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FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA A 01
Composição química dos seres vivos:
água e sais minerais

lli
Dos mais de cem tipos diferentes de elementos químicos Por isso, o anabolismo também é chamado de metabolismo
existentes, pouco mais de vinte são encontrados na formação plástico ou metabolismo de construção. Um bom exemplo
da matéria viva, entre os quais há uma predominância de de reação anabólica é a síntese de proteínas que ocorre no

ou
carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. Esses quatro interior das células, por meio da união de várias moléculas
elementos são os mais abundantes no ser vivo, constituindo menores de aminoácidos. As reações do anabolismo são,
95% ou mais de sua massa. Outros elementos, como fósforo, em geral, endergônicas (endotérmicas), pois a quantidade
enxofre, cálcio, sódio, potássio, etc., completam o restante de energia contida nos produtos finais é maior que a
da massa. Os átomos dos diferentes elementos químicos existente nos reagentes. Isso significa que, no decorrer
encontrados nos seres vivos podem associar-se uns aos da reação, há absorção de energia do meio.
outros, formando estruturas mais complexas, as moléculas, • Catabolismo (do grego katabolé, destruir, eliminar) –
e também podem dissociar-se, formando os íons. Moléculas Compreende as reações metabólicas “destrutivas”, isto é,
e íons são encontrados formando as substâncias (compostos
químicos), que podem ser subdivididas em dois grupos:
substâncias inorgânicas e substâncias orgânicas.

Composição dos seres vivos


Substâncias inorgânicas Substâncias orgânicas

Aminoácidos
rn reações de análise que degradam (“quebram”) moléculas,
transformando-as em unidades menores. Tais reações
têm como finalidade principal liberar energia para as
atividades vitais. A reação da glicólise (lise ou quebra da
glicose), que ocorre durante o processo da respiração
celular, é um bom exemplo de reação catabólica.
As reações do catabolismo são exergônicas (exotérmicas),
Be
uma vez que a quantidade de energia contida nos
Proteínas produtos finais é menor que a existente nos reagentes.
Carboidratos Isso significa que, no decorrer da reação, há liberação de
Água
Lipídios energia para o meio.
Sais minerais
Nucleotídeos
Metabolismo
Ácidos nucleicos
Vitaminas
Anabolismo Catabolismo
Nos seres vivos, os átomos, as moléculas e os íons
das diferentes substâncias, além de fazerem parte das
estruturas que compõem o organismo, também participam Reações “construtivas” Reações “destrutivas”
de diversas reações químicas que ocorrem no interior Reações endergônicas Reações exergônicas
eu

de suas células, tecidos e órgãos. Um organismo vivo é, (endotérmicas) (exotérmicas)


na realidade, um verdadeiro “laboratório químico”, em que,
a todo momento, ocorrem inúmeras reações indispensáveis Energia
à manutenção da vida. Muitas dessas reações têm como
objetivo formar novos compostos e construir novas As reações do anabolismo quase sempre estão acopladas às do
catabolismo, uma vez que a energia utilizada pelo anabolismo
estruturas, enquanto outras visam a liberar energia para
normalmente é proveniente das reações do catabolismo.
possibilitar a realização de diversas atividades. Ao conjunto
de todas essas reações que se passam numa estrutura Muitas das reações metabólicas ocorrem em cadeia, ou seja,
uma reação depende previamente da realização de outra(s),
M

viva dá-se o nome de metabolismo (do grego metabolé,


mudança, transformação). conforme mostra o esquema a seguir:
O metabolismo é responsável pela utilização e pela Reação 1 Reação 2 Reação 3
transformação da matéria no organismo e pode ser subdividido A + B → AB AB + CD → ABC + D D + E → DE
em anabolismo e catabolismo.
• Anabolismo (do grego anabolé, erguer, construir) – Observe que, para ocorrer a reação 3, é preciso que anteriormente
tenha ocorrido a reação 2, uma vez que um dos reagentes da
Compreende as reações metabólicas “construtivas”,
reação 3 é um dos produtos da reação 2. Por sua vez, para ocorrer
isto é, que fabricam novas moléculas, permitindo, a reação 2, é preciso que, primeiramente, ocorra a reação 1,
dessa maneira, a formação de novas estruturas já que um dos reagentes da reação 2 é o produto da reação 1.
necessárias ao crescimento, ao desenvolvimento e Assim, se por algum motivo não ocorrer a reação 1, deixam de
à reparação de partes lesadas. ocorrer também as reações 2 e 3.

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Frente A Módulo 01

ÁGUA Como desempenha importantes funções no organismo,


é fácil compreender por que os seres vivos precisam manter
Entre todas as substâncias que compõem a massa de um equilíbrio hídrico no meio interno, isto é, manter a
uma estrutura viva, a água é, com raras exceções, a mais taxa de água estável no interior de suas células, tecidos
abundante. Entretanto, sua taxa ou percentual na matéria e órgãos. Para manter esse equilíbrio, a água perdida ou
viva não é a mesma em todos os organismos, variando de eliminada para o meio externo através da urina, das fezes, da
acordo com a espécie, a atividade metabólica e a idade.
transpiração, da respiração e de outros processos fisiológicos
Em um indivíduo adulto da espécie humana, por exemplo,
precisa ser reposta, a fim de proteger o organismo de uma
a água corresponde a cerca de 65% da massa corporal;
em determinadas espécies de fungos, também na fase adulta, desidratação excessiva (perda excessiva de água).
a água representa cerca de 85% da massa; já nas medusas A elevada taxa de água existente nos seres vivos e a

lli
(“águas-vivas”), o teor de água pode chegar a 98%. dependência metabólica para com ela podem ser uma
A água é indispensável para que ocorra o metabolismo, consequência da própria origem da vida em nosso planeta.
pois a maioria das reações metabólicas só ocorre em meio Uma das hipóteses mais aceitas atualmente pela comunidade
aquoso devido à propriedade da água de dissolver muitos científica admite que as primeiras formas de vida surgiram
dos reagentes, o que facilita a ocorrência das reações. Além nos oceanos primitivos há cerca de 3,5 bilhões de anos.

ou
disso, a própria água participa como reagente de importantes Portanto, de acordo com essa hipótese, foi no meio aquoso
reações metabólicas. A taxa de água varia de maneira direta que ocorreram certas reações químicas que culminaram com
em relação à atividade metabólica, ou seja, quanto maior a o surgimento dos primeiros seres vivos. Assim, a dependência
atividade metabólica de uma célula, de um tecido ou de um
dessas reações para com a água teria persistido com o
órgão, maior deverá ser a taxa de água nessas estruturas.
decorrer da evolução (transformação e formação de novas
De um modo geral, a taxa de água em um mesmo organismo espécies) nas unidades fundamentais dos seres vivos, isto é,
varia de maneira inversa em relação à idade, ou seja, quanto nas suas células. Como se trata de uma hipótese, podemos
maior a idade, menor será a taxa de água. Na espécie aceitá-la ou não. Entretanto, não podemos negar o fato de que
humana, por exemplo, a massa corporal de um feto de três
meses é constituída por aproximadamente 94% de água;
num recém-nascido, a taxa de água é de aproximadamente
70%, e, num indivíduo adulto, corresponde a cerca de 65%.
Além de ser um meio indispensável para a ocorrência
do metabolismo, a água também ajuda no transporte de
substâncias feito no interior do organismo e no transporte
rn a vida, tal como a conhecemos em nosso planeta, não pode
existir sem água. A vida depende das reações metabólicas,
e tais reações dependem da água.

SAIS MINERAIS
Representando em média de 3% a 5% da massa dos
Be
de catabólitos (produtos de excreção) do meio interno para seres vivos, os minerais podem ser encontrados na matéria
o externo. Em nosso organismo, por exemplo, muitos dos viva tanto na forma insolúvel, imobilizados em estruturas
nutrientes absorvidos no tubo digestório entram na corrente
esqueléticas, como na forma solúvel, dissolvidos na água e
sanguínea e são transportados para diversas outras partes
dissociados em íons.
do nosso corpo, dissolvidos na água do plasma sanguíneo.
Muitos dos resíduos do nosso metabolismo celular também Os animais normalmente obtêm-nos por meio da ingestão
são excretados (eliminados para o meio externo), dissolvidos de alimentos e de água (que também apresenta certa
na água. Isso acontece, por exemplo, com a ureia (resíduo taxa de minerais dissolvidos). Já os vegetais geralmente
do metabolismo proteico), que é eliminada dissolvida na adquirem-nos absorvendo-os do meio juntamente com
água existente em nossa urina. Podemos dizer, então, a água.
que a água também atua como veículo de excreção.
Entre os diversos minerais encontrados nos seres vivos,
eu

A água também ajuda na termorregulação (regulação destacam-se:


térmica). O elevado calor de vaporização e o elevado calor
específico da água são propriedades que fazem com que ela Cálcio (Ca)
exerça importante papel de moderador de temperatura nos Sob a forma de sal insolúvel, é encontrado dando rigidez
seres vivos. Um exemplo é a evaporação da água por meio de
às estruturas esqueléticas (ossos, dentes, conchas de
superfícies (pele, folhas, etc.) de organismos terrestres, que
moluscos, casca de ovos, etc.). No corpo humano, o cálcio
ajuda a manter a temperatura corporal dentro de uma faixa
é o mineral mais abundante, constituindo cerca de 1,5%
de normalidade compatível com a vida. Como tem alto calor
de vaporização, a água, quando evapora, absorve ou retira do total da nossa massa corporal, e a maior parte dele é
encontrada nos ossos. Por isso, a carência desse elemento
M

grande quantidade de calor dessas superfícies, resfriando-as.


Essa situação normalmente acontece em nosso organismo na infância pode comprometer a formação normal dos ossos,
quando a água contida no suor sofre evaporação. Assim, quando caracterizando um quadro conhecido por raquitismo (ossos
a temperatura do ambiente ultrapassa determinados valores tortuosos e fracos). Nos adultos, a sua carência pode causar
ou quando o corpo esquenta (devido a exercícios físicos mais osteoporose (ossos fracos).
intensos, por exemplo), as nossas glândulas sudoríparas são
Sob a forma iônica (Ca2+), o cálcio participa de importantes
estimuladas a produzir e a eliminar mais suor. A água contida no
suor evapora, roubando calor da nossa pele e contribuindo, dessa reações do metabolismo, como as da coagulação sanguínea e
maneira, para abaixar a nossa temperatura corporal. Isso evita da contração muscular. Taxas reduzidas desse íon no plasma
que temperaturas internas mais altas comprometam nossas sanguíneo (hipocalcemia) podem trazer como consequência
atividades metabólicas normais. A água é a principal substância um retardamento da coagulação do sangue e um mau
que atua na manutenção da nossa temperatura corporal. funcionamento dos músculos.

4 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: água e sais minerais

Os íons Ca2+ também são necessários para a transmissão


do impulso nervoso. Leite e derivados (queijo, iogurte, etc.),
Cloro (Cl)
grãos de cereais, legumes, nozes e sardinha são exemplos O Cl– é outro íon que desempenha importante papel
de alimentos ricos em cálcio. no equilíbrio hídrico. Além disso, no estômago de muitos
animais, participa da formação do HCl (ácido clorídrico).
Fósforo (P) O HCl é um dos componentes do suco gástrico, secreção
que atua na digestão de determinados tipos de alimentos,
Juntamente com o cálcio, sob a forma de fosfato de cálcio, em especial aqueles que são ricos em proteínas.
Ca3(PO4)2, participa da formação de estruturas esqueléticas.
O sal de cozinha é uma importante fonte de cloro para o
Na forma de íon fosfato (PO43–), participa da formação das
nosso organismo.

lli
moléculas dos ácidos nucleicos (DNA e RNA) e do ATP.
Leite e derivados, carnes, peixes e cereais são alimentos
ricos em fósforo.
Iodo (I)
Entra na constituição de hormônios tireoidianos,
Ferro (Fe) produzidos pela glândula tireoide. Essa glândula localiza-se

ou
BIOLOGIA
na base do pescoço (na frente da traqueia) e produz os
Os sais de ferro são importantes porque fornecem hormônios T3 (tri-iodotironina) e T4 (tetraiodotironina ou
o íon Fe 2+, que entra na constituição de importantes tiroxina), que estimulam as reações do metabolismo em todo
moléculas proteicas, como os citocromos e a hemoglobina. o corpo (metabolismo geral). Para produzir esses hormônios,
Os citocromos atuam como transportadores de elétrons a tireoide necessita de iodo, o que torna imprescindível a
nas reações da cadeia respiratória da respiração celular utilização de sais de iodo na nossa alimentação.
aeróbia e nas reações de fotofosforilação da fotossíntese.
Os alimentos mais ricos em sais de iodo são aqueles
A hemoglobina, existente no sangue de muitos animais,

organismo. A carência de ferro acarreta uma diminuição


da taxa normal de hemoglobina, sendo uma das causas da
anemia ferropriva.
rn
tem como principal função transportar o oxigênio (O2) no

Carnes, vísceras (fígado, rim, coração, etc.), espinafre,


couve, brócolis, feijão e ervilha são exemplos de alimentos
originários do mar (peixes, crustáceos, moluscos, algas),
como também os vegetais terrestres, uma vez que eles
absorvem sais de iodo do solo, junto com a água. Os solos
mais ricos em iodo são os que estão localizados mais
próximos do litoral. Solos mais afastados do litoral e os de
regiões montanhosas são mais pobres em sais de iodo e,
consequentemente, os vegetais que aí crescem também
Be
ricos em sais de ferro. são pobres em iodo.

A falta de sais de iodo em nosso organismo ocasiona o


Magnésio (Mg) mau funcionamento da tireoide, que passa, então, a produzir
taxas menores de hormônios, caracterizando um quadro
Sob a forma iônica (Mg2+), participa das reações de
conhecido por hipotireoidismo. No hipotireoidismo, além
fosforilação que sintetizam o ATP e da formação de algumas
de ocorrer uma redução das atividades metabólicas do
enzimas. Nas plantas, entra na constituição das moléculas
organismo, pode ocorrer a formação do bócio (“papeira”,
de clorofila, substância responsável pela absorção da luz
“papo”), que consiste no aumento exagerado do volume da
necessária à realização da fotossíntese.
tireoide. Para evitar o bócio, que ocorria de forma endêmica
Carnes, cereais e vegetais verdes, em geral, são importantes (constante) em algumas áreas do nosso país, tornou-se
fontes de magnésio. obrigatório, por lei, que as indústrias de sal de cozinha
eu

acrescentassem ao seu produto certo percentual de iodo.


Sódio (Na)
Cobre (Cu)
Sob a forma de Na+, é essencial para a condução dos
Na forma iônica (Cu2+), faz parte da molécula de hemocianina,
impulsos nervosos. Também exerce papel importante na
pigmento respiratório de cor azul, encontrado no sangue de
manutenção do equilíbrio hídrico ou osmótico das células.
alguns animais (crustáceos e moluscos, por exemplo), cuja
O cloreto de sódio (NaCl), também conhecido por sal de
função é fazer o transporte de oxigênio no organismo.
cozinha, muito utilizado como tempero em nossa culinária,
M

é uma das principais fontes desse elemento para o nosso


organismo. Flúor (F)
Importante para a formação dos ossos e do esmalte dos
Potássio (K) dentes. É encontrado na água e em alguns alimentos (peixes
e chás, por exemplo). Em regiões onde o teor de flúor na
Assim como o sódio, os íons K+ têm importante papel
água destinada ao consumo da população é baixo, deve-se
na condução dos impulsos nervosos e na manutenção do
adicioná-lo à água potável nas estações de tratamento
equilíbrio hídrico.
(fluoretação) para reduzir a incidência da cárie dental.
Carnes, leite e muitos tipos de frutas (banana, por exemplo) O excesso de flúor, entretanto, acarreta a fluorose, doença
são importantes fontes de potássio. que provoca lesões ósseas e manchas nos dentes.

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Frente A Módulo 01

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 04. (UNIFESP) A sonda Phoenix, lançada pela NASA, explorou
em 2008 o solo do planeta Marte, onde se detectou a
presença de água, magnésio, sódio, potássio e cloretos.
01. (UNESP) Determinado produto, ainda em análise pelos
Ainda não foi detectada a presença de fósforo naquele
órgãos de saúde, promete o emagrecimento acelerando
planeta. Caso esse elemento químico não esteja presente,
o metabolismo das gorduras acumuladas pelo organismo. a vida, tal como a conhecemos na Terra, só seria possível
Pode-se dizer que esse produto acelera o se em Marte surgissem formas diferentes de
A) metabolismo dessas gorduras, em um processo A) DNA e proteínas.
metabólico do tipo endotérmico. B) ácidos graxos e trifosfato de adenosina.
B) anabolismo dessas gorduras, em um processo C) trifosfato de adenosina e DNA.

lli
metabólico do tipo exotérmico.
D) RNA e açúcares.
C) catabolismo dessas gorduras, em um processo
E) Ácidos graxos e DNA.
metabólico do tipo exo-endotérmico.
D) catabolismo dessas gorduras, em um processo
EXERCÍCIOS PROPOSTOS

ou
metabólico do tipo endotérmico.
E) catabolismo dessas gorduras, em um processo
metabólico do tipo exotérmico. 01. (PUC RS–2016) Para responder à questão, leia as
informações e as afirmativas que seguem.
02. (UNILUS-SP) A taxa de água em um organismo pode
A água é o componente mais abundante do corpo
variar de acordo com alguns fatores. São eles:
humano, sendo responsável por aproximadamente
A) espécie, enzimas e proteínas. 70% do peso total do corpo. Durante o exercício físico,
B) idade, espécie e proteínas. o calor gerado pelo metabolismo aumenta a temperatura
do corpo. O sistema nervoso detecta esse aumento

03.
C) atividade, idade e espécie.
D) atividade, enzimas e proteínas.
E) idade, enzimas e proteínas.

(UFU-MG) Na composição celular, são encontrados vários


elementos, entre os quais, os sais minerais. Por serem
fundamentais ao adequado funcionamento de diversas
rn de temperatura e desencadeia a liberação de suor,
constituído principalmente de água. A água presente no
suor carrega eletrólitos dissolvidos e esfria o corpo ao
evaporar, por isso deve ser reposta para a manutenção
da homeostase do organismo e para o funcionamento
normal dos órgãos, dos tecidos e das células.
Be
células e órgãos, esses sais aparecem em diferentes Sobre o metabolismo da água no corpo humano, considere
regiões do corpo humano e em diversos alimentos. Faça a as afirmativas:
correlação entre os sais minerais apresentados na coluna I. O corpo, durante o exercício físico, perde água
A e as informações descritas na coluna B. proveniente de fluidos extra e intracelulares.
II. A hiper-hidratação pode ser danosa para o corpo,
Coluna A Coluna B já que pode ocorrer uma diluição excessiva dos
eletrólitos se o rim não excretar o excesso de fluidos.
a. Sua maior reserva está nos ossos; é impor-
tante na contração muscular e na cascata III. A ingestão de bebidas isotônicas tem como finalidade
1. Ferro reduzir a queima de substâncias energéticas no
de coagulação sanguínea; é encontrado em
folhas verdes e na casca do ovo. organismo, provocando a diminuição da temperatura
corporal.
eu

b. É um dos componentes da hemoglobina;


2. Potássio
é encontrado no fígado e nas carnes. Está(ão) CORRETA(S) apenas a(s) afirmativa(s)
c. Faz parte do esqueleto de vários animais, A) I. D) I e III.
do processo de transferência de energia no
3. Iodo interior da célula e da molécula de ácidos B) III. E) II e III.
nucleicos; é encontrado em carnes, feijão, C) I e II.
ervilha e peixes.

4. Cálcio
d. Atua na transmissão de impulsos nervosos; 02. (FCMSC-SP) Pode-se dizer CORRETAMENTE que o teor
é encontrado em frutas, verduras e cereais. de água nos tecidos dos animais superiores
M

e. É um importante componente de um hormônio, A) é maior quanto maior o seu metabolismo e diminui


5. Fósforo cuja carência pode levar à obesidade; com o aumento da idade.
é encontrado em frutos do mar e peixes.
B) é maior quanto maior o seu metabolismo e aumenta
Assinale a alternativa que apresenta a correlação com o aumento da idade.
CORRETA. C) é maior quanto menor o seu metabolismo e diminui
com o aumento da idade.
A) 1-b; 2-d; 3-e; 4-a; 5-c
D) é maior quanto menor o seu metabolismo e aumenta
B) 1-b; 2-d; 3-e; 4-c; 5-a
com o aumento da idade.
C) 1-d; 2-b; 3-e; 4-c; 5-a E) apresenta variações diferentes das citadas nas
D) 1-a; 2-d; 3-c; 4-b; 5-e alternativas anteriores.

6 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: água e sais minerais

03. (UEPB–2014) A água é a substância mais abundante C) há presença de ferro na carne branca; portanto,
nos seres vivos, constituindo cerca de 75% a 85% da a carne de frango também é indicada para suprir
massa corporal de um organismo. A molécula de água necessidades de ferro.
(H2O) é constituída por um átomo de oxigênio unido por D) o ferro é o responsável pela coloração vermelho-
meio de ligações covalentes a dois átomos de hidrogênio, -escura da carne bovina, sendo esta a única carne
formando um ângulo de 104,5°, o que a toma polarizada. capaz de suprir as necessidades de ferro.
Esta polarização confere à água propriedades físico-
-químicas essenciais à vida. 06. (UnB-DF) A desidratação provocada pela diarreia é ainda
Sobre a água e sua importância para a manutenção da a segunda maior causa de mortalidade infantil no Brasil.
O problema tem sido combatido pela distribuição de

lli
vida na Terra, são apresentadas as seguintes proposições:
uma mistura de sais considerada eficaz pela Organização
I. Nas plantas, o deslocamento da seiva mineral, desde
Mundial de Saúde (OMS) – indicada na tabela a seguir
as raízes, onde ela é absorvida do solo, até as folhas,
como teores / OMS – e pela divulgação de receita
onde ocorre a transpiração, está relacionada às
simplificada, conhecida como soro caseiro. A população
propriedades de adesão e coesão da água.
de baixa renda e os que pretendem restringir o uso

ou
BIOLOGIA
II. A maioria dos seres vivos só pode viver em uma da alopatia utilizam chás caseiros. Em um estudo que
estreita faixa de temperatura, fora da qual ocorrem objetivava verificar a eficiência dos produtos mais usados
problemas metabólicos e até a morte. Podemos citar no tratamento da diarreia infantil, observaram-se os
o alto calor específico o elevado calor latente de dados contidos na seguinte tabela:
vaporização e o elevado calor latente de fusão da
água como alguns dos fatores importantes para a Concentração de eletrólitos em algumas
estabilidade da temperatura dos seres vivos. amostras (nmol/L)
III. A água participa das reações químicas no organismo Sódio Potássio Cloreto Citrato Glicídios
vivo, sendo que em algumas delas entra como
reagente na síntese por desidratação e, em outras,
como produto reações de hidrólise.

Está(ão) CORRETA(S) a(s) proposição(ões):


A) III, apenas. D) I e II, apenas.
rn Amostras

Teores /
OMS
Chá de
carqueja
Chá de
(Na+)

90

0,05

0,02
(K+)

20

20

4
(Cℓ–)

80

2
trissódico

30

0,1

<0,05
totais

110

26
Be
B) I e III, apenas. E) I, II e III. goiaba
C) II e III, apenas. Chá de
0,3 2 0,3 0,2 2
pitangueira

04. (FMU-SP) Os sais minerais possuem funções diversificadas, Chá de


0,1 25 6 0,5 30
funcho
podendo existir, nos seres vivos, dissolvidos em água, sob
a forma de íons, ou imobilizados como componentes de Chá de
0,04 5 22 <0,05 7
tanchagem
esqueletos. Assim, podemos dizer que, dos sais minerais
encontrados sob a forma de íon, Chá de
0,04 3 0,3 <0,05 10
jatobá
A) o cálcio está presente na clorofila e é indispensável
Água de
para que ocorra o processo de fotossíntese. 5 42 31 2 230
coco-verde
eu

B) o sódio apresenta-se sempre em concentrações Soro


82 0,3 83 <0,05 320
maiores dentro da célula do que fora dela. caseiro
C) o ferro está presente na hemoglobina, molécula
A partir dos dados da tabela, julgue como FALSOS (F)
responsável pelo transporte de oxigênio no organismo.
ou VERDADEIROS (V) os itens adiante.
D) o magnésio é indispensável na transferência de
energia nos processos metabólicos celulares. ( ) Os teores de eletrólitos presentes nas amostras dos
chás caseiros variam de planta e são insuficientes
05. (UFSJ-MG) Uma indicação médica para um paciente que para repor os sais minerais perdidos pelo organismo
M

apresenta anemia ferropriva, ou  seja, deficiência de ferro, na diarreia.


é o consumo diário de  carnes e verduras verde-escuras ( ) A substituição da água do soro caseiro pelos chás
na alimentação. Sobre a função dos macronutrientes,
das plantas carqueja e funcho ou pela água de coco
é CORRETO  afirmar que:
verde leva a uma composição química mais próxima
A) o ferro é essencial para o correto funcionamento do
da estipulada pela OMS do que o próprio soro caseiro.
transporte de CO2 em organismos humanos por fazer
parte da molécula de hemoglobina. ( ) O sal de cozinha possui baixos teores de potássio.

B) o f e r r o é u m m a c r o n u t r i e n t e e s s e n c i a l a o ( ) Entre as amostras citadas, o chá de pitangueira é o


desenvolvimento das plantas por fazer parte da mais recomendado para a recuperação dos impulsos
molécula de clorofila. nervosos, nos casos de desidratação.

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Frente A Módulo 01

07. (UnB-DF) Os médicos costumam prescrever às pessoas 02. (Enem–2005) A água é um dos componentes mais
hipertensas uma dieta com baixo teor de sódio. Entretanto, importantes das células. A tabela a seguir mostra como a
esse elemento a que os médicos se referem não é o sódio quantidade de água varia em seres humanos, dependendo
metálico, um metal muito reativo que, em contato com a do tipo de célula. Em média, a água corresponde a 70%
água, libera grande quantidade de energia. Na verdade,
da composição química de um indivíduo normal.
essa recomendação refere-se aos íons sódio (Na+), que são
ingeridos quando consumimos, principalmente, alimentos
que contenham o sal de cozinha. Da mesma maneira, Tipo de célula Quantidade de água
quando os médicos prescrevem ferro às pessoas anêmicas, Tecido nervoso – substância cinzenta 85%
não quer dizer que elas devam “comer pregos” ou outro
objeto feito de ferro. O que se indica é a ingestão de íons Tecido nervoso – substância branca 70%

lli
de ferro (II), presente, por exemplo, em FeSO4. A partir Medula óssea 75%
das informações do texto, JULGUE os itens seguintes.
Tecido conjuntivo 60%
A) A hipertensão, na forma citada no texto, deve-se à
elevação nas concentrações plasmáticas de Na+, que Tecido adiposo 15%
leva ao aumento do volume plasmático em virtude

ou
Hemácias 65%
de movimentos osmóticos.
Ossos (sem medula) 20%
B) A prescrição de ferro às pessoas anêmicas visa
otimizar o transporte de gases respiratórios pelas
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica.
hemácias, pois, na ausência de ferro, esse transporte
8. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1985.
é realizado por proteínas plasmáticas.
Durante uma biópsia, foi isolada uma amostra de tecido
08. (UFRN) A perda excessiva de água pelo organismo pode para análise em um laboratório. Enquanto intacta, essa
levar à morte. Isto já foi observado tanto em pessoas amostra pesava 200 mg. Após secagem em estufa,
com uma disenteria grave quanto em outras que estavam
correndo numa maratona. Para se controlar o risco de
morte nessas situações, é recomendável beber uma
solução que, além de água, contenha cloreto de sódio
e glicose ou sacarose. Uma solução desse tipo é o soro
caseiro que pode ser preparado com uma colher de sopa
de açúcar e uma colher de café de sal de cozinha, em um
rn quando se retirou toda a água do tecido, a amostra passou
a pesar 80 mg. Com base na tabela, pode-se afirmar que
essa é uma amostra de
A) tecido nervoso – substância cinzenta.
B) tecido nervoso – substância branca.
C) hemácias.
Be
litro de água filtrada ou fervida. D) tecido conjuntivo.
A) Quais as funções da água e do sal contidos no soro E) tecido adiposo.
caseiro?
B) Por que a quantidade de açúcar presente no soro
caseiro é bem maior do que a do sal?
GABARITO
SEÇÃO ENEM Fixação
01. E 03. A
01. (Enem–2009) A água apresenta propriedades físico-
-químicas que a coloca em posição de destaque como 02. C 04. C
eu

substância essencial à vida. Entre essas, destacam-se as


propriedades térmicas biologicamente muito importantes,
por exemplo o elevado valor de calor latente de vaporização.
Propostos
Esse calor latente refere-se à quantidade de calor que deve
01. C 03. D 05. C
ser adicionada a um líquido em seu ponto de ebulição,
por unidade de massa, para convertê-lo em vapor na 02. A 04. C 06. V V V F
mesma temperatura, que no caso da água é igual a 540
calorias por grama. 07. A) Correto
A propriedade físico-química mencionada no texto confere
B) Incorreto
M

à água a capacidade de
A) servir como doador de elétrons no processo de 08. A) • Água = reidratar o organismo.
fotossíntese.
• Sal = reequilibrar o equilíbrio eletrolítico.
B) funcionar como regulador térmico para os organismos
vivos. B) A glicose fornecerá energia para o organismo.
C) agir como solvente universal nos tecidos animais e
vegetais.
D) transportar os íons de ferro e magnésio nos tecidos Seção Enem
vegetais.
01. B
E) funcionar como mantenedora do metabolismo nos
organismos vivos. 02. D

8 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA A 02
Composição química dos seres vivos:
aminoácidos, proteínas e enzimas

lli
AMINOÁCIDOS • Aminoácidos naturais (não essenciais, dispensáveis)
são aqueles que o organismo animal consegue
Aminoácidos são compostos orgânicos que possuem em fabricar em seu próprio corpo.

ou
suas moléculas os grupamentos amino (—NH2) e ácido
• Aminoácidos essenciais (indispensáveis) são
carboxila (—COOH).
aqueles que o animal não consegue sintetizar em seu
Grupamento H H próprio corpo e que, portanto, devem ser obtidos por
amino (–NH2) meio da alimentação.
N
O Grupamento Classificar um aminoácido como natural ou essencial
carboxila
R C C depende da espécie de animal, uma vez que um mesmo
(–COOH)
O tipo de aminoácido pode ser natural para uma espécie e
H

Fórmula geral dos aminoácidos – Observe que a molécula do


aminoácido tem um átomo central de carbono (C) ao qual
se ligam um grupo amino (—NH2), um grupo ácido carboxila
(—COOH), um hidrogênio (H) e uma cadeia lateral (R).
H

rn essencial para outra.

A tabela a seguir relaciona os aminoácidos naturais e


essenciais para um indivíduo adulto da espécie humana.

Espécie humana
Be
A diferença entre os diversos tipos de aminoácidos está
na cadeia lateral, genericamente conhecida como radical, Aminoácidos naturais Aminoácidos essenciais
destacada nos exemplos a seguir:
Ácido aspártico (Asp)
Aminoácido alanina (Ala) Aminoácido glicina (Gli)
Ácido glutâmico (Glu)
H H H H
Alanina (Ala) Fenilalanina (Phe)
N N
H
O O
Arginina (Arg) Isoleucina (Ile)
H C C C H C C
O H O H Asparagina (Asn) Leucina (Leu)
H H H
eu

Cisteína (Cys) Lisina (Lys)

Aminoácido ácido aspártico (Asp) Glutamina (Gin) Metionina (Met)

H H Glicina (Gly) Treonina (Thr)

N Histidina (His) Triptofano (Trp)


H
O O
C C C C Prolina (Pro) Valina (Val)
H O O H Serina (Ser)
H H
M

Tirosina (Tyr)
Plantas e animais necessitam de diferentes tipos de
aminoácidos para seu crescimento, seu desenvolvimento e
sua sobrevivência. As plantas são capazes de fabricar em Observação: A histidina é um aminoácido essencial apenas
suas células e tecidos todos os tipos de aminoácidos de que na infância, sendo que mais tarde passa a ser sintetizada em
necessitam. Os animais, por sua vez, conseguem fabricar no nosso organismo.
corpo apenas alguns tipos de aminoácidos. Os aminoácidos
que os animais não conseguem sintetizar no próprio
organismo precisam ser obtidos por meio da alimentação. Alimentos ricos em proteínas são importantes fontes
Assim, nos animais, os aminoácidos podem ser classificados de aminoácidos para o nosso organismo, notadamente de
em naturais e em essenciais. aminoácidos essenciais.

Bernoulli Sistema de Ensino 9


Frente A Módulo 02

Carnes, ovos, leite e derivados, leguminosas, como a soja, tripeptídeos, tetrapeptídeos, etc. Os termos oligopeptídeos
o feijão, a ervilha e outras são alimentos ricos em proteínas. (do grego oligo, pouco) e polipeptídeos (do grego poli, muito)
Ao serem ingeridas, as proteínas são digeridas, isto é, também são usados para se referir às moléculas peptídicas
são “quebradas”, até serem convertidas em aminoácidos, resultantes, respectivamente, da união de poucos e de
que serão, então, absorvidos e distribuídos pela corrente muitos aminoácidos. Nesses compostos, os aminoácidos
sanguínea para as células dos diversos tecidos do nosso corpo. se mantêm unidos uns aos outros por meio de uma ligação
No interior das células, esses aminoácidos serão utilizados pelos química covalente denominada ligação peptídica.
ribossomos na síntese de novas moléculas proteicas, podendo, A ligação peptídica se faz entre o carbono do grupo ácido
ainda, no caso do fígado, ser utilizados na fabricação de outros carboxila de um dos aminoácidos com o nitrogênio do grupo

lli
aminoácidos por meio das reações de transaminação. amina do outro aminoácido. Para que se forme uma ligação
As proteínas que fornecem todos os aminoácidos desse tipo, o grupo carboxila de um dos aminoácidos perde
essenciais em boa quantidade são chamadas de proteínas o seu grupamento hidroxila (—OH), enquanto o grupo amina
completas, e aquelas que não fornecem todos os aminoácidos do outro aminoácido perde um de seus hidrogênios (H).
essenciais de que necessitamos são denominadas proteínas

ou
A hidroxila e o hidrogênio liberados reagem entre si
incompletas. formando água (H2O). Assim, toda vez que se forma uma
Os aminoácidos podem ligar-se uns aos outros ligação peptídica, há também a formação de uma molécula
formando compostos mais complexos. Dependendo do de água. Trata-se, portanto, de um exemplo de síntese por
número de aminoácidos que se uniram para formá-los, desidratação, uma vez que a água é um dos produtos da
esses compostos podem ser chamados de dipeptídeos, reação. Veja os exemplos adiante.

R1
H
N

C
H
H

C
O

O H
R1
H H
N

C
rn
Aminoácido 1

C
O
Grupamento amino-terminal

R1
H
N
C
H

C
O
Ligação
peptídica
Be
Aminoácido 1 O H H
H H
H H N
H H O
N R1 C C
N H2O O
O O H
R2 C C H
R2 C C O H
O H H Grupamento
H ácido-terminal
Aminoácido 2
Aminoácido 2
Dipeptídeo

2 Aminoácido 1 H H
H H Ligação
H2O N
eu

N O peptídica
O R1 C C
R1 C C H
O H H Ligação
H N
H H O peptídica
H2O R2 C C
N H
O
R2 C C H
N
O H O
M

H H H R3 C C
Aminoácido 2 O H
N H
O
R3 C C
O H
H
Aminoácido 3 Tripeptídeo

Observe nas figuras 1 e 2 que, após a união dos aminoácidos, o peptídeo resultante continua tendo em sua molécula os grupamentos
carboxila (—COOH) e amino (—NH2), localizados em suas extremidades e, por isso, passam a ser chamados de grupamentos
ácido-terminal e amino-terminal.

10 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: aminoácidos, proteínas e enzimas

PROTEÍNAS • Estrutura terciária da proteína – É resultante da


atração entre radicais de aminoácidos localizados em
Proteínas (do grego proteios, primeiro, fundamental) são regiões distantes da molécula, levando ao dobramento
polipeptídeos resultantes da união de dezenas ou centenas de da estrutura secundária (alfa-hélices e folhas-beta) sobre
aminoácidos. O critério para caracterizar um polipeptídeo como si mesma, dando à molécula um aspecto mais globular.
uma proteína é variável, segundo diversos autores. Muitos
α
consideram que todo polipeptídeo resultante da união de pelo
menos 70 aminoácidos é também uma proteína. Outros preferem
considerar proteínas os polipeptídeos com peso molecular a
partir de 6 000 dáltons (1 dálton é igual à massa de um átomo

lli
de hidrogênio). Embora existam controvérsias, pode-se concluir
que toda proteína é um polipeptídeo, mas nem todo polipeptídeo
é uma proteína. Pode-se dizer também que as proteínas são β
polímeros de aminoácidos. Polímeros são macromoléculas Estrutura secundária Estrutura terciária

ou
formadas pela união de muitas unidades menores e semelhantes,

BIOLOGIA
chamadas genericamente de monômeros. No caso das proteínas, • Estrutura quaternária da proteína – É a união
os monômeros são os aminoácidos. de duas ou mais cadeias polipeptídicas, iguais ou
As proteínas são formadas por apenas 20 tipos diferentes de diferentes, formando uma única molécula proteica.
aminoácidos. Em algumas, além dos aminoácidos, encontra-se Por exemplo: a molécula de hemoglobina humana é
um outro constituinte, chamado genericamente de grupo constituída por quatro cadeias polipeptídicas (α1, α2,
prostético. O grupo prostético pode ser um carboidrato, um β1 e β2) unidas entre si pelos grupos heme. As duas
lipídio, um ácido nucleico, um mineral, etc. Assim, pode-se cadeias alfa são idênticas entre si, assim como as

proteínas conjugadas.

• rn
classificar as proteínas em dois grupos: proteínas simples e

Proteínas simples são aquelas constituídas apenas


de aminoácidos. É o caso, por exemplo, da queratina,
proteína encontrada na pele, nos cabelos, nas unhas,
nos cascos e nos chifres de animais e que exerce
α1
duas beta também são idênticas entre si. As quatro
cadeias estão unidas pelos grupos heme que possuem
Fe2+ em sua estrutura.

Cadeia alfa
Heme
β1
Cadeia beta
Be
importante papel na impermeabilização dessas estruturas.

• Proteínas conjugadas (complexas) são aquelas


que contêm outras substâncias além de aminoácidos. β2 α2
A porção constituída de aminoácidos de uma proteína Cadeia beta Cadeia alfa
conjugada é chamada de apoproteína, e a parte
constituída por outras substâncias é chamada de Hemoglobina humana – Das quatro cadeias constituintes da
grupo prostético. A hemoglobina, encontrada no molécula de hemoglobina humana, duas são chamadas cadeias
sangue de muitos animais, é um exemplo de proteína alfa (α1 e α2) e duas, cadeias beta (β1 e β2).
conjugada que tem como grupo prostético o pigmento
heme, no qual há íons de ferro. Altas temperaturas, alterações bruscas do pH e altas
concentrações de certos compostos químicos (ureia, por
eu

A molécula proteica pode ser formada por uma ou por mais exemplo) podem modificar a configuração espacial das
cadeias polipeptídicas, podendo apresentar as seguintes proteínas, fazendo com que suas moléculas se desenrolem e
estruturas: alterem sua configuração nativa (configuração tridimensional
original da molécula). Essa modificação da configuração nativa
• Estrutura primária da proteína – É a sequência linear de uma proteína é denominada desnaturação.
de seus aminoácidos, sendo muito importante para a
função que a proteína irá desempenhar. Essa sequência
de aminoácidos é determinada geneticamente.
M

A estrutura primária de uma proteína é mantida por


ligações peptídicas, no entanto, as moléculas de
proteínas não são como fios esticados, arranjando-se
em uma configuração tridimensional estável.
Configuração Proteína em
• Estrutura secundária da proteína – Pode ter espacial da processo de Proteína
duas formas básicas: a alfa-hélice (com configuração proteína desnaturação desnaturada
helicoidal) e a folha-beta (pequenos segmentos que se
arranjam paralelamente entre si). A estrutura secundária Desnaturação das proteínas – A desnaturação altera as
é mantida por ligações de hidrogênio entre átomos de propriedades da proteína, que deixa de desempenhar sua função
aminoácidos que estão próximos ao longo da cadeia. biológica normal.

Bernoulli Sistema de Ensino 11


Frente A Módulo 02

O processo de desnaturação é, via de regra, irreversível.


Às vezes, entretanto, a desnaturação pode ser reversível,
ENZIMAS
especialmente se foi causada pela ruptura de forças fracas. Enzimas são biocatalisadores, ou seja, substâncias
Nesse caso, se os desnaturantes químicos são removidos, orgânicas que atuam como catalisadores nas reações do
a proteína retorna à sua configuração nativa e à sua função metabolismo.
normal. Fala-se, então, que houve renaturação.
Como qualquer catalisador, as enzimas agem diminuindo
As proteínas sintetizadas no organismo desempenham as a energia de ativação, isto é, a quantidade de energia
seguintes funções: necessária para dar início a uma reação. Desse modo,
os catalisadores aceleram as reações químicas. Assim,

lli
• Estrutural – Muitas proteínas participam da
formação de importantes estruturas no organismo. as reações do metabolismo se tornam mais rápidas
A membrana plasmática, película que reveste e graças à ação das enzimas. Embora certas moléculas de
protege a célula, é um exemplo de estrutura formada RNA, sob certas condições, possam atuar como enzimas
basicamente por lipídios e proteínas. (riboenzimas), a maioria das enzimas é de natureza proteica,

ou
isto é, são proteínas.
• Hormonal – Muitos hormônios (substâncias
reguladoras) são de natureza proteica. É o caso, por Em diversos casos, uma substância de natureza não
exemplo, da proteína insulina (hormônio produzido proteica precisa se ligar à enzima para que esta possa exercer
no pâncreas e que atua no controle da taxa de sua ação catalisadora. Tais substâncias são conhecidas por
glicose no sangue). cofatores ou coenzimas. Os cofatores são íons inorgânicos,
geralmente metálicos, já as coenzimas são moléculas
• Defesa – Um dos mecanismos de defesa do
orgânicas, quase sempre derivadas de uma vitamina.
organismo é realizado por proteínas especiais,


por anticorpos.
Contração muscular – Actina e miosina são
rn
denominadas imunoglobulinas, conhecidas também

proteínas indispensáveis para a ocorrência das


reações de contração muscular.
Os cofatores e as coenzimas são essenciais para o
funcionamento das enzimas. Essas enzimas que precisam dos
cofatores ou das coenzimas são conhecidas como holoenzimas
e a sua parte proteica denomina-se apoenzima.

Holoenzima = Apoenzima + Cofator ou Coenzima


Be
• Coagulação sanguínea – A coagulação sanguínea
é resultado de uma série de reações químicas As enzimas são produzidas no interior das células. Muitas
que culminam com a formação do coágulo, isto é, permanecem no meio intracelular onde exercem sua ação
o endurecimento do sangue. Dessas reações, catalisadora; outras, entretanto, são eliminadas para o meio
participam várias substâncias e, entre elas, algumas extracelular, onde exercerão sua ação. Assim, conforme
são proteínas, como a tromboplastina, a protrombina exerçam sua ação dentro ou fora das células, as enzimas
e o fibrinogênio. podem ser classificadas em endoenzimas ou exoenzimas,
• Impermeabilização de superfícies – A proteção e respectivamente.
a impermeabilização de nossa pele, unhas e pelos, por
exemplo, é feita pela proteína queratina (ceratina). Propriedades
eu

• Transporte de gases respiratórios – O oxigênio (O2)


Uma das propriedades das enzimas é a especificidade,
é transportado dos nossos pulmões para as demais
ou seja, as enzimas são específicas para cada tipo de
partes do organismo pelas moléculas de hemoglobina
substrato. São consideradas “substratos” as substâncias
existentes no interior dos glóbulos vermelhos
sobre as quais agem as enzimas.
(hemácias). Um certo percentual de gás carbônico
(CO2) produzido nos tecidos é transportado até os Veja os exemplos a seguir:
pulmões, a fim de ser eliminado do organismo, também
1. Maltose + Água maltase Glicose + Glicose
M

pela hemoglobina e por algumas proteínas plasmáticas


(proteínas existentes no plasma sanguíneo). Essas
2. lactase
proteínas transportadoras dos gases respiratórios Lactose + Água Glicose + Galactose
(O2 e CO 2) são conhecidas, genericamente, por
pigmentos respiratórios. A hemoglobina, portanto, Na reação 1, representada anteriormente, a enzima maltase,
em presença de água, atua sobre o substrato maltose, acelerando
é um exemplo de pigmento respiratório.
a reação que o converte em duas moléculas de glicose.
• Enzimática – Enzimas são catalisadores orgânicos Já na reação 2, a enzima lactase age sobre o substrato lactose,
que aceleram as reações do metabolismo, isto é, acelerando a reação que o converte em uma molécula de glicose
tornam as reações mais rápidas. A maioria das e outra de galactose. Como são específicas, nem a maltase atua
enzimas é de natureza proteica, isto é, são proteínas. sobre a lactose nem a lactase atua sobre a maltose.

12 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: aminoácidos, proteínas e enzimas

Em uma mesma espécie animal, podem existir certas Mecanismo de ação


enzimas que apresentam formas moleculares ligeiramente
diferentes, que exibem diferenças na atividade, no pH ótimo de O mecanismo de ação das enzimas sobre os seus respectivos
substratos frequentemente é comparado ao modelo da chave-
ação, na mobilidade eletroforética, mas que atuam sobre um
fechadura, ou seja, assim como cada chave se encaixa numa
mesmo substrato e catalisam a mesma reação. Tais enzimas
fechadura específica, cada enzima permite o “encaixe” de um
são conhecidas por isoenzimas. A principal diferença entre elas
substrato específico.
está na intensidade da atividade enzimática.
Enzima Substrato
As enzimas agem in vivo (no interior dos seres vivos) e
in vitro (fora dos seres vivos). Quando ingerimos um pedaço

lli
de carne, por exemplo, as proteínas nele presentes começam
a ser digeridas no estômago por ação da enzima pepsina Sítio ativo
existente no suco gástrico. Se colocarmos um pedaço de
carne no interior de um tubo de ensaio e sobre ele jogarmos

ou
suco gástrico extraído do estômago, a pepsina atuará sobre

BIOLOGIA
as proteínas da carne da mesma maneira.
Complexo
Algumas reações enzimáticas são reversíveis, isto é,
enzima-substrato
podem ocorrer nos dois sentidos. Nesse caso, a mesma
enzima atua como catalisador nos dois sentidos da reação,
obedecendo à equação de Michaelis ou equação geral
das enzimas.
Enzima

E + S ↔ ES ↔ E + P
rn
Equação de Michaelis – E = Enzima; S = Substrato;
ES = Complexo enzima-substrato; P = Produto.

Nomenclatura
Mecanismo de ação das enzimas.
Produtos
Be
O local da molécula enzimática onde o substrato se “encaixa”
A nomenclatura das enzimas, em geral, é feita é denominado sítio ativo ou centro ativo da enzima. Para que
acrescentando-se o sufixo –ase ao radical do substrato. possa ocorrer esse “encaixe”, a configuração molecular do
substrato precisa ser compatível com a configuração do sítio
Substrato Enzima
ativo da enzima. Uma vez ocorrido o “encaixe”, forma-se
o chamado complexo enzima-substrato, que acelera o
Maltose Maltase processo reativo. Ao término da reação, quando os produtos
já estiverem formados, a molécula da enzima se liberta e pode
Lactose Lactase
combinar-se a uma outra molécula de substrato, repetindo-se
Amido Amilase o processo. As enzimas, assim como todos os catalisadores, não
se gastam ou não são consumidas durante a reação. Por isso,
eu

Lipídios Lipases
uma enzima, ao participar de uma reação química, chega ao final
Proteínas Proteases com sua estrutura inalterada, o que permite a ela atuar várias
vezes, desde que seja preenchido o requisito da especificidade.
Pode-se também acrescentar o sufixo –ase ao radical do Durante muito tempo, o modelo da chave-fechadura, que
nome do tipo da reação. admite que o sítio ativo possui um molde rígido semelhante
a uma chave encaixando-se numa fechadura, foi totalmente
Tipos de reação química Enzima aceito. Em 1946, Linus Pauling demonstrou que o modelo chave-
M

-fechadura era inadequado porque a ideia da enzima totalmente


Oxirredução Oxirredutases
complementar ao substrato é energeticamente pouco eficiente.
Desidrogenação Desidrogenases Pauling admitiu que, no início da reação, a enzima não precisa
ser totalmente complementar ao substrato, precisando ser
Descarboxilação Descarboxilases
somente durante o “estado de transição”. Baseando-se na ideia
de Linus Pauling, em 1958, o químico Daniel Koshland propôs o
Algumas enzimas também são conhecidas por nomes modelo do encaixe-induzido, que admite a flexibilidade do sítio
consagrados pelo uso, portanto não obedecem às regras ativo, ou seja, o sítio ativo pode sofrer mudanças temporárias
vistas anteriormente. É o caso, por exemplo, da amilase de conformação para encaixar-se totalmente ao substrato.
salivar (enzima presente na saliva e que atua sobre o Desse modo, a enzima, durante a reação, pode mudar de forma
substrato amido), que também é conhecida como ptialina. temporariamente, voltando depois à sua estrutura original.

Bernoulli Sistema de Ensino 13


Frente A Módulo 02

Influência da temperatura, pH e Quando a temperatura baixa volta às condições normais,


a enzima também retorna às suas atividades catalisadoras
concentração do substrato normais.

Cada enzima só funciona dentro de uma determinada faixa As enzimas também sofrem influência do pH do meio em que
de temperatura e, dentro dessa faixa de atuação, existe uma está ocorrendo a reação. Cada enzima só funciona dentro de
temperatura “ótima” na qual a atividade catalisadora da enzima uma determinada faixa de pH e, dentro dessa faixa de atuação,
é máxima. A temperatura “ótima” das enzimas não é a mesma existe um pH no qual a sua atividade é máxima: é o chamado
pH “ótimo” da enzima.
para todas as espécies de seres vivos. No caso de certas
espécies de peixes que vivem no Ártico, por exemplo, ela pode

Velocidade da reação
1 – Velocidade máxima
1

lli
ser próxima de 0 °C; em certas bactérias e algas que vivem em 2 – pH ótimo
fontes de águas térmicas, é de cerca de 80 °C. Entretanto, para
a maioria das espécies de seres vivos, a temperatura “ótima”
das enzimas fica na faixa de 37 °C a 40 °C. Na espécie humana,
por exemplo, é de, aproximadamente, 37 °C.

ou
1 – Velocidade máxima da reação Valores de pH
Velocidade da reação

2
2 – Temperatura ótima
Influência do pH sobre a velocidade da reação catalisada por
1
uma enzima.

Desde que a quantidade de enzimas no meio se mantenha


constante, sua ação é proporcional à concentração do substrato.
Assim, quanto maior a concentração do substrato, mais
rapidamente se dará a reação, até que se atinja um ponto de

2 Temperatura
Influência da temperatura na velocidade da reação catalisada
por enzima.
Lembre-se de que a maioria das enzimas tem natureza proteica
rn
saturação, a partir do qual, ainda que aumente a concentração
do substrato, a velocidade da reação não mais aumentará.
Nesse ponto de saturação, a velocidade da reação enzimática
atinge um valor máximo.
Velocidade da reação

x
Be
e de que as proteínas, quando submetidas a temperaturas
muito elevadas, sofrem o processo de desnaturação.
Assim, em temperaturas elevadas, uma enzima sofre
desnaturação, perdendo sua capacidade de atuar como
catalisador. A enzima desnaturada pela temperatura elevada
tem sua forma alterada; com isso, o sítio ativo modifica-se, não y Concentração do substrato
permitindo mais a formação do complexo enzima-substrato.
Influência da concentração do substrato na velocidade da reação
Enzima normal catalisada por enzima.
Substrato
Ativadores e inibidores
eu

Sítio ativo Às vezes, as enzimas são produzidas numa forma inativa.


Essas enzimas inativas são chamadas genericamente de
proenzimas ou zimogênios. As proenzimas ainda não têm
participação ativa nas reações químicas, isto é, não são capazes
de agir como catalisadores. Entretanto, podem ser ativadas por
Complexo
outras substâncias, chamadas genericamente de ativadores
enzima-substrato
enzimáticos. Isso ocorre, por exemplo, no nosso estômago,
onde o pepsinogênio (enzima inativa) é ativado pelo HCl (ácido
M

clorídrico) do suco gástrico, transformando-se em pepsina


Enzima desnaturada (enzima ativa). Nesse exemplo, o ativador enzimático é o HCl
do suco gástrico.

Substrato Pepsinogênio (inativo) HC


Pepsina (ativa)
Não forma complexo
enzima-substrato Certas substâncias são capazes de bloquear ou inativar a
ação das enzimas. Tais substâncias são denominadas inibidores
Enquanto temperaturas muito elevadas desnaturam as enzimáticos. O íon cianeto (CN–), por exemplo, tem a capacidade
enzimas, destruindo-as, temperaturas muito baixas apenas de inibir a enzima citocromo-oxidase, que é indispensável às
inativam ou paralisam as suas atividades sem, contudo, reações da respiração celular. Com essa enzima inativada,
destruí-las. as células param de realizar a respiração e morrem.

14 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: aminoácidos, proteínas e enzimas

Quando o inibidor é uma molécula que compete com o


substrato de uma enzima pela fixação no sítio ativo, a inibição
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
é chamada de competitiva ou por competição. Na inibição 01. (UERJ) Um estudante recebeu um quebra-cabeça que
competitiva, o inibidor possui moléculas muito semelhantes às
contém peças numeradas de 1 a 6, representando partes
do substrato e, por isso, tais moléculas também são capazes de
se “encaixar” nos sítios ativos das enzimas, onde normalmente de moléculas.
se “encaixam” as moléculas do substrato. Uma vez que tanto o
substrato como o inibidor podem ligar-se à enzima, diz-se que
eles competem entre si pelo sítio ativo da enzima. A enzima, 1 H 2 3
CH3 O
uma vez ligada ao inibidor, não pode ligar-se ao substrato e, C

lli
consequentemente, não pode catalisar a reação que transforma CH3 CH C H
NH2
o substrato em determinados produtos. Assim, é como se não
existisse a enzima no meio.

ou
4 5 6

BIOLOGIA
CH3 O
C
CH3 CH CH2 NO2 C OH

Para montar a estrutura de uma unidade fundamental de


uma proteína, ele deverá juntar três peças do jogo na

rn seguinte sequência:

A) 1, 5 e 3

B) 1, 5 e 6

C) 4, 2 e 3
Be
D) 4, 2 e 6

02. (Mackenzie-SP) Assinale a alternativa INCORRETA a

Enzima Inibidor Substrato respeito da molécula dada pela fórmula geral a seguir:

Inibição competitiva.
H
A probabilidade de ligações entre a enzima e o substrato ou O
entre a enzima e o inibidor depende da concentração desses R C C
componentes no meio. Se a concentração do substrato for OH
eu

N
maior que a do inibidor, a probabilidade de encontros entre H H
as moléculas das enzimas e as do substrato aumentam,
enquanto as chances de a enzima e o inibidor se ligarem
diminuem. Por outro lado, se a concentração do inibidor A) É capaz de se ligar a outra molécula do mesmo tipo
for maior que a do substrato, a probabilidade de encontros
através de pontes de hidrogênio.
entre enzimas e inibidores maior. Portanto, na inibição
por competição, mantendo-se a quantidade de enzimas
B) Entra na constituição de enzimas.
constante, o grau de inibição depende da concentração do
M

inibidor e da concentração do substrato no meio em que se


C) R representa um radical variável que identifica
realiza a reação.
diferentes tipos moleculares dessa substância.
Muitos inibidores enzimáticos têm grande interesse
para a medicina, uma vez que são usados para combater D) Os vegetais são capazes de produzir todos os tipos
micro-organismos causadores de doenças. O antibiótico
moleculares dessa substância necessários à sua
penicilina, por exemplo, age sobre as bactérias, inibindo
uma importante enzima desses micro-organismos que atua sobrevivência.
na reação responsável pela formação da parede celular da
bactéria. Sem parede celular, os micro-organismos tornam-se E) Essas moléculas são unidas umas às outras nos
muito frágeis, rompem-se com facilidade e morrem. ribossomos.

Bernoulli Sistema de Ensino 15


Frente A Módulo 02

03. (UnB-DF) Em diversas circunstâncias, ocorre produção de


água oxigenada (H2O2) em nosso organismo. Na presença
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
de íons Fe2+, a água dá origem a um radical livre que 01. (UFV-MG) O gráfico a seguir representa o perfil básico da
ocasiona mutações no DNA. Nesse processo, a enzima reação bioquímica de uma catálise enzimática.
catalase é importante, pois catalisa a produção de H2O e O2
a partir de H2O2. Para a verificação desse fato, realizou-se
um experimento constituído de vários testes, nos quais, II
em tubos de ensaio contendo H2O2, acrescentaram-se
diferentes materiais, conforme especificado na tabela III
adiante medindo-se a quantidade de O2 liberada.

lli
I

IV

Energia
Material Quantidade de O2
N. do teste
acrescentado liberada (+) V

ou
Curso da reação
I − −
Observe o gráfico e assinale a afirmativa INCORRETA.
A) II representa o estado de transição, com o máximo de
II Solução de catalase +++ energia.
B) III representa a energia de ativação para desencadear a
1 g de fígado reação.
III ++
bovino triturado C) V pode ser um produto final da reação enzimática.

IV

V
2 g de fígado
bovino triturado

3 g de fígado
bovino triturado
+++++

+++++
rn 02.
D) IV representa a diferença de energia entre a enzima e o
produto.
E) I pode ser representado pelos substratos da catálise.

(FMJ-SP–2014) Fundamentais para regular o metabolismo


celular, as enzimas são sintetizadas a partir da ação dos genes.
Be
É CORRETO afirmar que as enzimas
Um pedaço de
VI − A) sofrem desnaturação em temperatura elevada, fenômeno
fígado bovino cozido
que resulta em moléculas mais eficazes na sua atividade de
reação.
Com base no experimento apresentado, JULGUE os
B) são inespecíficas aos substratos, nos quais reagem em sítios
seguintes itens.
de ligação e, após a reação, os produtos são liberados para
00. O experimento evidencia a existência da catalase do uso da célula.
fígado.
C) aumentam a energia de ativação necessária para a
01. Os testes mostraram que a liberação de O2 é diretamente ocorrência de uma reação química, facilitando a obtenção
proporcional à concentração da enzima. de substâncias úteis à célula.
eu

02. No teste VI, não ocorre liberação de O2 porque o calor D) aumentam a velocidade das reações químicas sem a
desnatura e, consequentemente, inativa as enzimas. necessidade de elevar a temperatura porque diminuem a
03. Testes de III e VI podem ser considerados como sendo energia de ativação.
os testes realizados para o controle do experimento. E) têm atividade controlada pela temperatura do meio,
independentemente das concentrações de substrato e do
04. A liberação de O2 cessa após um curto período de tempo
pH existentes.
por ocorrer consumo de enzima durante a reação.

03. (UECE–2015) A Astrobiologia, uma ciência moderna que trata


04. (PUC Rio–2014) Na preparação do meio de cultura para
M

de investigar a existência de moléculas orgânicas em outros


células animais, o técnico de um determinado laboratório
planetas, asteroides e meteoros, aponta em pesquisas recentes
esqueceu-se de adicionar o suprimento de aminoácidos.
a “importação” de aminoácidos por meteoritos que caíram na
Que moléculas terão sua formação imediatamente Terra. Tais moléculas são de grande relevância para o estudo da
prejudicada? vida, pois são
A) Lipídeos A) os monômeros dos ácidos nucleicos.
B) Glicídeos B) os monômeros construtores de proteínas.
C) Nucleotídeos C) moléculas básicas para a atividade da maioria das enzimas.
D) Proteínas D) coenzimas de importante relevância no processo de síntese
E) Ácidos nucleicos proteica.

16 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: aminoácidos, proteínas e enzimas

04. (UEG-GO–2013) As enzimas são moléculas de proteínas II


I
que funcionam como efetivos catalisadores biológicos. v v
A sua presença nos seres vivos é essencial para viabilizar
as reações químicas, as quais, em sua ausência, seriam 0,002
2 000
extremamente lentas ou até mesmo não ocorreriam. 0,0015
1 500
Considerando-se a propriedades desses biocatalisadores, 0,001
1 000
constata-se o seguinte:
500 0,0005
A) A mioglobina presente nos músculos é um exemplo
de enzima. 30 32 34 36 38 40 (°C) 30 32 34 36 38 40 (°C)

lli
B) As enzimas aumentam a energia de ativação de uma
v = velocidade de formação do produto C em mg/hora.
reação química.
Com base nos gráficos, responda:
C) Com o aumento da temperatura, a atividade catalítica
atinge um ponto máximo e depois diminui. A) Em que grupo de substâncias pode ser classificado o
polipeptídeo E?

ou
D) Essas moléculas alteram a posição de equilíbrio das

BIOLOGIA
B) DÊ duas justificativas para a sua classificação.
reações químicas.

08. (UECE–2015) As proteínas observadas na natureza


05. (Mackenzie-SP) A respeito do mecanismo de ação das
evoluíram pela pressão seletiva para efetuar funções
enzimas, assinale a alternativa INCORRETA.
específicas, e suas propriedades funcionais dependem da
A) As enzimas apresentam alta especificidade com sua estrutura tridimensional. Sobre essas biomoléculas,
relação ao seu substrato. é CORRETO afirmar que

rn
B) O mecanismo de funcionamento dessas substâncias
se baseia na redução da quantidade de energia
necessária para que uma reação ocorra.
C) Durante uma reação, as enzimas não são gastas,
sendo chamadas, então, de catalisadoras.
D) As enzimas participam apenas das reações de quebra
A) a estrutura tridimensional das proteínas surge porque
sequências de aminoácidos em cadeias polipeptídicas
se enovelam a partir de uma cadeia enovelada em
domínios compactos com estruturas tridimensionais
específicas.
B) as cadeias polipeptídicas das proteínas são normalmente
compostas por 20 aminoácidos diferentes que são
Be
de outras substâncias. ligados não covalentemente durante o processo de
síntese pela formação de uma ligação peptídica.
E) Cada enzima tem o seu pH ótimo, sendo que num
C) as interações que governam o enovelamento e
mesmo organismo pode haver enzimas com valores
a estabilidade das proteínas são: interações não
diferentes de pH ótimo. covalentes, forças eletrostáticas, interações de Van de
Waals, pontes de hidrogênio e interações hidrofóbicas.
06. (UESPI) O funcionamento dos organismos vivos D) os 20 aminoácidos que compõem proteínas possuem
depende de enzimas, as quais são essenciais às reações em comum somente o carbono alfa e o grupamento
metabólicas celulares. Essas moléculas amino (NH2).
A) possuem cadeias nucleotídicas com dobramentos
tridimensionais que reconhecem o substrato numa
SEÇÃO ENEM
eu

reação do tipo chave-fechadura.


B) diminuem a energia de ativação necessária à
01. (Enem–2014) Na década de 1940, na Região Centro-
conversão dos reagentes em produtos.
-Oeste, produtores rurais, cujos bois, porcos, aves e
C) aumentam a velocidade das reações químicas quando cabras estavam morrendo por uma peste desconhecida,
submetidas a pH maior que 8,0 e menor que 6,0. fizeram uma promessa, que consistiu em não comer
D) são desnaturadas em temperaturas próximas de 0 °C, carne e derivados até que a peste fosse debelada. Assim,
durante três meses, arroz, feijão, verduras e legumes
paralisando as reações químicas metabólicas.
M

formaram o prato principal desses produtores.


E) são consumidas em reações metabólicas exotérmicas,
O HOJE, 15 out. 2011 (Adaptação).
mas não alteram o equilíbrio químico.
Para suprir o deficit nutricional a que os produtores
07. (Unicamp-SP) Os dois gráficos a seguir referem-se rurais se submeteram durante o período da promessa,
à velocidade da reação A + B  C + D que ocorre foi importante eles terem consumido alimentos ricos em
em animais de uma mesma espécie, quando suas A) vitaminas A e E.
temperaturas variam. O gráfico número I representa a B) frutose e sacarose.
reação em um indivíduo que, além dos reagentes A e B, C) aminoácidos naturais.
possui o polipeptídeo E, que não ocorre no indivíduo do D) aminoácidos essenciais.
gráfico número II. E) ácidos graxos saturados.

Bernoulli Sistema de Ensino 17


Frente A Módulo 02

02. (Enem–2010) Três dos quatro tipos de testes atualmente A partir das informações contidas no texto e na tabela,
empregados para a detecção de príons patogênicos em conclui-se que
tecidos cerebrais de gado morto são mostrados nas figuras A) os carboidratos contidos no arroz são mais nutritivos
a seguir. Uma vez identificado um animal morto infectado, que os do feijão.
funcionários das agências de saúde pública e fazendeiros
B) o arroz é mais calórico que o feijão por conter maior
podem removê-lo do suprimento alimentar ou rastrear os
quantidade de lipídios.
alimentos infectados que o animal possa ter consumido.
C) as proteínas do arroz têm a mesma composição de
aminoácidos que as do feijão.
Teste I
Amostra D) a combinação de arroz com feijão contém energia e
de tecido Seringa

lli
nutrientes e é pobre em colesterol.
E) duas colheres de arroz e três de feijão são menos
A calóricas que três colheres de arroz e duas de feijão.
Cérebro
bovino
04. (Enem–2007) A tabela a seguir representa, nas diversas
Camundongo B regiões do Brasil, a porcentagem de mães que, em 2005,

ou
(ou outro animal de teste)
amamentavam seus filhos nos primeiros meses de vida.
Teste II Anticorpo que reconhece
o príon patogênico (PrPSC)
Período de aleitamento

A
Região até o 4° mês de 9 meses a
Amostra (em %) 1 ano (em %)
B
Lâmina Norte 85,7 54,8
Microscópio Nordeste 77,7 38,8

Teste III Protease Gel

B
Marcador
específico

rn
para o príon
patogênico
[PrPSC]

Legenda: PrPSC - proteínas do príon


Sudeste
Sul
Centro-Oeste
75,1
73,2
83,9
38,6
37,2
47,8

MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005.

Ao ingerir leite materno, a criança adquire anticorpos


importantes que a defendem de doenças típicas da primeira
Be
SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL, ago. 2004 (Adaptação). infância. Nesse sentido, a tabela mostra que, em 2005,
percentualmente, as crianças brasileiras que estavam mais
Analisando os testes I, II e III, para a detecção de protegidas dessas doenças eram as da região
príons patogênicos, identifique as condições em que os
resultados foram positivos para a presença de príons A)
Norte. C)
Sudeste. E)
Centro-Oeste.
nos três testes: B) Nordeste. D) Sul.
A) Animal A, lâmina B e gel A.
B) Animal A, lâmina A e gel B.
C) Animal B, lâmina A e gel B. GABARITO
D) Animal B, lâmina B e gel A.
E) Animal A, lâmina B e gel B.
Fixação
eu

01. D 03. V F V F F
03. (Enem–2009) Arroz e feijão formam um “par perfeito”,
02. A 04. D
pois fornecem energia, aminoácidos e diversos nutrientes.
O que falta em um deles pode ser encontrado no outro.
Por exemplo, o arroz é pobre no aminoácido lisina, que
Propostos
é encontrado em abundância no feijão, e o aminoácido 01. D 03. B 05. D
metionina é abundante no arroz e pouco encontrado
02. D 04. C 06. B
no feijão. A tabela seguinte apresenta informações
nutricionais desses dois alimentos. 07. A) No grupo das enzimas ou das proteínas catalisadoras.
M

B) O gráfico I mostra que, quando o peptídeo E está


Arroz Feijão
presente, a reação entre A e B para formar C + D ocorre
(1 colher de sopa) (1 colher de sopa)
com uma maior velocidade do que em sua ausência,
Calorias 41 Kcal 58 Kcal como mostra o gráfico II. Isso indica que o polipeptídeo
Carboidratos 8,07 g 10,6 g em questão atua como catalisador da reação.
Proteínas 0,58 g 3,53 g 08. C
Lipídios 0,73 g 0,18 g
Colesterol 0g 0g Seção Enem
01. D 03. D
SILVA, R. S. Arroz e feijão, um par perfeito.
Disponível em: <http://www.comepar.com.br>. 02. C 04. A

18 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA A 03
Composição química dos seres vivos:
lipídios e carboidratos

lli
ou
LIPÍDIOS
Ao contrário da maioria dos compostos orgânicos, os lipídios, lipídeos ou lípides são insolúveis em água. Por outro lado,
são solúveis em solventes orgânicos, como álcool, éter, clorofórmio, etc.

Podem ser subdivididos em: lipídios simples, lipídios complexos, esterídeos e carotenoides.

Lipídios simples
rn
Compostos resultantes da associação de ácidos graxos com álcoois. Do ponto de vista químico, os compostos resultantes
da associação de ácidos orgânicos com álcoois são classificados como ésteres. Assim, pode-se dizer que os lipídios simples
são ésteres que resultam da associação de ácidos graxos (que são ácidos orgânicos) com álcoois.
Be
Ácido orgânico + Álcool → Éster + Água

Os ácidos orgânicos que participam da formação dos lipídios simples são chamados genericamente de ácidos graxos.
Esses ácidos têm moléculas constituídas por longas cadeias abertas de átomos de carbono ligados a hidrogênios as quais
possuem, em uma de suas extremidades, o grupamento ácido carboxila (—COOH). Podem ser saturados ou insaturados,
conforme a cadeia carbônica seja saturada ou insaturada. Veja exemplos no esquema a seguir:
eu

O
C C H 2 C H 2 C H2 C H2 C H2 C H2 C H2 C H C H C H2 C H C H C H2 C H2 C H2 C H2 C H3
HO
Ácido linoleico

O
C C H 2 C H 2 C H2 C H2 C H2 C H2 C H2 C H 2 C H 2 C H2 C H2 C H2 C H2 C H2 C H3
HO
Ácido palmítico
M

Ácidos graxos – O ácido linoleico é um exemplo de ácido graxo insaturado, e o ácido palmítico é saturado.

Os ácidos graxos podem ser naturais (produzidos no próprio organismo) e essenciais (obtidos pela dieta). Entre os
essenciais, há um grupo de ácidos graxos conhecidos como ômegas (ômega 3, ômega 6) que ajudam a diminuir os níveis
do mau colesterol (LDL) e aumentar o do bom colesterol (HDL). Óleos vegetais (linhaça, canola, girassol) e peixes de água
fria (atum, sardinha, salmão) são exemplos de alimentos ricos nesses ácidos graxos.

Os lipídios simples estão distribuídos em dois grupos: glicerídeos e cerídeos.

Bernoulli Sistema de Ensino 19


Frente A Módulo 03

A) Glicerídeos (glicerídios, glicérides) – Resultam da associação de ácidos graxos com o álcool glicerol (glicerina).
Conforme a molécula do glicerol se liga a uma, duas ou três moléculas de ácidos graxos, os glicérides podem
ser classificados em monoglicérides (monoglicerídeos), diglicérides (diglicerídeos) e triglicérides (triglicerídeos).
Os monoglicérides resultam da união de uma molécula de ácido graxo com uma de glicerol; os diglicérides são resultantes
da união de duas moléculas de ácidos graxos com uma de glicerol; e os triglicérides vêm da união de três moléculas
de ácidos graxos com uma de glicerol. É bom ressaltar que, toda vez que uma molécula de ácido graxo se liga ao
glicerol, também há a formação de uma molécula de água. O esquema a seguir mostra a formação de um triglicéride.

H H H H H H H H
O
H H H H H H H H H H
O C C C C C C C C C H

lli
H C O H C C C C C C C C C H H C O
H H H H H H H H
H O
H H H H H H H H H H H H H H H H
O
H H H H H H H H C H
O C C C C C C C C
H C O H C C C C C C C C C H H C O + 3 H2O
H H H H H H H H
H O

ou
H H H H H H H H H H H H H H H H
O
H H H H H H H H C C C C C C C C C H
O H O
H C H C O
C C C C C C C C C H H H H H H H H H
H H O
H H H H H H H H H

Glicerol Três ácidos graxos Triglicerídeo

rn
Formação de um triglicéride – Observe que para se estabelecer a ligação entre o glicerol e o ácido graxo, o glicerol perde o hidrogênio
do grupo hidroxila (—OH) e o ácido graxo perde a hidroxila (—OH). Esse hidrogênio e a hidroxila liberados combinam-se entre si,
formando uma molécula de água. Assim, da reação entre uma molécula de glicerol com três moléculas de ácidos graxos, formam-se
três moléculas de água e uma de triglicerídeo (triacilglicerídeo, triacilglicerol).

Glicerídeos saturados (sem duplas ligações na cadeia


carbônica) são sólidos à temperatura ambiente e
Be
constituem as gorduras (banha de porco, gordura
Pelo
de coco, etc.). Já os glicerídeos insaturados são
Glândulas sebáceas
líquidos e constituem os óleos (de soja, de amendoim,
de milho, de fígado de bacalhau, etc.).

Os óleos e as gorduras, muito utilizados em nossa Epiderme


alimentação, são importantes porque atuam como
material de reserva energética e são a segunda fonte
de energia para o organismo (lembre-se de que,
em condições normais, a primeira fonte de energia Derme
são os carboidratos). Os óleos são armazenados em
eu

muitas sementes, frutos e fígado de alguns animais.


As gorduras são reservas energéticas, principalmente
Glândulas
dos animais. Em muitos animais, inclusive no sudoríparas
homem, existem células, denominadas adipócitos,
Hipoderme
especializadas em armazenar gordura. Tais células
são encontradas em maior quantidade no tecido
adiposo da tela subcutânea (hipoderme), localizada
logo abaixo da derme. As gorduras aí armazenadas, Adipócito
M

além de constituírem uma importante reserva


energética, exercem outras funções como proteção Corte esquemático da pele humana – A pele é formada por
mecânica para os órgãos internos, especialmente os duas camadas: epiderme e derme. A epiderme é constituída
ossos, uma vez que funcionam como amortecedores por tecido epitelial de revestimento estratificado pavimentoso
dos impactos ou choques mecânicos. Outra função queratinizado. Nas camadas mais profundas da epiderme,
também desempenhada por essas gorduras é a de encontramos os melanócitos, células responsáveis pela síntese
da melanina, substância que protege a nossa pele dos efeitos
isolante térmico. Por serem maus condutores de
nocivos da radiação ultravioleta do Sol. A derme é constituída
calor, os lipídios impedem a perda excessiva de calor principalmente por tecido conjuntivo propriamente dito. Abaixo
através da pele e, assim, ajudam na manutenção da da derme, fica a tela subcutânea (panículo adiposo, hipoderme),
temperatura corporal. constituída por tecido conjuntivo adiposo.

20 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: lipídios e carboidratos

É bom lembrarmos, entretanto, que o excesso de 17


12
triglicérides (gordura) na nossa corrente sanguínea 13 16
11
é prejudicial ao organismo, uma vez que aumenta a
probabilidade de formação de ateromas (placas de 1 14
10 9 15
gordura nas paredes das artérias) e, consequentemente, 2 8
o risco de ocorrência de doenças cardiovasculares.
Quando em altas taxas na corrente sanguínea, 3 7
5
os triglicérides depositam-se sobre as paredes 4 6
das artérias que, então, tornam-se mais estreitas,
Ciclopentanoperidrofenantreno – Os esteroides contêm uma

lli
dificultando a passagem do sangue, podendo causar cadeia lateral de 8 a 10 carbonos na posição 17 e um grupo
hipertensão (aumento da pressão arterial) e podendo, hidroxila na posição 3.
também, aumentar a probabilidade de ocorrência de
doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio. No grupo dos esteroides, encontramos o colesterol e seus
derivados.

ou
B) Cerídeos (cérides) – São lipídios simples que

BIOLOGIA
resultam da associação de ácidos graxos com álcool
de cadeia aberta diferente do glicerol, como o álcool
cetílico (C16H33OH). O álcool que participa da formação
dos cerídeos sempre possui uma cadeia carbônica
maior do que a do glicerol, ou seja, são álcoois de HO
cadeias longas.
Colesterol – O colesterol entra na constituição da membrana

rn
Os cerídeos estão representados pelas ceras de origem
animal e vegetal e têm importante papel na proteção
e na impermeabilização de superfícies sujeitas a
desidratação. Em muitas espécies de vegetais, como
na carnaubeira, há uma camada de cera sobre a
epiderme das folhas que impede a perda excessiva de
celular das células animais e também é usado como matéria-
-prima para a produção de vários derivados, como a testosterona
(hormônio sexual masculino), o estrógeno (hormônio sexual
feminino), a progesterona (hormônio sexual feminino) e os
corticoides (hormônios produzidos pelo córtex das glândulas
suprarrenais).
Be
água através da transpiração foliar. As ceras também
servem como matéria-prima para a construção das O colesterol é uma substância útil ao organismo, sendo,
inclusive, produzido pelo nosso fígado (colesterol endógeno)
moradias dos animais que as fabricam. É o caso, por
e utilizado na produção dos sais biliares.
exemplo, das colmeias das abelhas, cuja base da
construção das celas (compartimentos internos) são Entretanto, quando presente em altas taxas, pode trazer
as ceras. O cerúmen produzido pelos nossos ouvidos, más consequências. Uma delas é a sua deposição nas paredes
que tem função protetora contra a entrada de corpos dos vasos sanguíneos, que, então, se tornam mais estreitos,
dificultando a passagem do sangue, com consequente
estranhos, também pertence ao grupo dos cerídeos.
hipertensão (pressão alta) e aumento da probabilidade de
ocorrência de doenças cardiovasculares, como a trombose e
Lipídios complexos (compostos) o enfarte.
eu

São formados pela associação de ácidos graxos, álcool No sangue, o colesterol associa-se a outros lipídios
e um outro composto de natureza química diferente. e proteínas, formando os glóbulos ou corpúsculos de
Assim, enquanto nas moléculas dos lipídios simples lipoproteínas, conhecidos por HDL (High-Density Lipoproteins)
só existem átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio, e LDL (Low-Density Lipoproteins). Tais  corpúsculos têm
diferentes tamanhos e densidades. O HDL (lipoproteínas de
nos lipídios complexos, além desses três elementos químicos,
alta densidade) tem cerca de 20% de colesterol, e o LDL
encontramos outros, como o nitrogênio ou o fósforo.
(lipoproteínas de baixa densidade) tem cerca de 45%. Além
Um bom exemplo de lipídios complexos são os fosfolipídios
M

de ter um menor percentual de colesterol em sua constituição,


(também chamados de fosfatídeos), que resultam da
o HDL ajuda a transportar outros tipos de lipídios para o fígado,
associação de ácidos graxos, álcool e radicais fosfatos (PO43–).
onde tais compostos são metabolizados, diminuindo, assim,
Os fosfolipídios são encontrados na estrutura da membrana a taxa de lipídios na corrente sanguínea, inclusive a do LDL.
plasmática das células. Por isso, costuma-se também chamar o HDL de “bom
colesterol”, e o LDL ser conhecido como o “mau colesterol”.
Esterídeos (esteroides) Assim, uma alta concentração de HDL e uma baixa
concentração de LDL significam menores riscos de doenças
Têm uma estrutura bastante diferente dos lipídios simples cardiovasculares, como o enfarte; ao contrário, uma alta
e complexos, uma vez que apresentam em suas moléculas concentração de LDL e baixa de HDL constituem riscos
o núcleo ciclopentanoperidrofenantreno. maiores de ocorrência de doenças cardiovasculares.

Bernoulli Sistema de Ensino 21


Frente A Módulo 03

Os níveis mais ou menos elevados de colesterol no sangue Veja a tabela a seguir:


dependem de vários fatores e não apenas da alimentação
com maior ou menor taxa desse lipídio. Fatores metabólicos Monossacarídeos Fórmula geral
individuais e mesmo genéticos também interferem na taxa Trioses C3H6O3
dessa substância no organismo. A alta taxa de colesterol, Tetroses C4H8O4
associada ao sedentarismo, ao estresse e ao tabagismo,
Pentoses C5H10O5
aumenta ainda mais a probabilidade de ocorrência de doenças
cardiovasculares. Exames clínicos periódicos são muito Hexoses C6H12O6
importantes para as pessoas, principalmente para aquelas Heptoses C7H14O7

lli
que têm maior tendência de possuir taxas mais elevadas de
colesterol e triglicérides no sangue. Indivíduos que apresentam
taxas de colesterol e triglicérides acima do considerado normal Entre os monossacarídeos de maior importância para os
devem procurar fazer uso de uma dieta pobre em lipídios e seres vivos, estão as pentoses e as hexoses. As pentoses,
praticar exercícios físicos regulares, com a devida orientação porque entram na constituição dos ácidos nucleicos (RNA e

ou
médica, para ajudar a diminuir a taxa dessas substâncias na
DNA) e do ATP; e as hexoses, porque exercem um importante
corrente sanguínea e, consequentemente, diminuir os riscos
papel energético.
de doenças cardiovasculares.
Entre as pentoses, destacam-se a ribose (C5H10O5) e a
Carotenoides desoxirribose (C5H10O4).
São lipídios pigmentados (coloridos), vermelhos ou amarelos,
de consistência oleosa. Estão presentes nas células vegetais, Ribose H Desoxirribose
H

rn
onde têm papel importante no processo da fotossíntese.
São também importantes para muitos animais. Um bom
exemplo é o caroteno, carotenoide amarelo-alaranjado
abundante na cenoura, que, quando ingerido por animais,
converte-se em vitamina A na mucosa intestinal e no fígado.
A vitamina A tem várias funções biológicas. Uma delas é
participar da formação da rodopsina, um pigmento que
H C
C
H
OH

H
C
O

H
C
OH
C
H
H C
C
H
OH

H
C
O

H
C
OH
C
H
Be
aumenta a sensibilidade da retina à luz, permitindo uma melhor OH OH OH H
visão em ambientes pouco iluminados.
Pentoses – A ribose entra na constituição do RNA (ácido

CARBOIDRATOS ribonucleico) e do ATP (adenosina trifosfato) e a desoxirribose,


na constituição do DNA (ácido desoxirribonucleico).
Carboidratos são compostos orgânicos também conhecidos
por hidratos de carbono, glúcides, glucídios, glícides, glicídios Entre as hexoses, destacam-se a glicose, a frutose e a
ou açúcares. galactose. Todas elas têm importante função energética.

As moléculas desses compostos orgânicos normalmente


eu

Glicose Galactose Frutose


possuem átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. H
O H O H
Em alguns deles, encontra-se também o nitrogênio. De acordo
C C H C OH
com a complexidade de suas moléculas, os carboidratos podem
ser classificados em monossacarídeos, oligossacarídeos e H C OH H C OH C O
polissacarídeos. HO C H HO C H HO C H

H C OH HO C H H C OH
Monossacarídeos (Monossacárides) H C OH H C OH H C OH
M

São os carboidratos mais simples. Suas moléculas não H C OH H C OH H C OH


precisam sofrer hidrólise para serem absorvidas pelas H H H
células. Nelas há um pequeno número de átomos de carbono.
Com algumas exceções, obedecem à seguinte fórmula geral: Hexoses – Observe que as três têm a mesma fórmula molecular
(C6H12O6 ), diferindo entre si pela fórmula estrutural.
CnH2nOn = Cn(H2O)n, em que n pode variar de 3 a 7.

Conforme o número de átomos de carbono presente nas As hexoses, especialmente a glicose, são utilizadas para
moléculas, os monossacarídeos podem ser subdivididos em a obtenção de energia por meio das reações químicas da
trioses, tetroses, pentoses, hexoses e heptoses. respiração celular.

22 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: lipídios e carboidratos

A maltose resulta da união de duas unidades de glicose.


É encontrada em alguns vegetais (cevada, por exemplo) e
Calor também provém da digestão (“quebra”) do amido que ocorre
no tubo digestório de muitos animais.

C6H12O6 + C6H12O6 C12H22O11 + H2O


Glicose Respiração celular Energia
Glicose Glicose Maltose

A maltose tem importante papel energético, uma vez


ATP que sua hidrólise no tubo digestório dos animais fornece

lli
moléculas de glicose, que, então, são absorvidas e utilizadas
Atividades celulares como fonte de energia.
maltase
Obtenção de energia a partir da glicose – Ao serem degradadas
Maltose + Água Glicose + Glicose

ou
(“quebradas”) durante as reações da respiração celular, A sacarose, dissacarídeo que resulta da união de uma

BIOLOGIA
liberam energia. Parte dessa energia irradia-se para o meio molécula de glicose com uma de frutose, é abundante em
sob a forma de calor e parte é transferida para as moléculas muitos vegetais (cana-de-açúcar, beterraba, etc.) e também
de ATP, nas quais fica armazenada até ser utilizada numa tem papel energético. Sua hidrólise no tubo digestório
atividade celular. dos animais, em presença da enzima sucrase (invertase,
sacarase), fornece as hexoses glicose e frutose, que são
Oligossacarídeos (Oligossacárides) absorvidas e utilizadas como fonte de energia. Veja os
esquemas a seguir:

rn
São carboidratos resultantes da união de poucos (2 a 10)
monossacarídeos iguais ou diferentes. Conforme o número de
monossacarídeos que se ligam, podem ser classificados em
dissacarídeos (união de dois monossacarídeos), trissacarídeos
(união de três monossacarídeos) e assim por diante. A união
entre moléculas de monossacarídeos se faz por meio de uma
C6H12O6 + C6H12O6

Glicose

Sacarose +
Frutose

Água
sucrase
C12H22O11 + H2O

Sacarose Água

Glicose + Frutose

A lactose, encontrada no leite e derivados, é um


Be
ligação covalente denominada ligação glicosídica. Para formar
esse tipo de ligação, um dos monossacarídeos perde um de dissacarídeo, resultante da união da glicose com a galactose,
e também tem papel energético. Sua hidrólise fornece as
seus hidrogênios (–H) e o outro perde uma hidroxila (–OH);
hexoses glicose e galactose.
os monossacarídeos se unem e o hidrogênio mais a hidroxila
que foram liberados se juntam para formar uma molécula de C6H12O6 + C6H12O6 C12H22O11 + H2O
água. Veja o exemplo a seguir:
Glicose Galactose Lactose Água
CH2OH CH2OH
C O C O lactase
H H H H H H Lactose + Água Glicose + Galactose
C C C
Ligação glicosídica

C
HO H O H HO HO H
HO
eu

Glicose
C
H
C
OH
C
H
C
OH
Polissacarídeos (Polissacárides)
H2O + O São os carboidratos mais complexos. Suas macromoléculas
resultam da união de muitas unidades de monossacarídeos
HOCH2 O
O H HOCH2 O (às vezes, milhares delas). São, portanto, polímeros de
C C C C monossacarídeos. Dividem-se em homopolissacarídeos e
H CH2OH H H HO CH2OH
H HO heteropolissacarídeos.
C C C C
Frutose Sacarose Os homopolissacarídeos resultam da polimerização de apenas
M

OH H OH H
uma espécie de monossacarídeos. Os principais exemplos são
Formação do dissacarídeo sacarose a partir da união dos amido, glicogênio, celulose e quitina.
monossacarídeos glicose e frutose – À semelhança do que ocorre A macromolécula de amido (amilo) é um polímero formado
na formação de uma ligação peptídica, sempre que se estabelece por unidades de glicose, sendo encontrada apenas nos vegetais,
uma ligação glicosídica, forma-se também uma molécula de nos quais fica armazenada, principalmente, em certos tipos de
água. Trata-se, portanto, de mais um exemplo de síntese por caule (como a batata inglesa), raízes (mandioca, por exemplo)
desidratação. e sementes (milho, trigo, feijão, etc.). Nos vegetais, o amido
tem a função de ser uma importante reserva energética,
Entre os oligossacarídeos, destacam-se os dissacarídeos uma vez que é a forma como os vegetais armazenam
maltose, sacarose e lactose. em suas células a glicose que não está sendo consumida.

Bernoulli Sistema de Ensino 23


Frente A Módulo 03

Sabe-se que, por meio da reação de fotossíntese, os vegetais Para esses animais, a celulose é um importante alimento
clorofilados fabricam a glicose que será utilizada como alimento energético. A digestão completa da celulose, à semelhança
nos processos de obtenção de energia, isto é, na respiração do que acontece com a digestão do amido, é feita em duas
celular, e também como matéria-prima para a produção de etapas. Veja o esquema a seguir:
outros compostos orgânicos. Entretanto, quando a produção Celulose + H2O
celulase
Celobiose + H2O
celobiase
Glicose
de glicose é maior que o seu consumo, o excesso da produção
é armazenado sob forma de amido. Em caso de necessidade, O homem, ao contrário dos animais herbívoros, não possui
o vegetal lança mão dessas reservas. Por isso, diz-se que o em seu tubo digestório os micro-organismos produtores das
amido é o material de reserva vegetal. enzimas celulase e celobiase. Assim, nós não conseguimos
aproveitar a celulose como fonte de energia. Entretanto,

lli
Além de ser uma reserva energética dos vegetais,
a celulose que ingerimos não é totalmente inútil para o
o amido é também um importante alimento energético para
nosso organismo, uma vez que ela, juntamente com outras
os animais, uma vez que a maioria deles produz as enzimas
substâncias, forma a parte vegetal dos alimentos conhecida
necessárias para degradar a macromolécula de amido,
como fibras. Essas fibras vegetais dão uma consistência às
transformando-a em várias moléculas menores de glicose,
fezes, estimulando os movimentos peristálticos do intestino

ou
que, então, são absorvidas e usadas como fonte de energia.
e facilitando a defecação.
Essa digestão do amido é feita em duas etapas, conforme
mostra o esquema a seguir: A quitina é um polissacarídeo nitrogenado, duro, resistente
e insolúvel em água. É um polímero de N-acetilglicosamina.
amilase
Amido + Água Moléculas de maltose Tem função estrutural, sendo encontrada no exoesqueleto
dos artrópodes e na parede celular dos fungos.
maltase
Maltose + Água Moléculas de glicose Os heteropolissacarídeos resultam da associação de
diferentes tipos de monossacarídeos. Ácido hialurônico,

rn
A macromolécula de glicogênio resulta da união de
unidades de glicose. Esse polissacarídeo é encontrado
em animais e fungos e tem função de reserva energética,
uma vez que é a forma como os animais e também os
fungos armazenam glicose em suas células. Diz-se, portanto,
que o glicogênio é o material de reserva dos animais
(e também dos fungos). Em nosso organismo, por exemplo,
condroitinsulfato A e heparina são alguns exemplos.

O ácido hialurônico e o condroitinsulfato são encontrados


na matriz (substância intercelular) dos tecidos conjuntivos.
A heparina tem propriedades anticoagulantes, sendo
produzida pelos mastócitos (tipo de célula do tecido conjuntivo
propriamente dito) e pelos basófilos (um tipo de leucócito).
Be
o glicogênio é encontrado nas células do fígado e nas células
musculares.

O processo de formação do glicogênio tem o nome de


GORDURAS TRANS
As gorduras trans são formadas pelo processo de hidrogenação
glicogênese. Quando se faz necessário, o glicogênio é
(adição de hidrogênios) dos óleos vegetais. Esse processo pode
“quebrado” e convertido em moléculas de glicose. Esse
ser industrial ou natural.
desdobramento do glicogênio em glicose denomina-se
glicogenólise. No processo industrial, os óleos vegetais (líquidos) são aquecidos
na presença do gás hidrogênio, tornando-se sólidos à temperatura
glicogênese ambiente. Além de melhorar a consistência e o sabor de alimentos,
Moléculas de glicose Glicogênio
glicogenólise essas gorduras lhes conferem maior durabilidade, permitindo que
eu

alguns produtos possam permanecer por mais tempo expostos


A celulose é o carboidrato mais abundante na natureza. nas prateleiras dos supermercados. Biscoitos, bolos, salgadinhos
Sua macromolécula resulta da associação de unidades de de pacote, batatas-fritas, sorvetes e margarina estão entre os
glicose. Sua função é tipicamente estrutural, uma vez que alimentos industrializados que mais contêm gorduras trans.
é o principal componente da parede celular (revestimento
Estudos científicos comprovaram que essas gorduras são
mais externo) das células vegetais.
extremamente prejudiciais à nossa saúde, pois contribuem
São raros os organismos que produzem as enzimas para elevar a taxa do LDL (colesterol ruim) e diminuir a taxa
necessárias para a digestão da celulose. Os ruminantes do HDL (colesterol bom), aumentando a probabilidade da
M

(boi, cabra, veado, girafa, etc.), por exemplo, são animais ocorrência de doenças cardiovasculares. Por causa desses
essencialmente herbívoros que se alimentam de folhagens efeitos nocivos, recomenda-se consumir o mínimo possível
ricas em celulose. Assim como ocorre no nosso organismo, desse tipo de gordura, não ultrapassando a quantidade de
os ruminantes não produzem as enzimas necessárias para a 2 g por dia. A leitura do rótulo dos alimentos permite verificar
digestão da celulose. Entretanto, no estômago desses animais, quais são ou não ricos em gordura trans.
vivem e proliferam certas espécies de micro-organismos Um processo de hidrogenação natural formando pequena
(bactérias, protozoários) que são capazes de produzir e quantidade de gordura trans ocorre no rúmem de animais. Por
de liberar as enzimas celulase e celobiase, permitindo, isso, essas gorduras também estão presentes em pequenas
assim, que, no tubo digestório desses animais, haja o quantidades em alguns alimentos in natura derivados desses
desdobramento da celulose em moléculas de glicose, que, animais, como a carne e o leite.
então, são absorvidas e utilizadas como fonte de energia.

24 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: lipídios e carboidratos

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 03. (UEM-PR) Assinale o que for correto.

01. Amido e glicogênio são polissacarídeos que atuam


01. (CMMG) Na bula de um medicamento, na parte
como substâncias de reserva de energia.
referente às “informações técnicas”, lê-se: “Maxsulid
(nimesulida betaciclodextrina) é uma nova formulação
02. Amido e glicogênio são polissacarídeos que, por
de nimesulida, na qual a substância ativa forma um
hidrólise, produzem glicose.
complexo com a betaciclodextrina. A betaciclodextrina é
um oligossacarídeo cíclico, obtido por meio da hidrólise 04. Amido e glicogênio são encontrados principalmente
e conversão enzimática do amido...”

lli
em raízes e em caules de plantas.
Pela informação anterior, pode-se concluir que a
betaciclodextrina é 08. Os glicídios com fórmulas moleculares C7H12O6, C3H6O3
A) açúcar. e C6H12O6 são, respectivamente, um monossacarídeo,
B) lipídeo. um monossacarídeo e um dissacarídeo.

ou
BIOLOGIA
C) proteína.
16. A água, presente em 75% dos corpos dos seres vivos,
D) peptídeo.
tem, em seu alto calor específico, uma das principais
propriedades que proporciona variações bruscas de
02. (UFG-GO) Leia as informações a seguir:
temperatura no interior das células.
A ingestão de gordura trans promove um aumento mais
significativo na razão: lipoproteína de baixa densidade / Dê como resposta a soma das afirmativas
lipoproteína da alta densidade (LDL/HDL), do que a CORRETAS: ________

rn
ingestão de gordura saturada.

AUED-PIMENTEL. S. et al. Revista do Instituto Adolfo Lutz,


n. 62 (2), 2003. p. 131-137

Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, um


alimento só pode ser considerado “zero trans” quando
04. (UFSM-RS–2013) Em uma viagem ecoturística, os alunos
optaram por sacolas de papel para levar seus lanches e
agasalhos, pois entenderam que não devem mais utilizar
sacolas plásticas. Mesmo não podendo desperdiçar papel
Be
contiver quantidade menor ou igual a 0,2 g desse do planeta, o plástico é ainda mais nocivo ao ambiente.

nutriente, não sendo recomendado consumir mais que A principal substância que está presente no papel é um
2 g de gordura trans por dia. O quadro a seguir representa polissacarídeo das células vegetais, o qual faz parte da
um rótulo de um biscoito comercialmente vendido que estrutura do(a)
atende às especificações do porcentual de gordura trans, A) membrana plasmática.
exigida pela nova legislação brasileira. B) parede celular.
C) mitocôndria.
Informação nutricional
Porção de 30 g (2 biscoitos) D) hialoplasma.
E) membrana nuclear.
Quantidade por porção
eu

Carboidratos 19 g

Gorduras totais 7,3 g EXERCÍCIOS PROPOSTOS


Gordura saturada 3,4 g
01. (UERN–2015) Todo ser humano necessita de gordura e não
Gordura trans 0,5 g
de fritura para sobreviver. O constante hábito de ingerir
gorduras saturadas, como frituras em excesso, pode
As informações apresentadas permitem concluir que o
M

consumo diário excessivo do biscoito poderia provocar provocar algumas doenças como aumento da pressão
alteração de arterial, problemas cardiovasculares, desenvolvimento
A) triglicéride, reduzindo sua concentração plasmática. de câncer, entre outras. Essas gorduras conhecidas por
B) triacilglicerol, diminuindo sua síntese no tecido saturadas representam o seguinte tipo de lipídio:
adiposo.
A) Cerídeo.
C) LDL-colesterol, aumentando sua concentração
plasmática. B) Colesterol.

D) HDL-colesterol, elevando sua concentração plasmática. C) Caratenoide.


E) colesterol, reduzindo sua concentração plasmática. D) Triglicerídeo.

Bernoulli Sistema de Ensino 25


Frente A Módulo 03

02. (Mackenzie-SP) A restrição excessiva de ingestão de 04. (UFRGS) Os carboidratos, moléculas constituídas, em

colesterol pode levar a uma redução da quantidade de geral, por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio,

testosterona no sangue de um homem. Isso se deve ao podem ser divididos em três grupos: monossacarídeos,

fato de que o colesterol oligossacarídeos e polissacarídeos.

A) é fonte de energia para as células que sintetizam O grupo I, a seguir, apresenta três grupos de carboidratos,
esse hormônio. e o II, alguns exemplos desses carboidratos.

B) é um lipídio necessário para a maturação dos Associe adequadamente o segundo grupo ao primeiro.

lli
espermatozoides, células produtoras desse hormônio.
Grupo I
C) é um esteroide e é a partir dele que a testosterona 1. Monossacarídeo
é sintetizada.
2. Oligossacarídeo

ou
D) é responsável pelo transporte da testosterona
3. Polissacarídeo
até o sangue.
Grupo II
E) é necessário para a absorção das moléculas que
( ) Sacarose
compõem a testosterona.
( ) Amido

03.
alimento.
rn
(IFSP–2015) A figura a seguir representa a pirâmide de ( ) Galactose

( ) Desoxirribose

( ) Quitina

( ) Maltose
Be
A sequência CORRETA de preenchimento dos parênteses,

de cima para baixo, é

A) 2 – 3 – 1 – 1 – 3 – 2

B) 3 – 1 – 3 – 2 – 2 – 1

C) 1 – 2 – 2 – 3 – 1 – 3

D) 2 – 1 – 2 – 2 – 3 – 1

E) 1 – 3 – 1 – 3 – 2 – 2
eu

05. (UFSM-RS–2013) Durante a caminhada dos escoteiros,

o gasto energético foi grande. Estavam avisados de

A base da pirâmide é representada pelos alimentos que o passeio seria cansativo, por isso muitos levaram

energéticos, seguida pelos alimentos ricos em fibras, barrinhas de cereais, mas alguns não tinham levado nada

pelos ricos em proteínas e, no topo da pirâmide, estão e precisavam utilizar suas próprias reservas de energia.
M

os ricos em óleos. Os alimentos energéticos que estão Essa reserva estava armazenada em seu organismo,

na base são ricos em na forma de

A) carboidratos, alimentos ricos em amido. A) glicerídeo.

B) lipídios, como a celulose. B) vitamina.

C) carboidratos, ricos em aminoácidos. C) esteroide.

D) proteínas, como o amido. D) proteína.

E) fibras, fonte de vitaminas. E) glicogênio.

26 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: lipídios e carboidratos

06. (PUC-Campinas-SP–2013) Até hoje o corpo humano C) ácidos graxos, os quais são sintetizados a partir da

é um enorme depósito de gorduras. Até uma pessoa ligação de aminoácidos.

magra, de 1,80 m de altura e 70 kg, carrega consigo, D) glicogênio, o qual é sintetizado a partir da ligação de
em média, cerca de um quinto de seu peso em forma de moléculas de glicose.
gordura; ou seja, 14 quilos. (...) Independente de como
E) glicogênio, o qual é sintetizado a partir da ligação de
esse material está distribuído, ele sempre é constituído
aminoácidos.
do mesmo tipo de célula - o adipócito ou célula adiposa.

lli
(...) Programados para se depositarem, os adipócitos vão 08. (UCS-RS) Acredita-se que 75% das mortes no mundo
juntando gradualmente os blocos de construção básica são causadas por doenças crônicas, como diabetes,
que formam a gordura: os ácidos graxos. Cada três deles câncer e complicações cardíacas (Diet, nutrition and

ou
constroem um chamado triglicerídeo, uma minúscula the prevention of cronic diseases). A comida, sobretudo

BIOLOGIA
molécula de gordura que é armazenada pelas células (...). a industrializada, tem sido apontada como a principal

GEO, n. 38. p. 47. causa dessas enfermidades. A molécula de colesterol,

considerada prejudicial em grandes quantidades, e as


As gorduras, também conhecidas como lipídeos, são
moléculas constituintes dos lipídios considerados “bons”
componentes estruturais importantes. Nas membranas
para a saúde, são, respectivamente,
celulares encontram-se na forma de fosfolipídeos,

e organizam-se
rn
A) em uma bicamada na membrana celular e em camada

única na carioteca.

B) em uma bicamada, com as partes apolares voltadas


A) colesterol HDL; ácidos graxos insaturados.

B) colesterol HDL; ácidos graxos saturados.

C) colesterol HDL; ácidos graxos poli-insaturados.

D) colesterol LDL; ácidos graxos saturados.


Be
para o interior. E) colesterol LDL; ácidos graxos linoleico e oleico.

C) em uma camada simples, sendo a parte apolar interna

à célula.
SEÇÃO ENEM
D) na camada central, protegidos pelas proteínas

estruturais da membrana. 01. (Enem–2014) Com o objetivo de substituir as sacolas

E) densamente em torno das proteínas estruturais do de polietileno, alguns supermercados têm utilizado um

citoesqueleto. novo tipo de plástico ecológico, que apresenta em sua


eu

composição amido de milho e uma resina polimérica


07. (Fatec-SP–2016) Durante a realização de exercícios termoplástica, obtida a partir de uma fonte petroquímica.
físicos intensos de média duração, como uma corrida de
ERENO, D. Plásticos de vegetais.
400 metros, a principal fonte energética utilizada para
PESQUISA FAPESP, n. 179, jan. 2011 (Adaptação).
a contração dos músculos de um atleta é a reserva de
Nesses plásticos, a fragmentação da resina polimérica é
carboidratos que se encontra no interior de suas células
M

facilitada porque os carboidratos presentes


musculares.
A) dissolvem-se na água.
Essa reserva de carboidratos, no interior das células

mencionadas, corresponde a moléculas de B) absorvem água com facilidade.

A) amido, o qual é sintetizado a partir da ligação de C) caramelizam por aquecimento e quebram.

aminoácidos. D) são digeridos por organismos decompositores.

B) amido, o qual é sintetizado a partir da ligação de E) decompõem-se espontaneamente em contato com

moléculas de glicose. água e gás carbônico.

Bernoulli Sistema de Ensino 27


Frente A Módulo 03

02. (Enem–2004) As “margarinas” e os chamados “cremes Com base nessas informações, pode-se concluir que

vegetais” são produtos diferentes, comercializados A) o papel realizado pelas enzimas pode ser diretamente
em embalagens quase idênticas. O consumidor, para substituído pelo hormônio insulina.
diferenciar um produto do outro, deve ler com atenção os
B) a insulina produzida pelo pâncreas tem um papel
dizeres do rótulo, geralmente em letras muito pequenas.
enzimático sobre as moléculas de açúcar.
As figuras que se seguem representam rótulos desses
C) o acúmulo de glicose no sangue é provocado pelo
dois produtos.
aumento da ação da insulina, levando o indivíduo a

lli
um quadro clínico de hiperglicemia.

D) a diminuição da insulina circulante provoca um


Peso líquido 500 g Peso líquido 500 g
acúmulo de glicose no sangue.
MARGARINA CREME VEGETAL

ou
65% de lipídios 35% de lipídios E) o principal papel da insulina é manter o nível de glicose
Valor energético por suficientemente alto, evitando, assim, um quadro
porção de 10 g: 33 kcal
Valor energético por clínico de diabetes.
porção de 10 g: 59 kcal Não recomendado
para uso culinário

GABARITO
Uma função dos lipídios no preparo das massas alimentícias

rn
é torná-las mais macias. Uma pessoa que, por desatenção,

use 200 g de creme vegetal para preparar uma massa cuja

receita pede 200 g de margarina, não obterá a consistência

desejada, pois estará utilizando uma quantidade de lipídios

que é, em relação à recomendada, aproximadamente


Fixação
01. A

02. C
Be
03. Soma = 03
A) o triplo.
04. B
B) o dobro.

C) a metade.
Propostos
D) um terço.
01. D
E) um quarto.

02. C

03. (Enem–2000) O metabolismo dos carboidratos é


eu

03. A
fundamental para o ser humano, pois a partir desses
04. A
compostos orgânicos obtém-se grande parte da energia

para as funções vitais. Por outro lado, desequilíbrios nesse 05. E

processo podem provocar hiperglicemia ou diabetes.


06. B
O caminho do açúcar no organismo inicia-se com a
07. D
M

ingestão de carboidratos que, chegando ao intestino,

sofrem ação de enzimas, “quebrando-se” em moléculas 08. E

menores (glicose, por exemplo) que serão absorvidas.

A insulina, hormônio produzido no pâncreas, é responsável Seção Enem


por facilitar a entrada da glicose nas células. Se uma
01. D
pessoa produz pouca insulina, ou se sua ação está
02. C
diminuída, dificilmente a glicose pode entrar na célula e

ser consumida. 03. D

28 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA A 04
Composição química dos seres vivos:
nucleotídeos, ácidos nucleicos,

lli
ATP e vitaminas

ou
NUCLEOTÍDEOS C
N
C
N
Os nucleotídeos são compostos resultantes da associação C
C C
de uma pentose com um fosfato e com uma base nitrogenada. N N
Veja a representação esquemática a seguir:
Esqueleto molecular de uma purina – As bases púricas estão
representadas pela adenina e pela guanina.

Fosfato
rn
Pentose
Base nitrogenada
H C
H
N

N
C

C
N
C

N
H

H C
H
N

N
C

C
N
C

N
N

H
H
H
Be
C C
Nucleotídeo – A união apenas da pentose com a base nitrogenada N O
forma um composto chamado genericamente de nucleosídeo. H H
Assim, pode-se dizer que o nucleotídeo é o nucleosídeo unido Adenina (A) Guanina (G)
ao fosfato. H
H
H
Nos nucleotídeos, o fosfato é derivado do ácido fosfórico N N O
H O N H
(H3PO4); a pentose pode ser a ribose ou a desoxirribose; C H O C C
C
C C
a base nitrogenada é uma base púrica (purina) ou uma base
pirimídica (pirimidina). C N H C N
H C N H H
C H C C
Os nucleotídeos que têm a pentose ribose podem H
eu

C
ser chamados genericamente de ribonucleotídeos, N H O
O
e os que têm a desoxirribose podem ser chamados de H H
desoxirribonucleotídeos. Citosina (C) Timina (T) Uracila (U)

As bases nitrogenadas que fazem parte dos nucleotídeos


Bases nitrogenadas – Observe que a adenina (A) e a guanina
são formadas por moléculas que possuem estrutura de
(G) são bases que têm um duplo anel de carbono e nitrogênio,
anel (estrutura cíclica) formado por átomos de carbono e
já a citosina (C), a timina (T) e a uracila (U) têm um anel
nitrogênio. Quando o anel é simples (único), as bases são
M

simples.
denominadas pirimídicas ou pirimidinas; quando têm duplo
anel, são denominadas púricas ou purinas. No nucleotídeo, a base nitrogenada fica ligada diretamente
à pentose (ribose ou desoxirribose). A ribose é capaz de
C formar ligação química com as bases adenina, guanina,
C
N
citosina e uracil. A desoxirribose, por sua vez, é capaz de
C C
estabelecer ligação com adenina, guanina, citosina e timina.
N
Assim, há oito tipos diferentes de nucleotídeos: quatro tipos
Esqueleto molecular de uma pirimidina – As bases pirimídicas estão diferentes de ribonucleotídeos e quatro tipos diferentes de
representadas pela citosina, pela timina e pela uracila (uracil). desoxirribonucleotídeos.

Bernoulli Sistema de Ensino 29


Frente A Módulo 04

Ribonucleotídeos Desoxirribonucleotídeos DNA ou ADN


A
Adenina
A
Adenina (Ácido desoxirribonucleico)
nucleotídeo nucleotídeo
Guanina Guanina Normalmente, suas moléculas são formadas por duas
G nucleotídeo G nucleotídeo fitas ou cadeias de desoxirribonucleotídeos, unidas uma à
Citosina Citosina outra por meio de ligações de hidrogênio. Essas ligações
C nucleotídeo C nucleotídeo
de hidrogênio (pontes de hidrogênio) são feitas entre as
Uracila Timina
U T bases púricas de uma cadeia com as bases pirimídicas da
nucleotídeo nucleotídeo

lli
outra cadeia, obedecendo sempre ao seguinte pareamento:
adenina com timina (ou vice-versa) e guanina com citosina
Fosfato Ribose Fosfato Desoxirribose (ou vice-versa). Para unir uma adenina a uma timina,
Tipos de nucleotídeos – A denominação dos nucleotídeos pode são necessárias duas ligações de hidrogênio, e para ligar

ou
ser feita de acordo com a base nitrogenada que possuem. uma guanina a uma citosina, são necessárias três ligações.
Assim, tem-se: adenina-nucleotídeo, guanina-nucleotídeo, Assim, na molécula de DNA, cada adenina de uma cadeia
timina-nucleotídeo, etc.
deve estar ligada a uma timina da outra cadeia por meio
Os nucleotídeos são capazes de se ligar uns aos outros de duas ligações de hidrogênio, e cada citosina de uma
originando moléculas maiores que, dependendo do número cadeia deve estar ligada a uma guanina da outra por meio
de nucleotídeos que se ligam, podem ser chamadas de três ligações de hidrogênio. Por isso, diz-se que as duas
de dinucleotídeos, trinucleotídeos, etc. Quando muitos cadeias polinucleotídicas que compõem a molécula do DNA

os nucleotídeos.

Pentose
rn
nucleotídeos se ligam, forma-se um polinucleotídeo.
Os polinucleotídeos são polímeros, cujos monômeros são
são complementares. Isso permite descobrir a sequência de
bases de uma cadeia a partir do conhecimento da sequência
de bases da outra. Por exemplo: se uma das cadeias do DNA
tem a sequência de bases ATTCAGAAC, na outra cadeia a
sequência terá de ser TAAGTCTTG.
Be
Representação plana Configuração helicoidal
Fosfato
P
3’ 5’
D A T
Base nitrogenada D
5’ 3’ P
P 3’ 5’
D G C
Um nucleotídeo D
5’ 3’ P
P 3’ 5’
D C G D
5’
Pequeno trecho de 3’ P 3’
3’ P
5’ 5’
um polinucleotídeo D T A D
5’ 3’ P
P 3’ 5’ D A
Formação de um polinucleotídeo – Observe que a ligação D A T
T D
eu

D P P
fosfodiéster, isto é, entre nucleotídeos, se faz por meio da pentose 5’
P 3’
3’ P D G C D
5’ P P
de um nucleotídeo com o fosfato do outro. D A T D D T A D
5’ 5’ P 3’ P P
3’ D C G D
P 3’ 5’
D C G

ÁCIDOS NUCLEICOS
D
5’ 3’ P
P 3’ 5’
D A T D
Os ácidos nucleicos são substâncias formadas por 5’
P 3’
3’ P
5’
macromoléculas resultantes da união de vários nucleotídeos. D C G D
5’
3’
M

São, portanto, exemplos de polinucleotídeos. P

Foram descobertos no núcleo das células, vindo daí a sua


Representação esquemática de um trecho de uma molécula de
denominação. Durante algum tempo, pensou-se que tais
DNA – A molécula do DNA não é plana. As suas duas cadeias
substâncias eram exclusivas do núcleo celular. Posteriormente,
ou fitas polinucleotídicas enrolam-se umas sobre as outras,
descobriu-se que essas substâncias também são encontradas
dando-lhe uma configuração helicoidal. Por isso, pode-se
no citoplasma. Entretanto, a denominação ácidos nucleicos
dizer que a estrutura da molécula do DNA é de dupla-hélice.
permaneceu, uma vez que já havia sido consagrada
Entretanto, por razões didáticas, muitas vezes representamos a
pelo uso.
molécula de DNA com uma configuração plana, conforme visto
Existem dois tipos de ácidos nucleicos: DNA e RNA. no esquema anterior.

30 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: nucleotídeos, ácidos nucleicos, ATP e vitaminas

O modelo molecular do DNA foi proposto, em 1953, pelos bioquímicos Watson e Crick que, para elaborá-lo, basearam-se
em técnicas de difração de raios X. Segundo esses dois pesquisadores, a molécula do DNA pode ser comparada a uma
escada retorcida de corda (escada caracol), em que as ligações 3’-5’ de fosfodiéster entre os fosfatos e as pentoses
(no caso, desoxirriboses) formam os “corrimões”, e os “degraus” são representados pelas ligações de hidrogênio entre as
bases nitrogenadas das duas cadeias polinucleotídicas.

As moléculas de DNA se diferenciam pelo número de nucleotídeos e pela sequência destes ao longo de suas cadeias.
Entretanto, em qualquer molécula de DNA de fita dupla há as seguintes relações:

lli
A+C=1
A/T = 1 C/G = 1 A/T = C/G
T+G

No DNA, a sequência dos nucleotídeos é fundamental para caracterizar a molécula e determinar o seu papel na célula.

ou
Desde 1944, sabe-se que o DNA está diretamente relacionado com a hereditariedade: trechos de suas moléculas que contêm

BIOLOGIA
informações genéticas codificadas constituem os gens ou genes. Assim, o DNA é fundamental no controle das atividades da
célula, determinando suas características genéticas.

Uma propriedade importante que o DNA tem é a sua capacidade de sofrer autoduplicação (duplicação, replicação).

Molécula original

rn Nucleotídeo
Be
Cadeia
modelo
eu

Nucleotídeos
sendo incorporados
Molécula-filha
à cadeia em formação
Molécula-filha
M

Cadeias
recém-formadas

Duplicação do DNA – Na duplicação do DNA, uma molécula (que se pode chamar de “molécula-mãe”) origina duas “moléculas-filhas”
iguais entre si e iguais à “molécula-mãe”. Essa duplicação é semiconservativa e exige a presença, no interior das células, de enzimas
especiais (DNA-helicase, DNA-polimerase, DNA-ligase) e de desoxirribonucleotídeos livres, isto é, que não estejam ligados uns aos
outros. A DNA-helicase catalisa a reação que desenrola a dupla hélice do DNA; a DNA-polimerase catalisa a reação que adiciona novos
nucleotídeos durante a síntese e a DNA-ligase une esses nucleotídeos formando uma nova fita polinucleotídica. Assim, cada fita de
nucleotídeos proveniente da “molécula-mãe” serve de molde para a síntese de uma nova fita polinucleotídica. Essa síntese, resultante
da adição de novos nucleotídeos, sempre ocorre no sentido 5’-3’.

Bernoulli Sistema de Ensino 31


Frente A Módulo 04

O DNA é encontrado nas mitocôndrias, nos cloroplastos • RNA-m (RNA mensageiro) – É o tipo de RNA que
e, principalmente, nos cromossomos. A duplicação do DNA ocorre em menor quantidade dentro da célula. Participa
cromossômico ocorre momentos antes de uma célula iniciar da síntese de proteínas, trazendo do DNA para os
um processo de divisão (reprodução) celular, no chamado ribossomos as informações codificadas a respeito de
período S da intérfase. Desse modo, as “células-filhas” quais aminoácidos irão compor a molécula proteica e
formadas por meio de uma mitose, por exemplo, conterão as em que sequência deverão ser ligados.
mesmas informações genéticas da “célula-mãe”. A duplicação
do DNA mitocondrial e do DNA dos cloroplastos independe da • RNA-t (RNA transportador, RNA transferidor, RNA
transfer) – Seu papel na síntese de proteínas consiste

lli
duplicação do DNA cromossômico. A presença de DNA numa
estrutura celular pode ser detectada por meio de uma técnica em transportar aminoácidos que se encontram dispersos
de coloração conhecida por reação de Feulgen. Essa reação no interior da célula para o local da síntese, isto é, para o
consiste, basicamente, em mergulhar o material que se quer local onde se encontram os ribossomos ligados ao RNA-m.
submeter à análise em uma solução aquecida de ácido clorídrico

ou
e, em seguida, ao reativo de Schiff. O reativo de Schiff é uma Os ácidos nucleicos, DNA e RNA, embora tenham muitas

solução de fucsina básica descorada pelo anidro sulfuroso (SO2). semelhanças quanto aos seus componentes químicos,

A fucsina básica, por sua vez, é um composto orgânico de desempenham papéis biológicos diferentes. O DNA é portador

caráter básico (pH elevado) muito utilizado na preparação das mensagens genéticas. A função do RNA é transcrever

de diferentes corantes utilizados no estudo das células. a mensagem genética presente no DNA e traduzi-la em

A reação de Feulgen é dita positiva se aparecer a cor vermelha, proteínas.

rn
significando que, na estrutura analisada, existe DNA.
Essa reação é específica para o DNA, e a intensidade da cor
vermelha que se forma é proporcional à concentração de DNA.
Desse modo, pode-se fazer também um estudo quantitativo
desse ácido. Como a reação de Feulgen só dá positivo para
Veja, a seguir, um esquema bem simplificado da síntese de
proteínas que ocorre no interior das células:

AGG
AA
C TGT GGG

G
o DNA, este é dito Feulgen positivo, e o RNA é Feulgen

GG
Be
negativo. A partir das duas últimas décadas do século passado, TT
GG
o DNA passou a ser utilizado em testes de identificação de AG
AAC
pessoas, bem como em testes de comprovação ou não de TGT
DNA
paternidade. É o chamado teste de DNA. 1

RNA-m
RNA ou ARN 2
5

(Ácido ribonucleico)
Suas moléculas normalmente são formadas por uma única 3 Ribossomo
RNA-m
eu

cadeia ou fita de ribonucleotídeos. Normalmente essa cadeia


enrola-se sobre si mesma, adquirindo uma configuração
helicoidal. Pode-se dizer, então, que o RNA tem uma estrutura Peptídeo
4
de hélice simples.

Existem três tipos básicos de RNA: RNA-r, RNA-m e RNA-t. RNA-t

Todos participam do processo de síntese de proteínas no


interior da célula.
M

Aminoácido
• RNA-r (RNA ribossômico) – É o tipo de RNA mais
abundante na célula. Participa da constituição química A síntese de proteínas – 1. Segmento de DNA onde há uma
informação codificada, que diz respeito à estrutura primária de
dos ribossomos, vindo daí o seu nome. Os ribossomos
uma determinada proteína. 2. A informação contida no segmento
ou ribossomas são organoides celulares constituídos de DNA é transcrita para o RNA-m. 3. O RNA-m com a informação
de proteínas e de RNA que exercem importante papel transcrita do DNA vai ao encontro do ribossomo. 4. Moléculas
no processo da síntese de proteínas, promovendo a de RNA-t trazem os aminoácidos que serão utilizados na síntese
da proteína. 5. O ribossomo percorre a fita do RNA-m, fazendo
ligação entre os diversos aminoácidos que irão compor a tradução da mensagem que nele está codificada; e, com os
a molécula proteica. aminoácidos trazidos pelos RNA-t, fabrica a referida proteína.

32 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: nucleotídeos, ácidos nucleicos, ATP e vitaminas

ATP Normalmente, a energia utilizada nas atividades celulares


é proveniente da degradação do ATP em ADP. A degradação
A molécula de ATP (adenosina trifosfato ou trifosfato de do ADP em AMP, assim como a degradação do AMP, são
adenosina) também é de natureza nucleotídica, uma vez que recursos de que a célula lança mão apenas em casos de
é formada pela base nitrogenada adenina, ligada à pentose extrema necessidade. No metabolismo celular normal,
ribose que, por sua vez, liga-se a três grupos fosfatos.
moléculas de ATP são degradadas constantemente em
Veja a representação a seguir: ADP + Pi, liberando energia para as atividades. Por outro lado,
usando energia proveniente principalmente da respiração
Adenina celular, moléculas de ATP estão constantemente sendo
P P P CH2 o reconstituídas a partir da adição de um grupo fosfato ao ADP.

lli
O Ribose
P Fosfato Glicose
Ligação de
alta energia
Respiração
Adenosina
celular

ou
Adenosina monofosfato (AMP)

BIOLOGIA
Adenosina difosfato (ADP)
Adenosina trifosfato (ATP) Calor Energia Calor

Estrutura do ATP – A adenosina é um nucleosídeo resultante


da união da base nitrogenada adenina com a pentose ribose.
Quando à adenosina se liga apenas um grupo fosfato, forma-se ADP + Pi ATP Energia
o AMP (adenosina monofosfato); quando se ligam dois grupos

rn
fosfatos, há a formação de ADP (adenosina difosfato); quando
se ligam três grupos fosfatos, forma-se o ATP.

Nas ligações químicas do ATP, em especial nas ligações


entre os grupos fosfatos, fica armazenada a energia que
será utilizada nas atividades celulares.
Atividades
celulares

Relação entre a síntese (produção) de ATP feita na respiração


celular e sua degradação – Durante as reações da respiração celular,
Be
Assim, o ATP é a fonte imediata de energia para o trabalho compostos orgânicos, especialmente a glicose, são degradados,
celular. liberando energia sob a forma de calor. Parte dessa energia (cerca
de 55%) se perde rapidamente, irradiando-se para o meio, e parte
O O O (cerca de 45%) é usada para ligar grupos fosfatos a moléculas de
ADP, formando, assim, moléculas de ATP. A síntese do ATP, portanto,
Adenina Ribose P O ˜ P O˜ P é feita por meio de uma fosforilação, isto é, acréscimo de fosfato
ao ADP. Quando a célula necessita de energia para a realização de
OH OH OH um trabalho qualquer, as moléculas de ATP são degradadas em
ADP + Pi e a energia liberada nessa degradação é, então, utilizada.
Ligações entre fosfatos nas moléculas de ATP – As ligações entre
os fosfatos da molécula do ATP são ligações de alta energia, Nos vegetais, além da produção de ATP feita com energia
representadas pelo sinal ~. Ligações de alta energia são aquelas proveniente da respiração celular, também há produção de
eu

que, quando rompidas, liberam grande quantidade de energia ATP com utilização de energia obtida a partir da luz. Essa
(de 5 000 a 10 000 calorias/mol). produção de ATP com energia obtida primariamente a partir
da luz denomina-se fotofosforilação e ocorre durante a
fotossíntese. Em linhas gerais, o metabolismo energético das
P P P células consiste em degradar moléculas orgânicas (em geral
glicose) em reações exotérmicas (reações exergônicas, cuja
energia liberada está sob a forma de calor), armazenando
Degradação parte dessa energia antes que ela se perca totalmente.
M

Energia liberada Para isso, as células contam com substâncias especiais,


(7 a 8 kcal/mol) capazes de armazenar energia em suas moléculas e, quando
P P necessário, transferi-la para qualquer atividade em que ela
seja necessária. A substância armazenadora de energia mais
Pi
ADP importante para as células é o ATP.

O ATP funciona como uma “moeda energética” que pode ser


Degradação do ATP em ADP + Pi – A degradação (“quebra”) do
ATP em ADP + Pi (fosfato inorgânico), feita com a participação gasta em qualquer momento que a célula necessitar. Conforme a
da enzima ATPase, consiste no rompimento da ligação entre atividade, haverá um gasto maior ou menor de energia. Assim,
o 2º e o 3º fosfatos, o que proporciona liberação de energia conforme a atividade, haverá nas células uma degradação de
(aproximadamente 8 000 cal/mol). um número maior ou menor de moléculas de ATP.

Bernoulli Sistema de Ensino 33


Frente A Módulo 04

VITAMINAS As vitaminas estão amplamente distribuídas em diversos


alimentos de origem animal e vegetal. Assim, uma dieta
As vitaminas são substâncias orgânicas de natureza química balanceada fornece as quantidades mínimas diárias de
diversificada. Algumas são hidrocarbonetos, outras são vitaminas de que necessitamos.
ácidos orgânicos, existem aquelas que são amidas, muitas
são aminas, etc. O nome vitamina, usado pela primeira É bom ressaltar que, hoje, as vitaminas também são
vez por Casimir Funk (químico polonês), está diretamente produzidas de forma sintética por diversos laboratórios,
relacionado com a descoberta dessas substâncias. Em 1911, o que tornou possível a correção dos estados de avitaminoses
Funk descobriu uma substância imprescindível para certos e hipovitaminoses em condições rápidas e econômicas.

lli
processos vitais. A análise química dessa substância revelou
Dependendo da fonte alimentar, as vitaminas podem
tratar-se de uma amina. Por isso, Funk passou a chamar tal
ser encontradas já na forma ativa, prontas para serem
substância de vitamina (“amina da vida”).
absorvidas e utilizadas pelo organismo, como também
Posteriormente, muitas outras substâncias com as mesmas
podem ser encontradas sob a forma de provitaminas,

ou
propriedades daquela descoberta por Funk foram descobertas.
isto é, numa forma precursora, ainda não ativa, que precisa
Entretanto, a análise química delas mostrou que nem todas
ser transformada em nosso organismo para poder ser utilizada.
possuem em sua estrutura molecular o grupamento amina.
Por isso, a designação “vitaminas“ para se referir a todas elas O caroteno, por exemplo, encontrado nos vegetais,
não é correta, mas, como foi consagrada pelo uso, é aceita e especialmente os que possuem coloração amarela ou
amplamente utilizada. alaranjada (cenoura, mamão, laranja, etc.) é a provitamina
São substâncias requeridas em pequenas quantidades pelo A. Quando ingerimos caroteno, ele é fragmentado no nosso
organismo (menos de 1% da massa total do corpo), sendo,

rn
porém, indispensáveis, uma vez que atuam frequentemente
como coenzimas. Assim, na ausência dessas substâncias,
as enzimas que necessitam delas não atuam, com prejuízos
para as células e para o organismo. A carência de vitaminas
provoca distúrbios de maior ou menor gravidade, dependendo
do tipo de vitamina. A carência total de uma determinada
organismo em moléculas de vitamina A.

Outro exemplo de provitamina é o ergosterol (provitamina D2) ,


que, quando ingerido pelo ser humano, é absorvido e
transformado, em nossa pele, em vitamina D2 ativa,
por meio da ação dos raios ultravioleta do Sol. O mesmo
acontece com o 7-deidrocolesterol (provitamina D3),
Be
vitamina no organismo constitui uma avitaminose; a carência um derivado do colesterol, encontrado nas secreções das
parcial constitui uma hipovitaminose. glândulas situadas na nossa pele, que, por ação dos raios
As hipovitaminoses são mais comuns que as avitaminoses solares, transforma-se em vitamina D3 ativa.
e, geralmente, têm como causa a deficiência nutricional na
As necessidades diárias de vitaminas podem variar de um
dieta (alimentação). Por outro lado, quando há excesso de
indivíduo para outro e num mesmo indivíduo, conforme seus
determinada vitamina, fala-se em hipervitaminose. Em alguns
hábitos de vida. Em algumas situações, o organismo poderá
casos, as hipervitaminoses também podem trazer perigo
para o organismo. O excesso de vitamina D, por exemplo, necessitar de um aumento das necessidades vitamínicas.
pode determinar calcificações graves em certos órgãos. Isso acontece, por exemplo, quando há trabalho muscular
intenso e prolongado, gravidez e lactação, necessidades do
eu

A classificação das vitaminas é feita de acordo com a


crescimento e da dentição, recuperação após uma doença
sua solubilidade em água ou em lipídios. Assim, temos as
(convalescenças), etc.
hidrossolúveis e as lipossolúveis.
As vitaminas hidrossolúveis (solúveis em água) compreendem Certos cuidados também precisam ser observados para
as vitaminas do chamado complexo B e a vitamina C. que os alimentos não percam seu valor vitamínico, uma vez
No chamado complexo B, estão incluídas diversas vitaminas, que certas vitaminas são facilmente destruídas pelo calor,
que, embora tenham fórmulas diferentes, têm origem quase e outras, pela exposição prolongada ao oxigênio do ar. Como
M

nas mesmas fontes e desempenham papéis muito parecidos regra geral, para preservar ao máximo o valor vitamínico de
no organismo. Do complexo B fazem parte várias vitaminas, verduras e legumes, estes devem ser, preferencialmente,
como a B1, B2, B3 ou PP, B6, B12, H, P, além de outras. consumidos crus ou cozidos por pouco tempo.
As vitaminas lipossolúveis (solúveis em lipídios) compreendem
as vitaminas A, D, E e K. O líquido resultante do cozimento pode ser utilizado para
fazer sopas ou caldos, de modo que as vitaminas neles

VITAMINAS presentes não sejam perdidas. Os vegetais para salada e


as frutas só devem ser cortados na hora de serem servidos,
Hidrossolúveis Lipossolúveis
C e Complexo B A, D, E e K
para evitar a oxidação destrutiva de suas vitaminas pelo
contato mais prolongado com o oxigênio do ar.

34 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: nucleotídeos, ácidos nucleicos, ATP e vitaminas

Principais vitaminas

Vitamina Principais fontes Carência

Leite e derivados, gema do ovo, óleos de fígado e de peixes.


A
Nos vegetais amarelo-alaranjados (cenoura, mamão, etc.), Hemeralopia e xeroftalmia
(Axeroftol, Retinol)
é encontrada sob a forma de provitamina A (betacaroteno).

B1 Leveduras, cutícula de cereais, soja, feijão, fígado, peixes, ovos,


Beri béri
(Tiamina) leite e derivados.

lli
B2 Leveduras, vegetais folhosos, fígado, leite e derivados. Queilose, glossite e
(Riboflavina) Produzida também pela nossa microbiota intestinal. fotofobia

B3 ou PP
Leite e derivados, fígado, ovos, carnes, peixes, verduras em geral. Pelagra
(Niacina, Nicotinamida)

ou
BIOLOGIA
B6 Dermatite e distúrbios
Vegetais folhosos, cereais, leite e derivados.
(Piridoxina) nervosos

Vegetais verdes (folhas), nozes, legumes, cereais integrais,


B9
vísceras de bovinos (fígado, coração, rim). Anemia perniciosa
(Ácido fólico)
É sintetizada pela nossa microbiota intestinal.

B12 Carnes, fígado, rins, leveduras, leite e derivados. Também é


(Cianocobalamina)

C
(Ácido ascórbico)

D
(Calciferol)
rn produzida pela nossa microbiota intestinal.

Frutas cítricas (laranja, limão, acerola, etc.), tomate, pimentão,


hortaliças folhosas.

Leite e derivados, ovos, óleos de peixes, fígado.


É sintetizada na nossa pele através da exposição aos raios solares.
Anemia perniciosa

Escorbuto

Raquitismo (em crianças)


e osteomalacia (em adultos)
Be
E Óleos vegetais, cereais (aveia, cevada, milho, etc.), Esterilidade, atrofia dos
(Tocoferol) amendoim, ovos, leite e derivados. músculos esqueléticos.

K Fígado, hortaliças folhosas (alface, couve, espinafre), alho. Retardamento da


(Filoquinona, Naftoquinona) Também é sintetizada pela nossa microbiota intestinal. coagulação sanguínea

A seguir, estão algumas observações sobre as carências mencionadas no quadro das principais vitaminas:

• A xeroftalmia caracteriza-se pela pouca produção de lágrimas com consequente ressecamento da córnea (membrana
eu

transparente que reveste a parte anterior do olho). A córnea ressecada torna-se opaca, impedindo, assim, que a luz
penetre no interior do olho para sensibilizar as células nervosas da retina.
• Hemeralopia (“cegueira noturna”) consiste na dificuldade de enxergar em locais pouco iluminados, devido à falta do
pigmento rodopsina produzido na retina a partir de um derivado da vitamina A.
• O beri béri (“fraqueza extrema”) é um quadro clínico caracterizado por polineurite (inflamação generalizada dos
nervos), atrofia e paralisia muscular.
• A pelagra tem como características a dermatite (inflamação da derme), a diarreia e uma inflamação grave do sistema
M

nervoso que pode levar à demência.


• Queilose são lesões (rachaduras) nos cantos da boca; glossite é a inflamação da língua e fotofobia é a intolerância à luz.
• O escorbuto caracteriza-se por sangramento das gengivas, perda de dentes, hemorragias subcutâneas e capacidade
de cicatrização lenta.
• A anemia perniciosa é resultante de uma falha no processo de maturação dos glóbulos vermelhos.
• Raquitismo consiste na formação de ossos fracos e tortuosos, e a osteomalacia é o amolecimento dos ossos.
• A esterilidade, devido à carência da vitamina E, já foi comprovada em machos de algumas espécies (ratos,
por exemplo). Na espécie humana, entretanto, não houve comprovação de tal efeito.

Bernoulli Sistema de Ensino 35


Frente A Módulo 04

TESTE DE DNA
O teste de DNA é utilizado na identificação de pessoas, sendo de grande valia em investigações policiais e criminais, bem como no
reconhecimento de paternidade. Criado em 1984 pelo cientista inglês Alec Jeferys, o exame de DNA, resumidamente, consiste no seguinte:
o DNA presente em células do sangue ou de algum outro tecido é fragmentado em diversos pedaços com a utilização de enzimas especiais
conhecidas como enzimas de restrição. Em seguida, os fragmentos são extraídos e colocados sobre um bloco gelatinoso e poroso e separados
de acordo com o tamanho, por meio de um campo elétrico (eletroforese).

A eletroforese é uma técnica que permite separar moléculas de acordo com o seu tamanho e sua carga elétrica. Devido à presença dos
íons fosfato (PO43-), os fragmentos deslocam-se do polo negativo para o polo positivo. Os fragmentos menores deslocam-se mais rápido do
que os maiores. Assim, ao término do procedimento, os fragmentos menores estarão mais próximos do polo positivo e os maiores, do polo

lli
negativo, alinhados numa disposição que lembra um código de barra. Ao serem iluminados com luz ultravioleta, tornam-se fluorescentes.
O tamanho desses fragmentos é medido em Kb (quilobases), sendo 1 Kb = 1 000 pares de bases nitrogenadas. A eletroforese do DNA
fornece um padrão de faixas ou bandas de diferentes larguras e tamanhos (semelhante ao código de barras) que é típico de cada pessoa.

ou
UV

A B C
O exame do DNA – A. O DNA presente em células do indivíduo é fragmentado e, em seguida, extraído; B. Os fragmentos de DNA são
colocados sobre um bloco gelatinoso e separados de acordo com o tamanho por meio de eletroforese; C. Sob radiação ultravioleta,

rn
os fragmentos se tornam fluorescentes e se mostram alinhados à semelhança das faixas (bandas) de um código de barras.
O padrão observado é típico para cada pessoa. É a chamada impressão digital (fingerprint) de DNA.

Essa técnica pode ser feita com trechos codificantes e / ou trechos não codificantes da molécula de DNA.

O teste de paternidade feito com o DNA garante 99,9% de certeza e, resumidamente, consiste no seguinte: são coletadas amostras
do DNA da mãe, do filho e do suposto pai. Verifica-se primeiro quais as bandas do filho se alinham com as bandas da mãe; confirma-se,
assim, tratar-se de mãe e filho. As bandas restantes do filho devem se alinhar e coincidir com as bandas do pai; se isso ocorrer, a paternidade
Be
estará comprovada; caso contrário, a paternidade é descartada.

Veja a ilustração a seguir:


Mãe Filho
F

F
E

D
C D
B

B
A
eu

Verifica-se primeiro quais bandas do filho se alinham com as bandas da mãe.

Mãe Filho Pai


F

L
E

J K
D K
C D
M

I
B I
B

H
A

G
G

As bandas restantes do filho devem alinhar-se e coincidir com as bandas do pai.

No teste de paternidade, normalmente utilizam-se fragmentos de DNA conhecidos como VNTRs (Variable Number of Tandem
Repeats = número variável de repetições em sequência), formados por repetições de unidades compostas por nucleotídeos.
São fragmentos encontrados em determinados cromossomos que, apesar de não codificantes, também são transmitidos segundo as
leis mendelianas. Dessa forma, parte desses fragmentos que uma pessoa possui foi herdada da mãe e a outra parte, herdada do pai.
Esses fragmentos são diferentes para cada pessoa (exceto nos casos de gêmeos univitelinos).

36 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: nucleotídeos, ácidos nucleicos, ATP e vitaminas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Com base nos dados dessa tabela, assinale a alternativa
que contém uma recomendação alimentar INADEQUADA.
A) Abacate para pessoas que sofrem de beribéri.
01. (PUCPR) A figura a seguir representa parte da estrutura
molecular do ácido desoxirribonucleico (DNA) B) Couve para alguém com osteoporose e xeroftalmia.
C) Goiaba para quem sofre de escorbuto.
D) Grão-de-bico para pessoas anêmicas.

T C 04. (UPE–2016) O raquitismo é uma doença que afeta o


A G
desenvolvimento dos ossos da criança, tornando-os

lli
frágeis e maleáveis, o que pode levar a deformidades
3 4 ósseas. Está entre as doenças mais comuns nos países em
1 2
desenvolvimento. É CORRETO afirmar que essa doença
é causada principalmente pela deficiência da vitamina

ou
A) B1, encontrada em carnes, legumes e cereais

BIOLOGIA
integrais.
B) C, encontrada em diversas frutas, especialmente as
Assinale a frase CORRETA.
cítricas.
A) A pentose pode ser a ribose ou a desoxirribose. C) A, encontrada no leite e derivados e nas carnes
B) As bases pirimídicas são idênticas às do ácido vermelhas.
ribonucleico (RNA). D) E, encontrada em vegetais, e pela baixa produção da
C) As bases púricas são a citosina e a timina. flora intestinal.

02.
rn
D) Os locais assinalados com os números 1, 2, 3 e 4
podem ser substituídos por T, C, A e G.
E) Os locais assinalados com os números 1, 2, 3 e 4
podem ser substituídos por G, A, C e T.
E) D, encontrada em laticínios, gema de ovo e vegetais
ricos em ovos, como também pela exposição
insuficiente à luz solar.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Be
(Fatec-SP) O ATP (trifosfato de adenosina), principal
molécula implicada nos processos energéticos dos 01. (Unioeste-PR) Em uma das fitas de DNA de uma espécie
seres vivos, é um composto químico constituído de vírus encontram-se 90 adeninas e 130 citosinas.
Sabendo-se ainda que nesta fita ocorre um total de
A) por proteínas ligadas a grupos prostéticos por alta
200 bases púricas e 200 bases pirimídicas, assinale a
energia.
alternativa CORRETA.
B) por proteína, albumina, ribose e três radicais fosfatos. A) Na dupla fita de DNA ocorrem 180 adeninas.
C) pelas proteínas actina e miosina, pelo açúcar B) Na dupla fita de DNA ocorrem 140 guaninas.
desoxirribose e por três radicais fosfatos. C) Na fita complementar ocorrem 300 bases púricas e
D) pela base nitrogenada adenina, pelo açúcar 100 bases pirimídicas.
D) Na fita complementar ocorrem 70 adeninas e 110
eu

desoxirribose e por três radicais fosfatos.


citosinas.
E) pela base nitrogenada adenina, pelo açúcar ribose e
E) Não é possível determinar a composição de bases
três radicais fosfatos.
nitrogenadas da fita complementar.

03. (UFMG) Esta tabela refere-se ao teor de minerais e de


02. (UECE–2015) Sobre os ácidos nucleicos (DNA e RNA) é
vitaminas expressos em mg por 100 g de parte comestível
CORRETO afirmar que
de alguns alimentos.
A) o RNA é formado por segmentos denominados
M

genes, responsáveis pela produção de proteínas nos


Minerais Vitaminas
seres vivos.
Alimento Ca P Fe A B1 C B) o processo de produção de uma molécula de RNA
Abacate 13 47 0,7 20 0,07 12 a partir de uma molécula de DNA é chamado de
tradução.
Couve 203 63 1,0 650 0,20 92 C) DNA é composto por uma desoxirribose e um grupo
fosfato, sendo suas quatro bases nitrogenadas:
Goiaba 22 26 0,7 26 0,04 218
adenina, citosina, guanina e timina.

Grão-de-bico 68 353 7,0 0 0,46 5 D) dentre as bases nitrogenadas, a timina é exclusiva


do RNA.

Bernoulli Sistema de Ensino 37


Frente A Módulo 04

03. (FEP-PA) O DNA e o RNA são constituídos de muitas Assinale a alternativa CORRETA. 

unidades, os nucleotídeos. Cada nucleotídeo é constituído A) A ausência da vitamina C está diretamente ligada à
por um grupo fosfato, uma pentose e uma base nitrogenada. fragilidade óssea. 

A diferença entre DNA e RNA se estabelece B) A vitamina B9 está envolvida com os mecanismos de
duplicação do DNA. 
A) na pentose e nas bases nitrogenadas.
C) A vitamina B5 não está envolvida com a formação de ATP. 
B) no fosfato e nas bases nitrogenadas.
D) A ausência de vitamina B12 levará a um aumento de
C) na pentose e no fosfato.

lli
hemácias circulantes. 
D) na pentose, nas bases nitrogenadas e no fosfato.
E) A ausência da vitamina K pode evitar quadros
E) apenas nas bases nitrogenadas.
hemorrágicos.

ou
04. (UFAM–2015) Em abril de 1953, James Watson e Francis
06. (UECE–2014) Na atualidade, os suplementos vitamínicos
Crick agitaram a comunidade científica com um elegante
fazem, cada vez mais, parte da rotina de pessoas em todo
modelo de dupla-hélice para a estrutura do DNA, o ácido
o mundo, pois possuem a função de suprir a deficiência
desoxirribonucleico, cuja “linguagem” química codifica
de nutrientes necessários para o bom funcionamento do
a informação hereditária. Sobre o DNA, assinale a
corpo, quando não há tempo suficiente para dedicação
alternativa CORRETA.
a uma alimentação equilibrada. Sobre as vitaminas,

rn
A) Uma fita de DNA em dupla-hélice apresenta 10% de
bases do tipo citosina. Logo, a concentração de bases
do tipo guanina é de 90%.

B) A replicação de DNA ocorre conforme o modelo


conservativo, onde as duas fitas parentais se associam
é CORRETO afirmar-se que

A) o consumo em excesso de vitaminas classificadas como


hidrossolúveis é um risco para a saúde, pois, com
o tempo, acumulam-se no organismo, tornando-se
tóxicas.
Be
novamente após servirem de moldes para a síntese
B) devido à sua extraordinária capacidade de dissolução
das novas fitas, restaurando a dupla-hélice parental.
na gordura corporal, as vitaminas lipossolúveis não
C) Uma fita de DNA em dupla-hélice apresenta 10% de
se acumulam no organismo.
bases do tipo adenina. Logo, a concentração de bases
C) a carência das vitaminas lipossolúveis C, A e K pode
do tipo guanina nessa fita é de 40%.
causar, respectivamente, escorbuto, cegueira noturna
D) A sequência de bases no DNA é a “linguagem”
e hemorragia.
química que, após transcrita, originará a sequência
D) nos seres humanos, a quantidade de vitaminas que
de nucleotídeos em uma proteína.
deve ser ingerida varia em função da idade, do sexo,
eu

E) A complementaridade de bases no DNA permite que


do estado de saúde e da atividade física do indivíduo.
uma base purínica (C ou G) de uma fita seja pareada
com uma base pirimidínica (A e T) na outra fita. 07. (PUC Rio) O material genético deve suas propriedades
a seus constituintes, os nucleotídeos, e à forma como
05. (UDESC–2016) As vitaminas, embora não sejam são organizados na molécula de ácido nucleico. No caso
produzidas pelo organismo, não são uma classe
específico do DNA, é característica da estrutura molecular
particular de substâncias, e sim uma designação geral
M

A) a ligação entre as bases nitrogenadas se dar por


para qualquer substância orgânica necessária ao
pontes de enxofre.
nosso organismo, mesmo em quantidades reduzidas.
Sabemos que a vitamina B5 (Ácido pantotênico) B) a pentose típica do DNA ser uma desoxirribose.
é um componente da coenzima A; a vitamina B9 C) ter como bases nitrogenadas a adenina, citosina,
(Biotina) atua na síntese das bases nitrogenadas;
guanina, timina e uracila.
a vitamina B12 (Cianocobolamina) atua na maturação
D) não existir uma orientação de polimerização dos
das hemácias; a vitamina C (Ácido ascórbico) atua na
nucleotídeos em cada cadeia.
manutenção da integridade dos vasos sanguíneos e a
vitamina K (Filoquinona) atua na coagulação do sangue. E) formar cadeias somente de fita simples.

38 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: nucleotídeos, ácidos nucleicos, ATP e vitaminas

SEÇÃO ENEM Que casal pode ser considerado como pais biológicos

do bebê?

A) 1 C) 3 E) 5
01. (Enem–2013) Para a identificação de um rapaz vítima
B) 2 D) 4
de acidente, fragmentos de tecidos foram retirados e

submetidos à extração de DNA nuclear, para comparação


03. (Enem–2011) Nos dias de hoje, podemos dizer que
com o DNA disponível dos possíveis familiares (pai, avô
praticamente todos os seres humanos já ouviram em
materno, avó materna, filho e filha). Como o teste com

lli
algum momento falar sobre o DNA e seu papel na
DNA nuclear não foi conclusivo, os peritos optaram por
hereditariedade da maioria dos organismos. Porém,
usar também DNA mitocondrial, para dirimir dúvidas.
foi apenas em 1952, um ano antes da descrição do
Para identificar o corpo, os peritos devem verificar se modelo do DNA em dupla-hélice por Watson e Crick,

ou
BIOLOGIA
há homologia entre DNA mitocondrial do rapaz e o DNA que foi confirmado sem sombra de dúvidas que o DNA

mitocondrial do(a) é material genético. No artigo em que Watson e Crick

descreveram a molécula de DNA, eles sugeriram um


A) pai.
modelo de como essa molécula deveria se replicar.

B) filho. Em 1958, Meselson e Stahl realizaram experimentos

utilizando isótopos pesados de nitrogênio que foram


C) filha.

D) avó materna.

E) avô materno.
rn incorporados às bases nitrogenadas para avaliar como se

daria a replicação da molécula. A partir dos resultados,

confirmaram o modelo sugerido por Watson e Crick, que

tinha como premissa básica o rompimento das pontes de


Be
hidrogênio entre as bases nitrogenadas.

02. (Enem–2013) Cinco casais alegavam ser os pais de


GRIFFITHS, A. J. F. et al. Introdução à Genética.
um bebê. A confirmação da paternidade foi obtida pelo
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
exame de DNA. O resultado do teste está esquematizado
Considerando a estrutura da molécula de DNA e a posição
na figura, em que cada casal apresenta um padrão com
das pontes de hidrogênio na mesma, os experimentos
duas bandas de DNA (faixas, uma para o suposto pai e
realizados por Meselson e Stahl a respeito da replicação
outra para a suposta mãe), comparadas à do bebê.
dessa molécula levaram à conclusão de que
eu

A) a replicação do DNA é conservativa, isto é, a fita


1 2 3 4 5 dupla filha é recém-sintetizada e o filamento parental
Bebê
Pai Mãe Pai Mãe Pai Mãe Pai Mãe Pai Mãe é conservado.

B) a replicação de DNA é dispersiva, isto é, as fitas filhas

contêm DNA recém-sintetizado e parentais em cada

uma das fitas.


M

C) a replicação é semiconservativa, isto é, as fitas

filhas consistem de uma fita parental e uma

recém-sintetizada.

D) a replicação do DNA é conservativa, isto é, as fitas

filhas consistem de moléculas de DNA parental.

E) a replicação é semiconservativa, isto é, as fitas filhas

consistem de uma fita molde e uma fita codificadora.

Bernoulli Sistema de Ensino 39


Frente A Módulo 04

04. (Enem–2005) A obesidade, que nos países desenvolvidos A comparação das proporções permitiu concluir que

já é tratada como epidemia, começa a preocupar ocorre emparelhamento entre bases nitrogenadas e que
especialistas no Brasil. elas formam

Os últimos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, A) pares de mesmo tipo em todas as espécies,
realizada entre 2002 e 2003 pelo IBGE, mostram que 40,6% evidenciando a universalidade da estrutura do DNA.
da população brasileira estão acima do peso, ou seja, 38,8 B) pares diferentes de acordo com a espécie considerada,
milhões de adultos. Desse total, 10,5 milhões são considerados o que garante a diversidade da vida.
obesos. Várias são as dietas e os remédios que prometem

lli
C) pares diferentes em diferentes células de uma mesma
um emagrecimento rápido e sem riscos. Há alguns anos, foi
espécie, como resultado da diferenciação celular.
lançado no mercado brasileiro um remédio de ação diferente
D) pares específicos apenas nos gametas, pois essas
dos demais, pois inibe a ação das lípases, enzimas que aceleram
a reação de quebra de gorduras. Sem serem quebradas, elas células são responsáveis pela perpetuação das espécies.

ou
não são absorvidas pelo intestino, e parte das gorduras ingeridas E) pares específicos somente nas bactérias, pois esses
é eliminada com as fezes. Como os lipídios são altamente organismos são formados por uma única célula.
energéticos, a pessoa tende a emagrecer. No entanto, esse
remédio apresenta algumas contraindicações, pois a gordura
GABARITO
não absorvida lubrifica o intestino, causando desagradáveis
diarreias. Além do mais, podem ocorrer casos de baixa absorção Fixação

rn
de vitaminas lipossolúveis, como as A, D, E e K, pois

A) essas vitaminas, por serem mais energéticas que as


demais, precisam de lipídios para sua absorção.

B) a ausência dos lipídios torna a absorção dessas vitaminas


desnecessária.
01. D

02. E

03. A
Be
C) essas vitaminas reagem com o remédio, transformando-se 04. E
em outras vitaminas.
D) as lipases também desdobram as vitaminas para que estas Propostos
sejam absorvidas.
01. D
E) essas vitaminas se dissolvem nos lipídios e só são
absorvidas junto com eles. 02. C

05. (Enem–2005) A identificação da estrutura do DNA foi 03. A

fundamental para compreender seu papel na continuidade


eu

04. C
da vida. Na década de 1950, um estudo pioneiro
determinou a proporção das bases nitrogenadas que 05. B
compõem moléculas de DNA de várias espécies.
06. D
Exemplos de Bases nitrogenadas
materiais 07. B
Adenina Guanina Citosina Timina
analisados
Seção Enem
M

Espermatozoide
30,7% 19,3% 18,8% 31,2%
humano
01. D
Fígado humano 30,4% 19,5% 19,9% 30,2%
Medula óssea
28,6% 21,4% 21,5% 28,5% 02. C
de rato
Espermatozoide
32,8% 17,7% 18,4% 32,1% 03. C
de ouriço-do-mar
Plântulas
27,9% 21,8% 22,7% 27,6% 04. E
de trigo
Bactérias E.coli 26,1% 24,8% 23,9% 25,1%
05. A

40 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA B 01
Vírus e viroses

lli
Os vírus (do latim virus, veneno) são seres que apresentam • São capazes de se reproduzir, quando no interior de uma
características típicas da matéria viva e características típicas célula viva.

ou
da matéria bruta, ou seja, ora têm comportamento de seres
• São parasitos intracelulares obrigatórios, já que só
vivos, ora comportam-se como seres inertes.
conseguem se reproduzir quando estão no interior de uma
Assim, ainda existem divergências a respeito de os vírus célula, usando, para tanto, a energia e o equipamento
se enquadrarem ou não no mundo vivo, razão pela qual bioquímico da célula hospedeira.
eles não foram incluídos em nenhum dos reinos dos seres
• Suas dimensões são ultramicroscópicas, variando entre
vivos, sendo o seu estudo feito separadamente dos demais
17 nm e 300 nm (lembre-se de que 1 nm = 10–6 mm).
grupos de seres vivos. Entretanto, apesar de os vírus serem
Com essas dimensões, são visualizados apenas em

rn
acelulares, muitos autores os consideram como seres vivos
pertencentes ao grupo dos micro-organismos.
Quanto à origem dos vírus, parece haver um consenso de
que estes não representam a forma de vida mais primitiva,
principalmente por dependerem da presença de células vivas
para a sua sobrevivência. Segundo a teoria da evolução

microscopia eletrônica.

Possuem morfologia diversificada. Não existe um padrão


de forma para todos os vírus.

Envoltório (envelope)
Be
Capsômeros
retrógrada, os vírus seriam descendentes de parasitos
|| | | || ||
|||| | |||
|||
|| ||||||||| |||||||| |||
|| || || ||
|| || ||
|| |||

Capsídeo
|| ||| || |
|| | | ||

intracelulares que teriam perdido a autonomia metabólica


||

||
Capsídeo

|
|| ||

||

|| |||
||

|
|

||
|

|
||

||
||
||

|| ||||||||||||||||| ||||
||
||
||

||
durante o processo evolutivo, conservando, entretanto,

|||
|||
|||| || | || | |||||

|| || |
| | | | || | |||

| | || || ||
uma bagagem genética suficiente para manter sua identidade Ácido Ácido
||||
|||

Arquivo Bernoulli
|||
|||

||
e sua capacidade de multiplicação. nucleico
||

nucleico
||

||
|| |||
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|| |||
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||

|
| |

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| |
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||

Uma outra teoria que tenta explicar a origem dos vírus é


|| || ||
|||
|| || || ||| ||
|| | || | | | |||| ||
||| ||
| || | || | | | | ||||

a chamada teoria da origem celular, segundo a qual os vírus


Componentes de um vírus – Independentemente de sua forma,
seriam componentes celulares, como plasmídios ou RNA-m,
os vírus são constituídos basicamente por um invólucro proteico
que, por processos de recombinação, teriam adquirido um denominado capsídeo (capsídio, cápside) e por um cerne (miolo)
eu

invólucro proteico, separando-se da célula original. onde fica o material genético representado pelo ácido nucleico.

O capsídeo é formado por unidades polipeptídicas


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS denominadas capsômeros, que têm a capacidade de se
combinarem quimicamente com substâncias presentes na
DOS VÍRUS superfície das células. Isso permite que o vírus reconheça e
ataque o tipo de célula adequado para penetrar e parasitar.
• São acelulares, isto é, não possuem organização celular.
Alguns vírus também possuem, mais externamente,
M

• Não possuem metabolismo próprio. envolvendo o capsídeo, um envoltório (ou envelope) de


• Alguns vírus, quando estão fora das células de um natureza glicoproteica e / ou lipídica. Assim, alguns vírus,
organismo, podem cristalizar-se por tempo indeterminado, além das proteínas e do ácido nucleico, têm também,
assim como os minerais. em sua composição, moléculas de lipídios e / ou de glicídios.

• Quimicamente, são constituídos por proteínas e por ácido


O material genético do vírus, isto é, o genoma viral,
nucleico. Alguns, além das proteínas e do ácido nucleico,
é representado pelo DNA ou pelo RNA. Os que possuem
também possuem lipídios e carboidratos.
DNA são chamados genericamente de desoxivírus, e os
• Seu material genético (DNA ou RNA) é passível de sofrer que têm RNA são os ribovírus. Alguns desoxivírus têm
mutações. DNA de fita dupla, já outros possuem DNA de fita simples.

Bernoulli Sistema de Ensino 41


Frente B Módulo 01

Também entre os ribovírus existem aqueles que possuem Uma vez no interior da célula bacteriana, o DNA do
RNA de fita dupla e os que têm RNA de fita simples. Quando bacteriófago pode seguir dois caminhos distintos: ciclo lítico
está fora das células hospedeiras, a partícula viral é chamada ou ciclo lisogênico.
de vírion. O vírion nunca apresenta atividade metabólica e
não tem capacidade de reprodução, mesmo quando colocado A) Ciclo lítico (multiplicação lítica) – O DNA
em meios nutritivos. Pode ser cristalizado e armazenado viral contém os genes que determinam todas as
por longos períodos de tempo. Após esse tempo, o vírion,
características do vírus. Uma vez no interior da
em condições adequadas, voltará a infectar uma célula.
bactéria, o DNA viral começa a ser transcrito.

lli
Os genes virais são semelhantes aos genes da
A REPRODUÇÃO célula hospedeira, de modo que as enzimas da
bactéria, responsáveis pela transcrição do DNA,
(MULTIPLICAÇÃO) DOS VÍRUS não os distinguem dos genes bacterianos e passam
a transcrevê-los, produzindo moléculas de RNA-m

ou
Os vírus só se reproduzem quando estão no interior de
uma célula hospedeira. Ao longo de sua evolução, os vírus virais, que se ligam aos ribossomos bacterianos,
adquiriram mecanismos para subverter o funcionamento da ocorrendo, assim, síntese de proteínas virais.
célula hospedeira e se reproduzirem à custa dela. O vírus Algumas dessas proteínas inibem o cromossomo
utiliza todo o maquinário metabólico da célula parasitada, bacteriano; outras atuam na replicação do DNA do
assim como suas matérias-primas, para fabricar várias fago, produzindo numerosas outras moléculas de
cópias idênticas de si próprio. Essa reprodução envolve as DNA viral; muitas irão formar os capsídeos, existindo
seguintes etapas: duplicação do material genético viral,

Vírus de DNA
rn
síntese das proteínas do capsídeo e montagem de novas
partículas virais no interior da célula hospedeira.

Como exemplo de reprodução de vírus que tem como


também aquelas que atuam como enzimas de
empacotamento. Em seguida, ocorre uma montagem,
isto é, por ação das enzimas de empacotamento,
cada capsídeo envolve uma molécula de DNA viral,
formando, assim, uma nova partícula viral. Após 30 ou
40 minutos da infecção inicial, cerca de 200 novos
Be
material genético o DNA, veremos os ciclos reprodutivos
bacteriófagos já estão completamente formados no
dos bacteriófagos ou fagos.
interior da célula bacteriana. Nesse momento, são
Proteína DNA produzidas as enzimas que destroem a parede da
célula bacteriana, ocorrendo, então, a lise (ruptura)
Cabeça dessa célula e a consequente liberação dos vírions
no meio extracelular. Esses vírions poderão infectar
outras bactérias e repetir todo o processo. Nesse
Espiral de ciclo, o vírus é denominado virulento ou lítico e a
proteína bactéria é chamada de não lisogênica.
eu

B) Ciclo lisogênico (multiplicação lisogênica) – Ao


Cauda
penetrar na célula bacteriana, o DNA do fago
incorpora-se ao cromossomo bacteriano, passando
Placa
a se comportar como se fosse parte integrante
basal Fibras
da cauda dele e não interferindo no metabolismo da célula
hospedeira. O DNA viral integrado ao cromossomo
M

Bacteriófago – Os bacteriófagos (fagos) são vírus que parasitam


celular é chamado de provírus. Nesse caso,
certas espécies de bactérias, como a bactéria intestinal
a bactéria continua com suas atividades metabólicas
Escherichia coli. O estudo da multiplicação dos bacteriófagos
abriu caminho para o esclarecimento da multiplicação dos vírus normais e, durante sua reprodução, o DNA viral
que parasitam animais e vegetais. vai sendo duplicado junto com o DNA bacteriano
e transmitido às novas bactérias. Assim, o DNA
Quando o bacteriófago entra em contato com a bactéria,
apenas o ácido nucleico viral penetra na célula hospedeira. viral vai sendo reproduzido, sem causar a lise das
O seu capsídeo permanece fora, fixado na parede celular. células bacterianas. Por isso, nesse ciclo, o vírus
Entretanto, certos vírus que infectam células eucariotas é chamado de não virulento ou temperado, e a
penetram inteiros na célula hospedeira. bactéria, de lisogênica.

42 Coleção Estudo 4V
Vírus e viroses

O esquema a seguir mostra, de forma resumida, os ciclos de reprodução dos bacteriófagos nas células hospedeiras.

DNA Cromossomo
Fago viral bacteriano

Arquivo Bernoulli
Bactéria

Duplicação bacteriana

lli
ou
BIOLOGIA
Ciclo lítico Ciclo lisogênico

rn
Lise da bactéria

Reprodução dos bacteriófagos.

A multiplicação dos vírus parasitos de animais que possuem como material genético o DNA segue, no geral, o mesmo
Be
padrão da reprodução dos bacteriófagos.

Vírus de RNA
Quando o ácido nucleico do vírus é o RNA, dois processos de reprodução podem ocorrer:

A) Na célula hospedeira, o RNA viral é transcrito em várias moléculas de RNA-m que comandarão a síntese de proteínas.
É o que acontece, por exemplo, com o vírus da gripe. Nesse caso, o vírion adere a moléculas receptoras presentes
na superfície das células hospedeiras, penetrando inteiro. No interior da célula, ocorre a desnudação, ou seja,
o capsídeo é digerido por enzimas celulares existentes nos lisossomos, e, assim, o RNA é liberado no citoplasma. Esse RNA
eu

viral é copiado em RNA-m viral, à custa de uma enzima, a RNA polimerase/RNA dependente, que faz parte da partícula
viral. Uma vez sintetizado, o RNA-m viral liga-se aos ribossomos celulares, ocorrendo, então, a tradução, ou seja, as
informações genéticas do RNA-m viral serão traduzidas, possibilitando a formação de proteínas virais, que podem ser de
dois tipos: proteínas estruturais que irão formar o capsídeo e enzimas que participam especificamente da duplicação do
ácido nucleico viral. Em seguida, ocorre a montagem de novas partículas virais, isto é, a reunião de moléculas de RNA
viral em capsídeos, originando novos vírions que se libertam das células infectadas.
M

B) Na célula hospedeira, o RNA viral é utilizado como molde para fabricar DNA por ação da enzima transcriptase reversa. Esses
vírus são chamados de retrovírus. Possuem, associada ao seu RNA, a enzima transcriptase reversa. Ao penetrar numa célula
hospedeira, essa enzima catalisa uma reação de “transcrição ao contrário”, isto é, formação do DNA a partir do RNA viral.
O DNA viral, assim formado, é de fita simples. O RNA viral é, então, degradado, e o DNA viral de fita simples sintetiza a sua fita
complementar, tornando-se, assim, um DNA viral de fita dupla. Esse DNA viral de fita dupla pode permanecer inativo por tempo
indeterminado, incorporado ao material genético da célula, constituindo o provírus, como também, a qualquer momento,
pode desencadear a transcrição, formando RNA-m viral que se liga aos ribossomos da célula hospedeira, onde será traduzido,
formando proteínas virais (proteínas do capsídeo). Essas proteínas virais se juntam às moléculas de RNA viral, formando novas
partículas virais no interior da célula. Os novos vírus são liberados por brotamento, podendo parasitar e destruir outras células.

Bernoulli Sistema de Ensino 43


Frente B Módulo 01

O vírus da Aids é um bom exemplo de retrovírus.


| || || |
| || | | || Membrana

| || | | || | |
|| || || |
da célula

| |
Envelope

|| |
|| || || || || |
Capsídeo
Transcriptase reversa
||
| || || | | || || || | 1 Adesão do vírus à membrana Célula hospedeira
| || | | plasmática e penetração da (citoplasma)

| || |
RNA viral
| || || | | || || || |
|

partícula viral na célula


| || | | | | || || |

lli
RNA hospedeira.
| | | |
| |

viral
DNA
| || |

| || | |
| || || | | | || || |
| ||
DNA

ou
Ciclo dos 2 Após a desnudação do vírus no meio
5 Os vírus formados podem
retrovírus
infectar outras células. intracelular, a transcriptase reversa
|| | | sintetiza DNA a partir de RNA.
|| | |
|| ||

|| || || ||
| | ||

|| || || ||

RNA-m | || || ||
| || || ||
Provírus
Proteínas virais
3 O DNA viral é,

rn então, incorporado

Arquivo Bernoulli
ao cromossomo da
célula, formando
o provírus.
4 Genes virais são transcritos e
traduzidos; novas partículas
virais são formadas e liberadas
Be
da célula por brotamento.

Esquema simplificado do ciclo replicativo dos retrovírus.

VIROSES
Os vírus são agentes etiológicos (agentes causadores) de diversas doenças, tanto em plantas como em animais.
O quadro a seguir mostra algumas das principais viroses que acometem a espécie humana:

Viroses humanas

Aids Gripe Poliomielite


eu

Catapora (varicela) Hepatite infecciosa Rubéola

Caxumba Herpes simples Sarampo

Dengue Hidrofobia (“raiva”) Varíola

Febre amarela Hantavirose Verrugas genitais

O modo de transmissão das viroses humanas é bastante diversificado. Algumas têm um agente vetor, como é o caso da
M

dengue e da febre amarela; outras, como a Aids e o herpes genital, podem ser transmitidas por meio das relações sexuais;
em muitas, os vírus penetram em nosso organismo junto com o ar que inspiramos ou pela água e pelos alimentos ingeridos.
Transfusões sanguíneas e o contato com sangue de pessoas contaminadas também podem transmitir certas viroses. Existem
ainda situações em que ocorre a transmissão vertical, em que a partícula viral infecciosa passa ao feto através da placenta.
A seguir, faremos um estudo resumido de algumas viroses. De cada uma delas, é importante você guardar o(s) modo(s)
de transmissão e as medidas de prevenção ou profilaxia.

Aids
A sigla Aids é formada pelas iniciais da expressão inglesa Acquired Immunodeficiency Syndrome (Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida). Alguns autores preferem a utilização da sigla SIDA, em português.

44 Coleção Estudo 4V
Vírus e viroses

A Aids causa a perda da imunidade, responsável pela defesa


do organismo contra agentes infecciosos. Assim, o paciente,
Catapora (varicela)
com o sistema imunológico debilitado, fica exposto às É uma das doenças contagiosas mais comuns na infância.
chamadas infecções oportunistas provocadas por bactérias, O vírus causador possui DNA e é transmitido por gotículas
fungos e protozoários. de saliva, pelo contato com as lesões da pele do doente ou
com roupas e objetos contaminados.
Proteínas da
Glicoproteínas estrutura central Os vírus provavelmente penetram em nosso organismo
pelas mucosas das vias respiratórias. Após um período
Transcriptase de incubação de 12 dias aproximadamente, a doença se
reversa manifesta por meio de febre, prostração e dores de cabeça.

lli
Membrana Dois ou três dias depois, surgem pequenas manchas
de lipídio vermelhas na pele que se transformam em bolhas que
(gordura) RNA contêm um líquido claro. Essas erupções se espalham pelo
corpo (peito, barriga, costas, nádegas, braços, pernas e
outras partes).

ou
O líquido torna-se amarelo e forma-se uma crosta escura

BIOLOGIA
(“casca de ferida”) que se desprende sem deixar marcas.
Esquema do vírus da Aids – O vírus causador da doença é
conhecido pela sigla HIV, iniciais de Human Immunodeficiency
Nesse estágio da doença, manifesta-se uma coceira muito
Virus (Vírus da Imunodeficiência Humana), e pertence ao incômoda. Não se deve deixar o doente coçar as bolhas,
grupo dos retrovírus. Esse vírus invade e destrói os linfócitos T pois isso pode propiciar contaminação bacteriana. Unhas
auxiliadores (também conhecidos por CD4+, linfócitos T-helper), aparadas, banhos e troca de roupas diários também
que são justamente as células que ativam os outros linfócitos contribuem para evitar essa contaminação. Enquanto houver
que formam o exército de defesa do corpo. Esses linfócitos T febre e novas bolhas estiverem aparecendo, o doente deve
atuam como células “auxiliadoras” do sistema imunológico, permanecer em repouso. Atualmente, já existe vacina para se

rn
uma vez que estimulam a produção de anticorpos e também
estimulam a fagocitose de corpos estranhos ao organismo.
Por isso, a destruição dessas células acarreta a falência do
sistema de defesa do organismo.

É bom lembrar que, além do HIV-1, principal vírus


responsável pela Aids, existe uma variedade do vírus, mais
rara, o HIV-2.
prevenir a doença.

Caxumba (parotidite)
Doença contagiosa e aguda (de curso rápido e intenso) que
se torna mais perigosa nos adultos, pelas complicações que
pode trazer, do que nas crianças. Acomete mais comumente as
crianças na faixa etária de 5 a 15 anos.
Be
O período de incubação do vírus no organismo humano
O vírus da caxumba possui RNA e é transmitido por gotículas
é variável, em média de 2 a 3 anos (podendo, entretanto,
de saliva, secreções nasais e, ainda, por objetos contaminados
ser bem mais longo). Durante esse período, a pessoa
(copos, garfos, etc.) por uma pessoa doente. A penetração
infectada não apresenta sintomas da doença, mas poderá
do vírus em nosso organismo se dá pelas vias respiratórias
transmitir o vírus a outras.
ou pela boca, de onde os vírus normalmente passam para as
Comprovadamente, transmissão e contaminação se fazem glândulas parótidas (maiores glândulas salivares) e causam sua
por meio de transfusões de sangue de pessoas infectadas inflamação, vindo daí o nome parotidite. Mais raramente, os vírus,
pelo HIV; uso de instrumentos cirúrgicos ou seringas por meio da corrente sanguínea, podem chegar a outros órgãos,
contaminadas; e relações sexuais, uma vez que o vírus como os testículos, os ovários, o pâncreas e mesmo o cérebro.
presente no esperma ou em secreções vaginais penetra por A imunização preventiva da caxumba se faz com o uso de vacina.
microfissuras formadas durante o ato sexual nos tecidos
Dengue (doença “quebra-ossos”)
eu

do reto, pênis ou mucosa vaginal. O vírus também pode


passar da mãe para o filho durante a vida intrauterina
ou por ocasião do parto e também pela amamentação. Doença infecciosa aguda causada por quatro variedades
A transmissão do vírus da mãe para o filho é responsável de vírus que têm RNA como material genético. No Brasil,
por cerca de 90% dos casos de Aids em crianças. esses vírus são transmitidos ao homem pela picada dos
mosquitos fêmeas Aedes aegypti. Os diferentes tipos
Como ainda não existe uma vacina nem a cura definitiva
de vírus da dengue podem causar duas formas distintas
para a doença, o combate à Aids se faz por meio de
da doença: dengue clássica e dengue hemorrágica.
informação e profilaxia (prevenção).
A dengue clássica manifesta-se pelo início súbito de febre,
As principais medidas preventivas são: uso de preservativos com duração de 4 a 5 dias, acompanhada de prostração,
M

(camisinhas); controle de qualidade do sangue usado em cefaleia (dor de cabeça), aumento dos gânglios linfáticos,
transfusões; emprego de seringas e agulhas descartáveis; dores musculares (especialmente nas costas) e dores nas
esterilização de qualquer instrumento cirúrgico médico- articulações ósseas (daí o nome de doença “quebra-ossos”).
-odontológico; não utilização comum de instrumentos Depois de mais ou menos uma semana, essas manifestações
cortantes, tais como navalhas, giletes, alicates de unha, etc. desaparecem gradualmente.

Estudos realizados em diferentes países mostram que o Na forma mais grave da doença, isto é, na dengue
uso do AZT pela mulher infectada, durante a gestação, além hemorrágica, além dos sintomas da dengue clássica, também
do uso do medicamento pelo recém-nascido e a substituição ocorrem hemorragias intestinais, vômitos e inflamação
da amamentação podem reduzir em cerca de 70% a do fígado. A dengue clássica e a dengue hemorrágica
transmissão vertical do HIV. Sem tratamento, a transmissão podem ser diagnosticadas por meio de exame de sangue.
chega a ocorrer em até 40% dos casos. Não existe um medicamento específico para a doença.

Bernoulli Sistema de Ensino 45


Frente B Módulo 01

A dengue clássica é tratada com repouso, ingestão de líquidos e A doença compromete vários órgãos: fígado, baço, rins,
uso moderado de antitérmicos à base de paracetamol. Não devem medula óssea e gânglios linfáticos. Logo após um período
ser usados medicamentos compostos por ácido acetilsalicílico, de incubação de 4 a 5 dias, a pessoa apresenta febre
cuja ação anticoagulante pode ocasionar sangramentos. alta, calafrios, dor de cabeça e prostração; seguem-se
O importante é procurar o serviço de saúde logo no início dos vômitos, dores musculares e bradicardia (diminuição
sintomas e evitar a automedicação. Na dengue hemorrágica, da frequência cardíaca). Com a evolução do processo
o tratamento pode exigir a aplicação de soro, plasma e mesmo infeccioso, surgem novas manifestações ainda mais graves,
transfusões de sangue, nas manifestações mais graves, em como hemorragias e comprometimento renal e hepático.
que os pacientes devem ser internados para um melhor São as lesões hepáticas que dão ao doente o aspecto
amarelado que caracteriza a doença.
acompanhamento médico. Todos os tipos de dengue podem

lli
produzir formas assintomáticas, brandas, graves e fatais. Todos A profilaxia da doença consiste no combate aos mosquitos
os tipos podem levar à dengue grave na primeira infecção, transmissores da febre amarela urbana, sobretudo em
porém, isso ocorre com maior frequência após a segunda ou sua forma larvária (no caso da febre amarela silvestre,
a terceira infecção por sorotipo diferente. É possível que uma o combate aos mosquitos é praticamente impossível, uma
pessoa contraia dengue hemorrágica no primeiro contágio, mas vez que eles estão espalhados por toda a mata); vacinação

ou
é fato conhecido que a repetição das epidemias, com a circulação de todas as pessoas que trabalham ou residem em regiões
sucessiva dos vários tipos de vírus, aumenta consideravelmente onde a doença se manifesta de forma endêmica; vacinação
a probabilidade de ocorrência da dengue hemorrágica. das pessoas que pretendem viajar para regiões onde existe a
doença; e controle de navios e aviões que saem ou chegam
Não existe, ainda, vacina contra a dengue. Dessa maneira, das regiões endêmicas.
a profilaxia (prevenção) da doença reside no combate aos
vetores, isto é, aos mosquitos transmissores. Para tanto,
devem ser tomadas as seguintes medidas: exterminar
Gripe (influenza)
os locais utilizados pelo mosquito para sua reprodução e Existem diferentes tipos de vírus de gripe. Todos têm

rn
postura dos ovos, não deixando água no interior de garrafas,
latas vazias, pneus velhos, etc.; tampar caixas-d’água,
tanques, filtros e quaisquer reservatórios de água dentro ou fora
de casa; evitar a manutenção de água nos pratos dos vasos de
plantas; utilizar inseticidas e desinfetantes domésticos e usar
telas protetoras em portas e janelas para impedir o acesso dos
mosquitos ao interior das casas.
como material genético o RNA, que, em muitos deles, sofre
contínuas modificações (mutações). As alterações ocorridas
no ácido nucleico do vírus determinam modificações no
envoltório proteico. Assim, os anticorpos elaborados contra
um tipo de vírus gripal tornam-se inócuos no combate a
outra forma mutante. Essa é uma das causas que dificulta a
obtenção de uma vacina mais eficiente no combate às gripes.
Be
A transmissão se faz por meio de gotículas de saliva e de
Existe a possibilidade de as fêmeas do A. aegypti grávidas,
secreções nasais. Os vírus penetram em nosso organismo pela
infectadas com o vírus da dengue, contaminarem os seus
boca ou pelas cavidades nasais, instalando-se em nossas vias
ovos (transmissão transovariana ou transmissão vertical).
respiratórias. Os sintomas da gripe aparecem, subitamente,
Tal fato já foi evidenciado, por exemplo, em Belo Horizonte.
de 1 a 3 dias após o contágio e os mais frequentes são: febre,
Os ovos de A. aegypti são colocados em grupos prostração, dor de cabeça, dores musculares, tosse, espirros
(10-30 ovos / criadouro), facilitando, assim, sua sobrevivência e obstrução nasal. Embora se faça certa confusão entre gripe
e dispersão. Os ovos são muito resistentes à dessecação, e resfriado comum, essas doenças são causadas por tipos
podendo permanecer por mais de um ano no meio ambiente. diferentes de vírus. O resfriado é uma doença mais branda, que
Após o contato com a água (ex.: chuva), as larvas podem compromete apenas as partes altas do aparelho respiratório
eclodir nos primeiros 15 minutos. A resistência à dessecação (nariz e faringe), com consequente coriza (eliminação de um
eu

dos ovos é considerada um dos principais obstáculos para o líquido claro e aquoso), espirros e febre moderada ou ausente.
controle da doença, pois essa condição permite que o ovo O tratamento da gripe é direcionado para os sintomas da doença.
seja transportado a grandes distâncias em ambiente seco. O recomendado é o repouso e uma dieta rica em líquidos.
Daí o motivo da alta população de Aedes aegypti durante o Analgésicos e antitérmicos podem ser utilizados para diminuir
período de chuvas. o mal-estar geral e a febre, enquanto descongestionantes
melhoram a obstrução nasal. Em certos casos, podem ser usadas
Febre amarela drogas antivirais que impedem a multiplicação viral, mas que não
destroem (“matam”) os vírus já instalados no organismo. Essa
Doença infecciosa aguda, que pode ser extremamente destruição é feita pelos anticorpos (defesas naturais).
M

grave e fatal, típica de regiões tropicais e subtropicais (África,


O combate aos vírus causadores da gripe é feito pelas nossas
América Central e América do Sul). Os vírus causadores
defesas naturais, em especial pelos anticorpos. Entretanto,
possuem RNA e são transmitidos ao homem por mosquitos
a imunidade não é duradoura ou definitiva, pois novas formas
fêmeas dos gêneros Aedes e Haemagogus. Nas cidades, de vírus mutantes, contra as quais o nosso organismo ainda não
os vírus são transmitidos por mosquitos do gênero Aedes, produziu anticorpos, aparecem rapidamente. Durante os surtos
sendo o Aedes aegypti a principal espécie transmissora da epidêmicos de uma gripe, deve-se evitar aglomerações humanas,
febre amarela urbana. No campo, a febre amarela tem forma especialmente em ambientes fechados, pois isso muito contribui
endêmica em muitas regiões e é transmitida por mosquitos para a disseminação dos vírus. Existem vacinas antigripais que
do gênero Haemagogus, que adquirem os vírus dos macacos conferem certa proteção apenas contra alguns tipos de vírus.
e podem passá-los ao homem quando este entra em contato Tais vacinas são recomendadas principalmente para pessoas
com a mata. Nesse caso, fala-se em febre amarela silvestre. que têm o sistema imunológico mais debilitado, como os idosos.

46 Coleção Estudo 4V
Vírus e viroses

Hepatites virais Herpes simples


Hepatite é uma inflamação do fígado que pode ter várias É uma doença que se caracteriza por formações de
causas, como ingestão excessiva de bebidas alcoólicas pequenas vesículas nas mucosas ou na pele. Essas
ou ação de parasitos e de substâncias químicas. Quando vesículas, que surgem sobre pequenas inflamações
causada por vírus, a hepatite é dita viral. Sua extensão e dolorosas, aparecem principalmente nos lábios (“herpes
gravidade são variáveis, podendo apresentar-se mais branda oral”) e nos órgãos genitais (“herpes genital”). A doença,
entretanto, pode manifestar-se em qualquer região do
(sob forma “benigna”) e, em certos casos, ter evolução grave
corpo. O vírus do herpes simples possui DNA e transmite-se
e mesmo fatal. A hepatite virótica é causada por diferentes
de pessoa a pessoa por contato direto. O herpes-vírus tipo
tipos de vírus.

lli
1, responsável pelo herpes oral ou labial, é encontrado,
Entre eles, destacam-se o HAV (vírus da hepatite A), por exemplo, na saliva de muitas pessoas que nunca
HBV (vírus da hepatite B) e o HCV (vírus da hepatite C). tiveram manifestação da doença. Pode-se, portanto, falar
em indivíduos portadores, isto é, indivíduos que possuem
Hepatite A – Causada pelo HAV, sua transmissão se
e transmitem o vírus sem manifestação da doença.
faz pela via digestória, por meio da ingestão de água e

ou
O herpes-vírus tipo 2, responsável pelo herpes genital,

BIOLOGIA
alimentos contaminados por fezes de indivíduos doentes.
é transmitido essencialmente pelo contato sexual, sendo,
Insetos, como as moscas, facilitam a transmissão, pousando
portanto, uma doença do grupo das DSTs (Doenças
alternadamente nos detritos e nos alimentos, transportando,
Sexualmente Transmissíveis). As lesões (vesículas)
assim, os vírus das fezes contaminadas para alimentos, cicatrizam em poucos dias e, normalmente, não deixam
água e objetos. Torna-se evidente, portanto, que a falta de sinal de sua aparição; os tecidos afetados refazem-se
instalações sanitárias adequadas facilita a propagação da plenamente. Os vírus, porém, podem permanecer
doença e a ocorrência de surtos epidêmicos. A hepatite A latentes, voltando periodicamente à atividade. Essas
se caracteriza por um período de incubação de 20 a 40 dias, crises recidivas estão associadas a diversos estímulos,

rn
após o qual surgem os sintomas da doença: febre,
mal-estar, perda de apetite (anorexia), náuseas, vômitos,
dor de cabeça, dores abdominais, hepatomegalia (fígado
inchado e dolorido quando apalpado) e icterícia (pele e olhos
amarelados). A profilaxia depende de medidas gerais de
saneamento e cuidados pessoais com a higiene. A prevenção
da doença obedece aos mesmos princípios de prevenção de
tais como exposição excessiva aos raios solares, febres
produzidas por outras infecções, perturbações digestivas,
alterações psíquicas ou distúrbios emocionais, reações
alérgicas e, em algumas mulheres, irregularidades
menstruais. As medidas profiláticas específicas são
praticamente inexistentes, pois os vírus do herpes
encontram-se latentes nos tecidos, sendo encontrados
Be
todas as doenças cujos agentes etiológicos (causadores) em porcentagens muito altas na espécie humana. Uma
penetram por via digestiva. A hepatite A pode ser prevenida medida geral é evitar o contato direto com o herpético
por meio da vacinação feita a partir dos 12 meses de vida. em fase de manifestação da doença.
Hepatite B – Causada pelo HBV, sua transmissão se faz
pela via parenteral (inoculação subcutânea, intramuscular, Raiva (Hidrofobia)
endovenosa e outras de produtos contendo sangue humano Doença grave, quase sempre fatal, que pode acometer
ou derivados contaminados). A transmissão também pode praticamente todos os mamíferos. O vírus da raiva tem
ser feita por meio de seringas, agulhas e material cirúrgico RNA e é transmitido ao homem pela saliva de diversos
contaminados e pelo contato com sangue e secreções do corpo, animais contaminados (raposa, lobo, gambá, rato,
como sêmen e secreções vaginais (nas relações sexuais), além morcego, cão, gato e outros). O cão e o gato são os
eu

de leite materno, lágrima e saliva. A hepatite B geralmente principais transmissores da raiva ao homem, sendo que o
tem um período de incubação mais longo (60 a 180 dias) cão responde por aproximadamente 87% dos casos que
e os seus sintomas são semelhantes aos da hepatite A. acometem o homem. Essa transmissão se dá por meio
O tratamento da hepatite consiste, fundamentalmente, em de lambidas em regiões do nosso corpo com ferimentos
repouso e dieta adequada (com pouca gordura para não e, principalmente, por meio da mordida, que provoca na
sobrecarregar o fígado). Em certos casos o tratamento pele ferimentos por onde penetram os vírus presentes
também utiliza medicamentos antivirais. Na prevenção da na saliva do animal contaminado. Os vírus atingem o
hepatite B, torna-se necessária a esterilização cuidadosa sistema nervoso central, onde se multiplicam, causando
dos instrumentos cirúrgicos, seringas, agulhas, etc., como danos irreparáveis. A raiva humana se manifesta após
M

também o controle de qualidade do sangue dos doadores. um período de incubação usualmente compreendido entre
Já existe uma vacina contra a hepatite B, que deve ser 20 e 60 dias. A duração do período de incubação parece
aplicada sobretudo nos indivíduos que exercem atividades depender da quantidade de vírus inoculada (mordedura
médico-sanitárias, pois lidam com doentes e com material direta sobre a pele ou através da roupa), bem como do
que pode estar contaminado. local da mordedura, ou seja, da distância da zona de
inoculação até o sistema nervoso central. Os sintomas da
Hepatite C – Causada pelo HCV, sua transmissão, doença podem, então, demorar de alguns dias a alguns
à semelhança da hepatite B, é feita através do sangue e da meses para se manifestarem num indivíduo contaminado.
relação sexual. A forma crônica pode evoluir para cirrose As manifestações iniciais não são muito específicas: febre
hepática e também predispõe ao câncer de fígado (câncer moderada, cefaleia (dor de cabeça), insônia, ansiedade e
hepático). Ainda não há vacina. sensação de dor e formigamento na região da mordida.

Bernoulli Sistema de Ensino 47


Frente B Módulo 01

Posteriormente, aparecem os sintomas típicos da raiva:


excitação cerebral com crises de delírio e de agressividade,
Rubéola
espasmos musculares dolorosos, convulsões, paralisias, O vírus da rubéola possui RNA e sua transmissão é feita
elevação da temperatura (41-42 °C) e asfixia terminal. por gotículas de saliva e por secreções nasais e também
O doente geralmente morre por paralisia dos músculos pelo contato direto com o doente. A penetração do vírus
respiratórios. O termo hidrofobia (do grego hydros, água e se faz através das mucosas das vias respiratórias, e sua
phobos, medo) se deve ao fato de que, em consequência disseminação, por meio da corrente sanguínea. Após um
dos espasmos dolorosos dos músculos da faringe, o doente período de incubação que dura em média de duas a três
evita a deglutição até da saliva. Em vista da gravidade da semanas, surgem os sintomas iniciais: mal-estar, febre
doença, são necessárias medidas severas para evitá-la, baixa, aumento dos gânglios linfáticos cervicais (região do
tornando obrigatória a vacinação de cães e gatos e o pescoço) e surgimento de um exantema (erupção cutânea)

lli
recolhimento dos animais soltos nas ruas. Se uma pessoa constituído por manchas rosadas na pele. A rubéola é uma
for mordida por um desses animais, deve tomar os seguintes doença “benigna”. No entanto, quando contraída por mulheres
cuidados: com água e sabão, lavar várias vezes o local grávidas, torna-se uma doença bastante perigosa, já que
da ferida, mantendo-o em água corrente durante algum o vírus pode infectar a placenta e daí passar para o feto,
tempo e aplicando depois um desinfetante; mesmo que o provocando anomalias, como surdez, microcefalia e defeitos
cardíacos. O perigo se torna ainda maior se a mulher adquire

ou
animal não mostre sinais de raiva, exigir do seu proprietário
a doença nos primeiros meses de gestação, época em que os
o atestado de vacinação antirrábica; o animal deve ser
órgãos do embrião estão em processo de formação. Quanto
mantido sob observação durante pelo menos dez dias.
mais no início da gravidez ocorre a infecção, maior a chance
Se, ao final desse período, o animal não manifestar sinais
de nascimento de criança afetada por anomalias graves.
da doença, o tratamento é dispensável, mas, se o cão
Sua profilaxia é feita com o uso de vacina.
adoecer, morrer, fugir ou se a observação do animal não
for possível, a pessoa deverá procurar imediatamente
assistência médica especializada. Provavelmente, Sarampo
o médico iniciará uma série de vacinas, que são eficientes Doença aguda, altamente contagiosa, comum em todo o

dos animais vadios.

OBSERVAÇÃO
rn
desde que aplicadas antes de a pessoa ficar doente.
A prevenção da raiva urbana consiste fundamentalmente
na vacinação dos cães e gatos e na captura e no controle

A raiva bovina, que acarreta grandes prejuízos à


mundo, que acomete, sobretudo, crianças de até 10 anos de
idade, especialmente as menores de 5 anos. O vírus possui
RNA e sua transmissão se faz por meio de secreções dos olhos,
do nariz e da garganta (secreções nasofaríngeas) e gotículas
de saliva que, pela fala, tosse e espirros, propagam-se pelo ar.
Os vírus penetram pelas mucosas das vias respiratórias,
caem na corrente sanguínea e se disseminam pelo corpo.
Be
pecuária, tem como profilaxia a vacinação em massa do Após um período de incubação de aproximadamente
gado, especialmente em áreas onde existem morcegos 10 dias, surgem os primeiros sintomas: febre, corrimento
hematófagos. nasal, tosse, olhos vermelhos e lacrimejantes. Um ou
dois dias depois, aparecem pequenos pontos brancos
Poliomielite (“paralisia infantil”) (manchas de Koplik) na mucosa bucal e, em seguida,
surge um exantema constituído por manchas vermelhas
Poliomielite (do grego polios, cinzento; myel, medula que normalmente aparecem primeiro atrás das orelhas e
e itis, inflamação) significa “inflamação da substância na face e, posteriormente, alastram-se por todo o corpo.
cinzenta da medula nervosa”. É um termo introduzido O sarampo, como muitas outras viroses, reduz a resistência
quando ainda se pensava que a doença atingisse somente a do organismo, tornando-o mais suscetível a contrair
medula nervosa. Posteriormente, descobriu-se que os vírus infecções secundárias, como otite (inflamação do ouvido
dessa doença atacam não apenas a medula nervosa, mas médio), pneumonia, encefalites e outras, que necessitam
de pronto atendimento médico. Essas complicações são
eu

também outras regiões do SNC (Sistema Nervoso Central).


O termo “paralisia infantil”, muito usado popularmente para mais frequentes em crianças desnutridas e debilitadas.
se referir à doença, é também impróprio, já que apenas A profilaxia do sarampo é feita com o uso de vacina.
1% dos casos assume forma paralítica e a doença pode
manifestar-se também em adultos. O vírus da poliomielite Verrugas (papilomas) genitais
tem como material genético o RNA e normalmente penetra Têm como causadores vírus conhecidos como HPV
em nosso organismo pela via digestiva, junto com água (Papilomavírus Humano). Já foram catalogados mais de
e com alimentos contaminados. Nas regiões onde são 150 subtipos de HPV no mundo. Alguns desencadeiam
precárias as condições de saneamento, a água é um infecções menos agressivas, já outros, mais agressivos,
M

importante veículo de transmissão desses vírus. Admite-se podem desencadear processos neoplásicos cancerígenos.
que a transmissão também possa ocorrer de pessoa Um estudo epidemiológico realizado nos últimos
a pessoa por meio de gotículas de saliva ou secreções 17 anos pelo Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o
nasais. Após a penetração, os vírus multiplicam-se Câncer, em São Paulo, revelou que o HPV é responsável
no intestino e depois invadem a corrente sanguínea, por 96,5% dos casos de câncer de colo de útero.
disseminando-se por todo o corpo, podendo, assim, O HPV também pode desencadear tumores malignos em
atingir os órgãos do sistema nervoso central. A profilaxia outros locais, como vagina, vulva, reto e ânus. Nos homens,
e o controle da poliomielite se fazem submetendo a pode desencadear câncer no pênis e no ânus. A transmissão
população a um programa adequado de vacinação. do HPV se faz quase exclusivamente por contato sexual.
As vacinas universalmente conhecidas são a Salk (feita Tumores no colo do útero certamente advêm do sexo em sua
de vírus inativados) e a Sabin (feita de vírus atenuados). forma mais convencional – a penetração pela vagina. Aqueles
A Sabin é aplicada por via oral, sob a forma de gota. que ocorrem no ânus relacionam-se à prática de sexo anal.

48 Coleção Estudo 4V
Vírus e viroses

E, mais recentemente, detectaram-se lesões de esôfago por


HPV, talvez provocadas pela prática de sexo oral. Embora seja
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
extremamente raro, alguns autores admitem ser possível
contrair o vírus em piscinas, banheiros públicos e por meio do
01. (UFJF-MG) Os vírus não são considerados células porque
uso compartilhado de sabonetes, roupas íntimas ou toalhas A) possuem somente um cromossomo e são muito
de banho. São transmissões possíveis, porém muito pouco pequenos.
prováveis. E há, finalmente, um percentual baixo de crianças
B) não possuem mitocôndrias e o retículo endoplasmático
infectadas na hora do parto. Como a transmissão do HPV se dá
é pouco desenvolvido.
preponderantemente por meio da relação sexual, quanto mais
cedo for o início da vida sexual, maior será a probabilidade C) não têm membrana plasmática nem metabolismo
de se entrar em contato com esses vírus. Sexo sem proteção próprio.

lli
(sem o uso de preservativos) e a troca frequente de parceiros
D) parasitam plantas e animais e dependem de outras
aumentam a probabilidade de contágio. Em 70% dos casos,
células para sobreviver.
o HPV desaparece naturalmente. Em muitos casos, o vírus
permanece latente ou evidencia-se por meio de sintomas E) seu material genético sofre muitas mutações e é
facilmente tratáveis. Assim, não é toda contaminação por constituído apenas por RNA.

ou
HPV que irá desencadear processos cancerígenos. Isso irá

BIOLOGIA
depender do subtipo de HPV presente no organismo. Há várias 02. (UNESP) Em 2008, a Secretaria Estadual de Saúde e
formas de detectar a presença do HPV, desde exames mais
pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, ambas do Rio
simples, como o de Papanicolau, até exames que utilizam
de Janeiro, confirmaram um caso de dengue adquirida
técnicas mais avançadas que identificam o DNA do vírus,
permitindo classificá-lo com maior precisão. Caso o HPV seja durante a gestação. A mãe, que havia adquirido dengue
detectado precocemente, as chances de cura são de 100%. três dias antes do parto, deu à luz uma garotinha com a
Já existem vacinas contra alguns tipos de HPV. No Brasil a mesma doença. O bebê ficou internado quase um mês,
campanha de vacinação atende meninas de 9 a 13 anos. e depois recebeu alta.

OBSERVAÇÃO

rn
Além das viroses mencionadas, muitas outras existem.
Cerca de 60% das doenças infecciosas no mundo têm
como agentes etiológicos os vírus. Algumas estão no grupo
das chamadas “doenças emergentes”, isto é, doenças cuja
existência anterior era desconhecida no planeta ou, pelo
menos, na região em que apareceram. Entre as viroses
Pode-se afirmar CORRETAMENTE que esse caso
A) contradiz a hipótese de que a criança em gestação
receba, por meio da barreira placentária, anticorpos
produzidos pelo organismo materno.
B) contradiz a hipótese de que a dengue é uma doença
viral, uma vez que pode ser transmitida entre gerações
Be
sem que haja a participação do Aedes aegypti.
que fazem parte desse grupo de doenças emergentes há,
por exemplo, a Aids, que infecta milhões de pessoas em C) confirma que a dengue é uma doença infecto-
todo o mundo, as hantaviroses, a febre hemorrágica africana -contagiosa, que só pode ser transmitida de pessoa
(causada pelo vírus Ebola) e a SARS (Síndrome respiratória para pessoa através de um vetor.
aguda grave). D) demonstra a possibilidade da transmissão vertical,
de pessoa para pessoa, através do contato da pessoa
HANTAVIROSES sadia com secreções da pessoa doente.

São enfermidades agudas que podem apresentar-se sob as E) demonstra a possibilidade de o vírus da dengue
formas de febre hemorrágica com síndrome renal (HFRS) e atravessar a barreira placentária, sem que seja
de síndrome pulmonar por hantavírus (HPS), sendo a segunda necessária a presença de um vetor para sua transmissão.
a única forma encontrada nas Américas. Os hantavírus têm
eu

como reservatórios os roedores, especialmente os silvestres. 03. (UERJ) Pandemias graves de gripe por vírus influenza
No roedor, a infecção pelo vírus aparentemente não é letal repetem-se, no mundo, a determinados intervalos de
e pode levá-lo ao estado de reservatório por toda a vida.
tempo, causando milhões de mortes. Cientistas da OMS
A infecção humana ocorre mais frequentemente pela inalação
alertam para o fato de que a gripe aviária, surgida no
de aerossóis formados a partir de secreções e excreções de
sudeste asiático, pode provocar uma nova pandemia.
roedores infectados. Outras formas de transmissão para a
espécie humana já foram descritas, como ingestão de água e O controle do alastramento desse vírus é problemático,
alimentos contaminados, transmissão percutânea, por meio não só devido às facilidades de transporte no mundo, mas,
de escoriações na pele e mordeduras de roedor e contato do também, porque as vacinas produzidas para combatê-lo
M

vírus com mucosas, como a conjuntival. A síndrome pulmonar podem perder a sua eficácia com o tempo.
por hantavírus causa febre, dores musculares (mialgias),
Essa perda de eficácia está associada à seguinte
dor abdominal, vômitos, cefaleia, taquipneia, taquicardia,
característica dos vírus influenza:
hipertensão, edema pulmonar e insuficiência respiratória
aguda. Trata-se de uma doença com alta taxa de letalidade. A) Sofrer alterações em seu genoma com certa frequência.
As medidas de profilaxia e controle das hantaviroses devem ser B) Inibir com eficiência a produção de anticorpos pelo
baseadas em manejo ambiental, por meio, principalmente, de hospedeiro.
práticas de higiene e medidas corretivas no meio ambiente, como
C) Destruir um grande número de células responsáveis
saneamento e melhoria das condições de vida e moradia, tornando
pela imunidade.
as habitações e os campos de trabalho impróprios à instalação e
proliferação de roedores. D) Possuir cápsula protetora contra a maioria das defesas
do hospedeiro.

Bernoulli Sistema de Ensino 49


Frente B Módulo 01

04. (UNESP–2016) No ano de 2007, pesquisadores da Com relação a esse processo, é CORRETO afirmar que os vírus
Universidade de Ulm, Alemanha, descobriram que, apesar A) não o realizam, pois não apresentam as características
do sêmen de portadores do HIV conter concentrações muito fisiológicas e celulares para ocorrência do processo.
pequenas do vírus, uma proteína presente neste fluido atua
B) só o realizam quando metabolicamente ativos
como um excelente transportador de partículas do vírus HIV
no momento de infecção em suas células-alvo
para as células-alvo, aumentando em até 100 mil vezes as
hospedeiras.
possibilidades de um indivíduo ser infectado, caso tenha
C) o realizam diretamente através do cápside, seu
contato com o sêmen contaminado em tecido mucoso.
envoltório proteico de proteção.
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/saude/semen-hiv.htm>.
D) só o realizam se forem classificados como envelopados,
As informações contidas no texto reforçaram ainda por apresentarem membrana e citoplasma celulares.

lli
mais a ideia de que, a partir daquela data, para evitar a E) não o realizam, pois apresentam a primitiva
transmissão da Aids, organização celular procarionte.
A) é necessário o uso de camisinha durante a relação
sexual. 04. (Fatec-SP) Os vírus são minúsculos “piratas” biológicos
porque invadem as células, saqueiam seus nutrientes
B) o homem deve realizar vasectomia para não liberar

ou
e utilizam as reações químicas das mesmas para se
espermatozoides contaminados.
reproduzir. Logo em seguida, os descendentes dos
C) a mulher deve utilizar pílula anticoncepcional para
invasores transmitem-se a outras células, provocando danos
impedir a ação do sêmen.
devastadores. A esses danos, dá-se o nome de viroses, como
D) é necessário que as relações sexuais sejam feitas a raiva, a dengue hemorrágica, o sarampo, a gripe, etc.
após higiene íntima.
SCOTT, Andrew.
Piratas da célula (Adaptação).
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
De acordo com o texto, é CORRETO afirmar que
01.

rn
(FPS-PE–2015) O bacteriófago é um vírus bastante
estudado que apresenta dois tipos de ciclo reprodutivo.
Qual destes ciclos está representado na figura a seguir?
A) os vírus utilizam o seu próprio metabolismo para
destruir células, causando viroses.
B) os vírus utilizam o DNA da célula hospedeira para
produzir outros vírus.
C) os vírus não têm metabolismo próprio.
D) as viroses resultam sempre das modificações
genéticas da célula hospedeira.
Be
E) as viroses são transcrições genéticas induzidas pelos
Vírus
vírus que degeneram a cromatina na célula hospedeira.

05. (UNESP–2016) Considere as seguintes manchetes,


noticiadas por diferentes meios de comunicação no
Bactéria primeiro semestre de 2015:

Brasil pode ser o primeiro país a ter vacina


A) Ciclo lisogênico D) Ciclo litiogênico
contra a dengue.
B) Ciclo virológico E) Ciclo bacteriogênico
C) Ciclo lítico
Mosquito da dengue é o mesmo que transmite
eu

a febre chikungunya.
02. (UECE) Com relação aos vírus, assinale a alternativa
CORRETA.
Sobre a relação existente entre esses dois temas, vacina
A) São seres que possuem membrana plasmática,
contra dengue e febre chikungunya, é CORRETO afirmar
envoltório fundamental à proteção do seu material
que a vacina
genético interno.
A) diminuirá o número de casos de dengue, mas poderá
B) São autossuficientes, uma vez que sintetizam ácidos contribuir para o aumento do número de pessoas com
nucleicos e proteínas indispensáveis à sua reprodução. febre chikungunya.
C) Por apresentarem metabolismo próprio, são B) fará diminuir o tamanho das populações de Aedes
M

microrganismos bastante patogênicos, capazes de aegypti, diminuindo o número de casos de dengue e


causar epidemias que afetam diretamente a espécie o número de casos de febre chikungunya.
humana. C) tornará as pessoas imunes a ambas as doenças, mas
D) Apresentam apenas um tipo de ácido nucleico que, a presença de mosquitos Aedes aegypti no ambiente
dependendo do vírus, pode ser o DNA ou o RNA. continuará alta.
D) tornará as pessoas imunes ao mosquito Aedes
03. (FGV–2016) O fluxo de água do meio hipotônico para aegypti, mas não imunes aos agentes etiológicos da
o meio hipertônico através da membrana lipoproteica dengue e da febre chikungunya.
semipermeável é denominado osmose, essencial para a E) protegerá contra a febre chikungunya apenas nos
manutenção das condições fisiológicas citoplasmáticas casos em que o Aedes aegypti for portador de ambos
em todos os organismos celulares. os agentes etiológicos.

50 Coleção Estudo 4V
Vírus e viroses

06. (Unicamp-SP–2016) O sarampo é uma doença 02. (Enem–2013) A contaminação pelo vírus da rubéola
infectocontagiosa provocada pelo Morbilivirus. Em 2015 é especialmente preocupante em grávidas, devido à
apareceram vários casos dessa doença em diversas síndrome da rubéola congênita (SRC), que pode levar
cidades do Brasil e do mundo. O que faz com que esta ao risco de aborto e malformações congênitas. Devido a
doença seja extremamente contagiosa e muito comum campanhas de vacinação específicas, nas últimas décadas
houve uma grande diminuição de casos de rubéola entre
na infância?
as mulheres, e, a partir de 2008, as campanhas se
A) O fato de ser transmitida por um vírus para o qual intensificaram e têm dado maior enfoque à vacinação de
não existe vacina. homens jovens.
B) O fato de ser frequentemente transmitida por
BRASIL. Brasil livre da rubéola: campanha nacional

lli
secreções das vias respiratórias, como gotículas
de vacinação para eliminação da rubéola. Brasília:
eliminadas pelo espirro ou pela tosse.
Ministério da Saúde, 2009 (Adaptação).
C) O fato de ser transmitida apenas por meio de insetos
Considerando a preocupação com a ocorrência da SRC,
vetores.
as campanhas passaram a dar enfoque à vacinação dos
D) O fato de ser extremamente contagiosa apenas em homens, porque eles

ou
BIOLOGIA
crianças desnutridas, recém-nascidos e crianças
A) ficam mais expostos a esse vírus.
portadoras de imunodeficiências.
B) transmitem o vírus a mulheres gestantes.

07. (UFES–2015) Em 2014, a imprensa noticiou C) passam a infecção diretamente para o feto.
exaustivamente o surto de febre hemorrágica provocada D) transferem imunidade às parceiras grávidas.
pelo vírus ebola. Os vírus são organismos bastante E) são mais suscetíveis a esse vírus que as mulheres.
peculiares em relação à sua estrutura corporal e à sua
reprodução e, muitas vezes, não são considerados seres 03. (Enem–2013) Milhares de pessoas estavam morrendo

rn
vivos. No que se refere aos vírus, EXPLIQUE
A) o que diferencia o corpo de um vírus do corpo dos
demais organismos vivos.
B) como se reproduzem os vírus de RNA.
C) o motivo pelo qual parte da comunidade científica não
considera vírus como ser vivo.
de varíola humana no final do século XVIII. Em 1796,
o médico Edward Jenner (1749-1823) inoculou em um
menino de 8 anos o pus extraído de feridas de vacas
contaminadas com o vírus da varíola bovina, que causa
uma doença branda em humanos. O garoto contraiu uma
infecção benigna e, dez dias depois, estava recuperado.
Meses depois, Jenner inoculou, no mesmo menino, o pus
Be
varioloso humano, que causava muitas mortes. O menino
não adoeceu.

SEÇÃO ENEM Disponível em: <www.bbc.co.uk>.


Acesso em: 05 dez. 2012 (Adaptação).
01. (Enem–2015) Tanto a febre amarela quanto a dengue
Considerando o resultado do experimento, qual a
são doenças causadas por vírus do grupo dos arbovírus, contribuição desse médico para a saúde humana?
pertencentes ao gênero Flavivirus, existindo quatro
A) A prevenção de diversas doenças infectocontagiosas
sorotipos para o vírus causador da dengue. A transmissão
em todo o mundo.
de ambas acontece por meio da picada de mosquitos,
como o Aedes aegypti. Entretanto, embora compartilhem B) A compreensão de que vírus podem se multiplicar em
essas características, hoje somente existe vacina, matéria orgânica.
eu

no Brasil, para a febre amarela e nenhuma vacina efetiva C) O tratamento para muitas enfermidades que acometem
para a dengue. milhões de pessoas.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fundação Nacional de Saúde. D) O estabelecimento da ética na utilização de crianças
Dengue: instruções para pessoal de combate ao vetor. em modelos experimentais.
Manual de Normas Técnicas. Disponível em: E) A explicação de que alguns vírus de animais podem
<http://portal.saude.gov.br>. ser transmitidos para os humanos.
Acesso em: 07 ago. 2012 (Adaptação).

Esse fato pode ser atribuído à 04. (Enem–2011) Durante as estações chuvosas, aumentam
M

no Brasil as campanhas de prevenção à dengue, que têm


A) maior taxa de mutação do vírus da febre amarela do
como objetivo a redução da proliferação do mosquito
que do vírus da dengue.
Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue.
B) alta variabilidade antigênica do vírus da dengue em
Que proposta preventiva poderia ser efetivada para
relação ao vírus da febre amarela.
diminuir a reprodução desse mosquito?
C) menor adaptação do vírus da dengue à população
A) Colocação de telas nas portas e janelas, pois o mosquito
humana do que do vírus da febre amarela.
necessita de ambientes cobertos e fechados para a sua
D) presença de dois tipos de ácidos nucleicos no vírus da reprodução.
dengue e somente um tipo no vírus da febre amarela. B) Substituição das casas de barro por casas de
E) baixa capacidade de indução da resposta imunológica alvenaria, haja vista que o mosquito se reproduz na
pelo vírus da dengue em relação ao da febre amarela. parede das casas de barro.

Bernoulli Sistema de Ensino 51


Frente B Módulo 01

C) Remoção dos recipientes que possam acumular I. o sucesso inicial dos coquetéis anti-HIV talvez tenha
água, porque as larvas do mosquito se desenvolvem levado a população a se descuidar e não utilizar
nesse meio. medidas de proteção, pois se criou a ideia de que
D) Higienização adequada de alimentos, visto que as estes remédios sempre funcionam.
larvas do mosquito se desenvolvem nesse tipo de II. os vários tipos de vírus estão tão resistentes que não
substrato. há nenhum tipo de tratamento eficaz e nem mesmo
qualquer medida de prevenção adequada.
E) Colocação de filtros de água nas casas, visto que
a reprodução do mosquito acontece em águas III. os vírus estão cada vez mais resistentes e, para evitar
contaminadas. sua disseminação, os infectados também devem usar
camisinhas e não apenas administrar coquetéis.

lli
05. (Enem–2010) Investigadores das Universidades de Está CORRETO o que se afirma em
Oxford e da Califórnia desenvolveram uma variedade
de Aedes aegypti geneticamente modificada que é A) I, apenas. D) II e III, apenas.
candidata para uso na busca de redução na transmissão B) II, apenas. E) I, II e III.
do vírus da dengue. Nessa nova variedade de mosquito, C) I e III, apenas.

ou
as fêmeas não conseguem voar devido à interrupção do
desenvolvimento do músculo das asas. A modificação 07. (Enem–2001) A partir do primeiro semestre de 2000,
genética introduzida é um gene dominante condicional, a ocorrência de casos humanos de febre amarela silvestre
isso é, o gene tem expressão dominante (basta apenas extrapolou as áreas endêmicas, com registro de casos
uma cópia do alelo) e este só atua nas fêmeas. em São Paulo e na Bahia, onde os últimos casos tinham
ocorrido em 1953 e 1948. Para controlar a febre amarela
FU, G. et al. Female-specific silvestre e prevenir o risco de uma reurbanização da
hightiess phenotype for mosquito control. doença, foram propostas as seguintes ações:
PNAS 107 (10): 4550-4554, 2010. I. Exterminar os animais que servem de reservatório do

rn
Prevê-se, porém, que a utilização dessa variedade de
Aedes aegypti demore ainda anos para ser implementada,
pois há demanda de muitos estudos com relação ao
impacto ambiental. A liberação de machos de Aedes
aegypti dessa variedade geneticamente modificada
reduziria o número de casos de dengue em uma
vírus causador da doença.
II. Combater a proliferação do mosquito transmissor.
III. Intensificar a vacinação nas áreas onde a febre
amarela é endêmica e em suas regiões limítrofes.

É efetiva e possível de ser implementada uma estratégia


envolvendo
Be
determinada região porque
A) a ação II, apenas.
A) diminuiria o sucesso reprodutivo desses machos
transgênicos. B) as ações I e II, apenas.
B) restringiria a área geográfica de voo dessa espécie C) as ações I e III, apenas.
de mosquito. D) as ações II e III, apenas.
C) dificultaria a contaminação e reprodução do vetor E) as ações I, II e III.
natural da doença.
D) tornaria o mosquito menos resistente ao agente
etiológico da doença. GABARITO
E) dificultaria a obtenção de alimentos pelos machos
geneticamente modificados. Fixação
eu

01. C 02. E 03. A 04. A


06. (Enem–2002) Uma nova preocupação atinge os
profissionais que trabalham na prevenção da Aids
no Brasil. Tem-se observado um aumento crescente,
principalmente entre jovens, de novos casos de Aids,
Propostos
questionando-se, inclusive, se a prevenção vem sendo 01. C 03. A 05. A
ou não relaxada. Essa temática vem sendo abordada
pela mídia: Medicamentos já não fazem efeito em 20% 02. D 04. C 06. B
dos infectados pelo vírus HIV. Análises revelam que um
M

07. A) Os vírus são acelulares.


quinto das pessoas recém-infectadas não haviam sido
B) Os vírus de RNA utilizam as estruturas das células
submetidas a nenhum tratamento e, mesmo assim,
parasitadas para multiplicar seu material genético e
não responderam às duas principais drogas anti-AIDS.
sintetizar suas proteínas.
Dos pacientes estudados, 50% apresentavam o vírus FB,
uma combinação dos dois subtipos mais prevalentes no C) Eles não possuem células e metabolismo próprio.
país, F e B.
Jornal do Brasil, 02 out. 2001 (Adaptação).
Seção Enem
Dadas as afirmações anteriores, considerando o enfoque
01. B 03. A 05. C 07. D
da prevenção, e devido ao aumento de casos da doença
em adolescentes, afirma-se que 02. B 04. C 06. C

52 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA B 02
Categorias taxonômicas e
regras de nomenclatura

lli
A taxonomia (do grego táxon, categoria, grupo, e nomos, Pode-se definir espécie como: “grupo de seres
conhecimento) é a parte da Biologia encarregada de estudar morfologicamente e fisiologicamente semelhantes,
a classificação dos seres vivos. Seu objetivo é facilitar o capazes de se cruzarem habitualmente na natureza,

ou
estudo, agrupando os seres vivos em diversas categorias. produzindo descendentes férteis”, mantendo-se
O sistema de classificação dos seres vivos pode ser isolados reprodutivamente de outros grupos.
artificial ou natural. Essa definição é satisfatória na maioria dos casos;
em alguns, entretanto, não pode ser aplicada, como
Sistema artificial de classificação – Não leva em em certos micro-organismos que só se reproduzem
consideração o grau de parentesco entre as espécies. assexuadamente.
É baseado em critérios escolhidos arbitrariamente pelo
autor da classificação. Por exemplo: utilizando como critério Em certos casos, pode-se ter o cruzamento, em

rn
o modo de locomoção dos animais, pode-se classificá-los
em nadadores, voadores, saltadores, rastejadores, etc.
Observe que, nessa classificação, uma águia (ave) e uma
mosca (inseto), apesar de estarem bem afastadas uma da
outra do ponto de vista evolutivo ou de parentesco, estão
no mesmo grupo, o dos animais voadores. Por outro lado,
águia e avestruz, que evolutivamente estão muito próximos,
condições naturais, de organismos pertencentes a
espécies distintas. Seus descendentes, no entanto,
não são férteis ou, a partir de certa geração, tornam-se
estéreis. Esses descendentes do cruzamento de
indivíduos de espécies distintas são chamados
híbridos. Como exemplos de híbridos, podem ser
citados os burros e as mulas, que são originários do
Be
já que ambos são aves, pertencem a grupos diferentes: cruzamento entre o jumento (Equus asinus) e a égua
a águia, ao grupo dos animais voadores; e o avestruz,
(Equus caballus).
ao dos animais de locomoção terrestre.
Há casos também em que indivíduos de espécies
Sistema natural de classificação – Agrupa os seres
diferentes podem cruzar-se e produzir descendentes em
vivos de acordo com o grau de parentesco existente entre
condições artificiais de cativeiro, não se cruzando, porém,
eles. É baseado fundamentalmente na evolução dos seres
vivos durante os milhares de anos que se passaram desde em condições naturais. Isso acontece, por exemplo,
quando surgiram na Terra até os dias atuais. É o sistema de com leões e tigres, que, embora sendo de espécies
classificação que tem valor do ponto de vista científico. Nele, distintas, podem cruzar-se em cativeiro. Em condições
os seres vivos são agrupados em categorias denominadas naturais, essas duas espécies não se cruzam, pois têm
taxonômicas ou taxa (plural de táxon). hábitos diferentes e vivem em ambientes distintos.
eu

Os tigres são restritos ao continente asiático,


e os leões, ao africano.
CATEGORIAS TAXONÔMICAS Muitas espécies se subdividem em subespécies
O quadro a seguir mostra o nome das categorias que diferem em determinadas características e
geralmente estão adaptadas a ambientes diferentes.
taxonômicas básicas ou fundamentais:
A espécie Passer domesticus (pardal), por exemplo,
subdivide-se em subespécies: Passer domesticus
Espécie / Gênero / Família / Ordem / Classe / Filo / Reino
domesticus, Passer domesticus niloticus e outros.
M

• Espécie – É a unidade do sistema de classificação. • Gênero – É um grupamento de espécies diferentes


Devido ao grande número de diferentes formas de vida que apresentam algumas características semelhantes.
(animais, vegetais, micro-organismos), existentes ou Por exemplo: os gatos domésticos (gato siamês, gato
já extintas, é muito difícil estabelecer um conceito de persa e outros) pertencem a uma mesma espécie,
espécie que seja aplicável a todas elas. Vários são Felis catus. Já o gato-selvagem europeu pertence
os aspectos que devem ser levados em consideração a uma outra espécie, Felis silvestris. Apesar de
para se identificar um grupo de seres vivos como serem de espécies diferentes, o gato doméstico e
sendo uma espécie: semelhanças morfológicas, o gato selvagem possuem algumas características
fisiológicas e bioquímicas, compatibilidade sexual semelhantes e, por isso, pertencem a um mesmo
na natureza, aspectos do comportamento, etc. gênero: o gênero Felis.

Bernoulli Sistema de Ensino 53


Frente B Módulo 02

• Família – É um grupamento de gêneros diferentes


que apresentam algumas características semelhantes.
OS REINOS DOS SERES VIVOS
O gênero Felis (que agrupa, por exemplo, os gatos Com base em estudos morfológicos, fisiológicos,
domésticos e os gatos selvagens) e o gênero Phantera bioquímicos e, principalmente, evolutivos, tem-se procurado,
(em que se incluem os leões, os tigres, as onças ao longo dos tempos, criar um sistema de classificação dos
e os leopardos) pertencem a uma mesma família:
seres vivos que seja o mais abrangente possível, isto é, com
a família Felidae.
um menor número de exceções. Assim, além do sistema mais
• Ordem – É um grupamento de famílias diferentes antigo, que os divide em apenas dois reinos, há sistemas
c o m a l g u m a s c a ra c t e r í s t i c a s s e m e l h a n t e s . com três, quatro, cinco ou até seis reinos.
Por exemplo: a família Felidae (que agrupa os gatos,
Em 1969, Whittaker, levando em consideração estudos

lli
os leões, as onças e outras) e a família Canidae (na
qual se incluem, por exemplo, os cães e os lobos) mais recentes sobre evolução, propôs um sistema de
são formadas por grandes comedores de carne que classificação no qual os seres vivos foram distribuídos em
pertencem a uma mesma ordem: a ordem Carnivora. cinco reinos. Esse sistema é usado atualmente pela maioria
dos autores.
• Classe – É um grupamento de ordens diferentes
• O sistema de cinco reinos – Nesse sistema, os seres

ou
que apresentam certas características semelhantes.
Por exemplo: a ordem Carnivora, a ordem Rodentia vivos estão distribuídos nos seguintes reinos: Monera,
(que agrupa os roedores, como o rato, a paca, Protista, Fungi, Plantae (Vegetal) e Animalia (Animal).
a capivara e outros), a ordem Primata (à qual
pertencem o homem, o chimpanzé, o gorila e outros) Monera Protista Fungi Plantae Animalia
e a ordem Cetacea (dos golfinhos e baleias) são
formadas por indivíduos que, embora apresentem Bactérias Protozoários Fungos Briófitas Poríferos
grandes diferenças quanto ao porte, ao habitat e ao Algas Pteridófitas Cnidários
comportamento, possuem uma característica comum: Gimnospermas Platelmintos
todos são portadores de glândulas mamárias e, Angiospermas Nematelmintos


Mammalia (dos mamíferos).
rn
por isso, pertencem a uma mesma classe, a classe

Filo (Divisão) – É um grupamento de classes diferentes


que apresentam certas características semelhantes.
Por exemplo: a classe Mammalia (dos mamíferos),
a classe Amphibia (dos anfíbios) e a classe Reptilia (dos

Moluscos
Anelídeos
Artrópodos
Equinodermos
Cordados

Monera: seres unicelulares, procariontes, autótrofos


Be
répteis) são formadas por animais que apresentam,
na fase embrionária, um eixo de sustentação ou heterótrofos.
denominado notocorda. Essas classes pertencem
Protista: seres unicelulares, eucariontes, heterótrofos
a um mesmo filo: o filo Chordata (dos cordados).
e seres unicelulares e multicelulares autótrofos que
OBSERVAÇÃO não formam tecidos verdadeiros. Obs.: Alguns
autores incluem todas as algas no reino Protista,
Na classificação dos vegetais, costuma-se usar com
enquanto outros incluem nesse reino apenas as algas
mais frequência o termo divisão, em vez de filo,
unicelulares, preferindo incluir as algas pluricelulares
embora essas denominações sejam correspondentes.
no reino Plantae.
• Reino – É um grupamento de diferentes filos.
Fungi: inclui todos os fungos, isto é, seres
O filo Chordata (dos cordados), o filo Mollusca (dos
eucariontes, uni ou pluricelulares, sem diferenciação
moluscos), o filo Annellida (dos anelídeos) e muitos
eu

outros formam o reino Animalia (reino animal). de tecidos, que se assemelham às algas na
organização e na reprodução, mas que diferem delas
No quadro a seguir, vê-se uma representação da por serem heterótrofos.
hierarquia das categorias taxonômicas:
Plantae: seres eucariontes, pluricelulares, autótrofos.
Suas células possuem parede celular e cloroplastos.
REINO Conjunto de todos os filos
Animalia: seres eucariontes, pluricelulares,
FILO Grupamento de classes
heterótrofos.
CLASSE Grupamento de ordens
Estudos e avanços tecnológicos mais recentes da Biologia
M

ORDEM Grupamento de famílias Celular e Molecular, baseados notadamente na sequência de


nucleotídeos no RNA ribossomal, possibilitaram um melhor
FAMÍLIA Grupamento de gêneros
esclarecimento da filogênese, isto é, das relações evolutivas
GÊNERO Grupamento de espécies entre os organismos. Os pesquisadores concluíram que,
a partir das células procariotas primordiais, que surgiram
ESPÉCIE (Conceito no texto)
há cerca de 3,5 bilhões de anos, houve uma ramificação em
duas direções, originando dois grupos ou domínios (categoria
Além das categorias básicas mencionadas anteriormente, criada pelo microbiologista Carl Woese e que é superior a
existem categorias intermediárias, como subespécie, reino): Archaea e Bacteria. Posteriormente e a partir do
subgênero, subfamília, superfamília, subordem, subclasse, domínio Archaea, surgiram as primeiras células eucariontes,
superclasse e outras. que constituíram o domínio Eukarya.

54 Coleção Estudo 4V
Categorias taxonômicas e regras de nomenclatura

Veja os exemplos a seguir:


Domínio Archaea Trypanosoma cruzi
(procariontes)
Canis familiaris (cão) (protozoário causador da
doença de Chagas)
Células Domínio Eukarya Gênero: Canis Gênero: Trypanosoma
primordiais (eucariontes)
Nome genérico: Canis Nome genérico: Trypanosoma

Epíteto específico:
Domínio Bacteria Epíteto específico: cruzi
familiaris
(procariontes)

lli
Espécie: Trypanosoma cruzi,
Esquema mostrando a divisão dos seres vivos em três grupos ou uma homenagem ao cientista
Espécie: Canis familiaris
domínios – Observe que o grupo Eukarya se separou do grupo Oswaldo Cruz, é transliteração
latina de Cruz.
Archaea posteriormente, sendo o grupo Bacteria o mais antigo.

ou
O domínio Archaea compreende os seres procariontes • Quando o epíteto específico for dado em homenagem a

BIOLOGIA
metanógenos (produtores do gás metano) e os que vivem alguém, o nome dessa pessoa deverá ir para o genitivo
em condições extremas de alta ou baixa temperatura e latino, bastando, para isso, acrescentar a terminação i,
salinidade, acidez ou alcalinidade elevada. Nesse domínio,
se for masculino, e ae ou e, se for feminino.
estão incluídas as arqueas, anteriormente conhecidas por
arqueobactérias. No Trypanosoma cruzi, por exemplo, o epíteto
O domínio Bacteria engloba as bactérias, anteriormente específico cruzi resultou de Cruz + i. Em Peripatus
conhecidas por eubactérias. heloisae, o nome heloisae veio de Heloísa + e.

O domínio Eukarya engloba todos os seres constituídos • Caso o nome da espécie já tenha sido citado por extenso
por células eucariontes.

rn
Qualquer que seja a classificação adotada, o importante
é conhecer os principais grupos de seres vivos e as suas
principais características.

REGRAS DE NOMENCLATURA •
no texto, as próximas citações desse nome no mesmo
texto poderão ser abreviadas. Para isso, basta citar a
inicial do nome do gênero, seguida de ponto e do epíteto
específico. Assim, se num texto sobre o Trypanosoma
cruzi esse nome já tiver sido citado por extenso, as
próximas citações poderão ser feitas apenas por T. cruzi.
Quando não se sabe a espécie, ou não interessa citá-la,
Be
pode-se usar apenas o nome genérico seguido da
CIENTÍFICA PARA OS SERES VIVOS sigla sp., que significa “qualquer espécie do gênero”.
Dessa forma, Plasmodium sp. refere-se a qualquer
As regras atuais para a denominação científica dos seres espécie do gênero Plasmodium.
vivos foram estabelecidas em Congresso Internacional
• Quando um gênero é muito extenso, pode ser
de Nomenclatura Científica e baseadas na nomenclatura
desdobrado em subgêneros. A referência ao subgênero
proposta pelo botânico e médico sueco Karl von Linné (mais
é feita colocando-se o seu nome, obrigatoriamente,
conhecido por Lineu) em seu livro Systema Naturae.
com inicial maiúscula, dentro de parênteses, entre o
As principais regras são: nome genérico e o epíteto específico:

• Os nomes científicos devem ser escritos em latim ou


Drosophila (Sophophora) melanogaster
eu

palavras latinizadas.
Gênero: Drosophila
• A designação científica é binominal para espécie;
trinominal para subespécie e uninominal para as Subgênero: Sophophora
demais categorias.
Espécie: Drosophila melanogaster
• O nome científico de uma espécie deverá ser
destacado das demais palavras do texto. Esse • Desejando-se citar, junto com o nome da espécie,
destaque poderá ser feito grifando-se o nome da o autor que a descreveu primeiro, coloca-se o seu
M

espécie ou grafando-o com um tipo de letra diferente nome logo após o epíteto específico, sem qualquer
das demais palavras do texto. pontuação intermediária. O nome do autor não é
escrito em destaque. Assim, Canis familiaris Lineu
• A primeira palavra do nome de uma espécie é
significa que um indivíduo chamado Lineu foi quem
o nome genérico e indica o gênero ao qual ela
descreveu, pela primeira vez, a espécie Canis familiaris.
pertence. Obrigatoriamente, ela é escrita com a
inicial maiúscula. A segunda palavra do nome de • Desejando-se citar, junto com o nome da espécie,
uma espécie é o epíteto específico, isto é, o nome a data da sua primeira descrição, coloca-se vírgula após
que identifica a espécie dentro do gênero e deve o nome da espécie e, em seguida, o ano em que foi feita
ser escrito com inicial minúscula, sendo facultativo sua primeira descrição. Preferindo-se, o ano pode ser
escrevê-lo com inicial maiúscula, caso seja relativo colocado entre parênteses imediatamente após o nome
a um nome próprio (nome de pessoa, por exemplo). da espécie, sem qualquer pontuação intermediária.

Bernoulli Sistema de Ensino 55


Frente B Módulo 02

Sendo assim, as citações Canis familiaris, 1758 ou Canis


familiaris (1758) mostram que a espécie Canis familiaris
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
foi descrita, pela primeira vez, em 1758. 01. (UECE–2013) A classificação biológica ordena os seres
vivos e os distribui em grupos hierárquicos de acordo
• Desejando-se citar, junto com o nome da espécie, com o parentesco evolutivo, em categorias taxonômicas.
o autor que a descreveu primeiro e a data da primeira Com relação à classificação biológica, é possível afirmar
descrição, coloca-se o nome do autor imediatamente CORRETAMENTE que do nível de espécie para o nível
após o nome da espécie, seguindo-se depois uma do reino
vírgula e o ano da primeira descrição (ou coloca-se A) a diversidade biológica diminui.

lli
o ano dentro de parênteses). O exemplo Canis B) a relação de parentesco aumenta.
familiaris Lineu, 1758 ou Canis familiaris Lineu (1758) C) diminui a relação de parentesco.
significa que a espécie Canis familiaris foi descrita
D) aumentam as semelhanças morfológicas.
pela primeira vez por Lineu, em 1758.
• Quando uma espécie já descrita troca de gênero 02. (Cesgranrio) As categorias taxonômicas em Zoologia são

ou
(por exemplo, pelo fato de a denominação anterior ordenadas, de modo ascendente, da seguinte forma:
ter sido por alguma razão inadequada), coloca-se, A) Espécie, gênero, ordem, família, classe e filo.
entre parênteses, após o nome da espécie, o nome B) Filo, classe, família, ordem, gênero e espécie.
do autor que primeiro a classificou seguido de C) Filo, ordem, classe, família, gênero e espécie.
vírgula e a data da publicação. Fora dos parênteses, D) Filo, classe, ordem, família, gênero e espécie.
aparece o nome do estudioso que modificou o nome
E) Espécie, gênero, família, ordem, classe e filo.
do gênero, seguido de vírgula e da data da nova

rn
publicação. Por exemplo, em 1758, Lineu descreveu
a formiga-saúva, denominando-a Formica sexdens.
Mais tarde, em 1804, Fabricius, reexaminando os
estudos de Lineu, achou inadequado o nome do
gênero Formica e, por várias razões, modificou-o
para o gênero Atta. Assim, quando se faz referência
03. (UFG) Leia a tirinha a seguir.
Be
a essa espécie, usa-se a seguinte grafia: Atta
sexdens (Lineu, 1758) Fabricius, 1804.
• A designação de subespécie é trinominal. O primeiro
nome refere-se ao gênero e é escrito com inicial
maiúscula, seguindo-se o epíteto específico e o WATTERSON, Bill. A hora da vingança: as aventuras de Calvin
subespecífico, respectivamente, ambos com iniciais e Haroldo. São Paulo: Conrad, 2009. p. 54 (Adaptação).
minúsculas. Veja o exemplo a seguir: Para nomear cientificamente seus insetos de acordo com
o sistema binominal de nomenclatura estabelecido por
Passer domesticus niloticus Lineu, Calvin deverá utilizar primeiro um epíteto
eu

A) genérico para indicar o gênero, seguido do epíteto


específico para indicar a espécie.
Gênero: Passer B) genérico para indicar a família, seguido do epíteto
específico para indicar o gênero.
Espécie: Passer domesticus C) genérico para indicar a espécie, seguido do epíteto
específico para indicar o gênero.
D) específico para indicar o gênero, seguido do epíteto
Subespécie: Passer domesticus niloticus genérico para indicar a família.
M

E) para indicar a espécie, seguido do epíteto genérico


para indicar o gênero.
Observe que os três nomes são escritos em destaque.

• Algumas categorias possuem terminações próprias. 04. (FPS-PE–2015) No sistema atual de nomenclatura das
Por exemplo: em se tratando de animais, as terminações espécies, a forma generalista de se nomear cães e lobos é:
dos nomes das categorias família e subfamília são, A) Canis lupus
respectivamente, idae e inae. Exemplo: família Canidae; B) canis
subfamília Felinae. C) canis Familiaris
Em se tratando de vegetais, a terminação de família é D) Canis
aceae. Exemplo: Palmaceae. E) Canis lupus familiaris

56 Coleção Estudo 4V
Categorias taxonômicas e regras de nomenclatura

EXERCÍCIOS PROPOSTOS C) Há, entre as quatro espécies, apenas duas diferentes.


D) 3 e 4 são espécies diferentes, mas do mesmo gênero.
01. (UEPA–2015) Nas florestas tropicais da América Central e E) 1 e 2 são da mesma subespécie.
da América do Sul, vivem várias espécies aparentadas de
sapos coloridos popularmente conhecidos por sapinhos- 05. (UnirG-TO–2015) As classificações taxonômicas são
-ponta-de-flexa. A espécie Phyllobates terribilis é considerada importantes por agrupar os seres vivos em hierarquias
o vertebrado mais venenoso do planeta e possui a seguinte que representam a relação de parentesco entre diferentes
classificação taxonômica: Animalia, Chordata, Amphibia, indivíduos. Analisando tal hierarquia, marque entre as
Anura, Neobatrachia, Dendrobatidae, Phyllobates. alternativas a seguir a ordem CORRETA para os táxons
listados, partindo do mais geral para o mais específico.

lli
LOPES, Sônia. Bio. 2008 (Adaptação).
A) reino, filo, ordem, classe, família, espécie, gênero
Sobre a classificação taxonômica da espécie mencionada B) filo, reino, classe, ordem, gênero, família, espécie
no texto, é CORRETO afirmar que:
C) reino, filo, classe, ordem, família, gênero, espécie
A) Chordata é a família à qual pertence a espécie.
D) classe, filo, ordem, reino, família, gênero, espécie
B) Phyllobates é a ordem da espécie.

ou
BIOLOGIA
C) Dendrobatidae é a família da espécie.
06. (UFTM-MG) Na animação Rio, do brasileiro Carlos
D) terribilis é o gênero da espécie em questão.
Saldanha, os personagens são, principalmente, diferentes
E) Anura é a classe à qual pertence a espécie. tipos de aves e um cachorro.

02. (UFMG) A abóbora, o melão e a melancia são classificados


como Cucurbitaceae. A partir desse dado, pode-se afirmar
que todos eles pertencem

03.
A) à mesma subespécie.
B) à mesma espécie.
C) ao mesmo subgênero. rn D) ao mesmo gênero.
E) à mesma família.

(PUC-RS–2015) Considere os grupamentos taxonômicos,


os quais aparecem ilustrados nos quadrinhos do biólogo
e cartunista Fernando Gonsales.
Be
Os seres
semelhantes
formam
grupos.

Esse
título
Considerando que tenham sido baseados em animais
também reais e de acordo com a atual classificação biológica,
é show!
pode-se afirmar que
A) todos pertencem à mesma classe, porém, seriam
E esses grupos E os grupos maiores
são agrupados em se juntam em grupos maiores separados em duas ordens distintas.
grupos maiores! ainda até formarem um só
grupo com todos os seres!
B) todos pertencem ao mesmo filo, porém, seriam
separados em duas classes distintas.
C) as aves são do mesmo gênero, porém, pertencem a
eu

ordens distintas.
D) as aves são da mesma classe, porém, pertencem a
reinos distintos.
Das opções a seguir, a maior diversidade genética será
E) todos pertencem ao mesmo subfilo, porém, pertencem
encontrada em um(a)
a domínios distintos.
A) filo. D) família.
B) classe. E) gênero. 07. (UCS-RS) Analisando um organismo em laboratório,
C) divisão. um biólogo constatou nele as seguintes características:
M

— Organismo multicelular com tecidos verdadeiros;


04. (PUC Minas) Considere as quatro espécies a seguir
— Ausência de clorofila;
relacionadas:
— Obtenção de alimento por ingestão;
1. Euglena viridis 3. Leopardus pardalis
— Organismo heterotrófico.
2. Hydra viridis 4. Leopardus wiedii
O organismo analisado pertence a qual dos seguintes
É CORRETO afirmar: reinos?

A) Todas pertencem à mesma espécie. A) Protista D) Plantae

B) 1 e 2 são de gêneros diferentes, mas a espécie B) Fungi E) Monera


é a mesma. C) Animalia

Bernoulli Sistema de Ensino 57


Frente B Módulo 02

SEÇÃO ENEM No Domínio Eukarya, todos os componentes


A) realizam nutrição autotrófica.
01. (Enem–2011) B) são multicelulares.
Os bichinhos e o homem C) possuem organização histológica.
Nossa irmã, a mosca D) são aeróbicos estritos.
É feia e tosca E) possuem o mesmo tipo de organização celular.
Enquanto que o mosquito
03. Nos sistemas naturais de classificação, com base
É mais bonito
principalmente no grau de parentesco evolutivo, os seres

lli
Nosso irmão besouro vivos são agrupados em categorias ditas taxonômicas
Que é feito de couro ou taxa (plural de taxon). Essas categorias estão
Mal sabe voar mencionadas a seguir e colocadas numa ordem crescente
de complexidade:
Nossa irmã, a barata

ou
Bichinha mais chata
Espécie → Gênero → Família → Ordem → Classe → Filo → Reino
É prima da borboleta
Que é uma careta
Um reino é um conjunto de filos; um filo é um conjunto de
Nosso irmão, o grilo
classes; uma classe é um conjunto de ordens; uma ordem
Que vive dando estrilo é um conjunto de famílias; uma família é um conjunto de
Só pra chatear gêneros e um gênero é um conjunto de espécie.
O esquema a seguir representa três categorias taxonômicas
MORAES, V. A arca de Noé: poemas infantis.

rn
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1991.

O poema anterior sugere a existência de relações de


afinidade entre os animais citados e nós, seres humanos.
Respeitando a liberdade poética dos autores, a unidade
taxonômica que expressa a afinidade existente entre nós
e esses animais é
inclusivas.
Be
A) o filo. C) a classe. E) a espécie.
B) o reino. D) a família.

02. No estudo da diversidade dos seres vivos, propostas de Considerando as informações fornecidas sobre as
ordenamento e classificação têm sido usadas. Uma das categorias taxonômicas, se os triângulos do esquema
propostas, criada em 1978 pelo microbiologista Carl anterior representarem o taxon espécie, o quadrilátero será
Woese, distribui os seres vivos em três Domínios: Bacteria
A) uma família contendo 11 gêneros.
(ou Eubactéria), Archaea (ou Arqueobactérias) e Eukarya
(ou Eucária), conforme mostra a ilustração a seguir. B) uma família contendo três gêneros.
C) um gênero contendo três famílias.
D) um gênero contendo três espécies.
Archaea
eu

E) uma ordem contendo três famílias.


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Eu

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B

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-p s Bac anogê
Bacteria
os
itiv
as me
t
Fixação
Proteobacterias Eukarya 01. C 03. A
Cianobactérias
M

Entamoeba
02. E 04. D
as s Bolor limoso
acteri ale
Flavob oto
g Animais
Th
erm
Pl Fungos
an
Propostos
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Microsporídeos Fl s
Tr
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01. C 04. D 07. C
om lla
Diplomonadídeos on ta
ad 02. E 05. C
íd
eo
s 03. A 06. B

LOPES. S. BIO 2.
Seção Enem
São Paulo: Saraiva. 1. ed. 2006. p. 39 (Adaptação). 01. B 02. E 03. B

58 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA B 03
Bactérias e bacterioses
As bactérias são seres vivos unicelulares procariontes, isto é, • São seres microscópicos, tendo, em média, cerca de

lli
têm uma organização celular bastante rudimentar (célula 1 µm de diâmetro e, às vezes, até menos (lembre-se
procariota), em que o material nuclear não é individualizado de que 1 µm = 10-3 mm). As menores bactérias estão
devido à ausência da carioteca. Podem ser autótrofas ou representadas pelas riquétsias e pelos micoplasmas.
heterótrofas, aeróbicas ou anaeróbicas.

ou
As riquétsias têm dimensões entre 0,3 e 0,5 µm.
Assim como os vírus, as riquétsias são parasitos
CARACTERÍSTICAS GERAIS intracelulares obrigatórios e patogênicos para o
• São seres unicelulares e procariontes. homem. Um bom exemplo é a Rickettsia prowazekii,
causadora do tifo exantemático. Alguns autores
Cromossomo Plasmídeo
classificam essas bactérias como seres procariontes
Cápsula
incompletos, devido à dependência que possuem de

Ribossomos
rn
outras células para poderem se reproduzir.

Os micoplasmas são menores ainda que as riquétsias.


São as menores células conhecidas e constituem a
forma mais primitiva de vida capaz de manifestar
metabolismo próprio. Não possuem parede celular,
Be
sendo encontrados nos esgotos, no solo e parasitando
Membrana plasmática
Parede celular Hialoplasma organismos animais (como ratos, e até a espécie
humana), nos quais causam doenças pulmonares,
Célula bacteriana.
renais, das vias urinárias e nas articulações. Também
• O material genético das bactérias está representado são conhecidos pela sigla PPLO (Pleuropneumonia-
normalmente por um único cromossomo circular. like Organisms) pelo fato de o primeiro espécime
A região da célula onde se concentra esse cromossomo conhecido desse grupo ser o causador de uma
é chamada nucleoide. pneumopatia em ratos e em aves.
• Em algumas bactérias, existem também os plasmídeos,
Membrana lipoproteica
eu

que são pequenos segmentos de DNA circular encontrados ||


|||
|| || | | | | || |||
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|| ||| | | | | | || ||| ||
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|| ||||
livres no hialoplasma bacteriano e que respondem por |
|
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| || ||
||
||

algumas características genéticas. Alguns plasmídeos


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|

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||

podem integrar-se ao cromossomo da bactéria e, nesse


||
||

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|||

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|||
|||

caso, recebem o nome de epissomo. Proteína solúvel


| | | | | | ||||

||| ||
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| | | ||| ||

• Os ribossomos, responsáveis pela síntese de proteínas,


|| |||||||
||||

encontram-se dispersos pelo hialoplasma. Por cima


|||
M

|||

||
||

da membrana plasmática, a maioria das bactérias


||
|
|| |||

|| |||
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|
||
|

possui parede celular, constituída quimicamente


|
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||

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|

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|| |
|

|| ||

Ribossomo
|| ||| || ||

por peptidioglicanos (peptídeos associados a


||
|| ||
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|| | | | | | | | |
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| || | | | | | | |||||

polissacarídeos), como o ácido murâmico.

• Algumas bactérias também podem apresentar uma RNA


DNA
cápsula protetora sobre a parede celular. A cápsula
é formada por substâncias viscosas, gelatinosas, Representação de um PPLO – A estrutura do PPLO é muito
geralmente de natureza polissacarídica, embora existam simples, com uma membrana externa lipoproteica, um longo
cápsulas formadas por polipeptídeos e outros compostos. DNA, ribossomos, RNA-t e proteínas.

Bernoulli Sistema de Ensino 59


Frente B Módulo 03

• As bactérias apresentam os seguintes tipos morfológicos: • Podem apresentar ou não locomoção própria, isto é,
cocos, bacilos, vibriões, espirilos e espiroquetas. podem ser móveis ou imóveis. As bactérias móveis
locomovem-se por meio de flagelos ou por movimentos
ondulatórios do corpo. Os flagelos das bactérias são
modificações da membrana celular que englobam o
Coco citoplasma com moléculas filamentares contráteis de uma
Bacilo
proteína chamada flagelina, muito semelhante à miosina
(lembre-se de que as bactérias não têm centríolos).

lli
É importante não confundir os flagelos bacterianos com
as fímbrias ou pili, que são formações filamentosas mais
curtas que os flagelos e não desempenham nenhum
Espiroqueta papel relativo à motilidade, podendo existir tanto em
bactérias móveis como em imóveis. As fímbrias são

ou
Vibrião estruturas de fixação, isto é, permitem a adesão da
célula bacteriana às diferentes superfícies de contato.

• São os seres vivos mais disseminados pela face da

Espirilo Terra, sendo encontradas no ar, no solo, na água (doce


e salgada), nos objetos, na superfície externa e no
interior de outros organismos, associadas por meio do
Tipos morfológicos de bactérias – Os cocos (do grego Kókkos,

rn
grão) são bactérias de morfologia esférica ou arredondada;
bacilos (do grego Bacillu, bastãozinho) têm forma de bastonetes
(pequenos bastões); vibriões (do francês vibrion, de vibrer,
vibrar) possuem forma de vírgula; espirilos (do latim Spirillum,
que tem filamentos espiralados) são espiralados e se deslocam
por meio de flagelos localizados nas extremidades da célula, e os

parasitismo, do comensalismo, da protocooperação e
do mutualismo.

Quanto à nutrição, podem ser autótrofas ou heterótrofas.


As heterótrofas constituem a maioria das espécies
e obtêm alimentos por absorção (os nutrientes são
Be
espiroquetas, que também são espiralados, se deslocam por meio absorvidos diretamente do meio onde as bactérias
de movimentos ondulatórios do corpo. Obs.: Alguns autores não se encontram) ou à custa da decomposição, do
fazem distinção entre os espirilos e os espiroquetas, classificando comensalismo, da protocooperação, do mutualismo
todas as bactérias espiraladas como espirilos.
ou do parasitismo. As bactérias autótrofas sintetizam
seus próprios alimentos por meio da fotossíntese ou da
Os cocos podem ser encontrados isolados ou associados
quimiossíntese.
uns aos outros formando colônias que podem ser
dos seguintes tipos: diplococos, tétrade, sarcina,
• As bactérias podem ser aeróbias ou anaeróbias.
estafilococos e estreptococos.
As espécies aeróbias só vivem em presença de
O2 e realizam a cadeia respiratória na membrana
eu

plasmática. As espécies anaeróbias podem ser


estritas ou facultativas. As anaeróbias estritas só
Diplococo Tétrade conseguem sobreviver na ausência de O2; as anaeróbias
facultativas, embora cresçam melhor em presença de
oxigênio livre, também sobrevivem na ausência de O2.
O comportamento das anaeróbias facultativas se
Estreptococos
deve ao chamado “efeito Pasteur”, segundo o qual
M

a fermentação (modalidade anaeróbia de obtenção


de energia) é inibida em presença de O2. Nessas
condições, bactérias que são capazes de se desenvolver
tanto na presença como na ausência do O2 crescem
mais abundantemente em aerobiose pelo fato de o
metabolismo respiratório aeróbio fornecer mais energia
Estafilococos Sarcina
sob a forma de ATP que o metabolismo fermentativo
(lembre-se de que na fermentação há um saldo de
Colônias de cocos – Diplococos (pares de cocos); Tétrade (colônia
de 4 cocos); Estreptococos (fileiras de cocos); Estafilococos apenas 2 ATPs, e na respiração aeróbia o saldo é de
(cachos de cocos); Sarcina (cubo de 8 ou mais cocos). 38 ATPs/glicose).

60 Coleção Estudo 4V
Bactérias e bacterioses

Muitas espécies de bactérias anaeróbias realizam Em uma das bactérias, denominada “doadora” ou “bactéria
fermentação para obterem energia de compostos macho”, ocorre duplicação de parte do seu material genético,
orgânicos. que, por meio da ponte citoplasmática, passa para a outra
• Algumas bactérias, como as do gênero Bacillus e bactéria (“bactéria receptora” ou “bactéria fêmea”). Após essa
Clostridium, são capazes de produzir células altamente transferência de material genético de uma célula para outra,
resistentes a determinados agentes químicos e a ponte citoplasmática se desfaz, as bactérias separam-se e,
condições ambientais desfavoráveis. Essas formas de no interior da “bactéria receptora”, ocorre uma recombinação
resistência são denominadas esporos. gênica, o que faz com que sua constituição genética se

lli
torne diferente das duas células iniciais. Essa “bactéria
Os esporos bacterianos são muito mais resistentes que
recombinante”, ao se dividir por cissiparidade, dará origem
as formas vegetativas das bactérias e não constituem
a bactérias-filhas iguais a ela, isto é, portadoras de material
um meio de multiplicação, mas sim de sobrevivência da
genético recombinado.
espécie. Portanto, não são unidades reprodutivas, mas

ou
formas de defesa (resistência). Quando as condições

BIOLOGIA
ambientais se tornam novamente favoráveis, os esporos
germinam e, assim, a bactéria assume novamente a
sua forma vegetativa. B
E
D
Material
REPRODUÇÃO DAS BACTÉRIAS genético
C

rn
As bactérias se reproduzem assexuadamente por fissão ou
cissiparidade, formando um septo que se dirige da superfície
para o interior da célula, dividindo-a em duas células-filhas.
A fissão é precedida pela duplicação do DNA que constitui
o cromossomo bacteriano, recebendo cada célula-filha uma
A

Conjugação bacteriana – A. Bactéria doadora; B. Bactéria


receptora; C. União das bactérias através de uma ponte
Be
cópia do cromossomo da célula-mãe. citoplasmática e passagem do material genético de uma
célula para outra; D. Bactéria recombinante; E. Cissiparidade
Bactéria-mãe da bactéria recombinante com formação de bactérias-filhas,
Bactérias-filhas
também recombinantes.
1 5
Duplicação do
O que determina, numa conjugação bacteriana, qual
cromossomo
das bactérias conjugantes será a “doadora” e qual será a
“receptora” é o próprio material genético da célula. As que
2 3 4
atuam como “doadoras” possuem um gene chamado de
eu

fator de fertilidade ou fator F, que pode estar localizado num


Reprodução da bactéria por fissão – 1. Bactéria-mãe;
plasmídeo ou incorporado ao cromossomo bacteriano.
2. Duplicação do cromossomo bacteriano; 3. Separação dos
cromossomos; 4. Formação da parede (septo) de separação;
5. Separação das duas bactérias-filhas. Transformação bacteriana
Trata-se de um fenômeno em que bactérias vivas absorvem
Antes da ocorrência da duplicação do material genético
e da divisão da célula, poderá ocorrer, em alguns casos, e incorporam material genético (DNA) de bactérias mortas em
desintegração no meio ambiente.
M

a transferência de material genético entre uma bactéria e outra.

A transferência de DNA de uma bactéria para outra Um bom exemplo de transformação bacteriana foi observado
pode ser feita por meio de três processos: conjugação,
com a experiência de Griffith, em 1928.
transformação e transdução.

Em seus experimentos, Griffith trabalhou com duas


Conjugação bacteriana variedades de Diplococcus pneumoniae (pneumococos):
Duas bactérias, geneticamente diferentes, aproximam-se capsulados e acapsulados. Os capsulados são patogênicos,
e se unem, temporariamente, por meio de uma ponte causando pneumonia e morte em animais; os acapsulados
citoplasmática, denominada ponte de conjugação. não são patogênicos (não causam pneumonia).

Bernoulli Sistema de Ensino 61


Frente B Módulo 03

A experiência de Griffith está esquematizada a seguir: Transdução bacteriana


Na transdução, o material genético de uma bactéria
Vivos é transmitido a outra por meio da ação de um vírus
bacteriófago (fago).

Bactéria A

lli
Vivos

B Prófago
Bactéria A

ou
Mortos

Calor
C Bactéria A

Mortos

Vivos
Calor
rn 1
Bactéria A
Be
D
Bactéria B
2
Experiência de Griffith – A. Griffith injetou pneumococos
acapsulados vivos em camundongos e verificou que os animais
não adquiriram pneumonia e permaneceram vivos. B. Griffith
injetou pneumococos capsulados vivos em camundongos e Bactéria B
verificou que os animais adquiriram pneumonia e morreram.
3
No sangue dos animais mortos, foram encontrados pneumococos
eu

capsulados vivos. C. Griffith injetou pneumococos capsulados


mortos pelo calor em camundongos e verificou que os animais
não adquiriram pneumonia e permaneceram vivos. D. Griffith
injetou uma mistura de pneumococos capsulados mortos pelo Transdução – 1. Fagos libertando-se de uma bactéria morta
calor com acapsulados vivos e verificou a morte dos animais por (bactéria A); um deles transporta, além do seu material genético
pneumonia. O exame do sangue dos animais mortos revelou (DNA viral), um segmento do DNA da bactéria A. 2. O fago injeta
o seu DNA e o segmento do DNA bacteriano em uma outra
a presença de pneumococos capsulados vivos. Como explicar
bactéria (bactéria B). 3. O segmento do DNA da bactéria A, assim
M

isso? Em 1944, Avery, Macleod e McCarty descobriram que o


como o DNA viral, incorpora-se ao cromossomo da bactéria B
material genético (DNA) das bactérias mortas pode ser absorvido
e passa a agir como um gene dessa bactéria, podendo, assim,
pelas bactérias vivas e incorporado ao DNA destas, originando
determinar uma nova característica genética na mesma.
bactérias vivas com constituição genética diferente. Assim,
no experimento de Griffith, os pneumococos acapsulados vivos OBSERVAÇÃO
absorveram o material genético dos capsulados mortos e, com Alguns autores consideram que, nos casos em que há
isso, adquiriram novas características: produzir cápsulas e transferência de material genético de uma bactéria para
causar pneumonia em camundongos. Essas novas características outra (conjugação, transformação e transdução), o processo
passam a ser transmitidas às bactérias-filhas, quando da de reprodução bacteriana deve ser sexuado, uma vez que
reprodução por cissiparidade. resulta em variabilidade genética.

62 Coleção Estudo 4V
Bactérias e bacterioses

UTILIDADES E NOCIVIDADES As espécies nocivas são responsáveis por doenças,


algumas graves, que acometem o homem e outros animais.
DAS BACTÉRIAS No quadro a seguir, estão os nomes de algumas bacterioses
(doenças de etiologia bacteriana) que acometem a nossa
No grupo das bactérias, encontram-se espécies úteis e
espécie:
espécies nocivas.

Dentre as espécies úteis, destacamos aquelas que Bacterioses

• atuam como decompositores e as que participam Blenorragia (Gonorreia) Leptospirose


das diferentes etapas do ciclo do nitrogênio. Essas

lli
Botulismo Meningite meningocócica
espécies têm uma importância ecológica muito
grande, devido ao papel que realizam na reciclagem Brucelose Peste bubônica
da matéria na natureza e na fertilização do solo.
Lembre-se de que a atividade dos decompositores Coqueluche Pneumonia
é essencial à manutenção da vida na Terra, pois Cólera Psitacose (Ornitose)

ou
esta depende da contínua reciclagem de elementos

BIOLOGIA
químicos entre os componentes bióticos e abióticos Difteria (Crupe) Sífilis
da natureza.
Disenteria bacteriana Tétano
• são utilizadas na elaboração de diversos produtos
Febre maculosa Tifo
devido a certos tipos de fermentações que realizam,
como na produção de vinagre, em que se utilizam Febre tifoide Tracoma
bactérias do gênero Acetobacter. Tais bactérias são
Lepra (Hanseníase) Tuberculose
capazes de produzir o ácido acético por meio de

OBSERVAÇÃO


rn
dois processos: fermentação acética (que converte a
glicose em ácido acético) e oxidação do álcool etílico
(que transforma o álcool etílico em ácido acético).

Por ser um processo aeróbio, quando a produção do


ácido acético é feita a partir da oxidação do álcool
A seguir, faremos um estudo resumido de algumas doenças.
De cada uma delas, é importante saber o(s) modo(s) de
transmissão e as medidas de profilaxia (prevenção).

BACTERIOSES
Be
etílico, não se usa o termo fermentação.
Blenorragia (Gonorreia) – É uma doença do grupo das
Na produção de coalhadas, iogurte, queijos e DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis), causada pela
requeijões pelas indústrias de derivados do leite, bactéria Neisseria gonorrhoeae, também conhecida por
utilizam-se principalmente bactérias do gênero gonococos.
Lactobacillus, que realizam a fermentação láctica,
A transmissão se faz usualmente por meio do contato
produzindo ácido láctico.
sexual e, após um período de incubação variável (entre três
• São utilizadas pela indústria farmacêutica para a e seis dias), podem manifestar-se os sintomas da doença:
produção de certos tipos de antibióticos e vitaminas. sensação de ardência na uretra durante a micção, aumento
Na indústria farmacêutica, bactérias do gênero dos gânglios (íngua) da região da virilha e corrimento
Bacillus fornecem certos antibióticos, como a amarelado (pus espesso). Em alguns casos, principalmente
eu

tirotricina e a bacitracina; já o antibiótico neomicina nas mulheres, a doença pode ser assintomática, isto é, não
é produzido por bactérias do gênero Streptomyces. há manifestação dos sintomas.
• Fazem parte da nossa flora intestinal normal O tratamento é feito com antibióticos, sob orientação
(microbiota intestinal), fornecendo ao nosso médica, tendo sucesso na maioria dos casos. Para isso,
organismo algumas vitaminas do complexo B (ácido no entanto, é essencial o tratamento do parceiro sexual,
fólico, ácido pantotênico, biotina e outros) e a mesmo que assintomático.
vitamina K, o que nos torna menos dependentes da A mulher deve procurar fazer periodicamente o exame
presença dessas vitaminas nos alimentos. ginecológico preventivo, uma vez que essa doença, se não
M

tratada, pode causar esterilidade: os gonococos podem


• São utilizadas no “controle biológico” para combater
atacar as tubas uterinas, causando inflamação, fibrose e
espécies nocivas. Um exemplo é o Bacillus
obstrução destas. Além disso, se a mulher estiver grávida
thuringiensis, que infecta a larva de certos insetos
e contaminada, ela pode infectar a criança, caso o parto
prejudiciais à agricultura.
seja normal. Nesse caso, o contágio se faz diretamente
• São utilizadas pela Engenharia Genética na produção quando da passagem do bebê pela vagina. Os gonococos
de substâncias de interesse comercial. A tecnologia causam uma infecção nos olhos do recém-nascido, conhecida
da Engenharia Genética tem permitido modificar por oftalmia neonatorum, que pode levar até à cegueira.
geneticamente certas bactérias, programando-as Para se evitar isso, recomenda-se, como profilaxia,
para produzir certos tipos de substâncias, como a instilação de nitrato de prata a 1% na conjuntiva do
hormônio do crescimento e insulina humanos. recém-nascido.

Bernoulli Sistema de Ensino 63


Frente B Módulo 03

Botulismo – Doença grave que tem como agente Junto com a diarreia, podem aparecer cólicas abdominais e
etiológico um bacilo anaeróbio, o Clostridium vômitos. A diarreia intensa e os vômitos fazem com que o
botulinum, também conhecido por bacilo do botulismo. indivíduo perca grande parte dos líquidos de seu organismo,
Sua transmissão se faz pela ingestão de certos tipos de desidratando-se rapidamente. Caso não seja tratada de
alimentos, geralmente enlatados e conservas, contendo a imediato, essa desidratação poderá levar o doente à morte,
toxina botulínica, substância altamente tóxica produzida em pouco tempo.
por esses bacilos. As vacinas existentes contra o vibrião colérico são muito
O bacilo do botulismo é encontrado como saprófita no solo pouco eficazes e, dessa forma, para a prevenção da doença,
e no intestino de herbívoros e peixes. No preparo de certos outras medidas devem ser adotadas. As três medidas básicas
alimentos, como carnes, peixes e palmito em conserva, são: controle da qualidade da água, destino adequado das

lli
salsichas, compotas, geleias e outros, se a esterilização fezes e vigilância em relação a passageiros e meios de
não for feita de forma correta e adequada, poderá haver transporte provenientes das áreas onde existem doentes
proliferação do C. botulinum com produção de toxina que, de cólera.
mesmo em pequena concentração, torna tóxico o alimento, As deficientes condições de saneamento, especialmente
sem deterioração aparente: a lata de conserva, por exemplo, a falta de rede de esgotos, a falta de estações de

ou
poderá apresentar-se “estufada” ou não, assim como o cheiro tratamento dos esgotos e a falta de água potável para
e o gosto poderão estar ou não alterados. atender às populações, constituem fatores essenciais para
Uma vez ingerido o alimento contaminado, os efeitos a disseminação da doença.
da toxina botulínica se manifestam rapidamente (de 2 a A cólera está no grupo das chamadas “doenças
48 horas). Seu mecanismo de ação consiste em bloquear ressurgentes”, isto é, doenças que retornaram de forma
a liberação da acetilcolina nas sinapses neuromusculares. intensa após muito tempo sob controle. Em 1991,
A doença caracteriza-se por vômitos, prisão de ventre, a doença voltou à América do Sul, reapareceu na África e
sede, dificuldade de deglutição e da fala e paralisia tornou-se mais violenta na Ásia, depois de passar décadas
respiratória, sobrevindo a morte em 20% a 70% dos casos. aparentemente controlada.
A profilaxia consiste essencialmente em controlar a

“estufadas”.
Coqueluche (“tosse comprida”) – Causada pela
rn
esterilização dos alimentos em conserva e evitar a ingestão
de alimentos enlatados, cujas embalagens estejam

bactéria Bordetella pertussis, é uma doença tipicamente


Difteria (Crupe) – Causada pela bactéria Corynebacterium
diphtheriae, o bacilo diftérico. Sua transmissão se faz por
contato com secreções do nariz e garganta da pessoa
infectada ou gotículas de saliva eliminadas pelo doente.
Os sintomas da doença são dor de garganta, febre,
perda de apetite e, um dado importante para o diagnóstico,
Be
infantil que acomete as vias respiratórias. Inicia-se com o aparecimento de uma membrana branco-amarelada
uma coriza, confundindo-se com um simples resfriado, constituída por células mortas, pus e bactérias na garganta
mas, alguns dias depois, surgem acessos de tosse seca, que do doente. O tratamento é feito com o soro antidiftérico e
costumam deixar a criança sem fôlego. antibióticos. A complicação mais grave é a obstrução da
laringe, impedindo a respiração e causando a morte por
A gravidade da doença varia com a idade, o estado geral
asfixia.
e a maior ou menor sensibilidade de cada indivíduo. Sua
transmissão se faz pela via respiratória, com a inalação de A profilaxia é feita com a vacina antidiftérica que,
ar contaminado. geralmente, é aplicada associada à antitetânica (contra o
tétano) e à antipertussis (contra a coqueluche).
A profilaxia se faz com a aplicação de vacina. A vacina
antipertussis (contra a coqueluche) normalmente está Disenterias bacterianas – As bactérias que causam
associada à antitetânica e à antidiftérica, constituindo uma essas infecções são transmitidas principalmente pela
eu

vacina conhecida por vacina tríplice bacteriana. Apesar de ingestão de água e de alimentos contaminados. Entre elas,
não conferir imunidade total, mesmo quando não evita a destacam-se as dos gêneros Shigella e Salmonella. As do
doença, torna sua evolução mais benigna. gênero Shigella causam a disenteria bacilar, caracterizada
Cólera – É causada pela bactéria Vibrio cholerae, por uma enterite (inflamação dos intestinos), diarreia, dores
o vibrião colérico, que é transmitido, principalmente, por abdominais e, às vezes, febre; as do gênero Salmonella são
meio da água contaminada, pelas fezes e vômitos dos responsáveis por intoxicações alimentares que apresentam
doentes e portadores (indivíduos que, embora já tenham um quadro semelhante ao da disenteria bacilar, porém
o vibrião colérico nos seus intestinos, não apresentam acometem também regiões mais altas do aparelho digestivo
sintomas da doença). Também pode ser transmitida por (estômago e intestino delgado).
M

alimentos que foram lavados com água contaminada pelo Todas as disenterias, independentemente de sua
vibrião e que não foram bem cozidos, ou pelas mãos sujas etiologia (vírus, bactérias, protozoários), exigem um
de doentes ou portadores. É bom lembrar também que pronto atendimento médico e cuidados com a desidratação,
moscas e outros insetos podem veicular (transportar) por meio de preparados que mantêm o equilíbrio de água e
mecanicamente os vibriões das dejeções dos indivíduos sais do organismo. Nas de etiologia bacteriana, o tratamento
infectados aos alimentos. inclui também o uso de antibióticos.
A cólera é uma infecção intestinal aguda, cujo principal A prevenção dessas doenças exige melhorias no
sintoma é a diarreia intensa, que começa de repente. padrão de vida das populações, especialmente as
As fezes do doente são de cor esbranquiçada, como “água de mais carentes. Entre essas medidas, destacam-se as
arroz” (fezes riziformes), muito fluidas, sem muco e com odor de saneamento básico, como o tratamento da água,
peculiar de peixe. A febre, quando existe, geralmente é baixa. o uso exclusivo de água filtrada ou fervida para beber,

64 Coleção Estudo 4V
Bactérias e bacterioses

a proteção de poços e cisternas contra a contaminação Muitas vezes, a pessoa se queima ou se fere nesses locais e
por moscas e outros animais, a construção de redes de nem percebe, devido à perda da sensibilidade. A evolução da
esgoto e estações de tratamento de esgoto, os cuidados doença é lenta, com destruição da pele, das mucosas nasal,
com o leite, que deve ser pasteurizado ou fervido, e a bucal e faringeana, dos olhos e das vísceras.
fiscalização em supermercados, açougues, matadouros É importante que se procure orientação médica frente
e outros estabelecimentos que comercializam alimentos. à menor suspeita. A doença tem cura, o que permite o
Também são muito importantes as campanhas educativas
restabelecimento completo, inclusive das lesões, quando
de higiene pessoal e com os alimentos entre as populações,
precoces. A cirurgia plástica também pode auxiliar na
especialmente as mais carentes.
restauração das partes mais atingidas.
Febre maculosa – É causada pela Rickettsia rickettsii,
Ainda não existe uma vacina contra a hanseníase, embora

lli
uma bactéria que é transmitida ao homem por meio da picada
numerosos cientistas estejam pesquisando um medicamento
de carrapatos. Trata-se, portanto, de uma doença mais
e conseguindo resultados animadores.
comum em ambiente silvestre ou rural que se manifesta com
febre alta, dor de cabeça e exantema (erupções cutâneas). Leptospirose – É causada por um espiroqueta,
Sua profilaxia consiste no combate aos carrapatos. o Leptospira interrogans, que é transmitido pelo contato com
água e outros materiais contaminados com fezes e urina de

ou
Febre tifoide – É causada pela bactéria Salmonella typhi

BIOLOGIA
animais hospedeiros, notadamente ratos e camundongos.
(bacilo de Ebert), que é transmitida através da água e de
Esses animais eliminam as leptospiras nas fezes e na
alimentos contaminados, especialmente aqueles que são
urina, não só durante a doença, mas também durante a
consumidos crus (leite, ostras, verduras, frutas e outros).
condição de portador assintomático. As leptospiras podem
Penetrando pela via digestiva, a bactéria ataca a mucosa permanecer viáveis na água estagnada por várias semanas.
intestinal, invade a corrente sanguínea e propaga-se a outros A infecção humana resulta geralmente da ingestão de água
órgãos (fígado, baço e medula óssea). ou alimentos contaminados com as bactérias, que também
Os principais sintomas da doença são febre alta, podem penetrar através de ferimentos ou rachaduras

rn
falta de apetite, dores musculares, diarreia, vômitos e
manchas vermelhas na pele. Algumas pessoas podem não
apresentar manifestações desses sintomas, mas apresentar
os bacilos no corpo e liberá-los pelo suor, pela urina e,
principalmente, pelas fezes. Tais pessoas são ditas portadores.
Algumas pessoas infectadas podem, após o desaparecimento
dos sintomas da doença, continuar portando alguns
existentes na pele e mucosas. Indivíduos sujeitos ao
contato com água poluída por ratos (operários de esgotos,
por exemplo) correm maior risco de infecção.
Após uma incubação de 1 a 2 semanas, começa um
período febril, durante o qual as espiroquetas estão
presentes na corrente sanguínea. Posteriormente,
as bactérias atacam diferentes órgãos (principalmente fígado
Be
bacilos por longos períodos de tempo e, assim, tornam-se
e rins), produzindo hemorragias e necrose dos tecidos,
portadores crônicos. Suas fezes constituirão um perigo para
o que resulta em alterações funcionais desses órgãos.
a população, pois delas poderão advir epidemias.
O comprometimento renal, em muitas espécies de animais,
A febre tifoide pode ocorrer de maneira epidêmica, é crônico, determinando a eliminação de grande número de
principalmente durante o período de chuvas torrenciais leptospiras na urina.
(enchentes), nas localidades onde são precárias as
condições de engenharia sanitária e saneamento básico, A profilaxia da doença consiste na eliminação da fonte
já que essa situação favorece e aumenta a possibilidade de infecção e na utilização de vestimentas protetoras por
de contaminação da água potável pelas fezes de indivíduos parte daqueles que trabalham em locais possivelmente
doentes e portadores. Essas epidemias podem ser facilmente contaminados (arrozais, canaviais, esgotos e outros).
debeladas por medidas de engenharia sanitária relativas à Meningite meningocócica – A meningite é uma
canalização da água e dos esgotos, bem como pela cloração inflamação das meninges (membranas que envolvem
eu

da água de abastecimento. e protegem os órgãos do sistema nervoso central)


A imunização preventiva das pessoas é feita mediante e pode ser causada por vírus, bactérias ou fungos.
a injeção subcutânea de 2 doses de vacina antitífica, com A meningite meningocócica é causada pela bactéria Neisseria
intervalos de 2 a 4 semanas. meningitidis, também conhecida por meningococos.

H a n sen ía se ( Lepr a ) – C a u s a d a p e l a b a c t é r i a Sua transmissão se faz pela inalação de ar contaminado


Mycobacterium leprae (bacilo de Hansen), seu modo pelos meningococos. As pessoas infectadas liberam essas
de transmissão é controverso. Acredita-se que seja por bactérias no ar por meio da tosse, do espirro e da fala.
contato direto com os bacilos, encontrados nas gotículas de Mesmo sem apresentar os sintomas da doença, uma pessoa
M

saliva, secreções nasais e feridas dos doentes. Entretanto, pode estar contaminada pelos meningococos e transmiti-los
a exposição da pessoa ao bacilo não significa obrigatoriamente a outras.
a instalação da doença. As bactérias invadem inicialmente a garganta e depois,
De um modo geral, a doença se manifesta de três a cinco por meio da corrente sanguínea, podem chegar às
anos após o contágio. O período de incubação, entretanto, meninges. Surgem, então, febre alta, náuseas, vômitos,
pode estender-se por vários anos, como é o caso de crianças forte dor de cabeça, sonolência e um sintoma típico:
que se infectam na infância e só desenvolvem os sintomas a rigidez dos músculos da nuca, impedindo o doente de
da doença na vida adulta. encostar o queixo no peito.
Na forma mais grave da hanseníase, a lepromatosa, O doente deve ser hospitalizado e submetido a tratamento
surgem inicialmente na pele manchas esbranquiçadas ou com antibióticos, pois, se não tratada a tempo, a doença
avermelhadas, que não coçam e tornam o local insensível. pode ser fatal.

Bernoulli Sistema de Ensino 65


Frente B Módulo 03

Para a sua prevenção, devem-se evitar ambientes fechados A psitacose é uma doença de aves que pode ser transmitida
e aglomerações de pessoas, especialmente quando há um ao homem, no qual produz uma série de manifestações
surto da doença; sempre que possível, preferir o uso de clínicas que vão desde uma infecção “benigna”, inaparente,
utensílios (copos, talheres, etc.) descartáveis (essa norma é até uma pneumonia grave, com septicemia e morte.
importante para bares e outros recintos públicos); bem como O termo psitacose é empregado para a doença humana
isolar o doente em hospitais especializados (a meningite e aviária adquirida a partir do contato com pássaros
meningocócica é altamente contagiosa). As vacinas contra psitacídeos, como papagaios e periquitos. Já o termo ornitose
a doença não são ainda totalmente eficazes, sendo usadas aplica-se à infecção em aves domésticas, como pombos,
apenas em período de surtos epidêmicos ou por indivíduos galinhas, patos e gansos, e selvagens (gaivotas, garças e
que mantiveram contato com doentes. outras).

lli
Peste bubônica – Causada pela bactéria Yersinia pestis Comumente, as aves adquirem a infecção no ninho,
(bacilo de Yersin), conhecida anteriormente por Pasteurella após o nascimento. Podem apresentar manifestações
pestis, é transmitida ao homem pela pulga do rato. diarreicas ou mesmo não manifestar nenhum sintoma da
A doença pode manifestar-se sob duas formas clínicas: doença, passando a ser portadoras do agente infectante
a bubônica e a pneumônica. A forma bubônica é assim durante toda a vida, eliminando-o junto com as fezes.
denominada porque se caracteriza pela formação de

ou
A inalação das fezes infectadas, secas, das aves é uma
tumefações (inchaços) ganglionares, vulgarmente chamadas via comum de infecção humana. Como o micro-organismo
de “bubões”, geralmente localizadas na região da virilha também pode ser encontrado nos tecidos das aves, outra
(ponto de junção da coxa com o ventre). A forma pneumônica fonte de infecção está no manuseio dos órgãos desses
evolui com os sintomas típicos de uma pneumonia e é quase animais, como acontece nos abatedouros. As pessoas
sempre fatal. Já a forma bubônica é relativamente “benigna”. que trabalham em granjas de criação, no abate, preparo
A peste bubônica foi outrora um dos maiores flagelos e embalagem de aves, com certa frequência, apresentam
da humanidade: no reinado de Justiniano, dizimou quase quadros clínicos e subclínicos da doença. Em granjas,
50% da população do Império Romano e, no século XIV, a doença tem ocasionado, às vezes, elevada mortalidade
a “peste negra”, como era chamada, produziu perto
de 25 milhões de vítimas, ou seja, aproximadamente
¼ da população da Europa naquele tempo. rn
O combate aos ratos e às pulgas é uma medida essencial
na profilaxia da doença.
Pneumonia bacteriana – A pneumonia é uma
inflamação de um ou de ambos os pulmões, causada,
entre as aves, com grande perda econômica. Tem-se usado
acrescentar antibióticos (tetraciclinas, por exemplo) aos
alimentos das aves com a finalidade de reduzir o número
de portadores.
Sífilis – É uma doença grave que, se não tratada, pode
generalizar-se pelo organismo e atingir o sistema nervoso,
os pulmões, o fígado, o coração e outros órgãos.
Be
na maioria das vezes, por bactérias que penetram em É causada pelo espiroqueta Treponema pallidum,
nosso organismo pelas vias respiratórias. Entre as transmitido, principalmente, pelo contato sexual.
bactérias causadoras da pneumonia humana, destaca-se A sífilis, portanto, é mais uma doença do grupo das DST
o Diplococcus pneumoniae (pneumococos). (Doenças Sexualmente Transmissíveis). A transmissão
A doença começa com febre alta, tremores, tosse com também pode ocorrer por meio de transfusões sanguíneas
expectoração amarelada ou cor de tijolo e dores no peito e e através da placenta (a mãe infectada pode transmitir a
nas costas, principalmente ao tossir ou respirar. Essas dores doença ao filho, durante a vida intrauterina). Nesse último
tendem a aumentar com a progressão da doença. caso, a sífilis pode provocar aborto, lesões no fígado, ossos
e sistema nervoso do bebê, surdez ou mesmo parto de feto
O tratamento é feito com antibióticos e outros
morto (natimorto).
medicamentos. O doente deve ficar em repouso e manter
boa alimentação. A primeira manifestação da sífilis (fase primária da doença)
eu

ocorre cerca de duas ou três semanas após a infecção,


Além das bactérias patogênicas propriamente ditas,
quando o Treponema já se espalhou por todo o organismo:
existem as chamadas bactérias oportunistas, que só causam
uma ferida de borda endurecida e normalmente indolor,
doença quando há uma deficiência no nosso sistema de
chamada de “cancro duro”, aparece nos órgãos sexuais,
defesa. Um exemplo é o Streptococcus pneumoniae, uma
bactéria que vive na garganta da maioria das pessoas na boca ou em outras partes do corpo. Essa ferida desaparece
sadias. Quando há uma queda na capacidade de defesa da mesmo sem tratamento e, por isso, muitas vezes o indivíduo
pessoa, essa bactéria prolifera, invade os pulmões e causa não procura orientação médica.
pneumonia. Após um período que varia entre um e três meses desde
Psitacose ornitose – É causada por micro-organismos o desaparecimento do “cancro duro”, surgem manchas
M

conhecidos por clamídias. avermelhadas por todo o corpo, dor de cabeça, feridas na
boca e na garganta: é a fase secundária da doença.
Anteriormente, as clamídias eram consideradas vírus,
devido ao seu parasitismo intracelular obrigatório. Atualmente, Os sintomas da fase secundária também regridem
são classificadas como bactérias e diferem dos vírus pelas depois de certo tempo, mas, caso não seja tratada,
seguintes características: como as bactérias, as clamídias a doença entra na etapa em que passa a afetar diversos
possuem os dois tipos de ácidos nucleicos (RNA e DNA); órgãos: é a fase terciária que pode manifestar-se muitos
multiplicam-se por divisão binária, o que nunca acontece com anos depois da fase secundária.
os vírus; possuem uma parede celular do tipo bacteriano; Na fase terciária, o sistema nervoso central e o coração
possuem ribossomos, o que não se observa nos vírus; são os órgãos mais frequentemente atacados, e o resultado
possuem diversas enzimas metabólicas ativas; seu pode ser cegueira, insanidade mental, doenças cardíacas,
crescimento é inibido por muitos agentes antibacterianos. paralisia e morte.

66 Coleção Estudo 4V
Bactérias e bacterioses

O diagnóstico da doença, no seu período inicial, pode O tifo epidêmico ou tifo exantemático clássico é causado
ser feito pela descoberta direta do Treponema nas lesões pela Rickettsia prowazekii, que é transmitida ao homem
da pele. Na sífilis mais adiantada, só o exame de sangue pela picada de piolhos. O piolho adquire o micro-organismo
permite o diagnóstico conclusivo. Um dos exames muito picando seres humanos infectados e o transmite por
utilizados é o teste conhecido por VDRL (Venereal Disease meio das fezes na superfície da pele de outra pessoa.
Research Laboratory). O tratamento da doença é feito com Sempre que um piolho pica, ele, ao mesmo tempo, defeca.
antibióticos, sempre sob orientação médica. É ao coçar o local da picada que se propicia a penetração
das riquétsias na pele.
Tétano – É causada pelo Clostridium tetani, também
conhecido por bacilo de Nicolaier. O tifo endêmico ou tifo murino é causado pela
Rickettsia typhi, que é transmitida ao homem pela pulga

lli
O bacilo do tétano pode ser encontrado sob a forma
do rato. As pulgas do rato carregam as riquétsias de um rato
de esporo (uma forma de resistência) nos mais variados
para outro e, algumas vezes, do rato para o homem. O tifo
ambientes: pregos enferrujados, latas, água suja, galhos, endêmico é de distribuição mundial, especialmente em áreas
espinhos e no solo, principalmente quando tratado com altamente infestadas pelos ratos, como os portos de mar.
adubo animal, pois esse bacilo se faz presente nas fezes
Tracoma – Causada por clamídias, é uma doença oftálmica

ou
dos animais, principalmente nas dos cavalos.

BIOLOGIA
(dos olhos), caracterizada por uma ceratoconjuntivite
Os esporos penetram em nosso organismo através de (inflamação da córnea e conjuntiva), que, em certos casos,
um ferimento na pele provocado por algum acidente, pode levar à cegueira.
por queimaduras malcuidadas, infecções dentárias e
Os sintomas iniciais são lacrimejamento, secreções
outros. Como o bacilo do tétano em sua forma vegetativa é mucopurulentas, irritação dos olhos e ceratite (inflamação
anaeróbico estrito (não sobrevive em presença de O2), quanto da córnea).
mais profundo o ferimento, isto é, quanto mais livre do contato
A doença transmite-se mecanicamente, de olho a olho,
com o ar, maior a probabilidade de o bacilo proliferar.
por meio dos dedos, como também por toalhas de uso comum.
A doença caracteriza-se por contrações e espasmos
(contrações súbitas e involuntárias) dos músculos do
rosto, da nuca, da parede do abdome e dos membros.
Esses espasmos são resultantes da ação da toxina
rn
p r o d u z i d a p e l o b a c i l o s o b r e o s i s t e m a n e r vo s o.
As convulsões provocam asfixia temporária, que pode
Seu tratamento é feito com uso de sulfas e antibióticos.
Tuberculose – Causada pelo Mycobacterium tuberculosis
(bacilo de Koch), a tuberculose é transmitida pela inalação
de ar contaminado. A transmissão ocorre quando se aspiram
gotículas de catarro eliminadas pela tosse, espirro e fala de
uma pessoa doente, ou quando se aspira poeira contaminada
Be
evoluir para parada respiratória e, consequentemente, levar por essas gotículas.
à morte.
Na maioria dos casos, a doença acomete apenas os
No recém-nascido, o bacilo pode penetrar também pelo pulmões, mas pode atingir também outros órgãos, como
cordão umbilical, quando este é cortado com instrumentos os rins, intestinos e ossos.
não esterilizados ou quando se coloca estrume de vaca,
A penetração do bacilo de Koch em um organismo
fumo ou outras substâncias contaminadas no umbigo da não significa obrigatoriamente que a doença vá manifestar-se.
criança, a título de “curativo”, hábito que infelizmente ainda Muitas pessoas entram em contato com o bacilo em alguma
é praticado em certas regiões, especialmente na zona rural. fase da vida, mas, em geral, essa primeira infecção é
Ferimentos profundos ou provocados por instrumentos assintomática e passa despercebida, porque o organismo
p e r f u ra n t e s r e q u e r e m o b s e r va ç ã o m é d i c a . S e o consegue controlá-la. Às vezes, porém, a bactéria pode
indivíduo ferido tiver sido vacinado contra o tétano, permanecer “adormecida”, iniciando o seu trabalho de
eu

a aplicação de um reforço da vacina será suficiente para destruição quando houver uma queda nas defesas naturais
elevar a concentração de anticorpos ao nível adequado do organismo, causada por desnutrição, fadiga, alcoolismo
de proteção. Esse reforço não é necessário se a última ou outra doença. Nesse caso, o bacilo se reproduz, causando
vacinação ocorreu há menos de um ano. Evidentemente, lesões na forma de pequenos nódulos arredondados
são necessários também cuidados no tratamento da ferida: (tubérculos), que podem aumentar até formar grandes
limpeza com água e sabão, retirada de corpos estranhos e cavidades (cavernas) nos pulmões. Os bacilos também
uso de antissépticos. podem cair na corrente sanguínea e se espalharem para
outras partes do corpo.
Se o indivíduo não tiver sido vacinado, o tratamento é
M

Dependendo da resistência do organismo, a evolução da


feito com o soro antitetânico e antibióticos, sob orientação
doença pode ser muito lenta ou rápida.
médica. Posteriormente, será aplicada a vacina antitetânica.
Um grande problema, e também um grande perigo,
Tifo – Causada pela Rickettsia prowazekii e pela Rickettsia
é que os sintomas iniciais podem passar despercebidos ou,
typhi, bactérias que têm como reservatórios naturais certos
então, serem confundidos com os de uma gripe. Muitas
tipos de artrópodes, nos quais vivem, usualmente, sem
vezes, só numa fase mais avançada da doença surgem
produzir doença alguma.
tosse contínua com catarro, dor torácica, emagrecimento
Quando transmitidas ao homem, são capazes de causar e febre. Com o desenvolvimento da doença, alguns vasos
infecções caracterizadas por febre e exantema (erupções sanguíneos podem arrebentar, especialmente durante
cutâneas). Na realidade, existem dois tipos de tifo: tifo os acessos de tosse, e o doente, então, passa a eliminar
epidêmico e tifo endêmico. sangue no escarro (hemoptise).

Bernoulli Sistema de Ensino 67


Frente B Módulo 03

Medicamentos (antibióticos) associados ao repouso


Embora sejam armas poderosas, os antibióticos só devem ser
e à boa alimentação curam a tuberculose. Entretanto,
usados sob prescrição médica. Tais medicamentos somente serão
para completa eliminação da doença na população, eficientes quando usados por um tempo determinado e numa
é importante que ela seja diagnosticada logo no início, por dosagem correta.
meio de radiografias periódicas dos pulmões, que mostram
sombras anormais antes mesmos da manifestação dos O uso indiscriminado dos antibióticos pode trazer consequências,
tais como:
sintomas. O diagnóstico é confirmado pelo encontro de
bacilos da tuberculose no escarro. Muitos países controlam • crises alérgicas (anafilaxia) devido a uma hipersensibilidade
a tuberculose utilizando unidades móveis de raios X que (aumento da sensibilidade do organismo em relação
visitam periodicamente as regiões de maior incidência. a uma substância com a qual o organismo já estivera

lli
Para diminuir a incidência da tuberculose, é fundamental anteriormente em contato);
a melhoria do padrão de vida das populações, em especial
• alteração e destruição da microbiota bacteriana normal
as mais carentes. A nutrição precária e as más condições
do corpo. Lembre-se de que muitas dessas bactérias são
de higiene na moradia facilitam o contágio e diminuem a
úteis ao nosso organismo, como as que vivem em nosso
resistência do organismo à doença. O leite também merece

ou
intestino produzindo certos tipos de vitaminas;
cuidados, devendo sempre ser pasteurizado ou fervido,
pois algumas bactérias que causam a tuberculose no gado • seleção de bactérias portadoras de genes para resistência
também podem atacar o homem. à droga, isto é, seleção de mutantes resistentes. Nesse

Finalmente, a profilaxia da tuberculose também conta com caso, o antibiótico destruirá quase toda a população de
bactérias. Apenas os mutantes resistentes não serão
a vacina BCG (iniciais de Bacilo de Calmette e Guérin).
destruídos. Reproduzindo-se com grande rapidez,
os mutantes originam, em pouco tempo, uma nova
DOMÍNIO ARCHAEA população de bactérias constituída por indivíduos resistentes

cujas células podem possuir ou não parede celular. Quando

Diferem-se das bactérias em vários aspectos bioquímicos e


genéticos.
As arqueas (anteriormente chamadas de arqueobactérias)
rn
O domínio Archaea engloba os seres unicelulares, procariontes

presente, a parede celular não é composta por peptideoglicana.


ao antibiótico em questão.

O antibiograma é um método importante para se determinar a


ação dos antibióticos sobre as bactérias. Por meio dele, pode-se
determinar a sensibilidade ou a resistência das bactérias aos
diversos tipos de antibióticos. Em alguns casos, o antibiograma
permite também detectar a presença de mutantes já resistentes
à droga. De uma maneira bem resumida, o método consiste
Be
normalmente são encontradas em ambientes extremos e estão
subdivididas em três grupos: metanogênicas (eliminam metano em colocar uma amostra do material contaminado do paciente
como resultado de sua respiração); halofílicas (vivem em (urina, escarro e outros) num meio de cultura contendo
ambientes onde há condições extremas de salinidade, ou seja, pequenos discos de papel embebidos em diferentes tipos de
muita acidez ou muita alcalinidade) e as termofílicas (habitam antibióticos. O material é colocado numa estufa a 37 °C e, após 
ambientes onde há condições extremas de temperatura alta ou 24-48 horas, faz-se a leitura: se ao redor dos discos de papel
baixa). aparecem halos claros, onde não existem colônias de bactérias,
significa que as bactérias são sensíveis àqueles antibióticos,
motivo pelo qual não cresceram ao redor dos discos; se ao redor
OS ANTIBIÓTICOS dos discos aparecem colônias de bactérias, significa que elas
são resistentes aos antibióticos, daí o crescimento ao redor dos
Por volta de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, discos. Veja a seguir o esquema e a interpretação dos resultados
a medicina deu um largo passo na luta contra as bactérias. de um antibiograma:
eu

Nessa época, os antibióticos passaram a ser usados com sucesso


contra diversos tipos de bactérias, salvando a vida de milhares de Disco de papel embebido de antibiótico
soldados, que, certamente, teriam morrido devido às infecções
nos ferimentos causados em combate.

A descoberta dos antibióticos, entretanto, é um pouco mais T O


antiga. A história teve início em 1928, quando o escocês Alexander
Fleming observou que bactérias não haviam crescido em um meio
Meio de P S
de cultura contaminado por fungos. Fleming deduziu, então,
M

que o fungo deveria produzir alguma substância que impedia o cultura


desenvolvimento e a multiplicação das bactérias. Cerca de dez com a C R
anos depois, tal substância foi realmente isolada de um tipo de
presença
de bactérias Placa de Petri
fungo, o Penicillium notatum, recebendo o nome de penicilina.

Com o passar do tempo, vários outros antibióticos foram Antibiograma – Quanto maior for o halo claro ao redor do
isolados de outros tipos de fungos, enquanto outros foram disco de papel, maior será a eficácia do antibiótico (maior
fabricados sinteticamente em laboratórios. a área de bactérias que foram inibidas ao redor do disco).
No exemplo anterior, R e O são os antibióticos mais eficientes
Os antibióticos podem exercer ação bactericida (matando as contra as bactérias, que são resistentes aos antibióticos Se T.
bactérias) ou bacteriostática (impedindo a multiplicação das Já C e P, nas concentrações testadas, apresentaram uma
bactérias). ação menos expressiva sobre essas bactérias.

68 Coleção Estudo 4V
Bactérias e bacterioses

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO EXERCÍCIOS PROPOSTOS


01. (UFES) Bactérias causadoras de infecção e que são vistas 01. (PUC Minas) Leia as afirmativas a seguir, referentes às
ao microscópio como grupamento de glóbulos em cacho bactérias.
certamente são I. As bactérias fotossintetizantes se utilizam de cloroplastos
A) estafilococos. para realizar a síntese de substâncias orgânicas.

B) estreptococos. II. As bactérias aeróbicas têm as enzimas respiratórias


atuando no seu citoplasma ou associadas à sua
C) diplococos.
membrana celular.
D) micrococos.

lli
III. O material genético encontra-se envolvido por unidade
E) bacilos. de membrana.
A afirmativa está CORRETA em
02. (PUCPR)
A) I, II e III. D) II, apenas.
B) I e II, apenas. E) III, apenas.

ou
BIOLOGIA
C) I e III, apenas.

02. (UFSM-RS–2013) No Nordeste do Brasil, surgiram novas


tecnologias, produtos e indústrias limpas a partir do
aproveitamento de resíduos da pesca de camarão (antes,
montanhas malcheirosas de restos dos crustáceos). Um
bom exemplo é a quitosana, polímero obtido da quitina
das carapaças. Ela tem a propriedade de atrair e de se

A) conjugação.
B) brotamento.
C) transformação.
rn
Em algumas bactérias, ocorre transferência de material
genético através de estruturas de pontes citoplasmáticas.
Esse tipo de reprodução é denominado
ligar a moléculas de gordura, tendo aplicação tanto em
medicamentos que combatem a obesidade quanto em
projetos de despoluição ambiental. Pulverizações de
regiões poluídas com microsferas de quitosana inoculadas
com bactérias capazes de degradar petróleo já são uma
realidade. Essa substância aglutina o óleo e as bactérias
tratam de digerir tudo! Ao que parece, a economia verde
Be
pede bases mais amplas, sólidas e inovadoras.
D) transdução.
E) esporulação. JOHN, L. Os bons frutos da economia verde.
National geographic, junho 2012, p. 40 (Adaptação).
03. (Fatec–SP) As bactérias são organismos microscópicos, Certas bactérias, como essas que digerem petróleo,
procariontes e muitas são patogênicas, pois causam dependem de moléculas orgânicas do ambiente como
doenças. Entre as doenças humanas causadas por fonte de carbono. Por isso, quanto à nutrição, são
bactérias, podemos citar: chamadas de bactérias
A) fototróficas. D) fotoautotróficas.
A) Varíola, poliomielite, hidrofobia e Aids.
B) químio-heterotróficas. E) parasitas.
B) Sífilis, gonorreia, meningite e tétano.
C) autotróficas.
C) Pneumonia, tuberculose, caxumba e sarampo.
eu

D) Encefalite, poliomielite, hepatite e cólera. 03. (UFRJ) Numere a segunda coluna de acordo com a
E) Botulismo, febre tifoide, gripe e Aids. primeira e depois assinale a alternativa que contenha a
sequência CORRETA.
04. (Unicamp-SP–2015) Nos porões dos navios vindos do Oriente
no século XIV, chegavam milhares de ratos à Europa, onde Coluna I Coluna II

encontravam um ambiente favorável, dadas as condições (1) Bacilos ( ) Cocos em grupos densos
precárias de higiene. Esses ratos estavam contaminados e ( ) Cocos em grupos
(2) Estreptococos
M

suas pulgas transmitiam um agente etiológico aos homens aproximadamente cúbicos


através da picada. Os ratos também morriam da doença e, (3) Estafilococos ( ) Cocos em fileira
quando isto acontecia, as pulgas passavam rapidamente para (4) Tétrades ( ) Filamentos helicoidais
os humanos, para obterem seu alimento, o sangue. Qual é
( ) Bastonete reto em geral
o agente etiológico e qual é o nome popular dessa doença? (5) Sarcina
de 1 a 15 µm
A) Vírus, peste bubônica. (6) Espirilo ( ) Cocos em grupo de quatro
B) Bactéria, peste bubônica.
A) 3 – 2 – 5 – 6 – 1 – 4 D) 3 – 5 – 2 – 6 – 4 – 1
C) Vírus, leptospirose.
B) 3 – 5 – 2 – 6 – 1 – 4 E) 3 – 5 – 1 – 2 – 4 – 6
D) Bactéria, leptospirose. C) 3 – 5 – 2 – 1 – 6 – 4

Bernoulli Sistema de Ensino 69


Frente B Módulo 03

04. (UFTM-MG–2013) O esquema ilustra um tipo de reprodução que ocorre em certas bactérias.

DNA de outra
bactéria

DNA
bacteriano

O mecanismo é conhecido como

lli
A) transformação, que resulta em modificação genética, podendo aumentar a chance de sobrevivência.
B) permutação, que consiste na fusão de material genético diferente do original.
C) transdução, que consiste em receber um segmento de DNA exógeno, resultando um ser transgênico.
D) bipartição, que possibilita a formação de um indivíduo geneticamente mais complexo.

ou
E) conjugação, que aumenta a variabilidade genética das espécies que a realizam.

05. (IFSul–2015) O aparecimento de várias doenças é favorecido pela falta de rede de esgoto, bem como pela falta de drenagem de
águas pluviais somada a uma coleta de lixo inadequada. Se um indivíduo que vive em um ambiente nas condições citadas teve
contato com águas de enchente e passa a apresentar febre, dor de cabeça e dores musculares, ele pode estar apresentando um
caso de
A) leptospirose. B) difteria. C) tuberculose. D) botulismo.

06.
rn
(PUCPR–2016) Em outubro de 2010, a Anvisa, após alguns hospitais brasileiros sofrerem com um surto da bactéria “KPC”,
resolveu proibir a venda de antibióticos sem receita médica pelas farmácias. Com a nova regra, a receita médica para antibióticos
ficará retida na farmácia junto com os dados do comprador. A validade da receita é de 10 dias, o que obriga o paciente a
procurar novamente o médico em casos de persistência da doença. Um dos objetivos da regra é mudar o hábito do brasileiro
de se automedicar, uma vez que o uso indiscriminado de antibióticos pode provocar
Be
A) a resistência microbiana, a qual pode tornar a bactéria resistente ao medicamento, uma vez que o uso indiscriminado de
antibióticos pode induzir novas formas de bactérias.
B) a aquisição de resistência por indução de componentes antimicrobianos; com isso, as bactérias geram cepas capazes de
suportar os antibióticos.
C) a resistência microbiana desencadeada pela indução de formas genéticas modificadas pela troca de pequenos plasmídeos
(plasmídeo R) encarregados de levarem consigo genes que permitem a resistência antimicrobiana.
D) a necessidade de mudança por parte da população bacteriana, que se torna resistente por alterações genéticas impostas
pelo uso dos antibióticos.
E) a redução da eficácia dos antibióticos devido à seleção de organismos resistentes.
eu

07. (UFMG) Em 1928, Griffith realizou uma série de experimentos com a bactéria Streptococcus pneumoniae, causadora da
pneumonia no homem. Analise estes esquemas referentes aos experimentos de Griffith:

I II III IV

Células
bacterianas

Não virulentas Virulentas Virulentas, lisas, mortas Não virulentas Virulentas, lisas,
M

rugosas lisas por aquecimento rugosas mortas por aquecimento


(linhagem R) (linhagem S) (linhagem S) (linhagem R) (linhagem S)

Injeção

Resultados
Camundongo
Camundongo Camundongo Camundongo morto
saudável morto saudável

Bactérias S e R vivas
na amostra de sangue
do camundongo morto

70 Coleção Estudo 4V
Bactérias e bacterioses

1. A partir dessa análise e considerando outros A instalação das bactérias e o avanço do processo infeccioso
conhecimentos sobre o assunto, na córnea estão relacionados a algumas características
gerais desses micro-organismos, tais como:
A) EXPLIQUE, do ponto de vista biológico, por que
foi possível recuperar bactérias do tipo S vivas no A) A grande capacidade de adaptação, considerando
camundongo,na etapa IV. as constantes mudanças no ambiente em que se
reproduzem e o processo aeróbico como a melhor opção
B) IDENTIFIQUE a etapa – I, II, III ou IV – utilizada desses micro-organismos para a obtenção de energia.
para a produção de vacinas. JUSTIFIQUE
B) A grande capacidade de sofrer mutações, aumentando
sua resposta.
a probabilidade do aparecimento de formas resistentes
2. ARGUMENTE a favor da importância das bactérias e o processo anaeróbico da fermentação como a

lli
para principal via de obtenção de energia.
C) A diversidade morfológica entre as bactérias,
A) a saúde humana.
aumentando a variedade de tipos de agentes infecciosos
B) o meio ambiente. e a nutrição heterotrófica, como forma de esses
micro-organismos obterem matéria-prima e energia.

ou
08. (Unisa-SP–2016) Três diferentes espécies de bactérias D) O alto poder de reprodução, aumentando a

BIOLOGIA
foram cultivadas, separadamente, em tubos de ensaio variabilidade genética dos milhares de indivíduos e a
abertos. A figura ilustra as distribuições populacionais nutrição heterotrófica, como única forma de obtenção
dessas bactérias após alguns dias. de matéria-prima e energia desses micro-organismos.
E) O alto poder de reprodução, originando milhares de
1 2 3
descendentes geneticamente idênticos entre si e
a diversidade metabólica, considerando processos
aeróbicos e anaeróbicos para a obtenção de energia.

rn 02. (Enem–2010) A cárie dental resulta da atividade de


bactérias que degradam os açúcares e os transformam
em ácidos que corroem a porção mineralizada dos dentes.
O flúor, juntamente com o cálcio e um açúcar chamado
xilitol, agem inibindo esse processo. Quando não se
escovam os dentes corretamente e neles acumulam-se
restos de alimentos, as bactérias que vivem na boca aderem
Be
aos dentes, formando a placa bacteriana ou biofilme.
Na placa, elas transformam o açúcar dos restos de
LOPES, S.; Rosso, S. Bio. vol. 3, 2014. alimentos em ácidos, que corroem o esmalte do dente
(Adaptação.) formando uma cavidade, que é a cárie. Vale lembrar que a
placa bacteriana se forma mesmo na ausência de ingestão
A) Qual tubo indica a presença de bactérias anaeróbicas de carboidratos fermentáveis, pois as bactérias possuem
polissacarídeos intracelulares de reserva.
facultativas? Por que a distribuição delas no tubo
possibilitou a sua identificação? Disponível em: <http://www.diariodasaude.com.br>.
Acesso em: 11 ago. 2010 (Adaptação).
B) Em qual dos tubos existem bactérias que realizam
somente fermentação? Por quê? * cárie dentária: efeito da destruição da estrutura dentária por
eu

bactérias.
SEÇÃO ENEM HOUAISS, Antônio. Dicionário eletrônico. Versão 1.0.
Editora Objetiva, 2001 (Adaptação).
01. (Enem–2010) O uso prolongado de lentes de contato,
A partir da leitura do texto, que discute as causas
sobretudo durante a noite, aliado a condições precárias de
do aparecimento de cáries, e da sua relação com as
higiene, representam fatores de risco para o aparecimento informações do dicionário, conclui-se que a cárie dental
de uma infecção denominada ceratite microbiana, que resulta, principalmente, de
causa ulceração inflamatória da córnea. Para interromper
M

A) falta de flúor e de cálcio na alimentação diária da


o processo da doença, é necessário tratamento antibiótico.
população brasileira.
De modo geral, os fatores de risco provocam a diminuição
B) consumo exagerado do xilitol, um açúcar, na dieta
da oxigenação corneana e determinam mudanças no seu
alimentar diária do indivíduo.
metabolismo, de um estado aeróbico para anaeróbico.
C) redução na proliferação bacteriana quando a saliva é
Como decorrência, observa-se a diminuição no número e
desbalanceada pela má alimentação.
na velocidade de mitoses do epitélio, o que predispõe ao
D) uso exagerado do flúor, um agente que em alta
aparecimento de defeitos epiteliais e à invasão bacteriana.
quantidade torna-se tóxico à formação dos dentes.
CRESTA. F. Lente de contato e infecção ocular. E) consumo excessivo de açúcares na alimentação e má
Revista Sinopse de Oftalmologia. São Paulo: higienização bucal, que contribuem para a proliferação
Moreira Jr., v. 04, n. 04. 2002 (Adaptação). de bactérias.

Bernoulli Sistema de Ensino 71


Frente B Módulo 03

03. (Enem–2007) GABARITO


Fixação
01. A

02. A

03. B

lli
04. B

Propostos

ou
01. D

02. B

03. B

rn
GONSALES, Fernando. Vá pentear macaco!.
São Paulo: Devir, 2004.

São características do tipo de reprodução representado


na tirinha:
04. A

05. A

06. E

07. 1. A) Transferência do gene que condiciona a cápsula


Be
A) Simplicidade, permuta de material gênico e
por transformação bacteriana.
variabilidade genética.
B) Etapa III. Utilização do agente infeccioso morto.
B) Rapidez, simplicidade e semelhança genética.
C) Variabilidade genética, mutação e evolução lenta.
2. A) – A partir de bactérias transgênicas, há produção
D) Gametogênese, troca de material gênico e complexidade.
de vacinas, medicamentos e hormônios.
E) Clonagem, gemulação e partenogênese.
– Manutenção da microbiota intestinal.

04. (Enem–2003) Na embalagem de um antibiótico, encontra-se B) – A utilização de bactérias para biorremediação


uma bula que, entre outras informações, explica a ação com tratamento de ambientes degradados.
do remédio do seguinte modo:
– Bactérias simbiontes em raízes de leguminosas
eu

O medicamento atua por inibição da síntese proteica na fixação de N2 atmosférico.


bacteriana.

Essa afirmação permite concluir que o antibiótico 08. A) Tubo 2. A distribuição em todo o tubo indica alto
crescimento. Mesmo com o esgotamento do
A) impede a fotossíntese realizada pelas bactérias causadoras
oxigênio, o crescimento continua.
da doença e, assim, elas não se alimentam e morrem.
B) altera as informações genéticas das bactérias B) Tubo 3, pois o crescimento populacional diminui à

causadoras da doença, o que impede manutenção e medida que o oxigênio aumenta.


M

reprodução desses organismos.


C) dissolve as membranas das bactérias responsáveis Seção Enem
pela doença, o que dificulta o transporte de nutrientes
e provoca a morte delas.
01. E
D) elimina os vírus causadores da doença, pois não
conseguem obter as proteínas que seriam produzidas 02. E
pelas bactérias que parasitam.
E) interrompe a produção de proteínas das bactérias 03. B
causadoras da doença, o que impede sua multiplicação
pelo bloqueio de funções vitais. 04. E

72 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA C 01
Genética: conceitos fundamentais

lli
As características presentes em um ser vivo podem ser Na gametogênese (formação dos gametas), esses pares de
agrupadas em duas categorias: adquiridas e hereditárias. fatores se separariam, de modo que cada gameta ficaria

ou
• Características adquiridas – São aquelas que resultam com apenas um fator relativo a cada característica. Mendel,

da ação de agentes do meio ambiente. Uma cicatriz entretanto, não soube explicar que fatores eram esses, de que
surgida em consequência de um ferimento, a ausência de eram formados e onde estariam localizados dentro das células.
determinada parte do corpo perdida em um acidente (um Assim, quando seus trabalhos foram publicados, em 1866,
braço, por exemplo) ou a atrofia dos músculos da perna, a comunidade científica não deu a ele o devido reconhecimento.
em consequência de uma doença infecciosa (poliomielite,
Somente alguns anos mais tarde, por volta de 1900,
por exemplo) são alguns exemplos de características


adquiridas.

rn
Características hereditárias – São aquelas determinadas
por unidades denominadas gens ou genes (do grego,
genos, “originar”), encontradas, normalmente, nos
cromossomos das células. Tais características são
quando Mendel já havia morrido, três cientistas, o holandês
Hugo de Vries, o alemão Carl Correns e o austríaco Eric von
Tschermack, realizando novos experimentos e trabalhando
independentemente, reconheceram e confirmaram as ideias
de Mendel, que, então, passou a ser considerado o “pai da
genética atual”.
Be
herdadas dos ancestrais e transmitidas aos descendentes
por meio da reprodução, isto é, são geneticamente Os avanços alcançados pela citologia no início do século XX,
transmissíveis, de geração para geração. como a observação dos cromossomos e de outras estruturas
A cor dos nossos olhos e o tipo de sangue que possuímos celulares, assim como a descrição dos processos de divisão
são exemplos de características hereditárias. Às vezes, celular (mitose e meiose), muito contribuíram para a
uma característica adquirida pode ser muito semelhante elaboração da teoria cromossômica da herança, proposta em
a uma característica hereditária. Nesse caso, diz-se que 1910 por Morgan e por seus colaboradores. Segundo essa
aquela é uma fenocópia desta. Por exemplo: a surdez teoria, os fatores hereditários de Mendel, agora denominados
provocada por uma infecção (sarampo, por exemplo) é genes, estão localizados nos cromossomos.
eu

uma fenocópia da surdez condicionada por genes que


causam a má-formação do aparelho auditivo. Em 1944, Avery, MacLeod e McCarthy, após a realização
de vários experimentos, chegaram à conclusão de que o
A Genética tem o objetivo de estudar as características
material genético, isto é, os genes, é constituído de DNA
hereditárias em todos os aspectos, tais como fatores
(ácido desoxirribonucleico).
determinantes que influenciam essas características e o modo
de transmissão delas. Na década de 1960, os cientistas descobriram que as

O verdadeiro conhecimento de como as características informações sobre as características hereditárias se encontram


M

hereditárias são transmitidas teve sua origem nos trabalhos codificadas nos genes. Estava, portanto, descoberto o famoso
do monge austríaco Gregor Mendel. Na segunda metade código genético.
do século XIX, realizando cruzamentos entre plantas,
A informação codificada em um gene refere-se à estrutura
em especial ervilhas, e observando as características dos
primária (sequência de aminoácidos) de um polipeptídeo.
parentais (pais) e descendentes, por várias gerações,
Mendel postulou a existência, no interior das células, Esse polipeptídeo, que pode ser uma proteína estrutural ou

de partículas ou fatores responsáveis pela determinação das uma proteína catalisadora (enzima), é o responsável pela
características hereditárias. Segundo Mendel, as características manifestação de uma característica. Assim, um gene exerce
seriam determinadas por pares de fatores hereditários. sua ação por meio de um polipeptídeo por ele codificado.

Bernoulli Sistema de Ensino 85


Frente C Módulo 01

CONCEITOS FUNDAMENTAIS A figura a seguir mostra exemplos de pares de alelos


homozigotos e heterozigotos:
As unidades responsáveis pelas características
1 1’ 2 3
hereditárias, os genes, são segmentos de moléculas de
a A F m
DNA que, normalmente, localizam-se em estruturas celulares b B g N
denominadas cromossomos. Cada cromossomo é constituído C C H O
por uma única molécula de DNA e, em cada molécula de
DNA, existem diversos genes. O local que o gene ocupa no

lli
cromossomo é denominado loco ou lócus gênico. d D i P
E E J Q
De um modo geral, pois existem algumas exceções, nas
células diploides (2n), para cada característica hereditária,
Os cromossomos 1 e 1’ são homólogos. Os genes que neles

ou
existe um par de genes, e, nas células haploides (n), existe ocupam os mesmos loci são genes alelos. Os genes alelos se
apenas um gene para cada característica. relacionam com uma mesma característica. Assim, a é alelo de
A; b é alelo de B; C é alelo de C; d é alelo de D; E é alelo de E.
Veja o exemplo esquematizado a seguir: Nesse exemplo, o indivíduo é homozigoto para as características
determinadas pelos pares CC e EE e heterozigoto para aquelas
determinadas pelos pares Aa, Bb e Dd. Os cromossomos
Gameta 2 e 3 são heterólogos (não homólogos). Os genes que neles se
Característica: polidactilia
N
P Zigoto encontram não são alelos.

N
Gameta

p
2N
P
p
rn
Gene P: Determina a
polidactilia (mais de cinco
dedos em cada mão ou pé).

Gene p: Determina a
pentadactilia (cinco dedos
em cada mão ou pé).
Entre os genes alelos, quando em heterozigose, pode-se
ter os fenômenos da dominância completa, da ausência de
dominância e da codominância.

• Dominância completa (absoluta) – Quando um


alelo, denominado gene dominante, manifesta a
Be
sua ação em homozigose e em heterozigose. O alelo
que, em heterozigose, não manifesta sua ação é dito
Observe que, em cada gameta, para a característica “número gene recessivo. Em outras palavras, pode-se dizer
de dedos em cada mão”, existe apenas um gene, e , no zigoto, que um gene é dominante quando manifesta a sua
temos um par de genes. ação em dose dupla (homozigose) ou em dose simples
(heterozigose). Já o recessivo só manifesta sua ação
na ausência do gene dominante ou se estiver em dose

GENES ALELOS dupla (homozigose). Veja o exemplo a seguir:


eu

Nas células diploides (2n), os cromossomos se distribuem Dominância completa


aos pares: são os pares de cromossomos homólogos. Característica: Pigmentação da pele na espécie
Neles, um dos cromossomos é de origem paterna e o outro, humana.
de origem materna. Gene A → Determina a pigmentação da pele.
Gene a → Determina a apigmentação da pele
Em um par de cromossomos homólogos, os genes que se
(albinismo).
localizam nos mesmos loci (plural de locus) são ditos genes
Para a característica em questão, o indivíduo
M

alelos ou alelomorfos. Em um par de genes alelos, um dos


genes é de origem paterna e o outro, de origem materna. poderá ter uma entre as seguintes combinações

Os genes alelos se relacionam com uma mesma característica de genes alelos:

e podem ser iguais ou diferentes. AA → O indivíduo será pigmentado.


Aa → O indivíduo também será pigmentado.
Quando o indivíduo apresenta em suas células genes alelos
aa → O indivíduo será apigmentado (albino).
iguais para uma determinada característica, esse indivíduo
Nesse exemplo, observa-se:
é dito homozigoto ou “puro” para a referida característica;
Gene A → É o gene dominante.
quando os alelos são diferentes, o indivíduo é dito heterozigoto
Gene a → É o gene recessivo.
ou “híbrido”.

86 Coleção Estudo 4V
Genética: conceitos fundamentais

Quando existe o fenômeno da dominância absoluta entre


os alelos, a letra minúscula representa o gene recessivo e a
GENÓTIPO E FENÓTIPO
maiúscula, o dominante. A letra do alfabeto que geralmente Os genes que um indivíduo possui para determinada
se escolhe para representar esses genes é a letra inicial do característica constituem o seu genótipo para a referida
nome da manifestação recessiva. No exemplo em questão, característica. A manifestação do genótipo é o fenótipo.
usou-se a letra A por ser a inicial da manifestação recessiva Veja o exemplo no quadro a seguir:
(apigmentado ou albino).

• Ausência de dominância – Não existe dominância Vamos admitir que, na espécie humana, para
absoluta entre os alelos. Assim, o indivíduo heterozigoto a característica pigmentação da pele, existem

lli
apresenta uma manifestação intermediária entre o gene A (para a pigmentação) e o gene a
a dos dois homozigotos. Por isso, alguns autores (para a apigmentação ou albinismo), sendo
consideram um caso de herança intermediária ou o gene A dominante e o gene a, recessivo.
incompleta. Veja o exemplo a seguir: Entre esse dois alelos há, portanto, um caso

ou
de dominância absoluta. Assim, com esses dois

BIOLOGIA
Ausência de dominância genes, pode-se ter os seguintes genótipos e
Característica: Cor das flores na planta boca- respectivos fenótipos:
de-leão. Genótipos Fenótipos
Gene F V → Determina a formação de flores AA Pigmentado
vermelhas. Aa Pigmentado
Gene F B → Determina a formação de flores aa Apigmentado

rn
brancas.
Para a característica em questão, a planta poderá
ter uma das seguintes combinações de genes:
FVFV → Flores vermelhas.
FVFB → Flores rosas.
FBFB → Flores brancas.
Observe que, quando existe dominância absoluta entre os
alelos, genótipos diferentes (AA e Aa) podem determinar um
mesmo fenótipo.

O termo “genótipo” é usado para indicar tanto um gene


Be
específico como um conjunto de genes de um indivíduo.
Observe que a cor das flores da planta heterozigota
Pode-se, por exemplo, falar do genótipo total de uma pessoa
(FVFB) é intermediária entre a cor das flores das ou de seu genótipo quanto a uma determinada característica
plantas homozigotas FVFV (flores vermelhas) e apenas. O termo genoma, por sua vez, é usado para designar
FBFB (flores brancas). o lote completo de genes que caracterizam uma espécie,
ou seja, a totalidade da informação genética contida no DNA
• Codominância – No indivíduo heterozigoto, da célula (RNA, em alguns vírus).
os dois alelos manifestam suas ações. Veja o exemplo
a seguir: O fenótipo de muitas características é visível e detectável
a olho nu. É o caso, por exemplo, da cor dos olhos (azul,
eu

Codominância verde, castanho). Por outro lado, existem características


em que o fenótipo não é visível, mas pode ser deduzido ou
Característica: Cor da pelagem no gado da
detectado por meio de exames especiais. É o que acontece,
raça Shorton.
por exemplo, com a característica tipo sanguíneo (sangue A,
Gene V → Determina a formação de pelos
sangue B, sangue AB e sangue O).
vermelhos.
Muitas vezes, fatores do meio ambiente podem exercer
Gene B → Determina a formação de pelos
influência no fenótipo, levando a uma manifestação que não
M

brancos.
corresponde exatamente ao que se podia esperar em função
O animal para a característica em questão exclusivamente do genótipo. Por exemplo: uma pessoa que
poderá ter as seguintes combinações gênicas: tem um genótipo determinante de uma pele clara, isto é, com
VV → Pelos vermelhos. pouca produção de melanina, pode torná-la um pouco mais
escura, expondo-se com frequência à ação dos raios solares.
VB → Pelos vermelhos e pelos brancos.
Os raios solares são capazes de acelerar a síntese do pigmento
BB → Pelos brancos.
melanina na nossa pele, proporcionando o bronzeamento

Observe que no heterozigoto há manifestação dos dois alelos. desta. Assim, pode-se dizer que, para muitas características,
Nesse caso, diz-se que os alelos são codominantes. o fenótipo resulta da interação do genótipo com o meio.

Bernoulli Sistema de Ensino 87


Frente C Módulo 01

FENÓTIPO = GENÓTIPO + INFLUÊNCIA DO MEIO Espécie hereditária na espécie humana


Gene C → calvície
Vale ressaltar que o meio em questão não é somente Gene C’ → ausência de calvície
o ambiente externo ao corpo do indivíduo. É também o Fenótipos
ambiente interno, representado por tudo o que cerca os Genótipos
Homem Mulher
cromossomos, como o nucleoplasma e o citoplasma.
CC calvo calva

HERANÇA GENÉTICA CC’ calvo não calva


C’C’ não calvo não calva

lli
Os genes recebidos dos pais e transmitidos aos descendentes
Observe que o gene C (calvície), no sexo masculino, expressa
por meio da reprodução constituem a chamada herança
sua ação em homozigose e em heterozigose, tendo, portanto,
genética.
um comportamento de gene dominante. Já no sexo feminino,
Conforme já vimos, caso haja ou não dominância entre esse gene só expressa sua ação quando em homozigose,

ou
os alelos, quando em heterozigose, a herança pode ser com comportando-se, portanto, como gene recessivo.
dominância completa, dominância incompleta (intermediária)
ou com ausência de dominância (codominância). Também devido aos efeitos dos hormônios sexuais, existe
Nas espécies em que os cromossomos estão distribuídos ainda a chamada herança com efeito limitado ao sexo.
em dois grupos, autossomos e heterossomos (alossomos, Nesse caso, os genes autossômicos ocorrem nos dois sexos,
cromossomos sexuais), a herança pode ser autossômica mas só se manifestam em um deles. Um bom exemplo
ou heterossômica. Quando os genes estão localizados em ocorre no gado leiteiro, em que os genes destinados à

rn
autossomos (genes autossômicos, característica autossômica),
a herança é dita autossômica. Quando localizados nos
heterossomos, a herança pode ser parcialmente ligada ao
sexo, ligada ao sexo, ou, ainda, restrita ao sexo.

Partes homólogas do X e do Y (pseudoautossômicos) ⇒


produção de leite estão presentes nos machos e nas fêmeas,
mas manifestam-se apenas nas fêmeas.

POLIALELIA (ALELOS MÚLTIPLOS)


Para certas características genéticas, como cor das flores
Be
genes parcialmente ligados ao sexo
na planta dente-de-leão, existem apenas dois genes alelos
Parte Y
diferentes (FV e FB) e, consequentemente, esses dois genes
Específica
Parte X podem originar apenas três genótipos distintos (FVFV, FVFB
(não tem
Específica
homóloga no X) e FBFB). Para algumas características, entretanto, existem
(não tem homóloga
no Y) mais de dois genes alelos diferentes que podem ocupar
os mesmos loci em um par de cromossomos homólogos.
Nesse caso, fala-se que na característica há uma polialelia
Genes ligados ao Genes restritos
sexo Y ao sexo ou alelos múltiplos.

X Um bom exemplo de polialelia aparece na característica


eu

coloração da pelagem em coelhos, em que se encontram as


Cromossomos sexuais humanos – Os cromossomos sexuais X e
variedades aguti (selvagem), chinchila, himalaia e albino.
Y possuem partes homólogas e partes não homólogas. Quando
Nessa característica, existe uma série de quatro genes
os genes se localizam nas partes homólogas do X e do Y,
a herança é dita parcialmente ligada ao sexo (incompletamente alelos. São eles:
ligada ao sexo, pseudoautossômica); quando localizados na Gene C → Condiciona uma pelagem com três faixas
parte X específica, a herança é ligada ao sexo (ligada ao X);
coloridas, sendo a mais próxima da pele de cor cinza-escuro,
quando se localizam na parte Y específica, temos a herança
M

a intermediária de cor amarela e a mais superficial de cor


restrita ao sexo (holândrica).
preta ou marrom. Esses coelhos são ditos agutis ou selvagens.
Devido à influência dos hormônios sexuais, certos
Gene cch → Condiciona uma pelagem cinza-prateada,
genes autossômicos podem se comportar diferentemente
devido à combinação dos pigmentos preto e cinza em seus
nos dois sexos, ou seja, manifestar-se em um dos sexos
pelos, sendo ausente o pigmento marrom. Esses coelhos
como dominante, e no sexo oposto, como recessivo.
são chamados de chinchilas.
Nesse caso, a herança é dita influenciada pelo sexo. É o caso,
por exemplo, do gene para a calvície na espécie humana, Gene ch → Condiciona uma pelagem branca na maior parte
que se comporta como dominante no sexo masculino e como do corpo e pelos pretos nas extremidades (focinho, orelhas,
gene recessivo no sexo feminino. patas e cauda). São os coelhos himalaias.

88 Coleção Estudo 4V
Genética: conceitos fundamentais

Gene ca → Condiciona ausência total de pigmentos na faz com que as hemácias (glóbulos vermelhos) tenham uma
pelagem. Os pelos são totalmente brancos. Esses coelhos forma também anômala, que lembra a lâmina de uma foice
são ditos albinos. (daí o termo falciforme). Essas hemácias falciformes, por sua
Na série de genes alelos em questão, a ordem de dominância vez, são destruídas mais rapidamente que as hemácias normais,
de um gene sobre o(s) outro(s) ocorre na seguinte sequência: causando, consequentemente, a anemia. Em consequência dessa
C > cch > ch > ca . O gene C é, portanto, o mais dominante anemia, haverá o comprometimento de praticamente todo o
dessa série, uma vez que domina todos os outros; já o gene metabolismo normal do indivíduo, que apresentará, por exemplo,
ca é o mais recessivo de todos. Assim, para a característica fraqueza, diminuição das funções mentais, insuficiência cardíaca,
cor da pelagem, os coelhos podem apresentar os seguintes desenvolvimento físico retardado, etc. Por outro lado, o indivíduo

lli
genótipos e correspondentes fenótipos:
que tem anemia falciforme é mais resistente à malária provocada
pelo Plasmodium falciparum. Assim, há várias manifestações
Genótipos Fenótipos
fenotípicas determinadas por um mesmo genótipo.
CC, Ccch, Cch e Cca Aguti ou selvagem

ou
BIOLOGIA
cchcch, cchch e cchca Chinchila

chch e chca Himalaia


GENES LETAIS
caca Albino Genes letais são aqueles que, ao manifestarem sua ação,
acarretam a morte do indivíduo, o que, dependendo do tipo
de gene, pode ocorrer durante a vida embrionária ou na vida

PLEIOTROPIA pós-natal (após o nascimento). Quando o gene letal provoca

rn
Trata-se do fenômeno em que um mesmo genótipo é
responsável por mais de uma manifestação fenotípica. Nesse
caso, os genes envolvidos são ditos pleiotrópicos (do grego,
pleios, “mais”).

Veja o exemplo a seguir:


a morte, quer esteja em homozigose ou em heterozigose, ele
é considerado dominante para a letalidade. Caso provoque a
morte apenas quando em homozigose, é dito recessivo para
a letalidade.

Um bom exemplo de gene letal dominante é o que causa a


Be
doença conhecida por Coreia de Huntington. Tal doença causa
Em camundongos (Mus musculus), o mesmo par de genes alelos
que determina a coloração cinza ou branca da pelagem também degeneração nervosa, tremores generalizados e deterioração
é responsável pela maior ou menor agressividade do animal. mental e física. Tais anomalias são progressivas e irreversíveis,

Veja que são duas características: cor da pelagem e grau de culminando na morte do indivíduo. O gene responsável por
agressividade do animal. essa doença é letal dominante.

Assim, nos camundongos, pode-se ter: Veja o quadro a seguir:

• Gene B → Condiciona a formação de pelagem cinza


Coreia de Huntington
e comportamento muito agressivo.

• Gene b → Condiciona a formação de pelagem branca Gene H → Condiciona a doença Coreia de Huntington.
eu

e comportamento pouco agressivo.


Gene h → Condiciona a normalidade.
Os genótipos e respectivos fenótipos que podem existir,
resultantes da combinação entre esses dois genes, são: Genótipos Fenótipos

HH Doente → morte
Genótipos Fenótipos
BB → Cinza e muito agressivo. Hh Doente → morte
Bb → Cinza e muito agressivo.
M

bb → Branco e pouco agressivo (dócil). hh Normal

A doença manifesta-se, na maioria dos casos por volta dos


Assim, todo camundongo branco (bb) é mais manso (menos
agressivo), e todo camundongo cinzento (BB ou Bb) é muito 35 anos de idade.
agressivo. Um bom exemplo de pleiotropia na espécie humana Nos casos em que a doença se manifesta tardiamente,
é o do gene responsável pela anemia falciforme. os portadores podem se casar antes do aparecimento dos
Tal anomalia é resultante da substituição de um único aminoácido sintomas, sem saber que são afetados e, assim, transmitir
em um determinado trecho da molécula de hemoglobina, o gene H para os seus descendentes, contribuindo para a
o que acarreta a formação de uma hemoglobina anômala
propagação e perpetuação da doença.
(hemoglobina s). Essa hemoglobina anômala, por sua vez,

Bernoulli Sistema de Ensino 89


Frente C Módulo 01

HEREDOGRAMAS
Heredogramas, genealogias, cartas genealógicas ou pedigrees são representações gráficas da herança de determinada
característica hereditária em uma família. Os símbolos convencionais mais comumente usados na construção dos heredogramas
estão relacionados a seguir:

ou Sexo masculino.

lli
ou Sexo feminino.

Sexo ignorado (indivíduo de sexo não informado).

Indivíduos que manifestam a característica estudada, que pode ser ou não uma

ou
ou anomalia. Quando é uma doença ou anomalia genética, tais indivíduos também podem
ou
ser ditos afetados.

Cruzamento (“casamento”).

Cruzamento consanguíneo (entre parentes próximos).

Linha da irmandade
rn Casal estéril (sem filhos).

Filhos (os irmãos são colocados a partir da esquerda para a direita na ordem em que
nasceram, ligados a uma linha horizontal, denominada linha de irmandade).
Be
Gêmeos dizigóticos (DZ) ou bivitelinos.

Gêmeos monozigóticos (MZ) ou univitelinos.

A numeração dos indivíduos no heredograma pode ser feita de diferentes maneiras. Veja os exemplos a seguir:
eu

Exemplo 1: Exemplo 2:
I
1 2 3 4
1 2 3 4

II
1 2 3 4 5 6
M

5 6 7 8 9 10
III
1 2 3

Os algarismos romanos indicam as diferentes gerações


representadas no heredograma. Em cada geração, os indivíduos 11 12 13
são numerados, em ordem crescente, da esquerda para a
direita. Faz-se referência a um indivíduo citando a sua geração Os indivíduos são numerados, em ordem crescente, da esquerda
e seu respectivo número dentro da geração. Por exemplo: para a direita. Faz-se referência a um indivíduo citando o seu
os indivíduos afetados representados no heredograma anterior número. Por exemplo: os indivíduos afetados representados no
são os identificados por I-2, I-3 e III-1. heredograma anterior são os de números 2, 3 e 11.

90 Coleção Estudo 4V
Genética: conceitos fundamentais

NOÇÕES DE PROBABILIDADE Eventos independentes


O estudo da transmissão das características hereditárias, isto é, São aqueles que podem ocorrer simultaneamente, isto é,
o estudo da Genética, exige algum conhecimento a respeito da a ocorrência de um não exclui a possibilidade de ocorrência do(s)
teoria das probabilidades. Assim, antes de iniciarmos o estudo outro(s) ao mesmo tempo. Nesse caso, a probabilidade é obtida
da Genética propriamente dito, veremos algumas regras básicas pelo produto das probabilidades isoladas de cada um dos eventos.
dessa importante parte da Matemática.
Exemplo: No lançamento simultâneo de um dado normal e de
A probabilidade é a frequência esperada da ocorrência de uma moeda de duas faces (“cara” e “coroa”), qual é a probabilidade

lli
um certo evento, ou seja, é a chance que um fenômeno tem de de se obter a face 4 no dado e a face “coroa” na moeda?
ocorrer. Seu cálculo é feito por meio da seguinte relação:
Resolução:
Nº de vezes da ocorrência desejada
Probabilidade = Observe que o fato de sair a face 4 no dado não exclui a
Nº de vezes de todas as ocorrências possíveis possibilidade de sair a face “coroa” na moeda e vice-versa, ou seja,
os dois eventos desejados são independentes. Assim, tem-se:

ou
BIOLOGIA
Exemplo: Numa urna, existem 30 bolas brancas e 10 bolas • Probabilidade de sair a face 4 no dado = 1/6
pretas. Qual a probabilidade de se retirar dessa urna uma bola • Probabilidade de sair a face “coroa” na moeda = 1/2
branca? • Probabilidade de sair a face 4 no dado e a face “coroa” na
moeda = 1/6 . 1/2 = 1/12
Resolução:
Resposta: 1/12 (8,333...%)
Note que o número total de bolas é igual a 40, sendo 30
delas brancas. Quando colocamos a mão na urna e retiramos Regra do “ou” e regra do “e”

rn
aleatoriamente uma única bola, podemos retirar qualquer uma
das 40 bolas. Como o desejado em questão é que se retire,
no universo das 40 bolas, uma bola branca, a probabilidade de
ocorrência desse evento será obtida da seguinte maneira:

P=
Nº de bolas brancas (ocorrência desejada)

Nº total de bolas da urna (ocorrências possíveis)


É costume dizer que a resolução da probabilidade de eventos
mutuamente exclusivos é feita por meio da regra do ‘‘ou’’
e que a probabilidade de eventos independentes obedece à
regra do ‘‘e’’.

• Regra do ‘‘ou’’ – Aplica-se para eventos mutuamente


Be
exclusivos. A probabilidade é igual à soma das probabilidades
de cada evento em separado, isto é, calcula-se separadamente
Assim, a probabilidade corresponderá a 30/40 = 3/4 (75%).
a probabilidade de cada evento e, ao final, somam-se todas
Resposta: 3/4 (75%) elas.

Quando se calcula a probabilidade de dois ou mais eventos, • Regra do ‘‘e’’ – Aplica-se para eventos independentes.
deve-se considerar se eles são mutuamente exclusivos ou se são A probabilidade é dada pelo produto das probabilidades de
eventos independentes. cada evento em separado, ou seja, calcula-se separadamente
a probabilidade de cada evento e, em seguida, multiplica-se

Eventos mutuamente exclusivos uma(s) pela(s) outra(s).

Existem situações em que, para se chegar ao resultado final


eu

São aqueles em que a ocorrência de um exclui a possibilidade da probabilidade desejada, deve-se combinar a regra do ‘‘ou’’
da ocorrência de outro(s) ao mesmo tempo. Nesse caso, com a regra do ‘‘e’’. Veja o exemplo:
a probabilidade será obtida pela soma das probabilidades isoladas
Em três lançamentos consecutivos de uma moeda, qual a
de cada um dos eventos.
probabilidade de serem obtidas duas “caras” e uma “coroa”?
Exemplo: No lançamento de um dado normal, qual é a
Resolução:
probabilidade de se obter a face 4 ou a face 5?
Observe que o desejado é a obtenção de duas faces “caras” e uma
Resolução:
face “coroa”, não importando a ordem em que esses eventos ocorram.
M

Observe que, nesse caso, a ocorrência de um dos eventos Assim, conforme mostra o quadro a seguir, são possíveis três diferentes
desejados exclui a possibilidade de ocorrência do outro ao mesmo ordens de ocorrência, envolvendo duas “caras” e uma “coroa” que
tempo, ou seja, é um ou outro. Assim, tem-se: satisfazem ao desejado, ou seja: “cara”, “cara”, “coroa” ou “cara”,
“coroa”, “cara” ou “coroa”, “cara”, “cara”.
• Probabilidade de sair a face 4 = 1/6
1º Lançamento 2º Lançamento 3º Lançamento
• Probabilidade de sair a face 5 = 1/6
“cara” “cara” “coroa”
• Probabilidade de sair a face 4 ou a face 5 = 1/6 + 1/6 =
2/6 = 1/3 “cara” “coroa” “cara”

“coroa” “cara” “cara”


Resposta: 1/3 (33,333...%)

Bernoulli Sistema de Ensino 91


Frente C Módulo 01

Nesse exemplo, procede-se da seguinte maneira: EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO


• Probabilidade de sair a face “cara” em qualquer lançamento de
uma moeda = 1/2
01. (UFRN) Resultam das modificações produzidas pelo meio
• Probabilidade de sair a face “coroa” em qualquer ambiente, que não chegam a atingir os gametas, não
lançamento de uma moeda = 1/2
sendo por isso transmissíveis.
• Probabilidade de sair duas “caras” e uma “coroa” na ordem
“cara”, “cara”, “coroa” = 1/ 2 . 1/2 . 1/2 = 1/8 O texto anterior refere-se aos caracteres

• Probabilidade de sair duas “caras” e uma “coroa” na ordem “cara”, A) hereditários.

lli
“coroa”, “cara” = 1/2 . 1/2 . 1/2 = 1/8
B) dominantes.
• Probabilidade de sair duas “caras” e uma “coroa” na ordem
“coroa”, “cara”, “cara” = 1/2 . 1/2 . 1/2 = 1/8 C) genotípicos.
Assim, em três lançamentos consecutivos de uma moeda, D) adquiridos.

ou
a probabilidade de se obterem duas “caras” e uma “coroa”
corresponderá a: E) recessivos.

1/8 + 1/8 + 1/8 = 3/8

Resposta: 3/8 (37,5%)


02. (UFF-RJ) Genes que se localizam no mesmo lócus em
ambos os cromossomos de um par e que respondem pela
Esse mesmo resultado pode ser obtido aplicando-se o binômio
de Newton: (p + q)n, em que p representa a probabilidade de manifestação de um certo caráter denominam-se
se obter a face “cara”, q, a probabilidade de se obter “coroa” e
A) homólogos.

rn
n corresponde ao número de lançamentos feitos. Como nesse
exemplo foram feitos três lançamentos da moeda, o binômio
será (p + q)3.

Desenvolvendo o binômio anterior, obtemos:

(p + q)3 = p3 + 3p2q + 3pq2 +q3

Como o desejado no caso são duas “caras” e uma “coroa”,


B) alelos.

C) codominantes.

D) híbridos.

E) homozigóticos.
Be
o termo do binômio que usaremos é o 3p2q. Substituindo os
valores de p e q nesse termo, teremos:
03. (Cesgranrio) As células de um indivíduo, para um
3 . (1/2)2 . 1/2 = 3 . 1/4 . 1/2 = 3/8 determinado lócus, apresentam o mesmo gene em
Resposta: 3/8 ambos os cromossomos homólogos. Esse indivíduo é

Uma outra maneira de se chegar a esse mesmo resultado denominado


consiste em calcular a ocorrência da probabilidade desejada
A) hemizigoto.
numa ordem qualquer e multiplicar pelo número de ordens ou
combinações possíveis que podem existir. B) heterozigoto.
Para calcular o número de ordens ou combinações possíveis, C) heterogamético.
eu

usa-sea fórmula n!/p!(n-p)!, em que n é o número de


elementos que entram no cálculo, e p é uma das alternativas. D) homozigoto.
Como, nesse exemplo, foram feitos três lançamentos, n = 3.
E) haploide.
O p pode representar 2 (duas “caras”) ou 1 (uma “coroa”). Vamos
considerar que p seja igual a 2. Substituindo os valores de n e p
na fórmula anterior, teremos: 04. (USP–2015) Os diferentes alelos de um gene
3!/2! . (3–2)! = 1 . 2. 3/1 . 2 . 1 = 3
A) ocupam posições variáveis nos cromossomos
Assim, em três lançamentos de uma moeda, existem três ordens
M

homólogos.
diferentes em que poderão sair duas faces “caras” e uma face “coroa”.
Essas ordens, conforme já foi visto, são: “cara”, “cara”, “coroa” ou B) localizam–se em cromossomos não homólogos.
“cara”, “coroa”, “cara” ou “coroa”, “cara”, “cara”. Como a probabilidade
C) ocupam diferentes lócus gênicos na herança
de sair duas faces “caras” e uma face “coroa” numa ordem qualquer
= 1/8, a probabilidade de se obterem duas “caras” e uma “coroa”, quantitativa.
independentemente da ordem que tais eventos ocorram, será
D) surgem por eventos de permutação entre cromossomos
correspondente a
homólogos.
3 . 1/8 = 3/8.
E) apresentam sequências nucleotídicas diferentes, que
Resposta: 3/8
surgiram por mutações.

92 Coleção Estudo 4V
Genética: conceitos fundamentais

EXERCÍCIOS PROPOSTOS Do cruzamento entre plantas de flores cor-de-rosa,


resultam plantas com flores

01. (IMED-SP–2015) Sabe-se que determinada doença A) das três cores, em igual proporção.
hereditária que afeta humanos é causada por uma B) das três cores, prevalecendo as cor-de-rosa.
mutação de caráter dominante em um gene localizado
C) das três cores, prevalecendo as vermelhas.
em um cromossomo autossomo. Três indivíduos foram
D) somente cor-de-rosa.
investigados e a seguir estão os alelos encontrados para
este locus: E) somente vermelhas e brancas, em igual proporção.

lli
04. (UFSCar-SP) Que é fenótipo?
Alelos encontrados
Indivíduo Fenótipo
para o lócus A) É o conjunto de características decorrentes da ação
do ambiente.

ou
1 Alelo 1 e Alelo 1 Normal

BIOLOGIA
B) É o conjunto de características decorrentes da ação
do genótipo.
2 Alelo 2 e Alelo 2 Afetado
C) É o conjunto de características de um indivíduo.
3 Alelo 1 e Alelo 2 Afetado
D) É o conjunto de caracteres exteriores de um indivíduo.

05. (UFMG) Um estudante de 23 anos, doador de sangue tipo


Sabendo dessas informações, assinale a alternativa
CORRETA.

rn
A) O alelo 1 é dominante sobre o alelo 2.

B) O alelo 2 é dominante sobre o alelo 1.

C) Os dois alelos são codominantes.


universal, é moreno, tem estatura mediana e pesa 85 kg.

Todas as alternativas apresentam características


hereditárias desse estudante que são influenciadas pelo
ambiente, EXCETO

A) Altura.
Be
D) Os indivíduos 2 e 3 são heterozigotos.
B) Cor da pele.
E) O indivíduo 3 é homozigoto.
C) Grupo sanguíneo.

02. (PUC-RS–2015) Considere a informação a seguir. D) Peso.

A variabilidade da cor do olho em humanos é regulada


por múltiplos genes. Hipoteticamente, pode-se aceitar 06. (PUC Minas) Marque a afirmação CORRETA.

que alelos funcionais A, B, C, D são responsáveis pela A) Genes alelos só podem aparecer em cromossomos
produção de muito pigmento (visto nos olhos negros), homólogos.
e alelos não funcionais a, b, c, d sintetizam pouco
B) Genes alelos transmitem características diferentes
eu

(típico de olhos azuis). Conhece-se ainda uma variação


em cromossomos diferentes.
patológica (alelo e) que, quando em homozigose, causa
C) Genes alelos são representados sempre por letras
o albinismo, isto é, a ausência completa de pigmento
diferentes.
(olhos avermelhados).

Considerando os alelos citados, sabe-se que D) Genes em heterozigose nunca serão alelos.

A) há crossing-over entre A e a. E) Nos cromossomos sexuais, não há genes alelos.


M

B) há pareamento entre A, B, C e D.
07. (Uncisal) O fenômeno genético que explica as semelhanças
C) heterozigotos Bb terão olhos verdes. observadas entre pais e filhos, ao longo das gerações,
D) pessoas Cc produzem gametas CC e cc. é chamado de

E) o lócus D está na mesma posição do lócus d. A) pangênese.

B) hereditariedade.
03. (FUVEST-SP) Numa espécie de planta, a cor das flores
C) mutação.
é determinada por um par de alelos. Plantas de flores
vermelhas cruzadas com plantas de flores brancas D) probabilidade.
produzem plantas de flores cor-de-rosa. E) camuflagem.

Bernoulli Sistema de Ensino 93


Frente C Módulo 01

SEÇÃO ENEM Com essas informações, pode-se concluir que os

indivíduos sensíveis ao PTC, isto é, capazes de sentir o


01. (Enem–2015) O formato das células de organismos gosto amargo dessa substância, podem ter os seguintes
pluricelulares é extremamente variado. Existem células
genótipos:
discoides, como é o caso das hemácias, as que lembram
uma estrela, como os neurônios, e ainda algumas A) II ou

alongadas, como as musculares. B) II ou I .


Em um mesmo organismo, a diferenciação dessas células

lli
C) I ou .
ocorre por
D) Apenas II.
A) produzirem mutações específicas.
E) Apenas .
B) possuírem DNA mitocondrial diferentes.

ou
C) apresentarem conjunto de genes distintos.

D) expressarem porções distintas do genoma. GABARITO


E) terem um número distinto de cromossomos.

Fixação
02. (Enem–2009) Em um experimento, preparou-se
01. D

rn
um conjunto de plantas por técnicas de clonagem a

partir de uma planta original que apresentava folhas

verdes. Esse conjunto foi dividido em dois grupos, que

foram tratados de maneira idêntica, com exceção das

condições de iluminação, sendo um grupo exposto a


02. B

03. D
Be
04. E
ciclos de iluminação solar natural e outro mantido no

escuro. Após alguns dias, observou-se que o grupo

exposto à luz apresentava folhas verdes como a planta Propostos


original e o grupo cultivado no escuro apresentava
01. B
folhas amareladas.

Ao final do experimento, os dois grupos de plantas 02. E

apresentaram
03. B
eu

A) os genótipos e os fenótipos idênticos.

04. B
B) os genótipos idênticos e os fenótipos diferentes.

C) diferenças nos genótipos e fenótipos. 05. C

D) o mesmo fenótipo e apenas dois genótipos diferentes.


06. A
E) o mesmo fenótipo e grande variedade de genótipos.
M

07. B

03. Na espécie humana, a capacidade de sentir o gosto amargo

de uma substância conhecida por PTC (feniltiocarbamida) Seção Enem


deve-se a um gene dominante I que, como tal,

manifesta sua ação em homozigose (dose dupla) e 01. D

em heterozigose (dose simples). A incapacidade de


02. B
sentir tal gosto deve-se ao seu alelo recessivo , que só

manifesta sua ação quando em homozigose (dose dupla). 03. B

94 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA C 03
Interação gênica e herança
dos grupos sanguíneos

lli
INTERAÇÃO GÊNICA Genótipos Fenótipos

ou
Interação entre genes não alelos
A interação gênica entre genes não alelos consiste no
fenômeno em que dois ou mais pares de genes agem
Crista ervilha
conjuntamente para determinar uma única característica.
Trata-se, portanto, de um fenômeno inverso ao da pleiotropia.

A a B b

rnOs pares de genes Aa e Bb,


localizados em diferentes pares
de cromossomos homólogos,
interagem para determinar
uma mesma característica.
Crista rosa

Crista noz
Be
Existem diferentes tipos de interação entre genes não alelos.
Um bom exemplo é o tipo de crista em galináceos
domésticos. Para essa característica, os galináceos podem
apresentar quatro tipos diferentes de cristas: crista ervilha, Crista simples
crista rosa, crista simples e crista noz, conforme mostra a
ilustração a seguir:
Veja o exemplo a seguir:
Um macho de crista rosa duplamente homozigoto é cruzado
com uma fêmea de crista noz duplamente heterozigota.
Quais são os possíveis fenótipos dos descendentes desse
cruzamento e as respectivas proporções?
eu

Crista ervilha Crista rosa Crista simples Crista noz Resolução:

O tipo de crista depende da interação do par de genes: Sendo o macho de crista rosa duplamente homozigoto, seu
R e r e do par E e e, conforme descrito a seguir: genótipo é RRee. Sendo a fêmea de crista noz duplamente
heterozigota, seu genótipo é RrEe. Então, o cruzamento em
• Crista ervilha – O galináceo precisa ter no seu
questão é RRee x RrEe.
genótipo a presença de pelo menos um gene E e a
ausência do gene R. Separando-se os possíveis gametas formados pelo macho
e pela fêmea, encontra-se o seguinte:
M

• Crista rosa – O galináceo precisa ter no seu genótipo


a presença de pelo menos um gene R e a ausência
do gene E.
Gametas masculinos Gametas femininos
• Crista noz – O galináceo precisa ter no seu genótipo
a presença de pelo menos um gene R e de pelo menos RE (25%)
um gene E.
Re (25%)
• Crista simples – O genótipo do galináceo não pode
Re (100%)
ter nenhum gene R e nenhum gene E.
rE (25%)
Assim, conclui-se que os possíveis genótipos e os
respectivos fenótipos para a característica de tipo de crista re (25%)
em galináceos domésticos são:

Bernoulli Sistema de Ensino 105


Frente C Módulo 03

Com os gametas anteriores, pode-se construir o seguinte Exemplo: Um casal de mulatos médios teve um filho
genograma: branco. Quais os genótipos dos indivíduos que formam esse
casal e como poderão ser seus próximos filhos quanto à
♀ RE Re rE re coloração da pele?
♂ (25%) (25%) (25%) (25%) Resolução:
RREe RRee RrEe Rree Os mulatos médios possuem no genótipo dois genes
(25%) (25%) (25%) (25%) representados por letras maiúsculas e dois genes
Re (100%)
Crista Crista Crista Crista representados por letras minúsculas. Como o casal teve

lli
noz rosa noz rosa um filho branco (aabb), conclui-se que ambos possuem no
genótipo os genes a e b. Assim, ambos têm genótipo AaBb.
Resposta: 50% dos descendentes com crista do tipo noz
e 50% do tipo rosa. AaBb AaBb

Herança quantitativa

ou
Também chamada de herança poligênica, poligenia ou
ainda polimeria, é uma modalidade de interação entre genes
Gametas AB Ab aB ab AB Ab aB ab
não alelos em que o fenótipo depende da quantidade de
certos tipos de genes presentes no genótipo.
Construindo um genograma com os gametas da figura
Um bom exemplo desse tipo de herança acontece com
anterior, obtêm-se as seguintes combinações:
a determinação genética da coloração ou intensidade de

rn
pigmentação da pele na espécie humana. Essa característica
depende da quantidade de melanina produzida, que, por sua
vez, é determinada por diferentes pares de genes que se
segregam independentemente. Para exemplificar esse tipo
de interação, vamos considerar apenas 2 pares de genes
A e a e B e b. Para esses dois pares, pode-se ter os seguintes
genótipos e respectivos fenótipos:

AB
♀ AB

Negros
AABB
Ab

Mulatos
escuros
AABb
aB

Mulatos
escuros
AaBB
ab

Mulatos
médios
AaBb
Be
Mulatos Mulatos Mulatos Mulatos
Genótipos Fenótipos Ab escuros médios médios claros
AABb AAbb AaBb Aabb
AABB Negro
Mulatos Mulatos Mulatos Mulatos
AABb aB escuros médios médios claros
Mulato escuro
AaBB AaBB AaBb aaBB aaBb
AAbb Mulatos Mulatos Mulatos
Brancos
aaBB Mulato médio ab médios claros claros
aabb
AaBb AaBb Aabb aaBb

Aabb
Mulato claro
aaBb A análise das combinações obtidas no genograma anterior
eu

aabb Branco permite concluir que os próximos filhos do casal poderão ser
negros, mulatos escuros, mulatos médios, mulatos claros ou
Observe na tabela que a quantidade de genes representados brancos, com as seguintes probabilidades de nascimentos:
por letras maiúsculas ou por letras minúsculas presentes no
genótipo é fator determinante do fenótipo: se os quatro • Negros (AABB) → 1/16
genes dos dois pares de alelos forem os representados por • Mulatos escuros (AABb e AaBB) → 4/16 = 2/8
letras maiúsculas, o indivíduo produzirá muita melanina • Mulatos médios (AaBb, AAbb e aaBB) → 6/16 = 3/8
e, consequentemente, terá a pele muito escura (negro);
• Mulatos claros (Aabb e aaBb) → 4/16 = 2/8
M

se três dos quatro genes forem maiúsculos, o indivíduo


será mulato escuro; caso no genótipo existam dois genes • Brancos (aabb) → 1/16
representados por letras maiúsculas e dois por letras Em uma característica de herança quantitativa, o número
minúsculas, o indivíduo será mulato médio; se dos quatro
de fenótipos é igual ao número de poligenes + 1. Assim,
genes, apenas um for maiúsculo, o indivíduo será mulato
no caso da coloração da pele humana, visto anteriormente,
claro; e, se os quatro genes dos dois pares de alelos forem
existem 4 poligenes (A e a, B e b) e, portanto, 5 fenótipos
os representados por letras minúsculas, o indivíduo produzirá
menos melanina e, portanto, será branco. Conclui-se então distintos (negro, mulato escuro, mulato médio, mulato claro
que, nessa característica, quanto maior o número de genes e branco). Se, por exemplo, numa característica de herança
representados por letras maiúsculas presentes no genótipo quantitativa participarem 6 poligenes (Aa, Bb, Cc), teremos
do indivíduo, mais escura será a coloração de sua pele. 7 fenótipos diferentes, e assim por diante.

106 Coleção Estudo 4V


Interação gênica e herança dos grupos sanguíneos

Inversamente, se soubermos o número de fenótipos distintos O gene M determina a formação de pelagem preta, e o
existentes em um caso de herança quantitativa, o número de seu alelo m condiciona uma pelagem marrom; o gene
poligenes envolvidos será igual ao número de fenótipos – 1. C inibe os genes M e m, isto é, inibe a manifestação
da cor, e o seu alelo c permite a manifestação da
Nº de poligenes = N. de fenótipos – 1
cor. Quando o gene C está presente no genótipo,
Nº de fenótipos = N. de poligenes + 1
o animal apresenta uma pelagem branca. Nesse
O número de pares de poligenes envolvidos na característica exemplo, então, o gene C é epistático, ao passo que
também pode ser calculado a partir do número de classes os genes M e m são hipostáticos. Assim, se forem

lli
fenotípicas (número de fenótipos), por meio da seguinte relação: cruzados dois cães duplamente heterozigotos para
esses genes, será obtido o resultado mostrado no
Nº de classes fenotípicas – 1 quadro a seguir:
Nº de pares de poligenes =
2

ou
Branco x Branco

BIOLOGIA
Aplicando-se a relação anterior no caso da herança sobre (CcMm) (CcMm)
a cor da pele na espécie humana, o número de pares de

poligenes será: 5 – 1 = 2.
2
Gametas CM Cm cM cm

Epistasia
Nessa modalidade de interação gênica, um gene inibe ou Branco Branco Branco Branco

não são genes alelos.


rn
mascara a manifestação de outro gene que não seja seu
alelo. O gene que inibe é chamado de epistático, e o inibido
é denominado hipostático. Os genes epistático e hipostático

Dominância
CM

Cm
CCMM

Branco
CCMm
CCMm

Branco
CCmm
CcMM

Branco
CcMm
CcMm

Branco
Ccmm
Be
Branco Branco Preto Preto
A a cM
CcMM CcMm ccMM ccMm

Branco Branco Preto Marrom


cm
CcMm Ccmm ccMm ccmm
B b
Epistasia
A proporção fenotípica é de 12 brancos : 3 pretos : 1 marrom.

Epistasia – Quando um gene inibe a manifestação do seu alelo, • Epistasia recessiva – Um par de genes alelos
eu

o inibidor é chamado de gene dominante, e o inibido, de gene


recessivos inibe a ação de genes de outro par de
recessivo. Quando um gene inibe a manifestação de outro que
não seja seu alelo, o inibidor é denominado gene epistático e o alelos. Por exemplo: a cor dos pelos dos ratos
inibido, hipostático. No esquema anterior, os genes A e a são depende da ação de dois pares de genes, C e c
alelos, sendo o gene A dominante e o gene a recessivo. Também e A e a, que se segregam independentemente.
os genes B e b são alelos, sendo que B é o gene dominante e b o O gene C determina a formação de pelagem preta,
gene recessivo. Admitindo-se que o gene A tenha a capacidade
e o seu alelo c condiciona ausência de pigmentação,
de inibir a ação dos genes B e b, então o gene A é epistático
isto é, o albinismo (pelagem branca homogênea).
M

em relação aos genes B e b. Os genes B e b, por sua vez, são


hipostáticos em relação ao gene A. O gene A, por sua vez, determina a formação de
pelagem amarela, e o seu alelo, o gene a, não
A epistasia pode ser dominante ou recessiva. condiciona a formação de pigmentos. O par cc é

• Epistasia dominante – O alelo dominante de um epistático em relação ao gene A. Assim, não existem

par inibe a ação de genes alelos de um outro par, ratos amarelos ccA_. Todos os ratos que tiverem no
ou seja, o gene epistático é dominante no seu par de genótipo o par cc serão albinos. Ratos de genótipos
alelos. Por exemplo: em determinada raça de cães, C_aa terão pelagem preta; ratos de genótipos C_A_
a cor dos pelos depende da ação de dois pares de genes, produzem pigmentos pretos e amarelos, tendo, por
o M e m e o C e c, que se segregam independentemente. isso, uma coloração pardo-acinzentada (ratos agutis).

Bernoulli Sistema de Ensino 107


Frente C Módulo 03

Assim, o cruzamento de dois ratos duplo-heterozigotos O quadro a seguir mostra os diferentes genótipos com os
fornece o resultado mostrado no quadro a seguir: respectivos fenótipos para essa característica.

Aguti x Aguti Genótipos Fenótipos


(CcAa) (CcAa)
I I ou AA
A A
Sangue tipo A

Gametas CA Ca cA ca IA ou AO Sangue tipo A


IBIB ou BB Sangue tipo B
Aguti Aguti Aguti Aguti IB ou BO Sangue tipo B
CA
CCAA CCAa CcAA CcAa
I I ou AB
A B
Sangue tipo AB

lli
Aguti Preto Aguti Preto ou OO Sangue tipo O
Ca
CCAa CCaa CcAa Ccaa
O quadro a seguir mostra as possíveis trocas sanguíneas
por doação e por recepção no sistema ABO.
Aguti Aguti Albino Albino
cA

ou
CcAA CcAa ccAA ccAa
Grupo sanguíneo Pode doar a Pode receber de

Aguti Preto Albino Albino A A e AB AeO


ca
CcAa Ccaa ccAa ccaa
B B e AB BeO

A proporção fenotípica é de 9 aguti : 3 pretos : 4 albinos. AB AB A, B, AB, O

O O, A, B, AB O
HERANÇA DOS GRUPOS
SANGUÍNEOS
rn
No chamado sistema ABO, o sangue humano é classificado
em quatro tipos ou grupos: sangue A, sangue B, sangue AB
e sangue O. Essa classificação baseia-se em certos tipos
Exemplo: Uma mulher do grupo sanguíneo B precisa
urgentemente receber sangue. Sabendo que seu marido
pertence ao grupo A e que seus dois filhos são um do grupo
AB e outro do grupo O, determinar

A) o genótipo das pessoas citadas.


Be
de aglutinogênios (antígenos) presentes na membrana B) as pessoas, entre as citadas, que poderão doar
plasmática das hemácias e em certos tipos de aglutininas sangue a essa mulher.
(anticorpos) presentes no plasma. Veja o quadro a seguir:
Resolução:
Com os dados fornecidos pelo enunciado, podemos
Tipo sanguíneo Aglutinogênio(s) Aglutininas construir a seguinte genealogia:

A A (a) anti-B IA IB
Marido Mulher
B B (b) anti-A
eu

AB A (a) e B (b) ausente


IA IB
O ausente anti-A e anti-B

A) O filho do grupo O tem genótipo ; daí deduz-se


Essa característica é um caso de polialelia (alelos que tanto o marido como a mulher são portadores
múltiplos), e os genes com ela relacionados são: do gene . Como o marido pertence ao grupo A,
conclui-se que seu genótipo é IA . E, sendo a mulher
M

• Gene IA ou A – Determina a formação de sangue do grupo B, seu genótipo é IB . O filho do grupo AB


tipo A. tem, evidentemente, genótipo IAIB.
• Gene IB ou B – Determina a formação de sangue Resposta: Mulher: IB ; Marido: IA ; Filhos: IAIB e .
tipo B.
B) Sendo a mulher do grupo B, poderá receber sangue
• Gene ou o – Determina a formação de sangue
apenas de indivíduos pertencentes ao próprio
tipo O.
grupo B ou ao grupo O. Logo, entre os indivíduos
Entre os genes IA e , temos um caso de herança com citados, apenas o filho do grupo O poderá doar
dominância absoluta, o mesmo ocorrendo entre os genes sangue à referida mulher.
IB e . Já entre os genes IA e IB, há uma codominância. Resposta: Apenas o filho do grupo O.

108 Coleção Estudo 4V


Interação gênica e herança dos grupos sanguíneos

OBSERVAÇÃO A diferença entre o “verdadeiro O” e o “falso O” é dada


pelo aglutinogênio H. O “verdadeiro O” não possui os
Na realidade, a herança do sistema ABO envolve
aglutinogênios A e B, mas possui o aglutinogênio H.
a participação de dois pares de genes situados em
O “falso O”, além de não possuir os aglutinogênios A e B,
cromossomos homólogos distintos. Trata-se, portanto,
de um caso de interação gênica envolvendo dois pares de também não tem o aglutinogênio H. Os indivíduos “falso O”
genes. Um desses pares é constituído pelos genes H e h. correspondem a uma pequena parcela da população (menos
O gene H determina a formação de um antígeno, de 1%), sendo mais frequentes na Índia, especialmente na
o aglutinogênio H, e o gene h impede a formação desse região de Bombaim, vindo daí a expressão fenótipo Bombaim
aglutinogênio. Assim, para esse par de genes, podemos para se referir ao sangue “falso O”.

lli
ter os seguintes genótipos: HH, Hh e hh. Indivíduos HH ou Como a frequência, em nossa população, do sangue “falso
Hh produzem o aglutinogênio H, e os indivíduos hh não O” é muito baixa, ao resolvermos problemas relacionados
produzem esse aglutinogênio. É a partir do aglutinogênio H
com a herança do sistema ABO, normalmente consideramos
que são formados os aglutinogênios A e B do sistema ABO.
apenas os genes IA, IB e .

ou
Assim, o produto do gene IA agindo sobre o aglutinogênio H

BIOLOGIA
promove a síntese do aglutinogênio A, e o gene IB determina
a formação do aglutinogênio B. SISTEMA RH (SISTEMA D)
Essa classificação baseia-se na presença, ou não, na
Gene IA Gene IB
membrana das hemácias, do aglutinogênio (antígeno) fator
Aglutinogênio H Aglutinogênio H Rh (fator D). As pessoas que possuem o fator Rh são ditas
Rh+ (Rh positivo), enquanto as que não o têm são Rh– (Rh
Aglutinogênio A

rn
preciso que se forme o aglutinogênio H.
Aglutinogênio B

Observe que, para formar aglutinogênios A e B, primeiro é

Pelo que acabamos de ver, o indivíduo, para ser do grupo


negativo).

A presença ou não do fator Rh na membrana das hemácias


é determinada pelos seguintes genes:

• Gene R (gene D) – Determina a formação do fator Rh,


ou seja, determina que o sangue seja Rh+ (Rh positivo).
Be
sanguíneo A, além de ser IAIA ou IA , precisa ter também pelo
• Gene r (gene d) – Não determina a formação do fator Rh,
menos um gene H; para ser do grupo B, além de ser IBIB ou
ou seja, determina que o sangue seja Rh– (Rh negativo).
IB , também precisa ter pelo menos um gene H e para ser
do grupo AB, além de ser IAIB, precisa ter pelo menos um Como entre esses dois alelos há dominância absoluta,
gene H. Se o indivíduo for hh, não haverá a produção do os possíveis genótipos e respectivos fenótipos para essa
aglutinogênio H e, nesse caso, mesmo que tenha os genes característica são:
IA e / ou IB, não haverá a produção dos aglutinogênios A
e / ou B. Fator Rh
Concluímos, então, que os genótipos e os fenótipos para Genótipos Fenótipos
o sistema ABO são:
eu

RR (DD) Rh+ (Rh positivo) ou D+ (D positivo)

Genótipos Fenótipos Rr (Dd) Rh+ (Rh positivo) ou D+ (D positivo)

rr (dd) Rh– (Rh negativo) ou D– (D negativo)


HHIAIA, HHIA , HhIAIA, HhIA Sangue A

HHIBIB, HHIB , HhIBIB, HhIB Sangue B As pessoas Rh– ou D– não nascem com a aglutinina anti-Rh
ou anti-D, mas têm a capacidade de produzi-la quando o
M

HHIAIB, HhIAIB Sangue AB


seu sangue entra em contato com o aglutinogênio Rh. Isso,

Sangue O
evidentemente, pode ocorrer quando se realizam transfusões
HH , Hh
sanguíneas erradas, ou seja, quando uma pessoa Rh– recebe
hhI I , hhI , hhI I , hhI , hhI I , hh
A A A B B B A B
Sangue “falso” O sangue Rh+. O quadro a seguir mostra como devem ser as
transfusões sanguíneas, considerando o sistema Rh.

Os indivíduos de genótipos HH , Hh e os de genótipos Tipo de sangue Pode doar para Pode receber de
hhIAIA, hhIA , hhIBIB, hhIB , hhIAIB, hh , por meio das
Rh +
Rh +
Rh+ e Rh–
técnicas tradicionais de determinação da tipagem sanguínea,
Rh– Rh+ e Rh– Rh–
são identificados como sendo do grupo sanguíneo O.

Bernoulli Sistema de Ensino 109


Frente C Módulo 03

Outro problema muito importante relacionado ao sistema Rh é a incompatibilidade materno-fetal, ocasionando a


eritroblastose fetal, também conhecida por doença hemolítica do recém-nascido (DHRN). A ocorrência dessa doença só é
possível quando a mãe for Rh– (Rh negativo) e gerar uma criança Rh+ (Rh positivo). Evidentemente, para que essa situação
ocorra, o pai da criança deverá ser Rh+ (Rh positivo).

1ª Gravidez Parto 2ª Gravidez

O organismo

lli
materno fabrica Mãe Rh–
anticorpos anti-Rh Mãe Rh (rr)

Mãe Rh–
(rr) (rr) Passagem de
Placenta

Arquivo Bernoulli
Rh+ Hemorragias anticorpos anti-Rh Rh+
para a criança

ou
Passagem de
hemácias fetais
(Rh+) para a mãe

rn
Esquema mostrando a origem da eritroblastose fetal – Quando a mãe tem sangue Rh– e gera um filho Rh+, o seu organismo sofre,
notadamente por ocasião do parto (quando do descolamento da placenta), uma invasão de hemácias fetais que contêm o aglutinogênio
Rh, estranhos a ela. Com isso, há uma sensibilização do organismo dessa mulher ao fator Rh que, assim, começa a produzir e acumular
no sangue a aglutinina anti-Rh. Em gestações posteriores, as aglutininas anti-Rh maternas podem atravessar as barreiras placentárias e
alcançar a circulação do feto. Sendo esses filhos também Rh+, haverá a incompatibilidade entre as aglutininas anti-Rh provenientes da circulação
materna com as hemácias fetais que contêm o fator Rh, ocasionando a aglutinação do sangue da criança com destruição das suas hemácias
Be
(hemólise). Em um mecanismo de defesa, a medula óssea vermelha da criança começa a lançar na circulação hemácias ainda muito jovens,
os eritroblastos. Daí, o nome eritroblastose fetal.

Quando uma criança nasce e é feito o diagnóstico da doença Uma vez eliminadas as hemácias invasoras provenientes da
hemolítica do recém-nascido, ela pode ser salva por meio circulação do feto, o organismo materno metaboliza o anti-Rh
da exo-transfusão sanguínea. Trata-se de um procedimento que recebeu em altas doses após o parto.
que consiste em substituir gradualmente todo o sangue da A aplicação desse soro contendo elevada dose de anti-Rh
criança por sangue Rh–. Assim, haverá tempo para que ocorra, só é válida se feita logo após o primeiro parto de filho Rh+ e
no organismo da criança, a destruição das aglutininas anti-Rh repetida todas as vezes que nascerem novos filhos Rh+. Em
eu

recebidas da mãe, até que haja a produção de novas hemácias uma mulher que já esteja sensibilizada ao fator Rh, ou seja,
com o fator Rh. Há casos mais graves em que a criança que já produz e tem circulando em seu corpo o anti-Rh,
nasce profundamente edemaciada (inchada) e, nesses casos, a aplicação desse soro não tem mais qualquer efeito.
o índice de mortalidade costuma ser elevado.
Veja a seguir um exemplo da herança do sistema Rh:
Vale lembrar, entretanto, que a eritroblastose fetal pode ser
Exemplo: Um homem, cujos pais são Rh–, casa-se com
prevenida por meio da administração à mãe Rh– (dentro das
uma mulher Rh+, filha de pai Rh+ e de mãe Rh–. Qual a
M

72 horas após o parto) de um soro contendo elevadas doses


probabilidade de o primeiro filho do casal ser uma criança Rh+?
de aglutinina anti-Rh, também chamada de imunoglobulina
anti-D. Dessa forma, esses anticorpos vão destruir Resolução:
rapidamente, na circulação materna, todas as hemácias O homem em questão é Rh– (rr), uma vez que seus
contendo o fator Rh provenientes do feto. Isso evitará que o pais também são Rh–. A mulher é Rh+ heterozigota (Rr),
organismo materno faça o reconhecimento do fator Rh como já que recebeu de sua mãe o gene r. Então, o casal citado é
um elemento estranho e, consequentemente, impedirá que rr x Rr. A probabilidade de esse casal ter uma criança
essa mulher se sensibilize ao fator Rh, ou seja, a mulher não Rh+ será de 1/2 (50%).
produzirá, em seu próprio organismo, a aglutinina anti-Rh. Resposta: 1/2 (50%)

110 Coleção Estudo 4V


Interação gênica e herança dos grupos sanguíneos

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 0.0. Três pares de alelos justificam os resultados


apresentados.
01. (Cesgranrio) Certas raças de galinhas apresentam, quanto 1.1. Nos indivíduos de olhos castanho-claros, os lócus
à forma de crista, quatro fenótipos diferentes: crista tipo
em questão podem estar em homozigose ou em
“ervilha”, tipo “rosa”, tipo “noz” e tipo “simples”. Esses
heterozigose.
tipos são determinados por dois pares de alelos com
dominância: E para o tipo “ervilha” e R para o tipo “rosa”. 2.2. Indivíduos de olhos verdes apresentam homozigose
A presença no mesmo indivíduo de um alelo dominante em apenas um dos lócus em questão.
de cada par produz o tipo “noz”. A forma duplo-recessiva

lli
3.3. A probabilidade do nascimento de duas crianças de
origina a crista “simples”. Uma ave de crista “noz” foi
olhos azuis, a partir de um casal genotipicamente
cruzada com uma de crista “rosa”, originando em F1 : 3/8
igual ao do exemplo dado, é de aproximadamente
dos descendentes com crista “noz”, 3/8 com crista “rosa”,
0,004.
1/8 com crista “ervilha” e 1/8 com crista “simples”.

ou
BIOLOGIA
Quais os genótipos paternos, com relação ao tipo de crista? 4.4. A probabilidade do casal indicado em 3-3 ter duas

A) RrEE x Rree D) Rree x Rree crianças, sendo uma de olhos castanho-claros e


uma de olhos verdes é de 3/16.
B) RrEe x Rree E) RREE x RRee

C) RREe x Rree
03. (PUC-SP–2013) Em Belo Horizonte, ocorreu um caso raro:

02. (UFPE) Em um dos modelos propostos para a uma mulher deu à luz quadrigêmeos, uma menina e três

rn
determinação da cor dos olhos na espécie humana
(herança quantitativa), são considerados cinco diferentes
fenótipos. Na descendência de pais heterozigóticos
para os lócus determinantes dessa característica, foram
observados os dados apresentados no quadro a seguir.
Analise-os, juntamente com o gráfico, e identifique a
meninos, sem ter feito tratamento para engravidar.

Outra raridade, segundo os médicos, está no fato de cada


bebê apresentar um tipo sanguíneo distinto, pertencendo
um deles ao grupo AB, outro ao A, outro ao B e outro ao O.

A partir dessas informações, é POSSÍVEL afirmar que


Be
correção das proposições que se seguem. os gêmeos em questão são

A) univitelinos e que um dos genitores pertence ao grupo


Classes fenotípicas Nº de indivíduos observados A e o outro ao grupo B, sendo ambos heterozigóticos.
observadas por classes fenotípicas
B) fraternos e que um dos genitores pertence ao grupo
Castanho-escuro (CE) 2
A e o outro ao grupo B, sendo ambos heterozigóticos.
Castanho-médio (CM) 8
C) univitelinos e que um dos genitores pertence ao grupo
Castanho-claro (CC) 12 A e o outro ao grupo B, sendo ambos homozigóticos.

Verde (VD) 8 D) fraternos e que um dos genitores pertence ao grupo


eu

Azul (AZ) 2 A e o outro ao grupo B, sendo ambos homozigóticos.

E) fraternos e que um dos genitores pertence ao grupo

6 AB e o outro ao grupo O.
Frequências fenotípicas (F2)

04. (UERN–2015) Um homem, portador de aglutinina anti-A

4 e anti-B e Rh negativo, casou-se com uma mulher que


M esperadas

não porta aglutinogênio nas hemácias e é Rh positivo.


Sabe-se que a mãe dessa mulher não é portadora do fator
Rh. Qual a probabilidade desse casal ter uma menina sem
aglutinogênio nas hemácias e ser portadora do fator Rh?
1
A) 1/2

B) 1/4
CE CM CC VD AZ
C) 1/8

Classes fenotípicas D) 1/16

Bernoulli Sistema de Ensino 111


Frente C Módulo 03

EXERCÍCIOS PROPOSTOS 03. (PUC RS–2015) Responda à questão com base na


informação a seguir.

01. (PUC Minas–2015) De acordo com a figura, considere A variabilidade da cor do olho em humanos é regulada
por múltiplos genes. Hipoteticamente, pode-se aceitar
a ocorrência de cinco fenótipos (preta, albina, marrom,
que alelos funcionais A, B, C, D são responsáveis pela
cinza e bege) para a cor da pelagem de camundongos,
produção de muito pigmento (visto nos olhos negros),
determinados pela interação de três pares de genes
e alelos não funcionais a, b, c, d sintetizam pouco
alelos com segregação independente. Na figura, os traços (típico de olhos azuis). Conhece-se ainda uma variação
indicam que, independentemente de o alelo ser dominante patológica (alelo e) que, quando em homozigose, causa
ou recessivo, não há alteração fenotípica. o albinismo, isto é, a ausência completa de pigmento

lli
(olhos avermelhados).
Cor da pelagem de camundongos Qual a chance de um casal ter filhos com coloração normal
nos olhos no caso de ambos serem AaBbCcDdEe?
A) 0% C) 50% E) 100%

ou
B) 25% D) 75%

B_C_D_ _ _cc_ _
Preta Albina
04. (Uninove–2016) As figuras representam lâminas com
testes sanguíneos de três pessoas para o sistema ABO.

Rafael Júlia Léo


soro soro soro soro soro soro
anti-A anti-B anti-A anti-B anti-A anti-B
bbC_D_ B_C_dd bbC_dd
Marron

rn
Cinza Bege

De acordo com as informações, é INCORRETO afirmar:

A) O cruzamento entre indivíduos marrom com cinza


pode produzir descendentes com os cinco fenótipos
apresentados.
hemácias aglutinadas hemácias não aglutinadas

A) Qual dos indivíduos é doador universal? JUSTIFIQUE


Be
sua resposta.
B) Se um casal de camundongos de pelagem preta gerou B) Qual dessas pessoas não poderia ter pais pertencentes
um filhote albino, a chance de gerar outro filhote ao grupo sanguíneo A? JUSTIFIQUE sua resposta.
albino é de 1/4.
05. (CMMG) O heredograma a seguir representa os tipos de
C) Se um casal de camundongos de pelagem preta gerou grupos sanguíneos dos indivíduos de uma família.
um filhote albino, a chance de gerar um filhote preto
é de 3/8. I

D) Um casal de camundongos beges só pode gerar 1 2


descendentes beges ou albinos.
II
eu

02. (PUC RS–2016) Analise as afirmações sobre a herança 1 2 3 4


genética.
I. Em um caso de monoibridismo com dominância III
completa, espera-se que, em um cruzamento entre 1 2
heterozigotos, as proporções genotípicas e fenotípicas IV
sejam, respectivamente, 1 : 2 : 1 e 3 : 1.
1
II. Em um cruzamento entre heterozigotos para um par
de genes, considerando um caso de “genes letais”,
M

OBSERVAÇÕES:
no qual o referido gene é dominante, as proporções
genotípicas e fenotípicas não serão iguais. • Os indivíduos I.1 e I.2 apresentam grupos sanguíneos
diferentes e apenas um tipo de aglutinógeno.
III. No cruzamento entre di-híbridos, podemos encontrar
uma proporção fenotípica que corresponde a 12 : 3 : 1, • O indivíduo II.1 pode receber sangue de todos os tipos
o que configura um caso de epistasia recessiva. sanguíneos.
• Os indivíduos II.2 e III.1 têm fenótipo igual ao de I.2 e apenas
Está(ão) CORRETA(S) a(s) afirmativa(s)
aglutinina anti-A.
A) I, apenas. D) II e III, apenas.
• Os indivíduos II.3, II.4 e III.2 têm genótipo igual ao de I.1.
B) III, apenas. E) I, II e III.
• O indivíduo IV.1 tem fenótipo diferente de todos os
C) I e II, apenas. indivíduos citados.

112 Coleção Estudo 4V


Interação gênica e herança dos grupos sanguíneos

Analise o heredograma de acordo com as observações e A) Existe(m) na tabela descendente(s) que apresenta(m)
marque a alternativa INCORRETA. um fenótipo não esperado, quando são considerados
A) I.1 apresenta aglutinógeno A. os fenótipos dos pais? DÊ uma possível explicação
para o ocorrido.
B) Os genótipos de I.2, II.2 e III.1 são iguais.
B) Foi observado apenas um casal B x B (nº 4).
C) O indivíduo IV.1 apresenta aglutinina nas hemácias.
Levando-se em conta os grupos sanguíneos de seus
D) Oito indivíduos no heredograma são heterozigotos descendentes, quais os genótipos prováveis do casal
para os grupos sanguíneos. e dos descendentes?
C) Entre os descendentes de casais A x B (nº 6), há uma
06.

lli
(UNESP–2016) Sílvio e Fátima têm três filhos, um deles
frequência maior de grupo AB e menor de grupo O. Esse
fruto do primeiro casamento de um dos cônjuges. Sílvio é
resultado seria esperado? JUSTIFIQUE sua resposta.
de tipo sanguíneo AB Rh– e Fátima de tipo O Rh+. Dentre
D) Entre os casais observados, CITE aqueles em que
os filhos, Paulo é de tipo sanguíneo A Rh , Mário é de tipo
+

ambos os pais podem


B Rh– e Lucas é de tipo AB Rh+.

ou
• doar sangue para todos os seus filhos.

BIOLOGIA
Sobre o parentesco genético nessa família, é CORRETO
• receber sangue de todos os seus filhos.
afirmar que
A) Paulo e Mário são irmãos por parte de pai e por parte
de mãe, e Lucas é filho de Sílvio e não de Fátima. SEÇÃO ENEM
B) Lucas e Mário são meios-irmãos, mas não se pode
01. (Enem–2014) Em um hospital, havia cinco lotes de bolsas
afirmar qual deles é fruto do primeiro casamento.
de sangue, rotulados com os códigos I, II, III, IV e V. Cada
C) Paulo e Lucas são meios-irmãos, mas não se pode lote continha apenas um tipo sanguíneo não identificado.

rn
afirmar qual deles é fruto do primeiro casamento.
D) Paulo e Mário são meios-irmãos, mas não se pode
afirmar qual deles é fruto do primeiro casamento.
E) Lucas e Mário são irmãos por parte de pai e por parte
de mãe, e Paulo é filho de Sílvio e não de Fátima.
Uma funcionária do hospital resolveu fazer a identificação
utilizando dois tipos de soro, anti-A e anti-B. Os resultados
obtidos estão descritos no quadro.

Código dos
lotes
Volume de
sangue (L)
Soro anti-A Soro anti-B
Be
07. (UFMG) Observações de grupos sanguíneos do sistema
ABO em 267 famílias.
I 22 Não aglutinou Aglutinou
Nº de Filhos
Pais
famílias
O A B AB
II 25 Aglutinou Não aglutinou
1. O x O 41 126 01 00 00

2. A x A 22 10 70 00 00

III 30 Aglutinou Aglutinou


eu

3. O x A 68 69 102 00 00

4. B x B 01 01 00 01 00
IV 15 Não aglutinou Não aglutinou
5. O x B 13 18 00 29 00

6. A x B 22 10 16 13 26
V 33 Não aglutinou Aglutinou
M

7. O x AB 43 00 50 60 00

8. A x AB 42 00 59 21 33 Quantos litros de sangue eram do grupo sanguíneo do


tipo A?

9. B x AB 13 00 08 20 15 A) 15
B) 25
10. AB x AB 02 00 03 04 01
C) 30
D) 33
Total 267 234 309 148 75
E) 55

Bernoulli Sistema de Ensino 113


Frente C Módulo 03

02. O esquema a seguir apresenta as possíveis transfusões


GABARITO
entre indivíduos dos grupos sanguíneos do sistema ABO:

AB Fixação
01. B

02. F V V V V

A AB B 03. B

lli
04. B

A O B Propostos

ou
01. C

02. A

O 03. D

Uma mulher do grupo sanguíneo B precisa urgentemente 04. A) Léo, pois suas hemácias não aglutinaram na
receber sangue. Sabendo que seu marido pertence ao presença do soro anti-A ou do soro anti-B.

grupo A e que seus dois filhos são um do grupo AB e B) Júlia, pois pais do grupo A só geram filhos do grupo

A) o marido.

B) o filho do grupo AB.

C) o filho do grupo O.
rn
outro do grupo O, entre as pessoas citadas, pode(m)
doar sangue para a mulher em questão
05. C

06. A
A ou O.

07. A) Sim. Existe filho do grupo sanguíneo A entre


Be
os descendentes de casais da classe 1 (O x O).
D) ambos os filhos. Possíveis explicações: ocorrência de mutação em

E) o marido e o filho do grupo O. um dos pais (o alelo teria mutado para IA); exame

de tipagem sanguínea malconduzido; existência do


03. No quadro a seguir estão os resultados do exame de tipagem
efeito Bombaim (um dos pais na realidade seria
sanguínea de dois indivíduos. Esse exame é realizado
“falso O”).
adicionando-se à gotas de sangue dos indivíduos os soros
anti-A, anti-B e anti-Rh. A ocorrência de aglutinação está B) Genótipos dos pais: IB x IB ; Genótipo dos

indicada pelo sinal + e ausência, pelo sinal –. filhos: , IB e IBIB.

C) Sim. Existem quatro combinações genotípicas de


eu

Indivíduo Soro anti-A Soro anti-B Soro anti-Rh


casais A x B (IAIA x IBIB, IAIA x IB , IA x IBIB e IA x IB ).

♀ – – – Em todas essas quatro combinações genotípicas,

existe a probabilidade de nascimento de crianças


♂ + + +
AB e, em apenas uma dessas combinações

(IA x IB ), há possibilidade de nascimento de

Caso o casal de indivíduos em questão resolva ter um criança do grupo O.


M

filho, qual é a probabilidade da criança nascer com a D) Doar sangue: casais da classe 1.
doença hemolítica do recém-nascido e ser do grupo Receber sangue: casais das classes 2, 4 e 10.
sanguíneo O?

A) 0% (zero) Seção Enem


B) 25%
01. B
C) 50%

D) 75% 02. C

E) 100% 03. A

114 Coleção Estudo 4V


FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA C 04
Linkage e noções de Engenharia Genética

lli
Quando analisamos simultaneamente características Nos casos de linkage, para calcularmos os tipos e os
determinadas por dois ou mais pares de genes alelos, podemos percentuais de gametas que um indivíduo é capaz de formar,
ter duas situações possíveis: segregação independente e precisamos saber se durante a gametogênese há ou não

ou
linkage. Nos casos de segregação independente, os dois ou a ocorrência do crossing-over e, se ele ocorre, precisamos
conhecer também qual é a sua taxa de ocorrência, ou seja,
mais pares de genes alelos estão localizados em diferentes
qual é o percentual de células em que esse fenômeno ocorre.
pares de cromossomos homólogos. Quando os dois ou mais
Por exemplo, quando falamos que a taxa de crossing-
pares de genes analisados se localizam num mesmo par de
–over nas células de um indivíduo é de 20%, significa dizer
cromossomos homólogos, estamos diante de casos de linkage que, em 80% das células que realizam meiose durante
(ligação gênica, ligação fatorial). a gametogênese, não há a ocorrência do crossing-over,
e em 20% das células, temos a ocorrência desse fenômeno.
A

rn B
Assim, conforme ocorra ou não o fenômeno do crossing-over,
costuma-se dizer que o linkage pode ser total (completo)
ou parcial (incompleto).

• Linkage total (completo) – Nas células que realizam


meiose durante a formação dos gametas, não há
ocorrência do crossing-over.
Be
Imagine que um indivíduo tenha o seguinte genótipo: AABB. Se for
• Linkage parcial (incompleto) – Nas células que realizam
uma situação de segregação independente, esses dois pares de genes
meiose durante a gametogênese, ocorre crossing-over.
(AA e BB) estarão localizados em diferentes pares de cromossomos
homólogos (A); se for um caso de linkage, os dois pares de genes Vamos tomar como exemplo um indivíduo de genótipo
AaBb (cis). Poderá ocorrer ou não o crossing-over nas células
estarão num mesmo par de cromossomos homólogos (B).
que realizam meiose para a formação dos gametas. Nesse
Assim como na segregação independente, nos casos de caso, as células que não realizam crossing-over formarão
linkage, podemos ter situações de di-hibridismo, tri-hibridismo, apenas dois tipos de gametas: AB e ab. Já as que realizam
o crossing-over formarão quatro tipos de gametas: AB, Ab,
etc. Vamos ver apenas casos de di-hibridismo.
aB e ab. Observe o esquema a seguir:
O di-hibridismo consiste na análise simultânea das
eu

características determinadas por dois pares de genes alelos A meiose sem ocorrência A meiose com ocorrência
localizados num mesmo par de cromossomos homólogos. de crossing-over de crossing-over

AaBb AaBb A a A a
AABB AABb Cis Trans B b B b

a A a
A Aa
M

B Bb b B b

Di-hibridismo com linkage.

Observe que quando o indivíduo é duplamente heterozigoto A A a a


A A a a
(di-híbrido) existem duas disposições diferentes para os dois B B b b B b B b

pares de genes alelos: cis e trans. O heterozigoto cis tem os


dois genes dominantes em um mesmo cromossomo e os dois
genes recessivos no outro cromossomo. Já o heterozigoto A A a a A A a a
B B b b B b B b
trans tem um gene dominante e um recessivo em cada um
Gametas Gametas
dos cromossomos.

Bernoulli Sistema de Ensino 115


Frente C Módulo 04

Vejamos agora alguns exemplos de aplicação dos Considerando os gametas formados pelas células que não
conhecimentos sobre o di-hibridismo com linkage. realizaram crossing-over e os gametas formados pelas células
nas quais ocorreu essa permutação, o total de gametas
Exemplo: Considere que, em um indivíduo de genótipo
formados será:
AaBb, os genes A e B estão situados em um mesmo
cromossomo. Considere também que em 40% das células Gametas parentais Gametas recombinantes
desse indivíduo haverá, durante a gametogênese (formação (80%) (20%)
dos gametas), ocorrência de crossing-over.
Gametas AB (40%) Gametas Ab (10%)
Quantos tipos de gametas e seus respectivos percentuais

lli
esse indivíduo será capaz de produzir?
Gametas ab (40%) Gametas aB (10%)
Resolução:
Como o indivíduo é duplo-heterozigoto (AaBb) e os genes

ou
A e B estão localizados em um mesmo cromossomo, trata-se Observe que o indivíduo em questão é capaz de formar quatro
de um heterozigoto cis. tipos de gametas: AB, ab, Ab e aB. Entretanto, ao contrário do
que aconteceria se fosse um caso de segregação independente,
Assim, as células diploides (2N) desse indivíduo podem
esses quatro tipos de gametas não aparecem nas mesmas
ser assim representadas:
proporções. Os gametas que se formam em maior percentual
são ditos parentais, e aqueles que se formam em menor
A a percentual são os recombinantes. Os gametas recombinantes
só se formam devido à ocorrência do crossing-over, que permite
B

rn b

Considerando todas as células (100%) que iniciam a game-


-togênese, em 40% delas haverá ocorrência de crossing-over e,
uma recombinação entre os genes.

Resposta: AB (40%), ab (40%), Ab (10%) e aB (10%).

Exemplo: Considere um indivíduo de genótipo MmTt (trans).


Durante a gametogênese, na prófase I, haverá ocorrência do
Be
em 60% delas, a meiose será realizada sem a ocorrência desse
crossing-over em 16% das células.
fenômeno.
Quantos tipos de gametas e respectivos percentuais esse
Assim, temos: indivíduo será capaz de formar?

Resolução:
Sem 30%
crossing-over Sendo o indivíduo duplamente heterozigoto e trans,
seu genótipo pode ser assim representado:

M t
a ou Mt / mT
30%
eu

b m T
60% das células
entram em meiose
Como o crossing-over ocorre em apenas 16% das células
que iniciam a meiose, do total de gametas produzidos
pelo indivíduo, 8% são de gametas recombinantes e,
consequentemente, 92% são de gametas parentais,
10% conforme indicado a seguir:
M

Gametas parentais Gametas recombinantes


Com a
10% (92%) (8%)
crossing-over b

Mt (46%) MT (4%)

10%

40% das células mT (46%) mt (4%)


entram em meiose
10%
Resposta: MT (4%), mt (4%), Mt (46%) e mT (46%).

116 Coleção Estudo 4V


Linkage e noções de Engenharia Genética

Exemplo: Considere que, em um indivíduo de genótipo Montando um genograma com os gametas formados pelos
AaBb (cis), a taxa de recombinação durante a gametogênese dois indivíduos, temos:
foi de 15%.
♀ AC ac Ac aC
Quais são os tipos de gametas recombinantes formados ♂ (35%) (35%) (15%) (15%)
e suas respectivas proporções?
ac AaCc aacc Aacc aaCc
Resolução: (100%) (35%) (35%) (15%) (15%)
O genótipo do indivíduo em questão pode ser representado
da seguinte maneira:

lli
Conforme indicado pela seta no genograma anterior,
A B
ou AB / ab a probabilidade de nascer uma criança de olhos azuis
a b (aa) e canhota (cc) é de 35%. Como o problema quer a
Como a taxa de recombinação foi de 15%, significa que probabilidade de nascimento de uma menina de olhos azuis
foram formados 15% de gametas recombinantes e 85% de e canhota, temos:

ou
BIOLOGIA
gametas parentais.
50% (probabilidade de ser menina) x 35% (probabilidade
Assim, temos: de ter olhos azuis e de ser canhota) = 17,5%.

Gametas parentais Gametas recombinantes Resposta: 17,5%.


(85%) (15%)

AB (42,5%) Ab (7,5%)
MAPAS GÊNICOS
ab (42,5%)

rn
Resposta: Ab (7,5%) e aB (7,5%).
aB (7,5%)

Exemplo: Considere que os genes A, a, C e c se


relacionam, respectivamente, com as características olhos
Em um mesmo par de cromossomos homólogos, existem
vários pares de genes alelos, todos eles em linkage e,
portanto, capazes de sofrer ou não o crossing-over.
Descobriu-se que a frequência de crossing-over entre os
genes em situação de linkage depende da distância que os
Be
castanhos, olhos azuis, destro e canhoto. separa no cromossomo. Quanto mais afastados estiverem
Admita que esses genes estejam situados em um mesmo um do outro, maior será a frequência de permutação
par de cromossomos homólogos a uma distância entre eles entre eles, porque entre genes distantes há muitos pontos
que torna possível o crossing-over em 60% das células em suscetíveis de quebra no cromossomo, e para que ocorra o
processo de formação de gametas.
crossing-over se fazem necessárias quebras ao longo
Uma mulher de olhos castanhos e destra, cujo pai tem do cromossomo. Por outro lado, se a distância entre os
olhos azuis e é canhoto, casa-se com um indivíduo de olhos
genes é pequena, há pouca probabilidade de ocorrência de
azuis e canhoto. Qual é a probabilidade de esse casal vir a
uma permutação entre os genes, uma vez que entre eles
ter uma menina de olhos azuis e canhota?
existem poucos pontos suscetíveis de quebra. A permutação
Resolução: é um dos fatores responsáveis pela recombinação entre
eu

Com os dados fornecidos, concluímos que os genótipos os genes. Assim, a taxa de recombinação depende
da mulher e do homem em questão são: diretamente da frequência de permutação ou crossing-over.
Pode-se dizer, então, que a taxa de recombinação entre
a c A C
dois genes é diretamente proporcional à distância entre
a c x a c eles no cromossomo. A distância entre os genes em
situação de linkage é dada em uma unidade denominada
Os gametas formados pelos indivíduos estão indicados morganídeo ou UM (unidade Morgan), também conhecida por
M

no quadro a seguir: UR (unidade de recombinação). Assim, quando se diz que a


distância entre dois genes é de 30 morganídeos ou 30 UR,
Gametas masculinos Gametas femininos
significa que a taxa de recombinação (% de recombinantes)
entre eles é de 30%.
Como o indivíduo é Gametas parentais:
AC (35%) e ac (35%). Uma vez que se conhece a distância entre os genes que
duplamente homozigoto
se dispõem linearmente ao longo de um cromossomo,
(aacc), 100% dos seus Gametas recombinantes: pode-se construir o mapa gênico desse cromossomo.
gametas serão ac. Ac (15%) e aC (15%). O mapeamento gênico mostra a sequência dos loci gênicos
ao longo do cromossomo e suas respectivas distâncias.

Bernoulli Sistema de Ensino 117


Frente C Módulo 04

Veja o exemplo a seguir: Assim, surgiram “ferramentas” básicas para o desenvolvimento


da Engenharia Genética. Entre elas, destacam-se as enzimas
Exemplo: Suponha que a distância entre 2 genes A e B
seja de 2,4 UR. Um terceiro gene, o gene C, dista de 1,8 UR de restrição, também conhecidas por endonucleases de
do gene A e de 0,6 UR do gene B. restrição.
As enzimas de restrição são encontradas em certas bactérias
Qual é a disposição desses três genes ao longo do
e atuam como verdadeiras “tesouras moleculares”, cortando o
cromossomo?
DNA em pontos específicos. Costuma-se dizer que elas têm a
Resolução: propriedade de clivar (cortar, quebrar) o DNA. Essas enzimas,
provavelmente, fazem parte do mecanismo de proteção

lli
Pelas distâncias fornecidas, concluímos que o gene
A está mais próximo do gene C do que do B. Assim, que certas bactérias desenvolveram contra os seus inimigos
naturais, os vírus bacteriófagos. Nas células bacterianas,
a disposição desses três genes ao longo do cromossomo
essas enzimas são capazes de reconhecer o DNA do vírus
poderá ser:
invasor como um elemento “estranho” e, assim, promover a

ou
2,4 U.R. sua destruição, cortando-o em pontos específicos, antes que
o mesmo sofra o processo de duplicação.
A C B Cada bactéria tem suas próprias enzimas de restrição,
e cada enzima reconhece apenas um tipo de sequência de
bases nitrogenadas ao longo da molécula de DNA.

1,8 U.R. 0,6 U.R. São, portanto, altamente específicas, cortando o DNA
apenas nos locais em que existem certas sequências de

NOÇÕES DE ENGENHARIA
C rn
ou

A
bases nitrogenadas. As sequências de bases nitrogenadas
reconhecidas pelas enzimas de restrição são palíndromos,
isto é, iguais nos dois filamentos da molécula de DNA, seja
a leitura desses filamentos feita no sentido 5’ → 3’ ou no
sentido 3’ → 5’.

Veja o exemplo a seguir:


Be
GENÉTICA Filamento 5’ ... G A A T T C ... 3’
Molécula de DNA
Filamento 3’ ... C T T A A G ... 5’
DNA recombinante Filamentos palíndromos – se a leitura dos dois filamentos for
feita no sentido 5’ → 3’, a sequência será G A A T T C; se nos
A Engenharia Genética é um conjunto de técnicas que
dois filamentos a leitura for feita no sentido 3’ → 5’, a sequência
tem por objetivo a manipulação do material genético.
será C T T A A G. Assim, essas sequências de bases nesses dois
São técnicas que permitem identificar, isolar e multiplicar genes, filamentos são palíndromos.
bem como construir moléculas híbridas de DNA isto é, DNA
eu

constituído por segmentos originários de diferentes espécies Existem vários tipos de enzimas de restrição. Uma delas é
de seres vivos.
a Eco RI que atua na sequência ...G A A T T C ..., fazendo
A tecnologia do DNA recombinante (rDNA), que teve início na o corte da ligação entre o G e o A, conforme mostra o
década de 1970, constitui a base da Engenharia Genética e tem esquema a seguir:
por principal objetivo a construção de moléculas de DNA, não
existentes na natureza, constituídas por segmentos provenientes A A T T C
de diferentes fontes. Eco RI
G
M

Assim, essas moléculas híbridas podem ser construídas com


5’...G A A T T C ... 3’
segmentos de DNA originários de organismos diferentes, como
também por segmento de DNA proveniente de um organismo 3’...C T T A A G ... 5’
ligado a um DNA sintético (produzido em laboratório, unindo-se G

os nucleotídeos numa sequência desejada). C T T A A


O desenvolvimento da bioquímica e os estudos genéticos
realizados em micro-organismos, notadamente bactérias e As enzimas de restrição podem ser isoladas de diferentes
bacteriófagos, deram uma grande contribuição para a obtenção bactérias. Muitas indústrias cultivam essas bactérias, isolam
de conhecimentos e de técnicas necessários para a manipulação suas enzimas de restrição e as comercializam, vendendo-as
dos genes. para laboratórios de Genética Molecular de todo o mundo.

118 Coleção Estudo 4V


Linkage e noções de Engenharia Genética

O quadro a seguir mostra alguns exemplos dessas enzimas, A ilustração a seguir nos dá, resumidamente, uma ideia da
suas fontes (bactérias das quais são obtidas) e os seus sítios técnica do DNA recombinante com a utilização de plasmídios
de clivagem (locais em que fazem o corte no DNA). bacterianos.
Insulina
Enzima de Sítio de humana
Fonte
restrição clivagem 2 4 5
3
G↓G A T C C
Bam HI Bacillus amyloliquefaciens H
C C T A G↑G
Cissiparidade

lli
A A↓G C T T
Hind III Haemophilus influenzae
T T C G↑A A
1 5
G↓A A T T C
Eco RI Escherichia coli
C T T A A ↑G

ou
BIOLOGIA
G T↓C G A C Tecnologia do DNA recombinante – 1. Com a utilização de
Sal I Streptococcus albus G
C A G C↑T G enzimas de restrição, um segmento de DNA humano, contendo
a informação para a síntese da proteína insulina, é retirado
A ilustração a seguir mostra de forma bem simplificada a de um determinado cromossomo humano; 2. Plasmídio
construção de um DNA recombinante. bacteriano, do qual se retirou um segmento (pedaço) do DNA,
também com o uso de enzima de restrição; 3. Com o auxílio da
enzima DNA-ligase, o segmento de DNA humano é “soldado”
DNA I DNA II
ao plasmídio bacteriano. Forma-se, assim, um plasmídio
contendo um DNA recombinante; 4. O plasmídio recombinante
1

2
rn é incorporado à bactéria, que, então, passa a ser uma bactéria
transgênica. Os  organismos que recebem ou incorporam
genes de outra espécie são chamados de transgênicos;
5. A bactéria transgênica, ao se reproduzir por cissiparidade, origina
bactérias-filhas, também transgênicas, ou seja, portadoras do
plasmídio recombinante. Assim, obtém-se em pouco tempo um
clone de bactérias transgênicas com capacidade de produzir a
Be
insulina humana utilizada no tratamento dos diabéticos.

A insulina foi a primeira proteína humana produzida em


células de bactérias geneticamente modificadas e aprovada
3 para uso em pacientes. Antes do desenvolvimento dessa
tecnologia, os diabéticos dispunham apenas de injeções de
insulina extraída de animais, como bois e porcos. Acontece
que a insulina desses animais é ligeiramente diferente da
4 insulina humana, causando problemas alérgicos em alguns
pacientes. A insulina produzida por bactérias transgênicas
DNA RECOMBINANTE
é idêntica à produzida pelo pâncreas humano e não causa
eu

1. Imagine que os DNAs I e II são provenientes de dois organismos problemas de alergia, daí a importância dessa conquista.
diferentes. 2. Utilizando-se de enzima de restrição, os dois DNAs Atualmente, além da insulina, outras proteínas de interesse
são cortados em pontos específicos. 3. Com o corte, os dois médico, como a somatotrofina (hormônio do crescimento),
filamentos de cada DNA se separam. 4. Utilizando-se das enzimas também são produzidas por bactérias geneticamente
DNA-ligases, um segmento do DNA I é ligado a um segmento do modificadas. As bactérias transgênicas, isto é, portadoras
DNA II, formando, assim, um DNA recombinante. de DNA recombinante, abrigam em si todas as informações
necessárias para o cumprimento das tarefas rapidamente,
Por meio da tecnologia do DNA recombinante, tornou-se funcionando como pequenas fábricas biológicas, capazes
M

possível, por exemplo, associar segmentos de DNA (genes) de produzir, em larga escala e com custos mais baratos,
de um animal ou de uma planta com plasmídios das bactérias. as proteínas desejadas.
Plasmídios são pequenos fragmentos circulares de DNA
encontrados livremente no hialoplasma de muitas bactérias. Clonagem de genes
Tanto no cromossomo bacteriano quanto nos plasmídios,
existem genes (segmentos de DNA) responsáveis por Existem técnicas que permitem a fabricação de milhões
diferentes características hereditárias das bactérias. de cópias idênticas de um gene, isto é, técnicas que
Quando a bactéria se reproduz, todo o seu material genético, permitem a obtenção de um clone de genes. Isso possibilita,
que inclui o cromossomo e o(s) plasmídio(s), duplica-se, sendo por exemplo, submeter um determinado gene que se
distribuído equitativamente entre as “bactérias-filhas”, que deseja estudar às inúmeras análises necessárias para a
serão, então, geneticamente idênticas. determinação da sua estrutura.

Bernoulli Sistema de Ensino 119


Frente C Módulo 04

Os primeiros passos para a produção de um clone de genes são, obviamente, a identificação e o isolamento do gene que
se deseja clonar. Uma vez identificado e isolado, sua clonagem poderá ser feita por meio de diferentes técnicas.

Enzimas
de restrição Plasmídeo
Plasmídeo bacteriano fragmentado
bacteriano
isolado

DNA
ligase Fragmento

lli
de plasmídeo
Plasmídeo com DNA
recombinante
Fragmento de DNA (gene A)

ou
Bactéria hospedeira Duplicação do material
(transgênica) genético (cissiparidade)

Bactéria A Bactéria B

rn Enzima
de restrição
Be
Gene A Gene A

• Clonagem de gene com a utilização de bactérias – Podemos resumir e simplificar esse processo da seguinte
maneira: um plasmídio bacteriano é isolado e cortado em um determinado ponto com o auxílio de uma enzima de
restrição. Em seguida, com o auxílio da enzima DNA-ligase, esse plasmídio, do qual se retirou um pedaço, é ligado
ao fragmento de DNA (gene) que se deseja clonar. Vamos chamar esse gene de gene A. Forma-se dessa maneira
um plasmídio com DNA recombinante. Esse plasmídio com DNA recombinante é introduzido em uma bactéria
hospedeira, que passa então a ser uma bactéria transgênica. Essa bactéria transgênica é colocada em um meio
de cultura contendo todas as condições necessárias para o seu desenvolvimento e reprodução. Ao se reproduzir,
eu

a “bactéria-mãe” duplica todo seu material genético, inclusive o gene A de origem exógena, e o distribui de forma
equitativa entre as “bactérias-filhas” formadas. Cada “bactéria-filha”, portanto, terá os mesmos tipos de genes que
existiam na “bactéria-mãe”. Assim, mantendo-se as condições no meio de cultura sempre favoráveis, em pouco tempo
obtém-se um número grande de bactérias geneticamente idênticas. Em todas elas haverá o plasmídio com o DNA
recombinante e, consequentemente, em todas haverá o gene A. Quando já existir um número grande dessas bactérias
transgênicas, seus plasmídios são isolados e deles, com o uso de enzimas de restrição, serão cortados os segmentos
contendo o gene A. Obtém-se, assim, um número grande de genes idênticos, ou seja, clones de um determinado gene.
M

• Clonagem de gene por meio da técnica do PCR – Chamada em inglês de Polymerase Chain Reaction (PCR), que significa
“Reação em Cadeia da Polimerase”, essa tecnologia permite clonar, em laboratório, moléculas de DNA. O DNA é colocado
em um meio contendo desoxirribonucleotídeos livres e uma enzima DNA polimerase especial, resistente ao calor, obtida de
arqueobactérias que vivem em fontes de água quente. Todo esse sistema é então submetido a uma temperatura de 98 °C,
o que faz com que as duas hélices (fitas) da molécula de DNA se separem. Nessas condições, cada fita é complementada
pelos nucleotídeos livres existentes no meio, formando-se assim duas moléculas completas e idênticas do DNA. Em seguida,
a temperatura volta ao normal e o ciclo recomeça; são produzidas 4 moléculas, e assim por diante.

A clonagem de um gene permite que ele seja multiplicado, formando várias cópias, o que é necessário para estudar, em detalhe,
a sua sequência de bases e, a partir disso, a sequência de aminoácidos da proteína que ele codifica. Por meio disso, pode-se saber
em que tipo de célula o gene em estudo está funcionando e que fatores afetam seu funcionamento.

120 Coleção Estudo 4V


Linkage e noções de Engenharia Genética

Um gene também pode ser extraído e transferido para Em 1981, usando a tecnologia descrita anteriormente,
indivíduos de uma outra espécie. Pode-se, por exemplo, pedaços de DNA de coelho contendo o gene responsável
introduzir um gene humano em um camundongo; um gene de pela produção da proteína hemoglobina foram injetados
inseto em uma planta; um gene humano em uma planta; etc., em células-ovo de camundongos. Essas células-ovo
criando-se, assim, organismos transgênicos. foram implantadas no útero de fêmeas de camundongos,
no qual se desenvolveram, dando origem a vários filhotes.

Animais transgênicos A análise mostrou que os filhotes de camundongos que


nasceram desses embriões tinham hemoglobina de coelho

lli
Animal transgênico é aquele que possui, no seu material em suas hemácias. Isso comprovou que o DNA do coelho
genético, um ou mais genes originários de uma outra espécie. injetado na célula-ovo do camundongo se incorporou a um
A produção desses animais normalmente se faz na fase cromossomo e foi transmitido de célula a célula através das
embrionária, introduzindo-se no embrião de uma espécie mitoses. Esses camundongos transgênicos foram cruzados

ou
genes de uma outra espécie. entre si, e o gene do coelho incorporado ao seu material

BIOLOGIA
genético foi transmitido de geração a geração, segundo as
Veja o exemplo a seguir:
leis mendelianas. As perspectivas de utilização de animais
transgênicos a favor do homem são muito boas. Assim como
Injeção de
já acontece com bactérias transgênicas, em um futuro não
DNA humano Célula-ovo
na célula-ovo obtida por muito distante, animais transgênicos também poderão ser
fecundação utilizados como verdadeiras “fábricas” para a produção de
DNA

Colocação das
células-ovo
rn in vitro

Filhotes
substâncias de interesse para o homem.

Plantas transgênicas
De maneira semelhante ao que acontece com os animais,
a produção de plantas transgênicas se faz introduzindo em
uma planta genes de uma outra espécie de vegetal ou até de
Be
no útero de recém-nascidos um animal. Vários experimentos já foram feitos com sucesso
uma rata que devem
Desenvolvimento nesse sentido. Um dos mais famosos associou, ao material
conter genes
dos embriões na genético da planta do fumo, o gene do vaga-lume responsável
humanos em
“mãe de aluguel” pela sua bioluminescência. A reação de bioluminescência
seus cromossomos
do vaga-lume depende da enzima luciferase. Essa enzima
catalisa a reação de oxidação da substância luciferina,
Técnica de produção de animais transgênicos – Se introduzirmos
na qual é produzida luz, conforme mostra o esquema a seguir:
genes humanos em embriões de camundongos, estes poderão
se desenvolver tendo genes humanos em seus cromossomos, ou Luciferina + O2 Luciferase
Oxiluciferina + H2O
seja, serão camundongos transgênicos. Para isso, procede-se
eu

Luz
da segui nte manei ra: faz -se a fecundação i n vi tro,
ou seja, óvulos de fêmeas são retirados e colocados em O gene para a produção da enzima luciferase foi isolado do
um tubo de ensaio contendo espermatozoides. O processo vaga-lume e injetado em uma célula meristemática do fumo
é acompanhado pelo microscópio e tão logo ocorrem as (tabaco), no qual se incorporou a um dos cromossomos.
fecundações – com aparelhagem de micromanipulação Por meio de técnicas de cultura de tecidos vegetais,
–, os genes humanos são injetados nos núcleos das produziu-se uma planta inteira a partir dessa única célula
células-ovo. Havendo receptividade, os genes injetados
transformada geneticamente. Assim, em todas as células
M

se incorporam aos cromossomos das células-ovo, sendo


dessa planta transgênica de fumo, o gene do vaga-lume
transmitidos, nas divisões mitóticas, às células-filhas.
se fez presente. Quando essa planta foi regada com uma
Os ovos que receberam genes humanos são, então,
solução de luciferina, ela começou a brilhar. Essa tecnologia
implantados no útero de uma fêmea, no qual se desenvolvem,
também já é usada para produzir plantas nas quais se
originando novos camundongos que conterão em suas
células os genes humanos recebidos na fase embrionária. incorporam genes bacterianos que conferem resistência a
Esses camundongos serão, portanto, organismos transgênicos. determinados herbicidas ou a determinadas pragas. Desse
Quando um camundongo transgênico se reproduzir, os genes modo, essas plantas modificadas geneticamente são capazes
humanos incorporados ao seu material genético poderão ser de crescer normalmente em terrenos tratados com esses
transmitidos aos descendentes, como qualquer outro gene. herbicidas e resistem ao ataque de pragas.

Bernoulli Sistema de Ensino 121


Frente C Módulo 04

Entre as grandes esperanças dos cientistas que trabalham


A história de cada capítulo são os genes. Essas histórias são escritas
com a manipulação genética de plantas, está a de produzir com um alfabeto constituído por apenas 4 tipos de letras: as bases
variedades capazes de fixar o nitrogênio do ar. nitrogenadas A (Adenina), G (Guanina), C (Citosina) e T (Timina).

Sabe-se que um dos fatores limitantes ao crescimento das Essas bases formam o alfabeto genético.

plantas e à produção agrícola é, justamente, a disponibilidade Conhecer totalmente um gene não é apenas identificá-lo num
de nitrogênio no solo. Os fertilizantes, que encarecem cromossomo. É preciso muito mais. É preciso decifrar a sua “história”
a produção, têm como principal objetivo aumentar a ou a sua “mensagem”, isto é, conhecer a sua sequência de bases
nitrogenadas e as características com que se relaciona.
quantidade de nitrogênio disponível às plantas.

lli
Pesquisas estão sendo feitas no sentido de alterar Cientistas de diversos países participaram do Projeto Genoma.
Por meio desse Projeto, foram localizados, por exemplo, genes
geneticamente as plantas de interesse comercial, introduzindo
causadores de doenças hereditárias que, num futuro bem próximo,
em seu genoma genes de bactérias fixadoras de nitrogênio.
poderão ser prevenidas, tratadas ou até erradicadas através da
A possibilidade de aumentar a eficiência na fixação de tecnologia da Engenharia Genética. A correção ou o tratamento

ou
nitrogênio por meio da Engenharia Genética poderia resultar dessas doenças genéticas é o que se pode chamar de geneterapia
na produção de alimentos mais baratos para a humanidade. ou terapia gênica. Um dos objetivos da geneterapia é o implante
gênico (implante de genes) para corrigir ou substituir o gene
A cada dia, surgem no mercado novas substâncias, produzidas
de uma pessoa que possa apresentar algum defeito. W. French
pela tecnologia da Engenharia Genética, capazes de estimular o
Anderson, um dos pioneiros da geneterapia, acredita que,
crescimento de animais, a produção de leite, o volume de lã dos no futuro, uma vez diagnosticada a doença genética, o médico
carneiros, a produtividade de plantas cultivadas, a resistência poderá “receitar” um pequeno segmento de DNA (correspondente a
de animais e de plantas à doenças diversas, etc. um gene normal) para inserir no paciente, a fim de substituir o gene

rn
Alimentos transgênicos, como o milho e a soja resistentes
a herbicidas, já são produzidos e comercializados em alguns
países (EUA, Canadá, Japão, Argentina), embora ainda existam
polêmicas sobre a segurança ou não para a saúde humana do
uso de tais alimentos, bem como se o cultivo dessas plantas
eventualmente defeituoso ou ausente. Embora esteja ainda dando
os seus primeiros passos, a geneterapia abre grandes perspectivas
à medicina do século XXI. O Projeto Genoma Humano, fornecedor
de todo o nosso mapa genético, é uma peça de fundamental
importância para o desenvolvimento da geneterapia.

Se, por um lado, o conhecimento do mapa genético traz


Be
geneticamente modificadas pode ou não trazer prejuízos para contribuições importantes para o desenvolvimento da geneterapia,
o meio ambiente. O uso de alimentos transgênicos ainda por outro lado, cria alguns problemas éticos, sociais e jurídicos que
divide opiniões. Entretanto, muitos cientistas e pesquisadores precisam ser discutidos. Um deles, por exemplo, é a má interpretação
concordam que a técnica de manipulação do DNA é uma que as pessoas poderão ter ao saberem que são portadoras de

ferramenta poderosa e importante no estudo dos fenômenos determinados genes que as tornam mais predispostas a desenvolver
certas doenças. Uma pessoa sabendo, por exemplo, que tem 10%
biológicos com repercussão na saúde, no meio ambiente, na
de predisposição a ter uma certa doença cardiovascular ou 15%
agricultura e na produção de alimentos. Bem manipulada e
a desenvolver um determinado tipo de câncer, pode achar que já
devidamente voltada para os interesses maiores da humanidade, está doente ou, então, passar a apresentar problemas psicológicos
a Engenharia Genética pode contribuir decisivamente para a por causa dessas informações. Outro lado preocupante do mau uso
eu

melhoria do padrão de vida do homem na Terra. dessas informações do mapa genético está relacionado com os planos
de seguro de vida e saúde, que poderiam não aceitar tais pacientes,
alegando sua predisposição a doenças graves.

PROJETO GENOMA HUMANO O mau uso do mapa genético de uma pessoa também poderá criar
situações que a prejudiquem em relação ao trabalho. É o que pode

Lançado nos Estados Unidos, em 1990, o Projeto Genoma acontecer se os empregadores passarem a exigir o mapa genético

Humano (PGH) teve por objetivo mapear o material genético dos candidatos aos empregos. Certamente, aqueles que tiverem
genes que os predispõem a desenvolver doenças graves ou distúrbios
M

humano, isto é, identificar todos os genes existentes nos


cromossomos de nossas células. depressivos serão automaticamente excluídos.

Mapear os genes significa determinar a posição que cada um Como se vê, é necessário ampliar a discussão sobre esses aspectos
ocupa em cada cromossomo, as sequências de bases nitrogenadas éticos decorrentes do conhecimento do mapa genético humano.
que possuem e com que características eles se relacionam. Isso Consequentemente, será preciso criar leis e procedimentos de
é feito pedaço a pedaço, e as enzimas de restrição que cortam o bioética que impeçam que o desenvolvimento da genética e tais
DNA em determinados pontos são indispensáveis nesse estudo. conhecimentos venham a ser utilizados para discriminar pessoas.
Pode-se comparar o genoma humano com um livro: “o livro da Só assim todo esse conhecimento poderá ser canalizado para o bem,
vida”, com as histórias de todas as nossas características genéticas. a fim de, cada vez mais, obter-se a melhoria do padrão de vida do
Nesse “livro”, os capítulos correspondem aos cromossomos. homem no planeta.

122 Coleção Estudo 4V


Linkage e noções de Engenharia Genética

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 04. (UEPA–2015) Leia o texto a seguir para responder a esta
questão.
Organismos transgênicos são aqueles modificados
01. (UNIRIO-RJ) Um indivíduo, com genótipo AaBb, produz geneticamente com a alteração do DNA, ou seja,
gametas nas seguintes proporções: 25% AB, 25% Ab, quando são inseridos num determinado indivíduo genes
25% aB e 25% ab. Outro indivíduo, com o genótipo provenientes de outras espécies, com o objetivo de gerar
DdEe, produz gametas nas seguintes proporções: produtos de interesse para os seres humanos.
50% DE e 50% de. Podemos concluir que Disponível em: <http://www.fruticultura.iciag.ufu.br /
A) os genes D e E estão ligados, e entre eles não ocorre transgenicos.htm#SITUAÇÃO> (Adaptação).
crossing-over.

lli
Sobre o conceito em destaque, analise as afirmativas
B) os genes D e E estão ligados, e entre eles ocorre seguintes.
crossing-over.
I. O gene que produz o hormônio do crescimento
C) os genes D e E segregam-se independentemente, e entre humano foi isolado e transferido para zigotos de
eles não ocorre crossing-over. camundongos.
D) os genes A e B estão ligados, e entre eles não ocorre

ou
II. Várias espécies de vegetais como milho, algodão e

BIOLOGIA
crossing-over. tomate portam e manifestam genes de bactérias que
E) os genes A e B segregam-se independentemente, e entre lhes dão resistência a insetos.
eles ocorre crossing-over. III. A bezerra “Vitória” foi o primeiro animal brasileiro
obtido por transferência do núcleo de uma célula de
02. (FCC-SP) Em tomates, o fruto vermelho (V) é dominante embrião coletado de uma vaca adulta.
sobre fruto amarelo (v); planta alta (A) é dominante sobre IV. Existem variedades de soja que apresentam genes
planta baixa (a). Os dois genes estão localizados no mesmo de outras espécies que lhes conferem resistência a
cromossomo e não apresentam crossing-over. Quais são os herbicidas.

rn
fenótipos esperados para os descendentes do cruzamento
de dois indivíduos com os seguintes genótipos:

V v
A alternativa que contém todas as afirmativas CORRETAS é:
A) I e II
B) I, II e IV
C) II e III
D) II, III e IV
E) I, II, III e IV
Be
A a EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. (UEG-GO–2015) O processo de divisão celular é
A) Apenas altos e vermelhos. extremamente importante nos processos biológicos.
Durante a prófase da primeira divisão da meiose,
B) Apenas amarelos e baixos.
os cromossomos homólogos podem passar por
C) Altos e vermelhos e amarelos e baixos. permutações entre si (recombinação ou crossing-over),
D) Baixos vermelhos e altos amarelos. gerando gametas com uma combinação de alelos
E) Altos vermelhos, baixos amarelos, baixos vermelhos e diferentes das combinações existentes nos cromossomos
altos amarelos. dos pais. A soma desses recombinantes é chamada de
taxa ou frequência de recombinação. A figura a seguir
eu

exemplifica um caso de três genes (A, B e C) situados


03. (UFMS) Muitas enzimas contribuíram para o avanço atual
em um par de cromossomos homólogos.
das técnicas de engenharia genética, que permitem alterar
o DNA e modificar seres vivos. Em relação a essas enzimas,
assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S). A A
A) As enzimas de restrição realizam cortes aleatórios
no DNA.
B) A enzima transcriptase reversa, encontrada em
B B
todos os tipos de vírus, é utilizada na síntese de DNA
C C
M

complementar (cDNA) a partir de RNA mensageiro


(mRNA), importante na obtenção de sondas moleculares. Par de homólogos
C) A enzima DNA polimerase catalisa a ligação de segmentos GEWANDSZNAJDER, F.; LINHARES, S. Biologia hoje.
de DNA não apresentando função na sua replicação. São Paulo: África. vol. 3. 2014, p. 73.
D) A DNA polimerase é uma importante enzima para Sobre as taxas de recombinação entre esses loci, verifica-se
realização da técnica de PCR (reação em cadeia da que a taxa de recombinação entre:
polimerase).
A) A, B e C é randomizada e inespecífica.
E) As enzimas de restrição protegem as bactérias contra o
ataque de bacteriófagos por cortes do DNA viral. B) A e C é maior que entre A e B.

F) As enzimas de restrição reconhecem sítios específicos C) A e B é equivalente à taxa entre B e C.


no DNA. D) A e B é menor que entre B e C.

Bernoulli Sistema de Ensino 123


Frente C Módulo 04

02. (Unicamp-SP-2013) Considere um indivíduo heterozigoto 04. (FESP-PE) Do cruzamento de um indivíduo homozigótico
para dois locos gênicos que estão em linkage, ou seja, não para os genes a e b com um indivíduo, também
apresentam segregação independente. A representação
homozigótico, para os genes A e B obteve-se uma geração
esquemática dos cromossomos presentes em uma de
que, retrocruzada com o parental duplamente recessivo,
suas células somáticas em divisão mitótica é:
A) resultou nos seguintes descendentes:

A A a a A B a b
637 643
a b a b

lli
A b a B
B B b b 162 158
a b a b
B)
Com base nos dados anteriores, pode-se afirmar que a
A a A a

ou
taxa de recombinação entre a e b é de

A)
10%. C)
5%. E)
0,25%.

B b B b B)
20%. D)
0,5%.

05. (UFF-RJ) Os cientistas franceses que criaram o animal


C)
transgênico e o artista brasileiro que fez a encomenda
A a A a
entram em conflito. Criador e artista já disputam a posse

D)
rn B b B b
da “transcoelha”. Eduardo Kac, artista plástico brasileiro
e professor de Arte e Tecnologia em Chicago, batizou
de Alba a coelha transgênica que tem uma propriedade
peculiar: seus olhos rosados e seus pelos brancos ficam
fluorescentes quando expostos à luz ultravioleta. Para
Be
A A a a conferir essa característica particular, os pesquisadores
criaram um coelho que produz em todas as suas células
a proteína GFP (proteína verde fluorescente, na sigla em
B B b b inglês), presente naturalmente em medusas e que pode
ser detectado sob luz ultravioleta.
Disponível em: <http://paginas.terra.com.br/educacao/
isaacelias/coelha.htm> (Adaptação).
03. (UERN–2014) Nem sempre os genes situados no mesmo
cromossomo caminham juntos para o mesmo gameta, Considerando a tecnologia para obtenção de transgênicos,
pois pode ocorrer permutação ou crossing-over, ou seja, são feitas as seguintes afirmativas:
uma troca de partes entre as cromátides homólogas.
I. A coelha Alba é considerada transgênica, pois possui
eu

Considere o esquema das células e seus genes:


em seu genoma um segmento de DNA de medusa.

II. Apenas as células somáticas tiveram o gene que


codifica a proteína GFP inserido em seu genoma.

III. As células fluorescentes da coelha produzem RNA


mensageiro, que, no processo de tradução, origina a
proteína GFP.
Célula I Célula II
M

IV. A coelha transgênica foi produzida a partir da


A partir da análise das células, é CORRETO afirmar que introdução de um núcleo extraído de uma célula de
A) na célula I haverá maior taxa de recombinação, pois medusa em um óvulo de coelha cujo núcleo tinha sido
os genes estão mais distantes. anteriormente removido.
B) a taxa de recombinação e a distância entre os genes
Entre as afirmativas anteriores, somente estão
não possuem qualquer ligação.
CORRETAS
C) na célula II haverá maior taxa de recombinação, pois
A) I e II. D) II e III.
os genes estão mais próximos.
D) as células I e II terão a mesma taxa de recombinação, B) I e III. E) III e IV.
pois possuem o mesmo número de gametas. C) I e IV.

124 Coleção Estudo 4V


Linkage e noções de Engenharia Genética

06. (Unicamp-SP–2014) A insulina é um hormônio peptídico 02. (Enem–2013) A estratégia de obtenção de plantas
produzido no pâncreas que age na regulação da glicemia. transgênicas pela inserção de transgenes em cloroplastos,
É administrada no tratamento de alguns tipos de diabetes. em substituição à metodologia clássica de inserção
A insulina administrada como medicamento em pacientes do transgene no núcleo da célula hospedeira, resultou
diabéticos é, em grande parte, produzida por bactérias. no aumento quantitativo da produção de proteínas
A) EXPLIQUE como é possível manipular bactérias para recombinantes com diversas finalidades biotecnológicas.
que produzam um peptídeo que naturalmente não faz O mesmo tipo de estratégia poderia ser utilizado
parte de seu metabolismo. para produzir proteínas recombinantes em células de
organismos eucarióticos não fotossintetizantes, como

lli
B) CITE duas outras maneiras pelas quais é possível se
as leveduras, que são usadas para produção comercial
obter insulina sem envolver o uso de bactérias.
de várias proteínas recombinantes e que podem ser

07. (UFU-MG) A técnica do DNA recombinante foi usada para cultivadas em grandes fermentadores.

transferir o gene do vaga-lume, que codifica a enzima Considerando a estratégia metodológica descrita, qual

ou
BIOLOGIA
luciferase, para uma planta de fumo. A luciferase catalisa organela celular poderia ser utilizada para inserção de
a reação de oxidação da substância luciferina, na qual transgenes em leveduras?
é produzida a luz. Após ser regada com uma solução de A) Lisossomo
luciferina, a planta transgênica começa a emitir luz.
B) Mitocôndria
Analise a afirmativa anterior e marque a resposta
C) Peroxissomo
CORRETA.
D) Complexo golgiense
A) Esse experimento pode mostrar que existem

rn
características evolutivas em comum entre genes de
animais e genes vegetais.
B) Essa técnica é impossível, porque não se consegue
transferir genes de animais para plantas.
C) Podemos dizer que houve um transplante de genes, e a
03.
E) Retículo endoplasmático

(Enem–2011) Um instituto de pesquisa norte-americano


divulgou recentemente ter criado uma “célula sintética”,
uma bactéria chamada de Mycoplasma mycoides.
Os pesquisadores montaram uma sequência de
Be
planta receptora passou a expressar a bioluminescência, nucleotídeos, que formam o único cromossomo dessa
que é uma característica do vaga-lume. bactéria, o qual foi introduzido em outra espécie de
D) É possível concluir que genes vegetais, quando bactéria, a Mycoplasma capricolum. Após a introdução,
devidamente manipulados pela Engenharia Genética, o cromossomo da M. capricolum foi neutralizado e
podem expressar características animais. o cromossomo artificial da M. mycoides começou a
gerenciar a célula, produzindo suas proteínas.
E) A luciferina da planta transgênica em contato com o
gene do vaga-lume induz a produção de luz. GILBSON et al. Creation of a Bacterial Cell Controlled by
a Chemically synthesized Genome. Science. v. 329, 2010
(Adaptação).
SEÇÃO ENEM
eu

A importância dessa inovação tecnológica para a


comunidade científica se deve à
01. (Enem–2015) A palavra “biotecnologia” surgiu no A) possibilidade de sequenciar os genomas de bactérias
século XX, quando o cientista Herbert Boyer introduziu para serem usados como receptoras de cromossomos
a informação responsável pela fabricação da insulina artificiais.
humana em uma bactéria, para que ela passasse a
B) capacidade de criação, pela ciência, de novas formas de
produzir a substância.
vida, utilizando substâncias como carboidratos e lipídios.
M

Disponível em: <www.brasil.gov.br>.


C) possibilidade de produção em massa da bactéria
Acesso em: 28 jul. 2012 (Adaptação).
Mycoplasma capricolum para sua distribuição em
As bactérias modificadas por Herbert Boyer passaram a ambientes naturais.
produzir insulina humana porque receberam D) possibilidade de programar geneticamente micro-
A) a sequência de DNA codificante de insulina humana. organismos ou seres mais complexos para produzir
B) a proteína sintetizada por células humanas. medicamentos, vacinas e combustíveis.
C) um RNA recombinante de insulina humana. E) capacidade da bactéria Mycoplasma capricolum de
D) o RNA mensageiro de insulina humana. expressar suas proteínas na bactéria sintética e estas
E) um cromossomo da espécie humana. serem usadas na indústria.

Bernoulli Sistema de Ensino 125


Frente C Módulo 04

04. (Enem–2009) Um novo método para produzir insulina


artificial que utiliza a tecnologia de DNA recombinante
GABARITO
foi desenvolvido por pesquisadores do Departamento Fixação
de Biologia Celular da Universidade de Brasília (UnB)
em parceria com a iniciativa privada. Os pesquisadores 01. A
modificaram geneticamente a bactéria Escherichia coli
para torná-la capaz de sintetizar o hormônio. O processo
02. C
permitiu fabricar insulina em maior quantidade e em
apenas 30 dias, um terço do tempo necessário para obtê-lo
03. D, E, F

lli
pelo método tradicional, que consiste na extração do
hormônio a partir do pâncreas de animais abatidos.
04 B
CIÊNCIA HOJE, 24 abr. 2001.
Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br> (Adaptação).
Propostos

ou
A produção de insulina pela técnica do DNA recombinante
tem, como consequência,
01. B
A) o aperfeiçoamento do processo de extração de insulina
a partir do pâncreas suíno.
02. A
B) a seleção de micro-organismos resistentes a antibióticos.
C) o progresso na técnica da síntese química de hormônios.
03. A
D) impacto favorável na saúde de indivíduos diabéticos.

05.
rn
E) a criação de animais transgênicos.

(Enem–2005) Os transgênicos vêm ocupando parte da


imprensa com opiniões ora favoráveis ora desfavoráveis.
Um organismo ao receber material genético de outra
espécie, ou modificado da mesma espécie, passa a
04. B

05. B

06. A) Com o uso de técnicas de Engenharia Genética,


Be
apresentar novas características. Assim, por exemplo, é possível introduzir segmentos de DNA de um
já temos bactérias fabricando hormônios humanos, determinado organismo em uma bactéria, que
algodão colorido, e cabras que produzem fatores de
passará a produzir a proteína correspondente ao
coagulação sanguínea humana.
DNA introduzido.
O belga René Magritte (1896-1967), um dos pintores
surrealistas mais importantes, deixou obras enigmáticas.
B)
Caso você fosse escolher uma ilustração para um artigo
sobre os transgênicos, qual das obras de Magritte,
• Purificação a partir do extrato de pâncreas de
a seguir, estaria mais de acordo com esse tema tão
polêmico? outros animais.
eu

A) D)
• Síntese química.

07. C

Seção Enem
B) E)
M

01. A

02. B

C)
03. D

04. D

05. B

126 Coleção Estudo 4V


FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA A 05
Organização e revestimentos
externos da célula
Na matéria viva, assim como na matéria bruta, Algumas células possuem dimensões macroscópicas,
os átomos se associam, formando as moléculas. Entretanto, podendo, inclusive, serem vistas a olho nu. É o caso,
na matéria viva, ao contrário da matéria bruta, as moléculas por exemplo, da célula da alga marinha acetabulária,
se organizam originando estruturas que se associam e dão que pode chegar a ter até 10 cm de comprimento.
origem a unidades mais complexas, denominadas células. Geralmente, a forma da célula está diretamente
relacionada com a função que ela realiza no organismo.
A célula pode ser conceituada como a unidade Cada tipo celular está especializado para o exercício de
morfofisiológica dos seres vivos. Unidade morfológica porque determinadas funções.
todos os seres vivos (com exceção dos vírus) são constituídos
por células; unidade fisiológica porque a célula é a menor
porção do ser vivo capaz de desempenhar as funções
COMPONENTES DA CÉLULA
relacionadas com a manutenção da vida no organismo. Podemos dizer que as células, de um modo geral,
apresentam três componentes básicos ou fundamentais:
Em sua grande maioria, as células são estruturas
revestimento externo, citoplasma e material nuclear.
microscópicas, cujas dimensões são medidas em unidades
especiais, como o micrômetro (µm), o nanômetro (nm) e De acordo com a complexidade de organização, existem
o angstrom (Å). dois tipos de células: procariotas e eucariotas.
1) As células procariotas (procarióticas, protocélulas)
1 mm = 0,001 mm = 10–3 mm (um milésimo do milímetro) são as menos complexas e geralmente menores do que
1 nm = 0,000001 mm = 10–6 mm as eucariotas. Não possuem núcleo individualizado,
(um milionésimo do milímetro) uma vez que não têm membrana nuclear (carioteca)
1 Å = 0,0000001 mm 10–7 mm s e p a ra n d o o m a t e r i a l n u c l e a r d o m a t e r i a l
(um décimo milionésimo do milímetro) citoplasmático. O filamento cromossômico fica em
contato direto com o citoplasma. A região ocupada
pelo cromossomo na célula procariota chama-se
Unidades usadas para medir as dimensões das estruturas
nucleoide. No citoplasma, também são encontrados
celulares – Tradicionalmente, a milésima parte do milímetro
os ribossomos, estruturas celulares indispensáveis
era chamada mícron (singular) e micra (plural). Seu símbolo
para a síntese de proteína. Os seres que possuem
era µ. Modernamente, prefere-se o termo micrômetro (µm).
esse tipo de célula são chamados de procariontes
É importante não confundir µm (micrômetro) com mµ (milimicra),
(do grego protos, primitivo, e karion, núcleo)
que é a milésima parte do micrômetro. Atualmente, o milimicra
e estão representados pelas bactérias, incluindo
foi substituído por outro nome: o nanômetro (nm).
as cianobactérias (anteriormente, chamadas de
As menores células conhecidas são as dos PPLO (Pleuro- cianofíceas ou algas azuis), que formam o reino
-pneumoniae-like Organisms), que chegam a medir cerca Monera. Algumas bactérias, como as do grupo
de 0,1 µm de diâmetro. das riquétsias e das clamídias, são parasitos
intracelulares obrigatórios e, portanto, só conseguem
se autoduplicar com a colaboração de material obtido
Membrana das células que estão parasitando. Por isso, suas
Ribossomo lipoproteica
células são ditas procariotas incompletas. Segundo
alguns autores, as células incompletas são células
Proteína
“degeneradas”, ou seja, no decorrer do tempo,
Arquivo Bernoulli

solúvel
perderam parte do seu DNA, de suas enzimas e,
portanto, sua autonomia, tornando-se dependentes
das células que se conservaram completas.
2) As células eucariotas (eucarióticas, eucélulas) são
DNA mais complexas. Além do núcleo individualizado, isto é,
RNA separado do citoplasma pela membrana nuclear,
apresentam um maior número de estruturas em seu
interior. Os seres que possuem esse tipo de célula são
Célula de PPLO – Os PPLO são parasitos que causam doenças chamados de eucariontes (do grego eu, verdadeiro,
respiratórias, especialmente em aves. e karion, núcleo).

Bernoulli Sistema de Ensino 3


Frente A Módulo 05

No quadro a seguir, em que (+) significa presença e (–), ausência, temos uma síntese das principais estruturas celulares
e dos tipos de células em que podem ser encontradas.

Componente celular Célula procariota Célula eucariota animal Célula eucariota vegetal

Membrana plasmática + + +
+ (maioria)
Parede celular – +
– (poucas)
Hialoplasma + + +
Ribossomos + + +

Retículo endoplasmático – + +

Complexo golgiense – + +

Mitocôndrias – + +
Plastos – – +
Lisossomos – + *
Vacúolos – + (pequenos) + (grandes e pouco numerosos)
+ (vegetais inferiores)
Centríolos – +
– (vegetais superiores)
Carioteca – + +
Cromossomos + + +
Nucléolo – + +

* A presença de lisossomos em células vegetais é bastante discutida. As células das plantas parecem não conter lisossomos.

Células procariotas Célula eucariota animal

Hialoplasma
Membrana
Ribossomo plasmática

Cromossomo
Parede celular Retículo Complexo golgiense
Arquivo Bernoulli

endoplasmático
liso Centríolos

Hialoplasma Nucleoplasma Vesículas


de secreção
Membrana
plasmática
Membrana
Retículo
nuclear
endoplasmático
Célula de bactéria rugoso
Arquivo Bernoulli

Nucléolo
Parede celular
Membrana
plasmática
Arquivo Bernoulli

Lamela
fotossintética
Hialoplasma Lisossomo

Ribossomo
Cromossomo Cromatina

Pigmentos Inclusões

Célula de cianobactéria Mitocôndria

4 Coleção Estudo 4V
Organização e revestimentos externos da célula

Célula eucariota vegetal As proteínas são responsáveis pela maioria das funções
da membrana plasmática: algumas são enzimas e catalisam
Cloroplasto Retículo
endoplasmático certas reações que ocorrem na membrana; outras
Ribossomo liso funcionam como “receptores” de membrana, possuindo
Gotícula de lipídio Membrana um papel importante no “reconhecimento” de substâncias
(inclusão) nuclear
produzidas pelo organismo ou vindas do meio externo:
Cromatina
Mitocôndria é assim, por exemplo, que os antígenos (proteínas estranhas
Nucleoplasma
Gotícula de lipídio ao organismo) são “reconhecidos” pelos linfócitos (células
(inclusão)

Fernando Andrade
produtoras de anticorpos). Existem, ainda, proteínas
Nucléolo que funcionam como transportadoras ou carregadoras,
Hialoplasma
exercendo um papel fundamental na entrada e na saída de
Complexo golgiense Retículo
endoplasmático substâncias da célula.
rugoso
Membrana
plasmática Na maioria das células animais, a membrana

BIOLOGIA
Vacúolo de
suco celular plasmática possui também alguns glicídios ligados a
Parede celular
certas proteínas ou mesmo aos lipídios, formando com
elas moléculas de glicoproteínas ou de glicolipídios.
Essas glicoproteínas e esses glicolipídios se entrelaçam

REVESTIMENTOS EXTERNOS formando uma malha de aspecto gelatinoso que


envolve a célula como uma vestimenta, denominada
DAS CÉLULAS glicocálix (do grego glikys, doce, açúcar, e do latim
calyx, casca, envoltório). Além de dar maior proteção
Membrana plasmática à célula animal contra agressões físicas e químicas do
ambiente externo, acredita-se que o glicocálix atue na
Também conhecida por membrana citoplasmática, retenção de nutrientes que tocam a superfície celular,
membrana celular ou, ainda, plasmalema, é uma película possibilitando que eles sejam depois introduzidos no meio
muito fina (cerca de 75 a 100 Å de espessura), visível intracelular por meio de mecanismos especiais, como a
apenas ao microscópio eletrônico (ME), que envolve e pinocitose. Esses mecanismos serão vistos mais adiante.
protege as células. A membrana plasmática está presente O glicocálix também é responsável pelo reconhecimento
em qualquer tipo de célula. de células de uma mesma variedade ou de um mesmo
tecido ou órgão. Vários experimentos comprovaram a
Basicamente, é formada por fosfolipídios e proteínas
participação do glicocálix nesse reconhecimento celular.
(por isso dizemos que possui uma composição química
Um deles pode ser assim resumido: células do fígado
lipoproteica). Segundo o modelo de Singer e Nicholson,
e células dos rins foram isoladas, individualizadas e
também conhecido por modelo do mosaico fluido,
colocadas em uma mesma solução, que foi agitada
proposto em 1972, a membrana plasmática possui
levemente para facilitar o contato entre as células.
uma matriz lipídica, constituída por duas camadas de
Com a agitação, as células se chocaram ao acaso.
fosfolipídios, em que se inserem moléculas de proteínas
As células separadas foram capazes de se reagrupar,
globulares.
reconhecendo-se pelas substâncias em seus glicocálices.
Assim, após certo tempo, observou-se o aparecimento
Glicídios
Arquivo Bernoulli

de dois aglomerados celulares distintos: um deles só


Exterior
contendo células hepáticas, e o outro tinha apenas
células renais, ou seja, as células de um mesmo
Camada dupla tipo aceitaram-se mutuamente, aderindo-se umas às
de fosfolipídios outras e formando aglomerados celulares distintos.
Moléculas de
proteínas É também por ação do glicocálix que ocorre o fenômeno
inibição por contato, observado durante as divisões
Citoplasma Grupos hidrófobos
celulares (mitoses). Colocando-se dois grupos separados
Poros de lipídios
de células normais em um mesmo meio de cultivo, cada
Grupos hidrófilos
grupo de células cresce separadamente, mas quando
de lipídios
os glicocálices das células de um grupo se encontram
Modelo do mosaico fluido. com as células do outro grupo, as mitoses cessam.

Bernoulli Sistema de Ensino 5


Frente A Módulo 05

Se o mesmo procedimento for feito em dois grupos de


Microvilosidade
células cancerosas, as divisões celulares não param.
Depois de se encontrarem, as células cancerosas
continuam se dividindo e amontoam-se desordenadamente
umas sobre as outras. Isso mostra que elas perdem a
Membrana
propriedade de inibição por contato.
plasmática

Arquivo Bernoulli
Outro componente químico que também está presente
na estrutura da membrana plasmática das células Citoplasma
animais é o colesterol. Entretanto, não há colesterol nas
membranas das células de plantas nem nas membranas
Microvilosidades – No tecido epitelial que reveste internamente
de bactérias.
nosso intestino delgado, as células possuem essas modificações,
que aumentam a superfície de contato da membrana plasmática
Molécula das células com os nutrientes resultantes da digestão dos
tubular de alimentos, garantindo, assim, uma absorção mais rápida e
proteína Moléculas de
Glicídios mais eficiente.
fosfolipídios
Proteína
globular • Desmossomos (desmossomas, máculas de
adesão) – Modificações que aparecem nas membranas
adjacentes de células epiteliais vizinhas. Sua finalidade
é promover maior adesão (união) entre as células.
Na região onde aparecem os desmossomos, o espaço

Glicoproteína entre as membranas das células vizinhas é preenchido


Enzima
Colesterol por glicoproteínas com propriedades adesivas. Na face
Arquivo Bernoulli

Ca 2+ citoplasmática de cada membrana, há uma camada


Citoplasma amorfa, densa, denominada placa do desmossomo,
na qual se inserem filamentos intermediários
(tonofilamentos) que se aprofundam no interior da
Modelo do mosaico fluido – As proteínas não têm um lugar célula dando sustentação mecânica. Os desmossomos
fixo, podendo se deslocar de um lado para outro ao longo são as principais estruturas que mantêm as células
da matriz lipídica, ir à tona ou mergulhar no citoplasma. epiteliais bem unidas.
As proteínas da membrana podem ser divididas em dois
grupos: integrais (intrínsecas), quando firmemente inseridas • Interdigitações – São projeções laterais da
na matriz lipídica, e periféricas (extrínsecas), quando não membrana plasmática de uma célula que se encaixam
firmemente inseridas. Cerca de 70% das proteínas da em depressões da membrana da célula vizinha,
membrana são integrais, algumas, inclusive, atravessam formando dobras que proporcionam uma maior união
inteiramente a matriz lipídica e, por isso, são chamadas de das células. Essas modificações também aparecem
proteínas transmembrana. entre células do tecido epitelial.

Para que a célula possa desempenhar melhor determinadas Microvilosidades


funções, a membrana plasmática pode apresentar certas
modificações ou especializações. Entre elas, destacamos
microvilosidades, desmossomos, interdigitações, zônula de
oclusão e junções comunicantes. Desmossomos

• Microvilosidades (microvilos, borda em escova,


orla em escova) – São evaginações (projeções
para fora) da superfície da membrana que lembram, Interdigitações
em microscopia eletrônica, minúsculos dedos, o que
deu origem ao seu nome.
Arquivo Bernoulli

As microvilosidades estão presentes apenas em


determinadas células eucariotas de animais e têm
a finalidade de aumentar a superfície de absorção
de substâncias. Especializações da membrana plasmática.

6 Coleção Estudo 4V
Organização e revestimentos externos da célula

• Zônula de oclusão – É uma região contínua em torno da A membrana plasmática não isola totalmente a célula do
região apical de certas células epiteliais onde os folhetos meio extracelular. Como é uma unidade viva, a célula precisa
externos das membranas plasmáticas das duas células adquirir certas substâncias do meio externo para garantir
vizinhas se fundem, vedando o espaço intercelular.
sua sobrevivência, assim como também precisa eliminar
algumas substâncias que estejam em excesso ou que sejam
tóxicas ao meio intracelular.

A passagem de substâncias através da membrana

Arquivo Bernoulli
plasmática pode ser realizada por mecanismos de transporte
passivo e ativo.

Transporte passivo
A passagem de substâncias através da membrana se faz
sem consumo ou gasto de energia (ATP) por parte da
célula. Nesse caso, as pequenas moléculas e íons passam

BIOLOGIA
livremente através dos poros e canais existentes na
membrana, obedecendo às leis naturais da difusão.

A difusão é o fluxo de partículas (moléculas, íons) de uma


região, onde há maior concentração de partículas, para outra
região onde a quantidade dessas partículas é menor. Esse
Espaço
intercelular fluxo ou passagem de partículas é feito até que se estabeleça
uma situação de equilíbrio entre as duas regiões, isto é, até
Proteínas que que haja mesma concentração nas duas regiões.
fazem junção
entre as células Em se tratando de células, a difusão de substâncias pode
ser feita do meio intracelular para o extracelular ou vice-versa.
Zônula de oclusão – Além de contribuir para a adesão entre as
células, a zônula de oclusão impede a passagem de substâncias pelo Assim, quando no meio intracelular houver uma concentração
espaço intercelular. Desse modo, as substâncias que passam pela maior de determinadas partículas em relação ao extracelular,
camada epitelial fazem-na através das células, sendo submetidas ao as partículas tendem a sair da célula; se, ao contrário, houver
controle celular. No intestino delgado, por exemplo, onde existem uma menor concentração no meio intracelular em relação
zonas de oclusão entre as células, os nutrientes que serão absorvidos
ao extracelular, as partículas tendem a penetrar na célula.
da cavidade intestinal têm de passar por dentro das células, o que
garante o controle dos alimentos que devem ser absorvidos pela Água, O2, CO2, monossacarídeos, aminoácidos e substâncias
membrana celular. lipossolúveis são exemplos de substâncias que entram na célula
• Junção comunicante (nexo, gap junction) – ou dela saem por difusão.
Observada em células epiteliais, musculares lisas,
musculares cardíacas e nervosas, é uma estrutura Substâncias
formada por tubos proteicos paralelos que atravessam Substâncias
hidrossolúveis Íons lipossolúveis
as membranas das duas células vizinhas, estabelecendo
entre elas uma comunicação que permite a troca e
Arquivo Bernoulli

a passagem de certas substâncias (nucleotídeos,


aminoácidos, íons). Não permite, entretanto, Fosfolipídios
a passagem de macromoléculas (proteínas, ácidos
nucleicos). Já se demonstrou, por exemplo, que o
AMP cíclico (um mensageiro intracelular) produzido H2O
Proteína Íons
em uma célula em resposta à ação hormonal passa
pelas junções comunicantes promovendo respostas às Difusão através da membrana plasmática.
células vizinhas, fazendo com que grupos de células
funcionem de modo coordenado e harmônico. De modo geral, quanto maior a solubilidade da substância
em lipídios, maior será a velocidade de difusão de suas
Junções moléculas através da membrana. Oxigênio, gás carbônico,
comunicantes
álcool e outras substâncias são tão solúveis em água
Arquivo Bernoulli

como em lipídios. Assim, as moléculas dessas substâncias


difundem-se mais rapidamente, ou seja, passam mais
rapidamente através da membrana plasmática. Água e
substâncias hidrossolúveis atravessam a membrana por
Membrana Espaço difusão através de canais formados por moléculas de
plasmática intercelular
proteínas, enquanto as substâncias lipossolúveis atravessam
Junções comunicantes. diretamente a matriz fosfolipídica.

Bernoulli Sistema de Ensino 7


Frente A Módulo 05

Um caso particular de difusão é a osmose, que é a difusão Nas células das plantas, das bactérias e dos fungos,
apenas do solvente. Na osmose, a passagem apenas do a existência da parede celular rígida sobre a membrana
solvente se faz da solução hipotônica (menos concentrada ou plasmática também evita o rompimento da célula em
mais diluída) para a solução hipertônica (mais concentrada ou consequência da entrada excessiva de água. Nessas células,
menos diluída), até que as duas soluções atinjam uma situação após se atingir um volume máximo de distensão devido
de equilíbrio, isto é, uma situação de isotonia (igualdade à entrada de água, a parede celular existente sobre a
de concentração). Para que ocorra a osmose, é necessário membrana plasmática passa a exercer uma força contrária
que as duas soluções de concentrações diferentes estejam
à entrada de mais água no meio intracelular.
separadas por uma membrana semipermeável, ou seja,
por uma membrana que se deixa atravessar apenas pelo Nas células vegetais, a entrada de água por osmose
solvente. (endosmose) recebe o nome especial de turgência ou
No caso das células, o solvente é a água. Boa parte dela turgescência, já a saída de água por osmose (exosmose) é
atravessa a membrana plasmática por canais proteicos denominada plasmólise.
denominados de aquaporinas. Entretanto, é preciso salientar que
a membrana plasmática não é uma membrana semipermeável
Membrana celulósica
perfeita, já que ela permite a passagem do solvente (água) lise
e de certos tipos de soluto. O que acontece na realidade é smó
Pla Célula plasmolisada

Arquivo Bernoulli
que a velocidade com que as moléculas de água atravessam Vacúolo
a membrana é muito maior do que a de qualquer soluto. Turg
Isso faz com que, em determinadas situações, a passagem do ê ncia
Célula vegetal
soluto seja desprezível. Nesse caso, podemos dizer que está
ocorrendo osmose por meio da membrana plasmática. Temos Célula túrgida
de considerar, também, que, nos meios intra e extracelular, Osmose em célula vegetal.
existem diversos tipos de soluto e que, muitos deles, como
acontece com a maioria das proteínas, por terem moléculas • Turgência – Quando mergulhada em um meio
muito grandes, não conseguem passar livremente através da contendo uma solução hipotônica, a água penetrará
membrana. Assim, dependendo da concentração das soluções na célula vegetal por osmose e, consequentemente,
nos meios intra e extracelular, a célula pode sofrer osmose, o volume celular aumentará até que a pressão
perdendo ou ganhando água rapidamente. exercida pela parede celular passe a impedir a
Quando o meio extracelular é hipotônico em relação ao entrada de mais água. Nessa situação, em que a
intracelular, haverá uma endosmose, isto é, entrada de célula vegetal está com o seu volume máximo, diz-se
água na célula por osmose. Por outro lado, quando o meio que ela se encontra túrgida.
extracelular for hipertônico em relação ao intracelular, ocorrerá
A estrutura da parede celular define o quanto ela
uma exosmose (saída de água da célula por osmose).
pode ser esticada. Quanto menos elástica for a
A entrada excessiva de água numa célula poderá ocasionar
parede, menor será o volume de água que a célula
a plasmoptise, isto é, a ruptura da membrana plasmática
poderá receber durante a turgência. A parede celular,
devido à elevada pressão exercida pela água sobre a membrana,
à medida que se distende, exerce pressão contrária
com a consequente morte da célula. Em outras palavras, a célula
à entrada de água por osmose. Essa pressão é
“estoura” em consequência do excesso de água em seu interior.
denominada pressão de turgência (PT) ou pressão
Algumas células, entretanto, conseguem evitar que isso ocorra.
da membrana celulósica (M).
É o caso, por exemplo, das células dos protozoários (animais
unicelulares) dulcícolas (que vivem na água-doce). Nas células • Plasmólise – Quando mergulhada em um meio
desses protozoários, ocorre a formação de uma estrutura, contendo uma solução hipertônica, a célula vegetal
denominada vacúolo contrátil (ou pulsátil), que funciona perde água por osmose e, consequentemente,
bombeando água para fora da célula, impedindo, assim, que a
diminui seu volume citoplasmático. O citoplasma
quantidade de água se torne muito elevada no meio intracelular.
se retrai, o vacúolo de suco celular murcha e a
Membrana plasmática membrana plasmática descola-se em determinados
pontos da parede celular, sofrendo uma retração junto
ao citoplasma. Essa retração não é acompanhada pela
Arquivo Bernoulli

parede celular (membrana de celulose). Uma célula


vegetal nessas condições é dita plasmolisada.

Quando uma célula vegetal plasmolisada recebe


água do meio extracelular e volta a ter o mesmo
Vacúolo pulsátil
volume citoplasmático que possuía antes de sofrer
Paramecium – Um protozoário dulcícola. a plasmólise, fala-se que ocorreu uma deplasmólise.

8 Coleção Estudo 4V
Organização e revestimentos externos da célula

No transporte ativo, ocorre o inverso: as substâncias


Parede
Plasmólise celular passam da região onde estão em menor concentração
Meio para outra região onde já estão em maior concentração.
hipertônico
Arquivo Bernoulli

Citoplasma Para esse processo ocorrer, há gasto de energia.

O transporte ativo também é realizado com a participação


Deplasmólise Membrana
Meio plasmática de proteínas transportadoras da membrana plasmática.
Vacúolo hipotônico Três tipos de proteínas estão envolvidos em um mecanismo
de transporte ativo: uniport, simport e antiport.
A difusão de substâncias por meio da membrana • Uniport – Proteínas que transportam um único tipo
plasmática pode ser simples ou facilitada. de substância em uma direção. Ex.: a proteína da
A) Difusão simples – Nesse caso, as partículas membrana que transporta ativamente íons Ca2+.
atravessam a membrana sem a ajuda de proteínas
• Simport – Proteínas que transportam dois tipos de

BIOLOGIA
carregadoras ou transportadoras, denominadas
substâncias na mesma direção. Ex.: na membrana
permeases, existentes na própria membrana. É o que
plasmática das células intestinais, existem proteínas
acontece, por exemplo, com o O2 entrando na célula
e com o CO2 saindo da célula. Além do O2 e CO2, que se ligam e transportam simultaneamente sódio
outras substâncias entram na célula ou dela saem e aminoácidos.
por difusão simples. • Antiport – Proteínas que transportam dois tipos de
B) Difusão facilitada – A passagem das substâncias substâncias em direções opostas; uma substância
através da membrana é feita com a ajuda das permeases, entra na célula e a outra sai dela. Ex.: proteína que
proteínas da própria membrana especializadas no atua na bomba de sódio (Na+) e potássio (K+), que
reconhecimento e no transporte de substâncias. move o Na+ para fora da célula e o K+ para dentro.
Essas proteínas se ligam à substância em trânsito de
um lado, jogando-a rapidamente na face oposta. Íons transportados
Proteína
transportadora
Molécula de glicose

Arquivo Bernoulli
Gradiente
Arquivo Bernoulli

de
concentração 1 2 3

Transporte ativo – 1. Uniport; 2. Simport; 3. Antiport.


Permease
Dupla camada Um bom exemplo de transporte ativo é o transporte
de lipídios
de íons Na+ e K+ através da chamada “bomba de sódio
Difusão facilitada – Uma molécula em trânsito encosta em uma e potássio”.
permease, é capturada por ela e rapidamente lançada para
Os íons Na+ e K+ são capazes de atravessar normalmente
dentro da célula. Um bom exemplo de difusão facilitada é quando
ocorre a passagem da glicose pela membrana plasmática em
a membrana plasmática por difusão. Assim, se não houvesse
direção ao meio intracelular. um processo ativo capaz de contrariar a difusão desses íons,
o Na+ e o K+ tenderiam a igualar suas concentrações dentro e

Transporte ativo fora da célula. Por meio do mecanismo da bomba de sódio e


potássio, a célula consegue manter concentrações diferentes
Muitas substâncias entram na célula ou saem dela de sódio e de potássio entre os meios intra e extracelular:
atravessando a membrana plasmática por um mecanismo o Na+ é mantido em maior concentração no meio extracelular
de transporte ativo, que, ao contrário do transporte passivo do que no intracelular, ocorrendo o contrário com o K+.
(difusão), requer gasto de energia (ATP). Esse mecanismo envolve a participação de proteínas
Esse processo é realizado contra um gradiente de concentração, transportadoras específicas e estabelece ligações com esses
isto é, de maneira contrária às leis naturais da difusão. íons, conduzindo-os para dentro ou para fora da célula.
Já vimos que, na difusão, o fluxo de substâncias se faz da região Para que esse processo aconteça, é necessária a energia
de maior concentração para a região de menor concentração. fornecida pelo ATP.

Bernoulli Sistema de Ensino 9


Frente A Módulo 05

Meio extracelular Fagocitose


Partícula sólida
3 Na+ Fagossomo
2 K+ Pseudópodes

Arquivo Bernoulli
2 K+
2 K+
2 3

Arquivo Bernoulli
1 4
5 Lisossomos
Pi Pi
ATP As células que fazem fagocitose possuem certos tipos
ADP Pi
ATP de proteínas receptoras na superfície da membrana
3 Na+ Pi (um íon fosfato 2 K+
3 Na+ plasmática, que selecionam o que interessa à
inorgânico é liberado a
partir do ATP) célula. Quando uma partícula de natureza sólida é
reconhecida por esses receptores, ela se liga a eles.
Meio intracelular
Essa ligação induz uma reação imediata da membrana,
Bomba de sódio e potássio – 1. 3 Na+ e 1 ATP se ligam que forma evaginações (projeções para fora) ao
à proteína transportadora na face interna da membrana. redor da partícula. Essas projeções se fecham sobre
2. O ATP é degradado, liberando o ADP e causando uma mudança a partícula, que fica, então, encerrada em uma bolsa
na estrutura da proteína transportadora. 3. Os 3 Na+ são liberados ou vesícula, que se desprende da membrana e passa
no meio extracelular ao mesmo tempo em que 2 K+ se unem à para o meio intracelular. Essa bolsa é o fagossomo.
proteína transportadora na face externa da membrana. 4. O Pi Partícula Receptores (proteínas) da membrana
é liberado, causando uma mudança na estrutura da proteína sólida
transportadora, e os 2 K+ são liberados. 5. O processo se repete.

Arquivo Bernoulli
Ao realizar o transporte ativo, a membrana plasmática Citoplasma
manifesta seu caráter seletivo, isto é, seleciona o que entra
na célula e o que sai dela de acordo com as necessidades da Membrana plasmática
própria célula. Nesse caso, a membrana está apresentando Fagossomo
uma permeabilidade seletiva. A fagocitose é realizada pelas células com duas
Conforme acabamos de ver, por meio dos mecanismos de finalidades: obtenção de alimento e defesa contra
transporte passivo e ativo, as substâncias podem penetrar corpos estranhos. Em alguns unicelulares, como
na célula ou sair dela, atravessando a membrana plasmática. as amebas, o objetivo da fagocitose é a captura de
alimentos que estão no meio extracelular; em seres
Entretanto, existem situações em que o material, para entrar
pluricelulares, como na nossa espécie, existem
na célula ou sair dela, precisa ser englobado pela membrana.
linhagens de células, como os macrófagos e os
Nesses casos de captura e englobamento de partículas pela
leucócitos (glóbulos brancos), especializadas em
membrana, fala-se genericamente em endocitose e exocitose realizar fagocitose com o objetivo de capturar e de
conforme o material esteja entrando na célula ou saindo destruir corpos estranhos que invadem o organismo.
dela, respectivamente. • Pinocitose – Englobamento de pequenas gotas
de líquido através de invaginações da membrana
Endocitose plasmática. É um processo mais delicado do que
Na endocitose, há englobamento de partículas ou a fagocitose, sendo difícil sua observação ao
macromoléculas presentes no meio extracelular e que, microscópio óptico (M/O).
normalmente, não conseguem entrar na célula por Na pinocitose, a membrana plasmática, na região de
transporte passivo nem por transporte ativo. Compreende contato com as gotículas, se invagina, aprofundando-se
duas modalidades: fagocitose e pinocitose. no interior do citoplasma, formando um pequeno canal,
denominado canal de pinocitose, por onde o líquido
• Fagocitose – Consiste no englobamento de penetra. Em seguida, as bordas do canal se fecham,
partículas de natureza sólida por meio da formação dando origem a uma pequena bolsa ou vacúolo: é a
de projeções da membrana plasmática que envolvem vesícula de pinocitose ou pinossomo (“corpo bebido”).
o material que se encontra no meio extracelular. As partículas presentes no pinossomo podem servir
Essas projeções são denominadas pseudópodes de alimento para as células.
(pseudópodos). Ao fim do processo, a partícula Partícula líquida Canal de pinocitose
sólida estará no meio intracelular, contida numa
Arquivo Bernoulli

pequena bolsa ou vacúolo chamado fagossomo


(“corpo comido”). Esse fagossomo, posteriormente,
será digerido no interior da célula por meio da ação
de enzimas digestivas presentes em uma organela
citoplasmática, denominada lisossomo. Pinossomo

10 Coleção Estudo 4V
Organização e revestimentos externos da célula

É provável que a maioria das células animais seja Tomando como referencial o grupo das angiospermas,
capaz de realizar a pinocitose. Algumas células, vamos ver mais alguns detalhes sobre a membrana de
inclusive, dispõem de um reforço glicoproteico, celulose (parede celular constituída basicamente de
o glicocálix, que muito contribui para a realização da celulose).
pinocitose. Sabe-se que ao glicocálix se aderem mais Nas células vegetais jovens, a membrana celulósica é
firmemente as partículas que tocam na superfície da relativamente delgada, flexível, elástica, de modo a permitir o
membrana, facilitando sua imediata absorção pelo crescimento celular, sendo chamada de membrana celulósica
canal de pinocitose. Ao contrário do que se poderia primária ou parede primária. Quando a célula vegetal se
pensar, a pinocitose não introduz indiscriminadamente torna adulta, ela adquire, logo abaixo da parede primária,
na célula todos os líquidos do meio extracelular. uma segunda camada protetora de celulose, denominada
Já se demonstrou que certas substâncias se aderem membrana celulósica secundária ou parede secundária,
seletivamente aos glicídios do glicocálix e, em seguida, que é mais espessa e mais rígida do que a parede primária.
são introduzidas na célula. A grande resistência que a membrana de celulose tem em
uma célula vegetal adulta se deve à parede secundária.

BIOLOGIA
Rotineiramente, a membrana permite a passagem apenas Como a formação da parede secundária se faz internamente
de pequenas moléculas e íons. As macromoléculas de à parede primária, sua formação reduz o lúmen celular, isto é,
proteínas, ácidos nucleicos, polissacarídeos e outras o espaço interno da célula diminui.
precisam ser hidrolisadas, isto é, fragmentadas em
Membrana de celulose
unidades menores, para, então, poderem atravessar
a membrana e passar ao meio intracelular. Por meio Lamela média
da pinocitose, é possível compreender como certas
substâncias constituídas por macromoléculas (hormônios
proteicos, por exemplo), que, normalmente, não podem
atravessar a membrana, entram na célula sem precisar Paredes
Lúmen celular primárias
sofrer hidrólise.

Exocitose
Células
É um processo inverso ao da endocitose e tem por objetivo
vegetais jovens
a eliminação de substâncias da célula. Forma-se no meio

Arquivo Bernoulli
intracelular uma vesícula ou vacúolo contendo o material
Parede celular
a ser eliminado. Essa vesícula funde-se à membrana Plasmodesmos
secundária
plasmática em um determinado ponto, eliminando seu
conteúdo no meio extracelular. Lamela
média
Parede celular
Também chamada de membrana esquelética, a parede Lúmen celular Parede
celular é o revestimento mais externo de muitas células celular
primária
procariotas e eucariotas, sendo encontrada sobre a
membrana plasmática de células de bactérias, algas, fungos,
briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.
Células
Trata-se de uma estrutura espessa, permeável, dotada de vegetais adultas
grande resistência, visível ao M/O, que determina a forma Membrana de celulose – Observe que, entre células vegetais
da célula e desempenha um papel mecânico, servindo de vizinhas, aparece a lamela média, estrutura constituída de
reforço e proteção à célula. pectatos de cálcio e magnésio (substâncias pécticas) que têm a
finalidade de promover a união entre as células. A lamela média,
Sua composição química é diversificada, variando nos encontrada entre as paredes primárias de células vizinhas, une,
diferentes grupos de seres vivos em que é encontrada. como um “cimento”, células vegetais adjacentes.

Nas clorofíceas (clorófitas, algas verdes), nas briófitas, nas Também entre células vegetais vizinhas aparecem os
pteridófitas, nas gimnospermas e nas angiospermas, a parede plasmodesmos, regiões de descontinuidade dos revestimentos
celular é constituída basicamente por celulose. Por isso, externos e que estabelecem comunicações entre as células.
nesses grupos de plantas, a parede celular também pode ser Os plasmodesmos são verdadeiras “pontes citoplasmáticas”
chamada de membrana de celulose ou membrana celulósica. por onde ocorre intercâmbio de substâncias entre as células.

Bernoulli Sistema de Ensino 11


Frente A Módulo 05

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 04. (IFPE–2015)  A difusão simples e a osmose são dois


fenômenos puramente físicos que promovem a entrada
01. (UFMG) O esquema a seguir representa a concentração e a saída de substâncias na célula. Ambos os fenômenos
de íons dentro e fora dos glóbulos vermelhos. citados ocorrem devido a um gradiente de concentração
entre o meio interno e o externo da célula. Sobre esses
Glóbulos
Membrana dois fenômenos, assinale a única afirmativa CORRETA.
vermelhos
K+ plasmática
Plasma A) Quando o meio intracelular é hipotônico, em relação
Na+ Plasma
ao meio extracelular, poderá ocorrer saída de solutos
da célula por difusão.
Na+ B) Os fenômenos de difusão e osmose, que permitem a
K+ troca de substâncias entre a célula e o meio no qual
A entrada de K+ e a saída de Na+ dos glóbulos vermelhos ela se encontra, somente ocorrerão em células vivas.
podem ocorrer por C) A entrada de substâncias na célula por difusão
A) transporte ativo. D) plasmólise. consome muito mais energia que a saída de
B) difusão. E) osmose. substâncias da célula por osmose.
C) transporte passivo. D) Em uma célula cujo meio intracelular é hipotônico em
relação ao meio extracelular, deverá ocorrer a saída
02. (FUVEST-SP–2013) A figura a seguir representa uma de água.
célula de uma planta jovem.

Membrana plasmática EXERCÍCIOS PROPOSTOS


Parede celular 01. (UFPB) Os componentes celulares que estão presentes
tanto em células de eucariontes como de procariontes são
Vacúolo central
A) membrana plasmática e mitocôndrias.
Núcleo
B) mitocôndrias e ribossomos.
Considere duas situações:
C) lisossomos e membrana plasmática.
1. a célula mergulhada numa solução hipertônica;
D) ribossomos e lisossomos.
2. a célula mergulhada numa solução hipotônica.
Dentre as figuras numeradas de I a III, quais representam E) membrana plasmática e ribossomos.
o aspecto da célula, respectivamente, nas situações 1 e 2?
02. (PUC-SP) As estruturas apontadas pelas setas na figura
a seguir representam uma formação

I II III

A) I e II. C) II e I. E) III e II.


Célula 1
B) I e III. D) III e I.

03. (UFU-MG) A membrana plasmática, além de exercer


Membrana
importante papel na seleção e no transporte de
plasmática
substâncias para dentro e para fora da célula, tem em
sua constituição moléculas que trabalham na identificação
de outras células iguais ou estranhas.
Analise as afirmativas a seguir sobre a estrutura e a
função da membrana plasmática e marque a alternativa Célula 2
CORRETA.
A) A bomba de sódio e potássio é um exemplo de
transporte passivo, em que a despolarização e a
repolarização acontecem sem gasto de energia.
B) Os glicídios, que aparecem apenas na face externa
da membrana, participam na identificação de células
do mesmo tecido ou de células estranhas. A) importante para a movimentação celular.
C) No modelo de membrana de Singer e Nicholson, B) importante para aumentar a superfície celular,
as proteínas estão fixas entre uma camada dupla facilitando a absorção de substâncias do meio externo.
de lipídios, não se movendo em lateralidade, o que C) denominada vesícula pinocitótica.
confere à estrutura da membrana um caráter estático. D) importante para manter a aderência entre uma célula
D) Difusão e osmose são sinônimas e exemplos de e outra.
transporte passivo. E) que contém grande quantidade de enzimas.

12 Coleção Estudo 4V
Organização e revestimentos externos da célula

03. (Mackenzie-SP–2016) A respeito da permeabilidade 06. (UFMG) Para se demonstrar o fenômeno da osmose e
celular, assinale a alternativa CORRETA. a consequente plasmólise das células de uma folha,
foram tomadas cinco folhas de Elodea e sobre cada
A) Não há participação de proteínas da membrana em
uma foi colocada uma solução salina de concentração
nenhum tipo de transporte passivo.
diferente. Sobre a primeira folha, a solução foi de 0,5%;
B) A bomba de sódio e potássio ocorre para garantir sobre a segunda, de 1,0%, sobre a terceira, de 2,0%;
que os meios intra e extracelulares se mantenham sobre a quarta, de 3,0% e sobre a quinta, de 5,0%.
isotônicos. As modificações sofridas pelo citoplasma das células de
C) A semipermeabilidade garante que a membrana é cada folha foram observadas através do microscópio.
capaz de controlar a passagem de qualquer tipo de O gráfico que MELHOR expressa o resultado é
substância através dela.
D) Na difusão, uma vez que os meios se tornam isotônicos,
A)
continua a haver passagem das substâncias, mas

citoplasma
Volume do
agora na mesma velocidade em ambos os sentidos.
E) Os processos de endocitose envolvem mudanças na
estabilidade da membrana.

BIOLOGIA
04. (UNITAU-SP–2016) A membrana plasmática, também Concentração
conhecida como plasmalema, envolve as células e da solução
controla a passagem de substâncias entre os meios intra
e extracelular. Com relação a essa membrana, assinale a B)

citoplasma
alternativa CORRETA.

Volume do
A) A membrana é composta por lipídios que apresentam
uma região polar e uma apolar. A região apolar fica em
contato com o meio aquoso do exterior e do interior
da célula. Concentração
B) Os desmossomos, encontrados na membrana da solução
plasmática de células, são poros pelos quais passa
o citoplasma e por onde é facilitada a passagem de C)
substâncias entre as células.
citoplasma
Volume do

C) Glicídios ligados a proteínas de membrana formam o


glicocálice, um canal responsável pela passagem de
íons e de pequenas moléculas entre uma célula e outra.
D) Proteínas podem estar presentes na bicamada lipídica
Concentração
das membranas e podem ser receptoras hormonais
da solução
ou transportadoras de substâncias.
E) Zônulas ou junções oclusivas são encontradas na
D)
membrana de células, e têm a função de diminuir a
citoplasma
Volume do

velocidade de eliminação de substâncias da célula.

05. (Unioeste-PR) Considerando que a existência e a


integridade da membrana plasmática são fundamentais
para a célula, é CORRETO afirmar que esta estrutura Concentração
A) contém moléculas de lipídios que são incapazes da solução
de se deslocarem, não permitindo a passagem de
substâncias entre os meios extracelular e intracelular. E)
citoplasma

B) permite, pelo processo de osmose, a passagem de


Volume do

solutos em direção à maior concentração de suas


moléculas.
C) possibilita à célula manter a composição intracelular
igual à do meio extracelular, em relação à água,
sais minerais e macromoléculas. Concentração
da solução
D) para a realização do transporte ativo, proteínas de
membrana atuam como bombas de íons, capturando 07. (UEMA–2014) Ao longo do tempo, os cientistas têm
ininterruptamente íons de sódio (Na+) e mantendo estudado várias modificações sofridas pela membrana
igual concentração entre os meios extracelular plasmática, tais como microvilosidades e interdigitações
e intracelular. que desempenham funções importantes na manutenção
E) permite o movimento de fosfolipídios que lhes confere da saúde do ser vivo.
um grande dinamismo, pois deslocam-se continuamente CONCEITUE microvilosidades e interdigitações,
sem perder o contato uns com os outros. relacionando-as com a nutrição e a proteção do ser humano.

Bernoulli Sistema de Ensino 13


Frente A Módulo 05

SEÇÃO ENEM
01. A tabela a seguir é um resumo dos vários mecanismos envolvidos na entrada e na saída de substâncias da célula.

Processo Condição Exemplos


Existir uma diferença (um gradiente) de O2; C2; substâncias
Difusão simples e osmose
concentração; a célula não gasta energia solúveis em lipídios; água
Transporte
passivo Existir uma diferença de concentração
Açúcares simples e
Através da Difusão facilitada e uma proteína carregadora;
aminoácidos
membrana a célula não gasta energia
Açúcares simples;
Existir uma proteína carregadora e haver
Transporte ativo aminoácidos; íons,
gasto de energia por parte da célula
como Na+ e K+
Por Pinocitose (partículas Macromoléculas; gotículas
Formação de vesícula e gasto de energia
envolvimento pequenas, geralmente líquidas) de lipídios
e captura pela
Endocitose Vírus; células estranhas,
membrana Fagocitose
(endocitose e Formação de vacúolo e gasto de energia como bactérias; ou restos
(partículas sólidas)
exocitose) de estruturas celulares

CÉSAR e SEZAR. Biologia. São Paulo: Saraiva, 7. ed., 2002, v. 1, p. 104.

Com base nos dados fornecidos pela tabela e em conhecimentos sobre o assunto, é CORRETO dizer que

A) a entrada do O2 e a saída do CO2 de uma célula são feitas com a participação de proteínas carregadoras da membrana.

B) a bomba de sódio e potássio é o único mecanismo de transporte realizado com gasto de ATP.

C) o transporte de substâncias com a participação de proteína carregadora sempre é feito com gasto de ATP.

D) o transporte ativo é realizado com gasto de ATP.

E) as macromoléculas atravessam a membrana por difusão facilitada.

02. Durante uma aula de citologia, o professor, utilizando-se


de placas de isopor, cenoura, rabanete, peras e jilós,
GABARITO
construiu um modelo para explicar a composição química
da membrana plasmática, conforme mostra a ilustração
Fixação
a seguir.

Rabanete 01. A 02. D 03. B 04. D


Jiló
Peras Jiló
Propostos
A 01. E 03. D 05. E
Isopor
02. D 04. D 06. E
B
07. Microvilosidades são evaginações da superfície da

Cenoura membrana e têm a finalidade de aumentar a superfície


Jiló Jiló
de absorção de substâncias. As interdigitações são
Comparando o modelo construído pelo professor com
projeções laterais da membrana plasmática de uma
o modelo do mosaico fluido, proposto por Singer e
Nicholson, as placas de isopor, as folhas do rabanete e as célula que se encaixam em depressões da membrana

peras estão representando, respectivamente, da célula vizinha, formando dobras que proporcionam

uma maior união das células, garantindo a proteção


A) fosfolipídios, proteínas e carboidratos.
contra agentes externos.
B) fosfolipídios, carboidratos e proteínas.

C) proteínas, carboidratos e fosfolipídios. Seção Enem


D) proteínas, fosfolipídios e carboidratos. 01. D

E) carboidratos, fosfolipídios e proteínas. 02. B

14 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA A 06
Citoplasma
Nas células procariotas, o citoplasma (do grego kytos,

lli
Retículo
célula, e plasma, que dá forma, que modela) compreende Mitocôndria Membrana endoplasmático rugoso
toda a região interna da célula delimitada pela membrana plasmática
plasmática; nas células eucariotas, o citoplasma é a Microtúbulo

Arquivo Bernoulli
região compreendida entre a membrana plasmática e a

ou
membrana nuclear.

Quando observado em microscopia óptica, ele apresenta


um aspecto homogêneo. Entretanto, ao ser observado
em microscopia eletrônica, revela a presença de diversas
estruturas de aspectos diferentes. Trama Ribossomos
microtrabecular
COMPONENTES DO CITOPLASMA Filamentos
intermediários
Microfilamento
Membrana
Hialoplasma

fundamental, citosol, está presente em qualquer tipo de


célula (procariotas e eucariotas) e se constitui em uma
mistura formada por água, proteínas, aminoácidos,
rn
Também conhecido por matriz citoplasmática, citoplasma

açúcares, ácidos nucleicos e íons minerais. É na realidade


plasmática
Citoesqueleto – O citoesqueleto é responsável pela manutenção
da forma da célula e por determinados tipos de movimentos
celulares, como a ciclose e os movimentos ameboides.

OBSERVAÇÃO
As células procariotas não possuem citoesqueleto.
Be
um sistema coloidal (coloide), no qual a fase dispersante O hialoplasma da porção mais interna do citoplasma
é constituída por água, e a fase dispersa é constituída, (endoplasma) encontra-se em contínuo movimento
principalmente, por proteínas. de circulação, impulsionado pela contração rítmica de
microfilamentos proteicos. Esse movimento de circulação,
Três tipos de filamentos proteicos podem ser encontrados observado, notadamente, em células vegetais, tem o
imersos no hialoplasma das células eucariotas: nome de ciclose e ajuda a distribuir substâncias através
microfilamentos, microtúbulos e filamentos intermediários. do citoplasma. A velocidade da ciclose pode aumentar ou
Os microfilamentos são constituídos por uma proteína diminuir em função de determinados fatores, por exemplo,
contrátil chamada actina, embora, às vezes, encontre- a temperatura. Sua velocidade aumenta com a elevação da
se também outra proteína, a miosina. Os microtúbulos temperatura e diminui em temperaturas baixas.
são constituídos por uma proteína chamada tubulina.
eu

Núcleo
Tanto os microfilamentos como os microtúbulos resultam
da associação de proteínas globulares, que podem se juntar Ciclose
(polimerizar) ou se separar (despolimerizar), rapidamente,
no interior da célula. Membrana
celulósica Cloroplasto
Arquivo Bernoulli

Arquivo Bernoulli

Hialoplasma
M

Microfilamento Microtúbulo Vacúolo de


Membrana suco celular
plasmática
Os filamentos intermediários, formados por uma grande e
heterogênea família de proteínas, estende-se desde a região Ciclose – Nas células vegetais, devido à presença do grande
junto à membrana plasmática até o núcleo. Aumentam a vacúolo de suco celular, o hialoplasma fica restrito a uma pequena
resistência da célula às tensões e ajudam na sustentação faixa entre o vacúolo e a membrana plasmática, tornando a
mecânica do núcleo e das organelas citoplasmáticas. ciclose bastante evidente, deslocando núcleo e organelas, como
mitocôndrias e cloroplastos. Em função da ciclose, as células
Os microfilamentos, os microtúbulos e os filamentos vegetais são capazes de aproveitar melhor a quantidade de luz
intermediários formam uma complexa rede de finíssimos que recebem, espalhando seus cloroplastos uniformemente no
filamentos e túbulos entrelaçados e interligados, constituindo citoplasma quando há pouca luz, e agrupando-os quando há
o chamado citoesqueleto. excesso de luz.

Bernoulli Sistema de Ensino 15


Frente A Módulo 06

Algumas células conseguem se deslocar por meio da • Armazenamento de substâncias – Substâncias


formação de pseudópodos: é o chamado movimento produzidas no interior da célula ou vindas do meio
ameboide, realizado pelas amebas, macrófagos e leucócitos. extracelular podem ser armazenadas no interior do
Os movimentos que levam à formação dos pseudópodos retículo endoplasmático até serem utilizadas pela
também são de responsabilidade dos microfilamentos. célula. Isso acontece, por exemplo, nas células
musculares, nas quais íons Ca++ ficam armazenados
Os microtúbulos, além de participarem da formação
no interior do retículo até serem utilizados no
do citoesqueleto, também participam da formação dos
centríolos, do fuso da divisão celular e da formação dos mecanismo da contração muscular.

lli
cílios e flagelos.
• Neutralização de toxinas – Nos hepatócitos
No hialoplasma, ocorrem importantes reações do (células do fígado), o retículo endoplasmático
metabolismo celular, como as reações da glicólise (1ª etapa não granuloso absorve substâncias tóxicas,
da respiração celular), nas quais a glicose é transformada modificando-as ou destruindo-as, de modo a não

ou
em moléculas menores de ácido pirúvico. É também no causarem danos ao organismo. É a atuação do
hialoplasma que muitas substâncias de reserva, como as retículo das células hepáticas (hepatócitos) que
gorduras, o amido e o glicogênio, ficam armazenadas. permite eliminar parte do álcool, medicamentos
e outras substâncias nocivas que ingerimos.
Retículo endoplasmático Nos hepatócitos, portanto, o retículo endoplasmático
realiza uma função de desintoxicação.
Também chamado de retículo citoplasmático, é encontrado
apenas em células eucariotas (animais e vegetais), sendo
constituído por um sistema de túbulos (canalículos) e
cisternas de paredes membranosas e intercomunicantes
que percorrem todo o citoplasma, estendendo-se, muitas
vezes, desde a superfície externa da membrana plasmática
até a membrana nuclear. É subdividido em não granuloso
rn Complexo golgiense
• Síntese de substâncias – O retículo não granuloso
destaca-se na fabricação de lipídios, principalmente
esterídeos. Já o retículo granuloso, devido à presença
dos ribossomos, destaca-se na síntese de proteínas.
Be
(liso) e granuloso (rugoso).

Conhecido também como complexo de Golgi, sistema


Arquivo Bernoulli

2 golgiense e aparelho de Golgi é encontrado apenas


Núcleo
em células eucariotas. Essa organela é, na realidade,
uma região modificada do retículo endoplasmático liso,
constituída por unidades denominadas sáculos lameliformes
(ou dictiossomos ou golgissomos).

Ribossomo Vesículas
1
eu
Arquivo Bernoulli

1. Retículo endoplasmático não granuloso (liso, agranular) – Esquema de


Não possui ribossomos aderidos às suas paredes. 2. Retículo um
endoplasmático granuloso (rugoso, granular, ergastoplasma) – dictiossomo
Possui ribossomos aderidos às suas paredes.

Entre as funções desempenhadas pelo retículo Sáculos


M

endoplasmático, destacamos: 

• Transporte ou distribuição de substâncias – Dictiossomo – Cada dictiossomo é uma pilha de sáculos


Através do citoplasma, auxilia a circulação intracelular achatados de onde se desprendem pequenas vesículas; nas
células dos animais vertebrados, os dictiossomos se concentram
de partículas pelo interior de seus túbulos ou
em uma mesma região do citoplasma, que é variável de um
canalículos. tipo celular para outro. Nos neurônios, por exemplo, eles se
concentram ao redor do núcleo (posição perinuclear); nas
• Facilitar o intercâmbio (troca) de substâncias –
células glandulares, ficam entre o núcleo e o polo secretor
Muitos dos canalículos que constituem o meio (posição apical). Nas células dos vegetais, os dictiossomos estão
extracelular estendem-se desde a superfície externa separados e espalhados pelo citoplasma. Nesse caso, diz-se que
da membrana plasmática até a membrana nuclear. o complexo golgiense é difuso (espalhado).

16 Coleção Estudo 4V
Citoplasma

O complexo golgiense realiza as seguintes funções: Os hormônios sexuais, como o estrógeno e a


• Armazenamento de secreções – Secreções são testosterona, assim como os corticosteroides
substâncias que as células produzem e exportam para (hormônios do córtex das suprarrenais), são
o meio extracelular. As secreções, portanto, exercem esterídeos produzidos no complexo golgiense
suas ações em um outro local, e não no interior das das células.
células em que foram produzidas. As proteínas tipo
exportação, por exemplo, são sintetizadas no retículo • Formação da lamela média nos vegetais – A união
endoplasmático granuloso e enviadas para o complexo de células vegetais vizinhas é feita por meio de uma
golgiense, onde são armazenadas para posterior espécie de “cimento” intercelular: a lamela média.

lli
eliminação, por clasmocitose, para o meio extracelular. Quimicamente, a lamela média é constituída por
substâncias pécticas ou pectinas (pectatos de cálcio
• Síntese de mucopolissacarídeos (muco) –
Mucopolissacarídeos são substâncias formadas e magnésio), que são polissacarídeos associados
pela associação de proteínas com polissacarídeos. a minerais. O complexo golgiense das células

ou
Tais substâncias possuem um aspecto viscoso e vegetais é a organela responsável pela secreção

BIOLOGIA
são encontradas, por exemplo, em nossas vias dessas substâncias.
respiratórias e digestivas, exercendo função de
proteção e lubrificação das mucosas. • Formação do acrossomo no espermatozoide –
O acrossomo é um corpúsculo contendo a
Os mucopolissacarídeos são formados da seguinte
maneira: no complexo golgiense, os monossacarídeos enzima hialuronidase, encontrado na cabeça
sofrem polimerização (ligam-se uns aos outros), do espermatozoide. A enzima hialuronidase
formando polissacarídeos. Em seguida, esses é liberada por ocasião da fecundação, pois é
polissacarídeos combinam-se com proteínas
provenientes do retículo granuloso, formando-se,
assim, as glicoproteínas, que constituem os
mucopolissacarídeos. Um bom exemplo de células
produtoras de muco são as células caliciformes,
encontradas, por exemplo, nas vias respiratórias.
rn necessária para promover a perfuração da camada
de ácido hialurônico que envolve e protege o
gameta feminino, permitindo, assim, a penetração
do espermatozoide.

Complexo golgiense
Be
Acrossomo

Arquivo Bernoulli
Vesícula Mitocôndrias Núcleo
acrossomal

II
Grãos de muco Centríolos
Arquivo Bernoulli

Filamento axial IV
III
eu

Complexo golgiense Formação do acrossomo – I. os sáculos lameliformes


(dictiossomos) se agrupam ao redor do núcleo; II. do
complexo golgiense, desprendem-se vesículas (grânulos)
contendo a enzima hialuronidase; III. as vesículas originárias
Núcleo
do complexo golgiense fundem-se, formando o acrossomo;
IV. espermatozoide com acrossomo.
Retículo endoplasmático rugoso

Mitocôndrias(os)
M

Célula caliciforme – Como em toda célula secretora, nas células


caliciformes, o retículo endoplasmático e o complexo golgiense
são bastante desenvolvidos. Repare em seu complexo golgiense,
localizado acima do núcleo. Dele, saem vesículas de muco (grãos Estão presentes apenas no citoplasma de células
de muco) que, ao chegarem à superfície superior da célula, eucariotas. São orgânulos esféricos, ovalados ou alongados,
eliminam o muco no meio extracelular por clasmocitose. delimitados por duas membranas lipoproteicas: membrana
• Síntese de lipídios – Em determinadas células, externa e membrana interna. A membrana externa é lisa
como nas células foliculares dos ovários, nas células e contínua, e a interna apresenta invaginações ou dobras,
de Leydig dos testículos e nas células do córtex das denominadas cristas mitocondriais. Nas cristas mitocondriais,
glândulas suprarrenais, o complexo golgiense está encontram-se as partículas elementares, enzimas que têm
relacionado com a produção de lipídios esterídeos. importante papel nas reações da cadeia respiratória.

Bernoulli Sistema de Ensino 17


Frente A Módulo 06

O espaço interno das mitocôndrias é preenchido por Quanto à sua estrutura, os cloroplastos estão delimitados
um material de consistência fluida, denominado matriz por duas membranas lipoproteicas: membrana externa e
mitocondrial, constituído por água, carboidratos, íons membrana interna. A membrana interna forma invaginações
minerais, moléculas de RNA e DNA. Imersos nessa matriz (dobras) para o interior da organela. Essas dobras se dispõem
também são encontrados ribossomos (mitorribossomos).
paralelamente e receberam o nome de lamelas. Sobre
Cristas mitocondriais essas lamelas, encontramos pequenas estruturas discoides,
constituídas de clorofila, denominadas tilacoides. Os tilacoides
Arquivo Bernoulli

se dispõem uns sobre os outros, formando pilhas. Cada


Membrana pilha de tilacoides recebe o nome de granum, cujo plural
interna
é grana. O espaço interno do cloroplasto é preenchido por

lli
uma mistura denominada estroma, constituída por água,
proteínas, carboidratos, lipídios, RNA e DNA. No estroma,
também existem ribossomos. A presença de DNA nessa
organela justifica sua capacidade de autoduplicação, já a
Membrana externa

ou
presença de ribossomos permite a realização de síntese de
Mitocôndria. proteínas em seu interior.
Apesar de seu tamanho reduzido, as mitocôndrias podem ser Os plastos podem se transformar uns nos outros. Assim,
evidenciadas em microscopia óptica, uma vez que podem ser cloroplastos podem se transformar em xantoplastos e
coradas em células vivas com o verde-janu, corante específico eritroplastos (no processo de amadurecimento de certos
para sua evidenciação. frutos, por exemplo) e, pela ausência de luz, podem se
O número de mitocôndrias em uma célula é muito variável, transformar em leucoplastos.
oscilando entre algumas dezenas e várias centenas. Como
as mitocôndrias relacionam-se com os processos energéticos
(produção de ATP), quanto maior é a atividade metabólica de
uma célula, maior é o número de mitocôndrias. O conjunto de
todas as mitocôndrias de uma célula tem o nome de condrioma.
As mitocôndrias, devido à presença de DNA em sua
rn Granum (Pilha de tilacoides)

Estroma
Tilacoide

Arquivo Bernoulli
estrutura, são capazes de autoduplicarem. A autoduplicação ou Membrana externa
duplicação das mitocôndrias recebe o nome de condriocinese.
Be
Quanto à função, mitocôndrias estão diretamente envolvidas
no processo da respiração celular aeróbica, que tem por
objetivo obter energia para as atividades celulares.
Lamela
Plastos (plastídeos)
Encontrados apenas em células eucariotas vegetais, Membrana interna
os plastos estão subdivididos em dois grandes grupos: Cloroplasto.
leucoplastos e cromoplastos.
A) Leucoplastos – São incolores, isto é, desprovidos Lisossomos(as)
de pigmentos (apigmentados) e relacionam-se
com armazenamento de reservas nutritivas. Pequenas vesículas delimitadas por membrana lipoproteica
originárias do complexo golgiense, contendo enzimas
eu

Conforme o tipo de substância armazenada neles,


recebem uma denominação especial: amiloplastos digestivas (hidrolíticas), que têm atividade máxima em meio
(armazenam amido), oleoplastos (armazenam óleos) ácido e, por isso, também são genericamente denominadas
e proteoplastos (armazenam proteínas). de hidrolases ácidas. Essas enzimas são produzidas no
B) Cromoplastos – São coloridos, isto é, possuem retículo endoplasmático granuloso e daí vão para o complexo
pigmentos (pigmentados). Relacionam-se com a golgiense, do qual desprendem pequenas vesículas,
absorção de luz e com a fotossíntese. De acordo os lisossomos, contendo as referidas enzimas. As enzimas
com sua coloração, recebem uma denominação lisossômicas são ativas em meio ácido (pH entre 4,5 e 5,0).
especial: cloroplastos (verdes, devido à presença do A acidez do interior do lisossomo é obtida do bombeamento
M

pigmento verde clorofila), xantoplastos (amarelos, de íons H+ para o interior dessas organelas. Na membrana
devido à presença do pigmento amarelo xantofila) do lisossomo, existe uma enzima que, utilizando energia
e eritroplastos (vermelhos, devido à presença do liberada de ATP, bombeia íons H+ para dentro dos lisossomos.
pigmento vermelho licopeno, ficoeritrina ou eritrofila). Como o hialoplasma é um meio neutro (pH = 7,0),
Em uma célula, podem existir diferentes tipos de plastos, e o se a membrana de um lisossomo se rompe liberando suas
conjunto de todos eles recebe o nome de plastidoma. enzimas, isso não acarretará grandes danos à célula, uma
De todos os tipos de plastos, os cloroplastos são os mais vez que as enzimas lisossômicas são pouco ativas em um
importantes, uma vez que neles ocorre a reação de fotossíntese. meio neutro. Entretanto, havendo ruptura simultânea de
Os cloroplastos podem apresentar morfologia variada: em muitos lisossomos, haverá extravasamento excessivo de
certas algas, podem ser espiralados ou estrelados; nas células enzimas, podendo pôr em risco a integridade da célula,
dos vegetais superiores, normalmente são esféricos ou ovoides. levando-a, inclusive, à morte.

18 Coleção Estudo 4V
Citoplasma

Os lisossomos são organelas típicas de células eucariotas Os lisossomos também estão relacionados com o
animais e têm como função realizar a digestão intracelular. processo da autólise (citólise), fenômeno que consiste
Essa digestão pode ser dos seguintes tipos: heterofagia e na destruição da célula por suas próprias enzimas,
autofagia. ou seja, é uma autodestruição celular. Para que isso ocorra,
é preciso que haja ruptura da membrana de vários lisossomos
• Heterofagia (digestão heterofágica) – Consiste
com consequente extravasamento de suas enzimas para
na digestão de material exógeno, isto é, material
o hialoplasma. Em contato direto com o hialoplasma,
proveniente do meio extracelular e que penetra na
as enzimas lisossômicas iniciam o processo de digestão de
célula por endocitose (fagocitose ou pinocitose).
toda a célula.
Trata-se, portanto, da digestão do fagossomo ou do

lli
pinossomo. Uma vez dentro da célula, o fagossomo A autólise é um processo que ocorre, normalmente, após
(ou o pinossomo) junta-se a um lisossomo (lisossomo a morte do organismo. Após nossa morte, por exemplo,
primário) e, dessa união, surge o vacúolo digestivo as células entram em processo de autólise (autodestruição),
ou lisossomo secundário. No interior do vacúolo o que, aliás, justifica, em parte, a degeneração cadavérica.
digestivo, o material englobado por fagocitose ou Sabe-se que, assim que a célula morre, os lisossomos

ou
pinocitose é digerido pelas enzimas lisossômicas. se rompem, aos poucos, liberando suas enzimas que,

BIOLOGIA
Os nutrientes resultantes dessa digestão são liberados evidentemente, aceleram o processo de degradação do
no hialoplasma e aproveitados pela célula. O material material celular, simultaneamente à ação dos micro-
que não foi digerido, isto é, as sobras ou resíduos -organismos decompositores.
dessa digestão permanecem dentro do vacúolo, que A autólise também acontece em alguns processos
passa, então, a ser chamado de vacúolo residual patológicos (doenças), como na silicose, doença pulmonar
ou corpo residual. Uma vez formado, o vacúolo causada pela inalação constante de pó de sílica, muito
residual funde-se à membrana plasmática da célula e, comum em trabalhadores de pedreiras e minas. Nela, as


por clasmocitose, libera os resíduos no meio

defecação celular.

Autofagia (digestão autofágica) – Consiste na


digestão de material endógeno, isto é, material do
rn
e x t ra c e l u l a r. A l g u n s a u t o r e s c h a m a m e s s a
clasmocitose realizada pelo vacúolo residual de
partículas de sílica perfuram a membrana lisossômica das
células pulmonares e, assim, há o extravasamento das
enzimas que, então, iniciam o processo de autólise, que leva
à destruição e à morte das células pulmonares.

Peroxissomos(as)
Be
próprio meio intracelular. Às vezes, certas organelas São pequenas vesículas membranosas, originárias do
citoplasmáticas tornam-se inativas, deixando de retículo endoplasmático não granuloso, encontradas em
realizar suas funções. Nesse caso, a organela inativa células eucariotas de animais e vegetais. Tais vesículas
será digerida pelas enzimas lisossômicas. Na autofagia, armazenam em seu interior determinadas enzimas,
o lisossomo primário junta-se à organela inativa, as oxidases, que catalisam reações que modificam
formando o vacúolo autofágico ou autofagossomo. substâncias tóxicas, tornando-as inofensivas para as células.
No vacúolo autofágico, a organela é digerida. Nas células dos rins e do fígado, por exemplo, existem
Os nutrientes provenientes dessa digestão são grandes peroxissomos que têm importante papel na
repassados para o hialoplasma e aproveitados pela destruição de moléculas tóxicas, como o etanol das bebidas
célula, e as “sobras” contidas no vacúolo residual são alcoólicas ingeridas pelo organismo. Aproximadamente
eliminadas por clasmocitose, no meio extracelular. 25% do álcool ingerido pelo ser humano é degradado
eu

pelos peroxissomos. O restante é degradado pelo retículo


endoplasmático não granuloso. Nas reações de degradação
4 7 das moléculas tóxicas que ocorrem nos peroxissomos,
átomos de hidrogênio presentes na molécula da substância
1 6 tóxica são transferidos ao oxigênio, originando, como
resíduo, a água oxigenada ou o peróxido de hidrogênio
Arquivo Bernoulli

2 (H 2O 2). Entretanto, a água oxigenada formada como


subproduto dessas reações também é uma substância
M

tóxica para a célula, tendo, inclusive, ação mutagênica.


3
No entanto, nos peroxissomos, também existe uma enzima,
5 a catalase, que rapidamente promove o desdobramento
da água oxigenada, transformando-a em água e oxigênio.
1. Fagossomo ou pinossomo Catalase
2. Lisossomo primário 2 H2O2 2 H2O + O2
3. Organela inativa
1 + 2 → 4 → 6 → 7 = Heterofagia
4. Vacúolo digestivo Desdobramento da água oxigenada pela catalase – A atividade
5. Vacúolo autofágico 2 + 3 → 5 → 6 → 7 = Autofagia
da catalase é importante porque o peróxido de hidrogênio (H2O2)
6. Vacúolo residual que se forma nos peroxissomos é um oxidante energético e
7. Clasmocitose prejudicaria a célula se não fosse rapidamente transformado.

Bernoulli Sistema de Ensino 19


Frente A Módulo 06

Um tipo particular de peroxissomo, o glioxissomo, Ribossomos(as)


é encontrado em células vegetais de sementes oleaginosas
(algodão, amendoim, girassol, etc.). Os glioxissomos Estruturas não membranosas, encontradas em células
procariotas e eucariotas. Foram descobertos em 1953
possuem oxidases que atuam em reações que transformam
por George Palade, razão pela qual foram inicialmente
lipídios (armazenados como reservas de alimento) em
denominados grânulos de Palade. São pequenos grânulos de
açúcares, que são utilizados como fontes de energia para o
ribonucleoproteínas, pois são constituídos por RNA-r e proteínas.
metabolismo celular. A glicose produzida a partir dos lipídios
de reserva nas sementes é distribuída para a plântula em

Arquivo Bernoulli
formação e serve de fonte energética até que os cloroplastos

lli
se formem nas folhas jovens e iniciem a fotossíntese.

Vacúolos
A B
São vesículas membranosas de diferentes tamanhos

ou
e relacionadas com diferentes funções. Podem ser Ribossomo – A. Cada ribossomo é formado por duas subunidades,
subdivididos em: uma maior e outra menor. B. Figura próxima ao ribossomo real.

Nas células procariotas, os ribossomos são encontrados


A) Vacúolos relacionados com os processos de
dispersos pelo hialoplasma. Nas eucariotas, além de serem
digestão intracelular – Nesse grupo, temos os
encontrados dispersos pelo hialoplasma, também estão
vacúolos alimentares (fagossomos e pinossomos),
presentes no retículo endoplasmático rugoso, na matriz
os vacúolos digestivos, os vacúolos autofágicos e os
mitocondrial e no estroma dos cloroplastos.
vacúolos residuais.
A função dos ribossomos é a síntese de proteínas. Para
B) Vacúolos contráteis ou pulsáteis – Aparecem em
seres unicelulares dulcícolas desprovidos de parede
celular e têm a finalidade de bombear, por transporte
ativo, água para o meio extracelular, impedindo,
assim, que a célula “estoure” devido a excesso de
água em seu interior.
rn
exercer essa função, precisam estar ligados a uma fita de
RNA-m. Muitas vezes, vários ribossomos ligam-se a uma
mesma molécula de RNA-m. O complexo formado pela molécula
de RNA-m e os diversos ribossomos a ela associados recebem
o nome de polissomo ou polirribossomo. No polissomo, todos
os ribossomos percorrem a mesma fita de RNA-m e, assim,
Be
C) Vacúolos de suco celular ou vacúolos vegetais – os peptídeos por eles produzidos serão idênticos, uma vez que
São encontrados apenas em células eucariotas terão a mesma sequência de aminoácidos.
vegetais. Estão delimitados por uma membrana
lipoproteica, denominada tonoplasto, e contêm em Centríolos
seu interior o suco vacuolar, solução aquosa na São estruturas não membranosas encontradas em células
qual, muitas vezes, estão dissolvidos açúcares, sais eucariotas de animais e de vegetais (exceto angiospermas).
minerais e pigmentos. Em geral, a célula apresenta um par de centríolos dispostos
perpendicularmente um ao outro, ocupando, normalmente,
Hialoplasma Hialoplasma uma posição próxima ao núcleo celular em uma região
denominada centro celular (centrossomo). Esse par de
Núcleo
Arquivo Bernoulli

centríolos é denominado diplossomo.


eu

Diplossomo

Centríolo Moléculas
de tubulina
Vacúolo de Vacúolo de
suco celular suco celular Centro oco
M

Arquivo Bernoulli

Vacúolo de suco celular – Nas células vegetais jovens,


os vacúolos de suco celular são pequenos e numerosos.
À medida que a célula vai se desenvolvendo, os vacúolos se Microtúbulo
fundem uns com os outros, formando vacúolos maiores. Assim,
na célula vegetal adulta, normalmente, aparece um único e Centríolos – Cada centríolo é formado por 27 túbulos proteicos,
organizados em nove grupos de três túbulos cada. Esses túbulos
volumoso vacúolo de suco celular que ocupa uma grande área
proteicos são, na realidade, microtúbulos, constituídos por proteínas
do citoplasma. Esse vacúolo, na célula adulta, é um reservatório
denominadas tubulinas. Tem sido descrita, também, a ocorrência
de água, sais, pigmentos e açúcares. A concentração da solução de duas outras proteínas: a nexina e a dineína, que fazem a ligação
existente dentro desse vacúolo exerce importante papel no entre os dois centríolos constituintes do diplossomo, bem como a
mecanismo osmótico da célula vegetal. ligação entre os microtúbulos de cada centríolo.

20 Coleção Estudo 4V
Citoplasma

Os centríolos podem se duplicar por montagem molecular, Veja a representação da diferença dos movimentos
isto é, podem orientar a formação de novos microtúbulos a seguir.
a partir da associação de moléculas de tubulinas e,
consequentemente, formar novos centríolos. 1 2
Nas células eucariotas, os centríolos são responsáveis Impulso

Impulso
pela formação dos cílios e dos flagelos, estruturas
filamentosas móveis que se projetam da superfície celular.
Os cílios e os flagelos são centríolos modificados. 2 1
A parte basal dos cílios e dos flagelos é denominada

lli Arquivo Bernoulli


cinetossomo (corpúsculo basal) e tem a mesma estrutura
do centríolo.
4

3 5

ou
BIOLOGIA
9 grupos de
2 microtúbulos Movimento ciliar Movimento flagelar

Túbulos
centrais
Corte
transversal
APOPTOSE
Cílio

rn
Membrana
plasmática A apoptose é um fenômeno que consiste na morte celular
geneticamente programada como parte de um processo
normal, ou seja, é uma autodestruição celular geneticamente
Arquivo Bernoulli

programada. Muitas células, durante os diferentes processos


Be
de formação dos organismos pluricelulares, são programadas
Corte
transversal para morrer. Uma das razões da apoptose é o fato de a
Cinetossomo célula, em determinado momento, não ser mais necessária ao
organismo. Por exemplo, antes do nascimento, o feto humano
apresenta mãos com membrana interdigital (entre os dedos).
9 grupos de
3 microtúbulos Com a continuidade do desenvolvimento, as células que
constituem essa membrana sofrem apoptose e desaparecem.
Cílios e flagelos – Um corte transversal, no cinetossomo,
mostra uma estrutura idêntica à do centríolo, isto é, nove A apoptose também acontece nas alterações estruturais
eu

grupos de três túbulos proteicos cada. Do cinetossomo, dois que se verifica na metamorfose de certos animais.
túbulos de cada grupo de três alongam-se, empurrando a É ela, por exemplo, que ocorre o desaparecimento da cauda
membrana plasmática, ocorrendo, ainda, a formação de um do girino (larva do sapo) quando ele começa a transformar-se
par de túbulos na região central. Assim, um corte transversal em um animal adulto. Na apoptose, a célula fragmenta-se
na parte do cílio ou flagelo que se exterioriza (que sai para o em vesículas revestidas por membranas denominadas
meio extracelular) mostra uma estrutura formada por nove
corpos apoptóticos. Por serem revestidos por membranas,
grupos de dois túbulos proteicos cada e dois túbulos centrais.
esses fragmentos são reconhecidos e fagocitados por
Alguns autores costumam empregar o esquema numérico
M

macrófagos ou por células vizinhas. Assim, as células que


9 + 2 para designar a estrutura dos cílios e dos flagelos, e o
morrem por apoptose são removidas do tecido sem que
esquema 9 + 0 para representar a organização dos túbulos
no centríolo. haja extravasamento do conteúdo celular, o que evita a
ocorrência de processo inflamatório. Quando danificadas por
Os cílios e os flagelos das células eucariotas têm a substância tóxica, veneno, ou, então, quando são privadas de
mesma origem e a mesma estrutura interna. A diferença nutrientes essenciais, as células podem morrer por necrose
entre eles deve-se basicamente a três fatores: os cílios são
e se romper, liberando seu conteúdo no meio extracelular,
mais curtos que os flagelos; os cílios são mais numerosos
o que frequentemente resulta em inflamação. Na morte celular
do que os flagelos; o movimento dos cílios é diferente do
por apoptose, não ocorre esse extravasamento.
movimento flagelar.

Bernoulli Sistema de Ensino 21


Frente A Módulo 06

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 04. (PUC Minas) Estão especificamente relacionados com a ciclose.
A) Cloroplastos D) Pseudópodes
B) Dictiossomos E) Vacúolos
01. (UECE–2015) As reações metabólicas consistem
C) Microfilamentos
em intricados e elegantes mecanismos os quais
são responsáveis pela manutenção e pelo equilíbrio
da dinâmica da vida. A estrutura celular que tem EXERCÍCIOS PROPOSTOS
responsabilidade pelo elegante mecanismo da síntese
de moléculas de ATP, um trabalho indispensável à 01. (PUC Minas)
manutenção dos seres vivos, já que essa área se 1. Parede celular

lli
responsabiliza por energia, é denominada 2. Tonoplasto
A) Complexo de Golgi. C) DNA. 3. Retículo endoplasmático
B) Lisossomos. D) Mitocôndrias. 4. Mitocôndria
5. Plastídeo
6. Ribossomo

ou
02. (UFMS) Verifique quais são as relações apropriadas entre
as organelas celulares e suas funções e indique a(s) Encontram-se só em células procariotas e só em células
alternativa(s) CORRETA(S). eucariotas, respectivamente,

A) Os lisossomos fazem respiração celular. A) 1 das estruturas anteriores – apenas 3 delas.

B) O complexo de Golgi armazena as proteínas a serem B) 1 das estruturas anteriores – apenas 5 delas.
exportadas pelas células. C) 2 das estruturas anteriores – apenas 6 delas.
C) O retículo endoplasmático liso é responsável pelo D) 3 das estruturas anteriores – apenas 6 delas.
transporte intracelular de substâncias. E) Nenhuma das estruturas – apenas 4 delas.
D) Os ribossomos são responsáveis pela síntese de
proteínas.
E) A mitocôndria realiza a digestão de materiais
orgânicos absorvidos pelas células.
F) Os ribossomos são também responsáveis pela
respiração celular.
rn
02. (FPS-PE–2013) As células que formam os organismos
vivos apresentam diferentes níveis de complexidade.
Considerando a célula ilustrada a seguir, o que apresentam
em comum as estruturas apontadas pelas setas?
Be
03. (UFMG) O esquema representa um modelo de célula com
alguns de seus componentes numerados de 1 a 8.

3
eu

Disponível em: <http://www.exploringnature.org>.


5 Acesso em: 10 nov. 2016 (Adaptação).
2
6 A) Envolvimento com a síntese proteica.
7 B) Capacidade de autoduplicação.
C) Implicação com síntese de ácidos graxos.
D) Habilidade de processar carboidratos.
1 8 E) Delimitação por membrana lipoproteica.
M

03. Nas células eucariotas aeróbias, as mitocôndrias têm um


importante papel na respiração celular, processo que
Com relação aos componentes indicados, a alternativa tem a finalidade de obter energia a partir de compostos
totalmente CORRETA é: orgânicos, notadamente a glicose.
A) 1 caracteriza células vegetais e 2 é a membrana celular. A respiração celular aeróbia apresenta três etapas básicas:
B) 3 é o retículo endoplasmático liso e 4 é um lisossomo. glicólise, ciclo de Krebs e cadeia respiratória.
A glicólise ocorre no hialoplasma, enquanto que o ciclo
C) 5 e 7 ocorrem em células procariotas e eucariotas.
de Krebs e a cadeia respiratória ocorrem no interior
D) 6 realiza a fotossíntese. das mitocôndrias: o ciclo de Krebs realiza-se na matriz
E) 8 é local de síntese de macromoléculas orgânicas. mitocondrial e a cadeia respiratória nas cristas mitocondriais.

22 Coleção Estudo 4V
Citoplasma

A figura a seguir mostra uma mitocôndria com algumas ( ) N o s p e r ox i s s o m o s , h á e n z i m a s c a p a ze s d e


de suas principais estruturas numeradas. converter certos radicais livres em substâncias
1 inofensivas; radicais livres que podem ser produzidos,
2
naturalmente, no próprio metabolismo celular.

07. (UECE) Relacione as informações contidas na coluna 1


– organelas celulares–, com seus respectivos processos
fisiológicos, listados na coluna 2.

4 Coluna 1: Organelas
3
1. Ribossomo 4. Complexo golgiense

lli
CITE o(s) número(s) da(s) estrutura(s) em que são 2. Mitocôndria 5. Retículo
realizadas as reações do ciclo de Krebs e da cadeia endoplasmático
3. Lisossomo
respiratória. agranular
Ciclo de Krebs: ________________________________
Coluna 2: Processos fisiológicos
Cadeia respiratória: ____________________________

ou
I. Respiração celular

BIOLOGIA
04. (UERN–2015) O corpo humano, como na maioria II. Eliminação de substâncias, processo denominado
dos animais, é formado por sistemas. No homem, secreção celular
pode-se encontrar o sistema digestório, respiratório, III. Síntese de proteínas
cardiovascular, nervoso, entre outros. Cada sistema é IV. Autofagia
formado por órgãos, constituídos por tecidos, que são
V. Destruição de diversas substâncias tóxicas, entre elas,
compostos por células. No que se refere à organização
o álcool
celular humana, marque a alternativa CORRETA.
A) No citoplasma ocorre a maioria das reações químicas
celulares.
B) As partes fundamentais das células são membrana
plasmática e núcleo.
C) O núcleo é responsável por controlar as trocas de
substâncias entre o interior e o exterior da célula.
D) A membrana plasmática é envolta por uma parede
rn A sequência que correlaciona CORRETAMENTE as duas
colunas, de cima pra baixo, é a seguinte:
A) 1 – III, 2 – I, 3 – IV, 4 – II, 5 – V
B) 1 – I, 2 – II, 3 – V, 4 – III, 5 – IV
C) 1 – III, 2 – I, 3 – V, 4 – IV, 5 – II
D) 1 – I, 5 – IV, 3 – V, 4 – II, 2 – III
Be
celular semirrígida que exerce o controle sobre as
substâncias que penetram na célula.
SEÇÃO ENEM
05. (UECE–2014) O retículo endoplasmático e o complexo
01. (Enem–2015) Muitos estudos de síntese e endereçamento
de Golgi são organelas celulares cujas funções estão
de proteínas utilizam aminoácidos marcados
relacionadas da seguinte forma: o complexo de Golgi
radioativamente para acompanhar as proteínas, desde
A) r e c e b e p r o t e í n a s s i n t e t i z a d a s n o r e t í c u l o
fases iniciais de sua produção até seu destino final.
endoplasmático.
Esses ensaios foram muito empregados para estudo e
B) envia proteínas, nele sintetizadas, para o retículo
endoplasmático. caracterização de células secretoras.

C) envia polissacarídeos, nele sintetizados, para o Após esses ensaios de radioatividade, qual gráfico
eu

retículo endoplasmático. representa a evolução temporal da produção de proteínas


D) recebe monossacarídeos sintetizados no retículo e sua localização em uma célula secretora?
endoplasmático, para o qual envia polissacarídeos.
A)
Radioatividade (%)

100
90
06. (UFPE) Com relação às características estruturais e 80
70
funcionais da célula animal, analise as afirmações feitas 60 Retículo Endoplasmático
50
a seguir, julgando-as como (V) VERDADEIRAS ou 40
Complexo Golgiense
Vesículas de Secreção
(F) FALSAS. 30
20
( ) Os grãos de glicogênio e as gotículas de gorduras 10
M

0
compõem as chamadas inclusões citoplasmáticas 5 min 10 min 15 min

observadas em células eucarióticas animais. Tempo


( ) O retículo endoplasmático liso participa da síntese de
B)
Radioatividade (%)

esteroides e de fosfolipídios. 100


90
( ) Os nucléolos são corpos densos e esféricos, 80
70
desprovidos de membrana, ricos em RNA ribossômico 60 Retículo Endoplasmático
50 Complexo Golgiense
e proteína. 40
Vesículas de Secreção
30
( ) Os centríolos observados em certas bactérias 20
10
têm função diferenciada da exercida em células 0
eucarióticas; nesse caso, participam da produção da 5 min 10 min 15 min

parede celular. Tempo

Bernoulli Sistema de Ensino 23


Frente A Módulo 06

C) Radioatividade (%) O aluno, ao construir o quadro, cometeu quantos erros?


100
90 A) 1 C) 3 E) 5
80
70 B) 2 D) 4
60 Retículo Endoplasmático
50
40
30
Complexo Golgiense
Vesículas de Secreção
04. Até a metade do século passado, só era possível
20 observar células ao microscópio ótico.
10
0 Com a evolução da tecnologia, novos aparelhos passaram
5 min 10 min 15 min
a ser empregados no estudo da célula.
Tempo
Hoje em dia, são utilizados microscópios informatizados
D)
Radioatividade (%)

e programas que permitem o processamento de imagens

lli
100
90 obtidas, como as representadas na figura a seguir:
80
70
60 Retículo Endoplasmático
50 Complexo Golgiense
40
Vesículas de Secreção
30
20
10

ou
0
5 min 10 min 15 min

Tempo
E)
Radioatividade (%)

100
90
80
70
60 Retículo Endoplasmático
50
40 Complexo Golgiense
30 Vesículas de Secreção
20
O uso de novas técnicas vem aumentando cada vez

02.
10
0
5 min 10 min
Tempo
15 min

(Enem–2014) Segundo a teoria evolutiva mais aceita hoje, as


mitocôndrias, organelas celulares responsáveis pela produção
de ATP em células eucariotas, assim como os cloroplastos,
rn mais e possibilitando a descoberta de novas estruturas,
com ótimas perspectivas para uma melhor compreensão
das doenças e um maior investimento na profilaxia e
tratamento das mesmas.
Em relação à estrutura mostrada, podemos concluir que
A) a célula em questão pode ser a de uma bactéria.
Be
teriam sido originados de procariontes ancestrais que foram B) neurônios, células musculares e células da pele
incorporados por células mais complexas. não apresentam a estrutura básica mostrada
anteriormente.
Uma característica da mitocôndria que sustenta essa
C) o sistema de membranas da célula garante o bom
teoria é a
funcionamento das reações químicas, assim como o
A) capacidade de produzir moléculas de ATP. ideal armazenamento de moléculas.
B) presença de parede celular semelhante à de D) as células não possuem nenhuma relação com as
procariontes. doenças.
E) as proteínas e os lipídios não fazem parte da
C) presença de membranas envolvendo e separando a
composição da célula em questão.
matriz mitocondrial do citoplasma.
D) capacidade de autoduplicação dada por DNA circular
GABARITO
eu

próprio semelhante ao bacteriano.


E) presença de um sistema enzimático eficiente às
reações químicas do metabolismo aeróbio.
Fixação
01. D 02. B, C, D 03. E 04. C
03. Um aluno, após ter estudado a organização celular de seres
eucariontes e procariontes, elaborou um quadro indicando Propostos
com sinal (+) e (–), respectivamente, a presença ou a 01. E
ausência da estrutura em cada tipo de célula. 02. E
M

03. Ciclo de Krebs = 3


Estrutura Célula Célula eucariota
Cadeia respiratória = 4
celular procariota Animal Vegetal
04. A
Membrana plasmática + + +
05. A
Retículo endoplasmático – + +
06. V V V F V
Complexo golgiense – + +
07. A
Ribossomos – + +
Plastos – – + Seção Enem
Mitocôndrias – + – 01. C 02. D 03. B 04. C

24 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA A 07
Núcleo celular
Nas células procariotas, devido à ausência da carioteca, D) Anucleadas – Não possuem núcleo. São raras.

lli
não existe núcleo individualizado, estando o material Como exemplo, temos as hemácias circulantes
cromossômico (cromossomo) em contato direto com o (glóbulos vermelhos) dos mamíferos e as células dos
hialoplasma. Muitos autores denominam de nucleoide a vasos liberianos (condutores da seiva elaborada) dos
vegetais vasculares.
região da célula procariota na qual se localiza o material

ou
cromossômico. As células eucariotas, por sua vez, Além de conter os fatores hereditários (genes),
apresentam um núcleo organizado ou individualizado, o núcleo controla as atividades metabólicas da célula. Essa
isto é, o material nuclear representado, principalmente, função controladora do núcleo foi demonstrada por meio
pelos cromossomos, encontra-se em um espaço delimitado dos experimentos de merotomia realizados por Balbiani
pela carioteca (membrana nuclear). no fim do século XIX.

Em geral, as células eucariotas possuem um único núcleo,


B
mas podem existir células com mais de um núcleo e, até,
células desprovidas de núcleo. Assim, quanto ao número e à
rn A

Arquivo Bernoulli
presença ou não do núcleo, as células eucariotas podem ser
C
A) Mononucleadas (uninucleadas) – Possuem um D
único núcleo. Constituem a grande maioria das E
Be
células.

B) Binucleadas – Possuem dois núcleos. Muitas vezes, Experiência de Balbiani – A merotomia consiste na secção de
uma célula viva para que se possa estudar as modificações
os dois núcleos presentes na célula são de tamanhos
sofridas pelos fragmentos celulares resultantes. Em sua
diferentes, sendo o maior denominado macronúcleo e,
experiência, Balbiani trabalhou com amebas. Uma ameba
o menor, micronúcleo. Um bom exemplo de células (A) foi seccionada em dois fragmentos: um deles nucleado
desse tipo são as dos protozoários ciliados, como o (B) e o outro anucleado (C). O fragmento anucleado, depois
Paramecium. de algum tempo, acabou morrendo por haver perdido a
capacidade de síntese proteica, tornando impraticáveis a
C) Polinucleadas (multinucleadas) – Possuem vários regeneração, o crescimento e a reprodução. O fragmento
núcleos. Conforme sua origem ou modo de formação, nucleado, por sua vez, sobreviveu e regenerou a parte
eu

as células polinucleadas podem ser sincícios ou perdida. Por outro lado, se o fragmento anucleado (C)
plasmódios. receber um núcleo transplantado de outra ameba (D),
ele sobrevive e se regenera em uma nova ameba (E).

a.
COMPONENTES DO NÚCLEO
Arquivo Bernoulli

Sincício

b. Membrana nuclear
M

Plasmódio
Também chamada de carioteca, cariomembrana ou
envelope nuclear, é uma membrana lipoproteica constituída
Formação das células multinucleadas – Sincícios são massas
por duas lamelas (interna e externa), entre as quais existe o
citoplasmáticas multinucleadas formadas a partir da união de várias
espaço perinuclear. Acha-se em comunicação com os canais
células mononucleadas justapostas que perderam suas membranas
laterais (a). Um bom exemplo são as células da placenta humana. do retículo endoplasmático e possui poros denominados
Plasmódios são massas citoplasmáticas multinucleadas formadas a anulli, que permitem a comunicação entre o material nuclear
partir de uma única célula mononucleada que cresce e sofre várias e o citoplasma. Através desses poros, ocorre o intercâmbio
divisões nucleares (b). As fibras musculares esqueléticas são bons de substâncias diversas entre o núcleo e o citoplasma,
exemplos de plasmódio. inclusive de macromoléculas.

Bernoulli Sistema de Ensino 25


Frente A Módulo 07

Quando se observa o núcleo ao microscópio, as regiões de


Retículo endoplasmático heterocromatina, por estarem mais condensadas, coram-se
mais em presença de corantes básicos (hematoxilina, por
Cariolinfa exemplo) e, assim, aparecem no núcleo algumas manchas mais
Nucléolo Lamela externa coradas, que muitas vezes são confundidas com os nucléolos.

Arquivo Bernoulli
Por isso, essas manchas mais coradas, que correspondem
Espaço Lamela interna a regiões de heterocromatina, são conhecidas por falsos
perinuclear nucléolos (cariossomos, cromocentros).
Anulli (poro)
Cromatina Durante a divisão celular (mitose ou meiose), as regiões

lli
de eucromatina, que na intérfase encontravam-se
distendidas, sofrem uma intensa espiralização, já as regiões
Núcleo de célula eucariota.
de heterocromatina permanecem inalteradas. Com isso,
os filamentos tornam-se mais curtos, mais  grossos e
Retículo nucleoplasmático mais visíveis, passando a ser chamados de cromossomos.

ou
De descoberta recente, é uma estrutura contínua e similar
ao retículo endoplasmático existente no citoplasma. É uma Eucromatina
organela nuclear formada por redes de tubos ramificados, Heterocromatina
relacionados com o armazenamento e com o controle de

Arquivo Bernoulli
cálcio intracelular.

Nucleoplasma (carioplasma,
cariolinfa, suco nuclear)
Material semelhante ao hialoplasma, constituído
basicamente por água e proteínas. Nele, mantêm-se
suspensos os chamados elementos figurados nucleares,
representados pelos nucléolos e pela cromatina.
rn Cromonema
(Intérfase)
Cromossomo
(Mitose)

Os filamentos de cromatina da intérfase e os cromossomos


da divisão celular representam dois aspectos morfológicos e
Be
fisiológicos da mesma estrutura em momentos diferentes do
ciclo de vida da célula.
Nucléolo (plasmossomo) Os cromossomos são filamentos resultantes da condensação
Corpúsculo geralmente esférico que contém grande (espiralização) dos filamentos de cromatina, fenômeno que
quantidade de RNA (RNA-r) associado a proteínas. ocorre durante a divisão celular. Cada cromossomo é formado
Em determinados momentos do ciclo de vida celular, por uma única e longa molécula de DNA. Em certas regiões,
essa molécula enrola-se em volta de proteínas chamadas
mais precisamente na fase inicial da divisão celular,
histonas. Um conjunto de oito unidades de histonas com o
as moléculas de RNA-r do nucléolo se espalham e migram
DNA em volta é chamado de nucleossomo.
para o citoplasma, onde se combinam com proteínas para
formar os ribossomos. Na fase final da divisão, novas
eu

moléculas de RNA-r são sintetizadas e se juntam, fazendo


surgir novos nucléolos nas células. Em uma célula, poderá
existir mais de um nucléolo por núcleo. Nucleossomos
Arquivo Bernoulli

Cromatina
Substância resultante da associação entre histonas DNA
(proteínas simples) e DNA. É, portanto, uma
M

desoxirribonucleoproteína e representa o material genético Histonas


contido no núcleo.
Trecho de uma
Quando a célula se encontra em intérfase (fase em que molécula de DNA
a célula não está em processo de divisão), a cromatina
organiza-se, formando uma rede de finíssimos filamentos Desenho esquemático de uma molécula de DNA e o nucleossomo.
que se entrelaçam. Nesses filamentos de cromatina,
que alguns autores chamam de cromonemas, distinguimos OBSERVAÇÃO
regiões bastante distendidas e algumas regiões mais
condensadas. As regiões mais distendidas são denominadas Nas células procariotas, o cromossomo não apresenta
de eucromatina, e as regiões espiraladas, de heterocromatina. histonas associadas ao DNA.

26 Coleção Estudo 4V
Núcleo celular

Ao longo dos cromossomos, existem algumas regiões


de estreitamento (estrangulamento), denominadas
constrições cromossômicas. Essas constrições
correspondem às regiões de heterocromatina que já se

Arquivo Bernoulli
encontravam levemente espiraladas na intérfase e que Metacêntrico Submetacêntrico
Centrômero
permanecem praticamente inalteradas durante a divisão
celular. Convencionou-se chamar de constrição primária
ou centrômero aquela à qual o cinetócoro se liga durante Telocêntrico
Acrocêntrico
a divisão celular. O cinetócoro é um corpúsculo discoide

lli
de natureza proteica, originário do núcleo celular, ao qual Tipos de cromossomos quanto à posição do centrômero –
se prendem microtúbulos do fuso. Além da constrição Metacêntricos: possuem centrômero localizado na região
primária, os cromossomos podem ter outras constrições, mediana. Apresentam dois braços do mesmo tamanho.
as constrições secundárias, que não possuem cinetócoro. Submetacêntricos: possuem centrômero localizado um

ou
pouco deslocado da região mediana. Possuem dois braços de

BIOLOGIA
Alguns cromossomos possuem uma constrição secundária
conhecida por zona SAT ou constrição secundária nucleolar, tamanhos diferentes, sendo um pouco maior do que o outro.

que precede uma extremidade globosa do cromossomo, Acrocêntricos: possuem centrômero localizado bem próximo a
uma das extremidades. Apresentam dois braços de tamanhos
denominada satélite. As extremidades dos cromossomos
diferentes, sendo um bem maior do que o outro. Telocêntricos:
denominam-se telômeros (telos, fim). Durante as
possuem centrômero localizado em uma das extremidades.
divisões celulares, há perda de alguns nucleotídeos do
Apresentam um único braço.
DNA do telômero que, então, diminui após cada mitose.
Entretanto, por ação de uma enzima, a telomerase,
o telômero pode recuperar o seu tamanho original. Assim,
a telomerase é capaz de manter constantes o tamanho e
as propriedades do telômero. Em células cuja telomerase
é alterada ou inibida, os telômeros tornam-se cada vez
mais curtos ao longo das sucessivas divisões e, quando
rnVimos que, quimicamente, os cromossomos são
constituídos de DNA. Dá-se o nome de gene (gen) à
sequência de bases do DNA capaz de determinar a síntese
de uma proteína que, por sua vez, será responsável pela
manifestação de uma determinada característica. Já vimos
também que as proteínas podem assumir diferentes
Be
chegam a um tamanho mínimo, as células começam papéis biológicos, como o de atuar como catalisadores de
a morrer. Isso acontece, por exemplo, nas células em reações. Assim, um determinado gene pode, por exemplo,
processo de senescência (envelhecimento). O telômero, comandar a síntese de uma enzima que, por sua vez,
portanto, relaciona-se ao envelhecimento e ao tempo de participará de uma reação química que levará à formação
vida celular, funcionando como um “relógio molecular”. de pigmentos relacionados com a coloração da pele. Logo,
para cada característica (pigmentação da pele, cor dos olhos,
Telômero tipo de sangue, etc.), existem genes e enzimas específicas
responsáveis pela sua manifestação.
Constrição
secundária
eu

Microtúbulos o
çã o
do cinetócoro cri çã
ns du
Cinetócoro Tra Tra
Gene Manifestação da
(DNA) RNA-m Proteína
característica
Constrição
primária Cada cromossomo possui inúmeros genes. Cada gene
(centrômero) ocupa um local em um determinado cromossomo: é o
Arquivo Bernoulli

Braço chamado lócus gênico. Cada gene tem um lócus específico


Constrição
M

secundária em um determinado cromossomo.


nucleolar
Satélite Algumas células, como no caso dos gametas (células
(zona SAT)
reprodutoras), têm normalmente apenas um gene para

Componentes de um cromossomo.
cada característica, e outras, como o zigoto e as células
dele originárias pelo processo da mitose, têm um par de
De acordo com a posição do centrômero no filamento genes para cada característica. No zigoto, cada par de
cromossômico, temos a seguinte classificação dos cromossomos é formado por um cromossomo de origem
cromossomos: metacêntricos, submetacêntricos, paterna e por outro de origem materna que contêm
acrocêntricos e telocêntricos. genes relacionados com as mesmas características.

Bernoulli Sistema de Ensino 27


Frente A Módulo 07

Esses cromossomos são chamados de cromossomos Você não deve confundir cromossomos duplos com
homólogos. número diploide de cromossomos. Por exemplo: se, em uma
espécie, o número 2n = 4 e o número n = 2, então, nessa
Fecundação
I II espécie, qualquer célula que tiver 4 cromossomos simples ou
I’ II’
A 4 cromossomos duplos será uma célula diploide; qualquer
C a c
B I I’ II II’ célula que tiver 2 cromossomos simples ou 2 cromossomos
b
A a C
c duplos será haploide. Portanto, podem existir células
Gameta B b Gameta
diploides e haploides com cromossomos simples ou com
cromossomos duplos.

lli
Zigoto
A B C D
Genes A e a característica X → A e a são genes alelos.
Genes B e b característica Y → B e b são genes alelos.

ou
Genes C e c característica Z → C e c são genes alelos.
Cromossomo I é homólogo do cromossomo I’. 2n 2n n n
Cromossomo II é homólogo do cromossomo II’.
Células pertencentes a uma espécie na qual 2n = 4:

As células que possuem pares de cromossomos A. célula diploide com cromossomos simples. B. célula diploide
com cromossomos duplos. C. célula haploide com cromossomos
homólogos são chamadas de células diploides (2n), e as
simples. D. célula haploide com cromossomos duplos.
que não possuem pares de cromossomos homólogos são
ditas células haploides (n). Os gametas são exemplos
de células haploides, já o zigoto é uma célula diploide.

Dizer que o número 2n de uma espécie é igual a 4 (2n = 4),


por exemplo, significa dizer que, em cada célula diploide dessa
espécie, existem 4 cromossomos distribuídos aos pares, isto é,
rnOs dados relativos ao número, forma e tamanho dos
cromossomos das células diploides de uma espécie
constituem o cariótipo da espécie.

O número de cromossomos presentes em uma célula


varia de acordo com a espécie de ser vivo. A tabela a seguir
mostra o número diploide (2n) de cromossomos de algumas
Be
em cada célula diploide dessa espécie, existem 2 pares de
espécies. Observe-a com atenção.
cromossomos homólogos. Do mesmo modo, quando se diz
que o número haploide de uma espécie é igual a 2 (n = 2), N. 2n de
Espécie
quer dizer que, em cada célula haploide dessa espécie, cromossomos

existem 2 cromossomos. Homo sapiens (homem) 46

Os cromossomos, por terem DNA em sua composição, Pan troglodytes (chimpanzé) 48


são estruturas capazes de sofrer duplicação.
Gorilla gorilla (gorila) 48

Cromátide Cromátide Canis familiaris (cão) 78


eu

Solanum lycopersicum (tomate) 24


Cromossomo
simples Oryza sativa (arroz) 24
Centrômero

Solanum tuberosum (batata) 48


Duplicação Separação das
cromátides
Ao observar a tabela anterior, conclui-se que o número
M

Cromossomo
de cromossomos
simples
Arquivo Bernoulli

• não é o mesmo para todas as espécies de seres vivos;


Cromossomo Cromossomo
• não é critério para se identificar uma espécie, uma vez
simples duplo
que espécies diferentes podem apresentar o mesmo
Duplicação dos cromossomos – Dependendo da fase do ciclo número de cromossomos;
celular em que células diploides e haploides se encontram, • é constante para cada espécie, isto é, todos os
os cromossomos podem ser simples (constituídos por um indivíduos normais de uma espécie apresentam o
único filamento) ou duplos (constituídos por dois filamentos, mesmo número de cromossomos;
chamados cromátides, unidos pelo centrômero). • não determina o grau evolutivo de uma espécie.

28 Coleção Estudo 4V
Núcleo celular

OS CROMOSSOMOS HUMANOS Sexo Células do corpo (2n) Gametas (células n)

Já vimos que, em nossa espécie, o número normal de


♀ 44 A + XX 22 A + X
cromossomos nas células diploides é 46 (2n = 46) e o
número haploide, 23 (n = 23). Isso significa que, em cada 22 A + X
♂ 44 A + XY
célula diploide dos indivíduos normais da espécie humana, 22 A + Y

existem 46 cromossomos (23 pares de cromossomos


homólogos) e, em cada célula haploide normal, existem 23 As mulheres formam apenas um tipo de gameta (óvulo)

lli
cromossomos. Na espécie humana, e em muitas outras, no que diz respeito ao tipo de cromossomo sexual, isto é,
os cromossomos podem ser subdivididos em dois grupos: todos os óvulos normais possuem o cromossomo sexual
autossomos e cromossomos sexuais. do tipo X. Por isso, o sexo feminino, em nossa espécie,
é dito homogamético. Os indivíduos do sexo masculino,

ou
Autossomos

BIOLOGIA
ao contrário, formam dois tipos de espermatozoides
(gametas) no que diz respeito aos cromossomos sexuais:
Possuem genes que nada têm a ver com a determinação existem espermatozoides com o cromossomo X e
do sexo do indivíduo. espermatozoides com o cromossomo Y. Por isso, em nossa
espécie, o sexo masculino é dito heterogamético.
Cromossomos sexuais
Os 23 pares de cromossomos humanos podem ser
(heterossomos, alossomos)
Neles, se localizam os genes que determinam o sexo do
indivíduo. Podem ser de dois tipos: X e Y.

Partes homólogas do X e Y (Pseudoautossômicos) ⇒


Genes parcialmente ligados ao sexo
rn agrupados em uma representação gráfica, na qual os pares
de cromossomos são numerados, sendo que os 22 primeiros
pares representam os autossomos, e o 23° par é o dos
cromossomos sexuais.

Na espécie humana, como em outras, podem ocorrer


Be
anomalias que alteram o número normal de cromossomos
nas células dos indivíduos. Essas anomalias são,
na realidade, mutações cromossômicas numéricas, também
Parte X Parte Y
específica (não tem específica (não tem conhecidas por aberrações cromossômicas numéricas.
homóloga no Y) homóloga no X) Entre elas, destacamos:

Genes ligados Y Genes restritos


ao sexo X ao sexo A) Síndrome de Down (“Mongolismo”) – É uma
alteração no número normal de autossomos
Cromossomos sexuais humanos – O cromossomo sexual Y sendo, portanto, uma aberração autossômica.
eu

é menor do que o X. Os cromossomos X e Y não são 100% Nos indivíduos portadores dessa anomalia, existem
homólogos: há uma parte homóloga ao X e ao Y e partes não três cromossomos no par 21 (trissomia do par 21).
homólogas, que são exclusivas de cada tipo de cromossomo sexual. Como têm um autossomo a mais em relação aos
indivíduos normais, o cariótipo dos portadores da
As mulheres têm, em suas células diploides (2n), síndrome de Down pode ser assim representado:
44 autossomos (22 pares de autossomos) + 2 cromossomos 45 A + XX (mulher Down) e 45 A + XY (homem Down).
sexuais do tipo X (1 par de cromossomos sexuais). Os óvulos,
M

Na síndrome de Down, os indivíduos apresentam um


gametas femininos, como são células haploides (n), têm
grande número de características, como aspecto do
apenas 22 autossomos + 1 cromossomo sexual do tipo X.
rosto em forma de lua cheia, inchaço das pálpebras,
Os homens têm, em suas células diploides (2n), aumento da separação dos olhos, achatamento da
44 autossomos (22 pares de autossomos) + 2 cromossomos raiz nasal, falta de coordenação motora e deficiência
sexuais, sendo um do tipo X e o outro do tipo Y (1 par mental (baixo quociente intelectual).
de cromossomos sexuais). Os espermatozoides, gametas Estatisticamente, está demonstrado que a incidência
masculinos, possuem, cada um, apenas 22 autossomos + 1 da síndrome de Down é maior em filhos de mulheres
cromossomo sexual, que poderá ser do tipo X ou do tipo Y. de mais idade.

Bernoulli Sistema de Ensino 29


Frente A Módulo 07

B) Síndrome de Klinefelter – Trata-se de uma Tal corpúsculo, que normalmente não existe no núcleo das
aberração cromossômica sexual, uma vez que os células masculinas, recebeu o nome de corpúsculo de Barr que,
portadores dessa síndrome têm três cromossomos mais tarde, passou a ser denominado também de cromatina
sexuais em suas células, sendo dois do tipo X e um sexual. Descobriu-se que a cromatina sexual corresponde
do tipo Y. Seu cariótipo é: 44 A + XXY (homem). a um dos cromossomos X das fêmeas que, na intérfase,
encontra-se espiralado.
Os indivíduos com síndrome de Klinefelter são
do sexo masculino, porém são estéreis devido à Segundo a hipótese proposta pela pesquisadora inglesa

atrofia de seus testículos. Apresentam deficiência Mary Lyon, as fêmeas de mamíferos compensariam a dose

lli
mental e desenvolvem algumas características dupla de genes do cromossomo X por meio da inativação de
um desses cromossomos. Assim, em cada célula do corpo
sexuais secundárias femininas, como a ginecomastia
da fêmea, haveria um cromossomo X ativo e outro inativo.
(desenvolvimento das mamas).
Desse modo, ficariam, então, iguais às masculinas, que

ou
C) Síndrome de Turner – É outra aberração possuem apenas uma cópia funcionante dos genes ligados
cromossômica sexual, uma vez que os indivíduos ao X. Essa inativação de um dos cromossomos X acontece,

possuem apenas um cromossomo sexual do tipo X ainda, nas fases iniciais do desenvolvimento embrionário.

em suas células. Seu cariótipo pode ser representado Descobriu-se também que o número de cromatinas sexuais
por: 44 A + X0 (mulher). corresponde ao número de cromossomos X existente no
cariótipo menos 1.
Na síndrome de Turner, os indivíduos são do sexo
feminino e, geralmente, estéreis devido à atrofia de
seus ovários. Em geral, apresentam baixa estatura,
pescoço alargado (“pescoço alado”), ombros largos,
ausência de mamas. Como os ovários e o útero
não se desenvolvem, não existe menstruação nem
rn Número de cromossomos X – 1 = Número de cromatinas sexuais

Por meio da relação anterior, conclui-se que a mulher


normal (44 A + XX) revela em suas células apenas uma
cromatina sexual; a mulher com síndrome do Triplo X
Be
caracteres sexuais secundários. (44 A + XXX) apresenta duas cromatinas sexuais;
a mulher com síndrome de Turner (44 A + XO) não apresenta
D) Síndrome do Triplo X (“superfêmea”) – Seu cromatina sexual. Por outro lado, o homem com síndrome
cariótipo é: 44 A + XXX (mulher). de Klinefelter (44 A + XXY), embora do sexo masculino,
apresenta, em suas células, uma cromatina sexual.
São mulheres férteis, embora com alguns distúrbios
sexuais e, às vezes, retardamento mental. Possuem
N. de
caracteres sexuais femininos normais, a não ser pela N. de
Indivíduo cromatinas
amenorreia (ausência de menstruação). cromossomos X
sexuais
eu

E) Síndrome do duplo Y – São homens com o Homem normal


1 0
cariótipo: 44 A + XYY (homem). (44 A + XY)

São indivíduos aparentemente normais, férteis,


geralmente altos, às vezes com retardamento mental Mulher normal
2 1
(44 A + XX)
e muito agressivos. Segundo alguns autores, têm mais
tendência à delinquência do que os indivíduos normais,
M

são muito irresponsáveis e imaturos, evidenciando um Síndrome de Turner


1 0
(44 A + XO)
comportamento antissocial desde pouca idade.

A CROMATINA SEXUAL Síndrome de Klinefelter


(44 A + XXY)
2 1

Na década de 1940, Bertram e Barr descobriram nas células


diploides (2n) em intérfase de fêmeas de mamíferos, em um
Síndrome do Triplo X
3 2
grande número de espécies, inclusive na espécie humana, (44 A + XXX)
um corpúsculo pequeno, bem corável pelos corantes básicos.

30 Coleção Estudo 4V
Núcleo celular

Em casos de anomalias cromossômicas, em que a pessoa A) Aneuploidias – São mutações cromossômicas


possui mais de dois cromossomos X, existe mais de uma numéricas, nas quais há perda ou acréscimo de um
cromatina sexual (corpúsculo de Barr) no núcleo das células. ou dois cromossomos em relação ao cariótipo normal.
Isso porque o mecanismo de compensação de dose torna Estão subdivididas em trissomias (2n + 1),
inativos todos os cromossomos X das células, com exceção tetrassomias (2n + 2), monossomias (2n – 1) e
de um, que continua funcional. nulissomias (2n – 2).

A cromatina sexual pode ser encontrada sob formas Síndrome de Down, síndrome de Klinefelter, síndrome
distintas: a) próxima do nucléolo, como acontece em certas do Triplo X e síndrome do Duplo Y são alguns exemplos

lli
células nervosas; b) na face interna da carioteca, como nas de trissomias que podem aparecer em nossa espécie.
células da mucosa bucal; c) livre no suco nuclear, como na A síndrome de Turner é um exemplo de monossomia.
maioria dos neurônios; d) como uma expansão nuclear, como Na nulissomia (2n – 2), os dois cromossomos que
nos neutrófilos (um tipo de leucócito), nos quais a cromatina faltam são homólogos e, portanto, há ausência total

ou
BIOLOGIA
sexual aparece como um bastãozinho, denominado baqueta de um par de cromossomos no cariótipo, o que tem
de tambor ou drum-stick. efeito letal sobre o embrião.

B) Euploidias – São mutações cromossômicas


A numéricas, nas quais há alteração de todo um
B
conjunto haploide (n) de cromossomos. A maioria
dos organismos eucariontes é, normalmente, diploide

rn (2n). Assim, indivíduos que apresentam euploidias


Arquivo Bernoulli

podem ser triploides (3n), tetraploides (4n),


etc. A anomalia sempre envolve conjuntos inteiros
(n) de cromossomos. Normalmente, usa-se o termo
poliploide para indicar organismos com mais de dois
Be
conjuntos de cromossomos.
Cromatina sexual – A. Cromatina sexual de célula da mucosa Os mutantes triploides (3n) originam-se,
bucal de uma mulher normal; B. Cromatina sexual em neutrófilo normalmente, da junção de um gameta normal
(tipo de leucócito) de uma mulher normal. haploide (n) com outro gameta anômalo diploide
(2n). Geralmente, esses mutantes são estéreis.
A cromatina sexual tem grande interesse do ponto de Organismos tetraploides (4n) podem se originar
vista clínico para o diagnóstico de algumas síndromes, da junção de dois gametas anômalos diploides,
como também para um diagnóstico precoce do sexo antes ou, ainda, de células diploides (2n) em que ocorre
do nascimento. duplicação dos cromossomos, sem haver divisão
eu

da célula. Esse fenômeno pode ser espontâneo

MUTAÇÕES CROMOSSÔMICAS ou induzido por algumas substâncias, como


a colchicina. A tetraploidia é mais comum em
O número normal de cromossomos nas células dos vegetais.
indivíduos, assim como a forma (estrutura) normal
Muitas plantas cultivadas são poliploides: existem
dos cromossomos, pode sofrer alterações: são as
variedades de trigo hexaploides (6n), alguns
chamadas mutações cromossômicas ou aberrações
M

morangos são octoploides (8n). Os vegetais


cromossômicas. Podem ser numéricas e estruturais.
poliploides, muitas vezes, são mais robustos e
mais desenvolvidos que seus ancestrais diploides,
Mutações cromossômicas numéricas apresentando folhas, flores e frutos maiores.
São alterações no número normal de cromossomos do Certos vegetais tetraploides, como batata, café e
cariótipo. Quando essa alteração é de apenas um ou dois amendoim, são também maiores e mais vigorosos
cromossomos, trata-se de uma aneuploidia; quando há do que as variedades diploides. É por esse motivo
alteração de todo um conjunto haploide (n) de cromossomos, que técnicas especiais têm sido usadas para se
temos uma euploidia. induzirem mutações e se obterem esses mutantes.

Bernoulli Sistema de Ensino 31


Frente A Módulo 07

Monossomia (2n – 1),


EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Nulissomia (2n – 2), 01. (UFSM-RS) Associe as colunas a seguir:
Aneuploidias
Trissomia (2n + 1), 1. Genoma 3. Cromossomo
2. Gene 4. Cariótipo
Tetrassomia (2n +2)
( ) Segmento de DNA que contém instrução para a
formação de uma proteína.
Haploidia (n), ( ) Estrutura formada por uma única molécula de DNA,
Triploidia (3n), muito longa, associada a proteínas, visíveis durante

lli
Euploidias a divisão celular.
Tetraploidia (4n),
( ) Conjunto de genes de uma espécie.
etc. A numeração CORRETA é:
A) 1 – 2 – 3 C) 2 – 4 – 1 E) 3 – 4 – 1
B) 2 – 3 – 1 D) 3 – 2 – 4

ou
Mutações cromossômicas numéricas.

02. (UFV-MG) O núcleo caracteriza a célula eucariótica e


Mutações cromossômicas estruturais contém, praticamente, todo o material genético que
controla as atividades celulares. Em geral, cada célula
São modificações na estrutura normal dos cromossomos. possui apenas um núcleo, entretanto algumas células
apresentam dois ou mais.
Podem ser dos seguintes tipos: deleção, inversão, duplicação
São exemplos de células que apresentam vários núcleos:
e translocação.
A) Os neurônios

A B C

A B C
E F G

E F G

Dois pares de cromossomos normais


rn03.
B) As musculares esqueléticas
C) Os leucócitos
D) As musculares lisas
E) As epiteliais

(PUC RS) Supondo que ocorra um evento genético raro


em que dois cromossomos não homólogos de uma
Be
A C
A B C E F A B C C E F G mesma célula quebram-se e voltam a se soldar, porém
com os segmentos trocados, estaríamos verificando a
A B C E F G A B C E F G ocorrência de
A) crossing-over. D) inversão.
Deleção em um Duplicação em um B) duplicação. E) deleção.
cromossomo cromossomo
C) translocação.

A B C E F G C
B A B C E F G D 04. (FACISB–2014) Uma amostra de tecido de um paciente foi
coletada e conduzida a um laboratório de análises. Entre
A B C E G F A B E F G
diversos exames, foi realizada a análise citogenética do
cariótipo, na qual se verificou a existência de um par de
Inversão em um Deleção em um
eu

cromossomos sexuais idênticos e vinte e dois pares de


cromossomo cromossomo (preto)
autossomos.
e translocação em
outro (branco) Tal cariótipo é certamente proveniente
A) dos linfócitos masculinos ou femininos.
B) das hemácias femininas.
Mutações cromossômicas estruturais – A. Deleção ou deficiência
C) dos espermatozoides ou dos óvulos.
– Ausência de um segmento no cromossomo, isto é, falta
um pedaço no cromossomo. Deficiências muito acentuadas D) das gônadas masculinas.
podem ser letais, pois implicam a perda de muitos genes. E) do útero.
M

B. Inversão – Quando o cromossomo tem um pedaço


invertido. Nas inversões, um segmento de cromossomo
quebra-se, sofre uma rotação de 180° e se solda novamente. EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Com isso, evidentemente, altera-se a sequência ou a
01. (PUC Minas) Com relação aos nucléolos, é INCORRETO
ordem dos genes ao longo do cromossomo. C. Duplicação –
dizer que
Quando o cromossomo tem um pedaço repetido. Nesse
A) pode haver mais de um por núcleo.
caso, o cromossomo tem uma série de genes repetidos.
D. Translocação – Quando um cromossomo recebe um pedaço B) é envolvido por membrana específica.
proveniente de um outro cromossomo que não seja o seu C) é rico em RNA ribossômico.
homólogo ou quando há troca de pedaços entre cromossomos D) desintegra-se no início da divisão celular.
não homólogos. E) não está presente em células procariontes.

32 Coleção Estudo 4V
Núcleo celular

02. (PUC Minas) São aberrações cromossômicas, EXCETO Considerando apenas o cariótipo obtido, é CORRETO
A) aneuploidias. D) deleção. afirmar que a análise corresponde a
B) euploidias. E) translocação. A) um homem com uma triploidia.
C) recombinação gênica. B) um homem com uma aneuploidia.
C) uma mulher com uma trissomia.
D) um homem com uma monossomia.
03. (UFMG) Nos mamíferos, a presença do cromossoma Y
E) uma mulher com uma poliploidia.
determina o fenótipo masculino. O gene SRY, presente
nesse cromossoma, induz à diferenciação dos
06. (UFU-MG) A ilustração adiante mostra o cariótipo de um
testículos. Considerando-se essas informações e outros

lli
indivíduo do sexo masculino com síndrome de Down.
conhecimentos sobre o assunto, é CORRETO afirmar que
A) os indivíduos 46, XY que, na idade adulta, sofrem
mutação nesse gene perdem as características
sexuais.

ou
B) os indivíduos trissômicos com cariótipo 47, XYY Grupo A Grupo B

BIOLOGIA
apresentam dois testículos a mais.
C) os indivíduos trissômicos 47, XXY possuem órgãos
reprodutores masculinos e femininos. Grupo C + X
D) os testículos estão ausentes nos indivíduos 46,
XY com deleção do gene SRY.
Grupo D

04. (CEFET-MG–2015) Analise a imagem a seguir do cariótipo


de um indivíduo que apresenta uma anomalia.

1 2 3 4 5
rn Grupo E

Grupo F

Grupo G Y
Be
AMABIS, J. M; MARTHO, G. R. Biologia das células.
6 7 8 9 10 11 12
São Paulo: Moderna, 2002 (Adaptação).

A) Qual é a aneuploidia existente na síndrome de Down?


13 14 15 16 17 18 B) Quais são os mecanismos responsáveis pelo
aparecimento dessa aneuploidia?
C) Qual é a relação existente entre idade materna e a
19 20 Disponível
21 em:
22 <http://1.bp.blogspot.com>.
x y síndrome de Down?
Acesso em: 24 set. 2014.

A causa dessa anomalia é a ocorrência de


A) deleção do cromossomo Y.
SEÇÃO ENEM
eu

B) curvatura nos cromossomos.


01. (Enem–2015) A cariotipagem é um método que analisa
C) troca de partes entre os cromossomos.
células de um indivíduo para determinar seu padrão
D) alteração nos tamanhos dos cromossomos.
cromossômico. Essa técnica consiste na montagem
E) ausência de disjunção cromossômica na meiose.
fotográfica, em sequência, dos pares de cromossomos
e permite identificar um indivíduo normal (46, XX
05. (FAMERP-SP–2016) Analise a figura, que mostra o
cariótipo de uma pessoa. ou 46, XY) ou com alguma alteração cromossômica.
A investigação do cariótipo de uma criança
M

do sexo masculino com alterações morfológicas e

1 2 3 4 5
comprometimento cognitivo verificou que ela apresentava
fórmula cariotípica 47, XY, +18.

6 7 8 9 10 11 12
A alteração cromossômica da criança pode ser classificada
como
13 14 15 16 17 18 A) estrutural, do tipo deleção.
B) numérica, do tipo euploidia.
19 20 21 22 x y
C) numérica, do tipo poliploidia.
Disponível em: <www.downsyndromeaction.org>. D) estrutural, do tipo duplicação.
Acesso em: 10 nov. 2016 E) numérica, do tipo aneuploidia.

Bernoulli Sistema de Ensino 33


Frente A Módulo 07

02. (Enem–2011) Em 1999, a geneticista Emma Whitelaw O gráfico a seguir mostra a correlação entre nascimento
desenvolveu um experimento no qual ratas prenhes foram de crianças com síndrome de Down e a idade materna.
submetidas a uma dieta rica em vitamina B12, ácido fólico 25

Incidência por mil nativivos


e soja. Os filhotes dessas ratas, apesar de possuírem o
gene para obesidade, não expressaram essa doença na fase 20
adulta. A autora concluiu que a alimentação da mãe, durante
a gestação, silenciou o gene da obesidade. Dez anos depois, 15
as geneticistas Eva Jablonka e Gal Raz listaram 100 casos
comprovados de traços adquiridos e transmitidos entre 10
gerações de organismos, sustentando, assim, a epigenética,

lli
que estuda as mudanças na atividade dos genes que não 5
envolvem alterações na sequência do DNA.
ÉPOCA. A reabilitação do herege. n. 610, 2010 (Adaptação).
0 20 25 30 35 40 45 50
Alguns cânceres esporádicos representam exemplos de Idade materna

ou
alteração epigenética, pois são ocasionados por
A análise do gráfico permite concluir que a frequência de
A) aneuploidia do cromossomo sexual X.
nascimentos de crianças com síndrome de Down
B) polipoidia dos cromossomos autossômicos.
C) mutação em genes autossômicos com expressão A) é a mesma, qualquer que seja a idade materna.
dominante. B) é menor quanto maior for a idade materna.
D) substituição no gene da cadeia beta da hemoglobina.
C) é maior quanto menor for a idade materna.
E) inativação de genes por meio de modificações nas
D) é 0% na idade materna abaixo de 20 anos.
bases nitrogenadas.

03. (Enem–1999) A sequência a seguir indica, de maneira


simplificada, os passos seguidos por um grupo de
cientistas para a clonagem de uma vaca:
rn
I. Retirou-se um óvulo da vaca Z. O núcleo foi desprezado,
obtendo-se um óvulo anucleado.
GABARITO
E) é cerca de três vezes maior na idade materna de
45 anos que aos 40 anos de idade.
Be
II. Retirou-se uma célula da glândula mamária da vaca W. Fixação
O núcleo foi isolado e conservado, desprezando-se
o resto da célula. 01. B 02. B 03. C 04. E
III. O núcleo da célula da glândula mamária foi introduzido
no óvulo anucleado. A célula reconstituída foi
estimulada para entrar em divisão.
Propostos
IV. Após algumas divisões, o embrião foi implantado 01. B
no útero de uma terceira vaca Y, mãe de aluguel.
O embrião se desenvolveu e deu origem ao clone. 02. C

Considerando-se que os animais Z, W e Y não têm 03. D


eu

parentesco, pode-se afirmar que o animal resultante da


clonagem tem as características genéticas da vaca 04. E
A) Z, apenas. D) Z e da W, apenas.
05. B
B) W, apenas. E) Z, W e Y.
C) Y, apenas. 06. A) Trissomia do cromossomo 21.

04. O caso mais significativo de trissomia em seres humanos B) A síndrome de Down geralmente é causada pela não
disjunção cromossômica durante a gametogênese
M

é a síndrome de Down (SD), assim denominada em


homenagem ao médico inglês do século dezenove, paterna ou materna.
J. Langdon Down, que primeiro descreveu a síndrome
em 1866. [...] As crianças com SD são de leve a C) Quanto maior a idade materna, maior é a chance

moderadamente retardadas, mas, com os recentes de incidência da síndrome de Down, durante a


avanços médicos, educacionais e sociais, elas podem gestação.
desenvolver-se muito mais do que as primeiras gerações
achavam possível. Elas podem aprender a cuidar de si,
a ler e a praticar atividades manuais. Seção Enem
BURN & BOTTINO. Genética. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1991, 6. ed., p. 237 (Adaptação). 01. E 02. E 03. B 04. E

34 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA A 08
Mitose e meiose
Durante seu ciclo de vida, uma célula eucariota pode Quando se prepara para sofrer um processo de divisão,

lli
passar pelas seguintes fases: intérfase, prófase, metáfase, a célula, ainda na intérfase, duplica seu material genético.
anáfase e telófase. Quando em intérfase, a célula não se Assim, quando uma célula inicia um processo de divisão,
encontra em divisão; nas outras fases, ela se encontra em ela já está com o seu material genético duplicado. Portanto,
processo de divisão ou reprodução celular. Assim, temos:
podemos dividir a intérfase em três subfases ou períodos:

ou
G1, S e G2.
Fases do ciclo celular: intérfase, prófase, metáfase,
anáfase e telófase.
Intérfase
Fases da divisão celular: prófase, metáfase, anáfase
Subfase G1: Período que antecede a duplicação do material
e telófase.
genético. A célula possui cromossomos simples. O período
G1 parece ter um papel fundamental no controle da divisão
Para entendermos as modificações que ocorrem
celular. Durante esse período, algum mecanismo, ainda
nas células durante as fases da divisão, precisamos
desconhecido, determina se a célula entrará ou não em um
ver algumas características que elas possuem quando
se encontram em intérfase, isto é, quando não estão
em divisão.

A intérfase apresenta as seguintes características:

• Carioteca íntegra (inteira) – Essa membrana


rn
separa o material citoplasmático do material nuclear.
processo de divisão. Recentemente, foi descoberto um gene
específico, necessário para que a divisão celular ocorra. Esse
gene é muito semelhante em organismos diferentes como um
homem e uma levedura.
Subfase S: Período em que está ocorrendo a duplicação
do material genético (DNA).
Be
Na prófase (1ª fase da divisão), a carioteca se rompe Subfase G2: Período em que todo o material genético já
em diversos fragmentos (fragmentação da carioteca) e, se encontra duplicado. A célula possui cromossomos duplos.
com isso, misturam-se os materiais citoplasmático e
nuclear, deixando de existir uma nítida separação entre
o núcleo e o citoplasma. Na última fase da divisão, Pelo que acabamos de ver, se tivermos uma célula
isto é, na telófase, uma nova carioteca será formada em intérfase pertencente a uma espécie cujo 2N = 4,
a partir do retículo endoplasmático. essa célula terá 4 cromossomos simples na subfase G1,
e 4 cromossomos duplos quando estiver em G2.
• Nucléolo(s) visível(eis) – O nucléolo é uma
formação globosa resultante da concentração de
inúmeras moléculas de RNA-r, produzidas a partir 2n = 4 G1 S G2
da zona SAT existente em certos cromossomos.
eu

Na prófase (1ª fase da divisão), essas moléculas se


espalham pela célula e associam-se a moléculas de Arquivo Bernoulli

proteínas, formando os ribossomos. Assim, o nucléolo


deixa de ser visto (“desaparecimento do nucléolo”).
Na telófase (última fase da divisão), formam-se 4 cromossomos Duplicação dos 4 cromossomos
novos nucléolos a partir das zonas SAT de certos simples cromossomos duplos
cromossomos.
Uma célula humana de um indivíduo normal terá 46
• Cromatina organizada formando finíssimos
cromossomos simples em G1 e 46 cromossomos duplos em G2.
M

filamentos – A cromatina se organiza formando


finíssimos filamentos, que alguns autores denominam Por meio de um aparelho chamado citofotômetro,
cromonemas. Esses filamentos apresentam regiões é possível medir a quantidade de DNA presente no núcleo das
de eucromatina (distendida) e de heterocromatina células. Assim, se medirmos o teor de DNA na subfase G1,
(espiralada). Ao começar a divisão celular, as regiões devemos encontrar uma quantidade X de DNA; na subfase S,
de eucromatina iniciam um processo de intensa a quantidade de DNA deve ser superior a X, uma vez que,
espiralação, dando origem aos cromossomos. nesse período da intérfase, estão sendo produzidas novas
• Intensa atividade metabólica – Na intérfase, moléculas de DNA por meio da duplicação; na subfase G2,
a célula apresenta sua maior atividade metabólica, o teor de DNA deverá ser 2X, isto é, exatamente o dobro
realizando praticamente todos os processos de síntese da quantidade de DNA existente em G1, já que, em G2,
necessários ao seu desenvolvimento e à sua função. todo o material genético nuclear se encontra duplicado.

Bernoulli Sistema de Ensino 35


Frente A Módulo 08

Com os resultados da medida do teor de DNA nuclear da Divisão II


célula nessas três subfases da intérfase, podemos construir
um gráfico, como o da figura a seguir. Divisão I
n
Teor de DNA
G2 n
2X n

Arquivo Bernoulli
S 2n
n
G1
X

lli
n
n

0 1 2 3 Tempo
Meiose (do grego meion, menor) – Consta de duas divisões

ou
Logo após a subfase G2 e, portanto, com o material sucessivas (divisão I e divisão II). A divisão I é reducional,
genético nuclear já duplicado, a célula inicia um processo uma vez que reduz à metade o número de cromossomos nas
de divisão celular: mitose ou meiose. células. Durante a divisão I da meiose, ocorre a separação
dos cromossomos homólogos, resultando na formação de
O esquema a seguir mostra a diferença básica ou
fundamental entre esses dois processos de divisão celular. células-filhas haploides (células que não apresentam pares
de cromossomos homólogos). Na divisão II, à semelhança do
2n = 4 Célula-mãe que acontece na mitose, ocorre a separação equitativa das
INTÉRFASE

é homólogo de

é homólogo de

Separação
MITOSE
Duplicação do
material genético
MEIOSE

Divisão I
rn
cromátides entre as células-filhas que se formam. Ao término
da divisão I da meiose, formam-se duas células-filhas haploides
com cromossomos duplos; ao término da divisão II, teremos
quatro células-filhas haploides com cromossomos simples.

Os objetivos ou finalidades desses processos de divisão


Be
Separação também são diferentes.
das cromátides
dos homólogos

Objetivos da mitose
• Reprodução em seres unicelulares – Em muitas
Células-filhas
Divisão II espécies de seres unicelulares, a célula única que
Separação constitui o ser vivo, ao sofrer uma mitose, origina
das cromátides
dois seres vivos. Esse, portanto, é um processo de
reprodução da espécie. Ocorre, por exemplo, com
muitas espécies de algas unicelulares e de protozoários.
eu

Células-filhas
• Crescimento dos seres pluricelulares –
O crescimento de muitos tecidos e estruturas em
2n n
Arquivo Bernoulli

organismos pluricelulares se deve ao aumento do


2n Mitose n Mitose número de células devido a mitoses sucessivas, e não
ao aumento do tamanho das células. Por exemplo:
2n n as células epiteliais, cartilaginosas, ósseas e
sanguíneas de um recém-nascido são do mesmo
M

Mitose (do grego mitos, fio, filamento) – É um processo


tamanho das existentes em um indivíduo adulto.
apenas equitativo de divisão. Resumidamente, podemos
Entretanto, o adulto tem um número maior de células
dizer que, durante uma mitose, ocorre a separação equitativa
das cromátides, resultando na formação de duas células-
nesses tecidos do que o recém-nascido.
-filhas, geneticamente idênticas e com o mesmo número de • Renovação de tecidos – Alguns tecidos, como é o
cromossomos da célula-mãe. É, portanto, um processo de
caso do epitelial de revestimento, estão em constante
reprodução celular que conserva nas células o mesmo número
processo de renovação. Assim que as células desses
de cromossomos. Assim, se uma célula 2N (diploide) sofre uma
mitose, formam-se duas células-filhas também 2N; se uma célula tecidos completam seu período de vida e morrem,
N (haploide) sofrer uma mitose, teremos a formação de duas são substituídas por novas células formadas a partir
células-filhas também haploides. de mitoses.

36 Coleção Estudo 4V
Mitose e meiose

• Regeneração, reposição e cicatrização de Determinadas células desses indivíduos, ao sofrerem


tecidos – Muitos tecidos, quando lesados, têm meiose, formam células haploides (N), que são os
células destruídas. Estas serão substituídas por novas gametas. Por isso se diz que, nesse ciclo, a meiose
células, formadas por meio de mitoses sofridas por é gamética. A união de dois gametas N origina o
células que não foram danificadas com a lesão. zigoto (2N). Esse zigoto, por mitoses sucessivas,
• Formação de gametas – Nas espécies que origina um novo indivíduo diploide (2N). Os seres que
têm ciclos reprodutivos haplôntico e haplôntico- apresentam esse ciclo reprodutivo são chamados de
-diplôntico, os gametas (células reprodutoras) são seres diplontes ou diplobiontes. A maioria dos animais
formados por mitose. (inclusive a espécie humana) e algumas espécies de

lli
algas verdes têm esse ciclo reprodutivo.
Objetivos da meiose
2n Meiose Fecundação
• Formação de gametas – Isso acontece nas espécies n n

ou
BIOLOGIA
que têm ciclo reprodutivo diplôntico. 2n 2n
n n
• Formação de esporos – Isso ocorre nas espécies 2n Zigoto (2n)
Gametas (n)
de ciclo haplôntico e haplôntico-diplôntico.
CICLO DIPLÔNTICO
Como podemos perceber, os gametas podem ser formados
Mitoses sucessivas
tanto por mitose, como por meiose, dependendo do ciclo
reprodutivo da espécie.

haploides (N). Determinadas células N desses indivíduos,


ao sofrerem mitose, originam células, também N, que
são os gametas. A fusão (união) de dois gametas N,
rn
A) C i c l o h a p l ô n t i c o ( h a p l o n t e ) – N e s s e c i c l o,
os indivíduos têm o corpo formado apenas por células
C) Ciclo haplôntico-diplôntico (haplonte-diplonte) –
Nesse ciclo, existem indivíduos haploides (N)
e indivíduos diploides (2N). Os indivíduos
haploides, por meio de mitose, formam células
também haploides (N), que são os gametas.
Be
A união de dois gametas N origina o zigoto 2N que,
sendo de um mesmo indivíduo (autofecundação) ou de
por mitoses sucessivas, forma um indivíduo diploide
indivíduos diferentes (fecundação cruzada), origina o
(2N). Os indivíduos diploides (2N), por meiose, formam
zigoto diploide (2N). O zigoto, encontrando condições
células haploides (N), que são os esporos. Costuma-se
favoráveis de desenvolvimento, sofre meiose (meiose
dizer que, nesse ciclo, a meiose é espórica.
zigótica), resultando em células N, chamadas de
Cada esporo, por mitoses sucessivas, forma um novo
esporos. Cada esporo N, encontrando no meio
indivíduo haploide (N). Os seres que apresentam esse
condições favoráveis de desenvolvimento, por mitoses ciclo reprodutivo são chamados de haplodiplobiontes.
sucessivas, formará um novo indivíduo haploide (N). Esse ciclo aparece em muitas espécies de algas,
Nas espécies que têm esse ciclo reprodutivo, os indivíduos nas briófitas, nas pteridófitas, nas gimnospermas e
eu

são chamados de seres haplontes ou haplobiontes. nas angiospermas. É, portanto, um ciclo reprodutivo
Esse ciclo é encontrado, por exemplo, em algumas típico de plantas. Nestas, o indivíduo haploide (N),
espécies de clorófitas (algas verdes). formador de gametas, é chamado de gametófito,
enquanto que o indivíduo diploide (2N), formador de
Ciclos reprodutivos esporos, é o esporófito.

n Mitose Fecundação
n n Mitose Fecundação Zigoto (2n)
n
M

n 2n Zigoto (2n)
n n 2n
n n
Indivíduo Gametas (n) n
Meiose Indivíduo Gametas (n)
haploide (n) haploide (n) Mitoses
CICLO HAPLÔNTICO
n n CICLO
Esporos (n) HAPLÔNTICO-DIPLÔNTICO
Mitoses sucessivas n n
Meiose 2n
n n
2n
B) Ciclo diplôntico (diplonte) – Nesse ciclo, os indivíduos Mitoses n n
2n
sucessivas
têm o corpo formado por células diploides (2N). Esporos (n)

Bernoulli Sistema de Ensino 37


Frente A Módulo 08

MITOSE Conforme já vimos, o sistema de fibras que constitui o


fuso mitótico, cuja função é separar os cromossomos
Tomaremos como exemplo, para descrever as diversas e encaminhá-los para os polos celulares, começa a se
formar na prófase. Uma vez que o fuso se forma no
fases de uma mitose, uma célula eucariota diploide (2N),
citoplasma, é necessário que a carioteca desapareça,
pertencente a uma espécie na qual o número 2N = 4.
para permitir que os cromossomos entrem em
contato com as fibras do fuso. Essa fragmentação
Nucléolo Diplossomo
da carioteca marca o fim da prófase e o início da
G1 metáfase. Para alguns autores, essa fragmentação
G2
da carioteca caracteriza uma outra fase da divisão

lli
S celular que eles denominam de pró-metáfase.

Arquivo Bernoulli
Desaparecimento do nucléolo

Diplossomo

ou
Fibras do fuso

Arquivo Bernoulli
Prófase Áster
Início da espiralização
É a primeira fase da mitose. Nela, observamos as seguintes dos cromossomos
características: Fragmentação da carioteca
• Início da espiralização (condensação) dos
cromossomos – Os cromossomos já duplicados


(lembre-se de que a duplicação ocorre na intérfase)
começam a se espiralizar (condensar) e, à medida que
vão se espiralizando, tornam-se mais curtos, porém mais
grossos e, portanto, mais visíveis. O início da prófase é
marcado pelo início da condensação dos cromossomos.

Desaparecimento do(s) nucléolo(s) – As moléculas


rn
Metáfase
O termo metáfase (do grego meta, meio) faz alusão ao
fato de os cromossomos, nessa fase, se arranjarem na
região mediana (equatorial) da célula. A metáfase mitótica
apresenta as seguintes características:
Be
de RNA-r que formam o nucléolo começam a se • Máximo desenvolvimento do fuso – Os microtúbulos
espalhar pela célula e associam-se a moléculas de do fuso mitótico, que começaram a se formar
proteínas, formando os ribossomos. Assim, à medida na prófase, atingem na metáfase seu máximo
que a prófase progride, o(s) nucléolo(s), gradualmente, desenvolvimento. Nesse fuso, distinguimos os
vai(vão) deixando de ser visto(s) até desaparecer(em) microtúbulos polares (ou fibras contínuas), que se
por completo ao fim da prófase. dispõem de um polo celular a outro, e os microtúbulos
cinetocóricos (ou fibras cromossômicas), que se
• Início da formação do fuso – O fuso mitótico (fuso
ligam aos cinetócoros de cada cromátide-irmã.
acromático, aparelho mitótico) é um conjunto de fibras
Nas células que possuem centríolos, também existem
proteicas formadas por microtúbulos, resultantes
microtúbulos dispostos radialmente a partir de cada
da polimerização de proteínas citoplasmáticas
diplossomo, formando áster.
eu

denominadas tubulinas. Quando a célula possui


diplossomo, na intérfase, dá-se a duplicação dessas • Máxima espiralização dos cromossomos –
organelas e, na prófase, as fibras do fuso organizam-se A espiralização dos cromossomos, que teve início na
entre os pares de centríolos. Assim, à medida que prófase, atinge seu grau máximo na metáfase. Essa
as fibras do fuso vão se alongando, os diplossomos máxima espiralização dos cromossomos faz com que
vão sendo empurrados para os polos celulares. essas estruturas se tornem mais curtas, porém mais
Ao redor de cada par de diplossomos, também surgem grossas. Por isso, a metáfase é a melhor fase para
fibras de proteínas que, dispostas radialmente, a visualização e para o estudo dos cromossomos.
formam o áster. Devido à presença dos diplossomos e, Esses, altamente condensados (espiralizados),
M

ligam-se às fibras do fuso através dos centrômeros.


consequentemente, do áster, fala-se que nessas
células a mitose é cêntrica e astral. Quando as células Como na metáfase os cromossomos encontram-se
não possuem diplossomo, como no caso dos vegetais no máximo de sua espiralização e, por isso,
superiores, o fuso forma-se com a mesma eficiência. s ão mai s fac i l ment e vi s ual i z ad o s , al g umas
Quando não têm diplossomo, também não terão áster e, substâncias, como a colchicina, podem ser utilizadas
nesse caso, fala-se que a mitose é acêntrica e anastral. experimentalmente para interromper a mitose
nessa fase. Com isso, é possível estudar melhor o
• Desaparecimento da carioteca – Ao fim da prófase, número, a forma e o tamanho dos cromossomos.
a membrana nuclear (carioteca) fragmenta-se A colchicina age impedindo a organização dos
em diversos pedaços e, com isso, o material microtúbulos do fuso sem, contudo, impedir a
citoplasmático mistura-se com o material nuclear. condensação dos cromossomos.

38 Coleção Estudo 4V
Mitose e meiose

• Ordenação (alinhamento) dos cromossomos Telófase


no plano equatorial – Todos os cromossomos
se dispõem no mesmo plano, no equador (região É a fase final (do grego telos, fim) da mitose. Suas
mediana) da célula, formando a chamada placa principais características são:
equatorial ou placa metafásica. A ligação dos
cromossomos ao fuso permite que as cromátides- • Descondensação ou desespiralização dos
-irmãs (cromátides unidas pelo centrômero) cromossomos – Os cromossomos simples,
já situados nos polos celulares, desespiralizam-se.
fiquem corretamente direcionadas, cada uma
voltada para um dos polos da célula. Dá-se o nome • Desaparecimento das fibras do fuso – As moléculas

lli
de metacinese ao movimento dos cromossomos de tubulina que formam as fibras do fuso (microtúbulos)
em busca de sua ordenação na região mediana sofrem despolimerização e espalham-se pela célula.
da célula.
• Reorganização (reaparecimento) da carioteca –
Em cada polo celular, em torno de cada conjunto
Cromossomos duplos

ou
alinhados no plano equatorial cromossômico, organiza-se uma carioteca, formada

BIOLOGIA
a partir das membranas do retículo endoplasmático.
Começa, então, a organização de um núcleo em cada
polo celular.

• Constituição (reaparecimento) do(s) nucléolo(s) –


Em cada núcleo que começa a se organizar em
cada polo da célula, reaparece(m) o(s) nucléolo(s),
Microtúbulos formado(s) a partir da zona SAT existente em certos
Cinetócoro
cinetocóricos

rn •
cromossomos.

Citocinese – O citoplasma divide-se em duas metades


iguais, surgindo, assim, as duas células-filhas. Muitas
Arquivo Bernoulli

Cromátides
Cinetócoro vezes, essa divisão citoplasmática inicia-se na anáfase
Centrômero
e termina ao fim da telófase. Com essa divisão,
há também, uma distribuição equitativa dos orgânulos
Be
citoplasmáticos entre as duas células-filhas.
Anáfase
O termo anáfase (do grego ana, separação) refere-se à
separação das cromátides-irmãs de cada cromossomo para
os polos opostos da célula. Essa fase se caracteriza por
Arquivo Bernoulli

• Encurtamento das fibras do fuso – As fibras do


fuso, às quais se prendem os centrômeros, sofrem um
encurtamento ou retração, puxando as cromátides
eu

(que agora já são cromossomos simples) para os


polos celulares.

• Ascensão polar dos cromossomos ou migração


dos cromossomos-irmãos para os polos –
Os “cromossomos-irmãos” (resultantes da separação
das cromátides-irmãs) separam-se, sendo puxados Nas células animais, a citocinese é centrípeta (de fora
pelas fibras do fuso para os polos celulares opostos. para dentro) e decorre da invaginação da membrana
M

Assim, cada polo da célula recebe o mesmo material plasmática, que divide a célula em duas outras; nas células
cromossômico. A anáfase termina quando os dos vegetais, a citocinese é centrífuga (de dentro para fora)
cromossomos chegam aos polos. e decorre da formação de microvesículas, denominadas
fragmoplastos, oriundas do sistema golgiense e repletas
de substâncias pécticas (pectinas), que se organizam na
região central do citoplasma. Ao se fundirem umas com
Arquivo Bernoulli

as outras, essas microvesículas vão dividindo a célula do


Separação
das cromátides centro para a periferia até separá-las em duas metades
(duas células-filhas). Com essa divisão, as substâncias
pécticas se dispõem entre as duas células-filhas, formando
a lamela média.

Bernoulli Sistema de Ensino 39


Frente A Módulo 08

Célula animal MEIOSE


Conforme já vimos, a meiose consta de duas divisões
sucessivas: divisão I e divisão II. As diversas fases de uma
meiose estão relacionadas no quadro a seguir.

Leptóteno
Zigóteno
Prófase I Paquíteno
Divisão I Diplóteno

lli
(Reducional) Diacinese
Plasmodesmo
Célula vegetal (ponte citoplasmática Metáfase I
entre duas células) Anáfase I
Telófase I
1 2 3

ou
Prófase II
Divisão II Metáfase II
(Equacional) Anáfase II
Telófase II
Fragmoplasto Parede
(conjunto de vesículas) celular A prófase I é subdividida em cinco períodos ou subfases
(leptóteno, zigóteno, paquíteno, diplóteno e diacinese).
1. Organização centrífuga das vesículas originadas do complexo A divisão II apresenta as mesmas características de uma mitose.
golgiense. Essas vesículas são ricas em pectina. 2. As vesículas Assim, as características da prófase II, por exemplo,

Essa lâmina, rica em pectina, é a lamela média. Em alguns


pontos dessa lamela, a separação entre as células não é
completa, originando os plasmodesmos. 3. Posteriormente,
ocorre deposição de celulose ao redor da lamela média,
mas não há deposição nos plasmodesmos.
rn
fundem-se, formando uma lâmina que separa as duas células-filhas.
são idênticas às da prófase da mitose. Entre o término da
divisão I e o início da divisão II, pode existir ou não um
pequeno intervalo de tempo, denominado intercinese.
Tomaremos como exemplo para descrever a meiose uma
célula na qual 2N = 4 (2 pares de cromossomos homólogos).

Prófase I
Be
Apesar de as características básicas serem as mesmas, No decorrer da prófase I, temos algumas características
existem algumas diferenças entre a mitose de células semelhantes às da prófase mitótica e outras que
animais e a de células dos vegetais superiores. Assim, temos: são exclusivas dessa fase da meiose. No período
leptóteno, os cromossomos, apesar de já duplicados,
• nos animais, a mitose é cêntrica (presença de não mostram suas cromátides individualizadas, isto é,
diplossomo), e nos vegetais superiores é acêntrica ainda não é possível distinguir as duas cromátides de
(ausência de diplossomo); cada cromossomo devido à sua pouca espiralização.
No zigóteno, ocorre o pareamento ou sinapse dos
• nos animais, a mitose é astral (presença do áster ao cromossomos homólogos: cada cromossomo fica ao lado
redor dos diplossomos), e nos vegetais superiores é de seu homólogo. Nesse período, os cromossomos já se
anastral (ausência de áster); encontram um pouco mais espiralizados, porém, ainda não
eu

é possível distinguir as duas cromátides de cada um deles.


• nos animais, a citocinese é centrípeta, e nos vegetais No paquíteno, pela primeira vez na prófase I, são
é centrífuga. visualizadas as duas cromátides de cada cromossomo
(“cromátides-irmãs”). Cada par de cromossomos
A mitose é o processo de divisão celular mais frequentemente
homólogos duplos emparelhados recebe a denominação de
encontrado nos seres vivos. Algumas linhagens de células tétrade ou bivalente. Nesse período, tem início também o
apresentam um ciclo vital curto e são continuamente fenômeno do crossing-over (permutação). O crossing-over
produzidas por mitoses que, por sua vez, permitem é uma troca de segmentos (pedaços) entre cromátides
a renovação constante dos tecidos em que ocorrem. homólogas, permitindo, assim, uma recombinação gênica
M

Outras têm ciclo vital médio que pode durar meses ou (recombinação de genes) entre cromossomos homólogos e,
anos. Tais células são produzidas por mitoses durante o consequentemente, um aumento da variabilidade genética
período de crescimento do organismo, e sua capacidade dentro da espécie. O crossing-over começa no paquíteno
de divisão cessa na idade adulta. Entretanto, tais células e termina no período seguinte, isto é, no diplóteno.
Após a troca de segmentos, os homólogos começam a se
podem voltar a sofrer mitoses em algumas condições
afastar um do outro. O último ponto de separação entre
excepcionais, como na regeneração de tecidos (uma
os homólogos é exatamente aquele em que ocorreu o
fratura óssea, por exemplo). Finalmente, existem células crossing-over. Assim, é comum no diplóteno a visualização
dotadas de ciclo vital longo, que são produzidas apenas de pontos de contato entre cromátides homólogas.
durante o período embrionário. Na eventual morte dessas Esses pontos são denominados quiasmas e indicam
células, não há reposição, uma vez que o indivíduo já os locais onde se deu a troca de segmentos, isto é,
nasce com um número definido delas. indicam os locais de ocorrência do crossing-over.

40 Coleção Estudo 4V
Mitose e meiose

Na diacinese, último período da prófase I, ocorre • Máxima espiralização dos cromossomos.


a terminalização dos quiasmas, isto é, os quiasmas
escorregam para as extremidades das cromátides.

Arquivo Bernoulli
Leptóteno Zigóteno

Anáfase I

lli
Ao contrário do que acontece na mitose, na anáfase I,
não ocorre a separação das cromátides. Mas, do mesmo
modo que na anáfase mitótica, acontece um encurtamento
das fibras do fuso, puxando os cromossomos para os polos
Prófase I celulares. Assim, na anáfase I, temos:

ou
BIOLOGIA
• Encurtamento das fibras do
fuso.

Arquivo Bernoulli
• Separação dos cromossomos
homólogos – Os cromossomos
Paquíteno Diplóteno homólogos, ainda duplos,
são puxados para os polos
Cromátides permutadas Quiasma celulares opostos.

Telófase I
rn
Arquivo Bernoulli

A última fase da divisão I

Arquivo Bernoulli
meiótica caracteriza-se por:
• D e s e s p i ra l i z a ç ã o d o s
cromossomos.
• Reaparecimento do(s)
nucléolo(s).
Be
Quiasma
• R e a p a r e c i m e n t o d a
carioteca.
Detalhes sobre o fenômeno da permutação – Os pontos de
troca entre as cromátides homólogas que permutam não são • Desaparecimento do fuso.
percebidos antes do diplóteno, porque, até então, os homólogos • Citocinese.
estão muito unidos. • Formação de duas células-filhas haploides (N) com
cromossomos duplos.
Podemos, então, resumir as características da prófase I
da seguinte maneira: Cada uma das células-filhas, formadas ao término da
divisão I, passará para a divisão II, cujas características são
• Desaparecimento do nucléolo.
idênticas às da mitose.
• Início da formação do fuso meiótico.
• Início da espiralização dos cromossomos.
eu

• Pareamento ou emparelhamento dos cromossomos


homólogos.
• Aparecimento das tétrades ou bivalentes. Prófase II
• Ocorrência do crossing-over.
• Visualização dos quiasmas.
• Terminalização dos quiasmas.
• Desaparecimento da carioteca.
Metáfase II
M

Metáfase I
Migração de
Nessa fase da meiose, temos: cromátides-irmãs
• Máximo desenvolvimento do fuso meiótico –
Anáfase II
Assim como na metáfase mitótica, as fibras do fuso
se dispõem de um polo celular a outro.

• Cromossomos homólogos emparelhados dispostos


no plano equatorial – Cada par de cromossomos
Telófase II
homólogos encontra-se ligado a uma mesma fibra
do fuso através dos centrômeros.

Bernoulli Sistema de Ensino 41


Frente A Módulo 08

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Observe que há retângulos numerados nos quais não foi
apresentado o tipo de divisão celular.

01. (FJP-MG–2013) Analise esse esquema representativo Ciclo Haplonte Ciclo Diplonte
da mitose.

Indivíduo Gametas Indivíduo Meiose


haploide diploide

Fecundação Gametas

lli
1 2

Fecundação
Considerando esse esquema, é CORRETO afirmar que a
variabilidade genética ocorre

ou
A) com a duplicação do DNA. ZIGOTO DIPLOIDE (2N)

B) com a troca de material genético.

C) com o processo de mutação.


Fecundação Esporófito
D) com a segregação de cromossomos homólogos.

3
02. (Unimontes-MG) O ciclo celular é o nome dado ao conjunto
de processos realizados entre duas divisões celulares,

rn
numa célula viva, e está representado pela figura a seguir.
Analise-a.

I
Gametas Gametófito 4 Esporos

Ciclo Haplonte-Diplonte

Os retângulos numerados são preenchidos,


respectivamente, por
Be
A) meiose, mitose, meiose, mitose.
B) meiose, meiose, mitose, mitose.
C) mitose, meiose, mitose, meiose.
IV II D) mitose, mitose, meiose, meiose.
E) meiose, mitose, mitose, meiose.

04. (IFG-GO–2016) A meiose é o processo de divisão celular


III na formação dos gametas, e ocorre em duas etapas:
meiose I e meiose II. Na prófase da meiose I, ocorre a
permutação ou crossing-over entre as cromátides dos
eu

cromossomos homólogos. Esse processo favorece


Considerando a figura e o assunto a ela relacionado,
A) a mutação dos genes.
INDIQUE as etapas do ciclo apresentado, de acordo com
o evento correspondente. B) a variabilidade genética da espécie.
A)
Mitose C) a mutação dos cromossomos.
B)
G2 D) a interação gênica entre espécies.
C) Síntese de DNA
E) a união dos gametas.
M

D) G1

03. (UFPB) As formas de reprodução dos organismos EXERCÍCIOS PROPOSTOS


multicelulares podem incluir etapas sexuadas e
01. (IFCE–2016) É uma característica da mitose
assexuadas. Esses processos envolvem mitose e meiose;
a primeira resulta em constância genética e a segunda, A) originar células-filhas com o dobro do número de

em diversidade genética. Considere o quadro a seguir, cromossomos da célula-mãe.

que trata dos ciclos reprodutivos da grande maioria dos B) originar células-filhas com metade do número de
organismos. cromossomos da célula-mãe.

42 Coleção Estudo 4V
Mitose e meiose

C) tipo de divisão celular utilizada na formação dos 04. (UFRGS-RS–2016) Os diagramas a seguir se referem a
gametas. células em diferentes fases da meiose de um determinado

D) originar células-filhas com o mesmo número de animal.

cromossomos da célula-mãe. 1 2

E) tipo de divisão celular utilizada apenas na formação dos


espermatozoides.

02. (VUNESP) A figura representa uma anáfase de uma célula

lli
diploide animal. 1 2 3

ou
BIOLOGIA
1 2 3

03.
Essa célula está em mitose ou em meiose? JUSTIFIQUE
sua resposta, informando o número diploide de
cromossomos em uma célula somática desse animal.

(UFMS) Na meiose, acontecem duas divisões celulares


sucessivas denominadas meiose I e meiose II. Observe o
rn Os diagramas 1, 2 e 3 correspondem, respectivamente, a

A) prófase I, metáfase I e telófase II.

B) prófase II, anáfase I e telófase I.

C) prófase I, metáfase II e anáfase II.


Be
D) prófase II, anáfase II e telófase I.
esquema a seguir e considere que a célula-mãe (célula 1)
apresente o número de dezesseis cromossomos (2N = 16). E) prófase I, anáfase I e metáfase II.

05. (PUCPR) A Teoria Celular afirma que todos os seres vivos


1
são formados por células que provêm de outras células.
Meiose I Portanto, todas as células apresentam um ciclo celular que
2 3 corresponde ao processo básico de formação de novas
Meiose II células eucariontes. Assim, ele inclui a intérfase e a mitose.

Assinale a alternativa que indica CORRETAMENTE a


4 5 6 7
eu

sequência dos períodos do ciclo celular.

I. Período G1 (caracterizado pela intensa síntese de RNA


Em relação à meiose, é CORRETO afirmar:
e aumento do citoplasma).
01. As células 4, 5, 6 e 7 apresentam 8 cromossomos.
II. Divisão celular (mitose propriamente dita).
02. As células 1, 2 e 3 apresentam 16 cromossomos.
III. Período S (caracterizado pela duplicação do conteúdo
04. A célula 1 passa por divisão reducional e equacional de DNA).
M

para formar as células 2 e 3.


IV. Período G2 (caracterizado pela discreta síntese de
08. As células 2 e 3 sofrem divisão reducional para formar proteínas e RNA).
as células 4, 5, 6 e 7.
A) I, III, IV e II.
16. As células 2, 3, 4, 5, 6 e 7 apresentam a metade do
B) IV, III, I e II.
número de cromossomos da célula 1.
C) II, III, I e IV.
32. As células 2 e 3 são originadas da célula 1 por divisão
reducional. D) II, III, IV e I.

Soma ( ) E) I, II, III e IV.

Bernoulli Sistema de Ensino 43


Frente A Módulo 08

06. (UDESC–2015) As células em geral são estimuladas a Essa substância atua especificamente sobre as fibras do
se dividirem quando atingem um determinado tamanho, fuso, impedindo que os microtúbulos se organizem, sem,
assim como por substâncias denominadas de fatores de no entanto impedir a condensação dos cromossomos.
crescimento celular, passando pelo chamado ciclo celular, Assim, em células tratadas com colchicina, as cromátides-
que é subdivido em três fases: G1 – S – G2. -irmãs não migram para os polos; a célula, portanto,
Analise as proposições em relação ao ciclo celular e assinale não formará dois novos núcleos, ou seja, uma única
(V) para VERDADEIRA e (F) para FALSA. carioteca se forma ao redor dos cromossomos.

I. Na fase S ocorre a duplicação do DNA. Em um meio de cultura, foram colocadas 6 (seis) células

lli
II. Na fase G2 ocorre o pareamento dos cromossomos e colchicina. No momento em que esta substância foi
homólogos. adicionada ao meio, duas células estavam em intérfase,

III. Na fase G1 todo o DNA está altamente condensado. duas estavam em prófase e duas estavam em telófase.
Após certo tempo, contando-se as células presentes em
IV. A fase S só ocorre em células que entram em mitose.
tal meio, espera-se encontrar um total de

ou
V. Na fase G1 e na G2 as células apresentam a mesma
quantidade de DNA. A) seis células. D) nove células.

B) sete células. E) dez células.


Assinale a alternativa CORRETA, de cima para baixo.
C) oito células.
A) F – F – V – V – F
B) V – V – F – F – F
C) V – F – F – F – F GABARITO
D) F – V – V – F – F
E) F – F – F – V – V

SEÇÃO ENEM
rn Fixação
01. C

02. A) IV
B) III
Be
C) II
01. (Enem–2016) O Brasil possui um grande número
D) I
de espécies distintas entre animais, vegetais e
03. A
microrganismos envoltos em uma imensa complexidade
e distribuídas em uma grande variedade de ecossistemas. 04. B

SANDES, A. R. R.; BLASI, G. Biodiversidade e diversidade


química e genética. Disponível em: <http://novastecnologias. Propostos
com.br>. Acesso em: 22 set. 2015 (Adaptação).
01. D

O incremento da variabilidade ocorre em razão da 02. A célula representada está em anáfase II da meiose, pois
eu

permuta genética, a qual propicia a troca de segmentos


observa-se a separação de 3 cromátides-irmãs, indicando
entre cromátides não irmãs na meiose.
que o número diploide dessa espécie é igual a 6 (2N = 6).
Essa troca de segmentos é determinante na Chega-se a essa conclusão porque uma célula diploide
A) produção de indivíduos mais férteis. não pode (normalmente) apresentar um número ímpar

B) transmissão de novas características adquiridas. (no caso 3) de cromossomos.

C) recombinação genética na formação dos gametas. 03. Soma = 49


M

D) ocorrência de mutações somáticas nos descendentes.


04. E
E) variação do número de cromossomos característico
05. A
da espécie.
06. C
02. A colchicina é uma substância utilizada experimentalmente
em citologia para interromper a mitose na metáfase, fase Seção Enem
em que os cromossomos encontram-se no máximo de
01. C
sua condensação. Com isso, é possível melhor estudar
o número, a forma e o tamanho dos cromossomos. 02. C

44 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA B 05
Algas e fungos
ALGAS Com relação à nutrição, as euglenófitas são organismos

lli
mixotróficos, isto é, são capazes de realizar a nutrição
Ficologia é o estudo das algas, um grupo bastante autotrófica e a nutrição heterotrófica. Em ambientes
diversificado de organismos, em que existem espécies iluminados, produzem seu próprio alimento por meio da
unicelulares e pluricelulares, subdivididas em diversos grupos. fotossíntese (nutrição autotrófica), armazenando seu
alimento como paramilo (polissacarídeo). Entretanto, quando

ou
Muitos autores incluem todos os grupos de algas no reino
Protista, e outros consideram apenas as algas unicelulares em ambientes desprovidos de luz, passam a ingerir partículas
de alimento por fagocitose (nutrição heterotrófica).
como sendo protistas, preferindo classificar as demais no
Reino Plantae. A reprodução das euglenófitas é assexuada por
Vejamos, então, os principais grupos de algas. cissiparidade longitudinal.

Divisão Euglenophyta Divisão Chrysophyta


As euglenófitas, euglenofíceas ou euglenoides são As crisófitas, crisofíceas ou “algas douradas” são seres

rn
algas unicelulares, eucariontes, aeróbias, de vida livre,
encontradas, principalmente, na água-doce, fazendo parte
do fitoplâncton (seres planctônicos). A Euglena viridis é o
principal representante desse grupo.
unicelulares, eucariontes, aeróbios, autótrofos, que
podem viver isoladas ou associadas formando colônias,
tanto na água-doce quanto na água salgada, fazendo
parte do fitoplâncton. As diatomáceas são os principais
representantes desse grupo.
Be Arquivo Bernoulli

Arquivo Bernoulli
Diatomáceas.

Possuem morfologia variada. Suas células possuem uma


parede celular rígida impregnada de dióxido de silício (sílica),
formada por duas partes ou valvas, denominadas frústulas
ou carapaças, que se encaixam uma na outra, como se fosse
uma placa de Petri. A parte maior é denominada epiteca,
eu

e a menor, hipoteca. Através do espaço existente entre essas


duas partes, a água pode ser expelida, o que promove o
Euglena viridis. lento deslocamento da célula. Não há flagelos. As frústulas
das diatomáceas que morrem sedimentam-se no fundo
A célula da Euglena é alongada (cerca de 0,1 mm de
dos mares, originando com o passar do tempo um tipo
comprimento), não possui parede celular, sendo revestida
especial de rocha sedimentar, leve, porosa e microgranulada,
apenas por uma membrana celular flexível, denominada
denominada diatomito ou “terra de diatomácea”. Essa rocha
película, rica em fibrilas proteicas contráteis.
é explorada comercialmente, sendo utilizada na fabricação
O citoplasma é rico em cloroplastos e possui vacúolo de filtros de piscinas, abrasivos (polidores), creme dental e
M

contrátil (pulsátil) que, periodicamente, elimina o excesso de até na construção de casas. Em certas regiões do Nordeste
água que entra na célula por osmose. Apresenta, também, brasileiro, por exemplo, o diatomito é cortado em blocos
uma estrutura avermelhada, denominada estigma ou (tijolos) e usado na construção de modestas habitações.
mancha ocelar, de função fotorreceptora. Por meio dessa
estrutura, a Euglena pode perceber variações de intensidade OBSERVAÇÃO
luminosa no meio em que se encontra e ter reações de Alguns autores preferem classificar as diatomáceas
fototactismo (deslocamento orientado segundo o estímulo como pertencentes a outro filo de algas: Filo (divisão)
luminoso). Assim, a alga pode locomover-se no sentido do Bacillariophyta. Para eles, as diatomáceas diferem das
estímulo luminoso (fototactismo positivo) ou no sentido crisófitas pela ausência de flagelos, excetuando-se em alguns
contrário a ele (fototactismo negativo). Essa locomoção é gametas masculinos, e pela parede celular peculiar, dividida
feita através de flagelo. em duas metades.

Bernoulli Sistema de Ensino 45


Frente B Módulo 05

Divisão Pyrrophyta (Dinophyta)


As pirrófitas, pirrofíceas ou “algas de fogo” são seres
unicelulares, eucariontes, autótrofos, aeróbios, de vida
livre, predominantemente marinhos e planctônicos.
Os principais representantes desse grupo são os
dinoflagelados.

lli
Arquivo Bernoulli

ou
Arquivo Bernoulli
Acetabulária – Acetabulária é uma clorofícea marinha, unicelular
e macroscópica. Cada “chapéu” e respectivo pedúnculo é uma
única e grande célula que chega a ter até 10 cm de comprimento.

Dinoflagelados marinhos.
rn
Possuem morfologia variada e podem ter ou não parede
celular. Em algumas, a parede celular é constituída por
placas espessas de celulose, formando uma espécie de
armadura denominada lórica. Geralmente, têm dois flagelos
Be Arquivo Bernoulli

que emergem de um mesmo ponto da célula, mas que se


dispõem de modo diferente: um deles circunda a célula como
uma cinta e o outro fica distendido. O batimento desses dois
flagelos faz com que as células se desloquem girando como se
Apressório
fossem piões (em rodopios), vindo daí o nome dinoflagelados
(dino = rotação).
Ulva
(uma alga verde folhosa) Ulothrix
A reprodução se faz assexuadamente por divisão binária.

Algumas espécies de pirrófitas, como as do gênero Clorófitas pluricelulares – As clorófitas pluricelulares são
eu

Noctiluca, são bioluminescentes, produzindo um brilho claro exemplos de talófitas, isto é, não possuem órgãos (raízes, caule
sobre as ondas do mar durante a noite. Outras, como as e folhas) diferenciados. Algumas são folhosas ou membranosas,
como a Ulva; outras, como a Ulothrix, são filamentosas.
do gênero Gonyaulax, são responsáveis pelo fenômeno das
“marés vermelhas”. As células das clorófitas possuem parede celular
constituída por celulose e, no citoplasma, todas se
Divisão Chlorophyta caracterizam pela abundância de clorofila. Possuem
clorofilas a e b, as mesmas encontradas nos vegetais
As clorófitas, clorofíceas ou algas verdes constituem
M

superiores, que predominam sobre os outros pigmentos,


o grupo mais numeroso de algas, sendo encontradas,
como a xantofila (pigmento amarelo) e os carotenos
predominantemente, no ambiente aquático. Algumas podem
(pigmentos alaranjados), o que explica a coloração verde
ser encontradas no ambiente terrestre, associadas a fungos,
que manifestam.
formando os liquens.
Essas células realizam intensa atividade de fotossíntese.
Podem ser uni ou pluricelulares. Entre as espécies As que vivem no mar, notadamente as do fitoplâncton, são
unicelulares, a maioria tem dimensões microscópicas responsáveis pela produção e renovação da maior parte do
e pertence ao fitoplâncton, existindo, entretanto, oxigênio atmosférico. Além disso, desempenham importante
espécies unicelulares macroscópicas, como é o caso da papel ecológico, posicionando-se como produtores no início
acetabulária. das cadeias alimentares.

46 Coleção Estudo 4V
Algas e fungos

A reprodução das clorófitas pode ser assexuada ou sexuada, sendo que, em algumas espécies, ocorre metagênese
(alternância de gerações assexuada e sexuada).

A reprodução assexuada pode ser realizada por cissiparidade (divisão binária, bipartição) ou por esporulação (por meio
da formação de esporos).

Organismo
vegetativo
maduro

lli
Zoósporo

Arquivo Bernoulli

ou
BIOLOGIA
Filamento
jovem

rn
Reprodução assexuada por esporulação em Ulothrix, alga verde pluricelular filamentosa – Observe que, em determinada célula do
filamento, por mitose, ocorre a zoosporia, isto é, formação de zoósporos (esporos móveis, flagelados). Esses esporos abandonam
o filamento, nadam até encontrar um substrato onde se fixam e, por sucessivas mitoses, originam um novo filamento de alga,
ou seja, um novo indivíduo.

A reprodução sexuada pode ser feita por meio de fecundação, isto é, envolve a participação de gametas. Os gametas
Be
masculinos são denominados anterozoides e os femininos, oosferas. Na fecundação das algas, dependendo da espécie, pode
existir isogamia, heterogamia ou oogamia.

A) Isogamia B) Heterogamia C) Oogamia


(anisogamia)

Anterozoide

Isogametas Heterogametas Oosfera


eu

Fecundação Fecundação Fecundação


Arquivo Bernoulli
M

Zigoto Zigoto Zigoto

A. Isogamia – Os dois gametas envolvidos (masculino e feminino) são idênticos quanto à forma, tamanho e comportamento (ambos
são móveis). B. Heterogamia – Os dois gametas envolvidos são parcialmente diferentes: às vezes, têm a mesma forma e o mesmo
tamanho, porém um é móvel (gameta masculino) e o outro imóvel (gameta feminino); outras vezes, ambos são móveis, têm a
mesma forma, mas um é bem menor do que o outro (o gameta menor é o masculino, já o maior é o feminino). C. Oogamia –
Os dois gametas envolvidos são totalmente diferentes: um é pequeno e móvel (microgameta, anterozoide ou gameta masculino)
e o outro é grande e imóvel (macrogameta, oosfera ou gameta feminino).

Bernoulli Sistema de Ensino 47


Frente B Módulo 05

As clorófitas que se reproduzem formando gametas Veja o exemplo a seguir.


podem apresentar os três tipos de ciclos reprodutivos:
Meiose Zoósporos
haplôntico, diplôntico e haplôntico-diplôntico. Veja os (R!) (n)
Esporângio
esquemas a seguir. (2n)
Desenvolvimento
dos esporos
Gametas
n

A) Talo
Ciclo haplôntico Fecundação

lli
n Esporófito
(2n)
Zigoto
2n Gametófitos
Meiose (R!) Zigoto (n)
(2n) s
io

ou
â ng
et
m (n)
Meiose (R!)
Gametas Fusão de Gametas (n) Ga
n gametas
Talo Ciclo diplôntico
B) Fecundação
2n
Zigoto Ciclo haplodiplobiôntico da Ulva (alface-do-mar), alga verde
2n
Mitose pluricelular.

Meiose (R!)
Esporos
n
Mitoses
rn Divisão Rhodophyta
As rodófitas, rodofíceas ou “algas vermelhas” são
pluricelulares e predominantemente marinhas, existindo
poucas espécies de água-doce. Suas células possuem
Arquivo Bernoulli

Talo Talo
Be
C) Ciclo haplôntico-diplôntico
2n n parede celular constituída por celulose associada a outras
Zigoto Gametas substâncias, como carragina e ágar.
Mitoses 2n n
O carragin (carragina) é um polissacarídeo que apresenta
Fecundação em sua composição sais de sódio, potássio, cálcio e
magnésio, sendo utilizado como estabilizador na fabricação
Nas espécies que têm o ciclo haplôntico-diplôntico, de doces e sorvetes.
ocorre o fenômeno da metagênese, isto é, alternância de O ágar (ágar-ágar) é um polissacarídeo muito utilizado
reprodução assexuada (por meio de esporos) e sexuada (por no preparo de meios de cultura para bactérias e fungos e
meio da fecundação). Células do indivíduo adulto diploide
eu

também na fabricação de gelatinas, balas e outros alimentos.


(2n) sofrem meiose formando zoósporos (esporos móveis)
Suas células possuem os pigmentos clorofilas a e d,
haploides (n). Cada zoósporo, encontrando condições
caroteno (pigmento alaranjado), ficoeritrina (pigmento
favoráveis, desenvolve-se por mitoses sucessivas, formando
vermelho), ficocianina (pigmento azul) e armazenam amido,
um indivíduo haploide (n).
conhecido por amido das florídeas. As algas vermelhas
Células dos indivíduos haploides sofrem mitose, formando também são conhecidas por “flores-do-mar” ou “florídeas”.
gametas (n). Dois gametas, originários de indivíduos
M

A reprodução se faz preferencialmente por metagênese,


diferentes, juntam-se (fecundação), dando origem ao
isto é, alternância de gerações assexuada e sexuada.
zigoto (2n).
A assexuada envolve a formação de aplanósporos (esporos
O zigoto, encontrando condições favoráveis, desenvolve-se imóveis), que são transportados pela água, e a sexuada
por mitoses sucessivas, formando um novo indivíduo realiza-se por fecundação oogâmica (oogamia).
diploide (2n).
Também pertence às algas vermelhas o gênero Porphyra:
Nesse ciclo, o indivíduo diploide, por ser formador alga foliácea e membranosa, popularmente conhecida
de esporos, é chamado de esporófito, já o indivíduo por “nori”, muito utilizada na alimentação humana,
haploide, formador de gametas, é o gametófito. especialmente pelos povos orientais.

48 Coleção Estudo 4V
Algas e fungos

Divisão Phaeophyta FUNGOS


As feófitas, feofíceas ou algas pardas são pluricelulares, Denomina-se micologia o estudo dos fungos. Durante
macroscópicas e principalmente marinhas. São as algas muito tempo, foram classificados como vegetais aclorofilados,
que atingem as maiores dimensões. Algumas, como as do posteriormente, foram incluídos no Reino Protista. Nos
gênero Sargassum, possuem talos filamentosos que chegam sistemas mais modernos de classificação, formam um reino
a atingir mais de 50 metros de comprimento. só deles: o Reino Fungi.

Suas células possuem parede celular formada por celulose


Características gerais

lli
e algina, uma substância péctica muito utilizada na indústria
de doces e sorvetes como estabilizador. Os fungos ou micófitos são seres unicelulares ou
pluricelulares, eucariontes, heterótrofos, aeróbios ou
Possuem clorofilas a e c, caroteno e fucoxantina (pigmento anaeróbios, encontrados nos mais variados ambientes,
de cor parda) que conferem a essas algas coloração marrom- preferencialmente os úmidos e ricos em matéria orgânica.

ou
BIOLOGIA
-esverdeada. No Mar dos Sargaços (entre Bahamas e De morfologia e tamanhos variados, esses seres apresentam
Açores), por exemplo, a cor marrom-esverdada das águas desde espécies microscópicas, como as leveduras unicelulares,
deve-se à abundância na região de feófitas do gênero até espécies macroscópicas, como os champignons
Sargassum.
(cogumelos comestíveis).

Podem apresentar elementos de fixação denominados Os pluricelulares são filamentosos, isto é, as células se
apressórios e vesículas cheias de ar para a flutuação. organizam formando filamentos denominados hifas, que

Vesícula
de ar rn podem ser asseptadas ou septadas.

• Hifas asseptadas ou cenocíticas – Não possuem


septos transversais. Nesse caso, as hifas apresentam
vários núcleos haploides dispersos em uma massa
Arquivo Bernoulli

citoplasmática comum.
Be
• Hifas septadas – Apresentam septos ou paredes
transversais separando as células. Nesse caso,
as células podem apresentar um ou dois núcleos
haploides.

Septo
eu

Estipe Arquivo Bernoulli

A B C

Feófita do gênero Sargassum.


Tipos de hifas – A. hifa asseptada ou cenocítica; B. hifa septada
A reprodução se faz com alternância de gerações com células mononucleadas ou hifa unicariótica; C. hifa septada
M

(metagênese) com a produção de zoósporos (esporos com células binucleadas ou hifa dicariótica.
móveis). Além de atuarem como produtores nas
cadeias alimentares, as feófitas têm outras utilidades. O conjunto de hifas de um fungo recebe o nome de micélio.
Por exemplo: na China e no Japão, é extraída uma geleia de No micélio, existem hifas vegetativas, encarregadas da
certas feofíceas que é consumida na alimentação humana. nutrição, e hifas reprodutoras, especializadas na reprodução.
Na Europa, as feófitas do gênero Fuccus servem de Em certos tipos de fungos, o micélio se organiza formando
forragem (alimentação) para o gado. Nos EUA, as do um talo ou corpo de frutificação de morfologia variada que
gênero Sargassum, por serem ricas em sais de potássio, cresce e aflora na superfície do solo ou de um tronco podre.
sódio e iodo, são utilizadas como fertilizantes (adubos Esse corpo de frutificação, quando presente, desenvolve-se
para o solo). a partir de um vasto micélio subterrâneo.

Bernoulli Sistema de Ensino 49


Frente B Módulo 05

Acredita-se que os fungos tenham evoluído a partir de


algas, tendo, no entanto, perdido a condição autótrofa.

A reprodução pode ser assexuada ou sexuada e, quase


sempre, envolve a participação de esporos.

Os esporos dos fungos são células haploides que,


ao germinarem, dão origem a um indivíduo haploide.
No quadro a seguir, estão os principais tipos de esporos
formados pelos fungos.

lli
Tipos de esporos

No processo de formação, não No processo de formação,


ocorre meiose, apenas mitose ocorre meiose

ou
Zoósporos
Ascósporos
Aplanósporos
Basidiósporos
Conidiósporos

• Zoósporos – Dotados de flagelos, os zoósporos são


A parede celular das células dos fungos é rígida, sendo esporos móveis encontrados em fungos aquáticos
constituída basicamente por quitina, um polissacarídeo
nitrogenado que também é encontrado no exoesqueleto
dos animais artrópodes. Os fungos não têm celulose em sua
parede celular, exceto alguns fungos aquáticos.
Não armazenam amido como substância de reserva.
À semelhança do que ocorre nos animais, os fungos
armazenam glicogênio em suas células.
rn e formados no interior de estruturas especiais
denominadas zoosporângios.
Be
Eles são seres aclorofilados, heterótrofos. Muitos são
saprófagos e crescem sobre os mais variados substratos
Arquivo Bernoulli

orgânicos, como restos de vegetais em apodrecimento,


animais mortos, fezes, etc., promovendo a decomposição
desses organismos. Tais fungos realizam digestão
extracorpórea, liberando enzimas que digerem o substrato
orgânico e absorvem, em seguida, as substâncias
provenientes da digestão. Algumas espécies de fungos
vivem associadas a outros seres vivos, mantendo com eles
relações de mutualismo ou de parasitismo. Existem, ainda,
poucas espécies que são predadoras de pequenos animais,
eu

geralmente, vermes nematódeos encontrados no solo e • Aplanósporos – Sem mobilidade própria, esse tipo
em raízes apodrecidas. Nessas raras espécies predadoras, de esporo é transportado pelo vento e produzido no
um dos mecanismos de captura do alimento consiste na interior de estruturas denominadas esporângios.
produção de uma substância viscosa sobre a superfície das
hifas, à qual ficam presos pequenos vermes. Em seguida, Aplanósporos
o fungo emite hifas que penetram no corpo do verme e
absorvem os seus tecidos, conforme ilustrado na figura.
Nematoda
Arquivo Bernoulli
M Arquivo Bernoulli

Esporângios

Rizoides
Anel constritor absorventes
Hifa vegetativa
Hifa assimilativa
Rhizopus (bolor preto de pão), um fungo terrestre. Esse fungo
Nematoda capturado por fungo – Observe a presença de hifas possui hifas especiais, denominadas rizoides, que penetram no
no interior do corpo do nematoda, absorvendo seus tecidos. substrato participando do processo de absorção de alimentos.

50 Coleção Estudo 4V
Algas e fungos

• Conidiósporos – Também sem mobilidade própria,


sendo transportados pelo vento, os conidiósporos são
menores do que os aplanósporos e produzidos em
filas, na extremidade das hifas.
Arquivo Bernoulli

lli
Conidiósporos

Arquivo Bernoulli
Penicillium

ou
BIOLOGIA
• Ascósporos – Geralmente em número de oito,
os ascóporos são formados no interior de uma
estrutura denominada asco. Formação dos basidiósporos – 1. No basídio, ocorre a cariogamia
(fusão dos núcleos). 2. Formação de um núcleo diploide (2n).
3. Por meiose, o núcleo diploide dá origem a quatro núcleos
haploides (n). 4 e 5. Cada núcleo haploide, assim formado, dará

rn origem a um esporo (basidiósporo).

Classificação dos fungos


Arquivo Bernoulli

Os fungos podem ser classificados em quitridiomicetos,


zigomicetos, ascomicetos e basidiomicetos.
A) Q u i t r i d i o m i c e t o s ( q u i t r í d i o s ) – S ã o
Be
predominantemente aquáticos com formação de
zoósporos. Alguns são unicelulares e, portanto, não
formam micélio. Outros são pluricelulares com hifas
cenocíticas e possuem rizoides que penetram no
substrato. Algumas espécies são parasitas de algas
Arquivo Bernoulli

e plantas.

B) Zigomicetos (ficomicetos) – Possuem hifas


cenocíticas, isto é, hifas asseptadas. Podem ser
aquáticos ou terrestres. Nesse grupo, a reprodução
envolve processos sexuados e assexuados.
Nos aquáticos, a reprodução envolve a formação de
eu

zoósporos, já nos terrestres, os esporos são do tipo


aplanósporos.

Formação dos ascósporos – As hifas responsáveis pela Algumas espécies são responsáveis pelo mofo ou
formação dos ascósporos são do tipo dicarióticas. Inicialmente, bolor de muitos alimentos. Entre elas, destaca-se
o Rhizopus stolonifer, mais conhecido por mofo ou
nessas hifas, ocorre a fusão dos dois núcleos haploides
bolor negro do pão.
(n), originando um núcleo diploide (2n). Em seguida, esse
núcleo diploide sofre uma meiose, formando quatro núcleos C) A s c o m i c e t o s – F u n g o s u n i c e l u l a r e s o u
M

haploides. Esses quatro núcleos haploides sofrem mitose, filamentosos com hifas septadas, suas espécies
originando dentro do asco oito ascósporos haploides. A. fusão
mais simples estão representadas pelas
l e v e d u r a s ( l ê ve d o s ) , c o m o, p o r e xe m p l o,
de núcleos haploides; B. núcleo diploide; C. fim da meiose,
o Saccharomyces cerevisiae, também conhecido
com 4 núcleos haploides; D. após mitose, 8 ascósporos no
por levedura da cerveja. Essas leveduras são
interior do asco.
organismos unicelulares haploides (n) ou
diploides (2n). Quando haploides, reproduzem-se
• Basidiósporos – Em número de quatro, os assexuadamente por brotamento. Quando diploides,
basidiósporos são formados em uma célula fértil também podem reproduzir-se por brotamento, mas,
claviforme, denominada basídio e localizada na em certas ocasiões, podem formar ascósporos e se
extremidade de uma hifa. reproduzirem sexuadamente.

Bernoulli Sistema de Ensino 51


Frente B Módulo 05

Os ascomicetos pluricelulares possuem hifas No seu “chapéu”, o basidiocarpo contém inúmeras


septadas. Algumas hifas especiais se diferenciam, hifas de reprodução denominadas basídios, onde são
assumindo uma forma de saco, conhecido por asco, produzidos esporos, os basidiósporos.
em cujo interior são produzidos os ascósporos.
O conjunto dos ascos de um micélio recebe o nome
de ascocarpo, que é um corpo de frutificação.
No grupo dos ascomicetos, existem espécies
que, além dos ascósporos, também produzem
conidiósporos. Isso acontece com as espécies dos
gêneros Penicillium e Aspergillus.

lli
ou
Arquivo Bernoulli
rn
Aspergillus e Penicillium, ascomicetos que também produzem
conidiósporos.

No gênero Penicillium, encontram-se espécies


Ao se destacarem do basídio, os basidiósporos
são disseminados pelo vento e, ao caírem em
um meio que lhes seja favorável, germinam e
originam hifas septadas monocarióticas. Da fusão
de duas hifas monocarióticas, surge uma hifa
dicariótica, que, desenvolvendo-se, origina um
Be
novo micélio. Para melhor exemplificar o ciclo de
produtoras de antibióticos, como o Penicillium
vida de um basidiomiceto, vamos considerar o ciclo
notatum (produtor do antibiótico penicilina) e espécies
utilizadas na fabricação de queijos famosos, como o dos representantes do gênero Agaricus que está
Penicillium roquefortii e o Penicillium camembertii, esquematizado a seguir.
utilizados, respectivamente, na fabricação dos queijos
Roquefort e Camembert.
No gênero Aspergillus, estão algumas espécies que
produzem bolores marrons ou verdes-azulados,
comuns no pão, nas frutas e em outros alimentos,
e também espécies que provocam doenças graves no
homem, como o Aspergillus fumigans, que causa a
eu

aspergilose pulmonar, determinando, muitas vezes,


quadros pulmonares bastante sérios.
Também no grupo dos ascomicetos, encontra-se
a espécie Claviceps purpurea, que cresce sobre
os grãos de centeio e elabora uma substância
denominada ergotamina, da qual se extrai o LSD
(do inglês lysergic sour diethylamide, dietilamida do
ácido lisérgico), um poderoso alucinógeno.
M

Ciclo de vida de um basidiomiceto – No basidiocarpo, os basídios,


D) Basidiomicetos – Formam o grupo mais complexo
localizados na face inferior do “chapéu”, formam os basidiósporos,
de fungos. Acredita-se que tenham se originado dos
que, ao se destacarem e caírem em um solo rico em substâncias
ascomicetos. Os cogumelos e as orelhas-de-pau são
orgânicas, originam micélios subterrâneos constituídos por hifas
seus representantes mais conhecidos.
septadas monocarióticas. Da fusão de duas hifas pertencentes
Os basidiomicetos são fungos filamentosos com a micélios diferentes (heterotalismo), surgem hifas dicarióticas.
hifas septadas. No micélio, a parte vegetativa Essa fusão de duas hifas tem o nome de plasmogamia.
g eral men t e é s ub t errâ nea , es t end en d o - s e , Do micélio subterrâneo, constituído por hifas dicarióticas, emerge
muitas vezes, por vários metros abaixo do o basidiocarpo (corpo de frutificação). Em hifas especiais desse
solo. Desse micélio subterrâneo, emerge um basidiocarpo, isto é, nos basídios, os dois núcleos haploides se
corpo de frutificação denominado basidiocarpo, unem (cariogamia), formando um núcleo diploide (2n), que,
constituído pelo estipe (pé) e pelo píleo (chapéu). sofrendo meiose, dará origem a quatro basidiósporos haploides (n).

52 Coleção Estudo 4V
Algas e fungos

Entre as muitas espécies de basidiomicetos, • Algumas espécies servem como matéria-prima


destacam-se: para a extração de drogas de interesse médico-
-farmacêutico. É o caso, por exemplo, dos fungos
• Agaricus campestris – Espécie comestível, conhecida
utilizados na fabricação de antibióticos.
também por champignon. É rica em proteínas,
vitaminas do complexo B e sais minerais contendo • Muitas espécies se constituem em ótimo material
fósforo e potássio. para estudo do código genético, ação gênica e
recombinação genética e, por isso, são muito
• Amanita muscaria – Cogumelo venenoso que, quando utilizadas em Genética, Citologia e Bioquímica.
ingerido, causa distúrbios hepáticos e intestinais.

lli
• Psilocybe mexicana – Essa espécie é produtora Nocividades
de uma substância alucinógena, a psilocibina ou • Algumas espécies produzem toxinas prejudiciais
psilocibin. a nosso metabolismo e, por isso, tornam-se

ou
• Polyporus sp. – Popularmente, são conhecidos por venenosas quando ingeridas, causando distúrbios

BIOLOGIA
orelhas-de-pau. Seus micélios vegetativos crescem hepáticos e intestinais. As aflatoxinas, por exemplo,
no interior de troncos podres. O corpo de frutificação são produzidas por diversos fungos, em especial
se apresenta sob a forma de grossas lâminas o Aspergillus flavus. Esse fungo é um bolor que
semicirculares. ataca as sementes de muitas leguminosas (feijão,
soja, amendoim) e gramíneas (milho, arroz, trigo).

Utilidades e nocividades dos fungos As sementes emboloradas usadas na produção de


ração animal têm causado graves intoxicações, lesões

rn
No grande reino dos fungos, muitas espécies se destacam
pelas utilidades que trazem ao homem e ao meio ambiente.
Por outro lado, algumas espécies também se destacam por
serem prejudiciais ao homem, a outros animais e às plantas.

Utilidades

hepáticas e até a morte dos mais variados animais
como aves, porcos e bezerros.
Algumas espécies produzem substâncias alucinógenas,
como a ergotamina (substância da qual se sintetiza o
LSD) fabricada pelo ascomiceto Claviceps purpurea.
Be
• Muitas formas de alergias que afetam o sistema
• Atuam como decompositores, tendo, portanto, papel respiratório são provocadas por esporos de fungos
importante na reciclagem da matéria nos ecossistemas existentes na poeira, especialmente os dos gêneros
e no enriquecimento do meio abiótico com nutrientes Penicillium e Aspergillus.
minerais, indispensáveis ao desenvolvimento dos • Muitas espécies parasitam plantas, causando
produtores. doenças conhecidas genericamente por fitomicoses,
• Alguns vivem associados a raízes de plantas, formando que trazem muitas vezes grandes prejuízos às
as micorrizas, relação em que há uma troca mútua plantações. Entre essas fitomicoses, podem-se citar
de benefícios. As raízes das plantas absorvem parte a ferrugem do café, o cancro da maçã e a podridão
eu

dos nutrientes minerais provenientes da degradação da batata.


dos restos de matéria orgânica do solo realizada • Muitas espécies são agentes etiológicos de várias
pelos fungos e, em troca, as plantas cedem açúcares doenças que acometem o homem e outros animais.
produzidos pela fotossíntese para os fungos. Esse Essas doenças causadas por fungos são chamadas,
tipo de associação tem uma importância relevante na
genericamente, de micoses. Veja no quadro a seguir
agricultura, uma vez que disponibiliza mais nutrientes
alguns exemplos de micoses que acometem a espécie
minerais para o desenvolvimento das plantas cultivadas.
humana.
M

• Muitas espécies são utilizadas na alimentação, como


acontece, por exemplo, com o basidiomiceto Agaricus
campestris (champignon) e o ascomiceto Morchella MICOSES E FUNGOS CAUSADORES
esculenta. Sapinho (candidíase) – Candida albicans
• Muitas espécies fermentadoras são utilizadas Frieira (pé-de-atleta, tinea pedis) – Trichophyton
industrialmente na produção de certos tipos de queijos rubrum
(Camembert, Roquefort, Gorgonzola) e bebidas Pelada (quebra dos pelos) – Piedraia hortai
alcoólicas (cervejas, vinhos). Certas leveduras, Aspergilose pulmonar – Aspergillus fumigatus
conhecidas também por fermentos biológicos, são Micoses da pele – Epidermophyton floccosum
utilizadas na fabricação de pães, bolos e biscoitos.

Bernoulli Sistema de Ensino 53


Frente B Módulo 05

LIQUENS E MICORRIZAS EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO


Os fungos liquenizados (liquens ou líquenes) são associações do tipo
mutualismo entre fungos e cianobactérias ou entre fungos e algas. 01. (PUC-SP) O esquema a seguir representa o ciclo de vida
Assim, distinguimos nessa associação o micobionte (o fungo) e o
de um ser haplodiplobionte.
ficobionte (a alga). Os fungos presentes nos liquens, geralmente,
são ascomicetos, ao passo que as algas estão representadas pelas = Célula X
clorofíceas. As hifas dos fungos revestem e protegem as gonídias
(células das algas), formando com elas um conjunto tão homogêneo
Célula Z =
e harmonioso que dá ao liquen o aspecto de um organismo único.

lli
Além de dar proteção às células das algas, os fungos fornecem água = Indivíduo C
e minerais para que elas, por meio da nutrição autótrofa, possam
fabricar alimentos. Parte do alimento fabricado pelas algas é, então,
fornecido aos fungos.

Indivíduo A

ou
= Célula S
Arquivo Bernoulli

Admitindo-se que o número diploide de cromossomos do


ser cujo ciclo está representado anteriormente seja 14
(2n = 14), DETERMINE quantos cromossomos possuem
a célula X, o indivíduo C, a célula S e a célula Z.

de árvores, superfícies de rochas, etc., e apresentam diversos


aspectos macroscópicos conforme mostra a figura anterior.
A reprodução dos liquens comumente envolve fragmentos
rn
Liquens – Os liquens podem ser encontrados no solo, sobre tronco
02. (Mackenzie-SP) Considere as afirmações a seguir sobre
o grupo das algas.
I. Todas elas têm capacidade de realizar a fotossíntese.
II. Em muitas delas, há alternância de gerações, ou
seja, em seu ciclo de vida, alternam-se gerações de
Be
denominados sorédios. Cada sorédio é formado por grupos de indivíduos haploides e diploides.
algas envoltas por algumas hifas de fungos. Tais fragmentos
III. A maioria delas apresenta amido como substância de
são dispersos pelo vento e, caindo em um substrato favorável,
originam novos liquens. reserva.
Entre as afirmativas anteriores, assinale:
A) Se somente I estiver correta.
B) Se somente II estiver correta.
Arquivo Bernoulli

C) Se somente I e II estiverem corretas.


D) Se somente I e III estiverem corretas.
E) Se todas estiverem corretas.
eu

03. (FUVESP-SP–2013) Frequentemente, os fungos são


estudados juntamente com as plantas, na área da
Sorédios – A reprodução dos liquens se faz por meio de sorédios, Botânica. Em termos biológicos, é CORRETO afirmar que
minúsculas estruturas, quase microscópias, contendo algumas
essa aproximação
hifas e algumas gonídias, que são transportados pelo vento, que
age, portanto, como veículo de dispersão dos liquens. A) não se justifica, pois a organização dos tecidos dos
fungos assemelha-se muito mais à dos animais que
Os liquens são ótimos indicadores dos níveis de poluição
à das plantas.
M

atmosférica, especialmente pelo SO2. Assim, a presença de liquens


sugere baixo índice de poluição, já o desaparecimento sugere B) se justifica, pois as células dos fungos têm o mesmo
agravamento da poluição ambiental. tipo de revestimento que as células vegetais.
As micorrizas são associações mutualísticas (simbiose mutualística) C) não se justifica, pois a forma de obtenção e
de fungos (geralmente basidiomicetos) com raízes de muitas armazenamento de energia nos fungos é diferente
espécies de plantas (pinheiros, carvalhos, goiabeiras, mangueiras
da encontrada nas plantas.
etc.). A planta fornece ao fungo alimento (glicose, vitaminas) e,
em troca, o fungo degrada a matéria orgânica do solo, mantendo a D) se justifica, pois os fungos possuem as mesmas
umidade da raiz e favorecendo a absorção de água e sais minerais. organelas celulares que as plantas.
Os fungos micorrízicos, portanto, aumentam a taxa de absorção de
E) se justifica, pois os fungos e as algas têm o mesmo
nutrientes minerais (zinco, manganês, cobre, fósforo etc.) pela raiz.
mecanismo de reprodução.

54 Coleção Estudo 4V
Algas e fungos

04. (UFRGS-RS–2014) Os organismos que se caracterizam 03. (FUVEST-SP) O molho de soja mofado vem sendo usado
simultaneamente por ausência de pigmento na China, há mais de 2 500 anos, no combate a infecções
fotossintetizante, presença de paredes celulares com de pele. Durante a Segunda Guerra Mundial, prisioneiros
quitina e reprodução por esporos são russos das prisões alemãs, que aceitavam comer pão
A) as bactérias. mofado, sofriam menos infecções de pele que os demais
B) os fungos. prisioneiros, os quais recusavam esse alimento.
C) os vírus. A) O que é o mofo?
D) as pteridófitas. B) Por que esses alimentos mofados podem combater as

lli
E) os protozoários. infecções de pele?

04. (UFMG) Casacos de lã, sapatos de couro e cintos de algodão


EXERCÍCIOS PROPOSTOS guardados por algum tempo em armário podem ficar

ou
mofados, pois os fungos necessitam de

BIOLOGIA
01. (UECE–2016) Analise as afirmações seguintes.
A) algas simbióticas para digerir o couro, a lã e o algodão.
I. Algas são seres fotossintéticos, conhecidos como
plantas do mar e por esse motivo pertencem ao Reino B) baixa luminosidade para realizar fotossíntese.
Plantae.
C) baixa umidade para se reproduzirem.
II. As algas são responsáveis pela maior parte do gás
D) substrato orgânico para o desenvolvimento adequado.
oxigênio liberado diariamente na biosfera.
III. Quando há um desequilíbrio dos fatores ambientais,

Está CORRETO o que se afirma em


A) I e II apenas.
B) II e III apenas.
rn
as algas podem se multiplicar descontroladamente
por meio de florações.
05. (PUCPR) Os líquenes estão entre os primeiros seres a
ocuparem novas superfícies por serem nutricionalmente
autossuficientes. Isso se deve, entre outras causas, ao fato
de constituírem-se de uma associação entre

A) bactérias aeróbias e fungos filamentosos com grande


capacidade fotossintetizante.
Be
C) I e III apenas.
B) cianobactérias ou algas verdes e fungos com grande
D) I, II e III.
capacidade de absorção de água e de sais minerais.
02. (IFRS–2014) Sobre a importância ecológica das algas, C) algas e fungos com grande capacidade de absorção
é CORRETO afirmar que de CO2..
A) algumas algas unicelulares são endoparasitas de
D) algas verdes e cianobactérias que fazem fotossíntese.
animais marinhos e são muito importantes para o
controle populacional destas espécies. E) protistas heterotróficos por absorção e protistas

B) são a base da cadeia alimentar dos ambientes autotróficos por fotossíntese.


aquáticos e as responsáveis pela maior parte
eu

da fotossíntese realizada no planeta. A maior 06. (Unicamp-SP–2013) Os fungos são organismos


porcentagem de oxigênio presente na atmosfera é eucarióticos heterotróficos unicelulares ou multicelulares.
proveniente da fotossíntese das algas. Os fungos multicelulares têm os núcleos dispersos em
C) mantêm relações mutualísticas com cupins e hifas, que podem ser contínuas ou septadas, e que, em
ruminantes. As algas digerem a celulose ingerida por conjunto, formam o micélio.
estes animais e, em contrapartida, recebem proteção
e alimento dos mesmos. A) MENCIONE uma característica que diferencie a
célula de um fungo de uma célula animal, e outra
D) a maré vermelha, composta por algas do Filo
M

Dinophyta, é um fenômeno marinho muito importante que diferencie a célula de um fungo de uma célula
para o aumento da população de várias espécies de vegetal.
peixes e crustáceos, pois o aumento da população B) Em animais, alguns fungos podem provocar
destas algas disponibiliza grande quantidade de
intoxicação e doenças como micoses; em plantas,
alimentos para estes animais.
podem causar doenças que prejudicam a lavoura,
E) as diatomáceas são algas unicelulares recobertas
como a ferrugem do cafeeiro, a necrose do amendoim
por uma carapaça. Em certas regiões do fundo
marinho estas carapaças se acumulam e liberam e a vassoura de bruxa do cacau. Entretanto, os fungos
sustâncias tóxicas, matando muitas espécies também podem ser benéficos. CITE dois benefícios
animais que ali vivem. proporcionados pelos fungos.

Bernoulli Sistema de Ensino 55


Frente B Módulo 05

SEÇÃO ENEM
01. (Enem–2013) Uma indústria está escolhendo uma linhagem de microalgas que otimize a secreção de polímeros comestíveis,
os quais são obtidos do meio de cultura de crescimento. Na figura podem ser observadas as proporções de algumas organelas
presentes no citoplasma de cada linhagem.

Perfil celular das linhagens de microalgas


100%
90%

Quantidade de organelas
80%

lli
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%

ou
0%
Linhagem I Linhagem II Linhagem III Linhagem IV Linhagem V
Núcleo 20 20 20 20 20
Retículo endoplasmático 20 35 15 40 35
Complexo golgiense 50 40 35 20 15
Mitocôndrias 10 5 30 20 30

Qual é a MELHOR linhagem para se conseguir maior rendimento de polímeros secretados no meio de cultura?
A) I B) II C) III D) IV E) V

02.

rn
Cientistas suíços descobriram o que julgam ser o maior fungo europeu. Ele se estende por uma extensa área no subsolo de
uma floresta alpina.
Conhecido como o cogumelo do mel, ou por Armillaria ostoyae, o fungo foi encontrado oculto no Parque Nacional Engadine,
nos Alpes suíços orientais, segundo o Instituto Federal para Pesquisa de Florestas, Neve e Paisagem.
Abrangendo uma área de 35 hectares, o fungo deve ter cerca de mil anos de idade. Ele só é visível no outono do Hemisfério
Norte, quando os seus cogumelos irrompem pela terra e crescem à volta das raízes das árvores. Embora inofensivo para as
Be
pessoas – ele é comestível –, o fungo parasita pode colonizar certas árvores, como os pinheiros, matando-as.
Em termos de tamanho, o fungo suíço só é batido por outro cogumelo do mel que cresce nos Estados Unidos. Descoberto na
Floresta Nacional de Malheur, no leste do estado de Oregon, esse fungo subterrâneo tem 2 400 anos e cobre uma área de
890 hectares, o que o torna o maior organismo vivo até agora descoberto.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u12465.shtml>. Acesso em: 29 jul. 2010.

Entre as condições favoráveis que permitem o crescimento rápido de fungos, como o da reportagem, podem-se incluir
A) temperaturas baixas com ambiente seco e rico em matéria orgânica.
B) alta incidência de luz e água para a fotossíntese do fungo.
C) alta umidade e matéria orgânica com temperaturas não muito baixas.
D) baixa umidade com muita matéria orgânica, associada a temperaturas extremas.
eu

E) ambiente pobre em matéria orgânica e umidade com temperaturas elevadas.

GABARITO 03. A) O mofo é um tipo de fungo.


B) Alguns fungos sintetizam e liberam substâncias
Fixação de ação antibiótica que impedem a proliferação de
bactérias, inclusive as que causam infecções de pele.
01. Célula X = 14;
04. D
Indivíduo C = 14;
M

05. B
Célula S = 7;
06. A) Os animais, diferentemente dos fungos, não
Célula Z = 7.
apresentam parede celular, as plantas possuem
02. E cloroplastos e os fungos são aclorofilados.
03. C B) Os fungos podem ser usados na indústria alimentícia,
04. B na produção de antibióticos e são importantes para
a ciclagem da matéria.
Propostos
01. B
Seção Enem
02. B 01. A 02. C

56 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA B 06
Poríferos e cnidários
(celenterados)

lli
PORÍFEROS (ESPONGIÁRIOS, A água circula permanentemente pelo corpo dos poríferos,
entrando pelos óstios, passando pela espongiocele e saindo
ESPONJAS) pelo ósculo. Partículas de alimento (algas e protozoários

ou
planctônicos) que entram junto da água são apanhadas e
São metazoários (animais pluricelulares), eucariontes, digeridas por células especiais, os coanócitos, existentes
heterótrofos, assimétricos ou com simetria radial, nas paredes da espongiocele. Os poríferos, portanto,
exclusivamente aquáticos. A maioria das 10 mil espécies é são animais filtradores que retiram seus alimentos da
constituída por animais marinhos; cerca de 50 espécies vivem
corrente de água que circula pelo interior de seu corpo.
na água-doce. Não possuem uma verdadeira organização
A água que penetra pelos óstios traz nutrientes e oxigênio,
histológica, isto é, não possuem tecidos bem definidos e,
e a água que sai pelo ósculo se encarrega de levar os resíduos
por isso, formam o sub-reino Parazoa (parazoários).
da digestão e o gás carbônico produzido pelas células.

rn A figura a seguir representa uma esponja simples,


em corte longitudinal, mostrando os diferentes tipos de
células encontradas no corpo desses animais.
Arquivo Bernoulli

Ósculo
Be
Morfologia dos poríferos.
Quando adultos, são animais sésseis (fixos) que vivem
afixados sobre diferentes substratos (rochas, conchas
Pinacócito
de moluscos, solo marinho) e apresentam morfologia
variada (forma de vaso tubular, ramificada, globular), com Coanócito
tamanho variando de alguns poucos milímetros até cerca
Meso-hilo
de 2 metros. Podem ter diferentes colorações (cinzenta,
vermelha, amarela), embora também existam espécies Espícula
quase transparentes (de aspecto vítreo). Átrio
Óstio ou
Possuem o corpo todo perfurado por poros, vindo daí o espongiocele
nome do grupo: poríferos (do latim poris, poro; phoros,
Espícula
possuir). Os poros são de dois tipos, óstios e ósculo,
eu

e comunicam a superfície externa do corpo com uma cavidade


central, denominada átrio ou espongiocele (espongiocela).
Amebócito

Ósculos Esquema de uma esponja.

Óstios Conforme mostra a figura anterior, encontramos nos


Arquivo Bernoulli

poríferos os seguintes tipos de células:


Coanócitos
• Pinacócitos – Células achatadas que formam o
M

revestimento externo do corpo do animal.


Espongiocele
• Coanócitos – Células flageladas que formam a parede
Esponjas adultas
interna, isto é, a parede que delimita a cavidade central
Poríferos. (átrio ou espongiocele). São responsáveis pela captura
Os óstios são poros menores que se distribuem por toda e digestão das partículas de alimento que penetram
a superfície externa do corpo do animal e é por onde, pelos óstios junto da água. Os nutrientes resultantes
constantemente, entra água proveniente do meio ambiente. dessa digestão difundem-se às outras células do corpo,
Por isso, os óstios são também chamados de poros inalantes. e os resíduos não digeridos são lançados no átrio e
O ósculo é um poro maior, localizado no ápice do corpo do eliminados através do ósculo, juntamente à água que sai.
animal, por onde permanentemente sai água. É, portanto, Os batimentos dos flagelos impelem a água, garantindo,
um poro exalante. assim, uma contínua circulação interna desta.

Bernoulli Sistema de Ensino 57


Frente B Módulo 06

• Amebócitos (arqueócitos) – Células móveis que A B C


se deslocam à custa de pseudópodos (movimentos
ameboides). São encontradas no meso-hilo
(anteriormente chamado de mesênquima), uma
camada gelatinosa localizada entre as paredes

Arquivo Bernoulli
externa e interna do corpo do animal. Além de realizar
a distribuição de nutrientes, os amebócitos também
podem dar origem às outras células.

• A. Ascon – É o tipo mais simples e de paredes mais finas. Nas esponjas

lli
Porócitos – Células que formam os poros da
superfície do corpo, isto é, os óstios. Cada poro é, desse tipo, os poros formam canais inalantes não ramificados,

na realidade, um pequeno canal que passa no interior que desembocam diretamente no átrio ou espongiocele.

de uma dessas células. Os coanócitos não se situam nas paredes desses canais, e sim
na parede que delimita a espongiocele. B. Sycon – Os canais

ou
Escleroblastos – Células produtoras de espículas, inalantes desembocam em canais radiais, os quais, por sua vez,
estruturas pontiagudas constituídas de carbonato desembocam no átrio (espongiocele). Nesse tipo de esponja,
de cálcio (CaCO3) ou de dióxido de silício (SiO2). apenas nas paredes dos canais radiais existem coanócitos.
As espículas, juntamente com fibras proteicas de C. Leucon – É o tipo mais complexo e de paredes mais espessas.
espongina, formam a estrutura de sustentação do Os canais inalantes desembocam em câmaras, as câmaras
corpo, isto é, o esqueleto do porífero. Essas células e vibráteis, revestidas por coanócitos. Tais câmaras fazem
as espículas que produzem também são encontradas comunicação com o átrio. Não existem coanócitos nas paredes
no meso-hilo. dos canais.
• Gametas – São os espermatozoides e os óvulos,
originários da diferenciação de amebócitos que ficam
dispersos pelo meso-hilo.

Escleroblastos
rn A reprodução dos poríferos pode ser assexuada ou sexuada.

A reprodução assexuada pode ser feita por brotamento


(gemiparidade), por regeneração e também por gemulação.


Be
Brotamento (gemiparidade) – Por mitoses
Coanócitos sucessivas, surgem lateralmente no corpo do
animal pequenos brotos (gemas), que por sua vez
se desenvolvem e constituem novos indivíduos.
Os brotos podem se destacar do indivíduo que lhes
deu origem, se fixarem em um substrato e constituir
Espícula
Amebócitos indivíduos isolados ou, então, podem permanecer
unidos uns aos outros, formando extensas colônias.
Coanócitos, amebócitos e escleroblastos (células produtoras
das espículas).
eu

Nos poríferos, não existe tipo de sistema, isto é,


nesses animais, os sistemas digestório, respiratório,
circulatório, excretor, nervoso, endócrino e reprodutor são
inexistentes.
Esponja Aparecimento Indivíduo Broto desprendido
do broto unido
A d i g e s t ã o é a p e n a s i n t r a c e l u l a r, o c o r r e n d o ,
particularmente, nos coanócitos. A respiração é feita por
M

Brotamento.
difusão direta dos gases (O2 e CO2) através da membrana
plasmática das células que se encontram em contato com • Regeneração – Os poríferos possuem elevada
a água circulante. Não há sangue nem sistema circulatório. capacidade regenerativa. Assim, minúsculos
A distribuição de substâncias pelo corpo do animal é feita por fragmentos de esponjas podem regenerar-se e
difusão ou pelos amebócitos. A excreção também se faz por originar indivíduos inteiros. Quando, a partir de
difusão direta, através da membrana plasmática das células. pequenos fragmentos eventualmente separados de
Não há sistema nervoso nem órgãos sensoriais.
uma esponja, se formam, por regeneração, novas
De acordo com o grau de complexidade, as esponjas são esponjas inteiras, pode-se dizer também que houve
classificadas em três tipos: Ascon, Sycon e Leucon. uma reprodução por fragmentação.

58 Coleção Estudo 4V
Poríferos e cnidários (celenterados)

• Gemulação – Consiste na formação de estruturas Assim, a fecundação é cruzada, isto é, os dois gametas
denominadas gêmulas que, na realidade, são formas participantes são provenientes de indivíduos diferentes.
de resistência constituídas por uma parede dura Essa fecundação é interna (ocorre no mesênquima).
de espículas justapostas, protegendo um grupo Do desenvolvimento do zigoto, forma-se uma larva,
de amebócitos. Quando as condições ambientais a anfiblástula, que abandona o corpo da esponja, atingindo o
não são favoráveis às esponjas, grupos de exterior através do ósculo. Após nadar durante certo tempo,
amebócitos, enriquecidos com matérias alimentares, a anfiblástula fixa-se a um substrato, desenvolve-se e dá
reúnem-se no mesênquima e são circundados por origem a uma nova esponja adulta.
um revestimento resistente que contém espículas.
Como há um estágio de larva entre o zigoto e o indivíduo
Tais estruturas são as gêmulas. À medida que a

lli
adulto, o desenvolvimento das esponjas é indireto.
esponja morre e degenera-se, as gêmulas diminutas
caem na água e sobrevivem. Quando as condições Os coanócitos também podem participar da reprodução
novamente se tornam favoráveis, a massa de células sexuada nos poríferos, pois captam espermatozoides trazidos
(amebócitos) escapa de dentro do revestimento e pela corrente de água, transferindo-os para um amebócito,
começa a crescer, originando uma nova esponja. que por sua vez os leva até os óvulos.

ou
BIOLOGIA
A formação de gêmulas é mais comum em esponjas de Metaphyta Outros Metazoa
água-doce, sujeitas a épocas de secas.

Micrópila (opérculo)
Poríferos
Algas
Camada Bactérias Protozoário
de espículas Vírus Cianofícias Fungos

rn
Arquivo Bernoulli

Célula Monera Células Protistas

Célula primitiva
Amebócitos
Be
Origem evolutiva dos poríferos.
Gêmula de Spongilla em corte longitudinal – Note o espesso Admite-se que os poríferos tenham evoluído a partir
envoltório que contém espículas. Além de serem formas de de determinado grupo de protozoários flagelados.
resistência a condições adversas, as gêmulas constituem uma Provavelmente, tiveram origem de grupos de protozoários
forma de reprodução assexuada. diferentes dos que originaram os outros metazoários.
Provavelmente, também não deram origem a novos grupos,
As gêmulas são capazes de resistir a condições adversas do sendo, por isso, considerados ramos cegos da evolução
meio e, quando as esponjas em que se formaram morrem, dos animais.
libertam-se e permanecem vivas até que as condições
ambientais se tornem novamente favoráveis. Quando isso CNIDÁRIOS (CELENTERADOS)
acontece, através de uma abertura da gêmula, a micrópila,
eu

os amebócitos ganham o meio exterior, desenvolvem-se e O s c n i d á r i o s ( d o l a t i m c o e l o s , c av i d a d e , e d o


dão origem a uma nova esponja. grego enteron, intestino) são metazoários (animais
pluricelulares), eucariontes, heterótrofos, de simetria
A reprodução sexuada nos poríferos é feita por fecundação, radial, diblásticos, protostômios, exclusivamente aquáticos
isto é, compreende a união dos gametas masculino e predominantemente marinhos.
(espermatozoide) e feminino (óvulo), originários de
amebócitos. Com a fecundação, forma-se o zigoto, que, Possuem duas formas básicas: pólipo e medusa.
ao se desenvolver, dá origem a uma larva ciliada,
• Pólipos (forma polipoide) – Têm forma tubular,
M

a anfiblástula. Essa larva fixa-se a um substrato, desenvolve-se


geralmente sésseis (fixos) e de colorido brilhante.
e dá origem a uma esponja adulta.
Têm tamanho variado: alguns são microscópicos,
As esponjas podem ser monoicas ou dioicas. Nas espécies outros medem poucos milímetros, existindo,
monoicas ou hermafroditas, o mesmo indivíduo, isto é, também, aqueles que chegam a ter mais de 1 metro.
a mesma esponja forma gametas masculinos e femininos, Ex.: corais, hidra, anêmona-do-mar (Actinia).
nas espécies dioicas os sexos são separados (existe a
• Medusas (forma medusoide) – Forma de umbrela
esponja masculina, produtora apenas de espermatozoides,
(sombrinha, guarda-chuva), de natação livre,
e a esponja feminina, produtora apenas de óvulos).
com diferentes colorações. O tamanho é variado,
Nas espécies monoicas, os dois tipos de gametas podendo chegar, em alguns casos, a mais de 2 metros
(masculino e feminino) amadurecem em épocas diferentes. de diâmetro. Ex.: águas-vivas.

Bernoulli Sistema de Ensino 59


Frente B Módulo 06

Boca Cavidade
Medusa gastrovascular
Tentáculo Epiderme

Tentáculos
Pólipo Epiderme
Gastroderme
Cavidade

Arquivo Bernoulli
gastrovascular
Tentáculo
Substrato Gastroderme
Cnidários. Boca

lli
Pólipo Medusa
Pólipos e medusas possuem tentáculos, que podem ser
usados na captura de alimentos e também na locomoção Esquema do corpo de cnidário.
do animal. Quanto à locomoção, os cnidários podem ser A epiderme é formada por cinco tipos básicos de células:

ou
animais sésseis (fixos) ou móveis. Os pólipos geralmente células epitélio-musculares, intersticiais, sensoriais,
são fixos, mas, em certos casos, como acontece com a glandulares e cnidoblastos (cnidócitos).
hidra (um cnidário de água-doce), também podem ser
• Células epitélio-musculares – Além da função de
móveis, locomovendo-se através de movimentos de
revestimento, possuem fibrilas contráteis, orientadas
“cambalhota”.
no sentido do comprimento do corpo do animal. Ao se
contraírem, as fibrilas fazem diminuir o comprimento
do corpo do animal.
Arquivo Bernoulli

30 mm
a
1 cm

A hidra executando movimentos de “cambalhota”. Trata-se de


um pólipo móvel.
rn •


Células intersticiais – Participam dos processos de
crescimento e de regeneração, pois são capazes de
originar os diversos tipos de células dos celenterados.

Células sensoriais – São capazes de perceber


estímulos do meio ambiente e transmiti-los às células
nervosas localizadas na mesogleia.
Be
• Células glandulares – Secretam muco, cujo papel é
As medusas são móveis e sua locomoção é feita por jato
lubrificar o corpo, protegendo-o, e também ajudar a
propulsão, isto é, expulsão de jatos de água. Nesse tipo de
fixar o animal ao substrato, no caso das formas sésseis.
movimento, a medusa contrai rapidamente as bordas de
seu corpo circular, fazendo com que a água acumulada na • Cnidoblastos (cnidócitos, células urticantes) –
concavidade do corpo seja expulsa rapidamente em fortes Células típicas dos cnidários que desempenham papel
fundamental na captura de alimentos e na defesa do
jatos. Isso faz o animal se deslocar no sentido oposto ao do
animal contra seus predadores.
jato-d’água (Princípio da Ação e Reação).
Cnidoblasto ou
célula urticante
Contração
Cavidade gastrovascular
das paredes Nematocisto
eu
Movimento

Medusa em Célula
repouso epitélio-digestiva

Célula
Pólipo intersticial

Célula sensorial
Expulsão de jatos
de água
M

Cnidoblasto
Representação do movimento de uma medusa. Cnidoblasto

Os cnidários têm o corpo formado por duas camadas de Líquido


Célula
células: epiderme (camada mais externa) e gastroderme. glandular
Gastroderme Célula epitélio-
Entre essas duas camadas, fica a mesogleia, material muscular
Mesogleia
gelatinoso que mantém unidas a epiderme e a gastroderme. Epiderme
Filamento
A gastroderme delimita uma cavidade central, a cavidade
Parede do corpo Nematocisto descarregado
gastrovascular (CGV), que se comunica com o meio externo
através de uma abertura, a boca. Esquema da epiderme.

60 Coleção Estudo 4V
Poríferos e cnidários (celenterados)

A mesogleia é uma camada gelatinosa, produzida por

Arquivo Bernoulli
Filamento
urticante células da epiderme e da gastroderme, que dá suporte ao
corpo do cnidários, constituindo um esqueleto elástico e
flexível. A mesogleia também abriga uma rede de células
nervosas que fazem comunicação com as células sensoriais
Cápsula Núcleo da epiderme e da gastroderme.
com toxina
Nos cnidários, o grau de organização é superior ao dos
poríferos em vários aspectos.

lli
Cnidoblasto Cnidoblasto disparado
• Há um sistema digestório formado por um tubo
digestório incompleto que, por sua vez, é constituído
Cnidoblasto.
pela boca e pela cavidade gastrovascular. Assim,
O cnidoblasto, ao ser tocado, lança para fora o nematocisto nos cnidários, temos a primeira ocorrência evolutiva

ou
BIOLOGIA
(cápsula urticante), estrutura penetrante que possui um de um tubo digestório.
longo filamento (filamento urticante), através do qual um
líquido urticante e tóxico é eliminado. Assim, essas células O alimento (crustáceos, peixes, larvas de insetos, etc.)
participam da defesa dos cnidários e também são utilizadas capturado pelos tentáculos é introduzido na cavidade
na imobilização dos pequenos animais capturados pelos gastrovascular onde, por ação de enzimas digestivas
tentáculos. Os cnidoblastos são encontrados em toda a produzidas e liberadas pelas células glandulares da
epiderme do animal, aparecendo, entretanto, em maior gastroderme, é parcialmente digerido. Esse alimento
concentração nos tentáculos e ao redor da boca. O nome
cnidários (do grego knidos, urticante) deve-se à presença
dos cnidoblastos ou cnidócitos.

Em alguns cnidários, como os corais, a epiderme secreta


um exoesqueleto de calcário e substâncias orgânicas.
rn parcialmente digerido é capturado ou absorvido pelas
células musculares-digestivas, nas quais a digestão
se completa de forma intracelular. Esses animais,
portanto, realizam digestão extra e intracelular.

Tentáculo
Be
Em outros, como a água-viva, o corpo é mole, porque não Alimento
capturado
possuem esqueleto de sustentação.
Boca
Epiderme
Na gastroderme, também existem diferentes tipos de Gastroderme
células: musculares-digestivas (epitélio-digestivas), células
glandulares, intersticiais e sensoriais. Célula
muscular-
• Células musculares-digestivas – Participam da digestiva
absorção e da digestão intracelular dos alimentos. Célula
São alongadas e dotadas de flagelos voltados para sensorial
a cavidade gastrovascular. O batimento dos flagelos Células
eu

dessas células movimenta o conteúdo dentro da glandulares


cavidade gastrovascular, facilitando a mistura do
alimento com as enzimas digestivas que são produzidas Epiderme
e liberadas pelas células glandulares. Também possuem
Sistema digestório dos cnidários.
fibrilas contráteis, orientadas circularmente ao corpo do
celenterado. Quando essas fibrilas se contraem, o corpo
• Há um sistema nervoso difuso, constituído
do animal se alonga. Assim, as células musculares-
por uma rede de células nervosas dispersas pela
M

digestivas da gastroderme trabalham em antagonismo


mesogleia e que fazem comunicação com células da
com as da epiderme.
epiderme e da gastroderme. Assim, nos cnidários,
• Células glandulares – As células glandulares da temos a primeira ocorrência evolutiva de um sistema
gastroderme dos celenterados produzem enzimas nervoso. Alguns possuem ocelos (corpúsculos
digestivas que são liberadas no interior da cavidade capazes de detectar maior ou menor intensidade de
gastrovascular, onde se realiza o processo da digestão luz) e estatocistos (órgão de equilíbrio que dá ao
extracelular.
animal informações sobre sua inclinação em relação
As células intersticiais e sensoriais da gastroderme à gravidade, o que lhe permite perceber mudanças
são semelhantes às existentes na epiderme. na posição do corpo).

Bernoulli Sistema de Ensino 61


Frente B Módulo 06

Tentáculos
Estrobilização
Boca
Éfira

Medusa
Células
nervosas

Arquivo Bernoulli
interligadas
Arquivo Bernoulli

Pólipo

lli
Estrobilização em um pólipo – Na estrobilização, o corpo do
Sistema nervoso da Hydra. pólipo sofre uma série de divisões transversais, originando

ou
segmentos discoidais, denominados éfiras, que são formas
• Alguns apresentam gônadas (ovários e testículos).
elementares de medusas. Cada éfira, ao se desenvolver,
Nos cnidários, temos, então, a primeira ocorrência
origina uma medusa adulta.
evolutiva de gônadas (glândulas sexuais).

A reprodução sexuada se faz por fecundação que,


dependendo da espécie, pode ser externa (realizada na
água) ou interna (realizada no corpo do cnidário).

rn Quanto ao sexo, existem espécies monoicas


Arquivo Bernoulli

Testículo (hermafroditas) e espécies dioicas. O desenvolvimento


pode ser direto (sem estágios larvais) ou indireto.
Ovário No desenvolvimento indireto, há uma larva ciliada,
a plânula.
Be
Hidra Hidra
O filo dos cnidários está subdividido em três classes:
Hidrozoa (hidrozoários), Scyphozoa (cifozoários) e
Assim como nos poríferos, os sistemas respiratório, Anthozoa (antozoários).
c i r c u l a t ó r i o e e xc r e t o r i n e x i s t e m n o s c n i d á r i o s .
A distribuição de nutrientes se faz por difusão entre as
diversas células do corpo, assim como as trocas gasosas Hidrozoários Cifozoários Antozoários
(O2 e CO2) e a eliminação de excretas nitrogenados também
se fazem por simples difusão.
Pólipos bem
A reprodução pode ser assexuada ou sexuada, ocorrendo
desenvolvidos Predominam as
eu

em certas espécies o fenômeno da metagênese (alternância


de gerações). com fase de grandes medusas
medusas pequena (cifomedusas). Os São exclusivamente
A reprodução assexuada dos cnidários pode ser realizada
(hidromedusas) pólipos, chamados pólipos. Não
por divisão binária (bipartição) longitudinal, brotamento
ou ausente. cifístomas, são de há medusas.
(gemiparidade) ou, ainda, por estrobilização.
Em algumas pequeno tamanho Exclusivamente
A B marinhos. Não há
espécies, há e de vida curta.
metagênese. São exclusivamente metagênese e o
M

São marinhos marinhos. Há desenvolvimento é


ou dulcícolas. metagênese e o indireto.
Desenvolvimento desenvolvimento é Ex.: Corais e
direto ou indireto indireto anêmonas-do-mar
Arquivo Bernoulli

(com larvas). (com larvas). (actínias).


Ex.: Hidra, Ex.: Aurelia sp.
Obelia e Physalia (água-viva).
Reprodução assexuada em cnidários – A. Brotamento: o broto (caravela).
permanece fixo, formando colônias; B. Bipartição.

62 Coleção Estudo 4V
Poríferos e cnidários (celenterados)

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO EXERCÍCIOS PROPOSTOS


01. (UFAC) Sobre os poríferos qual das afirmativas a seguir é 01. (UECE) As esponjas são animais macios e flexíveis, dotados
VERDADEIRA? de poros por todo o corpo e pertencentes ao filo Porífera.
A) São organismos invertebrados que possuem corpo Com relação aos poríferos assinale a afirmação VERDADEIRA.
com simetria bilateral e superfície porosa. A) Por serem animais bastante primitivos, os poríferos não
B) São organismos invertebrados, com corpo sustentado desenvolveram mecanismos sexuados de reprodução.
somente por fibras de espongina, que possuem B) Apresentam exoesqueleto formado por espículas de
coanócitos como tipo celular característico. Vivem calcário ou de sílica.

lli
principalmente em ambiente marinho. C) Absorvem alimentos por meio de filtração, mecanismo
C) São organismos conhecidos popularmente como possível pela presença de células flageladas que
esponjas, que possuem vida aquática, principalmente no direcionam o fluxo de alimentos para a cavidade interna,
mar, e se reproduzem exclusivamente de forma sexuada. denominadas cnidócitos.
D) São organismos conhecidos popularmente como D) São seres exclusivamente aquáticos, que não

ou
esponjas, que possuem vida aquática, principalmente possuem tecidos bem definidos, não apresentam

BIOLOGIA
em água doce, e vivem fixados a um substrato. órgãos nem sistemas.
E) São organismos invertebrados, com corpo sustentado
por espículas ou fibras que possuem coanócitos como
02. (Uncisal–2014) Recifes de corais são estruturas que existem
em vários locais da costa brasileira, inclusive em Alagoas.
tipo celular característico e vivem principalmente em
Essa estrutura é formada por um grupo de animais sésseis
ambiente marinho.
(os cnidários) e seus esqueletos, que abrigam muitos outros
02. (UECE–2016) Quanto à organização dos espongiários, seres vivos (algas, poríferos, peixes, moluscos, crustáceos
é CORRETO afirmar que etc.) e formam um dos ambientes com maior diversidade

A) os coanócitos são células que, em seu conjunto,

B) as esponjas que não possuem espículas em seu esqueleto


apresentam uma rede de espongina bem desenvolvida.
C) os amebócitos são células achatadas e bem unidas
entre si, que revestem externamente o corpo desses
rn
constituem o sistema nervoso simplificado desses animais.
biológica do planeta.
Os esqueletos dos cnidários dos recifes de corais são formados
A) usando os íons de sódio e cloro.
B) a partir dos íons de carbonato dissolvido na água do mar.
C) a partir da sílica presente nos grãos de areia.
D) pela degradação das rochas marinhas.
Be
organismos. E) com os íons de ferro presentes nos cloroplastos dos
cnidários.
D) por sua simplicidade morfológica, os poríferos somente
conseguem se reproduzir por brotamento, fragmentação
03. (UFSM-RS) Nos poríferos, o mesênquima é uma massa
ou gemulação.
gelatinosa, em que estão imersos elementos de sustentação,
03. (OSEC-SP) Entre as alternativas a seguir, assinale o principal e os ____ são células de formato irregular que se
avanço evolutivo dado pelos celenterados, mantido e movimentam por pseudópodos. Entre outras funções,
desenvolvido pelos animais mais evoluídos. essas células participam da formação do esqueleto através
dos (das) ____ e na distribuição dos nutrientes obtidos na
A) Presença de células urticantes
digestão executada pelos ____.
B) Digestão extracelular
Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE
C) Passagem do meio aquático para o terrestre
as lacunas.
D) Sistema circulatório
eu

A) coanócitos, espículas, pinacócitos.


E) Tubo digestivo completo
B) amebócitos, pinacócitos, coanócitos.
04. (VUNESP) Sobre os cnidários são feitas três afirmativas. C) amebócitos, espículas, coanócitos.
Observe-as: D) pinacócitos, amebócitos, porócitos.
I. A maioria dos cnidários tem habitat aquático, sendo E) porócitos, pinacócitos, amebócitos.
poucas as espécies de habitat terrestre, as quais são
representadas por pólipos. 04. (UFJF-MG) Observe as seguintes afirmativas:
II. Os cnidários são urticantes e, para isso, dispõem de baterias I. A grande capacidade regenerativa das esponjas revela a
pequena interdependência e diferenciação de suas células.
M

de células especializadas chamadas coanócitos.


III. Alguns cnidários se reproduzem por alternância de II. A água que circula pelo corpo de uma esponja segue o
gerações, quando então os pólipos dão medusas e as trajeto: ósculo – átrio – óstios.
medusas dão pólipos. III. Nem todas as esponjas possuem espículas calcárias
ou silicosas.
Assinale:
Assinale:
A) se apenas uma afirmativa estiver correta.
A) Se apenas I estiver correta.
B) se as afirmativas I e II estiverem corretas.
B) Se apenas I e II estiverem corretas.
C) se as afirmativas I e III estiverem corretas. C) Se I, II e III estiverem corretas.
D) se as afirmativas II e III estiverem corretas. D) Se apenas II e III estiverem corretas.
E) se as três afirmativas estiverem corretas. E) Se apenas I e III estiverem corretas.

Bernoulli Sistema de Ensino 63


Frente B Módulo 06

05. (UFPR) Relacione as colunas e assinale a alternativa 02. Pesquisadores brasileiros estudam substâncias químicas
CORRETA. das esponjas com o objetivo de obter compostos bioativos,
1.
Coanócitos 4.
Mesênquima que possam eventualmente resultar em medicamentos.
2.
Células nervosas 5.
Cnidoblastos Com esse material serão realizados bioensaios para verificar
sua ação contra câncer, tuberculose e cepas de bactérias
3. Átrio
resistentes a antibióticos. Segundo os pesquisadores
( ) Cavidade central das esponjas. não deverá faltar material para ser testado, e, se forem
( ) Células de defesa dos celenterados. considerados os antecedentes das esponjas na área
farmacológica, há grande possibilidade de obter bons
( ) Mesogleia, abaixo da epiderme.
resultados. Já existem alguns medicamentos à venda que

lli
( ) Digestão intracelular dos poríferos. foram inspirados em moléculas extraídas de esponjas,
( ) Camada média da estrutura dos poríferos. como é o caso do antiviral Vira-A ou Aciclovir (vendido sob
o nome comercial de Zovirax), produzido a partir da esponja
A) 3 – 2 – 5 – 1 – 4
Cryptotdethya crypta, que combate o vírus da herpes.
B) 5 – 3 – 2 – 1 – 4

ou
O AZT é outro exemplo de droga que teve origem em
C) 5 – 2 – 3 – 1 – 4 substâncias provenientes desses estranhos seres coloridos.
D) 3 – 5 – 2 – 4 – 1 É importante que fique claro que esses medicamentos
E) 3 – 5 – 2 – 1 – 4 não são diretamente extraídos de esponjas, mas foram
substâncias retiradas delas que inspiraram sua síntese.
06. (FUVEST-SP) Os acidentes em que as pessoas são Além desses dois, há outros em testes para o tratamento
“queimadas” por cnidários ocorrem com frequência no da tuberculose, infecções hospitalares, câncer e doenças
litoral brasileiro. Esses animais possuem cnidoblastos ou tropicais, como a leishmaniose, malária e mal de Chagas.
cnidócitos, células que produzem uma substância tóxica,
que é composta por várias enzimas e fica armazenada
em organelas chamadas nematocistos.
Os cnidários utilizam essa substância tóxica para sua
defesa e a captura de presas.
A) Em que organela(s) do cnidoblasto ocorre a síntese
rn Disponível em: <http://www.sescsp.org.br> (Adaptação).

De acordo com o texto, já existem disponibilizados no


mercado medicamentos obtidos a partir de substâncias
extraídas das esponjas para o tratamento de pacientes
com a(s) seguinte(s) doença(s):
A) AIDS, apenas.
Be
das enzimas componentes da substância tóxica? B) AIDS e herpes.
B) Após a captura da presa pelo cnidário, como ocorrem C) AIDS, herpes, câncer e tuberculose.
sua digestão e a distribuição de nutrientes para as D) AIDS, herpes, câncer, tuberculose, leishmaniose e
malária.
células do corpo do animal?
E) Câncer, tuberculose, herpes, AIDS, leishmaniose,
malária e doença de Chagas.
SEÇÃO ENEM
01. Acidentes causados por cnidários são comuns ao redor GABARITO
do mundo, incluindo acidentes graves e com registro
de fatalidades em alguns mares. Um exemplo extremo Fixação
eu

de água-viva que pode ser até letal para o ser humano


01. E 02. B 03. B 04. A
ocorre no litoral norte e nordeste da Austrália, onde se
encontra a espécie Chironex fleckeri, também conhecida
como vespa-do-mar. Propostos
A respeito da espécie Chironex fleckeri, é CORRETO 01. D
dizer que 02. B
A) pertence ao grupo dos poríferos e seus coanócitos 03. C
M

em contato com a pele humana causam irritações e 04. E


queimaduras.
05. E
B) é um animal parazoário pertencente ao grupo 06. A) A síntese de enzimas ocorre nos ribossomos.
dos celenterados. B) A digestão tem início na cavidade gastrovascular.
C) é um artrópode do grupo dos insetos, vindo daí o seu Depois, as partículas são fagocitadas e a digestão
nome popular de vespa-do-mar. termina intercelularmente. A distribuição se dá
por difusão.
D) é uma medusa exclusivamente dulcícola.
E) trata-se de um celenterado e o contato com os seus Seção Enem
tentáculos podem até mesmo causar a morte de
uma pessoa. 01. E 02. B

64 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA B 07
Helmintos
PLATELMINTOS Quanto à respiração, existem espécies anaeróbias, como

li
os endoparasitos intestinais, e espécies aeróbias, que fazem
Os platelmintos (do grego platys, chato, e helminthes, a respiração cutânea direta.
verme) são metazoários bilatérios, triblásticos e acelomados.

l
O sistema circulatório é ausente, sendo que a distribuição
Nesses animais, temos a primeira ocorrência evolutiva de
de substâncias pelo corpo do animal se faz por difusão,

ou
um verdadeiro mesoderma embrionário. São também os
célula a célula.
primeiros organismos na escala zoológica a apresentar
simetria bilateral (primeiros animais bilatérios). A excreção é feita pelas células-flama (solenócitos,
protonefrídios). Os platelmintos formam o primeiro
Podem ser de vida livre ou parasitos. As espécies de vida
grande filo com sistema excretor. Tal sistema é constituído
livre são encontradas na água (doce e salgada) ou em solos
úmidos. Entre as espécies parasitas, muitas causam doenças pelas células-flama, ductos (canais excretores) e pelos
graves ao homem e a outros animais. poros excretores que se abrem na superfície do corpo
do animal.

milímetros até vários metros e o corpo é achatado


rn
O tamanho desses organismos pode variar de alguns

dorsoventralmente. Por isso, são também conhecidos por


vermes achatados. O corpo pode ter aspecto laminar, foliáceo
(em forma de folha) ou, ainda, de uma longa fita.

Constituem o primeiro grande filo a apresentar cefalização,


O sistema nervoso é ganglionar, apresentando dois
gânglios cerebroides ou cerebrais, localizados na
cabeça, de onde saem cordões nervosos longitudinais de
localização ventral.

Gânglios nervosos
Be
isto é, uma das partes do corpo diferenciada em cabeça. cerebroides Comissuras

O sistema digestório é ausente nos cestódeos (tênias ou


solitárias), ao passo que, nos demais platelmintos, é formado
por um tubo digestório incompleto, constituído por boca,
faringe e intestino ramificado. Cordões
nervosos

Arquivo Bernoulli
ventrais
Região anterior Ramo anterior
Ocelos
do intestino
Faringe ou Planária
probóscide Sistema nervoso ganglionar da planária – Cordões nervosos
(protátil)
eu

estão conectados um com o outro por meio de feixes nervosos


transversais denominados comissuras. Os gânglios nervosos

Boca são regiões onde se concentram corpos celulares de diversas


células nervosas.
Arquivo Bernoulli

Poro genital Quanto ao sexo, existem espécies monoicas (hermafroditas),


como é o caso das tênias (solitárias) e das planárias,
e espécies dioicas (Schistosoma mansoni, por exemplo).
M

A reprodução normalmente é sexuada, embora possa


Face ventral ocorrer, também, processo assexuado em algumas espécies.
Faringe
musculosa A reprodução sexuada realiza-se por fecundação interna
e pode ser por autofecundação, como nas tênias, ou por
fecundação cruzada, como acontece nas planárias e nos
Ramos posteriores esquistossomos.
do intestino
O desenvolvimento pode ser direto, como nas planárias,
Tubo digestório da planária – Esses animais possuem boca, ou indireto (com fases de larvas). Nas tênias, as larvas
da qual uma faringe musculosa pode ser protraída, isto é, são conhecidas por cisticercos; no Schistosoma mansoni,
projetada para fora, para pegar alimento. existem diferentes estágios larvais (miracídios, cercárias).

Bernoulli Sistema de Ensino 65


Frente B Módulo 07

Em algumas espécies, como nas planárias, também ocorre • Estróbilo – É o corpo propriamente dito do
reprodução assexuada por divisão transversal do corpo. parasito, formado pela união de vários anéis ou
Essa reprodução é possível graças à alta capacidade de proglotes (proglótides). A T. solium tem cerca de
regeneração que esses animais possuem. 900 proglotes, e a T. saginata, até 2 000. Cada proglote
Nos trematódeos, também ocorre um caso especial de tem sua individualidade alimentar e reprodutiva.
reprodução chamado de pedogênese, que consiste em uma O tegumento que recobre esses proglotes possui
partenogênese na fase de larva. Na pedogênese, uma fêmea pequenas elevações, denominadas microtríquias,
ainda imatura, isto é, na fase de larva, forma óvulos que se que têm a função de absorver os nutrientes já prontos
desenvolvem partenogeneticamente, originando novas larvas. para serem utilizados, originários da digestão dos
alimentos feita pelo hospedeiro (homem). Lembre-se
O filo dos platelmintos está subdividido em três classes:

li
de que, nas tênias, o tubo digestório é ausente.
Turbellaria (turbelários), Trematoda (trematódeos) e Cestoda
(cestódeos). Os proglotes são divididos em três categorias: jovens,
Platelmintos maduros e grávidos.

l
Classe Classe Classe Escólex

ou
Turbellaria Trematoda Cestoda Colo
Parasitas; epiderme
Vida livre; Parasitas;
com cutícula
epiderme epiderme com
protetora; sistema
ciliada, sistema cutícula protetora;
digestório ausente. Proglotes
digestório sistema digestório jovens
Exemplos: Taenia
incompleto. incompleto.
solium, Taenia
Exemplo: Exemplos:
Proglotes
Arquivo Bernoulli
saginata (solitária)
Dugesia tigrina
(planária).
Schistosoma mansoni
e Fasciola hepatica.

PRINCIPAIS PLATELMINTOS
PARASITOS DO HOMEM
rn
e Echinococus
granulosus.

Proglotes
grávidos
adultas

Os proglotes jovens são os recém-formados no


colo e ainda não possuem os órgãos reprodutores
totalmente formados. Os proglotes maduros são
aqueles que já possuem os órgãos reprodutores
Be
(testículos, ovários) desenvolvidos e, portanto, já
estão aptos para a fecundação. Os proglotes grávidos,
Taenia solium e Taenia saginata localizados na extremidade final do estróbilo,
apresentam um útero ramificado e cheio de ovos
As tênias ou solitárias são platelmintos da classe Cestoda
(óvulos fecundados).
(cestódeos) que parasitam o intestino delgado do homem.
As tênias adultas têm um aspecto morfológico semelhante a uma Os proglotes grávidos, cada um contendo de 30 000
fita e chegam a ter, em média, de 2 a 3 metros de comprimento, a 80 000 ovos, desprendem-se constantemente do
podendo ser divididas em três partes: escólex, colo e estróbilo. estróbilo. Essa liberação dos proglotes chama-se
• Escólex (cabeça) – É o órgão de fixação do parasito na apólise. Após a apólise, o colo produz novos proglotes,
mucosa intestinal. A T. solium tem um escólex globoso mantendo o parasito em crescimento constante.
dotado de quatro ventosas e um círculo de ganchos ou
eu

Os ovos das tênias são esféricos e possuem uma


acúleos no centro, denominado rostro. A T. saginata, membrana protetora espessa chamada embrióforo.
por sua vez, possui um escólex quadrangular dotado No interior do ovo, encontramos o embrião hexacanto
de quatro ventosas e não apresenta rostro. ou oncosfera, que possui seis ganchos nítidos.
Rostro com Quando ingeridos por um hospedeiro, os ovos
ganchos se desenvolvem e originam larvas denominadas
cisticercos (popularmente conhecidas em algumas
Ventosas
regiões por “canjiquinhas” ou “pipocas”).
Arquivo Bernoulli
M

Ventosas
Arquivo Bernoulli

Taenia solium Taenia saginata


Ovo Cisticerco
• Colo (pescoço) – Parte da tênia que vem imediatamente
após o escólex. Suas células estão em constante Os ovos da T. solium e da T. saginata são iguais,
atividade reprodutiva (mitoses), dando origem aos indistinguíveis um do outro. Os cisticercos medem pouco
anéis ou proglotes jovens. É, portanto, a zona de mais de 1 cm: os de T. solium são denominados Cysticercus
formação dos proglotes. cellulosae e os de T. saginata, Cysticercus bovis.

66 Coleção Estudo 4V
Helmintos

escólex na mucosa intestinal e começam a se desenvolver,


dando origem a vermes adultos. Cerca de três meses após a
ingestão dos cisticercos, inicia-se a eliminação de proglotes
grávidos. Uma T. solium adulta chega a viver cerca de
5 1 3 anos e uma T. saginata, até 10 anos.
5’ Apesar de a tênia ser popularmente conhecida como
“solitária”, indicando que o hospedeiro alberga apenas um
parasito, algumas pessoas podem possuir mais de uma tênia
2 da mesma espécie ou das duas espécies. Como o parasitismo
é baixo, muitas vezes, a teníase é uma doença assintomática,

li
4 e a pessoa sabe que está sendo parasitada pela eliminação dos
Arquivo Bernoulli

2’ proglotes. Em certos casos, entretanto, a doença pode causar


3 dor abdominal, diarreia, vômitos e manifestações alérgicas.

l
Quando o homem ingere ovos de T. solium, no seu

ou
4’ organismo, os ovos darão origem aos cisticercos (larvas),

BIOLOGIA
que podem se instalar no tecido muscular, no tecido nervoso,
no globo ocular, etc. Nesse caso, fala-se que o indivíduo tem
uma cisticercose. A cisticercose humana é responsável por
lesões graves no organismo. Os cisticercos podem causar, nos
órgãos em que se instalam, reações inflamatórias seguidas
3’
de calcificação. Quando tais focos inflamatórios ocorrem nas
válvulas cardíacas ou em órgãos do Sistema Nervoso Central,

rn
Ciclo das tênias – 1. Homem portador de Taenia solium adulta
elimina proglotes grávidos, isto é, contendo ovos do verme;
2. Ovos no meio exterior contaminando o ambiente; 3. Suíno
ingere ovos de T. solium; 4. No organismo do suíno, os ovos
dão origem aos cisticercos (larvas do verme), que se alojam nos
podem causar distúrbios funcionais graves; esses distúrbios
ocorrem não só pelo processo inflamatório ou calcificação, mas
também pela destruição do tecido circunjacente ao cisticerco.
Uma das formas mais graves de cisticercose humana
é a neurocisticercose ou cisticercose cerebral, que causa
mal-estar, dor de cabeça contínua, dificuldades locomotoras,
convulsões semelhantes às da epilepsia e até demência
Be
músculos (carne) do porco; 5. O homem ingere carne de porco
(loucura). No olho, a cisticercose pode destruir a retina,
crua ou malcozida com cisticercos que, no intestino delgado
provocando cegueira parcial ou total.
humano, originam o verme adulto. Cerca de três meses após a
infecção, o homem começará a eliminar os proglotes grávidos. Todos os casos de cisticercose humana até agora
A Taenia saginata apresenta ciclo semelhante (2’, 3’ e 4’), tendo, diagnosticados se deram por ingestão de ovos de T. solium.
entretanto, o bovino (3’) como hospedeiro intermediário. Ainda não foi comprovada a cisticercose humana pela
ingestão de ovos de T. saginata.
As tênias são parasitos heteroxenos que completam
seu ciclo evolutivo em dois hospedeiros, sendo ambos Conforme vimos, as tênias podem causar duas doenças
vertebrados. Os hospedeiros da T. solium são o homem e o distintas no homem: teníase e cisticercose.
porco, os da T. saginata são o homem e o boi. A teníase consiste na infecção pelos vermes adultos
e é adquirida (transmissão) quando o homem ingere os
eu

O homem com teníase, isto é, parasitado pelo verme


adulto, elimina proglotes grávidos (cheios de ovos) para cisticercos (larvas do verme) presentes em carnes cruas ou
o meio exterior. Às vezes, os proglotes podem se romper malcozidas de suínos e bovinos; já a cisticercose consiste
dentro do intestino do homem, liberando ovos que na infecção pelos cisticercos (larvas) e é adquirida quando
são, então, eliminados junto das fezes. Um hospedeiro o homem ingere ovos do verme.
intermediário próprio (suíno para T. solium e bovino para O diagnóstico da teníase é feito por meio dos exames de
T. saginata) ingere os ovos. No intestino delgado desses fezes; já o diagnóstico da cisticercose depende da localização
animais, ocorre a eclosão dos ovos, liberando as oncosferas e da sintomatologia. Quando ocorre calcificação do cisticerco,
(embriões) que, atravessando as paredes do intestino, o raio X pode dar uma orientação diagnóstica.
M

alcançam a circulação sanguínea e, por meio desta, chegam As medidas de profilaxia da teníase consistem em
à musculatura dos animais, onde se instalam. No tecido tratamento dos doentes; educação sanitária; engenharia
muscular, cada oncosfera transforma-se em um pequeno sanitária (defecação em sanitários com rede de esgoto bem
cisticerco (larva), que não desenvolve para verme adulto, construída ou fossas); inspeção nos matadouros dos animais
permanecendo viável (vivo) por alguns meses. abatidos, feita por profissionais qualificados, eliminando-se
O homem, ingerindo carne de porco ou de boi, crua ou aqueles cujas carnes estejam contaminadas com os
malcozida, contaminada com os cisticercos, adquire a tênia cisticercos; melhoria das condições criatórias, principalmente
adulta (teníase). Os cisticercos ingeridos pelo homem, dos suínos, substituindo-se a criação extensiva (animais
ao chegarem ao duodeno (1ª porção do intestino delgado), criados soltos) por pocilgas bem construídas; não ingestão
estimulados pela bile, desenvaginam-se, aderem-se ao de carne crua ou malcozida.

Bernoulli Sistema de Ensino 67


Frente B Módulo 07

Para a profilaxia da cisticercose, é válida também a O S. mansoni é uma espécie dioica. Os vermes adultos
maioria das medidas listadas para a profilaxia da teníase, são encontrados no hospedeiro vertebrado (homem),
bem como medidas de higiene pessoal (lavar as mãos antes mais especificamente no interior dos vasos sanguíneos do
das refeições e após as defecações, manter as unhas sempre sistema porta-hepático (veias do intestino, fígado e baço).
bem aparadas) e os cuidados com os alimentos, especialmente O macho mede cerca de 1,0 cm e possui em seu corpo um canal,
frutas e verduras que são ingeridos crus (lavar bem esses denominado canal ginecóforo, onde, durante o acasalamento,
alimentos em água tratada e corrente antes de ingeri-los). aloja-se a fêmea, que é maior (cerca de 1,5 cm) e mais
fina do que o macho. Machos e fêmeas têm duas ventosas
Dyphyllobothrium latum (órgãos de fixação), situadas na região ventral anterior
do corpo.

li
É um cestódeo parasito do intestino delgado do homem
que, na fase adulta, chega a medir de 8 a 10 metros, com até Após o acasalamento e a fecundação, as fêmeas fazem a
4 mil proglotes. O homem se infecta ao comer a carne crua de postura dos ovos em vasos sanguíneos bem próximos à luz
peixes contaminada com larvas do verme. Por isso, a incidência intestinal. Uma fêmea chega a colocar cerca de 400 ovos por

l
dessa helmintíase é maior nos países onde existe o hábito de dia e vive, em média, 5 anos. Alguns casais de S. mansoni,

ou
se comer carne de peixe crua (Norte da Europa, Rússia, Japão, entretanto, podem viver até 20 ou 30 anos.
Filipinas, parte dos Estados Unidos e Sul do Chile). A profilaxia
dessa verminose consiste em não comer carne de peixe crua.
O ciclo evolutivo desse platelminto pode ser assim resumido:
os ovos do verme adulto saem nas fezes dos indivíduos
parasitados. No meio externo, em condições favoráveis,

Arquivo Bernoulli
forma-se, no interior desses ovos, uma larva ciliada, o coracídio.
Chegando ao meio aquoso, essas larvas saem nadando dos ovos

As procercoides, sendo ingeridas (junto dos crustáceos


contaminados) por peixes (truta, salmão), atravessam a
parede intestinal dos peixes e vão fixar-se nos músculos
(carne) desses animais, transformando-se em larvas
rn
maduros e, caso sejam ingeridas por certos crustáceos (Cyclops
e Diaptomus), transformam-se em larvas procercoides.
Ovo Miracídio Esporocisto

Ovos e larvas do S. mansoni.


Cercária
Be
plerocercoides ou esparganos. Ao ingerir a carne crua Os ovos do S. mansoni são bastante característicos devido
desses peixes, no intestino delgado humano, as larvas à presença de uma espícula lateral que apresentam. Quando
evoluem para vermes adultos. Essa verminose causa uma maduros, esses ovos possuem, em seu interior, uma larva
anemia perniciosa, conhecida, nesse caso, como anemia ciliada, o miracídio. Quando ovos maduros do S. mansoni
botricefálica, uma vez que o patógeno consome a vitamina caem em meio aquoso (água-doce), eles eclodem e liberam
B12 antes que ela seja absorvida pelo hospedeiro. os miracídios. Os miracídios são as formas infectantes do
S. mansoni para os hospedeiros invertebrados, que são
Schistosoma mansoni caramujos do gênero Biomphalaria. Ao penetrarem nesses
caramujos,os miracídios perdem os cílios e se transformam
Pertencente à classe Trematoda (trematódeo), é o agente
em esporocistos (larvas), que, por reprodução assexuada,
etiológico (agente causador) da esquistossomose, doença
dão origem às cercárias (larvas). As cercárias possuem uma
também conhecida por “xistose”, “barriga-d’água” ou, ainda,
eu

cauda que termina em uma bifurcação, daí serem chamadas


“mal-do-caramujo”.
também de furcocercárias. A partir de cada miracídio que
Ventosas
penetra no caramujo, são formadas até 100 000 cercárias,
que abandonam o corpo do molusco e caem na água.
Macho As cercárias são as formas infectantes do S. mansoni para o
hospedeiro vertebrado (homem). Ao penetrarem no homem,
através da pele ou mucosas, as cercárias perdem a cauda e
passam a ser denominadas de esquistossômulos. Por meio
Arquivo Bernoulli

Canal ginecóforo da circulação sanguínea, os esquistossômulos chegam ao


M

sistema porta-hepático, onde evoluem para vermes adultos.


Fêmea
O S. mansoni é mais um exemplo de parasito heteroxeno
que completa seu ciclo evolutivo em dois hospedeiros:
um vertebrado e outro invertebrado. O hospedeiro
vertebrado pode ser o homem e outros animais (roedores,
gambás, primatas e outros); já o hospedeiro invertebrado
é um caramujo do gênero Biomphalaria. Esses caramujos
são moluscos pulmonados, aquáticos, vegetarianos,
hermafroditas pertencentes à classe Gastropoda (moluscos
Schistosoma mansoni – casal de vermes adultos. gastrópodes) e à família Planorbidae (planorbídeos).

68 Coleção Estudo 4V
Helmintos

As principais espécies do gênero Biomphalaria, Ao entrarem em contato com a pele do homem, as cercárias
comprovadamente transmissoras do S. mansoni, no Brasil, atravessam-na ativamente e caem na corrente sanguínea.
são Biomphalaria glabrata, Biomphalaria straminea e Essa penetração ativa das cercárias ocorre devido a uma ação
Biomphalaria tenagophila. Esses caramujos são encontrados lítica de enzimas produzidas por glândulas de penetração
em grandes variedades de coleções de água-doce, paradas existentes nessas larvas e a uma ação mecânica (movimentos
ou pouco correntes, tais como lagoas, cisternas, pântanos, vibratórios intensos). A penetração das cercárias através da
riachos, canais de irrigação, etc. pele humana pode causar uma irritação local com coceira,
chamada de dermatite cercariana. Por isso, em algumas
regiões, as lagoas infestadas por cercárias são conhecidas por
“lagoas de coceira”. Após a penetração da cabeça, as cercárias

li
Mesentério perdem a cauda, transformando-se em esquistossômulos,
Circulação Intestino que caem na corrente sanguínea e chegam ao sistema porta-
Homem -hepático, onde evoluem para vermes adultos. Os vermes

l
adultos aparecem no sistema porta-hepático cerca de 30 dias
Veias Saem com após a penetração das cercárias. Do sistema porta-hepático,

ou
BIOLOGIA
as fezes
as fêmeas migram para a veia mesentérica inferior, onde fazem
a oviposição. Os primeiros ovos poderão ser vistos nas fezes
do indivíduo parasitado cerca de 40 dias após a contaminação.

Postura OBSERVAÇÃO
Vermes de ovo Ovo
Penetração adultos As cercárias (formas infectantes do S. mansoni para o homem)
na pele
também são capazes de penetrar pelas mucosas, como a
Arquivo Bernoulli

mucosa bucal. As cercárias que são ingeridas junto da água

Cercária
Água

rn Miracídio
e que chegam ao estômago são destruídas pela ação do suco
gástrico, mas as que conseguem penetrar pela mucosa bucal
desenvolvem-se normalmente.

Pelo que acabamos de ver, a transmissão da esquistossomose


ao homem se faz pela penetração ativa das cercárias através
Be
da pele e das mucosas.

A esquistossomose tem uma fase aguda ou inicial com


Esporocisto Esporocisto
mal-estar, cansaço, problemas gastrointestinais e dor
de cabeça. Segue-se uma fase intestinal com graves
Caramujo distúrbios digestivos (fezes mucossanguinolentas e cólicas).
Em uma fase mais avançada, fase crônica da doença, surgem
sérios problemas viscerais, como a hepatoesplenomegalia,
isto é, grande inflamação com aumento do volume do fígado
(hepatomegalia) e do baço (esplenomegalia), além da típica
Ciclo da infecção por Schistosoma mansoni.
ascite (“barriga-d’água”), que deixa o abdome muito volumoso.
O ciclo evolutivo do S. mansoni pode ser assim resumido:
A profilaxia da esquistossomose consiste em tratamento
eu

os vermes adultos vivem no sistema porta-hepático do homem


dos doentes; educação e engenharia sanitária (uso de
e de alguns outros animais (roedores, macacos, gambás, etc.),
sanitários ou fossas, construção de rede de esgotos, estação
onde se reproduzem sexuadamente por fecundação. Após o
de tratamento dos esgotos, estação de tratamento da água
acasalamento, a fêmea migra para as finas veias da parede
destinada ao consumo da população, etc.); evitar banhar-se
intestinal do homem (veia mesentérica inferior), onde inicia
ou nadar em águas desconhecidas sem antes se certificar
a oviposição (postura dos ovos). Alguns desses ovos podem
da presença ou não, no local, da esquistossomose; combate
alcançar a luz intestinal devido à pressão com que são postos
aos caramujos transmissores por meio de métodos químicos
e à perfuração da parede dos vasos sanguíneos feita pelas
(uso de moluscocidas) e biológicos (controle biológico com
M

espículas laterais que possuem. Os ovos que chegam à luz


o uso de predadores ou competidores).
intestinal serão eliminados para o meio externo juntamente
com as fezes. No meio externo, os ovos que caem na água- As espécies do gênero Schistosoma chegaram às
-doce eclodem e liberam os miracídios, que começam a nadar Américas durante o tráfico de escravos e com os imigrantes
ativamente até encontrar em um caramujo Biomphalaria. orientais e asiáticos (nesses imigrantes, foram detectados
Penetrando no caramujo, os miracídios transformam-se em numerosos indivíduos parasitados pelo Schistosoma
esporocistos e, a partir deles, são formadas as cercárias, japonicum e Schistosoma haematobium). Entretanto,
que abandonam o corpo do molusco e caem na água, onde apenas o S. mansoni, que veio junto dos escravos de
permanecem vivas por cerca de 3 dias. A eliminação das origem africana, aqui se fixou, seguramente pelo encontro
cercárias do corpo do caramujo ocorre nas horas mais quentes de bons hospedeiros intermediários e condições ambientais
e mais luminosas do dia, principalmente entre 10 e 16 horas. semelhantes às da região de origem.

Bernoulli Sistema de Ensino 69


Frente B Módulo 07

NEMATELMINTOS O sistema nervoso é ganglionar, formado por um gânglio


nervoso em forma de anel que circunda o esôfago (anel
(NEMATÓDEOS) periesofâgico), do qual partem dois nervos longitudinais,
um dorsal e um ventral.
Os nematelmintos (do grego nematos, fio, e helminthes, A reprodução é sexuada por fecundação interna, sendo
verme) são metazoários, bilatéreos, triblásticos, que a maioria das espécies é dioica (sexos separados) com
pseudocelomados e protostômios. Têm o corpo cilíndrico, dimorfismo sexual, e os machos menores do que as fêmeas.
alongado, revestido por uma cutícula protetora de natureza
O desenvolvimento pode ser direto (sem larvas)
proteica. O tamanho é variado. Há espécies microscópicas
ou indireto (com fase larvária).
(menos de 1 mm de comprimento, como os rotíferos de água

li
doce) e espécies com vários centímetros, como as lombrigas. Podem ser de vida livre ou parasitos. As espécies de vida
livre habitam o solo úmido, a areia das praias, a água-doce
Os nematelmintos não possuem sistema respiratório nem
e a água salgada; os parasitos infestam animais e plantas.
sistema circulatório. Algumas espécies são anaeróbias, como
Muitos são parasitos humanos.

l
certos endoparasitos intestinais, e outras são aeróbias e,
nesse caso, fazem a respiração cutânea direta. A distribuição
PRINCIPAIS NEMATÓDEOS

ou
de substâncias pelo corpo do animal (O2, nutrientes) se faz
por difusão por meio da cavidade pseudocelomática, na qual
existe um líquido (líquido pseudocelomático). Além dessa PARASITOS HUMANOS
função de transporte, o pseudoceloma, por ser cheio de
líquido, funciona como um esqueleto hidrostático, fornecendo Ascaris lumbricoides (lombriga)
apoio para os movimentos musculares do verme.
É o agente etiológico (causador) da ascaridíase ou
O sistema digestório é formado por um tubo digestório ascaridiose, verminose encontrada em quase todos os países.
completo constituído por boca, faringe, intestino retilíneo e

rn
ânus. É o primeiro grande filo com tubo digestório completo.
Boca

Arquivo Bernoulli
Faringe
Arquivo Bernoulli
Be
Lábios
Ânus Intestino
Pseudoceloma
Vermes adultos de Ascaris lumbricoides.
Parede do corpo
Tubo Os vermes adultos vivem no intestino delgado do homem.
digestório
O macho mede cerca de 20 a 30 cm de comprimento e tem
Tubo digestório da lombriga – Observe que existem três lábios a extremidade posterior encurvada. A fêmea mede cerca de
ao redor da boca do animal. 30 a 40 cm, tem a extremidade posterior retilínea e é mais
grossa do que o macho. Machos e fêmeas apresentam a boca
O sistema excretor é constituído pelos tubos em H ou
circundada por três lábios que funcionam como estruturas
renetes (dois longos tubos laterais que, devido à sua
de fixação dos vermes na mucosa intestinal.
disposição, lembram a letra H).
eu
Arquivo Bernoulli

Poro excretor
Canal anterior
Arquivo Bernoulli

Núcleo da célula em H
Canal
comum
Canal posterior
Ovo fértil não Ovo fértil
M

embrionado embrionado
Ovos de A. lumbricoides.

Cada fêmea é capaz de botar cerca de 200 000 ovos


por dia. Esses ovos se caracterizam por possuir, em seu
interior, uma massa germinativa de células envolvida por
uma membrana externa mamilonada de grande resistência.
Sistema excretor dos nematelmintos – As excreções são lançadas Os ovos são eliminados junto das fezes do indivíduo
no líquido pseudocelomático, de onde são removidas pelos tubos parasitado e, encontrando condições ambientais favoráveis
em H e eliminadas para o meio externo, através de um poro (temperatura entre 25 °C e 30 °C, umidade e oxigênio),
excretor localizado na região anterior, próximo à boca. tornam-se embrionados em cerca de 15 dias.

70 Coleção Estudo 4V
Helmintos

O A. lumbricoides é um parasito monoxeno, isto é, Nos casos de pacientes com carga parasitária (número
completa o seu ciclo evolutivo em apenas um hospedeiro. de parasitos) grande, ou nos casos em que o verme sofra
Seu ciclo biológico pode ser assim resumido: os ovos do alguma ação irritativa (medicamento impróprio ou em
verme chegam ao exterior junto das fezes do indivíduo dosagem pequena), as lombrigas podem se deslocar de
parasitado. Encontrando, no meio ambiente, condições seu habitat normal (intestino delgado) e atingir outros
favoráveis, esses ovos tornam-se embrionados, isto é, locais. Chama-se “Ascaris errático” o verme que se localiza
passam a ter, em seu interior, uma larva (L1). Cerca de uma fora de seu habitat normal (localização ectópica). Nesses
semana depois, essa larva sofre duas mudas (mudança) casos, podemos encontrar os vermes no apêndice cecal
e se transforma na larva de 3º estágio (L 3). Os ovos (onde podem causar apendicite aguda), no ducto colédoco
contendo essas larvas, sendo ingeridos pelo homem, vão (causando obstrução dele), no canal pancreático (canal de

li
sofrer eclosão no intestino delgado. Assim, as larvas são Wirsung), causando pancreatite aguda e, ainda, pode ocorrer
liberadas e, atravessando a parede intestinal ao nível do a eliminação dos vermes pela boca e pelas narinas.
ceco, caem na corrente sanguínea. Por meio do sistema

l
As principais medidas de profilaxia para a ascaridíase
circulatório, são levadas ao fígado e, posteriormente,
consistem em tratamento dos doentes; educação sanitária;
à veia cava inferior. Por meio da veia cava inferior, essas

ou
BIOLOGIA
larvas chegam às cavidades do coração: caem no átrio engenharia sanitária; proteger os alimentos contra poeiras e
direito e daí passam para o ventrículo direito de onde saem insetos; combater os insetos domésticos (moscas, baratas).
pela artéria pulmonar, sendo, então, levadas aos pulmões. Poeiras e insetos podem veicular ovos do verme.
Nos capilares pulmonares, as larvas sofrem uma nova
muda e atravessam as paredes desses capilares, caindo no Ancylostoma duodenale
interior dos alvéolos pulmonares. No interior dos alvéolos
pulmonares, as larvas sofrem outra muda e começam e Necator americanus
a subir pelas vias aéreas (bronquíolos → brônquios →

rn
traqueia → laringe → faringe). Ao chegarem à faringe,
as larvas, com cerca de 3 mm, podem ser expelidas pela
expectoração ou ser deglutidas, passando então ao esôfago,
estômago e intestino delgado, onde se fixam, sofrem uma
nova muda, transformando-se em adultos jovens. Em,
aproximadamente, 60 dias, esses adultos jovens atingem a
São, respectivamente, os agentes etiológicos da
ancilostomíase (ancilostomose) e da necatorose,
duas verminoses conhecidas popularmente por amarelão
ou opilação.

O A. duodenale e o N. americanus pertencem a uma


mesma família: Ancylostomatidae. Nessas duas espécies,
Be
maturidade sexual e passam a se reproduzir por fecundação tanto macho quanto fêmea possuem aspecto cilíndrico,
interna. É interessante ressaltar que os espermatozoides do medindo cerca de 1,0 a 1,5 cm de comprimento e
Ascaris não têm flagelos, deslocando-se por pseudópodes apresentam cápsula bucal desenvolvida. O A. duodenale tem
(movimentos ameboides). Com a oviposição, o indivíduo na cápsula bucal 2 pares de dentes, já o N. americanus possui
parasitado passa a eliminar ovos do verme em suas fezes. 1 par de placas cortantes. As fêmeas das duas espécies têm
Os vermes adultos podem chegar a viver no intestino delgado a extremidade posterior afilada.
do homem por mais de um ano.

Como vimos, a transmissão da ascaridíase se faz pela


ingestão de ovos infectantes (contendo larvas L3) do
verme. B
eu

Na ascaridíase, as larvas podem causar lesões hepáticas D A E


e pulmonares. No fígado, podem causar pequenos focos
hemorrágicos e necrose, que depois se tornam fibrosados. C
Nos pulmões, podem ocorrer vários pontos hemorrágicos
Arquivo Bernoulli

na passagem das larvas para os alvéolos, o que pode levar


F
a um quadro de pneumonia (tosse, febre, etc.).

Os vermes adultos presentes no intestino delgado exercem


Ancilostomatídeos – A e B. macho e fêmea de N. americanus.
M

uma ação expoliadora, uma vez que consomem grandes


C e D. machos e fêmeas de A. duodenale. E. cápsula bucal de
quantidades de nutrientes que deveriam ser absorvidos
A. duodenale. F. cápsula bucal de N. americanus.
pelo organismo humano, levando o paciente, principalmente
crianças, à subnutrição, hipovitaminoses, etc. Os vermes Os vermes adultos são encontrados no intestino delgado
adultos também produzem certas substâncias que podem do homem, onde se fixam à mucosa intestinal por meio da
provocar reações alérgicas. A ação mecânica desses vermes cápsula bucal. Após a cópula, as fêmeas fazem a oviposição
fixados na parede intestinal também causa irritação nela, e, assim, os ovos desses vermes chegam ao meio exterior
com consequentes cólicas e dores abdominais. Quando o junto das fezes do indivíduo parasitado. Assim que são
número de lombrigas adultas no interior do intestino é muito postos, esses ovos contêm de 4 a 8 blastômeros e, dentro
elevado, esses vermes podem enovelar-se na luz intestinal, de 18 a 24 horas, já apresentam em seu interior a larva de
causando a obstrução (oclusão) intestinal. 1º estágio (L1).

Bernoulli Sistema de Ensino 71


Frente B Módulo 07

Como vimos, a transmissão dessas verminoses


(ancilostomíase e necatorose) pode ser feita das seguintes

Arquivo Bernoulli
maneiras: penetração ativa das larvas através da pele
(principalmente pela planta dos pés, quando se tem o hábito
A B C
de andar descalço) e ingestão de larvas infectantes junto aos
Ovos de Ancylostomatídeos (Ancylostoma e Necator) – alimentos (esse modo de transmissão, apesar de ocorrer,
A. ovo de Ancylostomatídeo recém-emitido; B. ovo de
não é tão frequente quanto o primeiro).
Ancylostomatídeo, 12 horas após a oviposição; C. ovo de
Ancylostomatídeo, 24 horas após a oviposição.
Essas verminoses se caracterizam por provocar uma

li
O A. duodenale e o N. americanus são parasitos monoxenos anemia acentuada nos indivíduos parasitados, fazendo
que têm como hospedeiro o homem. com que a pessoa se torne fraca, desanimada e pálida.
O ciclo biológico desses vermes pode ser assim resumido. Esse quadro de sintomas foi muito bem retratado pelo

l
escritor Monteiro Lobato em seu famoso personagem
Jeca Tatu. A ação da cápsula bucal desses vermes lesa

ou
8
a mucosa intestinal e, como eles mudam de lugar com
frequência, deixam pequenas úlceras (feridas) na mucosa
intestinal, que sangram algum tempo. Esses vermes
também fazem a sucção do sangue. Cada verme adulto
chega a sugar de 0,05 a 0,2 mL de sangue por dia.
A perda de sangue pela hemorragia das úlceras e também
a sucção do sangue feita pelos vermes levam o paciente

rn a um quadro de anemia.

Também pode ocorrer uma perversão do apetite, fazendo


Arquivo Bernoulli

com que o doente passe a fazer a geofagia (comer terra),


devido, principalmente, à carência de sais minerais no
organismo, especialmente de sais de ferro.
Be
Educação sanitária, engenharia sanitária, tratamento
7 dos doentes, cuidados higiênicos e o uso de calçados
(especialmente na zona rural) são as principais medidas de
1 profilaxia dessa verminose.
6

2
Ancylostoma braziliensis
O verme adulto é um parasito típico de cães e gatos.
3 Esses animais eliminam, junto de suas fezes, os ovos do
5
L1 verme. Como esses animais defecam no chão, os ovos
4 L3
eu

eliminados se desenvolvem (especialmente em terrenos


L2 arenosos e úmidos), liberando larvas que podem penetrar
ativamente na pele de uma pessoa (pés, pernas e mãos mais
Ciclo biológico dos Ancylostomatídeos – 1. Ovo não embrionado
frequentemente), fazendo migrações na hipoderme. Por isso,
no meio externo; 2. Ovo com células em evolução; 3.
24 horas após a eliminação, o ovo torna-se embrionado, essas larvas são conhecidas por larvas migrans cutâneas.
contendo a larva L1 que desenvolve-se para o estágio L2; À medida que as larvas migram (cerca de 5 cm por dia),
4. Eclosão do ovo liberando a larva L2; 5. A larva L2 desenvolve-se deixam atrás de si um rastro sinuoso e, por isso,
para o estágio L3 (6); 7. Larva L3 penetrando ativamente pela pele ou
são popularmente conhecidas por “bicho-geográfico”.
M

sendo ingerida. 8. A partir da infecção ativa na pele, as larvas caem


na corrente sanguínea e, por meio desta, passam pelos seguintes A larva migra durante algum tempo (semanas ou meses),
órgãos: fígado, veia cava inferior, coração (átrio direito e ventrículo depois morre. Provoca irritação na pele, prurido (coceira)
direito), artéria pulmonar e pulmões. Nos pulmões, as larvas saem intenso e seu trajeto torna-se escuro. É a chamada dermatite
da corrente sanguínea e penetram nos alvéolos pulmonares, serpiginosa (dermatite do bicho-geográfico).
de onde começam a subir pelas vias respiratórias, chegando à
faringe. Caso sejam deglutidas, ao chegarem ao intestino delgado, É frequente as pessoas adquirirem essa parasitose nas
elas se instalam e evoluem para vermes adultos. A partir da praias, especialmente em áreas sombreadas e úmidas,
infecção passiva pela boca, as larvas chegam ao intestino delgado,
longe da ação das marés, mas muito frequentadas pelos
invadem as mucosas intestinais, retornando à luz intestinal onde
dão origem aos vermes adultos. Cerca de um mês após a infecção cães. As caixas de areia em parques infantis também
(cutânea ou oral), inicia-se a produção de ovos. funcionam como focos de infecção.

72 Coleção Estudo 4V
Helmintos

A larva migrans cutânea é de distribuição mundial e


está relacionada, principalmente, com a presença de cães
e gatos. É frequente que os proprietários desses animais
levem-nos ou os deixem passear nas praias ou em parques
infantis, ou, então, não destruam as fezes desses animais 5
depositadas em seus quintais, jardins ou apartamentos.
Nessas situações, as pessoas são as principais responsáveis
pela disseminação dos ovos dos vermes. Assim, as principais
medidas de profilaxia são campanhas educativas e de
esclarecimentos cujo público-alvo seja os proprietários de

li
cães e gatos; exame de fezes periódicos de cães e gatos,
com tratamento dos animais que estejam parasitados; 4
recolhimento dos animais de rua; incineração das fezes

l
de cães e gatos encontradas nos quintais e jardins e o uso 6

ou
de calçados.

BIOLOGIA
1

Arquivo Bernoulli
3
Enterobius vermicularis 2
(oxiúros, “lagartinha”)
Ciclo biológico do Enterobius vermicularis – 1. Machos e
É o agente causador da enterobiose ou oxiurose. fêmeas no ceco; 2. Ovos depositados na região perianal;
3. Ovos no meio exterior, contaminando alimentos; 4. Ovos
da região perianal levados à boca pelas mãos; 5. Ingestão

rn de ovos embrionados; 6. Eclosão de ovos no intestino


delgado; migração de larvas até o ceco; vermes adultos.
Cerca de 30 a 40 dias após a infecção, as fêmeas já estão
repletas de ovos.
Arquivo Bernoulli

Macho Fêmea Os modos de transmissão mais frequentes dessa


verminose são heteroinfecção ou primoinfecção (quando
os ovos do verme que contaminam água e alimentos são
Be
ingeridos pelo homem); autoinfecção direta (quando
Ovo
o indivíduo parasitado leva os ovos da região perianal
à boca) e retroinfecção (quando os ovos eclodem
externamente na região perianal e as larvas penetram
pelo ânus, chegando ao intestino grosso, onde evoluem
para vermes adultos).
Enterobius vermicularis – O macho mede cerca de 5 mm e a
fêmea, 1 cm. A enterobiose se caracteriza, principalmente, por um
prurido (coceira) anal (com maior frequência à noite).
Machos e fêmeas do E. vermicularis são encontrados no O ato de coçar o ânus pode lesar ainda mais a região,
intestino grosso do homem parasitado, em especial no ceco possibilitando a instalação de infecções bacterianas
(porção inicial do intestino grosso). Ocasionalmente, podem secundárias. O prurido ainda provoca, principalmente
em crianças, perda do sono e nervosismo.
eu

ser encontrados no apêndice cecal e, em mulheres, às vezes,


podem-se encontrar esses parasitos na vagina e no útero. A profilaxia consiste em tratamento dos doentes; educação
sanitária; engenharia sanitária; cuidados higiênicos
Trata-se de um parasito monoxeno, cujo ciclo evolutivo pessoais; lavar frutas e verduras em água tratada e corrente;
pode ser assim resumido: após a cópula, os machos são não sacudir as roupas de dormir e de cama usadas pelos
eliminados junto das fezes do indivíduo parasitado e morrem, indivíduos parasitados (o hábito de, pela manhã, sacudir
e as fêmeas, repletas de ovos, desprendem-se do ceco roupas de cama e de dormir pode disseminar os ovos no
domicílio. Essas roupas devem ser enroladas e lavadas em
e migram para o ânus (especialmente, à noite). Alguns
água fervente, diariamente).
pesquisadores suspeitam que elas realizam a oviposição
M

na região perianal, mas a maioria acredita que os ovos são Wuchereria bancrofti (filária)
eliminados por rompimento das fêmeas devido a algum tipo É o agente etiológico da wuquererose, verminose também
de traumatismo. Como as fêmeas são verdadeiros “sacos de conhecida por filariose ou elefantíase, frequente em regiões
ovos” revestidos por uma cutícula que fica bem distendida, tropicais.
parece que o rompimento dela se torna realmente fácil. Os vermes adultos (machos e fêmeas) vivem nos vasos
Os ovos, que se assemelham a um D, pois têm um dos linfáticos humanos, principalmente, nos da perna, embora
lados achatado, são eliminados já embrionados e, ao serem também possam ser encontrados em outros órgãos (mamas,
ingeridos pelo homem, chegam ao intestino delgado, onde escroto, braços).
eclodem e põem em liberdade as larvas. As larvas migram Os machos medem cerca de 3,5 cm de comprimento,
para o ceco e evoluem para vermes adultos. e as fêmeas têm de 7 a 10 cm.

Bernoulli Sistema de Ensino 73


Frente B Módulo 07

Trata-se de um parasito heteroxeno que realiza seu ciclo


evolutivo em dois hospedeiros: um hospedeiro vertebrado
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
que é o homem e um hospedeiro invertebrado que é o 01. (UFES)
mosquito fêmea do gênero Culex.
A larva se aloja nos O cisticerco é ingerido
O ciclo biológico desse parasito pode ser assim resumido: tecidos do animal. pelos homens.
A

O ovo libera
a larva no
intestino.

l li
Segmentos O adulto
maduros são

ou
habita o
expelidos com intestino
Ovos são
as fezes. humano.
ingeridos por
1 um animal.
2

No ciclo de vida do animal ilustrado anteriormente,


os humanos podem assumir o papel de hospedeiro
Arquivo Bernoulli

3
intermediário. Essa situação pode ocorrer se o homem

8 Probóscide
B
rn
4 Tórax
A) ingerir carne malcozida.
B) nadar em águas contaminadas pelo verme adulto.
C) ingerir ovos embrionados do verme.
D) andar descalço e a larva penetrar ativamente pela
sua pele.
E) beber água contaminada pela larva do animal.
Be
5 Salsichoide
L3 7
L1 02. (Fatec-SP) As planárias são vermes acelomados,
6 pequenos e achatados dorso-ventralmente; apresentam
um tubo digestório com inúmeras ramificações.
L2
O tamanho e a forma das planárias estão diretamente
Ciclo biológico da Wuchereria bancrofti – (A) Microfilária no
sangue; (B) Ciclo evolutivo: 1. Homem parasitado com os relacionados
vermes adultos; 2. Microfilárias no sangue periférico (entre A) à capacidade regenerativa de seu mesênquima.
22 e 24 horas); 3. O mosquito Culex ingere microfilárias;
B) ao sistema nervoso ganglionar ventral.
4. 24 horas depois, já no tórax do inseto; 5. Larva salsichoide
nos músculos torácicos do mosquito; 6. Cerca de 8 dias após, C) à presença de células-flama.
sofrem a 1ª muda dando L2; 7. Cerca de 10 dias após, sofrem a D) aos ocelos acima dos gânglios cerebroides.
2ª muda dando L3, que é infectante para o homem; 8. As larvas
eu

L3 migram para a probóscide do mosquito; 9. Ao realizar um E) à ausência de um sistema circulatório.


novo hematofagismo, o inseto deposita as larvas L3 na pele do
hospedeiro. Essas larvas, então, penetram ativamente, caem 03. (PUC Minas) As alternativas contêm características que
na circulação linfática e evoluem para vermes adultos que um se referem a três espécies de nematódeos, a saber,
ano depois iniciam a eliminação de microfilárias. Ascaris lumbricoides, Necator americanus e Ancylostoma
duodenale. Assinale o item cuja característica NÃO é
Como vimos, a transmissão da filariose ou elefantíase se
compartilhada pelas três espécies.
faz pela deposição das larvas infectantes na pele das pessoas,
seguida de penetração ativa das larvas. Um mosquito, A) Monoxenos.
ao aproximar sua probóscide do hospedeiro vertebrado, deixa B) Ovos como forma infectante.
M

escapar as larvas que, então, penetram ativamente na pele. C) Adultos habitando o intestino.
Parece que o estímulo que provoca a saída das larvas da
D) Fecundação interna.
probóscide do mosquito é o calor emanado do corpo humano.
E) Dioicos.
A presença dos vermes adultos no interior dos vasos
linfáticos pode causar a obstrução (entupimento) dos 04. (IFSP–2015) Personagem da literatura brasileira, o Jeca-Tatu
vasos e, com isso, ocorre derrame de linfa para os tecidos imortalizou o trabalhador rural brasileiro, criado por Monteiro
vizinhos, ocasionando o aparecimento de edemas (inchaços) Lobato. O Jeca-Tatu apresentava uma verminose que o
progressivos, o que pode levar aquela parte do corpo a impedia de trabalhar por causar-lhe uma anemia profunda
assumir dimensões desproporcionais. e muita fraqueza. Essa verminose era o amarelão. Como
A profilaxia consiste, basicamente, no tratamento das medida profilática simples e que protege o trabalhador rural
pessoas doentes e no combate ao inseto vetor. contra tal verminose, recomenda-se que ele

74 Coleção Estudo 4V
Helmintos

A) tome sempre água filtrada, para não ingerir os ovos C) Considerando os sistemas digestivo, circulatório,
do verme. respiratório e reprodutor, INDIQUE o que estaria
presente na Taenia adulta.
B) use botas, para sempre andar calçado e não permitir
a entrada do verme pela sola do pé. D) CITE uma medida de saneamento que atue diretamente
na diminuição da incidência da cisticercose suína.
C) não coma verduras e legumes crus ou mal lavados.
D) não nade em lagoas de coceira. 03. (UEL-PR) O grupo dos platelmintos é caracterizado pelo
E) não coma alimentos de origem desconhecida. aparecimento, pela primeira vez na escala zoológica,
da simetria bilateral. Com base nesse fato, assinale a
alternativa que apresenta as características que, durante

li
EXERCÍCIOS PROPOSTOS a evolução destes animais, surgiram associadas ao
aparecimento da simetria bilateral.
A) Aparecimento do ânus e de células-flama.
01. (Unifor-CE–2015) Um biólogo recebe, para identificar,

l
B) Aparecimento da boca e maior dimensão do corpo.
um animal vermiforme desconhecido. Após estudar
C) Aparecimento da cefalização e movimentação direcional

ou
os aspectos anatômicos e histológicos, o pesquisador

BIOLOGIA
do corpo.
verifica que o exemplar possui certas características:
hermafrodita, medindo 5 metros de comprimento. D) Aparecimento da mesoderme e da cavidade
gastrovascular.
Possui escólex globoso, tendo 4 ventosas e um rostro com
dentes quitinosos. O colo é curto e o estróbilo apresenta E) Aparecimento de digestão intracelular e melhor captura
aproximadamente 1 000 anéis, possuindo proglotes jovens de presas.
(largas), maduras (quadrangulares) e grávidas (longas
com ramificações uterinas e terminações arborescentes).
04. (IFPE–2016) Ascaridíase é uma doença muito comum
causada pelo parasita Ascaris lumbricoides, popularmente
Marque a opção que apresenta o parasita identificado pelo

A) Taenia solium e cisticercose.


B) Necator americanus e esquistossomose.
C) Taenia sp. e colitite teniana.
D) Ancylostoma duodenale e amarelão.
rn
biólogo e a doença ocasionada por ele, respectivamente.
conhecido como lombriga. Podemos nos contaminar com
este verme através
A) da ingestão de água e alimentos contaminados com
ovos do verme.
B) de longas caminhadas na areia com os pés descalços.
C) da ingestão de carne de porco ou de boi crua ou
Be
malcozida.
E) Taenia saginata e teníase.
D) da picada de alguns mosquitos, como o Aedes aegypti.
02. (UFMG) Observe a figura. E) de banhos de rio em locais infestados por caramujos.

1 05. (UFES) A ascaridíase, doença causada pelo Ascaris


lumbricoides, atinge cerca de 60% da população
brasileira. Essa doença, de endemia rural, como era
entendida outrora, passa, cada vez mais, a ser um
problema urbano.
2
(A)
eu

(B)

A) IDENTIFIQUE o sexo dos animais da figura e DÊ suas


características morfológicas diferenciais.
Ovo
B) Uma professora relatou que um aluno, ao tossir,
expeliu, com a expectoração, algumas larvas de
M

lombriga. DESCREVA o caminho percorrido por esses


No ciclo evolutivo da Taenia solium, as setas com linha
parasitas desde sua entrada no organismo humano até
contínua estão corretas e uma das setas com linha tracejada o momento em que o fato ocorreu.
está errada.
C) É característico dos vermes parasitas produzirem
A) Para que esse ciclo fique correto, deverá ser eliminada grandes quantidades de ovos. Uma fêmea de Ascaris
uma das setas com a linha tracejada. CITE o número produz cerca de 200 mil ovos por dia, que são
da seta que está errada. eliminados juntamente com as fezes do hospedeiro.
DESCREVA dois fatores que justifiquem a necessidade
B) Com base no ciclo evolutivo da Taenia solium, responda:
de os Ascaris eliminarem esse elevado número de ovos
1. Qual é o seu hospedeiro definitivo? no meio externo, relacionando esses fatores ao ciclo de
2. Em que órgão se localiza a Taenia adulta? vida dos parasitas.

Bernoulli Sistema de Ensino 75


Frente B Módulo 07

06. (UFPA) Várias espécies de helmintos são agrupadas dentro do 02. (Enem–1998) Em uma aula de Biologia, o seguinte texto
filo Nematoda, ou vermes cilíndricos. As principais novidades é apresentado:
evolutivas que surgiram nesse filo, em comparação com os
vermes achatados (Platelmintos), foram Lagoa Azul está doente

A) a presença de três folhetos germinativos; uma cavidade Os vereadores da pequena cidade de Lagoa Azul
interna chamada pseudoceloma; e o sistema digestório estavam discutindo a situação da Saúde no Município.
completo. A situação era mais grave com relação a três doenças: doença
de Chagas, esquistossomose e ascaridíase (lombriga).
B) a presença de três folhetos germinativos; uma cavidade
Na tentativa de prevenir novos casos, foram apresentadas
interna chamada celoma; e o sistema circulatório
várias propostas:
fechado.

li
Proposta 1: Promover uma campanha de vacinação.
C) a presença de três folhetos germinativos; ausência de
cavidade interna; e sistema digestório completo. Proposta 2: Promover uma campanha de educação da
população em relação a noções básicas de higiene,
D) a presença de dois folhetos germinativos; uma cavidade incluindo fervura de água.

l
interna chamada pseudoceloma; e o sistema digestório
Proposta 3: Construir rede de saneamento básico.
completo.

ou
Proposta 4: Melhorar as condições de edificação das
E) a presença de três folhetos germinativos; uma cavidade moradias e estimular o uso de telas nas portas e janelas
interna chamada celoma; e o sistema digestório e mosquiteiros de filó.
completo.
Proposta 5: Realizar campanha de esclarecimento sobre
os perigos de banhos nas lagoas.
07. (UFMG) As figuras a seguir foram extraídas da bula de um
Proposta 6: Aconselhar o uso controlado de inseticidas.
medicamento e representam procedimentos que podem
Proposta 7: Drenar e aterrar as lagoas do município.
ser adotados na prevenção de algumas doenças.
Para o combate da Ascaridíase, a proposta que trará maior

Beber Lavar
somente cuidadosamente
Comer
apenas
Andar
sempre
rn GABARITO
Fixação
benefício social, se implementada pela Prefeitura, será
A) 1. B) 3. C) 4. D) 5. E) 6.
Be
água filtrada as verduras e carne bem com os pés
01. C 02. E 03. B 04. B
ou fervida. cozinhar bem passada. calçados.
os alimentos.
Assinale a alternativa que contém uma verminose que Propostos
NÃO pode ser evitada por qualquer um dos procedimentos 01. A
apresentados nas figuras. 02. A) Seta (3).
A) Ancilostomíase C) Filariose B) 1. Homem.
2. Intestino delgado do homem.
B) Esquistossomose D) Teníase
C) Reprodutor.
D) Construção de rede de esgoto.

SEÇÃO ENEM 03. C


eu

04. A
05. A) Figura A: fêmea, indivíduo com dimensões maiores.
01. (Enem–2015) Euphorbia milii é uma planta ornamental Figura B: macho, extremidade posterior recurvada
amplamente disseminada no Brasil e conhecida como e presença de espículas copulatórias.
coroa-de-cristo. O estudo químico do látex dessa espécie B) Ingestão de ovos embrionados → eclosão das
forneceu o mais potente produto natural moluscicida, larvas no intestino delgado → larvas perfuram a
a miliamina L. parede intestinal → circulação porta-hepática →
veia cava inferior, coração e pulmões → larvas
MOREIRA, C. P. S.; ZANI, C.L.; ALVES, T. M. A. Atividade
M

sofrem muda e perfuram os alvéolos pulmonares


moluscicida do látex de Synadenium carinatum bolss
→ vias respiratórias → deglutição com a saliva →
(Euphorbiaceale) sobre Biomphalaria glabrata e o isolamento do
intestino delgado
constituinte majoritário. Revista Eletrônica de Farmácia,
C) A produção de grandes quantidades de ovos
n. 3, 2010 (Adaptação). garante que alguns atinjam o próximo hospedeiro
e sobrevivam às condições ecológicas adversas.
O uso desse látex em água infestada por hospedeiros
06. A
intermediários tem potencial para atuar no controle da
07. C
A) dengue. D) ascaridíase. 

B) malária. E) esquistossomose. Seção Enem
C) elefantíase. 01. E 02. B

76 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA B 08
Moluscos e anelídeos

lli
MOLUSCOS A concha é fabricada pelo manto ou prega paleal,
uma dobra da epiderme que envolve a massa visceral.

ou
Entre o manto e a concha, existe um espaço denominado cavidade
Denomina-se malacologia o ramo da Zoologia que estuda
do manto ou cavidade paleal, de paredes muito vascularizadas,
os moluscos (do latim mollis, mole).
que desempenha funções respiratórias, pois funciona como
Os moluscos são metazoários de simetria bilateral, não pulmões em moluscos terrestres, como os caracóis.
segmentados, triblásticos, celomados, protostômios, cujo
Cavidade do manto Concha
corpo está geralmente dividido em três partes: cabeça,
pé e massa visceral (saco visceral).
Coração

rn
Na cabeça, ficam localizadas estruturas sensoriais (olhos,
tentáculos, etc.); o pé é uma estrutura muscular com função
de fixar, cavar ou locomover; a massa visceral corresponde
ao conjunto de sistemas de órgãos internos do animal e,
em muitas espécies, está protegida pela concha.
Arquivo Bernoulli

Rede de vasos sanguíneos


Desenho esquemático de um caracol.
Be
Diversificação
A B
Arquivo Bernoulli

Concha Concha Os moluscos são muito diversificados em morfologia


Cabeça e tamanho, sendo encontrados nos mais variados
Cabeça
ambientes. Há espécies terrestres, como os caracóis e
Massa
as lesmas, e espécies aquáticas (dulcícolas e marinhas).
visceral
Algumas espécies aquáticas são encontradas fixadas
Massa
Pé Pé visceral em rochas, como as ostras e os mariscos, outras são de
natação livre, como lulas e polvos, que se deslocam por
Os moluscos apresentam três partes corporais básicas: cabeça, jato-propulsão. Existem, ainda, aquelas que vivem
eu

pé e massa (ou saco) visceral. O desenvolvimento de cada uma livremente no fundo das águas ou sobre a areia, como os
dessas partes varia nas diferentes classes. O caracol-de-jardim, caramujos.
por exemplo, tem cabeça e pé bem desenvolvidos (A).
Placas
Já os mexilhões têm a cabeça extremamente reduzida, Tentáculos
calcárias Concha
um pé relativamente pequeno, e a maior parte de seu corpo é
representada pelo saco visceral (B).
M

A concha é uma estrutura calcária resistente que atua Marisco


Caramujo Quíton Nautilus
como esqueleto, dando sustentação ao corpo do animal.
Alguns moluscos, como a lesma e o polvo, não possuem concha. Tentáculos
Quando presente, a concha pode ser externa (como nos
caracóis, caramujos, mexilhões e ostras) ou interna (como
Arquivo Bernoulli

na lula). As conchas externas podem ser formadas por uma


só peça (conchas univalves, como nos caramujos e nos Polvo Lula
Dentalium
(8 tentáculos) (10 tentáculos)
caracóis) ou por duas peças articuladas (conchas bivalves,
como nos mexilhões e ostras). Moluscos diversos.

Bernoulli Sistema de Ensino 77


Frente B Módulo 08

Os moluscos estão distribuídos em cinco classes principais. A maioria dos moluscos, com exceção apenas dos
pelecípodes, possui na boca uma estrutura formada
Classe Características Exemplos
por dentes quitinosos (à semelhança de uma serra) e
Marinhos, dulcícolas denominada rádula, que serve para triturar o alimento antes
ou terrestres; concha Caramujos
que ele seja repassado ao estômago.
univalve (1 peça) ou (aquáticos),
Gastropoda ausente; pé achatado caracóis
Glândula digestiva
(Gastrópodes) em forma de palmilha (terrestres) e Intestino
que cobre toda a lesmas (sem Rádula
Cavidade do manto
porção ventral da concha).
massa visceral. Dentes Ânus

lli
Faringe
Marinhos (maioria)
Músculos
Pelecypoda ou ou dulcícolas; concha Movimento de
Bivalvia bivalve (2 peças); pé Ostras, mariscos, vai e vem
(Pelicípodes ou em forma de lâmina mexilhões. Boca
Rádula Glândula Estômago
Bivalves) de machado; cabeça
Papo salivar

ou
pouco desenvolvida. Esôfago

Polvos (sem Gastrópodes.


Marinhos; concha
concha, oito
ausente, interna
tentáculos), lulas Nos gastrópodes, como caracóis e caramujos, o esôfago
Cephalopoda ou externa; pés
(concha interna,
(Cefalópodes) transformados em apresenta uma dilatação, o papo, destinada a armazenar
10 tentáculos),
tentáculos ligados alimentos. Também existem nesses animais, além da grande
nautilus (concha
diretamente à cabeça.
externa). glândula digestiva (fígado), duas glândulas salivares.

Amphineura
(Anfineuros)

Scaphopoda
Marinhos, corpo
mole e protegido por
oito placas calcárias
sobrepostas como
telhas.

Marinhos, corpo
protegido por uma
Quíton.

Dentalium.
rnNos cefalópodes, há um forte par de mandíbulas,
em forma de bico, usado para captura de presas (geralmente
crustáceos) e perfuração de suas carapaças. Os cefalópodes
também possuem glândulas salivares.

A respiração dos moluscos pode ser cutânea (como


Be
(Escafópodes) acontece, por exemplo, com as lesmas terrestres), branquial
concha tubular.
(na maioria dos moluscos) e pulmonar (como acontece, por
exemplo, com os caracóis).
Características gerais
Valva da concha
Os moluscos possuem sistema digestório formado por um
tubo digestório completo e uma grande glândula digestiva Boca
Borda do manto
(fígado). Nos moluscos pelecípodes (ostras, mariscos),
Manto
também chamados de bivalves ou lamelobrânquios, há um
mecanismo filtrador altamente especializado. Pelo batimento Brânquias
de cílios existentes nos palpos labiais que circundam a boca
do animal, a água é impelida para a região bucal, trazendo
eu

Arquivo Bernoulli

partículas alimentares, que são aglutinadas por muco e


descem para o estômago, como um fino “cordão alimentar”.

Alimento filtrado
Tubo digestório levado para a boca Massa visceral
Brânquias
Boca
Aspecto interno do mexilhão (molusco pelecípode), com as
Ânus
valvas da concha separadas – Abaixo da concha, encontra-se
M

o manto ou páleo que envolve a massa visceral e secreta a


concha. A cavidade delimitada pelo manto denomina-se cavidade
do manto. Afastando as valvas (peças que formam a concha),
vemos as brânquias delgadas em forma de lamelas (daí o antigo
Eliminação de
água com CO2 nome de lamelobrânquios desses moluscos). Repare que são
Pé em lâmina
brânquias internas, alojadas na cavidade do manto, no interior
Bisso da concha. Nesses moluscos, as brânquias desempenham dupla
Água e plâncton função: retiram oxigênio dissolvido na água (como qualquer
brânquia) e filtram partículas alimentares e algas verdes
Pelecípode – Filtração de alimentos pelas brânquias dos microscópicas, que são, em seguida, conduzidas à boca. Por essa
pelecípodes. razão, os pelecípodes são considerados “animais filtradores”.

78 Coleção Estudo 4V
Moluscos e anelídeos

Assim, a trajetória do sangue na circulação aberta desses


Tentáculos moluscos é
Coração artéria lacunas dos tecidos veias brânquias
Mandíbulas
Sifão / Rádula
exalante Nos moluscos cefalópodes, além do coração principal,

////
Gânglios existem também dois corações branquiais que auxiliam no
Sifão
mecanismo da circulação. Veja o esquema a seguir.
inalante
Esôfago Veia cava
Ânus Veia branquial Artéria cefálica
Concha Artéria

lli
Arquivo Bernoulli
branquial

Glândula
digestiva Coração
branquial

Arquivo Bernoulli
Ctenídio

ou
Coração sistêmico

BIOLOGIA
Brânquia Artéria abdominal
Ceco
Estômago Circulação fechada nos moluscos cefalópodes.

Aspecto interno da lula (cefalópode) – Nos moluscos cefalópodes, Nesses moluscos, o sangue, rico em O2, sai do coração
as brânquias são internas e têm um aspecto que lembra uma principal pelas artérias cefálica e abdominal e chega
pena. Essas brânquias recebem o nome especial de ctenídios. aos diferentes tecidos do corpo do animal. Nos tecidos,
no nível dos capilares, o O2 difunde-se para as células,
Cavidade do manto atravessando as paredes dos capilares, e o CO2 produzido
Concha
e “pulmão primitivo”

Coração
rn nas células faz uma trajetória inversa (difunde-se
dos tecidos para o interior dos capilares). O sangue, então
rico em CO2, é conduzido aos corações branquiais que, ao se
contraírem, mandam-no para as brânquias, onde ocorre a troca
de gases (liberação do CO2 e absorção do O2). Das brânquias,
Arquivo Bernoulli

o sangue, novamente rico em O2, é conduzido, pelas veias


branquiais, para o coração principal. Assim, a trajetória do
Rede de vasos sanguíneos do manto sangue na circulação fechada dos cefalópodes é
Be
Moluscos pulmonados – Nos chamados moluscos pulmonados, Coração artérias capilares dos tecidos
como o caracol, a cavidade do manto, cujas paredes são
muito vascularizadas, funciona como um esboço de pulmão veias brânquias corações branquiais
ou “pulmão primitivo”. As trocas gasosas realizam-se
No plasma sanguíneo dos moluscos, podemos encontrar
entre o ar presente na cavidade do manto e a extensa rede
dois tipos de pigmentos respiratórios, isto é, pigmentos
de vasos do sistema circulatório existente em suas paredes.
transportadores de gases respiratórios (O2 e CO2). Na maioria
Os moluscos já possuem sistema circulatório, que pode dos moluscos, o pigmento respiratório é a hemocianina, que
ser aberto (maioria dos moluscos) ou fechado (moluscos possui cobre (Cu) em sua composição química e apresenta
cefalópodes). O coração tem um ventrículo e uma (ou duas) coloração azul. Algumas poucas espécies de moluscos podem
aurícula(s) e está localizado no interior de uma cavidade, ter o pigmento hemoglobina, que possui ferro (Fe) em sua
a cavidade pericárdica. composição química e apresenta cor vermelha.
eu

O sistema excretor dos moluscos é constituído por um


Coração par de nefrídios (alguns autores já o consideram um “rim
Aurícula Ventrículo primitivo”), que retira as excretas nitrogenadas da cavidade
pericárdica e as envia para o meio externo.
Vaso sanguíneo
O sistema nervoso é ganglionar, sendo constituído por
diversos pares de gânglios, localizados em diferentes
partes do corpo. Os principais são os gânglios cerebroides
Lacuna dos Brânquias Lacuna dos (cerebrais), localizados na região da cabeça, de onde
Arquivo Bernoulli

tecidos tecidos partem nervos para os principais órgãos dos sentidos


M

(olhos, tentáculos, etc.). Existem, ainda, os gânglios pedais


(localizados nos pés) e os gânglios viscerais (localizados no
saco visceral).
Sistema circulatório aberto dos moluscos pelecípodes. Cordão nervoso
Gânglios
O sangue, rico em O2, sai do coração através de uma
cerebrais
Arquivo Bernoulli

artéria (grande vaso dorsal) e é levado às lacunas dos tecidos


(hemoceles), onde banha as células, deixando para estas o Gânglios
O2 e recebendo delas o CO2. O sangue, então rico em CO2, pedais Gânglios viscerais
retorna para o interior de vasos sanguíneos (veias), sendo
levado até as brânquias. Nas brânquias, o sangue deixa o CO2 Sistema nervoso ganglionar dos moluscos – Os diferentes pares
e recebe o O2 . Delas, o sangue oxigenado é levado ao coração. de gânglios estão unidos entre si através de cordões nervosos.

Bernoulli Sistema de Ensino 79


Frente B Módulo 08

Quanto ao sexo, a maioria das espécies de moluscos é dioica Anelídeos


(sexos separados), existindo, entretanto, algumas espécies
monoicas (hermafroditas), como é o caso dos caracóis e Classe Achaeta
Classe Classe
dos caramujos. Nesses gastrópodes monoicos, há uma ou Hirudinea
Oligochaeta Polychaeta
(aquetos,
única gônada (glândula sexual) hermafrodita, denominada (oligoquetos) (poliquetos)
hurudíneos)
ovoteste (ovotestis), que produz óvulos e espermatozoides em
Sem cerdas; corpo Poucas cerdas; Muitas cerdas
épocas diferentes, o que normalmente impede a ocorrência achatado; com duas cabeça pouco implantadas
da autofecundação. Entretanto, em alguns caramujos de ventosas localizadas diferenciada; em expansões
água-doce, como o Biomphalaria glabrata, em um mesmo ventralmente terrestres e laterais do corpo
indivíduo, a glândula ovoteste produz, lado a lado, óvulos e (anterior e dulcícolas; denominadas

lli
posterior) monoico; parapódios
espermatozoides, criando, então, condições para a ocorrência
para fixação fecundação (parapodos);
da autofecundação, que se verifica normalmente quando e locomoção; cruzada e externa; marinhos
os caramujos são mantidos em isolamento. No entanto, terrestres (solos desenvolvimento (maioria);
quando colocados em contato uns com os outros, a prática úmidos) ou direto. dioicos;
preferencial é a fecundação cruzada. Isso significa que aquáticos (marinhos fecundação
ou dulcícolas); Exemplos:

ou
espermatozoides estranhos (vindos de outro caramujo) minhoca-mansa cruzada e
monoicos;
podem alcançar os óvulos antes que estes sejam fecundados ou minhoca externa;
fecundação
europeia desenvolvimento
pelos espermatozoides do próprio caramujo. Nos polvos cruzada e interna;
(Lumbricus indireto com larva
e nas lulas, o macho usa um dos tentáculos (modificado, desenvolvimento
terrestris) e trocófora.
direto.
chamado heterocótilo) para transferir uma bolsa de esperma minhocuçu Exemplos: Palolo
Exemplos:
(espermatóforo) para a fêmea. sanguessuga (Glossoscolex (Eunice viridis) e
(Hiruda medicinalis) giganteus) Nereis viren.
A reprodução, exclusivamente sexuada por fecundação,
pode ser externa (ostras, mariscos) ou interna (gastrópodes, OBSERVAÇÃO
cefalópodes), e o desenvolvimento pode ser direto
(maioria dos gastrópodes, cefalópodes) ou indireto (alguns
gastrópodes, pelecípodes).

ANELÍDEOS
rn Uma nova proposta de classificação para os anelídeos
considera apenas duas classes: Polychaeta (poliquetos) e
Clitellata (formada pelas Oligochaeta e Hirudinea).
Be
Os anelídeos (do latim annellus, anel) são metazoários
bilatéreos, segmentados, triblásticos, celomados e protostômios.
Minhoca
O corpo é filamentar, alongado e dividido em segmentos
Cerdas
ou metâmeros (do grego meta, sucessão; meros, parte), Sanguessuga
chamados de anéis. A segmentação ou metamerização
(metameria) externa corresponde à interna, uma vez que
cada anel possui uma cavidade (celoma) que abriga diversos

Arquivo Bernoulli
órgãos individualizados (músculos, gânglios nervosos,
órgãos excretores, órgãos reprodutores). O corpo dos Nereide
anelídeos, portanto, pode ser considerado uma sucessão de
Exemplos de anelídeos.
segmentos iguais, cada um contendo unidades dos diversos
eu

sistemas de órgãos. Os anelídeos também são conhecidos Os anelídeos apresentam diferentes modos de locomoção.
As sanguessugas locomovem-se por alongamento e fixação
por vermes segmentados.
das ventosas. Com uma das ventosas presa ao substrato,
Podem ser terrestres, marinhos ou dulcícolas, com o animal estende-se e fixa a outra ventosa. Desprende,
tamanho que pode variar de poucos milímetros até 2 metros então, a primeira ventosa e contrai o corpo, alongando-se
ou mais de comprimento. novamente, e assim por diante. Esse tipo de locomoção das
sanguessugas é conhecido como “mede-palmos”.
A epiderme dos anelídeos é delgada, constituída por um
epitélio simples, com glândulas mucosas, recoberto por uma Ventosa anterior
M

cutícula lisa e permeável.


Arquivo Bernoulli

Podem apresentar ou não cerdas, que são estruturas


filiformes, constituídas de quitina, que servem para a fixação do
animal em um substrato e também o auxiliam na locomoção. Ventosa posterior
Locomoção da sanguessuga.
Diversificação As minhocas locomovem-se por contrações musculares e
à pressão do líquido celomático. No celoma, há um líquido,
A presença ou não de cerdas, assim como a quantidade
constituído principalmente por água, que desempenha
de cerdas quando presentes, foram os critérios usados para um importante papel hidrostático na locomoção e na
se dividir os anelídeos em três classes: Achaeta (Hirudinea), manutenção da forma do corpo do animal (por isso se diz
Oligochaeta e Polichaeta. que esses anelídeos possuem um esqueleto hidrostático).

80 Coleção Estudo 4V
Moluscos e anelídeos

Nos poliquetos, a locomoção se faz com a participação de O sistema excretor é constituído por nefrídios. Há um
expansões dermomusculares laterais, os parapódios, que par de nefrídios por segmento do corpo. Esses nefrídios
servem como patas ou remos (na natação) e, portanto, recolhem as excretas nitrogenadas da cavidade celomática
os auxiliam na locomoção. Alguns poliquetos vivem enterrados e as conduzem para o meio externo.
na areia ou no interior de tubos que eles mesmos constroem,
sendo, por isso, chamados de anelídeos tubícolas.
Nefroduto

Arquivo Bernoulli
Características gerais Nefrídio
Celoma
Nefróstoma

Os anelídeos possuem sistema digestório constituído por

lli
um tubo digestório completo que se estende por todo o
Um par de Nefridióporo = poro exterior
corpo do animal. Na minhoca, um típico representante dos
nefrídios por Nefrídio = órgão excretor
anelídeos, o tubo digestório compõe-se de boca, faringe,
metâmero
esôfago, papo, moela, intestino com tiflossole (dobra da
parede intestinal que serve para aumentar a superfície de

ou
absorção de nutrientes) e ânus. Os detritos presentes no O sistema nervoso é ganglionar. Existem dois gânglios

BIOLOGIA
solo são ingeridos pela boca, pela ação sugadora da faringe, cerebrais e um grande gânglio subfaríngeo, ligados por um
e encaminhados ao papo. O papo é uma dilatação do esôfago, anel nervoso ao redor da faringe. Do gânglio subfaríngeo, sai
onde o alimento é armazenado temporariamente, e a moela um longo cordão nervoso ventral que faz conexão com uma
é um estômago mecânico, onde o alimento é triturado com cadeia ganglionar ventral (um par de gânglios por segmento).
ajuda de pequenos grãos de areia ali presentes.
Gânglios Nervo
cerebroides
Anel perifaríngeo
Faringe Esôfago Papo Moela

Boca
Tiflossole
rn Gânglios
subfaríngeos Tubo digestório
Arquivo Bernoulli

Cada segmento
apresenta dois
Intestino
Ânus gânglios muito
próximos entre si
Cadeia Cadeia
Lumbricus terrestris (minhoca) – Esquema de um corte
Be
ganglionar ganglionar
transversal em intestino de anelídeo.
ventral ventral
A respiração dos anelídeos pode ser cutânea (maioria)
Porção da
ou branquial (nos poliquetos tubícolas, existem brânquias Detalhes do sistema minhoca
externas). Em certos poliquetos, alguns parapódios podem nervoso da minhoca vista de perfil
modificar-se, tornando-se altamente vascularizados e
participando de modo efetivo nas trocas gasosas, como Sistema nervoso ganglionar de uma minhoca – Os gânglios cerebroides
verdadeiras brânquias. estabelecem o controle geral do organismo, já os gânglios ventrais
comandam as contrações musculares dos segmentos. Cada par de
O mais importante pigmento respiratório é a hemoglobina, gânglios ventrais comanda as contrações musculares de um segmento
encontrada dissolvida no plasma. Em alguns poliquetos, e tem conexão com o segmento seguinte.
há, também, um pigmento respiratório de coloração verde,
Quanto ao sexo, os anelídeos podem ser monoicos
eu

a clorocruorina. O sistema circulatório é fechado.


(minhocas, sanguessugas) ou dioicos (poliquetos).
Moela Metâmero
A reprodução sexuada é feita por fecundação cruzada,
Tiflossole
que pode ser externa (minhocas e poliquetos) ou interna
Vaso dorsal
(sanguessugas). A fecundação é cruzada mesmo nas espécies
monoicas. Os oligoquetos (minhocas) possuem uma estrutura
Intestino Faringe
chamada clitelo, responsável pela fabricação de um casulo que
participa da reprodução. O clitelo é uma região mais dilatada e
Ceco intestinal mais clara que o resto do corpo que, geralmente, localiza-se na
M

Boca metade anterior do animal. Uma minhoca adulta tem o corpo


Papo
Corações laterais formado por 85 a 95 segmentos, todos aproximadamente do
mesmo tamanho. No primeiro segmento, localiza-se a boca e,
Vaso ventral no último, abre-se o ânus.
Arquivo Bernoulli

Vaso lateral
Ânus Clitelo
Arquivo Bernoulli

Aspectos morfológicos dos sistemas digestório e circulatório de


uma minhoca – Nas minhocas, a impulsão do sangue é feita Boca
pela contração de cinco pares de corações laterais situados ao
redor do esôfago. Desenho esquemático de uma minhoca mostrando o clitelo.

Bernoulli Sistema de Ensino 81


Frente B Módulo 08

Por ocasião da reprodução, duas minhocas sexualmente


maduras aproximam-se e unem suas superfícies
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
ventrais, com suas extremidades anteriores opostas.
O orifício genital masculino de uma fica em contato com os 01. (UFSC) [...] Os moluscos constituem um grupo muito
orifícios dos receptáculos seminais da outra e vice-versa. bem sucedido na natureza. Ocupam vários ambientes e
Cada um dos copulantes elimina seus espermatozoides nos exibem hábitos de vida bastante diversificados.
receptáculos seminais do outro, onde ficam armazenados.
Biologia de Amabis e colaboradores,
Ocorre, então, a separação dos indivíduos; cada
1974, p. 294. [Fragmento]
minhoca carrega, agora, os espermatozoides da outra.
Os óvulos amadurecem nos ovários, passam para o oviduto e Em relação a esse filo e baseado na observação dos

lli
são eliminados através dos poros genitais femininos em um diferentes hábitos mostrados na figura, assinale a(s)
casulo, que foi secretado pelo clitelo. O casulo, que é um tubo proposição(ões) VERDADEIRA(S).
que envolve a região clitelar, desloca-se para a extremidade
anterior do animal. Quando passa pelos poros dos receptáculos
seminais, os espermatozoides são eliminados sobre os óvulos, 2

ou
e estes são, então, fecundados. O casulo continua deslizando, 1 3
sai do corpo da minhoca e fecha-se nas extremidades. Mais água do mar
tarde, os ovos, dentro do casulo, desenvolvem-se, dando
origem a minhocas jovens. Não há estágio larval.

2 Os parceiros separam-se rocha areia ou lodo


madeira
Cada animal forma
Legenda: 1 - Ostrea 2 - Pecten 3 - Mytilus
um casulo ao redor
do clitelo e ovula
no interior do casulo

Casulo
rn 01. Como características embrionárias, são celomados,
deuterostômios e apresentam simetria radial.

02. Os gastrópodos possuem, no assoalho da faringe,


Be
a rádula, que utilizam para raspar o alimento.

04. A respiração é branquial nos animais aquáticos e


Óvulos pulmonar nos terrestres.
3
1 Cópula 08. O grupo dos bivalvos compreende muitos animais
O casulo com
(troca de espermatozoides) óvulos desloca-se comestíveis e importantes economicamente, como
em relação ao animal os mexilhões, as ostras e os escargots.

Dos ovos 16. A figura representa o grupo dos bivalvos, que se


emergirão caracterizam por apresentar uma concha formada por
diretamente 7
duas partes chamadas valvas, no interior das quais se
vermes jovens
eu

encontra a cabeça, diferenciada, o pé e a massa visceral.

32. Baseado na figura podemos constatar que enquanto o


Pecten é um animal de vida livre, a ostra e o Mytilus
O animal se liberta do
casulo que contém ovos são fixos.
6
64. A lula é um decápodo com o corpo afilado em forma
4 de cone e a cabeça com oito tentáculos.

Quando o casulo com Soma ( )


M

os óvulos passa pelos


receptáculos seminais,
os espermatozoides 02. (FCM-SP) Sobre os animais do filo Mollusca, podemos
O casulo com os ovos armazenados afirmar que
continua deslizando (do parceiro)
A) são celomados.
5 fecundam os óvulos
B) são todos de respiração branquial.
Fecundação nas minhocas.
C) são todos hermafroditas.
O desenvolvimento pode ser direto (minhocas e
D) são celomados e cordados.
sanguessugas) ou indireto (poliquetos), com uma larva
ciliada denominada trocófora. E) todos possuem concha calcária.

82 Coleção Estudo 4V
Moluscos e anelídeos

03. (PUC-SP) Os anelídeos são animais com o corpo formado 03. (PUC Minas) Relacione a primeira coluna com a segunda.
por muitos segmentos ou metâmeros e que apresentam 1. Gastrópodos 2. Bivalves 3. Cefalópodos
como característica obrigatória
( ) Classe mais numerosa em espécies, concha única e
A) hábitat aquático.
espiralada, habitando a terra, água doce e salgada.
B) sistema excretor com um par de nefrídios por
( ) Classe caracterizada por possuir duas valvas,
segmento.
habitando água doce e salgada.
C) respiração branquial.
( ) Grupo mais evoluído, podendo ou não apresentar concha.
D) hermafroditismo.
Assinale a opção CORRETA:
E) um par de cerdas quitinosas por segmento.

lli
A) 1, 2 e 3 C) 2, 3 e 1 E) 3, 2 e 1

04. (UFT-TO) As trocas gasosas nos anelídeos ocorrem B) 1, 3 e 2 D) 2, 1 e 3


através de:
04. (UECE–2016) Nas areias das praias de todo o mundo, as
A) Brânquias ou epiderme conchas, estruturas de proteção típicas dos moluscos,

ou
B) Brânquias ou pulmões foliáceos são objetos de desejo de muitas pessoas fascinadas por

BIOLOGIA
sua beleza e diversidade. Sobre os moluscos, pode-se
C) Brânquias e traqueias
afirmar CORRETAMENTE que
D) Brânquias apenas A) suas conchas são produzidas por glândulas localizadas
E) Traqueias apenas sob a pele, em uma região denominada umbo.
B) todos os moluscos possuem uma estrutura chamada
rádula, que é formada por vários dentes de quitina, os
EXERCÍCIOS PROPOSTOS quais servem para raspar o substrato para obtenção
de alimentos.
01. (UFU-MG) Considere as afirmativas a seguir.
I. Animal que excreta por células-flama.
II. Animal com corpo metamerizado e com simetria
bilateral.
III. Animal de corpo mole com concha interna.
rn C) os bivalves, representados por espécies exclusivamente
marinhas, são conhecidos por sua capacidade
de produzir pérolas, como resposta à entrada de
partículas estranhas no interior de suas valvas.
D) dentre os moluscos, os cefalópodes possuem
representantes com uma concha interna, como as
lulas; representantes com uma concha externa, como
Be
É CORRETO afirmar que os animais são, respectivamente,
os náutilos; e representantes sem concha, como o
A) planária, lula e minhoca. polvo.
B) minhoca, planária e polvo.
05. (UFPB) Em uma aula de Ecologia, o professor falou sobre
C) planária, minhoca e lula. a importância de alguns representantes do grupo dos
D) polvo, minhoca e planária. anelídeos para o meio ambiente e de sua larga utilização
no cultivo de produtos orgânicos.
02. (UFPE) Na figura a seguir, é ilustrada a organização Sobre esses organismos, é CORRETO afirmar que são
geral de um molusco gastrópodo, em que se observam A) acelomados, possuem sistema digestório completo e
um corpo constituído por cabeça, massa visceral corpo formado por vários metâmeros.
(onde se concentram os órgãos) e pé. B) acelomados, possuem sistema circulatório aberto e
eu

respiração cutânea.
Glândula digestiva
Massa visceral Concha C) celomados, possuem sistema circulatório fechado e
Estômago liberam amônia como produto de excreção.
Tentáculo Cavidade do D) celomados, diploblásticos e possuem reprodução do
Cabeça manto tipo sexuada e assexuada.
Rádula Pé
E) celomados, deuterostômios e possuem sistema
nervoso formado por gânglios ligados por cordões
Com relação ao filo Mollusca, é CORRETO afirmar que nervosos.
M

A) não apresenta sistema digestório completo, de 06. (UFV-MG) Considerando as minhocas e as sanguessugas,
forma que a digestão é processada através de uma é CORRETO afirmar que
bolsa enzimática. A) pertencem à mesma classe, pois possuem o corpo
formado por anéis.
B) apresenta respiração exclusivamente branquial.
B) a presença de cerdas pode diferenciar a minhoca da
C) o sistema nervoso consiste de um anel situado em sanguessuga.
torno da boca. C) possuem sistema circulatório aberto e são organismos
acelomados.
D) a excreção é feita através dos túbulos de Malpighi e
D) apresentam apenas reprodução assexuada e
de glândulas localizadas na base dos pés.
desenvolvimento indireto.
E) lesmas, ostras, mexilhões, lulas e polvos são moluscos. E) possuem o corpo cilíndrico sem segmentação verdadeira.

Bernoulli Sistema de Ensino 83


Frente B Módulo 08

SEÇÃO ENEM As pérolas começam a se formar quando grãos de areia


ou parasitas penetram no corpo do molusco e se alojam
entre a concha e o manto. Ocorre, então, a fabricação,
01. Leia o texto a seguir:
ao redor do corpo “invasor”, de uma série de camadas
[...] alimentam-se de detritos ingeridos juntamente de nacarada (nácar, madrepérola), substância rica em
com a terra em que vivem. Suas fezes são depositadas carbonato de cálcio, procurando, assim, isolar o “intruso”.
na superfície do substrato e contribuem para a formação
A ilustração e as informações do texto permitem concluir
do húmus, composto que contém muitos nutrientes e
que a formação da pérola
micro-organismos benéficos, que melhoram o estado
nutricional das plantas. Em solo com húmus, as plantas A) é um processo de filtração da água e nutrição realizado

lli
passam a ter mais resistência contra pragas e doenças, pelos moluscos pelecípodes.
proporcionando melhores safras e índice de produtividade. B) causa rapidamente a morte do molusco porque
LOPES, S. Bio 2. São Paulo: Saraiva, 2006. impede a troca de gases respiratórios realizada nas
brânquias.
O texto refere-se a animais que apresentam as seguintes
C) é um mecanismo natural de defesa realizado por

ou
características:
moluscos bivalves contra a penetração de elementos
A) D i b l á s t i c o s , c e l o m a d o s , s e g m e n t a d o s e
estranhos em seu corpo.
deuterostômios.
B) Triblásticos, pseudocelomados, segmentados, D) é um processo natural de defesa contra corpos
protostômios. estranhos que faz parte, obrigatoriamente do ciclo
de vida dos moluscos do gênero Ostrea.
C) Triblásticos, celomados, segmentados, protostômios.
D) Triblásticos, pseudocelomados, segmentados, E) é uma defesa realizada pela concha da ostra para
protostômios. impedir a penetração de elementos estranhos no

02. Os moluscos têm grande importância econômica. Muitos


são fontes de alimento para o homem, como é o caso
das ostras, mexilhões, mariscos, “esgargot” (caracol
comestível), polvos, lulas, etc. Alguns também têm
rn
E) Tr i b l á s t i c o s , a c e l o m a d o s , s e g m e n t a d o s ,
deuterostômios.

Fixação
corpo do molusco.

GABARITO
Be
importância econômica por serem responsáveis pela
01. Soma = 38
produção das pérolas naturais. As pérolas são produzidas
por moluscos bivalves. Os produtores de pérolas mais 02. A
importantes são espécies do gênero Ostrea da classe
Pelecípoda, também conhecidas por ostras perlíferas. 03. B
Veja a ilustração a seguir.
04. A
Corpo estranho (parasita)
Manto Concha
Ostra
(esquemática, em corte)
Propostos
eu

Massa 01. C
Brânquias visceral
Camada 02. E
nacarada
03. A

04. D
M

05. C

Manto
Concha Pé 06. B

Pérola
Seção Enem
Epitélio ciliado Epitélio secretor
01. C
CÉSAR E SEZAR. Biologia. São Paulo: Saraiva,
7. ed., v. 2. p. 104. 02. C

84 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA C 05
Origem da vida
Como surgiram na Terra os primeiros seres vivos? O ponto de partida dessa hipótese são as supostas

lli
Essa pergunta tem sido feita pelo homem desde os tempos condições que devem ter existido na Terra primitiva.
mais remotos. Do ponto de vista religioso, muitas crenças Tais condições, segundo alguns cientistas, apresentavam as
admitem a existência de um ser superior, criador de todas seguintes características:
as coisas do Universo, inclusive dos seres vivos. A essa
concepção religiosa, dá-se o nome de criacionismo. Já do • Os gases predominantes na atmosfera da Terra

ou
ponto de vista científico, existem hipóteses que procuram primitiva eram, principalmente, a amônia (NH3),
explicar o surgimento dos primeiros seres vivos em nosso o metano (CH4), o hidrogênio (H2) e o vapor-d’água
planeta, algumas das quais abordaremos neste módulo. (H2O). Esses gases teriam se originado das rochas
fundidas, quando a superfície de nosso planeta ainda
se encontrava solidificada, e das atividades vulcânicas
HIPÓTESE DA PANSPERMIA que, conforme se sabe, liberam quantidades
significativas de vapor-d’água e de outros gases.
CÓSMICA (COSMOZOÁRIOS) Assim, os gases que predominavam na atmosfera

O panspermismo admite uma origem extraterrestre para


a vida em nosso planeta e supõe que micro-organismos
oriundos de outros pontos do espaço, transportados por
meteoros ou meteoritos, teriam chegado a nosso planeta
encontrando condições favoráveis de sobrevivência.
rn •
primitiva não eram os mesmos que agora predominam
em nossa atmosfera (N2 e O2).
A condensação do vapor-d’água originava chuvas que
caíam sobre a crosta bastante aquecida. Com isso,
a água evaporava rapidamente e novas condensações
originavam constantes tempestades que eram
Be
Em seguida, teriam se proliferado, começando o povoamento
da Terra. acompanhadas por inúmeras descargas elétricas
(raios).
Embora aceita por alguns, essa hipótese apresenta duas
grandes restrições: • Não existia ainda uma camada de ozônio (O 3)
perfeitamente formada, o que acarretava um
• As formas de vida conhecidas, mesmo as mais
verdadeiro “bombardeio” da superfície terrestre por
resistentes, como os esporos de bactérias e os cistos
radiações ultravioleta de alta intensidade.
de protozoários, dificilmente resistiriam, sem proteção
adequada, às grandes adversidades cósmicas, Partindo dessas supostas condições que teriam existido na
tais como as grandes variações de temperatura e as Terra primitiva, Oparin imaginou que a alta temperatura do
radiações mortais de alta intensidade. planeta e a ocorrência de descargas elétricas na atmosfera
eu

pudessem ter provocado reações químicas entre os gases


• A hipótese não explica a origem da vida, apenas
transfere o problema da Terra para outro ponto (amônia, metano, hidrogênio e vapor-d’água), fazendo surgir
qualquer do Universo. E como teria surgido a vida compostos orgânicos como aminoácidos, monossacarídeos,
nesse outro ponto do Universo? ácidos graxos, etc. Esses compostos orgânicos formados na
atmosfera teriam se precipitado, junto à água das chuvas,
na superfície do planeta. Devido à alta temperatura da

HIPÓTESE HETEROTRÓFICA superfície, a água retornava rapidamente à atmosfera por


evaporação, deixando os compostos orgânicos sobre as
M

rochas bastante aquecidos.


Baseada nas ideias de Aleksandr Ivanovich Oparin,
cientista russo, e de John Holdane, cientista inglês, Em 1953, Stanley Miller construiu uma aparelhagem
essa hipótese, embora também tenha suas restrições, é uma na qual procurou recriar as supostas condições de nossa
das mais aceitas pela comunidade científica. atmosfera primitiva. Colocou em um balão de vidro amônia,
Em seu livro A Origem da Vida, publicado em 1936, metano, hidrogênio e vapor-d’água. Submeteu esses gases
Oparin procurou mostrar a provável origem da vida a partir ao aquecimento prolongado e a constantes descargas
de compostos orgânicos que teriam se formado no ambiente elétricas de alta intensidade. Depois de certo tempo,
primitivo da Terra. A formação dessas moléculas orgânicas, Miller constatou a formação de alguns aminoácidos no
antes mesmo do surgimento dos primeiros seres vivos, interior de sua aparelhagem. Essa experiência de Miller está
é o que se denomina evolução pré-biológica. esquematizada na figura a seguir.

Bernoulli Sistema de Ensino 85


Frente C Módulo 05

Fios elétricos Oparin presumiu que as moléculas de aminoácidos, sobre


as rochas aquecidas, sob estímulo do calor, pudessem
combinar-se por ligações peptídicas, dando origem a
3
moléculas maiores denominadas protenoides, que seriam
Descarga elétrica
as primeiras proteínas a existir na Terra.
2
Em 1957, Sidney Fox submeteu uma mistura de
Gases da Saída de água
atmosfera aminoácidos secos a aquecimento prolongado e demonstrou
primitiva: que eles reagiam entre si, formando cadeias peptídicas,
metano, 4 Resfriamento com o aparecimento de moléculas proteicas pequenas.

lli
amônia, Essa demonstração de Fox também contribuiu para fortalecer
hidrogênio e
Entrada de água a hipótese de Oparin.
vapor-d’água
Continuando seu raciocínio, Oparin admite que a
insistência das chuvas por milhões de anos e o resfriamento

ou
Água Os compostos orgânicos da superfície terrestre acabaram levando ao aparecimento
fervendo acumulam-se aqui.
dos primeiros mares na Terra. Para esses mares primitivos,
1
5 foram sendo arrastadas as proteínas e outros compostos
Tubo em U orgânicos que se formavam sobre as rochas quentes.
Os mares primitivos seriam, então, uma verdadeira
Experiência de Miller, simulando as condições atmosféricas da
“sopa orgânica” ou “caldo orgânico”.
Terra primitiva – Miller introduziu, em seu aparelho, metano,
amônia, hidrogênio e vapor-d’água. O vapor-d’água era Nos mares primitivos, as proteínas, juntamente com
produzido pela fervura da água do balão (1). Pelo aquecimento,
os gases são forçados a circularem no sentido das setas (2).
A mistura passa no interior de um grande balão no qual ocorrem
descargas elétricas de cerca de 60 000 volts (3). Essas descargas
simulam os raios. O vapor-d’água é, em seguida, resfriado e
condensado (4). Isso simula a condensação de vapor-d’água nas
camadas superiores da atmosfera e as chuvas. Os compostos
formados nesse sistema depositam-se na parte do tubo em
rna água, teriam formado sistemas coloidais (coloides).
Da aglomeração e interpenetração dos coloides, teriam
surgido os coacervados (coacervar = reunir). O coacervado é
um sistema coloidal mais complexo em que um aglomerado
de moléculas proteicas fica envolvido por uma mesma
camada de água. Veja a figura a seguir.
Be
forma de “U” (5).
Proteínas
OBSERVAÇÃO
Para alguns cientistas, a composição da atmosfera
primitiva não teria nem CH4 (metano) nem NH3 (amônia),
sendo constituída por vapor-d’água, H 2 (hidrogênio),
N2 (nitrogênio), grande quantidade de CO2 (gás carbônico) Água
e CO (monóxido de carbono) provenientes das intensas
erupções vulcânicas da época. Entretanto, mesmo admitindo
essa nova composição de gases da atmosfera primitiva, isso Coloide: cada macromolécula Coacervado: grupos de
não invalida as ideias de Oparin, uma vez que, com essa nova de proteína está envolta por proteínas compartilhando
eu

composição de gases, também teria sido possível a formação uma capa de água. a mesma capa de água.
de aminoácidos e de outras substâncias orgânicas conforme
se demostrou através de experimentos semelhantes ao
de Miller. Os coacervados poderiam ter-se difundido nos mares
primitivos e, com o passar do tempo, englobado partículas
Miller, com o seu experimento, comprovou que é possível, orgânicas e inorgânicas que teriam se aderido a eles,
sob certas condições especiais, formar aminoácidos transformando-os em grandes complexos químicos que
abiogeneticamente, isto é, sem a participação de seres vivos. abrigavam inúmeras substâncias (proteínas, ácidos graxos,
Se experimentalmente isso pode ocorrer, por que não
carboidratos, aminoácidos, etc.). A esse tempo, já deveriam
M

poderia também ter ocorrido em condições naturais na nossa


ter surgido proteínas com capacidade catalisadora, isto é,
atmosfera primitiva?
as enzimas, que aceleravam os processos de síntese de novas
Um outro cientista, Melvin Calvin, realizou experimentos substâncias. Assim, compostos ricos em radicais fosforados
semelhantes ao de Miller, porém, bombardeou os gases da poderiam ter-se combinado com proteínas, formando
atmosfera primitiva com radiações e obteve, entre outros, nucleoproteínas com capacidade de autoduplicação. Essas
compostos orgânicos do tipo carboidrato. nucleoproteínas autoduplicáveis seriam os protogenes, isto é,
As experiências de Miller, Calvin e outros demonstraram a os genes primitivos. Esses protogenes teriam se associado
possibilidade da formação de diferentes tipos de compostos uns aos outros formando filamentos, os cromossomos.
orgânicos antes do surgimento de seres vivos na Terra. Isso, Esses cromossomos primitivos, envoltos pela massa de
evidentemente, fortaleceu ainda mais a hipótese de Oparin. coacervados, originaram gotículas quase vivas, as pré-células.

86 Coleção Estudo 4V
Origem da vida

A posterior organização de moléculas proteicas e lipídicas, A hipótese heterotrófica, embora seja a mais aceita
na periferia das pré-células, fez surgir uma membrana atualmente, também tem suas restrições. Ela não explica,
lipoproteica, reguladora do trânsito de substâncias entre o por exemplo, como se deu o surgimento do código genético,
exterior e o interior daqueles microscópicos glóbulos. Com ou seja, como, no início da vida, as moléculas de ácidos
seu equipamento de nucleoproteínas e de enzimas, a gotícula nucleicos assumiram o controle da síntese de proteínas.
assumia certo grau de autonomia para funcionar e para se Lembre-se de que, nas células atuais, a síntese de proteínas
reproduzir. Teriam surgido, assim, as mais rudimentares e
está diretamente ligada às informações existentes nas
primitivas células. Surgia a vida no planeta Terra.
moléculas do DNA (há uma correspondência entre as tríades
O estudo dos fósseis mais antigos revela que, do DNA e o aminoácido que será introduzido na molécula

lli
aproximadamente, 3,5 bilhões de anos separam nossos proteica). O surgimento do código genético continua sendo
dias do período em que a Terra conheceu as primeiras um grande mistério.
formas de vida. Estudos geológicos, por sua vez, indicam
que nosso planeta tem idade em torno de 4,5 a 5 bilhões
de anos. Portanto, durante parte de sua existência, a Terra HIPÓTESE AUTOTRÓFICA

ou
foi um planeta despovoado. Foi durante esse período que

BIOLOGIA
teriam ocorrido os fenômenos relacionados por Oparin em A hipótese autotrófica difere da heterotrófica pelo fato
sua hipótese. de admitir que os primeiros seres vivos da Terra seriam
autótrofos, isto é, capazes de fabricar seu próprio alimento.
Ainda de acordo com a hipótese heterotrófica, as primeiras
células surgidas nos mares primitivos devem ter sido Essa ideia é aparentemente lógica, uma vez que todo ser
heterótrofas. Sabe-se que o mecanismo enzimático dos vivo necessita de alimento. E, como a primeira forma de vida
autótrofos é muito mais complexo do que o dos heterótrofos. não dispunha de nenhum outro ser vivo para lhe servir de
Em um processo evolutivo qualquer, surgem primeiro as alimento, deveria, para sobreviver, ser autótrofa. No entanto,
estruturas mais simples que, por meio de modificações,
vão tornando-se cada vez mais complexas. Assim,
o processo evolutivo dos seres vivos ocorrido na natureza
não deve ter sido diferente. Com base nesse raciocínio,
rn
é mais lógico admitir que os primeiros seres vivos, dotados
de mecanismos enzimáticos mais simples, devem ter sido
heterótrofos. Daí se falar em hipótese heterotrófica. Essa
sabe-se que as reações do metabolismo autótrofo são muito
complexas. É aí que está a restrição à hipótese autotrófica:
se os primeiros seres vivos eram autótrofos, deveriam ter
mecanismos enzimáticos complexos, o que contraria a
Teoria da Evolução. Segundo a teoria evolucionista, é mais
lógico supor que as primeiras formas de vida tenham sido
Be
extremamente simples e que, ao longo do tempo, por meio
hipótese admite que esses primeiros seres vivos heterótrofos
de um lento e progressivo processo evolutivo, foram se
obtinham no próprio meio em que viviam, isto é, nos mares
tornando cada vez mais complexas, originando toda essa
primitivos, o alimento necessário para sua manutenção e sua
sobrevivência. Lembre-se de que, de acordo com Oparin, variedade de organismos que conhecemos.
os mares primitivos eram verdadeiras “sopas orgânicas”. Apesar de a hipótese heterotrófica ainda ser a mais
Como esses primeiros seres vivos obtinham energia dos aceita pela comunidade científica, a hipótese autotrófica
alimentos? Seriam eles aeróbios ou anaeróbios? Como tem ganhado cada vez mais adeptos entre os cientistas,
o mecanismo enzimático da respiração aeróbia é mais notadamente a partir de 1997, quando da descoberta
complexo do que o da respiração anaeróbia, e no meio das chamadas fontes termais submarinas (locais de onde
ambiente ainda não existia o oxigênio livre (O2), supõe-se emanam gases quentes e sulfurosos que saem de aberturas
eu

que tenham sido anaeróbios, obtendo energia dos alimentos no assoalho marinho). Nesses locais, existe vida abundante,
por meio da fermentação (processo anaeróbio de obtenção tendo, na base da cadeia alimentar, bactérias autótrofas,
de energia). mas que não realizam fotossíntese, já que não existe luz
Com a evolução, algumas células adquiriram a capacidade nessas profundezas. Esses seres, genericamente chamados
de sintetizar a clorofila ou um pigmento semelhante. Com de quimiolitoautotróficos (do grego lithós, rocha), fazem
capacidade de reter e utilizar a energia da luz solar, tornou-se quimiossíntese utilizando energia liberada por reações
possível a realização da fotossíntese. Surgiram, então, entre componentes inorgânicos para fabricar suas próprias
os primeiros autótrofos fotossintetizantes. Como esses substâncias alimentares.
M

seres passaram a eliminar o O2 no meio ambiente, isso


possibilitou o surgimento de seres de respiração aeróbia, A descoberta das bactérias que vivem nas fontes termais
isto é, os aeróbios. acendeu ainda mais, entre alguns pesquisadores, a ideia
de que os primeiros seres vivos eram autótrofos e tinham
Conforme acabamos de ver, segundo a hipótese
surgido nesse tipo de ambiente. Assim, segundo a hipótese
heterotrófica sobre a origem da vida, os principais fenômenos
autotrófica, a quimiossíntese teria surgido primeiro.
bioquímicos relacionados com a obtenção e com o gasto de
Depois, teriam surgido a fermentação, a fotossíntese e,
energia surgiram na Terra, na seguinte sequência:
finalmente, a respiração aeróbia.

Fermentação → Fotossíntese → Respiração aeróbia Como se vê, a origem da vida é ainda uma questão
bastante polêmica e cercada de mistérios.

Bernoulli Sistema de Ensino 87


Frente C Módulo 05

BIOGÊNESE X ABIOGÊNESE
Segundo a teoria da biogênese, os seres vivos se originam somente a partir de outros seres vivos preexistentes por meio da reprodução.
Entretanto, durante muito tempo, acreditou-se que seres vivos também poderiam surgir a partir da matéria bruta. Essa ideia de que a vida
pode surgir da matéria sem vida ficou conhecida como abiogênese.

Desde a Antiguidade, acreditava-se que a matéria bruta poderia espontaneamente gerar seres vivos, desde que contivesse um misterioso
princípio necessário à vida, denominado “princípio ativo” ou “princípio vital”. Essa teoria, que também ficou conhecida como teoria da
“geração espontânea”, teve muitos adeptos ao longo dos séculos. Acreditava-se, por exemplo, que moscas e girinos pudessem nascer da

lli
matéria bruta. No século XVII, um médico belga, Jean Baptiste Van Helmont, chegou até a elaborar uma “receita” para produzir ratos,
em 21 dias, a partir de camisas sujas de suor e grãos de trigo, colocados em locais protegidos e pouco iluminados.

Um dos primeiros cientistas contrário à teoria da “geração espontânea” foi o médico italiano Francesco Redi. Em 1668, Redi demonstrou

ou
experimentalmente que os pequenos “vermes” que apareciam na carne em putrefação não eram gerados pela própria carne, como se
pensava, mas sim por ovos depositados por moscas adultas.

Vidros preparados por Redi

Carne

Vidro aberto rn
Vidro fechado com gaze
(presença de moscas na carne) (ausência de moscas na carne)

Alguns dias depois


Be
Arquivo Bernoulli

Larvas de
moscas

Experimento de Redi – Pedaços de carne foram colocados em oito vidros, sendo que quatro foram cobertos com gaze,
impedindo a entrada de moscas, e os outros permaneceram abertos, permitindo, assim, a entrada das moscas. Após alguns dias,
Redi constatou a presença de “vermes” (larvas de moscas) apenas nos vidros que ficaram destampados.
eu

O resultado do experimento de Redi abalou a credibilidade da geração espontânea. Entretanto, ainda no século XVII,
a descoberta dos micro-organismos, realizada pelo holandês Antonie van Leeuwenhoek, reavivou a ideia da geração espontânea.
Os adeptos da abiogênese acreditavam que tais seres, por serem tão simples e de dimensões tão pequenas, não possuíam qualquer
mecanismo de reprodução, devendo, portanto, surgir no próprio meio por geração espontânea.

Em 1745, a ideia de que os micro-organismos surgiam por geração espontânea foi reforçada com o experimento do naturalista inglês
John Needham. Needham colocou caldos orgânicos (caldo de carne, por exemplo) em diversos frascos, que foram, então, aquecidos
M

e fechados hermeticamente. Após alguns dias, ao analisar o conteúdo dos frascos, verificou a presença de inúmeros micro-organismos.
Segundo Needham, o aquecimento teria destruído qualquer forma de vida porventura presente nos referidos caldos e, assim, os micro-
-organismos que apareceram só poderiam ter surgido por “geração espontânea”.

No século XVIII, Lazzaro Spallanzani, padre italiano e defensor da biogênese, refez o experimento de Needham, porém fervendo os
frascos em vez de simplesmente aquecê-los.

Após alguns dias, constatou que os frascos não continham micro-organismos. Concluiu, então, que Needham não havia aquecido
suficientemente os frascos e, por isso, não destruiu todos os micro-organismos ali já existentes. Needham rebateu alegando que a fervura
teria destruído o “princípio ativo”, o que explicaria a ausência dos micro-organismos nos frascos.

88 Coleção Estudo 4V
Origem da vida

No fim do século XVIII, a descoberta do gás oxigênio e de EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO


seu papel essencial à vida também contribuiu para rebater o
experimento de Spallanzani. Para os defensores da geração
01. (UECE) A origem da vida na Terra é um assunto que
espontânea, a fervura dos caldos orgânicos e a vedação hermética
sempre preocupou a humanidade e que desperta opiniões
impediriam a geração dos micro-organismos, uma vez que
controversas e debates acalorados entre partidários de
excluíam do interior dos frascos o oxigênio, gás que na época
diferentes correntes. Analise as afirmativas a seguir sobre
era considerado essencial para a sobrevivência de qualquer
as teorias que tentam explicar a origem da vida.
forma de vida.
I. O médico holandês van Helmont (1577-1644) era um
A derrubada definitiva de que micro-organismos seriam dos mais ferrenhos advogados da abiogênese, tendo

lli
formados por “geração espontânea” só ocorreu em 1862 com ficado famoso com as suas “receitas para a abiogênese”.
os famosos experimentos dos frascos em “pescoço de cisne”
II. Segundo a hipótese heterotrófica, os primeiros
idealizados e realizados pelo cientista francês Louis Pasteur.
organismos eram estruturalmente muito simples e
viviam em um ambiente aquático rico em substâncias

ou
Experimento 1 nutritivas, mas sem oxigênio dissolvido na água ou na

BIOLOGIA
Poeira atmosfera. Eles usavam essas substâncias químicas
acumulada como alimento, sendo, portanto, heterótrofos.

III. Segundo a hipótese de Oparin e Haldane, os seres


Nenhum
Poeira crescimento vivos não se originaram na Terra, mas em outros
microbiano planetas e foram trazidos para a Terra por meteoros
que caíram aqui.
Assinale a opção VERDADEIRA.
Experimento 2 Poeira

rn A) Somente a afirmativa I é correta.


B) As afirmativas I e III são corretas.
C) A afirmativa II é errada.
Arquivo Bernoulli

D) Somente a afirmativa III é errada.


Crescimento
microbiano
02. (UFPel-RS) Miller, em 1953, testou a hipótese da evolução
Be
gradual dos sistemas químicos para provar a origem da vida
no planeta Terra. Para isso, ele construiu um aparelho que
Experimentos de Pasteur.
simulava as condições da Terra primitiva, introduziu nele
gases que, provavelmente, constituíam a atmosfera e colocou
Pasteur colocou caldos orgânicos em frascos de vidro e, água, a qual, ao ser fervida, formava vapor. A mistura gasosa
aquecendo-os, puxou os gargalos, produzindo, assim, um foi submetida a descargas elétricas, simulando as condições
“pescoço em S” (“pescoço de cisne”), o que não impede do clima da época. Após a condensação do material,
a penetração do ar e, consequentemente, do oxigênio no verificou-se a presença de aminoácidos.
interior dos frascos. Em seguida, os caldos no interior dos Baseado no texto e em seus conhecimentos, é INCORRETO
frascos foram fervidos para ocasionar a morte dos micro- afirmar que o experimento de Miller
eu

-organismos porventura neles presentes. Após o resfriamento A) obteve moléculas orgânicas que fazem parte das
dos frascos, Pasteur observou que, no experimento 1, proteínas, as quais exercem papéis essenciais nas
as partículas em suspensão no ar (poeira, micro-organismos) células, como as funções enzimáticas.
ficaram retidas nas curvas úmidas do gargalo do frasco e, desse B) não provou a formação de uma molécula com função
modo, o caldo nutritivo não foi contaminado, permanecendo de gene. Essa molécula provavelmente tenha sido
estéril, destituído de micro-organismos, à semelhança do que semelhante ao RNA, pois ele, além de transmitir as
acontecera no experimento de Spallanzani. No experimento 2, características, tem capacidade de se autoduplicar.
Pasteur demonstrou que a fervura não havia destruído nenhum C) provou apenas a formação de moléculas e não a
M

“princípio ativo”, uma vez que, ao quebrar o gargalo do frasco, origem do primeiro ser vivo; provavelmente esse era
permitindo que o ar contaminado entrasse em contato com semelhante a um procarionte atual, apresentando
o caldo, nele se observou uma intensa proliferação de micro-
apenas uma membrana externa, citoplasma e
material genético disperso.
-organismos. O fato de os micro-organismos terem surgido
apenas quando o ar “contaminado” entrava em contato direto D) provou que, sob certas condições, é possível haver
com o caldo nutritivo esterilizado permitiu a Pasteur concluir que
formação de compostos orgânicos sem a participação
de seres vivos.
os micro-organismos encontrados no caldo do experimento 2
tiveram origem a partir de micro-organismos já existentes no ar E) não provou a formação de moléculas com função
energética, portanto, os primeiros seres vivos
contaminado, e não por geração espontânea. Apenas após ser
provavelmente eram heterotróficos, produzindo seu
“contaminada” por organismos vivos, a vida surge nos frascos.
próprio alimento.

Bernoulli Sistema de Ensino 89


Frente C Módulo 05

03. (FASEH-MG–2013) Observe o esquema desse clássico 02. (FGV–2014) Na difícil busca pela explicação científica
experimento de Louis Pasteur. sobre a origem da vida no planeta Terra, uma das etapas
consideradas essenciais é o surgimento de aglomerados
de proteínas, os coacervados, capazes de isolar um meio
interno do ambiente externo, permitindo que reações
bioquímicas ocorressem dentro dessas estruturas de
O líquido forma diferenciada do meio externo.
Fervura permanece estéril
Tal hipótese, envolvendo essa etapa,

lli
A) contesta o princípio da abiogênese sobre a evolução
bioquímica de moléculas orgânicas.
B) reforça a ideia comprovada de que todo ser vivo se
origina de outro.
Quebra do Crescimento

ou
Fervura gargalo microbiano C) considera como espontâneo o processo de surgimento
da vida no planeta.
D) sugere que os primeiros seres vivos se multiplicavam
Com esse simples experimento, Pasteur liquidou, de uma
como os vírus atuais.
vez por todas, uma das mais fortes ideias existentes até
E) questiona a teoria criacionista, assim como a
o século XIX sobre a origem da vida.
evolucionista lamarckista.
A ideia refutada por Pasteur foi a
A) teoria do uso e desuso.

04.
B) teoria fixista.
C) teoria da biogênese.
D) teoria da geração espontânea.

(FPS-PE–2015) Em qual das teorias sobre a origem da vida


rn 03. (FGV–2016) No século XIX, Louis Pasteur realizou
experimentos utilizando frascos com e sem pescoços
alongados (pescoços de cisne) com o objetivo de
compreender a origem da contaminação por micro-
-organismos em meios de cultura, conforme ilustrado
a seguir:
Be
Jan Baptista Van Helmont estava baseado quando dizia:
“Coloca-se, num canto sossegado e pouco iluminado,
camisas sujas. Sobre elas espalham-se grãos de trigo,
e o resultado será que, em 21 dias, surgirão ratos”?
A) Biogênese Fervura Balão estéril Balão
após fervura contaminado
B) Renascimento após alguns
dias
C) Adaptação
D) Abiogênese
E) Abiótica
eu

EXERCÍCIOS PROPOSTOS Balão estéril


após fervura
Balão ainda
estéril após alguns
Balão contaminado
após alguns dias da
dias de fervura ruptura do pescoço

01. (Unicamp-SP–2016) Na Antiguidade, alguns cientistas e Disponível em: <www.moleculartb.org>.


pensadores famosos tinham um conceito curioso sobre a Acesso em: 10 nov. 2016 (Adaptação).
origem da vida e em alguns casos existiam até receitas
Tais experimentos embasaram Pasteur a comprovar a teoria
para reproduzir esse processo. Os experimentos de
M

Pasteur foram importantes para a mudança dos conceitos A) da abiogênese, observando que os micro-organismos
e hipóteses alternativas para o surgimento da vida. são gerados constantemente em meios nutritivos
Evidências sobre a origem da vida sugerem que adequados, desde que em contato direto com o ar.
A) a composição química da atmosfera influenciou o B) da geração espontânea, observando que os micro-
surgimento da vida. -organismos se proliferam em meios nutritivos adequados,
B) os coacervados deram origem às moléculas orgânicas. independentemente do contato direto com ar.
C) a teoria da abiogênese foi provada pelos experimentos C) da evolução biológica, observando que o ambiente
de pasteur. adequado proporciona o surgimento de diversidade
D) o vitalismo é uma das bases da biogênese. biológica, desde que em contato direto com o ar.

90 Coleção Estudo 4V
Origem da vida

D) celular, observando que todos os organismos são O esquema retrata um célebre experimento na Biologia,
formados por algum tipo de organização celular, realizado pelo cientista Stanley L. Miller, que foi de grande
independentemente do contato direto com o ar. importância para tentar elucidar o surgimento da vida.
Considerando-se essas informações, é CORRETO afirmar
E) da biogênese, observando que todo organismo vivo
que o experimento de Miller conseguiu demonstrar
provém de outro preexistente, independentemente do
A) a falha na Teoria da Geração Espontânea, ao
contato direto com o ar.
comprovar que a fervura de água contendo compostos
orgânicos não resulta na formação dos seres vivos.
04. (UFPE) Sobre os primeiros seres vivos e as condições da
B) a formação dos coacervados, a partir do agregado
atmosfera primitiva, JULGUE as afirmativas a seguir.

lli
de moléculas inorgânicas, presentes na atmosfera
( ) Os primeiros seres vivos surgidos em um ambiente primitiva.
sem oxigênio e com muita substância orgânica C) os gases constituintes da atmosfera primitiva, sendo
dissolvida na água eram heterótrofos. esta de caráter redutor.
D) a hipótese quimiolito autotrófica, com a formação das

ou
( ) Os organismos eram estruturalmente simples e,

BIOLOGIA
primeiras formas de vida.
através de reações químicas elementares, conseguiam
obter energia para sua sobrevivência, absorvendo E) a formação de substâncias orgânicas complexas na
ausência de seres vivos.
matéria orgânica do meio e degradando-a em
substâncias mais simples, na presença de oxigênio.
06. (PUC Minas) O bioquímico russo Oparin, em seu livro
( ) Os primeiros heterótrofos eram tanto anaeróbicos A Origem da Vida, admitiu que a vida sobre a Terra surgiu
quanto aeróbicos. Desse modo, utilizavam os
há mais ou menos 3,5 bilhões de anos.
mecanismos de fermentação e fotossíntese para
obterem energia.
rn
( ) A temperatura na superfície do planeta era muito
elevada, mas, em virtude do contato com o espaço
cósmico muito frio, ocorreu o resfriamento, que tornou
A) CITE dois gases presentes na atmosfera primitiva.
B) A que condições estavam submetidos os gases da
atmosfera primitiva?
C) Que compostos químicos se originaram a partir dos
gases iniciais?
Be
possível as ligações químicas entre os elementos, D) Atualmente, sabemos que seres autótrofos constituem
nas camadas superficiais da Terra. fonte básica de alimento. No entanto, admite-se que
os primeiros organismos devam ter sido heterótrofos.
( ) A elevada temperatura da superfície da Terra
A partir de onde os heterótrofos conseguiam seu
provocava a evaporação das substâncias líquidas, alimento na Terra primitiva?
gerando vapores de água, que resfriavam em contato
E) Qual o mecanismo utilizado pelos primeiros
com as camadas mais frias da atmosfera, provocando organismos para obtenção de energia?
violentas tempestades e descargas elétricas.

05. (UEFS-BA–2015) SEÇÃO ENEM


eu

01. (Enem–2012) Em certos locais, larvas de moscas, criadas


Eletrodos em arroz cozido, são utilizadas como iscas para pesca.
Alguns criadores, no entanto, acreditam que essas
CH4 larvas surgem espontaneamente do arroz cozido,
NH3 tal como preconizado pela teoria da geração espontânea.
Descarga
Para a H2O Gases
de centelha Essa teoria começou a ser refutada pelos cientistas ainda
bomba CH2
de vácuo no século XVII, a partir dos estudos de Redi e Pasteur,
que mostraram experimentalmente que
M

Saída de água A) seres vivos podem ser criados em laboratório.


Condensador
B) a vida se originou no planeta a partir de microrganismos.
Entrada de água
C) o ser vivo é oriundo da reprodução de outro ser vivo
preexistente.
D) seres vermiformes e microrganismos são evolutivamente
Água contendo aparentados.
compostos orgânicos
E) vermes e microrganismos são gerados pela matéria
Água fervendo existente nos cadáveres e nos caldos nutritivos,
Armadilha
respectivamente.

Bernoulli Sistema de Ensino 91


Frente C Módulo 05

02. (Enem–2002) As áreas numeradas no gráfico mostram a De acordo com o gráfico, é CORRETO afirmar que
composição em volume, aproximada, dos gases na atmosfera A) as primeiras formas de vida surgiram na ausência de O2.
terrestre, desde a sua formação até os dias atuais.
B) a atmosfera primitiva apresentava 1% de teor de oxigênio.
100
C) após o início da fotossíntese, o teor de oxigênio na
90
atmosfera mantém-se estável.
80
Composição (%)

70 D) desde o Pré-cambriano, a atmosfera mantém os


I II IV mesmos níveis de teor de oxigênio.
60
50 E) na escala evolutiva da vida, quando surgiram os

lli
40 anfíbios, o teor de oxigênio atmosférico já havia se
30 estabilizado.
20
10 V VI
III
GABARITO

ou
0
5 4 3 2 1 0
Tempo (bilhões de anos)
Data atual
(I) Metano e hidrogênio
(II) Vapor-d’água
(IV) Nitrogênio
(V) Gás carbônico
Fixação
(III) Amônia (VI) Oxigênio
01. D
The Random House Encyclopedias. 3ª ed. 1990.

Considerando apenas a composição atmosférica, isolando 02. E


outros fatores, pode-se afirmar que
I. não podem ser detectados fósseis de seres aeróbicos
anteriores a 2,9 bilhões de anos.
II. as grandes florestas poderiam ter existido há
aproximadamente 3,5 bilhões de anos.
III. o ser humano poderia existir há aproximadamente
2,5 bilhões de anos.
rn 03. D

04. D

Propostos
Be
É CORRETO o que se afirma em 01. A
A) I, apenas. D) II e III, apenas.
02. C
B) II, apenas. E) I, II e III.
C) I e II, apenas. 03. E

03. (Enem–2000) O gráfico a seguir representa a evolução 04. V F F V V


da quantidade de oxigênio na atmosfera no curso dos
05. E
tempos geológicos. O número 100 sugere a quantidade
atual de oxigênio na atmosfera, e os demais valores
06. A) Amônia (NH3), metano (CH4), hidrogênio (H2)
indicam diferentes porcentagens dessa quantidade.
e vapor-d’água (H2O).
eu
Oxigênio (% da quantidade atual)

100
J B) Elevadas temperaturas, descargas elétricas e
10
radiações provenientes do espaço.
I
à do planeta
semelhante

de ozônio
Atmosfera
Atmosfera

Anteparo
primitiva

C) Aminoácidos.
Marte

1 D) Da “sopa orgânica” que constituía os oceanos

primitivos.
D
M

0,01 E) Pelo processo da fermentação.


C G H
A B E F

0
Seção Enem
–4
–3,8

–3,1

–2,7

–2

–1
–0,7
–0,6
–0,4
–1,6

–0,2
–0,1

Tempo (bilhões de anos)


Legenda: 01. C
A. Pneumatosfera primitiva F. Primário
B. Aparecimento da vida G. Secundário
C. Começo da fotossíntese H. Terciário e quaternário 02. A
D. Primeira célula eucarionte I. Primeiros vertebrados
E. Pré-cambriano J. Conquista da Terra
03. A

92 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA C 06
Teorias evolucionistas
Para explicar como ocorrem as modificações nas No esforço para terem acesso ao alimento, adquiriram o hábito

lli
características dos seres vivos e o surgimento de novas de esticar o pescoço e as pernas anteriores e, assim, essas
espécies, várias teorias evolucionistas surgiram. Entre elas, partes do corpo foram se desenvolvendo pelo uso frequente.
destacamos o lamarckismo, o darwinismo e o neodarwinismo. Essas características adquiridas passaram a ser transmitidas
de geração em geração, resultando nas atuais girafas de

ou
LAMARCKISMO pescoços longos e pernas dianteiras desenvolvidas.

O biólogo francês Jean-Baptiste Lamarck foi um dos Por sucessivas gerações,


Por pressões ambientais, esses caracteres
primeiros defensores do transformismo, isto é, um dos
as girafas ancestrais se adquiridos de pescoços
primeiros a admitir que os seres vivos se modificam com viram obrigadas a e membros cada vez
explorar estratos mais alongados foram
o passar do tempo. Em 1809, Lamarck, em seu livro Originalmente, vegetais mais altos e, herdados pelos
as girafas possuíam para tanto, esticavam descendentes,
Philosophie Zoologique, propôs uma hipótese na tentativa

rn
de explicar como ocorre o mecanismo de transformação das
espécies, ou seja, como uma espécie poderia dar origem a
outras espécies.

O lamarckismo baseia-se em dois pontos básicos: lei do


uso e desuso e lei da transmissão das características
pescoço curto,
alimentando-se do
estrato mais baixo
da vegetação.
o pescoço e pernas
anteriores,
progressivamente
os alongando.
culminando, nos dias
atuais, nas girafas de
pescoços e pernas
dianteiras compridas.
Be
adquiridas.

Segundo Lamarck, as alterações das condições ambientais

Arquivo Bernoulli
desencadeariam, em uma espécie, a necessidade de se
modificar, no sentido de promover sua adaptação às novas
condições do meio. Em consequência, a espécie adquiriria
novos hábitos, fato que acarretaria a utilização mais intensa De forma semelhante ao que aconteceu com as girafas,
e frequente de certos órgãos ou partes do organismo, o lamarckismo explica a longa perna da garça como
causando-lhes uma hipertrofia ou, então, acarretaria o uma decorrência de seu esforço para se manter com o
eu

desuso de órgãos e estruturas do corpo, causando-lhes corpo fora da água; coelhos teriam orelhas longas em
uma atrofia. Assim, pelo uso ou desuso de certos órgãos e resposta à frequente solicitação da audição para perceber
estruturas do corpo, os indivíduos passariam a ter novas a aproximação de predadores. No esforço de canalizar
características que os tornariam mais bem adaptados às melhor o som para o interior do conduto auditivo,
condições ambientais. Por meio da reprodução, essas os coelhos iam gradativamente esticando cada vez mais
novas características passariam a ser transmitidas aos suas orelhas, inicialmente curtas, até resultar nas orelhas
descendentes. longas que atualmente possuem; tamanduás teriam
M

garras desenvolvidas e língua comprida como resultado do


Vários foram os exemplos citados por Lamarck para
uso frequente das garras para remexer os formigueiros,
ilustrar suas ideias evolucionistas. O mais célebre foi
e do esticamento da língua, no processo de captura
o do pescoço das girafas atuais. Segundo Lamarck,
de formigas; cactáceas teriam suas folhas reduzidas a
os ancestrais das girafas tinham pescoços curtos, membros espinhos como necessidade de adaptação à economia de
anteriores com o mesmo comprimento dos posteriores e água; as toupeiras atuais têm olhos atrofiados porque seus
viviam em um ambiente onde a vegetação rasteira era ancestrais, vivendo sob a terra, não necessitavam de visão.
relativamente escassa e, por isso, teriam sido forçados A pouca utilização dos olhos teria feito com que eles se
a se alimentarem de folhas situadas no alto das árvores. atrofiassem, e isso seria transmitido de geração em geração.

Bernoulli Sistema de Ensino 93


Frente C Módulo 06

Esses exemplos ilustram como o lamarckismo explica o Apoiando-se nesses pontos, Darwin considerou que certas
surgimento de algumas características morfofisiológicas características poderiam contribuir para a sobrevivência
em determinadas espécies. Observe que, em todos os e a reprodução de certos indivíduos em um determinado
exemplos citados, o meio ambiente atua como um fator ambiente, constituindo variações “favoráveis”. Indivíduos
que “exige” modificações nos seres vivos para que eles portadores de variações “desfavoráveis”, por sua
possam se tornar adaptados às circunstâncias existentes. vez, teriam grandes dificuldades de sobrevivência
e seriam extintos. Assim, as diferenças individuais
Embora certo em suas convicções, o lamarckismo está já existentes entre os seres de uma mesma espécie
errado em suas explicações. A lei do uso e desuso, por seriam selecionadas naturalmente pelo meio ambiente;

lli
exemplo, embora correta para o caso dos músculos, não o meio, então, como fator de seleção, preservaria os
pode ser generalizada para todos os órgãos e todas as indivíduos portadores de variações favoráveis e eliminaria
partes de um organismo. Por outro lado, sabemos que os portadores de variações desfavoráveis. Dessa maneira,
nenhuma alteração fenotípica provocada por fatores a natureza iria, ao longo das gerações, “aprimorando” a

ou
ambientais, isto é, característica adquirida, se transmite espécie, de modo a torná-la cada vez mais adaptada ao
à descendência. Sua maior falha está exatamente aí, meio ambiente.
na transmissão dos caracteres adquiridos ao longo das
Darwin também ilustrou suas ideias com alguns
gerações. Apesar de suas falhas, Lamarck teve seus
exemplos. Para explicar a origem das girafas atuais, ele
méritos: foi um evolucionista ardente em uma época em argumentou da seguinte maneira: no passado, os ancestrais
que predominava o fixismo e chamou a atenção para o das atuais girafas tinham pescoços e patas dianteiras
fenômeno da adaptação ao meio como um processo
necessário para a evolução.

DARWINISMO
rn com tamanhos variáveis. Mas a competição pelo alimento
disponível, a partir do momento em que a vegetação
rasteira do meio começou a se tornar escassa, favoreceu os
indivíduos portadores de pescoço longo e patas dianteiras
desenvolvidas, que dotados de tais variações “favoráveis”
teriam mais acesso às folhagens situadas no alto das
Be
Em 1859, o naturalista inglês Charles Darwin expôs,
árvores. Assim, a seleção natural beneficiou os indivíduos
em seu livro Origem das espécies, suas ideias evolucionistas,
portadores dessas variações, em detrimento das girafas de
que ficaram conhecidas como darwinismo.
pescoços e patas dianteiras curtos, que, lentamente, foram
O darwinismo baseia-se nos seguintes pontos: se extinguindo. Ao longo de várias gerações, sobreviveram
apenas as girafas de pescoço longo e patas dianteiras
• Os indivíduos de uma mesma espécie não são
desenvolvidas, que hoje conhecemos.
rigorosamente iguais uns aos outros. Há diferenças
individuais que tornam alguns mais atraentes, mais
A população ancestral Por pressões ambientais Após milhares de gerações,
fortes, mais rápidos, mais adaptados às condições de girafas já era (estratos vegetais mais a proporção, na população,
composta por indivíduos baixos se esgotaram), de representantes de
de vida no ambiente do que outros não tão
eu

de pescoço e membros indivíduos que possuíam dimensões menores


posteriores de tamanhos membros anteriores e reduziu progressivamente,
bem adaptados. variados, em proporções pescoços mais compridos, fazendo com que a
equivalentes, que se por apresentarem maior espécie, atualmente,
• As populações crescem em uma progressão alimentavam de diversos chance de sobrevivência apresente como
estratos da vegetação. e de reprodução, foram característica
geométrica, já as reservas alimentares crescem favorecidos e selecionados. predominante pernas
dianteiras e pescoços
apenas em uma progressão aritmética (fundamento compridos.
tirado de um livro de Thomas Malthus, economista
inglês que muito influenciou Darwin na elaboração de
M

sua teoria).

• Face à desproporção entre o crescimento da


população e à quantidade de alimento disponível,
os indivíduos empenhar-se-iam em uma “luta
pela vida”.

• Como resultado da luta pela vida, haveria a


Arquivo Bernoulli

seleção natural dos mais aptos em detrimento dos


menos aptos.

94 Coleção Estudo 4V
Teorias evolucionistas

De forma semelhante ao exemplo anterior, o darwinismo O darwinismo, entretanto, também cometeu falhas.
explica as longas orelhas dos coelhos como uma variação Primeiramente, não soube explicar como surgem as novas
“favorável” que foi selecionada, em contraposição aos variedades ou novas características entre os indivíduos de
coelhos de orelhas curtas. Como se sabe, as longas orelhas uma mesma espécie. Darwin partiu do princípio de que
favorecem a eficiência auditiva, o que determina, nos elas já existiam entre os seres de uma mesma população.
coelhos portadores dessa variação, uma maior capacidade Também a afirmação de Malthus sobre a desproporção
de percepção de predadores, fato que lhes facilita a
entre crescimento populacional e quantidade de alimentos
fuga; por sua vez, os tamanduás, portadores de garras
estava profundamente exagerada e errônea. Lembre-se

lli
desenvolvidas e línguas compridas, eram favorecidos
de que essa ideia de Malthus muito influenciou Darwin
no processo de utilização de formigas como alimento e,
na elaboração do conceito de seleção natural. Todavia,
assim, venceram a competição com outros animais não
o fenômeno “luta pela vida”, proposto por Darwin,
portadores de tais características e sobreviveram e se

ou
é indiscutível, assim como é inegável a seleção natural

BIOLOGIA
reproduziram, adaptando-se com sucesso ao meio onde
dos mais aptos.
viviam; por terem folhas reduzidas a espinhos, além
de outras adaptações à escassez de água, as cactáceas
puderam adaptar-se e sobreviver às condições desérticas. NEODARWINISMO
Nos exemplos citados, podemos constatar uma grande
Como vimos, a teoria evolucionista proposta por
diferença entre a explicação de Lamarck e a de Darwin.
O lamarckismo supõe que características novas são

rn
adquiridas por imposição do meio, e o darwinismo considera
que as características já existentes são apenas selecionadas
pelo meio. Em outras palavras, para Lamarck, o meio é
causador das variações; para Darwin, o meio seleciona as
Darwin não soube explicar as causas das variações ou
variabilidade hereditárias das espécies. Essa explicação só
pôde ser dada mais tarde, com a descoberta das mutações
e o desenvolvimento da genética. Apenas no século XX,
com o redescobrimento dos trabalhos de Mendel e com
Be
variações. É, pois, na influência do meio que reside a maior o aprofundamento do conceito de gene, foi possível
diferença entre as ideias de Darwin e de Lamarck. determinar os responsáveis pela variabilidade nos seres
vivos: as mutações e a recombinação gênica.
Um dos argumentos apresentados por Darwin em
favor da seleção dos mais aptos baseou-se no estudo As mutações são fontes básicas para toda a variabilidade
de espécies criadas e cultivadas pelo homem. Sabia-se genética, pois fornecem a matéria-prima para a evolução.
que pelo menos alguns animais domésticos e vegetais Os novos genes produzidos determinam características
cultivados pertenciam a espécies representantes ainda fenotípicas que poderão, ou não, ser úteis aos seres que
em estado selvagem. as possuem. Caso sejam e passem à descendência, serão
eu

Darwin dedicou-se à criação de pombos, cujas perpetuadas.


variedades domésticas eram sabidamente originadas de
A recombinação gênica também contribui para a
uma única espécie selvagem, a Columba livia, a partir
variabilidade. A reprodução sexuada, a segregação
da seleção artificialmente conduzida pelos criadores.
independente de dois ou mais pares de genes e o crossing-
Sua conclusão foi que a seleção artificial podia ser
over são os fenômenos que permitem novos arranjos
comparada àquela que a natureza exercia sobre as
de genes que chegarão aos gametas, aumentando a
espécies selvagens.
M

variabilidade dessas células formadas durante a meiose


Da mesma forma que o homem seleciona reprodutores de e, consequentemente, aumentando a probabilidade de
uma determinada variedade ou raça, permitindo que apenas
ocorrência de genótipos diferentes.
os que têm as características desejadas se reproduzam,
a natureza seleciona, nas espécies selvagens, os indivíduos O neodarwinismo, mutacionismo, ou, ainda, teoria

mais adaptados às condições reinantes. Estes deixam sintética ou moderna da evolução, proposta no início
um número proporcionalmente maior de descendentes, da década de 1940, constitui uma ampliação das ideias de
contribuindo significativamente para a formação da Darwin: explica as causas das variações nos seres vivos,
geração seguinte. coisa que o darwinismo clássico não conseguiu fazer.

Bernoulli Sistema de Ensino 95


Frente C Módulo 06

As mutações e a recombinação gênica são as causas da variabilidade genética existente nos seres vivos, já a seleção
natural “modela” o processo evolutivo, direcionando-o por meio da “escolha” das variações favoráveis ou adaptativas a um
determinado meio. Ao passo que as mutações e a recombinação gênica aumentam a variabilidade genética nos seres vivos,
a seleção natural a diminui, uma vez que tende a extinguir os indivíduos portadores de variações desfavoráveis.

A mutação cria novos genes, e a recombinação os mistura com os genes já existentes, originando os indivíduos geneticamente
variados de uma população. A seleção natural, por sua vez, favorece os portadores de determinados conjuntos gênicos, que
tendem a sobreviver e se reproduzir em maior escala que os outros.

lli
A evolução, portanto, pode ser considerada como resultado da seleção natural atuando sobre a variabilidade
genética.

Dependendo das condições ambientais, a seleção natural pode atuar em uma população favorecendo certos fenótipos

ou
referentes a uma determinada característica.

Gráfico 1 – Curva normal Gráfico 2 – Histograma


N. de indivíduos

N. de indivíduos

Média

Variação fenotípica
da característica
rn
Be
Fenótipos

Os gráficos 1 e 2 representam a curva normal de distribuição de diferentes fenótipos referentes a uma determinada característica
em uma população.

Considerando os tipos selecionados de acordo com a curva de distribuição normal dos diferentes fenótipos, a seleção
pode ser: direcional, estabilizadora ou disruptiva.

• Seleção direcional: favorece apenas um dos tipos extremos da curva de distribuição normal. Exemplo: em
uma população de bactérias onde existem indivíduos 100% sensíveis, indivíduos parcialmente resistentes e
eu

indivíduos 100% resistentes a certo antibiótico, a presença desse antibiótico no meio irá favorecer as bactérias
100% resistentes, aumentando na população bacteriana a frequência dos indivíduos portadores do referido
fenótipo.

• Seleção estabilizadora (normalizadora): favorece os fenótipos médios da curva de distribuição normal,


em detrimento dos fenótipos extremos. Exemplo: pesquisas feitas em diversos hospitais mostram que crianças
nascidas com peso em torno da média (de 3 kg a 4,5 kg) têm maiores chances de sobreviver do que crianças
M

com pesos muito grandes ou muito pequenos.

• Seleção disruptiva (diversificadora): favorece os indivíduos com fenótipos de ambos os extremos da curva
de distribuição normal, em detrimento dos indivíduos com fenótipos médios. Exemplo: em um ambiente onde
os alimentos para os pássaros estão representados predominantemente por sementes duras e larvas, devem
ser favorecidos os pássaros de bico fino e delicado (que têm facilidade de capturar larvas) e pássaros de bico
maior e mais forte (capazes de quebrar sementes). Nesse ambiente, os pássaros de bicos intermediários estão
em desvantagem por não serem muito hábeis na obtenção de nenhum dos dois tipos de alimento.

96 Coleção Estudo 4V
Teorias evolucionistas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO C) da teoria neodarwinismo, apenas.


D) das teorias lamarckista e darwinista.
E) das teorias darwinista e neodarwinista.
01. (Ufpel-RS) Antigamente, creditava-se a uma divindade
o surgimento dos seres vivos, o que ficou conhecido 03. (UFRGS-RS) Existem duas grandes teorias que tentam
como criacionismo, crença que persiste entre membros explicar os mecanismos pelos quais os organismos
de muitas religiões. Posteriormente, surgiu o fixismo, evoluíram e continuam a evoluir. Tanto Lamarck como
defendendo o princípio da imutabilidade das espécies, ou Darwin apresentam um fator como primordial para a
seja, que os seres vivos não se modificavam ao longo do evolução. A diferença é que, para Lamarck, esse fator é

lli
tempo. Já no século XVIII, o biólogo francês Buffon e sua a causa direta das variações e, para Darwin, esse mesmo
equipe de colaboradores escreveram uma obra chamada fator seria o que seleciona dentre as variações possíveis
Histoire Naturalle, na qual reuniram todo o conhecimento a mais adaptadas. Esse fator é
biológico da época. Em 1809, o biólogo Jean-Baptista A) o ambiente.
Antoine de Monet foi um dos primeiros defensores B) a grande capacidade de reprodução.

ou
BIOLOGIA
do transformismo, segundo o qual os seres vivos C) a competição.
modificavam-se através dos tempos, em contraposição ao
D) a variação hereditária transmissível.
fixismo. Posteriormente, em 1859, Charles Robert Darwin
E) a migração.
expôs, em seu livro Origem das Espécies, suas ideias a
respeito do mecanismo da transformação das espécies,
04. (PUC-Campinas-SP–2016) Sobre o tema Evolução,
base da moderna Teoria da Seleção Natural. fizeram-se as afirmações a seguir:
Com base no texto e em seus conhecimentos, analise as I. As espécies dos seres vivos são passíveis de
afirmações.
I. Os seres vivos produzem muitos descendentes, mas
poucos chegam à fase adulta para reproduzir-se, porrn
isso, o número de indivíduos de cada espécie se mantém
constante ao longo das gerações.
II. As serpentes evoluíram de ancestrais que possuíam
modificação, podendo sofrer alterações
morfofisiológicas ao longo do tempo.

II. Prova de que nosso planeta foi habitado por seres


diferentes dos que existem atualmente é a existência
de fósseis.
Be
pernas muito curtas; quando, em determinada época, III. Os que admitem que as espécies não se alteram no
aconteceram mudanças radicais no ambiente, esses decorrer do tempo são adeptos da teoria do fixismo.
animais tiveram necessidade de modificar-se para se
Está CORRETO o que se afirma em
adaptar às novas condições e desenvolver o hábito de
A) I, apenas. D) II e III, apenas.
rastejar.
B) I e II, apenas. E) I, II e III.
III. Somente os indivíduos mais aptos sobrevivem,
porque são mais adaptados às condições ambientais, C) I e III, apenas.
de modo que cada geração aprimora o grau de adaptação
conseguido por seus ancestrais.
IV. Quando novas necessidades se apresentam a um
indivíduo, sua organização estrutural se altera de modo a
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
eu

torná-lo mais adaptado ao novo modo de vida. Assim os


órgãos corporais se desenvolvem pelo uso da musculatura,
01. (Mackenzie-SP–2015) Nos últimos anos, a taxa do gene
para hemofilia tem aumentado muito nas populações
ou atrofiam se pouco utilizados.
humanas. Os hemofílicos, no passado, frequentemente
As afirmações anteriores podem ser creditadas, não chegavam à idade de reprodução, já que para eles
respectivamente, a qualquer ferimento maior poderia ser fatal. Hoje, porém,
A) Darwin – Lamarck – Buffon – Lamarck. os hemofílicos recebem o fator VIII, retirado do sangue
B) Darwin – Lamarck – Darwin – Lamarck. de pessoas normais, que favorece a coagulação. Assim, a
M

C) Lamarck – Buffon – Darwin – Darwin. probabilidade de sobrevivência dos hemofílicos aumentou


muito; também se elevaram as chances de constituírem
D) Lamarck – Darwin – Darwin – Lamarck.
família, transmitindo seus genes paras os descendentes.
E) Lamarck – Darwin – Buffon – Darwin.
Podemos afirmar que os avanços da Medicina

02. (UEBA) A ideia de uma seleção natural, segundo a qual A) prejudicaram a ocorrência da seleção natural.
os organismos mais bem adaptados ao meio têm maiores B) favoreceram a ocorrência da seleção natural.
chances de sobrevivência e produzem um número maior de C) prejudicaram a ocorrência de mutação.
descendentes, é a base D) favoreceram a ocorrência de mutação.
A) da teoria lamarckista, apenas. E) não interferiram na ocorrência da seleção natural ou
B) da teoria darwinista, apenas. na mutação.

Bernoulli Sistema de Ensino 97


Frente C Módulo 06

02. (UEL-PR–2016) O uso indiscriminado e abusivo de 04. (UNIFESP) Nas figuras, as mudanças de cores nas esferas
agrotóxicos, como os herbicidas, pode acarretar a simbolizam a aquisição de novas características nas
necessidade da utilização de concentrações cada vez mais espécies ao longo do tempo.
frequentes e maiores de substâncias presentes nesses I II III
produtos para obter os efeitos esperados. Depois de
Tempo atual
um longo período de tempo, esse agrotóxico não surtirá
mais os efeitos desejados, ou seja, exterminar as ervas
daninhas, que competem pelos nutrientes do solo em
plantações de soja.

lli
Acerca da explicação para esse fenômeno, assinale a
alternativa CORRETA.
A) As pequenas doses do agrotóxico desenvolveram
resistência nas ervas daninhas.

ou
Tempo
B) As ervas daninhas resistentes foram selecionadas pelo
uso do agrotóxico. As figuras que representam, respectivamente, a teoria
criacionista, a transformista (Lamarck) e a darwinista são
C) As ervas daninhas se acostumaram e se adaptaram
ao agrotóxico. A) I, II e III. D) II, III e I.

D) As ervas daninhas submetidas ao agrotóxico B) I, III e II. E) III, II e I.


tornaram-se dependentes da substância. C) II, I e III.

E) O agrotóxico modificou as ervas daninhas, induzindo


mutações.

03. (FUVEST-SP)
rn
No início da década de 1950, o vírus que
causa a doença chamada de mixomatose foi introduzido
na Austrália para controlar a população de coelhos,
05. (FIEB-SP–2016) A Teoria da Evolução proposta por Charles
Darwin fundamenta-se na seleção natural de organismos
cujas características são mais aptas à sobrevivência no meio
ambiente. Darwin também observou, embora não soubesse
explicar os motivos biológicos, que, para a seleção natural
ocorrer, é fundamental que as populações apresentem
Be
que se tornara uma praga. Poucos anos depois da
A) uma taxa equitativa quanto à natalidade e à mortalidade.
introdução do vírus, a população de coelhos reduziu-se
B) indivíduos machos dominantes, denominados machos
drasticamente. Após 1955, a doença passou a se
alfa.
manifestar de forma mais branda nos animais infectados
C) diversidade de características entre seus indivíduos
e a mortalidade diminuiu.
integrantes.
Considere as explicações para esse fato descritas nos
D) transmissão dos caracteres adquiridos em função da
itens de I a IV.
necessidade de adaptação.
I. O vírus promoveu a seleção de coelhos mais
E) constantes mutações genéticas ocorridas nos indivíduos
resistentes à infecção, os quais deixaram maior mais aptos.
número de descendentes.
eu

II. Linhagens virais que determinavam a morte muito 06. (IFSP–2016) Sapos e rãs são anfíbios, apresentam
rápida dos coelhos tenderam a se extinguir. dependência de ambientes terrestres úmidos ou
aquáticos, apresentam na sua pele as glândulas de
III. A necessidade de adaptação dos coelhos à presença
muco para conservá-la úmida e favorecer trocas
do vírus provocou mutações que lhes conferiram
gasosas, além de poder exibir glândulas de veneno que
resistência. eliminam substâncias para combater microrganismos e
IV. O vírus induziu a produção de anticorpos que foram afugentar animais predadores. A explicação para essas
transmitidos pelos coelhos à prole, conferindo-lhe características nos anfíbios, fornecida pela Teoria da
M

maior resistência com o passar das gerações. Evolução de Charles Darwin, é apresentada em:
A) Seleção de adaptações positivas devido à ação do
Estão de acordo com a Teoria da Evolução por Seleção
meio ambiente.
Natural apenas as explicações
B) Lei do uso e desuso.
A) I e II. C) A existência de pulmão atrofiado devido à respiração
B) I e IV. cutânea.

C) II e III. D) A transmissão de características adquiridas para os


descendentes.
D) II e IV.
E) A destruição dessas espécies porque estão
E) III e IV. mal-adaptadas.

98 Coleção Estudo 4V
Teorias evolucionistas

07. (FURG-RS) Utilize os conceitos enumerados para Essa especiação NÃO ocorre devido ao(à)
completar as afirmativas a seguir: A) oscilação genética das raças.
1. Evolução B) convergência adaptativa das raças.
2. Teoria sintética da evolução C) isolamento geográfico entre as raças.
3. Lei da transmissão das características adquiridas D) seleção natural que ocorre entre as raças.
4. Convergência adaptativa E) manutenção do fluxo gênico entre as raças.

5. Seleção natural
02. (Enem–2014) Embora seja um conceito fundamental para

lli
I. O mecanismo defendido por Darwin para explicar a a Biologia, o termo “evolução” pode adquirir significados
adaptação dos organismos ao ambiente é conhecido diferentes no senso comum. A ideia de que a espécie
como ( ). humana é o ápice do processo evolutivo é amplamente
II. A ideia de que o desenvolvimento de um órgão pelo difundida, mas não é compartilhada por muitos cientistas.
uso intensivo é herdado pela prole é conhecida como

ou
Para esses cientistas, a compreensão do processo citado

BIOLOGIA
( ).
baseia-se na ideia de que os seres vivos, ao longo do
III. A ideia de que todos os organismos estão ligados tempo, passam por
por laços de ancestralidade e descendência com
A) modificação de características.
modificação é conhecida como ( ).
B) incremento do tamanho corporal.
IV. A ideia que considera o desenvolvimento de estruturas
e formas corporais semelhantes por adaptação a C) complexificação de seus sistemas.
ambientes parecidos é conhecida como ( ). D) melhoria de processos e estruturas.
V. Mutação, recombinação e seleção natural são os
principais fatores evolutivos considerados pela ( ).

Assinale a alternativa que apresenta a sequência


numérica, lida de cima para baixo, que completa
CORRETAMENTE as afirmativas.
rn 03.
E) especialização para determinada finalidade.

(Enem–2011) Diferente do que o senso comum acredita,


as lagartas de borboletas não possuem voracidade
generalizada. Um estudo mostrou que as borboletas
de asas transparentes da família Ithomiinae, comuns
Be
A) 5, 3, 4, 2 e 1 D) 1, 4, 3, 5 e 2
na Floresta Amazônica e na Mata Atlântica, consomem,
B) 5, 3, 1, 4 e 2 E) 2, 5, 1, 3 e 4 sobretudo, plantas da família Solanaceae, a mesma
C) 1, 3, 4, 5 e 2 do tomate. Contudo, os ancestrais dessas borboletas
consumiam espécies vegetais da família Apocinaceae,
08. (UFRN–2013) A restrição à venda de antibióticos no Brasil mas a quantidade dessas plantas parece não ter sido
foi uma medida tomada em função do aparecimento de suficiente para garantir o suprimento alimentar dessas
bactérias super-resistentes. Atualmente, com os avanços borboletas. Dessa forma, as solanáceas tornam-se uma
na área da genética e da biologia molecular, uma das opção de alimento, pois são abundantes na Mata Atlântica
explicações aceitas para o surgimento dessas bactérias é e na Floresta Amazônica.
a ocorrência de mutações, a partir das quais haveria uma
eu

CORES AO VENTO. Gene e fósseis relevam origem e diversidade


mudança aleatória em um determinado gene, e, dessa
de borboletas sul-americanas. Revista Pesquisa FAPESP.
forma, as bactérias passariam a apresentar resistência ao
W 170. 2010 (Adaptação).
antibiótico. No passado, sem o conhecimento da genética
e da biologia molecular, Lamarck e Darwin elaboraram Nesse texto, a ideia do senso comum é confrontada com
explicações para o surgimento de novas variedades de conhecimentos científicos, ao se entender que as larvas
seres vivos. Nesse contexto, como pode ser explicado o das borboletas Ithomiinae encontradas atualmente na
surgimento de bactérias super-resistentes
Mata Atlântica e na Floresta Amazônica, apresentam
A) com base na Teoria da Evolução de Lamarck?
M

A) facilidade em digerir todas as plantas desses locais.


B) com base na Teoria da Evolução de Darwin?
B) interação com as plantas hospedeiras da família
Apocinaceae.
SEÇÃO ENEM C) adaptação para se alimentar de todas as plantas
desses locais.
01. (Enem–2015) Algumas raças de cães domésticos não
D) voracidade indiscriminada por todas as plantas
conseguem copular entre si devido à grande diferença
existentes nesses locais.
em seus tamanhos corporais. Ainda assim, tal dificuldade
reprodutiva não ocasiona a formação de novas espécies E) especificidade pelas plantas da família Solanaceae
(especiação). existente nesses locais.

Bernoulli Sistema de Ensino 99


Frente C Módulo 06

04. (Enem–2010) Alguns anfíbios e répteis são adaptados C) as mutações sucessivas foram acontecendo para que

à vida subterrânea. Nessa situação, apresentam algumas ela pudesse adaptar-se.


características corporais como ausência de patas, corpo D) as variedades mais silenciosas foram selecionadas
anelado que facilita o deslocamento no subsolo e, em alguns positivamente.
casos, ausência de olhos.
E) as variedades sofreram mutações para se adaptarem
Suponha que um biólogo tentasse explicar a origem das à presença de seres humanos.
adaptações mencionadas no texto utilizando conceitos da

lli
teoria evolutiva de Lamarck. Ao adotar esse ponto de vista,
ele diria que GABARITO
A) as características citadas no texto foram originadas pela
seleção natural.
Fixação

ou
B) a ausência de olhos teria sido causada pela falta de uso 01. B
dos mesmos, segundo a lei do uso e desuso.

C) o corpo anelado é uma característica fortemente 02. E

adaptativa, mas seria transmitida apenas à primeira


03. A
geração de descendentes.

D) as patas teriam sido perdidas pela falta de uso e, em seguida, 04. E

essa característica foi incorporada ao patrimônio genético e


então transmitida aos descendentes.

E) as características citadas no texto foram adquiridas por


meio de mutações e depois, ao longo do tempo, foram
selecionadas por serem mais adaptadas ao ambiente em
rn Propostos
01. A

02. B
Be
que os organismos se encontram. 03. A

04. C
05. (Enem–2005) As cobras estão entre os animais peçonhentos que
mais causam acidentes no Brasil, principalmente na área rural. 05. C

As cascavéis (Crotalus), apesar de extremamente venenosas,


06. A
são cobras que, em relação a outras espécies, causam poucos
acidentes a humanos. Isso se deve ao ruído de seu “chocalho”, 07. B

que faz com que suas vítimas percebam sua presença e as 08. A) Lamarck: o surgimento de bactérias super-resistentes
eu

evitem. Esses animais só atacam os seres humanos para sua teria se dado por indução do meio (antibiótico).
defesa e se alimentam de pequenos roedores e aves. Apesar
B) Darwin: o antibiótico elimina as bactérias sensíveis,
disso, elas têm sido caçadas continuamente, por serem
e as bactérias resistentes se multiplicam, desenvolvendo
facilmente detectadas.
uma população resistente.
Ultimamente os cientistas observaram que essas cobras têm
ficado mais silenciosas, o que passa a ser um problema,
Seção Enem
M

pois, se as pessoas não as percebem, aumentam os riscos


01. E
de acidentes.

A explicação darwinista para o fato de a cascavel estar ficando 02. A


mais silenciosa é que
03. E
A) a necessidade de não ser descoberta e morta mudou seu
comportamento.
04. B
B) as alterações no seu código genético surgiram para
aperfeiçoá-la. 05. D

100 Coleção Estudo 4V


FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA C 07
Evidências da evolução, mecanismos de
especiação e genética de populações

lli
EVIDÊNCIAS DA EVOLUÇÃO A asa de uma ave, a asa de um morcego (mamífero),
a nadadeira anterior de um golfinho (mamífero),

ou
Como explicar o surgimento da grande variedade de a nadadeira anterior de uma baleia, a pata anterior de
espécies de seres vivos existentes em nosso planeta? um cavalo e o braço de um homem, ainda que muito

Os adeptos do fixismo admitem que todas as espécies, diferentes, possuem estruturas ósseas bastante parecidas.

tal como se apresentam hoje, foram criadas por um Seria isso uma simples coincidência ou uma evidência de

ato divino. Assim, o número de espécies seria fixo e foi que esses animais, todos eles vertebrados, descendem de

determinado por Deus no momento da Criação. Para explicar um ancestral comum, do qual herdaram um plano básico
de estrutura corporal?
o desaparecimento de algumas espécies que viveram em

o Criador submete o mundo a determinadas catástrofes


rn
épocas passadas e hoje não mais são encontradas, os fixistas
recorrem ao catastrofismo, ou seja, de tempos em tempos,

(dilúvio de Noé, por exemplo) quando algumas espécies são


extintas, e outras, preservadas.
r
u
h

r
c
h
u
m
f r
h
h
Be
u
u
c r
A Teoria da Evolução, por outro lado, é adepta do c m m
transformismo, ou seja, admite que, devido ao surgimento m f m c
f f

Arquivo Bernoulli
de novas características ou desaparecimento de outras, f

as espécies se modificam com o passar do tempo, adaptando-se Galinha Baleia Cavalo Homem
(ave) (mamífero) (mamífero) (mamífero)
a novas condições ambientais, podendo originar novas
espécies. O evolucionismo admite que as espécies se Membros anteriores de alguns vertebrados – Comparação
entre os esqueletos dos membros anteriores de diferentes
transformam com o passar do tempo e as que atualmente
vertebrados. Observe que todos eles possuem um mesmo
vivem em nosso planeta descendem de ancestrais que
plano estrutural. Os ossos estão indicados da seguinte maneira:
eu

viveram em épocas passadas. h=úmero; r=rádio; u=ulna; c=carpos; m=metacarpos;


f=falanges.
São numerosas as evidências que corroboram a linha
de pensamento da maior parte da comunidade científica A padronização e a semelhança de estruturas anatômicas
que tem a evolução dos seres vivos como uma realidade não se limitam apenas ao esqueleto, mas também
incontestável. Entre elas, destacamos as evidências à anatomia das vísceras (órgãos internos). Aves e
anatômicas, embriológicas, bioquímicas, paleontólogicas e mamíferos, por exemplo, apresentam coração, sistema
M

zoogeográficas, que serão discutidas no decorrer do módulo. circulatório, sistema nervoso, entre outros, constituídos
pelas mesmas partes básicas.
Evidências anatômicas Órgãos ou estruturas semelhantes que têm, em diferentes
O estudo da anatomia comparada mostra que espécies muito espécies, a mesma origem embrionária são chamados
diferentes revelam estruturas com grandes semelhanças, de homólogos. Apesar de terem essa mesma origem,
apresentando um mesmo plano básico de organização. É o que esses órgãos podem ter funções iguais ou diferentes.
acontece, por exemplo, com a estrutura óssea (esqueleto) É importante não confundir órgãos homólogos com
dos membros anteriores de diferentes vertebrados. órgãos análogos.

Bernoulli Sistema de Ensino 101


Frente C Módulo 07

Órgãos homólogos (homologia) são aqueles que, em

Arquivo Bernoulli
espécies diferentes, podem ter aspecto, nome e função Íleo Apêndice
Colo cecal
diferentes, mas internamente apresentam a mesma estrutura e
têm a mesma origem embrionária. Exemplo: as patas dianteiras
de um jacaré (réptil), as nadadeiras da baleia (mamífero),
Colo
as asas de uma ave e os membros anteriores do homem possuem Íleo
os mesmos ossos e se formam, embrionariamente, da mesma Ceco
maneira. Eles são órgãos homólogos e, indiscutivelmente,
Ceco Apêndice

lli
são mais uma evidência do parentesco existente entre essas cecal
diferentes espécies de vertebrados.
Comparação entre o ceco do coelho (esquerda) e o ceco do
Órgãos análogos (analogia) são aqueles que, em
homem (direita). Note a diferença de tamanho entre eles;
espécies diferentes, por mero acaso, têm o mesmo nome

ou
no homem, o apêndice é um órgão vestigial.
e a mesma função, mas possuem estruturas totalmente
diferentes, uma vez que se formam embrionariamente por
Outros órgãos e estruturas vestigiais encontradas
processos distintos. Por exemplo: as asas dos insetos e as
asas das aves. Ambas servem para voar, porém suas origens em nossa espécie são o cóccix, um vestígio da cauda

embrionárias são totalmente distintas. observada em outros vertebrados; a prega semilunar


do ângulo interno dos olhos, que constitui um vestígio
Homem Baleia Peixe
da membrana nictitante dos anfíbios, répteis e outros

rn
animais; os músculos auriculares que movimentam as
orelhas (desenvolvidos nos cachorros, por exemplo) e
os pelos peitorais.
Arquivo Bernoulli

Braço
Evidências embriológicas
Be
Nadadeira Nadadeira
São muitas as semelhanças encontradas nas
Os ossos do braço do homem e da nadadeira da baleia são órgãos
homólogos, isto é, têm a mesma origem embrionária com o
fases embrionárias de diferentes grupos de animais.
mesmo plano básico de organização estrutural. As nadadeiras As semelhanças entre os embriões de determinados grupos
das baleias e as dos peixes são órgãos análogos, isto é, apesar de animais são maiores do que as semelhanças encontradas
de terem a mesma função (servem para nadar), possuem
nas formas adultas. Por exemplo, é difícil distinguir embriões
origem embrionária diferente com uma organização estrutural
completamente divergente. jovens de peixes, sapos, tartarugas, pássaros e seres
humanos, todos pertencentes ao grupo dos vertebrados.
Outra evidência anatômica do processo evolutivo são
eu

Essa grande semelhança, sobretudo nos primeiros estágios,


os chamados órgãos vestigiais. Tais órgãos são pouco
evidencia a existência de um parentesco evolutivo entre
desenvolvidos (atrofiados) em determinados grupos, mas
as espécies consideradas. Embriões de peixes, anfíbios,
muito desenvolvidos e funcionais em outros, revelando a
existência de um parentesco evolutivo entre eles ou a presença répteis, aves e mamíferos apresentam-se com fendas

de uma “linha de montagem” comum na natureza. Na espécie branquiais e cauda, pelo menos em determinadas fases do
humana, são vários os exemplos de órgãos vestigiais. Entre desenvolvimento.
eles, destaca-se o apêndice vermiforme (apêndice cecal),
M

No início do século XIX, von Baer formulou uma regra


que é, em geral, bastante reduzido, mas aparece muito
conhecida como regra de von Baer, na qual afirma que os
desenvolvido nos herbívoros. Nestes, o apêndice abriga
estágios jovens do desenvolvimento embrionário de um
micro-organismos mutualísticos que promovem a digestão da
animal são como os estágios jovens do desenvolvimento
celulose. Tudo indica que os mamíferos atuais, carnívoros e
herbívoros, tiveram ancestrais comuns, cuja dieta devia ser embrionário de seus ancestrais. Segundo essa regra,

baseada em alimentos vegetais, ricos em celulose. Entretanto, a semelhança entre os embriões sugere uma ancestralidade

no decorrer da evolução, cecos e apêndices deixaram de ser comum. Observe na figura a seguir a grande semelhança
vantajosos para alguns grupos de organismos, nos quais se nos primeiros estágios do desenvolvimento entre embriões
encontram reduzidos, como vestígios de sua origem. de diversos vertebrados.

102 Coleção Estudo 4V


Evidências da evolução, mecanismos de especiação e genética de populações

As comparações entre moléculas de DNA de duas espécies


são feitas mediante uma técnica denominada hibridização
molecular. Os DNAs das duas espécies são extraídos, e suas
duas cadeias polinucleotídicas, separadas. As cadeias simples
de DNA das duas espécies são misturadas, de modo que,
se houver segmentos de DNA complementares, estes se
combinam formando moléculas híbridas, com uma cadeia
de cada espécie. O grau de homologia entre o DNA das duas

lli
espécies pode ser determinado pela quantidade de moléculas
híbridas formadas.

Porcentagem de

ou
Arquivo Bernoulli
Pares de espécie

BIOLOGIA
diferença

Homem – Chimpanzé 2,5%

Réptil Homem – Gibão 5,1%


Peixe Anfíbio (tartaruga) Ave Mamífero
Homem – Macaco do Velho Mundo 9,0%
Semelhanças entre os diferentes grupos de vertebrados no
desenvolvimento embrionário. Homem – Macaco do Novo Mundo 15,8%

Evidências bioquímicas
Certas substâncias são fabricadas igualmente por células
de diferentes espécies. Assim, várias enzimas digestivas
produzidas pelo organismo humano também são encontradas
rn Homem – Lêmure 42,0%

Diferenças na sequência de nucleotídios entre DNA humano e


de outros primatas – Determinação da semelhança genética
entre primatas por meio da técnica de hibridização do DNA.
Be
em outras espécies de animais. A tripsina, por exemplo, A proporção de DNA híbrido reflete o grau de semelhança entre
ocorre em numerosos animais, desde protozoários até os as espécies.
mamíferos. Outro exemplo é o da amilase, enzima produzida
por células de quase todos os invertebrados e vertebrados. Os resultados da análise bioquímica têm confirmado as
estimativas de parentescos entre espécies obtidas por meio
As semelhanças bioquímicas também testemunham
do estudo de fósseis e da anatomia comparada. Isso reforça
a favor de um laço de parentesco entre espécies tão
distintas, uma vez que, quanto mais próximas estiverem ainda mais a teoria de que os seres atuais resultam da
as espécies na sequência evolutiva, menores serão as evolução de seres que viveram no passado, estando todos
diferenças bioquímicas entre suas substâncias. Veja, os seres vivos relacionados por graus de parentescos mais
no exemplo a seguir, a comparação do número de diferenças
eu

ou menos distantes.
nos aminoácidos das cadeias polipeptídicas da hemoglobina
entre o homem e outros mamíferos.
Evidências paleontológicas
Entre o homem e o chimpanzé...............................0
As evidências paleontológicas estão representadas
Entre o homem e o gorila......................................2 pelos fósseis. Um fóssil (do latim fossile, extraído da
Entre o homem e o macaco Rhesus.......................12 terra) é qualquer resto ou vestígio de um ser vivo
que habitou nosso planeta em tempos remotos. Pode
M

Entre o homem e o cavalo....................................43


ser um pedaço de tronco de árvore, uma concha de
Diferenças nos aminoácidos da hemoglobina – Considerando molusco, um osso, um dente e até uma simples pegada.
as semelhanças bioquímicas entre os animais relacionados
Os fósseis constituem uma prova evidente de que nosso
anteriormente, o chimpanzé é o parente mais próximo do
homem, e o cavalo, o mais distante.
planeta já foi habitado por seres diferentes dos atuais.

O desenvolvimento da Biologia Molecular e da Genética O estudo dos fósseis denomina-se Paleontologia


tem permitido comparar diretamente a estrutura genética de (paleo, antigo; onto, ser; logo, estudo) e fornece dados
diferentes espécies por meio da comparação das sequências importantes sobre a filogenia das espécies, isto é,
de nucleotídios presentes nas moléculas de DNA. a história evolutiva das espécies.

Bernoulli Sistema de Ensino 103


Frente C Módulo 07

Os tipos de fósseis encontrados em determinada camada O estudo dos fósseis permite deduzir o tamanho e a
de solo refletem a flora e a fauna existentes no local por forma dos organismos que os deixaram, possibilitando a
ocasião da formação das rochas. Assim, a análise dos fósseis reconstrução de uma imagem, possivelmente parecida,
encontrados em camadas sucessivas de rochas sedimentares dos animais e dos vegetais quando eram vivos.
permite deduzir a sequência das formas de vida que viveram
em determinado local.
Evidências zoogeográficas
A observação científica comprovou que as faunas dos
Um fóssil se forma quando os restos mortais de um
continentes do Hemisfério Norte (América do Norte,

lli
organismo ficam salvos tanto da ação dos agentes
Europa e Ásia) são profundamente semelhantes entre
decompositores como das intempéries naturais (vento, Sol
si, e as faunas das terras do Hemisfério Sul (América
direto, chuva, etc.). Dependendo da acidez e dos minerais do Sul, África e Oceania) são flagrantemente diferentes
presentes no sedimento, podem ocorrer diferentes processos umas das outras. No primeiro caso, estão os ursos,

ou
de fossilização. A permineralização, por exemplo, é o os cervídeos, as raposas, os castores, os lobos, etc.,
preenchimento dos poros microscópicos do corpo de um distribuídos pelos três continentes do Hemisfério
ser por minerais. Já a substituição consiste na lenta troca Norte. Já no segundo caso, a fauna da América do Sul
das substâncias orgânicas do cadáver por minerais duros, (as onças, os pequenos macacos, o tatu, a preguiça,
como a sílica, transformando-o em pedra. As condições o tamanduá e uma grande variedade de pássaros),
mais favoráveis à fossilização ocorrem quando o corpo de a fauna da África (os leões, os rinocerontes, as zebras,
as girafas, os elefantes, os gorilas, etc.) e a fauna da
um animal ou de uma planta é sepultado no fundo de um
lago e rapidamente coberto por sedimentos.

Embora as partes duras e mineralizadas (ossos, conchas, etc.)


tenham mais facilidade de formar fósseis, existem alguns
casos raros em que ocorre a fossilização de um organismo
rn
Oceania (os cangurus, os quiuís, os ornitorrincos, etc.)
revelam profundas diferenças. Por que essa diferenciação?

20
40
60
Be
inteiro, com a carne, a pele, os órgãos internos e o esqueleto. Pangeia
0 120 80 40 80 120
Isso ocorreu, por exemplo, com mamutes (ancestrais dos
20
elefantes) que permaneceram soterrados nas geleiras da
40
Sibéria e com insetos que fossilizaram presos na resina de 60
pinheiros.

A idade de um fóssil pode ser estimada por meio da

Arquivo Bernoulli
Laurásia
medição de elementos radioativos presentes nele ou na rocha
onde ele se encontra. Essa idade é calculada levando-se em
Gondwana
eu

consideração a transformação dos elementos radioativos,


que funcionam como verdadeiros “relógios” naturais.
Os isótopos radioativos decaem de forma regular em sucessivos A fragmentação da Pangeia (segundo Wegener).
períodos de tempo. Durante cada um desses intervalos
Segundo pesquisas geológicas, todos os continentes
de tempo, uma parte do material permanece radioativa
da Terra estiveram, há milhões de anos, fundidos num
enquanto uma parte igual decai, transformando-se em outro
só, que Alfred Wegener chamou de Pangeia. Há, talvez,
elemento ou em um isótopo estável do mesmo elemento.
M

200 milhões de anos, a Pangeia se fragmentou em


Por exemplo, em 14,3 dias, metade de uma quantidade
blocos que passaram a deslizar sobre a imensa massa de
de fósforo-32 (32P) transforma-se no seu isótopo estável, material pastoso e incandescente que fica abaixo da crosta
o fósforo-31 (31P). Durante os próximos 14,3 dias, metade terrestre. O fragmento superior constituiu a Laurásia,
da quantidade remanescente de P transformar-se-á em
32
P,
31
que veio originar a América do Norte, a Europa e a Ásia.
restando apenas um quarto da quantidade original de P e,
32
O fragmento inferior, a Gondwana, voltou a se fragmentar,
assim, sucessivamente. O intervalo de tempo que um isótopo dando origem à América do Sul, à África, à Oceania e à
radioativo leva para reduzir sua radioatividade à metade é Antártida. Essa teoria é conhecida como a Teoria da Deriva
chamado de meia-vida. Assim, a meia-vida do P é de 14,3 dias.
32
Continental ou do deslizamento continental.

104 Coleção Estudo 4V


Evidências da evolução, mecanismos de especiação e genética de populações

Desde que começou a deriva continental, as terras do Para que haja esse tipo de especiação, alguns eventos
Hemisfério Sul ficaram separadas por largos oceanos. precisam ocorrer em etapas sequenciais. Tais eventos são
Assim, a fauna de cada um dos continentes sulinos, isolamento geográfico, diversificação gênica e isolamento
em razão do isolamento geográfico, foi sofrendo diversificação reprodutivo.
e se tornando acentuadamente distinta das demais.
O isolamento geográfico é a separação física de
No decorrer de 200 milhões de anos, os animais tornaram-se
subpopulações de uma espécie. As barreiras geográficas
profundamente diferentes. Já no Norte, a América do
que isolam ou separam as subpopulações podem ser, por
Norte acabou se encontrando com a Ásia e, entre ambas,
exemplo, um rio que corta uma planície, um vale que separa

lli
permaneceu por longo tempo um istmo, que serviu de
dois planaltos, uma cadeia de montanhas, um “braço” de
ponte por onde passavam os animais de um continente a
mar que separa ilhas e continentes, etc.
outro. Como a Europa sempre fez continuidade continental
com a Ásia, resultou, então, que as mesmas espécies A diversificação gênica é a progressiva diferenciação
podiam migrar da Europa para a Ásia e desta para a do conjunto gênico de subpopulações isoladas. Ela é

ou
BIOLOGIA
América do Norte e vice-versa. O isolamento entre os causada por dois fatores: mutações, que introduzem genes
animais desses três continentes só veio ocorrer muito diferentes em cada uma das subpopulações isoladas, e a
recentemente, quando, há cerca de 20 mil anos, submergiu seleção natural, que, atuando em ambientes distintos, pode
o istmo que ligava o Alasca à Sibéria, surgindo o Estreito preservar conjuntos de genes em uma das subpopulações e
de Behring. Assim, a fauna das Américas ficou isolada da eliminar conjuntos similares em outra.
fauna asiática.
O isolamento reprodutivo resulta da incapacidade,
Comparando-se o tempo de isolamento geográfico
entre as terras do Sul (há 200 milhões de anos) e
o isolamento entre as terras do Norte (há cerca de
20 mil anos), encontramos uma provável explicação para
a grande diversidade entre os animais do Sul e a pouca
rn total ou parcial, de membros de duas subpopulações
se cruzarem produzindo descendência fértil. Em geral,
depois de um longo período de isolamento geográfico,
as subpopulações se diferenciam tanto que perdem
a capacidade de se cruzar ou gerar descendentes
férteis, tornando-se, assim, reprodutivamente isoladas.
Be
diversidade entre os animais do Norte. Isso não “fala” a
favor da Evolução? A partir do momento em que se estabelece, entre duas
subpopulações, o isolamento reprodutivo, elas são
consideradas espécies distintas.
MECANISMOS DE ESPECIAÇÃO Existem diferentes tipos de mecanismos de isolamento
reprodutivo que podem ser pré-copulatórios (pré-zigóticos)
Denomina-se especiação o processo de formação de
e pós-copulatórios (pós-zigóticos).
nova(s) espécie(s) a partir de uma espécie ancestral.
Envolve a ocorrência de diferentes eventos, como mutações,
diversificação gênica, seleção natural, podendo, ainda, ser Mecanismos pré-copulatórios
eu

feita com ou sem a ocorrência de isolamento geográfico.


(pré-zigóticos)
Assim, distinguimos dois tipos de especiação: alopátrica
(allo, diferente; patris, lugar de origem) ou simpátrica São aqueles que impedem, de alguma forma, a realização
(sym, com). da cópula entre os indivíduos e, consequentemente, não há
a formação do zigoto. Isso pode ocorrer devido ao:

Especiação alopátrica • Isolamento estacional, sazonal ou temporal –


M

Os membros de duas espécies não se cruzam


Nesse tipo de especiação, também conhecido por porque seus períodos de reprodução não coincidem.
especiação geográfica ou, ainda, cladogênese, as novas Por exemplo, duas espécies de aves que habitam
espécies se formam quando uma população é dividida uma mesma região podem não se cruzar por terem
(separada) em dois ou mais grupos por uma barreira períodos de reprodução em diferentes épocas
geográfica, ou seja, quando entre os diferentes grupos se do ano.
estabelece um isolamento geográfico.
• Isolamento de habitat, ecológico ou espacial –
Acredita-se que essa seja a forma predominante de Os membros de duas espécies não se cruzam pelo
especiação para a maioria dos grupos de organismos. fato de viverem em habitats diferentes.

Bernoulli Sistema de Ensino 105


Frente C Módulo 07

• Isolamento etológico ou comportamental Mutações Raça ou


– Os membros de duas espécies não se cruzam e seleção subespécie
porque seus comportamentos de corte, antes do
acasalamento, são diferentes e incompatíveis. Nesse

População inicial
A
grupo, estão incluídos mecanismos de isolamento
devido à incompatibilidade de comportamento Isolamento Isolamento Espécies
geográfico reprodutivo novas
baseado na produção e recepção de estímulos que
levam machos e fêmeas à cópula. Esses estímulos

lli
são específicos para cada espécie. Como exemplo, B
podem-se citar os sinais luminosos emitidos por
vaga-lumes machos que, de espécie para espécie, Mutações Raça ou
e seleção subespécie
variam em frequência, duração da emissão e cor

ou
(desde branco, azulado, esverdeado, amarelo, laranja Especiação geográfica – Imaginemos uma população estabelecida
até vermelho). Outro exemplo é o canto das aves: em um determinado ambiente. Suponhamos, agora, que um
as fêmeas são atraídas para o território dos machos grupo de indivíduos dessa população migre para outra área e
de sua espécie em razão do canto, que é específico. perca totalmente o contato com a população original. Dessa
maneira, estabelece-se entre os dois grupos um isolamento
• Isolamento mecânico – Os membros de duas geográfico. Têm-se, então, duas populações A e B, ainda
espécies não se cruzam por incompatibilidade entre pertencentes a uma mesma espécie, porém instaladas em
seus órgãos reprodutores. Isso pode acontecer tanto áreas diferentes. Nessa situação, tais populações podem sofrer,
em animais, em que a diferença de tamanho ou
forma dos órgãos genitais impede a cópula, como
em plantas, em que o tubo polínico não consegue se
desenvolver no estigma de uma flor de outra espécie.

Mecanismos pós-copulatórios
rn ao longo dos anos, mutações diferenciais e a seleção natural se
processará de maneira a ajustar cada uma das populações às
condições existentes em cada ambiente. Assim, a ação conjunta
das mutações e da seleção natural diferencial vai selecionando,
em cada grupo, genes favoráveis ou adaptativos de acordo com o
meio onde se encontram. Isso significa que o pool gênico, isto é,
Be
o conjunto de genes original, vai se alterando de maneira a
(pós-zigóticos) estabelecer certas diferenças genéticas entre os indivíduos das
populações A e B. O acentuamento dessas diferenças leva à
São aqueles que atuam depois de o zigoto ter se formado. formação de raças ou subespécies. Nesse estágio, entretanto,
Isso pode ocorrer devido à: se indivíduos da raça A entrarem em contato com indivíduos
da raça B, ainda serão capazes de se cruzarem e originar
• Inviabilidade do híbrido – Os membros de duas descendentes férteis, o que significa que a raça A e a raça B
espécies podem copular, e o zigoto se forma, mas continuam sendo integrantes de uma mesma espécie. Se,
morre prematuramente devido à incompatibilidade entretanto, o isolamento geográfico persistir, as diferenças
entre os genes dos dois gametas que participaram genéticas irão se acentuando cada vez mais até estabelecerem
uma incompatibilidade reprodutiva (isolamento reprodutivo)
eu

de sua formação.
entre as duas populações. Nesse caso, A e B não mais serão
• Esterilidade do híbrido – O híbrido entre duas capazes de se cruzarem, originando descendentes férteis e,
espécies se forma, sendo muitas vezes até mais assim, passam a constituir espécies distintas.
vigoroso que os membros das espécies parentais,
Podemos resumir a especiação alopátrica (especiação
mas é estéril. A esterilidade ocorre porque as gônadas
geográfica) da seguinte maneira:
(glândulas sexuais) se desenvolvem anormalmente
ou porque a meiose é anormal. A) A condição inicial para o mecanismo da especiação
M

é o estabelecimento de um isolamento geográfico.


• Deterioração da geração F2 – A primeira geração de
Em outras palavras: grupos de indivíduos de uma mesma
híbridos entre duas espécies (F1) é normal e fértil, mas
espécie são separados por alguma barreira física, como
seus filhos, a geração F2, são indivíduos estéreis. Isso se
uma massa de água (rios, mares), cordilheira, vales, etc.
deve à recombinação gênica incompatível, que ocorre
O isolamento geográfico pode ocorrer, por exemplo,
na formação dos gametas que originam a geração F2.
quando um grupo migra para outras regiões em busca
O esquema a seguir mostra as diferentes etapas para de melhores condições de vida, ou quando sementes
ocorrência de especiação, quando uma população é separada de plantas são transportadas, para longe da população
por uma barreira geográfica. original, pelo vento ou por animais.

106 Coleção Estudo 4V


Evidências da evolução, mecanismos de especiação e genética de populações

B) As populações geograficamente isoladas passam Veja o exemplo a seguir.


por mutações e seleções naturais diferenciadas, fato Tubarão (peixe)
que provoca a alteração de seus conjuntos gênicos,
originando raças ou subespécies. Ictiossauro (réptil)

Arquivo Bernoulli
C) A manutenção do isolamento geográfico pode
aumentar as diferenças genéticas entre as raças, que
passam a exibir um isolamento reprodutivo. Tem-se,

lli
então, a formação de espécies novas.
Golfinho (mamífero)

Fala-se em irradiação adaptativa quando diferentes Adaptação convergente – Mutações ocorridas nos ancestrais do
tubarão (peixe), do ictiossauro (réptil já extinto) e do golfinho
espécies, adaptadas a condições ambientais distintas, (mamífero), que os tornaram mais adaptados ao habitat aquático,

ou
como o corpo fusiforme e o aparecimento de nadadeiras, fizeram

BIOLOGIA
tiveram origem a partir de uma população ancestral comum,
com que tais animais de grupos tão diferentes assumissem
por processos de especiação geográfica.
entre si a enorme semelhança física que se pode ver pela figura.
Esse fenômeno é a convergência.

2 Especiação simpátrica
3
Tipo de especiação, também conhecido por anagênese, que
não exige isolamento geográfico. Um bom exemplo dessa

8
rn
4
especiação ocorre em plantas pela formação de indivíduos
poliploides (poliploidia) conforme mostra o esquema a seguir.

2n

2n
n
2n
2n

2n
n
Be
n Zigoto n
1 2n 2n
Gametas 3n
Arquivo Bernoulli

(n) Gametas
Planta Planta
7 fértil (2n) 3n 3n
original (2n)
5 Zigoto
3n

2n 4n
Planta
2n 2n estéril (3n)
2n 4n 4n
6
2n 2n
Zigoto
2n 4n
Gametas Gametas
eu

Irradiação adaptativa – Em milhões de anos de evolução,


Planta (2n) Planta (2n)
a partir de mamíferos primitivos (1), surgiram, por irradiação original (2n) fértil (4n)
adaptativa, diferentes tipos de mamíferos: (2) arborícolas
(macacos), (3) voadores (morcegos), (4) cavadores de buracos Poliploidia – A poliploidia pode ocorrer quando, acidentalmente,
(toupeiras), (5) herbívoros corredores (veados), (6) aquáticos uma planta normal diploide (2n), em vez de formar gametas
(baleias), (7) resistentes ao clima do deserto (ratos-canguru), haploides (n), produz gametas diploides (2n). A união de dois
gametas diploides (2n) resulta na formação de um indivíduo
(8) carnívoros ferozes (tigres) e muitos outros tipos.
tetraploide (4n). Essa planta tetraploide, por sua vez, produz
M

gametas diploides (2n). Se um gameta diploide (2n) fecundar


Ao contrário da irradiação adaptativa, pela qual os um gameta haploide (n) de uma planta normal, o resultado
será a formação de uma planta triploide (3n) estéril, ou seja,
seres vivos vão ficando cada vez mais diferentes entre si,
uma planta que não produz gametas. Por outro lado, se na
o r i g i n a n d o n ova s e s p é c i e s , o b s e r va m o s q u e , n a fecundação houver a união de dois gametas diploides (2n),
a planta tetraploide (4n) resultante será fértil, ou seja, produzirá
convergência evolutiva ou adaptação convergente, seres
gametas diploides (2n). Veja que, entre a planta tetraploide (4n)
de espécies totalmente diferentes podem evoluir, adquirindo e a planta original diploide (2n), se estabelece um isolamento
adaptações semelhantes para a vida em um mesmo reprodutivo e, dessa forma, estas constituem duas espécies
distintas. A poliploidia pode criar novas espécies muito mais
meio. Assim, acabam surgindo espécies diferentes com
facilmente em plantas do que entre os animais porque as plantas
caracteres comuns, às vezes com acentuadas semelhanças. de várias espécies podem reproduzir-se por autofecundação.

Bernoulli Sistema de Ensino 107


Frente C Módulo 07

GENÉTICA DE POPULAÇÕES Como estamos considerando que a frequência do gene


A = p, e a do gene a = q, podemos dizer que:
Em uma população, se as frequências dos genes e dos
genótipos permanecem constantes ao longo do tempo, A frequência do genótipo AA = F(AA) = frequência do
gene A x frequência do gene A = F(A) x F(A) = p.p,
ou seja, não sofrem alterações com decorrer das gerações,
ou seja, a frequência do genótipo AA = p x p = p2.
então essa população estará em equilíbrio genético e,
portanto, não estará evoluindo do ponto de vista genético.

lli
Em 1908, Godfrey Hardy (matemático inglês) e Wilhelm A frequência do genótipo aa = F(aa) = frequência do
gene a x frequência do gene a = F(a) x F(a), ou seja,
Weinberg (médico alemão), com base em estudos
a frequência do genótipo aa = q x q = q2.
matemáticos relativamente simples, demonstraram o
que ficou conhecido como Lei, Teorema ou Princípio

ou
de Hardy-Weinberg, que pode ser assim enunciado: A frequência do genótipo Aa = 2 x frequência do
em uma população panmítica (seus integrantes se cruzam gene A x frequência do gene a = 2 x F(A) x F(a),
ao acaso, sem preferências sexuais) em que não atuam ou seja, a frequência do genótipo Aa = 2 pq.

fatores evolutivos (mutações, seleção natural, migrações,


etc.), as frequências gênicas e genotípicas permanecem Como nesse exemplo temos apenas três tipos diferentes de
constantes ao longo das gerações. genótipos, a soma das frequências deles em uma população

Para exemplificar o Princípio de Hardy-Weinberg, vamos


considerar um gene A, cuja frequência na população seja
p, e um gene a (alelo do A), de frequência q. De acordo
com o princípio anterior:
rn será igual a 1 (100%). Assim, temos:

F(AA) + F(Aa) + F(aa) = 1, ou seja, p2 + 2pq + q2 = 1


ou (p + q)2 = 1
Be
Para calcular, em uma população, a frequência do genótipo
Frequência de gene A + frequência de gene a = AA, usamos o termo p2; se quisermos calcular a frequência
F (A) + F (a) = 1 (100%), ou seja, p + q = 1 do genótipo Aa, usamos o termo 2pq e, para calcularmos a
frequência do genótipo aa, o termo usado será o q2.

Nessa mesma população, os genótipos formados por esses Veja os exemplos a seguir:
dois genes (A e a) poderão ser AA, Aa e aa. Para surgir um
indivíduo com o genótipo AA, é preciso que o gene A esteja EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
presente nos dois gametas participantes da fecundação;
01. Em uma população, a frequência de indivíduos Rh– é
eu

para surgir indivíduo aa, os dois gametas que se unem na


de 16%. Considerando que essa população esteja em
fecundação precisam ter o gene a; para surgir o genótipo equilíbrio, calcular:
Aa, é preciso que, em um dos gametas, exista o gene A e A) A frequência do gene r (gene para Rh–).
no outro, o gene a. Veja a ilustração a seguir: B) A frequência do gene R (gene para Rh+).
Gameta Gameta C) A frequência de indivíduos com o genótipo RR.
masculino feminino Zigoto
Indivíduo de D) A frequência de indivíduos com o genótipo Rr.
M

A + A = AA
genótipo AA Resolução:
A + a = Aa Indivíduos de
A) Sabendo-se que os indivíduos Rh– têm genótipo rr,
a + A = Aa genótipo Aa
tem-se
Indivíduo de
a + a = aa F(Rh–) = F(rr)= q2 = 0,16 (16%).
genótipo aa
Logo,
Observe que, para surgir o genótipo Aa, existem duas possibilidades: F(r) = ¹F(rr) = ¹q 2 = ¹0,16 = 0,4 (40%).
o gameta masculino tem o gene A, e o feminino o a, ou, então, Assim, a frequência nessa população do gene
o gameta masculino tem o gene a, e o feminino o A. r = 0,4.

108 Coleção Estudo 4V


Evidências da evolução, mecanismos de especiação e genética de populações

B) Como a F(r) = 0,4, e lembrando que p + q = 1, na natureza, uma vez que as populações das diferentes
então temos espécies de seres vivos estão sujeitas à ação de diversos

p+q=1 fatores com capacidade de alterar as frequências gênicas


e, consequentemente, impedir o equilíbrio genético. Entre
p + 0,4 = 1
esses fatores, estão as mutações, a seleção natural, o
p = 1 – 0,4
fluxo gênico, a endogamia e a deriva genética.
p = 0,6.

Assim, a frequência do gene R = frequência de p, Mutações

lli
ou seja, F(R) = 0,6 (60%).
As mutações podem criar novos genes no poll gênico
C) A frequência do genótipo RR = p2. Assim, temos da população, fazendo surgir novas características,
F(RR) = p2 = (0,6)2 = 0,6 . 0,6 = 0,36 (36%). aumentando, assim, a variabilidade genérica das
populações.

ou
D) A frequência de indivíduos com genótipo Rr = 2pq.

BIOLOGIA
Assim, temos

F(Rr) = 2 . 0,6 . 0,4 = 0,48 (48%). Seleção natural


Ao agir em uma população selecionando os indivíduos
02. Em uma população, verificou-se que a frequência de
portadores de genes que determinam características
pessoas insensíveis ao PTC é de 9%. Sabendo-se que
mais vantajosas, em detrimento daqueles que possuem
a sensibilidade ao sabor amargo dessa substância é
condicionada por um gene autossômico dominante I,

frequência esperada nessa população de indivíduos


sensíveis ao PTC, porém heterozigóticos?

Resolução:
rn
e a insensibilidade, pelo seu alelo recessivo , qual a
genótipos para características menos vantajosas, a seleção
natural contribui para diminuir a variabilidade genética
da população.

Fluxo gênico (migrações)


Be
A entrada (imigração) e a saída (emigração) significativas
Se os insensíveis ao PTC são homozigóticos recessivos
2
de indivíduos na população promovem alterações nas
( ), eles representam o termo q no Binômio de Newton.
frequências do pool gênico. Por exemplo: se em uma
Assim,
população formada por indivíduos AA, Aa e aa houve uma
F( )
= q2 = 9% (0,09). emigração de muitos indivíduos de genótipo aa, a frequência
Se q2 = 0,09, então q = ¹0,09, ou seja, q = 0,3 (30%). relativa do gene A, nessa população, se eleva.
Como q = frequência do gene , logo a F( ) = 0,3.

Se a frequência do gene = q = 0,3, então o valor de Endogamia (consanguinidade)


p = frequência do gene I será igual a 1 – 0,3 = 0,7 (70%).
eu

Os cruzamentos consanguíneos tendem a aumentar na


Lembre-se de que p + q = 1 e, portanto, p = 1 – q. população a frequência de genótipos homozigotos para
Considerando que na expressão p2 + 2pq + q2 = 1 os determinadas características.
indivíduos heterozigóticos estão representados por 2pq,
uma vez que conhecemos os valores de p e q, temos
Deriva genética (oscilação genética)
F(I ) = 2pq = 2 . 0,7 . 0,3 = 0,42 (42%).
São fenômenos que ocorrem ao acaso, favorecendo
M

Resposta: A frequência esperada de indivíduos sensíveis determinados genótipos independentemente deles


heterozigóticos (I ) é de 42%. condicionarem características mais vantajosas ou não.
Segundo o Princípio de Hardy-Weinberg, se em uma Exemplos: a ocorrência de um terremoto, uma erupção
população as frequências dos genes que constituem o poll vulcânica, uma queimada em uma região de floresta,
gênico permanecem inalteradas de geração em geração, aleatoriamente, pode eliminar um maior número de
então, essa população estará em equilíbrio genético. Para indivíduos de uma população, independentemente de eles
que isso seja possível, nenhum fator com capacidade terem características mais ou menos vantajosas. A alteração
de alterar as frequências gênicas poderá agir nessa das frequências gênicas é mais expressiva em populações
população. Essa situação, entretanto, dificilmente ocorre pequenas devido à deriva genética.

Bernoulli Sistema de Ensino 109


Frente C Módulo 07

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 04. (UEG-GO–2015) Em uma população hipotética de


estudantes universitários, 36% dos indivíduos são
considerados míopes. Sabendo-se que esse fenótipo
01. (UNIRIO-RJ) Observe e analise a tabela a seguir: é associado a um alelo recessivo “a”, as frequências
genotípicas podem ser calculadas pela fórmula de Hardy-
Tipos de enzimas respiratórias -Weinberg. Nesse contexto, as frequências de AA, Aa e
Organismos
1 2 3 4 aa correspondem a
A x x A) 58%, 24% e 18%.
B x

lli
B) 40%, 24% e 36%.
C x x x x
D x x x C) 34%, 48% e 18%.
x = enzimas presentes no organismo D) 16%, 48% e 36%.

ou
Com base nesses dados, podemos inferir que os dois
organismos mais aparentados do ponto de vista evolutivo são EXERCÍCIOS PROPOSTOS
A) A e B.
01. (UNEB-BA) No estudo da evolução animal, é frequente
B) A e C. o uso dos termos análogos e homólogos. Sobre eles é
C) B e C. CORRETA a seguinte afirmação:

D) B e D. A) São análogas estruturas de mesma função, mas

02.
E) C e D.

(PUC Minas) Os mecanismos de isolamento reprodutivo


que operam antes do acasalamento são chamados de
barreiras reprodutivas pré-zigóticas. Essas barreiras são
importantes, pois evitam que indivíduos de espécies
rn diferente origem.
B) São análogas estruturas de mesma origem, mas
diferente função.
C) São homólogas apenas estruturas de mesma função
e mesma origem.
D) São homólogas estruturas de mesma função, mas
Be
diferentes se cruzem e se reproduzam. diferente origem.

Constituem barreiras reprodutivas pré-zigóticas, EXCETO E) Toda estrutura homóloga é análoga, mas nem toda
estrutura análoga é homóloga.
A) Isolamento espacial – indivíduos de espécies diferentes
podem selecionar lugares no ambiente para viver.
02. (UNIRIO-RJ) O citocromo C é uma proteína respiratória
B) Sincronismo no período fértil – se o período de que se encontra em todos os organismos aeróbios.
acasalamento de duas espécies não se sobrepuser, A molécula dessa proteína existe em todas as espécies
elas estão isoladas reprodutivamente pelo tempo. com a mesma função, sendo constituída por 104
C) Viabilidade reduzida do híbrido – a prole híbrida pode aminoácidos. No  decurso da evolução, as mutações
eu

sobreviver com mais dificuldade do que a prole de mudaram os aminoácidos em certas posições da proteína,

indivíduos de mesma espécie. mas o citocromo C de todas as espécies tem proteína,


incontestavelmente estrutura e função semelhantes,
D) Adaptações anatômicas dos órgãos reprodutivos –
tornando-se, para o evolucionismo, uma evidência de ordem
diferenças no tamanho e forma dos órgãos
A) paleontológica. D) anatômica.
reprodutivos podem evitar a união de gametas de
B) embriológica. E) bioquímica.
espécies diferentes.
C) citológica.
M

03. (UFRJ) Indivíduos de espécies diferentes podem viver


03. (ACAFE-SC–2014) O processo de surgimento de uma
em simpatria, ou seja, viver no mesmo lugar ao mesmo
nova espécie, denominado especiação, se completa com
tempo, conservando-se como espécies diferentes, pois
o surgimento do isolamento reprodutivo, que impede
são isolados reprodutivamente.
a indivíduos de espécies diferentes trocar genes por
Indivíduos de duas subespécies da mesma espécie cruzamento.
apresentam diferenças genéticas características de cada Analise as afirmações a seguir:
subespécie, mas não apresentam isolamento reprodutivo.
I. Isolamento sazonal: os membros de duas espécies
Duas subespécies podem viver em simpatria, mantendo-se não se cruzam porque seus períodos de reprodução
como subespécies diferentes? JUSTIFIQUE sua resposta. não coincidem.

110 Coleção Estudo 4V


Evidências da evolução, mecanismos de especiação e genética de populações

II. Isolamento mecânico: decorre da incompatibilidade Baseado no que foi exposto anteriormente, assinale a
entre os órgãos genitais dos membros de duas alternativa CORRETA que corresponde, respectivamente,
espécies. ao tipo de isolamento reprodutivo.

III. Esterilidade do híbrido: os membros de duas espécies A) Comportamental, esterilidade do híbrido, mecânico,

copulam, mas o híbrido formado é estéril. sazonal.

B) Esterilidade do híbrido, comportamental, mecânico,


Qual(is) da(s) afirmação(ões) anterior(es) contém(êm)
sazonal.
mecanismos pós-zigóticos de isolamento reprodutivo?
C) Esterilidade do híbrido, mecânico, sazonal,
A) I e III.

lli
comportamental.
B) I e II.
D) Mecânico, esterilidade do híbrido, sazonal ,
C) Nenhuma delas. comportamental.

D) III. E) Sazonal, comportamental, mecânico, esterilidade do

ou
BIOLOGIA
híbrido.
04. (UFJF-MG–2013) Considere as afirmativas a seguir
relacionadas aos processos de especiação. 06. (PUC-SP) As semelhanças encontradas entre dois animais
aquáticos como o golfinho e o tubarão indicam evolução
I. A especiação simpátrica considera que duas espécies
possam surgir sem que haja qualquer processo de A) convergente, pois esses animais são filogeneticamente

separação geográfica, em consequência de alterações distantes e apresentam adaptações semelhantes.

cromossômicas numéricas ocorridas durante as B) divergente, pois esses animais apresentam homologias
divisões celulares.

II. A especiação alopátrica considera que o primeiro


passo para a formação de duas novas espécies é
a separação geográfica entre populações de uma
espécie ancestral.
rn indicadoras de parentesco.

C) convergente, pois esses animais apresentam


homologias indicadoras de parentesco.

D) divergente, pois esses animais apresentam analogias


indicadoras de parentesco.
Be
III. A especiação simpátrica poderia ser ocasionada E) convergente, pois esses animais são filogeneticamente

pelo isolamento geográfico de populações em áreas próximos e apresentam adaptações semelhantes.

marginais à de uma população original.


07. (UFRGS-RS–2015) Quando são realizadas comparações
IV. A especiação alopátrica poderia ser ocasionada pela
entre espécies, constata-se que muitas características
migração significativa de uma população para outra
são compartilhadas. Considere as afirmações a seguir,
região seguida da perda de contato com a população
sobre os processos evolutivos relacionados a esse fato.
original.
I. Características homólogas são aquelas compartilhadas
Assinale a alternativa que contenha todas as afirmativas por diferentes espécies, herdadas de um ancestral
eu

CORRETAS. comum.
A) II e III. D) I, III e IV. II. As estruturas ósseas das asas de morcegos e aves
B) III e IV. E) II, III e IV. são derivadas de um ancestral comum de quatro
C) I, II e IV. membros.

III. A evolução convergente refere-se a características


05. (UFU-MG) O isolamento reprodutivo é uma das etapas similares que evoluíram, de forma independente,
para a formação de novas espécies. As afirmativas a
M

em diferentes espécies sujeitas a pressões seletivas


seguir se referem a alguns tipos desses isolamentos.
semelhantes.
I. Cruzamento entre égua e jumento, originando a mula.
Qual(is) está(ão) CORRETA(S)?
II. Diferenças no ritual de corte na época do acasalamento.
A) Apenas II.
III. Os membros de duas populações não se cruzam
B) Apenas III.
devido à diferença de tamanho ou forma dos
respectivos órgãos reprodutores. C) Apenas I e II.

IV. Populações A e B apresentam atividades sexuais em D) Apenas I e III.

diferentes épocas do ano. E) I, II e III.

Bernoulli Sistema de Ensino 111


Frente C Módulo 07

08. (FGV–2014) Uma determinada característica genética A) A grande atividade vulcânica, ocorrida há milhões de
de um grupo de animais invertebrados é condicionada anos, eliminou essas aves do Hemisfério Norte.
por apenas um par de alelos autossômicos. Estudos de
B) Na origem da vida, essas aves eram capazes de voar,
genética de populações, nestes animais, mostraram que
a frequência do alelo recessivo é três vezes maior que o que permitiu que atravessassem as águas oceânicas,

a frequência do alelo dominante, para a característica ocupando vários continentes.


analisada em questão.
C) O ser humano, em seus deslocamentos, transportou
A quantidade esperada de animais com genótipo
essas aves, assim que elas surgiram na Terra,

lli
heterozigoto, em uma população com 4 800 indivíduos,
distribuindo-as pelos diferentes continentes.
em equilíbrio gênico, será igual a
A) 900. D) O afastamento das massas continentais, formadas
B) 1 200. pela ruptura de um continente único, dispersou essas

ou
C) 1 800. aves que habitavam ambientes adjacentes.
D) 2 400.
E) A existência de períodos glaciais muito rigorosos,
E) 3 600.
no Hemisfério Norte, provocou um gradativo
deslocamento dessas aves para o Sul, mais quente.
SEÇÃO ENEM
GABARITO
01. (Enem–2016) Apesar da grande diversidade biológica,

origem comum é aceita pela comunidade científica.


Uma evidência que apoia essa hipótese é a observação
de processos biológicos comuns a todos os seres vivos
atualmente existentes.
rn
a hipótese de que a vida na Terra tenha tido uma única
Fixação
01. E
Be
02. C
Um exemplo de tal processo é o(a)
03. Não. Em simpatria, sem isolamento reprodutivo,
A) desenvolvimento embrionário.
ocorreria um fluxo gênico que eliminaria as diferenças
B) reprodução sexuada.
genéticas existentes entre essas subespécies.
C) respiração aeróbica.
D) excreção urinária. 04. D

E) síntese proteica.
Propostos
02. (Enem–2000)
eu

01. A

02. E

03. D

04. C
Avestruz
05. B
Ema Emu
M

06. A

07. E
No mapa, é apresentada a distribuição geográfica de
08. C
aves de grande porte e que não voam. Há evidências
mostrando que essas aves, que podem ser originárias
de um mesmo ancestral, sejam, portanto, parentes. Seção Enem
Considerando que, de fato, tal parentesco ocorra, uma
01. E
explicação possível para a separação geográfica dessas
aves, como mostrada no mapa, poderia ser: 02. D

112 Coleção Estudo 4V


FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA C 08
Evolução dos vertebrados
e evolução do ser humano

lli
EVOLUÇÃO DOS VERTEBRADOS A mandíbula móvel permitiu que se tornassem eficientes
predadores, e as nadadeiras pares lhes deram maior
habilidade de movimentação no meio. Eram bem maiores

ou
Os vertebrados são todos os animais com crânio, encéfalo
do que os ostracodermos, sendo que alguns chegaram a
e coluna vertebral.
medir até 10 metros de comprimento.

Os primeiros vertebrados Ostracodermo


Ostracodermo
Baseando-se em evidências anatômicas, embriológicas,
bioquímicas e, especialmente, paleontológicas (fósseis),
acredita-se que o surgimento dos vertebrados ocorreu de
acordo com a seguinte sequência evolutiva:

Peixes Anfíbios Répteis

Acredita-se que, a partir de cordados invertebrados,


tenham evoluído os primeiros vertebrados: os ostracodermos.
Aves
rn
Mamíferos Ostracodermo
Placodermo
Be
Os ostracodermos surgiram há cerca de 500 milhões de
anos (período Ordoviciano da Era Paleozoica). Eram animais

Arquivo Bernoulli
pequenos (33 cm no máximo), agnatos (sem mandíbula),
de corpo achatado, recoberto por uma armadura de placas
ósseas, e que não possuíam nadadeiras peitorais e pélvicas
aos pares. Provavelmente, viviam no fundo dos mares, Três peixes ostracodermos, providos de armadura externa e
alimentando-se do lodo por filtração. sem mandíbulas. Seu tamanho era de 30 cm de comprimento.
Um peixe placodermo, dotado de poderosas mandíbulas.
Seus representantes chegavam a medir 10 m de comprimento.
Arquivo Bernoulli

Acredita-se que, há cerca de 430 milhões de anos,


os placodermos tenham dado origem aos condrictes (peixes
eu

cartilaginosos) e osteíctes (peixes ósseos).

Condrictes (peixes cartilaginosos)


Placodermos
Osteíctes (peixes ósseos)
Ostracodermos – Os ostracodermos também ficaram conhecidos
por “peixes couraçados”, porque tinham uma armadura cobrindo
Há cerca de 400 milhões de anos (período Devoniano
a cabeça e partes do corpo.
da Era Paleozoica), os osteíctes se diversificaram em dois
M

A maioria dos ostracodermos se extinguiu, mas uma de grandes grupos: actinopterígeos e sarcopterígios.
suas linhagens evoluiu para os ciclóstomos atuais (lampreias Os actinopterígeos tinham nadadeiras radiais (radiadas),
e feiticeiras) e uma outra deu origem aos placodermos. dotadas de raios cartilaginosos de reforço. Deram origem à
maioria dos peixes ósseos atuais.
Ciclóstomos atuais
Ostracodermos
Placodermos Os sarcopterígios apresentavam nadadeiras lobadas, carnosas
e dotadas de estrutura óssea de sustentação. Provavelmente,
Os placodermos surgiram há cerca de 440 milhões de anos essas nadadeiras podiam sustentar o peso do corpo e, assim,
(período Ordoviciano da Era Paleozoica) e apresentavam permitir que esses peixes pudessem “caminhar” ou “rastejar”
duas importantes aquisições evolutivas em relação a seus no solo do fundo dos rios e lagos, como também fazer pequenas
ancestrais: mandíbula (gnatostomado) e nadadeiras pares. incursões nas margens à procura de alimento.

Bernoulli Sistema de Ensino 113


Frente C Módulo 08

Os sarcopterígios, assim como fazem alguns peixes ósseos Sarcopterígio


atuais descendentes dos actinopterígios, também podiam fazer
respiração aérea (retirar o oxigênio do ar), utilizando-se da
bexiga natatória, importante órgão de equilíbrio hidrostático,
mas que, em certas espécies, também funciona como “pulmão”

Arquivo Bernoulli
rudimentar. Quando a água que os rodeia se torna estagnada Nadadeira lobada
e imprópria para a respiração através das brânquias, esses
peixes elevam-se à superfície e engolem o ar. Labirintodonte

lli
Arquivo Bernoulli
MCALESTER, A. Lee. História geológica da vida.
São Paulo: Edgar Blucher, 1969 (Adaptação).

ou
Celacanto – Os sarcopterígios foram considerados extintos até Comparação entre a estrutura óssea de um peixe sarcopterígio
1939, quando, então, um exemplar vivo desse grupo de peixes, do período Devoniano (embaixo) e de um anfíbio, possivelmente
o celacanto, foi capturado por pescadores no sudoeste da África. seu descendente (em cima).
Posteriormente, outros exemplares foram obtidos.
Outra modificação importante foi o desenvolvimento dos
Anfíbios pulmões. Na fase de larva, os anfíbios, assim como os seus
Dos sarcopterígios, provavelmente, partiu a linha evolutiva ancestrais (os peixes) vivem no meio aquoso respirando
que deu origem aos labirintodontes, nome dado aos através de brânquias. Com a metamorfose, as brânquias
primeiros anfíbios, que surgiram por volta de 350 milhões
de anos atrás (período Devoniano da Era Paleozoica).
rn
desaparecem na grande maioria das espécies e surgem os
pulmões, que, embora rudimentares, permitem a realização
de uma respiração aérea. Assim, a maioria dos anfíbios
adultos possui pulmões em substituição às brânquias.
Arquivo Bernoulli

Como os pulmões dos anfíbios são muito rudimentares,


com uma pequena superfície de trocas gasosas, a adaptação
Be
Anfíbio labirintodonte – Os anfíbios labirintodontes tinham o ao ambiente terrestre também contou com modificações
corpo longo (aproximadamente 70 cm) e sua aparência era no sistema circulatório que permitiram a realização da
“semelhante à de um lagarto”. respiração pela pele (respiração cutânea). A respiração
A passagem evolutiva dos peixes para anfíbios envolveu cutânea se tornou possível devido ao fato de a pele do animal
algumas modificações que permitiram adaptar a vida ser lisa – desprovida de escamas – ricamente vascularizada
dos vertebrados ao ambiente terrestre. Uma delas foi o e estar constantemente umedecida e coberta por muco
surgimento das patas em substituição às nadadeiras. As patas produzido por glândulas mucosas.
dos anfíbios provavelmente surgiram a partir de modificações
ocorridas nas nadadeiras lobadas dos sarcopterígios. Embora sejam considerados os primeiros vertebrados
terrestres, os anfíbios não conseguiram a conquista definitiva
Clavícula
Escápula desse novo ambiente, uma vez que continuaram a depender
eu

do meio aquoso para a reprodução (fecundação externa) e


para o desenvolvimento embrionário.
Escápula Clavícula
H
H
U
U
R Répteis
R
5 Dos primitivos anfíbios labirintodontes, partiram linhas
Arquivo Bernoulli

evolutivas que deram origem aos anfíbios atuais e uma linha


4
M

12 evolutiva que deu origem aos cotilossauros, os primeiros répteis.


3
45
3
12
STORER, Tracy Irwin; USINGER, Robert L.
General Zoology. Bombay: McGraw-Hill (Adaptação).
Arquivo Bernoulli

Comparação entre a estrutura óssea da nadadeira de um


peixe sarcopterígio (à esquerda) e a pata de um anfíbio da
Era Paleozoica (à direita). Note a homologia entre os ossos:
H – úmero, R – rádio, U – ulna. As patas dos anfíbios e dos Cotilossauros (primeiros répteis) – Os cotilossauros foram os
demais vertebrados surgiram a partir das nadadeiras lobadas primeiros répteis e surgiram há cerca de 270 milhões de anos
dos sarcopterígios. (fim do período Carbonífero da Era Paleozoica).

114 Coleção Estudo 4V


Evolução dos vertebrados e evolução do ser humano

Os répteis foram os vertebrados que conquistaram Pterossauros


definitivamente o ambiente terrestre, uma vez que se Quelônios
Crocodilianos
libertaram da dependência do meio aquoso para a reprodução Ictiossauros Esquamata
e o desenvolvimento embrionário. Isso só foi possível devido Tecodontes
a algumas novas características que neles surgiram e que se Cotilossauros
constituem em importantes aquisições evolutivas em relação Dinossauros Aves
aos anfíbios. Uma delas foi o maior desenvolvimento dos
pulmões, o que possibilitou uma eficiente troca de gases Terapsidas Mamíferos
com a atmosfera. Entretanto, a grande aquisição evolutiva
dos répteis foi o ovo terrestre, capaz de se desenvolver fora Provável sequência evolutiva dos répteis a partir dos cotilossauros.

lli
da água, com uma casca relativamente impermeável que o
Dos répteis mais primitivos, partiram diversas linhas
protege contra o ressecamento. Além disso, o ovo dos répteis
evolutivas que deram origem a diferentes espécies.
é do tipo megalécito, ou seja, possui uma grande quantidade
Essas linhas evolutivas deram origem aos quelônios
de vitelo (gema) capaz de nutrir o embrião durante todo o
(tartarugas), aos ictiossauros (répteis aquáticos, hoje extintos),

ou
seu desenvolvimento.

BIOLOGIA
aos tecodontes e aos terapsidas. Os répteis terapsidas
Nos répteis, além do saco vitelínico muito desenvolvido, deram origem aos mamíferos, já os tecodontes deram
surgiram outros anexos embrionários que muito contribuíram origem aos pterossauros (répteis voadores, já extintos),
para o desenvolvimento do embrião dentro do ovo terrestre. aos crocodilianos, aos escamados (cobras, lagartos) e aos
É no desenvolvimento dos répteis que aparecem, pela dinossauros (extintos). Acredita-se que as aves sejam
primeira vez nos vertebrados, o cório, o âmnio (bolsa descendentes de um grupo de dinossauros bípedes.
amniótica) e o alantoide.
Um dos mais intrigantes fenômenos ocorridos com os

Alantoide
O2 CO2
Embrião
rn
Casca do ovo

Âmnio
répteis foi a extinção dos dinossauros e de outros grandes
répteis, ocorrida há cerca de 65 milhões de anos (período
Cretáceo da Era Mesozoica). Esses animais se extinguiram
em tempo relativamente curto, depois de dominar a Terra
por mais de uma centena de milhões de anos.

Várias hipóteses já foram propostas para explicar o


Be
desaparecimento dos dinossauros. Uma delas admite que
a causa da extinção teriam sido as bruscas mudanças nas
Câmara
de ar Albumina condições climáticas da Terra em consequência da queda de
um grande meteoro. O impacto dessa queda teria levantado
Cório Saco vitelino muita poeira, que ficou em suspensão por muito tempo na
atmosfera, escurecendo e esfriando o planeta. Outra hipótese
Ovo terrestre dos vertebrados. considera que a extinção se deu porque esses répteis eram
volumosos, pesados, exigiam grandes quantidades de
O cório é uma membrana que envolve e protege o embrião
alimentos, reproduziam-se pouco e, especialmente, seus ovos
e os demais anexos embrionários. O âmnio é uma bolsa cheia
passaram a ser predados e destruídos por animais carnívoros
de líquido (líquido amniótico) que protege o embrião contra a
menores e mais ágeis. Existem suposições que admitem a
eu

dessecação e também confere certa proteção contra choques


extinção em consequência de algum tipo de epidemia que teria
mecânicos. O alantoide é uma bolsa onde são armazenadas
acometido esses répteis. Enfim, existem diferentes hipóteses,
as excretas nitrogenadas do embrião e, como os répteis
mas nenhuma delas consegue explicar por completo a extinção
são animais uricotélicos, eles têm como principal excreta
dos dinossauros. Muitos autores, hoje em dia, preferem
nitrogenada o ácido úrico. O fato de serem uricotélicos (e
admitir que essa extinção ocorreu devido à associação das
não amoniotélicos ou ureotélicos) também muito contribuiu
várias causas apontadas nas diferentes hipóteses.
para a oviparidade, ou seja, para o desenvolvimento
do embrião dentro de um ovo terrestre com casca. Mamíferos
M

O alantoide também permite a troca de gases respiratórios (CO2


Os primeiros mamíferos surgiram há cerca de 200 milhões
e O2) entre o meio interno do ovo e o meio exterior, exercendo,
de anos (período Triássico da Era Mesozoica) a partir dos
assim, um importante papel na respiração do embrião. répteis terapsidas.
A fecundação interna e o ovo terrestre tornaram a
reprodução e o desenvolvimento embrionário independente
Arquivo Bernoulli

do meio aquoso. A adaptação ao ambiente terrestre foi um


sucesso tão grande que os répteis dominaram, por muito
tempo, nosso planeta. O número de espécies diferentes era
tão abundante na Era Mesozoica (220 a 70 milhões de anos) Terapsídeo – Réptil semelhante a um mamífero, sendo o provável
que ela ficou conhecida como a “Era dos Répteis”. ancestral deste. Comprimento: 1,60 m.

Bernoulli Sistema de Ensino 115


Frente C Módulo 08

Os mamíferos mais primitivos eram animais de pequeno O esquema a seguir representa resumidamente a
porte (tamanho aproximado de um camundongo atual), filogênese (sequência evolutiva) dos vertebrados.
insetívoros (alimentavam-se de insetos) e possuíam dentição
diferenciada (heterodontes). Provavelmente, eram animais Recente

Placodermes

Peixes ósseos
Peixes sem mandíbulas

Aves

Mamíferos
Peixes cartilaginosos
arborícolas (viviam sobre árvores) e tinham hábitos noturnos, Terciário
isto é, procuravam alimento apenas à noite, período em que Cretáceo

Répteis
Jurássico
os répteis carnívoros estavam dormindo ou inativos. Triássico

Anfíbios
Permiano
Uma das aquisições evolutivas mais importantes dos Pensilvaniano

Arquivo Bernoulli
mamíferos em relação aos répteis foi a homeotermia Mississipiano
(capacidade de manter a temperatura corporal constante, Devoniano

lli
Siluriano
independentemente das variações da temperatura ambiente). Ordoviciano
A homeotermia permitiu que os mamíferos se adaptassem
e conquistassem ambientes com diferentes condições de Linhas gerais da história evolutiva dos vertebrados (baseadas
temperatura. A viviparidade (desenvolvimento embrionário
no número de gêneros conhecidos) – Para cada classe de
totalmente no meio interno), que é uma característica da

ou
vertebrados, a largura das faixas é proporcional à sua variedade
maioria das espécies de mamíferos, e o cuidado com a prole,
conhecida em cada um dos períodos geológicos no qual essa
amamentando e protegendo os filhotes durante um certo
período de tempo, também muito contribuíram para aumentar classe existiu.
a sobrevida dos indivíduos e as chances de sobrevivência
das espécies.
EVOLUÇÃO DO HOMEM
Os mamíferos não tiveram um sucesso evolutivo imediato,
permanecendo como uma categoria pouco significante Com base principalmente na Paleontologia (estudo de
durante todo o período em que os répteis se irradiaram. fósseis), na comparação bioquímica entre diferentes espécies
Somente depois da extinção dos grandes répteis, notadamente
dos dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos,
os mamíferos sofreram uma grande diversificação e
expansão, passando a habitar todos os ambientes do planeta.

Aves
rn
de seres vivos, na anatomia e na embriologia comparadas,
acredita-se que o homem, assim como todas as demais
espécies de seres vivos, tenha surgido por meio do processo
evolutivo. Embora muitos aspectos evolutivos do homem
sejam bem conhecidos pela Ciência atual, alguns são ainda
desconhecidos. Algumas interrogações ainda existem quando
Be
traçamos a linha evolutiva que culminou com o aparecimento
As primeiras aves surgiram há cerca de 150 milhões de
dos primeiros seres humanos.
anos (período Jurássico da Era Mesozoica).

O fóssil mais antigo de um vertebrado já apresentando Para melhor compreendermos a evolução do homem,
algumas características de ave é o Archaeopteryx. vamos recordar quais são as categorias taxonômicas básicas
de nossa espécie.

Reino Animallia ou Metazoário (Metazoários)

Filo Chordata (Cordados)


Arquivo Bernoulli

Classe Mammalia (Mamíferos)


eu

Ordem Primates (Primatas)


Archaeopteryx – Esse animal tinha dentes, seu corpo era coberto Família Hominidae (Hominídeos)
por penas, media cerca de 70 cm de comprimento e possuía
dedos com garras nas asas e uma longa cauda. Acredita-se que Gênero Homo
o Archaeopteryx (hoje extinto) seja, na realidade, a transição
entre os répteis e as aves atuais. Espécie Homo sapiens

Algumas características dos répteis se conservaram


Os primeiros mamíferos surgiram há cerca de 200 milhões
M

nas aves, como a presença de escamas epidérmicas que


de anos. Deles, por irradiação adaptativa, partiram diversas
recobrem as patas, o ovo terrestre semelhante ao dos
linhas evolutivas que deram origem a diversos grupos de
répteis e os anexos embrionários, que são os mesmos
mamíferos, adaptados a diferentes condições ambientais.
encontrados no desenvolvimento embrionário dos répteis.
Há cerca de 60 milhões de anos (período Paleoceno da
Por outro lado, na passagem evolutiva dos répteis para
Era Cenozoica), uma dessas linhas evolutivas deu origem
aves, algumas aquisições importantes foram feitas. Entre
aos primeiros mamíferos primatas.
elas, destacamos a homeotermia e os cuidados com a prole
(proteção e alimentação dos filhotes durante certo tempo Devido a algumas características importantes, os primatas
de suas vidas). Assim como aconteceu com os mamíferos, puderam explorar melhor o ambiente à procura de alimento
as aves, por serem animais homeotérmicos, se adaptaram e escapar com eficiência do ataque dos predadores.
a ambientes com diferentes condições de temperatura. Entre elas, destacamos:

116 Coleção Estudo 4V


Evolução dos vertebrados e evolução do ser humano

• Cintura escapular, que permite ampla rotação e Os macacos do Velho Mundo vivem em regiões tropicais da
liberdade dos movimentos dos ombros e dos braços, Ásia e da África. Algumas espécies são arborícolas e outras
tornando os membros superiores extremamente ágeis. caminham no solo. Não têm cauda preênsil, sendo que alguns
• Mão com dedo polegar oponível (capaz de se opor nem mesmo cauda têm. Macaco Rhesus, mandril e babuínos
aos demais dedos em um ângulo de 90º), permitindo são alguns representantes desse grupo.
agarrar objetos com mais facilidade, força e precisão. Os hominoideos englobam o homem e os chamados macacos
• Olhos na posição frontal com aperfeiçoamento da antropomorfos (gibão, orangotango, gorila e chimpanzé).
visão estereoscópica (de profundidade), permitindo
Evolução dos primatas
ao cérebro calcular a que distância está o objeto.
Essa visão em três dimensões foi de fundamental Macacos do Antropoides

lli
importância para a vida arborícola, na qual um salto Novo Mundo Macacos do Hominoides
Velho Mundo
mal calculado poderia ser fatal. Além disso, a maioria

Milhões
das espécies tem, na retina, células denominadas
cones, que possibilitam a visão das cores. A eficiência
0
da visão dos primatas é muito maior quando Prossímios Gibão Orangotango Gorila Chimpanzé Homem

ou
comparada com a dos demais mamíferos. 10 atuais

BIOLOGIA
• Presença de vários tipos de dentes, úteis ao 20
consumo de vários tipos de alimentos. 30

• Vida familiar: entre os mamíferos, os primatas são 40


os que mais se dedicam aos cuidados com a prole. 50
A maioria dos primatas tem um único filhote e cuida
60
dele durante longo tempo. Prossímios primitivos
Atualmente, a ordem dos primatas está subdividida em três

de macaco”), a dos tarsiformes e a dos antropoides (antropo,


homem, e oide, parecido, semelhante).
Os prossímios, também chamados de primatas inferiores,
são muito bem adaptados à vida arborícola. Foram os
primeiros primatas, que surgiram há cerca de 60 milhões
de anos. A maioria das espécies se extinguiu e, atualmente,
rn
subordens: a dos prossímios (palavra que significa “precursor Dentro da subordem Anthropoidea, o homem pertence à
família Hominidae.
Nos hominoides, distinguimos duas famílias: pongidae
e hominidae. Os pongídeos, também chamados de
macacos antropomorfos (semelhantes ao homem), estão
representados pelo orangotango, gorila e chimpanzé.
Os hominídeos estão representados atualmente por uma
Be
estão representados pelos lêmures. Os tarsiformes estão única espécie: o Homo sapiens.
representados pelos társios.

Os hominídeos
Os representantes do gênero Australopithecus (“macacos
do sul”), hoje extinto, estão entre os primeiros hominídeos
conhecidos. Surgiram na África há cerca de 4,5 milhões de
anos. Mediam cerca de 1,20 m de altura, tinham maxilares
proeminentes (face prognata) e postura bípede e ereta.
A anatomia de seus braços era similar à dos chimpanzés e
Plerzelwupp / Creative Commons
Roland zh / Creative Commons

gorilas, o que favorece a ideia de que ainda eram capazes de


escalar árvores de forma eficiente, apesar de serem bípedes.
eu

A capacidade craniana era em torno de 380 a 450 cm3


(cerca de três vezes menor do que a do homem atual).
Não fabricavam instrumentos e viviam no campo aberto
(savanas africanas).
Lêmure e társio – Os lêmures vivem na África, na ilha de
Madagascar e na Ásia tropical, e os társios são encontrados nas O registro fóssil mostra que existiram diferentes espécies
índias Orientais e nas Filipinas. do gênero Australopithecus: A. ramidus, A. afarensis,
A. africanus, A. robustus, A. boisei.
Os antropoides, também chamados de primatas superiores,
M

O esqueleto fóssil mais completo de um australopiteco ou


surgiram há cerca de 40 milhões de anos a partir de um grupo
australopitecídeo, de aproximadamente 3,5 milhões de anos,
de prossímios. Possuem encéfalo maior, visão e córtex cerebral
foi descoberto na Etiópia em 1974. Trata-se do esqueleto de
mais desenvolvidos do que os dos prossímios. Englobam os
uma jovem mulher, pertencente à espécie Australopithecus
chamados macacos do Novo Mundo, os macacos do Velho Mundo afarensis, que ficou conhecida como “Lucy”, porque,
e os hominoides. no momento da descoberta, o pesquisador estava ouvindo a
Os macacos do Novo Mundo vivem nas florestas tropicais música dos Beatles, “Lucy in the sky with diamonds”.
da América Central e da América do Sul. Possuem membros Dos australopitecos, partiu a linha evolutiva que deu
anteriores e posteriores alongados, o que facilita os origem aos representantes mais primitivos do gênero Homo,
movimentos nas árvores. Muitas espécies têm cauda preênsil que, inclusive, foram contemporâneos de algumas espécies
(adaptada a agarrar, segurar). Saguis, micos, macaco-aranha de australopitecos. Conviveram juntos, talvez, por meio
e monocarvoeiros estão entre os representantes mais conhecidos. milhão de anos.

Bernoulli Sistema de Ensino 117


Frente C Módulo 08

Duas grandes mudanças acompanharam a evolução do porque os primeiros fósseis desse grupo foram encontrados
Homo a partir dos australopitecos: o aumento no tamanho na região de Neander, na Alemanha. Acredita-se que o
do corpo e o aumento do volume craniano. H. neanderthalensis tenha evoluído a partir do H. heidelbergensis.
Os neandertalenses viveram até cerca de 30 mil anos atrás.
Sua maior concentração se deu na Europa, apesar de fósseis
também terem sido encontrados em áreas da Ásia. Seus fósseis
A B mostram que eram baixos e robustos, com capacidade craniana
um pouco maior que a do homem moderno. Usavam ferramentas
e armas elaboradas, indicando que deveriam ser bons caçadores.
Provavelmente, já possuíam algum tipo de comunicação verbal,

lli
uma vez que sua laringe era semelhante à do homem atual.

Arquivo Bernoulli
Já possuíam certo grau de cultura. Enterravam seus mortos
C D com flores, roupas e utensílios supostamente pertencentes ao
morto. São também conhecidos como os homens das cavernas.
Volume do crânio de diferentes hominídeos – Perceba um A espécie enfrentou períodos de mudanças nas condições

ou
aumento relativo do crânio em relação à diminuição do tamanho
climáticas do planeta (período de glaciação).
da face e do maxilar inferior. A. Australopithecus africanus –
Possuíam uma capacidade craniana de 380 a 450 cm3, muito
similar à de chimpanzés e gorilas atuais. B. Homo erectus – OBSERVAÇÃO
Tinham maxilares menos proeminentes do que o H. habilis. Durante muito tempo, o H. neanderthalensis foi considerado
Suas pregas supraorbiculares ou arcos supraciliares (protuberância uma subespécie da espécie Homo sapiens, sendo denominado
óssea em torno das órbitas oculares) eram muito grandes e
cientificamente como Homo sapiens neanderthalensis. Entretanto,
sua capacidade craniana era de cerca de 850 a 1 000 cm3.
estudos mais recentes, baseados em análise de DNA mitocondrial,
C. Homo neanderthalensis – Tinham pregas supraorbiculares
proeminentes e maxilares salientes. Sua capacidade craniana
era em torno de 1 450 cm 3. D. Homem de Cro-Magnon
(Homo sapiens) – Crânio arredondado, testa ampla com volume
craniano aproximadamente de 1 350 cm3.

Os primeiros integrantes da linhagem Homo surgiram na


África, há cerca de 2 milhões de anos, e a espécie recebeu
rn
recuperado a partir do osso de um neandertal, mostraram
significativas diferenças em relação ao DNA de seres humanos
modernos e sugerem que os neandertalenses constituíram
uma espécie separada do H. sapiens. Assim, há uma tendência
entre os autores mais modernos de considerar o Homem de
Neandertal e o homem moderno como espécies distintas.
Nesse caso, então, os humanos modernos não seriam
Be
o nome de Homo habilis devido à sua habilidade de fabricar mais Homo sapiens sapiens (uma subespécie), mas sim
ferramentas rudimentares (de pedra lascada, quebradas de Homo sapiens, uma espécie separada. Alguns cientistas,
modo a ficar com uma borda afiada). Tais ferramentas foram entretanto, ainda têm dúvidas. Para eles, a análise
encontradas junto a seus fósseis. Provavelmente, essas de um pequeno pedaço de um DNA de neandertal não
ferramentas eram usadas para raspar e cortar alimentos. pode ser uma prova definitiva de que ele pertencesse a
Tudo indica que, ao contrário dos australopitecos de outra espécie.
hábitos vegetarianos, os H. habilis também incluíram a
carne em sua alimentação. Possuíam um volume craniano
maior do que o dos australopitecos. Viveram na África por
mais de 500 mil anos.
Há 1,8 milhão de anos, surgiu o Homo erectus, provavelmente
eu

descendente do H. habilis. Tudo indica que foi o primeiro


Homo a migrar e a ocupar diferentes continentes, uma
vez que seus fósseis foram encontrados na África Oriental,
na China (“Homem de Pequim”) e em Java (“Homem de
Java”). Eram mais altos do que o H. habilis. Fabricavam
ferramentas mais elaboradas, dotadas de cabos (machados
de mãos) e com grande variedade de formatos. Vestiam-se
com peles de animais, moravam em cavernas e já tinham o
M

domínio do fogo (construíam fogueiras).


Alguns autores acreditam que, à medida que se expandia
e aumentava em número, o H. erectus deve ter exterminado
o H. habilis. A B
Por volta de 500 mil anos atrás, surge, na Europa, uma
nova espécie: o Homo heidelbergensis, descendente do
CLARK, N. Le Gros. History of the Primates.
H. erectus. Os poucos achados fósseis dessa espécie sugerem
Trustees of the British Museum (Adaptação).
que foi uma espécie grande e robusta.
Há cerca de 150 mil anos, surge o Homo neanderthalensis Reconstrução dos esqueletos de um homem neandertal (A)
(“Homem de Neandertal”). Recebeu essa denominação e de um homem moderno (B).

118 Coleção Estudo 4V


Evolução dos vertebrados e evolução do ser humano

Na história evolutiva do homem, o Homo sapiens


moderno, espécie à qual pertencem os homens atuais,
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
entrou em cena há, aproximadamente, 100 mil anos.
01. (UFRR) A saída da água em busca de alimentos levou os
Acredita-se que tenha evoluído do Homo sapiens arcaico.
animais à conquista da terra firme. Mas a independência
Seus fósseis mais antigos foram encontrados na localidade
da água para a reprodução foi crucial para a conquista
de Cro-Magnon, na França, vindo daí o fato de os primeiros
definitiva. Considere o cladograma sobre a provável origem
representantes desse grupo serem conhecidos por homens
evolutiva dos cordados atuais e indique o grupo referente
de Cro-Magnon. Aparecem primeiro na África do Sul e no
aos números de 1 a 5 na sequência CORRETA.
Oriente Médio. Fabricavam ferramentas mais sofisticadas.

lli
Além de pedras, utilizavam, também, ossos e marfim
1 2 3 4 5
para confeccionar pontas de lanças, arpões e anzóis para
a pesca. Além disso, são responsáveis por uma série de
trabalhos artísticos, como esculturas em marfim e pinturas
Pelos
nas paredes das cavernas, retratando animais, a caça

ou
BIOLOGIA
e figuras humanas. Muitas dessas pinturas foram feitas
com pigmentos minerais misturados à gordura animal.
Já foram encontradas pinturas que datam de 28 000 a Âmnio,
10 000 anos atrás. córion e
alantóide
Durante certo tempo, o Homo sapiens moderno conviveu
com o Homo neanderthalensis. Entretanto, há 30 000 anos,
os neandertalenses desapareceram. Tal desaparecimento
ainda é cercado de mistérios. Alguns acreditam que se
extinguiram devido a guerras e competições com grupos

neandertalenses foi um fenômeno complexo e, assim, não


pode ser atribuída a uma única causa, do tipo “humanos
modernos os mataram”. Outros fatores, como mudanças
rn
de H. sapiens. Para outros especialistas, a extinção dos
A) Aves, mamíferos, anfíbios, peixes e répteis.
B) Peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
C) Peixes, répteis, anfíbios, aves e mamíferos.
D) Repteis peixes, anfíbios, mamíferos e aves.
Be
climáticas, podem ter contribuído para sua extinção. E) Mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes.

Há cerca de 50 000 anos, o homem moderno já tinha


02. (CMMG–2013)
colonizado a Europa, a Ásia, a África e até a Austrália.
Por volta de 15 000 a 40 000 anos atrás, grupos de humanos
vindos da Ásia atravessaram o Estreito de Bering e chegaram
ao continente americano.

Habitando diferentes regiões do planeta e sendo submetidas


a diferentes pressões de seleção, as populações humanas
se diversificaram geneticamente e morfologicamente, dando
eu

origem às diferentes raças geográficas (branca, negra, (A) (B)


amarela).
Disposição dos ossos na nadadeira lobada (A) e na nadadeira
Aproximadamente há 10 000 anos, o homem deixou radiada (B).
de ser apenas caçador. Desenvolveu a agricultura e
Mc ALESTER, A. Lee. História Cronológica da Vida.
passou a domesticar animais. O aumento da densidade
São Paulo: Edgard Blucher Ltda, 1976. p. 96.
populacional fez surgir as primeiras aldeias, as primeiras
cidades e, consequentemente, as primeiras civilizações Nas nadadeiras lobadas, os músculos se estendem
M

com o desenvolvimento de diversas culturas. A partir disso, pelo seu interior, o que permite maior controle e maior
o homem começou a modificar o meio em que vive e a flexibilidade, sendo essas estruturas importantes porque
influenciar o futuro de sua e de outras espécies.
A) permitiram a irradiação adaptativa dos peixes atuais.
A evolução não para. O homem continua evoluindo. Tem
B) constituem um critério para a classificação dos
passado por mudanças culturais importantes, adquirido
condrictes e osteíctes.
novos conhecimentos científicos e desenvolvido novas
tecnologias. Entretanto, esses avanços científicos e C) evoluíram e passaram a constituir os membros

tecnológicos podem ser usados para o seu próprio bem locomotores dos anfíbios terrestres.

ou para sua destruição. Caberá a ele decidir a respeito D) existem só em peixes de água doce, para compensar
de seu futuro. a menor densidade do meio onde vivem.

Bernoulli Sistema de Ensino 119


Frente C Módulo 08

03. (UFPR) Admite-se que, há cerca de 5 milhões de anos, a linha


evolutiva da qual se originou a espécie humana separou-se
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
da dos demais macacos (chimpanzés e gorilas). A revista
Veja de 17 de julho de 2002 comenta que, nos limites 01. (UFMG) Entre os peixes e os primeiros anfíbios, foram
do deserto do Saara, foi descoberto um hominídeo com necessários 40 milhões de anos de lenta e constante
cerca de 7 milhões de anos. Tal achado fóssil desloca para evolução.
trás essa divergência evolutiva em cerca de, pelo menos, Todas as alternativas contêm adaptações surgidas durante
1 milhão de anos. Surpreende também por revelar que o essa evolução, EXCETO 
crânio desse hominídeo, batizado como Sahelanthropus A) Manutenção da pele úmida 
tchadensis, apresenta características quase idênticas às
B) Membros articulados 

lli
dos chimpanzés no formato e no tamanho (parte posterior),
associadas com características só encontradas em ancestrais C) Respiração pulmonar 
humanos mais recentes, tais como no Homo habilis, os quais D) Termorregulação
apresentam menor projeção da mandíbula e sobrolhos bem
marcados. Esses estudos permitem reavaliar e entender 02. (PUC Minas–2013) A figura mostra a provável origem

ou
melhor certos ramos da evolução humana repensando evolutiva do grupo de animais representados em um
o raciocínio básico sobre a evolução das espécies, que período de 500 milhões de anos (M.a) até os dias atuais. Os
interpreta que fósseis recentes refletem também estágios números 1, 2, 3, 4 e 5 no cladograma indicam o momento
evolutivos mais recentes. do surgimento de determinados grupos de animais.
Sobre o tema, assinale a(s) alternativa(s) CORRETA(S).
Peixes Anfíbios Répteis Aves Mamíferos
01. O Homo habilis, que surgiu de uma espécie de
Australopithecus, viveu na África por mais de 500 mil
0
anos e foi o primeiro hominídeo a usar instrumentos
para fins específicos.
02. Os Australopithecus, que viveram na África
entre 3,8 milhões e 3,5 milhões de anos atrás,
encontram-se extintos.
04. As espécies afarensis, africanus e robustus pertencem
ao gênero Homo.
rn –65

–150

–220

–300
Aves primitivas

Mamíferos primitivos

Répteis primitivos
Be
–350
08. Os Australopithecus viviam nas savanas africanas,
Peixes mandibulados Anfíbios primitivos
exibiam posição ereta e possuíam cérebro pouco maior –420
que o dos chimpanzés.
Peixes primitivos
16. Acredita-se que os primeiros seres humanos – Homo –500
M.a.
(sem mandíbulas)

sapiens – surgiram há pouco mais de 100 mil anos,


a partir de um grupo populacional de Homo erectus. Analisando-se o cladograma, foram feitas as seguintes
Soma ( ) afirmações:
I. Os peixes sem mandíbula foram completamente
04. (FUVEST-SP) Ao longo da evolução dos vertebrados, a extintos há mais de 400 M.a e hoje não há
A) digestão tornou-se cada vez mais complexa. A tomada representantes desse grupo de animais.
eu

do alimento pela boca e sua passagem pelo estômago II. Em 2, surge o grupo dos tetrápodes cujos
e intestino são características apenas do grupo mais representantes atuais são pulmonados e com
recente. circulação dupla.
B) circulação apresentou poucas mudanças. O número de III. A fecundação interna e o desenvolvimento embrionário
câmaras cardíacas aumentou, o que não influenciou com proteção amniótica são características dos atuais
a circulação pulmonar e a sistêmica, que são animais originados de 3.
completamente separadas em todos os grupos. IV. O coração tetracavitário pode ter surgido em um
C) respiração, no nível celular, manteve-se semelhante grupo de animais anteriores ao mamífero primitivo
M

em todos os grupos. Houve mudança, porém, nos destacado em 4.


órgãos responsáveis pelas trocas gasosas, que V. Foi a extinção dos dinossauros que permitiu
diferem entre grupos. o surgimento das aves a partir do grupo dos
D) excreção sofreu muitas alterações, devido a mudanças crocodilianos.
no sistema excretor. Porém, independentemente do
São afirmações VERDADEIRAS
ambiente em que vivem, os animais excretam ureia,
amônia e ácido úrico. A) I, II e IV.

E) reprodução sofreu algumas mudanças relacionadas B) I, III e V.


com a conquista do ambiente terrestre. Assim, todos
C) II, III e IV.
os vertebrados, com exceção dos peixes, independem
da água para se reproduzir D) II, IV e V.

120 Coleção Estudo 4V


Evolução dos vertebrados e evolução do ser humano

03. (UFTM-MG) Analise uma das hipóteses sobre a origem Analisando-se o diagrama, foram feitas as seguintes
da espécie humana. afirmações:
I. Homo sapiens e Homo neanderthalensis tiveram
Linhagens asiáticas
de Homo erectus
Homo nearnderthalensis (0,6 a 0,2 milhão a.a.) ancestral comum e habitaram conjuntamente a
Homo sapiens
(500 mil a 27 mil a.a.)
(200 mil a.a. * até hoje) Europa num passado recente.
II. Homo rhodesiensis foi extinto somente na Ásia, mas
Homo erectus
(1,8 a 0,2 milhão a.a.) deu origem a três novas espécies na África.
Permanência
na África Irradiação para Europa
e oeste da Ásia
III. A África é o local de surgimento de pelo menos três
(a partir de 1,8 milhão a.a.) das espécies representadas.

lli
Homo ergaster Irradiação para o leste e o sul da Ásia IV. Há 300 mil anos, quatro espécies do gênero Homo
(1,8 mil a 0,6 milhão a.a.) (1,6 a 1,0 milhão a.a.)
coabitaram a Terra, mas nunca no mesmo continente.
Permanência
na África V. Só existem nas Américas Homo sapiens, e os Homo
Homo (Australopithecus)
Grupo erectus
rudolfensis neanderthalensis só ocuparam um continente.

ou
(1,8 milhão a.a.)
(a partir de 1,8 milhão a.a.)

BIOLOGIA
Com base apenas nas informações dadas, são afirmações
CORRETAS.

* = anos atrás
Linhagens de A) I, II e III. C) II, III e IV.
australopitecos que
originaram o gênero Homo B) I, III e V. D) II, IV e V.

05. (UEMA–2015) É comum indagarmos sobre nossa origem.


A partir das informações contidas na representação, Viemos mesmo dos macacos? Antigamente, a pergunta
pode-se afirmar que a espécie
A) humana surgiu na África, a partir de linhagens de
Homo ergaster.
B) Homo ergaster migrou para a Europa para originar a
espécie Homo neanderthalensis.
C) Homo erectus deu origem à espécie humana.
rn era ouvida com desprezo e incredulidade, mas hoje é
recebida com naturalidade. A origem do ser humano –
esse mamífero tão especial – deve ser analisada, pois
o comportamento tem raízes em um passado remoto,
quando um ser meio macaco, meio humano ocupava as
florestas e depois as savanas da África, onde devem ter
surgido os primeiros ancestrais dos seres humanos. Entre
esse ancestral e o ser humano atual – conhecido nos meios
Be
D) Homo neanderthalensis conviveu em algum momento científicos como Homo sapiens sapiens – houve uma série
de outros tipos conforme a representação esquemática
com a espécie Homo rudolfensis.
da possível linha evolutiva entre o Australopithecus e o
E) humana e a Homo ergaster não apresentam grau de Homo sapiens.
parentesco evolutivo.
Homo Modern
neanderthanlensis Homo sapiens

04. (PUC Minas–2013) O diagrama mostra uma possível Homo


Homo
erectus
cladogênese de diferentes espécies do gênero Homo, Australopithecus habilis
afarensis
além de sua provável distribuição espacial em quatro proconsul
(hypothetical
continentes, desde 2 milhões de anos atrás até os dias African apc)
eu

de hoje. As diferentes larguras horizontais das áreas


ocupadas por espécies representam variações no número
de indivíduos ao longo do tempo.

Europa África Ásia Américas


0 Homo sapiens

0,2 Homo
neanderthalensis Considerando o exposto, EXPLIQUE como a mutação
0,4
M

Homo contribui para a evolução humana.


rhodesiensis
Tempo em milhões

0,6
de anos até hoje

0,8 06. (Mackenzie-SP) Durante a evolução, a colonização do


Homo Homo ambiente terrestre exigiu várias adaptações. Dentre elas,
1,0 antecessor/ erectus
mauritanious A) a presença de tubo digestório completo.
1,2 B) a maior produção de gametas.
1,4 C) a presença de pigmentos respiratórios no sangue.
Homo
1,6 ergaster
D) a eliminação de ureia ou ácido úrico como excreta
nitrogenada.
1,8
E) a presença de anexos epidérmicos como penas
2,0 e pelos.

Bernoulli Sistema de Ensino 121


Frente C Módulo 08

SEÇÃO ENEM 03. (Enem–1998) O assunto na aula de Biologia era a


evolução do Homem. Foi apresentada aos alunos uma
árvore filogenética, igual à mostrada na ilustração, que
01. (Enem–2005) Foi proposto um novo modelo de evolução
relacionava primatas atuais e seus ancestrais.
dos primatas, elaborado por matemáticos e biólogos.
Nesse modelo, o grupo de primatas pode ter tido origem Hilobatídeos Pongídeos Hominídeos

de anos
Milhões
quando os dinossauros ainda habitavam a Terra, e não
há 65 milhões de anos, como é comumente aceito.
Examinando esta árvore evolutiva, podemos dizer que
0
a divergência entre os macacos do Velho Mundo e o Orangotango Gorila Chimpanzé Homem
grupo dos grandes macacos e de humanos ocorreu há, Gibão

lli
Símios do Símios do
aproximadamente, 5 Novo Mundo Velho Mundo

Cretáceo superior Paleoceno Primatas atuais


90 80 70 60
Milhões 10 Australopithecus
de anos
Lêmures

ou
15 Ramapithecus
Lóris

Társios
25 Dryopithecus

Macacos do
Novo Mundo 35
Fósseis de
primatas
mais antigos
Ancestral comum 50
mais antigo Mamíferos insetívoros

Extinção dos
dinossauros
Macacos do
Velho Mundo

Grandes macacos
e humanos

AGUIAR, Raquel. Ciência Hoje on-line, 13 maio 2002.


rn Após observar o material fornecido pelo professor,
os alunos emitiram várias opiniões, a saber:
I. Os macacos antropoides (orangotango, gorila,
chimpanzé e gibão) surgiram na Terra mais ou menos
contemporaneamente ao Homem.
II. Alguns homens primitivos, hoje extintos, descendem
Be
A) 10 milhões de anos. dos macacos antropoides.
B) 40 milhões de anos. III. Na história evolutiva, os homens e os macacos
C) 55 milhões de anos. antropoides tiveram um ancestral comum.
D) 65 milhões de anos. IV. Não existe relação de parentesco genético entre
E) 85 milhões de anos. macacos antropoides e homens.
Analisando a árvore filogenética, você pode concluir que
02. (Enem–2001) Os progressos da medicina condicionaram
a sobrevivência de número cada vez maior de indivíduos A) todas as afirmativas estão corretas.
com constituições genéticas que só permitem o bem-estar B) apenas as afirmativas I e III estão corretas.
quando seus efeitos são devidamente controlados através C) apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
de drogas ou procedimentos terapêuticos. São exemplos D) apenas a afirmativa II está correta.
os diabéticos e os hemofílicos, que só sobrevivem e levam
eu

E) apenas a afirmativa IV está correta.


vida relativamente normal ao receberem suplementação
de insulina ou do fator VIII da coagulação sanguínea.
SALZANO, M. Francisco. GABARITO
Ciência Hoje: SBPC: 21 (125), 1996.
Essas afirmações apontam para aspectos importantes Fixação
que podem ser relacionados à evolução humana. Pode-se
01. B 03. Soma = 27
afirmar que, nos termos do texto,
02. C 04. C
A) os avanços da medicina minimizam os efeitos da
M

seleção natural sobre as populações.


B) os usos da insulina e do fator VIII da coagulação
Propostos
sanguínea funcionam como agentes modificadores 01. D 02. C 03. A 04. B
do genoma humano.
05. As mutações permitem que determinadas características
C) as drogas medicamentosas impedem a transferência se modifiquem em outras. Dessa forma, podemos ter
do material genético defeituoso ao longo das alterações favoráveis e mais aptas ao meio ambiente.
gerações.
06. D
D) os procedimentos terapêuticos normalizam o genótipo
dos hemofílicos e diabéticos.
E) as intervenções realizadas pela medicina interrompem
Seção Enem
a evolução biológica do ser humano. 01. B 02. A 03. B

122 Coleção Estudo 4V


Frente Módulo

BIOLOGIA A 09
Síntese de proteínas
A síntese (fabricação) de proteínas no interior de uma O código genético é formado por 64 trincas (tríades,

lli
célula, fenômeno também conhecido por biossíntese de tercetos, triplets) de bases nitrogenadas. A maioria das
proteínas, envolve a participação dos seguintes elementos: trincas codifica aminoácidos, existindo três trincas de
DNA, RNA-r, RNA-m, RNA-t, ribossomos, enzimas específicas terminação (ATT, ATC e ACT) que funcionam como “ponto-

ou
e aminoácidos. -final”, ou seja, determinam o término da síntese proteica.
A tríade TAC, além de codificar o aminoácido metionina,
também é a tríade de iniciação, uma vez que ela indica
DNA e código genético o início da síntese proteica. Observe, na tabela, que
um mesmo tipo de aminoácido pode ser codificado por
O DNA contém as informações sobre a estrutura
diferentes tríades, por exemplo o aminoácido glicina.
primária da proteína a ser fabricada, isto é, quais serão os
Por isso, se diz que o código genético é degenerado.

rn
aminoácidos utilizados e em que sequência deverão ser
ligados. Essas informações estão “codificadas” na sequência
de bases nitrogenadas dos nucleotídeos que formam as
cadeias do DNA. Esse código, conhecido por código genético,
já foi decifrado pelo homem. A tabela a seguir é uma
O código genético também é universal, ou seja, é o
mesmo em qualquer espécie de ser vivo. Assim, a tríade
AAA do DNA cromossômico de qualquer espécie codifica
a mesma informação: aminoácido fenilalanina.
Be
pequena amostra dessa relação entre DNA e aminoácidos
correspondentes:

Transcrição: a formação da
Tríades do DNA Tradução da informação
molécula de RNA-m
Aminoácido metionina (Met)
TAC
e início da síntese
As informações a respeito dos aminoácidos que irão

AAA Aminoácido fenilalanina (Phe) compor a cadeia peptídica, bem como da sequência
em que deverão ser ligados, estão codificadas em um
eu

CAA Aminoácido valina (Val)


determinado trecho ou segmento do DNA, que chamamos
de gene. Essas informações precisam chegar aos
ribossomos, estruturas celulares encarregadas de unir um
CTT Aminoácido ácido glutâmico (Glu)
aminoácido a outro. Como o DNA não tem a capacidade
de se ligar diretamente aos ribossomos e de repassar
CCG Aminoácido glicina (Gly)
para eles as informações, um “mensageiro” precisa
M

entrar em ação, ou seja, um “mensageiro” precisa levar


CCT Aminoácido glicina (Gly)
as informações que estão codificadas no DNA para os
ribossomos. Esse é o papel do RNA-m (RNA mensageiro).
AGG Aminoácido serina (Ser)
Assim, a primeira etapa da síntese de proteínas consiste
na transcrição da mensagem do DNA para o RNA-m.
ATT Término da síntese

ATC Término da síntese DNA RNA-m

Bernoulli Sistema de Ensino 3

4VPRV3_BIO_A09.indd 3 30/03/17 09:09


Frente A Módulo 09

Na transcrição, o segmento de DNA em que está codificada A molécula de RNA é alongada por um nucleotídeo de cada
a informação, que precisa chegar aos ribossomos, será usado vez na direção 5’ → 3’. Esse processo continua até que a
como modelo para fabricar o RNA-m. Para que isso ocorra,
enzima encontra uma sequência especial de nucleotídeos no
além do DNA, é também necessária a presença de enzimas
segmento molde do DNA que sinaliza o término da síntese.
específicas, como a RNA-polimerase ou polimerase do RNA,
e de ribonucleotídeos soltos no interior da célula. O processo Com o término da síntese, a RNA-polimerase se desliga do
da transcrição está resumido na figura a seguir. DNA, a molécula de RNA sintetizada se desliga do segmento
molde de DNA e as duas fitas do DNA voltam a se unir,
3`
5` refazendo a dupla hélice da molécula. Podemos dizer, então,

lli
A T
T A que a molécula do DNA “empresta” temporariamente uma de
G C
suas fitas para que ela, com a utilização de ribonucleotídeos
C
e sob a ação catalisadora da RNA-polimerase, sirva de molde
T A

ou
G C para a produção do RNA.
A T
C G Polimerase Na sequência de bases nitrogenadas do RNA-m, estarão
do RNA
T codificadas as mesmas informações do segmento de
A
T U A DNA do qual foi transcrito. A sequência de três bases
G 3`
G C
nitrogenadas consecutivas do RNA-m recebe o nome de
C C G
G
códon. Assim, cada códon do RNA-m codifica a mesma
G C

Fita do DNA
não transcrita
G

A
T
G

C
G
A T
rn C G
G C
G
G C
A
U

C
T
A
Fita do DNA
transcrita
(molde)
informação da tríade do DNA do qual foi transcrito.
Veja os exemplos a seguir:

Tríades do
DNA
Códons do
RNA-m
Informação codificada
Be
A
U
C
A T A
G
AAA UUU Aminoácido fenilalanina
G C A
T A G
C G
5` CAA GUU Aminoácido valina
Arquivo Bernoulli

A T
RNA
G C
5` CTT GAA Aminoácido ácido glutâmico
3`
Transcrição.

A transcrição começa com a ligação da enzima RNA-polimerase CCG GGC Aminoácido glicina
eu

ao DNA. A sequência do DNA na qual a RNA-polimerase se liga


para iniciar a transcrição denomina-se promotor. Após essa
CCT GGA Aminoácido glicina
ligação, a RNA-polimerase se move ao longo da molécula de
DNA, abrindo (desenrolando) a dupla fita do DNA, expondo
a sequência de nucleotídeos que vai servir de molde para a Percebemos mais uma vez que um mesmo tipo de
síntese do RNA. À medida que a dupla fita de DNA se abre, aminoácido pode ser codificado por mais de um tipo de códon.
ribonucleotídeos irão se unir às bases do segmento molde, No entanto, um códon não pode codificar mais de um tipo de
M

obedecendo ao seguinte pareamento: aminoácido. Ao todo, são 64 códons diferentes, sendo que

Quando o segmento molde O RNA sintetizado alguns deles (UAA, UAG e UGA) não codificam aminoácidos,
do DNA tem terá mas sim, sinal de parada (término) do processo de síntese
A (adenina) U (uracila) e, por isso, são conhecidos como códons de terminação.

T (timina) A (adenina) O códon AUG é o códon de iniciação, uma vez que, além de
codificar o aminoácido metionina, também indica o início da
C (citosina) G (guanina)
síntese proteica. A tabela a seguir mostra os 64 códons do
G (guanina) C (citosina)
RNA-m e as informações correspondentes.

4 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 4 27/03/17 09:13


Síntese de proteínas

2ª posição na trinca

U C A G

UUU UCU UAU UGU U


Fenilalanina Tirosina Cisteína
UUC UCC UAC UGC C
U Serina
Código de A
UUA UCA UAA UGA
Código de parada

lli
Leucina
parada
UUG UCG UAG UGG Triptofano G

CUU CCU CAU CGU U


Histidina

ou
BIOLOGIA
CUC CCC CAC CGC C
C Leucina Prolina Arginina
1ª posição na trinca

3ª posição na trinca
CUA CCA CAA CGA A
Glutamina
CUG CCG CAG CGG G

AUU ACU AAU AGU U

A
AUC

AUA

AUG
rn
Isoleucina

Metionina*
ACC

ACA

ACG
Treonina
AAC

AAA

AAG
Asparagina

Lisina
AGC

AGA

AGG
Serina

Arginina
C

G
Be
GUU GCU GAU GGU U
Aspartato
GUC GCC GAC GGC C
G Valina Alanina Glicina
GUA GCA GAA GGA A
Glutamato
GUG GCG GAG GGG G

*Códon de iniciação.
eu

Nessa tabela, constam os 64 códons de RNA mensageiro possíveis com o aminoácido a que correspondem. Observe que existe um
códon de iniciação, que é interpretado pelo ribossomo como “a leitura começa a partir daqui”; esse códon também corresponde
ao aminoácido metionina. Existem, também, três códons de parada, que significam “fim da mensagem”, nos quais a síntese do
polipeptídeo termina.

Nos seres eucariontes, todo RNA-m funcional, isto é, RNA-m que contém a informação codificada sobre a sequência de
M

aminoácidos de um polipeptídeo, possui o códon de iniciação (que sempre é o AUG), diversos outros códons correspondentes
à sequência dos demais aminoácidos e um códon de terminação (que pode ser UAA, UAG ou UGA).

Códon de terminação
Códon de iniciação

A AA A GG U AA
G GG
C CU
AU G UC G
CAA

RNA-m

Bernoulli Sistema de Ensino 5

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 5 27/03/17 09:13


frente A módulo 09

trADução: A “leiturA” As tríades (trincas) de bases nitrogenadas dos RNA-t


que se ligam aos códons do RNA-m são chamadas de
Do rNA-m anticódons. Assim, cada molécula de RNA-t, por meio do
seu anticódon, liga-se a um determinado códon do RNA-m.
O RNA-m funcional, depois de formado, liga-se aos
O anticódon do RNA-t codifica a mesma informação do
ribossomos (ribossomas), pequenos grânulos constituídos códon do RNA-m a que está ligado. Assim, quem determina
de proteínas e RNA-r. a qual aminoácido o RNA-t deve se ligar e qual deles ele
deve transportar é o seu anticódon.

lli
Sítio P Sítio A
Sequência de bases
A comuns a todos os
C RNA-t. Os aminoácidos
C
ligam-se a essa Lisina Arginina Glicina Leucina
extremidade.

ou
UUU UCU CCC GAC
Arquivo Bernoulli

Local de reunião
do RNA-m Anticódon – Para cada Representação esquemática
aminoácido, há um anticódon de RNA-t associados aos
que reconhece o códon aminoácidos específicos.
complementar no RNA-m.
Ribossomo – Cada ribossomo é formado por duas subunidades
que se mantêm unidas por meio do íon Mg++. Em cada ribossomo, A tabela a seguir mostra alguns exemplos de correspondência
encontramos três sítios (locais): o sítio em que se liga o RNA-m

rn
e os sítios A e P, em que se alojam moléculas de aminoácidos
trazidas pelos RNA-t (RNA transportadores).

Os ribossomos são as estruturas celulares responsáveis


pela união dos aminoácidos que irão compor a cadeia
entre as tríades do DNA, os códons do RNA-m, os anticódons
dos RNA-t e os aminoácidos.

Tríades no
segmento de Códons cor-
Anticódons
Aminoácidos
Be
polipeptídica. Essa união é feita em uma sequência correspon-
DNA usado respondentes correspon-
estabelecida pelos códons do RNA-m. Assim, ao fazer dentes nos
para fabricar no RNA-m dentes
a “leitura” desses códons, o ribossomo detecta quais RNA-t
o RNA-m
serão os aminoácidos utilizados e em que sequência
devem ser ligados. Para desempenhar essa função,
o ribossomo precisa ter à sua disposição os diversos AAA UUU AAA Fenilalanina
tipos de aminoácidos que irão formar a proteína.
É necessária, portanto, a presença desses aminoácidos CAA GUU CAA Valina

no local da síntese proteica (local onde se encontra o Ácido


CTT GAA CUU
eu

ribossomo e o RNA-m funcional). Como os aminoácidos glutâmico


encontram-se dispersos pelo interior da célula, é necessário
CCG GGC CCG Glicina
que eles sejam trazidos para o local da síntese, e isso é feito
pelas moléculas de RNA-t. Cada molécula de aminoácido é CCT GGA CCU Glicina
transportada por um RNA-t. Assim, na síntese de proteínas,
participam diversas moléculas de RNA-t. AGG UCC AGG Serina

Em toda molécula de RNA-t, em uma de suas extremidades,


M

encontramos a sequência de bases ACC a que se liga Essa correspondência que existe entre as tríades do

o aminoácido conforme mostra a imagem a seguir. DNA, os códons do RNA-m, os anticódons dos RNA-t e os
aminoácidos constitui o chamado código genético. Como
Cada molécula de RNA-t, trazendo um aminoácido, liga-se esse código é universal, isto é, o mesmo para todas as
a um códon específico do RNA-m. Essa ligação é feita por espécies de seres vivos, em seres tão diferentes como
meio de ligações de hidrogênio que se estabelecem entre uma bactéria, uma samambaia, um elefante e um homem,
as bases nitrogenadas desses dois tipos de RNA (RNA-m e a correspondência será a mesma. É claro, no entanto,
RNA-t), obedecendo ao seguinte pareamento: A (adenina) que a sequência das tríades nas moléculas de DNA varia nos
com U (uracila) e G (guanina) com C (citosina). diferentes seres vivos.

6 Coleção Estudo 4V

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Síntese de proteínas

A fabricação de proteínas feita com a participação dos O término da síntese proteica ocorre quando o ribossomo
ribossomos (nos quais existe RNA-r), do RNA-m e dos encontra um códon que não se liga a algum RNA-t, ou seja,
RNA-t é chamada de tradução. Podemos dizer, então, que a um códon de parada. Esse códon funciona como um “ponto-
síntese de proteínas é feita por meio de duas etapas básicas: -final”, determinando o fim da síntese. Com isso, o último
transcrição e tradução. A transcrição, conforme já vimos, RNA-t que participou do processo se desliga do complexo
é a formação do RNA-m a partir do DNA. A tradução é a ribossomo + RNA-m, e o polipeptídeo formado é liberado.
formação da cadeia polipeptídica feita pelos diferentes tipos
de RNAs (RNA-r, RNA-m e RNA-t). OBSERVAÇÃO

lli
Com o desenvolvimento da Biologia Molecular e da
A tradução inicia-se quando ao ribossomo liga-se um RNA-m.
Engenharia Genética, descobriu-se que, nos genes dos
Em seguida, chegam os RNA-t trazendo os aminoácidos.
seres eucarióticos, existem sequências de nucleotídeos,
O primeiro RNA-t com o seu respectivo aminoácido aloja-se
chamadas éxons, que são traduzidas, mas também existem
no sítio P do ribossomo; o segundo RNA-t, também trazendo

ou
sequências de nucleotídeos, denominadas íntrons, que não

BIOLOGIA
um aminoácido, aloja-se no sítio A. O que define qual o tipo
são traduzidas. Assim, os genes dos organismos eucarióticos
de RNA-t deve entrar nesses sítios são os códons do RNA-m
apresentam íntrons e éxons intercalados conforme mostra
localizados sob esses sítios. Por exemplo: se o códon do
o esquema a seguir.
RNA-m sob o sítio for UUU, o único RNA-t que poderá se
alojar nesse sítio é aquele que tem o anticódon AAA conforme
Íntrons
mostra o esquema a seguir.
Éxons
Aminoácido Segmentos do DNA

Ribossomo
rn
RNA-t
contendo éxons
e íntrons
RNA-m precursor
(transcrito primário)
Transcrição
Sítio P

Sítio A

Remoção dos
Splicing íntrons
Be
3° códon União dos
GG éxons
UAC AAA C
AUG RNA-m funcional maduro
U
UU G
RNA-m CU
Arquivo Bernoulli

1º códon 2º códon Quando ocorre a transcrição, todo o gene é transcrito em


uma molécula de RNA-m precursor (também chamado de
transcrito primário) que, por meio de um processo chamado
Sob a ação de enzima presente no ribossomo, é feita a splicing, é reduzido de tamanho devido à retirada dos
união entre os aminoácidos alojados nos sítios A e P. Feito íntrons e à união apenas dos éxons. Com isso, forma-se o
eu

isso, o primeiro aminoácido desliga-se do seu RNA-t, e este, RNA-funcional (RNA-m maduro, RNA-m monocistrônico), que
por sua vez, se desprende do ribossomo. Os dois primeiros
contém apenas os éxons. É esse RNA-m funcional que irá
aminoácidos, unidos pela ligação peptídica, continuam
se ligar ao ribossomo, possibilitando a síntese da proteína.
presos ao segundo RNA-t, que ainda ocupa o sítio A.
O splicing, realizado com a participação de diferentes
A etapa seguinte consiste no deslocamento do ribossomo
enzimas, é um processo complexo e preciso, uma vez que
sobre a molécula do RNA-m, dando um “passo” correspondente
a molécula do RNA-m precursor deve ser clivada (cortada)
a uma trinca de bases. Com isso, o RNA-t, com os dois
M

em locais exatos, e os éxons devem ser unidos em uma


primeiros aminoácidos unidos, que ocupava o sítio A, passa
determinada sequência para a formação do RNA-m funcional
a ocupar o sítio P. O sítio A, agora posicionado sobre o
que se ligará ao ribossomo. Dependendo da sequência
terceiro códon do RNA-m, fica livre. Nele, então, aloja-se
um outro RNA-t, trazendo mais um aminoácido. Em seguida, em que os éxons são unidos, serão sintetizadas proteínas

ocorre a ligação desse terceiro aminoácido com o segundo com estruturas primárias diferentes, ou seja, proteínas
aminoácido que, por sua vez, já está ligado ao primeiro. Todo diferentes. Assim, devido a esse fenômeno conhecido por
esse processo vai se repetindo e, à medida que o ribossomo splicing alternativo, a partir de um mesmo trecho de DNA
desloca-se sobre a fita do RNA-m, ocorre a alongação do (gene), podem ser produzidos diferentes RNA-m funcionais e,
peptídeo, isto é, a cadeia de peptídeos vai ficando mais longa. consequentemente, diferentes tipos de proteínas.

Bernoulli Sistema de Ensino 7

4VPRV3_BIO_A09.indd 7 30/03/17 09:09


frente A módulo 09

eXercÍcios De fiXAção 02. (FUVEST-SP–2015) No processo de síntese de certa


proteína, os RNA transportadores responsáveis pela
01. (UFMG) Observe o quadro que indica as 64 combinações adição dos aminoácidos serina, asparagina e glutamina
possíveis de bases nitrogenadas que compõem o código a um segmento da cadeia polipeptídica tinham os
anticódons UCA, UUA e GUC, respectivamente.
genético para o RNA mensageiro, RNAm, dos seres vivos.
No gene que codifica essa proteína, a sequência de bases
correspondente a esses aminoácidos é
Segundo nucleotídeo
A) U C A U U A G U C. D) T C A T T A G T C.
U C A G
B) A G T A A T C A G. E) T G T T T T C T G.
UUU UCU UAU UGU C) A G U A A U C A G.

lli
Phe Tyr Cys
UUC UCC UAC UGC
03.

UCAG
(PUC Rio–2015) O termo “código genético” refere-se
U Ser
Fim da A) ao conjunto de trincas de bases nitrogenadas; cada
UUA UCA UAA UGA
Fim da cadeia
Leu trinca correspondendo a um determinado aminoácido.
cadeia

ou
UUG UCG UAG UGG Trp B) ao conjunto de todos os genes de um organismo,
capazes de sintetizar diferentes proteínas.
CUU CCU CAU CGU C) ao conjunto de proteínas sintetizadas a partir de uma
His sequência específica de RNA.
CUC CCC CAC CGC
UCAG

D) a todo o genoma de um organismo, incluindo regiões


Primeiro nucleotídeo

Terceiro nucleotídeo

C Leu Pro Arg


CUA CCA CAA CGA
expressas e não expressas.
Gln E) à síntese de RNA a partir de um dos filamentos de DNA.
CUG CCG CAG CGG

AUU

AUC Iso
ACU

ACC
rnAAU

AAC
Asn
AGU

AGC
Ser
04. (FGV–2013) A substituição de apenas um nucleotídeo
no DNA pode representar uma grave consequência ao
seu portador em função de uma modificação de um
componente molecular na proteína sintetizada a partir
UCAG

A Thr do trecho alterado.


AUA ACA AAA AGA
É o caso da anemia falciforme, na qual a síntese
Lys Arg
da hemoglobina humana normal, HbA, é parcial ou
Be
AUG Met ACG AAG AGG
totalmente substituída pela hemoglobina falciforme
mutante, HbS, em decorrência da presença de um
GUU GCU GAU GGU
nucleotídeo com adenina no lugar de outro com timina.
Asp
GUC GCC GAC GGC Tal mutação é responsável pela
UCAG

G Val Ala Gly A) leitura incompleta do RNA-m transcrito, codificador


GUA GCA GAA GGA da hemoglobina.
Glu
GUG GCG GAG GGG B) alteração na sequência de aminoácidos da hemoglobina
sintetizada.
C) modificação na sequência de nucleotídeos da
Utilizando-se dessas informações e de conhecimentos
hemoglobina das hemácias.
sobre o assunto,
eu

D) tradução de uma hemoglobina mutante com um


A) COMPLETE o quadro a seguir, que é lido da
aminoácido a mais.
esquerda para a direita e apresenta colunas com os
E) transcrição de uma hemoglobina mutante com um
alinhamentos da transcrição e da tradução.
aminoácido a menos.
I C
DNA de fita dupla
I’ A G A
eXercÍcios ProPostos
RNA-m transcrito C C A U
01. (FUVEST-SP–2016) No esquema a seguir, está
M

Anticódon
G C A representada uma via metabólica; o produto de cada
apropriado ao RNA-t
reação química, catalisada por uma enzima específica,
Aminoácido é o substrato para a reação seguinte.
Trp
incorporado à proteína
Substrato 1 Substrato 2 Substrato 3 Produto final

B) SUBSTITUA a base A, 7ª base da fita I’ do DNA, por C.


INDIQUE o aminoácido que será traduzido. Enzima A Enzima B Enzima C
C) CITE duas propriedades do código genético, com base
no quadro de códons apresentado.
Gene A Gene B Gene C
D) CITE uma função da fita I do DNA original.

8 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_A09.indd 8 30/03/17 09:09


síntese de proteínas

Num indivíduo que possua alelos mutantes que levem à 04. (FGV-SP) A Rifampicina é um dos antibióticos utilizados
perda de função do gene para o tratamento da tuberculose. Seu mecanismo de
A) A, ocorrem falta do substrato 1 e acúmulo do substrato 2. ação consiste na inibição da transcrição nas células de
Mycobacterium tuverculosis. Sob a ação desse antibiótico,
B) C, não há síntese dos substratos 2 e 3.
nas células bacterianas haverá comprometimento
C) A, não há síntese do produto final.
A) exclusivamente da produção de proteínas.
D) A, o fornecimento do substrato 2 não pode restabelecer B) exclusivamente da produção de DNA.
a síntese do produto final.
C) exclusivamente da produção de RNA.
E) B, o fornecimento do substrato 2 pode restabelecer
D) da produção de RNA e de proteínas.
a síntese do produto final.
E) da produção de DNA e RNA.

lli
02. (UCS-RS–2015) Alguns anos atrás, o Brasil foi notificado
por exportar alimentos processados que não continham 05. (PUC Minas) Sobre o esquema a seguir, foram feitas
no rótulo a informação do tipo de carne componente do algumas afirmações.
alimento. A análise realizada foi obtida por testes de DNA
que identificaram os diferentes tipos de amostras.

ou
BiologiA
Bases nitrogenadas % Relações molares
Amostras
A G C T A/T G/C

1 28,9 17,9 17,8 27,4 1,05 1,00

2 24 33 33 24 1,00 1,00

3 12,4 14 14 12,4 1,00 1,00

4 45,8

rn
2,9 2,9 43,6 1,05 1,00

Com base nas informações da tabela, pode-se afirmar que


A) todas as amostras são provenientes de diferentes
espécies.
B) a amostra 3 possui o mais alto conteúdo de pares
I. O esquema representa o mecanismo da tradução,
em que interagem os três tipos de RNAs.
II. O pareamento do códon com o anticódon específico
resulta na entrada do aminoácido correto, determinado
pela sequência codificadora.
Be
A e T.
III. Toda molécula de RNAm possui um códon de iniciação,
C) a amostra 2 apresenta DNA de fita simples.
que é sempre o mesmo – AUG.
D) as amostras 2 e 3 apresentam alta homologia entre
IV. A perda de um único nucleotídeo no gene que dá
seus DNAs.
origem ao RNAm pode alterar a tradução a partir
E) a amostra 4 apresenta diferenças em suas bases, daquele ponto.
pois há presença de Uracil (U). V. A associação entre aminoácidos para formar proteínas
depende de ligações peptídicas.
03. (FUVEST-SP) Uma mutação, responsável por uma doença
Estão CORRETAS as afirmativas
sanguínea, foi identificada numa família. A seguir estão
representadas sequências de bases nitrogenadas, normal A) I , IV e V apenas.
e mutante; nelas estão destacados o sítio de início da B) I, II e III apenas.
tradução e a base alterada.
eu

C) II, III e IV apenas.


D) I, II, III, IV e V.
Sequência normal
... AUGACGGGCGACACACAGAGCGACUGGGACUGC ... 06. (PUC-SP–2016) Um trecho de uma das cadeias da
molécula de DNA tem a seguinte sequência de bases
nitrogenadas:
ACATAGCCAAAA
Sítio de início da tradução A seguir, temos os códons correspondentes a quatro
M

aminoácidos:

Sequência mutante Aminoácido Códons

... AUGACGGGCGACACACAGAGCGACUGGAACUGC ... Cisteína UGU, UGC


Fenilalanina UUU, UUC
O ácido nucleico representado anteriormente e o número
Glicina GGU, GGC, CGA, GGG
de aminoácidos codificados pela sequência de bases,
entre o sítio de início da tradução e a mutação, estão Isoleucina AUU, AUC
CORRETAMENTE indicados em:
Suponha que, em um caso de mutação, a terceira base
A) DNA; 8. C) DNA; 12. E) RNA; 24. daquele trecho de DNA, que se encontra sublinhada (A),
B) DNA; 24. D) RNA; 8. seja substituída pela base Guanina.

Bernoulli Sistema de Ensino 9

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Frente A Módulo 09

Essa nova situação 02. (Enem–2008) Define-se genoma como o conjunto de


a) acarretaria modificação em parte da sequência de todo o material genético de uma espécie, que, na maioria
aminoácidos da proteína a ser sintetizada. dos casos, são moléculas de DNA. Durante muito tempo,
especulou-se sobre a possível relação entre o tamanho do
b) acarretaria modificação em todos os códons
genoma – medido em número de pares de bases (pb) –,
subsequentes no trecho do RNA mensageiro
o número de proteínas produzidas e a complexidade do
correspondente.
organismo. As primeiras respostas começam a aparecer e
c) não acarretaria modificação na sequência de já deixam claro que essa relação não existe, como mostra
nucleotídeos do RNA mensageiro correspondente. a tabela a seguir.
d) não acarretaria modificação na sequência de
aminoácidos da proteína a ser sintetizada. Tamanho Nº de
Nome
Espécie estimado do proteínas

lli
comum
genoma (pb) descritas
07. (Unisa-SP–2017) Analise a tabela, que contém uma parte
do código genético. Oryza sativa arroz 5 000 000 000 224 181
Mus musculus camundongo 3 454 200 000 249 081
Códons Produto codificado
Homo sapiens homem 3 400 000 000 459 114
Metionina

ou
AUG
(códon de início) Rattus
rato 2 900 000 000 109 077
norvegicus
CAU, CAC Histidina
Drosophila mosca-da-
GGU, GGG, GGA, GGC Glicina 180 000 000 86 255
melanogaster -fruta
CGU, CGA, CGC, CGG, AGA, AGG Arginina
Disponível em: <http://www.cbs.dtu.dk> e
UGU, UGC Cisteína <http://www.nebi.nim.nih.gov>.
UAA, UAG, UGA Códons de parada De acordo com as informações anteriores,
A) o conjunto de genes de um organismo define o

rn
Considere um segmento de DNA com a seguinte sequência
de bases nitrogenadas, em que a seta indica o sentido
da transcrição:

3'TACGCCCCCACGGCAGTGATCGTGCCC5'

A) Suponha que um ribossomo traduziu o RNA


mensageiro sintetizado a partir desse segmento de
seu DNA.
B) a produção de proteínas não está vinculada à molécula
de DNA.
C) o tamanho do genoma não é diretamente proporcional
ao número de proteínas produzidas pelo organismo.
D) quanto mais complexo o organismo, maior o tamanho
de seu genoma.
Be
DNA, quantos aminoácidos são codificados por este E) genomas com mais de um bilhão de pares de bases
ribossomo? CITE o nome do último aminoácido que são encontrados apenas nos seres vertebrados.
fará parte da molécula transcrita. 
B) Caso ocorra uma mutação e a décima quinta base
nitrogenada seja substituída pela base timina (T),
qual será o anticódon do RNA transportador que GABARITO
se emparelha com o códon codificado após a
mutação? De acordo com a propriedade do código Fixação
genético, EXPLIQUE por que essa mutação pode ser
01. A)
considerada silenciosa.
DNA de fita I C C A T G G T C T C G T

Seção ENEM dupla I’ G G T A C C A G A G C A


eu

RNA-m transcrito C C A U G G U C U C G U
01. (Enem–2012) Os vegetais biossintetizam determinadas
Anticódon apro-
substâncias (por exemplo, alcaloides e flavonoides), cuja G G U A C C A G A G C A
priado ao RNA-t
estrutura química e concentração variam num mesmo
organismo em diferentes épocas do ano e estágios Aminoácido incor-
Pro Trp Ser Arg
de desenvolvimento. Muitas dessas substâncias são porado à proteína
produzidas para a adaptação do organismo às variações
ambientais (radiação UV, temperatura, parasitas, B) O aminoácido traduzido será a alanina.
herbívoros, estímulo a polinizadores, etc.) ou fisiológicas C) Código em trincas; código degenerado.
(crescimento, envelhecimento, etc.). As variações D) A fita I participa da duplicação do DNA.
M

qualitativa e quantitativa na produção dessas substâncias 02. D 03. A 04. B


durante um ano são possíveis porque o material genético
do indivíduo Propostos
A) sofre constantes recombinações para adaptar-se. 01. C 03. D 05. D
B) muda ao longo do ano e em diferentes fases da vida. 02. A 04. D 06. D
C) cria novos genes para biossíntese de substâncias 07. A) 6 aminoácidos. Histidina.
específicas. B) GCU. A mutação gera um códon que codifica o
D) altera a sequência de bases nitrogenadas para criar mesmo aminoácido do códon sem mutação.
novas substâncias.
E) possui genes transcritos diferentemente de acordo Seção Enem
com cada necessidade. 01. E 02. C

10 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 10 27/03/17 09:13


FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA A 10
Respiração celular e fermentação

lli
Respiração celular e fermentação são processos de • Anaeróbias facultativas:
ultativas: são capazes de realizar
obtenção de energia a partir de compostos orgânicos. os processos aeróbio e anaeróbio conforme tenham
Consistem em uma série de reações químicas que visam à ou não à sua disposição o O2. Na presença de O2,

ou
degradação (“quebra”) de moléculas orgânicas no interior realizam o processo aeróbio; na ausência de O2,
da célula liberando a energia nela contida. Parte dessa passam a obter energia por processo anaeróbio. Isso
energia irradia-se para o meio sob a forma de calor e parte
é feito, por exemplo, por nossas células musculares
é utilizada na síntese de moléculas de ATP, nas quais fica
esqueléticas.
armazenada até ser utilizada em uma atividade. Assim,
o objetivo da respiração celular e o da fermentação é a
síntese de moléculas de ATP.

RESPIRAÇÃO AERÓBIA

Calor
Composto orgânico
(Ex.: Glicose)

ADP + Pi → ATP
rn No metabolismo celular, normalmente, a respiração
aeróbia é feita a partir da glicose. Trata-se de uma reação
exergônica que pode ser representada de forma simplificada
por meio da seguinte equação química:
Be
Energia C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O
Energia

Os
s compostos orgânicos utilizados no processo de obtenção de
energia estão representados principalmente pelos carboidratos, A glicose (C6H12O6), utilizada como reagente, pode ser
notadamente a glicose. No entanto, na carência de carboidratos, obtida por meio da alimentação, no caso de organismo
as células passam a utilizar lipídios e, na falta destes, chegam heterótrofo, ou, então, é produzida dentro da própria célula,
até a lançar mão das proteínas para obtenção de energia.
pela fotossíntese ou pela quimiossíntese, no caso de o
O O2 pode participar ou não como um dos reagentes dessas organismo ser autótrofo.
reações que visam à obtenção de energia. Quando o O2
eu

O oxigênio (O 2 ), que também é um reagente da


participa, diz-se que o processo é aeróbio (aeróbico); quando
não há participação do O2, o processo é dito anaeróbio respiração aeróbia, normalmente é proveniente do meio
(anaeróbico). A respiração pode ser aeróbia ou anaeróbia, ambiente, podendo, dependendo da espécie, ser retirado
já a fermentação é um processo anaeróbio. da atmosfera, da água (O2 que se encontra dissolvido entre
as moléculas de água dos rios, mares, lagos, etc.) e até
Existem células que só realizam o processo aeróbio; outras
do solo.
que só realizam o processo anaeróbio e, ainda, existem
aquelas que podem realizar as duas modalidades. Assim, O gás carbônico ou dióxido de carbono (CO2) é um dos
M

podemos classificar as células em: produtos finais da reação. Em altas concentrações no interior
• Aeróbias estrit
estritas: só realizam o processo aeróbio. do organismo, torna-se uma substância prejudicial e tóxica
Na ausência de O2, morrem. A maioria das células para as células, uma vez que é um óxido ácido. Assim, quanto
do nosso corpo está incluída nessa categoria. maior a sua concentração em um meio, mais ácido esse meio
se torna. Essa acidificação excessiva pode levar à morte das
• Anaeróbias estritas ou obrigatórias: só realizam o
processo anaeróbio. A presença do O2, inclusive, lhes células. Por isso, o CO2 formado nas reações da respiração
é prejudicial, chegando a matá-las. Isso acontece, aeróbia, normalmente, é eliminado para o meio ambiente.
por exemplo, com células de alguns micro-organismos, Na respiração aeróbia, portanto, há, normalmente, uma
como é o caso do Clostridium tetani, bactéria troca de gases (absorção de O2 e eliminação do CO2) entre
causadora do tétano. o organismo e o meio ambiente.

Bernoulli Sistema de Ensino 11

4VPRV3_BIO_A10.indd 11 30/03/17 09:10


Frente A Módulo 10

A água (H2O), outro produto da reação, pode ser utilizada no


próprio metabolismo celular, como também pode ser eliminada Glicose (6C)

por diferentes processos (transpiração, por exemplo).

Quanto à energia liberada pela reação, parte dela é perdida Glicólise


(3C) (3C)
para o meio sob a forma de calor, e parte é utilizada na Ácido pirúvico Ácido pirúvico
fosforilação de moléculas de ADP para a fabricação de ATP NAD NAD
conforme mostra o esquema a seguir. H2 CO2 H2 CO2

NADH2 NADH2
Energia

lli
Ácido acetil-CoA Ácido acetil-CoA
(3C) (2C)
ADP + Pi ATP
As moléculas de CO2 liberadas dessas reações são eliminadas
A respiração aeróbia feita a partir da glicose pode ser para o meio extracelular e, posteriormente, liberadas no meio
subdividida em três etapas básicas: glicólise, ciclo de Krebs ambiente. Os H2 liberados são captados por moléculas de

ou
NAD, formando NADH2 que, por sua vez, irão para a cadeia
e cadeia respiratória.
respiratória. Cada molécula de ácido acético liga-se à coenzima A,
formando um composto conhecido por acetil-CoA, que irá para
Glicólise o ciclo de Krebs.
Ocorre no hialoplasma das células e consiste em uma
sequência de reações que leva a “quebra” ou decomposição Ciclo
iclo de Krebs
da molécula de glicose (que possui 6 carbonos) em duas
O radical acetil do ácido acético desliga-se da coenzima-A
moléculas menores (cada uma com 3 carbonos) de uma
substância denominada ácido pirúvico (piruvato).

De forma mais simples, podemos resumir a glicólise da


seguinte maneira:

4ADP + 4Pi
4 ATP
Glicose (6C)
2 ATP
2ADP + 2Pi
rn e reage com o ácido oxalacético (um composto que tem
4 carbonos na molécula), formando o ácido cítrico (com
6 carbonos na molécula). Assim, o ácido cítrico é o primeiro
composto formado nessa etapa e, por isso, o ciclo de Krebs
é conhecido, também, por ciclo do ácido cítrico. No quadro
a seguir, temos uma representação esquemática e resumida
do ciclo de Krebs.
Be
Acetil-CoA
H2 H2 Acetil
NAD NAD Coenzima A
NADH2 NADH2
Ácido Ácido cítrico
oxalacético 4C 6C
Ácido pirúvico Ácido pirúvico Ciclo de Krebs
(3C) (3C) NADH2 CO2

Glicólise – O esquema mostra, resumidamente, que as reações FADH2 NADH2


da glicólise consomem 2 ATP, liberam hidrogênios com a
4C 5C
eu

consequente formação de 2 NADH2 (2NADH + H+), liberam


energia que é utilizada para a síntese de 4 ATP e formam duas
moléculas de ácido pirúvico. O NAD ou NAD+ (nicotinamida
adenina dinucleotídeo) é um transportador de hidrogênios. ATP
Ao receber hidrogênios, o NAD passa para a sua forma reduzida CO2 NADH2
NADH + H +
que, por comodidade didática, muitos autores Ciclo de Krebs – O esquema do ciclo de Krebs representado mostra
preferem representar por NADH2 ou NAD.2H. Embora a oxidação que, em cada volta do ciclo, ocorrem os seguintes fenômenos:
e a redução sejam definidas para perda e ganho de elétrons, o ácido cítrico é degradado sucessivamente em compostos com
M

podemos, também, usar esses termos quando são ganhos 5 e 4 carbonos até reconstituir o ácido oxalacético; liberação de
ou perdidos átomos de hidrogênio, porque as transferências 2 CO2 (descarboxilação) que, normalmente, serão eliminados
de átomos de hidrogênio envolvem transferência de elétrons para o meio extracelular e, posteriormente, para o meio
(H = H+ + e–). Os NADH2 formados na glicólise irão para a ambiente; liberação de energia que permitirá diretamente a
cadeia respiratória. síntese de um ATP e liberação de 4 H2 (desidrogenação). Destes,
3 H2 são captados por moléculas de NAD, formando 3 NADH2,
Após a glicólise, cada molécula de ácido pirúvico e o outro H2 liga-se a uma molécula de FAD, formando um FADH2.
sofre descarboxilação (saída de CO2 devido à ação das O FAD (Flavina-Adenina-Dinucleotídeo), assim como o NAD,
enzimas descarboxilases) e desidrogenação (saída de H2), é um aceptor e transportador de hidrogênios. Os NADH2 e o FADH2
transformando-se em ácido acético (composto com apenas formados durante as reações do ciclo de Krebs também irão para
dois carbonos na molécula). a cadeia respiratória.

12 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 12 27/03/17 09:13


Respiração celular e fermentação

Cadeia respiratória
A cadeia respiratória, que nas células eucariotas é realizada na membrana interna da mitocôndria, tem início a partir dos
NADH2 e dos FADH2 produzidos nas etapas anteriores da respiração celular. Nela, ocorrem síntese de água, transporte de
elétrons através de uma cadeia de substâncias (cadeia transportadora de elétrons) e bomba de prótons (H+) com consequente
síntese de ATP. A cadeia transportadora de elétrons é um conjunto de reações de oxirredução que envolve a participação de
quatro complexos proteicos (I, II, III e IV) e de duas moléculas conectoras móveis: a ubiquinona (coenzima Q) e o citocromo C.
A bomba de prótons é um mecanismo de transporte ativo que transfere íons H+ da matriz mitocondrial para o espaço
intermembrana (espaço existente entre a membrana externa e a membrana interna da mitocôndria). A ilustração a seguir
mostra de forma simplificada os principais fenômenos da cadeia respiratória.

lli
Citosol

ou
BIOLOGIA
H+ H+ H+ H+ H+ H+ H+
H+ H+ H+
H+
Citocromo C Complexo ATP-sintase
Complexo I Ubiquinona IV

Complexo
e– H+

rn Complexo
intermembrana

e– II H+ III H+
FADH2 +
H
Membrana

Membrana

H+ H+
H+ FAD H+
externa

interna
Espaço

H+ ADP + Pi
½O2

Arquivo Bernoulli
ATP

NADH2
Matriz mitocondrial H2O
H+
Be
NAD

A cadeia respiratória – A oxidação dos NADH2 (NADH2 → NAD + 2H+ + 2e–) e a dos FADH2 (FADH2 → FAD + 2H+ + 2e–) liberam
elétrons e prótons. Os elétrons provenientes da oxidação dos NADH2 são recebidos pelo complexo I no começo da cadeia respiratória,
ao passo que aqueles provenientes dos FADH2 são recebidos pelo complexo II. Desses receptores (I e II), os elétrons são transferidos
para a ubiquinona, de onde são repassados para o complexo III e daí para o citocromo C. Do citocromo C, eles são enviados
para o complexo IV que, então, os entrega ao O2. Este se combina com íons H+ formando água (H2O). O oxigênio, portanto, é o
receptor final dos elétrons na cadeia transportadora. Nesse processo de transferência de elétrons dos NADH2 e dos FADH2 até o O2,
há, gradativamente, liberação de energia. Parte dessa energia é dissipada sob a forma de calor, e parte é utilizada para bombear
prótons (H+) da matriz mitocondrial para o espaço existente entre as membranas mitocondriais. Portanto, à medida que os elétrons
passam pela cadeia transportadora, os prótons são bombeados para o espaço intermembrana. O acúmulo de íons H+ nesse espaço
eu

cria um gradiente de concentração de prótons: concentração alta de H+ no espaço intermembrana e concentração baixa de H+ na
matriz mitocondrial. Devido à carga positiva nos prótons (H+), estabelece-se, também, uma diferença na carga elétrica: a matriz
mitocondrial torna-se mais negativa que o espaço intermembrana. Juntos, o gradiente de concentração de prótons e a diferença
de carga constituem uma fonte de energia potencial denominada força motora de prótons. Essa força aciona o retorno de prótons
para a matriz mitocondrial mediante um canal específico de prótons formado por um complexo proteico denominado ATP-sintase
(ATP-sintetase). Ao passar por esse complexo proteico, ocorre liberação de energia que é, então, utilizada para fosforilar o ADP,
ou seja, acrescentar um fosfato ao ADP, transformando-o em ATP. O compexo ATP-sintase “extrai” energia química dos íons H+
M

para sintetizar ATP. Essa fosforilação que ocorre na cadeia respiratória é conhecida por fosforilação oxidativa.

As reações da cadeia respiratória são de oxirredução, isto é, reações que envolvem perda e ganho de hidrogênios e elétrons.
Para os químicos, uma substância que perde elétrons ou hidrogênios fica oxidada. Quando ganha elétrons ou hidrogênios,
fica reduzida. A glicose e seus subprodutos, por exemplo, ao perderem hidrogênios para os NAD, estão sofrendo oxidação.
Por isso, fala-se que, durante a respiração, ocorre oxidação da glicose. Por outro lado, os NAD, ao receberem hidrogênios
transformando-se em NADH2, estão sofrendo redução. Todos os componentes da cadeia respiratória, ao receberem elétrons,
reduzem-se e, ao cedê-los para a substância seguinte, tornam a oxidar-se. Assim, na respiração celular, a todo momento,
ocorrem reações de oxidação e redução.

A função da respiração celular é a produção de ATP. A produção líquida ou saldo energético (em moléculas de ATP)
por glicose pode chegar a 32 ATP, dependendo do tipo de célula. Veja o quadro a seguir:

Bernoulli Sistema de Ensino 13

4VPRV3_BIO_A10.indd 13 30/03/17 09:11


Frente A Módulo 10

• Q.R. da glicose (C6H12O6):


Saldo energético da respiração aeróbica / glicose
C6H12O6 + 6O2 → 6CO2 + 6H2O
São produzidos 4 ATP, mas, como são Q.R. = 6/6 = 1
Glicólise
gastos 2 ATP, há saldo positivo de 2 ATP.
• Q.R. do ácido esteárico (C18H36O2):
Cada ciclo produz 1 ATP. Como são 2 ciclos
Ciclo de Krebs
por glicose, o saldo é de 2 ATP. C18H36O2 + 26O2 → 18CO2 + 18H2O

Q.R. = 18/26 = 0,69


Cada NADH2 proporciona a síntese de
2,5 ATP. Como são 10 NADH2 por glicose, Os exemplos mostram que o Q.R. é diferente para cada tipo de

lli
a partir deles, são produzidos 25 ATP. substância. O ácido esteárico, por exemplo, requer muito mais
Cadeia
respiratória oxigênio para sua oxidação do que a glicose.
Cada FADH2 proporciona a síntese de
1,5 ATP. Como são 2 FADH2 por glicose, O consumo de O2 está diretamente relacionado às atividades
a partir deles, são produzidos 3 ATP. metabólicas. Assim, uma das maneiras de se avaliar a
taxa metabólica de um organismo aeróbio é por meio do

ou
consumo de O2 feito por esse organismo em um determinado
Saldo total → 2ATP + 2ATP + 25ATP + 3ATP = 32ATP
intervalo de tempo: quanto mais intensa a atividade
metabólica, mais intensamente se faz a respiração celular e,
Existem células em que a membrana interna da consequentemente, maior será o consumo de O2.
mitocôndria é impermeável ao NADH2. Nessas células,
Animais lentos e animais que vivem fixos a substratos
a passagem dos hidrogênios transportados pelos 2 NADH2
têm, em geral, taxas metabólicas menores do que animais
produzidos no citosol durante a glicólise para o interior da
mais ativos. As taxas de consumo de O2 nos cnidários
mitocôndria requer gasto de energia, sendo gastos 1 ATP
sésseis (fixos), por exemplo, são relativamente baixas, e,
para cada um desses NADH2. Nessas células, portanto,
o saldo energético / glicose é de 30 ATP (32 – 2 = 30 ATP).
Para realizar a respiração aeróbica, a glicose é o
“combustível” preferido pela célula. Mas não é o único.
Na falta de glicose, a célula lança mão dos lipídios e até,
caso haja necessidade, das proteínas. Isso é possível porque
a substância acetil-CoA, formada na respiração aeróbica,
rn
nos mamíferos e insetos voadores, são mais elevadas.
As taxas metabólicas variam também em um mesmo
indivíduo, dependendo da idade, das atividades realizadas,
estado nutricional e hora do dia. Por exemplo: quando o
animal realiza um trabalho muscular intenso, consome muito
mais O2 do que quando está em repouso. Um mamífero
Be
também pode ser produzida com base em outros compostos correndo usa entre 5 a 20 vezes mais O2 por minuto do que
orgânicos, como ácidos graxos, glicerol e aminoácidos. quando está parado. Insetos durante o voo consomem cerca
Portanto, tanto os carboidratos como os lipídios e as proteínas de 100 vezes mais oxigênio do que quando estão no chão.
podem originar o acetil-CoA, recorrendo a diferentes vias Há, também, uma diferença quando comparamos animais
metabólicas. O acetil-CoA, independentemente de onde pecilotermos (poiquilotermos) com os homeotermos.
provém, seguirá o mesmo caminho, ou seja, entrará no ciclo Os pecilotermos, também conhecidos por animais de
de Krebs, conforme mostra o esquema a seguir. “sangue frio”, possuem metabolismo mais baixo do que
os homeotermos. Contudo, nos homeotermos, a taxa
Glicerídeos Glicídeos Proteínas metabólica varia na razão inversa ao tamanho ou massa
corporal. Animais grandes têm taxa metabólica menor do que
os animais pequenos. Em um animal pequeno, a superfície
Ácidos graxos Glicerol do corpo é grande em relação ao seu volume e, assim,
Aminoácidos
eu

a perda de calor pela pele é relativamente maior. Por isso, estes


Ácido pirúvico têm necessidade de maior consumo de alimento por grama
de peso que animais maiores. Um elefante, por exemplo,
Acetil-CoA tem menor taxa metabólica do que um rato.
O gráfico a seguir mostra a relação entre a taxa metabólica
Ciclo
e o peso corporal de alguns animais homeotermos.
de
Krebs
Taxa
M

metabólica
Rato
A respiração aeróbia, não importando se feita a partir
de glicídio, lipídio ou proteína, necessita de O2 para sua Coelho
realização e, no decorrer das reações, há a produção de CO2.
Cão
A relação existente entre a quantidade de moléculas de CO2
liberadas durante a reação e a quantidade de moléculas de Homem
O2 consumidas denomina-se quociente respiratório (Q.R.). Boi
Veja os exemplos a seguir:
Elefante
CO2 liberado
Q.R. =
O2 consumido
Peso corporal

14 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_A10.indd 14 30/03/17 09:11


Respiração celular e fermentação

RESPIRAÇÃO ANAERÓBIA Durante essa glicólise, ocorre saída de hidrogênios


(desidrogenação) que são captados por moléculas de NAD,
A respiração anaeróbia é realizada por seres vivos formando, então, moléculas de NADH2. Nessa glicólise,
que conseguem sobreviver na total ausência de O 2 . à semelhança da que acontece na respiração, há consumo
Evidentemente, esses seres também precisam de energia de 2 ATP e liberação de energia suficiente para produção de
para suas atividades biológicas. Neles, a energia também é 4 ATP.
TP. Há, portanto, um saldo energético positivo de 2 ATP
obtida pela oxidação de moléculas orgânicas, principalmente (4ATP produzidos – 2ATP gastos = 2ATP).
a glicose. Nessas oxidações, conforme vimos, há liberação
de elétrons e de íons hidrogênio (H+). Como nas células dos Cada ácido pirúvico resultante da glicólise sofre descarboxilação
anaeróbios não existe O2 para receber, no fim da cadeia (liberação de CO2), originando moléculas de aldeído acético.

lli
respiratória, os elétrons e combinar com os íons H+ liberados O CO2 é eliminado no meio extracelular, e o aldeído acético
para neutralizá-los, poderíamos pensar, que nessas células, recebe os hidrogênios do NADH2. Ao receber esses hidrogênios,
ocorre uma intensa acidificação, o que se tornaria um o aldeído acético se converte em álcool etílico que, por sua vez,
grande perigo para o metabolismo celular. Isso, entretanto, também será eliminado no meio extracelular. Veja o esquema
não ocorre. Na respiração anaeróbia, alguma substância a seguir:
inorgânica, diferente do O2, funciona como receptor final dos

ou
BIOLOGIA
elétrons e dos íons hidrogênio, neutralizando-os e evitando, Glicose
assim, a acidose da célula.
2 ATP
Algumas bactérias, por exemplo, fazem a degradação 4 ATP
de compostos orgânicos, à semelhança do que vimos na
NADH2 NAD H2 H2 NAD NADH2
respiração aeróbia, e usam como aceptores finais dos íons
H+ e dos elétrons compostos inorgânicos, como nitratos,
sulfatos ou carbonatos. Dessa forma, os íons H + são
neutralizados, evitando a acidose do meio intracelular,
conforme mostra o exemplo a seguir:
10H+ + 10e– + 2HNO3 → N2 +6 H2O
rn
No exemplo, os 10 íons hidrogênio e os 10 elétrons resultantes
das oxidações de moléculas orgânicas são recebidos por
moléculas de nitrato (HNO3), provenientes do meio extracelular.
Dessa reação, surge o nitrogênio livre (N2), que se difunde para
NAD

H2
Ácido pirúvico

Aldeído
acético
CO2
Ácido pirúvico

Aldeído
acético
CO2

H2
NAD
Be
a atmosfera, e moléculas de água. Nesse exemplo de respiração
anaeróbia, o nitrato funciona como aceptor final dos elétrons e
Álcool Álcool
dos íons hidrogênio. etílico etílico
Na respiração anaeróbia, assim como na aeróbia, existe Fermentação alcoólica – Observe que, na fermentação alcoólica,
uma cadeia de aceptores de elétrons em que é produzido são produzidos 4 ATP a partir da glicose, mas como são gastos
ATP. A diferença entre os dois tipos reside no último 2 ATP durante a glicólise, o saldo energético é de apenas
receptor dos elétrons e dos hidrogênios da cadeia: oxigênio, 2 ATP. Logo, uma boa parte da energia acumulada na glicose
na respiração aeróbia, e outra substância inorgânica, permanece no álcool, o que justifica o fato de ele ser um
na respiração anaeróbia. excelente combustível.
Conforme vimos no esquema anterior, os produtos finais da
FERMENTAÇÃO
ENT
EN TAÇÃO
AÇÃO
eu

fermentação alcoólica são o álcool etílico e o gás carbônico.


A fermentação alcoólica é realizada por algumas espécies
Assim como a respiração anaeróbia, a fermentação
de fungos (conhecidos por lêvedos ou leveduras), algumas
também é um processo anaeróbico (ausência de O2) de
obtenção de energia feito a partir de compostos orgânicos, espécies de bactérias e até por células de vegetais superiores
em especial, a glicose. Na fermentação biológica, entretanto, (algumas sementes em processo de germinação, por
não há cadeia respiratória e os aceptores finais dos íons exemplo, embora respirem aerobicamente em ambientes
hidrogênio não são substâncias inorgânicas, e sim compostos contendo O2, também podem obter energia realizando a
orgânicos resultantes da própria reação. fermentação alcoólica quando falta esse gás).
M

Conforme a natureza química dos produtos orgânicos Um bom exemplo de ser vivo realizador desse tipo de
formados ao fim das reações, a fermentação pode ser fermentação é o fungo Saccharomyces cerevisiae, muito
classificada em diferentes tipos: alcoólica, láctica, acética, utilizado na fabricação da cerveja e de outras bebidas
butírica, etc. Vejamos os dois tipos mais conhecidos de
alcoólicas e, por isso, conhecido por levedura da cerveja.
fermentação: alcoólica e láctica.
Espécies do gênero Saccharomyces também são utilizadas na
fabricação de pães, bolos e biscoitos. Essas leveduras também
Fermentação alcoólica são conhecidas por fermentos biológicos. Na fabricação de
Tipo de fermentação que tem o álcool etílico como produto pães e bolos, durante o preparo e o cozimento da massa,
orgânico final. Nela, a glicose sofre glicólise, originando duas o álcool escapa, e o CO2 forma bolhas em meio à massa,
moléculas de ácido pirúvico, tal como acontece na respiração. estufando-a e promovendo o seu crescimento.

Bernoulli Sistema de Ensino 15

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Frente A Módulo 10

Fermentação láctica EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO


Tipo de fermentação que tem como produto orgânico final
01. ( U F R G S - R S – 2 0 1 6 ) S o b r e a r e s p i ra ç ã o c e l u l a r,
o ácido láctico. Veja o esquema a seguir: é correto afirmar que
A) a glicólise consiste em uma série de reações químicas
Glicose na qual uma molécula de glicose resulta em duas
moléculas de ácido pirúvico ou piruvato.
2 ATP B) a glicólise é uma etapa aeróbica da respiração que
4 ATP ocorre no citosol e que, na ausência de oxigênio,
NADH2 NAD H2 H2 NAD NADH2

lli
produz etanol.
C) o ciclo do ácido cítrico é a etapa da respiração celular
NAD NAD aeróbica que produz maior quantidade de ATP.
D) o ciclo do ácido cítrico ocorre na membrana interna da
mitocôndria e tem como produto a liberação de CO2.
H2 Ácido pirúvico Ácido pirúvico H2

ou
E) a fosforilação oxidativa
oxidativa ocorre na matriz mitocondrial,
utilizando o oxigênio para a produção de H2O e CO2.

Ácido láctico Ácido láctico 02. (Cesgranrio) No exercício muscular intenso, torna-se
insuficiente o suprimento de oxigênio. A liberação de
Fermentação láctica – Nessa fermentação, a glicose sofre glicólise, energia pelas células processa-se, dessa forma, em
condições relativas de anaerobiose, a partir da glicose.
formando ácido pirúvico, exatamente como acontece na fermentação
O produto principalmente acumulado nessas condições é o
alcoólica e na respiração. Entretanto, o aceptor final dos hidrogênios A) ácido pirúvico. D) etanol.
é o próprio ácido pirúvico. Ao receber os hidrogênios do NAD.H2,
o ácido pirúvico transforma-se em ácido láctico. Nessa fermentação,
não há descarboxilação (liberação de CO2).

A fermentação láctica é realizada por algumas espécies


de micro-organismos (bactérias, fungos, protozoários) e,
também, por alguns tecidos animais, como o tecido muscular.
rn 03.
B) ácido láctico.
C) ácido acetoacético
acetoacético.
E) ácido cítrico.

(UEA-AM–2014) Classificadas de acordo com o produto


finall obtido no processo, as fermentações podem ser
fina
alcoólica, lática e acética. A figura mostra, de forma
esquemática e simplificada, as principais etapas de cada
Be
uma das fermentações.
Algumas bactérias do gênero Lactobacillus,, por exemplo, Ácido láctico
são muito utilizadas pela indústria de laticínios na fabricação
Glicose Ácido pirúvico Álcool etílico
de coalhadas, iogurtes, queijos e outros derivados do leite.
Essas bactérias promovem o desdobramento do açúcar do Ácido acético
leite (lactose), realizam a fermentação láctica, liberando o
Quando realizada pela levedura adequada, o tipo de
ácido láctico no meio. O acúmulo do ácido láctico no leite fermentação que leva a massa do pão a inflar e tornar-se
torna-o azedo. macia é aquela representada
Em nossos músculos esqueléticos, em situação de intensa A) pela produção de ácido lático.
atividade, pode não haver uma disponibilidade adequada B) pela produção de ácido acético.
C) pela produção de álcool etílico.
eu

de O2 para promover a respiração aeróbia. Nesse caso,


as células musculares passam a realizar a fermentação D) pela produção de ácido pirúvico.
láctica. Entretanto, o acúmulo de ácido láctico nessas células E) pelas produções de ácidos lático e acético.
provoca fadiga muscular, com dor intensa, o que pode
causar a paralisação da atividade muscular. A fermentação
04. (FGV–2014) A produção de adenosina trifosfato (ATP) nas
células eucarióticas animais acontece, essencialmente,
láctica, portanto, pode ocorrer eventualmente nas células nas cristas mitocondriais, em função de uma cadeia de
musculares, bastando, para isso, que os músculos sejam proteínas transportadoras de elétrons, a cadeia respiratória.
excessivamente solicitados e que o suprimento de oxigênio O número de moléculas de ATP produzidas nas
M

oferecido pelo sangue não satisfaça às necessidades celulares. mitocôndrias é diretamente proporcional ao número de
Nessa circunstância, os íons H+ começam a acumular-se moléculas de
nas células, e, então, o ácido pirúvico passa a atuar como A) glicose e gás oxigênio que atravessam as membranas
receptor final desses íons, transformando-se em ácido láctico. mitocondriais.
A presença do ácido láctico nas células musculares causa B) gás oxigênio consumido no ciclo de Krebs, etapa
anterior à cadeia respiratória.
sensação de dor muscular característica da fadiga ou câimbra.
C) glicose oxidada no citoplasma celular, na etapa da
Tanto na fermentação láctica, como na alcoólica, há um glicólise.
saldo energético de 2 ATP / glicose. Logo, o processo da D) gás carbônico produzido na cadeia transportadora
fermentação apresenta um rendimento energético bem inferior de elétrons.
ao da respiração aeróbia. E) água produzida a partir do consumo de gás oxigênio.

16 Coleção Estudo 4V

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Respiração celular e fermentação

EXERCÍCIOS PROPOSTOS C) o vinho é produzido por bactérias denominadas


leveduras, que, por meio da fermentação alcoólica,
produzem o álcool dessa bebida.
01. (PUC Minas) Considere o esquema a seguir, referente
D) embora pequena quantidade da energia contida na
ao processo respiratório de uma célula eucariota:
molécula de glicose seja disponibilizada (apenas
Glicose → Ác. Pirúvico → Acetil CoA → C. Krebs → Cadeia Respiratória 2 ATP), a fermentação é fundamental para que os
I II III IV V microrganismos realizem suas atividades vitais.

Assinale a afirmativa INcorretA. 04. (FAMERP-SP–2016) A fermentação lática e a respiração

lli
A) Para que I se transforme em II, é necessário o gasto celular são reações bioquímicas que ocorrem em
de ATP. diferentes condições nas células musculares, gerando
alguns produtos similares. Sobre essas reações, assinale
B) As fases I e II ocorrem fora da mitocôndria.
a alternativa corret
corretA
corretA.
A..
C) Na conversão de II para III, não há produção local
A) A fermentação ocorre na ausência de gás oxigênio
oxigênio e a

ou
de ATP.

BIOLOGIA
respiração celular ocorre somente na presença desse
D) Em IV, ocorre liberação de CO2 e formação local gás. As duas reações geram energia, armazenada na
de ATP. forma de ATP.
E) Em V, há quebra da molécula de água, com liberação B) A fermentação ocorre na presença de gás carbônico
de oxigênio.
e a respiração celular ocorre na ausência desse gás.
As duas reações geram ATP, um tipo de energia.
02. (FCMSC–SP) Chamamos de quociente respiratório (QR)
a relação entre o volume de CO2 produzido e o de O2

rn
consumido (CO2/O2) na respiração. Diferentes substâncias
podem ser utilizadas na respiração e ter seu QR calculado.
Em uma respiração normal, em que a substância é
totalmente transformada em CO2 e H2O, pode-se dizer que

I. o QR da glicose (C6H12O6) é igual a zero.


C) A fermentação ocorre na ausência de gás o

de ATP.
oxigênio e a
respiração celular ocorre somente na presença desse
gás. As duas reações absorvem energia da molécula

D) A fermentação ocorre na presença de ácido lático e


a respiração celular ocorre na ausência desse ácido.
Be
As duas reações liberam a mesma quantidade de
II. o QR do ácido esteárico (C18H36O2) é menor que energia na forma de ATP.
um (1).
E) A fermentação ocorre na presença de gás oxigênio
III. o QR do ácido málico (C 4 H 6 O 5 ) é menor que e a respiração celular ocorre na ausência desse gás.
um (1). As duas reações geram energia, armazenada na
forma de ATP.
Responda de acordo com o seguinte código:
A) Se apenas a frase
frase I está correta. 05. (UFPR–2015) Nas prateleiras de um supermercado
B) Se apenas a frase
frase II está correta. podemos encontrar vinagre, iogurte, pão, cerveja e vinho.

C) Se apenas a frase
frase III está correta. A) Que processo biológico está associado à produção de
eu

todos esses itens?


D) Se existem pelo menos duas frases
frases corretas.
B) Que grupos de microrganismos são necessários para
E) Se todas as frases estão err
erradas.
produção do iogurte e da cerveja?

03. (UECE–2016) Profundamente relaci


relacionado à história C) Que células do corpo humano realizam processo
e à cultura de diferentes povos, o vinho é uma das semelhante? Em que situações?

bebidas alcoólicas mais antigas do mundo. Sobre sua


06. (Unicamp-SP–2016) Mecanismos de controle de pH são
fermentação, fase do processo produtivo em que o suco
M

fundamentais para a vida. Um mecanismo bastante


de uva se transforma em bebida alcóolica, é correto
eficiente de controle de pH por organismos vivos envolve
afirmar que
moléculas doadoras e aceptoras de prótons, que são
A) é um processo que compreende um conjunto de ácidos e bases que atuam em conjunto equilibrando
reações enzimáticas, no qual ocorre a liberação de alterações de pH às quais os organismos estão sujeitos.
energia, por meio da participação do oxigênio. A) Alterações no pH intracelular afetam a estrutura de
B) diferentemente do que acontece na respiração, proteínas. Por que isso ocorre?
a glicose é a molécula primordialmente utilizada B) Que consequências para o processo de respiração
como ponto de partida para a realização do processo celular a alteração na estrutura de proteínas
de fermentação. envolvidas com o ciclo de Krebs pode trazer?

Bernoulli Sistema de Ensino 17

4VPRV3_BIO_A10.indd 17 30/03/17 09:11


Frente A Módulo 10

07. (UEL-PR) Analise o esquema da respiração celular em 02. (Enem–2012) Há milhares de anos, o homem faz uso da
eucariotos, a seguir: biotecnologia para a produção de alimentos como pães,
cervejas e vinhos. Na fabricação de pães, por exemplo,
são usados fungos unicelulares, chamados de leveduras,
Glicose
que são comercializados como fermento biológico.
Et

CO2
CO2
ap

Eles são usados para promover o crescimento da massa,


a
A

Ácido Etapa B deixando-a leve e macia.


pirúvico
H2 Et O crescimento da massa do pão pelo processo citado é
ATP ATP ap
a resultante da
C
O2 A) liberação de gás carbônico.

lli
ATP
H2O B) formação de ácido lático.

LOPES, Sônia. Bio 1. São Paulo: Saraiva, 1992, p. 98 (Adaptação). C) formação de água.
D) produção de ATP.
Com base nas informações contidas no esquema e nos
conhecimentos sobre respiração celular, considere as E) liberação de calor.
alor.

ou
afirmativas a seguir:
I. A glicose é totalmente degradada durante a etapa A 03. (Enem–2010) Um ambiente capaz de asfixiar todos os
que ocorre na matriz mitocondrial. animais
nimais conhecidos do planeta foi colonizado por pelo
menos três espécies diferentes de invertebrados marinhos.
II. A etapa B ocorre no hialoplasma da célula e produz Descobertos a mais de 3 000 m de profundidade no
menor quantidade de ATP que a etapa A. Mediterrâneo, eles são os primeiros membros do reino
III. A etapa C ocorre nas cristas mitocondriais e produz animal a prosperar mesmo diante da ausência total de
maior quantidade de ATP que a etapa B. oxigênio. Até agora, achava-se que só bactérias pudessem
IV. O processo anaeróbico que ocorre no hialoplasma ter esse estilo de vida. Não admira que os bichos pertençam
corresponde à etapa A.
Assinale a alternativa correta.
A) Somente as afirmativas I e II são corretas.
B) Somente as afirmativas I e III são corretas.
as III e IV são corretas.
C) Somente as afirmativas
rn a um grupo pouco conhecido, o dos loricíferos, que mal
chegam a 1,0 mm. Apesar do tamanho, possuem cabeça,
boca, sistema digestivo e uma carapaça. A adaptação dos
bichos à vida no sufoco é tão profunda que suas células
dispensaram as chamadas mitocôndrias.
LOPES, R. J. Italianos descobrem animal que vive em água
sem oxigênio.
oxigênio Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>.
Be
as I, II e IV são corretas.
D) Somente as afirmativas
Acesso em: 10 abr. 2010 (Adaptação).
E) Somente as afirmativas
as II, III e IV são corretas.
Que substâncias poderiam ter a mesma função do O2 na
respiração celular realizada pelos loricíferos?
SEÇÃO ENEM A) S e CH4 C) H2 e NO3– E) H2 e CO2
B) S e NO3– D) CO2 e CH4

01. (Enem–2016) As
s proteínas de uma célula eucariótica
possuem peptídeos sinais, que são sequências de GABARITO
aminoácidos responsáveis pelo seu endereçamento para
as diferentes organelas, de acordo com suas funções.
Fixação
eu

01. A 02. B 03. C 04. E


Um pesquisador desenvolveu uma nanopartícula capaz
de carregar proteínas para dentro de tipos celulares
Propostos
específicos.
01. E 02. B 03. D 04. A
Agora ele quer saber se uma nanopartícula carregada
05. A) Fermentação.
com uma proteína bloqueadora do ciclo de Krebs in
B) Para a produção de iogurte, são utilizadas bactérias;
vitro é capaz de exercer sua atividade em uma célula e para a produção de cerveja, fungos unicelulares.
cancerosa, podendo cortar o aporte energético e destruir C) Os músculos estriados esqueléticos são capazes de
M

essas células. Ao escolher essa proteína bloqueadora para realizar fermentação em situações de muito esforço.
carregar as nanopartículas, o pesquisador deve levar em 06. A) A desnaturação das proteínas interfere na função
realizada por elas.
conta um peptídeo sinal de endereçamento para qual
B) A mudança na conformação dessas enzimas
organela?
impede as corretas reações do ciclo, paralisando
A) Núcleo. a fosforilação oxidativa e, consequentemente,
limitando a produção de ATP.
B) Mitocôndria.
07. C
C) Peroxissomo.
D) Complexo golgiense. Seção Enem
E) Retículo endoplasmático. 01. B 02. A 03. B

18 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_A10.indd 18 25/04/17 07:35


FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA A 11
Fotossíntese e quimiossíntese
Existem dois processos distintos por meio dos quais

lli
Luz
algumas espécies de seres vivos conseguem fabricar 6CO2 + 12H2O Clorofila
C6H12O6 + 6O2 + 6H2O
compostos orgânicos com base em substâncias inorgânicas:
fotossíntese e quimiossíntese. O CO2, um dos reagentes do processo, normalmente é
Quando a fonte de energia utilizada pela reação é a luz, obtido do meio ambiente. As plantas terrestres o absorvem

ou
o processo é a fotossíntese; quando a energia utilizada da atmosfera, e plantas aquáticas submersas o obtêm do
é proveniente de uma reação de oxidação, temos a meio aquoso (absorvem o CO2 que se encontra dissolvido
quimiossíntese. na água). Vale lembrar, entretanto, que, dependendo da
intensidade luminosa recebida pela planta, o CO2 utilizado
Os seres fotossintetizadores e quimiossintetizadores
na fotossíntese pode ser proveniente da reação da respiração
realizam a chamada nutrição autótrofa ou autotrófica, isto é,
aeróbia realizada pelas próprias células do vegetal.
conseguem fabricar no próprio corpo o alimento orgânico
com base em substâncias inorgânicas. Por isso, são A água (H2O), outro reagente do processo, também é
chamados de seres autótrofos ou autotróficos. Distinguimos, obtida do meio ambiente. As plantas terrestres geralmente
portanto, o autotrofismo fotossintético e o autotrofismo
quimiossintético.

Fotossíntese

Energia luminosa
rn a absorvem do solo por meio de suas raízes, e as aquáticas
a retiram do próprio meio aquoso em que se encontram.
A luz utilizada como fonte de energia é a luz solar, embora
já se tenha demonstrado experimentalmente que a reação
também pode ocorrer com luz artificial, porém de maneira
pouco intensa.
Be
A clorofila é o pigmento verde dos vegetais que contém
Substâncias Substância magnésio (Mg) em sua molécula. Exerce um papel
inorgânicas orgânica fundamental para a realização da fotossíntese, uma vez que
é a substância responsável pela absorção da luz.

Quimiossíntese Existem diferentes tipos de clorofila (a, b, c, d). Todas


são muito parecidas quimicamente, apresentando apenas
Energia de oxidação pequenas diferenças na estrutura molecular e na tonalidade
de verde. Veja os exemplos a seguir:

Substâncias Substância Tipos de clorofila Fórmula molecular Cor


inorgânicas orgânica
Clorofila a C55H72O5N4Mg Verde-azulada
eu

Nutrição autótrofa – Na fotossíntese, substâncias inorgânicas Clorofila b C55H70O6N4Mg Verde-amarelada


são transformadas em substâncias orgânicas utilizando a energia
proveniente da luz. Na quimiossíntese, substâncias inorgânicas
Como sabemos, a luz branca, na realidade, resulta
são transformadas em substâncias orgânicas, utilizando a
da combinação de diversas radiações (infravermelha,
energia proveniente de uma reação de oxidação.
vermelha, laranja, amarela, verde, azul, anil, violeta e
ultravioleta) que possuem diferentes comprimentos de onda.
FOTOSSÍNTESE As radiações vermelha, laranja, amarela, verde, azul, anil e
M

violeta compõem o chamado “espectro visível”, porque são


Também chamada de assimilação clorofiliana, a fotossíntese
as radiações que conseguimos enxergar quando a luz se
consiste na fabricação de substância orgânica com base em
decompõe ao atravessar um prisma.
substâncias inorgânicas, utilizando a luz como fonte de
energia para a realização da reação. A substância orgânica Quando a luz solar incide na planta, as moléculas de
sintetizada é a glicose, um importante alimento orgânico clorofila não absorvem todas as radiações presentes com
fornecedor de energia. É realizada pelas algas, plantas e mesma intensidade. Por meio de um aparelho chamado
espectrofotômetro, constatou-se que as radiações vermelha
por algumas espécies de bactérias.
e azul são as mais intensamente absorvidas pela clorofila,
A fotossíntese realizada pelas plantas (algas, briófitas, e as radiações verde e amarela são as menos absorvidas. Aliás,
pteridófitas, gimnospermas e angiospermas) pode ser a absorção da luz verde é quase nula. A clorofila reflete quase
representada pela seguinte equação geral: toda radiação verde e, por isso, nós a enxergamos dessa cor.

Bernoulli Sistema de Ensino 19

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Frente A Módulo 11

Luz branca Na fotólise da água os íons hidrogênio (2 H+) provenientes


dessa decomposição serão utilizados na formação do
Comprimento
de onda (nm) composto NADPH2 (também representado por NADPH+H+ ou
Vio
let
a ainda NADP.2H). O NADP ou NADP+ (Nicotinamida Adenina
Az 390 - 430 Clorofila a

Absorção
u
Ve l
Prisma Am rde 430 - 500 Clorofila b
Dinucleotídeo Fosfato), à semelhança do NAD (NAD+) que
500 - 560
ar
el
o atua nas reações da respiração celular, é um aceptor e um
LaVer

560 - 600
ra me

transportador de hidrogênios. Na respiração celular, as


nj lh

600 - 650
a o

650 - 760 moléculas de NAD se ligam aos hidrogênios liberados, levando-os


400 500 600 700 nm
para a cadeia respiratória. Na fotossíntese, as moléculas de
Comprimento de onda das radiações do espectro visível e

lli
NADP recebem os hidrogênios liberados durante as reações
a intensidade de absorção dessas radiações pela clorofila –
da fase clara, levando-os para participar das reações da fase
Observe que a absorção pelas clorofilas a e b se faz com
escura, nas quais serão liberados e utilizados na síntese da
maior intensidade nas faixas de comprimentos de ondas
glicose. Cada molécula de água que sofre fotólise libera 2 H+,
correspondentes às radiações azul e vermelha. Os comprimentos
permitindo a formação de um NADPH2. Como são doze as
de onda são medidos em nanômetros (nm) ou micrômetros (µm).

ou
1 nm = 0,001 µm = 0,000001 mm. moléculas de água (12 H2O) utilizadas na reação, a fotólise de
todas elas liberam 24 H+, permitindo, assim, a formação de
Um dos produtos da reação de fotossíntese das plantas é o 12 NADPH2. O oxigênio (½ O2) será liberado no meio da reação.
oxigênio (O2). Esse oxigênio, indispensável à sobrevivência A fotólise de apenas uma molécula de água libera ½ O2.
dos seres aeróbios, normalmente é liberado no meio ambiente Como são 12 as moléculas de água (12 H2O) utilizadas
e, por isso, diz-se que a fotossíntese desempenha um papel na reação, a fotólise de todas elas liberam 6 O2. Portanto,
importante na “purificação” do meio ambiente, retirando deste
o oxigênio liberado pela reação da fotossíntese realizada pelas
o CO2 e liberando O2. Em certas situações, entretanto, a planta
algas e pelas plantas provém da água. A origem desse O2
não chega a liberar o O2 para o meio ambiente, utilizando-o
imediatamente para fazer a respiração aeróbia.
A fabricação da glicose (C6H12O6) é o principal objetivo da
reação, uma vez que a planta utiliza essa substância como
alimento. A planta a usa na respiração celular e também como
matéria-prima para fabricação de outros compostos orgânicos
rn
pode ser demonstrada por uma técnica que se utiliza de
radioisótopos, fornecendo-se água contendo o isótopo O18
(“oxigênio marcado”, “oxigênio pesado”) a uma planta. Assim,
verifica-se que as moléculas de O2 liberadas pela reação de
fotossíntese conterão em sua composição o O18. Por outro lado,
fornecendo-se a uma planta CO2 com esse “oxigênio marcado”,
Be
de que necessita. Em certas situações, a planta produz mais nenhum oxigênio liberado pela fotossíntese conterá o O18.
glicose do que consome. Nesse caso, o excesso da produção
Isso demonstra que o O2 liberado pela fotossíntese das plantas
é armazenado sob a forma de amido que, quando houver
provém da água, e não do CO2, como se pensava antigamente.
necessidade, será também utilizado. Lembre-se de que o
amido é o material de reserva dos vegetais. Os elétrons liberados pela reação irão para as moléculas de
clorofila do tipo b. Isso ocorrerá na fotofosforilação acíclica,
A fotossíntese das plantas é realizada em duas etapas ou
que veremos logo a seguir.
fases: fase clara e fase escura.
A fotofosforilação consiste na formação de ATP, usando energia
primariamente originária da luz. Ela pode ser cíclica ou acíclica.
Fase clara (fase luminosa,
A fotofosforilação cíclica é realizada com a participação da
etapa fotoquímica) clorofila tipo a, e seu objetivo é apenas a produção de ATP.
eu

É a primeira etapa da reação e só se realiza em presença A fotofosforilação acíclica, por sua vez, usa clorofilas dos
de luz. Os principais fenômenos que ocorrem nessa etapa tipos a e b e tem como objetivos a produção de ATP e a
estão indicados no quadro a seguir: formação do NADPH2. Veja os esquemas a seguir:

Fenômenos da fase clara


• Participação da clorofila Luz
• Liberação de íons H+
• Absorção de luz
• Fotofosforilações
M

• Fotólise da água
• Formação de NADPH2
• Liberação de O2
Clorofila a 2e– Ferridoxina 2e– X
A luz absorvida pelas moléculas de clorofila participa da
fotólise da água e das fotofosforilações.
ATP Energia 2e–
A fotólise da água,
água também conhecida por reação de Hill,
consiste no desdobramento (“quebra”) das moléculas de água
sob a ação da luz, conforme mostra o esquema a seguir: 2e– Z 2e– Y

Luz
H2O  → 2H+ + 2e − + 1
O2 X, Y e Z representam diferentes citocromos.
2

Fotofosforilação cíclica.

20 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_A11.indd 20 30/03/17 09:13


Fotossíntese e quimiossíntese

Elétrons da clorofila a absorvem luz, tornam-se mais Para estabilizar a clorofila b, essa molécula recebe os elétrons
energéticos e saem da molécula clorofiliana. Podemos dizer que provenientes da fotólise da água. Veja que os elétrons que
a clorofila a, ao absorver luz, torna-se oxidada, isto é, perde penetram na clorofila b também não são os mesmos que dela
elétrons. Ao saírem da clorofila a, os elétrons “excitados” (com saíram no princípio do processo.
excesso de energia) são captados por um aceptor, a ferridoxina Nas células eucariotas fotossintetizantes, a clorofila,
(uma proteína conjugada que tem ferro no seu grupo prostético). os aceptores de elétrons e as enzimas que participam das
Assim, podemos dizer que a ferridoxina é um aceptor primário de reações da fase clara encontram-se nas membranas dos
elétrons, ou seja, é a primeira substância que recebe os elétrons cloroplastos, formando unidades funcionais conhecidas
assim que eles saem da clorofila. Da ferridoxina, os elétrons são por fotossistemas. Existem dois tipos de fotossistemas:
transferidos para uma cadeia de citocromos. Ao passarem de fotossistema I (PS I ou P 700) e fotossistema II (PS II ou

lli
um citocromo para outro, os elétrons liberam a energia que têm P 680). O fotossistema I, localizado preferencialmente nas
em excesso e retornam para a mesma molécula de clorofila da membranas intergranas, absorve luz de comprimento de
qual saíram. A energia liberada por esses elétrons, quando da onda correspondente a 700 nm, enquanto o fotossistema II
passagem deles pela cadeia de citocromos, é utilizada para fazer localiza-se nas membranas dos tilacoides e absorve

ou
a fosforilação, isto é, ligar ADP + Pi , sintetizando, assim, o ATP. principalmente a luz cujo comprimento de onda é de 680 nm.

BIOLOGIA
A fotofosforilação cíclica envolve apenas o fotossistema I,
Luz enquanto a acíclica é feita com a participação dos dois
fotossistemas (I e II). Ao que tudo indica, a fotofosforilação
Clorofila a Clorofila b cíclica é uma via alternativa para a produção de ATP e é realizada
ATP apenas quando há uma pequena quantidade de NADP, ou
2e –
2e– seja, se não houver NADP disponível para receber os elétrons,
a ferridoxina os transfere para um conjunto de citocromos,
Ferridoxina 2e– Energia Plastoquinona
do qual eles voltam para a mesma clorofila de que saíram.
2e–

NADP– Z 2e– Y

Fotólise da água
H2O Luz 2H+ + 2e- + ½O2
2e–
2e–

X rn No quadro a seguir, temos uma representação mais


resumida do que ocorre na fase clara da fotossíntese.

Luz
6O2

Fase clara da fotossíntese


18ATP

12NADPH2
Be
NADPH2
12H2O
Fotofosforilação acíclica.
Na fotofosforilação acíclica, elétrons das clorofilas a e b Os ATP produzidos pelas fotofosforilações serão utilizados
absorvem luz e se tornam excitados. Ao saírem das para fornecer energia para as reações da fase escura, ou
moléculas das clorofilas, esses elétrons seguem os seguintes seja, na fase escura os ATP, produzidos na fase clara, serão
caminhos: os elétrons que saem da clorofila a são captados degradados em ADP + Pi , liberando energia para as reações.
pela ferridoxina que, em seguida, entrega-os ao NADP. Os NADPH2, também formados na fase clara, vão para a fase
Ao receber esses elétrons, o NADP passa à condição de NADP–, escura, onde liberam os hidrogênios que serão utilizados na
isto é, NADP reduzido. Em seguida, o NADP– se junta aos dois síntese da glicose.
íons H+ provenientes da fotólise da água, formando com eles
o NADPH2. Assim, os hidrogênios que agora fazem parte do Fase escura (fase de Blackman,
eu

NADPH2, anteriormente estavam na molécula de água (H2O). fase enzimática, etapa química)
Nesses hidrogênios, estão os elétrons que saíram da clorofila a.
O NADPH2 irá liberar esses hidrogênios nas reações da fase É a segunda etapa da reação de fotossíntese. Independe da
escura (2ª etapa da fotossíntese) para que eles possam ser luz para acontecer, porém depende da ocorrência da primeira
utilizados na síntese da glicose. etapa. A seguir, estão indicados os principais fenômenos que
Os elétrons que saem da clorofila b são captados por um ocorrem durante essa etapa.
aceptor chamado plastoquinona que, em seguida, entrega-os
Fenômenos da fase escura
M

a uma cadeia de citocromos. Ao passarem de um citocromo


para outro, esses elétrons liberam, gradativamente, o excesso • Fixação de CO2
de energia que possuem. Essa energia será utilizada para • Formação de PGA
promover a fosforilação do ADP (ADP + Pi), fabricando, • Formação de H2O
assim, o ATP. Após passarem pela cadeia de citocromos
• Degradação de ATP
e descarregarem o excesso de energia, os elétrons que
saíram da clorofila b penetram na molécula de clorofila a, • Utilização do NADPH2
estabilizando-a. Observe que os elétrons que entram na • Formação de PGAL
clorofila a, ao término desse processo, não são os mesmos • Ciclo das pentoses
que dela saíram. Lembre-se de que os elétrons que saíram
• Síntese da glicose (C6H12O6)
da clorofila a agora estão nos hidrogênios do NADPH2.

Bernoulli Sistema de Ensino 21

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 21 27/03/17 09:13


Frente A Módulo 11

As reações da fase escura podem ser resumidas de acordo Entre os fatores ambientais (fatores externos) que influem
com o esquema a seguir: na velocidade da fotossíntese, temos a intensidade de luz que

6CO2 12ATP a planta recebe, a temperatura ambiental, a concentração de


12NADPH2 CO2 no meio onde se encontra a planta e a disponibilidade
12PGA
de água no ambiente.
12ADP
12NADP+

Taxa de fotossíntese
Fase escura 12PGAL
6RDP
(Ciclo de Calvin)

lli
6ADP
10PGAL
2PGAL
6ATP
PSL Luz
Síntese de carboidratos

ou
Influência da intensidade luminosa sobre a velocidade da
Fase escura da fotossíntese.
fotossíntese – Desde que as demais condições sejam mantidas
Os 6 CO2 reagem com 6 moléculas de RDP (ribulose constantes, partindo-se de uma intensidade luminosa igual a
difosfato), uma pentose existente no interior das células zero, à medida que a intensidade luminosa oferecida à planta
vegetais. Essa reação produz 12 moléculas de PGA (ácido aumenta, a velocidade da reação de fotossíntese também
fosfoglicérico) e 6 H2O. Em um segundo momento, as 12 aumenta, até atingir um limite máximo, quando, então,
moléculas de PGA recebem hidrogênio (H2) das 12 moléculas se estabiliza. Essa intensidade de luz, em que a velocidade
de NADPH2 provenientes da fase clara. Cada molécula de da reação é máxima e se estabiliza, é denominada ponto de
PGA recebe um H2. Essa reação utiliza energia vinda da
degradação do ATP. Ao receber um H2, cada molécula de PGA
transforma-se em uma triose, o PGAL (aldeído fosfoglicérico).
Assim, formam-se 12 moléculas de PGAL. Destas, 2 se unirão
para formar a glicose (C6H12O6), e as outras 10 reagirão umas
com as outras, reconstituindo as 6 moléculas da pentose
rnsaturação lumínica ou ponto de saturação luminosa (PSL).

Para manter-se viva, a planta também precisa respirar e,


ao contrário do que acontece na fotossíntese, tudo indica
que a intensidade de luz não interfere na velocidade da
reação da respiração, conforme mostra o gráfico a seguir:
Be
ribulose. As pentoses que foram utilizadas no início da fase
Taxa de
respiração

escura são, portanto, reconstituídas ao final do processo:


é o chamado ciclo das pentoses ou ciclo de Calvin.
Podemos resumir as fases clara e escura da fotossíntese
realizada pelas plantas com o seguinte esquema:
Luz
Luz
Influência da intensidade luminosa sobre a velocidade da
H2O Fase clara O2
respiração celular – Qualquer que seja a intensidade de luz,
a taxa da respiração permanece a mesma.
eu

ATP NADPH2 Ao realizar a respiração aeróbia, a planta faz exatamente


o contrário do que faz na fotossíntese, ou seja, consome
oxigênio (O2) e glicose (C6H12O6) e libera gás carbônico (CO2).
CO2 Fase escura H2O Taxa

Fotossíntese
ADP + Pi NADP + C6H12O6
Respiração
M

A fase clara usa luz e água (H2O) e produz oxigênio (O2),


ATP e NADPH2.
A fase escura usa gás carbônico (CO2), ATP e NADPH2, produzindo
água e glicose (C6H12O6). PCF PSL Luz
Comparação entre a taxa de fotossíntese e a taxa de respiração
Muitos fatores ambientais influenciam a velocidade com
aeróbia das plantas.
que a planta realiza a fotossíntese. A intensidade dessa
reação pode ser medida pela quantidade de O2 liberada ou Observe que existe uma determinada intensidade
pela quantidade de CO2 produzida pela planta em um certo luminosa em que a velocidade com que a planta realiza a
intervalo de tempo. fotossíntese é igual à velocidade com que faz a respiração.

22 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_A11.indd 22 30/03/17 09:13


Fotossíntese e quimiossíntese

Essa intensidade luminosa em que há esse equilíbrio entre

Taxa de fotossíntese
fotossíntese e respiração é o ponto de compensação fótico (PCF).
Quando está recebendo uma intensidade de luz
correspondente ao seu PCF, a planta encontra-se em equilíbrio
energético, pois toda a glicose produzida pela fotossíntese
será consumida pela respiração, não havendo, portanto,
saldo energético. Também no PCF, todo o O2 produzido CO2

e liberado pela fotossíntese será utilizado na respiração, Influência da concentração de CO2 no meio sobre a velocidade

lli
e todo o CO2 produzido pela respiração será consumido pela da reação de fotossíntese – Mantendo-se constantes todas as
condições, à medida que a concentração de CO2 aumenta, a partir
fotossíntese. Pelo que acabamos de ver, fica claro que a
de uma concentração inicial igual a zero, a taxa de fotossíntese
planta, para sobreviver, não pode permanecer por um longo também aumenta, até atingir uma velocidade máxima, quando,
período de tempo recebendo uma intensidade luminosa então, se estabiliza. A concentração ideal de CO2, na qual a
velocidade da reação é máxima, é em torno de 0,2 a 0,3%.

ou
abaixo do PCF, uma vez que, nessa intensidade luminosa,

BIOLOGIA
o consumo de glicose pela respiração é superior à sua
produção pela fotossíntese, o que obriga a planta a lançar FOTOSSÍNTESE DAS BACTÉRIAS
mão de suas reservas de amido. Abaixo do PCF, uma
A fotossíntese realizada pelas cianobactérias é semelhante
vez esgotadas suas reservas, a planta morre, pois não
à realizada pelas plantas, ou seja, usa água como um dos
tem glicose suficiente para atender suas necessidades reagentes e, consequentemente, libera O2. Entretanto,
metabólicas. Se mantida durante um certo período de tempo existem algumas bactérias fotossintetizantes que vivem
recebendo uma intensidade luminosa correspondente ao

fotossíntese será consumida pela respiração. Uma planta,


para crescer, precisa acumular matéria orgânica e, para
rn
seu PCF, a planta sobrevive, porém não cresce, uma vez que
toda a matéria orgânica que estiver sendo produzida pela

isso, precisa realizar mais fotossíntese do que respiração.


em água sulfurosa e usam como reagentes o CO2 e o gás
sulfídrico (H2S), conforme mostra a equação a seguir:

6CO2 + 12H2S
Luz
Bacterioclorofila
C6H12O6 + 6H2O + 12S

Essas bactérias fotossintetizantes possuem um pigmento


Be
semelhante à clorofila das plantas, denominado bacterioclorofila,
que absorve radiações de comprimento de onda correspondente
O ponto de compensação fótico não é o mesmo para
ao infravermelho (fora do espectro da luz visível ao olho
todas as espécies de plantas. As heliófilas (plantas de sol),
humano).
por exemplo, têm um ponto de compensação fótico elevado e,
Observe que a fotossíntese dessas bactérias não utiliza água
por isso, só conseguem viver em locais de alta luminosidade. como reagente e, consequentemente, não libera O2. No lugar
As umbrófilas (plantas de sombra), ao contrário, possuem da água, utiliza o H2S como fonte de hidrogênios para a síntese
um ponto de compensação fótico baixo, isto é, necessitam de da glicose. O enxofre produzido pela degradação do H2S forma
menor intensidade de luz e, por isso, conseguem se adaptar grânulos que se acumulam temporariamente no citoplasma

e sobreviver em ambientes sombreados. da célula bacteriana até serem excretados por elas.
eu

QUIMIOSSÍNTESE
Taxa de fotossíntese

Também é um processo de nutrição autótrofa (autotrófica)


que consiste na fabricação de substância orgânica com base
em substâncias inorgânicas, utilizando energia proveniente de
uma reação de oxidação (“energia de oxidação”). É realizada
Temperatura por muitas espécies de bactérias. Veja o exemplo a seguir:
M

Influência da temperatura sobre a velocidade da reação 1 2NH3 + 3O2 2HNO2 + 2H2O


de fotossíntese – O gráfico mostra que, partindo de uma Energia
temperatura inicial baixa e mantendo constantes as condições de
água, intensidade luminosa e concentração de CO2, a elevação
2 6CO2 + 6H2O C6H12O6 + 6O2
da temperatura estimula o aumento da velocidade fotossintética
até certo ponto, no qual a velocidade da reação atinge um A reação 1 é uma reação de oxidação da amônia (NH3) em
valor máximo: é a chamada temperatura ótima da reação. que há liberação de energia (“energia de oxidação”). A energia
Acima dessa temperatura ótima, a velocidade começa a diminuir liberada pela reação 1 é utilizada na reação 2, uma reação
devido ao processo de desnaturação das enzimas que atuam na de quimiossíntese, que, por sua vez, produz glicose (C6H12O6)
reação, em especial, na fase escura. a partir do gás carbônico (CO2) e da água (H2O).

Bernoulli Sistema de Ensino 23

4VPRV3_BIO_A11.indd 23 30/03/17 09:13


Frente A Módulo 11

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Foi nesse experimento que eles descobriram um ciclo,


hoje denominado de ciclo de Calvin, composto por
várias reações, que “fixa” o CO2 em uma molécula maior,
01. (CEFET-MG–2016) Na Alemanha, foi inventado um produz carboidrato e regenera o aceptor de CO2 inicial
tijolo ecológico que absorve CO2 para ser utilizado em nas plantas.
pisos de estacionamentos a fim de reduzir a poluição.
Nesse contexto, assinale a alternativa que contém a
Os organismos que realizam processo similar, garantindo
enzima responsável pela primeira fase do ciclo onde
sua sobrevivência, são as(os)
ocorre a reação de fixação do CO2 nas plantas.
A) fungos. C) animais.
A) ATP-sintase
B) plantas. D) bactérias.

lli
B) Ribulose-1,5-bifosfato
C) NADH desidrogenase
02. (FUVEST-SP–2015) A energia entra na biosfera
majoritariamente pela fotossíntese. Por esse processo, D) Rubisco

A) é produzido açúcar, que pode ser transformado em E) Catalase

ou
várias substâncias orgânicas, armazenado como
amido ou, ainda, utilizado na transferência de energia.
B) é produzido açúcar, que pode ser transformado em
EXERCÍCIOS PRO
PROPOSTOS
PROPPOS
OST
TOS
OS
várias substâncias orgânicas, unido a aminoácidos e 01. (UFRGS-RS–2015) Sobre a fotossíntese, é correto
armazenado como proteínas ou, ainda, utilizado na afirmar que
geração de energia.
A) as reações dependentes de luz convertem energia
C) é produzido açúcar, que pode ser transformado em luminosa em energia química.
substâncias catalisadoras de processos, armazenado
como glicogênio ou, ainda, utilizado na geração
de energia.
D) é produzida
roduzida energia, que pode ser transformada
em várias substâncias orgânicas, armazenada
como açúcar ou, ainda, transferida a diferentes
níveis tróficos.
rn B) o hidrogênio resultante da quebra da água é eliminado
da célula durante a fotólise.
C) as reações dependentes de luz ocorrem no estroma
do cloroplasto.
D) o oxigênio
oxigênio produzido na fotossíntese é resultante das
reações independentes da luz.
Be
seres autótrofos utilizam o CO2 durante as reações
E) os sere
E) é produzida energia, que pode ser transformada em
dependentes de luz.
substâncias catalisadoras de processos, armazenada
em diferentes níveis tróficos ou, ainda, transferida a
02. (UFJF-MG–2015) Recentemente, um estudante de
outros organismos.
engenharia do Royal College of Art, na Inglaterra,
desenvolveu uma folha artificial capaz de produzir e liberar
03. (PUC-SP) Considere as seguintes etapas referentes ao
oxigênio na atmosfera. Resumidamente, o experimento
metabolismo energético:
consistiu na criação de uma espécie de tecido composto
I. Consumo de gás carbônico; por proteínas, onde foram fixados cloroplastos extraídos
II. Utilização da água como fonte de hidrogênio; de plantas reais, sendo possível recriar em laboratório
uma das etapas do processo da fotossíntese.
III. Liberação de gás carbônico;
eu

Considerando as informações apresentadas, é correto


IV. Liberação de oxigênio.
afirmar que
Pode-se afirmar que A) a etapa da fotossíntese recriada em laboratório
A) uma planta realiza I, II, III e IIV. consiste no uso de energia luminosa para a quebra
de moléculas de glicose e liberação de oxigênio.
B) uma planta realiza apenas I e II.
B) nas folhas naturais, a liberação de oxigênio decorrente
C) uma planta realiza apenas I, II e IV. do processo fotossintético é realizada através de
D) um animal realiza I, II, III e IV
IV. estruturas chamadas hidatódios.
M

E) um animal realiza apenas III e IV. C) a etapa da fotossíntese recriada em laboratório teria
tido o mesmo sucesso se, ao invés de cloroplastos,
tivessem sido fixadas mitocôndrias no tecido
04. (Unifor-CE–2015) Na década de 1950, Melvin Calvin e
composto por proteínas.
colegas usaram CO2 marcado radioativamente, em que
alguns dos átomos de carbono não representaram o D) em condições naturais, o processo da fotossíntese
12
C normal, mas seu radioisótopo 14C, para identificar a recriado em laboratório é influenciado pela composição
sequência de reações pelas quais o carboidrato é formado a mineral do solo.
partir de CO2 nas plantas. Calvin e seus colegas expuseram E) a etapa da fotossíntese recriada em laboratório
culturas de Chlorella, uma alga verde unicelular, ao 14CO2 consiste no uso de energia luminosa para a quebra
por 30 segundos e assim o CO2 pôde ser acompanhado. de moléculas de água e liberação de oxigênio.

24 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_A11.indd 24 25/04/17 07:35


Fotossíntese e quimiossíntese

03. (Fatec-SP–2016) Para que uma planta possa crescer e 05. (PUC Minas) O gráfico apresenta as taxas fotossintéticas
se desenvolver, ela precisa de compostos que contenham relativas a dois tipos de plantas em resposta a variações na
átomos de carbono, como qualquer outro ser vivo.
intensidade luminosa. As plantas de Sol e de sombra possuem
À medida que a planta se desenvolve, ela incorpora
adaptações genotípicas a diferentes condições ambientais.
esses compostos às raízes, às folhas e ao caule e há,
consequentemente, um aumento de sua massa total.
Em um experimento para verificar qual a origem do carbono Saturações luminosas
presente nas estruturas dos vegetais, foram analisados
dois grupos de plantas, todas da mesma espécie e com Planta de Sol

Taxa de fotossíntese
o mesmo tempo de vida. Essas plantas foram expostas

lli
a compostos contendo átomos de carbono radioativo, Planta de sombra
de modo que fosse possível verificar posteriormente se
esses átomos estariam presentes nas plantas.
A tabela apresenta o modo como o experimento foi
delineado, indicando as características da terra em que Intensidade luminosa

ou
as plantas foram envasadas e da atmosfera à qual foram

BIOLOGIA
expostas ao longo do estudo.
Pontos de compensação fótica
Grupo 1 Grupo 2
Quantidade de átomos de Analisando o gráfico e de acordo com seus conhecimentos,
carbono radioativos presentes na Elevada Desprezível
terra (compostos orgânicos) é correto afirmar, EXCETO

Quantidade de átomos de carbono A) Abaixo


Abaixo do ponto de compensação fótico, para a mesma
radioativos presentes na atmosfera Desprezível Elevada intensidade luminosa, a planta de Sol apresenta maior
(gás carbônico)

É esperado que após um tempo de crescimento dos dois

A) maior
rn
grupos de plantas, nas condições descritas, seja encontrada
uma quantidade de átomos de carbono radioativos
or nas plantas do grupo 1, pois essas plantas teriam
absorvido, pelas raízes, os compostos orgânicos para
realizar a fotossíntese.
taxa de fotossíntese do que a planta de sombra.
B) A planta de sombra apresenta saturação luminosa
menor que a planta de Sol.
C) As
As duas plantas, abaixo de seu ponto de compensação
fótico, consomem mais oxigênio do que produzem.
D) Abaixo de seu ponto de saturação luminosa, a planta
Be
B) maior nas plantas do grupo 1, pois essas plantas de sombra apresenta maior taxa de fotossíntese do que
teriam absorvido, pelas raízes, os compostos orgânicos a planta de Sol, para a mesma intensidade luminosa.
para utilizá-los como alimento, incorporando-os
diretamente em suas estruturas.
06. (Albert Einstein–2016/2) Analise o esquema a seguir,
C) equivalente
valente nos dois grupos de plantas, pois o carbono
que se refere, de forma bem simplificada, ao processo
incorporado nas estruturas das plantas pode ser
obtido tanto a partir das substâncias absorvidas pelas de fotossíntese.
raízes quanto daquelas0 absorvidas pelas folhas.
ATP
D) maior nas plantas do grupo 2, pois essas plantas
NADPH Produto
teriam absorvido, pelas folhas, o gás carbônico para Luz ETAPA A ETAPA B
realizar a fotossíntese. ADP+P final
eu

E) maior nas plantas do grupo 2, pois essas plantas NADP


teriam absorvido, pelas folhas, o gás carbônico para
realizar a respiração. Suponha que uma cultura de algas verdes seja iluminada
e receba gás carbônico com o isótopo C-14 e água com o
04. (Cesgranrio) O esquema a seguir representa um tipo de
isótopo O-18. Pode-se afirmar que
processo energético utilizado por alguns seres vivos na
natureza. Esse processo é denominado A) o gás carbônico participa das etapas A e B e prever

Oxidação
que ocorra produção de glicose com o isótopo C-14 nas
M

Substâncias duas etapas.


Subprodutos
minerais
Energia B) o gás carbônico participa apenas da etapa A e prever
que ocorra produção de glicose com o isótopo C-14
nesta etapa.
Substâncias
CO2 + H2O orgânicas
C) a água participa das etapas A e B e prever que
ocorra liberação de oxigênio com o isótopo O-18 nas
A) fotossíntese. D) respiração. duas etapas.

B) quimiossíntese. E) putrefação. D) a água participa apenas da etapa A e prever que ocorra


C) fermentação. liberação de oxigênio com o isótopo O-18 nesta etapa.

Bernoulli Sistema de Ensino 25

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 25 27/03/17 09:13


Frente A Módulo 11

07. (UNITAU-SP–2016) A taxa de fotossíntese de uma planta O processo metabólico que o poema está se referido
pode aumentar ou diminuir em função de determinados produz
fatores, agrupados em fatores limitantes intrínsecos e A) nutrientes inorgânicos a partir de reagentes orgânicos.
extrínsecos.
B) glicose (C 6H 12O 6) e oxigênio (O 2), usando como
A) CITE os fatores limitantes intrínsecos. reagente apenas a luz solar.
B) Dentre os fatores limitantes extrínsecos, o aumento C) matéria orgânica a partir da água (H2O) e do gás
da concentração de dióxido de carbono no ar e o da carbônico (CO2).
intensidade luminosa acarretam a elevação da taxa
D) Clorofila (pigmento verde),
erde), ATP e glicose.

lli
de fotossíntese. Entretanto, essa elevação não se dá
de maneira ilimitada. EXPLIQUE por que isso ocorre. E) Luz e clorofila.

SEÇÃO ENEM GABARITO

ou
01. (Enem–2009) A fotossíntese é importante para a vida na Fixação
Terra. Nos cloroplastos dos organismos fotossintetizantes,
a energia solar é convertida em energia química que, 01. B
juntamente com água e gás carbônico (CO2), é utilizada
para a síntese de compostos orgânicos (carboidratos). 02. A
A fotossíntese é o único processo de importância
biológica capaz de realizar essa conversão. Todos os
organismos, incluindo os produtores, aproveitam a
energia armazenada nos carboidratos para impulsionar
os processos celulares, liberando CO2 para a atmosfera
e água para a célula por meio da respiração celular.
rn 03. A

04. D

Propostos
Be
Além disso, grande fração dos recursos energéticos do
planeta, produzidos tanto no presente (biomassa) como 01. A
em tempos remotos (combustível fóssil), é resultante da
atividade fotossintética. 02. E
As informações sobre obtenção e transformação dos
recursos naturais por meio dos processos vitais de 03. D
fotossíntese e respiração, descritas no texto, permitem
concluir que 04. B
A) o CO2 e a água são moléculas de alto teor energético.
B) os carboidratos
carboidratos convertem energia solar em energia 05. A
eu

química.
C) a vida na Terra depende, em última análise, da energia 06. D
proveniente do Sol.
07. A) Disponibilidade de pigmentos fotossintetizantes, de
D) o processo respiratório é responsável pela retirada
enzimas e de cloroplastos.
de carbono da atmosfera.
E) a produção de biomassa e de combustível fóssil, por si, B) Isso ocorre porque os sistemas enzimáticos e
é responsável pelo aumento de CO2 atmosférico. os sistemas de pigmentos também apresentam
M

saturação. Assim, a partir de um certo ponto, a


02. (Enem–2010) O trecho a seguir é de um poema de
planta fica impossibilitada de captar carbono ou luz,
Caetano Veloso que faz referência a um dos principais
mantendo a taxa de fotossíntese constante.
processos metabólicos que acontecem nos vegetais.
Luz do Sol
Que a folha traga e traduz
Seção Enem
Em verde novo 01. C
Em folha, em graça, em vida, em força, em luz [...]
Caetano Veloso 02. C

26 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 26 27/03/17 09:13


FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA B 09
Artrópodes e equinodermos
ArtróPoDes
Os artrópodos ou artrópodes (do grego, arthron, articulação;
podos, pés) constituem o grupo mais numeroso de animais
(mais de 1 milhão de espécies) adaptados aos mais variados Insecta Arachnida
ambientes e modos de vida. (gafanhoto) (aranha)
São metazoários bilatérios, triblásticos, celomados,
protostômios e os primeiros animais providos de apêndices
locomotores articulados.

Arquivo Bernoulli
Possuem morfologia e tamanho variados, existindo desde Diplopoda Chilopoda Crustacea
espécies microscópicas, planctônicas, até espécies de grandes (piolho-de-cobra) (centopeia) (camarão)
dimensões, como o Macrocheira, um caranguejo encontrado Filo Arthropoda – O filo dos artrópodes compreende cinco grandes
no mar do Japão, que chega a ter dois metros de envergadura. classes: Insecta (insetos), Arachnida (aracnídeos), Crustacea
Apresentam um exoesqueleto de quitina que, em alguns (crustáceos), Chilopoda (quilópodes) e Diplopoda (diplópodes).
casos, como nos crustáceos, pode apresentar impregnação de
sais de cálcio (carbonato de cálcio), o que o torna mais rígido. Os artrópodes são animais segmentados, isto é, têm o
corpo dividido em segmentos ou metâmeros que, na maioria
O crescimento se faz por mudas ou ecdises. Na muda,
das espécies, se fundem, formando unidades funcionais
o animal elimina o esqueleto velho, aumenta rapidamente
denominadas tagmas. A cabeça, o tórax e o abdome dos
em volume e produz um novo exoesqueleto, compatível
insetos são exemplos de tagmas. Em crustáceos e em
com o seu novo tamanho. O exoesqueleto abandonado
aracnídeos, a cabeça e o tórax também se fundem durante
durante a muda é chamado de casca ou exúvia. As mudas
o desenvolvimento embrionário, originando uma estrutura
são estimuladas por um hormônio, o ecdisona (hormônio da
denominada cefalotórax. Alguns aracnídeos, como os
muda), produzido pelas glândulas ecdisiais ou protorácicas,
escorpiões, também possuem o pós-abdome.
também conhecidas por glândulas da muda, localizadas na
região anterior do tórax do animal. O ecdisona é lançado no Os artrópodes possuem sistema digestório constituído por
sistema circulatório do animal e determinará o despojamento tubo digestório completo e glândulas anexas.
da camada superficial da epiderme e do exoesqueleto,
ocorrendo, então, a muda. Vaso
sanguíneo Ovário
Arquivo Bernoulli

Tamanho Não Coração


artrópode b
Artrópode Papo
d
B Reto
a
Ânus
c
A
Aparelho Glândula
bucal salivar Intestino
Tempo Vagina
Ceco Cordão Túbulos de
Crescimento nos artrópodes – O gráfico faz uma comparação entre gástrico nervoso Malpighi
o crescimento dos artrópodes e o dos animais não artrópodes,
sem esqueleto ou com esqueleto interno. No gráfico, os pontos Desenho esquemático de um inseto – Nos insetos, o sistema
A e B indicam a ecdise (perda do exoesqueleto). Os segmentos a digestório é formado por boca, faringe, glândulas salivares,
e b indicam fases de grande crescimento que ocorrem enquanto papo, moela (estômago mecânico), estômago químico, intestino
não foi produzido ainda o novo esqueleto. Os segmentos c e e ânus. No estômago químico, desembocam vários cecos
d indicam fases de intermudas, sem aumento em tamanho. gástricos, tubos de fundo cego que produzem enzimas digestivas.

Bernoulli Sistema de Ensino 43

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 43 27/03/17 09:18


frente B módulo 09

Estômago Intestino A excreção pode ser feita através de túbulos de Malpighi


(insetos, aracnídeos, quilópodes e diplópodes), de glândulas
verdes ou antenais (crustáceos) e de glândulas coxais ou
femurais (aracnídeos).

Arquivo Bernoulli
O sistema nervoso é ganglionar, constituído por gânglios
cerebrais que se fundem, formando um “cérebro” primitivo.
Deste, parte um cordão nervoso ventral que faz conexão
com uma cadeia ganglionar ventral.

Boca Esôfago Hepatopâncreas Ânus


Cérebro
Desenho esquemático de um crustáceo – Nos crustáceos, Cérebro
o estômago possui, em seu interior, dentes fortemente

Arquivo Bernoulli
calcificados que formam o “moinho gástrico” ou molinete e são
utilizados para triturar os alimentos. Também possuem uma
glândula digestiva, conhecida por hepatopâncreas. Cadeia
Cadeia ganglionar ventral Gânglios nervosos nervosa
Intestino Glândula digestiva

Arquivo Bernoulli
Sistema nervoso dos artrópodos.
Estômago (hepatopâncreas)
Nos artrópodes, há uma alta especialização quanto aos
órgãos e às estruturas sensoriais. Existem estatocistos
Ânus (equilíbrio), olhos simples ou ocelos (percepção de
intensidade luminosa), olhos compostos (que permitem a
formação de imagens), órgãos auditivos, tácteis e olfativos.
Cecos
Boca gástricos Os ocelos ou olhos simples aparecem em todas as classes
dos artrópodos, e os olhos compostos, constituídos por
Desenho esquemático de um aracnídeo – Nos aracnídeos, unidades denominadas omatídios, só ocorrem nos insetos
à semelhança do que ocorre nos insetos, o estômago também e em muitos crustáceos.
faz comunicação com cecos gástricos. Após o estômago, vem
o intestino, onde se abrem os dutos de uma grande glândula Olhos compostos sésseis Facetas ou unidades
digestiva, o hepatopâncreas. visuais = omatídeos
Alguns aracnídeos (como as aranhas) e alguns insetos
Olhos simples
(como certas espécies de moscas) também fazem a digestão Cristalino
extracorpórea. As aranhas, por exemplo, injetam sucos
Arquivo Bernoulli

digestivos no corpo de suas presas e, depois que os órgãos


e tecidos internos das presas foram digeridos, sugam os Fibras
nutrientes, que serão, então, absorvidos no intestino. nervosas
A respiração mais frequente é a traqueal, sendo realizada
Nervo
por insetos, aracnídeos, quilópodes e diplópodes. Alguns Cabeça de inseto óptico
aracnídeos, por exemplo, os ácaros, fazem a respiração
cutânea. Em alguns também ocorre a respiração filotraqueal ou Esquema do olho composto dos artrópodes – Esses olhos
pulmotraqueal. Crustáceos e formas jovens (ninfas) de certos compostos têm a forma de um cone de base convexa voltada
para fora, constituída de várias unidades chamadas omatídios.
insetos fazem respiração branquial.
Cada omatídio, quando sensibilizado pela luz, permite a formação
O sistema circulatório é aberto (lacunar) e formado por de apenas um ponto do campo visual total. Assim, a visão total
poucos vasos. O coração é dorsal. depende da formação de muitos “pontos-imagens”, tantos
quantos forem os omatídios estimulados. Por isso se diz que
Saída de esses animais possuem visão em mosaico.
Coração Poro por onde o
sangue
sangue entra Com exceção apenas dos aracnídeos, os artrópodes
possuem antenas. Insetos, quilópodos e diplópodos são
animais díceros (possuem um par de antenas), já os
Arquivo Bernoulli

crustáceos são tetráceros (possuem dois pares de antenas).


Nas antenas, são encontrados receptores táteis e olfativos.
Quanto ao sexo, os artrópodes são, em sua grande maioria,
dioicos com dimorfismo sexual, existindo, entretanto, alguns
Sangue circulando crustáceos monoicos.
livremente no corpo A reprodução normalmente é sexuada por fecundação
cruzada e interna, sendo que, em algumas espécies, também
Circulação aberta em insetos.
pode ocorrer o fenômeno da partenogênese.
Pode haver ou não pigmentos respiratórios. Nos insetos, O desenvolvimento pode ser direto (alguns insetos,
quilópodes e diplópodes, o “sangue” é incolor e não possui aranhas, escorpiões, quilópodes, diplópodes) ou indireto
pigmentos respiratórios. Nos crustáceos, há hemocianina (muitas espécies de insetos, crustáceos).
(pigmento respiratório de cor azulada), que também existe A seguir, veremos alguns detalhes e características
nos aracnídeos que fazem a respiração filotraqueal. específicas das diferentes classes de artrópodes.

44 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 44 27/03/17 09:18


Artrópodes e equinodermos

iNsetos ArAcNÍDeos
São artrópodes que têm o corpo dividido em cabeça, tórax São artrópodes com cefalotórax e abdome (alguns, como
e abdome. São díceros (um par de antenas), hexápodes os escorpiões, também possuem o pós-abdome), áceros
(três pares de patas), fazem a respiração traqueal e a (sem antenas), octópodos (4 pares de patas) e fazem
excreção ocorre através dos túbulos de Malpighi. respiração filotraqueal. Alguns, como as aranhas, também
Podem ser ápteros (sem asas), dípteros (um par de asas) realizam a respiração traqueal, e outros, como os ácaros,
ou tetrápteros (dois pares de asas). fazem respiração cutânea. A excreção é feita pelos túbulos
Os insetos são dioicos, sendo comum o dimorfismo sexual. de Malpighi e pelas glândulas coxais.
A fecundação é interna e o desenvolvimento pode ser direto Os principais aracnídeos são os araneídeos, os
(insetos ametábolos) ou indireto (insetos hemimetábolos escorpionídeos e os ácaros.
e holometábolos).

A) Insetos ametábolos – São aqueles que não sofrem


Araneídeos
metamorfose, isto é, não mudam de forma durante

BiologiA
1 par de 1 par de pedipalpos
o seu desenvolvimento. O ovo eclode e libera um quelíceras
indivíduo jovem morfologicamente semelhante ao 4 pares de
patas articuladas
adulto (imago). Ex.: traças.
a
B) Insetos hemimetábolos – Têm metamorfose
incompleta ou parcial. O ovo eclode e libera uma
forma jovem, denominada ninfa, ligeiramente

Arquivo Bernoulli
diferente do adulto. A ninfa é destituída de asas e
órgãos sexuais desenvolvidos; à medida que as mudas b
ou ecdises se processam, a ninfa transforma-se
na forma adulta, isto é, no imago. Ex.: baratas, grilos,
louva-a-deus, cigarras, barbeiros e pulgões. Corpo revestido por
cutícula quitinosa
C) Holometábolos – Insetos com metamorfose
completa ou total. O ovo eclode e libera uma forma Araneídeos – São todas as espécies de aranhas.

jovem, chamada de larva, totalmente diferente do


Nesses animais, o primeiro par de apêndices
adulto. A larva realiza mudas até originar a pupa ou articulados são as quelíceras (animais quelicerados),
crisálida, uma forma dotada de poucos movimentos, que assumem várias formas e servem para cortar
que sofre profundas transformações até originar o o alimento fora da boca. Em algumas espécies, as
inseto adulto. Ex.: moscas, mosquitos, borboletas, quelíceras estão ligadas às glândulas de veneno e, nesse
mariposas, pulgas, bichos-de-pé, formigas, abelhas, caso, constituem os órgãos inoculadores de veneno.
marimbondos, besouros, vaga-lumes e joaninhas. O segundo par de apêndices articulados são os pedipalpos
(palpos), que atuam como órgão sensorial e órgão de
cópula (o macho introduz os espermatozoides na fêmea
A com o auxílio dos pedipalpos). Os quatro pares de apêndices
articulados seguintes são as patas. Na porção ventral do
abdome das aranhas, estão localizadas as aberturas das
filotraqueias e o poro genital. Posteriormente, ficam o
B
ânus e as fiandeiras, que tecem os fios da teia a partir
de material proteico produzido pelas glândulas de seda.
As aranhas são de vida livre, solitárias e predadoras,
C
alimentando-se principalmente de insetos. Muitas espécies
de aranhas têm veneno e a capacidade de picar, o que
não quer dizer que o veneno sempre provoque reação
Desenvolvimento dos insetos: A – Ametábolo (sem metamorfose):
em seres humanos. A picada da maioria das espécies é
o indivíduo jovem que sai do ovo tem a mesma forma do adulto
(Ex.: traça). B – Hemimetábolo (com metamorfose parcial):
inofensiva para o homem. O veneno mata invertebrados
do ovo, sai uma forma jovem, denominada ninfa, que rapidamente e o de algumas espécies também é letal para
morfologicamente difere um pouco do adulto (Ex.: gafanhoto). pequenos vertebrados. No homem, a picada de algumas
C – Holometábolos (com metamorfose total): do ovo, sai uma aranhas provoca fortes dores, espasmos musculares locais
forma jovem, denominada larva, que é muito diferente do adulto e generalizados, rubor (vermelhidão no local da picada)
e que ainda vai passar pela fase de pupa (Ex.: mosca). e outras complicações.

Bernoulli Sistema de Ensino 45

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 45 27/03/17 09:18


Frente b Módulo 09

Escorpionídeos CrUStÁCEoS
Pós-abdome
Artrópodes com o corpo dividido em cefalotórax e abdome,
Télson (ferrão) são tetráceros (2 pares de antenas), possuem número
variável de patas, têm respiração branquial e fazem excreção
através de glândulas verdes (antenais). Podem ser monoicos
ou dioicos. O desenvolvimento pode ser direto (sem larvas)
ou indireto (com várias fases larvais: nauplius, protozoé,
Pedipalpos
zoé, mysis e megálopa).
Os crustáceos podem ser subdividos em dois grupos:
entomostráceos e malacostráceos.

Cefalotórax
Abdome
Escorpionídeos

São os escorpiões, aracnídeos que possuem um ferrão


(aguilhão) inoculador de veneno, também chamado de
Daphnia
télson, localizado na extremidade fi nal do pós-abdome (pulga-d’água)
(cauda). Nesses animais, as quelíceras são pequenas e os
pedipalpos são desenvolvidos, terminando em grandes e
fortes pinças preênseis.
Os escorpiões preferem viver em regiões quentes e secas,
escondendo-se durante o dia e saindo para caçar insetos à noite.
São, portanto, animais de hábitos noturnos.
Alguns escorpiões, como o Tityus serrulatus (escorpião-
-amarelo) e o Tityus bahiensis (escorpião-marrom ou preto),
possuem um veneno neurotóxico poderoso, que provoca Lepas
fortes dores no local da picada, hiperemia (vermelhidão) (anatifas)
e pode trazer risco de morte, principalmente em crianças
e em idosos. O veneno pode levar a um desequilíbrio do
sistema nervoso, transpiração excessiva, aumento da
frequência cardíaca, agitação e vômitos. O tratamento é
feito com analgésicos e soro antiescorpiônico.

Ácaros
Balanus
Ácaros ou acarinos são os carrapatos e outros parasitos da
(craca)
pele dos mamíferos, como o Sarcoptes scabiei e o Demodex
folliculorum. Os carrapatos, além de sugarem o sangue dos
hospedeiros, causando irritação na pele com prurido intenso,
podem ser vetores de doenças, como a febre maculosa
(doença de etiologia bacteriana). O Sarcoptes scabiei é
o causador da escabiose ou sarna, doença transmitida
pelo contato sexual, coabitação com pessoas parasitadas,
deitando-se em camas infestadas por larvas do parasito
e, mais raramente, contato com pessoas infestadas em
transporte coletivos superlotados. O Demodex folliculorum
parasita os folículos pilosos, causando uma infl amação Cyclops
conhecida como cravo à pele.

Entomostráceos – São os crustáceos mais basais ou menos


desenvolvidos. São microscópicos (microcrustáceos) ou quase
Arquivo Bernoulli

microscópicos. Alimentam-se do fitoplâncton e, como integrantes


do zooplâncton, servem de alimento para outros animais
Carrapato Sarcoptes (sarna) Demodex (cravo de pele)
maiores. Exemplos: Cyclops, Daphnia (pulga-d’água), Lepas
Exemplos de acarinos. (anatifas) e Balanus (craca).

46 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_B09.indd 46 30/03/17 09:18


Artrópodes e equinodermos

OBSERVAÇÃO
Os quilópodos e os diplópodos formam os grupos dos
miriápodes ou miriápodos (do grego myria, inúmeros, milhares,
e podos, pé, pata), nome que constitui uma alusão exagerada
ao grande número de patas desses animais.

Arquivo Bernoulli
eQuiNoDermos
Tatuzinho-de-jardim Ligia = barata-da-praia
características gerais
Malacostráceos – São os crustáceos mais recentes, maiores e mais
desenvolvidos. Exemplos: lagostas, camarões, siris, caranguejos, Os equinodermos (do grego echinos, espinho; derma,
Porcellio (tatuzinho-de-jardim) e Ligia (barata-da-praia). pele) são metazoários exclusivamente marinhos,
bilatérios (na fase de larva) e radiados (na fase adulta),
Os crustáceos vivem, principalmente, em ambientes
triblásticos, celomados e deuterostômios. A deuterostomia

BiologiA
aquáticos (marinhos ou dulcícolas), embora existam
algumas poucas espécies terrestres, como é o caso é uma característica que aproxima evolutivamente os
do Porcellio (tatuzinho-de-jardim, tatu-bolinha ou equinodermos dos cordados.
tatuzinho-de-quintal). Essas espécies terrestres também Esses animais possuem um endoesqueleto (esqueleto
fazem respiração branquial e, por isso, exigem que no interno) situado sob a epiderme, de origem mesodérmica
ambiente haja umidade para permitir a difusão dos gases (originário do mesoderma), constituído por placas calcárias
respiratórios através dos filamentos branquiais.
fixas ou articuladas (móveis), espinhos e pedicelárias
O tatuzinho-de-jardim, embora terrestre, vive somente (pequenas pinças que fazem a limpeza da superfície do corpo).
em locais úmidos. Caranguejos podem afastar-se da água
por certo tempo, porque levam água nas câmaras onde se Pedicelária
alojam as brânquias, impedindo que estas sequem e deixem Pápula Espinho
de efetuar as trocas respiratórias. Ânus
Epiderme
Alguns crustáceos têm grande importância econômica:
camarões, lagostas e siris e muitos outros são muito
apreciados como alimento. Também têm uma importância
ecológica: pequenos crustáceos do zooplâncton são Placa calcária
alimento para muitos peixes e outros animais aquáticos. Parede do corpo
Existem, entretanto, espécies que podem ser prejudiciais.
É o caso do Cyclops sp., um pequeno crustáceo que pode Estrela-do-mar.
ser um dos hospedeiros intermediários da tênia do peixe
(Diphyllobothrium latum), que também pode parasitar o Nos outros invertebrados, o esqueleto, quando presente,
homem. As cracas, que são animais sésseis, podem fixar-se é de origem ectodérmica. Ter endoesqueleto mesodermal
a cascos de madeira de barcos, causando prejuízos. é mais uma característica que aproxima evolutivamente os
equinodermos dos cordados.
QuilóPoDos Os equinodermos possuem um sistema típico e exclusivo,
o sistema ambulacrário (ambulacral) ou hidrovascular,
Artrópodes que têm o corpo dividido em cabeça e tronco,
cuja principal função é a locomoção, embora também
apresentando um par de patas por segmento. O primeiro par
auxilie na respiração (troca de gases) e na excreção.
de patas é transformado em estruturas inoculadoras de veneno
O sistema ambulacrário é formado por um conjunto de
denominadas forcípulas, em cujas extremidades abrem-se
glândulas produtoras de veneno. São artrópodes díceros canais, ampolas e pequenos pés (pés ambulacrários),
(um par de antenas longas) que fazem respiração traqueal e contendo internamente a própria água do mar.
excreção através de túbulos de Malpighi. São dioicos, realizam
fecundação interna e o desenvolvimento é direto. Vista dorsal, externa
Exemplo: Centopeia ou lacraia. Placa
madrepórica
Pés Ampola
DiPlóPoDos ambulacrários
Canal
São artrópodes que têm o corpo dividido em cabeça e circular
tronco, com dois pares de patas por segmento, díceros Canal radial
Arquivo Bernoulli

(um par de antenas curtas), de respiração traqueal e fazem


Pés
excreção através dos túbulos de Malpighi. São dioicos, Placa madrepórica ambulacrários
realizam fecundação interna e o desenvolvimento é direto. (entrada de água do
mar no sistema) Vista interna, esquemática
Não possuem forcípulas e não são venenosos.
Exemplo: Embuás (piolhos-de-cobra). Estrela-do-mar, vista externa e interna.

Bernoulli Sistema de Ensino 47

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 47 27/03/17 09:19


frente B módulo 09

Canal pétreo A respiração é feita através de brânquias ou por difusão ao


Placa
madrepórica longo de todo o sistema ambulacrário. As estrelas-do-mar
possuem pequenas brânquias moles, denominadas pápulas,
que se projetam da cavidade do corpo, entre os espinhos
e as pedicelárias. Nos ouriços-do-mar, existem brânquias
Ampolas que se estendem para fora da membrana que circunda a boca.
Canal
circular
Tentáculos

Pés Canal
ambulacrários radial Boca
Sistema ambulacrário da estrela-do-mar.

Todos os canais do sistema ambulacrário (canal pétreo,


canal circular, canais radiais) fazem parte do esqueleto do
animal, sendo, portanto, estruturas rígidas. As ampolas e
os pés ambulacrários são estruturas musculares contráteis.
Intestino
A água do mar penetra no sistema ambulacrário através
da placa madrepórica ou madreporito, estrutura toda
perfurada que está em contato com o meio externo,

Arquivo Bernoulli
isto é, com a água do mar. Conectando-a com o canal circular,
existe o canal pétreo, de onde partem os canais radiais.
Dos canais radiais, partem canais menores que se comunicam
com as ampolas e com os pés ambulacrários. A água,
então, penetra pela placa madrepórica e chega ao canal
circular, de onde se distribui pelos canais radiais, atingindo
as ampolas e os pés ambulacrários. Ao contrário do que Árvore
ocorre com as ampolas, que possuem músculos em várias respiratória
direções, os pés ambulacrários possuem apenas músculos
longitudinais. Assim, a contração da ampola empurra a
água para o pé ambulacrário, provocando o alongamento
deste; o relaxamento da ampola provoca retração do pé. Desenho esquemático de um pepino-do-mar (Holotúria) –

Desse modo, é feita a locomoção dos equinodermos. Nos pepinos-do-mar, existe uma árvore respiratória que se compõe
de brânquias situadas no interior do corpo do animal.
O sistema digestório dos equinodermos é formado por
um tubo digestório completo (com exceção dos ofiuroides
Nos equinodermos, não há um sistema circulatório típico,
ou ofiúros, que não possuem ânus). Em alguns, como nas
mas um conjunto de canais que circundam a boca e que
estrelas-do-mar e ouriços-do-mar, a boca localiza-se na face
também são encontrados abaixo dos canais do sistema
inferior (face oral), e o ânus, na face superior (face aboral).
ambulacrário. No interior desses canais, há um líquido
Placa
madrepórica incolor com células livres, os amebócitos, que recolhem
Ânus Epiderme os catabólitos e os levam até as brânquias dérmicas.
Espinho
Canal radial Não possuem coração. Esse sistema dos equinodermos é de
Canal Ampolas difícil visualização e denomina-se sistema hemal.
circular
Arquivo Bernoulli

A excreção é feita por difusão ao longo de todo o sistema


ambulacrário, principalmente pelos pés ambulacrários. Nas
Pedicelária estrelas-do-mar, a excreção também se faz através das
pápulas (brânquias). Assim, além da função respiratória

Pés (troca de gases), as pápulas também ajudam na excreção.


Dente Boca ambulacrários
O sistema nervoso é formado por uma rede nervosa difusa,
Desenho esquemático de um ouriço-do-mar – Nos ouriços-do-mar, de localização subepidérmica, semelhante à dos cnidários,
há um conjunto de cinco dentes ao redor da boca. Esses dentes
e de um anel nervoso situado ao redor da região bucal,
constituem a chamada lanterna de Aristóteles e servem para
o animal raspar a superfície de rochas onde crescem algas, de onde partem cordões nervosos radiais. É, portanto, um
das quais se alimenta. sistema nervoso difuso com cordões nervosos.

48 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 48 27/03/17 09:19


artrópodes e equinodermos

Anel • Holothuroidea (holoturoides) – Possuem


nervoso central esqueleto reduzido a placas microscópicas. Por isso,
seu corpo é mole, o que é compensado com uma
maior capacidade de locomoção.

Exemplos: pepino-do-mar ou holotúria. Em alguns


países, esses animais são consumidos como alimento.
Rede
nervosa • Crinoidea (crinoides) – Representada pelo lírio-do-
-mar, que vive preso por ramifi cações em rochas ou
em outros suportes.

Arquivo Bernoulli
Cordão
nervoso

Lírio-do-mar

bioLoGia
(Crinoide)

Desenho esquemático de uma estrela-do-mar.

Os equinodermos são de vida livre. Não existem espécies Serpente-do-mar


(Ofiuroide)
parasitos e eles não formam colônias.

São dioicos, sem dimorfismo sexual, de fecundação


externa e desenvolvimento indireto. Há vários tipos de
larvas ciliadas, de simetria bilateral, que são encontradas Pepino-do-mar
(Holoturoide)

Arquivo Bernoulli
livremente e fazem parte do zooplâncton marinho.
Entre as larvas desses animais, destacam-se a pluteus ou
plúteo (larva de ouriço-do-mar e das serpentes-do-mar) e
a bipinária (larva das estrelas-do-mar). Ouriço-do-mar
Os equinodermos possuem elevada capacidade de (Equinoide)

regeneração. Estrelas-do-mar, por exemplo, podem


Bolacha-do-mar
regenerar um ou mais braços perdidos, podendo, (Equinoide)
inclusive, realizar autotomia (do grego, autos, por si próprio, Estrela-do-mar
(Asteroide)
e tomos, divisão), desfazendo-se de braços quando presos
em rochas ou por predadores. Em seguida, por regeneração,
a estrela-do-mar produz um novo braço.

Classificação Exemplos de equinodermos.

Os equinodermos estão distribuídos em cinco classes E x i s t e m a l g u m a s s e m e l h a n ç a s o b s e r va d a s n o


principais. São elas: desenvolvimento embrionário dos equinodermos e dos
cordados que constituem fortes evidências de que esses
• Asteroidea (asteroides) – Possuem um disco dois grupos de animais têm um parentesco evolutivo, isto é,
central de onde saem cinco braços (às vezes mais). tiveram um ancestral comum. Uma dessas evidências é a
deuterostomia, ou seja, nesses dois grupos de animais,
Exemplo: estrela-do-mar.
o blastóporo origina o ânus.

• Echinoidea (equinoides) – Não possuem braços. Outra evidência é a origem do celoma. Em todos os
invertebrados, com exceção dos equinodermos, o celoma
Exemplo: ouriço-do-mar. tem origem esquizocélica. Nos equinodermos, assim
como nos cordados, o celoma tem origem enterocélica.
• Ophiuroidea (ofioroides) – São parecidos com a São, portanto, animais enterocelomados.
estrela-do-mar, por causa dos braços longos, fi nos,
Também o esqueleto interno de origem mesodermal é
fl exíveis, usados para a locomoção.
outra característica comum que aproxima evolutivamente
Exemplos: estrela-serpente, serpente-do-mar ou ofi úro. esses dois grupos de animais.

Bernoulli Sistema de Ensino 49

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Frente b Módulo 09

EXErCÍCioS DE FiXaÇÃo
01. (UFPE) O fi lo Arthropoda representa mais de um milhão
de espécies com grande número de indivíduos e enorme
diversidade de hábitats. Em relação a esse fi lo, analise o
que é afi rmado nas alternativas a seguir.
( ) Uma das principais características desse fi lo é a
musculatura bem desenvolvida, que fi ca interna ao
exoesqueleto. A) antenas à esquerda das pernas.

( ) Apresenta um crescimento descontínuo relacionado B) pedipalpos à direita do abdome.

com a troca do exoesqueleto. O animal cresce no C) abdome à esquerda das pernas.


período pós-muda antes da consolidação do novo D) abdome à direita dos pedipalpos.
exoesqueleto.

( ) Apresenta um coração tubular dorsal, que bombeia 04. (FESP-PR) Equinodermos são animais
o sangue ou a hemolinfa para as artérias e, por isso, A) protostômios, acelomados e de simetria radial.
seu sistema circulatório é fechado.
B) acelomados, protostômios e de simetria bilateral na
( ) O sistema sensorial dos artrópodos é muito fase larval.
desenvolvido, sendo que, nos cefalópodos, podemos
C) celomados, deuterostômios e de simetria radial.
encontrar olhos bem desenvolvidos semelhantes aos
D) celomados, protostômios e de simetria radial na
dos vertebrados.
fase adulta.
( ) O sistema respiratório desses animais é traqueal ou
E) deuterostômios, acelomados e de simetrial radial.
cutâneo, adaptado à respiração aérea.

02. (FUVEST-SP–2016) Tatuzinhos-de-jardim, escorpiões,


siris, centopeias e borboletas são todos artrópodes.
EXErCÍCioS ProPoStoS
Compartilham, portanto, as seguintes características:
01. (FDSBC-SP–2016)
A) Simetria bilateral, respiração traqueal e excreção por
túbulos de malpighi.

B) Simetria bilateral, esqueleto corporal externo e


apêndices articulados.

C) Presença de cefalotórax, sistema digestório incompleto


e circulação aberta.

D) Corpo não segmentado, apêndices articulados e


respiração traqueal.
Costuma-se dizer que uma pessoa tem “sangue de
E) Corpo não segmentado, esqueleto corporal externo
barata” quando não reage a situações ofensivas. Já,
e excreção por túbulos de malpighi.
do ponto de vista biológico, o sangue de barata é

03. (Unicamp-SP–2016) Antonie van Leeuwenhoek e Robert caracterizado por

Hooke trouxeram contribuições signifi cativas para o A) apresentar hemocianina como substância que leva
desenvolvimento da biologia, usando microscópios oxigênio aos tecidos.

ópticos. Leeuwenhoek utilizava microscópios com uma B) conter vários tipos celulares, como leucócitos e
única lente, enquanto Hooke utilizava microscópios com hemácias.

duas lentes. A fi gura a seguir retrata o detalhe de um C) ser incolor e não transportar gases respiratórios,
animal desenhado por Hooke. Considerando que ele tenha função desempenhada por traqueias.
visto o animal na posição em que desenhou, esse mesmo D) circular somente no interior de uma rede contínua de
animal seria visto no microscópio de Leeuwenhoek com vasos capilares.

50 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_B09.indd 50 30/03/17 09:19


Artrópodes e equinodermos

02. (UNISC-RS–2015) A metamorfose representa uma 06. (PUC-SP) Qual das afirmações é INCORRETA em relação
forma de transformação do estágio jovem para o adulto. aos equinodermos?
Na Classe Insecta existem indivíduos com metamorfose
São animais
gradual (hemimetábolos) e outros com metamorfose
A) que apresentam esqueleto interno, situado sob a
completa (metábolos). Quais dos exemplos citados a
epiderme.
seguir exemplificam estes dois tipos de metamorfose,
respectivamente? B) protostômios.

A) Abelha e formiga. C) deuterostômios.

B) Mosca e abelha. D) triblásticos, celomados.

C) Besouro e borboleta. E) sem dimorfismo sexual.

D) Libélula e besouro.
07. (Unicamp-SP–2013) Um zoólogo recebeu um animal
E) Barata e gafanhoto.
marinho encontrado em uma praia. Ao tentar identificá-lo
com o auxílio de uma lupa, o pesquisador notou, na

BIOLOGIA
03. (CMMG) Após as primeiras chuvas que antecedem a
superfície corporal do animal, a presença de espinhos e de
primavera, vêm as cigarras; aos montes. Os troncos das
estruturas tubulares, identificadas como pés ambulacrais.
árvores ficam repletos das “cascas” destes insetos e, não
raro, escutamos pessoas dizendo: “elas cantam até morrer”... A) Com base nesses elementos da anatomia externa,
DETERMINE o filo a que pertence o animal em
Na realidade, aquelas cascas prenunciam uma nova vida
análise. NOMEIE uma classe desse filo e DÊ um
que, acabando de ganhar um novo habitat, partem para
exemplo de um animal que a represente.
a reprodução.
B) EXPLIQUE como ocorre a reprodução dos animais
Observando essas cascas (o exoesqueleto, resultante
pertencentes a esse filo.
da última muda depois de longos anos de vida
“larvária”), podemos destacar as seguintes evidências
que comprovam a afirmação, EXCETO:
A) Incisão dorsal para “saída” do adulto metamorfoseado.
Seção Enem
B) Primeiro par de patas destinado à escavação.
01. (Enem–2010) As estrelas-do-mar comem ostras,
C) Quatro pares de patas.
o que resulta em efeitos econômicos negativos para
D) Ausência de asas.
criadores e pescadores. Por isso, ao se depararem com
esses predadores em suas dragas, costumam pegar as
04. (UCS-RS–2016) Uma senhora foi picada por um animal
invertebrado e, preocupada, ligou para o Centro de estrelas-do-mar, parti-las ao meio e atirá-las de novo

Informações Toxicológicas (CIT), fone 0800 7213000, à água. Mas o resultado disso não era a eliminação das
plantão 24 horas. O CIT solicitou a descrição do animal estrelas-do-mar, e sim o aumento do seu número.
que, de acordo com as informações dadas, revelou-se ter DONAVEL, D. A bela é uma fera. Superinteressante.
quatro pares de patas, cefalotórax e abdômen fundidos Disponível em: <http://super.abril.com.br>.
e quelíceras. Acesso em: 30 abr. 2010 (Adaptação).
O animal descrito trata-se de um
A partir do texto e do seu conhecimento a respeito desses
A) aracnídeo, uma centopeia.
organismos, a explicação para o aumento da população
B) aracnídeo, um carrapato. de estrelas-do-mar se baseia no fato de elas possuírem
C) inseto, um escorpião. A) papilas respiratórias que facilitaram sua reprodução
D) inseto, um percevejo. e respiração por mais tempo no ambiente.

E) diplópode, uma lacraia. B) pés ambulacrários que facilitaram sua reprodução e a


locomoção do equinodermo pelo ambiente aquático.
05. (VUNESP) Um par de antenas, dois pares de antenas e C) espinhos na superfície do corpo que facilitaram
ausência de antenas são características, respectivamente, sua proteção e reprodução, contribuindo para sua
dos seguintes grupos de artrópodes. sobrevivência.

A) Insetos, aracnídeos e crustáceos. D) um sistema de canais que contribuíram na distribuição


de água pelo seu corpo e ajudaram bastante em sua
B) Crustáceos, insetos e aracnídeos.
reprodução.
C) Aracnídeos, crustáceos e insetos.
E) alta capacidade regenerativa e reprodutiva, sendo
D) Insetos, crustáceos e aracnídeos. cada parte seccionada capaz de dar origem a um
E) Aracnídeos, insetos e crustáceos. novo indivíduo.

Bernoulli Sistema de Ensino 51

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Frente B Módulo 09

02. (Enem–2005) O desenvolvimento da maior parte das espécies de insetos passa por vários estágios até chegar à fase adulta,
quando finalmente estão aptos à reprodução. Esse desenvolvimento é um jogo complexo de hormônios. A ecdisona promove as
mudas (ecdíases), mas o hormônio juvenil impede que o inseto perca suas características de larva. Com o tempo, a quantidade
desse hormônio diminui e o inseto chega à fase adulta.

Cientistas descobriram que algumas árvores produzem um composto químico muito semelhante ao hormônio juvenil dos insetos.

Ecdisona Ecdisona Ecdisona Ecdisona

Ovo
Muda Muda Muda Muda

Hormônio
Hormônio juvenil Hormônio juvenil
Hormônio juvenil juvenil

A vantagem de uma árvore que produz uma substância que funcione como hormônio juvenil é que a larva do inseto,
ao se alimentar da planta, ingere esse hormônio e

A) vive sem se reproduzir, pois nunca chega à fase adulta.

B) vive menos tempo, pois seu ciclo de vida encurta.

C) vive mais tempo, pois ocorrem poucas mudas.

D) morre, pois chega muito rápido à fase adulta.

E) morre, pois não sofrerá mais mudas.

Gabarito
Fixação
01. V V F F F

02. B

03. D

04. C

Propostos
01. C

02. D

03. C

04. B

05. D

06. B

07. A) Os pés ambulacrais são estruturas externas típicas do filo dos Equinodermos. Asteroidea: estrelas-do-mar.

B) Os equinodermos são dioicos e podem se reproduzir assexuadamente, por regeneração, ou sexuadamente,

por fecundação externa.

Seção Enem
01. E

02. A

52 Coleção Estudo 4V

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Frente Módulo

BIOLOGIA B 10
Protocordados, peixes e anfíbios
Cordados
O filo Chordata (cordados) é formado por animais Classificação
bilaterais, triblásticos, celomados e deuterostômios. Esses
animais apresentam três características típicas, encontradas O filo Chordata (cordados) é subdividido em três subfilos:
pelo menos em estágios do desenvolvimento embrionário, subfilo Urochordata ou Tunicata (urocordados ou tunicados),
que são: notocorda, fendas branquiais e tubo nervoso dorsal. subfilo Cephalochordata (cefalocordados) e subfilo
Euchordata ou Vertebrata (eucordados ou vertebrados).
• Notocorda (corda dorsal) – Estrutura fibrosa
que confere sustentação ao corpo do animal. Nos Os urocordados e os cefalocordados são os cordados
cordados vertebrados, a notocorda é substituída, mais primitivos e, por isso, juntos eles formam o grupo
durante o desenvolvimento embrionário, pela coluna dos protocordados. Os protocordados são cordados
vertebral; em outros, como no anfioxo, a notocorda invertebrados e, por não possuírem crânio, também formam
persiste durante toda a vida do animal. o grupo acraniata.
• Fendas branquiais – Pequenos orifícios encontrados
Os eucordados ou vertebrados constituem cerca de 95%
na faringe e que servem para a filtração de alimentos
de todas as espécies de cordados. São mais evoluídos e
ou para a respiração. Em alguns cordados, como nos
formam o grupo craniata, ou seja, cordados que possuem
peixes, as fendas branquiais persistem nos indivíduos
crânio. Estão subdivididos em agnatos (sem mandíbulas)
adultos; em outros, como na maioria dos anfíbios,
e gnatostomados (com mandíbulas). Os agnatos atuais estão
répteis, aves e mamíferos, as fendas branquiais
distribuídos em uma única classe, a classe Cyclostomata
estão presentes apenas nos embriões, fechando-se
(ciclostomados, também chamados de peixes sem
no decorrer do desenvolvimento do animal.
mandíbulas). Os gnatostomados englobam representantes
• Tubo nervoso dorsal – Estrutura originária de uma
de seis classes: classe Chondrichthyes (condrictes ou peixes
invaginação da ectoderme. Nos demais grupos de
cartilaginosos), classe Osteichthyes (osteictes ou peixes
animais, o sistema nervoso, quando presente, é difuso ou
ósseos), classe Amphibia (anfíbios), classe Reptilia (répteis),
ventral e, nesse caso, apresenta tubo nervoso localizado
classe das Aves e classe Mammalia (mamíferos).
ventralmente no corpo do animal. Nos cordados, o tubo
nervoso ocupa posição dorsal e dele partem nervos, com Veja no quadro a seguir a classificação dos cordados,
fibras que inervam os órgãos internos e a musculatura. adotada pela maioria dos autores.

Filo Chordata (cordados)

• Classe Chondrichthyes (peixes cartilaginosos)


• Classe Osteichthyes (peixes ósseos)

Gnatostomados • Classe Amphibia (anfíbios)


Subfilo Euchordata (com mandíbulas)
Grupo Craniata ou Vertebrata • Classe Reptilia (répteis)
(presença de crânio) (eucordados
• Classe das Aves
ou vertebrados)
• Classe Mammalia (mamíferos)

Agnatos
• Classe Cyclostomata (cyclostomados)
(sem mandíbulas)

Grupo Acraniata
• Subfilo Urochordata ou Tunicata (urocordados ou tunicados)
ou Acrania
(ausência de crânio) • Subfilo Cephalochordata (cefalocordados)

Bernoulli Sistema de Ensino 53

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 53 27/03/17 09:19


frente B módulo 10

ProtocorDADos A água penetra no corpo da ascídia através do sifão inalante,


atravessa as fendas branquiais e cai na cavidade atrial, de
urocordados (urochordata) onde é eliminada do corpo, através do sifão exalante. Quando
a água passa através das fendas branquais, os organismos
ou tunicados (tunicata) microscópicos do plâncton grudam no muco que recobre a
Constituem o maior grupo de protocordados (cerca de 2 000 superfície das fendas. Os micro-organismos capturados são,
espécies) e têm como representantes mais característicos as então, conduzidos ao estômago pelo batimento de cílios,
ascídias, também conhecidas por seringas-do-mar. presentes nas células que revestem a faringe.
Larva
Larva Nos urocordados, a notocorda fica restrita à região caudal
A das larvas (daí o nome urocordados). Durante a metamorfose
Coração Cordão nervoso para a fase adulta, a cauda regride e, com ela, a notocorda.
dorsal
Fendas branquiais Por essa razão, alguns autores dizem que os urocordados
faringeanas Notocorda apresentam metamorfose regressiva ao passarem do estágio
larval para o estágio adulto.

O sistema digestório desses animais é formado por um


tubo digestório completo, a respiração é branquial e o sistema
Estômago circulatório é aberto. O sangue é esverdeado devido à presença
de um pigmento respiratório que possui vanádio (V) na molécula.
Saída
Entrada
Embora sejam capazes de se reproduzirem assexuadamente
Adulto por brotamento, as ascídias, que são animais hermafroditas,
ADULTO
normalmente se reproduzem por fecundação externa e têm
B
desenvolvimento indireto. As larvas têm cauda desenvolvida.
Sifão de entrada de água + O2 + alimento

cefalocordados (cephalochordata)
Túnica
Animais exclusivamente marinhos, de pequeno tamanho
Boca (5 ou 6 cm), com notocorda que se estende dorsalmente
Sifão cloacal ao longo de todo o corpo, dando rigidez ao animal.
O representante típico é o Amphioxus (anfioxo).
Faringe
Canal deferente Cavidade Tubo
Fendas branquiais e oviduto bucal nervoso Notocorda
Intestino
Intestino
Arquivo Bernoulli

Esôfago

Arquivo Bernoulli
Gônadas
(testículo e ovário) Estômago

Glândula digestiva Intestino


Coração médio Ânus
Fígado
Fendas Intestino
Ascídia (Urocordado) – A: larva; B: adulto em corte longitudinal. Cirros bucais branquiais terminal
Atrióporo
Como os demais protocordados, as ascídias são animais
exclusivamente marinhos. Na fase larvária, têm dimensões Aspecto geral do anfioxo – Do grego: Amphis, duas, e oxys, pontas.
microscópicas e fazem parte do plâncton. Os indivíduos
O anfioxo vive semienterrado na areia do fundo do mar,
adultos são sésseis (fixos em rochas), têm cerca de 10 cm
e podem ser encontrados vivendo isolados ou em colônias. saindo periodicamente para procurar alimento.
O corpo dos indivíduos adultos é revestido por uma túnica O tubo digestório é completo. A boca é rodeada por
protetora (daí o nome tunicados) formada por tunicina tentáculos filiformes que contêm células sensoriais, chamadas
(polissacarídeo semelhante à celulose). Essa túnica apresenta
cirros. Essas células impedem a entrada de partículas muito
duas aberturas ou sifões: sifão inalante, por onde entra a
grandes através da boca. Assim como os urocordados, os
água, os nutrientes e o oxigênio; e sifão exalante, por onde
cefalocordados também são animais filtradores.
sai a água com excretas e, eventualmente, até gametas.
Os urocordados são animais filtradores. Fazem a água do A respiração é branquial, a circulação é formada por vasos,
mar circular através do seu corpo, dela retirando alimento alguns contráteis, e a excreção é feita por protonefrídios
e o gás oxigênio, e eliminando excreções e gás carbônico. (solenócitos) situados na região dorsal da faringe.

54 Coleção Estudo 4V

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Protocordados, peixes e anfíbios

Os canais desses protonefrídios se abrem no átrio (cavidade O tubo digestório é completo. Há um fígado e o intestino
ao redor da faringe), que possui um poro (abertura), possui uma válvula espiral (prega espiral), destinada a
o atrióporo. Essas células excretoras do anfioxo são muito aumentar a superfície de absorção de nutrientes.
semelhantes às células-flama dos platelmintos.
Válvula espiral
O sistema nervoso é constituído por um longo tubo nervoso
(tubo neural) dorsal. Intestino

Arquivo Bernoulli
São animais dioicos que se reproduzem sexuadamente
por fecundação externa.
O anfioxo é um animal de grande importância biológica,
especialmente em estudos de embriologia comparada
dos cordados. A respiração é branquial, a circulação é fechada e a excreção
é feita por meio de rins pronéfrons ou rins mesonéfrons.

PeiXes As espécies podem ser monoicas (feiticeiras) ou dioicas

BiologiA
(lampreias). A reprodução é sexuada, por fecundação
O estudo particular desse grupo de animais é feito por um externa, e o desenvolvimento pode ser direto (feiticeiras) ou
ramo da zoologia denominado ictiologia (do grego ichthyos, indireto (lampreias), com larvas chamadas amocete, muito
peixe; logos, estudo). semelhantes ao anfioxo.

São animais aquáticos, de corpo geralmente alongado


ou fusiforme, dotados de esqueleto interno, brânquias e
condrictes e osteíctes
nadadeiras. Alguns são agnatos (sem mandíbulas), mas a Os condrictes (peixes cartilaginosos) e os osteíctes (peixes
maioria é gnatostomada (com mandíbulas). ósseos) são peixes mandibulados (gnastotomados).

Os peixes constituem o maior grupo de vertebrados O esqueleto desses peixes pode ser totalmente
(mais de 20 mil espécies), que pode ser distribuído em três cartilaginoso (condrictes ou peixes cartilaginosos) ou ósseo
classes: ciclostomados, condrictes e osteíctes. (osteíctes ou peixes ósseos), mas com algumas partes de
cartilagem. Entre os peixes cartilaginosos, destacam-se
ciclostomados os tubarões, as raias e as quimeras. Nesses peixes,
até o crânio e as vértebras são cartilaginosos. Entre as
Os ciclostomados ou ciclóstomos (do grego kyklos, vértebras que formam a coluna, é possível encontrar restos
círculo; stoma, boca) são peixes agnatos (sem mandíbulas), da notocorda.
cujos representantes mais típicos são as lampreias e as
feiticeiras (“peixe-bruxa”), espécies de ocorrência restrita ao Os peixes ósseos constituem o grupo mais numeroso de
Hemisfério Norte. Não há espécies de ciclóstomos no Brasil. peixes (cerca de 20 mil espécies), cujos restos da notocorda
persistem entre as vértebras.

As nadadeiras são formações laminares, com vários


raios internos de sustentação recobertos pela pele. Além
Lampreia
Boca da locomoção, as nadadeiras, dependendo da espécie de
Raul Soares

peixe, podem desempenhar outras funções, como a de


proteção (ferrão venenoso das raias), a de impulsão no ar
(peixe-voador), a de estabilização e, até, a de cópula.
Boca
Feiticeira Em função da posição de implantação no corpo,
Boca as nadadeiras são classificadas em ímpares e pares.
Ciclostomados – As lampreias são parasitos hematófagos de peixes.
Dorsal
Fixam-se às suas vítimas por meio de ventosas, raspam-lhes
a pele com os dentes e com a língua e, então, sugam-lhes Caudal
Arquivo Bernoulli

os tecidos juntamente com o sangue, levando-as à morte.


As feiticeiras ou mixines geralmente são necrófagas, embora
também possam atacar peixes, penetrando em seu interior
através das brânquias e sugando suas partes moles.

Os ciclóstomos são animais aquáticos (dulcícolas e


marinhos) de corpo alongado, que podem atingir 1 m de Anal Peitorais (duas)
comprimento e possuem esqueleto apenas cartilaginoso. Pélvicas (duas)
Neles, a notocorda persiste no adulto, entre as vértebras
cartilaginosas que a protegem. Tipos de nadadeiras.

Bernoulli Sistema de Ensino 55

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frente B módulo 10

A nadadeira caudal pode ser homocerca (com ramos


iguais), heterocerca (com ramo dorsal mais desenvolvido)
e dificerca (sem bifurcação em dois ramos).

Ramo
maior Opérculo Fendas branquiais
Ramo sem bifurcação
Nos peixes, a água que entra pela boca passa pela faringe,
banha as brânquias e sai pelas fendas branquiais. Os peixes

Arquivo Bernoulli
Ramos
iguais cartilaginosos possuem espiráculos, situados antes da
primeira fenda branquial, que também permitem a entrada
Ramo
menor da água que banha as brânquias. Os peixes ósseos não
possuem espiráculo.
Homocerca Heterocerca Dificerca
Os peixes dipnoicos (também chamados de peixes
Nadadeira caudal – Os peixes cartilaginosos (condrictes), em pulmonados) são peixes ósseos que, além da respiração
geral, possuem nadadeira caudal heterocerca. Nos peixes ósseos branquial, também são capazes de realizar troca de gases
(osteíctes), a nadadeira caudal, em geral, é homocerca, existindo na bexiga natatória, que funciona, então, como um pulmão.
espécies, como os peixes dipnoicos, que possuem nadadeira
A bexiga natatória é uma estrutura presente na maioria
caudal dificerca.
dos peixes ósseos. Trata-se de uma bolsa contendo gases
A pele dos peixes é constituída por duas camadas, (O2, CO2 e N2) com paredes vascularizadas. Em alguns
epiderme e derme, e apresenta glândulas mucosas peixes, a bexiga natatória permanece ligada à faringe por
que lubrificam a superfície do corpo e reduzem o atrito um canal, o duto pneumático ou pneumoduto; outros não
possuem mais o duto pneumático e, portanto, não há ligação
com a água durante a natação. O corpo dos peixes é
anatômica entre a bexiga natatória e a faringe. Os que
recoberto por estruturas anexas denominadas escamas.
possuem o duto pneumático são denominados fisóstomos
Nos cartilaginosos, as escamas são do tipo placoides, de
(fiso, bexiga; stoma, boca). Os que não possuem esse duto
origem dermoepidérmica, homólogas aos dentes dos demais
são denominados fisóclistos (clisto, fechado).
vertebrados, o que confere à pele desses animais textura de
lixa. Nos peixes ósseos, a pele apresenta escamas achatadas
Bexiga
dos tipos cicloide e ctenoide, de origem dérmica. natatória
Pneumoduto
Os peixes, como os demais vertebrados, possuem sistema

Arquivo Bernoulli
digestório constituído por um tubo digestório completo e
glândulas anexas (fígado e pâncreas). Não existem glândulas
salivares. A boca ocupa posição ventral nos cartilaginosos,
e, nos ósseos, ocupa a posição anterior. A língua é pouco
Tubo
desenvolvida, e os dentes são todos morfologicamente Opérculo Ânus
digestório
semelhantes uns aos outros, variando apenas no tamanho,
isto é, os peixes são animais homodontes (possuem Bexiga natatória – Peixe fisóstomo.
homodontia = dentes semelhantes). São também animais
polifiodontes (formam várias dentições, isto é, caem uns A bexiga natatória tem função hidrostática, uma vez que
promove o ajustamento do peso específico (densidade) do
dentes, nascem outros). O intestino é curto e apresenta a
animal em relação ao da água. Os fisóstomos engolem o
mesma espessura em toda a sua extensão. Nos condrictes,
ar na superfície para encher a bexiga natatória e soltam-no
o intestino possui uma válvula espiral (também chamada
pela boca para esvaziá-la. Alguns fisóstomos podem usar a
de tiflossole), e os osteíctes apresentam cecos pilóricos.
bexiga natatória como órgão auxiliar na respiração. Dessa
Essas duas estruturas têm a mesma finalidade: aumentar
forma, esse órgão atua como um pulmão.
a superfície de absorção dos nutrientes. Nos peixes
cartilaginosos, o intestino abre-se em uma cloaca, já nos Os peixes fisóclistos e também os fisóstomos possuem
ósseos, termina no ânus. na parede da bexiga natatória uma estrutura denominada
glândula de gás. Essa glândula retira gases do sangue
Os peixes fazem respiração branquial. As brânquias são (principalmente O2), lançando-os ao interior da bexiga
internas e se comunicam com a superfície externa do corpo natatória e aumentando, assim, a pressão interna. Nos
por meio das fendas branquiais. Nos peixes cartilaginosos, fisóstomos, a diminuição da pressão do gás na bexiga
existem cinco pares de fendas branquiais descobertas, e, nos natatória é feita pelo duto pneumático. Já nos fisóclistos,
peixes ósseos, existem quatro pares de fendas branquiais isso ocorre por meio de uma estrutura denominada oval,
cobertas pelos opérculos. pela qual os gases da bexiga difundem-se para o sangue.

56 Coleção Estudo 4V

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Protocordados, peixes e anfíbios

Quando o peixe está em águas mais superficiais, para descer,


os gases difundem-se para o interior dos vasos e, assim, Sangue venoso Sangue arterial
Coração Brânquias Tecido
o volume da bexiga natatória diminui, a densidade do animal
aumenta e ele afunda. Quando em águas mais profundas,
Sangue venoso
para subir, os gases difundem-se dos vasos para o interior da
bexiga natatória que, então, aumenta de volume, diminuindo
a densidade do animal e fazendo-o subir. Em outras palavras,
A excreção se faz através de rins mesonéfrons.
para encher a bexiga, a glândula mobiliza gases do sangue;
Os peixes cartilaginosos são ureotélicos, já os ósseos são
para esvaziá-la, os gases são eliminados para o sangue.
amoniotélicos. Além da eliminação de catabólitos, o sistema
Veia cardinal posterior excretor também tem importante papel no mecanismo da
Aorta dorsal osmorregulação ou equilíbrio hidrossalino.

A osmorregulação consiste na manutenção de taxas


normais de água e sais no meio interno do organismo.

BiologiA
Corpo oval
Por meio de mecanismos de homeostase (equilíbrio),
Arquivo Bernoulli
Bexiga natatória o organismo procura manter constante a composição dos seus
líquidos orgânicos (sangue, linfa, líquidos intercelulares).
Fígado
Esses líquidos do corpo devem ficar em um estado de
Rede de capilares constante equilíbrio osmótico com as células e os tecidos.
Qualquer desvio na concentração de solutos nesses líquidos
Bexiga natatória e estruturas anexas. pode provocar passagens consideráveis de água do meio
intracelular para o extracelular ou vice-versa. Para que não
A presença de uma vesícula cheia de gases em um peixe
ocorram alterações do equilíbrio osmótico, os organismos
permite-lhe reduzir a densidade de seu corpo até um
utilizam os mais diversos expedientes para controlar a
determinado nível, fazendo-o permanecer imóvel e flutuar.
concentração de água nos seus líquidos biológicos.
Nos peixes dipnoicos, a bexiga natatória também funciona
como um “pulmão primitivo”, realizando troca de gases. Nos peixes, ocorrem diferentes estratégias para
Um bom exemplo desses peixes é a piramboia, encontrada na a osmorregulação.
Amazônia. Esses animais vivem em ambientes estagnados,
Os peixes ósseos marinhos são hipotônicos em relação à
com baixa concentração de oxigênio e, por isso, dirigem-se
água do mar. Por isso, estão sempre “perdendo” água por
periodicamente para a superfície para respirar, utilizando a
osmose para o meio externo. Para não sofrerem desidratação
bexiga como pulmão.
(o que seria estranho em um animal que vive no meio
A circulação nos peixes é fechada, simples e completa. aquático), eles bebem muita água do mar e absorvem essa
O coração dos peixes é bicavitário (uma aurícula e um água no intestino. Também produzem uma urina pouco
ventrículo) e somente por ele passa sangue venoso. diluída (muito concentrada), ou seja, a perda de água através
Sangue arterial da urina é pequena. Para que a ingestão contínua de água
Brânquias
salgada não aumente a salinidade dos líquidos corpóreos,
as brânquias promovem uma eliminação por transporte ativo
Arquivo Bernoulli

do excesso de sais. Assim, as brânquias desses peixes, além


Tecido do corpo da função respiratória (troca de gases), possuem uma função
excretora e osmorreguladora.

Coração Os peixes ósseos dulcícolas são hipertônicos em relação à


Sangue venoso
água do meio ambiente e, por isso, há uma entrada de água
Circulação em peixes – Através de veias, o sangue venoso, no organismo por osmose. A fim de evitar uma turgência
proveniente dos tecidos, chega ao coração desembocando excessiva, esses peixes eliminam grandes quantidades
no átrio (aurícula) e passando, em seguida, ao ventrículo. de urina bastante diluída. Mas, juntamente com a urina,
Do ventrículo, o sangue venoso sai pela artéria aorta ventral,
o animal perde certa quantidade de sais. Como esses peixes
sendo levado às brânquias, nas quais ocorre a hematose, isto é,
praticamente não bebem água e, assim, a ingestão de
o sangue passa de venoso a arterial. Das brânquias, o sangue,
agora arterial, é levado aos tecidos, nos quais deixa o O2 para sais é pequena, as brânquias, então, por transporte ativo,
as células e recebe delas o CO2. Assim, nos tecidos, o sangue absorvem os sais dissolvidos na água do ambiente. Desse
passa de arterial a venoso e este, então, retorna ao coração, modo, esses peixes mantêm o equilíbrio hidrossalino entre
desembocando no átrio. o seu sangue e suas células.

Bernoulli Sistema de Ensino 57

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 57 27/03/17 09:20


frente B módulo 10

Os peixes estão entre os vertebrados que possuem


A B olfato mais desenvolvido. Neles, as cavidades nasais são
Eliminação Muita água
de sais H2O recurvadas, e os dois poros de cada uma abrem-se apenas
para o exterior, permitindo a livre circulação da água.
H2O Tubarões e piranhas, por exemplo, percebem, pelo olfato,
Urina diluída
mínimos traços de sangue na água, já os salmões, ao
e abundante Pouca
Absorção migrarem rio acima para a desova, voltam diretamente para
Arquivo Bernoulli

Urina água
de sais
concentrada os locais onde nasceram, orientados pelos odores dessas
e em pequena regiões, que foram memorizados.
quantidade

Arquivo Bernoulli
Osmorregulação em peixes ósseos – A. Peixe marinho;
B. Peixe dulcícola.

Os peixes cartilaginosos são, em sua grande maioria,


Epitélio olfativo
marinhos. O balanceamento hídrico nesses peixes é feito
por meio de um grande acúmulo de ureia no sangue. Isso
seria intolerável para outros animais, mas, para peixes
Detalhe das narinas em corte, mostrando a circulação da água.
cartilaginosos, como o tubarão, não causa danos ao
seu organismo. Dessa forma, a concentração do sangue Nos peixes cartilaginosos, existem também as ampolas de
se aproxima da concentração da água do mar, e eles Lorenzini, que são eletrorreceptores (conseguem detectar a
permanecem, então, praticamente isotônicos em relação presença das presas, que mostram pequenas variações de
ao meio em que vivem. Esse processo é chamado de campos elétricos ao redor de seus corpos).
uremia fisiológica.
Quanto ao sexo, os peixes são animais dioicos que,
Muitos peixes conseguem adaptar-se muito bem às dependendo da espécie, podem fazer fecundação interna
grandes variações de salinidade da água e, por isso, são ou externa.
chamados de eurialinos. O salmão, a truta e o robalo,
por exemplo, passam do mar para os rios, procurando Nos peixes cartilaginosos, a fecundação é interna.
as nascentes para a desova. Já a enguia faz o contrário, Os machos apresentam a nadadeira pélvica modificada em
isto é, sai dos rios para desovar no mar. Os organismos órgão copulador, chamado clásper, usado para abrir a cloaca
de tais peixes demonstram grande facilidade de inverter o da fêmea e nela introduzir os espermatozoides. Há espécies
processo de transporte ativo dos sais através das brânquias ovíparas (botam ovos que se desenvolvem fora do corpo da
conforme a circunstância do momento. A maioria dos peixes, fêmea) e espécies ovovivíparas (os embriões se desenvolvem
entretanto, não têm a mesma facilidade, ou seja, morrem dentro do corpo da fêmea, alimentando-se das reservas
quando mudam do mar para o rio ou vice-versa. Nesse caso, armazenadas nos ovos). Poucas espécies de tubarões são
são considerados seres estenoalinos. vivíparas, isto é, os embriões desenvolvem-se no interior
O sistema nervoso dos peixes é do tipo cérebro-espinal e do corpo da fêmea, alimentando-se de substâncias que
está subdividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema retiram do sangue materno. Durante o desenvolvimento
nervoso periférico (SNP). Nos peixes, a superfície externa embrionário, o único anexo embrionário que se forma é o
do cérebro, conhecida por córtex cerebral, é lisa e, por isso, saco ou vesícula vitelina.
esses animais são denominados lisencéfalos.

O sistema sensorial dos peixes é constituído por Embrião


olhos desenvolvidos, orelha interna, epitélio olfativo
e linhas laterais.
Arquivo Bernoulli

Linha lateral Cúpula


Clásper Nadadeira
Arquivo Bernoulli

pélvica
Células
Poro do canal ciliadas Saco vitelino

Células de
sustentação Nos peixes ósseos, a fecundação é geralmente externa.
Alguns têm fecundação interna e, nesse caso, a nadadeira
As linhas laterais, uma de cada lado do corpo, são anal tem função copuladora. Podem ser ovulíparos, ovíparos,
estruturas sensoriais capazes de captar vibrações da água. ovovivíparos e vivíparos.

58 Coleção Estudo 4V

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Protocordados, peixes e anfíbios

Resumidamente, podemos, de modo geral, diferenciar A respiração pode ser branquial, pulmonar, cutânea
os peixes cartilaginosos dos peixes ósseos pelas seguintes e bucofaríngea. Os anfíbios são os vertebrados que
características: apresentam maior diversidade de estruturas respiratórias.
Suas larvas e algumas poucas espécies adultas (tritão,
Classes por exemplo) respiram por brânquias. Quando adultos,
os animais pertencentes à maioria das espécies fazem a
Características Chondrichthyes
Osteichthyes respiração cutânea e a respiração pulmonar. Seus pulmões
(peixes
(peixes ósseos)
cartilaginosos) são ainda muito rudimentares: são saculiformes, com
poucas divisões internas, de paredes vascularizadas,
Ósseo
Esqueleto Cartilaginoso com pequena superfície respiratória (superfície de troca
(predominante)
de gases) e inflam quando o animal “deglute” o ar.
Boca Ventral Anterior Para chegar aos pulmões, o ar deve ser “deglutido”, uma vez
que esses animais não possuem costelas desenvolvidas, que
Homocerca (às
Nadadeira caudal Heterocerca possam participar de movimentos de expansão e contração
vezes, dificerca)

BiologiA
do tórax, como também não possuem o músculo diafragma
Placoides, Cicloides ou para promover a amplitude dos pulmões. Para compensar a
Escamas de origem ctenoides, de pequena troca de gases que ocorre nos pulmões, os anfíbios
dermoepidérmica origem dérmica
adultos realizam a respiração cutânea: a pele fina, úmida e
5 pares, 4 pares, bastante vascularizada desses animais permite a troca de
Fendas branquiais descobertas protegidas gases tanto com o ar quanto com a água.
(sem opérculos) (com opérculos)

Espiráculos Presente Ausente A C

Válvula espiral
Presente Ausente
no intestino

Cloaca Presente Ausente

Marinhos Marinhos
Habitat B
(maioria) e dulcícolas

Arquivo Bernoulli
Externa (maioria)
Fecundação Interna
e interna

Bexiga natatória Ausente Presente


A. Tritão, anfíbio que conserva suas brânquias externas por
toda a vida; B. Larva de salamandra com suas brânquias;
C. Pulmão de anfíbio.
ANfÍBios Pulmões
Os anfíbios foram os primeiros vertebrados terrestres,
embora não tenham conseguido conquistar definitivamente
esse novo ambiente devido à dependência que sua
fecundação e seu desenvolvimento embrionário ainda têm
Arquivo Bernoulli

com o meio aquoso. Saco gular


Possuem pele lisa, fina, sem escamas, coberta de muco
(produzido por glândulas mucosas), ricamente vascularizada
e adaptada para a respiração cutânea.

O crânio possui duas saliências, os côndilos occipitais, para


a articulação com a primeira vértebra da coluna vertebral. Respiração bucofaríngea – Alguns anfíbios, como sapos e rãs,
Pela posição dos côndilos, um ao lado do outro, esses animais também fazem a respiração bucofaríngea. Tal respiração se
conseguem mexer a cabeça para cima e para baixo, mas dá na região gular, ou seja, a cavidade bucal desses anfíbios é
ampla como um saco (saco gular), chegando a ser proeminente
não para os lados.
abaixo do queixo. Assim, o ar que penetra pelas narinas enche o
O tubo digestório é completo com glândulas anexas saco gular, cujas paredes são muito vascularizadas e absorvem
(glândulas salivares, fígado e pâncreas). O intestino termina o O2. O ritmo de enchimento e de esvaziamento desse saco é
em uma cloaca. muito mais frequente que o ritmo pulmonar.

Bernoulli Sistema de Ensino 59

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 59 27/03/17 09:20


frente B módulo 10

A circulação é fechada, dupla e incompleta. O coração é Olho


tricavitário (2 átrios e 1 ventrículo).
Tímpano Narina
Corpo Pulmões
Língua
1

Arquivo Bernoulli
2
3
Arquivo Bernoulli
Sistema sensorial – O sistema sensorial dos anfíbios é dotado
de olhos desenvolvidos, adaptados à visão de objetos em
4 movimento, o que garante, por exemplo, a captura de insetos
em pleno voo. Há orelhas interna e média, e o tímpano fica
ao nível da pele, logo atrás dos olhos. Também há um epitélio
Coração de anfíbio – 1. Seio venoso; 2. Átrio direito (AD);
olfativo nas fossas nasais.
3. Átrio esquerdo (AE); 4. Ventrículo.
Os anfíbios são animais dioicos e a fecundação,
O átrio direito é antecedido pelo seio venoso e recebe
na maioria das espécies, é externa. Apenas na salamandra e
o sangue venoso proveniente dos tecidos, já o átrio
na maioria das espécies de cobra-cega a fecundação é interna.
esquerdo recebe o sangue arterial que vem dos pulmões.
O desenvolvimento é indireto (com metamorfose), passando
Como o ventrículo é único, nele, ocorre a mistura de sangue
por um estágio de larva. As larvas de sapos e de rãs são
venoso (proveniente do átrio direito) com sangue arterial
conhecidas por girinos.
(proveniente do átrio esquerdo). Do ventrículo único,
o sangue misturado sai pela artéria aorta, que se bifurca. Um
dos ramos leva o sangue misturado para os diversos tecidos classificação dos anfíbios
do corpo, e o outro leva o sangue misturado apenas para Na classe Amphibia, destacamos três ordens: Gymnophiona
os pulmões. Ao passar pelos capilares sistêmicos (capilares (Apoda), Urodela e Anura.
dos tecidos), o sangue deixa o O2 para as células dos tecidos
e recebe delas mais CO2, passando, assim, à condição de
sangue venoso. Esse sangue venoso é levado ao coração
e desemboca no átrio direito. Por outro lado, o sangue Sapo, um anuro
misturado, que é levado aos pulmões, ao passar pelos (anfíbio sem cauda) Salamandra, um urodelo
capilares pulmonares, deixa o CO2 para ser eliminado pelas (anfíbio com cauda)
vias respiratórias e recebe mais O2, passando à condição de
sangue arterial. Esse sangue arterial é levado dos pulmões
para o coração, desembocando no átrio esquerdo.

Arquivo Bernoulli
A língua do sapo está
Sangue venoso Sangue arterial adaptada para pegar insetos.
Coração Observe que é presa Cobra-cega, um ápode
na parte da frente da boca. (anfíbio sem patas)

Anfíbios atuais.

gymnophiona (Apoda)
Sangue misturado Sangue misturado
Tecido Pulmões Os gimnofionos ou ápodes (sem patas) são anfíbios de
corpo cilíndrico, alongado e liso. Os membros locomotores
(patas) são atrofiados. Os animais dessa ordem vivem
Circulação nos anfíbios.
geralmente em buracos no solo. Exemplo: cobra-cega
Na fase de larva, os anfíbios são animais amoniotélicos. (cecília), animal com, aproximadamente, 50 cm, com olhos
Quando adultos, são ureotélicos, e a excreção se faz por atrofiados e cobertos pela pele.
meio de rins mesonéfrons.

O sistema nervoso é do tipo cérebro-espinal e, portanto,


urodela
subdividido em SNC e SNP. O encéfalo é relativamente Os urodelos são anfíbios portadores de cauda e quatro
pequeno. Os anfíbios também são animais lisencéfalos. patas bem desenvolvidas. Exemplos: tritão e salamandra.

60 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 60 27/03/17 09:20


Protocordados, peixes e anfíbios

Alguns, como o tritão, preservam as brânquias por toda


a vida, ocupando o habitat aquático mesmo na fase adulta. oS HemiCorDaDoS
Já a salamandra, na fase adulta, tem habitat terrestre e não
possui mais as brânquias. Na larva da salamandra, conhecida O nome hemicordado significa “meia-corda”, uma vez que
por axolotl (pronuncie axolótil), ocorre um caso particular de uma pequena estrutura localizada na região anterior do corpo
desenvolvimento: a neotenia, fase em que o animal alcança a foi considerada, inicialmente por alguns zoólogos, como uma
maturidade sexual (torna-se adulto), mas apresenta, ainda, notocorda reduzida. Posteriormente, descobriu-se que essa
características típicas de sua forma larvária. As larvas, então, estrutura não era equivalente à notocorda dos cordados. Mesmo
tornam-se sexualmente maduras, produzem gametas e se assim, manteve-se a denominação e criou-se para eles um filo
reproduzem normalmente por fecundação. independente (Filo Hemichordata).

Probóscide

bioLoGia
“Notocorda”

Tubo
Vision / Creative Commons

digestivo

Arquivo Bernoulli
Axolotl.

Balanoglossus (hemicordados).

Os hemicordados são animais de vida livre, exclusivamente


marinhos, que vivem na zona das marés, no interior de galerias
www.sxc.hu

escavadas na areia. O tamanho pode variar de alguns centímetros


a 1 metro. As espécies do gênero Balanoglossus são as mais
Salamandra.
representativas do grupo.

anura Possuem corpo alongado, vermiforme, com duas partes distintas:


uma probóscide ou tromba e um tronco alongado. A probóscide
Anfíbios com quatro patas e desprovidos de cauda na fase é utilizada na perfuração de galerias na areia das praias. A base
adulta. Exemplos: sapos, rãs e pererecas. da tromba apresenta um colarinho e, sob este, fica a boca do
animal. No tronco, existem as seguintes regiões: branquial (com
Alguns sapos produzem, nas glândulas paratoides,
brânquias), genital (com gônadas), hepática e terminal (com
situadas junto à cabeça, atrás do olhos, uma substância
intestino e ânus, respectivamente).
branco-leitosa e venenosa. Esses animais, portanto, são
venenosos, mas não peçonhentos, uma vez que não são Esses animais possuem tubo digestório completo, fazem
capazes de inocular ou injetar esse veneno. O veneno só é respiração branquial, a circulação é aberta e a excreção é feita
expelido quando há compressão das glândulas paratoides, por uma glândula especial localizada na probóscide.
e não voluntariamente pelo sapo. A presença dessa glândula O sistema nervoso é formado por dois nervos longitudinais: um
nesses animais é uma forma de defesa contra os predadores dorsal e outro ventral, ligados por um nervo circular na região
(cobras, por exemplo) que, ao abocanhá-los, pressionam anterior do corpo.
as glândulas. Dessa forma, o veneno eliminado ataca
São animais dioicos, que fazem fecundação externa.
fortemente os tecidos vivos, como mucosas e globo ocular,
O desenvolvimento é indireto, com uma larva ciliada; semelhante
provocando, inclusive, vômitos. Assim, uma cobra cospe o
às larvas de alguns equinodermos.
sapo quando ele espirra o veneno em sua boca.

Bernoulli Sistema de Ensino 61

4VPRV3_BIO_B10.indd 61 30/03/17 09:21


frente B módulo 10

eXercÍcios De fiXAção III. São animais sensíveis, com a capacidade de detectar


campos elétricos gerados por outros animais;

01. (FUVEST-SP) No desenvolvimento dos cordados, IV. São sempre animais de grande porte, pois todos são
três caracteres gerais salientam-se, distinguindo-os de ferozes e vorazes.
outros animais. Assinale a alternativa que inclui esses Estão CORRETAS as características contidas em
três caracteres.
A) I e III apenas.
A) Notocorda, três folhetos germinativos, tubo nervoso
B) I, II, III e IV.
dorsal
C) I e II apenas.
B) Corpo segmentado, tubo digestório completo, sistema
nervoso dorsal D) II e IV apenas.

C) Simetria bilateral, corpo segmentado, notocorda


D) Simetria bilateral, três folhetos germinativos, notocorda
04. (UDESC-SC–2014) Analise as proposições quanto às
características dos anfíbios.
E) Tubo nervoso dorsal, notocorda, fendas branquiais
na faringe I. A reprodução é sexuada, com fecundação externa,
e são de sexos distintos (macho e fêmea).
02. (UFSC) Segundo estimativas recentes, o grupo dos peixes
II. São homeotérmicos, ou seja, mantêm a temperatura
está representado por mais de 20 mil espécies, sendo
corpórea praticamente constante, independentemente
60% marinhas. Embora não pareça, é um grupo muito
das variações térmicas do ambiente.
diversificado, com variadas adaptações, múltiplas formas
III. Apresentam pele lisa e glândulas mucosas, que são
e tamanhos [...].
responsáveis pela manutenção da umidade da pele.
CÉSAR; CEZAR; BEDAQUE. Ciências.
São Paulo: Saraiva, 1999. p. 85. IV. São amniotas, pois apresentam bolsa amniótica ou
âmnio que protege o embrião.
Com relação a esse grupo animal, assinale a(s)
proposição(ões) CORRETA(S). Assinale a alternativa CORRETA.
A) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
Atum
B) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
Cavalo- C) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
marinho
D) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
E) Todas as afirmativas são verdadeiras.
Tubarão
Raia
Linguado

01. Os exemplos esquematizados na figura mostram que


eXercÍcios ProPostos
os peixes se diferenciam com relação ao formato do
corpo e à disposição das nadadeiras. 01. (UnB-DF) O anfioxo se constitui em um precioso elo para
02. Os peixes são vertebrados aquáticos, homeotermos o estudo da evolução. Ele é um animal que apresenta
de respiração branquial ou cutânea. todas as características a seguir, EXCETO
04. Os peixes cartilaginosos apresentam bocas terminais, A) Pertence ao filo Chordata.
e as brânquias protegidas por opérculos. B) É mais evoluído do que os peixes.
08. O tubarão e a raia representam o grupo dos peixes C) É encontrado apenas em ambientes marinhos.
cartilaginosos.
D) Apresenta respiração branquial.
16. A linha lateral, visível nas figuras do atum e do linguado,
é um órgão sensorial, através do qual o peixe pode 02. (Cesgranrio) Os tubarões acumulam ureia no sangue,
perceber a direção e a velocidade da correnteza da água.
como artifício de sobrevivência ao meio marinho, porque
32. O cavalo-marinho, como a maioria dos peixes,
A) a água do mar é hipotônica em relação ao seu meio
é ovíparo; nesse animal, o macho, de modo bastante
interno, o que favorece a desidratação.
peculiar, carrega seus ovos em bolsas incubadoras.
B) os vacúolos pulsáteis das células branquiais não são
Soma ( )
eficientes na expulsão do excesso de água absorvida.

03. (UECE–2015) Analise as seguintes afirmações sobre as C) tornando-se isotônicos em relação ao mar,
características dos tubarões: a osmorregulação é controlada.

I. Suas escamas são homólogas aos dentes dos outros D) o sangue elimina os sais absorvidos pelo intestino por
cordados; osmose.
II. Possuem bexiga natatória, responsável por sua E) há excessiva eliminação de urina, e a perda da ureia
excelente flutuabilidade; diminui a concentração de sais no sangue.

62 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 62 27/03/17 09:20


Protocordados, peixes e anfíbios

03. (Mackenzie-SP–2016) Os seres vivos desenvolveram, durante a evolução,


Excreção de sais mecanismos que lhes permitem manter constante seu
meio interno.

a) Água A) Em qual dos peixes haverá maior entrada de água


através da superfície do corpo? JUStIFIQUe sua
Água resposta.
B) ANALISe as figuras e IDeNtIFIQUe o papel
desempenhado pelas brânquias na manutenção do
equilíbrio osmótico.
Urina reduzida, concentrada C) Qual é a outra importante função das brânquias que
Água não se acha representada na figura?
D) Qual dos peixes representados eliminará urina mais
b)
concentrada?

06. (PUC Rio–2014) Segundo especialistas, mais da metade

bioLoGia
das espécies de anfíbios do mundo está ameaçada
Absorção de sais Urina abundante, diluída de extinção. As principais ameaças são a destruição
dos habitat, a poluição e o aquecimento global. Entre
O esquema anterior mostra como ocorre a manutenção
as principais características que tornam os anfíbios
osmótica em duas espécies de peixes. A esse respeito,
particularmente sensíveis a alterações ambientais
considere as seguintes afirmativas:
provocadas pelo ser humano, podemos citar
I. No peixe A, a eliminação de sais pelas brânquias
A) respiração pulmonar, ovo com casca e pequena
ocorre de forma passiva.
diversidade de espécies.
II. A ingestão de água no peixe A repõe a água perdida
B) respiração cutânea, pele permeável, presença de
por osmose.
larvas aquáticas e adultos terrestres.
III. O peixe B elimina amônia como principal excreta
C) pele impermeável, respiração cutânea, presença de
nitrogenado.
larvas aquáticas e adultos terrestres.
IV. No peixe B, tanto a absorção de sais como a de água
D) dependência de ambientes úmidos, pele impermeável
ocorrem de forma ativa.
e ovo com casca.
Estão corretAS apenas as afirmativas
E) respiração cutânea, pele permeável e ovo com casca.
A) I, II e III. C) I, III e IV. E) I e II.
B) II e III. D) II, III e IV. 07. (Unicid-SP–2016) A figura representa o desenvolvimento
que ocorre nos sapos.
04. (UFRN) A notocorda é um cordão de tecido conjuntivo
que representa a primeira estrutura de sustentação do
corpo de um cordado, podendo persistir, alterar-se ou
desaparecer nos adultos.
Pode-se afirmar que a notocorda, nos vertebrados,
A) encontra-se apenas na fase adulta.
B) é substituída pelo progressivo aparecimento da coluna
vertebral.
C) existe concomitantemente com a coluna vertebral.
D) persiste por toda a vida.
E) está presente nos embriões de alguns grupos.

05. (UFMG) Observe as figuras:

Alimento

NaC
Peixe de água doce

Disponível em: <www.flickr.com>.

A) O tipo de desenvolvimento representado pela figura é


direto ou indireto? Em qual ambiente é comum ocorrer
esse desenvolvimento?
Alimento + água
B) eXPLIQUe como os lisossomos atuam na regressão
das caudas dos girinos e indique o destino do material
Na +
K +
C– Peixe de água salgada resultante dessa regressão.

Bernoulli Sistema de Ensino 63

4VPRV3_BIO_B10.indd 63 30/03/17 09:21


Frente B Módulo 10

Seção Enem Com base no texto, nas características gerais dos peixes
e comparando os peixes pirarucu (Araipama gigas, que
tem respiração aérea obrigatória) e boari (Mesonauta
01. (Enem–2015) Os anfíbios representam o primeiro insignis, que retira todo o seu oxigênio da água),
grupo de vertebrados que, evolutivamente, conquistou é correto dizer que
o ambiente terrestre. Apesar disso, a sobrevivência do A) o pirarucu possui brânquias modificadas que
grupo ainda permanece restrita a ambientes úmidos ou possibilitam a realização da respiração aérea.
aquáticos devido à manutenção de algumas características
B) o boari possui uma bexiga natatória que, além de
fisiológicas relacionadas à água.
permitir a realização da respiração branquial, também
Uma das características a que o texto se refere é a está relacionada à manutenção da flutuabilidade do
A) reprodução por viviparidade. peixe em diferentes profundidades.
B) respiração pulmonar nos adultos. C) o pirarucu deve ser mais imediatamente afetado pelo
C) regulação térmica por endotermia. derramamento de petróleo nos rios do que o boari,
pois a criação de uma película de óleo na superfície
D) cobertura corporal delgada e altamente permeável.
dificulta a captação do ar.
E) locomoção por membros anteriores e posteriores
D) as brânquias do pirarucu desempenham papel
desenvolvidos.
semelhante ao dos nossos pulmões.
E) o pirarucu e o boari são exemplos de peixes dipnoicos,
02. (Enem–2005) Em uma área, observa-se o seguinte regime
ou seja, além da respiração branquial, também são
pluviométrico:
capazes de realizar a respiração aérea.
300
Precipitação (mm)

250

200
Gabarito
150 Fixação
100 01. E
50 02. Soma = 57
0
jan. fev.mar.abr.maio jun.jul.ago. set. out.nov.dez. 03. A

Meses do ano 04. A

Os anfíbios são seres que podem ocupar tanto ambientes Propostos


aquáticos quanto terrestres. Entretanto, há espécies de
01. B
anfíbios que passam todo o tempo na terra ou então na
água. Apesar disso, a maioria das espécies terrestres 02. C
depende de água para se reproduzir e o faz quando esta
03. B
existe em abundância. Os meses do ano em que, nessa
área, esses anfíbios terrestres poderiam se reproduzir 04. B
mais eficientemente são de
05. A) Peixe de água doce, uma vez que o seu meio interno é
A) setembro a dezembro. D) março a julho.
hipertônico em relação ao meio externo (água doce).
B) novembro a fevereiro. E) maio a agosto.
B) As brânquias podem eliminar sais (peixe marinho)
C) janeiro a abril.
ou absorvê-los (peixe dulcícola).

C) Funcionam como órgãos de respiração (função


03. Há pouco mais de 400 milhões de anos, alguns peixes
respiratória).
tropicais começaram a desenvolver uma estratégia
respiratória (respiração aérea) que se tornou uma D) O peixe de água salgada.

vantagem evolutiva para a ocupação de águas com baixa 06. B


concentração natural de oxigênio, como as dos rios da 07. A) Indireto. Ambiente aquático.
Amazônia. Recentemente, um dos problemas que têm
B) Os lisossomos possuem enzimas digestivas que
preocupado os ambientalistas é o derramamento acidental
digerem a cauda do girino, e os nutrientes são
de petróleo em rios da Amazônia, com a formação de
reutilizados em outras partes do corpo
uma película de óleo sobre a superfície dos rios. Estudos
realizados por pesquisadores brasileiros demonstram que Seção Enem
algumas espécies de peixe podem ser mais afetadas por
01. D
esse tipo de acidente ambiental.
02. B
PESQUISA FAPESP,
n. 87, 2003. 03. C

64 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_B10.indd 64 30/03/17 09:21


Frente Módulo

BIOLOGIA B 11
Répteis, aves e mamíferos
répteis Entretanto, o ventrículo apresenta um septo, denominado
septo de Sabatier, ausente nos anfíbios, que constitui
Os répteis (do latim, reptilis, que se arrasta) foram os o primeiro passo evolutivo para a formação de um
vertebrados que conquistaram definitivamente o ambiente coração tetracavitário. Esse septo divide parcialmente
terrestre, tornando-se independentes do ambiente aquático o ventrículo. É comum dizer que o coração dos répteis
para se reproduzirem. (exceto crocodilianos) tem três cavidades: dois átrios e um
ventrículo septado ou trabeculado. Nesse ventrículo único,
Características gerais à semelhança do que acontece no ventrículo dos anfíbios,
também ocorre mistura de sangue venoso com sangue
Possuem pele seca, sem glândulas mucosas, recobertas
arterial. Entretanto, essa mistura se dá em menor escala
por escamas ou placas córneas de origem epidérmica
que nos anfíbios devido à presença do septo de Sabatier.
constituídas por queratina. Esse revestimento, altamente
queratinizado, é uma excelente proteção contra a perda de Pulmões Corpo
água através da pele. Pulmões
O crânio possui apenas um côndilo occipital. Corpo
O tubo digestório é completo, com glândulas anexas
(glândulas salivares, fígado e pâncreas). Em geral,
2
são homodontes (dentes morfologicamente semelhantes, 1
variando apenas no tamanho) e polifiodontes (formam 1 2
várias dentições). Alguns, entretanto, como os quelônios
4
(tartarugas), são adontes (ausência de dentes). 5 3
O intestino termina em uma cloaca.
A respiração é pulmonar, mas as tartarugas marinhas
Shunt
também podem fazer a respiração cloacal. Os pulmões dos
A B
répteis possuem um número maior de dobras internas do
que o pulmão dos anfíbios, o que aumenta a capacidade de A. Répteis não crocodilianos – 1. Átrio direito; 2. Átrio esquerdo;
trocas gasosas. 5. Ventrículo único. B. Répteis crocodilianos – 1. Átrio direito;
2. Átrio esquerdo; 3. Ventrículo direito; 4. Ventrículo esquerdo.
A entrada e a saída de ar (inspiração e expiração,
respectivamente) são feitas com auxílio de costelas que se Nos répteis crocodilianos, o coração já é tetracavitário,
ligam às vértebras da coluna vertebral e ao osso esterno isto é, apresenta dois átrios e dois ventrículos totalmente
(nos anfíbios, as costelas são muito curtas e só se ligam à separados. Assim, dentro do coração desses répteis, não
coluna vertebral). Os pulmões dos répteis funcionam como há mistura de sangue venoso com sangue arterial. Apesar
foles: aspiram o ar graças ao movimento das costelas às disso, na circulação desses animais, ocorre mistura de sangue
quais esses órgãos estão presos. venoso com sangue arterial, porque, entre as duas artérias
Nas tartarugas marinhas, a cloaca apresenta sacos que saem dos ventrículos, existe um shunt ou ponte, chamado
vascularizados e de paredes finas que funcionam como de forame de Panizza, no qual existem pequenos orifícios que
“brânquias cloacais” quando os animais estão submersos. permitem uma pequena mistura dos dois tipos de sangue.
O animal permite a entrada de água pela cloaca com Os répteis são uricotélicos e fazem sua excreção através
a finalidade de absorver o oxigênio dissolvido nela. de rins metanéfrons. Em muitas espécies marinhas
Esse mecanismo permite que as tartarugas fiquem submersas (tartarugas e lagartos marinhos), devido à ingestão
por um tempo maior. de alimentos com grandes concentrações de sais, os
A circulação dos répteis é fechada, dupla e rins não conseguem eliminar todo o sal que é ingerido.
incompleta. O coração é tricavitário (exceto nos répteis Assim, para auxiliar esse órgão na função osmorreguladora,
crocodilianos, em que é tetracavitário) e possui dois essas espécies possuem glândulas de sal que, por
átrios e um ventrículo, tal como o coração dos anfíbios. meio de transporte ativo, excretam o excesso ingerido.

Bernoulli Sistema de Ensino 65

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Frente B Módulo 11

Essas glândulas localizam-se na cabeça, na região das Escamados


órbitas, e seus canais eliminam o produto ao lado do globo
ocular ou nas cavidades nasais. Possuem escamas que recobrem o corpo e uma cloaca em
posição transversal. Possuem órgãos de Jacobson, de função
O sistema nervoso é cérebro-espinal e está subdividido olfativa, que se abrem no fundo da cavidade bucal. Esses
em SNC e SNP. órgãos são quimiorreceptores que auxiliam na identificação
O sistema sensorial é composto por olhos, epitélio olfativo de alimentos dentro da boca.
nas fossas nasais, orelha interna, orelha média e um conduto Os répteis escamados estão subdivididos em dois grupos:
auditivo externo. Nas cobras e nos lagartos, existem, lacertílios (lagartos) e ofídios (cobras).
também, os órgãos de Jacobson, de função olfativa, e, nas
cobras peçonhentas, as fossetas loreais (termorreceptores). • Lacertílios – Nesse grupo, encontram-se os calangos,
as lagartixas, os camaleões e as iguanas. Há apenas
Em sua grande maioria, os répteis são animais dioicos – um gênero entre os lacertílios que é venenoso:
entretanto, a jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), da ilha o Heloderma (“monstro de Gila”), encontrado apenas
Queimada Grande, no litoral paulista, é uma espécie monoica. no México e no sul dos Estados Unidos.
Fazem fecundação interna. Muitas espécies são ovíparas,
• Ofídios – São ápodes (ausência de patas) e possuem
mas há também espécies vivíparas (como as sucuris)
escamas córneas que podem ser eliminadas de
e ovovivíparas (como as cobras peçonhentas em geral).
uma só vez por ocasião da muda. A boca é ampla,
O desenvolvimento é direto. Durante o desenvolvimento
com uma língua bífida. Só têm o pulmão direito,
embrionário, além do saco vitelino, formam-se outros
comprido e alongado, sendo o esquerdo bastante
anexos: âmnio, alantoide e córion.
atrofiado. Há, na cavidade cloacal, dois cecos

Classificação dos répteis copuladores, que são chamados hemipênis. Existem


espécies peçonhentas e espécies não peçonhentas.
Os répteis atuais estão distribuídos em quatro ordens: As peçonhentas são dotadas de glândulas salivares
Rhynchocephalia (Rincocéfalos), Chelonia (Quelônios), modificadas, secretoras de veneno, e dentes especiais
Crocodilia (Crocodilianos) e Squamata (Escamados). para a inoculação (presas inoculadoras de veneno).
Esses dentes inoculadores de veneno, dependendo
Rincocéfalos da espécie, podem ser canaliculados (com um canal

Primitivos e em extinção, estão reduzidos a uma única na região central) ou sulcados (com um sulco na
face posterior).
espécie, o tuatara (Sphenodon puncatatum), encontrado
na Nova Zelândia. De acordo com a dentição, as cobras são classificadas
em: áglifas, proteróglifas, opistóglifas e solenóglifas.
Quelônios A) Áglifas – Cobras não venenosas (não possuem
Possuem placas dérmicas que se fundem umas às outras, dentes inoculadores de veneno). Como
originando uma carapaça dorsal e um plastrão ventral rígidos, exemplos, temos a sucuri e a jiboia que, apesar
que protegem seus corpos. As vértebras e costelas fundem-se de não serem venenosas, são perigosas devido
a essas estruturas. Não possuem dentes (adontes), mas à grande força muscular que possuem.
lâminas córneas usadas para arrancar pedaços de alimento.
B) Proteróglifas – Possuem dentes inoculadores
Exemplos: tartarugas (marinhas e de água-doce), cágados
de veneno com sulco (dentes sulcados),
(apenas de água-doce), que têm um longo pescoço
localizados anteriormente na boca. Ex.: corais
recurvado, e jabutis (terrestres), que possuem as patas
verdadeiras.
curtas e de forma cilíndrica, não adaptadas à natação.
C) Opistóglifas – Possuem dentes inoculadores de
Crocodilianos veneno com sulco (dentes sulcados), localizados
posteriormente na boca. Não oferecem grande
Possuem o corpo revestido por uma pele grossa e
perigo, uma vez que a posição dos dentes
coriácea (dura), com placas córneas reforçadas por ossos
dificulta a injeção de veneno. Ex.: falsa-coral e
dérmicos. A boca é dotada de mandíbulas poderosas
cobra-cipó.
com dentes. Possuem coração tetracavitário. Exemplos:
jacarés (dulcícolas) e crocodilos (dulcícolas e marinhos). D) Solenóglifas – Possuem dentes inoculadores
Os crocodilos marinhos são os maiores répteis viventes de veneno com canal (dentes canaliculados),
na atualidade, com indivíduos que chegam a medir 7 m localizados na região anterior da boca.
de comprimento. Ex.: cascavel, jararaca, urutu e surucucu.

66 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 66 27/03/17 09:21


Répteis, aves e mamíferos

As características do quadro anterior nem sempre podem


Áglifa ser usadas de forma garantida para a identificação de
espécies peçonhentas e não peçonhentas. As corais, por
exemplo, são peçonhentas, embora não possuam fossetas
loreais, possuem pupilas circulares e cabeça arredondada.
Proteróglifa

Arquivo Bernoulli
Opistóglifa

Narina
Fosseta loreal

Fosseta loreal – As fossetas loreais são termorreceptores que se


Solenóglifa
localizam entre as narinas e os olhos, capazes de detectar, por meio

BIOLOGIA
da percepção do calor, a presença de presas, mesmo no escuro.

Chamamos ofidismo o envenenamento pelo veneno de


Tipos de dentição em cobras.
cobra. Dependendo da espécie de cobra, o veneno pode ter
a b c d ações neurotóxicas, proteolíticas, hemolíticas e coagulantes.

Os venenos de ação neurotóxica atuam sobre o sistema


nervoso, provocando dormência e insensibilidade no
Arquivo Bernoulli

local da inoculação, paralisias musculares, perda da


visão e prostração geral, podendo ocasionar até parada
respiratória. Os de ação proteolítica causam intensa dor
Marcas de mordidas de cobras – a. cobra áglifa (sem presa no local da inoculação e necrose dos tecidos (morte dos
inoculadora de veneno); b. solenóglifa (com dente canaliculado tecidos). Os hemolíticos, por sua vez, determinam hemólise
na região anterior da boca); c. opistóglifa e d. proteróglifa (c e d (destruição de hemácias), com presença de metaglobulina
com dentes sulcados). na urina, que se torna escura. Já os venenos de ação
coagulante, em pequenas doses, coagulam o fibrinogênio,
Existem algumas características que permitem, de
o que impede a coagulação do sangue; em grandes doses,
modo geral, distinguir as espécies peçonhentas das ao contrário, provocam intensa coagulação, podendo causar
não peçonhentas. Veja o quadro a seguir: a morte em poucos minutos.

Peçonhentas Não peçonhentas Ação do veneno

Triangular, bem Oval, mal destacada Cobras Neurotóxico Proteolítico Hemolítico Coagulante
Cabeça destacada do corpo, do corpo, coberta de
coberta por escamas placas poligonais Crotalus
+ +
(cascavel)
Curta, Longa, afinando-se
Cauda
afilada bruscamente gradualmente
Bothrops
Pequenos, com (urutu, + +
Grandes, com pupilas jararaca)
Olhos pupilas em forma de
circulares
fendas verticais Micrurus
+
(coral)
Fossetas
Presentes Ausentes
loreais
Quando ocorrem acidentes com ofídios, isto é, mordidas
Carenadas
Escamas Lisas e justapostas de cobras, é recomendável manter o acidentado em repouso,
e imbricadas
evitando que ele ande, corra ou se locomova. A locomoção
Hábitos Noturnos Diurnos faz com que o veneno se espalhe mais rapidamente e, em
caso de acidente com as jararacas, jararacuçus e outras,
Movimentos Vagarosos Rápidos
os ferimentos se agravam. No caso de a mordida ter ocorrido
Reprodução Ovovivíparas Ovíparas em uma perna ou braço, é importante manter esse membro
em posição mais elevada. Deve-se lavar bastante o local com
Quando Assume atitude de
Foge água limpa e sabão e procurar imediatamente orientação
ameaçada ataque (enrola-se)
médica nos centros ou serviços de saúde mais próximos.

Bernoulli Sistema de Ensino 67

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 67 27/03/17 09:21


Frente b Módulo 11

O tratamento é feito com o uso de soros antiofídicos. Existe À semelhança dos répteis, as aves possuem apenas um
o soro polivalente, que pode ser usado em qualquer caso côndilo occipital.
(exceto contra o veneno das corais verdadeiras), e os soros
O sistema digestório é formado por um tubo digestório
antiofídicos específicos, tais como: soro anticrotálico (usado
contra o veneno de cascavéis); soro antibotrópico (contra completo e glândulas anexas (glândulas salivares, fígado
veneno de cobras do gênero Bothrops, como jararaca, e pâncreas). Há um bico com cobertura córnea e com
urutu e jararacuçu); soro antilaquético (contra o veneno da duas aberturas nasais (narinas) na parte superior. O bico
surucucu); soro antielapídico (usado exclusivamente contra é utilizado para obter e manipular alimento, para alisar
o veneno das corais verdadeiras). as penas, para apanhar e arranjar materiais do ninho e
para outros propósitos, inclusive defesa. A forma do bico
A seguir, há algumas medidas para se prevenir acidentes
com cobras, em especial na zona rural. Tais medidas estão geralmente indica os hábitos alimentares de uma ave,
de acordo com as publicações do Ministério da Saúde e do sendo delgado em espécies que sondam em fendas ou
Instituto Butantã, de São Paulo: capturam insetos; mais robustos, mas ainda alongados, em
pica-paus, que cavam madeira; largo, mas delicado, em
• Como 80% das mordidas de cobras atingem as pernas,
andorinhas, que capturam insetos vivos durante o voo, etc.
abaixo dos joelhos, o uso de botas entre os trabalhadores
Não há dentes (adontes) e a língua é pouco desenvolvida.
rurais reduz o risco desse tipo de acidente.
O esôfago tem uma dilatação, o papo, para armazenar
• Como 19% das mordidas atingem as mãos ou e amolecer o alimento. Em algumas espécies, como nos
antebraço, o uso de luvas de couro para remexer
pombos, existem glândulas especiais no papo, produtoras
montes de lixo, folhas secas, buracos, lenhas ou palha
de uma secreção esbranquiçada rica em proteínas e
também contribui para reduzir esse tipo de acidente.
lipídios, que é regurgitada para alimentar os fi lhotes,
• Cobras gostam de se abrigar em locais quentes, ainda no ninho. Muitos chamam essa secreção de “leite de
escuros e úmidos. Portanto, é preciso ter cuidado pombo”. Existem dois estômagos separados: o estômago
ao se mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, químico (proventrículo) e o estômago mecânico (moela).
milho ou cana.
Na moela, encontram-se pequenas pedras ingeridas pelo
• Onde há rato, geralmente há cobra. Não deixe próprio animal que contribuem para fazer a trituração do
amontoar lixo. Limpe paióis e terreiros. Feche buracos alimento. Essa atividade da moela, portanto, substitui a
de muros, portas e janelas. ação dos dentes, ausentes nas aves. O intestino abre-se

• Atenção ao calçar sapatos e botas. Animais em uma cloaca.


peçonhentos podem se refugiar dentro deles.
Faringe
• Evite matar cobras, pois elas mantêm o equilíbrio Língua
Esôfago
natural, comendo roedores, que transmitem doenças
e causam prejuízos nas plantações e paióis.
Ceco Cloaca
aVES
Características gerais Papo Intestino
Pâncreas
As aves são vertebrados bípedes, com membros anteriores
Alimento
transformados em asas e possuidores de penas inseridas na Proventrículo Moela
pele. A pele é seca, sem glândulas mucosas, com escamas
Fígado
córneas nas pernas. As penas são os anexos epidérmicos
típicos das aves. Além de serem fundamentais para o voo, as
penas desempenham um papel importante no mecanismo de
termorregulação, pois funcionam como isolantes térmicos.
Sistema digestório de uma ave.
Muitas aves têm na região caudal uma glândula chamada
uropigiana ou uropígea, produtora de uma secreção oleosa A respiração é pulmonar. Os pulmões são pequenos e
que é espalhada com o auxílio do bico sobre as penas não apresentam alvéolos. Além disso, esses órgãos são
para impermeabilizá-las. O fato de as penas de um pato, atravessados por uma rede de canais, os parabrônquios,
por exemplo, não se encharcarem, apesar de estarem em os quais são ramificações dos brônquios, que se comunicam
contato com a água, está relacionado a essa secreção. com expansões chamadas sacos aéreos.

68 Coleção Estudo 4V

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Répteis, aves e mamíferos

Parabrônquio Pulmões

Átrios Circulação em corrente


cruzada
Artéria Pequena circulação
Veia
ou
Sangue pulmonar circulação pulmonar
pulmonar

Sangue arterial
Sangue venoso
Ar AD AE

Coração
Brônquio Brônquios

Artéria aorta
primário ventrais Veia
Brônquios dorsais
cava VD VE
Pulmão direito

BIOLOGIA
Grande circulação
Brônquios ou circulação sistêmica
laterais

Traqueia
Arquivo Bernoulli

Tecidos
Circulação nas aves (esquema) – O átrio direito (AD) recebe
sangue venoso proveniente dos diversos tecidos do corpo, e o
Sacos aéreos átrio esquerdo (AE) recebe sangue arterial vindo dos pulmões.
Do átrio direito, o sangue venoso passa ao ventrículo direito
Sistema respiratório das aves. (VD), do qual sai pela artéria pulmonar em direção aos pulmões.
Nos pulmões, no nível dos parabrônquios, ocorre a hematose,
Nas aves, o ar penetra nos pulmões com o auxílio da isto é, o sangue passa de venoso a arterial, que, então,
elevação das costelas e o aumento do volume do tronco. retorna ao coração pelas veias pulmonares, desembocando
A partir dos pulmões, o ar penetra nos sacos aéreos através no átrio esquerdo. Do átrio esquerdo, o sangue arterial passa
dos brônquios laterais, dorsais e ventrais. Extensões desses ao ventrículo esquerdo (VE), do qual sai pela artéria aorta em
sacos aéreos penetram nos ossos pneumáticos. Apesar direção aos tecidos. Nos tecidos, o sangue passa de arterial
de compactos e quase rígidos, o pulmão das aves possui a venoso, retornando ao coração através das veias que
uma razão superfície de troca respiratória versus volume desembocam no átrio direito.
cerca de dez vezes maior em relação aos mamíferos. Dos As aves são animais uricotélicos que possuem rins metanéfrons
brônquios ventrais e dorsais, ramificam-se milhares de e os dois ureteres terminam na cloaca. Não há bexiga urinária.
parabrônquios (com, aproximadamente, 1 mm de diâmetro),
O sistema nervoso, como nos demais vertebrados, é
cujas paredes são constituídas de pequenos átrios que se
cérebro-espinal, subdividido em (SNC) sistema nervoso
entrelaçam com os capilares sanguíneos, formando um
central e (SNP) sistema nervoso periférico.
sistema de corrente cruzada, em que ocorrem as trocas
gasosas de modo extremamente eficiente. Na porção inferior O sistema sensorial apresenta olhos bem desenvolvidos.
da traqueia, as aves possuem uma estrutura típica, a siringe Há visão de cores. Sob as duas pálpebras, há uma fina e
(não mostrada), cuja função é a de produzir som, sendo, transparente membrana, a membrana nictitante, que tem
portanto, o órgão canoro (do canto). a função de proteger os olhos durante o voo. Há orelhas
interna, média e conduto auditivo externo.
As aves têm vários pares de sacos aéreos ligados aos
pulmões e às cavidades dos ossos pneumáticos (ossos Membrana nictitante
Conduto auditivo
longos e cheios de ar). Além de armazenarem ar, os sacos
Narina
aéreos e, também, os ossos pneumáticos, têm um papel
fundamental na atividade de voo, pois são capazes de alterar
a densidade do corpo do animal. Nesse sentido, têm função
semelhante à da bexiga natatória dos peixes. As paredes
dos sacos aéreos não são vascularizadas e, portanto, não
há troca de gases respiratórios nessas estruturas e muito
menos nos ossos pneumáticos.
São animais dioicos, todos de fecundação interna, ovíparos
A circulação das aves é fechada, dupla e completa. e com desenvolvimento direto. Durante o desenvolvimento
O coração é tetracavitário (duas aurículas e dois ventrículos), embrionário, formam quatro anexos: saco vitelino, âmnio,
com o arco aórtico voltado para a direita. alantoide e cório.

Bernoulli Sistema de Ensino 69

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frente B módulo 11

O2 CO2 Embrião mAmÍferos


Casca
Alantoide
do ovo características gerais
Âmnio Os representantes da classe Mammalia se distinguem dos
demais vertebrados pela presença de glândulas mamárias e

Arquivo Bernoulli
por apresentarem o corpo total ou parcialmente recoberto por
pelos. Na pele da maioria dos mamíferos, além dos pelos,
há glândulas sudoríparas, que produzem o suor, envolvido
Câmara
Albumina no controle da temperatura (termorregulação), e glândulas
de ar
sebáceas, produtoras de sebo (material lipídico que lubrifica os
Cório Saco vitelino pelos e a pele). Outros anexos, como garras, unhas, cascos,
espinhos, chifres e cornos, também podem estar presentes.
Ovo das aves e seus anexos embrionários – Cório (córion):
membrana protetora que reveste mais externamente o embrião O sistema digestório é formado por um tubo digestório
e os demais anexos embrionários. Âmnio (âmnion, bolsa
completo e por glândulas anexas (salivares, fígado e pâncreas).
amniótica): vesícula (bolsa) cheia de um líquido, denominado
líquido amniótico, que, além de amortecer os choques mecânicos, Na maioria dos mamíferos, o estômago apresenta uma
também protege o embrião contra a desidratação. Alantoide: única cavidade em que se realizam processos mecânicos e
tem função respiratória (realiza a troca dos gases respiratórios,
químicos da digestão. Entretanto, nos mamíferos ruminantes
O2 e CO2 ) e função excretora (recolhe e armazena os excretas
nitrogenados produzidos pelo metabolismo do embrião). Também (vaca, cabra, carneiro, girafa, etc.), o estômago apresenta
retira minerais (cálcio) da casca que serão utilizados na formação quatro câmaras: rúmen (pança), retículo (barrete), omaso
das primeiras estruturas esqueléticas mineralizadas do embrião. (folhoso) e abomaso (coagulador).
Saco vitelino (vesícula vitelínica): vesícula contendo reservas
nutritivas (lipídeos, proteínas) para o embrião.
Retículo
classificação das aves Esôfago

As aves atuais estão subdivididas em duas subclasses: Rúmen


carinatas e ratitas.
Alimento

Arquivo Bernoulli
• Carinatas – São aves boas voadoras em sua maioria.
Possuem osso esterno com uma projeção anterior,
denominada quilha ou carena, no qual se inserem
os potentes músculos peitorais, responsáveis pelo Omaso
batimento das asas: os pequenos peitorais, que
levantam as asas, e os grandes peitorais, que as Abomaso
abaixam. A carena das aves auxilia o voo, como a Intestino
de um navio, auxiliando o seu deslocamento. Ex.: Estômago de um ruminante – O alimento entra na pança ou
sabiá, pardal, andorinha, tico-tico, etc. Os pinguins,
rúmen, vai ao barrete ou retículo e volta à boca, onde é novamente
embora possuam carena, não voam.
mastigado; é em seguida engolido, indo ao omaso ou folhoso e
• Ratitas – São aves não voadoras. Têm asas reduzidas depois ao abomaso ou coagulador, do qual passa para o intestino.
ou ausentes e o osso esterno sem quilha. Exemplos: Nas duas primeiras câmaras estomacais, isto é, no rúmen e no
ema, avestruz, quiuí. retículo, vivem micro-organismos (bactérias e protozoários) que
produzem as enzimas necessárias para a digestão da celulose.
Membro O retorno do alimento do retículo para a boca se dá por uma
Bico sem
dentes anterior inversão voluntária do peristaltismo do esôfago. Na segunda
modificado deglutição, a passagem direta do esôfago para o omaso é possível
Vértebras em asa graças a uma prega longitudinal na parede do esôfago. Somente
cervicais
na última câmara, ou seja, no abomaso, há produção de enzimas
digestivas pela parede do estômago.
Clavícula Vértebras torácicas
Na maioria dos mamíferos, o intestino abre-se no ânus.
Vértebras caudais Entretanto, nos mamíferos ovíparos, como o ornitorrinco e
Quilha ou
carena o equidna, a abertura do intestino se faz em uma cloaca.
Quanto ao sistema respiratório, todos os mamíferos, inclusive
Costelas
os aquáticos, como as baleias e os golfinhos, fazem a respiração
Arquivo Bernoulli

pulmonar. Nos mamíferos, os pulmões atingem um elevado


grau de complexidade. São revestidos por uma membrana
serosa protetora, a pleura, e apresentam elevada superfície
Esqueleto de uma ave voadora. respiratória devido à presença de milhares de alvéolos.

70 Coleção Estudo 4V

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Répteis, aves e mamíferos

Os pulmões dos mamíferos estão assentados sobre o Classificação dos mamíferos


músculo diafragma. Esse músculo, que separa a cavidade
torácica da cavidade abdominal, é uma exclusividade dos A classe Mammalia está subdividida em três subclasses:
mamíferos e seus movimentos de contração e relaxamento Prototheria (prototérios), Metatheria (metatérios) e Eutheria
são fundamentais para a entrada e a saída do ar dos pulmões.
(eutérios).
Os mamíferos aquáticos (baleias, golfinhos, peixe-boi) ou
os que passam muito tempo na água (foca) precisam vir à Mamíferos
tona, a determinados intervalos de tempo, em busca de ar. Prototérios Metatérios Eutérios
O sistema circulatório dos mamíferos é semelhante ao das
Mamíferos Mamíferos
aves. A circulação é fechada, dupla e completa. O coração Mamíferos didelfos
primitivos, adelfos típicos,
(as fêmeas possuem
é tetracavitário (2 átrios e 2 ventrículos). (as fêmeas não monodelfos
duas vaginas e dois
possuem vagina (as fêmeas
úteros), vivíparos,
Sangue arterial Sangue arterial nem útero), com possuem uma
placenta reduzida
cloaca, ovíparos vagina e um
(pouco desenvolvida),
e aplacentados útero), vivíparos

BIOLOGIA
portadores de
(sem placenta). e placenta bem
Coração marsúpio (bolsa de
As fêmeas não desenvolvida.
pele no abdome,
possuem mamilo Constituem a
Pulmão onde os filhotes
Tecidos do (o leite escorre maioria das
corpo completam o
pelos pelos da espécies.
desenvolvimento).
barriga da mãe). Exemplos:
Exemplos:
Exemplos: Homem, boi,
Canguru, coala e
Ornitorrinco cabra, baleia,
gambá.
e equidna. morcegos, etc.
Sangue venoso Sangue venoso
Principais grupos de mamíferos
Circulação nos mamíferos.
Classe Subclasse Grupos Ordens Exemplos
A principal diferença entre o sistema circulatório dos
mamíferos, em relação ao das aves, diz respeito à curvatura Monotremata Ornitorrinco
Prototheria
da artéria aorta. Essa artéria nasce no ventrículo esquerdo, ou Adelfia e equidna

dirige-se para cima e faz uma curva sobre o coração. Essa Marsupialia Canguru,
Metatheria
ou Didelfia coala, gambá
curvatura é chamada de crossa ou arco aórtico. Nas aves,
essa curvatura se dá para a direita e, nos mamíferos, dirige-se Pisciformes Baleia,
(formato de Cetacea golfinho,
para a esquerda. peixe) cachalote
Quanto à excreção, os mamíferos possuem rins metanéfrons. Peixe-boi
Sirenea
Em sua grande maioria, são animais ureotélicos. Os mamíferos da Amazônia
ovíparos, à semelhança dos répteis e aves, são uricotélicos. Boi, cabra,
O sistema nervoso é cérebro-espinal, subdividido em Ungulados porco,
Artiodactila
(providos de camelo,
sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico cascos) hipopótamo
(SNP). A maioria das espécies são animais girencéfalos,
Cavalo,
isto é, a superfície externa do cérebro (córtex cerebral) Perissodactila rinoceronte,
apresenta um grande número de circunvoluções cerebrais zebra
(giros ou dobras) com muitos neurônios. Os mamíferos mais Mammalia
Chiroptera Morcego
primitivos são lisencéfalos, isto é, o córtex cerebral é liso e
Eutheria
com um número menor de neurônios. Tatu,
Edentata ou
preguiça,
O sistema sensorial é muito desenvolvido. Há olhos e Xenartra
tamanduá
muitas espécies têm visão de cores. Há orelhas interna, Rato, cutia,
Rodentia
média e externa. Em muitos, a orelha externa, além do capivara
conduto auditivo externo, também possui um pavilhão Unguiculados Coelhos,
(portadores Lagomorfa
auditivo. São bem desenvolvidos os receptores gustativos lebres
da língua e os olfativos das mucosas nasais. Na superfície de garras)
Gato, cão,
do corpo, também há um grande número de estruturas Carnívora tigre, onça,
sensoriais relacionadas com o tato e com percepção de leão, hiena
pressão, frio, calor e dor. Macacos
diversos
São animais dioicos, de fecundação interna e, em sua Primata (grandes e
maioria, vivíparos. Os mais primitivos, como o ornitorrinco pequenos),
e o equidna, são ovíparos. O desenvolvimento é direto. homem

Bernoulli Sistema de Ensino 71

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 71 27/03/17 09:21


Frente B Módulo 11

Exercícios de fixação Exercícios Propostos


01. (PUC RS) Observe as características anatômicas 01. (UDESC–2014) Analise as proposições em relação à
relacionadas a seguir: dentição das cobras.
1. Corpo coberto com pele seca e cornificada
I. As cobras podem ser divididas em áglifas, opistóglifas,
2. Esqueleto completamente ossificado proteróglifas e solenóglifas.
3. Coração com dois átrios e um ventrículo parcialmente
II. As cobras proteróglifas não apresentam dentes
dividido (ventrículos separados só num grupo)
inoculadores de peçonha, a exemplo, as cobras-cegas.
4. Respiração pulmonar
III. As cobras áglifas apresentam dentes inoculadores na
5. Temperatura corporal variando de acordo com o parte anterior da boca, a exemplo, as cobras-corais.
ambiente
IV. As cobras opistóglifas apresentam dentes inoculadores
6. Ovos adaptados para o desenvolvimento em terra
de peçonha na parte posterior da boca.
Com essas características, podemos identificar o grupo Assinale a alternativa CORRETA.
A) dos anfíbios. D) dos répteis.
A) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
B) dos peixes. E) dos marsupiais.
B) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
C) das aves.
C) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.

02. (CEFET-MG–2015) Devido ao aquecimento global, D) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.


até 2080, cientistas preveem a extinção de 40% das E) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
populações de alguns animais que são considerados
“sensores térmicos”. 02. (FESP-PR) Todas as afirmativas estão corretas, EXCETO
Disponível em: <http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/ A) As aves apresentam o corpo coberto de penas e,
noticia/2010/05>. Acesso em: 01 set. 2014 (Adaptação).
em sua maioria, apresentam o esterno em forma
Essa designação pode ser atribuída, por exemplo, ao de quilha.

A) urso. D) avestruz. B) Nas excreções das aves, juntamente das fezes,


B) lagarto. E) cachorro. encontramos urina semipastosa, rica em ácido úrico
e uratos.
C) golfinho.
C) As aves apresentam olhos bem desenvolvidos, com
03. (PUC Minas) Muitas aves se utilizam de alimentos duros duas pálpebras e membrana nictitante.
como os grãos. Como não possuem dentes, a trituração D) As aves apresentam sexos separados, dimorfismo
desses grãos ocorre na região do tubo digestório sexual, fecundação interna e são ovíparas, com
denominada
desenvolvimento direto.
A) moela. D) estômago.
E) As aves, embora apresentem membros anteriores
B) papo. E) cloaca. transformados em asas, são consideradas os
C) esôfago. primeiros tetrápodes amniotas e alantoidianos na
escala zoológica.
04. (UFRGS-RS–2014) Em agosto de 2013, foi divulgada a
descoberta de um mamífero, o olinguito, que parece uma 03. (UFRGS-RS–2016) Assinale com V (verdadeiro) ou
mistura de gato doméstico e urso de pelúcia, nativo das
F (falso) as afirmações a seguir, relativas às
florestas da Colômbia e do Equador.
características dos organismos da classe Mammalia.
Disponível em: <http://exame.abril.com.br/ciencia/noticias/
( ) Um único osso na mandíbula inferior.
americano-olinguito-e-o-mais-novomamifero-descoberto>.
Acesso em: 20 ago. 2013. ( ) Membrana muscular que separa o tórax do abdômen.

Sobre esse mamífero, pode-se afirmar que deve ( ) Epiderme espessa e queratinizada.
necessariamente apresentar ( ) Ácido úrico como principal produto de excreção.
A) sistema circulatório duplo. A sequência correta de preenchimento dos parênteses,
B) glândulas uropigianas. de cima para baixo, é:

C) pecilotermia. A) V – V – F – V D) F – V – F – F

D) glândulas mamárias com origem endodérmica. B) F – F – V – V E) F – F – V – F


E) notocorda como principal estrutura de sustentação. C) V – V – F – F

72 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 72 27/03/17 09:21


répteis, aves e mamíferos

04. (UFJF-MG) As aves possuem muitas características 07. (UEM-PR–2016) Considere um grupo animal cujos
peculiares. Entre elas, estão os sacos aéreos ligados aos organismos são endotérmicos, com circulação dupla
pulmões que, além de servirem como reservatórios de ar, e completa e com dentes diferenciados em incisivos,
surgiram como adaptações para caninos, pré-molares e molares, e assinale a(s)
A) tornar o animal mais apto à respiração aérea. alternativa(s) CORRETA(S).
B) diminuir o peso específico desses animais. 01. Nestes organismos, a perda e a manutenção de calor
C) assegurar maior abastecimento de oxigênio ao são controladas pela oxidação de alimentos e pela
organismo. presença de gordura subcutânea e de penas.
D) suprir a ausência de alvéolos no parênquima
02. No grupo a que pertencem estes organismos, as
pulmonar.
espécies são dioicas e com dimorfismo sexual

05. (UFES) No Pantanal mato-grossense, os jacarés se evidente na maioria das espécies, possuindo o

aquecem ao Sol, nas margens dos rios, durante o dia, e, encéfalo mais desenvolvido dentre os animais.

bioLoGia
como a água esfria mais lentamente que a terra, 04. Nestes organismos, a excreção feita pelos rins produz
submergem à noite. Essa estratégia dos crocodilianos uma pasta desidratada de ácido úrico que é eliminada
está relacionada ao fato de eles pela cloaca com as fezes.
A) excretarem principalmente ureia, composto 08. Nestes organismos, a glândula mamária é desenvolvida
nitrogenado com baixa toxicidade que necessita de
e funcional somente nas fêmeas, e seu produto é
água para ser eliminado.
destinado à alimentação dos filhotes.
B) serem ectotérmicos, dependendo de fontes externas
de calor para a regulação da temperatura corpórea. 16. No grupo a que pertencem estes organismos,

C) dependerem da água para a fecundação e para o as espécies possuem a pele seca e rica em queratina,
desenvolvimento dos ovos. não apresentando glândulas, mas sim escamas, e sua
D) apresentarem o corpo revestido por uma pele grossa, respiração é pulmonar.
com placas córneas, o que evita a dessecação. Soma ( )
E) não terem, em seus pulmões, superfície suficiente
para uma troca gasosa eficiente, necessitando realizar
absorção de oxigênio da água do meio circundante, SEÇÃo ENEM
através da mucosa cloacal.

01. (Enem–2013) As serpentes que habitam regiões de seca


06. (UFMG)
podem ficar em jejum por um longo período de tempo
devido à escassez de alimento. Assim, a sobrevivência
desses predadores está relacionada ao aproveitamento
máximo dos nutrientes obtidos com a presa capturada.
De acordo com essa situação, essas serpentes apresentam
alterações morfológicas e fisiológicas, como o aumento
das vilosidades intestinais e a intensificação da irrigação
sanguínea na porção interna dessas estruturas.

A função do aumento das vilosidades intestinais para


essas serpentes é maximizar o(a)

A) comprimento do trato gastrointestinal para caber


A figura representa uma reconstituição de material fóssil, mais alimento.
um réptil com penas. Do grupo de répteis a que pertence
B) área de contato com o conteúdo intestinal para
esse representante, surgiram os vertebrados de sangue
absorção dos nutrientes.
quente e ossos pneumáticos que possuem, entre outras,
as características indicadas, EXCETO C) liberação de calor via irrigação sanguínea para

A) Coração com quatro cavidades controle térmico do sistema digestório.

B) Respiração branquial D) secreção de enzimas digestivas para aumentar a


C) Circulação dupla e completa degradação proteica no estômago.

D) Fecundação interna E) processo de digestão para diminuir o tempo de


E) Cloaca permanência do alimento no intestino.

Bernoulli Sistema de Ensino 73

4VPRV3_BIO_B11.indd 73 30/03/17 09:22


Frente B Módulo 11

02. Em diversas espécies de répteis, não existem cromossomos sexuais, e a temperatura de incubação dos ovos é que determina
o sexo (macho ou fêmea) dos descendentes. O gráfico a seguir refere-se a essa determinação do sexo em algumas espécies
de répteis.

100%

90%

80% Tartarugas
Porcentagem de machos
70%
Crocodilos
60%

50% Jacarés
40%

30%

20%

10%

0%
Baixa Alta

Temperatura de incubação

Com base na análise do gráfico e outros conhecimentos sobre o assunto, é CORRETO afirmar que

A) o aumento da temperatura na Terra (aquecimento global) pode contribuir para reduzir o tamanho de populações de jacarés
e tartarugas.

B) os crocodilos nascidos após incubação, em temperaturas intermediárias, são hermafroditas.

C) a incubação dos ovos em baixas temperaturas favorece uma maior produção de machos tanto em tartarugas quanto
em jacarés.

D) nos jacarés, há uma maior produção de fêmeas quando os ovos são incubados em temperaturas mais elevadas.

E) a determinação do sexo nesses animais independe da localização dos ovos no ninho e da época de postura.

Gabarito
Fixação
01. D 03. A

02. B 04. A

Propostos
01. D 05. B

02. E 06. B

03. C 07. Soma = 10

04. B

Seção Enem
01. B

02. A

74 Coleção Estudo 4V

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FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA B 12
sistemas nervoso e sensorial
sistemA NerVoso Dura-máter
Aracnoide
Cavidade subaracnoide
O sistema nervoso humano é do tipo cérebro-espinal e Pia-máter
está subdividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema Tecido nervoso
nervoso periférico (SNP).

Arquivo Bernoulli
sistema nervoso central (sNc) Vaso
sanguíneo
É formado pelo encéfalo e pela medula espinal (raquiana).

Cérebro As meninges.

A pia-máter é a meninge mais delgada e a mais


Diencéfalo interna que fica em contato direto com os órgãos do SNC;
a aracnoide é a meninge intermediária e é muito vascularizada.
Abaixo da aracnoide, está o espaço subaracnoideo (cavidade
Ponte subaracnoidea), onde circula o líquor (líquido cefalorraquidiano,
Cerebelo líquido cérebro-espinal), que dá mais proteção aos órgãos
Bulbo do SNC, já que atua como amortecedor contra choques
Medula mecânicos; a dura-máter, localizada logo abaixo do tecido ósseo,
Arquivo Bernoulli

espinal é a meninge mais externa e também a mais grossa.


Vejamos, agora, os principais órgãos componentes do SNC
e suas respectivas funções.
Sistema nervoso central (SNC) – O encéfalo compreende os
órgãos do SNC localizados no interior do crânio, e a medula cérebro
espinal é um cordão nervoso situado no interior do canal raquiano
Também chamado de telencéfalo, o cérebro é o órgão mais
(raquidiano) da coluna vertebral. Fazem parte do encéfalo:
volumoso do nosso encéfalo (cerca de 1 450 cm3), ocupando
cérebro (telencéfalo), tálamo e hipotálamo (diencéfalo), cerebelo quase todo o espaço do crânio.
(metencéfalo), ponte e bulbo (mielencéfalo).
Corpo caloso
Hemisfério
Todos os órgãos do SNC estão protegidos por um Diencéfalo cerebral direito
envoltório ósseo, pelas meninges e pelo líquor (líquido (tálamo e hipotálamo)
Arquivo Bernoulli

cefalorraquidiano). Ponte
Os envoltórios ósseos que protegem os órgãos do SNC
são os ossos que formam o crânio (protegem os órgãos do
encéfalo) e as vértebras da coluna vertebral (protegem a Mesencéfalo
medula espinal). Cerebelo

As meninges são membranas de tecido conjuntivo Hemisfério


Medula espinal
que envolvem e protegem os órgãos do SNC. São três: cerebral esquerdo
pia-máter, aracnoide e dura-máter. Cérebro.

Bernoulli Sistema de Ensino 75

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 75 27/03/17 09:21


frente B módulo 12

Nos corpos celulares dos neurônios, os dados são


Circunvoluções Diencéfalo
cerebrais computados e processados, resultando na percepção de
Sulcos
sensações, no envio de ordens, no armazenamento de
Cérebro
Corpo informações (memória), na interpretação e associação de
caloso fatos, etc. Por isso, o córtex cerebral tem um papel muito
importante no grau de desenvolvimento mental do indivíduo.
O córtex cerebral comanda todas as ações voluntárias
praticadas pelo indivíduo, além de comandar atos inconscientes

Arquivo Bernoulli
e de conter centros nervosos relacionados com os sentidos,
a memória, o pensamento, a inteligência, etc.
No tecido nervoso do cérebro, existem diversos peptídeos,
Hipófise entre os quais estão as endorfinas e endocefalinas, que são
Glândula
Região anterior dotadas de propriedades analgésicas, semelhantes à da morfina.
pineal
do lobo temporal Acredita-se também que essas substâncias podem atuar como
direito Ponte Cerebelo mediadores químicos do impulso nervoso e, ainda, influenciar
Bulbo o padrão de comportamento da pessoa.
Medula No cérebro, também atuam as chamadas drogas psicotrópicas.
espinal Algumas, como o álcool, os barbitúricos e a heroína, são
depressivas, ou seja, diminuem a velocidade de funcionamento
Cérebro.
do cérebro, induzindo o sono, o relaxamento muscular e
É dividido em duas metades homólogas: hemisfério prejudicando as atividades psicomotoras. Outras, ao contrário,
como as anfetaminas (“bolinhas”), a cocaína e o crack, são
cerebral direito e hemisfério cerebral esquerdo. No hemisfério
estimulantes, ou seja, aceleram o funcionamento do cérebro,
cerebral direito, estão os centros nervosos que controlam o
causando euforia e excitação geral do organismo. Algumas
funcionamento de estruturas localizadas no lado esquerdo
drogas, como o LSD, o ecstasy e a maconha podem perturbar
do nosso corpo, e no hemisfério cerebral esquerdo situam-se
de tal forma o funcionamento normal do SNC que chegam,
centros nervosos que controlam o funcionamento de estruturas inclusive, a causar alucinações.
do lado direito do corpo. Assim, cada hemisfério controla
o funcionamento do lado oposto do corpo. Isso se deve ao Diencéfalo
cruzamento das fibras nervosas que fazem a conexão entre
É a região do encéfalo formada pelo tálamo e pelo
os hemisférios cerebrais e as diversas partes do nosso corpo,
hipotálamo.
já que o hemisfério esquerdo recebe as fibras provenientes do
O tálamo é uma região de substância cinzenta que atua
lado direito, e o hemisfério direito recebe as fibras vindas do
como estação retransmissora de impulsos nervosos para
lado esquerdo. Esses dois hemisférios cerebrais se mantêm
o córtex cerebral. Ele é responsável pela condução dos
unidos por um largo feixe de fibras nervosas que formam o
impulsos às regiões apropriadas do cérebro em que eles
chamado corpo caloso.
devem ser processados.
O homem é um animal girencéfalo, uma vez que, O hipotálamo, também constituído por substância
externamente, o seu cérebro apresenta uma série de dobras, cinzenta, faz a ligação entre o sistema nervoso e o sistema
as chamadas circunvoluções cerebrais ou giros cerebrais, endócrino, atuando na ativação de diversas glândulas
que aumentam a superfície do córtex cerebral (parte mais endócrinas. O hipotálamo controla as nossas emoções,
externa do cérebro). o apetite, o sono e nosso comportamento sexual. É também
no hipotálamo que estão os centros nervosos que regulam a
Fazendo-se um corte transversal no cérebro humano,
nossa temperatura corporal e o equilíbrio hídrico do corpo.
observamos que o córtex cerebral (porção mais periférica
do cérebro) tem uma coloração mais escura e, por isso, cerebelo
essa região também é conhecida por massa cinzenta.
O cerebelo fica situado logo abaixo do cérebro. Assim
Mais internamente, o cérebro revela uma coloração mais
como o cérebro, o cerebelo possui uma região cortical
clara e, por essa razão, a região também é chamada de
(córtex cerebelar), constituída por substância cinza, e uma
massa branca. parte central, de substância branca. Também apresenta
O exame microscópico mostra que a massa cinzenta dois hemisférios, unidos por uma parte central, o verme
possui um número muito grande de corpos celulares de do cerebelo. No cerebelo, estão os centros nervosos
neurônios, já na massa branca praticamente só encontramos que coordenam a realização simultânea de dois ou mais
movimentos voluntários e os centros que controlam o
as ramificações dos neurônios, ou seja, dendritos e axônios.
equilíbrio do corpo, permitindo, inclusive, uma previsão
Dendritos e axônios exercem importante papel na das posições que o corpo deve assumir ao executar um
fisiologia do tecido nervoso, especialmente na condução determinado movimento (salto, corrida), coordenando e
dos impulsos nervosos. Entretanto, os corpos celulares dosando a participação dos vários músculos envolvidos.
é que constituem a sede de comando dessas células. O cerebelo também é responsável pelo tônus muscular.

76 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 76 27/03/17 09:21


Sistemas nervoso e sensorial

Ponte (protuberância) Sistema nervoso periférico (SNP)


Situada na base do cerebelo, tem um importante papel É formado por nervos e por gânglios nervosos.
na condução de impulsos, fazendo a conexão entre o bulbo
A) Nervos – São feixes de fibras nervosas envolvidas
e os demais órgãos do encéfalo.
pelo epineuro (uma capa de tecido conjuntivo rico
em fibras colágenas e elásticas, além de muitos
Bulbo fibroblastos). Cada feixe é constituído por várias
Também conhecido por mielencéfalo, o bulbo raquidiano, fibras nervosas (axônios). Portanto, não existem
ou simplesmente bulbo, situa-se logo acima da medula espinal. corpos celulares de neurônios nos nervos, vindo daí
Além de exercer função condutora de impulsos nervosos, a sua coloração esbranquiçada.
possui importantes centros nervosos de comando vegetativo,
Núcleos de fibroblastos
como o centro que comanda o ritmo respiratório e o centro que
Epineuro
comanda o ritmo cardíaco. A região do bulbo onde se localizam
esses dois importantes centros de comando é conhecida por Vaso sanguíneo

BIOLOGIA
nó vital. Os centros nervosos que comandam a deglutição, Perineuro
Feixe de
o vômito e a tosse também estão localizados no bulbo. axônios
O bulbo, a ponte e o mesencéfalo (cérebro médio) formam
o chamado tronco encefálico, que faz a conexão entre o
cérebro e a medula espinal.

Arquivo Bernoulli
Medula espinal Endoneuro
É um cordão nervoso localizado no interior do canal
vertebral (canal raquiano), com cerca de 1 cm de diâmetro
O nervo – Cada axônio, com bainha de mielina ou não,
em sua porção mais dilatada.
é envolvido por uma delicada camada de tecido conjuntivo, rica
Além de exercer a função de conduzir os impulsos
em fibras reticulares, denominada endoneuro. Cada feixe de
nervosos, a medula espinal também apresenta centros axônios é envolvido por uma bainha formada por várias camadas
nervosos de comando relacionados com determinados tipos de células achatadas justapostas, denominadas perineuros.
de atos reflexos. O nervo, por sua vez, é revestido pelo epineuro, constituído por
tecido conjuntivo denso.

A função dos nervos é a de levar impulsos nervosos


gerados em diferentes partes do corpo para o
SNC ou trazer impulsos do SNC para diferentes
partes do nosso corpo. Têm, portanto, uma função
condutora de impulsos nervosos. Aqueles que apenas
Coluna vertebral

levam impulsos ao SNC são chamados de nervos


sensitivos, e as fibras nervosas que os constituem são
Medula
denominadas fibras sensitivas. Os que apenas trazem
Arquivo Bernoulli

impulsos do SNC são os nervos motores, construídos


por fibras nervosas motoras. Existem, também, os
nervos mistos, formados por fibras sensitivas e fibras
motoras, capazes de levar e trazer impulsos do SNC.
Substância branca Podemos dizer também que os nervos sensitivos são
aferentes em relação ao SNC, e os nervos motores
são eferentes em relação ao SNC. Os nervos mistos
Corte da são aferentes e eferentes ao mesmo tempo.
medula espinal,
mostrando as Conforme a parte do SNC com a qual fazem conexão,
substâncias os nervos podem ser classificados em cranianos e
branca e cinzenta raquidianos. Os nervos cranianos (encefálicos) são
aqueles que estabelecem conexão com o encéfalo,
Substância cinzenta
e os nervos raquidianos (raquianos, espinais)
Medula espinal – Na medula, ao contrário do que ocorre no fazem conexão com a medula espinal. Em nosso
cérebro, a massa cinzenta (substância cinzenta) concentra-se na organismo, existem 12 pares de nervos cranianos,
parte central, e a massa branca (substância branca) localiza-se que podem ser sensitivos, motores ou mistos,
na periferia. e 31 pares de nervos raquidianos (todos mistos).

Bernoulli Sistema de Ensino 77

4VPRV3_BIO_B12.indd 77 30/03/17 09:24


Frente B Módulo 12

Nem sempre as fibras nervosas que saem de corpos


Nervos Raiz posterior celulares de neurônios localizados no SNC fazem conexão
raquidianos com gânglios nervosos. Muitas vezes, as fibras saem dos
Raiz anterior centros nervosos do SNC e dirigem-se diretamente para o
órgão efetor (órgão que efetuará uma ação quando receber
os impulsos provenientes de centros nervosos do SNC).

Muitas atividades do nosso sistema nervoso são ações


conscientes que estão sob o controle da nossa vontade
(atos voluntários), como pensar, movimentar um braço,
contrair músculos da face para mudar a expressão facial, etc.
Por outro lado, existem muitas ações autônomas, como os

Arquivo Bernoulli
batimentos cardíacos, que não dependem da nossa vontade
(atos involuntários). Os componentes do sistema nervoso
Medula
relacionados com os atos voluntários formam o chamado
sistema nervoso voluntário ou somático, ao passo que
Nervos raquidianos – Os nervos raquidianos fazem conexão da aqueles que se relacionam com os atos involuntários formam
medula com diferentes partes do corpo, como braços, tronco o sistema nervoso autônomo (SNA).
e pernas. São todos mistos, apresentando duas raízes: uma
ventral (anterior), em que existem apenas fibras motoras, e
outra dorsal (posterior), que possui somente fibras sensitivas. Sistema nervoso autônomo (SNA)
B) Gânglios nervosos – São aglomerados de corpos
O sistema nervoso autônomo é a parte do nosso sistema
celulares de neurônios que se encontram fora dos
nervoso que controla as atividades involuntárias do
órgãos do SNC. Aglomerados de corpos celulares de
organismo, tais como: as contrações dos músculos lisos
neurônios dentro do SNC são denominados núcleos
ou centros nervosos. Quando esses aglomerados existentes nas paredes das vísceras, a frequência cardíaca,
ocorrem fora do SNC, eles são chamados gânglios a respiração involuntária, a temperatura do corpo,
nervosos e apresentam-se, geralmente, como a produção de secreções em muitas glândulas, etc.
uma dilatação.
O sistema nervoso autônomo subdivide-se em simpático e
parassimpático que, geralmente, têm atividades antagônicas
(contrárias).
Arquivo Bernoulli

Sistema nervoso autônomo simpático


a
É formado por centros nervosos localizados nas regiões
1 torácica e lombar da medula espinal. Desses centros
2
nervosos, saem fibras nervosas motoras que fazem
sinapses com gânglios, de onde saem fibras (fibras

c pós-ganglionares) que, por sua vez, vão para o interior


dos órgãos que serão controlados. Assim, fazem parte do
b
3
sistema simpático: centros nervosos medulares, gânglios
nervosos, fibras nervosas pré-ganglionares e fibras nervosas
Na figura, as letras a, b e c indicam aglomerados de corpos
pós-ganglionares.
celulares de neurônios. Como a e b estão localizados no SNC,
são, portanto, centros nervosos. Como c está localizado fora
do SNC, é, portanto, um gânglio nervoso. 1, 2 e 3 representam
Sistema nervoso autônomo
fibras nervosas; em 2, as fibras são pré-ganglionares e, em 3, parassimpático
são fibras pós-ganglionares. Em c (gânglio nervoso), ocorrem
sinapses interneurais entre as terminações das fibras (axônios) É formado por centros nervosos localizados no encéfalo e
pré-ganglionares, e os dendritos que saem dos corpos celulares na região sacral da medula espinal, por gânglios nervosos
dos neurônios que formam o gânglio. e por fibras nervosas pré e pós-ganglionares.

78 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_B12.indd 78 30/03/17 09:24


sistemas nervoso e sensorial

Cérebro As fibras pós-ganglionares do simpático liberam noradrenalina,


já as fibras pós-ganglionares do parassimpático liberam a
Gânglio parassimpático
acetilcolina. Noradrenalina e acetilcolina desencadeiam ações
Intestino
antagônicas nos órgãos. Assim, de acordo com a conveniência

Arquivo Bernoulli
do organismo, um determinado órgão pode ser ora inibido ora
Gânglios simpáticos estimulado de maneira a garantir um desempenho fisiológico
(paravertebrais)
adequado ante uma determinada situação. Veja os exemplos
Medula
a seguir:
Gânglio
parassimpático
Simpático Parassimpático

Pupilas Dilata Contrai


Neurônio simpático
Neurônio parassimpático
Acelera Retarda

BiologiA
Coração
Sistema nervoso autônomo. (taquicardia) (bradicardia)
Vasos Contrai (a pessoa Dilata (a pessoa
No sistema nervoso simpático, os centros nervosos sanguíneos fica pálida) fica vermelha)
localizam-se nas regiões torácica e lombar da medula
espinal, e, no parassimpático, os centros nervosos estão Estômago Paralisa Excita

no encéfalo (região do bulbo) e na região sacral da


Intestino Paralisa Excita
medula. Assim, podemos dizer que o sistema simpático
é torácico-lombar e o parassimpático é crânio-sacral. No Bexiga Relaxa Contrai
simpático, os gânglios localizam-se longe das vísceras e
próximos da coluna vertebral, e, no parassimpático, os Útero Relaxa Contrai
gânglios localizam-se próximos ou dentro das vísceras.
Em consequência da posição dos gânglios, o tamanho
Vale a pena lembrar que alguns órgãos controlados
das fibras pré e pós-ganglionares é diferente nos dois
pelo SNA não têm inervação mista. É o que acontece, por
sistemas: no simpático, a fibra pré-ganglionar é curta e a
exemplo, com as glândulas sudoríparas e os músculos
pós-ganglionar é longa; no parassimpático, temos o contrário,
eretores dos pelos, que têm inervação apenas simpática.
isto é, a fibra pré-ganglionar é longa e a pós-ganglionar é
curta. As fibras pré-ganglionares, tanto do simpático quanto
do parassimpático, são fibras colinérgicas, ou seja, liberam
o arco reflexo
o mediador químico acetilcolina. A maior parte das fibras Reflexos são ações ou atos inconscientes, rápidos,
pós-ganglionares do simpático são adrenérgicas (liberam o realizados em resposta a determinado estímulo.
mediador noradrenalina), enquanto as pós-ganglionares do
Há reflexos que são comandados unicamente por
parassimpático são fibras colinérgicas.
centros nervosos localizados na medula espinal (reflexos
Simpático Parassimpático medulares); outros são comandados por centros nervosos

Origem das fibras Medula torácica Encéfalo e cerebrais (reflexos cerebrais), existindo, ainda, reflexos mais
pré-ganglionares e lombar medula sacral complexos que envolvem a participação de centros nervosos
Acetilcolina (fibra Acetilcolina (fibra do cérebro e da medula (reflexos cérebro-medulares).
pré-ganglionar) pré-ganglionar)
Tipos de
As estruturas que participam da geração dos atos reflexos
neurotransmissores
Noradrenalina (fibra Acetilcolina (fibra
pós-ganglionar) pós-ganglionar)
constituem o chamado arco reflexo. Tais estruturas são:
receptor, via sensitiva, neurônio associativo, via motora e efetor.
Na maior parte dos órgãos controlados pelo SNA, há
• Receptor – Órgão ou estrutura responsável pela
uma inervação mista, isto é, o mesmo órgão recebe fibras
captação do estímulo, ou seja, recebe determinado
nervosas simpáticas e parassimpáticas. De modo geral, os
estímulo e sensibiliza-se, gerando um impulso
sistemas simpático e parassimpático desencadeiam ações
antagônicas em um mesmo órgão. nervoso.

Nos órgãos que recebem terminações nervosas mistas, • via sensitiva – É uma fibra nervosa (axônio) sensitiva
as fibras pós-ganglionares simpáticas e parassimpáticas ou um nervo sensitivo que conduz o impulso nervoso
liberam mediadores químicos (neurotransmissores) distintos. do órgão receptor até ao sistema nervoso central.

Bernoulli Sistema de Ensino 79

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 79 27/03/17 09:21


frente B módulo 12

• Neurônio associativo (neurônio de associação) – Órgão receptor


Neurônio de Neurônio
Localizado no SNC, faz a conexão entre a via sensitiva
associação sensorial Pele
e a via motora. É bom salientar, entretanto, que
existem arcos reflexos nos quais não há a participação

Arquivo Bernoulli
de neurônio associativo. Nesse caso, os impulsos,
por meio de uma sinapse, passam da via sensitiva
para a via motora, e o arco reflexo é dito simples ou
monossináptico. Quando há a participação do neurônio
associativo no arco reflexo, este é dito composto. Órgão
efetor
• via motora – É uma fibra nervosa motora ou um Músculo
nervo motor que leva, sob a forma de impulso Neurônio motor
nervoso, a ordem de ação para o órgão efetor. Arco reflexo composto – A ilustração anterior representa os
• Efetor – Órgão responsável pela realização da ação participantes de um reflexo medular que envolve a participação
que constitui uma resposta ao estímulo recebido pelo de neurônio associativo. Observe que, na medula, ocorrem
órgão receptor. duas sinapses: uma entre o neurônio sensitivo com o neurônio
A figura a seguir representa o arco reflexo de um reflexo associativo, e a outra entre o neurônio associativo e o neurônio
medular bastante conhecido: o patelar (rotuliano). motor. É, portanto, um arco reflexo composto ou bissináptico.

Cérebro Como exemplo de reflexo comandado apenas pelo cérebro,


sem a participação da medula, temos a abertura rápida da
Arquivo Bernoulli

Nervo sensitivo boca em resposta a uma mordida acidental da língua.

Um bom exemplo de reflexo cérebro-medular, ou seja,


Músculo
comandado simultaneamente por centros nervosos do
cérebro e da medula, é o que acontece quando uma pessoa
rapidamente leva os braços e a mão para cima da cabeça
Medula
a fim de protegê-la, quando distraidamente ouve um forte
barulho sobre sua cabeça.
Nervo motor

sistemA seNsoriAl
O sistema sensorial é constituído por todas as estruturas
do organismo relacionadas com a percepção das mais
Reflexo patelar. variadas sensações (táteis, gustativas, olfativas, auditivas
Aplicando-se um golpe com um martelo de borracha no e visuais). É, portanto, o responsável pelos nossos sentidos.
joelho do indivíduo, haverá a sensibilização de extremidades Dele, fazem parte estruturas receptoras (receptores), vias
nervosas (dendritos) dos neurônios localizados nessa condutoras e alguns centros nervosos do córtex cerebral.
região, gerando impulsos nervosos que, através dos
Os receptores são especializados em receber estímulos
axônios desses neurônios, chegam até a medula (SNC).
provenientes do meio (externo ou interno). São
Na medula, por meio de sinapses, as fibras sensitivas
transmitem os impulsos para os axônios dos neurônios estruturas constituídas por células nervosas (neurônios),
motores que partem da região ventral da medula e chegam capazes de se sensibilizarem quando recebem um
aos músculos da coxa, desencadeando a sua contração. Isso determinado estímulo, transformando-o em impulso
faz a perna se movimentar. Conforme você pode observar na nervoso. Dependendo da natureza do estímulo que
ilustração, o impulso nervoso que chega à medula também recebem, podem ser classificados como fotorreceptores
será transmitido ao cérebro. No cérebro, esse impulso é (captam estímulos luminosos), fonorreceptores (captam
interpretado, dando ao indivíduo a sensação tátil da pancada. estímulos sonoros), termorreceptores (captam estímulos
Convém lembrar, entretanto, que o cérebro não participa térmicos), quimiorreceptores (captam estímulos químicos)
desse arco reflexo. Assim, se rompermos a conexão entre e mecanorreceptores (captam estímulos mecânicos).
a medula e o cérebro, o ato de levantar a perna no reflexo
patelar continuará ocorrendo, embora o cérebro não mais As vias condutoras do nosso sistema sensorial estão
perceba as informações sensitivas e o indivíduo não tenha representadas por fibras nervosas sensitivas, que têm a
mais consciência da pancada no joelho. Por outro lado, se função de conduzir os impulsos gerados nas estruturas
bloquearmos apenas a via motora (que envia o impulso ao receptoras para regiões específicas do nosso córtex cerebral.
órgão efetor), o indivíduo não irá contrair a perna, mas terá São, portanto, fibras aferentes em relação ao Sistema
a sensação tátil da pancada no joelho. Nervoso Central.

80 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 80 27/03/17 09:22


sistemas nervoso e sensorial

Os centros nervosos, localizados em regiões específicas do A coroide é a túnica intermediária do globo ocular,
nosso córtex cerebral, constituem a parte central do nosso constituída por tecido conjuntivo frouxo. Como é muito
sistema sensorial. Neles, os impulsos provenientes dos vascularizada, a coroide é responsável pela nutrição e pela
receptores são interpretados e transformados em sensações. oxigenação do globo ocular. Sua porção anterior é rica em
Por isso, alguns autores chamam esses centros nervosos de melanócitos e, portanto, pigmentada, recebendo o nome de
estruturas transformadoras do sistema sensorial. íris (“disco colorido do olho”).
A íris possui um orifício central denominado pupila
Táteis (“menina dos olhos”), que pode se dilatar ou contrair,
Auditivas Olfativas permitindo uma maior ou menor penetração de luz no
olho. Na íris, ao redor da pupila, existem fibras musculares
Visuais Gustativas
lisas que recebem terminações nervosas do simpático e
Sensações do parassimpático. Os impulsos que chegam através das
terminações simpáticas promovem a midríase (dilatação

BiologiA
da pupila), e os que chegam através das terminações
Córtex cerebral parassimpáticas determinam a miose (contração da
pupila). Quando o indivíduo passa de um ambiente muito
iluminado para outro pouco iluminado, sua pupila sofre
Impulsos nervosos

uma midríase (dilatação). Por outro lado, quando passa de


um ambiente pouco iluminado para outro muito iluminado,
ocorre uma miose (contração). A pupila, então, funciona
de modo semelhante ao diafragma de uma máquina
fotográfica, controlando a quantidade de luz que entra
no olho.

Ligamento
Receptores suspensor
do cristalino

Arquivo Bernoulli
Cones
Estímulo Íris
Esclera
Coroide Túnicas
Sistema sensorial – Dependendo do tipo de receptor estimulado, Câmara Retina
os impulsos dele provenientes, ao serem interpretados em nosso anterior
com humor Fóvea
cérebro, permitem a percepção de diferentes tipos de sensações Câmara
aquoso
(táteis, gustativas, olfativas, auditivas e visuais).

Córnea
Visão
Nervo
Os receptores do nosso sentido da visão são os olhos, Parte cega óptico
Cristalino
da retina
também denominados globos oculares. São fotorreceptores
que se localizam na porção superior da face, dentro de Olho humano em corte.

cavidades denominadas órbitas (cavidades orbitárias).


Diversos estímulos podem modificar o diâmetro de
Cada globo ocular possui três túnicas (envoltórios, abertura da pupila. A emoção e o medo, por exemplo,
camadas): esclera, coroide e retina. causam sua dilatação, já o sono e a anestesia provocam
miose.
A esclera, também conhecida por “branco do olho”,
é a túnica mais externa do globo ocular. É constituída A retina é a túnica mais interna do globo ocular, sendo
basicamente por tecido conjuntivo fibroso, rico em fibras constituída por tecido nervoso. Analogamente a uma
colágenas, e cumpre a finalidade estrutural de sustentar e máquina fotográfica, a retina atua como o “filme”, uma
de proteger as camadas mais internas. Na porção anterior vez que tem a função de captar luz e formar imagens
do globo ocular, a esclera torna-se muito fina e transparente, dos objetos.
recebendo, nessa região, o nome de córnea. A córnea, Em nossa retina, destacam-se dois tipos básicos de células
portanto, é a porção anterior e transparente da esclera. fotossensíveis ou fotorreceptoras: bastonetes e cones.

Bernoulli Sistema de Ensino 81

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 81 27/03/17 09:22


frente B módulo 12

Região fotossensível Cristalino

Feixe de luz

Cone Bastonete Olho normal.

Por meio de ligamentos (ligamentos suspensores),


o cristalino se prende aos músculos ciliares. Os movimentos
de contração e de relaxamento desses músculos alteram o
Arquivo Bernoulli

diâmetro ântero-posterior do cristalino. A contração aumenta


sua curvatura, tornado-o mais convexo, e o relaxamento
ocasiona um efeito contrário.

Para objetos Para objetos


distantes próximos
Células fotossensíveis da retina.

Os bastonetes são células com grande sensibilidade à luz, mas


não distinguem as cores. Permitem a percepção de formas e do
contraste claro e escuro (em branco e preto). São encontrados Cristalino
na região periférica da retina e contêm um pigmento, a
A acomodação do cristalino – O cristalino é uma lente com alto
rodopsina ou púrpura visual, que tem a capacidade de aumentar
poder de acomodação: torna-se menos convexo, para visão
a sensibilidade da retina à luz. Os cones são menos sensíveis
de objetos distantes, ou mais convexo, para visão de objetos
que os bastonetes, mas possuem pigmentos denominados
próximos. Na idade avançada, o cristalino perde essa capacidade
fotopsinas, que permitem a percepção das cores, uma vez que
de acomodação, que ocasiona uma visão menos eficiente.
discriminam os diferentes comprimentos de ondas luminosas.
É o que se chama de presbiopia ou vista cansada.
Na espécie humana, existem três tipos de cones, sensíveis,
respectivamente, a comprimentos de ondas equivalentes às Os humores ópticos são dois: humor aquoso e humor
luzes vermelha, azul e verde. Os estímulos provenientes desses vítreo, ambos de composição química semelhante à do plasma
diferentes tipos de cones, quando combinados, produzem as sanguíneo. O humor aquoso preenche a câmara anterior do
diferentes combinações de cores. Por exemplo: um comprimento olho (espaço existente entre a córnea e o cristalino). O humor
de onda de luz que estimule apenas os cones sensíveis ao vítreo, por sua vez, preenche a cavidade central do olho, situada
vermelho é visto como vermelho; um comprimento que excite
logo atrás do cristalino. Além de serem meios transparentes,
99% dos cones sensíveis ao vermelho, 40% dos cones sensíveis
esses humores mantêm a forma esférica do olho.
ao verde e nenhum dos cones sensíveis ao azul é visto como
laranja. Os cones localizam-se em maior quantidade na região Fóvea
central da retina. Pupila
A região da nossa retina que apresenta maior sensibilidade à luz
Objeto
é a macula lutea (mancha amarela), em cujo centro situa-se uma
pequena depressão denominada fovea centralis, onde se localiza
a maioria dos cones. Já os bastonetes se organizam na periferia Cristalino
da macula lutea. Logo abaixo da macula lutea, sai o nervo óptico, Nervo
Retina óptico
que se dirige para a área visual existente no córtex cerebral.
É na região de saída desse nervo que se localiza o chamado parte Mecanismo da visão – A luz proveniente do meio externo
cega da retina, local da retina onde não existem nem cones nem penetra em nosso organismo, atravessando os chamados
bastonetes e que, portanto, não é sensível à luz. Se um feixe de meios transparentes do olho, representados pela córnea, humor
luz cai sobre o parte cega da retina, não há formação de imagens. aquoso, pelo cristalino e pelo humor vítreo. Ao atravessar o
cristalino, os raios luminosos são convergidos para um mesmo
O globo ocular apresenta ainda o cristalino e os humores
ponto situado sobre a retina, onde se formam imagens menores e
(líquidos) ópticos.
invertidas dos objetos. A imagem nítida só ocorre quando o feixe
O cristalino é uma lente biconvexa que dá nitidez e foco de luz incide na fovea centralis. Com a formação das imagens e
à imagem. Localizado atrás da íris, o cristalino converge os com a sensibilização das células nervosas da retina, os impulsos
raios luminosos que penetram no olho para um mesmo ponto nervosos gerados são conduzidos pelo nervo óptico até o centro
situado sobre a retina, ou seja, para a fovea centralis, onde, da visão situado no córtex cerebral, onde são processados e
então, formam-se imagens menores e invertidas dos objetos. interpretados, permitindo ao indivíduo, assim, enxergar.

82 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 82 27/03/17 09:22


sistemas nervoso e sensorial

Existem, ainda, as estruturas acessórias (anexos) do A orelha média comunica-se com a faringe por
olho. São elas: os músculos responsáveis pelo movimento meio da tuba auditiva. Essa comunicação permite
do olho, as pálpebras (que têm função protetora), manter a pressão do ar em equilíbrio nos dois
a conjuntiva (mucosa que protege e reveste a parte lados da membrana timpânica. Assim, quando há
anterior do olho e a superfície interna das pálpebras) e as obstrução da tuba auditiva ou quando o indivíduo
glândulas lacrimais (as lágrimas umedecem a córnea e a
muda sensivelmente de altitude, o ar exerce uma
conjuntiva, desempenhando importante função na defesa
força desigual sobre as duas faces da membrana
e na manutenção da transparência da córnea).
timpânica, promovendo sua distensão e causando
sensação desagradável.
Audição
C) Orelha interna (labirinto) – É uma estrutura complexa,
As orelhas (ouvidos) são os nossos fonorreceptores.
Cada orelha humana é dividida em três partes: orelha formada por uma série de sacos membranosos cheios

externa, orelha média e orelha interna. de líquido (endolinfa). Divide-se basicamente em duas

BiologiA
porções: cóclea (caracol) e vestíbulo.
Martelo
Canais semicirculares Canais
Martelo semicirculares
Janela do
vestíbulo Bigorna Ampola

Cóclea
Estribo
Caracol
Utrículo
sáculo
Arquivo Bernoulli

Membrana

Arquivo Bernoulli
timpânica
Orelha Bigorna
Estribo Ossículos
Tuba auditiva
Meato acústico externo Detalhe da orelha interna.
Diagrama geral da orelha. A cóclea ou caracol é a parte da orelha interna
relacionada com o sentido da audição. Tem a forma
A) Orelha externa – Compreende a orelha e o meato de um conduto espiralado, dentro do qual circula um
acústico externo. A orelha é uma projeção da pele em líquido, a endolinfa. No seu interior, além da endolinfa,
forma de concha, sustentada por tecido cartilaginoso. há o órgão de Corti (órgão espiral), responsável pela
Sua função é captar as ondas sonoras que penetram percepção sonora.

no conduto auditivo externo, um canal dotado de


Órgão
pelos e de glândulas secretoras de cerúmen (cera). Membrana
de Corti
O cerúmen, juntamente com os pelos existentes na tectória

entrada do conduto auditivo, exercem uma função


Arquivo Bernoulli

protetora, uma vez que dificultam a penetração de


micro-organismos e de objetos estranhos no interior
da orelha. O meato acústico externo termina em
uma membrana vibrátil, a membrana timpânica, que Fibras nervosas Células sensoriais
é a estrutura responsável pela transformação das Detalhes do órgão de Corti.
ondas sonoras em vibrações mecânicas. A membrana
timpânica separa a orelha externa da orelha média.
mecanismo da audição
B) Orelha média – Também chamada de caixa do
As ondas sonoras são captadas pela orelha e, através do
tímpano, é uma cavidade do osso temporal, cheia
conduto auditivo externo, chegam à membrana timpânica.
de ar, onde se localizam três pequenos ossos A incidência das ondas sonoras nessa membrana a faz vibrar.
(ossículos) denominados martelo, bigorna e estribo, Como essa membrana está em contato com o martelo, as
que transmitem as vibrações mecânicas, geradas na vibrações são transmitidas à rede de ossículos da orelha
membrana timpânica, até a orelha interna. média na seguinte sequência: martelo → bigorna → estribo.

Bernoulli Sistema de Ensino 83

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 83 27/03/17 09:22


frente B módulo 12

As vibrações desses ossículos chegam à membrana da Os dendritos dessas células possuem pelos (pelos olfativos),
janela oval, que é semelhante à membrana do tímpano, que ficam mergulhados na camada de muco que recobre a
e separa a orelha média da orelha interna, ligando-se ao mucosa nasal. Os axônios das células sensoriais olfativas
estribo. As vibrações da membrana da janela oval são, então, comunicam-se com o bulbo olfatório do cérebro.
transmitidas à cóclea da orelha interna. As vibrações da
cóclea agitam o líquido coclear, fazendo vibrar a membrana
tectória do órgão de Corti. As vibrações da membrana Bulbo olfativo
tectória estimulam as células sensoriais que se encontram
logo abaixo, sensibilizando-as e gerando impulsos nervosos Mucosa olfativa Cavidade nasal
que, através do nervo coclear, são levados ao centro da
audição no cérebro, onde são interpretados e transformados
em sensações auditivas.
Nariz

sistema vestibular

Arquivo Bernoulli
Além da audição, a orelha interna também atua na Cavidade bucal
percepção dos movimentos que o corpo executa, bem como
Faringe
na manutenção do equilíbrio corporal em relação ao centro
de gravidade. A parte da orelha interna relacionada com Mecanismo do olfato.
essas funções é o vestíbulo.
As moléculas dispersas no ar, ao penetrarem nas nossas
O vestíbulo é formado pelas seguintes estruturas:
cavidades nasais, entram em contato com os pelos olfativos
sáculo, utrículo e canais semicirculares. O sáculo e o
das células sensoriais, estimulando-as e gerando impulsos
utrículo são duas vesículas cheias de endolinfa, em cujas
paredes internas existem células sensoriais ciliadas. nervosos. Esses impulsos são conduzidos até os corpos
Os canais semicirculares são três tubos curvos, também celulares das células olfativas e, em seguida, passam para
cheios de endolinfa, que apresentam na base uma os axônios, chegando ao bulbo olfatório do cérebro, onde,
dilatação, chamada ampola, em que há um aglomerado então, são interpretados e transformados em sensações de
de células sensoriais ciliadas, sobre as quais existe odor. Acredita-se que existam diferentes tipos básicos de
uma camada gelatinosa, contendo pequenos cristais de células olfativas (receptores olfativos), cada uma para um
carbonato de cálcio, denominados otólitos ou estatocônios. tipo de odor. A sensação de odor será tanto mais intensa
As células sensoriais existentes no interior da orelha
quanto maior for a quantidade de receptores estimulados, o
interna fazem conexão com o nervo vestibular, ramo do
que depende da concentração da substância odorífera no ar.
nervo acústico que se dirige para o cerebelo. Quando o
indivíduo movimenta a cabeça, a endolinfa se agita, fazendo
com que os otólitos se choquem com o revestimento do gustação
vestíbulo e sensibilizando as células sensoriais aí existentes. Os receptores da gustação também são quimiorreceptores,
Os impulsos gerados por essas células são, então, levados,
denominados corpúsculos gustativos ou botões gustativos,
através do nervo vestibular, para centros nervosos situados
e se localizam no interior de papilas linguais.
no cerebelo, que, ao recebê-los e interpretá-los, identifica a
posição em que o indivíduo se encontra em relação ao centro
As papilas linguais são saliências da mucosa que revestem
de gravidade. Com essas informações, o cerebelo controla
a língua e podem ser de três tipos: caliciformes, fungiformes
o nosso equilíbrio corporal. Em algumas situações, como
e filiformes.
na labirintite (inflamação da orelha interna), os estímulos
não são percebidos e transmitidos ao cerebelo e, assim, a
A) Papilas caliciformes – São as maiores papilas
pessoa perde a noção do equilíbrio corporal.
linguais. Em número de seis a treze, localizam-se
Conforme vimos, o nosso aparelho auditivo tem na face superior da base da língua e estão dispostas
função estatoacústica (manutenção do equilíbrio corporal em forma de V, formando o chamado V-lingual. Essas
e audição).
papilas também são conhecidas por papilas valadas.

olfato B) Papilas fungiformes – Com morfologia semelhante


à de fungos ou cogumelos, distribuem-se por toda a
Os receptores do nosso sentido do olfato são os superfície superior e lateral da língua.
quimiorreceptores, representados por células sensoriais
localizadas na mucosa olfativa ou epitélio olfativo, porção C) Papilas filiformes – Filamentosas e longas, são
mais superior da mucosa nasal (mucosa pituitária). encontradas em toda a superfície da língua.

84 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 84 27/03/17 09:22


Sistemas nervoso e sensorial

Corpúsculo Os corpúsculos de Meissner são frequentes na derme da


gustatório palma da mão e da planta dos pés. Os cegos utilizam-se
constantemente desses receptores para tatear os relevos dos
objetos. Os corpúsculos de Krause e Ruffini são frequentes
na pele, nas mucosas da boca e nos órgãos genitais.
Esses dois tipos de corpúsculos são muito semelhantes,

Arquivo Bernoulli
sendo os de Ruffini mais achatados. Estudos recentes
demonstraram que esses corpúsculos, aos quais se atribuía
a percepção da variação de temperatura (frio e quente),
Papila Papila Papila
valada ou caliciforme fungiforme filiforme na realidade, também são responsáveis por sensações
de tato e pressão. Os corpúsculos de Vater-Pacini são os
Papilas linguais – As papilas caliciformes e fungiformes são mecanorreceptores mais bem estudados, sendo encontrados
classificadas como papilas gustativas, uma vez que nelas são nas camadas profundas da pele e no tecido conjuntivo em

bioLoGia
encontrados os corpúsculos gustativos, estruturas formadas por
geral, incluindo o das vísceras. As terminações nervosas
células neuroepiteliais quimiorreceptoras, que fazem conexão
livres, ou seja, não encapsuladas, são as responsáveis pela
com certos nervos cranianos (nervo glossofaríngeo, nervo facial).
Cada papila gustativa apresenta uma pequena abertura, o poro sensação de dor, frio e calor.
gustativo, e abriga inúmeros corpúsculos gustativos. Calcula-se
que uma pessoa adulta possua cerca de 10 mil corpúsculos
gustativos. As papilas filiformes da língua são classificadas como
papilas táteis, uma vez que possuem filetes nervosos que se
relacionam com a percepção tátil do alimento, isto é, se este é
Corpúsculo de
duro, pastoso, líquido, gelatinoso, frio ou quente.
Meissner

mecanismo da gustação
Ao serem colocadas sobre a língua, as substâncias são
dissolvidas na saliva e penetram nas papilas gustativas
através dos poros gustativos, sensibilizando os corpúsculos Corpúsculo de
Krause
gustativos e gerando impulsos nervosos. Esses impulsos são
levados, através de nervos, a centros nervosos do córtex
cerebral, em que são interpretados e transformados em
sensações de sabor.

Os sabores resultam da combinação de quatro sensações Corpúsculo de


Ruffini
gustativas fundamentais: azedo (ácido), doce, salgado e
amargo.

tato
O tato é o sentido que nos permite perceber sensações
de dor, calor (quente e frio), pressão, etc. Os receptores Corpúsculo de
táteis são encontrados nas vísceras, músculos, ossos e pele. Vater-Pacini
Conforme tenham ou não membranas de tecido conjuntivo
envolvendo suas terminações nervosas, os receptores
Arquivo Bernoulli

táteis podem ser classificados em encapsulados ou livres


(não capsulados).

Corpúsculos de Meissner Terminações


Corpúsculos de Krause nervosas livres
Encapsulados
Corpúsculos de Ruffini
Receptores Corpúsculos de Vater-Pacini Receptores táteis – Os corpúsculos de Meissner, Krause, Ruffini
táteis
Livres e Vater-Pacini são receptores relacionados com as sensações de
Terminações
(não capsulados) nervosas livres tato e pressão. Portanto, são mecanorreceptores.

Bernoulli Sistema de Ensino 85

4VPRV3_BIO_B12.indd 85 25/04/17 07:38


Frente B Módulo 12

EXERCÍCIOS DE fixação
01. (UERN–2015) Durante a respiração, uma pessoa consegue forçar de forma consciente a aceleração e a diminuição do ritmo
respiratório. Isso ocorre porque a ventilação pulmonar pode ser controlada voluntariamente. No entanto, há um controle
involuntário das estruturas envolvidas na inspiração e na expiração feito pelo centro respiratório, localizado no bulbo,
e considerado um centro vital também conhecido por
A) telencéfalo.
B) mesencéfalo.
C) metencéfalo.

D) mielencéfalo.

02. (UFU-MG) O esquema a seguir representa o reflexo patelar, que é uma resposta involuntária a um estímulo sensorial.

LINHARES, S., GEWANDSZNAJDER, F. Biologia Hoje.


São Paulo: Ática, v. 1, 2003.

Com relação a esse reflexo, analise as afirmativas a seguir.


I. Nesse reflexo, participam apenas dois tipos de neurônios: 1) o sensitivo, que leva o impulso até a medula espinhal;
2) o motor, que traz o impulso medular até o músculo da coxa, fazendo-a contrair-se.
II. Em exame de reflexo patelar, ao bater-se com um martelo no joelho, os axônios dos neurônios sensitivos são excitados
e, imediatamente, os dendritos conduzem o impulso até a medula espinhal.
III. Se a raiz ventral do nervo espinhal for seccionada (veja em A), a pessoa sente a batida no joelho, mas não move a perna.

Assinale a alternativa que apresenta somente afirmativas CORRETAS.


A) II e III
B) I e II
C) I e III
D) I, II e III

03. (UFF-RJ) Quando se menciona a “cor dos olhos” de uma pessoa, está-se fazendo referência à coloração da estrutura do globo
ocular denominada
A) pupila.
B) cristalino.
C) córnea.
D) íris.
E) globo ciliar.

86 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 86 27/03/17 09:33


Sistemas nervoso e sensorial

04. (PUC Minas) Entre as afirmativas a seguir, a única 04. (UFMG) Lesão no cerebelo de um animal afetará,
ERRADA é: principalmente, sua capacidade de
A) O centro respiratório está situado na ponte. A) absorver alimentos.
B) Os sistemas simpático e parassimpático exercem B) coordenar movimentos.
ações antagônicas.
C) emitir sons.
C) Uma lesão no cerebelo pode interferir no controle do
D) perceber imagens.
equilíbrio.
D) Participam de um arco reflexo: receptor, via aferente, E) perceber odores.
centro, via eferente e efetuador.
E) A substância cinzenta da medula é formada, 05. (UFMG) A seguir, você encontra a representação de órgãos
principalmente, de corpos celulares. do sistema nervoso central.

Exercícios Propostos

BIOLOGIA
01. (FAMERP-SP–2016) É CORRETO afirmar que a divisão
parassimpática do sistema nervoso autônomo está
relacionada
A) com o gasto de energia durante as situações de “luta
ou fuga”.
B) com o aumento da frequência cardíaca e a dilatação
da pupila.
Um homem que sofreu uma secção no sistema nervoso,
C) com as respostas involuntárias por meio da ação da
no ponto indicado pela seta, poderá teoricamente realizar
noradrenalina.
todos os atos seguintes, EXCETO
D) com a conservação e a restauração de energia corpórea.
A) Lembrar-se do nome de um amigo.
E) com o sistema nervoso central e comanda respostas
voluntárias. B) Retirar a mão, se espetada por um alfinete.
C) Resolver mentalmente um problema matemático.
02. (UFV-MG) O sistema nervoso dos vertebrados é dividido
D) Sentir o perfume de uma flor.
anatomicamente em sistema nervoso central (SNC) e
sistema nervoso periférico (SNP). Tendo por base essa E) Fazer um trabalho manual qualquer.
informação, indique a alternativa correta.
A) O SNP é formado pela medula espinal e pelos nervos.
06. (FMTM-MG) A análise de certos alimentos revelou
contaminação por pesticidas organofosforados. Tais
B) O SNC é constituído pelo cérebro e pelos gânglios.
substâncias são tóxicas principalmente por alterarem
C) Há neurônios que contêm parte no SNC e no SNP.
a fisiologia normal do sistema nervoso, bloqueando a
D) Os neurônios estão restritos ao SNC, e os nervos,
ao SNP. degradação do mediador químico do sistema nervoso
autônomo parassimpático. O mediador mencionado e
E) A medula espinal não contém neurônios, apenas
fibras nervosas. uma de suas ações são, respectivamente,
A) acetilcolina: dilatação da pupila.
03. (FUVEST-SP) Em acidentes em que há suspeita de
B) acetilcolina: diminuição da frequência cardíaca.
comprometimento da coluna vertebral, a vítima deve
ser cuidadosamente transportada ao hospital em posição C) epinefrina: inibição da percepção sensorial.
deitada e, de preferência, imobilizada. Esse procedimento D) noradrenalina: relaxamento da musculatura lisa.
visa a preservar a integridade da coluna, pois em seu
E) adrenalina: controle central dos movimentos.
interior passa
A) o ramo descendente da aorta, cuja lesão pode
07. (OSEC-SP) A cóclea é um órgão sensitivo responsável por
ocasionar hemorragia.
A) audição.
B) a medula óssea, cuja lesão pode levar à leucemia.
B) visão.
C) a medula espinal, cuja lesão pode levar à paralisia.
C) tato.
D) o conjunto de nervos cranianos, cuja lesão pode levar
à paralisia. D) gustação.
E) a medula óssea, cuja lesão pode levar à paralisia. E) olfato.

Bernoulli Sistema de Ensino 87

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 87 27/03/17 09:33


Frente B Módulo 12

Seção Enem Pode-se citar como principal responsável pela manutenção


da temperatura corporal humana o sistema

A) digestório, pois produz enzimas que atuam na quebra


01. (Enem–2003) Os acidentes de trânsito, no Brasil, em sua
de alimentos calóricos.
maior parte são causados por erro do motorista. Em boa
B) imunológico, pois suas células agem no sangue,
parte deles, o motivo é o fato de dirigir após o consumo
diminuindo a condução de calor.
de bebidas alcoólicas. A ingestão de uma lata de cerveja
C) nervoso, pois promove a sudorese, que permite perda
provoca uma concentração de aproximadamente 0,3 g/L
de calor por meio da evaporação da água.
de álcool no sangue.
D) reprodutor, pois secreta hormônios que alteram a
temperatura, principalmente durante a menopausa.
Concentração
de álcool no Efeitos E) endócrino, pois fabrica anticorpos que, por sua vez,
sangue (g/L) atuam na variação do diâmetro dos vasos periféricos.

Sem influência aparente, ainda que

Gabarito
0,1 – 0,5
com alterações clínicas.

Euforia suave, sociabilidade acentua-


0,3 – 1,2
da e queda da atenção. Fixação
Excitação, perda de julgamento
01. D
0,9 – 2,5 crítico, queda da sensibilidade e das

reações motoras.
02. C

Cofusão mental e perda da coordena-


1,8 – 3,0 03. D
ção motora.

Estupor, apatia, vômitos e desequilí- 04. A


2,7 – 4,0
brio ao andar.

Propostos
3,5 – 5,0 Coma e morte possível.

01. D

Revista Pesquisa FAPESP, n. 57, setembro de 2000. 02. C

Uma pessoa que tenha tomado três latas de cerveja,


03. C
provavelmente, apresenta

A) queda de atenção, de sensibilidade e das reações


04. B
motoras.

B) aparente normalidade, mas com alterações clínicas. 05. E

C) confusão mental e falta de coordenação motora.


06. B
D) disfunção digestiva e desequilíbrio ao andar.

E) estupor e risco de parada respiratória.


07. A

02. (Enem–2009) Para que todos os órgãos do corpo


funcionem em boas condições, é necessário que a Seção Enem
temperatura do corpo fique sempre entre 36 °C e 37 °C.
Para manter-se dentro dessa faixa, em dias de muito 01. A
calor ou durante intensos exercícios físicos, uma série
de mecanismos fisiológicos é acionada. 02. C

88 Coleção Estudo 4V

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FRENTE MÓDULO

BIOLOGIA c 09
relações ecológicas
e estudo das populações
A Ecologia (do grego oikos, casa, e logos, estudo) é a parte colônias
da Biologia que estuda as relações dos seres vivos entre si e
as relações dos seres vivos com as condições físico-químicas Associações entre indivíduos de uma mesma espécie,
do meio ambiente. que vivem juntos, ligados anatomicamente uns aos outros,
formando uma unidade estrutural em que poderá ou
Ser vivo Ser vivo não haver divisão de trabalho. Podem ser isomorfas ou
Meio ambiente heteromorfas.

• Colônias isomorfas (homomorfas, homotípicas) –


relAções eNtre os seres Aquelas nas quais todos os indivíduos têm a mesma
morfologia e realizam as mesmas funções. Não há,
ViVos portanto, divisão de trabalho. É o tipo mais comum
de colônia encontrado na natureza. Como exemplos
As relações ecológicas dos seres vivos entre si são
desse tipo de colônia, podemos citar os estafilococos
classificadas em:
e estreptococos (colônias de bactérias do grupo dos
• Intraespecíficas (cenobiose) – Estabelecidas entre cocos); os corais (colônias de cnidários); as colônias
seres de uma mesma espécie. de cracas (crustáceos).

• Interespecíficas (aloiobiose) – Estabelecidas entre • Colônias heteromorfas (heterotípicas) – Aquelas


seres de espécies diferentes. nas quais os indivíduos têm morfologia diferente e
Essas relações podem ser harmônicas ou desarmônicas. realizam funções diferentes. Nesse tipo de colônia,
temos, portanto, uma divisão de trabalho, uma vez
• Harmônicas (positivas) – São aquelas em que não
que cada indivíduo está adaptado para realizar uma
há algum tipo de prejuízo para os organismos. determinada função. É o tipo menos frequente de
• Desarmônicas (negativas) – Pelo menos um dos colônia. Exemplo típico desse tipo de colônia são as
organismos associados é prejudicado. caravelas (cnidários).

A tabela a seguir mostra as principais relações que os


seres vivos podem estabelecer entre si. Indivíduo
flutuador
Arquivo Bernoulli

Colônia
Harmônica
Relações Sociedade
intraespecíficas Canibalismo
Desarmônica
Competição
Indivíduos
Mutualismo protetores
Protocooperação
Harmônica
Comensalismo
Inquilinismo
Relações
Predatismo Indivíduo
interespecíficas reprodutor
Parasitismo
Indivíduo
Desarmônica Competição
alimentador
Amensalismo
Esclavagismo
Caravela (Physalia physalis).

Bernoulli Sistema de Ensino 89

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Frente c Módulo 09

sociedades competição interespecífica


Associações entre indivíduos de uma mesma espécie É uma disputa entre indivíduos de espécies diferentes
que vivem juntos, não ligados anatomicamente uns aos por algum fator (alimento, espaço, abrigo, etc.). Exemplos:
outros, organizados de modo cooperativo por meio de uma corujas, cobras e gaviões que atacam pequenos roedores.
divisão de trabalho. Exemplos: colmeia (sociedade das Nesse caso, indivíduos de espécies diferentes competem
abelhas), formigueiro (sociedade das formigas), termiteiro pela mesma fonte de alimento.
ou cupinzeiro (sociedade dos térmitas ou cupins), vespeiro Assim como a competição intraespecífica, a competição
(sociedade das vespas), etc. interespecífica ajuda a controlar a densidade populacional
das espécies e, também, é um importante fator de seleção
Em muitas sociedades, os indivíduos componentes estão
natural, levando à manutenção em uma região de espécies
diferenciados em castas (classes sociais). Na sociedade das
mais bem adaptadas, portadoras de características mais
abelhas, por exemplo, existem três castas: rainha, operárias
vantajosas, em detrimento daquelas menos adaptadas. Se a
e zangões.
competição for muito acentuada, a espécie menos adaptada
pode até ser eliminada.
canibalismo
Relação na qual um indivíduo mata outro da mesma
Mutualismo
espécie para dele se alimentar. Exemplos: entre peixes, Associação entre indivíduos de espécies distintas que se
é comum os adultos atacarem e comerem os próprios beneficiam mutuamente. Os associados criam um grau de
filhotes; em certas espécies de aranhas e insetos (louva-a- dependência recíproca tão acentuado que a coexistência deles
-deus, por exemplo), é comum a fêmea matar e devorar o passa a ser obrigatória, isto é, os indivíduos não conseguem
macho após a cópula. mais sobreviver isolados uns dos outros. Entre os muitos
exemplos de mutualismo, destacamos os fungos liquenizados
O canibalismo pode também ocorrer eventualmente em (liquens), as micorrizas, as bacteriorrizas e a associação entre
espécies que normalmente não o praticam, sendo, nesse os ruminantes e os micro-organismos produtores da celulase
caso, desencadeado por diversos fatores, como o aumento e entre os cupins e os protozoários também produtores
da densidade populacional (superpopulação) ou pela falta da celulase.
de alimento. Isso acontece, por exemplo, em populações
Os fungos liquenizados são associações entre algas
de camundongos confinadas em um espaço físico limitado
unicelulares ou cianobactérias e fungos. As algas sintetizam
e com escassez de alimento.
matéria orgânica através da fotossíntese e fornecem aos
fungos parte do alimento produzido. Os fungos, por sua vez,
competição intraespecífica retiram água e sais minerais do substrato, fornecendo-os
Consiste em uma disputa entre indivíduos de uma mesma às algas. Além disso, os fungos envolvem com suas hifas o
espécie pelos mesmos fatores (alimento, espaço, etc.). grupo de algas, protegendo-as contra a desidratação.
Exemplo: em muitas espécies de animais, por ocasião da
Células de algas
Hifas de fungo
reprodução, os machos disputam as fêmeas. Os perdedores
Arquivo Bernoulli
afastam-se e o vencedor forma um verdadeiro “harém”,
encarregando-se da perpetuação da espécie junto às
suas fêmeas. Uma vez que não são todos os machos que
conseguem formar casais e se reproduzir, a competição
intraespecífica, nesse caso, exerce um importante papel
Aspecto macroscópico Aspecto microscópico
no controle da densidade populacional. Por outro lado, os
indivíduos com características mais vantajosas têm maiores Fungos liquenizados – O líquen é uma associação que pode se
possibilidades de sobrevivência pelo fato de terem maiores instalar em lugares onde a alga e o fungo, isoladamente, não
chances de vencer todos os tipos de disputa. Assim, são os sobreviveriam. Pode ser encontrado em troncos de árvores,
que provavelmente mais conseguem se reproduzir, gerando muros, sobre telhados, na superfície de rochas, na neve, etc.
descendentes que podem herdar suas características Apesar disso, os liquens são bastante suscetíveis ou sensíveis à
poluição atmosférica, em especial à causada pela presença de
genéticas favoráveis à sobrevivência. Por essa razão,
dióxido de enxofre (SO2). Por esse motivo, são raros nas grandes
a competição intraespecífica também exerce papel
cidades e em ambientes muito industrializados. Assim, a presença
importante no mecanismo da seleção natural, uma vez de muitos liquens em um determinado ambiente sugere baixo
que seleciona dentro da espécie aqueles indivíduos com índice de poluição atmosférica, enquanto o desaparecimento deles
características mais vantajosas. pode indicar agravamento desse tipo de poluição.

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relações ecológicas e estudo das populações

Fungo Anêmona

Paguro

Arquivo Bernoulli
Hifas do fungo

Arquivo Bernoulli
Concha de gastrópode
Hifas
Raízes Paguro x Actinia – O caranguejo paguro (bernardo-eremita),
Raízes crustáceo muito comum em nossas praias, caracteriza-se por ter
as
Micorriz um abdome mole e não possuir carapaça protetora. Assim, para
obter maior proteção contra seus predadores, aloja-se no interior
de conchas vazias abandonadas pelos moluscos. Já as Actinia

BioLoGiA
Micorrizas – As micorrizas são associações mutualísticas
estabelecidas entre fungos e raízes de certas plantas, como (anêmonas-do-mar) são cnidários que produzem substâncias
orquídeas, morangueiros, tomateiros e pinheiros. Os fungos urticantes e que necessitam de um substrato para sua fixação.
degradam substâncias orgânicas do solo, transformando-as O paguro com frequência coloca, sobre a concha onde se alojou,
em nutrientes minerais (sais de fósforo, potássio, etc.) que são uma ou mais Actinia, estabelecendo com elas uma relação de
absorvidos pelas raízes das plantas. As plantas, por sua vez, protocooperação. O paguro se beneficia da proteção que a Actinia
fornecem aos fungos parte da matéria orgânica produzida por lhe dá, pois esta afasta ou impede a aproximação dos predadores
meio da fotossíntese. naturais por causa das substâncias urticantes que produz. A Actinia,
por sua vez, se beneficia da locomoção, uma vez que passa a ser
transportada pelo paguro, ampliando o seu território de obtenção
de alimento.

O anu é um pássaro que pousa sobre o dorso do gado para


coletar carrapatos, que frequentemente ali são encontrados.
Dessa maneira, o gado se beneficia por livrar-se dos
carrapatos parasitos, e o anu, por sua vez, encontra no gado
uma fonte de alimento.
Arquivo Bernoulli

Bacteriorriza – É o nome que se dá à associação de bactérias do


Pássaro-palito
gênero Rhizobium com células das raízes de plantas leguminosas

Arquivo Bernoulli
(soja, feijão, ervilha, etc.). Nessas raízes, aparecem nódulos
(nodosidades, “inchaços”) em que são encontradas bactérias
Crocodilo
do gênero Rhizobium. Essas bactérias são fixadoras do N2
atmosférico e, assim, enriquecem o solo com nitratos que
serão absorvidos pelas leguminosas e utilizados como matéria- Crocodilo x pássaro-palito – O pássaro-palito frequentemente
-prima na construção de compostos orgânicos nitrogenados entra na boca do crocodilo africano para retirar e comer restos
(aminoácidos, por exemplo). As leguminosas, por sua vez, de alimentos e sanguessugas, que normalmente são encontrados
fornecem a essas bactérias heterotróficas parte das substâncias aderidos à mucosa bucal do réptil. Com isso, o crocodilo é
orgânicas que sintetizam, isto é, fornecem alimento às bactérias. beneficiado por livrar-se de parasitos, enquanto o pássaro-palito
tem uma opção alimentar.
Protocooperação (cooperação)
Associação entre duas espécies que também se beneficiam
comensalismo
mutuamente sem, entretanto, estabelecer um grau de Associação entre indivíduos de espécies diferentes
dependência obrigatório, como acontece no mutualismo. na qual apenas uma das espécies é beneficiada, sem,
Na protocooperação, portanto, a coexistência das espécies entretanto, haver prejuízos para a outra. É, portanto,
não é obrigatória. Por isso, alguns autores também uma relação harmônica unilateral. A espécie beneficiada é
chamam a protocooperação de mutualismo não obrigatório chamada de comensal, e o benefício que recebe da outra
ou mutualismo sem dependência obrigatória. As relações pode ser alimento, abrigo, transporte, etc. Assim, temos:
paguro x Actinia, anu x gado e pássaro-palito x crocodilo comensalismo de alimentação, comensalismo de abrigo
são alguns exemplos de protocooperação. (inquilinismo), comensalismo de transporte (foresia), etc.

Bernoulli Sistema de Ensino 91

4VPRV3_BIO_C09.indd 91 30/03/17 09:27


frente c módulo 09

Peixe-piloto As epífitas são plantas que apenas procuram abrigo, proteção e


Tubarão luz ideal ao crescerem sobre outras plantas, sem prejudicá-las.
As plantas parasitos, como veremos mais adiante, prejudicam
a hospedeira. Orquídeas e bromélias, portanto, são exemplos
de epífitas.

Arquivo Bernoulli
Predatismo (predação)
Relação em que indivíduos de uma espécie matam
Rêmora outros de espécies diferentes para usá-los como alimento.
(peixe-piolho)
Os indivíduos beneficiados são os predadores, enquanto as
Rêmora, tubarão e peixe-piloto – A rêmora (peixe-piolho) presas são aqueles que são mortos e servem de alimento.
possui uma ventosa (órgão de fixação) no alto de sua cabeça. Predador e presa nunca são da mesma espécie.
Por meio de sua ventosa, a rêmora fixa-se na região ventral O predatismo exerce um papel regulador, contribuindo para
de um tubarão, passando a ser por ele transportada. Quando manter a população de presas e predadores de uma região
o tubarão ataca algum animal, os restos da presa que flutuam em estado de equilíbrio. Em geral, a elevação do número de
na água são imediatamente ingeridos pela rêmora. Nesse presas em uma região propicia, também, um aumento do
relacionamento, envolvendo a rêmora e o tubarão, temos um número de predadores devido a uma maior disponibilidade
comensalismo de transporte (foresia) e um comensalismo de de alimento no ambiente. Em consequência do aumento do
alimentação. Este é encontrado também na relação entre os número de predadores, o número de presas diminui, o que
peixes-pilotos e o tubarão. Os peixes-pilotos acompanham o acarreta, também, uma redução na população dos predadores.
tubarão, nadando ao seu redor, para alimentar-se dos restos Por sua vez, a redução da população de predadores permite
de comida que escapam de sua boca. O nome peixe-piloto vem a recuperação da população de presas, que se eleva, e assim
de uma crença segundo a qual esses peixes orientam o tubarão sucessivamente. Dessa maneira, as duas populações não se
em sua navegação pelos mares. extinguem nem crescem excessivamente, permanecendo em
equilíbrio dinâmico no ambiente.
inquilinismo
Muitas vezes, o homem interfere nesse estado de equilíbrio
populacional de predadores e de presas, trazendo, com isso,
Relação na qual uma espécie procura abrigo ou suporte no
prejuízos para o ambiente. A eliminação sistemática de
corpo de indivíduos de uma outra espécie, sem prejudicá-la.
muitos predadores, promovida pelo homem, tem causado
Trata-se, portanto, de um caso particular de comensalismo.
sérios prejuízos ao equilíbrio natural existente entre as
O inquilino (espécie beneficiada) obtém abrigo, proteção
ou, ainda, suporte no corpo da espécie hospedeira. populações de predadores e de presas de diversas regiões.
Exemplos: peixe-agulha x Holothuria, orquídeas x árvores, Um bom exemplo disso ocorreu no pantanal mato-grossense,
bromélias x árvores. onde existiam muitos jacarés, que controlavam a população
de suas presas (piranhas, por exemplo). A matança
Pepino-do-mar indiscriminada de jacarés nessa região, promovida pelo
homem e movida por interesses econômicos na exploração
do couro, diminuiu consideravelmente a população desses
Arquivo Bernoulli

animais. Uma das consequências foi o aumento da população


de piranhas em muitos rios da região.
Peixe-agulha O predador pode atacar e devorar, também, plantas,
como acontece com o gafanhoto que, em bandos, devora
Peixe-agulha x Holothuria – O peixe-agulha (do gênero rapidamente toda uma plantação. Quando a espécie predada
Fierasfer), que possui um corpo fino e alongado, quando (presa) é vegetal, costuma-se dar ao predatismo o nome de
perseguido pelos inimigos naturais, procura abrigo e proteção no herbivorismo. No herbivorismo, portanto, animais (herbívoros)
corpo de uma Holothuria (equinodermo conhecido popularmente devoram plantas inteiras ou partes delas. O gado, que se
por pepino-do-mar). O peixe-agulha penetra através do ânus da alimenta de capim, é um bom exemplo de herbivorismo.
Holothuria, abrigando-se no tubo digestório desse equinodermo,
Os predadores, em sua grande maioria, são animais.
sem causar-lhe prejuízos.
No entanto, existem casos em que o predador é um vegetal.
As orquídeas e as bromélias, ao contrário do que muitas As plantas insetívoras, por exemplo, são predadores vegetais.
pessoas pensam, não são plantas parasitos, uma vez que não Predadores e presas apresentam uma série de adaptações
causam prejuízos às plantas hospedeiras sobre as quais crescem.
que permitem executar, mais eficazmente, as suas
Essas plantas usam o tronco da hospedeira apenas como suporte
atividades. Assim, os dentes afiados dos tubarões, os caninos
para chegarem ao alto das árvores, onde encontram condições
ideais de luminosidade para a realização da fotossíntese e, desenvolvidos dos animais carnívoros, as garras da águia,
consequentemente, para um melhor desenvolvimento. Esse o veneno das cobras, as teias da aranha e a caça em grupo
inquilinismo envolvendo espécies vegetais também é chamado são exemplos de adaptações apresentadas pelos predadores
de epifitismo e, nesse caso, a planta inquilina é dita epífita. para facilitar a captura das presas.

92 Coleção Estudo 4V

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Relações ecológicas e estudo das populações

Por outro lado, existem muitas adaptações que permitem Quanto ao tamanho, os parasitos podem ser classificados
às presas escaparem ao ataque de seus predadores. como microparasitos ou macroparasitos.
A produção de substâncias de odor ou de sabor desagradável, • Microparasitos – Microscópicos, isto é, não visíveis
o hábito de só andarem em bandos, a grande capacidade de
a olho nu. É o caso, por exemplo, dos vírus, das
correr e de saltar são exemplos de recursos utilizados por
bactérias patogênicas (causadoras de doenças) e de
presas para tentar escapar de seus predadores.
muitos protozoários.
A camuflagem e o mimetismo são duas outras adaptações
• Macroparasitos – Visíveis a olho nu. Exemplos:
importantes, tanto para predadores quanto para presas.
piolho, carrapato, lombriga e tênia (solitária).
Na camuflagem, o organismo procura se confundir com o
meio físico do ambiente de modo a se tornar menos visível. Quanto à localização no hospedeiro, os parasitos se
É um tipo de adaptação na qual o organismo se revela da diferenciam em ectoparasitos e endoparasitos.
mesma cor do meio em que vive ou possui forma que se • Ectoparasitos – São encontrados na superfície
confunde com coisas do ambiente. Ao ficar parecido com externa (epiderme, pelos, unhas, etc.) do corpo do
o ambiente, determinado animal pode se esconder de seu hospedeiro. Exemplos: piolho, pulga e carrapato.
predador; ou, ainda, um predador pode se esconder de sua
• Endoparasitos – Vivem internamente no corpo do

BIOLOGIA
presa, o que possibilita que ele a capture mais facilmente.
Muitos animais (insetos, répteis, anfíbios, aves) possuem hospedeiro. Exemplos: lombrigas, tênia e Trypanosoma
cor verde e, assim, fazem uma perfeita camuflagem em cruzi (protozoário causador da doença de Chagas).
meio às folhagens onde se escondem. A superfície ventral Quanto à necessidade de realização do parasitismo para
dos peixes, por exemplo, costuma ser mais clara do que sua sobrevivência, os parasitos podem ser obrigatórios
o dorso. Um predador que estiver abaixo do peixe poderá
ou facultativos.
confundi-lo com a superfície iluminada da água; por outro
lado, se o peixe for visto de cima, seu dorso poderá ser • Obrigatórios – Têm no parasitismo a única forma de
confundido com o fundo. Muitas espécies de lagartos e de obtenção de alimento. A grande maioria dos parasitos
artrópodes que vivem na areia têm uma coloração clara, é desse tipo. Exemplos: lombrigas, tênias e os vírus.
confundindo-se com a cor do ambiente. • Facultativos – Podem se adaptar ou encontrar
No mimetismo, os indivíduos de uma espécie se mostram outras formas de obtenção de alimentos, diferente do
acentuadamente semelhantes aos indivíduos de uma parasito obrigatório. Parasitos desse tipo são raros.
outra espécie, levando vantagens com essa semelhança. Exemplo: larvas de certas moscas podem viver como
É o que acontece, por exemplo, com a falsa-coral (Simophis parasitos, desenvolvendo-se em feridas existentes
rhinostoma), cobra não venenosa, mas que se torna temida no corpo do hospedeiro, mas também podem se
e respeitada por outros animais por ser muito semelhante desenvolver no esterco, que é um meio rico em
à coral-verdadeira (Micrurus frontalis). Outro bom exemplo matéria orgânica (restos orgânicos).
de mimetismo pode ser percebido entre as borboletas
vice-rei e monarca que, embora de espécies distintas, são Quanto ao tempo de permanência junto ao hospedeiro,
extremamente semelhantes. A borboleta monarca tem um distinguem-se parasitos permanentes, temporários
sabor repugnante para as aves, e as vice-rei são comestíveis. e provisórios.
Em face da semelhança, muitas aves rejeitam a borboleta • Permanentes – Mantêm-se juntos aos seus
vice-rei, que se beneficia do mimetismo. hospedeiros por toda a vida. São os mais comuns e
dispensam exemplos.
Parasitismo • Temporários (periódicos) – Só procuram o
Relação em que indivíduos de uma espécie vivem às custas hospedeiro quando têm fome. Saciado o apetite, eles
de indivíduos de outra espécie, dos quais retiram alimento, abandonam os hospedeiros. Exemplos: pulgas e fêmeas
prejudicando-os. O beneficiado é chamado de parasito ou de algumas espécies de mosquitos (pernilongos).
bionte, e o prejudicado, hospedeiro ou biosado. • Provisórios (intermitentes) – Exercem o parasitismo
Os hospedeiros em geral são, para os parasitos, fontes de apenas durante certas fases de suas vidas. Exemplo:
alimento e habitat (local onde vivem). Por isso, o sucesso de as moscas berneiras são parasitos apenas na fase
um parasito é normalmente tão maior quanto menores forem larvária, quando causam o berne ou bicheira nos
os incômodos ou prejuízos causados à espécie hospedeira, animais. Ao se tornarem adultas, deixam o hospedeiro
uma vez que a morte do hospedeiro representa também e passam a se alimentar de matéria orgânica em
a perda do habitat para o parasito. De um modo geral, decomposição, encontrada no meio ambiente.
a morte do hospedeiro não é conveniente ao parasito. Mas,
a despeito disso, muitas vezes ela ocorre. Quanto à capacidade de parasitar uma ou mais espécies
de hospedeiros, os parasitos podem ser classificados como
O parasitismo é uma relação que também exerce
eurixenos e estenoxenos.
influência na densidade populacional, uma vez que debilita
o organismo dos hospedeiros, tornando-os mais suscetíveis • Eurixenos (eurixênicos) – Parasitam diversas
a outras doenças e infecções, diminuindo o tempo de vida e, espécies. Exemplo: o protozoário Trypanosoma cruzi
consequentemente, aumentando a taxa de mortalidade na é capaz de parasitar o homem, o tatu, o cão, o gambá
população da espécie hospedeira. e muitas outras espécies.

Bernoulli Sistema de Ensino 93

4VPRV3_BIO_C09.indd 93 30/03/17 09:27


Frente C Módulo 09

• Estenoxenos (estenoxênicos) – Apresentam


acentuada especificidade de hospedeiro, isto é,
Amensalismo (antibiose)
parasitam sempre uma única e mesma espécie. Relação em que indivíduos de uma espécie eliminam
Exemplo: o bacilo de Hansen, bactéria causadora da substâncias no meio que prejudicam (inibem) o crescimento
lepra (hanseníase), só parasita o homem. Ele não se ou a reprodução de outras espécies com as quais convivem.
adapta, por exemplo, ao organismo do cão. Logo, não A substância liberada pela espécie inibidora pode ter ou não
existe lepra entre cães e, por conseguinte, a expressão efeito letal sobre a espécie amensal (espécie prejudicada
“cão leproso”, às vezes usada, vem de um equívoco: pela inibição do seu desenvolvimento ou reprodução).
a leishmaniose cutânea (que acomete também os cães) Algumas espécies de fungos produzem e liberam, no meio em
é muito parecida com a lepra (doença grave que causa que vivem, substâncias antibióticas que inibem o crescimento
destruição dos tecidos). O cão supostamente leproso ou a reprodução de bactérias.
possui, na realidade, a leishmaniose, e não hanseníase.
O fenômeno da “maré-vermelha”, resultante da
Quanto ao seu ciclo biológico (ciclo de vida), os parasitos super população de algas microscópicas do grupo das
se classificam em monoxenos e heteroxenos. pirrófitas ou dos dinoflagelados, é outro exemplo de
• Monoxenos (monoxênicos) – Completam seu ciclo amensalismo. Essas algas liberam toxinas que, em altas
biológico em um único hospedeiro. Exemplo: Ascaris concentrações no meio, provocam a morte de inúmeras
lumbricoides (lombriga). espécies marinhas (peixes, crustáceos, moluscos, etc.).
• Heteroxenos (heteroxênicos) – Completam seu Essas algas, além da clorofila, possuem pigmentos vermelhos
ciclo biológico em mais de um hospedeiro. Exemplo: que lhes conferem cor avermelhada e rutilante (brilhante).
a Taenia saginata (solitária), quando está na fase de Quando há uma superpopulação dessas algas, formam-se
larva, é encontrada parasitando o boi, e, quando está enormes manchas avermelhadas no oceano, e a concentração
na fase adulta, parasita o homem. O seu ciclo biológico das toxinas por elas liberadas aumenta, provocando grande
se passa em dois hospedeiros (o boi e o homem). mortalidade de animais marinhos. As toxinas liberadas por
Geralmente, os parasitos heteroxenos passam por dois essas algas provocam sérios distúrbios nervosos nos animais
hospedeiros, havendo, entretanto, alguns exemplos em que contaminados, inclusive o homem, acarretando-lhes a morte.
passam por um número maior. É o caso do Diphylobotrium Certas plantas, como o eucalipto, liberam, de suas raízes
latum, verme que evolui para larva primeiramente em um substâncias que impedem a germinação de sementes de outras
microcrustáceo (Cyclops sp.), depois em um peixe (Perca), plantas ao redor. Isso evita que outras plantas venham a
e termina seu desenvolvimento atingindo a maturidade competir com os eucaliptos pela água e outros recursos do solo.
no homem.
No caso dos parasitos heteroxenos, os diferentes Esclavagismo (sinfilia)
hospedeiros por que passam são classificados em definitivos
Relação em que uma espécie beneficia-se do trabalho de
e intermediários.
outra, que é prejudicada. Exemplo: existem pássaros que
• Hospedeiro definitivo – É aquele no qual o
botam ovos no ninho de outra espécie, às vezes, jogando fora
parasito se encontra na fase adulta ou se reproduz
os ovos do “dono da casa”. A espécie “escrava” passa a chocar
sexuadamente.
os ovos estranhos até a eclosão. Às vezes, também, indivíduos
• Hospedeiro intermediário – É aquele em que o de uma espécie mantêm em cativeiro indivíduos de outra
parasito se encontra na fase de larva ou se reproduz espécie para obter algum tipo de vantagem. Algumas espécies
assexuadamente. de formigas, por exemplo, “sequestram” e “aprisionam” no
Os parasitos podem ser animais ou vegetais. Quando formigueiro larvas de outras espécies, obtendo, assim, um
um animal parasita outro animal, o parasito é chamado de trabalho escravo.
zoótico. O Ascaris lumbricoides é um exemplo.
Quando um animal parasita um vegetal, o parasito é dito OBSERVAÇÃO
zoofítico. É o caso, por exemplo, dos “pulgões”, insetos que Muitas vezes mais de um tipo de relação ecológica pode
parasitam plantas, roubando-lhes a seiva elaborada. estar presente em uma mesma associação, envolvendo
Às vezes, encontramos um vegetal parasitando outro vegetal. indivíduos de espécies distintas. Isso acontece, por exemplo,
Nesse caso, o vegetal parasito é chamado de fitofítico. Os na associação entre certas espécies de formigas e pulgões. Os
parasitos fitofíticos podem ser hemiparasitos ou holoparasitos. pulgões, insetos parasitos de plantas, retiram seiva elaborada
• Hemiparasitos – São aqueles que roubam a seiva bruta (rica em carboidrato) diretamente dos vasos liberianos
da planta hospedeira. Exemplo: erva-de-passarinho, das plantas hospedeiras, para usá-la como alimento. Em
uma planta clorofilada cujas raízes penetram os
consequência da ingestão excessiva de açúcar presente na
troncos das árvores e roubam a seiva bruta. O parasito
seiva elaborada, os pulgões eliminam o seu excesso pelo ânus.
ainda terá o trabalho de transformar a seiva bruta em
Esse açúcar eliminado é aproveitado pelas formigas, que,
seiva elaborada. O hemiparasito, portanto, realiza um
parasitismo incompleto, pela metade. como forma de obtê-lo, carregam os pulgões para dentro
• Holoparasitos – São aqueles que roubam a seiva do formigueiro e lá os mantêm em cativeiro. Uma vez feito
elaborada da planta hospedeira. Exemplo: cipó- isso, as formigas passam a fornecer aos pulgões parte
-chumbo, cujas raízes sugadoras, chamadas haustórios, recém-cortada de plantas (folhas, caule, etc.) para que
penetram o caule da planta hospedeira até atingir os eles suguem a seiva elaborada e, posteriormente, eliminem
vasos liberianos, dos quais roubam a seiva já elaborada. produtos açucarados que elas, então, usam como alimento.

94 Coleção Estudo 4V

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Relações ecológicas e estudo das populações

Muitas vezes, as formigas chegam a acariciar com as suas Exemplos:


antenas o abdome dos pulgões com o objetivo de estimular
• Uma população de determinada espécie de bactérias, ao
contrações da musculatura abdominal desses insetos, fazendo
ser inicialmente analisada, mostrou-se constituída por
com que eles eliminem mais rapidamente os produtos
açucarados. Essa associação entre as formigas e os pulgões 2 mil indivíduos (Ni = 2 000). Uma hora depois (t = 1 h), a
tem característica desarmônica, já que os pulgões são população era de 4 mil indivíduos (Nf = 4 000). Assim,
mantidos em cativeiro. Sob esse ponto de vista, seria, então, a Taxa de Crescimento Bruto (TCB) foi, no período
um exemplo de esclavagismo. Por outro lado, existe também de tempo considerado, de 2 mil indivíduos por hora.
uma relação relativamente harmônica, pois os pulgões são
• A análise de duas populações de espécies diferentes
beneficiados pela facilidade de encontrar alimento e até pela
proteção oferecida pelas formigas, que chegam, inclusive, a de bactérias (A e B) mostrou os resultados indicados
cuidar da sua prole. Nesse sentido, temos uma relação do na tabela a seguir.
tipo protocooperação.
Número de bactérias por mm2 de cultura
Outro exemplo em que as relações se confundem é a Tempo
associação entre o pássaro-palito e o crocodilo, que pode População A População B

BIOLOGIA
ser exemplo de protocooperação, quando se considera Início 10 000 200 000
que o pássaro retira sanguessugas (parasitos) da boca do
réptil. Entretanto, também pode ser descrita como exemplo Após 1
20 000 300 000
de comensalismo; nesse caso, o pássaro atua retirando hora
apenas restos alimentares que ficam entre os dentes do
crocodilo, vindo daí o nome popular da ave: pássaro-palito. A taxa de crescimento Bruto (TCB) para cada uma das
populações de bactérias (A e B) é:

Estudo das populações 20 000 – 10 000


TCB de A = = 10 000 indivíduos/h
População é um conjunto de indivíduos da mesma espécie 1 hora
que vivem em uma mesma área (espaço físico) em um certo
intervalo de tempo.
300 000 – 200 000
Dependendo da espécie, os indivíduos de uma mesma TCB de B = = 100 000 indivíduos/h
1 hora
população podem se inter-relacionar por meio de relações
harmônicas (colônias, sociedades) ou desarmônicas A taxa de crescimento Bruto das duas populações mostra
(competição, canibalismo). que o número de indivíduos da população B aumentou mais
O tamanho de uma população evidentemente depende do do que o da população A, no mesmo intervalo de tempo.
número de indivíduos que a compõem. A relação entre o Entretanto, como a população B era inicialmente maior, não
tamanho da população e o espaço ocupado por ela constitui podemos dizer que esse maior crescimento bruto indica
a densidade populacional. que ela esteja crescendo mais depressa que a população A.
Para isso, devemos considerar o tamanho de cada população,
calculando suas taxas de crescimento relativo.
Densidade = Número de indivíduos da população
populacional Espaço ocupado pela população
Taxa de Crescimento Relativo (TCR)
É calculada tomando-se o número de indivíduos da população
TAXAS DE CRESCIMENTO no tempo final (Nf), subtraindo-se dele o número de indivíduos
da população no tempo inicial (Ni) e dividindo-se o resultado
DE UMA POPULAÇÃO pelo número de indivíduos que havia na população no tempo
Medidas do tamanho de uma população, feitas em inicial (Ni).
diferentes intervalos de tempo, permitem saber se ela está
em expansão, em declínio ou estável. Nf − Ni
Taxa de Crescimento Relativo (TCR) =
Ni
Taxa de Crescimento Bruto (TCB)
É a variação (aumento ou diminuição) do número de indivíduos As taxas de crescimento Relativo (TCR) para as duas
em determinado intervalo de tempo de uma população. populações de bactérias (A e B) do exemplo anterior são:

20 000 – 10 000
Nf – Ni TCR de A = =1
Taxa de Crescimento Bruto (TCB) = 10 000
t

N f = número de indivíduos no fim do período de tempo 300 000 – 200 000


TCR de B = = 0,5
considerado; Ni = número de indivíduos no início do período de 200 000
tempo considerado; t = período de tempo considerado.

Bernoulli Sistema de Ensino 95

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Frente C Módulo 09

Como vimos, a população A cresce em ritmo mais O gráfico a seguir mostra como seria a curva de
acelerado que a população B. No mesmo intervalo de tempo, crescimento de uma população em que não atuassem os
isto é, em 1 hora, a população A dobrou (cresceu 100%). fatores da resistência ambiental, isto é, obedecendo apenas
Já a população B cresceu 50%. ao seu potencial biótico.
O crescimento de uma população resulta da interação de
quatro fatores: natalidade, mortalidade, imigração e emigração.

N° de indivíduos
• Natalidade – Indica a proporção de novos indivíduos
na população, em um certo intervalo de tempo, por
meio de nascimentos.
• Mortalidade – Indica a proporção de perdas de
indivíduos na população, em um certo intervalo de Tempo
tempo, em razão de mortes.
Curva de crescimento exponencial de uma população em
• Imigração – Indica a proporção de indivíduos que condições ideais.
entram em uma população, em um certo intervalo
de tempo, procedentes de outras áreas. Como todas as populações, em condições naturais, estão
• Emigração – Indica a proporção de indivíduos que sujeitas aos fatores da resistência ambiental, a curva de
saem de uma população, em um certo intervalo de crescimento real de uma população resulta da interação entre o
tempo, em direção a outras áreas. seu potencial biótico e a resistência que lhe é imposta pelo meio.

A natalidade e a imigração são fatores que acrescentam O gráfico a seguir mostra um exemplo dessa curva de
novos indivíduos em uma população e, consequentemente, crescimento real, partindo-se de uma população ainda jovem.
contribuem para aumentar a densidade populacional. Por
outro lado, a mortalidade e a emigração retiram indivíduos
de uma população, contribuindo para diminuir a densidade.
N. de indivíduos

CURVAS DE CRESCIMENTO
DE UMA População
A capacidade potencial de uma população aumentar
numericamente, por meio da reprodução, em condições A B C D E Tempo
ambientais favoráveis (ideais), caracteriza o chamado
potencial biótico ou reprodutivo da população. Curva de crescimento real – No trecho AC do gráfico anterior,
a população cresce sem sofrer praticamente limitação imposta pelo
O potencial biótico varia de espécie para espécie, podendo
ambiente. Inicialmente (trecho AB), o crescimento da população
ser muito elevado em algumas e bastante baixo em outras.
é mais lento, já que o número inicial de organismos capazes
A mosca doméstica, por exemplo, tem um potencial biótico
de reproduzir é pequeno. Assim, o trecho AB corresponde a um
elevado, ou seja, uma única fêmea põe em média 12 ovos
período inicial de adaptação às condições ambientais. Porém,
por vez. Se levarmos em consideração que uma mosca
à medida que o número de indivíduos adultos capazes de
pode produzir sete gerações por ano e que metade dos
descendentes são fêmeas, teríamos, ao fim de um ano, se reproduzir e de gerar descendentes aumenta, o crescimento
todos os descendentes sobrevivessem, aproximadamente, da população se faz de forma mais rápida (trecho BC). Essa
6 trilhões de indivíduos. Se a mortalidade fosse zero, fase costuma ser chamada de fase log (de “logarítmica”) por
uma única bactéria, reproduzindo-se a cada 20 minutos, apresentar um crescimento exponencial. O ponto C do gráfico
produziria descendentes suficientes para cobrir a superfície pode ser considerado como o momento em que se inicia
do nosso planeta em apenas 36 horas. Em contrapartida, efetivamente o processo de resistência ambiental. A partir
mamíferos de grande porte, como o elefante, o rinoceronte desse ponto, a população começa a mostrar um crescimento
e a baleia, têm capacidade reprodutora muito baixa, já que menos veloz. No ponto D, o potencial biótico da espécie
seu tempo de gestação e de amamentação são longos e, equivale à resistência ambiental e, a partir daí, o número de
geralmente, nasce apenas um filhote de cada vez. indivíduos mantém-se mais ou menos constante, apresentando
pequenas oscilações, ora acima ora abaixo do limite máximo de
Ao potencial biótico de uma população opõe-se um conjunto
crescimento: é o chamado equilíbrio dinâmico de uma população.
de fatores, que constituem a resistência do ambiente ou
Assim, o trecho DE corresponde à fase de equilíbrio.
resistência ambiental. Entre esses fatores, temos, por exemplo,
a escassa disponibilidade de alimentos no meio, as limitações de Dizer que uma população se estabilizou ou que entrou em
espaço, a falta de água, as condições climáticas desfavoráveis, equilíbrio com o ambiente não significa que o número de
as competições intra e interespecíficas, a predação e o indivíduos dessa população seja rigorosamente constante.
parasitismo. São esses fatores da resistência ambiental Sempre há variações, porque a capacidade limite do
que impedem uma população de crescer indefinidamente, ambiente varia, aumentando e diminuindo em torno de um
obedecendo apenas ao seu potencial biótico. nível médio. Essas variações na capacidade limite permitem

96 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 96 27/03/17 09:33


relações ecológicas e estudo das populações

Essas variações na capacidade limite permitem variações


no número de indivíduos da população, as quais, quando
ExErcícios DE FixAÇÃo
pequenas e regulares, chamam-se oscilações; quando
abruptas e acentuadas, chamam-se flutuações. 01. (FASEH-MG–2013) No filme Procurando Nemo, Nemo
(o filho) e Marlin (o pai) são peixes-palhaço que vivem
D
em uma anêmona do mar. Embora trate-se de uma
C
N. de indivíduos

deliciosa aventura de ficção, essa relação é verdadeira.


Os peixes-palhaço se alimentam de parasitas do cnidário
A
e este serve de abrigo para os peixes.
B
Assinale a alternativa que caracteriza o tipo de relação
narrado.

Tempo A) Relação interespecífica obrigatória.


Resistência do ambiente
B) Relação interespecífica facultativa.
Curvas de crescimento populacional – A curva A representa o C) Relação intraespecífica obrigatória.

BioLoGiA
potencial biótico da espécie; a curva B representa o crescimento D) Relação intraespecífica facultativa.
populacional padrão (curva sigmoide ou curva logística);
C indica a capacidade de sustentação máxima (capacidade de 02. (UERN–2015) Observe as figuras a seguir.
suporte máxima, carga biótica máxima, capacidade limite do
meio), ou seja, o número máximo de indivíduos que determinado I
ambiente pode sustentar; D mostra pequenas oscilações em II
torno de um valor numérico máximo, indicando que a população
permanece em estado de equilíbrio. A área entre A e B representa
a resistência ambiental.

cUrVAs DE soBrEViVÊNciA III

DE UMA PoPULAÇÃo
Quando se estuda uma população, é muito importante
saber o número dos sobreviventes entre todos os indivíduos
que nascem. Para isso, elaboram-se as chamadas curvas
de sobrevivência, que podem assumir três tipos básicos: Assinale os tipos de relações entre os seres vivos que
são observados nas figuras anteriores, respectivamente.
100 1
% de sobreviventes

A) Colônia, parasitismo e comensalismo.


B) Sociedade, inquilinismo e comensalismo.

2 C) Colônia, comensalismo e protocooperativismo.


D) Sociedade, comensalismo e protocooperativismo.

3
03. (UFJF-MG) Com relação ao comportamento das
populações, considere as afirmativas a seguir.
Jovens Adultos Velhos Idade
I. A regulação do tamanho das populações é feita,
Curvas de sobrevivência – 1. Curva ideal: é aquela em que todos apenas, por fatores bióticos.
os indivíduos que nascem têm, aproximadamente, o mesmo
II. O índice de crescimento de uma população pode ser
tempo de vida, morrendo quando atingem idades mais avançadas
(velhice). 2. Curva de mortalidade constante: é aquela em que medido pela relação entre a taxa de natalidade e a
a taxa de mortalidade de indivíduos jovens, adultos e velhos é taxa de mortalidade.
praticamente a mesma, isto é, morrem jovens, adultos e velhos III. Como fator regulador do crescimento populacional,
em uma mesma proporção. 3. Curva de mortalidade elevada de a competição intraespecífica está diretamente
jovens: mostra que há um alto índice de mortalidade de indivíduos
relacionada à seleção natural.
ainda na idade jovem (a mortalidade infantil é elevada).
IV. A densidade de uma população é medida pela relação
A maior parte das espécies animais tem sua sobrevivência entre o número de indivíduos e a disponibilidade de
tendendo para a curva 2, e os vegetais seguem uma curva
recursos alimentares.
do tipo 3. A curva referente ao tempo de vida no homem,
nos países mais desenvolvidos, aproxima-se da do tipo 1, Estão CORRETAS as seguintes afirmativas:
graças aos recursos de saneamento, à assistência médica e à A) II e III.
maior produtividade agrícola. Já nos países subdesenvolvidos,
B) I e IV.
há uma elevada mortalidade ainda na fase jovem e uma
mortalidade significativa na fase adulta, caracterizando uma C) I, II e III.
curva que fica entre aquelas dos tipos 2 e 3. D) II e IV.

Bernoulli Sistema de Ensino 97

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Frente C Módulo 09

04. (FCC-SP) Para calcular a densidade de uma população, 04. Colônia é uma associação entre indivíduos da mesma
é necessário conhecer o número de indivíduos que a espécie, que se mantêm ligados anatomicamente
compõem e formando uma unidade estrutural.

A) o espaço que ocupa. 08. O mutualismo é um tipo de relação desarmônica

B) a taxa de mortalidade. interespecífica.

C) a taxa de natalidade. 16. A bactéria Mycobacterium tuberculosis é um


D) o número de indivíduos que migram. ectoparasita que causa a tuberculose no ser humano.

E) o número de indivíduos de outras populações da 32. Apesar do predatismo ser uma relação interespecífica
mesma região. desarmônica, ela pode ser benéfica e importante para
o controle da população de presas e para manutenção
do equilíbrio do ecossistema.
Exercícios Propostos Soma ( )

01. (Unesp–2016) O parasitismo é uma relação unilateral,


04. (Fuvest-SP) Várias espécies de eucaliptos produzem
desarmônica, que se caracteriza pela dependência do
certas substâncias que, dissolvidas pelas águas da chuva
parasita em relação ao hospedeiro. Podemos citar, como
e transportadas dessa maneira ao solo, dificultam o
exemplo de parasitismo, a relação entre
crescimento de outros vegetais. Por essa razão, muitas
A) a orquídea e o jequitibá. florestas de eucaliptos no Brasil não possuem plantas
B) a rêmora e o tubarão. herbáceas ou gramíneas à sua sombra. O fato descrito
C) o crocodilo e o pássaro-palito. ilustra um exemplo de

D) o caranguejo paguro e a anêmona-do-mar. A) competição intraespecífica.

E) a lombriga e o lobo-guará. B) mutualismo.

C) comensalismo.
02. (UFMG) O fungo Penicillium, por causar apodrecimento
D) predatismo.
de laranjas, acarreta prejuízos pós-colheita. Nesse caso,
E) amensalismo.
o controle biológico pode ser feito utilizando-se a levedura
Saccharomycopsis, que mata esse fungo após perfurar
05. (PUC-SP) O gráfico a seguir representa a ação de uma
sua parede e absorver seus nutrientes.
doença epidêmica sobre uma população de coelhos.
É CORRETO afirmar que esse tipo de interação é
conhecido como Tamanho da
população
A) comensalismo.

B) mutualismo.

C) parasitismo.

D) predatismo.

03. (UFSC) Entre os seres vivos que habitam determinado


ambiente, podem ser observadas interações biológicas
com diferentes tipos de relações. Essas relações podem 1 2 3 4
ser harmônicas ou desarmônicas, entre espécies
Tempo
diferentes ou entre indivíduos da mesma espécie.

Sobre essas relações, assinale a(s) proposição(ões) Os períodos delimitados por 1, 2, 3 e 4 indicam,
CORRETA(S). respectivamente,
01. Relações interespecíficas são aquelas estabelecidas A) equilíbrio, recuperação, crescimento e epidemia.
entre indivíduos de mesma espécie, e relações
B) equilíbrio, epidemia, crescimento e recuperação.
intraespecíficas são aquelas estabelecidas entre
indivíduos de espécies diferentes. C) equilíbrio, epidemia, extinção e recuperação.

02. O predatismo e o parasitismo são exemplos de D) crescimento, equilíbrio, extinção e recuperação.

relações desarmônicas. E) crescimento, recuperação, epidemia e extinção.

98 Coleção Estudo 4V

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relações ecológicas e estudo das populações

06. (UFMG) Nos peixes, a fecundação e o desenvolvimento Analisando-se as informações anteriores, é INCORRETO

são normalmente externos, o que favorece uma alta afirmar:

predação das fases jovens. Assim, esses animais A) A capacidade de suporte do ambiente para a
população A pode ter sido alterada pela introdução
adotam a estratégia de produzir milhares de gametas,
da espécie exótica X.
tanto femininos quanto masculinos, para garantir uma
B) A biodiversidade do ecossistema anterior referido foi
alta produção de formas jovens, das quais poucas vão reduzida pela introdução da espécie exótica X.
sobreviver e dar continuidade à espécie. C) A espécie exótica X poderia afetar a população A
Considerando as informações, o gráfico que MELHOR competindo por espaço, por luz ou por nutrientes do meio.
representa a curva de sobrevivência desses animais é: D) A espécie exótica X poderia afetar diretamente outra
população do ecossistema que mantém relação
D) ecológica com a população A.
% sobreviventes
A)
% sobreviventes

08. (UFPR–2017) Para atrair potenciais polinizadores,

BioLoGiA
as plantas comumente armazenam néctar nas suas
flores em estruturas específicas chamadas de nectários.
Idade Idade Contudo, várias espécies de plantas também podem
apresentar nectários longe das flores, os chamados
“nectários extraflorais”. Essas estruturas podem ser
E)
% sobreviventes

B)
% sobreviventes

encontradas em vários locais, como folhas e brotos.


Durante a sua procura por alimento, formigas se deparam
com esses nectários, passam a se alimentar do néctar
produzido, a eles retornando repetidamente. Durante
essa atividade, as formigas acabam patrulhando essas
Idade
Idade plantas e defendendo-as contra potenciais herbívoros,
como lagartas e percevejos.
C) Esse tipo de interação entre formigas e plantas com
% sobreviventes

nectários extraflorais pode ser categorizado como


A) epifitismo. D) predação.
B) mutualismo. E) parasitismo.

Idade C) colonialismo.

09. (Unicamp-SP–2017) Pesquisadores analisaram o número


07. (PUC Minas–2013) Uma espécie exótica pode ser definida de polinizadores, a biodiversidade e o rendimento de
como qualquer espécie que se encontra fora de sua área cultivos dependentes de polinizadores (maçã, pepino,
de distribuição natural. A introdução dessas espécies em caju, café, feijão, algodão e canola, entre outros) em
propriedades da África, Ásia e América do Sul. Nos países
novos ambientes é uma prática feita há muito tempo
analisados, o rendimento agrícola cresceu de acordo com
pelos seres humanos, que pode alterar o equilíbrio de
a densidade de polinizadores, indicando que a redução
populações naturais ou mesmo afetar a biodiversidade na população de abelhas e outros insetos poderia ser
de um ecossistema. O gráfico representa a variação parcialmente responsável pela queda de produtividade.
no número relativo de indivíduos de uma população A Disponível em:<http://revistapesquisa.fapesp.br/2016/01/21/
insetos-elevam-produtividade-agricola/> (Adaptação).
antes e depois da introdução de uma espécie exótica X,
em seu habitat. Os resultados obtidos com a pesquisa relatada acima
sugerem que:
Número A) A presença de insetos nas lavouras pode ser uma das
relativo de
causas da queda de produtividade e biodiversidade.
indivíduos da
população A B) Práticas agrícolas convencionais, com uso de
pesticidas, favorecem os polinizadores e aumentam
a produtividade.
C) A adoção de medidas que ofereçam condições de
vida mais favoráveis a polinizadores pode resultar
em aumento de produtividade do feijão.
Tempo (em anos)
Introdução D) A biodiversidade observada na África, Ásia e América
de X do Sul demanda uso intenso de defensivos agrícolas.

Bernoulli Sistema de Ensino 99

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Frente C Módulo 09

10. (Fuvest-SP–2017) A figura representa a estrutura de três populações de plantas arbóreas, A, B e C, por meio de pirâmides
etárias. O comprimento das barras horizontais corresponde ao número de indivíduos da população em cada estágio, desde
planta recém-germinada (plântula) até planta senescente.
Estágios Populações

A B C
Senescente

Adulto 2

Adulto 1

Juvenil 2

Juvenil 2

Plântula

BRESINSKY, et al. Tratado de Botânica de Strasburger 36ª ed. Ed. Artmed, Porto Alegre, 2012 (Adaptação).

A população que apresenta maior risco de extinção, a população que está em equilíbrio quanto à perda de indivíduos e a
população que está começando a se expandir são, respectivamente,
A) A, B, C. B) B, A, C. C) B, A, C. D) B, C, A. E) C, A, B.

SEÇÃO ENEM
01. (Enem–2016) Um pesquisador investigou o papel da predação por peixes na densidade e tamanho das presas, como possível
controle de populações de espécies exóticas em costões rochosos. No experimento colocou uma tela sobre uma área da comunidade,
impedindo o acesso dos peixes ao alimento, e comparou o resultado com uma área adjacente na qual os peixes tinham acesso
livre. O quadro apresenta os resultados encontrados após 15 dias de experimento.

Área com tela Área sem tela


Espécie exótica Densidade Tamanho médio Densidade Tamanho médio
(indivíduos / m2) dos indivíduos (cm) (indivíduos / m2) dos indivíduos (cm)
Alga 100 15 110 18
Craca 300 2 150 1,5
Mexilhão 380 3 200 6
Ascídia 55 4 58 3,8

O pesquisador concluiu corretamente que os peixes controlam a densidade dos(as)


A) algas, estimulando seu crescimento.
B) cracas, predando especialmente animais pequenos.
C) mexilhões, predando especialmente animais pequenos.
D) quatro espécies testadas, predando indivíduos pequenos.
E) ascídias, apesar de não representarem os menores organismos.

02. (Enem–2014) Existem bactérias que inibem o crescimento de um fungo causador de doenças no tomateiro, por consumirem
o ferro disponível no meio. As bactérias também fazem fixação de nitrogênio, disponibilizam cálcio e produzem auxinas,
substâncias que estimulam diretamente o crescimento do tomateiro.
PELZER, G. Q. et al. Mecanismos de controle da murcha-de-esclerócio e promoção de crescimento em tomateiro
mediados por rizobactérias. Tropical Plant Pathology, v. 36, n. 2, mar.–abr. 2011 (Adaptação).

Qual dos processos biológicos mencionados indica uma relação ecológica de competição?
A) Fixação de nitrogênio para o tomateiro.
B) Disponibilização de cálcio para o tomateiro.
C) Diminuição da quantidade de ferro disponível para o fungo.
D) Liberação de substâncias que inibem o crescimento do fungo.
E) Liberação de auxinas que estimulam o crescimento do tomateiro.

100 Coleção Estudo 4V

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relações ecológicas e estudo das populações

03. (Enem–2013) No Brasil, cerca de 80% da energia A relação descrita no texto, entre a fêmea do gênero
elétrica advém de hidrelétricas, cuja construção implica Photuris e o macho do gênero Photinus, é um exemplo de
o represamento de rios. A formação de um reservatório A) comensalismo.
para esse fim, por sua vez, pode modificar a ictiofauna
B) inquilinismo.
local. Um exemplo é o represamento do Rio Paraná,
onde se observou o desaparecimento de peixes cascudos C) cooperação.
quase que simultaneamente ao aumento do número de D) predatismo.
peixes de espécies exóticas introduzidas, como o mapará E) mutualismo.
e a corvina, as três espécies com nichos ecológicos
semelhantes. 06. (Enem–2008) Um grupo de ecólogos esperava encontrar
PETESSE. M. L.; PETRERE JR. M. Ciência Hoje. aumento de tamanho das acácias, árvores preferidas de
São Paulo, n. 293. v. 49, jun. 2012 (Adaptação).
grandes mamíferos africanos, como girafas e elefantes,
Nessa modificação da ictiofauna, o desaparecimento de já que a área estudada era cercada para evitar a entrada
cascudos é explicado pelo(a) desses herbívoros. Para espanto dos cientistas, as acácias

BiologiA
A) redução do fluxo gênico da espécie nativa. pareciam menos viçosas, o que os levou a compará-las
B) diminuição da competição intraespecífica. com outras duas áreas de savanas: uma área na qual os
herbívoros circulam livremente e fazem podas regulares nas
C) aumento da competição interespecifíca.
acácias, e outra de onde eles foram retirados há 15 anos.
D) isolamento geográfico dos peixes.
O esquema a seguir mostra os resultados nessas duas áreas.
E) extinção de nichos ecológicos.
Acácias
04. (Enem–2013) As fêmeas de algumas espécies de aranhas,
escorpiões e de outros invertebrados predam os machos Presença de
Sim Não
após a cópula e inseminação. Como exemplo, fêmeas herbívoros
canibais do inseto conhecido como louva-a-deus, Tenodera
Poda das Acácias
aridofolia, possuem até 63% da sua dieta composta por acácias sem poda
machos parceiros. Para as fêmeas, o canibalismo sexual
pode assegurar a obtenção de nutrientes importantes
Maior Menor
na reprodução. Com esse incremento na dieta, elas produção produção
geralmente produzem maior quantidade de ovos. de néctar de néctar

BORGES. J. C. Jogo mortal.


Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br>. Domínio das formigas Aumento e
Acesso em: 01 mar. 2012 (Adaptação). da espécie 1, que domínio de formigas
dependem de néctar da espécie 2
Apesar de ser um comportamento aparentemente
desvantajoso para os machos, o canibalismo sexual
Diminuição de Ataque de besouros
evoluiu nesses táxons animais porque formigas da espécie 2 e outros insetos
A) promove a maior ocupação de diferentes nichos
ecológicos pela espécie. Preservação das Enfraquecimento
acácias das acácias
B) favorece o sucesso reprodutivo individual de ambos
os parentais.
C) impossibilita a transmissão de genes do macho para Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br>
(Adaptação).
a prole.
D) impede a sobrevivência e reprodução futura do macho. De acordo com as informações anteriores,
E) reduz a variabilidade genética da população. A) a presença de populações de grandes mamíferos
herbívoros provoca declínio das acácias.
05. (Enem–2011) Os vaga-lumes machos e fêmeas emitem B) os hábitos de alimentação constituem um padrão de
sinais luminosos para se atraírem para o acasalamento. comportamento que os herbívoros aprendem pelo
O macho reconhece a fêmea de sua espécie e, atraído uso, mas que esquecem pelo desuso.
por ela, vai ao seu encontro. Porém, existe um tipo de
C) as formigas da espécie 1 e as acácias mantêm uma
vaga-lume, o Photuris, cuja fêmea engana e atrai os machos
relação benéfica para ambas.
de outro tipo, o Photinus, fingindo ser desse gênero. Quando
o macho Photinus se aproxima da fêmea Photuris, muito D) os besouros e as formigas da espécie 2 contribuem
maior que ele, é atacado e devorado por ela. para a sobrevivência das acácias.

BERTOLDI, O. G.; VASCONCELLOS, J. R. Ciência & sociedade: E) a relação entre os animais herbívoros, as formigas
a aventura da vida, a aventura da tecnologia. e as acácias é a mesma que ocorre entre qualquer
São Paulo: Scipione, 2000 (Adaptação). predador e sua presa.

Bernoulli Sistema de Ensino 101

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 101 27/03/17 09:33


Frente C Módulo 09

07. (Enem–1998) No início do século XX, com a finalidade


Gabarito
de possibilitar o crescimento da população de veados no
planalto de Kaibab, no Arizona (EUA), moveu-se uma
caçada impiedosa aos seus predadores – pumas, coiotes e
Fixação
lobos. No gráfico a seguir, a linha cheia indica o crescimento 01. B
real da população de veados, no período de 1905 a 1940;
a linha pontilhada indica a expectativa quanto ao 02. C
crescimento da população de veados, nesse mesmo
período, caso o homem não tivesse interferido em Kaibab. 03. A

100 000
Número de veados

100 000 04. A


Primeiros filhotes
morrem de fome Morte de 60% dos filhotes
Propostos
50 000 Eliminação dos
predadores 40 000
30 000 01. E
20 000
10 000
02. D
Proibição da caça
1905 1910 1920 1930 1940 Tempo
(ano) 03. Soma = 38

AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. 04. E


Fundamentos de Biologia Moderna. p. 42.

Para explicar o fenômeno que ocorreu com a população 05. B


de veados após a interferência do homem, o mesmo
estudante elaborou as seguintes hipóteses e / ou 06. E
conclusões:

I. Lobos, pumas e coiotes não eram, certamente, os 07. B


únicos e mais vorazes predadores dos veados; quando
esses predadores, até então desapercebidos, foram 08. B
favorecidos pela eliminação de seus competidores,
aumentaram numericamente e quase dizimaram a 09. C
população de veados.

II. A falta de alimentos representou para os veados um 10. D


mal menor que a predação.

III. Ainda que a atuação dos predadores pudesse representar


Seção Enem
a morte para muitos veados, a predação demonstrou-se
um fator positivo para o equilíbrio dinâmico e para a 01. C
sobrevivência da população como um todo.

IV. A morte dos predadores acabou por permitir um 02. C


crescimento exagerado da população de veados, isso
levou à degradação excessiva das pastagens, tanto 03. C
pelo consumo excessivo como pelo seu pisoteamento.

O estudante, dessa vez, acertou se indicou as alternativas 04. B

A) I, II, III e IV.


05. D
B) I, II e III, apenas.

C) I, II e IV, apenas.
06. C
D) II e III, apenas.

E) III e IV, apenas. 07. E

102 Coleção Estudo 4V

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Frente Módulo

BIOLOGIA C 10
Cadeia alimentar
Ao conjunto de populações de espécies diferentes que Em uma floresta, muitas espécies estão adaptadas a viver
vivem em uma mesma área e em um determinado intervalo apenas nas copas mais altas das árvores, enquanto outras têm
de tempo dá-se o nome de comunidade ou biocenose ou, como habitat os troncos e os galhos mais baixos. Assim, em um
ainda, biota. Em uma comunidade, encontramos relações mesmo habitat, pode haver diferentes espécies de seres vivos.
intraespecíficas (entre os indivíduos de uma mesma
Dentro do seu habitat, cada espécie possui um modo de vida
população) e relações interespecíficas (entre indivíduos de
que constitui o seu nicho ecológico. O nicho de uma espécie
espécies diferentes).
compreende tudo o que a espécie faz dentro do ecossistema,
Ao se fazer o estudo de uma comunidade, não levamos ou seja, o que come, onde, como e a que momento do dia
em consideração as condições físicas e químicas do meio isso ocorre, como se inter-relaciona com as demais espécies
ambiente. Interessa-nos conhecer apenas as diferentes do ambiente, quando e como se reproduz, etc. Pode-se dizer,
espécies de seres vivos da região, seus modos de vida e também, que o nicho ecológico é o conjunto de atividades de
como se inter-relacionam umas com as outras. uma espécie no ecossistema. Quando dizemos, por exemplo,
Quando relacionamos a comunidade com as condições que os preás são roedores de hábitos noturnos, que vivem
físico-químicas do ambiente, estamos diante de um nível durante o dia em tocas cavadas em depressões úmidas do
de organização mais complexo, chamado ecossistema ou terreno e saem à noite, geralmente em bandos com cerca
complexo ecológico. Assim, todo ecossistema é constituído de dez indivíduos, em busca de capim, arroz, trigo, milho
por um meio biótico (representado pelos seres vivos da e outras plantas que lhes sirvam de alimento, procurando
região) e por um meio abiótico ou biótopo (representado esquivar-se de corujas, lobos-guarás, cobras e outros
pelas condições físico-químicas da região). predadores, estamos relatando parte do nicho ecológico
O conjunto de todos os ecossistemas de nosso planeta desses animais. É comum falarmos em nicho de alimentação,
recebe o nome de biosfera. A biosfera, portanto, representa nicho de reprodução, etc. Conhecendo o nicho ecológico de
a parte do nosso planeta que contém vida. uma espécie, podemos determinar sua posição funcional no
Podemos subdividir a biosfera em epinociclo, limnociclo ecossistema, isto é, a função por ela desempenhada.
e talassociclo. Alguns autores comparam a relação habitat e nicho
• Epinociclo (biociclo terrestre) – Compreende todos ecológico com o endereço e a profissão. O habitat seria o
os ecossistemas de terra firme, como as florestas, endereço da espécie (local onde ela vive), e o nicho, a sua
os desertos e os campos. profissão (o que ela faz dentro do seu meio).
• Limnociclo (biociclo dulcícola) – Compreende Segundo o princípio da exclusão competitiva ou Princípio
todos os ecossistemas de água doce, como os rios e de Gause, duas ou mais espécies não podem explorar, por
os lagos. muito tempo, o mesmo nicho ecológico dentro de um mesmo
• Talassociclo (biociclo marinho) – Compreende todos habitat. Se espécies diferentes têm o mesmo nicho, então terão
os mares e oceanos, isto é, todos os ecossistemas de os mesmos hábitos ou mesmo modo de vida. Se estiverem
água salgada. em um mesmo habitat, a forte competição entre elas acaba
Muitas vezes, encontramos na biosfera regiões de transição promovendo mudança de habitat (migração) ou de nicho
entre diferentes ecossistemas. Tais regiões são chamadas (alteração do hábito alimentar, por exemplo), ou mesmo a
de ecótono (ecótone). No ecótono, encontramos espécies extinção da espécie menos adaptada às condições ambientais.
características dos ecossistemas que lhes são vizinhos, bem Pode-se dizer, então, que a competição é uma relação
como espécies que sejam exclusivas do ecótono. Um bom ecológica em que ocorre sobreposição de nichos ecológicos.
exemplo de ecótono é a região de transição entre um campo Evidentemente, quanto maior for a sobreposição dos nichos
e uma floresta. considerados, mais acirrado se torna o mecanismo competitivo.
A área ou espaço físico onde normalmente vive uma Assim, quando nos deparamos, em um determinado habitat,
determinada espécie, dentro do ecossistema, constitui com espécies que estabelecem entre si interações antigas,
o habitat da espécie. O leão, a zebra e a girafa, por podemos afirmar que seus nichos são diferentes. Mesmo
exemplo, vivem em um mesmo habitat: as savanas quando se trata de organismos proximamente relacionados,
africanas. Diferentes espécies de animais têm como habitat uma análise mais cuidadosa de seus nichos pode revelar
as águas mais superficiais dos ecossistemas marinhos, certas diferenças, como atividade em horas diferentes do dia
enquanto muitas outras vivem em regiões mais profundas. ou ligeiras preferências em relação ao alimento disponível.

Bernoulli Sistema de Ensino 103

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Frente C Módulo 10

Por exemplo: certas espécies de herbívoros nutrem-se de A produtividade primária líquida (PL) é a diferença
pastagem em um mesmo habitat, mas não competem pelo entre o que foi produzido pelo vegetal (produtividade bruta)
alimento, pois umas se alimentam apenas das folhas mais e o que foi consumido por ele na respiração, durante um
tenras, enquanto outras preferem as folhas mais velhas. Por dado intervalo de tempo.
mais que possa parecer que espécies diferentes possuem o
mesmo nicho dentro de um mesmo habitat, na realidade, PL = PB – R
isso é praticamente impossível. Sempre haverá alguma coisa
PL = Produtividade primária líquida
que uma espécie faz diferentemente da outra. Duas espécies
PB = Produtividade primária bruta
de peixes, por exemplo, podem conviver em uma mesma
R = Respiração
profundidade de uma lagoa, alimentar-se semelhantemente
e ter atividade mais intensa em uma mesma hora do dia, mas Exemplo:
se reproduzirem em épocas diferentes do ano. Nesse caso,
A produtividade primária bruta de um campo de milho nos
seus nichos se sobrepõem em grande parte, mas ainda assim
Estados Unidos foi avaliada, em 1926, em 8 208 kcal/m2/ano.
são diferentes.
Sendo a respiração avaliada em 2 045 kcal/m2/ano, podemos
Às vezes, mesmo entre indivíduos de uma mesma espécie, dizer que a produtividade líquida desse campo foi de
há diversidade de nichos. Entre insetos, por exemplo, 6 163 kcal/m2/ano, bastando, para isso, aplicar a relação
muitas espécies de mosquitos revelam hábitos alimentares (PL = PB – R).
diferentes entre machos e fêmeas: o macho é fitófago
(alimenta-se de plantas), enquanto a fêmea é hematófaga Consumidores
(alimenta-se de sangue dos animais).
São seres heterótrofos que, na incapacidade de produzir
Espécies diferentes que vivem em habitat diferentes, mas têm
primariamente a matéria orgânica glicose em seu próprio
nichos ecológicos semelhantes, são chamadas de equivalentes
ecológicos. É o caso, por exemplo, dos búfalos que vivem nas organismo, procuram obtê-la de outros organismos, por meio
pradarias americanas e das zebras das savanas africanas, pois de predatismo, parasitismo, comensalismo, mutualismo,
ambas as espécies têm nichos bastante semelhantes. etc. Podem ser subdivididos em ordens dentro de um
ecossistema. Assim, temos:
O meio biótico • Consumidores de 1ª ordem (primários) – Obtêm
Nos ecossistemas, o meio biótico, isto é, os seres alimentos diretamente dos produtores.
vivos, estão distribuídos em três categorias: produtores, • Consumidores de 2ª ordem (secundários) –
consumidores e decompositores. Obtêm alimentos dos consumidores de 1ª ordem.

Produtores • Consumidores de 3ª ordem (terciários) – Obtêm


alimentos dos consumidores de 2ª ordem e, assim,
São os seres autótrofos do ecossistema. Compreendem,
sucessivamente.
portanto, todos os organismos fotossintetizadores e
quimiossintetizadores. Os produtores retiram substâncias De acordo com os seus hábitos alimentares, os
inorgânicas do meio abiótico e, por meio da fotossíntese ou consumidores também podem ser classificados em:
da quimiossíntese, as transformam em substância orgânica
• Fitófagos ou herbívoros – Obtêm alimentos
(glicose), que é, então, utilizada como alimento. Por isso,
apenas de plantas. Alimentam-se, por exemplo,
esses organismos são chamados de produtores, isto é, são
os únicos seres do ecossistema que conseguem produzir, no de folhas, raízes, frutos, sementes ou seiva e
próprio corpo, substâncias orgânicas a partir de substâncias podem ser subdivididos em: folífagos (nutrem-se
inorgânicas obtidas no meio ambiente. a p e n a s d e f o l h a s ) , ra d i c í vo r o s ( n u t r e m - s e
Nos ecossistemas aquáticos, os produtores estão de raízes), frutífagos (nutrem-se de frutos), etc. São
representados, principalmente, pelas algas fotossintetizantes, consumidores de 1ª ordem.
em especial por espécies microscópicas que vivem nas
• Zoófagos – Obtêm alimentos apenas de animais.
águas mais superficiais. Já nos ecossistemas terrestres,
os produtores estão representados, principalmente, por Podem ser carnívoros (nutrem-se de carne),
briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas, com hematófagos (nutrem-se de sangue), insetívoros
destaque para as últimas. (nutrem-se de insetos), piscívoros ou ictiófagos
O total de matéria orgânica produzida pelos produtores (nutrem-se de peixes), ornitófagos (nutrem-se de
de um ecossistema por unidade de área e de tempo aves), lactífagos (nutrem-se de leite), larvófagos
constitui a chamada produtividade primária bruta (PB). (nutrem-se de larvas), etc. Podem ser consumidores
Essa produtividade bruta pode ser expressa, por exemplo, de 2ª, 3ª, 4ª ou mais ordens.
em kg/m2/ano, g/m2/ano, etc. Conhecendo-se o conteúdo
energético da matéria produzida, a produtividade pode • Onívoros (omni = tudo; vorare = devorar) – Obtêm
ser expressa em calorias/m 2 /ano ou kcal/m 2 /ano. alimentos tanto de plantas quanto de animais.
Parte dessa produtividade bruta é consumida pela respiração Assim, podem ser consumidores de quaisquer ordens
celular do próprio vegetal. (1ª, 2ª, 3ª, etc.).

104 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 104 27/03/17 09:33


cadeia alimentar

Decompositores (sapróbios, saprófitas) cADeiA AlimeNtAr


Também são seres heterótrofos que obtêm alimento dos Ao obter alimento, qualquer organismo estará adquirindo
cadáveres e dos restos orgânicos de plantas e animais. energia para o desempenho de suas diversas atividades vitais
Representados em todos os ecossistemas, principalmente por e matéria, isto é, substâncias e elementos químicos que
fungos e bactérias, esses organismos degradam a matéria serão utilizados na construção e na reparação de estruturas
orgânica, transformando-a em compostos inorgânicos. do corpo. Assim, é no alimento que os seres vivos obtêm
Utilizam alguns produtos da degradação como alimento e matéria-prima para seu crescimento, desenvolvimento e
liberam outros para o meio ambiente, os quais serão, então, reparação de perdas, bem como energia para a realização
reutilizados pelos produtores. Essa atividade é chamada de seus processos vitais. É por meio da cadeia alimentar que
os seres vivos obtêm o alimento de que tanto necessitam.
de decomposição ou mineralização e é fundamental para a
reciclagem da matéria em um ecossistema, o que faz dos Chama-se cadeia alimentar ou cadeia trófica a sequência
decompositores as grandes “usinas processadoras de lixo linear de seres vivos em que um serve de fonte de alimento
orgânico” do mundo. A ação dos decompositores, portanto, para o outro. Para ser completa, ela precisa ter produtores,
impede que o planeta fique inteiramente recoberto por uma consumidores e decompositores. As figuras a seguir mostram

BiologiA
exemplos de cadeias alimentares.
camada orgânica morta, fato que inviabilizaria a existência da
vida na Terra. Para alguns autores, os decompositores nada
mais são do que consumidores especiais, que se alimentam
dos restos de todos os demais componentes do ecossistema.
Sua importância está em reciclar a matéria, tornando-a Sol
Gafanhoto Ave
novamente disponível para os organismos da comunidade.
(consumidor (consumidor
OBSERVAÇÃO Capim primário)
(produtor) secundário)
Pa ra a l g u n s a u t o r e s , o s t e r m o s d e t r i t í vo r o s e
decompositores são sinônimos. Outros, entretanto, Bactérias e fungos
(decompositores)
admitem a seguinte diferença: detritívoros são os animais
que se alimentam de matéria orgânica morta, e os seus O fluxo de matéria na cadeia alimentar é cíclico – Na figura,
dejetos ainda contêm matéria orgânica que é atacada pelos a matéria passa do capim (produtor) para o gafanhoto e deste
decompositores. Segundo eles, a minhoca seria um exemplo para a ave. A ação dos decompositores a devolve, no estado
de animal detritívoro. Ainda segundo esses autores, os inorgânico, ao meio ambiente.
decompositores são organismos, como as bactérias e os Cada componente da cadeia constitui um nível trófico
fungos, que fazem a transformação da matéria orgânica (nível alimentar). Assim, os produtores formam o 1º
em inorgânica (minerais), que é utilizada pelas plantas. Os nível trófico; os consumidores primários (1ª ordem)
decompositores agem sobre os dejetos que os detritívoros constituem o 2º nível trófico; os consumidores secundários
eliminam e também sobre os cadáveres dos detritívoros. (2ª ordem) formam o 3º nível trófico, e assim sucessivamente.
Existem ainda autores que consideram como Os decompositores poderão estar em diversos níveis tróficos
decompositores todos os seres vivos que se alimentam (exceto no 1º nível), dependendo da origem dos restos
de restos de organismos ou de organismos mortos, orgânicos que degradam. Veja o exemplo a seguir:
classificando-os em três tipos: necrófagos, detritívoros e
microdecompositores. Para esses autores, necrófagos são os
animais que se alimentam de cadáveres, como fazem, por
exemplo, os urubus e as hienas; detritívoros são os animais Preás
que comem detritos: restos de vegetais que caem das Cobras
plantas (folhas, flores, frutos), restos de animais (escamas, Gramíneas
pelos, penas, carapaças de insetos, ossos) ou ainda Bactérias
excrementos. Geralmente, os invertebrados necrófagos são (decompositores)
também detritívoros, como acontece com moscas, besouros, Níveis tróficos – 1º nível trófico (nível dos produtores) → gramíneas;
formigas e muitos outros. Necrófagos e detritívoros não 2º nível trófico (nível dos consumidores de 1ª ordem) → preás;
consomem todas as substâncias existentes nos organismos 3º nível trófico (nível dos consumidores de 2ª ordem) → cobras.
mortos ou nos restos dos organismos. O consumo completo
A maioria dos produtores é de organismos fotossinteti-
e, portanto, o desaparecimento desses restos, deve-se
zadores, e, assim, a luz solar se constitui em uma fonte
à atividade dos microdecompositores, representados por
de energia indispensável para a manutenção dos diversos
certos fungos e bactérias.
ecossistemas. Entretanto, por mais eficientes que sejam,
Em todos os ecossistemas, existe uma estreita relação os produtores só conseguem utilizar uma pequena parte da
de interdependência entre os produtores, os consumidores energia luminosa do Sol que chega à superfície da Terra.
e os decompositores. Essa interdependência se manifesta, Calcula-se, aproximadamente, que apenas 47% da energia
por exemplo, por meio da cadeia alimentar. solar que atinge a nossa atmosfera chega à superfície.

Bernoulli Sistema de Ensino 105

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 105 27/03/17 09:33


frente c módulo 10

Entretanto, parte dessa energia é refletida, e parte é absorvida orgânica em um ecossistema pode não ser utilizada nem
e transformada em calor, que é utilizado na evaporação decomposta, ficando armazenada. As pirâmides de energia não
da água e no aquecimento da superfície, tendo um papel mostram claramente a parte da energia que é armazenada.
importante na determinação do clima e dos processos Além da pirâmide de energia, podemos representar as
atmosféricos. Estima-se que apenas uma pequena parcela cadeias alimentares pelas pirâmides de número e de biomassa.
(de 1 a 2%) da luz solar que alcança a superfície terrestre
seja utilizada na realização da fotossíntese. A pirâmide de números indica a quantidade de indivíduos
presentes em cada nível trófico da cadeia alimentar. Veja o
Os produtores fotossintetizantes atuam como conversores de
exemplo a seguir:
energia: transformam a energia luminosa que absorvem em
energia química. Esta fica armazenada nas moléculas orgânicas Consumidor
1 ave secundário
(carboidratos) fabricadas na fotossíntese. A energia química é
300 gafanhotos Consumidores
a modalidade de energia utilizada pelas células dos organismos primários
produtores, consumidores e decompositores do ecossistema. 5 000 plantas Produtores
É por meio da cadeia alimentar que parte dessa energia, fixada
pelos produtores, é transferida aos níveis tróficos seguintes. Pirâmide de números – 5 000 plantas (produtores) existentes
À medida que é transferida de um nível trófico para outro, em um determinado meio são necessárias para alimentar 300
gafanhotos (consumidores primários), que, por sua vez, servirão
a quantidade de energia disponível diminui, uma vez que
de alimento a apenas uma ave (consumidor secundário).
boa parte da energia obtida por um organismo por meio da
alimentação é gasta na manutenção de suas atividades vitais. A pirâmide de números pode, também, ser invertida. Veja
Alguns autores consideram que, de modo geral e aproximado, os exemplos a seguir:
cada elo da cadeia alimentar recebe apenas 10% da energia
que o elo anterior recebeu. Cobra Carrapatos Piolhos
Ratos Gado Macacos
O fato de haver essa redução da disponibilidade de energia
na passagem de um nível trófico para outro faz com que as Capim Capim Árvore
cadeias alimentares não sejam muito longas, raramente A B C
tendo mais que quatro ou cinco níveis tróficos. Quanto
Pirâmides de números – A: Pirâmide na qual o número de
mais curta for a cadeia alimentar, maior será a quantidade indivíduos decresce do primeiro ao último nível trófico da
de energia disponível para os níveis tróficos. Quanto mais cadeia. B: Pirâmide mostrando um número maior de carrapatos
distante dos produtores estiver um determinado nível trófico em relação ao gado, como geralmente sucede-se na interação
de consumidores, menor será a quantidade de energia parasita-hospedeiro. C: Pirâmide com vértice voltado para baixo:
útil recebida. A energia, portanto, apresenta um fluxo caracteriza os casos em que o produtor, apresentando grande
unidirecional e decrescente ao longo da cadeia alimentar. porte, ocorre em número relativamente pequeno no ecossistema.
O fluxo de energia entre os componentes de uma cadeia
Uma pirâmide de números traz a desvantagem de nivelar
alimentar em um ecossistema pode ser representado por uma
os organismos sem levar em conta seu tamanho e sem
pirâmide: a pirâmide de energia.
representar adequadamente a quantidade de matéria
A pirâmide de energia indica a quantidade de energia orgânica existente nos diversos níveis.
acumulada em cada nível trófico da cadeia alimentar e a A pirâmide de biomassa (pirâmides das massas)
disponibilidade de energia para o nível seguinte. Ela nunca
representa graficamente a biomassa, ou seja, a massa de
pode ser invertida e mostra claramente o princípio da perda
matéria orgânica dos organismos em cada nível trófico.
de energia em cada nível trófico da cadeia.

Consumidor
terciário 1 kg
Consumidor secundário (15 kcal) 10 kg

Consumidor primário (150 kcal) 100 kg

Produtor (1 500 kcal) 1 000 kg

10 000 kg
Pirâmide de energia em um ecossistema de floresta temperada.
Para cada 1 500 kcal fornecidas pela vegetação (produtores), Pirâmide das massas ou biomassas – Repare que, nesse caso,
apenas 150 kcal são efetivamente transferidas e aproveitadas pelos considera-se não o número de indivíduos em cada nível trófico,
consumidores de primeira ordem. Da mesma forma, para cada
mas a biomassa transferível de um nível trófico a outro. São
150 kcal disponíveis desses consumidores para os de segunda
necessários 10 000 kg de algas para suprir a alimentação de
ordem, só 15 kcal serão aproveitadas. O aproveitamento é cerca
1 000 kg de microcrustáceos, 1 000 kg de microcrustáceos
de um décimo da energia disponível no grupo trófico anterior.
satisfazem as necessidades de 100 kg de peixes pequenos; e assim
Um dos inconvenientes das pirâmides de energia é que nelas sucessivamente. Cada nível exige uma biomassa 10 vezes maior
não há lugar adequado para os decompositores, que são uma no nível anterior, porque apenas 10% da energia é transferível
parcela importante do ecossistema. Além disso, muita matéria de um nível a outro.

106 Coleção Estudo 4V

4VPRV3_BIO_BOOK.indb 106 27/03/17 09:33


cadeia alimentar

A desvantagem da pirâmide de biomassa é que ela não


leva em conta o fator tempo, mas apenas a massa biológica
eXercÍcios De fiXAção
em um dado instante, não acusando, portanto, a velocidade
com que a matéria orgânica é produzida. 01. (Unesp–2013) Analise a tira Níquel Náusea do cartunista
Quase sempre a massa dos produtores é maior que a de Fernando Gonsales.
consumidores. Às vezes, no entanto, a pirâmide de biomassa
pode apresentar-se invertida. É o que acontece, por exemplo,
nos ecossistemas marinhos, em que a biomassa dos
produtores, representados pelo fitoplâncton, se apresenta
menor que a dos consumidores primários, representados
pelo zooplâncton.

2 Zooplâncton
FOLHA DE S. PAULO, 29 abr. 2012.
1 Fitoplâncton

BiologiA
Nesse exemplo, no momento da medição, a biomassa dos Com relação aos insetos holometábolos, como os
produtores (fitoplâncton) é menor do que a dos consumidores representados nos quadrinhos, é CORRETO afirmar que
primários (zooplâncton). Isso pode parecer estranho, porém, se
A) os diferentes recursos explorados pelas formas jovem
lembrarmos de que a taxa de reprodução (potencial biótico) do
fitoplâncton é muito mais elevada do que a do zooplâncton e de e adulta possibilitam que, em um mesmo habitat, um
que a velocidade de consumo do fitoplâncton pelo zooplâncton é mesmo nicho ecológico possa comportar um maior
grande, fica fácil compreender como uma biomassa aparentemente número de espécies.
menor de produtores pode sustentar uma biomassa grande de
consumidores primários. Isso acontece exatamente pelo fato de B) a forma jovem compõe um nicho ecológico diferente
não se levar em consideração o fator tempo na construção de uma daquele da forma adulta, o que demonstra que a uma
pirâmide de biomassa. Fica claro que se a produtividade (que leva mesma espécie podem corresponder diferentes nichos
o tempo em consideração) tivesse sido medida, e não a biomassa,
ecológicos, mas não diferentes habitat.
a pirâmide do exemplo seria bem mais larga na base. A inversão da
pirâmide aparece porque a medição da biomassa é relativa apenas C) os diferentes recursos explorados pelas formas jovem
àquele momento e não considera a taxa de renovação da matéria e adulta possibilitam que um mesmo habitat suporte
orgânica (a velocidade de reprodução do fitoplâncton é maior que um maior número de indivíduos da espécie.
a do zooplâncton, o que permite a sua rápida renovação).
D) as formas jovem e adulta competem pelos mesmos

teiA AlimeNtAr recursos em seu habitat, o que exemplifica um caso

Nos diversos ecossistemas, diferentes cadeias alimentares de seleção natural.


acabam se entrelaçando umas com as outras, resultando E) as formas jovem e adulta competem pelos mesmos
em uma teia ou rede alimentar. A teia alimentar, portanto, é
recursos em seu habitat, o que exemplifica um caso
um conjunto de diversas cadeias alimentares entrelaçadas.
de competição intraespecífica.
Veja o exemplo a seguir:
Cobra
02. (UNIRIO-RJ) Em se tratando dos componentes bióticos de
Gavião Pássaro
Raposa um ecossistema, pode-se afirmar que, nas suas relações
alimentares,
Aranha Sapo
A) o terceiro nível trófico de uma cadeia alimentar é
Pássaros ocupado pelo consumidor secundário.
Esquilo Ratos (comedores de
sementes) B) um consumidor é primário quando ocupa o primeiro
Inseto herbívoro
nível trófico de uma cadeia alimentar.

Plantas C) os peixes carnívoros são considerados consumidores

Teia alimentar – Em uma teia alimentar, a matéria das plantas terciários.


(produtores) pode seguir diferentes caminhos. Por exemplo: D) os herbívoros ocupam o terceiro nível trófico da cadeia
as plantas podem ser fonte de alimento para o esquilo, que,
por sua vez, pode servir de alimento para o gavião. As plantas alimentar.
também podem ser consumidas por um inseto herbívoro, que E) os carnívoros são considerados consumidores
serve de alimento para a aranha. A aranha serve de alimento
para o pássaro, que é alimento da cobra, e esta, por sua vez, secundários, pois ocupam o segundo nível da cadeia
serve de alimento para o gavião. alimentar.

Bernoulli Sistema de Ensino 107

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frente c módulo 10

03. (PUC Minas) Consideremos a teia ecológica a seguir: 02. (UEL-PR–2016) Leia o trecho a seguir:
Decompositores
[…] a vida somente conseguiu se desenvolver às custas
(1)
de transformar a energia recebida pelo Sol em uma forma
Consumidores Consumidores útil, ou seja, capaz de manter a organização. Para tal,
(2) (3)
pagamos um preço alto: grande parte dessa energia é
Consumidores perdida, principalmente na forma de calor.
(4)
Assinale a alternativa que apresenta, CORRETAMENTE,

Produtores a relação entre o fluxo unidirecional de energia e o calor


(5) dissipado na cadeia alimentar.
Assinale a alternativa que contém os componentes da teia
A) A quantidade de energia disponível é maior, quanto
ecológica anterior que, se retirados, ainda permitirão a
mais distante o organismo estiver do início da cadeia
continuidade do ciclo ecológico.
alimentar.
A) 3 e C) 3 e 4 E) 2 e 1
B) 4 e 1 D) 5 e 2 B) A quantidade de energia disponível é maior, quanto
mais próximo o organismo estiver do início da cadeia
04. (PUC Minas) Em uma mesma espécie, mosquitos com alimentar.
hábitos fitófagos e mosquitos com hábitos hematófagos,
em relação à alimentação, apresentam C) A quantidade de energia disponível é maior, quanto

A) protocooperação. mais transferência ocorrer de um organismo para

B) habitats diferentes. outro na cadeia alimentar.

C) nichos diferentes. D) A quantidade de energia disponível é menor, quanto


D) níveis tróficos iguais. menos organismos houver ao longo da cadeia alimentar.
E) competição interespecífica. E) A quantidade de energia disponível é menor, quanto
mais próximo o organismo estiver do início da cadeia

eXercÍcios ProPostos alimentar.

01. (UERJ–2016) 03. (FCMSC-SP) Um animal que caça aves que se alimentam
de sementes é
concentração de metal

5 A) produtor.

B) decompositor.
4
C) consumidor de 1a ordem.
3 D) consumidor de 2a ordem.

2 E) consumidor de 3a ordem.

1 04. (Unicamp-SP–2016) Em uma pirâmide de energia,


as plantas têm importante papel na captação e
0 transformação da energia luminosa e são responsáveis
concentração de N
15
pela produtividade primária líquida. Nessa pirâmide,
Disponível em: <boundless.com> (Adaptação). aparecem ainda os herbívoros e os carnívoros, que

No gráfico, está indicada a concentração de um metal acumulam energia e determinam assim a produtividade
pesado no corpo de vários habitantes de um lago, bem secundária líquida. Sobre as pirâmides de energia,
como a concentração do isótopo de nitrogênio 15N, é CORRETO afirmar que
cujos valores mais elevados estão associados a níveis
crescentes na cadeia alimentar. A) a energia é conservada entre os níveis tróficos.
A curva de concentração de metal, nesses seres vivos, B) a respiração dos autótrofos é uma fonte de energia
pode ser explicada pelo processo de
para os heterótrofos.
A) magnificação trófica.
C) a produtividade primária líquida é representada na
B) eutrofização do lago.
base da pirâmide.
C) interrupção do fluxo de energia.
D) retenção de matéria orgânica em consumidores D) a excreção é uma fonte de energia para os níveis
maiores. tróficos superiores.

108 Coleção Estudo 4V

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Cadeia alimentar

05. (UFJF-MG) As pirâmides a seguir mostram a relação Considerando que uma lagarta tenha ingerido uma
entre produtores (P), consumidores primários (C1), quantidade de folhas com matéria orgânica equivalente
consumidores secundários (C2) e consumidores terciários a 600 calorias, quanto dessa energia estará disponível
(C3) de uma floresta tropical nos períodos de chuva e seca. para um predador da lagarta?

A) 100 calorias

B) 200 calorias

C) 300 calorias

D) 400 calorias

Pirâmide I E) 600 calorias.

Seção Enem

BIOLOGIA
01. (Enem–2016) Ao percorrer o trajeto de uma cadeia
alimentar, o carbono, elemento essencial e majoritário
Pirâmide II
da material orgânica que compõe os indivíduos, ora se

Analisando as pirâmides correspondentes aos períodos encontra em sua forma inorgânica, ora se encontra em

de chuva e de seca, é CORRETO afirmar que ambas sua forma orgânica. Em uma cadeia alimentar composta
podem representar por fitoplâncton, zooplâncton, moluscos, crustáceos
e peixes ocorre a transição desse elemento da forma
A) o número de indivíduos, o fluxo de energia e a
inorgânica para a orgânica.
biomassa dentro da cadeia trófica.

B) o número de indivíduos e o fluxo de energia dentro Em qual grupo de organismos ocorre essa transição?

da cadeia trófica. A) Fitoplâncton

C) a biomassa e o fluxo de energia dentro da cadeia B) Zooplâncton


trófica. C) Moluscos
D) a biomassa e o número de indivíduos dentro da cadeia D) Crustáceos
trófica.
E) Peixes
E) somente a biomassa dentro da cadeia trófica.

02. (Enem–2015) O nitrogênio é essencial para a vida e o


06. (PUC Minas) Leia atentamente as afirmativas a seguir:
maior reservatório global desse elemento, na forma de N2,
I. O Sol é a fonte primária de energia para a biosfera. é a atmosfera. Os principais responsáveis por sua
II. O fluxo de energia em um ecossistema é unidirecional. incorporação na matéria orgânica são micro-organismos
III. Quanto maior o número de níveis tróficos em uma fixadores de N2, que ocorrem de forma livre ou simbionte
cadeia ecológica, maior será a quantidade de energia com plantas.
disponível no último nível trófico. ADUAN, R. E.
Assinale, Os grandes ciclos biogeoquímicos do planeta.
Platina: Embrapa, 2004 (Adaptação).
A) se apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
B) se apenas as afirmativas I e III são verdadeiras. Animais garantem suas necessidades metabólicas desse
C) se apenas as afirmativas II e III são verdadeiras. elemento pela

D) se as afirmativas I, II e III são verdadeiras. A) absorção do gás nitrogênio pela respiração.

E) se apenas a afirmativa II é verdadeira. B) ingestão de moléculas de carboidratos vegetais.

C) incorporação de nitritos dissolvidos na água


07. (FUVEST-SP) Uma lagarta de mariposa absorve apenas
consumida.
metade das substâncias orgânicas que ingere, sendo a
D) transferência da matéria orgânica pelas cadeias
outra metade eliminada na forma de fezes. Cerca de 2/3
do material absorvido é utilizado como combustível na tróficas.

respiração celular, enquanto o 1/3 restante é convertido E) protocooperação com micro-organismos fixadores
em matéria orgânica da lagarta. de nitrogênio.

Bernoulli Sistema de Ensino 109

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frente c módulo 10

03. (Enem–2014) Com o objetivo de substituir as sacolas 06. (Enem–2000) O esquema a seguir representa os diversos
de polietileno, alguns supermercados têm utilizado um meios em que se alimentam aves, de diferentes espécies,
novo tipo de plástico ecológico, que apresenta em sua que fazem ninho na mesma região.
composição amido de milho e uma resina polimérica
termoplástica, obtida a partir de uma fonte petroquímica.
Ave tipo 1
ERENO, D. Plásticos de vegetais.
Pesquisa Fapesp, n. 179, jan. 2011 (Adaptação). Ave tipo 2

Nesses plásticos, a fragmentação da resina polimérica é Ave tipo 3


facilitada porque os carboidratos presentes Ave tipo 4
A) dissolvem-se na água.

Ilhotas de nidificação
B) absorvem água com facilidade.
1

Estepe salgada

Dunas e praias
C) caramelizam-se por aquecimento e se quebram. Arrozais Charco Charcos Mar

Pântanos
Terreno seco pouco salgados
D) são digeridos por organismos decompositores. ou cultura salgado
E) decompõem-se espontaneamente em contato com
água e gás carbônico.

04. (Enem–2013) Estudos de fluxo de energia em ecossistemas Com base no esquema, uma classe de alunos procurou
demonstram que a alta produtividade nos manguezais está identificar a possível existência de competição alimentar
diretamente relacionada às taxas de produção primária entre essas aves e concluiu que
líquida e à rápida reciclagem dos nutrientes. Como exemplos
A) não há competição entre os quatro tipos de aves
de seres vivos encontrados nesse ambiente, temos: aves,
porque nem todas elas se alimentam nos mesmos
caranguejos, insetos, peixes e algas.
locais.
Dos grupos de seres vivos citados, os que contribuem
B) não há competição apenas entre as aves dos tipos 1, 2
diretamente para a manutenção dessa produtividade no
e 4 porque elas retiram alimentos de locais exclusivos.
referido ecossistema são
C) há competição porque a ave do tipo 3 se alimenta em
A) aves. D) insetos.
todos os lugares e, portanto, compete com todas as
B) algas. E) caranguejos. demais.
C) peixes.
D) há competição apenas entre as aves 2 e 4 porque
elas retiram grande quantidade de alimento de um
05. (Enem–2011) Os personagens da figura estão representando mesmo local.
uma situação hipotética de cadeia alimentar.
E) não se pode afirmar se há competição entre as
aves que se alimentam em uma mesma região sem
conhecer os tipos de alimentos que consomem.

gABArito
fixação
01. C 03. C

02. A 04. C

Disponível em: <http://www.cienciasgaspar.blogspot.com>. Propostos


Suponha que, em cena anterior à apresentada, o homem 01. A 05. D
tenha se alimentado de frutas e grãos que conseguiu
02. B 06. A
coletar. Na hipótese de, nas próximas cenas, o tigre ser
bem-sucedido e, posteriormente, servir de alimento aos 03. D 07. A
abutres, tigre e abutres ocuparão, respectivamente, os
04. C
níveis tróficos de
A) A produtor e consumidor primário. seção enem
B) consumidor primário e consumidor secundário.
01. A 04. B
C) consumidor secundário e consumidor terciário.
D) consumidor terciário e produtor. 02. D 05. C

E) consumidor secundário e consumidor primário. 03. D 06. E

110 Coleção Estudo 4V

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Frente Módulo

BIOLOGIA C 11
Sucessão ecológica
Denomina-se sucessão ecológica o processo natural por Sucessão ecológica iniciada a partir da
meio do qual uma comunidade muda gradualmente com
superfície de uma rocha nua
o decorrer do tempo, até atingir uma situação de maior
estabilidade, denominada clímax. A superfície de uma rocha granítica nua e compacta
é extremamente árida, uma vez que tal superfície não
Alguns autores costumam classificar as sucessões
absorve água. Toda a água que a rocha recebe da chuva,
ecológicas em primárias e secundárias.
por exemplo, escorre ou evapora rapidamente. Por isso,
• Sucessão primária – É a que ocorre em uma área são pouquíssimos os seres vivos que conseguem se instalar
anteriormente sem vida. Representa a ocupação por nesse local e se desenvolver. Praticamente, só os liquens
seres vivos de uma área ou superfície até então nua. (associação mutualística de algas com fungos) conseguem
É o que acontece, por exemplo, quando há o aparecimento se instalar e se desenvolver na superfície de uma rocha
de espécies vegetais em uma região cujas condições não nua. Assim, sorédios (fragmentos de liquens) transportados
são inicialmente favoráveis, como dunas de areia, rochas pelo vento, ao caírem sobre a superfície da rocha nua,
nuas ou derrame de lavas vulcânicas. se instalam e desenvolvem-se, iniciando o povoamento
daquela região. Dessa forma, os liquens constituirão a
• Sucessão secundária – É a que ocorre em uma comunidade pioneira na superfície da rocha.
área abandonada, onde anteriormente já houve uma
Uma vez instalados, os liquens começam a liberar sobre a
comunidade que, por algum motivo, foi destruída.
superfície da rocha certos ácidos orgânicos que, lentamente,
Essa área pode ser, por exemplo, um campo de cultivo
vão degradando a superfície, abrindo pequenas fendas, em
abandonado ou uma floresta após um incêndio. que partículas de terra e areia trazidas pelo vento começam
a se depositar, formando-se aí um microssolo, que passa
Etapas da sucessão a reter pequenas quantidades de água. Nesse microssolo,
começam a se acumular restos de liquens mortos, o que
Na sucessão gradual de comunidades em uma mesma permitirá a ação de decompositores e, consequentemente,
região, distinguem-se as seguintes fases ou etapas: ecese, o enriquecimento do meio com certos nutrientes minerais.
séries e clímax (homeostase). Observe que a instalação da comunidade pioneira,
representada pelos liquens, provoca alterações na superfície
• Ecese (ecésis) – É a etapa inicial do processo de
da rocha, criando novas condições abióticas, que permitirão
sucessão. As espécies de seres vivos que participam
a instalação de outras espécies. Assim, trazidos pelo vento,
dessa etapa são chamadas de espécies pioneiras.
esporos de musgos (briófitas) podem se instalar nesse
Elas produzem modificações no meio abiótico da
microssolo úmido. Os musgos são vegetais que só alcançam
região, criando condições para a instalação de outras
poucos centímetros de altura, não têm raízes verdadeiras e
espécies de seres vivos. não exigem solos profundos.
• Séries (seres) – São as diferentes comunidades que Os musgos, ao morrerem, junto ao maior quantidade
surgem na região entre o estágio inicial (ecese) e final de terra, água e nutrientes minerais retidos nas fendas,
(clímax) de uma sucessão, isto é, são as comunidades formarão um solo mais espesso, o que permitirá o
intermediárias entre a ecese e o clímax. desenvolvimento de novas espécies, como as gramíneas.

• Clímax – É o estágio final de uma sucessão ecológica. As raízes das gramíneas promoverão o aparecimento de
Nesse estágio, a comunidade atinge o seu máximo novas fendas, aumentando e aprofundando os espaços e
desenvolvimento, que é sempre compatível com facilitando a formação de bolsas de terra cada vez maiores
as condições físico-químicas do meio. Mudanças e mais profundas, onde começam a aparecer arbustos e,
posteriormente, árvores. Assim, o local que no passado era
drásticas nos fatores do ambiente (incêndios,
apenas a superfície nua (despovoada) de uma rocha, após
erupções vulcânicas, grandes alterações climáticas,
certo tempo, torna-se um solo onde cresce e desenvolve-se
desastres ecológicos) podem modificar o equilíbrio
uma comunidade mais estável e predominantemente
da comunidade clímax.
arbórea, que persiste até que uma mudança no ambiente,
Vejamos alguns exemplos de sucessões ecológicas: natural ou provocada pelo homem, perturbe o seu equilíbrio.

Bernoulli Sistema de Ensino 111

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Frente C Módulo 11

As gramíneas fazem, também, uma sombra sobre a superfície


Sucessão ecológica primária
do solo e, assim, a luz e o calor que chegam diretamente a
Ecese Séries Clímax ele são reduzidos. Isso contribui ainda mais para aumentar
a umidade, uma vez que diminui a evaporação da água da
Liquens → Musgos → Gramíneas → Arbustos → Árvores
superfície do solo. As raízes das gramíneas também seguram
a terra, evitando que ela seja carregada com facilidade pelos
Nesse exemplo de sucessão ecológica que acabamos
ventos. Com isso, o solo torna-se mais compacto.
de ver, os liquens foram a ecese, isto é, a etapa inicial do
processo, e a comunidade predominantemente arbórea Pelo que vimos, a instalação e o desenvolvimento da
constitui o clímax. As comunidades dos musgos, das comunidade pioneira, representada pelas gramíneas,
gramíneas e dos arbustos, que apareceram entre o início provocaram alterações nas condições ambientais, ou seja,
(ecese) e o fim (clímax), formam as séries dessa sucessão. a cobertura vegetal dessas plantas passou a proteger o solo
É bom lembrar que, em qualquer sucessão ecológica, as contra a ação direta do vento e das enxurradas, evitando
mudanças das comunidades vegetais são acompanhadas a continuidade do processo de erosão e contribuindo para
também por mudanças nas comunidades de animais. a renovação do húmus e para a manutenção da umidade.

Com essas novas condições ambientais (solo mais


Sucessão ecológica em uma compacto, mais úmido e enriquecido com mais nutrientes
região que sofre desmatamento minerais), espécies vegetais que anteriormente não tinham
Uma região de mata, cuja comunidade vegetal é formada condições de se instalar nesse local podem, então, se
predominantemente por árvores, sofre desmatamento e, em estabelecer. Assim, surge aos poucos uma nova comunidade
seguida, é abandonada. Com a remoção de toda a cobertura vegetal formada por ervas diversas, que vão se desenvolvendo
vegetal, o solo da região fica totalmente exposto às ações e ganhando das gramíneas a competição pela luminosidade.
do Sol, dos ventos e das chuvas. Esse solo nu fica, portanto, Atraídas pelas ervas, surgem novas espécies de animais.
mais sujeito à evaporação da água e, consequentemente, A feição da comunidade vai, então, se alterando, de modo
torna-se mais seco. Paralelamente, a ação conjunta dos que, depois de algum tempo, a comunidade vegetal,
ventos e das chuvas retira a camada de húmus (matéria inicialmente formada pelas gramíneas, seja substituída por
orgânica em decomposição, rica em elementos nutritivos uma comunidade vegetal herbácea (ervas).
para as plantas), tornando o solo mais estéril. A ação dos
ventos, das chuvas e notadamente das águas correntes sobre A comunidade herbácea também provocará alterações nas
a superfície da terra favorece, também, a erosão. condições ambientais. Como é pouco mais desenvolvida em
porte que a comunidade anterior, sua cobertura reduz ainda
Veja que, em consequência do desmatamento, as condições
mais a quantidade de luz e calor que chega à superfície do
abióticas do solo foram modificadas. O solo, agora seco,
solo, contribuindo, assim, para torná-lo mais úmido. Suas
pobre em nutrientes minerais, com rachaduras, exposto
raízes também seguram mais a terra, tornando o solo ainda
totalmente às ações do Sol, das chuvas e dos ventos, torna-se
mais compacto e firme. Com isso, arbustos podem se instalar
um ambiente hostil, no qual poucas espécies de organismos
na região e, então, gradativamente, a comunidade herbácea
conseguem se instalar e sobreviver. Entretanto, na natureza
é substituída por uma comunidade arbustiva. Esta, por sua
existem espécies de seres vivos menos “exigentes”, dotados
de grande tolerância em relação a diferentes adversidades vez, lentamente cede lugar para o desenvolvimento de uma
ambientais e que, por isso, conseguem se desenvolver em comunidade arbórea semelhante à que existia na região antes
lugares onde poucos viveriam. Assim, sementes de gramíneas de ocorrer o desmatamento. Essa nova comunidade constitui
podem chegar até essa área em que houve o desmatamento o desenvolvimento máximo da vegetação compatível com as
trazidas pelo vento e iniciar novamente seu povoamento. condições ambientais da região, isto é, o clímax.
Essas gramíneas serão as espécies pioneiras, formando a
comunidade ecese. Sucessão ecológica secundária

Com o estabelecimento da comunidade das gramíneas, Ecese Séries Clímax


pequenos animais (insetos, aranhas, etc.) começam a se
Gramíneas → Ervas → Arbustos → Árvores
instalar na região. Os restos orgânicos (excretas) desses
pequenos animais, bem como seus cadáveres e os restos
orgânicos das gramíneas (pedaços de folhas, raízes, etc.), Evidentemente, à medida que a comunidade vegetal
vão se acumulando no ambiente, o que propicia o surgimento muda ao longo de um processo de sucessão ecológica,
de decompositores (bactérias, fungos). Estes, por sua a comunidade animal da região também se altera; uma
vez, enriquecem o solo com mais nutrientes minerais por comunidade vegetal arbórea, por exemplo, pode abrigar
meio da atividade de decomposição. Além disso, os restos animais arborícolas, que não teriam condições de se
orgânicos que se acumulam no solo retêm mais umidade. estabelecerem em uma comunidade de gramíneas.

112 Coleção Estudo 4V

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r
Deposição de organismos mortos

Sucessão ecológica

radiculares
submersas
Plantas
B

Sucessão em uma lagoa

Arquivo Bernoulli
Logo após a sua formação natural, a água de uma lagoa
é normalmente límpida, sem vida, e o fundo, desprovido de
vegetação. O fitoplâncton, formado por algas microscópicas,
é a primeira forma de vida vegetal a se instalar; em seguida,
surgem os animais microscópicos do zooplâncton. Esses

emersas
Plantas
organismos, ao morrerem, vão se acumulando no fundo,
propiciando o processo de decomposição, que enriquece a C
água com nutrientes. O aumento de nutrientes nas águas
de uma lagoa é denominado eutroficação (eutrofização)
e favorece a proliferação de outras espécies de vegetais
e animais. Uma lagoa eutrófica (“que alimenta bem”)

Arquivo Bernoulli
é geralmente uma lagoa pouco profunda, de águas
esverdeadas (ricas em algas) e pobre em O2. Já uma lagoa

BIOLOGIA
oligotrófica (“que alimenta mal”) é pobre em nutrientes,
geralmente profunda, de águas límpidas e rica em O2.
Os primeiros estágios de uma lagoa apresentam oligotrofia,

Floresta
que, aos poucos sofre eutroficação.

O acúmulo de matéria orgânica em decomposição no D


fundo da lagoa cria uma camada de solo mais fértil, que
permite o estabelecimento de plantas radiculares (plantas Sucessão ecológica em uma lagoa – (A) ecese, (B) e (C) séries,
com raízes). As raízes ajudam a segurar o solo da lagoa, (D) clímax.
ao mesmo tempo em que as partes mortas dessas plantas
também contribuem para o aumento de nutrientes na lagoa. CARACTERÍSTICAS
Esse fato, associado ao carregamento de material das áreas
vizinhas (terra, folhas mortas, troncos, etc.) pelas águas das DE UMA SUCESSÃO
chuvas, determina uma diminuição gradual da profundidade Partindo do estágio inicial (ecese) para o final (clímax), uma
da lagoa, que vai se tornando cada vez mais rasa. Começa, sucessão ecológica apresenta as seguintes características:
então, a surgir uma vegetação emergente e, aos poucos,
a lagoa transforma-se em um pântano ou brejo, com fauna Aumento da diversidade de
e flora próprias. Com o constante acúmulo de material no
fundo, a lagoa acaba desaparecendo, e tem início, na área,
espécies ou diversidade biológica
a instalação de plantas terrestres. No início, aparecem as (biodiversidade)
gramíneas; à medida que o solo vai ficando mais firme,
A diversidade inicial é baixa, havendo, normalmente,
surgem plantas de porte um pouco maior, como os arbustos
predomínio de autótrofos. Ao longo da sucessão, há aumento
e, por fim, árvores, que acabam formando uma comunidade
na diversidade e no número de espécies heterotróficas.
arborícola típica de uma floresta.
No clímax, a diversidade é alta e estável.
Nesse exemplo, a comunidade do fitoplâncton, formado
por algas microscópicas, constitui a comunidade pioneira, Aumento da complexidade
e a comunidade arborícola do tipo floresta representa a da teia alimentar
comunidade clímax.
No decorrer da sucessão, em consequência do aumento
da diversidade de espécies e do surgimento de novos nichos
recém-formada
Arquivo Bernoulli

ecológicos, a teia alimentar torna-se cada vez mais complexa.

Aumento da biomassa
Lagoa

A A biomassa ou matéria orgânica aumenta com a sucessão,


sendo maior nos estágios climácicos (clímax). Esse aumento
Deposição de organismos mortos
é também uma consequência do aumento da diversidade
de espécies.
Arquivo Bernoulli

Diminuição da produtividade líquida


radiculares
submersas

Nos estágios iniciais da sucessão, a atividade autotrófica


Plantas

é maior que a heterotrófica e, por isso, a produção bruta


B
(PB) é maior que a respiração (R), isto é, PB/R > 1.

Bernoulli Sistema de Ensino 113


rsas
tas

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Frente C Módulo 11

Considerando que a produção líquida (PL) é igual à diferença


entre a produção bruta e a respiração (PL = PB – R),
Exercícios de fixação
veremos que ela é alta nos estágios iniciais da sucessão.
Entretanto, no decorrer da sucessão, a atividade respiratória
01. (UFRGS-RS–2016) Os ecossistemas naturais terrestres

da comunidade aumenta e, assim, no estágio final (clímax), passam por mudanças através da sucessão ecológica. Em
temos produtividade bruta (PB) e respiração (R) que se relação a esse processo, é correto afirmar que ocorre
equivalem, com a relação entre ambas tendendo para 1 A) estabilidade da biomassa total.
(PB/R = 1). Isso significa que tudo que está sendo produzido
B) aumento da biodiversidade.
é utilizado pela própria comunidade e, consequentemente,
C) diminuição no tamanho dos indivíduos.
a produção líquida (PL) é baixa.
D) aumento da vegetação pioneira.
O quadro a seguir mostra as principais características da
comunidade no decorrer de uma sucessão. E) estabilidade na reciclagem dos nutrientes.

Características Tendências da sucessão: 02. (UFRGS-RS) Uma comunidade vegetal em estágio jovem
da comunidade do estágio inicial até o clímax
atua com mais eficiência do que uma comunidade clímax
Diversidade de espécies Aumento na “fixação do carbono” porque apresenta
Biomassa Aumento A) uma baixa produtividade primária bruta.
Teia alimentar Aumento da complexidade B) a relação produtividade bruta / respiração próxima

PB / R > 1 nos estágios iniciais, à unidade.


Relação PB / R tendendo para 1 na C) grande biomassa vegetal e diversidade em espécies.
comunidade clímax
D) uma alta produtividade primária líquida.
Produtividade líquida (PL) Diminuição
E) teias alimentares complexas.
Relação produtividade Diminuição, pois a produtividade
líquida / biomassa líquida diminui e a biomassa 03. (Unifor-CE) Considere as afirmações a seguir relativas à
(PL / biomassa) aumenta sucessão ecológica:

I. É um processo ordenado de mudanças da comunidade.


Como vimos nos diferentes exemplos, em uma sucessão
ecológica, diversas comunidades são formadas com o II. Independe das modificações do ambiente físico.
decorrer do tempo. Cada estágio modifica o meio abiótico, III. A sucessão primária inicia-se pelo estabelecimento
possibilitando a instalação e o desenvolvimento de novas de espécies pioneiras no local.
espécies, mais aptas a explorá-lo. Quando a comunidade
IV. O processo de sucessão termina com o estabelecimento,
não pode ser substituída por outra combinação de espécies
na área, de uma comunidade clímax.
mais aptas a explorar o meio, fala-se em comunidade clímax.
Acredita-se que a grande estabilidade das comunidades São VERDADEIRAS, apenas
clímax deva-se à sua grande diversidade em espécies. Assim, A) I e II.
quanto mais complexo o ecossistema, mais complexas
B) I e III.
serão as relações dentro dele, já que há maior número de
C) II e III.
nichos ecológicos disponíveis; quanto mais nichos, mais
diversificadas ficam flora e fauna; quanto mais diversos os D) I, III e IV.
componentes vivos, menores as probabilidades de que uma E) II, III e IV.
mudança em uma das condições possa afetar negativamente
o ecossistema como um todo. Por exemplo: quando existem 04. (UFMG) Qual das situações a seguir NÃO se verifica no
muitas espécies de produtores fotossintetizadores – cada decorrer de toda uma sucessão ecológica?
uma delas adaptada a utilizar determinados comprimentos
A) Estabelecimento de espécies pioneiras que possibilitam
de onda luminosa ou determinada intensidade de luz –,
a colonização da área por outros seres vivos.
uma mudança na quantidade dessa luz poderá afetar alguns
produtores, porém não todos eles. Assim, o ecossistema B) Alteração gradual das condições biológicas sem que
continuará estável e sem modificações apreciáveis. ocorram alterações nas condições físicas e químicas
Para finalizar, podemos resumir o processo da sucessão do meio.
ecológica da seguinte maneira: C) Substituição gradual de comunidades, até que surja
uma comunidade estável.
“É um processo ordenado de mudanças na comunidade
D) Invasão da área por espécies provenientes principalmente
que evolui em direção ao estágio clímax, no qual é
de comunidades próximas.
atingida uma grande estabilidade (homeostase).”
E) Extinção de espécies animais e / ou vegetais.

114 Coleção Estudo 4V

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sucessão ecológica

EXERcÍcIos pRopostos 04. (FGV-SP) A comunidade clímax constitui a etapa final de


uma sucessão ecológica. Considera-se que a comunidade
chegou ao clímax quando
01. (FIEB-SP–2016) Analise a figura que ilustra a transformação
na fitofisionomia de um ambiente ao longo de décadas. A) as teias alimentares, menos complexas, são
substituídas por cadeia alimentares.
B) a produção primária bruta é igual ao consumo.
C) cessam a competição interespecífica e a competição
intraespecífica.
D) a produção primária líquida é alta.
E) a biomassa vegetal iguala-se à biomassa dos
consumidores.
Décadas
05. (OBB–2015) A imagem a seguir mostra o processo

BIoLoGIa
Disponível em: <www.sar8.org.br> (Adaptação).
de substituição das comunidades ao longo do tempo
O processo ecológico ilustrado é a sucessão ecológica, (sucessão ecológica).
caracterizado
A) pela ocupação gradativa dos nichos existentes.
A B C D E
B) pela transição biogeográfica entre diferentes biomas.
C) pela faixa contínua de vegetação entre fragmentos
florestais.
D) pela vegetação existente ao longo das margens dos
corpos-d’água.
E) pelo aumento da oscilação nas condições ambientais.
Espera-se que ao longo deste processo ocorra uma
diminuição do(a)
02. (FUVEST-SP–2014) Considere as seguintes comparações
A) produtividade líquida.
entre uma comunidade pioneira e uma comunidade
clímax, ambas sujeitas às mesmas condições ambientais, B) biomassa.

em um processo de sucessão ecológica primária: C) taxa de fotossíntese.


D) riqueza de espécies.
I. A produtividade primária bruta é maior em uma
comunidade clímax do que em uma comunidade pioneira. E) estabilidade.

II. A produtividade primária líquida é maior em uma


06. (UERN–2014) Acerca das sucessões ecológicas, marque
comunidade pioneira do que em uma comunidade clímax.
V para afirmativas VERDADEIRAS e F para FALSAS.
III. A complexidade de nichos é maior em uma comunidade
( ) Os conjuntos populacionais passam constantemente
pioneira do que em uma comunidade clímax.
por alterações abruptas e descontínuas com o passar
Está CORRETO apenas o que se afirma em do tempo.
A) I. D) I e II. ( ) O fim da sucessão secundária sempre resulta em
B) II. E) I e III. uma comunidade clímax composta pelas mesmas
populações que existiam antes da derrubada.
C) III.
( ) A relação entre a produção e o consumo em um
03. (UEL-PR) O que acontece quando uma comunidade se ecossistema em sucessão é maior que um.
torna estável, atingindo o estágio clímax? ( ) A presença das espécies pioneiras facilita a retenção
A) Aumenta o número de mutações que podem ocorrer da umidade, diminui a temperatura da superfície e a
nas espécies. protege contra a ação do vento.

B) Diminui a transmissão dos caracteres adquiridos entre ( ) A sucessão primária tem início em ambientes cujas
as espécies. comunidades sofreram grandes perturbações,
comprometendo a estabilidade do estágio clímax da
C) Aumentam os efeitos causados pela seleção natural
sucessão.
nas espécies.
D) Diminuem as modificações evolutivas nas diferentes A sequência está CORRETA em
espécies. A) F, F, F, V, V. C) V, F, F, V, F.
E) Aumenta a variabilidade genética das espécies. B) F, F, V, V, F. D) V, V, V, V, V.

Bernoulli Sistema de Ensino 115

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frente c módulo 11

07. (Unesp) Uma ilha situada a 20 km de distância do 02. O território brasileiro, devido a sua magnitude espacial,
continente, após a explosão de um vulcão, foi coberta por comporta um mostruário bastante completo de paisagens

uma camada espessa de cinza quente e nenhuma planta e ecologias do Mundo Tropical.
AB’SABER, Aziz. Domínios de natureza no Brasil, 2003.
ou animal sobreviveu. Alguns anos após, observou-se
a presença de liquens seguidos de outras plantas. Uma dessas paisagens, a Floresta Amazônica, vem
Posteriormente, foi possível verificar também a presença sendo objeto de inúmeras discussões em virtude de
sua crescente exploração. Nesse bioma a produtividade
de pequenos animais e, tempos mais tarde, a presença
líquida é
de animais de maior porte. Após várias décadas, a ilha
A) baixa, porque constitui uma comunidade clímax.
estava coberta por uma floresta jovem, mas densa.
B) baixa, porque possui pequena diversidade de
Pergunta-se: espécies.

A) Como se chama o fenômeno ecológico ocorrido na C) alta, porque encontra-se no estágio inicial de uma
sucessão ecológica.
ilha, a partir da erupção vulcânica?
D) alta, porque possui um pequeno número de nichos
B) Por que, no processo de reorganização das ecológicos.
comunidades na ilha, os organismos heterótrofos E) alta, porque a sua biomassa tem valores desprezíveis.
não poderiam ter sido os pioneiros?

gABArito
seção eNem
fixação
01. O esquema a seguir mostra um processo de sucessão
01. B
ecológica que teve início em um campo de cultivo
abandonado, situado em uma região anteriormente 02. D
ocupada por floresta decídua temperada.
03. D

04. B

Idade
(anos) 0 1-10 10-25 25-100 + de 100
Propostos
Tipo de Campo Floresta de Clímax
Gramíneas Arbustos
comunidade abandonado coníferas florestal 01. A

Com base nessas informações e outros conhecimentos 02. D

sobre o assunto, é correto dizer que o esquema em


03. E
questão representa

A) uma sucessão primária em que as gramíneas foram 04. B

as espécies pioneiras.
05. A
B) uma sucessão secundária em que a composição em
espécie muda mais rapidamente no início e mais 06. B

lentamente nos estágios intermediários, mantendo-se


07. A) Sucessão ecológica.
praticamente constante no clímax.
B) Porque não havia alimento orgânico (produzido
C) uma sucessão primária em que do estágio inicial até
o clímax ocorreu um aumento da biomassa e uma pelos seres autótrofos) para eles.
menor diversificação das espécies.

D) uma sucessão primária que no estágio clímax deve seção enem


possuir uma maior biodiversidade.
01. B
E) uma sucessão secundária que teve início com espécies
pioneiras heterótrofas. 02. A

116 Coleção Estudo 4V

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Frente Módulo

BIOLOGIA C 12
Ecossistemas e principais
biomas brasileiros
Ecossistemas Terrestres Tundra
Conforme já vimos, a biosfera é subdividida em biociclos: Localizada no Hemisfério Norte, abaixo da zona de gelo
biociclo terrestre (epinociclo), biociclo dulcícola (limnociclo) permanente (calota polar), a Tundra circunda o Polo Norte,
e biociclo de água salgada (talassociclo). compreendendo a parte norte do Alasca, do Canadá, da
Groenlândia, da Noruega, da Suécia, da Finlândia e da Sibéria.
Os biociclos podem ser subdivididos em unidades
chamadas biócoros ou biocoras. As Florestas e os Campos, Na Tundra, há apenas duas estações: verão e inverno.
por exemplo, são biócoros do biociclo terrestre. Cada O verão é de curta duração (2 a 3 meses), com temperaturas
biócoro, por sua vez, pode ser subdividido em partes em torno de 10 °C. Nesse curto verão, surgem áreas onde o
denominadas biomas. O biócoro floresta, por exemplo, solo degela apenas superficialmente, e a camada mais inferior
apresenta vários biomas com características bióticas e permanece congelada (permafrost), o que impede a drenagem
abióticas próprias: Floresta Tropical, Floresta Temperada, da água do degelo e leva à formação de poças e lagoas,
Floresta de Coníferas, etc. Os biomas, portanto, são grandes apesar de a precipitação anual ser muito baixa. No inverno,
ecossistemas com fauna, flora e clima próprios, constituídos que se estende pela maior parte do ano (cerca de 10 meses),
por comunidades que atingiram o estágio clímax. Assim, as camadas mais superficiais do solo também ficam congeladas.
as Florestas, os Campos e os Desertos são exemplos de
É um bioma que recebe pouca energia radiante proveniente
biomas terrestres. Já os lagos e os mares são exemplos
do Sol e pouca luminosidade. A precipitação é pequena,
de biomas aquáticos.
ocorrendo normalmente sob a forma de neve.
OBSERVAÇÃO
A vegetação da Tundra é pouco exuberante e se
Alguns autores usam o termo “bioma” para designar desenvolve, predominantemente, durante os meses de
apenas ecossistemas terrestres. Outros usam a palavra verão e nas áreas onde o solo degela superficialmente.
indistintamente para grandes ecossistemas, incluindo Ao norte, predominam os musgos e os liquens, e mais
os aquáticos. ao sul, onde a temperatura é um pouco mais elevada,
O estado de clímax atingido por um bioma depende são encontrados também pequenos arbustos. Não existem
de um grande número de fatores, tais como a latitude, árvores na Tundra. No inverno, essa vegetação praticamente
as temperaturas médias e extremas da região, o relevo, desaparece, em consequência do frio intenso e da seca
o regime de chuvas e o tipo de solo. fisiológica (fenômeno no qual os solos frios permitem

A identificação dos biomas terrestres é feita principalmente pouca absorção de água, e os solos gelados, nenhuma).

por meio da vegetação que apresentam. Por isso, são Assim, não é a temperatura baixa que diretamente provoca

também conhecidos como formações fitogeográficas, isto a pobreza da vegetação e, especialmente, a inexistência de

é, formações vegetais típicas de determinadas regiões. árvores: é a disponibilidade de água que impõe limites ao

Os principais biomas terrestres são: Tundra, Florestas desenvolvimento da vegetação na Tundra.

de Coníferas, Florestas Temperadas, Florestas Tropicais, A fauna da Tundra é constituída por rena (caribu), boi-
Campos e Desertos. Um mesmo tipo de bioma terrestre -almiscarado, urso-polar, lobo-do-ártico, raposa-do-ártico,
pode estar presente em mais de uma região do planeta, por lebre-do-ártico, lemingues (pequenos roedores), coruja-das-
exemplo: o bioma do tipo Floresta Tropical existe em parte da -neves, ptármigas ou ptarmigans (aves do tamanho de um
América do Sul e em regiões da África e da Ásia; o mesmo pombo), perdiz branca e poucas espécies de insetos (embora o
ocorre com o bioma do tipo Deserto, que é encontrado em número de indivíduos por espécie seja grande, notadamente o
várias partes da Terra. de dípteros, vulgarmente chamados de moscas e mosquitos).

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Frente c módulo 12

• Alguns, como é o caso dos lemingues, evitam os

Circeus / Creative Commons


ventos violentos cavando tocas sob a neve, onde
se abrigam. Nesses locais, protegidos das baixas
Jon Nickles, U.S. Fish and Wildlife Service / Domínio Público

temperaturas, consomem as partes subterrâneas


dos vegetais ou o suprimento de sementes que
armazenaram durante o verão.

Argus fin. Cropped by Essjay / Domínio Público


• Outros, como é o caso dos insetos, permanecem
Boi-almiscarado
dormentes no inverno; a maioria dos insetos se
encontra nessa época do ano na fase de ovo ou de larva.

• Muitos animais são capazes de desenvolver


camuflagem, mudando a coloração dos pelos ou das
penas, de modo a se confundirem com a coloração
do ambiente. Camuflados, os animais têm facilitado
Caribu Lemingue o processo de capturar suas presas ou de fugir de
A vegetação serve de alimento a animais herbívoros, seus predadores. Por exemplo: a raposa-do-ártico,
como a rena, o boi-almiscarado, os lemingues e as lebres- a lebre-do-ártico e a perdiz-branca possuem no verão
-do-ártico. Esses animais, por sua vez, são alimentos de uma pelagem (ou plumagem, no caso das aves)
carnívoros, como o lobo-do-ártico, a raposa-do-ártico e a acinzentada, que os confunde com a coloração cinza-
coruja-das-neves. -esverdeada da vegetação formada por musgos e
liquens; no inverno, exibem pelos (ou penas) brancos,
No inverno, o frio intenso, a escuridão e a escassez de
confundindo-se, assim, com a neve.
alimento limitam a presença de alguns grupos de seres
vivos nessa região. Dessa forma, ao chegar o inverno,
muitos animais migram da Tundra para outras regiões
Florestas de coníferas
em busca de melhores condições de sobrevivência. Localizadas também no Hemisfério Norte, logo ao sul
Grandes mamíferos, como a rena, migram para o sul, em da Tundra, estendem-se por todo o norte da Sibéria e do
direção à taiga; algumas aves migram para outras regiões. Canadá. A palavra “taiga” (de origem russa) é usada para
Assim, a presença de animais na Tundra diminui com a designar as Florestas de Coníferas existentes na Sibéria.
chegada do inverno. Alguns animais, entretanto, vivem o ano A taiga siberiana é a mais vasta floresta do mundo, ocupando
inteiro nessa região. É o caso das ptármigas, da lebre ártica, uma área de aproximadamente 8 milhões de km2.
da raposa-do-ártico, do urso polar e dos insetos.
Assim como acontece na Tundra, as Florestas de Coníferas
Para suportarem as condições tão adversas desse inverno
apresentam apenas duas estações: verão e inverno. O verão
rigoroso, com temperaturas muito baixas e escassez de
dura de três a seis meses e apresenta dias mais quentes que
alimentos, os animais da Tundra apresentam adaptações
os da Tundra, já que o bioma está mais próximo do Equador
morfofisiológicas que os ajudam na luta pela sobrevivência.
e recebe mais energia radiante do Sol. Os dias de verão
Entre essas adaptações, podemos citar:
não são tão longos, mas são quentes, e o solo degela-se
• Presença de pelos longos (ou penas desenvolvidas, completamente. O inverno é tão rigoroso quanto o da Tundra,
no caso das aves), densamente distribuídos, porém com menor duração (6 a 9 meses).
de maneira a reter um “colchão” de ar circundante e
termo-isolante, o que dificulta a perda de calor para A vegetação é constituída, predominantemente, por
o meio externo. coníferas, como os pinheiros e abetos. As coníferas são
plantas do grupo das gimnospermas. Musgos, liquens e
• Hipoderme (camada de tecido adiposo situada sob
arbustos também aparecem. A vegetação rasteira é escassa,
a derme) normalmente espessa, constituindo outra
já que chega pouca luz ao solo (a copa das árvores de maior
barreira térmica que dificulta a perda de calor para
porte impede a penetração do Sol). Na superfície do solo, há
o meio externo.
um tapete de folhas e ramos mortos, onde se desenvolvem
• Extremidades corporais, como orelhas, caudas e
alguns fungos.
patas, menores. Assim, a perda de calor é reduzida,
o que auxilia na manutenção da temperatura do As coníferas não perdem as folhas no inverno,
corpo. Em regiões quentes, os mamíferos, ao permanecendo sempre verdes. Como no inverno o solo
contrário do que ocorre na Tundra, apresentam congela, as coníferas possuem algumas adaptações que
extremidades maiores, o que ajuda a dissipar o calor lhes permitem sobreviver nessas condições desfavoráveis
para o meio externo com maior facilidade. de seca fisiológica. São elas:

118 Coleção Estudo 4V

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Ecossistemas e principais biomas brasileiros

• Folhas aciculares (finas e compridas, à semelhança de Essas árvores são decíduas (do latim deciduus, que cai) ou
agulhas) revestidas por uma camada de cera, que reduz caducas (do latim caducus, que cai), isto é, perdem todas
a perda de água durante todo o período em que o solo as suas folhas no fim do outono, vindo daí o nome Floresta
está gelado e as raízes não podem realizar a absorção. Decídua ou Floresta Caducifoliada. Essa queda das folhas
Os ramos curvam-se sob o peso da neve, até que também é uma adaptação que protege a planta da seca
esta, deslizando, se desprenda. Pelo fato de sua fisiológica, já que, uma vez sem as folhas, ela conserva mais
vegetação ser formada basicamente por árvores a água em seu corpo durante o inverno, período em que a
portadoras de folhas aciculares, esse bioma também maior parte dessa substância fica imobilizada no solo devido
é conhecido como Floresta Aciculifoliada. às baixas temperaturas.

Além das árvores de grande porte, aparecem, também,


• Troncos recobertos por espessa camada de súber
arbustos, gramíneas e musgos.
(cortiça), que age como isolante térmico, protegendo
os tecidos mais internos. Nessas Florestas, chegam a existir até quatro estratos
(camadas) de vegetação. São eles:
A fauna das Florestas de Coníferas está representada,

BioLoGia
principalmente, por alces, cervos, linces, martas, ursos- • Uma camada de árvores, geralmente de 8 a 30
-pardos, lobos, raposas-vermelhas, lebres-americanas, metros de altura, que formam uma cobertura vegetal
contínua. Essa, evidentemente, é a camada de
porcos-espinho, esquilos, camundongos, aves e insetos.
vegetação que recebe a luz do Sol mais intensamente.
São encontrados também alguns animais que migram da
Tundra, como a rena. • Uma camada de arbustos, que chega a uma altura
aproximada de 5 metros. Os arbustos assemelham-se
às árvores, mas ramificam-se próximo ou rente ao solo.
• Uma camada de gramíneas e também de pteridófitas
Malene Thyssen / Creative Commons

(samambaias, por exemplo).


• Uma camada mais rasteira, constituída por briófitas
Bailey Parsons / Creative Commons

(musgos e hepáticas). Abaixo dessa camada, encontra-se


um solo rico em nutrientes, originários principalmente
da decomposição das folhas que caem no solo.

A fauna é rica e bastante diversificada. Nas Florestas


Decíduas, são encontrados diversos mamíferos (ursos,
Alce veados, lobos, javalis, raposas, esquilos, leões-da-montanha,
Marta gambás, lebres, ratos silvestres), répteis, anfíbios, inúmeras
No inverno, os animais das Florestas de Coníferas espécies de aves e insetos (coleópteros, como besouros e
joaninhas, são os mais abundantes). No solo, também são
encontram condições muito semelhantes às que vimos na
encontrados muitos protozoários e helmintos (vermes).
Tundra. Os esquilos e os ursos dormem por longos períodos,
embora não hibernem totalmente. Já os insetos hibernam.
Florestas pluviais tropicais
OBSERVAÇÃO
Encontradas na América Central, América do Sul, África,
Os pássaros insetívoros migram para o sul, e os que se Ásia e Austrália.
alimentam de sementes voam em busca de lugares onde
Devido ao fato de esses biomas se localizarem na faixa
a produção de cones dos pinheiros foi mais abundante.
equatorial (baixa latitude), a quantidade de energia radiante
Lobos, linces e outros permanecem na Floresta de Coníferas,
que recebem é elevada durante todo o ano. O índice de
obtendo alimento por meio de suas atividades predatórias.
precipitação também é alto, com chuvas abundantes
e regulares (daí a denominação Florestas Pluviais).
Florestas temperadas decíduas As temperaturas médias são altas (21 a 32 °C). Portanto,
São típicas de regiões de clima temperado, com as são biomas que apresentam clima quente e úmido.
quatro estações do ano bem definidas, sendo encontradas Entre os biomas terrestres, essas Florestas são as que
predominantemente no Hemisfério Norte, a leste dos Estados apresentam a maior variedade florística e faunística.
Unidos, oeste da Europa e leste da Ásia (Coreia, Japão e
A vegetação é exuberante, apresentando folhas largas e,
partes da China).
por isso, essas plantas são denominadas latifoliadas (do latim
A flora apresenta uma grande diversidade de espécies, latus, largo, amplo, e folia, folha) e têm grande superfície
com uma vegetação predominantemente arbórea, transpiratória, o que não traz problemas de desidratação, uma
constituída por carvalhos, magnólias, faias, nogueiras, etc. vez que a disponibilidade de água no ambiente é abundante.

Bernoulli Sistema de Ensino 119

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frente c módulo 12

A cerificação observada nas folhas, notadamente na face Por isso, esses solos normalmente não se prestam à agri-
superior, destina-se à defesa contra o excesso de luz. As folhas cultura. Geralmente, são argilosos e, após o desmata-
das árvores não caem todas de uma só vez, como acontece mento, sofrem erosão rápida ou, então, endurecem-se,
nas Florestas Temperadas Decíduas e, por isso, essas plantas formando crostas espessas de difícil cultivo.
são também denominadas perenifólias (do latim perennis,
perpétuo, duradouro). Suas folhas caem gradualmente, sendo campos
logo substituídas por outras.
Encontrados tanto em regiões tropicais quanto em
Assim como nas Florestas Temperadas Decíduas, temperadas, recebem diferentes denominações conforme
a vegetação das Florestas Pluviais Tropicais tem uma nítida as regiões e os países em que se desenvolvem. Podem ser
estratificação vertical. No primeiro estrato, ficam as copas classificados em Estepes e Savanas.
das árvores mais altas (que podem atingir 40 metros ou
mais). Debaixo dessa cobertura, vem um outro estrato estepes
formado por árvores de menor porte e, em seguida, vem um Campos onde há nítido predomínio das gramíneas,
estrato formado por arbustos, com poucos metros de altura.
encontrados em regiões cujo clima apresenta períodos
Sobre os troncos das árvores e arbustos, desenvolvem-se
de seca. As pradarias da América do Norte e os Pampas
muitos liquens, bromélias e samambaias. É grande o número
da Argentina, do Uruguai e do sul do Brasil são exemplos
de parasitos e de epífitas. A vegetação rasteira, próxima ao
de Estepes.
solo, é escassa devido à pequena quantidade de luz que
recebe. Alguns cálculos mostram que, em certas Florestas Nas pradarias americanas, a vegetação, predominantemente
Tropicais, chega ao solo cerca de 500 vezes menos luz que constituída por gramíneas, pode variar de meio metro
nas copas das árvores mais altas. a dois metros de altura. Antílopes americanos, bisões,
Os teores de oxigênio, umidade e temperatura também lobos, coiotes, raposas, roedores, cobras, aves insetívoras,
são diferentes nos diversos estratos dessa vegetação, por gaviões, corujas e muitos insetos são exemplos de animais
exemplo: as copas das camadas superiores aquecem-se encontrados nas pradarias da América do Norte.
muito durante o dia, porém perdem calor rapidamente Nos Pampas, a vegetação predominante é também
à noite. Ao contrário, nas camadas mais inferiores,
constituída por gramíneas, mas estas raramente ultrapassam
a temperatura varia muito pouco. Assim, apesar de o bioma
50 cm de altura. Tatus, diversas espécies de roedores,
estar submetido a um clima geral, existem microclimas
carnívoros (guaraxaim, gato-do-Pampa), grande variedade
distintos nos diferentes estratos.
de répteis (cobras e lagartos), aves (quero-quero, seriema,
A enorme quantidade de nichos ecológicos presentes chimango-carrapateiro), insetos e aranhas são exemplos de
nessas florestas permite a existência de uma fauna rica e representantes da fauna dos Pampas.
diversificada, constituída por muitos mamíferos arborícolas
(macacos, lêmures, bichos-preguiça), mamíferos terrícolas
(cotias, antas, capivaras, veados, onças, tapires), muitas
Tomfriedel / Creative Commons

espécies de aves, répteis (cobras, lagartos), anfíbios (sapos,


pererecas), insetos (mosquitos, besouros, formigas), etc.

No solo das Florestas Tropicais, bactérias e fungos


degradam rapidamente as folhas que caem e os outros
Daniel / Creative Commons

restos orgânicos. Nesse solo, não chega a ocorrer o acúmulo


Guaraxaim
de nutrientes decorrente da decomposição, como ocorre
no solo das Florestas Temperadas. A matéria orgânica
que atinge o solo é prontamente degradada, uma vez
V. G. Freitas / Creative Commons

que altas temperaturas e umidade aceleram os processos


de decomposição. Os nutrientes minerais resultantes da Chimango-carrapateiro
decomposição são prontamente absorvidos pela vegetação.
Por isso, no solo dessas florestas, não há, via de regra,
V. G. Freitas / Creative Commons

acúmulo de nutrientes minerais.

As árvores têm, em geral, raízes pouco profundas, sendo, Quero-quero


dessa forma, facilmente derrubadas nos desmatamentos,
o que leva a um rápido empobrecimento do solo, já que
as águas das chuvas lavam os minerais, carregando-os
para os cursos-d’água e para os lençóis subterrâneos. Seriema

120 Coleção Estudo 4V

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Ecossistemas e principais biomas brasileiros

Savanas As raízes de muitas plantas dos Desertos são profundas,


chegando a atingir lençóis subterrâneos, e outras têm raízes
Formações em que estão presentes arbustos e árvores de superficiais, capazes de aproveitar rapidamente a água de
pequeno porte, além de gramíneas. Esse tipo de bioma é eventuais chuvas.
encontrado na África, na Ásia, na Austrália e nas Américas.
Muitas plantas dos Desertos desenvolvem-se e completam
As Savanas africanas e o Campo Cerrado (Cerrado) do Brasil
são exemplos desse tipo de bioma. o ciclo semente-flor-semente apenas durante os breves
períodos em que há disponibilidade de água. Nessa época,
Como exemplos de representantes da fauna das Savanas suas sementes germinam, originando novas plantas, que
africanas, podemos citar: herbívoros de grande porte florescem, produzem novas sementes e morrem. Essas
(antílopes, zebras, girafas, elefantes, rinocerontes), carnívoros novas sementes só vão germinar em outro período de chuva.
(leões, leopardos), diversas espécies de aves (algumas delas
corredoras, como o avestruz), répteis (cobras e lagartos) e Quanto à fauna do Deserto, esta é constituída por
muitas espécies de artrópodes (insetos, aracnídeos). escorpiões, lacraias, insetos, cobras, lagartos, algumas aves
e mamíferos (ratos, coiotes, camelos).

BIOLOGIA
No Cerrado, a fauna é constituída por tatus, veados,
grande variedade de roedores (capivara, paca, cutia, preá), Os animais do Deserto também possuem adaptações
carnívoros (onça-parda, cachorro-do-mato, lobo-guará), especiais que lhes permitem viver nas condições ambientais
muitas aves (corujas, gaviões, emas, seriemas), numerosas desse bioma. Os mamíferos do Deserto, por exemplo,
cobras e muitos insetos. têm urina e fezes concentradas, ausência ou redução das
glândulas sudoríparas, maior utilização da água metabólica e
Desertos uma tolerância maior à desidratação. O camelo, por exemplo,
consegue sobreviver perdendo até 40% da água corpórea,
Aparecem na África, Ásia, Austrália, América do Norte
ao contrário da grande maioria dos mamíferos, em que a
e América do Sul. O Deserto do Saara, que se estende da
perda de 10 a 20% da água corpórea leva à morte.
costa atlântica da África até a Arábia, é o maior do mundo.
A presença de uma pelagem clara e densa em muitos
Os Desertos são biomas de baixa pluviosidade e de baixa
animais do Deserto é outra adaptação contra a desidratação:
umidade do ar. Durante o dia, as temperaturas são altas
os pelos atuam como uma barreira que retarda o
(frequentemente, ultrapassam os 40 °C) e, não havendo
aquecimento do animal. Constatou-se, experimentalmente,
quantidade suficiente de vapor-d’água para fazer a retenção
que camelos tosquiados (com pelos em torno de 1 cm de
de calor, as noites são, geralmente, extremamente frias.
comprimento) desidratam-se mais rapidamente que camelos
Pode haver variações de 30 °C ou mais entre o dia e a noite.
não tosquiados.
Não é a areia, como muita gente pensa, que caracteriza
o Deserto, e, sim, a sua aridez. No Saara, por exemplo, Muitos pequenos mamíferos do Deserto, como o rato-
apenas 30% do território é coberto por areia. A maior parte -canguru, podem passar a vida inteira sem beber água, obtendo
do Saara e dos outros Desertos apresenta uma superfície toda a água de que necessitam das plantas que comem.
rochosa ou de barro ressecado. Em todos eles, as chuvas A maioria dos animais do Deserto também tem hábitos
são escassas. Essa pouca disponibilidade de água nesse tipo noturnos, ou seja, é mais ativa à noite, quando as condições
de bioma constitui um fator que limita o desenvolvimento
de temperatura são mais amenas.
da vida vegetal e animal.

A vegetação do Deserto é pouco abundante e distribuída


de forma esparsa. Uma planta no Deserto tem de aproveitar Ecossistemas aquáticos
ao máximo a pouca água disponível. Assim, muitas
raízes e folhas de certas plantas dos Desertos produzem Limnociclo
substâncias que inibem o crescimento de outras plantas
nas proximidades. O limnociclo ou biociclo dulcícola compreende ecossistemas
de águas lênticas (águas paradas, sem correntezas) e de
Gramíneas e plantas arbustivas, como as cactáceas, águas lóticas (águas correntes).
constituem a vegetação predominante desse bioma.
Muitas dessas plantas só conseguem sobreviver porque As águas lênticas estão representadas, principalmente,
possuem adaptações a um ambiente de seca e, por isso, pelos lagos e lagoas. Os lagos são depressões na superfície
são denominadas xerófitas. Nas cactáceas, por exemplo, os dos continentes, nas quais existe uma extensão considerável
caules, que são verdes e fazem fotossíntese, armazenam de água parada, cercada de terra. O nome lagoa é
água em um tecido especial, o parênquima aquífero, enquanto dado, de um modo geral, às pequenas massas de água,
as folhas estão transformadas em espinhos, o que diminui suficientemente rasas para que plantas com raízes cresçam
a superfície de perda de água por meio da transpiração. na maior parte do fundo.

Bernoulli Sistema de Ensino 121

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Frente C Módulo 12

Esses ecossistemas podem apresentar três regiões ou Os maiores biomas lênticos da biosfera são o
zonas: litorânea, límnica e profunda. Lago Baikal, localizado na Sibéria (com 1 754 m
profundidade), e o Lago Tanganica, na África
Zonas de um lago
(com 1 449 m).
Zona litorânea

Zona límnica

O2 O2
Zona profunda

Ação das ondas Ação das ondas


O2
Nenhuma Movimentação
• Zona litorânea – Parte mais periférica do lago e a movimentação intensa

mais ricamente habitada. São encontradas muitas Nenhum animal Muitos animais
espécies de plantas enraizadas no fundo, plantas
flutuantes, plantas totalmente submersas e muitos
Esquema comparando a circulação da água de lagos nos
animais, como moluscos, artrópodes, anfíbios
trópicos (à esquerda) e em latitudes médias (à direita).
e peixes.

• Zona límnica – Parte mais central ou interna do lago As águas lóticas compreendem os rios e os riachos,

e que se estende até a profundidade de penetração caracterizados pelas correntezas das águas. Nesses
da luz. É muito rica em plâncton (fitoplâncton e ecossistemas, o constante movimento das águas, formando
zooplâncton). O plâncton é o conjunto dos organismos correntes, determina um ambiente rico em oxigênio e
aquáticos, flutuantes, em sua maioria microscópicos em nutrientes “importados” de ecossistemas vizinhos,
e que podem ser autótrofos ou heterótrofos. principalmente da vegetação marginal.
O fitoplâncton é formado pelos organismos autótrofos Os organismos que vivem nas águas lóticas dependem
do plâncton, representado por uma infinidade de
da velocidade das correntes. Em locais de correntezas
algas microscópicas fotossintetizantes, como algumas
rápidas, praticamente não há plâncton. Nesses locais,
espécies de clorofíceas (algas verdes), cianofíceas
são encontrados algas e musgos fixados à superfície de
(algas azuis), euglenofíceas e diatomáceas.
pedras. Sob essas pedras, vivem alguns animais de corpo
O zooplâncton, por sua vez, é formado pelos seres
extremamente achatado, que se ajusta às reentrâncias
heterótrofos do plâncton, sendo formado por
estreitas, e com adaptações especiais que os capacitam a se
protozoários, por microcrustáceos e por larvas de
segurar às pedras. Para esses pequenos organismos, capazes
diversos organismos.
de resistir à rapidez das correntes, há abundância de oxigênio
Nesse tipo de bioma, os produtores estão representados
e de nutrientes varridos pelas águas. Nos locais onde as
por plantas que vivem parcial ou totalmente
correntezas se tornam mais lentas (águas mais calmas),
submersas e, principalmente, pelo fitoplâncton.
os rios passam a apresentar características semelhantes
Os organismos do fitoplâncton são os produtores mais
aos ecossistemas lênticos (lagos e lagoas).
significativos desse ecossistema, e os do zooplâncton
atuam como consumidores primários (o zooplâncton Costuma-se dividir o curso de um rio em três partes: curso
alimenta-se do fitoplâncton). inicial, curso médio e curso final.

Além da riqueza em seres planctônicos, a zona límnica • Curso inicial – Geralmente de leito rochoso e
é também habitada por diversas espécies de peixes corrente rápida. Plâncton escasso.
que, geralmente, são os habitantes de maior parte
• Curso médio – Porção do rio onde, geralmente, as
dos biomas de águas lênticas.
correntezas são mais lentas e, por isso, mais rico
• Zona profunda – Região do lago em que não há
em plâncton.
penetração de luz e, consequentemente, não existe
vida fotossintetizante. Os principais habitantes • Curso final – A correnteza, em geral, também
dessa região são bactérias e fungos que decompõem é lenta e de água mais turva devido ao acúmulo
os restos orgânicos que descem das águas de grande quantidade de detritos, o que provoca
mais superficiais. escassez de fitoplâncton.

122 Coleção Estudo 4V

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Ecossistemas e principais biomas brasileiros

Talassociclo Zonas do oceano quanto à penetração da luz

O talassociclo ou biociclo marinho compreende todos os 0 Metros


mares e oceanos, sendo o maior dos biociclos. Esses biomas
Eufótica
apresentam duas características básicas: continuidade e 80
Fótica
estabilidade. Continuidade porque cobrem cerca de 75% Disfótica
200
da superfície terrestre e não possuem barreiras físicas
separando-os. Estabilidade porque não secam ou congelam
inteiramente; além disso, os fatores climáticos afetam
Afótica
apenas as águas mais superficiais, não exercendo muita
influência sobre a massa total de água.

A temperatura das águas mais superficiais varia de acordo


com as estações do ano e com a latitude. No entanto, essa

BIOLOGIA
variação é menor do que a observada nos ecossistemas
terrestres, uma vez que os oceanos retêm maior quantidade Quanto à profundidade dos oceanos, podem-se distinguir
de calor, liberando-o mais lentamente que a terra. as seguintes regiões ou zonas: intertidal, nerítica, batial,
A temperatura da água tende a diminuir com a profundidade, abissal e hadal.
e nas águas mais profundas ela permanece mais ou menos
• Zona intertidal ou das marés – Região sujeita ao
constante, em torno de 2,5 ºC.
avanço e recuo das águas todos os dias, isto é, sofre
Os sais minerais dissolvidos na água do mar estão em as flutuações das marés (preamar = maré alta e
porcentagens e em quantidades diferentes das encontradas na baixa-mar = maré baixa), ficando alternadamente
água-doce. A salinidade dos mares é de cerca de 3,5 g/L (gramas exposta ao ar e recoberta pela água. Essa região é
por litro), com predominância do cloreto de sódio (NaCl). também conhecida por ambiente ou sistema litorâneo.
Lembre-se de que os sais minerais dissolvidos na água estão É uma região com muita luminosidade, oxigênio e
dissociados em íons. Mais de 75% dos íons dissolvidos na alimento. Além dos animais de vida livre, há grande
água do mar estão representados por Cl e Na . Em regiões
– +
quantidade de algas e de animais fixos às rochas que
próximas à costa, a salinidade pode ser menor e mais estão adaptados à alternância de exposição à água
variável do que a de regiões de mar aberto em função da e ao ar.
influência dos rios e chuvas.
• Zona nerítica – Corresponde à região situada sobre
Quanto à penetração da luz, os ecossistemas marinhos a plataforma continental. Estende-se desde a linha
apresentam as seguintes regiões: zona fótica e zona afótica. de marés até a, aproximadamente, 200 metros de
profundidade. É rica em fitoplâncton, zooplâncton e
• Zona fótica – Região muito iluminada que se estende
em grandes cardumes de peixes, que são utilizados
até a profundidade máxima de 200 metros. Alguns
na alimentação humana, o que a torna uma região
autores costumam subdividi-la em zona eufótica e
de grande importância econômica.
zona disfótica. A zona eufótica (muito iluminada)
está situada entre a superfície e a profundidade • Zona batial ou oceânica – Região que se estende
média de 80 metros, e a disfótica (pouco iluminada) dos 200 até cerca de 2 000 metros de profundidade.
situa-se em uma faixa entre 80 e 200 metros de Suas águas são frias e pobres em fauna.
profundidade. Na zona fótica, especialmente na faixa
• Zona abissal – Região que se estende dos 2 aos
da região eufótica, encontram-se numerosos seres
5 mil metros de profundidade. Os seres que aí vivem
fotossintetizadores representados, principalmente,
estão representados por bactérias decompositoras
por diversas espécies de algas do fitoplâncton
e por alguns poucos animais adaptados à vida em
marinho. Esses seres são os principais produtores
regiões escuras e de grandes profundidades. Entre
desse tipo de bioma.
essas adaptações, podemos citar o corpo achatado,
• Zona afótica – Região escura onde não há mais a que permite suportar maiores pressões, e a pressão
penetração da luz. Situa-se abaixo de 200 metros interna do corpo elevada, que é uma compensação
de profundidade. Nessa região, portanto, não são em relação às grandes pressões externas que agem
encontrados mais seres fotossintetizadores. sobre eles. Quando capturados e trazidos à superfície,

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Frente c módulo 12

o seu corpo simplesmente “explode” em virtude da água de baixo para cima, que trazem os nutrientes do fundo
grande pressão que exerce de dentro para fora. Tais para a superfície, enriquecendo as águas mais superficiais e
seres, como os organismos abissais, são classificados permitindo, assim, a proliferação de algas fotossintetizantes e,
como euribáricos, enquanto os que não suportam consequentemente, de animais. Nesses locais de ressurgência,
grandes pressões são chamados de estenobáricos, há uma abundância de peixes, como ocorre nas costas do
como são predominantemente os seres aquáticos. Peru e, em menor intensidade, no Brasil, na região de Cabo
Muitos organismos abissais também possuem boca Frio. Não fosse a existência dessas correntes, a maior parte
e dentes grandes, bem como estômago dilatável, dos minerais, resultante da atividade de decomposição,
que são adaptações importantes à escassez de permaneceria no fundo dos oceanos. Essas correntes é que

alimento, pois facilitam o aproveitamento nas poucas trazem boa parte desses minerais à superfície iluminada, onde
serão utilizados pelos produtores. Com isso, a produtividade
oportunidades quando o alimento é encontrado.
primária nessas regiões é elevada, o que torna a região mais
Muitas espécies abissais realizam o fenômeno da
fértil e, consequentemente, capaz de suportar a presença de
bioluminescência ou fotogênese, isto é, produzem luz.
numerosos consumidores.
Isso, evidentemente, facilita a vida dessas espécies
em uma região onde não há penetração da luz. Quanto à motilidade, os organismos que habitam os oceanos
Algumas espécies de animais abissais são cegos, mas estão distribuídos em três grupos: plâncton, nécton e bênton.
a grande maioria enxerga e produz bioluminescência
• Plâncton – O plâncton (do grego plankton,
por meio de estruturas chamadas de “lanternas”.
errante) é constituído por seres flutuantes que são
Devido a isso, a seleção natural favoreceu, nesse
carregados passivamente pelas ondas e correntes.
ambiente, os animais que enxergam. Alguns organismos planctônicos podem até ter
• Zona hadal – É a região mais profunda dos oceanos, movimentos próprios, mas não são capazes de
abaixo de 5 mil metros. Nela, praticamente não vencer a força das correntes e das ondas e, por
existe vida. isso, acabam sendo carregados. Tal como nos
ecossistemas dulcícolas, o plâncton marinho
Nível Zona das marés é subdividido em fitoplâncton e zooplâncton.
do mar O fitoplâncton é formado pelas algas microscópicas,

Nerítica como diatomáceas, dinoflagelados e muitas


200 m espécies de clorófitas. Essas algas do fitoplâncton
Zona bêntica

Zona pelágica

Batial são as grandes produtoras das cadeias alimentares


2 000 m marinhas. Embora microscópicas, seu número é
tão grande que a fotossíntese por elas realizada
corresponde a cerca de três vezes a fotossíntese
Abissal
5 000 m realizada pelas plantas terrestres. O zooplâncton,
Hadal por sua vez, é formado por seres heterótrofos, como
protozoários, microcrustáceos e larvas de muitos
Principais regiões do ambiente marinho. animais (cnidários, moluscos, equinodermos,
OBSERVAÇÃO peixes). O tamanho dos seres do zooplâncton pode
variar desde o microscópico, como um protozoário,
No ecossistema marinho, as expressões zona bêntica e
até o tamanho macroscópico, como a caravela
zona pelágica são utilizadas, respectivamente, para designar
(colônia de cnidários).
o fundo (o solo) e a coluna de água, qualquer que seja a
profundidade. Por exemplo: a zona pelágica batial refere-se OBSERVAÇÃO
à massa de água da zona batial.
O plâncton marinho é também conhecido por haloplâncton,
Quanto à concentração de nutrientes minerais, há uma e o de água-doce é denominado limnoplâncton.
diferença quando se consideram as regiões próximas
da costa e as regiões de alto-mar. Próximo à costa, • Nécton – O nécton (do grego nektos, apto a
a concentração desses nutrientes é, em geral, maior, devido nadar) é formado por organismos que se deslocam
principalmente ao desaguamento de rios que trazem nutrientes ativamente na água, inclusive contra a força das
da terra. Em alto-mar, essa concentração geralmente é ondas e das correntes. Peixes, mamíferos (baleia,
mais baixa, uma vez que grande parte dos nutrientes se golfinho), tartarugas marinhas, certos crustáceos,
encontra no fundo. Entretanto, em certos locais, existem como os camarões, e certos moluscos, como as lulas,
as chamadas correntes de ressurgência, movimentos da são bons exemplos de seres nectônicos.

124 Coleção Estudo 4V

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Ecossistemas e principais biomas brasileiros

• Bênton – O bênton (do grego benthos, fundo do A mata das várzeas, situada entre os igapós e a terra
mar) é constituído por seres que vivem afixados a um firme, é inundada apenas durante as épocas de cheias dos
substrato (solo, rocha) e também pelos seres que se rios e abriga plantas como a seringueira (cujo tronco pode
locomovem arrastando-se no solo marinho. Assim, chegar a até 3 metros de diâmetro na base, e cuja altura
seres bentônicos podem ser sésseis ou errantes. pode chegar a 50 metros), o cacaueiro e palmeiras diversas.

Os sésseis vivem afixados a um substrato e estão A mata de terra firme, situada nos terrenos altos e nunca
representados por certas algas macroscópicas, inundada, abriga vegetais como a castanheira (castanha-
pólipos de cnidários, espongiários (poríferos), etc. -do-pará), o guaraná, o pau-rosa, cipós e muitas epífitas.
O bênton errante é formado por seres que se As precipitações são bem distribuídas no decorrer do ano
deslocam sobre o fundo (solo marinho), como as (superiores a 1 800 mm/ano), e as temperaturas médias
estrelas-do-mar, os caranguejos e os caramujos. anuais ficam em torno de 25 a 28 °C. A temperatura
apresenta pequena variação entre o dia e a noite.
OBSERVAÇÃO
Os termos plâncton, nécton e bênton também são Trata-se de um ecossistema de grande complexidade,

BioLoGia
empregados para os organismos que vivem nos ecossistemas no estágio clímax, e com um grande número de nichos
ecológicos. Apesar de se falar de um clima geral, existem
de água-doce.
muitos microclimas devido à estratificação da vegetação.

Biomas BrasiLEiros Assim, se partimos das copas mais altas em direção ao


chão, a ventilação, a luminosidade, a umidade do ar e a
Em nosso país, os biomas ou formações fitogeográficas temperatura sofrem variações.
mais importantes, pela área que ocupam e pela composição A Floresta Amazônica tem grandes árvores, de folhas
da vegetação característica, são: a Floresta Amazônica, largas (latifoliadas) que não caem no inverno (perenifólias).
as Florestas Pluviais Costeiras (Mata Atlântica), a Floresta De modo geral, pode-se dizer que a vegetação dessa floresta
de Araucária, os Campos Cerrados, os Pampas, a Caatinga, é higrófita, isto é, formada por plantas adaptadas a viver
a Mata de Cocais e o Pantanal. em locais onde há muita umidade. Não se deve confundir
higrófita com hidrófita, planta que se desenvolve dentro da
água, como a vitória-régia.

Ao contrário do que se pensou durante muito tempo, o solo


da Floresta Amazônica não é rico em nutrientes minerais.
De fato, a maior parte do solo é pobre nesse tipo de nutrientes
devido à rápida decomposição e reaproveitamento da
Floresta matéria orgânica que cai no solo. O grande número de raízes
Amazônica
Mata Atlântica
existente nesse solo absorve rapidamente os nutrientes
Zona dos Cocais
originários da decomposição, que então passam para o corpo
Mata de da planta. Assim, quase todos os nutrientes minerais estão
Araucárias
Campos nas partes do vegetal, e não no solo. A densa cobertura
Cerrados vegetal contribui para amenizar a queda das gotas de
Caatinga chuva, diminuindo seu efeito erosivo e, consequentemente,
Pantanal o carreamento dos minerais. É por isso que o desmatamento
da Floresta Amazônica pode levar ao empobrecimento do
Biomas brasileiros. solo, tornando-o inadequado para a agricultura.

Sua fauna também é bastante exuberante e diversificada.


Floresta amazônica Entre os mamíferos, temos a anta, a onça-pintada, macacos,
(Hileia amazônica) tamanduás, preguiças, tatus e gambás. Aves diversas,
répteis e insetos também são abundantes nessa fauna.
Ocupando cerca de 40% do território brasileiro (cerca
de 3,5 milhões de km2), é uma floresta tipicamente pluvial
mata atlântica (matas costeiras)
tropical, onde podem ser reconhecidas a mata dos igapós,
a mata das várzeas e a mata de terra firme. Estende-se ao longo da costa litorânea, desde o Rio Grande do
Norte até quase o extremo Sul do país, acompanhando a cadeia
A mata dos igapós, situada próxima aos rios, encontra-se de montanhas de nosso litoral (Serra do Mar). Corresponde a,
permanentemente alagada, abrigando plantas como a aproximadamente, 6% do território nacional, embora nas
vitória-régia, aguapés, palmeiras diversas e vários tipos últimas décadas tenha sido muito devastada com a ocupação
de gramíneas. e a introdução de áreas de agricultura.

Bernoulli Sistema de Ensino 125

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Frente C Módulo 12

É também uma Floresta Pluvial Tropical típica, classificada Além das araucárias, aí também aparecem pinheiros
por alguns como Floresta Pluvial Costeira, semelhante à do gênero Podocarpus (utilizado na fabricação de lápis),
Floresta Amazônica em muitas de suas características. samambaias, erva-mate (planta utilizada para fazer infusões)
A diferença mais expressiva entre elas está, provavelmente, e gramíneas. Assim, distinguimos três estratos de vegetação
na topografia do terreno que ocupam: a Floresta Amazônica bem definidos: o arbóreo, constituído pelos pinheiros,
situa-se em ampla planície, já a Mata Atlântica é mais
o arbustivo, constituído por samambaias arborescentes,
íngreme, ocorrendo em regiões montanhosas.
e o herbáceo, constituído pelas gramíneas.
A cadeia de montanhas da Serra do Mar atua como uma
Alguns autores classificam a Mata de Araucárias como
barreira aos ventos úmidos que sopram do mar. Estes,
sendo uma Floresta Temperada Indecídua, uma vez que as
ao atingirem as montanhas, sobem e sofrem resfriamento,
plantas dominantes (pinheiros-do-paraná) não perdem suas
havendo condensação de vapor-d’água, que se precipita
em forma de chuva. Assim, tem-se uma região úmida o folhas durante o inverno.
suficiente para suportar essa densa mata. Atualmente, a Mata de Araucárias é um ecossistema
A vegetação lembra a da Floresta Amazônica, embora praticamente extinto. Em virtude da exploração do pinheiro-
menos exuberante, sendo constituída, predominantemente, -do-paraná pelas companhias madeireiras, existem hoje
por higrófitas. Também possui árvores de grande porte apenas 200 000 hectares dessa floresta, que se estendia,
(não tão altas quanto as da Amazônia) ligadas por lianas na primeira metade do século XX, por cerca de 4 milhões
(cipós) e com grande número de epífitas. Entre as árvores, de hectares.
as espécies mais representativas são: a canela, o jequitibá,
o pau-brasil, o jacarandá, a peroba, o ipê, a quaresmeira e Campos Cerrados
diversas palmeiras, muitas delas, inclusive, exploradas para
a extração do palmito. Inúmeras espécies de samambaias, Ocupam, aproximadamente, 25% do território brasileiro,
musgos e avencas também são encontradas. ocorrendo principalmente na região Centro-Oeste e nos
estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Maranhão e Piauí.
A fauna também é semelhante à Amazônica. Aí,
encontramos macacos, preguiças, onças, jaguatiricas, O clima na região é quente (média anual de 26 °C), com
cachorros-do-mato, porcos-do-mato, papagaios, araras,
duas estações: uma seca, bem pronunciada, que pode
tucanos, cobras, lagartos, insetos, etc.
perdurar de 5 a 7 meses, na qual os rios não secam, porém
Entre os ecossistemas brasileiros, a Mata Atlântica é um têm sua vazão reduzida; e outra chuvosa, abrangendo
dos mais devastados. De fato, dos 350 000 km2 de área os meses de verão. O solo é arenítico, geralmente muito
que possuía à época do descobrimento, restam apenas profundo, e sua grande permeabilidade permite a infiltração
10 000 km2,ou seja, 5% da área inicial. Com essa devastação, fácil da água, que, ao encontrar rocha impermeável, forma
suas espécies vegetais e animais vivem ameaçadas de extinção.
um lençol subterrâneo. As camadas de terra adjacentes a
esse lençol são também úmidas, de maneira que a seca
Floresta ou Mata de Araucárias de inverno atinge somente as camadas mais superficiais.
Localizada no Sul de nosso país, estende-se pelos estados É também um solo ácido, pobre em nutrientes minerais e
do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sendo com alta taxa de alumínio, substância muito tóxica para
também conhecida por Mata dos Pinhais ou Zona dos Pinhais. a vegetação.
O clima da região é temperado, com chuvas regulares e
estações relativamente bem definidas, em que o inverno O Cerrado é um tipo de Savana. Sua vegetação é composta
é normalmente frio, com geadas frequentes, e o verão por pequenas árvores esparsas, arbustos e gramíneas. Entre
razoavelmente quente. As copas das árvores formam uma as plantas típicas desse bioma, podemos citar a lixeira, o pau-
camada contínua, como ocorre na Floresta Amazônica e na -terra, a sucupira, a peroba-do-campo, o pequi, a copaíba,
Mata Atlântica. Por serem mais abertas, são menos úmidas o angico, a caviúna, o barbatimão e gramíneas, como o
do que as Florestas Pluviais Tropicais. capim-flecha e o barba-de-bode. Essa vegetação apresenta

A vegetação é formada predominantemente pelo pinheiro- algumas características xeromórficas, isto é, de xerófitas,
-do-paraná (Araucaria angustifolia), que pode atingir até tais como caules tortuosos com casca grossa e folhas espessas
30 metros de altura e 1,5 de diâmetro. Como é uma heliófita com superfície muitas vezes brilhantes. Por causa disso,
(planta de Sol), os ramos mais baixos da araucária, que ficam acreditava-se antigamente que o fator limitante nessa região
na sombra, são eliminados, permanecendo as ramificações era a água. Por outro lado, no Cerrado, existem também
apenas no topo de seus troncos, o que lhes confere um plantas com características típicas de lugares úmidos: folhas
aspecto de guarda-sol. largas, produção de flores e brotos em plena estação da seca.

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Ecossistemas e principais biomas brasileiros

Isso desencadeou uma série de estudos sobre esse bioma Os restos deixados pelos predadores são consumidos por
por parte de vários pesquisadores. Os estudos demonstraram aves de rapina, entre as quais destaca-se o gavião. Outros
que, na realidade, a água não é o fator limitante do Cerrado. predadores, além dos mamíferos, são as numerosas cobras
Descobriu-se que o solo, mesmo na estação seca, contém e corujas. Aves corredoras, como emas e seriemas, vivem
um teor apreciável de umidade, de 2 metros de profundidade também nesse bioma. Nas áreas nuas, formigueiros e cupins
em diante, e as raízes de muitas plantas aprofundam-se nele formam elevações.
até atingir o lençol-d’água subterrâneo, retirando, assim,
a água necessária para sua sobrevivência. Conseguiu-se Pampas
entender, então, por que, ao lado das características Ocupam boa parte do Rio Grande do Sul, representando
xeromórficas de algumas plantas, havia outras típicas uma área de grande importância econômica para a
de ambientes ricos em água. Atualmente, explica-se
agricultura e a pecuária da região.
o aspecto xeromórfico de muitas plantas do Cerrado em função
da escassez de nutrientes do solo e não da falta de água. São formações de campos limpos, com uma distribuição

BIOLOGIA
É, portanto, um pseudoxeromorfismo (falso xeromorfismo). regular de chuvas, apresentando verão quente e inverno
muito frio.
A deficiência de nutrientes no solo dificulta muito a síntese
A vegetação é formada predominantemente por gramíneas.
de proteínas, e o excesso de carboidratos produzidos pelas
A ocorrência de árvores e arbustos é rara, embora algumas
plantas acaba se acumulando em estruturas que lhes dão
aspectos xeromórficos: súber espesso, cutículas grossas, árvores possam ser encontradas esparsamente distribuídas,

muito esclerênquima. Fala-se, então, que essa vegetação como a unha-de-gato, o pau-de-leite e a sombra-de-touro.

do Cerrado possui um escleromorfismo oligotrófico, ou seja, A fauna apresenta alguns animais típicos: roedores,
as plantas apresentam endurecimento das estruturas devido raposa-do-campo, gato-do-pampa e guaraxaim.
à falta de nutrientes em níveis adequados. Ao que tudo
indica, a quantidade elevada de alumínio no solo do Cerrado Embora sejam bastante utilizados como terras de cultivo,

também agrava o escleromorfismo oligotrófico da vegetação. os Pampas prestam-se muito à pastagem, permitindo a
existência de uma pecuária desenvolvida.
As queimadas ocorrem naturalmente com certa frequência.
Entretanto, muitas plantas típicas desse bioma possuem Caatinga
uma resistência maior à ação do fogo, sendo capazes de Localizada no Nordeste de nosso país, ocupa cerca de 11%
refazer em poucas semanas a vegetação verde, substituindo da superfície do território brasileiro.
o tom cinza deixado pela queimada. Essa resistência
deve-se a certas adaptações que essas plantas possuem. Apresenta clima semiárido, com chuvas escassas e

Entre elas, destacamos: irregulares e temperatura média elevada. A estação da


seca é superior a sete meses por ano. Os rios, em sua
• a espessa camada externa de cortiça nos caules que, grande maioria, secam no verão. Essa escassez de água
funcionando como um isolante térmico, protege as constitui um grande fator limitante da vida animal e
gemas de onde originam-se novos ramos, após cessar vegetal na região.
o fogo;
A vegetação é formada por xerófitas, isto é, por plantas
• algumas plantas possuem xilopódios, caules adaptadas ao clima seco. Tais adaptações seriam a
subterrâneos especiais, de cujas gemas brotam novos transformação de folhas em espinhos em algumas espécies,
ramos após cessar o fogo. a presença de folhas cerificadas, o rápido mecanismo de
abertura e fechamento dos estômatos, raízes profundas
Segundo especialistas, o solo do Cerrado pode ser utilizado
e portadoras de parênquima aquífero – que procuram
para a agricultura intensiva, desde que seu pH seja corrigido
alcançar os lençóis de água subterrâneos –, entre outras.
pela adição de calcário (calagem) e que se faça uso de
Está representada por cactáceas, arbustos e pequenas
fertilizantes adequados.
árvores. Entre as cactáceas, destacam-se o mandacaru,
Entre os mamíferos da região, consumidores de primeira o xique-xique, a coroa-de-frade e o facheiro. Os arbustos
ordem, destacam-se os veados e grandes variedades de normalmente possuem espinhos e perdem as folhas
roedores (capivara, paca, cutia, preá). Consumidores de na época mais quente do ano (vegetação caducifólia).
segunda ordem são a onça-parda, o cachorro-do-mato Entre as árvores, encontramos o juazeiro, a barriguda,
e o lobo-guará, que é o maior dos canídeos brasileiros. a aroeira, o umbu, a braúna e a maniçoba.

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Frente C Módulo 12

As plantas se caracterizam por terem folhas apenas nos Existe uma fauna aquática bem variada, constituída de
três ou quatro meses de inverno, que é a estação das chuvas. moluscos, crustáceos e diversas espécies de peixes (dourado,
No resto do tempo, elas ficam sem folhas (vegetação pacu, jaú, pintado, surubim, piau, piranhas, etc.), que garante
caducifólia), e o aspecto da vegetação se torna mais claro, a existência de uma variadíssima comunidade de aves, entre
vindo daí o nome “mata branca”, em tupi, “caatinga”. as quais se destacam garças, tuiuiús, saracuras, urubu-
A queda das folhas na estação seca representa também um
-rei, emas, seriemas e muitas outras. Existem mais de
modo de reduzir a área exposta à transpiração.
230 espécies de aves, sendo a maioria pernalta.
Entre os representantes da fauna, temos veados, guará,
guaxinim, tatus e tamanduás (que se alimentam de formigas Existem grandes répteis nesse bioma, entre eles duas
e cupins), diversas espécies de cobras e aves de rapina. espécies de jacarés: o jacaretinga e o jacaré-do-pantanal,
que se alimentam de peixes. Das cobras, a espécie mais
Alguns autores classificam a Caatinga como uma Floresta
impressionante é a sucuri, cobra não venenosa que pode
Tropical Caducifólia.
atingir até 10 metros de comprimento. Mamíferos de destaque

Mata dos Cocais (Zona dos Cocais) são as capivaras (roedores que podem atingir até 70 kg), as
onças-pardas e pintadas, as ariranhas, o tamanduá-bandeira,
Ocupando grande parte dos estados do Maranhão e do os porcos-do-mato (queixada, cateto), várias espécies de
Piauí, atingindo também o Rio Grande do Norte, a Mata macacos e diferentes tipos de veados, entre os quais se
dos Cocais é uma formação fitogeográfica exclusivamente
destaca o cervo-do-pantanal.
brasileira. Constitui uma zona de transição entre a Floresta
Amazônica e a Caatinga.
Manguezais
A vegetação é formada predominantemente por palmeiras,
como o babaçu, a carnaúba e o buriti. Os babaçuais Os Mangues, Manguezais ou Florestas de Mangue
são matas densas, com árvores de 10 a 15 metros, localizam-se às margens dos oceanos, geralmente
que produzem pequenos cocos de onde se extraem óleos; em estuários (locais onde os rios se encontram com
os carnaubais, com árvores de até 20 metros, apresentam-se o mar). Possuem um solo lodoso, mal arejado, salino,
mais espaçados. Das sementes da carnaúba, extraem-se
periodicamente inundado por água salobra (uma mistura
óleos comumente utilizados na fabricação de margarinas;
das águas de um rio com as águas salgadas). Esse tipo de
das folhas dessa palmeira, obtêm-se ceras empregadas em
cremes de polir; sua madeira é usada em construção, e a solo limita o número de espécies de plantas. A vegetação
palha serve para fabricar cestos, tapetes e outros objetos, predominante é arbórea, formada por halófitas (plantas
além de ser utilizada na cobertura de casas. adaptadas para sobreviver em ambientes com alta
salinidade). Algumas dessas plantas, como a Rhizophora
Pantanal Mato-Grossense mangle (mangue-vermelho), possuem raízes-escora que

(Complexo do Pantanal) ajudam na fixação no solo lodoso; outras, como a Avicennia


tomentosa (mangue-preto), possuem pneumatóforos
Localizado no oeste dos estados de Mato Grosso do Sul e (raízes respiratórias) que captam oxigênio do ar para
Mato Grosso, o Complexo do Pantanal é uma região plana,
compensar o baixo teor de O2 do solo.
onde os rios da bacia do Rio Paraguai extravasam suas águas
nos meses de cheia, inundando extensas áreas. Mesmo Além de amortecer os impactos das marés e reter
nos meses mais secos, muitas regiões ainda permanecem sedimentos trazidos pelos rios, evitando o assoreamento
alagadas, dando origem a pequenas lagoas intermeadas por das praias, os manguezais são usados como locais para
terra firme. a reprodução de um grande número de animais marinhos
A vegetação é muito variada, com aspectos de Cerrado, (caranguejos, camarões, ostras e várias espécies de
Pampa e Floresta, justificando a sua designação: Complexo peixes). Os peixes, normalmente, ao completarem seu
do Pantanal. Nas regiões baixas e alagadas, encontramos desenvolvimento, abandonam o mangue, mas algumas
plantas aquáticas, como aguapés e vitória-régia. Nas margens espécies de caranguejo e as ostras permanecem ali a vida
das lagoas e dos rios, existe uma rica vegetação de brejo;
toda. Além de serem “berçários” (área de procriação) de
nas áreas mais secas, a vegetação apresenta características
várias espécies, os Manguezais também contribuem para a
do Cerrado. Existem ainda florestas, com predomínio de
comunidade marinha costeira, fornecendo grande parte dos
figueiras, embaúbas, palmeiras e aroeiras. Assim, o Pantanal
abriga uma vegetação muito heterogênea, extremamente nutrientes de que ela necessita. Aves, como garças, gaivotas,
diversificada, onde se mesclam Florestas, Cerrado, Campos flamingos e até alguns mamíferos, como o guaxinim, têm
secos e inundados. no Mangue uma importante fonte de alimento.

128 Coleção Estudo 4V

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Ecossistemas e principais biomas brasileiros

exercícios de fixação Muitos estudos sobre esse ecossistema apontam para o


mesmo caminho: a biodiversidade dessa região é elevada
01. (UERN–2015) Analise as afirmativas que descrevem e segundo Washington Rocha da UEFS (Universidade
algumas características de um ecossitema terrestre: Estadual de Feira de Santana), a cana-de-açúcar e a
desertificação (que poderá ser potencializada pelas
• ocorre no Hemisfério Norte, próximo à calota polar;
mudanças climáticas globais) são as duas maiores
• os bois almiscados estão entre os animais que ameaças para a Caatinga atualmente.
representam a fauna dessa região;
De acordo com o texto, pode-se afirmar que:
• as plantas típicas dessa região são musgos e liquens, A) a Caatinga apresenta muitos seres vivos e poucas
como também gramíneas e pequenos arbustos. espécies diferentes.

As afirmativas anteriores se referem ao seguinte bioma: B) a Caatinga apresenta muitos seres vivos de espécies
diferentes.
A) Taiga
C) esse estudo permite concluir que os seres vivos dessa
B) Tundra

BIOLOGIA
região não serão dizimados.
C) Floresta tropical D) as mudanças climáticas no local são ocasionadas pelo
D) Floresta temperada excesso de cactáceas e gramíneas.
E) o plantio de cana favorece a biodiversidade e pode
02. (VUNESP) Assinale a alternativa que representa, em ordem desacelerar a desertificação do local.
crescente, os ecossistemas com maior diversidade de vida.

A) Floresta Tropical Pluvial, Tundra, Taiga, Floresta exercícios propostos


Temperada Caducifólia.

B) Tundra, Taiga, Floresta Tropical Pluvial, Floresta 01. (UniEVANGÉLICA–2015) Analise o mapa a seguir:

Temperada Caducifólia.

C) Taiga, Tundra, Floresta Tropical Pluvial, Floresta


Temperada Caducifólia.

D) Taiga, Floresta Temperada Caducifólia, Tundra,


Floresta Tropical Pluvial.

E) Tundra, Taiga, Floresta Temperada Caducifólia,


Floresta Tropical Pluvial.

03. (UFMG) A qual das regiões fitogeográficas brasileiras se


referem as características?

• Presença de duas estações: uma seca e uma chuvosa.

• Solo muito permeável, com baixo teor de nutrientes


e baixo pH.
Disponível em:
• Presença de lençóis de água a grande profundidade. <http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_
• Vegetação constituída por gramíneas e plantas de ambientais/biomas/bioma_/>. Acesso em: 07 out. 2014.

pequeno porte, com galhos retorcidos, casca espessa O bioma brasileiro representado no mapa é caracterizado por
e folhas coriáceas. A) fauna muito rica, vegetação arbórea esparsa e em
A) Caatinga D) Campina geral com casca espessa e troncos retorcidos e solo
pobre em determinados minerais.
B) Cerrado E) Mata Atlântica
B) índices pluviométricos baixos, ventos fortes e secos
C) Pantanal
e plantas adaptadas ao clima seco, como folhas
transformadas em espinhos.
04. (UFABC-SP) Bioma pobre, a Caatinga já perdeu 59% de
C) elevado índice de chuvas, solo com lençol freático
sua área. O jornal Folha de S. Paulo divulgou, em 05 de pouco profundo, permanecendo úmido o ano todo;
junho de 2008, que 59% do bioma, tão exaltado por a espécie vegetal típica desse bioma é o babaçu.
Euclides da Cunha e outros escritores, já está alterado. D) temperaturas moderadas, com baixas significativas
Esse resultado é diferente das últimas estimativas, que no inverno; a árvore típica é a araucária, podendo
apontavam uma alteração de 30%, aproximadamente. também ser encontradas orquídeas e bromélias.

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frente c módulo 12

02. (IFSP–2015) O Brasil, como os demais países tropicais, apresenta uma riqueza bem maior na biodiversidade do que os países
de clima temperado. Uma explicação possível é que

A) os seres tropicais têm uma taxa reprodutiva muito maior.

B) os seres tropicais são mais jovens.

C) há maior disponibilidade de água e maior radiação solar.

D) as altas temperaturas permitem o surgimento de mais espécies.

E) os animais das regiões temperadas migraram para as regiões tropicais.

03. (Unicamp-SP) O mapa a seguir mostra a distribuição global do fluxo de carbono. As regiões indicadas pelos números I, II e
III são, respectivamente, regiões de alta, média e baixa absorção de carbono.

III
III

I
I
II II

Considerando-se as referidas regiões, pode-se afirmar que os respectivos tipos de vegetação predominante são:

A) I – Floresta Tropical; II – Savana; III – Tundra e Taiga.

B) I – Floresta Amazônica; II – Plantações; III – Floresta Temperada.

C) I – Floresta Tropical; II – Deserto; III – Floresta Temperada.

D) I – Floresta Temperada; II – Savana; III – Tundra e Taiga.

04. (UFC-CE) A importância dos Manguezais, como ecossistemas relacionados à produtividade marinha, deve-se

A) à alta diversidade de fanerógamas, principalmente de espécies com estrutura radicular complexa, que permite a estabilização
dos solos costeiros.

B) à baixa oxigenação do substrato e à predominância de bactérias anaeróbicas, responsáveis por processos de liberação
de nutrientes.

C) às complexas interações entre algas e fungos, permitindo a ocupação de solos inundados e a decomposição da matéria
orgânica presente.

D) à utilização da matéria orgânica por anelídeos, moluscos bivalves e crustáceos, que atuam como decompositores.

E) à grande diversidade de organismos epifíticos, responsáveis pela alta produção de matéria orgânica.

130 Coleção Estudo 4V

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Ecossistemas e principais biomas brasileiros

05. (UFMS) O Cerrado, que é o segundo maior bioma 08. (UDESC-SC–2015) Segundo o IBGE existem seis biomas
brasileiro, ocupa aproximadamente 2 milhões de hectares continentais brasileiros, os quais são mostrados na
e apresenta grande biodiversidade, devido principalmente figura a seguir.
à influência de outros biomas com os quais mantém
contato (Floresta Amazônica, Floresta Atlântica, Caatinga,
Matas Secas e Pantanal). Entretanto, o Cerrado vem
sofrendo com grandes desmatamentos desde a década 1
de 70, uma vez que não é protegido por lei, e sua área 3
plana fez com que fosse considerado o local ideal para
o desenvolvimento de grandes culturas e pastagens. 2
4
Assim, o Cerrado sempre foi visto como uma fronteira
5
agropastoril, onde, através de correção do solo ácido,
tudo se produz.
Com relação ao aspecto geral da vegetação do Cerrado, 6

BIOLOGIA
é CORRETO afirmar:
Figura 5
01. Apresenta árvoes altas, de tronco retilíneo e com
casca lisa. Disponível em:<http://www.biodiversidade.rs.gov.br/
arquivos/1161807794biomas_br.jpg>.
02. Apresenta árvores baixas, com tronco retorcido e Acesso em: 30 de set. 2014 (Adaptação).
casca grossa como proteção ao fogo.
Assinale a alternativa correta em relação aos biomas
04. As folhas são grandes e membranáceas, para realizar
continentais brasileiros, mostrados na figura.
maior quantidade de fotossíntese.
A) O bioma 1 caracteriza-se por apresentar uma floresta
08. As raízes são superficiais, para facilitar a sua fixação. com vários estratos ou andares formados pelas copas
16. As folhas são pequenas e coriáceas, para evitar a das árvores.
transpiração excessiva. B) O bioma 2 caracteriza-se por ser uma floresta pouco
diversificada, porém com espécimes vegetais de copas
32. As raízes são profundas, para facilitar a absorção de
altas e com grande quantidade de primatas.
água.
C) No bioma 6 encontramos uma mata constituída
Soma ( )
principalmente por representantes de Gimnospermas
e fauna tipicamente arborícola.
06. (UFPI) Considere o texto a seguir:
D) Dentre todos os biomas apresentados, o indicado pelo
São encontrados(as) desde o Amapá até Santa Catarina, número 5 é o que se encontra mais preservado em
nos estuários de vários rios, apresentando solos alagados termos de flora e fauna.
e instáveis, ricos em matéria orgânica e pouco oxigenados
E) No bioma 3 encontra-se uma vegetação tipicamente
e são áreas de reprodução de diversas espécies marinhas.
constituída por gramíneas e árvores de pequeno
O texto refere-se
porte, com casca espessa e limbo foliar amplo.
A) às Florestas Tropicais.
B) às Florestas Temperadas.
C) aos Manguezais. Seção Enem
D) aos Cerrados.
E) às Matas de Araucária. 01. (Enem–2016) A vegetação apresenta adaptações ao
ambiente, como plantas arbóreas e arbustivas com
07. (IFCE–2016) Característico de áreas onde o clima tem raízes que se expandem horizontalmente, permitindo
duas estações bem distintas, uma seca e outra chuvosa, forte ancoragem no substrato lamacento; raízes que se
apresenta dois tipos de vegetação: arbóreo-arbustivo, expandem verticalmente, por causa da baixa oxigenação
nas quais as espécies são tortuosas e têm os caules do substrato; folhas que têm glândulas para eliminar o
geralmente revestidos por uma casca espessa e herbácea, excesso de sais; folhas que podem apresentar cutícula
disposta em tufos. A descrição refere-se ao bioma espessa para reduzir a perda de água por evaporação.
A) Floresta Tropical. As características descritas referem-se a plantas
B) Pantanal. adaptadas ao bioma
C) Mata Semiúmida. A) Cerrado. D) Manguezal.
D) Caatinga. B) Pampas. E) Mata de Cocais.
E) Cerrado. C) Pantanal.

Bernoulli Sistema de Ensino 131

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Frente C Módulo 12

02. (Enem-2014) Uma região de Cerrado possui lençol freático profundo, estação seca bem marcada, grande insolação e recorrência
de incêndios naturais. Cinco espécies de árvores nativas, com as características apresentadas no quadro, foram avaliadas
quanto ao seu potencial para uso em projetos de reflorestamento nessa região.

Característica Árvore 1 Árvore 2 Árvore 3 Árvore 4 Árvore 5

Superfície foliar Coberta por tricomas Coberta por cera Coberta por cera Coberta por espinhos Coberta por espinhos

Profundidade das raízes Baixa Alta Baixa Baixa Alta

Qual é a árvore adequada para o reflorestamento dessa região?


A) 1 B) 2 C) 3 D) 4 E) 5

03. (Enem–2010) 04. (Enem–2008) As florestas tropicais estão entre os maiores,


mais diversos e complexos biomas do planeta. Novos
estudos sugerem que elas sejam potentes reguladores
1 do clima, ao provocarem um fluxo de umidade para o
interior dos continentes, fazendo com que essas áreas de
floresta são sofram variações extremas de temperatura e
2 tenham umidade suficiente pra promover a vida. Um fluxo
puramente físico de umidade do oceano para o continente,
em locais onde não há florestas, alcança poucas centenas
de quilômetros. Verifica-se, porém, que as chuvas sobre
as florestas nativas não dependem da proximidade do
oceano. Essa evidência aponta para a existência de
uma poderosa “bomba biótica de umidade” em lugares
como a bacia amazônica. Devido à grande e densa área
de folhas, as quais são evaporadores otimizados, essa
Dois pesquisadores percorreram os trajetos marcados
“bomba” consegue devolver rapidamente a água para o
no mapa. A tarefa deles foi analisar os ecossistemas e,
ar, mantendo ciclos de evaporação e condensação que
encontrando problemas, relatar e propor medidas de
recuperação. A seguir, são reproduzidos trechos aleatórios fazem a umidade chegar a milhares de quilômetros no
extraídos dos relatórios desses dois pesquisadores. interior do continente.
Trechos aleatórios extraídos do relatório do pesquisador P1: Nobre, A. D. Almanaque Brasil Socioambiental. Instituto
Socioambiental, 2008, p. 368-369 (Adaptação).
I. “Por causa da diminuição drástica das espécies
vegetais deste ecossistema, como os pinheiros, a As florestas crescem onde chove, ou chove onde crescem
gralha azul também está em processo de extinção”. as florestas? De acordo com o texto,
II. “As árvores de troncos tortuosos e cascas grossas que A) onde chove, há floresta.
predominam nesse ecossistema estão sendo utilizadas B) onde a floresta cresce, chove.
em carvoarias”.
C) onde há oceano, há floresta.
Trechos aleatórios extraídos do relatório do pesquisador P2:
D) apesar da chuva, a floresta cresce.
III. “Das palmeiras que predominam nesta região
E) no interior do continente, só chove onde há floresta.
podem ser extraídas substâncias importantes para a
economia regional”.
IV. “Apesar da aridez desta região, em que encontramos
muitas plantas espinhosas, não se pode desprezar a
gabarito
sua biodiversidade”.
Ecossistemas brasileiros: mapa da distribuição dos ecossistemas.
Fixação
Disponível em: <http://educação.uol.com.br/ciencias/
01. B 02. E 03. B 04. B
ult1686u52.jhtm>. Acesso em: 20 abr. 2010 (Adaptação).

Os trechos I, II, III e IV referem-se, pela ordem, aos Propostos


seguintes ecossistemas:
01. A 05. Soma = 50
A) Caatinga, Cerrado, Zona dos cocais e Floresta
Amazônica. 02. C 06. C
03. A 07. D
B) Mata de Araucárias, Cerrado, Zona dos cocais e
Caatinga. 04. B 08. A

C) Manguezais, Zona dos cocais, Cerrado e Mata Atlântica.


D) Floresta Amazônica, Cerrado, Mata Atlântica e Pampas.
Seção Enem
E) Mata Atlântica, Cerrado, Zona dos cocais e Pantanal. 01. D 02. B 03. B 04. B

132 Coleção Estudo 4V

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Frente Módulo

BIOLOGIA A 12
Embriologia animal
Embriologia é o estudo do desenvolvimento do indivíduo • Ovos centrolécitos – Possuem certa quantidade de
desde a formação do zigoto (célula-ovo) até o seu vitelo acumulado na região central da célula, ao redor
nascimento ou eclosão. do núcleo. O citoplasma localiza-se na periferia da
célula sem se misturar com o vitelo. São encontrados
Esse desenvolvimento depende do tipo de ovo que,
em artrópodes.
por sua vez, depende do tipo de óvulo (gameta feminino) que
Cicatrícula
foi fecundado. Assim, conforme os óvulos fecundados sejam
oligolécitos, heterolécitos, megalécitos ou centrolécitos, Núcleo Citoplasma
os ovos resultantes também serão classificados como
oligolécitos, heterolécitos, etc. Portanto, considerando a
quantidade e a distribuição do vitelo, a classificação dos
ovos é igual à classificação dos óvulos.
Vitelo Vitelo
Oligolécito Heterolécito Telolécito Centrolécito
CLASSIFICAÇÃO DOS OVOS Tipos de ovos.

Baseia-se na quantidade e na distribuição do vitelo (lécito)


existente na célula. O vitelo ou lécito é uma reserva de ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO
material nutritivo fabricado pelo retículo endoplasmático
da célula, constituído basicamente de proteínas e lipídios.
EMBRIONÁRIO
• Ovos oligolécitos (isolécitos, homolécitos, alécitos) Após a fecundação e, consequentemente, a formação da
– Possuem pouco ou quase nenhum vitelo, que se célula-ovo (ou zigoto), o concepto passará pelas seguintes
distribui de maneira homogênea pelo citoplasma. São etapas: segmentação, gastrulação, histogênese e organogênese.
encontrados em poríferos, cnidários, equinodermos, A segmentação ou clivagem é o desenvolvimento da
anfioxo e mamíferos (exceto ovíparos). célula-ovo por meio de uma série de divisões mitóticas
• Ovos heterolécitos (mediolécitos, panlécitos, sucessivas, originando células denominadas blastômeros.

telolécitos incompletos) – Possuem uma quantidade Durante a segmentação, há um aumento do número de


média de vitelo, distribuída de maneira heterogênea no células sem, entretanto, ocorrer o aumento do volume total
citoplasma. O vitelo concentra-se mais em um dos polos da estrutura. De maneira geral, a segmentação é tanto mais
celulares do que no outro. O polo celular com maior rápida quanto menos vitelo houver na célula-ovo, obedecendo
concentração de vitelo é denominado polo vegetativo, à regra de Balfour, que diz: “a velocidade de segmentação é
enquanto o outro com menor concentração, no qual inversamente proporcional à quantidade de vitelo.”
inclusive se localiza o núcleo da célula, recebe o nome
Nos ovos que têm uma distribuição desigual de vitelo,
de polo animal. São encontrados em platelmintos,
o polo animal (com pouco vitelo) se segmenta mais
nematelmintos, moluscos (exceto cefalópodes), rapidamente do que o polo vegetativo. Além disso, a
anelídeos, algumas espécies de peixes e de anfíbios. segmentação nem sempre ocorre em todo o ovo. Assim,
• Ovos megalécitos (telolécitos, telolécitos temos diferentes tipos de segmentação.
completos) – Possuem grande quantidade de vitelo, • Segmentação holoblástica ou total – Ocorre
que ocupa quase toda a célula. Neles, o citoplasma com a participação de toda a célula-ovo. Se os
separa-se do vitelo e localiza-se, juntamente com blastômeros formados tiverem todos o mesmo
o núcleo, numa pequena região do polo animal, tamanho, ela é dita igual; se houver a formação
denominada cicatrícula ou disco germinativo. de blastômeros de tamanhos diferentes, ela é dita
São encontrados em moluscos cefalópodes, várias desigual. Os blastômeros maiores são chamados de
espécies de peixes, répteis, aves e mamíferos ovíparos. macrômeros, e os menores, de micrômeros.

Bernoulli Sistema de Ensino 27


Frente A Módulo 12

OBSERVAÇÃO A blástula, independentemente do tipo de segmentação que a


Para alguns autores, se a diferença de tamanho entre os formou, é uma estrutura que possui uma blastoderme (parede
blastômeros não for tão acentuada, a segmentação é dita constituída por blastômeros) e uma blastocele (cavidade).
subigual ou quase igual. Blástula originada da segmentação do ovo isolécito

Segmentação holoblástica igual


Celoblástula
1ª clivagem 2ª clivagem 3ª clivagem
Blástula originada da segmentação do ovo heterolécito

2 células 4 células 8 células de Celoblástula


tamanhos
iguais
Blástula originada da segmentação do ovo megalécito
Segmentação holoblástica desigual
Discoblástula
4 Micrômeros
Blástula originada da segmentação do ovo centrolécito
3ª clivagem
4 Macrômeros
Periblástula
4 células 8 células Tipos de blástulas – A forma da blástula varia com o tipo
de segmentação ocorrida. As blástulas resultantes das
OBSERVAÇÃO segmentações holoblásticas (igual, subigual ou desigual)
são do tipo celoblástula; a resultante de uma segmentação
É a partir da 3ª divisão (3ª clivagem) que surgem as
meroblástica discoidal é denominada discoblástula; a resultante
diferenças na segmentação holoblástica. de segmentação meroblástica superficial é dita periblástula.
• Segmentação meroblástica ou parcial – Ocorre Nos mamíferos placentários, grupo em que se inclui a
apenas em uma parte da célula-ovo. Quando é feita apenas na espécie humana, a blástula, que é do tipo celoblástula,
é também conhecida por blastocisto.
região do disco germinativo (cicatrícula), ela é dita discoidal;
se ocorrer apenas na periferia da célula, ela é dita superficial. Embrioblasto

Blastocele
Segmentação meroblástica discoidal
1ª clivagem 2ª clivagem 3ª clivagem

Trofoblasto

Blastocisto – No blastocisto, a blastoderme denomina-se


trofectoderme ou trofoderme (trofo = nutrir) e os blastômeros que a
Segmentação meroblástica superficial constituem são chamados de trofoblastos. Há ainda um aglomerado
Núcleos de blastômeros que formam o embrioblasto (massa celular interna,
botão embrionário). Os trofoblastos darão origem ao córion e a parte
da placenta; o embrioblasto dará origem ao embrião propriamente
O núcleo Começa a dito, ao saco vitelino, ao alantoide e ao âmnion. As células do
divide-se delimitação
várias vezes Os núcleos das células embrioblasto são células tronco embrionárias com potencial para
sem divisão migram para pela divisão diferenciarem-se em células de qualquer tipo de tecido.
do citoplasma a periferia do citoplasma
Com a formação da blástula termina o processo de
Tipos de segmentação segmentação e tem início a gastrulação.

Igual: ovos oligolécitos


Na gastrulação, as divisões mitóticas continuam, sendo que,
Holoblástica ou
agora, o aumento do número de células é acompanhado
total Desigual: ovos heterolécitos
também de aumento do volume total da estrutura
Meroblástica ou Discoidal: ovos megalécitos embrionária. É durante a gastrulação que se formam os
parcial Superficial: ovos centrolécitos chamados folhetos embrionários (folhetos germinativos):
ectoderma, endoderma e mesoderma. A partir desses
Durante a segmentação, há, normalmente, a formação da folhetos embrionários é que serão formados os diferentes
mórula, um estágio embrionário que antecede a blástula. tecidos e órgãos que constituirão o corpo do animal.
A mórula é um aglomerado maciço de células (blastômeros) Alguns animais, como os cnidários, formam apenas dois
que, dependendo da espécie, surge após a 4ª ou 5ª clivagem. folhetos embrionários, o ectoderma e o endoderma, e,
Absorvendo líquidos do meio onde se encontra, a mórula por isso, são ditos animais diblásticos (diploblásticos).
sofre um processo de cavitação denominado blastulação, A maioria dos animais formam os três folhetos embrionários
que culmina com a formação de um estágio embrionário (ectoderma, mesoderma e endoderma) e, por isso, são ditos
denominado blástula. animais triblásticos (triploblásticos).

28 Coleção Estudo 4V
Embriologia animal

Diblásticos Triblásticos
À medida que se diferenciam, os tecidos se associam uns
aos outros, formando os diferentes órgãos do animal: é a
Platelmintos, nematelmintos, moluscos,
Cnidários organogênese (formação dos órgãos).
anelídeos, artrópodes, equinodermos e cordados
Os órgãos relacionados com uma mesma função formam
Na maioria dos animais, durante a gastrulação, forma-se um sistema. Assim, encontramos no animal diferentes
também o arquêntero (do grego archaios, antigo, primitivo, sistemas (digestório, circulatório, reprodutor, etc.).
e enteron, intestino) ou gastrocele, uma cavidade delimitada
O processo de diferenciação celular depende de sinais
pelo endoderma e que dará origem à cavidade digestiva do
provenientes de hormônios, da matriz extracelular,
animal. Por isso, o arquêntero é também chamado de tubo
digestório primitivo do animal. de contato entre células e de fatores de diferenciação
chamados genericamente de citocinas. Nos seres
O arquêntero possui uma abertura, o blastóporo, que,
multicelulares que se reproduzem por fecundação, todas
dependendo do grupo de animal, poderá originar a boca ou o ânus.
Quando origina a boca, o animal é dito protostômio; quando origina as células do corpo de um indivíduo se originam do zigoto
o ânus, o animal é dito deuterostômio. A maioria dos animais e, portanto, têm os mesmos genes. Durante o processo
que formam o tubo digestório é constituída por protostômios. de diferenciação celular ocorre repressão de certos genes
Os deuterostômios são os equinodermos e os cordados. e ativação de outros. Assim, em cada célula, apenas uma

BIOLOGIA
Na maioria dos animais triblásticos, forma-se também uma parte dos genes está ativa (em funcionamento), enquanto
cavidade denominada celoma. O celoma é uma cavidade os demais permanecem inativos. Desse modo, cada célula
embrionária totalmente revestida pelo mesoderma. Todos os só produz certos tipos de proteínas que determinam sua
animais que possuem essa cavidade são ditos celomados. forma e função peculiares. Esse fenômeno, conhecido
Nem todos os animais triblásticos formam o celoma. Assim, quanto à por atividade gênica diferencial, explica as diferenças
presença ou não do celoma, os animais triblásticos são classificados morfológicas e fisiológicas existentes entre as células de um
em: acelomados, pseudocelomados e celomados (eucelomados). indivíduo. Entretanto, ainda falta muito para que possamos
compreender esse processo.
Ectoderma
Mesoderma
Endoderma
DESENVOLVIMENTO
Acelomado Arquêntero
EMBRIONÁRIO DO ANFIOXO
O anfioxo é um animal marinho pertencente ao grupo
Ectoderma dos protocordados (cordados mais primitivos). Atinge no
Mesoderma máximo 10 cm de comprimento. São pouco frequentes em
Endoderma nossas praias, mas abundantes em certas praias no sul da
Arquêntero China, onde se enterram na areia limpa e grossa de águas
Pseudoceloma rasas, deixando apenas a extremidade anterior para fora.
Pseudocelomado Ocasionalmente, saem para nadar por meio de rápidos
movimentos laterais. Tanto a região anterior do seu corpo
como a posterior são afiladas, de onde provém o nome
Ectoderma “anfioxo” (do grego amphi, duas, e oxus, ponta).
Mesoderma
Anfioxo
Endoderma
Arquêntero Cabeça
Celomado Celoma Tentáculos

Animais triblásticos – Acelomados: Animais que não formam Faringe


Tubo nervoso
o celoma. Ex.: platelmintos. Pseudocelomados: Animais que dorsal
Fendas branquiais
formam uma cavidade delimitada de um lado pelo mesoderma
e do outro pelo endoderma e, por isso, essa cavidade não é
considerada um verdadeiro celoma, e sim, um pseudoceloma
(falso celoma). Ex.: nematelmintos. Celomados: Animais que Notocorda
formam o verdadeiro celoma (euceloma), que é uma cavidade Intestino
totalmente delimitada pelo mesoderma. Ex.: moluscos,
anelídeos, artrópodes, equinodermos e cordados.
A transformação da blástula em gástrula não é feita da
mesma maneira em todos os animais, existindo diferentes
tipos ou processos de gastrulação.
Com a continuidade do desenvolvimento embrionário Ânus
ocorre a histogênese (formação dos tecidos). Na histogênese,
Cauda
as células dos folhetos embrionários sofrem diferenciação,
dando origem aos tecidos do animal.

Bernoulli Sistema de Ensino 29


Frente A Módulo 12

O anfioxo é um animal muito utilizado para o estudo do desenvolvimento embrionário, sendo considerado um provável
ancestral dos vertebrados. Devido à sua relativa simplicidade, seu estudo facilita a compreensão das variações apresentadas
pelos animais vertebrados durante o seu desenvolvimento embrionário.

Segmentação no anfioxo – O anfioxo possui ovo do tipo oligolécito, que realiza segmentação holoblástica, formando uma celoblástula
cuja blastoderme apresenta micrômeros e macrômeros.

Após a formação da blástula, tem início a gastrulação, que no anfioxo é feita por embolia ou invaginação.
Arquêntero
Arquêntero Ectoderma Blastóporo
em formação
Mesentoderma
Blastocele

Blástula Gástrula
(em corte) (em corte)
Fase inicial da gastrulação em anfioxo.

Conforme mostram as figuras, a gastrulação no anfioxo inicia-se pela invaginação da camada inferior de blastômeros, ou seja,
dos macrômeros para o interior da blastocele. À medida que os macrômeros invaginam-se para o interior da blastocele, essa
cavidade vai desaparecendo progressivamente, surgindo uma outra cavidade denominada arquêntero (arquênteron) ou gastrocela,
que corresponde ao intestino primitivo do animal. No final do processo de invaginação, os macrômeros encostam nos micrômeros
que se encontram no polo oposto e, com isso, desaparece totalmente a blastocele. Nesse estágio, a gástrula do anfioxo é didérmica,
isto é, apresenta apenas dois folhetos embrionários: o ectoderma (ectoderme), mais externo, e o mesentoderma (mesentoderme),
mais interno, que mais tarde se diferenciará em mesoderma (mesoderme) e endoderma (endoderme). Nesse estágio, a gástrula
já apresenta o arquêntero que se comunica com o meio exterior através do blastóporo. Como o anfioxo é um animal do grupo
dos cordados, o blastóporo dará origem ao ânus. Assim, o anfioxo é um animal deuterostômio.
A gástrula do anfioxo em seu estágio inicial, quando constituída por apenas dois folhetos embrionários (gástrula didérmica),
possui um aspecto que lembra um pequeno balão, conforme mostram as figuras a seguir:

30 Coleção Estudo 4V
Embriologia animal

A O tubo neural origina-se a partir de um achatamento do


A ectoderma da região dorsal, formando a chamada placa neural.
B A seguir, as células ectodérmicas das bordas multiplicam-se,
B organizando as cristas neurais que recobrem a placa neural.
Uma vez completamente recoberta, a placa neural invagina-se
C de modo a formar o sulco neural, que dará origem, finalmente,
C
ao tubo neural. Com a continuidade do desenvolvimento
D 1 D embrionário, o tubo neural também dará origem ao sistema
nervoso do animal. A notocorda e o mesoderma formam-se
simultaneamente a partir do mesentoderma. A notocorda
é uma estrutura de sustentação mecânica, rígida, que se
A
dispõe ao longo do eixo crânio-caudal do animal. É exclusiva
B dos cordados, aparecendo em todas as espécies desse grupo
de animais. Dependendo da espécie, pode persistir ou não
C
no indivíduo adulto. No anfioxo, por exemplo, ela persiste

BIOLOGIA
2 durante toda a vida do animal. Nos peixes, ela também
persiste no adulto sob a forma de peças vestigiais que ficam
Cortes esquemáticos em gástrula do anfioxo no estágio inicial entre as vértebras da coluna vertebral. Entretanto, na grande
(gástrula didérmica) – 1. corte longitudinal: A. ectoderme; maioria dos vertebrados (anfíbios, répteis, aves, mamíferos)
B. mesentoderme; C. arquêntero; D. blastóporo. 2. corte transversal. a notocorda acaba sendo totalmente substituída pela coluna
vertebral. A notocorda origina-se de uma evaginação que se
Com a continuidade do seu desenvolvimento, a gástrula
desprende da região central do mesentoderma, correspondente
do anfioxo sofre a neurulação, passando para um estágio
ao teto do arquêntero. O mesoderma origina-se de evaginações
mais avançado, denominado nêurula. Durante a neurulação, laterais do mesentoderma. A cavidade delimitada pelo
teremos a formação do tubo neural, como também da mesoderma recebe o nome de celoma.
notocorda, do mesoderma e do celoma. Veja as figuras a seguir:
Tubo neural
Celoma

Somatopleura
Notocorda
Ectoderma
Ectoderma
Mesentoderma
Mesoderma

Esplancnopleura
somático
Arquêntero
Mesoderma
Corte longitudinal Corte transversal esplâncnico
da gástrula da gástrula
Cristas neurais Placa Endoderma
Placa neural neural Tubo digestório primitivo
A nêurula do anfioxo – Observe que o mesoderma é constituído
por dois folhetos: folheto somático e folheto esplâncnico.
O folheto somático é a parte do mesoderma que fica aderida
ao ectoderma, enquanto o folheto esplâncnico fica aderido ao
endoderma. O folheto somático do mesoderma juntamente
com a parte do ectoderma ao qual está aderido formam a
Sulco neural
Teto do arquêntero somatopleura. O folheto esplâncnico juntamente com a parte
Evaginações
do endoderma ao qual fica aderido formam a esplancnopleura.
laterais
Dando continuidade ao desenvolvimento embrionário
do anfioxo, ocorre a histogênese e a organogênese, que
correspondem, respectivamente, aos processos de formação
dos tecidos e dos órgãos, a partir dos folhetos embrionários.

Tubo neural
Notocorda DESENVOLVIMENTO
Ectoderma
embrionário humano
Celoma
Mesoderma A espécie humana pertence ao grupo dos mamíferos
Tubo eutérios, animais que têm como uma de suas principais
Endoderma
digestório características a formação de uma placenta bem desenvolvida
durante o desenvolvimento embrionário e, por isso,
Formação do tubo neural, notocorda e celoma. são também conhecidos como mamíferos placentários.

Bernoulli Sistema de Ensino 31


Frente A Módulo 12

O desenvolvimento embrionário humano inicia-se na tuba uterina, após a ocorrência da fecundação, com a formação da
célula-ovo (zigoto). Por meio dos movimentos peristálticos tubários e do movimento de varredura dos cílios das células
epiteliais que revestem a cavidade tubária, o ovo é levado em direção ao útero. Durante essa trajetória, que dura cerca de
4 a 5 dias, o ovo humano, que é do tipo alécito, realiza uma segmentação holoblástica igual, formando uma mórula
que, por sua vez, origina uma blástula, conhecida também por blastocisto.
Ângelo Carvalho

Segmentação na espécie humana – A segmentação (clivagem) do zigoto com a formação da mórula ocorre enquanto o zigoto em
divisão passa pela tuba uterina. Normalmente, a formação do blastocisto (blástula) se dá no útero.
A zona pelúcida é uma camada de glicoproteínas que envolve
o ovócito II, o óvulo, o ovo (zigoto) e persiste até as primeiras
3 fases do desenvolvimento, degenerando-se no estágio mais
avançado de blástula, conforme mostra a figura a seguir:
2
Membrana
1 plasmática Zona pelúcida

Blastocisto humano – O blastocisto possui uma cavidade


denominada blastocele (1). As células distendidas que formam Espaço
sua parede constituem o trofoblasto (2), que dará origem à perivitelino Zigoto Blastômeros
parte embrionária da placenta. Apresenta ainda um aglomerado
Massa celular
de blastômeros em um dos polos, o embrioblasto (3), também
interna
conhecido por massa celular interna ou, ainda, nó embrionário.
Do embrioblasto, virão todas as células que vão constituir o
embrião propriamente dito.
Apesar de a clivagem aumentar o número de células
(blastômeros), as células-filhas são menores do que
as células-mãe. O embrião só começa a aumentar de Trofoblasto Mórula
tamanho depois da degeneração da zona pelúcida. Blastocisto Blástula jovem

32 Coleção Estudo 4V
Embriologia animal

Na cavidade uterina, cerca de 6 dias após a fecundação, Na segunda semana de gestação, dando continuidade ao
a blástula (blastocisto) perde a zona pelúcida, permitindo, desenvolvimento, células do trofoblasto liberam enzimas
assim, que as células trofoblásticas entrem em contato proteolíticas sobre o endométrio, abrindo espaço para
com o endométrio, iniciando o processo de nidação, que a implantação da blástula. As células do embrioblasto
consiste na fixação da blástula no endométrio, geralmente se multiplicam e se organizam de modo a formar duas
pelo lado adjacente à massa celular interna. Durante essa cavidades, a vesícula amniótica e a vesícula vitelínica,
implantação, o trofoblasto diferencia-se em duas camadas: separadas pelo disco embrionário.
citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto. O citotrofoblasto
corresponde à região onde as células mantêm suas A vesícula amniótica dará origem, posteriormente,
características celulares, enquanto o sinciciotrofoblasto à bolsa amniótica ou âmnio, anexo embrionário que tem
corresponde à região onde as células formam um sincício. como função proteger o embrião contra choques mecânicos
A figura a seguir ilustra o início do processo de nidação. e também contra a desidratação. Em muitos animais
vertebrados, a vesícula vitelínica ou saco vitelínico armazena
Glândulas do endométrio o vitelo (substância nutritiva para o embrião). Porém, nos

BIOLOGIA
mamíferos eutérios, cuja nutrição do embrião é feita pela
Conjuntivo do placenta, a vesícula vitelínica atrofia gradativamente.
endométrio
Capilar Convém ressaltar, entretanto, que no início da embriogênese,
sanguíneo a vesícula vitelínica constitui o primeiro órgão hematopoiético
Epitélio do (formador do sangue). As células que formam o assoalho
Arquivo Bernoulli

endométrio da vesícula amniótica constituem o epiblasto e as que


formam o teto da vesícula vitelínica formam o hipoblasto.
Essas duas camadas de células (epiblasto + hipoblasto)
Embrioblasto Sinciciotrofoblasto formam o disco embrionário (disco dérmico). Do disco
embrionário vão se originar todos os constituintes do
embrião. As demais células que delimitam as vesículas
Citotrofoblasto amniótica e vitelínica formam, respectivamente, o ectoderma
extraembrionário e o endoderma extraembrionário.
Região da cavidade
uterina Blastocele Com a continuidade do desenvolvimento, células se
Nidação – Além de ajudar na fixação do blastocisto no interpõem entre o trofoblasto e as duas vesículas (amniótica
endométrio, o sinciciotrofoblasto passa a produzir o hormônio e vitelínica), formando o mesoderma extraembrionário.
HCG (gonadotrofina coriônica), que atuará no ovário, impedindo, É discutida a origem dessas células que formam o mesoderma
durante certo tempo, a degeneração do corpo lúteo, mantendo-o extraembrionário, existindo autores que admitem que se
em atividade, produzindo progesterona, hormônio necessário
originem do trofoblasto, do próprio disco embrionário, ou
durante todo o período de gestação. Juntamente com parte do
endométrio, o trofoblasto formará a placenta, anexo embrionário da vesícula vitelínica. A figura a seguir representa como é o
que, entre outras funções, nutre o embrião até o final da gravidez. embrião humano por volta do 12º dia de desenvolvimento.

Vilosidades coriônicas
Arquivo Bernoulli

Ectoderma extraembrionário

Vesícula amniótica Endométrio

Epiblasto Celoma extraembrionário


Disco Pedículo embrionário
embrionário Hipoblasto Mesoderma extraembrionário

Vesícula vitelínica
Citotrofoblasto
Endoderma extraembrionário

A cavidade delimitada pelo mesoderma extraembrionário constitui o celoma extraembrionário. A camada formada pelo trofoblasto
e pelo mesoderma extraembrionário que reveste externamente o celoma extraembrionário passa a ser denominada córion.
No final da 2ª semana, do córion originam-se as vilosidades coriônicas, que, juntamente com o endométrio, formam a placenta.

Bernoulli Sistema de Ensino 33


Frente A Módulo 12

Parte do mesoderma extraembrionário também forma o Ainda na terceira semana, a partir do mesoderma
pedículo embrionário, uma ponte entre as duas vesículas e o embrionário, ocorre a notocordogênese, ou seja, a
trofoblasto. O pedículo embrionário será o ponto de formação formação da notocorda, um bastão flexível que percorre
do futuro cordão umbilical que ligará o embrião à placenta. longitudinalmente quase todo o corpo do embrião.
A notocorda em desenvolvimento induz o ectoderma sobre
Ao término da segunda semana do desenvolvimento, ela a se espessar e formar a placa neural, tendo, assim,
o embrião já estará todo contido (envolvido) pelo endométrio. o início da neurulação, que irá culminar com a formação do tubo
neural. Com a continuidade do desenvolvimento embrionário,
Na terceira semana do desenvolvimento embrionário
a notocorda será substituída pela coluna vertebral e o tubo
humano, tem início a gastrulação, fase em que serão
neural dará origem aos órgãos do sistema nervoso central.
formados os três folhetos embrionários a partir de
células do epiblasto que proliferam e migram para o 3 1
plano mediano do disco embrionário, originando uma
estrutura denominada linha primitiva. O aparecimento da
linha primitiva constitui o primeiro sinal da gastrulação. A
As células da linha primitiva que migram (“mergulham”) para
o interior do disco embrionário vão originar o endoderma
e o mesoderma embrionários. As células que permanecem 2
na superfície do epiblasto dão origem ao ectoderma
embrionário. B

Linha
4
primitiva
Epiblasto 4

Linha
5 6
primitiva

Linha
primitiva
Formação do tubo neural – Células do ectoderma (1), situadas
Epiblasto
logo acima da notocorda (2), diferenciam-se, formando uma
região mais espessa do que as outras áreas ectodérmicas.
Essa região constitui a placa neural (3). Logo em seguida, a
placa neural invagina-se, formando a goteira neural (4). O
fechamento da goteira neural origina o tubo neural (5), que
Ectoderma se destaca do ectoderma. Porções laterais da placa neural que
não são incorporadas ao tubo neural formam as cristas neurais
(6), que correm paralelamente ao tubo neural. Esse tubo dará
origem ao Sistema Nervoso Central (SNC) , às cristas neurais e
aos gânglios nervosos. A neurulação termina no fim da quarta
Hipoblasto Mesoderma semana.

Endoderma Na quarta semana, ocorre uma mudança de forma


do embrião, resultado da combinação de movimentos
da curvatura lateral e céfalo-caudal. Desse modo,
o embrião passa da forma de uma placa plana para uma
Gastrulação – As células do epiblasto que mergulham no disco
embrionário pela linha primitiva darão origem ao mesoderma estrutura cilíndrica. Essas transformações são de difícil
e ao endoderma embrionários. O hipoblasto é substituído pelo compreensão por envolverem movimentos que implicam,
endoderma em expansão. As células do epiblasto que permanecem simultaneamente, vários aspectos tridimensionais e
na superfície externa formam o ectoderma embrionário. vários planos de incidência. A figura a seguir representa,
O mesoderma embrionário se dispõe entre o ectoderma resumidamente, um corte transversal do embrião cilíndrico,
e o endoderma. passando pela porção mediana do corpo.

34 Coleção Estudo 4V
Embriologia animal

Tubo neural

Ectoderma

Mesoderma para-axial (epímero)

Mesoderma intermediário (mesômero) Mesoderma

Mesoderma lateral (hipômero)

Notocorda
Endoderma
Ectoderma
Esplancnopleura Folheto esplâncnico
Folheto somático Somatopleura
do mesoderma
do mesoderma
Tubo digestório

BIOLOGIA
Celoma

O mesoderma é subdividido em três regiões: mesoderma para-axial, que está mais próximo da notocorda; mesoderma
intermediário e mesoderma lateral. Pouco depois de sua formação, o mesoderma para-axial, que se estendia homogeneamente
pelos lados da notocorda, segmenta-se formando blocos de mesoderma, denominados somitos, situados simetricamente dos
dois lados da notocorda. Com a continuidade do desenvolvimento, cada somito organiza-se em três partes: esclerótomo,
miótomo e dermátomo que darão origem, respectivamente, à coluna vertebral, às fibras musculares esqueléticas e à derme
(parte conjuntiva da pele). O mesoderma intermediário terá importante papel na formação dos aparelhos urinário e genital.
O mesoderma lateral subdivide-se em dois folhetos: folheto somático e folheto esplâncnico. Esses dois folhetos delimitam uma
cavidade, o celoma intraembrionário. O celoma intraembrionário é a cavidade geral do embrião que será, posteriormente,
septada e dividida em três cavidades: pericárdica, pleural e peritoneal. O folheto somático é a parte do mesoderma lateral
que fica aderida ao ectoderma, enquanto o folheto esplâncnico fica aderido ao endoderma. O folheto somático do mesoderma
e o ectoderma ao qual está aderido formam a somatopleura; o folheto esplâncnico e o endoderma ao qual está aderido
formam a esplancnopleura.

Da quarta semana à oitava, ocorre a histogênese e a organogênese. O quadro a seguir mostra alguns exemplos de estruturas
do nosso corpo e suas respectivas origens embrionárias.

Ectoderma Mesoderma Endoderma

• Tecido epitelial da epiderme • Tecido epitelial que reveste • Tecido epitelial que reveste
(camada mais externa da pele). internamente os vasos internamente o tubo digestório
sanguíneos. (exceto a boca e o ânus).
• Tecido epitelial de revestimento
da cavidade bucal e do ânus. • Tecido conjuntivo da derme • Tecido epitelial de revestimento
(exceto da cabeça e do pescoço). da uretra e da bexiga urinária.
• Tecido conjuntivo da derme
(camada mais profunda da pele) • Tecido cartilaginoso e tecido ósseo • Pâncreas.
da cabeça e do pescoço. (exceto da face).
• Pulmões.
• Tecido cartilaginoso e tecido ósseo • Tecido muscular (exceto da
• Fígado.
da face. cabeça e do pescoço e alguns
músculos lisos).
• Tecido nervoso.
• Tecido sanguíneo (sangue).
• Sistema nervoso.
• Glândulas sexuais (testículos e
ovários).

• Útero.

• Rins.

• Coração.

Bernoulli Sistema de Ensino 35


Frente A Módulo 12

À medida que os tecidos e os órgãos se constituem, Vilosidade Placenta


a forma do embrião se modifica. No final da oitava semana, coriônica Miométrio
Saco vitelino
este já tem uma forma distintamente humana, passando, Endométrio
Alantoide
então, a ser denominado feto. Tem início, então, o período
Oviduto
fetal, que vai da nona semana de gestação ao nascimento

Arquivo Bernoulli
e se caracteriza pelo rápido crescimento do organismo e
desenvolvimento dos diferentes órgãos e sistemas.

ANEXOS EMBRIONÁRIOS Vasos do cordão


Decídua capsular
(tecido uterino)
umbilical Córion
Os anexos embrionários são estruturas transitórias
extraembrionárias, que se formam juntamente com Âmnio
Endométrio
o embrião e que realizam importantes funções para
Colo uterino
o seu desenvolvimento. O quadro a seguir mostra os
Embrião humano, os anexos embrionários e útero – A chamada
diferentes anexos embrionários que se formam durante
decídua, indicada na figura anterior, corresponde à camada de
o desenvolvimento embrionário dos animais vertebrados. endométrio que ficou recobrindo o ovo após a nidação. A decídua
também tem função protetora.

Anexos embrionários
• Saco vitelino (vesícula vitelina) – Origina-se do
endoderma e do mesoderma, tendo como principal
Saco função a nutrição do embrião já que armazena
Animais Âmnion Alantoide Córion Placenta
vitelino o vitelo (lécito), que fornecerá nutrientes para o
desenvolvimento do embrião. Nos anfíbios, o vitelo
Peixes + – – – – fica contido nos macrômeros, não formando, assim,
uma vesícula vitelina típica. Nos peixes, répteis, aves
Anfíbios +* – Embrião
– – – e mamíferos ovíparos, ele é muito desenvolvido.
Já nos mamíferos placentários, esse anexo atrofia-se
Répteis + + Geleia
+ + – gradativamente, até desaparecer quase que por
completo, sendo incorporado ao cordão umbilical.
Aves + + + + – Embora se torne um anexo atrofiado nos mamíferos
Membrana
do ovo placentários, nas primeiras semanas do desenvolvimento
Mamíferos
+ + + + – embrionário desses animais, o saco vitelino exerce
ovíparos
importante função hematopoiética, formando as
Mamíferos primeiras hemácias do embrião. Posteriormente,
+** + +** + +
placentários Saco vitelino essa função passa a ser realizada pelo mesênquima
(um tecido embrionário originário do mesoderma);
Peixe uma vesícula vitelina típica. Nesses
* Os anfíbios não formam mais tarde, passa a ser realizada pelo fígado e pelo
animais, o vitelo fica contido nos macrômeros. baço. Após o nascimento do indivíduo, essa função de
produzir hemácias é desempenhada exclusivamente
** Nos mamíferos placentários, o saco vitelino e o alantoide pela medula óssea vermelha.
são atrofiados.
• Âmnio (vesícula amniótica; bolsa amniótica) –
Origina-se do ectoderma e mesoderma. É uma grande
Embrião
bolsa que acumula gradativamente um líquido claro,
Alantoide
o líquido amniótico, no qual fica mergulhado o embrião.
Esse líquido tem como função evitar o ressecamento
do embrião (proteção contra desidratação), como
Âmnio
também atenuar qualquer abalo ou choque mecânico.
Cerca de 90% do líquido amniótico são constituídos
por água. O restante está representado por sais
inorgânicos e orgânicos, proteínas, carboidratos,
hormônios. Em suspensão nesse líquido, encontram-se
Casca porosa células epiteliais fetais descamadas. As células se
soltam do embrião e flutuam no líquido amniótico
Saco vitelino
Córion que as banha. Com uma agulha, uma pequena
amostra desse líquido pode ser retirada para análise,
Anexos embrionários em aves. sendo esse exame denominado amniocentese.

36 Coleção Estudo 4V
Embriologia animal

As células vivas obtidas dessa amostra podem Nos mamíferos eutérios, o córion desenvolve-se a partir
ser cultivadas e usadas para análises genéticas e do trofoblasto, diferenciando-se em duas partes: córion
bioquímicas. Essas análises podem revelar o sexo do liso e córion frondoso. O córion liso é a parte mais
feto, assim como marcadores genéticos para doenças delgada, que fica ligada à face externa da membrana
e síndromes cromossômicas. Na espécie humana, amniótica. O córion frondoso avoluma-se mais, formando
a amniocentese é realizada, normalmente, após a as vilosidades coriônicas, que participam da formação da
14ª semana de gestação e os resultados demoram placenta. Além de participar da formação da placenta,
cerca de 2 semanas para estarem completos. o córion frondoso ajuda a manter o embrião fixado à
Na sequência evolutiva dos vertebrados, o âmnio parede uterina. Informações sobre defeitos genéticos e
tornou o processo de desenvolvimento embrionário cromossômicos também podem ser obtidas a partir do
independente da água do meio ambiente, seja córion, por meio de uma técnica chamada de amostra da
no interior de um ovo terrestre (répteis, aves e vilosidade coriônica. Atualmente, essa técnica está sendo
mamíferos ovíparos), seja no interior do útero mais utilizada do que a amniocentese. O exame consiste
(mamíferos vivíparos). em retirar uma pequena amostra de tecido da superfície
das vilosidades coriônicas. Na espécie humana, esse
Os animais que desenvolvem o âmnio durante a sua
exame é realizado na 8ª semana de gestação, portanto,

BIOLOGIA
embriogênese denominam-se amniotas, e os que não
mais precocemente do que a amniocentese, e os
o formam são chamados de anamniotas. Os peixes
resultados ficam prontos em alguns dias. Além disso,
e os anfíbios são anamniotas, enquanto os répteis,
como os resultados da amniocentese são fornecidos
as aves e os mamíferos são amniotas.
depois da 14ª semana de gestação, a interrupção da
• Alantoide – Formado a partir do endoderma do gravidez devido à constatação de anormalidade no feto,
intestino primitivo, junto à extremidade caudal do feita nesse estágio do desenvolvimento embrionário,
embrião, a partir da qual um grupo de células começa poderá acarretar mais risco à saúde da mãe do que um
a proliferar. Tais células originam uma pequena bolsa aborto realizado em estágio mais precoce.
chamada alantoide.
• Placenta – É formada pelas vilosidades coriônicas
Nos mamíferos placentários, o alantoide é bastante e pela mucosa uterina (endométrio), na qual essas
rudimentar (atrofiado). Mesmo assim, ele tem papel vilosidades penetram. A placenta tem, portanto,
importante, porque participa da formação do cordão em sua constituição, tecidos materno e fetal.
umbilical. Seus vasos sanguíneos se transformam na Nela capilares pertencentes à circulação fetal estão em
veia e nas artérias umbilicais. íntima vizinhança com a circulação materna. O sangue
Nos vertebrados ovíparos, o alantoide é bem da mãe e do feto circulam bem próximos, sem,
desenvolvido e cresce até alcançar a casca do ovo, contudo, haver mistura dos dois. Entretanto, devido
sendo responsável pelas seguintes funções: a essa proximidade, ocorre difusão de nutrientes e de
1. Função respiratória – É através do alantoide O2 da circulação materna para a circulação fetal, bem
que ocorrem as trocas gasosas (O2 e CO2) entre como de CO2 e excretas nitrogenadas da circulação
o embrião e o meio externo. fetal para a circulação materna.

2. Função excretora – O alantoide recebe e A placenta desempenha as seguintes funções:


acumula as excretas nitrogenadas provenientes 1. Trocas gasosas materno-fetais – O O2 presente
do metabolismo proteico embrionário que, nos na circulação materna, por difusão, alcança a
vertebrados ovíparos, é constituído basicamente circulação fetal, enquanto o CO2 da circulação fetal
pelo ácido úrico. difunde-se para a circulação materna. Portanto,
3. Transporte de cálcio – Através do alantoide, é na placenta que ocorre a oxigenação do sangue
uma certa quantidade de cálcio é retirada da (hematose) fetal. Assim, a placenta desempenha
casca do ovo e transportada até o embrião, importante função respiratória para o concepto.
no qual é utilizado na formação das primeiras 2. Nutrição – Substâncias nutritivas, como glicose,
estruturas esqueléticas ósseas. aminoácidos, vitaminas, sais minerais, etc.,
Peixes e anfíbios são animais analantoidianos, ou seja, também passam dos capilares placentários
não formam o alantoide durante o desenvolvimento maternos para os capilares placentários fetais.
embrionário. Répteis, aves e mamíferos são animais 3. Excreção – Na rede de capilares placentários,
alantoidianos. os catabólitos provenientes do metabolismo fetal
• Córion – Nos vertebrados ovíparos, o córion é apenas passam para a circulação materna. São levados
uma membrana protetora, originária do ectoderma e para os órgãos excretores maternos para, então,
do mesoderma, que envolve o embrião e os outros serem eliminados para o meio externo.
anexos embrionários. Nos embriões desses animais, 4. Imunização – Muitos anticorpos produzidos pelo
algumas regiões do alantoide aderem-se firmemente organismo materno passam para o organismo fetal
ao córion, formando o corioalantoide (ou membrana através da placenta. Esses anticorpos recebidos
corioalantoide). Sendo vascularizada e localizada da mãe conferem temporariamente (até cerca
logo abaixo da casca porosa do ovo, a membrana de seis meses após o nascimento) uma proteção
corioalantoide permite a ocorrência de trocas gasosas contra várias doenças infecciosas, para as quais
entre o embrião e o ar atmosférico. a mãe tenha sido sensibilizada naturalmente.

Bernoulli Sistema de Ensino 37


Frente A Módulo 12

5. Função endócrina ou hormonal – Logo no


início de sua formação, a placenta produz o HCG
formação de gêmeos
(gonadotrofina coriônica) que atuará no ovário,
• Gêmeos univitelinos – Também chamados
impedindo a degeneração do corpo amarelo,
de monozigóticos (MZ), ou ainda de gêmeos
mantendo-o em atividade até aproximadamente
“verdadeiros”, descendem do mesmo “óvulo” e do
o 4º mês de gestação. Por volta dessa época,
o corpo amarelo começa a regredir. A partir mesmo espermatozoide, ou seja, são resultantes do
de então, a placenta, já mais desenvolvida, desenvolvimento de uma única célula-ovo ou zigoto.
passa a produzir progesterona e também certa São sempre do mesmo sexo e apresentam a mesma
quantidade de estrógeno. constituição genética, ou seja, os seus genótipos
A placenta comunica-se com o embrião através são idênticos. A formação de gêmeos monozigóticos
do cordão umbilical, que muitos autores usualmente começa no estágio de blastocisto (blástula)
consideram como outro anexo embrionário. e resulta da divisão do embrioblasto (massa celular
interna) em dois primórdios embrionários (botões
Placenta germinativos) que se desenvolvem dando origem a
dois embriões (65% dos casos de MZ), cada um com
sua bolsa amniótica, compartilhando um só córion
Cordão e uma placenta (placenta gemelar monocoriônico-
umbilical -diamniótica). Entretanto, cada um dos gêmeos liga-se
Arquivo Bernoulli

à placenta por seu próprio cordão umbilical.

Útero

Arquivo Bernoulli
Vagina

O cordão umbilical origina-se do alantoide e do


pedículo embrionário. É uma estrutura longa, Gêmeos monozigóticos formados pela divisão do embrioblasto
mais ou menos cilíndrica, que possui em seu (blastodierese) – Em um blastocisto já formado, o embrioblasto
interior duas artérias e uma veia que fazem divide-se em dois ou mais grupos celulares. Forma-se, então, um
comunicação com os capilares placentários blastocisto com mais de um embrioblasto e um único trofoblasto.
do feto. As artérias umbilicais transportam Cada embrioblasto dará origem a um embrião, mas a placenta
sangue venoso, enquanto a veia umbilical faz será a mesma para todos eles.
transporte de sangue arterial. Preenchendo os
Mais raramente, também, pode ocorrer a formação
espaços entre os vasos sanguíneos umbilicais,
de gêmeos MZ devido à separação precoce dos
encontramos o tecido conjuntivo mucoso, que
é conhecido também como geleia de Wharton. blastômeros, durante o estágio em que há de duas
a oito células. Nesse caso, haverá a formação de
Cordão umbilical
Veia umbilical gêmeos MZ com dois âmnios, dois córions e duas
Artérias umbilicais placentas, que podem estar ou não fundidas.
Em casos ainda mais raros, também pode ocorrer
Porção
a formação de gêmeos MZ devido à diferenciação
fetal da
Espaço de dois discos embrionários dentro do mesmo
placenta
interviloso
blastocisto. Nesse caso, os gêmeos estarão numa
Vilosidade
Porção mesma bolsa amniótica e também terão em comum
Arquivo Bernoulli

coriônica
materna a placenta e o córion. Cada embrião, entretanto,
Capilares da terá o seu próprio cordão umbilical.
fetais placenta
Os chamados gêmeos xipófagos (gêmeos siameses)
Vênula materna podem se formar quando o disco embrionário não
Arteríola materna Endométrio se dividir completamente. Assim, os gêmeos MZ
Placenta – Os espaços intervilosos, cheios de sangue materno, podem nascer interligados por alguma parte do corpo.
são derivados de “lacunas” que se desenvolvem a partir do Em alguns casos, os gêmeos estão ligados entre
sinciciotrofoblasto. Através da fina barreira que separa esse
si apenas pela pele ou por tecidos cutâneos e, em
sangue materno dos capilares fetais, no interior das vilosidades
outros, compartilham apenas determinados órgãos
coriônicas, ocorre troca de materiais: nutrientes, oxigênio e água,
provindos do sangue materno, passam para a veia umbilical; (por exemplo, fígado fundido). Em alguns casos,
o dióxido de carbono e resíduos nitrogenados, como a ureia, trazidos os gêmeos xipófagos podem ser separados com
à placenta pela artéria umbilical, passam para o sangue da mãe. sucesso por procedimentos cirúrgicos.

38 Coleção Estudo 4V
Embriologia animal

Denomina-se poliembrionia a formação de dois ou mais


embriões a partir de um único zigoto. Em algumas
exercícios de fixação
espécies, a poliembrionia é um fenômeno constante.
01. (Mackenzie-SP–2016) O esquema a seguir se refere a uma
etapa do desenvolvimento embrionário de um metazoário.

1 4

Arquivo Bernoulli
2

3

Assinale a alternativa CORRETA.

BIOLOGIA
A) A cavidade 1 está presente no embrião de todos os
Poliembrionia em tatu – Nos tatus, por exemplo, cada zigoto metazoários.
sempre dará origem a 4 tatuzinhos. A consequência da
poliembrionia é a formação de gêmeos monozigóticos. B) Esse embrião poderia ser de um platelminto.

• Gêmeos bivitelinos – Também chamados de C) A cavidade 2 origina o celoma.


dizigóticos (DZ), gêmeos fraternos, ou ainda de “falsos D) O tecido 4 origina a camada muscular e o tecido 5
gêmeos”, descendem de zigotos distintos, ou seja, de
origina o tecido nervoso.
“óvulos” distintos, cada um deles fecundado por um
espermatozoide diferente. Assim, surgem duas ou mais E) Se esse embrião for de um equinodermo, a estrutura
células–ovo ou zigotos. Podem ser ou não do mesmo 3 origina a boca.
sexo e apresentam constituição genética diferente.
Para ocorrer a formação de gêmeos dizigóticos, 02. (UEA-AM–2014) As figuras ilustram estágios do
é necessário que ocorra com a fêmea o fenômeno da desenvolvimento inicial de um anfioxo e de um anfíbio.
poliovulação, isto é, liberação de dois ou mais “óvulos” Anfioxo
ao mesmo tempo ou em pequenos intervalos de tempo.
Cerca de dois terços dos gêmeos são dizigóticos.
A semelhança genética entre eles é a mesma que
existe entre irmãos ou irmãs nascidos em épocas
diferentes. Sempre têm dois âmnios e dois córions.
As duas placentas podem estar fundidas ou não. Cada
Anfíbio
embrião tem seu próprio cordão umbilical.

n n

2n n n n n

2n 2n 2n 2n AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues.


Biologia das células, 2004 (Adaptação).

A diferença entre os dois processos deve-se

A) à resistência, maior ou menor, da membrana que


Arquivo Bernoulli

reveste a célula-ovo.
A B B) à ocorrência de divisões mitóticas em maior número
na célula-ovo do anfioxo.

C) à quantidade e distribuição do vitelo presente no


Em A, gêmeos univitelinos. São provenientes do mesmo “óvulo” e citoplasma da célula-ovo.
do mesmo espermatozoide e, consequentemente, de um mesmo
zigoto. São do mesmo sexo e têm a mesma constituição genética, D) à ocorrência de divisões mitóticas em maior número
embora as impressões digitais possam ser diferentes. Em B, gêmeos na célula-ovo do anfíbio.
bivitelinos. São provenientes de “óvulos” e espermatozoides
diferentes e, consequentemente, de zigotos diferentes. Podem E) a u m a d i s t r i b u i ç ã o d e s i g u a l d a s o r g a n e l a s
ser ou não do mesmo sexo e não são geneticamente idênticos. citoplasmáticas da célula-ovo.

Bernoulli Sistema de Ensino 39


Frente A Módulo 12

03. (UFU-MG) Faça a correlação entre os anexos embrionários 02. (UEL-PR) Analise a figura a seguir que representa um dos
apresentados na coluna A e as funções descritas na estágios do desenvolvimento embrionário do anfioxo em
coluna B. corte transversal.

Coluna A Coluna B
D A
a. Protege o embrião contra
1. Alantoide
traumatismos.

B C
b. Exerce função endócrina
2. Vesícula vitelina (produz progesterona e
gonadotrofina coriônica).

E
c. Participa da realização
3. Líquido amniótico de trocas gasosas e
armazenamento de excreções.

d. Importante no processo de
Com base na figura e nos conhecimentos sobre a
4. Placenta nutrição de embriões de
peixes, répteis e aves. embriologia do anfioxo, considere as afirmativas a seguir.

I. A figura representa um embrião no estágio de nêurula.


Assinale a alternativa que apresenta a correlação
II. As setas A, B e C apontam, respectivamente,
CORRETA.
o endoderma, a notocorda e o mesoderma.
A) 1-a; 2-b; 3-c; 4-d. C) 1-b; 2-d; 3-a; 4-c.
III. As estruturas apontadas pelas setas B e D darão
B) 1-d; 2-c; 3-a; 4-b. D) 1-c; 2-d; 3-a; 4-b.
origem, respectivamente, à coluna vertebral e ao

04. (UFPR–2016) Um biólogo mensurou a massa de sistema nervoso central.


componentes do ovo de um réptil durante seu IV. As estruturas apontadas pelas setas A e E darão
desenvolvimento, desde o dia da postura até o momento
origem a tecidos epiteliais de revestimento.
da eclosão. Ao longo das medidas, o que se espera
que tenha ocorrido, respectivamente, com a massa do A alternativa que contém todas as afirmativas
embrião, do vitelo e do alantoide? CORRETAS é

A) Aumento – redução – aumento A) I e IV.


B) Aumento – aumento – redução B) II e III.
C) Aumento – redução – redução C) I, II e III.
D) Redução – redução – aumento
D) I, III e IV.
E) Redução – aumento – redução
E) II, III e IV.

exercícios propostos 03. (Unicamp-SP–2015) Um cidadão foi preso por um crime


que não cometeu. O exame do DNA encontrado na
01. (UNITAU-SP–2016) Os anexos embrionários contribuem
cena do crime revelou que ele é compatível com o do
para o desenvolvimento embrionário, mas não fazem
indivíduo apontado como culpado. As provas colhidas em
parte, efetivamente, do corpo do embrião. Ao avaliarmos
os grupos animais, podemos observar que nem todos os um outro crime, ocorrido durante a reclusão do suposto
anexos estão presentes em todos os grupos. criminoso, curiosamente apontaram o mesmo perfil

Assinale a alternativa que relaciona CORRETAMENTE genético, colocando em cheque o trabalho de investigação
o anexo embrionário aos grupos animais em que estão realizado. As suspeitas então recaíram sobre um irmão
presentes. gêmeo do indivíduo.
A) Alantoide: presente em aves, peixes, répteis e anfíbios. A) Como são denominados os gêmeos do caso
B) Córion: presente em anfíbios, peixes, répteis e mamíferos. investigado? Que tipo de análise seria capaz de
C) Saco de vitelo: presente em mamíferos, peixes, répteis distinguir os gêmeos?
e aves. B) D escre v a o s p r o c e s s o s d e f e c u n d a ç ã o e
D) Âmnio: presente em mamíferos, aves, répteis e anfíbios. desenvolvimento embrionário que podem ter gerado
E) Placenta: presente em aves, répteis e anfíbios. os gêmeos envolvidos no caso investigado.

40 Coleção Estudo 4V
Embriologia animal

04. (PUC-SP–2016) Analise a tira de quadrinhos:

FOLHA DE S. PAULO, 22 abr. 2013.

Os pintinhos nascem molhados, devido principalmente ao material proveniente

BIOLOGIA
A) do âmnio, que armazena excretas nitrogenados do embrião, e do alantoide, que previne dessecação e amortece choques mecânicos.
B) do âmnio, que previne dessecação do embrião e amortece choques mecânicos, e do alantoide, que armazena excretas nitrogenados.
C) do âmnio, que previne a dessecação do embrião, e do grande número de vilosidades coriônicas ricas em vasos sanguíneos.
D) do alantoide, que armazena excretas nitrogenados do embrião, e do grande número de vilosidades coriônicas ricas em vasos
sanguíneos.

05. (CMMG–2016) Observe o esquema a seguir.

Os números 1, 2 e 3 equivalem, respectivamente, a


A) endoderma, mesoderma e ectoderma. C) ectoderma, mesoderma e endoderma.
B) ectoderma, endoderma e mesoderma. D) mesoderma, ectoderma e endoderma.

06. (UFU-MG–2014) O esquema a seguir representa um embrião de vertebrados com seus anexos embrionários.

Embrião A) INDIQUE a letra e identifique o anexo embrionário que representou uma conquista para
d os vertebrados que se desenvolvem fora da água, permitindo-lhes lubrificação e proteção
c
ao dessecamento.
B) Qual é a classificação desse ovo, durante o desenvolvimento embrionário, em relação
b à quantidade e à distribuição de recursos nutritivos? INDIQUE a letra e identifique o
anexo embrionário que armazena o material nutritivo.
a C) INDIQUE a letra e identifique os anexos embrionários que, nos mamíferos placentários,
são reduzidos / atrofiados, cujas funções são exercidas pela placenta.

Bernoulli Sistema de Ensino 41


Frente A Módulo 12

Seção Enem Para atender à solicitação dessa mãe, realizou-se o exame


dos anexos embrionários dos gêmeos, que indicou a
presença de dois córions e de duas placentas.
01. (Enem–2015) Um importante princípio da biologia, Com base no resultado desse exame e nas informações
r e l a c i o n a d o à t ra n s m i s s ã o d e c a ra c t é r e s e à da tabela é correto dizer que
embriogênese humana, foi quebrado com a descoberta
do microquimerismo fetal. Microquimerismo é o nome A) os gêmeos certamente são dizigóticos.
dado ao fenômeno biológico referente a uma pequena B) os gêmeos foram formados a partir de um único
população de células ou DNA presente em um indivíduo, zigoto.
mas derivada de um organismo geneticamente distinto.
C) os gêmeos são geneticamente idênticos.
Investigando-se a presença do cromossomo Y, foi
revelado que diversos tecidos de mulheres continham D) é mais provável que os gêmeos sejam dizigóticos.
células masculinas. A análise do histórico médico revelou E) os gêmeos foram formados devido à divisão do
uma correlação extremamente curiosa: apenas as embrioblasto na fase de blástula.
mulheres que antes tiveram filhos homens apresentaram
microquimerismo masculino. Essa correlação levou à
interpretação de que existe uma troca natural entre
04. Em um futuro não muito distante, as células-tronco
embrionárias poderão solucionar problemas de saúde que
células do feto e maternas durante a gravidez.
atualmente são incuráveis. Recentemente, pesquisadores
MUOTRI, A. Você não é só você: carregamos células maternas na
brasileiros conseguiram produzir a primeira linhagem de
maioria de nossos órgãos. Disponível em: <http://g1.globo.com>
células-tronco a partir de embrião humano. As células-
Acesso em: 04 dez. 2012 (Adaptação).
-tronco foram obtidas de um embrião em fase de blástula,
O princípio contestado com essa descoberta, relacionado de onde foram obtidas células que posteriormente foram
ao desenvolvimento do corpo humano, é o de que colocadas em meio de cultura para se multiplicarem.
A) o fenótipo das nossas células pode mudar por As figuras a seguir representam diferentes estágios do
influência do meio ambiente. desenvolvimento embrionário humano.
B) a dominância genética determina a expressão de
alguns genes.
C) as mutações genéticas introduzem variabilidade
no genoma.
A B C D E
D) as mitocôndrias e o seu DNA provêm do gameta materno.
E) as nossas células corporais provêm de um único zigoto. Entre as figuras representadas, a que corresponde à fase
embrionária de onde foram retiradas as células-tronco
02. (Enem–2014) Na década de 1990, células do cordão pelos pesquisadores brasileiros mencionados no texto
umbilical de recém-nascidos humanos começaram a ser é a figura
guardadas por criopreservação, uma vez que apresentam
alto potencial terapêutico em consequência de suas A. B)
A) B. C)
C. D)
D. E)
E.
características peculiares.
O poder terapêutico dessas células baseia-se em sua
capacidade de
A) multiplicação lenta.
gabarito
B) comunicação entre células.
Fixação
C) adesão a diferentes tecidos.
01. D 02. C 03. D 04. A
D) diferenciação em células especializadas.
E) reconhecimento de células semelhantes.
Propostos
03. Em uma maternidade, uma parturiente que deu à luz 01. C 02. A
gêmeos do mesmo sexo, sem anomalias genéticas, 03. A) Univitelinos. A análise das impressões digitais poderia
interessou-se em saber se os mesmos eram monozigóticos distinguir os indivíduos.
ou dizigóticos. B) Os gêmeos univitelinos são formados pela união
Entre os diferentes métodos utilizados para determinar-se de um óvulo e um espermatozoide. Durante o
a zigosidade, está o exame dos anexos embrionários. desenvolvimento, as células do blastocisto se separam,
A tabela a seguir mostra a frequência de gêmeos mono formando dois embriões.
e dizigóticos com base nesse tipo de exame. 04. B 05. C
06. A) Letra c. Âmnio.
Um córion Dois córions
B) O ovo pode ser classificado como megalécito ou telolécito.
Zigosidade
Um Dois Uma Duas O anexo é o saco vitelínico indicado pela letra a.
âmnion âmnions placenta placentas
C) A placenta exerce o papel do saco vitelínico (a) e do
Monozigóticos raro 65% 25% 10% alantoide (d).

Dizigóticos – – 40% 60%


Seção Enem
Thompson & Thompsom. Genética médica, 1993. 01. E 02. D 03. D 04. C

42 Coleção Estudo 4V

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