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Referência: PR-SP-00092984/2020
Assunto: Solicitação de Cancelamento da NBR 16747 – Inspeção Predial
Este documento está sendo compartilhado com outros profissionais para que
possam acompanhar o posicionamento por parte da ABNT e do CONFEA, no que se
refere aos posicionamentos, necessários pelos mesmos, assim como a opinião do MPF
sobre o tema, considerando que se trata de um assunto que envolve a segurança da
sociedade.
Solicitação de cancelamento da
NBR 16747 – INSPEÇÃO PREDIAL
Denúncia feita ao
Ministério Público Federal
Setembro/2020
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL x ABNT: DENÚNCIA: 20200114241/2020 - PR-SP-00057875/2020
ÍNDICE
1. COMPREENSÃO DOS ACIDENTES COM ORIGEM ELÉTRICA NO BRASIL 2
1.1. Aumento nos acidentes com energia elétrica no Brasil 5
1.2. Acidente no Centro de Treinamento do Flamengo 8
1.3. Erros de projeto elétrico 10
1.4. Erros durante a execução da obra 17
1.5. Uso de materiais impróprios nas edificações 19
1.6. Impactos da ABNT na prestação de serviço e fabricação de materiais 22
2. NBR 16747 – INSPEÇÃO PREDIAL 26
3. COMO FUNCIONA O SISTEMA INTERLIGADO 39
4. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ENGENHEIROS ELETRICISTAS (ABEE) 45
5. SUGESTÕES DE PERGUNTAS QUE PODEM SER FEITAS PARA ABNT POR
PARTE DO MPF 52
6. CONCLUSÕES FINAIS 53
7. REFERÊNCIAS 53
Este documento tem como objetivo formalizar ao Ministério Público Federal uma
denúncia pública contra a ABNT, que criou e publicou a NBR 16747 – Inspeção predial,
através da Comissão de Estudo Inspeção Predial (CE-002:140.002) do Comitê Brasileiro
da Construção Civil (ABNT/CB-002), sem levar em consideração a opinião de especialistas
de outras áreas, como por exemplo, engenharia elétrica e mecânica, entre outras áreas.
Essa norma tem como OBJETIVO IMPLÍCITO a abertura de mercado que irá
BENEFICIAR OS ENGENHEIROS CIVIS. O núcleo da norma, através das suas
referências e solicitações de múltiplas vistorias, deixa claro que SOMENTE esses
profissionais podem fazer os laudos de inspeção predial, de maneira EXCLUSIVA
para todas edificações no Brasil.
A constatação das afirmações não pode ser obtida de maneira direta, pois não está
escrito dessa forma na norma, no entanto, é um jogo de palavras muito bem articulado e
amarado, sendo necessário observar os detalhes com muita atenção.
Os textos colocados são planejados e pensados de maneira que não sejam de fácil
compreensão para profissionais com formação na área jurídica, permitindo que as
manobras não sejam facilmente descobertas.
Pensando em um bem maior para sociedade, nesta denuncia que carrega o meu
nome e assumo a responsabilidade pelas informações destacadas, me colocando a
disposição para novos esclarecimentos, detalho os bastidores do palco da ABNT.
Nesse momento, torna-se necessário refletir sobre qual o risco que a NBR
16747 gera para todas edificações no Brasil?
Isso nem sempre ocorre nas instituições em geral, universidades, cursos técnicos,
indústrias, associações, etc. O fato é que diversas opiniões e interpretações muitas vezes
são por conveniência para obtenção de benefício próprio ou podem ser por falta de
ampliação do campo de visão sobre o problema devido à falta de conhecimento no assunto
do profissional que comenta o tema.
Nesse contexto, é difícil saber quem é quem, mas o que passo a relatar aqui, deixa
claro que está sendo construído um grande SISTEMA INTERLIGADO que movimenta
bilhões e vem prestando um desserviço para nossa sociedade.
Se isso continuar a acontecer, irá contribuir cada vez mais de maneira indireta e por
vezes direta com muitos acidentes no Brasil. Sendo necessário uma intervenção do
Ministério Público Federal, no que se refere a auditoria de todo processo de criação da NBR
16747. Durante essa auditoria, vão perceber o quanto a criação de uma norma pode ser
facilmente manipulada, para beneficiar um pequeno grupo e não a sociedade.
A ABNT conta com uma rede de muitos especialistas para criar normas técnicas
sem custo de mão de obra, nesse grupo encontramos pessoas bem intencionadas e
pessoas mal intencionadas.
O que relato é um crime contra a nação que irá contribuir com um aumento no
número de mortes no Brasil, em virtude da falta de uma inspeção adequada nas
instalações elétricas, que deve ser realizada por pessoas com amplo conhecimento nessa
área.
Não podemos aceitar que sejam criadas normas técnicas com benefícios para
poucos, negligenciando as reais necessidades da população, estando alinhadas com o
que é possível ser oferecido pelos prestadores de serviço.
Passamos agora à compreensão dos reais motivos que vem causando incêndios e
mortes com origem elétrica no Brasil.
Em uma das reportagens feitas em junho/2018 [1] pela revista Incêndio, podemos
encontrar o título “Em cinco anos, incêndios por curto-circuito duplicaram no País”.
“Nossa apuração se concentra nos eventos divulgados pelos meios de comunicação. Estimamos que o número
de incêndios e acidentes com eletricidade seja bem maior do que o que documentamos, porque nem todo evento é
noticiado pela mídia”.
Reforçando o que foi dito pela ABRACOPEL, diante das dificuldades que temos no
Brasil é IMPOSSÍVEL saber o número de acidentes e mortes com energia elétrica.
a) Nem todo acidente com energia elétrica gera uma notícia na mídia;
c) As mortes com energia elétrica, além de não gerarem notícias em sua maioria,
podem ocorrer semanas depois do incêndio, devido a falência dos órgãos;
Infelizmente, por vezes não nos atentamos a esses detalhes importantes, expondo
números que podem amenizar a situação, causando interpretações errôneas para
sociedade. Como exemplo, podemos citar uma reportagem da Agência Brasil, que
apresenta como título da notícia a afirmação de que os acidentes com origem elétrica
causaram 622 mortes em 2018 [2].
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-05/acidentes-com-origem-
eletrica-causaram-622-mortes-em-2018
“A suspeita é de que o fogo teria começado durante a manutenção do equipamento de ar condicionado daquele
piso, mas a informação será confirmada após a perícia do corpo de bombeiros – o laudo deve ficar pronto em 30 dias”
Em situações como essa, um incêndio dessa natureza só pode ter a sua origem
atribuída às instalações elétricas se o laudo for avaliado posteriormente, sendo que após
30 dias o laudo ainda pode ser inconclusivo sobre a origem do incêndio devido aos
problemas gerados durante o rescaldo do local e do quanto o equipamento foi danificado.
No dia 08/02/2019 houve um incêndio que deixou 10 mortos e 3 feridos. Todos eram
jovens atletas com idade entre 14 e 16 anos.
Este acidente vai nos trazer uma compreensão sobre a importância dos profissionais
com formação específica em cada área técnica (elétrica, civil e mecânica) e a influência da
ABNT sobre a vida dos profissionais e da sociedade. Assim, passamos a utilizar como
exemplo um acidente grave com energia elétrica que chocou o Brasil em 2019, para
refletirmos sobre a responsabilidade de cada profissional.
A foto 01, em destaque na reportagem do jornal G1 [5], que traz detalhes sobre o
acidente.
Na petição inicial desse caso podemos ver a legitimidade do caso, sendo repassada
ao Ministério Público Federal e a Defensoria Pública do Rio de Janeiro as atribuições para
verificar o caso. No trecho dessa petição mostrado na figura 01, podemos encontrar as
informações abaixo:
No dia 08/05/2019 o jornal Globo [7] publicou uma reportagem informando que teve
acesso aos documentos da Polícia Civil que comprovam que o acidente começou no ar
condicionado. A reportagem também destaca:
“Os peritos ainda encontraram mais irregularidades: o prédio ao lado dos contêineres, usado como vestiário,
tinha instalações elétricas que alimentavam os módulos e estavam em desacordo com os princípios fundamentais da
Associação Brasileira de Normas Técnicas.”
Como pode ser observado, durante uma análise de acidente a ABNT é utilizada
como referência para apurar responsabilidades, verificando as omissões e
negligências dos prestadores de serviço e/ou fornecedores. Nesse momento, a
instituição RECEBE FORÇA DE LEI NA CRIAÇÃO DE NORMAS TÉCNICAS, podendo
colocar profissionais na cadeia, através do que cria.
Aqui começa o perigo, pois estamos dando a uma instituição privada que
detém um monopólio, o poder de criar normas que não passam por um processo
transparente de auditoria e fiscalização durante a sua criação. As suas tomadas de
decisão, em alguns casos não apresentam justificativas plausíveis, sendo imposto somente
o que a mesma e algumas pessoas julgam necessários para uma sociedade. Em sua
proteção existe um forte SISTEMA INTERLIGADO, onde muitos que fazem parte, por
vezes chegam a se intitular como donos de determinadas normas, por terem uma forte
influência em sua criação.
Na minha opinião pessoal uma norma técnica não é de ninguém e deve ser um
documento criado com o objetivo real de tornar a sociedade um ambiente mais seguro, mas
de fato, em muitos casos isso não ocorre, pois os interesses pessoais estão acima dos
interesses coletivos.
O que passo a relatar aqui tem como base perícias elétricas que realizo em
condomínios, sendo que em diversos locais encontro erros graves, erros esses que tem
colocado em risco a vida da população.
a) Intencionais;
b) Não intencionais.
Esse tipo de erro gera como benefício para as construtoras uma grande economia
de material, prejudicando pessoas leigas que passam uma vida inteira trabalhando para
comprar o tão sonhado imóvel próprio. Isso acontece com grande frequência apartamentos
novos, principalmente os chamados de “Minha Casa, Minha Vida”.
“Pelo menos cinco sobrados foram consumidos. Ninguém ficou ferido. Um novo foco retornou há pouco. A cena,
mais uma vez, é de desolação. Menos de três meses atrás, um incidente semelhante já havia ocorrido no local.”
No laudo feito para esse conjunto habitacional, podendo ser localizado através do
número: 50010415-51.2019.4.04.7110/RS, encontramos as seguintes informações,
referente um dos apartamentos:
“Dimensionamento insuficiente da fiação do chuveiro, uma vez que fio com #4mm2 suporta uma capacidade de
condução de corrente de 28 A sem aquecer.”
“Má distribuição das tomadas da cozinha no ambiente (somente em uma das quatro paredes) forçando o uso de
extensões e T.”
“Dimensionamento insuficiente dos disjuntores dos circuitos: Circuito 4 (reserva), com carga de 5.000 W foram
dimensionado disjuntor de 32 A e para o circuito 5 (chuveiro), com carga de 6.800 W foi dimensionado disjuntor de 25 A.
(Corrigido durante a execução das obras).”
“As Instalações Elétricas de Baixa Tensão possuem alto risco de curto circuito, de sobrecarga e de choque elétrico,
há grandes chances de qualquer um dos vícios listados ocorrerem em grande escala e com efeitos significativos, podendo
causar incêndios e perda de vidas humanas.”
Isso gera uma grande responsabilidade para mesma, tendo em vista que atribuem
aos prestadores de serviço, com base em suas definições e imposições, como as coisas
devem ou não serem feitas, sendo necessário muita transparência na elaboração dos
documentos. No entanto, isso não ocorre, sendo prova disso a criação da NBR 16747 que
foi feita pela ABNT/CB-002, sem consultar especialistas de outras áreas, de maneira
autônoma, com intuito de abrir mercado e beneficiar a sua categoria.
Cabe destacar que o código penal através do seu artigo 250, nos diz que causar
incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, pode
ter uma pena de reclusão, de três a seis anos, e multa.
A conclusão foi de que para cada 10 projetos elétricos com ART emitida pela
civil SOMENTE 1 ART é emitida pela modalidade elétrica. Essas informações podem
ser comprovadas no procedimento 1.34.001.004310/2020-10, documento 1.5, página 6,
sendo destacado um resumo da figura 02.
Figura 02 – A cada 10 projetos elétricos elaborados 9 são feitos por engenheiros civis
O mesmo estudo feito pelo CREA/PR, mostra através da figura 03 que em diversas
universidades a carga horária de estudo sobre eletricidade é em média inferior a 95h na
área.
Figura 03 – Engenheiros civis estudam menos de 95h sobre eletricidade e podem assinar projetos elétricos
Figura 04 – ABENC induz engenheiros civis a fazerem projetos elétricos com pouco conhecimento na área
As atribuições dos engenheiros civis para atuarem na área elétrica vem sendo
discutidas a anos sem êxito. O tema chega no CONFEA, mas não avança, por não ser
“relevante”.
Para compreender isso tudo é preciso olhar além do palco e começar a entender os
bastidores desse jogo que movimenta bilhões de reais.
Figura 04 – Dúvidas sobre atribuição dos engenheiros civis para fazer projeto elétrico
Todas as fotos 03, 04, 05, 06 e 07 foram tiradas por mim, em clientes diferentes
durante a realização de uma certificação das instalações elétricas a pedido dos
moradores das edificações.
Detalhes mais técnicos como esses não são encontrados, não podem ser vistos,
considerando o tipo de inspeção elétrica previsto na NBR 16747.
Durante uma reportagem abaixo feita pelo G1[12], foram inspecionadas 100 lojas
em São Paulo que vendiam cabos elétricos, sendo analisado 36 fabricantes. Destes,
22 fabricantes apresentavam não conformidades com as normas técnicas,
representando 61% dos materiais vendidos na cidade.
Para compreensão dos fatos, é necessário que o Ministério Público Federal assista
o vídeo da reportagem. Em alguns dos casos, os materiais possuíam menos de 30%
de cobre do que deveriam, sendo está uma das principais causas de incêndios no
Brasil.
Foto 08 – Comparativo entre cabos irregular 4mm2 e um cabo de boa qualidade 2,5mm2
Foto 11 – Área cobre de 1,43mm2 do cabo identificado pelo fabricante com uma área de 4mm2
O que estou reforçando não tem relação com reserva de mercado e sim com o fato
de que estamos tirando muitas vidas no Brasil ao aceitarmos que profissionais com
formação superior em engenharia civil atuem na área elétrica, estudando menos do
que um eletricista, dando aos mesmos o direito de assinar projetos elétricos,
executar obras e fazer laudos de inspeção visual na área elétrica.
Cabe destacar que o risco de incêndio ao fazer uso de um material cabo desbitolado
é extremamente elevado, sendo relevante reforçar que durante uma inspeção em lojas
de São Paulo, mais de 61% dos cabos comercializados no Brasil estavam em situação
semelhante.
A NBR 16747, criada para fazer inspeções prediais, irá permitir que
engenheiros civis, sem formação na área elétrica, inspecionem edificações e atestem
problemas gerados e criados por muitos dessa categoria ao atuarem na área elétrica,
contribuindo ainda mais com o número de incêndios, pois irá induzir pessoas a NÃO
CONTRATAREM especialistas na área elétrica para fazerem esse serviço.
A grande pergunta que devemos nos fazer é: por qual motivo isso acontece?
Muitos desses profissionais nem sequer sabem a diferença entre um fio e um cabo
elétrico, sendo altamente complexo encontrar e saber lidar com um problema de cabo
desbitolado.
Por isso as empresas que fabricam cabos desbitolados estão fazendo a festa no
Brasil. Tem muito nó cego sem conhecimento fazendo projeto e inspeção na área
elétrica.
Uma boa parcela dos defensores das normas rígidas não oferece serviços e
não estão preocupados com as condições financeiras dos clientes e nem com a
viabilidade de aplicação do que está sendo proposto.
Assim, é possível enxergar um jogo de interesses por trás dessa afirmação, que
está em criar dificuldades para vender oportunidades - no qual podemos observar diversos
exemplos em momentos oportunos.
De maneira prévia antecipo o que provavelmente irá ocorrer em breve com outra
norma, a NBR 5410, que trata das Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Atualmente a
norma se encontra em revisão, o seu valor atual é de R$ 436,60 [13], sendo enviado um
arquivo em “pdf” para o comprador.
Para que o Ministério Público Federal possa entender como são criadas as normas
técnicas, é necessária uma leitura do estatuto da ABNT [14] disponível em seu site:
http://www.abnt.org.br/images/Docspdf/ESTATUTOABNT_abril18.pdf
Cabe destacar que a ABNT tem como origem das suas receitas os repasses dos
associados, da venda das normas técnicas e de diversas instituições, incluindo do governo
federal.
“ O convênio entre as associações prevê, entre outras ações, a atualização do corpo normativo da ABNT para
os setores de saneamento e tratamento de resíduos, composto atualmente por 208 normas publicadas e 73 projetos
em andamento, relacionados a saneamento, e 27 normas publicadas, além de sete projetos em andamento, ligados a todos
os tipos de resíduos no país.”
Também pode ser citado a NBR 14136 que trata do novo Padrões de plugues e
tomadas que movimentou bilhões na economia.
“Mercado movimenta R$ 24 bilhões por ano e segurança das redes elétricas não aumentou”.
“Executivo do setor elétrico há 50 anos, Marco Aurélio Sprovieri disse que, no auge da discussão para tornar a
norma obrigatória, a multinacional francesa Pial Legrand trouxe para o Brasil os moldes prontos para produzir o padrão que
aqui tinha acabado de se transformar em norma. A empresa é uma gigante que atua em 180 países com um faturamento
anual de € 4 bilhões, quase R$ 18 bilhões.”
“Comentava-se na época que a Pial já tinha as máquinas para fabricar o novo padrão antes mesmo de ele ser
imposto no Brasil”, disse Sprovieri. Só a Pial tinha o formato hexagonal. “A empresa se beneficiou mais do que os outros
fabricantes, que tiveram um pouquinho mais de dificuldade de desenvolver um novo processo fabril de produção”.
O fato é que cada vez mais estão sendo criadas bíblias técnicas através de
normas, por vezes feitas por teóricos com desconhecimento das dificuldades
sociais, que estão cada vez mais inviabilizando a prestação de serviço de bons
profissionais no setor elétrico, pois muitas coisas tem custos inviáveis para quem
contrata os serviços. Isso impacta a vida dos prestadores de serviço, dos condomínios,
comércios e indústrias, pois se não atenderem as normas técnicas podem ser penalizadas
em casos de acidentes.
Fica fácil pra quem não faz dizer como deve ser feito. O difícil é fazer o que
está escrito. Por vezes podemos pensar, “então onde estão as pessoas que fazem”?
Muitas delas trabalhando, tentando sobreviver em um mercado que paga cada vez
menos para engenheiros eletricistas e eletrotécnicos, por ter pessoas que estudam menos
de 100h sobre eletricidade (engenheiros civis e arquitetos) e o CONFEA, aceita que esses
profissionais assinem projetos. A ABENC também é uma instituição que incentiva esse
absurdo, motivando os profissionais com formação em engenharia civil a fazerem projetos
e inspeção elétrica sem conhecimento na área.
A ABNT NBR 16747 foi elaborada no Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-002), pela Comissão de
Estudo Inspeção Predial (CE-002:140.002). O Projeto circulou em Consulta Nacional conforme Edital nº 12, de 17.12.2018 a
14.02.2019.
Durante a fase de consulta pública que ocorreu em entre dez/18 e fev/19 tive a
oportunidade de participar de uma reunião no Instituto de Engenharia do Paraná (IEP). Na
ocasião, foi feito uma apresentação sobre a norma, com intuito de aprovarem na mesma
reunião o que estava sendo exposto, para envio em nome da instituição.
Durante a reunião, fiz uma gravação em vídeo, pois tinha certeza que a norma iria
passar, sem que as nossas exigências fossem atendidas, mesmo durante o prazo de
consulta pública.
https://www.youtube.com/watch?v=K2sDdEjsvgA&t=2937s
Infelizmente para os responsáveis pela elaboração da norma, nada do que foi dito
no vídeo foi levado em consideração e a norma manteve o seu curso, de acordo com as
articulações e manobras previstas.
Durante a consulta pública a norma teve 168 votos, sendo que destes 75 votos
foram aprovados sem restrição, 33 com observação de forma e 60 não aprovações
com objeções.
Essas informações foram enviadas para o meu e-mail por parte da ABNT no dia de
abril de 2019. As mesmas constam no procedimento 1.34.001.004310/2020-10, documento
1.2, página 1, sendo destacado abaixo algumas informações relevantes:
“O CB-002 fará em breve a convocação para a reunião especial de análise da Consulta Nacional. Estamos
cadastrando seus dados para que na ocasião da reunião, o senhor seja convidado a participar.”
“Apoiamos o parecer de nosso especialista o qual corrobora com o parecer do Sr. Daniel abaixo e gostaríamos de
ter seu parecer quanto esta questão, qual seria o caminho a ser adotado.”
O Sr. Daniel citado no e-mail que recebe apoio e concordância sou eu. Cabe
destacar que o e-mail foi enviado por um dos membros do COBEI para o responsável pela
ABNT/ CB-002 (Comitê Brasileiro da Construção Civil), pedindo que fosse citado na NBR
16747, as normas da elétrica, entre elas a NBR 5410.
No mesmo ofício enviado ao Ministério Público o COBEI informa que tem como
objetivo:
O que gera espanto após a aprovação da norma é o COBEI apoiar uma norma de
Inspeção Predial, sem citar normas como a NBR 5410, feita por profissionais que estudaram
menos de 100h sobre eletricidade, sendo que a maioria dos incêndios tem como origem as
instalações elétricas.
O aumento nos incêndios e a sua origem (estimada), pode ser comprovada pela
reportagem pelo G1, com o título: Pará registra mais de 600 ocorrências de incêndios em
imóveis este ano [17].
“De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Pará, só neste ano já foram registradas cerca
de 669 ocorrências de incêndios em edificações no estado.”
“Os Bombeiros indicam que as principais causas de incêndio ainda estão relacionadas aos
chamados fenômenos termoelétricos em aparelhos eletro/eletrônicos, como curto-circuito, sobrecarga
de energia e instalações elétricas em mau estado de conservação.”
A denúncia percorreu um fluxo interno por parte do Ministério Público Federal, sendo
solicitado esclarecimentos por parte da ABNT, COBEI e CONFEA, que responderam
através de ofícios direcionados ao MPF.
“A ABNT é uma associação civil sem fins lucrativos, fundada em 28 de setembro de 1940 e considerada de utilidade
pública pela Lei 4.150, de 21 de novembro de 1962. No ano de 1992, recebeu do Governo Federal através da Resolução nº
7 do Conmetro (Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), de 24 de agosto de 1992, o título de
Único Foro Nacional de Normalização.”
Para criar normas a ABNT recebe repasses milionários, além de ganhar com
associados que podem e têm interesses específicos. Empresas e pessoas físicas que se
beneficiam com as normas criadas e impostas a população em alguns casos, tais como a
criação da NBR 16747.
“O processo de elaboração de um Documento Técnico ABNT é iniciado a partir de uma demanda, que pode
ser apresentada por qualquer pessoa, empresa, entidade ou organismo regulamentador, que estejam envolvidos com o
assunto a ser normalizado.”
“O assunto é discutido amplamente pelas Comissões de Estudo, com a participação aberta a qualquer
interessado, independentemente de ser ou não associado à ABNT, até atingir consenso, gerando então um Projeto de
Norma.”
Podemos perceber no texto acima citado pela presidência da ABNT que o termo
“discutido amplamente” não existe no caso da NBR 16747, pois a norma foi criada pela
CB-002, sem citar normas de outras áreas, tais como elétrica e mecânica. Uma prova
disso foi o alto índice de rejeição durante a consulta pública, com posterior
publicação da norma com poucas alterações, em resumo, mudança de palavras sem
alteração do contexto.
Como podemos pensar em inspeção predial, sem pensar nas coisas que mais
vem causando acidentes e incêndios? É de tamanha arrogância, audácia e prepotência
qualquer opinião que desconsidere esse contexto.
“Assim, uma vez detectada a necessidade de normalização de um determinado assunto, uma Comissão de Estudo
é formada para elaborar um Projeto de Norma, o qual é debatido à exaustão, até que se encontre consenso, resultando em
um texto-base que tenha maturidade suficiente para submissão à Consulta Nacional (CN) pelo prazo mínimo de 30 dias.
Durante este período, qualquer interessado pode se manifestar, sem qualquer ônus, a fim de recomendar à Comissão de
Estudo a aprovação do texto como apresentado, a aprovação do texto com sugestões ou a não aprovação, devendo, para
tal, apresentar as objeções técnicas que justifiquem sua manifestação.
Ao final deste prazo, os comentários recebidos são analisados pela ABNT/CE responsável pelo Projeto, em
reunião que conta com a participação de todos aqueles que se manifestaram, com a obrigação de apresentar resposta
a todos os posicionamentos técnicos justificados que tenham sido encaminhados.”
O interesse oculto por parte de muitos participantes que elaboraram a NBR 16747
é fácil de compreender quando observamos os ganhos diretos com a aprovação da norma.
Sobre o IBAPE, cabe destacar que são uma instituição cuja predominância são
profissionais com formação em engenharia civil, não tendo conhecimento técnico
aprofundado sobre Perícia Elétrica em edificações.
Isso pode ser constatado pelo quadro de associados do IBAPE/PR [18], através do
link: http://www.ibapepr.org.br/associados/.
“A segurança de que o processo transcorreu dentro de todos seus princípios e com total transparência se reflete no
fato de que foram recebidas mais de 160 indicações de posicionamento, distribuídos em 75 recomendações de aprovação,
33 recomendações de aprovação com comentários e 60 recomendações de desaprovação.
Cabe ainda complementar o acima citado lembrando que o resultado de uma Consulta Nacional não leva em
consideração critérios numéricos, mas sim o debate técnico, cujos resultados são obtidos por meio do consenso
entre as partes interessadas, e que tais práticas,”
Através das palavras da ABNT, podemos perceber que a mesma deixa claro que A
CONSULTA PÚBLICA NÃO TEM RELEVÂNCIA. O que é considerado importante para
eles é uma VALIDAÇÃO DOS COMENTÁRIOS DURANTE UMA REUNIÃO DE DEBATE
TÉCNICO É O MAIS IMPORTANTE, é nesse momento que um bom orador consegue
MANIPULAR A MASSA e aprovar normas ou itens que facilitam a vida de prestadores de
serviços ou fabricantes.
O fato é que muitos temas são complexos para serem debatidos em pouco tempo,
não tendo tempo hábil para uma leitura na integra e uma análise crítica dos presentes em
uma reunião, que por vezes pode envolver pesquisas complementares.
Como a plateia não tem acesso e mesmo que tivesse não estuda os comentários
antes, fica fácil fazer uma leitura dinâmica e acelerada, dando mais ou menos importância
a cada tema. Um bom orador faz isso facilmente.
Com menos tempo e com uma plateia cansada por ter ficado um dia inteiro lendo
comentários fica fácil MANIPULAR UMA MASSA, fazendo com que a aprovação final tenha
passado pela aprovação de diversos especialistas e que isso irá beneficiar a sociedade.
Em resumo um sistema falho, que qualquer pessoa de má fé, que tenha boa oratória,
pode manipular a plateia, cuja predominância é de interessados.
O benefício por trás dessa estratégia é de que nada fica registrado, não é possível
saber quais foram as justificativas para cada item aceito ou rejeitado. Não é possível saber
os nomes das pessoas e nem o que elas ganham ou perdem com o que defendem.
É nessa hora que damos a uma empresa que tem um monopólio e tem relação
direta com empresas que investem nela o poder de criar normas que em muitos casos
estão ligados com o aumento de faturamento das empresas do que com a segurança
da sociedade.
No caso da NBR 16747 o MPF irá perceber que a predominância das pessoas que
aprovaram a norma e filtraram os comentários da elétrica são de profissionais com
formação em engenharia civil, pois a norma foi criada por eles, com intuito de abrir mercado
para essa categoria. Isso não poderia ocorrer, considerando que o que mais gera
incêndios e mortes no Brasil são os acidentes com origem elétrica.
No ofício enviado para o MPF a ABNT descreve alguns trechos da NBR 16747.
“Esta Norma se aplica às edificações de qualquer tipologia, públicas ou privadas, para avaliação global da
edificação, fundamentalmente através de exames sensoriais por profissional habilitado.”
Nesse trecho a estratégia utilizada é para dar alcance a NBR 16747, dando
oportunidade para que os engenheiros civis sem conhecimento na área elétrica, façam
laudos de inspeção predial de maneira superficial em edificações públicas e privadas.
O termo “Avaliação Global” indica que “qualquer coisa” pode ser entregue para o
cliente, não deixando claro o que será inspecionado na parte elétrica. Isso é uma ANTI
ENGENHARIA e uma VERGONHA por parte da ABNT criar um documento dessa
natureza, comprometendo a segurança das edificações e ENGANANDO OS CLIENTES
QUE CONTRATAM ESSE SERVIÇO COM BASE NA NBR 16747.
Para que as edificações tenham segurança, os serviços oferecidos devem ser feitos
por especialistas em cada área de atuação.
Precisamos ter limites, caso contrário TODOS estaremos sendo coniventes com
mortes semelhantes ao que acontecem com os 10 jovens no Centro de Treinamento do
Flamengo. O que mais temos que esperar acontecer para tratar desse assunto como deve
ser tratado?
Em seu posicionamento para o MPF a ABNT, cita outro trecho da NBR 16747:
“NOTA Em termos da lógica de um sistema de inspeção, a inspeção predial descrita nesta Norma ocupa a função
de um exame “clínico geral” que avalia as condições globais da edificação e detecta a existência de problemas de
conservação ou funcionamento, com base em uma análise fundamentalmente sensorial por um profissional habilitado. Com
base nesta análise, pode ser recomendada a contratação de inspeções prediais especializadas ou outras ações, para
que se possa aprofundar e refinar o diagnóstico. Os procedimentos e recomendações para as inspeções prediais
especializadas não estão cobertos por esta Norma.”
“Profissional habilitado: Profissional com formação nas áreas de conhecimento da engenharia ou arquitetura e
urbanismo, com registro no respectivo conselho de classe e consideradas suas atribuições profissionais.
NOTA Exemplos de órgãos de conselhos de classe são Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – CREA –
e Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU.”
Traduzindo o que está sendo informado acima, estamos dizendo que um laudo de
inspeção predial, pode ser feito por profissionais registrados no CREA e no CAU, em
resumo, eng. eletricistas, eng. mecânicos, eng. civis e arquitetos.
- ABNT NBR 5674, Manutenção de edificações – Requisitos para o sistema de gestão de manutenção;
- ABNT NBR 14037, Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações –
Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos;
- ABNT NBR 15575-2, Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais;
- ABNT NBR 15575-3, Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos;
- ABNT NBR 15575-4, Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações
verticais internas e externas – SVVIE;
- ABNT NBR 15575-5, Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 5: Requisitos para os sistemas de
coberturas
- ABNT NBR 15575-6, Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 6: Requisitos para os sistemas
hidrossanitários;
Todas as normas citadas como referência foram feitas pela própria ABNT/CB-
002, NÃO SENDO INCLUIDO NENHUMA NORMA DA ELÉTRICA nas referências para
se fazer uma inspeção predial. O mesmo ocorre com as normas feitas pelos engenheiros
mecânicos.
É fácil de entender os motivos pelo qual a ABNT/CB-002 não citou nenhuma norma
da área elétrica. Como os profissionais de engenharia civil estudam menos de 100h sobre
eletricista, os mesmos desconhecem as normas sobre eletricidade, que vem sendo
descumpridas e tirando muitas vidas no Brasil.
Em termos práticos, os arquitetos não tem condições de fazer uma avaliação global
em sistemas mecânicos e elétricos, e os engenheiros eletricistas desconhecem e não tem
atribuição para fazer inspeção predial, com base nas normas citadas pela CB-002. Os
técnicos ficaram de lado, mesmo tendo atribuição pelo Conselho Federal dos Técnicos para
desempenhar tal atividade.
A forma como a norma foi feita denigre a imagem da ABNT e nos mostra como
existem FALHAS GRAVES que precisam ser CORRIGIDAS IMEDIATAMENTE com uma
FISCALIZAÇÃO MAIS RÍGIDA E TRANSPARENTE sobre como as normas técnicas são
feitas no Brasil.
Essa CONCLUSÃO pode ser obtida se não avaliarmos o que está escrito na
NBR 16747 de maneira explícitas, mas sim DE MANEIRA IMPLÍCITA e oculta, sendo
essa uma manobra vergonhosa que mostra como de fato as coisas são feitas no
Brasil.
“Não foi apresentada, em momento algum, conforme a informação prestada pela comissão uma argumentação
técnica para a não aprovação do Projeto de Norma, sendo a única justificativa mencionada o fato de que este favoreceria
a classe de Engenheiros Civis, indicação que não é encontrada no documento.”
O trecho acima é uma tentativa de enganar a massa, dizendo que não está escrito
de MANEIRA EXPLÍCITA na norma que só engenheiros civis podem fazer laudos de
inspeção predial. Essa conclusão só pode ser feita de MANEIRA IMPLÍCITA, sendo essa
uma MANOBRA para OFUSCAR E CONFUNDIR O SISTEMA JUDICIÁRIO por parte da
ABNT/CB-002 ao criar essa norma e na forma como a ABTN respondeu o o Ministério
Público Federal:
“Apesar de todo esse cuidado, especialmente considerando as preocupações apontadas pelos profissionais
engenheiros elétricos, a ABNT desde já está coordenando junto ao Comitê ABNT/CB-002 (Construção Civil) aos outros
Comitês Técnicos da ABNT, como o ABNT/CB-003 (Eletricidade) e o ABNT/CB-024 (Segurança contra incêndio) a
revisão e a criação de normas específicas para cada especialidade, de modo que, em conjunto comporão um todo
mais específico para fins de inspeção predial.”
O trecho mencionado por último, significa, “agora que a norma já está publicada,
vamos ganhando tempo, dizendo para o Ministério Público Federal e para sociedade
que vamos pensar em como fazer outras normas, enquanto isso, vamos pensar em
como convencemos a sociedade que os laudos de inspeção predial em formato
“clínico geral”, são úteis e necessários.”
A ABNT assume a sua falha em não ter previsto itens e não quer
DESPUBLICAR a NBR 16747. Novas normas podem demorar anos para serem
criadas, enquanto isso, vamos deixar quantas pessoas morrendo pela falta de
cuidados com eletricidade?
Cabe destacar que a critica não está direcionada a todos engenheiros civis, sendo
feita somente para os profissionais de negligenciam a importância de outros especialistas.
Para comprovar o que foi dito até o presente momento, passo a descrever a opinião
de outros especialistas sobre a NBR 16747, citado em uma entrevista para Revista
Potência, ano 15, nº 175 [19].
“Em comunicado datado de 26 de junho, a ABEE Nacional (Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas),
representada por seu presidente, o engenheiro eletricista José Antônio Latrônico Filho, reclama que a “norma concedeu aos
engenheiros civis praticamente a exclusividade sobre tal procedimento (inspeção predial), inclusive autorizando-os
a inspecionar toda a instalação elétrica de uma edificação independentemente de sua complexidade”.
Segundo a ABEE, “a inspeção e análise de instalações elétricas não faz parte do currículo específico dos
engenheiros civis, nem tampouco consta de qualquer norma vigente emitida pelo Confea sobre atribuições profissionais.
Portanto, seu exercício por engenheiros civis representa uma infração à Lei n. 5.194/66, além de um enorme risco para a
sociedade”.
A ABEE diz no comunicado que, após a publicação da norma, “centenas” de engenheiros eletricistas
recorreram à entidade, “demonstrando grande indignação e extrema preocupação” com o assunto.
Para a ABEE, “o adequado seria a elaboração de uma norma estruturada sob bases técnicas
multidisciplinares, onde haveria necessariamente a interação de especialidades profissionais da engenharia - civil,
elétrica e mecânica, para a técnica e adequada realização das atividades de inspeção predial, pública e privada, no
âmbito nacional”.
O engenheiro eletricista Eduardo Daniel, que no momento coordena a comissão de estudos que está revisando a
NBR 5410 diz que a NBR 16747 tem um “potencial enorme”, mas hoje seria “muito genérica”.
Para ele, é um erro não citar normas de referência, como os documentos sobre temas como combate a incêndio e
elétrica: “Se vai citar a referência normativa, teria que ter citado a NBR 5410 desde o início”.
Segundo Eduardo, a norma está prestando um desserviço para sociedade do jeito que saiu porque não cita
procedimentos. “Está deixando para decisão do próprio inspetor ver o que vai fazer: inspeção visual, ensaio,
desmonte da instalação...”.
Eduardo também revela o receio de que a inspeção venha a ser feita por pessoal sem conhecimentos na área
elétrica. “Assim como eu, engenheiro eletricista, não tenho a mínima noção de o que é fazer inspeção numa estrutura
de concreto, acho que engenheiros civis podem não saber o que é importante numa instalação elétrica. Tem que ser
cada um na sua seara”, defende.
Em termos práticos toda rede funciona com base em decisões feitas por pessoas
influentes colocadas de maneira estratégica dentro de cada instituição. Quando cito os
problemas encontrados dentro da ABNT, CONFEA e COBEI, não podemos deixar de lado
a contribuição essencial para o crescimento do Brasil feita através do trabalho destas
instituições.
É possível que muitas coisas que estão sendo apresentadas nesse documento não
sejam do conhecimento dos diretores dessas instituições, no entanto, cabe aos seus
governantes selecionarem melhor os seus tomadores de decisão, para evitarem problemas
dessa natureza.
O FATO É QUE DO JEITO QUE A NBR 16747 FOI CRIADA NÃO PODE
ACONCETER NOVAMENTE COM NENHUMA OUTRA NORMA.
Por vezes, sobre pressão, após terem feito algo errado, é melhor tentar lutar até o
fim do que retroceder e corrigir o erro. Isso é inerente ao ser humano, principalmente
quando envolve questões financeiras e uma forte pressão por trás do que ocorre.
Cabe a nós como profissionais que estamos na base dessa pirâmide, pensar sobre
qual é o nosso verdadeiro papel como engenheiros, advogados, arquitetos e cada profissão
criada para resolver os problemas da sociedade.
A grande questão é: Mais quantas normas não estão sendo criadas no Brasil
em um formato semelhante?
ABNT – Trata-se de uma Instituição pública de direito privado que recebe dinheiro
do Governo Federal (Governo Federal), CONFEA, FINEP, Inmetro, indústrias, entre outras
instituições e interessados. Os contratos da ABNT com outras empresas são
MILIONÁRIOS. As decisões feitas por ela movimentam BILHÕES DE REAIS de
maneira direta e indireta, impactando fortemente a sociedade.
“Destaca-se ainda que as atribuições de cada modalidade não se confundem entre si cabendo, inclusive, autuação
por exorbitância àquele profissional que extrapolar suas atribuições, ou seja, que se incumbir de atividades estranhas às
atribuições discriminadas em seu registro, conforme previsto na alínea 'b' do art. 6°, da Lei n° 5.194, de 1966.
Contudo, as atribuições profissionais não são, por assim dizer, "engessadas" ou "vinculadas" a um título
profissional, no sentido de que, caso um profissional pertencente a uma determinada modalidade venha cursar
conteúdo referente a outra modalidade profissional dentro do mesmo grupo ou mesmo conclua curso stricto sensu,
no caso deste se tratar de pós-graduação no mesmo grupo ou diferente da formação inicial do profissional, a
concessão da extensão da atribuição inicial de atividades e de campo de atuação profissional no âmbito das
profissões fiscalizadas pelo Sistema Confea/Crea será em conformidade com a análise efetuada pelas câmaras
especializadas competentes do Crea da circunscrição na qual se encontra estabelecida a instituição de ensino ou a
sede do campus avançado, conforme o caso, nos termos do art. 7°, da Resolução Confea n° 1.073, de abril de 2016, a qual
regulamenta a atribuição de títulos, competências e campos de atuação profissionais aos profissionais registrados no Sistema
Confea/Crea para efeito de fiscalização do exercício profissional no âmbito da Engenharia e da Agronomia.”
“Assim, cabem aos Conselhos Regionais a verificação de eventual transgressão à legislação profissional no que se
refere ao exercício das atividades previstas na Lei n° 5.194, de 1966, de forma que eventual exorbitância cometida por
profissional estará passível de aplicação de penalidade.”
O que o CONFEA está tentando induzir o Ministério Público Federal a pensar é que
dos 9 projetos elétricos feitos por engenheiros civis a cada 10 elaborados (usando como
extrapolação os dados do CREA/PR), grande parte engenheiros civis possuem uma
especialização complementar na área elétrica.
COBEI – É uma associação civil de direito privado, que exerce forte influência na
ABNT, tendo como associados outras associações e indústrias. Tem como objetivo:
Cabe destacar que o COBEI é mantido por indústrias, que por sua vez, através da
influência no COBEI, decorrente de suas lideranças conseguem influenciar diretamente as
decisões tomadas na ABNT, no que se refere a criação de normas técnicas.
“Ao final deste prazo, os comentários recebidos são analisados pela ABNT/CE responsável pelo Projeto, em
reunião que conta com a participação de todos aqueles que se manifestaram, com a obrigação de apresentar resposta
a todos os posicionamentos técnicos justificados que tenham sido encaminhados.”
De maneira resumida, não falam sobre coisas polêmicas ou quando falam, não
dizem nada com nada para não comprometer ninguém.
Os mesmos se beneficiam das mais diversas formas, sendo que geralmente não
são prestadores de serviço que conhecem a realidade do mercado. São geralmente
teóricos que não emitem uma Anotação de Responsabilidade Técnica a muitos anos, pois
não precisam disso para sobreviver e não estão preocupados com quem precisa.
Tem por hábito, apoiarem ideias de normas cada vez mais rígidas e por padrão dão
ênfase nos problemas e não na solução deles de maneira palpável, apresentando
propostas de melhorias empíricas ou transferindo a culpa para os profissionais da área
elétrica. Muitos desses se posicionam como donos da verdade, podendo serem associados
aos Fariseus, do século II a.C.
Na prática, muitos tendem a criticar esse documento e o que está sendo exposto,
sem considerar a gravidade do tema para sociedade. É um padrão típico desse grupo.
Também encontramos uma velha guarda e uma nova geração em busca de status
que tem entrado nesse SISTEMA INTERLIGADO, sendo conduzida e manipulada por essa
velha guarda.
Com o uso das redes sociais, a velha guarda entendeu que precisa se conectar com
pessoas mais jovens para gerar conteúdos digitais e essas parcerias geram benefícios para
todos.
Quando deixamos de olhar o problema como deve ser visto e começamos a criar
dificuldades para vender oportunidades, passamos a COMPROMETER UMA
SOCIEDADE.
O fato é que todo esse SISTEMA INTERLIGADO vem criando normas cada vez
mais rígidas sem conhecer a realidade e as necessidades da população. Em muitos
casos não são feitos estudos que VERDADEIRAMENTE justifiquem muitas mudanças
técnicas, beneficiando por vezes, pessoas que têm ganhos diretos com as aplicações
das normas e não a população.
Alguns trechos desse comunicado enviado para presidência da ABNT por parte da
ABEE, que são de grande relevância, serão transcritos aqui. O documento completo está
no anexo II, disponível para conferência do Ministério Público Federal:
“Como é do conhecimento de Vossa Senhoria, foi elaborada por essa entidade a Norma Técnica NBR
16747/2020, aprovada no dia 21/05/20, tendo sido negligenciados os comentários de Engenheiros
Eletricistas especialistas na área.
Na prática, muitas normas são criadas para a satisfação de interesses meramente corporativos,
num jogo de cartas marcadas, sem transparência, com divulgações e encontros personalizados para
apoiadores.
Essa norma foi elaborada pela Comissão de Engenharia Civil (CB002) da ABNT, tendo tido muito
pouca participação e representatividade de Engenheiros Eletricistas; no entanto, trata de áreas de
atuação comum de ambas as modalidades de profissionais.
A ideia central da norma é obrigar que os prédios públicos e privados tenham um laudo de
inspeção predial multidisciplinar.
A norma aprovada em 21/05/20, em PLENA PANDEMIA, cita que os profissionais podem chamar
outros especialistas, mas na prática isso muito raramente ocorre.
Ela prevê que sejam feitas inspeções em sistemas elétricos de edificações de maneira multidisciplinar
(um único especialista assina o laudo, geralmente engenheiro civil), por profissionais (engenheiros civis)
que se graduam tendo cursado menos de 100 horas x aula sobre eletricidade; na maioria das faculdades,
essa carga horária não atinge sequer 75 horas x aula. Isso NÃO CREDENCIA NENHUM ENGENHEIRO CIVIL
A ELABORAR LAUDOS TÉCNICOS EM ELETRICIDADE, POR FALTA DE FORMAÇÃO TÉCNICA
SUFICIENTE.
A carga horária de estudos que um engenheiro civil recebe sobre eletricidade é muito menor que a de
um eletrotécnico, para realizar esse tipo de trabalho.
A Norma de Inspeção Predial criada basicamente por engenheiros civis e arquitetos não cita as
principais normas de segurança das instalações elétricas, entre elas a norma ABNT NBR 5410 que trata
das Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Nela são tratados diversos temas importantes, como o
dimensionamento dos circuitos elétricos, que podem evitar incêndios como o que matou dez jovens no
CT do Flamengo, entre outros aspectos importantes.
Os temas técnicos, na prática, são decididos por poucas pessoas, mas influenciam todo o contexto
técnico nacional.
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, todo serviço ou produto comercializado deve estar
em conformidade com as normas técnicas, mas não existe fiscalização adequada, tampouco tecnicidade e
responsabilidade na elaboração dessas normas, resultando na manipulação do mercado consumidor.
Muitas pessoas vêm morrendo por conta de negligências de alguns engenheiros civis e
arquitetos que acreditam ter conhecimento na área elétrica. Laudos são elaborados de maneira muito
superficial, por parte de alguns engenheiros civis e arquitetos que acreditam possuir competência para
atuar na área elétrica.
Legalmente falando, nenhum engenheiro civil ou arquiteto possui atribuições para atuar na área
elétrica. As atribuições dos engenheiros civis estão no artigo 28 do Decreto 23.569/33 ou no artigo 7º da
Resolução N. 218/73 do Confea, a depender da época em que o profissional se graduou. As atribuições dos
arquitetos estão no artigo 2º da Lei N. 12.378/10. Basta uma leitura atenta desses dispositivos legais para se
constatar que as palavras “elétrico” ou “eletricidade” não são mencionadas uma vez sequer no rol de atribuições
lá elencadas.
Na prática, o consumidor e a sociedade acabam ficando com uma falsa sensação de segurança
ao acreditar que as instalações elétricas estão corretas por terem sido inspecionadas por arquitetos ou
engenheiros civis; mas não estão, pois foram inspecionadas por profissionais sem habilitação legal e
capacitação técnica suficiente.
Sob o ponto de vista técnico, importante salientar que, para a elaboração e execução de projetos de
instalações de energia elétrica sem restrições quanto a carga, tensão e tipo ou condição de trabalho, somente
os engenheiros eletricistas estão plenamente habilitados, ou os profissionais que tenham em sua grade
curricular uma carga horária e conhecimento similar, em se tratando de sistemas de eletricidade.
a) podem se destinar ao suprimento de energia elétrica a locais que exigem a utilização de materiais
especiais de segurança e proteção, como hospitais, postos de gasolina e afins;
b) podem ser dotadas de sistema de geração de energia, como centros de processamento de dados e
afins;
c) podem se destinar ao suprimento de energia para espaços de reuniões, como teatros, cinemas,
templos, ginásios, hotéis, "shopping-centers", mercados, escolas e afins (norma ABNT NBR 13570 –
Instalações elétricas em locais de afluência de público – Requisitos específicos);
d) podem alimentar instalações onde se verifique a presença de gases ou vapores inflamáveis, assim
como poeiras, fibras, combustíveis, etc. (norma ABNT NBRIEC 60070-14 – Atmosferas explosivas. Parte 14 –
Projeto, seleção e montagem de instalações elétricas);
Em muitos casos deve-se considerar a necessidade de se proceder ao estudo prévio e à análise dos
circuitos da rede elétrica de distribuição da concessionária à qual o prédio estará conectado.
Além disso, deve-se levar em consideração o tipo de carga que estará conectado à instalação elétrica
trifásica. Pode haver a conexão de máquinas elétricas síncronas (motor, gerador ou compensador), máquinas
assíncronas, fornos resistivos ou indutivos, entre tantas outras com “n” especificidades distintas. Para essas
instalações elétricas trifásicas precisa-se analisar o seu regime de trabalho, o tempo de partida/aquecimento, a
seletividade, o relé de proteção, entre outros, tornando complexos tanto o projeto quanto o dimensionamento
do circuito trifásico.
Ainda sobre cargas típicas de circuitos trifásicos, que influenciam em todos os pontos do projeto e no
dimensionamento das instalações elétricas: precisam ser consideradas e tratadas as harmônicas geradas pelos
dispositivos de acionamento (soft starter, inversor de frequência etc.) e a devida correção do FP (Fator de
Potência, dimensionando e aplicando um banco capacitivo ou um filtro ativo de potência.
Sob o ponto de vista jurídico, o tema foi pacificado nos Tribunais, reconhecendo a
INCOMPETÊNCIA TÉCNICA DO ENGENHERIRO CIVIL PARA OBRAS E PROJETOS ELÉTRICOS:
no plano infra legal, sendo certo que, por meio de peritos, seria possível discutir a adequação dos
critérios ali definidos. Ocorre que isso não pode ser sindicado, haja vista que o mandado de segurança não
admite dilação probatória. 3. Ainda que o currículo do impetrante seja bastante extenso, há necessidade de
comprovação dos requisitos formais para o exercício da atividade que pretende realizar assinar, consistente em
projetos de Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA). 4. Apelação e remessa oficial
providas. (TRF4, APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 0011715-09.2009.404.7200, 3ª TURMA, Juiz
Federal NICOLAU KONKEL JUNIOR, POR UNANIMIDADE, D.E. 28/02/2011, PUBLICAÇÃO EM 01/03/2011.
Tendo em vista que a norma técnica em comento revela-se um atentado à segurança da sociedade,
pois criou oportunidades (praticamente monopolistas) de trabalho para profissionais que não possuem formação
técnica suficiente na área elétrica, REQUEREMOS O CANCELAMENTO INTEGRAL DA NBR 16747 -
INSPEÇÃO PREDIAL.
“Em atenção à correspondência recebida, informamos que a norma ABNT NBR 16747:2020 - Inspeção
predial - Diretrizes, conceitos, terminologia e procedimento, aprovada em 21 de maio de 2020, entrou em nova
revisão no dia 15 de junho de 2020.
Ressalva-se que estamos em entendimento com o Sistema CONFEA, visto que a habilitação do
profissional deve ser regulamentado por esse Conselho Federal de Engenharia e Agronomia.”
A resposta da ABNT para ABEE é uma MENTIRA, pois durante esse período da
citada revisão a norma NUNCA DEIXOU DE SER COMERCIALIZADA, O QUE SIGNIFICA
QUE ELA NUNCA VOLTOU PARA REVISÃO.
O que de fato ocorreu foi uma ERRATA DA NBR 16747 de maneira AUTORITÁRIA
POR PARTE DA ABNT/CB-002, sendo publicada no dia 15/07/20, sendo colocado
somente o trecho destacado abaixo:
“A inspeção predial descrita nesta Norma ocupa a função de um exame “clínico geral” que avalia
as condições globais da edificação e detecta a existência de problemas de conservação ou funcionamento, com
base em uma análise fundamentalmente sensorial por um ou mais profissionais habilitados, tal que esta equipe
deve ser tomada de acordo com as características e complexidades técnicas dos sistemas e procedimentos
descritos nesta norma. Pode ser recomendada a contratação de inspeções especializadas, ou de outras
ações, quando for necessário complementar ou aprofundar o diagnóstico.
Essa foi mais uma tentativa de manobra para dizer que a norma passou por um
processo de revisão, no entanto, diversos profissionais que se inscreveram para
participar da revisão da NBR 16747 para sugerir melhorias NÃO FORAM
CONSULTADOS. Isso ocorreu comigo, pois me cadastrei para opinar sobre a NBR
16747 e com diversos outros engenheiros eletricistas que conheço e fizeram o
mesmo.
A ABNT também publicou em seu site de notícias NOTA TÉCNICA SOBRE A NBR
16747 que comprova que houve negligência na criação da NBR 16747.
“Comunicamos que a norma ABNT NBR 16747:2020 - Inspeção predial - Diretrizes, conceitos,
terminologia e procedimento, desenvolvida no âmbito da Comissão de Estudo de Inspeção Predial, que
pertence ao Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-002) segue em vigor, e foi aberto um processo
breve de revisão que resultou na publicação de uma Errata, com o objetivo de melhor esclarecer a
abrangência de seu escopo, qual seja, de diretrizes e procedimentos gerais.
Esclarecemos que durante este processo ficou decidido o desenvolvimento de análises e estudos,
pelos diversos comitês brasileiros, quanto à pertinência de criação de normas complementares,
especializadas em inspeção de subsistemas da construção, tais como Elétrico, Segurança contra
Incêndio, Estrutura, Ar-condicionado entre outros, para as quais haverá ampla convocação de especialistas
de cada setor da sociedade para contribuição aos trabalhos normativos.”
http://www.abnt.org.br/noticias/6949-nota-tecnica-abnt-nbr-16747-2020
Essa opinião não é só minha, sendo de diversos especialistas com base nas provas
apresentadas e da Associação Brasileira dos Engenheiros Eletricistas (ABEE) e das
pessoas que tem atitude e se manifestaram na reportagem da Revista Potencia [19] de
maneira objetiva e agregadora.
6. CONCLUSÕES FINAIS
7. REFERÊNCIAS
[16] Denúncia da revista Época sobre o novo padrão de tomadas no Brasil, disponível
em: https://epoca.globo.com/tecnologia/noticia/2018/06/sete-anos-depois-quem-ganhou-
dinheiro-com-tomadas-de-tres-pinos.html, acessado em 08/09/20;
[17] Pará registra mais de 600 ocorrências de incêndios em imóveis este ano, disponível
em: https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2020/09/08/para-registra-mais-de-600-
ocorrencias-de-incendios-em-imoveis-este-ano.ghtml, acessado em 08/09/20;
[18] Associados do IBAPE/PR, disponível em: http://www.ibapepr.org.br/associados/,
acessado em 10/09/20;