O PAPEL DO FISIOTERAPEUTA NO LOCAL DE TRABALHO DE UM DIRETOR

FINANCEIRO1

GABRIELA DA SILVA POSCA2

RAYSSA DOS REIS FARIA2
NELSON KIAN3

RESUMO

A saúde do trabalhador tem suma importância no seu ambiente de trabalho, assim sendo,
necessária a utilização da norma regulamentadora visando métodos para um ambiente
ergonômico e correto, trazendo a importância do fisioterapeuta nesse âmbito visando
melhora da qualidade de vida do trabalhador e prevenindo lesões músculo esqueléticas. O
objetivo desse estudo é analisar o papel do fisioterapeuta do trabalho no posto de trabalho
de um diretor financeiro. Foram utilizados métodos para definirmos como a postura do
trabalhador iria influenciar na saúde do mesmo, com a aplicação do check list e o Método
Entire Body Assecement (REBA) assim como a captação de imagens por meio de uma
câmera para a avaliação. Foram analisados além da postura, hábitos do indivíduo além de
possíveis riscos que poderiam estar envolvidos em uma futura patologia. Traçando assim,
uma análise ergonômica para o trabalhador para que o fisioterapeuta criasse um plano
especifico de intervenção. Os resultados obtidos foram de extrema importância em que
conseguimos observar algumas LER/DORT’s que seriam Lesões Repetitivas por Esforço e
Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho, em que se associam com a postura
que o trabalhador adota quando realiza a sua jornada de trabalho. O posto de trabalho
possui boas condições no ambiente quando relacionado ao clima, ruído, organizacional e
proteção contra riscos, porém a iluminação se encontra deficitária assim como a disposição
de alguns aparelhos tecnológicos fazendo com que o Método REBA se encontre com um
nível de risco médio. A intervenção feita com Ginásticas Laborais foi de extrema importância
fazendo com que o score 5, diminuísse para 2 demonstrando que a intervenção do
fisioterapeuta em conjunto com a ergonomia é essencial para a manutenção e prevenção da
saúde do trabalhador.

PALAVRAS-CHAVE: 1. ERGONOMIA 2. NR-17 3. TRABALHADOR 4. FINANCEIRO

_________________________

1
Trabalho para obtenção da nota parcial (P2) do curso de Fisioterapia, na disciplina Saúde do Trabalhador II
pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB)
2
²Acadêmicas do 6º semestre do curso de Fisioterapia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).
3
³Professor Mestre do curso de Fisioterapia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).
 2

INTRODUÇÃO
O termo saúde do trabalhador visa abranger as relações entre trabalho e o
processo de saúde/doença, por meio de um conjunto de atividades que visam
promover e proteger a saúde dos indivíduos, por meio de ações de vigilância
epidemiológica e de vigilância da saúde, bem como restaurar a saúde dos
trabalhadores que estão expostos aos riscos e agravos no ambiente de trabalho
(BRASIL, 2002).
A Saúde do trabalhador com relação ao posto de trabalho, onde o funcionário
desenvolve suas atividades, tem uma ação multidisciplinar, intersetorial e
interinstitucional. Visando promover as melhorias necessárias do local de trabalho
para que assim não interfira ou degrade à saúde do profissional. Com isso é de
extrema importância a avaliação da ergonomia, e para a correta eficácia foi criado a
Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17), que busca formular métodos para adequar
e melhorar as condições de trabalho para que os trabalhadores se sintam
confortáveis, além de melhorar a segurança e a eficiência na realização das
atividades (AMANCIO, CARDILLO, WATANABE, 2017; FILHO, LIMA, 2015).
A ergonomia é a ciência que estuda as adaptações do posto de trabalho em
um contexto específico, para que se possa observar todos os aspectos que
dificultam o desenvolvimento do trabalho, de forma a encontrar uma solução
coerente para melhorar a qualidade de vida e as atividades laborais a serem
realizadas pelos indivíduos. O foco principal do ergonomista é introduzir tecnologias
adaptativas de uma forma eficaz para facilitar as atividades diárias dos
trabalhadores, melhorar sua qualidade de vida, buscando prevenir patologias
causadas por esforços repetitivos, melhorar o desempenho dos funcionários da
empresa e formular medidas acionáveis para que traga benefícios para a empresa e
seus colaboradores (IIDA, 2012).
A NR-17 não especifica qual profissional é responsável pela elaboração
ergonômica, entretanto o ergonomista é o profissional mais recomendado para a
função. Qualquer pessoa que tenha um diploma no ensino superior pode fazer o
curso de especialização na área, sempre levando em consideração a importância de
obter o conhecimento sobre as questões que envolvem a ergonomia.
A formação do fisioterapeuta tem uma importância única, por ser uma
profissão da área da saúde com uma sólida formação cientifica, atuando no
desenvolvimento de técnicas de prevenção, avaliação, tratamento e reabilitação,
 3

assim o fisioterapeuta do trabalho tem suma importância no ambiente de trabalho,

por atuar na biomecânica e ergonomia, visando a melhora da qualidade de vida do
trabalhador e prevenindo lesões músculo esqueléticas (TALO et al, 2010; BAÚ,
KLEIN, 2010).
De acordo com o art. 3º da consolidação das leis de trabalho (CLT) define o
trabalhador como “Toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a
empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.
Portanto, sabemos que o ambiente de trabalho modifica e muitas vezes
edifica o trabalhador sendo importante ressaltar também que ele pode ser afetado
negativamente e positivamente gerando alterações físicas e organizacionais, sendo
que para cada setor de trabalho e seu ambiente vão ser diferentes essas alterações,
o que torna imprescindível o estudo de cada trabalhador detalhadamente (RIBEIRO,
2017).

No ambiente de trabalho, a saúde é um direito básico indispensável para os

trabalhadores. O trabalho é uma coisa valiosa e vital para o crescimento e a
realização humana, ao mesmo tempo que um ambiente de trabalho desfavorável
implica a possibilidade de aparecimentos patológicos (SATO, 2002)
Damos início ao estudo em que se faz o relato de um trabalhador do sexo
masculino, de uma instituição de ensino particular em Corumbá, MS, possui 56
anos, e tem função de um diretor financeiro em que é responsável por gerenciar os
departamentos contábeis e financeiros, desenvolvendo normas internas, processos
e procedimentos de finanças, assim tendo como responsabilidade planejar,
organizar, dirigir e controlar as atividades financeiras da empresa, fixar políticas de
ação acompanhando seu desenvolvimento, para assegurar o cumprimento dos
objetivos e metas estabelecidos, realizar o gerenciamento completo da área
administrativa e financeira da empresa.
Diante o exposto, o objetivo desse estudo é analisar o papel do fisioterapeuta
do trabalho no posto de trabalho de um diretor financeiro.

METODOLOGIA
 4

Esta pesquisa é do tipo estudo de caso, foi um estudo realizado no mês de

setembro a novembro de 2020 na Universidade Católica Dom Bosco, Campo
Grande – MS. Participando um trabalhador do setor administrativo cuja função é de
diretor financeiro de uma instituição escolar. Sendo escolhido para analisarmos o
papel do fisioterapeuta do trabalho no posto de trabalho desse trabalhador.
O contato com o entrevistado foi realizado por meio de uma ligação telefônica
devido a atual situação da pandemia Covid-19 e pelo individuo residir em outra
cidade, por consequência foi explicado o objetivo do estudo e a importância do
mesmo, assim tendo seu consentimento para a entrevista e a publicação do estudo.
O profissional respondeu um check list com 36 questões semi-estruturadas
para a coleta das informações, abordando assuntos a respeito de seu posto de
trabalho, postura, satisfação, insatisfação sugestões do trabalhador sinais e
sintomas foram avaliados também riscos ergonômicos pelo Método REBA, Critérios
semi-quantitativos de MOORE e GARG.
Após a coleta dos dados, os resultados obtidos foram discutidos e analisados
e foi planejado e sugerido um plano de intervenção. Que constou de: organização do
setor, iluminação, ventilação, mudanças na disposição do mobiliário, ginástica
laboral, exercícios para a dor relatada na cervical e nos MMII. Foi acompanhado
durante 15 dias e realizado uma nova coleta de dados. Os resultados desta
intervenção foram discutidos segundo as Normas da Ergonomia e artigos que
abordassem os assuntos pertinentes ao tema proposto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com as análises ergonômicas obtidas observamos que o trabalhador em
questão apresenta possíveis Lesões por Esforços Repetitivos e Doenças
Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (LER/DORT), que seriam resultantes
de sua jornada de trabalho. A respeito do conceito de LER/DORT Luiz Gonzaga
Chiavegato Filho e Alfredo Pereira Jr assinala:
[...] São um conjunto de doenças que afetam músculos, tendões,
nervos e vasos dos membros superiores (dedos, mãos, punhos,
antebraços, braços, ombro, pescoço e coluna vertebral) e inferiores
(joelho e tornozelo, principalmente) e que têm relação direta com as
exigências das tarefas, ambientes físicos e com a organização do
trabalho.
 5

O posto de trabalho do indivíduo mantém-se dentro da Norma

Regulamentadora 17 (NR-17), em boas condições quando relacionado a ruídos,
conforto térmico, características dimensionais e proteção contra riscos químicos e
físicos, porém, a iluminação do mesmo se encontra em uma situação precária, que
dito pelo trabalhador, atrapalha na realização do seu trabalho, sendo contraria ao
artigo da norma regulamentadora cujo especifica que a iluminação do ambiente de
trabalho tem que estar apropriada a atividade, devendo ser distribuída
uniformemente para que assim não haja reflexos incômodos e a claridade seja
efetiva para o bom desempenho de sua função (BRASIL, 2002)
Visando respeitar as características antropométricas o parâmetro 17.4.3 da
NR 17, é claro em dizer que a tela precisa estar posicionada em uma superfície de
trabalho com altura ajustável e o teclado precisa ter mobilidade. Assim, seguindo os
parâmetros, foi verificado algumas falhas quanto a disposição do monitor do
computador que se encontrava muito abaixo da linha dos olhos e o teclado sem
suporte fazendo com que o trabalhador muitas vezes adote uma postura,
visualização e operação errada dos olhos ao campo de trabalho em que resultará na
fadiga muscular e consequentemente nas dores que se refere na região cervical e
nos membros inferiores (MMII) (MAGER, MERINO, 2012).
O indivíduo relata que a cadeira na qual utiliza não possui descanso para os
braços, não há ajustes em relação à altura da cadeira e não possuindo suporte para
os pés, consequentemente não cumprindo com a NR17 parâmetro dois no qual fala
sobre o mobiliário do posto de trabalho, já que o mesmo passa horas no mesmo
local de trabalho essas normas deveriam ser seguidas pela saúde do trabalhador,
para que se evite futuras patologias como hipercifose, cervicalgia, tendinite, no qual
são desenvolvidas pela má postura ( BADARÓ, NICHELI, TURRA, 2014)
Após ser realizada avaliação do posto de trabalho, foi feita a coleta de dados
do indivíduo, no qual possui um quadro álgico e, sendo executado a avaliação pelo
método REBA. Este Método é desenvolvido para analisar posturas no trabalho,
permitindo avaliar tanto posturas estáticas quanto dinâmicas e, ainda, mudanças
bruscas ou inesperadas na postura, além de dividir o corpo em segmentos para
serem analisados individualmente, observando tanto os membros superiores, como
o tronco e pescoço, e os membros inferiores (DIEGO-MÁS e CUESTA, 2007).
O score do método REBA foi igual a 5, tendo como resultado a necessidade
de intervenção para que o nível de risco é considerado médio, não venha se
 6

agravar. O papel do fisioterapeuta em conjunto com a ergonomia é a de adequar o

ambiente de trabalho para o trabalhador, trazendo consigo propostas eficazes de
intervenção ergonômica. Sendo assim, a proposta utilizada foi a de Ginastica
Laboral que no mediante estudo foram a do tipo Compensatória e de Relaxamento
que tem por objetivo aliviar as tensões e promover relaxamento muscular
(FERREIRA, SHIMANO, FONSECA, 2009).
Segundo Oliveira (2006) e Martins (2001) a ginastica laboral envolve
exercícios específicos, como alongamentos, fortalecimento muscular, coordenação
motora e relaxamento, realizado em diferentes setores ou departamentos da
empresa tendo como objetivo principal a prevenção e redução do número de casos
de LER/DORT. São exercícios realizados no local de trabalho, com sessões de
cinco, dez ou quinze minutos, tendo a prevenção como principal objetivo e redução
de estresse por meio de exercícios de alongamento e relaxamento.
No final do período de trabalho, foi aplicado no indivíduo a técnica de
relaxamento, tendo como base as dores nos membros inferiores (MMII), ao final do
expediente, levando assim, a um agravo no seu bem estar físico, Mendes (2000),
assinala que é imprescindível a realização dessa técnica, principalmente em
trabalhos com excesso de carga horária ou em serviços de cunho intelectual,
devendo ser praticado no final de expediente, visando relaxar o corpo e,
especificamente, liberar tensões nas regiões que acumularam mais tensão. Foi
aplicado no paciente alongamentos dos principais músculos da perna, focando nos
isquiotibiais, quadríceps e iliopsoas, tendo duração de 20 segundos. Após, foi
desenvolvido terapia manual, como massagem terapêutica nos pontos dolorosos e
por último, orientação do uso de suporte para os pés para que se evite danos e haja
o cumprimento da norma regulamentadora nº 17.
Após sete dias, sendo realizado a técnica de relaxamento, o paciente aponta
que as dores no qual ele se referia estavam diminuindo, e que continuaria realizando
em casa e no trabalho. Para se ter um efeito melhor, apontou que comunicou o
responsável a respeito do suporte para os pés, mas que até o dia final do nosso
acompanhamento ainda não tinha sido fornecido.
Os exercícios durante o período eram alternados, nos dias que eram
ginasticas compensatórias, foi repassado ao paciente que realizasse uma
caminhada rápida de 5 minutos durante seu intervalo matutino, já que ele raramente
saia da sala nesse horário, sendo indicado para a melhora da sua circulação
 7

sanguínea. Para a algia na cervical, como forma de relaxamento, a proposta seguiu

com alongamento dos músculos que estimulam diretamente na produção de
colágeno que assim suportam um maior estresse, ou seja, diminuem a tensão
muscular do trapézio, escalenos e esternocleidomastóideo, sendo realizado cada
alongamento durante 15 segundos. Além da ginastica foi recomendado que, em
casa, o paciente fizesse uso da termoterapia, colocando bolsa de água morna na
região dolorosa para diminuição da dor, e foi aplicado a ventosaterapia na região
para melhora da circulação sanguínea da região (FERREIRA, SHIMANO,
FONSECA, 2009).
A ginástica laboral compensatória é composta por atividades físicas
realizadas durante o horário de trabalho, atuando de forma terapêutica, exercitando
músculos que foram trabalhados em excesso durante a jornada de trabalho,
proporcionando um bem-estar físico, mental e social ao funcionário. O trabalhador
relata que passou a fazer os exercícios antes e após sua jornada ser começada e
que vem solucionando a tensão sentida no local, que agora consegue ter um
relaxamento maior da região (OLIVEIRA, 2007).
Foi passado ao paciente orientações para que a cadeira, teclado e painel do
computador sejam ajustados de forma que a distância do olho para com esses seja
aproximadamente igual. Foi instruído também como manter uma postura correta
evitando que haja fadiga muscular e consequentemente a dor. Além de todas as
instruções de alongamentos e exercícios, foi aconselhado ao trabalhador realizar
algum exercício físico fora do ambiente de trabalho podendo ser de acordo com a
vontade do paciente e que durem um período de tempo de no mínimo 30 minutos,
que ajuda a reduzir o estresse físico e psicológico, impulsionando a uma melhora
significativa da saúde do trabalhador (ALENCAR, MATIAS, 20010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final desse trabalho consideramos que as hipóteses e perguntas

levantadas foram devidamente correspondidas ao longo que a profissional nos
responde com clareza e assertividade, assim tornando os objetivos traçados
elucidados.
 8

A avaliação ergonômica foi realizada durante 7 dias, contendo ginastica

laboral de relaxamento e compensatória no seu local de trabalho, de início o
paciente apresentava o resultado de nível de risco médio pelo Reba, sendo
necessária a avaliação e intervenção fisioterápica.
Perante a norma regulamentadora o local atende alguns requisitos para um
posto de trabalho ergonômico, entretanto, alguns requisitos se encontram fora dela
como iluminação não estando adequada, cadeira sem braço de apoio, monitor não
ajustável, assim trazendo riscos a saúde do indivíduo.
Por essas alterações foi necessária a atuação do fisioterapeuta, para trazer
benefícios ao bem-estar no seu ambiente de trabalho, sendo passado orientações
quanto a medidas que precisam ser implementadas para que o local se enquadre
totalmente na NR-17, para que assim não haja mais danos a saúde do seu quadro
de funcionários.
Além das orientações a ginastica laboral e a terapia manual foi de suma
importância para o mesmo, já que trouxe melhoras no seu quadro álgico, trouxe
novos hábitos de postura, e uma consciência corporal maior para aqueles que
passam horas do seu dia dentro de um escritório. Com medidas acertivas a
fisioterapia aumentou a qualidade de vida do trabalhador, sendo relatada pelo
individuo no qual a partir dessa experiencia, vai adotar as medidas tanto no trabalho,
como em casa.
No final do período de intervenção foi realizado novamente o método REBA,
no qual apresenta uma diminuição do nível de ação para um, tendo assim um nível
baixo de risco, mas ainda assim faltam adaptar algumas alternativas propostas que
ate o presente dia não foi cumprida como o apoio para os pés, uma cadeira com
apoio para os braços e ajustáveis.
Sendo assim, a totalidade dos resultados alcançados, possibilita a
comprovação de mudança de hábitos durante sua rotina do dia a dia, trazendo
novas perspectivas e resultados ao ambiente e a saúde do mesmo, e assim
mostrando o quanto a fisioterapia e a ergonomia são importantes para o ambiente e
prevenção de lesões, fazendo com que o objetivo desse presente estudo seja
cumprido.

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 9

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