Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Planejamento da aula
Plano e Planejamento
Plano é um vocábulo do latim, em uso no português contemporâneo, mas que deu
origem também a uma outra palavra utilizada em nossa língua: chão. Aprendemos com
essa reflexão filológica que “plano” traz implícita a idéia de “chão”. Quando vamos elaborar
um planejamento devemos ter os “pés no chão” para olhar o tempo e o espaço que estamos
vivenciando e as condições de que dispomos para a realização do que pretendemos.
- Duração
O tempo de uma aula deve ficar em torno de cinqüenta minutos, o que significa que
as crianças devem se manter seguras e entusiasmadas com a dança por quase uma hora!
Unidade III – Aula 7
- A definição do tema
Para planejar suas aulas, inicialmente defina um tema:
- Escolha um ou mais elementos da dança a serem trabalhados;
- Especifique um conteúdo; e
- Encontre um auxiliador.
Não se preocupe quanto à repetição da atividade. Cada conteúdo tem que ser
construído sobre o que o precedeu e, apesar dos elementos se repetirem mais e mais
vezes, a forma com a qual as crianças usam os elementos mudará sempre. Às vezes elas
mesmas pedem para repetir um conteúdo de alguma aula passada, principalmente quando
é um grupo iniciante, ainda um tanto inseguro.
balançar, usando diferentes níveis e direções. Deve experimentar sozinho e em par com um
colega. Essa é, sem dúvida, a parte mais importante da aula.
Corpo: “Que partes do corpo balançam? Vocês podem balançar e dobrar? Balançar e
alongar? Balançar e sacudir? Vocês podem balançar enquanto fazem o skip, o gallop ou
uma corrida?”
Espaço: “Façam uma forma em nível baixo. Vocês podem balançar? Em quais direções
vocês podem balançar? Vocês podem mudar o seu foco enquanto balançam? Vocês podem
balançar enquanto fazem uma curva no espaço?”
Força: “Seu balanço pode ser forte? Pode ser tenso? Vocês podem balançar e achar
uma nova posição de equilíbrio?”
Para fazer uma frase (nome que se dá, na dança, a uma seqüência de movimentos)
baseada no movimento da respiração, por exemplo, peça às crianças para que façam várias
formas de movimentos de respirar, ou seja, ritmos diferentes de inspiração e expiração.
Podem ser movimentos que elas imaginam, como os de uma bexiga esvaziando, ou
de um vento soprando...Então peça: “façam uma pose inicial.” Ponha uma música e peça
Unidade III – Aula 7
que dancem. Após aproximadamente 20 segundos, peça: “façam uma forma final”. As
poses não podem parecer de pessoas comuns e sim de dançarinos.
Esta segunda etapa das atividades com as crianças é a principal da aula, pois aqui
as crianças exploram as possibilidades criativas a partir do tema sugerido. O professor pode
ajudar, lembrando-as, mesmo enquanto dançam, que elas sempre podem trocar de nível,
de velocidade, de direção, pensando sempre no enriquecimento dos seus movimentos.
Nesse momento, elas devem sempre apresentar uma forma que determine o final da
atividade. Você deve enfatizar e valorizar a dimensão criadora e estética dessa finalização,
pois assim estará mostrando à criança que todo investimento que ela fez na composição de
seu movimento não significou apenas um trabalho corporal ou lúdico, pois resultou em uma
possibilidade de expressão artística.
Unidade III – Aula 7
Nas primeiras aulas, ou com as crianças menores, você deve sempre determinar o
momento do final, evitando repetições tediosas. Quando necessário, facilite para os menos
habilidosos, para que todos estejam em condições de finalizar junto a atividade.
As idéias podem vir dos alunos, ou ser apresentadas por você. Interdisciplinaridade é
a palavra de ordem, mais uma vez, para relacionar imagem e movimento.
Por exemplo, se a idéia for a de uma árvore, primeiro se encontra uma pose inicial e
aí se tenta descobrir se as árvores são grandes ou pequenas, balançam com força ou
suavemente, se dobram, se seus galhos fazem movimentos curvos ou retos no espaço. É
muito grande a quantidade de movimentos que se pode escolher para uma árvore, sem
pensar ainda em termos de sensação.
Unidade III – Aula 7
Na sala de aula
A sala de aula
A sala de aula deve ser um lugar limpo, com boa circulação de ar, mobiliário
organizado e material de apoio separado de acordo com a faixa etária. Enfim, um lugar
agradável que sirva de referência e que seja reconhecido como a sala de aula de dança.
Dentro da mesma idéia de conforto, os alunos devem ter acesso a banheiros limpos e bem
equipados. Fotos ou desenhos nas paredes são bem vindos. Pode-se sugerir que as
próprias crianças fiscalizem a limpeza e arrumação da sala. É divertido e imprime
responsabilidade.
Em toda sala de aula de um curso de dança é recomendável que exista pelo menos
um aparelho de som, alguns CDs com diversos estilos de música, além de algum
instrumento de percussão, como tambor, pandeiro, agogô ou outros. A música é um
componente essencial em uma aula de dança. O ideal é que na sala de aula tenha também
um espelho.
Agogô
Os agasalhos muito quentes e/ou volumosos devem ser tirados, não só porque
impedem que a pele respire, mas também porque podem tornar a aula extremamente
desconfortável pelo calor. As opções ficam então nos shorts, bermudas e calças de malha,
acompanhadas de camisetas ou corpetes (no caso das meninas). O recomendado são
malhas quentes e justas ao corpo, mas muito finas e maleáveis, porque é importante que o
professor possa ver bem todos os movimentos das crianças.
- Calçados
Os calçados (sapatos, sapatilhas, tênis, sandálias, etc) assim como as meias não são
bem-vindos.
É importante que as crianças estejam descalças, tenham contato com o chão e
possam mover livremente pés, tornozelo e pernas, sem risco de escorregar. Devem sempre
tomar cuidado para não machucar os pés dos colegas.
Algumas crianças não gostam de tirar as meias, aí então é melhor que fiquem
calçadas, porque é grande o risco de escorregar. Mas, podemos mostrar a elas que
dançarinos não usam meias para dançar. Dançarinos usam calçados ou dançam descalços.
- Cabelos
Os cabelos não devem incomodar. Se forem compridos é bom que estejam presos
com presilhas ou elásticos. As crianças que tiverem cabelos picotados em torno do rosto
Unidade III – Aula 8
devem usar uma faixa, de preferência de malha, para prender bem os cabelos, evitando que
caiam no rosto todo o tempo.
Apresentação do professor
Preste muita atenção às roupas que você vai usar, à sua maneira de falar e ao tom
da sua voz. Atente também para algo mais que poderá prender a atenção do aluno. A
criança precisa estar envolvida com alguém antes de se envolver com alguma atividade.
A busca por uma estética do belo deve ser uma constante na dança. O professor
deve sempre usar roupas leves, confortáveis e limpas, que deixem ver seus movimentos, e
que tenham um equilíbrio estético em sua composição.
Unidade III – Aula 8
A aula começou...
- Cumprimente os alunos e ouça seus comentários, sem, porém, estender-se demais para
não tomar muito tempo da aula. Se você é um professor novo na turma, ou se é o primeiro
dia de aula das crianças, há necessidade de um tempo maior de apresentação, de
conversa, para que se encontrem interesses e sentimentos comuns.
- Peça para que tirem os sapatos, meias e roupas excedentes. Como em um ritual, os
sapatos e agasalhos devem ser tirados e acomodados em um local apropriado na sala que
não atrapalhe os movimentos, onde ficarão até o final da aula. Faça com que as crianças,
mesmo as menores, aprendam a tirá-los, identificá-los e colocá-los de volta, sem ajuda.
Criar independência é bom para a autoconfiança.
- Mostre, de uma forma interessante, os objetivos da aula. Você pode usar apelos visuais
para explicar os elementos básicos da dança, como gravuras, bonecos, bolas, instrumentos,
brinquedos, etc.
Unidade III – Aula 8
- Diga sempre às crianças o que está acontecendo e explique o que elas vão aprender com
cada atividade!
- Dê atenção aos alunos. As crianças gostam de atenção. Não raro ouvimos delas: “Olha
pra mim!”
- Ensine com variedade. Às vezes faça tudo muito rápido, cheio de surpresas, outras
vezes devagar e suavemente, com profundidade. Esteja pronto para escutar, observar e
contestar. Esteja sempre preparado para mudar, combinar ou acrescentar algo ao que foi
planejado para a aula.
- Chame cada aluno pelo nome. Nunca se refira a um aluno como “ele” ou “ela”. Utilize
apelido apenas quando você tem certeza de que é bem aceito pela criança.
Unidade III – Aula 9
As danças devem ser curtas e bem estruturadas, os grupos devem ser grandes o
bastante para apoiar os que apresentam maior dificuldade.
Unidade III – Aula 9
Algumas crianças não se sentem à vontade para se mover livremente diante de uma
platéia. É preciso conversar com elas sobre essa dificuldade. Você pode utilizar a mesma
estratégia de dividir a turma em dois grupos. Um se apresenta enquanto o outro assiste,
eliminando o stress do certo e errado.
As crianças aprenderão a não rir das outras, a se concentrar, a ver as coisas boas
que as outras estão apresentando e a comentar sobre isso.
Primeiro observe se seus corpos estão fazendo os movimentos que você pediu.
Depois observe se suas mentes estão fazendo com que eles façam movimentos com
variedade de nível, direção, velocidade e força. Por fim, observe suas expressões faciais,
para conferir se elas dançam com sentimento, com emoção.
Unidade III – Aula 9
As crianças não podem pensar que toda ação durante a aula foi meramente
brincadeira. Ao fim de cada performance, são bem vindos comentários como: “O Pedro não
estava bem concentrado”; “O ritmo e as formas foram os mesmos o tempo todo”; “A Beatriz
precisa mudar mais os níveis”.
Quando uma criança tem uma pergunta ou faz uma interferência com relevância
para o conteúdo aplicado, trabalhe mais esse conteúdo com todos os alunos, antes de
passar para a próxima aula.
Elogie !
Procure sempre elogiar algo que as crianças fazem no decorrer da aula. Você pode
também, ao referir-se a determinado aluno, destacar suas qualidades, dizendo “Rute, que
tem muito bom ouvido para música...”, ou “Roberto, nosso saltador...”, ou ainda “Camila,
você que está sempre sorrindo...”. Não faça apenas comentários sobre a dança, mas
destaque outras qualidades pessoais, para que as crianças se sintam especiais e percebam
que você as vê assim.
Unidade III – Aula 9
Pode parecer, em uma primeira leitura, que a dança livre, como propõe a Dança
Criativa, pode levar a classe para a desordem ou baderna. Não se deve temer a perda do
controle da classe, pois esse controle vem da estrutura da aula e está inserido na disciplina
da dança. As crianças aprendem a desenvolver esse autocontrole e a liberdade pode ser
usada com sucesso e segurança.
Trate dos problemas de disciplina imediatamente quando ocorrem. Jamais deixe para
depois. A disciplina deve ser exigida para que o bom comportamento garanta a convivência
durante a aula. As crianças devem compor um grupo que dança sob a sua liderança.
Unidade III – Aula 9
Qualquer que seja a estratégia escolhida para a aula, é bom que se tenha em
mente que liberdade ajuda a criatividade, desde que existam disciplina e planejamento.
Unidade III - Aula 11 - Avaliação
• Peça às crianças que digam verbos de ação (use a forma mais apropriada de fazê-los
entender do que se trata) que leram em seus livros favoritos, como; lutar, crescer, cair.
Faça o mesmo com advérbios de modo, como: orgulhosamente, alegremente,
loucamente, bravamente. Escreva essas palavras em cartões e faça as crianças
dançarem suas misturas, como: lutar orgulhosamente, crescer alegremente, etc.
• Colecione palavras com rima, como: cantar, jogar, brilhar, lutar, ou corre, morre, serre.
Organize um concurso ou um jogo para o uso do movimento dessas palavras.
• Faça-os juntar todas as palavras que relacionam as ações de um determinado objeto.
Por exemplo: água. Água molha, corre, endurece, destrói, alimenta. Depois junte
advérbios como: agradavelmente, lentamente, velozmente, totalmente. Faça então uma
dança de três combinações, como por exemplo: A água molha agradavelmente – de
repente endurece rapidamente - e destrói totalmente.
Unidade III - Aula 11 - Avaliação
Com essa atividade, as crianças sentem que o estudo dos movimentos é algo
significante e digno. Para isso, o professor deve desenvolver a atividade de modo que a
criança perceba a diferença entre uma simples recreação e um aprendizado envolvente
como o da dança. Nesta, eles estão envolvidos não só física e mentalmente, mas também
emocionalmente.
Outra seqüência coreográfica, que pode servir de base para uma apresentação, é
desenhar trajetórias para movimentos pré-determinados. As crianças entram fazendo skip,
mexendo os braços como quiserem, em um grande “S” na diagonal. Ao final, cada uma vai,
alternadamente, para a direita e para a esquerda do palco, deslizando como quiserem, até
Unidade III - Aula 11 - Avaliação
se encontrarem no fundo do palco, de onde vão para algum lugar determinado de mãos
dadas, andando na ponta dos pés e finalizando com uma pose em nível baixo.
A fim de trabalhar essa situação, pode-se fazer o jogo do “Super Eu”: todos fecham os
olhos. Uma delas é escolhida para ser o “Super Eu” e, na ponta dos pés, se dirige pra um
canto da sala e grita: “olhem para mim”. Todos abrem os olhos e olham para ela. Então ela
diz: “façam como eu”. E todos imitam sua pose como espelhos. Novamente ela fala:
“movam-se como eu”. E todos imitam seus movimentos com detalhes.E por fim diz:
“venham comigo”. Todos correm para ela. O jogo recomeça, e outro “Super Eu” é escolhido.
Uma outra maneira de fazer este jogo, seria dar-lhes ordens como em uma gincana:
- Dê um giro, corra, toque na parede, volte e sente.
- Toque o chão com a sua cabeça, pule, e sente
- Salte e gire, faça skip até a parede e sente lá
- Estique a sua orelha, saltite até a porta e se ajoelhe.
- As músicas
A escolha das músicas a serem utilizadas nas atividades é muito importante. Elas devem
ser infantis sem serem óbvias, bobas. As crianças, hoje, têm acesso a todos os meios de
comunicação e logo cedo desenvolvem suas preferências. Não devemos subestimar suas
inteligências e seus gostos. É conveniente que você tenha vários CDs ou fitas com músicas
bem variadas. Desde aquelas mais conhecidas do folclore brasileiros até as mais populares
e atuais.
- O tambor
O tambor é um companheiro inseparável. Primeiro porque as crianças adoram, depois
porque pode dar ao professor a oportunidade de ritmar qualquer idéia imediatamente.
Ao final da aula, você pode permitir que o aluno que conseguiu se arrumar primeiro,
toque um pouco. Não é recomendável deixá-los tocar livremente o tambor antes da aula
começar, para que ele seja visto como um agente de controle da aula.
Uma vez ou outra, quando houver tempo, deixe que todos, de forma organizada, toquem
no tambor. Faça com que todos se sentem em roda. Dê o tambor para uma das crianças e
peça para produzir um som. O grupo procura repetir o toque dado no tambor batendo
palmas. O tambor, então, é passado para a próxima criança, que tocará como quiser, alto
ou baixo, rápido ou lento, e os demais o seguem com palmas.
Quando esse tipo de ação já está bem entendido e definido para as crianças, peça para
que alguém decida de que outra maneira podem acompanhar as batidas do tambor. Uns
Unidade III - Aula 11 - Avaliação
batem com as mãos no chão, em outras partes do corpo, outros ainda batem os pés ou os
cotovelos. Algumas vezes mexem os ombros ou tronco. Quando o tambor muda de mãos, o
líder também é trocado. Uma outra maneira de conduzir é pedir que um toque e outro ou
dois outros dancem fora da roda. Essa maneira de trabalhar com o tambor pode ser
utilizada em qualquer aula.
Também podem ser usados outros instrumentos diferentes que você pode trazer para a
sala, ou ainda estimular as crianças a construírem seus próprios instrumentos. Variedade
em acompanhamento ajuda muito. Adicionar um ou dois sons a mais pode despertar maior
interesse pela atividade.
1
Lippizan Horses é uma raça de cavalos criada principalmente na Áustria. São animais não muito altos, que possuem
muita flexibilidade e uma enorme capacidade de executar comandos, o que os qualifica para os difíceis exercícios de
equitação. São como cavalos bailarinos.
2
SCHULMANN, Nathalie (Professora francesa). “Da prática do jogo ao domínio do gesto” In:PEREIRA, R. e SOTER, S.
Lições de Dança 1, Rio de Janeiro: Editora UniverCidade, 1999