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INTENSIVO II

Flávio Tartuce
Direito Civil
Aula 05

ROTEIRO DE AULA

3.2.2 – Quanto aos vícios objetivos (art. 1.200, CC1)


a) Posse justa: “posse limpa”, ou seja, sem os vícios objetivos.
b) Posse injusta: aquela que apresenta, pelo menos, um dos três vícios objetivos.

b.1) Posse violenta: aquela obtida com violência física ou psicológica (roubo da posse).
b.2) Posse clandestina: aquela obtida na “surdina”, sem a possibilidade de defesa da outra parte (furto da posse).
b.3) Posse precária – obtida em abuso de confiança (apropriação indébita ou estelionato). Esbulho pacífico (precarista).

Observação n.1 - Pelo que consta no art. 1.208, CC2, a posse injusta pode passar a ser justa (pode “curar” ou
convalidar). Essa convalidação aplica-se à posse violenta e à posse clandestina.
Segundo a posição majoritária, a posse precária não pode ser convalidada, pois não está mencionada no art. 1.208 do
Código Civil.

Observação n.2 – Qual o critério para que a posse injusta passe a ser justa?
Segundo a corrente majoritária (Maria Helena Diniz, Carlos R. Gonçalves, casal Nery), o critério é temporal. Depois de 1
ano e 1 dia, a posse passa a ser justa (art. 558 do CPC de 20153; e art. 924 do CPC de 1973). Em sentido contrário, Marco
Aurélio Bezerra de Melo defende que o critério deveria ser a função social da posse.

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CC, art. 1.200. “É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária”
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CC, art. 1.208: “Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua
aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
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CPC, art. 558, caput: “Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste
Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.”

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Observação n.3 -Esta classificação quanto aos vícios objetivos gera consequências para dois aspectos:
1º) Usucapião: somente quem tem posse justa pode usucapir.
2º) Ações possessórias: o possuidor justo tem ação possessória contra o injusto; mas este não tem contra aquele.
Cuidado: o possuidor injusto tem ação possessória contra terceiro.

3.2.3 – Classificação quanto aos vícios subjetivos ou quanto à boa-fé (art. 1.201, CC4)
- Boa-fé subjetiva – intencional (estado psicológico).

a) Posse de boa-fé: o possuidor ignora obstáculo para a aquisição da propriedade (boa-fé real) ou tem justo título (boa-
fé presumida). Essas duas expressões foram criadas por Orlando Gomes.

-Justo título
Segundo Caio Mário da Silva Pereira, justo título é uma causa representativa que tenha fundamento no ordenamento
jurídico. Pode ser documentado ou não. Exemplo: um contrato válido e eficaz é justo título (locação, comodato,
depósito e compromisso de compra e venda, registrado ou não na matrícula - CRI).

Enunciado 302, IV Jornada de Direito Civil – é justo título, o ato capaz de transmitir a posse “ad usucapionem”,
observado o disposto no art. 113, CC5, o qual trata da boa-fé objetiva.

O justo título traz uma presunção relativa ou iuris tantum da boa-fé (presunção que admite prova em contrário).

Enunciado 303, IV Jornada de Direito Civil – O justo título pode estar materializado em instrumento público ou
particular.

b) Posse de má-fé: o possuidor não ignora obstáculo para a aquisição da propriedade e não tem o justo título.
Exemplo: o invasor do imóvel - terá posse injusta e de má-fé.

Atenção: em regra, a posse justa equivale à posse de boa-fé e a posse injusta equivale à posse de má-fé (mas não
necessariamente).
Exceção: a posse pode ser injusta e de boa-fé. Exemplo: um bem que é roubado e é vendido no dia seguinte para um
terceiro que ignora o roubo (Orlando Gomes).

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CC, art. 1.201: “É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.”
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CC, art. 113: “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.”

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Observação n.4: esta classificação não se confunde com a anterior, pois, na anterior, os vícios são objetivos (justa ou
injusta); aqui os vícios são subjetivos (boa e má-fé). Ademais, essa classificação gera efeitos para os frutos, as
benfeitorias e responsabilidades pela coisa (por perda e deterioração da coisa).

Tabela importante

Artigos 1.214 a 1.220 do Frutos Benfeitorias Responsabilidades


CC/2002
Sim, tem direito às
Posse de boa-fé Sim, com exceção dos benfeitorias necessárias e Somente responde por dolo
(ex: locatário) frutos pendentes. às úteis (direito à ou culpa (responsabilidade
indenização e retenção). subjetiva).
Além disso, pode levantar
as voluptuárias (as de mero
luxo). *1
Posse de má-fé Não tem direito aos frutos Sim, tem direito apenas às
(ex: invasor) e responde pelos que benfeitorias necessárias Responde pela coisa até
colheu e pelos que deixou (somente direito à por fato acidental (caso
de colher. indenização). fortuito ou força maior).

*1 – Possuidor de boa-fé e benfeitorias: segundo a doutrina e jurisprudência, aplica-se a mesma regra para as acessões
(construções e plantações). Nesse sentido: Enunciado 81, I Jornada de Direito Civil6 e REsp 1.316.895/SP.

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE. DIREITO DE RETENÇÃO POR ACESSÃO E BENFEITORIAS.
CONTRATO DE COMODATO MODAL. CLÁUSULAS CONTRATUAIS. VALIDADE. 1. A teor do artigo 1.219 do Código Civil, o
possuidor de boa-fé tem direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis e, por semelhança, das
acessões, sob pena de enriquecimento ilícito, salvo se houver estipulação em contrário. 2. No caso em apreço, há
previsão contratual de que a comodatária abre mão do direito de ressarcimento ou retenção pela acessão e
benfeitorias, não tendo as instâncias de cognição plena vislumbrado nenhum vício na vontade apto a afastar as
cláusulas contratuais insertas na avença. 3. A atribuição de encargo ao comodatário, consistente na construção de casa
de alvenaria, a fim de evitar a "favelização" do local, não desnatura o contrato de comodato modal. 4. Recurso especial
não provido. (REsp 1.316.895/SP. Rel. Ministra Nancy Andrighi, Rel. p/ Acórdão: Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira
?Turma, julgado em 11/06/2013, DJe 28/06/2013).

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Enunciado 81, I JDC: “O direito de retenção previsto no art. 1.219 do Código Civil, decorrente da realização de
benfeitorias necessárias e úteis, também se aplica às acessões (construções e plantações) nas mesmas circunstâncias.”

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- O locatário é possuidor de boa-fé, sendo comum, por força do contrato, a renúncia ao direito de indenização por
benfeitorias necessárias e úteis. Ver o art. 35 da Lei de Locação7 (Lei 8.245/1991).

Confirmando tal possibilidade, há a Súmula 335, STJ8, a qual prevê que é válida a cláusula que versa sobre a renúncia ao
direito de indenização por benfeitorias, sem qualquer ressalva para os contratos de adesão.

Entretanto, o Enunciado 433, V Jornada de Direito Civil9, prevê que é nula a cláusula de renúncia à indenização e de
retenção por benfeitorias necessárias, quando inseridas em contrato de adesão. Esse enunciado tem grande prestígio
doutrinário, mas não tem sido aplicado pela jurisprudência.

3.2.4 –Quanto à presença de título (causa representativa). Esta classificação não tem previsão no Código Civil.

a) Posse com título – utiliza-se o termo “ius possidendi” – posse titulada. Exemplo: posse fundada em contrato válido e
eficaz.

b) Posse sem título termo “ius possessionis” – posse autônoma, sem título, posse natural. Exemplo: achado de um
tesouro.

Três regras quanto ao achado do tesouro (arts.1.264 e 1.265, CC10):


1. Achei no meu terreno: é meu.
2. Achei no do outro, de boa-fé: meio a meio.
3. Achei no de outro, de má-fé: é do outro (dono do terreno).

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Lei 8.245/91, art. 35: “Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo
locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e
permitem o exercício do direito de retenção.”
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Súmula 335, STJ: “Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito
de retenção.”
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Enunciado 433, V JDC: “A cláusula de renúncia antecipada ao direito de indenização e retenção por benfeitorias
necessárias é nula em contrato de locação de imóvel urbano feito nos moldes do contrato de adesão.”
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CC, arts. 1.264 e 1.265: “O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido
por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente.
Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa
que ordenou, ou por terceiro não autorizado.”

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3.2.5 –Quanto ao tempo (art. 558, CPC11).
a) Posse nova: menos de 1 ano e 1 dia;

b) Posse velha: pelo menos 1 ano e 1 dia.

O professor segue o critério de tempo adotado por Maria Helena Diniz e Carlos Roberto Gonçalves: até um ano, a posse
é nova. A partir de um ano e um dia, a posse é velha.
Há quem entenda que a posse velha é aquela com mais de um ano e um dia (Caio Mário).

Questão processual:
É preciso verificar a data da ameaça, da turbação ou do esbulho. Se forem:
➢ Novos (menos de 1 ano e 1 dia): caberá a ação de força nova. A ação segue o rito especial e cabe liminar.
➢ Velhos (pelo menos 1 ano e 1 dia): caberá a ação de força velha. A ação não tem rito especial, seguindo o
procedimento comum. Não cabe liminar. Eventualmente, caberá tutela provisória (art. 300 a 311, CPC).

3.2.6 –Quanto aos efeitos (art. 1.210, CC12)


a) Posse ad usucapionem – possibilita a aquisição da propriedade por usucapião, desde que preenchidos os seus
requisitos (posse qualificada- exceção no sistema jurídico).

b) Posse ad interdicta – possibilita o ingresso dos interditos possessórios (ações possessórias diretas).

Existem três situações determinadas, que geram três ações, havendo fungibilidade total entre elas:
1. Na ameaça, a ação cabível é o interdito proibitório.
2. Na turbação (atentado momentâneo), a ação cabível é a manutenção da posse.
3. No esbulho (atentado definitivo), a ação cabível é a reintegração da posse. O esbulho pode ser invasão total ou
parcial.

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CPC, art. 558: “Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste
Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter
possessório.”
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CC, art. 1.210: “O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e
segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá
manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem
ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse
a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.”

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Atenção: invasão parcial de um imóvel caracteriza esbulho e não turbação.

Além dessas ações judiciais, existem mecanismos de autotutela civil:


1. Legítima defesa da posse: cabe em casos de ameaça ou turbação.
2. Desforço imediato: cabe nos casos de esbulho.

A defesa deve ser proporcional, razoável e imediata (incontinenti). É possível o uso de prepostos pelo possuidor. Além
disso, o detentor pode, no interesse do possuidor, fazer uso dos mecanismos de autotutela ou autodefesa da posse. Ou
seja, aquele que exerce detenção também pode usar esses mecanismos de autotutela (Enunciado 493, V Jornada de
Direito Civil13). Exemplo: o caseiro de uma fazenda pode fazer uso desses mecanismos.

3.3. Aquisição, transmissão e perda da posse

a) Aquisição da posse
- Art. 1.204, CC14: o Código Civil adotou um modelo aberto, diferentemente do Código Civil de 1916.
Pelo sistema atual, a posse é obtida quando se adquire qualquer dos atributos da propriedade.
Exemplos: apreensão da coisa; exercício de direito; tradição (entrega da coisa); e a disposição da coisa.
O art. 1.205, CC15, prevê que a posse pode ser adquirida pela própria pessoa, pelo representante dessa pessoa ou por
terceiro sem mandato (gestor de negócios). A aquisição da posse pode ser:
-Originária: há um contato direto entre a pessoa e a coisa.
-Derivada: há uma intermediação pessoal.

A principal forma de transmissão derivada da posse é a tradição (traditio).


Classificação da tradição (Washington de Barros Monteiro):
1. Tradição real (traditio rei) – entrega efetiva da coisa (entrega corpórea).

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Enunciado 493, V JDC: “O detentor (art. 1.198 do Código Civil) pode, no interesse do possuidor, exercer a autodefesa
do bem sob seu poder.”
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CC, art. 1.204: “Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de
qualquer dos poderes inerentes à propriedade.”
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CC, art. 1.205: “A posse pode ser adquirida:
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.”

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2. Tradição simbólica – há um ato representativo de transferência.
Exemplo: traditio longa manu - a coisa é disponibilizada para a outra parte – ex.: entrega de chaves, entrega de
documentos da propriedade - crédito documentário ou venda de documentos (art. 529 a 532, CC). Obs. Cláusula “trust
receipt” (mercadoria entregue) – art. 529, CC16.

3. Tradição ficta – decorre de presunção. Como exemplos, temos:


• Traditio brevi manu – a pessoa possuía em nome alheio; agora, possui em nome próprio. Exemplo: locatário que
compra o imóvel.
• Constituto possessório (cláusula constituti): é o oposto, pois a pessoa possuía em nome próprio, mas agora
possui em nome alheio. Exemplo: os bancos venderam a agência e ficaram nos imóveis como locatários.

Classificação da tradição (Orlando Gomes)


1. Tradição real.
2. Tradição ficta ou presumida (equivale à tradição simbólica de Washington de Barros Monteiro).
3. Tradição consensual (equivale à tradição ficta ou presumida de Washington de Barros Monteiro).

b) Transmissão da posse
Princípio da continuidade do caráter da posse (art. 1.203, CC17): a posse, em regra, mantém as mesmas características
com as quais foi adquirida.
Exceção: art. 1.208, CC18.
- Art. 1.206, CC 19– a posse transmite-se aos herdeiros e legatários com as mesmas características.
-O art. 1.207, CC20, difere duas situações:
➢ Sucessor universal – caso do herdeiro legítimo ou testamentário: tem-se a continuidade da posse (obrigatória);
➢ Sucessor singular – caso do legatário (disposição testamentária específica): tem-se a união da posse
(facultativa).

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CC, art. 529: “Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo
e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos. Parágrafo único. Achando-se a
documentação em ordem, não pode o comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do
estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado.”
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CC, art. 1.203: “Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.”
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CC, art. 1.208: “Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua
aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.”
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CC, art. 1.206: “A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.”
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CC, art. 1.207: “O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado
unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.”

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Enunciado 494, V Jornada de Direito Civil 21– visa a evitar fraudes.

c) Perda da posse
O art. 1.223, CC22, também adotou um modelo aberto. Pela norma, ocorre a perda da posse quando cessam os atributos
da propriedade.

O art. 520 do Código Civil de 1916 elencava situações que ainda servem de exemplo.
Exemplos: tradição; perda ou destruição da coisa; posse de outrem e abandono da coisa (coisa abandonada – res
derelictae).

Atenção: não confundir a coisa abandonada com a coisa sem dono (res nullius), nem com a coisa perdida (res perdita).
A coisa perdida deve ser devolvida ao dono, havendo direito a uma recompensa (achádego).
✓ Coisa descoberta (artigos 1.233 e 1.234, CC23).

3.4. Composse ou compossessão (art. 1.199, CC24)


Trata-se do domínio da posse: duas ou mais pessoas exercem posse sobre o mesmo bem.

Atenção: um não pode excluir o direito do outro, sob pena de ação possessória entre eles.
Qualquer compossuidor pode ingressar com ação possessória contra terceiros. Também cabe ação possessória entre
eles.

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Enunciado 494, V JDC: “A faculdade conferida ao sucessor singular de somar ou não o tempo da posse de seu
antecessor não significa que, ao optar por nova contagem, estará livre do vício objetivo que maculava a posse anterior.”
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CC, art. 1.223: “Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o
bem, ao qual se refere o art. 1.196.”
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CC, arts. 1.233 e 1.234: “Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo
possuidor. Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a
coisa achada à autoridade competente.
Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não
inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte
da coisa, se o dono não preferir abandoná-la. Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa,
considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as
possibilidades que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.”
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CC, art. 1.199: “Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos
possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.”

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Exemplo: REsp 537.363/RS

“DIREITO CIVIL. POSSE. MORTE DO AUTOR DA HERANÇA. SAISINE. AQUISIÇÃO EX LEGE. PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
INDEPENDENTE DO EXERCÍCIO FÁTICO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Modos de aquisição da posse. Forma ex lege:
Morte do autor da herança. Não obstante a caracterização da posse como poder fático sobre a coisa, o ordenamento
jurídico reconhece, também, a obtenção deste direito na forma do art. 1.572 do Código Civil de 1916, em virtude do
princípio da saisine, que confere a transmissão da posse, ainda que indireta, aos herdeiros, independentemente de
qualquer outra circunstância. 2. A proteção possessória não reclama qualificação especial para o seu exercício, uma vez
que a posse civil - decorrente da sucessão -, tem as mesma garantias que a posse oriunda do art. 485 do Código Civil de
1916, pois, embora, desprovida de elementos marcantes do conceito tradicional, é tida como posse, e a sua proteção é,
indubitavelmente, reclamada. 3. A transmissão da posse ao herdeiro se dá ex lege. O exercício fático da posse não é
requisito essencial, para que este tenha direito à proteção possessória contra eventuais atos de turbação ou esbulho,
tendo em vista que a transmissão da posse (seja ela direta ou indireta) dos bens da herança se dá ope legis,
independentemente da prática de qualquer outro ato. 4. Recurso especial a que se dá provimento”

(Resp 537.363/RS, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA, Terceira Turma, julgado em 20/04/2010, DJe 07/05/2010).

Classificação da composse
a) composse pro diviso – é possível delimitar a “área de posse” de cada um.

Herdeiro A Herdeiro B

a) composse pro indiviso – não é possível delimitar a “área de posse” de cada um.

Herdeiro A
Herdeiro B

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