Décadas de desenvolvimento teórico e acadêmico nos permite
elucidar conceitos que parecem estar sempre presentes no dia a dia, mesmo que muitas vezes não verbalizados. São eles o Preconceito, a Discriminação e a Segregação. Três palavras-chave para entender os cenários passado, presente e até futuro da nação brasileira. Mas afinal, o que significam essas palavras? Esses três conceitos são sempre concretizados em forma de práticas ou pensamentos negativos, ou seja, terminam por de algum modo diminuir ou prejudicar o Outro mesmo que indiretamente. O preconceito age contra os indivíduos, seus povos e suas culturas ao determinar imagens e simbolismos depreciativos e descolados da realidade. Em essência, pauta-se em uma espécie de valorização de certas características de certas culturas, pondo-as em um patamar superior às outras, assim reduzindo essas outras a meros achismos. Já a discriminação é uma consequencia do preconceito em sua forma mais pura. Nesse caso, o problema afeta diretamente as relações entre os indivíduos ao definir formas de tratamento diferentes, muitas vezes prejudicando um grupo em função de suas características étnicas ou culturais. A discriminação se manifesta pelo ato em si, materializado no meio social como um fenômeno visível ou discreto. Por último, a segregação é um ato principalmente político, ou pelo menos se manifesta com base no campo político. Ela pode ser posta em prática através de legislações tornando certos preconceitos “verdades” jurídicas. A discriminação passa a ser um ato Legal, ou seja, protegido por lei. Fronteiras são estabelecidas e a liberdade dos indivíduos passa a ser cerceada. Há no Brasil uma herança infeliz dos tempos da escravidão. As formas de preconceito elucidadas se manifestam principalmente em forma de preconceito étnico, mas não somente. A xenofobia em relação a certas regiões do país também é um problema recorrente, fruto da estratificação social e impulsionada por fatores étnicos, que se manifesta pelo crescente surgimento de movimentos separatistas em determinados setores. É claro que mesmo existindo políticas que busquem promover a inclusão e o combate ao preconceito e à discriminação, o paradigma persiste. O problema, portanto, é muito maior do que custa-se admitir. Evidentemente, a hegemonia do ambiente político nos obriga à análise de novas proposições. Marx no século XIX já apontava para a influência das relações econômicas na formação da estrutura jurídica e política. Isso se aplica também a questões étnicas e culturais. Diversos intelectuais já enfatizaram as questões do preconceito, da discriminação e da segregação a partir desse ponto de vista, mas não se deve esquecer que a crítica muitas vezes não é o suficiente para mudar o ordenamento geral das coisas. Nunca é demais lembrar o peso e o significado destes problemas, uma vez que o fenômeno político não pode mais se dissociar das formas de ação. O diálogo quando bem estabelecido faz muita diferença, mas não se deve ignorar que a mudança vem da ação.