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Os textos a seguir são a descrição de minhas experiências psicodélicas


para ser deixado como registro e ser comparado com experiências de
outras pessoas.

Eu tenho algumas questões fisiológicas e filosóficas à respeito das


entidades e dimensões e o enredo de meus transes, não consegui uma
resposta concisa debatendo com colegas psiconautas, e nem achei
nada sobre em fóruns especializados além de um dicionário com termos
comumente usados.

Ao mesmo tempo em que a experiência psicodélica é altamente


subjetiva, ligada nas vivências particulares de cada indivíduo, e até
então nomeada como “alucinações”, existe também uma convergência
de enredos e uma repetição de padrões experimentados, as “mirações”
normalmente associadas a êxtases religiosos ou espirituais.

Estamos na terceira onda de renascença psicodélica, e os recém


rebatizados “enteógenos” deixaram de ser usados como drogas
recreativas e potencialmente nocivas à saúde e à sociedade, e estão
sendo vistas como poderosas ferramentas para entendimento do
funcionamento do cérebro humano e sua evolução.

Com o crescimento do público interessado, agora mais do que nunca é


preciso se lembrar do foco central desse tipo de experiência. Conhecer
a si mesmo para conhecer o Todo e os deuses. Essa Eleusis moderna
deve vir embasada por um profundo e respeitoso estudo, para não
repetirmos os erros da segunda onda psicodélica hippie dos anos 60/70,
que por seu descontrole resultou em proibições e marginalidade.

A experiência psicodélica não é para todos à principio. É preciso


construir uma base forte e enraizada para poder tolerar o peso de se
conhecer profundamente livre de preconceitos, ansiedades, e encarar
com calma e carinho nosso lado mais profundo, grotesco e ignorado.

Entrar nesses universos sem esse preparo mental e físico é o que leva
às famosas “bad trips” ou “peias”. A vida normalmente nos dá o que
precisamos, e não o que queremos, e neste caso precisamos estar
preparados para o valor educacional da sensação, seja ela boa ou ruim.

Don Juan diz no livro “A erva do diabo”, que as plantas não são nossas
escravas. Elas são aliadas que nos ajudam a enxergar nosso Eu
primordial.
De um modo geral, podemos dizer que a experiência psicodélica é um
tipo de intoxicação que traz uma sensação de quase morte, e assim
como pessoas que tem experiências de quase morte por acidentes,
somos levados para o estado de Bardo, que é o intervalo entre a vida e
a morte.

Poder visitar esse lugar, esse “mundo dos mortos” e voltar para o
mundo dos vivos com algum fragmento de conhecimento, traz uma
sensação de conforto e reforça nossa fé de que existe algo além da vida
comum.

No meu ponto de vista, essa é a oportunidade de se ter a confirmação e


ser uma testemunha visual de textos e alegorias espirituais tão
abstratas e difíceis de compreender apenas porque alguém falou que é
assim ou assado.

Sobre esse assunto existem centenas de livros usados em conjunto


com textos de psicologia, psiquiatria, esoterismo e mitos de criação
diversos, mas existem ainda algumas lacunas e áreas tabu no
conhecimento psiconauta, tais como o verdadeiro papel de cada
entidade que se manifesta, e a relação entre a miração e a fisiologia do
aparato humano.

Existem lugares em comum para a maioria dos psiconautas, tais como o


palácio de cristal, as bases perinatais, a árvore da vida entre outros.
Todos esses locais podem ser encontrados em mitologias diversas,
assim como no esquema de chakras indiano, e nas sephirot da cabala.

O mapinha básico para se orientar nas dimensões pode ser encontrado


no mito do Gênesis, e a mágica correlação entre os números e letras do
alfabeto envolvidas na criação do Universo pelo verbo divino. Com o
uso da meditação e conscientização da energia Ki que flui pelas fáscias
de nossos corpos podemos construir a Merkaba, que considero nossa
roupa de astronauta, ou nave espacial, que nos possibilita viajar
despreocupados por todos os cantos do universo em todas as
dimensões.

As pessoas não se sentem confortáveis para debater sobre quem são


os chamados elfos máquina, talvez por seu caráter severo, enérgico e
bizarro, e desviam a conversa dizendo que cada pessoa vê somente o
que tem capacidade de conceber, de acordo com sua bagagem cultural,
nos chamados “túneis de realidade”. O fato é que os elfos são seres que
aparentam ter um objetivo bem definido, de nos esmiuçar e nos mostrar
tudo o que somos, já que estamos os incomodando invadindo seu
habitat natural.

No meu caso, como sou aficionado por ciência em geral, especialmente


biologia e astronomia, não consigo deixar de fazer paralelos entre as
teorias dimensionais científicas tradicionais e as do esoterismo, entre a
fisiologia das lamelas do cristalino do olho humano e os padrões que se
sobrepõem à realidade com o efeito de macramê pulsante que lembra a
flor da vida, que a ciência hoje em dia sabe ser formada pela frequência
da dança do aglomerado de buracos negros do centro da galáxia, e se
condensa na matéria como a conhecemos na zona habitável que nos
encontramos no universo.

Por isso me interessa identificar essas entidades que trazem


conhecimentos e vivências que não me parecem inventadas por meu
conhecimento ou subconsciente, e me trazem entendimentos
diferenciados para a visão que tenho de mim mesmo.

Tanto se fala sobre a dissolução do Ego, e essa sensação de ser parte


do Todo, mas a presença alheia dessas entidades é muito forte. Alguns
dizem que eles são nossos antepassados, ou arquétipos do panteão
infinito.

Eu pessoalmente me encontro com duas classes de seres bastante


distintos, os elfos máquina e os vultos Nuit, além do encontro com a
Coroa, ou Fonte da emanação da consciência.

Os elfos são criaturas feitas de linguagem, cada uma um vértice para


um aspecto da linguística e da sintaxe, e tal como Mackenna diz, eles
são responsáveis pela criação de tudo através do Verbo. Normalmente
caóticos e assustadores.

Os vultos Nuit, que chamo assim por sua semelhança com a deusa Nuit
egípcia, são silhuetas humanas sozinhas ou em grupo, feitas de
contornos branco azulados, e eu creio serem ou meus antepassados,
ou criaturas preocupadas com meu bem estar e evolução. São
normalmente calmas e acolhedoras.

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