7)
∂x′ 2 ∂y ′ 2 r ′ ∂r ′ ∂r ′
1 ∂ ∂p φ µ ct ∂p
EDP: r′ = . ............................................... (8)
r ′ ∂r ′ ∂r ′ α t k̂ ∂t
k̂ h ∂p
CCI: q= lim r ′ .................................................. (11)
α p µ r ′→ 0 ∂ r ′
A solução da Eq. 8 sujeita às Eqs. 9-11 pode ser obtida com a transformada de Boltzmann
z ′ = r ′ 2 4 t . Seguindo o mesmo procedimento adotado no item 2.10, chega-se em
k̂ h 1 r ′ 2 φ µ ct
′
∆p( r ,t ) = − Ei − . ................................... (12)
α p qµ 2 4 t α t k̂
r ′ 2 = x ′ 2 + y ′ 2 = x + y 2 , ................................. (13)
k
kx y
onde as Eqs. 2 e 3 foram usadas para obter a segunda igualdade na Eq. 13. Como x = r cos θ e
y = r senθ , a Eq. 13 pode ser passada para coordenadas cilíndricas r-θ, ficando assim
k 1
k
1
2
2 y
sen θ . ............................... (14)
2
r ′ = r
2
cos 2 θ + x 2
k
k x y
k 1 1
φ µ ct k 2
( k xk y ) 1/ 2 h 1 r2
∆p( r ,θ ,t ) = − Ei − y 2
cos 2 θ + x
sen 2θ .....
α p qµ 2 4 t αt ( kxk y ) 1/ 2 k x
k
y
......(15)
A Eq. 15 mostra que num teste de interferência entre poços em um reservatório com anisotropia
areal, o ∆p depende não só da distância do poço observador ao poço produtor (ativo), mas
também do ângulo θ que a linha que conecta esses dois poços faz com os eixos principais de
anisotropia (ver a Figura abaixo). É fácil verificar que se k x = k y = k , a solução dada pela a Eq.
15 se reduz a solução da linha-fonte para reservatório isotrópico mostrada anteriormente. A Eq.
15 também pode ser escrita, se desejado, em coordenadas retangulares (fica como exercício).