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LEP 1715 – 2019/2

TEORIA DOS TESTES DE PRESSÃO


EM POÇOS

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE


LABORATÓRIO: LENEP

Alvaro M. M. Peres - Professor Visitante


Setembro/2019

Notas de aula de parte do Capítulo 2


Conceitos e Soluções Elementares
LEP 1715 (2019/2) Testes de Pressão em Poços 2

Conteúdo das notas de aula


2.1 A Equação da Continuidade

2.2 A Lei de Darcy

2.3 A Equação de Estado

2.4 A Equação da Difusividade (em coordenadas r-z)

2.5 A Equação da Difusividade: Anisotropia Areal (x-y)

2.6 As Condições de Contorno e Inicial

2.7 Solução do Regime Permanente

2.7.1 Caso Geral: reservatório heterogêneo

2.7.2 Caso homogêneo

2.7.3 Pressão média no regime permanente

2.8 Solução do Regime Pseudopermanente

2.8.1 Perfil da vazão q(r) no pseudopermanente

2.8.2 Pressão média no regime pseudopermanente

2.9 Variáveis Adimensionais

2.9.1 Exemplo

2.9.2 Sistema de Unidades

2.10 A solução da Linha Fonte

2.10.1 A aproximação logarítmica da função Ei (integral-exponencial)

2.10.2 Solução da Linha Fonte: Anisotropia Areal (x-y)

2.11 A Transformada de Laplace ∗

2.12 Solução para CCI com raio de poço finito ∗

2.13 Algoritmo de inversão de Stehfest ∗


∗ O material referente a esses itens será distribuído futuramente.

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Capítulo 2
Conceitos e Soluções Elementares
Este Capítulo do curso começa pela dedução da equação da difusividade que governa o
escoamento de fluidos em meios porosos. Na sequência, apresenta-se uma breve discussão das
condições de contorno associadas às situações físicas mais comuns encontradas na prática e que
completam a formulação matemática. Abordamos em seguida os problemas associados aos
regimes de fluxo permanente e pseudo-permanente que podem ser solucionados por técnicas
elementares de integração. Em seguida, a solução da linha-fonte no regime transiente é obtida
por meio de uma transformação auto-similar. Uma dedução para a mesma solução da linha-
fonte é obtida por meio da transformada de Laplace. A introdução das variáveis adimensionais
e do sistema de unidades é feita através de um exemplo. O Capítulo termina com a descrição do
algoritmo de Stehfest que é utilizado com frequência na inversão numérica da solução no espaço
de Laplace para o campo real.

2.1 A Equação da Continuidade


Nesse item vamos apresentar a dedução da equação da continuidade do escoamento
monofásico de um fluido (líquido ou gás) em um meio poroso no sistema de coordenadas
cilíndricas r-z. Antes de iniciar a dedução precisamos de algumas definições e conceitos.

Definição do Volume de Controle (VC):


Região fechada do espaço por onde massa, momento (quantidade de movimento) e/ou
energia fluem e/ou são armazenadas.

O volume de controle pode assumir qualquer forma geométrica, mas para facilitar, a forma é
escolhida em função do sistema de coordenadas utilizada para descrever o fenômeno físico de
interesse.

Princípio de conservação de massa:


[massa que entra no VC] – [massa que sai do VC] = [variação de massa no VC].

Premissas:
1. O escoamento do fluido se dá somente nas direções r e z (ou seja, não ocorre fluxo
de fluido na direção tangencial θ).
2. O escoamento é monofásico e o fluido satura 100% o meio poroso.
3. Não existem fontes e/ou sumidouros no VC.

Vamos aplicar o princípio de conservação de massa no volume de controle mostrado na Fig. 1,


que representa um elemento infinitesimal do meio poroso. Observando que massa = massa
específica (ρ) x velocidade (v) x área da seção transversal x tempo, aplica-se o princípio de
conservação de massa ao elemento de coroa circular da Fig. 1 num intervalo de tempo (Δt)
conforme abaixo (componentes da velocidade em r e z no sentido positivo dos eixos):

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Fig. 1 – Volume de controle

1. Massa que entra no VC pelas superfícies na posição r e na posição z no intervalo Δt:


( ρ vr )r 2π r ∆z ∆t + ( ρ v z )z π [ ( r + ∆r )2 − r 2 ] ∆t ; ........................... (1)
Area Area

2. Massa que sai do VC pelas superfícies em r + ∆r e z + ∆z no intervalo Δt:

( ρ v r )r + ∆r 2π ( r + ∆r )∆z ∆t + ( ρ v z )z + ∆z π [ ( r + ∆r )2 − r 2 ] ∆t ; ................. (2)


Area Area

3. Variação de massa no VC no intervalo de tempo Δt:

[( ρφ )t + ∆t − ( ρφ )t ] π [( r + ∆r )2 − r 2 ] ∆z . ................................. (3)
Volume

Combinando as Eqs. 1-3 e dividindo por π [( r + ∆r )2 − r 2 ] ∆z ∆t ,

2 [( rρ vr )r − ( rρ vr )r + ∆r ] [( ρ v z )z − ( ρ v z )z + ∆z ] [( ρφ )t + ∆t − ( ρφ )t ]
+ = . ...... (4)
( r + ∆r )2 − r 2 ∆z ∆t

Tomando o limite da Eq. 4 quando ∆r , ∆z e ∆t tendem a zero, chega-se em (note que


( r + ∆r )2 − r 2 = 2r∆r + ( ∆r )2 ≅ 2r∆r para ∆r pequeno)

1 ∂( rρ v r ) ∂( ρ v z ) ∂( φρ )
+ =− . .......................................... (5)
r ∂r ∂z ∂t

A Eq. 5 é a equação da continuidade para escoamento monofásico em um meio poroso em


coordenadas cilíndricas r-z. A Eq. 5 possui duas variáveis dependentes: velocidade e massa
específica (as variáveis independentes são r e z). Nas próximas etapas vamos colocar a Eq. 5 em
função de uma única variável.

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Observação:
Quando duas ou mais fases escoam no meio poroso sem troca de massa entre elas (óleo
e água, por exemplo), fazemos o balanço de cada fase separadamente, usando a velocidade e a
massa específica de cada fase. Havendo transferência de massa entre as fases (óleo e gás, por
exemplo), o balanço de massa deve ser feito por componente presente em todas as fases.

2.2 A Lei de Darcy


A Lei de Darcy diz que a velocidade macroscópica (ou aparente) do fluido é proporcional
ao gradiente do potencial de fluxo Φ :

kℓ ρ ∂ Φ
vℓ = − , ......................................................... (1)
µ ∂ℓ

onde o subscrito ℓ indica a direção (r ou z). Assim kℓ e vℓ representam, respectivamente, a


permeabilidade e o componente da velocidade macroscópica na direção ℓ . A variável ρ
representa a massa específica do fluido. Como o fluxo de fluidos ocorre no sentido do maior
para o menor potencial Φ , tem-se que ∂ Φ ∂ℓ < 0 (ver Fig. 2). Para que o componente da
velocidade fique positivo no sentido positivo dos eixos é necessário o sinal negativo na Eq. 1.

Fig. 2 – Potencial de fluxo Φ .

O potencial de fluxo Φ é definido como sendo o trabalho exercido para elevar uma unidade de
massa de fluido de uma posição de referência z0 para a posição z. Hubert (1940) apresenta a
seguinte expressão para o potencial de fluxo:
p = p( z )
dp′
Φ=
 p0 = p ( z 0 ) ρ ( p ′ )
+ g( z − z 0 ) + v 2 / 2 . ................................ (2)
energia potencial energia cinética
por unid . massa por unid . massa
trabalho exercido pelo
fluido por unid .massa

Nota: a dedução da Eq. 2 pode ser encontrada em G. W. Thomas, Principles of Hydrocarbon


Reservoir Simulation, página 44.

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Na Eq. 2, p0 é uma pressão de referência (constante), enquanto que v representa a velocidade


média macroscópica do fluido. Para baixas velocidades, o termo relativo à energia cinética é
desprezível comparado aos outros termos. Assim,
p
dp′
Φ≅
 p0 ρ ( p′ )
+ g ( z − z 0 ) . ............................................... (3)

Substituindo a Eq. 3 na Eq. 1

kℓ ρ ∂  p
dp ′ 
vℓ = −
µ ∂ℓ   p0 ρ( p′ )
+ g ( z − z 0 ) . ..................................... (4)

Regra (simplificada) de Liebnitz para diferenciação de integrais:


b( x )
d d b( x ) d a( x )
dx  f ( y )dy = f [ b( x )]
a( x ) dx
− f [ a( x )]
dx
,

onde y é uma variável muda de integração. Usando a regra de Liebnitz na Eq. 4, chega-se em

kℓ  ∂ p ∂z 
vℓ = −  + ρ g  . ................................................. (5)
µ  ∂ℓ ∂ℓ 

Comentários:
A lei de Darcy não contém nenhuma informação sobre a estrutura microscópica do meio poroso
(nem mesmo porosidade). É assumido que:

1. O meio poroso (grãos) é estacionário;


2. Não existe reação entre a rocha e o fluido que escoa;
3. A Lei de Darcy seja válida para o número de Reynolds (Re) < 1. Para escoamento
em meios porosos Re é definido por Re = ( d v ρ ) / µ , onde v é a velocidade
aparente e d é o diâmetro médio dos grãos.

Fim dos comentários

Componentes da velocidade aparente vℓ para a formulação em r-z:


• Na direção radial r (faça l ≡ r na Eq. 5)

kr  ∂ p ∂z  k ∂p
vr = −  + ρg  = − r . ......................................... (6)
µ  ∂r ∂r  µ ∂r

• Na direção radial z (faça l ≡ z na Eq. 5)

kz ∂ p ∂z  k ∂ p 
vz = −  + ρ g  = − z  + ρ g  . .................................. (7)
µ  ∂z ∂z  µ  ∂z 

Substituindo as Eqs. 6 e 7 na Equação da Continuidade (Eq. 5 da seção 2.1), chega-se em

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1 ∂  kr ∂ p  ∂  k z  ∂ p   ∂( φρ )
 rρ  +  ρ  + ρ g   = . ............................ (8)
r ∂r  µ ∂r  ∂z  µ  ∂z  ∂t

Com a substituição da Lei de Darcy na Equação da Continuidade as velocidades foram


eliminadas, mas a Eq. 8 ainda permanece com duas variáveis dependentes (massa específica e
pressão). No próximo item vamos estabelecer uma relação entre ρ e p que será usada para
reescrever a equação do escoamento em meios porosos em função de uma única variável
dependente.

2.3 A Equação de Estado


A compressibilidade isotérmica de um fluido (líquido ou gás) é definida por

1 ∂V
c=− , ........................................................... (1)
V ∂p T

onde V representa um volume mantido sob temperatura T constante. O sinal negativo na Eq. 1
garante que a compressibilidade do fluido seja sempre positiva. Sendo massa específica =
massa/volume, a equação acima pode ser escrita como

1 ∂ρ
c= . ............................................................. (2)
ρ ∂p T

Quando a compressibilidade é constante (que é normalmente o caso de líquidos), a integração


da Eq. 2 de uma pressão de referência p0 a uma pressão qualquer p resulta em

ρ ( p ) = ρ 0 exp[ c( p − p0 )] , .............................................. (3)

onde ρ 0 é o valor da massa específica na pressão de referência p0 , ou seja, ρ 0 = ρ ( p0 ) .

Quando além de constante, a compressibilidade é pequena (que também é uma característica


usual dos líquidos), a exponencial da Eq. 3 para pequenos argumentos pode ser aproximada por
exp( x ) ≅ 1 + x . Assim, a Eq. 3 fica

ρ ( p ) = ρ 0 [ 1 + c( p − p0 )] , ............................................... (4)

que é conhecida como a equação de estado para um fluido de compressibilidade constante e


pequena.

Quando o fluido é um “gás real”, a relação entre a massa específica e a pressão é expressa por

pM
ρ( p ) = , .......................................................... (5)
ZRT

onde p e T são em unidades absolutas, Z é fator de compressibilidade, M o peso molecular do


gás e R é a constante universal dos gases cujo valor depende das unidades de p e T.

Usando a Eq. 5 na Eq. 2, chega-se em

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1 1 ∂Z
c= − . ........................................................ (6)
p Z ∂p T

A Eq. 6 indica que a compressibilidade dos gases não é pequena e muito menos constante. Note
que em baixas pressões o gás se comporta como um gás ideal (Z = 1), assim c = 1 p .

2.4 A Equação da Difusividade (em coordenadas r-z)


Usando a relação entre massa específica e pressão, vamos eliminar a primeira variável
da formulação, deixando a equação diferencial somente em função da variável pressão. Para
simplificar, vamos desprezar o efeito da gravidade. Neste caso a Eq. 8 do item 2.2 fica

1 ∂  k r ∂ p  ∂  k z ∂ p  ∂( φρ )
 rρ + ρ = . ................................. (1)
r ∂r  µ ∂r  ∂z  µ ∂z  ∂t

Usando a regra da derivada de um produto

d
[a( x )b( x )] = a( x ) db( x ) + b( x ) da( x ) ,
dx dx dx

a expansão do primeiro termo do lado esquerdo da Eq. 1 fica

1 ∂  k r ∂p   1 ∂  k r ∂p  k r ∂p ∂ρ 
 rρ  = ρ r + .
r ∂r  µ ∂r   r ∂r  µ ∂r  µ ∂r ∂r 

Como no caso isotérmico a massa específica é função apenas da pressão, a diferenciação da


equação da compressibilidade (Eq. 2 do item 2.3) em relação à distância radial nos dá

∂ρ ∂ρ ∂p ∂p
= = ρc ,
∂r T ∂p T
∂r ∂r

onde a primeira igualdade resulta da aplicação da regra da cadeia, enquanto que a segunda
igualdade vem da própria definição da compressibilidade isotérmica.

Substituindo a equação acima na imediatamente anterior, resulta em

1 ∂  k r ∂p   1 ∂  k r ∂p  k r  ∂p 
2

 rρ  = ρ   r  + c   . ........................... (2)
r ∂r  µ ∂r   r ∂r  µ ∂r  µ  ∂r  

Fazendo a expansão do segundo termo do lado esquerdo da Eq. 1, obtêm-se

∂  kz ∂ p   ∂  k z ∂p  k z  ∂p  2 
ρ  = ρ    + c    . ................................ (3)
∂z  µ ∂z   ∂z  µ ∂z  µ  ∂z  

Agora vamos expandir o lado direito da Eq. 1:

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∂( φρ ) ∂ρ ∂φ ∂ρ ∂p ∂φ ∂p  1 ∂ρ 1 ∂φ  ∂p
=φ +ρ =φ +ρ = φ ρ  +  .............. (4)
∂t ∂t ∂t ∂p ∂t ∂p ∂t  ρ ∂p φ ∂p  ∂t
derivada do produto

A compressibilidade isotérmica da rocha é definida por

1 ∂φ
cR = . ............................................................ (5)
φ ∂p T

Observação: quando c R é constante, temos φ ( p ) = φ0 exp[ c R ( p − p0 )] . Se for constante e


pequena, vale a seguinte aproximação φ ( p ) = φ0 [ 1 + c R ( p − p0 )] .

Com as definições de compressibilidade de rocha e fluido, o lado direito da última igualdade da


Eq. 4 fica

∂( φρ ) ∂p ∂p
= φ ρ ( c + cR ) = φ ρ ct , ........................................ (6)
∂t ∂t ∂t

onde ct = c + c R define a compressibilidade total.

Substituindo as Eqs. 2, 3 e 6 na Eq. 1

1 ∂  k r ∂p  ∂  k z ∂p  c   ∂p   ∂p   ∂p
2 2

 r  +   + k r   + k z    = φ ct . .............. (7)
r ∂r  µ ∂r  ∂z  µ ∂z  µ   ∂r   ∂z   ∂t

Assim, usando a Lei de Darcy e uma equação de estado para o fluido, a Equação da Continuidade
foi reescrita em termos de uma única variável dependente (pressão).

Vale destacar que até aqui as únicas simplificações e hipóteses adotadas foram: (i) fluxo
monofásico e isotérmico de um fluido que satura 100% o meio poroso; (ii) escoamento somente
nas direções r e z sem fontes e sumidouros; (iii) a lei de Darcy é aplicável; (iv) o efeito da
gravidade foi desprezado. Nada mais foi assumido. Portanto o campo de permeabilidades pode
ser heterogêneo e anisotrópico e dependente da pressão, assim como a porosidade, que pode
variar em r e z e com a pressão. Na dedução da Eq. 7, não foi assumido que a compressibilidade
de rocha, a compressibilidade do fluido e que a viscosidade eram constante com a pressão.
Assim, até o momento, temos que ct = ct ( p ) e µ = µ ( p ) .

Para ficar visível a dependência das propriedades de rocha fluido em relação à posição no espaço
(r,z) e também com a pressão, a Eq. 7 pode ser escrita na seguinte forma

1 ∂  k r ( r , z , p ) ∂p  ∂  k z ( r , z , p ) ∂p 
r +  +
r ∂r  µ ( p ) ∂r  ∂z  µ( p ) ∂z 
c( p )   ∂p   ∂p   ∂p
2 2

+ k r ( r , z , p )   + k z ( r , z , p )    = φ ( r , z , p ) ct ( p ) . ............ (8)
µ ( p )   ∂r   ∂z   ∂t

A partir desse ponto vamos fazer algumas considerações adicionais:

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• O campo de permeabilidade não depende da pressão, isto é, k r = k r ( r , z ) e


kz = kz( r,z ) .
• A viscosidade e a compressibilidade do fluido não variam com a pressão, ou seja, são
constantes. Essa consideração é apropriada somente para líquidos (a viscosidade
varia fracamente com a pressão), pois nos gases µ e c apresentam forte
dependência da pressão.
• A compressibilidade da rocha é assumida constante e pequena (comportamento
típico de rochas consolidadas), o que torna a porosidade uma função fraca da
pressão. Para o range de variação de pressão observado na prática, podemos trata-
la como sendo constante (avaliada numa pressão de referência), ou seja,
φ = φ ( r , z , p0 ) = φ ( r , z ) .
Com essas simplificações adicionais a Eq. 8 fica

1 ∂  ∂p  ∂  ∂p 
 kr ( r , z ) r  +  k z ( r , z )  +
r ∂r  ∂r  ∂z  ∂z 
  ∂p 
2
 ∂p  
2
∂p
+ c k r ( r , z )   + k z ( r , z )    = φ ( r , z ) µ ct . .................... (8-A)
  ∂r   ∂z   ∂t

Definição:
Sejam f e g soluções de uma EDP. A EDP é dita linear quando Af + Bg também é uma
solução da EDP (A e B constantes arbitrárias).

Não é difícil verificar que a Eq. 8-A não satisfaz a definição acima por causa dos termos
quadráticos (∂p ∂r ) e (∂p ∂z ) . Assim a Eq. 8-A é classificada com uma EDP não linear. EDP´s
2 2

não lineares geralmente não admitem soluções analíticas simples, uma forma de prosseguir é
buscar uma linearização para a EDP.

Uma aproximação largamente utilizada faz uso do fato que a compressibilidade dos líquidos é
muito pequena (2 a 3 ordens de magnitude menor do que a dos gases). Então, quando o
gradiente de pressão é relativamente pequeno (baixas velocidades), o produto da
compressibilidade de um líquido c pelo termo entre colchetes na Eq. 8-A fica desprezível quando
comparado com o primeiro termo do lado esquerdo da Eq. 8-A. Note que esta aproximação não
é aplicável para o escoamento de um gás, pois além do c ser grande, a velocidade é bem mais
elevada.

Desprezando então os termos quadráticos, chega-se em

1 ∂ ∂p  ∂  ∂p  ∂p
 k r ( r , z ) r  +  k z ( r , z )  = φ ( r , z ) µ ct . ....................... (9)
r ∂r  ∂r  ∂z  ∂z  ∂t

Se o meio poroso for homogêneo, temos que

• k r ( r , z ) = k r , constante na direção radial;


• k z ( r , z ) = k z , constante na direção vertical;
• φ ( r , z )= φ , constante.

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Assim, para escoamento num meio poroso homogêneo com anisotropia vertical, a Eq. 9 passa
a ser dada por

k r ∂  ∂p  ∂2 p ∂p
 r  + k z 2 = φ µ ct . ....................................... (10)
r ∂r  ∂r  ∂z ∂t

Finalmente, se o meio for homogêneo e isotrópico, isto é, k r = k z = k , chega-se em

1 ∂  ∂p  ∂ 2 p φ µ ct ∂p
 r + = , ......................................... (11)
r ∂r  ∂r  ∂ z 2 k ∂t

que é conhecida como a Equação da Difusividade Hidráulica para um fluido de compressibilidade


pequena e constante escoando num meio poroso homogêneo isotrópico. O termo
η = k ( φ µ ct ) é denominado de difusividade hidráulica.
Resumindo as premissas adotadas na dedução da Eq. 11:
1. O escoamento monofásico, isotérmico e somente nas direções r e z de um fluido que
satura 100% um meio poroso homogêneo e isotrópico.
2. Não existem fontes e/ou sumidouros.
3. Baixas velocidades; a Lei de Darcy é válida.
4. Compressibilidade da rocha pequena e constante. Porosidade e permeabilidade não
dependem da pressão.
5. Compressibilidade do fluido constante. Viscosidade não varia com a pressão.
6. Os produtos c (∂p ∂r ) e c (∂p ∂z ) podem ser desprezados. Fluido com pequena
2 2

compressibilidade associado a pequenos gradientes de pressão são condições


suficientes para tal.
7. Efeito gravitacional pode ser desprezado frente às forças viscosas.

A Eq. 11 admite infinitas soluções. Para obter a solução para um caso particular é necessário
especificar a condição inicial (no tempo zero) e as condições de contorno (de borda, de
fronteira), como veremos no item 2.6.

2.5 A Equação da Difusividade: Anisotropia Areal (x-y)


A Equação da Difusividade em coordenadas Cartesianas x-y (desprezando fluxo na
direção vertical) para rocha e fluido com compressibilidades pequenas e constantes, viscosidade
constante, baixas velocidades e pequenos gradientes de pressão, permeabilidade e porosidade
independentes da pressão e na ausência de fontes e sumidouros, é dada por

∂  ∂p  ∂  ∂p  ∂p
 k x ( x , y )  +  k y ( x , y )  = φ ( x , y ) µ ct . ........................ (1)
∂x  ∂x  ∂y  ∂y  ∂t

Assumindo um meio poroso homogêneo, tem-se que k x ( x , y ) = k x (constante na direção x para


qualquer posição y), k y ( x , y ) = k y (constante na direção y para qualquer posição x), e
φ ( x , y )= φ (constante), a Eq. 1 fica

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∂2 p ∂2 p ∂p
k x 2 + k y 2 = φ µ ct . .............................................. (2)
∂x ∂y ∂t

Na Eq. 2 k x e k y representam as direções principais da permeabilidade (admite-se que os eixos


x e y do sistema de coordenadas estão alinhados com os eixos principais de permeabilidade).

Vamos utilizar as seguintes transformações no sistema de coordenadas:


1
 k̂  2
x′ = x   ............................................................ (3)

 kx 

1
 k̂  2
y′ = y   , .......................................................... (4)
k 
 y 

com k̂ sendo um valor constante a ser determinado. Usando a regra da cadeia tem-se que
1
∂p ∂p  k̂  2
=   . Então,
∂x ∂x′  k x 

∂ 2 p k̂ ∂ 2 p
= . .......................................................... (5)
∂x 2 k x ∂x′ 2

De forma similar

∂ 2 p k̂ ∂ 2 p
= . .......................................................... (6)
∂y 2 k y ∂y ′ 2

Substituindo as Eqs. 5 e 6 na Eq. 2

∂ 2 p ∂ 2 p φ µ c t ∂p
+ = , ................................................. (7)
∂x ′ 2 ∂y ′ 2 k̂ ∂t

que passa a ser a EDP sob essa transformação de coordenadas. Como achar o valor de k̂ ?
Qual a relação com k x e k y ? O que representa k̂ ?

Considerando o aspecto físico do problema, parece intuitivo assumir que o volume poroso de
um elemento infinitesimal no novo sistema de coordenadas (x´, y´) deva respeitar o volume
infinitesimal nas coordenadas originais (x, y), ou seja, o volume infinitesimal nos 2 sistemas deve
ser igual. Ver Figura 3 abaixo.

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Fig. 3 – Transformação de coordenadas.

Assim, devemos ter ∆x ∆y = ∆x ′ ∆y ′ . Usando Eqs. 3 e 4 nessa igualdade e simplificando,


obtemos

k̂ = (k x k y ) 2 , ............................................................ (8)
1

que representa a média geométrica de k x e k y . Substituindo a Eq. 8 nas Eqs. 3 e 4, obtemos

1
 ky  4
x′ = x   , ........................................................... (9)
 kx 

1
k  4
y′ = y  x  . ........................................................ (10)
k 
 y 

Mostramos assim que um sistema homogêneo anisotrópico com permeabilidade k x e k y pode


ser transformado num sistema homogêneo isotrópico com permeabilidade equivalente igual a
(k k )
x y
1
2 .

Vamos agora analisar o efeito que a transformação mostrada acima causa num círculo, o raio do
poço ( rw ), por exemplo. Vamos assumir que a permeabilidade máxima está alinhada com a
direção x e, consequentemente, a permeabilidade mínima na direção na direção y dos eixos.
Este caso pode ser representado pela notação k x = k max e k y = k min . A Figura 4 ilustra o
resultado da aplicação da transformação dada pelas Eqs. 9 e 10 no raio do poço.

Alvaro Peres – Setembro de 2019


LEP 1715 (2019/2) Testes de Pressão em Poços 14

Fig. 4 – Transformação do raio do poço.

Qual a forma geométrica resultante da transformação? Note que a equação do círculo de raio
rw é

x 2 + y 2 = rw2 ........................................................... (11)

Substituindo as Eqs. 9 e 10 na Eq. 11

x′ 2 y′2
2
+ 2
= rw2 ,
 k 
1
4   k 
1
4 
 min    max  
 k max    k min  
   

ou

x′ 2 y′2
2
+ 2
= 1 . ..................................... (12)
 k 
1
4   k 
1
4 
rw  min   rw  max  
  k max     k min  
   

A equação de uma elipse com centro em (x´=0, y´=0) e de semi-eixos a e b (ver Figura 5) é dada
por

x′ 2 y ′ 2
+ = 1 ........................................................... (13)
a2 b2

Alvaro Peres – Setembro de 2019


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Fig. 5 – Elipse com centro em (0,0).

Comparando a Eq. 12 com a Eq. 13, conclui-se que a transformação torna a circunferência do
poço numa elipse. Note que embora a transformação dada pelas Eqs. 9 e 10 leva um sistema
anisotrópico para um sistema homogêneo equivalente, a geometria resultante pode ficar mais
difícil de se trabalhar.

Você pode verificar que a área do poço é realmente preservada (Dica: a área da elipse é igual a
π a b ). E o perímetro do poço (que representa a área aberta ao fluxo na interface poço-
reservatório)? Será que ele é preservado pela transformação de coordenadas?

Alvaro Peres – Setembro de 2019


LEP 1715 (2019/2) Testes de Pressão em Poços 16

2.6 As Condições de Contorno e Inicial


A Equação da Difusividade por si só não é suficiente para descrever o escoamento dos
fluidos no meio poroso. Para fechar a formulação do problema matemático para uma situação
específica, é necessário especificar as condições de contorno e o estado inicial do reservatório.

Condições de Contorno (CC)


As condições de contorno informam a condição de fluxo dos fluidos no limite externo e na
interface do(s) poço(s) com o reservatório.

A Condição de Contorno Externa (CCE) deve refletir a condição de fluxo no limite externo do
reservatório. Vamos descrever alguns exemplos típicos:

Exemplo 1 de CCE
Uma formação que está limitada numa direção por uma barreira de permeabilidade (falha
selante) impõe uma condição de fluxo nulo ao longo dessa barreira, ou seja, não há fluxo de
fluido através da mesma. Ver Figura 6 abaixo. Assim, a velocidade é nula na posição da barreira.
Pela Lei de Darcy, o gradiente de pressão ortogonal ao plano da barreira deve ser nulo, isto é

∂p
= 0 . ............................................................. (1)
∂x x =d

Fig. 6 – CCE – falha selante.

Exemplo 2 de CCE
Em um reservatório de óleo em contato com um aquífero de grande volume, a pressão no
contato óleo-água é mantida constante (e igual à pressão original) durante a produção do
campo. A Figura 7 abaixo mostra o caso idealizado de um reservatório de óleo perfeitamente
circular com raio externo re em contato com um aquífero de grande extensão. Nesse caso, a CCE
seria dada por

p( r = re ,t ) = pi . ......................................................... (2)

É usual usar a notação pe para indicar a pressão mantida constante no raio externo re .

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Fig. 7 – CCE – manutenção de pressão.

Exemplo 3 de CCE
Uma CCE bastante utilizada na modelagem matemática de testes de pressão em poços é a de
reservatório “infinito”. Quando as fronteiras externas (limites) do reservatório não afetam
significativamente o comportamento das pressões registradas no poço durante o período de
execução de um teste de pressão, o comportamento observado é similar ao de um reservatório
de extensão infinita. Nesses casos, é adequado representar matematicamente a CCE por
lim p( r ,t ) = pi , ......................................................... (3)
r→ ∞

onde pi representa a pressão inicial (t = 0) de equilíbrio do reservatório. A Eq. 3 diz que a pressão
no “infinito” nunca cai em função da produção do poço em teste.

A Condição de Contorno Interna (CCI) indica o modo como poço é produzido no teste de
formação. Novamente, vamos descrever alguns exemplos típicos:

Exemplo 1 de CCI
A CCI é dita como sendo de pressão especificada quando se impõe uma pressão de fundo na
interface do poço com a formação. Esta condição é típica de testes com mecanismo de elevação
artificial (ex: bombeio centrífugo de fundo, pistoneio em poços terrestres, etc). Para produção
com pressão de fundo mantida constante em um poço vertical, a CCI é formulada como

p( r = rw ,t ) = po , ........................................................ (4)

onde po representa um valor de pressão (menor do que a pressão inicial) que permanece
constante durante todo o tempo.

Exemplo 2 de CCI

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A CCI mais utilizada na teoria de testes de pressão em poço é a do tipo “vazão especificada”. A
maior parte das soluções analíticas da literatura faz uso da CCI para vazão constante (a solução
para o caso de vazão variável no tempo pode ser obtida a partir da solução para vazão
constante).

Para o caso de um poço vertical num reservatório de óleo, homogêneo isotrópico com
permeabilidade k, com toda a espessura porosa h canhoneada (isto é, aberta ao fluxo de fluidos)
e produzindo com vazão constante q, a CCI em unidades consistentes é dada por

 k ∂p  2π k h  ∂p 
q = −[vr ( r ) A( r )]r = rw = − − 2π r h  = r  , ................. (5)
 µ ∂r  rw µ  ∂r  rw

onde usamos a Lei de Darcy aplicada no raio do poço. Como é usual na área de testes de pressão,
a vazão é tomada como positiva (q > 0) para produção do reservatório. Na Eq. 5 fica
subentendido que a vazão volumétrica q é dada em condições de fundo, isto é, na pressão e
temperatura da face da formação. Se a CCI for especificada para vazão de óleo constante nas
condições-padrão de p e T, usamos a notação qsc , sendo necessário introduzir na Eq. 5 o fator-
volume-formação B para converter a vazão qsc na vazão q. Nesse caso a Eq. 5 fica

2π k h  ∂p 
q sc = r  . ................................................ (5-A)
Bµ  ∂r  rw

A Condição Inicial (CI) especifica a distribuição da pressão ao longo do reservatório no tempo


zero. Caso no início do teste de formação o reservatório encontre-se em equilíbrio (ou seja, a
pressão é uniforme em todo o reservatório), a condição inicial é simplesmente dada por

lim p( r ,t ) = pi , .......................................................... (6)


t→ 0

que é geralmente escrita como

p( r ,t = 0 ) = pi . ..................................................... (6-A)

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LEP 1715 (2019/2) Testes de Pressão em Poços 19

2.7 Solução do Regime Permanente


Esta seção apresenta a solução para escoamento de líquidos sob o regime permanente
(estacionário, steady state). Vamos inicialmente descrever o modelo físico de interesse e só
então apresentar a formulação matemática pertinente.

Modelo físico (ver a Fig. 8):


• Reservatório heterogêneo de geometria circular com espessura constante h.
• Manutenção de pressão pe na fronteira externa re .
• Poço vertical de raio rw canhoneado em toda a espessura h, localizado no centro do
reservatório e produzindo com vazão constante q.
• Fluido: líquido com compressibilidade pequena e constante. Viscosidade constante.
• Rocha: compressibilidade da rocha pequena e constante. Permeabilidade não varia
com a pressão. Porosidade fixada e avaliada na pressão inicial do reservatório.

Fig. 8 – Geometria para o Regime Permanente.

Alvaro Peres – Setembro de 2019


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Formulação matemática:
Para escoamento apenas na direção radial, a formulação matemática para o problema físico
descrito acima é dada por

1 ∂ ∂p  ∂p
EDP  k( r ) r  = φ ( r ) µ ct , ......................................... (1)
r ∂r  ∂r  ∂t

CI p( r ,t = 0 ) = pe , ........................................................ (2)

CCE p( re ,t ) = pe , .......................................................... (3)

2π h  ∂p 
CCI q=  k( r ) r  . ................................................. (4)
µ  ∂r  rw

Note que a vazão q na Eq. 4 representa a vazão nas condições da face da formação, isto é, a
vazão volumétrica q é dada nas condições de p e T de fundo.

Após algum tempo, o influxo de fluido através da fronteira externa vai equilibrar a produção do
poço. A partir desse momento, que recebe a notação tss, todo o volume produzido pelo poço
será reposto pelo influxo na fronteira externa re . Quando isso ocorre, o perfil de pressão ao
longo do reservatório fica constante (isto é, não varia mais com o tempo). Ver a Fig. 9. Assim
temos que ∂p ∂t = 0 para todo r. Então, para esse período de tempo (t > tss), a formulação
matemática pode ser simplificada e passa a ser dada por

1 d  dp 
EDO  k ( r ) r  = 0 . .................................................... (5)
r dr  dr 

CCE p( re ) = pe , ........................................................... (6)

2π h  dp 
CCI q=  k( r ) r  . ................................................. (7)
µ  dr  rw

Comentários:
Como o lado direito da Eq. 1 representa acumulação de massa, o lado direito da Eq. 5 durante o
regime permanente sendo igual a zero significa que não há acúmulo de massa em nenhum ponto
do reservatório e essa é a característica fundamental que caracteriza um regime permanente.
Pergunta-se: por que sumiu a CI da formulação original?

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Fig. 9 – Evolução do perfil de pressão com manutenção de pressão em re : gráfico semilog.

2.7.1 Caso Geral: reservatório heterogêneo


Integrando duas vezes a EDO dada pela Eq. 5 e usando as CC (Eqs. 6 e 7) para eliminar as duas
constantes de integração, chega-se em

qµ re
1
pe − p( r ) =
2πh  r r ′ k( r ′ )
dr ′ . ......................................... (13)

(As equações nesse item 2.7 seguem a numeração das notas de aula de cursos anteriores e foi
mantida para manter a correspondência entre os textos).

Para r = rw e usando a notação usual p( r = rw ) = p wf , a Eq. 13 fica

qµ re
1
pe − pwf =
2πh  rw r ′ k( r ′ )
dr ′ . .......................................... (14)

Uma terceira expressão para o regime permanente é obtida subtraindo a Eq. 13 da Eq. 14

qµ r
1
p( r ) − p wf =
2πh  rw r ′ k( r ′ )
dr ′ . ........................................ (15)

2.7.2 Caso homogêneo


Para esse caso temos k(r) = k = constante, assim as Eqs. 13-15 ficam dadas respectivamente por

qµ r 
pe − p( r ) = ln e  , .............................................. (16)
2π kh  r 

qµ r 
p e − p wf = ln e  , .............................................. (17)
2π kh  rw 

Alvaro Peres – Setembro de 2019


LEP 1715 (2019/2) Testes de Pressão em Poços 22

qµ  r 
p( r ) − p wf = ln   . ............................................ (18)
2π kh  rw 

Um gráfico do perfil das pressões x ln(r) a partir das Eqs. 16 ou 18 desenvolve uma reta com
declividade igual a qµ ( 2π kh ) . Ver Fig. 10 abaixo.

Fig. 10 – Gráfico de p(r) x ln(r) para o caso homogêneo.

Comentários:
1. A EDO do regime permanente (Eq.5) é de segunda ordem que para ser resolvida
necessita apenas de 2 condições de contorno.
2. Isso significa que dos 3 parâmetros pe , p wf e q só se pode especificar dois deles.
3. Na formulação apresentada (Eqs. 5-7) especificou-se pe na CCE e q na CCI. Assim,
não existe nenhum grau de liberdade para se escolher p wf .
4. Se a CCI no problema homogêneo fosse de pressão especificada p wf no lugar da Eq.
7, pode ser mostrado que a solução seria dada por
( pe − p wf )
pe − p( r ) = ln( re / r ) . ................................... (18-A)
ln( re / rw )

A Eq. 18-A mostra que, durante o regime permanente, o perfil de pressão não
depende das propriedades de rocha e fluido e nem da vazão, somente das pressões
no poço e no raio externo. Esse resultado faz sentido? O resultado acima é coerente
com a Eq. 16? (Dica 1: partindo da Eq. 18-A, use a lei de Darcy para obter a Eq. 16;
Dica 2: Combine as Eqs. 16 e Eq. 17 para eliminar a vazão e as propriedades de rocha
e fluido. A Eq. 18-A é obtida de imediato.)

Fim dos Comentários

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LEP 1715 (2019/2) Testes de Pressão em Poços 23

2.7.3 Pressão média no regime permanente


Vamos considerar o caso homogêneo. A pressão média volumétrica é definida por

1
p=
V  p( V ′ ) dV ′ ,
V

que na geometria radial fica


re re
1 2
p= 2
π ( re − rw )h rw
2 2 π h r ′p( r ′ )dr ′ = 2 2
( re − rw )  r ′p( r ′ )dr ′ . ................. (19)
rw

Substituindo a Eq. 18 no integrando da equação acima, após integração chega-se em

qµ  re2  r  1
p − pwf =  2 ln e  −  .
2π kh  re − rw  rw  2 
2

x2 x2
Dica: para integrar a Eq. 19 use
 x ln x dx =
2
ln x − .
4
Tipicamente temos re >> rw , assim a expressão da pressão média fica

qµ   re  1 
p − p wf = ln  −  . .......................................... (20)
2π kh   rw  2 

Pergunta-se: em que posição do reservatório ocorre a p ? Ou seja, qual é o valor do raio que
satisfaz p( r ) = p ? Usando a Eq. 18 para r ≡ r e igualando com o lado direito da Eq. 20 temos

qµ   r  qµ   re  1 
p( r ) − p wf = ln  = ln  −  ,
2π kh   rw  2π kh   rw  2 

que simplificando fica

r = re exp( −1 / 2 ) ≅ 0 ,607 re . ............................................ (21)

O resultado acima mostra que a posição da pressão média p durante o regime permanente não
depende das propriedades de rocha e fluido, nem da vazão q.

2.8 Solução do Regime Pseudopermanente


O modelo físico considerado agora é o mesmo do item 2.7 com apenas uma diferença: o
reservatório é “selado”, isto é, não existe fluxo de fluido através da fronteira externa re .

O regime de fluxo pseudopermanente (semi-permanente, pseudo steady state) é caracterizado


por um declínio uniforme das pressões com o tempo, ou seja, a taxa da queda de pressão com
o tempo é igual para todos os pontos do reservatório. Um gráfico esquemático do perfil de
pressões x raio é mostrado na Fig. 11.

Alvaro Peres – Setembro de 2019


LEP 1715 (2019/2) Testes de Pressão em Poços 24

Formulação matemática:
Considerando o caso de reservatório homogêneo (isto é, k e φ constantes), a formulação
matemática para fluxo nulo pela fronteira re é dada por

1 ∂  ∂p  φ µ ct ∂p
EDP r = , ................................................ (1)
r ∂r  ∂r  k ∂t

CI p( r ,t = 0 ) = pi , ........................................................ (2)

 ∂p 
CCE r  = 0 , ......................................................... (3)
 ∂r  re

2π k h  ∂p 
CCI q= r  . .................................................... (4)
µ  ∂r  rw

Note que a CCE (Eq. 3) é obtida diretamente da lei de Darcy para fluxo nulo no raio externo. A
vazão volumétrica q na Eq. 4 é constante e especificada nas condições de p e T de fundo.

Para o período de tempo que se deseja obter a solução, t > tpss onde tpss representa o tempo do
início do regime pseudopermanente, temos por premissa que (∂p ∂t )r é constante para todo
r. Qual o valor dessa constante? Uma maneira de se determinar essa constante é mostrada a
seguir.

Integrando os dois lados da Eq. 1 do poço ao raio externo em relação a r, temos


re
∂  ∂p  φ µ ct re
∂p
rw
 r  dr =
∂r  ∂r  k  rw
r
∂t
dr .

Fig. 11 – Evolução do perfil de pressão no regime pseudopermanente: gráfico semilog.

Alvaro Peres – Setembro de 2019


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b
Usando o teorema fundamental do cálculo ( a ( df / dx ) dx = f ( b ) − f ( a ) ) no lado esquerdo e que
(∂p ∂t )r é uma constante para t > tpss, chega-se em

 ∂p   ∂p  φ µ ct ∂p  re2 − rw2 
 r  − r  =  .
 ∂r  re  ∂r  rw k ∂t  2 

Substituindo as CC dadas pelas Eqs. 3 e 4 e rearranjando,

∂p q
=− . .................................................. (5)
∂t φ π ( re − rw2 )h ct
2

volume poroso

Comentários:
1. Explique o sinal negativo da Eq. 5.
2. Note que a taxa da queda da pressão durante o pseudopermanente não depende de
k e nem de µ . Assim, vemos que não é possível estimar a permeabilidade durante
o regime de fluxo pseudopermanente!
3. Não é difícil de ver que a Eq. 5 representa um balanço de massa no reservatório.

Fim dos comentários

Usando a Eq. 5 no lado direito da Eq. 1

1 ∂  ∂p  qµ
r =− . ............................................ (6)
r ∂r  ∂r  k hπ ( re2 − rw2 )

(Interprete o sinal negativo da Eq. 6).

Multiplicando a Eq. 6 por r, integrando ambos os lados de rw a um r qualquer, e usando a CCI


dada pela Eq. 4, obtemos (as equações abaixo seguem a numeração das notas de aula de cursos
anteriores)

 ∂p  q µ ( re2 − r 2 )
 r = , ................................................ (8)
 ∂r  2π k h ( re − rw )
2 2

ou

∂p qµ 1  re2 
=  − r  . ........................................... (9)
∂r 2π k h ( re2 − rw2 )  r 

Integrando a Eq. 9 mais uma vez de rw a um r qualquer, chega-se em

qµ  re2  r  1 ( r 2 − rw2 ) 
p( r ,t ) − p wf ( t ) =  2 2 ln  − 2 
, ................. (10)
2π k h ( re − rw )  rw  2 ( re − rw ) 
2

Alvaro Peres – Setembro de 2019


LEP 1715 (2019/2) Testes de Pressão em Poços 26

onde foi usada a notação p( r = rw ,t ) = p wf ( t ) . Para r = re e usando p( r = re ,t ) = pe ( t ) , a


Eq. 10 fica dada por

qµ  re2  re  1 
pe ( t ) − p wf ( t ) =  2 2 ln  −  . ........................... (11)
2π k h ( re − rw )  rw  2 

Como re >> rw , a Eq. 11 fica

qµ   re  1 
pe ( t ) − p wf ( t ) = ln  −  . .................................... (12)
2π k h   rw  2 

Comentários:
1. A Eq. 12 é apresentada na literatura sem a dependência explícita de pe e pwf com o
tempo t.
2. Note que tanto pe e pwf caem com o tempo no regime pseudopermanente, porém a
diferença pe ( t ) − p wf ( t ) é constante.
3. Como uma simples curiosidade, note que o lado direito da Eq. 12 é exatamente igual
ao lado direito da Eq. 20 do item 2.7.3 (que representa a diferença entre pressão
média e a pressão no poço no regime permanente).

Fim dos comentários

Alvaro Peres – Setembro de 2019


LEP 1715 (2019/2) Testes de Pressão em Poços 27

2.8.1 Perfil da vazão q(r) no pseudopermanente


Pela lei de Darcy a vazão numa posição r qualquer é

2π k h  ∂p 
q( r ) = r  . ................................................. (13)
µ  ∂r 

Substituindo a Eq. 8 no lado direito da Eq. 13, obtém-se (usando a mesma numeração das
equações das notas de aula de cursos anteriores)

( re2 − r 2 )
q( r ) = q , .................................................... (15)
( re2 − rw2 )

que relaciona a vazão num ponto r qualquer com a vazão q do poço. Verificando: para r = rw a
Eq. 15 mostra que q(rw) = q (OK); para r = re a Eq. 15 mostra que q(re) = 0 (OK).

2.8.2 Pressão média no regime pseudopermanente


A Eq. 12 não tem nenhuma utilidade prática: embora a pressão no poço possa ser medida, não
existem meios de medir a pressão pe(t) no raio externo. No entanto, a solução do
pseudopermanente pode ser escrita em termo da pressão média p( t ) , que pode ser estimada
a partir de testes em poços. Da definição da pressão média volumétrica (ver item 2.7.3), temos
que a pressão média num dado tempo t no regime pseudopermanente é
re
2
p( t ) =
( re − rw2 )
2  r ′p( r ′,t )dr ′ . ......................................... (16)
rw

Usando a Eq. 10 no integrando da equação acima, é possível mostra que

qµ  r 2  2  r  3  1 r 2 
p( t ) − p wf ( t ) =  2
e
 ln e  − −  2 w 2  . ............... (17)
2 
2π k h  re − rw   rw  4  2 re − rw 

Para re >> rw , a Eq. 17 pode ser aproximada por

qµ   re  3 
p( t ) − pwf ( t ) = ln  −  . .................................... (18)
2π k h   rw  4 

É usual encontrar na literatura a Eq. 18 reescrita como

qµ   re  qµ  0.472 re 
p( t ) − p wf ( t ) = ln exp( −3 / 4 )  = ln  . ........... (19)
2π k h   rw  2π k h  rw 

Algumas pessoas interpretam erroneamente a Eq. 19 achando que a pressão média no regime
de fluxo pseudopermanente ocorre na posição r = 0.472 re. Então, em que posição r realmente
ocorre a p( t ) ?

Alvaro Peres – Setembro de 2019


LEP 1715 (2019/2) Testes de Pressão em Poços 28

Para achar a posição r na qual p( r = r ,t ) = p( t ) basta igualar as Eqs. 18 e 10. Vamos assumir
que re > r >> rw . Após simplificação, chega-se em

2
 r  1 r  3
ln  =   − ,
 re  2  re  4

ou

2 2
r r  3
ln  =   − , ................................................... (20)
 re   re  2

que deve ser resolvida numericamente ou até por gráfico. Independente do caminho escolhido,
a solução da Eq. 20 que tem significado físico ( r < re ) é

r ≅ 0.55 re . ............................................................ (21)

Observa-se assim que a posição da pressão média durante o pseudopermanente não varia com
o tempo (ou seja, a posição é fixa), não depende da vazão e nem das propriedades de rocha e
fluido.

Alvaro Peres – Setembro de 2019


LEP 1715 (2019/2) Testes de Pressão em Poços 29

2.9 Variáveis Adimensionais


A formulação matemática de um problema, assim como a sua respectiva solução, pode ser
colocada numa forma adimensional. A utilização das variáveis adimensionais apresenta algumas
vantagens:
1. Coloca as equações num formato mais compacto e independente do sistema de
unidades utilizado;
2. Nos problemas lineares, a solução adimensional é válida para qualquer conjunto de
propriedades de rocha e fluido;
3. Permite identificar mais facilmente os grupos de parâmetros que controlam o
comportamento da solução do que uma análise da influência de cada parâmetro de
rocha, fluido e geometria.

O procedimento de adimensionalização é simples: deve-se encontrar o fator de escala para cada


variável independente e dependente do problema tornando-a uma nova variável adimensional.
Os fatores de escala devem ser construídos a partir dos parâmetros geométricos, de rocha e
fluido do problema. A ideia ficará mais clara com ajuda de um exemplo.

2.9.1 Exemplo
Neste subitem apresenta-se um exemplo passo a passo do processo de adimensionalizar a
formulação matemática de um problema de interesse deste curso. É importante compreender
as etapas envolvidas, pois no restante do curso iremos trabalhar quase que exclusivamente com
problemas na forma adimensional.

Modelo físico (problema padrão)


• Reservatório homogêneo isotrópico de espessura h constante, de extensão infinita e em
equilíbrio no tempo t = 0.
• Escoamento monofásico e isotérmico de um fluido de pequena compressibilidade e
viscosidade µ constantes; Rocha de compressibilidade pequena e constante.
• Produção a vazão constante q (em condições de reservatório) por um único poço vertical
completado (i.e., aberto ao fluxo) em toda a espessura da formação;
• Efeitos gravitacionais desprezíveis.

Formulação Matemática
Para o modelo físico acima, é conveniente trabalhar em coordenadas cilíndricas r-θ-z. Tendo em
conta que o reservatório é isotrópico, a gravidade é desprezada e que o poço vertical atravessa
toda a espessura porosa, não temos fluxo nas direções tangencial e vertical. Dessa forma o
escoamento ocorre apenas na direção radial. Assim, a EDP e as CC’s que representam o modelo
físico são dadas por

1 ∂  ∂p  φ µ c t ∂p
EDP: r = .................................................. (1)
r ∂ r  ∂ r  k ∂t

CI: p( r ,t = 0 ) = pi .......................................................... (2)

CCE: lim p( r ,t ) = pi .......................................................... (3)


r →∞

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LEP 1715 (2019/2) Testes de Pressão em Poços 30

2π k h  ∂p 
CCI: q= r  ..................................................... (4)
µ  ∂ r  r = rw

As variáveis independentes são r e t. A pressão p é a variável dependente, isto é, p = p(r, t).


Vamos adimensionalizar as três variáveis acima, começando pela coordenada espacial r. É usual
na literatura de testes de pressão utilizar o subscrito D para indicar que a variável foi
adimensionalizada.

Raio adimensional rD
O raio do poço (rw) parece ser a escolha natural para o fator de escala da coordenada r. Então,
o raio adimensional é definido por

r
rD = ................................................................. (5)
rw

Observe que quando

r = rw  rD = 1
r → ∞  rD → ∞

e que as derivadas parciais da pressão em relação ao raio podem ser escritas como

∂p ∂p drD 1 ∂p
= = .................................................. (6)
∂ r ∂ rD d r rw ∂ rD

Usando as Eqs. 5 e 6, o problema original (1) – (4) passa a ser escrito como

1 ∂  ∂p  φ µ ct rw2 ∂p
EDP:  rD = ............................................. (7)
rD ∂ rD  ∂ rD  k ∂t

CI: p( rD ,t = 0 ) = pi ......................................................... (8)

CCE: lim p( rD ,t ) = pi ........................................................ (9)


rD → ∞

2π k h  ∂p 
CCI: q=  rD  ................................................. (10)
µ  ∂ rD  rD =1

Tempo adimensional tD
Note que o lado esquerdo da Eq. 7 tem unidade de “pressão”, portanto o lado direito da
igualdade também deve ter. Assim, o fator φ µ ct rw2 k só pode ter a dimensão de tempo e que
parece ser o fator de escala apropriado para a variável temporal deste problema. Então, o tempo
adimensional fica definido por

kt
tD = .......................................................... (11)
φ µ ct rw2

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Observe que t → 0  t D → 0 e que a derivada parcial de p em relação a t é

∂p ∂p dtD k ∂p
= = ............................................ (12)
∂ t ∂ tD d t φ µ ct rw ∂ t D
2

Usando as Eqs. 11 e 12 no problema (7) – (10) obtêm-se

1 ∂  ∂p  ∂p
EDP:  rD = ................................................. (13)
rD ∂ rD  ∂ rD  ∂ t D

CI: p( rD ,t D = 0 ) = pi ...................................................... (14)

CCE: lim p( rD ,t D ) = pi ..................................................... (15)


rD → ∞

2π k h  ∂p 
CCI: q=  rD  ................................................. (16)
µ  ∂ rD  rD =1

Terminamos a adimensionalização das variáveis independentes r e t, restando somente a


variável dependente p.

Pressão adimensional pD
Aparentemente o único fator de escala da pressão é a pressão inicial de equilíbrio do
reservatório pi. Assim poderíamos propor algo como

p( r ,t )
pD ( rD ,t D ) =
pi

que certamente é adimensional, mas o que não é suficiente neste problema. Note que ao usar
esta proposta de definição para pD, a CCI (Eq. 16) não ficaria adimensionalizada pois ficaria ainda
alguns parâmetros de rocha e fluido “sobrando”. Outro aspecto é que com esta definição de pD
as Eqs. 14 e 15 resultantes não seriam do tipo homogêneo (isto é, igual a zero). O fato é que
algumas técnicas matemáticas de resolução de EDP’s necessitam de condições homogêneas. Já
com outras técnicas que lidam bem com condições não homogêneas, o uso de condições
homogêneas facilita em muito a resolução do problema. Para contornar este último aspecto,
vamos primeiramente fazer uma mudança de variável, adotando a variação da pressão a partir
do estado de repouso, isto é,

∆p( r ,t ) = pi − p( r ,t ) .................................................. (17)

observando que p → pi  ∆p → 0 . As derivadas parciais em relação à rD e tD ficam

∂∆p ∂p ∂∆p ∂p
=− ; =− .
∂ rD ∂ rD ∂ tD ∂ tD

Com esta nova variável dependente ∆p, as Eqs. 13-16 passam a ser dadas por

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1 ∂  ∂∆ p  ∂∆ p
EDP:  rD = ................................................ (18)
rD ∂ rD  ∂ rD  ∂ t D

CI: ∆p( rD ,t D = 0 ) = 0 ..................................................... (19)

CCE: lim ∆p( rD ,t D ) = 0 ..................................................... (20)


rD → ∞

2π k h  ∂∆p 
CCI: q=−  rD  ............................................... (21)
µ  ∂ rD  rD =1

Note que, como desejado, as Eqs. 19 e 20 ficaram homogêneas. Observando agora a CCI (Eq.
21), a definição de pD aparece naturalmente

2π k h ∆p( r ,t )
pD ( rD ,t D ) = ............................................. (22)

Note que p → pi  p D → 0 e que

∂pD 2π k h ∂∆p ∂p D 2π k h ∂∆p


= ; =
∂ rD q µ ∂ rD ∂ tD q µ ∂ tD

Finalmente, usando a Eq. 22 e as relações acima, o problema dimensional original dado pelas
Eqs. 1-4 fica

1 ∂  ∂p D  ∂p D
EDP:  rD = ................................................. (23)
rD ∂ rD  ∂ rD  ∂ t D

CI: p D ( rD ,t D = 0 ) = 0 ..................................................... (24)

CCE: lim p D ( rD ,t D ) = 0 .................................................... (25)


rD → ∞

 ∂p D 
CCI:  rD  = −1 ...................................................... (26)
 ∂ rD  rD =1

Um Roteiro Genérico
A definição das variáveis adimensionais para outros problemas de interesse pode seguir o
mesmo caminho adotado no exemplo acima, a saber:

1. Comece pela distância adimensional, escolhendo o fator de escala adequado ao


problema, por exemplo: com poços verticais use o raio do poço (rw), para poços
horizontais use o comprimento do trecho horizontal (L), em poços fraturados
hidraulicamente use a metade do comprimento da fratura (xF), etc;
2. Obtenha a definição do tempo adimensional observando o lado direito da EDP após
substituir a variável adimensional espacial na EDP original;

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3. Por último, escolha a definição da pressão adimensional a partir da condição de


contorno interna CCI.
4. Em outros problemas talvez seja necessário definir outros grupos adimensionais.

2.9.2 Sistema de Unidades


Até este ponto do curso usamos um sistema de unidades absoluto (ou consistente) como o S.I.
ou o CGS. Na prática da indústria utilizam-se sistemas de unidades híbridos. A grande maioria
dos artigos da literatura de petróleo faz uso do sistema conhecido como de “Campo” (oil field
units). O sistema “Darcy” é o CGS modificado e é mais utilizado para ensaios de laboratório.
Passaremos a escrever as equações de uma maneira que seja possível passar rapidamente para
qualquer sistema de unidades, facilitando a leitura e comparação com as equações da literatura.
Para tanto, basta introduzir constantes de transformações de unidades nas definições das
variáveis adimensionais.

A definição de pD e tD do item 2.9.1 é baseada num sistema de unidades consistente. Para outros
sistemas de unidades, estas definições passam a ser dadas por

αt k t
tD = .......................................................... (27)
φ µ ct rw2

k h ∆p( r ,t )
p D ( rD ,t D ) = ................................................ (28)
αp qµ

Nas Eqs. 27 e 28, αt e αp são constantes para conversão de unidades. Consulte o Anexo I
distribuído. Para os sistemas S.I. e Darcy temos α t = 1 e α p = 1 ( 2 π ) . Nas unidades de Campo
(sistema americano) estas constantes passam para α t = 0,0002637 quando t for dado em
horas e α p = 141,2 . As constantes no sistema de unidades adotado pela indústria do petróleo
no Brasil são α t = 0,0003484 para tempo em horas e α p = 19,03 .

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2.10 A solução da Linha Fonte


Vamos agora resolver o problema físico descrito e formulado no item 2.9.1, mas antes vamos
fazer uma aproximação de natureza matemática. Vamos representar matematicamente o poço
vertical, que possui um raio rw de dimensão finita, por uma linha vertical (i.e., de raio
infinitesimal) por onde o fluido do reservatório é produzido. Assim o poço passa a ser uma linha-
fonte. As consequências dessa aproximação serão vistas mais tarde.

A aproximação da linha-fonte implica em substituir a CCI de poço com rw finito (eq. 26 item 2.9.1)

 ∂p D 
 rD  = −1
 ∂ rD  rD =1

por

 ∂p 
lim  rD D  = −1 .
 ∂ rD 
rD → 0

Assim, o problema padrão com a CCI da linha fonte é descrito por

1 ∂  ∂p D  ∂p D
EDP:  rD  = ................................................... (1)
rD ∂ rD  ∂ rD  ∂ tD

CI: p D ( rD ,t D = 0 ) = 0 ....................................................... (2)

CCE: lim p D ( rD ,t D ) = 0 ...................................................... (3)


rD → ∞

 ∂p 
CCI: lim  rD D  = −1 ....................................................... (4)
rD → 0
 ∂ rD 

A solução da EDP acima sujeita as condições 2-4, pode ser obtidas por meio de diversas técnicas
matemáticas. Neste item vamos usar a transformada de Boltzmann, definida por

rD2
y= ................................................................. (5)
4t D

Observações:
1. A solução por meio da transformada dada pela Eq. 5 pertence a classe dos métodos de
similaridade.
2. Note que a transformada colapsa as duas variáveis independentes do problema (tempo
e posição espacial) numa única variável independente. Busca-se assim uma solução em
função dessa variável, i.e., pD = pD(y).
3. Essa técnica pode ser útil na solução de alguns problemas não lineares.
Vamos agora reescrever a EDP (Eq. 1) em termos dessa variável de Boltzmann. Usando a regra
da cadeia, as derivadas da pressão adimensional em relação a rD e tD são dadas por

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∂p D dp D ∂ y dp D 2rD
= = ,............................................... (6)
∂ rD dy ∂ rD dy 4 t D

∂p D dp D ∂ y dp D  rD2 
= =  − 2  . ........................................... (7)
∂ tD dy ∂ t D dy  4 tD 

Substituindo as Eqs. 6 e 7 na Eq. 1

1 ∂  2rD2 dp D   rD2  dp D
  = −  .
rD ∂ rD  4 t D dy   4 t D2  dy

Usando a regra da cadeia na derivada parcial do lado esquerdo da equação acima e usando a
definição da variável de Bolztmann (Eq. 5), chega-se em

d  dp D  dp
y  = − y D . ................................................... (8)
dy  dy  dy

Note que a EDP foi transformada numa EDO. Para que o método de similaridade seja bem
sucedido é necessário que não só a EDP seja transformável, mas que as CC também o sejam.

Para transformar a CI note que quando tD tende para zero, a variável y tende para infinito. Assim,
A Eq. 2 passa a ser dada por

lim p D ( y ) = 0 . .......................................................... (9)


y→ ∞

Já a CCE, quando rD tende para infinito temos que y tende para infinito. Assim a Eq. 3 em termos
da nova variável y fica

lim p D ( y ) = 0 ,
y→ ∞

que é igual a Eq. 9. Percebe-se que a CI e a CCE do problema original colapsam numa única
condição de contorno no problema tendo y como variável independente. Este fato é necessário
para que a transformada de Boltzmann possa ser aplicada: ao transformar a EDP numa EDO é
necessário que as 3 condições de contorno originais (2 CC + 1 CI) sejam reduzidas para duas CC.

Usando a Eq. 6, a CCI (Eq. 4) fica dada por

 dp  1
lim  y D  = − . .................................................... (10)
y→ 0
 dy  2

Solução do problema transformado (Eqs. 8-10)


Expandido a derivada da Eq. 8 (derivada de um produto), temos

d 2 p D dp D dp
y 2
+ = −y D .
dy dy dy

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Para y ≠ 0

d 2 p D 1 + y dp D
+ = 0 , ................................................. (11)
dy 2 y dy

que é uma EDO de segunda ordem linear homogênea e com coeficiente variável. A solução geral
encontra-se no Boyce e Diprima citado nas referências bibliográficas. Uma técnica simples de
solução é por substituição de variável, como mostrado a seguir.

Usando a variável auxiliar u = dp D dy , a Eq. 11 fica

d u 1+ y
+ u = 0.
dy y

Separando as variáveis y e u

du 1+ y
=− dy . ....................................................... (12)
u y

Integrando os 2 lados da Eq. 12

ln u = − ln y − y + C1

sendo que C1 é uma constante. Tomando a exponencial da equação acima

exp( − y )
u = C2 , ...................................................... (13)
y

onde C2 é uma constante (C2 = exp[C1]). Substituindo a definição da variável auxiliar u na Eq. 13

dp D exp( − y )
= C2 . ................................................... (14)
dy y

Antes de prosseguir para achar a solução para pD, podemos determinar a constante C2 de
imediato usando a CC dada pela Eq. 10

 dp   exp( − y )  1
lim  y D  = lim  y C 2  = − ,
y→ 0 y→ 0
 dy   y  2

que nos dá C 2 = − 1 2 . Então a Eq. 14 fica

dp D 1 exp( − y )
=− . .................................................. (15)
dy 2 y

Integrando a Eq. 15 de y → ∞ a um valor de y qualquer


y
dp D 1 exp( − y ′ )
y

∞ dy ′
dy ′ = −
2 ∞ y′
dy ′ .

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Com o teorema fundamental do cálculo e usando a CC dada pela Eq. 9, obtemos

1 ∞
exp( − y ′ )
p D ( y ) − lim p D ( y ) =
y→∞ 2  y y′
dy ′ . ................................. (16)
= 0 ( Eq . 9 )

Retornando para as variáveis independentes originais, chega-se a solução do problema dado


pelas Eqs. 1 a 4,

1 ∞
exp( −u )
p D ( rD2 4t D ) =
2 
rD2 4 t D u
du . ...................................... (17)

A integral do lado direito da Eq. 17 é denominada de função integral-exponencial e definida por



exp( −u )
Ei ( − x ) = −
 x u
du , x > 0 . ...................................... (18)

A função integral-exponencial aparece algumas vezes sob a notação E1 ( x ) , assim


E1 ( x ) = − Ei ( − x ) . Vamos adotar nesse curso a notação Ei que é a mais usada na literatura
de testes em poço. Com essa nomenclatura, a Eq. 17 pode ser escrita como

1
p D ( rD ,t D ) = − Ei ( − rD2 4t D ) , .......................................... (19)
2

que é conhecida como a solução da linha-fonte. Um gráfico log-log da solução da linha-fonte


aparece na Fig. C.2 página 194 do Monograph 5 do SPE escrito por Earlougher (1977) e que é
reproduzido abaixo (ver também o anexo 3.1 do material desse curso).

Note que solução da linha-fonte NÃO é o mesmo que função integral-exponencial. A solução da
pressão adimensional p D é a metade da Ei . Recomendo corrigir a legenda original da Fig. C.2 do
Monograph 5 de Exponential-Integral Solution para Line Source Solution.

Tabelas da função integral-exponencial podem ser encontradas em vários textos. O Anexo 2-A
reproduz a tabela publicada por Lee, Rollins e Spivey, Pressure Transient Testing, SPE Textbook
Series Vol. 9, 2003. A tabela da função Ei mostrada no Anexo 2-B foi calculada com as
aproximações apresentadas na página 231 do Abramowitz (ver Anexo 4).

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LEP 1715 (2019/2) Testes de Pressão em Poços 38

Fig. 12 – Solução da linha-fonte – Figura extraída de Earlougher Jr., Robert. Advances in Well
Test Analysis. SPE Monograph 5, 1977.

Observações sobre a solução da linha-fonte (Eq. 19):


1. Substituindo as definições das variáveis adimensionais na Eq. 19, temos

k h ∆p( r ,t ) 1  φ µ ct r 2 
= − Ei  −  . ...................................... (20)
αp qµ 2  4 α t k t 

A Fig. 13 mostra um gráfico esquemático da evolução no tempo do perfil de ∆p ao longo


do reservatório. No entanto, a Eq. 20 mostra que o perfil de ∆p é função de r 2 t . A
Fig. 14 indica que as curvas mostradas na Fig. 13 colapsam numa só quando o grupo
r 2 t é usado no eixo horizontal do gráfico.
2. Sejam r1 e r2 distâncias ao poço produtor. Então ∆p( r1 ,t1 ) representa a queda de
pressão em relação à pressão inicial observada na distância r1 após certo tempo t1 do
início da produção do poço. O termo ∆p( r2 ,t 2 ) é definido de forma similar. A Eq. 20
indica que devemos ter ∆p( r1 ,t1 ) = ∆p( r2 ,t 2 ) quando

t1 t
2
= 22 ............................................................... (21)
r1 r2

Então para r2 > r1 , temos que

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LEP 1715 (2019/2) Testes de Pressão em Poços 39
2
r 
t 2 = t1  2   t 2 > t1 ,
 r1 

ou seja, o valor de ∆p observado em r1 num tempo t1 vai ocorrer na posição r2 (r2 > r1) no
tempo t2 (t2 > t1). Temos assim a sensação que o “distúrbio” de pressão “viaja” através
do reservatório numa certa velocidade. Algumas fórmulas para raio de investigação são
baseadas nessa ideia.

3. A Eq. 20 mostra, no entanto que, não importa quão distante se esteja do poço, a
produção do mesmo causa uma queda de pressão para t > 0. Isto é, o efeito da produção
é sentido instantaneamente em todos os pontos do reservatório.

Fig. 13 – Gráfico ∆p( r ,t ) x r . Fig. 14 – Gráfico ∆p( r ,t ) x r 2 t .

2.10.1 A aproximação logarítmica da função Ei


A função Ei ( − x ) pode ser expandida numa série infinita (Eq. 5.1.11, pág. 229 do Abramowitz,
anexo 4):

( −1 ) n n
− Ei ( − x ) = − ln( x ) − γ − n =1
n n!
x , ................................... (22)

onde γ = 0.57722 é a constante de Euler. Para valores de x suficientemente pequenos, a Eq.


22 pode ser aproximada por

− Ei ( − x ) ≅ − ln( x ) − γ = − ln( x eγ ) . ..................................... (23)

Quando tal aproximação passa a ser válida, a solução da linha fonte dada pela Eq. 19 fica

1  4tD 
p D ( rD ,t D ) ≅ ln  , .............................................. (24)
2  e γ rD2 

que é aproximação de longo tempo da solução da linha fonte.

O erro relativo nos valores de p D ao usar a Eq. 24 no lugar da Eq. 19 é menor do que 1% para
t D rD2 > 25 e menor que 2% para t D rD2 > 5 .

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2.10.2 Solução da Linha Fonte: Anisotropia Areal (x-y)


Como mostrado no item 2.5, a equação da difusividade para um reservatório homogêneo, mas
com anisotropia areal ( k x ≠ k y ), é dada em unidades genéricas por (Eq. 1 do item 2.5)

∂2 p ∂ 2 p φ µ ct ∂p
kx + k = . ............................................. (1)
∂x 2 ∂y 2 α t ∂t
y

Sob a transformação do sistema de coordenadas (Eqs. 8 e 9 do item 2.5)


1 1
 ky  4 k  4

x′ = x   ............. (2) e y′ = y  x  ............... (3)


k 
 kx   y 

a Eq. 1 fica dada por

∂ 2 p ∂ 2 p φ µ ct ∂p
+ = , ................................................. (4)
∂x ′ 2 ∂y ′ 2 α t k̂ ∂t

onde, como visto anteriormente, k̂ representa a média geométrica das permeabilidades no


plano x-y e é dada por (eq. 7 do item 2.5)

k̂ = (k x k y ) 2 . ........................................................... (5)
1

A Eq. 4 pode ser passada para um sistema de coordenadas cilíndricas r ′ , onde

(
r ′ = x′2 + y ′2 ) 1/ 2
. ....................................................... (6)

A partir da Eq. 6 é possível mostrar que

∂ 2 p ∂ 2 p 1 ∂  ∂p 
+ =  r ′  . ............................................. (7)
∂x′ 2 ∂y ′ 2 r ′ ∂r ′  ∂r ′ 

Então, substituindo a Eq. 7 na Eq. 4, chega-se em

1 ∂  ∂p  φ µ ct ∂p
EDP:  r′  = . ............................................... (8)
r ′ ∂r ′  ∂r ′  α t k̂ ∂t

A CI e as CC´s para reservatório homogêneo equivalente são dadas por

CI: p( r ′,t = 0 ) = pi ......................................................... (9)

CCE: lim p( r ′,t ) = pi ....................................................... (10)


r′→ ∞

k̂ h  ∂p 
CCI: q= lim  r ′  .................................................. (11)
α p µ r ′→ 0  ∂ r ′ 

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A solução da Eq. 8 sujeita às Eqs. 9-11 pode ser obtida com a transformada de Boltzmann
z ′ = r ′ 2 4 t . Seguindo o mesmo procedimento adotado no item 2.10, chega-se em

k̂ h 1  r ′ 2 φ µ ct 

∆p( r ,t ) = − Ei  − . ................................... (12)
α p qµ 2  4 t α t k̂ 

Retornando para o sistema de coordenadas cartesianas original (x-y),


1 1
 ky  2 2  kx  2

r ′ 2 = x ′ 2 + y ′ 2 =   x +   y 2 , ................................. (13)
k 
 kx   y

onde as Eqs. 2 e 3 foram usadas para obter a segunda igualdade na Eq. 13. Como x = r cos θ e
y = r senθ , a Eq. 13 pode ser passada para coordenadas cilíndricas r-θ, ficando assim

 k 1
k
1
 2 
2  y 
 sen θ  . ............................... (14)
2
r ′ = r 
2
 cos 2 θ +  x 2
k 
 k x   y  

Por último, substituindo a Eq. 14 na Eq. 12, chega-se em

  k 1 1

φ µ ct k  2
( k xk y ) 1/ 2 h 1  r2
∆p( r ,θ ,t ) = − Ei  −  y  2
 cos 2 θ +  x

 sen 2θ   .....
α p qµ 2  4 t αt ( kxk y ) 1/ 2  k x 
k  
  y  

......(15)

A Eq. 15 mostra que num teste de interferência entre poços em um reservatório com anisotropia
areal, o ∆p depende não só da distância do poço observador ao poço produtor (ativo), mas
também do ângulo θ que a linha que conecta esses dois poços faz com os eixos principais de
anisotropia (ver a Figura abaixo). É fácil verificar que se k x = k y = k , a solução dada pela a Eq.
15 se reduz a solução da linha-fonte para reservatório isotrópico mostrada anteriormente. A Eq.
15 também pode ser escrita, se desejado, em coordenadas retangulares (fica como exercício).

Coordenadas r-θ para a solução com anisotropia areal.

Alvaro Peres – Setembro de 2019

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