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BIOLOGIA A 01
Composição química dos seres vivos:
água e sais minerais
lli
Dos mais de cem tipos diferentes de elementos químicos Por isso, o anabolismo também é chamado de metabolismo
existentes, pouco mais de vinte são encontrados na formação plástico ou metabolismo de construção. Um bom exemplo
da matéria viva, entre os quais há uma predominância de de reação anabólica é a síntese de proteínas que ocorre no
ou
carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. Esses quatro interior das células, por meio da união de várias moléculas
elementos são os mais abundantes no ser vivo, constituindo menores de aminoácidos. As reações do anabolismo são,
95% ou mais de sua massa. Outros elementos, como fósforo, em geral, endergônicas (endotérmicas), pois a quantidade
enxofre, cálcio, sódio, potássio, etc., completam o restante de energia contida nos produtos finais é maior que a
da massa. Os átomos dos diferentes elementos químicos existente nos reagentes. Isso significa que, no decorrer
encontrados nos seres vivos podem associar-se uns aos da reação, há absorção de energia do meio.
outros, formando estruturas mais complexas, as moléculas, • Catabolismo (do grego katabolé, destruir, eliminar) –
e também podem dissociar-se, formando os íons. Moléculas Compreende as reações metabólicas “destrutivas”, isto é,
e íons são encontrados formando as substâncias (compostos
químicos), que podem ser subdivididas em dois grupos:
substâncias inorgânicas e substâncias orgânicas.
Aminoácidos
rn reações de análise que degradam (“quebram”) moléculas,
transformando-as em unidades menores. Tais reações
têm como finalidade principal liberar energia para as
atividades vitais. A reação da glicólise (lise ou quebra da
glicose), que ocorre durante o processo da respiração
celular, é um bom exemplo de reação catabólica.
As reações do catabolismo são exergônicas (exotérmicas),
Be
uma vez que a quantidade de energia contida nos
Proteínas produtos finais é menor que a existente nos reagentes.
Carboidratos Isso significa que, no decorrer da reação, há liberação de
Água
Lipídios energia para o meio.
Sais minerais
Nucleotídeos
Metabolismo
Ácidos nucleicos
Vitaminas
Anabolismo Catabolismo
Nos seres vivos, os átomos, as moléculas e os íons
das diferentes substâncias, além de fazerem parte das
estruturas que compõem o organismo, também participam Reações “construtivas” Reações “destrutivas”
de diversas reações químicas que ocorrem no interior Reações endergônicas Reações exergônicas
eu
lli
(“águas-vivas”), o teor de água pode chegar a 98%. dependência metabólica para com ela podem ser uma
A água é indispensável para que ocorra o metabolismo, consequência da própria origem da vida em nosso planeta.
pois a maioria das reações metabólicas só ocorre em meio Uma das hipóteses mais aceitas atualmente pela comunidade
aquoso devido à propriedade da água de dissolver muitos científica admite que as primeiras formas de vida surgiram
dos reagentes, o que facilita a ocorrência das reações. Além nos oceanos primitivos há cerca de 3,5 bilhões de anos.
ou
disso, a própria água participa como reagente de importantes Portanto, de acordo com essa hipótese, foi no meio aquoso
reações metabólicas. A taxa de água varia de maneira direta que ocorreram certas reações químicas que culminaram com
em relação à atividade metabólica, ou seja, quanto maior a o surgimento dos primeiros seres vivos. Assim, a dependência
atividade metabólica de uma célula, de um tecido ou de um
dessas reações para com a água teria persistido com o
órgão, maior deverá ser a taxa de água nessas estruturas.
decorrer da evolução (transformação e formação de novas
De um modo geral, a taxa de água em um mesmo organismo espécies) nas unidades fundamentais dos seres vivos, isto é,
varia de maneira inversa em relação à idade, ou seja, quanto nas suas células. Como se trata de uma hipótese, podemos
maior a idade, menor será a taxa de água. Na espécie aceitá-la ou não. Entretanto, não podemos negar o fato de que
humana, por exemplo, a massa corporal de um feto de três
meses é constituída por aproximadamente 94% de água;
num recém-nascido, a taxa de água é de aproximadamente
70%, e, num indivíduo adulto, corresponde a cerca de 65%.
Além de ser um meio indispensável para a ocorrência
do metabolismo, a água também ajuda no transporte de
substâncias feito no interior do organismo e no transporte
rn a vida, tal como a conhecemos em nosso planeta, não pode
existir sem água. A vida depende das reações metabólicas,
e tais reações dependem da água.
SAIS MINERAIS
Representando em média de 3% a 5% da massa dos
Be
de catabólitos (produtos de excreção) do meio interno para seres vivos, os minerais podem ser encontrados na matéria
o externo. Em nosso organismo, por exemplo, muitos dos viva tanto na forma insolúvel, imobilizados em estruturas
nutrientes absorvidos no tubo digestório entram na corrente
esqueléticas, como na forma solúvel, dissolvidos na água e
sanguínea e são transportados para diversas outras partes
dissociados em íons.
do nosso corpo, dissolvidos na água do plasma sanguíneo.
Muitos dos resíduos do nosso metabolismo celular também Os animais normalmente obtêm-nos por meio da ingestão
são excretados (eliminados para o meio externo), dissolvidos de alimentos e de água (que também apresenta certa
na água. Isso acontece, por exemplo, com a ureia (resíduo taxa de minerais dissolvidos). Já os vegetais geralmente
do metabolismo proteico), que é eliminada dissolvida na adquirem-nos absorvendo-os do meio juntamente com
água existente em nossa urina. Podemos dizer, então, a água.
que a água também atua como veículo de excreção.
Entre os diversos minerais encontrados nos seres vivos,
eu
4 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: água e sais minerais
lli
moléculas dos ácidos nucleicos (DNA e RNA) e do ATP.
Leite e derivados, carnes, peixes e cereais são alimentos
ricos em fósforo.
Iodo (I)
Entra na constituição de hormônios tireoidianos,
Ferro (Fe) produzidos pela glândula tireoide. Essa glândula localiza-se
ou
BIOLOGIA
na base do pescoço (na frente da traqueia) e produz os
Os sais de ferro são importantes porque fornecem hormônios T3 (tri-iodotironina) e T4 (tetraiodotironina ou
o íon Fe 2+, que entra na constituição de importantes tiroxina), que estimulam as reações do metabolismo em todo
moléculas proteicas, como os citocromos e a hemoglobina. o corpo (metabolismo geral). Para produzir esses hormônios,
Os citocromos atuam como transportadores de elétrons a tireoide necessita de iodo, o que torna imprescindível a
nas reações da cadeia respiratória da respiração celular utilização de sais de iodo na nossa alimentação.
aeróbia e nas reações de fotofosforilação da fotossíntese.
Os alimentos mais ricos em sais de iodo são aqueles
A hemoglobina, existente no sangue de muitos animais,
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 04. (UNIFESP) A sonda Phoenix, lançada pela NASA, explorou
em 2008 o solo do planeta Marte, onde se detectou a
presença de água, magnésio, sódio, potássio e cloretos.
01. (UNESP) Determinado produto, ainda em análise pelos
Ainda não foi detectada a presença de fósforo naquele
órgãos de saúde, promete o emagrecimento acelerando
planeta. Caso esse elemento químico não esteja presente,
o metabolismo das gorduras acumuladas pelo organismo. a vida, tal como a conhecemos na Terra, só seria possível
Pode-se dizer que esse produto acelera o se em Marte surgissem formas diferentes de
A) metabolismo dessas gorduras, em um processo A) DNA e proteínas.
metabólico do tipo endotérmico. B) ácidos graxos e trifosfato de adenosina.
B) anabolismo dessas gorduras, em um processo C) trifosfato de adenosina e DNA.
lli
metabólico do tipo exotérmico.
D) RNA e açúcares.
C) catabolismo dessas gorduras, em um processo
E) Ácidos graxos e DNA.
metabólico do tipo exo-endotérmico.
D) catabolismo dessas gorduras, em um processo
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
ou
metabólico do tipo endotérmico.
E) catabolismo dessas gorduras, em um processo
metabólico do tipo exotérmico. 01. (PUC RS–2016) Para responder à questão, leia as
informações e as afirmativas que seguem.
02. (UNILUS-SP) A taxa de água em um organismo pode
A água é o componente mais abundante do corpo
variar de acordo com alguns fatores. São eles:
humano, sendo responsável por aproximadamente
A) espécie, enzimas e proteínas. 70% do peso total do corpo. Durante o exercício físico,
B) idade, espécie e proteínas. o calor gerado pelo metabolismo aumenta a temperatura
do corpo. O sistema nervoso detecta esse aumento
03.
C) atividade, idade e espécie.
D) atividade, enzimas e proteínas.
E) idade, enzimas e proteínas.
4. Cálcio
d. Atua na transmissão de impulsos nervosos; 02. (FCMSC-SP) Pode-se dizer CORRETAMENTE que o teor
é encontrado em frutas, verduras e cereais. de água nos tecidos dos animais superiores
M
6 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: água e sais minerais
03. (UEPB–2014) A água é a substância mais abundante C) há presença de ferro na carne branca; portanto,
nos seres vivos, constituindo cerca de 75% a 85% da a carne de frango também é indicada para suprir
massa corporal de um organismo. A molécula de água necessidades de ferro.
(H2O) é constituída por um átomo de oxigênio unido por D) o ferro é o responsável pela coloração vermelho-
meio de ligações covalentes a dois átomos de hidrogênio, -escura da carne bovina, sendo esta a única carne
formando um ângulo de 104,5°, o que a toma polarizada. capaz de suprir as necessidades de ferro.
Esta polarização confere à água propriedades físico-
-químicas essenciais à vida. 06. (UnB-DF) A desidratação provocada pela diarreia é ainda
Sobre a água e sua importância para a manutenção da a segunda maior causa de mortalidade infantil no Brasil.
O problema tem sido combatido pela distribuição de
lli
vida na Terra, são apresentadas as seguintes proposições:
uma mistura de sais considerada eficaz pela Organização
I. Nas plantas, o deslocamento da seiva mineral, desde
Mundial de Saúde (OMS) – indicada na tabela a seguir
as raízes, onde ela é absorvida do solo, até as folhas,
como teores / OMS – e pela divulgação de receita
onde ocorre a transpiração, está relacionada às
simplificada, conhecida como soro caseiro. A população
propriedades de adesão e coesão da água.
de baixa renda e os que pretendem restringir o uso
ou
BIOLOGIA
II. A maioria dos seres vivos só pode viver em uma da alopatia utilizam chás caseiros. Em um estudo que
estreita faixa de temperatura, fora da qual ocorrem objetivava verificar a eficiência dos produtos mais usados
problemas metabólicos e até a morte. Podemos citar no tratamento da diarreia infantil, observaram-se os
o alto calor específico o elevado calor latente de dados contidos na seguinte tabela:
vaporização e o elevado calor latente de fusão da
água como alguns dos fatores importantes para a Concentração de eletrólitos em algumas
estabilidade da temperatura dos seres vivos. amostras (nmol/L)
III. A água participa das reações químicas no organismo Sódio Potássio Cloreto Citrato Glicídios
vivo, sendo que em algumas delas entra como
reagente na síntese por desidratação e, em outras,
como produto reações de hidrólise.
Teores /
OMS
Chá de
carqueja
Chá de
(Na+)
90
0,05
0,02
(K+)
20
20
4
(Cℓ–)
80
2
trissódico
30
0,1
<0,05
totais
110
26
Be
B) I e III, apenas. E) I, II e III. goiaba
C) II e III, apenas. Chá de
0,3 2 0,3 0,2 2
pitangueira
07. (UnB-DF) Os médicos costumam prescrever às pessoas 02. (Enem–2005) A água é um dos componentes mais
hipertensas uma dieta com baixo teor de sódio. Entretanto, importantes das células. A tabela a seguir mostra como a
esse elemento a que os médicos se referem não é o sódio quantidade de água varia em seres humanos, dependendo
metálico, um metal muito reativo que, em contato com a do tipo de célula. Em média, a água corresponde a 70%
água, libera grande quantidade de energia. Na verdade,
da composição química de um indivíduo normal.
essa recomendação refere-se aos íons sódio (Na+), que são
ingeridos quando consumimos, principalmente, alimentos
que contenham o sal de cozinha. Da mesma maneira, Tipo de célula Quantidade de água
quando os médicos prescrevem ferro às pessoas anêmicas, Tecido nervoso – substância cinzenta 85%
não quer dizer que elas devam “comer pregos” ou outro
objeto feito de ferro. O que se indica é a ingestão de íons Tecido nervoso – substância branca 70%
lli
de ferro (II), presente, por exemplo, em FeSO4. A partir Medula óssea 75%
das informações do texto, JULGUE os itens seguintes.
Tecido conjuntivo 60%
A) A hipertensão, na forma citada no texto, deve-se à
elevação nas concentrações plasmáticas de Na+, que Tecido adiposo 15%
leva ao aumento do volume plasmático em virtude
ou
Hemácias 65%
de movimentos osmóticos.
Ossos (sem medula) 20%
B) A prescrição de ferro às pessoas anêmicas visa
otimizar o transporte de gases respiratórios pelas
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica.
hemácias, pois, na ausência de ferro, esse transporte
8. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1985.
é realizado por proteínas plasmáticas.
Durante uma biópsia, foi isolada uma amostra de tecido
08. (UFRN) A perda excessiva de água pelo organismo pode para análise em um laboratório. Enquanto intacta, essa
levar à morte. Isto já foi observado tanto em pessoas amostra pesava 200 mg. Após secagem em estufa,
com uma disenteria grave quanto em outras que estavam
correndo numa maratona. Para se controlar o risco de
morte nessas situações, é recomendável beber uma
solução que, além de água, contenha cloreto de sódio
e glicose ou sacarose. Uma solução desse tipo é o soro
caseiro que pode ser preparado com uma colher de sopa
de açúcar e uma colher de café de sal de cozinha, em um
rn quando se retirou toda a água do tecido, a amostra passou
a pesar 80 mg. Com base na tabela, pode-se afirmar que
essa é uma amostra de
A) tecido nervoso – substância cinzenta.
B) tecido nervoso – substância branca.
C) hemácias.
Be
litro de água filtrada ou fervida. D) tecido conjuntivo.
A) Quais as funções da água e do sal contidos no soro E) tecido adiposo.
caseiro?
B) Por que a quantidade de açúcar presente no soro
caseiro é bem maior do que a do sal?
GABARITO
SEÇÃO ENEM Fixação
01. E 03. A
01. (Enem–2009) A água apresenta propriedades físico-
-químicas que a coloca em posição de destaque como 02. C 04. C
eu
à água a capacidade de
A) servir como doador de elétrons no processo de 08. A) • Água = reidratar o organismo.
fotossíntese.
• Sal = reequilibrar o equilíbrio eletrolítico.
B) funcionar como regulador térmico para os organismos
vivos. B) A glicose fornecerá energia para o organismo.
C) agir como solvente universal nos tecidos animais e
vegetais.
D) transportar os íons de ferro e magnésio nos tecidos Seção Enem
vegetais.
01. B
E) funcionar como mantenedora do metabolismo nos
organismos vivos. 02. D
8 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA A 02
Composição química dos seres vivos:
aminoácidos, proteínas e enzimas
lli
AMINOÁCIDOS • Aminoácidos naturais (não essenciais, dispensáveis)
são aqueles que o organismo animal consegue
Aminoácidos são compostos orgânicos que possuem em fabricar em seu próprio corpo.
ou
suas moléculas os grupamentos amino (—NH2) e ácido
• Aminoácidos essenciais (indispensáveis) são
carboxila (—COOH).
aqueles que o animal não consegue sintetizar em seu
Grupamento H H próprio corpo e que, portanto, devem ser obtidos por
amino (–NH2) meio da alimentação.
N
O Grupamento Classificar um aminoácido como natural ou essencial
carboxila
R C C depende da espécie de animal, uma vez que um mesmo
(–COOH)
O tipo de aminoácido pode ser natural para uma espécie e
H
Espécie humana
Be
A diferença entre os diversos tipos de aminoácidos está
na cadeia lateral, genericamente conhecida como radical, Aminoácidos naturais Aminoácidos essenciais
destacada nos exemplos a seguir:
Ácido aspártico (Asp)
Aminoácido alanina (Ala) Aminoácido glicina (Gli)
Ácido glutâmico (Glu)
H H H H
Alanina (Ala) Fenilalanina (Phe)
N N
H
O O
Arginina (Arg) Isoleucina (Ile)
H C C C H C C
O H O H Asparagina (Asn) Leucina (Leu)
H H H
eu
Tirosina (Tyr)
Plantas e animais necessitam de diferentes tipos de
aminoácidos para seu crescimento, seu desenvolvimento e
sua sobrevivência. As plantas são capazes de fabricar em Observação: A histidina é um aminoácido essencial apenas
suas células e tecidos todos os tipos de aminoácidos de que na infância, sendo que mais tarde passa a ser sintetizada em
necessitam. Os animais, por sua vez, conseguem fabricar no nosso organismo.
corpo apenas alguns tipos de aminoácidos. Os aminoácidos
que os animais não conseguem sintetizar no próprio
organismo precisam ser obtidos por meio da alimentação. Alimentos ricos em proteínas são importantes fontes
Assim, nos animais, os aminoácidos podem ser classificados de aminoácidos para o nosso organismo, notadamente de
em naturais e em essenciais. aminoácidos essenciais.
Carnes, ovos, leite e derivados, leguminosas, como a soja, tripeptídeos, tetrapeptídeos, etc. Os termos oligopeptídeos
o feijão, a ervilha e outras são alimentos ricos em proteínas. (do grego oligo, pouco) e polipeptídeos (do grego poli, muito)
Ao serem ingeridas, as proteínas são digeridas, isto é, também são usados para se referir às moléculas peptídicas
são “quebradas”, até serem convertidas em aminoácidos, resultantes, respectivamente, da união de poucos e de
que serão, então, absorvidos e distribuídos pela corrente muitos aminoácidos. Nesses compostos, os aminoácidos
sanguínea para as células dos diversos tecidos do nosso corpo. se mantêm unidos uns aos outros por meio de uma ligação
No interior das células, esses aminoácidos serão utilizados pelos química covalente denominada ligação peptídica.
ribossomos na síntese de novas moléculas proteicas, podendo, A ligação peptídica se faz entre o carbono do grupo ácido
ainda, no caso do fígado, ser utilizados na fabricação de outros carboxila de um dos aminoácidos com o nitrogênio do grupo
lli
aminoácidos por meio das reações de transaminação. amina do outro aminoácido. Para que se forme uma ligação
As proteínas que fornecem todos os aminoácidos desse tipo, o grupo carboxila de um dos aminoácidos perde
essenciais em boa quantidade são chamadas de proteínas o seu grupamento hidroxila (—OH), enquanto o grupo amina
completas, e aquelas que não fornecem todos os aminoácidos do outro aminoácido perde um de seus hidrogênios (H).
essenciais de que necessitamos são denominadas proteínas
ou
A hidroxila e o hidrogênio liberados reagem entre si
incompletas. formando água (H2O). Assim, toda vez que se forma uma
Os aminoácidos podem ligar-se uns aos outros ligação peptídica, há também a formação de uma molécula
formando compostos mais complexos. Dependendo do de água. Trata-se, portanto, de um exemplo de síntese por
número de aminoácidos que se uniram para formá-los, desidratação, uma vez que a água é um dos produtos da
esses compostos podem ser chamados de dipeptídeos, reação. Veja os exemplos adiante.
R1
H
N
C
H
H
C
O
O H
R1
H H
N
C
rn
Aminoácido 1
C
O
Grupamento amino-terminal
R1
H
N
C
H
C
O
Ligação
peptídica
Be
Aminoácido 1 O H H
H H
H H N
H H O
N R1 C C
N H2O O
O O H
R2 C C H
R2 C C O H
O H H Grupamento
H ácido-terminal
Aminoácido 2
Aminoácido 2
Dipeptídeo
2 Aminoácido 1 H H
H H Ligação
H2O N
eu
N O peptídica
O R1 C C
R1 C C H
O H H Ligação
H N
H H O peptídica
H2O R2 C C
N H
O
R2 C C H
N
O H O
M
H H H R3 C C
Aminoácido 2 O H
N H
O
R3 C C
O H
H
Aminoácido 3 Tripeptídeo
Observe nas figuras 1 e 2 que, após a união dos aminoácidos, o peptídeo resultante continua tendo em sua molécula os grupamentos
carboxila (—COOH) e amino (—NH2), localizados em suas extremidades e, por isso, passam a ser chamados de grupamentos
ácido-terminal e amino-terminal.
10 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: aminoácidos, proteínas e enzimas
lli
de hidrogênio). Embora existam controvérsias, pode-se concluir
que toda proteína é um polipeptídeo, mas nem todo polipeptídeo
é uma proteína. Pode-se dizer também que as proteínas são β
polímeros de aminoácidos. Polímeros são macromoléculas Estrutura secundária Estrutura terciária
ou
formadas pela união de muitas unidades menores e semelhantes,
BIOLOGIA
chamadas genericamente de monômeros. No caso das proteínas, • Estrutura quaternária da proteína – É a união
os monômeros são os aminoácidos. de duas ou mais cadeias polipeptídicas, iguais ou
As proteínas são formadas por apenas 20 tipos diferentes de diferentes, formando uma única molécula proteica.
aminoácidos. Em algumas, além dos aminoácidos, encontra-se Por exemplo: a molécula de hemoglobina humana é
um outro constituinte, chamado genericamente de grupo constituída por quatro cadeias polipeptídicas (α1, α2,
prostético. O grupo prostético pode ser um carboidrato, um β1 e β2) unidas entre si pelos grupos heme. As duas
lipídio, um ácido nucleico, um mineral, etc. Assim, pode-se cadeias alfa são idênticas entre si, assim como as
proteínas conjugadas.
• rn
classificar as proteínas em dois grupos: proteínas simples e
Cadeia alfa
Heme
β1
Cadeia beta
Be
importante papel na impermeabilização dessas estruturas.
A molécula proteica pode ser formada por uma ou por mais exemplo) podem modificar a configuração espacial das
cadeias polipeptídicas, podendo apresentar as seguintes proteínas, fazendo com que suas moléculas se desenrolem e
estruturas: alterem sua configuração nativa (configuração tridimensional
original da molécula). Essa modificação da configuração nativa
• Estrutura primária da proteína – É a sequência linear de uma proteína é denominada desnaturação.
de seus aminoácidos, sendo muito importante para a
função que a proteína irá desempenhar. Essa sequência
de aminoácidos é determinada geneticamente.
M
lli
• Estrutural – Muitas proteínas participam da
formação de importantes estruturas no organismo. as reações do metabolismo se tornam mais rápidas
A membrana plasmática, película que reveste e graças à ação das enzimas. Embora certas moléculas de
protege a célula, é um exemplo de estrutura formada RNA, sob certas condições, possam atuar como enzimas
basicamente por lipídios e proteínas. (riboenzimas), a maioria das enzimas é de natureza proteica,
ou
isto é, são proteínas.
• Hormonal – Muitos hormônios (substâncias
reguladoras) são de natureza proteica. É o caso, por Em diversos casos, uma substância de natureza não
exemplo, da proteína insulina (hormônio produzido proteica precisa se ligar à enzima para que esta possa exercer
no pâncreas e que atua no controle da taxa de sua ação catalisadora. Tais substâncias são conhecidas por
glicose no sangue). cofatores ou coenzimas. Os cofatores são íons inorgânicos,
geralmente metálicos, já as coenzimas são moléculas
• Defesa – Um dos mecanismos de defesa do
orgânicas, quase sempre derivadas de uma vitamina.
organismo é realizado por proteínas especiais,
•
por anticorpos.
Contração muscular – Actina e miosina são
rn
denominadas imunoglobulinas, conhecidas também
12 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: aminoácidos, proteínas e enzimas
lli
de carne, por exemplo, as proteínas nele presentes começam
a ser digeridas no estômago por ação da enzima pepsina Sítio ativo
existente no suco gástrico. Se colocarmos um pedaço de
carne no interior de um tubo de ensaio e sobre ele jogarmos
ou
suco gástrico extraído do estômago, a pepsina atuará sobre
BIOLOGIA
as proteínas da carne da mesma maneira.
Complexo
Algumas reações enzimáticas são reversíveis, isto é,
enzima-substrato
podem ocorrer nos dois sentidos. Nesse caso, a mesma
enzima atua como catalisador nos dois sentidos da reação,
obedecendo à equação de Michaelis ou equação geral
das enzimas.
Enzima
E + S ↔ ES ↔ E + P
rn
Equação de Michaelis – E = Enzima; S = Substrato;
ES = Complexo enzima-substrato; P = Produto.
Nomenclatura
Mecanismo de ação das enzimas.
Produtos
Be
O local da molécula enzimática onde o substrato se “encaixa”
A nomenclatura das enzimas, em geral, é feita é denominado sítio ativo ou centro ativo da enzima. Para que
acrescentando-se o sufixo –ase ao radical do substrato. possa ocorrer esse “encaixe”, a configuração molecular do
substrato precisa ser compatível com a configuração do sítio
Substrato Enzima
ativo da enzima. Uma vez ocorrido o “encaixe”, forma-se
o chamado complexo enzima-substrato, que acelera o
Maltose Maltase processo reativo. Ao término da reação, quando os produtos
já estiverem formados, a molécula da enzima se liberta e pode
Lactose Lactase
combinar-se a uma outra molécula de substrato, repetindo-se
Amido Amilase o processo. As enzimas, assim como todos os catalisadores, não
se gastam ou não são consumidas durante a reação. Por isso,
eu
Lipídios Lipases
uma enzima, ao participar de uma reação química, chega ao final
Proteínas Proteases com sua estrutura inalterada, o que permite a ela atuar várias
vezes, desde que seja preenchido o requisito da especificidade.
Pode-se também acrescentar o sufixo –ase ao radical do Durante muito tempo, o modelo da chave-fechadura, que
nome do tipo da reação. admite que o sítio ativo possui um molde rígido semelhante
a uma chave encaixando-se numa fechadura, foi totalmente
Tipos de reação química Enzima aceito. Em 1946, Linus Pauling demonstrou que o modelo chave-
M
Cada enzima só funciona dentro de uma determinada faixa As enzimas também sofrem influência do pH do meio em que
de temperatura e, dentro dessa faixa de atuação, existe uma está ocorrendo a reação. Cada enzima só funciona dentro de
temperatura “ótima” na qual a atividade catalisadora da enzima uma determinada faixa de pH e, dentro dessa faixa de atuação,
é máxima. A temperatura “ótima” das enzimas não é a mesma existe um pH no qual a sua atividade é máxima: é o chamado
pH “ótimo” da enzima.
para todas as espécies de seres vivos. No caso de certas
espécies de peixes que vivem no Ártico, por exemplo, ela pode
Velocidade da reação
1 – Velocidade máxima
1
lli
ser próxima de 0 °C; em certas bactérias e algas que vivem em 2 – pH ótimo
fontes de águas térmicas, é de cerca de 80 °C. Entretanto, para
a maioria das espécies de seres vivos, a temperatura “ótima”
das enzimas fica na faixa de 37 °C a 40 °C. Na espécie humana,
por exemplo, é de, aproximadamente, 37 °C.
ou
1 – Velocidade máxima da reação Valores de pH
Velocidade da reação
2
2 – Temperatura ótima
Influência do pH sobre a velocidade da reação catalisada por
1
uma enzima.
2 Temperatura
Influência da temperatura na velocidade da reação catalisada
por enzima.
Lembre-se de que a maioria das enzimas tem natureza proteica
rn
saturação, a partir do qual, ainda que aumente a concentração
do substrato, a velocidade da reação não mais aumentará.
Nesse ponto de saturação, a velocidade da reação enzimática
atinge um valor máximo.
Velocidade da reação
x
Be
e de que as proteínas, quando submetidas a temperaturas
muito elevadas, sofrem o processo de desnaturação.
Assim, em temperaturas elevadas, uma enzima sofre
desnaturação, perdendo sua capacidade de atuar como
catalisador. A enzima desnaturada pela temperatura elevada
tem sua forma alterada; com isso, o sítio ativo modifica-se, não y Concentração do substrato
permitindo mais a formação do complexo enzima-substrato.
Influência da concentração do substrato na velocidade da reação
Enzima normal catalisada por enzima.
Substrato
Ativadores e inibidores
eu
14 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: aminoácidos, proteínas e enzimas
lli
consequentemente, não pode catalisar a reação que transforma CH3 CH C H
NH2
o substrato em determinados produtos. Assim, é como se não
existisse a enzima no meio.
ou
4 5 6
BIOLOGIA
CH3 O
C
CH3 CH CH2 NO2 C OH
rn seguinte sequência:
A) 1, 5 e 3
B) 1, 5 e 6
C) 4, 2 e 3
Be
D) 4, 2 e 6
Enzima Inibidor Substrato respeito da molécula dada pela fórmula geral a seguir:
Inibição competitiva.
H
A probabilidade de ligações entre a enzima e o substrato ou O
entre a enzima e o inibidor depende da concentração desses R C C
componentes no meio. Se a concentração do substrato for OH
eu
N
maior que a do inibidor, a probabilidade de encontros entre H H
as moléculas das enzimas e as do substrato aumentam,
enquanto as chances de a enzima e o inibidor se ligarem
diminuem. Por outro lado, se a concentração do inibidor A) É capaz de se ligar a outra molécula do mesmo tipo
for maior que a do substrato, a probabilidade de encontros
através de pontes de hidrogênio.
entre enzimas e inibidores maior. Portanto, na inibição
por competição, mantendo-se a quantidade de enzimas
B) Entra na constituição de enzimas.
constante, o grau de inibição depende da concentração do
M
lli
I
IV
Energia
Material Quantidade de O2
N. do teste
acrescentado liberada (+) V
ou
Curso da reação
I − −
Observe o gráfico e assinale a afirmativa INCORRETA.
A) II representa o estado de transição, com o máximo de
II Solução de catalase +++ energia.
B) III representa a energia de ativação para desencadear a
1 g de fígado reação.
III ++
bovino triturado C) V pode ser um produto final da reação enzimática.
IV
V
2 g de fígado
bovino triturado
3 g de fígado
bovino triturado
+++++
+++++
rn 02.
D) IV representa a diferença de energia entre a enzima e o
produto.
E) I pode ser representado pelos substratos da catálise.
02. No teste VI, não ocorre liberação de O2 porque o calor D) aumentam a velocidade das reações químicas sem a
desnatura e, consequentemente, inativa as enzimas. necessidade de elevar a temperatura porque diminuem a
03. Testes de III e VI podem ser considerados como sendo energia de ativação.
os testes realizados para o controle do experimento. E) têm atividade controlada pela temperatura do meio,
independentemente das concentrações de substrato e do
04. A liberação de O2 cessa após um curto período de tempo
pH existentes.
por ocorrer consumo de enzima durante a reação.
16 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: aminoácidos, proteínas e enzimas
lli
B) As enzimas aumentam a energia de ativação de uma
v = velocidade de formação do produto C em mg/hora.
reação química.
Com base nos gráficos, responda:
C) Com o aumento da temperatura, a atividade catalítica
atinge um ponto máximo e depois diminui. A) Em que grupo de substâncias pode ser classificado o
polipeptídeo E?
ou
D) Essas moléculas alteram a posição de equilíbrio das
BIOLOGIA
B) DÊ duas justificativas para a sua classificação.
reações químicas.
rn
B) O mecanismo de funcionamento dessas substâncias
se baseia na redução da quantidade de energia
necessária para que uma reação ocorra.
C) Durante uma reação, as enzimas não são gastas,
sendo chamadas, então, de catalisadoras.
D) As enzimas participam apenas das reações de quebra
A) a estrutura tridimensional das proteínas surge porque
sequências de aminoácidos em cadeias polipeptídicas
se enovelam a partir de uma cadeia enovelada em
domínios compactos com estruturas tridimensionais
específicas.
B) as cadeias polipeptídicas das proteínas são normalmente
compostas por 20 aminoácidos diferentes que são
Be
de outras substâncias. ligados não covalentemente durante o processo de
síntese pela formação de uma ligação peptídica.
E) Cada enzima tem o seu pH ótimo, sendo que num
C) as interações que governam o enovelamento e
mesmo organismo pode haver enzimas com valores
a estabilidade das proteínas são: interações não
diferentes de pH ótimo. covalentes, forças eletrostáticas, interações de Van de
Waals, pontes de hidrogênio e interações hidrofóbicas.
06. (UESPI) O funcionamento dos organismos vivos D) os 20 aminoácidos que compõem proteínas possuem
depende de enzimas, as quais são essenciais às reações em comum somente o carbono alfa e o grupamento
metabólicas celulares. Essas moléculas amino (NH2).
A) possuem cadeias nucleotídicas com dobramentos
tridimensionais que reconhecem o substrato numa
SEÇÃO ENEM
eu
02. (Enem–2010) Três dos quatro tipos de testes atualmente A partir das informações contidas no texto e na tabela,
empregados para a detecção de príons patogênicos em conclui-se que
tecidos cerebrais de gado morto são mostrados nas figuras A) os carboidratos contidos no arroz são mais nutritivos
a seguir. Uma vez identificado um animal morto infectado, que os do feijão.
funcionários das agências de saúde pública e fazendeiros
B) o arroz é mais calórico que o feijão por conter maior
podem removê-lo do suprimento alimentar ou rastrear os
quantidade de lipídios.
alimentos infectados que o animal possa ter consumido.
C) as proteínas do arroz têm a mesma composição de
aminoácidos que as do feijão.
Teste I
Amostra D) a combinação de arroz com feijão contém energia e
de tecido Seringa
lli
nutrientes e é pobre em colesterol.
E) duas colheres de arroz e três de feijão são menos
A calóricas que três colheres de arroz e duas de feijão.
Cérebro
bovino
04. (Enem–2007) A tabela a seguir representa, nas diversas
Camundongo B regiões do Brasil, a porcentagem de mães que, em 2005,
ou
(ou outro animal de teste)
amamentavam seus filhos nos primeiros meses de vida.
Teste II Anticorpo que reconhece
o príon patogênico (PrPSC)
Período de aleitamento
A
Região até o 4° mês de 9 meses a
Amostra (em %) 1 ano (em %)
B
Lâmina Norte 85,7 54,8
Microscópio Nordeste 77,7 38,8
B
Marcador
específico
rn
para o príon
patogênico
[PrPSC]
01. D 03. V F V F F
03. (Enem–2009) Arroz e feijão formam um “par perfeito”,
02. A 04. D
pois fornecem energia, aminoácidos e diversos nutrientes.
O que falta em um deles pode ser encontrado no outro.
Por exemplo, o arroz é pobre no aminoácido lisina, que
Propostos
é encontrado em abundância no feijão, e o aminoácido 01. D 03. B 05. D
metionina é abundante no arroz e pouco encontrado
02. D 04. C 06. B
no feijão. A tabela seguinte apresenta informações
nutricionais desses dois alimentos. 07. A) No grupo das enzimas ou das proteínas catalisadoras.
M
18 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA A 03
Composição química dos seres vivos:
lipídios e carboidratos
lli
ou
LIPÍDIOS
Ao contrário da maioria dos compostos orgânicos, os lipídios, lipídeos ou lípides são insolúveis em água. Por outro lado,
são solúveis em solventes orgânicos, como álcool, éter, clorofórmio, etc.
Podem ser subdivididos em: lipídios simples, lipídios complexos, esterídeos e carotenoides.
Lipídios simples
rn
Compostos resultantes da associação de ácidos graxos com álcoois. Do ponto de vista químico, os compostos resultantes
da associação de ácidos orgânicos com álcoois são classificados como ésteres. Assim, pode-se dizer que os lipídios simples
são ésteres que resultam da associação de ácidos graxos (que são ácidos orgânicos) com álcoois.
Be
Ácido orgânico + Álcool → Éster + Água
Os ácidos orgânicos que participam da formação dos lipídios simples são chamados genericamente de ácidos graxos.
Esses ácidos têm moléculas constituídas por longas cadeias abertas de átomos de carbono ligados a hidrogênios as quais
possuem, em uma de suas extremidades, o grupamento ácido carboxila (—COOH). Podem ser saturados ou insaturados,
conforme a cadeia carbônica seja saturada ou insaturada. Veja exemplos no esquema a seguir:
eu
O
C C H 2 C H 2 C H2 C H2 C H2 C H2 C H2 C H C H C H2 C H C H C H2 C H2 C H2 C H2 C H3
HO
Ácido linoleico
O
C C H 2 C H 2 C H2 C H2 C H2 C H2 C H2 C H 2 C H 2 C H2 C H2 C H2 C H2 C H2 C H3
HO
Ácido palmítico
M
Ácidos graxos – O ácido linoleico é um exemplo de ácido graxo insaturado, e o ácido palmítico é saturado.
Os ácidos graxos podem ser naturais (produzidos no próprio organismo) e essenciais (obtidos pela dieta). Entre os
essenciais, há um grupo de ácidos graxos conhecidos como ômegas (ômega 3, ômega 6) que ajudam a diminuir os níveis
do mau colesterol (LDL) e aumentar o do bom colesterol (HDL). Óleos vegetais (linhaça, canola, girassol) e peixes de água
fria (atum, sardinha, salmão) são exemplos de alimentos ricos nesses ácidos graxos.
A) Glicerídeos (glicerídios, glicérides) – Resultam da associação de ácidos graxos com o álcool glicerol (glicerina).
Conforme a molécula do glicerol se liga a uma, duas ou três moléculas de ácidos graxos, os glicérides podem
ser classificados em monoglicérides (monoglicerídeos), diglicérides (diglicerídeos) e triglicérides (triglicerídeos).
Os monoglicérides resultam da união de uma molécula de ácido graxo com uma de glicerol; os diglicérides são resultantes
da união de duas moléculas de ácidos graxos com uma de glicerol; e os triglicérides vêm da união de três moléculas
de ácidos graxos com uma de glicerol. É bom ressaltar que, toda vez que uma molécula de ácido graxo se liga ao
glicerol, também há a formação de uma molécula de água. O esquema a seguir mostra a formação de um triglicéride.
H H H H H H H H
O
H H H H H H H H H H
O C C C C C C C C C H
lli
H C O H C C C C C C C C C H H C O
H H H H H H H H
H O
H H H H H H H H H H H H H H H H
O
H H H H H H H H C H
O C C C C C C C C
H C O H C C C C C C C C C H H C O + 3 H2O
H H H H H H H H
H O
ou
H H H H H H H H H H H H H H H H
O
H H H H H H H H C C C C C C C C C H
O H O
H C H C O
C C C C C C C C C H H H H H H H H H
H H O
H H H H H H H H H
rn
Formação de um triglicéride – Observe que para se estabelecer a ligação entre o glicerol e o ácido graxo, o glicerol perde o hidrogênio
do grupo hidroxila (—OH) e o ácido graxo perde a hidroxila (—OH). Esse hidrogênio e a hidroxila liberados combinam-se entre si,
formando uma molécula de água. Assim, da reação entre uma molécula de glicerol com três moléculas de ácidos graxos, formam-se
três moléculas de água e uma de triglicerídeo (triacilglicerídeo, triacilglicerol).
20 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: lipídios e carboidratos
lli
dificultando a passagem do sangue, podendo causar cadeia lateral de 8 a 10 carbonos na posição 17 e um grupo
hipertensão (aumento da pressão arterial) e podendo, hidroxila na posição 3.
também, aumentar a probabilidade de ocorrência de
doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio. No grupo dos esteroides, encontramos o colesterol e seus
derivados.
ou
B) Cerídeos (cérides) – São lipídios simples que
BIOLOGIA
resultam da associação de ácidos graxos com álcool
de cadeia aberta diferente do glicerol, como o álcool
cetílico (C16H33OH). O álcool que participa da formação
dos cerídeos sempre possui uma cadeia carbônica
maior do que a do glicerol, ou seja, são álcoois de HO
cadeias longas.
Colesterol – O colesterol entra na constituição da membrana
rn
Os cerídeos estão representados pelas ceras de origem
animal e vegetal e têm importante papel na proteção
e na impermeabilização de superfícies sujeitas a
desidratação. Em muitas espécies de vegetais, como
na carnaubeira, há uma camada de cera sobre a
epiderme das folhas que impede a perda excessiva de
celular das células animais e também é usado como matéria-
-prima para a produção de vários derivados, como a testosterona
(hormônio sexual masculino), o estrógeno (hormônio sexual
feminino), a progesterona (hormônio sexual feminino) e os
corticoides (hormônios produzidos pelo córtex das glândulas
suprarrenais).
Be
água através da transpiração foliar. As ceras também
servem como matéria-prima para a construção das O colesterol é uma substância útil ao organismo, sendo,
inclusive, produzido pelo nosso fígado (colesterol endógeno)
moradias dos animais que as fabricam. É o caso, por
e utilizado na produção dos sais biliares.
exemplo, das colmeias das abelhas, cuja base da
construção das celas (compartimentos internos) são Entretanto, quando presente em altas taxas, pode trazer
as ceras. O cerúmen produzido pelos nossos ouvidos, más consequências. Uma delas é a sua deposição nas paredes
que tem função protetora contra a entrada de corpos dos vasos sanguíneos, que, então, se tornam mais estreitos,
dificultando a passagem do sangue, com consequente
estranhos, também pertence ao grupo dos cerídeos.
hipertensão (pressão alta) e aumento da probabilidade de
ocorrência de doenças cardiovasculares, como a trombose e
Lipídios complexos (compostos) o enfarte.
eu
São formados pela associação de ácidos graxos, álcool No sangue, o colesterol associa-se a outros lipídios
e um outro composto de natureza química diferente. e proteínas, formando os glóbulos ou corpúsculos de
Assim, enquanto nas moléculas dos lipídios simples lipoproteínas, conhecidos por HDL (High-Density Lipoproteins)
só existem átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio, e LDL (Low-Density Lipoproteins). Tais corpúsculos têm
diferentes tamanhos e densidades. O HDL (lipoproteínas de
nos lipídios complexos, além desses três elementos químicos,
alta densidade) tem cerca de 20% de colesterol, e o LDL
encontramos outros, como o nitrogênio ou o fósforo.
(lipoproteínas de baixa densidade) tem cerca de 45%. Além
Um bom exemplo de lipídios complexos são os fosfolipídios
M
lli
que têm maior tendência de possuir taxas mais elevadas de
colesterol e triglicérides no sangue. Indivíduos que apresentam
taxas de colesterol e triglicérides acima do considerado normal Entre os monossacarídeos de maior importância para os
devem procurar fazer uso de uma dieta pobre em lipídios e seres vivos, estão as pentoses e as hexoses. As pentoses,
praticar exercícios físicos regulares, com a devida orientação porque entram na constituição dos ácidos nucleicos (RNA e
ou
médica, para ajudar a diminuir a taxa dessas substâncias na
DNA) e do ATP; e as hexoses, porque exercem um importante
corrente sanguínea e, consequentemente, diminuir os riscos
papel energético.
de doenças cardiovasculares.
Entre as pentoses, destacam-se a ribose (C5H10O5) e a
Carotenoides desoxirribose (C5H10O4).
São lipídios pigmentados (coloridos), vermelhos ou amarelos,
de consistência oleosa. Estão presentes nas células vegetais, Ribose H Desoxirribose
H
rn
onde têm papel importante no processo da fotossíntese.
São também importantes para muitos animais. Um bom
exemplo é o caroteno, carotenoide amarelo-alaranjado
abundante na cenoura, que, quando ingerido por animais,
converte-se em vitamina A na mucosa intestinal e no fígado.
A vitamina A tem várias funções biológicas. Uma delas é
participar da formação da rodopsina, um pigmento que
H C
C
H
OH
H
C
O
H
C
OH
C
H
H C
C
H
OH
H
C
O
H
C
OH
C
H
Be
aumenta a sensibilidade da retina à luz, permitindo uma melhor OH OH OH H
visão em ambientes pouco iluminados.
Pentoses – A ribose entra na constituição do RNA (ácido
H C OH HO C H H C OH
Monossacarídeos (Monossacárides) H C OH H C OH H C OH
M
Conforme o número de átomos de carbono presente nas As hexoses, especialmente a glicose, são utilizadas para
moléculas, os monossacarídeos podem ser subdivididos em a obtenção de energia por meio das reações químicas da
trioses, tetroses, pentoses, hexoses e heptoses. respiração celular.
22 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: lipídios e carboidratos
lli
moléculas de glicose, que, então, são absorvidas e utilizadas
Atividades celulares como fonte de energia.
maltase
Obtenção de energia a partir da glicose – Ao serem degradadas
Maltose + Água Glicose + Glicose
ou
(“quebradas”) durante as reações da respiração celular, A sacarose, dissacarídeo que resulta da união de uma
BIOLOGIA
liberam energia. Parte dessa energia irradia-se para o meio molécula de glicose com uma de frutose, é abundante em
sob a forma de calor e parte é transferida para as moléculas muitos vegetais (cana-de-açúcar, beterraba, etc.) e também
de ATP, nas quais fica armazenada até ser utilizada numa tem papel energético. Sua hidrólise no tubo digestório
atividade celular. dos animais, em presença da enzima sucrase (invertase,
sacarase), fornece as hexoses glicose e frutose, que são
Oligossacarídeos (Oligossacárides) absorvidas e utilizadas como fonte de energia. Veja os
esquemas a seguir:
rn
São carboidratos resultantes da união de poucos (2 a 10)
monossacarídeos iguais ou diferentes. Conforme o número de
monossacarídeos que se ligam, podem ser classificados em
dissacarídeos (união de dois monossacarídeos), trissacarídeos
(união de três monossacarídeos) e assim por diante. A união
entre moléculas de monossacarídeos se faz por meio de uma
C6H12O6 + C6H12O6
Glicose
Sacarose +
Frutose
Água
sucrase
C12H22O11 + H2O
Sacarose Água
Glicose + Frutose
C
HO H O H HO HO H
HO
eu
Glicose
C
H
C
OH
C
H
C
OH
Polissacarídeos (Polissacárides)
H2O + O São os carboidratos mais complexos. Suas macromoléculas
resultam da união de muitas unidades de monossacarídeos
HOCH2 O
O H HOCH2 O (às vezes, milhares delas). São, portanto, polímeros de
C C C C monossacarídeos. Dividem-se em homopolissacarídeos e
H CH2OH H H HO CH2OH
H HO heteropolissacarídeos.
C C C C
Frutose Sacarose Os homopolissacarídeos resultam da polimerização de apenas
M
OH H OH H
uma espécie de monossacarídeos. Os principais exemplos são
Formação do dissacarídeo sacarose a partir da união dos amido, glicogênio, celulose e quitina.
monossacarídeos glicose e frutose – À semelhança do que ocorre A macromolécula de amido (amilo) é um polímero formado
na formação de uma ligação peptídica, sempre que se estabelece por unidades de glicose, sendo encontrada apenas nos vegetais,
uma ligação glicosídica, forma-se também uma molécula de nos quais fica armazenada, principalmente, em certos tipos de
água. Trata-se, portanto, de mais um exemplo de síntese por caule (como a batata inglesa), raízes (mandioca, por exemplo)
desidratação. e sementes (milho, trigo, feijão, etc.). Nos vegetais, o amido
tem a função de ser uma importante reserva energética,
Entre os oligossacarídeos, destacam-se os dissacarídeos uma vez que é a forma como os vegetais armazenam
maltose, sacarose e lactose. em suas células a glicose que não está sendo consumida.
Sabe-se que, por meio da reação de fotossíntese, os vegetais Para esses animais, a celulose é um importante alimento
clorofilados fabricam a glicose que será utilizada como alimento energético. A digestão completa da celulose, à semelhança
nos processos de obtenção de energia, isto é, na respiração do que acontece com a digestão do amido, é feita em duas
celular, e também como matéria-prima para a produção de etapas. Veja o esquema a seguir:
outros compostos orgânicos. Entretanto, quando a produção Celulose + H2O
celulase
Celobiose + H2O
celobiase
Glicose
de glicose é maior que o seu consumo, o excesso da produção
é armazenado sob forma de amido. Em caso de necessidade, O homem, ao contrário dos animais herbívoros, não possui
o vegetal lança mão dessas reservas. Por isso, diz-se que o em seu tubo digestório os micro-organismos produtores das
amido é o material de reserva vegetal. enzimas celulase e celobiase. Assim, nós não conseguimos
aproveitar a celulose como fonte de energia. Entretanto,
lli
Além de ser uma reserva energética dos vegetais,
a celulose que ingerimos não é totalmente inútil para o
o amido é também um importante alimento energético para
nosso organismo, uma vez que ela, juntamente com outras
os animais, uma vez que a maioria deles produz as enzimas
substâncias, forma a parte vegetal dos alimentos conhecida
necessárias para degradar a macromolécula de amido,
como fibras. Essas fibras vegetais dão uma consistência às
transformando-a em várias moléculas menores de glicose,
fezes, estimulando os movimentos peristálticos do intestino
ou
que, então, são absorvidas e usadas como fonte de energia.
e facilitando a defecação.
Essa digestão do amido é feita em duas etapas, conforme
mostra o esquema a seguir: A quitina é um polissacarídeo nitrogenado, duro, resistente
e insolúvel em água. É um polímero de N-acetilglicosamina.
amilase
Amido + Água Moléculas de maltose Tem função estrutural, sendo encontrada no exoesqueleto
dos artrópodes e na parede celular dos fungos.
maltase
Maltose + Água Moléculas de glicose Os heteropolissacarídeos resultam da associação de
diferentes tipos de monossacarídeos. Ácido hialurônico,
rn
A macromolécula de glicogênio resulta da união de
unidades de glicose. Esse polissacarídeo é encontrado
em animais e fungos e tem função de reserva energética,
uma vez que é a forma como os animais e também os
fungos armazenam glicose em suas células. Diz-se, portanto,
que o glicogênio é o material de reserva dos animais
(e também dos fungos). Em nosso organismo, por exemplo,
condroitinsulfato A e heparina são alguns exemplos.
(boi, cabra, veado, girafa, etc.), por exemplo, são animais ocorrência de doenças cardiovasculares. Por causa desses
essencialmente herbívoros que se alimentam de folhagens efeitos nocivos, recomenda-se consumir o mínimo possível
ricas em celulose. Assim como ocorre no nosso organismo, desse tipo de gordura, não ultrapassando a quantidade de
os ruminantes não produzem as enzimas necessárias para a 2 g por dia. A leitura do rótulo dos alimentos permite verificar
digestão da celulose. Entretanto, no estômago desses animais, quais são ou não ricos em gordura trans.
vivem e proliferam certas espécies de micro-organismos Um processo de hidrogenação natural formando pequena
(bactérias, protozoários) que são capazes de produzir e quantidade de gordura trans ocorre no rúmem de animais. Por
de liberar as enzimas celulase e celobiase, permitindo, isso, essas gorduras também estão presentes em pequenas
assim, que, no tubo digestório desses animais, haja o quantidades em alguns alimentos in natura derivados desses
desdobramento da celulose em moléculas de glicose, que, animais, como a carne e o leite.
então, são absorvidas e utilizadas como fonte de energia.
24 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: lipídios e carboidratos
lli
em raízes e em caules de plantas.
Pela informação anterior, pode-se concluir que a
betaciclodextrina é 08. Os glicídios com fórmulas moleculares C7H12O6, C3H6O3
A) açúcar. e C6H12O6 são, respectivamente, um monossacarídeo,
B) lipídeo. um monossacarídeo e um dissacarídeo.
ou
BIOLOGIA
C) proteína.
16. A água, presente em 75% dos corpos dos seres vivos,
D) peptídeo.
tem, em seu alto calor específico, uma das principais
propriedades que proporciona variações bruscas de
02. (UFG-GO) Leia as informações a seguir:
temperatura no interior das células.
A ingestão de gordura trans promove um aumento mais
significativo na razão: lipoproteína de baixa densidade / Dê como resposta a soma das afirmativas
lipoproteína da alta densidade (LDL/HDL), do que a CORRETAS: ________
rn
ingestão de gordura saturada.
nutriente, não sendo recomendado consumir mais que A principal substância que está presente no papel é um
2 g de gordura trans por dia. O quadro a seguir representa polissacarídeo das células vegetais, o qual faz parte da
um rótulo de um biscoito comercialmente vendido que estrutura do(a)
atende às especificações do porcentual de gordura trans, A) membrana plasmática.
exigida pela nova legislação brasileira. B) parede celular.
C) mitocôndria.
Informação nutricional
Porção de 30 g (2 biscoitos) D) hialoplasma.
E) membrana nuclear.
Quantidade por porção
eu
Carboidratos 19 g
consumo diário excessivo do biscoito poderia provocar provocar algumas doenças como aumento da pressão
alteração de arterial, problemas cardiovasculares, desenvolvimento
A) triglicéride, reduzindo sua concentração plasmática. de câncer, entre outras. Essas gorduras conhecidas por
B) triacilglicerol, diminuindo sua síntese no tecido saturadas representam o seguinte tipo de lipídio:
adiposo.
A) Cerídeo.
C) LDL-colesterol, aumentando sua concentração
plasmática. B) Colesterol.
02. (Mackenzie-SP) A restrição excessiva de ingestão de 04. (UFRGS) Os carboidratos, moléculas constituídas, em
colesterol pode levar a uma redução da quantidade de geral, por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio,
testosterona no sangue de um homem. Isso se deve ao podem ser divididos em três grupos: monossacarídeos,
A) é fonte de energia para as células que sintetizam O grupo I, a seguir, apresenta três grupos de carboidratos,
esse hormônio. e o II, alguns exemplos desses carboidratos.
B) é um lipídio necessário para a maturação dos Associe adequadamente o segundo grupo ao primeiro.
lli
espermatozoides, células produtoras desse hormônio.
Grupo I
C) é um esteroide e é a partir dele que a testosterona 1. Monossacarídeo
é sintetizada.
2. Oligossacarídeo
ou
D) é responsável pelo transporte da testosterona
3. Polissacarídeo
até o sangue.
Grupo II
E) é necessário para a absorção das moléculas que
( ) Sacarose
compõem a testosterona.
( ) Amido
03.
alimento.
rn
(IFSP–2015) A figura a seguir representa a pirâmide de ( ) Galactose
( ) Desoxirribose
( ) Quitina
( ) Maltose
Be
A sequência CORRETA de preenchimento dos parênteses,
A) 2 – 3 – 1 – 1 – 3 – 2
B) 3 – 1 – 3 – 2 – 2 – 1
C) 1 – 2 – 2 – 3 – 1 – 3
D) 2 – 1 – 2 – 2 – 3 – 1
E) 1 – 3 – 1 – 3 – 2 – 2
eu
A base da pirâmide é representada pelos alimentos que o passeio seria cansativo, por isso muitos levaram
energéticos, seguida pelos alimentos ricos em fibras, barrinhas de cereais, mas alguns não tinham levado nada
pelos ricos em proteínas e, no topo da pirâmide, estão e precisavam utilizar suas próprias reservas de energia.
M
os ricos em óleos. Os alimentos energéticos que estão Essa reserva estava armazenada em seu organismo,
26 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: lipídios e carboidratos
06. (PUC-Campinas-SP–2013) Até hoje o corpo humano C) ácidos graxos, os quais são sintetizados a partir da
magra, de 1,80 m de altura e 70 kg, carrega consigo, D) glicogênio, o qual é sintetizado a partir da ligação de
em média, cerca de um quinto de seu peso em forma de moléculas de glicose.
gordura; ou seja, 14 quilos. (...) Independente de como
E) glicogênio, o qual é sintetizado a partir da ligação de
esse material está distribuído, ele sempre é constituído
aminoácidos.
do mesmo tipo de célula - o adipócito ou célula adiposa.
lli
(...) Programados para se depositarem, os adipócitos vão 08. (UCS-RS) Acredita-se que 75% das mortes no mundo
juntando gradualmente os blocos de construção básica são causadas por doenças crônicas, como diabetes,
que formam a gordura: os ácidos graxos. Cada três deles câncer e complicações cardíacas (Diet, nutrition and
ou
constroem um chamado triglicerídeo, uma minúscula the prevention of cronic diseases). A comida, sobretudo
BIOLOGIA
molécula de gordura que é armazenada pelas células (...). a industrializada, tem sido apontada como a principal
e organizam-se
rn
A) em uma bicamada na membrana celular e em camada
única na carioteca.
à célula.
SEÇÃO ENEM
D) na camada central, protegidos pelas proteínas
E) densamente em torno das proteínas estruturais do de polietileno, alguns supermercados têm utilizado um
02. (Enem–2004) As “margarinas” e os chamados “cremes Com base nessas informações, pode-se concluir que
vegetais” são produtos diferentes, comercializados A) o papel realizado pelas enzimas pode ser diretamente
em embalagens quase idênticas. O consumidor, para substituído pelo hormônio insulina.
diferenciar um produto do outro, deve ler com atenção os
B) a insulina produzida pelo pâncreas tem um papel
dizeres do rótulo, geralmente em letras muito pequenas.
enzimático sobre as moléculas de açúcar.
As figuras que se seguem representam rótulos desses
C) o acúmulo de glicose no sangue é provocado pelo
dois produtos.
aumento da ação da insulina, levando o indivíduo a
lli
um quadro clínico de hiperglicemia.
ou
65% de lipídios 35% de lipídios E) o principal papel da insulina é manter o nível de glicose
Valor energético por suficientemente alto, evitando, assim, um quadro
porção de 10 g: 33 kcal
Valor energético por clínico de diabetes.
porção de 10 g: 59 kcal Não recomendado
para uso culinário
GABARITO
Uma função dos lipídios no preparo das massas alimentícias
rn
é torná-las mais macias. Uma pessoa que, por desatenção,
02. C
Be
03. Soma = 03
A) o triplo.
04. B
B) o dobro.
C) a metade.
Propostos
D) um terço.
01. D
E) um quarto.
02. C
03. A
fundamental para o ser humano, pois a partir desses
04. A
compostos orgânicos obtém-se grande parte da energia
28 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA A 04
Composição química dos seres vivos:
nucleotídeos, ácidos nucleicos,
lli
ATP e vitaminas
ou
NUCLEOTÍDEOS C
N
C
N
Os nucleotídeos são compostos resultantes da associação C
C C
de uma pentose com um fosfato e com uma base nitrogenada. N N
Veja a representação esquemática a seguir:
Esqueleto molecular de uma purina – As bases púricas estão
representadas pela adenina e pela guanina.
Fosfato
rn
Pentose
Base nitrogenada
H C
H
N
N
C
C
N
C
N
H
H C
H
N
N
C
C
N
C
N
N
H
H
H
Be
C C
Nucleotídeo – A união apenas da pentose com a base nitrogenada N O
forma um composto chamado genericamente de nucleosídeo. H H
Assim, pode-se dizer que o nucleotídeo é o nucleosídeo unido Adenina (A) Guanina (G)
ao fosfato. H
H
H
Nos nucleotídeos, o fosfato é derivado do ácido fosfórico N N O
H O N H
(H3PO4); a pentose pode ser a ribose ou a desoxirribose; C H O C C
C
C C
a base nitrogenada é uma base púrica (purina) ou uma base
pirimídica (pirimidina). C N H C N
H C N H H
C H C C
Os nucleotídeos que têm a pentose ribose podem H
eu
C
ser chamados genericamente de ribonucleotídeos, N H O
O
e os que têm a desoxirribose podem ser chamados de H H
desoxirribonucleotídeos. Citosina (C) Timina (T) Uracila (U)
simples.
denominadas pirimídicas ou pirimidinas; quando têm duplo
anel, são denominadas púricas ou purinas. No nucleotídeo, a base nitrogenada fica ligada diretamente
à pentose (ribose ou desoxirribose). A ribose é capaz de
C formar ligação química com as bases adenina, guanina,
C
N
citosina e uracil. A desoxirribose, por sua vez, é capaz de
C C
estabelecer ligação com adenina, guanina, citosina e timina.
N
Assim, há oito tipos diferentes de nucleotídeos: quatro tipos
Esqueleto molecular de uma pirimidina – As bases pirimídicas estão diferentes de ribonucleotídeos e quatro tipos diferentes de
representadas pela citosina, pela timina e pela uracila (uracil). desoxirribonucleotídeos.
lli
outra cadeia, obedecendo sempre ao seguinte pareamento:
adenina com timina (ou vice-versa) e guanina com citosina
Fosfato Ribose Fosfato Desoxirribose (ou vice-versa). Para unir uma adenina a uma timina,
Tipos de nucleotídeos – A denominação dos nucleotídeos pode são necessárias duas ligações de hidrogênio, e para ligar
ou
ser feita de acordo com a base nitrogenada que possuem. uma guanina a uma citosina, são necessárias três ligações.
Assim, tem-se: adenina-nucleotídeo, guanina-nucleotídeo, Assim, na molécula de DNA, cada adenina de uma cadeia
timina-nucleotídeo, etc.
deve estar ligada a uma timina da outra cadeia por meio
Os nucleotídeos são capazes de se ligar uns aos outros de duas ligações de hidrogênio, e cada citosina de uma
originando moléculas maiores que, dependendo do número cadeia deve estar ligada a uma guanina da outra por meio
de nucleotídeos que se ligam, podem ser chamadas de três ligações de hidrogênio. Por isso, diz-se que as duas
de dinucleotídeos, trinucleotídeos, etc. Quando muitos cadeias polinucleotídicas que compõem a molécula do DNA
os nucleotídeos.
Pentose
rn
nucleotídeos se ligam, forma-se um polinucleotídeo.
Os polinucleotídeos são polímeros, cujos monômeros são
são complementares. Isso permite descobrir a sequência de
bases de uma cadeia a partir do conhecimento da sequência
de bases da outra. Por exemplo: se uma das cadeias do DNA
tem a sequência de bases ATTCAGAAC, na outra cadeia a
sequência terá de ser TAAGTCTTG.
Be
Representação plana Configuração helicoidal
Fosfato
P
3’ 5’
D A T
Base nitrogenada D
5’ 3’ P
P 3’ 5’
D G C
Um nucleotídeo D
5’ 3’ P
P 3’ 5’
D C G D
5’
Pequeno trecho de 3’ P 3’
3’ P
5’ 5’
um polinucleotídeo D T A D
5’ 3’ P
P 3’ 5’ D A
Formação de um polinucleotídeo – Observe que a ligação D A T
T D
eu
D P P
fosfodiéster, isto é, entre nucleotídeos, se faz por meio da pentose 5’
P 3’
3’ P D G C D
5’ P P
de um nucleotídeo com o fosfato do outro. D A T D D T A D
5’ 5’ P 3’ P P
3’ D C G D
P 3’ 5’
D C G
ÁCIDOS NUCLEICOS
D
5’ 3’ P
P 3’ 5’
D A T D
Os ácidos nucleicos são substâncias formadas por 5’
P 3’
3’ P
5’
macromoléculas resultantes da união de vários nucleotídeos. D C G D
5’
3’
M
30 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: nucleotídeos, ácidos nucleicos, ATP e vitaminas
O modelo molecular do DNA foi proposto, em 1953, pelos bioquímicos Watson e Crick que, para elaborá-lo, basearam-se
em técnicas de difração de raios X. Segundo esses dois pesquisadores, a molécula do DNA pode ser comparada a uma
escada retorcida de corda (escada caracol), em que as ligações 3’-5’ de fosfodiéster entre os fosfatos e as pentoses
(no caso, desoxirriboses) formam os “corrimões”, e os “degraus” são representados pelas ligações de hidrogênio entre as
bases nitrogenadas das duas cadeias polinucleotídicas.
As moléculas de DNA se diferenciam pelo número de nucleotídeos e pela sequência destes ao longo de suas cadeias.
Entretanto, em qualquer molécula de DNA de fita dupla há as seguintes relações:
lli
A+C=1
A/T = 1 C/G = 1 A/T = C/G
T+G
No DNA, a sequência dos nucleotídeos é fundamental para caracterizar a molécula e determinar o seu papel na célula.
ou
Desde 1944, sabe-se que o DNA está diretamente relacionado com a hereditariedade: trechos de suas moléculas que contêm
BIOLOGIA
informações genéticas codificadas constituem os gens ou genes. Assim, o DNA é fundamental no controle das atividades da
célula, determinando suas características genéticas.
Uma propriedade importante que o DNA tem é a sua capacidade de sofrer autoduplicação (duplicação, replicação).
Molécula original
rn Nucleotídeo
Be
Cadeia
modelo
eu
Nucleotídeos
sendo incorporados
Molécula-filha
à cadeia em formação
Molécula-filha
M
Cadeias
recém-formadas
Duplicação do DNA – Na duplicação do DNA, uma molécula (que se pode chamar de “molécula-mãe”) origina duas “moléculas-filhas”
iguais entre si e iguais à “molécula-mãe”. Essa duplicação é semiconservativa e exige a presença, no interior das células, de enzimas
especiais (DNA-helicase, DNA-polimerase, DNA-ligase) e de desoxirribonucleotídeos livres, isto é, que não estejam ligados uns aos
outros. A DNA-helicase catalisa a reação que desenrola a dupla hélice do DNA; a DNA-polimerase catalisa a reação que adiciona novos
nucleotídeos durante a síntese e a DNA-ligase une esses nucleotídeos formando uma nova fita polinucleotídica. Assim, cada fita de
nucleotídeos proveniente da “molécula-mãe” serve de molde para a síntese de uma nova fita polinucleotídica. Essa síntese, resultante
da adição de novos nucleotídeos, sempre ocorre no sentido 5’-3’.
O DNA é encontrado nas mitocôndrias, nos cloroplastos • RNA-m (RNA mensageiro) – É o tipo de RNA que
e, principalmente, nos cromossomos. A duplicação do DNA ocorre em menor quantidade dentro da célula. Participa
cromossômico ocorre momentos antes de uma célula iniciar da síntese de proteínas, trazendo do DNA para os
um processo de divisão (reprodução) celular, no chamado ribossomos as informações codificadas a respeito de
período S da intérfase. Desse modo, as “células-filhas” quais aminoácidos irão compor a molécula proteica e
formadas por meio de uma mitose, por exemplo, conterão as em que sequência deverão ser ligados.
mesmas informações genéticas da “célula-mãe”. A duplicação
do DNA mitocondrial e do DNA dos cloroplastos independe da • RNA-t (RNA transportador, RNA transferidor, RNA
transfer) – Seu papel na síntese de proteínas consiste
lli
duplicação do DNA cromossômico. A presença de DNA numa
estrutura celular pode ser detectada por meio de uma técnica em transportar aminoácidos que se encontram dispersos
de coloração conhecida por reação de Feulgen. Essa reação no interior da célula para o local da síntese, isto é, para o
consiste, basicamente, em mergulhar o material que se quer local onde se encontram os ribossomos ligados ao RNA-m.
submeter à análise em uma solução aquecida de ácido clorídrico
ou
e, em seguida, ao reativo de Schiff. O reativo de Schiff é uma Os ácidos nucleicos, DNA e RNA, embora tenham muitas
solução de fucsina básica descorada pelo anidro sulfuroso (SO2). semelhanças quanto aos seus componentes químicos,
A fucsina básica, por sua vez, é um composto orgânico de desempenham papéis biológicos diferentes. O DNA é portador
caráter básico (pH elevado) muito utilizado na preparação das mensagens genéticas. A função do RNA é transcrever
de diferentes corantes utilizados no estudo das células. a mensagem genética presente no DNA e traduzi-la em
rn
significando que, na estrutura analisada, existe DNA.
Essa reação é específica para o DNA, e a intensidade da cor
vermelha que se forma é proporcional à concentração de DNA.
Desse modo, pode-se fazer também um estudo quantitativo
desse ácido. Como a reação de Feulgen só dá positivo para
Veja, a seguir, um esquema bem simplificado da síntese de
proteínas que ocorre no interior das células:
AGG
AA
C TGT GGG
G
o DNA, este é dito Feulgen positivo, e o RNA é Feulgen
GG
Be
negativo. A partir das duas últimas décadas do século passado, TT
GG
o DNA passou a ser utilizado em testes de identificação de AG
AAC
pessoas, bem como em testes de comprovação ou não de TGT
DNA
paternidade. É o chamado teste de DNA. 1
RNA-m
RNA ou ARN 2
5
(Ácido ribonucleico)
Suas moléculas normalmente são formadas por uma única 3 Ribossomo
RNA-m
eu
Aminoácido
• RNA-r (RNA ribossômico) – É o tipo de RNA mais
abundante na célula. Participa da constituição química A síntese de proteínas – 1. Segmento de DNA onde há uma
informação codificada, que diz respeito à estrutura primária de
dos ribossomos, vindo daí o seu nome. Os ribossomos
uma determinada proteína. 2. A informação contida no segmento
ou ribossomas são organoides celulares constituídos de DNA é transcrita para o RNA-m. 3. O RNA-m com a informação
de proteínas e de RNA que exercem importante papel transcrita do DNA vai ao encontro do ribossomo. 4. Moléculas
no processo da síntese de proteínas, promovendo a de RNA-t trazem os aminoácidos que serão utilizados na síntese
da proteína. 5. O ribossomo percorre a fita do RNA-m, fazendo
ligação entre os diversos aminoácidos que irão compor a tradução da mensagem que nele está codificada; e, com os
a molécula proteica. aminoácidos trazidos pelos RNA-t, fabrica a referida proteína.
32 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: nucleotídeos, ácidos nucleicos, ATP e vitaminas
lli
O Ribose
P Fosfato Glicose
Ligação de
alta energia
Respiração
Adenosina
celular
ou
Adenosina monofosfato (AMP)
BIOLOGIA
Adenosina difosfato (ADP)
Adenosina trifosfato (ATP) Calor Energia Calor
rn
fosfatos, há a formação de ADP (adenosina difosfato); quando
se ligam três grupos fosfatos, forma-se o ATP.
que, quando rompidas, liberam grande quantidade de energia ATP com utilização de energia obtida a partir da luz. Essa
(de 5 000 a 10 000 calorias/mol). produção de ATP com energia obtida primariamente a partir
da luz denomina-se fotofosforilação e ocorre durante a
fotossíntese. Em linhas gerais, o metabolismo energético das
P P P células consiste em degradar moléculas orgânicas (em geral
glicose) em reações exotérmicas (reações exergônicas, cuja
energia liberada está sob a forma de calor), armazenando
Degradação parte dessa energia antes que ela se perca totalmente.
M
lli
processos vitais. A análise química dessa substância revelou
Dependendo da fonte alimentar, as vitaminas podem
tratar-se de uma amina. Por isso, Funk passou a chamar tal
ser encontradas já na forma ativa, prontas para serem
substância de vitamina (“amina da vida”).
absorvidas e utilizadas pelo organismo, como também
Posteriormente, muitas outras substâncias com as mesmas
podem ser encontradas sob a forma de provitaminas,
ou
propriedades daquela descoberta por Funk foram descobertas.
isto é, numa forma precursora, ainda não ativa, que precisa
Entretanto, a análise química delas mostrou que nem todas
ser transformada em nosso organismo para poder ser utilizada.
possuem em sua estrutura molecular o grupamento amina.
Por isso, a designação “vitaminas“ para se referir a todas elas O caroteno, por exemplo, encontrado nos vegetais,
não é correta, mas, como foi consagrada pelo uso, é aceita e especialmente os que possuem coloração amarela ou
amplamente utilizada. alaranjada (cenoura, mamão, laranja, etc.) é a provitamina
São substâncias requeridas em pequenas quantidades pelo A. Quando ingerimos caroteno, ele é fragmentado no nosso
organismo (menos de 1% da massa total do corpo), sendo,
rn
porém, indispensáveis, uma vez que atuam frequentemente
como coenzimas. Assim, na ausência dessas substâncias,
as enzimas que necessitam delas não atuam, com prejuízos
para as células e para o organismo. A carência de vitaminas
provoca distúrbios de maior ou menor gravidade, dependendo
do tipo de vitamina. A carência total de uma determinada
organismo em moléculas de vitamina A.
nas mesmas fontes e desempenham papéis muito parecidos regra geral, para preservar ao máximo o valor vitamínico de
no organismo. Do complexo B fazem parte várias vitaminas, verduras e legumes, estes devem ser, preferencialmente,
como a B1, B2, B3 ou PP, B6, B12, H, P, além de outras. consumidos crus ou cozidos por pouco tempo.
As vitaminas lipossolúveis (solúveis em lipídios) compreendem
as vitaminas A, D, E e K. O líquido resultante do cozimento pode ser utilizado para
fazer sopas ou caldos, de modo que as vitaminas neles
34 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: nucleotídeos, ácidos nucleicos, ATP e vitaminas
Principais vitaminas
lli
B2 Leveduras, vegetais folhosos, fígado, leite e derivados. Queilose, glossite e
(Riboflavina) Produzida também pela nossa microbiota intestinal. fotofobia
B3 ou PP
Leite e derivados, fígado, ovos, carnes, peixes, verduras em geral. Pelagra
(Niacina, Nicotinamida)
ou
BIOLOGIA
B6 Dermatite e distúrbios
Vegetais folhosos, cereais, leite e derivados.
(Piridoxina) nervosos
C
(Ácido ascórbico)
D
(Calciferol)
rn produzida pela nossa microbiota intestinal.
Escorbuto
A seguir, estão algumas observações sobre as carências mencionadas no quadro das principais vitaminas:
• A xeroftalmia caracteriza-se pela pouca produção de lágrimas com consequente ressecamento da córnea (membrana
eu
transparente que reveste a parte anterior do olho). A córnea ressecada torna-se opaca, impedindo, assim, que a luz
penetre no interior do olho para sensibilizar as células nervosas da retina.
• Hemeralopia (“cegueira noturna”) consiste na dificuldade de enxergar em locais pouco iluminados, devido à falta do
pigmento rodopsina produzido na retina a partir de um derivado da vitamina A.
• O beri béri (“fraqueza extrema”) é um quadro clínico caracterizado por polineurite (inflamação generalizada dos
nervos), atrofia e paralisia muscular.
• A pelagra tem como características a dermatite (inflamação da derme), a diarreia e uma inflamação grave do sistema
M
TESTE DE DNA
O teste de DNA é utilizado na identificação de pessoas, sendo de grande valia em investigações policiais e criminais, bem como no
reconhecimento de paternidade. Criado em 1984 pelo cientista inglês Alec Jeferys, o exame de DNA, resumidamente, consiste no seguinte:
o DNA presente em células do sangue ou de algum outro tecido é fragmentado em diversos pedaços com a utilização de enzimas especiais
conhecidas como enzimas de restrição. Em seguida, os fragmentos são extraídos e colocados sobre um bloco gelatinoso e poroso e separados
de acordo com o tamanho, por meio de um campo elétrico (eletroforese).
A eletroforese é uma técnica que permite separar moléculas de acordo com o seu tamanho e sua carga elétrica. Devido à presença dos
íons fosfato (PO43-), os fragmentos deslocam-se do polo negativo para o polo positivo. Os fragmentos menores deslocam-se mais rápido do
que os maiores. Assim, ao término do procedimento, os fragmentos menores estarão mais próximos do polo positivo e os maiores, do polo
lli
negativo, alinhados numa disposição que lembra um código de barra. Ao serem iluminados com luz ultravioleta, tornam-se fluorescentes.
O tamanho desses fragmentos é medido em Kb (quilobases), sendo 1 Kb = 1 000 pares de bases nitrogenadas. A eletroforese do DNA
fornece um padrão de faixas ou bandas de diferentes larguras e tamanhos (semelhante ao código de barras) que é típico de cada pessoa.
ou
UV
A B C
O exame do DNA – A. O DNA presente em células do indivíduo é fragmentado e, em seguida, extraído; B. Os fragmentos de DNA são
colocados sobre um bloco gelatinoso e separados de acordo com o tamanho por meio de eletroforese; C. Sob radiação ultravioleta,
rn
os fragmentos se tornam fluorescentes e se mostram alinhados à semelhança das faixas (bandas) de um código de barras.
O padrão observado é típico para cada pessoa. É a chamada impressão digital (fingerprint) de DNA.
Essa técnica pode ser feita com trechos codificantes e / ou trechos não codificantes da molécula de DNA.
O teste de paternidade feito com o DNA garante 99,9% de certeza e, resumidamente, consiste no seguinte: são coletadas amostras
do DNA da mãe, do filho e do suposto pai. Verifica-se primeiro quais as bandas do filho se alinham com as bandas da mãe; confirma-se,
assim, tratar-se de mãe e filho. As bandas restantes do filho devem se alinhar e coincidir com as bandas do pai; se isso ocorrer, a paternidade
Be
estará comprovada; caso contrário, a paternidade é descartada.
F
E
D
C D
B
B
A
eu
L
E
J K
D K
C D
M
I
B I
B
H
A
G
G
No teste de paternidade, normalmente utilizam-se fragmentos de DNA conhecidos como VNTRs (Variable Number of Tandem
Repeats = número variável de repetições em sequência), formados por repetições de unidades compostas por nucleotídeos.
São fragmentos encontrados em determinados cromossomos que, apesar de não codificantes, também são transmitidos segundo as
leis mendelianas. Dessa forma, parte desses fragmentos que uma pessoa possui foi herdada da mãe e a outra parte, herdada do pai.
Esses fragmentos são diferentes para cada pessoa (exceto nos casos de gêmeos univitelinos).
36 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: nucleotídeos, ácidos nucleicos, ATP e vitaminas
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Com base nos dados dessa tabela, assinale a alternativa
que contém uma recomendação alimentar INADEQUADA.
A) Abacate para pessoas que sofrem de beribéri.
01. (PUCPR) A figura a seguir representa parte da estrutura
molecular do ácido desoxirribonucleico (DNA) B) Couve para alguém com osteoporose e xeroftalmia.
C) Goiaba para quem sofre de escorbuto.
D) Grão-de-bico para pessoas anêmicas.
lli
frágeis e maleáveis, o que pode levar a deformidades
3 4 ósseas. Está entre as doenças mais comuns nos países em
1 2
desenvolvimento. É CORRETO afirmar que essa doença
é causada principalmente pela deficiência da vitamina
ou
A) B1, encontrada em carnes, legumes e cereais
BIOLOGIA
integrais.
B) C, encontrada em diversas frutas, especialmente as
Assinale a frase CORRETA.
cítricas.
A) A pentose pode ser a ribose ou a desoxirribose. C) A, encontrada no leite e derivados e nas carnes
B) As bases pirimídicas são idênticas às do ácido vermelhas.
ribonucleico (RNA). D) E, encontrada em vegetais, e pela baixa produção da
C) As bases púricas são a citosina e a timina. flora intestinal.
02.
rn
D) Os locais assinalados com os números 1, 2, 3 e 4
podem ser substituídos por T, C, A e G.
E) Os locais assinalados com os números 1, 2, 3 e 4
podem ser substituídos por G, A, C e T.
E) D, encontrada em laticínios, gema de ovo e vegetais
ricos em ovos, como também pela exposição
insuficiente à luz solar.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Be
(Fatec-SP) O ATP (trifosfato de adenosina), principal
molécula implicada nos processos energéticos dos 01. (Unioeste-PR) Em uma das fitas de DNA de uma espécie
seres vivos, é um composto químico constituído de vírus encontram-se 90 adeninas e 130 citosinas.
Sabendo-se ainda que nesta fita ocorre um total de
A) por proteínas ligadas a grupos prostéticos por alta
200 bases púricas e 200 bases pirimídicas, assinale a
energia.
alternativa CORRETA.
B) por proteína, albumina, ribose e três radicais fosfatos. A) Na dupla fita de DNA ocorrem 180 adeninas.
C) pelas proteínas actina e miosina, pelo açúcar B) Na dupla fita de DNA ocorrem 140 guaninas.
desoxirribose e por três radicais fosfatos. C) Na fita complementar ocorrem 300 bases púricas e
D) pela base nitrogenada adenina, pelo açúcar 100 bases pirimídicas.
D) Na fita complementar ocorrem 70 adeninas e 110
eu
03. (FEP-PA) O DNA e o RNA são constituídos de muitas Assinale a alternativa CORRETA.
unidades, os nucleotídeos. Cada nucleotídeo é constituído A) A ausência da vitamina C está diretamente ligada à
por um grupo fosfato, uma pentose e uma base nitrogenada. fragilidade óssea.
A diferença entre DNA e RNA se estabelece B) A vitamina B9 está envolvida com os mecanismos de
duplicação do DNA.
A) na pentose e nas bases nitrogenadas.
C) A vitamina B5 não está envolvida com a formação de ATP.
B) no fosfato e nas bases nitrogenadas.
D) A ausência de vitamina B12 levará a um aumento de
C) na pentose e no fosfato.
lli
hemácias circulantes.
D) na pentose, nas bases nitrogenadas e no fosfato.
E) A ausência da vitamina K pode evitar quadros
E) apenas nas bases nitrogenadas.
hemorrágicos.
ou
04. (UFAM–2015) Em abril de 1953, James Watson e Francis
06. (UECE–2014) Na atualidade, os suplementos vitamínicos
Crick agitaram a comunidade científica com um elegante
fazem, cada vez mais, parte da rotina de pessoas em todo
modelo de dupla-hélice para a estrutura do DNA, o ácido
o mundo, pois possuem a função de suprir a deficiência
desoxirribonucleico, cuja “linguagem” química codifica
de nutrientes necessários para o bom funcionamento do
a informação hereditária. Sobre o DNA, assinale a
corpo, quando não há tempo suficiente para dedicação
alternativa CORRETA.
a uma alimentação equilibrada. Sobre as vitaminas,
rn
A) Uma fita de DNA em dupla-hélice apresenta 10% de
bases do tipo citosina. Logo, a concentração de bases
do tipo guanina é de 90%.
38 Coleção Estudo 4V
Composição química dos seres vivos: nucleotídeos, ácidos nucleicos, ATP e vitaminas
SEÇÃO ENEM Que casal pode ser considerado como pais biológicos
do bebê?
A) 1 C) 3 E) 5
01. (Enem–2013) Para a identificação de um rapaz vítima
B) 2 D) 4
de acidente, fragmentos de tecidos foram retirados e
lli
algum momento falar sobre o DNA e seu papel na
DNA nuclear não foi conclusivo, os peritos optaram por
hereditariedade da maioria dos organismos. Porém,
usar também DNA mitocondrial, para dirimir dúvidas.
foi apenas em 1952, um ano antes da descrição do
Para identificar o corpo, os peritos devem verificar se modelo do DNA em dupla-hélice por Watson e Crick,
ou
BIOLOGIA
há homologia entre DNA mitocondrial do rapaz e o DNA que foi confirmado sem sombra de dúvidas que o DNA
D) avó materna.
E) avô materno.
rn incorporados às bases nitrogenadas para avaliar como se
recém-sintetizada.
04. (Enem–2005) A obesidade, que nos países desenvolvidos A comparação das proporções permitiu concluir que
já é tratada como epidemia, começa a preocupar ocorre emparelhamento entre bases nitrogenadas e que
especialistas no Brasil. elas formam
Os últimos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, A) pares de mesmo tipo em todas as espécies,
realizada entre 2002 e 2003 pelo IBGE, mostram que 40,6% evidenciando a universalidade da estrutura do DNA.
da população brasileira estão acima do peso, ou seja, 38,8 B) pares diferentes de acordo com a espécie considerada,
milhões de adultos. Desse total, 10,5 milhões são considerados o que garante a diversidade da vida.
obesos. Várias são as dietas e os remédios que prometem
lli
C) pares diferentes em diferentes células de uma mesma
um emagrecimento rápido e sem riscos. Há alguns anos, foi
espécie, como resultado da diferenciação celular.
lançado no mercado brasileiro um remédio de ação diferente
D) pares específicos apenas nos gametas, pois essas
dos demais, pois inibe a ação das lípases, enzimas que aceleram
a reação de quebra de gorduras. Sem serem quebradas, elas células são responsáveis pela perpetuação das espécies.
ou
não são absorvidas pelo intestino, e parte das gorduras ingeridas E) pares específicos somente nas bactérias, pois esses
é eliminada com as fezes. Como os lipídios são altamente organismos são formados por uma única célula.
energéticos, a pessoa tende a emagrecer. No entanto, esse
remédio apresenta algumas contraindicações, pois a gordura
GABARITO
não absorvida lubrifica o intestino, causando desagradáveis
diarreias. Além do mais, podem ocorrer casos de baixa absorção Fixação
rn
de vitaminas lipossolúveis, como as A, D, E e K, pois
02. E
03. A
Be
C) essas vitaminas reagem com o remédio, transformando-se 04. E
em outras vitaminas.
D) as lipases também desdobram as vitaminas para que estas Propostos
sejam absorvidas.
01. D
E) essas vitaminas se dissolvem nos lipídios e só são
absorvidas junto com eles. 02. C
04. C
da vida. Na década de 1950, um estudo pioneiro
determinou a proporção das bases nitrogenadas que 05. B
compõem moléculas de DNA de várias espécies.
06. D
Exemplos de Bases nitrogenadas
materiais 07. B
Adenina Guanina Citosina Timina
analisados
Seção Enem
M
Espermatozoide
30,7% 19,3% 18,8% 31,2%
humano
01. D
Fígado humano 30,4% 19,5% 19,9% 30,2%
Medula óssea
28,6% 21,4% 21,5% 28,5% 02. C
de rato
Espermatozoide
32,8% 17,7% 18,4% 32,1% 03. C
de ouriço-do-mar
Plântulas
27,9% 21,8% 22,7% 27,6% 04. E
de trigo
Bactérias E.coli 26,1% 24,8% 23,9% 25,1%
05. A
40 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA B 01
Vírus e viroses
lli
Os vírus (do latim virus, veneno) são seres que apresentam • São capazes de se reproduzir, quando no interior de uma
características típicas da matéria viva e características típicas célula viva.
ou
da matéria bruta, ou seja, ora têm comportamento de seres
• São parasitos intracelulares obrigatórios, já que só
vivos, ora comportam-se como seres inertes.
conseguem se reproduzir quando estão no interior de uma
Assim, ainda existem divergências a respeito de os vírus célula, usando, para tanto, a energia e o equipamento
se enquadrarem ou não no mundo vivo, razão pela qual bioquímico da célula hospedeira.
eles não foram incluídos em nenhum dos reinos dos seres
• Suas dimensões são ultramicroscópicas, variando entre
vivos, sendo o seu estudo feito separadamente dos demais
17 nm e 300 nm (lembre-se de que 1 nm = 10–6 mm).
grupos de seres vivos. Entretanto, apesar de os vírus serem
Com essas dimensões, são visualizados apenas em
rn
acelulares, muitos autores os consideram como seres vivos
pertencentes ao grupo dos micro-organismos.
Quanto à origem dos vírus, parece haver um consenso de
que estes não representam a forma de vida mais primitiva,
principalmente por dependerem da presença de células vivas
para a sua sobrevivência. Segundo a teoria da evolução
•
microscopia eletrônica.
Envoltório (envelope)
Be
Capsômeros
retrógrada, os vírus seriam descendentes de parasitos
|| | | || ||
|||| | |||
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Capsídeo
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Capsídeo
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durante o processo evolutivo, conservando, entretanto,
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| | || || ||
uma bagagem genética suficiente para manter sua identidade Ácido Ácido
||||
|||
Arquivo Bernoulli
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||
e sua capacidade de multiplicação. nucleico
||
nucleico
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||
invólucro proteico, separando-se da célula original. onde fica o material genético representado pelo ácido nucleico.
Também entre os ribovírus existem aqueles que possuem Uma vez no interior da célula bacteriana, o DNA do
RNA de fita dupla e os que têm RNA de fita simples. Quando bacteriófago pode seguir dois caminhos distintos: ciclo lítico
está fora das células hospedeiras, a partícula viral é chamada ou ciclo lisogênico.
de vírion. O vírion nunca apresenta atividade metabólica e
não tem capacidade de reprodução, mesmo quando colocado A) Ciclo lítico (multiplicação lítica) – O DNA
em meios nutritivos. Pode ser cristalizado e armazenado viral contém os genes que determinam todas as
por longos períodos de tempo. Após esse tempo, o vírion,
características do vírus. Uma vez no interior da
em condições adequadas, voltará a infectar uma célula.
bactéria, o DNA viral começa a ser transcrito.
lli
Os genes virais são semelhantes aos genes da
A REPRODUÇÃO célula hospedeira, de modo que as enzimas da
bactéria, responsáveis pela transcrição do DNA,
(MULTIPLICAÇÃO) DOS VÍRUS não os distinguem dos genes bacterianos e passam
a transcrevê-los, produzindo moléculas de RNA-m
ou
Os vírus só se reproduzem quando estão no interior de
uma célula hospedeira. Ao longo de sua evolução, os vírus virais, que se ligam aos ribossomos bacterianos,
adquiriram mecanismos para subverter o funcionamento da ocorrendo, assim, síntese de proteínas virais.
célula hospedeira e se reproduzirem à custa dela. O vírus Algumas dessas proteínas inibem o cromossomo
utiliza todo o maquinário metabólico da célula parasitada, bacteriano; outras atuam na replicação do DNA do
assim como suas matérias-primas, para fabricar várias fago, produzindo numerosas outras moléculas de
cópias idênticas de si próprio. Essa reprodução envolve as DNA viral; muitas irão formar os capsídeos, existindo
seguintes etapas: duplicação do material genético viral,
Vírus de DNA
rn
síntese das proteínas do capsídeo e montagem de novas
partículas virais no interior da célula hospedeira.
42 Coleção Estudo 4V
Vírus e viroses
O esquema a seguir mostra, de forma resumida, os ciclos de reprodução dos bacteriófagos nas células hospedeiras.
DNA Cromossomo
Fago viral bacteriano
Arquivo Bernoulli
Bactéria
Duplicação bacteriana
lli
ou
BIOLOGIA
Ciclo lítico Ciclo lisogênico
rn
Lise da bactéria
A multiplicação dos vírus parasitos de animais que possuem como material genético o DNA segue, no geral, o mesmo
Be
padrão da reprodução dos bacteriófagos.
Vírus de RNA
Quando o ácido nucleico do vírus é o RNA, dois processos de reprodução podem ocorrer:
A) Na célula hospedeira, o RNA viral é transcrito em várias moléculas de RNA-m que comandarão a síntese de proteínas.
É o que acontece, por exemplo, com o vírus da gripe. Nesse caso, o vírion adere a moléculas receptoras presentes
na superfície das células hospedeiras, penetrando inteiro. No interior da célula, ocorre a desnudação, ou seja,
o capsídeo é digerido por enzimas celulares existentes nos lisossomos, e, assim, o RNA é liberado no citoplasma. Esse RNA
eu
viral é copiado em RNA-m viral, à custa de uma enzima, a RNA polimerase/RNA dependente, que faz parte da partícula
viral. Uma vez sintetizado, o RNA-m viral liga-se aos ribossomos celulares, ocorrendo, então, a tradução, ou seja, as
informações genéticas do RNA-m viral serão traduzidas, possibilitando a formação de proteínas virais, que podem ser de
dois tipos: proteínas estruturais que irão formar o capsídeo e enzimas que participam especificamente da duplicação do
ácido nucleico viral. Em seguida, ocorre a montagem de novas partículas virais, isto é, a reunião de moléculas de RNA
viral em capsídeos, originando novos vírions que se libertam das células infectadas.
M
B) Na célula hospedeira, o RNA viral é utilizado como molde para fabricar DNA por ação da enzima transcriptase reversa. Esses
vírus são chamados de retrovírus. Possuem, associada ao seu RNA, a enzima transcriptase reversa. Ao penetrar numa célula
hospedeira, essa enzima catalisa uma reação de “transcrição ao contrário”, isto é, formação do DNA a partir do RNA viral.
O DNA viral, assim formado, é de fita simples. O RNA viral é, então, degradado, e o DNA viral de fita simples sintetiza a sua fita
complementar, tornando-se, assim, um DNA viral de fita dupla. Esse DNA viral de fita dupla pode permanecer inativo por tempo
indeterminado, incorporado ao material genético da célula, constituindo o provírus, como também, a qualquer momento,
pode desencadear a transcrição, formando RNA-m viral que se liga aos ribossomos da célula hospedeira, onde será traduzido,
formando proteínas virais (proteínas do capsídeo). Essas proteínas virais se juntam às moléculas de RNA viral, formando novas
partículas virais no interior da célula. Os novos vírus são liberados por brotamento, podendo parasitar e destruir outras células.
| || | | || | |
|| || || |
da célula
| |
Envelope
|| |
|| || || || || |
Capsídeo
Transcriptase reversa
||
| || || | | || || || | 1 Adesão do vírus à membrana Célula hospedeira
| || | | plasmática e penetração da (citoplasma)
| || |
RNA viral
| || || | | || || || |
|
lli
RNA hospedeira.
| | | |
| |
viral
DNA
| || |
| || | |
| || || | | | || || |
| ||
DNA
ou
Ciclo dos 2 Após a desnudação do vírus no meio
5 Os vírus formados podem
retrovírus
infectar outras células. intracelular, a transcriptase reversa
|| | | sintetiza DNA a partir de RNA.
|| | |
|| ||
|| || || ||
| | ||
|| || || ||
RNA-m | || || ||
| || || ||
Provírus
Proteínas virais
3 O DNA viral é,
rn então, incorporado
Arquivo Bernoulli
ao cromossomo da
célula, formando
o provírus.
4 Genes virais são transcritos e
traduzidos; novas partículas
virais são formadas e liberadas
Be
da célula por brotamento.
VIROSES
Os vírus são agentes etiológicos (agentes causadores) de diversas doenças, tanto em plantas como em animais.
O quadro a seguir mostra algumas das principais viroses que acometem a espécie humana:
Viroses humanas
O modo de transmissão das viroses humanas é bastante diversificado. Algumas têm um agente vetor, como é o caso da
M
dengue e da febre amarela; outras, como a Aids e o herpes genital, podem ser transmitidas por meio das relações sexuais;
em muitas, os vírus penetram em nosso organismo junto com o ar que inspiramos ou pela água e pelos alimentos ingeridos.
Transfusões sanguíneas e o contato com sangue de pessoas contaminadas também podem transmitir certas viroses. Existem
ainda situações em que ocorre a transmissão vertical, em que a partícula viral infecciosa passa ao feto através da placenta.
A seguir, faremos um estudo resumido de algumas viroses. De cada uma delas, é importante você guardar o(s) modo(s)
de transmissão e as medidas de prevenção ou profilaxia.
Aids
A sigla Aids é formada pelas iniciais da expressão inglesa Acquired Immunodeficiency Syndrome (Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida). Alguns autores preferem a utilização da sigla SIDA, em português.
44 Coleção Estudo 4V
Vírus e viroses
lli
Membrana Dois ou três dias depois, surgem pequenas manchas
de lipídio vermelhas na pele que se transformam em bolhas que
(gordura) RNA contêm um líquido claro. Essas erupções se espalham pelo
corpo (peito, barriga, costas, nádegas, braços, pernas e
outras partes).
ou
O líquido torna-se amarelo e forma-se uma crosta escura
BIOLOGIA
(“casca de ferida”) que se desprende sem deixar marcas.
Esquema do vírus da Aids – O vírus causador da doença é
conhecido pela sigla HIV, iniciais de Human Immunodeficiency
Nesse estágio da doença, manifesta-se uma coceira muito
Virus (Vírus da Imunodeficiência Humana), e pertence ao incômoda. Não se deve deixar o doente coçar as bolhas,
grupo dos retrovírus. Esse vírus invade e destrói os linfócitos T pois isso pode propiciar contaminação bacteriana. Unhas
auxiliadores (também conhecidos por CD4+, linfócitos T-helper), aparadas, banhos e troca de roupas diários também
que são justamente as células que ativam os outros linfócitos contribuem para evitar essa contaminação. Enquanto houver
que formam o exército de defesa do corpo. Esses linfócitos T febre e novas bolhas estiverem aparecendo, o doente deve
atuam como células “auxiliadoras” do sistema imunológico, permanecer em repouso. Atualmente, já existe vacina para se
rn
uma vez que estimulam a produção de anticorpos e também
estimulam a fagocitose de corpos estranhos ao organismo.
Por isso, a destruição dessas células acarreta a falência do
sistema de defesa do organismo.
Caxumba (parotidite)
Doença contagiosa e aguda (de curso rápido e intenso) que
se torna mais perigosa nos adultos, pelas complicações que
pode trazer, do que nas crianças. Acomete mais comumente as
crianças na faixa etária de 5 a 15 anos.
Be
O período de incubação do vírus no organismo humano
O vírus da caxumba possui RNA e é transmitido por gotículas
é variável, em média de 2 a 3 anos (podendo, entretanto,
de saliva, secreções nasais e, ainda, por objetos contaminados
ser bem mais longo). Durante esse período, a pessoa
(copos, garfos, etc.) por uma pessoa doente. A penetração
infectada não apresenta sintomas da doença, mas poderá
do vírus em nosso organismo se dá pelas vias respiratórias
transmitir o vírus a outras.
ou pela boca, de onde os vírus normalmente passam para as
Comprovadamente, transmissão e contaminação se fazem glândulas parótidas (maiores glândulas salivares) e causam sua
por meio de transfusões de sangue de pessoas infectadas inflamação, vindo daí o nome parotidite. Mais raramente, os vírus,
pelo HIV; uso de instrumentos cirúrgicos ou seringas por meio da corrente sanguínea, podem chegar a outros órgãos,
contaminadas; e relações sexuais, uma vez que o vírus como os testículos, os ovários, o pâncreas e mesmo o cérebro.
presente no esperma ou em secreções vaginais penetra por A imunização preventiva da caxumba se faz com o uso de vacina.
microfissuras formadas durante o ato sexual nos tecidos
Dengue (doença “quebra-ossos”)
eu
(camisinhas); controle de qualidade do sangue usado em cefaleia (dor de cabeça), aumento dos gânglios linfáticos,
transfusões; emprego de seringas e agulhas descartáveis; dores musculares (especialmente nas costas) e dores nas
esterilização de qualquer instrumento cirúrgico médico- articulações ósseas (daí o nome de doença “quebra-ossos”).
-odontológico; não utilização comum de instrumentos Depois de mais ou menos uma semana, essas manifestações
cortantes, tais como navalhas, giletes, alicates de unha, etc. desaparecem gradualmente.
Estudos realizados em diferentes países mostram que o Na forma mais grave da doença, isto é, na dengue
uso do AZT pela mulher infectada, durante a gestação, além hemorrágica, além dos sintomas da dengue clássica, também
do uso do medicamento pelo recém-nascido e a substituição ocorrem hemorragias intestinais, vômitos e inflamação
da amamentação podem reduzir em cerca de 70% a do fígado. A dengue clássica e a dengue hemorrágica
transmissão vertical do HIV. Sem tratamento, a transmissão podem ser diagnosticadas por meio de exame de sangue.
chega a ocorrer em até 40% dos casos. Não existe um medicamento específico para a doença.
A dengue clássica é tratada com repouso, ingestão de líquidos e A doença compromete vários órgãos: fígado, baço, rins,
uso moderado de antitérmicos à base de paracetamol. Não devem medula óssea e gânglios linfáticos. Logo após um período
ser usados medicamentos compostos por ácido acetilsalicílico, de incubação de 4 a 5 dias, a pessoa apresenta febre
cuja ação anticoagulante pode ocasionar sangramentos. alta, calafrios, dor de cabeça e prostração; seguem-se
O importante é procurar o serviço de saúde logo no início dos vômitos, dores musculares e bradicardia (diminuição
sintomas e evitar a automedicação. Na dengue hemorrágica, da frequência cardíaca). Com a evolução do processo
o tratamento pode exigir a aplicação de soro, plasma e mesmo infeccioso, surgem novas manifestações ainda mais graves,
transfusões de sangue, nas manifestações mais graves, em como hemorragias e comprometimento renal e hepático.
que os pacientes devem ser internados para um melhor São as lesões hepáticas que dão ao doente o aspecto
amarelado que caracteriza a doença.
acompanhamento médico. Todos os tipos de dengue podem
lli
produzir formas assintomáticas, brandas, graves e fatais. Todos A profilaxia da doença consiste no combate aos mosquitos
os tipos podem levar à dengue grave na primeira infecção, transmissores da febre amarela urbana, sobretudo em
porém, isso ocorre com maior frequência após a segunda ou sua forma larvária (no caso da febre amarela silvestre,
a terceira infecção por sorotipo diferente. É possível que uma o combate aos mosquitos é praticamente impossível, uma
pessoa contraia dengue hemorrágica no primeiro contágio, mas vez que eles estão espalhados por toda a mata); vacinação
ou
é fato conhecido que a repetição das epidemias, com a circulação de todas as pessoas que trabalham ou residem em regiões
sucessiva dos vários tipos de vírus, aumenta consideravelmente onde a doença se manifesta de forma endêmica; vacinação
a probabilidade de ocorrência da dengue hemorrágica. das pessoas que pretendem viajar para regiões onde existe a
doença; e controle de navios e aviões que saem ou chegam
Não existe, ainda, vacina contra a dengue. Dessa maneira, das regiões endêmicas.
a profilaxia (prevenção) da doença reside no combate aos
vetores, isto é, aos mosquitos transmissores. Para tanto,
devem ser tomadas as seguintes medidas: exterminar
Gripe (influenza)
os locais utilizados pelo mosquito para sua reprodução e Existem diferentes tipos de vírus de gripe. Todos têm
rn
postura dos ovos, não deixando água no interior de garrafas,
latas vazias, pneus velhos, etc.; tampar caixas-d’água,
tanques, filtros e quaisquer reservatórios de água dentro ou fora
de casa; evitar a manutenção de água nos pratos dos vasos de
plantas; utilizar inseticidas e desinfetantes domésticos e usar
telas protetoras em portas e janelas para impedir o acesso dos
mosquitos ao interior das casas.
como material genético o RNA, que, em muitos deles, sofre
contínuas modificações (mutações). As alterações ocorridas
no ácido nucleico do vírus determinam modificações no
envoltório proteico. Assim, os anticorpos elaborados contra
um tipo de vírus gripal tornam-se inócuos no combate a
outra forma mutante. Essa é uma das causas que dificulta a
obtenção de uma vacina mais eficiente no combate às gripes.
Be
A transmissão se faz por meio de gotículas de saliva e de
Existe a possibilidade de as fêmeas do A. aegypti grávidas,
secreções nasais. Os vírus penetram em nosso organismo pela
infectadas com o vírus da dengue, contaminarem os seus
boca ou pelas cavidades nasais, instalando-se em nossas vias
ovos (transmissão transovariana ou transmissão vertical).
respiratórias. Os sintomas da gripe aparecem, subitamente,
Tal fato já foi evidenciado, por exemplo, em Belo Horizonte.
de 1 a 3 dias após o contágio e os mais frequentes são: febre,
Os ovos de A. aegypti são colocados em grupos prostração, dor de cabeça, dores musculares, tosse, espirros
(10-30 ovos / criadouro), facilitando, assim, sua sobrevivência e obstrução nasal. Embora se faça certa confusão entre gripe
e dispersão. Os ovos são muito resistentes à dessecação, e resfriado comum, essas doenças são causadas por tipos
podendo permanecer por mais de um ano no meio ambiente. diferentes de vírus. O resfriado é uma doença mais branda, que
Após o contato com a água (ex.: chuva), as larvas podem compromete apenas as partes altas do aparelho respiratório
eclodir nos primeiros 15 minutos. A resistência à dessecação (nariz e faringe), com consequente coriza (eliminação de um
eu
dos ovos é considerada um dos principais obstáculos para o líquido claro e aquoso), espirros e febre moderada ou ausente.
controle da doença, pois essa condição permite que o ovo O tratamento da gripe é direcionado para os sintomas da doença.
seja transportado a grandes distâncias em ambiente seco. O recomendado é o repouso e uma dieta rica em líquidos.
Daí o motivo da alta população de Aedes aegypti durante o Analgésicos e antitérmicos podem ser utilizados para diminuir
período de chuvas. o mal-estar geral e a febre, enquanto descongestionantes
melhoram a obstrução nasal. Em certos casos, podem ser usadas
Febre amarela drogas antivirais que impedem a multiplicação viral, mas que não
destroem (“matam”) os vírus já instalados no organismo. Essa
Doença infecciosa aguda, que pode ser extremamente destruição é feita pelos anticorpos (defesas naturais).
M
46 Coleção Estudo 4V
Vírus e viroses
lli
1, responsável pelo herpes oral ou labial, é encontrado,
Entre eles, destacam-se o HAV (vírus da hepatite A), por exemplo, na saliva de muitas pessoas que nunca
HBV (vírus da hepatite B) e o HCV (vírus da hepatite C). tiveram manifestação da doença. Pode-se, portanto, falar
em indivíduos portadores, isto é, indivíduos que possuem
Hepatite A – Causada pelo HAV, sua transmissão se
e transmitem o vírus sem manifestação da doença.
faz pela via digestória, por meio da ingestão de água e
ou
O herpes-vírus tipo 2, responsável pelo herpes genital,
BIOLOGIA
alimentos contaminados por fezes de indivíduos doentes.
é transmitido essencialmente pelo contato sexual, sendo,
Insetos, como as moscas, facilitam a transmissão, pousando
portanto, uma doença do grupo das DSTs (Doenças
alternadamente nos detritos e nos alimentos, transportando,
Sexualmente Transmissíveis). As lesões (vesículas)
assim, os vírus das fezes contaminadas para alimentos, cicatrizam em poucos dias e, normalmente, não deixam
água e objetos. Torna-se evidente, portanto, que a falta de sinal de sua aparição; os tecidos afetados refazem-se
instalações sanitárias adequadas facilita a propagação da plenamente. Os vírus, porém, podem permanecer
doença e a ocorrência de surtos epidêmicos. A hepatite A latentes, voltando periodicamente à atividade. Essas
se caracteriza por um período de incubação de 20 a 40 dias, crises recidivas estão associadas a diversos estímulos,
rn
após o qual surgem os sintomas da doença: febre,
mal-estar, perda de apetite (anorexia), náuseas, vômitos,
dor de cabeça, dores abdominais, hepatomegalia (fígado
inchado e dolorido quando apalpado) e icterícia (pele e olhos
amarelados). A profilaxia depende de medidas gerais de
saneamento e cuidados pessoais com a higiene. A prevenção
da doença obedece aos mesmos princípios de prevenção de
tais como exposição excessiva aos raios solares, febres
produzidas por outras infecções, perturbações digestivas,
alterações psíquicas ou distúrbios emocionais, reações
alérgicas e, em algumas mulheres, irregularidades
menstruais. As medidas profiláticas específicas são
praticamente inexistentes, pois os vírus do herpes
encontram-se latentes nos tecidos, sendo encontrados
Be
todas as doenças cujos agentes etiológicos (causadores) em porcentagens muito altas na espécie humana. Uma
penetram por via digestiva. A hepatite A pode ser prevenida medida geral é evitar o contato direto com o herpético
por meio da vacinação feita a partir dos 12 meses de vida. em fase de manifestação da doença.
Hepatite B – Causada pelo HBV, sua transmissão se faz
pela via parenteral (inoculação subcutânea, intramuscular, Raiva (Hidrofobia)
endovenosa e outras de produtos contendo sangue humano Doença grave, quase sempre fatal, que pode acometer
ou derivados contaminados). A transmissão também pode praticamente todos os mamíferos. O vírus da raiva tem
ser feita por meio de seringas, agulhas e material cirúrgico RNA e é transmitido ao homem pela saliva de diversos
contaminados e pelo contato com sangue e secreções do corpo, animais contaminados (raposa, lobo, gambá, rato,
como sêmen e secreções vaginais (nas relações sexuais), além morcego, cão, gato e outros). O cão e o gato são os
eu
de leite materno, lágrima e saliva. A hepatite B geralmente principais transmissores da raiva ao homem, sendo que o
tem um período de incubação mais longo (60 a 180 dias) cão responde por aproximadamente 87% dos casos que
e os seus sintomas são semelhantes aos da hepatite A. acometem o homem. Essa transmissão se dá por meio
O tratamento da hepatite consiste, fundamentalmente, em de lambidas em regiões do nosso corpo com ferimentos
repouso e dieta adequada (com pouca gordura para não e, principalmente, por meio da mordida, que provoca na
sobrecarregar o fígado). Em certos casos o tratamento pele ferimentos por onde penetram os vírus presentes
também utiliza medicamentos antivirais. Na prevenção da na saliva do animal contaminado. Os vírus atingem o
hepatite B, torna-se necessária a esterilização cuidadosa sistema nervoso central, onde se multiplicam, causando
dos instrumentos cirúrgicos, seringas, agulhas, etc., como danos irreparáveis. A raiva humana se manifesta após
M
também o controle de qualidade do sangue dos doadores. um período de incubação usualmente compreendido entre
Já existe uma vacina contra a hepatite B, que deve ser 20 e 60 dias. A duração do período de incubação parece
aplicada sobretudo nos indivíduos que exercem atividades depender da quantidade de vírus inoculada (mordedura
médico-sanitárias, pois lidam com doentes e com material direta sobre a pele ou através da roupa), bem como do
que pode estar contaminado. local da mordedura, ou seja, da distância da zona de
inoculação até o sistema nervoso central. Os sintomas da
Hepatite C – Causada pelo HCV, sua transmissão, doença podem, então, demorar de alguns dias a alguns
à semelhança da hepatite B, é feita através do sangue e da meses para se manifestarem num indivíduo contaminado.
relação sexual. A forma crônica pode evoluir para cirrose As manifestações iniciais não são muito específicas: febre
hepática e também predispõe ao câncer de fígado (câncer moderada, cefaleia (dor de cabeça), insônia, ansiedade e
hepático). Ainda não há vacina. sensação de dor e formigamento na região da mordida.
lli
recolhimento dos animais soltos nas ruas. Se uma pessoa constituído por manchas rosadas na pele. A rubéola é uma
for mordida por um desses animais, deve tomar os seguintes doença “benigna”. No entanto, quando contraída por mulheres
cuidados: com água e sabão, lavar várias vezes o local grávidas, torna-se uma doença bastante perigosa, já que
da ferida, mantendo-o em água corrente durante algum o vírus pode infectar a placenta e daí passar para o feto,
tempo e aplicando depois um desinfetante; mesmo que o provocando anomalias, como surdez, microcefalia e defeitos
cardíacos. O perigo se torna ainda maior se a mulher adquire
ou
animal não mostre sinais de raiva, exigir do seu proprietário
a doença nos primeiros meses de gestação, época em que os
o atestado de vacinação antirrábica; o animal deve ser
órgãos do embrião estão em processo de formação. Quanto
mantido sob observação durante pelo menos dez dias.
mais no início da gravidez ocorre a infecção, maior a chance
Se, ao final desse período, o animal não manifestar sinais
de nascimento de criança afetada por anomalias graves.
da doença, o tratamento é dispensável, mas, se o cão
Sua profilaxia é feita com o uso de vacina.
adoecer, morrer, fugir ou se a observação do animal não
for possível, a pessoa deverá procurar imediatamente
assistência médica especializada. Provavelmente, Sarampo
o médico iniciará uma série de vacinas, que são eficientes Doença aguda, altamente contagiosa, comum em todo o
OBSERVAÇÃO
rn
desde que aplicadas antes de a pessoa ficar doente.
A prevenção da raiva urbana consiste fundamentalmente
na vacinação dos cães e gatos e na captura e no controle
importante veículo de transmissão desses vírus. Admite-se podem desencadear processos neoplásicos cancerígenos.
que a transmissão também possa ocorrer de pessoa Um estudo epidemiológico realizado nos últimos
a pessoa por meio de gotículas de saliva ou secreções 17 anos pelo Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o
nasais. Após a penetração, os vírus multiplicam-se Câncer, em São Paulo, revelou que o HPV é responsável
no intestino e depois invadem a corrente sanguínea, por 96,5% dos casos de câncer de colo de útero.
disseminando-se por todo o corpo, podendo, assim, O HPV também pode desencadear tumores malignos em
atingir os órgãos do sistema nervoso central. A profilaxia outros locais, como vagina, vulva, reto e ânus. Nos homens,
e o controle da poliomielite se fazem submetendo a pode desencadear câncer no pênis e no ânus. A transmissão
população a um programa adequado de vacinação. do HPV se faz quase exclusivamente por contato sexual.
As vacinas universalmente conhecidas são a Salk (feita Tumores no colo do útero certamente advêm do sexo em sua
de vírus inativados) e a Sabin (feita de vírus atenuados). forma mais convencional – a penetração pela vagina. Aqueles
A Sabin é aplicada por via oral, sob a forma de gota. que ocorrem no ânus relacionam-se à prática de sexo anal.
48 Coleção Estudo 4V
Vírus e viroses
lli
(sem o uso de preservativos) e a troca frequente de parceiros
D) parasitam plantas e animais e dependem de outras
aumentam a probabilidade de contágio. Em 70% dos casos,
células para sobreviver.
o HPV desaparece naturalmente. Em muitos casos, o vírus
permanece latente ou evidencia-se por meio de sintomas E) seu material genético sofre muitas mutações e é
facilmente tratáveis. Assim, não é toda contaminação por constituído apenas por RNA.
ou
HPV que irá desencadear processos cancerígenos. Isso irá
BIOLOGIA
depender do subtipo de HPV presente no organismo. Há várias 02. (UNESP) Em 2008, a Secretaria Estadual de Saúde e
formas de detectar a presença do HPV, desde exames mais
pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, ambas do Rio
simples, como o de Papanicolau, até exames que utilizam
de Janeiro, confirmaram um caso de dengue adquirida
técnicas mais avançadas que identificam o DNA do vírus,
permitindo classificá-lo com maior precisão. Caso o HPV seja durante a gestação. A mãe, que havia adquirido dengue
detectado precocemente, as chances de cura são de 100%. três dias antes do parto, deu à luz uma garotinha com a
Já existem vacinas contra alguns tipos de HPV. No Brasil a mesma doença. O bebê ficou internado quase um mês,
campanha de vacinação atende meninas de 9 a 13 anos. e depois recebeu alta.
OBSERVAÇÃO
rn
Além das viroses mencionadas, muitas outras existem.
Cerca de 60% das doenças infecciosas no mundo têm
como agentes etiológicos os vírus. Algumas estão no grupo
das chamadas “doenças emergentes”, isto é, doenças cuja
existência anterior era desconhecida no planeta ou, pelo
menos, na região em que apareceram. Entre as viroses
Pode-se afirmar CORRETAMENTE que esse caso
A) contradiz a hipótese de que a criança em gestação
receba, por meio da barreira placentária, anticorpos
produzidos pelo organismo materno.
B) contradiz a hipótese de que a dengue é uma doença
viral, uma vez que pode ser transmitida entre gerações
Be
sem que haja a participação do Aedes aegypti.
que fazem parte desse grupo de doenças emergentes há,
por exemplo, a Aids, que infecta milhões de pessoas em C) confirma que a dengue é uma doença infecto-
todo o mundo, as hantaviroses, a febre hemorrágica africana -contagiosa, que só pode ser transmitida de pessoa
(causada pelo vírus Ebola) e a SARS (Síndrome respiratória para pessoa através de um vetor.
aguda grave). D) demonstra a possibilidade da transmissão vertical,
de pessoa para pessoa, através do contato da pessoa
HANTAVIROSES sadia com secreções da pessoa doente.
São enfermidades agudas que podem apresentar-se sob as E) demonstra a possibilidade de o vírus da dengue
formas de febre hemorrágica com síndrome renal (HFRS) e atravessar a barreira placentária, sem que seja
de síndrome pulmonar por hantavírus (HPS), sendo a segunda necessária a presença de um vetor para sua transmissão.
a única forma encontrada nas Américas. Os hantavírus têm
eu
como reservatórios os roedores, especialmente os silvestres. 03. (UERJ) Pandemias graves de gripe por vírus influenza
No roedor, a infecção pelo vírus aparentemente não é letal repetem-se, no mundo, a determinados intervalos de
e pode levá-lo ao estado de reservatório por toda a vida.
tempo, causando milhões de mortes. Cientistas da OMS
A infecção humana ocorre mais frequentemente pela inalação
alertam para o fato de que a gripe aviária, surgida no
de aerossóis formados a partir de secreções e excreções de
sudeste asiático, pode provocar uma nova pandemia.
roedores infectados. Outras formas de transmissão para a
espécie humana já foram descritas, como ingestão de água e O controle do alastramento desse vírus é problemático,
alimentos contaminados, transmissão percutânea, por meio não só devido às facilidades de transporte no mundo, mas,
de escoriações na pele e mordeduras de roedor e contato do também, porque as vacinas produzidas para combatê-lo
M
vírus com mucosas, como a conjuntival. A síndrome pulmonar podem perder a sua eficácia com o tempo.
por hantavírus causa febre, dores musculares (mialgias),
Essa perda de eficácia está associada à seguinte
dor abdominal, vômitos, cefaleia, taquipneia, taquicardia,
característica dos vírus influenza:
hipertensão, edema pulmonar e insuficiência respiratória
aguda. Trata-se de uma doença com alta taxa de letalidade. A) Sofrer alterações em seu genoma com certa frequência.
As medidas de profilaxia e controle das hantaviroses devem ser B) Inibir com eficiência a produção de anticorpos pelo
baseadas em manejo ambiental, por meio, principalmente, de hospedeiro.
práticas de higiene e medidas corretivas no meio ambiente, como
C) Destruir um grande número de células responsáveis
saneamento e melhoria das condições de vida e moradia, tornando
pela imunidade.
as habitações e os campos de trabalho impróprios à instalação e
proliferação de roedores. D) Possuir cápsula protetora contra a maioria das defesas
do hospedeiro.
04. (UNESP–2016) No ano de 2007, pesquisadores da Com relação a esse processo, é CORRETO afirmar que os vírus
Universidade de Ulm, Alemanha, descobriram que, apesar A) não o realizam, pois não apresentam as características
do sêmen de portadores do HIV conter concentrações muito fisiológicas e celulares para ocorrência do processo.
pequenas do vírus, uma proteína presente neste fluido atua
B) só o realizam quando metabolicamente ativos
como um excelente transportador de partículas do vírus HIV
no momento de infecção em suas células-alvo
para as células-alvo, aumentando em até 100 mil vezes as
hospedeiras.
possibilidades de um indivíduo ser infectado, caso tenha
C) o realizam diretamente através do cápside, seu
contato com o sêmen contaminado em tecido mucoso.
envoltório proteico de proteção.
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/saude/semen-hiv.htm>.
D) só o realizam se forem classificados como envelopados,
As informações contidas no texto reforçaram ainda por apresentarem membrana e citoplasma celulares.
lli
mais a ideia de que, a partir daquela data, para evitar a E) não o realizam, pois apresentam a primitiva
transmissão da Aids, organização celular procarionte.
A) é necessário o uso de camisinha durante a relação
sexual. 04. (Fatec-SP) Os vírus são minúsculos “piratas” biológicos
porque invadem as células, saqueiam seus nutrientes
B) o homem deve realizar vasectomia para não liberar
ou
e utilizam as reações químicas das mesmas para se
espermatozoides contaminados.
reproduzir. Logo em seguida, os descendentes dos
C) a mulher deve utilizar pílula anticoncepcional para
invasores transmitem-se a outras células, provocando danos
impedir a ação do sêmen.
devastadores. A esses danos, dá-se o nome de viroses, como
D) é necessário que as relações sexuais sejam feitas a raiva, a dengue hemorrágica, o sarampo, a gripe, etc.
após higiene íntima.
SCOTT, Andrew.
Piratas da célula (Adaptação).
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
De acordo com o texto, é CORRETO afirmar que
01.
rn
(FPS-PE–2015) O bacteriófago é um vírus bastante
estudado que apresenta dois tipos de ciclo reprodutivo.
Qual destes ciclos está representado na figura a seguir?
A) os vírus utilizam o seu próprio metabolismo para
destruir células, causando viroses.
B) os vírus utilizam o DNA da célula hospedeira para
produzir outros vírus.
C) os vírus não têm metabolismo próprio.
D) as viroses resultam sempre das modificações
genéticas da célula hospedeira.
Be
E) as viroses são transcrições genéticas induzidas pelos
Vírus
vírus que degeneram a cromatina na célula hospedeira.
a febre chikungunya.
02. (UECE) Com relação aos vírus, assinale a alternativa
CORRETA.
Sobre a relação existente entre esses dois temas, vacina
A) São seres que possuem membrana plasmática,
contra dengue e febre chikungunya, é CORRETO afirmar
envoltório fundamental à proteção do seu material
que a vacina
genético interno.
A) diminuirá o número de casos de dengue, mas poderá
B) São autossuficientes, uma vez que sintetizam ácidos contribuir para o aumento do número de pessoas com
nucleicos e proteínas indispensáveis à sua reprodução. febre chikungunya.
C) Por apresentarem metabolismo próprio, são B) fará diminuir o tamanho das populações de Aedes
M
50 Coleção Estudo 4V
Vírus e viroses
06. (Unicamp-SP–2016) O sarampo é uma doença 02. (Enem–2013) A contaminação pelo vírus da rubéola
infectocontagiosa provocada pelo Morbilivirus. Em 2015 é especialmente preocupante em grávidas, devido à
apareceram vários casos dessa doença em diversas síndrome da rubéola congênita (SRC), que pode levar
cidades do Brasil e do mundo. O que faz com que esta ao risco de aborto e malformações congênitas. Devido a
doença seja extremamente contagiosa e muito comum campanhas de vacinação específicas, nas últimas décadas
houve uma grande diminuição de casos de rubéola entre
na infância?
as mulheres, e, a partir de 2008, as campanhas se
A) O fato de ser transmitida por um vírus para o qual intensificaram e têm dado maior enfoque à vacinação de
não existe vacina. homens jovens.
B) O fato de ser frequentemente transmitida por
BRASIL. Brasil livre da rubéola: campanha nacional
lli
secreções das vias respiratórias, como gotículas
de vacinação para eliminação da rubéola. Brasília:
eliminadas pelo espirro ou pela tosse.
Ministério da Saúde, 2009 (Adaptação).
C) O fato de ser transmitida apenas por meio de insetos
Considerando a preocupação com a ocorrência da SRC,
vetores.
as campanhas passaram a dar enfoque à vacinação dos
D) O fato de ser extremamente contagiosa apenas em homens, porque eles
ou
BIOLOGIA
crianças desnutridas, recém-nascidos e crianças
A) ficam mais expostos a esse vírus.
portadoras de imunodeficiências.
B) transmitem o vírus a mulheres gestantes.
07. (UFES–2015) Em 2014, a imprensa noticiou C) passam a infecção diretamente para o feto.
exaustivamente o surto de febre hemorrágica provocada D) transferem imunidade às parceiras grávidas.
pelo vírus ebola. Os vírus são organismos bastante E) são mais suscetíveis a esse vírus que as mulheres.
peculiares em relação à sua estrutura corporal e à sua
reprodução e, muitas vezes, não são considerados seres 03. (Enem–2013) Milhares de pessoas estavam morrendo
rn
vivos. No que se refere aos vírus, EXPLIQUE
A) o que diferencia o corpo de um vírus do corpo dos
demais organismos vivos.
B) como se reproduzem os vírus de RNA.
C) o motivo pelo qual parte da comunidade científica não
considera vírus como ser vivo.
de varíola humana no final do século XVIII. Em 1796,
o médico Edward Jenner (1749-1823) inoculou em um
menino de 8 anos o pus extraído de feridas de vacas
contaminadas com o vírus da varíola bovina, que causa
uma doença branda em humanos. O garoto contraiu uma
infecção benigna e, dez dias depois, estava recuperado.
Meses depois, Jenner inoculou, no mesmo menino, o pus
Be
varioloso humano, que causava muitas mortes. O menino
não adoeceu.
no Brasil, para a febre amarela e nenhuma vacina efetiva C) O tratamento para muitas enfermidades que acometem
para a dengue. milhões de pessoas.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fundação Nacional de Saúde. D) O estabelecimento da ética na utilização de crianças
Dengue: instruções para pessoal de combate ao vetor. em modelos experimentais.
Manual de Normas Técnicas. Disponível em: E) A explicação de que alguns vírus de animais podem
<http://portal.saude.gov.br>. ser transmitidos para os humanos.
Acesso em: 07 ago. 2012 (Adaptação).
Esse fato pode ser atribuído à 04. (Enem–2011) Durante as estações chuvosas, aumentam
M
C) Remoção dos recipientes que possam acumular I. o sucesso inicial dos coquetéis anti-HIV talvez tenha
água, porque as larvas do mosquito se desenvolvem levado a população a se descuidar e não utilizar
nesse meio. medidas de proteção, pois se criou a ideia de que
D) Higienização adequada de alimentos, visto que as estes remédios sempre funcionam.
larvas do mosquito se desenvolvem nesse tipo de II. os vários tipos de vírus estão tão resistentes que não
substrato. há nenhum tipo de tratamento eficaz e nem mesmo
qualquer medida de prevenção adequada.
E) Colocação de filtros de água nas casas, visto que
a reprodução do mosquito acontece em águas III. os vírus estão cada vez mais resistentes e, para evitar
contaminadas. sua disseminação, os infectados também devem usar
camisinhas e não apenas administrar coquetéis.
lli
05. (Enem–2010) Investigadores das Universidades de Está CORRETO o que se afirma em
Oxford e da Califórnia desenvolveram uma variedade
de Aedes aegypti geneticamente modificada que é A) I, apenas. D) II e III, apenas.
candidata para uso na busca de redução na transmissão B) II, apenas. E) I, II e III.
do vírus da dengue. Nessa nova variedade de mosquito, C) I e III, apenas.
ou
as fêmeas não conseguem voar devido à interrupção do
desenvolvimento do músculo das asas. A modificação 07. (Enem–2001) A partir do primeiro semestre de 2000,
genética introduzida é um gene dominante condicional, a ocorrência de casos humanos de febre amarela silvestre
isso é, o gene tem expressão dominante (basta apenas extrapolou as áreas endêmicas, com registro de casos
uma cópia do alelo) e este só atua nas fêmeas. em São Paulo e na Bahia, onde os últimos casos tinham
ocorrido em 1953 e 1948. Para controlar a febre amarela
FU, G. et al. Female-specific silvestre e prevenir o risco de uma reurbanização da
hightiess phenotype for mosquito control. doença, foram propostas as seguintes ações:
PNAS 107 (10): 4550-4554, 2010. I. Exterminar os animais que servem de reservatório do
rn
Prevê-se, porém, que a utilização dessa variedade de
Aedes aegypti demore ainda anos para ser implementada,
pois há demanda de muitos estudos com relação ao
impacto ambiental. A liberação de machos de Aedes
aegypti dessa variedade geneticamente modificada
reduziria o número de casos de dengue em uma
vírus causador da doença.
II. Combater a proliferação do mosquito transmissor.
III. Intensificar a vacinação nas áreas onde a febre
amarela é endêmica e em suas regiões limítrofes.
52 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA B 02
Categorias taxonômicas e
regras de nomenclatura
lli
A taxonomia (do grego táxon, categoria, grupo, e nomos, Pode-se definir espécie como: “grupo de seres
conhecimento) é a parte da Biologia encarregada de estudar morfologicamente e fisiologicamente semelhantes,
a classificação dos seres vivos. Seu objetivo é facilitar o capazes de se cruzarem habitualmente na natureza,
ou
estudo, agrupando os seres vivos em diversas categorias. produzindo descendentes férteis”, mantendo-se
O sistema de classificação dos seres vivos pode ser isolados reprodutivamente de outros grupos.
artificial ou natural. Essa definição é satisfatória na maioria dos casos;
em alguns, entretanto, não pode ser aplicada, como
Sistema artificial de classificação – Não leva em em certos micro-organismos que só se reproduzem
consideração o grau de parentesco entre as espécies. assexuadamente.
É baseado em critérios escolhidos arbitrariamente pelo
autor da classificação. Por exemplo: utilizando como critério Em certos casos, pode-se ter o cruzamento, em
rn
o modo de locomoção dos animais, pode-se classificá-los
em nadadores, voadores, saltadores, rastejadores, etc.
Observe que, nessa classificação, uma águia (ave) e uma
mosca (inseto), apesar de estarem bem afastadas uma da
outra do ponto de vista evolutivo ou de parentesco, estão
no mesmo grupo, o dos animais voadores. Por outro lado,
águia e avestruz, que evolutivamente estão muito próximos,
condições naturais, de organismos pertencentes a
espécies distintas. Seus descendentes, no entanto,
não são férteis ou, a partir de certa geração, tornam-se
estéreis. Esses descendentes do cruzamento de
indivíduos de espécies distintas são chamados
híbridos. Como exemplos de híbridos, podem ser
citados os burros e as mulas, que são originários do
Be
já que ambos são aves, pertencem a grupos diferentes: cruzamento entre o jumento (Equus asinus) e a égua
a águia, ao grupo dos animais voadores; e o avestruz,
(Equus caballus).
ao dos animais de locomoção terrestre.
Há casos também em que indivíduos de espécies
Sistema natural de classificação – Agrupa os seres
diferentes podem cruzar-se e produzir descendentes em
vivos de acordo com o grau de parentesco existente entre
condições artificiais de cativeiro, não se cruzando, porém,
eles. É baseado fundamentalmente na evolução dos seres
vivos durante os milhares de anos que se passaram desde em condições naturais. Isso acontece, por exemplo,
quando surgiram na Terra até os dias atuais. É o sistema de com leões e tigres, que, embora sendo de espécies
classificação que tem valor do ponto de vista científico. Nele, distintas, podem cruzar-se em cativeiro. Em condições
os seres vivos são agrupados em categorias denominadas naturais, essas duas espécies não se cruzam, pois têm
taxonômicas ou taxa (plural de táxon). hábitos diferentes e vivem em ambientes distintos.
eu
lli
os leões, as onças e outras) e a família Canidae (na
qual se incluem, por exemplo, os cães e os lobos) mais recentes sobre evolução, propôs um sistema de
são formadas por grandes comedores de carne que classificação no qual os seres vivos foram distribuídos em
pertencem a uma mesma ordem: a ordem Carnivora. cinco reinos. Esse sistema é usado atualmente pela maioria
dos autores.
• Classe – É um grupamento de ordens diferentes
• O sistema de cinco reinos – Nesse sistema, os seres
ou
que apresentam certas características semelhantes.
Por exemplo: a ordem Carnivora, a ordem Rodentia vivos estão distribuídos nos seguintes reinos: Monera,
(que agrupa os roedores, como o rato, a paca, Protista, Fungi, Plantae (Vegetal) e Animalia (Animal).
a capivara e outros), a ordem Primata (à qual
pertencem o homem, o chimpanzé, o gorila e outros) Monera Protista Fungi Plantae Animalia
e a ordem Cetacea (dos golfinhos e baleias) são
formadas por indivíduos que, embora apresentem Bactérias Protozoários Fungos Briófitas Poríferos
grandes diferenças quanto ao porte, ao habitat e ao Algas Pteridófitas Cnidários
comportamento, possuem uma característica comum: Gimnospermas Platelmintos
todos são portadores de glândulas mamárias e, Angiospermas Nematelmintos
•
Mammalia (dos mamíferos).
rn
por isso, pertencem a uma mesma classe, a classe
outros formam o reino Animalia (reino animal). de tecidos, que se assemelham às algas na
organização e na reprodução, mas que diferem delas
No quadro a seguir, vê-se uma representação da por serem heterótrofos.
hierarquia das categorias taxonômicas:
Plantae: seres eucariontes, pluricelulares, autótrofos.
Suas células possuem parede celular e cloroplastos.
REINO Conjunto de todos os filos
Animalia: seres eucariontes, pluricelulares,
FILO Grupamento de classes
heterótrofos.
CLASSE Grupamento de ordens
Estudos e avanços tecnológicos mais recentes da Biologia
M
54 Coleção Estudo 4V
Categorias taxonômicas e regras de nomenclatura
Epíteto específico:
Domínio Bacteria Epíteto específico: cruzi
familiaris
(procariontes)
lli
Espécie: Trypanosoma cruzi,
Esquema mostrando a divisão dos seres vivos em três grupos ou uma homenagem ao cientista
Espécie: Canis familiaris
domínios – Observe que o grupo Eukarya se separou do grupo Oswaldo Cruz, é transliteração
latina de Cruz.
Archaea posteriormente, sendo o grupo Bacteria o mais antigo.
ou
O domínio Archaea compreende os seres procariontes • Quando o epíteto específico for dado em homenagem a
BIOLOGIA
metanógenos (produtores do gás metano) e os que vivem alguém, o nome dessa pessoa deverá ir para o genitivo
em condições extremas de alta ou baixa temperatura e latino, bastando, para isso, acrescentar a terminação i,
salinidade, acidez ou alcalinidade elevada. Nesse domínio,
se for masculino, e ae ou e, se for feminino.
estão incluídas as arqueas, anteriormente conhecidas por
arqueobactérias. No Trypanosoma cruzi, por exemplo, o epíteto
O domínio Bacteria engloba as bactérias, anteriormente específico cruzi resultou de Cruz + i. Em Peripatus
conhecidas por eubactérias. heloisae, o nome heloisae veio de Heloísa + e.
O domínio Eukarya engloba todos os seres constituídos • Caso o nome da espécie já tenha sido citado por extenso
por células eucariontes.
rn
Qualquer que seja a classificação adotada, o importante
é conhecer os principais grupos de seres vivos e as suas
principais características.
REGRAS DE NOMENCLATURA •
no texto, as próximas citações desse nome no mesmo
texto poderão ser abreviadas. Para isso, basta citar a
inicial do nome do gênero, seguida de ponto e do epíteto
específico. Assim, se num texto sobre o Trypanosoma
cruzi esse nome já tiver sido citado por extenso, as
próximas citações poderão ser feitas apenas por T. cruzi.
Quando não se sabe a espécie, ou não interessa citá-la,
Be
pode-se usar apenas o nome genérico seguido da
CIENTÍFICA PARA OS SERES VIVOS sigla sp., que significa “qualquer espécie do gênero”.
Dessa forma, Plasmodium sp. refere-se a qualquer
As regras atuais para a denominação científica dos seres espécie do gênero Plasmodium.
vivos foram estabelecidas em Congresso Internacional
• Quando um gênero é muito extenso, pode ser
de Nomenclatura Científica e baseadas na nomenclatura
desdobrado em subgêneros. A referência ao subgênero
proposta pelo botânico e médico sueco Karl von Linné (mais
é feita colocando-se o seu nome, obrigatoriamente,
conhecido por Lineu) em seu livro Systema Naturae.
com inicial maiúscula, dentro de parênteses, entre o
As principais regras são: nome genérico e o epíteto específico:
palavras latinizadas.
Gênero: Drosophila
• A designação científica é binominal para espécie;
trinominal para subespécie e uninominal para as Subgênero: Sophophora
demais categorias.
Espécie: Drosophila melanogaster
• O nome científico de uma espécie deverá ser
destacado das demais palavras do texto. Esse • Desejando-se citar, junto com o nome da espécie,
destaque poderá ser feito grifando-se o nome da o autor que a descreveu primeiro, coloca-se o seu
M
espécie ou grafando-o com um tipo de letra diferente nome logo após o epíteto específico, sem qualquer
das demais palavras do texto. pontuação intermediária. O nome do autor não é
escrito em destaque. Assim, Canis familiaris Lineu
• A primeira palavra do nome de uma espécie é
significa que um indivíduo chamado Lineu foi quem
o nome genérico e indica o gênero ao qual ela
descreveu, pela primeira vez, a espécie Canis familiaris.
pertence. Obrigatoriamente, ela é escrita com a
inicial maiúscula. A segunda palavra do nome de • Desejando-se citar, junto com o nome da espécie,
uma espécie é o epíteto específico, isto é, o nome a data da sua primeira descrição, coloca-se vírgula após
que identifica a espécie dentro do gênero e deve o nome da espécie e, em seguida, o ano em que foi feita
ser escrito com inicial minúscula, sendo facultativo sua primeira descrição. Preferindo-se, o ano pode ser
escrevê-lo com inicial maiúscula, caso seja relativo colocado entre parênteses imediatamente após o nome
a um nome próprio (nome de pessoa, por exemplo). da espécie, sem qualquer pontuação intermediária.
lli
o ano dentro de parênteses). O exemplo Canis B) a relação de parentesco aumenta.
familiaris Lineu, 1758 ou Canis familiaris Lineu (1758) C) diminui a relação de parentesco.
significa que a espécie Canis familiaris foi descrita
D) aumentam as semelhanças morfológicas.
pela primeira vez por Lineu, em 1758.
• Quando uma espécie já descrita troca de gênero 02. (Cesgranrio) As categorias taxonômicas em Zoologia são
ou
(por exemplo, pelo fato de a denominação anterior ordenadas, de modo ascendente, da seguinte forma:
ter sido por alguma razão inadequada), coloca-se, A) Espécie, gênero, ordem, família, classe e filo.
entre parênteses, após o nome da espécie, o nome B) Filo, classe, família, ordem, gênero e espécie.
do autor que primeiro a classificou seguido de C) Filo, ordem, classe, família, gênero e espécie.
vírgula e a data da publicação. Fora dos parênteses, D) Filo, classe, ordem, família, gênero e espécie.
aparece o nome do estudioso que modificou o nome
E) Espécie, gênero, família, ordem, classe e filo.
do gênero, seguido de vírgula e da data da nova
rn
publicação. Por exemplo, em 1758, Lineu descreveu
a formiga-saúva, denominando-a Formica sexdens.
Mais tarde, em 1804, Fabricius, reexaminando os
estudos de Lineu, achou inadequado o nome do
gênero Formica e, por várias razões, modificou-o
para o gênero Atta. Assim, quando se faz referência
03. (UFG) Leia a tirinha a seguir.
Be
a essa espécie, usa-se a seguinte grafia: Atta
sexdens (Lineu, 1758) Fabricius, 1804.
• A designação de subespécie é trinominal. O primeiro
nome refere-se ao gênero e é escrito com inicial
maiúscula, seguindo-se o epíteto específico e o WATTERSON, Bill. A hora da vingança: as aventuras de Calvin
subespecífico, respectivamente, ambos com iniciais e Haroldo. São Paulo: Conrad, 2009. p. 54 (Adaptação).
minúsculas. Veja o exemplo a seguir: Para nomear cientificamente seus insetos de acordo com
o sistema binominal de nomenclatura estabelecido por
Passer domesticus niloticus Lineu, Calvin deverá utilizar primeiro um epíteto
eu
• Algumas categorias possuem terminações próprias. 04. (FPS-PE–2015) No sistema atual de nomenclatura das
Por exemplo: em se tratando de animais, as terminações espécies, a forma generalista de se nomear cães e lobos é:
dos nomes das categorias família e subfamília são, A) Canis lupus
respectivamente, idae e inae. Exemplo: família Canidae; B) canis
subfamília Felinae. C) canis Familiaris
Em se tratando de vegetais, a terminação de família é D) Canis
aceae. Exemplo: Palmaceae. E) Canis lupus familiaris
56 Coleção Estudo 4V
Categorias taxonômicas e regras de nomenclatura
lli
LOPES, Sônia. Bio. 2008 (Adaptação).
A) reino, filo, ordem, classe, família, espécie, gênero
Sobre a classificação taxonômica da espécie mencionada B) filo, reino, classe, ordem, gênero, família, espécie
no texto, é CORRETO afirmar que:
C) reino, filo, classe, ordem, família, gênero, espécie
A) Chordata é a família à qual pertence a espécie.
D) classe, filo, ordem, reino, família, gênero, espécie
B) Phyllobates é a ordem da espécie.
ou
BIOLOGIA
C) Dendrobatidae é a família da espécie.
06. (UFTM-MG) Na animação Rio, do brasileiro Carlos
D) terribilis é o gênero da espécie em questão.
Saldanha, os personagens são, principalmente, diferentes
E) Anura é a classe à qual pertence a espécie. tipos de aves e um cachorro.
03.
A) à mesma subespécie.
B) à mesma espécie.
C) ao mesmo subgênero. rn D) ao mesmo gênero.
E) à mesma família.
Esse
título
Considerando que tenham sido baseados em animais
também reais e de acordo com a atual classificação biológica,
é show!
pode-se afirmar que
A) todos pertencem à mesma classe, porém, seriam
E esses grupos E os grupos maiores
são agrupados em se juntam em grupos maiores separados em duas ordens distintas.
grupos maiores! ainda até formarem um só
grupo com todos os seres!
B) todos pertencem ao mesmo filo, porém, seriam
separados em duas classes distintas.
C) as aves são do mesmo gênero, porém, pertencem a
eu
ordens distintas.
D) as aves são da mesma classe, porém, pertencem a
reinos distintos.
Das opções a seguir, a maior diversidade genética será
E) todos pertencem ao mesmo subfilo, porém, pertencem
encontrada em um(a)
a domínios distintos.
A) filo. D) família.
B) classe. E) gênero. 07. (UCS-RS) Analisando um organismo em laboratório,
C) divisão. um biólogo constatou nele as seguintes características:
M
lli
Nosso irmão besouro vivos são agrupados em categorias ditas taxonômicas
Que é feito de couro ou taxa (plural de taxon). Essas categorias estão
Mal sabe voar mencionadas a seguir e colocadas numa ordem crescente
de complexidade:
Nossa irmã, a barata
ou
Bichinha mais chata
Espécie → Gênero → Família → Ordem → Classe → Filo → Reino
É prima da borboleta
Que é uma careta
Um reino é um conjunto de filos; um filo é um conjunto de
Nosso irmão, o grilo
classes; uma classe é um conjunto de ordens; uma ordem
Que vive dando estrilo é um conjunto de famílias; uma família é um conjunto de
Só pra chatear gêneros e um gênero é um conjunto de espécie.
O esquema a seguir representa três categorias taxonômicas
MORAES, V. A arca de Noé: poemas infantis.
rn
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1991.
02. No estudo da diversidade dos seres vivos, propostas de Considerando as informações fornecidas sobre as
ordenamento e classificação têm sido usadas. Uma das categorias taxonômicas, se os triângulos do esquema
propostas, criada em 1978 pelo microbiologista Carl anterior representarem o taxon espécie, o quadrilátero será
Woese, distribui os seres vivos em três Domínios: Bacteria
A) uma família contendo 11 gêneros.
(ou Eubactéria), Archaea (ou Arqueobactérias) e Eukarya
(ou Eucária), conforme mostra a ilustração a seguir. B) uma família contendo três gêneros.
C) um gênero contendo três famílias.
D) um gênero contendo três espécies.
Archaea
eu
ae
r
rch
ya
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C
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Bacteria
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Fixação
Proteobacterias Eukarya 01. C 03. A
Cianobactérias
M
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e
01. C 04. D 07. C
om lla
Diplomonadídeos on ta
ad 02. E 05. C
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eo
s 03. A 06. B
LOPES. S. BIO 2.
Seção Enem
São Paulo: Saraiva. 1. ed. 2006. p. 39 (Adaptação). 01. B 02. E 03. B
58 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA B 03
Bactérias e bacterioses
As bactérias são seres vivos unicelulares procariontes, isto é, • São seres microscópicos, tendo, em média, cerca de
lli
têm uma organização celular bastante rudimentar (célula 1 µm de diâmetro e, às vezes, até menos (lembre-se
procariota), em que o material nuclear não é individualizado de que 1 µm = 10-3 mm). As menores bactérias estão
devido à ausência da carioteca. Podem ser autótrofas ou representadas pelas riquétsias e pelos micoplasmas.
heterótrofas, aeróbicas ou anaeróbicas.
ou
As riquétsias têm dimensões entre 0,3 e 0,5 µm.
Assim como os vírus, as riquétsias são parasitos
CARACTERÍSTICAS GERAIS intracelulares obrigatórios e patogênicos para o
• São seres unicelulares e procariontes. homem. Um bom exemplo é a Rickettsia prowazekii,
causadora do tifo exantemático. Alguns autores
Cromossomo Plasmídeo
classificam essas bactérias como seres procariontes
Cápsula
incompletos, devido à dependência que possuem de
Ribossomos
rn
outras células para poderem se reproduzir.
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Ribossomo
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• As bactérias apresentam os seguintes tipos morfológicos: • Podem apresentar ou não locomoção própria, isto é,
cocos, bacilos, vibriões, espirilos e espiroquetas. podem ser móveis ou imóveis. As bactérias móveis
locomovem-se por meio de flagelos ou por movimentos
ondulatórios do corpo. Os flagelos das bactérias são
modificações da membrana celular que englobam o
Coco citoplasma com moléculas filamentares contráteis de uma
Bacilo
proteína chamada flagelina, muito semelhante à miosina
(lembre-se de que as bactérias não têm centríolos).
lli
É importante não confundir os flagelos bacterianos com
as fímbrias ou pili, que são formações filamentosas mais
curtas que os flagelos e não desempenham nenhum
Espiroqueta papel relativo à motilidade, podendo existir tanto em
bactérias móveis como em imóveis. As fímbrias são
ou
Vibrião estruturas de fixação, isto é, permitem a adesão da
célula bacteriana às diferentes superfícies de contato.
rn
grão) são bactérias de morfologia esférica ou arredondada;
bacilos (do grego Bacillu, bastãozinho) têm forma de bastonetes
(pequenos bastões); vibriões (do francês vibrion, de vibrer,
vibrar) possuem forma de vírgula; espirilos (do latim Spirillum,
que tem filamentos espiralados) são espiralados e se deslocam
por meio de flagelos localizados nas extremidades da célula, e os
•
parasitismo, do comensalismo, da protocooperação e
do mutualismo.
60 Coleção Estudo 4V
Bactérias e bacterioses
Muitas espécies de bactérias anaeróbias realizam Em uma das bactérias, denominada “doadora” ou “bactéria
fermentação para obterem energia de compostos macho”, ocorre duplicação de parte do seu material genético,
orgânicos. que, por meio da ponte citoplasmática, passa para a outra
• Algumas bactérias, como as do gênero Bacillus e bactéria (“bactéria receptora” ou “bactéria fêmea”). Após essa
Clostridium, são capazes de produzir células altamente transferência de material genético de uma célula para outra,
resistentes a determinados agentes químicos e a ponte citoplasmática se desfaz, as bactérias separam-se e,
condições ambientais desfavoráveis. Essas formas de no interior da “bactéria receptora”, ocorre uma recombinação
resistência são denominadas esporos. gênica, o que faz com que sua constituição genética se
lli
torne diferente das duas células iniciais. Essa “bactéria
Os esporos bacterianos são muito mais resistentes que
recombinante”, ao se dividir por cissiparidade, dará origem
as formas vegetativas das bactérias e não constituem
a bactérias-filhas iguais a ela, isto é, portadoras de material
um meio de multiplicação, mas sim de sobrevivência da
genético recombinado.
espécie. Portanto, não são unidades reprodutivas, mas
ou
formas de defesa (resistência). Quando as condições
BIOLOGIA
ambientais se tornam novamente favoráveis, os esporos
germinam e, assim, a bactéria assume novamente a
sua forma vegetativa. B
E
D
Material
REPRODUÇÃO DAS BACTÉRIAS genético
C
rn
As bactérias se reproduzem assexuadamente por fissão ou
cissiparidade, formando um septo que se dirige da superfície
para o interior da célula, dividindo-a em duas células-filhas.
A fissão é precedida pela duplicação do DNA que constitui
o cromossomo bacteriano, recebendo cada célula-filha uma
A
A transferência de DNA de uma bactéria para outra Um bom exemplo de transformação bacteriana foi observado
pode ser feita por meio de três processos: conjugação,
com a experiência de Griffith, em 1928.
transformação e transdução.
Bactéria A
lli
Vivos
B Prófago
Bactéria A
ou
Mortos
Calor
C Bactéria A
Mortos
Vivos
Calor
rn 1
Bactéria A
Be
D
Bactéria B
2
Experiência de Griffith – A. Griffith injetou pneumococos
acapsulados vivos em camundongos e verificou que os animais
não adquiriram pneumonia e permaneceram vivos. B. Griffith
injetou pneumococos capsulados vivos em camundongos e Bactéria B
verificou que os animais adquiriram pneumonia e morreram.
3
No sangue dos animais mortos, foram encontrados pneumococos
eu
62 Coleção Estudo 4V
Bactérias e bacterioses
lli
Botulismo Meningite meningocócica
espécies têm uma importância ecológica muito
grande, devido ao papel que realizam na reciclagem Brucelose Peste bubônica
da matéria na natureza e na fertilização do solo.
Lembre-se de que a atividade dos decompositores Coqueluche Pneumonia
é essencial à manutenção da vida na Terra, pois Cólera Psitacose (Ornitose)
ou
esta depende da contínua reciclagem de elementos
BIOLOGIA
químicos entre os componentes bióticos e abióticos Difteria (Crupe) Sífilis
da natureza.
Disenteria bacteriana Tétano
• são utilizadas na elaboração de diversos produtos
Febre maculosa Tifo
devido a certos tipos de fermentações que realizam,
como na produção de vinagre, em que se utilizam Febre tifoide Tracoma
bactérias do gênero Acetobacter. Tais bactérias são
Lepra (Hanseníase) Tuberculose
capazes de produzir o ácido acético por meio de
OBSERVAÇÃO
rn
dois processos: fermentação acética (que converte a
glicose em ácido acético) e oxidação do álcool etílico
(que transforma o álcool etílico em ácido acético).
BACTERIOSES
Be
etílico, não se usa o termo fermentação.
Blenorragia (Gonorreia) – É uma doença do grupo das
Na produção de coalhadas, iogurte, queijos e DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis), causada pela
requeijões pelas indústrias de derivados do leite, bactéria Neisseria gonorrhoeae, também conhecida por
utilizam-se principalmente bactérias do gênero gonococos.
Lactobacillus, que realizam a fermentação láctica,
A transmissão se faz usualmente por meio do contato
produzindo ácido láctico.
sexual e, após um período de incubação variável (entre três
• São utilizadas pela indústria farmacêutica para a e seis dias), podem manifestar-se os sintomas da doença:
produção de certos tipos de antibióticos e vitaminas. sensação de ardência na uretra durante a micção, aumento
Na indústria farmacêutica, bactérias do gênero dos gânglios (íngua) da região da virilha e corrimento
Bacillus fornecem certos antibióticos, como a amarelado (pus espesso). Em alguns casos, principalmente
eu
tirotricina e a bacitracina; já o antibiótico neomicina nas mulheres, a doença pode ser assintomática, isto é, não
é produzido por bactérias do gênero Streptomyces. há manifestação dos sintomas.
• Fazem parte da nossa flora intestinal normal O tratamento é feito com antibióticos, sob orientação
(microbiota intestinal), fornecendo ao nosso médica, tendo sucesso na maioria dos casos. Para isso,
organismo algumas vitaminas do complexo B (ácido no entanto, é essencial o tratamento do parceiro sexual,
fólico, ácido pantotênico, biotina e outros) e a mesmo que assintomático.
vitamina K, o que nos torna menos dependentes da A mulher deve procurar fazer periodicamente o exame
presença dessas vitaminas nos alimentos. ginecológico preventivo, uma vez que essa doença, se não
M
Botulismo – Doença grave que tem como agente Junto com a diarreia, podem aparecer cólicas abdominais e
etiológico um bacilo anaeróbio, o Clostridium vômitos. A diarreia intensa e os vômitos fazem com que o
botulinum, também conhecido por bacilo do botulismo. indivíduo perca grande parte dos líquidos de seu organismo,
Sua transmissão se faz pela ingestão de certos tipos de desidratando-se rapidamente. Caso não seja tratada de
alimentos, geralmente enlatados e conservas, contendo a imediato, essa desidratação poderá levar o doente à morte,
toxina botulínica, substância altamente tóxica produzida em pouco tempo.
por esses bacilos. As vacinas existentes contra o vibrião colérico são muito
O bacilo do botulismo é encontrado como saprófita no solo pouco eficazes e, dessa forma, para a prevenção da doença,
e no intestino de herbívoros e peixes. No preparo de certos outras medidas devem ser adotadas. As três medidas básicas
alimentos, como carnes, peixes e palmito em conserva, são: controle da qualidade da água, destino adequado das
lli
salsichas, compotas, geleias e outros, se a esterilização fezes e vigilância em relação a passageiros e meios de
não for feita de forma correta e adequada, poderá haver transporte provenientes das áreas onde existem doentes
proliferação do C. botulinum com produção de toxina que, de cólera.
mesmo em pequena concentração, torna tóxico o alimento, As deficientes condições de saneamento, especialmente
sem deterioração aparente: a lata de conserva, por exemplo, a falta de rede de esgotos, a falta de estações de
ou
poderá apresentar-se “estufada” ou não, assim como o cheiro tratamento dos esgotos e a falta de água potável para
e o gosto poderão estar ou não alterados. atender às populações, constituem fatores essenciais para
Uma vez ingerido o alimento contaminado, os efeitos a disseminação da doença.
da toxina botulínica se manifestam rapidamente (de 2 a A cólera está no grupo das chamadas “doenças
48 horas). Seu mecanismo de ação consiste em bloquear ressurgentes”, isto é, doenças que retornaram de forma
a liberação da acetilcolina nas sinapses neuromusculares. intensa após muito tempo sob controle. Em 1991,
A doença caracteriza-se por vômitos, prisão de ventre, a doença voltou à América do Sul, reapareceu na África e
sede, dificuldade de deglutição e da fala e paralisia tornou-se mais violenta na Ásia, depois de passar décadas
respiratória, sobrevindo a morte em 20% a 70% dos casos. aparentemente controlada.
A profilaxia consiste essencialmente em controlar a
“estufadas”.
Coqueluche (“tosse comprida”) – Causada pela
rn
esterilização dos alimentos em conserva e evitar a ingestão
de alimentos enlatados, cujas embalagens estejam
vacina conhecida por vacina tríplice bacteriana. Apesar de ingestão de água e de alimentos contaminados. Entre elas,
não conferir imunidade total, mesmo quando não evita a destacam-se as dos gêneros Shigella e Salmonella. As do
doença, torna sua evolução mais benigna. gênero Shigella causam a disenteria bacilar, caracterizada
Cólera – É causada pela bactéria Vibrio cholerae, por uma enterite (inflamação dos intestinos), diarreia, dores
o vibrião colérico, que é transmitido, principalmente, por abdominais e, às vezes, febre; as do gênero Salmonella são
meio da água contaminada, pelas fezes e vômitos dos responsáveis por intoxicações alimentares que apresentam
doentes e portadores (indivíduos que, embora já tenham um quadro semelhante ao da disenteria bacilar, porém
o vibrião colérico nos seus intestinos, não apresentam acometem também regiões mais altas do aparelho digestivo
sintomas da doença). Também pode ser transmitida por (estômago e intestino delgado).
M
alimentos que foram lavados com água contaminada pelo Todas as disenterias, independentemente de sua
vibrião e que não foram bem cozidos, ou pelas mãos sujas etiologia (vírus, bactérias, protozoários), exigem um
de doentes ou portadores. É bom lembrar também que pronto atendimento médico e cuidados com a desidratação,
moscas e outros insetos podem veicular (transportar) por meio de preparados que mantêm o equilíbrio de água e
mecanicamente os vibriões das dejeções dos indivíduos sais do organismo. Nas de etiologia bacteriana, o tratamento
infectados aos alimentos. inclui também o uso de antibióticos.
A cólera é uma infecção intestinal aguda, cujo principal A prevenção dessas doenças exige melhorias no
sintoma é a diarreia intensa, que começa de repente. padrão de vida das populações, especialmente as
As fezes do doente são de cor esbranquiçada, como “água de mais carentes. Entre essas medidas, destacam-se as
arroz” (fezes riziformes), muito fluidas, sem muco e com odor de saneamento básico, como o tratamento da água,
peculiar de peixe. A febre, quando existe, geralmente é baixa. o uso exclusivo de água filtrada ou fervida para beber,
64 Coleção Estudo 4V
Bactérias e bacterioses
a proteção de poços e cisternas contra a contaminação Muitas vezes, a pessoa se queima ou se fere nesses locais e
por moscas e outros animais, a construção de redes de nem percebe, devido à perda da sensibilidade. A evolução da
esgoto e estações de tratamento de esgoto, os cuidados doença é lenta, com destruição da pele, das mucosas nasal,
com o leite, que deve ser pasteurizado ou fervido, e a bucal e faringeana, dos olhos e das vísceras.
fiscalização em supermercados, açougues, matadouros É importante que se procure orientação médica frente
e outros estabelecimentos que comercializam alimentos. à menor suspeita. A doença tem cura, o que permite o
Também são muito importantes as campanhas educativas
restabelecimento completo, inclusive das lesões, quando
de higiene pessoal e com os alimentos entre as populações,
precoces. A cirurgia plástica também pode auxiliar na
especialmente as mais carentes.
restauração das partes mais atingidas.
Febre maculosa – É causada pela Rickettsia rickettsii,
Ainda não existe uma vacina contra a hanseníase, embora
lli
uma bactéria que é transmitida ao homem por meio da picada
numerosos cientistas estejam pesquisando um medicamento
de carrapatos. Trata-se, portanto, de uma doença mais
e conseguindo resultados animadores.
comum em ambiente silvestre ou rural que se manifesta com
febre alta, dor de cabeça e exantema (erupções cutâneas). Leptospirose – É causada por um espiroqueta,
Sua profilaxia consiste no combate aos carrapatos. o Leptospira interrogans, que é transmitido pelo contato com
água e outros materiais contaminados com fezes e urina de
ou
Febre tifoide – É causada pela bactéria Salmonella typhi
BIOLOGIA
animais hospedeiros, notadamente ratos e camundongos.
(bacilo de Ebert), que é transmitida através da água e de
Esses animais eliminam as leptospiras nas fezes e na
alimentos contaminados, especialmente aqueles que são
urina, não só durante a doença, mas também durante a
consumidos crus (leite, ostras, verduras, frutas e outros).
condição de portador assintomático. As leptospiras podem
Penetrando pela via digestiva, a bactéria ataca a mucosa permanecer viáveis na água estagnada por várias semanas.
intestinal, invade a corrente sanguínea e propaga-se a outros A infecção humana resulta geralmente da ingestão de água
órgãos (fígado, baço e medula óssea). ou alimentos contaminados com as bactérias, que também
Os principais sintomas da doença são febre alta, podem penetrar através de ferimentos ou rachaduras
rn
falta de apetite, dores musculares, diarreia, vômitos e
manchas vermelhas na pele. Algumas pessoas podem não
apresentar manifestações desses sintomas, mas apresentar
os bacilos no corpo e liberá-los pelo suor, pela urina e,
principalmente, pelas fezes. Tais pessoas são ditas portadores.
Algumas pessoas infectadas podem, após o desaparecimento
dos sintomas da doença, continuar portando alguns
existentes na pele e mucosas. Indivíduos sujeitos ao
contato com água poluída por ratos (operários de esgotos,
por exemplo) correm maior risco de infecção.
Após uma incubação de 1 a 2 semanas, começa um
período febril, durante o qual as espiroquetas estão
presentes na corrente sanguínea. Posteriormente,
as bactérias atacam diferentes órgãos (principalmente fígado
Be
bacilos por longos períodos de tempo e, assim, tornam-se
e rins), produzindo hemorragias e necrose dos tecidos,
portadores crônicos. Suas fezes constituirão um perigo para
o que resulta em alterações funcionais desses órgãos.
a população, pois delas poderão advir epidemias.
O comprometimento renal, em muitas espécies de animais,
A febre tifoide pode ocorrer de maneira epidêmica, é crônico, determinando a eliminação de grande número de
principalmente durante o período de chuvas torrenciais leptospiras na urina.
(enchentes), nas localidades onde são precárias as
condições de engenharia sanitária e saneamento básico, A profilaxia da doença consiste na eliminação da fonte
já que essa situação favorece e aumenta a possibilidade de infecção e na utilização de vestimentas protetoras por
de contaminação da água potável pelas fezes de indivíduos parte daqueles que trabalham em locais possivelmente
doentes e portadores. Essas epidemias podem ser facilmente contaminados (arrozais, canaviais, esgotos e outros).
debeladas por medidas de engenharia sanitária relativas à Meningite meningocócica – A meningite é uma
canalização da água e dos esgotos, bem como pela cloração inflamação das meninges (membranas que envolvem
eu
saliva, secreções nasais e feridas dos doentes. Entretanto, pode estar contaminada pelos meningococos e transmiti-los
a exposição da pessoa ao bacilo não significa obrigatoriamente a outras.
a instalação da doença. As bactérias invadem inicialmente a garganta e depois,
De um modo geral, a doença se manifesta de três a cinco por meio da corrente sanguínea, podem chegar às
anos após o contágio. O período de incubação, entretanto, meninges. Surgem, então, febre alta, náuseas, vômitos,
pode estender-se por vários anos, como é o caso de crianças forte dor de cabeça, sonolência e um sintoma típico:
que se infectam na infância e só desenvolvem os sintomas a rigidez dos músculos da nuca, impedindo o doente de
da doença na vida adulta. encostar o queixo no peito.
Na forma mais grave da hanseníase, a lepromatosa, O doente deve ser hospitalizado e submetido a tratamento
surgem inicialmente na pele manchas esbranquiçadas ou com antibióticos, pois, se não tratada a tempo, a doença
avermelhadas, que não coçam e tornam o local insensível. pode ser fatal.
Para a sua prevenção, devem-se evitar ambientes fechados A psitacose é uma doença de aves que pode ser transmitida
e aglomerações de pessoas, especialmente quando há um ao homem, no qual produz uma série de manifestações
surto da doença; sempre que possível, preferir o uso de clínicas que vão desde uma infecção “benigna”, inaparente,
utensílios (copos, talheres, etc.) descartáveis (essa norma é até uma pneumonia grave, com septicemia e morte.
importante para bares e outros recintos públicos); bem como O termo psitacose é empregado para a doença humana
isolar o doente em hospitais especializados (a meningite e aviária adquirida a partir do contato com pássaros
meningocócica é altamente contagiosa). As vacinas contra psitacídeos, como papagaios e periquitos. Já o termo ornitose
a doença não são ainda totalmente eficazes, sendo usadas aplica-se à infecção em aves domésticas, como pombos,
apenas em período de surtos epidêmicos ou por indivíduos galinhas, patos e gansos, e selvagens (gaivotas, garças e
que mantiveram contato com doentes. outras).
lli
Peste bubônica – Causada pela bactéria Yersinia pestis Comumente, as aves adquirem a infecção no ninho,
(bacilo de Yersin), conhecida anteriormente por Pasteurella após o nascimento. Podem apresentar manifestações
pestis, é transmitida ao homem pela pulga do rato. diarreicas ou mesmo não manifestar nenhum sintoma da
A doença pode manifestar-se sob duas formas clínicas: doença, passando a ser portadoras do agente infectante
a bubônica e a pneumônica. A forma bubônica é assim durante toda a vida, eliminando-o junto com as fezes.
denominada porque se caracteriza pela formação de
ou
A inalação das fezes infectadas, secas, das aves é uma
tumefações (inchaços) ganglionares, vulgarmente chamadas via comum de infecção humana. Como o micro-organismo
de “bubões”, geralmente localizadas na região da virilha também pode ser encontrado nos tecidos das aves, outra
(ponto de junção da coxa com o ventre). A forma pneumônica fonte de infecção está no manuseio dos órgãos desses
evolui com os sintomas típicos de uma pneumonia e é quase animais, como acontece nos abatedouros. As pessoas
sempre fatal. Já a forma bubônica é relativamente “benigna”. que trabalham em granjas de criação, no abate, preparo
A peste bubônica foi outrora um dos maiores flagelos e embalagem de aves, com certa frequência, apresentam
da humanidade: no reinado de Justiniano, dizimou quase quadros clínicos e subclínicos da doença. Em granjas,
50% da população do Império Romano e, no século XIV, a doença tem ocasionado, às vezes, elevada mortalidade
a “peste negra”, como era chamada, produziu perto
de 25 milhões de vítimas, ou seja, aproximadamente
¼ da população da Europa naquele tempo. rn
O combate aos ratos e às pulgas é uma medida essencial
na profilaxia da doença.
Pneumonia bacteriana – A pneumonia é uma
inflamação de um ou de ambos os pulmões, causada,
entre as aves, com grande perda econômica. Tem-se usado
acrescentar antibióticos (tetraciclinas, por exemplo) aos
alimentos das aves com a finalidade de reduzir o número
de portadores.
Sífilis – É uma doença grave que, se não tratada, pode
generalizar-se pelo organismo e atingir o sistema nervoso,
os pulmões, o fígado, o coração e outros órgãos.
Be
na maioria das vezes, por bactérias que penetram em É causada pelo espiroqueta Treponema pallidum,
nosso organismo pelas vias respiratórias. Entre as transmitido, principalmente, pelo contato sexual.
bactérias causadoras da pneumonia humana, destaca-se A sífilis, portanto, é mais uma doença do grupo das DST
o Diplococcus pneumoniae (pneumococos). (Doenças Sexualmente Transmissíveis). A transmissão
A doença começa com febre alta, tremores, tosse com também pode ocorrer por meio de transfusões sanguíneas
expectoração amarelada ou cor de tijolo e dores no peito e e através da placenta (a mãe infectada pode transmitir a
nas costas, principalmente ao tossir ou respirar. Essas dores doença ao filho, durante a vida intrauterina). Nesse último
tendem a aumentar com a progressão da doença. caso, a sífilis pode provocar aborto, lesões no fígado, ossos
e sistema nervoso do bebê, surdez ou mesmo parto de feto
O tratamento é feito com antibióticos e outros
morto (natimorto).
medicamentos. O doente deve ficar em repouso e manter
boa alimentação. A primeira manifestação da sífilis (fase primária da doença)
eu
conhecidos por clamídias. avermelhadas por todo o corpo, dor de cabeça, feridas na
boca e na garganta: é a fase secundária da doença.
Anteriormente, as clamídias eram consideradas vírus,
devido ao seu parasitismo intracelular obrigatório. Atualmente, Os sintomas da fase secundária também regridem
são classificadas como bactérias e diferem dos vírus pelas depois de certo tempo, mas, caso não seja tratada,
seguintes características: como as bactérias, as clamídias a doença entra na etapa em que passa a afetar diversos
possuem os dois tipos de ácidos nucleicos (RNA e DNA); órgãos: é a fase terciária que pode manifestar-se muitos
multiplicam-se por divisão binária, o que nunca acontece com anos depois da fase secundária.
os vírus; possuem uma parede celular do tipo bacteriano; Na fase terciária, o sistema nervoso central e o coração
possuem ribossomos, o que não se observa nos vírus; são os órgãos mais frequentemente atacados, e o resultado
possuem diversas enzimas metabólicas ativas; seu pode ser cegueira, insanidade mental, doenças cardíacas,
crescimento é inibido por muitos agentes antibacterianos. paralisia e morte.
66 Coleção Estudo 4V
Bactérias e bacterioses
O diagnóstico da doença, no seu período inicial, pode O tifo epidêmico ou tifo exantemático clássico é causado
ser feito pela descoberta direta do Treponema nas lesões pela Rickettsia prowazekii, que é transmitida ao homem
da pele. Na sífilis mais adiantada, só o exame de sangue pela picada de piolhos. O piolho adquire o micro-organismo
permite o diagnóstico conclusivo. Um dos exames muito picando seres humanos infectados e o transmite por
utilizados é o teste conhecido por VDRL (Venereal Disease meio das fezes na superfície da pele de outra pessoa.
Research Laboratory). O tratamento da doença é feito com Sempre que um piolho pica, ele, ao mesmo tempo, defeca.
antibióticos, sempre sob orientação médica. É ao coçar o local da picada que se propicia a penetração
das riquétsias na pele.
Tétano – É causada pelo Clostridium tetani, também
conhecido por bacilo de Nicolaier. O tifo endêmico ou tifo murino é causado pela
Rickettsia typhi, que é transmitida ao homem pela pulga
lli
O bacilo do tétano pode ser encontrado sob a forma
do rato. As pulgas do rato carregam as riquétsias de um rato
de esporo (uma forma de resistência) nos mais variados
para outro e, algumas vezes, do rato para o homem. O tifo
ambientes: pregos enferrujados, latas, água suja, galhos, endêmico é de distribuição mundial, especialmente em áreas
espinhos e no solo, principalmente quando tratado com altamente infestadas pelos ratos, como os portos de mar.
adubo animal, pois esse bacilo se faz presente nas fezes
Tracoma – Causada por clamídias, é uma doença oftálmica
ou
dos animais, principalmente nas dos cavalos.
BIOLOGIA
(dos olhos), caracterizada por uma ceratoconjuntivite
Os esporos penetram em nosso organismo através de (inflamação da córnea e conjuntiva), que, em certos casos,
um ferimento na pele provocado por algum acidente, pode levar à cegueira.
por queimaduras malcuidadas, infecções dentárias e
Os sintomas iniciais são lacrimejamento, secreções
outros. Como o bacilo do tétano em sua forma vegetativa é mucopurulentas, irritação dos olhos e ceratite (inflamação
anaeróbico estrito (não sobrevive em presença de O2), quanto da córnea).
mais profundo o ferimento, isto é, quanto mais livre do contato
A doença transmite-se mecanicamente, de olho a olho,
com o ar, maior a probabilidade de o bacilo proliferar.
por meio dos dedos, como também por toalhas de uso comum.
A doença caracteriza-se por contrações e espasmos
(contrações súbitas e involuntárias) dos músculos do
rosto, da nuca, da parede do abdome e dos membros.
Esses espasmos são resultantes da ação da toxina
rn
p r o d u z i d a p e l o b a c i l o s o b r e o s i s t e m a n e r vo s o.
As convulsões provocam asfixia temporária, que pode
Seu tratamento é feito com uso de sulfas e antibióticos.
Tuberculose – Causada pelo Mycobacterium tuberculosis
(bacilo de Koch), a tuberculose é transmitida pela inalação
de ar contaminado. A transmissão ocorre quando se aspiram
gotículas de catarro eliminadas pela tosse, espirro e fala de
uma pessoa doente, ou quando se aspira poeira contaminada
Be
evoluir para parada respiratória e, consequentemente, levar por essas gotículas.
à morte.
Na maioria dos casos, a doença acomete apenas os
No recém-nascido, o bacilo pode penetrar também pelo pulmões, mas pode atingir também outros órgãos, como
cordão umbilical, quando este é cortado com instrumentos os rins, intestinos e ossos.
não esterilizados ou quando se coloca estrume de vaca,
A penetração do bacilo de Koch em um organismo
fumo ou outras substâncias contaminadas no umbigo da não significa obrigatoriamente que a doença vá manifestar-se.
criança, a título de “curativo”, hábito que infelizmente ainda Muitas pessoas entram em contato com o bacilo em alguma
é praticado em certas regiões, especialmente na zona rural. fase da vida, mas, em geral, essa primeira infecção é
Ferimentos profundos ou provocados por instrumentos assintomática e passa despercebida, porque o organismo
p e r f u ra n t e s r e q u e r e m o b s e r va ç ã o m é d i c a . S e o consegue controlá-la. Às vezes, porém, a bactéria pode
indivíduo ferido tiver sido vacinado contra o tétano, permanecer “adormecida”, iniciando o seu trabalho de
eu
a aplicação de um reforço da vacina será suficiente para destruição quando houver uma queda nas defesas naturais
elevar a concentração de anticorpos ao nível adequado do organismo, causada por desnutrição, fadiga, alcoolismo
de proteção. Esse reforço não é necessário se a última ou outra doença. Nesse caso, o bacilo se reproduz, causando
vacinação ocorreu há menos de um ano. Evidentemente, lesões na forma de pequenos nódulos arredondados
são necessários também cuidados no tratamento da ferida: (tubérculos), que podem aumentar até formar grandes
limpeza com água e sabão, retirada de corpos estranhos e cavidades (cavernas) nos pulmões. Os bacilos também
uso de antissépticos. podem cair na corrente sanguínea e se espalharem para
outras partes do corpo.
Se o indivíduo não tiver sido vacinado, o tratamento é
M
lli
Para diminuir a incidência da tuberculose, é fundamental anteriormente em contato);
a melhoria do padrão de vida das populações, em especial
• alteração e destruição da microbiota bacteriana normal
as mais carentes. A nutrição precária e as más condições
do corpo. Lembre-se de que muitas dessas bactérias são
de higiene na moradia facilitam o contágio e diminuem a
úteis ao nosso organismo, como as que vivem em nosso
resistência do organismo à doença. O leite também merece
ou
intestino produzindo certos tipos de vitaminas;
cuidados, devendo sempre ser pasteurizado ou fervido,
pois algumas bactérias que causam a tuberculose no gado • seleção de bactérias portadoras de genes para resistência
também podem atacar o homem. à droga, isto é, seleção de mutantes resistentes. Nesse
Finalmente, a profilaxia da tuberculose também conta com caso, o antibiótico destruirá quase toda a população de
bactérias. Apenas os mutantes resistentes não serão
a vacina BCG (iniciais de Bacilo de Calmette e Guérin).
destruídos. Reproduzindo-se com grande rapidez,
os mutantes originam, em pouco tempo, uma nova
DOMÍNIO ARCHAEA população de bactérias constituída por indivíduos resistentes
Com o passar do tempo, vários outros antibióticos foram Antibiograma – Quanto maior for o halo claro ao redor do
isolados de outros tipos de fungos, enquanto outros foram disco de papel, maior será a eficácia do antibiótico (maior
fabricados sinteticamente em laboratórios. a área de bactérias que foram inibidas ao redor do disco).
No exemplo anterior, R e O são os antibióticos mais eficientes
Os antibióticos podem exercer ação bactericida (matando as contra as bactérias, que são resistentes aos antibióticos Se T.
bactérias) ou bacteriostática (impedindo a multiplicação das Já C e P, nas concentrações testadas, apresentaram uma
bactérias). ação menos expressiva sobre essas bactérias.
68 Coleção Estudo 4V
Bactérias e bacterioses
lli
III. O material genético encontra-se envolvido por unidade
E) bacilos. de membrana.
A afirmativa está CORRETA em
02. (PUCPR)
A) I, II e III. D) II, apenas.
B) I e II, apenas. E) III, apenas.
ou
BIOLOGIA
C) I e III, apenas.
A) conjugação.
B) brotamento.
C) transformação.
rn
Em algumas bactérias, ocorre transferência de material
genético através de estruturas de pontes citoplasmáticas.
Esse tipo de reprodução é denominado
ligar a moléculas de gordura, tendo aplicação tanto em
medicamentos que combatem a obesidade quanto em
projetos de despoluição ambiental. Pulverizações de
regiões poluídas com microsferas de quitosana inoculadas
com bactérias capazes de degradar petróleo já são uma
realidade. Essa substância aglutina o óleo e as bactérias
tratam de digerir tudo! Ao que parece, a economia verde
Be
pede bases mais amplas, sólidas e inovadoras.
D) transdução.
E) esporulação. JOHN, L. Os bons frutos da economia verde.
National geographic, junho 2012, p. 40 (Adaptação).
03. (Fatec–SP) As bactérias são organismos microscópicos, Certas bactérias, como essas que digerem petróleo,
procariontes e muitas são patogênicas, pois causam dependem de moléculas orgânicas do ambiente como
doenças. Entre as doenças humanas causadas por fonte de carbono. Por isso, quanto à nutrição, são
bactérias, podemos citar: chamadas de bactérias
A) fototróficas. D) fotoautotróficas.
A) Varíola, poliomielite, hidrofobia e Aids.
B) químio-heterotróficas. E) parasitas.
B) Sífilis, gonorreia, meningite e tétano.
C) autotróficas.
C) Pneumonia, tuberculose, caxumba e sarampo.
eu
D) Encefalite, poliomielite, hepatite e cólera. 03. (UFRJ) Numere a segunda coluna de acordo com a
E) Botulismo, febre tifoide, gripe e Aids. primeira e depois assinale a alternativa que contenha a
sequência CORRETA.
04. (Unicamp-SP–2015) Nos porões dos navios vindos do Oriente
no século XIV, chegavam milhares de ratos à Europa, onde Coluna I Coluna II
encontravam um ambiente favorável, dadas as condições (1) Bacilos ( ) Cocos em grupos densos
precárias de higiene. Esses ratos estavam contaminados e ( ) Cocos em grupos
(2) Estreptococos
M
04. (UFTM-MG–2013) O esquema ilustra um tipo de reprodução que ocorre em certas bactérias.
DNA de outra
bactéria
DNA
bacteriano
lli
A) transformação, que resulta em modificação genética, podendo aumentar a chance de sobrevivência.
B) permutação, que consiste na fusão de material genético diferente do original.
C) transdução, que consiste em receber um segmento de DNA exógeno, resultando um ser transgênico.
D) bipartição, que possibilita a formação de um indivíduo geneticamente mais complexo.
ou
E) conjugação, que aumenta a variabilidade genética das espécies que a realizam.
05. (IFSul–2015) O aparecimento de várias doenças é favorecido pela falta de rede de esgoto, bem como pela falta de drenagem de
águas pluviais somada a uma coleta de lixo inadequada. Se um indivíduo que vive em um ambiente nas condições citadas teve
contato com águas de enchente e passa a apresentar febre, dor de cabeça e dores musculares, ele pode estar apresentando um
caso de
A) leptospirose. B) difteria. C) tuberculose. D) botulismo.
06.
rn
(PUCPR–2016) Em outubro de 2010, a Anvisa, após alguns hospitais brasileiros sofrerem com um surto da bactéria “KPC”,
resolveu proibir a venda de antibióticos sem receita médica pelas farmácias. Com a nova regra, a receita médica para antibióticos
ficará retida na farmácia junto com os dados do comprador. A validade da receita é de 10 dias, o que obriga o paciente a
procurar novamente o médico em casos de persistência da doença. Um dos objetivos da regra é mudar o hábito do brasileiro
de se automedicar, uma vez que o uso indiscriminado de antibióticos pode provocar
Be
A) a resistência microbiana, a qual pode tornar a bactéria resistente ao medicamento, uma vez que o uso indiscriminado de
antibióticos pode induzir novas formas de bactérias.
B) a aquisição de resistência por indução de componentes antimicrobianos; com isso, as bactérias geram cepas capazes de
suportar os antibióticos.
C) a resistência microbiana desencadeada pela indução de formas genéticas modificadas pela troca de pequenos plasmídeos
(plasmídeo R) encarregados de levarem consigo genes que permitem a resistência antimicrobiana.
D) a necessidade de mudança por parte da população bacteriana, que se torna resistente por alterações genéticas impostas
pelo uso dos antibióticos.
E) a redução da eficácia dos antibióticos devido à seleção de organismos resistentes.
eu
07. (UFMG) Em 1928, Griffith realizou uma série de experimentos com a bactéria Streptococcus pneumoniae, causadora da
pneumonia no homem. Analise estes esquemas referentes aos experimentos de Griffith:
I II III IV
Células
bacterianas
Não virulentas Virulentas Virulentas, lisas, mortas Não virulentas Virulentas, lisas,
M
Injeção
Resultados
Camundongo
Camundongo Camundongo Camundongo morto
saudável morto saudável
Bactérias S e R vivas
na amostra de sangue
do camundongo morto
70 Coleção Estudo 4V
Bactérias e bacterioses
1. A partir dessa análise e considerando outros A instalação das bactérias e o avanço do processo infeccioso
conhecimentos sobre o assunto, na córnea estão relacionados a algumas características
gerais desses micro-organismos, tais como:
A) EXPLIQUE, do ponto de vista biológico, por que
foi possível recuperar bactérias do tipo S vivas no A) A grande capacidade de adaptação, considerando
camundongo,na etapa IV. as constantes mudanças no ambiente em que se
reproduzem e o processo aeróbico como a melhor opção
B) IDENTIFIQUE a etapa – I, II, III ou IV – utilizada desses micro-organismos para a obtenção de energia.
para a produção de vacinas. JUSTIFIQUE
B) A grande capacidade de sofrer mutações, aumentando
sua resposta.
a probabilidade do aparecimento de formas resistentes
2. ARGUMENTE a favor da importância das bactérias e o processo anaeróbico da fermentação como a
lli
para principal via de obtenção de energia.
C) A diversidade morfológica entre as bactérias,
A) a saúde humana.
aumentando a variedade de tipos de agentes infecciosos
B) o meio ambiente. e a nutrição heterotrófica, como forma de esses
micro-organismos obterem matéria-prima e energia.
ou
08. (Unisa-SP–2016) Três diferentes espécies de bactérias D) O alto poder de reprodução, aumentando a
BIOLOGIA
foram cultivadas, separadamente, em tubos de ensaio variabilidade genética dos milhares de indivíduos e a
abertos. A figura ilustra as distribuições populacionais nutrição heterotrófica, como única forma de obtenção
dessas bactérias após alguns dias. de matéria-prima e energia desses micro-organismos.
E) O alto poder de reprodução, originando milhares de
1 2 3
descendentes geneticamente idênticos entre si e
a diversidade metabólica, considerando processos
aeróbicos e anaeróbicos para a obtenção de energia.
bactérias.
SEÇÃO ENEM HOUAISS, Antônio. Dicionário eletrônico. Versão 1.0.
Editora Objetiva, 2001 (Adaptação).
01. (Enem–2010) O uso prolongado de lentes de contato,
A partir da leitura do texto, que discute as causas
sobretudo durante a noite, aliado a condições precárias de
do aparecimento de cáries, e da sua relação com as
higiene, representam fatores de risco para o aparecimento informações do dicionário, conclui-se que a cárie dental
de uma infecção denominada ceratite microbiana, que resulta, principalmente, de
causa ulceração inflamatória da córnea. Para interromper
M
02. A
03. B
lli
04. B
Propostos
ou
01. D
02. B
03. B
rn
GONSALES, Fernando. Vá pentear macaco!.
São Paulo: Devir, 2004.
05. A
06. E
Essa afirmação permite concluir que o antibiótico 08. A) Tubo 2. A distribuição em todo o tubo indica alto
crescimento. Mesmo com o esgotamento do
A) impede a fotossíntese realizada pelas bactérias causadoras
oxigênio, o crescimento continua.
da doença e, assim, elas não se alimentam e morrem.
B) altera as informações genéticas das bactérias B) Tubo 3, pois o crescimento populacional diminui à
72 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA C 01
Genética: conceitos fundamentais
lli
As características presentes em um ser vivo podem ser Na gametogênese (formação dos gametas), esses pares de
agrupadas em duas categorias: adquiridas e hereditárias. fatores se separariam, de modo que cada gameta ficaria
ou
• Características adquiridas – São aquelas que resultam com apenas um fator relativo a cada característica. Mendel,
da ação de agentes do meio ambiente. Uma cicatriz entretanto, não soube explicar que fatores eram esses, de que
surgida em consequência de um ferimento, a ausência de eram formados e onde estariam localizados dentro das células.
determinada parte do corpo perdida em um acidente (um Assim, quando seus trabalhos foram publicados, em 1866,
braço, por exemplo) ou a atrofia dos músculos da perna, a comunidade científica não deu a ele o devido reconhecimento.
em consequência de uma doença infecciosa (poliomielite,
Somente alguns anos mais tarde, por volta de 1900,
por exemplo) são alguns exemplos de características
•
adquiridas.
rn
Características hereditárias – São aquelas determinadas
por unidades denominadas gens ou genes (do grego,
genos, “originar”), encontradas, normalmente, nos
cromossomos das células. Tais características são
quando Mendel já havia morrido, três cientistas, o holandês
Hugo de Vries, o alemão Carl Correns e o austríaco Eric von
Tschermack, realizando novos experimentos e trabalhando
independentemente, reconheceram e confirmaram as ideias
de Mendel, que, então, passou a ser considerado o “pai da
genética atual”.
Be
herdadas dos ancestrais e transmitidas aos descendentes
por meio da reprodução, isto é, são geneticamente Os avanços alcançados pela citologia no início do século XX,
transmissíveis, de geração para geração. como a observação dos cromossomos e de outras estruturas
A cor dos nossos olhos e o tipo de sangue que possuímos celulares, assim como a descrição dos processos de divisão
são exemplos de características hereditárias. Às vezes, celular (mitose e meiose), muito contribuíram para a
uma característica adquirida pode ser muito semelhante elaboração da teoria cromossômica da herança, proposta em
a uma característica hereditária. Nesse caso, diz-se que 1910 por Morgan e por seus colaboradores. Segundo essa
aquela é uma fenocópia desta. Por exemplo: a surdez teoria, os fatores hereditários de Mendel, agora denominados
provocada por uma infecção (sarampo, por exemplo) é genes, estão localizados nos cromossomos.
eu
hereditárias são transmitidas teve sua origem nos trabalhos codificadas nos genes. Estava, portanto, descoberto o famoso
do monge austríaco Gregor Mendel. Na segunda metade código genético.
do século XIX, realizando cruzamentos entre plantas,
A informação codificada em um gene refere-se à estrutura
em especial ervilhas, e observando as características dos
primária (sequência de aminoácidos) de um polipeptídeo.
parentais (pais) e descendentes, por várias gerações,
Mendel postulou a existência, no interior das células, Esse polipeptídeo, que pode ser uma proteína estrutural ou
de partículas ou fatores responsáveis pela determinação das uma proteína catalisadora (enzima), é o responsável pela
características hereditárias. Segundo Mendel, as características manifestação de uma característica. Assim, um gene exerce
seriam determinadas por pares de fatores hereditários. sua ação por meio de um polipeptídeo por ele codificado.
lli
cromossomo é denominado loco ou lócus gênico. d D i P
E E J Q
De um modo geral, pois existem algumas exceções, nas
células diploides (2n), para cada característica hereditária,
Os cromossomos 1 e 1’ são homólogos. Os genes que neles
ou
existe um par de genes, e, nas células haploides (n), existe ocupam os mesmos loci são genes alelos. Os genes alelos se
apenas um gene para cada característica. relacionam com uma mesma característica. Assim, a é alelo de
A; b é alelo de B; C é alelo de C; d é alelo de D; E é alelo de E.
Veja o exemplo esquematizado a seguir: Nesse exemplo, o indivíduo é homozigoto para as características
determinadas pelos pares CC e EE e heterozigoto para aquelas
determinadas pelos pares Aa, Bb e Dd. Os cromossomos
Gameta 2 e 3 são heterólogos (não homólogos). Os genes que neles se
Característica: polidactilia
N
P Zigoto encontram não são alelos.
N
Gameta
p
2N
P
p
rn
Gene P: Determina a
polidactilia (mais de cinco
dedos em cada mão ou pé).
Gene p: Determina a
pentadactilia (cinco dedos
em cada mão ou pé).
Entre os genes alelos, quando em heterozigose, pode-se
ter os fenômenos da dominância completa, da ausência de
dominância e da codominância.
86 Coleção Estudo 4V
Genética: conceitos fundamentais
• Ausência de dominância – Não existe dominância Vamos admitir que, na espécie humana, para
absoluta entre os alelos. Assim, o indivíduo heterozigoto a característica pigmentação da pele, existem
lli
apresenta uma manifestação intermediária entre o gene A (para a pigmentação) e o gene a
a dos dois homozigotos. Por isso, alguns autores (para a apigmentação ou albinismo), sendo
consideram um caso de herança intermediária ou o gene A dominante e o gene a, recessivo.
incompleta. Veja o exemplo a seguir: Entre esse dois alelos há, portanto, um caso
ou
de dominância absoluta. Assim, com esses dois
BIOLOGIA
Ausência de dominância genes, pode-se ter os seguintes genótipos e
Característica: Cor das flores na planta boca- respectivos fenótipos:
de-leão. Genótipos Fenótipos
Gene F V → Determina a formação de flores AA Pigmentado
vermelhas. Aa Pigmentado
Gene F B → Determina a formação de flores aa Apigmentado
rn
brancas.
Para a característica em questão, a planta poderá
ter uma das seguintes combinações de genes:
FVFV → Flores vermelhas.
FVFB → Flores rosas.
FBFB → Flores brancas.
Observe que, quando existe dominância absoluta entre os
alelos, genótipos diferentes (AA e Aa) podem determinar um
mesmo fenótipo.
brancos.
corresponde exatamente ao que se podia esperar em função
O animal para a característica em questão exclusivamente do genótipo. Por exemplo: uma pessoa que
poderá ter as seguintes combinações gênicas: tem um genótipo determinante de uma pele clara, isto é, com
VV → Pelos vermelhos. pouca produção de melanina, pode torná-la um pouco mais
escura, expondo-se com frequência à ação dos raios solares.
VB → Pelos vermelhos e pelos brancos.
Os raios solares são capazes de acelerar a síntese do pigmento
BB → Pelos brancos.
melanina na nossa pele, proporcionando o bronzeamento
Observe que no heterozigoto há manifestação dos dois alelos. desta. Assim, pode-se dizer que, para muitas características,
Nesse caso, diz-se que os alelos são codominantes. o fenótipo resulta da interação do genótipo com o meio.
lli
Os genes recebidos dos pais e transmitidos aos descendentes
Observe que o gene C (calvície), no sexo masculino, expressa
por meio da reprodução constituem a chamada herança
sua ação em homozigose e em heterozigose, tendo, portanto,
genética.
um comportamento de gene dominante. Já no sexo feminino,
Conforme já vimos, caso haja ou não dominância entre esse gene só expressa sua ação quando em homozigose,
ou
os alelos, quando em heterozigose, a herança pode ser com comportando-se, portanto, como gene recessivo.
dominância completa, dominância incompleta (intermediária)
ou com ausência de dominância (codominância). Também devido aos efeitos dos hormônios sexuais, existe
Nas espécies em que os cromossomos estão distribuídos ainda a chamada herança com efeito limitado ao sexo.
em dois grupos, autossomos e heterossomos (alossomos, Nesse caso, os genes autossômicos ocorrem nos dois sexos,
cromossomos sexuais), a herança pode ser autossômica mas só se manifestam em um deles. Um bom exemplo
ou heterossômica. Quando os genes estão localizados em ocorre no gado leiteiro, em que os genes destinados à
rn
autossomos (genes autossômicos, característica autossômica),
a herança é dita autossômica. Quando localizados nos
heterossomos, a herança pode ser parcialmente ligada ao
sexo, ligada ao sexo, ou, ainda, restrita ao sexo.
88 Coleção Estudo 4V
Genética: conceitos fundamentais
Gene ca → Condiciona ausência total de pigmentos na faz com que as hemácias (glóbulos vermelhos) tenham uma
pelagem. Os pelos são totalmente brancos. Esses coelhos forma também anômala, que lembra a lâmina de uma foice
são ditos albinos. (daí o termo falciforme). Essas hemácias falciformes, por sua
Na série de genes alelos em questão, a ordem de dominância vez, são destruídas mais rapidamente que as hemácias normais,
de um gene sobre o(s) outro(s) ocorre na seguinte sequência: causando, consequentemente, a anemia. Em consequência dessa
C > cch > ch > ca . O gene C é, portanto, o mais dominante anemia, haverá o comprometimento de praticamente todo o
dessa série, uma vez que domina todos os outros; já o gene metabolismo normal do indivíduo, que apresentará, por exemplo,
ca é o mais recessivo de todos. Assim, para a característica fraqueza, diminuição das funções mentais, insuficiência cardíaca,
cor da pelagem, os coelhos podem apresentar os seguintes desenvolvimento físico retardado, etc. Por outro lado, o indivíduo
lli
genótipos e correspondentes fenótipos:
que tem anemia falciforme é mais resistente à malária provocada
pelo Plasmodium falciparum. Assim, há várias manifestações
Genótipos Fenótipos
fenotípicas determinadas por um mesmo genótipo.
CC, Ccch, Cch e Cca Aguti ou selvagem
ou
BIOLOGIA
cchcch, cchch e cchca Chinchila
rn
Trata-se do fenômeno em que um mesmo genótipo é
responsável por mais de uma manifestação fenotípica. Nesse
caso, os genes envolvidos são ditos pleiotrópicos (do grego,
pleios, “mais”).
Veja que são duas características: cor da pelagem e grau de culminando na morte do indivíduo. O gene responsável por
agressividade do animal. essa doença é letal dominante.
• Gene b → Condiciona a formação de pelagem branca Gene H → Condiciona a doença Coreia de Huntington.
eu
HH Doente → morte
Genótipos Fenótipos
BB → Cinza e muito agressivo. Hh Doente → morte
Bb → Cinza e muito agressivo.
M
HEREDOGRAMAS
Heredogramas, genealogias, cartas genealógicas ou pedigrees são representações gráficas da herança de determinada
característica hereditária em uma família. Os símbolos convencionais mais comumente usados na construção dos heredogramas
estão relacionados a seguir:
ou Sexo masculino.
lli
ou Sexo feminino.
Indivíduos que manifestam a característica estudada, que pode ser ou não uma
ou
ou anomalia. Quando é uma doença ou anomalia genética, tais indivíduos também podem
ou
ser ditos afetados.
Cruzamento (“casamento”).
Linha da irmandade
rn Casal estéril (sem filhos).
Filhos (os irmãos são colocados a partir da esquerda para a direita na ordem em que
nasceram, ligados a uma linha horizontal, denominada linha de irmandade).
Be
Gêmeos dizigóticos (DZ) ou bivitelinos.
A numeração dos indivíduos no heredograma pode ser feita de diferentes maneiras. Veja os exemplos a seguir:
eu
Exemplo 1: Exemplo 2:
I
1 2 3 4
1 2 3 4
II
1 2 3 4 5 6
M
5 6 7 8 9 10
III
1 2 3
90 Coleção Estudo 4V
Genética: conceitos fundamentais
lli
um certo evento, ou seja, é a chance que um fenômeno tem de de se obter a face 4 no dado e a face “coroa” na moeda?
ocorrer. Seu cálculo é feito por meio da seguinte relação:
Resolução:
Nº de vezes da ocorrência desejada
Probabilidade = Observe que o fato de sair a face 4 no dado não exclui a
Nº de vezes de todas as ocorrências possíveis possibilidade de sair a face “coroa” na moeda e vice-versa, ou seja,
os dois eventos desejados são independentes. Assim, tem-se:
ou
BIOLOGIA
Exemplo: Numa urna, existem 30 bolas brancas e 10 bolas • Probabilidade de sair a face 4 no dado = 1/6
pretas. Qual a probabilidade de se retirar dessa urna uma bola • Probabilidade de sair a face “coroa” na moeda = 1/2
branca? • Probabilidade de sair a face 4 no dado e a face “coroa” na
moeda = 1/6 . 1/2 = 1/12
Resolução:
Resposta: 1/12 (8,333...%)
Note que o número total de bolas é igual a 40, sendo 30
delas brancas. Quando colocamos a mão na urna e retiramos Regra do “ou” e regra do “e”
rn
aleatoriamente uma única bola, podemos retirar qualquer uma
das 40 bolas. Como o desejado em questão é que se retire,
no universo das 40 bolas, uma bola branca, a probabilidade de
ocorrência desse evento será obtida da seguinte maneira:
P=
Nº de bolas brancas (ocorrência desejada)
Quando se calcula a probabilidade de dois ou mais eventos, • Regra do ‘‘e’’ – Aplica-se para eventos independentes.
deve-se considerar se eles são mutuamente exclusivos ou se são A probabilidade é dada pelo produto das probabilidades de
eventos independentes. cada evento em separado, ou seja, calcula-se separadamente
a probabilidade de cada evento e, em seguida, multiplica-se
São aqueles em que a ocorrência de um exclui a possibilidade da probabilidade desejada, deve-se combinar a regra do ‘‘ou’’
da ocorrência de outro(s) ao mesmo tempo. Nesse caso, com a regra do ‘‘e’’. Veja o exemplo:
a probabilidade será obtida pela soma das probabilidades isoladas
Em três lançamentos consecutivos de uma moeda, qual a
de cada um dos eventos.
probabilidade de serem obtidas duas “caras” e uma “coroa”?
Exemplo: No lançamento de um dado normal, qual é a
Resolução:
probabilidade de se obter a face 4 ou a face 5?
Observe que o desejado é a obtenção de duas faces “caras” e uma
Resolução:
face “coroa”, não importando a ordem em que esses eventos ocorram.
M
Observe que, nesse caso, a ocorrência de um dos eventos Assim, conforme mostra o quadro a seguir, são possíveis três diferentes
desejados exclui a possibilidade de ocorrência do outro ao mesmo ordens de ocorrência, envolvendo duas “caras” e uma “coroa” que
tempo, ou seja, é um ou outro. Assim, tem-se: satisfazem ao desejado, ou seja: “cara”, “cara”, “coroa” ou “cara”,
“coroa”, “cara” ou “coroa”, “cara”, “cara”.
• Probabilidade de sair a face 4 = 1/6
1º Lançamento 2º Lançamento 3º Lançamento
• Probabilidade de sair a face 5 = 1/6
“cara” “cara” “coroa”
• Probabilidade de sair a face 4 ou a face 5 = 1/6 + 1/6 =
2/6 = 1/3 “cara” “coroa” “cara”
lli
“coroa”, “cara” = 1/2 . 1/2 . 1/2 = 1/8
B) dominantes.
• Probabilidade de sair duas “caras” e uma “coroa” na ordem
“coroa”, “cara”, “cara” = 1/2 . 1/2 . 1/2 = 1/8 C) genotípicos.
Assim, em três lançamentos consecutivos de uma moeda, D) adquiridos.
ou
a probabilidade de se obterem duas “caras” e uma “coroa”
corresponderá a: E) recessivos.
rn
n corresponde ao número de lançamentos feitos. Como nesse
exemplo foram feitos três lançamentos da moeda, o binômio
será (p + q)3.
C) codominantes.
D) híbridos.
E) homozigóticos.
Be
o termo do binômio que usaremos é o 3p2q. Substituindo os
valores de p e q nesse termo, teremos:
03. (Cesgranrio) As células de um indivíduo, para um
3 . (1/2)2 . 1/2 = 3 . 1/4 . 1/2 = 3/8 determinado lócus, apresentam o mesmo gene em
Resposta: 3/8 ambos os cromossomos homólogos. Esse indivíduo é
homólogos.
diferentes em que poderão sair duas faces “caras” e uma face “coroa”.
Essas ordens, conforme já foi visto, são: “cara”, “cara”, “coroa” ou B) localizam–se em cromossomos não homólogos.
“cara”, “coroa”, “cara” ou “coroa”, “cara”, “cara”. Como a probabilidade
C) ocupam diferentes lócus gênicos na herança
de sair duas faces “caras” e uma face “coroa” numa ordem qualquer
= 1/8, a probabilidade de se obterem duas “caras” e uma “coroa”, quantitativa.
independentemente da ordem que tais eventos ocorram, será
D) surgem por eventos de permutação entre cromossomos
correspondente a
homólogos.
3 . 1/8 = 3/8.
E) apresentam sequências nucleotídicas diferentes, que
Resposta: 3/8
surgiram por mutações.
92 Coleção Estudo 4V
Genética: conceitos fundamentais
01. (IMED-SP–2015) Sabe-se que determinada doença A) das três cores, em igual proporção.
hereditária que afeta humanos é causada por uma B) das três cores, prevalecendo as cor-de-rosa.
mutação de caráter dominante em um gene localizado
C) das três cores, prevalecendo as vermelhas.
em um cromossomo autossomo. Três indivíduos foram
D) somente cor-de-rosa.
investigados e a seguir estão os alelos encontrados para
este locus: E) somente vermelhas e brancas, em igual proporção.
lli
04. (UFSCar-SP) Que é fenótipo?
Alelos encontrados
Indivíduo Fenótipo
para o lócus A) É o conjunto de características decorrentes da ação
do ambiente.
ou
1 Alelo 1 e Alelo 1 Normal
BIOLOGIA
B) É o conjunto de características decorrentes da ação
do genótipo.
2 Alelo 2 e Alelo 2 Afetado
C) É o conjunto de características de um indivíduo.
3 Alelo 1 e Alelo 2 Afetado
D) É o conjunto de caracteres exteriores de um indivíduo.
rn
A) O alelo 1 é dominante sobre o alelo 2.
A) Altura.
Be
D) Os indivíduos 2 e 3 são heterozigotos.
B) Cor da pele.
E) O indivíduo 3 é homozigoto.
C) Grupo sanguíneo.
que alelos funcionais A, B, C, D são responsáveis pela A) Genes alelos só podem aparecer em cromossomos
produção de muito pigmento (visto nos olhos negros), homólogos.
e alelos não funcionais a, b, c, d sintetizam pouco
B) Genes alelos transmitem características diferentes
eu
Considerando os alelos citados, sabe-se que D) Genes em heterozigose nunca serão alelos.
B) há pareamento entre A, B, C e D.
07. (Uncisal) O fenômeno genético que explica as semelhanças
C) heterozigotos Bb terão olhos verdes. observadas entre pais e filhos, ao longo das gerações,
D) pessoas Cc produzem gametas CC e cc. é chamado de
B) hereditariedade.
03. (FUVEST-SP) Numa espécie de planta, a cor das flores
C) mutação.
é determinada por um par de alelos. Plantas de flores
vermelhas cruzadas com plantas de flores brancas D) probabilidade.
produzem plantas de flores cor-de-rosa. E) camuflagem.
lli
C) I ou .
ocorre por
D) Apenas II.
A) produzirem mutações específicas.
E) Apenas .
B) possuírem DNA mitocondrial diferentes.
ou
C) apresentarem conjunto de genes distintos.
Fixação
02. (Enem–2009) Em um experimento, preparou-se
01. D
rn
um conjunto de plantas por técnicas de clonagem a
03. D
Be
04. E
ciclos de iluminação solar natural e outro mantido no
apresentaram
03. B
eu
04. B
B) os genótipos idênticos e os fenótipos diferentes.
07. B
94 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA C 03
Interação gênica e herança
dos grupos sanguíneos
lli
INTERAÇÃO GÊNICA Genótipos Fenótipos
ou
Interação entre genes não alelos
A interação gênica entre genes não alelos consiste no
fenômeno em que dois ou mais pares de genes agem
Crista ervilha
conjuntamente para determinar uma única característica.
Trata-se, portanto, de um fenômeno inverso ao da pleiotropia.
A a B b
Crista noz
Be
Existem diferentes tipos de interação entre genes não alelos.
Um bom exemplo é o tipo de crista em galináceos
domésticos. Para essa característica, os galináceos podem
apresentar quatro tipos diferentes de cristas: crista ervilha, Crista simples
crista rosa, crista simples e crista noz, conforme mostra a
ilustração a seguir:
Veja o exemplo a seguir:
Um macho de crista rosa duplamente homozigoto é cruzado
com uma fêmea de crista noz duplamente heterozigota.
Quais são os possíveis fenótipos dos descendentes desse
cruzamento e as respectivas proporções?
eu
O tipo de crista depende da interação do par de genes: Sendo o macho de crista rosa duplamente homozigoto, seu
R e r e do par E e e, conforme descrito a seguir: genótipo é RRee. Sendo a fêmea de crista noz duplamente
heterozigota, seu genótipo é RrEe. Então, o cruzamento em
• Crista ervilha – O galináceo precisa ter no seu
questão é RRee x RrEe.
genótipo a presença de pelo menos um gene E e a
ausência do gene R. Separando-se os possíveis gametas formados pelo macho
e pela fêmea, encontra-se o seguinte:
M
Com os gametas anteriores, pode-se construir o seguinte Exemplo: Um casal de mulatos médios teve um filho
genograma: branco. Quais os genótipos dos indivíduos que formam esse
casal e como poderão ser seus próximos filhos quanto à
♀ RE Re rE re coloração da pele?
♂ (25%) (25%) (25%) (25%) Resolução:
RREe RRee RrEe Rree Os mulatos médios possuem no genótipo dois genes
(25%) (25%) (25%) (25%) representados por letras maiúsculas e dois genes
Re (100%)
Crista Crista Crista Crista representados por letras minúsculas. Como o casal teve
lli
noz rosa noz rosa um filho branco (aabb), conclui-se que ambos possuem no
genótipo os genes a e b. Assim, ambos têm genótipo AaBb.
Resposta: 50% dos descendentes com crista do tipo noz
e 50% do tipo rosa. AaBb AaBb
Herança quantitativa
ou
Também chamada de herança poligênica, poligenia ou
ainda polimeria, é uma modalidade de interação entre genes
Gametas AB Ab aB ab AB Ab aB ab
não alelos em que o fenótipo depende da quantidade de
certos tipos de genes presentes no genótipo.
Construindo um genograma com os gametas da figura
Um bom exemplo desse tipo de herança acontece com
anterior, obtêm-se as seguintes combinações:
a determinação genética da coloração ou intensidade de
rn
pigmentação da pele na espécie humana. Essa característica
depende da quantidade de melanina produzida, que, por sua
vez, é determinada por diferentes pares de genes que se
segregam independentemente. Para exemplificar esse tipo
de interação, vamos considerar apenas 2 pares de genes
A e a e B e b. Para esses dois pares, pode-se ter os seguintes
genótipos e respectivos fenótipos:
♂
AB
♀ AB
Negros
AABB
Ab
Mulatos
escuros
AABb
aB
Mulatos
escuros
AaBB
ab
Mulatos
médios
AaBb
Be
Mulatos Mulatos Mulatos Mulatos
Genótipos Fenótipos Ab escuros médios médios claros
AABb AAbb AaBb Aabb
AABB Negro
Mulatos Mulatos Mulatos Mulatos
AABb aB escuros médios médios claros
Mulato escuro
AaBB AaBB AaBb aaBB aaBb
AAbb Mulatos Mulatos Mulatos
Brancos
aaBB Mulato médio ab médios claros claros
aabb
AaBb AaBb Aabb aaBb
Aabb
Mulato claro
aaBb A análise das combinações obtidas no genograma anterior
eu
aabb Branco permite concluir que os próximos filhos do casal poderão ser
negros, mulatos escuros, mulatos médios, mulatos claros ou
Observe na tabela que a quantidade de genes representados brancos, com as seguintes probabilidades de nascimentos:
por letras maiúsculas ou por letras minúsculas presentes no
genótipo é fator determinante do fenótipo: se os quatro • Negros (AABB) → 1/16
genes dos dois pares de alelos forem os representados por • Mulatos escuros (AABb e AaBB) → 4/16 = 2/8
letras maiúsculas, o indivíduo produzirá muita melanina • Mulatos médios (AaBb, AAbb e aaBB) → 6/16 = 3/8
e, consequentemente, terá a pele muito escura (negro);
• Mulatos claros (Aabb e aaBb) → 4/16 = 2/8
M
Inversamente, se soubermos o número de fenótipos distintos O gene M determina a formação de pelagem preta, e o
existentes em um caso de herança quantitativa, o número de seu alelo m condiciona uma pelagem marrom; o gene
poligenes envolvidos será igual ao número de fenótipos – 1. C inibe os genes M e m, isto é, inibe a manifestação
da cor, e o seu alelo c permite a manifestação da
Nº de poligenes = N. de fenótipos – 1
cor. Quando o gene C está presente no genótipo,
Nº de fenótipos = N. de poligenes + 1
o animal apresenta uma pelagem branca. Nesse
O número de pares de poligenes envolvidos na característica exemplo, então, o gene C é epistático, ao passo que
também pode ser calculado a partir do número de classes os genes M e m são hipostáticos. Assim, se forem
lli
fenotípicas (número de fenótipos), por meio da seguinte relação: cruzados dois cães duplamente heterozigotos para
esses genes, será obtido o resultado mostrado no
Nº de classes fenotípicas – 1 quadro a seguir:
Nº de pares de poligenes =
2
ou
Branco x Branco
BIOLOGIA
Aplicando-se a relação anterior no caso da herança sobre (CcMm) (CcMm)
a cor da pele na espécie humana, o número de pares de
poligenes será: 5 – 1 = 2.
2
Gametas CM Cm cM cm
Epistasia
Nessa modalidade de interação gênica, um gene inibe ou Branco Branco Branco Branco
Dominância
CM
Cm
CCMM
Branco
CCMm
CCMm
Branco
CCmm
CcMM
Branco
CcMm
CcMm
Branco
Ccmm
Be
Branco Branco Preto Preto
A a cM
CcMM CcMm ccMM ccMm
Epistasia – Quando um gene inibe a manifestação do seu alelo, • Epistasia recessiva – Um par de genes alelos
eu
• Epistasia dominante – O alelo dominante de um epistático em relação ao gene A. Assim, não existem
par inibe a ação de genes alelos de um outro par, ratos amarelos ccA_. Todos os ratos que tiverem no
ou seja, o gene epistático é dominante no seu par de genótipo o par cc serão albinos. Ratos de genótipos
alelos. Por exemplo: em determinada raça de cães, C_aa terão pelagem preta; ratos de genótipos C_A_
a cor dos pelos depende da ação de dois pares de genes, produzem pigmentos pretos e amarelos, tendo, por
o M e m e o C e c, que se segregam independentemente. isso, uma coloração pardo-acinzentada (ratos agutis).
Assim, o cruzamento de dois ratos duplo-heterozigotos O quadro a seguir mostra os diferentes genótipos com os
fornece o resultado mostrado no quadro a seguir: respectivos fenótipos para essa característica.
lli
Aguti Preto Aguti Preto ou OO Sangue tipo O
Ca
CCAa CCaa CcAa Ccaa
O quadro a seguir mostra as possíveis trocas sanguíneas
por doação e por recepção no sistema ABO.
Aguti Aguti Albino Albino
cA
ou
CcAA CcAa ccAA ccAa
Grupo sanguíneo Pode doar a Pode receber de
O O, A, B, AB O
HERANÇA DOS GRUPOS
SANGUÍNEOS
rn
No chamado sistema ABO, o sangue humano é classificado
em quatro tipos ou grupos: sangue A, sangue B, sangue AB
e sangue O. Essa classificação baseia-se em certos tipos
Exemplo: Uma mulher do grupo sanguíneo B precisa
urgentemente receber sangue. Sabendo que seu marido
pertence ao grupo A e que seus dois filhos são um do grupo
AB e outro do grupo O, determinar
A A (a) anti-B IA IB
Marido Mulher
B B (b) anti-A
eu
lli
ter os seguintes genótipos: HH, Hh e hh. Indivíduos HH ou Como a frequência, em nossa população, do sangue “falso
Hh produzem o aglutinogênio H, e os indivíduos hh não O” é muito baixa, ao resolvermos problemas relacionados
produzem esse aglutinogênio. É a partir do aglutinogênio H
com a herança do sistema ABO, normalmente consideramos
que são formados os aglutinogênios A e B do sistema ABO.
apenas os genes IA, IB e .
ou
Assim, o produto do gene IA agindo sobre o aglutinogênio H
BIOLOGIA
promove a síntese do aglutinogênio A, e o gene IB determina
a formação do aglutinogênio B. SISTEMA RH (SISTEMA D)
Essa classificação baseia-se na presença, ou não, na
Gene IA Gene IB
membrana das hemácias, do aglutinogênio (antígeno) fator
Aglutinogênio H Aglutinogênio H Rh (fator D). As pessoas que possuem o fator Rh são ditas
Rh+ (Rh positivo), enquanto as que não o têm são Rh– (Rh
Aglutinogênio A
rn
preciso que se forme o aglutinogênio H.
Aglutinogênio B
HHIBIB, HHIB , HhIBIB, HhIB Sangue B As pessoas Rh– ou D– não nascem com a aglutinina anti-Rh
ou anti-D, mas têm a capacidade de produzi-la quando o
M
Sangue O
evidentemente, pode ocorrer quando se realizam transfusões
HH , Hh
sanguíneas erradas, ou seja, quando uma pessoa Rh– recebe
hhI I , hhI , hhI I , hhI , hhI I , hh
A A A B B B A B
Sangue “falso” O sangue Rh+. O quadro a seguir mostra como devem ser as
transfusões sanguíneas, considerando o sistema Rh.
Os indivíduos de genótipos HH , Hh e os de genótipos Tipo de sangue Pode doar para Pode receber de
hhIAIA, hhIA , hhIBIB, hhIB , hhIAIB, hh , por meio das
Rh +
Rh +
Rh+ e Rh–
técnicas tradicionais de determinação da tipagem sanguínea,
Rh– Rh+ e Rh– Rh–
são identificados como sendo do grupo sanguíneo O.
O organismo
lli
materno fabrica Mãe Rh–
anticorpos anti-Rh Mãe Rh (rr)
–
Mãe Rh–
(rr) (rr) Passagem de
Placenta
Arquivo Bernoulli
Rh+ Hemorragias anticorpos anti-Rh Rh+
para a criança
ou
Passagem de
hemácias fetais
(Rh+) para a mãe
rn
Esquema mostrando a origem da eritroblastose fetal – Quando a mãe tem sangue Rh– e gera um filho Rh+, o seu organismo sofre,
notadamente por ocasião do parto (quando do descolamento da placenta), uma invasão de hemácias fetais que contêm o aglutinogênio
Rh, estranhos a ela. Com isso, há uma sensibilização do organismo dessa mulher ao fator Rh que, assim, começa a produzir e acumular
no sangue a aglutinina anti-Rh. Em gestações posteriores, as aglutininas anti-Rh maternas podem atravessar as barreiras placentárias e
alcançar a circulação do feto. Sendo esses filhos também Rh+, haverá a incompatibilidade entre as aglutininas anti-Rh provenientes da circulação
materna com as hemácias fetais que contêm o fator Rh, ocasionando a aglutinação do sangue da criança com destruição das suas hemácias
Be
(hemólise). Em um mecanismo de defesa, a medula óssea vermelha da criança começa a lançar na circulação hemácias ainda muito jovens,
os eritroblastos. Daí, o nome eritroblastose fetal.
Quando uma criança nasce e é feito o diagnóstico da doença Uma vez eliminadas as hemácias invasoras provenientes da
hemolítica do recém-nascido, ela pode ser salva por meio circulação do feto, o organismo materno metaboliza o anti-Rh
da exo-transfusão sanguínea. Trata-se de um procedimento que recebeu em altas doses após o parto.
que consiste em substituir gradualmente todo o sangue da A aplicação desse soro contendo elevada dose de anti-Rh
criança por sangue Rh–. Assim, haverá tempo para que ocorra, só é válida se feita logo após o primeiro parto de filho Rh+ e
no organismo da criança, a destruição das aglutininas anti-Rh repetida todas as vezes que nascerem novos filhos Rh+. Em
eu
recebidas da mãe, até que haja a produção de novas hemácias uma mulher que já esteja sensibilizada ao fator Rh, ou seja,
com o fator Rh. Há casos mais graves em que a criança que já produz e tem circulando em seu corpo o anti-Rh,
nasce profundamente edemaciada (inchada) e, nesses casos, a aplicação desse soro não tem mais qualquer efeito.
o índice de mortalidade costuma ser elevado.
Veja a seguir um exemplo da herança do sistema Rh:
Vale lembrar, entretanto, que a eritroblastose fetal pode ser
Exemplo: Um homem, cujos pais são Rh–, casa-se com
prevenida por meio da administração à mãe Rh– (dentro das
uma mulher Rh+, filha de pai Rh+ e de mãe Rh–. Qual a
M
lli
3.3. A probabilidade do nascimento de duas crianças de
origina a crista “simples”. Uma ave de crista “noz” foi
olhos azuis, a partir de um casal genotipicamente
cruzada com uma de crista “rosa”, originando em F1 : 3/8
igual ao do exemplo dado, é de aproximadamente
dos descendentes com crista “noz”, 3/8 com crista “rosa”,
0,004.
1/8 com crista “ervilha” e 1/8 com crista “simples”.
ou
BIOLOGIA
Quais os genótipos paternos, com relação ao tipo de crista? 4.4. A probabilidade do casal indicado em 3-3 ter duas
C) RREe x Rree
03. (PUC-SP–2013) Em Belo Horizonte, ocorreu um caso raro:
02. (UFPE) Em um dos modelos propostos para a uma mulher deu à luz quadrigêmeos, uma menina e três
rn
determinação da cor dos olhos na espécie humana
(herança quantitativa), são considerados cinco diferentes
fenótipos. Na descendência de pais heterozigóticos
para os lócus determinantes dessa característica, foram
observados os dados apresentados no quadro a seguir.
Analise-os, juntamente com o gráfico, e identifique a
meninos, sem ter feito tratamento para engravidar.
6 AB e o outro ao grupo O.
Frequências fenotípicas (F2)
B) 1/4
CE CM CC VD AZ
C) 1/8
01. (PUC Minas–2015) De acordo com a figura, considere A variabilidade da cor do olho em humanos é regulada
por múltiplos genes. Hipoteticamente, pode-se aceitar
a ocorrência de cinco fenótipos (preta, albina, marrom,
que alelos funcionais A, B, C, D são responsáveis pela
cinza e bege) para a cor da pelagem de camundongos,
produção de muito pigmento (visto nos olhos negros),
determinados pela interação de três pares de genes
e alelos não funcionais a, b, c, d sintetizam pouco
alelos com segregação independente. Na figura, os traços (típico de olhos azuis). Conhece-se ainda uma variação
indicam que, independentemente de o alelo ser dominante patológica (alelo e) que, quando em homozigose, causa
ou recessivo, não há alteração fenotípica. o albinismo, isto é, a ausência completa de pigmento
lli
(olhos avermelhados).
Cor da pelagem de camundongos Qual a chance de um casal ter filhos com coloração normal
nos olhos no caso de ambos serem AaBbCcDdEe?
A) 0% C) 50% E) 100%
ou
B) 25% D) 75%
B_C_D_ _ _cc_ _
Preta Albina
04. (Uninove–2016) As figuras representam lâminas com
testes sanguíneos de três pessoas para o sistema ABO.
rn
Cinza Bege
OBSERVAÇÕES:
no qual o referido gene é dominante, as proporções
genotípicas e fenotípicas não serão iguais. • Os indivíduos I.1 e I.2 apresentam grupos sanguíneos
diferentes e apenas um tipo de aglutinógeno.
III. No cruzamento entre di-híbridos, podemos encontrar
uma proporção fenotípica que corresponde a 12 : 3 : 1, • O indivíduo II.1 pode receber sangue de todos os tipos
o que configura um caso de epistasia recessiva. sanguíneos.
• Os indivíduos II.2 e III.1 têm fenótipo igual ao de I.2 e apenas
Está(ão) CORRETA(S) a(s) afirmativa(s)
aglutinina anti-A.
A) I, apenas. D) II e III, apenas.
• Os indivíduos II.3, II.4 e III.2 têm genótipo igual ao de I.1.
B) III, apenas. E) I, II e III.
• O indivíduo IV.1 tem fenótipo diferente de todos os
C) I e II, apenas. indivíduos citados.
Analise o heredograma de acordo com as observações e A) Existe(m) na tabela descendente(s) que apresenta(m)
marque a alternativa INCORRETA. um fenótipo não esperado, quando são considerados
A) I.1 apresenta aglutinógeno A. os fenótipos dos pais? DÊ uma possível explicação
para o ocorrido.
B) Os genótipos de I.2, II.2 e III.1 são iguais.
B) Foi observado apenas um casal B x B (nº 4).
C) O indivíduo IV.1 apresenta aglutinina nas hemácias.
Levando-se em conta os grupos sanguíneos de seus
D) Oito indivíduos no heredograma são heterozigotos descendentes, quais os genótipos prováveis do casal
para os grupos sanguíneos. e dos descendentes?
C) Entre os descendentes de casais A x B (nº 6), há uma
06.
lli
(UNESP–2016) Sílvio e Fátima têm três filhos, um deles
frequência maior de grupo AB e menor de grupo O. Esse
fruto do primeiro casamento de um dos cônjuges. Sílvio é
resultado seria esperado? JUSTIFIQUE sua resposta.
de tipo sanguíneo AB Rh– e Fátima de tipo O Rh+. Dentre
D) Entre os casais observados, CITE aqueles em que
os filhos, Paulo é de tipo sanguíneo A Rh , Mário é de tipo
+
ou
• doar sangue para todos os seus filhos.
BIOLOGIA
Sobre o parentesco genético nessa família, é CORRETO
• receber sangue de todos os seus filhos.
afirmar que
A) Paulo e Mário são irmãos por parte de pai e por parte
de mãe, e Lucas é filho de Sílvio e não de Fátima. SEÇÃO ENEM
B) Lucas e Mário são meios-irmãos, mas não se pode
01. (Enem–2014) Em um hospital, havia cinco lotes de bolsas
afirmar qual deles é fruto do primeiro casamento.
de sangue, rotulados com os códigos I, II, III, IV e V. Cada
C) Paulo e Lucas são meios-irmãos, mas não se pode lote continha apenas um tipo sanguíneo não identificado.
rn
afirmar qual deles é fruto do primeiro casamento.
D) Paulo e Mário são meios-irmãos, mas não se pode
afirmar qual deles é fruto do primeiro casamento.
E) Lucas e Mário são irmãos por parte de pai e por parte
de mãe, e Paulo é filho de Sílvio e não de Fátima.
Uma funcionária do hospital resolveu fazer a identificação
utilizando dois tipos de soro, anti-A e anti-B. Os resultados
obtidos estão descritos no quadro.
Código dos
lotes
Volume de
sangue (L)
Soro anti-A Soro anti-B
Be
07. (UFMG) Observações de grupos sanguíneos do sistema
ABO em 267 famílias.
I 22 Não aglutinou Aglutinou
Nº de Filhos
Pais
famílias
O A B AB
II 25 Aglutinou Não aglutinou
1. O x O 41 126 01 00 00
2. A x A 22 10 70 00 00
3. O x A 68 69 102 00 00
4. B x B 01 01 00 01 00
IV 15 Não aglutinou Não aglutinou
5. O x B 13 18 00 29 00
6. A x B 22 10 16 13 26
V 33 Não aglutinou Aglutinou
M
7. O x AB 43 00 50 60 00
9. B x AB 13 00 08 20 15 A) 15
B) 25
10. AB x AB 02 00 03 04 01
C) 30
D) 33
Total 267 234 309 148 75
E) 55
AB Fixação
01. B
02. F V V V V
A AB B 03. B
lli
04. B
A O B Propostos
ou
01. C
02. A
O 03. D
Uma mulher do grupo sanguíneo B precisa urgentemente 04. A) Léo, pois suas hemácias não aglutinaram na
receber sangue. Sabendo que seu marido pertence ao presença do soro anti-A ou do soro anti-B.
grupo A e que seus dois filhos são um do grupo AB e B) Júlia, pois pais do grupo A só geram filhos do grupo
A) o marido.
C) o filho do grupo O.
rn
outro do grupo O, entre as pessoas citadas, pode(m)
doar sangue para a mulher em questão
05. C
06. A
A ou O.
E) o marido e o filho do grupo O. um dos pais (o alelo teria mutado para IA); exame
filho, qual é a probabilidade da criança nascer com a D) Doar sangue: casais da classe 1.
doença hemolítica do recém-nascido e ser do grupo Receber sangue: casais das classes 2, 4 e 10.
sanguíneo O?
D) 75% 02. C
E) 100% 03. A
BIOLOGIA C 04
Linkage e noções de Engenharia Genética
lli
Quando analisamos simultaneamente características Nos casos de linkage, para calcularmos os tipos e os
determinadas por dois ou mais pares de genes alelos, podemos percentuais de gametas que um indivíduo é capaz de formar,
ter duas situações possíveis: segregação independente e precisamos saber se durante a gametogênese há ou não
ou
linkage. Nos casos de segregação independente, os dois ou a ocorrência do crossing-over e, se ele ocorre, precisamos
conhecer também qual é a sua taxa de ocorrência, ou seja,
mais pares de genes alelos estão localizados em diferentes
qual é o percentual de células em que esse fenômeno ocorre.
pares de cromossomos homólogos. Quando os dois ou mais
Por exemplo, quando falamos que a taxa de crossing-
pares de genes analisados se localizam num mesmo par de
–over nas células de um indivíduo é de 20%, significa dizer
cromossomos homólogos, estamos diante de casos de linkage que, em 80% das células que realizam meiose durante
(ligação gênica, ligação fatorial). a gametogênese, não há a ocorrência do crossing-over,
e em 20% das células, temos a ocorrência desse fenômeno.
A
rn B
Assim, conforme ocorra ou não o fenômeno do crossing-over,
costuma-se dizer que o linkage pode ser total (completo)
ou parcial (incompleto).
características determinadas por dois pares de genes alelos A meiose sem ocorrência A meiose com ocorrência
localizados num mesmo par de cromossomos homólogos. de crossing-over de crossing-over
AaBb AaBb A a A a
AABB AABb Cis Trans B b B b
a A a
A Aa
M
B Bb b B b
Vejamos agora alguns exemplos de aplicação dos Considerando os gametas formados pelas células que não
conhecimentos sobre o di-hibridismo com linkage. realizaram crossing-over e os gametas formados pelas células
nas quais ocorreu essa permutação, o total de gametas
Exemplo: Considere que, em um indivíduo de genótipo
formados será:
AaBb, os genes A e B estão situados em um mesmo
cromossomo. Considere também que em 40% das células Gametas parentais Gametas recombinantes
desse indivíduo haverá, durante a gametogênese (formação (80%) (20%)
dos gametas), ocorrência de crossing-over.
Gametas AB (40%) Gametas Ab (10%)
Quantos tipos de gametas e seus respectivos percentuais
lli
esse indivíduo será capaz de produzir?
Gametas ab (40%) Gametas aB (10%)
Resolução:
Como o indivíduo é duplo-heterozigoto (AaBb) e os genes
ou
A e B estão localizados em um mesmo cromossomo, trata-se Observe que o indivíduo em questão é capaz de formar quatro
de um heterozigoto cis. tipos de gametas: AB, ab, Ab e aB. Entretanto, ao contrário do
que aconteceria se fosse um caso de segregação independente,
Assim, as células diploides (2N) desse indivíduo podem
esses quatro tipos de gametas não aparecem nas mesmas
ser assim representadas:
proporções. Os gametas que se formam em maior percentual
são ditos parentais, e aqueles que se formam em menor
A a percentual são os recombinantes. Os gametas recombinantes
só se formam devido à ocorrência do crossing-over, que permite
B
rn b
Resolução:
Sem 30%
crossing-over Sendo o indivíduo duplamente heterozigoto e trans,
seu genótipo pode ser assim representado:
M t
a ou Mt / mT
30%
eu
b m T
60% das células
entram em meiose
Como o crossing-over ocorre em apenas 16% das células
que iniciam a meiose, do total de gametas produzidos
pelo indivíduo, 8% são de gametas recombinantes e,
consequentemente, 92% são de gametas parentais,
10% conforme indicado a seguir:
M
Mt (46%) MT (4%)
10%
Exemplo: Considere que, em um indivíduo de genótipo Montando um genograma com os gametas formados pelos
AaBb (cis), a taxa de recombinação durante a gametogênese dois indivíduos, temos:
foi de 15%.
♀ AC ac Ac aC
Quais são os tipos de gametas recombinantes formados ♂ (35%) (35%) (15%) (15%)
e suas respectivas proporções?
ac AaCc aacc Aacc aaCc
Resolução: (100%) (35%) (35%) (15%) (15%)
O genótipo do indivíduo em questão pode ser representado
da seguinte maneira:
lli
Conforme indicado pela seta no genograma anterior,
A B
ou AB / ab a probabilidade de nascer uma criança de olhos azuis
a b (aa) e canhota (cc) é de 35%. Como o problema quer a
Como a taxa de recombinação foi de 15%, significa que probabilidade de nascimento de uma menina de olhos azuis
foram formados 15% de gametas recombinantes e 85% de e canhota, temos:
ou
BIOLOGIA
gametas parentais.
50% (probabilidade de ser menina) x 35% (probabilidade
Assim, temos: de ter olhos azuis e de ser canhota) = 17,5%.
AB (42,5%) Ab (7,5%)
MAPAS GÊNICOS
ab (42,5%)
rn
Resposta: Ab (7,5%) e aB (7,5%).
aB (7,5%)
Com os dados fornecidos, concluímos que os genótipos os genes. Assim, a taxa de recombinação depende
da mulher e do homem em questão são: diretamente da frequência de permutação ou crossing-over.
Pode-se dizer, então, que a taxa de recombinação entre
a c A C
dois genes é diretamente proporcional à distância entre
a c x a c eles no cromossomo. A distância entre os genes em
situação de linkage é dada em uma unidade denominada
Os gametas formados pelos indivíduos estão indicados morganídeo ou UM (unidade Morgan), também conhecida por
M
lli
Pelas distâncias fornecidas, concluímos que o gene
A está mais próximo do gene C do que do B. Assim, que certas bactérias desenvolveram contra os seus inimigos
naturais, os vírus bacteriófagos. Nas células bacterianas,
a disposição desses três genes ao longo do cromossomo
essas enzimas são capazes de reconhecer o DNA do vírus
poderá ser:
invasor como um elemento “estranho” e, assim, promover a
ou
2,4 U.R. sua destruição, cortando-o em pontos específicos, antes que
o mesmo sofra o processo de duplicação.
A C B Cada bactéria tem suas próprias enzimas de restrição,
e cada enzima reconhece apenas um tipo de sequência de
bases nitrogenadas ao longo da molécula de DNA.
1,8 U.R. 0,6 U.R. São, portanto, altamente específicas, cortando o DNA
apenas nos locais em que existem certas sequências de
NOÇÕES DE ENGENHARIA
C rn
ou
A
bases nitrogenadas. As sequências de bases nitrogenadas
reconhecidas pelas enzimas de restrição são palíndromos,
isto é, iguais nos dois filamentos da molécula de DNA, seja
a leitura desses filamentos feita no sentido 5’ → 3’ ou no
sentido 3’ → 5’.
constituído por segmentos originários de diferentes espécies Existem vários tipos de enzimas de restrição. Uma delas é
de seres vivos.
a Eco RI que atua na sequência ...G A A T T C ..., fazendo
A tecnologia do DNA recombinante (rDNA), que teve início na o corte da ligação entre o G e o A, conforme mostra o
década de 1970, constitui a base da Engenharia Genética e tem esquema a seguir:
por principal objetivo a construção de moléculas de DNA, não
existentes na natureza, constituídas por segmentos provenientes A A T T C
de diferentes fontes. Eco RI
G
M
O quadro a seguir mostra alguns exemplos dessas enzimas, A ilustração a seguir nos dá, resumidamente, uma ideia da
suas fontes (bactérias das quais são obtidas) e os seus sítios técnica do DNA recombinante com a utilização de plasmídios
de clivagem (locais em que fazem o corte no DNA). bacterianos.
Insulina
Enzima de Sítio de humana
Fonte
restrição clivagem 2 4 5
3
G↓G A T C C
Bam HI Bacillus amyloliquefaciens H
C C T A G↑G
Cissiparidade
lli
A A↓G C T T
Hind III Haemophilus influenzae
T T C G↑A A
1 5
G↓A A T T C
Eco RI Escherichia coli
C T T A A ↑G
ou
BIOLOGIA
G T↓C G A C Tecnologia do DNA recombinante – 1. Com a utilização de
Sal I Streptococcus albus G
C A G C↑T G enzimas de restrição, um segmento de DNA humano, contendo
a informação para a síntese da proteína insulina, é retirado
A ilustração a seguir mostra de forma bem simplificada a de um determinado cromossomo humano; 2. Plasmídio
construção de um DNA recombinante. bacteriano, do qual se retirou um segmento (pedaço) do DNA,
também com o uso de enzima de restrição; 3. Com o auxílio da
enzima DNA-ligase, o segmento de DNA humano é “soldado”
DNA I DNA II
ao plasmídio bacteriano. Forma-se, assim, um plasmídio
contendo um DNA recombinante; 4. O plasmídio recombinante
1
2
rn é incorporado à bactéria, que, então, passa a ser uma bactéria
transgênica. Os organismos que recebem ou incorporam
genes de outra espécie são chamados de transgênicos;
5. A bactéria transgênica, ao se reproduzir por cissiparidade, origina
bactérias-filhas, também transgênicas, ou seja, portadoras do
plasmídio recombinante. Assim, obtém-se em pouco tempo um
clone de bactérias transgênicas com capacidade de produzir a
Be
insulina humana utilizada no tratamento dos diabéticos.
1. Imagine que os DNAs I e II são provenientes de dois organismos problemas de alergia, daí a importância dessa conquista.
diferentes. 2. Utilizando-se de enzima de restrição, os dois DNAs Atualmente, além da insulina, outras proteínas de interesse
são cortados em pontos específicos. 3. Com o corte, os dois médico, como a somatotrofina (hormônio do crescimento),
filamentos de cada DNA se separam. 4. Utilizando-se das enzimas também são produzidas por bactérias geneticamente
DNA-ligases, um segmento do DNA I é ligado a um segmento do modificadas. As bactérias transgênicas, isto é, portadoras
DNA II, formando, assim, um DNA recombinante. de DNA recombinante, abrigam em si todas as informações
necessárias para o cumprimento das tarefas rapidamente,
Por meio da tecnologia do DNA recombinante, tornou-se funcionando como pequenas fábricas biológicas, capazes
M
possível, por exemplo, associar segmentos de DNA (genes) de produzir, em larga escala e com custos mais baratos,
de um animal ou de uma planta com plasmídios das bactérias. as proteínas desejadas.
Plasmídios são pequenos fragmentos circulares de DNA
encontrados livremente no hialoplasma de muitas bactérias. Clonagem de genes
Tanto no cromossomo bacteriano quanto nos plasmídios,
existem genes (segmentos de DNA) responsáveis por Existem técnicas que permitem a fabricação de milhões
diferentes características hereditárias das bactérias. de cópias idênticas de um gene, isto é, técnicas que
Quando a bactéria se reproduz, todo o seu material genético, permitem a obtenção de um clone de genes. Isso possibilita,
que inclui o cromossomo e o(s) plasmídio(s), duplica-se, sendo por exemplo, submeter um determinado gene que se
distribuído equitativamente entre as “bactérias-filhas”, que deseja estudar às inúmeras análises necessárias para a
serão, então, geneticamente idênticas. determinação da sua estrutura.
Os primeiros passos para a produção de um clone de genes são, obviamente, a identificação e o isolamento do gene que
se deseja clonar. Uma vez identificado e isolado, sua clonagem poderá ser feita por meio de diferentes técnicas.
Enzimas
de restrição Plasmídeo
Plasmídeo bacteriano fragmentado
bacteriano
isolado
DNA
ligase Fragmento
lli
de plasmídeo
Plasmídeo com DNA
recombinante
Fragmento de DNA (gene A)
ou
Bactéria hospedeira Duplicação do material
(transgênica) genético (cissiparidade)
Bactéria A Bactéria B
rn Enzima
de restrição
Be
Gene A Gene A
• Clonagem de gene com a utilização de bactérias – Podemos resumir e simplificar esse processo da seguinte
maneira: um plasmídio bacteriano é isolado e cortado em um determinado ponto com o auxílio de uma enzima de
restrição. Em seguida, com o auxílio da enzima DNA-ligase, esse plasmídio, do qual se retirou um pedaço, é ligado
ao fragmento de DNA (gene) que se deseja clonar. Vamos chamar esse gene de gene A. Forma-se dessa maneira
um plasmídio com DNA recombinante. Esse plasmídio com DNA recombinante é introduzido em uma bactéria
hospedeira, que passa então a ser uma bactéria transgênica. Essa bactéria transgênica é colocada em um meio
de cultura contendo todas as condições necessárias para o seu desenvolvimento e reprodução. Ao se reproduzir,
eu
a “bactéria-mãe” duplica todo seu material genético, inclusive o gene A de origem exógena, e o distribui de forma
equitativa entre as “bactérias-filhas” formadas. Cada “bactéria-filha”, portanto, terá os mesmos tipos de genes que
existiam na “bactéria-mãe”. Assim, mantendo-se as condições no meio de cultura sempre favoráveis, em pouco tempo
obtém-se um número grande de bactérias geneticamente idênticas. Em todas elas haverá o plasmídio com o DNA
recombinante e, consequentemente, em todas haverá o gene A. Quando já existir um número grande dessas bactérias
transgênicas, seus plasmídios são isolados e deles, com o uso de enzimas de restrição, serão cortados os segmentos
contendo o gene A. Obtém-se, assim, um número grande de genes idênticos, ou seja, clones de um determinado gene.
M
• Clonagem de gene por meio da técnica do PCR – Chamada em inglês de Polymerase Chain Reaction (PCR), que significa
“Reação em Cadeia da Polimerase”, essa tecnologia permite clonar, em laboratório, moléculas de DNA. O DNA é colocado
em um meio contendo desoxirribonucleotídeos livres e uma enzima DNA polimerase especial, resistente ao calor, obtida de
arqueobactérias que vivem em fontes de água quente. Todo esse sistema é então submetido a uma temperatura de 98 °C,
o que faz com que as duas hélices (fitas) da molécula de DNA se separem. Nessas condições, cada fita é complementada
pelos nucleotídeos livres existentes no meio, formando-se assim duas moléculas completas e idênticas do DNA. Em seguida,
a temperatura volta ao normal e o ciclo recomeça; são produzidas 4 moléculas, e assim por diante.
A clonagem de um gene permite que ele seja multiplicado, formando várias cópias, o que é necessário para estudar, em detalhe,
a sua sequência de bases e, a partir disso, a sequência de aminoácidos da proteína que ele codifica. Por meio disso, pode-se saber
em que tipo de célula o gene em estudo está funcionando e que fatores afetam seu funcionamento.
Um gene também pode ser extraído e transferido para Em 1981, usando a tecnologia descrita anteriormente,
indivíduos de uma outra espécie. Pode-se, por exemplo, pedaços de DNA de coelho contendo o gene responsável
introduzir um gene humano em um camundongo; um gene de pela produção da proteína hemoglobina foram injetados
inseto em uma planta; um gene humano em uma planta; etc., em células-ovo de camundongos. Essas células-ovo
criando-se, assim, organismos transgênicos. foram implantadas no útero de fêmeas de camundongos,
no qual se desenvolveram, dando origem a vários filhotes.
lli
Animal transgênico é aquele que possui, no seu material em suas hemácias. Isso comprovou que o DNA do coelho
genético, um ou mais genes originários de uma outra espécie. injetado na célula-ovo do camundongo se incorporou a um
A produção desses animais normalmente se faz na fase cromossomo e foi transmitido de célula a célula através das
embrionária, introduzindo-se no embrião de uma espécie mitoses. Esses camundongos transgênicos foram cruzados
ou
genes de uma outra espécie. entre si, e o gene do coelho incorporado ao seu material
BIOLOGIA
genético foi transmitido de geração a geração, segundo as
Veja o exemplo a seguir:
leis mendelianas. As perspectivas de utilização de animais
transgênicos a favor do homem são muito boas. Assim como
Injeção de
já acontece com bactérias transgênicas, em um futuro não
DNA humano Célula-ovo
na célula-ovo obtida por muito distante, animais transgênicos também poderão ser
fecundação utilizados como verdadeiras “fábricas” para a produção de
DNA
Colocação das
células-ovo
rn in vitro
Filhotes
substâncias de interesse para o homem.
Plantas transgênicas
De maneira semelhante ao que acontece com os animais,
a produção de plantas transgênicas se faz introduzindo em
uma planta genes de uma outra espécie de vegetal ou até de
Be
no útero de recém-nascidos um animal. Vários experimentos já foram feitos com sucesso
uma rata que devem
Desenvolvimento nesse sentido. Um dos mais famosos associou, ao material
conter genes
dos embriões na genético da planta do fumo, o gene do vaga-lume responsável
humanos em
“mãe de aluguel” pela sua bioluminescência. A reação de bioluminescência
seus cromossomos
do vaga-lume depende da enzima luciferase. Essa enzima
catalisa a reação de oxidação da substância luciferina,
Técnica de produção de animais transgênicos – Se introduzirmos
na qual é produzida luz, conforme mostra o esquema a seguir:
genes humanos em embriões de camundongos, estes poderão
se desenvolver tendo genes humanos em seus cromossomos, ou Luciferina + O2 Luciferase
Oxiluciferina + H2O
seja, serão camundongos transgênicos. Para isso, procede-se
eu
Luz
da segui nte manei ra: faz -se a fecundação i n vi tro,
ou seja, óvulos de fêmeas são retirados e colocados em O gene para a produção da enzima luciferase foi isolado do
um tubo de ensaio contendo espermatozoides. O processo vaga-lume e injetado em uma célula meristemática do fumo
é acompanhado pelo microscópio e tão logo ocorrem as (tabaco), no qual se incorporou a um dos cromossomos.
fecundações – com aparelhagem de micromanipulação Por meio de técnicas de cultura de tecidos vegetais,
–, os genes humanos são injetados nos núcleos das produziu-se uma planta inteira a partir dessa única célula
células-ovo. Havendo receptividade, os genes injetados
transformada geneticamente. Assim, em todas as células
M
Sabe-se que um dos fatores limitantes ao crescimento das Essas bases formam o alfabeto genético.
plantas e à produção agrícola é, justamente, a disponibilidade Conhecer totalmente um gene não é apenas identificá-lo num
de nitrogênio no solo. Os fertilizantes, que encarecem cromossomo. É preciso muito mais. É preciso decifrar a sua “história”
a produção, têm como principal objetivo aumentar a ou a sua “mensagem”, isto é, conhecer a sua sequência de bases
nitrogenadas e as características com que se relaciona.
quantidade de nitrogênio disponível às plantas.
lli
Pesquisas estão sendo feitas no sentido de alterar Cientistas de diversos países participaram do Projeto Genoma.
Por meio desse Projeto, foram localizados, por exemplo, genes
geneticamente as plantas de interesse comercial, introduzindo
causadores de doenças hereditárias que, num futuro bem próximo,
em seu genoma genes de bactérias fixadoras de nitrogênio.
poderão ser prevenidas, tratadas ou até erradicadas através da
A possibilidade de aumentar a eficiência na fixação de tecnologia da Engenharia Genética. A correção ou o tratamento
ou
nitrogênio por meio da Engenharia Genética poderia resultar dessas doenças genéticas é o que se pode chamar de geneterapia
na produção de alimentos mais baratos para a humanidade. ou terapia gênica. Um dos objetivos da geneterapia é o implante
gênico (implante de genes) para corrigir ou substituir o gene
A cada dia, surgem no mercado novas substâncias, produzidas
de uma pessoa que possa apresentar algum defeito. W. French
pela tecnologia da Engenharia Genética, capazes de estimular o
Anderson, um dos pioneiros da geneterapia, acredita que,
crescimento de animais, a produção de leite, o volume de lã dos no futuro, uma vez diagnosticada a doença genética, o médico
carneiros, a produtividade de plantas cultivadas, a resistência poderá “receitar” um pequeno segmento de DNA (correspondente a
de animais e de plantas à doenças diversas, etc. um gene normal) para inserir no paciente, a fim de substituir o gene
rn
Alimentos transgênicos, como o milho e a soja resistentes
a herbicidas, já são produzidos e comercializados em alguns
países (EUA, Canadá, Japão, Argentina), embora ainda existam
polêmicas sobre a segurança ou não para a saúde humana do
uso de tais alimentos, bem como se o cultivo dessas plantas
eventualmente defeituoso ou ausente. Embora esteja ainda dando
os seus primeiros passos, a geneterapia abre grandes perspectivas
à medicina do século XXI. O Projeto Genoma Humano, fornecedor
de todo o nosso mapa genético, é uma peça de fundamental
importância para o desenvolvimento da geneterapia.
ferramenta poderosa e importante no estudo dos fenômenos determinados genes que as tornam mais predispostas a desenvolver
certas doenças. Uma pessoa sabendo, por exemplo, que tem 10%
biológicos com repercussão na saúde, no meio ambiente, na
de predisposição a ter uma certa doença cardiovascular ou 15%
agricultura e na produção de alimentos. Bem manipulada e
a desenvolver um determinado tipo de câncer, pode achar que já
devidamente voltada para os interesses maiores da humanidade, está doente ou, então, passar a apresentar problemas psicológicos
a Engenharia Genética pode contribuir decisivamente para a por causa dessas informações. Outro lado preocupante do mau uso
eu
melhoria do padrão de vida do homem na Terra. dessas informações do mapa genético está relacionado com os planos
de seguro de vida e saúde, que poderiam não aceitar tais pacientes,
alegando sua predisposição a doenças graves.
PROJETO GENOMA HUMANO O mau uso do mapa genético de uma pessoa também poderá criar
situações que a prejudiquem em relação ao trabalho. É o que pode
Lançado nos Estados Unidos, em 1990, o Projeto Genoma acontecer se os empregadores passarem a exigir o mapa genético
Humano (PGH) teve por objetivo mapear o material genético dos candidatos aos empregos. Certamente, aqueles que tiverem
genes que os predispõem a desenvolver doenças graves ou distúrbios
M
Mapear os genes significa determinar a posição que cada um Como se vê, é necessário ampliar a discussão sobre esses aspectos
ocupa em cada cromossomo, as sequências de bases nitrogenadas éticos decorrentes do conhecimento do mapa genético humano.
que possuem e com que características eles se relacionam. Isso Consequentemente, será preciso criar leis e procedimentos de
é feito pedaço a pedaço, e as enzimas de restrição que cortam o bioética que impeçam que o desenvolvimento da genética e tais
DNA em determinados pontos são indispensáveis nesse estudo. conhecimentos venham a ser utilizados para discriminar pessoas.
Pode-se comparar o genoma humano com um livro: “o livro da Só assim todo esse conhecimento poderá ser canalizado para o bem,
vida”, com as histórias de todas as nossas características genéticas. a fim de, cada vez mais, obter-se a melhoria do padrão de vida do
Nesse “livro”, os capítulos correspondem aos cromossomos. homem no planeta.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 04. (UEPA–2015) Leia o texto a seguir para responder a esta
questão.
Organismos transgênicos são aqueles modificados
01. (UNIRIO-RJ) Um indivíduo, com genótipo AaBb, produz geneticamente com a alteração do DNA, ou seja,
gametas nas seguintes proporções: 25% AB, 25% Ab, quando são inseridos num determinado indivíduo genes
25% aB e 25% ab. Outro indivíduo, com o genótipo provenientes de outras espécies, com o objetivo de gerar
DdEe, produz gametas nas seguintes proporções: produtos de interesse para os seres humanos.
50% DE e 50% de. Podemos concluir que Disponível em: <http://www.fruticultura.iciag.ufu.br /
A) os genes D e E estão ligados, e entre eles não ocorre transgenicos.htm#SITUAÇÃO> (Adaptação).
crossing-over.
lli
Sobre o conceito em destaque, analise as afirmativas
B) os genes D e E estão ligados, e entre eles ocorre seguintes.
crossing-over.
I. O gene que produz o hormônio do crescimento
C) os genes D e E segregam-se independentemente, e entre humano foi isolado e transferido para zigotos de
eles não ocorre crossing-over. camundongos.
D) os genes A e B estão ligados, e entre eles não ocorre
ou
II. Várias espécies de vegetais como milho, algodão e
BIOLOGIA
crossing-over. tomate portam e manifestam genes de bactérias que
E) os genes A e B segregam-se independentemente, e entre lhes dão resistência a insetos.
eles ocorre crossing-over. III. A bezerra “Vitória” foi o primeiro animal brasileiro
obtido por transferência do núcleo de uma célula de
02. (FCC-SP) Em tomates, o fruto vermelho (V) é dominante embrião coletado de uma vaca adulta.
sobre fruto amarelo (v); planta alta (A) é dominante sobre IV. Existem variedades de soja que apresentam genes
planta baixa (a). Os dois genes estão localizados no mesmo de outras espécies que lhes conferem resistência a
cromossomo e não apresentam crossing-over. Quais são os herbicidas.
rn
fenótipos esperados para os descendentes do cruzamento
de dois indivíduos com os seguintes genótipos:
V v
A alternativa que contém todas as afirmativas CORRETAS é:
A) I e II
B) I, II e IV
C) II e III
D) II, III e IV
E) I, II, III e IV
Be
A a EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. (UEG-GO–2015) O processo de divisão celular é
A) Apenas altos e vermelhos. extremamente importante nos processos biológicos.
Durante a prófase da primeira divisão da meiose,
B) Apenas amarelos e baixos.
os cromossomos homólogos podem passar por
C) Altos e vermelhos e amarelos e baixos. permutações entre si (recombinação ou crossing-over),
D) Baixos vermelhos e altos amarelos. gerando gametas com uma combinação de alelos
E) Altos vermelhos, baixos amarelos, baixos vermelhos e diferentes das combinações existentes nos cromossomos
altos amarelos. dos pais. A soma desses recombinantes é chamada de
taxa ou frequência de recombinação. A figura a seguir
eu
02. (Unicamp-SP-2013) Considere um indivíduo heterozigoto 04. (FESP-PE) Do cruzamento de um indivíduo homozigótico
para dois locos gênicos que estão em linkage, ou seja, não para os genes a e b com um indivíduo, também
apresentam segregação independente. A representação
homozigótico, para os genes A e B obteve-se uma geração
esquemática dos cromossomos presentes em uma de
que, retrocruzada com o parental duplamente recessivo,
suas células somáticas em divisão mitótica é:
A) resultou nos seguintes descendentes:
A A a a A B a b
637 643
a b a b
lli
A b a B
B B b b 162 158
a b a b
B)
Com base nos dados anteriores, pode-se afirmar que a
A a A a
ou
taxa de recombinação entre a e b é de
A)
10%. C)
5%. E)
0,25%.
B b B b B)
20%. D)
0,5%.
D)
rn B b B b
da “transcoelha”. Eduardo Kac, artista plástico brasileiro
e professor de Arte e Tecnologia em Chicago, batizou
de Alba a coelha transgênica que tem uma propriedade
peculiar: seus olhos rosados e seus pelos brancos ficam
fluorescentes quando expostos à luz ultravioleta. Para
Be
A A a a conferir essa característica particular, os pesquisadores
criaram um coelho que produz em todas as suas células
a proteína GFP (proteína verde fluorescente, na sigla em
B B b b inglês), presente naturalmente em medusas e que pode
ser detectado sob luz ultravioleta.
Disponível em: <http://paginas.terra.com.br/educacao/
isaacelias/coelha.htm> (Adaptação).
03. (UERN–2014) Nem sempre os genes situados no mesmo
cromossomo caminham juntos para o mesmo gameta, Considerando a tecnologia para obtenção de transgênicos,
pois pode ocorrer permutação ou crossing-over, ou seja, são feitas as seguintes afirmativas:
uma troca de partes entre as cromátides homólogas.
I. A coelha Alba é considerada transgênica, pois possui
eu
06. (Unicamp-SP–2014) A insulina é um hormônio peptídico 02. (Enem–2013) A estratégia de obtenção de plantas
produzido no pâncreas que age na regulação da glicemia. transgênicas pela inserção de transgenes em cloroplastos,
É administrada no tratamento de alguns tipos de diabetes. em substituição à metodologia clássica de inserção
A insulina administrada como medicamento em pacientes do transgene no núcleo da célula hospedeira, resultou
diabéticos é, em grande parte, produzida por bactérias. no aumento quantitativo da produção de proteínas
A) EXPLIQUE como é possível manipular bactérias para recombinantes com diversas finalidades biotecnológicas.
que produzam um peptídeo que naturalmente não faz O mesmo tipo de estratégia poderia ser utilizado
parte de seu metabolismo. para produzir proteínas recombinantes em células de
organismos eucarióticos não fotossintetizantes, como
lli
B) CITE duas outras maneiras pelas quais é possível se
as leveduras, que são usadas para produção comercial
obter insulina sem envolver o uso de bactérias.
de várias proteínas recombinantes e que podem ser
07. (UFU-MG) A técnica do DNA recombinante foi usada para cultivadas em grandes fermentadores.
transferir o gene do vaga-lume, que codifica a enzima Considerando a estratégia metodológica descrita, qual
ou
BIOLOGIA
luciferase, para uma planta de fumo. A luciferase catalisa organela celular poderia ser utilizada para inserção de
a reação de oxidação da substância luciferina, na qual transgenes em leveduras?
é produzida a luz. Após ser regada com uma solução de A) Lisossomo
luciferina, a planta transgênica começa a emitir luz.
B) Mitocôndria
Analise a afirmativa anterior e marque a resposta
C) Peroxissomo
CORRETA.
D) Complexo golgiense
A) Esse experimento pode mostrar que existem
rn
características evolutivas em comum entre genes de
animais e genes vegetais.
B) Essa técnica é impossível, porque não se consegue
transferir genes de animais para plantas.
C) Podemos dizer que houve um transplante de genes, e a
03.
E) Retículo endoplasmático
lli
pelo método tradicional, que consiste na extração do
hormônio a partir do pâncreas de animais abatidos.
04 B
CIÊNCIA HOJE, 24 abr. 2001.
Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br> (Adaptação).
Propostos
ou
A produção de insulina pela técnica do DNA recombinante
tem, como consequência,
01. B
A) o aperfeiçoamento do processo de extração de insulina
a partir do pâncreas suíno.
02. A
B) a seleção de micro-organismos resistentes a antibióticos.
C) o progresso na técnica da síntese química de hormônios.
03. A
D) impacto favorável na saúde de indivíduos diabéticos.
05.
rn
E) a criação de animais transgênicos.
05. B
A) D)
• Síntese química.
07. C
Seção Enem
B) E)
M
01. A
02. B
C)
03. D
04. D
05. B
BIOLOGIA A 05
Organização e revestimentos
externos da célula
Na matéria viva, assim como na matéria bruta, Algumas células possuem dimensões macroscópicas,
os átomos se associam, formando as moléculas. Entretanto, podendo, inclusive, serem vistas a olho nu. É o caso,
na matéria viva, ao contrário da matéria bruta, as moléculas por exemplo, da célula da alga marinha acetabulária,
se organizam originando estruturas que se associam e dão que pode chegar a ter até 10 cm de comprimento.
origem a unidades mais complexas, denominadas células. Geralmente, a forma da célula está diretamente
relacionada com a função que ela realiza no organismo.
A célula pode ser conceituada como a unidade Cada tipo celular está especializado para o exercício de
morfofisiológica dos seres vivos. Unidade morfológica porque determinadas funções.
todos os seres vivos (com exceção dos vírus) são constituídos
por células; unidade fisiológica porque a célula é a menor
porção do ser vivo capaz de desempenhar as funções
COMPONENTES DA CÉLULA
relacionadas com a manutenção da vida no organismo. Podemos dizer que as células, de um modo geral,
apresentam três componentes básicos ou fundamentais:
Em sua grande maioria, as células são estruturas
revestimento externo, citoplasma e material nuclear.
microscópicas, cujas dimensões são medidas em unidades
especiais, como o micrômetro (µm), o nanômetro (nm) e De acordo com a complexidade de organização, existem
o angstrom (Å). dois tipos de células: procariotas e eucariotas.
1) As células procariotas (procarióticas, protocélulas)
1 mm = 0,001 mm = 10–3 mm (um milésimo do milímetro) são as menos complexas e geralmente menores do que
1 nm = 0,000001 mm = 10–6 mm as eucariotas. Não possuem núcleo individualizado,
(um milionésimo do milímetro) uma vez que não têm membrana nuclear (carioteca)
1 Å = 0,0000001 mm 10–7 mm s e p a ra n d o o m a t e r i a l n u c l e a r d o m a t e r i a l
(um décimo milionésimo do milímetro) citoplasmático. O filamento cromossômico fica em
contato direto com o citoplasma. A região ocupada
pelo cromossomo na célula procariota chama-se
Unidades usadas para medir as dimensões das estruturas
nucleoide. No citoplasma, também são encontrados
celulares – Tradicionalmente, a milésima parte do milímetro
os ribossomos, estruturas celulares indispensáveis
era chamada mícron (singular) e micra (plural). Seu símbolo
para a síntese de proteína. Os seres que possuem
era µ. Modernamente, prefere-se o termo micrômetro (µm).
esse tipo de célula são chamados de procariontes
É importante não confundir µm (micrômetro) com mµ (milimicra),
(do grego protos, primitivo, e karion, núcleo)
que é a milésima parte do micrômetro. Atualmente, o milimicra
e estão representados pelas bactérias, incluindo
foi substituído por outro nome: o nanômetro (nm).
as cianobactérias (anteriormente, chamadas de
As menores células conhecidas são as dos PPLO (Pleuro- cianofíceas ou algas azuis), que formam o reino
-pneumoniae-like Organisms), que chegam a medir cerca Monera. Algumas bactérias, como as do grupo
de 0,1 µm de diâmetro. das riquétsias e das clamídias, são parasitos
intracelulares obrigatórios e, portanto, só conseguem
se autoduplicar com a colaboração de material obtido
Membrana das células que estão parasitando. Por isso, suas
Ribossomo lipoproteica
células são ditas procariotas incompletas. Segundo
alguns autores, as células incompletas são células
Proteína
“degeneradas”, ou seja, no decorrer do tempo,
Arquivo Bernoulli
solúvel
perderam parte do seu DNA, de suas enzimas e,
portanto, sua autonomia, tornando-se dependentes
das células que se conservaram completas.
2) As células eucariotas (eucarióticas, eucélulas) são
DNA mais complexas. Além do núcleo individualizado, isto é,
RNA separado do citoplasma pela membrana nuclear,
apresentam um maior número de estruturas em seu
interior. Os seres que possuem esse tipo de célula são
Célula de PPLO – Os PPLO são parasitos que causam doenças chamados de eucariontes (do grego eu, verdadeiro,
respiratórias, especialmente em aves. e karion, núcleo).
No quadro a seguir, em que (+) significa presença e (–), ausência, temos uma síntese das principais estruturas celulares
e dos tipos de células em que podem ser encontradas.
Componente celular Célula procariota Célula eucariota animal Célula eucariota vegetal
Membrana plasmática + + +
+ (maioria)
Parede celular – +
– (poucas)
Hialoplasma + + +
Ribossomos + + +
Retículo endoplasmático – + +
Complexo golgiense – + +
Mitocôndrias – + +
Plastos – – +
Lisossomos – + *
Vacúolos – + (pequenos) + (grandes e pouco numerosos)
+ (vegetais inferiores)
Centríolos – +
– (vegetais superiores)
Carioteca – + +
Cromossomos + + +
Nucléolo – + +
* A presença de lisossomos em células vegetais é bastante discutida. As células das plantas parecem não conter lisossomos.
Hialoplasma
Membrana
Ribossomo plasmática
Cromossomo
Parede celular Retículo Complexo golgiense
Arquivo Bernoulli
endoplasmático
liso Centríolos
Nucléolo
Parede celular
Membrana
plasmática
Arquivo Bernoulli
Lamela
fotossintética
Hialoplasma Lisossomo
Ribossomo
Cromossomo Cromatina
Pigmentos Inclusões
4 Coleção Estudo 4V
Organização e revestimentos externos da célula
Célula eucariota vegetal As proteínas são responsáveis pela maioria das funções
da membrana plasmática: algumas são enzimas e catalisam
Cloroplasto Retículo
endoplasmático certas reações que ocorrem na membrana; outras
Ribossomo liso funcionam como “receptores” de membrana, possuindo
Gotícula de lipídio Membrana um papel importante no “reconhecimento” de substâncias
(inclusão) nuclear
produzidas pelo organismo ou vindas do meio externo:
Cromatina
Mitocôndria é assim, por exemplo, que os antígenos (proteínas estranhas
Nucleoplasma
Gotícula de lipídio ao organismo) são “reconhecidos” pelos linfócitos (células
(inclusão)
Fernando Andrade
produtoras de anticorpos). Existem, ainda, proteínas
Nucléolo que funcionam como transportadoras ou carregadoras,
Hialoplasma
exercendo um papel fundamental na entrada e na saída de
Complexo golgiense Retículo
endoplasmático substâncias da célula.
rugoso
Membrana
plasmática Na maioria das células animais, a membrana
BIOLOGIA
Vacúolo de
suco celular plasmática possui também alguns glicídios ligados a
Parede celular
certas proteínas ou mesmo aos lipídios, formando com
elas moléculas de glicoproteínas ou de glicolipídios.
Essas glicoproteínas e esses glicolipídios se entrelaçam
Arquivo Bernoulli
Outro componente químico que também está presente
na estrutura da membrana plasmática das células Citoplasma
animais é o colesterol. Entretanto, não há colesterol nas
membranas das células de plantas nem nas membranas
Microvilosidades – No tecido epitelial que reveste internamente
de bactérias.
nosso intestino delgado, as células possuem essas modificações,
que aumentam a superfície de contato da membrana plasmática
Molécula das células com os nutrientes resultantes da digestão dos
tubular de alimentos, garantindo, assim, uma absorção mais rápida e
proteína Moléculas de
Glicídios mais eficiente.
fosfolipídios
Proteína
globular • Desmossomos (desmossomas, máculas de
adesão) – Modificações que aparecem nas membranas
adjacentes de células epiteliais vizinhas. Sua finalidade
é promover maior adesão (união) entre as células.
Na região onde aparecem os desmossomos, o espaço
6 Coleção Estudo 4V
Organização e revestimentos externos da célula
• Zônula de oclusão – É uma região contínua em torno da A membrana plasmática não isola totalmente a célula do
região apical de certas células epiteliais onde os folhetos meio extracelular. Como é uma unidade viva, a célula precisa
externos das membranas plasmáticas das duas células adquirir certas substâncias do meio externo para garantir
vizinhas se fundem, vedando o espaço intercelular.
sua sobrevivência, assim como também precisa eliminar
algumas substâncias que estejam em excesso ou que sejam
tóxicas ao meio intracelular.
Arquivo Bernoulli
plasmática pode ser realizada por mecanismos de transporte
passivo e ativo.
Transporte passivo
A passagem de substâncias através da membrana se faz
sem consumo ou gasto de energia (ATP) por parte da
célula. Nesse caso, as pequenas moléculas e íons passam
BIOLOGIA
livremente através dos poros e canais existentes na
membrana, obedecendo às leis naturais da difusão.
Um caso particular de difusão é a osmose, que é a difusão Nas células das plantas, das bactérias e dos fungos,
apenas do solvente. Na osmose, a passagem apenas do a existência da parede celular rígida sobre a membrana
solvente se faz da solução hipotônica (menos concentrada ou plasmática também evita o rompimento da célula em
mais diluída) para a solução hipertônica (mais concentrada ou consequência da entrada excessiva de água. Nessas células,
menos diluída), até que as duas soluções atinjam uma situação após se atingir um volume máximo de distensão devido
de equilíbrio, isto é, uma situação de isotonia (igualdade à entrada de água, a parede celular existente sobre a
de concentração). Para que ocorra a osmose, é necessário membrana plasmática passa a exercer uma força contrária
que as duas soluções de concentrações diferentes estejam
à entrada de mais água no meio intracelular.
separadas por uma membrana semipermeável, ou seja,
por uma membrana que se deixa atravessar apenas pelo Nas células vegetais, a entrada de água por osmose
solvente. (endosmose) recebe o nome especial de turgência ou
No caso das células, o solvente é a água. Boa parte dela turgescência, já a saída de água por osmose (exosmose) é
atravessa a membrana plasmática por canais proteicos denominada plasmólise.
denominados de aquaporinas. Entretanto, é preciso salientar que
a membrana plasmática não é uma membrana semipermeável
Membrana celulósica
perfeita, já que ela permite a passagem do solvente (água) lise
e de certos tipos de soluto. O que acontece na realidade é smó
Pla Célula plasmolisada
Arquivo Bernoulli
que a velocidade com que as moléculas de água atravessam Vacúolo
a membrana é muito maior do que a de qualquer soluto. Turg
Isso faz com que, em determinadas situações, a passagem do ê ncia
Célula vegetal
soluto seja desprezível. Nesse caso, podemos dizer que está
ocorrendo osmose por meio da membrana plasmática. Temos Célula túrgida
de considerar, também, que, nos meios intra e extracelular, Osmose em célula vegetal.
existem diversos tipos de soluto e que, muitos deles, como
acontece com a maioria das proteínas, por terem moléculas • Turgência – Quando mergulhada em um meio
muito grandes, não conseguem passar livremente através da contendo uma solução hipotônica, a água penetrará
membrana. Assim, dependendo da concentração das soluções na célula vegetal por osmose e, consequentemente,
nos meios intra e extracelular, a célula pode sofrer osmose, o volume celular aumentará até que a pressão
perdendo ou ganhando água rapidamente. exercida pela parede celular passe a impedir a
Quando o meio extracelular é hipotônico em relação ao entrada de mais água. Nessa situação, em que a
intracelular, haverá uma endosmose, isto é, entrada de célula vegetal está com o seu volume máximo, diz-se
água na célula por osmose. Por outro lado, quando o meio que ela se encontra túrgida.
extracelular for hipertônico em relação ao intracelular, ocorrerá
A estrutura da parede celular define o quanto ela
uma exosmose (saída de água da célula por osmose).
pode ser esticada. Quanto menos elástica for a
A entrada excessiva de água numa célula poderá ocasionar
parede, menor será o volume de água que a célula
a plasmoptise, isto é, a ruptura da membrana plasmática
poderá receber durante a turgência. A parede celular,
devido à elevada pressão exercida pela água sobre a membrana,
à medida que se distende, exerce pressão contrária
com a consequente morte da célula. Em outras palavras, a célula
à entrada de água por osmose. Essa pressão é
“estoura” em consequência do excesso de água em seu interior.
denominada pressão de turgência (PT) ou pressão
Algumas células, entretanto, conseguem evitar que isso ocorra.
da membrana celulósica (M).
É o caso, por exemplo, das células dos protozoários (animais
unicelulares) dulcícolas (que vivem na água-doce). Nas células • Plasmólise – Quando mergulhada em um meio
desses protozoários, ocorre a formação de uma estrutura, contendo uma solução hipertônica, a célula vegetal
denominada vacúolo contrátil (ou pulsátil), que funciona perde água por osmose e, consequentemente,
bombeando água para fora da célula, impedindo, assim, que a
diminui seu volume citoplasmático. O citoplasma
quantidade de água se torne muito elevada no meio intracelular.
se retrai, o vacúolo de suco celular murcha e a
Membrana plasmática membrana plasmática descola-se em determinados
pontos da parede celular, sofrendo uma retração junto
ao citoplasma. Essa retração não é acompanhada pela
Arquivo Bernoulli
8 Coleção Estudo 4V
Organização e revestimentos externos da célula
BIOLOGIA
carregadoras ou transportadoras, denominadas
substâncias na mesma direção. Ex.: na membrana
permeases, existentes na própria membrana. É o que
plasmática das células intestinais, existem proteínas
acontece, por exemplo, com o O2 entrando na célula
e com o CO2 saindo da célula. Além do O2 e CO2, que se ligam e transportam simultaneamente sódio
outras substâncias entram na célula ou dela saem e aminoácidos.
por difusão simples. • Antiport – Proteínas que transportam dois tipos de
B) Difusão facilitada – A passagem das substâncias substâncias em direções opostas; uma substância
através da membrana é feita com a ajuda das permeases, entra na célula e a outra sai dela. Ex.: proteína que
proteínas da própria membrana especializadas no atua na bomba de sódio (Na+) e potássio (K+), que
reconhecimento e no transporte de substâncias. move o Na+ para fora da célula e o K+ para dentro.
Essas proteínas se ligam à substância em trânsito de
um lado, jogando-a rapidamente na face oposta. Íons transportados
Proteína
transportadora
Molécula de glicose
Arquivo Bernoulli
Gradiente
Arquivo Bernoulli
de
concentração 1 2 3
Arquivo Bernoulli
2 K+
2 K+
2 3
Arquivo Bernoulli
1 4
5 Lisossomos
Pi Pi
ATP As células que fazem fagocitose possuem certos tipos
ADP Pi
ATP de proteínas receptoras na superfície da membrana
3 Na+ Pi (um íon fosfato 2 K+
3 Na+ plasmática, que selecionam o que interessa à
inorgânico é liberado a
partir do ATP) célula. Quando uma partícula de natureza sólida é
reconhecida por esses receptores, ela se liga a eles.
Meio intracelular
Essa ligação induz uma reação imediata da membrana,
Bomba de sódio e potássio – 1. 3 Na+ e 1 ATP se ligam que forma evaginações (projeções para fora) ao
à proteína transportadora na face interna da membrana. redor da partícula. Essas projeções se fecham sobre
2. O ATP é degradado, liberando o ADP e causando uma mudança a partícula, que fica, então, encerrada em uma bolsa
na estrutura da proteína transportadora. 3. Os 3 Na+ são liberados ou vesícula, que se desprende da membrana e passa
no meio extracelular ao mesmo tempo em que 2 K+ se unem à para o meio intracelular. Essa bolsa é o fagossomo.
proteína transportadora na face externa da membrana. 4. O Pi Partícula Receptores (proteínas) da membrana
é liberado, causando uma mudança na estrutura da proteína sólida
transportadora, e os 2 K+ são liberados. 5. O processo se repete.
Arquivo Bernoulli
Ao realizar o transporte ativo, a membrana plasmática Citoplasma
manifesta seu caráter seletivo, isto é, seleciona o que entra
na célula e o que sai dela de acordo com as necessidades da Membrana plasmática
própria célula. Nesse caso, a membrana está apresentando Fagossomo
uma permeabilidade seletiva. A fagocitose é realizada pelas células com duas
Conforme acabamos de ver, por meio dos mecanismos de finalidades: obtenção de alimento e defesa contra
transporte passivo e ativo, as substâncias podem penetrar corpos estranhos. Em alguns unicelulares, como
na célula ou sair dela, atravessando a membrana plasmática. as amebas, o objetivo da fagocitose é a captura de
alimentos que estão no meio extracelular; em seres
Entretanto, existem situações em que o material, para entrar
pluricelulares, como na nossa espécie, existem
na célula ou sair dela, precisa ser englobado pela membrana.
linhagens de células, como os macrófagos e os
Nesses casos de captura e englobamento de partículas pela
leucócitos (glóbulos brancos), especializadas em
membrana, fala-se genericamente em endocitose e exocitose realizar fagocitose com o objetivo de capturar e de
conforme o material esteja entrando na célula ou saindo destruir corpos estranhos que invadem o organismo.
dela, respectivamente. • Pinocitose – Englobamento de pequenas gotas
de líquido através de invaginações da membrana
Endocitose plasmática. É um processo mais delicado do que
Na endocitose, há englobamento de partículas ou a fagocitose, sendo difícil sua observação ao
macromoléculas presentes no meio extracelular e que, microscópio óptico (M/O).
normalmente, não conseguem entrar na célula por Na pinocitose, a membrana plasmática, na região de
transporte passivo nem por transporte ativo. Compreende contato com as gotículas, se invagina, aprofundando-se
duas modalidades: fagocitose e pinocitose. no interior do citoplasma, formando um pequeno canal,
denominado canal de pinocitose, por onde o líquido
• Fagocitose – Consiste no englobamento de penetra. Em seguida, as bordas do canal se fecham,
partículas de natureza sólida por meio da formação dando origem a uma pequena bolsa ou vacúolo: é a
de projeções da membrana plasmática que envolvem vesícula de pinocitose ou pinossomo (“corpo bebido”).
o material que se encontra no meio extracelular. As partículas presentes no pinossomo podem servir
Essas projeções são denominadas pseudópodes de alimento para as células.
(pseudópodos). Ao fim do processo, a partícula Partícula líquida Canal de pinocitose
sólida estará no meio intracelular, contida numa
Arquivo Bernoulli
10 Coleção Estudo 4V
Organização e revestimentos externos da célula
É provável que a maioria das células animais seja Tomando como referencial o grupo das angiospermas,
capaz de realizar a pinocitose. Algumas células, vamos ver mais alguns detalhes sobre a membrana de
inclusive, dispõem de um reforço glicoproteico, celulose (parede celular constituída basicamente de
o glicocálix, que muito contribui para a realização da celulose).
pinocitose. Sabe-se que ao glicocálix se aderem mais Nas células vegetais jovens, a membrana celulósica é
firmemente as partículas que tocam na superfície da relativamente delgada, flexível, elástica, de modo a permitir o
membrana, facilitando sua imediata absorção pelo crescimento celular, sendo chamada de membrana celulósica
canal de pinocitose. Ao contrário do que se poderia primária ou parede primária. Quando a célula vegetal se
pensar, a pinocitose não introduz indiscriminadamente torna adulta, ela adquire, logo abaixo da parede primária,
na célula todos os líquidos do meio extracelular. uma segunda camada protetora de celulose, denominada
Já se demonstrou que certas substâncias se aderem membrana celulósica secundária ou parede secundária,
seletivamente aos glicídios do glicocálix e, em seguida, que é mais espessa e mais rígida do que a parede primária.
são introduzidas na célula. A grande resistência que a membrana de celulose tem em
uma célula vegetal adulta se deve à parede secundária.
BIOLOGIA
Rotineiramente, a membrana permite a passagem apenas Como a formação da parede secundária se faz internamente
de pequenas moléculas e íons. As macromoléculas de à parede primária, sua formação reduz o lúmen celular, isto é,
proteínas, ácidos nucleicos, polissacarídeos e outras o espaço interno da célula diminui.
precisam ser hidrolisadas, isto é, fragmentadas em
Membrana de celulose
unidades menores, para, então, poderem atravessar
a membrana e passar ao meio intracelular. Por meio Lamela média
da pinocitose, é possível compreender como certas
substâncias constituídas por macromoléculas (hormônios
proteicos, por exemplo), que, normalmente, não podem
atravessar a membrana, entram na célula sem precisar Paredes
Lúmen celular primárias
sofrer hidrólise.
Exocitose
Células
É um processo inverso ao da endocitose e tem por objetivo
vegetais jovens
a eliminação de substâncias da célula. Forma-se no meio
Arquivo Bernoulli
intracelular uma vesícula ou vacúolo contendo o material
Parede celular
a ser eliminado. Essa vesícula funde-se à membrana Plasmodesmos
secundária
plasmática em um determinado ponto, eliminando seu
conteúdo no meio extracelular. Lamela
média
Parede celular
Também chamada de membrana esquelética, a parede Lúmen celular Parede
celular é o revestimento mais externo de muitas células celular
primária
procariotas e eucariotas, sendo encontrada sobre a
membrana plasmática de células de bactérias, algas, fungos,
briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.
Células
Trata-se de uma estrutura espessa, permeável, dotada de vegetais adultas
grande resistência, visível ao M/O, que determina a forma Membrana de celulose – Observe que, entre células vegetais
da célula e desempenha um papel mecânico, servindo de vizinhas, aparece a lamela média, estrutura constituída de
reforço e proteção à célula. pectatos de cálcio e magnésio (substâncias pécticas) que têm a
finalidade de promover a união entre as células. A lamela média,
Sua composição química é diversificada, variando nos encontrada entre as paredes primárias de células vizinhas, une,
diferentes grupos de seres vivos em que é encontrada. como um “cimento”, células vegetais adjacentes.
Nas clorofíceas (clorófitas, algas verdes), nas briófitas, nas Também entre células vegetais vizinhas aparecem os
pteridófitas, nas gimnospermas e nas angiospermas, a parede plasmodesmos, regiões de descontinuidade dos revestimentos
celular é constituída basicamente por celulose. Por isso, externos e que estabelecem comunicações entre as células.
nesses grupos de plantas, a parede celular também pode ser Os plasmodesmos são verdadeiras “pontes citoplasmáticas”
chamada de membrana de celulose ou membrana celulósica. por onde ocorre intercâmbio de substâncias entre as células.
I II III
12 Coleção Estudo 4V
Organização e revestimentos externos da célula
03. (Mackenzie-SP–2016) A respeito da permeabilidade 06. (UFMG) Para se demonstrar o fenômeno da osmose e
celular, assinale a alternativa CORRETA. a consequente plasmólise das células de uma folha,
foram tomadas cinco folhas de Elodea e sobre cada
A) Não há participação de proteínas da membrana em
uma foi colocada uma solução salina de concentração
nenhum tipo de transporte passivo.
diferente. Sobre a primeira folha, a solução foi de 0,5%;
B) A bomba de sódio e potássio ocorre para garantir sobre a segunda, de 1,0%, sobre a terceira, de 2,0%;
que os meios intra e extracelulares se mantenham sobre a quarta, de 3,0% e sobre a quinta, de 5,0%.
isotônicos. As modificações sofridas pelo citoplasma das células de
C) A semipermeabilidade garante que a membrana é cada folha foram observadas através do microscópio.
capaz de controlar a passagem de qualquer tipo de O gráfico que MELHOR expressa o resultado é
substância através dela.
D) Na difusão, uma vez que os meios se tornam isotônicos,
A)
continua a haver passagem das substâncias, mas
citoplasma
Volume do
agora na mesma velocidade em ambos os sentidos.
E) Os processos de endocitose envolvem mudanças na
estabilidade da membrana.
BIOLOGIA
04. (UNITAU-SP–2016) A membrana plasmática, também Concentração
conhecida como plasmalema, envolve as células e da solução
controla a passagem de substâncias entre os meios intra
e extracelular. Com relação a essa membrana, assinale a B)
citoplasma
alternativa CORRETA.
Volume do
A) A membrana é composta por lipídios que apresentam
uma região polar e uma apolar. A região apolar fica em
contato com o meio aquoso do exterior e do interior
da célula. Concentração
B) Os desmossomos, encontrados na membrana da solução
plasmática de células, são poros pelos quais passa
o citoplasma e por onde é facilitada a passagem de C)
substâncias entre as células.
citoplasma
Volume do
SEÇÃO ENEM
01. A tabela a seguir é um resumo dos vários mecanismos envolvidos na entrada e na saída de substâncias da célula.
Com base nos dados fornecidos pela tabela e em conhecimentos sobre o assunto, é CORRETO dizer que
A) a entrada do O2 e a saída do CO2 de uma célula são feitas com a participação de proteínas carregadoras da membrana.
B) a bomba de sódio e potássio é o único mecanismo de transporte realizado com gasto de ATP.
C) o transporte de substâncias com a participação de proteína carregadora sempre é feito com gasto de ATP.
peras estão representando, respectivamente, da célula vizinha, formando dobras que proporcionam
14 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA A 06
Citoplasma
Nas células procariotas, o citoplasma (do grego kytos,
lli
Retículo
célula, e plasma, que dá forma, que modela) compreende Mitocôndria Membrana endoplasmático rugoso
toda a região interna da célula delimitada pela membrana plasmática
plasmática; nas células eucariotas, o citoplasma é a Microtúbulo
Arquivo Bernoulli
região compreendida entre a membrana plasmática e a
ou
membrana nuclear.
OBSERVAÇÃO
As células procariotas não possuem citoesqueleto.
Be
um sistema coloidal (coloide), no qual a fase dispersante O hialoplasma da porção mais interna do citoplasma
é constituída por água, e a fase dispersa é constituída, (endoplasma) encontra-se em contínuo movimento
principalmente, por proteínas. de circulação, impulsionado pela contração rítmica de
microfilamentos proteicos. Esse movimento de circulação,
Três tipos de filamentos proteicos podem ser encontrados observado, notadamente, em células vegetais, tem o
imersos no hialoplasma das células eucariotas: nome de ciclose e ajuda a distribuir substâncias através
microfilamentos, microtúbulos e filamentos intermediários. do citoplasma. A velocidade da ciclose pode aumentar ou
Os microfilamentos são constituídos por uma proteína diminuir em função de determinados fatores, por exemplo,
contrátil chamada actina, embora, às vezes, encontre- a temperatura. Sua velocidade aumenta com a elevação da
se também outra proteína, a miosina. Os microtúbulos temperatura e diminui em temperaturas baixas.
são constituídos por uma proteína chamada tubulina.
eu
Núcleo
Tanto os microfilamentos como os microtúbulos resultam
da associação de proteínas globulares, que podem se juntar Ciclose
(polimerizar) ou se separar (despolimerizar), rapidamente,
no interior da célula. Membrana
celulósica Cloroplasto
Arquivo Bernoulli
Arquivo Bernoulli
Hialoplasma
M
lli
cílios e flagelos.
• Neutralização de toxinas – Nos hepatócitos
No hialoplasma, ocorrem importantes reações do (células do fígado), o retículo endoplasmático
metabolismo celular, como as reações da glicólise (1ª etapa não granuloso absorve substâncias tóxicas,
da respiração celular), nas quais a glicose é transformada modificando-as ou destruindo-as, de modo a não
ou
em moléculas menores de ácido pirúvico. É também no causarem danos ao organismo. É a atuação do
hialoplasma que muitas substâncias de reserva, como as retículo das células hepáticas (hepatócitos) que
gorduras, o amido e o glicogênio, ficam armazenadas. permite eliminar parte do álcool, medicamentos
e outras substâncias nocivas que ingerimos.
Retículo endoplasmático Nos hepatócitos, portanto, o retículo endoplasmático
realiza uma função de desintoxicação.
Também chamado de retículo citoplasmático, é encontrado
apenas em células eucariotas (animais e vegetais), sendo
constituído por um sistema de túbulos (canalículos) e
cisternas de paredes membranosas e intercomunicantes
que percorrem todo o citoplasma, estendendo-se, muitas
vezes, desde a superfície externa da membrana plasmática
até a membrana nuclear. É subdividido em não granuloso
rn Complexo golgiense
• Síntese de substâncias – O retículo não granuloso
destaca-se na fabricação de lipídios, principalmente
esterídeos. Já o retículo granuloso, devido à presença
dos ribossomos, destaca-se na síntese de proteínas.
Be
(liso) e granuloso (rugoso).
Ribossomo Vesículas
1
eu
Arquivo Bernoulli
endoplasmático, destacamos:
16 Coleção Estudo 4V
Citoplasma
lli
eliminação, por clasmocitose, para o meio extracelular. Quimicamente, a lamela média é constituída por
substâncias pécticas ou pectinas (pectatos de cálcio
• Síntese de mucopolissacarídeos (muco) –
Mucopolissacarídeos são substâncias formadas e magnésio), que são polissacarídeos associados
pela associação de proteínas com polissacarídeos. a minerais. O complexo golgiense das células
ou
Tais substâncias possuem um aspecto viscoso e vegetais é a organela responsável pela secreção
BIOLOGIA
são encontradas, por exemplo, em nossas vias dessas substâncias.
respiratórias e digestivas, exercendo função de
proteção e lubrificação das mucosas. • Formação do acrossomo no espermatozoide –
O acrossomo é um corpúsculo contendo a
Os mucopolissacarídeos são formados da seguinte
maneira: no complexo golgiense, os monossacarídeos enzima hialuronidase, encontrado na cabeça
sofrem polimerização (ligam-se uns aos outros), do espermatozoide. A enzima hialuronidase
formando polissacarídeos. Em seguida, esses é liberada por ocasião da fecundação, pois é
polissacarídeos combinam-se com proteínas
provenientes do retículo granuloso, formando-se,
assim, as glicoproteínas, que constituem os
mucopolissacarídeos. Um bom exemplo de células
produtoras de muco são as células caliciformes,
encontradas, por exemplo, nas vias respiratórias.
rn necessária para promover a perfuração da camada
de ácido hialurônico que envolve e protege o
gameta feminino, permitindo, assim, a penetração
do espermatozoide.
Complexo golgiense
Be
Acrossomo
Arquivo Bernoulli
Vesícula Mitocôndrias Núcleo
acrossomal
II
Grãos de muco Centríolos
Arquivo Bernoulli
Filamento axial IV
III
eu
Mitocôndrias(os)
M
O espaço interno das mitocôndrias é preenchido por Quanto à sua estrutura, os cloroplastos estão delimitados
um material de consistência fluida, denominado matriz por duas membranas lipoproteicas: membrana externa e
mitocondrial, constituído por água, carboidratos, íons membrana interna. A membrana interna forma invaginações
minerais, moléculas de RNA e DNA. Imersos nessa matriz (dobras) para o interior da organela. Essas dobras se dispõem
também são encontrados ribossomos (mitorribossomos).
paralelamente e receberam o nome de lamelas. Sobre
Cristas mitocondriais essas lamelas, encontramos pequenas estruturas discoides,
constituídas de clorofila, denominadas tilacoides. Os tilacoides
Arquivo Bernoulli
lli
uma mistura denominada estroma, constituída por água,
proteínas, carboidratos, lipídios, RNA e DNA. No estroma,
também existem ribossomos. A presença de DNA nessa
organela justifica sua capacidade de autoduplicação, já a
Membrana externa
ou
presença de ribossomos permite a realização de síntese de
Mitocôndria. proteínas em seu interior.
Apesar de seu tamanho reduzido, as mitocôndrias podem ser Os plastos podem se transformar uns nos outros. Assim,
evidenciadas em microscopia óptica, uma vez que podem ser cloroplastos podem se transformar em xantoplastos e
coradas em células vivas com o verde-janu, corante específico eritroplastos (no processo de amadurecimento de certos
para sua evidenciação. frutos, por exemplo) e, pela ausência de luz, podem se
O número de mitocôndrias em uma célula é muito variável, transformar em leucoplastos.
oscilando entre algumas dezenas e várias centenas. Como
as mitocôndrias relacionam-se com os processos energéticos
(produção de ATP), quanto maior é a atividade metabólica de
uma célula, maior é o número de mitocôndrias. O conjunto de
todas as mitocôndrias de uma célula tem o nome de condrioma.
As mitocôndrias, devido à presença de DNA em sua
rn Granum (Pilha de tilacoides)
Estroma
Tilacoide
Arquivo Bernoulli
estrutura, são capazes de autoduplicarem. A autoduplicação ou Membrana externa
duplicação das mitocôndrias recebe o nome de condriocinese.
Be
Quanto à função, mitocôndrias estão diretamente envolvidas
no processo da respiração celular aeróbica, que tem por
objetivo obter energia para as atividades celulares.
Lamela
Plastos (plastídeos)
Encontrados apenas em células eucariotas vegetais, Membrana interna
os plastos estão subdivididos em dois grandes grupos: Cloroplasto.
leucoplastos e cromoplastos.
A) Leucoplastos – São incolores, isto é, desprovidos Lisossomos(as)
de pigmentos (apigmentados) e relacionam-se
com armazenamento de reservas nutritivas. Pequenas vesículas delimitadas por membrana lipoproteica
originárias do complexo golgiense, contendo enzimas
eu
pigmento verde clorofila), xantoplastos (amarelos, de íons H+ para o interior dessas organelas. Na membrana
devido à presença do pigmento amarelo xantofila) do lisossomo, existe uma enzima que, utilizando energia
e eritroplastos (vermelhos, devido à presença do liberada de ATP, bombeia íons H+ para dentro dos lisossomos.
pigmento vermelho licopeno, ficoeritrina ou eritrofila). Como o hialoplasma é um meio neutro (pH = 7,0),
Em uma célula, podem existir diferentes tipos de plastos, e o se a membrana de um lisossomo se rompe liberando suas
conjunto de todos eles recebe o nome de plastidoma. enzimas, isso não acarretará grandes danos à célula, uma
De todos os tipos de plastos, os cloroplastos são os mais vez que as enzimas lisossômicas são pouco ativas em um
importantes, uma vez que neles ocorre a reação de fotossíntese. meio neutro. Entretanto, havendo ruptura simultânea de
Os cloroplastos podem apresentar morfologia variada: em muitos lisossomos, haverá extravasamento excessivo de
certas algas, podem ser espiralados ou estrelados; nas células enzimas, podendo pôr em risco a integridade da célula,
dos vegetais superiores, normalmente são esféricos ou ovoides. levando-a, inclusive, à morte.
18 Coleção Estudo 4V
Citoplasma
Os lisossomos são organelas típicas de células eucariotas Os lisossomos também estão relacionados com o
animais e têm como função realizar a digestão intracelular. processo da autólise (citólise), fenômeno que consiste
Essa digestão pode ser dos seguintes tipos: heterofagia e na destruição da célula por suas próprias enzimas,
autofagia. ou seja, é uma autodestruição celular. Para que isso ocorra,
é preciso que haja ruptura da membrana de vários lisossomos
• Heterofagia (digestão heterofágica) – Consiste
com consequente extravasamento de suas enzimas para
na digestão de material exógeno, isto é, material
o hialoplasma. Em contato direto com o hialoplasma,
proveniente do meio extracelular e que penetra na
as enzimas lisossômicas iniciam o processo de digestão de
célula por endocitose (fagocitose ou pinocitose).
toda a célula.
Trata-se, portanto, da digestão do fagossomo ou do
lli
pinossomo. Uma vez dentro da célula, o fagossomo A autólise é um processo que ocorre, normalmente, após
(ou o pinossomo) junta-se a um lisossomo (lisossomo a morte do organismo. Após nossa morte, por exemplo,
primário) e, dessa união, surge o vacúolo digestivo as células entram em processo de autólise (autodestruição),
ou lisossomo secundário. No interior do vacúolo o que, aliás, justifica, em parte, a degeneração cadavérica.
digestivo, o material englobado por fagocitose ou Sabe-se que, assim que a célula morre, os lisossomos
ou
pinocitose é digerido pelas enzimas lisossômicas. se rompem, aos poucos, liberando suas enzimas que,
BIOLOGIA
Os nutrientes resultantes dessa digestão são liberados evidentemente, aceleram o processo de degradação do
no hialoplasma e aproveitados pela célula. O material material celular, simultaneamente à ação dos micro-
que não foi digerido, isto é, as sobras ou resíduos -organismos decompositores.
dessa digestão permanecem dentro do vacúolo, que A autólise também acontece em alguns processos
passa, então, a ser chamado de vacúolo residual patológicos (doenças), como na silicose, doença pulmonar
ou corpo residual. Uma vez formado, o vacúolo causada pela inalação constante de pó de sílica, muito
residual funde-se à membrana plasmática da célula e, comum em trabalhadores de pedreiras e minas. Nela, as
•
por clasmocitose, libera os resíduos no meio
defecação celular.
Peroxissomos(as)
Be
próprio meio intracelular. Às vezes, certas organelas São pequenas vesículas membranosas, originárias do
citoplasmáticas tornam-se inativas, deixando de retículo endoplasmático não granuloso, encontradas em
realizar suas funções. Nesse caso, a organela inativa células eucariotas de animais e vegetais. Tais vesículas
será digerida pelas enzimas lisossômicas. Na autofagia, armazenam em seu interior determinadas enzimas,
o lisossomo primário junta-se à organela inativa, as oxidases, que catalisam reações que modificam
formando o vacúolo autofágico ou autofagossomo. substâncias tóxicas, tornando-as inofensivas para as células.
No vacúolo autofágico, a organela é digerida. Nas células dos rins e do fígado, por exemplo, existem
Os nutrientes provenientes dessa digestão são grandes peroxissomos que têm importante papel na
repassados para o hialoplasma e aproveitados pela destruição de moléculas tóxicas, como o etanol das bebidas
célula, e as “sobras” contidas no vacúolo residual são alcoólicas ingeridas pelo organismo. Aproximadamente
eliminadas por clasmocitose, no meio extracelular. 25% do álcool ingerido pelo ser humano é degradado
eu
Arquivo Bernoulli
formação e serve de fonte energética até que os cloroplastos
lli
se formem nas folhas jovens e iniciem a fotossíntese.
Vacúolos
A B
São vesículas membranosas de diferentes tamanhos
ou
e relacionadas com diferentes funções. Podem ser Ribossomo – A. Cada ribossomo é formado por duas subunidades,
subdivididos em: uma maior e outra menor. B. Figura próxima ao ribossomo real.
Diplossomo
Centríolo Moléculas
de tubulina
Vacúolo de Vacúolo de
suco celular suco celular Centro oco
M
Arquivo Bernoulli
20 Coleção Estudo 4V
Citoplasma
Os centríolos podem se duplicar por montagem molecular, Veja a representação da diferença dos movimentos
isto é, podem orientar a formação de novos microtúbulos a seguir.
a partir da associação de moléculas de tubulinas e,
consequentemente, formar novos centríolos. 1 2
Nas células eucariotas, os centríolos são responsáveis Impulso
Impulso
pela formação dos cílios e dos flagelos, estruturas
filamentosas móveis que se projetam da superfície celular.
Os cílios e os flagelos são centríolos modificados. 2 1
A parte basal dos cílios e dos flagelos é denominada
3 5
ou
BIOLOGIA
9 grupos de
2 microtúbulos Movimento ciliar Movimento flagelar
Túbulos
centrais
Corte
transversal
APOPTOSE
Cílio
rn
Membrana
plasmática A apoptose é um fenômeno que consiste na morte celular
geneticamente programada como parte de um processo
normal, ou seja, é uma autodestruição celular geneticamente
Arquivo Bernoulli
grupos de três túbulos proteicos cada. Do cinetossomo, dois que se verifica na metamorfose de certos animais.
túbulos de cada grupo de três alongam-se, empurrando a É ela, por exemplo, que ocorre o desaparecimento da cauda
membrana plasmática, ocorrendo, ainda, a formação de um do girino (larva do sapo) quando ele começa a transformar-se
par de túbulos na região central. Assim, um corte transversal em um animal adulto. Na apoptose, a célula fragmenta-se
na parte do cílio ou flagelo que se exterioriza (que sai para o em vesículas revestidas por membranas denominadas
meio extracelular) mostra uma estrutura formada por nove
corpos apoptóticos. Por serem revestidos por membranas,
grupos de dois túbulos proteicos cada e dois túbulos centrais.
esses fragmentos são reconhecidos e fagocitados por
Alguns autores costumam empregar o esquema numérico
M
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 04. (PUC Minas) Estão especificamente relacionados com a ciclose.
A) Cloroplastos D) Pseudópodes
B) Dictiossomos E) Vacúolos
01. (UECE–2015) As reações metabólicas consistem
C) Microfilamentos
em intricados e elegantes mecanismos os quais
são responsáveis pela manutenção e pelo equilíbrio
da dinâmica da vida. A estrutura celular que tem EXERCÍCIOS PROPOSTOS
responsabilidade pelo elegante mecanismo da síntese
de moléculas de ATP, um trabalho indispensável à 01. (PUC Minas)
manutenção dos seres vivos, já que essa área se 1. Parede celular
lli
responsabiliza por energia, é denominada 2. Tonoplasto
A) Complexo de Golgi. C) DNA. 3. Retículo endoplasmático
B) Lisossomos. D) Mitocôndrias. 4. Mitocôndria
5. Plastídeo
6. Ribossomo
ou
02. (UFMS) Verifique quais são as relações apropriadas entre
as organelas celulares e suas funções e indique a(s) Encontram-se só em células procariotas e só em células
alternativa(s) CORRETA(S). eucariotas, respectivamente,
B) O complexo de Golgi armazena as proteínas a serem B) 1 das estruturas anteriores – apenas 5 delas.
exportadas pelas células. C) 2 das estruturas anteriores – apenas 6 delas.
C) O retículo endoplasmático liso é responsável pelo D) 3 das estruturas anteriores – apenas 6 delas.
transporte intracelular de substâncias. E) Nenhuma das estruturas – apenas 4 delas.
D) Os ribossomos são responsáveis pela síntese de
proteínas.
E) A mitocôndria realiza a digestão de materiais
orgânicos absorvidos pelas células.
F) Os ribossomos são também responsáveis pela
respiração celular.
rn
02. (FPS-PE–2013) As células que formam os organismos
vivos apresentam diferentes níveis de complexidade.
Considerando a célula ilustrada a seguir, o que apresentam
em comum as estruturas apontadas pelas setas?
Be
03. (UFMG) O esquema representa um modelo de célula com
alguns de seus componentes numerados de 1 a 8.
3
eu
22 Coleção Estudo 4V
Citoplasma
4 Coluna 1: Organelas
3
1. Ribossomo 4. Complexo golgiense
lli
CITE o(s) número(s) da(s) estrutura(s) em que são 2. Mitocôndria 5. Retículo
realizadas as reações do ciclo de Krebs e da cadeia endoplasmático
3. Lisossomo
respiratória. agranular
Ciclo de Krebs: ________________________________
Coluna 2: Processos fisiológicos
Cadeia respiratória: ____________________________
ou
I. Respiração celular
BIOLOGIA
04. (UERN–2015) O corpo humano, como na maioria II. Eliminação de substâncias, processo denominado
dos animais, é formado por sistemas. No homem, secreção celular
pode-se encontrar o sistema digestório, respiratório, III. Síntese de proteínas
cardiovascular, nervoso, entre outros. Cada sistema é IV. Autofagia
formado por órgãos, constituídos por tecidos, que são
V. Destruição de diversas substâncias tóxicas, entre elas,
compostos por células. No que se refere à organização
o álcool
celular humana, marque a alternativa CORRETA.
A) No citoplasma ocorre a maioria das reações químicas
celulares.
B) As partes fundamentais das células são membrana
plasmática e núcleo.
C) O núcleo é responsável por controlar as trocas de
substâncias entre o interior e o exterior da célula.
D) A membrana plasmática é envolta por uma parede
rn A sequência que correlaciona CORRETAMENTE as duas
colunas, de cima pra baixo, é a seguinte:
A) 1 – III, 2 – I, 3 – IV, 4 – II, 5 – V
B) 1 – I, 2 – II, 3 – V, 4 – III, 5 – IV
C) 1 – III, 2 – I, 3 – V, 4 – IV, 5 – II
D) 1 – I, 5 – IV, 3 – V, 4 – II, 2 – III
Be
celular semirrígida que exerce o controle sobre as
substâncias que penetram na célula.
SEÇÃO ENEM
05. (UECE–2014) O retículo endoplasmático e o complexo
01. (Enem–2015) Muitos estudos de síntese e endereçamento
de Golgi são organelas celulares cujas funções estão
de proteínas utilizam aminoácidos marcados
relacionadas da seguinte forma: o complexo de Golgi
radioativamente para acompanhar as proteínas, desde
A) r e c e b e p r o t e í n a s s i n t e t i z a d a s n o r e t í c u l o
fases iniciais de sua produção até seu destino final.
endoplasmático.
Esses ensaios foram muito empregados para estudo e
B) envia proteínas, nele sintetizadas, para o retículo
endoplasmático. caracterização de células secretoras.
C) envia polissacarídeos, nele sintetizados, para o Após esses ensaios de radioatividade, qual gráfico
eu
100
90
06. (UFPE) Com relação às características estruturais e 80
70
funcionais da célula animal, analise as afirmações feitas 60 Retículo Endoplasmático
50
a seguir, julgando-as como (V) VERDADEIRAS ou 40
Complexo Golgiense
Vesículas de Secreção
(F) FALSAS. 30
20
( ) Os grãos de glicogênio e as gotículas de gorduras 10
M
0
compõem as chamadas inclusões citoplasmáticas 5 min 10 min 15 min
lli
100
90 obtidas, como as representadas na figura a seguir:
80
70
60 Retículo Endoplasmático
50 Complexo Golgiense
40
Vesículas de Secreção
30
20
10
ou
0
5 min 10 min 15 min
Tempo
E)
Radioatividade (%)
100
90
80
70
60 Retículo Endoplasmático
50
40 Complexo Golgiense
30 Vesículas de Secreção
20
O uso de novas técnicas vem aumentando cada vez
02.
10
0
5 min 10 min
Tempo
15 min
24 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA A 07
Núcleo celular
Nas células procariotas, devido à ausência da carioteca, D) Anucleadas – Não possuem núcleo. São raras.
lli
não existe núcleo individualizado, estando o material Como exemplo, temos as hemácias circulantes
cromossômico (cromossomo) em contato direto com o (glóbulos vermelhos) dos mamíferos e as células dos
hialoplasma. Muitos autores denominam de nucleoide a vasos liberianos (condutores da seiva elaborada) dos
vegetais vasculares.
região da célula procariota na qual se localiza o material
ou
cromossômico. As células eucariotas, por sua vez, Além de conter os fatores hereditários (genes),
apresentam um núcleo organizado ou individualizado, o núcleo controla as atividades metabólicas da célula. Essa
isto é, o material nuclear representado, principalmente, função controladora do núcleo foi demonstrada por meio
pelos cromossomos, encontra-se em um espaço delimitado dos experimentos de merotomia realizados por Balbiani
pela carioteca (membrana nuclear). no fim do século XIX.
Arquivo Bernoulli
presença ou não do núcleo, as células eucariotas podem ser
C
A) Mononucleadas (uninucleadas) – Possuem um D
único núcleo. Constituem a grande maioria das E
Be
células.
B) Binucleadas – Possuem dois núcleos. Muitas vezes, Experiência de Balbiani – A merotomia consiste na secção de
uma célula viva para que se possa estudar as modificações
os dois núcleos presentes na célula são de tamanhos
sofridas pelos fragmentos celulares resultantes. Em sua
diferentes, sendo o maior denominado macronúcleo e,
experiência, Balbiani trabalhou com amebas. Uma ameba
o menor, micronúcleo. Um bom exemplo de células (A) foi seccionada em dois fragmentos: um deles nucleado
desse tipo são as dos protozoários ciliados, como o (B) e o outro anucleado (C). O fragmento anucleado, depois
Paramecium. de algum tempo, acabou morrendo por haver perdido a
capacidade de síntese proteica, tornando impraticáveis a
C) Polinucleadas (multinucleadas) – Possuem vários regeneração, o crescimento e a reprodução. O fragmento
núcleos. Conforme sua origem ou modo de formação, nucleado, por sua vez, sobreviveu e regenerou a parte
eu
as células polinucleadas podem ser sincícios ou perdida. Por outro lado, se o fragmento anucleado (C)
plasmódios. receber um núcleo transplantado de outra ameba (D),
ele sobrevive e se regenera em uma nova ameba (E).
a.
COMPONENTES DO NÚCLEO
Arquivo Bernoulli
Sincício
b. Membrana nuclear
M
Plasmódio
Também chamada de carioteca, cariomembrana ou
envelope nuclear, é uma membrana lipoproteica constituída
Formação das células multinucleadas – Sincícios são massas
por duas lamelas (interna e externa), entre as quais existe o
citoplasmáticas multinucleadas formadas a partir da união de várias
espaço perinuclear. Acha-se em comunicação com os canais
células mononucleadas justapostas que perderam suas membranas
laterais (a). Um bom exemplo são as células da placenta humana. do retículo endoplasmático e possui poros denominados
Plasmódios são massas citoplasmáticas multinucleadas formadas a anulli, que permitem a comunicação entre o material nuclear
partir de uma única célula mononucleada que cresce e sofre várias e o citoplasma. Através desses poros, ocorre o intercâmbio
divisões nucleares (b). As fibras musculares esqueléticas são bons de substâncias diversas entre o núcleo e o citoplasma,
exemplos de plasmódio. inclusive de macromoléculas.
Arquivo Bernoulli
Por isso, essas manchas mais coradas, que correspondem
Espaço Lamela interna a regiões de heterocromatina, são conhecidas por falsos
perinuclear nucléolos (cariossomos, cromocentros).
Anulli (poro)
Cromatina Durante a divisão celular (mitose ou meiose), as regiões
lli
de eucromatina, que na intérfase encontravam-se
distendidas, sofrem uma intensa espiralização, já as regiões
Núcleo de célula eucariota.
de heterocromatina permanecem inalteradas. Com isso,
os filamentos tornam-se mais curtos, mais grossos e
Retículo nucleoplasmático mais visíveis, passando a ser chamados de cromossomos.
ou
De descoberta recente, é uma estrutura contínua e similar
ao retículo endoplasmático existente no citoplasma. É uma Eucromatina
organela nuclear formada por redes de tubos ramificados, Heterocromatina
relacionados com o armazenamento e com o controle de
Arquivo Bernoulli
cálcio intracelular.
Nucleoplasma (carioplasma,
cariolinfa, suco nuclear)
Material semelhante ao hialoplasma, constituído
basicamente por água e proteínas. Nele, mantêm-se
suspensos os chamados elementos figurados nucleares,
representados pelos nucléolos e pela cromatina.
rn Cromonema
(Intérfase)
Cromossomo
(Mitose)
Cromatina
Substância resultante da associação entre histonas DNA
(proteínas simples) e DNA. É, portanto, uma
M
26 Coleção Estudo 4V
Núcleo celular
Arquivo Bernoulli
encontravam levemente espiraladas na intérfase e que Metacêntrico Submetacêntrico
Centrômero
permanecem praticamente inalteradas durante a divisão
celular. Convencionou-se chamar de constrição primária
ou centrômero aquela à qual o cinetócoro se liga durante Telocêntrico
Acrocêntrico
a divisão celular. O cinetócoro é um corpúsculo discoide
lli
de natureza proteica, originário do núcleo celular, ao qual Tipos de cromossomos quanto à posição do centrômero –
se prendem microtúbulos do fuso. Além da constrição Metacêntricos: possuem centrômero localizado na região
primária, os cromossomos podem ter outras constrições, mediana. Apresentam dois braços do mesmo tamanho.
as constrições secundárias, que não possuem cinetócoro. Submetacêntricos: possuem centrômero localizado um
ou
pouco deslocado da região mediana. Possuem dois braços de
BIOLOGIA
Alguns cromossomos possuem uma constrição secundária
conhecida por zona SAT ou constrição secundária nucleolar, tamanhos diferentes, sendo um pouco maior do que o outro.
que precede uma extremidade globosa do cromossomo, Acrocêntricos: possuem centrômero localizado bem próximo a
uma das extremidades. Apresentam dois braços de tamanhos
denominada satélite. As extremidades dos cromossomos
diferentes, sendo um bem maior do que o outro. Telocêntricos:
denominam-se telômeros (telos, fim). Durante as
possuem centrômero localizado em uma das extremidades.
divisões celulares, há perda de alguns nucleotídeos do
Apresentam um único braço.
DNA do telômero que, então, diminui após cada mitose.
Entretanto, por ação de uma enzima, a telomerase,
o telômero pode recuperar o seu tamanho original. Assim,
a telomerase é capaz de manter constantes o tamanho e
as propriedades do telômero. Em células cuja telomerase
é alterada ou inibida, os telômeros tornam-se cada vez
mais curtos ao longo das sucessivas divisões e, quando
rnVimos que, quimicamente, os cromossomos são
constituídos de DNA. Dá-se o nome de gene (gen) à
sequência de bases do DNA capaz de determinar a síntese
de uma proteína que, por sua vez, será responsável pela
manifestação de uma determinada característica. Já vimos
também que as proteínas podem assumir diferentes
Be
chegam a um tamanho mínimo, as células começam papéis biológicos, como o de atuar como catalisadores de
a morrer. Isso acontece, por exemplo, nas células em reações. Assim, um determinado gene pode, por exemplo,
processo de senescência (envelhecimento). O telômero, comandar a síntese de uma enzima que, por sua vez,
portanto, relaciona-se ao envelhecimento e ao tempo de participará de uma reação química que levará à formação
vida celular, funcionando como um “relógio molecular”. de pigmentos relacionados com a coloração da pele. Logo,
para cada característica (pigmentação da pele, cor dos olhos,
Telômero tipo de sangue, etc.), existem genes e enzimas específicas
responsáveis pela sua manifestação.
Constrição
secundária
eu
Microtúbulos o
çã o
do cinetócoro cri çã
ns du
Cinetócoro Tra Tra
Gene Manifestação da
(DNA) RNA-m Proteína
característica
Constrição
primária Cada cromossomo possui inúmeros genes. Cada gene
(centrômero) ocupa um local em um determinado cromossomo: é o
Arquivo Bernoulli
Componentes de um cromossomo.
cada característica, e outras, como o zigoto e as células
dele originárias pelo processo da mitose, têm um par de
De acordo com a posição do centrômero no filamento genes para cada característica. No zigoto, cada par de
cromossômico, temos a seguinte classificação dos cromossomos é formado por um cromossomo de origem
cromossomos: metacêntricos, submetacêntricos, paterna e por outro de origem materna que contêm
acrocêntricos e telocêntricos. genes relacionados com as mesmas características.
Esses cromossomos são chamados de cromossomos Você não deve confundir cromossomos duplos com
homólogos. número diploide de cromossomos. Por exemplo: se, em uma
espécie, o número 2n = 4 e o número n = 2, então, nessa
Fecundação
I II espécie, qualquer célula que tiver 4 cromossomos simples ou
I’ II’
A 4 cromossomos duplos será uma célula diploide; qualquer
C a c
B I I’ II II’ célula que tiver 2 cromossomos simples ou 2 cromossomos
b
A a C
c duplos será haploide. Portanto, podem existir células
Gameta B b Gameta
diploides e haploides com cromossomos simples ou com
cromossomos duplos.
lli
Zigoto
A B C D
Genes A e a característica X → A e a são genes alelos.
Genes B e b característica Y → B e b são genes alelos.
ou
Genes C e c característica Z → C e c são genes alelos.
Cromossomo I é homólogo do cromossomo I’. 2n 2n n n
Cromossomo II é homólogo do cromossomo II’.
Células pertencentes a uma espécie na qual 2n = 4:
As células que possuem pares de cromossomos A. célula diploide com cromossomos simples. B. célula diploide
com cromossomos duplos. C. célula haploide com cromossomos
homólogos são chamadas de células diploides (2n), e as
simples. D. célula haploide com cromossomos duplos.
que não possuem pares de cromossomos homólogos são
ditas células haploides (n). Os gametas são exemplos
de células haploides, já o zigoto é uma célula diploide.
Cromossomo
de cromossomos
simples
Arquivo Bernoulli
28 Coleção Estudo 4V
Núcleo celular
lli
cromossomos. Na espécie humana, e em muitas outras, no que diz respeito ao tipo de cromossomo sexual, isto é,
os cromossomos podem ser subdivididos em dois grupos: todos os óvulos normais possuem o cromossomo sexual
autossomos e cromossomos sexuais. do tipo X. Por isso, o sexo feminino, em nossa espécie,
é dito homogamético. Os indivíduos do sexo masculino,
ou
Autossomos
BIOLOGIA
ao contrário, formam dois tipos de espermatozoides
(gametas) no que diz respeito aos cromossomos sexuais:
Possuem genes que nada têm a ver com a determinação existem espermatozoides com o cromossomo X e
do sexo do indivíduo. espermatozoides com o cromossomo Y. Por isso, em nossa
espécie, o sexo masculino é dito heterogamético.
Cromossomos sexuais
Os 23 pares de cromossomos humanos podem ser
(heterossomos, alossomos)
Neles, se localizam os genes que determinam o sexo do
indivíduo. Podem ser de dois tipos: X e Y.
é menor do que o X. Os cromossomos X e Y não são 100% Nos indivíduos portadores dessa anomalia, existem
homólogos: há uma parte homóloga ao X e ao Y e partes não três cromossomos no par 21 (trissomia do par 21).
homólogas, que são exclusivas de cada tipo de cromossomo sexual. Como têm um autossomo a mais em relação aos
indivíduos normais, o cariótipo dos portadores da
As mulheres têm, em suas células diploides (2n), síndrome de Down pode ser assim representado:
44 autossomos (22 pares de autossomos) + 2 cromossomos 45 A + XX (mulher Down) e 45 A + XY (homem Down).
sexuais do tipo X (1 par de cromossomos sexuais). Os óvulos,
M
B) Síndrome de Klinefelter – Trata-se de uma Tal corpúsculo, que normalmente não existe no núcleo das
aberração cromossômica sexual, uma vez que os células masculinas, recebeu o nome de corpúsculo de Barr que,
portadores dessa síndrome têm três cromossomos mais tarde, passou a ser denominado também de cromatina
sexuais em suas células, sendo dois do tipo X e um sexual. Descobriu-se que a cromatina sexual corresponde
do tipo Y. Seu cariótipo é: 44 A + XXY (homem). a um dos cromossomos X das fêmeas que, na intérfase,
encontra-se espiralado.
Os indivíduos com síndrome de Klinefelter são
do sexo masculino, porém são estéreis devido à Segundo a hipótese proposta pela pesquisadora inglesa
atrofia de seus testículos. Apresentam deficiência Mary Lyon, as fêmeas de mamíferos compensariam a dose
lli
mental e desenvolvem algumas características dupla de genes do cromossomo X por meio da inativação de
um desses cromossomos. Assim, em cada célula do corpo
sexuais secundárias femininas, como a ginecomastia
da fêmea, haveria um cromossomo X ativo e outro inativo.
(desenvolvimento das mamas).
Desse modo, ficariam, então, iguais às masculinas, que
ou
C) Síndrome de Turner – É outra aberração possuem apenas uma cópia funcionante dos genes ligados
cromossômica sexual, uma vez que os indivíduos ao X. Essa inativação de um dos cromossomos X acontece,
possuem apenas um cromossomo sexual do tipo X ainda, nas fases iniciais do desenvolvimento embrionário.
em suas células. Seu cariótipo pode ser representado Descobriu-se também que o número de cromatinas sexuais
por: 44 A + X0 (mulher). corresponde ao número de cromossomos X existente no
cariótipo menos 1.
Na síndrome de Turner, os indivíduos são do sexo
feminino e, geralmente, estéreis devido à atrofia de
seus ovários. Em geral, apresentam baixa estatura,
pescoço alargado (“pescoço alado”), ombros largos,
ausência de mamas. Como os ovários e o útero
não se desenvolvem, não existe menstruação nem
rn Número de cromossomos X – 1 = Número de cromatinas sexuais
30 Coleção Estudo 4V
Núcleo celular
A cromatina sexual pode ser encontrada sob formas Síndrome de Down, síndrome de Klinefelter, síndrome
distintas: a) próxima do nucléolo, como acontece em certas do Triplo X e síndrome do Duplo Y são alguns exemplos
lli
células nervosas; b) na face interna da carioteca, como nas de trissomias que podem aparecer em nossa espécie.
células da mucosa bucal; c) livre no suco nuclear, como na A síndrome de Turner é um exemplo de monossomia.
maioria dos neurônios; d) como uma expansão nuclear, como Na nulissomia (2n – 2), os dois cromossomos que
nos neutrófilos (um tipo de leucócito), nos quais a cromatina faltam são homólogos e, portanto, há ausência total
ou
BIOLOGIA
sexual aparece como um bastãozinho, denominado baqueta de um par de cromossomos no cariótipo, o que tem
de tambor ou drum-stick. efeito letal sobre o embrião.
lli
Euploidias a divisão celular.
Tetraploidia (4n),
( ) Conjunto de genes de uma espécie.
etc. A numeração CORRETA é:
A) 1 – 2 – 3 C) 2 – 4 – 1 E) 3 – 4 – 1
B) 2 – 3 – 1 D) 3 – 2 – 4
ou
Mutações cromossômicas numéricas.
A B C
A B C
E F G
E F G
A B C E F G C
B A B C E F G D 04. (FACISB–2014) Uma amostra de tecido de um paciente foi
coletada e conduzida a um laboratório de análises. Entre
A B C E G F A B E F G
diversos exames, foi realizada a análise citogenética do
cariótipo, na qual se verificou a existência de um par de
Inversão em um Deleção em um
eu
32 Coleção Estudo 4V
Núcleo celular
02. (PUC Minas) São aberrações cromossômicas, EXCETO Considerando apenas o cariótipo obtido, é CORRETO
A) aneuploidias. D) deleção. afirmar que a análise corresponde a
B) euploidias. E) translocação. A) um homem com uma triploidia.
C) recombinação gênica. B) um homem com uma aneuploidia.
C) uma mulher com uma trissomia.
D) um homem com uma monossomia.
03. (UFMG) Nos mamíferos, a presença do cromossoma Y
E) uma mulher com uma poliploidia.
determina o fenótipo masculino. O gene SRY, presente
nesse cromossoma, induz à diferenciação dos
06. (UFU-MG) A ilustração adiante mostra o cariótipo de um
testículos. Considerando-se essas informações e outros
lli
indivíduo do sexo masculino com síndrome de Down.
conhecimentos sobre o assunto, é CORRETO afirmar que
A) os indivíduos 46, XY que, na idade adulta, sofrem
mutação nesse gene perdem as características
sexuais.
ou
B) os indivíduos trissômicos com cariótipo 47, XYY Grupo A Grupo B
BIOLOGIA
apresentam dois testículos a mais.
C) os indivíduos trissômicos 47, XXY possuem órgãos
reprodutores masculinos e femininos. Grupo C + X
D) os testículos estão ausentes nos indivíduos 46,
XY com deleção do gene SRY.
Grupo D
1 2 3 4 5
rn Grupo E
Grupo F
Grupo G Y
Be
AMABIS, J. M; MARTHO, G. R. Biologia das células.
6 7 8 9 10 11 12
São Paulo: Moderna, 2002 (Adaptação).
1 2 3 4 5
comprometimento cognitivo verificou que ela apresentava
fórmula cariotípica 47, XY, +18.
6 7 8 9 10 11 12
A alteração cromossômica da criança pode ser classificada
como
13 14 15 16 17 18 A) estrutural, do tipo deleção.
B) numérica, do tipo euploidia.
19 20 21 22 x y
C) numérica, do tipo poliploidia.
Disponível em: <www.downsyndromeaction.org>. D) estrutural, do tipo duplicação.
Acesso em: 10 nov. 2016 E) numérica, do tipo aneuploidia.
02. (Enem–2011) Em 1999, a geneticista Emma Whitelaw O gráfico a seguir mostra a correlação entre nascimento
desenvolveu um experimento no qual ratas prenhes foram de crianças com síndrome de Down e a idade materna.
submetidas a uma dieta rica em vitamina B12, ácido fólico 25
lli
que estuda as mudanças na atividade dos genes que não 5
envolvem alterações na sequência do DNA.
ÉPOCA. A reabilitação do herege. n. 610, 2010 (Adaptação).
0 20 25 30 35 40 45 50
Alguns cânceres esporádicos representam exemplos de Idade materna
ou
alteração epigenética, pois são ocasionados por
A análise do gráfico permite concluir que a frequência de
A) aneuploidia do cromossomo sexual X.
nascimentos de crianças com síndrome de Down
B) polipoidia dos cromossomos autossômicos.
C) mutação em genes autossômicos com expressão A) é a mesma, qualquer que seja a idade materna.
dominante. B) é menor quanto maior for a idade materna.
D) substituição no gene da cadeia beta da hemoglobina.
C) é maior quanto menor for a idade materna.
E) inativação de genes por meio de modificações nas
D) é 0% na idade materna abaixo de 20 anos.
bases nitrogenadas.
04. O caso mais significativo de trissomia em seres humanos B) A síndrome de Down geralmente é causada pela não
disjunção cromossômica durante a gametogênese
M
34 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA A 08
Mitose e meiose
Durante seu ciclo de vida, uma célula eucariota pode Quando se prepara para sofrer um processo de divisão,
lli
passar pelas seguintes fases: intérfase, prófase, metáfase, a célula, ainda na intérfase, duplica seu material genético.
anáfase e telófase. Quando em intérfase, a célula não se Assim, quando uma célula inicia um processo de divisão,
encontra em divisão; nas outras fases, ela se encontra em ela já está com o seu material genético duplicado. Portanto,
processo de divisão ou reprodução celular. Assim, temos:
podemos dividir a intérfase em três subfases ou períodos:
ou
G1, S e G2.
Fases do ciclo celular: intérfase, prófase, metáfase,
anáfase e telófase.
Intérfase
Fases da divisão celular: prófase, metáfase, anáfase
Subfase G1: Período que antecede a duplicação do material
e telófase.
genético. A célula possui cromossomos simples. O período
G1 parece ter um papel fundamental no controle da divisão
Para entendermos as modificações que ocorrem
celular. Durante esse período, algum mecanismo, ainda
nas células durante as fases da divisão, precisamos
desconhecido, determina se a célula entrará ou não em um
ver algumas características que elas possuem quando
se encontram em intérfase, isto é, quando não estão
em divisão.
Arquivo Bernoulli
S 2n
n
G1
X
lli
n
n
0 1 2 3 Tempo
Meiose (do grego meion, menor) – Consta de duas divisões
ou
Logo após a subfase G2 e, portanto, com o material sucessivas (divisão I e divisão II). A divisão I é reducional,
genético nuclear já duplicado, a célula inicia um processo uma vez que reduz à metade o número de cromossomos nas
de divisão celular: mitose ou meiose. células. Durante a divisão I da meiose, ocorre a separação
dos cromossomos homólogos, resultando na formação de
O esquema a seguir mostra a diferença básica ou
fundamental entre esses dois processos de divisão celular. células-filhas haploides (células que não apresentam pares
de cromossomos homólogos). Na divisão II, à semelhança do
2n = 4 Célula-mãe que acontece na mitose, ocorre a separação equitativa das
INTÉRFASE
é homólogo de
é homólogo de
Separação
MITOSE
Duplicação do
material genético
MEIOSE
Divisão I
rn
cromátides entre as células-filhas que se formam. Ao término
da divisão I da meiose, formam-se duas células-filhas haploides
com cromossomos duplos; ao término da divisão II, teremos
quatro células-filhas haploides com cromossomos simples.
Objetivos da mitose
• Reprodução em seres unicelulares – Em muitas
Células-filhas
Divisão II espécies de seres unicelulares, a célula única que
Separação constitui o ser vivo, ao sofrer uma mitose, origina
das cromátides
dois seres vivos. Esse, portanto, é um processo de
reprodução da espécie. Ocorre, por exemplo, com
muitas espécies de algas unicelulares e de protozoários.
eu
Células-filhas
• Crescimento dos seres pluricelulares –
O crescimento de muitos tecidos e estruturas em
2n n
Arquivo Bernoulli
36 Coleção Estudo 4V
Mitose e meiose
lli
algas verdes têm esse ciclo reprodutivo.
Objetivos da meiose
2n Meiose Fecundação
• Formação de gametas – Isso acontece nas espécies n n
ou
BIOLOGIA
que têm ciclo reprodutivo diplôntico. 2n 2n
n n
• Formação de esporos – Isso ocorre nas espécies 2n Zigoto (2n)
Gametas (n)
de ciclo haplôntico e haplôntico-diplôntico.
CICLO DIPLÔNTICO
Como podemos perceber, os gametas podem ser formados
Mitoses sucessivas
tanto por mitose, como por meiose, dependendo do ciclo
reprodutivo da espécie.
são chamados de seres haplontes ou haplobiontes. nas angiospermas. É, portanto, um ciclo reprodutivo
Esse ciclo é encontrado, por exemplo, em algumas típico de plantas. Nestas, o indivíduo haploide (N),
espécies de clorófitas (algas verdes). formador de gametas, é chamado de gametófito,
enquanto que o indivíduo diploide (2N), formador de
Ciclos reprodutivos esporos, é o esporófito.
n Mitose Fecundação
n n Mitose Fecundação Zigoto (2n)
n
M
n 2n Zigoto (2n)
n n 2n
n n
Indivíduo Gametas (n) n
Meiose Indivíduo Gametas (n)
haploide (n) haploide (n) Mitoses
CICLO HAPLÔNTICO
n n CICLO
Esporos (n) HAPLÔNTICO-DIPLÔNTICO
Mitoses sucessivas n n
Meiose 2n
n n
2n
B) Ciclo diplôntico (diplonte) – Nesse ciclo, os indivíduos Mitoses n n
2n
sucessivas
têm o corpo formado por células diploides (2N). Esporos (n)
lli
S celular que eles denominam de pró-metáfase.
Arquivo Bernoulli
Desaparecimento do nucléolo
Diplossomo
ou
Fibras do fuso
Arquivo Bernoulli
Prófase Áster
Início da espiralização
É a primeira fase da mitose. Nela, observamos as seguintes dos cromossomos
características: Fragmentação da carioteca
• Início da espiralização (condensação) dos
cromossomos – Os cromossomos já duplicados
•
(lembre-se de que a duplicação ocorre na intérfase)
começam a se espiralizar (condensar) e, à medida que
vão se espiralizando, tornam-se mais curtos, porém mais
grossos e, portanto, mais visíveis. O início da prófase é
marcado pelo início da condensação dos cromossomos.
38 Coleção Estudo 4V
Mitose e meiose
lli
de metacinese ao movimento dos cromossomos de tubulina que formam as fibras do fuso (microtúbulos)
em busca de sua ordenação na região mediana sofrem despolimerização e espalham-se pela célula.
da célula.
• Reorganização (reaparecimento) da carioteca –
Em cada polo celular, em torno de cada conjunto
Cromossomos duplos
ou
alinhados no plano equatorial cromossômico, organiza-se uma carioteca, formada
BIOLOGIA
a partir das membranas do retículo endoplasmático.
Começa, então, a organização de um núcleo em cada
polo celular.
rn •
cromossomos.
Cromátides
Cinetócoro vezes, essa divisão citoplasmática inicia-se na anáfase
Centrômero
e termina ao fim da telófase. Com essa divisão,
há também, uma distribuição equitativa dos orgânulos
Be
citoplasmáticos entre as duas células-filhas.
Anáfase
O termo anáfase (do grego ana, separação) refere-se à
separação das cromátides-irmãs de cada cromossomo para
os polos opostos da célula. Essa fase se caracteriza por
Arquivo Bernoulli
Assim, cada polo da célula recebe o mesmo material plasmática, que divide a célula em duas outras; nas células
cromossômico. A anáfase termina quando os dos vegetais, a citocinese é centrífuga (de dentro para fora)
cromossomos chegam aos polos. e decorre da formação de microvesículas, denominadas
fragmoplastos, oriundas do sistema golgiense e repletas
de substâncias pécticas (pectinas), que se organizam na
região central do citoplasma. Ao se fundirem umas com
Arquivo Bernoulli
Leptóteno
Zigóteno
Prófase I Paquíteno
Divisão I Diplóteno
lli
(Reducional) Diacinese
Plasmodesmo
Célula vegetal (ponte citoplasmática Metáfase I
entre duas células) Anáfase I
Telófase I
1 2 3
ou
Prófase II
Divisão II Metáfase II
(Equacional) Anáfase II
Telófase II
Fragmoplasto Parede
(conjunto de vesículas) celular A prófase I é subdividida em cinco períodos ou subfases
(leptóteno, zigóteno, paquíteno, diplóteno e diacinese).
1. Organização centrífuga das vesículas originadas do complexo A divisão II apresenta as mesmas características de uma mitose.
golgiense. Essas vesículas são ricas em pectina. 2. As vesículas Assim, as características da prófase II, por exemplo,
Prófase I
Be
Apesar de as características básicas serem as mesmas, No decorrer da prófase I, temos algumas características
existem algumas diferenças entre a mitose de células semelhantes às da prófase mitótica e outras que
animais e a de células dos vegetais superiores. Assim, temos: são exclusivas dessa fase da meiose. No período
leptóteno, os cromossomos, apesar de já duplicados,
• nos animais, a mitose é cêntrica (presença de não mostram suas cromátides individualizadas, isto é,
diplossomo), e nos vegetais superiores é acêntrica ainda não é possível distinguir as duas cromátides de
(ausência de diplossomo); cada cromossomo devido à sua pouca espiralização.
No zigóteno, ocorre o pareamento ou sinapse dos
• nos animais, a mitose é astral (presença do áster ao cromossomos homólogos: cada cromossomo fica ao lado
redor dos diplossomos), e nos vegetais superiores é de seu homólogo. Nesse período, os cromossomos já se
anastral (ausência de áster); encontram um pouco mais espiralizados, porém, ainda não
eu
Outras têm ciclo vital médio que pode durar meses ou (recombinação de genes) entre cromossomos homólogos e,
anos. Tais células são produzidas por mitoses durante o consequentemente, um aumento da variabilidade genética
período de crescimento do organismo, e sua capacidade dentro da espécie. O crossing-over começa no paquíteno
de divisão cessa na idade adulta. Entretanto, tais células e termina no período seguinte, isto é, no diplóteno.
Após a troca de segmentos, os homólogos começam a se
podem voltar a sofrer mitoses em algumas condições
afastar um do outro. O último ponto de separação entre
excepcionais, como na regeneração de tecidos (uma
os homólogos é exatamente aquele em que ocorreu o
fratura óssea, por exemplo). Finalmente, existem células crossing-over. Assim, é comum no diplóteno a visualização
dotadas de ciclo vital longo, que são produzidas apenas de pontos de contato entre cromátides homólogas.
durante o período embrionário. Na eventual morte dessas Esses pontos são denominados quiasmas e indicam
células, não há reposição, uma vez que o indivíduo já os locais onde se deu a troca de segmentos, isto é,
nasce com um número definido delas. indicam os locais de ocorrência do crossing-over.
40 Coleção Estudo 4V
Mitose e meiose
Arquivo Bernoulli
Leptóteno Zigóteno
Anáfase I
lli
Ao contrário do que acontece na mitose, na anáfase I,
não ocorre a separação das cromátides. Mas, do mesmo
modo que na anáfase mitótica, acontece um encurtamento
das fibras do fuso, puxando os cromossomos para os polos
Prófase I celulares. Assim, na anáfase I, temos:
ou
BIOLOGIA
• Encurtamento das fibras do
fuso.
Arquivo Bernoulli
• Separação dos cromossomos
homólogos – Os cromossomos
Paquíteno Diplóteno homólogos, ainda duplos,
são puxados para os polos
Cromátides permutadas Quiasma celulares opostos.
Telófase I
rn
Arquivo Bernoulli
Arquivo Bernoulli
meiótica caracteriza-se por:
• D e s e s p i ra l i z a ç ã o d o s
cromossomos.
• Reaparecimento do(s)
nucléolo(s).
Be
Quiasma
• R e a p a r e c i m e n t o d a
carioteca.
Detalhes sobre o fenômeno da permutação – Os pontos de
troca entre as cromátides homólogas que permutam não são • Desaparecimento do fuso.
percebidos antes do diplóteno, porque, até então, os homólogos • Citocinese.
estão muito unidos. • Formação de duas células-filhas haploides (N) com
cromossomos duplos.
Podemos, então, resumir as características da prófase I
da seguinte maneira: Cada uma das células-filhas, formadas ao término da
divisão I, passará para a divisão II, cujas características são
• Desaparecimento do nucléolo.
idênticas às da mitose.
• Início da formação do fuso meiótico.
• Início da espiralização dos cromossomos.
eu
Metáfase I
Migração de
Nessa fase da meiose, temos: cromátides-irmãs
• Máximo desenvolvimento do fuso meiótico –
Anáfase II
Assim como na metáfase mitótica, as fibras do fuso
se dispõem de um polo celular a outro.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Observe que há retângulos numerados nos quais não foi
apresentado o tipo de divisão celular.
01. (FJP-MG–2013) Analise esse esquema representativo Ciclo Haplonte Ciclo Diplonte
da mitose.
Fecundação Gametas
lli
1 2
Fecundação
Considerando esse esquema, é CORRETO afirmar que a
variabilidade genética ocorre
ou
A) com a duplicação do DNA. ZIGOTO DIPLOIDE (2N)
3
02. (Unimontes-MG) O ciclo celular é o nome dado ao conjunto
de processos realizados entre duas divisões celulares,
rn
numa célula viva, e está representado pela figura a seguir.
Analise-a.
I
Gametas Gametófito 4 Esporos
Ciclo Haplonte-Diplonte
D) G1
que trata dos ciclos reprodutivos da grande maioria dos B) originar células-filhas com metade do número de
organismos. cromossomos da célula-mãe.
42 Coleção Estudo 4V
Mitose e meiose
C) tipo de divisão celular utilizada na formação dos 04. (UFRGS-RS–2016) Os diagramas a seguir se referem a
gametas. células em diferentes fases da meiose de um determinado
cromossomos da célula-mãe. 1 2
lli
diploide animal. 1 2 3
ou
BIOLOGIA
1 2 3
03.
Essa célula está em mitose ou em meiose? JUSTIFIQUE
sua resposta, informando o número diploide de
cromossomos em uma célula somática desse animal.
06. (UDESC–2015) As células em geral são estimuladas a Essa substância atua especificamente sobre as fibras do
se dividirem quando atingem um determinado tamanho, fuso, impedindo que os microtúbulos se organizem, sem,
assim como por substâncias denominadas de fatores de no entanto impedir a condensação dos cromossomos.
crescimento celular, passando pelo chamado ciclo celular, Assim, em células tratadas com colchicina, as cromátides-
que é subdivido em três fases: G1 – S – G2. -irmãs não migram para os polos; a célula, portanto,
Analise as proposições em relação ao ciclo celular e assinale não formará dois novos núcleos, ou seja, uma única
(V) para VERDADEIRA e (F) para FALSA. carioteca se forma ao redor dos cromossomos.
I. Na fase S ocorre a duplicação do DNA. Em um meio de cultura, foram colocadas 6 (seis) células
lli
II. Na fase G2 ocorre o pareamento dos cromossomos e colchicina. No momento em que esta substância foi
homólogos. adicionada ao meio, duas células estavam em intérfase,
III. Na fase G1 todo o DNA está altamente condensado. duas estavam em prófase e duas estavam em telófase.
Após certo tempo, contando-se as células presentes em
IV. A fase S só ocorre em células que entram em mitose.
tal meio, espera-se encontrar um total de
ou
V. Na fase G1 e na G2 as células apresentam a mesma
quantidade de DNA. A) seis células. D) nove células.
SEÇÃO ENEM
rn Fixação
01. C
02. A) IV
B) III
Be
C) II
01. (Enem–2016) O Brasil possui um grande número
D) I
de espécies distintas entre animais, vegetais e
03. A
microrganismos envoltos em uma imensa complexidade
e distribuídas em uma grande variedade de ecossistemas. 04. B
O incremento da variabilidade ocorre em razão da 02. A célula representada está em anáfase II da meiose, pois
eu
44 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA B 05
Algas e fungos
ALGAS Com relação à nutrição, as euglenófitas são organismos
lli
mixotróficos, isto é, são capazes de realizar a nutrição
Ficologia é o estudo das algas, um grupo bastante autotrófica e a nutrição heterotrófica. Em ambientes
diversificado de organismos, em que existem espécies iluminados, produzem seu próprio alimento por meio da
unicelulares e pluricelulares, subdivididas em diversos grupos. fotossíntese (nutrição autotrófica), armazenando seu
alimento como paramilo (polissacarídeo). Entretanto, quando
ou
Muitos autores incluem todos os grupos de algas no reino
Protista, e outros consideram apenas as algas unicelulares em ambientes desprovidos de luz, passam a ingerir partículas
de alimento por fagocitose (nutrição heterotrófica).
como sendo protistas, preferindo classificar as demais no
Reino Plantae. A reprodução das euglenófitas é assexuada por
Vejamos, então, os principais grupos de algas. cissiparidade longitudinal.
rn
algas unicelulares, eucariontes, aeróbias, de vida livre,
encontradas, principalmente, na água-doce, fazendo parte
do fitoplâncton (seres planctônicos). A Euglena viridis é o
principal representante desse grupo.
unicelulares, eucariontes, aeróbios, autótrofos, que
podem viver isoladas ou associadas formando colônias,
tanto na água-doce quanto na água salgada, fazendo
parte do fitoplâncton. As diatomáceas são os principais
representantes desse grupo.
Be Arquivo Bernoulli
Arquivo Bernoulli
Diatomáceas.
contrátil (pulsátil) que, periodicamente, elimina o excesso de até na construção de casas. Em certas regiões do Nordeste
água que entra na célula por osmose. Apresenta, também, brasileiro, por exemplo, o diatomito é cortado em blocos
uma estrutura avermelhada, denominada estigma ou (tijolos) e usado na construção de modestas habitações.
mancha ocelar, de função fotorreceptora. Por meio dessa
estrutura, a Euglena pode perceber variações de intensidade OBSERVAÇÃO
luminosa no meio em que se encontra e ter reações de Alguns autores preferem classificar as diatomáceas
fototactismo (deslocamento orientado segundo o estímulo como pertencentes a outro filo de algas: Filo (divisão)
luminoso). Assim, a alga pode locomover-se no sentido do Bacillariophyta. Para eles, as diatomáceas diferem das
estímulo luminoso (fototactismo positivo) ou no sentido crisófitas pela ausência de flagelos, excetuando-se em alguns
contrário a ele (fototactismo negativo). Essa locomoção é gametas masculinos, e pela parede celular peculiar, dividida
feita através de flagelo. em duas metades.
lli
Arquivo Bernoulli
ou
Arquivo Bernoulli
Acetabulária – Acetabulária é uma clorofícea marinha, unicelular
e macroscópica. Cada “chapéu” e respectivo pedúnculo é uma
única e grande célula que chega a ter até 10 cm de comprimento.
Dinoflagelados marinhos.
rn
Possuem morfologia variada e podem ter ou não parede
celular. Em algumas, a parede celular é constituída por
placas espessas de celulose, formando uma espécie de
armadura denominada lórica. Geralmente, têm dois flagelos
Be Arquivo Bernoulli
Algumas espécies de pirrófitas, como as do gênero Clorófitas pluricelulares – As clorófitas pluricelulares são
eu
Noctiluca, são bioluminescentes, produzindo um brilho claro exemplos de talófitas, isto é, não possuem órgãos (raízes, caule
sobre as ondas do mar durante a noite. Outras, como as e folhas) diferenciados. Algumas são folhosas ou membranosas,
como a Ulva; outras, como a Ulothrix, são filamentosas.
do gênero Gonyaulax, são responsáveis pelo fenômeno das
“marés vermelhas”. As células das clorófitas possuem parede celular
constituída por celulose e, no citoplasma, todas se
Divisão Chlorophyta caracterizam pela abundância de clorofila. Possuem
clorofilas a e b, as mesmas encontradas nos vegetais
As clorófitas, clorofíceas ou algas verdes constituem
M
46 Coleção Estudo 4V
Algas e fungos
A reprodução das clorófitas pode ser assexuada ou sexuada, sendo que, em algumas espécies, ocorre metagênese
(alternância de gerações assexuada e sexuada).
A reprodução assexuada pode ser realizada por cissiparidade (divisão binária, bipartição) ou por esporulação (por meio
da formação de esporos).
Organismo
vegetativo
maduro
lli
Zoósporo
Arquivo Bernoulli
ou
BIOLOGIA
Filamento
jovem
rn
Reprodução assexuada por esporulação em Ulothrix, alga verde pluricelular filamentosa – Observe que, em determinada célula do
filamento, por mitose, ocorre a zoosporia, isto é, formação de zoósporos (esporos móveis, flagelados). Esses esporos abandonam
o filamento, nadam até encontrar um substrato onde se fixam e, por sucessivas mitoses, originam um novo filamento de alga,
ou seja, um novo indivíduo.
A reprodução sexuada pode ser feita por meio de fecundação, isto é, envolve a participação de gametas. Os gametas
Be
masculinos são denominados anterozoides e os femininos, oosferas. Na fecundação das algas, dependendo da espécie, pode
existir isogamia, heterogamia ou oogamia.
Anterozoide
A. Isogamia – Os dois gametas envolvidos (masculino e feminino) são idênticos quanto à forma, tamanho e comportamento (ambos
são móveis). B. Heterogamia – Os dois gametas envolvidos são parcialmente diferentes: às vezes, têm a mesma forma e o mesmo
tamanho, porém um é móvel (gameta masculino) e o outro imóvel (gameta feminino); outras vezes, ambos são móveis, têm a
mesma forma, mas um é bem menor do que o outro (o gameta menor é o masculino, já o maior é o feminino). C. Oogamia –
Os dois gametas envolvidos são totalmente diferentes: um é pequeno e móvel (microgameta, anterozoide ou gameta masculino)
e o outro é grande e imóvel (macrogameta, oosfera ou gameta feminino).
A) Talo
Ciclo haplôntico Fecundação
lli
n Esporófito
(2n)
Zigoto
2n Gametófitos
Meiose (R!) Zigoto (n)
(2n) s
io
ou
â ng
et
m (n)
Meiose (R!)
Gametas Fusão de Gametas (n) Ga
n gametas
Talo Ciclo diplôntico
B) Fecundação
2n
Zigoto Ciclo haplodiplobiôntico da Ulva (alface-do-mar), alga verde
2n
Mitose pluricelular.
Meiose (R!)
Esporos
n
Mitoses
rn Divisão Rhodophyta
As rodófitas, rodofíceas ou “algas vermelhas” são
pluricelulares e predominantemente marinhas, existindo
poucas espécies de água-doce. Suas células possuem
Arquivo Bernoulli
Talo Talo
Be
C) Ciclo haplôntico-diplôntico
2n n parede celular constituída por celulose associada a outras
Zigoto Gametas substâncias, como carragina e ágar.
Mitoses 2n n
O carragin (carragina) é um polissacarídeo que apresenta
Fecundação em sua composição sais de sódio, potássio, cálcio e
magnésio, sendo utilizado como estabilizador na fabricação
Nas espécies que têm o ciclo haplôntico-diplôntico, de doces e sorvetes.
ocorre o fenômeno da metagênese, isto é, alternância de O ágar (ágar-ágar) é um polissacarídeo muito utilizado
reprodução assexuada (por meio de esporos) e sexuada (por no preparo de meios de cultura para bactérias e fungos e
meio da fecundação). Células do indivíduo adulto diploide
eu
48 Coleção Estudo 4V
Algas e fungos
lli
e algina, uma substância péctica muito utilizada na indústria
de doces e sorvetes como estabilizador. Os fungos ou micófitos são seres unicelulares ou
pluricelulares, eucariontes, heterótrofos, aeróbios ou
Possuem clorofilas a e c, caroteno e fucoxantina (pigmento anaeróbios, encontrados nos mais variados ambientes,
de cor parda) que conferem a essas algas coloração marrom- preferencialmente os úmidos e ricos em matéria orgânica.
ou
BIOLOGIA
-esverdeada. No Mar dos Sargaços (entre Bahamas e De morfologia e tamanhos variados, esses seres apresentam
Açores), por exemplo, a cor marrom-esverdada das águas desde espécies microscópicas, como as leveduras unicelulares,
deve-se à abundância na região de feófitas do gênero até espécies macroscópicas, como os champignons
Sargassum.
(cogumelos comestíveis).
Podem apresentar elementos de fixação denominados Os pluricelulares são filamentosos, isto é, as células se
apressórios e vesículas cheias de ar para a flutuação. organizam formando filamentos denominados hifas, que
Vesícula
de ar rn podem ser asseptadas ou septadas.
citoplasmática comum.
Be
• Hifas septadas – Apresentam septos ou paredes
transversais separando as células. Nesse caso,
as células podem apresentar um ou dois núcleos
haploides.
Septo
eu
A B C
(metagênese) com a produção de zoósporos (esporos com células binucleadas ou hifa dicariótica.
móveis). Além de atuarem como produtores nas
cadeias alimentares, as feófitas têm outras utilidades. O conjunto de hifas de um fungo recebe o nome de micélio.
Por exemplo: na China e no Japão, é extraída uma geleia de No micélio, existem hifas vegetativas, encarregadas da
certas feofíceas que é consumida na alimentação humana. nutrição, e hifas reprodutoras, especializadas na reprodução.
Na Europa, as feófitas do gênero Fuccus servem de Em certos tipos de fungos, o micélio se organiza formando
forragem (alimentação) para o gado. Nos EUA, as do um talo ou corpo de frutificação de morfologia variada que
gênero Sargassum, por serem ricas em sais de potássio, cresce e aflora na superfície do solo ou de um tronco podre.
sódio e iodo, são utilizadas como fertilizantes (adubos Esse corpo de frutificação, quando presente, desenvolve-se
para o solo). a partir de um vasto micélio subterrâneo.
lli
Tipos de esporos
ou
Zoósporos
Ascósporos
Aplanósporos
Basidiósporos
Conidiósporos
geralmente, vermes nematódeos encontrados no solo e • Aplanósporos – Sem mobilidade própria, esse tipo
em raízes apodrecidas. Nessas raras espécies predadoras, de esporo é transportado pelo vento e produzido no
um dos mecanismos de captura do alimento consiste na interior de estruturas denominadas esporângios.
produção de uma substância viscosa sobre a superfície das
hifas, à qual ficam presos pequenos vermes. Em seguida, Aplanósporos
o fungo emite hifas que penetram no corpo do verme e
absorvem os seus tecidos, conforme ilustrado na figura.
Nematoda
Arquivo Bernoulli
M Arquivo Bernoulli
Esporângios
Rizoides
Anel constritor absorventes
Hifa vegetativa
Hifa assimilativa
Rhizopus (bolor preto de pão), um fungo terrestre. Esse fungo
Nematoda capturado por fungo – Observe a presença de hifas possui hifas especiais, denominadas rizoides, que penetram no
no interior do corpo do nematoda, absorvendo seus tecidos. substrato participando do processo de absorção de alimentos.
50 Coleção Estudo 4V
Algas e fungos
lli
Conidiósporos
Arquivo Bernoulli
Penicillium
ou
BIOLOGIA
• Ascósporos – Geralmente em número de oito,
os ascóporos são formados no interior de uma
estrutura denominada asco. Formação dos basidiósporos – 1. No basídio, ocorre a cariogamia
(fusão dos núcleos). 2. Formação de um núcleo diploide (2n).
3. Por meiose, o núcleo diploide dá origem a quatro núcleos
haploides (n). 4 e 5. Cada núcleo haploide, assim formado, dará
e plantas.
Formação dos ascósporos – As hifas responsáveis pela Algumas espécies são responsáveis pelo mofo ou
formação dos ascósporos são do tipo dicarióticas. Inicialmente, bolor de muitos alimentos. Entre elas, destaca-se
o Rhizopus stolonifer, mais conhecido por mofo ou
nessas hifas, ocorre a fusão dos dois núcleos haploides
bolor negro do pão.
(n), originando um núcleo diploide (2n). Em seguida, esse
núcleo diploide sofre uma meiose, formando quatro núcleos C) A s c o m i c e t o s – F u n g o s u n i c e l u l a r e s o u
M
haploides. Esses quatro núcleos haploides sofrem mitose, filamentosos com hifas septadas, suas espécies
originando dentro do asco oito ascósporos haploides. A. fusão
mais simples estão representadas pelas
l e v e d u r a s ( l ê ve d o s ) , c o m o, p o r e xe m p l o,
de núcleos haploides; B. núcleo diploide; C. fim da meiose,
o Saccharomyces cerevisiae, também conhecido
com 4 núcleos haploides; D. após mitose, 8 ascósporos no
por levedura da cerveja. Essas leveduras são
interior do asco.
organismos unicelulares haploides (n) ou
diploides (2n). Quando haploides, reproduzem-se
• Basidiósporos – Em número de quatro, os assexuadamente por brotamento. Quando diploides,
basidiósporos são formados em uma célula fértil também podem reproduzir-se por brotamento, mas,
claviforme, denominada basídio e localizada na em certas ocasiões, podem formar ascósporos e se
extremidade de uma hifa. reproduzirem sexuadamente.
lli
ou
Arquivo Bernoulli
rn
Aspergillus e Penicillium, ascomicetos que também produzem
conidiósporos.
52 Coleção Estudo 4V
Algas e fungos
lli
• Psilocybe mexicana – Essa espécie é produtora Nocividades
de uma substância alucinógena, a psilocibina ou • Algumas espécies produzem toxinas prejudiciais
psilocibin. a nosso metabolismo e, por isso, tornam-se
ou
• Polyporus sp. – Popularmente, são conhecidos por venenosas quando ingeridas, causando distúrbios
BIOLOGIA
orelhas-de-pau. Seus micélios vegetativos crescem hepáticos e intestinais. As aflatoxinas, por exemplo,
no interior de troncos podres. O corpo de frutificação são produzidas por diversos fungos, em especial
se apresenta sob a forma de grossas lâminas o Aspergillus flavus. Esse fungo é um bolor que
semicirculares. ataca as sementes de muitas leguminosas (feijão,
soja, amendoim) e gramíneas (milho, arroz, trigo).
rn
No grande reino dos fungos, muitas espécies se destacam
pelas utilidades que trazem ao homem e ao meio ambiente.
Por outro lado, algumas espécies também se destacam por
serem prejudiciais ao homem, a outros animais e às plantas.
Utilidades
•
hepáticas e até a morte dos mais variados animais
como aves, porcos e bezerros.
Algumas espécies produzem substâncias alucinógenas,
como a ergotamina (substância da qual se sintetiza o
LSD) fabricada pelo ascomiceto Claviceps purpurea.
Be
• Muitas formas de alergias que afetam o sistema
• Atuam como decompositores, tendo, portanto, papel respiratório são provocadas por esporos de fungos
importante na reciclagem da matéria nos ecossistemas existentes na poeira, especialmente os dos gêneros
e no enriquecimento do meio abiótico com nutrientes Penicillium e Aspergillus.
minerais, indispensáveis ao desenvolvimento dos • Muitas espécies parasitam plantas, causando
produtores. doenças conhecidas genericamente por fitomicoses,
• Alguns vivem associados a raízes de plantas, formando que trazem muitas vezes grandes prejuízos às
as micorrizas, relação em que há uma troca mútua plantações. Entre essas fitomicoses, podem-se citar
de benefícios. As raízes das plantas absorvem parte a ferrugem do café, o cancro da maçã e a podridão
eu
lli
Além de dar proteção às células das algas, os fungos fornecem água = Indivíduo C
e minerais para que elas, por meio da nutrição autótrofa, possam
fabricar alimentos. Parte do alimento fabricado pelas algas é, então,
fornecido aos fungos.
Indivíduo A
ou
= Célula S
Arquivo Bernoulli
54 Coleção Estudo 4V
Algas e fungos
04. (UFRGS-RS–2014) Os organismos que se caracterizam 03. (FUVEST-SP) O molho de soja mofado vem sendo usado
simultaneamente por ausência de pigmento na China, há mais de 2 500 anos, no combate a infecções
fotossintetizante, presença de paredes celulares com de pele. Durante a Segunda Guerra Mundial, prisioneiros
quitina e reprodução por esporos são russos das prisões alemãs, que aceitavam comer pão
A) as bactérias. mofado, sofriam menos infecções de pele que os demais
B) os fungos. prisioneiros, os quais recusavam esse alimento.
C) os vírus. A) O que é o mofo?
D) as pteridófitas. B) Por que esses alimentos mofados podem combater as
lli
E) os protozoários. infecções de pele?
ou
mofados, pois os fungos necessitam de
BIOLOGIA
01. (UECE–2016) Analise as afirmações seguintes.
A) algas simbióticas para digerir o couro, a lã e o algodão.
I. Algas são seres fotossintéticos, conhecidos como
plantas do mar e por esse motivo pertencem ao Reino B) baixa luminosidade para realizar fotossíntese.
Plantae.
C) baixa umidade para se reproduzirem.
II. As algas são responsáveis pela maior parte do gás
D) substrato orgânico para o desenvolvimento adequado.
oxigênio liberado diariamente na biosfera.
III. Quando há um desequilíbrio dos fatores ambientais,
Dinophyta, é um fenômeno marinho muito importante que diferencie a célula de um fungo de uma célula
para o aumento da população de várias espécies de vegetal.
peixes e crustáceos, pois o aumento da população B) Em animais, alguns fungos podem provocar
destas algas disponibiliza grande quantidade de
intoxicação e doenças como micoses; em plantas,
alimentos para estes animais.
podem causar doenças que prejudicam a lavoura,
E) as diatomáceas são algas unicelulares recobertas
como a ferrugem do cafeeiro, a necrose do amendoim
por uma carapaça. Em certas regiões do fundo
marinho estas carapaças se acumulam e liberam e a vassoura de bruxa do cacau. Entretanto, os fungos
sustâncias tóxicas, matando muitas espécies também podem ser benéficos. CITE dois benefícios
animais que ali vivem. proporcionados pelos fungos.
SEÇÃO ENEM
01. (Enem–2013) Uma indústria está escolhendo uma linhagem de microalgas que otimize a secreção de polímeros comestíveis,
os quais são obtidos do meio de cultura de crescimento. Na figura podem ser observadas as proporções de algumas organelas
presentes no citoplasma de cada linhagem.
Quantidade de organelas
80%
lli
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
ou
0%
Linhagem I Linhagem II Linhagem III Linhagem IV Linhagem V
Núcleo 20 20 20 20 20
Retículo endoplasmático 20 35 15 40 35
Complexo golgiense 50 40 35 20 15
Mitocôndrias 10 5 30 20 30
Qual é a MELHOR linhagem para se conseguir maior rendimento de polímeros secretados no meio de cultura?
A) I B) II C) III D) IV E) V
02.
rn
Cientistas suíços descobriram o que julgam ser o maior fungo europeu. Ele se estende por uma extensa área no subsolo de
uma floresta alpina.
Conhecido como o cogumelo do mel, ou por Armillaria ostoyae, o fungo foi encontrado oculto no Parque Nacional Engadine,
nos Alpes suíços orientais, segundo o Instituto Federal para Pesquisa de Florestas, Neve e Paisagem.
Abrangendo uma área de 35 hectares, o fungo deve ter cerca de mil anos de idade. Ele só é visível no outono do Hemisfério
Norte, quando os seus cogumelos irrompem pela terra e crescem à volta das raízes das árvores. Embora inofensivo para as
Be
pessoas – ele é comestível –, o fungo parasita pode colonizar certas árvores, como os pinheiros, matando-as.
Em termos de tamanho, o fungo suíço só é batido por outro cogumelo do mel que cresce nos Estados Unidos. Descoberto na
Floresta Nacional de Malheur, no leste do estado de Oregon, esse fungo subterrâneo tem 2 400 anos e cobre uma área de
890 hectares, o que o torna o maior organismo vivo até agora descoberto.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u12465.shtml>. Acesso em: 29 jul. 2010.
Entre as condições favoráveis que permitem o crescimento rápido de fungos, como o da reportagem, podem-se incluir
A) temperaturas baixas com ambiente seco e rico em matéria orgânica.
B) alta incidência de luz e água para a fotossíntese do fungo.
C) alta umidade e matéria orgânica com temperaturas não muito baixas.
D) baixa umidade com muita matéria orgânica, associada a temperaturas extremas.
eu
05. B
Célula S = 7;
06. A) Os animais, diferentemente dos fungos, não
Célula Z = 7.
apresentam parede celular, as plantas possuem
02. E cloroplastos e os fungos são aclorofilados.
03. C B) Os fungos podem ser usados na indústria alimentícia,
04. B na produção de antibióticos e são importantes para
a ciclagem da matéria.
Propostos
01. B
Seção Enem
02. B 01. A 02. C
56 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA B 06
Poríferos e cnidários
(celenterados)
lli
PORÍFEROS (ESPONGIÁRIOS, A água circula permanentemente pelo corpo dos poríferos,
entrando pelos óstios, passando pela espongiocele e saindo
ESPONJAS) pelo ósculo. Partículas de alimento (algas e protozoários
ou
planctônicos) que entram junto da água são apanhadas e
São metazoários (animais pluricelulares), eucariontes, digeridas por células especiais, os coanócitos, existentes
heterótrofos, assimétricos ou com simetria radial, nas paredes da espongiocele. Os poríferos, portanto,
exclusivamente aquáticos. A maioria das 10 mil espécies é são animais filtradores que retiram seus alimentos da
constituída por animais marinhos; cerca de 50 espécies vivem
corrente de água que circula pelo interior de seu corpo.
na água-doce. Não possuem uma verdadeira organização
A água que penetra pelos óstios traz nutrientes e oxigênio,
histológica, isto é, não possuem tecidos bem definidos e,
e a água que sai pelo ósculo se encarrega de levar os resíduos
por isso, formam o sub-reino Parazoa (parazoários).
da digestão e o gás carbônico produzido pelas células.
Ósculo
Be
Morfologia dos poríferos.
Quando adultos, são animais sésseis (fixos) que vivem
afixados sobre diferentes substratos (rochas, conchas
Pinacócito
de moluscos, solo marinho) e apresentam morfologia
variada (forma de vaso tubular, ramificada, globular), com Coanócito
tamanho variando de alguns poucos milímetros até cerca
Meso-hilo
de 2 metros. Podem ter diferentes colorações (cinzenta,
vermelha, amarela), embora também existam espécies Espícula
quase transparentes (de aspecto vítreo). Átrio
Óstio ou
Possuem o corpo todo perfurado por poros, vindo daí o espongiocele
nome do grupo: poríferos (do latim poris, poro; phoros,
Espícula
possuir). Os poros são de dois tipos, óstios e ósculo,
eu
Arquivo Bernoulli
externa e interna do corpo do animal. Além de realizar
a distribuição de nutrientes, os amebócitos também
podem dar origem às outras células.
lli
Porócitos – Células que formam os poros da
superfície do corpo, isto é, os óstios. Cada poro é, desse tipo, os poros formam canais inalantes não ramificados,
na realidade, um pequeno canal que passa no interior que desembocam diretamente no átrio ou espongiocele.
de uma dessas células. Os coanócitos não se situam nas paredes desses canais, e sim
na parede que delimita a espongiocele. B. Sycon – Os canais
•
ou
Escleroblastos – Células produtoras de espículas, inalantes desembocam em canais radiais, os quais, por sua vez,
estruturas pontiagudas constituídas de carbonato desembocam no átrio (espongiocele). Nesse tipo de esponja,
de cálcio (CaCO3) ou de dióxido de silício (SiO2). apenas nas paredes dos canais radiais existem coanócitos.
As espículas, juntamente com fibras proteicas de C. Leucon – É o tipo mais complexo e de paredes mais espessas.
espongina, formam a estrutura de sustentação do Os canais inalantes desembocam em câmaras, as câmaras
corpo, isto é, o esqueleto do porífero. Essas células e vibráteis, revestidas por coanócitos. Tais câmaras fazem
as espículas que produzem também são encontradas comunicação com o átrio. Não existem coanócitos nas paredes
no meso-hilo. dos canais.
• Gametas – São os espermatozoides e os óvulos,
originários da diferenciação de amebócitos que ficam
dispersos pelo meso-hilo.
Escleroblastos
rn A reprodução dos poríferos pode ser assexuada ou sexuada.
•
Be
Brotamento (gemiparidade) – Por mitoses
Coanócitos sucessivas, surgem lateralmente no corpo do
animal pequenos brotos (gemas), que por sua vez
se desenvolvem e constituem novos indivíduos.
Os brotos podem se destacar do indivíduo que lhes
deu origem, se fixarem em um substrato e constituir
Espícula
Amebócitos indivíduos isolados ou, então, podem permanecer
unidos uns aos outros, formando extensas colônias.
Coanócitos, amebócitos e escleroblastos (células produtoras
das espículas).
eu
Brotamento.
difusão direta dos gases (O2 e CO2) através da membrana
plasmática das células que se encontram em contato com • Regeneração – Os poríferos possuem elevada
a água circulante. Não há sangue nem sistema circulatório. capacidade regenerativa. Assim, minúsculos
A distribuição de substâncias pelo corpo do animal é feita por fragmentos de esponjas podem regenerar-se e
difusão ou pelos amebócitos. A excreção também se faz por originar indivíduos inteiros. Quando, a partir de
difusão direta, através da membrana plasmática das células. pequenos fragmentos eventualmente separados de
Não há sistema nervoso nem órgãos sensoriais.
uma esponja, se formam, por regeneração, novas
De acordo com o grau de complexidade, as esponjas são esponjas inteiras, pode-se dizer também que houve
classificadas em três tipos: Ascon, Sycon e Leucon. uma reprodução por fragmentação.
58 Coleção Estudo 4V
Poríferos e cnidários (celenterados)
• Gemulação – Consiste na formação de estruturas Assim, a fecundação é cruzada, isto é, os dois gametas
denominadas gêmulas que, na realidade, são formas participantes são provenientes de indivíduos diferentes.
de resistência constituídas por uma parede dura Essa fecundação é interna (ocorre no mesênquima).
de espículas justapostas, protegendo um grupo Do desenvolvimento do zigoto, forma-se uma larva,
de amebócitos. Quando as condições ambientais a anfiblástula, que abandona o corpo da esponja, atingindo o
não são favoráveis às esponjas, grupos de exterior através do ósculo. Após nadar durante certo tempo,
amebócitos, enriquecidos com matérias alimentares, a anfiblástula fixa-se a um substrato, desenvolve-se e dá
reúnem-se no mesênquima e são circundados por origem a uma nova esponja adulta.
um revestimento resistente que contém espículas.
Como há um estágio de larva entre o zigoto e o indivíduo
Tais estruturas são as gêmulas. À medida que a
lli
adulto, o desenvolvimento das esponjas é indireto.
esponja morre e degenera-se, as gêmulas diminutas
caem na água e sobrevivem. Quando as condições Os coanócitos também podem participar da reprodução
novamente se tornam favoráveis, a massa de células sexuada nos poríferos, pois captam espermatozoides trazidos
(amebócitos) escapa de dentro do revestimento e pela corrente de água, transferindo-os para um amebócito,
começa a crescer, originando uma nova esponja. que por sua vez os leva até os óvulos.
ou
BIOLOGIA
A formação de gêmulas é mais comum em esponjas de Metaphyta Outros Metazoa
água-doce, sujeitas a épocas de secas.
Micrópila (opérculo)
Poríferos
Algas
Camada Bactérias Protozoário
de espículas Vírus Cianofícias Fungos
rn
Arquivo Bernoulli
Célula primitiva
Amebócitos
Be
Origem evolutiva dos poríferos.
Gêmula de Spongilla em corte longitudinal – Note o espesso Admite-se que os poríferos tenham evoluído a partir
envoltório que contém espículas. Além de serem formas de de determinado grupo de protozoários flagelados.
resistência a condições adversas, as gêmulas constituem uma Provavelmente, tiveram origem de grupos de protozoários
forma de reprodução assexuada. diferentes dos que originaram os outros metazoários.
Provavelmente, também não deram origem a novos grupos,
As gêmulas são capazes de resistir a condições adversas do sendo, por isso, considerados ramos cegos da evolução
meio e, quando as esponjas em que se formaram morrem, dos animais.
libertam-se e permanecem vivas até que as condições
ambientais se tornem novamente favoráveis. Quando isso CNIDÁRIOS (CELENTERADOS)
acontece, através de uma abertura da gêmula, a micrópila,
eu
Boca Cavidade
Medusa gastrovascular
Tentáculo Epiderme
Tentáculos
Pólipo Epiderme
Gastroderme
Cavidade
Arquivo Bernoulli
gastrovascular
Tentáculo
Substrato Gastroderme
Cnidários. Boca
lli
Pólipo Medusa
Pólipos e medusas possuem tentáculos, que podem ser
usados na captura de alimentos e também na locomoção Esquema do corpo de cnidário.
do animal. Quanto à locomoção, os cnidários podem ser A epiderme é formada por cinco tipos básicos de células:
ou
animais sésseis (fixos) ou móveis. Os pólipos geralmente células epitélio-musculares, intersticiais, sensoriais,
são fixos, mas, em certos casos, como acontece com a glandulares e cnidoblastos (cnidócitos).
hidra (um cnidário de água-doce), também podem ser
• Células epitélio-musculares – Além da função de
móveis, locomovendo-se através de movimentos de
revestimento, possuem fibrilas contráteis, orientadas
“cambalhota”.
no sentido do comprimento do corpo do animal. Ao se
contraírem, as fibrilas fazem diminuir o comprimento
do corpo do animal.
Arquivo Bernoulli
30 mm
a
1 cm
•
Células intersticiais – Participam dos processos de
crescimento e de regeneração, pois são capazes de
originar os diversos tipos de células dos celenterados.
Medusa em Célula
repouso epitélio-digestiva
Célula
Pólipo intersticial
Célula sensorial
Expulsão de jatos
de água
M
Cnidoblasto
Representação do movimento de uma medusa. Cnidoblasto
60 Coleção Estudo 4V
Poríferos e cnidários (celenterados)
Arquivo Bernoulli
Filamento
urticante células da epiderme e da gastroderme, que dá suporte ao
corpo do cnidários, constituindo um esqueleto elástico e
flexível. A mesogleia também abriga uma rede de células
nervosas que fazem comunicação com as células sensoriais
Cápsula Núcleo da epiderme e da gastroderme.
com toxina
Nos cnidários, o grau de organização é superior ao dos
poríferos em vários aspectos.
lli
Cnidoblasto Cnidoblasto disparado
• Há um sistema digestório formado por um tubo
digestório incompleto que, por sua vez, é constituído
Cnidoblasto.
pela boca e pela cavidade gastrovascular. Assim,
O cnidoblasto, ao ser tocado, lança para fora o nematocisto nos cnidários, temos a primeira ocorrência evolutiva
ou
BIOLOGIA
(cápsula urticante), estrutura penetrante que possui um de um tubo digestório.
longo filamento (filamento urticante), através do qual um
líquido urticante e tóxico é eliminado. Assim, essas células O alimento (crustáceos, peixes, larvas de insetos, etc.)
participam da defesa dos cnidários e também são utilizadas capturado pelos tentáculos é introduzido na cavidade
na imobilização dos pequenos animais capturados pelos gastrovascular onde, por ação de enzimas digestivas
tentáculos. Os cnidoblastos são encontrados em toda a produzidas e liberadas pelas células glandulares da
epiderme do animal, aparecendo, entretanto, em maior gastroderme, é parcialmente digerido. Esse alimento
concentração nos tentáculos e ao redor da boca. O nome
cnidários (do grego knidos, urticante) deve-se à presença
dos cnidoblastos ou cnidócitos.
Tentáculo
Be
Em outros, como a água-viva, o corpo é mole, porque não Alimento
capturado
possuem esqueleto de sustentação.
Boca
Epiderme
Na gastroderme, também existem diferentes tipos de Gastroderme
células: musculares-digestivas (epitélio-digestivas), células
glandulares, intersticiais e sensoriais. Célula
muscular-
• Células musculares-digestivas – Participam da digestiva
absorção e da digestão intracelular dos alimentos. Célula
São alongadas e dotadas de flagelos voltados para sensorial
a cavidade gastrovascular. O batimento dos flagelos Células
eu
Tentáculos
Estrobilização
Boca
Éfira
Medusa
Células
nervosas
Arquivo Bernoulli
interligadas
Arquivo Bernoulli
Pólipo
lli
Estrobilização em um pólipo – Na estrobilização, o corpo do
Sistema nervoso da Hydra. pólipo sofre uma série de divisões transversais, originando
ou
segmentos discoidais, denominados éfiras, que são formas
• Alguns apresentam gônadas (ovários e testículos).
elementares de medusas. Cada éfira, ao se desenvolver,
Nos cnidários, temos, então, a primeira ocorrência
origina uma medusa adulta.
evolutiva de gônadas (glândulas sexuais).
62 Coleção Estudo 4V
Poríferos e cnidários (celenterados)
lli
principalmente em ambiente marinho. C) Absorvem alimentos por meio de filtração, mecanismo
C) São organismos conhecidos popularmente como possível pela presença de células flageladas que
esponjas, que possuem vida aquática, principalmente no direcionam o fluxo de alimentos para a cavidade interna,
mar, e se reproduzem exclusivamente de forma sexuada. denominadas cnidócitos.
D) São organismos conhecidos popularmente como D) São seres exclusivamente aquáticos, que não
ou
esponjas, que possuem vida aquática, principalmente possuem tecidos bem definidos, não apresentam
BIOLOGIA
em água doce, e vivem fixados a um substrato. órgãos nem sistemas.
E) São organismos invertebrados, com corpo sustentado
por espículas ou fibras que possuem coanócitos como
02. (Uncisal–2014) Recifes de corais são estruturas que existem
em vários locais da costa brasileira, inclusive em Alagoas.
tipo celular característico e vivem principalmente em
Essa estrutura é formada por um grupo de animais sésseis
ambiente marinho.
(os cnidários) e seus esqueletos, que abrigam muitos outros
02. (UECE–2016) Quanto à organização dos espongiários, seres vivos (algas, poríferos, peixes, moluscos, crustáceos
é CORRETO afirmar que etc.) e formam um dos ambientes com maior diversidade
05. (UFPR) Relacione as colunas e assinale a alternativa 02. Pesquisadores brasileiros estudam substâncias químicas
CORRETA. das esponjas com o objetivo de obter compostos bioativos,
1.
Coanócitos 4.
Mesênquima que possam eventualmente resultar em medicamentos.
2.
Células nervosas 5.
Cnidoblastos Com esse material serão realizados bioensaios para verificar
sua ação contra câncer, tuberculose e cepas de bactérias
3. Átrio
resistentes a antibióticos. Segundo os pesquisadores
( ) Cavidade central das esponjas. não deverá faltar material para ser testado, e, se forem
( ) Células de defesa dos celenterados. considerados os antecedentes das esponjas na área
farmacológica, há grande possibilidade de obter bons
( ) Mesogleia, abaixo da epiderme.
resultados. Já existem alguns medicamentos à venda que
lli
( ) Digestão intracelular dos poríferos. foram inspirados em moléculas extraídas de esponjas,
( ) Camada média da estrutura dos poríferos. como é o caso do antiviral Vira-A ou Aciclovir (vendido sob
o nome comercial de Zovirax), produzido a partir da esponja
A) 3 – 2 – 5 – 1 – 4
Cryptotdethya crypta, que combate o vírus da herpes.
B) 5 – 3 – 2 – 1 – 4
ou
O AZT é outro exemplo de droga que teve origem em
C) 5 – 2 – 3 – 1 – 4 substâncias provenientes desses estranhos seres coloridos.
D) 3 – 5 – 2 – 4 – 1 É importante que fique claro que esses medicamentos
E) 3 – 5 – 2 – 1 – 4 não são diretamente extraídos de esponjas, mas foram
substâncias retiradas delas que inspiraram sua síntese.
06. (FUVEST-SP) Os acidentes em que as pessoas são Além desses dois, há outros em testes para o tratamento
“queimadas” por cnidários ocorrem com frequência no da tuberculose, infecções hospitalares, câncer e doenças
litoral brasileiro. Esses animais possuem cnidoblastos ou tropicais, como a leishmaniose, malária e mal de Chagas.
cnidócitos, células que produzem uma substância tóxica,
que é composta por várias enzimas e fica armazenada
em organelas chamadas nematocistos.
Os cnidários utilizam essa substância tóxica para sua
defesa e a captura de presas.
A) Em que organela(s) do cnidoblasto ocorre a síntese
rn Disponível em: <http://www.sescsp.org.br> (Adaptação).
64 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA B 07
Helmintos
PLATELMINTOS Quanto à respiração, existem espécies anaeróbias, como
li
os endoparasitos intestinais, e espécies aeróbias, que fazem
Os platelmintos (do grego platys, chato, e helminthes, a respiração cutânea direta.
verme) são metazoários bilatérios, triblásticos e acelomados.
l
O sistema circulatório é ausente, sendo que a distribuição
Nesses animais, temos a primeira ocorrência evolutiva de
de substâncias pelo corpo do animal se faz por difusão,
ou
um verdadeiro mesoderma embrionário. São também os
célula a célula.
primeiros organismos na escala zoológica a apresentar
simetria bilateral (primeiros animais bilatérios). A excreção é feita pelas células-flama (solenócitos,
protonefrídios). Os platelmintos formam o primeiro
Podem ser de vida livre ou parasitos. As espécies de vida
grande filo com sistema excretor. Tal sistema é constituído
livre são encontradas na água (doce e salgada) ou em solos
úmidos. Entre as espécies parasitas, muitas causam doenças pelas células-flama, ductos (canais excretores) e pelos
graves ao homem e a outros animais. poros excretores que se abrem na superfície do corpo
do animal.
Gânglios nervosos
Be
isto é, uma das partes do corpo diferenciada em cabeça. cerebroides Comissuras
Arquivo Bernoulli
ventrais
Região anterior Ramo anterior
Ocelos
do intestino
Faringe ou Planária
probóscide Sistema nervoso ganglionar da planária – Cordões nervosos
(protátil)
eu
Em algumas espécies, como nas planárias, também ocorre • Estróbilo – É o corpo propriamente dito do
reprodução assexuada por divisão transversal do corpo. parasito, formado pela união de vários anéis ou
Essa reprodução é possível graças à alta capacidade de proglotes (proglótides). A T. solium tem cerca de
regeneração que esses animais possuem. 900 proglotes, e a T. saginata, até 2 000. Cada proglote
Nos trematódeos, também ocorre um caso especial de tem sua individualidade alimentar e reprodutiva.
reprodução chamado de pedogênese, que consiste em uma O tegumento que recobre esses proglotes possui
partenogênese na fase de larva. Na pedogênese, uma fêmea pequenas elevações, denominadas microtríquias,
ainda imatura, isto é, na fase de larva, forma óvulos que se que têm a função de absorver os nutrientes já prontos
desenvolvem partenogeneticamente, originando novas larvas. para serem utilizados, originários da digestão dos
alimentos feita pelo hospedeiro (homem). Lembre-se
O filo dos platelmintos está subdividido em três classes:
li
de que, nas tênias, o tubo digestório é ausente.
Turbellaria (turbelários), Trematoda (trematódeos) e Cestoda
(cestódeos). Os proglotes são divididos em três categorias: jovens,
Platelmintos maduros e grávidos.
l
Classe Classe Classe Escólex
ou
Turbellaria Trematoda Cestoda Colo
Parasitas; epiderme
Vida livre; Parasitas;
com cutícula
epiderme epiderme com
protetora; sistema
ciliada, sistema cutícula protetora;
digestório ausente. Proglotes
digestório sistema digestório jovens
Exemplos: Taenia
incompleto. incompleto.
solium, Taenia
Exemplo: Exemplos:
Proglotes
Arquivo Bernoulli
saginata (solitária)
Dugesia tigrina
(planária).
Schistosoma mansoni
e Fasciola hepatica.
PRINCIPAIS PLATELMINTOS
PARASITOS DO HOMEM
rn
e Echinococus
granulosus.
Proglotes
grávidos
adultas
Ventosas
Arquivo Bernoulli
66 Coleção Estudo 4V
Helmintos
li
4 e a pessoa sabe que está sendo parasitada pela eliminação dos
Arquivo Bernoulli
l
Quando o homem ingere ovos de T. solium, no seu
ou
4’ organismo, os ovos darão origem aos cisticercos (larvas),
BIOLOGIA
que podem se instalar no tecido muscular, no tecido nervoso,
no globo ocular, etc. Nesse caso, fala-se que o indivíduo tem
uma cisticercose. A cisticercose humana é responsável por
lesões graves no organismo. Os cisticercos podem causar, nos
órgãos em que se instalam, reações inflamatórias seguidas
3’
de calcificação. Quando tais focos inflamatórios ocorrem nas
válvulas cardíacas ou em órgãos do Sistema Nervoso Central,
rn
Ciclo das tênias – 1. Homem portador de Taenia solium adulta
elimina proglotes grávidos, isto é, contendo ovos do verme;
2. Ovos no meio exterior contaminando o ambiente; 3. Suíno
ingere ovos de T. solium; 4. No organismo do suíno, os ovos
dão origem aos cisticercos (larvas do verme), que se alojam nos
podem causar distúrbios funcionais graves; esses distúrbios
ocorrem não só pelo processo inflamatório ou calcificação, mas
também pela destruição do tecido circunjacente ao cisticerco.
Uma das formas mais graves de cisticercose humana
é a neurocisticercose ou cisticercose cerebral, que causa
mal-estar, dor de cabeça contínua, dificuldades locomotoras,
convulsões semelhantes às da epilepsia e até demência
Be
músculos (carne) do porco; 5. O homem ingere carne de porco
(loucura). No olho, a cisticercose pode destruir a retina,
crua ou malcozida com cisticercos que, no intestino delgado
provocando cegueira parcial ou total.
humano, originam o verme adulto. Cerca de três meses após a
infecção, o homem começará a eliminar os proglotes grávidos. Todos os casos de cisticercose humana até agora
A Taenia saginata apresenta ciclo semelhante (2’, 3’ e 4’), tendo, diagnosticados se deram por ingestão de ovos de T. solium.
entretanto, o bovino (3’) como hospedeiro intermediário. Ainda não foi comprovada a cisticercose humana pela
ingestão de ovos de T. saginata.
As tênias são parasitos heteroxenos que completam
seu ciclo evolutivo em dois hospedeiros, sendo ambos Conforme vimos, as tênias podem causar duas doenças
vertebrados. Os hospedeiros da T. solium são o homem e o distintas no homem: teníase e cisticercose.
porco, os da T. saginata são o homem e o boi. A teníase consiste na infecção pelos vermes adultos
e é adquirida (transmissão) quando o homem ingere os
eu
alcançam a circulação sanguínea e, por meio desta, chegam As medidas de profilaxia da teníase consistem em
à musculatura dos animais, onde se instalam. No tecido tratamento dos doentes; educação sanitária; engenharia
muscular, cada oncosfera transforma-se em um pequeno sanitária (defecação em sanitários com rede de esgoto bem
cisticerco (larva), que não desenvolve para verme adulto, construída ou fossas); inspeção nos matadouros dos animais
permanecendo viável (vivo) por alguns meses. abatidos, feita por profissionais qualificados, eliminando-se
O homem, ingerindo carne de porco ou de boi, crua ou aqueles cujas carnes estejam contaminadas com os
malcozida, contaminada com os cisticercos, adquire a tênia cisticercos; melhoria das condições criatórias, principalmente
adulta (teníase). Os cisticercos ingeridos pelo homem, dos suínos, substituindo-se a criação extensiva (animais
ao chegarem ao duodeno (1ª porção do intestino delgado), criados soltos) por pocilgas bem construídas; não ingestão
estimulados pela bile, desenvaginam-se, aderem-se ao de carne crua ou malcozida.
Para a profilaxia da cisticercose, é válida também a O S. mansoni é uma espécie dioica. Os vermes adultos
maioria das medidas listadas para a profilaxia da teníase, são encontrados no hospedeiro vertebrado (homem),
bem como medidas de higiene pessoal (lavar as mãos antes mais especificamente no interior dos vasos sanguíneos do
das refeições e após as defecações, manter as unhas sempre sistema porta-hepático (veias do intestino, fígado e baço).
bem aparadas) e os cuidados com os alimentos, especialmente O macho mede cerca de 1,0 cm e possui em seu corpo um canal,
frutas e verduras que são ingeridos crus (lavar bem esses denominado canal ginecóforo, onde, durante o acasalamento,
alimentos em água tratada e corrente antes de ingeri-los). aloja-se a fêmea, que é maior (cerca de 1,5 cm) e mais
fina do que o macho. Machos e fêmeas têm duas ventosas
Dyphyllobothrium latum (órgãos de fixação), situadas na região ventral anterior
do corpo.
li
É um cestódeo parasito do intestino delgado do homem
que, na fase adulta, chega a medir de 8 a 10 metros, com até Após o acasalamento e a fecundação, as fêmeas fazem a
4 mil proglotes. O homem se infecta ao comer a carne crua de postura dos ovos em vasos sanguíneos bem próximos à luz
peixes contaminada com larvas do verme. Por isso, a incidência intestinal. Uma fêmea chega a colocar cerca de 400 ovos por
l
dessa helmintíase é maior nos países onde existe o hábito de dia e vive, em média, 5 anos. Alguns casais de S. mansoni,
ou
se comer carne de peixe crua (Norte da Europa, Rússia, Japão, entretanto, podem viver até 20 ou 30 anos.
Filipinas, parte dos Estados Unidos e Sul do Chile). A profilaxia
dessa verminose consiste em não comer carne de peixe crua.
O ciclo evolutivo desse platelminto pode ser assim resumido:
os ovos do verme adulto saem nas fezes dos indivíduos
parasitados. No meio externo, em condições favoráveis,
Arquivo Bernoulli
forma-se, no interior desses ovos, uma larva ciliada, o coracídio.
Chegando ao meio aquoso, essas larvas saem nadando dos ovos
68 Coleção Estudo 4V
Helmintos
As principais espécies do gênero Biomphalaria, Ao entrarem em contato com a pele do homem, as cercárias
comprovadamente transmissoras do S. mansoni, no Brasil, atravessam-na ativamente e caem na corrente sanguínea.
são Biomphalaria glabrata, Biomphalaria straminea e Essa penetração ativa das cercárias ocorre devido a uma ação
Biomphalaria tenagophila. Esses caramujos são encontrados lítica de enzimas produzidas por glândulas de penetração
em grandes variedades de coleções de água-doce, paradas existentes nessas larvas e a uma ação mecânica (movimentos
ou pouco correntes, tais como lagoas, cisternas, pântanos, vibratórios intensos). A penetração das cercárias através da
riachos, canais de irrigação, etc. pele humana pode causar uma irritação local com coceira,
chamada de dermatite cercariana. Por isso, em algumas
regiões, as lagoas infestadas por cercárias são conhecidas por
“lagoas de coceira”. Após a penetração da cabeça, as cercárias
li
Mesentério perdem a cauda, transformando-se em esquistossômulos,
Circulação Intestino que caem na corrente sanguínea e chegam ao sistema porta-
Homem -hepático, onde evoluem para vermes adultos. Os vermes
l
adultos aparecem no sistema porta-hepático cerca de 30 dias
Veias Saem com após a penetração das cercárias. Do sistema porta-hepático,
ou
BIOLOGIA
as fezes
as fêmeas migram para a veia mesentérica inferior, onde fazem
a oviposição. Os primeiros ovos poderão ser vistos nas fezes
do indivíduo parasitado cerca de 40 dias após a contaminação.
Postura OBSERVAÇÃO
Vermes de ovo Ovo
Penetração adultos As cercárias (formas infectantes do S. mansoni para o homem)
na pele
também são capazes de penetrar pelas mucosas, como a
Arquivo Bernoulli
Cercária
Água
rn Miracídio
e que chegam ao estômago são destruídas pela ação do suco
gástrico, mas as que conseguem penetrar pela mucosa bucal
desenvolvem-se normalmente.
li
doce) e espécies com vários centímetros, como as lombrigas. Podem ser de vida livre ou parasitos. As espécies de vida
livre habitam o solo úmido, a areia das praias, a água-doce
Os nematelmintos não possuem sistema respiratório nem
e a água salgada; os parasitos infestam animais e plantas.
sistema circulatório. Algumas espécies são anaeróbias, como
Muitos são parasitos humanos.
l
certos endoparasitos intestinais, e outras são aeróbias e,
nesse caso, fazem a respiração cutânea direta. A distribuição
PRINCIPAIS NEMATÓDEOS
ou
de substâncias pelo corpo do animal (O2, nutrientes) se faz
por difusão por meio da cavidade pseudocelomática, na qual
existe um líquido (líquido pseudocelomático). Além dessa PARASITOS HUMANOS
função de transporte, o pseudoceloma, por ser cheio de
líquido, funciona como um esqueleto hidrostático, fornecendo Ascaris lumbricoides (lombriga)
apoio para os movimentos musculares do verme.
É o agente etiológico (causador) da ascaridíase ou
O sistema digestório é formado por um tubo digestório ascaridiose, verminose encontrada em quase todos os países.
completo constituído por boca, faringe, intestino retilíneo e
rn
ânus. É o primeiro grande filo com tubo digestório completo.
Boca
Arquivo Bernoulli
Faringe
Arquivo Bernoulli
Be
Lábios
Ânus Intestino
Pseudoceloma
Vermes adultos de Ascaris lumbricoides.
Parede do corpo
Tubo Os vermes adultos vivem no intestino delgado do homem.
digestório
O macho mede cerca de 20 a 30 cm de comprimento e tem
Tubo digestório da lombriga – Observe que existem três lábios a extremidade posterior encurvada. A fêmea mede cerca de
ao redor da boca do animal. 30 a 40 cm, tem a extremidade posterior retilínea e é mais
grossa do que o macho. Machos e fêmeas apresentam a boca
O sistema excretor é constituído pelos tubos em H ou
circundada por três lábios que funcionam como estruturas
renetes (dois longos tubos laterais que, devido à sua
de fixação dos vermes na mucosa intestinal.
disposição, lembram a letra H).
eu
Arquivo Bernoulli
Poro excretor
Canal anterior
Arquivo Bernoulli
Núcleo da célula em H
Canal
comum
Canal posterior
Ovo fértil não Ovo fértil
M
embrionado embrionado
Ovos de A. lumbricoides.
70 Coleção Estudo 4V
Helmintos
O A. lumbricoides é um parasito monoxeno, isto é, Nos casos de pacientes com carga parasitária (número
completa o seu ciclo evolutivo em apenas um hospedeiro. de parasitos) grande, ou nos casos em que o verme sofra
Seu ciclo biológico pode ser assim resumido: os ovos do alguma ação irritativa (medicamento impróprio ou em
verme chegam ao exterior junto das fezes do indivíduo dosagem pequena), as lombrigas podem se deslocar de
parasitado. Encontrando, no meio ambiente, condições seu habitat normal (intestino delgado) e atingir outros
favoráveis, esses ovos tornam-se embrionados, isto é, locais. Chama-se “Ascaris errático” o verme que se localiza
passam a ter, em seu interior, uma larva (L1). Cerca de uma fora de seu habitat normal (localização ectópica). Nesses
semana depois, essa larva sofre duas mudas (mudança) casos, podemos encontrar os vermes no apêndice cecal
e se transforma na larva de 3º estágio (L 3). Os ovos (onde podem causar apendicite aguda), no ducto colédoco
contendo essas larvas, sendo ingeridos pelo homem, vão (causando obstrução dele), no canal pancreático (canal de
li
sofrer eclosão no intestino delgado. Assim, as larvas são Wirsung), causando pancreatite aguda e, ainda, pode ocorrer
liberadas e, atravessando a parede intestinal ao nível do a eliminação dos vermes pela boca e pelas narinas.
ceco, caem na corrente sanguínea. Por meio do sistema
l
As principais medidas de profilaxia para a ascaridíase
circulatório, são levadas ao fígado e, posteriormente,
consistem em tratamento dos doentes; educação sanitária;
à veia cava inferior. Por meio da veia cava inferior, essas
ou
BIOLOGIA
larvas chegam às cavidades do coração: caem no átrio engenharia sanitária; proteger os alimentos contra poeiras e
direito e daí passam para o ventrículo direito de onde saem insetos; combater os insetos domésticos (moscas, baratas).
pela artéria pulmonar, sendo, então, levadas aos pulmões. Poeiras e insetos podem veicular ovos do verme.
Nos capilares pulmonares, as larvas sofrem uma nova
muda e atravessam as paredes desses capilares, caindo no Ancylostoma duodenale
interior dos alvéolos pulmonares. No interior dos alvéolos
pulmonares, as larvas sofrem outra muda e começam e Necator americanus
a subir pelas vias aéreas (bronquíolos → brônquios →
rn
traqueia → laringe → faringe). Ao chegarem à faringe,
as larvas, com cerca de 3 mm, podem ser expelidas pela
expectoração ou ser deglutidas, passando então ao esôfago,
estômago e intestino delgado, onde se fixam, sofrem uma
nova muda, transformando-se em adultos jovens. Em,
aproximadamente, 60 dias, esses adultos jovens atingem a
São, respectivamente, os agentes etiológicos da
ancilostomíase (ancilostomose) e da necatorose,
duas verminoses conhecidas popularmente por amarelão
ou opilação.
Arquivo Bernoulli
maneiras: penetração ativa das larvas através da pele
(principalmente pela planta dos pés, quando se tem o hábito
A B C
de andar descalço) e ingestão de larvas infectantes junto aos
Ovos de Ancylostomatídeos (Ancylostoma e Necator) – alimentos (esse modo de transmissão, apesar de ocorrer,
A. ovo de Ancylostomatídeo recém-emitido; B. ovo de
não é tão frequente quanto o primeiro).
Ancylostomatídeo, 12 horas após a oviposição; C. ovo de
Ancylostomatídeo, 24 horas após a oviposição.
Essas verminoses se caracterizam por provocar uma
li
O A. duodenale e o N. americanus são parasitos monoxenos anemia acentuada nos indivíduos parasitados, fazendo
que têm como hospedeiro o homem. com que a pessoa se torne fraca, desanimada e pálida.
O ciclo biológico desses vermes pode ser assim resumido. Esse quadro de sintomas foi muito bem retratado pelo
l
escritor Monteiro Lobato em seu famoso personagem
Jeca Tatu. A ação da cápsula bucal desses vermes lesa
ou
8
a mucosa intestinal e, como eles mudam de lugar com
frequência, deixam pequenas úlceras (feridas) na mucosa
intestinal, que sangram algum tempo. Esses vermes
também fazem a sucção do sangue. Cada verme adulto
chega a sugar de 0,05 a 0,2 mL de sangue por dia.
A perda de sangue pela hemorragia das úlceras e também
a sucção do sangue feita pelos vermes levam o paciente
rn a um quadro de anemia.
2
Ancylostoma braziliensis
O verme adulto é um parasito típico de cães e gatos.
3 Esses animais eliminam, junto de suas fezes, os ovos do
5
L1 verme. Como esses animais defecam no chão, os ovos
4 L3
eu
72 Coleção Estudo 4V
Helmintos
li
cães e gatos; exame de fezes periódicos de cães e gatos,
com tratamento dos animais que estejam parasitados; 4
recolhimento dos animais de rua; incineração das fezes
l
de cães e gatos encontradas nos quintais e jardins e o uso 6
ou
de calçados.
BIOLOGIA
1
Arquivo Bernoulli
3
Enterobius vermicularis 2
(oxiúros, “lagartinha”)
Ciclo biológico do Enterobius vermicularis – 1. Machos e
É o agente causador da enterobiose ou oxiurose. fêmeas no ceco; 2. Ovos depositados na região perianal;
3. Ovos no meio exterior, contaminando alimentos; 4. Ovos
da região perianal levados à boca pelas mãos; 5. Ingestão
na região perianal, mas a maioria acredita que os ovos são Wuchereria bancrofti (filária)
eliminados por rompimento das fêmeas devido a algum tipo É o agente etiológico da wuquererose, verminose também
de traumatismo. Como as fêmeas são verdadeiros “sacos de conhecida por filariose ou elefantíase, frequente em regiões
ovos” revestidos por uma cutícula que fica bem distendida, tropicais.
parece que o rompimento dela se torna realmente fácil. Os vermes adultos (machos e fêmeas) vivem nos vasos
Os ovos, que se assemelham a um D, pois têm um dos linfáticos humanos, principalmente, nos da perna, embora
lados achatado, são eliminados já embrionados e, ao serem também possam ser encontrados em outros órgãos (mamas,
ingeridos pelo homem, chegam ao intestino delgado, onde escroto, braços).
eclodem e põem em liberdade as larvas. As larvas migram Os machos medem cerca de 3,5 cm de comprimento,
para o ceco e evoluem para vermes adultos. e as fêmeas têm de 7 a 10 cm.
O ovo libera
a larva no
intestino.
l li
Segmentos O adulto
maduros são
ou
habita o
expelidos com intestino
Ovos são
as fezes. humano.
ingeridos por
1 um animal.
2
3
intermediário. Essa situação pode ocorrer se o homem
8 Probóscide
B
rn
4 Tórax
A) ingerir carne malcozida.
B) nadar em águas contaminadas pelo verme adulto.
C) ingerir ovos embrionados do verme.
D) andar descalço e a larva penetrar ativamente pela
sua pele.
E) beber água contaminada pela larva do animal.
Be
5 Salsichoide
L3 7
L1 02. (Fatec-SP) As planárias são vermes acelomados,
6 pequenos e achatados dorso-ventralmente; apresentam
um tubo digestório com inúmeras ramificações.
L2
O tamanho e a forma das planárias estão diretamente
Ciclo biológico da Wuchereria bancrofti – (A) Microfilária no
sangue; (B) Ciclo evolutivo: 1. Homem parasitado com os relacionados
vermes adultos; 2. Microfilárias no sangue periférico (entre A) à capacidade regenerativa de seu mesênquima.
22 e 24 horas); 3. O mosquito Culex ingere microfilárias;
B) ao sistema nervoso ganglionar ventral.
4. 24 horas depois, já no tórax do inseto; 5. Larva salsichoide
nos músculos torácicos do mosquito; 6. Cerca de 8 dias após, C) à presença de células-flama.
sofrem a 1ª muda dando L2; 7. Cerca de 10 dias após, sofrem a D) aos ocelos acima dos gânglios cerebroides.
2ª muda dando L3, que é infectante para o homem; 8. As larvas
eu
escapar as larvas que, então, penetram ativamente na pele. C) Adultos habitando o intestino.
Parece que o estímulo que provoca a saída das larvas da
D) Fecundação interna.
probóscide do mosquito é o calor emanado do corpo humano.
E) Dioicos.
A presença dos vermes adultos no interior dos vasos
linfáticos pode causar a obstrução (entupimento) dos 04. (IFSP–2015) Personagem da literatura brasileira, o Jeca-Tatu
vasos e, com isso, ocorre derrame de linfa para os tecidos imortalizou o trabalhador rural brasileiro, criado por Monteiro
vizinhos, ocasionando o aparecimento de edemas (inchaços) Lobato. O Jeca-Tatu apresentava uma verminose que o
progressivos, o que pode levar aquela parte do corpo a impedia de trabalhar por causar-lhe uma anemia profunda
assumir dimensões desproporcionais. e muita fraqueza. Essa verminose era o amarelão. Como
A profilaxia consiste, basicamente, no tratamento das medida profilática simples e que protege o trabalhador rural
pessoas doentes e no combate ao inseto vetor. contra tal verminose, recomenda-se que ele
74 Coleção Estudo 4V
Helmintos
A) tome sempre água filtrada, para não ingerir os ovos C) Considerando os sistemas digestivo, circulatório,
do verme. respiratório e reprodutor, INDIQUE o que estaria
presente na Taenia adulta.
B) use botas, para sempre andar calçado e não permitir
a entrada do verme pela sola do pé. D) CITE uma medida de saneamento que atue diretamente
na diminuição da incidência da cisticercose suína.
C) não coma verduras e legumes crus ou mal lavados.
D) não nade em lagoas de coceira. 03. (UEL-PR) O grupo dos platelmintos é caracterizado pelo
E) não coma alimentos de origem desconhecida. aparecimento, pela primeira vez na escala zoológica,
da simetria bilateral. Com base nesse fato, assinale a
alternativa que apresenta as características que, durante
li
EXERCÍCIOS PROPOSTOS a evolução destes animais, surgiram associadas ao
aparecimento da simetria bilateral.
A) Aparecimento do ânus e de células-flama.
01. (Unifor-CE–2015) Um biólogo recebe, para identificar,
l
B) Aparecimento da boca e maior dimensão do corpo.
um animal vermiforme desconhecido. Após estudar
C) Aparecimento da cefalização e movimentação direcional
ou
os aspectos anatômicos e histológicos, o pesquisador
BIOLOGIA
do corpo.
verifica que o exemplar possui certas características:
hermafrodita, medindo 5 metros de comprimento. D) Aparecimento da mesoderme e da cavidade
gastrovascular.
Possui escólex globoso, tendo 4 ventosas e um rostro com
dentes quitinosos. O colo é curto e o estróbilo apresenta E) Aparecimento de digestão intracelular e melhor captura
aproximadamente 1 000 anéis, possuindo proglotes jovens de presas.
(largas), maduras (quadrangulares) e grávidas (longas
com ramificações uterinas e terminações arborescentes).
04. (IFPE–2016) Ascaridíase é uma doença muito comum
causada pelo parasita Ascaris lumbricoides, popularmente
Marque a opção que apresenta o parasita identificado pelo
(B)
06. (UFPA) Várias espécies de helmintos são agrupadas dentro do 02. (Enem–1998) Em uma aula de Biologia, o seguinte texto
filo Nematoda, ou vermes cilíndricos. As principais novidades é apresentado:
evolutivas que surgiram nesse filo, em comparação com os
vermes achatados (Platelmintos), foram Lagoa Azul está doente
A) a presença de três folhetos germinativos; uma cavidade Os vereadores da pequena cidade de Lagoa Azul
interna chamada pseudoceloma; e o sistema digestório estavam discutindo a situação da Saúde no Município.
completo. A situação era mais grave com relação a três doenças: doença
de Chagas, esquistossomose e ascaridíase (lombriga).
B) a presença de três folhetos germinativos; uma cavidade
Na tentativa de prevenir novos casos, foram apresentadas
interna chamada celoma; e o sistema circulatório
várias propostas:
fechado.
li
Proposta 1: Promover uma campanha de vacinação.
C) a presença de três folhetos germinativos; ausência de
cavidade interna; e sistema digestório completo. Proposta 2: Promover uma campanha de educação da
população em relação a noções básicas de higiene,
D) a presença de dois folhetos germinativos; uma cavidade incluindo fervura de água.
l
interna chamada pseudoceloma; e o sistema digestório
Proposta 3: Construir rede de saneamento básico.
completo.
ou
Proposta 4: Melhorar as condições de edificação das
E) a presença de três folhetos germinativos; uma cavidade moradias e estimular o uso de telas nas portas e janelas
interna chamada celoma; e o sistema digestório e mosquiteiros de filó.
completo.
Proposta 5: Realizar campanha de esclarecimento sobre
os perigos de banhos nas lagoas.
07. (UFMG) As figuras a seguir foram extraídas da bula de um
Proposta 6: Aconselhar o uso controlado de inseticidas.
medicamento e representam procedimentos que podem
Proposta 7: Drenar e aterrar as lagoas do município.
ser adotados na prevenção de algumas doenças.
Para o combate da Ascaridíase, a proposta que trará maior
Beber Lavar
somente cuidadosamente
Comer
apenas
Andar
sempre
rn GABARITO
Fixação
benefício social, se implementada pela Prefeitura, será
A) 1. B) 3. C) 4. D) 5. E) 6.
Be
água filtrada as verduras e carne bem com os pés
01. C 02. E 03. B 04. B
ou fervida. cozinhar bem passada. calçados.
os alimentos.
Assinale a alternativa que contém uma verminose que Propostos
NÃO pode ser evitada por qualquer um dos procedimentos 01. A
apresentados nas figuras. 02. A) Seta (3).
A) Ancilostomíase C) Filariose B) 1. Homem.
2. Intestino delgado do homem.
B) Esquistossomose D) Teníase
C) Reprodutor.
D) Construção de rede de esgoto.
04. A
05. A) Figura A: fêmea, indivíduo com dimensões maiores.
01. (Enem–2015) Euphorbia milii é uma planta ornamental Figura B: macho, extremidade posterior recurvada
amplamente disseminada no Brasil e conhecida como e presença de espículas copulatórias.
coroa-de-cristo. O estudo químico do látex dessa espécie B) Ingestão de ovos embrionados → eclosão das
forneceu o mais potente produto natural moluscicida, larvas no intestino delgado → larvas perfuram a
a miliamina L. parede intestinal → circulação porta-hepática →
veia cava inferior, coração e pulmões → larvas
MOREIRA, C. P. S.; ZANI, C.L.; ALVES, T. M. A. Atividade
M
76 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA B 08
Moluscos e anelídeos
lli
MOLUSCOS A concha é fabricada pelo manto ou prega paleal,
uma dobra da epiderme que envolve a massa visceral.
ou
Entre o manto e a concha, existe um espaço denominado cavidade
Denomina-se malacologia o ramo da Zoologia que estuda
do manto ou cavidade paleal, de paredes muito vascularizadas,
os moluscos (do latim mollis, mole).
que desempenha funções respiratórias, pois funciona como
Os moluscos são metazoários de simetria bilateral, não pulmões em moluscos terrestres, como os caracóis.
segmentados, triblásticos, celomados, protostômios, cujo
Cavidade do manto Concha
corpo está geralmente dividido em três partes: cabeça,
pé e massa visceral (saco visceral).
Coração
rn
Na cabeça, ficam localizadas estruturas sensoriais (olhos,
tentáculos, etc.); o pé é uma estrutura muscular com função
de fixar, cavar ou locomover; a massa visceral corresponde
ao conjunto de sistemas de órgãos internos do animal e,
em muitas espécies, está protegida pela concha.
Arquivo Bernoulli
pé e massa (ou saco) visceral. O desenvolvimento de cada uma livremente no fundo das águas ou sobre a areia, como os
dessas partes varia nas diferentes classes. O caracol-de-jardim, caramujos.
por exemplo, tem cabeça e pé bem desenvolvidos (A).
Placas
Já os mexilhões têm a cabeça extremamente reduzida, Tentáculos
calcárias Concha
um pé relativamente pequeno, e a maior parte de seu corpo é
representada pelo saco visceral (B).
M
Os moluscos estão distribuídos em cinco classes principais. A maioria dos moluscos, com exceção apenas dos
pelecípodes, possui na boca uma estrutura formada
Classe Características Exemplos
por dentes quitinosos (à semelhança de uma serra) e
Marinhos, dulcícolas denominada rádula, que serve para triturar o alimento antes
ou terrestres; concha Caramujos
que ele seja repassado ao estômago.
univalve (1 peça) ou (aquáticos),
Gastropoda ausente; pé achatado caracóis
Glândula digestiva
(Gastrópodes) em forma de palmilha (terrestres) e Intestino
que cobre toda a lesmas (sem Rádula
Cavidade do manto
porção ventral da concha).
massa visceral. Dentes Ânus
lli
Faringe
Marinhos (maioria)
Músculos
Pelecypoda ou ou dulcícolas; concha Movimento de
Bivalvia bivalve (2 peças); pé Ostras, mariscos, vai e vem
(Pelicípodes ou em forma de lâmina mexilhões. Boca
Rádula Glândula Estômago
Bivalves) de machado; cabeça
Papo salivar
ou
pouco desenvolvida. Esôfago
Amphineura
(Anfineuros)
Scaphopoda
Marinhos, corpo
mole e protegido por
oito placas calcárias
sobrepostas como
telhas.
Marinhos, corpo
protegido por uma
Quíton.
Dentalium.
rnNos cefalópodes, há um forte par de mandíbulas,
em forma de bico, usado para captura de presas (geralmente
crustáceos) e perfuração de suas carapaças. Os cefalópodes
também possuem glândulas salivares.
Arquivo Bernoulli
Alimento filtrado
Tubo digestório levado para a boca Massa visceral
Brânquias
Boca
Aspecto interno do mexilhão (molusco pelecípode), com as
Ânus
valvas da concha separadas – Abaixo da concha, encontra-se
M
78 Coleção Estudo 4V
Moluscos e anelídeos
////
Gânglios existem também dois corações branquiais que auxiliam no
Sifão
mecanismo da circulação. Veja o esquema a seguir.
inalante
Esôfago Veia cava
Ânus Veia branquial Artéria cefálica
Concha Artéria
lli
Arquivo Bernoulli
branquial
Glândula
digestiva Coração
branquial
Arquivo Bernoulli
Ctenídio
ou
Coração sistêmico
BIOLOGIA
Brânquia Artéria abdominal
Ceco
Estômago Circulação fechada nos moluscos cefalópodes.
Aspecto interno da lula (cefalópode) – Nos moluscos cefalópodes, Nesses moluscos, o sangue, rico em O2, sai do coração
as brânquias são internas e têm um aspecto que lembra uma principal pelas artérias cefálica e abdominal e chega
pena. Essas brânquias recebem o nome especial de ctenídios. aos diferentes tecidos do corpo do animal. Nos tecidos,
no nível dos capilares, o O2 difunde-se para as células,
Cavidade do manto atravessando as paredes dos capilares, e o CO2 produzido
Concha
e “pulmão primitivo”
Coração
rn nas células faz uma trajetória inversa (difunde-se
dos tecidos para o interior dos capilares). O sangue, então
rico em CO2, é conduzido aos corações branquiais que, ao se
contraírem, mandam-no para as brânquias, onde ocorre a troca
de gases (liberação do CO2 e absorção do O2). Das brânquias,
Arquivo Bernoulli
lli
posterior) monoico; parapódios
espermatozoides, criando, então, condições para a ocorrência
para fixação fecundação (parapodos);
da autofecundação, que se verifica normalmente quando e locomoção; cruzada e externa; marinhos
os caramujos são mantidos em isolamento. No entanto, terrestres (solos desenvolvimento (maioria);
quando colocados em contato uns com os outros, a prática úmidos) ou direto. dioicos;
preferencial é a fecundação cruzada. Isso significa que aquáticos (marinhos fecundação
ou dulcícolas); Exemplos:
ou
espermatozoides estranhos (vindos de outro caramujo) minhoca-mansa cruzada e
monoicos;
podem alcançar os óvulos antes que estes sejam fecundados ou minhoca externa;
fecundação
europeia desenvolvimento
pelos espermatozoides do próprio caramujo. Nos polvos cruzada e interna;
(Lumbricus indireto com larva
e nas lulas, o macho usa um dos tentáculos (modificado, desenvolvimento
terrestris) e trocófora.
direto.
chamado heterocótilo) para transferir uma bolsa de esperma minhocuçu Exemplos: Palolo
Exemplos:
(espermatóforo) para a fêmea. sanguessuga (Glossoscolex (Eunice viridis) e
(Hiruda medicinalis) giganteus) Nereis viren.
A reprodução, exclusivamente sexuada por fecundação,
pode ser externa (ostras, mariscos) ou interna (gastrópodes, OBSERVAÇÃO
cefalópodes), e o desenvolvimento pode ser direto
(maioria dos gastrópodes, cefalópodes) ou indireto (alguns
gastrópodes, pelecípodes).
ANELÍDEOS
rn Uma nova proposta de classificação para os anelídeos
considera apenas duas classes: Polychaeta (poliquetos) e
Clitellata (formada pelas Oligochaeta e Hirudinea).
Be
Os anelídeos (do latim annellus, anel) são metazoários
bilatéreos, segmentados, triblásticos, celomados e protostômios.
Minhoca
O corpo é filamentar, alongado e dividido em segmentos
Cerdas
ou metâmeros (do grego meta, sucessão; meros, parte), Sanguessuga
chamados de anéis. A segmentação ou metamerização
(metameria) externa corresponde à interna, uma vez que
cada anel possui uma cavidade (celoma) que abriga diversos
Arquivo Bernoulli
órgãos individualizados (músculos, gânglios nervosos,
órgãos excretores, órgãos reprodutores). O corpo dos Nereide
anelídeos, portanto, pode ser considerado uma sucessão de
Exemplos de anelídeos.
segmentos iguais, cada um contendo unidades dos diversos
eu
sistemas de órgãos. Os anelídeos também são conhecidos Os anelídeos apresentam diferentes modos de locomoção.
As sanguessugas locomovem-se por alongamento e fixação
por vermes segmentados.
das ventosas. Com uma das ventosas presa ao substrato,
Podem ser terrestres, marinhos ou dulcícolas, com o animal estende-se e fixa a outra ventosa. Desprende,
tamanho que pode variar de poucos milímetros até 2 metros então, a primeira ventosa e contrai o corpo, alongando-se
ou mais de comprimento. novamente, e assim por diante. Esse tipo de locomoção das
sanguessugas é conhecido como “mede-palmos”.
A epiderme dos anelídeos é delgada, constituída por um
epitélio simples, com glândulas mucosas, recoberto por uma Ventosa anterior
M
80 Coleção Estudo 4V
Moluscos e anelídeos
Nos poliquetos, a locomoção se faz com a participação de O sistema excretor é constituído por nefrídios. Há um
expansões dermomusculares laterais, os parapódios, que par de nefrídios por segmento do corpo. Esses nefrídios
servem como patas ou remos (na natação) e, portanto, recolhem as excretas nitrogenadas da cavidade celomática
os auxiliam na locomoção. Alguns poliquetos vivem enterrados e as conduzem para o meio externo.
na areia ou no interior de tubos que eles mesmos constroem,
sendo, por isso, chamados de anelídeos tubícolas.
Nefroduto
Arquivo Bernoulli
Características gerais Nefrídio
Celoma
Nefróstoma
lli
um tubo digestório completo que se estende por todo o
Um par de Nefridióporo = poro exterior
corpo do animal. Na minhoca, um típico representante dos
nefrídios por Nefrídio = órgão excretor
anelídeos, o tubo digestório compõe-se de boca, faringe,
metâmero
esôfago, papo, moela, intestino com tiflossole (dobra da
parede intestinal que serve para aumentar a superfície de
ou
absorção de nutrientes) e ânus. Os detritos presentes no O sistema nervoso é ganglionar. Existem dois gânglios
BIOLOGIA
solo são ingeridos pela boca, pela ação sugadora da faringe, cerebrais e um grande gânglio subfaríngeo, ligados por um
e encaminhados ao papo. O papo é uma dilatação do esôfago, anel nervoso ao redor da faringe. Do gânglio subfaríngeo, sai
onde o alimento é armazenado temporariamente, e a moela um longo cordão nervoso ventral que faz conexão com uma
é um estômago mecânico, onde o alimento é triturado com cadeia ganglionar ventral (um par de gânglios por segmento).
ajuda de pequenos grãos de areia ali presentes.
Gânglios Nervo
cerebroides
Anel perifaríngeo
Faringe Esôfago Papo Moela
Boca
Tiflossole
rn Gânglios
subfaríngeos Tubo digestório
Arquivo Bernoulli
Cada segmento
apresenta dois
Intestino
Ânus gânglios muito
próximos entre si
Cadeia Cadeia
Lumbricus terrestris (minhoca) – Esquema de um corte
Be
ganglionar ganglionar
transversal em intestino de anelídeo.
ventral ventral
A respiração dos anelídeos pode ser cutânea (maioria)
Porção da
ou branquial (nos poliquetos tubícolas, existem brânquias Detalhes do sistema minhoca
externas). Em certos poliquetos, alguns parapódios podem nervoso da minhoca vista de perfil
modificar-se, tornando-se altamente vascularizados e
participando de modo efetivo nas trocas gasosas, como Sistema nervoso ganglionar de uma minhoca – Os gânglios cerebroides
verdadeiras brânquias. estabelecem o controle geral do organismo, já os gânglios ventrais
comandam as contrações musculares dos segmentos. Cada par de
O mais importante pigmento respiratório é a hemoglobina, gânglios ventrais comanda as contrações musculares de um segmento
encontrada dissolvida no plasma. Em alguns poliquetos, e tem conexão com o segmento seguinte.
há, também, um pigmento respiratório de coloração verde,
Quanto ao sexo, os anelídeos podem ser monoicos
eu
Vaso lateral
Ânus Clitelo
Arquivo Bernoulli
lli
são eliminados através dos poros genitais femininos em um diferentes hábitos mostrados na figura, assinale a(s)
casulo, que foi secretado pelo clitelo. O casulo, que é um tubo proposição(ões) VERDADEIRA(S).
que envolve a região clitelar, desloca-se para a extremidade
anterior do animal. Quando passa pelos poros dos receptáculos
seminais, os espermatozoides são eliminados sobre os óvulos, 2
ou
e estes são, então, fecundados. O casulo continua deslizando, 1 3
sai do corpo da minhoca e fecha-se nas extremidades. Mais água do mar
tarde, os ovos, dentro do casulo, desenvolvem-se, dando
origem a minhocas jovens. Não há estágio larval.
Casulo
rn 01. Como características embrionárias, são celomados,
deuterostômios e apresentam simetria radial.
82 Coleção Estudo 4V
Moluscos e anelídeos
03. (PUC-SP) Os anelídeos são animais com o corpo formado 03. (PUC Minas) Relacione a primeira coluna com a segunda.
por muitos segmentos ou metâmeros e que apresentam 1. Gastrópodos 2. Bivalves 3. Cefalópodos
como característica obrigatória
( ) Classe mais numerosa em espécies, concha única e
A) hábitat aquático.
espiralada, habitando a terra, água doce e salgada.
B) sistema excretor com um par de nefrídios por
( ) Classe caracterizada por possuir duas valvas,
segmento.
habitando água doce e salgada.
C) respiração branquial.
( ) Grupo mais evoluído, podendo ou não apresentar concha.
D) hermafroditismo.
Assinale a opção CORRETA:
E) um par de cerdas quitinosas por segmento.
lli
A) 1, 2 e 3 C) 2, 3 e 1 E) 3, 2 e 1
ou
B) Brânquias ou pulmões foliáceos são objetos de desejo de muitas pessoas fascinadas por
BIOLOGIA
sua beleza e diversidade. Sobre os moluscos, pode-se
C) Brânquias e traqueias
afirmar CORRETAMENTE que
D) Brânquias apenas A) suas conchas são produzidas por glândulas localizadas
E) Traqueias apenas sob a pele, em uma região denominada umbo.
B) todos os moluscos possuem uma estrutura chamada
rádula, que é formada por vários dentes de quitina, os
EXERCÍCIOS PROPOSTOS quais servem para raspar o substrato para obtenção
de alimentos.
01. (UFU-MG) Considere as afirmativas a seguir.
I. Animal que excreta por células-flama.
II. Animal com corpo metamerizado e com simetria
bilateral.
III. Animal de corpo mole com concha interna.
rn C) os bivalves, representados por espécies exclusivamente
marinhas, são conhecidos por sua capacidade
de produzir pérolas, como resposta à entrada de
partículas estranhas no interior de suas valvas.
D) dentre os moluscos, os cefalópodes possuem
representantes com uma concha interna, como as
lulas; representantes com uma concha externa, como
Be
É CORRETO afirmar que os animais são, respectivamente,
os náutilos; e representantes sem concha, como o
A) planária, lula e minhoca. polvo.
B) minhoca, planária e polvo.
05. (UFPB) Em uma aula de Ecologia, o professor falou sobre
C) planária, minhoca e lula. a importância de alguns representantes do grupo dos
D) polvo, minhoca e planária. anelídeos para o meio ambiente e de sua larga utilização
no cultivo de produtos orgânicos.
02. (UFPE) Na figura a seguir, é ilustrada a organização Sobre esses organismos, é CORRETO afirmar que são
geral de um molusco gastrópodo, em que se observam A) acelomados, possuem sistema digestório completo e
um corpo constituído por cabeça, massa visceral corpo formado por vários metâmeros.
(onde se concentram os órgãos) e pé. B) acelomados, possuem sistema circulatório aberto e
eu
respiração cutânea.
Glândula digestiva
Massa visceral Concha C) celomados, possuem sistema circulatório fechado e
Estômago liberam amônia como produto de excreção.
Tentáculo Cavidade do D) celomados, diploblásticos e possuem reprodução do
Cabeça manto tipo sexuada e assexuada.
Rádula Pé
E) celomados, deuterostômios e possuem sistema
nervoso formado por gânglios ligados por cordões
Com relação ao filo Mollusca, é CORRETO afirmar que nervosos.
M
A) não apresenta sistema digestório completo, de 06. (UFV-MG) Considerando as minhocas e as sanguessugas,
forma que a digestão é processada através de uma é CORRETO afirmar que
bolsa enzimática. A) pertencem à mesma classe, pois possuem o corpo
formado por anéis.
B) apresenta respiração exclusivamente branquial.
B) a presença de cerdas pode diferenciar a minhoca da
C) o sistema nervoso consiste de um anel situado em sanguessuga.
torno da boca. C) possuem sistema circulatório aberto e são organismos
acelomados.
D) a excreção é feita através dos túbulos de Malpighi e
D) apresentam apenas reprodução assexuada e
de glândulas localizadas na base dos pés.
desenvolvimento indireto.
E) lesmas, ostras, mexilhões, lulas e polvos são moluscos. E) possuem o corpo cilíndrico sem segmentação verdadeira.
lli
passam a ter mais resistência contra pragas e doenças, pelos moluscos pelecípodes.
proporcionando melhores safras e índice de produtividade. B) causa rapidamente a morte do molusco porque
LOPES, S. Bio 2. São Paulo: Saraiva, 2006. impede a troca de gases respiratórios realizada nas
brânquias.
O texto refere-se a animais que apresentam as seguintes
C) é um mecanismo natural de defesa realizado por
ou
características:
moluscos bivalves contra a penetração de elementos
A) D i b l á s t i c o s , c e l o m a d o s , s e g m e n t a d o s e
estranhos em seu corpo.
deuterostômios.
B) Triblásticos, pseudocelomados, segmentados, D) é um processo natural de defesa contra corpos
protostômios. estranhos que faz parte, obrigatoriamente do ciclo
de vida dos moluscos do gênero Ostrea.
C) Triblásticos, celomados, segmentados, protostômios.
D) Triblásticos, pseudocelomados, segmentados, E) é uma defesa realizada pela concha da ostra para
protostômios. impedir a penetração de elementos estranhos no
Fixação
corpo do molusco.
GABARITO
Be
importância econômica por serem responsáveis pela
01. Soma = 38
produção das pérolas naturais. As pérolas são produzidas
por moluscos bivalves. Os produtores de pérolas mais 02. A
importantes são espécies do gênero Ostrea da classe
Pelecípoda, também conhecidas por ostras perlíferas. 03. B
Veja a ilustração a seguir.
04. A
Corpo estranho (parasita)
Manto Concha
Ostra
(esquemática, em corte)
Propostos
eu
Massa 01. C
Brânquias visceral
Camada 02. E
nacarada
03. A
04. D
M
05. C
Manto
Concha Pé 06. B
Pérola
Seção Enem
Epitélio ciliado Epitélio secretor
01. C
CÉSAR E SEZAR. Biologia. São Paulo: Saraiva,
7. ed., v. 2. p. 104. 02. C
84 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA C 05
Origem da vida
Como surgiram na Terra os primeiros seres vivos? O ponto de partida dessa hipótese são as supostas
lli
Essa pergunta tem sido feita pelo homem desde os tempos condições que devem ter existido na Terra primitiva.
mais remotos. Do ponto de vista religioso, muitas crenças Tais condições, segundo alguns cientistas, apresentavam as
admitem a existência de um ser superior, criador de todas seguintes características:
as coisas do Universo, inclusive dos seres vivos. A essa
concepção religiosa, dá-se o nome de criacionismo. Já do • Os gases predominantes na atmosfera da Terra
ou
ponto de vista científico, existem hipóteses que procuram primitiva eram, principalmente, a amônia (NH3),
explicar o surgimento dos primeiros seres vivos em nosso o metano (CH4), o hidrogênio (H2) e o vapor-d’água
planeta, algumas das quais abordaremos neste módulo. (H2O). Esses gases teriam se originado das rochas
fundidas, quando a superfície de nosso planeta ainda
se encontrava solidificada, e das atividades vulcânicas
HIPÓTESE DA PANSPERMIA que, conforme se sabe, liberam quantidades
significativas de vapor-d’água e de outros gases.
CÓSMICA (COSMOZOÁRIOS) Assim, os gases que predominavam na atmosfera
lli
amônia, Essa demonstração de Fox também contribuiu para fortalecer
hidrogênio e
Entrada de água a hipótese de Oparin.
vapor-d’água
Continuando seu raciocínio, Oparin admite que a
insistência das chuvas por milhões de anos e o resfriamento
ou
Água Os compostos orgânicos da superfície terrestre acabaram levando ao aparecimento
fervendo acumulam-se aqui.
dos primeiros mares na Terra. Para esses mares primitivos,
1
5 foram sendo arrastadas as proteínas e outros compostos
Tubo em U orgânicos que se formavam sobre as rochas quentes.
Os mares primitivos seriam, então, uma verdadeira
Experiência de Miller, simulando as condições atmosféricas da
“sopa orgânica” ou “caldo orgânico”.
Terra primitiva – Miller introduziu, em seu aparelho, metano,
amônia, hidrogênio e vapor-d’água. O vapor-d’água era Nos mares primitivos, as proteínas, juntamente com
produzido pela fervura da água do balão (1). Pelo aquecimento,
os gases são forçados a circularem no sentido das setas (2).
A mistura passa no interior de um grande balão no qual ocorrem
descargas elétricas de cerca de 60 000 volts (3). Essas descargas
simulam os raios. O vapor-d’água é, em seguida, resfriado e
condensado (4). Isso simula a condensação de vapor-d’água nas
camadas superiores da atmosfera e as chuvas. Os compostos
formados nesse sistema depositam-se na parte do tubo em
rna água, teriam formado sistemas coloidais (coloides).
Da aglomeração e interpenetração dos coloides, teriam
surgido os coacervados (coacervar = reunir). O coacervado é
um sistema coloidal mais complexo em que um aglomerado
de moléculas proteicas fica envolvido por uma mesma
camada de água. Veja a figura a seguir.
Be
forma de “U” (5).
Proteínas
OBSERVAÇÃO
Para alguns cientistas, a composição da atmosfera
primitiva não teria nem CH4 (metano) nem NH3 (amônia),
sendo constituída por vapor-d’água, H 2 (hidrogênio),
N2 (nitrogênio), grande quantidade de CO2 (gás carbônico) Água
e CO (monóxido de carbono) provenientes das intensas
erupções vulcânicas da época. Entretanto, mesmo admitindo
essa nova composição de gases da atmosfera primitiva, isso Coloide: cada macromolécula Coacervado: grupos de
não invalida as ideias de Oparin, uma vez que, com essa nova de proteína está envolta por proteínas compartilhando
eu
composição de gases, também teria sido possível a formação uma capa de água. a mesma capa de água.
de aminoácidos e de outras substâncias orgânicas conforme
se demostrou através de experimentos semelhantes ao
de Miller. Os coacervados poderiam ter-se difundido nos mares
primitivos e, com o passar do tempo, englobado partículas
Miller, com o seu experimento, comprovou que é possível, orgânicas e inorgânicas que teriam se aderido a eles,
sob certas condições especiais, formar aminoácidos transformando-os em grandes complexos químicos que
abiogeneticamente, isto é, sem a participação de seres vivos. abrigavam inúmeras substâncias (proteínas, ácidos graxos,
Se experimentalmente isso pode ocorrer, por que não
carboidratos, aminoácidos, etc.). A esse tempo, já deveriam
M
86 Coleção Estudo 4V
Origem da vida
A posterior organização de moléculas proteicas e lipídicas, A hipótese heterotrófica, embora seja a mais aceita
na periferia das pré-células, fez surgir uma membrana atualmente, também tem suas restrições. Ela não explica,
lipoproteica, reguladora do trânsito de substâncias entre o por exemplo, como se deu o surgimento do código genético,
exterior e o interior daqueles microscópicos glóbulos. Com ou seja, como, no início da vida, as moléculas de ácidos
seu equipamento de nucleoproteínas e de enzimas, a gotícula nucleicos assumiram o controle da síntese de proteínas.
assumia certo grau de autonomia para funcionar e para se Lembre-se de que, nas células atuais, a síntese de proteínas
reproduzir. Teriam surgido, assim, as mais rudimentares e
está diretamente ligada às informações existentes nas
primitivas células. Surgia a vida no planeta Terra.
moléculas do DNA (há uma correspondência entre as tríades
O estudo dos fósseis mais antigos revela que, do DNA e o aminoácido que será introduzido na molécula
lli
aproximadamente, 3,5 bilhões de anos separam nossos proteica). O surgimento do código genético continua sendo
dias do período em que a Terra conheceu as primeiras um grande mistério.
formas de vida. Estudos geológicos, por sua vez, indicam
que nosso planeta tem idade em torno de 4,5 a 5 bilhões
de anos. Portanto, durante parte de sua existência, a Terra HIPÓTESE AUTOTRÓFICA
ou
foi um planeta despovoado. Foi durante esse período que
BIOLOGIA
teriam ocorrido os fenômenos relacionados por Oparin em A hipótese autotrófica difere da heterotrófica pelo fato
sua hipótese. de admitir que os primeiros seres vivos da Terra seriam
autótrofos, isto é, capazes de fabricar seu próprio alimento.
Ainda de acordo com a hipótese heterotrófica, as primeiras
células surgidas nos mares primitivos devem ter sido Essa ideia é aparentemente lógica, uma vez que todo ser
heterótrofas. Sabe-se que o mecanismo enzimático dos vivo necessita de alimento. E, como a primeira forma de vida
autótrofos é muito mais complexo do que o dos heterótrofos. não dispunha de nenhum outro ser vivo para lhe servir de
Em um processo evolutivo qualquer, surgem primeiro as alimento, deveria, para sobreviver, ser autótrofa. No entanto,
estruturas mais simples que, por meio de modificações,
vão tornando-se cada vez mais complexas. Assim,
o processo evolutivo dos seres vivos ocorrido na natureza
não deve ter sido diferente. Com base nesse raciocínio,
rn
é mais lógico admitir que os primeiros seres vivos, dotados
de mecanismos enzimáticos mais simples, devem ter sido
heterótrofos. Daí se falar em hipótese heterotrófica. Essa
sabe-se que as reações do metabolismo autótrofo são muito
complexas. É aí que está a restrição à hipótese autotrófica:
se os primeiros seres vivos eram autótrofos, deveriam ter
mecanismos enzimáticos complexos, o que contraria a
Teoria da Evolução. Segundo a teoria evolucionista, é mais
lógico supor que as primeiras formas de vida tenham sido
Be
extremamente simples e que, ao longo do tempo, por meio
hipótese admite que esses primeiros seres vivos heterótrofos
de um lento e progressivo processo evolutivo, foram se
obtinham no próprio meio em que viviam, isto é, nos mares
tornando cada vez mais complexas, originando toda essa
primitivos, o alimento necessário para sua manutenção e sua
sobrevivência. Lembre-se de que, de acordo com Oparin, variedade de organismos que conhecemos.
os mares primitivos eram verdadeiras “sopas orgânicas”. Apesar de a hipótese heterotrófica ainda ser a mais
Como esses primeiros seres vivos obtinham energia dos aceita pela comunidade científica, a hipótese autotrófica
alimentos? Seriam eles aeróbios ou anaeróbios? Como tem ganhado cada vez mais adeptos entre os cientistas,
o mecanismo enzimático da respiração aeróbia é mais notadamente a partir de 1997, quando da descoberta
complexo do que o da respiração anaeróbia, e no meio das chamadas fontes termais submarinas (locais de onde
ambiente ainda não existia o oxigênio livre (O2), supõe-se emanam gases quentes e sulfurosos que saem de aberturas
eu
que tenham sido anaeróbios, obtendo energia dos alimentos no assoalho marinho). Nesses locais, existe vida abundante,
por meio da fermentação (processo anaeróbio de obtenção tendo, na base da cadeia alimentar, bactérias autótrofas,
de energia). mas que não realizam fotossíntese, já que não existe luz
Com a evolução, algumas células adquiriram a capacidade nessas profundezas. Esses seres, genericamente chamados
de sintetizar a clorofila ou um pigmento semelhante. Com de quimiolitoautotróficos (do grego lithós, rocha), fazem
capacidade de reter e utilizar a energia da luz solar, tornou-se quimiossíntese utilizando energia liberada por reações
possível a realização da fotossíntese. Surgiram, então, entre componentes inorgânicos para fabricar suas próprias
os primeiros autótrofos fotossintetizantes. Como esses substâncias alimentares.
M
Fermentação → Fotossíntese → Respiração aeróbia Como se vê, a origem da vida é ainda uma questão
bastante polêmica e cercada de mistérios.
BIOGÊNESE X ABIOGÊNESE
Segundo a teoria da biogênese, os seres vivos se originam somente a partir de outros seres vivos preexistentes por meio da reprodução.
Entretanto, durante muito tempo, acreditou-se que seres vivos também poderiam surgir a partir da matéria bruta. Essa ideia de que a vida
pode surgir da matéria sem vida ficou conhecida como abiogênese.
Desde a Antiguidade, acreditava-se que a matéria bruta poderia espontaneamente gerar seres vivos, desde que contivesse um misterioso
princípio necessário à vida, denominado “princípio ativo” ou “princípio vital”. Essa teoria, que também ficou conhecida como teoria da
“geração espontânea”, teve muitos adeptos ao longo dos séculos. Acreditava-se, por exemplo, que moscas e girinos pudessem nascer da
lli
matéria bruta. No século XVII, um médico belga, Jean Baptiste Van Helmont, chegou até a elaborar uma “receita” para produzir ratos,
em 21 dias, a partir de camisas sujas de suor e grãos de trigo, colocados em locais protegidos e pouco iluminados.
Um dos primeiros cientistas contrário à teoria da “geração espontânea” foi o médico italiano Francesco Redi. Em 1668, Redi demonstrou
ou
experimentalmente que os pequenos “vermes” que apareciam na carne em putrefação não eram gerados pela própria carne, como se
pensava, mas sim por ovos depositados por moscas adultas.
Carne
Vidro aberto rn
Vidro fechado com gaze
(presença de moscas na carne) (ausência de moscas na carne)
Larvas de
moscas
Experimento de Redi – Pedaços de carne foram colocados em oito vidros, sendo que quatro foram cobertos com gaze,
impedindo a entrada de moscas, e os outros permaneceram abertos, permitindo, assim, a entrada das moscas. Após alguns dias,
Redi constatou a presença de “vermes” (larvas de moscas) apenas nos vidros que ficaram destampados.
eu
O resultado do experimento de Redi abalou a credibilidade da geração espontânea. Entretanto, ainda no século XVII,
a descoberta dos micro-organismos, realizada pelo holandês Antonie van Leeuwenhoek, reavivou a ideia da geração espontânea.
Os adeptos da abiogênese acreditavam que tais seres, por serem tão simples e de dimensões tão pequenas, não possuíam qualquer
mecanismo de reprodução, devendo, portanto, surgir no próprio meio por geração espontânea.
Em 1745, a ideia de que os micro-organismos surgiam por geração espontânea foi reforçada com o experimento do naturalista inglês
John Needham. Needham colocou caldos orgânicos (caldo de carne, por exemplo) em diversos frascos, que foram, então, aquecidos
M
e fechados hermeticamente. Após alguns dias, ao analisar o conteúdo dos frascos, verificou a presença de inúmeros micro-organismos.
Segundo Needham, o aquecimento teria destruído qualquer forma de vida porventura presente nos referidos caldos e, assim, os micro-
-organismos que apareceram só poderiam ter surgido por “geração espontânea”.
No século XVIII, Lazzaro Spallanzani, padre italiano e defensor da biogênese, refez o experimento de Needham, porém fervendo os
frascos em vez de simplesmente aquecê-los.
Após alguns dias, constatou que os frascos não continham micro-organismos. Concluiu, então, que Needham não havia aquecido
suficientemente os frascos e, por isso, não destruiu todos os micro-organismos ali já existentes. Needham rebateu alegando que a fervura
teria destruído o “princípio ativo”, o que explicaria a ausência dos micro-organismos nos frascos.
88 Coleção Estudo 4V
Origem da vida
lli
formados por “geração espontânea” só ocorreu em 1862 com ficado famoso com as suas “receitas para a abiogênese”.
os famosos experimentos dos frascos em “pescoço de cisne”
II. Segundo a hipótese heterotrófica, os primeiros
idealizados e realizados pelo cientista francês Louis Pasteur.
organismos eram estruturalmente muito simples e
viviam em um ambiente aquático rico em substâncias
ou
Experimento 1 nutritivas, mas sem oxigênio dissolvido na água ou na
BIOLOGIA
Poeira atmosfera. Eles usavam essas substâncias químicas
acumulada como alimento, sendo, portanto, heterótrofos.
-organismos porventura neles presentes. Após o resfriamento A) obteve moléculas orgânicas que fazem parte das
dos frascos, Pasteur observou que, no experimento 1, proteínas, as quais exercem papéis essenciais nas
as partículas em suspensão no ar (poeira, micro-organismos) células, como as funções enzimáticas.
ficaram retidas nas curvas úmidas do gargalo do frasco e, desse B) não provou a formação de uma molécula com função
modo, o caldo nutritivo não foi contaminado, permanecendo de gene. Essa molécula provavelmente tenha sido
estéril, destituído de micro-organismos, à semelhança do que semelhante ao RNA, pois ele, além de transmitir as
acontecera no experimento de Spallanzani. No experimento 2, características, tem capacidade de se autoduplicar.
Pasteur demonstrou que a fervura não havia destruído nenhum C) provou apenas a formação de moléculas e não a
M
“princípio ativo”, uma vez que, ao quebrar o gargalo do frasco, origem do primeiro ser vivo; provavelmente esse era
permitindo que o ar contaminado entrasse em contato com semelhante a um procarionte atual, apresentando
o caldo, nele se observou uma intensa proliferação de micro-
apenas uma membrana externa, citoplasma e
material genético disperso.
-organismos. O fato de os micro-organismos terem surgido
apenas quando o ar “contaminado” entrava em contato direto D) provou que, sob certas condições, é possível haver
com o caldo nutritivo esterilizado permitiu a Pasteur concluir que
formação de compostos orgânicos sem a participação
de seres vivos.
os micro-organismos encontrados no caldo do experimento 2
tiveram origem a partir de micro-organismos já existentes no ar E) não provou a formação de moléculas com função
energética, portanto, os primeiros seres vivos
contaminado, e não por geração espontânea. Apenas após ser
provavelmente eram heterotróficos, produzindo seu
“contaminada” por organismos vivos, a vida surge nos frascos.
próprio alimento.
03. (FASEH-MG–2013) Observe o esquema desse clássico 02. (FGV–2014) Na difícil busca pela explicação científica
experimento de Louis Pasteur. sobre a origem da vida no planeta Terra, uma das etapas
consideradas essenciais é o surgimento de aglomerados
de proteínas, os coacervados, capazes de isolar um meio
interno do ambiente externo, permitindo que reações
bioquímicas ocorressem dentro dessas estruturas de
O líquido forma diferenciada do meio externo.
Fervura permanece estéril
Tal hipótese, envolvendo essa etapa,
lli
A) contesta o princípio da abiogênese sobre a evolução
bioquímica de moléculas orgânicas.
B) reforça a ideia comprovada de que todo ser vivo se
origina de outro.
Quebra do Crescimento
ou
Fervura gargalo microbiano C) considera como espontâneo o processo de surgimento
da vida no planeta.
D) sugere que os primeiros seres vivos se multiplicavam
Com esse simples experimento, Pasteur liquidou, de uma
como os vírus atuais.
vez por todas, uma das mais fortes ideias existentes até
E) questiona a teoria criacionista, assim como a
o século XIX sobre a origem da vida.
evolucionista lamarckista.
A ideia refutada por Pasteur foi a
A) teoria do uso e desuso.
04.
B) teoria fixista.
C) teoria da biogênese.
D) teoria da geração espontânea.
Pasteur foram importantes para a mudança dos conceitos A) da abiogênese, observando que os micro-organismos
e hipóteses alternativas para o surgimento da vida. são gerados constantemente em meios nutritivos
Evidências sobre a origem da vida sugerem que adequados, desde que em contato direto com o ar.
A) a composição química da atmosfera influenciou o B) da geração espontânea, observando que os micro-
surgimento da vida. -organismos se proliferam em meios nutritivos adequados,
B) os coacervados deram origem às moléculas orgânicas. independentemente do contato direto com ar.
C) a teoria da abiogênese foi provada pelos experimentos C) da evolução biológica, observando que o ambiente
de pasteur. adequado proporciona o surgimento de diversidade
D) o vitalismo é uma das bases da biogênese. biológica, desde que em contato direto com o ar.
90 Coleção Estudo 4V
Origem da vida
D) celular, observando que todos os organismos são O esquema retrata um célebre experimento na Biologia,
formados por algum tipo de organização celular, realizado pelo cientista Stanley L. Miller, que foi de grande
independentemente do contato direto com o ar. importância para tentar elucidar o surgimento da vida.
Considerando-se essas informações, é CORRETO afirmar
E) da biogênese, observando que todo organismo vivo
que o experimento de Miller conseguiu demonstrar
provém de outro preexistente, independentemente do
A) a falha na Teoria da Geração Espontânea, ao
contato direto com o ar.
comprovar que a fervura de água contendo compostos
orgânicos não resulta na formação dos seres vivos.
04. (UFPE) Sobre os primeiros seres vivos e as condições da
B) a formação dos coacervados, a partir do agregado
atmosfera primitiva, JULGUE as afirmativas a seguir.
lli
de moléculas inorgânicas, presentes na atmosfera
( ) Os primeiros seres vivos surgidos em um ambiente primitiva.
sem oxigênio e com muita substância orgânica C) os gases constituintes da atmosfera primitiva, sendo
dissolvida na água eram heterótrofos. esta de caráter redutor.
D) a hipótese quimiolito autotrófica, com a formação das
ou
( ) Os organismos eram estruturalmente simples e,
BIOLOGIA
primeiras formas de vida.
através de reações químicas elementares, conseguiam
obter energia para sua sobrevivência, absorvendo E) a formação de substâncias orgânicas complexas na
ausência de seres vivos.
matéria orgânica do meio e degradando-a em
substâncias mais simples, na presença de oxigênio.
06. (PUC Minas) O bioquímico russo Oparin, em seu livro
( ) Os primeiros heterótrofos eram tanto anaeróbicos A Origem da Vida, admitiu que a vida sobre a Terra surgiu
quanto aeróbicos. Desse modo, utilizavam os
há mais ou menos 3,5 bilhões de anos.
mecanismos de fermentação e fotossíntese para
obterem energia.
rn
( ) A temperatura na superfície do planeta era muito
elevada, mas, em virtude do contato com o espaço
cósmico muito frio, ocorreu o resfriamento, que tornou
A) CITE dois gases presentes na atmosfera primitiva.
B) A que condições estavam submetidos os gases da
atmosfera primitiva?
C) Que compostos químicos se originaram a partir dos
gases iniciais?
Be
possível as ligações químicas entre os elementos, D) Atualmente, sabemos que seres autótrofos constituem
nas camadas superficiais da Terra. fonte básica de alimento. No entanto, admite-se que
os primeiros organismos devam ter sido heterótrofos.
( ) A elevada temperatura da superfície da Terra
A partir de onde os heterótrofos conseguiam seu
provocava a evaporação das substâncias líquidas, alimento na Terra primitiva?
gerando vapores de água, que resfriavam em contato
E) Qual o mecanismo utilizado pelos primeiros
com as camadas mais frias da atmosfera, provocando organismos para obtenção de energia?
violentas tempestades e descargas elétricas.
02. (Enem–2002) As áreas numeradas no gráfico mostram a De acordo com o gráfico, é CORRETO afirmar que
composição em volume, aproximada, dos gases na atmosfera A) as primeiras formas de vida surgiram na ausência de O2.
terrestre, desde a sua formação até os dias atuais.
B) a atmosfera primitiva apresentava 1% de teor de oxigênio.
100
C) após o início da fotossíntese, o teor de oxigênio na
90
atmosfera mantém-se estável.
80
Composição (%)
lli
40 anfíbios, o teor de oxigênio atmosférico já havia se
30 estabilizado.
20
10 V VI
III
GABARITO
ou
0
5 4 3 2 1 0
Tempo (bilhões de anos)
Data atual
(I) Metano e hidrogênio
(II) Vapor-d’água
(IV) Nitrogênio
(V) Gás carbônico
Fixação
(III) Amônia (VI) Oxigênio
01. D
The Random House Encyclopedias. 3ª ed. 1990.
04. D
Propostos
Be
É CORRETO o que se afirma em 01. A
A) I, apenas. D) II e III, apenas.
02. C
B) II, apenas. E) I, II e III.
C) I e II, apenas. 03. E
100
J B) Elevadas temperaturas, descargas elétricas e
10
radiações provenientes do espaço.
I
à do planeta
semelhante
de ozônio
Atmosfera
Atmosfera
Anteparo
primitiva
C) Aminoácidos.
Marte
primitivos.
D
M
0
Seção Enem
–4
–3,8
–3,1
–2,7
–2
–1
–0,7
–0,6
–0,4
–1,6
–0,2
–0,1
92 Coleção Estudo 4V
FRENTE MÓDULO
BIOLOGIA C 06
Teorias evolucionistas
Para explicar como ocorrem as modificações nas No esforço para terem acesso ao alimento, adquiriram o hábito
lli
características dos seres vivos e o surgimento de novas de esticar o pescoço e as pernas anteriores e, assim, essas
espécies, várias teorias evolucionistas surgiram. Entre elas, partes do corpo foram se desenvolvendo pelo uso frequente.
destacamos o lamarckismo, o darwinismo e o neodarwinismo. Essas características adquiridas passaram a ser transmitidas
de geração em geração, resultando nas atuais girafas de
ou
LAMARCKISMO pescoços longos e pernas dianteiras desenvolvidas.
rn
de explicar como ocorre o mecanismo de transformação das
espécies, ou seja, como uma espécie poderia dar origem a
outras espécies.
Arquivo Bernoulli
desencadeariam, em uma espécie, a necessidade de se
modificar, no sentido de promover sua adaptação às novas
condições do meio. Em consequência, a espécie adquiriria
novos hábitos, fato que acarretaria a utilização mais intensa De forma semelhante ao que aconteceu com as girafas,
e frequente de certos órgãos ou partes do organismo, o lamarckismo explica a longa perna da garça como
causando-lhes uma hipertrofia ou, então, acarretaria o uma decorrência de seu esforço para se manter com o
eu
desuso de órgãos e estruturas do corpo, causando-lhes corpo fora da água; coelhos teriam orelhas longas em
uma atrofia. Assim, pelo uso ou desuso de certos órgãos e resposta à frequente solicitação da audição para perceber
estruturas do corpo, os indivíduos passariam a ter novas a aproximação de predadores. No esforço de canalizar
características que os tornariam mais bem adaptados às melhor o som para o interior do conduto auditivo,
condições ambientais. Por meio da reprodução, essas os coelhos iam gradativamente esticando cada vez mais
novas características passariam a ser transmitidas aos suas orelhas, inicialmente curtas, até resultar nas orelhas
descendentes. longas que atualmente possuem; tamanduás teriam
M
Esses exemplos ilustram como o lamarckismo explica o Apoiando-se nesses pontos, Darwin considerou que certas
surgimento de algumas características morfofisiológicas características poderiam contribuir para a sobrevivência
em determinadas espécies. Observe que, em todos os e a reprodução de certos indivíduos em um determinado
exemplos citados, o meio ambiente atua como um fator ambiente, constituindo variações “favoráveis”. Indivíduos
que “exige” modificações nos seres vivos para que eles portadores de variações “desfavoráveis”, por sua
possam se tornar adaptados às circunstâncias existentes. vez, teriam grandes dificuldades de sobrevivência
e seriam extintos. Assim, as diferenças individuais
Embora certo em suas convicções, o lamarckismo está já existentes entre os seres de uma mesma espécie
errado em suas explicações. A lei do uso e desuso, por seriam selecionadas naturalmente pelo meio ambiente;
lli
exemplo, embora correta para o caso dos músculos, não o meio, então, como fator de seleção, preservaria os
pode ser generalizada para todos os órgãos e todas as indivíduos portadores de variações favoráveis e eliminaria
partes de um organismo. Por outro lado, sabemos que os portadores de variações desfavoráveis. Dessa maneira,
nenhuma alteração fenotípica provocada por fatores a natureza iria, ao longo das gerações, “aprimorando” a
ou
ambientais, isto é, característica adquirida, se transmite espécie, de modo a torná-la cada vez mais adaptada ao
à descendência. Sua maior falha está exatamente aí, meio ambiente.
na transmissão dos caracteres adquiridos ao longo das
Darwin também ilustrou suas ideias com alguns
gerações. Apesar de suas falhas, Lamarck teve seus
exemplos. Para explicar a origem das girafas atuais, ele
méritos: foi um evolucionista ardente em uma época em argumentou da seguinte maneira: no passado, os ancestrais
que predominava o fixismo e chamou a atenção para o das atuais girafas tinham pescoços e patas dianteiras
fenômeno da adaptação ao meio como um processo
necessário para a evolução.
DARWINISMO
rn com tamanhos variáveis. Mas a competição pelo alimento
disponível, a partir do momento em que a vegetação
rasteira do meio começou a se tornar escassa, favoreceu os
indivíduos portadores de pescoço longo e patas dianteiras
desenvolvidas, que dotados de tais variações “favoráveis”
teriam mais acesso às folhagens situadas no alto das
Be
Em 1859, o naturalista inglês Charles Darwin expôs,
árvores. Assim, a seleção natural beneficiou os indivíduos
em seu livro Origem das espécies, suas ideias evolucionistas,
portadores dessas variações, em detrimento das girafas de
que ficaram conhecidas como darwinismo.
pescoços e patas dianteiras curtos, que, lentamente, foram
O darwinismo baseia-se nos seguintes pontos: se extinguindo. Ao longo de várias gerações, sobreviveram
apenas as girafas de pescoço longo e patas dianteiras
• Os indivíduos de uma mesma espécie não são
desenvolvidas, que hoje conhecemos.
rigorosamente iguais uns aos outros. Há diferenças
individuais que tornam alguns mais atraentes, mais
A população ancestral Por pressões ambientais Após milhares de gerações,
fortes, mais rápidos, mais adaptados às condições de girafas já era (estratos vegetais mais a proporção, na população,
composta por indivíduos baixos se esgotaram), de representantes de
de vida no ambiente do que outros não tão
eu
sua teoria).
94 Coleção Estudo 4V
Teorias evolucionistas
De forma semelhante ao exemplo anterior, o darwinismo O darwinismo, entretanto, também cometeu falhas.
explica as longas orelhas dos coelhos como uma variação Primeiramente, não soube explicar como surgem as novas
“favorável” que foi selecionada, em contraposição aos variedades ou novas características entre os indivíduos de
coelhos de orelhas curtas. Como se sabe, as longas orelhas uma mesma espécie. Darwin partiu do princípio de que
favorecem a eficiência auditiva, o que determina, nos elas já existiam entre os seres de uma mesma população.
coelhos portadores dessa variação, uma maior capacidade Também a afirmação de Malthus sobre a desproporção
de percepção de predadores, fato que lhes facilita a
entre crescimento populacional e quantidade de alimentos
fuga; por sua vez, os tamanduás, portadores de garras
estava profundamente exagerada e errônea. Lembre-se
lli
desenvolvidas e línguas compridas, eram favorecidos
de que essa ideia de Malthus muito influenciou Darwin
no processo de utilização de formigas como alimento e,
na elaboração do conceito de seleção natural. Todavia,
assim, venceram a competição com outros animais não
o fenômeno “luta pela vida”, proposto por Darwin,
portadores de tais características e sobreviveram e se
ou
é indiscutível, assim como é inegável a seleção natural
BIOLOGIA
reproduziram, adaptando-se com sucesso ao meio onde
dos mais aptos.
viviam; por terem folhas reduzidas a espinhos, além
de outras adaptações à escassez de água, as cactáceas
puderam adaptar-se e sobreviver às condições desérticas. NEODARWINISMO
Nos exemplos citados, podemos constatar uma grande
Como vimos, a teoria evolucionista proposta por
diferença entre a explicação de Lamarck e a de Darwin.
O lamarckismo supõe que características novas são
rn
adquiridas por imposição do meio, e o darwinismo considera
que as características já existentes são apenas selecionadas
pelo meio. Em outras palavras, para Lamarck, o meio é
causador das variações; para Darwin, o meio seleciona as
Darwin não soube explicar as causas das variações ou
variabilidade hereditárias das espécies. Essa explicação só
pôde ser dada mais tarde, com a descoberta das mutações
e o desenvolvimento da genética. Apenas no século XX,
com o redescobrimento dos trabalhos de Mendel e com
Be
variações. É, pois, na influência do meio que reside a maior o aprofundamento do conceito de gene, foi possível
diferença entre as ideias de Darwin e de Lamarck. determinar os responsáveis pela variabilidade nos seres
vivos: as mutações e a recombinação gênica.
Um dos argumentos apresentados por Darwin em
favor da seleção dos mais aptos baseou-se no estudo As mutações são fontes básicas para toda a variabilidade
de espécies criadas e cultivadas pelo homem. Sabia-se genética, pois fornecem a matéria-prima para a evolução.
que pelo menos alguns animais domésticos e vegetais Os novos genes produzidos determinam características
cultivados pertenciam a espécies representantes ainda fenotípicas que poderão, ou não, ser úteis aos seres que
em estado selvagem. as possuem. Caso sejam e passem à descendência, serão
eu
mais adaptados às condições reinantes. Estes deixam sintética ou moderna da evolução, proposta no início
um número proporcionalmente maior de descendentes, da década de 1940, constitui uma ampliação das ideias de
contribuindo significativamente para a formação da Darwin: explica as causas das variações nos seres vivos,
geração seguinte. coisa que o darwinismo clássico não conseguiu fazer.
As mutações e a recombinação gênica são as causas da variabilidade genética existente nos seres vivos, já a seleção
natural “modela” o processo evolutivo, direcionando-o por meio da “escolha” das variações favoráveis ou adaptativas a um
determinado meio. Ao passo que as mutações e a recombinação gênica aumentam a variabilidade genética nos seres vivos,
a seleção natural a diminui, uma vez que tende a extinguir os indivíduos portadores de variações desfavoráveis.
A mutação cria novos genes, e a recombinação os mistura com os genes já existentes, originando os indivíduos geneticamente
variados de uma população. A seleção natural, por sua vez, favorece os portadores de determinados conjuntos gênicos, que
tendem a sobreviver e se reproduzir em maior escala que os outros.
lli
A evolução, portanto, pode ser considerada como resultado da seleção natural atuando sobre a variabilidade
genética.
Dependendo das condições ambientais, a seleção natural pode atuar em uma população favorecendo certos fenótipos
ou
referentes a uma determinada característica.
N. de indivíduos
Média
Variação fenotípica
da característica
rn
Be
Fenótipos
Os gráficos 1 e 2 representam a curva normal de distribuição de diferentes fenótipos referentes a uma determinada característica
em uma população.
Considerando os tipos selecionados de acordo com a curva de distribuição normal dos diferentes fenótipos, a seleção
pode ser: direcional, estabilizadora ou disruptiva.
• Seleção direcional: favorece apenas um dos tipos extremos da curva de distribuição normal. Exemplo: em
uma população de bactérias onde existem indivíduos 100% sensíveis, indivíduos parcialmente resistentes e
eu
indivíduos 100% resistentes a certo antibiótico, a presença desse antibiótico no meio irá favorecer as bactérias
100% resistentes, aumentando na população bacteriana a frequência dos indivíduos portadores do referido
fenótipo.
• Seleção disruptiva (diversificadora): favorece os indivíduos com fenótipos de ambos os extremos da curva
de distribuição normal, em detrimento dos indivíduos com fenótipos médios. Exemplo: em um ambiente onde
os alimentos para os pássaros estão representados predominantemente por sementes duras e larvas, devem
ser favorecidos os pássaros de bico fino e delicado (que têm facilidade de capturar larvas) e pássaros de bico
maior e mais forte (capazes de quebrar sementes). Nesse ambiente, os pássaros de bicos intermediários estão
em desvantagem por não serem muito hábeis na obtenção de nenhum dos dois tipos de alimento.
96 Coleção Estudo 4V
Teorias evolucionistas
lli
tempo. Já no século XVIII, o biólogo francês Buffon e sua a causa direta das variações e, para Darwin, esse mesmo
equipe de colaboradores escreveram uma obra chamada fator seria o que seleciona dentre as variações possíveis
Histoire Naturalle, na qual reuniram todo o conhecimento a mais adaptadas. Esse fator é
biológico da época. Em 1809, o biólogo Jean-Baptista A) o ambiente.
Antoine de Monet foi um dos primeiros defensores B) a grande capacidade de reprodução.
ou
BIOLOGIA
do transformismo, segundo o qual os seres vivos C) a competição.
modificavam-se através dos tempos, em contraposição ao
D) a variação hereditária transmissível.
fixismo. Posteriormente, em 1859, Charles Robert Darwin
E) a migração.
expôs, em seu livro Origem das Espécies, suas ideias a
respeito do mecanismo da transformação das espécies,
04. (PUC-Campinas-SP–2016) Sobre o tema Evolução,
base da moderna Teoria da Seleção Natural. fizeram-se as afirmações a seguir:
Com base no texto e em seus conhecimentos, analise as I. As espécies dos seres vivos são passíveis de
afirmações.
I. Os seres vivos produzem muitos descendentes, mas
poucos chegam à fase adulta para reproduzir-se, porrn
isso, o número de indivíduos de cada espécie se mantém
constante ao longo das gerações.
II. As serpentes evoluíram de ancestrais que possuíam
modificação, podendo sofrer alterações
morfofisiológicas ao longo do tempo.
02. (UEBA) A ideia de uma seleção natural, segundo a qual A) prejudicaram a ocorrência da seleção natural.
os organismos mais bem adaptados ao meio têm maiores B) favoreceram a ocorrência da seleção natural.
chances de sobrevivência e produzem um número maior de C) prejudicaram a ocorrência de mutação.
descendentes, é a base D) favoreceram a ocorrência de mutação.
A) da teoria lamarckista, apenas. E) não interferiram na ocorrência da seleção natural ou
B) da teoria darwinista, apenas. na mutação.
02. (UEL-PR–2016) O uso indiscriminado e abusivo de 04. (UNIFESP) Nas figuras, as mudanças de cores nas esferas
agrotóxicos, como os herbicidas, pode acarretar a simbolizam a aquisição de novas características nas
necessidade da utilização de concentrações cada vez mais espécies ao longo do tempo.
frequentes e maiores de substâncias presentes nesses I II III
produtos para obter os efeitos esperados. Depois de
Tempo atual
um longo período de tempo, esse agrotóxico não surtirá
mais os efeitos desejados, ou seja, exterminar as ervas
daninhas, que competem pelos nutrientes do solo em
plantações de soja.
lli
Acerca da explicação para esse fenômeno, assinale a
alternativa CORRETA.
A) As pequenas doses do agrotóxico desenvolveram
resistência nas ervas daninhas.
ou
Tempo
B) As ervas daninhas resistentes foram selecionadas pelo
uso do agrotóxico. As figuras que representam, respectivamente, a teoria
criacionista, a transformista (Lamarck) e a darwinista são
C) As ervas daninhas se acostumaram e se adaptaram
ao agrotóxico. A) I, II e III. D) II, III e I.
03. (FUVEST-SP)
rn
No início da década de 1950, o vírus que
causa a doença chamada de mixomatose foi introduzido
na Austrália para controlar a população de coelhos,
05. (FIEB-SP–2016) A Teoria da Evolução proposta por Charles
Darwin fundamenta-se na seleção natural de organismos
cujas características são mais aptas à sobrevivência no meio
ambiente. Darwin também observou, embora não soubesse
explicar os motivos biológicos, que, para a seleção natural
ocorrer, é fundamental que as populações apresentem
Be
que se tornara uma praga. Poucos anos depois da
A) uma taxa equitativa quanto à natalidade e à mortalidade.
introdução do vírus, a população de coelhos reduziu-se
B) indivíduos machos dominantes, denominados machos
drasticamente. Após 1955, a doença passou a se
alfa.
manifestar de forma mais branda nos animais infectados
C) diversidade de características entre seus indivíduos
e a mortalidade diminuiu.
integrantes.
Considere as explicações para esse fato descritas nos
D) transmissão dos caracteres adquiridos em função da
itens de I a IV.
necessidade de adaptação.
I. O vírus promoveu a seleção de coelhos mais
E) constantes mutações genéticas ocorridas nos indivíduos
resistentes à infecção, os quais deixaram maior mais aptos.
número de descendentes.
eu
II. Linhagens virais que determinavam a morte muito 06. (IFSP–2016) Sapos e rãs são anfíbios, apresentam
rápida dos coelhos tenderam a se extinguir. dependência de ambientes terrestres úmidos ou
aquáticos, apresentam na sua pele as glândulas de
III. A necessidade de adaptação dos coelhos à presença
muco para conservá-la úmida e favorecer trocas
do vírus provocou mutações que lhes conferiram
gasosas, além de poder exibir glândulas de veneno que
resistência. eliminam substâncias para combater microrganismos e
IV. O vírus induziu a produção de anticorpos que foram afugentar animais predadores. A explicação para essas
transmitidos pelos coelhos à prole, conferindo-lhe características nos anfíbios, fornecida pela Teoria da
M
maior resistência com o passar das gerações. Evolução de Charles Darwin, é apresentada em:
A) Seleção de adaptações positivas devido à ação do
Estão de acordo com a Teoria da Evolução por Seleção
meio ambiente.
Natural apenas as explicações
B) Lei do uso e desuso.
A) I e II. C) A existência de pulmão atrofiado devido à respiração
B) I e IV. cutânea.
98 Coleção Estudo 4V
Teorias evolucionistas
07. (FURG-RS) Utilize os conceitos enumerados para Essa especiação NÃO ocorre devido ao(à)
completar as afirmativas a seguir: A) oscilação genética das raças.
1. Evolução B) convergência adaptativa das raças.
2. Teoria sintética da evolução C) isolamento geográfico entre as raças.
3. Lei da transmissão das características adquiridas D) seleção natural que ocorre entre as raças.
4. Convergência adaptativa E) manutenção do fluxo gênico entre as raças.
5. Seleção natural
02. (Enem–2014) Embora seja um conceito fundamental para
lli
I. O mecanismo defendido por Darwin para explicar a a Biologia, o termo “evolução” pode adquirir significados
adaptação dos organismos ao ambiente é conhecido diferentes no senso comum. A ideia de que a espécie
como ( ). humana é o ápice do processo evolutivo é amplamente
II. A ideia de que o desenvolvimento de um órgão pelo difundida, mas não é compartilhada por muitos cientistas.
uso intensivo é herdado pela prole é conhecida como
ou
Para esses cientistas, a compreensão do processo citado
BIOLOGIA
( ).
baseia-se na ideia de que os seres vivos, ao longo do
III. A ideia de que todos os organismos estão ligados tempo, passam por
por laços de ancestralidade e descendência com
A) modificação de características.
modificação é conhecida como ( ).
B) incremento do tamanho corporal.
IV. A ideia que considera o desenvolvimento de estruturas
e formas corporais semelhantes por adaptação a C) complexificação de seus sistemas.
ambientes parecidos é conhecida como ( ). D) melhoria de processos e estruturas.
V. Mutação, recombinação e seleção natural são os
principais fatores evolutivos considerados pela ( ).
04. (Enem–2010) Alguns anfíbios e répteis são adaptados C) as mutações sucessivas foram acontecendo para que
lli
teoria evolutiva de Lamarck. Ao adotar esse ponto de vista,
ele diria que GABARITO
A) as características citadas no texto foram originadas pela
seleção natural.
Fixação
ou
B) a ausência de olhos teria sido causada pela falta de uso 01. B
dos mesmos, segundo a lei do uso e desuso.
02. B
Be
que os organismos se encontram. 03. A
04. C
05. (Enem–2005) As cobras estão entre os animais peçonhentos que
mais causam acidentes no Brasil, principalmente na área rural. 05. C
que faz com que suas vítimas percebam sua presença e as 08. A) Lamarck: o surgimento de bactérias super-resistentes
eu
evitem. Esses animais só atacam os seres humanos para sua teria se dado por indução do meio (antibiótico).
defesa e se alimentam de pequenos roedores e aves. Apesar
B) Darwin: o antibiótico elimina as bactérias sensíveis,
disso, elas têm sido caçadas continuamente, por serem
e as bactérias resistentes se multiplicam, desenvolvendo
facilmente detectadas.
uma população resistente.
Ultimamente os cientistas observaram que essas cobras têm
ficado mais silenciosas, o que passa a ser um problema,
Seção Enem
M
BIOLOGIA C 07
Evidências da evolução, mecanismos de
especiação e genética de populações
lli
EVIDÊNCIAS DA EVOLUÇÃO A asa de uma ave, a asa de um morcego (mamífero),
a nadadeira anterior de um golfinho (mamífero),
ou
Como explicar o surgimento da grande variedade de a nadadeira anterior de uma baleia, a pata anterior de
espécies de seres vivos existentes em nosso planeta? um cavalo e o braço de um homem, ainda que muito
Os adeptos do fixismo admitem que todas as espécies, diferentes, possuem estruturas ósseas bastante parecidas.
tal como se apresentam hoje, foram criadas por um Seria isso uma simples coincidência ou uma evidência de
ato divino. Assim, o número de espécies seria fixo e foi que esses animais, todos eles vertebrados, descendem de
determinado por Deus no momento da Criação. Para explicar um ancestral comum, do qual herdaram um plano básico
de estrutura corporal?
o desaparecimento de algumas espécies que viveram em
r
c
h
u
m
f r
h
h
Be
u
u
c r
A Teoria da Evolução, por outro lado, é adepta do c m m
transformismo, ou seja, admite que, devido ao surgimento m f m c
f f
Arquivo Bernoulli
de novas características ou desaparecimento de outras, f
as espécies se modificam com o passar do tempo, adaptando-se Galinha Baleia Cavalo Homem
(ave) (mamífero) (mamífero) (mamífero)
a novas condições ambientais, podendo originar novas
espécies. O evolucionismo admite que as espécies se Membros anteriores de alguns vertebrados – Comparação
entre os esqueletos dos membros anteriores de diferentes
transformam com o passar do tempo e as que atualmente
vertebrados. Observe que todos eles possuem um mesmo
vivem em nosso planeta descendem de ancestrais que
plano estrutural. Os ossos estão indicados da seguinte maneira:
eu
zoogeográficas, que serão discutidas no decorrer do módulo. circulatório, sistema nervoso, entre outros, constituídos
pelas mesmas partes básicas.
Evidências anatômicas Órgãos ou estruturas semelhantes que têm, em diferentes
O estudo da anatomia comparada mostra que espécies muito espécies, a mesma origem embrionária são chamados
diferentes revelam estruturas com grandes semelhanças, de homólogos. Apesar de terem essa mesma origem,
apresentando um mesmo plano básico de organização. É o que esses órgãos podem ter funções iguais ou diferentes.
acontece, por exemplo, com a estrutura óssea (esqueleto) É importante não confundir órgãos homólogos com
dos membros anteriores de diferentes vertebrados. órgãos análogos.
Arquivo Bernoulli
espécies diferentes, podem ter aspecto, nome e função Íleo Apêndice
Colo cecal
diferentes, mas internamente apresentam a mesma estrutura e
têm a mesma origem embrionária. Exemplo: as patas dianteiras
de um jacaré (réptil), as nadadeiras da baleia (mamífero),
Colo
as asas de uma ave e os membros anteriores do homem possuem Íleo
os mesmos ossos e se formam, embrionariamente, da mesma Ceco
maneira. Eles são órgãos homólogos e, indiscutivelmente,
Ceco Apêndice
lli
são mais uma evidência do parentesco existente entre essas cecal
diferentes espécies de vertebrados.
Comparação entre o ceco do coelho (esquerda) e o ceco do
Órgãos análogos (analogia) são aqueles que, em
homem (direita). Note a diferença de tamanho entre eles;
espécies diferentes, por mero acaso, têm o mesmo nome
ou
no homem, o apêndice é um órgão vestigial.
e a mesma função, mas possuem estruturas totalmente
diferentes, uma vez que se formam embrionariamente por
Outros órgãos e estruturas vestigiais encontradas
processos distintos. Por exemplo: as asas dos insetos e as
asas das aves. Ambas servem para voar, porém suas origens em nossa espécie são o cóccix, um vestígio da cauda
rn
animais; os músculos auriculares que movimentam as
orelhas (desenvolvidos nos cachorros, por exemplo) e
os pelos peitorais.
Arquivo Bernoulli
Braço
Evidências embriológicas
Be
Nadadeira Nadadeira
São muitas as semelhanças encontradas nas
Os ossos do braço do homem e da nadadeira da baleia são órgãos
homólogos, isto é, têm a mesma origem embrionária com o
fases embrionárias de diferentes grupos de animais.
mesmo plano básico de organização estrutural. As nadadeiras As semelhanças entre os embriões de determinados grupos
das baleias e as dos peixes são órgãos análogos, isto é, apesar de animais são maiores do que as semelhanças encontradas
de terem a mesma função (servem para nadar), possuem
nas formas adultas. Por exemplo, é difícil distinguir embriões
origem embrionária diferente com uma organização estrutural
completamente divergente. jovens de peixes, sapos, tartarugas, pássaros e seres
humanos, todos pertencentes ao grupo dos vertebrados.
Outra evidência anatômica do processo evolutivo são
eu
de uma “linha de montagem” comum na natureza. Na espécie branquiais e cauda, pelo menos em determinadas fases do
humana, são vários os exemplos de órgãos vestigiais. Entre desenvolvimento.
eles, destaca-se o apêndice vermiforme (apêndice cecal),
M
baseada em alimentos vegetais, ricos em celulose. Entretanto, a semelhança entre os embriões sugere uma ancestralidade
no decorrer da evolução, cecos e apêndices deixaram de ser comum. Observe na figura a seguir a grande semelhança
vantajosos para alguns grupos de organismos, nos quais se nos primeiros estágios do desenvolvimento entre embriões
encontram reduzidos, como vestígios de sua origem. de diversos vertebrados.
lli
espécies pode ser determinado pela quantidade de moléculas
híbridas formadas.
Porcentagem de
ou
Arquivo Bernoulli
Pares de espécie
BIOLOGIA
diferença
Evidências bioquímicas
Certas substâncias são fabricadas igualmente por células
de diferentes espécies. Assim, várias enzimas digestivas
produzidas pelo organismo humano também são encontradas
rn Homem – Lêmure 42,0%
ou menos distantes.
nos aminoácidos das cadeias polipeptídicas da hemoglobina
entre o homem e outros mamíferos.
Evidências paleontológicas
Entre o homem e o chimpanzé...............................0
As evidências paleontológicas estão representadas
Entre o homem e o gorila......................................2 pelos fósseis. Um fóssil (do latim fossile, extraído da
Entre o homem e o macaco Rhesus.......................12 terra) é qualquer resto ou vestígio de um ser vivo
que habitou nosso planeta em tempos remotos. Pode
M
Os tipos de fósseis encontrados em determinada camada O estudo dos fósseis permite deduzir o tamanho e a
de solo refletem a flora e a fauna existentes no local por forma dos organismos que os deixaram, possibilitando a
ocasião da formação das rochas. Assim, a análise dos fósseis reconstrução de uma imagem, possivelmente parecida,
encontrados em camadas sucessivas de rochas sedimentares dos animais e dos vegetais quando eram vivos.
permite deduzir a sequência das formas de vida que viveram
em determinado local.
Evidências zoogeográficas
A observação científica comprovou que as faunas dos
Um fóssil se forma quando os restos mortais de um
continentes do Hemisfério Norte (América do Norte,
lli
organismo ficam salvos tanto da ação dos agentes
Europa e Ásia) são profundamente semelhantes entre
decompositores como das intempéries naturais (vento, Sol
si, e as faunas das terras do Hemisfério Sul (América
direto, chuva, etc.). Dependendo da acidez e dos minerais do Sul, África e Oceania) são flagrantemente diferentes
presentes no sedimento, podem ocorrer diferentes processos umas das outras. No primeiro caso, estão os ursos,
ou
de fossilização. A permineralização, por exemplo, é o os cervídeos, as raposas, os castores, os lobos, etc.,
preenchimento dos poros microscópicos do corpo de um distribuídos pelos três continentes do Hemisfério
ser por minerais. Já a substituição consiste na lenta troca Norte. Já no segundo caso, a fauna da América do Sul
das substâncias orgânicas do cadáver por minerais duros, (as onças, os pequenos macacos, o tatu, a preguiça,
como a sílica, transformando-o em pedra. As condições o tamanduá e uma grande variedade de pássaros),
mais favoráveis à fossilização ocorrem quando o corpo de a fauna da África (os leões, os rinocerontes, as zebras,
as girafas, os elefantes, os gorilas, etc.) e a fauna da
um animal ou de uma planta é sepultado no fundo de um
lago e rapidamente coberto por sedimentos.
20
40
60
Be
inteiro, com a carne, a pele, os órgãos internos e o esqueleto. Pangeia
0 120 80 40 80 120
Isso ocorreu, por exemplo, com mamutes (ancestrais dos
20
elefantes) que permaneceram soterrados nas geleiras da
40
Sibéria e com insetos que fossilizaram presos na resina de 60
pinheiros.
Arquivo Bernoulli
Laurásia
medição de elementos radioativos presentes nele ou na rocha
onde ele se encontra. Essa idade é calculada levando-se em
Gondwana
eu
Desde que começou a deriva continental, as terras do Para que haja esse tipo de especiação, alguns eventos
Hemisfério Sul ficaram separadas por largos oceanos. precisam ocorrer em etapas sequenciais. Tais eventos são
Assim, a fauna de cada um dos continentes sulinos, isolamento geográfico, diversificação gênica e isolamento
em razão do isolamento geográfico, foi sofrendo diversificação reprodutivo.
e se tornando acentuadamente distinta das demais.
O isolamento geográfico é a separação física de
No decorrer de 200 milhões de anos, os animais tornaram-se
subpopulações de uma espécie. As barreiras geográficas
profundamente diferentes. Já no Norte, a América do
que isolam ou separam as subpopulações podem ser, por
Norte acabou se encontrando com a Ásia e, entre ambas,
exemplo, um rio que corta uma planície, um vale que separa
lli
permaneceu por longo tempo um istmo, que serviu de
dois planaltos, uma cadeia de montanhas, um “braço” de
ponte por onde passavam os animais de um continente a
mar que separa ilhas e continentes, etc.
outro. Como a Europa sempre fez continuidade continental
com a Ásia, resultou, então, que as mesmas espécies A diversificação gênica é a progressiva diferenciação
podiam migrar da Europa para a Ásia e desta para a do conjunto gênico de subpopulações isoladas. Ela é
ou
BIOLOGIA
América do Norte e vice-versa. O isolamento entre os causada por dois fatores: mutações, que introduzem genes
animais desses três continentes só veio ocorrer muito diferentes em cada uma das subpopulações isoladas, e a
recentemente, quando, há cerca de 20 mil anos, submergiu seleção natural, que, atuando em ambientes distintos, pode
o istmo que ligava o Alasca à Sibéria, surgindo o Estreito preservar conjuntos de genes em uma das subpopulações e
de Behring. Assim, a fauna das Américas ficou isolada da eliminar conjuntos similares em outra.
fauna asiática.
O isolamento reprodutivo resulta da incapacidade,
Comparando-se o tempo de isolamento geográfico
entre as terras do Sul (há 200 milhões de anos) e
o isolamento entre as terras do Norte (há cerca de
20 mil anos), encontramos uma provável explicação para
a grande diversidade entre os animais do Sul e a pouca
rn total ou parcial, de membros de duas subpopulações
se cruzarem produzindo descendência fértil. Em geral,
depois de um longo período de isolamento geográfico,
as subpopulações se diferenciam tanto que perdem
a capacidade de se cruzar ou gerar descendentes
férteis, tornando-se, assim, reprodutivamente isoladas.
Be
diversidade entre os animais do Norte. Isso não “fala” a
favor da Evolução? A partir do momento em que se estabelece, entre duas
subpopulações, o isolamento reprodutivo, elas são
consideradas espécies distintas.
MECANISMOS DE ESPECIAÇÃO Existem diferentes tipos de mecanismos de isolamento
reprodutivo que podem ser pré-copulatórios (pré-zigóticos)
Denomina-se especiação o processo de formação de
e pós-copulatórios (pós-zigóticos).
nova(s) espécie(s) a partir de uma espécie ancestral.
Envolve a ocorrência de diferentes eventos, como mutações,
diversificação gênica, seleção natural, podendo, ainda, ser Mecanismos pré-copulatórios
eu
População inicial
A
grupo, estão incluídos mecanismos de isolamento
devido à incompatibilidade de comportamento Isolamento Isolamento Espécies
geográfico reprodutivo novas
baseado na produção e recepção de estímulos que
levam machos e fêmeas à cópula. Esses estímulos
lli
são específicos para cada espécie. Como exemplo, B
podem-se citar os sinais luminosos emitidos por
vaga-lumes machos que, de espécie para espécie, Mutações Raça ou
e seleção subespécie
variam em frequência, duração da emissão e cor
ou
(desde branco, azulado, esverdeado, amarelo, laranja Especiação geográfica – Imaginemos uma população estabelecida
até vermelho). Outro exemplo é o canto das aves: em um determinado ambiente. Suponhamos, agora, que um
as fêmeas são atraídas para o território dos machos grupo de indivíduos dessa população migre para outra área e
de sua espécie em razão do canto, que é específico. perca totalmente o contato com a população original. Dessa
maneira, estabelece-se entre os dois grupos um isolamento
• Isolamento mecânico – Os membros de duas geográfico. Têm-se, então, duas populações A e B, ainda
espécies não se cruzam por incompatibilidade entre pertencentes a uma mesma espécie, porém instaladas em
seus órgãos reprodutores. Isso pode acontecer tanto áreas diferentes. Nessa situação, tais populações podem sofrer,
em animais, em que a diferença de tamanho ou
forma dos órgãos genitais impede a cópula, como
em plantas, em que o tubo polínico não consegue se
desenvolver no estigma de uma flor de outra espécie.
Mecanismos pós-copulatórios
rn ao longo dos anos, mutações diferenciais e a seleção natural se
processará de maneira a ajustar cada uma das populações às
condições existentes em cada ambiente. Assim, a ação conjunta
das mutações e da seleção natural diferencial vai selecionando,
em cada grupo, genes favoráveis ou adaptativos de acordo com o
meio onde se encontram. Isso significa que o pool gênico, isto é,
Be
o conjunto de genes original, vai se alterando de maneira a
(pós-zigóticos) estabelecer certas diferenças genéticas entre os indivíduos das
populações A e B. O acentuamento dessas diferenças leva à
São aqueles que atuam depois de o zigoto ter se formado. formação de raças ou subespécies. Nesse estágio, entretanto,
Isso pode ocorrer devido à: se indivíduos da raça A entrarem em contato com indivíduos
da raça B, ainda serão capazes de se cruzarem e originar
• Inviabilidade do híbrido – Os membros de duas descendentes férteis, o que significa que a raça A e a raça B
espécies podem copular, e o zigoto se forma, mas continuam sendo integrantes de uma mesma espécie. Se,
morre prematuramente devido à incompatibilidade entretanto, o isolamento geográfico persistir, as diferenças
entre os genes dos dois gametas que participaram genéticas irão se acentuando cada vez mais até estabelecerem
uma incompatibilidade reprodutiva (isolamento reprodutivo)
eu
de sua formação.
entre as duas populações. Nesse caso, A e B não mais serão
• Esterilidade do híbrido – O híbrido entre duas capazes de se cruzarem, originando descendentes férteis e,
espécies se forma, sendo muitas vezes até mais assim, passam a constituir espécies distintas.
vigoroso que os membros das espécies parentais,
Podemos resumir a especiação alopátrica (especiação
mas é estéril. A esterilidade ocorre porque as gônadas
geográfica) da seguinte maneira:
(glândulas sexuais) se desenvolvem anormalmente
ou porque a meiose é anormal. A) A condição inicial para o mecanismo da especiação
M
Arquivo Bernoulli
C) A manutenção do isolamento geográfico pode
aumentar as diferenças genéticas entre as raças, que
passam a exibir um isolamento reprodutivo. Tem-se,
lli
então, a formação de espécies novas.
Golfinho (mamífero)
Fala-se em irradiação adaptativa quando diferentes Adaptação convergente – Mutações ocorridas nos ancestrais do
tubarão (peixe), do ictiossauro (réptil já extinto) e do golfinho
espécies, adaptadas a condições ambientais distintas, (mamífero), que os tornaram mais adaptados ao habitat aquático,
ou
como o corpo fusiforme e o aparecimento de nadadeiras, fizeram
BIOLOGIA
tiveram origem a partir de uma população ancestral comum,
com que tais animais de grupos tão diferentes assumissem
por processos de especiação geográfica.
entre si a enorme semelhança física que se pode ver pela figura.
Esse fenômeno é a convergência.
2 Especiação simpátrica
3
Tipo de especiação, também conhecido por anagênese, que
não exige isolamento geográfico. Um bom exemplo dessa
8
rn
4
especiação ocorre em plantas pela formação de indivíduos
poliploides (poliploidia) conforme mostra o esquema a seguir.
2n
2n
n
2n
2n
2n
n
Be
n Zigoto n
1 2n 2n
Gametas 3n
Arquivo Bernoulli
(n) Gametas
Planta Planta
7 fértil (2n) 3n 3n
original (2n)
5 Zigoto
3n
2n 4n
Planta
2n 2n estéril (3n)
2n 4n 4n
6
2n 2n
Zigoto
2n 4n
Gametas Gametas
eu
lli
Em 1908, Godfrey Hardy (matemático inglês) e Wilhelm A frequência do genótipo aa = F(aa) = frequência do
gene a x frequência do gene a = F(a) x F(a), ou seja,
Weinberg (médico alemão), com base em estudos
a frequência do genótipo aa = q x q = q2.
matemáticos relativamente simples, demonstraram o
que ficou conhecido como Lei, Teorema ou Princípio
ou
de Hardy-Weinberg, que pode ser assim enunciado: A frequência do genótipo Aa = 2 x frequência do
em uma população panmítica (seus integrantes se cruzam gene A x frequência do gene a = 2 x F(A) x F(a),
ao acaso, sem preferências sexuais) em que não atuam ou seja, a frequência do genótipo Aa = 2 pq.
Nessa mesma população, os genótipos formados por esses Veja os exemplos a seguir:
dois genes (A e a) poderão ser AA, Aa e aa. Para surgir um
indivíduo com o genótipo AA, é preciso que o gene A esteja EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
presente nos dois gametas participantes da fecundação;
01. Em uma população, a frequência de indivíduos Rh– é
eu
A + A = AA
genótipo AA Resolução:
A + a = Aa Indivíduos de
A) Sabendo-se que os indivíduos Rh– têm genótipo rr,
a + A = Aa genótipo Aa
tem-se
Indivíduo de
a + a = aa F(Rh–) = F(rr)= q2 = 0,16 (16%).
genótipo aa
Logo,
Observe que, para surgir o genótipo Aa, existem duas possibilidades: F(r) = ¹F(rr) = ¹q 2 = ¹0,16 = 0,4 (40%).
o gameta masculino tem o gene A, e o feminino o a, ou, então, Assim, a frequência nessa população do gene
o gameta masculino tem o gene a, e o feminino o A. r = 0,4.
B) Como a F(r) = 0,4, e lembrando que p + q = 1, na natureza, uma vez que as populações das diferentes
então temos espécies de seres vivos estão sujeitas à ação de diversos
lli
ou seja, F(R) = 0,6 (60%).
As mutações podem criar novos genes no poll gênico
C) A frequência do genótipo RR = p2. Assim, temos da população, fazendo surgir novas características,
F(RR) = p2 = (0,6)2 = 0,6 . 0,6 = 0,36 (36%). aumentando, assim, a variabilidade genérica das
populações.
ou
D) A frequência de indivíduos com genótipo Rr = 2pq.
BIOLOGIA
Assim, temos
Resolução:
rn
e a insensibilidade, pelo seu alelo recessivo , qual a
genótipos para características menos vantajosas, a seleção
natural contribui para diminuir a variabilidade genética
da população.
lli
B) 40%, 24% e 36%.
C x x x x
D x x x C) 34%, 48% e 18%.
x = enzimas presentes no organismo D) 16%, 48% e 36%.
ou
Com base nesses dados, podemos inferir que os dois
organismos mais aparentados do ponto de vista evolutivo são EXERCÍCIOS PROPOSTOS
A) A e B.
01. (UNEB-BA) No estudo da evolução animal, é frequente
B) A e C. o uso dos termos análogos e homólogos. Sobre eles é
C) B e C. CORRETA a seguinte afirmação:
02.
E) C e D.
Constituem barreiras reprodutivas pré-zigóticas, EXCETO E) Toda estrutura homóloga é análoga, mas nem toda
estrutura análoga é homóloga.
A) Isolamento espacial – indivíduos de espécies diferentes
podem selecionar lugares no ambiente para viver.
02. (UNIRIO-RJ) O citocromo C é uma proteína respiratória
B) Sincronismo no período fértil – se o período de que se encontra em todos os organismos aeróbios.
acasalamento de duas espécies não se sobrepuser, A molécula dessa proteína existe em todas as espécies
elas estão isoladas reprodutivamente pelo tempo. com a mesma função, sendo constituída por 104
C) Viabilidade reduzida do híbrido – a prole híbrida pode aminoácidos. No decurso da evolução, as mutações
eu
sobreviver com mais dificuldade do que a prole de mudaram os aminoácidos em certas posições da proteína,
II. Isolamento mecânico: decorre da incompatibilidade Baseado no que foi exposto anteriormente, assinale a
entre os órgãos genitais dos membros de duas alternativa CORRETA que corresponde, respectivamente,
espécies. ao tipo de isolamento reprodutivo.
III. Esterilidade do híbrido: os membros de duas espécies A) Comportamental, esterilidade do híbrido, mecânico,
lli
comportamental.
B) I e II.
D) Mecânico, esterilidade do híbrido, sazonal ,
C) Nenhuma delas. comportamental.
ou
BIOLOGIA
híbrido.
04. (UFJF-MG–2013) Considere as afirmativas a seguir
relacionadas aos processos de especiação. 06. (PUC-SP) As semelhanças encontradas entre dois animais
aquáticos como o golfinho e o tubarão indicam evolução
I. A especiação simpátrica considera que duas espécies
possam surgir sem que haja qualquer processo de A) convergente, pois esses animais são filogeneticamente
cromossômicas numéricas ocorridas durante as B) divergente, pois esses animais apresentam homologias
divisões celulares.
CORRETAS. comum.
A) II e III. D) I, III e IV. II. As estruturas ósseas das asas de morcegos e aves
B) III e IV. E) II, III e IV. são derivadas de um ancestral comum de quatro
C) I, II e IV. membros.
08. (FGV–2014) Uma determinada característica genética A) A grande atividade vulcânica, ocorrida há milhões de
de um grupo de animais invertebrados é condicionada anos, eliminou essas aves do Hemisfério Norte.
por apenas um par de alelos autossômicos. Estudos de
B) Na origem da vida, essas aves eram capazes de voar,
genética de populações, nestes animais, mostraram que
a frequência do alelo recessivo é três vezes maior que o que permitiu que atravessassem as águas oceânicas,
lli
heterozigoto, em uma população com 4 800 indivíduos,
distribuindo-as pelos diferentes continentes.
em equilíbrio gênico, será igual a
A) 900. D) O afastamento das massas continentais, formadas
B) 1 200. pela ruptura de um continente único, dispersou essas
ou
C) 1 800. aves que habitavam ambientes adjacentes.
D) 2 400.
E) A existência de períodos glaciais muito rigorosos,
E) 3 600.
no Hemisfério Norte, provocou um gradativo
deslocamento dessas aves para o Sul, mais quente.
SEÇÃO ENEM
GABARITO
01. (Enem–2016) Apesar da grande diversidade biológica,
E) síntese proteica.
Propostos
02. (Enem–2000)
eu
01. A
02. E
03. D
04. C
Avestruz
05. B
Ema Emu
M
06. A
07. E
No mapa, é apresentada a distribuição geográfica de
08. C
aves de grande porte e que não voam. Há evidências
mostrando que essas aves, que podem ser originárias
de um mesmo ancestral, sejam, portanto, parentes. Seção Enem
Considerando que, de fato, tal parentesco ocorra, uma
01. E
explicação possível para a separação geográfica dessas
aves, como mostrada no mapa, poderia ser: 02. D
BIOLOGIA C 08
Evolução dos vertebrados
e evolução do ser humano
lli
EVOLUÇÃO DOS VERTEBRADOS A mandíbula móvel permitiu que se tornassem eficientes
predadores, e as nadadeiras pares lhes deram maior
habilidade de movimentação no meio. Eram bem maiores
ou
Os vertebrados são todos os animais com crânio, encéfalo
do que os ostracodermos, sendo que alguns chegaram a
e coluna vertebral.
medir até 10 metros de comprimento.
Arquivo Bernoulli
pequenos (33 cm no máximo), agnatos (sem mandíbula),
de corpo achatado, recoberto por uma armadura de placas
ósseas, e que não possuíam nadadeiras peitorais e pélvicas
aos pares. Provavelmente, viviam no fundo dos mares, Três peixes ostracodermos, providos de armadura externa e
alimentando-se do lodo por filtração. sem mandíbulas. Seu tamanho era de 30 cm de comprimento.
Um peixe placodermo, dotado de poderosas mandíbulas.
Seus representantes chegavam a medir 10 m de comprimento.
Arquivo Bernoulli
A maioria dos ostracodermos se extinguiu, mas uma de grandes grupos: actinopterígeos e sarcopterígios.
suas linhagens evoluiu para os ciclóstomos atuais (lampreias Os actinopterígeos tinham nadadeiras radiais (radiadas),
e feiticeiras) e uma outra deu origem aos placodermos. dotadas de raios cartilaginosos de reforço. Deram origem à
maioria dos peixes ósseos atuais.
Ciclóstomos atuais
Ostracodermos
Placodermos Os sarcopterígios apresentavam nadadeiras lobadas, carnosas
e dotadas de estrutura óssea de sustentação. Provavelmente,
Os placodermos surgiram há cerca de 440 milhões de anos essas nadadeiras podiam sustentar o peso do corpo e, assim,
(período Ordoviciano da Era Paleozoica) e apresentavam permitir que esses peixes pudessem “caminhar” ou “rastejar”
duas importantes aquisições evolutivas em relação a seus no solo do fundo dos rios e lagos, como também fazer pequenas
ancestrais: mandíbula (gnatostomado) e nadadeiras pares. incursões nas margens à procura de alimento.
Arquivo Bernoulli
rudimentar. Quando a água que os rodeia se torna estagnada Nadadeira lobada
e imprópria para a respiração através das brânquias, esses
peixes elevam-se à superfície e engolem o ar. Labirintodonte
lli
Arquivo Bernoulli
MCALESTER, A. Lee. História geológica da vida.
São Paulo: Edgar Blucher, 1969 (Adaptação).
ou
Celacanto – Os sarcopterígios foram considerados extintos até Comparação entre a estrutura óssea de um peixe sarcopterígio
1939, quando, então, um exemplar vivo desse grupo de peixes, do período Devoniano (embaixo) e de um anfíbio, possivelmente
o celacanto, foi capturado por pescadores no sudoeste da África. seu descendente (em cima).
Posteriormente, outros exemplares foram obtidos.
Outra modificação importante foi o desenvolvimento dos
Anfíbios pulmões. Na fase de larva, os anfíbios, assim como os seus
Dos sarcopterígios, provavelmente, partiu a linha evolutiva ancestrais (os peixes) vivem no meio aquoso respirando
que deu origem aos labirintodontes, nome dado aos através de brânquias. Com a metamorfose, as brânquias
primeiros anfíbios, que surgiram por volta de 350 milhões
de anos atrás (período Devoniano da Era Paleozoica).
rn
desaparecem na grande maioria das espécies e surgem os
pulmões, que, embora rudimentares, permitem a realização
de uma respiração aérea. Assim, a maioria dos anfíbios
adultos possui pulmões em substituição às brânquias.
Arquivo Bernoulli
lli
da água, com uma casca relativamente impermeável que o
Dos répteis mais primitivos, partiram diversas linhas
protege contra o ressecamento. Além disso, o ovo dos répteis
evolutivas que deram origem a diferentes espécies.
é do tipo megalécito, ou seja, possui uma grande quantidade
Essas linhas evolutivas deram origem aos quelônios
de vitelo (gema) capaz de nutrir o embrião durante todo o
(tartarugas), aos ictiossauros (répteis aquáticos, hoje extintos),
ou
seu desenvolvimento.
BIOLOGIA
aos tecodontes e aos terapsidas. Os répteis terapsidas
Nos répteis, além do saco vitelínico muito desenvolvido, deram origem aos mamíferos, já os tecodontes deram
surgiram outros anexos embrionários que muito contribuíram origem aos pterossauros (répteis voadores, já extintos),
para o desenvolvimento do embrião dentro do ovo terrestre. aos crocodilianos, aos escamados (cobras, lagartos) e aos
É no desenvolvimento dos répteis que aparecem, pela dinossauros (extintos). Acredita-se que as aves sejam
primeira vez nos vertebrados, o cório, o âmnio (bolsa descendentes de um grupo de dinossauros bípedes.
amniótica) e o alantoide.
Um dos mais intrigantes fenômenos ocorridos com os
Alantoide
O2 CO2
Embrião
rn
Casca do ovo
Âmnio
répteis foi a extinção dos dinossauros e de outros grandes
répteis, ocorrida há cerca de 65 milhões de anos (período
Cretáceo da Era Mesozoica). Esses animais se extinguiram
em tempo relativamente curto, depois de dominar a Terra
por mais de uma centena de milhões de anos.
Os mamíferos mais primitivos eram animais de pequeno O esquema a seguir representa resumidamente a
porte (tamanho aproximado de um camundongo atual), filogênese (sequência evolutiva) dos vertebrados.
insetívoros (alimentavam-se de insetos) e possuíam dentição
diferenciada (heterodontes). Provavelmente, eram animais Recente
Placodermes
Peixes ósseos
Peixes sem mandíbulas
Aves
Mamíferos
Peixes cartilaginosos
arborícolas (viviam sobre árvores) e tinham hábitos noturnos, Terciário
isto é, procuravam alimento apenas à noite, período em que Cretáceo
Répteis
Jurássico
os répteis carnívoros estavam dormindo ou inativos. Triássico
Anfíbios
Permiano
Uma das aquisições evolutivas mais importantes dos Pensilvaniano
Arquivo Bernoulli
mamíferos em relação aos répteis foi a homeotermia Mississipiano
(capacidade de manter a temperatura corporal constante, Devoniano
lli
Siluriano
independentemente das variações da temperatura ambiente). Ordoviciano
A homeotermia permitiu que os mamíferos se adaptassem
e conquistassem ambientes com diferentes condições de Linhas gerais da história evolutiva dos vertebrados (baseadas
temperatura. A viviparidade (desenvolvimento embrionário
no número de gêneros conhecidos) – Para cada classe de
totalmente no meio interno), que é uma característica da
ou
vertebrados, a largura das faixas é proporcional à sua variedade
maioria das espécies de mamíferos, e o cuidado com a prole,
conhecida em cada um dos períodos geológicos no qual essa
amamentando e protegendo os filhotes durante um certo
período de tempo, também muito contribuíram para aumentar classe existiu.
a sobrevida dos indivíduos e as chances de sobrevivência
das espécies.
EVOLUÇÃO DO HOMEM
Os mamíferos não tiveram um sucesso evolutivo imediato,
permanecendo como uma categoria pouco significante Com base principalmente na Paleontologia (estudo de
durante todo o período em que os répteis se irradiaram. fósseis), na comparação bioquímica entre diferentes espécies
Somente depois da extinção dos grandes répteis, notadamente
dos dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos,
os mamíferos sofreram uma grande diversificação e
expansão, passando a habitar todos os ambientes do planeta.
Aves
rn
de seres vivos, na anatomia e na embriologia comparadas,
acredita-se que o homem, assim como todas as demais
espécies de seres vivos, tenha surgido por meio do processo
evolutivo. Embora muitos aspectos evolutivos do homem
sejam bem conhecidos pela Ciência atual, alguns são ainda
desconhecidos. Algumas interrogações ainda existem quando
Be
traçamos a linha evolutiva que culminou com o aparecimento
As primeiras aves surgiram há cerca de 150 milhões de
dos primeiros seres humanos.
anos (período Jurássico da Era Mesozoica).
O fóssil mais antigo de um vertebrado já apresentando Para melhor compreendermos a evolução do homem,
algumas características de ave é o Archaeopteryx. vamos recordar quais são as categorias taxonômicas básicas
de nossa espécie.
• Cintura escapular, que permite ampla rotação e Os macacos do Velho Mundo vivem em regiões tropicais da
liberdade dos movimentos dos ombros e dos braços, Ásia e da África. Algumas espécies são arborícolas e outras
tornando os membros superiores extremamente ágeis. caminham no solo. Não têm cauda preênsil, sendo que alguns
• Mão com dedo polegar oponível (capaz de se opor nem mesmo cauda têm. Macaco Rhesus, mandril e babuínos
aos demais dedos em um ângulo de 90º), permitindo são alguns representantes desse grupo.
agarrar objetos com mais facilidade, força e precisão. Os hominoideos englobam o homem e os chamados macacos
• Olhos na posição frontal com aperfeiçoamento da antropomorfos (gibão, orangotango, gorila e chimpanzé).
visão estereoscópica (de profundidade), permitindo
Evolução dos primatas
ao cérebro calcular a que distância está o objeto.
Essa visão em três dimensões foi de fundamental Macacos do Antropoides
lli
importância para a vida arborícola, na qual um salto Novo Mundo Macacos do Hominoides
Velho Mundo
mal calculado poderia ser fatal. Além disso, a maioria
Milhões
das espécies tem, na retina, células denominadas
cones, que possibilitam a visão das cores. A eficiência
0
da visão dos primatas é muito maior quando Prossímios Gibão Orangotango Gorila Chimpanzé Homem
ou
comparada com a dos demais mamíferos. 10 atuais
BIOLOGIA
• Presença de vários tipos de dentes, úteis ao 20
consumo de vários tipos de alimentos. 30
Os hominídeos
Os representantes do gênero Australopithecus (“macacos
do sul”), hoje extinto, estão entre os primeiros hominídeos
conhecidos. Surgiram na África há cerca de 4,5 milhões de
anos. Mediam cerca de 1,20 m de altura, tinham maxilares
proeminentes (face prognata) e postura bípede e ereta.
A anatomia de seus braços era similar à dos chimpanzés e
Plerzelwupp / Creative Commons
Roland zh / Creative Commons
Duas grandes mudanças acompanharam a evolução do porque os primeiros fósseis desse grupo foram encontrados
Homo a partir dos australopitecos: o aumento no tamanho na região de Neander, na Alemanha. Acredita-se que o
do corpo e o aumento do volume craniano. H. neanderthalensis tenha evoluído a partir do H. heidelbergensis.
Os neandertalenses viveram até cerca de 30 mil anos atrás.
Sua maior concentração se deu na Europa, apesar de fósseis
também terem sido encontrados em áreas da Ásia. Seus fósseis
A B mostram que eram baixos e robustos, com capacidade craniana
um pouco maior que a do homem moderno. Usavam ferramentas
e armas elaboradas, indicando que deveriam ser bons caçadores.
Provavelmente, já possuíam algum tipo de comunicação verbal,
lli
uma vez que sua laringe era semelhante à do homem atual.
Arquivo Bernoulli
Já possuíam certo grau de cultura. Enterravam seus mortos
C D com flores, roupas e utensílios supostamente pertencentes ao
morto. São também conhecidos como os homens das cavernas.
Volume do crânio de diferentes hominídeos – Perceba um A espécie enfrentou períodos de mudanças nas condições
ou
aumento relativo do crânio em relação à diminuição do tamanho
climáticas do planeta (período de glaciação).
da face e do maxilar inferior. A. Australopithecus africanus –
Possuíam uma capacidade craniana de 380 a 450 cm3, muito
similar à de chimpanzés e gorilas atuais. B. Homo erectus – OBSERVAÇÃO
Tinham maxilares menos proeminentes do que o H. habilis. Durante muito tempo, o H. neanderthalensis foi considerado
Suas pregas supraorbiculares ou arcos supraciliares (protuberância uma subespécie da espécie Homo sapiens, sendo denominado
óssea em torno das órbitas oculares) eram muito grandes e
cientificamente como Homo sapiens neanderthalensis. Entretanto,
sua capacidade craniana era de cerca de 850 a 1 000 cm3.
estudos mais recentes, baseados em análise de DNA mitocondrial,
C. Homo neanderthalensis – Tinham pregas supraorbiculares
proeminentes e maxilares salientes. Sua capacidade craniana
era em torno de 1 450 cm 3. D. Homem de Cro-Magnon
(Homo sapiens) – Crânio arredondado, testa ampla com volume
craniano aproximadamente de 1 350 cm3.
lli
Além de pedras, utilizavam, também, ossos e marfim
1 2 3 4 5
para confeccionar pontas de lanças, arpões e anzóis para
a pesca. Além disso, são responsáveis por uma série de
trabalhos artísticos, como esculturas em marfim e pinturas
Pelos
nas paredes das cavernas, retratando animais, a caça
ou
BIOLOGIA
e figuras humanas. Muitas dessas pinturas foram feitas
com pigmentos minerais misturados à gordura animal.
Já foram encontradas pinturas que datam de 28 000 a Âmnio,
10 000 anos atrás. córion e
alantóide
Durante certo tempo, o Homo sapiens moderno conviveu
com o Homo neanderthalensis. Entretanto, há 30 000 anos,
os neandertalenses desapareceram. Tal desaparecimento
ainda é cercado de mistérios. Alguns acreditam que se
extinguiram devido a guerras e competições com grupos
com o desenvolvimento de diversas culturas. A partir disso, pelo seu interior, o que permite maior controle e maior
o homem começou a modificar o meio em que vive e a flexibilidade, sendo essas estruturas importantes porque
influenciar o futuro de sua e de outras espécies.
A) permitiram a irradiação adaptativa dos peixes atuais.
A evolução não para. O homem continua evoluindo. Tem
B) constituem um critério para a classificação dos
passado por mudanças culturais importantes, adquirido
condrictes e osteíctes.
novos conhecimentos científicos e desenvolvido novas
tecnologias. Entretanto, esses avanços científicos e C) evoluíram e passaram a constituir os membros
tecnológicos podem ser usados para o seu próprio bem locomotores dos anfíbios terrestres.
ou para sua destruição. Caberá a ele decidir a respeito D) existem só em peixes de água doce, para compensar
de seu futuro. a menor densidade do meio onde vivem.
lli
dos chimpanzés no formato e no tamanho (parte posterior),
associadas com características só encontradas em ancestrais C) Respiração pulmonar
humanos mais recentes, tais como no Homo habilis, os quais D) Termorregulação
apresentam menor projeção da mandíbula e sobrolhos bem
marcados. Esses estudos permitem reavaliar e entender 02. (PUC Minas–2013) A figura mostra a provável origem
ou
melhor certos ramos da evolução humana repensando evolutiva do grupo de animais representados em um
o raciocínio básico sobre a evolução das espécies, que período de 500 milhões de anos (M.a) até os dias atuais. Os
interpreta que fósseis recentes refletem também estágios números 1, 2, 3, 4 e 5 no cladograma indicam o momento
evolutivos mais recentes. do surgimento de determinados grupos de animais.
Sobre o tema, assinale a(s) alternativa(s) CORRETA(S).
Peixes Anfíbios Répteis Aves Mamíferos
01. O Homo habilis, que surgiu de uma espécie de
Australopithecus, viveu na África por mais de 500 mil
0
anos e foi o primeiro hominídeo a usar instrumentos
para fins específicos.
02. Os Australopithecus, que viveram na África
entre 3,8 milhões e 3,5 milhões de anos atrás,
encontram-se extintos.
04. As espécies afarensis, africanus e robustus pertencem
ao gênero Homo.
rn –65
–150
–220
–300
Aves primitivas
Mamíferos primitivos
Répteis primitivos
Be
–350
08. Os Australopithecus viviam nas savanas africanas,
Peixes mandibulados Anfíbios primitivos
exibiam posição ereta e possuíam cérebro pouco maior –420
que o dos chimpanzés.
Peixes primitivos
16. Acredita-se que os primeiros seres humanos – Homo –500
M.a.
(sem mandíbulas)
do alimento pela boca e sua passagem pelo estômago II. Em 2, surge o grupo dos tetrápodes cujos
e intestino são características apenas do grupo mais representantes atuais são pulmonados e com
recente. circulação dupla.
B) circulação apresentou poucas mudanças. O número de III. A fecundação interna e o desenvolvimento embrionário
câmaras cardíacas aumentou, o que não influenciou com proteção amniótica são características dos atuais
a circulação pulmonar e a sistêmica, que são animais originados de 3.
completamente separadas em todos os grupos. IV. O coração tetracavitário pode ter surgido em um
C) respiração, no nível celular, manteve-se semelhante grupo de animais anteriores ao mamífero primitivo
M
03. (UFTM-MG) Analise uma das hipóteses sobre a origem Analisando-se o diagrama, foram feitas as seguintes
da espécie humana. afirmações:
I. Homo sapiens e Homo neanderthalensis tiveram
Linhagens asiáticas
de Homo erectus
Homo nearnderthalensis (0,6 a 0,2 milhão a.a.) ancestral comum e habitaram conjuntamente a
Homo sapiens
(500 mil a 27 mil a.a.)
(200 mil a.a. * até hoje) Europa num passado recente.
II. Homo rhodesiensis foi extinto somente na Ásia, mas
Homo erectus
(1,8 a 0,2 milhão a.a.) deu origem a três novas espécies na África.
Permanência
na África Irradiação para Europa
e oeste da Ásia
III. A África é o local de surgimento de pelo menos três
(a partir de 1,8 milhão a.a.) das espécies representadas.
lli
Homo ergaster Irradiação para o leste e o sul da Ásia IV. Há 300 mil anos, quatro espécies do gênero Homo
(1,8 mil a 0,6 milhão a.a.) (1,6 a 1,0 milhão a.a.)
coabitaram a Terra, mas nunca no mesmo continente.
Permanência
na África V. Só existem nas Américas Homo sapiens, e os Homo
Homo (Australopithecus)
Grupo erectus
rudolfensis neanderthalensis só ocuparam um continente.
ou
(1,8 milhão a.a.)
(a partir de 1,8 milhão a.a.)
BIOLOGIA
Com base apenas nas informações dadas, são afirmações
CORRETAS.
* = anos atrás
Linhagens de A) I, II e III. C) II, III e IV.
australopitecos que
originaram o gênero Homo B) I, III e V. D) II, IV e V.
0,2 Homo
neanderthalensis Considerando o exposto, EXPLIQUE como a mutação
0,4
M
0,6
de anos até hoje
de anos
Milhões
quando os dinossauros ainda habitavam a Terra, e não
há 65 milhões de anos, como é comumente aceito.
Examinando esta árvore evolutiva, podemos dizer que
0
a divergência entre os macacos do Velho Mundo e o Orangotango Gorila Chimpanzé Homem
grupo dos grandes macacos e de humanos ocorreu há, Gibão
lli
Símios do Símios do
aproximadamente, 5 Novo Mundo Velho Mundo
ou
15 Ramapithecus
Lóris
Társios
25 Dryopithecus
Macacos do
Novo Mundo 35
Fósseis de
primatas
mais antigos
Ancestral comum 50
mais antigo Mamíferos insetívoros
Extinção dos
dinossauros
Macacos do
Velho Mundo
Grandes macacos
e humanos
BIOLOGIA A 09
Síntese de proteínas
A síntese (fabricação) de proteínas no interior de uma O código genético é formado por 64 trincas (tríades,
lli
célula, fenômeno também conhecido por biossíntese de tercetos, triplets) de bases nitrogenadas. A maioria das
proteínas, envolve a participação dos seguintes elementos: trincas codifica aminoácidos, existindo três trincas de
DNA, RNA-r, RNA-m, RNA-t, ribossomos, enzimas específicas terminação (ATT, ATC e ACT) que funcionam como “ponto-
ou
e aminoácidos. -final”, ou seja, determinam o término da síntese proteica.
A tríade TAC, além de codificar o aminoácido metionina,
também é a tríade de iniciação, uma vez que ela indica
DNA e código genético o início da síntese proteica. Observe, na tabela, que
um mesmo tipo de aminoácido pode ser codificado por
O DNA contém as informações sobre a estrutura
diferentes tríades, por exemplo o aminoácido glicina.
primária da proteína a ser fabricada, isto é, quais serão os
Por isso, se diz que o código genético é degenerado.
rn
aminoácidos utilizados e em que sequência deverão ser
ligados. Essas informações estão “codificadas” na sequência
de bases nitrogenadas dos nucleotídeos que formam as
cadeias do DNA. Esse código, conhecido por código genético,
já foi decifrado pelo homem. A tabela a seguir é uma
O código genético também é universal, ou seja, é o
mesmo em qualquer espécie de ser vivo. Assim, a tríade
AAA do DNA cromossômico de qualquer espécie codifica
a mesma informação: aminoácido fenilalanina.
Be
pequena amostra dessa relação entre DNA e aminoácidos
correspondentes:
Transcrição: a formação da
Tríades do DNA Tradução da informação
molécula de RNA-m
Aminoácido metionina (Met)
TAC
e início da síntese
As informações a respeito dos aminoácidos que irão
AAA Aminoácido fenilalanina (Phe) compor a cadeia peptídica, bem como da sequência
em que deverão ser ligados, estão codificadas em um
eu
Na transcrição, o segmento de DNA em que está codificada A molécula de RNA é alongada por um nucleotídeo de cada
a informação, que precisa chegar aos ribossomos, será usado vez na direção 5’ → 3’. Esse processo continua até que a
como modelo para fabricar o RNA-m. Para que isso ocorra,
enzima encontra uma sequência especial de nucleotídeos no
além do DNA, é também necessária a presença de enzimas
segmento molde do DNA que sinaliza o término da síntese.
específicas, como a RNA-polimerase ou polimerase do RNA,
e de ribonucleotídeos soltos no interior da célula. O processo Com o término da síntese, a RNA-polimerase se desliga do
da transcrição está resumido na figura a seguir. DNA, a molécula de RNA sintetizada se desliga do segmento
molde de DNA e as duas fitas do DNA voltam a se unir,
3`
5` refazendo a dupla hélice da molécula. Podemos dizer, então,
lli
A T
T A que a molécula do DNA “empresta” temporariamente uma de
G C
suas fitas para que ela, com a utilização de ribonucleotídeos
C
e sob a ação catalisadora da RNA-polimerase, sirva de molde
T A
ou
G C para a produção do RNA.
A T
C G Polimerase Na sequência de bases nitrogenadas do RNA-m, estarão
do RNA
T codificadas as mesmas informações do segmento de
A
T U A DNA do qual foi transcrito. A sequência de três bases
G 3`
G C
nitrogenadas consecutivas do RNA-m recebe o nome de
C C G
G
códon. Assim, cada códon do RNA-m codifica a mesma
G C
Fita do DNA
não transcrita
G
A
T
G
C
G
A T
rn C G
G C
G
G C
A
U
C
T
A
Fita do DNA
transcrita
(molde)
informação da tríade do DNA do qual foi transcrito.
Veja os exemplos a seguir:
Tríades do
DNA
Códons do
RNA-m
Informação codificada
Be
A
U
C
A T A
G
AAA UUU Aminoácido fenilalanina
G C A
T A G
C G
5` CAA GUU Aminoácido valina
Arquivo Bernoulli
A T
RNA
G C
5` CTT GAA Aminoácido ácido glutâmico
3`
Transcrição.
A transcrição começa com a ligação da enzima RNA-polimerase CCG GGC Aminoácido glicina
eu
obedecendo ao seguinte pareamento: aminoácido. Ao todo, são 64 códons diferentes, sendo que
Quando o segmento molde O RNA sintetizado alguns deles (UAA, UAG e UGA) não codificam aminoácidos,
do DNA tem terá mas sim, sinal de parada (término) do processo de síntese
A (adenina) U (uracila) e, por isso, são conhecidos como códons de terminação.
T (timina) A (adenina) O códon AUG é o códon de iniciação, uma vez que, além de
codificar o aminoácido metionina, também indica o início da
C (citosina) G (guanina)
síntese proteica. A tabela a seguir mostra os 64 códons do
G (guanina) C (citosina)
RNA-m e as informações correspondentes.
4 Coleção Estudo 4V
2ª posição na trinca
U C A G
lli
Leucina
parada
UUG UCG UAG UGG Triptofano G
ou
BIOLOGIA
CUC CCC CAC CGC C
C Leucina Prolina Arginina
1ª posição na trinca
3ª posição na trinca
CUA CCA CAA CGA A
Glutamina
CUG CCG CAG CGG G
A
AUC
AUA
AUG
rn
Isoleucina
Metionina*
ACC
ACA
ACG
Treonina
AAC
AAA
AAG
Asparagina
Lisina
AGC
AGA
AGG
Serina
Arginina
C
G
Be
GUU GCU GAU GGU U
Aspartato
GUC GCC GAC GGC C
G Valina Alanina Glicina
GUA GCA GAA GGA A
Glutamato
GUG GCG GAG GGG G
*Códon de iniciação.
eu
Nessa tabela, constam os 64 códons de RNA mensageiro possíveis com o aminoácido a que correspondem. Observe que existe um
códon de iniciação, que é interpretado pelo ribossomo como “a leitura começa a partir daqui”; esse códon também corresponde
ao aminoácido metionina. Existem, também, três códons de parada, que significam “fim da mensagem”, nos quais a síntese do
polipeptídeo termina.
Nos seres eucariontes, todo RNA-m funcional, isto é, RNA-m que contém a informação codificada sobre a sequência de
M
aminoácidos de um polipeptídeo, possui o códon de iniciação (que sempre é o AUG), diversos outros códons correspondentes
à sequência dos demais aminoácidos e um códon de terminação (que pode ser UAA, UAG ou UGA).
Códon de terminação
Códon de iniciação
A AA A GG U AA
G GG
C CU
AU G UC G
CAA
RNA-m
lli
Sítio P Sítio A
Sequência de bases
A comuns a todos os
C RNA-t. Os aminoácidos
C
ligam-se a essa Lisina Arginina Glicina Leucina
extremidade.
ou
UUU UCU CCC GAC
Arquivo Bernoulli
Local de reunião
do RNA-m Anticódon – Para cada Representação esquemática
aminoácido, há um anticódon de RNA-t associados aos
que reconhece o códon aminoácidos específicos.
complementar no RNA-m.
Ribossomo – Cada ribossomo é formado por duas subunidades
que se mantêm unidas por meio do íon Mg++. Em cada ribossomo, A tabela a seguir mostra alguns exemplos de correspondência
encontramos três sítios (locais): o sítio em que se liga o RNA-m
rn
e os sítios A e P, em que se alojam moléculas de aminoácidos
trazidas pelos RNA-t (RNA transportadores).
Tríades no
segmento de Códons cor-
Anticódons
Aminoácidos
Be
polipeptídica. Essa união é feita em uma sequência correspon-
DNA usado respondentes correspon-
estabelecida pelos códons do RNA-m. Assim, ao fazer dentes nos
para fabricar no RNA-m dentes
a “leitura” desses códons, o ribossomo detecta quais RNA-t
o RNA-m
serão os aminoácidos utilizados e em que sequência
devem ser ligados. Para desempenhar essa função,
o ribossomo precisa ter à sua disposição os diversos AAA UUU AAA Fenilalanina
tipos de aminoácidos que irão formar a proteína.
É necessária, portanto, a presença desses aminoácidos CAA GUU CAA Valina
encontramos a sequência de bases ACC a que se liga Essa correspondência que existe entre as tríades do
o aminoácido conforme mostra a imagem a seguir. DNA, os códons do RNA-m, os anticódons dos RNA-t e os
aminoácidos constitui o chamado código genético. Como
Cada molécula de RNA-t, trazendo um aminoácido, liga-se esse código é universal, isto é, o mesmo para todas as
a um códon específico do RNA-m. Essa ligação é feita por espécies de seres vivos, em seres tão diferentes como
meio de ligações de hidrogênio que se estabelecem entre uma bactéria, uma samambaia, um elefante e um homem,
as bases nitrogenadas desses dois tipos de RNA (RNA-m e a correspondência será a mesma. É claro, no entanto,
RNA-t), obedecendo ao seguinte pareamento: A (adenina) que a sequência das tríades nas moléculas de DNA varia nos
com U (uracila) e G (guanina) com C (citosina). diferentes seres vivos.
6 Coleção Estudo 4V
A fabricação de proteínas feita com a participação dos O término da síntese proteica ocorre quando o ribossomo
ribossomos (nos quais existe RNA-r), do RNA-m e dos encontra um códon que não se liga a algum RNA-t, ou seja,
RNA-t é chamada de tradução. Podemos dizer, então, que a um códon de parada. Esse códon funciona como um “ponto-
síntese de proteínas é feita por meio de duas etapas básicas: -final”, determinando o fim da síntese. Com isso, o último
transcrição e tradução. A transcrição, conforme já vimos, RNA-t que participou do processo se desliga do complexo
é a formação do RNA-m a partir do DNA. A tradução é a ribossomo + RNA-m, e o polipeptídeo formado é liberado.
formação da cadeia polipeptídica feita pelos diferentes tipos
de RNAs (RNA-r, RNA-m e RNA-t). OBSERVAÇÃO
lli
Com o desenvolvimento da Biologia Molecular e da
A tradução inicia-se quando ao ribossomo liga-se um RNA-m.
Engenharia Genética, descobriu-se que, nos genes dos
Em seguida, chegam os RNA-t trazendo os aminoácidos.
seres eucarióticos, existem sequências de nucleotídeos,
O primeiro RNA-t com o seu respectivo aminoácido aloja-se
chamadas éxons, que são traduzidas, mas também existem
no sítio P do ribossomo; o segundo RNA-t, também trazendo
ou
sequências de nucleotídeos, denominadas íntrons, que não
BIOLOGIA
um aminoácido, aloja-se no sítio A. O que define qual o tipo
são traduzidas. Assim, os genes dos organismos eucarióticos
de RNA-t deve entrar nesses sítios são os códons do RNA-m
apresentam íntrons e éxons intercalados conforme mostra
localizados sob esses sítios. Por exemplo: se o códon do
o esquema a seguir.
RNA-m sob o sítio for UUU, o único RNA-t que poderá se
alojar nesse sítio é aquele que tem o anticódon AAA conforme
Íntrons
mostra o esquema a seguir.
Éxons
Aminoácido Segmentos do DNA
Ribossomo
rn
RNA-t
contendo éxons
e íntrons
RNA-m precursor
(transcrito primário)
Transcrição
Sítio P
Sítio A
Remoção dos
Splicing íntrons
Be
3° códon União dos
GG éxons
UAC AAA C
AUG RNA-m funcional maduro
U
UU G
RNA-m CU
Arquivo Bernoulli
isso, o primeiro aminoácido desliga-se do seu RNA-t, e este, RNA-funcional (RNA-m maduro, RNA-m monocistrônico), que
por sua vez, se desprende do ribossomo. Os dois primeiros
contém apenas os éxons. É esse RNA-m funcional que irá
aminoácidos, unidos pela ligação peptídica, continuam
se ligar ao ribossomo, possibilitando a síntese da proteína.
presos ao segundo RNA-t, que ainda ocupa o sítio A.
O splicing, realizado com a participação de diferentes
A etapa seguinte consiste no deslocamento do ribossomo
enzimas, é um processo complexo e preciso, uma vez que
sobre a molécula do RNA-m, dando um “passo” correspondente
a molécula do RNA-m precursor deve ser clivada (cortada)
a uma trinca de bases. Com isso, o RNA-t, com os dois
M
ocorre a ligação desse terceiro aminoácido com o segundo com estruturas primárias diferentes, ou seja, proteínas
aminoácido que, por sua vez, já está ligado ao primeiro. Todo diferentes. Assim, devido a esse fenômeno conhecido por
esse processo vai se repetindo e, à medida que o ribossomo splicing alternativo, a partir de um mesmo trecho de DNA
desloca-se sobre a fita do RNA-m, ocorre a alongação do (gene), podem ser produzidos diferentes RNA-m funcionais e,
peptídeo, isto é, a cadeia de peptídeos vai ficando mais longa. consequentemente, diferentes tipos de proteínas.
lli
Phe Tyr Cys
UUC UCC UAC UGC
03.
UCAG
(PUC Rio–2015) O termo “código genético” refere-se
U Ser
Fim da A) ao conjunto de trincas de bases nitrogenadas; cada
UUA UCA UAA UGA
Fim da cadeia
Leu trinca correspondendo a um determinado aminoácido.
cadeia
ou
UUG UCG UAG UGG Trp B) ao conjunto de todos os genes de um organismo,
capazes de sintetizar diferentes proteínas.
CUU CCU CAU CGU C) ao conjunto de proteínas sintetizadas a partir de uma
His sequência específica de RNA.
CUC CCC CAC CGC
UCAG
Terceiro nucleotídeo
AUU
AUC Iso
ACU
ACC
rnAAU
AAC
Asn
AGU
AGC
Ser
04. (FGV–2013) A substituição de apenas um nucleotídeo
no DNA pode representar uma grave consequência ao
seu portador em função de uma modificação de um
componente molecular na proteína sintetizada a partir
UCAG
Anticódon
G C A representada uma via metabólica; o produto de cada
apropriado ao RNA-t
reação química, catalisada por uma enzima específica,
Aminoácido é o substrato para a reação seguinte.
Trp
incorporado à proteína
Substrato 1 Substrato 2 Substrato 3 Produto final
8 Coleção Estudo 4V
Num indivíduo que possua alelos mutantes que levem à 04. (FGV-SP) A Rifampicina é um dos antibióticos utilizados
perda de função do gene para o tratamento da tuberculose. Seu mecanismo de
A) A, ocorrem falta do substrato 1 e acúmulo do substrato 2. ação consiste na inibição da transcrição nas células de
Mycobacterium tuverculosis. Sob a ação desse antibiótico,
B) C, não há síntese dos substratos 2 e 3.
nas células bacterianas haverá comprometimento
C) A, não há síntese do produto final.
A) exclusivamente da produção de proteínas.
D) A, o fornecimento do substrato 2 não pode restabelecer B) exclusivamente da produção de DNA.
a síntese do produto final.
C) exclusivamente da produção de RNA.
E) B, o fornecimento do substrato 2 pode restabelecer
D) da produção de RNA e de proteínas.
a síntese do produto final.
E) da produção de DNA e RNA.
lli
02. (UCS-RS–2015) Alguns anos atrás, o Brasil foi notificado
por exportar alimentos processados que não continham 05. (PUC Minas) Sobre o esquema a seguir, foram feitas
no rótulo a informação do tipo de carne componente do algumas afirmações.
alimento. A análise realizada foi obtida por testes de DNA
que identificaram os diferentes tipos de amostras.
ou
BiologiA
Bases nitrogenadas % Relações molares
Amostras
A G C T A/T G/C
2 24 33 33 24 1,00 1,00
4 45,8
rn
2,9 2,9 43,6 1,05 1,00
aminoácidos:
lli
comum
genoma (pb) descritas
07. (Unisa-SP–2017) Analise a tabela, que contém uma parte
do código genético. Oryza sativa arroz 5 000 000 000 224 181
Mus musculus camundongo 3 454 200 000 249 081
Códons Produto codificado
Homo sapiens homem 3 400 000 000 459 114
Metionina
ou
AUG
(códon de início) Rattus
rato 2 900 000 000 109 077
norvegicus
CAU, CAC Histidina
Drosophila mosca-da-
GGU, GGG, GGA, GGC Glicina 180 000 000 86 255
melanogaster -fruta
CGU, CGA, CGC, CGG, AGA, AGG Arginina
Disponível em: <http://www.cbs.dtu.dk> e
UGU, UGC Cisteína <http://www.nebi.nim.nih.gov>.
UAA, UAG, UGA Códons de parada De acordo com as informações anteriores,
A) o conjunto de genes de um organismo define o
rn
Considere um segmento de DNA com a seguinte sequência
de bases nitrogenadas, em que a seta indica o sentido
da transcrição:
3'TACGCCCCCACGGCAGTGATCGTGCCC5'
RNA-m transcrito C C A U G G U C U C G U
01. (Enem–2012) Os vegetais biossintetizam determinadas
Anticódon apro-
substâncias (por exemplo, alcaloides e flavonoides), cuja G G U A C C A G A G C A
priado ao RNA-t
estrutura química e concentração variam num mesmo
organismo em diferentes épocas do ano e estágios Aminoácido incor-
Pro Trp Ser Arg
de desenvolvimento. Muitas dessas substâncias são porado à proteína
produzidas para a adaptação do organismo às variações
ambientais (radiação UV, temperatura, parasitas, B) O aminoácido traduzido será a alanina.
herbívoros, estímulo a polinizadores, etc.) ou fisiológicas C) Código em trincas; código degenerado.
(crescimento, envelhecimento, etc.). As variações D) A fita I participa da duplicação do DNA.
M
10 Coleção Estudo 4V
BIOLOGIA A 10
Respiração celular e fermentação
lli
Respiração celular e fermentação são processos de • Anaeróbias facultativas:
ultativas: são capazes de realizar
obtenção de energia a partir de compostos orgânicos. os processos aeróbio e anaeróbio conforme tenham
Consistem em uma série de reações químicas que visam à ou não à sua disposição o O2. Na presença de O2,
ou
degradação (“quebra”) de moléculas orgânicas no interior realizam o processo aeróbio; na ausência de O2,
da célula liberando a energia nela contida. Parte dessa passam a obter energia por processo anaeróbio. Isso
energia irradia-se para o meio sob a forma de calor e parte
é feito, por exemplo, por nossas células musculares
é utilizada na síntese de moléculas de ATP, nas quais fica
esqueléticas.
armazenada até ser utilizada em uma atividade. Assim,
o objetivo da respiração celular e o da fermentação é a
síntese de moléculas de ATP.
RESPIRAÇÃO AERÓBIA
Calor
Composto orgânico
(Ex.: Glicose)
ADP + Pi → ATP
rn No metabolismo celular, normalmente, a respiração
aeróbia é feita a partir da glicose. Trata-se de uma reação
exergônica que pode ser representada de forma simplificada
por meio da seguinte equação química:
Be
Energia C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O
Energia
Os
s compostos orgânicos utilizados no processo de obtenção de
energia estão representados principalmente pelos carboidratos, A glicose (C6H12O6), utilizada como reagente, pode ser
notadamente a glicose. No entanto, na carência de carboidratos, obtida por meio da alimentação, no caso de organismo
as células passam a utilizar lipídios e, na falta destes, chegam heterótrofo, ou, então, é produzida dentro da própria célula,
até a lançar mão das proteínas para obtenção de energia.
pela fotossíntese ou pela quimiossíntese, no caso de o
O O2 pode participar ou não como um dos reagentes dessas organismo ser autótrofo.
reações que visam à obtenção de energia. Quando o O2
eu
podemos classificar as células em: produtos finais da reação. Em altas concentrações no interior
• Aeróbias estrit
estritas: só realizam o processo aeróbio. do organismo, torna-se uma substância prejudicial e tóxica
Na ausência de O2, morrem. A maioria das células para as células, uma vez que é um óxido ácido. Assim, quanto
do nosso corpo está incluída nessa categoria. maior a sua concentração em um meio, mais ácido esse meio
se torna. Essa acidificação excessiva pode levar à morte das
• Anaeróbias estritas ou obrigatórias: só realizam o
processo anaeróbio. A presença do O2, inclusive, lhes células. Por isso, o CO2 formado nas reações da respiração
é prejudicial, chegando a matá-las. Isso acontece, aeróbia, normalmente, é eliminado para o meio ambiente.
por exemplo, com células de alguns micro-organismos, Na respiração aeróbia, portanto, há, normalmente, uma
como é o caso do Clostridium tetani, bactéria troca de gases (absorção de O2 e eliminação do CO2) entre
causadora do tétano. o organismo e o meio ambiente.
NADH2 NADH2
Energia
lli
Ácido acetil-CoA Ácido acetil-CoA
(3C) (2C)
ADP + Pi ATP
As moléculas de CO2 liberadas dessas reações são eliminadas
A respiração aeróbia feita a partir da glicose pode ser para o meio extracelular e, posteriormente, liberadas no meio
subdividida em três etapas básicas: glicólise, ciclo de Krebs ambiente. Os H2 liberados são captados por moléculas de
ou
NAD, formando NADH2 que, por sua vez, irão para a cadeia
e cadeia respiratória.
respiratória. Cada molécula de ácido acético liga-se à coenzima A,
formando um composto conhecido por acetil-CoA, que irá para
Glicólise o ciclo de Krebs.
Ocorre no hialoplasma das células e consiste em uma
sequência de reações que leva a “quebra” ou decomposição Ciclo
iclo de Krebs
da molécula de glicose (que possui 6 carbonos) em duas
O radical acetil do ácido acético desliga-se da coenzima-A
moléculas menores (cada uma com 3 carbonos) de uma
substância denominada ácido pirúvico (piruvato).
4ADP + 4Pi
4 ATP
Glicose (6C)
2 ATP
2ADP + 2Pi
rn e reage com o ácido oxalacético (um composto que tem
4 carbonos na molécula), formando o ácido cítrico (com
6 carbonos na molécula). Assim, o ácido cítrico é o primeiro
composto formado nessa etapa e, por isso, o ciclo de Krebs
é conhecido, também, por ciclo do ácido cítrico. No quadro
a seguir, temos uma representação esquemática e resumida
do ciclo de Krebs.
Be
Acetil-CoA
H2 H2 Acetil
NAD NAD Coenzima A
NADH2 NADH2
Ácido Ácido cítrico
oxalacético 4C 6C
Ácido pirúvico Ácido pirúvico Ciclo de Krebs
(3C) (3C) NADH2 CO2
podemos, também, usar esses termos quando são ganhos 5 e 4 carbonos até reconstituir o ácido oxalacético; liberação de
ou perdidos átomos de hidrogênio, porque as transferências 2 CO2 (descarboxilação) que, normalmente, serão eliminados
de átomos de hidrogênio envolvem transferência de elétrons para o meio extracelular e, posteriormente, para o meio
(H = H+ + e–). Os NADH2 formados na glicólise irão para a ambiente; liberação de energia que permitirá diretamente a
cadeia respiratória. síntese de um ATP e liberação de 4 H2 (desidrogenação). Destes,
3 H2 são captados por moléculas de NAD, formando 3 NADH2,
Após a glicólise, cada molécula de ácido pirúvico e o outro H2 liga-se a uma molécula de FAD, formando um FADH2.
sofre descarboxilação (saída de CO2 devido à ação das O FAD (Flavina-Adenina-Dinucleotídeo), assim como o NAD,
enzimas descarboxilases) e desidrogenação (saída de H2), é um aceptor e transportador de hidrogênios. Os NADH2 e o FADH2
transformando-se em ácido acético (composto com apenas formados durante as reações do ciclo de Krebs também irão para
dois carbonos na molécula). a cadeia respiratória.
12 Coleção Estudo 4V
Cadeia respiratória
A cadeia respiratória, que nas células eucariotas é realizada na membrana interna da mitocôndria, tem início a partir dos
NADH2 e dos FADH2 produzidos nas etapas anteriores da respiração celular. Nela, ocorrem síntese de água, transporte de
elétrons através de uma cadeia de substâncias (cadeia transportadora de elétrons) e bomba de prótons (H+) com consequente
síntese de ATP. A cadeia transportadora de elétrons é um conjunto de reações de oxirredução que envolve a participação de
quatro complexos proteicos (I, II, III e IV) e de duas moléculas conectoras móveis: a ubiquinona (coenzima Q) e o citocromo C.
A bomba de prótons é um mecanismo de transporte ativo que transfere íons H+ da matriz mitocondrial para o espaço
intermembrana (espaço existente entre a membrana externa e a membrana interna da mitocôndria). A ilustração a seguir
mostra de forma simplificada os principais fenômenos da cadeia respiratória.
lli
Citosol
ou
BIOLOGIA
H+ H+ H+ H+ H+ H+ H+
H+ H+ H+
H+
Citocromo C Complexo ATP-sintase
Complexo I Ubiquinona IV
Complexo
e– H+
rn Complexo
intermembrana
e– II H+ III H+
FADH2 +
H
Membrana
Membrana
H+ H+
H+ FAD H+
externa
interna
Espaço
H+ ADP + Pi
½O2
Arquivo Bernoulli
ATP
NADH2
Matriz mitocondrial H2O
H+
Be
NAD
A cadeia respiratória – A oxidação dos NADH2 (NADH2 → NAD + 2H+ + 2e–) e a dos FADH2 (FADH2 → FAD + 2H+ + 2e–) liberam
elétrons e prótons. Os elétrons provenientes da oxidação dos NADH2 são recebidos pelo complexo I no começo da cadeia respiratória,
ao passo que aqueles provenientes dos FADH2 são recebidos pelo complexo II. Desses receptores (I e II), os elétrons são transferidos
para a ubiquinona, de onde são repassados para o complexo III e daí para o citocromo C. Do citocromo C, eles são enviados
para o complexo IV que, então, os entrega ao O2. Este se combina com íons H+ formando água (H2O). O oxigênio, portanto, é o
receptor final dos elétrons na cadeia transportadora. Nesse processo de transferência de elétrons dos NADH2 e dos FADH2 até o O2,
há, gradativamente, liberação de energia. Parte dessa energia é dissipada sob a forma de calor, e parte é utilizada para bombear
prótons (H+) da matriz mitocondrial para o espaço existente entre as membranas mitocondriais. Portanto, à medida que os elétrons
passam pela cadeia transportadora, os prótons são bombeados para o espaço intermembrana. O acúmulo de íons H+ nesse espaço
eu
cria um gradiente de concentração de prótons: concentração alta de H+ no espaço intermembrana e concentração baixa de H+ na
matriz mitocondrial. Devido à carga positiva nos prótons (H+), estabelece-se, também, uma diferença na carga elétrica: a matriz
mitocondrial torna-se mais negativa que o espaço intermembrana. Juntos, o gradiente de concentração de prótons e a diferença
de carga constituem uma fonte de energia potencial denominada força motora de prótons. Essa força aciona o retorno de prótons
para a matriz mitocondrial mediante um canal específico de prótons formado por um complexo proteico denominado ATP-sintase
(ATP-sintetase). Ao passar por esse complexo proteico, ocorre liberação de energia que é, então, utilizada para fosforilar o ADP,
ou seja, acrescentar um fosfato ao ADP, transformando-o em ATP. O compexo ATP-sintase “extrai” energia química dos íons H+
M
para sintetizar ATP. Essa fosforilação que ocorre na cadeia respiratória é conhecida por fosforilação oxidativa.
As reações da cadeia respiratória são de oxirredução, isto é, reações que envolvem perda e ganho de hidrogênios e elétrons.
Para os químicos, uma substância que perde elétrons ou hidrogênios fica oxidada. Quando ganha elétrons ou hidrogênios,
fica reduzida. A glicose e seus subprodutos, por exemplo, ao perderem hidrogênios para os NAD, estão sofrendo oxidação.
Por isso, fala-se que, durante a respiração, ocorre oxidação da glicose. Por outro lado, os NAD, ao receberem hidrogênios
transformando-se em NADH2, estão sofrendo redução. Todos os componentes da cadeia respiratória, ao receberem elétrons,
reduzem-se e, ao cedê-los para a substância seguinte, tornam a oxidar-se. Assim, na respiração celular, a todo momento,
ocorrem reações de oxidação e redução.
A função da respiração celular é a produção de ATP. A produção líquida ou saldo energético (em moléculas de ATP)
por glicose pode chegar a 32 ATP, dependendo do tipo de célula. Veja o quadro a seguir:
lli
a partir deles, são produzidos 25 ATP. substância. O ácido esteárico, por exemplo, requer muito mais
Cadeia
respiratória oxigênio para sua oxidação do que a glicose.
Cada FADH2 proporciona a síntese de
1,5 ATP. Como são 2 FADH2 por glicose, O consumo de O2 está diretamente relacionado às atividades
a partir deles, são produzidos 3 ATP. metabólicas. Assim, uma das maneiras de se avaliar a
taxa metabólica de um organismo aeróbio é por meio do
ou
consumo de O2 feito por esse organismo em um determinado
Saldo total → 2ATP + 2ATP + 25ATP + 3ATP = 32ATP
intervalo de tempo: quanto mais intensa a atividade
metabólica, mais intensamente se faz a respiração celular e,
Existem células em que a membrana interna da consequentemente, maior será o consumo de O2.
mitocôndria é impermeável ao NADH2. Nessas células,
Animais lentos e animais que vivem fixos a substratos
a passagem dos hidrogênios transportados pelos 2 NADH2
têm, em geral, taxas metabólicas menores do que animais
produzidos no citosol durante a glicólise para o interior da
mais ativos. As taxas de consumo de O2 nos cnidários
mitocôndria requer gasto de energia, sendo gastos 1 ATP
sésseis (fixos), por exemplo, são relativamente baixas, e,
para cada um desses NADH2. Nessas células, portanto,
o saldo energético / glicose é de 30 ATP (32 – 2 = 30 ATP).
Para realizar a respiração aeróbica, a glicose é o
“combustível” preferido pela célula. Mas não é o único.
Na falta de glicose, a célula lança mão dos lipídios e até,
caso haja necessidade, das proteínas. Isso é possível porque
a substância acetil-CoA, formada na respiração aeróbica,
rn
nos mamíferos e insetos voadores, são mais elevadas.
As taxas metabólicas variam também em um mesmo
indivíduo, dependendo da idade, das atividades realizadas,
estado nutricional e hora do dia. Por exemplo: quando o
animal realiza um trabalho muscular intenso, consome muito
mais O2 do que quando está em repouso. Um mamífero
Be
também pode ser produzida com base em outros compostos correndo usa entre 5 a 20 vezes mais O2 por minuto do que
orgânicos, como ácidos graxos, glicerol e aminoácidos. quando está parado. Insetos durante o voo consomem cerca
Portanto, tanto os carboidratos como os lipídios e as proteínas de 100 vezes mais oxigênio do que quando estão no chão.
podem originar o acetil-CoA, recorrendo a diferentes vias Há, também, uma diferença quando comparamos animais
metabólicas. O acetil-CoA, independentemente de onde pecilotermos (poiquilotermos) com os homeotermos.
provém, seguirá o mesmo caminho, ou seja, entrará no ciclo Os pecilotermos, também conhecidos por animais de
de Krebs, conforme mostra o esquema a seguir. “sangue frio”, possuem metabolismo mais baixo do que
os homeotermos. Contudo, nos homeotermos, a taxa
Glicerídeos Glicídeos Proteínas metabólica varia na razão inversa ao tamanho ou massa
corporal. Animais grandes têm taxa metabólica menor do que
os animais pequenos. Em um animal pequeno, a superfície
Ácidos graxos Glicerol do corpo é grande em relação ao seu volume e, assim,
Aminoácidos
eu
metabólica
Rato
A respiração aeróbia, não importando se feita a partir
de glicídio, lipídio ou proteína, necessita de O2 para sua Coelho
realização e, no decorrer das reações, há a produção de CO2.
Cão
A relação existente entre a quantidade de moléculas de CO2
liberadas durante a reação e a quantidade de moléculas de Homem
O2 consumidas denomina-se quociente respiratório (Q.R.). Boi
Veja os exemplos a seguir:
Elefante
CO2 liberado
Q.R. =
O2 consumido
Peso corporal
14 Coleção Estudo 4V
lli
respiratória, os elétrons e combinar com os íons H+ liberados O CO2 é eliminado no meio extracelular, e o aldeído acético
para neutralizá-los, poderíamos pensar, que nessas células, recebe os hidrogênios do NADH2. Ao receber esses hidrogênios,
ocorre uma intensa acidificação, o que se tornaria um o aldeído acético se converte em álcool etílico que, por sua vez,
grande perigo para o metabolismo celular. Isso, entretanto, também será eliminado no meio extracelular. Veja o esquema
não ocorre. Na respiração anaeróbia, alguma substância a seguir:
inorgânica, diferente do O2, funciona como receptor final dos
ou
BIOLOGIA
elétrons e dos íons hidrogênio, neutralizando-os e evitando, Glicose
assim, a acidose da célula.
2 ATP
Algumas bactérias, por exemplo, fazem a degradação 4 ATP
de compostos orgânicos, à semelhança do que vimos na
NADH2 NAD H2 H2 NAD NADH2
respiração aeróbia, e usam como aceptores finais dos íons
H+ e dos elétrons compostos inorgânicos, como nitratos,
sulfatos ou carbonatos. Dessa forma, os íons H + são
neutralizados, evitando a acidose do meio intracelular,
conforme mostra o exemplo a seguir:
10H+ + 10e– + 2HNO3 → N2 +6 H2O
rn
No exemplo, os 10 íons hidrogênio e os 10 elétrons resultantes
das oxidações de moléculas orgânicas são recebidos por
moléculas de nitrato (HNO3), provenientes do meio extracelular.
Dessa reação, surge o nitrogênio livre (N2), que se difunde para
NAD
H2
Ácido pirúvico
Aldeído
acético
CO2
Ácido pirúvico
Aldeído
acético
CO2
H2
NAD
Be
a atmosfera, e moléculas de água. Nesse exemplo de respiração
anaeróbia, o nitrato funciona como aceptor final dos elétrons e
Álcool Álcool
dos íons hidrogênio. etílico etílico
Na respiração anaeróbia, assim como na aeróbia, existe Fermentação alcoólica – Observe que, na fermentação alcoólica,
uma cadeia de aceptores de elétrons em que é produzido são produzidos 4 ATP a partir da glicose, mas como são gastos
ATP. A diferença entre os dois tipos reside no último 2 ATP durante a glicólise, o saldo energético é de apenas
receptor dos elétrons e dos hidrogênios da cadeia: oxigênio, 2 ATP. Logo, uma boa parte da energia acumulada na glicose
na respiração aeróbia, e outra substância inorgânica, permanece no álcool, o que justifica o fato de ele ser um
na respiração anaeróbia. excelente combustível.
Conforme vimos no esquema anterior, os produtos finais da
FERMENTAÇÃO
ENT
EN TAÇÃO
AÇÃO
eu
Conforme a natureza química dos produtos orgânicos Um bom exemplo de ser vivo realizador desse tipo de
formados ao fim das reações, a fermentação pode ser fermentação é o fungo Saccharomyces cerevisiae, muito
classificada em diferentes tipos: alcoólica, láctica, acética, utilizado na fabricação da cerveja e de outras bebidas
butírica, etc. Vejamos os dois tipos mais conhecidos de
alcoólicas e, por isso, conhecido por levedura da cerveja.
fermentação: alcoólica e láctica.
Espécies do gênero Saccharomyces também são utilizadas na
fabricação de pães, bolos e biscoitos. Essas leveduras também
Fermentação alcoólica são conhecidas por fermentos biológicos. Na fabricação de
Tipo de fermentação que tem o álcool etílico como produto pães e bolos, durante o preparo e o cozimento da massa,
orgânico final. Nela, a glicose sofre glicólise, originando duas o álcool escapa, e o CO2 forma bolhas em meio à massa,
moléculas de ácido pirúvico, tal como acontece na respiração. estufando-a e promovendo o seu crescimento.
lli
produz etanol.
C) o ciclo do ácido cítrico é a etapa da respiração celular
NAD NAD aeróbica que produz maior quantidade de ATP.
D) o ciclo do ácido cítrico ocorre na membrana interna da
mitocôndria e tem como produto a liberação de CO2.
H2 Ácido pirúvico Ácido pirúvico H2
ou
E) a fosforilação oxidativa
oxidativa ocorre na matriz mitocondrial,
utilizando o oxigênio para a produção de H2O e CO2.
Ácido láctico Ácido láctico 02. (Cesgranrio) No exercício muscular intenso, torna-se
insuficiente o suprimento de oxigênio. A liberação de
Fermentação láctica – Nessa fermentação, a glicose sofre glicólise, energia pelas células processa-se, dessa forma, em
condições relativas de anaerobiose, a partir da glicose.
formando ácido pirúvico, exatamente como acontece na fermentação
O produto principalmente acumulado nessas condições é o
alcoólica e na respiração. Entretanto, o aceptor final dos hidrogênios A) ácido pirúvico. D) etanol.
é o próprio ácido pirúvico. Ao receber os hidrogênios do NAD.H2,
o ácido pirúvico transforma-se em ácido láctico. Nessa fermentação,
não há descarboxilação (liberação de CO2).
oferecido pelo sangue não satisfaça às necessidades celulares. mitocôndrias é diretamente proporcional ao número de
Nessa circunstância, os íons H+ começam a acumular-se moléculas de
nas células, e, então, o ácido pirúvico passa a atuar como A) glicose e gás oxigênio que atravessam as membranas
receptor final desses íons, transformando-se em ácido láctico. mitocondriais.
A presença do ácido láctico nas células musculares causa B) gás oxigênio consumido no ciclo de Krebs, etapa
anterior à cadeia respiratória.
sensação de dor muscular característica da fadiga ou câimbra.
C) glicose oxidada no citoplasma celular, na etapa da
Tanto na fermentação láctica, como na alcoólica, há um glicólise.
saldo energético de 2 ATP / glicose. Logo, o processo da D) gás carbônico produzido na cadeia transportadora
fermentação apresenta um rendimento energético bem inferior de elétrons.
ao da respiração aeróbia. E) água produzida a partir do consumo de gás oxigênio.
16 Coleção Estudo 4V
lli
A) Para que I se transforme em II, é necessário o gasto celular são reações bioquímicas que ocorrem em
de ATP. diferentes condições nas células musculares, gerando
alguns produtos similares. Sobre essas reações, assinale
B) As fases I e II ocorrem fora da mitocôndria.
a alternativa corret
corretA
corretA.
A..
C) Na conversão de II para III, não há produção local
A) A fermentação ocorre na ausência de gás oxigênio
oxigênio e a
ou
de ATP.
BIOLOGIA
respiração celular ocorre somente na presença desse
D) Em IV, ocorre liberação de CO2 e formação local gás. As duas reações geram energia, armazenada na
de ATP. forma de ATP.
E) Em V, há quebra da molécula de água, com liberação B) A fermentação ocorre na presença de gás carbônico
de oxigênio.
e a respiração celular ocorre na ausência desse gás.
As duas reações geram ATP, um tipo de energia.
02. (FCMSC–SP) Chamamos de quociente respiratório (QR)
a relação entre o volume de CO2 produzido e o de O2
rn
consumido (CO2/O2) na respiração. Diferentes substâncias
podem ser utilizadas na respiração e ter seu QR calculado.
Em uma respiração normal, em que a substância é
totalmente transformada em CO2 e H2O, pode-se dizer que
de ATP.
oxigênio e a
respiração celular ocorre somente na presença desse
gás. As duas reações absorvem energia da molécula
C) Se apenas a frase
frase III está correta. A) Que processo biológico está associado à produção de
eu
07. (UEL-PR) Analise o esquema da respiração celular em 02. (Enem–2012) Há milhares de anos, o homem faz uso da
eucariotos, a seguir: biotecnologia para a produção de alimentos como pães,
cervejas e vinhos. Na fabricação de pães, por exemplo,
são usados fungos unicelulares, chamados de leveduras,
Glicose
que são comercializados como fermento biológico.
Et
CO2
CO2
ap
lli
ATP
H2O B) formação de ácido lático.
LOPES, Sônia. Bio 1. São Paulo: Saraiva, 1992, p. 98 (Adaptação). C) formação de água.
D) produção de ATP.
Com base nas informações contidas no esquema e nos
conhecimentos sobre respiração celular, considere as E) liberação de calor.
alor.
ou
afirmativas a seguir:
I. A glicose é totalmente degradada durante a etapa A 03. (Enem–2010) Um ambiente capaz de asfixiar todos os
que ocorre na matriz mitocondrial. animais
nimais conhecidos do planeta foi colonizado por pelo
menos três espécies diferentes de invertebrados marinhos.
II. A etapa B ocorre no hialoplasma da célula e produz Descobertos a mais de 3 000 m de profundidade no
menor quantidade de ATP que a etapa A. Mediterrâneo, eles são os primeiros membros do reino
III. A etapa C ocorre nas cristas mitocondriais e produz animal a prosperar mesmo diante da ausência total de
maior quantidade de ATP que a etapa B. oxigênio. Até agora, achava-se que só bactérias pudessem
IV. O processo anaeróbico que ocorre no hialoplasma ter esse estilo de vida. Não admira que os bichos pertençam
corresponde à etapa A.
Assinale a alternativa correta.
A) Somente as afirmativas I e II são corretas.
B) Somente as afirmativas I e III são corretas.
as III e IV são corretas.
C) Somente as afirmativas
rn a um grupo pouco conhecido, o dos loricíferos, que mal
chegam a 1,0 mm. Apesar do tamanho, possuem cabeça,
boca, sistema digestivo e uma carapaça. A adaptação dos
bichos à vida no sufoco é tão profunda que suas células
dispensaram as chamadas mitocôndrias.
LOPES, R. J. Italianos descobrem animal que vive em água
sem oxigênio.
oxigênio Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>.
Be
as I, II e IV são corretas.
D) Somente as afirmativas
Acesso em: 10 abr. 2010 (Adaptação).
E) Somente as afirmativas
as II, III e IV são corretas.
Que substâncias poderiam ter a mesma função do O2 na
respiração celular realizada pelos loricíferos?
SEÇÃO ENEM A) S e CH4 C) H2 e NO3– E) H2 e CO2
B) S e NO3– D) CO2 e CH4
01. (Enem–2016) As
s proteínas de uma célula eucariótica
possuem peptídeos sinais, que são sequências de GABARITO
aminoácidos responsáveis pelo seu endereçamento para
as diferentes organelas, de acordo com suas funções.
Fixação
eu
essas células. Ao escolher essa proteína bloqueadora para realizar fermentação em situações de muito esforço.
carregar as nanopartículas, o pesquisador deve levar em 06. A) A desnaturação das proteínas interfere na função
realizada por elas.
conta um peptídeo sinal de endereçamento para qual
B) A mudança na conformação dessas enzimas
organela?
impede as corretas reações do ciclo, paralisando
A) Núcleo. a fosforilação oxidativa e, consequentemente,
limitando a produção de ATP.
B) Mitocôndria.
07. C
C) Peroxissomo.
D) Complexo golgiense. Seção Enem
E) Retículo endoplasmático. 01. B 02. A 03. B
18 Coleção Estudo 4V
BIOLOGIA A 11
Fotossíntese e quimiossíntese
Existem dois processos distintos por meio dos quais
lli
Luz
algumas espécies de seres vivos conseguem fabricar 6CO2 + 12H2O Clorofila
C6H12O6 + 6O2 + 6H2O
compostos orgânicos com base em substâncias inorgânicas:
fotossíntese e quimiossíntese. O CO2, um dos reagentes do processo, normalmente é
Quando a fonte de energia utilizada pela reação é a luz, obtido do meio ambiente. As plantas terrestres o absorvem
ou
o processo é a fotossíntese; quando a energia utilizada da atmosfera, e plantas aquáticas submersas o obtêm do
é proveniente de uma reação de oxidação, temos a meio aquoso (absorvem o CO2 que se encontra dissolvido
quimiossíntese. na água). Vale lembrar, entretanto, que, dependendo da
intensidade luminosa recebida pela planta, o CO2 utilizado
Os seres fotossintetizadores e quimiossintetizadores
na fotossíntese pode ser proveniente da reação da respiração
realizam a chamada nutrição autótrofa ou autotrófica, isto é,
aeróbia realizada pelas próprias células do vegetal.
conseguem fabricar no próprio corpo o alimento orgânico
com base em substâncias inorgânicas. Por isso, são A água (H2O), outro reagente do processo, também é
chamados de seres autótrofos ou autotróficos. Distinguimos, obtida do meio ambiente. As plantas terrestres geralmente
portanto, o autotrofismo fotossintético e o autotrofismo
quimiossintético.
Fotossíntese
Energia luminosa
rn a absorvem do solo por meio de suas raízes, e as aquáticas
a retiram do próprio meio aquoso em que se encontram.
A luz utilizada como fonte de energia é a luz solar, embora
já se tenha demonstrado experimentalmente que a reação
também pode ocorrer com luz artificial, porém de maneira
pouco intensa.
Be
A clorofila é o pigmento verde dos vegetais que contém
Substâncias Substância magnésio (Mg) em sua molécula. Exerce um papel
inorgânicas orgânica fundamental para a realização da fotossíntese, uma vez que
é a substância responsável pela absorção da luz.
Absorção
u
Ve l
Prisma Am rde 430 - 500 Clorofila b
Dinucleotídeo Fosfato), à semelhança do NAD (NAD+) que
500 - 560
ar
el
o atua nas reações da respiração celular, é um aceptor e um
LaVer
560 - 600
ra me
600 - 650
a o
lli
NADP recebem os hidrogênios liberados durante as reações
a intensidade de absorção dessas radiações pela clorofila –
da fase clara, levando-os para participar das reações da fase
Observe que a absorção pelas clorofilas a e b se faz com
escura, nas quais serão liberados e utilizados na síntese da
maior intensidade nas faixas de comprimentos de ondas
glicose. Cada molécula de água que sofre fotólise libera 2 H+,
correspondentes às radiações azul e vermelha. Os comprimentos
permitindo a formação de um NADPH2. Como são doze as
de onda são medidos em nanômetros (nm) ou micrômetros (µm).
ou
1 nm = 0,001 µm = 0,000001 mm. moléculas de água (12 H2O) utilizadas na reação, a fotólise de
todas elas liberam 24 H+, permitindo, assim, a formação de
Um dos produtos da reação de fotossíntese das plantas é o 12 NADPH2. O oxigênio (½ O2) será liberado no meio da reação.
oxigênio (O2). Esse oxigênio, indispensável à sobrevivência A fotólise de apenas uma molécula de água libera ½ O2.
dos seres aeróbios, normalmente é liberado no meio ambiente Como são 12 as moléculas de água (12 H2O) utilizadas
e, por isso, diz-se que a fotossíntese desempenha um papel na reação, a fotólise de todas elas liberam 6 O2. Portanto,
importante na “purificação” do meio ambiente, retirando deste
o oxigênio liberado pela reação da fotossíntese realizada pelas
o CO2 e liberando O2. Em certas situações, entretanto, a planta
algas e pelas plantas provém da água. A origem desse O2
não chega a liberar o O2 para o meio ambiente, utilizando-o
imediatamente para fazer a respiração aeróbia.
A fabricação da glicose (C6H12O6) é o principal objetivo da
reação, uma vez que a planta utiliza essa substância como
alimento. A planta a usa na respiração celular e também como
matéria-prima para fabricação de outros compostos orgânicos
rn
pode ser demonstrada por uma técnica que se utiliza de
radioisótopos, fornecendo-se água contendo o isótopo O18
(“oxigênio marcado”, “oxigênio pesado”) a uma planta. Assim,
verifica-se que as moléculas de O2 liberadas pela reação de
fotossíntese conterão em sua composição o O18. Por outro lado,
fornecendo-se a uma planta CO2 com esse “oxigênio marcado”,
Be
de que necessita. Em certas situações, a planta produz mais nenhum oxigênio liberado pela fotossíntese conterá o O18.
glicose do que consome. Nesse caso, o excesso da produção
Isso demonstra que o O2 liberado pela fotossíntese das plantas
é armazenado sob a forma de amido que, quando houver
provém da água, e não do CO2, como se pensava antigamente.
necessidade, será também utilizado. Lembre-se de que o
amido é o material de reserva dos vegetais. Os elétrons liberados pela reação irão para as moléculas de
clorofila do tipo b. Isso ocorrerá na fotofosforilação acíclica,
A fotossíntese das plantas é realizada em duas etapas ou
que veremos logo a seguir.
fases: fase clara e fase escura.
A fotofosforilação consiste na formação de ATP, usando energia
primariamente originária da luz. Ela pode ser cíclica ou acíclica.
Fase clara (fase luminosa,
A fotofosforilação cíclica é realizada com a participação da
etapa fotoquímica) clorofila tipo a, e seu objetivo é apenas a produção de ATP.
eu
É a primeira etapa da reação e só se realiza em presença A fotofosforilação acíclica, por sua vez, usa clorofilas dos
de luz. Os principais fenômenos que ocorrem nessa etapa tipos a e b e tem como objetivos a produção de ATP e a
estão indicados no quadro a seguir: formação do NADPH2. Veja os esquemas a seguir:
• Fotólise da água
• Formação de NADPH2
• Liberação de O2
Clorofila a 2e– Ferridoxina 2e– X
A luz absorvida pelas moléculas de clorofila participa da
fotólise da água e das fotofosforilações.
ATP Energia 2e–
A fotólise da água,
água também conhecida por reação de Hill,
consiste no desdobramento (“quebra”) das moléculas de água
sob a ação da luz, conforme mostra o esquema a seguir: 2e– Z 2e– Y
Luz
H2O → 2H+ + 2e − + 1
O2 X, Y e Z representam diferentes citocromos.
2
Fotofosforilação cíclica.
20 Coleção Estudo 4V
Elétrons da clorofila a absorvem luz, tornam-se mais Para estabilizar a clorofila b, essa molécula recebe os elétrons
energéticos e saem da molécula clorofiliana. Podemos dizer que provenientes da fotólise da água. Veja que os elétrons que
a clorofila a, ao absorver luz, torna-se oxidada, isto é, perde penetram na clorofila b também não são os mesmos que dela
elétrons. Ao saírem da clorofila a, os elétrons “excitados” (com saíram no princípio do processo.
excesso de energia) são captados por um aceptor, a ferridoxina Nas células eucariotas fotossintetizantes, a clorofila,
(uma proteína conjugada que tem ferro no seu grupo prostético). os aceptores de elétrons e as enzimas que participam das
Assim, podemos dizer que a ferridoxina é um aceptor primário de reações da fase clara encontram-se nas membranas dos
elétrons, ou seja, é a primeira substância que recebe os elétrons cloroplastos, formando unidades funcionais conhecidas
assim que eles saem da clorofila. Da ferridoxina, os elétrons são por fotossistemas. Existem dois tipos de fotossistemas:
transferidos para uma cadeia de citocromos. Ao passarem de fotossistema I (PS I ou P 700) e fotossistema II (PS II ou
lli
um citocromo para outro, os elétrons liberam a energia que têm P 680). O fotossistema I, localizado preferencialmente nas
em excesso e retornam para a mesma molécula de clorofila da membranas intergranas, absorve luz de comprimento de
qual saíram. A energia liberada por esses elétrons, quando da onda correspondente a 700 nm, enquanto o fotossistema II
passagem deles pela cadeia de citocromos, é utilizada para fazer localiza-se nas membranas dos tilacoides e absorve
ou
a fosforilação, isto é, ligar ADP + Pi , sintetizando, assim, o ATP. principalmente a luz cujo comprimento de onda é de 680 nm.
BIOLOGIA
A fotofosforilação cíclica envolve apenas o fotossistema I,
Luz enquanto a acíclica é feita com a participação dos dois
fotossistemas (I e II). Ao que tudo indica, a fotofosforilação
Clorofila a Clorofila b cíclica é uma via alternativa para a produção de ATP e é realizada
ATP apenas quando há uma pequena quantidade de NADP, ou
2e –
2e– seja, se não houver NADP disponível para receber os elétrons,
a ferridoxina os transfere para um conjunto de citocromos,
Ferridoxina 2e– Energia Plastoquinona
do qual eles voltam para a mesma clorofila de que saíram.
2e–
NADP– Z 2e– Y
Fotólise da água
H2O Luz 2H+ + 2e- + ½O2
2e–
2e–
Luz
6O2
12NADPH2
Be
NADPH2
12H2O
Fotofosforilação acíclica.
Na fotofosforilação acíclica, elétrons das clorofilas a e b Os ATP produzidos pelas fotofosforilações serão utilizados
absorvem luz e se tornam excitados. Ao saírem das para fornecer energia para as reações da fase escura, ou
moléculas das clorofilas, esses elétrons seguem os seguintes seja, na fase escura os ATP, produzidos na fase clara, serão
caminhos: os elétrons que saem da clorofila a são captados degradados em ADP + Pi , liberando energia para as reações.
pela ferridoxina que, em seguida, entrega-os ao NADP. Os NADPH2, também formados na fase clara, vão para a fase
Ao receber esses elétrons, o NADP passa à condição de NADP–, escura, onde liberam os hidrogênios que serão utilizados na
isto é, NADP reduzido. Em seguida, o NADP– se junta aos dois síntese da glicose.
íons H+ provenientes da fotólise da água, formando com eles
o NADPH2. Assim, os hidrogênios que agora fazem parte do Fase escura (fase de Blackman,
eu
NADPH2, anteriormente estavam na molécula de água (H2O). fase enzimática, etapa química)
Nesses hidrogênios, estão os elétrons que saíram da clorofila a.
O NADPH2 irá liberar esses hidrogênios nas reações da fase É a segunda etapa da reação de fotossíntese. Independe da
escura (2ª etapa da fotossíntese) para que eles possam ser luz para acontecer, porém depende da ocorrência da primeira
utilizados na síntese da glicose. etapa. A seguir, estão indicados os principais fenômenos que
Os elétrons que saem da clorofila b são captados por um ocorrem durante essa etapa.
aceptor chamado plastoquinona que, em seguida, entrega-os
Fenômenos da fase escura
M
As reações da fase escura podem ser resumidas de acordo Entre os fatores ambientais (fatores externos) que influem
com o esquema a seguir: na velocidade da fotossíntese, temos a intensidade de luz que
Taxa de fotossíntese
Fase escura 12PGAL
6RDP
(Ciclo de Calvin)
lli
6ADP
10PGAL
2PGAL
6ATP
PSL Luz
Síntese de carboidratos
ou
Influência da intensidade luminosa sobre a velocidade da
Fase escura da fotossíntese.
fotossíntese – Desde que as demais condições sejam mantidas
Os 6 CO2 reagem com 6 moléculas de RDP (ribulose constantes, partindo-se de uma intensidade luminosa igual a
difosfato), uma pentose existente no interior das células zero, à medida que a intensidade luminosa oferecida à planta
vegetais. Essa reação produz 12 moléculas de PGA (ácido aumenta, a velocidade da reação de fotossíntese também
fosfoglicérico) e 6 H2O. Em um segundo momento, as 12 aumenta, até atingir um limite máximo, quando, então,
moléculas de PGA recebem hidrogênio (H2) das 12 moléculas se estabiliza. Essa intensidade de luz, em que a velocidade
de NADPH2 provenientes da fase clara. Cada molécula de da reação é máxima e se estabiliza, é denominada ponto de
PGA recebe um H2. Essa reação utiliza energia vinda da
degradação do ATP. Ao receber um H2, cada molécula de PGA
transforma-se em uma triose, o PGAL (aldeído fosfoglicérico).
Assim, formam-se 12 moléculas de PGAL. Destas, 2 se unirão
para formar a glicose (C6H12O6), e as outras 10 reagirão umas
com as outras, reconstituindo as 6 moléculas da pentose
rnsaturação lumínica ou ponto de saturação luminosa (PSL).
Fotossíntese
ADP + Pi NADP + C6H12O6
Respiração
M
22 Coleção Estudo 4V
Taxa de fotossíntese
fotossíntese e respiração é o ponto de compensação fótico (PCF).
Quando está recebendo uma intensidade de luz
correspondente ao seu PCF, a planta encontra-se em equilíbrio
energético, pois toda a glicose produzida pela fotossíntese
será consumida pela respiração, não havendo, portanto,
saldo energético. Também no PCF, todo o O2 produzido CO2
e liberado pela fotossíntese será utilizado na respiração, Influência da concentração de CO2 no meio sobre a velocidade
lli
e todo o CO2 produzido pela respiração será consumido pela da reação de fotossíntese – Mantendo-se constantes todas as
condições, à medida que a concentração de CO2 aumenta, a partir
fotossíntese. Pelo que acabamos de ver, fica claro que a
de uma concentração inicial igual a zero, a taxa de fotossíntese
planta, para sobreviver, não pode permanecer por um longo também aumenta, até atingir uma velocidade máxima, quando,
período de tempo recebendo uma intensidade luminosa então, se estabiliza. A concentração ideal de CO2, na qual a
velocidade da reação é máxima, é em torno de 0,2 a 0,3%.
ou
abaixo do PCF, uma vez que, nessa intensidade luminosa,
BIOLOGIA
o consumo de glicose pela respiração é superior à sua
produção pela fotossíntese, o que obriga a planta a lançar FOTOSSÍNTESE DAS BACTÉRIAS
mão de suas reservas de amido. Abaixo do PCF, uma
A fotossíntese realizada pelas cianobactérias é semelhante
vez esgotadas suas reservas, a planta morre, pois não
à realizada pelas plantas, ou seja, usa água como um dos
tem glicose suficiente para atender suas necessidades reagentes e, consequentemente, libera O2. Entretanto,
metabólicas. Se mantida durante um certo período de tempo existem algumas bactérias fotossintetizantes que vivem
recebendo uma intensidade luminosa correspondente ao
6CO2 + 12H2S
Luz
Bacterioclorofila
C6H12O6 + 6H2O + 12S
e sobreviver em ambientes sombreados. da célula bacteriana até serem excretados por elas.
eu
QUIMIOSSÍNTESE
Taxa de fotossíntese
lli
B) Ribulose-1,5-bifosfato
C) NADH desidrogenase
02. (FUVEST-SP–2015) A energia entra na biosfera
majoritariamente pela fotossíntese. Por esse processo, D) Rubisco
ou
várias substâncias orgânicas, armazenado como
amido ou, ainda, utilizado na transferência de energia.
B) é produzido açúcar, que pode ser transformado em
EXERCÍCIOS PRO
PROPOSTOS
PROPPOS
OST
TOS
OS
várias substâncias orgânicas, unido a aminoácidos e 01. (UFRGS-RS–2015) Sobre a fotossíntese, é correto
armazenado como proteínas ou, ainda, utilizado na afirmar que
geração de energia.
A) as reações dependentes de luz convertem energia
C) é produzido açúcar, que pode ser transformado em luminosa em energia química.
substâncias catalisadoras de processos, armazenado
como glicogênio ou, ainda, utilizado na geração
de energia.
D) é produzida
roduzida energia, que pode ser transformada
em várias substâncias orgânicas, armazenada
como açúcar ou, ainda, transferida a diferentes
níveis tróficos.
rn B) o hidrogênio resultante da quebra da água é eliminado
da célula durante a fotólise.
C) as reações dependentes de luz ocorrem no estroma
do cloroplasto.
D) o oxigênio
oxigênio produzido na fotossíntese é resultante das
reações independentes da luz.
Be
seres autótrofos utilizam o CO2 durante as reações
E) os sere
E) é produzida energia, que pode ser transformada em
dependentes de luz.
substâncias catalisadoras de processos, armazenada
em diferentes níveis tróficos ou, ainda, transferida a
02. (UFJF-MG–2015) Recentemente, um estudante de
outros organismos.
engenharia do Royal College of Art, na Inglaterra,
desenvolveu uma folha artificial capaz de produzir e liberar
03. (PUC-SP) Considere as seguintes etapas referentes ao
oxigênio na atmosfera. Resumidamente, o experimento
metabolismo energético:
consistiu na criação de uma espécie de tecido composto
I. Consumo de gás carbônico; por proteínas, onde foram fixados cloroplastos extraídos
II. Utilização da água como fonte de hidrogênio; de plantas reais, sendo possível recriar em laboratório
uma das etapas do processo da fotossíntese.
III. Liberação de gás carbônico;
eu
E) um animal realiza apenas III e IV. C) a etapa da fotossíntese recriada em laboratório teria
tido o mesmo sucesso se, ao invés de cloroplastos,
tivessem sido fixadas mitocôndrias no tecido
04. (Unifor-CE–2015) Na década de 1950, Melvin Calvin e
composto por proteínas.
colegas usaram CO2 marcado radioativamente, em que
alguns dos átomos de carbono não representaram o D) em condições naturais, o processo da fotossíntese
12
C normal, mas seu radioisótopo 14C, para identificar a recriado em laboratório é influenciado pela composição
sequência de reações pelas quais o carboidrato é formado a mineral do solo.
partir de CO2 nas plantas. Calvin e seus colegas expuseram E) a etapa da fotossíntese recriada em laboratório
culturas de Chlorella, uma alga verde unicelular, ao 14CO2 consiste no uso de energia luminosa para a quebra
por 30 segundos e assim o CO2 pôde ser acompanhado. de moléculas de água e liberação de oxigênio.
24 Coleção Estudo 4V
03. (Fatec-SP–2016) Para que uma planta possa crescer e 05. (PUC Minas) O gráfico apresenta as taxas fotossintéticas
se desenvolver, ela precisa de compostos que contenham relativas a dois tipos de plantas em resposta a variações na
átomos de carbono, como qualquer outro ser vivo.
intensidade luminosa. As plantas de Sol e de sombra possuem
À medida que a planta se desenvolve, ela incorpora
adaptações genotípicas a diferentes condições ambientais.
esses compostos às raízes, às folhas e ao caule e há,
consequentemente, um aumento de sua massa total.
Em um experimento para verificar qual a origem do carbono Saturações luminosas
presente nas estruturas dos vegetais, foram analisados
dois grupos de plantas, todas da mesma espécie e com Planta de Sol
Taxa de fotossíntese
o mesmo tempo de vida. Essas plantas foram expostas
lli
a compostos contendo átomos de carbono radioativo, Planta de sombra
de modo que fosse possível verificar posteriormente se
esses átomos estariam presentes nas plantas.
A tabela apresenta o modo como o experimento foi
delineado, indicando as características da terra em que Intensidade luminosa
ou
as plantas foram envasadas e da atmosfera à qual foram
BIOLOGIA
expostas ao longo do estudo.
Pontos de compensação fótica
Grupo 1 Grupo 2
Quantidade de átomos de Analisando o gráfico e de acordo com seus conhecimentos,
carbono radioativos presentes na Elevada Desprezível
terra (compostos orgânicos) é correto afirmar, EXCETO
A) maior
rn
grupos de plantas, nas condições descritas, seja encontrada
uma quantidade de átomos de carbono radioativos
or nas plantas do grupo 1, pois essas plantas teriam
absorvido, pelas raízes, os compostos orgânicos para
realizar a fotossíntese.
taxa de fotossíntese do que a planta de sombra.
B) A planta de sombra apresenta saturação luminosa
menor que a planta de Sol.
C) As
As duas plantas, abaixo de seu ponto de compensação
fótico, consomem mais oxigênio do que produzem.
D) Abaixo de seu ponto de saturação luminosa, a planta
Be
B) maior nas plantas do grupo 1, pois essas plantas de sombra apresenta maior taxa de fotossíntese do que
teriam absorvido, pelas raízes, os compostos orgânicos a planta de Sol, para a mesma intensidade luminosa.
para utilizá-los como alimento, incorporando-os
diretamente em suas estruturas.
06. (Albert Einstein–2016/2) Analise o esquema a seguir,
C) equivalente
valente nos dois grupos de plantas, pois o carbono
que se refere, de forma bem simplificada, ao processo
incorporado nas estruturas das plantas pode ser
obtido tanto a partir das substâncias absorvidas pelas de fotossíntese.
raízes quanto daquelas0 absorvidas pelas folhas.
ATP
D) maior nas plantas do grupo 2, pois essas plantas
NADPH Produto
teriam absorvido, pelas folhas, o gás carbônico para Luz ETAPA A ETAPA B
realizar a fotossíntese. ADP+P final
eu
Oxidação
que ocorra produção de glicose com o isótopo C-14 nas
M
07. (UNITAU-SP–2016) A taxa de fotossíntese de uma planta O processo metabólico que o poema está se referido
pode aumentar ou diminuir em função de determinados produz
fatores, agrupados em fatores limitantes intrínsecos e A) nutrientes inorgânicos a partir de reagentes orgânicos.
extrínsecos.
B) glicose (C 6H 12O 6) e oxigênio (O 2), usando como
A) CITE os fatores limitantes intrínsecos. reagente apenas a luz solar.
B) Dentre os fatores limitantes extrínsecos, o aumento C) matéria orgânica a partir da água (H2O) e do gás
da concentração de dióxido de carbono no ar e o da carbônico (CO2).
intensidade luminosa acarretam a elevação da taxa
D) Clorofila (pigmento verde),
erde), ATP e glicose.
lli
de fotossíntese. Entretanto, essa elevação não se dá
de maneira ilimitada. EXPLIQUE por que isso ocorre. E) Luz e clorofila.
ou
01. (Enem–2009) A fotossíntese é importante para a vida na Fixação
Terra. Nos cloroplastos dos organismos fotossintetizantes,
a energia solar é convertida em energia química que, 01. B
juntamente com água e gás carbônico (CO2), é utilizada
para a síntese de compostos orgânicos (carboidratos). 02. A
A fotossíntese é o único processo de importância
biológica capaz de realizar essa conversão. Todos os
organismos, incluindo os produtores, aproveitam a
energia armazenada nos carboidratos para impulsionar
os processos celulares, liberando CO2 para a atmosfera
e água para a célula por meio da respiração celular.
rn 03. A
04. D
Propostos
Be
Além disso, grande fração dos recursos energéticos do
planeta, produzidos tanto no presente (biomassa) como 01. A
em tempos remotos (combustível fóssil), é resultante da
atividade fotossintética. 02. E
As informações sobre obtenção e transformação dos
recursos naturais por meio dos processos vitais de 03. D
fotossíntese e respiração, descritas no texto, permitem
concluir que 04. B
A) o CO2 e a água são moléculas de alto teor energético.
B) os carboidratos
carboidratos convertem energia solar em energia 05. A
eu
química.
C) a vida na Terra depende, em última análise, da energia 06. D
proveniente do Sol.
07. A) Disponibilidade de pigmentos fotossintetizantes, de
D) o processo respiratório é responsável pela retirada
enzimas e de cloroplastos.
de carbono da atmosfera.
E) a produção de biomassa e de combustível fóssil, por si, B) Isso ocorre porque os sistemas enzimáticos e
é responsável pelo aumento de CO2 atmosférico. os sistemas de pigmentos também apresentam
M
26 Coleção Estudo 4V
BIOLOGIA B 09
Artrópodes e equinodermos
ArtróPoDes
Os artrópodos ou artrópodes (do grego, arthron, articulação;
podos, pés) constituem o grupo mais numeroso de animais
(mais de 1 milhão de espécies) adaptados aos mais variados Insecta Arachnida
ambientes e modos de vida. (gafanhoto) (aranha)
São metazoários bilatérios, triblásticos, celomados,
protostômios e os primeiros animais providos de apêndices
locomotores articulados.
Arquivo Bernoulli
Possuem morfologia e tamanho variados, existindo desde Diplopoda Chilopoda Crustacea
espécies microscópicas, planctônicas, até espécies de grandes (piolho-de-cobra) (centopeia) (camarão)
dimensões, como o Macrocheira, um caranguejo encontrado Filo Arthropoda – O filo dos artrópodes compreende cinco grandes
no mar do Japão, que chega a ter dois metros de envergadura. classes: Insecta (insetos), Arachnida (aracnídeos), Crustacea
Apresentam um exoesqueleto de quitina que, em alguns (crustáceos), Chilopoda (quilópodes) e Diplopoda (diplópodes).
casos, como nos crustáceos, pode apresentar impregnação de
sais de cálcio (carbonato de cálcio), o que o torna mais rígido. Os artrópodes são animais segmentados, isto é, têm o
corpo dividido em segmentos ou metâmeros que, na maioria
O crescimento se faz por mudas ou ecdises. Na muda,
das espécies, se fundem, formando unidades funcionais
o animal elimina o esqueleto velho, aumenta rapidamente
denominadas tagmas. A cabeça, o tórax e o abdome dos
em volume e produz um novo exoesqueleto, compatível
insetos são exemplos de tagmas. Em crustáceos e em
com o seu novo tamanho. O exoesqueleto abandonado
aracnídeos, a cabeça e o tórax também se fundem durante
durante a muda é chamado de casca ou exúvia. As mudas
o desenvolvimento embrionário, originando uma estrutura
são estimuladas por um hormônio, o ecdisona (hormônio da
denominada cefalotórax. Alguns aracnídeos, como os
muda), produzido pelas glândulas ecdisiais ou protorácicas,
escorpiões, também possuem o pós-abdome.
também conhecidas por glândulas da muda, localizadas na
região anterior do tórax do animal. O ecdisona é lançado no Os artrópodes possuem sistema digestório constituído por
sistema circulatório do animal e determinará o despojamento tubo digestório completo e glândulas anexas.
da camada superficial da epiderme e do exoesqueleto,
ocorrendo, então, a muda. Vaso
sanguíneo Ovário
Arquivo Bernoulli
Arquivo Bernoulli
O sistema nervoso é ganglionar, constituído por gânglios
cerebrais que se fundem, formando um “cérebro” primitivo.
Deste, parte um cordão nervoso ventral que faz conexão
com uma cadeia ganglionar ventral.
Arquivo Bernoulli
calcificados que formam o “moinho gástrico” ou molinete e são
utilizados para triturar os alimentos. Também possuem uma
glândula digestiva, conhecida por hepatopâncreas. Cadeia
Cadeia ganglionar ventral Gânglios nervosos nervosa
Intestino Glândula digestiva
Arquivo Bernoulli
Sistema nervoso dos artrópodos.
Estômago (hepatopâncreas)
Nos artrópodes, há uma alta especialização quanto aos
órgãos e às estruturas sensoriais. Existem estatocistos
Ânus (equilíbrio), olhos simples ou ocelos (percepção de
intensidade luminosa), olhos compostos (que permitem a
formação de imagens), órgãos auditivos, tácteis e olfativos.
Cecos
Boca gástricos Os ocelos ou olhos simples aparecem em todas as classes
dos artrópodos, e os olhos compostos, constituídos por
Desenho esquemático de um aracnídeo – Nos aracnídeos, unidades denominadas omatídios, só ocorrem nos insetos
à semelhança do que ocorre nos insetos, o estômago também e em muitos crustáceos.
faz comunicação com cecos gástricos. Após o estômago, vem
o intestino, onde se abrem os dutos de uma grande glândula Olhos compostos sésseis Facetas ou unidades
digestiva, o hepatopâncreas. visuais = omatídeos
Alguns aracnídeos (como as aranhas) e alguns insetos
Olhos simples
(como certas espécies de moscas) também fazem a digestão Cristalino
extracorpórea. As aranhas, por exemplo, injetam sucos
Arquivo Bernoulli
44 Coleção Estudo 4V
iNsetos ArAcNÍDeos
São artrópodes que têm o corpo dividido em cabeça, tórax São artrópodes com cefalotórax e abdome (alguns, como
e abdome. São díceros (um par de antenas), hexápodes os escorpiões, também possuem o pós-abdome), áceros
(três pares de patas), fazem a respiração traqueal e a (sem antenas), octópodos (4 pares de patas) e fazem
excreção ocorre através dos túbulos de Malpighi. respiração filotraqueal. Alguns, como as aranhas, também
Podem ser ápteros (sem asas), dípteros (um par de asas) realizam a respiração traqueal, e outros, como os ácaros,
ou tetrápteros (dois pares de asas). fazem respiração cutânea. A excreção é feita pelos túbulos
Os insetos são dioicos, sendo comum o dimorfismo sexual. de Malpighi e pelas glândulas coxais.
A fecundação é interna e o desenvolvimento pode ser direto Os principais aracnídeos são os araneídeos, os
(insetos ametábolos) ou indireto (insetos hemimetábolos escorpionídeos e os ácaros.
e holometábolos).
BiologiA
1 par de 1 par de pedipalpos
o seu desenvolvimento. O ovo eclode e libera um quelíceras
indivíduo jovem morfologicamente semelhante ao 4 pares de
patas articuladas
adulto (imago). Ex.: traças.
a
B) Insetos hemimetábolos – Têm metamorfose
incompleta ou parcial. O ovo eclode e libera uma
forma jovem, denominada ninfa, ligeiramente
Arquivo Bernoulli
diferente do adulto. A ninfa é destituída de asas e
órgãos sexuais desenvolvidos; à medida que as mudas b
ou ecdises se processam, a ninfa transforma-se
na forma adulta, isto é, no imago. Ex.: baratas, grilos,
louva-a-deus, cigarras, barbeiros e pulgões. Corpo revestido por
cutícula quitinosa
C) Holometábolos – Insetos com metamorfose
completa ou total. O ovo eclode e libera uma forma Araneídeos – São todas as espécies de aranhas.
Escorpionídeos CrUStÁCEoS
Pós-abdome
Artrópodes com o corpo dividido em cefalotórax e abdome,
Télson (ferrão) são tetráceros (2 pares de antenas), possuem número
variável de patas, têm respiração branquial e fazem excreção
através de glândulas verdes (antenais). Podem ser monoicos
ou dioicos. O desenvolvimento pode ser direto (sem larvas)
ou indireto (com várias fases larvais: nauplius, protozoé,
Pedipalpos
zoé, mysis e megálopa).
Os crustáceos podem ser subdividos em dois grupos:
entomostráceos e malacostráceos.
Cefalotórax
Abdome
Escorpionídeos
Ácaros
Balanus
Ácaros ou acarinos são os carrapatos e outros parasitos da
(craca)
pele dos mamíferos, como o Sarcoptes scabiei e o Demodex
folliculorum. Os carrapatos, além de sugarem o sangue dos
hospedeiros, causando irritação na pele com prurido intenso,
podem ser vetores de doenças, como a febre maculosa
(doença de etiologia bacteriana). O Sarcoptes scabiei é
o causador da escabiose ou sarna, doença transmitida
pelo contato sexual, coabitação com pessoas parasitadas,
deitando-se em camas infestadas por larvas do parasito
e, mais raramente, contato com pessoas infestadas em
transporte coletivos superlotados. O Demodex folliculorum
parasita os folículos pilosos, causando uma infl amação Cyclops
conhecida como cravo à pele.
46 Coleção Estudo 4V
OBSERVAÇÃO
Os quilópodos e os diplópodos formam os grupos dos
miriápodes ou miriápodos (do grego myria, inúmeros, milhares,
e podos, pé, pata), nome que constitui uma alusão exagerada
ao grande número de patas desses animais.
Arquivo Bernoulli
eQuiNoDermos
Tatuzinho-de-jardim Ligia = barata-da-praia
características gerais
Malacostráceos – São os crustáceos mais recentes, maiores e mais
desenvolvidos. Exemplos: lagostas, camarões, siris, caranguejos, Os equinodermos (do grego echinos, espinho; derma,
Porcellio (tatuzinho-de-jardim) e Ligia (barata-da-praia). pele) são metazoários exclusivamente marinhos,
bilatérios (na fase de larva) e radiados (na fase adulta),
Os crustáceos vivem, principalmente, em ambientes
triblásticos, celomados e deuterostômios. A deuterostomia
BiologiA
aquáticos (marinhos ou dulcícolas), embora existam
algumas poucas espécies terrestres, como é o caso é uma característica que aproxima evolutivamente os
do Porcellio (tatuzinho-de-jardim, tatu-bolinha ou equinodermos dos cordados.
tatuzinho-de-quintal). Essas espécies terrestres também Esses animais possuem um endoesqueleto (esqueleto
fazem respiração branquial e, por isso, exigem que no interno) situado sob a epiderme, de origem mesodérmica
ambiente haja umidade para permitir a difusão dos gases (originário do mesoderma), constituído por placas calcárias
respiratórios através dos filamentos branquiais.
fixas ou articuladas (móveis), espinhos e pedicelárias
O tatuzinho-de-jardim, embora terrestre, vive somente (pequenas pinças que fazem a limpeza da superfície do corpo).
em locais úmidos. Caranguejos podem afastar-se da água
por certo tempo, porque levam água nas câmaras onde se Pedicelária
alojam as brânquias, impedindo que estas sequem e deixem Pápula Espinho
de efetuar as trocas respiratórias. Ânus
Epiderme
Alguns crustáceos têm grande importância econômica:
camarões, lagostas e siris e muitos outros são muito
apreciados como alimento. Também têm uma importância
ecológica: pequenos crustáceos do zooplâncton são Placa calcária
alimento para muitos peixes e outros animais aquáticos. Parede do corpo
Existem, entretanto, espécies que podem ser prejudiciais.
É o caso do Cyclops sp., um pequeno crustáceo que pode Estrela-do-mar.
ser um dos hospedeiros intermediários da tênia do peixe
(Diphyllobothrium latum), que também pode parasitar o Nos outros invertebrados, o esqueleto, quando presente,
homem. As cracas, que são animais sésseis, podem fixar-se é de origem ectodérmica. Ter endoesqueleto mesodermal
a cascos de madeira de barcos, causando prejuízos. é mais uma característica que aproxima evolutivamente os
equinodermos dos cordados.
QuilóPoDos Os equinodermos possuem um sistema típico e exclusivo,
o sistema ambulacrário (ambulacral) ou hidrovascular,
Artrópodes que têm o corpo dividido em cabeça e tronco,
cuja principal função é a locomoção, embora também
apresentando um par de patas por segmento. O primeiro par
auxilie na respiração (troca de gases) e na excreção.
de patas é transformado em estruturas inoculadoras de veneno
O sistema ambulacrário é formado por um conjunto de
denominadas forcípulas, em cujas extremidades abrem-se
glândulas produtoras de veneno. São artrópodes díceros canais, ampolas e pequenos pés (pés ambulacrários),
(um par de antenas longas) que fazem respiração traqueal e contendo internamente a própria água do mar.
excreção através de túbulos de Malpighi. São dioicos, realizam
fecundação interna e o desenvolvimento é direto. Vista dorsal, externa
Exemplo: Centopeia ou lacraia. Placa
madrepórica
Pés Ampola
DiPlóPoDos ambulacrários
Canal
São artrópodes que têm o corpo dividido em cabeça e circular
tronco, com dois pares de patas por segmento, díceros Canal radial
Arquivo Bernoulli
Pés Canal
ambulacrários radial Boca
Sistema ambulacrário da estrela-do-mar.
Arquivo Bernoulli
isto é, com a água do mar. Conectando-a com o canal circular,
existe o canal pétreo, de onde partem os canais radiais.
Dos canais radiais, partem canais menores que se comunicam
com as ampolas e com os pés ambulacrários. A água,
então, penetra pela placa madrepórica e chega ao canal
circular, de onde se distribui pelos canais radiais, atingindo
as ampolas e os pés ambulacrários. Ao contrário do que Árvore
ocorre com as ampolas, que possuem músculos em várias respiratória
direções, os pés ambulacrários possuem apenas músculos
longitudinais. Assim, a contração da ampola empurra a
água para o pé ambulacrário, provocando o alongamento
deste; o relaxamento da ampola provoca retração do pé. Desenho esquemático de um pepino-do-mar (Holotúria) –
Desse modo, é feita a locomoção dos equinodermos. Nos pepinos-do-mar, existe uma árvore respiratória que se compõe
de brânquias situadas no interior do corpo do animal.
O sistema digestório dos equinodermos é formado por
um tubo digestório completo (com exceção dos ofiuroides
Nos equinodermos, não há um sistema circulatório típico,
ou ofiúros, que não possuem ânus). Em alguns, como nas
mas um conjunto de canais que circundam a boca e que
estrelas-do-mar e ouriços-do-mar, a boca localiza-se na face
também são encontrados abaixo dos canais do sistema
inferior (face oral), e o ânus, na face superior (face aboral).
ambulacrário. No interior desses canais, há um líquido
Placa
madrepórica incolor com células livres, os amebócitos, que recolhem
Ânus Epiderme os catabólitos e os levam até as brânquias dérmicas.
Espinho
Canal radial Não possuem coração. Esse sistema dos equinodermos é de
Canal Ampolas difícil visualização e denomina-se sistema hemal.
circular
Arquivo Bernoulli
48 Coleção Estudo 4V
Arquivo Bernoulli
Cordão
nervoso
Lírio-do-mar
bioLoGia
(Crinoide)
Arquivo Bernoulli
livremente e fazem parte do zooplâncton marinho.
Entre as larvas desses animais, destacam-se a pluteus ou
plúteo (larva de ouriço-do-mar e das serpentes-do-mar) e
a bipinária (larva das estrelas-do-mar). Ouriço-do-mar
Os equinodermos possuem elevada capacidade de (Equinoide)
• Echinoidea (equinoides) – Não possuem braços. Outra evidência é a origem do celoma. Em todos os
invertebrados, com exceção dos equinodermos, o celoma
Exemplo: ouriço-do-mar. tem origem esquizocélica. Nos equinodermos, assim
como nos cordados, o celoma tem origem enterocélica.
• Ophiuroidea (ofioroides) – São parecidos com a São, portanto, animais enterocelomados.
estrela-do-mar, por causa dos braços longos, fi nos,
Também o esqueleto interno de origem mesodermal é
fl exíveis, usados para a locomoção.
outra característica comum que aproxima evolutivamente
Exemplos: estrela-serpente, serpente-do-mar ou ofi úro. esses dois grupos de animais.
EXErCÍCioS DE FiXaÇÃo
01. (UFPE) O fi lo Arthropoda representa mais de um milhão
de espécies com grande número de indivíduos e enorme
diversidade de hábitats. Em relação a esse fi lo, analise o
que é afi rmado nas alternativas a seguir.
( ) Uma das principais características desse fi lo é a
musculatura bem desenvolvida, que fi ca interna ao
exoesqueleto. A) antenas à esquerda das pernas.
( ) Apresenta um coração tubular dorsal, que bombeia 04. (FESP-PR) Equinodermos são animais
o sangue ou a hemolinfa para as artérias e, por isso, A) protostômios, acelomados e de simetria radial.
seu sistema circulatório é fechado.
B) acelomados, protostômios e de simetria bilateral na
( ) O sistema sensorial dos artrópodos é muito fase larval.
desenvolvido, sendo que, nos cefalópodos, podemos
C) celomados, deuterostômios e de simetria radial.
encontrar olhos bem desenvolvidos semelhantes aos
D) celomados, protostômios e de simetria radial na
dos vertebrados.
fase adulta.
( ) O sistema respiratório desses animais é traqueal ou
E) deuterostômios, acelomados e de simetrial radial.
cutâneo, adaptado à respiração aérea.
Hooke trouxeram contribuições signifi cativas para o A) apresentar hemocianina como substância que leva
desenvolvimento da biologia, usando microscópios oxigênio aos tecidos.
ópticos. Leeuwenhoek utilizava microscópios com uma B) conter vários tipos celulares, como leucócitos e
única lente, enquanto Hooke utilizava microscópios com hemácias.
duas lentes. A fi gura a seguir retrata o detalhe de um C) ser incolor e não transportar gases respiratórios,
animal desenhado por Hooke. Considerando que ele tenha função desempenhada por traqueias.
visto o animal na posição em que desenhou, esse mesmo D) circular somente no interior de uma rede contínua de
animal seria visto no microscópio de Leeuwenhoek com vasos capilares.
50 Coleção Estudo 4V
02. (UNISC-RS–2015) A metamorfose representa uma 06. (PUC-SP) Qual das afirmações é INCORRETA em relação
forma de transformação do estágio jovem para o adulto. aos equinodermos?
Na Classe Insecta existem indivíduos com metamorfose
São animais
gradual (hemimetábolos) e outros com metamorfose
A) que apresentam esqueleto interno, situado sob a
completa (metábolos). Quais dos exemplos citados a
epiderme.
seguir exemplificam estes dois tipos de metamorfose,
respectivamente? B) protostômios.
D) Libélula e besouro.
07. (Unicamp-SP–2013) Um zoólogo recebeu um animal
E) Barata e gafanhoto.
marinho encontrado em uma praia. Ao tentar identificá-lo
com o auxílio de uma lupa, o pesquisador notou, na
BIOLOGIA
03. (CMMG) Após as primeiras chuvas que antecedem a
superfície corporal do animal, a presença de espinhos e de
primavera, vêm as cigarras; aos montes. Os troncos das
estruturas tubulares, identificadas como pés ambulacrais.
árvores ficam repletos das “cascas” destes insetos e, não
raro, escutamos pessoas dizendo: “elas cantam até morrer”... A) Com base nesses elementos da anatomia externa,
DETERMINE o filo a que pertence o animal em
Na realidade, aquelas cascas prenunciam uma nova vida
análise. NOMEIE uma classe desse filo e DÊ um
que, acabando de ganhar um novo habitat, partem para
exemplo de um animal que a represente.
a reprodução.
B) EXPLIQUE como ocorre a reprodução dos animais
Observando essas cascas (o exoesqueleto, resultante
pertencentes a esse filo.
da última muda depois de longos anos de vida
“larvária”), podemos destacar as seguintes evidências
que comprovam a afirmação, EXCETO:
A) Incisão dorsal para “saída” do adulto metamorfoseado.
Seção Enem
B) Primeiro par de patas destinado à escavação.
01. (Enem–2010) As estrelas-do-mar comem ostras,
C) Quatro pares de patas.
o que resulta em efeitos econômicos negativos para
D) Ausência de asas.
criadores e pescadores. Por isso, ao se depararem com
esses predadores em suas dragas, costumam pegar as
04. (UCS-RS–2016) Uma senhora foi picada por um animal
invertebrado e, preocupada, ligou para o Centro de estrelas-do-mar, parti-las ao meio e atirá-las de novo
Informações Toxicológicas (CIT), fone 0800 7213000, à água. Mas o resultado disso não era a eliminação das
plantão 24 horas. O CIT solicitou a descrição do animal estrelas-do-mar, e sim o aumento do seu número.
que, de acordo com as informações dadas, revelou-se ter DONAVEL, D. A bela é uma fera. Superinteressante.
quatro pares de patas, cefalotórax e abdômen fundidos Disponível em: <http://super.abril.com.br>.
e quelíceras. Acesso em: 30 abr. 2010 (Adaptação).
O animal descrito trata-se de um
A partir do texto e do seu conhecimento a respeito desses
A) aracnídeo, uma centopeia.
organismos, a explicação para o aumento da população
B) aracnídeo, um carrapato. de estrelas-do-mar se baseia no fato de elas possuírem
C) inseto, um escorpião. A) papilas respiratórias que facilitaram sua reprodução
D) inseto, um percevejo. e respiração por mais tempo no ambiente.
02. (Enem–2005) O desenvolvimento da maior parte das espécies de insetos passa por vários estágios até chegar à fase adulta,
quando finalmente estão aptos à reprodução. Esse desenvolvimento é um jogo complexo de hormônios. A ecdisona promove as
mudas (ecdíases), mas o hormônio juvenil impede que o inseto perca suas características de larva. Com o tempo, a quantidade
desse hormônio diminui e o inseto chega à fase adulta.
Cientistas descobriram que algumas árvores produzem um composto químico muito semelhante ao hormônio juvenil dos insetos.
Ovo
Muda Muda Muda Muda
Hormônio
Hormônio juvenil Hormônio juvenil
Hormônio juvenil juvenil
A vantagem de uma árvore que produz uma substância que funcione como hormônio juvenil é que a larva do inseto,
ao se alimentar da planta, ingere esse hormônio e
Gabarito
Fixação
01. V V F F F
02. B
03. D
04. C
Propostos
01. C
02. D
03. C
04. B
05. D
06. B
07. A) Os pés ambulacrais são estruturas externas típicas do filo dos Equinodermos. Asteroidea: estrelas-do-mar.
Seção Enem
01. E
02. A
52 Coleção Estudo 4V
BIOLOGIA B 10
Protocordados, peixes e anfíbios
Cordados
O filo Chordata (cordados) é formado por animais Classificação
bilaterais, triblásticos, celomados e deuterostômios. Esses
animais apresentam três características típicas, encontradas O filo Chordata (cordados) é subdividido em três subfilos:
pelo menos em estágios do desenvolvimento embrionário, subfilo Urochordata ou Tunicata (urocordados ou tunicados),
que são: notocorda, fendas branquiais e tubo nervoso dorsal. subfilo Cephalochordata (cefalocordados) e subfilo
Euchordata ou Vertebrata (eucordados ou vertebrados).
• Notocorda (corda dorsal) – Estrutura fibrosa
que confere sustentação ao corpo do animal. Nos Os urocordados e os cefalocordados são os cordados
cordados vertebrados, a notocorda é substituída, mais primitivos e, por isso, juntos eles formam o grupo
durante o desenvolvimento embrionário, pela coluna dos protocordados. Os protocordados são cordados
vertebral; em outros, como no anfioxo, a notocorda invertebrados e, por não possuírem crânio, também formam
persiste durante toda a vida do animal. o grupo acraniata.
• Fendas branquiais – Pequenos orifícios encontrados
Os eucordados ou vertebrados constituem cerca de 95%
na faringe e que servem para a filtração de alimentos
de todas as espécies de cordados. São mais evoluídos e
ou para a respiração. Em alguns cordados, como nos
formam o grupo craniata, ou seja, cordados que possuem
peixes, as fendas branquiais persistem nos indivíduos
crânio. Estão subdivididos em agnatos (sem mandíbulas)
adultos; em outros, como na maioria dos anfíbios,
e gnatostomados (com mandíbulas). Os agnatos atuais estão
répteis, aves e mamíferos, as fendas branquiais
distribuídos em uma única classe, a classe Cyclostomata
estão presentes apenas nos embriões, fechando-se
(ciclostomados, também chamados de peixes sem
no decorrer do desenvolvimento do animal.
mandíbulas). Os gnatostomados englobam representantes
• Tubo nervoso dorsal – Estrutura originária de uma
de seis classes: classe Chondrichthyes (condrictes ou peixes
invaginação da ectoderme. Nos demais grupos de
cartilaginosos), classe Osteichthyes (osteictes ou peixes
animais, o sistema nervoso, quando presente, é difuso ou
ósseos), classe Amphibia (anfíbios), classe Reptilia (répteis),
ventral e, nesse caso, apresenta tubo nervoso localizado
classe das Aves e classe Mammalia (mamíferos).
ventralmente no corpo do animal. Nos cordados, o tubo
nervoso ocupa posição dorsal e dele partem nervos, com Veja no quadro a seguir a classificação dos cordados,
fibras que inervam os órgãos internos e a musculatura. adotada pela maioria dos autores.
Agnatos
• Classe Cyclostomata (cyclostomados)
(sem mandíbulas)
Grupo Acraniata
• Subfilo Urochordata ou Tunicata (urocordados ou tunicados)
ou Acrania
(ausência de crânio) • Subfilo Cephalochordata (cefalocordados)
cefalocordados (cephalochordata)
Túnica
Animais exclusivamente marinhos, de pequeno tamanho
Boca (5 ou 6 cm), com notocorda que se estende dorsalmente
Sifão cloacal ao longo de todo o corpo, dando rigidez ao animal.
O representante típico é o Amphioxus (anfioxo).
Faringe
Canal deferente Cavidade Tubo
Fendas branquiais e oviduto bucal nervoso Notocorda
Intestino
Intestino
Arquivo Bernoulli
Esôfago
Arquivo Bernoulli
Gônadas
(testículo e ovário) Estômago
54 Coleção Estudo 4V
Os canais desses protonefrídios se abrem no átrio (cavidade O tubo digestório é completo. Há um fígado e o intestino
ao redor da faringe), que possui um poro (abertura), possui uma válvula espiral (prega espiral), destinada a
o atrióporo. Essas células excretoras do anfioxo são muito aumentar a superfície de absorção de nutrientes.
semelhantes às células-flama dos platelmintos.
Válvula espiral
O sistema nervoso é constituído por um longo tubo nervoso
(tubo neural) dorsal. Intestino
Arquivo Bernoulli
São animais dioicos que se reproduzem sexuadamente
por fecundação externa.
O anfioxo é um animal de grande importância biológica,
especialmente em estudos de embriologia comparada
dos cordados. A respiração é branquial, a circulação é fechada e a excreção
é feita por meio de rins pronéfrons ou rins mesonéfrons.
BiologiA
(lampreias). A reprodução é sexuada, por fecundação
O estudo particular desse grupo de animais é feito por um externa, e o desenvolvimento pode ser direto (feiticeiras) ou
ramo da zoologia denominado ictiologia (do grego ichthyos, indireto (lampreias), com larvas chamadas amocete, muito
peixe; logos, estudo). semelhantes ao anfioxo.
Os peixes constituem o maior grupo de vertebrados O esqueleto desses peixes pode ser totalmente
(mais de 20 mil espécies), que pode ser distribuído em três cartilaginoso (condrictes ou peixes cartilaginosos) ou ósseo
classes: ciclostomados, condrictes e osteíctes. (osteíctes ou peixes ósseos), mas com algumas partes de
cartilagem. Entre os peixes cartilaginosos, destacam-se
ciclostomados os tubarões, as raias e as quimeras. Nesses peixes,
até o crânio e as vértebras são cartilaginosos. Entre as
Os ciclostomados ou ciclóstomos (do grego kyklos, vértebras que formam a coluna, é possível encontrar restos
círculo; stoma, boca) são peixes agnatos (sem mandíbulas), da notocorda.
cujos representantes mais típicos são as lampreias e as
feiticeiras (“peixe-bruxa”), espécies de ocorrência restrita ao Os peixes ósseos constituem o grupo mais numeroso de
Hemisfério Norte. Não há espécies de ciclóstomos no Brasil. peixes (cerca de 20 mil espécies), cujos restos da notocorda
persistem entre as vértebras.
Ramo
maior Opérculo Fendas branquiais
Ramo sem bifurcação
Nos peixes, a água que entra pela boca passa pela faringe,
banha as brânquias e sai pelas fendas branquiais. Os peixes
Arquivo Bernoulli
Ramos
iguais cartilaginosos possuem espiráculos, situados antes da
primeira fenda branquial, que também permitem a entrada
Ramo
menor da água que banha as brânquias. Os peixes ósseos não
possuem espiráculo.
Homocerca Heterocerca Dificerca
Os peixes dipnoicos (também chamados de peixes
Nadadeira caudal – Os peixes cartilaginosos (condrictes), em pulmonados) são peixes ósseos que, além da respiração
geral, possuem nadadeira caudal heterocerca. Nos peixes ósseos branquial, também são capazes de realizar troca de gases
(osteíctes), a nadadeira caudal, em geral, é homocerca, existindo na bexiga natatória, que funciona, então, como um pulmão.
espécies, como os peixes dipnoicos, que possuem nadadeira
A bexiga natatória é uma estrutura presente na maioria
caudal dificerca.
dos peixes ósseos. Trata-se de uma bolsa contendo gases
A pele dos peixes é constituída por duas camadas, (O2, CO2 e N2) com paredes vascularizadas. Em alguns
epiderme e derme, e apresenta glândulas mucosas peixes, a bexiga natatória permanece ligada à faringe por
que lubrificam a superfície do corpo e reduzem o atrito um canal, o duto pneumático ou pneumoduto; outros não
possuem mais o duto pneumático e, portanto, não há ligação
com a água durante a natação. O corpo dos peixes é
anatômica entre a bexiga natatória e a faringe. Os que
recoberto por estruturas anexas denominadas escamas.
possuem o duto pneumático são denominados fisóstomos
Nos cartilaginosos, as escamas são do tipo placoides, de
(fiso, bexiga; stoma, boca). Os que não possuem esse duto
origem dermoepidérmica, homólogas aos dentes dos demais
são denominados fisóclistos (clisto, fechado).
vertebrados, o que confere à pele desses animais textura de
lixa. Nos peixes ósseos, a pele apresenta escamas achatadas
Bexiga
dos tipos cicloide e ctenoide, de origem dérmica. natatória
Pneumoduto
Os peixes, como os demais vertebrados, possuem sistema
Arquivo Bernoulli
digestório constituído por um tubo digestório completo e
glândulas anexas (fígado e pâncreas). Não existem glândulas
salivares. A boca ocupa posição ventral nos cartilaginosos,
e, nos ósseos, ocupa a posição anterior. A língua é pouco
Tubo
desenvolvida, e os dentes são todos morfologicamente Opérculo Ânus
digestório
semelhantes uns aos outros, variando apenas no tamanho,
isto é, os peixes são animais homodontes (possuem Bexiga natatória – Peixe fisóstomo.
homodontia = dentes semelhantes). São também animais
polifiodontes (formam várias dentições, isto é, caem uns A bexiga natatória tem função hidrostática, uma vez que
promove o ajustamento do peso específico (densidade) do
dentes, nascem outros). O intestino é curto e apresenta a
animal em relação ao da água. Os fisóstomos engolem o
mesma espessura em toda a sua extensão. Nos condrictes,
ar na superfície para encher a bexiga natatória e soltam-no
o intestino possui uma válvula espiral (também chamada
pela boca para esvaziá-la. Alguns fisóstomos podem usar a
de tiflossole), e os osteíctes apresentam cecos pilóricos.
bexiga natatória como órgão auxiliar na respiração. Dessa
Essas duas estruturas têm a mesma finalidade: aumentar
forma, esse órgão atua como um pulmão.
a superfície de absorção dos nutrientes. Nos peixes
cartilaginosos, o intestino abre-se em uma cloaca, já nos Os peixes fisóclistos e também os fisóstomos possuem
ósseos, termina no ânus. na parede da bexiga natatória uma estrutura denominada
glândula de gás. Essa glândula retira gases do sangue
Os peixes fazem respiração branquial. As brânquias são (principalmente O2), lançando-os ao interior da bexiga
internas e se comunicam com a superfície externa do corpo natatória e aumentando, assim, a pressão interna. Nos
por meio das fendas branquiais. Nos peixes cartilaginosos, fisóstomos, a diminuição da pressão do gás na bexiga
existem cinco pares de fendas branquiais descobertas, e, nos natatória é feita pelo duto pneumático. Já nos fisóclistos,
peixes ósseos, existem quatro pares de fendas branquiais isso ocorre por meio de uma estrutura denominada oval,
cobertas pelos opérculos. pela qual os gases da bexiga difundem-se para o sangue.
56 Coleção Estudo 4V
BiologiA
Corpo oval
Por meio de mecanismos de homeostase (equilíbrio),
Arquivo Bernoulli
Bexiga natatória o organismo procura manter constante a composição dos seus
líquidos orgânicos (sangue, linfa, líquidos intercelulares).
Fígado
Esses líquidos do corpo devem ficar em um estado de
Rede de capilares constante equilíbrio osmótico com as células e os tecidos.
Qualquer desvio na concentração de solutos nesses líquidos
Bexiga natatória e estruturas anexas. pode provocar passagens consideráveis de água do meio
intracelular para o extracelular ou vice-versa. Para que não
A presença de uma vesícula cheia de gases em um peixe
ocorram alterações do equilíbrio osmótico, os organismos
permite-lhe reduzir a densidade de seu corpo até um
utilizam os mais diversos expedientes para controlar a
determinado nível, fazendo-o permanecer imóvel e flutuar.
concentração de água nos seus líquidos biológicos.
Nos peixes dipnoicos, a bexiga natatória também funciona
como um “pulmão primitivo”, realizando troca de gases. Nos peixes, ocorrem diferentes estratégias para
Um bom exemplo desses peixes é a piramboia, encontrada na a osmorregulação.
Amazônia. Esses animais vivem em ambientes estagnados,
Os peixes ósseos marinhos são hipotônicos em relação à
com baixa concentração de oxigênio e, por isso, dirigem-se
água do mar. Por isso, estão sempre “perdendo” água por
periodicamente para a superfície para respirar, utilizando a
osmose para o meio externo. Para não sofrerem desidratação
bexiga como pulmão.
(o que seria estranho em um animal que vive no meio
A circulação nos peixes é fechada, simples e completa. aquático), eles bebem muita água do mar e absorvem essa
O coração dos peixes é bicavitário (uma aurícula e um água no intestino. Também produzem uma urina pouco
ventrículo) e somente por ele passa sangue venoso. diluída (muito concentrada), ou seja, a perda de água através
Sangue arterial da urina é pequena. Para que a ingestão contínua de água
Brânquias
salgada não aumente a salinidade dos líquidos corpóreos,
as brânquias promovem uma eliminação por transporte ativo
Arquivo Bernoulli
Urina água
de sais
concentrada os locais onde nasceram, orientados pelos odores dessas
e em pequena regiões, que foram memorizados.
quantidade
Arquivo Bernoulli
Osmorregulação em peixes ósseos – A. Peixe marinho;
B. Peixe dulcícola.
pélvica
Células
Poro do canal ciliadas Saco vitelino
Células de
sustentação Nos peixes ósseos, a fecundação é geralmente externa.
Alguns têm fecundação interna e, nesse caso, a nadadeira
As linhas laterais, uma de cada lado do corpo, são anal tem função copuladora. Podem ser ovulíparos, ovíparos,
estruturas sensoriais capazes de captar vibrações da água. ovovivíparos e vivíparos.
58 Coleção Estudo 4V
Resumidamente, podemos, de modo geral, diferenciar A respiração pode ser branquial, pulmonar, cutânea
os peixes cartilaginosos dos peixes ósseos pelas seguintes e bucofaríngea. Os anfíbios são os vertebrados que
características: apresentam maior diversidade de estruturas respiratórias.
Suas larvas e algumas poucas espécies adultas (tritão,
Classes por exemplo) respiram por brânquias. Quando adultos,
os animais pertencentes à maioria das espécies fazem a
Características Chondrichthyes
Osteichthyes respiração cutânea e a respiração pulmonar. Seus pulmões
(peixes
(peixes ósseos)
cartilaginosos) são ainda muito rudimentares: são saculiformes, com
poucas divisões internas, de paredes vascularizadas,
Ósseo
Esqueleto Cartilaginoso com pequena superfície respiratória (superfície de troca
(predominante)
de gases) e inflam quando o animal “deglute” o ar.
Boca Ventral Anterior Para chegar aos pulmões, o ar deve ser “deglutido”, uma vez
que esses animais não possuem costelas desenvolvidas, que
Homocerca (às
Nadadeira caudal Heterocerca possam participar de movimentos de expansão e contração
vezes, dificerca)
BiologiA
do tórax, como também não possuem o músculo diafragma
Placoides, Cicloides ou para promover a amplitude dos pulmões. Para compensar a
Escamas de origem ctenoides, de pequena troca de gases que ocorre nos pulmões, os anfíbios
dermoepidérmica origem dérmica
adultos realizam a respiração cutânea: a pele fina, úmida e
5 pares, 4 pares, bastante vascularizada desses animais permite a troca de
Fendas branquiais descobertas protegidas gases tanto com o ar quanto com a água.
(sem opérculos) (com opérculos)
Válvula espiral
Presente Ausente
no intestino
Marinhos Marinhos
Habitat B
(maioria) e dulcícolas
Arquivo Bernoulli
Externa (maioria)
Fecundação Interna
e interna
Arquivo Bernoulli
2
3
Arquivo Bernoulli
Sistema sensorial – O sistema sensorial dos anfíbios é dotado
de olhos desenvolvidos, adaptados à visão de objetos em
4 movimento, o que garante, por exemplo, a captura de insetos
em pleno voo. Há orelhas interna e média, e o tímpano fica
ao nível da pele, logo atrás dos olhos. Também há um epitélio
Coração de anfíbio – 1. Seio venoso; 2. Átrio direito (AD);
olfativo nas fossas nasais.
3. Átrio esquerdo (AE); 4. Ventrículo.
Os anfíbios são animais dioicos e a fecundação,
O átrio direito é antecedido pelo seio venoso e recebe
na maioria das espécies, é externa. Apenas na salamandra e
o sangue venoso proveniente dos tecidos, já o átrio
na maioria das espécies de cobra-cega a fecundação é interna.
esquerdo recebe o sangue arterial que vem dos pulmões.
O desenvolvimento é indireto (com metamorfose), passando
Como o ventrículo é único, nele, ocorre a mistura de sangue
por um estágio de larva. As larvas de sapos e de rãs são
venoso (proveniente do átrio direito) com sangue arterial
conhecidas por girinos.
(proveniente do átrio esquerdo). Do ventrículo único,
o sangue misturado sai pela artéria aorta, que se bifurca. Um
dos ramos leva o sangue misturado para os diversos tecidos classificação dos anfíbios
do corpo, e o outro leva o sangue misturado apenas para Na classe Amphibia, destacamos três ordens: Gymnophiona
os pulmões. Ao passar pelos capilares sistêmicos (capilares (Apoda), Urodela e Anura.
dos tecidos), o sangue deixa o O2 para as células dos tecidos
e recebe delas mais CO2, passando, assim, à condição de
sangue venoso. Esse sangue venoso é levado ao coração
e desemboca no átrio direito. Por outro lado, o sangue Sapo, um anuro
misturado, que é levado aos pulmões, ao passar pelos (anfíbio sem cauda) Salamandra, um urodelo
capilares pulmonares, deixa o CO2 para ser eliminado pelas (anfíbio com cauda)
vias respiratórias e recebe mais O2, passando à condição de
sangue arterial. Esse sangue arterial é levado dos pulmões
para o coração, desembocando no átrio esquerdo.
Arquivo Bernoulli
A língua do sapo está
Sangue venoso Sangue arterial adaptada para pegar insetos.
Coração Observe que é presa Cobra-cega, um ápode
na parte da frente da boca. (anfíbio sem patas)
Anfíbios atuais.
gymnophiona (Apoda)
Sangue misturado Sangue misturado
Tecido Pulmões Os gimnofionos ou ápodes (sem patas) são anfíbios de
corpo cilíndrico, alongado e liso. Os membros locomotores
(patas) são atrofiados. Os animais dessa ordem vivem
Circulação nos anfíbios.
geralmente em buracos no solo. Exemplo: cobra-cega
Na fase de larva, os anfíbios são animais amoniotélicos. (cecília), animal com, aproximadamente, 50 cm, com olhos
Quando adultos, são ureotélicos, e a excreção se faz por atrofiados e cobertos pela pele.
meio de rins mesonéfrons.
60 Coleção Estudo 4V
Probóscide
bioLoGia
“Notocorda”
Tubo
Vision / Creative Commons
digestivo
Arquivo Bernoulli
Axolotl.
Balanoglossus (hemicordados).
01. (FUVEST-SP) No desenvolvimento dos cordados, IV. São sempre animais de grande porte, pois todos são
três caracteres gerais salientam-se, distinguindo-os de ferozes e vorazes.
outros animais. Assinale a alternativa que inclui esses Estão CORRETAS as características contidas em
três caracteres.
A) I e III apenas.
A) Notocorda, três folhetos germinativos, tubo nervoso
B) I, II, III e IV.
dorsal
C) I e II apenas.
B) Corpo segmentado, tubo digestório completo, sistema
nervoso dorsal D) II e IV apenas.
03. (UECE–2015) Analise as seguintes afirmações sobre as C) tornando-se isotônicos em relação ao mar,
características dos tubarões: a osmorregulação é controlada.
I. Suas escamas são homólogas aos dentes dos outros D) o sangue elimina os sais absorvidos pelo intestino por
cordados; osmose.
II. Possuem bexiga natatória, responsável por sua E) há excessiva eliminação de urina, e a perda da ureia
excelente flutuabilidade; diminui a concentração de sais no sangue.
62 Coleção Estudo 4V
bioLoGia
das espécies de anfíbios do mundo está ameaçada
Absorção de sais Urina abundante, diluída de extinção. As principais ameaças são a destruição
dos habitat, a poluição e o aquecimento global. Entre
O esquema anterior mostra como ocorre a manutenção
as principais características que tornam os anfíbios
osmótica em duas espécies de peixes. A esse respeito,
particularmente sensíveis a alterações ambientais
considere as seguintes afirmativas:
provocadas pelo ser humano, podemos citar
I. No peixe A, a eliminação de sais pelas brânquias
A) respiração pulmonar, ovo com casca e pequena
ocorre de forma passiva.
diversidade de espécies.
II. A ingestão de água no peixe A repõe a água perdida
B) respiração cutânea, pele permeável, presença de
por osmose.
larvas aquáticas e adultos terrestres.
III. O peixe B elimina amônia como principal excreta
C) pele impermeável, respiração cutânea, presença de
nitrogenado.
larvas aquáticas e adultos terrestres.
IV. No peixe B, tanto a absorção de sais como a de água
D) dependência de ambientes úmidos, pele impermeável
ocorrem de forma ativa.
e ovo com casca.
Estão corretAS apenas as afirmativas
E) respiração cutânea, pele permeável e ovo com casca.
A) I, II e III. C) I, III e IV. E) I e II.
B) II e III. D) II, III e IV. 07. (Unicid-SP–2016) A figura representa o desenvolvimento
que ocorre nos sapos.
04. (UFRN) A notocorda é um cordão de tecido conjuntivo
que representa a primeira estrutura de sustentação do
corpo de um cordado, podendo persistir, alterar-se ou
desaparecer nos adultos.
Pode-se afirmar que a notocorda, nos vertebrados,
A) encontra-se apenas na fase adulta.
B) é substituída pelo progressivo aparecimento da coluna
vertebral.
C) existe concomitantemente com a coluna vertebral.
D) persiste por toda a vida.
E) está presente nos embriões de alguns grupos.
Alimento
NaC
Peixe de água doce
Seção Enem Com base no texto, nas características gerais dos peixes
e comparando os peixes pirarucu (Araipama gigas, que
tem respiração aérea obrigatória) e boari (Mesonauta
01. (Enem–2015) Os anfíbios representam o primeiro insignis, que retira todo o seu oxigênio da água),
grupo de vertebrados que, evolutivamente, conquistou é correto dizer que
o ambiente terrestre. Apesar disso, a sobrevivência do A) o pirarucu possui brânquias modificadas que
grupo ainda permanece restrita a ambientes úmidos ou possibilitam a realização da respiração aérea.
aquáticos devido à manutenção de algumas características
B) o boari possui uma bexiga natatória que, além de
fisiológicas relacionadas à água.
permitir a realização da respiração branquial, também
Uma das características a que o texto se refere é a está relacionada à manutenção da flutuabilidade do
A) reprodução por viviparidade. peixe em diferentes profundidades.
B) respiração pulmonar nos adultos. C) o pirarucu deve ser mais imediatamente afetado pelo
C) regulação térmica por endotermia. derramamento de petróleo nos rios do que o boari,
pois a criação de uma película de óleo na superfície
D) cobertura corporal delgada e altamente permeável.
dificulta a captação do ar.
E) locomoção por membros anteriores e posteriores
D) as brânquias do pirarucu desempenham papel
desenvolvidos.
semelhante ao dos nossos pulmões.
E) o pirarucu e o boari são exemplos de peixes dipnoicos,
02. (Enem–2005) Em uma área, observa-se o seguinte regime
ou seja, além da respiração branquial, também são
pluviométrico:
capazes de realizar a respiração aérea.
300
Precipitação (mm)
250
200
Gabarito
150 Fixação
100 01. E
50 02. Soma = 57
0
jan. fev.mar.abr.maio jun.jul.ago. set. out.nov.dez. 03. A
64 Coleção Estudo 4V
BIOLOGIA B 11
Répteis, aves e mamíferos
répteis Entretanto, o ventrículo apresenta um septo, denominado
septo de Sabatier, ausente nos anfíbios, que constitui
Os répteis (do latim, reptilis, que se arrasta) foram os o primeiro passo evolutivo para a formação de um
vertebrados que conquistaram definitivamente o ambiente coração tetracavitário. Esse septo divide parcialmente
terrestre, tornando-se independentes do ambiente aquático o ventrículo. É comum dizer que o coração dos répteis
para se reproduzirem. (exceto crocodilianos) tem três cavidades: dois átrios e um
ventrículo septado ou trabeculado. Nesse ventrículo único,
Características gerais à semelhança do que acontece no ventrículo dos anfíbios,
também ocorre mistura de sangue venoso com sangue
Possuem pele seca, sem glândulas mucosas, recobertas
arterial. Entretanto, essa mistura se dá em menor escala
por escamas ou placas córneas de origem epidérmica
que nos anfíbios devido à presença do septo de Sabatier.
constituídas por queratina. Esse revestimento, altamente
queratinizado, é uma excelente proteção contra a perda de Pulmões Corpo
água através da pele. Pulmões
O crânio possui apenas um côndilo occipital. Corpo
O tubo digestório é completo, com glândulas anexas
(glândulas salivares, fígado e pâncreas). Em geral,
2
são homodontes (dentes morfologicamente semelhantes, 1
variando apenas no tamanho) e polifiodontes (formam 1 2
várias dentições). Alguns, entretanto, como os quelônios
4
(tartarugas), são adontes (ausência de dentes). 5 3
O intestino termina em uma cloaca.
A respiração é pulmonar, mas as tartarugas marinhas
Shunt
também podem fazer a respiração cloacal. Os pulmões dos
A B
répteis possuem um número maior de dobras internas do
que o pulmão dos anfíbios, o que aumenta a capacidade de A. Répteis não crocodilianos – 1. Átrio direito; 2. Átrio esquerdo;
trocas gasosas. 5. Ventrículo único. B. Répteis crocodilianos – 1. Átrio direito;
2. Átrio esquerdo; 3. Ventrículo direito; 4. Ventrículo esquerdo.
A entrada e a saída de ar (inspiração e expiração,
respectivamente) são feitas com auxílio de costelas que se Nos répteis crocodilianos, o coração já é tetracavitário,
ligam às vértebras da coluna vertebral e ao osso esterno isto é, apresenta dois átrios e dois ventrículos totalmente
(nos anfíbios, as costelas são muito curtas e só se ligam à separados. Assim, dentro do coração desses répteis, não
coluna vertebral). Os pulmões dos répteis funcionam como há mistura de sangue venoso com sangue arterial. Apesar
foles: aspiram o ar graças ao movimento das costelas às disso, na circulação desses animais, ocorre mistura de sangue
quais esses órgãos estão presos. venoso com sangue arterial, porque, entre as duas artérias
Nas tartarugas marinhas, a cloaca apresenta sacos que saem dos ventrículos, existe um shunt ou ponte, chamado
vascularizados e de paredes finas que funcionam como de forame de Panizza, no qual existem pequenos orifícios que
“brânquias cloacais” quando os animais estão submersos. permitem uma pequena mistura dos dois tipos de sangue.
O animal permite a entrada de água pela cloaca com Os répteis são uricotélicos e fazem sua excreção através
a finalidade de absorver o oxigênio dissolvido nela. de rins metanéfrons. Em muitas espécies marinhas
Esse mecanismo permite que as tartarugas fiquem submersas (tartarugas e lagartos marinhos), devido à ingestão
por um tempo maior. de alimentos com grandes concentrações de sais, os
A circulação dos répteis é fechada, dupla e rins não conseguem eliminar todo o sal que é ingerido.
incompleta. O coração é tricavitário (exceto nos répteis Assim, para auxiliar esse órgão na função osmorreguladora,
crocodilianos, em que é tetracavitário) e possui dois essas espécies possuem glândulas de sal que, por
átrios e um ventrículo, tal como o coração dos anfíbios. meio de transporte ativo, excretam o excesso ingerido.
Primitivos e em extinção, estão reduzidos a uma única na região central) ou sulcados (com um sulco na
face posterior).
espécie, o tuatara (Sphenodon puncatatum), encontrado
na Nova Zelândia. De acordo com a dentição, as cobras são classificadas
em: áglifas, proteróglifas, opistóglifas e solenóglifas.
Quelônios A) Áglifas – Cobras não venenosas (não possuem
Possuem placas dérmicas que se fundem umas às outras, dentes inoculadores de veneno). Como
originando uma carapaça dorsal e um plastrão ventral rígidos, exemplos, temos a sucuri e a jiboia que, apesar
que protegem seus corpos. As vértebras e costelas fundem-se de não serem venenosas, são perigosas devido
a essas estruturas. Não possuem dentes (adontes), mas à grande força muscular que possuem.
lâminas córneas usadas para arrancar pedaços de alimento.
B) Proteróglifas – Possuem dentes inoculadores
Exemplos: tartarugas (marinhas e de água-doce), cágados
de veneno com sulco (dentes sulcados),
(apenas de água-doce), que têm um longo pescoço
localizados anteriormente na boca. Ex.: corais
recurvado, e jabutis (terrestres), que possuem as patas
verdadeiras.
curtas e de forma cilíndrica, não adaptadas à natação.
C) Opistóglifas – Possuem dentes inoculadores de
Crocodilianos veneno com sulco (dentes sulcados), localizados
posteriormente na boca. Não oferecem grande
Possuem o corpo revestido por uma pele grossa e
perigo, uma vez que a posição dos dentes
coriácea (dura), com placas córneas reforçadas por ossos
dificulta a injeção de veneno. Ex.: falsa-coral e
dérmicos. A boca é dotada de mandíbulas poderosas
cobra-cipó.
com dentes. Possuem coração tetracavitário. Exemplos:
jacarés (dulcícolas) e crocodilos (dulcícolas e marinhos). D) Solenóglifas – Possuem dentes inoculadores
Os crocodilos marinhos são os maiores répteis viventes de veneno com canal (dentes canaliculados),
na atualidade, com indivíduos que chegam a medir 7 m localizados na região anterior da boca.
de comprimento. Ex.: cascavel, jararaca, urutu e surucucu.
66 Coleção Estudo 4V
Arquivo Bernoulli
Opistóglifa
Narina
Fosseta loreal
BIOLOGIA
da percepção do calor, a presença de presas, mesmo no escuro.
Triangular, bem Oval, mal destacada Cobras Neurotóxico Proteolítico Hemolítico Coagulante
Cabeça destacada do corpo, do corpo, coberta de
coberta por escamas placas poligonais Crotalus
+ +
(cascavel)
Curta, Longa, afinando-se
Cauda
afilada bruscamente gradualmente
Bothrops
Pequenos, com (urutu, + +
Grandes, com pupilas jararaca)
Olhos pupilas em forma de
circulares
fendas verticais Micrurus
+
(coral)
Fossetas
Presentes Ausentes
loreais
Quando ocorrem acidentes com ofídios, isto é, mordidas
Carenadas
Escamas Lisas e justapostas de cobras, é recomendável manter o acidentado em repouso,
e imbricadas
evitando que ele ande, corra ou se locomova. A locomoção
Hábitos Noturnos Diurnos faz com que o veneno se espalhe mais rapidamente e, em
caso de acidente com as jararacas, jararacuçus e outras,
Movimentos Vagarosos Rápidos
os ferimentos se agravam. No caso de a mordida ter ocorrido
Reprodução Ovovivíparas Ovíparas em uma perna ou braço, é importante manter esse membro
em posição mais elevada. Deve-se lavar bastante o local com
Quando Assume atitude de
Foge água limpa e sabão e procurar imediatamente orientação
ameaçada ataque (enrola-se)
médica nos centros ou serviços de saúde mais próximos.
O tratamento é feito com o uso de soros antiofídicos. Existe À semelhança dos répteis, as aves possuem apenas um
o soro polivalente, que pode ser usado em qualquer caso côndilo occipital.
(exceto contra o veneno das corais verdadeiras), e os soros
O sistema digestório é formado por um tubo digestório
antiofídicos específicos, tais como: soro anticrotálico (usado
contra o veneno de cascavéis); soro antibotrópico (contra completo e glândulas anexas (glândulas salivares, fígado
veneno de cobras do gênero Bothrops, como jararaca, e pâncreas). Há um bico com cobertura córnea e com
urutu e jararacuçu); soro antilaquético (contra o veneno da duas aberturas nasais (narinas) na parte superior. O bico
surucucu); soro antielapídico (usado exclusivamente contra é utilizado para obter e manipular alimento, para alisar
o veneno das corais verdadeiras). as penas, para apanhar e arranjar materiais do ninho e
para outros propósitos, inclusive defesa. A forma do bico
A seguir, há algumas medidas para se prevenir acidentes
com cobras, em especial na zona rural. Tais medidas estão geralmente indica os hábitos alimentares de uma ave,
de acordo com as publicações do Ministério da Saúde e do sendo delgado em espécies que sondam em fendas ou
Instituto Butantã, de São Paulo: capturam insetos; mais robustos, mas ainda alongados, em
pica-paus, que cavam madeira; largo, mas delicado, em
• Como 80% das mordidas de cobras atingem as pernas,
andorinhas, que capturam insetos vivos durante o voo, etc.
abaixo dos joelhos, o uso de botas entre os trabalhadores
Não há dentes (adontes) e a língua é pouco desenvolvida.
rurais reduz o risco desse tipo de acidente.
O esôfago tem uma dilatação, o papo, para armazenar
• Como 19% das mordidas atingem as mãos ou e amolecer o alimento. Em algumas espécies, como nos
antebraço, o uso de luvas de couro para remexer
pombos, existem glândulas especiais no papo, produtoras
montes de lixo, folhas secas, buracos, lenhas ou palha
de uma secreção esbranquiçada rica em proteínas e
também contribui para reduzir esse tipo de acidente.
lipídios, que é regurgitada para alimentar os fi lhotes,
• Cobras gostam de se abrigar em locais quentes, ainda no ninho. Muitos chamam essa secreção de “leite de
escuros e úmidos. Portanto, é preciso ter cuidado pombo”. Existem dois estômagos separados: o estômago
ao se mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, químico (proventrículo) e o estômago mecânico (moela).
milho ou cana.
Na moela, encontram-se pequenas pedras ingeridas pelo
• Onde há rato, geralmente há cobra. Não deixe próprio animal que contribuem para fazer a trituração do
amontoar lixo. Limpe paióis e terreiros. Feche buracos alimento. Essa atividade da moela, portanto, substitui a
de muros, portas e janelas. ação dos dentes, ausentes nas aves. O intestino abre-se
68 Coleção Estudo 4V
Parabrônquio Pulmões
Sangue arterial
Sangue venoso
Ar AD AE
Coração
Brônquio Brônquios
Artéria aorta
primário ventrais Veia
Brônquios dorsais
cava VD VE
Pulmão direito
BIOLOGIA
Grande circulação
Brônquios ou circulação sistêmica
laterais
Traqueia
Arquivo Bernoulli
Tecidos
Circulação nas aves (esquema) – O átrio direito (AD) recebe
sangue venoso proveniente dos diversos tecidos do corpo, e o
Sacos aéreos átrio esquerdo (AE) recebe sangue arterial vindo dos pulmões.
Do átrio direito, o sangue venoso passa ao ventrículo direito
Sistema respiratório das aves. (VD), do qual sai pela artéria pulmonar em direção aos pulmões.
Nos pulmões, no nível dos parabrônquios, ocorre a hematose,
Nas aves, o ar penetra nos pulmões com o auxílio da isto é, o sangue passa de venoso a arterial, que, então,
elevação das costelas e o aumento do volume do tronco. retorna ao coração pelas veias pulmonares, desembocando
A partir dos pulmões, o ar penetra nos sacos aéreos através no átrio esquerdo. Do átrio esquerdo, o sangue arterial passa
dos brônquios laterais, dorsais e ventrais. Extensões desses ao ventrículo esquerdo (VE), do qual sai pela artéria aorta em
sacos aéreos penetram nos ossos pneumáticos. Apesar direção aos tecidos. Nos tecidos, o sangue passa de arterial
de compactos e quase rígidos, o pulmão das aves possui a venoso, retornando ao coração através das veias que
uma razão superfície de troca respiratória versus volume desembocam no átrio direito.
cerca de dez vezes maior em relação aos mamíferos. Dos As aves são animais uricotélicos que possuem rins metanéfrons
brônquios ventrais e dorsais, ramificam-se milhares de e os dois ureteres terminam na cloaca. Não há bexiga urinária.
parabrônquios (com, aproximadamente, 1 mm de diâmetro),
O sistema nervoso, como nos demais vertebrados, é
cujas paredes são constituídas de pequenos átrios que se
cérebro-espinal, subdividido em (SNC) sistema nervoso
entrelaçam com os capilares sanguíneos, formando um
central e (SNP) sistema nervoso periférico.
sistema de corrente cruzada, em que ocorrem as trocas
gasosas de modo extremamente eficiente. Na porção inferior O sistema sensorial apresenta olhos bem desenvolvidos.
da traqueia, as aves possuem uma estrutura típica, a siringe Há visão de cores. Sob as duas pálpebras, há uma fina e
(não mostrada), cuja função é a de produzir som, sendo, transparente membrana, a membrana nictitante, que tem
portanto, o órgão canoro (do canto). a função de proteger os olhos durante o voo. Há orelhas
interna, média e conduto auditivo externo.
As aves têm vários pares de sacos aéreos ligados aos
pulmões e às cavidades dos ossos pneumáticos (ossos Membrana nictitante
Conduto auditivo
longos e cheios de ar). Além de armazenarem ar, os sacos
Narina
aéreos e, também, os ossos pneumáticos, têm um papel
fundamental na atividade de voo, pois são capazes de alterar
a densidade do corpo do animal. Nesse sentido, têm função
semelhante à da bexiga natatória dos peixes. As paredes
dos sacos aéreos não são vascularizadas e, portanto, não
há troca de gases respiratórios nessas estruturas e muito
menos nos ossos pneumáticos.
São animais dioicos, todos de fecundação interna, ovíparos
A circulação das aves é fechada, dupla e completa. e com desenvolvimento direto. Durante o desenvolvimento
O coração é tetracavitário (duas aurículas e dois ventrículos), embrionário, formam quatro anexos: saco vitelino, âmnio,
com o arco aórtico voltado para a direita. alantoide e cório.
Arquivo Bernoulli
por apresentarem o corpo total ou parcialmente recoberto por
pelos. Na pele da maioria dos mamíferos, além dos pelos,
há glândulas sudoríparas, que produzem o suor, envolvido
Câmara
Albumina no controle da temperatura (termorregulação), e glândulas
de ar
sebáceas, produtoras de sebo (material lipídico que lubrifica os
Cório Saco vitelino pelos e a pele). Outros anexos, como garras, unhas, cascos,
espinhos, chifres e cornos, também podem estar presentes.
Ovo das aves e seus anexos embrionários – Cório (córion):
membrana protetora que reveste mais externamente o embrião O sistema digestório é formado por um tubo digestório
e os demais anexos embrionários. Âmnio (âmnion, bolsa
completo e por glândulas anexas (salivares, fígado e pâncreas).
amniótica): vesícula (bolsa) cheia de um líquido, denominado
líquido amniótico, que, além de amortecer os choques mecânicos, Na maioria dos mamíferos, o estômago apresenta uma
também protege o embrião contra a desidratação. Alantoide: única cavidade em que se realizam processos mecânicos e
tem função respiratória (realiza a troca dos gases respiratórios,
químicos da digestão. Entretanto, nos mamíferos ruminantes
O2 e CO2 ) e função excretora (recolhe e armazena os excretas
nitrogenados produzidos pelo metabolismo do embrião). Também (vaca, cabra, carneiro, girafa, etc.), o estômago apresenta
retira minerais (cálcio) da casca que serão utilizados na formação quatro câmaras: rúmen (pança), retículo (barrete), omaso
das primeiras estruturas esqueléticas mineralizadas do embrião. (folhoso) e abomaso (coagulador).
Saco vitelino (vesícula vitelínica): vesícula contendo reservas
nutritivas (lipídeos, proteínas) para o embrião.
Retículo
classificação das aves Esôfago
Arquivo Bernoulli
• Carinatas – São aves boas voadoras em sua maioria.
Possuem osso esterno com uma projeção anterior,
denominada quilha ou carena, no qual se inserem
os potentes músculos peitorais, responsáveis pelo Omaso
batimento das asas: os pequenos peitorais, que
levantam as asas, e os grandes peitorais, que as Abomaso
abaixam. A carena das aves auxilia o voo, como a Intestino
de um navio, auxiliando o seu deslocamento. Ex.: Estômago de um ruminante – O alimento entra na pança ou
sabiá, pardal, andorinha, tico-tico, etc. Os pinguins,
rúmen, vai ao barrete ou retículo e volta à boca, onde é novamente
embora possuam carena, não voam.
mastigado; é em seguida engolido, indo ao omaso ou folhoso e
• Ratitas – São aves não voadoras. Têm asas reduzidas depois ao abomaso ou coagulador, do qual passa para o intestino.
ou ausentes e o osso esterno sem quilha. Exemplos: Nas duas primeiras câmaras estomacais, isto é, no rúmen e no
ema, avestruz, quiuí. retículo, vivem micro-organismos (bactérias e protozoários) que
produzem as enzimas necessárias para a digestão da celulose.
Membro O retorno do alimento do retículo para a boca se dá por uma
Bico sem
dentes anterior inversão voluntária do peristaltismo do esôfago. Na segunda
modificado deglutição, a passagem direta do esôfago para o omaso é possível
Vértebras em asa graças a uma prega longitudinal na parede do esôfago. Somente
cervicais
na última câmara, ou seja, no abomaso, há produção de enzimas
digestivas pela parede do estômago.
Clavícula Vértebras torácicas
Na maioria dos mamíferos, o intestino abre-se no ânus.
Vértebras caudais Entretanto, nos mamíferos ovíparos, como o ornitorrinco e
Quilha ou
carena o equidna, a abertura do intestino se faz em uma cloaca.
Quanto ao sistema respiratório, todos os mamíferos, inclusive
Costelas
os aquáticos, como as baleias e os golfinhos, fazem a respiração
Arquivo Bernoulli
70 Coleção Estudo 4V
BIOLOGIA
portadores de
(sem placenta). e placenta bem
Coração marsúpio (bolsa de
As fêmeas não desenvolvida.
pele no abdome,
possuem mamilo Constituem a
Pulmão onde os filhotes
Tecidos do (o leite escorre maioria das
corpo completam o
pelos pelos da espécies.
desenvolvimento).
barriga da mãe). Exemplos:
Exemplos:
Exemplos: Homem, boi,
Canguru, coala e
Ornitorrinco cabra, baleia,
gambá.
e equidna. morcegos, etc.
Sangue venoso Sangue venoso
Principais grupos de mamíferos
Circulação nos mamíferos.
Classe Subclasse Grupos Ordens Exemplos
A principal diferença entre o sistema circulatório dos
mamíferos, em relação ao das aves, diz respeito à curvatura Monotremata Ornitorrinco
Prototheria
da artéria aorta. Essa artéria nasce no ventrículo esquerdo, ou Adelfia e equidna
dirige-se para cima e faz uma curva sobre o coração. Essa Marsupialia Canguru,
Metatheria
ou Didelfia coala, gambá
curvatura é chamada de crossa ou arco aórtico. Nas aves,
essa curvatura se dá para a direita e, nos mamíferos, dirige-se Pisciformes Baleia,
(formato de Cetacea golfinho,
para a esquerda. peixe) cachalote
Quanto à excreção, os mamíferos possuem rins metanéfrons. Peixe-boi
Sirenea
Em sua grande maioria, são animais ureotélicos. Os mamíferos da Amazônia
ovíparos, à semelhança dos répteis e aves, são uricotélicos. Boi, cabra,
O sistema nervoso é cérebro-espinal, subdividido em Ungulados porco,
Artiodactila
(providos de camelo,
sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico cascos) hipopótamo
(SNP). A maioria das espécies são animais girencéfalos,
Cavalo,
isto é, a superfície externa do cérebro (córtex cerebral) Perissodactila rinoceronte,
apresenta um grande número de circunvoluções cerebrais zebra
(giros ou dobras) com muitos neurônios. Os mamíferos mais Mammalia
Chiroptera Morcego
primitivos são lisencéfalos, isto é, o córtex cerebral é liso e
Eutheria
com um número menor de neurônios. Tatu,
Edentata ou
preguiça,
O sistema sensorial é muito desenvolvido. Há olhos e Xenartra
tamanduá
muitas espécies têm visão de cores. Há orelhas interna, Rato, cutia,
Rodentia
média e externa. Em muitos, a orelha externa, além do capivara
conduto auditivo externo, também possui um pavilhão Unguiculados Coelhos,
(portadores Lagomorfa
auditivo. São bem desenvolvidos os receptores gustativos lebres
da língua e os olfativos das mucosas nasais. Na superfície de garras)
Gato, cão,
do corpo, também há um grande número de estruturas Carnívora tigre, onça,
sensoriais relacionadas com o tato e com percepção de leão, hiena
pressão, frio, calor e dor. Macacos
diversos
São animais dioicos, de fecundação interna e, em sua Primata (grandes e
maioria, vivíparos. Os mais primitivos, como o ornitorrinco pequenos),
e o equidna, são ovíparos. O desenvolvimento é direto. homem
Sobre esse mamífero, pode-se afirmar que deve ( ) Epiderme espessa e queratinizada.
necessariamente apresentar ( ) Ácido úrico como principal produto de excreção.
A) sistema circulatório duplo. A sequência correta de preenchimento dos parênteses,
B) glândulas uropigianas. de cima para baixo, é:
C) pecilotermia. A) V – V – F – V D) F – V – F – F
72 Coleção Estudo 4V
04. (UFJF-MG) As aves possuem muitas características 07. (UEM-PR–2016) Considere um grupo animal cujos
peculiares. Entre elas, estão os sacos aéreos ligados aos organismos são endotérmicos, com circulação dupla
pulmões que, além de servirem como reservatórios de ar, e completa e com dentes diferenciados em incisivos,
surgiram como adaptações para caninos, pré-molares e molares, e assinale a(s)
A) tornar o animal mais apto à respiração aérea. alternativa(s) CORRETA(S).
B) diminuir o peso específico desses animais. 01. Nestes organismos, a perda e a manutenção de calor
C) assegurar maior abastecimento de oxigênio ao são controladas pela oxidação de alimentos e pela
organismo. presença de gordura subcutânea e de penas.
D) suprir a ausência de alvéolos no parênquima
02. No grupo a que pertencem estes organismos, as
pulmonar.
espécies são dioicas e com dimorfismo sexual
05. (UFES) No Pantanal mato-grossense, os jacarés se evidente na maioria das espécies, possuindo o
aquecem ao Sol, nas margens dos rios, durante o dia, e, encéfalo mais desenvolvido dentre os animais.
bioLoGia
como a água esfria mais lentamente que a terra, 04. Nestes organismos, a excreção feita pelos rins produz
submergem à noite. Essa estratégia dos crocodilianos uma pasta desidratada de ácido úrico que é eliminada
está relacionada ao fato de eles pela cloaca com as fezes.
A) excretarem principalmente ureia, composto 08. Nestes organismos, a glândula mamária é desenvolvida
nitrogenado com baixa toxicidade que necessita de
e funcional somente nas fêmeas, e seu produto é
água para ser eliminado.
destinado à alimentação dos filhotes.
B) serem ectotérmicos, dependendo de fontes externas
de calor para a regulação da temperatura corpórea. 16. No grupo a que pertencem estes organismos,
C) dependerem da água para a fecundação e para o as espécies possuem a pele seca e rica em queratina,
desenvolvimento dos ovos. não apresentando glândulas, mas sim escamas, e sua
D) apresentarem o corpo revestido por uma pele grossa, respiração é pulmonar.
com placas córneas, o que evita a dessecação. Soma ( )
E) não terem, em seus pulmões, superfície suficiente
para uma troca gasosa eficiente, necessitando realizar
absorção de oxigênio da água do meio circundante, SEÇÃo ENEM
através da mucosa cloacal.
02. Em diversas espécies de répteis, não existem cromossomos sexuais, e a temperatura de incubação dos ovos é que determina
o sexo (macho ou fêmea) dos descendentes. O gráfico a seguir refere-se a essa determinação do sexo em algumas espécies
de répteis.
100%
90%
80% Tartarugas
Porcentagem de machos
70%
Crocodilos
60%
50% Jacarés
40%
30%
20%
10%
0%
Baixa Alta
Temperatura de incubação
Com base na análise do gráfico e outros conhecimentos sobre o assunto, é CORRETO afirmar que
A) o aumento da temperatura na Terra (aquecimento global) pode contribuir para reduzir o tamanho de populações de jacarés
e tartarugas.
C) a incubação dos ovos em baixas temperaturas favorece uma maior produção de machos tanto em tartarugas quanto
em jacarés.
D) nos jacarés, há uma maior produção de fêmeas quando os ovos são incubados em temperaturas mais elevadas.
E) a determinação do sexo nesses animais independe da localização dos ovos no ninho e da época de postura.
Gabarito
Fixação
01. D 03. A
02. B 04. A
Propostos
01. D 05. B
02. E 06. B
04. B
Seção Enem
01. B
02. A
74 Coleção Estudo 4V
BIOLOGIA B 12
sistemas nervoso e sensorial
sistemA NerVoso Dura-máter
Aracnoide
Cavidade subaracnoide
O sistema nervoso humano é do tipo cérebro-espinal e Pia-máter
está subdividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema Tecido nervoso
nervoso periférico (SNP).
Arquivo Bernoulli
sistema nervoso central (sNc) Vaso
sanguíneo
É formado pelo encéfalo e pela medula espinal (raquiana).
Cérebro As meninges.
cefalorraquidiano). Ponte
Os envoltórios ósseos que protegem os órgãos do SNC
são os ossos que formam o crânio (protegem os órgãos do
encéfalo) e as vértebras da coluna vertebral (protegem a Mesencéfalo
medula espinal). Cerebelo
Arquivo Bernoulli
e de conter centros nervosos relacionados com os sentidos,
a memória, o pensamento, a inteligência, etc.
No tecido nervoso do cérebro, existem diversos peptídeos,
Hipófise entre os quais estão as endorfinas e endocefalinas, que são
Glândula
Região anterior dotadas de propriedades analgésicas, semelhantes à da morfina.
pineal
do lobo temporal Acredita-se também que essas substâncias podem atuar como
direito Ponte Cerebelo mediadores químicos do impulso nervoso e, ainda, influenciar
Bulbo o padrão de comportamento da pessoa.
Medula No cérebro, também atuam as chamadas drogas psicotrópicas.
espinal Algumas, como o álcool, os barbitúricos e a heroína, são
depressivas, ou seja, diminuem a velocidade de funcionamento
Cérebro.
do cérebro, induzindo o sono, o relaxamento muscular e
É dividido em duas metades homólogas: hemisfério prejudicando as atividades psicomotoras. Outras, ao contrário,
como as anfetaminas (“bolinhas”), a cocaína e o crack, são
cerebral direito e hemisfério cerebral esquerdo. No hemisfério
estimulantes, ou seja, aceleram o funcionamento do cérebro,
cerebral direito, estão os centros nervosos que controlam o
causando euforia e excitação geral do organismo. Algumas
funcionamento de estruturas localizadas no lado esquerdo
drogas, como o LSD, o ecstasy e a maconha podem perturbar
do nosso corpo, e no hemisfério cerebral esquerdo situam-se
de tal forma o funcionamento normal do SNC que chegam,
centros nervosos que controlam o funcionamento de estruturas inclusive, a causar alucinações.
do lado direito do corpo. Assim, cada hemisfério controla
o funcionamento do lado oposto do corpo. Isso se deve ao Diencéfalo
cruzamento das fibras nervosas que fazem a conexão entre
É a região do encéfalo formada pelo tálamo e pelo
os hemisférios cerebrais e as diversas partes do nosso corpo,
hipotálamo.
já que o hemisfério esquerdo recebe as fibras provenientes do
O tálamo é uma região de substância cinzenta que atua
lado direito, e o hemisfério direito recebe as fibras vindas do
como estação retransmissora de impulsos nervosos para
lado esquerdo. Esses dois hemisférios cerebrais se mantêm
o córtex cerebral. Ele é responsável pela condução dos
unidos por um largo feixe de fibras nervosas que formam o
impulsos às regiões apropriadas do cérebro em que eles
chamado corpo caloso.
devem ser processados.
O homem é um animal girencéfalo, uma vez que, O hipotálamo, também constituído por substância
externamente, o seu cérebro apresenta uma série de dobras, cinzenta, faz a ligação entre o sistema nervoso e o sistema
as chamadas circunvoluções cerebrais ou giros cerebrais, endócrino, atuando na ativação de diversas glândulas
que aumentam a superfície do córtex cerebral (parte mais endócrinas. O hipotálamo controla as nossas emoções,
externa do cérebro). o apetite, o sono e nosso comportamento sexual. É também
no hipotálamo que estão os centros nervosos que regulam a
Fazendo-se um corte transversal no cérebro humano,
nossa temperatura corporal e o equilíbrio hídrico do corpo.
observamos que o córtex cerebral (porção mais periférica
do cérebro) tem uma coloração mais escura e, por isso, cerebelo
essa região também é conhecida por massa cinzenta.
O cerebelo fica situado logo abaixo do cérebro. Assim
Mais internamente, o cérebro revela uma coloração mais
como o cérebro, o cerebelo possui uma região cortical
clara e, por essa razão, a região também é chamada de
(córtex cerebelar), constituída por substância cinza, e uma
massa branca. parte central, de substância branca. Também apresenta
O exame microscópico mostra que a massa cinzenta dois hemisférios, unidos por uma parte central, o verme
possui um número muito grande de corpos celulares de do cerebelo. No cerebelo, estão os centros nervosos
neurônios, já na massa branca praticamente só encontramos que coordenam a realização simultânea de dois ou mais
movimentos voluntários e os centros que controlam o
as ramificações dos neurônios, ou seja, dendritos e axônios.
equilíbrio do corpo, permitindo, inclusive, uma previsão
Dendritos e axônios exercem importante papel na das posições que o corpo deve assumir ao executar um
fisiologia do tecido nervoso, especialmente na condução determinado movimento (salto, corrida), coordenando e
dos impulsos nervosos. Entretanto, os corpos celulares dosando a participação dos vários músculos envolvidos.
é que constituem a sede de comando dessas células. O cerebelo também é responsável pelo tônus muscular.
76 Coleção Estudo 4V
BIOLOGIA
nó vital. Os centros nervosos que comandam a deglutição, Perineuro
Feixe de
o vômito e a tosse também estão localizados no bulbo. axônios
O bulbo, a ponte e o mesencéfalo (cérebro médio) formam
o chamado tronco encefálico, que faz a conexão entre o
cérebro e a medula espinal.
Arquivo Bernoulli
Medula espinal Endoneuro
É um cordão nervoso localizado no interior do canal
vertebral (canal raquiano), com cerca de 1 cm de diâmetro
O nervo – Cada axônio, com bainha de mielina ou não,
em sua porção mais dilatada.
é envolvido por uma delicada camada de tecido conjuntivo, rica
Além de exercer a função de conduzir os impulsos
em fibras reticulares, denominada endoneuro. Cada feixe de
nervosos, a medula espinal também apresenta centros axônios é envolvido por uma bainha formada por várias camadas
nervosos de comando relacionados com determinados tipos de células achatadas justapostas, denominadas perineuros.
de atos reflexos. O nervo, por sua vez, é revestido pelo epineuro, constituído por
tecido conjuntivo denso.
Arquivo Bernoulli
batimentos cardíacos, que não dependem da nossa vontade
(atos involuntários). Os componentes do sistema nervoso
Medula
relacionados com os atos voluntários formam o chamado
sistema nervoso voluntário ou somático, ao passo que
Nervos raquidianos – Os nervos raquidianos fazem conexão da aqueles que se relacionam com os atos involuntários formam
medula com diferentes partes do corpo, como braços, tronco o sistema nervoso autônomo (SNA).
e pernas. São todos mistos, apresentando duas raízes: uma
ventral (anterior), em que existem apenas fibras motoras, e
outra dorsal (posterior), que possui somente fibras sensitivas. Sistema nervoso autônomo (SNA)
B) Gânglios nervosos – São aglomerados de corpos
O sistema nervoso autônomo é a parte do nosso sistema
celulares de neurônios que se encontram fora dos
nervoso que controla as atividades involuntárias do
órgãos do SNC. Aglomerados de corpos celulares de
organismo, tais como: as contrações dos músculos lisos
neurônios dentro do SNC são denominados núcleos
ou centros nervosos. Quando esses aglomerados existentes nas paredes das vísceras, a frequência cardíaca,
ocorrem fora do SNC, eles são chamados gânglios a respiração involuntária, a temperatura do corpo,
nervosos e apresentam-se, geralmente, como a produção de secreções em muitas glândulas, etc.
uma dilatação.
O sistema nervoso autônomo subdivide-se em simpático e
parassimpático que, geralmente, têm atividades antagônicas
(contrárias).
Arquivo Bernoulli
78 Coleção Estudo 4V
Arquivo Bernoulli
do organismo, um determinado órgão pode ser ora inibido ora
Gânglios simpáticos estimulado de maneira a garantir um desempenho fisiológico
(paravertebrais)
adequado ante uma determinada situação. Veja os exemplos
Medula
a seguir:
Gânglio
parassimpático
Simpático Parassimpático
BiologiA
Coração
Sistema nervoso autônomo. (taquicardia) (bradicardia)
Vasos Contrai (a pessoa Dilata (a pessoa
No sistema nervoso simpático, os centros nervosos sanguíneos fica pálida) fica vermelha)
localizam-se nas regiões torácica e lombar da medula
espinal, e, no parassimpático, os centros nervosos estão Estômago Paralisa Excita
Origem das fibras Medula torácica Encéfalo e cerebrais (reflexos cerebrais), existindo, ainda, reflexos mais
pré-ganglionares e lombar medula sacral complexos que envolvem a participação de centros nervosos
Acetilcolina (fibra Acetilcolina (fibra do cérebro e da medula (reflexos cérebro-medulares).
pré-ganglionar) pré-ganglionar)
Tipos de
As estruturas que participam da geração dos atos reflexos
neurotransmissores
Noradrenalina (fibra Acetilcolina (fibra
pós-ganglionar) pós-ganglionar)
constituem o chamado arco reflexo. Tais estruturas são:
receptor, via sensitiva, neurônio associativo, via motora e efetor.
Na maior parte dos órgãos controlados pelo SNA, há
• Receptor – Órgão ou estrutura responsável pela
uma inervação mista, isto é, o mesmo órgão recebe fibras
captação do estímulo, ou seja, recebe determinado
nervosas simpáticas e parassimpáticas. De modo geral, os
estímulo e sensibiliza-se, gerando um impulso
sistemas simpático e parassimpático desencadeiam ações
antagônicas em um mesmo órgão. nervoso.
Nos órgãos que recebem terminações nervosas mistas, • via sensitiva – É uma fibra nervosa (axônio) sensitiva
as fibras pós-ganglionares simpáticas e parassimpáticas ou um nervo sensitivo que conduz o impulso nervoso
liberam mediadores químicos (neurotransmissores) distintos. do órgão receptor até ao sistema nervoso central.
Arquivo Bernoulli
de neurônio associativo. Nesse caso, os impulsos,
por meio de uma sinapse, passam da via sensitiva
para a via motora, e o arco reflexo é dito simples ou
monossináptico. Quando há a participação do neurônio
associativo no arco reflexo, este é dito composto. Órgão
efetor
• via motora – É uma fibra nervosa motora ou um Músculo
nervo motor que leva, sob a forma de impulso Neurônio motor
nervoso, a ordem de ação para o órgão efetor. Arco reflexo composto – A ilustração anterior representa os
• Efetor – Órgão responsável pela realização da ação participantes de um reflexo medular que envolve a participação
que constitui uma resposta ao estímulo recebido pelo de neurônio associativo. Observe que, na medula, ocorrem
órgão receptor. duas sinapses: uma entre o neurônio sensitivo com o neurônio
A figura a seguir representa o arco reflexo de um reflexo associativo, e a outra entre o neurônio associativo e o neurônio
medular bastante conhecido: o patelar (rotuliano). motor. É, portanto, um arco reflexo composto ou bissináptico.
sistemA seNsoriAl
O sistema sensorial é constituído por todas as estruturas
do organismo relacionadas com a percepção das mais
Reflexo patelar. variadas sensações (táteis, gustativas, olfativas, auditivas
Aplicando-se um golpe com um martelo de borracha no e visuais). É, portanto, o responsável pelos nossos sentidos.
joelho do indivíduo, haverá a sensibilização de extremidades Dele, fazem parte estruturas receptoras (receptores), vias
nervosas (dendritos) dos neurônios localizados nessa condutoras e alguns centros nervosos do córtex cerebral.
região, gerando impulsos nervosos que, através dos
Os receptores são especializados em receber estímulos
axônios desses neurônios, chegam até a medula (SNC).
provenientes do meio (externo ou interno). São
Na medula, por meio de sinapses, as fibras sensitivas
transmitem os impulsos para os axônios dos neurônios estruturas constituídas por células nervosas (neurônios),
motores que partem da região ventral da medula e chegam capazes de se sensibilizarem quando recebem um
aos músculos da coxa, desencadeando a sua contração. Isso determinado estímulo, transformando-o em impulso
faz a perna se movimentar. Conforme você pode observar na nervoso. Dependendo da natureza do estímulo que
ilustração, o impulso nervoso que chega à medula também recebem, podem ser classificados como fotorreceptores
será transmitido ao cérebro. No cérebro, esse impulso é (captam estímulos luminosos), fonorreceptores (captam
interpretado, dando ao indivíduo a sensação tátil da pancada. estímulos sonoros), termorreceptores (captam estímulos
Convém lembrar, entretanto, que o cérebro não participa térmicos), quimiorreceptores (captam estímulos químicos)
desse arco reflexo. Assim, se rompermos a conexão entre e mecanorreceptores (captam estímulos mecânicos).
a medula e o cérebro, o ato de levantar a perna no reflexo
patelar continuará ocorrendo, embora o cérebro não mais As vias condutoras do nosso sistema sensorial estão
perceba as informações sensitivas e o indivíduo não tenha representadas por fibras nervosas sensitivas, que têm a
mais consciência da pancada no joelho. Por outro lado, se função de conduzir os impulsos gerados nas estruturas
bloquearmos apenas a via motora (que envia o impulso ao receptoras para regiões específicas do nosso córtex cerebral.
órgão efetor), o indivíduo não irá contrair a perna, mas terá São, portanto, fibras aferentes em relação ao Sistema
a sensação tátil da pancada no joelho. Nervoso Central.
80 Coleção Estudo 4V
Os centros nervosos, localizados em regiões específicas do A coroide é a túnica intermediária do globo ocular,
nosso córtex cerebral, constituem a parte central do nosso constituída por tecido conjuntivo frouxo. Como é muito
sistema sensorial. Neles, os impulsos provenientes dos vascularizada, a coroide é responsável pela nutrição e pela
receptores são interpretados e transformados em sensações. oxigenação do globo ocular. Sua porção anterior é rica em
Por isso, alguns autores chamam esses centros nervosos de melanócitos e, portanto, pigmentada, recebendo o nome de
estruturas transformadoras do sistema sensorial. íris (“disco colorido do olho”).
A íris possui um orifício central denominado pupila
Táteis (“menina dos olhos”), que pode se dilatar ou contrair,
Auditivas Olfativas permitindo uma maior ou menor penetração de luz no
olho. Na íris, ao redor da pupila, existem fibras musculares
Visuais Gustativas
lisas que recebem terminações nervosas do simpático e
Sensações do parassimpático. Os impulsos que chegam através das
terminações simpáticas promovem a midríase (dilatação
BiologiA
da pupila), e os que chegam através das terminações
Córtex cerebral parassimpáticas determinam a miose (contração da
pupila). Quando o indivíduo passa de um ambiente muito
iluminado para outro pouco iluminado, sua pupila sofre
Impulsos nervosos
Ligamento
Receptores suspensor
do cristalino
Arquivo Bernoulli
Cones
Estímulo Íris
Esclera
Coroide Túnicas
Sistema sensorial – Dependendo do tipo de receptor estimulado, Câmara Retina
os impulsos dele provenientes, ao serem interpretados em nosso anterior
com humor Fóvea
cérebro, permitem a percepção de diferentes tipos de sensações Câmara
aquoso
(táteis, gustativas, olfativas, auditivas e visuais).
Córnea
Visão
Nervo
Os receptores do nosso sentido da visão são os olhos, Parte cega óptico
Cristalino
da retina
também denominados globos oculares. São fotorreceptores
que se localizam na porção superior da face, dentro de Olho humano em corte.
Feixe de luz
82 Coleção Estudo 4V
Existem, ainda, as estruturas acessórias (anexos) do A orelha média comunica-se com a faringe por
olho. São elas: os músculos responsáveis pelo movimento meio da tuba auditiva. Essa comunicação permite
do olho, as pálpebras (que têm função protetora), manter a pressão do ar em equilíbrio nos dois
a conjuntiva (mucosa que protege e reveste a parte lados da membrana timpânica. Assim, quando há
anterior do olho e a superfície interna das pálpebras) e as obstrução da tuba auditiva ou quando o indivíduo
glândulas lacrimais (as lágrimas umedecem a córnea e a
muda sensivelmente de altitude, o ar exerce uma
conjuntiva, desempenhando importante função na defesa
força desigual sobre as duas faces da membrana
e na manutenção da transparência da córnea).
timpânica, promovendo sua distensão e causando
sensação desagradável.
Audição
C) Orelha interna (labirinto) – É uma estrutura complexa,
As orelhas (ouvidos) são os nossos fonorreceptores.
Cada orelha humana é dividida em três partes: orelha formada por uma série de sacos membranosos cheios
externa, orelha média e orelha interna. de líquido (endolinfa). Divide-se basicamente em duas
BiologiA
porções: cóclea (caracol) e vestíbulo.
Martelo
Canais semicirculares Canais
Martelo semicirculares
Janela do
vestíbulo Bigorna Ampola
Cóclea
Estribo
Caracol
Utrículo
sáculo
Arquivo Bernoulli
Membrana
Arquivo Bernoulli
timpânica
Orelha Bigorna
Estribo Ossículos
Tuba auditiva
Meato acústico externo Detalhe da orelha interna.
Diagrama geral da orelha. A cóclea ou caracol é a parte da orelha interna
relacionada com o sentido da audição. Tem a forma
A) Orelha externa – Compreende a orelha e o meato de um conduto espiralado, dentro do qual circula um
acústico externo. A orelha é uma projeção da pele em líquido, a endolinfa. No seu interior, além da endolinfa,
forma de concha, sustentada por tecido cartilaginoso. há o órgão de Corti (órgão espiral), responsável pela
Sua função é captar as ondas sonoras que penetram percepção sonora.
As vibrações desses ossículos chegam à membrana da Os dendritos dessas células possuem pelos (pelos olfativos),
janela oval, que é semelhante à membrana do tímpano, que ficam mergulhados na camada de muco que recobre a
e separa a orelha média da orelha interna, ligando-se ao mucosa nasal. Os axônios das células sensoriais olfativas
estribo. As vibrações da membrana da janela oval são, então, comunicam-se com o bulbo olfatório do cérebro.
transmitidas à cóclea da orelha interna. As vibrações da
cóclea agitam o líquido coclear, fazendo vibrar a membrana
tectória do órgão de Corti. As vibrações da membrana Bulbo olfativo
tectória estimulam as células sensoriais que se encontram
logo abaixo, sensibilizando-as e gerando impulsos nervosos Mucosa olfativa Cavidade nasal
que, através do nervo coclear, são levados ao centro da
audição no cérebro, onde são interpretados e transformados
em sensações auditivas.
Nariz
sistema vestibular
Arquivo Bernoulli
Além da audição, a orelha interna também atua na Cavidade bucal
percepção dos movimentos que o corpo executa, bem como
Faringe
na manutenção do equilíbrio corporal em relação ao centro
de gravidade. A parte da orelha interna relacionada com Mecanismo do olfato.
essas funções é o vestíbulo.
As moléculas dispersas no ar, ao penetrarem nas nossas
O vestíbulo é formado pelas seguintes estruturas:
cavidades nasais, entram em contato com os pelos olfativos
sáculo, utrículo e canais semicirculares. O sáculo e o
das células sensoriais, estimulando-as e gerando impulsos
utrículo são duas vesículas cheias de endolinfa, em cujas
paredes internas existem células sensoriais ciliadas. nervosos. Esses impulsos são conduzidos até os corpos
Os canais semicirculares são três tubos curvos, também celulares das células olfativas e, em seguida, passam para
cheios de endolinfa, que apresentam na base uma os axônios, chegando ao bulbo olfatório do cérebro, onde,
dilatação, chamada ampola, em que há um aglomerado então, são interpretados e transformados em sensações de
de células sensoriais ciliadas, sobre as quais existe odor. Acredita-se que existam diferentes tipos básicos de
uma camada gelatinosa, contendo pequenos cristais de células olfativas (receptores olfativos), cada uma para um
carbonato de cálcio, denominados otólitos ou estatocônios. tipo de odor. A sensação de odor será tanto mais intensa
As células sensoriais existentes no interior da orelha
quanto maior for a quantidade de receptores estimulados, o
interna fazem conexão com o nervo vestibular, ramo do
que depende da concentração da substância odorífera no ar.
nervo acústico que se dirige para o cerebelo. Quando o
indivíduo movimenta a cabeça, a endolinfa se agita, fazendo
com que os otólitos se choquem com o revestimento do gustação
vestíbulo e sensibilizando as células sensoriais aí existentes. Os receptores da gustação também são quimiorreceptores,
Os impulsos gerados por essas células são, então, levados,
denominados corpúsculos gustativos ou botões gustativos,
através do nervo vestibular, para centros nervosos situados
e se localizam no interior de papilas linguais.
no cerebelo, que, ao recebê-los e interpretá-los, identifica a
posição em que o indivíduo se encontra em relação ao centro
As papilas linguais são saliências da mucosa que revestem
de gravidade. Com essas informações, o cerebelo controla
a língua e podem ser de três tipos: caliciformes, fungiformes
o nosso equilíbrio corporal. Em algumas situações, como
e filiformes.
na labirintite (inflamação da orelha interna), os estímulos
não são percebidos e transmitidos ao cerebelo e, assim, a
A) Papilas caliciformes – São as maiores papilas
pessoa perde a noção do equilíbrio corporal.
linguais. Em número de seis a treze, localizam-se
Conforme vimos, o nosso aparelho auditivo tem na face superior da base da língua e estão dispostas
função estatoacústica (manutenção do equilíbrio corporal em forma de V, formando o chamado V-lingual. Essas
e audição).
papilas também são conhecidas por papilas valadas.
84 Coleção Estudo 4V
Arquivo Bernoulli
sendo os de Ruffini mais achatados. Estudos recentes
demonstraram que esses corpúsculos, aos quais se atribuía
a percepção da variação de temperatura (frio e quente),
Papila Papila Papila
valada ou caliciforme fungiforme filiforme na realidade, também são responsáveis por sensações
de tato e pressão. Os corpúsculos de Vater-Pacini são os
Papilas linguais – As papilas caliciformes e fungiformes são mecanorreceptores mais bem estudados, sendo encontrados
classificadas como papilas gustativas, uma vez que nelas são nas camadas profundas da pele e no tecido conjuntivo em
bioLoGia
encontrados os corpúsculos gustativos, estruturas formadas por
geral, incluindo o das vísceras. As terminações nervosas
células neuroepiteliais quimiorreceptoras, que fazem conexão
livres, ou seja, não encapsuladas, são as responsáveis pela
com certos nervos cranianos (nervo glossofaríngeo, nervo facial).
Cada papila gustativa apresenta uma pequena abertura, o poro sensação de dor, frio e calor.
gustativo, e abriga inúmeros corpúsculos gustativos. Calcula-se
que uma pessoa adulta possua cerca de 10 mil corpúsculos
gustativos. As papilas filiformes da língua são classificadas como
papilas táteis, uma vez que possuem filetes nervosos que se
relacionam com a percepção tátil do alimento, isto é, se este é
Corpúsculo de
duro, pastoso, líquido, gelatinoso, frio ou quente.
Meissner
mecanismo da gustação
Ao serem colocadas sobre a língua, as substâncias são
dissolvidas na saliva e penetram nas papilas gustativas
através dos poros gustativos, sensibilizando os corpúsculos Corpúsculo de
Krause
gustativos e gerando impulsos nervosos. Esses impulsos são
levados, através de nervos, a centros nervosos do córtex
cerebral, em que são interpretados e transformados em
sensações de sabor.
tato
O tato é o sentido que nos permite perceber sensações
de dor, calor (quente e frio), pressão, etc. Os receptores Corpúsculo de
táteis são encontrados nas vísceras, músculos, ossos e pele. Vater-Pacini
Conforme tenham ou não membranas de tecido conjuntivo
envolvendo suas terminações nervosas, os receptores
Arquivo Bernoulli
EXERCÍCIOS DE fixação
01. (UERN–2015) Durante a respiração, uma pessoa consegue forçar de forma consciente a aceleração e a diminuição do ritmo
respiratório. Isso ocorre porque a ventilação pulmonar pode ser controlada voluntariamente. No entanto, há um controle
involuntário das estruturas envolvidas na inspiração e na expiração feito pelo centro respiratório, localizado no bulbo,
e considerado um centro vital também conhecido por
A) telencéfalo.
B) mesencéfalo.
C) metencéfalo.
D) mielencéfalo.
02. (UFU-MG) O esquema a seguir representa o reflexo patelar, que é uma resposta involuntária a um estímulo sensorial.
03. (UFF-RJ) Quando se menciona a “cor dos olhos” de uma pessoa, está-se fazendo referência à coloração da estrutura do globo
ocular denominada
A) pupila.
B) cristalino.
C) córnea.
D) íris.
E) globo ciliar.
86 Coleção Estudo 4V
04. (PUC Minas) Entre as afirmativas a seguir, a única 04. (UFMG) Lesão no cerebelo de um animal afetará,
ERRADA é: principalmente, sua capacidade de
A) O centro respiratório está situado na ponte. A) absorver alimentos.
B) Os sistemas simpático e parassimpático exercem B) coordenar movimentos.
ações antagônicas.
C) emitir sons.
C) Uma lesão no cerebelo pode interferir no controle do
D) perceber imagens.
equilíbrio.
D) Participam de um arco reflexo: receptor, via aferente, E) perceber odores.
centro, via eferente e efetuador.
E) A substância cinzenta da medula é formada, 05. (UFMG) A seguir, você encontra a representação de órgãos
principalmente, de corpos celulares. do sistema nervoso central.
Exercícios Propostos
BIOLOGIA
01. (FAMERP-SP–2016) É CORRETO afirmar que a divisão
parassimpática do sistema nervoso autônomo está
relacionada
A) com o gasto de energia durante as situações de “luta
ou fuga”.
B) com o aumento da frequência cardíaca e a dilatação
da pupila.
Um homem que sofreu uma secção no sistema nervoso,
C) com as respostas involuntárias por meio da ação da
no ponto indicado pela seta, poderá teoricamente realizar
noradrenalina.
todos os atos seguintes, EXCETO
D) com a conservação e a restauração de energia corpórea.
A) Lembrar-se do nome de um amigo.
E) com o sistema nervoso central e comanda respostas
voluntárias. B) Retirar a mão, se espetada por um alfinete.
C) Resolver mentalmente um problema matemático.
02. (UFV-MG) O sistema nervoso dos vertebrados é dividido
D) Sentir o perfume de uma flor.
anatomicamente em sistema nervoso central (SNC) e
sistema nervoso periférico (SNP). Tendo por base essa E) Fazer um trabalho manual qualquer.
informação, indique a alternativa correta.
A) O SNP é formado pela medula espinal e pelos nervos.
06. (FMTM-MG) A análise de certos alimentos revelou
contaminação por pesticidas organofosforados. Tais
B) O SNC é constituído pelo cérebro e pelos gânglios.
substâncias são tóxicas principalmente por alterarem
C) Há neurônios que contêm parte no SNC e no SNP.
a fisiologia normal do sistema nervoso, bloqueando a
D) Os neurônios estão restritos ao SNC, e os nervos,
ao SNP. degradação do mediador químico do sistema nervoso
autônomo parassimpático. O mediador mencionado e
E) A medula espinal não contém neurônios, apenas
fibras nervosas. uma de suas ações são, respectivamente,
A) acetilcolina: dilatação da pupila.
03. (FUVEST-SP) Em acidentes em que há suspeita de
B) acetilcolina: diminuição da frequência cardíaca.
comprometimento da coluna vertebral, a vítima deve
ser cuidadosamente transportada ao hospital em posição C) epinefrina: inibição da percepção sensorial.
deitada e, de preferência, imobilizada. Esse procedimento D) noradrenalina: relaxamento da musculatura lisa.
visa a preservar a integridade da coluna, pois em seu
E) adrenalina: controle central dos movimentos.
interior passa
A) o ramo descendente da aorta, cuja lesão pode
07. (OSEC-SP) A cóclea é um órgão sensitivo responsável por
ocasionar hemorragia.
A) audição.
B) a medula óssea, cuja lesão pode levar à leucemia.
B) visão.
C) a medula espinal, cuja lesão pode levar à paralisia.
C) tato.
D) o conjunto de nervos cranianos, cuja lesão pode levar
à paralisia. D) gustação.
E) a medula óssea, cuja lesão pode levar à paralisia. E) olfato.
Gabarito
0,1 – 0,5
com alterações clínicas.
reações motoras.
02. C
Propostos
3,5 – 5,0 Coma e morte possível.
01. D
88 Coleção Estudo 4V
BIOLOGIA c 09
relações ecológicas
e estudo das populações
A Ecologia (do grego oikos, casa, e logos, estudo) é a parte colônias
da Biologia que estuda as relações dos seres vivos entre si e
as relações dos seres vivos com as condições físico-químicas Associações entre indivíduos de uma mesma espécie,
do meio ambiente. que vivem juntos, ligados anatomicamente uns aos outros,
formando uma unidade estrutural em que poderá ou
Ser vivo Ser vivo não haver divisão de trabalho. Podem ser isomorfas ou
Meio ambiente heteromorfas.
Colônia
Harmônica
Relações Sociedade
intraespecíficas Canibalismo
Desarmônica
Competição
Indivíduos
Mutualismo protetores
Protocooperação
Harmônica
Comensalismo
Inquilinismo
Relações
Predatismo Indivíduo
interespecíficas reprodutor
Parasitismo
Indivíduo
Desarmônica Competição
alimentador
Amensalismo
Esclavagismo
Caravela (Physalia physalis).
90 Coleção Estudo 4V
Fungo Anêmona
Paguro
Arquivo Bernoulli
Hifas do fungo
Arquivo Bernoulli
Concha de gastrópode
Hifas
Raízes Paguro x Actinia – O caranguejo paguro (bernardo-eremita),
Raízes crustáceo muito comum em nossas praias, caracteriza-se por ter
as
Micorriz um abdome mole e não possuir carapaça protetora. Assim, para
obter maior proteção contra seus predadores, aloja-se no interior
de conchas vazias abandonadas pelos moluscos. Já as Actinia
BioLoGiA
Micorrizas – As micorrizas são associações mutualísticas
estabelecidas entre fungos e raízes de certas plantas, como (anêmonas-do-mar) são cnidários que produzem substâncias
orquídeas, morangueiros, tomateiros e pinheiros. Os fungos urticantes e que necessitam de um substrato para sua fixação.
degradam substâncias orgânicas do solo, transformando-as O paguro com frequência coloca, sobre a concha onde se alojou,
em nutrientes minerais (sais de fósforo, potássio, etc.) que são uma ou mais Actinia, estabelecendo com elas uma relação de
absorvidos pelas raízes das plantas. As plantas, por sua vez, protocooperação. O paguro se beneficia da proteção que a Actinia
fornecem aos fungos parte da matéria orgânica produzida por lhe dá, pois esta afasta ou impede a aproximação dos predadores
meio da fotossíntese. naturais por causa das substâncias urticantes que produz. A Actinia,
por sua vez, se beneficia da locomoção, uma vez que passa a ser
transportada pelo paguro, ampliando o seu território de obtenção
de alimento.
Arquivo Bernoulli
(soja, feijão, ervilha, etc.). Nessas raízes, aparecem nódulos
(nodosidades, “inchaços”) em que são encontradas bactérias
Crocodilo
do gênero Rhizobium. Essas bactérias são fixadoras do N2
atmosférico e, assim, enriquecem o solo com nitratos que
serão absorvidos pelas leguminosas e utilizados como matéria- Crocodilo x pássaro-palito – O pássaro-palito frequentemente
-prima na construção de compostos orgânicos nitrogenados entra na boca do crocodilo africano para retirar e comer restos
(aminoácidos, por exemplo). As leguminosas, por sua vez, de alimentos e sanguessugas, que normalmente são encontrados
fornecem a essas bactérias heterotróficas parte das substâncias aderidos à mucosa bucal do réptil. Com isso, o crocodilo é
orgânicas que sintetizam, isto é, fornecem alimento às bactérias. beneficiado por livrar-se de parasitos, enquanto o pássaro-palito
tem uma opção alimentar.
Protocooperação (cooperação)
Associação entre duas espécies que também se beneficiam
comensalismo
mutuamente sem, entretanto, estabelecer um grau de Associação entre indivíduos de espécies diferentes
dependência obrigatório, como acontece no mutualismo. na qual apenas uma das espécies é beneficiada, sem,
Na protocooperação, portanto, a coexistência das espécies entretanto, haver prejuízos para a outra. É, portanto,
não é obrigatória. Por isso, alguns autores também uma relação harmônica unilateral. A espécie beneficiada é
chamam a protocooperação de mutualismo não obrigatório chamada de comensal, e o benefício que recebe da outra
ou mutualismo sem dependência obrigatória. As relações pode ser alimento, abrigo, transporte, etc. Assim, temos:
paguro x Actinia, anu x gado e pássaro-palito x crocodilo comensalismo de alimentação, comensalismo de abrigo
são alguns exemplos de protocooperação. (inquilinismo), comensalismo de transporte (foresia), etc.
Arquivo Bernoulli
Predatismo (predação)
Relação em que indivíduos de uma espécie matam
Rêmora outros de espécies diferentes para usá-los como alimento.
(peixe-piolho)
Os indivíduos beneficiados são os predadores, enquanto as
Rêmora, tubarão e peixe-piloto – A rêmora (peixe-piolho) presas são aqueles que são mortos e servem de alimento.
possui uma ventosa (órgão de fixação) no alto de sua cabeça. Predador e presa nunca são da mesma espécie.
Por meio de sua ventosa, a rêmora fixa-se na região ventral O predatismo exerce um papel regulador, contribuindo para
de um tubarão, passando a ser por ele transportada. Quando manter a população de presas e predadores de uma região
o tubarão ataca algum animal, os restos da presa que flutuam em estado de equilíbrio. Em geral, a elevação do número de
na água são imediatamente ingeridos pela rêmora. Nesse presas em uma região propicia, também, um aumento do
relacionamento, envolvendo a rêmora e o tubarão, temos um número de predadores devido a uma maior disponibilidade
comensalismo de transporte (foresia) e um comensalismo de de alimento no ambiente. Em consequência do aumento do
alimentação. Este é encontrado também na relação entre os número de predadores, o número de presas diminui, o que
peixes-pilotos e o tubarão. Os peixes-pilotos acompanham o acarreta, também, uma redução na população dos predadores.
tubarão, nadando ao seu redor, para alimentar-se dos restos Por sua vez, a redução da população de predadores permite
de comida que escapam de sua boca. O nome peixe-piloto vem a recuperação da população de presas, que se eleva, e assim
de uma crença segundo a qual esses peixes orientam o tubarão sucessivamente. Dessa maneira, as duas populações não se
em sua navegação pelos mares. extinguem nem crescem excessivamente, permanecendo em
equilíbrio dinâmico no ambiente.
inquilinismo
Muitas vezes, o homem interfere nesse estado de equilíbrio
populacional de predadores e de presas, trazendo, com isso,
Relação na qual uma espécie procura abrigo ou suporte no
prejuízos para o ambiente. A eliminação sistemática de
corpo de indivíduos de uma outra espécie, sem prejudicá-la.
muitos predadores, promovida pelo homem, tem causado
Trata-se, portanto, de um caso particular de comensalismo.
sérios prejuízos ao equilíbrio natural existente entre as
O inquilino (espécie beneficiada) obtém abrigo, proteção
ou, ainda, suporte no corpo da espécie hospedeira. populações de predadores e de presas de diversas regiões.
Exemplos: peixe-agulha x Holothuria, orquídeas x árvores, Um bom exemplo disso ocorreu no pantanal mato-grossense,
bromélias x árvores. onde existiam muitos jacarés, que controlavam a população
de suas presas (piranhas, por exemplo). A matança
Pepino-do-mar indiscriminada de jacarés nessa região, promovida pelo
homem e movida por interesses econômicos na exploração
do couro, diminuiu consideravelmente a população desses
Arquivo Bernoulli
92 Coleção Estudo 4V
Por outro lado, existem muitas adaptações que permitem Quanto ao tamanho, os parasitos podem ser classificados
às presas escaparem ao ataque de seus predadores. como microparasitos ou macroparasitos.
A produção de substâncias de odor ou de sabor desagradável, • Microparasitos – Microscópicos, isto é, não visíveis
o hábito de só andarem em bandos, a grande capacidade de
a olho nu. É o caso, por exemplo, dos vírus, das
correr e de saltar são exemplos de recursos utilizados por
bactérias patogênicas (causadoras de doenças) e de
presas para tentar escapar de seus predadores.
muitos protozoários.
A camuflagem e o mimetismo são duas outras adaptações
• Macroparasitos – Visíveis a olho nu. Exemplos:
importantes, tanto para predadores quanto para presas.
piolho, carrapato, lombriga e tênia (solitária).
Na camuflagem, o organismo procura se confundir com o
meio físico do ambiente de modo a se tornar menos visível. Quanto à localização no hospedeiro, os parasitos se
É um tipo de adaptação na qual o organismo se revela da diferenciam em ectoparasitos e endoparasitos.
mesma cor do meio em que vive ou possui forma que se • Ectoparasitos – São encontrados na superfície
confunde com coisas do ambiente. Ao ficar parecido com externa (epiderme, pelos, unhas, etc.) do corpo do
o ambiente, determinado animal pode se esconder de seu hospedeiro. Exemplos: piolho, pulga e carrapato.
predador; ou, ainda, um predador pode se esconder de sua
• Endoparasitos – Vivem internamente no corpo do
BIOLOGIA
presa, o que possibilita que ele a capture mais facilmente.
Muitos animais (insetos, répteis, anfíbios, aves) possuem hospedeiro. Exemplos: lombrigas, tênia e Trypanosoma
cor verde e, assim, fazem uma perfeita camuflagem em cruzi (protozoário causador da doença de Chagas).
meio às folhagens onde se escondem. A superfície ventral Quanto à necessidade de realização do parasitismo para
dos peixes, por exemplo, costuma ser mais clara do que sua sobrevivência, os parasitos podem ser obrigatórios
o dorso. Um predador que estiver abaixo do peixe poderá
ou facultativos.
confundi-lo com a superfície iluminada da água; por outro
lado, se o peixe for visto de cima, seu dorso poderá ser • Obrigatórios – Têm no parasitismo a única forma de
confundido com o fundo. Muitas espécies de lagartos e de obtenção de alimento. A grande maioria dos parasitos
artrópodes que vivem na areia têm uma coloração clara, é desse tipo. Exemplos: lombrigas, tênias e os vírus.
confundindo-se com a cor do ambiente. • Facultativos – Podem se adaptar ou encontrar
No mimetismo, os indivíduos de uma espécie se mostram outras formas de obtenção de alimentos, diferente do
acentuadamente semelhantes aos indivíduos de uma parasito obrigatório. Parasitos desse tipo são raros.
outra espécie, levando vantagens com essa semelhança. Exemplo: larvas de certas moscas podem viver como
É o que acontece, por exemplo, com a falsa-coral (Simophis parasitos, desenvolvendo-se em feridas existentes
rhinostoma), cobra não venenosa, mas que se torna temida no corpo do hospedeiro, mas também podem se
e respeitada por outros animais por ser muito semelhante desenvolver no esterco, que é um meio rico em
à coral-verdadeira (Micrurus frontalis). Outro bom exemplo matéria orgânica (restos orgânicos).
de mimetismo pode ser percebido entre as borboletas
vice-rei e monarca que, embora de espécies distintas, são Quanto ao tempo de permanência junto ao hospedeiro,
extremamente semelhantes. A borboleta monarca tem um distinguem-se parasitos permanentes, temporários
sabor repugnante para as aves, e as vice-rei são comestíveis. e provisórios.
Em face da semelhança, muitas aves rejeitam a borboleta • Permanentes – Mantêm-se juntos aos seus
vice-rei, que se beneficia do mimetismo. hospedeiros por toda a vida. São os mais comuns e
dispensam exemplos.
Parasitismo • Temporários (periódicos) – Só procuram o
Relação em que indivíduos de uma espécie vivem às custas hospedeiro quando têm fome. Saciado o apetite, eles
de indivíduos de outra espécie, dos quais retiram alimento, abandonam os hospedeiros. Exemplos: pulgas e fêmeas
prejudicando-os. O beneficiado é chamado de parasito ou de algumas espécies de mosquitos (pernilongos).
bionte, e o prejudicado, hospedeiro ou biosado. • Provisórios (intermitentes) – Exercem o parasitismo
Os hospedeiros em geral são, para os parasitos, fontes de apenas durante certas fases de suas vidas. Exemplo:
alimento e habitat (local onde vivem). Por isso, o sucesso de as moscas berneiras são parasitos apenas na fase
um parasito é normalmente tão maior quanto menores forem larvária, quando causam o berne ou bicheira nos
os incômodos ou prejuízos causados à espécie hospedeira, animais. Ao se tornarem adultas, deixam o hospedeiro
uma vez que a morte do hospedeiro representa também e passam a se alimentar de matéria orgânica em
a perda do habitat para o parasito. De um modo geral, decomposição, encontrada no meio ambiente.
a morte do hospedeiro não é conveniente ao parasito. Mas,
a despeito disso, muitas vezes ela ocorre. Quanto à capacidade de parasitar uma ou mais espécies
de hospedeiros, os parasitos podem ser classificados como
O parasitismo é uma relação que também exerce
eurixenos e estenoxenos.
influência na densidade populacional, uma vez que debilita
o organismo dos hospedeiros, tornando-os mais suscetíveis • Eurixenos (eurixênicos) – Parasitam diversas
a outras doenças e infecções, diminuindo o tempo de vida e, espécies. Exemplo: o protozoário Trypanosoma cruzi
consequentemente, aumentando a taxa de mortalidade na é capaz de parasitar o homem, o tatu, o cão, o gambá
população da espécie hospedeira. e muitas outras espécies.
94 Coleção Estudo 4V
BIOLOGIA
ser exemplo de protocooperação, quando se considera Início 10 000 200 000
que o pássaro retira sanguessugas (parasitos) da boca do
réptil. Entretanto, também pode ser descrita como exemplo Após 1
20 000 300 000
de comensalismo; nesse caso, o pássaro atua retirando hora
apenas restos alimentares que ficam entre os dentes do
crocodilo, vindo daí o nome popular da ave: pássaro-palito. A taxa de crescimento Bruto (TCB) para cada uma das
populações de bactérias (A e B) é:
20 000 – 10 000
Nf – Ni TCR de A = =1
Taxa de Crescimento Bruto (TCB) = 10 000
t
Como vimos, a população A cresce em ritmo mais O gráfico a seguir mostra como seria a curva de
acelerado que a população B. No mesmo intervalo de tempo, crescimento de uma população em que não atuassem os
isto é, em 1 hora, a população A dobrou (cresceu 100%). fatores da resistência ambiental, isto é, obedecendo apenas
Já a população B cresceu 50%. ao seu potencial biótico.
O crescimento de uma população resulta da interação de
quatro fatores: natalidade, mortalidade, imigração e emigração.
N° de indivíduos
• Natalidade – Indica a proporção de novos indivíduos
na população, em um certo intervalo de tempo, por
meio de nascimentos.
• Mortalidade – Indica a proporção de perdas de
indivíduos na população, em um certo intervalo de Tempo
tempo, em razão de mortes.
Curva de crescimento exponencial de uma população em
• Imigração – Indica a proporção de indivíduos que condições ideais.
entram em uma população, em um certo intervalo
de tempo, procedentes de outras áreas. Como todas as populações, em condições naturais, estão
• Emigração – Indica a proporção de indivíduos que sujeitas aos fatores da resistência ambiental, a curva de
saem de uma população, em um certo intervalo de crescimento real de uma população resulta da interação entre o
tempo, em direção a outras áreas. seu potencial biótico e a resistência que lhe é imposta pelo meio.
A natalidade e a imigração são fatores que acrescentam O gráfico a seguir mostra um exemplo dessa curva de
novos indivíduos em uma população e, consequentemente, crescimento real, partindo-se de uma população ainda jovem.
contribuem para aumentar a densidade populacional. Por
outro lado, a mortalidade e a emigração retiram indivíduos
de uma população, contribuindo para diminuir a densidade.
N. de indivíduos
CURVAS DE CRESCIMENTO
DE UMA População
A capacidade potencial de uma população aumentar
numericamente, por meio da reprodução, em condições A B C D E Tempo
ambientais favoráveis (ideais), caracteriza o chamado
potencial biótico ou reprodutivo da população. Curva de crescimento real – No trecho AC do gráfico anterior,
a população cresce sem sofrer praticamente limitação imposta pelo
O potencial biótico varia de espécie para espécie, podendo
ambiente. Inicialmente (trecho AB), o crescimento da população
ser muito elevado em algumas e bastante baixo em outras.
é mais lento, já que o número inicial de organismos capazes
A mosca doméstica, por exemplo, tem um potencial biótico
de reproduzir é pequeno. Assim, o trecho AB corresponde a um
elevado, ou seja, uma única fêmea põe em média 12 ovos
período inicial de adaptação às condições ambientais. Porém,
por vez. Se levarmos em consideração que uma mosca
à medida que o número de indivíduos adultos capazes de
pode produzir sete gerações por ano e que metade dos
descendentes são fêmeas, teríamos, ao fim de um ano, se reproduzir e de gerar descendentes aumenta, o crescimento
todos os descendentes sobrevivessem, aproximadamente, da população se faz de forma mais rápida (trecho BC). Essa
6 trilhões de indivíduos. Se a mortalidade fosse zero, fase costuma ser chamada de fase log (de “logarítmica”) por
uma única bactéria, reproduzindo-se a cada 20 minutos, apresentar um crescimento exponencial. O ponto C do gráfico
produziria descendentes suficientes para cobrir a superfície pode ser considerado como o momento em que se inicia
do nosso planeta em apenas 36 horas. Em contrapartida, efetivamente o processo de resistência ambiental. A partir
mamíferos de grande porte, como o elefante, o rinoceronte desse ponto, a população começa a mostrar um crescimento
e a baleia, têm capacidade reprodutora muito baixa, já que menos veloz. No ponto D, o potencial biótico da espécie
seu tempo de gestação e de amamentação são longos e, equivale à resistência ambiental e, a partir daí, o número de
geralmente, nasce apenas um filhote de cada vez. indivíduos mantém-se mais ou menos constante, apresentando
pequenas oscilações, ora acima ora abaixo do limite máximo de
Ao potencial biótico de uma população opõe-se um conjunto
crescimento: é o chamado equilíbrio dinâmico de uma população.
de fatores, que constituem a resistência do ambiente ou
Assim, o trecho DE corresponde à fase de equilíbrio.
resistência ambiental. Entre esses fatores, temos, por exemplo,
a escassa disponibilidade de alimentos no meio, as limitações de Dizer que uma população se estabilizou ou que entrou em
espaço, a falta de água, as condições climáticas desfavoráveis, equilíbrio com o ambiente não significa que o número de
as competições intra e interespecíficas, a predação e o indivíduos dessa população seja rigorosamente constante.
parasitismo. São esses fatores da resistência ambiental Sempre há variações, porque a capacidade limite do
que impedem uma população de crescer indefinidamente, ambiente varia, aumentando e diminuindo em torno de um
obedecendo apenas ao seu potencial biótico. nível médio. Essas variações na capacidade limite permitem
96 Coleção Estudo 4V
BioLoGiA
potencial biótico da espécie; a curva B representa o crescimento D) Relação intraespecífica facultativa.
populacional padrão (curva sigmoide ou curva logística);
C indica a capacidade de sustentação máxima (capacidade de 02. (UERN–2015) Observe as figuras a seguir.
suporte máxima, carga biótica máxima, capacidade limite do
meio), ou seja, o número máximo de indivíduos que determinado I
ambiente pode sustentar; D mostra pequenas oscilações em II
torno de um valor numérico máximo, indicando que a população
permanece em estado de equilíbrio. A área entre A e B representa
a resistência ambiental.
DE UMA PoPULAÇÃo
Quando se estuda uma população, é muito importante
saber o número dos sobreviventes entre todos os indivíduos
que nascem. Para isso, elaboram-se as chamadas curvas
de sobrevivência, que podem assumir três tipos básicos: Assinale os tipos de relações entre os seres vivos que
são observados nas figuras anteriores, respectivamente.
100 1
% de sobreviventes
3
03. (UFJF-MG) Com relação ao comportamento das
populações, considere as afirmativas a seguir.
Jovens Adultos Velhos Idade
I. A regulação do tamanho das populações é feita,
Curvas de sobrevivência – 1. Curva ideal: é aquela em que todos apenas, por fatores bióticos.
os indivíduos que nascem têm, aproximadamente, o mesmo
II. O índice de crescimento de uma população pode ser
tempo de vida, morrendo quando atingem idades mais avançadas
(velhice). 2. Curva de mortalidade constante: é aquela em que medido pela relação entre a taxa de natalidade e a
a taxa de mortalidade de indivíduos jovens, adultos e velhos é taxa de mortalidade.
praticamente a mesma, isto é, morrem jovens, adultos e velhos III. Como fator regulador do crescimento populacional,
em uma mesma proporção. 3. Curva de mortalidade elevada de a competição intraespecífica está diretamente
jovens: mostra que há um alto índice de mortalidade de indivíduos
relacionada à seleção natural.
ainda na idade jovem (a mortalidade infantil é elevada).
IV. A densidade de uma população é medida pela relação
A maior parte das espécies animais tem sua sobrevivência entre o número de indivíduos e a disponibilidade de
tendendo para a curva 2, e os vegetais seguem uma curva
recursos alimentares.
do tipo 3. A curva referente ao tempo de vida no homem,
nos países mais desenvolvidos, aproxima-se da do tipo 1, Estão CORRETAS as seguintes afirmativas:
graças aos recursos de saneamento, à assistência médica e à A) II e III.
maior produtividade agrícola. Já nos países subdesenvolvidos,
B) I e IV.
há uma elevada mortalidade ainda na fase jovem e uma
mortalidade significativa na fase adulta, caracterizando uma C) I, II e III.
curva que fica entre aquelas dos tipos 2 e 3. D) II e IV.
04. (FCC-SP) Para calcular a densidade de uma população, 04. Colônia é uma associação entre indivíduos da mesma
é necessário conhecer o número de indivíduos que a espécie, que se mantêm ligados anatomicamente
compõem e formando uma unidade estrutural.
E) o número de indivíduos de outras populações da 32. Apesar do predatismo ser uma relação interespecífica
mesma região. desarmônica, ela pode ser benéfica e importante para
o controle da população de presas e para manutenção
do equilíbrio do ecossistema.
Exercícios Propostos Soma ( )
C) comensalismo.
02. (UFMG) O fungo Penicillium, por causar apodrecimento
D) predatismo.
de laranjas, acarreta prejuízos pós-colheita. Nesse caso,
E) amensalismo.
o controle biológico pode ser feito utilizando-se a levedura
Saccharomycopsis, que mata esse fungo após perfurar
05. (PUC-SP) O gráfico a seguir representa a ação de uma
sua parede e absorver seus nutrientes.
doença epidêmica sobre uma população de coelhos.
É CORRETO afirmar que esse tipo de interação é
conhecido como Tamanho da
população
A) comensalismo.
B) mutualismo.
C) parasitismo.
D) predatismo.
Sobre essas relações, assinale a(s) proposição(ões) Os períodos delimitados por 1, 2, 3 e 4 indicam,
CORRETA(S). respectivamente,
01. Relações interespecíficas são aquelas estabelecidas A) equilíbrio, recuperação, crescimento e epidemia.
entre indivíduos de mesma espécie, e relações
B) equilíbrio, epidemia, crescimento e recuperação.
intraespecíficas são aquelas estabelecidas entre
indivíduos de espécies diferentes. C) equilíbrio, epidemia, extinção e recuperação.
98 Coleção Estudo 4V
06. (UFMG) Nos peixes, a fecundação e o desenvolvimento Analisando-se as informações anteriores, é INCORRETO
predação das fases jovens. Assim, esses animais A) A capacidade de suporte do ambiente para a
população A pode ter sido alterada pela introdução
adotam a estratégia de produzir milhares de gametas,
da espécie exótica X.
tanto femininos quanto masculinos, para garantir uma
B) A biodiversidade do ecossistema anterior referido foi
alta produção de formas jovens, das quais poucas vão reduzida pela introdução da espécie exótica X.
sobreviver e dar continuidade à espécie. C) A espécie exótica X poderia afetar a população A
Considerando as informações, o gráfico que MELHOR competindo por espaço, por luz ou por nutrientes do meio.
representa a curva de sobrevivência desses animais é: D) A espécie exótica X poderia afetar diretamente outra
população do ecossistema que mantém relação
D) ecológica com a população A.
% sobreviventes
A)
% sobreviventes
BioLoGiA
as plantas comumente armazenam néctar nas suas
flores em estruturas específicas chamadas de nectários.
Idade Idade Contudo, várias espécies de plantas também podem
apresentar nectários longe das flores, os chamados
“nectários extraflorais”. Essas estruturas podem ser
E)
% sobreviventes
B)
% sobreviventes
Idade C) colonialismo.
10. (Fuvest-SP–2017) A figura representa a estrutura de três populações de plantas arbóreas, A, B e C, por meio de pirâmides
etárias. O comprimento das barras horizontais corresponde ao número de indivíduos da população em cada estágio, desde
planta recém-germinada (plântula) até planta senescente.
Estágios Populações
A B C
Senescente
Adulto 2
Adulto 1
Juvenil 2
Juvenil 2
Plântula
BRESINSKY, et al. Tratado de Botânica de Strasburger 36ª ed. Ed. Artmed, Porto Alegre, 2012 (Adaptação).
A população que apresenta maior risco de extinção, a população que está em equilíbrio quanto à perda de indivíduos e a
população que está começando a se expandir são, respectivamente,
A) A, B, C. B) B, A, C. C) B, A, C. D) B, C, A. E) C, A, B.
SEÇÃO ENEM
01. (Enem–2016) Um pesquisador investigou o papel da predação por peixes na densidade e tamanho das presas, como possível
controle de populações de espécies exóticas em costões rochosos. No experimento colocou uma tela sobre uma área da comunidade,
impedindo o acesso dos peixes ao alimento, e comparou o resultado com uma área adjacente na qual os peixes tinham acesso
livre. O quadro apresenta os resultados encontrados após 15 dias de experimento.
02. (Enem–2014) Existem bactérias que inibem o crescimento de um fungo causador de doenças no tomateiro, por consumirem
o ferro disponível no meio. As bactérias também fazem fixação de nitrogênio, disponibilizam cálcio e produzem auxinas,
substâncias que estimulam diretamente o crescimento do tomateiro.
PELZER, G. Q. et al. Mecanismos de controle da murcha-de-esclerócio e promoção de crescimento em tomateiro
mediados por rizobactérias. Tropical Plant Pathology, v. 36, n. 2, mar.–abr. 2011 (Adaptação).
Qual dos processos biológicos mencionados indica uma relação ecológica de competição?
A) Fixação de nitrogênio para o tomateiro.
B) Disponibilização de cálcio para o tomateiro.
C) Diminuição da quantidade de ferro disponível para o fungo.
D) Liberação de substâncias que inibem o crescimento do fungo.
E) Liberação de auxinas que estimulam o crescimento do tomateiro.
03. (Enem–2013) No Brasil, cerca de 80% da energia A relação descrita no texto, entre a fêmea do gênero
elétrica advém de hidrelétricas, cuja construção implica Photuris e o macho do gênero Photinus, é um exemplo de
o represamento de rios. A formação de um reservatório A) comensalismo.
para esse fim, por sua vez, pode modificar a ictiofauna
B) inquilinismo.
local. Um exemplo é o represamento do Rio Paraná,
onde se observou o desaparecimento de peixes cascudos C) cooperação.
quase que simultaneamente ao aumento do número de D) predatismo.
peixes de espécies exóticas introduzidas, como o mapará E) mutualismo.
e a corvina, as três espécies com nichos ecológicos
semelhantes. 06. (Enem–2008) Um grupo de ecólogos esperava encontrar
PETESSE. M. L.; PETRERE JR. M. Ciência Hoje. aumento de tamanho das acácias, árvores preferidas de
São Paulo, n. 293. v. 49, jun. 2012 (Adaptação).
grandes mamíferos africanos, como girafas e elefantes,
Nessa modificação da ictiofauna, o desaparecimento de já que a área estudada era cercada para evitar a entrada
cascudos é explicado pelo(a) desses herbívoros. Para espanto dos cientistas, as acácias
BiologiA
A) redução do fluxo gênico da espécie nativa. pareciam menos viçosas, o que os levou a compará-las
B) diminuição da competição intraespecífica. com outras duas áreas de savanas: uma área na qual os
herbívoros circulam livremente e fazem podas regulares nas
C) aumento da competição interespecifíca.
acácias, e outra de onde eles foram retirados há 15 anos.
D) isolamento geográfico dos peixes.
O esquema a seguir mostra os resultados nessas duas áreas.
E) extinção de nichos ecológicos.
Acácias
04. (Enem–2013) As fêmeas de algumas espécies de aranhas,
escorpiões e de outros invertebrados predam os machos Presença de
Sim Não
após a cópula e inseminação. Como exemplo, fêmeas herbívoros
canibais do inseto conhecido como louva-a-deus, Tenodera
Poda das Acácias
aridofolia, possuem até 63% da sua dieta composta por acácias sem poda
machos parceiros. Para as fêmeas, o canibalismo sexual
pode assegurar a obtenção de nutrientes importantes
Maior Menor
na reprodução. Com esse incremento na dieta, elas produção produção
geralmente produzem maior quantidade de ovos. de néctar de néctar
BERTOLDI, O. G.; VASCONCELLOS, J. R. Ciência & sociedade: E) a relação entre os animais herbívoros, as formigas
a aventura da vida, a aventura da tecnologia. e as acácias é a mesma que ocorre entre qualquer
São Paulo: Scipione, 2000 (Adaptação). predador e sua presa.
100 000
Número de veados
C) I, II e IV, apenas.
06. C
D) II e III, apenas.
BIOLOGIA C 10
Cadeia alimentar
Ao conjunto de populações de espécies diferentes que Em uma floresta, muitas espécies estão adaptadas a viver
vivem em uma mesma área e em um determinado intervalo apenas nas copas mais altas das árvores, enquanto outras têm
de tempo dá-se o nome de comunidade ou biocenose ou, como habitat os troncos e os galhos mais baixos. Assim, em um
ainda, biota. Em uma comunidade, encontramos relações mesmo habitat, pode haver diferentes espécies de seres vivos.
intraespecíficas (entre os indivíduos de uma mesma
Dentro do seu habitat, cada espécie possui um modo de vida
população) e relações interespecíficas (entre indivíduos de
que constitui o seu nicho ecológico. O nicho de uma espécie
espécies diferentes).
compreende tudo o que a espécie faz dentro do ecossistema,
Ao se fazer o estudo de uma comunidade, não levamos ou seja, o que come, onde, como e a que momento do dia
em consideração as condições físicas e químicas do meio isso ocorre, como se inter-relaciona com as demais espécies
ambiente. Interessa-nos conhecer apenas as diferentes do ambiente, quando e como se reproduz, etc. Pode-se dizer,
espécies de seres vivos da região, seus modos de vida e também, que o nicho ecológico é o conjunto de atividades de
como se inter-relacionam umas com as outras. uma espécie no ecossistema. Quando dizemos, por exemplo,
Quando relacionamos a comunidade com as condições que os preás são roedores de hábitos noturnos, que vivem
físico-químicas do ambiente, estamos diante de um nível durante o dia em tocas cavadas em depressões úmidas do
de organização mais complexo, chamado ecossistema ou terreno e saem à noite, geralmente em bandos com cerca
complexo ecológico. Assim, todo ecossistema é constituído de dez indivíduos, em busca de capim, arroz, trigo, milho
por um meio biótico (representado pelos seres vivos da e outras plantas que lhes sirvam de alimento, procurando
região) e por um meio abiótico ou biótopo (representado esquivar-se de corujas, lobos-guarás, cobras e outros
pelas condições físico-químicas da região). predadores, estamos relatando parte do nicho ecológico
O conjunto de todos os ecossistemas de nosso planeta desses animais. É comum falarmos em nicho de alimentação,
recebe o nome de biosfera. A biosfera, portanto, representa nicho de reprodução, etc. Conhecendo o nicho ecológico de
a parte do nosso planeta que contém vida. uma espécie, podemos determinar sua posição funcional no
Podemos subdividir a biosfera em epinociclo, limnociclo ecossistema, isto é, a função por ela desempenhada.
e talassociclo. Alguns autores comparam a relação habitat e nicho
• Epinociclo (biociclo terrestre) – Compreende todos ecológico com o endereço e a profissão. O habitat seria o
os ecossistemas de terra firme, como as florestas, endereço da espécie (local onde ela vive), e o nicho, a sua
os desertos e os campos. profissão (o que ela faz dentro do seu meio).
• Limnociclo (biociclo dulcícola) – Compreende Segundo o princípio da exclusão competitiva ou Princípio
todos os ecossistemas de água doce, como os rios e de Gause, duas ou mais espécies não podem explorar, por
os lagos. muito tempo, o mesmo nicho ecológico dentro de um mesmo
• Talassociclo (biociclo marinho) – Compreende todos habitat. Se espécies diferentes têm o mesmo nicho, então terão
os mares e oceanos, isto é, todos os ecossistemas de os mesmos hábitos ou mesmo modo de vida. Se estiverem
água salgada. em um mesmo habitat, a forte competição entre elas acaba
Muitas vezes, encontramos na biosfera regiões de transição promovendo mudança de habitat (migração) ou de nicho
entre diferentes ecossistemas. Tais regiões são chamadas (alteração do hábito alimentar, por exemplo), ou mesmo a
de ecótono (ecótone). No ecótono, encontramos espécies extinção da espécie menos adaptada às condições ambientais.
características dos ecossistemas que lhes são vizinhos, bem Pode-se dizer, então, que a competição é uma relação
como espécies que sejam exclusivas do ecótono. Um bom ecológica em que ocorre sobreposição de nichos ecológicos.
exemplo de ecótono é a região de transição entre um campo Evidentemente, quanto maior for a sobreposição dos nichos
e uma floresta. considerados, mais acirrado se torna o mecanismo competitivo.
A área ou espaço físico onde normalmente vive uma Assim, quando nos deparamos, em um determinado habitat,
determinada espécie, dentro do ecossistema, constitui com espécies que estabelecem entre si interações antigas,
o habitat da espécie. O leão, a zebra e a girafa, por podemos afirmar que seus nichos são diferentes. Mesmo
exemplo, vivem em um mesmo habitat: as savanas quando se trata de organismos proximamente relacionados,
africanas. Diferentes espécies de animais têm como habitat uma análise mais cuidadosa de seus nichos pode revelar
as águas mais superficiais dos ecossistemas marinhos, certas diferenças, como atividade em horas diferentes do dia
enquanto muitas outras vivem em regiões mais profundas. ou ligeiras preferências em relação ao alimento disponível.
Por exemplo: certas espécies de herbívoros nutrem-se de A produtividade primária líquida (PL) é a diferença
pastagem em um mesmo habitat, mas não competem pelo entre o que foi produzido pelo vegetal (produtividade bruta)
alimento, pois umas se alimentam apenas das folhas mais e o que foi consumido por ele na respiração, durante um
tenras, enquanto outras preferem as folhas mais velhas. Por dado intervalo de tempo.
mais que possa parecer que espécies diferentes possuem o
mesmo nicho dentro de um mesmo habitat, na realidade, PL = PB – R
isso é praticamente impossível. Sempre haverá alguma coisa
PL = Produtividade primária líquida
que uma espécie faz diferentemente da outra. Duas espécies
PB = Produtividade primária bruta
de peixes, por exemplo, podem conviver em uma mesma
R = Respiração
profundidade de uma lagoa, alimentar-se semelhantemente
e ter atividade mais intensa em uma mesma hora do dia, mas Exemplo:
se reproduzirem em épocas diferentes do ano. Nesse caso,
A produtividade primária bruta de um campo de milho nos
seus nichos se sobrepõem em grande parte, mas ainda assim
Estados Unidos foi avaliada, em 1926, em 8 208 kcal/m2/ano.
são diferentes.
Sendo a respiração avaliada em 2 045 kcal/m2/ano, podemos
Às vezes, mesmo entre indivíduos de uma mesma espécie, dizer que a produtividade líquida desse campo foi de
há diversidade de nichos. Entre insetos, por exemplo, 6 163 kcal/m2/ano, bastando, para isso, aplicar a relação
muitas espécies de mosquitos revelam hábitos alimentares (PL = PB – R).
diferentes entre machos e fêmeas: o macho é fitófago
(alimenta-se de plantas), enquanto a fêmea é hematófaga Consumidores
(alimenta-se de sangue dos animais).
São seres heterótrofos que, na incapacidade de produzir
Espécies diferentes que vivem em habitat diferentes, mas têm
primariamente a matéria orgânica glicose em seu próprio
nichos ecológicos semelhantes, são chamadas de equivalentes
ecológicos. É o caso, por exemplo, dos búfalos que vivem nas organismo, procuram obtê-la de outros organismos, por meio
pradarias americanas e das zebras das savanas africanas, pois de predatismo, parasitismo, comensalismo, mutualismo,
ambas as espécies têm nichos bastante semelhantes. etc. Podem ser subdivididos em ordens dentro de um
ecossistema. Assim, temos:
O meio biótico • Consumidores de 1ª ordem (primários) – Obtêm
Nos ecossistemas, o meio biótico, isto é, os seres alimentos diretamente dos produtores.
vivos, estão distribuídos em três categorias: produtores, • Consumidores de 2ª ordem (secundários) –
consumidores e decompositores. Obtêm alimentos dos consumidores de 1ª ordem.
BiologiA
exemplos de cadeias alimentares.
camada orgânica morta, fato que inviabilizaria a existência da
vida na Terra. Para alguns autores, os decompositores nada
mais são do que consumidores especiais, que se alimentam
dos restos de todos os demais componentes do ecossistema.
Sua importância está em reciclar a matéria, tornando-a Sol
Gafanhoto Ave
novamente disponível para os organismos da comunidade.
(consumidor (consumidor
OBSERVAÇÃO Capim primário)
(produtor) secundário)
Pa ra a l g u n s a u t o r e s , o s t e r m o s d e t r i t í vo r o s e
decompositores são sinônimos. Outros, entretanto, Bactérias e fungos
(decompositores)
admitem a seguinte diferença: detritívoros são os animais
que se alimentam de matéria orgânica morta, e os seus O fluxo de matéria na cadeia alimentar é cíclico – Na figura,
dejetos ainda contêm matéria orgânica que é atacada pelos a matéria passa do capim (produtor) para o gafanhoto e deste
decompositores. Segundo eles, a minhoca seria um exemplo para a ave. A ação dos decompositores a devolve, no estado
de animal detritívoro. Ainda segundo esses autores, os inorgânico, ao meio ambiente.
decompositores são organismos, como as bactérias e os Cada componente da cadeia constitui um nível trófico
fungos, que fazem a transformação da matéria orgânica (nível alimentar). Assim, os produtores formam o 1º
em inorgânica (minerais), que é utilizada pelas plantas. Os nível trófico; os consumidores primários (1ª ordem)
decompositores agem sobre os dejetos que os detritívoros constituem o 2º nível trófico; os consumidores secundários
eliminam e também sobre os cadáveres dos detritívoros. (2ª ordem) formam o 3º nível trófico, e assim sucessivamente.
Existem ainda autores que consideram como Os decompositores poderão estar em diversos níveis tróficos
decompositores todos os seres vivos que se alimentam (exceto no 1º nível), dependendo da origem dos restos
de restos de organismos ou de organismos mortos, orgânicos que degradam. Veja o exemplo a seguir:
classificando-os em três tipos: necrófagos, detritívoros e
microdecompositores. Para esses autores, necrófagos são os
animais que se alimentam de cadáveres, como fazem, por
exemplo, os urubus e as hienas; detritívoros são os animais Preás
que comem detritos: restos de vegetais que caem das Cobras
plantas (folhas, flores, frutos), restos de animais (escamas, Gramíneas
pelos, penas, carapaças de insetos, ossos) ou ainda Bactérias
excrementos. Geralmente, os invertebrados necrófagos são (decompositores)
também detritívoros, como acontece com moscas, besouros, Níveis tróficos – 1º nível trófico (nível dos produtores) → gramíneas;
formigas e muitos outros. Necrófagos e detritívoros não 2º nível trófico (nível dos consumidores de 1ª ordem) → preás;
consomem todas as substâncias existentes nos organismos 3º nível trófico (nível dos consumidores de 2ª ordem) → cobras.
mortos ou nos restos dos organismos. O consumo completo
A maioria dos produtores é de organismos fotossinteti-
e, portanto, o desaparecimento desses restos, deve-se
zadores, e, assim, a luz solar se constitui em uma fonte
à atividade dos microdecompositores, representados por
de energia indispensável para a manutenção dos diversos
certos fungos e bactérias.
ecossistemas. Entretanto, por mais eficientes que sejam,
Em todos os ecossistemas, existe uma estreita relação os produtores só conseguem utilizar uma pequena parte da
de interdependência entre os produtores, os consumidores energia luminosa do Sol que chega à superfície da Terra.
e os decompositores. Essa interdependência se manifesta, Calcula-se, aproximadamente, que apenas 47% da energia
por exemplo, por meio da cadeia alimentar. solar que atinge a nossa atmosfera chega à superfície.
Entretanto, parte dessa energia é refletida, e parte é absorvida orgânica em um ecossistema pode não ser utilizada nem
e transformada em calor, que é utilizado na evaporação decomposta, ficando armazenada. As pirâmides de energia não
da água e no aquecimento da superfície, tendo um papel mostram claramente a parte da energia que é armazenada.
importante na determinação do clima e dos processos Além da pirâmide de energia, podemos representar as
atmosféricos. Estima-se que apenas uma pequena parcela cadeias alimentares pelas pirâmides de número e de biomassa.
(de 1 a 2%) da luz solar que alcança a superfície terrestre
seja utilizada na realização da fotossíntese. A pirâmide de números indica a quantidade de indivíduos
presentes em cada nível trófico da cadeia alimentar. Veja o
Os produtores fotossintetizantes atuam como conversores de
exemplo a seguir:
energia: transformam a energia luminosa que absorvem em
energia química. Esta fica armazenada nas moléculas orgânicas Consumidor
1 ave secundário
(carboidratos) fabricadas na fotossíntese. A energia química é
300 gafanhotos Consumidores
a modalidade de energia utilizada pelas células dos organismos primários
produtores, consumidores e decompositores do ecossistema. 5 000 plantas Produtores
É por meio da cadeia alimentar que parte dessa energia, fixada
pelos produtores, é transferida aos níveis tróficos seguintes. Pirâmide de números – 5 000 plantas (produtores) existentes
À medida que é transferida de um nível trófico para outro, em um determinado meio são necessárias para alimentar 300
gafanhotos (consumidores primários), que, por sua vez, servirão
a quantidade de energia disponível diminui, uma vez que
de alimento a apenas uma ave (consumidor secundário).
boa parte da energia obtida por um organismo por meio da
alimentação é gasta na manutenção de suas atividades vitais. A pirâmide de números pode, também, ser invertida. Veja
Alguns autores consideram que, de modo geral e aproximado, os exemplos a seguir:
cada elo da cadeia alimentar recebe apenas 10% da energia
que o elo anterior recebeu. Cobra Carrapatos Piolhos
Ratos Gado Macacos
O fato de haver essa redução da disponibilidade de energia
na passagem de um nível trófico para outro faz com que as Capim Capim Árvore
cadeias alimentares não sejam muito longas, raramente A B C
tendo mais que quatro ou cinco níveis tróficos. Quanto
Pirâmides de números – A: Pirâmide na qual o número de
mais curta for a cadeia alimentar, maior será a quantidade indivíduos decresce do primeiro ao último nível trófico da
de energia disponível para os níveis tróficos. Quanto mais cadeia. B: Pirâmide mostrando um número maior de carrapatos
distante dos produtores estiver um determinado nível trófico em relação ao gado, como geralmente sucede-se na interação
de consumidores, menor será a quantidade de energia parasita-hospedeiro. C: Pirâmide com vértice voltado para baixo:
útil recebida. A energia, portanto, apresenta um fluxo caracteriza os casos em que o produtor, apresentando grande
unidirecional e decrescente ao longo da cadeia alimentar. porte, ocorre em número relativamente pequeno no ecossistema.
O fluxo de energia entre os componentes de uma cadeia
Uma pirâmide de números traz a desvantagem de nivelar
alimentar em um ecossistema pode ser representado por uma
os organismos sem levar em conta seu tamanho e sem
pirâmide: a pirâmide de energia.
representar adequadamente a quantidade de matéria
A pirâmide de energia indica a quantidade de energia orgânica existente nos diversos níveis.
acumulada em cada nível trófico da cadeia alimentar e a A pirâmide de biomassa (pirâmides das massas)
disponibilidade de energia para o nível seguinte. Ela nunca
representa graficamente a biomassa, ou seja, a massa de
pode ser invertida e mostra claramente o princípio da perda
matéria orgânica dos organismos em cada nível trófico.
de energia em cada nível trófico da cadeia.
Consumidor
terciário 1 kg
Consumidor secundário (15 kcal) 10 kg
10 000 kg
Pirâmide de energia em um ecossistema de floresta temperada.
Para cada 1 500 kcal fornecidas pela vegetação (produtores), Pirâmide das massas ou biomassas – Repare que, nesse caso,
apenas 150 kcal são efetivamente transferidas e aproveitadas pelos considera-se não o número de indivíduos em cada nível trófico,
consumidores de primeira ordem. Da mesma forma, para cada
mas a biomassa transferível de um nível trófico a outro. São
150 kcal disponíveis desses consumidores para os de segunda
necessários 10 000 kg de algas para suprir a alimentação de
ordem, só 15 kcal serão aproveitadas. O aproveitamento é cerca
1 000 kg de microcrustáceos, 1 000 kg de microcrustáceos
de um décimo da energia disponível no grupo trófico anterior.
satisfazem as necessidades de 100 kg de peixes pequenos; e assim
Um dos inconvenientes das pirâmides de energia é que nelas sucessivamente. Cada nível exige uma biomassa 10 vezes maior
não há lugar adequado para os decompositores, que são uma no nível anterior, porque apenas 10% da energia é transferível
parcela importante do ecossistema. Além disso, muita matéria de um nível a outro.
2 Zooplâncton
FOLHA DE S. PAULO, 29 abr. 2012.
1 Fitoplâncton
BiologiA
Nesse exemplo, no momento da medição, a biomassa dos Com relação aos insetos holometábolos, como os
produtores (fitoplâncton) é menor do que a dos consumidores representados nos quadrinhos, é CORRETO afirmar que
primários (zooplâncton). Isso pode parecer estranho, porém, se
A) os diferentes recursos explorados pelas formas jovem
lembrarmos de que a taxa de reprodução (potencial biótico) do
fitoplâncton é muito mais elevada do que a do zooplâncton e de e adulta possibilitam que, em um mesmo habitat, um
que a velocidade de consumo do fitoplâncton pelo zooplâncton é mesmo nicho ecológico possa comportar um maior
grande, fica fácil compreender como uma biomassa aparentemente número de espécies.
menor de produtores pode sustentar uma biomassa grande de
consumidores primários. Isso acontece exatamente pelo fato de B) a forma jovem compõe um nicho ecológico diferente
não se levar em consideração o fator tempo na construção de uma daquele da forma adulta, o que demonstra que a uma
pirâmide de biomassa. Fica claro que se a produtividade (que leva mesma espécie podem corresponder diferentes nichos
o tempo em consideração) tivesse sido medida, e não a biomassa,
ecológicos, mas não diferentes habitat.
a pirâmide do exemplo seria bem mais larga na base. A inversão da
pirâmide aparece porque a medição da biomassa é relativa apenas C) os diferentes recursos explorados pelas formas jovem
àquele momento e não considera a taxa de renovação da matéria e adulta possibilitam que um mesmo habitat suporte
orgânica (a velocidade de reprodução do fitoplâncton é maior que um maior número de indivíduos da espécie.
a do zooplâncton, o que permite a sua rápida renovação).
D) as formas jovem e adulta competem pelos mesmos
03. (PUC Minas) Consideremos a teia ecológica a seguir: 02. (UEL-PR–2016) Leia o trecho a seguir:
Decompositores
[…] a vida somente conseguiu se desenvolver às custas
(1)
de transformar a energia recebida pelo Sol em uma forma
Consumidores Consumidores útil, ou seja, capaz de manter a organização. Para tal,
(2) (3)
pagamos um preço alto: grande parte dessa energia é
Consumidores perdida, principalmente na forma de calor.
(4)
Assinale a alternativa que apresenta, CORRETAMENTE,
01. (UERJ–2016) 03. (FCMSC-SP) Um animal que caça aves que se alimentam
de sementes é
concentração de metal
5 A) produtor.
B) decompositor.
4
C) consumidor de 1a ordem.
3 D) consumidor de 2a ordem.
2 E) consumidor de 3a ordem.
No gráfico, está indicada a concentração de um metal acumulam energia e determinam assim a produtividade
pesado no corpo de vários habitantes de um lago, bem secundária líquida. Sobre as pirâmides de energia,
como a concentração do isótopo de nitrogênio 15N, é CORRETO afirmar que
cujos valores mais elevados estão associados a níveis
crescentes na cadeia alimentar. A) a energia é conservada entre os níveis tróficos.
A curva de concentração de metal, nesses seres vivos, B) a respiração dos autótrofos é uma fonte de energia
pode ser explicada pelo processo de
para os heterótrofos.
A) magnificação trófica.
C) a produtividade primária líquida é representada na
B) eutrofização do lago.
base da pirâmide.
C) interrupção do fluxo de energia.
D) retenção de matéria orgânica em consumidores D) a excreção é uma fonte de energia para os níveis
maiores. tróficos superiores.
05. (UFJF-MG) As pirâmides a seguir mostram a relação Considerando que uma lagarta tenha ingerido uma
entre produtores (P), consumidores primários (C1), quantidade de folhas com matéria orgânica equivalente
consumidores secundários (C2) e consumidores terciários a 600 calorias, quanto dessa energia estará disponível
(C3) de uma floresta tropical nos períodos de chuva e seca. para um predador da lagarta?
A) 100 calorias
B) 200 calorias
C) 300 calorias
D) 400 calorias
Seção Enem
BIOLOGIA
01. (Enem–2016) Ao percorrer o trajeto de uma cadeia
alimentar, o carbono, elemento essencial e majoritário
Pirâmide II
da material orgânica que compõe os indivíduos, ora se
Analisando as pirâmides correspondentes aos períodos encontra em sua forma inorgânica, ora se encontra em
de chuva e de seca, é CORRETO afirmar que ambas sua forma orgânica. Em uma cadeia alimentar composta
podem representar por fitoplâncton, zooplâncton, moluscos, crustáceos
e peixes ocorre a transição desse elemento da forma
A) o número de indivíduos, o fluxo de energia e a
inorgânica para a orgânica.
biomassa dentro da cadeia trófica.
B) o número de indivíduos e o fluxo de energia dentro Em qual grupo de organismos ocorre essa transição?
respiração celular, enquanto o 1/3 restante é convertido E) protocooperação com micro-organismos fixadores
em matéria orgânica da lagarta. de nitrogênio.
03. (Enem–2014) Com o objetivo de substituir as sacolas 06. (Enem–2000) O esquema a seguir representa os diversos
de polietileno, alguns supermercados têm utilizado um meios em que se alimentam aves, de diferentes espécies,
novo tipo de plástico ecológico, que apresenta em sua que fazem ninho na mesma região.
composição amido de milho e uma resina polimérica
termoplástica, obtida a partir de uma fonte petroquímica.
Ave tipo 1
ERENO, D. Plásticos de vegetais.
Pesquisa Fapesp, n. 179, jan. 2011 (Adaptação). Ave tipo 2
Ilhotas de nidificação
B) absorvem água com facilidade.
1
Estepe salgada
Dunas e praias
C) caramelizam-se por aquecimento e se quebram. Arrozais Charco Charcos Mar
Pântanos
Terreno seco pouco salgados
D) são digeridos por organismos decompositores. ou cultura salgado
E) decompõem-se espontaneamente em contato com
água e gás carbônico.
04. (Enem–2013) Estudos de fluxo de energia em ecossistemas Com base no esquema, uma classe de alunos procurou
demonstram que a alta produtividade nos manguezais está identificar a possível existência de competição alimentar
diretamente relacionada às taxas de produção primária entre essas aves e concluiu que
líquida e à rápida reciclagem dos nutrientes. Como exemplos
A) não há competição entre os quatro tipos de aves
de seres vivos encontrados nesse ambiente, temos: aves,
porque nem todas elas se alimentam nos mesmos
caranguejos, insetos, peixes e algas.
locais.
Dos grupos de seres vivos citados, os que contribuem
B) não há competição apenas entre as aves dos tipos 1, 2
diretamente para a manutenção dessa produtividade no
e 4 porque elas retiram alimentos de locais exclusivos.
referido ecossistema são
C) há competição porque a ave do tipo 3 se alimenta em
A) aves. D) insetos.
todos os lugares e, portanto, compete com todas as
B) algas. E) caranguejos. demais.
C) peixes.
D) há competição apenas entre as aves 2 e 4 porque
elas retiram grande quantidade de alimento de um
05. (Enem–2011) Os personagens da figura estão representando mesmo local.
uma situação hipotética de cadeia alimentar.
E) não se pode afirmar se há competição entre as
aves que se alimentam em uma mesma região sem
conhecer os tipos de alimentos que consomem.
gABArito
fixação
01. C 03. C
02. A 04. C
BIOLOGIA C 11
Sucessão ecológica
Denomina-se sucessão ecológica o processo natural por Sucessão ecológica iniciada a partir da
meio do qual uma comunidade muda gradualmente com
superfície de uma rocha nua
o decorrer do tempo, até atingir uma situação de maior
estabilidade, denominada clímax. A superfície de uma rocha granítica nua e compacta
é extremamente árida, uma vez que tal superfície não
Alguns autores costumam classificar as sucessões
absorve água. Toda a água que a rocha recebe da chuva,
ecológicas em primárias e secundárias.
por exemplo, escorre ou evapora rapidamente. Por isso,
• Sucessão primária – É a que ocorre em uma área são pouquíssimos os seres vivos que conseguem se instalar
anteriormente sem vida. Representa a ocupação por nesse local e se desenvolver. Praticamente, só os liquens
seres vivos de uma área ou superfície até então nua. (associação mutualística de algas com fungos) conseguem
É o que acontece, por exemplo, quando há o aparecimento se instalar e se desenvolver na superfície de uma rocha
de espécies vegetais em uma região cujas condições não nua. Assim, sorédios (fragmentos de liquens) transportados
são inicialmente favoráveis, como dunas de areia, rochas pelo vento, ao caírem sobre a superfície da rocha nua,
nuas ou derrame de lavas vulcânicas. se instalam e desenvolvem-se, iniciando o povoamento
daquela região. Dessa forma, os liquens constituirão a
• Sucessão secundária – É a que ocorre em uma comunidade pioneira na superfície da rocha.
área abandonada, onde anteriormente já houve uma
Uma vez instalados, os liquens começam a liberar sobre a
comunidade que, por algum motivo, foi destruída.
superfície da rocha certos ácidos orgânicos que, lentamente,
Essa área pode ser, por exemplo, um campo de cultivo
vão degradando a superfície, abrindo pequenas fendas, em
abandonado ou uma floresta após um incêndio. que partículas de terra e areia trazidas pelo vento começam
a se depositar, formando-se aí um microssolo, que passa
Etapas da sucessão a reter pequenas quantidades de água. Nesse microssolo,
começam a se acumular restos de liquens mortos, o que
Na sucessão gradual de comunidades em uma mesma permitirá a ação de decompositores e, consequentemente,
região, distinguem-se as seguintes fases ou etapas: ecese, o enriquecimento do meio com certos nutrientes minerais.
séries e clímax (homeostase). Observe que a instalação da comunidade pioneira,
representada pelos liquens, provoca alterações na superfície
• Ecese (ecésis) – É a etapa inicial do processo de
da rocha, criando novas condições abióticas, que permitirão
sucessão. As espécies de seres vivos que participam
a instalação de outras espécies. Assim, trazidos pelo vento,
dessa etapa são chamadas de espécies pioneiras.
esporos de musgos (briófitas) podem se instalar nesse
Elas produzem modificações no meio abiótico da
microssolo úmido. Os musgos são vegetais que só alcançam
região, criando condições para a instalação de outras
poucos centímetros de altura, não têm raízes verdadeiras e
espécies de seres vivos. não exigem solos profundos.
• Séries (seres) – São as diferentes comunidades que Os musgos, ao morrerem, junto ao maior quantidade
surgem na região entre o estágio inicial (ecese) e final de terra, água e nutrientes minerais retidos nas fendas,
(clímax) de uma sucessão, isto é, são as comunidades formarão um solo mais espesso, o que permitirá o
intermediárias entre a ecese e o clímax. desenvolvimento de novas espécies, como as gramíneas.
• Clímax – É o estágio final de uma sucessão ecológica. As raízes das gramíneas promoverão o aparecimento de
Nesse estágio, a comunidade atinge o seu máximo novas fendas, aumentando e aprofundando os espaços e
desenvolvimento, que é sempre compatível com facilitando a formação de bolsas de terra cada vez maiores
as condições físico-químicas do meio. Mudanças e mais profundas, onde começam a aparecer arbustos e,
posteriormente, árvores. Assim, o local que no passado era
drásticas nos fatores do ambiente (incêndios,
apenas a superfície nua (despovoada) de uma rocha, após
erupções vulcânicas, grandes alterações climáticas,
certo tempo, torna-se um solo onde cresce e desenvolve-se
desastres ecológicos) podem modificar o equilíbrio
uma comunidade mais estável e predominantemente
da comunidade clímax.
arbórea, que persiste até que uma mudança no ambiente,
Vejamos alguns exemplos de sucessões ecológicas: natural ou provocada pelo homem, perturbe o seu equilíbrio.
Sucessão ecológica
radiculares
submersas
Plantas
B
Arquivo Bernoulli
Logo após a sua formação natural, a água de uma lagoa
é normalmente límpida, sem vida, e o fundo, desprovido de
vegetação. O fitoplâncton, formado por algas microscópicas,
é a primeira forma de vida vegetal a se instalar; em seguida,
surgem os animais microscópicos do zooplâncton. Esses
emersas
Plantas
organismos, ao morrerem, vão se acumulando no fundo,
propiciando o processo de decomposição, que enriquece a C
água com nutrientes. O aumento de nutrientes nas águas
de uma lagoa é denominado eutroficação (eutrofização)
e favorece a proliferação de outras espécies de vegetais
e animais. Uma lagoa eutrófica (“que alimenta bem”)
Arquivo Bernoulli
é geralmente uma lagoa pouco profunda, de águas
esverdeadas (ricas em algas) e pobre em O2. Já uma lagoa
BIOLOGIA
oligotrófica (“que alimenta mal”) é pobre em nutrientes,
geralmente profunda, de águas límpidas e rica em O2.
Os primeiros estágios de uma lagoa apresentam oligotrofia,
Floresta
que, aos poucos sofre eutroficação.
Aumento da biomassa
Lagoa
da comunidade aumenta e, assim, no estágio final (clímax), passam por mudanças através da sucessão ecológica. Em
temos produtividade bruta (PB) e respiração (R) que se relação a esse processo, é correto afirmar que ocorre
equivalem, com a relação entre ambas tendendo para 1 A) estabilidade da biomassa total.
(PB/R = 1). Isso significa que tudo que está sendo produzido
B) aumento da biodiversidade.
é utilizado pela própria comunidade e, consequentemente,
C) diminuição no tamanho dos indivíduos.
a produção líquida (PL) é baixa.
D) aumento da vegetação pioneira.
O quadro a seguir mostra as principais características da
comunidade no decorrer de uma sucessão. E) estabilidade na reciclagem dos nutrientes.
Características Tendências da sucessão: 02. (UFRGS-RS) Uma comunidade vegetal em estágio jovem
da comunidade do estágio inicial até o clímax
atua com mais eficiência do que uma comunidade clímax
Diversidade de espécies Aumento na “fixação do carbono” porque apresenta
Biomassa Aumento A) uma baixa produtividade primária bruta.
Teia alimentar Aumento da complexidade B) a relação produtividade bruta / respiração próxima
BIoLoGIa
Disponível em: <www.sar8.org.br> (Adaptação).
de substituição das comunidades ao longo do tempo
O processo ecológico ilustrado é a sucessão ecológica, (sucessão ecológica).
caracterizado
A) pela ocupação gradativa dos nichos existentes.
A B C D E
B) pela transição biogeográfica entre diferentes biomas.
C) pela faixa contínua de vegetação entre fragmentos
florestais.
D) pela vegetação existente ao longo das margens dos
corpos-d’água.
E) pelo aumento da oscilação nas condições ambientais.
Espera-se que ao longo deste processo ocorra uma
diminuição do(a)
02. (FUVEST-SP–2014) Considere as seguintes comparações
A) produtividade líquida.
entre uma comunidade pioneira e uma comunidade
clímax, ambas sujeitas às mesmas condições ambientais, B) biomassa.
B) Diminui a transmissão dos caracteres adquiridos entre ( ) A sucessão primária tem início em ambientes cujas
as espécies. comunidades sofreram grandes perturbações,
comprometendo a estabilidade do estágio clímax da
C) Aumentam os efeitos causados pela seleção natural
sucessão.
nas espécies.
D) Diminuem as modificações evolutivas nas diferentes A sequência está CORRETA em
espécies. A) F, F, F, V, V. C) V, F, F, V, F.
E) Aumenta a variabilidade genética das espécies. B) F, F, V, V, F. D) V, V, V, V, V.
07. (Unesp) Uma ilha situada a 20 km de distância do 02. O território brasileiro, devido a sua magnitude espacial,
continente, após a explosão de um vulcão, foi coberta por comporta um mostruário bastante completo de paisagens
uma camada espessa de cinza quente e nenhuma planta e ecologias do Mundo Tropical.
AB’SABER, Aziz. Domínios de natureza no Brasil, 2003.
ou animal sobreviveu. Alguns anos após, observou-se
a presença de liquens seguidos de outras plantas. Uma dessas paisagens, a Floresta Amazônica, vem
Posteriormente, foi possível verificar também a presença sendo objeto de inúmeras discussões em virtude de
sua crescente exploração. Nesse bioma a produtividade
de pequenos animais e, tempos mais tarde, a presença
líquida é
de animais de maior porte. Após várias décadas, a ilha
A) baixa, porque constitui uma comunidade clímax.
estava coberta por uma floresta jovem, mas densa.
B) baixa, porque possui pequena diversidade de
Pergunta-se: espécies.
A) Como se chama o fenômeno ecológico ocorrido na C) alta, porque encontra-se no estágio inicial de uma
sucessão ecológica.
ilha, a partir da erupção vulcânica?
D) alta, porque possui um pequeno número de nichos
B) Por que, no processo de reorganização das ecológicos.
comunidades na ilha, os organismos heterótrofos E) alta, porque a sua biomassa tem valores desprezíveis.
não poderiam ter sido os pioneiros?
gABArito
seção eNem
fixação
01. O esquema a seguir mostra um processo de sucessão
01. B
ecológica que teve início em um campo de cultivo
abandonado, situado em uma região anteriormente 02. D
ocupada por floresta decídua temperada.
03. D
04. B
Idade
(anos) 0 1-10 10-25 25-100 + de 100
Propostos
Tipo de Campo Floresta de Clímax
Gramíneas Arbustos
comunidade abandonado coníferas florestal 01. A
as espécies pioneiras.
05. A
B) uma sucessão secundária em que a composição em
espécie muda mais rapidamente no início e mais 06. B
BIOLOGIA C 12
Ecossistemas e principais
biomas brasileiros
Ecossistemas Terrestres Tundra
Conforme já vimos, a biosfera é subdividida em biociclos: Localizada no Hemisfério Norte, abaixo da zona de gelo
biociclo terrestre (epinociclo), biociclo dulcícola (limnociclo) permanente (calota polar), a Tundra circunda o Polo Norte,
e biociclo de água salgada (talassociclo). compreendendo a parte norte do Alasca, do Canadá, da
Groenlândia, da Noruega, da Suécia, da Finlândia e da Sibéria.
Os biociclos podem ser subdivididos em unidades
chamadas biócoros ou biocoras. As Florestas e os Campos, Na Tundra, há apenas duas estações: verão e inverno.
por exemplo, são biócoros do biociclo terrestre. Cada O verão é de curta duração (2 a 3 meses), com temperaturas
biócoro, por sua vez, pode ser subdividido em partes em torno de 10 °C. Nesse curto verão, surgem áreas onde o
denominadas biomas. O biócoro floresta, por exemplo, solo degela apenas superficialmente, e a camada mais inferior
apresenta vários biomas com características bióticas e permanece congelada (permafrost), o que impede a drenagem
abióticas próprias: Floresta Tropical, Floresta Temperada, da água do degelo e leva à formação de poças e lagoas,
Floresta de Coníferas, etc. Os biomas, portanto, são grandes apesar de a precipitação anual ser muito baixa. No inverno,
ecossistemas com fauna, flora e clima próprios, constituídos que se estende pela maior parte do ano (cerca de 10 meses),
por comunidades que atingiram o estágio clímax. Assim, as camadas mais superficiais do solo também ficam congeladas.
as Florestas, os Campos e os Desertos são exemplos de
É um bioma que recebe pouca energia radiante proveniente
biomas terrestres. Já os lagos e os mares são exemplos
do Sol e pouca luminosidade. A precipitação é pequena,
de biomas aquáticos.
ocorrendo normalmente sob a forma de neve.
OBSERVAÇÃO
A vegetação da Tundra é pouco exuberante e se
Alguns autores usam o termo “bioma” para designar desenvolve, predominantemente, durante os meses de
apenas ecossistemas terrestres. Outros usam a palavra verão e nas áreas onde o solo degela superficialmente.
indistintamente para grandes ecossistemas, incluindo Ao norte, predominam os musgos e os liquens, e mais
os aquáticos. ao sul, onde a temperatura é um pouco mais elevada,
O estado de clímax atingido por um bioma depende são encontrados também pequenos arbustos. Não existem
de um grande número de fatores, tais como a latitude, árvores na Tundra. No inverno, essa vegetação praticamente
as temperaturas médias e extremas da região, o relevo, desaparece, em consequência do frio intenso e da seca
o regime de chuvas e o tipo de solo. fisiológica (fenômeno no qual os solos frios permitem
A identificação dos biomas terrestres é feita principalmente pouca absorção de água, e os solos gelados, nenhuma).
por meio da vegetação que apresentam. Por isso, são Assim, não é a temperatura baixa que diretamente provoca
também conhecidos como formações fitogeográficas, isto a pobreza da vegetação e, especialmente, a inexistência de
é, formações vegetais típicas de determinadas regiões. árvores: é a disponibilidade de água que impõe limites ao
de Coníferas, Florestas Temperadas, Florestas Tropicais, A fauna da Tundra é constituída por rena (caribu), boi-
Campos e Desertos. Um mesmo tipo de bioma terrestre -almiscarado, urso-polar, lobo-do-ártico, raposa-do-ártico,
pode estar presente em mais de uma região do planeta, por lebre-do-ártico, lemingues (pequenos roedores), coruja-das-
exemplo: o bioma do tipo Floresta Tropical existe em parte da -neves, ptármigas ou ptarmigans (aves do tamanho de um
América do Sul e em regiões da África e da Ásia; o mesmo pombo), perdiz branca e poucas espécies de insetos (embora o
ocorre com o bioma do tipo Deserto, que é encontrado em número de indivíduos por espécie seja grande, notadamente o
várias partes da Terra. de dípteros, vulgarmente chamados de moscas e mosquitos).
• Folhas aciculares (finas e compridas, à semelhança de Essas árvores são decíduas (do latim deciduus, que cai) ou
agulhas) revestidas por uma camada de cera, que reduz caducas (do latim caducus, que cai), isto é, perdem todas
a perda de água durante todo o período em que o solo as suas folhas no fim do outono, vindo daí o nome Floresta
está gelado e as raízes não podem realizar a absorção. Decídua ou Floresta Caducifoliada. Essa queda das folhas
Os ramos curvam-se sob o peso da neve, até que também é uma adaptação que protege a planta da seca
esta, deslizando, se desprenda. Pelo fato de sua fisiológica, já que, uma vez sem as folhas, ela conserva mais
vegetação ser formada basicamente por árvores a água em seu corpo durante o inverno, período em que a
portadoras de folhas aciculares, esse bioma também maior parte dessa substância fica imobilizada no solo devido
é conhecido como Floresta Aciculifoliada. às baixas temperaturas.
BioLoGia
principalmente, por alces, cervos, linces, martas, ursos- • Uma camada de árvores, geralmente de 8 a 30
-pardos, lobos, raposas-vermelhas, lebres-americanas, metros de altura, que formam uma cobertura vegetal
contínua. Essa, evidentemente, é a camada de
porcos-espinho, esquilos, camundongos, aves e insetos.
vegetação que recebe a luz do Sol mais intensamente.
São encontrados também alguns animais que migram da
Tundra, como a rena. • Uma camada de arbustos, que chega a uma altura
aproximada de 5 metros. Os arbustos assemelham-se
às árvores, mas ramificam-se próximo ou rente ao solo.
• Uma camada de gramíneas e também de pteridófitas
Malene Thyssen / Creative Commons
A cerificação observada nas folhas, notadamente na face Por isso, esses solos normalmente não se prestam à agri-
superior, destina-se à defesa contra o excesso de luz. As folhas cultura. Geralmente, são argilosos e, após o desmata-
das árvores não caem todas de uma só vez, como acontece mento, sofrem erosão rápida ou, então, endurecem-se,
nas Florestas Temperadas Decíduas e, por isso, essas plantas formando crostas espessas de difícil cultivo.
são também denominadas perenifólias (do latim perennis,
perpétuo, duradouro). Suas folhas caem gradualmente, sendo campos
logo substituídas por outras.
Encontrados tanto em regiões tropicais quanto em
Assim como nas Florestas Temperadas Decíduas, temperadas, recebem diferentes denominações conforme
a vegetação das Florestas Pluviais Tropicais tem uma nítida as regiões e os países em que se desenvolvem. Podem ser
estratificação vertical. No primeiro estrato, ficam as copas classificados em Estepes e Savanas.
das árvores mais altas (que podem atingir 40 metros ou
mais). Debaixo dessa cobertura, vem um outro estrato estepes
formado por árvores de menor porte e, em seguida, vem um Campos onde há nítido predomínio das gramíneas,
estrato formado por arbustos, com poucos metros de altura.
encontrados em regiões cujo clima apresenta períodos
Sobre os troncos das árvores e arbustos, desenvolvem-se
de seca. As pradarias da América do Norte e os Pampas
muitos liquens, bromélias e samambaias. É grande o número
da Argentina, do Uruguai e do sul do Brasil são exemplos
de parasitos e de epífitas. A vegetação rasteira, próxima ao
de Estepes.
solo, é escassa devido à pequena quantidade de luz que
recebe. Alguns cálculos mostram que, em certas Florestas Nas pradarias americanas, a vegetação, predominantemente
Tropicais, chega ao solo cerca de 500 vezes menos luz que constituída por gramíneas, pode variar de meio metro
nas copas das árvores mais altas. a dois metros de altura. Antílopes americanos, bisões,
Os teores de oxigênio, umidade e temperatura também lobos, coiotes, raposas, roedores, cobras, aves insetívoras,
são diferentes nos diversos estratos dessa vegetação, por gaviões, corujas e muitos insetos são exemplos de animais
exemplo: as copas das camadas superiores aquecem-se encontrados nas pradarias da América do Norte.
muito durante o dia, porém perdem calor rapidamente Nos Pampas, a vegetação predominante é também
à noite. Ao contrário, nas camadas mais inferiores,
constituída por gramíneas, mas estas raramente ultrapassam
a temperatura varia muito pouco. Assim, apesar de o bioma
50 cm de altura. Tatus, diversas espécies de roedores,
estar submetido a um clima geral, existem microclimas
carnívoros (guaraxaim, gato-do-Pampa), grande variedade
distintos nos diferentes estratos.
de répteis (cobras e lagartos), aves (quero-quero, seriema,
A enorme quantidade de nichos ecológicos presentes chimango-carrapateiro), insetos e aranhas são exemplos de
nessas florestas permite a existência de uma fauna rica e representantes da fauna dos Pampas.
diversificada, constituída por muitos mamíferos arborícolas
(macacos, lêmures, bichos-preguiça), mamíferos terrícolas
(cotias, antas, capivaras, veados, onças, tapires), muitas
Tomfriedel / Creative Commons
BIOLOGIA
No Cerrado, a fauna é constituída por tatus, veados,
grande variedade de roedores (capivara, paca, cutia, preá), Os animais do Deserto também possuem adaptações
carnívoros (onça-parda, cachorro-do-mato, lobo-guará), especiais que lhes permitem viver nas condições ambientais
muitas aves (corujas, gaviões, emas, seriemas), numerosas desse bioma. Os mamíferos do Deserto, por exemplo,
cobras e muitos insetos. têm urina e fezes concentradas, ausência ou redução das
glândulas sudoríparas, maior utilização da água metabólica e
Desertos uma tolerância maior à desidratação. O camelo, por exemplo,
consegue sobreviver perdendo até 40% da água corpórea,
Aparecem na África, Ásia, Austrália, América do Norte
ao contrário da grande maioria dos mamíferos, em que a
e América do Sul. O Deserto do Saara, que se estende da
perda de 10 a 20% da água corpórea leva à morte.
costa atlântica da África até a Arábia, é o maior do mundo.
A presença de uma pelagem clara e densa em muitos
Os Desertos são biomas de baixa pluviosidade e de baixa
animais do Deserto é outra adaptação contra a desidratação:
umidade do ar. Durante o dia, as temperaturas são altas
os pelos atuam como uma barreira que retarda o
(frequentemente, ultrapassam os 40 °C) e, não havendo
aquecimento do animal. Constatou-se, experimentalmente,
quantidade suficiente de vapor-d’água para fazer a retenção
que camelos tosquiados (com pelos em torno de 1 cm de
de calor, as noites são, geralmente, extremamente frias.
comprimento) desidratam-se mais rapidamente que camelos
Pode haver variações de 30 °C ou mais entre o dia e a noite.
não tosquiados.
Não é a areia, como muita gente pensa, que caracteriza
o Deserto, e, sim, a sua aridez. No Saara, por exemplo, Muitos pequenos mamíferos do Deserto, como o rato-
apenas 30% do território é coberto por areia. A maior parte -canguru, podem passar a vida inteira sem beber água, obtendo
do Saara e dos outros Desertos apresenta uma superfície toda a água de que necessitam das plantas que comem.
rochosa ou de barro ressecado. Em todos eles, as chuvas A maioria dos animais do Deserto também tem hábitos
são escassas. Essa pouca disponibilidade de água nesse tipo noturnos, ou seja, é mais ativa à noite, quando as condições
de bioma constitui um fator que limita o desenvolvimento
de temperatura são mais amenas.
da vida vegetal e animal.
Esses ecossistemas podem apresentar três regiões ou Os maiores biomas lênticos da biosfera são o
zonas: litorânea, límnica e profunda. Lago Baikal, localizado na Sibéria (com 1 754 m
profundidade), e o Lago Tanganica, na África
Zonas de um lago
(com 1 449 m).
Zona litorânea
Zona límnica
O2 O2
Zona profunda
mais ricamente habitada. São encontradas muitas Nenhum animal Muitos animais
espécies de plantas enraizadas no fundo, plantas
flutuantes, plantas totalmente submersas e muitos
Esquema comparando a circulação da água de lagos nos
animais, como moluscos, artrópodes, anfíbios
trópicos (à esquerda) e em latitudes médias (à direita).
e peixes.
• Zona límnica – Parte mais central ou interna do lago As águas lóticas compreendem os rios e os riachos,
e que se estende até a profundidade de penetração caracterizados pelas correntezas das águas. Nesses
da luz. É muito rica em plâncton (fitoplâncton e ecossistemas, o constante movimento das águas, formando
zooplâncton). O plâncton é o conjunto dos organismos correntes, determina um ambiente rico em oxigênio e
aquáticos, flutuantes, em sua maioria microscópicos em nutrientes “importados” de ecossistemas vizinhos,
e que podem ser autótrofos ou heterótrofos. principalmente da vegetação marginal.
O fitoplâncton é formado pelos organismos autótrofos Os organismos que vivem nas águas lóticas dependem
do plâncton, representado por uma infinidade de
da velocidade das correntes. Em locais de correntezas
algas microscópicas fotossintetizantes, como algumas
rápidas, praticamente não há plâncton. Nesses locais,
espécies de clorofíceas (algas verdes), cianofíceas
são encontrados algas e musgos fixados à superfície de
(algas azuis), euglenofíceas e diatomáceas.
pedras. Sob essas pedras, vivem alguns animais de corpo
O zooplâncton, por sua vez, é formado pelos seres
extremamente achatado, que se ajusta às reentrâncias
heterótrofos do plâncton, sendo formado por
estreitas, e com adaptações especiais que os capacitam a se
protozoários, por microcrustáceos e por larvas de
segurar às pedras. Para esses pequenos organismos, capazes
diversos organismos.
de resistir à rapidez das correntes, há abundância de oxigênio
Nesse tipo de bioma, os produtores estão representados
e de nutrientes varridos pelas águas. Nos locais onde as
por plantas que vivem parcial ou totalmente
correntezas se tornam mais lentas (águas mais calmas),
submersas e, principalmente, pelo fitoplâncton.
os rios passam a apresentar características semelhantes
Os organismos do fitoplâncton são os produtores mais
aos ecossistemas lênticos (lagos e lagoas).
significativos desse ecossistema, e os do zooplâncton
atuam como consumidores primários (o zooplâncton Costuma-se dividir o curso de um rio em três partes: curso
alimenta-se do fitoplâncton). inicial, curso médio e curso final.
Além da riqueza em seres planctônicos, a zona límnica • Curso inicial – Geralmente de leito rochoso e
é também habitada por diversas espécies de peixes corrente rápida. Plâncton escasso.
que, geralmente, são os habitantes de maior parte
• Curso médio – Porção do rio onde, geralmente, as
dos biomas de águas lênticas.
correntezas são mais lentas e, por isso, mais rico
• Zona profunda – Região do lago em que não há
em plâncton.
penetração de luz e, consequentemente, não existe
vida fotossintetizante. Os principais habitantes • Curso final – A correnteza, em geral, também
dessa região são bactérias e fungos que decompõem é lenta e de água mais turva devido ao acúmulo
os restos orgânicos que descem das águas de grande quantidade de detritos, o que provoca
mais superficiais. escassez de fitoplâncton.
BIOLOGIA
variação é menor do que a observada nos ecossistemas
terrestres, uma vez que os oceanos retêm maior quantidade Quanto à profundidade dos oceanos, podem-se distinguir
de calor, liberando-o mais lentamente que a terra. as seguintes regiões ou zonas: intertidal, nerítica, batial,
A temperatura da água tende a diminuir com a profundidade, abissal e hadal.
e nas águas mais profundas ela permanece mais ou menos
• Zona intertidal ou das marés – Região sujeita ao
constante, em torno de 2,5 ºC.
avanço e recuo das águas todos os dias, isto é, sofre
Os sais minerais dissolvidos na água do mar estão em as flutuações das marés (preamar = maré alta e
porcentagens e em quantidades diferentes das encontradas na baixa-mar = maré baixa), ficando alternadamente
água-doce. A salinidade dos mares é de cerca de 3,5 g/L (gramas exposta ao ar e recoberta pela água. Essa região é
por litro), com predominância do cloreto de sódio (NaCl). também conhecida por ambiente ou sistema litorâneo.
Lembre-se de que os sais minerais dissolvidos na água estão É uma região com muita luminosidade, oxigênio e
dissociados em íons. Mais de 75% dos íons dissolvidos na alimento. Além dos animais de vida livre, há grande
água do mar estão representados por Cl e Na . Em regiões
– +
quantidade de algas e de animais fixos às rochas que
próximas à costa, a salinidade pode ser menor e mais estão adaptados à alternância de exposição à água
variável do que a de regiões de mar aberto em função da e ao ar.
influência dos rios e chuvas.
• Zona nerítica – Corresponde à região situada sobre
Quanto à penetração da luz, os ecossistemas marinhos a plataforma continental. Estende-se desde a linha
apresentam as seguintes regiões: zona fótica e zona afótica. de marés até a, aproximadamente, 200 metros de
profundidade. É rica em fitoplâncton, zooplâncton e
• Zona fótica – Região muito iluminada que se estende
em grandes cardumes de peixes, que são utilizados
até a profundidade máxima de 200 metros. Alguns
na alimentação humana, o que a torna uma região
autores costumam subdividi-la em zona eufótica e
de grande importância econômica.
zona disfótica. A zona eufótica (muito iluminada)
está situada entre a superfície e a profundidade • Zona batial ou oceânica – Região que se estende
média de 80 metros, e a disfótica (pouco iluminada) dos 200 até cerca de 2 000 metros de profundidade.
situa-se em uma faixa entre 80 e 200 metros de Suas águas são frias e pobres em fauna.
profundidade. Na zona fótica, especialmente na faixa
• Zona abissal – Região que se estende dos 2 aos
da região eufótica, encontram-se numerosos seres
5 mil metros de profundidade. Os seres que aí vivem
fotossintetizadores representados, principalmente,
estão representados por bactérias decompositoras
por diversas espécies de algas do fitoplâncton
e por alguns poucos animais adaptados à vida em
marinho. Esses seres são os principais produtores
regiões escuras e de grandes profundidades. Entre
desse tipo de bioma.
essas adaptações, podemos citar o corpo achatado,
• Zona afótica – Região escura onde não há mais a que permite suportar maiores pressões, e a pressão
penetração da luz. Situa-se abaixo de 200 metros interna do corpo elevada, que é uma compensação
de profundidade. Nessa região, portanto, não são em relação às grandes pressões externas que agem
encontrados mais seres fotossintetizadores. sobre eles. Quando capturados e trazidos à superfície,
o seu corpo simplesmente “explode” em virtude da água de baixo para cima, que trazem os nutrientes do fundo
grande pressão que exerce de dentro para fora. Tais para a superfície, enriquecendo as águas mais superficiais e
seres, como os organismos abissais, são classificados permitindo, assim, a proliferação de algas fotossintetizantes e,
como euribáricos, enquanto os que não suportam consequentemente, de animais. Nesses locais de ressurgência,
grandes pressões são chamados de estenobáricos, há uma abundância de peixes, como ocorre nas costas do
como são predominantemente os seres aquáticos. Peru e, em menor intensidade, no Brasil, na região de Cabo
Muitos organismos abissais também possuem boca Frio. Não fosse a existência dessas correntes, a maior parte
e dentes grandes, bem como estômago dilatável, dos minerais, resultante da atividade de decomposição,
que são adaptações importantes à escassez de permaneceria no fundo dos oceanos. Essas correntes é que
alimento, pois facilitam o aproveitamento nas poucas trazem boa parte desses minerais à superfície iluminada, onde
serão utilizados pelos produtores. Com isso, a produtividade
oportunidades quando o alimento é encontrado.
primária nessas regiões é elevada, o que torna a região mais
Muitas espécies abissais realizam o fenômeno da
fértil e, consequentemente, capaz de suportar a presença de
bioluminescência ou fotogênese, isto é, produzem luz.
numerosos consumidores.
Isso, evidentemente, facilita a vida dessas espécies
em uma região onde não há penetração da luz. Quanto à motilidade, os organismos que habitam os oceanos
Algumas espécies de animais abissais são cegos, mas estão distribuídos em três grupos: plâncton, nécton e bênton.
a grande maioria enxerga e produz bioluminescência
• Plâncton – O plâncton (do grego plankton,
por meio de estruturas chamadas de “lanternas”.
errante) é constituído por seres flutuantes que são
Devido a isso, a seleção natural favoreceu, nesse
carregados passivamente pelas ondas e correntes.
ambiente, os animais que enxergam. Alguns organismos planctônicos podem até ter
• Zona hadal – É a região mais profunda dos oceanos, movimentos próprios, mas não são capazes de
abaixo de 5 mil metros. Nela, praticamente não vencer a força das correntes e das ondas e, por
existe vida. isso, acabam sendo carregados. Tal como nos
ecossistemas dulcícolas, o plâncton marinho
Nível Zona das marés é subdividido em fitoplâncton e zooplâncton.
do mar O fitoplâncton é formado pelas algas microscópicas,
Zona pelágica
• Bênton – O bênton (do grego benthos, fundo do A mata das várzeas, situada entre os igapós e a terra
mar) é constituído por seres que vivem afixados a um firme, é inundada apenas durante as épocas de cheias dos
substrato (solo, rocha) e também pelos seres que se rios e abriga plantas como a seringueira (cujo tronco pode
locomovem arrastando-se no solo marinho. Assim, chegar a até 3 metros de diâmetro na base, e cuja altura
seres bentônicos podem ser sésseis ou errantes. pode chegar a 50 metros), o cacaueiro e palmeiras diversas.
Os sésseis vivem afixados a um substrato e estão A mata de terra firme, situada nos terrenos altos e nunca
representados por certas algas macroscópicas, inundada, abriga vegetais como a castanheira (castanha-
pólipos de cnidários, espongiários (poríferos), etc. -do-pará), o guaraná, o pau-rosa, cipós e muitas epífitas.
O bênton errante é formado por seres que se As precipitações são bem distribuídas no decorrer do ano
deslocam sobre o fundo (solo marinho), como as (superiores a 1 800 mm/ano), e as temperaturas médias
estrelas-do-mar, os caranguejos e os caramujos. anuais ficam em torno de 25 a 28 °C. A temperatura
apresenta pequena variação entre o dia e a noite.
OBSERVAÇÃO
Os termos plâncton, nécton e bênton também são Trata-se de um ecossistema de grande complexidade,
BioLoGia
empregados para os organismos que vivem nos ecossistemas no estágio clímax, e com um grande número de nichos
ecológicos. Apesar de se falar de um clima geral, existem
de água-doce.
muitos microclimas devido à estratificação da vegetação.
É também uma Floresta Pluvial Tropical típica, classificada Além das araucárias, aí também aparecem pinheiros
por alguns como Floresta Pluvial Costeira, semelhante à do gênero Podocarpus (utilizado na fabricação de lápis),
Floresta Amazônica em muitas de suas características. samambaias, erva-mate (planta utilizada para fazer infusões)
A diferença mais expressiva entre elas está, provavelmente, e gramíneas. Assim, distinguimos três estratos de vegetação
na topografia do terreno que ocupam: a Floresta Amazônica bem definidos: o arbóreo, constituído pelos pinheiros,
situa-se em ampla planície, já a Mata Atlântica é mais
o arbustivo, constituído por samambaias arborescentes,
íngreme, ocorrendo em regiões montanhosas.
e o herbáceo, constituído pelas gramíneas.
A cadeia de montanhas da Serra do Mar atua como uma
Alguns autores classificam a Mata de Araucárias como
barreira aos ventos úmidos que sopram do mar. Estes,
sendo uma Floresta Temperada Indecídua, uma vez que as
ao atingirem as montanhas, sobem e sofrem resfriamento,
plantas dominantes (pinheiros-do-paraná) não perdem suas
havendo condensação de vapor-d’água, que se precipita
em forma de chuva. Assim, tem-se uma região úmida o folhas durante o inverno.
suficiente para suportar essa densa mata. Atualmente, a Mata de Araucárias é um ecossistema
A vegetação lembra a da Floresta Amazônica, embora praticamente extinto. Em virtude da exploração do pinheiro-
menos exuberante, sendo constituída, predominantemente, -do-paraná pelas companhias madeireiras, existem hoje
por higrófitas. Também possui árvores de grande porte apenas 200 000 hectares dessa floresta, que se estendia,
(não tão altas quanto as da Amazônia) ligadas por lianas na primeira metade do século XX, por cerca de 4 milhões
(cipós) e com grande número de epífitas. Entre as árvores, de hectares.
as espécies mais representativas são: a canela, o jequitibá,
o pau-brasil, o jacarandá, a peroba, o ipê, a quaresmeira e Campos Cerrados
diversas palmeiras, muitas delas, inclusive, exploradas para
a extração do palmito. Inúmeras espécies de samambaias, Ocupam, aproximadamente, 25% do território brasileiro,
musgos e avencas também são encontradas. ocorrendo principalmente na região Centro-Oeste e nos
estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Maranhão e Piauí.
A fauna também é semelhante à Amazônica. Aí,
encontramos macacos, preguiças, onças, jaguatiricas, O clima na região é quente (média anual de 26 °C), com
cachorros-do-mato, porcos-do-mato, papagaios, araras,
duas estações: uma seca, bem pronunciada, que pode
tucanos, cobras, lagartos, insetos, etc.
perdurar de 5 a 7 meses, na qual os rios não secam, porém
Entre os ecossistemas brasileiros, a Mata Atlântica é um têm sua vazão reduzida; e outra chuvosa, abrangendo
dos mais devastados. De fato, dos 350 000 km2 de área os meses de verão. O solo é arenítico, geralmente muito
que possuía à época do descobrimento, restam apenas profundo, e sua grande permeabilidade permite a infiltração
10 000 km2,ou seja, 5% da área inicial. Com essa devastação, fácil da água, que, ao encontrar rocha impermeável, forma
suas espécies vegetais e animais vivem ameaçadas de extinção.
um lençol subterrâneo. As camadas de terra adjacentes a
esse lençol são também úmidas, de maneira que a seca
Floresta ou Mata de Araucárias de inverno atinge somente as camadas mais superficiais.
Localizada no Sul de nosso país, estende-se pelos estados É também um solo ácido, pobre em nutrientes minerais e
do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sendo com alta taxa de alumínio, substância muito tóxica para
também conhecida por Mata dos Pinhais ou Zona dos Pinhais. a vegetação.
O clima da região é temperado, com chuvas regulares e
estações relativamente bem definidas, em que o inverno O Cerrado é um tipo de Savana. Sua vegetação é composta
é normalmente frio, com geadas frequentes, e o verão por pequenas árvores esparsas, arbustos e gramíneas. Entre
razoavelmente quente. As copas das árvores formam uma as plantas típicas desse bioma, podemos citar a lixeira, o pau-
camada contínua, como ocorre na Floresta Amazônica e na -terra, a sucupira, a peroba-do-campo, o pequi, a copaíba,
Mata Atlântica. Por serem mais abertas, são menos úmidas o angico, a caviúna, o barbatimão e gramíneas, como o
do que as Florestas Pluviais Tropicais. capim-flecha e o barba-de-bode. Essa vegetação apresenta
A vegetação é formada predominantemente pelo pinheiro- algumas características xeromórficas, isto é, de xerófitas,
-do-paraná (Araucaria angustifolia), que pode atingir até tais como caules tortuosos com casca grossa e folhas espessas
30 metros de altura e 1,5 de diâmetro. Como é uma heliófita com superfície muitas vezes brilhantes. Por causa disso,
(planta de Sol), os ramos mais baixos da araucária, que ficam acreditava-se antigamente que o fator limitante nessa região
na sombra, são eliminados, permanecendo as ramificações era a água. Por outro lado, no Cerrado, existem também
apenas no topo de seus troncos, o que lhes confere um plantas com características típicas de lugares úmidos: folhas
aspecto de guarda-sol. largas, produção de flores e brotos em plena estação da seca.
Isso desencadeou uma série de estudos sobre esse bioma Os restos deixados pelos predadores são consumidos por
por parte de vários pesquisadores. Os estudos demonstraram aves de rapina, entre as quais destaca-se o gavião. Outros
que, na realidade, a água não é o fator limitante do Cerrado. predadores, além dos mamíferos, são as numerosas cobras
Descobriu-se que o solo, mesmo na estação seca, contém e corujas. Aves corredoras, como emas e seriemas, vivem
um teor apreciável de umidade, de 2 metros de profundidade também nesse bioma. Nas áreas nuas, formigueiros e cupins
em diante, e as raízes de muitas plantas aprofundam-se nele formam elevações.
até atingir o lençol-d’água subterrâneo, retirando, assim,
a água necessária para sua sobrevivência. Conseguiu-se Pampas
entender, então, por que, ao lado das características Ocupam boa parte do Rio Grande do Sul, representando
xeromórficas de algumas plantas, havia outras típicas uma área de grande importância econômica para a
de ambientes ricos em água. Atualmente, explica-se
agricultura e a pecuária da região.
o aspecto xeromórfico de muitas plantas do Cerrado em função
da escassez de nutrientes do solo e não da falta de água. São formações de campos limpos, com uma distribuição
BIOLOGIA
É, portanto, um pseudoxeromorfismo (falso xeromorfismo). regular de chuvas, apresentando verão quente e inverno
muito frio.
A deficiência de nutrientes no solo dificulta muito a síntese
A vegetação é formada predominantemente por gramíneas.
de proteínas, e o excesso de carboidratos produzidos pelas
A ocorrência de árvores e arbustos é rara, embora algumas
plantas acaba se acumulando em estruturas que lhes dão
aspectos xeromórficos: súber espesso, cutículas grossas, árvores possam ser encontradas esparsamente distribuídas,
muito esclerênquima. Fala-se, então, que essa vegetação como a unha-de-gato, o pau-de-leite e a sombra-de-touro.
do Cerrado possui um escleromorfismo oligotrófico, ou seja, A fauna apresenta alguns animais típicos: roedores,
as plantas apresentam endurecimento das estruturas devido raposa-do-campo, gato-do-pampa e guaraxaim.
à falta de nutrientes em níveis adequados. Ao que tudo
indica, a quantidade elevada de alumínio no solo do Cerrado Embora sejam bastante utilizados como terras de cultivo,
também agrava o escleromorfismo oligotrófico da vegetação. os Pampas prestam-se muito à pastagem, permitindo a
existência de uma pecuária desenvolvida.
As queimadas ocorrem naturalmente com certa frequência.
Entretanto, muitas plantas típicas desse bioma possuem Caatinga
uma resistência maior à ação do fogo, sendo capazes de Localizada no Nordeste de nosso país, ocupa cerca de 11%
refazer em poucas semanas a vegetação verde, substituindo da superfície do território brasileiro.
o tom cinza deixado pela queimada. Essa resistência
deve-se a certas adaptações que essas plantas possuem. Apresenta clima semiárido, com chuvas escassas e
As plantas se caracterizam por terem folhas apenas nos Existe uma fauna aquática bem variada, constituída de
três ou quatro meses de inverno, que é a estação das chuvas. moluscos, crustáceos e diversas espécies de peixes (dourado,
No resto do tempo, elas ficam sem folhas (vegetação pacu, jaú, pintado, surubim, piau, piranhas, etc.), que garante
caducifólia), e o aspecto da vegetação se torna mais claro, a existência de uma variadíssima comunidade de aves, entre
vindo daí o nome “mata branca”, em tupi, “caatinga”. as quais se destacam garças, tuiuiús, saracuras, urubu-
A queda das folhas na estação seca representa também um
-rei, emas, seriemas e muitas outras. Existem mais de
modo de reduzir a área exposta à transpiração.
230 espécies de aves, sendo a maioria pernalta.
Entre os representantes da fauna, temos veados, guará,
guaxinim, tatus e tamanduás (que se alimentam de formigas Existem grandes répteis nesse bioma, entre eles duas
e cupins), diversas espécies de cobras e aves de rapina. espécies de jacarés: o jacaretinga e o jacaré-do-pantanal,
que se alimentam de peixes. Das cobras, a espécie mais
Alguns autores classificam a Caatinga como uma Floresta
impressionante é a sucuri, cobra não venenosa que pode
Tropical Caducifólia.
atingir até 10 metros de comprimento. Mamíferos de destaque
Mata dos Cocais (Zona dos Cocais) são as capivaras (roedores que podem atingir até 70 kg), as
onças-pardas e pintadas, as ariranhas, o tamanduá-bandeira,
Ocupando grande parte dos estados do Maranhão e do os porcos-do-mato (queixada, cateto), várias espécies de
Piauí, atingindo também o Rio Grande do Norte, a Mata macacos e diferentes tipos de veados, entre os quais se
dos Cocais é uma formação fitogeográfica exclusivamente
destaca o cervo-do-pantanal.
brasileira. Constitui uma zona de transição entre a Floresta
Amazônica e a Caatinga.
Manguezais
A vegetação é formada predominantemente por palmeiras,
como o babaçu, a carnaúba e o buriti. Os babaçuais Os Mangues, Manguezais ou Florestas de Mangue
são matas densas, com árvores de 10 a 15 metros, localizam-se às margens dos oceanos, geralmente
que produzem pequenos cocos de onde se extraem óleos; em estuários (locais onde os rios se encontram com
os carnaubais, com árvores de até 20 metros, apresentam-se o mar). Possuem um solo lodoso, mal arejado, salino,
mais espaçados. Das sementes da carnaúba, extraem-se
periodicamente inundado por água salobra (uma mistura
óleos comumente utilizados na fabricação de margarinas;
das águas de um rio com as águas salgadas). Esse tipo de
das folhas dessa palmeira, obtêm-se ceras empregadas em
cremes de polir; sua madeira é usada em construção, e a solo limita o número de espécies de plantas. A vegetação
palha serve para fabricar cestos, tapetes e outros objetos, predominante é arbórea, formada por halófitas (plantas
além de ser utilizada na cobertura de casas. adaptadas para sobreviver em ambientes com alta
salinidade). Algumas dessas plantas, como a Rhizophora
Pantanal Mato-Grossense mangle (mangue-vermelho), possuem raízes-escora que
As afirmativas anteriores se referem ao seguinte bioma: B) a Caatinga apresenta muitos seres vivos de espécies
diferentes.
A) Taiga
C) esse estudo permite concluir que os seres vivos dessa
B) Tundra
BIOLOGIA
região não serão dizimados.
C) Floresta tropical D) as mudanças climáticas no local são ocasionadas pelo
D) Floresta temperada excesso de cactáceas e gramíneas.
E) o plantio de cana favorece a biodiversidade e pode
02. (VUNESP) Assinale a alternativa que representa, em ordem desacelerar a desertificação do local.
crescente, os ecossistemas com maior diversidade de vida.
B) Tundra, Taiga, Floresta Tropical Pluvial, Floresta 01. (UniEVANGÉLICA–2015) Analise o mapa a seguir:
Temperada Caducifólia.
pequeno porte, com galhos retorcidos, casca espessa O bioma brasileiro representado no mapa é caracterizado por
e folhas coriáceas. A) fauna muito rica, vegetação arbórea esparsa e em
A) Caatinga D) Campina geral com casca espessa e troncos retorcidos e solo
pobre em determinados minerais.
B) Cerrado E) Mata Atlântica
B) índices pluviométricos baixos, ventos fortes e secos
C) Pantanal
e plantas adaptadas ao clima seco, como folhas
transformadas em espinhos.
04. (UFABC-SP) Bioma pobre, a Caatinga já perdeu 59% de
C) elevado índice de chuvas, solo com lençol freático
sua área. O jornal Folha de S. Paulo divulgou, em 05 de pouco profundo, permanecendo úmido o ano todo;
junho de 2008, que 59% do bioma, tão exaltado por a espécie vegetal típica desse bioma é o babaçu.
Euclides da Cunha e outros escritores, já está alterado. D) temperaturas moderadas, com baixas significativas
Esse resultado é diferente das últimas estimativas, que no inverno; a árvore típica é a araucária, podendo
apontavam uma alteração de 30%, aproximadamente. também ser encontradas orquídeas e bromélias.
02. (IFSP–2015) O Brasil, como os demais países tropicais, apresenta uma riqueza bem maior na biodiversidade do que os países
de clima temperado. Uma explicação possível é que
03. (Unicamp-SP) O mapa a seguir mostra a distribuição global do fluxo de carbono. As regiões indicadas pelos números I, II e
III são, respectivamente, regiões de alta, média e baixa absorção de carbono.
III
III
I
I
II II
Considerando-se as referidas regiões, pode-se afirmar que os respectivos tipos de vegetação predominante são:
04. (UFC-CE) A importância dos Manguezais, como ecossistemas relacionados à produtividade marinha, deve-se
A) à alta diversidade de fanerógamas, principalmente de espécies com estrutura radicular complexa, que permite a estabilização
dos solos costeiros.
B) à baixa oxigenação do substrato e à predominância de bactérias anaeróbicas, responsáveis por processos de liberação
de nutrientes.
C) às complexas interações entre algas e fungos, permitindo a ocupação de solos inundados e a decomposição da matéria
orgânica presente.
D) à utilização da matéria orgânica por anelídeos, moluscos bivalves e crustáceos, que atuam como decompositores.
E) à grande diversidade de organismos epifíticos, responsáveis pela alta produção de matéria orgânica.
05. (UFMS) O Cerrado, que é o segundo maior bioma 08. (UDESC-SC–2015) Segundo o IBGE existem seis biomas
brasileiro, ocupa aproximadamente 2 milhões de hectares continentais brasileiros, os quais são mostrados na
e apresenta grande biodiversidade, devido principalmente figura a seguir.
à influência de outros biomas com os quais mantém
contato (Floresta Amazônica, Floresta Atlântica, Caatinga,
Matas Secas e Pantanal). Entretanto, o Cerrado vem
sofrendo com grandes desmatamentos desde a década 1
de 70, uma vez que não é protegido por lei, e sua área 3
plana fez com que fosse considerado o local ideal para
o desenvolvimento de grandes culturas e pastagens. 2
4
Assim, o Cerrado sempre foi visto como uma fronteira
5
agropastoril, onde, através de correção do solo ácido,
tudo se produz.
Com relação ao aspecto geral da vegetação do Cerrado, 6
BIOLOGIA
é CORRETO afirmar:
Figura 5
01. Apresenta árvoes altas, de tronco retilíneo e com
casca lisa. Disponível em:<http://www.biodiversidade.rs.gov.br/
arquivos/1161807794biomas_br.jpg>.
02. Apresenta árvores baixas, com tronco retorcido e Acesso em: 30 de set. 2014 (Adaptação).
casca grossa como proteção ao fogo.
Assinale a alternativa correta em relação aos biomas
04. As folhas são grandes e membranáceas, para realizar
continentais brasileiros, mostrados na figura.
maior quantidade de fotossíntese.
A) O bioma 1 caracteriza-se por apresentar uma floresta
08. As raízes são superficiais, para facilitar a sua fixação. com vários estratos ou andares formados pelas copas
16. As folhas são pequenas e coriáceas, para evitar a das árvores.
transpiração excessiva. B) O bioma 2 caracteriza-se por ser uma floresta pouco
diversificada, porém com espécimes vegetais de copas
32. As raízes são profundas, para facilitar a absorção de
altas e com grande quantidade de primatas.
água.
C) No bioma 6 encontramos uma mata constituída
Soma ( )
principalmente por representantes de Gimnospermas
e fauna tipicamente arborícola.
06. (UFPI) Considere o texto a seguir:
D) Dentre todos os biomas apresentados, o indicado pelo
São encontrados(as) desde o Amapá até Santa Catarina, número 5 é o que se encontra mais preservado em
nos estuários de vários rios, apresentando solos alagados termos de flora e fauna.
e instáveis, ricos em matéria orgânica e pouco oxigenados
E) No bioma 3 encontra-se uma vegetação tipicamente
e são áreas de reprodução de diversas espécies marinhas.
constituída por gramíneas e árvores de pequeno
O texto refere-se
porte, com casca espessa e limbo foliar amplo.
A) às Florestas Tropicais.
B) às Florestas Temperadas.
C) aos Manguezais. Seção Enem
D) aos Cerrados.
E) às Matas de Araucária. 01. (Enem–2016) A vegetação apresenta adaptações ao
ambiente, como plantas arbóreas e arbustivas com
07. (IFCE–2016) Característico de áreas onde o clima tem raízes que se expandem horizontalmente, permitindo
duas estações bem distintas, uma seca e outra chuvosa, forte ancoragem no substrato lamacento; raízes que se
apresenta dois tipos de vegetação: arbóreo-arbustivo, expandem verticalmente, por causa da baixa oxigenação
nas quais as espécies são tortuosas e têm os caules do substrato; folhas que têm glândulas para eliminar o
geralmente revestidos por uma casca espessa e herbácea, excesso de sais; folhas que podem apresentar cutícula
disposta em tufos. A descrição refere-se ao bioma espessa para reduzir a perda de água por evaporação.
A) Floresta Tropical. As características descritas referem-se a plantas
B) Pantanal. adaptadas ao bioma
C) Mata Semiúmida. A) Cerrado. D) Manguezal.
D) Caatinga. B) Pampas. E) Mata de Cocais.
E) Cerrado. C) Pantanal.
02. (Enem-2014) Uma região de Cerrado possui lençol freático profundo, estação seca bem marcada, grande insolação e recorrência
de incêndios naturais. Cinco espécies de árvores nativas, com as características apresentadas no quadro, foram avaliadas
quanto ao seu potencial para uso em projetos de reflorestamento nessa região.
Superfície foliar Coberta por tricomas Coberta por cera Coberta por cera Coberta por espinhos Coberta por espinhos
BIOLOGIA A 12
Embriologia animal
Embriologia é o estudo do desenvolvimento do indivíduo • Ovos centrolécitos – Possuem certa quantidade de
desde a formação do zigoto (célula-ovo) até o seu vitelo acumulado na região central da célula, ao redor
nascimento ou eclosão. do núcleo. O citoplasma localiza-se na periferia da
célula sem se misturar com o vitelo. São encontrados
Esse desenvolvimento depende do tipo de ovo que,
em artrópodes.
por sua vez, depende do tipo de óvulo (gameta feminino) que
Cicatrícula
foi fecundado. Assim, conforme os óvulos fecundados sejam
oligolécitos, heterolécitos, megalécitos ou centrolécitos, Núcleo Citoplasma
os ovos resultantes também serão classificados como
oligolécitos, heterolécitos, etc. Portanto, considerando a
quantidade e a distribuição do vitelo, a classificação dos
ovos é igual à classificação dos óvulos.
Vitelo Vitelo
Oligolécito Heterolécito Telolécito Centrolécito
CLASSIFICAÇÃO DOS OVOS Tipos de ovos.
Blastocele
Segmentação meroblástica discoidal
1ª clivagem 2ª clivagem 3ª clivagem
Trofoblasto
28 Coleção Estudo 4V
Embriologia animal
Diblásticos Triblásticos
À medida que se diferenciam, os tecidos se associam uns
aos outros, formando os diferentes órgãos do animal: é a
Platelmintos, nematelmintos, moluscos,
Cnidários organogênese (formação dos órgãos).
anelídeos, artrópodes, equinodermos e cordados
Os órgãos relacionados com uma mesma função formam
Na maioria dos animais, durante a gastrulação, forma-se um sistema. Assim, encontramos no animal diferentes
também o arquêntero (do grego archaios, antigo, primitivo, sistemas (digestório, circulatório, reprodutor, etc.).
e enteron, intestino) ou gastrocele, uma cavidade delimitada
O processo de diferenciação celular depende de sinais
pelo endoderma e que dará origem à cavidade digestiva do
provenientes de hormônios, da matriz extracelular,
animal. Por isso, o arquêntero é também chamado de tubo
digestório primitivo do animal. de contato entre células e de fatores de diferenciação
chamados genericamente de citocinas. Nos seres
O arquêntero possui uma abertura, o blastóporo, que,
multicelulares que se reproduzem por fecundação, todas
dependendo do grupo de animal, poderá originar a boca ou o ânus.
Quando origina a boca, o animal é dito protostômio; quando origina as células do corpo de um indivíduo se originam do zigoto
o ânus, o animal é dito deuterostômio. A maioria dos animais e, portanto, têm os mesmos genes. Durante o processo
que formam o tubo digestório é constituída por protostômios. de diferenciação celular ocorre repressão de certos genes
Os deuterostômios são os equinodermos e os cordados. e ativação de outros. Assim, em cada célula, apenas uma
BIOLOGIA
Na maioria dos animais triblásticos, forma-se também uma parte dos genes está ativa (em funcionamento), enquanto
cavidade denominada celoma. O celoma é uma cavidade os demais permanecem inativos. Desse modo, cada célula
embrionária totalmente revestida pelo mesoderma. Todos os só produz certos tipos de proteínas que determinam sua
animais que possuem essa cavidade são ditos celomados. forma e função peculiares. Esse fenômeno, conhecido
Nem todos os animais triblásticos formam o celoma. Assim, quanto à por atividade gênica diferencial, explica as diferenças
presença ou não do celoma, os animais triblásticos são classificados morfológicas e fisiológicas existentes entre as células de um
em: acelomados, pseudocelomados e celomados (eucelomados). indivíduo. Entretanto, ainda falta muito para que possamos
compreender esse processo.
Ectoderma
Mesoderma
Endoderma
DESENVOLVIMENTO
Acelomado Arquêntero
EMBRIONÁRIO DO ANFIOXO
O anfioxo é um animal marinho pertencente ao grupo
Ectoderma dos protocordados (cordados mais primitivos). Atinge no
Mesoderma máximo 10 cm de comprimento. São pouco frequentes em
Endoderma nossas praias, mas abundantes em certas praias no sul da
Arquêntero China, onde se enterram na areia limpa e grossa de águas
Pseudoceloma rasas, deixando apenas a extremidade anterior para fora.
Pseudocelomado Ocasionalmente, saem para nadar por meio de rápidos
movimentos laterais. Tanto a região anterior do seu corpo
como a posterior são afiladas, de onde provém o nome
Ectoderma “anfioxo” (do grego amphi, duas, e oxus, ponta).
Mesoderma
Anfioxo
Endoderma
Arquêntero Cabeça
Celomado Celoma Tentáculos
O anfioxo é um animal muito utilizado para o estudo do desenvolvimento embrionário, sendo considerado um provável
ancestral dos vertebrados. Devido à sua relativa simplicidade, seu estudo facilita a compreensão das variações apresentadas
pelos animais vertebrados durante o seu desenvolvimento embrionário.
Segmentação no anfioxo – O anfioxo possui ovo do tipo oligolécito, que realiza segmentação holoblástica, formando uma celoblástula
cuja blastoderme apresenta micrômeros e macrômeros.
Após a formação da blástula, tem início a gastrulação, que no anfioxo é feita por embolia ou invaginação.
Arquêntero
Arquêntero Ectoderma Blastóporo
em formação
Mesentoderma
Blastocele
Blástula Gástrula
(em corte) (em corte)
Fase inicial da gastrulação em anfioxo.
Conforme mostram as figuras, a gastrulação no anfioxo inicia-se pela invaginação da camada inferior de blastômeros, ou seja,
dos macrômeros para o interior da blastocele. À medida que os macrômeros invaginam-se para o interior da blastocele, essa
cavidade vai desaparecendo progressivamente, surgindo uma outra cavidade denominada arquêntero (arquênteron) ou gastrocela,
que corresponde ao intestino primitivo do animal. No final do processo de invaginação, os macrômeros encostam nos micrômeros
que se encontram no polo oposto e, com isso, desaparece totalmente a blastocele. Nesse estágio, a gástrula do anfioxo é didérmica,
isto é, apresenta apenas dois folhetos embrionários: o ectoderma (ectoderme), mais externo, e o mesentoderma (mesentoderme),
mais interno, que mais tarde se diferenciará em mesoderma (mesoderme) e endoderma (endoderme). Nesse estágio, a gástrula
já apresenta o arquêntero que se comunica com o meio exterior através do blastóporo. Como o anfioxo é um animal do grupo
dos cordados, o blastóporo dará origem ao ânus. Assim, o anfioxo é um animal deuterostômio.
A gástrula do anfioxo em seu estágio inicial, quando constituída por apenas dois folhetos embrionários (gástrula didérmica),
possui um aspecto que lembra um pequeno balão, conforme mostram as figuras a seguir:
30 Coleção Estudo 4V
Embriologia animal
BIOLOGIA
2 durante toda a vida do animal. Nos peixes, ela também
persiste no adulto sob a forma de peças vestigiais que ficam
Cortes esquemáticos em gástrula do anfioxo no estágio inicial entre as vértebras da coluna vertebral. Entretanto, na grande
(gástrula didérmica) – 1. corte longitudinal: A. ectoderme; maioria dos vertebrados (anfíbios, répteis, aves, mamíferos)
B. mesentoderme; C. arquêntero; D. blastóporo. 2. corte transversal. a notocorda acaba sendo totalmente substituída pela coluna
vertebral. A notocorda origina-se de uma evaginação que se
Com a continuidade do seu desenvolvimento, a gástrula
desprende da região central do mesentoderma, correspondente
do anfioxo sofre a neurulação, passando para um estágio
ao teto do arquêntero. O mesoderma origina-se de evaginações
mais avançado, denominado nêurula. Durante a neurulação, laterais do mesentoderma. A cavidade delimitada pelo
teremos a formação do tubo neural, como também da mesoderma recebe o nome de celoma.
notocorda, do mesoderma e do celoma. Veja as figuras a seguir:
Tubo neural
Celoma
Somatopleura
Notocorda
Ectoderma
Ectoderma
Mesentoderma
Mesoderma
Esplancnopleura
somático
Arquêntero
Mesoderma
Corte longitudinal Corte transversal esplâncnico
da gástrula da gástrula
Cristas neurais Placa Endoderma
Placa neural neural Tubo digestório primitivo
A nêurula do anfioxo – Observe que o mesoderma é constituído
por dois folhetos: folheto somático e folheto esplâncnico.
O folheto somático é a parte do mesoderma que fica aderida
ao ectoderma, enquanto o folheto esplâncnico fica aderido ao
endoderma. O folheto somático do mesoderma juntamente
com a parte do ectoderma ao qual está aderido formam a
Sulco neural
Teto do arquêntero somatopleura. O folheto esplâncnico juntamente com a parte
Evaginações
do endoderma ao qual fica aderido formam a esplancnopleura.
laterais
Dando continuidade ao desenvolvimento embrionário
do anfioxo, ocorre a histogênese e a organogênese, que
correspondem, respectivamente, aos processos de formação
dos tecidos e dos órgãos, a partir dos folhetos embrionários.
Tubo neural
Notocorda DESENVOLVIMENTO
Ectoderma
embrionário humano
Celoma
Mesoderma A espécie humana pertence ao grupo dos mamíferos
Tubo eutérios, animais que têm como uma de suas principais
Endoderma
digestório características a formação de uma placenta bem desenvolvida
durante o desenvolvimento embrionário e, por isso,
Formação do tubo neural, notocorda e celoma. são também conhecidos como mamíferos placentários.
O desenvolvimento embrionário humano inicia-se na tuba uterina, após a ocorrência da fecundação, com a formação da
célula-ovo (zigoto). Por meio dos movimentos peristálticos tubários e do movimento de varredura dos cílios das células
epiteliais que revestem a cavidade tubária, o ovo é levado em direção ao útero. Durante essa trajetória, que dura cerca de
4 a 5 dias, o ovo humano, que é do tipo alécito, realiza uma segmentação holoblástica igual, formando uma mórula
que, por sua vez, origina uma blástula, conhecida também por blastocisto.
Ângelo Carvalho
Segmentação na espécie humana – A segmentação (clivagem) do zigoto com a formação da mórula ocorre enquanto o zigoto em
divisão passa pela tuba uterina. Normalmente, a formação do blastocisto (blástula) se dá no útero.
A zona pelúcida é uma camada de glicoproteínas que envolve
o ovócito II, o óvulo, o ovo (zigoto) e persiste até as primeiras
3 fases do desenvolvimento, degenerando-se no estágio mais
avançado de blástula, conforme mostra a figura a seguir:
2
Membrana
1 plasmática Zona pelúcida
32 Coleção Estudo 4V
Embriologia animal
Na cavidade uterina, cerca de 6 dias após a fecundação, Na segunda semana de gestação, dando continuidade ao
a blástula (blastocisto) perde a zona pelúcida, permitindo, desenvolvimento, células do trofoblasto liberam enzimas
assim, que as células trofoblásticas entrem em contato proteolíticas sobre o endométrio, abrindo espaço para
com o endométrio, iniciando o processo de nidação, que a implantação da blástula. As células do embrioblasto
consiste na fixação da blástula no endométrio, geralmente se multiplicam e se organizam de modo a formar duas
pelo lado adjacente à massa celular interna. Durante essa cavidades, a vesícula amniótica e a vesícula vitelínica,
implantação, o trofoblasto diferencia-se em duas camadas: separadas pelo disco embrionário.
citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto. O citotrofoblasto
corresponde à região onde as células mantêm suas A vesícula amniótica dará origem, posteriormente,
características celulares, enquanto o sinciciotrofoblasto à bolsa amniótica ou âmnio, anexo embrionário que tem
corresponde à região onde as células formam um sincício. como função proteger o embrião contra choques mecânicos
A figura a seguir ilustra o início do processo de nidação. e também contra a desidratação. Em muitos animais
vertebrados, a vesícula vitelínica ou saco vitelínico armazena
Glândulas do endométrio o vitelo (substância nutritiva para o embrião). Porém, nos
BIOLOGIA
mamíferos eutérios, cuja nutrição do embrião é feita pela
Conjuntivo do placenta, a vesícula vitelínica atrofia gradativamente.
endométrio
Capilar Convém ressaltar, entretanto, que no início da embriogênese,
sanguíneo a vesícula vitelínica constitui o primeiro órgão hematopoiético
Epitélio do (formador do sangue). As células que formam o assoalho
Arquivo Bernoulli
Vilosidades coriônicas
Arquivo Bernoulli
Ectoderma extraembrionário
Vesícula vitelínica
Citotrofoblasto
Endoderma extraembrionário
A cavidade delimitada pelo mesoderma extraembrionário constitui o celoma extraembrionário. A camada formada pelo trofoblasto
e pelo mesoderma extraembrionário que reveste externamente o celoma extraembrionário passa a ser denominada córion.
No final da 2ª semana, do córion originam-se as vilosidades coriônicas, que, juntamente com o endométrio, formam a placenta.
Parte do mesoderma extraembrionário também forma o Ainda na terceira semana, a partir do mesoderma
pedículo embrionário, uma ponte entre as duas vesículas e o embrionário, ocorre a notocordogênese, ou seja, a
trofoblasto. O pedículo embrionário será o ponto de formação formação da notocorda, um bastão flexível que percorre
do futuro cordão umbilical que ligará o embrião à placenta. longitudinalmente quase todo o corpo do embrião.
A notocorda em desenvolvimento induz o ectoderma sobre
Ao término da segunda semana do desenvolvimento, ela a se espessar e formar a placa neural, tendo, assim,
o embrião já estará todo contido (envolvido) pelo endométrio. o início da neurulação, que irá culminar com a formação do tubo
neural. Com a continuidade do desenvolvimento embrionário,
Na terceira semana do desenvolvimento embrionário
a notocorda será substituída pela coluna vertebral e o tubo
humano, tem início a gastrulação, fase em que serão
neural dará origem aos órgãos do sistema nervoso central.
formados os três folhetos embrionários a partir de
células do epiblasto que proliferam e migram para o 3 1
plano mediano do disco embrionário, originando uma
estrutura denominada linha primitiva. O aparecimento da
linha primitiva constitui o primeiro sinal da gastrulação. A
As células da linha primitiva que migram (“mergulham”) para
o interior do disco embrionário vão originar o endoderma
e o mesoderma embrionários. As células que permanecem 2
na superfície do epiblasto dão origem ao ectoderma
embrionário. B
Linha
4
primitiva
Epiblasto 4
Linha
5 6
primitiva
Linha
primitiva
Formação do tubo neural – Células do ectoderma (1), situadas
Epiblasto
logo acima da notocorda (2), diferenciam-se, formando uma
região mais espessa do que as outras áreas ectodérmicas.
Essa região constitui a placa neural (3). Logo em seguida, a
placa neural invagina-se, formando a goteira neural (4). O
fechamento da goteira neural origina o tubo neural (5), que
Ectoderma se destaca do ectoderma. Porções laterais da placa neural que
não são incorporadas ao tubo neural formam as cristas neurais
(6), que correm paralelamente ao tubo neural. Esse tubo dará
origem ao Sistema Nervoso Central (SNC) , às cristas neurais e
aos gânglios nervosos. A neurulação termina no fim da quarta
Hipoblasto Mesoderma semana.
34 Coleção Estudo 4V
Embriologia animal
Tubo neural
Ectoderma
Notocorda
Endoderma
Ectoderma
Esplancnopleura Folheto esplâncnico
Folheto somático Somatopleura
do mesoderma
do mesoderma
Tubo digestório
BIOLOGIA
Celoma
O mesoderma é subdividido em três regiões: mesoderma para-axial, que está mais próximo da notocorda; mesoderma
intermediário e mesoderma lateral. Pouco depois de sua formação, o mesoderma para-axial, que se estendia homogeneamente
pelos lados da notocorda, segmenta-se formando blocos de mesoderma, denominados somitos, situados simetricamente dos
dois lados da notocorda. Com a continuidade do desenvolvimento, cada somito organiza-se em três partes: esclerótomo,
miótomo e dermátomo que darão origem, respectivamente, à coluna vertebral, às fibras musculares esqueléticas e à derme
(parte conjuntiva da pele). O mesoderma intermediário terá importante papel na formação dos aparelhos urinário e genital.
O mesoderma lateral subdivide-se em dois folhetos: folheto somático e folheto esplâncnico. Esses dois folhetos delimitam uma
cavidade, o celoma intraembrionário. O celoma intraembrionário é a cavidade geral do embrião que será, posteriormente,
septada e dividida em três cavidades: pericárdica, pleural e peritoneal. O folheto somático é a parte do mesoderma lateral
que fica aderida ao ectoderma, enquanto o folheto esplâncnico fica aderido ao endoderma. O folheto somático do mesoderma
e o ectoderma ao qual está aderido formam a somatopleura; o folheto esplâncnico e o endoderma ao qual está aderido
formam a esplancnopleura.
Da quarta semana à oitava, ocorre a histogênese e a organogênese. O quadro a seguir mostra alguns exemplos de estruturas
do nosso corpo e suas respectivas origens embrionárias.
• Tecido epitelial da epiderme • Tecido epitelial que reveste • Tecido epitelial que reveste
(camada mais externa da pele). internamente os vasos internamente o tubo digestório
sanguíneos. (exceto a boca e o ânus).
• Tecido epitelial de revestimento
da cavidade bucal e do ânus. • Tecido conjuntivo da derme • Tecido epitelial de revestimento
(exceto da cabeça e do pescoço). da uretra e da bexiga urinária.
• Tecido conjuntivo da derme
(camada mais profunda da pele) • Tecido cartilaginoso e tecido ósseo • Pâncreas.
da cabeça e do pescoço. (exceto da face).
• Pulmões.
• Tecido cartilaginoso e tecido ósseo • Tecido muscular (exceto da
• Fígado.
da face. cabeça e do pescoço e alguns
músculos lisos).
• Tecido nervoso.
• Tecido sanguíneo (sangue).
• Sistema nervoso.
• Glândulas sexuais (testículos e
ovários).
• Útero.
• Rins.
• Coração.
Arquivo Bernoulli
e se caracteriza pelo rápido crescimento do organismo e
desenvolvimento dos diferentes órgãos e sistemas.
Anexos embrionários
• Saco vitelino (vesícula vitelina) – Origina-se do
endoderma e do mesoderma, tendo como principal
Saco função a nutrição do embrião já que armazena
Animais Âmnion Alantoide Córion Placenta
vitelino o vitelo (lécito), que fornecerá nutrientes para o
desenvolvimento do embrião. Nos anfíbios, o vitelo
Peixes + – – – – fica contido nos macrômeros, não formando, assim,
uma vesícula vitelina típica. Nos peixes, répteis, aves
Anfíbios +* – Embrião
– – – e mamíferos ovíparos, ele é muito desenvolvido.
Já nos mamíferos placentários, esse anexo atrofia-se
Répteis + + Geleia
+ + – gradativamente, até desaparecer quase que por
completo, sendo incorporado ao cordão umbilical.
Aves + + + + – Embora se torne um anexo atrofiado nos mamíferos
Membrana
do ovo placentários, nas primeiras semanas do desenvolvimento
Mamíferos
+ + + + – embrionário desses animais, o saco vitelino exerce
ovíparos
importante função hematopoiética, formando as
Mamíferos primeiras hemácias do embrião. Posteriormente,
+** + +** + +
placentários Saco vitelino essa função passa a ser realizada pelo mesênquima
(um tecido embrionário originário do mesoderma);
Peixe uma vesícula vitelina típica. Nesses
* Os anfíbios não formam mais tarde, passa a ser realizada pelo fígado e pelo
animais, o vitelo fica contido nos macrômeros. baço. Após o nascimento do indivíduo, essa função de
produzir hemácias é desempenhada exclusivamente
** Nos mamíferos placentários, o saco vitelino e o alantoide pela medula óssea vermelha.
são atrofiados.
• Âmnio (vesícula amniótica; bolsa amniótica) –
Origina-se do ectoderma e mesoderma. É uma grande
Embrião
bolsa que acumula gradativamente um líquido claro,
Alantoide
o líquido amniótico, no qual fica mergulhado o embrião.
Esse líquido tem como função evitar o ressecamento
do embrião (proteção contra desidratação), como
Âmnio
também atenuar qualquer abalo ou choque mecânico.
Cerca de 90% do líquido amniótico são constituídos
por água. O restante está representado por sais
inorgânicos e orgânicos, proteínas, carboidratos,
hormônios. Em suspensão nesse líquido, encontram-se
Casca porosa células epiteliais fetais descamadas. As células se
soltam do embrião e flutuam no líquido amniótico
Saco vitelino
Córion que as banha. Com uma agulha, uma pequena
amostra desse líquido pode ser retirada para análise,
Anexos embrionários em aves. sendo esse exame denominado amniocentese.
36 Coleção Estudo 4V
Embriologia animal
As células vivas obtidas dessa amostra podem Nos mamíferos eutérios, o córion desenvolve-se a partir
ser cultivadas e usadas para análises genéticas e do trofoblasto, diferenciando-se em duas partes: córion
bioquímicas. Essas análises podem revelar o sexo do liso e córion frondoso. O córion liso é a parte mais
feto, assim como marcadores genéticos para doenças delgada, que fica ligada à face externa da membrana
e síndromes cromossômicas. Na espécie humana, amniótica. O córion frondoso avoluma-se mais, formando
a amniocentese é realizada, normalmente, após a as vilosidades coriônicas, que participam da formação da
14ª semana de gestação e os resultados demoram placenta. Além de participar da formação da placenta,
cerca de 2 semanas para estarem completos. o córion frondoso ajuda a manter o embrião fixado à
Na sequência evolutiva dos vertebrados, o âmnio parede uterina. Informações sobre defeitos genéticos e
tornou o processo de desenvolvimento embrionário cromossômicos também podem ser obtidas a partir do
independente da água do meio ambiente, seja córion, por meio de uma técnica chamada de amostra da
no interior de um ovo terrestre (répteis, aves e vilosidade coriônica. Atualmente, essa técnica está sendo
mamíferos ovíparos), seja no interior do útero mais utilizada do que a amniocentese. O exame consiste
(mamíferos vivíparos). em retirar uma pequena amostra de tecido da superfície
das vilosidades coriônicas. Na espécie humana, esse
Os animais que desenvolvem o âmnio durante a sua
exame é realizado na 8ª semana de gestação, portanto,
BIOLOGIA
embriogênese denominam-se amniotas, e os que não
mais precocemente do que a amniocentese, e os
o formam são chamados de anamniotas. Os peixes
resultados ficam prontos em alguns dias. Além disso,
e os anfíbios são anamniotas, enquanto os répteis,
como os resultados da amniocentese são fornecidos
as aves e os mamíferos são amniotas.
depois da 14ª semana de gestação, a interrupção da
• Alantoide – Formado a partir do endoderma do gravidez devido à constatação de anormalidade no feto,
intestino primitivo, junto à extremidade caudal do feita nesse estágio do desenvolvimento embrionário,
embrião, a partir da qual um grupo de células começa poderá acarretar mais risco à saúde da mãe do que um
a proliferar. Tais células originam uma pequena bolsa aborto realizado em estágio mais precoce.
chamada alantoide.
• Placenta – É formada pelas vilosidades coriônicas
Nos mamíferos placentários, o alantoide é bastante e pela mucosa uterina (endométrio), na qual essas
rudimentar (atrofiado). Mesmo assim, ele tem papel vilosidades penetram. A placenta tem, portanto,
importante, porque participa da formação do cordão em sua constituição, tecidos materno e fetal.
umbilical. Seus vasos sanguíneos se transformam na Nela capilares pertencentes à circulação fetal estão em
veia e nas artérias umbilicais. íntima vizinhança com a circulação materna. O sangue
Nos vertebrados ovíparos, o alantoide é bem da mãe e do feto circulam bem próximos, sem,
desenvolvido e cresce até alcançar a casca do ovo, contudo, haver mistura dos dois. Entretanto, devido
sendo responsável pelas seguintes funções: a essa proximidade, ocorre difusão de nutrientes e de
1. Função respiratória – É através do alantoide O2 da circulação materna para a circulação fetal, bem
que ocorrem as trocas gasosas (O2 e CO2) entre como de CO2 e excretas nitrogenadas da circulação
o embrião e o meio externo. fetal para a circulação materna.
Útero
Arquivo Bernoulli
Vagina
coriônica
materna a placenta e o córion. Cada embrião, entretanto,
Capilares da terá o seu próprio cordão umbilical.
fetais placenta
Os chamados gêmeos xipófagos (gêmeos siameses)
Vênula materna podem se formar quando o disco embrionário não
Arteríola materna Endométrio se dividir completamente. Assim, os gêmeos MZ
Placenta – Os espaços intervilosos, cheios de sangue materno, podem nascer interligados por alguma parte do corpo.
são derivados de “lacunas” que se desenvolvem a partir do Em alguns casos, os gêmeos estão ligados entre
sinciciotrofoblasto. Através da fina barreira que separa esse
si apenas pela pele ou por tecidos cutâneos e, em
sangue materno dos capilares fetais, no interior das vilosidades
outros, compartilham apenas determinados órgãos
coriônicas, ocorre troca de materiais: nutrientes, oxigênio e água,
provindos do sangue materno, passam para a veia umbilical; (por exemplo, fígado fundido). Em alguns casos,
o dióxido de carbono e resíduos nitrogenados, como a ureia, trazidos os gêmeos xipófagos podem ser separados com
à placenta pela artéria umbilical, passam para o sangue da mãe. sucesso por procedimentos cirúrgicos.
38 Coleção Estudo 4V
Embriologia animal
1 4
Arquivo Bernoulli
2
3
BIOLOGIA
A) A cavidade 1 está presente no embrião de todos os
Poliembrionia em tatu – Nos tatus, por exemplo, cada zigoto metazoários.
sempre dará origem a 4 tatuzinhos. A consequência da
poliembrionia é a formação de gêmeos monozigóticos. B) Esse embrião poderia ser de um platelminto.
n n
2n n n n n
reveste a célula-ovo.
A B B) à ocorrência de divisões mitóticas em maior número
na célula-ovo do anfioxo.
03. (UFU-MG) Faça a correlação entre os anexos embrionários 02. (UEL-PR) Analise a figura a seguir que representa um dos
apresentados na coluna A e as funções descritas na estágios do desenvolvimento embrionário do anfioxo em
coluna B. corte transversal.
Coluna A Coluna B
D A
a. Protege o embrião contra
1. Alantoide
traumatismos.
B C
b. Exerce função endócrina
2. Vesícula vitelina (produz progesterona e
gonadotrofina coriônica).
E
c. Participa da realização
3. Líquido amniótico de trocas gasosas e
armazenamento de excreções.
d. Importante no processo de
Com base na figura e nos conhecimentos sobre a
4. Placenta nutrição de embriões de
peixes, répteis e aves. embriologia do anfioxo, considere as afirmativas a seguir.
Assinale a alternativa que relaciona CORRETAMENTE genético, colocando em cheque o trabalho de investigação
o anexo embrionário aos grupos animais em que estão realizado. As suspeitas então recaíram sobre um irmão
presentes. gêmeo do indivíduo.
A) Alantoide: presente em aves, peixes, répteis e anfíbios. A) Como são denominados os gêmeos do caso
B) Córion: presente em anfíbios, peixes, répteis e mamíferos. investigado? Que tipo de análise seria capaz de
C) Saco de vitelo: presente em mamíferos, peixes, répteis distinguir os gêmeos?
e aves. B) D escre v a o s p r o c e s s o s d e f e c u n d a ç ã o e
D) Âmnio: presente em mamíferos, aves, répteis e anfíbios. desenvolvimento embrionário que podem ter gerado
E) Placenta: presente em aves, répteis e anfíbios. os gêmeos envolvidos no caso investigado.
40 Coleção Estudo 4V
Embriologia animal
BIOLOGIA
A) do âmnio, que armazena excretas nitrogenados do embrião, e do alantoide, que previne dessecação e amortece choques mecânicos.
B) do âmnio, que previne dessecação do embrião e amortece choques mecânicos, e do alantoide, que armazena excretas nitrogenados.
C) do âmnio, que previne a dessecação do embrião, e do grande número de vilosidades coriônicas ricas em vasos sanguíneos.
D) do alantoide, que armazena excretas nitrogenados do embrião, e do grande número de vilosidades coriônicas ricas em vasos
sanguíneos.
06. (UFU-MG–2014) O esquema a seguir representa um embrião de vertebrados com seus anexos embrionários.
Embrião A) INDIQUE a letra e identifique o anexo embrionário que representou uma conquista para
d os vertebrados que se desenvolvem fora da água, permitindo-lhes lubrificação e proteção
c
ao dessecamento.
B) Qual é a classificação desse ovo, durante o desenvolvimento embrionário, em relação
b à quantidade e à distribuição de recursos nutritivos? INDIQUE a letra e identifique o
anexo embrionário que armazena o material nutritivo.
a C) INDIQUE a letra e identifique os anexos embrionários que, nos mamíferos placentários,
são reduzidos / atrofiados, cujas funções são exercidas pela placenta.
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