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FRENTE MÓDULO

FÍSICA A 01
Cinemática escalar: MU e MUV
O estudo do movimento pode ser considerado o ponto Por exemplo, para localizar a posição de um avião no

lli
de partida para o que chamamos hoje de Ciências da espaço, podemos utilizar, na torre de comando do aeroporto,
Natureza. Os homens analisaram os movimentos do Sol, um sistema de coordenadas cartesianas, com eixos x, y e
da Lua, dos planetas e das estrelas ao longo dos anos na z perpendiculares entre si, que nos auxiliarão a localizar
busca de alguma regularidade que pudesse ser observada as posições ocupadas pelo avião em momentos diferentes
no movimento desses corpos.

ou
de seu movimento. Iremos considerar um ponto da base
Por razões didáticas, o estudo dos movimentos é dividido da torre de comando como a origem de nosso sistema
em duas partes, uma associada às causas do movimento, de coordenadas, usualmente representada pela letra O,
a Dinâmica, e outra associada simplesmente à descrição e iremos escolher uma unidade de comprimento para a escala
do movimento, a Cinemática. Esse estudo é dedicado dos eixos x, y e z. Utilizando tais convenções, podemos
à descrição dos movimentos mais simples e envolve o localizar a posição do avião no espaço, qualquer que seja
estudo de grandezas como posição, velocidade, trajetória, sua localização. Observe que, no exemplo apresentado,
entre outras. Iniciaremos, assim, o estudo da Cinemática, os valores das posições do avião relativos a cada um dos
abordando o movimento com velocidade constante. eixos x, y e z podem ser positivos, negativos ou zero.

POSIÇÃO E TRAJETÓRIA rn
Primeiramente, devemos definir dois conceitos importantes:
o conceito de ponto material e o conceito de corpo extenso.
Quando as dimensões dos corpos envolvidos na descrição
y
Be
de um movimento (os móveis) não forem relevantes para
a análise da situação, esses são chamados de pontos x
O

Tim Roberts Photography / Shutterstock


materiais em oposição ao termo corpos extensos.
Desse modo, o planeta Terra é um ponto material quando
descrevemos seu movimento ao redor do Sol, uma vez que
o diâmetro da Terra é mais de 20 000 vezes menor que o
diâmetro médio de sua órbita. No entanto, para estudar
o movimento de um trem em relação a uma ponte, como z
um não apresenta dimensões desprezíveis em relação ao
outro, devemos considerar tanto o trem como a ponte como
corpos extensos. Um operador de radar que estivesse na base da torre de
comando, se preparando para ir trabalhar, ocuparia a posição s,
eu

A seguir, serão apresentados dois conceitos que estão cujas coordenadas seriam x = 0, y = 0 e z = 0, isso é,
intimamente associados: posição e trajetória. Ao pensarmos s = (0, 0, 0). Já um colega de trabalho que está prestes a ser
em um desses conceitos, podemos imediatamente relacioná-lo
substituído ocuparia a posição s’ = (0, 0, 60 m), considerando
ao outro. Veja a figura a seguir, que mostra o rastro de
que a sala de comando esteja a 60 m de altura em relação à
aviões de exibição.
base da torre (origem do sistema de coordenadas).

O exemplo anterior mostra como é feita a localização


de um corpo em movimento no espaço. A descrição do
movimento, no entanto, fica mais simples quando o móvel
M

se desloca na superfície de um plano ou em uma trajetória


retilínea.
SXC

PARA REFLETIR
A fumaça liberada pelos aviões de exibição pode nos indicar a
trajetória deles no ar. Um caminhão se acha na posição s = 450 km
da BR-101, que liga o Rio Grande do Norte ao
Denominamos de trajetória o conjunto das posições Rio Grande do Sul. Isso indica que o caminhão
sucessivas ocupadas por um móvel. Para que possamos percorreu 450 km? Podemos dizer que ele está
localizar a posição de um móvel no espaço, podemos utilizar indo para o Rio Grande do Sul?
vários métodos.

Bernoulli Sistema de Ensino 3


Frente A Módulo 01

REFERENCIAL E A FORMA Analogamente, a trajetória de um corpo em movimento


também pode variar de acordo com o referencial de
DA TRAJETÓRIA observação. Por exemplo, na situação anterior, imagine
que a lâmpada se desprenda do teto e caia em direção
Responda rápido: você está em repouso ou em movimento ao piso do trem. Em relação ao referencial da estação,
no momento em que está lendo este trecho do texto? a lâmpada continuará se movendo para a direita com a
mesma velocidade do trem. Na direção vertical, a velocidade
Caso você tenha pensado bem, provavelmente, respondeu da lâmpada aumentará durante a queda. O resultado
"depende". A noção de movimento ou de repouso é sempre dessa composição de movimentos é que Leopoldo enxerga

lli
relativa a outro objeto. Estamos em repouso em relação a lâmpada caindo e se deslocando para a direita, em
à cadeira em que estamos sentados, mas estamos em uma trajetória curvilínea. Como Alberto, dentro do trem,
movimento em relação a alguém que se encontra na Lua, se movimenta para a direita com a mesma velocidade
em uma estação orbital ou em um carro que passa na rua. horizontal da lâmpada e do trem, ele vê a lâmpada caindo

ou
O corpo em relação ao qual identificamos se um objeto verticalmente. Situações como essa serão exploradas de
encontra-se ou não em movimento é denominado referencial forma mais detalhada quando abordarmos o estudo da
ou sistema de referência. Na maioria dos exemplos citados composição de movimentos.
em nosso curso, e em nosso cotidiano, utilizamos o solo
(Terra) como nosso sistema de referência. De tão utilizado
como sistema de referência, muitos o consideram como
um sistema absoluto, mas isso não é correto. Movimento e
Alberto

rn
repouso são sempre conceitos relativos. Se a posição de um
objeto variar em relação a um determinado referencial, à
medida que o tempo passa, então, esse objeto se encontra
em movimento em relação a esse referencial.

Assim como o movimento e o repouso são conceitos


Arquivo Bernoulli

Leopoldo
Interior
do trem

Trajetória vista por Alberto


Be
Estação Trajetória vista por Leopoldo
relativos, a trajetória observada de um objeto em de trem
movimento também o é. O movimento de um corpo, visto
por um determinado observador, depende do estado de
movimento e do referencial em que se encontra esse VELOCIDADE ESCALAR MÉDIA
observador. Por exemplo, considere um trem que está
Agora, vamos definir a velocidade escalar média de um
passando em uma estação conforme representado na
corpo em movimento. Esse conceito é muito importante
figura a seguir. Para Alberto, um passageiro do trem,
e iremos utilizá-lo em várias situações. Para entender a
a lâmpada L, fixa no teto do vagão, está em repouso. Entretanto,
ideia de velocidade média, imagine a seguinte situação: em
essa mesma lâmpada está em movimento para Leopoldo,
uma tarde, um homem sai de carro para o trabalho e decide
eu

o guarda que se acha na plataforma.


registrar o tempo que gasta para chegar a seu destino e,
também, a distância percorrida nesse trajeto. Para isso,
ele anota a quilometragem do carro quando sai de casa e
também quando chega ao trabalho, bem como os respectivos
instantes de tempo (a hora do dia). Para esse fim, utilizou o
hodômetro e o relógio do painel do carro, obtendo os valores
Alberto
indicados nas figuras seguintes:
Interior
M

do trem
Arquivo Bernoulli

Leopoldo
Arquivo Bernoulli

Estação
de trem

Para o passageiro, a lâmpada está em repouso, mas, para o


guarda, ela está em movimento.

4 Coleção Estudo 4V
Cinemática escalar: MU e MUV

De acordo com as leituras da quilometragem e do horário É dessa maneira que os sensores de velocidade
feitas no painel do carro nos dois momentos, o carro percorreu instalados em muitas ruas, avenidas e estradas de
uma distância de 30 km em um intervalo de tempo igual a nosso país registram a velocidade escalar dos veículos
0,5 hora. Isso significa que, nesse mesmo ritmo, em uma hora, em dispositivos usualmente denominados de “pardal”.
ele percorreria 60 km, isto é, sua velocidade escalar média é O intervalo de tempo registrado nesses dispositivos é da
de 60 km/h. Representando essa ideia de forma matemática, ordem de décimos de segundos.
podemos definir a velocidade escalar média da seguinte forma:
MOVIMENTO UNIFORME

lli
distância total percorrida Em certas, e raras, situações, a posição de um móvel pode
vm =
tempo total gasto variar sempre no mesmo ritmo, isto é, a taxa de variação da
posição, em relação ao tempo, é sempre a mesma. Nesse
Assim, se você substituir, nessa equação, a distância caso, denominamos o movimento de uniforme (MU), no
percorrida pelo carro e o tempo gasto para percorrê-la, qual a velocidade escalar instantânea é constante e não

ou
obterá exatamente o valor da velocidade escalar média nula. Obviamente, nesse caso, o valor da velocidade escalar

FÍSICA
que havíamos intuído: v m = 30/0,5 = 60 km/h. Esse instantânea iguala-se ao valor da velocidade média, ou seja:
valor não indica que o carro tenha percorrido o trajeto de
casa ao trabalho sempre com a velocidade de 60 km/h. ∆s
v = vm ⇒ v =
Em certos momentos, o motorista deve ter parado o carro ∆t
em alguns cruzamentos, em outros, o motorista deve ter
aumentado a velocidade de seu carro a um valor acima No movimento uniforme, o móvel percorrerá distâncias

rn
de 60 km/h para, por exemplo, ultrapassar outro veículo.
A interpretação do valor da velocidade média é a seguinte:
se o carro se movesse sempre a 60 km/h (situação teórica),
ele percorreria a distância em questão no mesmo intervalo
de tempo da situação real.
iguais em intervalos de tempo iguais.

O desenvolvimento da equação v = Ds/Dt resulta em:

v =
∆s
∆t
=
s − s0
t − t0
Be
De modo geral, definimos a velocidade escalar média Assumindo que t0 = 0 s (t0 = instante inicial), temos:
de um ponto material como a razão entre a variação de
s – s0
posição (∆s) e o intervalo de tempo (∆t) gasto nessa variação, v= , ou s = s0 + vt
como representado na figura a seguir: t–0

s2 s = s0 + vt (função horária da posição no MU)


s1 Δs +

s0 t2

GRÁFICO VELOCIDADE VERSUS


t1

0
TEMPO NO MOVIMENTO
eu

vm =
s2 − s1
⇒ vm =
∆s UNIFORME
t2 − t1 ∆t
Quando o movimento ocorre no sentido crescente
das posições (por exemplo, do km 30 para o km 90),
ele é denominado progressivo e, nesse caso, o valor
VELOCIDADE ESCALAR da velocidade é positivo (v = Ds/Dt e Δs é positivo).

INSTANTÂNEA No caso contrário (do km 90 para o km 30), o movimento


M

é denominado retrógrado, e o valor da velocidade


Quando desejamos saber a velocidade de um objeto em um apresenta um sinal negativo, pois ∆s é negativo. Desse
dado instante, com maior precisão, devemos determinar sua modo, se alguém lhe disser que a velocidade de um
velocidade escalar média, utilizando um intervalo de tempo carro é de –70 km/h, isso significa que o carro se move
pequeno, o menor possível. A velocidade instantânea (v) a 70 km/h no sentido decrescente das posições.
é matematicamente definida por:
O gráfico da função horária da velocidade, no movimento
uniforme, é uma reta horizontal, uma vez que o valor da
∆s
v = , quando Dt → 0, (Dt tende a zero) velocidade é constante, podendo estar acima ou abaixo do
∆t
eixo do tempo.

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Frente A Módulo 01

As figuras a seguir mostram o gráfico da velocidade em 3. Faz-se o quociente entre Dy e Dx.


função do tempo para dois movimentos. No primeiro caso,
o movimento é progressivo e v é positivo; no segundo, ∆y
Inclinação a =
o movimento é retrógrado, pois o valor da velocidade ∆x

é negativo.
Dessa forma, após apresentado o conceito de inclinação
v constante v constante
v v de uma reta, podemos realizar a seguinte analogia entre
(v > 0) (v < 0)
a equação geral de uma reta (y = b + ax) e a equação
da posição em função do tempo para um objeto em MU

lli
t t (s = s0 + vt):
0 0

Geral Para o MU
Veja, na figura seguinte, o diagrama da velocidade v versus

ou
Equações y = b + ax s = s0 + vt
o tempo t de um automóvel que se move com velocidade
Eixo das ordenadas y s
constante de +60 km/h.
Eixo das abscissas x t
Velocidade (km/h) Ponto em que a reta “corta”
b s0
o eixo das ordenadas
Área = distância Declividade ou inclinação a v
60

d = v.t

0 1 2 3 4
rn d = 60 km/h.2h
d = 120 km

Tempo (h)
Graficamente, a analogia está representada na figura
seguinte:
y a = Δy/Δx

Δy
s v = Δs/Δt

Δs
Be
Δx Δt
Observe que o valor da área escura é numericamente igual b s0
à variação da posição (distância percorrida) do automóvel 0 x 0 t
em um intervalo de tempo de 2 h, ou seja, 120 km.
Assim, como o valor da declividade a na equação y = ax +b
Em qualquer gráfico velocidade versus tempo, a área
sob a curva do gráfico, para um determinado intervalo de é constante, o valor da velocidade v também o é, podendo

tempo, representa a distância percorrida pelo móvel naquele ser determinado pela declividade da reta no gráfico posição
intervalo de tempo. versus tempo, v = ∆s/∆t.

Conceito de aceleração
GRÁFICO POSIÇÃO VERSUS
eu

TEMPO NO MOVIMENTO Um avião a jato, movendo-se retilineamente, com uma


velocidade constante de 700 km/h em relação ao solo, não
UNIFORME possui nenhuma aceleração. Um corpo possui aceleração
apenas quando a sua velocidade varia no tempo. Dessa
A função horária da posição no MU é uma função do 1º grau
forma, apesar da enorme rapidez com a qual o avião se
(y = ax + b). Isso implica que a relação posição versus
desloca, este não está acelerado, ou seja, não possui
tempo será representada por uma reta. Uma importante
aceleração, pois sua velocidade não varia em relação ao
M

característica dessa reta é a sua inclinação ou declividade,


tempo, nem numericamente nem em direção (a trajetória
representada pela letra a.
é retilínea). Ao contrário, quando uma composição do
Para se encontrar a inclinação a de uma reta, utiliza-se o metrô inicia um movimento retilíneo, partindo do repouso
seguinte procedimento: e atingindo uma velocidade padrão, como 60 km/h,
o veículo experimenta uma aceleração de arrancada.
1. Marca-se dois pontos na reta;
Depois que a composição passa a se mover com velocidade
2. Determina-se a diferença entre os valores constante, a sua aceleração torna-se nula. Naturalmente,
das ordenadas e das abscissas desses pontos uma aceleração voltará a existir quando a composição
(y2 – y1 = Dy e x2 – x1 = Dx); iniciar o procedimento de parada na próxima estação.

6 Coleção Estudo 4V
Cinemática escalar: MU e MUV

Nesse caso, a aceleração é denominada de desaceleração,


∆v
uma vez que ela é decorrente de uma redução no módulo a= , ∆t → 0 (∆t tende a zero)
∆t
da velocidade ao longo do tempo.

Os exemplos de aceleração citados anteriormente são A relação matemática anterior mostra que, se o valor da
relativos a variações no valor numérico da velocidade. velocidade aumenta, isto é, v2 > v1, então a variação da
Nesse caso, a aceleração é denominada de aceleração velocidade é positiva, e a aceleração também é positiva; caso
tangencial. contrário, se o valor da velocidade diminui, isto é, v2 < v1,
então a variação da velocidade é negativa, e a aceleração

lli
Definição matemática da aceleração também é negativa. No movimento uniforme, no qual o valor
da velocidade não se altera, a aceleração escalar é nula
Neste estudo, trataremos apenas da variação do valor (v2 = v1 ⇒ ∆v = 0 ⇒ a = 0). A ideia de que a aceleração é
(módulo) da velocidade em relação ao tempo. O conceito de positiva no movimento acelerado e negativa no movimento

ou
aceleração tratado aqui está associado à variação no módulo retardado é correta apenas quando a velocidade é positiva.
da velocidade, que pode aumentar ou diminuir. Quando o móvel apresenta uma velocidade negativa, essa

FÍSICA
Imagine um avião comercial partindo do repouso regra é invertida, ou seja, a < 0 no movimento acelerado

e atingindo a velocidade necessária para decolagem, e a > 0 no movimento retardado. Em outras palavras,
de  200  km/h em 40 segundos. Isso significa que, em no movimento acelerado, a aceleração e a velocidade
média, a cada 1 segundo de movimento, a velocidade do apresentam sinais idênticos, já no movimento retardado,
avião aumenta de 5 km/h; ao fim de 10 s, sua velocidade os sinais são opostos. A seguir, apresentamos um quadro

rn
será de 50 km/h e, ao atingir o fim da pista de decolagem,
40 s após o início do movimento, o avião terá a velocidade
necessária para decolar, de 200 km/h. O valor da mudança
de velocidade em relação ao tempo – aceleração escalar
média – é de 5 km/h a cada segundo, ou seja, em média,
resumindo essas convenções de sinais.

Comportamento
do módulo da
velocidade
Sinal da
velocidade

+
Sinal da
aceleração

+
Be
a cada segundo que passa, o avião aumenta sua velocidade Crescente
– –
em 5 km/h. Matematicamente, podemos representar essa
ideia por: + –
Decrescente
– +
v2 − v1 ∆v
am = =
t2 − t1 ∆t

MOVIMENTO UNIFORMEMENTE
v1 v2
VARIADO (MUV)
Arquivo Bernoulli

Uma classe especial de movimentos é aquela cujo valor da


eu

velocidade varia sempre no mesmo ritmo, isto é, apresenta


t1 t2
variações iguais em intervalos de tempo iguais. Veja a
tabela seguinte, que apresenta as variações das velocidades
No exemplo apresentado, o valor da aceleração seria de
km/h instantâneas de dois carros.
5 km/h por segundo ou 5 . O Sistema Internacional
s
de Unidades (SI) não utiliza a unidade anterior para medir Variação da velocidade de dois veículos

a aceleração, e sim o m/s = m/s2 (lê-se metro por segundo


M

Velocidade Velocidade
s Instante
ao quadrado). do carro I do carro II

Dizer que o valor da aceleração de um avião ao arrancar 0s 15 m/s 15 m/s


é de 5 m/s2 significa que, a cada segundo que passa,
1s 17 m/s 17 m/s
a velocidade do avião aumenta em 5 m/s.
2s 18 m/s 19 m/s
À medida que o valor do intervalo de tempo ∆t for
se aproximando de zero, o valor da aceleração escalar média 3s 22 m/s 21 m/s
aproxima-se do valor da aceleração escalar instantânea,
4s 25 m/s 23 m/s
que é definida por:

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O primeiro automóvel aumentou sua velocidade e, v = v0 + at


portanto, dizemos que o seu movimento é acelerado.
O segundo automóvel também aumentou o valor de sua
y = b + ax
velocidade e, logo, o movimento deste também é acelerado.
Porém, o aumento da velocidade do carro II ocorreu sempre (Aceleração positiva) (Aceleração negativa)
v v
no mesmo ritmo, ou seja, o valor da velocidade aumentou
de forma regular. Por esse motivo, seu movimento é
v0
denominado movimento uniformemente variado (MUV).
A cada segundo que passa, o valor da velocidade do carro II Δv

lli
aumenta em 2 m/s. Logo, o segundo automóvel apresenta Δv
Δt
uma aceleração constante de 2 m/s . A constância da
2
v0 Δt
aceleração caracteriza o MUV. t
t
0 0
Como em um MUV o valor da aceleração é constante,

ou
podemos escrever que:
∆v v2 − v1 OBSERVAÇÕES
a= =
∆t t2 − t1 1. O valor da inclinação do gráfico v x t nos mostra o
ritmo de mudança no valor da velocidade, isto é,
Desenvolvendo a igualdade, teremos:
o valor da aceleração. Desse modo, a inclinação
v2 − v1 é numericamente igual ao valor da aceleração
a= ⇒ v2 − v1 = a(t2 − t1 ) ⇒ v2 = v1 + a(t2 − t1 )
t2 − t1

rn
Assumindo que t1 = 0, então v2 = v1 + at, ou simplesmente:

v = v0 + at (função horária da velocidade)


2.
apresentada pelo móvel.

Vimos que o valor numérico da área sob o gráfico


v x t representa a variação da posição (distância
percorrida) do móvel em um determinado intervalo
de tempo. O mesmo ocorre agora.
Be
Nessa equação: v

v = velocidade final no instante t v1 v1


Área = variação
v0 = velocidade inicial da posição v
v0 0

a = aceleração

t = instante final t t0 t1
0 t0 t1
Esse resultado pode ser corroborado facilmente pelos
dados apresentados na tabela anterior, para o carro 2. A distância percorrida pelo móvel, cujo movimento
Nela, temos:
eu

é descrito pelo gráfico anterior, pode ser calculada


v0 = 15 m/s (velocidade no instante inicial) por meio da área do trapézio destacado nessa figura.
Os  vértices desse trapézio apresentam significados
a = 2 m/s2 físicos iguais a v0, v1, t0 e t1. Ao calcular essa área
Dessa maneira, a equação horária da velocidade do carro 2 (substitua v1 por v0 + a∆t), obtemos a seguinte equação:
seria:
a∆t2
v = v0 + at ⇒ v = 15 + 2t (v em m/s e t em s) A = ∆s = v0 ∆t + (função horária da posição)
2
M

Uma vez obtida a equação horária da velocidade,


3. Um aluno de Galileu, Evangelista Torricelli, desenvolveu
podemos calcular o valor da velocidade em qualquer
uma equação independente do tempo ao trabalhar
instante desejado. Substitua, mentalmente, o valor
com as duas equações anteriormente apresentadas.
t = 3 s na equação horária do carro 2 e será encontrado
Essa relação é denominada equação de Torricelli.
um valor igual a 21 m/s, como mostra a tabela.


Observe que a função anterior é de 1º grau e, assim, v = v0 + at v2 = v02 + 2a∆s


podemos facilmente estabelecer uma analogia com os ⇒
∆s = v0t + ½at 2 (equação de Torricelli)
termos da equação geral da reta, como mostrado a seguir:

8 Coleção Estudo 4V
Cinemática escalar: MU e MUV

4. Imagine um carro que se move com velocidade Observe que marcamos três intervalos de tempo iguais
constante. Em um determinado momento, o motorista em diferentes trechos do gráfico. Note que, para um
pisa no freio, reduzindo a velocidade sempre no mesmo mesmo intervalo de tempo, o valor da variação da posição
ritmo, e, assim que o carro para, o motorista engata apresentada em cada trecho é diferente:
rapidamente a marcha à ré e o carro passa a se
Δs1 > Δs2 > Δs3 = 0
mover para trás, aumentando o módulo da velocidade
sempre no mesmo ritmo. Podemos sintetizar essas Isso nos mostra que a velocidade média nos trechos
informações por meio de um gráfico, em que as 1, 2 e 3 é diferente, vm > vm > vm = 0. Logo, podemos
1 2 3
mesmas informações estarão presentes.

lli
inferir que o valor da velocidade do objeto representado por
Veja a imagem a seguir: tal gráfico está diminuindo.
O carro se
move com O módulo da Outro modo de obter essa conclusão é por meio das
velocidade velocidade
constante diminui, e o retas secantes nos pontos da curva analisados. A figura
v

ou
no sentido carro continua
crescente a se mover a seguir representa essas retas secantes nos intervalos
das posições. no sentido
de tempo considerados. É fácil perceber que, quanto

FÍSICA
crescente das
posições. v = 0 (nesse momento,
o motorista inverte o menor a inclinação da reta secante, menor o valor da
sentido do movimento)
velocidade média em tal trecho.
vm
t s 3
vm
0 O módulo da velocidade 2
aumenta, e o carro passa

GRÁFICO POSIÇÃO
VERSUS TEMPO
rn a se mover no sentido
decrescente das posições.

vm
1
Be
t
0
A função horária da posição para o MUV é uma função de Δt Δt Δt
2º grau, uma vez que:
Ao reduzirmos muito o valor de ∆t, este tende para zero,
Δs = v0t + 1 at2 ou s – s0 = v0t + 1 at2 ⇒ isto é, estamos transformando um intervalo de tempo em
2 2
um instante. Dessa maneira, a reta secante mostrada na

s = s0 + v0t + 1 at2 (Equação de 2º grau) figura anterior se transforma em uma reta tangente, e o
2 que antes representava a velocidade média do móvel no
trecho agora representa a velocidade instantânea em certa
Dessa forma, a posição de um móvel, em MUV, é descrita
posição. A figura seguinte mostra a transformação descrita.
eu

por uma curva denominada parábola em um gráfico de


s v3
posição versus tempo. A seguir, apresentamos um gráfico da v2
posição em função do tempo para um móvel em movimento
uniformemente retardado, que passou pela posição s = 0
no instante t = 0. Também representamos alguns instantes
após o móvel ter atingido o repouso. Naturalmente, nesse v1

intervalo, a posição é constante, e o gráfico é uma reta


M

paralela ao eixo do tempo.

s
Δs3 = 0
0 t1 t2 t3 t
Δs2

Por esse motivo, no gráfico posição versus tempo, o valor


Δs1 da velocidade pode ser determinado graficamente por
meio da inclinação da reta tangente em um determinado
t instante. Perceba que, por esse método, podemos inferir
0
Δt Δt Δt que v1 > v2 > v3.

Bernoulli Sistema de Ensino 9


Frente A Módulo 01

MOVIMENTOS VERTICAIS NA 3. é muito comum adotarmos um eixo, com o sentido


voltado para cima, para definirmos as grandezas
SUPERFÍCIE DA TERRA cinemáticas de um corpo quando estudamos os
movimentos verticais. Isso implica que a velocidade
Os movimentos na superfície da Terra foram estudados
de um corpo que cai apresenta sinal negativo (–v),
desde a Antiguidade e muitas foram as explicações
assim como o valor da aceleração devido à gravidade
apresentadas para a queda dos corpos. Sabemos hoje que a
(g = –9,8 m/s2), conforme ilustra a figura seguinte.
força gravitacional é uma força fundamental da natureza e
Mas isso é uma convenção, e você pode alterá-la no
que objetos que apresentam massa têm a propriedade de se
momento que desejar.

lli
atraírem mutuamente. Dessa forma, a Terra exerce uma força
de atração sobre os objetos que estão sobre sua superfície.
Queda Subida
Preocuparemo-nos agora apenas com os movimentos Corpo acelerado + Corpo desacelerado
verticais na superfície da Terra e, mesmo assim, com uma
classe muito especial: aquela na qual os efeitos da resistência

ou
g<0 g<0
do ar podem ser negligenciados, ou seja, estudaremos
o movimento dos corpos que estão em queda livre.
A imagem seguinte mostra uma pena e uma maçã liberadas v<0 v>0
em uma região com pouquíssima quantidade de ar (vácuo S

parcial). Quando os efeitos da resistência do ar são muito
pequenos, objetos abandonados no mesmo instante, de
uma mesma altura, caem simultaneamente. Isso ocorre, por

rn
exemplo, quando soltamos esferas de metal de diâmetros
diferentes de pequenas alturas (por exemplo, 2 m). Apesar
de haver resistência do ar, seus efeitos são muito pequenos
para curtas distâncias. O mesmo não ocorre, por exemplo,
para um paraquedista, para o qual os efeitos da resistência
do ar são, no mínimo, vitais.
EQUAÇÕES DO
MOVIMENTO VERTICAL
O movimento vertical livre é um movimento uniformemente
variado (acelerado ou retardado) e, portanto, as equações
Be
que o representam são as equações estudadas para o MUV.
Alguns textos de Física fazem uma pequena adaptação,
substituindo a por g e ∆s por h (altura).

v = v0 + at ⇒ v = v0 + gt

at2 gt2
s = v0 t + ⇒ h=v t+
2 0
2
v2 = v20 + 2a∆s ⇒ v2 = v20 + 2gh
eu

EXERCÍCIO RESOLVIDO
Raul Soares

01. Da janela de seu apartamento, Elaine joga uma bola


verticalmente para cima (v0 = 5 m/s), como mostrado na
As sucessivas imagens da maçã e da pena, na figura
figura. Desprezar a resistência do ar e fazer o que se pede.
anterior, foram realizadas em intervalos de tempo iguais.
Ao analisar a imagem (realizando medidas, que não serão
explicitadas), é possível inferir que
M

1. os movimentos de queda da maçã e da pena


são uniformemente acelerados, com aceleração
devido à gravidade (g) na superfície da Terra, que
vale, aproximadamente, 9,8 m/s2, muitas vezes
arredondada para 10 m/s2.

2. se, ao cair, o movimento é uniformemente acelerado,


ao subir (sem resistência do ar), o movimento
é uniformemente retardado, sendo o módulo da
aceleração também igual a 9,8 m/s2.

10 Coleção Estudo 4V
Cinemática escalar: MU e MUV

A) Esboçar o gráfico de velocidade versus tempo para Logo, sua equação de posição em função do tempo
o movimento da bola, do instante em que a bola sai será representada por:
da mão de Elaine até o instante em que ela retorna
à sua mão. s = 5t – 5t2 (equação horária da posição)

B) Esboçar o gráfico de posição versus tempo para o (Lembre-se de que v0 = 5 m/s e a = g ≅ –10 m/s2).
movimento da bola, do instante em que ela sai da Como estamos trabalhando com uma equação do
mão de Elaine até o instante em que ela retorna à segundo grau, a representação das posições no
sua mão. gráfico posição versus tempo será uma parábola.
C) Esboçar o gráfico de aceleração versus tempo para Como o sentido positivo é para cima, e a bola foi
o movimento da bola, do instante em que ela sai da lançada para cima, temos que as posições ocupadas

lli
mão de Elaine até o instante em que ela retorna à pela bola estão na parte positiva do eixo das posições.
sua mão. Logo, o gráfico de posição em função do tempo, para
D) Calcular a distância percorrida pela bola enquanto ela o movimento da bola, possui a forma mostrada na
esteve no ar. figura a seguir:
s

ou
E) Informar qual o intervalo de tempo em que a bola Neste instante,
fica no ar? a bola atinge o

FÍSICA
ponto mais alto
Resolução: da trajetória.

A) Como a bola é jogada para cima e sendo sua


velocidade inicial positiva, conclui-se que o sentido
positivo do eixo vertical aponta para cima. Logo, as
0 t
grandezas direcionadas na vertical com sentido

rn
para baixo serão consideradas negativas. Sendo
o movimento de subida e de descida da bola um
movimento uniformemente variado, temos que o
gráfico de velocidade versus tempo desse movimento
é representado por uma reta inclinada. O valor
da velocidade inicial da bola é de 5,0 m/s2 e, no
ponto mais alto de sua trajetória, a velocidade é
C) O valor da aceleração permanece constante durante
todo o movimento da bola, pois a aceleração que atua
sobre a bola é a aceleração da gravidade, cujo valor,
próximo à superfície da Terra, pode ser considerado
constante. Tanto durante a subida quanto durante
a descida, a aceleração devido à gravidade sempre
Be
nula momentaneamente. Após esse instante, a bola aponta para baixo. Logo, o gráfico de aceleração versus
começa a cair, e sua velocidade aumenta, em módulo, tempo para esse movimento é uma reta paralela ao
mas possui sinal negativo, pois a bola se move no eixo do tempo como representado a seguir:
sentido oposto ao convencionado como positivo, até a
retornar à mão de Elaine com velocidade de mesmo
módulo com que foi lançada. t
Assim, o gráfico de velocidade versus tempo para 0
esse movimento é mostrado na figura a seguir:
O objeto está
v subindo.
–10 m/s2
O objeto está
+5 m/s descendo.
eu

O objeto está subindo.


v = 0 (Neste momento, a bola
atinge o ponto mais alto da trajetória.) D) Utilizando a relação v2 = v02 + 2aDs, durante o
t movimento de subida (v0 = 5 m/s e vfinal = 0 m/s),
0 e tomando o cuidado com os sinais a serem utilizados
O objeto está descendo. para v0 e g, temos:

v2 = v02 + 2aDs ⇒ (0)2 = (5)2 + 2(–10)Ds


–5 m/s
M

0 = 25 – 20∆s ⇒ ∆s = 1,25 m (subiu 1,25 m)

Se a bola subiu 1,25 m, ela deverá descer 1,25 m.


B) Para estudarmos a variação da posição da bola em
Logo, a distância percorrida pela bola, durante todo
função do tempo, precisamos utilizar a equação:
o movimento, foi de 2,5 m.

at2 E) Considerando, novamente, somente o intervalo de


∆s = v0 t +
2 tempo de subida, teremos:

Iremos considerar que a bola está na origem do v = v0 + at ⇒ 0 = 5 – 10t ⇒ t = 0,5 s


nosso sistema de coordenadas no instante inicial do
Assim, o intervalo de tempo total em que a bola fica
movimento. Portanto, a posição inicial é s0 = 0.
no ar é de 1 s (0,5 s na subida e 0,5 s na descida).

Bernoulli Sistema de Ensino 11


Frente A Módulo 01

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 04. (UFMG) Um carro está andando ao longo de uma estrada
reta e plana. Sua posição em função do tempo está
01. (Mackenzie-SP) Um automóvel deslocou-se durante 1 h representada neste gráfico.
com velocidade constante de 60 km/h e, a seguir, por

Posição
mais meia hora, com velocidade constante de 42 km/h. Q
A velocidade escalar média do automóvel nesse intervalo
de 1 h 30 min foi de R
A) 40 m/s. P
B) 30 m/s.

lli
C) 25 m/s.
Tempo
D) 20 m/s.
E) 15 m/s.
Sejam vP, vQ e vR os módulos das velocidades do carro,
respectivamente, nos pontos P, Q e R, indicados nesse
02. (UFV-MG–2013) O gráfico a seguir ilustra como varia a

ou
posição em função do tempo de uma partícula em um gráfico.
movimento retilíneo. Com base nessas informações, é CORRETO afirmar que
x(m) A) vQ < vP < vR.
25,0
B) vP < vR < vQ.
C) vQ < vR < vP.
15,0
D) vP < vQ < vR.

3,00 5,00
rn 7,00 10,0 11,0

Sobre o movimento da partícula, é CORRETO afirmar:


t(s)

A) A velocidade instantânea da partícula no instante


EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01.
QNT2
(IFPE–2015) Extraoficialmente, o lateral-esquerdo
Be
brasileiro Ronny, do Sporting de Lisboa, já deu um chute
t = 4,00 s é igual a +5,00 m/s.
com velocidade de 222 km/h. Mas o chute, ocorrido em
B) A velocidade média da partícula entre os instantes novembro de 2006 durante um jogo contra o Naval pelo
t = 10,0 s e t = 11,0 s é igual a –25,0 m/s.
campeonato português, não foi medido oficialmente.
C) Entre os instantes t = 8,00 s e t = 10,0 s a velocidade
Chegou-se a essa marca calculando a velocidade média
média da partícula é igual a +12,0 m/s.
que a bola atingiu para percorrer 16,5 metros em
D) O módulo do deslocamento da partícula entre os
menos de 27 centésimos de segundo. Portanto, como a
instantes t = 0 s e t =11,0 s é igual a 25,0 m.
velocidade foi calculada pela análise do vídeo e não por
equipamentos instalados no campo, o recorde não pôde
03. (UCS-RS–2015) Uma moça apressada atravessa a rua
e vai para a outra calçada. Ao chegar lá e andar com entrar no Guinness Book, que segue registrando um chute
eu

velocidade constante, ela percebe que por coincidência de "apenas" 126 km/h como o recordista.
acabou ficando lado a lado com uma pessoa desconhecida
Qual o chute mais rápido já dado numa partida de futebol?
que está na mesma velocidade, direção e sentido que
Disponível em: <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/
ela. Desconfortável com a situação, decide aumentar
qual-o-chute-mais-rapido-ja-dado-numapartida-de-futebol>.
sua velocidade para que fique à frente da outra pessoa.
Acesso em: 01 maio 2015.
Assumindo que no início ambas as pessoas estão com
a mesma velocidade constante em relação a qualquer Considerando-se que o recorde do chute mais rápido
objeto fixo da calçada, como um poste da rede elétrica, numa partida de futebol foi atingido com 126 km/h, qual
M

mas com velocidade nula de uma em relação à outra, a distância, expressa em metros, percorrida pela bola,
qual a aceleração que a moça deve adquirir para que, sabendo-se que o tempo decorrido foi de 0,4 segundos e
mantendo o mesmo sentido de deslocamento, fique
considerando-se que a bola se deslocou com velocidade
2 metros à frente da pessoa desconhecida depois de
constante sem resistência do ar e atrito?
4 segundos?
A) 14 m.
A) 0,25 m/s2.
B) 0,42 m/s2. B) 15 m.

C) 1,00 m/s .2 C) 12 m.

D) 2,40 m/s2. D) 16 m.
E) 4,40 m/s .2
E) 17 m.

12 Coleção Estudo 4V
Cinemática escalar: MU e MUV

02. (UFPE) O gráfico a seguir representa a posição de uma 04. (UERN–2015) O gráfico representa a variação da
partícula em função do tempo. Qual a velocidade média velocidade de um automóvel ao frear.
da partícula, em m/s, entre os instantes t = 2,0 min e v(m/s)
t = 6,0 min?
x (m) VO
8,0 . 102

6,0 . 102

lli
4,0 . 102
4 t(s)
0
2,0 . 102

Se nos 4 s da frenagem o automóvel deslocou 40 m, então


a velocidade em que se encontrava no instante em que

ou
0 1,5 3,0 4,5 6,0 t (min)
começou a desacelerar era de

FÍSICA
A) 1,5. D) 4,5.
A) 72 km/h. C) 90 km/h.
B) 2,5. E) 5,5. B) 80 km/h. D) 108 km/h.
C) 3,5.
05. (UFRGS) Um automóvel que trafega em uma autoestrada
03. (UNISA-SP–2014) Uma bolinha de gude é abandonada reta e horizontal, com velocidade constante, está
de certa altura do solo, em um local onde a aceleração sendo observado de um helicóptero. Relativamente ao

rn
da gravidade é constante e a resistência do ar é
desprezível. Nessas condições, os gráficos da distância
percorrida s, velocidade v e aceleração a da bolinha
d u ra n t e a q u ed a, e m f u n ç ão d o t em p o, es t ão
corretamente representados por
solo, o helicóptero voa com velocidade constante de
100 km/h, na mesma direção e no mesmo sentido do
movimento do automóvel. Para o observador situado
no helicóptero, o automóvel avança a 20 km/h. Qual é,
então, a velocidade do automóvel relativamente ao solo?
A) 120 km/h. D) 60 km/h.
Be
A) s v a B) 100 km/h. E) 20 km/h.
C) 80 km/h.

t t t 06. (UFJF-MG) O gráfico a seguir representa a variação da


PØDQ
posição x versus o tempo t de dois automóveis A e B,
registrados por sensores que transferiram os dados para
B) s v a um computador.
x

t t t Automóvel
eu

B Automóvel
A
C) s v a

t t t
t1 t2 t

Interpretando o gráfico, pode-se afirmar com segurança que


M

D) s v a
A) no instante t1 os dois automóveis têm a mesma
velocidade.
B) no instante t2 o automóvel B tem velocidade maior
t t t
que o automóvel A.
C) o automóvel A tem velocidade maior que o automóvel
E) s v a B em todo o intervalo entre os instantes t1 e t2.
D) no instante t2 o automóvel A ultrapassa o automóvel B.
E) no instante t1 o automóvel A está um pouco à frente
t t t do automóvel B.

Bernoulli Sistema de Ensino 13


Frente A Módulo 01

07. (UFJF-MG) Um carro, realizando um movimento retilíneo 10. (UNESP–2016) Em uma viagem de carro com sua família,
ØMRU
uniformemente variado, tem o reservatório de óleo um garoto colocou em prática o que havia aprendido nas
furado. Considerando que o intervalo de tempo em que as aulas de Física. Quando seu pai ultrapassou um caminhão
gotas caem do reservatório é sempre constante, qual das em um trecho reto da estrada, ele calculou a velocidade
alternativas a seguir MELHOR representaria um trecho do caminhão ultrapassado utilizando um cronômetro.
da configuração deixada pelas gotas (representadas pelo
símbolo ‘ ’), quando estas caem sobre o piso? Despreze
a resistência do ar sobre as gotas.

lli
A)
B)
C)
D)
E)

ou
08. (FAMERP-SP–2015) Um candidato sai de sua residência
XK21
para prestar vestibular pretendendo percorrer a distância
total até o local da prova em uma hora, conduzindo seu
automóvel com velocidade média de 60 km/h. Após
percorrer os primeiros 10 km do percurso em 10 minutos,
percebe que esqueceu o documento de identificação e

o documento. rn
retorna para apanhá-lo. Sua mãe o espera no portão com

Desprezando-se o tempo para receber o documento e


manobrar o carro, para que esse candidato consiga chegar
ao local da prova no horário previsto anteriormente,
Disponível em: <http://jiper.es> (Adaptação).

O garoto acionou o cronômetro quando seu pai alinhou a


frente do carro com a traseira do caminhão e o desligou
no instante em que a ultrapassagem terminou, com a
Be
ele deverá desenvolver no percurso de retorno à sua
traseira do carro alinhada com a frente do caminhão,
casa e ida até o local da prova uma velocidade média,
obtendo 8,5 s para o tempo de ultrapassagem.
em km/h, igual a
A) 78. Em seguida, considerando a informação contida na figura

B) 84. e sabendo que o comprimento do carro era 4 m e que a

C) 90. velocidade do carro permaneceu constante e igual a 30

D) 98. m/s, ele calculou a velocidade média do caminhão, durante


a ultrapassagem, obtendo CORRETAMENTE o valor
E) 72.
A) 24 m/s.
eu

09. (IFGO–2015) Um motorista trafega em seu veículo em


B) 21 m/s.
uma via de mão única a uma velocidade constante de
C) 22 m/s.
90 km/h. Ao passar por um posto da polícia, o agente
de trânsito percebe que o motorista desrespeitou a D) 26 m/s.
velocidade máxima permitida na via. Após 4,8 s do E) 28 m/s.
instante de passagem, o agente de trânsito parte em seu
veículo atrás do infrator. Durante a perseguição, o agente 11. (Unimontes-MG–2015) Duas motos (A e B) andam
AJI9
M

de trânsito imprime em seu veículo uma aceleração com velocidades de módulos v A = 3v e v B = 2v,
constante de 10 m/s2 até alcançar o infrator. Assinale respectivamente, onde v é uma constante. Se a moto B
a resposta que representa a distância percorrida pelo
está a uma distância D à frente da moto A, em quanto
agente de trânsito até alcançar o infrator.
tempo elas se encontrarão?
A) 320 m.
A) 2D/3v.
B) 280 m.
B) 3D/2v.
C) 240 m.
D) 432 m. C) D/v.

E) 120 m. D) D/2v.

14 Coleção Estudo 4V
Cinemática escalar: MU e MUV

12. (PUC-Campinas–2015) Em agosto de 2015, realizou-se na China o campeonato mundial de atletismo, no qual um dos eventos
mais aguardados era a prova de 100 m masculino, que acabou sendo vencida pelo jamaicano Usain Bolt, com o tempo
de 9,79 s. O tempo do segundo colocado, o americano Justin Gatlin, foi de 9,80 s.

A diferença entre os dois atletas na chegada foi de, aproximadamente,

A) 0,1 mm. D) 10 cm.

B) 1 mm. E) 1 m.

C) 1 cm.

lli
13. (UEG-GO) De uma grande altura e partindo do repouso, uma gotícula de água cai verticalmente. Durante toda a queda,
considere a presença de uma força de arrasto (força de resistência do ar) proporcional ao módulo do vetor velocidade da
partícula em queda. Qual dos gráficos a seguir poderia melhor representar, sobre um mesmo eixo e em função do tempo,
a velocidade e a aceleração da gotícula de água em queda?

ou
FÍSICA
A) a C)
v
v a
t t

14.
B) v
a
t
rn D) a v

(UNESP–2013) Em um dia de calmaria, um garoto sobre uma ponte deixa cair, verticalmente e a partir do repouso, uma bola
Be
2LGV
no instante t0 = 0. A bola atinge, no instante t4, um ponto localizado no nível das águas do rio e à distância h do ponto de
lançamento. A figura apresenta, fora de escala, cinco posições da bola, relativas aos instantes t0, t1, t2, t3 e t4.

Sabe-se que entre os instantes t2 e t3 a bola percorre 6,25 m e que g = 10 m/s2.

t0

t1

t2
eu

6,25 m
h=?

t3

t4
M

Desprezando a resistência do ar e sabendo que o intervalo de tempo entre duas posições consecutivas apresentadas na figura
é sempre o mesmo, pode-se afirmar que a distância h, em metros, é igual a
A) 25.
B) 28.
C) 22.
D) 30.
E) 20.

Bernoulli Sistema de Ensino 15


Frente A Módulo 01

15. (AFA-SP–2013) Duas partículas, a e b, que se movimentam A distância percorrida pela régua aumenta mais
PONA
ao longo de um mesmo trecho retilíneo têm as suas rapidamente que o tempo de reação porque a
posições (S) dadas em função do tempo (t), conforme o
A) energia mecânica da régua aumenta, o que a faz cair
gráfico a seguir.
mais rápido.
S(m) a
B) resistência do ar aumenta, o que faz a régua cair com
menor velocidade.

C) aceleração de queda da régua varia, o que provoca

lli
um movimento acelerado.
0 3 4 t(s) D) força peso da régua tem valor constante, o que gera
um movimento acelerado.

ou
b E) velocidade da régua é constante, o que provoca uma
passagem linear de tempo.

O arco de parábola que representa o movimento da


02. (Enem–2002) As cidades de Quito e Cingapura
partícula b e o segmento de reta que representa o
encontram-se próximas à Linha do Equador e em pontos
movimento de a tangenciam-se em t = 3 s. Sendo a
velocidade inicial da partícula b de 8 m/s, o espaço diametralmente opostos no globo terrestre. Considerando

percorrido pela partícula a do instante t = 0 até o instante o raio da Terra igual a 6 370 km, pode-se afirmar que
t = 4 s, em metros, vale
A) 8,0.

B) 4,0.

SEÇÃO ENEM
rn C) 6,0.

D) 3,0.
um avião saindo de Quito, voando em média 800 km/h,
descontando as paradas de escala, chega a Cingapura
em aproximadamente

A) 16 horas.

B) 20 horas.
D) 32 horas.

E) 36 horas.
Be
C) 25 horas.
01. (Enem–2011) Para medir o tempo de reação de uma
pessoa, pode-se realizar a seguinte experiência:

I. Mantenha uma régua (com cerca de 30 cm) suspensa


GABARITO
verticalmente, segurando-a pela extremidade
superior, de modo que o zero da régua esteja situado
na extremidade inferior.
Fixação
II. A pessoa deve colocar os dedos de sua mão, em forma 01. E
de pinça, próximos do zero da régua, sem tocá-la.
02. B
eu

III. Sem aviso prévio, a pessoa que estiver segurando


03. A
a régua deve soltá-la. A outra pessoa deve procurar
segurá-la o mais rapidamente possível e observar 04. C
a posição onde conseguiu segurar a régua, isto é,
a distância que ela percorre durante a queda.
O quadro seguinte mostra a posição em que três
Propostos
pessoas conseguiram segurar a régua e os respectivos 01. A 05. A 09. A 13. C
M

tempos de reação.
02. B 06. B 10. D 14. E
Distância percorrida pela
Tempo de reação 03. E 07. E 11. C 15. A
régua durante a queda
(segundo)
(metro) 04. A 08. B 12. D
0,30 0,24
0,15 0,17
Seção Enem
0,10 0,14
01. D
Disponível em: <http://br.geocities.com>.
Acesso em: 01 fev. 2009. 02. C

16 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

FÍSICA A 02
Introdução à Cinemática vetorial

lli
Imagine-se de pé em um ponto da sala e obedecendo ao Assim, como já dito, as grandezas vetoriais só ficam
seguinte comando: dê 3 passos a partir do local em que se completamente definidas quando informamos seu valor
encontra. Posteriormente, dê mais 4 passos e, por último, numérico, com sua respectiva unidade, sua direção e seu

ou
mova-se mais 5 passos. Após efetuar esses movimentos, sentido.
é possível responder a quantos passos você estaria da
posição inicial? 12 passos? 2 passos? No mesmo local de Vetor
onde iniciou a caminhada? Bem, as opções anteriores são
Para representarmos graficamente as grandezas vetoriais,
apenas três de inúmeras possíveis respostas para essa
utilizamos os vetores, que são segmentos de reta orientados.
situação cotidiana. A resposta correta depende de uma
Na fotografia da bala furando uma lâmpada, a velocidade da
pergunta fundamental para a situação descrita: para onde

rn
foram dados os passos? Algumas grandezas físicas, como o
deslocamento, somente ficam bem definidas se indicarmos
sua direção e seu sentido. Caso contrário, a informação é
incompleta e, portanto, incorreta.
bala seria representada por um vetor horizontal, orientado
para a esquerda, como mostra a figura seguinte:

Markus Kempf, Frank Bastian /


Este módulo apresenta ferramentas fundamentais para o
Be
estudo de grandezas físicas que, para ficarem completamente

Creative Commons
definidas, necessitam que sejam especificados seu módulo
(valor numérico com unidade de medida), sua direção e seu
sentido. Algumas dessas grandezas físicas você já conhece,
como a velocidade, o deslocamento, a aceleração e a força.
vbala
Outras você virá a conhecer, como o campo elétrico e o
campo magnético.
O vetor carrega consigo todas as informações necessárias
GRANDEZAS ESCALARES E para definir as grandezas vetoriais: o módulo está associado
ao comprimento do segmento de reta (na figura anterior,
GRANDEZAS VETORIAIS
eu

cada 1 cm representa 50 m/s), a direção do vetor é a direção


do segmento de reta (direção horizontal), e o sentido é
Existem grandezas na Ciência que ficam bem determinadas
fornecido pela seta (sentido da direita para a esquerda).
simplesmente com o seu valor numérico e sua respectiva
Veja  a  seguir algumas convenções estabelecidas para
unidade, como o volume, a massa, a temperatura e os
intervalos de tempo. Essas grandezas são denominadas representar um vetor qualquer:
grandezas escalares.
B
Outra classe de grandezas, as grandezas vetoriais,
M

V vetor: V = AB
u
para ficarem bem determinadas, exigem que informemos módulo: V = ABvetor:
= |V| = AB
V= u
algo além de seu módulo, que são sua direção e A
seu sentido. Quando se pede a uma pessoa para se
deslocar 5 passos da posição onde se encontra, faz todo o
sentido perguntar: "Para onde?". É possível dar 5 passos
para a frente, para trás, para a direita, para a esquerda, etc. Adição vetorial
A fotografia a seguir mostra uma bala movendo-se na Assim como as grandezas escalares, as grandezas
direção horizontal, cujo sentido é da direita para a esquerda, vetoriais também estão submetidas a regras para operações
com velocidade instantânea de 100 m/s. matemáticas como adição, subtração, multiplicação, etc.

Bernoulli Sistema de Ensino 17


Frente A Módulo 02

As adições vetoriais podem ser feitas por dois processos: Vejamos três exemplos numéricos associados à soma de
o método da poligonal ou o método do paralelogramo. vetores. Sejam os vetores s1 e s2 mostrados a seguir, que
Consideremos dois vetores deslocamento representados representam o deslocamento de uma pessoa, com módulos
por d1 e d2, a seguir: iguais a 4 u e 3 u, respectivamente. A escala utilizada
para representar os vetores é de 0,5 cm para cada 1 u
(1 unidade arbitrária).
d1
1º exemplo: vetores de mesma direção e de mesmo
sentido

lli
s2
d2 s1 s2

s
1º método: poligonal s1

ou
Operação: s = s1 + s2
Para realizarmos a soma vetorial d = d 1 + d 2, pelo
método da poligonal, basta desenhar a origem do vetor d2 Módulo de s = |s| = s = s1 + s2 = 4 u + 3 u = 7 u
na extremidade do vetor d 1. Desenha-se o segmento
Esse exemplo é encontrado em várias situações físicas.
(poligonal) cuja origem é a origem de d1 e cuja extremidade
Quando um boxeador aplica um soco em seu oponente, ele
é a extremidade de d2, como representado na figura a seguir.
não move apenas o seu braço, mas também o seu tronco,
Ao mover os vetores d1 e d2, não podemos alterar seus
ou seja, a velocidade do soco aplicado é resultado da soma

d1
d2 rn
módulos, suas direções, nem seus sentidos.

d1
d2

d
vetorial da velocidade do tronco com a velocidade do braço.
O resultado é... muita dor!

vTronco
vBraço
vTronco vBraço
Be
Para determinarmos o módulo de d, devemos utilizar vTotal
uma escala previamente fornecida para obter os módulos
dos vetores, ou aplicar a Lei dos Cossenos. Posteriormente,
O mesmo processo ocorre quando andamos em uma
faremos alguns exemplos numéricos. O vetor d é denominado
escada rolante no mesmo sentido do movimento da
vetor resultante ou vetor soma de d1 e d2.
escada, ou quando um barco desce um rio. Nesses casos,
devemos somar os módulos das velocidades para encontrar
2º método: paralelogramo a velocidade resultante.

A s o m a v e t o r i a l d = d 1 + d 2, p e l o m é t o d o
2º exemplo: vetores de mesma direção e de sentidos
do paralelogramo, é obtida desenhando os vetores
opostos
eu

d 1 e d 2 com a mesma origem. Feito isso, constrói-se


s2
um paralelogramo a partir dos vetores que se deseja s1
somar. O vetor soma d terá como origem a origem dos vetores
d1 e d2 e, como extremidade, a interseção dos dois segmentos s s2
s1
paralelos aos vetores d1 e d2. Veja a figura a seguir:

Operação: s = s1 + s2
d1 d1 d
M

Módulo de s = |s| = s = s1 – s2 = 4 u – 3 u = 1 u

d2 d2 Várias são as situações físicas nas quais encontramos


uma operação vetorial como a mencionada nesse segundo
Obviamente, os dois métodos de soma vetorial devem exemplo, na qual devemos subtrair os módulos dos vetores.
conduzir ao mesmo resultado, isto é, o vetor d obtido pelos Um barco subindo um rio, um avião movendo-se no sentido
dois métodos deve ter o mesmo módulo, a mesma direção e o oposto ao do vento ou uma pessoa andando na “contramão”
mesmo sentido. Quando desejamos somar mais de 2 vetores, de uma escada rolante são exemplos de situações cotidianas
o método da poligonal deverá ser utilizado, pois o método do em que a velocidade resultante é obtida por meio da soma
paralelogramo somente permite somar 2 vetores de cada vez. de dois vetores com mesma direção e sentidos opostos.

18 Coleção Estudo 4V
Introdução à Cinemática vetorial

Suponha que a velocidade de um barco em relação às Para determinarmos o valor da velocidade do barco, em
águas de um rio seja de 25 km/h, e que o barco se encontra relação à margem, basta realizarmos a soma vetorial da
subindo um rio, cuja correnteza apresenta uma velocidade velocidade do barco em relação à água com a velocidade
de valor igual a 5 km/h. Uma pessoa na margem do rio da correnteza em relação à margem. Realizando tal soma
observará o barco mover-se a uma velocidade de 20 km/h, vetorial, encontramos a velocidade resultante do barco, cujo
uma vez que os vetores velocidade do barco e da correnteza módulo é de 10 km/h.
apresentam mesma direção e sentidos opostos. É por isso que,
Quando desejamos somar dois vetores cujos ângulos são
em uma viagem de barco entre Manaus e Belém, gasta-se,
aproximadamente, 4 dias na ida, ao passo que, na volta, diferentes de 0°, 180° ou 90°, devemos utilizar a Lei dos

lli
gasta-se, aproximadamente, 5 dias de viagem. Cossenos, que não será descrita neste módulo.

3º exemplo: vetores perpendiculares entre si Decomposição de um vetor


Considere agora duas pessoas arrastando um objeto por

ou
meio de duas cordas, sendo que estas fazem um ângulo de Decompor significa separar em partes. Muitas vezes, é
90º entre si, em que uma pessoa exerce uma força de 4 N e útil decompor um vetor em seus componentes. Existem

FÍSICA
a outra, uma força de 3 N. Qual o valor da força resultante? vários tipos de decomposição de vetores, e descreveremos
O diagrama a seguir representa a situação descrita. a denominada decomposição ortogonal, na qual um vetor
Utilizando os dois métodos de soma vetorial apresentados é decomposto em suas partes constituintes, segundo eixos
anteriormente, temos: perpendiculares entre si.

s2

s1
rns2 s

s
s1
Método do
paralelogramo

Método da vy
v
Be
s2 poligonal

s1

Operação: s = s1 + s2

Módulo de s = |s| = s = s12 + s22 = 42 + 32 = 5 N


vx x
Observe que os dois métodos conduzem à mesma
resposta: o vetor resultante possui o mesmo módulo, Os vetores vx e vy, resultantes da decomposição do vetor v,
a mesma direção e o mesmo sentido, qualquer que seja o são denominados componentes ortogonais ou projeções
eu

processo utilizado para realizar a soma. O processo descrito é do vetor v nos eixos x e y, respectivamente. É importante
muito útil quando desejamos calcular a velocidade resultante ressaltar que, ao decompor o vetor v, este deixa de existir,
de um barco que atravessa um rio perpendicularmente às ou seja, ou temos o vetor v ou temos seus componentes
margens deste. vx e vy. Seus módulos podem ser obtidos utilizando-se as
relações trigonométricas nos triângulos retângulos:
Considere um barco cuja velocidade, em relação à água,
é de v1 = 8 km/h e que atravessa um rio perpendicularmente
às margens deste, cujo valor da correnteza é de 6 km/h. vy
v
M

sen θ = ⇒ vy = v.sen θ
v
vy
vx
vc vres
cos θ = ⇒ vx = v.cos θ
v
θ
vb vx

Vimos que as grandezas velocidade e aceleração, entre


Arquivo Bernoulli

outras, são grandezas vetoriais. Vamos agora ampliar nosso


entendimento a respeito dessas grandezas.

Bernoulli Sistema de Ensino 19


Frente A Módulo 02

COMPOSIÇÃO DE MOVIMENTOS Como as velocidades vb e vc são perpendiculares entre si,


o efeito da correnteza é unicamente deslocar (arrastar) o
barco rio abaixo, não afetando o movimento na direção
Existem várias situações cotidianas nas quais um objeto
perpendicular ao rio. De forma análoga, a velocidade de
possui uma velocidade resultante, que é a soma vetorial de
propulsão do barco não modifica o movimento rio abaixo
duas velocidades componentes, como um barco se movendo (direção da correnteza).
em um rio, uma pessoa se movendo no interior de um ônibus
Margem
em movimento, uma pessoa caminhando em uma escada
rolante, etc. Vejamos um exemplo numérico com um barco

lli
atravessando um rio. vr
L
O barco da figura a seguir, orientado perpendicularmente às vb θ

Arquivo Bernoulli
margens do rio, é impulsionado pelos motores que imprimem
vc
uma velocidade vb = 4 km/h (velocidade própria do barco).

ou
Simultaneamente, as águas arrastam o barco rio abaixo,
à velocidade de 3 km/h, em relação às margens (velocidade vr = vb + vc
de arrastamento). O movimento do barco é resultado da vb : velocidade do barco em relação às águas
superposição de dois movimentos independentes: um na (velocidade própria do barco), vb = 4 km/h
direção perpendicular às margens (direção de vb ) e outro vc : velocidade da correnteza em relação
na direção da correnteza (direção de vc ). às margens (velocidade de arrastamento),
vc = 3 km/h
Sendo o movimento do barco o resultado da combinação

rn
de dois movimentos retilíneos uniformes perpendiculares
entre si, conclui-se que a trajetória resultante do barco é
retilínea, já que não há aceleração atuando sobre ele em
nenhuma direção.
vr = 5 km/h: velocidade resultante do barco
em relação às margens

A velocidade resultante vr tem como componentes vb e vc ,


perpendiculares entre si. Apenas a componente vb afeta o tempo
de travessia do rio. A componente vc determina o deslocamento
do barco rio abaixo.
Be
vb = velocidade do vr = velocidade resultante
barco em relação do barco em relação às EXERCÍCIO RESOLVIDO
às águas margens
01. No exemplo do movimento do barco atravessando o rio

vb vb descrito anteriormente, supondo a largura L do rio igual


vr
a 2,0 km, determinar
θ A) o tempo de travessia.
vc B) o deslocamento rio abaixo.
C) a velocidade resultante em relação às margens.
Margem Margem Resolução:
eu

(a) (c) A) O tempo de travessia é determinado apenas por vb,


componente da velocidade do barco perpendicular
às margens. Na direção perpendicular às margens,
vc = velocidade da o barco percorrerá 2,0 km a uma velocidade de
correnteza em vr = vb + vc 4 km/h. Assim:
relação às margens
L L 2, 0
vb = ⇒ ∆t = = ∴ ∆t = 0, 50 h
∆t vb 4
M

vr
vc B) O deslocamento do barco rio abaixo é determinado
por vc, componente da velocidade do barco paralela
Arquivo Bernoulli

θ
às margens. Lembre-se de que as duas velocidades
atuaram simultaneamente durante o tempo ∆t = 0,5 h.
Margem Assim:
Margem
(b) (d) d
vc = ⇒ d = vc .∆t = 3,0 . 0,5 ∴d = 1,5 km
∆t

Embora o barco se oriente perpendicularmente às margens, C) vr = vb + vc


a correnteza o arrasta rio abaixo, e a travessia se dará segundo v2r = vb2 + vc2 = 42 + 32 = 25
a direção da velocidade resultante. vr = ¹25 km/h = 5 km/h

20 Coleção Estudo 4V
Introdução à Cinemática vetorial

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 04. (UFMG) Tomás está parado sobre a plataforma de um


brinquedo, que gira com velocidade angular constante.
01. (UFC-CE) A figura adiante mostra o mapa de uma cidade Ele segura um barbante, que tem uma pedra presa na
em que as ruas retilíneas se cruzam perpendicularmente, outra extremidade, como mostrado nesta figura:
A)
e cada quarteirão mede 100 m. Você caminha pelas ruas a
partir de sua casa, na esquina A, até a casa de sua avó, na
esquina B. Dali, segue até sua escola, situada na esquina C.
A menor distância que você caminha e a distância em P
P
linha reta entre sua casa e a escola são, respectivamente,

lli
C B)
100 m

B Quando Tomás passa pelo ponto P, indicado na figura,


P
a pedra se solta do barbante. Assinale a alternativa em
que MELHOR se representa a trajetória descrita pela

ou
pedra, logo após se soltar, quando vista de cima.
A D

FÍSICA
A) C)
A) 1 800 m e 1 400 m. D) 1 200 m e 800 m.
B) 1 600 m e 1 200 m. E) 1 000 m e 600 m.
C) 1 400 m e 1 000 m. P P

02. (UFV-MG) Um revólver está preso à periferia de um disco,


com seu cano apontando radialmente para fora. O disco,

rn
que está em um plano horizontal, gira em alta rotação
em torno de um eixo vertical que passa por seu centro.
A figura a seguir mostra uma visão de cima do disco.
No instante mostrado na figura, o revólver dispara uma
bala. Considere um observador em repouso em relação
ao solo que vê a trajetória da bala de um ponto acima
do disco. A alternativa que mostra CORRETAMENTE a
B)

P
D)

P
Be
trajetória observada é: C)

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
P

01. (Unisinos-RS) Numa pista atlética retangular de


NB6F
lados a  =  160  m e b  =  60  m, um atleta corre
D)
com velocidade de módulo constante v = 5 m/s,
no sentido horário, conforme mostrado na figura.
Em t = 0 s, o atleta Pencontra-se no ponto A.
b
eu

A) C)

a
M

v
B) D)

A
03. (IFBA-BA–2013) Dois ciclistas partem de um mesmo ponto
A em direções perpendiculares, um deles pedalando à razão O módulo do deslocamento do atleta, após 60 s de corrida,
de 3 metros por segundo e o outro à razão de 4 metros em metros, é:
por segundo. No instante em que percorrem um sexto de
A) 100. D) 10 000.
minuto, a distância entre eles, em metros, é igual a
A) 40. C) 45. E) 50. B) 220. E) 18 000.
B) 42. D) 48. C) 300.

Bernoulli Sistema de Ensino 21


Frente A Módulo 02

02. (Unimontes-MG–2014) Um homem nada contra a 05. (PUC Minas) Você e um amigo resolvem ir ao último andar
correnteza de um rio que possui velocidade de módulo de um edifício. Vocês partem juntos do primeiro andar.
V= a m/s (a é um número real positivo). Depois de alguns Entretanto, você vai pelas escadas e seu amigo, pelo
instantes nadando, ele percebe que está exatamente no elevador. Depois de se encontrarem na porta do elevador,
mesmo ponto de onde partiu. Dessa maneira, decide descem juntos pelo elevador até o primeiro andar.
nadar a favor da correnteza, com o mesmo empenho de É CORRETO afirmar que
antes. Seu deslocamento, após 2 segundos, em metros,
A) o seu deslocamento foi maior que o de seu amigo.
será
B) o deslocamento foi igual para você e seu amigo.
A) 4 a. C) 2 a.
C) o deslocamento de seu amigo foi maior que o seu.

lli
B) √2a. D) a.
D) a distância que seu amigo percorreu foi maior que
03. (FMJ-SP–2014) Ao se deslocar de sua casa (C) para a a sua.
QHDL
faculdade (F), João Carlos faz o percurso esquematizado
na figura, em que aparecem as velocidades vetoriais de 06. (ACAFE-SC–2013) A Copa das Confederações é uma
  M416
( ) ( )

ou
partida VC e de chegada VF de seu movimento. Ambas competição realizada de quatro em quatro anos
organizada pela FIFA (Federação Internacional de Futebol)
as velocidades têm o mesmo módulo.
e teve o Brasil como sede em 2013. Essa competição
C serviu como teste para a Copa do Mundo em 2014.
VC Imagine que, buscando melhorar as marcações da regra
de futebol em um jogo, fosse desenvolvido um chip que
embutido na bola seria capaz de auxiliar o juiz e ajudar
em toda a estatística da partida. Para testar esse chip foi,

rn F VF
então, realizado um experimento onde quatro jogadores
trocaram passes com a bola de um ponto a outro do
campo, como mostra a figura a seguir.
Considere as faixas de grama da mesma largura.

3m
Be
A aceleração vetorial média do movimento de João Carlos
nesse percurso é melhor representada por

A) 7m
5m

B) 10 m
C) um vetor nulo.
eu

D)
O jogador de número 8 passou a bola para o de número
5 que, em seguida, passou para o de número 7 e que,
E) finalmente, passou para o de número 9.
O módulo do deslocamento, em m, sofrido pela bola do
04. (UFRGS-RS–2015) Em 2014, comemoraram-se os 50 anos início ao final do teste é
do início da operação de trens de alta velocidade no Japão, A) 41. C) 34.
M

os chamados trens-bala. Considere que um desses trens


B) 10. D) 26.
desloca-se com uma velocidade constante de 360 km/h
sobre trilhos horizontais. Em um trilho paralelo, outro
trem desloca-se também com velocidade constante de 07. (AFA-SP–2013) Sejam três vetores A, B e C. Os módulos
DØ5K
360 km/h, porém em sentido contrário. dos vetores A e B são, respectivamente, 6u e 8u.
Nesse caso, o módulo da velocidade relativa dos trens, O módulo do vetor S = A + B vale 10u, já o módulo do vetor
em m/s, é igual a D = A + C é nulo. Sendo o vetor R = B + C, tem-se que
A) 50. D) 360. o módulo de F = S + R é igual a
B) 100. E) 720. A) 10u. C) 8u.
C) 200. B) 16u. D) 6u.

22 Coleção Estudo 4V
Introdução à Cinemática vetorial

08. (UEFS-BA–2015) O conceito fundamental da Mecânica Quanto tempo o homem levará para descer a mesma
8YØ4 escada rolante, caminhando com a mesma velocidade
é o de movimento, ou seja, da mudança da posição dos
corpos ao longo do tempo e em relação a um determinado com que subiu?
referencial. A) 5,00 s. D) 15,00 s.
Considerando-se uma pedra presa à extremidade de um B) 3,75 s. E) 7,50 s.
fio ideal e posta a girar, descrevendo uma circunferência C) 10,00 s.
de 50,0 cm de raio em um referencial fixo na mão
que segura a outra extremidade do fio, conclui-se 12. (UFC-CE) M e N são vetores de módulos iguais
que o módulo do deslocamento sofrido pela pedra em (|M| = |N| = M). O vetor M é fixo, e o vetor N pode girar
2,25 voltas, em m, é, aproximadamente, igual a em torno do ponto O (veja figura) no plano formado por
M e N. Sendo R = M + N, indique, entre os gráficos a

lli
A) 0,71. D) 0,53.
seguir, aquele que pode representar a variação de |R|
B) 0,68. E) 0,49.
como função do ângulo θ entre M e N.
C) 0,57.
N
09. (PUC-Campinas-SP–2013) A figura indica um avião

ou
32QL θ
supersônico voando de A para C a 12 km de altitude e O
com velocidade constante de 1 872 km/h. M

FÍSICA
A B C
Linha de voo do avião A) 2M D) 2M
(paralela à linha do chão)
0
π 2π
0 –2M
π 2π
B) 2M E) 2M

30°15°

P
45° rn Linha do chão

Desprezando-se a curvatura da Terra e adotando no


cálculo final 3 = 1,7, o tempo que esse avião leva para
13.
0

C) 2M
0
–2M
π

π


0 π 2π
Be
(UEL-PR) Observe as figuras a seguir:
ir de B até C, em segundos, é igual a XE5V
A) 6. C) 10. E) 14.
B) 8. D) 12.

10. (Uni-FACEF-SP–2016) Um móvel descreve movimento


circular no sentido horário, tendo sido anotado 8 instantâneos
de velocidade, como mostra a figura.
1 m/s
A

1 m/s H B 1 m/s
eu

4 m/s G C 3 m/s
Ponto de fuga

1 m/s F D 1 m/s LH

E
M

1 m/s

Verifica-se o maior módulo da variação do vetor



velocidade, ou ∆V , entre os pontos
A) A e E. C) C e G. E) C e H.
B) B e F. D) A e G.

11. (UFJF-MG) Um homem parado numa escada rolante


17I8
leva 10 s para descê-la em sua totalidade. O mesmo
homem leva 15 s para subir toda a escada rolante Disponível em: <http://www.amopintar.com/perspectiva.
de volta, caminhando contra o movimento dela. comum.ponto-de.fuga>. Acesso em: 20 ago. 2009.

Bernoulli Sistema de Ensino 23


Frente A Módulo 02

Considere que você esteja assistindo a um filme no qual Pode-se associar o desenho com o seguinte tema:
um caminhão percorre uma estrada, como a da foto, A) Deslocamentos sucessivos
em direção ao ponto de fuga. Sabe-se que a traseira
desse caminhão mede 2 m de largura. Fazendo uma B) Intervalos de tempo
análise quadro a quadro do filme, chega-se às seguintes C) Somatório de volumes
conclusões:
D) Transferência de calor
• Uma boa aproximação para o ângulo formado pelas
E) Somatório de massas
linhas que partem dos extremos superiores da traseira
do caminhão até o ponto de fuga é de 5,2°.
02. Durante uma aula de educação física, uma bola é chutada
• Após um segundo de movimento, o tamanho aparente obliquamente em relação ao solo. Uma estudante

lli
da traseira do caminhão reduziu-se à metade. representa vetorialmente a velocidade inicial (v0) da bola
e suas componentes ortogonais. A representação feita
S a b e n d o q u e t g ( 2 , 6 ° ) ≅ 0 , 0 4 5 , a ve l o c i d a d e
média do caminhão nesse intervalo de tempo é de, por ela é mostrada na figura a seguir.
aproximadamente,

ou
v0
A) 12 km/h. D) 59 km/h.
B) 25 km/h. E) 80 km/h. v0y

C) 40 km/h. θ

14. (ITA-SP) A figura mostra uma pista de corrida A B C D E F, v0x


com seus trechos retilíneos e circulares percorridos por
um atleta desde o ponto A, de onde parte do repouso, Ela distribui seu diagrama a 5 colegas de grupo e cada
até a chegada em F, onde para. Os trechos BC, CD e DE uma das colegas elabora um comentário sobre o esquema.

constante.
Considere as seguintes afirmações:rn
são percorridos com a mesma velocidade de módulo

I. O movimento do atleta é acelerado nos trechos AB,


BC, DE e EF.
II. O sentido da aceleração vetorial média do movimento
do atleta é o mesmo nos trechos AB e EF.
Carolina: Os módulos dos vetores v0x e v0y podem se
tornar maiores que o módulo do vetor v0, caso o valor
de θ varie.
Marina: A soma dos módulos dos vetores v0x e v0y sempre
será igual ao valor do módulo do vetor v0.
Fernanda: O vetor v0y pode ser obtido por meio da soma
Be
vetorial do vetor v0 com o vetor v0x.
III. O sentido da aceleração vetorial média do movimento Isabela: Apesar de o diagrama mostrar tres vetores, os
do atleta é para sudeste no trecho BC, e, para
vetores v0, v0x e v0y não possuem existência concomitante.
sudoeste, no DE.
Larissa: Esse diagrama não poderia ser utilizado para
y
representar outras grandezas vetoriais.
O comentário correto foi feito pela estudante
C D
x A) Carolina. D) Isabela.
N
B B) Marina. E) Larissa.
E
O L C) Fernanda.
S
eu

A F
GABARITO
Então, está(ão) CORRETA(S)
A) apenas I. D) apenas II e III. Fixação
B) apenas I e II. E) todas.
01. C 02. A 03. E 04. D
C) apenas I e III.

Propostos
M

SEÇÃO ENEM 01. A 05. B 09. C 13. C

01. O desenho a seguir foi retirado de uma página da Internet 02. A 06. D 10. C 14. E
relacionada ao estudo de conceitos de Física. 03. B 07. B 11. B
5 5 10 04. C 08. A 12. B
+ =

5
+
–5
=
0 Seção Enem
5 10 15 01. A 02. D
+ =

24 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

FÍSICA A 03
Lançamento de projéteis
Desde o momento no qual nossos ancestrais primitivos lançaram a primeira pedra contra algum animal que os ameaçava,

lli
o ser humano se preocupou em compreender o movimento dos objetos por ele lançados: pedras, flechas, lanças, posteriormente
balas de canhão e mísseis. Filósofos debateram sobre o assunto e várias explicações surgiram para responder às perguntas:
por que os objetos caem? Como caem? O que determina o tempo de queda de um objeto? Como devo lançar um objeto para
que ele possa ir o mais longe possível? Neste módulo, no entanto, uma discussão histórica sobre o estudo de lançamento

ou
de projéteis não será feita. Estudaremos o lançamento de projéteis do ponto de vista físico e matemático, o que será útil
para a resolução de vários problemas.

PRINCÍPIO DE INDEPENDÊNCIA Observe que


1. o intervalo de tempo de queda é o mesmo para as
Um enorme passo para resolver as questões anteriormente duas esferas;

rn
expostas foi dado por Galileu Galilei (1564-1642) quando
ele propôs o princípio de independência para movimentos
perpendiculares entre si. Esse princípio foi utilizado por nós
quando verificamos que o intervalo de tempo gasto para
um barco atravessar um rio não depende da velocidade da
correnteza, mas apenas da componente da velocidade do barco
2.

3.
ambos os movimentos são acelerados, possuindo a
mesma aceleração;
uma trajetória é retilínea, e a outra é parabólica.

Diante das observações anteriores, surgem os seguintes


Be
questionamentos:
perpendicular à margem do rio. Esse fato pode ser explicado
pelo princípio da independência dos movimentos, tendo em • Por que o intervalo de tempo de queda das esferas
vista que a componente da velocidade do barco perpendicular é o mesmo?
às margens é também perpendicular à velocidade da Como Galileu argumentou, o tempo de queda depende
correnteza. Logo, o movimento do barco rio abaixo é da velocidade inicial das esferas na direção vertical e
independente do movimento do barco na direção perpendicular da altura na qual as esferas são soltas / lançadas, além
à margem. Este, entretanto, não é um resultado intuitivo. da aceleração a que estão submetidas. No experimento
representado na figura anterior, as duas esferas
A figura seguinte mostra a trajetória descrita por duas
apresentavam a mesma velocidade inicial na direção
esferas, uma abandonada a partir do repouso na vertical e
eu

vertical, v0y = 0, e foram soltas / lançadas da mesma


a outra lançada horizontalmente. altura e no mesmo local. Sendo assim, de acordo com
Galileu, as esferas devem cair ao mesmo tempo.

• Por que ambos os movimentos são acelerados?


Ambas as esferas estão sujeitas a gravidade e,
ao desprezarmos a resistência do ar, observamos que
o valor da velocidade vertical das esferas aumenta
M

continuamente, já que a distância vertical percorrida


em um mesmo intervalo de tempo (intervalo entre as
fotos) é crescente. Como o ritmo de crescimento da
velocidade vertical de ambas as esferas é o mesmo,
pode-se concluir que a aceleração é a mesma para
as duas esferas.

• Por que uma trajetória é retilínea e a outra é parabólica?


Arquivo Bernoulli

Para responder a essa questão, temos de decompor o


movimento da esfera que foi lançada horizontalmente.

Bernoulli Sistema de Ensino 25


Frente A Módulo 03

Decomposição do movimento As equações e as características vetoriais para os


movimentos mencionados já foram estudadas em módulos
Sabemos que, para alterar a velocidade de um objeto, anteriores, devendo ser agora aplicadas conjuntamente.
é necessária a ação de uma aceleração. Se não houvesse O quadro a seguir apresenta o vetor velocidade para cada
gravidade ou resistência do ar, uma esfera que rolasse sobre um dos movimentos e as características associadas a estes.
uma mesa e a abandonasse permaneceria com velocidade
constante, percorrendo distâncias iguais em intervalos de Direção horizontal Direção vertical

tempo iguais, como na figura a seguir:

lli
ou
Arquivo Bernoulli

Movimento uniforme Movimento unif. acelerado

dx = vt dy = v0t + at2/2
No entanto, a gravidade existe e atua sobre a esfera.
Dessa forma, se a esfera é simplesmente solta, seu vx = constante vy = v0 + at
movimento, desconsiderando a resistência do ar, é um ax = 0 ay = 10 m/s2
movimento de queda livre, como o representado na figura
a seguir. Sendo esse um movimento acelerado, a distância
percorrida pela esfera em intervalos de tempo iguais
torna-se cada vez maior.
rn v = vx + vy
2
(v2 = v2x + v y )

É importante observar que o vetor velocidade v de um corpo


é sempre tangente à trajetória deste em qualquer posição.
Be
vx

vy
Arquivo Bernoulli

A trajetória parabólica da esfera no lançamento horizontal Lançamento oblíquo


eu

é resultado da combinação de seu movimento horizontal


O lançamento oblíquo nada mais é do que uma extensão da
(uniforme) com seu movimento vertical (acelerado).
situação anteriormente descrita. Agora, o lançamento será
Cada um dos movimentos independe do outro. Seus efeitos
feito com velocidade vertical inicial diferente de zero. Dessa
combinados produzem a trajetória parabólica da esfera.
forma, devemos analisar o movimento vertical na subida e na
descida, mas isso não representará grande dificuldade. Para
começarmos o estudo do lançamento oblíquo, imagine uma
M

bala de canhão lançada obliquamente com uma velocidade


inicial, inclinada de um ângulo θ, em relação à horizontal.

v2
+ = v1
v0 v3

t0 = 0
Arquivo Bernoulli

θ Plano horizontal
Ângelo Carvalho

26 Coleção Estudo 4V
Lançamento de projéteis

A velocidade vetorial é tangente à trajetória em qualquer Resolução:


instante, tendo a mesma direção e o mesmo sentido do
A) O valor da velocidade no ponto mais alto da trajetória
movimento. Observe que a velocidade no ponto mais alto é igual ao valor da componente da velocidade na direção
atingido pelo projétil é horizontal e não nula. do eixo x, já que a componente y da velocidade é
A figura a seguir mostra as características do vetor velocidade nula.

nas direções vertical e horizontal durante todo o movimento. Esse valor pode ser encontrado por meio da seguinte

É importante notar que o movimento segundo o eixo Oy relação:

lli
equivale a um lançamento vertical para cima com velocidade vx = v0.cos θ = 50 · 0,8 = 40 m/s.
inicial v0y e aceleração de valor –10 m/s . Enquanto o projétil 2

B) Considerando que sejam iguais às distâncias percorridas


sobe, seu movimento é desacelerado e, ao descer, acelerado.
verticalmente no movimento de subida e no movimento
y de descida, temos que o intervalo de tempo de subida é

ou
vy = 0 vy vx igual ao intervalo de tempo de descida. Podemos calcular
ymáx. vx

FÍSICA
vy vx esse intervalo por meio dos seguintes processos:
vx vy
vy vx vy vx
1. Calculando o intervalo de tempo total do movimento
vy vx vy
vx de subida:
vy vx vy v0y = v0.senθ
vy
vx
v0 v v0y = 50 . 0,6 = 30 m/s
v0
y

y0

0
v0
y
θ
t0 = 0 v0

x0
x

x
rn A
vy

vy
xT
vx


Substituindo os valores, teremos:

v = v0 + gt ⇒ 0 = 30 – 10ts ⇒ ts = 3 s

Sendo o tempo de subida igual ao tempo de descida,


temos que o tempo total de movimento é 6,0 s.
Be Arquivo Bernoulli

v0 vx vx vx vx vx vx vx vx vx vx vx vx 2. Calculando o intervalo de tempo total:


x

Se considerarmos o movimento na vertical


durante todo o intervalo de tempo, temos que a
componente vertical da velocidade inicial da bola
EXERCÍCIO RESOLVIDO de canhão é de +30 m/s, e a componente final
será de –30 m/s. Logo, o intervalo de tempo total
01. Uma bala de canhão é lançada obliquamente com velocidade
do movimento é dado por:
v0 de módulo 50 m/s, sob um ângulo de lançamento θ,
v = v0 + gt ⇒ –30 = +30 + (–10)Dt ⇒ t = 6 s
eu

(sen θ = 0,6 e cos θ = 0,8), conforme a figura a seguir:


(3 s para a subida e 3 s para a descida)

v1 v2
C) Para calcular a altura máxima, podemos trabalhar
v3
v0 com a equação de Torricelli:
t0 = 0 Plano horizontal
θ v2 = v02 + 2gh.
Ângelo Carvalho

Substituindo as variáveis pelos valores conhecidos,


M

no ponto mais alto, teremos:

02 = 302 + 2(–10)h ⇒ h = 45 m
Calcular, considerando g = 10 m/s , e desprezando a 2

influência do ar, D) Como o objeto se deslocou durante 6 s com uma


velocidade horizontal de 40 m/s (vx = v0.cos θ = 40 m/s),
A) o valor da velocidade no ponto mais alto da trajetória.
temos que seu alcance horizontal é de:
B) o intervalo de tempo total do movimento.
C) o valor da altura máxima. dx = vxt

D) o alcance horizontal. dx = 40 . 6 = 240 m

Bernoulli Sistema de Ensino 27


Frente A Módulo 03

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 03. (Mackenzie-SP–2013) Uma bola de futebol, ao ser chutada


por um garoto, sai do solo com velocidade de 30,0 m/s,
formando um ângulo de 60° acima da horizontal.
01. (UFMG) Observe a figura.
Desprezando a resistência do ar, a velocidade da bola no
ponto mais alto da trajetória será de
K L M Dados: aceleração da gravidade no local = 10 m/s2,
cos 60° = 0,5 e sen = 60° = 0,87.
A) 11,1 m/s. D) 26,1 m/s.
B) 15,0 m/s. E) 30,2 m/s.

lli
C) 18,0 m/s.

t1 t2 04. (PUC Rio) Um superatleta de salto em distância realiza o


seu salto procurando atingir o maior alcance possível. Se
Daniel está andando de skate em uma pista horizontal.
ele se lança ao ar com uma velocidade cujo módulo é 10
No instante t1, ele lança uma bola, que, do seu ponto de
m/s, e fazendo um ângulo de 45° em relação à horizontal,

ou
vista, sobe verticalmente. A bola sobe alguns metros e
é CORRETO afirmar que o alcance atingido pelo atleta
cai, enquanto Daniel continua a se mover em trajetória
no salto é de
retilínea, com velocidade constante. No instante t2, a bola
retorna à mesma altura de que foi lançada. Considere g = 10 m/s2.
Despreze os efeitos da resistência do ar. A) 2 m. D) 8 m.
Assim, no instante t2, o ponto em que a bola estará, mais B) 4 m. E) 10 m.
provavelmente, é C) 6 m.
A) K.

02.
B) L.
C) M.
rn
D) qualquer um, dependendo do módulo da velocidade
de lançamento.

(UFV-MG–2013) Uma partícula é lançada do alto de um


prédio com uma velocidade inicial de módulo igual a v0.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. (Mackenzie-SP–2015) Um zagueiro chuta uma bola na
direção do atacante de seu time, descrevendo uma
trajetória parabólica. Desprezando-se a resistência do
Be
Como ilustrado na figura, os instantes t 0 , t 1 e t 3 ar, um torcedor afirmou que
correspondem, respectivamente, ao instante em que a I. a aceleração da bola é constante no decorrer de todo
partícula é lançada, ao instante em que a partícula atinge movimento.
a altura máxima e ao instante imediatamente antes da
II. a velocidade da bola na direção horizontal é constante
partícula atingir o solo.
no decorrer de todo movimento.
y(m)
III. a velocidade escalar da bola no ponto de altura
v0 máxima é nula.
t1
Assinale
t0
A) se somente a afirmação I estiver correta.
t2
B) se somente as afirmações I e III estiverem corretas.
eu

C) se somente as afirmações II e III estiverem corretas.


D) se as afirmações I, II e III estiverem corretas.
E) se somente as afirmações I e II estiverem corretas.

t3
02. (Unicastelo–2014) Em um jogo de futebol, a bola
G5LK
x(m) é lançada para um atacante e percorre a trajetória
parabólica representada parcialmente na figura.
M

Desprezando qualquer tipo de força dissipativa,


é CORRETO afirmar:
A) O vetor velocidade da partícula no instante t2 é igual
a v0.
B) O tempo que a partícula leva para ir do instante t0 ao
instante t1 é igual à metade do tempo que a partícula 3,75 m
leva para ir do instante t0 ao instante t3.
C) A componente horizontal da velocidade da partícula 2m
possui o mesmo módulo em todos os instantes de
tempo ilustrados na figura.
D) O módulo da velocidade da partícula no instante t1 é nulo. Fora de escala

28 Coleção Estudo 4V
Lançamento de projéteis

O vetor que representa corretamente a aceleração da 07. (Unifor-CE–2016) Uma partícula é lançada do solo a uma
bola quando ela passa pelo ponto P está representado UØTL
velocidade inicial de 10,0 m/s, com um ângulo de 60°
na alternativa acima da horizontal, atingindo o alto de um penhasco
que encontra-se a 4,5 m de distância do lançamento,
caindo em uma superfície plana e horizontal em 1,0
A) C) E) segundo, exatamente no ponto B, conforme figura a
seguir. Desprezando a resistência do ar e considerando
B) D) a aceleração da gravidade no local como sendo 10,0 m/s2,
DETERMINE a distância AB, da borda do penhasco ao
03. ponto onde a partícula caiu, em metros.

lli
(UFV-MG) Uma bola é lançada horizontalmente com
NQN9
velocidade inicial v0. Ao percorrer horizontalmente 30 m, Adote cos 60° = 0,5 e sen 60° = 0,8.
ela cai verticalmente 20 m, conforme mostrado no gráfico a
seguir. Considere a aceleração da gravidade igual a 10 m/s2
e despreze a resistência do ar. A B
10 m/s

ou
y (m) Penhasco
v0
20
60°

FÍSICA
4,5 m
0
0 30 x (m)
A) 0,5 D) 1,6
É CORRETO afirmar que o módulo da velocidade de B) 0,8 E) 2,0
lançamento v0 é C) 1,2

04.
A4AN
A) 15 m/s.
B) 30 m/s.
rn C) 7,5 m/s.
D) 60 m/s.

(UFV-MG) Um projétil é lançado horizontalmente de uma


altura de 20 m, com uma velocidade inicial de módulo
igual a 15 m/s. Desprezando-se a resistência do ar e
considerando o módulo da aceleração gravitacional como
08. (UFRGS-RS–2015) Em uma região onde a aceleração da
gravidade tem módulo constante, um projétil é disparado a
partir do solo, em uma direção que faz um ângulo α com a
direção horizontal, conforme representado na figura a seguir.
Y
Be
10 m/s2, é CORRETO afirmar que o projétil atingirá o
solo após ter percorrido uma distância horizontal igual a
A) 11 m. D) 23 m.
B) 15 m. E) 30 m. α
C) 60 m.
x

05. (PUC-Campinas-SP) Observando a parábola do dardo Assinale a opção que, desconsiderando a resistência
arremessado por um atleta, um matemático resolveu do ar, indica os gráficos que melhor representam,
obter uma expressão que lhe permitisse calcular a altura y, respectivamente, o comportamento da componente
em metros, do dardo em relação ao solo, decorridos horizontal e o da componente vertical, da velocidade do
t segundos do instante de seu lançamento (t = 0).
eu

projétil, em função do tempo.


Se o dardo chegou à altura máxima de 20 m e atingiu
o solo 4 segundos após o seu lançamento, então,
desprezada a altura do atleta, a expressão que o tvoo
matemático encontrou foi tvoo tvoo
A) y = –5t2 + 20t. D) y = –10t2 + 50.
B) y = –5t + 10t.
2
E) y = –10t2 + 10.
I II III
C) y = –5t2 + t.
M

06. (PUC Rio–2013) Um projétil é lançado com uma velocidade tvoo tvoo
escalar inicial de 20 m/s com uma inclinação de 30° com
a horizontal, estando inicialmente a uma altura de 5,0 m
em relação ao solo.
A altura máxima que o projétil atinge, em relação ao solo, IV V
medida em metros, é:
Considere a aceleração da gravidade g = 10 m/s2.
A) 5,0 D) 20 A) I e V. D) IV e V.
B) 10 E) 25 B) II e V. E) V e II.
C) 15 C) II e III.

Bernoulli Sistema de Ensino 29


Frente A Módulo 03

09. (Unifor-CE–2014) A figura a seguir mostra uma das 11. (UFTM-MG) Num jogo de vôlei, uma atacante acerta uma
BS5V
cenas vistas durante a Copa das Confederações no cortada na bola no instante em que a bola está parada
Brasil. Os policiais militares responderam às ações dos numa altura h acima do solo. Devido à ação da atacante,
manifestantes com bombas de gás lacrimogênio e balas a bola parte com velocidade inicial V0, com componentes
de borracha em uma região totalmente plana onde era horizontal e vertical, respectivamente em módulo,

possível avistar a todos. Vx = 8 m/s e Vy = 3 m/s, como mostram as figuras 1 e 2.

lli
h
Figura 1

ou
4m

Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/ P


efe/2013/09/07/protestos-em-sao-paulo-terminam-com-
violencia-e-confrontos.htm>.

rn
Suponha que o projétil disparado pela arma do PM tenha
uma velocidade inicial de 200,00 m/s ao sair da arma e
sob um ângulo de 30,00° com a horizontal. CALCULE a
altura máxima do projétil em relação ao solo, sabendo-se
que ao deixar o cano da arma o projétil estava a
Após a cortada, a bola percorre uma distância horizontal
de 4 m, tocando o chão no ponto P.

vx = 8 m/s

vy = 3 m/s
Be
Figura 2
1,70 m do solo. Despreze as forças dissipativas e adote h
g = 10,00 m/s2.

A) 401,70 m D) 701,70 m

B) 501,70 m E) 801,70 m P

C) 601,70 m 4m

10. (Uncisal) Uma bola de golfe é lançada horizontalmente


UMYW Considerando que durante seu movimento a bola ficou
de um penhasco de 19,6 m de altura, conforme mostra a
sujeita apenas à força gravitacional e adotando g = 10 m/s2,
eu

figura a seguir. No nível do solo, a 7 m da base do penhasco,


a altura h, em m, onde ela foi atingida é
há um buraco. Qual deve ser a velocidade de lançamento
para que a bola atinja o buraco em uma única tacada? A) 2,25.

Adote g = 9,8 m/s e despreze a resistência do ar.


2
B) 2,50.

C) 2,75.

D) 3,00.
M

E) 3,25.
19,6 m
12. (Mackenzie-SP) Um balão (aerostato) parte do solo plano
LF74
com movimento vertical, subindo com velocidade constante
de 14 m/s. Ao atingir a altura de 25 m, seu piloto lança
7m uma pedra com velocidade de 10 m/s, em relação ao balão
A) 3,50 km/h. D) 2,80 km/h. e formando um ângulo de 37° em relação à horizontal.
B) 1,75 km/h. E) 14,00 km/h. A distância entre a vertical que passa pelo balão e o ponto
C) 12,60 km/h. de impacto da pedra no solo é

30 Coleção Estudo 4V
Lançamento de projéteis

Adote g = 10 m/s2, cos 37° = 0,8 e sen 37° = 0,6.


SEÇÃO ENEM
A) 30 m.

B) 40 m.
01. (Enem–2015) Um garoto foi à loja comprar um estilingue
e encontrou dois modelos: um com borracha mais “dura” e
C) 70 m.
outro com borracha mais “mole”. O garoto concluiu que o
D) 90 m.
mais adequado seria o que proporcionasse maior alcance
E) 140 m. horizontal, D, para as mesmas condições de arremesso,
quando submetidos à mesma força aplicada.

lli
13. (UFG-GO) Um torcedor sentado na arquibancada,
Sabe-se que a constante elástica kd (do estilingue mais
a uma altura de 2,2 m em relação ao nível do campo, “duro”) é o dobro da constante elástica km (do estilingue
vê um jogador fazer um lançamento e percebe que a bola mais “mole”).
permaneceu por 2,0 segundos acima do nível em que se

ou
Dd
A razão entre os alcances , referentes aos estilingues
encontra. Considerando-se que o ângulo de lançamento Dm

FÍSICA
foi de 30°, CALCULE com borrachas “dura” e “mole”, respectivamente é igual a

Dados: 1
A) . C) 1.
4
g = 10 m/s ; 2
D) 2.
1
√3 ≅ 1,7. B) . E) 4.
2

14.
SØER
rn
A) a velocidade de lançamento da bola;

B) o alcance do lançamento da bola.

(UFU-MG) Em um dado instante t0, um míssil é lançado


do solo, com velocidade inicial de 120 m/s formando um
02. O estudo dos corpos lançados obliquamente sofreu
grande impulso com a invenção dos canhões, uma vez
que era necessário determinar com precisão o local onde
os projéteis cairiam. O desenho a seguir representa com
Be
ângulo de 30° em relação ao plano horizontal. Um lançador uma linha pontilhada a trajetória de uma bala de canhão

de antimísseis está posicionado a certa distância d, caso o campo gravitacional fosse nulo e representa com

conforme a figura. uma linha cheia a trajetória e a posição dos projéteis,


depois de 1 s, 2 s e 3 s de lançamento, caso não houvesse
resistência do ar. As alturas h1, h2 e h3, representadas na
figura, têm valores, respectivamente, iguais a
Considere g = 10 m/s2.
d
30° Observação: o desenho não se encontra em escala.
eu

O valor de d é igual à posição horizontal em que o míssil


atinge seu ponto mais alto na trajetória. Alguns instantes
após o lançamento do míssil, um antimíssil é lançado
verticalmente com velocidade v0A.

Considere g = 10 m/s2, despreze velocidade a resistência h2 h3


M

do ar e considere tanto o míssil quanto o antimíssil como h1


pontos materiais.
1s 2s
Dado: √3 = 1,7.

Com base nessas informações, faça o que se pede.


3s
A) DETERMINE o valor da posição horizontal d.
A) 1 m, 2 m e 3 m. D) 15 m, 25 m e 40 m.
B) CALCULE em que instante após o lançamento do
míssil, o antimíssil deve ser lançado para atingir o B) 5 m, 20 m e 45 m. E) 15 m, 30 m, 45 m.

míssil com uma velocidade de 80 m/s. C) 10 m, 20 m e 30 m.

Bernoulli Sistema de Ensino 31


Frente A Módulo 03

03. Uma esfera é lançada horizontalmente de uma mesa, sempre com a mesma velocidade, e atinge o solo a uma distância
horizontal D da borda da mesa. Uma placa vertical pode ser posicionada a uma distância x dessa borda (0 < x < D), de modo
a registrar as posições verticais de queda da esfera (Figura 1). Em uma sequência de lançamentos, o prof. Ênnio, variando a
posição x da placa, obteve o registro das posições verticais de queda da esfera, mostrada na figura 2.

lli
Placa
registradora

ou
Figura 1 Figura 2

Analisando o registro das posições verticais de queda da esfera, podemos afirmar que

A) as medidas não foram feitas com precisão, uma vez que mostrou a esfera percorrendo distâncias iguais, como se seu
movimento fosse uniforme.

B) o registro está incorreto, uma vez que o movimento da esfera é uma composição de dois movimentos independentes e
acelerados.

rn
C) se a placa for deslocada horizontalmente em intervalos de distâncias iguais (x, 2x, 3x, ...) a distância vertical de queda
também será proporcional.

D) as posições registradas podem estar corretas, desde que os deslocamentos horizontais feitos pela placa tenham sido cada
vez menores.
Be
E) o resultado do registro mostrado na figura 2 somente seria possível se a placa estivesse colocada na posição horizontal.

GABARITO 07. A

08. B
Fixação
09. B
01. B
10. C
eu

02. C
11. C
03. B
12. B
04. E
13. A) v0 = 24 m/s

Propostos B) 49 m
M

14. A) d = 612 m
01. E
B) t = 4 s
02. A

03. A Seção Enem


04. E 01. B

05. A 02. B

06. B 03. D

32 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

FÍSICA B 01
Termometria e Dilatometria

lli
Dependendo da temperatura e da pressão, uma substância Temperatura – uma grandeza escalar
pode se apresentar na forma sólida, líquida ou gasosa.
Em baixas temperaturas, os átomos de um sólido apresentam As grandezas físicas podem ser divididas em dois grupos:

ou
agitação moderada. Em temperaturas maiores, os átomos grandezas escalares e grandezas vetoriais.
oscilam mais rapidamente e tendem a se afastar uns dos A temperatura é uma grandeza escalar. Basta dizer que
outros. O resultado é que os corpos se dilatam quando um corpo está a 45 °C, por exemplo, para você ter uma
aquecidos. Outro exemplo relacionado à dilatação térmica é noção do quão quente ele está. No caso de uma grandeza
o termômetro de coluna de líquido. Aquecido por uma fonte vetorial, como velocidade e força, você precisa especificar,
de calor, o líquido do termômetro se dilata, e a nova posição além do módulo, a direção e o sentido da grandeza para que
da coluna registra a temperatura da fonte. Quase todas as ela fique bem definida.

rn
substâncias se dilatam com o aquecimento. A água é uma
exceção. Entre 0 °C e 4 °C, ela se contrai quando aquecida
e se expande quando resfriada.
A temperatura e a dilatação térmica são os temas
abordados neste módulo. Na primeira parte, vamos discutir
o conceito físico da temperatura e ver como ela pode ser
Visão microscópica da temperatura
O conceito de temperatura descrito até aqui corresponde
a uma visão macroscópica. A temperatura também pode
ser explicada do ponto de vista microscópico. A matéria é
constituída de átomos e de moléculas em constante movimento
Be
medida. Na sequência, estudaremos a dilatação térmica translacional. Nos sólidos e líquidos, esse movimento
dos sólidos e dos líquidos. A dilatação irregular da água, corresponde a diminutas oscilações das moléculas em torno de
que exerce um papel de destaque na manutenção da vida uma posição de equilíbrio. Nos gases, as moléculas percorrem
marinha em regiões mais frias, será o último tema abordado distâncias maiores de forma desordenada. A temperatura
neste módulo. é uma medida da energia cinética média de translação das
moléculas ou dos átomos de um corpo. Além do movimento
TEMPERATURA translacional, moléculas formadas por dois ou mais átomos
também podem rodar e vibrar. Contudo, a energia cinética
A temperatura de um corpo indica o quão quente ele se rotacional e a energia cinética vibracional das moléculas não
acha em relação a um corpo de referência. Por exemplo, de interferem diretamente na temperatura de um corpo.
eu

nossa experiência diária, sabemos que a água fervente em


Não existe temperatura no espaço vazio. Não faz sentido
uma panela está mais quente que a água que sai de uma
perguntar qual é a temperatura do vácuo porque não existem
torneira de jardim. Por isso, a água fervente apresenta uma
átomos ou moléculas ali. Ao contrário, uma xícara de café
temperatura maior que a água da torneira.
quente contém moléculas e apresenta uma temperatura alta.
Uma das unidades de temperatura usadas pelo Sistema Um iceberg possui moléculas menos agitadas, por isso
Internacional de Medidas (SI) é o grau Celsius (°C).
a sua temperatura é baixa. Entretanto, como a massa
Convencionou-se que os valores de temperatura da
do iceberg é muito grande, a energia cinética total de
M

água fervente e de temperatura da água em fusão,


suas moléculas é maior que a energia cinética total das
ambas sob pressão de 1 atm, valem 100 °C e 0 °C,
moléculas na xícara de café quente. Não há inconsistência
respectivamente. Temperaturas ambientes típicas são
nesse fato, pois a temperatura é uma medida da energia
próximas de 20 °C, e a temperatura interna do corpo humano
cinética média das moléculas, e não da energia cinética total.
é de 38 °C. Alguns corpos são tão frios que apresentam
temperaturas muitos graus abaixo de 0 °C. Por exemplo,
Temperatura – uma grandeza extensiva
o nitrogênio, sob a pressão de 1 atm, liquefaz-se a –196 °C.
Os corpos também podem apresentar temperaturas Uma grandeza associada à matéria é chamada de extensiva
muito elevadas, como aquelas que ocorrem nas estrelas. quando ela depende da massa do corpo. Quando essa
A outra unidade de temperatura utilizada pelo SI é o kelvin (K). dependência não existe, a grandeza é chamada de intensiva.

Bernoulli Sistema de Ensino 33


Frente B Módulo 01

Esse é o caso da temperatura. O fato de a temperatura ser Quando dois corpos a temperaturas diferentes são postos
uma medida da energia cinética média, e não da total, explica em contato, ocorre uma troca de calor entre eles. Depois
o seu caráter intensivo. Imagine uma jarra com água a 20 °C. de certo tempo, os corpos atingem uma temperatura
As moléculas de água apresentam uma energia cinética comum, situada entre as temperaturas iniciais dos corpos.
translacional média correspondente à temperatura de 20 °C. Em geral, a massa do corpo, cuja temperatura está sendo
As moléculas da água no fundo, no meio ou na parte de cima medida, é muito maior que a massa do termômetro. Por isso,
da jarra apresentam exatamente o mesmo valor médio de a temperatura de equilíbrio é muito próxima à temperatura
energia. A divisão dessa água em várias jarras não modifica inicial do corpo. Em outras palavras, a temperatura do
essa energia cinética média, e a temperatura da água é a termômetro se aproxima da temperatura do corpo, e essa

lli
mesma em cada jarra. Por outro lado, a nossa é uma grandeza última quase não varia. É exatamente isso o que acontece
extensiva, assim como a energia cinética total das moléculas. quando um termômetro clínico é colocado em um doente
com febre, digamos, de 40 °C. Após poucos minutos,
Medindo uma temperatura a redução na temperatura da pessoa é desprezível, ao passo

ou
que a temperatura do termômetro se eleva e se estabiliza
A temperatura de um corpo pode ser determinada por meio
em um valor muito próximo a 40 °C.
de instrumentos chamados termômetros. Um termômetro
pode ser graduado em diferentes escalas. As mais importantes
são as escalas Celsius, Fahrenheit e Kelvin. Existem vários
Escala Celsius
tipos de termômetros e, em todos eles, o registro de O funcionamento de qualquer termômetro é baseado em
temperatura é obtido por meio da medição de uma grandeza alguma propriedade termométrica, de modo que existe uma
física que é função da temperatura. Essa grandeza é chamada relação biunívoca entre essa propriedade e a temperatura

rn
de propriedade termométrica. Medindo-se o seu valor,
e conhecendo a relação matemática dela com a temperatura,
esta pode ser determinada facilmente.
O termômetro mais simples utiliza o comprimento de uma
coluna de líquido como propriedade termométrica. A figura 1
medida. A temperatura pode ser expressa em várias escalas
termométricas. As três principais são as escalas Celsius,
Fahrenheit e Kelvin.
A escala Celsius é usada como o padrão para se medir a
temperatura em quase todos os países do mundo. Proposta no
século XVIII pelo sueco Anders Celsius, essa escala é baseada na
Be
mostra um termômetro clínico de coluna de mercúrio.
Esse instrumento é constituído de um tubo de diâmetro convenção de que, sob a pressão de 1 atm, as temperaturas de
interno muito pequeno (tubo capilar). O tubo é fechado fusão do gelo e de ebulição da água são iguais a 0 °C e 100 °C,
na extremidade superior, ao passo que, na parte inferior, respectivamente. A figura 2 ilustra as marcações desses valores
existe um pequeno reservatório metálico, chamado de em um termômetro de coluna de líquido.
bulbo, no qual o mercúrio é armazenado. Quando o bulbo Nesse termômetro, o espaço entre as marcas de 0 °C e 100 °C
do termômetro é posto em contato com o corpo de um pode ser dividido em 100 partes iguais. O intervalo entre duas
paciente, o mercúrio se dilata devido ao aquecimento. marcações consecutivas valerá 1 °C, de forma que o termômetro
A altura da coluna de mercúrio estabiliza-se quando ocorre poderá ser usado para medir temperaturas entre 0 °C e 100 °C,
o equilíbrio térmico entre o bulbo, o mercúrio e o paciente. como a temperatura do ambiente ou a temperatura de uma
eu

Nesse momento, todos esses corpos apresentam a mesma pessoa. Se os intervalos de 1 °C forem estendidos abaixo e acima
temperatura. Assim, a temperatura do paciente pode ser das marcações de 0 °C e 100 °C, o termômetro também poderá
obtida pela leitura direta da altura da coluna de mercúrio. registrar algumas temperaturas negativas, como a temperatura
do interior de um freezer, e também temperaturas maiores que
Tubo de 100 °C, como a do óleo usado em frituras.
Bulbo Mercúrio
Vidro
100 °C
M

32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42

0 °C
Escala em °C

Figura 1. Termômetro clínico de coluna de mercúrio.

O que um termômetro realmente indica é a sua própria


temperatura. Por isso, quando usamos um termômetro
para medir a temperatura de um corpo, é essencial
que a leitura seja feita apenas após o estabelecimento
do equilíbrio térmico entre o termômetro e o corpo. Figura 2. Calibração de um termômetro de coluna de líquido.

34 Coleção Estudo 4V
Termometria e Dilatometria

Escala Fahrenheit Na segunda metade do século XIX, o cientista inglês William


Thomson (1824-1907), também conhecido como Lord Kelvin,
A escala Fahrenheit foi proposta pelo cientista alemão Daniel
propôs uma escala termométrica na qual a temperatura de
Fahrenheit alguns anos antes de a escala Celsius ter sido criada.
–273,15 °C correspondia a zero, valor que passou a ser chamado
Muito popular nos Estados Unidos, a temperatura Fahrenheit é
simbolizada por °F. O valor 32 °F corresponde à temperatura de de zero absoluto. Assim, na escala Kelvin (também conhecida
fusão do gelo (0 °C), e o valor 212 °F, à temperatura de ebulição como escala absoluta), a temperatura correspondente ao
da água a 1 atm (100 °C). Portanto, uma variação de 1° na repouso molecular vale 0 K (nesse caso, falamos zero kelvin,
escala Celsius corresponde a uma variação de 1,8° na escala e não zero grau kelvin). Uma substância jamais pode ser
Fahrenheit. Outras correspondências entre as temperaturas resfriada até o zero absoluto, embora possa ser aproximada

lli
nas escalas Celsius e Fahrenheit podem ser observadas no
dele indefinidamente. Em 1995, os físicos obtiveram, pela
termômetro de dupla escala mostrado na figura 3. Por exemplo,
a temperatura registrada no termômetro, na escala Fahrenheit, primeira vez, o quinto estado da matéria (o condensado de Bose-
é 80 °F, já o valor correspondente na escala Celsius é um pouco -Einstein) ao fazerem a temperatura da matéria diminuir até a
maior que 25 °C. incrível marca de 70 nanokelvin (70 . 10–9 K). Por mais que os

ou
Celsius Fahrenheit cientistas consigam fazer uma substância se aproximar de 0 K,

100° 212° Ponto de ebulição da água eles jamais atingirão esse valor, e tão pouco temperaturas

FÍSICA
negativas na escala Kelvin.

Na escala Kelvin, um intervalo entre duas divisões inteiras

b e sucessivas tem valor exatamente igual ao valor do intervalo


100°
de 1 °C. Por isso, a equação de recorrência entre as escalas
20°
a 50° Kelvin e Celsius é a seguinte:

–20°
rn
32° Ponto de fusão da água
0° T = TC + 273,15

Observe que, substituindo TC = –273,15 °C nessa equação,


obtemos T = 0 K, como esperado. Na maioria dos problemas,
podemos arredondar 273,15 °C para o valor inteiro 273 °C
Be
Figura 3. Termômetro graduado nas escalas Celsius e Fahrenheit. sem muita perda de precisão. Assim, o ponto de fusão da
Para achar mais precisamente a correspondência entre água vale 273 K, uma temperatura ambiente de 27 °C vale
essas escalas, vamos usar a figura 3 para deduzir a 300 K, e assim por diante.
equação de recorrência entre as temperaturas nas escalas
Celsius e Fahrenheit. Primeiramente, considere os dois A figura 4 mostra três termômetros graduados nas escalas
segmentos a  e  b mostrados na figura. Os valores desses Fahrenheit, Celsius e Kelvin, marcando a temperatura
segmentos são diferentes dependendo de qual escala ambiente. Usando as equações que você aprendeu, faça
usamos. Porém, a razão entre eles (por exemplo, a/b) é a
alguns cálculos e certifique-se das correspondências entre
mesma, independentemente da escala usada. Chamando
a temperatura registrada na escala Celsius de TC e aquela as temperaturas indicadas nos três instrumentos.
registrada na escala Fahrenheit de TF , podemos escrever:
eu

Fahrenheit Celsius Kelvin


_ _
a TC TF 32 TC TF 32
= = ⇒ = 212 °F 100 °C 1 373 K
b 100 180 5 9 180 °F 100 ºC 100 K

O zero absoluto 32 °F 0 °C 2 273 K

Até onde sabemos, não existe um limite superior para a


temperatura da matéria. Nas estrelas, a matéria acha-se
no estado de plasma, e a temperatura pode atingir bilhões –321 °F –196 °C 3 77 K
M

de graus. Entretanto, existe uma temperatura mínima para a –273 °C 0K


–460 °F 4
matéria. À medida que uma substância é resfriada, a agitação
molecular diminui e, se a temperatura pudesse chegar
ao valor –273,15 °C (–459,7 °F), o movimento molecular
cessaria. De fato, não é possível que a temperatura abaixe 1 Ponto de ebulição da água a 1 atm
até –273,15 °C, embora seja possível aproximar-se desse 2 Ponto de fusão da água a 1 atm
número indefinidamente. Atualmente, os físicos experimentais 3 Ponto de liquefação do nitrogênio a 1 atm
conseguem fazer a temperatura descer a valores extremamente 4 Zero absoluto
próximos a esse limite. Em laboratórios avançados de baixa
temperatura, certas substâncias são resfriadas, ficando a Figura 4. Correspondência entre temperaturas nas escalas
décimos do bilionésimo de grau acima da temperatura mínima. Fahrenheit, Celsius e Kelvin.

Bernoulli Sistema de Ensino 35


Frente B Módulo 01

DILATAÇÃO TÉRMICA O aumento no comprimento da barra, ∆L, também está


indicado nesta figura.
Um sólido é chamado de cristalino quando as suas
moléculas se ligam formando uma estrutura organizada e T0
L0
repetitiva ao longo do corpo. A figura 5 mostra uma estrutura
∆L
cristalina cúbica. As moléculas, representadas por esferas, T
ligam-se entre si através de forças elétricas. Na figura, L
simbolizamos essas ligações por meio de molas. O aumento
da temperatura é acompanhado por uma maior vibração
molecular. O resultado é que a distância média entre as

lli
moléculas também cresce, e o sólido cresce em todas as
Figura 6. Dilatação linear de uma barra cilíndrica.
direções: no comprimento, na largura e na altura. Quando
a temperatura diminui, a vibração molecular e a distância Desde que a variação de temperatura não seja muito
média entre as moléculas diminuem, ou seja, a matéria sofre grande, ∆L é proporcional a ∆T. Assim, no aquecimento

ou
contração. Com raras exceções, as substâncias se dilatam mostrado na figura 6, se ∆T fosse o dobro, ∆L também seria
quando a temperatura aumenta e se contraem quando a o dobro, se ∆T fosse o triplo, ∆L seria o triplo, e assim por
temperatura diminui. diante. Além disso, a dilatação ∆L também é proporcional
ao comprimento inicial L0. De fato, como ∆L é proporcional
a ∆T e a L0, significa que ∆L é proporcional ao produto L0 ∆T.
Introduzindo uma constante de proporcionalidade α,
a equação para calcular a dilatação térmica é a seguinte:

∆L = L0α∆T

rn
Figura 5. Modelo para um sólido cristalino.
Nessa equação, α é chamado de coeficiente de dilatação
térmica linear, valor que depende do material da barra.
O  coeficiente α pode ser considerado constante em uma
grande faixa de temperaturas. Podemos estudar melhor o
coeficiente α explicitando-o como:
Be
Muitas situações do cotidiano estão relacionadas com ∆L
a dilatação térmica. A dilatação dos fios em uma linha α=
L 0 ∆T
de transmissão e as juntas de dilatação são exemplos de
situações cotidianas em que os efeitos da dilatação térmica Para ∆T = 1 °C, teremos α = ∆L/L0. Essa razão indica
são perceptíveis. As juntas de dilatação são pequenas o percentual de aumento da barra, em relação ao seu
separações deixadas entre peças adjacentes para permitir comprimento inicial, para uma variação unitária de
que estas se dilatem livremente. Sem essas folgas, as peças temperatura. No Sistema Internacional, α é dado em 1/°C
se tocariam em um dia muito quente, gerando esforços de ou °C–1, pois as grandezas L0 e ∆L aparecem no numerador
compressão e podendo causar deformações permanentes e no denominador da equação anterior, de modo que as
nas peças. Podemos observar juntas de dilatação em muitos unidades de comprimento se cancelam (desde que L0 e ∆L0
lugares, como nos trilhos de uma estrada de ferro, entre duas sejam medidos em unidades idênticas). A tabela a seguir
eu

lajes de um viaduto e na colocação de porcelanatos e azulejos. contém valores experimentais médios do coeficiente de
dilatação linear para sólidos comuns.
Dilatação linear Material α (. 10−6 °C-1)
Embora os corpos sofram dilatação nas três dimensões, Alumínio 23
muitas vezes, é interessante analisar a dilatação em apenas
Cobre 17
uma delas. Por exemplo, quando uma estrada de ferro é
construída, os engenheiros devem prever uma folga mínima Aço comum 11
entre os trilhos para permitir a sua dilatação sem risco de Titânio especial 10
M

empenamentos. Nesse caso, não é relevante conhecer a Vidro comum 9,0


dilatação da altura e da largura dos trilhos. A dilatação em
Vidro pirex 3,0
apenas uma dimensão, conhecida como dilatação linear,
possui muitas aplicações na Física e na Engenharia.
O vidro é um material quebradiço, que se rompe facilmente
Para calcular a dilatação linear, considere a barra quando sofre impactos mecânicos ou quando sofre dilatações
cilíndrica mostrada na figura 6. Inicialmente, ela possui térmicas bruscas e localizadas. Quando colocamos leite
um comprimento L0 à temperatura T0. A seguir, considere quente em um copo de vidro de paredes grossas, o risco
que a barra seja aquecida homogeneamente e, após de ruptura do vidro é maior do que em um copo de paredes
alguns minutos, o comprimento da barra passe a ser L à finas. Neste último, o calor se difunde mais facilmente,
temperatura T. e o copo se dilata de forma mais homogênea.

36 Coleção Estudo 4V
Termometria e Dilatometria

O vidro pirex pode ser levado ao forno, sem risco de ser A dilatação isotrópica de um sólido acontece de maneira
quebrado, porque esse material sofre uma pequena dilatação semelhante a uma ampliação fotográfica, à exceção de que
térmica (veja na tabela que o coeficiente de dilatação do a dilatação térmica é tridimensional, já a ampliação da foto
pirex é menor que o do vidro comum). é bidimensional. Cada trecho de comprimento unitário do
sólido (interno ou superficial) aumenta de um valor igual ao
Alguns aparelhos elétricos podem ser acionados sob o
coeficiente de dilatação linear para cada grau de aumento
comando da temperatura. Por exemplo, o circuito elétrico
de temperatura. Por isso, podemos calcular a dilatação
de uma geladeira é desligado quando a temperatura
térmica da área de uma placa, de área inicial A0, por meio
interna atinge um valor mínimo. Em seguida, quando essa
da seguinte equação:
temperatura aumenta um pouco, o circuito é religado.

lli
Esse acionamento é feito por um interruptor conhecido
∆A = A0β∆T
como termostato, cujo princípio se baseia na dilatação sendo β = 2α
térmica. O mais simples dos termostatos é constituído O fator β é chamado de coeficiente de dilatação superficial.
de duas lâminas de metais diferentes (alumínio e cobre, O seu valor é, com alta precisão, igual ao dobro do coeficiente
por exemplo), unidas entre si, como ilustra a figura 7. de dilatação linear. Semelhantemente à dilatação superficial,

ou
Inicialmente, as lâminas estão à temperatura ambiente. a dilatação volumétrica isotrópica é dada por:
Nessa situação, elas apresentam comprimentos iguais.

FÍSICA
Quando aquecidas, a lâmina de alumínio se dilata mais que ∆V = V0γ∆T
a de cobre, pois o coeficiente de dilatação do alumínio, α, sendo γ = 3α
é maior que o do cobre. Como as lâminas são solidárias O fator γ é chamado de coeficiente de dilatação volumétrica e
(presas entre si), e como o comprimento final da lâmina vale, com alta precisão, o triplo do coeficiente de dilatação linear.
de alumínio deve ser maior que o da outra, as lâminas se
curvam para o lado do cobre. No resfriamento, situação Dilatação de sólidos vazados

Alumínio
rn
também ilustrada na figura 7, o comportamento da lâmina
bimetálica se inverte. A lâmina de alumínio sofre a maior
retração, logo, o sistema se curva para o lado dessa.

Cobre
Objetos vazados, como anéis e tubos, dilatam-se como
se fossem maciços. Isso pode ser comprovado por meio de
uma experiência simples. Considere o anel e a esfera, ambos
metálicos, mostrados na figura 9. À temperatura ambiente,
o furo do anel é ligeiramente menor que o diâmetro da esfera,
de modo que ela não pode passar pelo anel. Depois que este
Be
é aquecido, todas as suas dimensões aumentam, inclusive o
diâmetro do furo. O resultado é que a esfera pode atravessar
o anel quente. Se aguardarmos o seu resfriamento, o anel
Gelo voltará ao seu tamanho normal, e a esfera não poderá ser
repassada pelo furo. Se a esfera fosse mantida dentro do anel
quente, após o resfriamento, ela ficaria presa no anel. Esse
Figura 7. Dilatação de uma lâmina bimetálica.
tipo de fixação é usado em certos processos de fabricação.
Para isso, os engenheiros usam a equação ∆d = d0α∆T para
avaliar a dilatação do diâmetro do furo, sendo α o coeficiente
Dilatação superficial e volumétrica de dilatação do material da peça vazada.
Considere o sólido mostrado na figura 8. Aquecendo-o,
as arestas, as diagonais das faces e as diagonais internas
eu

dilatam-se. A dilatação térmica ocorre em todas as direções.


Por isso, as superfícies desse corpo, assim como seu volume,
sofrem dilatações.
Figura 9. Montagem para comprovar a dilatação térmica
de um anel metálico.
Uma situação interessante, relacionada com a dilatação de
corpos vazados, acontece com vidros de conservas ou doces
acondicionados nas geladeiras. Você já deve ter notado que
M

a tampa metálica desses frascos costuma ficar emperrada


quando tentamos abri-la logo após a retirada do produto
da geladeira. Como o coeficiente de dilatação térmica dos
metais é maior que o coeficiente de dilatação do vidro
(observe a tabela anterior), a tampa metálica se contrai
muito mais que a boca do recipiente quando o produto é
Figura 8. Dilatação de um sólido.
resfriado (lembre-se de que a boca se contrai na razão do
coeficiente de dilatação do vidro). É por isso que a tampa fica
Para muitos materiais, o coeficiente de dilatação linear é emperrada. Uma maneira fácil de abrir o recipiente consiste
igual em todas as direções. Nesses materiais, a dilatação é em jogar água quente sobre a tampa. Dessa forma, ela se
chamada de isotrópica. dilata, podendo ser retirada facilmente.

Bernoulli Sistema de Ensino 37


Frente B Módulo 01

EXERCÍCIO RESOLVIDO Por isso, a dilatação que vemos acontecer (volume


derramado) não é a dilatação real do líquido, mas sim a sua
01. Uma régua de aço de 7,0 cm foi calibrada a 20 °C. A régua dilatação aparente.
é usada em um ambiente muito quente, onde a temperatura
Volume
é de 45 °C. Determinar o erro percentual cometido ao se derramado

usar a régua nesse ambiente e discutir a viabilidade do uso V0 V
da régua nesse local.
Resolução:
Na figura (a) a seguir, a régua encontra-se em um local onde

lli
a temperatura é de 20 °C. Nesse local, o comprimento da
régua vale, de fato, 7,0 cm. Na figura (b), a régua e uma Figura 10. Dilatação aparente de um líquido.
barra estão a 45 °C. Nessa condição, a régua indica um
comprimento de 7,0 cm para a barra. Entretanto, a barra A dilatação aparente do líquido (volume derramado) é a
mede mais que isso, pois a régua da figura (a), a 20 °C, diferença entre a dilatação real do líquido e a dilatação do

ou
é que fornece a medida correta.
béquer:
(a) 20 ºC 0 1 2 3 4 5 6 7
∆Vaparente = ∆Vlíquido − ∆Vbéquer

As dilatações do líquido e do béquer podem ser calculadas




pela equação da dilatação volumétrica:


(b) 45 ºC 0 1 2 3 4 5 6 7

∆Vlíquido = V0γlíquido ∆T e ∆Vbéquer = V0γbéquer ∆T

A equação da dilatação linear da régua é: O volume inicial do líquido é igual ao volume inicial da

rn
∆L = L − L0 = L0α∆T

Nessa equação, L é o comprimento da régua a 45 °C,


L 0 = 7,0 cm é o comprimento da régua a 20 ° C,
∆T = 45 − 20 = 25 °C é a elevação de temperatura e
α = 11 x 10−6 °C−1 é o coeficiente de dilatação linear do aço.
parte interna do béquer. A variação de temperatura também
é a mesma para o líquido e para o béquer. Substituindo
essas grandezas na equação anterior, obtemos a dilatação
aparente do líquido:
∆Vaparente = V0γlíquido ∆T − V0γbéquer ∆T
Be
Substituindo esses valores na equação anterior, obtemos:
Colocando V0 ∆T em evidência, obtemos:
L − 7,0 = 7,0 . 11 . 10−6 . 25 ⇒ L =7,001925 cm
∆Vaparente = V0∆T(γlíquido − γbéquer)
O erro da medição, portanto, é: O termo entre parênteses (diferença entre os coeficientes
L − L0 7, 00195 − 7, 0 de dilatação térmica volumétrica do líquido e do béquer) é
Erro = = = 0,00028 ou 0,028%
L0 7, 0 denominado de coeficiente de dilatação térmica aparente.
Tendo em vista que o erro cometido é de 0,028% Esse valor depende do par líquido / recipiente. Por exemplo,
(praticamente zero), conclui-se que é viável a utilização para o par mercúrio / vidro pirex, o coeficiente de dilatação
da régua no local. aparente vale:
γaparente = γmercúrio − γvidro pirex = 2,0 . 10−4 − 3,0 . 10−6
Dilatação dos líquidos
eu

γaparente = 2,0 . 10−4 − 0,030 . 10−4 = 1,97 . 10−4 °C–1


Os líquidos são substâncias em que as forças de atração
A interpretação desse número é a seguinte: uma unidade
entre as moléculas ou átomos são fracas. Por isso, em geral,
os líquidos apresentam coeficientes de dilatação térmica de volume, como 1 cm3 de mercúrio, ocupando um volume
maiores que os sólidos. A tabela a seguir mostra os valores de 1 cm3 em um recipiente de vidro pirex, sofre uma
dos coeficientes de dilatação volumétrica de alguns líquidos dilatação aparente de 0,000197 cm3 quando a temperatura
importantes, que podem ser considerados constantes em se eleva de 1 °C. Para um volume não unitário e uma
uma grande faixa de temperatura. variação de temperatura não unitária, a dilatação aparente
pode ser calculada pela equação ∆Vaparente = V0γaparente∆T.
M

Material g (. 10-4 °C−1)


Na figura 10, considerando que o líquido seja o mercúrio
Álcool etílico 11 e que o recipiente seja constituído de vidro pirex, para
Gasolina 9,0 V0 = 1 000 cm3 e ∆T = 100 °C, por exemplo, o volume de
mercúrio derramado seria:
Glicerina 5,0
Vderramado = ∆Vaparente = V0γaparente ∆T
Mercúrio 2,0 Vderramado = 1 000 . 1,97 . 10−4 . 100 = 19,7 cm3

Agora, considere um líquido contido em um béquer como Você também pode achar esse valor calculando a dilatação
mostra a figura 10. Quando aquecido, o líquido se dilata, do líquido, depois a dilatação do béquer e, por último,
mas o béquer também. subtraindo esses dois valores.

38 Coleção Estudo 4V
Termometria e Dilatometria

A dilatação da água EXERCÍCIO RESOLVIDO


A maioria das substâncias sofre expansão quando
02. A figura mostra o sistema de arrefecimento de um motor
aquecidas e retração quando resfriadas. A água apresenta automotivo. O fluido de arrefecimento é água misturada
um comportamento invertido entre 0 °C a 4 °C. O gráfico na com um pouco de líquido anticongelante.
figura 11 ilustra a dilatação térmica de massas iguais (1,0 g) Depois de passar pelo motor, a água sai quente, é resfriada
de álcool etílico e água, aquecidas a partir de 0 °C. Observe no radiador e retorna ao motor para recomeçar o ciclo.
o comportamento regular e esperado do álcool, que sofre Um pequeno vaso, o reservatório de expansão, é colocado
dilatação durante toda a faixa de elevação da temperatura. em paralelo com o circuito de água. Considere os seguintes

lli
O mesmo não ocorre com a água, que tem o volume reduzido dados: o volume interno do sistema de arrefecimento é
20 litros, a temperatura da água é 10 °C com o motor
entre 0 °C a 4 °C. A partir de 4 °C, o comportamento da
desligado e 70 °C com ele funcionando. Os coeficientes de
água é normal. A água, a 4 °C, apresenta o menor volume e,
dilatação volumétrica da água e do circuito de arrefecimento
consequentemente, densidade máxima. (ferro) são 330 . 10−6 °C−1 e 30 . 10−6 °C−1, respectivamente.

ou
Espaço livre
Reservatório
1,02

FÍSICA
Máx
de expansão
Volume (cm3)

ua quente vin Mín


Ág da
do
m ot
1,01 or

Ventilador Ar frontal
1,00 de

0 4
rn
Mais densa
10

Água
20 30
Temperatura (°C)

Álcool etílico
40
aspiração
de ar

Ág
ua fria pa
ra
re
sf
ria
ro
motor Radiador para
resfriar a água
Be
Figura 11. A dilatação regular do álcool e irregular da água. A) Explicar por que o reservatório de expansão não pode
ser completado até o topo.
B) Determinar qual deve ser o volume do reservatório
Em regiões frias, a vida marinha poderia desaparecer de expansão para que a água se dilate sem risco de
caso a água se dilatasse regularmente em toda a faixa de rompimento do sistema.
temperaturas. Nesses locais, as camadas superiores de um Resolução:
lago se congelam, mas as camadas inferiores continuam
A) Água fria, à temperatura de 10 °C, é posta no sistema
no estado líquido, permitindo a manutenção da vida de com o motor desligado. Com o motor em funcionamento,
plantas e de animais aquáticos. Nesses locais, quando o a temperatura da água nos canais desse é de 70 °C.
inverno inicia, a temperatura ambiente e a temperatura da A água se expande muito mais que as tubulações, pois
eu

superfície do lago começam a diminuir. À medida que a água o seu coeficiente de dilatação é cerca de 10 vezes maior
da superfície se resfria, ela sofre contração, torna-se mais que o do ferro (material das tubulações e das cavidades
do motor). É necessário espaço vazio no reservatório de
densa e afunda, já a água das camadas mais baixas sobe.
expansão para permitir que a água se dilate sem pressionar
Essas correntes descendentes e ascendentes (chamadas
as paredes internas dos tubos e cavidades do motor.
de correntes convectivas) permitem que a água do lago Por isso, o reservatório não pode ser completado até o topo.
se resfrie homogeneamente até a temperatura de 4 °C. B) Observe o volume livre no reservatório de expansão
A partir desse ponto, a água da superfície continua se indicado na figura anterior. Esse espaço vazio deve ser
resfriando, pois a temperatura ambiente continua caindo,
M

no mínimo igual à dilatação aparente da água, que pode


mas ela se torna menos densa, pois a água sofre expansão ser calculada como se segue:
quando sua temperatura diminui para menos de 4 °C. ∆Vaparente = V0γaparente∆T
Por isso, a água da superfície flutua sobre as camadas
Nessa equação, V0 = 20 litros é o volume interno do
inferiores, que se mantêm a 4 °C. O resfriamento da sistema de arrefecimento, γaparente = 300 . 10−6 °C−1 é
superfície do lago continua, e a superfície se congela a 0 °C, a diferença entre os coeficientes de dilatação da água
podendo atingir valores muitos graus abaixo de zero. e dos tubos e ∆T = 60 °C é a variação de temperatura
A baixa condutividade térmica do gelo também é fundamental da água fria e quente. Substituindo esses valores na
para manter a água líquida a 4 °C isolada do meio exterior equação, obtemos:

mais frio. ∆Vderramado = 20 . 300 . 10−6 . 60 = 0,360 litro

Bernoulli Sistema de Ensino 39


Frente B Módulo 01

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 03. (UFLA-MG) Tem-se uma peça de metal com um orifício de

diâmetro d1 e um pino do mesmo metal de diâmetro d2,

01. (Fatec-SP) Em um laboratório, um cientista determinou ligeiramente maior que o orifício d1, quando à mesma

a temperatura de uma substância. Considerando-se temperatura. Para introduzir o pino no orifício, pode-se

as temperaturas
A) aquecer o orifício e o pino igualmente.

−100 K; 32 °F; −290 °C e −250 °C, B) resfriar apenas o pino.

C) aquecer o pino e resfriar o orifício.

lli
os POSSÍVEIS valores encontrados pelo cientista foram
D) resfriar apenas o orifício.
A) 32 °F e −250 °C.
E) resfriar o orifício e o pino igualmente.
B) 32 °F e −290 °C.

ou
C) −100 K e 32 °F. 04. (PUC RS) As variações do volume de certa quantidade de
D) −100 K e −250 °C. água e do volume interno de um recipiente em função

E) −290 °C e −250 °C. da temperatura foram medidas separadamente e estão

representadas no gráfico a seguir respectivamente, pela


02. (UFPB–2013) Ao visitar uma feira de tecnologia, linha contínua (água) e pela linha tracejada (recipiente).
um homem adquiriu um termômetro digital bastante
Volume

rn
moderno. Ao chegar à sua casa, guardou o termômetro

na caixa de primeiro socorros e jogou fora a embalagem

em que estava o manual de uso do termômetro. Um certo

dia, o seu filho apresentou um quadro febril. Ele, então,

usou o termômetro para aferir a temperatura da criança.


Água

Recipiente
Be
Para sua surpresa, o visor digital do termômetro indicou

que a criança estava com a temperatura de 312. 0 4 10 Temperatura (°C)

Nesse contexto, a explicação mais provável para essa


Estudantes, analisando os dados apresentados no gráfico
medida de temperatura é de que o termômetro esteja
e supondo que a água seja colocada dentro do recipiente,
graduado na
fizeram as seguintes previsões:

A) escala Celsius e, quando convertida para a escala I. O recepiente estará completamente cheio de
Fahrenheit, a temperatura da criança corresponderá água, sem haver derramamento, apenas quando a
eu

a 79 °F. temperatura for 4 °C.

II. A água transbordará apenas se sua temperatura e a


B) escala Fahrenheit e, quando convertida para a escala
do recipiente assumirem, simultaneamente, valores
Celsius, a temperatura da criança corresponderá
acima de 4 °C.
a 39 °C.
III. A água transbordará se sua temperatura e a do
C) escala Kelvin e, quando convertida para a escala
recipiente assumirem, simultaneamente, valores
Celsius, a temperatura da criança corresponderá
M

acima de 4 °C ou se assumirem, simultaneamente,


a 39 °C. valores abaixo de 4 °C.

D) escala Celsius e, quando convertida para escala A(s) afirmativa(s) CORRETA(S) é(são)
Kelvin, a temperatura da criança corresponderá A) I, apenas.
a 273 K. B) I e II, apenas.

E) escala Fahrenheit e, quando convertida para a escala C) I e III, apenas.

Kelvin, a temperatura da criança corresponderá D) II e III, apenas.

a 0 K. E) I, II e III.

40 Coleção Estudo 4V
Termometria e Dilatometria

EXERCÍCIOS PROPOSTOS Caso isso não ocorresse, analise as afirmativas a seguir


para um motorista que abasteceria seu carro com 40 litros
de gasolina e assinale a afirmativa CORRETA.
01. (CEFET-MG) O conceito de temperatura foi aprimorado
A) Se um automóvel fosse abastecido no verão,
nos últimos séculos. Nos dias atuais, está relacionado
o motorista levaria vantagem.
à(ao)
B) Se um automóvel fosse abastecido no inverno,
A) ponto tríplice da água. o motorista levaria vantagem, pois estaria abastecendo

B) grau de agitação térmica. com maior volume.

lli
C) equilíbrio térmico do meio. C) Quando o motorista abastecesse seu automóvel no
verão, para um mesmo volume, estaria colocando
D) mudança de estado físico.
menos combustível.
E) sensação de quente e frio.

ou
D) Como a gasolina é uma mesma substância,
independente da estação do ano, não haveria

FÍSICA
02. (UERN–2015) A temperatura interna de um forno alteração na quantidade de combustível abastecido.
8CBX
elétrico foi registrada em dois instantes consecutivos
E) No inverno a gasolina é mais densa, portanto o
por termômetros distintos – o primeiro graduado na motorista ao encher o tanque de seu automóvel
escala Celsius e o segundo na escala Kelvin. Os valores estaria colocando menor volume de combustível.
obtidos foram, respectivamente, iguais a 120 °C e 438 K.

corresponde a

A) 65 °F.

B) 72 °F.
rn
Essa variação de temperatura expressa em Fahrenheit 05.
PDKT
(Unifor-CE) Certo líquido está quase transbordando de
um béquer de vidro, de capacidade 450 cm3 a 20 °C.
Aquecendo-se o conjunto até a temperatura atingir 100 °C,
transbordam 9,0 cm3 do líquido. A dilatação real desse
líquido, em cm3, é:
Be
C) 81 °F. A) menor que 0,45

D) 94 °F. B) 0,45

C) 4,5
03. (Fatec-SP) Um cientista coloca um termômetro em um
D) 9,0
béquer contendo água no estado líquido. Supondo que o
E) maior que 9,0
béquer esteja num local ao nível do mar, a única leitura
que pode ter sido feita pelo cientista é: 06. (UFLA-MG) Alguns corpos apresentam características
A) –30 K físicas que variam com a temperatura, as quais são
eu

chamadas de propriedades termométricas.


B) 36 K
Os termômetros se utilizam dessas propriedades para medir
C) 130 °C
temperatura. Analise as proposições I, II e III a seguir.
D) 250 K
I. A pressão de um gás a volume constante é considerada
E) 350 K uma propriedade termométrica.

II. A resistência elétrica é considerada uma propriedade


04. ( I FR S – 2 0 1 5) U m a d as p r i nc i p ai s p r op ri ed ad es
M

termométrica.
específicas da matéria é a densidade, que corresponde
III. A massa de um corpo é considerada uma propriedade
a uma relação entre massa e volume. No Brasil,
termométrica.
a gasolina é vendida em litros. Para reduzir problemas
A) Apenas a proposição I está correta.
no abastecimento dos automóveis, os tanques de
B) As proposições I, II e III estão corretas.
combustíveis, nos postos de abastecimentos brasileiros,
C) Apenas as proposições I e II estão corretas.
são mantidos subterrâneos, de modo a manter a
temperatura com mínima variação, uma vez que isso D) Apenas a proposição II está correta.

provocaria alteração na densidade da gasolina. E) Apenas a proposição III está correta.

Bernoulli Sistema de Ensino 41


Frente B Módulo 01

07. (UNESP) Um termoscópio é um dispositivo experimental, 09. (UEA-AM–2016) Ao analisar por 32 anos as temperaturas
4S63
como o mostrado na figura, capaz de indicar a temperatura da superfície global registradas por satélites, os cientistas
a partir da variação da altura da coluna de um líquido encontraram o ponto mais frio da Terra. Eles descobriram
que existe dentro dele. Um aluno verificou que, quando que, em agosto de 2010, em um cume no Planalto do
a temperatura na qual o termoscópio estava submetido Leste da Antártica, a temperatura atingiu –136 °F.
era de 10 °C, ele indicava uma altura de 5 mm. Percebeu Disponível em: <http://oglobo.globo.com> (Adaptação).
ainda que, quando a altura havia aumentado para 25 mm,
Se registrada por um termômetro graduado na
a temperatura era de 15 °C.
escala Celsius, essa temperatura corresponderia,

lli
aproximadamente, a

A) –93.

B) –70.

ou
C) –57.

D) –36.

E) –18.
Quando a temperatura for de 20 °C, a altura da coluna
de líquido, em mm, será de 10. (Mackenzie-SP) Com uma régua de latão (coeficiente de
WSØW
A) 25. D) 40. dilatação linear 2,0 . 10–5 °C–1) aferida a 20 °C, mede-se

B) 30. E) 45. a distância entre dois pontos. Essa medida foi efetuada

08.
C) 35
rn
(UFRN) A figura 1 a seguir mostra o esquema de um
termostato que utiliza uma lâmina bimetálica composta
por dois metais diferentes – ferro e cobre – soldados um
a uma temperatura acima de 20 °C, motivo pelo qual
apresenta um erro de 0,05%. A temperatura na qual foi
feita essa medida é

A) 50 °C.

B) 45 °C.
Be
sobre o outro. Quando uma corrente elétrica aquece a C) 40 °C.
lâmina acima de uma determinada temperatura, os metais
D) 35 °C.
sofrem deformações, que os encurvam, desfazendo
o contato do termostato e interrompendo a corrente E) 25 °C.

elétrica, conforme mostra a figura 2.


11. (UFV-MG) A figura a seguir ilustra uma esfera maciça
Ferro F929
de diâmetro L e uma barra de mesmo material com
i i comprimento também igual a L, ambos a uma mesma
Cobre
temperatura inicial. Quando a temperatura dos dois
Figura 1 corpos for elevada para um mesmo valor final, a razão
eu

entre o aumento do diâmetro da esfera e o aumento do


Ferro
comprimento da barra será:

Cobre Esfera

Figura 2

A partir dessas informações, é CORRETO afirmar que a


M

lâmina bimetálica encurva-se para cima devido ao fato de


A) o coeficiente de dilatação térmica do cobre ser maior L Barra
que o do ferro.
B) o coeficiente de dilatação térmica do cobre ser menor
A) 1/3
que o do ferro.
B) 1
C) a condutividade térmica do cobre ser maior que a
do ferro. C) 1/9

D) a condutividade térmica do cobre ser menor que a D) 9/1

do ferro. E) 3/1

42 Coleção Estudo 4V
Termometria e Dilatometria

12. (UERJ–2015) No mapa a seguir, está representada a variação média da temperatura dos oceanos em um determinado mês
do ano. Ao lado, encontra-se a escala, em graus Celsius, utilizada para a elaboração do mapa.

4,5
4
3,5
3
2

lli
1,5
1
0,5
0

ou
–0,5

FÍSICA
–1
–1,5
–2
–3
–3,5

rn Disponível em: <enos.cptec.inpe.br> (Adaptação).

DETERMINE, em graus Kelvin, o módulo da variação entre a maior e a menor temperatura da escala apresentada.
Be
13. (UFG-GO) Deseja-se acoplar um eixo cilíndrico a uma roda com um orifício circular. Entretanto, como a área da seção transversal
ELPW
do eixo é 2,0% maior que a do orifício, decide-se resfriar o eixo e aquecer a roda. O eixo e a roda estão inicialmente à
temperatura de 30 °C. Resfriando-se o eixo para –20 °C, CALCULE o acréscimo mínimo de temperatura da roda para que seja
possível fazer o acoplamento. O eixo e a roda são de alumínio, que tem coeficiente de dilatação superficial de 5,0 . 10–5 °C–1.

SEÇÃO ENEM
eu

01. (Enem–2009) Durante uma ação de fiscalização em postos de combustíveis, foi encontrado um mecanismo inusitado para
enganar o consumidor. Durante o inverno, o responsável por um posto de combustível compra álcool por R$ 0,50/litro, a uma
temperatura de 5 °C. Para revender o líquido aos motoristas, instalou um mecanismo na bomba de combustível para aquecê-lo,
para que atinja a temperatura de 35 °C, sendo o litro de álcool revendido a R$ 1,60. Diariamente o posto compra 20 mil litros
de álcool a 5 °C e os revende.

Com relação à situação hipotética descrita no texto e dado que o coeficiente de dilatação volumétrica do álcool é de 1 . 10–3 °C–1,
M

desprezando-se o custo da energia gasta no aquecimento do combustível, o ganho financeiro que o dono do posto teria obtido
devido ao aquecimento do álcool após uma semana de vendas estaria entre

A) R$ 500,00 e R$ 1 000,00.

B) R$ 1 050,00 e R$ 1 250,00.

C) R$ 4 000,00 e R$ 5 000,00.

D) R$ 6 000,00 e R$ 6 900,00.

E) R$ 7 000,00 e R$ 7 950,00.

Bernoulli Sistema de Ensino 43


Frente B Módulo 01

02. (Enem–2009) De maneira geral, se a temperatura de um II. Abastecendo com a temperatura mais baixa, você
líquido comum aumenta, ele sofre dilatação. O mesmo estaria comprando mais massa de combustível para
não ocorre com a água, se ela estiver a uma temperatura cada litro.
próxima a de seu ponto de congelamento. O gráfico III. Se a gasolina fosse vendida por kg em vez de por
mostra como o volume específico (inverso da densidade) litro, o problema comercial decorrente da dilatação
da água varia em função da temperatura, com uma da gasolina estaria resolvido.
aproximação na região entre 0 °C e 10 °C, ou seja, nas Dessas considerações, somente
proximidades do ponto de congelamento da água.
A) I é correta. D) I e II são corretas.

lli
1,05
B) II é correta. E) II e III são corretas.
Volume específico (cm3/g)

1,04 C) III é correta.

1,03

ou
(a)

1,02 GABARITO
Fixação
1,01

1,00
0 20 40 60 80 100
Temperatura (°C) 01. A

02. C
Volume específico

1,00020

rn 03. B
(cm3/g)

(a) 1,00010
04. C
1,00000
0 2 4 6 8 10

Propostos
Temperatura (°C)
Be
HALLIDAY & RESNICK. Fundamentos de Física: Gravitação,
ondas e termodinâmica. v. 2. Rio de Janeiro: Livros Técnicos 01. B
e Científicos, 1991.
02. C

A partir do gráfico, é correto concluir que o volume 03. E

ocupado por certa massa de água 04. C


A) diminui em menos de 3% ao se resfriar de 100 °C 05. E
a 0 °C.
06. C
B) aumenta em mais de 0,4% ao se resfriar de 4 °C
07. E
a 0 °C.
eu

C) diminui em menos de 0,04% ao se aquecer de 0 °C 08. A

a 4 °C. 09. A
D) aumenta em mais de 4% ao se aquecer de 4 °C
10. B
a 9 °C.
11. B
E) aumenta em menos de 3% ao se aquecer de 0 °C
a 100 °C. 12. ∆T = 8 K

13. ∆Tr = 349,0 °C


M

03. (Enem–1999) A gasolina é vendida por litro, mas, em sua


utilização como combustível, a massa é o que importa. Um
aumento da temperatura do ambiente leva a um aumento
Seção Enem
no volume da gasolina. Para diminuir os efeitos práticos
dessa variação, os tanques dos postos de gasolina são
01. D
subterrâneos. Se os tanques não fossem subterrâneos:

I. Você levaria vantagem ao abastecer o carro na hora 02. C


mais quente do dia, pois estaria comprando mais
massa por litro de combustível. 03. E

44 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

FÍSICA B 02
Propagação de calor e calorimetria

lli
A energia interna de um corpo pode variar quando ocorre
troca de energia na forma de calor ou trabalho entre o corpo e
Condução térmica
a sua vizinhança. Ao passo que o trabalho se deve à ação de A transferência de calor por condução está associada às

ou
uma força agindo ao longo de um deslocamento, o calor está atividades atômicas ou moleculares da matéria. A figura 1
relacionado a um fluxo de energia que ocorre de um corpo mostra, esquematicamente, as moléculas de um gás
para outro devido a uma diferença de temperatura entre eles. confinado em um espaço em que existe o perfil de temperatura
Por exemplo, você pode aquecer as suas mãos e aumentar ao longo do eixo x, indicado no gráfico à esquerda do gás.
Se a largura do espaço (L) for suficientemente pequena,
a energia interna delas esfregando-as uma contra a outra,
não haverá movimento global (macroscópico) de massas,
ou colocando-as debaixo de uma corrente de água quente.
e a transferência de calor ocorrerá apenas por condução.
Na primeira situação, as mãos se aquecem devido ao trabalho
realizado pela força de atrito e, na segunda, o aquecimento T

rn
ocorre porque as mãos recebem calor da água quente.

Este módulo é dividido em duas partes. Na primeira,


vamos definir o que é o calor e discutir os três modos
de propagação do calor: a condução, a convecção e a
radiação. Na segunda parte, vamos aprender a calcular a
quantidade de calor transferida ou recebida por um corpo
em função do estado inicial e do estado final desse corpo.
L /2

Fluxo
de
Be
calor
Primeiramente, estudaremos as situações em que o calor L
fornecido ou recebido pelo corpo provoca uma variação em
x
sua temperatura. Depois, abordaremos o caso em que o calor
cedido ou absorvido pelo corpo provoca uma mudança de Figura 1. A condução de calor e a difusão da energia molecular.
fase neste, fazendo-o passar, por exemplo, do estado sólido
Como a temperatura do gás decresce de cima para
para o estado líquido.
baixo, as moléculas do gás, situadas acima do plano de
abscissa x = L/2, apresentam velocidades médias maiores

MODOS DE PROPAGAÇÃO DO CALOR que as moléculas abaixo desse plano. Ainda que algumas
moléculas possam atravessar o plano de baixo para cima
durante certo intervalo de tempo, o número de moléculas
O calor é uma forma de energia em trânsito que se que faz o caminho inverso é maior. O resultado é que a
eu

manifesta devido a uma diferença de temperatura no transferência líquida de moléculas mais energéticas ocorre
espaço. Podemos citar inúmeros exemplos relacionados à no sentido positivo do eixo x. Essa transferência de energia
propagação do calor. O café em uma xícara se resfria ao é semelhante à difusão de massa que ocorre entre duas
ar livre porque a bebida, estando a uma temperatura mais soluções de concentrações diferentes, separadas por uma
elevada que a do ambiente ao seu redor, cede calor para membrana permeável. Por isso, a transferência de calor
o ar ambiente e para a própria xícara que contém o café. por condução é interpretada como uma difusão de energia
Uma pessoa transfere calor para o ar próximo à sua pele gerada pelo movimento molecular aleatório.
porque seu corpo está mais quente que o ambiente. Nos líquidos, as moléculas estão mais próximas do que
M

Por sua vez, essa pessoa se aquece diante de uma lareira nos gases, e as interações moleculares são mais fortes e
porque as chamas apresentam uma temperatura muito maior frequentes. Mesmo assim, a condução de calor nos líquidos
que a de seu corpo. Em todos esses exemplos, a quantidade ocorre de maneira semelhante à dos gases. Nos sólidos,
de calor cedida pelo corpo ou pelo sistema à temperatura todas as moléculas acham-se ligadas (rede cristalina).
mais alta é igual à quantidade de calor recebida pelo corpo A condução de calor manifesta-se por meio de ondas de
à temperatura mais baixa. vibração (fônons), que se propagam das partes mais quentes,
onde a vibração molecular é mais intensa, em direção às
O calor pode ser transferido de uma região para outra por partes mais frias. Nos metais, a taxa de difusão da energia
meio da condução, da convecção ou da radiação térmica, ou, molecular é aumentada expressivamente devido à presença
ainda, por meio da combinação simultânea de duas dessas de elétrons livres, pois essas partículas podem sofrer
formas, ou mesmo das três. A seguir, vamos discutir esses grandes translações. Por isso, em geral, bons condutores de
três processos de propagação do calor. eletricidade são também bons condutores de calor.

Bernoulli Sistema de Ensino 45


Frente B Módulo 02

A taxa com a qual o calor é transferido de um ponto a outro Modernamente, é comum usar o termo advecção para
do espaço, por meio da condução térmica, pode ser calculada o mecanismo de transferência de calor associado ao
pela Lei de Fourier. Vamos utilizar a Lei de Fourier para calcular movimento global, e o termo convecção, para a transferência
a quantidade de calor transferida por condução térmica ao cumulativa envolvendo a difusão e a advecção.
longo de um corpo. Para isso, considere a figura 2, que
mostra uma barra feita de um material homogêneo exposta Existem dois tipos básicos de convecção térmica,
a uma diferença de temperatura entre suas extremidades. a convecção natural (ou livre) e a convecção forçada.
A barra é isolada lateralmente, de maneira que o fluxo de Na convecção natural, o movimento do fluido é provocado por
calor ocorre apenas ao longo do comprimento. A temperatura forças de empuxo causadas por um campo de temperaturas
na face esquerda, T1, é maior que a temperatura T2 da outra e densidades do fluido. Na convecção forçada, o movimento
face. Por isso, o fluxo de calor ocorre da esquerda para a

lli
do fluido é provocado por um agente externo, como um
direita conforme está indicado na figura.
ventilador, uma bomba ou ventos atmosféricos. Quando você
Isolamento está parado e não há ventos, seu corpo transfere calor para
térmico T2 (°C)
o ar por meio da convecção natural.
A (m2) O ar próximo a seu corpo se aquece, torna-se menos denso

ou
e eleva-se, transportando o calor cedido por você. Por sua
vez, o ar um pouco mais distante move-se para substituir o
L (m) ar ascendente. Quando você corre, ou há uma brisa forte,
φ (W)
seu corpo transfere calor por convecção forçada. Nesse caso,
T1 (°C) a renovação de ar próximo ao seu corpo se dá de maneira
muito mais rápida, e a transferência de calor ocorre com
Figura 2. A condução de calor unidirecional ao longo de uma
maior eficiência.
barra isolada lateralmente.

rn
Para condições de fluxo de calor em regime estacionário,
o perfil de temperaturas ao longo da barra é constante
no tempo. Nesse caso, a taxa de transferência de calor φ
também é constante no tempo e pode ser calculada por meio
da seguinte equação (Lei de Fourier):
A figura 3 ilustra um exemplo clássico de convecção
natural. Uma massa de água dentro de uma panela é
aquecida por meio da chama de um fogão. A água logo
acima do fundo quente da panela se aquece por condução,
apresentando uma temperatura maior e uma densidade
menor do que as camadas superiores de água. Menos
densa, a água do fundo sobe, trocando de posição com
Be
∆T
φ = KA as massas mais densas que se acham na parte superior.
L
Dessa forma, aglomerados com muitas moléculas formam
Nessa expressão, φ representa a quantidade de energia correntes convectivas que circulam na água conforme
calorífica através da barra por unidade de tempo. indicado na figura. Próximo ao fundo da panela, a difusão
da energia molecular predomina sobre a advecção.
No Sistema Internacional, φ é dado em joules/segundo (watt).
Logo acima do fundo, o mecanismo da advecção é
A geometria da barra é definida por A e L, que são a área da
seção transversal e o comprimento da barra, respectivamente. que prevalece.

O termo ∆T é a diferença de temperatura (T1 – T2) geradora


do fluxo de calor. O parâmetro K é a condutividade térmica,
uma propriedade física que depende do material da barra.
eu

Bons condutores, como os metais em geral, possuem alta


condutividade térmica, e bons isolantes de calor são fabricados
com materiais de baixa condutividade térmica. Por exemplo,
a condutividade térmica do alumínio, a 300 K, vale 293 W/(m.°C),
já a condutividade térmica do papel comum, nessa
temperatura, vale 0,18 W/(m.°C). Assim, uma folha de papel
tem um poder de isolamento térmico aproximadamente
1 630 vezes maior que o de uma folha de alumínio de mesma
espessura. Os gases, por apresentarem as moléculas muito Figura 3. Correntes convectivas no aquecimento de uma massa
M

separadas, possuem baixa condutividade térmica e não são de água.


bons condutores de calor. A maioria dos líquidos também não
são bons condutores de calor. No aquecimento convectivo descrito anteriormente,
é essencial que a fonte de calor seja posicionada na parte
Convecção térmica inferior do sistema. Se a água fosse aquecida por cima, as
camadas superiores da água ficariam mais quentes e menos
A transferência de calor por convecção ocorre
densas. Assim, elas flutuariam, e o aquecimento da água
apenas nos fluidos. A convecção está associada a dois
ocorreria apenas por condução. Como a água possui baixa
mecanismos, um microscópico, relativo à difusão da
energia molecular, e outro macroscópico, envolvendo condutividade térmica, o aquecimento do líquido aconteceria
o movimento global de massas gerado por um perfil muito lentamente. Por outro lado, para resfriar um fluido, a fonte
de temperaturas e densidades no interior do fluido. usada para absorver o calor deve ser posicionada acima dele.

46 Coleção Estudo 4V
Propagação de calor e calorimetria

É por isso que o congelador de uma geladeira comum situa-se


na parte de cima do aparelho. A figura 4 ilustra o movimento
Radiação térmica
de massas de ar dentro de uma geladeira simples. Lembrando A figura 6 mostra uma pessoa aquecendo-se próximo
que o ar mais frio apresenta maior densidade, procure entender ao fogo. Como o ar é um gás, sua condutividade térmica
por que as correntes convectivas apresentam as direções é baixa, e a transferência de calor por condução térmica
indicadas nessa figura. das chamas às mãos da pessoa é desprezível. Tampouco
as mãos se aquecem por convecção, pois o ar quente sobe.
As mãos, nesse caso, se aquecem porque elas absorvem
parte da radiação emitida pelas chamas. De fato, todos os
corpos emitem radiação na forma de ondas eletromagnéticas.
Assim, as chamas transmitem radiação para as mãos da

lli
pessoa, mas estas também transmitem radiação para as
chamas. Como a temperatura das chamas é muito maior
que a temperatura das mãos, o fluxo de calor líquido por
radiação térmica ocorre das chamas para as mãos.

ou
Convecção e radiação

FÍSICA
Radiação

Figura 4. Correntes convectivas no interior de uma geladeira. Figura 6. Propagação do calor por radiação.

rn
Os ventos são movimentos de massas de ar originárias de
correntes convectivas na atmosfera da Terra. Essas correntes
ocorrem porque algumas partes da superfície terrestre se
aquecem diferentemente de outras. Um exemplo são os ventos
de beira-mar. Durante o dia, em geral, a superfície costeira se
aquece mais que o mar. Por isso, o ar logo acima do solo se
acha mais quente e menos denso do que o ar superior. Sobre
As ondas eletromagnéticas podem se propagar em
diversos meios, inclusive no vácuo. Assim, ao passo que
as propagações de calor por condução e por convecção
necessitam de um meio material, a propagação de calor
por radiação manifesta-se também no vácuo. Na verdade,
não havendo a presença de matéria para absorver a onda
Be
o mar, ocorre justamente o contrário, o ar sobre a água fria eletromagnética, a transferência de calor por radiação ocorre
é mais denso que o ar de camadas superiores da atmosfera. com mais eficiência justamente no espaço vazio.
O resultado é que o ar quente próximo ao solo se eleva, e o ar Existem vários tipos de ondas eletromagnéticas,
frio próximo ao mar move-se a fim de substituí-lo, gerando a diferenciando-se pela frequência de oscilação de cada onda.
circulação de ar mostrada na primeira ilustração da figura 5. Qualquer corpo emite ondas eletromagnéticas de todas as
A outra ilustração mostra as brisas de beira-mar durante a noite. frequências. Porém, de acordo com a temperatura, a radiação
Nesse caso, o mar acha-se mais quente do que a superfície ocorre segundo uma faixa de frequência predominante, como
costeira. O ar logo acima do mar sobe, e uma brisa sopra da indicado na figura 7. Por exemplo, o Sol, cuja superfície acha-se
costa para o mar a fim de fazer a substituição do ar ascendente. aproximadamente a 6 000 K, transmite calor para a Terra
por meio de ondas eletromagnéticas predominantemente
na faixa da luz visível, já as paredes do forno de um fogão,
Ar de retorno
à temperatura de 500 K, assam os alimentos por meio de
eu

radiação infravermelha, também conhecida como radiação


térmica ou onda de calor.

Visível
Ar Brisa do mar Ar
quente Ar
frio
frio Infravermelho Ultravioleta
106
Intensidade da radiação

7 000 K
(unidades arbitrárias)

Ar de retorno
M

103
4 000 K

1 000 K

1 300 K
Ar Brisa da costa
Ar
frio quente

1012 1013 1014 1015 1016


Frequência (Hz)
Figura 5. As brisas de beira-mar são decorrentes do
aquecimento desigual do mar e da costa. Figura 7. Curvas de radiação para diferentes temperaturas.

Bernoulli Sistema de Ensino 47


Frente B Módulo 02

A radiação visível é melhor absorvida pelos corpos escuros, O mecanismo de aquecimento da Terra é semelhante ao
pois esses apresentam alta absortividade para luz visível. Você de uma estufa. Vapor de água, dióxido de carbono e metano
pode fazer uma experiência muito simples para confirmar isso. são os principais gases estufa na atmosfera. Devido às
Usando uma lupa, concentre os raios solares sobre uma folha
emissões industriais, a concentração de dióxido de carbono
de jornal. Você perceberá que, se a luz for concentrada sobre as
está aumentando de forma que grande parte da radiação
letras de uma manchete (em tinta negra), a folha se queimará
muito mais rapidamente em comparação à incidência de luz infravermelha emitida pela superfície terrestre é absorvida e
sobre uma parte clara do jornal. Os tubos com água de um refletida pela atmosfera. Um novo estado de equilíbrio deverá
coletor solar são pintados de preto fosco porque, nesse caso, ocorrer, mas com a temperatura do planeta podendo atingir
a absorção da radiação solar é muito maior do que aquela que um valor muito alto, de forma a causar o derretimento de
aconteceria caso os tubos não fossem pintados.

lli
geleiras e a elevação do nível dos oceanos.
As propriedades radiantes dos corpos também dependem
O outro exemplo que vamos analisar é a garrafa térmica
da natureza da radiação, variando, portanto, com a frequência
da onda eletromagnética. Uma superfície quente pode ser mostrada na figura 9. Nesse caso, o sistema não se acha em
um ótimo emissor de radiação visível. Porém, a temperaturas equilíbrio térmico, pois o café quente da garrafa sofre um
menores, essa superfície pode passar a emitir radiação resfriamento lento. Uma garrafa térmica é um reservatório

ou
infravermelha com alta eficiência. O vidro e o dióxido de de vidro duplo espelhado e com vácuo entre eles. O vácuo
carbono apresentam elevada transmissividade à luz visível, dentro da garrafa, que não é perfeito, dificulta a transferência
mas baixa transmissividade e alta refletividade para a de calor por condução e por convecção. A parede interna
radiação infravermelha. Essa diferença de comportamento
reflete grande parte da radiação infravermelha emitida pelo
explica um fenômeno conhecido como efeito estufa, que
será discutido no próximo tópico. café, minimizando as perdas de energia. A parede externa
reflete a radiação emitida pela parede interna aquecida por
Balanços de energia e efeitos condução pelo café. Por fim, a função da tampa é evitar que
o ar sobre o café se eleve, transferindo calor por convecção.
combinados
rn
A energia interna não se altera quando um corpo reflete
ou transmite radiação. Entretanto, a energia interna de
um corpo tende a se modificar quando esse corpo absorve
(ou emite) radiação. Para a energia interna de um corpo não
variar, a quantidade de energia recebida deve ser igual à de
energia cedida. Além da radiação emitida e absorvida, um
Sendo feita de um material isolante, a tampa também
dificulta a transferência de calor por condução.

Tampa isolante
Be
corpo também pode trocar calor com a vizinhança por meio Vácuo
da convecção e da condução térmica. A seguir, discutiremos
dois sistemas em que o funcionamento é o resultado do
balanço de energia envolvendo dois ou três modos de Paredes espelhadas
transferência de calor.
O primeiro sistema que vamos analisar é a estufa mostrada Café quente
na figura 8. O vidro é transparente à luz visível, de modo
que a maior parte da radiação solar penetra na estufa e Invólucro
é absorvida pelo solo e pelas plantas. Aquecidos, esses
corpos emitem radiação infravermelha. O vidro, que não é
transparente a essa radiação, absorve e reflete a radiação,
reforçando o aquecimento da estufa. Outra função do vidro
eu

Figura 9. Mecanismos de transferência de calor em uma


é impedir que o ar morno se eleve, transportando calor por
garrafa térmica.
convecção para o exterior. A estufa atinge um estado de
equilíbrio térmico quando a quantidade de energia solar
absorvida pelo interior da estufa é igual à energia liberada
pelos vidros aquecidos por meio da emissão de radiação CALOR SENSÍVEL
infravermelha e da transferência de calor por convecção.
Agora, vamos aprender a calcular o calor recebido ou cedido
Radiação por um corpo usando apenas as modificações sofridas no
infravermelha (RIV) estado termodinâmico desse corpo. O primeiro tipo de calor
M

que vamos abordar é o calor sensível. Esse é o nome que


Radiação Convecção damos para o calor que provoca uma variação na temperatura
visível (RV) do corpo. Antes de apresentar a equação de cálculo do calor
sensível, vamos definir duas propriedades físicas associadas
ao calor sensível: a capacidade térmica e o calor específico.
RV transmitida Nesse estudo, ora usaremos a unidade joule (J), ora a
unidade caloria (cal) para expressar o calor. A relação entre
RIV emitida essas unidades é a seguinte:

Figura 8. Mecanismos de aquecimento em uma estufa de vidro. 1 cal = 4,18 J

48 Coleção Estudo 4V
Propagação de calor e calorimetria

Capacidade térmica Matematicamente, o calor específico pode ser definido da


seguinte forma:
Considere que um objeto receba uma quantidade de calor Q,
e que a sua temperatura eleve-se de ∆T. Definimos a Q
c=
capacidade térmica do corpo, dentro da faixa de temperatura m∆T
ensaiada, por meio da seguinte expressão:
Nessa equação, m é a massa do corpo, Q é o calor recebido
Q (ou cedido) e ΔT é a variação de temperatura sofrida pelo
C=
∆T corpo. Para a maioria das substâncias, o calor específico varia
muito pouco em uma ampla faixa de temperatura. A tabela

lli
A capacidade térmica de um corpo pode ser considerada seguinte contém valores de calor específico de sólidos e
constante dentro de uma ampla faixa de temperatura. líquidos a 20 °C. Observe que o calor específico dos metais
Por exemplo, nessa experiência, se Q for igual a 1 000 J e ∆T for é pequeno. A água, ao contrário, apresenta calor específico
significativamente maior que o de outras substâncias.
igual a 20 °C, a capacidade térmica do corpo será igual a 50 J/°C.

ou
Esse resultado indica que, para cada 1 °C de elevação na Calor específico de algumas substâncias
temperatura, o corpo deve receber uma quantidade de calor de

FÍSICA
Substância cal/g°C J/kg°C
50 J. Quando o corpo recebe 100 J, a elevação de temperatura
é igual a 2 °C, para uma quantidade de calor recebida igual a Alumínio 0,22 9,2 . 102
150 J, a temperatura aumenta de 3 °C, e assim por diante. Ferro 0,11 4,6 . 102
Os mesmos valores são observados durante o resfriamento Metais Cobre 0,10 4,2 . 102
do corpo, de maneira que, para cada 50 J de calor liberado,
Chumbo 0,031 1,3 . 102
a temperatura do corpo diminui de 1 °C. O aquecimento e o

rn
resfriamento da matéria são fenômenos simétricos.
Um objeto de grande capacidade térmica pode receber
uma elevada quantidade de calor e sofrer apenas uma
pequena elevação de temperatura. Por exemplo, considere
um corpo de capacidade térmica igual a 1 000 J/°C e outro
de capacidade térmica igual a 10 J/°C. O primeiro corpo,
Sólidos não
metálicos
Mercúrio (líq.)
Areia
Gelo
Banana
Água
Leite de vaca
0,034
0,19
0,49
0,80
1,0
0,94
1,4 . 102
7,9 . 102
2,0 . 103
3,3 . 103
4,2 . 103
3,9 . 103
Be
ao receber uma quantidade de calor igual a 1 000 J, tem Líquidos
Etanol 0,59 2,5 . 103
a sua temperatura elevada de apenas 1 °C. O corpo de
pequena capacidade térmica, ao contrário, ao receber a Gasolina 0,50 2,1 . 103
mesma energia, terá sua temperatura elevada de 100 °C.
Usando um pouco de álgebra nas definições da capacidade
A capacidade térmica é uma propriedade extensiva, pois térmica e do calor específico, concluímos que:
depende da massa do corpo. Em geral, objetos massivos
apresentam elevada capacidade térmica e demandam C
c= ou C = mc
mais tempo e energia para serem aquecidos ou resfriados. m
Por exemplo, uma batata, embrulhada em papel alumínio A segunda expressão indica que um corpo de grande massa e
e assada ao forno, demora para se resfriar, já o papel se constituído de uma substância que possui grande calor específico
eu

resfria rapidamente. Dois corpos do mesmo material, mas apresenta elevada capacidade térmica. O melhor exemplo que
de massas diferentes, apresentam capacidades térmicas podemos pensar é o mar. Além do alto calor específico da água,
diferentes. O corpo de maior massa apresenta a maior o valor elevado da massa do mar lhe confere uma capacidade
capacidade térmica, precisando receber mais calor do térmica gigantesca. Por isso, o mar pode receber enormes
que o outro para ter a temperatura elevada do mesmo quantidades de calor durante o dia sem que sua temperatura
se eleve muito. À noite, o mar pode perder muito calor sem que
valor. Por sua vez, corpos de materiais diferentes podem
sua temperatura sofra uma grande redução. Por isso, cidades à
apresentar a mesma capacidade térmica. Por exemplo,
beira-mar tendem a apresentar uma amplitude térmica diária
uma panela de alumínio pode apresentar, dependendo
moderada (amplitude térmica é a diferença entre a temperatura
M

da sua massa, a mesma capacidade térmica que um litro


ambiente máxima e mínima). Ao contrário, as regiões desérticas,
de água.
como o Saara, possuem grandes amplitudes térmicas. Essas
regiões apresentam uma superfície arenosa ou rochosa, que são
Calor específico substâncias de baixo calor específico. Nos desertos, durante o
dia, a temperatura ambiente é bastante alta, enquanto, à noite,
Vimos que a capacidade térmica representa o calor que um ela pode baixar a valores negativos.
corpo deve receber (ou ceder) para ter a sua temperatura A equação operacional do calor específico pode ser
modificada de um valor unitário. Por sua vez, o calor específico rearranjada para a seguinte forma:
representa a quantidade de calor que provoca uma variação
Q = mc∆T = C∆T
unitária de temperatura em uma massa também unitária.

Bernoulli Sistema de Ensino 49


Frente B Módulo 02

Essa equação é bastante útil, pois você pode usá-la para Substituindo as equações de calor sensível do chumbo e
calcular o calor sensível recebido por um corpo, ou cedido da água nessa expressão, obtemos:
por ele, em função da massa do corpo e da sua variação de 500 . 0,031(TE – 100) + 150 . 1,0(TE – 22) = 0
temperatura. Para isso, é necessário conhecer também o
Os valores do calor específico do chumbo e da água foram
material do corpo a fim de poder obter o seu calor específico
fornecidos pela tabela do tópico anterior. Resolvendo a
em uma tabela, como a apresentada na coluna anterior. Em
equação, obtemos a temperatura de equilíbrio:
alguns problemas, a capacidade térmica do corpo pode ser
dada. Nesse caso, não é necessário conhecer o material TE = 29,3 °C
do corpo, pois, como você pode ver na equação anterior,
a capacidade térmica vezes a variação de temperatura MUDANÇA DE FASE

lli
também fornece o calor sensível procurado.
Neste texto, usaremos a seguinte convenção de sinal
Fases da matéria
para o calor: Na natureza, em geral, as substâncias apresentam-se nas
absorvido: Q > 0 fases sólida, líquida e de vapor. As principais mudanças de fase


Calor da matéria estão indicadas na figura 10. Fusão é o nome dado

ou
cedido: Q<0
à transformação que ocorre quando uma substância passa da
fase sólida para a fase líquida. O processo inverso chama-se
solidificação ou cristalização (no caso da água, é comum o
EXERCÍCIO RESOLVIDO termo congelamento). A vaporização e a condensação são
os nomes dados às transformações que acontecem quando
01. Um estudante coloca 500 g de chumbo em um recipiente uma substância passa da fase líquida para a fase de vapor e
metálico e usa água fervente para aquecer o chumbo vice-versa, respectivamente. Quando uma substância passa
a 100 °C, conforme mostra a primeira figura. A seguir, diretamente da fase sólida para a fase de vapor, temos uma

rn
o estudante coloca o recipiente em um invólucro isolante e
acrescenta 150 g de água, inicialmente a 22 °C. Após alguns
minutos, o estudante constata, por meio do termômetro
mostrado na segunda figura, que a temperatura do
sistema (água, chumbo e recipiente) atinge um valor
de equilíbrio TE. Estimar o valor da temperatura TE.
transformação denominada sublimação. O processo inverso
também é conhecido como sublimação, embora alguns
autores usem o nome ressublimação ou mesmo cristalização.

Vapor
Cond
en
sa

çã
Vap
Be
o
Citar as considerações feitas nessa estimativa. ori
za

Energia molecular
çã
Sublimação

o
Bolinhas
de chumbo
Líquido

TE
s ão
Fu
Sólido
ão


f ic
idi
Sol
eu

Figura 10. Principais mudanças de fase da matéria.

Quando ocorre a passagem do estado sólido ao estado líquido


e deste ao estado de vapor, a matéria absorve energia. No
Resolução: sentido inverso, a matéria cede energia. Por isso, a energia
molecular da matéria aumenta no sentido indicado na figura 10.
Para estimar a temperatura TE, vamos considerar que
I. o resfriamento do chumbo foi desprezível durante a
Diagrama de fases
M

colocação do recipiente no invólucro.


II. a capacidade térmica do recipiente é desprezível, ou A figura 11 mostra o diagrama de fases da água. As três
seja, ele não troca calor com a água e com o chumbo. curvas que aparecem no diagrama são as seguintes: a curva de
fusão, que separa as regiões correspondentes às fases sólida
III. o isolamento térmico do invólucro é perfeito, e todo
e líquida; a curva de vapor, separando a fase líquida da fase
o calor cedido pelo chumbo é absorvido pela água.
de vapor e a curva de sublimação, entre as fases sólida e de
O calor cedido pelo chumbo (QC) é negativo, já que o
vapor. Observe que a fase em que determinada substância se
calor absorvido pela água (QA) é positivo. Como QC e
encontra depende dos valores de pressão e temperatura aos
QA são iguais em módulo, podemos escrever o seguinte
quais a substância está submetida. Por exemplo, sob a pressão
balanço de energia:
de 1 atm, a água é sólida abaixo de 0 °C, líquida entre 0 °C e
QC + QA = 0 100 °C e vapor acima de 100 °C.

50 Coleção Estudo 4V
Propagação de calor e calorimetria

Além dos pontos de fusão e de vaporização, existem mais


Ponto crítico Gás dois pontos de destaque no diagrama da figura 11: o ponto
denso
triplo e o ponto crítico. No ponto triplo, as fases sólida,
218
líquida e de vapor podem coexistir. Observe o diagrama
Sólido Líquido de fases da água e veja que o gelo passa diretamente do
Pressão (atm)

estado sólido para o estado de vapor quando a pressão


Ponto de fusão Gás é menor do que 0,006 atm. O dióxido de carbono (CO2)
apresenta temperatura e pressão do ponto triplo de –56 °C
1 e 5,1 atm. É por isso que o gelo seco (dióxido de carbono
à baixa temperatura) sublima ao ar livre, uma vez que a

lli
Ponto de
vaporização pressão de 5,1 atm é consideravelmente maior do que a
Vapor pressão atmosférica.
0,006
Ponto triplo O ponto crítico é um balizador do estado gasoso.
Usamos o termo gás para identificar os estados

ou
0 100 374
0,01 situados acima da temperatura crítica. Enquanto um
vapor pode ser liquefeito (condensado) ou sublimado

FÍSICA
Temperatura (ºC)
por meio de uma compressão isotérmica, um gás
Figura 11. Diagrama de fases da água.
não pode mudar de fase por meio desse processo.
Observe o ponto de fusão no diagrama de fases da água, Você pode concluir isso por meio do diagrama da
representado pelas coordenadas 0 °C e 1 atm. Quando uma figura 11. No diagrama, trace duas retas verticais
massa de gelo a 1 atm e 0 °C recebe calor, a fusão do gelo se representando compressões isotérmicas: desenhe uma
inicia e a temperatura se mantém constante a 0 °C durante
reta começando em um estado qualquer na região de

rn
a mudança de fase. Observe que, para pressões maiores que
1 atm, a temperatura de fusão é um pouco menor que 0 °C.
Essa redução do ponto de fusão com o aumento da pressão é
uma característica de substâncias como a água, que sofrem
contração durante a fusão. A maioria das substâncias se
expande durante a fusão e apresenta uma curva de fusão
inclinada para a direita, de maneira que o ponto de fusão
cresce com o aumento da pressão.
vapor e a outra reta, na região de gás. Observe que a
primeira compressão isotérmica corta a curva de vapor
(ou a curva de sublimação, caso você tenha escolhido
um estado inicial abaixo e à esquerda do ponto triplo),
ao passo que a segunda compressão isotérmica não
corta nenhuma curva de mudança de fase.
Be
Agora, observe o ponto de vaporização indicado no
diagrama de fases da água, cujas coordenadas são 100 °C Ebulição e evaporação
e 1 atm. Observe, no diagrama, que a pressão de vapor
aumenta com a temperatura. Podemos citar muitos exemplos A vaporização pode ocorrer por evaporação ou por
para ilustrar esse comportamento da água (e das outras ebulição. Enquanto a evaporação se dá na interface
substâncias puras). Em São Paulo, a altitude é de 800 m, a entre a fase líquida e a fase de vapor, a ebulição envolve
pressão atmosférica vale 0,9 atm e o ponto de vaporização
o líquido globalmente. Em geral, a evaporação ocorre
(fervura) da água é de 98 °C. Em La Paz, capital da Bolívia,
lentamente e sem turbulências. Além disso, a temperatura
a altitude é de 4 000 m, a pressão atmosférica vale 0,7 atm
e a água ferve a 90 °C. Para elevações ainda maiores, a água de evaporação é independente da pressão atuante sobre
ferve em temperaturas ainda menores, e o cozimento de o líquido. A ebulição é um processo turbulento e rápido,
eu

alguns alimentos pode ser bastante lento. Esse problema é em que as bolhas de vapor movimentam-se dentro do
facilmente resolvido com o uso de uma panela de pressão. líquido devido à ação das forças de empuxo. Ao contrário
Dentro dessas vasilhas, a pressão possui um valor de cerca da evaporação, na ebulição, a temperatura depende da
de 2 atm, pressão na qual a água ferve a 120 °C. A tabela pressão. Por exemplo, água a 1 atm em uma panela pode
seguinte contém alguns valores da curva de pressão de
evaporar em temperaturas como 20 °C ou 30 °C, mas,
vapor da água.
para entrar em ebulição, ela precisa atingir a temperatura
Temperatura de vaporização de 100 °C.
em função da pressão A taxa de evaporação depende de alguns fatores. Um deles
M

é a área da superfície evaporativa. Quanto maior essa área,


p (atm) Local T (°C)
maior é o número de moléculas de líquido em condições de
0,01 Em laboratórios ou em altas 7 passar para a fase de vapor. É por isso que uma roupa úmida,
0,02 camadas da atmosfera 18 estendida em um varal, seca rapidamente.
Outro fator que acelera a evaporação é a temperatura do
0,34 Everest (altitude 8 836 m) 71
líquido. A taxa de evaporação na superfície de uma xícara de
1,0 Ao nível do mar 100 chá quente é maior que a taxa em uma xícara de chá morno
2,0 120 porque as moléculas de água no chá quente apresentam
Em uma panela de pressão ou
em caldeiras uma energia cinética média maior do que a das moléculas
3,0 134
presentes no chá morno.

Bernoulli Sistema de Ensino 51


Frente B Módulo 02

A pressão sobre o líquido também interfere no processo Temperaturas e calores latentes de fusão e de
de evaporação. Essa pressão atua dificultando a passagem vaporização de algumas substâncias a 1 atm
de moléculas da fase líquida para a fase de vapor.
Substância PF (°C) LF (cal/g) PV (°C) LV (cal/g)
Por isso, quanto menor for a pressão sobre o líquido, maior
será a taxa de evaporação. Assim, uma poça de água tende Nitrogênio –210 6,1 –196 48
a evaporar mais rapidamente no alto de uma montanha,
Etanol –114 26 78 210
onde a pressão atmosférica é baixa, do que em uma cidade
ao nível do mar. Água 0 80 100 540

A presença de ventos é outro fator que acelera a Chumbo 327 5,9 1 750 205

lli
evaporação. Como você sabe, uma roupa estendida no
Ferro 1 535 64 2 800 1 515
varal seca com mais facilidade quando está ventando.
O vento que passa rente à roupa atua como uma espécie
A título de exemplo, apresentamos, na figura 12,
de vassoura, arrastando as moléculas de água que já
o gráfico da temperatura versus o tempo para o aquecimento

ou
sofreram evaporação. Se essas moléculas permanecessem
de 1,0  .  103 g de gelo, inicialmente a –60 °C, que se
ali, elas dificultariam a saída de outras moléculas de água
acha em um recipiente aberto para a atmosfera a 1 atm.
da roupa.
O calor é fornecido por uma fonte de calor a uma taxa
constante de 1,0  .  104  cal/s. Observe que a temperatura
Calor latente se eleva inicialmente até 0 °C, que é o ponto de fusão do
gelo. A fusão ocorre à temperatura constante. Depois de o
Neste tópico, vamos aprender a calcular o aporte de
gelo ser completamente fundido, a temperatura se eleva até
calor necessário para provocar uma mudança de fase.

rn
O calor necessário para que uma unidade de massa de
certa substância mude de fase é conhecido como calor
latente. Estando à temperatura de mudança de fase,
o calor necessário para promover uma mudança de fase
é proporcional à massa da substância. A expressão para
100 °C, que é o ponto de vaporização da água. Por último,
o líquido vaporiza-se à temperatura constante.

T (°C)

100
Vaporização
Be
calcular esse calor é dada por:

Q = mL

Nessa equação, m é a massa da substância, e L é uma Fusão


propriedade termodinâmica conhecida como calor latente de 0
15 30 45 60 75 t(s)
mudança de fase. Essa propriedade depende da substância, Tempo (s)
da pressão e do tipo de mudança de fase. Por exemplo,
a água, sob a pressão de 1 atm, sofre fusão a 0 °C e entra
–60
em ebulição a 100 °C, apresentando um calor latente de
eu

fusão igual a 80 cal/g e um calor latente de vaporização


Figura 12. Aquecimento isobárico de 1,0 kg de gelo.
igual a 540 cal/g. As interpretações físicas desses números
são as seguintes: uma massa unitária de 1 g de gelo, Os aportes de calor em cada etapa desse processo podem
a 1 atm e 0 °C, necessita receber 80 cal para passar do ser calculados por meio da equação do calor sensível
estado sólido para o estado líquido, e a mesma massa (Q = mc∆T), para as etapas com elevação de temperatura,
unitária de água líquida, estando a 1 atm e 100 °C, precisa e pela equação do calor latente (Q = mL) para as etapas
receber 540 cal para passar ao estado de vapor. Esses com mudança de fase. Os valores de c que você deve usar
valores são exatamente os mesmos para as mudanças
M

na primeira equação são 0,50 cal/g °C e 1,0 cal/g °C, que


de fase inversas, a solidificação e a condensação. Porém,
representam o calor específico do gelo e da água líquida,
como esses processos resultam em uma liberação de calor,
respectivamente. Na segunda equação, os valores de L
os valores do calor latente de solidificação e de condensação
são 80 cal/g e 540 cal/g, que representam o calor latente
são negativos. Assim, para a água a 1 atm, os valores do calor
latente de fusão e de vaporização valem –80 cal/g e –540 cal/g, de fusão e de vaporização da água, respectivamente.
respectivamente. A tabela a seguir contém o ponto de fusão Para encontrar os intervalos de tempo gastos em cada
(PF) e de vaporização (PV), bem como o calor latente de uma das quatro etapas do processo, basta você dividir o
fusão (LF) e de vaporização (LV) de algumas substâncias calor de cada etapa pela potência de 1,0 x 104 cal/s da
puras à pressão de 1 atm. fonte de calor.

52 Coleção Estudo 4V
Propagação de calor e calorimetria

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 04. (UNESP–2013) A liofilização é um processo de


desidratação de alimentos que, além de evitar que seus

01. (CEFET-MG) As modernas panelas de aço inox possuem nutrientes saiam junto com a água, diminui bastante sua

cabos desse mesmo material, que é um __________ massa e seu volume, facilitando o armazenamento e o

condutor de calor. Eles não queimam as mãos das transporte. Alimentos liofilizados também têm seus prazos

pessoas, porque possuem um formato vazado, facilitando de validade aumentados, sem perder características como

a troca de calor por __________ do ar através deles. aroma e sabor.

Cenoura liofilizada Kiwi liofilizado


A opção que completa, CORRETA e respectivamente,

lli
as lacunas é:
A) mau / irradiação
B) bom / irradiação
C) bom / convecção

ou
D) mau / convecção

FÍSICA
02. (FUVEST-SP) A figura ilustra um sistema de aquecimento Disponível em: Disponível em:
solar: uma placa metálica P, pintada de preto, e, <www.sublimar.com.br>. <www.brasilescola.com>.
em contato com ela, um tubo metálico encurvado;
um depósito de água D e tubos de borracha T ligando o O processo de liofilização segue as seguintes etapas:
depósito ao tubo metálico. O aquecimento da água contida I. O alimento é resfriado até temperaturas abaixo de

D
rn
no depósito D, pela absorção de energia solar, é devido,
basicamente, aos seguintes fenômenos, pela ordem,

T
0 °C, para que a água contida nele seja solidificada.

II. Em câmaras especiais, sob baixíssima pressão


(menores do que 0,006 atm), a temperatura do
alimento é elevada, fazendo com que a água sólida
seja sublimada. Dessa forma, a água sai do alimento
sem romper suas estruturas moleculares, evitando
Be
perdas de proteínas e vitaminas.
T
P
O gráfico mostra parte do diagrama de fases da água e
cinco processos de mudança de fase, representados pelas
A) condução, irradiação, convecção. setas numeradas de 1 a 5.
B) irradiação, condução, convecção.
C) convecção, condução, irradiação.
D) condução, convecção, irradiação.
E) irradiação, convecção, condução. Líquido
1

03. (FUVEST-SP) Dois recipientes iguais A e B, contendo dois 2


eu
Pressão

líquidos diferentes, inicialmente a 20 °C, são colocados sobre Sólido


uma placa térmica, da qual recebem aproximadamente a 5
mesma quantidade de calor. Com isso, o líquido em A atinge
40 °C, enquanto o líquido em B, 80 °C. Se os recipientes 3
forem retirados da placa e seus líquidos misturados, a Vapor
4
temperatura final da mistura ficará em torno de

A B A B
M

Temperatura

Fase inicial A alternativa que MELHOR representa as etapas do


Fase final processo de liofilização, na ordem descrita, é

A) 45 °C. A) 4 e 1.

B) 50 °C. B) 2 e 1.

C) 55 °C. C) 2 e 3.
D) 60 °C. D) 1 e 3.
E) 65 °C. E) 5 e 3.

Bernoulli Sistema de Ensino 53


Frente B Módulo 02

EXERCÍCIOS PROPOSTOS 04.


ODS3
(IFPE–2016) No preparo de uma xícara de café com
leite, são utilizados 150 mL (150 g) de café, a 80 °C,
e 50 mL (50 g) de leite, a 20 °C. Qual será a temperatura
01. (UFV-MG) É comum termos sensações diferentes, do café com leite?
de quente e frio, quando tocamos com a mão objetos em
(Utilize o calor específico do café = calor específico do
equilíbrio térmico entre si, dentro de uma sala. Em relação
à afirmativa anterior, é CORRETO dizer que leite = 1,0 cal/g °C)
A) 65 °C D) 80 °C
A) é falsa, pois a quantidade de calor trocada entre cada
um dos objetos e a mão é diferente, já que, nesse caso, B) 50 °C E) 90 °C
os objetos se encontram a temperaturas diferentes. C) 75 °C

lli
B) é falsa, pois se um objeto parece mais quente em
relação ao outro, então eles não estão em equilíbrio
05. (UFSCar-SP–2015) A condução e a convecção são dois
térmico. mecanismos de transferência de calor que só ocorrem
através de um meio material. O processo de condução
C) é verdadeira, pois a quantidade de calor trocada entre
de calor ocorre tanto em materiais sólidos quanto em
cada um dos objetos e a mão pode ser diferente se

ou
fluidos, sem que haja transporte de matéria.
os dois objetos tiverem condutividades térmicas
diferentes. A convecção ocorre
D) é verdadeira, pois a quantidade de calor trocada entre A) unicamente em sólidos e caracteriza-se pelo fato de
cada um dos objetos e a mão é sempre igual se eles o calor ser transferido pelo contato entre os corpos
estiverem em equilíbrio térmico. envolvidos.

02. (UFT) Após mergulharem em uma piscina e, em seguida, B) unicamente em fluidos e caracteriza-se pelo fato de
saírem dela, Daniel e André fazem observações sobre o o calor ser transferido pelo movimento de partes do
que cada um deles sentiu durante aquela experiência. próprio fluido.

rn
Daniel disse: “Quando mergulhei, imediatamente senti
frio, devido à transmissão de calor, por condução, do meu
corpo para a água da piscina”.
André afirmou: “Assim que saí da piscina, senti frio devido
ao calor latente de vaporização da água”.
Considerando-se as duas situações descritas, é CORRETO
C) unicamente em fluidos e caracteriza-se pelo fato de
o calor ser transferido pelo contato entre os corpos
envolvidos.
D) tanto em sólidos quanto em fluidos e caracteriza-se
pelo fato de o calor ser transferido pelo contato entre
os corpos envolvidos.
Be
afirmar que E) tanto em sólidos quanto em fluidos e caracteriza-se
A) apenas a observação de André está certa. pelo fato de o calor ser transferido mesmo que os
B) apenas a observação de Daniel está certa. corpos se encontrem separados.

C) ambas as observações estão certas.


06. (PUC-Campinas-SP–2016) Um dispositivo mecânico
D) nenhuma das duas observações está certa. G4E1
usado para medir o equivalente mecânico do calor
recebe 250 J de energia mecânica e agita, por meio de
03. (UFMG) Num laboratório de Física, faz-se uma
pás, 100 g de água que acabam por sofrer elevação de
COAI
experiência com dois objetos de materiais diferentes –
0,50 °C de sua temperatura.
R e S –, mas de mesma massa, ambos, inicialmente, no
estado sólido e à temperatura ambiente. Em seguida, Adote 1 cal = 4,2 J e cágua = 1,0 cal/g °C.
eu

os dois objetos são aquecidos e, então, mede-se a O rendimento do dispositivo nesse processo de
temperatura de cada um deles em função da quantidade aquecimento é de
de calor que lhes é fornecida. Os resultados obtidos nessa
A) 16%. D) 81%.
medição estão representados neste gráfico:
B) 19%. E) 84%.
Temperatura
R C) 67%.

S 07. (UNIFICADO-RJ–2016) Joaquim pega 10 cubos de gelo no


freezer e coloca-os dentro de uma jarra com água. Agita
M

várias vezes a jarra, até que as pedras de gelo estejam


Calor fornecido pequenas, boiando na água sem derreter.
Ao final dessa situação,
Sejam LR e LS o calor latente de fusão dos materiais
R e S, respectivamente, e cR e cS o calor específico dos A) a temperatura da água é de cerca de 5 °C.
materiais, no estado sólido, também respectivamente. B) a temperatura da água é de cerca de 10 °C.
Considerando-se essas informações, é CORRETO C) a temperatura da água é de cerca de –10 °C.
afirmar que
D) não é possível estimar a temperatura da água, pois
A) cR < cS e LR < LS. C) cR > cS e LR < LS. não são conhecidos os valores das massas envolvidas.
B) cR < cS e LR > LS. D) cR > cS e LR > LS. E) a temperatura da água é de cerca de 0 °C.

54 Coleção Estudo 4V
Propagação de calor e calorimetria

08. (Unifor-CE–2014) Para diminuir os efeitos da perda Nesse caso, podemos afirmar que:
de calor pela pele em uma região muito “fria” do país, A) Os dois termômetros indicarão sempre a mesma
Gabrielle realizou vários procedimentos. Assinale a seguir temperatura.
aquele que, ao ser realizado, minimizou os efeitos da B) O termômetro de bulbo seco indicará sempre uma
perda de calor por irradiação térmica. temperatura mais baixa que o de bulbo úmido.
A) Fechou os botões das mangas e do colarinho da blusa C) O termômetro de bulbo úmido indicará uma
que usava. temperatura mais alta que o de bulbo seco quando a
B) Usou uma outra blusa por cima daquela que usava. umidade relativa do ar for alta.
D) O termômetro de bulbo úmido indicará uma
C) Colocou um gorro, cruzou os braços e dobrou o corpo
temperatura mais baixa que o de bulbo seco quando
sobre as pernas.

lli
a umidade relativa do ar for baixa.
D) Colocou um cachecol de lã no pescoço e o enrolou
com duas voltas.
11. (UERJ–2016) Admita duas amostras de substâncias
E) Vestiu uma jaqueta jeans sobre a blusa que usava. distintas com a mesma capacidade térmica, ou seja, que
sofrem a mesma variação de temperatura ao receberem
09. (FUVEST-SP) O processo de pasteurização do leite consiste a mesma quantidade de calor.

ou
LZXF
em aquecê-lo a altas temperaturas, por alguns segundos,
A diferença entre suas massas é igual a 100 g, e a razão
e resfriá-lo em seguida. Para isso, o leite percorre um 6

FÍSICA
entre seus calores específicos é igual a .
sistema, em fluxo constante, passando por três etapas: 5
I. O leite entra no sistema (através de A), a 5 °C, sendo A massa da amostra mais leve, em gramas, corresponde a:
aquecido (no trocador de calor B) pelo leite que já foi A) 250 B) 300 C) 500 D) 600
pasteurizado e está saindo do sistema.
II. Em seguida, completa-se o aquecimento do leite, 12. (UFRGS-RS) Em um calorímetro são colocados
2,0 kg de água, no estado líquido, a uma temperatura de 0 °C.
através da resistência R, até que ele atinja 80 °C.
A seguir, são adicionados 2,0 kg de gelo, a uma temperatura

5 °C
B
rn
Com essa temperatura, o leite retorna a B.
III. Novamente, em B, o leite quente é resfriado pelo leite frio
que entra por A, saindo do sistema (através de C), a 20 °C.
T

R 80 °C
não especificada. Após algum tempo, tendo sido atingido o
equilíbrio térmico, verifica-se que a temperatura da mistura
é de 0 °C e que a massa de gelo aumentou em 100 g.
Considere que o calor específico do gelo (c = 2,1 kJ/kg.°C)
é a metade do calor específico da água e que o calor
latente de fusão do gelo é de 330 kJ/kg; e desconsidere
a capacidade térmica do calorímetro e a troca de calor
Be
C com o exterior.
20 °C Nessas condições, a temperatura do gelo que foi
inicialmente adicionado à água era, aproximadamente,
Em condições de funcionamento estáveis, e supondo
A) 0 °C C) –3,9 °C. E) –7,9 °C.
que o sistema seja bem isolado termicamente, pode-se
B) –2,6 °C. D) –6,1 °C.
afirmar que a temperatura indicada pelo termômetro T,
que monitora a temperatura do leite na saída de B,
13. (UFC-CE) Uma barra cilíndrica reta metálica, homogênea,
é aproximadamente de LBD2
de comprimento L, com seção transversal A, isolada
A) 20 °C. D) 65 °C. lateralmente a fim de evitar perda de calor para o
B) 25 °C. E) 75 °C. ambiente, tem suas duas extremidades mantidas a
C) 60 °C. temperaturas T1 e T2, T1 > T2. Considere que o regime
eu

estacionário tenha sido atingido.


10. (UFJF-MG) A umidade relativa do ar pode ser avaliada A) ESCREVA a expressão do fluxo de calor por condução,
H5T5
através de medidas simultâneas da temperatura sabendo-se que esse fluxo é proporcional à área
ambiente, obtidas usando dois termômetros diferentes. da seção transversal e à diferença de temperatura
O primeiro termômetro é exposto diretamente ao entre os extremos da região de interesse ao longo
ambiente, mas o segundo tem seu bulbo (onde fica da direção do fluxo e inversamente proporcional à
armazenado o mercúrio) envolvido em algodão umedecido distância entre tais extremos.
em água (veja a figura). B) DETERMINE a temperatura de um ponto da barra
localizado a uma distância L/3 da extremidade de
M

maior temperatura em função de T1 e T2.

14. (UFJF-MG) Um bloco de chumbo de 6,68 kg é retirado de um


4TJP
forno a 300 °C e colocado sobre um grande bloco de gelo
a 0 °C. Supondo que não haja perda de calor para o meio
Mecha de
algodão externo, qual é a quantidade de gelo que deve ser fundida?
úmido Dados: Calor específico do gelo a 0 °C = 2 100 J/(kg.K);
Calor latente de fusão do gelo = 334 . 103 J/kg;
Calor específico do chumbo = 230 J/(kg.K);
Termômetro 1 Termômetro 2 Calor latente de fusão do chumbo = 24,5 . 103 J/kg;
(bulbo seco) (bulbo úmido) Temperatura de fusão do chumbo = 327 °C.

Bernoulli Sistema de Ensino 55


Frente B Módulo 02

SEÇÃO ENEM 03. (Enem–2013) Aquecedores solares usados em residências


têm o objetivo de elevar a temperatura da água até
01. (Enem–2015) Uma garrafa térmica tem como função evitar 70 °C. No entanto, a temperatura ideal da água para
a troca de calor entre o líquido nela contido e o ambiente, um banho é de 30 °C. Por isso, deve-se misturar a água
mantendo a temperatura de seu conteúdo constante. aquecida com a água à temperatura ambiente de um
Uma forma de orientar os consumidores na compra de outro reservatório, que se encontra a 25 °C.
uma garrafa térmica seria criar um selo de qualidade,
como se faz atualmente para informar o consumo de Qual a razão entre a massa de água quente e a massa de
energia de eletrodomésticos. O selo identificaria cinco água fria na mistura para um banho à temperatura ideal?
categorias e informaria a variação de temperatura do A) 0,111 D) 0,428

lli
conteúdo da garrafa, depois de decorridas seis horas de
seu fechamento, por meio de uma porcentagem do valor B) 0,125 E) 0,833
inicial da temperatura de equilíbrio do líquido na garrafa. O C) 0,357
quadro apresenta as categorias e os intervalos de variação
percentual da temperatura. 04. (Enem–2010) Sob pressão normal (ao nível do mar), a

ou
Tipo de selo Variação de temperatura água entra em ebulição à temperatura de 100 °C. Tendo por
A menor que 10% base essa informação, um garoto residente em uma cidade
B entre 10% e 25% litorânea fez a seguinte experiência:
C entre 25% e 40% • Colocou uma caneca metálica contendo água no fogareiro
D entre 40% e 55% do fogão de sua casa.
E maior que 55%
• Quando a água começou a ferver, encostou cuidadosa-
Para atribuir uma categoria a um modelo de garrafa térmica, mente a extremidade mais estreita de uma seringa de
injeção, desprovida de agulha, na superfície do líquido e,

rn
são preparadas e misturadas, em uma garrafa, duas
amostras de água, uma a 10 °C e outra a 40 °C, na proporção
de um terço de água fria para dois terços de água quente.
A garrafa é fechada. Seis horas depois, abre-se a garrafa e
mede-se a temperatura da água, obtendo-se 16 °C.
Qual selo deveria ser posto na garrafa térmica testada?
A) A C) C E) E
erguendo o êmbolo da seringa, aspirou certa quantidade
de água para seu interior, tapando-a em seguida.
• Verificando após alguns instantes que a água da
seringa havia parado de ferver, ele ergueu o êmbolo
da seringa, constatando, intrigado, que a água voltou
a ferver após um pequeno deslocamento do êmbolo.
Be
B) B D) D Considerando o procedimento anterior, a água volta a ferver
porque esse deslocamento
02. (Enem–2013) Em um experimento foram utilizadas duas
A) permite a entrada de calor do ambiente externo para o
garrafas PET, uma pintada de branco e a outra de preto,
acopladas cada uma a um termômetro.No ponto médio interior da seringa.
da distância entre as garrafas, foi mantida acesa, durante B) provoca, por atrito, um aquecimento da água contida na
alguns minutos, uma lâmpada incandescente. Em seguida seringa.
a lâmpada foi desligada. Durante o experimento, foram C) produz um aumento de volume que aumenta o ponto
monitoradas as temperaturas das garrafas: a) enquanto
de ebulição da água.
a lâmpada permaneceu acesa e b) após a lâmpada ser
desligada e atingirem equilíbrio térmico com o ambiente. D) proporciona uma queda de pressão no interior da seringa
que diminui o ponto de ebulição da água.
eu

Termômetro E) possibilita uma diminuição da densidade da água que


facilita sua ebulição.

05. (Enem–2009) O Sol representa uma fonte limpa e


inesgotável de energia para o nosso planeta. Essa energia
pode ser captada por aquecedores solares, armazenada
e convertida posteriormente em trabalho útil. Considere
M

determinada região cuja insolação – potência solar incidente


na superfície da Terra – seja de 800 watts/m2. Uma usina
termossolar utiliza concentradores solares parabólicos que
A taxa de variação da temperatura da garrafa preta, em chegam a dezenas de quilômetros de extensão. Nesses
comparação à da branca, durante todo o experimento, foi coletores solares parabólicos, a luz refletida pela superfície
A) igual no aquecimento e igual no resfriamento. parabólica espelhada é focalizada em um receptor em forma
B) maior no aquecimento e igual no resfriamento. de cano e aquece o óleo contido em seu interior a 400 °C.
C) menor no aquecimento e igual no resfriamento. O calor desse óleo é transferido para a água, vaporizando-a
D) maior no aquecimento e menor no resfriamento. em uma caldeira. O vapor em alta pressão movimenta uma
E) maior no aquecimento e maior no resfriamento. turbina acoplada a um gerador de energia elétrica.

56 Coleção Estudo 4V
Propagação de calor e calorimetria

Considerando que a distância entre a borda inferior e a


borda superior da superfície refletora tenha 6 m de largura
e que focaliza no receptor os 800 watts/m2 de radiação
provenientes do Sol, e que o calor específico da água é
1 cal g–1.°C–1 = 4 200 J kg–1.°C–1, então o comprimento
linear do refletor parabólico necessário para elevar a
temperatura de 1 m3 (equivalente a 1 t) de água de 20 °C
para 100 °C, em uma hora, estará entre
A) 15 m e 21 m.

lli
B) 22 m e 30 m.
C) 105 m e 125 m.
D) 680 m e 710 m.

ou
E) 6 700 m e 7 150 m.

FÍSICA
06. (Enem–2009) A Constelação Vulpécula (Raposa) encontra-se a 63 anos-luz da Terra, fora do sistema solar. Ali, o planeta
gigante HD 189733b, 15% maior que Júpiter, concentra vapor de água na atmosfera. A temperatura do vapor atinge 900 graus
Celsius. “A água sempre está lá, de alguma forma, mas às vezes é possível que seja escondida por outros tipos de nuvens”,
afirmaram os astrônomos do Spitzer Science Center (SSC), com sede em Pasadena, Califórnia, responsável pela descoberta.
A água foi detectada pelo espectrógrafo infravermelho, um aparelho do telescópio espacial Spitzer.
CORREIO BRAZILIENSE, 11 dez. 2008 (Adaptação).

rn
De acordo com o texto, o planeta concentra vapor de água em sua atmosfera a 900 graus Celsius. Sobre a vaporização,
infere-se que
A) se há vapor de água no planeta, é certo que existe água no estado líquido também.
B) a temperatura de ebulição da água independe da pressão, em um local elevado ou ao nível do mar, ela ferve sempre a
100 graus Celsius.
Be
C) o calor de vaporização da água é o calor necessário para fazer 1 kg de água líquida se transformar em 1 kg de vapor de
água a 100 graus Celsius.
D) um líquido pode ser superaquecido acima de sua temperatura de ebulição normal, mas de forma nenhuma nesse líquido
haverá formação de bolhas.
E) a água em uma panela pode atingir a temperatura de ebulição em alguns minutos, e é necessário muito menos tempo
para fazer a água vaporizar completamente.

07. (Enem–2008)

Com base no diagrama, conclui-se que


eu

Radiação
Energia refletida solar Energia
Energia irradiada A) a maior parte da radiação incidente
pela superfície, incidente irradiada
para o espaço pela sobre o planeta fica retida na
pelas nuvens 100% para o
atmosfera atmosfera.
e pelo ar espaço pela
64%
30% superfície
B) a quantidade de energia refletida
6%
I pelo ar, pelas nuvens e pelo solo é
Radiação solar superior à absorvida pela superfície.
absorvida Energia C) a atmosfera absorve 70% da
M

diretamente
Radiação Energia carregada radiação solar incidente sobre
pela
absorvida carregada para a Terra.
atmosfera
20% pela água e para cima cima na
pelo CO2 na pela formação de D) mais da metade da radiação solar
Atmosfera atmosfera convecção vapor-d’água que é absorvida diretamente pelo
II 14% 6% 24%
solo é devolvida para a atmosfera.
E) a quantidade de radiação emitida
III IV V
para o espaço pela atmosfera é
menor que a irradiada para o espaço
Superfície 50% pela superfície.

Bernoulli Sistema de Ensino 57


Frente B Módulo 02

08. (Enem–2007) O uso mais popular de energia solar está Diagrama de fase da água
associado ao fornecimento de água quente para fins
5
domésticos. Na figura a seguir, é ilustrado um aquecedor
4

Pressão (atm)
de água constituído de dois tanques pretos dentro de uma
caixa termicamente isolada e com cobertura de vidro, 3
os quais absorvem energia solar. Líquido
2
Vidraças duplas Água quente Vapor
1

lli
Y 0 20 40 60 80 100 120 140 160
Água quente Temperatura (°C)

A vantagem do uso de panela de pressão é a rapidez para


o cozimento de alimentos e isto se deve

ou
A) à pressão no seu interior, que é igual à pressão externa.
B) à temperatura de seu interior, que está acima da
X temperatura de ebulição da água no local.
Camada refletiva C) à quantidade de calor adicional que é transferida à panela.
D) à quantidade de vapor que está sendo liberada pela
ia
Água fr válvula.
Nesse sistema de aquecimento, E) à espessura da sua parede, que é maior que a das

rn
A) os tanques, por serem de cor preta, são maus
absorvedores de calor e reduzem as perdas de energia.

B) a cobertura de vidro deixa passar a energia luminosa


e reduz a perda de energia térmica utilizada para o
aquecimento.
10.
panelas comuns.

(Enem–1999) Se, por economia, abaixarmos o fogo sob


uma panela de pressão logo que se inicia a saída de vapor
pela válvula, de forma simplesmente a manter a fervura,
o tempo de cozimento
A) será maior, porque a panela esfria.
Be
C) a água circula devido à variação de energia luminosa
existente entre os pontos X e Y. B) será menor, pois diminui a perda de água.

D) a camada refletiva tem como função armazenar energia C) será maior, pois a pressão diminui.

luminosa. D) será maior, pois a evaporação diminui.

E) o vidro, por ser bom condutor de calor, permite que E) não será alterado, pois a temperatura não varia.
se mantenha constante a temperatura no interior da
caixa.
GABARITO
09. (Enem–1999) A panela de pressão permite que os
alimentos sejam cozidos em água muito mais rapidamente Fixação
do que em panelas convencionais. Sua tampa possui uma
eu

01. C 02. B 03. B 04. C


borracha de vedação que não deixa o vapor escapar,
a não ser através de um orifício central sobre o qual
assenta um peso que controla a pressão. Quando em uso,
desenvolve-se uma pressão elevada no seu interior. Para
Propostos
a sua operação segura, é necessário observar a limpeza 01. C 04. A 07. E 10. D

do orifício central e a existência de uma válvula de 02. C 05. B 08. C 11. C


segurança, normalmente situada na tampa. O esquema
03. C 06. E 09. D 12. E
da panela de pressão e um diagrama de fase da água são
M

13. A) KA(T2 – T1)/L


apresentados a seguir.
Válvula de B) T = (2T1 + T2)/3
segurança
Vapor 14. m = 1,38 kg

Seção Enem
01. D 04. D 07. D 10. E
02. E 05. A 08. B

Líquido 03. B 06. C 09. B

58 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

FÍSICA B 03
Estudo dos gases

lli
Neste módulo, vamos analisar o comportamento físico A pressão (p), o volume (V) e a temperatura absoluta (T)
dos gases. Iniciaremos esse estudo explicando o que é um de um gás ideal se relacionam por meio de uma equação
gás ideal e apresentando um critério para classificar um gás

ou
conhecida como equação de estado de um gás ideal:
em ideal ou não ideal. Depois, relacionaremos a pressão,
o volume e a temperatura de um gás ideal por meio de uma pV = nRT
equação de estado. A seguir, usaremos essa equação para
estudar várias transformações em gases ideais, tais como Nessa equação, n é a quantidade de gás, dada em mol
uma expansão isotérmica e o aquecimento isovolumétrico. (ou um múltiplo desse). Essa quantidade de gás pode ser
Por fim, apresentaremos um modelo físico capaz de prever determinada por meio da relação n = m/M, em que m é a
valores de pressão e de temperatura de um gás ideal em massa do gás e M é a sua massa molar. O parâmetro R,

EQUAÇÃO DE ESTADO
DE UM GÁS IDEAL
rn
função da velocidade de suas moléculas. que aparece no segundo lado da equação, é a constante
universal dos gases ideais, cujo valor é:

R = 8,314
Pa.m3
mol.K
= 0, 08207
atm.L
mol.K
Be
A unidade Pa.m 3 /mol.K pode ser expressa como
Um gás é ideal quando as suas moléculas ou átomos se J/mol.K, pois 1 Pa (pascal, unidade de pressão no Sistema
acham tão distantes uns dos outros que a força de interação Internacional) é igual a 1 N/m2, e 1 N.m é igual a 1 J.
entre eles é desprezível. Nessas condições, eles movem-se Usando uma calculadora, verifique que os dois valores
livremente, e um modelo simples pode ser usado para de R apresentados anteriormente são equivalentes
prever o comportamento físico do gás. Um gás tende ao
(lembre-se, ainda, de que 1  atm = 1,013  .  10 5 Pa e
comportamento de gás ideal à medida que a sua densidade
1 m 3 = 10 3 L). Na prática, você pode usar qualquer
diminui, pois isso implica o aumento do distanciamento
um dos valores de R desde que haja coerência com as
molecular. A densidade de um gás, por sua vez, diminui
unidades escolhidas para as outras grandezas. Quando
à medida que a temperatura aumenta e a pressão sobre
usar R = 8,314 J/mol.K, as unidades de p e V devem
eu

o gás diminui. A rigor, um gás se comporta idealmente


ser N/m 2 e m 3, respectivamente. No outro caso, para
quando sua temperatura é muito maior que a temperatura
R = 0,08207 atm.L/mol.K, as unidades de p e V devem
crítica para aquele gás e quando a pressão é muito menor
ser atm e L, respectivamente. Nos dois casos, n é dado
que a pressão crítica.
em mol, e a temperatura é dada em kelvin.
Como exemplo, tomemos o oxigênio, cuja temperatura
A título de exemplo, usaremos a equação de estado de
crítica é –118 °C e cuja pressão crítica é 50 atm. Essa
um gás ideal para calcular a massa de oxigênio contida
temperatura é muito baixa, bem menor do que qualquer
M

temperatura ambiente. Além disso, a pressão crítica do em um balão de 0,5  L, conforme mostrado na figura  1.
oxigênio é muito maior do que a pressão parcial que esse A temperatura do gás é igual à temperatura do ambiente,
gás exerce na atmosfera. Por isso, o oxigênio, em condições 22 °C (295 K), e é indicada por um termômetro. A pressão
atmosféricas, comporta-se como um gás ideal. Porém, quando do gás é registrada pelo manômetro (tubo em U), que usa
comprimido a pressões de 100 atm ou mais, o oxigênio deixa mercúrio como fluido de trabalho. Essa pressão é de 2 atm,
de se comportar como um gás ideal. Além do oxigênio, o ar valor dado pela soma da pressão atmosférica, 1 atm, com
atmosférico é constituído por nitrogênio e por traços de outros a pressão de 1 atm exercida pela coluna de 76 cm de
gases, como o argônio e o dióxido de carbono. Nas condições mercúrio. O volume de gás expandido no tubo do manômetro
da atmosfera da Terra, todos esses gases são ideais. Por isso, é desprezível se comparado ao volume do balão (a figura
o ar atmosférico também é um gás ideal. está fora de escala).

Bernoulli Sistema de Ensino 59


Frente B Módulo 03

Pressão atmosférica = 1 atm Independentemente da forma da curva 1-2, e também


dos fatores que causaram a transformação no gás, podemos
relacionar os estados 1 e 2 pela equação de estado de um
gás ideal. Para isso, basta aplicar essa equação aos estados
1 e 2 e explicitar o produto n.R para esses estados conforme
indicado a seguir:
p1V1 p2 V2
nR = e nR =
T1 T2
Como a constante universal dos gases R e a quantidade de mols
O2

lli
do gás n não variam, o produto nR é constante, e os lados direitos
76 cm dessas equações são iguais. Igualando esses termos, obtemos:
V = 0,5 L p1V1 p2 V2
T = 295 K =
p = 2 atm T1 T2
Temperatura Também podemos comparar estados de gases ideais

ou
ambiente diferentes, ou estados de um mesmo gás cuja massa varia
22 °C Mercúrio durante a transformação (por exemplo, o ar em um pneu
Figura 1. Experimento para determinação da massa de oxigênio que está vazando). Nesses casos, em geral, a quantidade de
no balão. gás no estado 1 (n1) é diferente daquela no estado 2 (n2).
Utilizando os dados anteriores na equação de estado, obtemos Por isso, devemos estabelecer uma relação entre os estados
o seguinte valor para a quantidade de oxigênio no balão: 1 e 2, considerando invariável apenas a constante R, e não
mais o produto nR, como fizemos antes. Explicitando R para
pV 2 . 0,5 os estados 1 e 2, obtemos:
n= = = 0,041 mol
RT

rn
0,082 . 295
Utilizando esse valor, e sabendo que a massa molar do
oxigênio é M = 32 g/mol e que o número de Avogadro é
NA = 6,02 . 1023 moléculas/mol, podemos determinar o
número de moléculas (N) e a massa (m) de oxigênio por
meio dos seguintes cálculos:
R=
p1V1
n1 T1
=
p2 V2
n2 T2
As relações anteriores são úteis para resolver muitos problemas.
Por exemplo, na figura 3, considere que a temperatura do ar no
pneu seja igual a 20 °C (293 K) e que o manômetro marque 29 PSI1.
De fato, a pressão real do ar no pneu é a soma da pressão
Be
moléculas manométrica com a pressão atmosférica (1 atm = 14,7 PSI),
N = n.NA = 0,041 mol.6,02 x 1023 ⇒
mol pois um manômetro mede a diferença entre a pressão real e a
N = 2,5 . 1022 moléculas pressão atmosférica. A pressão real do ar no pneu, portanto, vale
g 43,7 PSI. Agora, usando as relações anteriores, vamos responder
m = n.M = 0,041 mol.32 =1,3 g
mol a duas perguntas referentes à situação mostrada na figura 3:
(1) Qual será a pressão no pneu se a temperatura do ar subir
TRANSFORMAÇÃO DE ESTADO para 40 °C (313 K)? (2) Que fração de ar deve ser retirada do
pneu para a pressão voltar a seu valor inicial?
O estado termodinâmico de um gás ideal é definido por
três grandezas básicas: a pressão p, a temperatura T e o
volume  V. A figura 2 mostra um diagrama de superfície,
p x V x T, de certa amostra de um gás ideal. Qualquer estado
eu

de equilíbrio do gás é representado por um ponto sobre


essa superfície. A curva 1-2, indicada sobre tal superfície,
representa uma transformação de estado sofrida pelo gás.
O estado inicial (1) é definido pelos valores p1, V1 e T1,
já o estado final (2) é definido pelos valores p2, V2 e T2. 40
30
50
00
x1
20
I 60
PS
p1 1 10
M

0
Pressão

2
p2
20 °C

V1 tu ra T2
Volu era
m e Temp Figura 3. Medição da pressão manométrica do ar em um pneu.
V2 T1
1
PSI significa libra-força por polegada quadrada – unidade de
Figura 2. Transformação de estado sofrida por um gás ideal. pressão no Sistema Inglês.

60 Coleção Estudo 4V
Estudo dos gases

Para responder à primeira pergunta, vamos relacionar p p


o estado inicial (estado 1) com o estado do ar após o 3p0
aquecimento (estado 2). Substituindo os valores conhecidos
nessa relação, obtemos a seguinte pressão:
2p0
p1V1 p2 V2 43, 7. V1 p2. V2
= ⇒ = ⇒ p2 = 46,7 PSI
n1 T1 n2 T2 n1.293 n2.313 p0

Nesse cálculo, desprezamos possíveis vazamentos de


ar e variações no volume do pneu. Por isso, n1 e n2 foram T0 2T0 3T0 –273

lli
cancelados, o mesmo ocorrendo com V1 e V2. T (K) T (ºC)
Para responder à segunda pergunta, podemos relacionar o Figura 4. Pressão versus temperatura em uma transformação
estado 2 com o estado do ar após a retirada de ar do pneu isovolumétrica de um gás ideal.
(estado 3). Assim, obtemos:
Transformação isobárica

ou
p2 V2 p3 V3 46, 7. V2 43, 7. V3 n3
= ⇒ = ⇒ = 0, 94 Na transformação isobárica, o volume e a temperatura do gás

FÍSICA
n2 T2 n3 T3 n2. T2 n3. T3 n2 variam, mas a pressão se mantém constante. Um processo
isobárico muito usual ocorre quando um gás é aquecido em
Novamente, cancelamos os volumes. O valor da um cilindro com êmbolo. A pressão externa que atua sobre o
temperatura do ar mantém-se praticamente constante gás possui um valor numericamente igual ao valor da pressão
quando um pouco de ar é retirado do pneu. Por isso, atmosférica somado com o valor da pressão exercida pelo peso
as temperaturas T2 e T3 também foram canceladas. Assim, do êmbolo. Antes do aquecimento, o êmbolo está em repouso,

rn
n3 é 94% de n2, ou seja, uma massa de ar igual a 6% da
massa inicial deve ser retirada para a pressão voltar ao
valor inicial.

A seguir, vamos discutir três transformações particulares


no estado de gases ideais.

Transformação isovolumétrica
e a pressão interna exercida pelo gás é igual à pressão externa.
Quando o aquecimento se inicia, a temperatura do gás aumenta
ligeiramente e, consequentemente, a pressão do gás também
aumenta, mas de um valor infinitesimal. Esse aumento é tão
pequeno que mesmo um manômetro muito sensível não pode
detectá-lo. Apesar de pequeno, esse desequilíbrio de pressão
faz o êmbolo iniciar o movimento de subida. Por sua vez, essa
Be
expansão gera um alívio na pressão interna. O resultado é
que a pressão interna permanece constante com valor bem
O aquecimento ou o resfriamento de um gás contido
próximo ao valor da pressão externa, diferindo desta apenas
em um tanque é uma transformação isovolumétrica.
por um valor infinitesimal.
Nessa transformação, também chamada de isocórica
A relação entre o volume V e a temperatura absoluta T
ou isométrica, a pressão p e a temperatura T do gás
para a transformação isobárica do gás é:
variam, mas o volume V permanece constante. Usando
nR
a equação de estado de um gás ideal, podemos explicitar V= T = CT
p em função de T, obtendo: p
O termo C = nR/p é constante porque a pressão p e a
nR quantidade de gás n não variam, e R é a constante universal
p= T = CT
eu

V dos gases. A equação V = CT representa uma reta que passa


pela origem do diagrama V versus T, e C é o coeficiente
O termo C = nR/V é constante (de valor positivo), pois
angular dessa reta, ou seja, V e T são grandezas diretamente
o volume e a quantidade de gás (n) não variam, e R é a
proporcionais conforme está ilustrado no primeiro gráfico da
constante universal dos gases. Portanto, a equação p = CT
figura 5. O segundo gráfico mostra a variação de V com a
representa uma reta ascendente que passa pela origem do
temperatura em graus Celsius.
diagrama p versus T, em que C é o coeficiente angular da
V V
reta. Em outras palavras, p varia proporcionalmente com T,
de forma que, se o gás for aquecido a volume constante até 3V0
M

que a temperatura absoluta T dobre de valor, a pressão p


também irá dobrar, se T triplicar, p também irá triplicar, 2V0
e assim por diante. Esse comportamento está ilustrado no
primeiro gráfico da figura 4.
V0
Substituindo a relação entre as escalas Kelvin (T) e
Celsius (t), T = t + 273, na equação p = CT, obtemos
p = C(t + 273). Essa equação também representa uma reta T0 2T0 3T0 –273
de inclinação C, conforme está ilustrado no segundo gráfico T (K) T (°C)
da figura 4. Entretanto, agora, a reta não corta mais a origem Figura 5. Volume versus temperatura para uma transformação
do gráfico, mas sim o ponto de coordenadas (–273,0). isobárica de um gás ideal.

Bernoulli Sistema de Ensino 61


Frente B Módulo 03

Transformação isotérmica Outra informação importante sobre o gráfico p versus V é


que as isotermas mais externas representam temperaturas
A figura 6 ilustra uma experiência para estudar uma maiores do que aquelas associadas às isotermas mais internas.
transformação isotérmica de um gás, processo no qual a Na figura 7, note que a temperatura referente à isoterma externa
temperatura se mantém constante, enquanto a pressão e o é o dobro da temperatura referente à isoterma interna. Esse
volume variam. Em um tubo em U, existe ar aprisionado (gás fato pode ser justificado por meio da equação pV = nRT. Como
ideal), pressurizado com a ajuda de uma coluna de mercúrio. as isotérmicas representam uma mesma amostra gasosa,
Quando a pressão sobre o ar vale p0 (1 atm, à pressão n é uma constante. Assim, o produto pV é proporcional a T.
atmosférica), o volume é V0. Adicionando mais mercúrio, Dessa forma, como esse produto vale p0V0, para a isotérmica

lli
a pressão aumenta para 2p0, e o volume diminui para V0/2. interna, e 2p0V0, para a isotérmica externa, concluímos
Quando a pressão aumenta para 3p0, o volume diminui para que a temperatura absoluta associada à curva externa é
V0/3, e assim por diante. o dobro da temperatura absoluta referente à outra curva.
V0 = 1 atm Outra maneira de justificar essas temperaturas seria imaginar
um estado qualquer sobre a isotérmica interna, digamos,

ou
o estado definido pelo volume 2V0 e pela pressão p0/2. Agora,
152 cm considere que o gás seja aquecido a volume constante até a
Ar 76 cm pressão dobrar (estado definido por 2V0, p0). Como vimos na
V0 V0/2 V0/3 transformação isovolumétrica, p é proporcional a T. Concluímos,
portanto, que a temperatura absoluta realmente dobra de valor.

Mercúrio
EXERCÍCIO RESOLVIDO
rn
Figura 6. Montagem para estudar a transformação isotérmica.
O resultado dessa experiência sugere que, na transformação
isotérmica, o volume V varia inversamente com a pressão p.
Esse comportamento é previsto pela equação de estado de
um gás ideal conforme está indicado a seguir:
01. Uma quantidade de 0,50 mol de um gás ideal, sob a
pressão de 1,0 . 105 Pa, ocupa um volume de 8,3 x 10–3 m3
em um cilindro com êmbolo, conforme mostra a figura
seguinte. Em seguida, o gás é aquecido até que o êmbolo
toque no batente. Quando o êmbolo toca no batente,
Be
nRT C o volume do gás é o dobro do volume inicial. A seguir,
p= =
V V o gás é aquecido até 600 K. Construir o gráfico da pressão
O termo C = nRT é constante, pois n, R e T são constantes. versus volume para o aquecimento do gás, indicando os
Assim, de acordo com p = C/V, a pressão p e o volume V são valores de pressão (p), volume (V) e temperatura (T)
relevantes nesse processo.
grandezas inversamente proporcionais. Podemos visualizar
esse comportamento por meio do gráfico p versus V mostrado Batente
2V0
na figura 7, em que as duas curvas representam dois processos
que ocorrem a temperaturas constantes e iguais a T e 2T.
Essas curvas são denominadas isotermas. Na isoterma mais
interna (temperatura T), considere o estado definido pelo V0
eu

volume V0 e pela pressão p0. Observe que, se o gás expandir


isotermicamente e o volume dobrar, a pressão ficará dividida
por 2; se o volume quadruplicar, a pressão ficará dividida
por 4, e assim por diante. Naturalmente, um comportamento
de proporção inversa entre p e V também é verificado para a
isotérmica de temperatura 2T.
p
M

p0

Resolução:
p0/2
Primeiramente, vamos calcular o valor da temperatura
p0/4 2T inicial do gás (estado 1). Substituindo n = 0,50 mol,
T p1 = 1,0 . 105 Pa e V1 = 8,3 . 10–3 m3 na equação de estado,
V (L) e usando R = 8,3 J/mol.K, obtemos:
V0 2V0 4V0
p1V1 = nRT1 ⇒ 1,0 . 105 . 8,3 . 10–3 = 0,50 . 8,3 . T1 ⇒
Figura 7. Pressão versus volume para uma transformação
isotérmica de um gás ideal. T1 = 200 K

62 Coleção Estudo 4V
Estudo dos gases

Durante o movimento do êmbolo, a pressão se


mantém constante, e a temperatura absoluta aumenta Nm0 v2
p=
proporcionalmente com o volume. Como o volume 3V
dobra quando o êmbolo toca os batentes, nessa posição
(estado  2), temos: De acordo com essa equação, pode-se concluir que a
p2 = 1,0 . 105 Pa pressão do gás é proporcional à energia cinética de uma
V2 = 2V1 = 16,6 . 10–3 m3 molécula (m0v2/2). Essa energia depende diretamente
da temperatura absoluta do gás. Para demonstrar isso,
T2 = 2T1 = 400 K
primeiramente vamos calcular a energia total do gás (U),

lli
Na etapa final, o gás é aquecido a volume constante, que é a soma da energia cinética de todas as moléculas
e a pressão aumenta proporcionalmente com a (como o gás é ideal, as forças de interação entre as
temperatura absoluta. No estado final (estado 3), moléculas são desprezíveis e, assim, podemos desprezar a
a temperatura do gás é T3 = 600 K, e a pressão pode ser energia potencial do conjunto de moléculas), U = Nm0v2/2.
determinada da seguinte forma: Combinando essa expressão com a equação de p em função

ou
p3 p2 p3 1,0 . 105 de V e com a equação de estado de um gás ideal, pV = nRT,
= ⇒ = ⇒ p3 = 1,5 . 105 Pa

FÍSICA
T3 T2 600 400 obtemos a seguinte equação para a energia total:

3 3
Por fim, com os valores obtidos, podemos construir o U= pV = nRT
gráfico p versus V para essa sequência de transformações.
2 2
Observe que as temperaturas dos estados 1, 2 e 3 foram
Se dividirmos essa equação por N, obteremos uma
indicadas por meio de três curvas de temperaturas
expressão para a energia cinética de apenas uma molécula.
constantes (isotermas).
p (105 Pa)

1,5
rn 3
Antes de fazer isso, é conveniente apresentar uma nova
constante, definida pelo quociente entre a constante
universal dos gases ideais e o número de Avogadro:

k=
R
NA
=
8,314 J/mol.K
6,02 . 1023 moléculas/mol
= 1,38 . 10–23 J/K
Be
1 600 K
1,0 2
k é a constante de Boltzmann, um número que desempenha
400 K
um papel de grande relevância no estudo da Termodinâmica.
200 K Lembrando que a quantidade de gás pode ser calculada por
n = N/NA, podemos substituir essa expressão na equação
3
8,3 16,4 P (10–3 m3) U = nRT . Dividindo tudo por N, obtemos a seguinte equação
2
para a energia cinética de uma molécula:
TEORIA CINÉTICA DOS GASES
3
Neste tópico, vamos apresentar um modelo para predição u= kT
2
do comportamento dos gases baseado no movimento das
eu

moléculas do gás. Esse modelo, conhecido como Teoria


É mais apropriado se referir à grandeza u como a energia
Cinética dos Gases, foi desenvolvido na segunda metade
cinética média por molécula, uma vez que nem todas as
do século XIX e representa um marco no desenvolvimento
moléculas apresentam a mesma velocidade (v2, na verdade,
da Teoria Atômica da Matéria. Essa teoria fundamenta-se
é a velocidade quadrática média das moléculas). Segundo a
em quatro suposições:
equação anterior, a energia cinética média de uma molécula
1. As colisões das moléculas do gás contra as paredes é diretamente proporcional à temperatura absoluta do gás,
do recipiente que contém o gás são elásticas. independentemente de sua natureza. Isso nos permite tirar
M

2. O tempo de duração da colisão de uma molécula em uma conclusão importante:


uma parede é desprezível.
3. As moléculas do gás obedecem às leis do movimento Gases ideais diferentes, à mesma temperatura, possuem
de Newton. a mesma energia cinética média por molécula.

4. O número de moléculas é muito grande e, portanto, Esse fato, por sua vez, implica uma segunda conclusão
o gás pode ser analisado estatisticamente. importante:
Usando essas ideias, pode-se deduzir a seguinte expressão
À mesma temperatura, quanto menor a massa molar do
para calcular a pressão do gás em função da velocidade
gás, maior a sua velocidade média molecular.
das moléculas.

Bernoulli Sistema de Ensino 63


Frente B Módulo 03

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 04. (CEFET-MG) Pela Teoria Cinética dos Gases, a  pressão
de um gás está relacionada à sua temperatura T,
ao volume V por ele ocupado, à massa m, ao número N
01. (Mackenzie-SP) Um cilindro metálico de 41 litros contém
e à velocidade quadrática média vM de suas moléculas.
argônio (massa de um mol = 40 g) sob pressão de 90 atm
Um gás terá sua pressão aumentada se
à temperatura de 27 °C. A massa de argônio no interior
desse cilindro é de A) N diminuir e m diminuir.

Dado: R = 0,082 atm.L/(mol.K). B) T diminuir e V aumentar.

lli
A) 10 kg. C) V aumentar e N diminuir.
B) 9 kg. D) vM diminuir e T aumentar.
C) 8 kg. E) m aumentar e vM aumentar.
D) 7 kg.

ou
E) 6 kg.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
02. (UESPI) Um gás ideal confinado em um recipiente
fechado de volume constante sofre uma transformação
termodinâmica em que a sua pressão diminui. Assinale,
01. (UFMG) Regina estaciona seu carro, movido a gás natural,

a seguir, o diagrama pressão (p) versus temperatura ao Sol. Considere que o gás no reservatório do carro se
comporta como um gás ideal. Assinale a alternativa cujo

A) p
rn
absoluta (T) compatível com essa transformação.

D) p
gráfico MELHOR representa a pressão em função da
temperatura do gás na situação descrita.

A)
Pressão

C)

Pressão
Be
T T
B) p E) p Temperatura Temperatura

B) D)
Pressão

Pressão

T T
eu

C) p Temperatura Temperatura

02. (ESCS-DF) Um balão cheio do gás hélio apresenta, na


superfície, volume de 50 m3, temperatura de 54 °C e
pressão de 80 cmHg.
T
Quando esse balão atinge uma determinada altura,
M

03. (UFLA-MG) Certa quantidade de um gás ideal está admite-se que a temperatura permaneça constante, e
contida em um recipiente de paredes rígidas e volume V, que seu volume seja de 1 000 m3. A nova pressão em
inicialmente à temperatura T1 = 400 K e exercendo uma cmHg será de:
pressão p1 = 1,0 . 106 N/m2. Utiliza-se parte desse gás,
A) 7,0
de forma que a pressão baixe para p2 = 6,0 . 105 N/m2
B) 6,0
e a temperatura para T2 = 300 K. Pode-se afirmar que a
quantidade de gás utilizada foi de C) 5,0

A)
25%. C)
80%. D) 4,0

B)
20%. D)
40%. E) 3,0

64 Coleção Estudo 4V
Estudo dos gases

03. (UEL-PR) Os diagramas PV a seguir representam o Considerando constante a temperatura da água, pode-se
JKZW
comportamento de um gás: concluir que o volume da bolha, na subida,

P A) permanece o mesmo.

B)
aumenta 5%.
i
Pi
C) aumenta 10%.

D) aumenta 20%.
Pf f

lli
E) aumenta 50%.
V
Vi Vf
05. (CMMG) Oxigênio foi introduzido em um botijão durante
(a) o inverno europeu a 0 °C e enviado ao Brasil para ser
usado num hospital, cuja temperatura média é de 30 °C.

ou
P Na nova situação, é CORRETO afirmar que

FÍSICA
i A) o oxigênio sofreu uma transformação isobárica.
Pi
B) a pressão do oxigênio dentro do botijão não se alterou.

C) o número de moléculas de oxigênio dentro do botijão


f
Pf
aumentou.

P
Vi

rn (b)
Vf
V

06.
D) o número de colisões das moléculas de oxigênio contra
as paredes do botijão aumentou.

(UFRN) A transformação termodinâmica b → c, ilustrada no


diagrama PV da figura a seguir, constitui um dos processos
Be
i do ciclo Otto, utilizado em motores de combustão interna
Pi
de automóveis a gasolina. No diagrama, P representa
a pressão na câmara de combustão, e V o volume da
f
Pf câmara.

Esse processo ocorre quando, no instante da queima da


V
Vi Vf mistura ar-gasolina contida na câmara de combustão,
fornece-se calor ao sistema, produzindo-se
(c)
P
É CORRETO afirmar:
eu

C
A) O diagrama (a) representa um processo isotérmico
com a temperatura inicial maior que a temperatura
final. b

B) Os diagramas (a) e (b) resultam no mesmo trabalho


realizado pelo sistema após a expansão.
0 V
C) O diagrama (b) representa um processo adiabático.
M

A) aumento da pressão interna, com variação do volume


D) O diagrama (c) representa um processo isobárico.
da câmara.
E) O diagrama (c) representa um processo de expansão.
B) diminuição da pressão interna, sem variação do
04. (UEL-PR) Uma bolha de ar é formada junto ao fundo volume da câmara.
KBDB
de um lago, a 5,0 m de profundidade, escapa e sobe à C) diminuição da pressão interna, com variação do
superfície. São dadas: volume da câmara.
• Pressão atmosférica = 1,0 . 10  N/m ; 5 2
D) aumento da pressão interna, sem variação do volume
• Densidade da água = 1,0 . 10  kg/m . 3 3
da câmara.

Bernoulli Sistema de Ensino 65


Frente B Módulo 03

07. (PUC Rio) Seja um mol de um gás ideal a uma temperatura 11. (Unicamp-SP–2013) Pressão parcial é a pressão que
AQOA
de 400 K e à pressão atmosférica p0. Esse gás passa um gás pertencente a uma mistura teria se o mesmo
por uma expansão isobárica até dobrar seu volume. Em gás ocupasse sozinho todo o volume disponível.
seguida, esse gás passa por uma compressão isotérmica
Na temperatura ambiente, quando a umidade relativa do
até voltar a seu volume original. Qual a pressão ao final
ar é de 100%, a pressão parcial de vapor de água vale
dos dois processos?
3,0 . 103 Pa. Nesta situação, qual seria a porcentagem
A) 0,5 p0
de moléculas de água no ar?
B) 1,0 p0
Dados: a pressão atmosférica vale 1,0 . 105 Pa.

lli
C) 2,0 p0
Considere que o ar se comporta como um gás ideal.
D) 5,0 p0
A) 100%
E) 10,0 p0
B) 97%

ou
08. (UFMG) A figura mostra um cilindro que contém um gás
C) 33%
ideal, com um êmbolo livre para se mover. O cilindro
está sendo aquecido. Pode-se afirmar que a relação que D) 3%
MELHOR descreve a transformação sofrida pelo gás é
12. (UERJ–2016) Para descrever o comportamento dos
B7PK
Êmbolo gases ideais em função do volume V, da pressão P e
da temperatura T, podem ser utilizadas as seguintes
Gás
equações:

A) p/V = constante.
rn Equação de Clapeyron

PxV=nxRxT

n → número de mols
Equação de Boltzmann

PxV=NxkxT

N → número de moléculas
Be
R → constante de gases k → constante de Boltzmann
B) p/T = constante.
R
C) V/T = constante. De acordo com essas equações, a razão é
K
aproximadamente igual a:
D) pV = constante.
1
A) . 10−23 C) 6 . 10–23
6
09. (UDESC) A constante universal dos gases, R, cujo 1
B) . 1023 D) 6 . 1023
valor depende das unidades de pressão, volume e 6
temperatura, NÃO pode ser medida em uma das unidades
13. (UFPR–2016) Um cilindro com dilatação térmica desprezível
representadas a seguir. Assinale-a. ØXMH
possui volume de 25 litros. Nele estava contido um gás
A) N × m–2 × mol–1 × K–1× m3
eu

sob pressão de 4 atmosferas e temperatura de 227 ºC.


B) atm × litro × mol–1 × K–1
Uma válvula de controle do gás do cilindro foi aberta até
C) J × mol–1 × K–1 que a pressão no cilindro fosse de 1 atm. Verificou-se
D) atm × litro × mol × K–1 que, nessa situação, a temperatura do gás e do cilindro
E) N × m × mol–1 × K–1 era a ambiente e igual a 27 °C.

Considere que a temperatura de 0 °C corresponde a


10. (Unimontes-MG) Um quarto de dimensões
TCT4 273 K.
M

3 m × 4 m × 3 m está preenchido com ar a uma pressão de


1 atm ≅ 1,0 . 105 Pa e à temperatura de 16 °C. Considere Assinale a alternativa que apresenta o volume de gás que
a massa molar equivalente do ar igual a 28,9 g/mol. escapou do cilindro, em litros.
A massa de ar no quarto é igual a, aproximadamente,
A) 11,8.
Dado: R = 8,31 (J/mol × K).
B) 35.
A) 43 kg.
C) 60.
B) 23 g.
C) 43 g. D) 85.

D) 23 kg E) 241.

66 Coleção Estudo 4V
Estudo dos gases

14. (UNIR-RO) Dois gases ideais submetidos às pressões 02. Engenheiros alemães desenvolveram um equipamento
p1 = 1 atm e p2 = 2 atm, em equilíbrio térmico, estão para captar água potável da umidade do ar, em um
confinados em recipientes de volumes V1 = 2 m3 e V2 = 3 processo energeticamente autônomo e descentralizado,
m3, respectivamente, ligados por uma válvula inicialmente que funciona utilizando unicamente fontes renováveis de
fechada. Ao se abrir a válvula, os dois gases fluem energia. [...] Por mais seca que seja uma região, mesmo
livremente, sem alterar sua temperatura, ocupando os se for um deserto, o ar ambiente contém água. A umidade
dois recipientes com a mesma pressão que será: do ar é fornecida na forma de um percentual que expressa

A) 2,5 atm a relação entre a pressão parcial de vapor de água presente

lli
na mistura ar-água em relação à pressão de saturação da
B) 3,0 atm
água numa determinada temperatura. [...]
C) 1,5 atm
Disponível em: <http://www.inovacaotecnologica.com.br/
D) 0,6 atm
index.php>. Acesso em: 09 jun. 2009.

ou
E) 1,6 atm
Considere um galpão de 2 000 m3, onde a temperatura

FÍSICA
15. (UFVJM-MG) Certa quantidade de gás ideal está confinada é de 27 ºC, e a umidade relativa do ar é de 50%.
NY9D
em um cilindro fechado provido de um êmbolo móvel. O volume teórico de água que pode ser extraída desse

Sabendo que o gás está nas CNTP, faça o que se pede. ambiente é de
Dados: Constante universal dos gases ideais:
A) DETERMINE a temperatura do gás ao passar por uma
8 J/mol.K;

20% da inicial.
rn
transformação isocórica em que a pressão passe para

B) DETERMINE a pressão final do gás que, após a


transformação isocórica, passa por uma transformação
isotérmica, em que o volume se reduza a 1/4 do

A) 27 L.
Massa molar da água: 18 g/mol;

Densidade da água: 1 kg/L;

Pressão de vapor da água a 27 °C = 3,6 . 103 Pa.

D) 72 L.
Be
volume inicial.
B) 54 L. E) 95 L.
C) FAÇA um diagrama p x V representando a condição
inicial e as duas transformações dos itens A e B. C) 60 L.

03. Muitas marcas de xampus acondicionam o produto

SEÇÃO ENEM em embalagens plásticas dotadas com tampa de


pressão. A figura a seguir ilustra uma cena não
rara, que pode ocorrer quando uma pessoa volta de
01. (Enem–2015) Uma pessoa abre sua geladeira, verifica
uma cidade praiana, como o Rio de Janeiro, para
o que há dentro e depois fecha a porta dessa geladeira.
eu

uma cidade de maior altitude, como Belo Horizonte.


Em seguida, ela tenta abrir a geladeira novamente, mas
Ao abrir a mala, o viajante se surpreende ao ver que
só consegue fazer isso depois de exercer uma força mais
a tampa do frasco se abriu, derramando xampu sobre
intensa do que a habitual.
a roupa.
A dificuldade extra para reabrir a geladeira ocorre porque
o(a)

A) volume de ar dentro da geladeira diminuiu.


M

B) motor da geladeira está funcionando com potência


máxima.

C) força exercida pelo ímã fixado na porta da geladeira xamp


u
aumenta.

D) pressão no interior da geladeira está abaixo da


pressão externa.

E) temperatura no interior da geladeira é inferior ao valor


existente antes de ela ser aberta.

Bernoulli Sistema de Ensino 67


Frente B Módulo 03

A cena descrita anteriormente ocorre porque, durante a 07. C

viagem, o ar aprisionado no frasco tende a se

A) expandir devido ao aumento da pressão interna, 08. C


e o derramamento de xampu poderia ser evitado se
o frasco fosse comprimido um pouco antes de ser
fechado. 09. D

B) expandir devido à redução da pressão externa, e o

lli
derramamento de xampu poderia ser evitado se 10. A
o frasco fosse comprimido um pouco antes de ser
fechado.
11. D
C) aquecer devido ao aumento de temperatura, e o

ou
derramamento de xampu poderia ser evitado se o
frasco fosse colocado em um saco de plástico com gelo. 12. D

D) resfriar devido à diminuição da temperatura, e o


derramamento de xampu poderia ser evitado se o
13. B
frasco fosse colocado em um saco de plástico com
água morna.

rn
E) comprimir devido ao aumento da pressão externa,
e o derramamento de xampu poderia ser evitado se
o frasco fosse aquecido antes de ser fechado.
14. E

15. A) T = 54,6 K
Be
B) p = 0,8 atm
GABARITO
C)
Fixação p (atm)

Estado inicial
(CNTP)
01. E Estado final
1,0

02. D
0,80 273 K
Transformação
eu

03. B isocórica
0,20

54,6 K
04. E
V/4 V V

Propostos Transformação isotérmica

01. D
M

Seção Enem
02. D

03. E
01. D

04. E

02. A
05. D

06. D 03. B

68 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

FÍSICA C 01
Eletrização e força elétrica
Seria difícil imaginar, atualmente, a vida sem a eletricidade,

lli
1. os prótons e os elétrons têm alguma propriedade
sem a iluminação, o computador, a Internet, o carro e outros. que o nêutron não possui.
Sem coisas simples, como o “choque” que você leva ao tocar a
maçaneta da porta em um dia seco. Para entender a importância 2. como as forças têm o mesmo módulo, a propriedade
de tudo isso, convido você a conhecer o mundo da Eletricidade. tem mesmo valor para o próton e para o elétron.

ou
Há muito tempo, foram descobertos os princípios
Tal propriedade é a carga elétrica (Q). Como existe
fundamentais da Eletricidade. Os primeiros fenômenos
repulsão entre partículas de mesmo nome e atração entre
elétricos foram observados por Tales de Mileto. Ele notou
próton e elétron, concluímos que suas cargas devem ter
que o âmbar (espécie de resina natural), quando era atritado
alguma diferença. Por isso, os cientistas convencionaram
em tecido, atraía corpos leves.
que a carga do próton é positiva e a do elétron, negativa.
Logo, o nêutron não tem carga elétrica.

A CARGA ELÉTRICA
rn
Você sabe, por meio da Química, que a matéria é formada
por átomos. Estes possuem prótons, elétrons e, geralmente,
nêutrons. Colocadas próximas umas às outras, essas
partículas podem interagir ou não entre si. A figura a seguir
O próton e o elétron têm cargas de mesmo valor absoluto,
o qual chamaremos de carga elementar (e).

O valor, aproximado, da carga elementar é:

e = 1,6 , 10–19 C
Be
mostra um átomo de hélio.
A unidade de medida da carga elétrica, no SI, é o
coulomb (C), em homenagem ao cientista francês Charles
de Coulomb (1736-1806).
Elétrons Nêutrons
Prótons Em seu estado natural, os átomos apresentam o mesmo
número de prótons e de elétrons. Portanto, a carga total
dos átomos é zero. Para que os átomos apresentem
comportamento elétrico, é necessário retirar ou fornecer
elétrons a eles. Pode acontecer de o átomo ganhar ou perder
prótons, mas, como isso é raro, vamos considerar que os
eu

corpos trocam, entre si, apenas elétrons.

O que acontece entre cada par de diferentes partículas, Uma constatação importante é a de que só podemos retirar
se colocadas a uma mesma distância? ou fornecer ao átomo (ou a um objeto) um número inteiro
de elétrons. Não é possível, por exemplo, retirar ½ elétron
Veja: ou fornecer ¾ de elétron ao átomo.

n n Assim, dizemos que a carga do átomo ou de qualquer


objeto carregado (eletrizado) é quantizada, ou seja, a carga
M

F F
p p
(Q) pode apresentar inúmeros valores distintos, mas todos,
F F sem exceção, são múltiplos inteiros da carga elementar (e).
e e
F F
p e
Q = n.e ⇒ Q = n.(1,6 . 10–19)

Observe que aparece uma força atuando nos prótons e


n = ..., –2, –1, 0, 1, 2, 3, ...
nos elétrons, mas não nos nêutrons. Além do mais, todas
as forças da figura anterior têm o mesmo módulo, o que n é o saldo elétrico do objeto, que depende do número
nos permite concluir que de elétrons retirados ou fornecidos a este.

Bernoulli Sistema de Ensino 69


Frente C Módulo 01

Dois corpos eletrizados com cargas de sinais opostos Em condições normais, a borracha e outros isolantes, como
exercem, entre si, forças de atração. Quando estão o vidro e a madeira, não possuem cargas elétricas livres que
eletrizados com carga de mesmo sinal, as forças são de possam se deslocar através deles.
repulsão. A definição de condutor e isolante não é absoluta.
A tabela seguinte mostra os valores aproximados da carga, É importante saber que todos os isolantes, exceto o vácuo,
da massa de repouso e da massa relativa do elétron, do podem conduzir eletricidade dependendo das condições a
próton e do nêutron. eles impostas.

ELETRIZAÇÃO

lli
Carga
Carga Massa
Partículas elétrica Massa (kg)
relativa relativa
(.10–19 C) Em seu estado natural, a matéria é neutra, porque ela é
formada por átomos neutros. Eletrizar a matéria significa
Elétron –1,602 –1 9,109 . 10–31 1

ou
alterar esse equilíbrio de cargas, tornando-a carregada
positiva ou negativamente.
Próton 1,602 1 1,673 . 10–27 1 840
Esse desequilíbrio é obtido retirando ou fornecendo
elétrons aos átomos. Quando retiramos elétrons de um
Nêutron 0 0 1,673 . 10–27 1 840 corpo, ele fica eletrizado (ou carregado) positivamente,
pois o número de prótons, que não é alterado, fica superior
ao número de elétrons.
O Princípio da Conservação das Cargas

rn
Elétricas estabelece que, num sistema fechado,
a soma algébrica das cargas do sistema é constante no
tempo. Assim, considerando um sistema composto de
dois corpos isolados (sistema fechado), se um deles,
por algum evento, perde certa quantidade de carga,
Ao contrário, quando fornecemos elétrons a um corpo,
este fica eletrizado negativamente, porque o número de
elétrons fica superior ao número de prótons.
Um corpo pode ser eletrizado de três maneiras diferentes:
por atrito, por contato ou por indução.
Be
o outro ganha a mesma quantidade de carga, ou seja,
a soma total das cargas, antes e depois do evento, Eletrização por atrito
é a mesma.
Quando dois corpos são atritados, é realizado um trabalho
sobre os elétrons, facilitando sua transferência do corpo que

CONDUTORES E ISOLANTES exerce menor atração sobre eles para o corpo que exerce
maior atração.
(OU DIELÉTRICOS) Quando eletrizados por atrito, os corpos ficam carregados
com cargas de sinais opostos, pois o corpo que perdeu os
O material condutor permite que haja fluxo de cargas
elétrons fica carregado positivamente, e o que os ganhou
através dele sem muita dificuldade. Para isso, ele deve possuir
eu

fica eletrizado negativamente.


cargas livres em sua estrutura ou ter facilidade de obtê-las.
Os módulos das cargas adquiridas pelos dois corpos são
Os condutores podem ser
iguais, pois o número de elétrons que um corpo perdeu é
1. sólidos (metais e grafite), nos quais as partículas igual ao número de elétrons que o outro ganhou.
que se deslocam através deles são os elétrons;
Observações sobre a eletrização por atrito:
2. líquidos (soluções iônicas), nos quais os íons
1. Na eletrização por atrito, apenas elétrons são
M

positivos e negativos percorrem a solução em


sentidos opostos; trocados entre os corpos, continuando os prótons e
os nêutrons presos ao núcleo atômico.
3. gases (quando ionizados), nos quais existe
movimento de elétrons e de íons positivos e 2. Corpos feitos do mesmo material não se eletrizam por
negativos. atrito, pois apresentam igual tendência de atrair elétrons.

O meio isolante (ou dielétrico), quando tal, impede que 3. Os elétrons que se transferem de um corpo a outro
um fluxo significativo de cargas passe através da sua são apenas uma pequena parte do total de elétrons
estrutura. Ele também pode ser sólido, líquido ou gasoso. que o corpo possui. Na maioria das vezes, o corpo
A borracha é um exemplo típico de isolante (ou dielétrico). perde poucos dos seus elétrons.

70 Coleção Estudo 4V
Eletrização e força elétrica

4. Um condutor pode ser eletrizado por atrito desde CURIOSIDADE


que você o segure com algum material que seja Você sabe por que uma faísca elétrica pode, durante uma
isolante. Se não o fizer, quase a totalidade das tempestade, “rasgar” uma árvore ao meio? Fácil! Veja:
cargas que ele adquirir vai fluir para o seu corpo e a faísca transporta, através da árvore, uma grande
ele ficará praticamente descarregado. quantidade de carga elétrica de mesmo sinal e, também,
5. Um mesmo corpo pode ser eletrizado positiva ou muita energia.
negativamente, dependendo do material com o Assim, além do aumento de pressão interna (devido ao
qual foi atritado. O quadro a seguir, chamado série aumento de temperatura), as cargas se repelem com forças
triboelétrica, mostra uma sequência de alguns elétricas de grande intensidade. Se a árvore não suportar

lli
materiais. Qualquer um deles, atritado com outro tal força, ela se parte.
que esteja à sua esquerda, ficará negativamente
Assim, quem tem cabelo comprido deve evitar penteá-lo por
eletrizado. Se atritado com um que esteja à sua
muito tempo. O pente e o cabelo ficam eletrizados com cargas
direita, vai se tornar positivamente carregado. Não é
de sinais contrários. Porém, os fios de cabelos terão cargas

ou
necessário memorizar a sequência da série triboelétrica.
de mesmo sinal, que vão se repelir. Isso pode “quebrar” as

FÍSICA
pontas dos cabelos, da mesma forma que a árvore é “rasgada”.
+ –
Um balão de borracha atritado em algodão, por exemplo,
vidro, seda, cabelo, pele humana, algodão, borracha
vai ficar eletrizado.
Observe na fotografia a seguir o que acontece ao
Observe, nas figuras a seguir, um bastão de borracha
aproximarmos um balão eletrizado dos cabelos de uma garota.
sendo atritado em um tecido de seda. Note que o bastão

positivamente.

Seda
rn
de borracha ficou eletrizado negativamente e a seda,







Be
– –
+
++

©iStock.com/Jolka100
+
+
+ +
+

Bastão de
borracha

Eletrização por contato


Muitos fatos do cotidiano são explicados pela eletrização
por atrito. Por exemplo, uma blusa de seda, quando usada A eletrização por contato ocorre, de forma mais eficaz, nos
em um dia seco, “agarra” à nossa pele ao ser retirada do condutores. Neles, as cargas tendem a ficar na superfície
eu

corpo. De acordo com o quadro anterior, qual o sinal da externa – posição na qual elas estão o mais distante
carga de cada um desses materiais? possível umas das outras.
Faça você mesmo a experiência a seguir se o dia não
estiver úmido.
A –Q B
Rasgue vários pedacinhos de papel e os coloque sobre
uma mesa. Pegue um pente ou uma régua de plástico
e esfregue, rápida e vigorosamente, em seus cabelos. Considere os condutores A e B, da figura anterior,
M

Aproxime o pente dos pedacinhos de papel. Você percebeu separados e distantes um do outro. O corpo A está
que eles foram atraídos para o pente? eletrizado com carga –Q e o objeto B está neutro. Quando
os corpos são colocados em contato, as cargas ficam na
superfície externa do sistema formado por A e B conforme
Dorling Kindersley / Getty Images

a figura a seguir. Observe que a carga total do sistema


continua igual a –Q.

B –Q
A

Bernoulli Sistema de Ensino 71


Frente C Módulo 01

Separando-se os objetos por uma pequena distância, Se colocadas em contato, haverá transferência de
cada um deles ficará com a carga –QA e –QB, que estará determinada quantidade de elétrons da esfera B para a
distribuída em sua superfície, conforme mostrado a seguir. esfera A, pois os elétrons em excesso encontrarão uma
Observe que as cargas vão para as extremidades opostas situação de maior afastamento ainda.
por causa da repulsão entre elas.
Como a esfera B é maior do que a A, ela possui uma maior
capacidade de armazenar cargas. Por isso, a carga final na
–QA A B –QB esfera B será maior do que na A.

A carga final de cada corpo, quando for esférico,

lli
é proporcional ao raio de cada esfera. Após o contato,
Se os objetos forem colocados bem distantes um do outro,
sendo RB = 2RA, as cargas de B e A serão QB = –32 µC e
as cargas de cada um distribuem-se pela sua respectiva
QA = –16 µC.
superfície, de modo, novamente, a ficarem o mais distante
possível umas das outras. Note que a soma das cargas finais continua igual à carga

ou
total inicial (–48 µC), ou seja, o Princípio da Conservação
Veja a seguir:
das Cargas Elétricas foi respeitado.

Fica evidente que, para esferas do mesmo tamanho,


A –QA –QB B
a carga total inicial se divide igualmente entre elas após
o contato.

Observe, na figura seguinte, um bastão com cargas Um fato não tão evidente assim, porém importante, é que
negativas, que se aproxima de uma bolinha de latão até tocá-la. a divisão de cargas (citada anteriormente) não depende




– – –

rn
No contato, ambos ficam eletrizados com carga negativa.
Assim, após o contato, a bolinha é repelida pelo bastão.




do material do qual as esferas são feitas. Basta que elas
sejam condutoras.

Características da eletrização por contato:

1. Se a esfera B estivesse eletrizada positivamente,


Be
– – – – –– – as cargas finais de A e B seriam QA = 16 µC e
– – – – –
– – QB = 32 µC. Nesse caso, a esfera A transferiu certa
Esfera
neutra quantidade de elétrons para a B. A esfera A ficou
com carga positiva por ter perdido esses elétrons.

2. Depois do contato entre corpos condutores, estes


adquirem cargas de mesmos sinais, sendo que o
corpo de maior raio (maior capacidade) armazenará
a maior quantidade de carga.
Vamos considerar duas esferas metálicas, A e B, apoiadas
sobre suportes isolantes e bem distantes uma da outra, 3. Se ambos estão previamente eletrizados, a carga
conforme a figura seguinte. O raio da esfera B é o dobro de cada um deles, após o contato, terá o sinal
eu

do raio da esfera A. A esfera A está neutra, já a esfera B da carga daquele que tiver maior carga inicial,
encontra-se eletrizada negativamente com uma carga em módulo. Se a soma das cargas iniciais for zero,
QB = –48 µC. as cargas finais dos corpos serão iguais a zero,
independentemente do tamanho deles.
Sendo condutora, é natural que os elétrons em excesso
4. A eletrização por contato ocorre também entre corpos
na esfera B estejam uniformemente distribuídos sobre a sua
dielétricos. Porém, a troca de cargas ocorre apenas na
superfície, pois assim eles ficarão com o maior afastamento
região onde os corpos se tocam, pois, sendo isolantes,
M

possível uns dos outros.


a carga não pode se deslocar ao longo deles.
–48 µC
– – – A combinação dos processos de eletrização por atrito e
– por contato nos permite compreender mais alguns fatos


– interessantes observados no dia a dia. Um caminhão

– – – em movimento adquire carga elétrica devido ao atrito
com o ar. Essa carga se acumula na lataria do caminhão,
que está isolada do chão pelos pneus de borracha.
Se a quantidade de carga acumulada for elevada, poderá
A B ocorrer uma centelha elétrica entre o caminhão e o ar.

72 Coleção Estudo 4V
Eletrização e força elétrica

Para evitar essa centelha, alguns caminhões arrastam Agora é importante a sequência das operações. Primeiro,
uma corrente pelo chão. O contato da corrente com o chão desfaz-se a ligação à Terra (os elétrons que desceram não mais
permite que a carga adquirida pelo caminhão seja transferida podem voltar). Em seguida, afasta-se o bastão (Figura 4).
para a Terra.
Veja que a esfera fica eletrizada positivamente, com as
Ao comparar os tamanhos do caminhão e do planeta Terra, cargas distribuídas uniformemente em sua superfície.
pode-se concluir por que a carga se transfere, integralmente
Conheça as principais características da eletrização por
(o que pode ser considerado fato verdadeiro), para a Terra.
indução:
A seguir, temos dois corpos eletrizados a serem colocados
1. O corpo que provoca a indução (o bastão, no exemplo

lli
em contato com a Terra.
anterior) é chamado de indutor e sua carga não é
– + afetada pelo processo.
– – e– + +
– – + + 2. O objeto que foi eletrizado (a esfera, no caso
1 2
anterior), chamado de induzido, tem sinal de carga

ou
– – + +
S S sempre oposto ao sinal da carga do indutor.

FÍSICA
e– 3. Apenas objetos condutores podem ser eletrizados,
de forma efetiva, por indução.

4. Não confundir o simples fenômeno da indução com


o processo de eletrização por indução. A esfera do
Ligação à Terra (aterramento) exemplo citado está induzida logo que o bastão dela

1.
2.
rn
Ligando-se a chave S, haverá um fluxo de elétrons da

esfera 1 para a Terra, descarregando a esfera.


Terra para a esfera 2, neutralizando a sua carga.

Eletrização por indução (ou influência)


se aproxima – figura 2 (veja que as cargas estão
separadas). Ou seja, induzir um objeto é fazer com
que haja separação de cargas pela aproximação de
um corpo eletrizado.

ELETROSCÓPIO DE FOLHAS
Be
Veja as figuras a seguir. Elas mostram as etapas da O eletroscópio de folhas, cujo princípio de funcionamento
eletrização por indução. se baseia na indução eletrostática, é um aparelho usado
para verificar se objetos estão eletrizados. Ele é constituído
1 2 3 4 de uma esfera metálica, uma haste condutora e duas folhas
metálicas leves e flexíveis. As folhas ficam dentro de uma
garrafa transparente para se evitar perturbações causadas,
+ –
por exemplo, pelo vento.
– +
– – – –
– +
+ + + +
+
+
– + + +
+

– – – + +
+ +
– – –
– –
eu

– – –
– + + +
+ ––
– –

– – – – – +
– – – –

– – ++
M

A esfera condutora está inicialmente neutra (cargas (A) (B)


positivas e negativas em quantidades iguais). Um bastão
eletrizado negativamente aproxima-se da esfera sem tocá-la. Considere um eletroscópio neutro. Se você aproxima
Alguns elétrons, repelidos pelo bastão, deslocam-se para a da esfera um bastão eletrizado negativamente, este vai
extremidade oposta (Figura 2). Apesar de as cargas positivas repelir elétrons da esfera em direção às folhas. Assim, serão
e negativas estarem separadas, a esfera continua neutra induzidas cargas positivas na esfera e negativas nas suas
(carga total igual a zero). folhas, conforme a figura (A) anterior. As folhas, com cargas
de mesmos sinais, irão se repelir.
Para, de fato, eletrizar a esfera, devemos ligá-la à Terra
através de um fio condutor. Os elétrons, repelidos pelo Se o bastão estiver positivo, serão induzidas cargas positivas
bastão, descem para a Terra (Figura 3). nas folhas, pois o bastão atrairá elétrons para a esfera.

Bernoulli Sistema de Ensino 73


Frente C Módulo 01

Da mesma forma que antes, as folhas, agora positivas, vão Em um isolante, não existe deslocamento significativo
se abrir devido à repulsão entre elas (B). de elétrons ao longo do material. Sabemos, porém, que

Assim, você pode descobrir se o bastão está ou não um objeto carregado (um pente atritado nos cabelos,
eletrizado. Entretanto, não é possível descobrir o sinal das por exemplo) é capaz de atrair objetos dielétricos neutros
cargas do objeto. (pedacinhos de papel, por exemplo).

Uma situação diferente ocorre quando o eletroscópio está Se o isolante é colocado na presença de um corpo
previamente carregado, com cargas das quais conhecemos eletrizado (positivamente, por exemplo), as cargas negativas
o sinal, conforme as figuras a seguir: das moléculas do isolante serão atraídas e as positivas,

lli

– repelidas pelo objeto.
– ––
– – – – ––
– –
– – + + – + – + – + – +
+ + – + – + – + – +
+ +

ou
– –
– + – + – + – +

– + +
– + + – + – + – + – +
– –
+ + – + – + – + – +
– – – –
– – + + – + – + – + – +
+ + – + – + – + – +
+ +
(A) (B) – + – + – + – +
+ +
– + – + – + – +
+ +
– + – + – + – +

as folhas estão abertas (A).


rn
Considere o seguinte exemplo: um eletroscópio está
carregado com cargas negativas. Todo o seu corpo (esfera,
haste e folhas) está eletrizado negativamente. Assim,

Vamos aproximar do eletroscópio um bastão carregado


negativamente – mesmo sinal de carga do eletroscópio.
+ +

Se um corpo eletrizado aproxima-se de um dielétrico,


seja ele polar ou apolar, haverá um alinhamento das
moléculas do dielétrico na direção da força exercida pelo
objeto eletrizado. Assim, as extremidades do isolante,
Be
O bastão irá repelir parte dos elétrons que estão na esfera que estão na direção do corpo carregado, terão cargas
do aparelho, que, descendo para as folhas, fazem com que positivas e negativas conforme mostrado na figura anterior.
a abertura dessas seja maior (B).
Logo, dizemos que houve uma polarização do dielétrico
Imagine, agora, o bastão carregado positivamente –
(e não indução, pois não houve deslocamento de cargas).
sinal de carga oposto ao do eletroscópio. Nessa situação,
o bastão iria atrair parte dos elétrons que estão nas folhas
para cima, provocando uma diminuição da abertura das FORÇA ELÉTRICA
folhas ou mesmo o fechamento total delas.
Logo, se o eletroscópio estiver eletrizado, e soubermos Você sabe que é difícil erguer um saco de cimento de
o sinal de sua carga, é possível saber o sinal da carga do 50 kg do chão, pois ele é muito “pesado”. Para levantá-lo,
eu

corpo indutor. temos de vencer o seu peso, que é uma força gravitacional.

Concluindo: Iniciaremos, agora, o estudo das forças elétricas.


Afinal de contas, quem é maior: as forças elétricas ou as
1. Se o bastão e o eletroscópio têm cargas de mesmo
sinal, a abertura das folhas aumenta. gravitacionais?

2. Se o bastão e o eletroscópio têm cargas de sinais Charles de Coulomb foi o primeiro cientista a estabelecer
opostos, as folhas diminuem a sua abertura. uma relação quantitativa para a força elétrica que atua
M

entre corpos eletrizados.

POLARIZAÇÃO DE UM ISOLANTE Coulomb realizou medições das forças elétricas que


atuavam entre corpos puntiformes ou pontuais (objetos
(OU DIELÉTRICO) carregados, de tamanhos desprezíveis em comparação à
distância entre eles).
Vimos, na indução, que os elétrons de um condutor,
na presença de um corpo eletrizado, deslocam-se para Ele conseguiu determinar a relação entre a força elétrica
uma das extremidades do objeto de modo que o condutor e as demais variáveis devido ao uso de uma balança de
fica induzido. alta precisão, chamada balança de torção.

74 Coleção Estudo 4V
Eletrização e força elétrica

A LEI DE COULOMB Naturalmente, esse meio tem de ser dielétrico, caso contrário,
os objetos eletrizados perderiam sua carga elétrica através dele.

A figura a seguir representa duas cargas pontuais de O vácuo é o meio que permite a maior força elétrica entre
valores Q1 e Q2, separadas por uma distância r. duas cargas, e a sua constante, chamada K0, é igual a

F21 Q1 Q2 F12 K0 = 9,0 . 109 N.m2/C2


+ +
Q1 A constante da Lei de Coulomb (K) pode ser escrita

lli
F21 F12 Q2
– + em função de outra constante, chamada Permissividade
Dielétrica do meio (ε), conforme a equação:
r

K = 1 / 4πε

ou
Nela, F12 é o módulo da força que a carga Q1 exerce sobre
a carga Q2, e F21 é o módulo da força que a carga Q2 exerce
A quantidade de carga elétrica contida em objetos

FÍSICA
sobre a carga Q1.
eletrizados do nosso cotidiano (por atrito, por contato
Essas duas forças constituem um par de ação e reação e ou por indução) é muito pequena. Ela é da ordem de
por isso apresentam, sempre, o mesmo módulo, a mesma 10–6 C a 10–3 C. Por outro lado, a quantidade de carga que
direção e sentidos opostos. Observe que a afirmação passa através de aparelhos elétricos usuais é enorme.
vale mesmo que as partículas tenham cargas de valores Um chuveiro elétrico, funcionando durante 20 minutos,

forças vale F.
rn
diferentes. Assim, vamos considerar que o módulo dessas

Coulomb concluiu que duas cargas puntiformes, ou


pontuais, se atraem (ou se repelem) com uma força, cujo
módulo
é percorrido por uma quantidade de carga que varia de
24 000 C a 60 000 C.
Assim, é usual trabalhar com múltiplos e submúltiplos das
grandezas. A tabela a seguir fornece os mais usuais deles.

Nome Potência de 10 Símbolo


Be
1. é diretamente proporcional ao módulo do produto
mega 106 M
das cargas;
quilo 103 k
2. é inversamente proporcional ao quadrado da
distância entre elas. mili 10 –3
m

micro 10 –6
m

Veja os gráficos a seguir:

Força elétrica em Força elétrica em Para que a força elétrica seja expressa em N (newton),
função do módulo do função da distância é necessário que as cargas estejam expressas em
eu

produto das cargas entre as cargas C (coulomb) e a distância entre elas em m (metro). Sabemos
F F que um pente eletrizado pode atrair pedacinhos neutros de
papel, por exemplo. Como surge essa atração?

Veja a seguir:

Primeiro, o pente polariza o papel conforme mostrado na


figura adiante (figuras fora de escala).
|Q1.Q2| r
M

Coulomb chegou à seguinte expressão para determinar o


módulo da força elétrica:

Q1.Q2
F=K
r2
Assim, duas forças de origem elétrica atuam no papel:

Na equação, K, que vamos chamar de constante da Lei de 1. uma de atração (FA), na parte mais próxima ao pente;
Coulomb, depende do meio no qual as cargas se encontram. 2. outra de repulsão (FR), no lado oposto.

Bernoulli Sistema de Ensino 75


Frente C Módulo 01

Q
q=0 A esfera do pêndulo está descarregada
+ FA FR
+ + +++
++ 1ª situação:
+ +
++++ + +
++
rA
rR B

A distância entre a região de atração e o pente é menor q=0

do que a distância entre a região de repulsão e o pente.

lli
Por isso, FA > FR. Dessa forma, o papel sofre a ação de uma
Observe que a esfera não foi atraída pelo objeto (B). Nesse
força elétrica resultante de atração para o pente, mesmo
caso, pode-se concluir que o corpo B não está eletrizado.
que a sua carga seja igual a zero. De acordo com a 3ª Lei de
Newton (ação e reação), sobre o pente também atua uma
2ª situação:

ou
força elétrica resultante de atração.

Observe que surgiu uma informação nova:


B

É possível haver atração entre um objeto eletrizado e q=0


um objeto neutro (descarregado).

Agora, podemos falar em pêndulo elétrico, que é um outro Veja, agora, que a esfera se aproximou do objeto. Isso
tipo de eletroscópio.

1.
rn
O pêndulo elétrico usado em laboratório é formado por

uma esfera, de preferência condutora (mas que pode,


também, ser isolante), que deve ter pouco peso.
Quanto mais leve a esfera, maior a sensibilidade do
só pode acontecer se ela, ao ser induzida (ou polarizada),
receber uma força de atração maior que a de repulsão.

Nesse segundo caso, podemos concluir que o objeto (B)


está carregado. No entanto, não é possível concluir qual é
o sinal da carga do objeto. Seja ela positiva ou negativa, vai
Be
provocar a indução (ou a polarização) na esfera e, assim,
aparelho;
surgirá uma força resultante de atração.
2. uma haste em forma de L e uma base para apoiá-la
com estabilidade;
3. um cordão que prende a esfera à haste, que tem de
A esfera do pêndulo está eletrizada
ser isolante. com uma carga (q) de sinal conhecido
A figura a seguir mostra um típico eletroscópio de pêndulo. 1ª situação:
Note que o fio está na vertical, o que significa que não
existe força horizontal sobre ele.
eu

B
q

A esfera foi repelida pelo objeto. Isso quer dizer que


a esfera e o objeto têm cargas de mesmo sinal. Como
M

sabemos o sinal da carga do pêndulo, descobrimos o sinal


da carga do objeto.
Na sala de aula, ou em sua casa, esse pêndulo pode ser
constituído apenas pela esfera e pelo cordão, que você pode 2ª situação:
segurar com a mão.

O pêndulo elétrico, conforme mostrado, funciona como


eletroscópio em duas situações. Vamos aproximar dele um
B
objeto (B), que pode ou não estar eletrizado, e analisar o q
que acontece com a esfera do pêndulo. A partir daí, podemos
chegar às conclusões possíveis.

76 Coleção Estudo 4V
Eletrização e força elétrica

A esfera foi atraída pelo objeto. Isso garante que o objeto


está carregado com carga de sinal oposto ao da esfera?
A LEI DE COULOMB E A
Não, pois ele pode estar descarregado e, ao ser induzido LEI DA GRAVITAÇÃO
ou polarizado, surge a força de atração entre ele e a esfera.
A Lei da Gravitação Universal, que você vai estudar mais
Agora, se você tem certeza de que o objeto também está
adiante, foi desenvolvida por Newton um século antes
eletrizado, podemos concluir que a sua carga e a do pêndulo
da Lei de Coulomb. Newton percebeu que duas massas
são de sinais contrários.
(de objetos pontuais ou esféricos) atraem-se por uma força
Cuidado com a situação da figura anterior.
que é diretamente proporcional ao produto das massas e

lli
inversamente proporcional ao quadrado da distância entre
A CONSTANTE DIELÉTRICA seus centros, ou seja:

DO MEIO F= G
M1.M2
r2

ou
Chamamos de constante dielétrica do meio (C) a
razão entre a constante da Lei de Coulomb no vácuo e essa A constante (G) tem um valor igual a:

FÍSICA
constante no referido meio, ou a razão entre a força elétrica
entre duas cargas no vácuo (F0) e a força elétrica entre essas G = 6,67 . 10–11 N.m2/kg2
cargas naquele meio (F), ou seja:
Todos os meios materiais e dielétricos apresentam a Os valores dessas constantes não precisam ser
constante da Lei de Coulomb (K) menor que a do vácuo. memorizados por você.

rn
C=
K0
K
=
F0
F

Na tabela a seguir, apresentamos alguns meios dielétricos


e suas respectivas constantes dielétricas aproximadas.
Apesar da semelhança estrutural existente entre a
Lei de Newton e a de Coulomb, destacamos aqui duas
importantes diferenças entre elas:

1. A força elétrica pode ser atrativa ou repulsiva, já


a força gravitacional é sempre atrativa.
Be
Meio Constante dielétrica (C) 2. A constante K depende do meio, já a constante G
Vácuo 1 é independente dele. O seu valor é o mesmo em
Ar 1,0005 qualquer lugar do Universo.

Vidro 4,5 Apesar de tais diferenças, essas forças apresentam uma


Glicerina 43 semelhança importante. As forças entre dois corpos,
Água 80 sejam elétricas ou gravitacionais, são independentes da
existência de outros corpos nas proximidades.
Note que a constante dielétrica do ar é praticamente igual
Considere dois objetos exercendo forças entre si, sendo
a 1. Isso indica que as forças elétricas entre cargas no vácuo
uma elétrica (FE) e outra, gravitacional (FG).
eu

e no ar têm, praticamente, o mesmo valor.


Observe, ainda, como a constante dielétrica da água Q1 Q2
FE FE
é grande (80). Isso significa que duas cargas elétricas + +
mergulhadas na água exercem entre si forças elétricas
M2
80 vezes menores do que aquelas que apareceriam entre M1
elas, se imersas no vácuo (ou no ar). FG FG

Esse é um dos motivos de os compostos iônicos (cujos


M

aglomerados iônicos, ou redes iônicas, são formados por Se uma terceira carga (ou massa) for colocada em
íons, cátions e ânions, unidos por interações eletrostáticas qualquer lugar próximo deles, as forças que os dois
de alta intensidade), de modo geral, serem facilmente anteriores exercem entre si não serão alteradas.
dissolvidos em água. Quando os compostos são colocados
nessa substância, as ligações internas entre os íons Q1 Q2
Q3
diminuem bastante e ocorre o rompimento da rede iônica, FE FE
+ – +
originando íons livres. Procure o seu professor de Química
para mais informações a respeito (forças entre os íons do M2
M1
composto e entre os íons positivos e negativos com as FG FG
M3
moléculas de água).

Bernoulli Sistema de Ensino 77


Frente C Módulo 01

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 03. (UERJ–2013) A partícula káon, eletricamente neutra,


é constituída por duas partículas eletricamente carregadas:

01. (UNESP) Indução eletrostática é o fenômeno no qual um quark d e um antiquark s.


1
pode-se provocar a separação de cargas em um corpo A carga do quark d é igual a – do módulo da carga do
3
neutro pela aproximação de um outro já eletrizado.
elétron, e a carga do quark s tem mesmo módulo e sinal
O condutor que está eletrizado é chamado indutor e
contrário ao da carga de um antiquark s.
o condutor no qual a separação de cargas ocorreu é
Ao quark s é atribuída uma propriedade denominada
chamado induzido. A figura mostra uma esfera condutora
estranheza, a qual pode ser calculada pela seguinte fórmula:
indutora positivamente eletrizada induzindo a separação

lli
S – estranheza
de cargas em um condutor inicialmente neutro. 1 Q – razão entre a carga do quark
S = 2Q –
3 s e o módulo da carga do elétron
++ ++
+ +
+ +
+ + _ _
Assim, o valor da estranheza de um quark s é igual a
++
+ + _ +

ou
+ + _
+ + _ _ + 1 1
+ + + + A) . B) 1. C) – . D) –1.
3 3

Terra
04. (PUC-SP) Três cargas puntiformes, +Q, –Q e +Q, estão fixas
nos vértices A, B e C de um quadrado, conforme a figura.
+Q –Q
A B
Disponível em: <http://efisica.if.usp.br> (Adaptação).

Analisando a figura e sobre o processo de eletrização por

rn
indução, são feitas as seguintes afirmações:
I. Para eletrizar o corpo neutro por indução, deve-se
aproximar o indutor, conectar o induzido à terra,
afastar o indutor e, finalmente, cortar o fio terra.
II. Para eletrizar o corpo neutro por indução, deve-se
D
+Q
C

Abandonando uma quarta carga +Q no vértice D, ela


Be
aproximar o indutor, conectar o induzido à terra,
A) se desloca na direção DC, afastando-se de Q.
cortar o fio terra e, finalmente, afastar o indutor.
B) se desloca na direção DA, aproximando-se de Q.
III. Na situação da figura, a conexão do induzido à terra, C) permanece em equilíbrio.
com o indutor nas suas proximidades, faz com que D) se desloca na direção DB, afastando-se de –Q.
prótons do induzido escoem para a terra, por repulsão. E) se desloca na direção DB, aproximando-se de –Q.
IV. No final do processo de eletrização por indução,
o corpo inicialmente neutro e que sofreu indução,
adquire carga de sinal negativo. EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Está CORRETO, apenas, o contido em
01. (UERJ) Em processos físicos que produzem apenas
eu

A) II. elétrons, prótons e nêutrons, o número total de prótons


B) I e III. e elétrons é sempre par.

C) I e IV. Esta afirmação expressa a lei de conservação de

D) II e IV. A) massa. C) momento.


B) energia. D) carga elétrica.
E) II, III e IV.

02. (UECE) Um condutor elétrico metálico, de formato irregular


02. (UFRJ) Em um certo instante t, ΣQ é igual à soma algébrica
M

e isolado está carregado com uma carga positiva total +Q.


das cargas elétricas existentes numa certa região R,
Pode-se afirmar CORRETAMENTE que a carga +Q
limitada por uma superfície fechada S. Sabendo-se que
A) é a somatória das cargas dos prótons que compõem
não há possibilidade de a superfície S ser atravessada
o condutor.
por matéria, pode-se afirmar que
B) está distribuída uniformemente por toda a superfície
A) ΣQ aumenta no decorrer do tempo.
externa do condutor.
B) ΣQ diminui no decorrer do tempo. C) está distribuída uniformemente por todo o condutor,
C) ΣQ não aumenta nem diminui no decorrer do tempo. exceto pela sua superfície.
D) ΣQ tanto pode aumentar como diminuir no decorrer D) é o saldo do balanço entre as cargas dos prótons e
do tempo. dos elétrons que compõem o condutor.

78 Coleção Estudo 4V
Eletrização e força elétrica

03. (UniCESUMAR-SP–2016) Um grande pedaço de papel, 05. (UERN–2014) Num laboratório de Física, um professor
macio e seco, e uma pequena régua de plástico estão realizou os três processos de eletrização. No final do
inicialmente separados e eletricamente neutros. Então, primeiro processo, os pares de corpos utilizados ficaram
atrita-se forte e repetidamente a régua de plástico com eletrizados com cargas de sinais iguais. Já no final
o papel. Após o atrito, deve-se observar que
do segundo e terceiro processos, os corpos utilizados
ficaram com cargas de sinais diferentes. É possível que
os processos de eletrização realizados tenham sido,
respectivamente:
A) Indução, contato e atrito.

lli
B) Contato, indução e atrito.

C) Indução, atrito e contato.

D) Atrito, contato e indução.

ou
06. (Mackenzie-SP–2016) Dois corpos eletrizados com cargas

FÍSICA
ODTI
elétricas puntiformes +Q e –Q são colocados sobre o eixo
x nas posições +x e –x, respectivamente. Uma carga
elétrica de prova –q é colocada sobre o eixo y na posição
+y, como mostra a figura seguinte.

rn
A) ambos permanecerão neutros, pois são materiais
isolantes elétricos.
+y –q
Be
B) apenas um deles ficará eletrizado, porém é impossível
afirmar qual deles. –Q +Q
C) a carga elétrica do papel, por ter uma área maior que –x +x x
a da régua, será maior que a carga elétrica da régua.
A força eletrostática resultante sobre a carga elétrica
D) como o papel tem área maior que a da régua, ele
de prova
retirará quantidades iguais de cargas elétricas
A) tem direção horizontal e sentido da esquerda para a
positivas e negativas da régua, ficando, portanto,
direita.
eletrizado, e a régua permanecendo neutra.
B) tem direção horizontal e sentido da direita para a
E) ambos ficarão eletrizados com cargas de sinais
esquerda.
opostos, porém de mesmo valor absoluto.
eu

C) tem direção vertical e sentido ascendente.

04. (FADI–2013) Duas cargas puntiformes Q1 e Q2 de mesmo D) tem direção vertical e sentido descendente.
sinal estão situadas a uma distância x entre si, conforme E) é um vetor nulo.
mostra a figura a seguir:

Q1 Q2
07. (UFTM-MG) Da palavra grega elektron, derivam os
termos eletrização e eletricidade, entre outros. Analise
as afirmativas sobre alguns conceitos da Eletrostática.
x I. A carga elétrica de um sistema eletricamente isolado
M

é constante, isto é, conserva-se.


De acordo com a Lei de Coulomb, se a distância x for
II. Um objeto neutro, ao perder elétrons, fica eletrizado
dobrada, a nova interação entre as cargas Q1 e Q2 será de
positivamente.
A) repulsão, com valor duas vezes menor que a inicial.
III. Ao se eletrizar um corpo neutro, por contato, este fica
B) repulsão, com valor duas vezes maior que a inicial. com carga de sinal contrário à daquele que o eletrizou.
C) atração, com valor quatro vezes menor que a inicial. É CORRETO o contido em
D) repulsão, com valor quatro vezes menor que a inicial. A) I, apenas. D) II e III, apenas.
E) atração, com valor dezesseis vezes menor que B) I e II, apenas. E) I, II e III.
a inicial. C) I e III, apenas.

Bernoulli Sistema de Ensino 79


Frente C Módulo 01

08. (UFAL) Analise as afirmações que se seguem sobre o D)


fenômeno da eletrização, envolvendo dois corpos. Indique
as afirmativas VERDADEIRAS e as FALSAS. QB
( ) Na eletrização por atrito, ambos, inicialmente neutros QA
eletricamente, ficam eletrizados com cargas de
mesmo sinal.
( ) Na eletrização por atrito, um deles, inicialmente
neutro eletricamente, cede prótons ao outro, que fica Qc FR
positivamente eletrizado.

lli
( ) Na eletrização por contato, um deles, previamente
E)
eletrizado, cede ou retira elétrons de outro inicialmente
neutro eletricamente.
QB
( ) Na eletrização por contato, o corpo que estava
QA
eletricamente neutro fica eletrizado com carga de

ou
mesmo sinal daquele que o eletrizou. FR

( ) Na eletrização por indução, o corpo induzido, que


estava inicialmente neutro eletricamente, fica
Qc
eletrizado com carga de sinal contrário do corpo
indutor, previamente eletrizado.

09. (UFRRJ) Nas ilustrações, as cargas QA, QB e QC são


10. (ACAFE-SC–2015) Utilizado nos laboratórios didáticos de
Ø88T física, os eletroscópios são aparelhos geralmente usados

rn
idênticas (têm mesmo valor e mesmo sinal), estão
fixas nas posições representadas e interagem somente
por força coulombiana. A ilustração que representa
MELHOR a resultante das forças das cargas QB e QC
sobre a QA é

A)
para detectar se um corpo possui carga elétrica ou não.

+
Be
FR
QB ++ +++
++ +
QA

Considerando o eletroscópio da figura anterior, carregado


Qc positivamente, assinale a alternativa CORRETA que
completa a lacuna da frase a seguir.
Tocando-se o dedo na esfera, verifica-se que as lâminas
B) se fecham porque o eletroscópio _______.
eu

FR A) perde elétrons C) ganha prótons


QB
B) ganha elétrons D) perde prótons
QA

11. (UFU-MG) Nos vértices A, B e C de um quadrado cuja


L5N3
diagonal mede 3√2m, estão três cargas elétricas
positivas puntiformes de intensidades Qa = 1 . 10–5C;
Qc
Qb = 3 . 10–4C e QC = 9 . 10–4C. O valor de K é 9 . 109 N×m2/C2.
M

B A
C)
FR
QB
QA

O valor da força elétrica resultante na carga A é de


Qc A) 12 N. C) 9√10 N.
B) 3√10 N. D) 0 N.

80 Coleção Estudo 4V
Eletrização e força elétrica

12. (UDESC) Duas cargas puntiformes +4q e +q estão 15. (PUC Rio) Duas esferas idênticas, carregadas com cargas
BQK8 LXKS
dispostas ao longo de uma linha reta horizontal e Q = 30 mC, estão suspensas a partir de um mesmo ponto
separadas por uma distância d. Em que posição x, ao por dois fios isolantes de mesmo comprimento, como mostra
longo da linha horizontal, e em relação à carga +4q, a figura. Em equilíbrio, o ângulo θ, formado pelos dois fios
deve-se localizar uma terceira carga +q a fim de que esta isolantes com a vertical, é 45°. Sabendo que a massa
adquira uma aceleração nula? de cada esfera é de 1 kg, que a constante de Coulomb
A) 2d / 3 D) d / 3 é K = 9 . 109 N m2/C2 e que a aceleração da gravidade é
g = 10 m/s2, DETERMINE a distância entre as duas esferas
B) 3d / 2 E) 3d / 4
quando em equilíbrio. Lembre-se de que m = 10–6.
C) 5d / 4

lli
13. (UFPE) Quatro cargas elétricas puntiformes, de
I6OY
intensidades Q e q, estão fixas nos vértices de um θ θ
quadrado, conforme indicado na figura. DETERMINE a
razão Q/q para que a força sobre cada uma das cargas

ou
Q seja nula.

FÍSICA
q Q

A) 1,0 m C) 0,8 m E) 0,6 m

q B) 0,9 m D) 0,7 m
Q

A) −
2
C) –¹2 E) –4¹2 SEÇÃO ENEM

14.
F85J
B) −
4

2
2
rn
D) –2¹2

(FUVEST-SP) O módulo força eletrostática entre duas


cargas elétricas pontuais q1 e q2, separadas por uma
01. O eletroscópio é um dispositivo usado para detectar se um
corpo está eletricamente carregado e, em determinadas
situações, pode ser útil para descobrir o sinal da carga
desse corpo. O primeiro eletroscópio de que se tem notícia
foi inventado por William Gilbert (1544-1603). Atualmente,
Be
kq1q2 o eletroscópio de folhas é bastante utilizado. Tal dispositivo
distância d, é F = , onde k é uma constante. consiste, basicamente, de uma esfera condutora presa a
d2
Considere as três cargas pontuais representadas na figura uma haste condutora, que tem na extremidade inferior duas
por +Q, –Q e q. O módulo da força eletrostática total que folhas metálicas leves e flexíveis.
age sobre a carga q será Considere um eletroscópio previamente eletrizado com
carga –Q, de forma que todo o seu corpo (esfera, haste
+Q –Q
e folhas) apresente cargas negativas em excesso. Dessa
30º forma, as folhas do eletroscópio estão afastadas por
repulsão elétrica. À medida que um objeto metálico,
carregado positivamente, com carga +Q, se aproxima
R R da esfera do eletroscópio, sem tocá-la, as suas folhas se
eu

fecham cada vez mais. Isso acontece porque


A) o objeto atrai parte das cargas negativas que estão nas
folhas do eletroscópio, essas sobem para a esfera e,
q dessa forma, a quantidade de cargas negativas nas
folhas diminui.
A) 2kQq B) o objeto repele parte das cargas positivas da esfera
R2
metálica, essas descem para as folhas e, dessa forma,
vão neutralizando as cargas negativas ali existentes.
M

B) 3kQq
R2 C) a carga total do sistema (eletroscópio-objeto) é igual
a zero e, pelo Princípio da Conservação das Cargas,
2
C) kQ q a carga do eletroscópio deve tender a zero.
2
R
D) as cargas negativas do eletroscópio vão se transferindo,
 3  kQq gradualmente, para o objeto metálico e, dessa forma,
D)   2 a quantidade de cargas nas folhas diminui.
 2  R E) as cargas positivas do objeto metálico vão se
  transferindo, gradualmente, para o eletroscópio e,
E)  3  kQ q
2
dessa forma, vão anulando as cargas contidas nas
 2  R 2
  folhas, que tendem a se fechar.

Bernoulli Sistema de Ensino 81


Frente C Módulo 01

02. A força elétrica, como a força gravitacional, diminui A) permanecerá igual a 90°, pois as forças elétricas que
com o inverso do quadrado da distância entre os corpos atuam nas esferas diminuem igualmente em cada
interagentes. A primeira depende do meio onde os corpos uma delas.
se acham, mas a segunda não. A interação elétrica entre B) permanecerá igual a 90°, pois as forças elétricas de
duas cargas de 1 C, situadas no ar e separadas de 1 m, repulsão entre as esferas aumentam igualmente em
vale nove bilhões de newtons. Na água, esse valor é 81
cada uma delas.
vezes menor. A interação entre duas massas de 1 kg,
C) permanecerá igual a 90°, pois os pesos das esferas,
situadas em qualquer meio e separadas de 1 m, vale

lli
as forças elétricas entre elas e as trações nas cordas
apenas um décimo do bilionésimo do newton. Enquanto
não terão seus valores alterados.
a força gravitacional é sempre atrativa, a força elétrica
pode ser atrativa (por exemplo, entre um elétron e um D) ficará menor que 90°, uma vez que as forças elétricas
próton) ou repulsiva (por exemplo, entre dois elétrons entre as esferas, que dependem da constante

ou
ou entre dois prótons). dielétrica, vão diminuir.

De acordo com as informações do texto anterior, E) ficará maior que 90°, uma vez que as forças elétricas
é CORRETO afirmar que entre as esferas, que dependem da constante

A) a força elétrica entre dois corpos eletrizados é sempre dielétrica, vão aumentar.

maior do que a força gravitacional existente entre eles.

B) a força elétrica que os prótons do núcleo de um átomo GABARITO


repulsiva.
rn
exercem sobre cada um dos elétrons desse átomo é

C) a força elétrica de repulsão entre os prótons aglomerados


no núcleo de um átomo estável é muito pequena.
Fixação
01. D
Be
D) a repulsão elétrica entre dois núcleos atômicos dobra
02. C
de valor quando a distância entre os átomos dobra.

E) a atração elétrica entre íons opostos de um sal reduz


03. D
drasticamente de valor quando esse sal é jogado em água.

04. D
03. Duas pequenas esferas de aço idênticas – mesmo peso e
tamanho – encontram-se eletrizadas com cargas iguais
e suspensas por fios isolantes, que formam, entre si, Propostos
na situação de equilíbrio, um ângulo θ = 90º, conforme
01.
D 06. A 11. B
eu

mostra a figura 1. O conjunto se acha sobre um reservatório


que contém um óleo isolante, cuja constante dielétrica
02.
D 07. B 12. A
é cinco vezes maior que a constante dielétrica do ar.
Sabe-se que a constante (K) da Lei de Coulomb é 03.
E 08. FFVVV 13. D
inversamente proporcional à constante dielétrica do meio.
A seguir, as esferas são mergulhadas no óleo, conforme 04.
D 09. A 14. B

mostra a figura 2.
M

05.
B 10. B 15. B

θ = 90°
?
Seção Enem
01. A
Figura 1 Figura 2

Nessa situação, o empuxo sobre cada esfera pode ser 02. E

desprezado. Para essa nova situação de equilíbrio,


o ângulo entre os fios 03. D

82 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

FÍSICA C 02
Campo elétrico
Sabemos que, para puxar uma cadeira ou empurrar Ou seja, surgem forças, gravitacionais ou elétricas, entre

lli
uma geladeira, precisamos, literalmente, colocar a "mão massas ou cargas elétricas, mesmo a distância, devido aos
na massa". Ou seja, temos de fazer contato físico com campos de força que elas produzem no espaço em torno de si.
o objeto sobre o qual queremos exercer uma força. Dizemos, então, que existe uma interação entre o campo e
Atualmente, acredita-se que jamais vamos conseguir puxar o objeto nele colocado. Ou seja, o campo, em contato com

ou
o corpo, exerce sobre este uma força.
uma cadeira apenas com o olhar.
Então, como pode, por exemplo, forças elétricas e
gravitacionais existirem sem que haja contato entre os A DEFINIÇÃO DE CAMPO
objetos? Veremos, neste módulo, como isso acontece.
GRAVITACIONAL
Primeiramente, devemos nos lembrar de como multiplicar
um vetor por um escalar (n). Sempre que isso acontece, Considere dois satélites (1 e 2), de massas m1 e m2,
em órbita ao redor da Terra. Eles têm massas diferentes,

A.

B.
rn
obtemos um outro vetor. Se o escalar (n) é

positivo, o novo vetor terá a mesma direção e o


mesmo sentido do vetor original;

negativo, o vetor obtido está na mesma direção,


mas terá sentido oposto ao do vetor original.
mas estão em uma mesma órbita (distâncias iguais ao centro
da Terra). Sejam F1 e F2 as forças que a Terra exerce sobre
eles (e que os mantêm em órbita).

m1
M

m2
Be
1 2

OS CAMPOS GRAVITACIONAL E F1 F2

ELÉTRICO
A Terra cria em torno de si um campo gravitacional
É possível falar de campo de forças, gravitacional ou chamado de gravidade. Se o satélite 1 tem massa maior
elétrico, de duas formas. Pode ser do ponto de vista do do que o satélite 2, ele receberá, do campo, uma força
objeto que proporcionalmente maior. Ou seja, dividindo F1 por m1 e F2
por m2, encontramos o mesmo número, que é o valor da
1. produz (gera) o referido campo;
gravidade (g) no local onde se encontram os objetos.
eu

2. quando colocado em uma região onde há um campo


F1 F2
de forças, tendo propriedades específicas, sofre a = = constante = g
m1 m2
ação desse campo.

Imagine uma região do espaço. Se nela colocarmos um O campo gravitacional criado pela Terra (ou por qualquer
objeto que possua massa ou carga elétrica, esse objeto vai outro objeto que tenha massa) pode ser obtido dividindo-se
a força que ela exerce sobre um corpo, colocado em seu
criar, no espaço à sua volta, um campo gravitacional ou um
campo gravitacional, pela massa deste corpo. Observe que a
M

campo elétrico, respectivamente. Ou seja, a simples presença


gravidade não depende da massa do corpo que está sofrendo
de massa ou de carga elétrica naquela região faz com que a sua ação (um corpo de massa maior recebe maior força).
nela apareça um campo de forças (1º ponto de vista).
Você já sabe como determinar a força gravitacional. Então,
Agora, imagine que em um certo local do espaço exista vamos calcular a gravidade criada por um corpo esférico de
um campo e que um objeto foi levado para tal região. Se for massa M em um ponto que está a uma distância r do seu
um campo gravitacional, um objeto que tem massa sofrerá, centro:
do campo, uma força de origem gravitacional. Sendo o M.m
G M
campo elétrico, uma carga elétrica lá colocada sofre ação de F r2 ⇒ g= G
g= =
m m r2
uma força de origem elétrica (2º ponto de vista).

Bernoulli Sistema de Ensino 83


Frente C Módulo 02

A DEFINIÇÃO OPERACIONAL E
FA q
+P FR
–Q –
DE CAMPO ELÉTRICO –
–q

Considere uma carga (Q) positiva, por exemplo, criando


Agora, temos uma carga (–Q), negativa, gerando um
um campo elétrico na região ao seu redor e uma outra
campo elétrico (E) no ponto P. Nele, foram colocadas duas
carga q (q > 0), colocada em um ponto P desse campo. A força
cargas de prova que sofrem a ação do campo criado por –Q.
elétrica (F) sobre ela será de repulsão conforme mostra a figura.
Você sabe que a positiva sofre ação de uma força para a
P esquerda e, a negativa, de uma força para a direita.

lli
F
Q + +
q Da definição de campo, podemos escrever:

Se trocarmos a carga q por uma 2q, notamos que o módulo F = q.E


da nova força será 2F. Para uma carga igual a 3q, o módulo

ou
da força será 3F, e assim sucessivamente. Então, concluímos Essa é uma multiplicação de um vetor por um escalar.
que a razão entre o módulo da força elétrica (F) e a carga Assim, a força e o campo elétrico têm a mesma direção e, se a
q colocada no campo é uma constante para um dado ponto
1. carga (q) é positiva, o mesmo sentido;
do campo elétrico. Podemos escrever que:
2. carga (q) é negativa, sentidos opostos.
F 2F 3F
= = =...= constante = E
q 2q 3q Concluímos, então, que o campo gerado por uma carga

 F
E=
rn
Essa constante representa o valor do campo elétrico E no
ponto P. O campo elétrico é uma grandeza vetorial. Por isso,
a definição operacional de campo elétrico é:

q
positiva (Q), em um ponto à sua volta, começa nesse ponto,
está na mesma direção da reta que o une à carga (Q) e está em
sentido oposto ao que aponta para ela. Ou seja, a carga positiva
gera um campo que, em cada ponto do espaço, se afasta dela.

Ao contrário, a carga negativa (–Q) gera, em um ponto


qualquer, um campo na mesma direção da reta que a liga
Be
ao ponto, começa nele e aponta para a carga geradora.
Destacamos duas observações importantes:
Tomando as figuras anteriores e retirando-se as cargas
1. A unidade de campo elétrico é o newton por (q e –q), o campo, no ponto P, continua a existir e está
coulomb (N/C). Um campo elétrico de módulo igual representado nas figuras a seguir:
a 200 N/C, por exemplo, indica que uma carga de
P E
1 C, colocada nesse campo, sofre a ação de uma força Q +
elétrica de módulo igual a 200 N.
E
2. O campo elétrico em um ponto depende da carga –Q –
P
geradora do campo (carga fonte, Q) e não da carga
eu

que sofre a ação desse campo (carga de prova, q),


pois, aumentando-se o valor de q, o valor de F também CAMPO ELÉTRICO DE UMA
aumenta, e a razão F/q permanece constante.
CARGA PUNTIFORME
Como já dito anteriormente, o campo elétrico é uma
Considere uma carga Q, pontual, criando um campo
grandeza vetorial. Vamos, agora, determinar a sua direção
elétrico no espaço à sua volta e uma pequena carga q,
e o seu sentido.
colocada em um ponto P, a uma distância r da carga Q. Como
M

q FR
E as cargas são puntiformes, o módulo da força elétrica F
Q + P+
– que atua sobre q pode ser calculado pela Lei de Coulomb.
FA –q Assim, podemos determinar o módulo do campo elétrico como
mostrado a seguir:
Na figura anterior, temos uma carga (Q), positiva,
Q.q
criando um campo elétrico (E) no ponto P. Nesse ponto, K
F r2 Q
foram colocadas duas cargas de prova que sofrem a ação E= = ⇒ E=K
q q r2
do campo gerado por Q. É claro que a carga positiva sofre
ação de uma força para a direita, e a negativa, de uma força Essa expressão reforça o fato de que o campo elétrico
para a esquerda. depende da carga geradora do campo e não da carga de prova.

84 Coleção Estudo 4V
Campo elétrico

De fato, em qualquer arranjo de cargas, o campo elétrico Se a carga é negativa, os vetores, em todos os pontos do
depende de três elementos: espaço em torno dela, começam nesses pontos e apontam
para ela. Um fato já citado, porém importante de ser
1. da(s) carga(s) geradora(s) do campo;
observado, é que o campo existe, em cada ponto, sem que
2. do meio onde as cargas se acham (note a constante seja necessário existir nele uma outra carga.
da Lei de Coulomb (K) na equação do campo elétrico);
A figura a seguir mostra os vetores campo elétrico em
3. dos aspectos geométricos do campo (veja a presença vários pontos em volta de uma carga positiva e de uma
da distância (r) na equação). carga negativa, isoladas e muito distantes uma da outra.

lli
Aqui, estão os gráficos do módulo do campo elétrico
(mantendo-se a outra grandeza constante) em função do
E E
módulo da carga Q (carga geradora) e em função da distância
(r) do ponto até a carga (Q).
Q –Q
+ –

ou
E E

FÍSICA
As linhas de força do campo elétrico foram propostas por
|Q| r
Michael Faraday. Tais linhas dariam uma ideia de como seria
o campo elétrico no espaço, como um todo, em volta da

O VETOR CAMPO ELÉTRICO E


AS LINHAS DE FORÇA
rn
O campo elétrico criado por uma carga, a exemplo do
campo gravitacional da Terra, não pode ser visto nem tocado.
carga. Tomando a figura anterior e ligando-se os vetores por
uma reta, teremos uma linha de força do campo elétrico.

As figuras a seguir mostram as linhas do campo elétrico


em torno das cargas pontuais positiva e negativa, isoladas
e afastadas uma da outra.
Be
Para representá-lo, ou seja, para permitir uma “visualização”
de como ele é, nós desenhamos
E E
1. o vetor campo elétrico, quando queremos saber
como é o campo em um ponto. Q –Q
+ –
2. as linhas de força do campo elétrico, quando
estamos interessados em perceber como é o campo
numa região do espaço em torno da carga (diversos
pontos ao mesmo tempo).
Veja dois exemplos de representação dos vetores campo Nelas, as linhas estão no plano do papel. Entretanto, as
elétrico: linhas estão presentes em todo o espaço tridimensional
eu

em torno da carga.

E E Observe que as linhas do campo elétrico “divergem”


Q da carga positiva e “convergem” para a negativa.
+ Isso é um fato verdadeiro, mesmo que a carga não seja
E puntiforme. Olhando para as linhas de força, notamos
E os pontos do espaço nos quais o campo elétrico é mais
M

intenso, assim como para onde esse campo aponta.


Foi possível notar a influência da distância (r) no módulo As linhas de força do campo elétrico apresentam algumas
do vetor campo elétrico em cada um dos pontos onde foram
propriedades importantes:
desenhados?
1. O campo elétrico é mais intenso na região onde a
E concentração de linhas de força é mais elevada (maior
densidade de linhas). Veja, nas figuras anteriores,
–Q
E que as linhas estão mais próximas junto às cargas, o que

significa que aí o campo é mais intenso – já que este é
E inversamente proporcional ao quadrado da distância (r).

Bernoulli Sistema de Ensino 85


Frente C Módulo 02

2. As linhas de força são desenhadas de forma que A fotografia seguinte mostra sementes de grama sob
o vetor campo elétrico (E), em cada ponto, seja a presença de um campo elétrico. Na ponta de cada
tangente a ela e esteja no mesmo sentido dessa. haste metálica, existe uma carga elétrica pontual.
A força elétrica (F) que atua em uma carga q, colocada Note que as sementes tendem a se alinhar às linhas
em um ponto P de uma linha de força, também é um de força do campo elétrico.

© Richard Megna, FUNDAMENTAL PHOTOGRAPHS, NEW YORK


vetor tangente à linha do campo, sendo orientado

A. no mesmo sentido dela, se q > 0;


B. em sentido oposto ao dela, se q < 0.

lli
Vetor campo elétrico q F
E +
Linha de F – Linha de
força –q força

ou
3. Duas ou mais linhas de força nunca se cruzam
(ou seja, em cada ponto do espaço, passa uma Tente imaginar, a partir das figuras, como são vistas as
única linha de força). Mas, no mesmo ponto do linhas de força no espaço tridimensional.
espaço, podem existir vários vetores campos Interessante, não?
elétricos gerados por cargas distintas. Se duas cargas
4. O número de linhas que chegam à superfície do objeto
estivessem próximas, as linhas de força geradas por
ou saem dela é proporcional à quantidade de carga

rn
essas cargas se “cortariam”. Assim, a proximidade
das cargas faz com que as linhas de força sofram
alterações em relação às linhas geradas por cada
carga individualmente. Veja os campos e a linha de
força para duas cargas pontuais, de mesmo módulo,
próximas uma da outra, sendo uma positiva e a

que o corpo possui.
Veja a seguir:

+4Q
Be
outra, negativa.
+ – –Q
Ep Ep
E
E
Ep

En En
Observe que chegam apenas sete linhas à carga
Linha de E negativa (–Q), ao passo que vinte e oito delas saem
força En
Q + – –Q da carga positiva (4Q).

Os vetores E (p) e E (n) mostram os campos


elétricos criados pelas cargas positiva e O CAMPO ELÉTRICO UNIFORME
eu

negativa, respectivamente (o tamanho deles é


função da distância até cada carga). Os vetores O campo elétrico uniforme é muito importante devido
E (a soma vetorial de E(p) e E(n) em cada ponto) a múltiplas aplicações. Ele é produzido por placas planas
mostram os campos resultantes em cada posição. eletrizadas e extensas.
O traço mais escuro representa a linha de força do campo Considere a figura a seguir:
naquela região.
As figuras a seguir mostram como são as linhas de +
M

força de duas cargas pontuais de mesmo módulo, +


+
a figura à esquerda, com cargas de sinais opostos, e a +
figura à direita, com cargas de mesmo sinal. +
+
+
+
+
+
+
+ – + + +
+
+

86 Coleção Estudo 4V
Campo elétrico

Veja que as linhas que saem das três cargas positivas Se tivermos duas placas eletrizadas, com cargas de
destacadas estariam se cruzando e, como sabemos, isso não mesmo módulo e de sinais opostos, próximas uma da outra,
pode acontecer. os campos gerados por essas placas irão se somar
Agora, considere duas placas eletrizadas com cargas de vetorialmente, de modo que o campo resultante na região
mesmo módulo e bem distantes uma da outra. As linhas externa às placas será nulo e na região entre as placas será
dos seus campos de força, que não se cruzam, apresentam uniforme e duas vezes mais intenso que o de uma placa
o comportamento mostrado a seguir: isoladamente.

Q Veja a figura 2 a seguir:

lli
+ Figura 1
E +
Q –Q
+
+ + –
+ + –
+ + –

ou
+ + –
+ + –

FÍSICA
+ –
+ + –
+ + –
+ + –
+ –

Figura 2

E
rn–Q






– Q
+
+
+
+
+
+
E –




– –Q
Be
– + –
– + –
– + –
– + –

Veja que, próximo às placas, na região central, as linhas Anteriormente, vimos que um dielétrico pode ser atraído
são paralelas e igualmente espaçadas. por um objeto eletrizado. Vejamos isso do ponto de vista do
Como sabemos, o valor do campo é representado pela distância campo elétrico. Considere um pedacinho de papel próximo
entre as linhas. Assim, concluímos que, em qualquer ponto dessa a um bastão eletrizado.
eu

região, o campo elétrico apresenta o mesmo valor, a mesma


E
direção e o mesmo sentido, ou seja, ele é um campo uniforme.
Isso significa que o módulo do campo elétrico uniforme não q=0
Q
varia inversamente com o quadrado da distância à carga fonte. – + FR
+ + – +
+ +
Como o campo tem a mesma intensidade em pontos + + – +
FA
centrais e próximos às placas, uma carga (q) estará sujeita a
forças de mesmo módulo em qualquer um desses pontos.
M

A força que atua na carga positiva tem o mesmo sentido E


do campo e, na carga negativa, tem sentido oposto a ele.
A parte do papel que está polarizada negativamente sofre
Veja a seguir: ação de uma força em sentido oposto à linha de campo,
e a parte polarizada positivamente sofre ação de uma
E
força no mesmo sentido da linha de força. Como o campo
q+ F q + F não é uniforme (mais intenso onde as linhas estão mais
próximas), a força que atua sobre a lateral negativa é maior
F – –q F – –q que a força que atua sobre a lateral positiva, gerando uma
força resultante de atração.

Bernoulli Sistema de Ensino 87


Frente C Módulo 02

MOVIMENTO DE UMA CARGA 3° caso


ELÉTRICA EM UM CAMPO A carga (q) é lançada com uma velocidade v0 perpendicular
à linha de força (v0 ⊥ E).
ELÉTRICO UNIFORME Considere uma carga negativa. A aceleração e a força
A seguir, discutiremos alguns tipos de movimentos que um que atuam sobre ela têm, todo o tempo, sentidos opostos
ao do campo. Consequentemente, a força e a velocidade
objeto eletrizado, de peso desprezível, pode experimentar
inicial são perpendiculares. Após o início do movimento,
em uma região em que há um campo elétrico uniforme.
a força que atua sobre a carga continua na direção vertical,

lli
para baixo, mas a velocidade será tangente à trajetória
1° caso (em cada instante). Assim, força e velocidade não serão
mais perpendiculares. Nessas condições, o movimento
A carga (q) é colocada em repouso (v0 = 0) dentro do campo.
descrito pela carga será parabólico, de velocidade de módulo
O campo, sendo uniforme, aplica sobre as cargas forças crescente e concavidade em sentido oposto ao do campo

ou
constantes e, portanto, acelerações também constantes. – igual ao movimento de uma moeda lançada de cima de
Como foram abandonadas, as cargas se deslocam ao longo uma mesa, por exemplo.
da linha de força (a positiva, no sentido da linha e a negativa,
em sentido oposto), sempre aumentando o módulo de suas v0
–q –
velocidades. Cada uma delas estará sujeita a um movimento E
retilíneo uniformemente acelerado. a –
v
F a
v0 = 0

2° caso
F

q +
a

a
rn
– –q

F
E F

Como exercício, demonstre que, nas condições anteriores,


uma carga positiva terá movimento parabólico com
a concavidade no mesmo sentido do campo.
Be
A carga (q) é lançada com uma velocidade v0 paralela
à linha de força (v0 // E). CAMPO ELÉTRICO DE UM
A situação é idêntica ao caso anterior em termos de forças CONDUTOR EXTENSO
e acelerações (as forças e acelerações são constantes).
Temos aqui, porém, de considerar o sentido da velocidade Considere o caso em que o condutor esteja carregado e
inicial em relação ao sentido da aceleração. Observe o em equilíbrio eletrostático.
que acontece se as cargas são lançadas no mesmo sentido
Vamos definir, agora, uma nova grandeza – a densidade
do campo elétrico:
superficial de carga (σ). Considere uma placa condutora,
eu

circular, de área A, eletrizada com uma carga total Q


F a v0 distribuída uniformemente pela placa. A densidade superficial

–q de carga caracteriza a maior ou menor concentração de
E cargas na superfície. Ou seja:
v0
q +
+ + + + + Q
a F
+ + + + +
+ + Q
+ + + + s=
+ + + A
As duas cargas deslocam-se, inicialmente, no mesmo +
A
M

sentido da linha de força (sentido da velocidade inicial)


e apresentam movimentos com aceleração constante. A unidade de densidade superficial, no SI, é C/m 2.
A positiva, cuja aceleração possui o mesmo sentido de v0, Uma placa com densidade superficial de cargas igual a
aumenta sua velocidade. A negativa, cuja aceleração está 200 μC/m2 tem as suas cargas quatro vezes mais concentradas
oposta a v0, tem o módulo de sua velocidade diminuído. do que uma outra placa com densidade superficial de cargas,
Se acontecer de ela atingir o repouso, ainda dentro do campo, igual a 50 μC/m2.
seu movimento, a partir desse momento, será como o descrito
Sabemos que, num condutor eletrizado extenso, superficial
no 1º caso.
ou volumétrico, as cargas em excesso se repelem, ficando
Fica como "dever" a tarefa de determinar os movimentos o mais longe possível umas das outras. Assim, elas se
das cargas lançadas em sentido oposto ao do campo. distribuem na superfície do objeto.

88 Coleção Estudo 4V
Campo elétrico

A partir do momento em que não houver mais movimento Veja o gráfico do módulo do campo elétrico (E) em função
de cargas pelo corpo, dizemos que este atingiu o equilíbrio da distância (r) para uma esfera metálica. Considere a
eletrostático (cargas em repouso). Você sabe que os origem do eixo r no centro da esfera. Observe que, para
elétrons livres, em todo o condutor (superfície e interior), pontos bem próximos da superfície, a distância r tende ao
apresentam movimentos aleatórios, passando de átomo para raio (R) da esfera.
átomo, característico da ligação metálica. Nesses pontos, o campo elétrico é máximo e vale:
Sabemos, também, que as cargas criam campo elétrico à
K|Q |
sua volta. Sendo assim, cabe, aqui, uma pergunta: se existe EMÁX =
R2
uma distribuição das cargas pela superfície do condutor,

lli
como será o campo elétrico devido a ela? E
EMÁX
No interior de um condutor em equilíbrio eletrostático,
apesar da presença de cargas na sua superfície, o campo
elétrico não existe. Ou seja, no interior de qualquer condutor

ou
em equilíbrio eletrostático (seja ele oco ou maciço e tendo
ou não buracos em sua superfície), o campo elétrico é nulo.

FÍSICA
Para entendermos isso, basta lembrar que as cargas livres
do interior desse corpo não estão se movendo para nenhum
lugar específico – ele já atingiu o equilíbrio eletrostático. r
0 R
Se houvesse campo elétrico no interior do corpo,
as cargas livres sofreriam a ação de forças elétricas
Desse modo, o módulo do campo elétrico em pontos:
que as deslocariam ordenadamente em alguma
direção e sentido.

rn
Na região exterior ao corpo, existe campo elétrico.
O valor do campo (E) será diretamente proporcional à
densidade superficial de cargas (σ). Isso nos leva a duas
situações importantes, discutidas a seguir.
1.

2.
do interior da esfera ⇒

do exterior da esfera ⇒
E=0

E =K Q
r2
Be
Campo de um condutor não esférico
Campo de uma esfera condutora
Para condutores de formatos variados, anesféricos, alguma
Se a esfera está eletrizada positivamente, as cargas região dele terá “pontas”. Nessas pontas, a densidade de
distribuem-se uniformemente por toda a sua superfície –
cargas é maior.
elas ficam nos átomos da camada mais externa. As linhas
de força do campo gerado pelas cargas estão mostradas na A figura mostra a distribuição de cargas e as linhas de
figura a seguir: força do campo elétrico em um condutor com uma ponta
bem pronunciada. Observe que as cargas ficam mais
concentradas na ponta. A pequena área que existe nas
eu

pontas proporciona uma elevada densidade de cargas.


+ Dessa forma, o campo elétrico é mais intenso na região
+ + Q
E pontiaguda. Isso é conhecido como “poder das pontas”.
+ E=0 +

+ +
+
E
+ +
+ +
+
M

+ +
+
+ +
E=0 ++
+
+ +
+
+ +
Veja que existe uma perfeita simetria na distribuição de + + +

cargas da esfera. Assim, podemos considerar, para efeito de


cálculo do valor do campo nos pontos em torno da esfera,
como se todas as cargas da esfera estivessem localizadas em
seu centro. Isso nos permite calcular o campo gerado pela
esfera eletrizada, como se essa fosse uma carga pontual, Leia o texto “A rigidez dielétrica de um isolante” ao fim
tomando a distância (r) do ponto onde se deseja calcular o do módulo e discuta com seus colegas como devem ser as
campo até o centro da esfera. extremidades de um para-raios.

Bernoulli Sistema de Ensino 89


Frente C Módulo 02

A BLINDAGEM ELETROSTÁTICA
O fato de o campo elétrico ser nulo no interior de
condutores em equilíbrio eletrostático é uma propriedade
utilizada com frequência para a proteção de objetos contra
efeitos elétricos externos. Tal propriedade é chamada de
“blindagem eletrostática”.
Vimos que o campo elétrico, no interior de um condutor
Devido à blindagem eletrostática, todos os objetos

lli
carregado e em equilíbrio eletrostático, é nulo. O mesmo colocados no interior da gaiola estarão protegidos
acontece com um condutor neutro que esteja induzido (blindados) contra efeitos elétricos externos. Qualquer
por um campo elétrico externo. Para simplificar, vamos tipo de invólucro metálico pode ser utilizado para blindar
considerar o condutor colocado em um campo uniforme e objetos. Tais invólucros são chamados “gaiolas de Faraday”.

ou
analisar apenas as linhas na região central. Se uma descarga elétrica atinge um condutor oco e
EI isolado da terra, o campo elétrico das cargas não atravessa
– + o condutor por uma propriedade do metal chamada
EEXT – + “efeito  skin” (cujo estudo foge ao conteúdo do Ensino
– + Médio) e, quase no mesmo instante, o condutor entra em
– + equilíbrio eletrostático. Assim, pessoas e objetos em seu
–q q interior estão, relativamente, protegidos.

Com base no que aprendemos, deixamos alguns conselhos.

EEXT




–q
rn
E= 0
+
+
+
+
q
Antes e durante uma tempestade, com relâmpagos e raios,
convém tomar as seguintes precauções:

1.

2.
Se possível, fique dentro de casa e procure não tocar
em objetos metálicos.
Evite topo de morros e espaços abertos. Fique longe
Be
Inicialmente, as linhas do campo externo adentram de árvores isoladas, mastros de bandeiras e cercas
o condutor. Isso faz com que as cargas sejam deslocadas de arame, pois eles atuam como para-raios.
para as extremidades – o condutor foi induzido. As cargas 3. Fique dentro de um veículo automotor – estará
induzidas produzem um outro campo elétrico no interior protegido, uma vez que ele funciona como uma
do condutor (EI), em sentido oposto ao do campo externo. gaiola de Faraday.
O módulo do campo interno aumenta até se tornar de 4. Se estiver perto de muita água – lagoa, por exemplo
mesma intensidade que o campo externo (o que acontece – saia de perto dela o mais rápido que puder.
em curtíssimo intervalo de tempo). A partir daí, o movimento
Se nada disso for possível, fique agachado, com os pés
interno de cargas termina, o condutor atinge o equilíbrio
juntos e abrace as pernas. Assim, você estará menos
eletrostático e o campo em seu interior torna-se nulo.
vulnerável. Se você tem alguma fé, aproveite e reze.
eu

Imagine, por exemplo, dois condutores – um maciço e


outro oco – colocados numa região onde exista um campo
elétrico. Conforme visto anteriormente, o campo elétrico A RIGIDEZ DIELÉTRICA
no interior dos condutores é nulo. Assim, um objeto
colocado dentro de um condutor ficará isento de qualquer
DE UM ISOLANTE
Sabe-se, pelo estudo da eletrização, que um meio dielétrico
efeito elétrico externo.
fica polarizado na presença de um corpo eletrizado. Apesar
disso, não há movimento ordenado de cargas através dele. Vale,
M

E
E – +
agora, observar o que acontece à medida que o valor do campo
– + – +
– +
– +
– + elétrico vai aumentando. Focaremos a nossa atenção apenas nos
– E = 0 + – +

E=0 + elétrons polarizados que estão à esquerda do corpo mostrado
– +
– + – +
– + na figura a seguir:
– +
– +

q=0

FE FN
Faraday percebeu esse fato e projetou uma gaiola feita –
de tela condutora e isolada do chão. Entrou nela, pediu que E
alguém a eletrizasse e, para surpresa de todos, nada sentiu.

90 Coleção Estudo 4V
Campo elétrico

Cada um dos elétrons fica sob a ação de duas forças: FE , exercida EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
pelo campo elétrico, e FN , de atração exercida pelos núcleos,
que é uma força de módulo praticamente constante. Se o valor 01. (Fepecs-DF) A figura mostra um trecho de uma linha de
do campo vai aumentando, FE aumenta na mesma proporção. força de um campo eletrostático. Uma partícula de massa
Existe um valor de campo elétrico para o qual FE = FN = FMÁX m e carga positiva q é abandonada em repouso no ponto A.
e o material continua isolante. Tal valor é chamado de Rigidez
A
Dielétrica do Isolante. Ele corresponde ao maior valor que o
C B
campo elétrico (EMÁX) pode possuir para que o isolante continue

lli
com a capacidade de reter as cargas.

Se a intensidade do campo ultrapassar a rigidez do meio,


Suponha que a força eletrostática seja a força resultante
os elétrons serão arrancados do átomo, tornando-se livres.
sobre a partícula. Nesse caso, a partícula

ou
Assim, os átomos ficam ionizados e haverá movimento
ordenado de cargas através do meio, ou seja, o meio, que A) se moverá ao longo da linha de força de A para o

FÍSICA
era isolante, se torna um condutor. Sendo sólido, apenas ponto B.
os elétrons arrancados se deslocam através do meio.
B) permanecerá em repouso no ponto A.
Se o meio for líquido ou gasoso, além de elétrons, íons positivos
C) não seguirá a linha de força, mas sua aceleração inicial
e negativos vão se movimentar.
é tangente à linha no ponto A e com sentido para a
A r i g i d e z d i e l é t r i c a d o a r, e m c o n d i ç õ e s n o r m a i s ,
esquerda.

rn
é 3,0 . 106 N/C. Algumas substâncias apresentam rigidez bem
superior ao ar, como é o caso da parafina (três vezes maior) e da
mica (vinte vezes maior). Se o ar estiver muito úmido, esse valor
cai sensivelmente. É o que acontece em dias de tempestade. As
nuvens, por razões que não interessam aqui, ficam eletrizadas
D) se moverá ao longo da linha de força no sentido de
A para o ponto C.

E) não seguirá a linha de força, mas sua aceleração inicial


é tangente à linha no ponto A e com sentido para a
Be
com cargas positivas ou negativas. Isso induz uma carga de sinal direita.
oposto na superfície da Terra. Dessa forma, existe um campo
elétrico entre nuvem e Terra. O valor do campo aumenta com a 02. (UFMG) A figura mostra, esquematicamente, as partes
quantidade de cargas acumuladas na nuvem. principais de uma impressora a jato de tinta.

P
+++ Eletrizador
+ + + + v
+ + + ++++
+

– – – –– – –
– –
– –
– – – – –– Gerador
– Placas
de gotas
eu

E defletoras Papel
+++
+ +
+ + Durante o processo de impressão, um campo elétrico é
aplicado nas placas defletoras de modo a desviar as gotas
+ + + + + + + +
+ + + ++ + + + + +
+ eletrizadas. Dessa maneira, as gotas incidem exatamente
SXC

no lugar programado da folha de papel onde se formará,

Se o campo ultrapassar o valor da rigidez dielétrica do ar, por exemplo, parte de uma letra. Considere que as gotas
M

naquela região e naquele momento, ele se torna um condutor eletrizadas são negativas. Para que elas atinjam o ponto P
e uma quantidade de carga se desloca entre a nuvem e a da figura, o vetor campo elétrico entre as placas defletoras
Terra. É o famoso (e perigoso) raio ou faísca elétrica, comum é MELHOR representado pelo vetor
em dias de chuva.
A) ↓
É possível calcular a quantidade de carga e de energia
B) ↑
que se transfere entre uma nuvem e a Terra durante uma
descarga desse tipo. Veremos como fazer isso no estudo C)

dos capacitores.
D)

Bernoulli Sistema de Ensino 91


Frente C Módulo 02

03. (UFF-RJ) Três cargas elétricas puntuais, de módulos q e Considerando apenas a interação das radiações com o

sinais conforme indicados na figura, formam um triângulo campo elétrico, a alternativa que MELHOR representa

equilátero MNP. Assinale a alternativa que MELHOR a trajetória seguida por cada tipo de radiação dentro da

representa as direções e sentidos dos vetores: força região com campo elétrico é:

elétrica que atua na carga situada no ponto M e campo


A)
elétrico existente nesse mesmo ponto. β

M γ
(–)

lli
α

B)
α

ou
(+) (–) γ
N P

Força elétrica Campo elétrico C)


γ

A) ← ←
β

B) → → α

C)

D)

E)


rn ←


D)
α

β
Be
04. (UFPB) A figura a seguir representa uma esfera condutora
homogênea positivamente carregada. Sobre o módulo
02. (Cesgranrio) Considere duas cargas, q1 e q2, fixas em
Q6ØS
laboratório. Verifica-se, experimentalmente, que o
do campo elétrico (E) gerado nos pontos A (centro), B
campo elétrico em M, equidistante de q1 e q2, pode ser
(superfície externa) e C (exterior) pela carga da esfera,
representado pelo vetor da figura. O que se pode concluir
é CORRETO afirmar que
quanto aos sinais e aos valores absolutos das duas
A) EA < EC < EB.
cargas?
B) EA < EB = EC.
A B C E
eu

C) EA = EC < EB.

D) EA = EB = EC. M
E) EB < EA < EC.
q1 q2

EXERCÍCIOS PROPOSTOS A) + + |q1| < |q2| D) – + |q1| < |q2|

B) + – |q1| > |q2| E) + + |q1| > |q2|


M

01. (UFV-MG) Um feixe contendo radiações alfa (a), beta (β) C) + – |q1| < |q2|
e gama (g) entra em uma região que possui um campo
elétrico uniforme E (como mostra a figura a seguir).
03. (UFMG) Duas pequenas esferas isolantes, I e II,
eletricamente carregadas com cargas de sinais contrários,
α, β, γ estão fixas nas posições representadas nesta figura:
E
+ –
P Q R S
I II

92 Coleção Estudo 4V
Campo elétrico

A carga da esfera I é positiva e seu módulo é maior que 06. (UFRN) Uma nuvem eletricamente carregada induz cargas
o da esfera II. Guilherme posiciona uma carga pontual na região imediatamente abaixo dela, e essa região,
positiva, de peso desprezível, ao longo da linha que une por sua vez, também se eletriza. A figura que MELHOR
essas duas esferas, de forma que ela fique em equilíbrio. representa a distribuição de cargas no interior da nuvem
Considerando-se essas informações, é correto afirmar que e na região imediatamente abaixo desta é
o ponto que MELHOR representa a posição de equilíbrio
A)
da carga pontual, na situação descrita, é o ++++++++++++++++++++
–––––––––––––––––––––––––

A) R.

lli
–––
B) P. –

– –


– –
– –
C) S. – –
– –
– – – – – – – –
D) Q.

ou
04. (PUC Minas) As configurações A, B e C representam quatro B) –––––––––––––––––––––––––
518T

FÍSICA
++++++++++++++++++++
cargas de mesmo valor, que estão situadas nos vértices
de um quadrado, conforme a figura a seguir. Escolha a +++
+ +
+ +
alternativa que contenha a configuração ou configurações +
+
+
+
+ +
em que o campo elétrico no centro do quadrado tenha o +
+
+
+
+ + + + + + + +
MAIOR valor.

A) A
+

+
A
+

+
rn +


B

+


C
+

+
C) ++++++++++++++++++++
–––––––––––––––––––––––––

+
+
+
+
+
+++
+ +
+
+
+
+
+
Be
+ +
+ + + + + + + +
B) B
C) C
D) –––––––––––––––––––––––––
D) B e C ++++++++++++++++++++

E) A, B e C
+ –+
– –
+ +
– –
+ +
05. (Unimontes-MG) O gráfico a seguir representa a maneira –
+ +

1MRM – –
como varia a intensidade do campo elétrico, que é gerado – + – + + – + –

por uma carga pontual Q positiva, em função da distância.


eu

A intensidade do campo a uma distância de 4,0 cm da carga 07. (UEM-PR) Um elétron que se move da esquerda para
fonte é igual a
a direita é defletido por duas placas eletricamente
(K0 = 9,0 . 109 unidades SI)
carregadas, como ilustra a figura a seguir.
E (104 N/C)
+C

+B
3,6 Elétron +
M

A +D
E1
O campo elétrico entre as placas é dirigido de
d (cm)
0 2 4
A) A para B.

A) 6,0 . 103 N/C. B) B para A.

B) 9,0 . 10 N/C.
3 C) C para D.

C) 1,2 . 10 N/C.
4 D) D para C.

D) 1,5 . 10 N/C.
4
E) D para B.

Bernoulli Sistema de Ensino 93


Frente C Módulo 02

08. (UECE) Uma partícula carregada negativamente é posta 11. (UNITAU-SP–2014) Uma partícula de dimensões
I78E
na presença de um campo elétrico de direção vertical, desprezíveis e cuja carga elétrica é de 8,00 nano coulomb
com sentido de cima para baixo e módulo constante E, é colocada numa região onde somente existe vácuo.
nas proximidades da superfície da Terra. Denotando-se Essa partícula gera um campo elétrico em suas vizinhanças.

por g o módulo da aceleração da gravidade, a razão entre Pode-se afirmar que, a partir do centro dessa partícula,
a carga e a massa da partícula para que haja equilíbrio 1
se adotarmos = 9. 109 Nm2 / C2 , a intensidade de
estático deve ser 4πε 0
E
A) E C) campo elétrico à distância de 0,5 m da partícula será de
g 9,8 g

lli
A) 300,0 N/C.
B) g D) 9,8 g B) 288,0 N/C.
E g
C) 250,0 N/C.

09. (UERN–2015) Os pontos P, Q, R e S são equidistantes das D) 220,7 N/C.

ou
DT9A
cargas localizadas nos vértices de cada figura a seguir: E) 320,2 N/C.

– + – + – +
12. (PUC RS–2016) Considere a figura a seguir, que
representa as linhas de força do campo elétrico gerado
P Q R S
– – + + – + + – por duas cargas puntuais QA e QB.

Sobre os campos elétricos resultantes, é CORRETO afirmar


que
A) é nulo apenas no ponto R.
rn
B) são nulos nos pontos P, Q e S.
C) são nulos apenas nos pontos R e S.
D) são nulos apenas nos pontos P e Q.
QA QB
Be
10. (UEA-AM–2014) Duas cargas elétricas puntiformes, Q e
q, sendo Q positiva e q negativa, são mantidas a uma
certa distância uma da outra, conforme mostra a figura.
A soma QA + QB é, necessariamente, um número

A) par.
Q>0 q<0
B) ímpar.
A força elétrica F, que a carga negativa q sofre, e o campo C) inteiro.
elétrico E, presente no ponto onde ela é fixada, estão D) positivo.
eu

corretamente representados por


E) negativo.

F
A) q 13. (UECE–2016) Precipitador eletrostático é um equipamento
E
que pode ser utilizado para remoção de pequenas
B) F q E partículas presentes nos gases de exaustão em chaminés
industriais. O princípio básico de funcionamento do
C) F q equipamento é a ionização dessas partículas, seguida
M

de remoção pelo uso de um campo elétrico na região de


passagem delas. Suponha que uma delas tenha massa
m, adquira uma carga de valor q e fique submetida a um
campo elétrico de módulo E. A força elétrica sobre essa
E
partícula é dada por
D) E q F A) mqE.

B) mE/q.
F C) q/E.
E) q
E D) qE.

94 Coleção Estudo 4V
Campo elétrico

14.
CX9K
(UECE) Quatro cargas elétricas fixas, com valores +q,
SEÇÃO ENEM
+2q, +3q e +4q, são dispostas nos vértices de um
quadrado de lado d. As cargas são posicionadas na
01. A poluição do ar é o mais perverso dos problemas
ordem crescente de valor, percorrendo-se o perímetro do
ambientais urbanos. Ela mata sem que se perceba.
quadrado no sentido horário. Considere que este sistema
O relatório 2008/2009 do Habita (programa das Nações
esteja no vácuo e que ε0 é a permissividade elétrica nesse
Unidas para Assentamentos Humanos) informa que nos
meio. Assim, o módulo do campo elétrico resultante no
países da América Latina e no Caribe ocorrem 58 000
centro do quadrado é

lli
mortes prematuras por ano por doenças ligadas à poluição
1 q do ar. A razão óbvia é que a acelerada expansão da frota
A)
4πε 0 d2 de automóveis e de fábricas não se fez acompanhar de
leis e mecanismos de controle. Muito menos de tecnologia

ou
2 q
B) de filtragem de partículas.
πε 0 d2

FÍSICA
Texto publicado em 12 jan. 2009 no blog “Ambiente”, de
1 q Ronaldo França, da Revista Veja (Adaptação).
C)
πε 0 d2
Um dispositivo capaz de reduzir até 99% das emissões de
4 q partículas no ar são os filtros eletrostáticos. O esquema
D)
πε 0 d2
a seguir mostra um filtro eletrostático simples, cujo

15.
KING
rn
(FAMERP-SP–2016) Uma carga puntiforme Q1, positiva,
encontra-se fixa no plano cartesiano indicado na figura.
Ela gera um campo

 elétrico ao seu redor, representado
pelos vetores EF e EG , nos pontos F e G, respectivamente.
princípio de funcionamento é o seguinte. A bateria eletriza
o cilindro e o fio central, ambos metálicos, com cargas
de sinais opostos. Por isso, aparece um campo elétrico
entre as paredes internas do cilindro e o fio. O resultado
é que as partículas de fumaça são atraídas e retidas pelo
Be
sistema da mesma forma como um pente eletrizado atrai
pedacinhos de papel.

EF
EG

F G

Bateria
1 2 P 4 5
eu

3
Sobre o campo elétrico no interior do filtro e sobre o
movimento das partículas de fumaça, é correto afirmar que
Uma segunda carga puntiforme Q2, também positiva, com
A) o campo é uniforme, e as partículas são atraídas pelo
Q1 = Q2, deve ser fixa no mesmo plano, de maneira que o
fio central.
campo elétrico resultante no ponto P, devido às presenças
M

B) o campo é uniforme, e as partículas serão atraídas


de Q1 e Q2, seja nulo. Para que se consiga esse efeito, a
pelo cilindro.
carga Q2 deve ser fixa no ponto
C) o campo é uniforme, e as partículas são atraídas pelo
A) 3.
cilindro e pelo fio.
B) 4.
D) o campo é não uniforme, e as partículas são atraídas
C) 5. pelo fio central.
D) 2. E) o campo é não uniforme, e as partículas são atraídas
E) 1. pelo fio e pelo cilindro.

Bernoulli Sistema de Ensino 95


Frente C Módulo 02

02. Considere um aparelho de iluminação computadorizada Um grupo de cientistas propôs uma maneira de minimizar o
hipotético, cujo objetivo é alternar cores diversas em problema, usando um recurso bem natural: o campo elétrico
função da música que está tocando no ambiente. Cada cor que existe em volta do planeta. A Terra apresenta em sua
de luz emitida pelo aparelho é função da posição em que superfície um excesso de cargas e o espaço, logo acima
os elétrons (e), ejetados da parte de trás do dispositivo e da ionosfera, tem um excesso de cargas de sinal oposto.
que se deslocam dentro de um tubo de vidro, atingem o
gerador de cores (G), mostrado a seguir. Essa distribuição Ionosfera
de cores corresponde ao gerador visto por quem olha
pela tela do aparelho. Se o elétron passa pelo interior
de qualquer dos setores do gerador, a tela emite luz

lli
correspondente à cor do setor. Se o elétron passa
exatamente pelo centro do gerador, a tela será iluminada
por luz branca. Se o elétron passa na linha que separa
dois setores, a luz do aparelho será uma combinação das

ou
duas cores desses setores.
Preta Vermelha

Amarela Azul
G Dessa forma, existe um campo elétrico radial entre
a ionosfera e a superfície da Terra e o seu valor é da
Alaranjada Verde
ordem de 100 N/C. Se todas as indústrias e os veículos
Anil Violeta automotores tivessem um dispositivo capaz de eletrizar

rn
Dentro do aparelho, existem dois pares de placas
metálicas, CB e DE, entre as quais se estabelece um
campo elétrico vertical (EV) e outro horizontal (EH),
respectivamente. A função desses campos é desviar
o elétron para o setor desejado do gerador de cores.
Sabe-se que a força elétrica, sobre determinada
negativamente, de maneira conveniente, as partículas
que geram a poluição, elas seriam levadas para a alta
atmosfera e a qualidade do ar ficaria dentro de padrões
aceitáveis. Para que a proposta seja viável,
A) as partículas poluentes devem ser eletrizadas com
carga superior a 10–12 C, e o campo elétrico deve
apontar para a superfície da Terra.
Be
carga, é proporcional ao módulo do campo elétrico.
B) as partículas poluentes devem ser eletrizadas com
Veja o esquema do aparelho na figura a seguir.
carga inferior a 10–12 C, e o campo elétrico deve
C Azul
apontar para a superfície da Terra.
D Tela
e G C) as partículas poluentes devem ser eletrizadas com
– carga superior a 10–12 C, e o campo elétrico deve
Observador apontar para a ionosfera.

B E Verde D) as partículas poluentes devem ser eletrizadas com


carga inferior a 10–12 C, e o campo elétrico deve
Num determinado instante, os campos elétricos vertical (EV) apontar para a ionosfera.
e horizontal (EH) têm sentidos para baixo e para a esquerda,
E) as partículas poluentes devem ser eletrizadas com
eu

respectivamente, quando vistos pelo observador. carga de qualquer valor, desde que o campo elétrico
Os módulos desses campos são tais que E H > E V. aponte da ionosfera para a Terra.
Assim, nesse instante, o iluminador estará emitindo luz
A) vermelha.
B) amarela.
GABARITO
C) azul.
D) verde.
Fixação
01. E 02. A 03. D 04. A
M

E) alaranjada.

03. A poluição atmosférica é uma das grandes ameaças Propostos


à saúde da população em geral. Ela é consequência,
entre outras coisas, da industrialização e da combustão 01. A 04. C 07. C 10. B 13. D
incompleta de combustíveis fósseis. Uma das mais 02. E 05. B 08. B 11. B 14. B
perigosas são as partículas ultraleves, de peso da
03. C 06. C 09. B 12. D 15. B
ordem de 10–10 N, geralmente invisíveis ao olhar das
pessoas. Tais partículas ficam em suspensão no ar
atmosférico, sendo inaladas durante a respiração, e são Seção Enem
responsáveis por uma série de problemas respiratórios. 01. D 02. C 03. A

96 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

FÍSICA C 03
Potencial elétrico
Neste módulo, estudaremos o trabalho e o potencial O potencial gravitacional, portanto, diminui no sentido das

lli
elétrico. Iniciaremos o estudo conceituando o potencial linhas de campo gravitacional. Vimos que a força elétrica sobre
elétrico e a diferença de potencial elétrico. Em seguida, uma carga positiva age no mesmo sentido do campo elétrico,
iremos apresentar a definição matemática para a diferença já a força sobre uma carga negativa age no sentido oposto a
de potencial elétrico e deduziremos as equações para esse campo. Agora, vamos analisar esse problema do ponto

ou
calcular a diferença de potencial entre dois pontos de um de vista do potencial elétrico. Para isso, considere a figura 2,
campo elétrico uniforme e, também, entre uma carga que mostra uma carga pontual positiva Q fixada sobre
pontual e um ponto P a uma distância (d) dessa carga. um suporte isolante. Essa carga gera um campo elétrico
Na sequência, vamos estudar o potencial elétrico gerado no espaço a seu redor e esse campo é representado
pelos condutores. Por fim, estudaremos a energia potencial
pelas linhas de força que divergem a partir da carga.
elétrica armazenada em um sistema de cargas elétricas.
De forma semelhante ao caso gravitacional, o potencial
Ao longo do texto, introduziremos o importante conceito de
elétrico decresce no mesmo sentido das linhas de força.

CONCEITO FÍSICO DE
POTENCIAL ELÉTRICO
rn
superfície equipotencial.

Considere um cilindro sobre um dos lados de uma tábua


Na figura 2, o potencial elétrico torna-se menor à medida
que nos distanciamos da carga Q.

Linhas do
Be
apoiada no solo horizontal. O cilindro não rola em direção ao campo elétrico
outro lado porque não existe diferença de nível entre eles.
Dizemos, nesse caso, que os dois lados se acham no mesmo
potencial gravitacional. Se a tábua for erguida, conforme
mostra a figura 1, o potencial gravitacional do lado mais alto Q Repulsão
Atração
torna-se maior que o do outro lado e, por isso, o cilindro – + +
rola. A matéria comporta-se dessa forma, tendendo a se q q
deslocar, espontaneamente, de potenciais gravitacionais
maiores para os menores.

Linhas do campo gravitacional


eu

Figura 2. Movimentos causados pela diferença de potencial


elétrico.
Arquivo Bernoulli
M

Imagine que duas pequenas cargas q, uma positiva e


a outra negativa, tenham sido abandonadas nas posições
indicadas na figura 2. A carga positiva é repelida pela
Figura 1. Movimento causado pela diferença de potencial carga Q e move-se para a direita, no sentido da linha de
gravitacional. força horizontal direita. Ao contrário, a carga negativa é
atraída e move-se no sentido oposto ao da linha de força
As linhas verticais mostradas na figura 1 são as linhas de
força do campo gravitacional da Terra. Elas apontam para horizontal esquerda. Esse experimento virtual demonstra
baixo porque esse é o sentido da força gravitacional e são que uma carga positiva, se movendo espontaneamente,
paralelas porque o campo gravitacional é constante próximo busca potenciais elétricos menores, ao passo que uma carga
à superfície do planeta. negativa busca potenciais elétricos maiores.

Bernoulli Sistema de Ensino 97


Frente C Módulo 03

O TRABALHO ELÉTRICO E A Na figura 3, se VAB for igual a 50 V, uma carga de +1 C


receberá 50 J de energia elétrica (na forma de trabalho feito
DIFERENÇA DE POTENCIAL pela força elétrica) no deslocamento de A para B.

ELÉTRICO Na equação que define a diferença de potencial elétrico,


devemos considerar os sinais do trabalho WAB e da carga q.
Para a situação descrita na figura 3, o trabalho realizado
Considere a figura 3, que mostra as linhas de força de
sobre a carga q é positivo, pois a força elétrica age no
um campo elétrico uniforme. Imagine que uma carga
mesmo sentido do deslocamento. Como o valor de q
de prova positiva q seja abandonada no ponto A. Sendo
também é positivo, a razão WAB /q é igualmente positiva.

lli
positiva, a carga sofre uma força no mesmo sentido do
campo, deslocando-se para a direita, em direção ao ponto B. Isso significa que a diferença de potencial VA – V B é
Como ela se move espontaneamente para potenciais positiva, e VA > VB. Esse resultado era esperado, pois o
elétricos menores, concluímos que o potencial elétrico do potencial elétrico diminui no sentido das linhas do campo
ponto A (VA) é maior que o do ponto B (VB). A diferença elétrico. A mesma conclusão poderia ser encontrada se

ou
entre esses potenciais é denotada por: VAB = VA − VB. uma carga q < 0 fosse abandonada em B. Deixamos para
Esse termo pode ser chamado também de d.d.p. (diferença você a análise desse caso.
de potencial) ou tensão elétrica entre A e B.

VA VB DIFERENÇA DE POTENCIAL
EM UM CAMPO ELÉTRICO
q

A
+

d
rn
Força elétrica

B
UNIFORME
Em um campo elétrico uniforme (como o da figura 3),
a força elétrica que atua sobre a carga de prova é constante,
e o trabalho elétrico pode ser calculado facilmente por meio
Be
da seguinte expressão:
Figura 3. Diferença de potencial elétrico entre A e B.
WAB = F.d.cos θ
No deslocamento de A para B, a força elétrica realiza um
trabalho WAB (trabalho elétrico) sobre a carga q. Definimos Nessa expressão, F é o módulo da força elétrica que age
matematicamente a diferença de potencial elétrico VAB por na carga de prova, d é a distância percorrida e θ é o ângulo
meio da razão entre o trabalho elétrico e o valor da carga que a força forma com o deslocamento. Observe a figura 3.
transportada pelo campo: Veja que esse ângulo vale 0°, pois a força e o deslocamento
apresentam sentidos iguais (para a direita). Como o cosseno
WAB de 0° vale +1, o trabalho realizado pelo campo elétrico
VAB = VA – VB = uniforme é simplesmente WAB = Fd.
q
eu

Vimos que a força que um campo elétrico E exerce em


A tensão VAB não depende do valor da carga q usada uma carga q é dada por F = E.q. Então, substituindo essa
nessa definição. Se a carga fosse 2q, o trabalho seria força na equação do trabalho e substituindo ainda essa
o dobro, se a carga fosse 3q, o trabalho seria o triplo, equação na definição de diferença de potencial elétrico,
e assim por diante. Assim, a razão entre o trabalho e a carga obtemos:
é constante. Na verdade, a diferença de potencial em uma
região depende apenas da fonte que a produziu, do meio VAB = Ed
M

dielétrico que preenche o espaço e da geometria envolvida


no problema.
Essa fórmula mostra que, em um campo elétrico
A diferença de potencial elétrico (e o próprio potencial uniforme, a diferença de potencial entre dois pontos
elétrico) é uma grandeza escalar. A sua unidade no SI é é diretamente proporcional à distância entre esses
joule/coulomb (J/C) ou, simplesmente, volt (V). A bateria pontos. Se o campo elétrico da figura 3 for 50 N/C, e a
de um carro apresenta uma diferença de potencial elétrico distância d for 10 cm, o potencial V B será 5,0 V abaixo de
de 12 V (12 J/C) entre os seus polos. Esse número indica VA, pois VAB = 50 x 0,10 = 5,0 V. Se a distância d fosse o
que cada 1 C de carga que se desloca de um polo ao outro dobro, o potencial de B seria 10 V abaixo de VA, e assim
atravessando a bateria, recebe 12 J de energia elétrica dessa. por diante.

98 Coleção Estudo 4V
Potencial elétrico

SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS 3. Quando um corpo de prova se move entre dois pontos


pertencentes à mesma superfície equipotencial,

Superfícies equipotenciais o trabalho realizado pela força exercida por esse


campo vale zero.
gravitacionais A primeira característica é evidente. A segunda
Considere um livro de massa m sobre uma mesa de característica pode ser explicada por meio da definição de
altura h, como mostra a figura 4. Vamos usar essa figura para diferença de potencial: VAB = WAB /q (ou m). Essa expressão
quantificar o potencial gravitacional e para analisar algumas mostra que o trabalho depende apenas da carga de prova q
superfícies equipotenciais relacionadas com essa situação. (ou da massa de prova m) e da diferença de potencial VAB.

lli
O ponto A (local de partida) acha-se sobre a superfície
Livro de massa m
equipotencial de potencial VA, e o ponto B (local de chegada)
VM = gh
acha-se sobre a superfície de potencial VB. Sendo a carga
q constante, temos que o trabalho WAB realizado sobre a
carga q depende exclusivamente da diferença de potencial

ou
gh h entre as superfícies equipotenciais A e B. Logo, o caminho
VT =
4 entre essas superfícies é irrelevante. O trabalho WAB

FÍSICA
h independe da trajetória.
4
A terceira característica é uma consequência da definição
VS = 0
da diferença de potencial. Se os pontos A e B acham-se
sobre a mesma superfície equipotencial, então VA = VB. Logo,
Figura 4. Níveis de potencial constante no campo gravitacional
da Terra.
VAB e WAB valem zero. Podemos ainda ver que esse trabalho
é zero simplesmente porque a força exercida pelo campo

rn
Se esse livro cair, o campo gravitacional realizará sobre ele
um trabalho dado por mgh (g é a aceleração da gravidade).
Semelhantemente à definição para a diferença de potencial
elétrico, podemos definir a diferença de potencial gravitacional
por meio da razão entre o trabalho gravitacional e a massa
do objeto em queda. Aplicando essa definição, podemos
obter uma expressão para calcular a diferença de potencial
sobre a carga, quando esta se desloca sobre uma superfície
equipotencial, age perpendicularmente ao deslocamento.

Superfícies equipotenciais elétricas


A figura 5 mostra uma visão tridimensional de superfícies
equipotenciais de um campo elétrico uniforme.
As características discutidas anteriormente também se
Be
gravitacional entre a superfície da mesa (M) e o solo (S): aplicam nesse caso. Observe que os potenciais elétricos
mgh decrescem de quantidades iguais, pois as superfícies
VMS = VM – VS = = gh
m mostradas na figura acham-se igualmente espaçadas. Isso
Note, nessa equação, que a diferença de potencial está de acordo com a expressão VAB = Ed para a diferença
gravitacional VMS não depende da massa do livro, da mesma de potencial em um campo elétrico uniforme.
forma que a diferença de potencial elétrico não depende 40 V
da carga de prova. Se o solo for considerado como o nível 30 V
de potencial zero, então, o potencial da mesa será dado 20 V
por VM = gh. Essa expressão pode ser usada para calcular
o potencial gravitacional de qualquer ponto próximo à
eu

superfície da Terra (desde que g possa ser considerado


constante). Por isso, se o travessão fixado nos pés da mesa
estiver a uma altura h/4 do solo, o potencial gravitacional
nesse nível será VT = gh/4, como está indicado na figura 4. d
A superfície da mesa é uma superfície equipotencial, pois d
todos os pontos sobre ela se acham no mesmo potencial gh.
O solo é outra superfície equipotencial, de potencial
Figura 5. Visão em três dimensões de superfícies equipotenciais
gravitacional zero. O plano horizontal que passa pelo
de um campo elétrico uniforme.
M

travessão da mesa é uma terceira superfície equipotencial


de potencial gh/4. Como último exemplo, veja a figura 6, que mostra o mapa do
Entre as características das superfícies equipotenciais, campo e do potencial elétrico gerados por uma nuvem eletrizada
as três seguintes devem ser destacadas: positivamente (não mostrada na figura), e que induziu uma
carga negativa no solo e no corpo do rapaz. As linhas dirigidas
1. Uma superfície equipotencial é perpendicular às linhas
para baixo são as linhas de força do campo elétrico, já as linhas
de força do campo a elas associado.
tracejadas são cortes laterais das superfícies equipotenciais
2. Quando um corpo de prova se move entre duas desse campo. Note que essas superfícies são perpendiculares
superfícies equipotenciais, o trabalho realizado pela às linhas de força. Observe ainda o decrescimento do potencial
força exercida por esse campo independe da trajetória elétrico no sentido das linhas de força. O valor zero para o
que o corpo segue. potencial do solo foi arbitrado.

Bernoulli Sistema de Ensino 99


Frente C Módulo 03

A figura 8 mostra o gráfico do decrescimento da força


+500 V elétrica ao longo do deslocamento da carga entre os pontos
A e B. Nesse diagrama, FA é o módulo da força que a carga
Q exerce sobre a carga q, quando esta se acha no ponto A,
cuja distância à carga Q vale rA. No ponto B, esses valores
+400 V são FB e rB.

+300 V F

FA A
+200 V

lli
1 1
Área = WAB = KQq  − 
r r 
 A B

+100 V

ou
FB B
0V

Figura 6. Campo e potencial elétrico gerados por uma nuvem rA rB r


eletrizada positivamente.
Figura 8. A área sob o gráfico da força versus o deslocamento
fornece o trabalho dessa força.
POTENCIAL ELÉTRICO
A área destacada nesse gráfico fornece o trabalho realizado
DE UMA CARGA PONTUAL
rn
Neste item, vamos analisar o potencial elétrico em volta
de uma carga pontual. Observe a figura  7, que mostra
uma carga pontual Q > 0 fixa sobre um suporte isolante.
Uma carga de prova q > 0, abandonada no ponto A,
é repelida por Q e move-se em direção ao ponto B. Observe
pela força elétrica exercida pela carga Q sobre a carga de
prova q no deslocamento de A para B. Na figura, indicamos
o valor dessa área, cuja dedução é um pouco complicada.
Substituindo esse trabalho na definição para a diferença
de potencial elétrico, obtemos a seguinte equação para a
diferença de potencial gerada por uma carga pontual:
Be
que o potencial em A é maior que o potencial em B, pois 1 1
VA – VB = KQ  − 
as linhas de força do campo elétrico de Q são dirigidas de r 
 A rB 
A para B. Como q é positiva, ela se move espontaneamente
em direção aos potenciais menores. Como a carga de prova se move para potenciais mais
baixos, é coerente considerar que o potencial de um ponto B
infinitamente afastado é zero (VB = 0). Nesse caso, a razão
1/rB também tende a zero. Assim, o potencial elétrico do
ponto A pode ser calculado por:
Linhas do Q
campo elétrico F KQ
+ + V=
A q B r
eu

Nessa equação, omitimos o índice A para que a expressão


assuma um caráter mais geral. Assim, ela fornece o
potencial de um ponto qualquer situado a uma distância r
de uma carga pontual Q. Para pontos próximos à carga,
Figura 7. Diferença de potencial elétrico entre dois pontos o módulo do potencial é alto. Para pontos distantes, o módulo
próximos a uma carga pontual. é baixo, tendendo a zero para pontos infinitamente afastados.
No desenvolvimento da equação anterior, usamos
M

Podemos calcular a diferença de potencial elétrico entre como exemplo uma carga pontual (Q > 0). Não há
os pontos A e B, dividindo o trabalho que a força elétrica restrição ao uso da expressão caso a carga seja negativa.
faz sobre a carga de prova, no deslocamento AB, pelo valor O único cuidado que deve ser tomado é o de colocar o sinal
da própria carga q: negativo da carga quando você for substituir o valor de Q
WAB
VAB = na fórmula do potencial elétrico.
q
O gráfico do potencial de uma carga pontual em função
Nesse deslocamento, a força elétrica diminui à medida da distância à carga é uma hipérbole. A figura 9 mostra
que a carga q se afasta da carga Q de acordo com a Lei de o gráfico V versus r para uma carga Q = +60 µC. Para
Coulomb. Por isso, o trabalho não pode ser calculado por uma carga de –60 µC, o gráfico seria o mesmo, porém,
meio do produto simples entre a força e o deslocamento. a hipérbole seria invertida e simétrica em relação ao eixo r.

100 Coleção Estudo 4V


Potencial elétrico

Agora, vamos calcular os potenciais elétricos nos pontos


V (104 V)
B e C. Naturalmente, esses potenciais são iguais, pois B
e C acham-se sobre a mesma superfície equipotencial.
54 Os potenciais em B e em C, criados pelas cargas +60 μC
(a 2,0 m) –60 μC (a 1,0 m), respectivamente, podem ser
calculados por:

 60 . 10−6 60 . 10−6 
 
27 VB = VC = 9,0 . 109  − 
2,0 1,0 
Q = +60 μC  

lli
18
VB = VC = –2,7 . 105 volts

Com esses valores, podemos calcular o trabalho elétrico


1 2 3 r (m)
realizado sobre a carga q = −2,0 µC, que se desloca de

ou
A para B. Usando a definição de diferença de potencial
Figura 9. Potencial elétrico de uma carga pontual em função

FÍSICA
elétrico, temos:
da distância.
WAB = (VA – VB)q = [0 –(–2,7 . 105).(–2 . 10–6)]

EXERCÍCIO RESOLVIDO WAB = –0,54 J


O trabalho no deslocamento de B para C vale zero,

01. A figura mostra o mapa de campo elétrico de um dipolo pois esses pontos acham-se sobre a mesma superfície

rn
elétrico constituído por duas cargas de sinais opostos e
de módulos iguais a 60 µC. Considere o ponto A mostrado
na figura, que se acha sobre a superfície equipotencial
simétrica em relação às cargas. Considere também os
pontos B e C, situados sobre uma mesma superfície
equipotencial, sendo que os dois se acham a 1,0 m da
carga negativa e a 2,0 m da carga positiva. Calcular o
equipotencial. Assim, VBC = 0 V ⇒ WBC = 0.

POTENCIAL ELÉTRICO DE UM
CONDUTOR EM EQUILÍBRIO
ELETROSTÁTICO
Be
trabalho que o campo elétrico realiza quando uma carga
de prova q = −2,0 µC é levada do ponto A ao ponto B.
Calcular também o trabalho se a carga fosse levada do Vimos que o campo elétrico no interior de um condutor
ponto B ao ponto C. eletrizado e em equilíbrio eletrostático é zero. Agora,
vamos discutir como é o potencial elétrico no interior desse
A
B condutor. Para isso, observe a figura 10, em que uma
pequena esfera de massa m e carga elétrica q acha-se
suspensa por um fio isolante no interior de um caixa
metálica eletrizada positivamente, isolada e em equilíbrio
eletrostático. As  linhas de força do campo elétrico do
eu


– + condutor saem da sua superfície externa positiva e vão para
o infinito. No interior do condutor, não há campo elétrico.

F
E
C

Resolução: C D
M

Primeiramente, calculemos o potencial elétrico do ponto


A. Esse valor é a soma dos potenciais que a carga positiva m, q
g
e a carga negativa do dipolo criam no ponto A. Como
A
as distâncias de A até essas cargas são iguais, e como B
as cargas possuem módulos iguais e sinais opostos,
concluímos que os potenciais elétricos das cargas no
ponto A são também iguais e opostos. Assim, o potencial
elétrico resultante no ponto A vale zero. Simbolicamente:
Figura 10. Experimento para estudar o potencial elétrico no
VA = 0 interior de um condutor.

Bernoulli Sistema de Ensino 101


Frente C Módulo 03

Agora, imagine que a esfera seja abandonada do ponto A.


KQ KQ
No deslocamento da esfera do ponto A ao ponto B, o trabalho V= (para: r ≤ R) e V= (para: R ≤ r ≤ ∞)
elétrico vale zero, porque o campo e a força elétrica valem R r
zero (a esfera desce acelerada exclusivamente pelo campo
Nessa expressão, K é a constante de Coulomb,
gravitacional). Assim, aplicando a definição de diferença de
e r representa a distância do centro da esfera ao ponto onde
potencial elétrico, concluímos que a diferença de potencial
o potencial é calculado. O denominador da primeira equação
entre dois pontos dentro de um condutor eletrizado e em
é sempre o raio R da esfera, valor utilizado quando se quer
equilíbrio eletrostático vale zero:
calcular o potencial para um ponto interno à esfera. A figura
WAB 0 11 mostra o gráfico do potencial de uma esfera condutora

lli
VA – VB = = =0
q q com carga positiva. A esfera aparece abaixo do gráfico, com
duas superfícies equipotenciais em destaque.
Ora, se VA − VB = 0, então os valores dos potenciais elétricos
de A e B são iguais. Na verdade, todos os pontos dentro de um V
V = KQ
condutor eletrizado e em equilíbrio eletrostático acham-se R
V

ou
submetidos a um mesmo potencial elétrico. Na figura 10,
entendemos por pontos internos não apenas aqueles da
parte oca da caixa, mas também aqueles situados na parte V = KQ
maciça da casca. r
V/2
Os pontos sobre a superfície de um condutor eletrizado V/3
e em equilíbrio eletrostático também apresentam o mesmo
potencial elétrico dos pontos internos. Considere que
r

rn
uma carga se desloque do ponto C ao ponto D, mostrados na
figura 10. Existe uma força elétrica agindo na carga, mas ela
não realiza trabalho porque a sua direção é perpendicular
ao deslocamento (lembre-se de que o campo elétrico é
perpendicular à superfície do condutor). Por isso, VC = VD
(todos os pontos sobre a superfície apresentam o mesmo
potencial). Usando a mesma ideia, podemos provar que os
+
+

+
+

+
+

+
+

+
+

+
+
Be
pontos internos e aqueles sobre a superfície do condutor Figura 11. Potencial elétrico de uma esfera condutora em função
acham-se no mesmo potencial. da distância ao centro.
Fora de um condutor, o potencial elétrico, em geral, varia
com a posição. Por exemplo, na figura 10, se uma carga
positiva for abandonada no ponto E, ela sofrerá a ação de uma ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA
força elétrica dirigida para cima e se moverá em direção ao
A figura 12 mostra a superfície de uma mesa uniformemente
ponto F. O potencial do ponto F é menor que o do ponto E, uma
eletrizada com uma carga negativa. O campo elétrico gerado
vez que o potencial diminui no sentido das linhas de força.
por essa mesa é uniforme, com as linhas de força dirigidas
Externamente, o potencial de um condutor apresenta de cima para baixo. As superfícies equipotenciais são planas
eu

valores iguais em pontos situados sobre uma mesma e paralelas à mesa. Algumas estão mostradas na figura.
superfície equipotencial. Na figura 10, as duas linhas Uma pedra eletrizada positivamente se encontra próxima à
tracejadas em volta do condutor são cortes de superfícies mesa, suspensa por um fio isolante. A massa e a carga da
equipotenciais. pedra são m e q, respectivamente.

POTENCIAL ELÉTRICO DE UMA +500 V

+400 V
ESFERA ELETRIZADA
M

+300 V
+ +
Neste item, vamos aprender a calcular o potencial +200 V + +
+
elétrico de uma esfera condutora eletrizada e em equilíbrio +100 V
eletrostático. Dentro da esfera, e na sua superfície, 0
o potencial é constante. Na parte externa, por razões de
simetria, o potencial pode ser calculado pela lei do inverso
da distância, como se a carga Q estivesse concentrada no
centro da esfera. Assim, o potencial de uma esfera condutora
de raio R e de carga Q é dado por (considerando o infinito Figura 12. Energia potencial gravitacional e energia potencial
como o nível de potencial elétrico igual a zero): elétrica.

102 Coleção Estudo 4V


Potencial elétrico

Quando a pedra é erguida contra o campo gravitacional, Então, V1 vezes a carga Q2 é igual à energia potencial
ela ganha energia potencial gravitacional. O potencial elétrica da carga Q2 em relação à carga Q1:
gravitacional pode ser calculado por gh (aceleração da
gravidade vezes a altura da pedra em relação à mesa). Além KQ1 KQ1Q2
EPE = Q2 =
disso, a energia potencial gravitacional da pedra é dada r r
por mgh. Portanto, a energia potencial gravitacional pode
Se uma das cargas for liberada (por exemplo, o fio que
ser entendida como o produto entre a massa e o potencial
gravitacional. prende a carga Q2 se rompe), a força de atração que atua
sobre ela a puxará em direção à outra carga. A energia
A pedra eletrizada imersa no campo elétrico da

lli
potencial elétrica do sistema de cargas se tornará maior
mesa também apresenta energia potencial elétrica.
em módulo, pois a distância r entre as cargas irá diminuir
Semelhantemente ao caso gravitacional, a energia potencial
à medida que a carga livre se aproxima da carga fixa.
elétrica pode ser calculada por meio do produto entre o
Entretanto, de fato, essa energia é negativa, uma vez que
potencial elétrico e a carga da pedra. Na posição mostrada

ou
na figura, a pedra acha-se no potencial de +200 V, e a sua o produto Q1Q2 é negativo. Logo, a energia potencial elétrica
energia potencial elétrica é EPE = +200q. Se a pedra for EPE diminuirá. A diminuição de EPE implicará o aumento da

FÍSICA
erguida, ela ganhará energia potencial elétrica. energia cinética da carga liberada.

Se a pedra for solta, a sua energia potencial se transformará Para um sistema com várias cargas, a energia potencial
em energia cinética. A energia potencial total da pedra é é calculada da seguinte forma: primeiramente, calculamos
igual à soma de sua energia potencial gravitacional com sua as energias potenciais das cargas tomadas duas a duas em
energia potencial elétrica. Se a pedra for solta de uma altura arranjo, depois, somamos esses termos para obter a energia

mesa, será: rn
h = 20 cm em relação à mesa, e considerando m = 0,50 kg
e q = +20 mC, a velocidade da pedra, quando ela bater na

mv2 = mgh + Vq ⇒ v =
2Vq
m
+ 2 gh
do conjunto. Por exemplo, para o caso de três cargas, Q1,
Q2 e Q3, a energia do conjunto é dada por:

EPE =
KQ1Q2
r12
+
KQ1Q3
r13
+
KQ2Q3
r23
Be
2 . 200 . 20 . 10–3
Nessa expressão, r12 é a distância entre as cargas Q1 e Q2,
1 v= + 2 . 10 . 0,20 = 4,5 m/s
0, 50 e assim por diante. Para EPE > 0, o sistema é repulsivo, isto é,
2
as cargas afastam-se entre si quando liberadas. Ao contrário,
Finalizaremos este módulo apresentando a expressão para para EPE < 0, o sistema é atrativo (caso da figura 13).
calcular a energia potencial elétrica de um sistema formado
por duas cargas pontuais. A figura 13 mostra uma situação
desse tipo. Se uma das cargas mostradas na figura for solta,
EXERCÍCIO RESOLVIDO
a energia potencial elétrica do sistema se converterá em
energia cinética.
02. A esfera de um gerador de Van de Graaff tem raio igual a
eu

20 cm. A esfera é eletrizada com uma carga igual a +10 µC,


Q1 Q2
e o gerador é desligado. A seguir, uma esfera de raio 5,0 cm
+ – é aproximada da esfera do gerador e, a certa distância,
ocorre uma descarga elétrica, como mostra a figura.
r
+ + + + – +
Figura 13. Energia potencial elétrica armazenada em uma + + – +
+
configuração de duas cargas pontuais. + –
M

+
+ + +
Podemos deduzir uma expressão para a energia potencial + + +
elétrica desse sistema usando o que aprendemos na +
+
discussão da figura 12: a energia potencial elétrica de uma
+
carga pontual é igual ao produto dessa carga pelo potencial +
elétrico do ponto em que essa carga se encontra. Por exemplo, +
o potencial elétrico devido à carga Q1 no local onde se acha +
a carga Q2 é dado por:
KQ1
V1 =
r

Bernoulli Sistema de Ensino 103


Frente C Módulo 03

A) Mostrar que uma esfera condutora de 20 cm de raio,


isolada no ar, pode receber uma carga um pouco maior
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
que 13 µC, sem risco de ruptura da rigidez dielétrica
do ar. Explicar por que houve a ruptura da rigidez do 01. (UNIFESP) Na figura, as linhas tracejadas representam
ar na situação descrita nesta questão, apesar de a superfícies equipotenciais de um campo elétrico; as
carga da esfera do gerador ser de apenas 10 µC. linhas cheias I, II, III, IV e V representam cinco possíveis
trajetórias de uma partícula de carga q, positiva,
B) Determinar as cargas finais na esfera do gerador
realizadas entre dois pontos dessas superfícies, por um
e na esfera menor, depois da descarga elétrica,
agente externo que realiza trabalho mínimo.
considerando que as duas esferas se toquem.

lli
Resolução:
A) A rigidez dielétrica do ar vale 3,0 . 10  N/C e indica
6 IV
a maior intensidade de campo elétrico que pode
ser aplicada ao ar sem que ele se torne condutor.
III
A  substituição desse valor na equação do campo
elétrico, em um ponto próximo à superfície da esfera,

ou
II
fornece a carga máxima que ela pode receber:
KQmáx. I
Rigidez dielétrica = 2
R
9,0 . 109.Qmáx.
3,0 . 106 = ⇒ Qmáx. = 13,3 mC A trajetória em que esse trabalho é maior, em módulo, é
0,202
A) I. C) III. E) V.
Individualmente, a esfera do gerador não pode gerar
B) II. D) IV.
um campo maior que 3,0 . 106 N/C no espaço entre

rn
ela e a esfera menor, pois a sua carga é de apenas
10 µC. Todavia, há indução de uma carga negativa e
outra positiva na esfera menor, como mostra a figura.
Por isso, essa esfera também produz um campo elétrico
entre as esferas. Esse campo e o campo da esfera do
gerador são dirigidos para a direita. Assim, os campos
das duas esferas são somados. Para uma aproximação
02. (FUVEST-SP–2013) A energia potencial elétrica U de duas
partículas em função da distância r que as separa está
representada no gráfico da figura a seguir.
6
Be
suficientemente pequena, o campo elétrico resultante
supera a rigidez dielétrica do ar. 4
U (10–18 J)

B) A carga da esfera maior se distribuiu entre ela e


a esfera menor. De acordo com a equação para
calcular o potencial, V = KQ/R, e sabendo que V 2
é constante no equilíbrio, concluímos que a carga
de cada esfera é diretamente proporcional ao raio
desta. De acordo com o Princípio da Conservação
das Cargas Elétricas, a soma das cargas finais das 0
esferas deve ser +10  µC (carga inicial do sistema). 0 2 4 6 8 10 12
Como o raio da esfera maior vale 20 cm, ele é quatro r (10–10
m)
eu

vezes maior que o raio da esfera menor (5,0 cm). Uma das partículas está fixa em uma posição, enquanto a
Assim, concluímos que a carga final na esfera maior outra se move apenas devido à força elétrica de interação
é +8,0 µC, e na esfera menor é +2,0 µC. Traduzindo entre elas. Quando a distância entre as partículas varia
esse raciocínio para linguagem matemática, seria de ri = 3 . 10–10 m a rf = 9 . 10–10 m, a energia cinética
possível chegar a esses valores resolvendo o seguinte da partícula em movimento
sistema de equações:
A) diminui 1 . 10–18 J. D) aumenta 2 . 10–18 J.
KQ Kq
Q + q = 10 µC e = B) aumenta 1 . 10 –18
J. E) não se altera.
20 cm 5, 0 cm
C) diminui 2 . 10–18 J.
A carga Q está associada à esfera de raio 20 cm,
M

e a carga q, à esfera de raio 5,0 cm. Observe que 03. (UFG-GO) Uma esfera de raio 1,8 cm é carregada
a constante de Coulomb K pode ser cancelada na negativamente no vácuo até alcançar o potencial de 4,0 kV.
segunda equação. Isso mostra que as cargas finais A massa total dos elétrons, em kg, que produzem esse
independem do meio em que as esferas estão. potencial, é:
Combinando as equações, obtemos: Dados:
Q = +8,0 mC e q = +2,0 mC k = 9 . 109 Nm2C–2;
me = 9 . 10–31 kg;
Esse exercício ilustrou a eletrização por contato.
e = 1,6 . 10–19 C.
Nesse tipo de eletrização, as cargas finais sempre
apresentam sinais iguais, e a esfera maior fica com A) 8,1 . 10–22 C) 8,1 . 10–18 E) 4,0 . 10–10
a maior quantidade de carga. B) 4,5 . 10
–20
D) 4,5 . 10 –18

104 Coleção Estudo 4V


Potencial elétrico

04. (UFRGS-RS) Considere que U é a energia potencial elétrica B) três cargas elétricas é calculado somando-se
de duas partículas com cargas +2Q e –2Q, fixas a uma vetorialmente os potenciais elétricos devidos às
distância R uma da outra. Uma nova partícula de carga cargas q1, q2 e q3.
+Q é agregada a este sistema entre as duas partículas C) três cargas elétricas é calculado somando-se os
iniciais, conforme representado na figura a seguir. módulos dos potenciais elétricos devidos às cargas
q1, q2 e q3.
+2Q +Q –2Q
D) cargas elétricas q2 e q3 é zero, independentemente
do valor da carga elétrica q1.
R/2 R/2 E) cargas elétricas q1, q2 e q3 é zero devido à posição
das cargas em relação ao ponto P.

lli
A energia potencial elétrica desta nova configuração é
A) zero. C) U / 2. E) 3U.
03. (UFLA-MG) Considere um corpo eletrizado com carga Q
B) U / 4. D) U. no vácuo e um ponto P distante de d nas proximidades
de Q. Das afirmações a seguir, a CORRETA é:
A) No ponto P, o campo elétrico gerado por Q pode ser

ou
EXERCÍCIOS PROPOSTOS positivo ou negativo, dependendo de sua carga.

FÍSICA
B) Colocando-se em P uma carga de prova pontual q,
01. (PUC Minas) A figura mostra um campo elétrico uniforme a força elétrica que atua sobre ela pode ser positiva
87K4 ou negativa, dependendo dos sinais de Q e q.
e três superfícies equipotenciais, representadas por A, B
e C. Considerando-se o módulo do campo elétrico como C) O p o t e n c i a l e l é t r i c o g e ra d o p o r Q e m P é
4,0 . 102 V/m, então o trabalho necessário para se levar i nve r s a m e n t e p r o p o r c i o n a l a o q u a d ra d o d a
uma carga q = 1,0 . 10–6 C do ponto 2 até o ponto 6 pela distância d.
trajetória retilínea 256 será de D) No ponto P, o potencial elétrico gerado por Q pode

6
B
rn1
C
2 E = 4,0 . 102 V/m
04.
ser positivo ou negativo, dependendo de sua carga.

(UEG-GO–2015) Uma carga Q está fixa no espaço, a uma


distância d dela existe um ponto P, no qual é colocada
uma carga de prova q0. Considerando-se esses dados,
verifica-se que no ponto P
Be
A) o potencial elétrico devido a Q diminui com inverso de d.
B) a força elétrica tem direção radial e aproximando de Q.
5 4 3 C) o campo elétrico depende apenas do módulo da carga Q.
D) a energia potencial elétrica das cargas depende com o
50 V 100 V 150 V inverso de d2.

A) W = 4,0 . 10–4 J. C) W = 6,0 . 10–5 J. 05. (UFRGS-RS–2016) Uma esfera condutora e isolada,
B) W = 1,0 . 10 –4
J. D) W = 8,0 . 10–5 J. de raio R, foi carregada com uma carga elétrica Q.
Considerando o regime estacionário, assinale o gráfico
02. (FMTM-MG) Na figura, estão representadas três cargas a seguir que MELHOR representa o valor do potencial
elétrico dentro da esfera, como função da distância
eu

elétricas puntuais, q1 > 0, q2 < 0 e q3 < 0, isoladas e


r < R até o centro da esfera.
imersas no vácuo e um ponto P. O potencial elétrico no
ponto P criado pelas A) D) V(r)
V(r)

q1 q2
r r
R R

P B) E)
M

V(r) V(r)

r r
R R

q3 C) V(r)

A) três cargas elétricas é calculado somando-se


algebricamente os potenciais elétricos devidos às r
cargas q1, q2 e q3. R

Bernoulli Sistema de Ensino 105


Frente C Módulo 03

06. (UECE–2016) Os aparelhos de televisão que antecederam a tecnologia atual, de LED e LCD, utilizavam um tubo de raios
catódicos para produção da imagem. De modo simplificado, esse dispositivo produz uma diferença de potencial da ordem de
25 kV entre pontos distantes de 50 cm um do outro. Essa diferença de potencial gera um campo elétrico que acelera elétrons
até que se choquem com a frente do monitor, produzindo os pontos luminosos que compõem a imagem. Com a simplificação
anterior, pode-se estimar CORRETAMENTE que o campo elétrico por onde passa esse feixe de elétrons é 

A) 0,5 kV/m. C) 50 000 V/m.

B) 25 kV. D) 1 250 kV cm.

lli
07. (UEG-GO–2015) Considere uma esfera condutora carregada com carga Q, que possua um raio R. O potencial elétrico dividido
P26S
pela constante eletrostática no vácuo dessa esfera em função da distância d, medida a partir do seu centro, está descrito no
gráfico a seguir.

ou
(C/m)
K0

1,0 . 105

A) 2,0 . 104

B) 4,0 . 10 3
rn 0

Qual é o valor da carga elétrica Q, em Coulomb?


0,20

C) 0,5 . 106

D) 2,0 . 106
d(m)
Be
08. (UFLA-MG) O diagrama potencial elétrico versus distância de uma carga elétrica puntiforme Q no vácuo é mostrado a seguir.
Considere a constante eletrostática do vácuo k = 9 . 109 Nm2C–2. Pode-se afirmar que o valor de Q é:

V (volt)

30
eu

3 r (cm)

A) +3,0 . 10–12C D) +0,1 . 10–9C

B) +0,1 . 10–12C E) –3,0 . 10–12C


M

C) +3,0 . 10 C –9

09. (UFMA) Uma carga pontual (q = 1 μC) está na presença de um campo elétrico criado por outra carga pontual Q.
A carga q é elevada do ponto A ao ponto B, que distam 1 m e 3 m da carga Q, respectivamente. Sabendo-se que o trabalho
(τAB) para levar a carga  q do ponto A ao B é de 12 mJ, qual o módulo da carga Q em coulomb?
9 2 –2
Considere: k = 9 . 10 Nm C .

A) 2 . 10–6 D) 1 . 10–3

B) 2 . 10–3 E) 4 . 10–6

C) 1 . 10–6

106 Coleção Estudo 4V


Potencial elétrico

10. (EFOMM-RJ–2016) Considere que o gerador de Van de Graaff da figura está em funcionamento, mantendo constante o potencial
VE75 R0
elétrico de sua cúpula esférica de raio R0 metros. Quando, então, é fechada a chave CH1, uma esfera condutora de raio R =
1
4
metros, inicialmente descarregada, conecta-se à cúpula por meio de fios de capacidade desprezível (também é desprezível
σ1
a indução eletrostática). Atingido o equilíbrio eletrostático, a razão , entre as densidades superficiais de carga elétrica da
σ0
esfera e da cúpula, vale
+ + +
+ +

+ Ro + CH1

lli
A) 4
+ +++ + R1
+ + B) 2
+ +– – +
+– – C) 1
+ +– – +
+– – D) 1/2

ou
+– –
E) 1/4
+– –

FÍSICA
+– –
+– –
+
+

Gerador

11. (UNIFEI-MG) As linhas de força de um campo elétrico uniforme estão representadas na figura a seguir. Uma carga
Z55G

rn
q = 20 mC é transportada do ponto A ao ponto B. Para ser levada de A para B, a força elétrica
 realiza um trabalho igual a
–40 J. Sabendo que o potencial em A é igual a VA = 100 V e o módulo do campo elétrico E vale 1,0 . 103 V/m, DETERMINE

B A
A) o potencial elétrico no ponto B;

B) a energia potencial de q no ponto B;


Be
C) a distância entre os pontos A e B.
E

12. (UNESP) Uma esfera condutora descarregada (potencial elétrico nulo), de raio R1 = 5,0 cm, isolada, encontra-se distante de outra
JPT3
esfera condutora, de raio R2 = 10,0 cm, carregada com carga elétrica Q = 3,0 C (potencial elétrico não nulo), também isolada.

+ ++
+ +
+ R2 +
R1 + +
eu

+ +
+ +
+ + +
Descarregada Carga Q

Em seguida, liga-se uma esfera à outra, por meio de um fio condutor longo, até que se estabeleça o equilíbrio eletrostático
entre elas. Nesse processo, a carga elétrica total é conservada e o potencial elétrico em cada condutor esférico isolado descrito
q
pela equação V = k , onde k é a constante de Coulomb, q é a sua carga elétrica e r o seu raio.
r
M

Fio condutor

Transferência de carga
+
+ +
+
+ +
+ + + +
+ + equilíbrio eletrostático
+ (fio retirado) + +
Carga Q1 + Carga Q1

Supondo que nenhuma carga elétrica se acumule no fio condutor, DETERMINE a carga elétrica final em cada uma das esferas.

Bernoulli Sistema de Ensino 107


Frente C Módulo 03

13. (UERJ) Em um laboratório, um pesquisador colocou Essas correntes são impulsionadas pelas diferenças
FR9B de temperatura e pressão, de modo que, no final das
uma esfera eletricamente carregada em uma câmara na
qual foi feito vácuo. O potencial e o módulo do campo contas, é a energia radiante do Sol que promove todo
elétrico medidos a certa distância dessa esfera valem, esse movimento.
respectivamente, 600 V e 200 V/m. SEARS, F.; ZEMANSKY, M. Física. Tradução de José Accioli.
Rio de Janeiro: LTC, 1981. p. 514 (Adaptação).
DETERMINE o valor da carga elétrica da esfera.
+ + +
+ +
Ionosfera
SEÇÃO ENEM

+
_ _ _ _

lli
_
01. Um raio ou relâmpago é uma descarga elétrica entre nuvens

+
_ _ _

_
de chuva ou entre essas nuvens e a terra. A descarga

_ _ _
+

+
é visível a olho nu e apresenta formas e ramificações

_
+
sinuosas. Existem três tipos de raios: da nuvem para

+
_
_ _ _ _
o solo, do solo para a nuvem e entre nuvens. Um raio

ou
+

+
principia quando o campo elétrico atinge 3,0 x 106 N/C,

+
valor conhecido como a rigidez dielétrica do ar. Nesse +
+
+
+
momento, a voltagem inicial entre as partes envolvidas
+

atinge valores muito elevados.


Embora o campo elétrico terrestre enfraqueça com a
Disponível em: <http://www.wikipedia.com.br>. altitude, uma primeira aproximação seria considerá-lo
Acesso em: 13 out. 2010 (Adaptação). constante. Sabendo que a distribuição de cargas da
ionosfera está a 50 km da superfície da Terra, uma usina
de eletricidade que se valesse da diferença de potencial
Em relação às voltagens, nos três tipos de raio citados,
podemos afirmar que

rn
A) em um raio entre o solo e uma nuvem de altitude 1
km, a voltagem inicial é da ordem de milhões de volts.
B) em um raio da nuvem para o solo, a voltagem inicial
é maior que aquela em um raio do solo para a nuvem.
elétrico entre a superfície e a ionosfera poderia gerar
uma potência de
A) 50 MW.
B) 500 MW.

GABARITO
C) 1 000 MW.
D) 5 000 MW.
E) 10 000 MW.
Be
C) em todo raio, a voltagem entre as partes envolvidas
aumenta progressivamente durante a ocorrência do
fenômeno.
D) em um raio da nuvem para o solo, a voltagem inicial é
Fixação
maior que aquela em um raio entre nuvens próximas. 01. E 02. D 03. B 04. D
E) em todo raio, a voltagem entre as partes envolvidas é
igual a zero nos instantes que antecedem o fenômeno.
Propostos
02. Um modelo simples da distribuição de cargas elétricas na
01. B 05. A 09. A
Terra e em sua atmosfera é mostrado na figura a seguir.
Perto da superfície terrestre, existe um campo elétrico 02. A 06. C 10. A
eu

radial para baixo, de aproximadamente 100 V/m, devido


ao fato de a superfície ter cargas negativas e a ionosfera 03. D 07. A
ter cargas positivas. Como a atmosfera não é um isolante 04. A 08. D
perfeito, ela é atravessada por um fluxo de íons positivos
para baixo e por um fluxo de íons negativos para cima. 11. A) 2 100 V
Apenas 5 minutos seria o intervalo de tempo necessário
B) 42 J
para neutralizar toda a carga superficial do planeta, que
é cerca de 3,0 . 105 C, caso essa não fosse recomposta C) 2,0 m
M

de alguma forma. A carga, no entanto, permanece


12. Q1 = 1,0 μC
constante, levando a crer que exista um mecanismo de
bombeamento de cargas positivas para cima e de cargas Q2 = 2,0 μC
negativas para baixo, em um sentido oposto ao das forças
eletrostáticas exercidas pelo campo elétrico. A natureza 13. Q = 200 nC
desse mecanismo não é bem conhecida, mas acredita-se
que o processo deva sofrer forte influência das constantes
tempestades que se espalham pelo planeta. De algum
Seção Enem
modo, formam-se íons positivos e negativos durante uma
01. D
tempestade, sendo os íons positivos conduzidos para cima
e os negativos, para baixo, por meio de correntes de ar. 02. D

108 Coleção Estudo 4V


FRENTE MÓDULO

FÍSICA A 04
Movimento circular
Nos módulos anteriores, estudamos as propriedades

lli
v
fundamentais dos movimentos retilíneos, utilizando
grandezas como distância percorrida, deslocamento,
P2
velocidade e aceleração para caracterizá-los. Neste módulo,
discutiremos algumas grandezas que nos auxiliam na P1
descrição e na caracterização dos movimentos curvilíneos.

ou
Esses movimentos estão presentes em várias situações de ∆θ
R
nosso dia a dia e em muitos dispositivos: uma bola lançada R v
obliquamente, os carros realizando uma curva em uma
estrada e as engrenagens das máquinas são alguns exemplos
de corpos que descrevem movimentos curvilíneos.

VELOCIDADE ANGULAR
A figura anterior mostra uma partícula, em movimento

movimento circular, é necessário definir uma grandeza que


meça essa “rapidez” de giro, que é a velocidade angular.
Antes de defini-la, devemos relembrar o conceito de
medidas de ângulo, tanto em graus quanto em radianos.
rn
Um objeto pode girar mais depressa que outro. O ponteiro
de segundos de um relógio gira mais rápido que o de minutos,
e este, mais rápido que o de horas. Para estudarmos o
circular, passando por uma posição P1 em um instante t1 e por
uma posição P2 em um instante t2. Nesse intervalo de tempo, ∆t,
o ângulo central variou de ∆θ. Definimos a velocidade
angular (ω) como a razão entre ∆θ e ∆t.

ω=
∆θ
∆t
Be
Um grau (°) é definido como 1/360 do ângulo total de
uma circunferência. Um radiano (rad) é a medida do A razão entre o comprimento da trajetória percorrida pela
ângulo central de uma circunferência que determina partícula, para mover-se da posição P1 até a posição P2,
um arco de comprimento l, igual ao raio R da mesma e o intervalo de tempo ∆t determina o valor da velocidade
circunferência. A figura a seguir mostra, na primeira imagem,  ∆s 
um ângulo de 1 radiano. Na segunda imagem, temos um linear v  v =  , também denominada velocidade escalar
 ∆t 
ângulo genérico θ. A relação entre esse ângulo, o comprimento
do arco e o raio da circunferência também é apresentada. ou tangencial. Intuitivamente, sabemos que há uma relação
entre as velocidades angular e linear de um corpo, pois, quanto
maior for a velocidade angular de um corpo, maior será o
=R L ângulo percorrido por ele em certo tempo, e maior será,
também, o comprimento da trajetória percorrida por ele
1 rad θ durante esse tempo. Na verdade, como esse comprimento é
eu

R proporcional ao ângulo percorrido, temos que a velocidade


R linear de um corpo é diretamente proporcional à velocidade
angular deste. A relação entre os módulos das velocidades
angular e linear de um corpo, em movimento circular, pode
ser expressa por v = wR.

θ = L (θ em radianos) VELOCIDADE VETORIAL


R
M

A imagem seguinte mostra um esmeril lançando


Se você amarrar uma pedra a um barbante e marcar dois fagulhas metálicas que se encontram a altas temperaturas.
pontos nesse barbante (o ponto A, mais externo, e o ponto B, Essas fagulhas são pedacinhos incandescentes que se
mais interno), ao colocar a pedra para girar, notará algo desprendem tanto do metal lixado quanto do esmeril.
imediatamente: o ponto mais externo percorrerá uma
Rustedstrings / Creative Commons

trajetória de comprimento maior que o da trajetória do Esmeril


outro ponto, apesar de ambos descreverem o mesmo ângulo
central no mesmo intervalo de tempo. Isso nos mostra que
necessitamos de uma grandeza para descrever a velocidade v
de giro (velocidade angular), e de outra para descrever a
velocidade com a qual a trajetória (circular) é percorrida
(velocidade linear). P

Bernoulli Sistema de Ensino 3


Frente A Módulo 04

Observe que o esmeril está girando e que a trajetória das Já a frequência está associada ao número de voltas
fagulhas é tangente à trajetória dos pontos do esmeril que efetuadas pela partícula a cada unidade de tempo.
estão em contato com o metal. Uma fagulha que se solta Por exemplo, se você amarrar uma pedra a um barbante e
no ponto P apresenta um vetor velocidade com as seguintes girá-los, de modo que eles efetuem um MCU, obrigando
características: a pedra a efetuar 50 voltas em 10 s, a frequência desse
Módulo: igual ao módulo da velocidade escalar instantânea movimento será de 5 voltas/segundo ou 5 hertz (5 Hz).
do ponto P; Por definição, 1 hertz representa uma volta ou revolução por
segundo. O hertz é a unidade de frequência utilizada pelo
Direção: tangente à circunferência no ponto P;
Sistema Internacional de Unidades.
Sentido: o mesmo sentido do movimento do ponto P.
De acordo com as definições de período e de frequência

lli
apresentadas, no MCU, uma volta completada está para um
MOVIMENTO CIRCULAR intervalo de tempo igual a T, assim como f voltas completadas
estão para um intervalo de tempo unitário (1 s, 1 min, 1 h, etc.).
UNIFORME Portanto, podemos escrever a seguinte igualdade de razões
e deduzir uma equação que relacione T e f:

ou
Se uma partícula executa um movimento cuja trajetória
é uma circunferência e cujo módulo da velocidade linear é 1 f 1
= ⇒ T=
constante, dizemos que essa partícula executa um Movimento T 1 f
Circular Uniforme (MCU). Isso ocorre, por exemplo, com os Há também uma relação entre a velocidade angular
ponteiros de um relógio ou com as engrenagens encontradas
de um corpo em MCU e a frequência desse movimento.
em diversos dispositivos. O movimento da Terra ao redor do
Ao efetuar uma volta completa, o corpo descreve um ângulo
Sol também pode ser considerado, com boa aproximação,
de 2π radianos em um intervalo de tempo T (período do
um Movimento Circular Uniforme.
movimento). Logo, utilizando a definição de velocidade
Uma característica desse movimento é o fato de o vetor
velocidade apresentar módulo constante, apesar de sua
direção variar continuamente, como mostra a figura seguinte.
Também é constante o módulo da velocidade angular ω.
Outra característica do movimento circular é o fato de ele ser
periódico, ou seja, depois de um determinado intervalo de
tempo, a partícula volta a ocupar a mesma posição, sob as
rn angular e a relação entre o período e a frequência, temos:

ω=

T
⇒ ω = 2πf

Naturalmente, há também uma relação entre a velocidade


linear e a frequência. Lembrando que, durante um período T,
Be
mesmas condições, e assim o movimento se repete. uma partícula em Movimento Circular Uniforme de raio R
percorre um perímetro igual a 2πR e usando a definição da
|v1| = |v2| = |v3| = |v4| = |v| velocidade linear, concluímos que o módulo dessa velocidade
é dado por:
2 v2
2πR
v= = 2πRf
T
Comparando essa equação com a da velocidade angular,
v1 obtida anteriormente, obtemos a seguinte expressão,
que relaciona essas duas velocidades:
v = ωR
1 3
eu

Há outra forma de deduzir essa relação, que consiste


em dividir os dois lados da equação ℓ = θR, definida no
R início deste texto, pelo intervalo de tempo Δt. Lembrando
v3 que v = ℓ/Δt e que ω = θ/Δt, obtemos a relação desejada.
Quando você realizar cálculos com a relação v = ωR,
lembre-se de que o ângulo usado na medida de ω deve
estar em radianos.
v4 4
M

No MCU, os módulos das velocidades angular e linear são


constantes. Já a direção do vetor velocidade linear é variável. EXERCÍCIO RESOLVIDO
Duas grandezas complementares são muito importantes 01. Uma roda de bicicleta de raio 0,30 m executa 20 voltas
para caracterizarmos o MCU; são elas: o período (T) e a em 5,0 s. Determinar
frequência (f). Período é o intervalo de tempo necessário A) a frequência de movimento.
para que um corpo, em MCU, efetue uma volta completa
B) o período.
em torno de uma circunferência. Por exemplo, o período de
revolução da Terra ao redor do Sol é de 1 ano, o período C) a velocidade angular da roda.
de um ponteiro de segundos é de 1 minuto, o período da D) a velocidade linear de um ponto situado na
broca de uma furadeira elétrica é da ordem de 0,01 s, etc. extremidade da roda.

4 Coleção Estudo 4V
Movimento circular

Resolução: Veja a ilustração que se segue:

A) A frequência do movimento pode ser calculada v2


dividindo-se o número de voltas efetuadas pelo at
– v1
a
intervalo de tempo gasto: ∆v
ac
f = 20 voltas/5,0 segundos ⇒

f = 4,0 voltas/segundo = 4,0 Hz


Observe que o vetor a tem a mesma direção e o mesmo
B) O valor do período pode ser calculado utilizando a sentido do vetor ∆v e pode ser decomposto em suas

lli
 1 1 componentes ortogonais, aceleração tangencial (a t) e
1 T = =
relação T = . Dessa forma, temos:  f 4 aceleração centrípeta (ac). Sabemos que:
f  T = 0, 25 s

a = at + ac e a2 = a2t + a2c
C) A velocidade angular da roda pode ser calculada

ou
utilizando a relação: O vetor aceleração total está associado ao vetor força
resultante, conforme veremos em outra parte desta Coleção.

FÍSICA
w = 2πf = 2π.4 Por ora, vamos apenas associar o vetor at à mudança no
w = 8π rad/s = 1 440°/s módulo do vetor velocidade, e o vetor ac, à mudança de
direção do vetor velocidade. Veja o quadro a seguir, que
D) A velocidade linear de um ponto da extremidade da associa o tipo de movimento às acelerações que nele atuam.
roda pode ser determinada a partir da relação v = wR.
Tipo de movimento a at ac
Dessa forma, temos:

ACELERAÇÃO VETORIAL:
v = wR = 8π.0,30
v = 2,4π m/s ≅ 7,5 m/s
rn Retilíneo Uniforme

Circular Uniforme

Retilíneo Uniformemente Variado

Circular Uniformemente Variado


X

X

X
Be
1. Características do vetor ac:
TANGENCIAL E CENTRÍPETA v2
Módulo: ac = (em que v é a velocidade linear
R
O vetor aceleração a apresenta valor não nulo sempre
e R é o raio de curvatura da trajetória);
que a velocidade varia, pois, como foi discutido nos módulos
anteriores, o conceito de aceleração está associado à mudança Direção: perpendicular à velocidade;
de velocidade. Devemos agora ampliar o significado do Sentido: para o centro da curva.
trecho em negrito para mudança no vetor velocidade,
pois sabe-se que a velocidade é uma grandeza vetorial, 2. Características do vetor at:
podendo sofrer mudanças de módulo, direção ou sentido. ∆v
Módulo:  (em que ∆v é a variação do módulo da
∆t
eu

v2 velocidade linear e ∆t é o intervalo de tempo


em que ocorre essa variação);
Direção: tangente à trajetória;
v1
Sentido: n
 o sentido do movimento, se a velocidade
linear for crescente em módulo, e em
sentido oposto ao do movimento, se essa
v – v1 velocidade for decrescente em módulo.
∆v
M

a= = 2
∆t t2 – t1 Para visualizar as direções e os sentidos dos vetores
velocidade e aceleração, veja as figuras a seguir, que ilustram
A figura anterior representa o vetor velocidade v de os casos listados na tabela anterior.
uma partícula em dois instantes diferentes, nos quais 1º caso: Movimento Retilíneo Uniforme (MRU)
tanto o módulo quanto a direção do vetor velocidade
at = 0; ac = 0; a = 0.
sofrem alterações. Para determinarmos o vetor aceleração
média, entre os instantes t1 e t2, devemos determinar o v2
v1 v3 v4
vetor variação da velocidade ∆v, que é obtido por meio
da subtração entre os vetores v2 e v1, e, então, tomarmos
a razão entre o vetor ∆v e o intervalo de tempo ∆t.

Bernoulli Sistema de Ensino 5


Frente A Módulo 04

2º caso: Movimento Retilíneo Acelerado (MRA)


EXERCÍCIO RESOLVIDO
at ≠ 0; ac = 0; a ≠ 0
02. A figura a seguir mostra um ventilador que acaba de
v1 v2 v3 v4 ser ligado e cujas pás estão girando em sentido horário.
Um ponto P está marcado em uma de suas pás.

at

lli
3º caso: Movimento Retilíneo Retardado (MRR)

at ≠ 0; ac = 0; a ≠ 0

ou
v1 v2 v3 v4 Para a situação descrita, desenhar os vetores velocidade,
aceleração tangencial, aceleração centrípeta e aceleração
resultante que atuam no ponto P.
Resolução:
at
O vetor velocidade é tangente à trajetória e possui o mesmo
sentido do movimento, como mostrado na figura (a).
4º caso: Movimento Circular Uniforme (MCU) O vetor aceleração tangencial também possui direção
tangente à trajetória e possui o mesmo sentido do vetor

v1
at = 0; ac ≠ 0; a ≠ 0 (ac ⊥ v)

v2

ac
v3
rn velocidade, pois o movimento tem velocidade crescente
em módulo (lembre-se de que o ventilador acaba de
ser ligado), figura (b). O vetor aceleração centrípeta é
perpendicular ao vetor velocidade, como representado
na figura (c). O vetor aceleração resultante é o vetor
resultante da soma vetorial dos vetores aceleração
Be
ac
v4 tangencial e centrípeta, como mostrado na figura (d).
ac
ac v v
P P
5º caso: movimento circular com velocidade crescente
em módulo, ou simplesmente Movimento Circular Acelerado
aC
(MCA)
at ≠ 0; ac ≠ 0; a ≠ 0

at (a) (c)
v2 at
eu

at at
at ac P P
v1 ac v3
a
aC
ac

6º caso: movimento circular com velocidade decrescente


(b) (d)
em módulo, ou simplesmente Movimento Circular Retardado
M

(MCR)
at ≠ 0; ac ≠ 0; a ≠ 0
TRANSMISSÃO DE VELOCIDADES
v1 at NO MOVIMENTO CIRCULAR
v2
at É muito comum a transmissão do movimento circular de
at um disco (ou de uma roldana, ou de uma polia) a outro
ac ac
objeto, por meio do contato direto entre eles ou por meio
v3 do uso de correias ou de eixos. A seguir, discutiremos cada
ac um desses casos.

6 Coleção Estudo 4V
Movimento circular

Transmissão por contato Naturalmente, como a velocidade escalar v é constante,


a mesma proporção inversa entre f (ou ω) e R, que
Quando há transmissão de movimento circular de um disco deduzimos na transmissão por contato, também é verificada
a outro por meio do contato direto entre eles, os dois discos
na transmissão por correia. Por isso, quando pedalamos uma
apresentam a mesma velocidade linear, desde que não haja
deslizamento entre eles. bicicleta, impondo uma frequência fA na coroa (disco A),
aparece uma frequência fB maior para a catraca (disco B).
Por exemplo, para RA = 2RB, temos fB = 2fA.
A
vA
Transmissão por eixo

lli
RA Nesse tipo de acoplamento, todas as engrenagens
encontram-se presas a um único eixo que, ao girar, faz
com que elas girem com a mesma velocidade angular.

Foto: Guido_capi / SXC


RB
Consequentemente, as engrenagens apresentarão, também,

ou
a mesma frequência de rotação que o eixo.

FÍSICA
B vB

Dessa forma, temos: RA


νA = νB ⇒ ωARA = ωBRB RB

Considerando a figura anterior, temos que RA > RB; logo,


ωA < ωB, ou seja, o disco B gira mais rápido que o disco A.
Consequentemente, a frequência do disco A é menor que a
frequência do disco B. Mais precisamente, como v/R = ω = 2πf,
e lembrando que v é constante, concluímos que a velocidade
angular ω e a frequência f são inversamente proporcionais ao
raio. Assim, por exemplo, se na figura anterior RA for igual
a 2RB, então, fA será igual a fB/2. No caso de engrenagens,
em que o acoplamento se dá por encaixe entre os dentes,
rn
Be
o raciocínio é o mesmo. Como última nota sobre esse tipo de
transmissões de movimentos, é importante perceber que os

Foto: Bidgee / Creative Commons


dois discos (ou engrenagens) giram em sentidos opostos, como
pode ser observado na figura anterior.

Transmissão por correia


Quando a transmissão de movimento circular de um disco
a outro se dá por meio do uso de correias, os dois discos,
assim como no caso de transmissão por contato, apresentam
a mesma velocidade linear. A condição para isso ocorrer é a
eu

de que não haja deslizamento entre os discos e a correia. Sendo assim, temos que:

vA vA vB
ωA = ωB ⇒ =
vC RA RB

RA Essa equação mostra que a velocidade escalar v e o


B A raio R do disco são grandezas diretamente proporcionais.
RB
Por exemplo, na figura anterior, veja que A é um ponto na
periferia de uma roda dentada maior e que B é um ponto
M

vD na periferia de uma roda dentada menor. Então, RA > RB.


vB
Consequentemente, v A > v B. Podemos estender esse
raciocínio para um ponto na periferia do pneu. Quanto
Foto: steamroller_blues / Shutterstock

maior for o raio do pneu em relação ao raio das rodas


dentadas centrais (catracas), maior será o aumento da
velocidade. Na verdade, a velocidade escalar na periferia
do pneu representa a própria velocidade de translação da
bicicleta. Por isso, para proporcionar maiores velocidades,
os diâmetros dos pneus de bicicletas são, em geral,
muito grandes.

Bernoulli Sistema de Ensino 7


Frente A Módulo 04

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 04. A figura a seguir mostra duas pessoas, A e B, sobre a


superfície da Terra, uma sobre a Linha do Equador e outra
sobre a linha do Trópico de Capricórnio. Discutir como se
03. As figuras a seguir mostram duas polias de raios R1
relacionam as grandezas período (T), velocidade angular
e R2 que apresentam Movimento Circular Uniforme.
(ω), velocidade escalar (v), aceleração centrípeta (aC) e
As polias são conectadas uma a outra por dois tipos de
aceleração tangencial (at) que atuam sobre as duas pessoas.
acoplamentos: por correia e por eixo.

1 A

Arquivo Bernoulli
R1 R2

lli
2
B

3 Resolução:

ou
A figura seguinte nos ajudará a resolver a questão:
4

R1 R2 A

RA

Arquivo Bernoulli
RB
Os pontos 1, 2, 3 e 4 são pontos pertencentes às
extremidades das polias. Sobre o valor da aceleração
centrípeta (aC) desses pontos, é CORRETO afirmar que
A) ac < ac e ac < ac .
1 2 3 4

B) ac < ac e ac > ac .
1 2 3 4

C) ac > ac e ac > ac .
1 2 3 4
rn •
B

Período (T): As duas pessoas encontram-se sobre a


superfície da Terra e esta completa uma volta em torno
de seu próprio eixo a cada 24 h. Consequentemente,
todas as pessoas que se encontram sobre qualquer
Be
D) ac > ac e ac < ac . ponto da superfície da Terra completarão uma volta
1 2 3 4
nesse mesmo intervalo de tempo. Sendo assim, as duas
pessoas apresentam o mesmo período de movimento.
Resolução:
• Velocidade angular (ω): A velocidade angular
1 é uma grandeza que mede a rapidez com a qual
um corpo gira em torno de um determinado eixo,
R1 R2 2π
podendo ser definida matematicamente como ω = .
T
Como as duas pessoas descrevem o mesmo ângulo,
2 por exemplo, 2π, no mesmo intervalo de tempo
(24 h), suas velocidades angulares serão iguais.
• Velocidade escalar (v): A velocidade escalar de um
eu

No acoplamento por correia, temos que v 1 = v 2 .


corpo é determinada pelo comprimento da trajetória
Observando a figura, podemos concluir que R1 > R2.
percorrida por esse corpo e pelo intervalo de tempo
Como aC = v2/R e sendo v1 = v2, temos que, nesse caso,
gasto para percorrê-la. Como o raio da circunferência
a aceleração centrípeta é inversamente proporcional ao
descrita pela pessoa A é maior que o raio da
raio da polia. Logo, como R1 > R2 , temos que aC < aC .
1 2 circunferência descrita pela pessoa B, e como as duas
3 pessoas gastam o mesmo intervalo de tempo para
percorrer as respectivas circunferências, temos que a
4 velocidade linear de A é maior que a de B, vA > vB.
• Aceleração centrípeta (aC): O valor da aceleração
M

centrípeta de um corpo em movimento circular é


R1 R2 dado por aC = v2/R = (ωR)2/R = ω2R. Como as duas
pessoas possuem a mesma velocidade angular, temos
que o valor da aceleração centrípeta será diretamente
proporcional ao valor do raio R. Logo, aC > aC .
No acoplamento por eixo, temos que ω3 = ω4. A partir A B
• Aceleração tangencial (at): O módulo da
da figura, podemos concluir que R1 > R2. Sendo v = ωR,
aceleração tangencial está associado à variação do
temos que, nesse caso, aC = v2/R = (ωR)2/R = ω2R. Como módulo do vetor velocidade. Como as duas pessoas
w3 = ω4, temos que a aceleração centrípeta será diretamente estão em MCU, o módulo de suas velocidades
proporcional ao raio das polias. Logo, sendo R1 > R2, temos permanece constante e, consequentemente, suas
que aC > aC . Dessa forma, a alternativa correta é a B. acelerações tangenciais serão nulas.
3 4

8 Coleção Estudo 4V
Movimento circular

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO EXERCÍCIOS PROPOSTOS


01. (UERN–2013) Uma roda-d’água de raio 0,5 m efetua 4 voltas 01. (UNESP–2016) Um pequeno motor a pilha é utilizado
a cada 20 segundos. A velocidade linear dessa roda é ZQEI para movimentar um carrinho de brinquedo. Um sistema
(Considere π = 3) de engrenagens transforma a velocidade de rotação
A) 0,6 m/s. C) 1,0 m/s. desse motor na velocidade de rotação adequada às
rodas do carrinho. Esse sistema é formado por quatro
B) 0,8 m/s. D) 1,2 m/s.
engrenagens, A, B, C e D, sendo que A está presa ao
02. (UFRGS-RS–2016) A figura a seguir representa um móvel eixo do motor, B e C estão presas a um segundo eixo e
m que descreve um movimento circular uniforme de raio R, D a um terceiro eixo, no qual também estão presas duas

lli
no sentido horário, com velocidade de módulo V. das quatro rodas do carrinho.
I B D
m
A C
R
fM fR

ou
FÍSICA
Assinale a alternativa que MELHOR representa,
respectivamente, os vetores velocidade V e aceleração a motor
 
do móvel quando passa pelo ponto I, assinalado na figura.
Disponível em: <www.mecatronicaatual.com.br>.
V V
Acesso em: 1º dez. 2016 (Adaptação).
A) → ↑a D) ← ↑a
V V
Nessas condições, quando o motor girar com frequência
B) → a=0 E) ← ↓a fM, as duas rodas do carrinho girarão com frequência fR.

03.
738O
V
C) → ↓a

(Unicamp-SP–2016) Anemômetros são instrumentos


usados para medir a velocidade do vento. A sua
construção mais conhecida é a proposta por Robinson
em 1846, que consiste em um rotor com quatro conchas
rn Sabendo que as engrenagens A e C possuem 8 dentes,
que as engrenagens B e D possuem 24 dentes, que
não há escorregamento entre elas e que fM = 13,5 Hz,
é CORRETO afirmar que fR, em Hz, é igual a
A) 1,5.
B) 3,0.
C) 2,0.
D) 1,0.
E) 2,5.
Be
hemisféricas presas por hastes, conforme figura seguinte.
02. (UNIFESP) Pai e filho passeiam de bicicleta e andam lado
a lado com a mesma velocidade. Sabe-se que o diâmetro
das rodas da bicicleta do pai é o dobro do diâmetro das
rodas da bicicleta do filho. Pode-se afirmar que as rodas
da bicicleta do pai giram com
A) a metade da frequência e da velocidade angular com
que giram as rodas da bicicleta do filho.
B) a mesma frequência e velocidade angular com que
giram as rodas da bicicleta do filho.
Em um anemômetro de Robinson ideal, a velocidade
do vento é dada pela velocidade linear das conchas. C) o dobro da frequência e da velocidade angular com
Um anemômetro em que a distância entre as conchas que giram as rodas da bicicleta do filho.
eu

e o centro de rotação é r = 25 cm, em um dia cuja D) a mesma frequência das rodas da bicicleta do filho,
velocidade do vento é v = 18 km/h, teria uma frequência mas com metade da velocidade angular.
de rotação de
E) a mesma frequência das rodas da bicicleta do filho,
A) 3 rpm. C) 720 rpm.
mas com o dobro da velocidade angular.
B) 200 rpm. D) 1 200 rpm.

04. (PUC Minas–2015) Um internauta brasileiro reside na


03. (OBF / Adaptado) Um entregador de mercadorias de um
cidade de Macapá situada sobre o equador terrestre a armazém utiliza um tipo especial de bicicletas em que a
0° de latitude. Um colega seu reside no extremo sul da roda da frente tem um diâmetro duas vezes menor que
M

Argentina. Eles conversam sobre a rotação da Terra. o diâmetro da roda traseira para que, na frente, possam
Assinale a afirmativa CORRETA. ser colocadas mercadorias em um local adequado.
A) Quando a Terra dá uma volta completa, a distância Quando esse veículo está em movimento, pode-se afirmar
percorrida pelo brasileiro é maior que a distância CORRETAMENTE que
percorrida pelo argentino. A) o período de rotação do pneu menor é a metade do
B) O período de rotação para o argentino é maior que período de rotação do pneu maior.
para o brasileiro. B) o pneu menor tem frequência de rotação quatro vezes
C) Ao final de um dia, eles percorrerão a mesma maior que a do maior.
distância. C) o pneu menor tem a mesma frequência de rotação
D) Se essas pessoas permanecem em repouso diante de que a do pneu maior.
seus computadores, elas não percorrerão nenhuma D) as velocidades angulares de rotação dos pneus são
distância no espaço. iguais.

Bernoulli Sistema de Ensino 9


Frente A Módulo 04

04. (UECE–2015) Em uma obra de construção civil, uma carga 07. (UFTM) Boleadeira é o nome de um aparato composto
OHTO de tijolos é elevada com uso de uma corda que passa RMDT por três esferas unidas por três cordas inextensíveis e de
com velocidade constante de 13,5 m/s e sem deslizar mesmo comprimento, presas entre si por uma das pontas.
por duas polias de raios 27 cm e 54 cm. A razão entre a O comprimento de cada corda é 0,5 m e o conjunto é
velocidade angular da polia grande e da polia menor é colocado em movimento circular uniforme, na horizontal,
A) 3. com velocidade angular ω de 6 rad/s, em disposição
simétrica, conforme figura.
B) 2.
C) 2/3.
D) 1/2.

lli
05. (UFPA–2016) Durante os festejos do Círio de Nazaré, ω
TDP3 em Belém, uma das atrações é o parque de brinquedos, v
situado ao lado da basílica, no qual um dos brinquedos
mais cobiçados é a roda-gigante, que gira com velocidade
angular ω, constante.

ou
A

Desprezando-se a resistência imposta pelo ar e


considerando que o conjunto seja lançado com velocidade
v (do ponto de junção das cordas em relação ao solo)
de módulo 4 m/s, pode-se afirmar que o módulo da
velocidade resultante da esfera A no momento indicado
na figura, também em relação ao solo, é, em m/s
A) 3.

Considerando-se que a velocidade escalar de um ponto

de 15 m, pode-se afirmar que a frequência de rotação f,


em hertz, é a velocidade angular ω, em rad/s, são,
respectivamente, iguais a:
rn
qualquer da periferia da roda é V = 1 m/s e que o raio é

08.
B) 4.
C) 5.
D) 6.
E) 7.

(UERN–2015) Dois exaustores eólicos instalados no


Be
telhado de um galpão se encontram em movimento
1 2 1 1 circular uniforme com frequências iguais a 2,0 Hz e
A) e D) e
30π 15 15π 15 2,5 Hz. A diferença entre os períodos desses dois
1 2 1 1 movimentos é igual a
B) e E) e
15π 15 30π 30π A) 0,1 s.
1 1 B) 0,3 s.
C) e
30π 15 C) 0,5 s.
D) 0,6 s.
06. (UFRGS-RS–2013) A figura apresenta esquematicamente
o sistema de transmissão de uma bicicleta convencional.  09. (UESPI) A engrenagem da figura a seguir é parte do motor
de um automóvel. Os discos 1 e 2, de diâmetros 40 cm e
eu

ωR 60 cm, respectivamente, são conectados por uma correia


P inextensível e giram em movimento circular uniforme. Se
A a correia não desliza sobre os discos, a razão ω1/ω2 entre
B as velocidades angulares dos discos vale
ωB
ωA
correia

R
M

Na bicicleta, a coroa A conecta-se à catraca B através


da correia P. Por sua vez, B é ligada à roda traseira R,
girando com ela quando o ciclista está pedalando. Nesta
situação, supondo que a bicicleta se move sem deslizar,
as magnitudes das velocidades angulares, ωA, ωB e ωR, disco 1 disco 2
são tais que
A) ωA < ωB = ωR. A) 1/3.
B) ωA = ωB < ωR. B) 2/3.
C) ωA = ωB = ωR. C) 1.
D) ωA < ωB < ωR. D) 3/2.
E) ωA > ωB = ωR. E) 3.

10 Coleção Estudo 4V
Movimento circular

10. (PUC Rio–2013) A Lua leva 28 dias para dar uma volta 14. (CEPAEN-RN–2014) Observe o gráfico a seguir.
completa ao redor da Terra. Aproximando a órbita como V4XØ
circular, sua distância ao centro da Terra é de cerca de 6390 RcosØ
77
380 mil quilômetros. A velocidade aproximada da Lua, 63 80 93
6380 62 59
8
em km/s, é:  551 78
48 93

R(km)
6370 40 81
A) 13 75
31 06
6360 21 11 0
B) 0,16
C) 59 6350
0° 10° 20° 30° 40° 50° 60° 70° 80° 90°
D) 24

lli
E) 1,0 LATITUDE (Ø)

11. (UERN–2013) Uma roda-d’água de raio 0,5 m efetua 4 voltas O gráfico da figura anterior mostra a variação do raio
a cada 20 segundos. A velocidade linear dessa roda é: da Terra (R) com a latitude (∅). Observe que foram
(Considere p = 3) acrescentadas informações para algumas latitudes, sobre

ou
a menor distância entre o eixo da Terra e um ponto P
A) 0,6 m/s C) 1,0 m/s
na superfície da Terra ao nível do mar, ou seja, R.cosφ.
B) 0,8 m/s D) 1,2 m/s

FÍSICA
Considerando que a Terra gira com uma velocidade
angular ωT = π/12 (rad/h), qual é, aproximadamente,
12. (Unifor-CE–2014) Uma das modalidades de corridas de a latitude de P quando a velocidade de P em relação ao
DB9Q automóveis muito populares nos Estados Unidos são as centro da Terra se aproxime numericamente da velocidade
corridas de arrancadas, lá chamadas de Dragsters Races. do som?
Estes carros são construídos para percorrerem pequenas Dados: Vsom = 340 m/s; π = 3.
distâncias no menor tempo. Uma das características
A) 0°

rn
destes carros é a diferença entre os diâmetros dos seus
pneus dianteiros e traseiros. Considere um Dragster cujos
pneus traseiros e dianteiros tenham respectivamente
diâmetros de d1 = 1,00 m e d2 = 50,00 cm. Para percorrer
uma distância de 300,00 m, a razão (n1/n2), entre o
número de voltas que os pneus traseiros e dianteiros,
supondo que em nenhum momento haverá deslizamento
dos pneus com o solo, será:
B) 20°
C) 40°
D) 60°
E) 80°
Be
15. (EN-RJ–2015) Analise a figura a seguir:
SBAX

H/4

w
H

Disponível em: <http://www.bankspower.com/news/show/


39-banks-dragster-developmentcontinues>. w
eu

Acesso em: 1º dez. 2016.


Na figura temos um dispositivo A que libera partículas a
A) 150,00 partir do repouso com um período T = 3 s. Logo abaixo
B) 50,00 do dispositivo, a uma distância H, um disco contém um
C) 25,00 orifício que permite a passagem de todas as partículas
liberadas pelo dispositivo. Sabe-se que entre a passagem
D) 2,00
das duas partículas, o disco executa 3 voltas completas
E) 0,50 em torno de seu eixo. Se elevarmos o disco a uma
altura H/4 do dispositivo, qual das opções a seguir exibe
M

13. (Unimontes-MG–2015) Uma das catracas de uma o conjunto de três velocidades angulares ω’, em rad/s,
possíveis para o disco, de forma tal que todas as partículas
bicicleta de marchas possui, aproximadamente, 10 cm
continuem passando pelo seu orifício?
de diâmetro. A roda da mesma bicicleta possui 70 cm de
diâmetro. Se a velocidade angular da catraca é 60 rad/s, Dado: considere π = 3.

a velocidade linear da roda, em km/h, é igual a A) 2/3, 5/3 e 8/3


A) 75,6. B) 2, 3 e 5
B) 60,0. C) 4/3, 8/3 e 12/3
C) 40,6. D) 4, 7 e 9
D) 80,3. E) 6, 8 e 12

Bernoulli Sistema de Ensino 11


Frente A Módulo 04

SEÇÃO ENEM Desprezando a existência de forças dissipativas,


o vetor aceleração tangencial do coelhinho, no terceiro
quadrinho, é
01. (Enem–2016) A invenção e o acoplamento entre
engrenagens revolucionaram a ciência na época e A) nulo.
propiciaram a invenção de várias tecnologias, como B) paralelo à sua velocidade linear e no mesmo sentido.
os relógios. Ao construir um pequeno cronômetro, um
relojoeiro usa o sistema de engrenagens mostrado. C) paralelo à sua velocidade linear e no sentido oposto.
De acordo com a figura, um motor é ligado ao eixo e D) perpendicular à sua velocidade linear e dirigido para
movimenta as engrenagens fazendo o ponteiro girar. o centro da Terra.
A frequência do motor é de 18 RPM, e o número de dentes
E) perpendicular à sua velocidade linear e dirigido para
das engrenagens está apresentado no quadro.

lli
fora da superfície da Terra.
Engrenagem Dentes
03. (Enem–2013) Para serrar ossos e carnes congeladas,
A 24
um açougueiro utiliza uma serra de fita que possui três
B 72 polias e um motor. O equipamento pode ser montado de
duas formas diferentes, P e Q. Por questão de segurança,

ou
C 36
é necessário que a serra possua menor velocidade linear.
D 108
Serra Serra
Ponteiro de fita Polia 3 de fita Polia 3
Engrenagem B

Engrenagem A Polia 2 Polia 2


Motor Motor
Polia 1 Polia 1
Correia
Correia

Engrenagem D
Engrenagem C

A frequência de giro do ponteiro, em RPM, é


A) 1. B) 2. C) 4.
Eixo do motor

D) 81. E) 162.
rn Montagem P Montagem Q

Por qual montagem o açougueiro deve optar e qual a


justificativa desta opção?
A) Q, pois as polias 1 e 3 giram com velocidades lineares
iguais em pontos periféricos e a que tiver maior raio
terá menor frequência.
Be
02. (Enem–2014) Um professor utiliza essa história em B) Q, pois as polias 1 e 3 giram com frequências iguais
quadrinhos para discutir com os estudantes o movimento e a que tiver maior raio terá menor velocidade linear
de satélites. Nesse sentido, pede a eles que analisem em um ponto periférico.
o movimento do coelhinho, considerando o módulo da C) P, pois as polias 2 e 3 giram com frequências diferentes
velocidade constante. e a que tiver maior raio terá menor velocidade linear
em um ponto periférico.
D) P, pois as polias 1 e 2 giram com diferentes velocidades
lineares em pontos periféricos e a que tiver menor
raio terá maior frequência.
E) Q, pois as polias 2 e 3 giram com diferentes
velocidades lineares em pontos periféricos e a que
tiver maior raio terá menor frequência.
eu

GABARITO
Fixação
01. A 02. C 03. B 04. A

Propostos
M

01. A 06. A 11. A

02. A 07. E 12. E

03. A 08. A 13. A

04. D 09. D 14. C

05. C 10. E 15. E

Seção Enem
01. B 02. A 03. A

12 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

FÍSICA A 05
Leis de Newton – Fundamentos

lli
Filósofos como Aristóteles influenciaram fortemente o A força é uma grandeza vetorial e, portanto, está sujeita
modo de pensar do Ocidente por muitos anos, utilizando-se a todas as propriedades já estudadas para os vetores.

ou
de uma arquitetura de mundo calcada em pressupostos No Sistema Internacional de Unidades, a unidade de
que, hoje, para nós, são estranhos, mas que para o mundo força é o newton (N). Uma força de 1 newton (1 N) é,
antigo eram perfeitamente coerentes. Hoje, interpretamos aproximadamente, a força com que a Terra atrai um objeto
o mundo de um modo fortemente influenciado pelas ideias de massa igual a 0,1 kg quando este se encontra ao nível do
desenvolvidas por Isaac Newton (1642-1727). Os conceitos mar e a 45º de latitude norte1. A descrição desses detalhes
por ele desenvolvidos e a sua maneira de abordar os é necessária, uma vez que a intensidade com que a Terra
fenômenos naturais influenciaram áreas como a Filosofia, atrai um objeto qualquer depende do local onde esse objeto
se encontra.
padrão para diversos ramos do conhecimento humano.
Como sempre acontece nas Ciências, a atual explicação
para a causa dos movimentos dos corpos também teve de
rn
a Economia, a Literatura e foram, durante muito tempo,

enfrentar muita disputa e discussão antes de ser plenamente


reconhecida.
Objeto de
0,1 kg de massa

1N
Be
Neste módulo, apresentaremos alguns dos conceitos
desenvolvidos por Newton e estudaremos as suas três leis Terra
do movimento, conhecidas como Leis de Newton para o
movimento dos corpos. A interpretação dessas leis e sua
aplicação a fenômenos térmicos e elétricos mostraram-se A NATUREZA DAS FORÇAS
muito eficazes, criando o paradigma newtoniano, no qual
Hoje, classificamos as forças naturais em 4 tipos:
o mundo é regido pelas leis da Mecânica – leis simples,
abrangentes e corroboradas pela experimentação –, em • Força eletromagnética
que o conceito de força tem uma função fundamental. • Força gravitacional
eu

Na interpretação do mundo de acordo com os conceitos • Força nuclear forte


desenvolvidos por Newton, busca-se a explicação causal
• Força nuclear fraca
para os movimentos observados na natureza, a dinâmica
do Universo. Praticamente, todas as forças com as quais estamos
habituados a lidar são dos dois primeiros tipos. A força

CONCEITO DE FORÇA de atrito, a tração em cordas, a força muscular e a força


de compressão são forças de natureza eletromagnética.
M

O conceito de força tem um papel central na Mecânica Já a força peso tem, por sua vez, origem gravitacional.
newtoniana, uma vez que a força é responsável por alterar Essas forças estão presentes em várias situações do nosso dia a
o estado dos objetos: fazê-los entrar em movimento quando dia e, por isso, nosso estudo enfatizará esses dois tipos

esses estão parados, fazê-los parar quando esses estão de força. As outras duas naturezas de força mencionadas,

se movendo, alterar a direção de objetos que estão em nuclear forte e fraca, só se manifestam no mundo

movimento, deformar os objetos, etc. Denominamos de força subatômico. Essas forças são responsáveis pela estabilidade
que encontramos na matéria que compõe nosso mundo.
o agente capaz de realizar as transformações anteriormente
citadas, seja essa força realizada por nossos músculos ou
pela ação de poderosos ímãs, por exemplo. Um valor mais preciso dessa força de atração seria de 0,98 N.
1

Bernoulli Sistema de Ensino 13


Frente A Módulo 05

Alguns autores classificam as forças existentes na A afirmativa anterior, portanto, se relaciona às


natureza em forças de contato e forças de campo situações de ausência de força ou de força resultante
(ou de ação à distância). Na primeira classe – forças de nula atuando sobre um corpo. Nesses casos, o corpo
contato –, existe um aparente contato entre as superfícies deve permanecer em MRU, se ele estiver com velocidade
dos corpos que interagem, como quando apertamos o
diferente de zero, ou em repouso, se a sua velocidade
botão de uma campainha ou quando seguramos uma faca.
for nula. Essa lei tem uma importância crucial para as
Forças como a tensão em uma corda, a força muscular e a
força normal, por exemplo, são classificadas como forças outras duas leis do movimento.
de contato.
Todo referencial no qual as condições descritas pela

lli
As forças de campo (ou de ação à distância) são aquelas 1ª Lei de Newton são obedecidas (FR = 0 ⇒ MRU ou repouso)
que atuam em situações nas quais os corpos interagem é denominado referencial inercial. As outras duas leis
uns com os outros sem a necessidade de contato aparente, do movimento, da maneira como serão descritas neste
como é o caso da força gravitacional, das forças entre ímãs
módulo, somente são válidas para esse tipo de referencial.
ou entre um ímã e um prego. Forças elétricas, magnéticas
A rigor, não existem referenciais inerciais, e o que faremos

ou
e gravitacionais são exemplos de forças classificadas como
forças de campo (geradas pelo campo elétrico, pelo campo são aproximações, muito boas, para que possamos utilizar
magnético e pelo campo gravitacional, respectivamente). certos corpos como referenciais inerciais. Newton utilizava
as estrelas, que acreditava que eram fixas, como sistemas
Utilizamos o termo “contato aparente” ao nos referirmos
de referenciais inerciais. A Terra pode ser considerada um
às forças de contato, pois sabe-se que as forças de repulsão
referencial inercial para boa parte dos movimentos que
elétrica que atuam nesses casos, quando aproximamos muito
dois corpos, possuem módulos altíssimos, não permitindo estudamos, basicamente aqueles que ocorrem sobre a sua
que exista contato direto entre as moléculas dos dois corpos superfície, mas, para outros tipos de movimentos, ela não
que interagem.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS
• FORÇA RESULTANTE
rn pode ser utilizada como referencial inercial.

A seguir, apresentamos dois fatos cotidianos que podem


ser explicados considerando a Terra como um referencial
inercial e aplicando a 1ª Lei de Newton.
Be
É a soma vetorial de todas as forças que atuam sobre Exemplo 1: Quando estamos no interior de um ônibus
um determinado corpo. A aplicação matemática desse e o motorista é obrigado a frear bruscamente, é comum
conceito será imprescindível para a resolução de uma série falarmos que fomos “jogados para frente”. Mas, na verdade,
de exercícios. estávamos indo para frente conjuntamente com o ônibus,

• EQUILÍBRIO desenvolvendo certa velocidade de módulo v, e tendemos


a permanecer nesse estado de movimento, enquanto o
No estudo da Dinâmica, definimos que uma partícula está estado de movimento do ônibus foi alterado. Assim, após
em equilíbrio translacional quando a resultante das forças
a freagem, a velocidade final do ônibus terá módulo menor
que atuam sobre ela é zero, isto é, várias forças podem
do que v e, portanto, nos movimentamos para frente em
atuar sobre a partícula, porém, a soma vetorial de todas
essas forças deve ser nula. relação ao ônibus. Para alterar nosso estado de movimento,
eu

é necessário que uma força seja aplicada sobre nosso corpo.


EQUILÍBRIO ⇒ FR = 0 Nesse caso, como desejamos permanecer em repouso em
• LEIS DE NEWTON relação ao ônibus, é necessário que uma força atue em
nosso corpo em sentido oposto ao de nosso movimento,
São várias as formas de se apresentar as Leis de Newton e,
e, normalmente, essa força é aplicada pelo banco da frente
a rigor, o que apresentamos hoje nos materiais didáticos
ou pelo corpo de outra pessoa que estava à nossa frente.
é uma forma adaptada das leis apresentadas por Newton
em sua obra PhilosophiÆ Naturalis Principia Mathematica. Galileu denominou inércia a propriedade de os corpos
M

Faremos uma breve exposição das três Leis de Newton para


tenderem a permanecer em seu estado de movimento.
o movimento e, a seguir, discutiremos alguns aspectos a
Devido a esse fato, a Primeira Lei de Newton também é
elas relacionados.
conhecida como Lei da Inércia de Galileu.

1ª LEI DE NEWTON Exemplo 2: Quando um carro no qual nos encontramos


realiza uma curva para a esquerda, temos a sensação
Todo objeto permanece em estado de repouso ou de de que estamos sendo jogados para a direita por uma
movimento uniforme em linha reta, a menos que seja força desconhecida. Na figura a seguir, que ilustra essa
obrigado a mudar aquele estado por forças imprimidas situação, é fácil perceber que nosso corpo tende a
sobre ele. continuar em linha reta e o carro é que está virando.

14 Coleção Estudo 4V
Leis de Newton – Fundamentos

Nesse exemplo, o carro não é um referencial inercial, pois


a Aceleração
nosso corpo, em relação ao carro, não permaneceu em M
repouso, mesmo estando sujeito a uma força resultante nula. FR

M a/2
Direção de movimento do passageiro
M
FR
M
M a/3
M
FR Massa

lli
Em situações desse tipo, fazemos uso de uma força fictícia Esse gráfico mostra que, ao se aplicar uma força de
(não inercial) para explicar o porquê de sermos jogados mesmo módulo a dois corpos diferentes, a variação de
para fora da curva e a denominamos de força centrífuga. velocidade dos corpos não é, necessariamente, a mesma.

ou
Mas, lembre-se, ela é apenas um artifício para explicar o que A inércia, propriedade que mede a dificuldade em
acontece conosco no referencial não inercial do carro e não variar a velocidade de um objeto, é uma característica

FÍSICA
obedece às outras Leis de Newton. Quem analisa a situação intrínseca, própria do corpo. Não importa onde essa
experiência seja feita, o quociente entre o módulo
do lado de fora do carro, utilizando a Terra como referencial,
da força resultante (FR) e o módulo da aceleração (a)
não necessita desse artifício para analisar nosso movimento.
que atuam sobre um corpo será sempre o mesmo,
a massa (m) desse corpo. Por isso, dizemos que a
2ª LEI DE NEWTON massa é uma medida da inércia do corpo.

A toda força resultante que atua sobre um corpo


corresponde uma aceleração de mesma direção, mesmo
sentido e de módulo proporcional a essa força.
rn
Com base em experimentos, Newton pode obter a seguinte
C) A partir da expressão FR = ma, podemos definir a
unidade de força. Uma força resultante de 1 N é a
força que, quando aplicada sobre um corpo de massa
1 kg, faz com que este adquira uma aceleração de
1 m/s2. Assim, temos que 1 N = 1 kg.m/s2.
Be
relação entre a força resultante e a aceleração: D) Observe que a equação da 2ª Lei de Newton é uma
equação vetorial, pois a força e a aceleração são
FR = ma (2ª Lei de Newton para o movimento) grandezas de natureza vetorial. Como a massa é
uma grandeza escalar sempre positiva, concluímos
Essa relação nos permite concluir que: que a aceleração possui sempre a mesma direção
e o mesmo sentido da força resultante. Tome
A) O módulo da aceleração adquirida por um corpo bastante cuidado com isso, pois muitos estudantes
é diretamente proporcional ao módulo da força desatentos tendem a pensar que a força resultante
resultante. Isso significa que o gráfico da aceleração determina o sentido da velocidade de um corpo em
em função da força resultante, sobre uma dada um movimento. Por exemplo, quando lançamos uma
pedra verticalmente para cima, o vetor velocidade,
eu

massa, é uma reta que passa pela origem, conforme


mostra a figura seguinte: inicialmente, possui sentido para cima. Porém, a força
resultante aponta para baixo, e, consequentemente,
Aceleração a aceleração será também voltada para baixo.
a
FR

2a 3ª LEI DE NEWTON
Para toda força de ação de um corpo A sobre um corpo B,
M

2FR
há uma força de reação de mesma intensidade, mesma
3a direção e sentido oposto que o corpo B aplica em A.
3FR Força resultante A 3ª Lei de Newton para o movimento também é conhecida
como lei da ação e reação. Podemos perceber que as forças
B) O módulo da aceleração adquirida por um corpo é sempre se manifestam aos pares. Assim, o número total
inversamente proporcional à sua massa, caso a força de forças presentes no Universo seria par. Por isso, muitos
aplicada seja constante. Isso significa que, para uma autores preferem utilizar a palavra “interação” em vez de
dada força, o gráfico da aceleração em função da massa “força”, como “interação elétrica” e “interação gravitacional”,
é uma hipérbole, conforme mostra a figura a seguir: em vez de “força elétrica” e “força gravitacional”.

Bernoulli Sistema de Ensino 15


Frente A Módulo 05

A palavra “interação” já traz em seu significado a necessidade Para comparar massas de objetos desconhecidas com massas
da presença de dois corpos. Observe a figura a seguir, que conhecidas de objetos padrões, utilizamos balanças de braço.
mostra a interação gravitacional entre os corpos A e B. Não importa em qual planeta nos encontremos, uma balança
de braços iguais sempre registrará o mesmo valor de massa
Corpo A Corpo B durante as medidas.

FBA FAB
Fulcro
Os corpos que interagem entre si podem ser a Terra e

lli Arquivo Bernoulli


você, uma bola de futebol e o rosto de um jogador (figura
a seguir), você e o chão, um prego e um ímã, dois ímãs que
se atraem ou se repelem, etc.
Já a força peso é uma grandeza vetorial, associada à força

ou
de atração gravitacional que um planeta exerce sobre um
corpo. Essa força é o resultado da interação entre um objeto
de massa m e o campo gravitacional g do planeta onde
esse objeto se encontra. O valor do campo gravitacional na
superfície da Terra é muito próximo de 10 N/kg. Isso significa
que um objeto de massa 1 kg, colocado na superfície da Terra,
será puxado, em direção ao centro desta, por uma força de
módulo igual a 10 N. Na Lua, o valor do campo gravitacional

rn é 1,6 N/kg; isso significa que objetos de 1 kg de massa,


Marcos Carneiro

na superfície da Lua, serão atraídos por uma força de módulo


igual a 1,6 N. Assim, podemos perceber que o valor da força
de interação entre o objeto e o planeta (força peso) pode ser
Um aspecto essencial dessa lei é o fato de as forças serem determinado pela relação:
aplicadas em corpos diferentes. Por isso, essas forças não
P = mg
se anulam, apesar de elas terem sentidos opostos e de
Be
terem as mesmas intensidades. Em muitos problemas, Nessa expressão, P representa o módulo da força peso,
duas forças opostas e de mesma intensidade podem agir m representa o valor da massa do corpo, e g representa o
em um corpo, de forma que a resultante entre elas seja módulo do campo gravitacional do planeta. O fato de estarmos
nula. Nesse caso, essas forças, é claro, não formam um utilizando o símbolo g tanto para o campo gravitacional quanto
par de ação e reação. para o valor da aceleração da gravidade é intencional. Eles
O fato de as forças serem de igual intensidade não significa são coincidentes. Veja a transformação de unidades a seguir.
que o “efeito” dessas forças será o mesmo nos dois corpos.
Entra em questão, nesse momento, a 2ª Lei de Newton. N kg.m/s2 m
10 = 10 = 10
Como os corpos podem possuir massas diferentes, os efeitos kg kg s2
dinâmicos dessas forças, de mesmo módulo, também podem
Como qualquer outra força, a força peso também apresenta
eu

ser diferentes.
uma reação. A figura seguinte mostra o local onde se
Por exemplo, se um elétron e um próton forem abandonados
manifesta a reação à força peso, resultado da interação entre
um diante do outro, as forças de atração elétrica que um
Terra e objeto. A rigor, todas as porções da Terra atraem e
exerce sobre o outro possuem o mesmo módulo. Porém,
são atraídas por qualquer objeto colocado em sua superfície;
sendo muito mais leve que o próton, o elétron estará sob a
as porções mais próximas com maior intensidade e as mais
ação de uma aceleração, em direção ao próton, muito mais
intensa que a aceleração do próton em direção ao elétron. distantes com menor intensidade. Newton mostrou que
O resultado é que as partículas colidirão em uma posição todas essas forças, que atuam em diversas porções da Terra
M

bem próxima à posição inicial do próton. isoladamente, podem ser representadas por um único vetor
que atua no centro da Terra, como representado na figura.

MASSA E PESO m

Massa é uma grandeza escalar que mede o valor da P


inércia de um corpo. Não podemos associar a massa de
um objeto ao seu tamanho, mas podemos associá-la –P
à dificuldade que encontramos em alterar o estado de
repouso ou de movimento desse objeto. A unidade de
massa, no Sistema Internacional (SI), é o quilograma (kg).

16 Coleção Estudo 4V
Leis de Newton – Fundamentos

FORÇA NORMAL Como o livro encontra-se em repouso, a resultante das


forças que atuam sobre ele é zero. Logo, os módulos das forças
Em quase todos os momentos de nossa vida, estamos peso e normal são iguais. Isso não significa que as forças peso
apoiados em alguma superfície. São raras as ocasiões em e normal sejam um par de ação e reação. Afinal, a reação
que não estamos pressionando uma superfície, por exemplo, à força peso encontra-se aplicada no centro da Terra (–P),
quando saltamos de paraquedas ou de bungee jump. e a reação à força normal é a força de compressão do livro
Ao interagirmos com uma superfície sobre a qual nos apoiamos, sobre a mesa, (–N).
exercemos sobre esta uma força de compressão (N’). A rigor, quando subimos em uma “balança” 2 de banheiro,
De acordo com a 3ª Lei de Newton, a superfície também esta não registra o módulo de nossa força peso, mas sim
exerce uma força sobre nosso corpo. Essa força, chamada de

lli
o módulo da força com que comprimimos a superfície da
força normal (N), possui o mesmo módulo e a mesma direção balança. Usualmente, esses valores são coincidentes, mas
que a força de compressão, porém, apresenta sentido oposto basta nos apoiarmos em uma superfície, como mostrado
a esta, como mostrado na figura a seguir: na figura a seguir, para alterarmos os valores usualmente
N registrados pela balança. O primeiro homem, que está

ou
empurrando a pia para baixo, sofre a ação de uma força para
cima exercida pela pia sobre suas mãos. Por exemplo, se ele

FÍSICA
fizer uma força de 10 N sobre a pia, haverá uma redução do
mesmo valor na força de compressão dos seus pés sobre a
balança, que, nesse caso, registrará um valor 10 N inferior
Arquivo Bernoulli

ao peso real do homem. No outro caso, em que o homem


empurra o teto para cima, a reação do teto sobre ele é para
baixo. Se ele empurrar o teto para cima com uma força

N’

Quando pressionamos verticalmente uma superfície


horizontal, essa superfície exerce sobre nós uma força na
direção vertical, em sentido oposto ao da força que exercemos
rn de 10 N, a força de compressão registrada na balança
será aumentada desse valor. Se você possuir uma balança
de banheiro em casa, repita essas experiências para
certificar-se desses resultados.
Be
sobre a superfície. Da mesma forma, quando pressionamos
horizontalmente uma parede, a parede também exerce
uma força horizontal sobre nossa mão. Essa força, exercida
em nossa mão, também é denominada força normal.

Arquivo Bernoulli
N N'

EXERCÍCIO RESOLVIDO
eu

É muito comum os alunos confundirem a relação entre a


força normal e a força peso. A rigor, não existe relação entre 01. (UFJF-MG) Uma pessoa com uma bengala sobe na
elas, pois essas forças têm natureza independente, ou seja, plataforma de uma balança. A balança assinala 70 kg.
a existência de uma independe da outra. A figura a seguir Se a pessoa pressiona a bengala contra a plataforma da
mostra os pares de ação e reação associados às forças que balança, a leitura, então,
atuam sobre um livro posto em uma mesa horizontal, esta
sobre a superfície da Terra. Observe que sobre o livro atuam A) indicará um valor maior que 70 kg.
M

duas forças: a força peso (P) e a força normal (N), exercida


B) indicará um valor menor que 70 kg.
pela mesa sobre o livro.
C) indicará os mesmos 70 kg.
N
Livro D) dependerá da força exercida sobre a bengala.
Pares “ação e reação”
Mesa
P N e –N E) dependerá do ponto em que a bengala é apoiada
–N P e –P sobre a plataforma da balança.

–P Terra 2
O termo está entre aspas, pois, a rigor, não é uma balança,
mas sim um dinamômetro. Optamos, aqui, por utilizar o termo
cotidiano.

Bernoulli Sistema de Ensino 17


Frente A Módulo 05

Resolução: Resolução:
Quando uma pessoa sobe com uma bengala em uma Inicialmente, vamos representar as forças que atuam nos
balança, a balança registra o “peso” total do conjunto dois blocos, desenhando-os separadamente.
pessoa + bengala. A pessoa, ao pressionar a bengala
contra a superfície da balança, faz com que seus pés
NA NB
pressionem menos a superfície desta, de modo que uma
ação é compensada pela outra. Sendo assim, o valor total A B
registrado pela balança permanece inalterado. A resposta T1 –T1 T2
correta, portanto, é a letra C. PB
PA
Note que esse exercício é diferente da discussão feita no

lli
final da última seção, que ilustrou os efeitos de forças Bloco A: O bloco A está em equilíbrio na direção vertical
sobre objetos externos à balança. e acelerado para a direita na direção horizontal. Logo,
os módulos de NA e PA devem ser iguais e de valor 20 N
(PA = mAg). Como o bloco está acelerado para a direita,
FORÇA DE TENSÃO OU TRAÇÃO a força resultante também deve estar voltada para

ou
a direita. Como temos apenas uma força atuando no
Podemos utilizar cordas para transmitir forças de um bloco A na direção horizontal, T1, essa força é a força
ponto a outro do espaço. Uma corda ideal é aquela que é resultante que atua sobre o bloco A.
inextensível, que possui flexibilidade e que apresenta massa FR(BLOCO A) = T1
desprezível em relação aos corpos aos quais está presa.
T1 = mAa = 2.1,5 = 3,0 N
Denominamos força de tensão, ou tração, a força que é
transmitida de um ponto a outro de um sistema, utilizando Bloco B: O bloco B também está em equilíbrio na
cordas, como mostrado na figura a seguir. direção vertical e acelerado para a direita na direção
horizontal. Temos agora duas forças atuando no
Força transmitida
F
Força aplicada
F

Observe a figura seguinte. Se os fios são ideais, isto é,


inextensíveis e de massa desprezível, temos que |T1|= |T2|
rn bloco B na direção horizontal, T1 para esquerda e T2 para
a direita. Como o bloco está acelerado para a direita,
a força resultante também deve estar votada para a direita
(2ª Lei de Newton).
Logo:
FR (BLOCO B)
= T2 – T1
Be
e |T3| = |T4|. Sempre que as tensões atuarem sobre um Mas:
mesmo fio, seus módulos serão iguais. FR(BLOCO B) = mBa ⇒ mBa = T2 – T1 ⇒
T2 = T1 + mBa = 3,0 + 2,0.1,5 ⇒
F T1 T2 T3 T4
A B C T2 = 6,0 N
Como T2 > T1, a corda mais resistente deve ficar entre o
bloco B e a mão do menino, enquanto a menos resistente
O uso de cordas é particularmente interessante quando deve unir os dois blocos.
desejamos mudar a direção de uma força, como mostra a
Comentário: Já era esperado que o módulo da tensão
figura a seguir. no fio puxado pela pessoa fosse o dobro do módulo da
tensão no fio que puxa o bloco A. Uma vez que todas as
partes do sistema movem-se com a mesma aceleração,
eu

a força resultante em certa parte é proporcional à massa


F dessa parte. Como a força exercida pela pessoa puxa duas
F
massas iguais, e como a força que une os blocos puxa
apenas uma dessas massas, a primeira força deve ser
maior que a segunda, igual ao dobro da outra.

EXERCÍCIO RESOLVIDO A LEI DE HOOKE3


M

02. Um menino deve puxar, com aceleração constante de Denominamos de objeto elástico os objetos que mudam
1,5 m/s2, um conjunto de 2 blocos iguais, cada um de forma ao aplicarmos uma força sobre eles e que voltam
com massa de 2 kg, conectados por fios de diferentes a assumir sua forma original ao cessarmos a ação da
resistências. Considere que os fios são ideais e que força sobre eles. Um exemplo de um corpo elástico é a
não há atrito entre a superfície horizontal e os blocos. mola. Sabe-se que, quanto mais esticamos uma mola,
Discutir de que modo os fios devem ser conectados aos maior é a força que é aplicada às suas extremidades.
blocos para que a possibilidade de ruptura dos fios seja Podemos usar essa propriedade para medir a intensidade
a menor possível. das forças. Colocando uma mola na posição vertical e
fixando sua extremidade superior, podemos pendurar
corpos de pesos diversos em sua outra extremidade.
A B
Em homenagem a Robert Hooke (1635-1705), cientista inglês.
3

18 Coleção Estudo 4V
Leis de Newton – Fundamentos

Para certa faixa de forças aplicadas, o valor da deformação x


é proporcional à força aplicada, isto é, Fel ∝ x ou Fel = kx
ATRITO DE DESLIZAMENTO
(Lei de Hooke), em que k é a constante elástica da mola.
Você já deve ter notado que é mais fácil empurrar um
Esse tipo de deformação é denominada deformação elástica.
objeto sobre o chão, de forma a manter o movimento, do que
Utilizando a equação anterior e medindo a deformação da
iniciar o movimento. Isso ocorre porque o módulo da força de
mola, podemos calcular a intensidade da força aplicada
atrito que atua sobre um corpo na iminência de movimento
sobre ela, desde que a constante elástica seja conhecida.
é maior que o módulo da força de atrito que atua sobre o
Se a força exercida sobre a mola for muito grande, pode
acontecer de a mola perder suas propriedades elásticas e corpo quando este está deslizando sobre o chão. A  força
não voltar à sua forma original. Nesse caso, dizemos que a de atrito que se manifesta sobre o objeto quando não há
mola sofreu uma deformação plástica, e, para esse tipo de escorregamento entre as superfícies é chamada de força de

lli
deformação, a Lei de Hooke não é mais válida. atrito estático. Quando o objeto desliza sobre a superfície,
a força de atrito é chamada de força de atrito cinético.
A imagem a seguir mostra uma mola sendo deformada
por uma massa. Experimentalmente, observa-se que a força de atrito
entre os corpos sólidos depende de dois fatores: do par de
superfícies em contato e da força de compressão normal

ou
entre elas. Vejamos o que ocorre com uma caixa que se
encontra inicialmente em repouso sobre uma superfície

FÍSICA
horizontal e é empurrada por uma força horizontal, cujo
© Alan Nascimento / www.laeti.com.br

módulo aumenta progressivamente a partir de zero.


À medida que essa força aumenta, a força de atrito estático
sobre a caixa, que é oposta ao empurrão, aumenta na mesma
taxa, de forma que a caixa continua em repouso. A figura a
seguir mostra as quatro forças que agem na caixa: o peso P,

FORÇAS DE ATRITO
O estudo matemático das forças de atrito entre os corpos
sólidos é posterior aos trabalhos de Newton. Esse estudo
rn
a normal N, o empurrão F e a força de atrito estático FAE
exercida pelo solo.

F
N
Be
está intimamente associado às Leis de Newton e, por esse Ág
il
FAE

Reprodução
fr
motivo, será apresentado neste módulo.
P
Mesmo uma superfície aparentemente lisa, como a do papel
desta página que você está lendo, apresenta rugosidades. Subitamente, quando a força do empurrão atinge certo valor,
Quando tentamos mover os objetos, de modo a fazer com ocorre uma ruptura no equilíbrio e o bloco entra em movimento.
que uns deslizem sobre os outros, forças microscópicas de Isso ocorre porque o módulo da força de atrito estático
origem elétrica fazem com que esse movimento não ocorra aumenta até um valor limite. Esse valor é dado por
de maneira desimpedida, criando o que denominamos,
macroscopicamente, de força de atrito (FA).
FAE = μEN
Vejamos um exemplo simples, em que vamos representar MÁX

as forças de interação entre o chão e o pé de uma pessoa


eu

caminhando, como mostra a figura seguinte: Nessa equação, o coeficiente μ E depende do par
de superfícies em contato. Valores típicos de μ E são
apresentados na tabela a seguir. O fator N é o módulo da
Reprodução

normal. Quanto maior for o valor de N, maior é a força de


compressão da caixa sobre a superfície, de modo que o efeito
do atrito decorrente da interação entre a caixa e a superfície
torna-se mais evidente.
Fchão–pé
Coeficientes de atrito para alguns pares de superfícies
M

Fpé–chão
Superfícies de contato µE µc
Para a pessoa andar, é necessário que o seu pé empurre Aço e aço 0,7 0,6
o chão para trás. Então, de acordo com a 3ª Lei de Newton,
o chão deve empurrar o pé para frente – ação e reação. Essas Aço e madeira 0,7 0,5
forças têm o mesmo módulo, a mesma direção e sentidos Vidro sobre vidro 0,9 0,4
opostos. O resultado disso é que o corpo se desloca para
Borracha sobre concreto (seco) 1,0 0,8
frente. Essa é a explicação newtoniana para o ato de andar.
Se não houvesse as forças de interação entre nosso pé e o Borracha sobre concreto (molhado) 0,3 0,25
solo, ou seja, se não houvesse força de atrito, nós não nos Gelo sobre gelo 0,1 0,03
locomoveríamos. É o que ocorre quando uma superfície lisa
Articulação humana 0,01 0,003
está ensaboada ou com óleo.

Bernoulli Sistema de Ensino 19


Frente A Módulo 05

Assim que a força do empurrão torna-se ligeiramente Quando a superfície de rolamento é mais dura, como
maior que a força de atrito estático máximo, o bloco entra uma estrada asfaltada ou um pátio cimentado, o efeito do
em movimento e fica sujeito a uma força de atrito cinético atrito é muito pequeno. Por isso, conseguimos empurrar
de módulo menor que o da força de atrito estático máximo, com facilidade uma geladeira e um fogão dotados de pés
conforme visto anteriormente. O módulo da força de atrito com roletes.
cinético é constante e não depende da velocidade do corpo Nem sempre a força de atrito sobre um objeto é oposta
e nem do esforço aplicado para empurrá-lo. O módulo da ao seu movimento. No caso de um carro, as rodas de tração
força de atrito cinético é dado por (aquelas cujos eixos recebem um torque motor) giram
exercendo no solo uma força para trás do carro (ação).
FAC =μCN O solo responde e aplica nas rodas de tração uma força

lli
para frente (reação). Essa reação é uma força de atrito
Aqui, μC é o coeficiente de atrito cinético, também listado estático, voltada para o sentido do movimento. Nas rodas
na tabela anterior. Observe que, para um mesmo par de sem tração, a força de atrito é também do tipo estático,
superfícies, μC < μE. porém, de sentido oposto ao movimento. A figura a seguir

ou
A título de exemplo, vamos considerar que os coeficientes representa as forças de atrito estático atuantes nas rodas
de atrito entre a caixa e o solo da figura anterior sejam traseiras e dianteiras de um carro que se move para a direita
µE = 0,60 e μC = 0,20. Vamos considerar ainda que a e que possui tração nas rodas dianteiras.
massa da caixa seja m = 30 kg. Então, a força normal,
v
que é anulada pelo peso da caixa, vale N = mg = 300 N.
As forças de atrito estático máximo e de atrito cinético valem
FAE = 0,60.300 = 180 N e FAC = 0,20.300 = 60 N. Esses
MÁX

Arquivo Bernoulli
números indicam que a pessoa deve exercer uma força
ligeiramente maior que 180 N para fazer a caixa entrar em
movimento. Depois disso, o módulo da força de atrito diminui
drasticamente para 60 N. Se a pessoa reduzir o seu esforço
e passar a empurrar a caixa com uma força exatamente
igual a esse valor, a resultante das forças que atuam sobre a
caixa será nula. Como ela já está em movimento, assim ela
permanecerá em linha reta e com velocidade constante. Se a
rn F'AE

EXERCÍCIO RESOLVIDO
FAE
Be
pessoa empurrar com uma força maior que 60 N, o movimento 03. (UFMG) Observe esta figura:
da caixa será acelerado. Se a empurrar com uma força de Bloco Dinamômetro
módulo menor que 60 N, o movimento será retardado.

ATRITO DE ROLAMENTO
Outra forma de a força de atrito se manifestar é atuando
em objetos redondos que rolam sobre superfícies sólidas, Um bloco de 5,0 kg está conectado a um dinamômetro,
como o pneu de um carro ou os roletes de um pé de por meio de um fio. O dinamômetro é puxado sobre uma
geladeira em movimento sobre o solo. Desde que não exista superfície plana e horizontal, para a direita, em linha reta.
deslizamento entre o objeto redondo e o solo, a  força de A força medida por esse dinamômetro e a velocidade
eu

atrito entre eles é do tipo estático. Para uma pessoa em do bloco, ambas em função do tempo, estão mostradas
repouso sobre o solo, a velocidade do ponto do objeto que nestes gráficos:
toca o solo é zero. Na figura a seguir, representamos um
cilindro rolando para a direita sobre uma superfície. O eixo
Força (N)

central do cilindro apresenta uma velocidade de módulo 10


v para a direita em relação ao solo. Desde que não haja 7,5
deslizamento entre o cilindro e o solo, todos os pontos na sua 5,0
periferia apresentam uma velocidade tangencial de módulo 2,5
M

v em relação ao eixo de rotação. Por isso, a velocidade do 2,0 4,0 6,0


ponto A (topo do objeto) vale 2v (v + v) em relação ao solo. Tempo (s)
Já a velocidade do ponto B (ponto de contato do cilindro com
o solo) vale zero (v − v) em relação ao solo.
Velocidade (m/s)

A 2v 0,12

0,08
v
0,04
0
2,0 4,0 6,0
B Tempo (s)

20 Coleção Estudo 4V
Leis de Newton – Fundamentos

Considerando essas informações,


EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
A) determinar o módulo da resultante das forças sobre
o bloco no instante t = 3,5 s e no instante t = 5,0 s.
01. (UECE–2016) De um modo simplificado, pode-se
Justificar sua resposta.
descrever mecanicamente um amortecedor automotivo
B) calcular o coeficiente de atrito estático entre a como uma haste cujo tamanho varia mediante a aplicação
superfície e o bloco. Explicar seu raciocínio.
de uma força de tração ou compressão na direção de seu
C) calcular o coeficiente de atrito cinético entre a comprimento. Essa haste oferece uma força de resistência
superfície e o bloco. Explicar seu raciocínio. oposta à força aplicada. Diferentemente de uma mola
D) calcular o valor aproximado da distância percorrida helicoidal, cuja força é proporcional ao deslocamento,

lli
pelo bloco entre os instantes 2,0 s e 5,0 s. no amortecedor, a força é proporcional à velocidade de
Resolução: compressão ou de distensão. Nesse amortecedor ideal,

A) Em t = 3,5 s, a velocidade do bloco é nula e, em t = 5,0 s, sendo aplicada uma tração que faça seu comprimento L
ela tem módulo de 0,10 m/s; no entanto, o fato variar como L = 2.t, onde t é o tempo, a força de

ou
relevante é que a velocidade se mantém constante resistência é
“em torno” desses instantes, e, portanto, a aceleração A) decrescente.

FÍSICA
é nula. Sendo assim, a força resultante é, também,
B) constante e não nula.
nula nesses instantes.
C) crescente.
B) De acordo com os gráficos, a força máxima exercida
pelo dinamômetro sobre o bloco, sem que este entre D) nula.
em movimento, ocorre no instante t = 4,0 s, e sua
02. (UFV-MG) Uma caminhonete sobe uma rampa inclinada
intensidade é de 10 N. Como o bloco está em equilíbrio
nesse instante, tal força tem mesmo módulo que o da
rn
força de atrito estático máximo, FAE , e sentido contrário
MÁX
a esta. O módulo da força de atrito estático máximo
é igual ao produto do coeficiente de atrito estático µE
pela normal N. A força normal à superfície, nesse caso,
é igual ao peso do bloco. Assim:
com velocidade constante, levando um caixote em sua
carroceria, conforme ilustrado na figura a seguir.
Be
Sabendo-se que P é o peso do caixote; N, a força normal
FAE = µEN = µEmg
MÁX
do piso da caminhonete sobre o caixote; e fa, a força de
FAE 10 atrito entre a superfície inferior do caixote e o piso da
µE = MÁX
= = 0, 20
mg 5, 0 .10 caminhonete, o diagrama de corpo livre que MELHOR

representa as forças que atuam sobre o caixote é
C) Após o instante t = 4,0 s, a velocidade do bloco A) N
fa
mantém-se constante e, portanto, a força resultante
que atua sobre ele é nula. De acordo com o gráfico
de força versus tempo, após esse instante, a força P
medida pelo dinamômetro é de 7,5 N. Essa força tem
eu

mesmo módulo que o da força de atrito cinético que B) N

atua sobre o bloco e sentido oposto ao desta. Assim:


FAC = µCN = µCmg fa
P
FAC 7, 5
µC = = = 0,15 C) N
mg 5, 0.10

Em que µc é o coeficiente de atrito cinético. fa


M

P
D) A distância percorrida pelo bloco corresponde
à área sob a curva do gráfico de velocidade D) N
versus tempo, no intervalo desejado. No intervalo
2,0 s < t < 4,0 s, a velocidade do bloco é nula,
e, portanto, a distância percorrida por ele é nula. fa
P
Falta, então, estimar a distância percorrida no
intervalo de 4,0 s a 5,0 s; de t = 4,0 s a t = 5,0 s, E) N
fa
o bloco tem velocidade constante de 0,10 m/s e
percorre uma distância d dada por
d = vt = 0,10.1,0 = 0,10 m P

Bernoulli Sistema de Ensino 21


Frente A Módulo 05

03. (Unimontes-MG–2013) Um conjunto de molas sustenta 02. (FMJ-SP–2014) Beisebol é um esporte que envolve o
o peso de um carro. Com 2 pessoas de 60 kg em seu arremesso, com a mão, de uma bola de 140 g de massa
interior, o carro abaixa 2 cm. Com 4 pessoas de 70 kg, na direção de outro jogador que irá rebatê-la com um
o carro vai abaixar, aproximadamente.
taco sólido. Considere que, em um arremesso, o módulo
Dado: g = 10 m/s2. da velocidade da bola chegou a 162 km/h, imediatamente
A) 3,0 cm. após deixar a mão do arremessador. Sabendo que o tempo
B) 3,5 cm. de contato entre a bola e a mão do jogador foi de 0,07 s,

C) 4,0 cm. o módulo da força média aplicada na bola foi de

lli
D) 4,7 cm. A) 324,0 N.

B) 90,0 N.
04. (UDESC–2013) Considere o movimento de um objeto
C) 6,3 N.
sujeito à ação de várias forças, de modo que a resultante

ou
delas seja nula em todos os instantes. D) 11,3 N.
Analise as proposições em relação à informação anterior.
I. Se o objeto estiver inicialmente em movimento, ele 03. (UCS-RS–2016) Na série Batman & Robin, produzida entre
LZ41
não poderá atingir o repouso em algum instante de os anos 1966 e 1968, além da música de abertura que
tempo posterior ao inicial. marcou época, havia uma cena muito comum: Batman

II. Se o objeto estiver inicialmente em movimento, ele e Robin escalando uma parede com uma corda. Para
poderá atingir o repouso em algum instante de tempo conseguirem andar subindo na vertical, eles não usavam
posterior ao inicial.
III. Se o objeto estiver inicialmente em repouso, ele
poderá entrar em movimento em algum instante de
tempo posterior ao inicial.

Assinale a alternativa CORRETA.


rn apenas os braços puxando a corda, mas caminhavam pela
parede contando também com o atrito estático. Suponha
que Batman, escalando uma parede nessas condições, em
linha reta e com velocidade constante, tenha 90 kg, mas
o módulo da tração na corda que ele está segurando seja
de 750 N e esteja direcionada (para fins de simplificação)
Be
A) Somente a afirmativa III é verdadeira.
totalmente na vertical.
B) Somente a afirmativa II é verdadeira.
C) Somente a afirmativa I é verdadeira. Qual o módulo da força de atrito estática entre seus pés
e a parede? Considere a aceleração da gravidade como
D) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
10 m/s2.
E) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
A) 15 N

B) 90 N
EXERCÍCIOS PROPOSTOS C) 150 N
eu

01. (PUC Rio–2013) Um bloco de massa 10 kg se move com D) 550 N


JTI5
velocidade constante sobre uma superfície horizontal pela E) 900 N
ação de uma força F de módulo 40 N, que faz um ângulo
de 30° com a horizontal, como mostrado na figura. Qual 04. (UFJF-MG–2016) Em relação às forças de atrito entre um
é o valor do coeficiente de atrito cinético entre o bloco e bloco e uma superfície sobre o qual o mesmo repousa,
a superfície? Dado: g = 10 m/s2.
assinale a afirmação CORRETA.
F A) A força de atrito é diretamente proporcional à área
M

30°
da superfície de contato.

B) O coeficiente de atrito estático não depende da


natureza da superfície.

C) A força de atrito máximo é diretamente proporcional


ao módulo da força normal.
A) 2 3 / 3 D) 3 /4
D) Uma vez que o bloco começa a deslizar, a força
B) 3 /5 E) 3 /2
de atrito aumenta proporcionalmente à velocidade
C) 0,4 do bloco.

22 Coleção Estudo 4V
Leis de Newton – Fundamentos

05. (IFSC–2015) Um pássaro está em pé sobre uma das mãos No trecho AB não existe atrito e no trecho BC o coeficiente
ZLA4 3
de um garoto. É CORRETO afirmar que a reação à força de atrito vale µ = .
que o pássaro exerce sobre a mão do garoto é a força: 2
O bloco é abandonado, do repouso em relação ao plano
A) da Terra sobre a mão do garoto.
inclinado, no ponto A e chega ao ponto C com velocidade
B) do pássaro sobre a mão do garoto. nula. A altura do ponto A, em relação ao ponto B, é h1,
C) da Terra sobre o pássaro. e a altura do ponto B, em relação ao ponto C, é h2.
h1
D) do pássaro sobre a Terra.
A razão vale
h2

lli
E) da mão do garoto sobre o pássaro.
1
A) .
2
06. (IFCE–2016) Uma brincadeira bastante conhecida da
3
população em geral é o cabo de guerra. Consiste em duas B) .
2

ou
pessoas ou equipes puxarem uma corda em sentidos
opostos visando provocar o deslocamento do time rival C) 3 .

FÍSICA
e por consequência o cruzamento de uma linha central D) 2.

que separa os competidores.


08. (IFSul-RS–2016) Uma caixa encontra-se em repouso em
relação a uma superfície horizontal. Pretende-se colocar
essa caixa em movimento em relação a essa superfície.

João

rn
Chico

Disponível em: <http://cursos.marketingemodontologia.com.br/


Para tal, será aplicada uma força de módulo F que forma
53° acima da direção horizontal. Considerando que o
coeficiente de atrito estático entre a superfície da caixa e
a superfície horizontal é igual a 0,25, que o coeficiente de
atrito dinâmico entre a superfície da caixa e a superfície
Be
horizontal é igual a 0,10, que a massa do objeto é igual
wp-content/uploads/2014/11/cabodeguerra.png>.
2 kg e que a aceleração da gravidade no local é igual a
É CORRETO afirmar-se que 10 m/s2, o menor módulo da força F que deverá ser
A) caso João se consagre vencedor, a força exercida por aplicado para mover a caixa é um valor mais próximo de
ele sobre a corda será maior que a força exercida
Dado: sen 53° = 0,8 e cos 53° = 0,6
por Chico.
A) 6,25 N
B) caso João tenha massa maior que a de Chico, levará
B) 8,33 N
vantagem, já que o atrito a que competidor está
submetido depende do seu peso. C) 12,50 N
eu

C) sapatos com cravos favorecerão o competidor que D) 20,00 N 


usá-los, independente do terreno.

D) o atrito a que João está submetido aponta para 09. (IFCE–2016) Em um dos filmes do Homem Aranha,

a direita. ele consegue parar uma composição de metrô em

E) caso a tração ao longo da corda seja a mesma, aproximadamente 60 s. Considere que a massa total

a competição resultará em empate. dos vagões seja de 30 000 kg e que sua velocidade
M

inicial fosse de 72 km/h, o módulo da força resultante


07. (EPCAR-MG–2017) Um bloco escorrega, livre de que o herói em questão deveria exercer em seus braços
QXMN
resistência do ar, sobre um plano indicado de 30°, seria de
conforme a figura (sem escala) a seguir.
A) 10 000 N.
A B) 15 000 N.
h1 C) 20 000 N.
B
h2 D) 25 000 N.
30° C
E) 30 000 N.

Bernoulli Sistema de Ensino 23


Frente A Módulo 05

10. (IFCE–2016) Para que uma partícula de massa m adquira 13. (IFSP–2014) Suponhamos que, em um depósito, dois
91HP
uma aceleração de módulo a, é necessário que atue sobre estoquistas estejam armazenando sacos de arroz de

ela uma força resultante F. O módulo da força resultante 5 kg. Utilizando-se de uma mesa perfeitamente lisa de
2 m de comprimento que não promove atrito entre o saco
para uma partícula de massa 2m adquirir uma aceleração
de arroz e o seu tampo, um deles empurra o saco pelo
de módulo 3a é
tampo para que chegue às mãos do outro. Essa operação
A) 7 F. é feita de maneira simples, ou seja, o primeiro coloca o
B) 4,5 F. saco sobre a mesa e aplica sobre ele uma força, fazendo

lli
com que o saco chegue ao outro lado com uma velocidade
C) 4,6 F.
constante de 2 m/s.
D) 5 F.
No texto relatado, podemos destacar o princípio
E) 6 F.
A) de Arquimedes.

ou
B) de Einstein.
11. (PUC RS–2016) Sobre uma caixa de massa 120 kg atua
62PA C) da Inércia.
uma força horizontal constante F de intensidade 600 N.
D) da Incerteza.
A caixa encontra-se sobre uma superfície horizontal em
um local no qual a aceleração gravitacional é 10 m/s2. E) de Pascal.

Para que a aceleração da caixa seja constante, com


14. (UNIFICADO-RJ–2016) Dentro de um elevador, um
módulo igual a 2 m/s2 e tenha a mesma orientação da

e a caixa deve ser de

A) 0,1.

B) 0,2.
rn
força F, o coeficiente de atrito cinético entre a superfície
GE2H
objeto de peso 100 N está apoiado sobre uma superfície.
O elevador está descendo e freando com aceleração
vertical e para cima de 0,1 m/s2. Considere a aceleração
da gravidade como 10 m/s2.

Durante o tempo de frenagem, a força que sustenta o


Be
objeto vale, em newtons,
C) 0,3.
A) 101 C) 110 E) 100
D) 0,4.
B) 99 D) 90
E) 0,5.

15. (UFAC) A figura abaixo mostra imagens de um teste de


UTD3
12. (UERN–2013) A tabela apresenta a força elástica e a colisão. A foto A revela o momento exato da colisão do
NWOL
deformação de 3 molas diferentes. carro com o muro. Nesse instante, a velocidade do carro
era 56 km/h. As fotos B, C e D são imagens sequenciais
da colisão. O motorista, que usa cinto de segurança, fica
Mola Força elástica (N) Deformação (m)
eu

espremido entre seu banco e o volante. A criança, que


estava sentada no banco da frente, ao lado do motorista,
1 400 0,50
bate no para-brisa e é arremessada para fora do carro.

2 300 0,30

3 600 0,80
M

Comparando-se as constantes elásticas destas 3 molas,


tem-se que

A) K1 > K2 > K3.

B) K2 > K1 > K3.


 
C) K2 > K3 > K1.
CARRON, W., GUIMARÃES, O. As Faces da Física. São Paulo:
D) K3 > K2 > K1. Moderna, 2008, p. 115. (Adaptação).

24 Coleção Estudo 4V
Leis de Newton – Fundamentos

Com relação ao que foi dito acima e, baseando-se nos conhecimentos de Física, pode-se afirmar que:

A) Não é necessário que os passageiros, sentados na parte traseira do carro, usem cinto de segurança.

B) Em razão da inércia, os passageiros são lançados para frente, conforme se observa nas fotos B, C e D.

C) O cinto de segurança contribui para reduzir a aceleração do carro.

D) O atrito entre o banco e os passageiros é suficiente para impedir que esses sejam arremessados para frente.

E) Os riscos, para os passageiros, seriam maiores se todos estivessem usando cinto de segurança.

16. (IFSP–2016) O peso de um corpo depende basicamente da sua massa e da aceleração da gravidade em um local. A tirinha

lli
a seguir mostra que o Garfield está tentando utilizar seus conhecimentos de Física para enganar o seu amigo.

ou
FÍSICA
De acordo com os princípios da Mecânica, se Garfield for para esse planeta,

A) ficará mais magro, pois a massa depende da aceleração da gravidade.

B) ficará com um peso maior.

rn
C) não ficará mais magro, pois sua massa não varia de um local para o outro.

D) ficará com o mesmo peso.

E) não sofrerá nenhuma alteração no seu peso e na sua massa.


Be
SEÇÃO ENEM
01. (Enem–2014) Para entender os movimentos dos corpos, Galileu discutiu o movimento de uma esfera de metal em dois planos
inclinados sem atrito e com a possibilidade de se alterarem os ângulos de inclinação, conforme mostra a figura. Na descrição
do experimento, quando a esfera de metal é abandonada para descer um plano inclinado de um determinado nível, ela sempre
atinge, no plano ascendente, no máximo, um nível igual àquele em que foi abandonada.

Nível de abandono
da esfera
eu

Ângulo do plano de Ângulo do plano de


subida descida
M

GALILEU E O PLANO INCLINADO. Disponível em:


<www.fisica.ufpb.br>. Acesso em: 21 ago. 2012 (Adaptação).

Se o ângulo de inclinação do plano de subida for reduzido a zero, a esfera

A) manterá sua velocidade constante, pois o impulso resultante sobre ela será nulo.

B) manterá sua velocidade constante, pois o impulso da descida continuará a empurrá-la.

C) diminuirá gradativamente a sua velocidade, pois não haverá mais impulso para empurrá-la.

D) diminuirá gradativamente a sua velocidade, pois o impulso resultante será contrário ao seu movimento.

E) aumentará gradativamente a sua velocidade, pois não haverá nenhum impulso contrário ao seu movimento.

Bernoulli Sistema de Ensino 25


Frente A Módulo 05

02. GABARITO
A A
10 N 10 N
Fixação
B 01. B
10 N
10 N 02. A

lli
Figura 1 Figura 2
03. D

As figuras anteriores representam superfícies horizontais 04. C


sem atrito, nas quais estão apoiados um bloco A, de

ou
peso 10 N. Na figura 1, um bloco B, de peso 10 N,
está conectado ao bloco A por meio de um fio ideal,
Propostos
enquanto que, na figura 2, uma pessoa exerce uma força
01. D
de 10 N na extremidade de um fio ideal conectado ao
bloco A. Em ambos os casos, o bloco A é puxado pelo fio 02. B

e entra em movimento acelerado. Comparando-se o valor


03. C
da tensão na corda e a aceleração dos blocos nas duas
situações, conclui-se que a tensão na corda

A) e a aceleração do bloco A são maiores na situação da


figura 1.

B) é maior na situação da figura 1, e a aceleração do


rn 04. C

05. E

06. B
Be
bloco A é maior na situação da figura 2.
07. A
C) e a aceleração do bloco A são maiores na situação da
08. A
figura 2.

D) é maior na situação da figura 2, e a aceleração do 09. A

bloco A é maior na situação da figura 1.


10. E
E) e a aceleração do bloco A são iguais nas duas
situações. 11. C
eu

12. B
03. (Enem–2013) Uma pessoa necessita da força de atrito em
seus pés para se deslocar sobre uma superfície. Logo, uma 13. C
pessoa que sobe uma rampa em linha reta será auxiliada
pela força de atrito exercida pelo chão em seus pés. 14. B

Em relação ao movimento dessa pessoa, quais são 15. B


a direção e o sentido da força de atrito mencionada
M

16. C
no texto?

A) Perpendicular ao plano e no mesmo sentido do


movimento. Seção Enem
B) Paralelo ao plano e no sentido contrário ao movimento.
01. A
C) Paralelo ao plano e no mesmo sentido do movimento.
02. C
D) Horizontal e no mesmo sentido do movimento.

E) Vertical e sentido para cima. 03. C

26 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

FÍSICA A 06
Leis de Newton – Aplicações

lli
No módulo anterior, estudamos os fundamentos das Leis Nessa situação, as forças peso e normal que atuam sobre
de Newton para o movimento dos corpos. Utilizando essas o bloco A anulam-se mutuamente; o mesmo ocorre com
leis, os homens puderam interpretar e compreender grande as forças peso e normal que atuam sobre o bloco B. Logo,

ou
parte dos fenômenos da natureza e também desenvolver a resultante das forças que atuam na direção vertical é zero.
dispositivos que permitiram ao ser humano visitar e / ou Temos, então, que a força resultante que atua sobre cada
enviar sondas espaciais a outros astros do Sistema Solar. um dos blocos é dada por:
Descreveremos neste módulo algumas das aplicações das FR = F – (AA + FBA) ⇒ mAa = F – AA – FBA
Leis de Newton para situações simples, mas nem por isso A
FR = FAB – AB ⇒ mBa = FAB – AB
menos importantes, como os sistemas de blocos, o plano B

inclinado, a dinâmica do elevador, as forças sobre polias em Lembrando que FAB = FBA e somando as duas equações
movimento circular e a queda com resistência do ar. anteriores, chegamos a uma equação que nos permite
determinar a aceleração comum aos dois blocos:

SISTEMAS DE BLOCOS
Quando uma força F atua sobre um sistema de blocos,
os blocos que compõem esse sistema ficam sujeitos a
deslocamentos iguais em um mesmo intervalo de tempo,
desde que os blocos permaneçam em contato uns com
rn mAa + mBa = F – AA – AB
(mA + mB)a = F – (AA + AB)
Se considerarmos o sistema dos dois blocos como um
bloco único, teremos o seguinte diagrama de forças para
a situação:
Be
os outros e que não haja deslizamento entre eles. Sendo N = NA + NB
assim, instante após instante, os blocos estão sujeitos a
velocidades e a acelerações de mesmo módulo. Essa é uma
condição essencial que deve ser observada na análise desse F
tipo de situações. A = AA + AB
A figura seguinte mostra um sistema de blocos apoiado
sobre uma superfície horizontal rugosa e colocado em
P = PA + PB
movimento devido à ação da força F horizontal.
A partir desse diagrama de forças, temos que a força
v
resultante que atua sobre o sistema é dada por:
NB
NA
FR = F – AA – AB
eu

F FAB (mA + mB)a = F – (AA + AB)


B
AA AF AB Observe que o resultado anterior é idêntico ao resultado
BA
que obtivemos quando realizamos a análise das forças que
atuam sobre cada um dos blocos isoladamente.
PA PB
Na análise de situações desse tipo, devemos considerar
As forças que atuam em cada um dos blocos A e B, três casos:
respectivamente, são:
• Se o módulo da força F for maior que a soma dos
• PA e PB → forças peso, exercidas pela Terra sobre os
M

módulos das forças de atrito que atuam sobre os


blocos. blocos A e B, os blocos A e B estarão em movimento
• NA e NB → forças normais, exercidas pela superfície acelerado, os dois com a mesma aceleração.
sobre os blocos. • Se o módulo da força F for menor que a soma dos
• AA e AB → forças de atrito cinético, exercidas pela módulos das forças de atrito que atuam sobre os
blocos A e B, os blocos A e B estarão em movimento
superfície sobre os blocos.
retardado, os dois com a mesma aceleração.
• FBA e FAB → forças internas do sistema, forças que os
• Se o módulo da força F for igual à soma dos módulos
blocos exercem um sobre o outro e que apresentam
das forças de atrito que atuam sobre os blocos
módulos iguais.
A e B, esses blocos estarão em movimento retilíneo
• F → força aplicada sobre o bloco A por um agente externo. uniforme ou em repouso.

Bernoulli Sistema de Ensino 27


Frente A Módulo 06

Polia
As polias ou roldanas são dispositivos indispensáveis
às máquinas, pois elas permitem reduzir a intensidade
das forças necessárias para mover um corpo e permitem,
também, mudar a direção e / ou o sentido dessas forças.
É comum a utilização de roldanas em obras da construção
civil, como mostra a figura seguinte:

Arquivo Bernoulli
B

lli
Reprodução

Nessa situação, a força peso do bloco deve ser anulada


por uma força de igual intensidade, direção e sentido oposto.
Observe que a roldana móvel é sustentada por uma corda
“dobrada”, ou seja, a corda exerce uma força de tração T

ou
sobre os dois lados da roldana, sobre o lado direito e sobre
Há dois tipos básicos de roldanas, as roldanas fixas e as o lado esquerdo. Sendo assim, temos que o peso do bloco
roldanas móveis. é anulado por uma força 2T; logo:
2T = P ⇒ T = P/2
Roldanas fixas Ou seja, a utilização de uma roldana móvel permitiu que
Observe a figura a seguir. o bloco fosse erguido com uma força que possui metade