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COMO ADORAR O

SENHOR JESUS CRISTO


Traduzido do original em inglês:
How to worship Jesus Christ

Copyright © Joseph S. Carrol

Terceira edição em português - 2003

T o d o s os direitos r e s e r v a d o s . E p r o i b i d a a
r e p r o d u ç ã o d e s t e livro, n o t o d o o u e m parte,
s e m a p e r m i s s ã o escrita d o s E d i t o r e s .

Editora Fiel da
Missão Evangélica Literária
Caixa Postal 81
12201-970 São José dos Campos -
ÍNDICE

CAPÍTULO

Apresentação

Introdução

I. A Coisa Necessária

II. A Adoração Verdadeira

III. O Coração Sincero

IV. Apocalipse Quatro e Cinco

V. O " C o m o " da Adoração


Apresentação

Após ter freqüentado um instituto bíblico por alguns


anos, nossa filha mais velha fez uma afirmação profunda-
mente perscrutadora. Ela disse mais ou menos o seguinte:
"Temos diversos bons pregadores dirigindo os cultos, que
nos ensinam muitas coisas relacionadas à vida cristã; coisas
que temos de fazer. Mas, por que não nos ensinam como
fazê-las?" Essa afirmação levou-me a reavaliar um aspecto
importante do meu trabalho de professor, pregador e escri-
tor. Fui desafiado a fortalecer o meu ministério no que toca
ao "como agir".
Ao ler o manuscrito do livro de Joseph Carroll — Como
Adorar o Senhor Jesus Cristo — fiquei profundamente fas-
cinado pelo verdadeiro louvor cristão que ele fez ao nosso
Mestre e Senhor. De imediato comecei a sentir o desejo
íntimo e a aspiração de querer adorá-Lo de uma forma nova.
A "realidade de Jesus" renovou-se em meu coração.
Fortaleceu-se em mim a consciência da presença do Senhor.
O autor aponta, de maneira bastante esclarecedora, al-
gumas das barreiras à adoração, sem deixar-nos, todavia,
com informações pessimistas. Apresenta-nos algumas lições
preciosas quanto a este assunto, advindas de personagens
tais como Davi, Paulo e Maria. Assim, através de ilustrações,
ele nos ensina alguns dos " c o m o " da adoração verdadeira.
Joseph Carroll, de maneira profundamente bíblica e in-
teligente, apresenta-nos o que seja a verdadeira adoração.
Ele diz que a adoração é o reconhecimento do valor dAquele
a quem adoramos. Ou seja, é "atribuir valor a". Assim,
adorar o Senhor Jesus Cristo é atribuir valor a Ele. O livro
do Apocalipse dá-nos algumas lindas ilustrações da adoração
que prestam os filhos de Deus e também as hostes celestes.
E mais: lições sobre " u m coração sincero para adorar"
nos são apresentadas. Aqui, as ilustrações são tiradas da vida
de Abraão e de alguns servos totalmente submissos do sé-
culo passado.
Numa belíssima exposição de Apocalipse 4 e 5, ele nos
aponta para o auxílio fundamental à adoração verdadeira
ao Senhor. Tem-se um vislumbe do céu, contemplando-se
Aquele que está no trono, e o "Cordeiro que foi morto,
desde a fundação do mundo" (13.8). Então, ficamos com
uma sensação de pasmo, admiração, e somos instruídos de
maneira mais profunda quanto à verdadeira adoração.
O capítulo final trata de como adorar. Que devemos
fazer? Somos admoestados a prestar adoração com inteireza
de coração. Temos de ter as mãos puras; nenhum pecado
inconfesso. Não podemos andar nas trevas e ter comunhão
com ou adorar Aquele que é luz. Não pode haver adoração
verdadeira se não houver obediência. Grande parte da lite-
ratura que trata deste assunto, não discute o aspecto d o ' 'como
adorar". Todavia, Joseph Carroll, de maneira bastante es-
clarecedora, apresenta-nos alguns aspectos essenciais à
prática da verdadeira adoração (tais como a utilização das
Escrituras, de hinos e de livros devocionais). Ele também
fala claramente dos empecilhos à adoração, culminando este
assunto com uma linda ilustração de como alguém pode
tornar-se totalmente absorvido pela adoração verdadeira
quando tudo o que estiver acontecendo à sua volta perder
a importância.
Este livro deve ter ampla circulação. Pastores e líderes
devem distribuí-lo livremente entre seus alunos e os mem-
bros de suas igrejas. Pessoalmente, ele tem renovado minha
abordagem e desejo de adoração, e estou convicto de que
fará o mesmo por você, à medida em que você estiver lendo
este livro.

Theodore Epp

vi
Introdução

Este não é um tratado completo sobre oração. Trata ape-


nas de um dos seus aspectos. Os mestres que a ela se têm
dedicado concordam, unanimemente, que o seu elemento
mais importante e indispensável é a adoração.
Os jovens de hoje não querem acomodar-se a credos.
Eles querem é conhecer o Cristo de que fala o credo. A
adoração é a resposta-chave para a sua busca. C S . Lewis
confirma esta convicção ao dizer que "é durante o processo
da adoração que Deus comunica a sua presença aos homens".
Mesmo assim, esta verdade vital tem sido bastante negli-
genciada.
O amado A. W. Tozer, à sua maneira tão pessoalmente
única, nos diz que "o homem foi feito para adorar a Deus.
O Senhor lhe deu uma harpa, e disse: 'Eis que acima de
todas as criaturas que fiz, eu te dei a harpa maior. Nela,
coloquei mais cordas e dei-lhe um alcance maior do que dei
a qualquer outra criatura. Podes adorar-me como nenhuma
outra criatura pode fazê-lo!' Quando pecou, o homem tomou
esse instrumento e o jogou na lama, onde tem permanecido
há séculos, enferrujado, quebrado, sem cordas. E o homem,
ao invés de tocar harpa como os anjos e procurar adorar
a Deus em tudo o que faz, é egocêntrico e vive voltado para
si mesmo. Emburra e pragueja, ri e canta, mas, vive sem
alegria e sem adoração... A adoração é a gema ausente do
evangelicalismo moderno. Somos organizados. Trabalha-
mos. Temos nossas agendas. Temos quase tudo. Mas há
uma coisa que as igrejas, mesmo as mais evangélicas, não
têm: competência para adorar. Não temos cultivado a arte
da adoração. Esta é a gema brilhante que a igreja moderna

vii
perdeu. Creio que temos de procurá-la até que a encontre-
mos".
Este livro é publicado com oração no sentido de que
seja usado para que termine a procura que muitos têm em-
preendido de "como adorar".
Duas adoradoras de Jesus Cristo, Barbara Haley e a
sra. Dorothy King, fizeram um fiel trabalho de amor para
que este livro se tornasse realidade. Aliás, não teria sido
publicado, não fosse a sua dedicação.

viii
CAPITULO I
A Coisa Necessária

I. Introdução

II. Lições Sobre Adoração

III. A Paixão de Davi

IV. A Paixão de Paulo

V. A Escolha de Maria
Ó Jesus! Achei descanso em teu terno coração;
É manancial de gozo e consolação.
Já cheguei a contemplar-Te,
E minha alma se inundou
Com a refulgente graça que ela em Ti ganhou.
Com inteira confiança
Eu descanso em teu amor;
Tua mão onipotente guarda-me, Senhor.
Satisfazes meus anelos,
Supres o que me é mister;
Tu sossegas meus temores pelo teu poder.
A Coisa Necessária

Adorar a Deus é indispensável para que sejamos


pessoas adequadas. Se você não gasta tempo em
adoração... quando for trabalhar não somente será
inútil, como também será um tremendo estorvo para
aqueles que estiverem ligados a você.
Oswald Chambers

Introdução
o mundo das missões evangélicas, não há nome mais
N reverenciado do que o de Hudson Taylor. Homem no-
tável, foi o pai das missões modernas de fé. Sua biografia
em dois volumes, escritos por sua nora, talvez sejam as duas
melhores obras que já se escreveu sobre a atividade missio-
nária: The Growth of a Soul (O Crescimento da Alma)
e The Growth of a Work of God (O Crescimento de Um
Trabalho de Deus). O que fez com que Hudson Taylor se
tornasse o homem que foi até o fim da vida?
Seu filho e nora, que o acompanharam constantemente
em seus últimos anos, contam que muitas vezes viajavam
durante muitas horas por estradas calçadas com pedras e
em carroças sem molas. Chegando a uma hospedaria chi-
nesa, tarde da noite, eles se esforçavam por obter um cantinho
num quarto para o seu pai, uma vez que, geralmente, em
tais estalagens havia apenas um quarto grande onde dormi-
am todos juntos. Hudson Taylor já estava em idade avançada
Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

àquela época. Todavia, infalivelmente, todas as manhãs


pouco antes do sol nascer, percebia-se o riscar de um fós-
foro a o acender de uma vela. Hudson Taylor colocava-se
em adoração a Deus. Este foi o segredo da sua vida. Dizia-
-se que sempre antes do sol nascer sobre a China, Hudson
Taylor era encontrado adorando a Deus.
O que esse grande homem escreveu a respeito de mis-
sões? Será que ele, que compreendeu seus princípios mais
intrínsecos, legou-nos algum grande tratado sobre como
realizar missões ou começar igrejas? Não, ele não o fez.
Deixou-nos um livro bem pequeno: um comentário sobre
Cantares de Salomão!
Qual o segredo da vida de Hudson Taylor? Ele amou
ao seu Senhor e cultivou esse amor. Afinal de contas, esse
é o primeiro mandamento! E o amor só pode ser cultivado
de forma adequada se você mantiver intimidade privada com
aqueles a quem você ama. Isto Hudson Taylor preservou
até o fim!
Tenho tido o privilégio de ouvir a maioria daqueles que
seriam considerados os grandes pregadores dos nossos dias.
Um deles, que já está com o Senhor, foi o Dr. A. W. Tozer.
O Dr. Tozer, que trabalhou durante muitos anos na cidade
de Chicago, era um homem diferente. Falava com um fres-
cor e uma profundidade raros!
Quando um meu conhecido, chamado a trabalhar em
Chicago, chegou àquela cidade, A. W. Tozer o chamou e
disse: "Esta cidade é um covil de satanás; um lugar muito
difícil de se ministrar a Palavra de Deus, e você irá enfren-
tar muita oposição do inimigo. Se algum dia desejar orar
comigo, todas as manhãs às 5:30h eu fico à beira do lago.
Venha, e poderemos orar juntos".
Por não querer incomodar o grande homem em sua busca
ao Senhor, meu amigo não aceitou seu convite de imediato.
Um dia, porém, estava tão atribulado, que foi cedo à beira
do lago, por volta das seis horas. Ali, encontrou o servo
de Deus com o rosto na areia, adorando a Deus. Desneces-
A Coisa Necessária 13

sário é dizer que meu amigo não o perturbou. A. W. Tozer


adorava a Deus, e foi um dos poucos homens a pregar de
forma consistente sobre a necessidade que há de sermos ado-
radores do Senhor, dizendo à igreja com firmeza que a
adoração era a gema ausente em sua coroa.

Lições sobre Adoração

Cheguei à compreensão da necessidade de adorar a Deus


"por acaso", como diria um incrédulo. Todavia, essa com-
preensão veio por determinação divina. Nos primeiros dias
do meu ministério na Austrália, tinha por costume, quando
estava na cidade de Sidney, reunir-me com alguns irmãos
em Cristo a fim de passarmos o dia orando. Começávamos
por volta das oito horas da manhã. Como à tarde geralmente
nos sentíamos cansados, orávamos em círculo. Numa tarde,
quando chegou a minha vez, estava muito cansado, e co-
mecei a citar o Salmo 19.1-3:
Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento
anuncia as obras das suas mãos.
Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela
conhecimento a outra noite.
Não há linguagem, nem há palavras, e deles não
se ouve nenhum som.
De repente, fui despertado pelo Espírito Santo de Deus,
e comecei a derramar o meu coração em oração. Eu não
tinha orado assim naquele dia. Tinha feito muitas orações,
mas, esta era diferente. Quando terminei, e enquanto os ou-
tros oravam, pensei muito e fiquei esperando no Senhor.
O que é que eu fizera? Começara a adorar a Deus com esses
versículos dos Salmos. Então, quando chegou novamente
a minha vez de orar, fiz a mesma coisa, e a experiência se
repetiu. Eu era despertado pelo Espírito de Deus, e me der-
ramava em intercessão. Impulsionado pelo Espírito, percebi
que me tivera sido apresentado um segredo riquíssimo. Um
14 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

segredo que me levaria doravante a alturas inimagináveis


de comunhão com o meu Senhor.
É certo que a melhor ocasião para se adorar é pela ma-
nhã, durante aquele período que chamamos "hora silen-
ciosa' '. Em que consiste a sua hora silenciosa? Como crente
novo, nos meus primeiros anos, tinha minha hora silenciosa
como um período que incluía tudo, menos calma e meditação.
Na verdade, essa era a hora em que eu precisava fazer um
determinado estudo da Palavra de Deus, e orar de acordo
com a minha lista de assuntos para oração. Assim, a minha
hora silenciosa não era realmente uma hora silenciosa. Era
uma hora de estudo, intercessão e petição.
Foi aí que conheci um livro pequeno sobre oração es-
crito por A. T. Pierson, que conduzia o leitor a um estudo
muito profundo dos ensinamentos de Jesus sobre a oração.
Se você coletar tudo o que o Senhor falou sobre oração,
descobrirá que ele ensinou dez lições. No instituto bíblico
onde dou o nosso curso sobre oração, essas dez lições são
a base de tudo.
Você descobrirá, também, que não pode passar de uma
lição para outra sem que realmente domine a lição anterior.
Em outras palavras, você não pode passar para a segunda
lição sem que conheça bem a primeira. E não pode passar
para a lição três enquanto não dominar a lição dois.
A primeira lição do Senhor sobre a oração encontra-se
em Mateus 6.6:
Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, e,
fechada a porta, orarás a teu Pai que está em se-
creto; e teu Pai que vê em secreto, te recompensará.
Ele está dizendo que ' 'a primeira coisa que você tem de
fazer é ficar sozinho comigo". Um quarto é um local fecha-
do. Qualquer compartimento pode tornar-se o seu "quarto",
pois o quarto é o local onde se está a sós. Uma floresta pode
vir a ser um quarto. O importante é estar a sós, em segredo,
com o Pai.
A Coisa Necessária 15

" . . . e , fechada a porta, orarás a teu Pai que está em se-


creto; e teu Pai que vê em secreto te recompensará". O que
significaria essa instrução àqueles a quem o Senhor disse
estas palavras? Para o judeu, o local mais fechado de todos,
e que lhe viria à mente de imediato era o "Santo dos San-
t o s " , a parte mais interna do Tabernáculo e do Templo onde
o sumo sacerdote encontrava-se a sós com Deus uma vez
ao ano. Não tinha porta, ou luz do sol, ou janela. Era com-
pletamente fechado.
O sumo sacerdote entrava nesse aposento e ficava na
presença de Deus, e não se dava ao luxo de "ficar à von-
tade", nem se sugere que ele pronunciasse uma palavra
sequer. A oração é algo do coração, antes de ser falada,
expressa, pois Deus olha para o coração.
O sumo sacerdote ficava na presença de Deus e comun-
gava com Ele com base no propiciatório espargido com
sangue, trazendo ao povo, dessa experiência de comunhão,
uma mensagem. Qual a primeira lição a ser aprendida? Deve-
-se estar a sós, em secreto, em comunhão com Deus, com
base no propiciatório espargido com sangue.
Como podemos ter comunhão com Deus? O escritor
aos Hebreus diz que temos comunhão com Ele com base
num propiciatório, ou seja, no Senhor Jesus Cristo, que é
o nosso propiciatório. Ele é o Cordeiro de Deus, o nosso
novo e vivo caminho. O caminho vivamente moído.
Foi Martinho Lutero quem disse: "Parece que foi on-
tem que Jesus morreu". Que foi que fez desse grande e
destemido servo de Deus alguém tão dinâmico, tão eficiente?
Ele tinha real consciência de que vivia e andava na presença
do Cordeiro de Deus que havia sido morto por ele; Lutero
sabia o que significava passar pelo sangue de Jesus e me-
ditar no Cordeiro ferido de Deus.
Entramos no santíssimo, na própria presença de Deus,
pelo sangue de Jesus para termos comunhão com Ele, com
base no propiciatório aspergido pelo sangue. Esse propicia-
tório é o próprio Jesus, por cujo sangue temos entrada.
16 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Em que tal conhecimento alterou a minha hora silen-


ciosa? Revolucionou-a! Ao invés de olhar para o relógio
e dizer: "tenho dez minutos para orar por todos os assuntos
desta lista", eu simplesmente me ajoelhava e meditava si-
lenciosamente no fato de que eu estava na presença do
Cordeiro de Deus, e O adorava. Foi assim que a minha hora
silenciosa tornou-se algo para Ele, e, não, para mim. E com
o adorar do meu coração — o derramá-lo para Ele em ado-
ração — veio a consciência poderosa da sua presença!
Durante os anos que passamos no Japão tinha um ami-
go com quem geralmente trabalhava. Ele tinha um Renault,
um carro pequeno feito no Japão, que usava para andar em
Tóquio. Naquele tempo, os japoneses queriam muito que
se comprasse a gasolina que vendiam. Quando se entrava
num posto, um verdadeiro exército de auxiliares se apro-
ximava do carro. Um limpava o parabrisa, o outro "olhava
a frente", outro ainda calibrava os pneus, enquanto que um
outro varria o carro com uma vassoura pequena. A função
do motorista era "sair da frente" para que eles pudessem
trabalhar!
Enquanto o Julio, meu amigo, guiava pelas ruas de
Tóquio, viu acender-se uma luzinha do painel e percebeu
que faltava óleo no motor do carro. Quando entrou num
posto e desceu do carro, o grande "exército de auxiliares"
aproximou-se, lavando, secando, limpando, fazendo tudo.
Ao sair do posto, lá estava a luzinha a piscar novamente!
Os ajudantes haviam olhado a água do radiador, calibrado
os pneus, posto gasolina no tanque, varrido o carro, lavado
o parabrisa, enfim, feito tudo, menos aquilo que meu amigo
queria. Não será esta a sua experiência com o Senhor? Não
estará você fazendo tudo, menos aquilo que Ele quer que
você faça?
Por que Ele nos procura? Ele o faz para que O adoremos.
É isso o que diz a Palavra de Deus. Ele quer que estude-
mos, que oremos pelos outros, que contribuamos para a obra
missionária, que sigamos a sua direção. Mas, o que deve
A Coisa Necessária 17

preceder a tudo isso? Observemos a palavra importante de


Oswald Chambers:
Adorar a Deus é o indispensável para que sejamos
pessoas adequadas. Se você não gastar tempo em
adoração... quando for trabalhar não somente será
inútil, como também será um tremendo estorvo para
aqueles que estiverem ligados a você.
Que responderia se lhe fizessem a seguinte pergunta:
' 'Qual é a coisa necessária, aquilo em que se deve realmente
concentrar na experiência cristã, acima de tudo?"
Se você for batista, poderá responder: "Ganhar almas".
E isso é admirável. "Ganhar almas, testemunhar, trazer pes-
soas para a igreja é primordial, é a coisa necessária. Se eu
mantiver paixão pelas almas em meu testemunho, tudo o
mais irá b e m . "
Se você faz parte de um grupo pentecostal, poderá di-
zer: "A plenitude do Espírito, o batismo do Espírito, é a
coisa necessária".
Se você for episcopal, poderá dizer: "A coisa neces-
sária é a reverência para com Deus".
Em vez de pensarmos na diferença de ênfase entre as
denominações, consideremos a Palavra de Deus. Creio que
podemos demonstrar, pela Palavra de Deus, aquilo que é
mais necessário na experiência de todo discípulo de Jesus
Cristo.

A Paixão de Davi

Lemos sobre a experiência de Davi no Salmo 27. Ele


foi realmente um homem notável. Um esplêndido servo de
Deus. Se você gosta de pregação, eis nele um grande pre-
gador. Se você se inspira em grandes líderes, ele foi o grande
líder da nação de Israel. Se você se interessa por estratégia
militar, ele foi um grande soldado. Foi o líder invencível
de Israel nas batalhas. Se você se interessa pela nobreza, ele
18 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

foi um grande rei, o maior que já se assentou no trono de


Israel. Davi foi um homem esplêndido, " u m homem", diz-
-se-nos, "segundo o coração de Deus". Um homem
maravilhoso, com muitos dons, que comandou o estado de
espírito de uma nação inteira e a levou à vitória vez após
vez. Todavia, é claro, pensamos nele principalmente como
o salmista incomparável.
Se você perguntasse a Davi: "Qual é a sua grande
paixão? Qual a sua razão de viver? O que o fascina, Davi?
Qual a motivação principal da sua vida, o seu grande ob-
jetivo? Ser grande pregador, para converter pecadores?"
Sua resposta seria: " D e jeito nenhum".
"Bem, Davi, sua paixão deve ser permanecer invicto
nos campos de batalha; levar os seus soldados vez após vez
à vitória."
"Não exatamente."
"Será, então, governar como um grande rei; assentar-
-se no trono?"
"Ah! Não! De modo nenhum!"
"Então a sua grande paixão não é ser um grande rei?"
"Não."
Penso que ele poderia ter dito: "Isso é algo até secun-
dário".
"Secundário, o fato de você ser rei?"
"Sim, comparativamente."
"Então, Davi, qual é a sua grande paixão?"
Temos a sua resposta no Salmo 27, verso 4 : ' ' Uma coisa
peço ao S E N H O R . . . " Davi desejava apenas uma coisa. E
pronto. Se a tivesse, tudo o mais viria como conseqüência:
Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu
possa morar na casa do SENHOR todos os dias da
minha vida para contemplar a beleza do SENHOR,
e meditar no seu templo.
Eis a resposta, em apenas um versículo da Escritura.
Havia só uma coisa que ele desejava. Mas, porque ele a
A Coisa Necessária 19

desejava, todas as demais tornaram-se possíveis. Tratava-


-se da sua motivação primeira . É isso que move tudo o mais,
que capacita que tudo funcione como deve, cumprindo o
propósito para o qual foi criado. Se a coisa necessária for
desejada e procurada, todas as demais "entrarão nos eixos"
e funcionarão adequadamente.
Numa certa cidade do sul dos Estados Unidos, lembro-
-me de, em certa ocasião, ter olhado para o relógio e pensado:
"Ainda é c e d o " . Uns dez minutos depois, novamente con-
sultei o relógio. O mostrador apontava a mesma hora. Na
aparência, meu relógio continuava inalterado: mesmos pon-
teiros, mesmo estojo. Todavia, tornara-se inútil, pois deixara
de funcionar como o seu construtor planejara. A máquina
quebrara. Aquilo que era necessário para que o relógio fun-
cionasse havia parado.
Keil e Delitzsch em seu grande comentário assim se
expressam a respeito da paixão de Davi:
Há somente uma coisa que ele quer... um desejo
ardente que se expande desde o passado até o fu-
turo, atravessando, portanto, toda a sua vida. Aquilo
que ele procura se revela... habitar para sempre
na casa de Jeová, ou seja, intimidade espiritual...
eis o desejo do coração de Davi. Ele almejava con-
templar e alegrar-se (com olhar intensamente cativo,
prolongado, agarrado) com a beleza (ou graciosi-
dade) do Senhor.
Estou citando um comentário que é considerado pela
maioria dos mestres conservadores como o melhor sobre
o Velho Testamento. E o que diz? Que a paixão de Davi
é um desejo ardente que corre desde o passado até o futuro.
Não se trata de algo momentâneo. Relacionamento íntimo,
espiritual, é o desejo profundo de seu coração. Foi isso que
monopolizou Davi em todos os dias da sua vida!
Não é de surpreender-nos?! Davi é um homem por ex-
celência, um grande soldado, rei de reis, e qual o seu desejo?
20 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Contemplar a amabilidade e beleza do Senhor. Tudo o mais


torna-se relativamente acidental: ser um grande líder, grande
rei, grande pregador, grande salmista. Só uma coisa importa
realmente: ter comunhão íntima com Deus. Sua paixão foi
ser um adorador genuíno do Senhor.
E acrescenta: " . . .a buscarei''. Sendo seu alvo primeiro,
ele bem sabia que não poderia atingi-lo a não ser que o bus-
casse de verdade. Nem você poderá atingi-lo, amigo. Nem
eu. Ao final de cada dia, pergunte-se a si mesmo o que você
fez com o seu tempo. Quanto dele foi separado para adorar
Jesus? Você poderá surpreender-se!
É certo que adorá-Lo durante a sua hora silenciosa não
é tudo. Aliás, é só o começo. Nessa hora, você apenas afina
o instrumento, para, então, viver o seu dia. Imaginamos
estranhamente que, se tão somente fizermos a nossa hora
silenciosa, tudo irá bem o dia inteiro; se não a fizermos,
tudo vai dar errado. Mas, não é assim. A hora silenciosa
deve ser feita logo cedo, mas ela é apenas o afinar dos ins-
trumentos. Não se pode dizer: "Já fiz minha hora silenciosa.
Agora estou em dia". Trata-se apenas do começo. É, por
assim dizer, como engatar a primeira marcha do carro.
Precisamos andar em comunhão com o Senhor o dia
inteiro. C. H. Spurgeon dizia que nunca ficava sem um con-
tato vital com Deus por mais de dez minutos! Não é de se
admirar que o Senhor tenha usado tão poderosamente esse
grande adorador do Senhor Jesus Cristo. Como o rei Davi,
C. H. Spurgeon propôs em seu coração procurar ser um
verdadeiro adorador do seu Senhor. Ninguém jamais poderá
experimentar o que seja realmente adorar a não ser que se
proponha a exercer sua vontade para fazê-lo.

A Paixão de Paulo

Qual era a paixão do apóstolo Paulo? Está revelada em


Filipenses 3.10:
A Coisa Necessária 21

para o conhecer e o poder da sua ressurreição e


a comunhão dos seus sofrimentos [comunhão íntima],
conformando-me com ele na sua morte.
Que significa "para o conhecer"? Será que Paulo não
conhecia Jesus como Senhor e Salvador? Sim, mas a sua
grande paixão era conhecê-Lo ainda muito mais intimamente.
O grande objetivo da vida do apóstolo era conhecê-Lo. O
seu grande objetivo é conhecê-Lo, também?
O apóstolo foi capaz de dizer em Filipenses 3.8:
.. .por amor do qual, perdi todas as coisas... para
ganhar a Cristo.
Jesus era o seu alvo. Ganhar a Cristo, conhecer a Cristo,
amar a Cristo, ter comunhão íntima com Cristo. Esta era
a sua grande paixão! Quando não se tem isto como objetivo
principal, o dever torna-se um fardo, um peso. Mas, quando
Jesus Cristo ocupa o centro de uma vida, o dever é prazer!
Em nossos dias, temo-nos tornado mestres no desen-
volvimento de técnicas. Estamos em dias em que estimulamos
as pessoas a testemunharem. E o que acontece com freqüên-
cia? Testemunham durante algum tempo, e, depois, desis-
tem. São, então, exortadas a voltar a testemunhar, e voltam
a fazê-lo, para desistirem logo depois. Por que desistem?
Já percebeu que em suas epístolas Paulo nunca nos incita a
testemunhar e nada fala a respeito de missões no estrangeiro?
Nada! Incrível! Se é preciso estar falando repetidamente às
pessoas que devem testemunhar, é porque alguma coisa está
errada em suas vidas. Se é preciso estar sempre inventando
algo para que as pessoas se interessem pela obra missioná-
ria, é porque algo está errado com elas. O que Paulo faz
repetidamente? Ele está nos levando a Cristo de maneira
consistente, e deixando-nos estar diante dEle. Quando Jesus
ocupa o centro de um coração, qual o desejo dessa pessoa?
Falar aos outros sobre Jesus. E o fará de forma eficaz! Deixe
que Jesus Cristo ocupe o centro de um coração, e essa vida
22 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

sentir-se-á perturbada e inquieta porque milhões nunca ouvi-


ram falar de Cristo. Sentir-se-á incomodada e será levada a
fazer alguma coisa. Ela não precisa de mais exortações. Pre-
cisa de Cristo. E o Cristo que morreu pelo mundo irá falar
aos perdidos através dessa vida. Sem uma paixão real por
Jesus, nada funciona consistentemente. Há perda de poder.
Jesus Cristo ocupava o centro da vida do grande apóstolo.

A Escolha de Maria
Lucas 10.38-42:
Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado.
E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua
casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta
quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-
-Ihe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado
para outro, ocupada em muitos serviços. Então se
aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te impor-
tas de que minha irmã tivesse deixado que eu fique
a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha
ajudar-me. Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta!
andas inquieta e te preocupas com muitas cousas.
Entretanto, pouco é necessário, ou mesmo uma só
cousa; [Agora note bem isto. Estas são palavras de
nosso Senhor: "Entretanto, pouco é necessário, ou
mesmo uma só cousa;"] Maria, pois, escolheu a
boa parte e esta não lhe será tirada.
Somos aqui apresentados a duas irmãs muito ocupadas.
Não pense que somente Marta estava ocupada. Maria tam-
bém estava. Só que se concentrava num tipo de trabalho
diferente.
Observe com cuidado a atitude de Marta, quando o Se-
nhor chega à sua casa. Atitude reveladora. "Senhor, não
te importas de que minha irmã tivesse deixado que eu fique
a servir sozinha? Não te importas? Entras em minha casa,
A Coisa Necessária 23

vês o que se passa, vês que estou fazendo todo o serviço


sozinha, e não te importas! A Maria não está movendo uma
palha!"
A primeira coisa que notamos em Marta é que ela tinha
um espírito murmurador. Ou seja, ela era vítima da auto-
-compaixão. Se, para o Senhor, ela reclamou, chegando a
censurá-Lo, imagine o que não faria aos demais da família!
Depois, ela deu uma ordem a Jesus. Corajosa, essa
Marta! "Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. Dize-lhe
que me ajude. Não te importas?"
Que fez o Senhor? Ignorou completamente o que ela
disse. Não falou: "Marta, sei que você está muito ocupada,
e é uma pena que Maria não a esteja ajudando". Ah, não!
Ele não iria alimentar em Marta aquele monstro denomi-
nado " e g o " . Ele não irá alimentá-lo em nós, tampouco!
Se não nos mantivermos pertinho do Senhor, cairemos, e
teremos esse espírito murmurador e auto-compassivo.
Mas, que foi que Ele disse? "Marta! Marta! andas in-
quieta e te preocupas com muitas cousas". Observe a palavra
"coisas", pois "muitas coisas" podem infiltrar-se na vida
de uma preciosa mulher e transtorná-la! Devemos aceitar
o que o Senhor nos dá, e ficar alegres. As "coisas" podem
sufocar-nos. Era o caso de Marta. Esteja satisfeito com Ele,
não com coisas. Não foi o que disse Paulo? — "aprendi
a viver contente em toda e qualquer situação" (Fp 4.11).
Viva para o Senhor, e, não, para as coisas.
Assim referiu-Se o Senhor a respeito de Maria: "En-
tretanto, pouco é necessário, ou mesmo uma só cousa; Maria,
pois, escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada".
Qual a diferença entre Marta e Maria? Alguns dizem:
"Marta era colérica: ativista, o tipo de pessoa que trabalha
com as mãos. Maria era diferente. Era melancólica: um tipo
quieto, introspectivo, meditativo. Dois tipos diferentes. Marta
tinha de ser ativa, enquanto Maria tinha de dar-se à medi-
tação".
A Escritura não faz tal afirmação. Que diz? Houve um
24 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

dia na vida de Maria em que ela fez uma escolha. Marta


não fez essa opção. Eis a diferença. Maria escolheu. Aqui
está a diferença entre a pessoa satisfeita com Jesus e a pes-
soa insatisfeita com a vida. Uma fez a escolha; a outra, não.
É comum virem mulheres a mim, dizendo: " M r . Carroll,
sabe, eu sou como Marta. A cozinha é o meu lugar. O lar
é o meu cantinho, onde cuido da família. Sou como Marta".
Respondo: "Não, senhora! A senhora escolheu ser como
Marta. Deus quer que a senhora seja como Maria".
Não se é levado por acaso a ser como Maria. Poder-
-se-á sempre ser levado a ser como Marta. Basta "deixar
as coisas acontecerem". Mulher alguma tornou-se igual a
Maria por simples acidente.
"Ah! o senhor não entende, Mr. Carroll. O senhor não
conhece as minhas responsabilidades".
Conheço-as muito bem. Tenho estado em centenas de
lares nestes quarenta anos de ministério. Certa vez, hospedei-
-me na casa de uma senhora que tinha sete filhos e um marido
bastante incompreensivo. Ela perdera dois de seus filhos
ao nascerem. Apesar de ter uma casa grande para cuidar
e ajudar no comércio da família nas horas de folga, nunca
a vi perturbada. Maravilhava-me por perceber sempre o bom
perfume de Jesus em sua vida.
Hospedando-me em sua casa durante uma conferência,
percebi certa manhã por volta de cinco horas, raios de luz
passando pela soleira da porta. Suavemente abri a porta do
meu quarto e vi essa senhora ajoelhada ao lado do piano.
Fechei a porta em silêncio. Na manhã seguinte, aconteceu
a mesma coisa, e na outra, também.
Perguntei-lhe, então: "A que horas acorda para buscar
o Senhor?"
Respondeu-me: "Ah! Isso não depende de mim. Há
muito tempo decidi que quando Ele quizesse ter comunhão
comigo, estaria ao seu dispor. Há dias em que sinto que Ele
me chama às cinco. Há dias em que sinto que me chama
às seis. Ocasionalmente, sinto sua chamada as duas da ma-
A Coisa Necessária 25

nhã. Penso que seja tão somente para testar-me!"


Ela sempre se levantava, ia para o banquinho do piano,
e adorava ao seu Senhor.
Perguntei-lhe: "Por quanto tempo?"
"Depende dEle. Quando percebo sua ordem de voltar
para a cama, volto. Se Ele não quer que eu durma, simples-
mente fico acordada."
Ela era a síntese da serenidade. Fizera uma escolha.
Uma escolha que lhe fora difícil fazer, pois Deus tivera que
arrancar um ídolo de sua vida antes que ela pudesse fazê-la.
Todavia, quando Ele tirou o tal ídolo, ela passou a ser de
Jesus. E somente de Jesus.
Sim, amada irmã, não há desculpas. Com sete filhos,
ela era uma mulher ocupada, sim, mas, nervosa, não. Eis
a diferença. Você pode ser ocupada e não ser nervosa. Ou
pode-se não ter o que fazer e ser muito nervosa. Tudo de-
pende de Jesus ser o centro da sua vida.
Fomos criados para adorar Jesus Cristo. Fomos cria-
dos para Ele. Para virmos a ser alguém em quem Ele Se
compraz. Para que isso ocorra tem de haver disciplina. Auto-
-renúncia. Mortificação da carne. Tirar da nossa vida tudo
o que não contribui para que o grande objetivo seja atingido.
No capítulo 11 de João, versículos 20 a 22, lemos so-
bre a morte de Lázaro. O Senhor Jesus chega e é recebido
por Marta.
Marta, quando soube que vinha Jesus, saiu ao seu
encontro; Maria, porém, ficou sentada em casa.
Temos aqui Marta, novamente. A mulher de ação. "Te-
nho de fazer alguma coisa. Tenho de ir ao Senhor."
Disse, pois, Marta a Jesus; Senhor, se estiveras aqui
não teria morrido meu irmão.
Esta é, com certeza, uma tremenda atitude de fé no Se-
nhor. Estas palavras foram ditas por Marta, não por Maria:
"Senhor, se estiveras aqui não teria morrido meu irmão".
26 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

O que ela disse? " S e estivesses aqui, poderias ter salvo


o meu irmão dessa doença. Ele não teria morrido." Tre-
mendo! E vem de Marta! Ela continuou, galgando uma altura
de fé ainda maior:
Mas também sei que, mesmo agora, tudo quanto pe-
dires a Deus, Deus to concederá.
"Mesmo agora", ela diz, "nem tudo está perdido".
Não é maravilhoso? Será que Marta, a mulher ocupada
e com espírito murmurador, acordou, e fez a escolha de Ma-
ria? Creio que não! Pois nos versos 38 e 39 lemos:
Jesus, agitando-se novamente em si mesmo, encaminhou-
se para o túmulo; era este uma gruta, a cuja entrada
tinham posto uma pedra. Então ordenou Jesus: Ti-
rai a pedra...
Ora, a atitude de fé precisa transformar-se em ato de fé!
E veio o teste: "Tirai a pedra". Não deve a atitude de
fé ser seguida por um ato de fé?! Não deve a profissão ser
seguida de ação?!
Todos estavam reunidos ao lado do túmulo. Só uma pes-
soa fala. Esta pessoa é Marta. E que diz ela, no verso 39?
Senhor, já cheira mal, porque já é de quatro dias.
Onde está a fé que Marta demonstrara?! Uma coisa é
falar; outra, bem diferente, é agir.
O que nos revela este incidente? Ela tivera uma expe-
riência espiritual com base simplesmente nas emoções por
ter uma vida devocional sem firmeza. Guarde bem isto, pois
é um traço sempre presente na vida dos que levam uma vida
devocional inconsistente. Hoje, estão nas nuvens; amanhã,
nas profundezas — personalidades instáveis e indignas de
confiança. "Senhor, podes todas as coisas. Podes ressuscitá-
-lo dos mortos." E, a seguir: " N ã o , Senhor, ele cheira mal.
Não é possível".
Você é igual a quem: a Marta ou a Maria? Você precisa
A Coisa Necessária 27

decidir quem quer ser. Já fez a escolha pela coisa necessá-


ria? por aquilo que se constituiu na paixão de Davi? Qual
foi essa escolha? Davi optou por ocupar-se com Aquele a
quem ele amava e buscá-Lo de todo o coração. Maria, tam-
bém, escolheu a boa parte, e esta não lhe foi tirada.
Grande foi a sua recompensa, pois lemos em João
12.2-7:
Deram-Lhe, pois, ali, uma ceia; Marta servia, sendo
Lázaro um dos que estavam com Ele à mesa. Então
Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo
puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os en-
xugou com os seus cabelos; e encheu-se toda a casa
com o perfume do bálsamo. Mas Judas Iscariotes,
um dos seus discípulos, o que estava para traí-lo,
disse: Por que não se vendeu este perfume por tre-
zentos denários, e não se deu aos pobres? Isto disse
ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas por-
que era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela
se lançava. Jesus, entretanto, disse: Deixa-a! que
ela guarde isto para o dia em que me embalsamarem.
Que nos revela este incidente? A pessoa que faz a es-
colha, que coloca em primeiro lugar a coisa necessária,
participa dos segredos mais íntimos do coração do Senhor.
É a essa pessoa que Ele irá falar, pois o amor exige um
amor da mesma qualidade.
O Senhor Jesus nos ama de todo o coração. Ele quer
que O amemos de todo o coração, também. Enquanto não
O amarmos assim, jamais provaremos a doçura do seu amor
por nós. Teremos um conceito pálido do seu amor, apenas
isso. Com quantas pessoas dividimos os segredos do nosso
coração e quem são elas? Teremos intimidade com a pessoa
que sabemos que nos ama, que temos certeza de que nos
é fiel, que sabemos ter-se entregue a nós e a mais ninguém.
Assim também é com o Senhor. Tem de haver uma resposta
de amor para o amor.
28 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Maria ungiu Jesus para o seu sepultamento. Como ela


sabia disso? Ele lho revelara. Ninguém mais sabia. Ela, sim.
Por que Ele o revelara a ela? Maria fizera a escolha. Ela
sabia o que é ter comunhão íntima com o seu Senhor, por-
tanto, recebeu uma grande recompensa: a honra indizível
de participar dos sentimentos profundos do coração de Jesus.
CAPÍTULO II
A Adoração Verdadeira

I. A Verdade Através da Adoração

II. Que É Adoração Verdadeira?

III. Dificuldades na Adoração

A. Desenvolvendo os Sentidos Espirituais

B. Firmando a Vontade

C. Mantendo as Prioridades
Deus da graça, Te adoramos
Com reverência, nos prostramos;
Tão somente por Jesus Cristo:
Pai, Te adoramos.
A Adoração Verdadeira

A adoração é a coisa suprema. A atitude na adoração


é aquela do súdito inclinado diante do Rei... sendo
o pensamento fundamental o de prostrar-se, de
curvar-se.
Campbell Morgan

A Verdade Através da Adoração


oi nos anos cinqüenta, enquanto eu pregava numa con-
F ferência para missionários nas Ilhas Filipinas que a filha
adolescente de um desses missionários veio a mim.
"Irmão Carroll", disse, "amo ao meu Senhor. Nunca
deixo de fazer minha hora silenciosa. Tenho uma vida de
oração consistente. Todavia, o Senhor Jesus não é real para
mim. Quero amá-Lo com mais devoção e servi-Lo de modo
mais eficiente, mas não posso a não ser que Ele Se torne
uma realidade para mim. Leio sobre os grandes heróis da
fé e como eles tinham consciência da presença dEle; quero
ter a mesma experiência. Diga-me, que devo fazer?"
Conversamos por um bom tempo. Alguns dias mais
tarde, encontrei essa adolescente novamente.
" M r . Carroll", exclamou, "pela primeira vez em mi-
nha vida cristã estou experimentando de modo consciente
a presença do meu Senhor!"
Anos mais tarde, numa tarde de segunda-feira, voltei
para casa, depois da nossa aula bíblica no Instituto Evan-
gélico, bastante cansado. Sentei-me para descansar, e fui
32 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

interrompido pela minha esposa com aquela palavra fatal:


"Telefone".
"Quem é ? "
"Não sei. A pessoa se diz um pregador em Chicago.
Parece bastante agitado. Disse que você transformou a vida
dele."
Fui atender.
"É o irmão Carroll?"
"Sim."
"O senhor mudou a minha vida."
"Espero que o Senhor o tenha feito!"
"É claro que foi Ele. Através daquelas mensagens."
"Quais?"
"Aquelas mensagens gravadas sobre adoração. Muda-
ram a minha vida."
O que mudou a vida dele? O fato de Jesus Cristo Se
haver tornado uma realidade para aquele pregador.
Ele é real para você? Você anda com Ele? Conhece-O?
Ele é realidade?
No início da década de cinqüenta fui convidado a di-
rigir uma série de reuniões numa determinada cidade do
centro-oeste. Na última reunião, que era para pastores, falei
de maneira muito singela, apresentando a mesma mensagem
que compartilhara com a adolescente nas Filipinas e com
aquele pastor de Chicago. Quando voltei àquela cidade, um
ano depois, encontrei-me com um dos pastores.
"Lembra-se da mensagem que pregou há um ano?",
ele perguntou-me.
"Sim."
"Desde então a minha igreja tem tido um novo pastor.
E eu tenho tido uma nova congregação."
Qual foi a mensagem que entreguei àqueles pregadores,
ao pastor de Chicago, e à jovem das Filipinas? Foi uma men-
sagem singela a respeito de adoração — adoração a Jesus
Cristo.
Que você diria? Que responderia se alguém lhe pergun-
A Adoração Verdadeira 33

tasse: "Que bênção advém de se adorar a Deus?" A ex-


periência de C. S. Lewis, um dos grandes defensores da
fé, que tem dado uma contribuição incomparável ao pensa-
mento evangélico neste século, ajuda-nos a responder esta
pergunta. Ele nos fala da experiência que o levou a desco-
brir a primazia da adoração. Assim se expressa:
Quando comecei a aproximar-me da crença em
Deus, e mesmo algum tempo depois que me fora dado
crer, encontrei uma pedra de tropeço na orientação
dada com tanta ênfase pelos religiosos para que
' 'louvemos'' a Deus; e ainda mais na sugestão de
que Deus mesmo o exigia. Todos desprezamos quem
espera uma constante apreciação das suas virtudes
pessoais, inteligência ou encantos; desprezamos com
mais intensidade aqueles que se reúnem em torno
de um ditador, ou milionário, ou celebridade, que
satisfazem a uma tal exigência. Conseqüentemente;
uma figura ao mesmo tempo ridícula e horrível, de
ambos, Deus e seus adoradores, ameaçava formar-se
em minha mente. Neste sentido, os Salmos causaram-
-me problemas de forma especial — "Louvai ao
SENHOR", "Oh! louvai ao SENHOR comigo",
"Louvai-O". ...Era como se fosse dito hedionda-
mente: "O que mais quero é que se diga que Eu
sou bom e grande". ...Eparecia-me que a simples
quantidade de louvor era importante: "sete vezes
no dia eu te louvo" (SI 119.164). Para mim isso
era extremamente confrangedor. Era de levar alguém
a pensar aquilo que menos desejava. Gratidão a
Deus, reverência para com Ele, obediência a Ele,
isso eu pensava que podia compreender. Mas, não
esse perpétuo elogio. E a situação não melhorou
quando um autor moderno falou sobre o "direito"
que Deus tem de ser louvado.

Aqui estava o dilema de C. S. Lewis, um jovem cristão


34 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

que buscava com um coração aberto e honesto, e para quem


esse assunto de louvor estava a tornar-se uma grande pedra
de tropeço. Por que Deus deseja ser louvado e elogiado?
Por que Ele quer ser sempre o centro de afeições e atenção?
Então, ele encontrou a resposta.
Eu não havia percebido que é no processo de ado-
ração que Deus comunica a sua presença aos
homens. ... Até mesmo no judaísmo, a essência do
sacrifício não era realmente o fato de os homens
darem bois e bodes a Deus, mas o fato de que, ao
fazerem-no, Deus Se dava a Si mesmo aos ho-
mens... " [ênfase minha].
Noutras palavras, era no ato de adoração que Ele Se
tornava realidade para eles.
Que descoberta maravilhosa fez Lewis tão cedo em sua
experiência cristã! Preste atenção a esta afirmação impor-
tante: "...é no processo de adoração que Deus comunica
a sua presença aos homens. "

Que é Adoração Verdadeira?


O que é, então, adoração? O termo vem do latim para
o nosso falar hodierno, " a d o r a r e " , significando amar ex-
tremosamente. No inglês, a idéia é de "dar valor a". Assim,
adorar Jesus Cristo é atribuir-Lhe valor.
Como o livro do Apocalipse é, acima de todos os de-
mais, a chave que nos abre a porta à adoração a Jesus Cristo,
precisamos considerar o capítulo 4.10,11:
os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante da-
quele que se encontra sentado no trono, adorarão
ao que vive pelos séculos dos séculos, e depositarão
as suas coroas diante do trono, proclamando: Tu
és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória,
a honra e o poder, porque todas as cousas tu criaste,
A Adoração Verdadeira 35

sim, por causa da tua vontade vieram a existir e


foram criadas.
Aqui está adoração verdadeira! E a ordem é significa-
tiva. A primeira coisa, no verso 10, é que eles prostram-se:
" o s vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que
se encontra sentado no trono". Primeiro. E tem de ser sem-
pre assim. O prostrar-se fala de submissão Àquele que é
adorado. Eles "...prostrar-se-ão diante daquele que se en-
contra sentado no trono". É essencial que observemos que
há, em primeiro lugar, a submissão, e, em segundo, o lan-
çar as coroas diante do trono. Nos dias em que o Apocalipse
foi escrito, quando um rei era vencido pelas legiões roma-
nas, ou era trazido a Roma para prostrar-se aos pés do
imperador ou uma grande imagem de César era colocada
diante dele, e exigia-se-lhe que se prostrasse, lançando sua
coroa aos pés da imagem. Este ato significava sua submisão
total; sua abdicação em favor do imperador. Assim, João,
em Apocalipse 4, revela-nos os primeiros dois passos es-
senciais da adoração. O primeiro é o prostrar-se; a submissão
Àquele a quem se adora. O segundo, é o lançar a coroa aos
pés dAquele que é adorado.
Qual a finalidade da coroa? Chamar atenção para aquele
que a estiver usando. Exalta o seu portador. O verdadeiro
adorador de Jesus, ao lançar a sua coroa aos pés do seu Se-
nhor, está dizendo: "Quero que Tu somente sejas exaltado;
que Tu somente sejas glorificado". A segunda condição,
portanto, é que se tenha o desejo de viver para a glória de
Cristo e tão somente dEle.
A primeira condição essencial para a adoração verda-
deira é submissão total. A segunda condição essencial é que
Jesus, e somente Jesus, seja glorificado. Temos que satis-
fazer essas condições, submetendo-nos completamente, sem
reservas, a Jesus Cristo como Senhor.
Em Apocalipse 4.11, encontramos os adoradores atri-
buindo valor ao que estava no trono, dizendo-Lhe que Ele
36 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

é digno. Isto é adoração: reconhecer o valor d Aquele a quem


adoramos.
Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a gló-
ria, a honra e o poder, porque todas as cousas tu
criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a exis-
tir e foram criadas.
Que fizeram? Abdicaram e lançaram as suas coroas
diante do trono, despojando-se a si mesmos de glória e di-
zendo: " T u és digno de receber glória; só T u " . Seguem
honra e poder. São estas as três coisas que os homens bus-
cam: ser glorificados, exaltados, honrados. Portanto, para
que adoremos Jesus Cristo é preciso que nos despojemos
de toda aspiração por glória, honra e poder, uma vez que
Ele, e somente Ele, é digno de tais coisas.
O capítulo cinco do Apocalipse é um dos grandes ca-
pítulos de toda a Bíblia, se não for o maior, quanto ao tema
da adoração. Observe, novamente a ordem do versículo oito:
o prostrar-se vem primeiro.
e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes
e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do
Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças
de ouro cheias de incenso, que são as orações dos
santos.
E outra vez, no verso nove, estão atribuindo valor a
Jesus Cristo. Isto é adoração.
e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de to-
mar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto
e com o teu sangue compraste para Deus os que
procedem de toda tribo, língua, povo e nação.
Obviamente, não podemos adorar a não ser que haja
total submissão dos nossos corações.
Todos os anjos estavam de pé rodeando o trono,
A Adoração Verdadeira 37

os anciãos e os quatro seres viventes, e, ante o trono


se prostraram sobre os seus rostos e adoraram a
Deus (Ap 7.11).

Dificuldades na Adoração

Adorar não é uma coisa simples. Mas, é gloriosa! Ao


longo destes muitos anos tenho descoberto que se trata da-
quilo a que o inimigo fará maior oposição — maior do que
à intercessão, maior do que à petição. O que ele não quer
é que você adore ao Senhor Jesus Cristo.

Desenvolvendo os Sentidos Espirituais

Adorar não é algo simples, porque as recompensas são


imensas. À medida que aprendemos a dedicar-nos à adoração
ao Senhor, Ele Se fará mais próximo e real a nós do que
o nosso melhor amigo e a pessoa amada que nos seja mais
íntima. As recompensas, na verdade, são grandes, porém,
o que causa espanto é o fato de que muito poucos adoram
Jesus Cristo. Por isso, os sentidos espirituais da maioria não
conseguem despertar para a presença dEle.
Sabemos que o corpo tem sentidos. O espírito também
os tem. E é por meio deles que nos tornamos conscientes da
presença de Jesus. ''Deus é espírito", e só pode ser adorado
por aquilo que é espiritual em nós, ou seja, pelo nosso es-
pírito. Para muitos, isto é difícil, uma vez que não podemos
vê-Lo com os nossos olhos, ou tocá-Lo com nossas mãos.
Todavia, Ele pode ser visto e tocado através dos sentidos
do nosso espírito.

Firmando a Vontade

Não se trata de uma questão de eu dizer: "Percebo esta


verdade, e pretendo ser um adorador". Não, pois não so-
mos o que desejamos ser, ou carecemos ser, mas o que nos
38 Corno Adorar o Senhor Jesus Cristo

propomos a ser. Por conseguinte, é preciso que você firme


a sua vontade para que se torne um adorador de Jesus. Você
nunca será um adorador do Senhor, se isto não se tornar
um ato definido da sua vontade.
Quando começar a adorar, poderá ser que atribua valor
a Ele somente para chegar à seguinte conclusão: " N ã o sei.
Fiz tudo certinho, mas nada aconteceu". É preciso perse-
verar.
Houve um homem na cidade de Detroit, um crente co-
rajoso, que, preso por um incêndio no hotel onde estava,
queimou-se gravemente, chegando quase a morrer. Na con-
valescença, ao descobrir que ficara cego, seu único lamento
era que não mais poderia ler sua Bíblia. Assim, pediu que
lhe ensinassem Braille. Quando as pontas dos seus dedos,
queimadas terrivelmente mas, agora, cicatrizadas, foram tes-
tadas, descobriu-se que não mais tinham sensibilidade.
Testou-se, então, os dedos dos pés e os lábios. Finalmente,
a língua. Com ela, aquele homem leu a Bíblia inteira três
vezes!
Os sentidos são despertados quando fazemos uso deles.
Tendo experimentado a consciência da presença de Je-
sus através da adoração, temos que tomar cuidado para
obedecermos aos apelos do Espírito Santo em nosso íntimo,
quando Ele nos chamar à adoração. Quando, por estar sob
forte pressão, tenho sido tentado a deixar de lado a adoração,
que é essencial, tenho sofrido perdas em muitas áreas da
minha experiência cristã. E sempre foi necessário exercer
determinação da vontade para voltar atrás e entregar-me à
adoração ao Cordeiro que está no trono.

Mantendo as Prioridades

Na tentação que o Senhor sofreu no deserto, c-nos apre-


sentada a tentativa sutil do inimigo para coIocá-Lo sob seu
controle.
A Adoração Verdadeira 39

Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto,


mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória
deles, e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado,
me adorares (Mt 4.8,9).
Observe que Satanás usa a ordem certa. Diz: " T e darei
todos os reinos e a glória deles. Tudo o que quero é que
Te prostres e me adores. Isso é tudo o que desejo".
Sabido!... pois servimos aquele a quem adoramos. Qual
a vantagem de se possuir os reinos do mundo e sua glória
se você for dominado por Satanás? O Senhor seria dono dos
reinos, mas Satanás seria o seu dono. A pessoa a quem você
realmente adora, irá controlar a sua vida. Até mesmo o
incrédulo sabe disso. Nunca ouviu dizer: "Ela adora o ma-
r i d o " , "Ele adora a esposa", ou "Eles adoram o filho"?
Tais pessoas estão dizendo é que vivem para aquele a quem
adoram. Você irá servir aquele a quem adorar. Você não
dependerá de incentivos, e nem precisará ser forçado a fazê-
-lo.
A importância da resposta reveladora do Senhor — " A o
Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto" — é vista
na ordem que apresenta: primeiro, adoração; depois, ser-
viço. A adoração vem sempre antes do serviço.
E observe: " . . . s ó a Ele darás culto".
" M a s " , você poderia dizer, "eu sirvo a minha igreja".
Não, você serve basicamente ao Senhor na sua igreja.
Você poderá sentir-se insatisfeito com algumas coisas que
aconteçam em sua igreja; mas você não pode sentir-se in-
satisfeito com o Senhor. Ele o colocou na igreja onde está
para servi-Lo.
Durante dez anos tive o privilégio de ministrar a gru-
pos de missionários no Oriente, em campos muito difíceis.
Geralmente, no início, o missionário defronta-se com obs-
táculos tremendos.
Por exemplo, o diabo pode dizer-lhe, se estiver servindo
no Japão: "Este povo é mentiroso. Não merecem que você
40 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

os sirva. Você não deve perder a vida com gente dessa es-
pécie".
Ah! mas você está perdendo a vida com os japoneses
como um serviço prestado para Jesus. Vê a diferença?
O apóstolo Paulo não disse: "nós mesmos como vossos
servos por amor de Jesus"? O verdadeiro missionário é sus-
tentado por uma Pessoa, Jesus, que sozinho pode apoiá-lo
e sustentá-lo no meio do fogo (e o obreiro, freqüentemente,
está no meio do fogo). Nada além dEle será suficiente. O
missionário poderá desistir, ou perder a vontade de lutar,
ou voltar para casa. Mas, se conhecer o Senhor Jesus na
intimidade, e o que significa adorá-Lo e servi-Lo, não será
derrotado.
Quanto mais adoramos ao nosso Senhor, amando-O,
servindo-O e expressando esse amor por Ele através de ser-
viço prestado ao próximo, como servos seus bem dispostos,
tanto mais teremos vontade de adorá-Lo e servi-Lo.
Um dos segredos do serviço eficiente encontra-se em
2 Coríntios 3, versos 17 e 18, onde lemos:
Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito
do Senhor aí há liberdade. E todos nós com o rosto
desvendado, contemplando, como por espelho, a gló-
ria do Senhor, somos transformados de glória em
glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor,
o Espírito.
Isto é o que Hudson Taylor chamava de "transformação
pelo olhar". Transformados em quê? Transformados à
mesma imagem dAquele a quem adoramos, ou seja, feitos
semelhantes a Cristo. Tão simples! E, ao mesmo tempo,
tão glorioso!
É o desejo do Espírito Santo que contemplemos Jesus,
que sejamos unidos a Ele, que O adoremos. E, enquanto
O adoramos, o que acontece? O Espírito de Deus vai nos
transformando à imagem dAquele a Quem adoramos.
Qualquer pessoa que conheça alguma coisa sobre mis-
A Adoração Verdadeira 41

soes sabe que as pessoas de uma terra pagã querem ver an-
tes de ouvir. Querem ver algo diferente. E não têm elas o
direito de verem Jesus no missionário? Se o missionário for
um adorador de Jesus Cristo, elas verão.
Uma crente destacada do Japão, hoje, é uma médica
que viu um missionário em cuja vida ela não poderia negar
que Jesus habitava. Conhecer esse obreiro foi o início de
sua sede por conhecer a Cristo.
Uma das obras missionárias mais estimadas do mundo
é Dohnavur, no sul da índia. Sua fundadora, Amy Carmi-
chael, era admirada por todos os que a conheciam por sua
determinação de sempre buscar o padrão de Deus para qual-
quer coisa que fosse ser realizada em Dohnavur.
Quando houve necessidade de se construir uma capela
grande, depois de muita oração, ela determinou que seria
edificada no centro do terreno da missão. Deveria ter duas
torres. Incomum! Uma torre, sim. Mas, por que duas? O
Senhor tinha uma razão muito clara para tal. A torre da frente
da capela deveria representar a adoração. A torre do fundo,
representaria o serviço. A qualquer hora que aquelas duas
torres fossem vistas, deveriam lembrar a todos que a ado-
ração vem antes do serviço.
Amy Carmichael trabalhou durante quarenta anos sem
voltar à sua terra em gozo de férias. Não é de admirar que
Deus tenha abençoado tão singularmente a literatura de Doh-
navur.
Você poderá lembrar-se daquele famoso incidente que
ocorreu na vida de Isaías. E-nos dito que no ano em que
morreu o rei Uzias ele viu o Senhor sentado num alto e su-
blime trono. Viu também serafins adorando ao Senhor. Cada
um tinha seis asas: com duas cobriam a face, com duas co-
briam os pés, e com duas voavam para levar avante a vontade
dAquele a Quem adoravam. Fico a pensar por que não vo-
avam com as seis asas? Se fossem dadas seis asas à maioria
dos crentes de hoje, que fariam? Voariam o mais rápido
que pudessem! Para onde?
42 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Ah! Não, quatro delas são para preparar para a adoração;


somente duas para executar o serviço.
A adoração Aquele que estava no trono preparava os
serafins para realizarem serviço veloz e obediente. A or-
dem é sempre a mesma: adorar antes de servir.
CAPÍTULO III
O Coração Sincero

I. Adoração de Coração

A. Que É o Coração?

B. Que É um Coração Sincero?

II. A Rendição de Abraão

A. Seu Coração

B. Seu Serviço

C. Seu Altar

III. Servos Que Renderam-se

A. D. L. Moody

B. Dr. Graham Scroggie

C. F. B. Meyer

D. Archibald Brown
Cada coração procura
Onde possa descansar,
Mas descanso verdadeiro
Só Jesus o pode dar.
O Coração Sincero

É preciso que haja adoração no altar do íntimo, se


é que deve haver serviço eterno.
Maclaren

Adoração de Coração
m minha primeira visita ao Japão fui convidado para
E falar numa reunião que se realizava bem próxima ao
Monte Fuji. Eu ouvira falar muito sobre ele e estava ansioso
por ver essa montanha enorme que os japoneses cultuam.
A caminho do local das conferências, o diretor da missão
falou-me sobre o Fuji, dizendo: " D o lugar onde se reali-
zam as nossas reuniões tem-se possivelmente a melhor vista
da montanha em todo o país. A hora de contemplar o Fuji
é o amanhecer. Levante cedo, e você terá uma visão esplên-
dida".
Havia uma cerração parada quando chegamos, de forma
que nem podíamos pensar em ver ao menos um pedaço do
Fuji naquela tarde. Todavia, o diretor assegurou-me: " L e -
vante cedo, e você verá o Fuji em todo o seu esplendor".
Assim, na manhã seguinte levantei-me bem cedo.
Olhando pela janela, tudo o que pude ver foi neblina. Aquele
dia inteiro foi de cerração ali onde estávamos reunidos. Não
havia nem sinal do Fuji. A montanha estava bem ali, mas
eu não podia contemplá-la.
Ele me respondeu: "Paciência, Joe, tenha paciência.
Quem sabe amanhã..."
46 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Na manhã seguinte, a mesma coisa: nada, além de ne-


blina! Estava quase desistindo quando, no último dia da
reunião levantei-me, agora não tão cedo, e olhei pela janela.
Vi, então, o Fuji: magnífico; um cone coberto de neve!
Contemplando-o, imóvel, compreendi porque os japoneses
cultuam-no.
O Fuji estivera sempre ali, todavia, eu não pudera vê-
-lo. A neblina precisava ser retirada.
Deus está sempre presente quando O adoramos. Você,
entretanto, poderá desejar vê-Lo em sua glória, beleza e ma-
ravilha, sem consegui-lo. Por quê? Se houver uma certa
cerração... a cerração de um coração insubmisso, não ha-
verá como aproximar-se dEle de forma aceitável.
Certa princesa, membro da família real, foi um dia vi-
sitar sua avó, uma dama da realeza. Entrando na presença
da avó como um raio, pulou em seu colo.
Sua avó colocou-a imediatamente no chão e lhe disse:
"Entre, agora, como uma princesa deve fazê-lo".
Assim, a princesinha disciplinada entrou, fez a corte-
sia, e solicitou permissão para assentar-se no colo da vovó.
Há um modo correto de alguém aproximar-se de Deus.
Qual é? Lemos em Hebreus 10.22:
aproximemo-nos; com sincero coração...
Aproximarmo-nos com um coração sincero é a primeira
condição para podermos ir a Deus em adoração aceitável.
Podemos honrá-Lo com os nossos lábios; quanto a adorá-
-Lo, fazemo-lo com o coração. A adoração verdadeira vem
do coração.
Em Mateus 15, versículos 7 e 8, o Senhor revelou de
maneira bem clara porque as pessoas do tempo de Isaías
eram hipócritas, ou atores. Disse:
Hipócritas! bem profetizou Isaías a vosso respeito,
dizendo: Este povo honra-me com os lábios, mas
o seu coração está longe de mim.
O Coração Sincero 47

Que acusação! Que faziam? Tinham uma confissão de


fé, mas não assumiam um compromisso com o Senhor. É
preciso comprometer-se, comprometer-se de coração, para
que haja adoração aceitável.

Que é o Coração?

Quando a Escritura fala do coração, o que nos ensina?


Consideremos as três primeiras referências ao coração que
se pode encontrar na Bíblia:
(1) Gênesis 6.5:
Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia
multiplicado na terra, e que era continuamente mau
todo desígnio do seu coração
Quando falamos do coração, falamos do intelecto: " o s
desígnios do coração".
(2) Gênesis 6.6:
então se arrependeu o SENHOR de ter feito o homem
na terra, e isso lhe pesou no coração
Quando as Escrituras falam do coração, falam não só
do intelecto mas, também, das emoções. O pesar é uma
emoção.
(3) Gênesis 8.21:
E o SENHOR aspirou o suave cheiro, e disse consigo
mesmo: Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa
do homem, porque é mau o desígnio íntimo do ho-
mem desde a sua mocidade: nem tornarei a ferir
todo vivente, como fiz.
Deus, o Senhor, disse consigo mesmo, isto é, em seu
coração: "Não tornarei".
Em outras palavras, o coração é aquele centro, em nosso
íntimo, onde três coisas estão sendo constantemente orien-
tadas: o intelecto, as emoções e a vontade.
48 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Handley Moule, o grande erudito evangélico, tem o se-


guinte a dizer sobre o coração: "É o órgão da personalidade"
(ou seja, do intelecto, das emoções e da vontade).

Que é um Coração Sincero?

Já sabemos, pela Bíblia, o que é o coração. Mas, o que é


um coração sincero? A não ser que compreendamos qual seja
essa condição e a satisfaçamos, não poderemos aproximarmo-
-nos de Deus de forma aceitável. E não poderemos experi-
mentar o que seja adoração verdadeira. Não estou dizendo
que não poderemos ir à presença de Deus. Poderemos. To-
davia, não O adoraremos da maneira como Ele quer que
O adoremos. Cumpriremos um ritual. Só isso. Temos visto
bem claramente, pela Palavra de Deus, que o primeiro passo
na adoração é o prostrar-se, o submeter-se. Temos que ter
um coração sincero quando nos aproximamos de Deus para
adora-Lo. Sem isso, nossa adoração será inaceitável.
O bispo Westcott, que escreveu um comentário clássico
da epístola aos Hebreus, tem o seguinte a dizer sobre um
coração sincero: É "um coração que exprime completamente
a devoção à pessoa a Deus. Não há um compromisso dúbio.
Não há reserva nos sentimentos". Trata-se de uma auto-
-rendição completa da personalidade, ou seja, do intelecto,
das emoções e da vontade.
Outro grande erudito que nos tem legado um comentá-
rio clássico de Hebreus é Adolph Saphir. Ele diz: "Que se
quer dizer ao falar-se em coração sincero?... Somente um
coração completo é sincero... O coração sincero nunca está
satisfeito consigo mesmo, mas sente-se em paz, satisfeito
porque Jesus é tudo".
Andrew Murray, que talvez nos tenha legado o melhor
comentário devocional da epístola aos Hebreus, assim fala
sobre o coração sincero:
O coração é o poder central em a natureza humana.
O Coração Sincero 49

Tal como é o coração, assim é o homem... o nosso


íntimo tem de estar verdadeiramente rendido a Ele...
É somente quando o desejo do coração está voltado
para Deus, quando o coração inteiro está a buscá-
-Lo, devotando o seu amor e encontrando nEle a sua
alegria, que o homem pode aproximar-se de Deus.
Talvez isso o leve a pensar: "Que esperança haverá
para mim? Poderei ter um coração sincero? Poderei pren-
der os desejos do meu coração ao Senhor? Será que poderei
buscar a Deus com todo o coração, devotando-Lhe amor
e encontrando nEle a minha alegria?".
Se você buscar de todo o coração ter um coração sin-
cero, terá! Trata-se de uma decisão inteiramente sua, pois
o Deus que chama é o mesmo que capacita. Ele habita em
você por seu Espírito exatamente para satisfazer as exigên-
cias que Ele mesmo faz. Com toda a certeza, sem a capaci-
tação do Espírito, é impossível ter-se um coração sincero.
Porém, sob o controle do Espírito, você será levado exata-
mente a experimentá-lo.

A Rendição de Abraão
Em Gênesis, capítulo 22, lemos da grande entrega de
Abraão. Vejamos, portanto, com muito cuidado, o que é
que ele entrega.
Gênesis 22.1,2:
Depois dessas cousas pôs Deus Abraão à prova e
lhe disse: Abraão. Este lhe respondeu: Eis-me aqui.
Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho,
Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá;
oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes,
que eu te mostrarei.
Deus não falou para ele tomar Isaque e oferecê-lo como
holocausto, mas:
50 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

...Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem


amas, e ...oferece-o ali em holocausto, sobre um
dos montes, que eu te mostrarei.
Que disse a Abraão? "Você tem de matar Isaque. Tem
de oferecê-lo em holocausto. O seu único filho, a quem você
ama, você deve colocar no altar." Que prova! Será bom
lembrarmos que quando Deus prova alguém é porque de-
seja abençoar essa pessoa. Esta prova será muitíssimo severa,
mas, se Abraão for aprovado, a bênção virá não somente
sobre ele, mas sobre multidões.

Seu Coração

Antes que Abraão possa obedecer, terá de entregar três


coisas. A primeira é o seu intelecto. O pedido que Deus
lhe fez não tem sentido. É um desafio à razão. Por quê?
Isaque é o filho da promessa. É o filho-milagre. Tudo de-
pende dele. E agora Deus manda que seja morto! É certo
que Deus irá ressuscitá-lo. Mas, por que matá-lo, se Ele
irá ressuscitá-lo? Não faz sentido. Assim, a primeira coisa
que Abraão tem de entregar é o seu intelecto. Abraão tem
de render-se ao imperativo de Provérbios 3.5:

Confia no SENHOR de todo o teu coração, e não te


estribes no teu próprio entendimento.
Este é um mandamento de Deus. Um mandamento que
devemos manter à nossa frente nestes dias em que estamos
tão propensos a depender da nossa capacidade intelectual,
daquilo de que o homem é capaz por causa do treinamento
intelectual que recebe, propensos a tornarmo-nos vítimas
de um humanismo sutil, totalmente centralizado no homem.
O intelecto tem de submeter-se. Este é o primeiro passo.
Qual a próxima entrega? Abraão precisa entregar seus
afetos, seus sentimentos. Ele amava Isaque, de maneira que
tinha de render suas emoções.
O Coração Sincero 51

E, finalmente, Abraão precisa submeter sua vontade.


Ele precisa querer fazer a vontade de Deus em vez de que-
rer fazer a sua vontade pessoal.
Resumindo, o que é que Deus está pedindo que Abraão
faça? Está pedindo-lhe que submeta seu coração — o inte-
lecto, as emoções e a vontade — de maneira que possa fazer
a vontade de Deus. Eis a prova. Será que Abraão será apro-
vado? Trata-se de uma prova para nós, também, pois nos
ensina sobre a morte da nossa vontade de maneira que ve-
nhamos a realizar o que Deus quer.
Com toda a certeza, se havia uma coisa que Abraão
desejava, era que Isaque fosse preservado. Oferecer o seu
filho, o seu único filho, a quem ele amava? Tudo, menos
isso! Mas, que fez Abraão? Reuniu os amigos e disse: ' 'Pre-
cisamos fazer uma reunião de oração. Preciso buscar ao
Senhor por causa de uma grande decisão que tenho que to-
mar"? Nada disso! "Levantou-se, pois, Abraão de madru-
gada..." Ele se levantou em obediência imediata, indiscu-
tível, e resoluta à vontade revelada de Deus. Quando Deus
fala, não temos de orar. É verdade que podemos pedir graça,
mas não temos de orar pedindo-Lhe orientação.
Quando foi que você submeteu o seu coração ao Senhor?
Submissão do intelecto e das emoções sem a submissão da
vontade não é submissão. Quando foi que você rendeu-se
totalmente ao Senhor? Você tem um coração sincero? É isso
o que Ele deseja, e é isso o que Ele tem de receber. Trata-se
de um grande imperativo.

Seu Serviço

Gênesis 22.3-5:
Levantou-se, pois, Abraão de madrugada e, tendo
preparado o seu jumento, tomou consigo dois dos
seus servos, e a Isaque, seu filho; rachou lenha para
o holocausto, e foi para o lugar que Deus lhe havia
52 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

indicado. Ao terceiro dia, erguendo Abraão os olhos,


viu o lugar de longe. Então disse a seus servos: Es-
perai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até
lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós.
Observe três coisas que devem caracterizar todo ser-
viço para Deus. Abraão foi em obediência à vontade revelada
de Deus. Não podemos escolher o nosso trabalho. Deus
revela-nos, pelo seu Espírito, o que Ele quer que façamos.
Nossa resposta deve ser obediência indiscutível e resoluta.
Observamos, a seguir, que ele foi adorar. Finalmente, que
ele foi em fé. Três coisas: ele foi em obediência, foi para
adorar, e foi em fé. " . . . e u e o rapaz iremos até lá e, ha-
vendo adorado, voltaremos para junto de v ó s . " Ele irá
oferecer Isaque. Sim, mas crê que Deus irá ressuscitá-lo
dentre os mortos porque Ele é fiel à sua palavra. Que fé!
Será que também cremos na Palavra de Deus dessa forma?
Será que cremos que o que Ele diz é a verdade, ainda que
seja necessário ocorrer um milagre para que ela se concretize?

Seu Altar

Gênesis 22.6-9:
Tomou Abraão a lenha do holocausto e a colocou
sobre Isaque, seu filho, ele, porém, levava nas mãos
o fogo e o cutelo. Assim caminhavam ambos juntos.
Quando Isaque disse a Abraão, seu pai: Meu pai!
Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho.
Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde
está o cordeiro para o holocausto? Respondeu
Abraão: Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro
para o holocausto; e seguiam ambos juntos. Che-
garam ao lugar que Deus lhe havia designado; ali
edificou Abraão um altar, sobre ele dispôs a lenha,
amarrou Isaque seu filho, e o deitou no altar, em
cima da lenha;
O Coração Sincero 53

Chegaram ao local designado por Deus e, lá, Abraão


construiu um altar. Poderá tê-lo edificado com mãos trêmulas
e lágrimas a correr-lhe pela face. Mas ele o fez. Antes que
adoremos a Deus de forma aceitável, temos de fazer a mesma
coisa. Teremos de construir um altar com as nossas próprias
mãos; com as mãos do nosso coração. Mas, não iremos co-
locar Isaque sobre esse altar. Colocaremos a nós mesmos,
como holocausto, para sermos consumidos totalmente para
a glória de Deus. Abraão construiu um altar e, quando ter-
minou, colocou ali aquele a quem amava: seu único filho.
Gênesis 22.10:
e, estendendo a mão, tomou o cutelo para imolar
o filho.
Chegou a hora. O altar está pronto, e a oferta prepa-
rada. Ele levantou o cutelo. Que aconteceu?
Gênesis 22.11-18:
Mas do céu lhe bradou o Anjo do SENHOR: Abraão!
Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui. Então lhe disse:
Não estendas a mão sobre o rapaz, e nada lhe fa-
ças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto
não me negaste o filho, o teu único filho. Tendo
Abraão erguido os olhos, viu atrás de si um carneiro
preso pelos chifres entre os arbustos; tomou Abraão
o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar
de seu filho. E pôs Abraão por nome àquele lugar
— o SENHOR proverá. Daí dizer-se até ao dia de
hoje: No monte do SENHOR se proverá. Então do
céu bradou pela segunda vez o Anjo do SENHOR a
Abraão, e disse: Jurei, por mim mesmo, diz o SE-
NHOR, porquanto fizeste isso, e não me negaste o
teu único filho, que deveras te abençoarei e certa-
mente multiplicarei a tua descendência como as
estrelas dos céus e como a areia na praia do mar;
a tua descendência possuirá a cidade dos seus ini-
54 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

migos, nela serão benditas todas as nações da terra:


porquanto obedeceste à minha voz.
"...Jurei por mim mesmo, diz o SENHOR, porquanto
fizeste i s s o . . . " " I s s o ? " Que foi que ele fez? Rendeu o co-
ração. Abraão fizera muitas coisas. Deixara a sua terra, a
sua parentela. Tornara-se um peregrino na face da terra.
Tornara-se um morador de tendas. Fizera muitas coisas. To-
davia, tudo o que fizera no passado estava a encaminhá-lo
para esta grande entrega. Chegara o teste. O grande teste.
"...Porquanto fizeste isso...tua descendência...serão ben-
ditas todas as nações da terra..." Que bênção! Eis um homem
de coração sincero! E todas as nações da terra são abenço-
adas por seu intermédio!

Servos que Renderam-se


Estando na América do Sul para uma conferência, o líder
de certa missão contou-me que havia conversado com o di-
retor de uma escola bíblica bastante conhecida, e dissera-lhe:
" O s senhores não estão mais fornecendo-nos missionários
do quilate daqueles que antigamente vinham da sua escola".
O diretor deu uma resposta muito simples: " N ã o estou
recebendo alunos da mesma qualidade dos antigos".
Por quê? É porque temos enfraquecido a exigência de
Deus. Somos especialistas em estatísticas (o que, aliás, é
um procedimento secular), ao passo que o Senhor quer in-
teireza de coração, pois ninguém pode ser cheio do Espírito
ou adorar a Deus convenientemente a não ser que tenha um
coração assim. Que o homem se renda ao Espírito de Deus
à medida que Ele atuar em seu íntimo para formar nele um
coração sincero, e Deus irá abençoar uma multidão por seu
intermédio.

D. L. Moody

Qual foi o segredo da vida de D. L. Moody? Certa vez,


O Coração Sincero 55

ouviu um homem dizer:' 'O mundo está para ver o que Deus
pode fazer através de um homem totalmente rendido a Ele''.
Uma afirmação extremista, pois Deus tem tido muitos ho-
mens totalmente submissos a Si.
Mas, D. L. Moody decidiu: "Pela graça de Deus, eu
serei esse homem".
Todos nós sabemos quanto Deus usou D. L. Moody.
Terá sido pelo fato de ele ter sido brilhante, talentoso, edu-
cado, um homem com dons tremendamente grandes? Não.
Foi porque ele era um homem cujo coração era totalmente
do Senhor, dando provas da verdade expressa em 2 Crô-
nicas 16.9:
Porque, quanto ao SENHOR, seus olhos passam por
toda a terra, para mostrar-se forte para com aque-
les cujo coração é totalmente dele....
Não se trata do que podemos fazer para Deus: trata-se
do que Ele fará por nós e através de nós quando o nosso
coração for totalmente seu. Ele está à espera de homens as-
sim. Ele está à espera de mulheres assim. E quando encontra
homens ou mulheres tais, mostra-Se forte para com eles.
Nunca nos esqueçamos de que não se trata do que podemos
realizar para Deus: Ele é glorificado naquilo que Ele espera
fazer em nós e através de nós. Temos de tornar os nossos
corações totalmente dEle. É preciso que haja aquele altar
em nossas vidas sobre o qual tenhamos lançado o nosso in-
telecto, sentimentos e vontade, a fim de sermos um homem
de Deus, uma mulher de Deus se é que Ele poderá usar-nos
como seus servos provados e aprovados.

Dr. Graham Scroggie

Estava presente à famosa Keswick Convention, na In-


glaterra, no início da década de 50, quando as pregações
bíblicas eram feitas pelo Dr. Graham Scroggie. Expositor
erudito, entregava suas mensagens com grande poder. Po-
56 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

rém, mais do que a mensagem, a pessoa dele era impres-


sionante: sua veemência, o amor óbvio que sentia por Jesus,
sua capacidade aguda de compreender as Escrituras. O que
mais me impressionava era ver que o Espírito de Deus fa-
lava por meio daquele homem.
Ao concluir uma mensagem, deu uma palavra de tes-
temunho pessoal. Certa ocasião, enquanto pregava, fora
subitamente tomado por uma enfermidade. A doença per-
sistiu, e ele consultou o médico, pedindo-lhe orientação. Feito
o diagnóstico, o médico informou-lhe que só iria sarar se
deixasse de pregar. Não havia cura, caso continuasse pre-
gando. Em seu dilema, clamou ao Senhor e sentiu-se orien-
tado a pedir conselho a Gratten Guiness, um amigo chegado
e confiável que morava na Irlanda.
De seu amigo recebeu uma carta incomum, orientada
pelo Espírito. "Scroggie", disse, "você já se rendeu ver-
dadeiramente a Jesus Cristo?" Que pergunta para se fazer
a um pregador famoso! Todavia, trata-se de uma pergunta
importantíssima, que deve ser feita a qualquer um.
Scroggie respondeu: "Sim, de modo geral".
E lá veio outra carta do seu amigo: "Faça-o de maneira
específica e voluntária".
Scroggie foi novamente buscar ao Senhor, e, na calma
da sua presença, foi tomado por uma convicção profunda.
Descobriu que estivera vivendo para a arte de pregar; para
tornar-se famoso como pregador, e isso entristecera ao seu
Senhor. Assim, em lágrimas, rendeu-se de forma voluntá-
ria e específica, para que pudesse tornar-se um homem de
Deus, e não de Scroggie. Foi curado, continuando a pregar
por muitos anos com grande poder.
Quando foi que você rendeu-se a Jesus Cristo? A sua res-
posta poderá ser a mesma de Scroggie: "Bem... rendi-me de
modo geral". Faça-o voluntariamente. Especificamente. De
uma vez por todas. Você precisa desistir dos direitos que tem
sobre si mesmo. Seu intelecto, seus sentimentos e sua vontade
têm de submeter-se de forma voluntária e específica.
O Coração Sincero 57

F. B. Meyer

F. B. Meyer, outro dos grandes mestres da Bíblia em


seus dias, foi usado poderosamente não só na Inglaterra,
mas pelo mundo afora. Era muito talentoso, e tinha uma
inteligência brilhante.
Jovem de sucesso, foi a uma reunião de despedida ofe-
recida a certo número de formandos da Universidade de
Cambridge que partiam para a China. Esses jovens recebe-
ram a alcunha de " O s sete de Cambridge". Um deles era
um rapaz chamado Charlie Studd, que era o esportista mais
famoso da Inglaterra. (O capitão do time inglês de Críquete
sempre foi considerado o esportista mais importante do país.)
Ele dava, agora, as costas ao mundo dos esportes para ir
à China com a Missão do Interior da China.
Naquela tarde, F. B. Meyer ouviu-o com muito inte-
resse, enquanto ele dava seu testemunho. Não foi tanto o que
F. B. Meyer ouviu, mas, o que viu e sentiu que o impres-
sionou, uma vez que ficou bem claro que C. T. Studd era
um homem totalmente entregue a Jesus Cristo. Uma frase
dita por C. T. Studd certa ocasião resume toda a sua pes-
soa: "Se Jesus Cristo é Deus, e morreu por mim, não haverá
sacrifício que seja tão grande que eu não possa fazer por
Ele".
Após a reunião, F. B. Meyer foi a Charlie Studd e disse-
-Ihe: "Percebe-se claramente que você tem algo que eu não
tenho; algo de que eu careço. O que é ? "
C. T. Studd, à sua maneira bem direta olhou firme-
mente em seus olhos e perguntou: "Você já rendeu tudo
a Jesus Cristo?"
F. B. Meyer pensou um pouco e respondeu: "Sim, j á " .
Todavia, uma pequena voz interior lhe dizia: " N ã o ;
ainda n ã o " .
Sentindo-se profundamente perturbado, foi para casa,
correu para o quarto, caiu de joelhos, e começou a orar.
Ele conta que, enquanto orava, parecia-lhe como se o Se-
58 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

nhor viesse a ele e dissesse: "Meyer, quero todas as chaves


do seu coração".
F. B. Meyer começou a arrazoar um pouquinho com
o Senhor: "Todas as chaves?"
"Sim, Meyer, quero todas as chaves."
Então, F. B. Meyer tentou enganar ao Senhor, tomando
um molho de chaves e entregando-Lhe. Mas, não se pode
tapear o Senhor. E faltava uma chave. F. B. Meyer conta
que pareceu-lhe que o Senhor tomou o molho e começou
a contar as chaves cuidadosamente. Ao terminar, olhou para
ele e disse: "Falta uma chave, e, se não posso ser Senhor
de tudo, simplesmente não posso ser Senhor de nada". E
virou-Se, como que para deixar o quarto.
Em seu dilema, F. B. Meyer clamou: "Não vá, Senhor!
Por que está indo embora?"
Novamente lhe veio a palavra: "Se não posso ser Se-
nhor de tudo, simplesmente não posso ser Senhor de nada''.
"Mas, Senhor, é apenas uma chavezinha, uma área bem
pequena do meu coração."
E novamente lhe veio a palavra: " S e não posso ser Se-
nhor de tudo, simplesmente não posso ser Senhor de nada".
Em desespero, F. B. Meyer entregou aquela última
chave. E o que aconteceu? Tornou-se um homem controlado
pelo Espírito, que veio a ser uma bênção para multidões
incontáveis. Ainda hoje os seus ótimos hinos falam em mui-
tas línguas.
Esta fora a crise da sua vida. Tivera de construir um
altar e colocar F. B. Meyer sobre esse altar. Todas as cha-
ves tiveram de ser entregues.

Archibald Brown

Nos dias de C. H. Spurgeon houve outros pregadores


famosos, e um deles foi um homem chamado Archibald
Brown. Pregador talentoso, mas que não se tornou grande
enquanto o Espírito de Deus não começou a trabalhar em
O Coração Sincero 59

seu coração: a partir daí é que certas coisas começaram a


acontecer em sua vida. Uma noite, em seu escritório, Ar-
chibald Brown sentiu-se muito perturbado. Deus estava
falando com ele. Sentiu-se tão perturbado que, ao chegar
ao topo da escada, tropeçou e caiu. Quando conseguiu
recuperar-se, ao pé da escada, percebendo que Deus lhe fa-
lara, exclamou: "Qualquer coisa, Senhor!"
E veio-lhe a resposta: "Não qualquer coisa, mas, tudo".
Foi isto o que transformou Archibald Brown, fazendo com
que deixasse de ser simplesmente mais um bom pregador,
para ser um grande pregador.
Nem todos somos chamados para sermos pregadores,
mas todos precisamos de um coração sincero para adorar-
mos a Deus, pois a adoração é a arte maior da qual o homem
é capaz no reino espiritual, e é a preparação necessária para
que se realize qualquer trabalho.
Que é um coração sincero? É um coração quebrantado,
morto para o ego, e entregue a Deus.
CAPÍTULO IV
Apocalipse Quatro e Cinco

í. Exposição de Apocalipse Quatro

A. Visão de Deus

B. Visão do Trono

C. Adoração a Deus

II. Exposição de Apocalipse Cinco

A. Aquele que É Digno

B. Descrição dAquele que É Dig:

C. Três Grandes Coros


De nosso cordial louvor,
Do mundo inteiro ser Senhor,
Da adoração dos altos céus,
És sempre digno, Cristo, Deus!

Entronizado com o Pai,


Aquele que nossa alma atrai,
De gozo a fonte, luz do céu,
Eis o Cordeiro que morreu!
Apocalipse Quatro e Cinco
Revelação e adoração perfazem a base de tudo.
Griffith Thomas

ma compreensão clara dos capítulos 4 e 5 de Apocalipse


U é auxílio essencial à verdadeira adoração ao Senhor,
uma vez que nesses dois capítulos tem-se um vislumbre do
céu. Inicialmente, no capítulo 4, vemos Aquele que Se as-
senta no trono. A seguir, no capítulo 5, contemplamos o
Cordeiro.

Exposição de Apocalipse Quatro


Apocalipse 4 . 1 - 1 1 :
Depois destas cousas olhei, e eis não somente uma
porta aberta no céu, como também a primeira voz
que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, di-
zendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve
acontecer depois destas cousas.
Imediatamente eu me achei em espírito, e eis
armado no céu um trono, e no trono alguém sentado;
e esse que se acha assentado é semelhante no as-
pecto a pedra de jaspe e de sardônio, e ao redor do
trono há um arco-íris semelhante no aspecto a es-
meralda. Ao redor do trono há também vinte e quatro
tronos e assentados neles vinte e quatro anciãos ves-
tidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de
64 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

ouro. Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões,


e diante do trono ardem sete tochas de fogo, que
são os sete espíritos de Deus. Há diante do trono
um como que mar de vidro, semelhante ao cristal
e também no meio do trono, e à volta do trono, qua-
tro seres viventes cheios de olhos por diante e por
detrás.
O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o
segundo semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto
como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante
a águia quando está voando. E os quatro seres vi-
ventes, tendo cada um deles respectivamente seis
asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro;
não têm descanso nem de dia nem de noite, procla-
mando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o
Todo-poderoso, aquele que era, que é e que há de
vir.
Quando esses seres viventes derem glória, honra
e ações de graça ao que se encontra sentado no
trono, ao que vive pelos séculos dos séculos, os vinte
e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que
se encontra sentado no trono, adorarão ao que vive
pelos séculos dos séculos, e depositarão as suas co-
roas diante do trono, proclamando: Tu és digno,
Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra
e o poder, porque todas as cousas tu criaste, sim,
por causa da tua vontade vieram a existir e foram
criadas.

Visão de Deus

No primeiro versículo, João recebe a ordem, de uma


voz como de trombeta — a voz do próprio Senhor: "Sobe
para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas
cousas".
Em seguida, no versículo dois: "Imediatamente eu me
Apocalipse Quatro e Cinco 65

achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e no trono


alguém sentado".
João procura descrever, então, a glória e a majestade
dAquele que se assenta no trono: o próprio Deus. Assim,
diz no versículo três: "e esse que se acha assentado é se-
melhante no aspecto a pedra de jaspe e de sardonio..."
Podemos ter certeza de que esse jaspe era tão claro quanto
um cristal: um diamante. O sardonio, ou calcedonia ver-
melha, como se poderia traduzir, era, provavelmente, um
rubi: uma pedra vermelha. Estas duas, juntas, falam-nos
da glória e do sacrifício de Deus.
E depois João diz que havia um arco-íris ao redor do
trono, semelhante no aspecto a esmeralda. Neste caso, o
arco-íris fala-nos do Deus que é fiel à sua aliança. Ele é
fiel, e mantém o seu concerto. O arco-íris que surgiu após
o dilúvio era um símbolo de que Deus é fiel e é um Deus
de misericórdia. É instrutivo e maravilhoso saber que esse
arco-íris ao redor do trono é semelhante a esmeralda, pois
a esmeralda, ou o verde, sempre fala da misericórdia.
Temos, portanto, esse Ser esplêndido, esse Personagem
maravilhoso no trono, o qual é misericordioso. João, ao ten-
tar descrevê-Lo, fala da glória, do sacrifício, da misericórdia
e da fidelidade Deste que Se assenta no trono.

Visão do Trono

No versículo quatro:
Ao redor do trono há também vinte e quatro tronos
e assentados neles vinte e quatro anciãos vestidos
de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro.
Vemos o trono central, rodeado por esses vinte e qua-
tro tronos ocupados por vinte e quatro anciãos. As opiniões
diferem quanto a quem sejam esses anciãos, mas eu creio
que podemos ter a certeza de que são representantes de to-
dos os crentes.
66 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Trono fala de autoridade, de poder, de soberania ou


preeminência. E os vinte e quatro anciãos não estão apenas
sentados nesses tronos, mas, também, têm coroas em suas
cabeças. E a coroa fala de vitória. Eles são vencedores.
Assim, a figura torna-se bastante compreensível: no cen-
tro, está o trono de Deus, e, ao seu redor, vinte e quatro
tronos. Sentados nesses tronos, anciãos, representantes dos
crentes de todas as eras.
Depois no versículo cinco:
Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e diante
do trono ardem sete tochas de fogo, que são os sete
espíritos de Deus.
' 'Relâmpagos, vozes e trovões...", diz João. Note que,
aqui, o Espírito de Deus é descrito pelo símbolo do fogo,
o fogo do Espírito que arde contra todo pecado. Isto nos
fala da plenitude sétupla do poder do Espírito. E assim, te-
mos as tochas de fogo, os relâmpagos, e as vozes exatamente
no centro, rodeados por esses tronos. Este quinto versículo
pode lembrar-nos, também, que Deus é o Deus fiel à sua
aliança. O arco-íris lembra da aliança feita com Noé. As
tochas de fogo lembram-nos a aliança feita com Abraão.
Os relâmpagos e trovões podem ser associados à aliança no
Sinai.
A seguir, é-nos apresentado um mar, no versículo seis:
Há diante do trono um como que mar de vidro, se-
melhante ao cristal, e também no meio do trono,
e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de
olhos por diante e por detrás.
O "mar como de vidro", é uma tradução melhor, fala
da Palavra de Deus. Mais adiante, lemos dos mártires em
pé sobre esse mar como de cristal. Trata-se de um grande
mar. Esse mar imenso, vasto, estende-se diante do trono
e revela-nos, ou fala-nos, não apenas do caráter eterno e
da pureza da Palavra de Deus, como também da distância
Apocalipse Quatro e Cinco 67

que há, sempre, entre o adorador e o próprio Deus.


Nos dias de hoje somos propensos a ter uma familia-
ridade ímpia com Deus, atitude, aliás, que jamais teremos
se compreendermos bem o livro de Apocalipse. Para alguns,
Deus é simplesmente uma Pessoa que vive para salvar pes-
soas, todavia, de acordo com as imposições particulares
dessas pessoas. E Ele deve ajudá-las a viverem da maneira
que elas querem viver. E, mais: quando meterem-se em con-
fusão, Ele virá em seu socorro. Este conceito de Deus não
é o do Deus da Bíblia. Este é o grande Deus do universo
que deu o seu Filho em sacrifício pelo nosso pecado, não
para que vivamos uma vida que nos agrade a nós mesmos,
mas, para que vivamos uma vida que agrade a Ele. Este
grande Ser que está no trono, com o vasto mar diante de
Si, Ele é o Deus da glória!
A seguir, nos versículos sete e oito, lemos de quatro
seres viventes (uma boa tradução: "quatro criaturas viven-
tes"):
O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o se-
gundo semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto
como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante
a águia quando está voando. E os quatro seres vi-
ventes, tendo cada um deles respectivamente seis
asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro;
não têm descanso nem de dia nem de noite, procla-
mando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o
Todo-poderoso, Aquele que era, que é e que há de
vir.

Estes quatro seres viventes representam tudo o que é


mais poderoso e magnífico na criação. As seis asas e os olhos
falam de atividade incessante.

Adoração a Deus

Chegamos, então, àquela passagem a que já nos refe-


68 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

rimos anteriormente, passagem de grande importância


—Apocalipse 4.10,11:
os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante da-
quele que se encontra sentado no trono, adorarão
ao que vive pelos séculos dos séculos, e depositarão
as suas coroas diante do trono, proclamando: Tu
és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória,
a honra e o poder, porque todas as cousas tu criaste,
sim, por causa da tua vontade vieram a existir e
foram criadas.
Que reação se pode ter diante desta visão tremenda do
céu? A resposta ao verdadeiro descortinar da glória e ma-
jestade de Deus é sempre a submissão! Sempre! Por que
as pessoas não se submetem a Deus? É porque não O co-
nhecem, pois, conhecê-Lo é prostrar-se imediatamente diante
dEle em admiração, amor, louvor e submissão.
No próximo capítulo, Apocalipse 5, versículo 8, encon-
tramos exatamente a mesma coisa:
e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes
e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do
Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças
de ouro cheias de incenso, que são as orações dos
santos.
No capítulo 4, há o prostrar-se diante dAquele que está
no trono, o próprio Deus. No capítulo 5, há o prostrar-se
diante do Cordeiro, o Cristo vivo. Ver a Deus em sua gló-
ria, ou seja, ter um vislumbre da sua glória, é submeter-se
a Ele. Assim como não pode haver adoração verdadeira ao
Senhor Jesus Cristo enquanto não houver submissão total
a Ele, também não haverá cristianismo verdadeiro sem que
haja submissão.
Adorar é dar valor a quem se adora. Observe que, aqui,
adoram-No como o Criador, pois Aquele que está no trono
é o Criador. " T u és digno, Senhor e Deus nosso."
Apocalipse Quatro e Cinco 69

Não é à toa que este era exatamente o título reivindi-


cado pelo imperador romano da época. Domiciano tinha de
ser adorado e o povo tinha de submeter-se a ele como seu
senhor e deus. Todavia, há somente um Senhor e Deus, e
tão somente Ele é digno de receber glória e honra e poder.
Temos visto que são estas as três coisas que os homens de-
sejam, mas somente o Criador é digno de glória, honra e
poder.
Há um amado servo do Senhor, Dr. Paul White, que
foi missionário na África até que a enfermidade obrigou-o
a retornar ao seu país. Escreveu vários clássicos sobre o
serviço missionário na África sob o título de "O Médico
das Selvas". Ele é, também, um pregador muito agradável.
Certa vez, trouxe uma mensagem sobre o que significa ser
um cristão. Disse: "Trata-se de algo parecido com o afiliar-
-se a um clube. Não se paga nada para entrar, mas as taxas
anuais custam tudo o que você tem".

Exposição de Apocalipse Cinco

Aquele que é Digno


Apocalipse 5.1-5:
Vi na mão direita daquele que estava sentado no
trono um livro escrito por dentro e por fora, de todo
selado com sete selos. Vi também um anjo forte, que
proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir
o livro e de lhe desatar os selos? Ora, nem no céu,
nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém
podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; e
eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno
de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele. To-
davia um dos anciãos me disse: Não chores: eis que
o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu
para abrir o livro e os seus sete selos.
70 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Muda a cena: agora, João vê Aquele que estava sentado


no trono com um livro escrito não só por dentro, mas tam-
bém por fora, e selado com sete selos. Por que sete selos?
Porque o livro contém os segredos que revelam as dispo-
sições finais de Deus para as coisas deste mundo, ou seja,
os seus segredos quanto ao futuro.
E o anjo forte clama: "Quem é digno de abrir o livro
e de lhe desatar os selos? Ora, nem no céu, nem sobre a
terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro...''
A palavra " d i g n o " , aqui, parece implicar em idoneidade
moral, pois a idoneidade moral é a verdadeira fonte de po-
der no mundo celestial. Aqueles que são moralmente idôneos,
recebem de Deus a revelação da sua vontade.
Por que João chorava? Porque ele queria compreender,
e não havia homem algum que pudesse abrir o livro e dar-
-lhe entendimento — nenhuma pessoa sequer em todo o
universo! Há uma verdade tremenda nisto: Deus não entre-
gará a sua mensagem a quem não esteja qualificado para
recebê-la!
Por vezes perguntam-me: ' 'Por que o senhor tem alu-
nos de segundo grau e de nível superior estudando juntos
no instituto bíblico onde leciona?" A resposta é muito sim-
ples. Ter graduação superior não qualifica uma pessoa para
a compreensão da Bíblia. A Palavra de Deus tem de ser re-
velada pelo Espírito de Deus. É preciso que haja qualificação
moral. Com um diploma superior alguém pode ter o seu
intelecto instruído, todavia, é preciso que se tenha o coração
preparado para que se possa servir ao Senhor eficientemente.
Um dos perigos mais palpáveis dos nossos dias é que
se permite que o conhecimento acadêmico tome o lugar da-
quilo que é espiritual, ou seja, pensa-se que a realização
acadêmica qualifica alguém para compreender o espiritual.
Nada poderia estar mais longe da verdade! A única coisa
que qualifica alguém para a compreensão do espiritual é a
idoneidade moral: uma vida santa; uma vida vivida sob o
controle do Espírito de Deus, que é o único que pode revelar
Apocalipse Quatro e Cinco 71

a vontade de Deus, e iluminar e aclarar a Palavra de Deus.


Idoneidade moral — o fator indispensável.

Descrição dÁquele que é Digno

Nos versículos 5 e 6 chegamos a uma das cenas mais


esplêndidas de todo o Apocalipse:
Todavia um dos anciãos me disse: Não chores: eis
que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, ven-
ceu para abrir o livro e os seus sete selos. Então
vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e
entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tinha
sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete
olhos que são os sete espíritos de Deus enviados por
toda a terra.
Nesta passagem, vemos o Cordeiro de Deus tomando
a frente. Que cena! Por que está tomando a frente? Porque
somente Ele é digno e, principalmente, por causa de sua
vitória sobre a morte. Sua idoneidade também se revela em
sua vitória sobre os poderes das trevas, em sua obediência
ao Pai, e em sua vida imaculada. Sendo, portanto, idôneo,
Ele é digno de conhecer e de revelar os segredos do seu
Pai. Ele está, ainda, habilitado a presidir as coisas que hão
de vir. Que Senhor maravilhoso Ele é!
Vimos o Cordeiro tomando a frente, do meio do trono.
Ele é conhecido por dois títulos importantes: O Leão da Tribo
de Judá, e a Raiz de Davi. O leão fala de força ou poder.
É o símbolo do Messias Todo-poderoso. Raiz de Davi quer
dizer que Jesus Cristo é o Filho de Davi. Ele é o Messias.
Ele é, portanto, o Leão da Tribo de Judá. Mas observe que
é apresentado como "um Cordeiro como tinha sido morto",
ou " u m cordeiro". João vê um "cordeirinho", pois a pa-
lavra está no diminutivo. Quando pensamos num leão,
pensamos em seu poder, sua majestade, sua força. Todavia,
eis aqui um cordeiro. Que isso quer dizer? A figura lala
72 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

do poder que se manifesta na fraqueza aparente: um "cor-


deirinho" está no meio do trono. Incrível! Um cordeiro —
o exemplo supremo da fraqueza — sentado num trono, que
é o símbolo máximo do poder!
Os vinte e quatro anciãos prostram-se diante do "Cor-
deiro como tinha sido morto" e que tinha sete chifres. Eis
aqui nos é dada uma figura diferente para descrever o Cor-
deiro de Deus. Trata-se de uma nova concepção do Cordeiro.
Uma nova figura. Sempre que lemos sobre chifre ou chifres
na Bíblia, faz-se referência a poder. Os sete chifres simbo-
lizam o perfeito poder, ou onipotência.
Lemos, a seguir, que ele tinha sete olhos. Ele não é
apenas onipotente, como também onisciente. Os sete olhos
simbolizam a onisciência absoluta do Cordeiro de Deus. E
assim, temos o Cordeiro de Deus tomando a frente com os
sete chifres, que significam poder — poder completo — e,
também, com sete olhos, o que revela-nos que o Cordeiro
de Deus tem conhecimento perfeito e está presente em todo
lugar — onipotente, onisciente e onipresente.
A figura completa apresenta-nos o Cordeiro como o Leão
da Tribo de Judá, a Raiz de Davi, o Messias prometido,
Aquele que tem todo o poder e toda a ciência. Aquele cujo
poder pleno ninguém pode resistir e de cuja visão perfeita
ninguém pode escapar.

Três Grandes Coros


Nos versículos 7 a 14 temos três grandes coros ao Se-
nhor:
Apocalipse 5.7,8:
Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele
que estava sentado no trono; e, quando tomou o li-
vro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro
anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo
cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias
de incenso, que são as orações dos santos.
Apocalipse Quatro e Cinco 73

Lembremo-nos de que os quatro seres viventes repre-


sentam a criação, e os anciãos representam todos os crentes.
Estão diante do Cordeiro, que segura o segredo do signi-
ficado da vida em sua mão. O Cristo exaltado, o Cordeiro
onisciente e Todo-poderoso ocupa o centro. E qual a reação
diante de uma tal visão do Cordeiro? Novamente, adoração.
Por que as pessoas não adoram a Deus? Por que não
adoram o Cordeiro? É porque nunca tiveram uma visão real
do Cordeiro, ou um conceito verdadeiro de Deus, pois,
conhecê-Lo, é adorá-Lo.
Descobrimos, então, que os anciãos têm harpas e taças
de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos.
A harpa, como se sabe, era o grande instrumento citado no
Velho Testamento no qual se tocavam os louvores a Deus.
Auxiliava o instrumentista a cantar os louvores de Deus.
Trata-se de uma linda figura da oferenda das orações dos
santos. Ao prostrarem-se diante desta revelação tremenda
de poder, pujança, majestade e glória do Cordeiro de Deus,
cantam um cântico novo — o primeiro dos três grandes coros.
Apocalipse 5.9,10
e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de to-
mar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto
e com o teu sangue compraste para Deus os que
procedem de toda tribo, língua, povo e nação, e para
o nosso Deus os contituíste reino e sacerdotes; e
reinarão sobre a terra.
Este é o maior hino de louvor que o universo jamais
ouvirá: o hino dos redimidos. O coro começa com os quatro
seres viventes e os vinte e quatro anciãos louvando ao Cor-
deiro por sua dignidade, porque foi morto, porque foi
crucificado. Redimiu para Deus com o seu sangue aqueles
que O louvam, e que procedem de toda tribo, língua, povo
e nação. Observe a universalidade de tudo: toda tribo, toda
língua, todo povo, toda nação.
74 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Observe, ainda, o coro de louvor que se levanta, de


anjos, no versículo 11:

Vi, e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono,


dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era
de milhões de milhões e milhares de milhares.
Os números não devem ser tomados literalmente. O se-
gundo coro é cantado por uma companhia inumerável de
anjos. Não se trata de um hino para crentes. Note que os
anciãos não participam deste segundo coro.
Ouvimos a voz de muitos anjos cantando a doxologia
perfeita e sétupla no versículo 12:

proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro,


que foi morto, de receber o poder, e riqueza, e sa-
bedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.

Então, o coro final do universo. Não se trata apenas


de adoração por parte da criação viva: trata-se de toda a
criação.

Então ouvi que toda criatura que há no céu e sobre


a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o
que neles há, estava dizendo: Àquele que está sen-
tado no trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a
honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos
séculos (Ap 5.13)
A mente judaica deleitava-se em falar que cada pássaro,
folha de grama, montanha e rio louvam e adoram a Deus.
Aqui, temos toda a criação juntando-se neste coro magnífico,
revelando a nós o propósito último de Deus na criação. Qual
é? O propósito supremo de Deus é que toda criatura possa
adorar Aquele que está no trono e ao Cordeiro que está ao
seu lado, no trono.
Será que esse propósito está sendo cumprido em nós?
Podemos ser contados entre aqueles que sabem o que é lou-
Apocalipse Quatro e Cinco 75

var O que Se assenta no trono e ao Cordeiro que está ao


seu lado?
Eis, portanto, o hino dos redimidos, ecoado pelos anjos
e, incorporado por todos, numa palavra única. Primeiro,
os redimidos seguidos dos anjos cantam esse coro magnífico.
Depois, ele vem de todos os lados e de toda forma de cria-
tura. A criação toda, animada e inanimada, oferece louvor
e adoração.
Ao adorá-Lo, nunca se esqueça de que isso é para todos
os povos, tribos, línguas e nações, pois, quando Ele Se re-
velar a você como o Cordeiro de Deus, morto por todos,
o Espírito de Deus irá criar em você um profundo desejo
de que todos venham a conhecê-Lo.
Chegamos, enfim, no versículo 14, à conclusão mara-
vilhosa de todo esse louvor ao Cordeiro e Àquele que está
no trono:

E os quatro seres viventes respondiam: Amém, tam-


bém os anciãos prostraram-se e adoraram.

Os dois primeiros hinos são em honra ao Cordeiro. Neste


último hino, o louvor é endereçado a ambos: Àquele que
está entronizado e ao Cordeiro. Essa união de ambos é co-
mum em todo o Apocalipse, todavia, aqui eles são unidos
em louvor. Adoração e honra iguais são dadas a ambos, pois
são Um só Deus.
E os quatro seres viventes permaneceram dizendo:
" A m é m " . Soa um grande " A m é m " depois que cada uma
das onze atribuições dos versículos 12 e 13 é mencionada.
A primeira, do versículo 12: "Digno é o Cordeiro, que foi
morto, de receber o poder", é seguida de uma pausa e de
um ressonante e potente " A m é m " . As seguintes, que glo-
rificam ao Cordeiro — riqueza, sabedoria, força, honra,
glória e louvor — sendo cada uma seguida de uma pausa
e de outro forte " A m é m " , que soa até que a adoração se
complete.
Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Milhares de milhares ouço


Cantando a Deus, com gratidão,
A Cristo, o Salvador, louvando,
Que lhes ganhou a salvação.
"A Deus louvai!", eis como clamam;
"A Deus louvai, que nos amou,
E pelo sangue do Cordeiro
De toda mancha nos lavou!"
CAPÍTULO V
"Como" da Adoração

Introdução
Planejando a Adoração
A. Em Secreto
B. Pecado
C. O Espírito Santo
D. Concentração
A Prática da Adoração
A. Utilizando as Escrituras
B. Utilizando Hinos
C. Utilizando Livros
Obstáculos à Adoração
A. Um Coração Insubmisso
B. Pecado Não Confessado

C. Atitude Errada
D. Oposição do Inimigo
E. Cansaço Físico
F. Incredulidade
Absorção em Adoração
Que mar imensurável é teu profundo amor!
Oh, como és deleitável, insigne Salvador!
Em Ti nós descansamos, na tua perfeição,
E a Ti apresentamos a nossa adoração.
O "Como" da Adoração

A tarefa mais exigente da vida de um crente é


aprender como permanecer "contemplando como que
por espelho a glória do Senhor".
Oswald Chambers

Introdução

T endo lançado o alicerce, estamos, agora, preparados para


examinar o "como adorar". Como devemos adorar?
Que se deve fazer? Em primeiro lugar, é preciso que haja
integridade de coração, pois a adoração verdadeira vem do
coração. Se essa condição não for satisfeita, não haverá apro-
ximação aceitável a Deus.
É preciso que haja mãos puras. Não pode haver pecado
não confessado. Não podemos andar nas trevas e ter co-
munhão, ou adorar Aquele que está na luz, pois o pecado
não confessado tranca o acesso a Deus em adoração. Não
pode haver adoração verdadeira sem obediência.
Se você perguntar à maioria das pessoas o que é oração,
dir-lhe-ão: "Orar é pedir algo a Deus"; "É petição"; "É
súplica"; "É intercessão". Alguns poderão dizer que a
oração inclui ações de graças. Todavia, geralmente a opi-
nião da maioria é que se pede a Deus uma bênção, quando
se vai a Ele em oração. Temos quase que ignorado a im-
portância primordial da adoração.
O seguinte estudo de palavras a respeito de oração, feito
80 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

por Griffith Thomas reforça de modo penetrante a primazia


da adoração:
1. A oração é um sentimento de necessidade (deêsis
edeomai, e seus cognatos). O substantivo "deêsis"
ocorre dezoito vezes e o verbo ' 'deomai ' ' vinte e dois.
Talvez seja esta a idéia mais elementar de oração.
2. A oração é uma expressão de desejo (aiteõ, ai terna).
Essas palavras gregas são encontradas, uma ou ou-
tra, em cerca de setenta e três passagens.
3. A oração é um espírito de humildade. Este aspecto
da oração é-nos apresentado numa única passagem
(Hb 5.7), onde a palavra ' 'hiketêria ' ' refere-se à ora-
ção do Senhor no Getsêmani e é traduzida em nossa
versão por "súplicas".
4. A oração é o privilégio da comunhão. Esta idéia
é sugerida por uma palavra rara: ' 'enteuxis ' ', que
aparece apenas duas vezes em o Novo Testamento
(1 Tm 2.1; 4.5), traduzida por "intercessões" na
primeira e por ' 'oração ' ' na segunda passagem.
5. A oração é o espírito de questionamento. A palavra
que sugere esta idéia é "erõtaõ" (Jo 16.23). Esta
palavra é usada apenas uma vez em o Novo Testa-
mento em conexão com a oração.
6. A oração é um elo de união. Em Mateus 18.19, le-
mos: "...se dois dentre vós, sobre a terra, concorda-
rem a respeito de qualquer coisa que porventura pedi-
rem...". A palavra traduzida por "concordar" é
"symphõneõ", de onde nos vem a palavra "sinfonia".
7. A oração é um atitude de consagração. Em não me-
nos de cento e vinte e duas passagens do Novo Testa-
mento encontramos as palavras ' 'proseuchê " e ' 'pro-
seuchomai ' ' usadas para expressar a idéia de oração.
E, tranqüilamente, a palavra mais comum para de-
O "Como" da Adoração 81

signar a oração a Deus, e o seu significado básico


é consagração. E composta de "euchê", que quer
dizer "um voto", e de "pros", que é "voltar-se",
e expressa o voltarmos a nós mesmos para Deus,
em submissão. Expressa uma atitude de adoração
em oração. Quando nos lembramos do grande nú-
mero de vezes em que ocorrem estas palavras, pode-
mos perceber de imediato qual a atitude normal do
crente em oração. E a atitude de um adorador, de
alguém que se volta para Deus de todo coração e
alma [minha ênfase].
O Bispo Westcott foi um dos mais preeminentes mestres
da Bíblia do seu tempo. Era homem muito humilde. Quando
viajava em sua carruagem à cidade de Durham, não encarava
as pessoas: viajava sempre de costas para elas. Considerava-
-se indigno. Todavia, foi um dos grandes mestres da língua
grega do seu tempo, e um poderoso homem de Deus.
Seu filho assim se expressou a seu repeito:
Em seus últimos anos, meu pai viveu claramente em
dois mundos ao mesmo tempo. Enquanto seus pés
estavam na terra, seu espírito estava na presença de
Deus. E tudo o que lhe acontecia, era recebido nessa
Presença. Nada podia demovê-lo de uma tal atitude.
Ele aprendera a arte de adorar incessantemente. O re-
sultado disso era uma consciência constante da presença do
seu Senhor. Sim, isso é difícil, porém, possível!

Planejando a Adoração

Em Secreto
Você entra em seu quarto. E um quarto, lembre-se, é
um local fechado. Pode ser o seu quarto de dormir, seu es-
critório, ou o local da sua casa que você separou para isso.
Pode ser um jardim, ou o campo. Seja qual for o seu
82 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

"quarto'', é lá que você encontra o Senhor todas as manhãs.


E o seu objetivo é ter comunhão solitária com o Senhor que
está sensivelmente presente. Isto tem de acontecer primeiro,
e totalmente à parte do seu tempo de estudo da Bíblia e in-
tercessão. Lembre-se da primeira lição ensinada pelo Senhor
sobre oração, conforme Mateus 6.6:
Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, e,
fechada a porta, orarás a teu pai que está em se-
creto; e teu Pai que vê em secreto, te recompensará.
Um estudo deste versículo mostra-nos a ocorrência do
pronome no singular nada menos de oito vezes, reforçando
o tanto que esta primeira lição é íntima e pessoal.

Pecado

A entrada no quarto exige que se tenha um coração sin-


cero e que não haja pecado não confessado. Não devemos
esperar a hora de fazermos nossa "hora silenciosa" para
tratarmos com o pecado. Deve-se tratar com o pecado ime-
diatamente. Se percebermos que entristecemos ou apagamos
o Espírito e fizemos algo que seja desagradável à sua vista,
devemos parar seja onde estivermos e confessar o nosso pe-
cado. Isto não deve tomar mais do que trinta segundos. Não
ousemos deixar a confissão dos pecados para aquele mo-
mento de adoração no amanhecer.
D. L. Moody sabia bem o que é "manter as contas em
d i a " com Deus, e desenvolveu um hábito excelente. Todas
as noites, antes de ir dormir, repassava o dia na presença
do Senhor, confiando que Ele iria revelar-lhe quaisquer coi-
sas que O tivessem desagradado. Um homem assim está apto
para adorar.

O Espírito Santo

Precisamos nos aproximar na dependência do Espírito


O "Como" da Adoração 88

Santo, que deseja induzir os nossos corações à adoração,


o que somente pode ocorrer se aprendermos a depender dEle
confiadamente.
Filipenses 3.3 fala-nos de maneira eloqüente do minis-
tério do Espírito na adoração. "Porque nós é que somos
a circuncisão", diz Paulo, "nós que adoramos a Deus no
Espírito".
Beck traduz assim:
Nós que adoramos por meio do Espírito de Deus
Portanto, a verdadeira adoração só é possível quando
o espírito do homem é controlado pelo Espírito de Deus,
porque, como bem disse Arthur Pink: "Podemos orar sem
o Espírito Santo tanto quanto podemos criar o mundo".

Concentração

Entramos em nosso quarto, fechamos a porta, e fica-


mos a sós com o Senhor. Ajoelhamo-nos, e fechamos os
nossos olhos a fim de concentrarmos toda a nossa atenção
e afeto no Cordeiro de Deus, esquecendo-nos de tudo o mais,
a fim de não nos esquecermos dEle.
Já compartilhei com você a grande descoberta que fiz
em minha hora silenciosa quando comecei a concentrar toda
a minha atenção no Cordeiro de Deus que foi morto. Em
sua primeira tentativa, você poderá sentir-se confuso. Mui-
tos pensamentos poderão atravessar-lhe a mente ao lado de
uma lista infindável de coisas que reclamam a sua atenção.
Você terá de confiar que o Espírito de Deus irá capacitá-lo
a concentrar toda a sua atenção e afeto no Cordeiro de Deus.
Não desista!

A Prática da Adoração

Diga em voz alta para o Senhor as suas palavras de re-


conhecimento do valor que Ele tem. Ore em voz alta.
84 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Utilizando as Escrituras

Utilize as Escrituras, tornando-as mais pessoais. Por


exemplo: um versículo maravilhoso: Apocalipse 5.9:
Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos,
porque foste morto e com o teu sangue compraste
para Deus os que procedem de toda tribo...
Como adaptar este versículo para adoração pessoal?
Eleve o seu coração ao Senhor e diga-Lhe:
Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos,
porque foste morto e com o teu sangue me compraste
para Deus.
A palavra deve tornar-se profundamente pessoal, adap-
tada ao seu uso pessoal. Apocalipse 5.12 pode ser adaptado
assim:
Tu és digno de receber o poder, e riqueza, e sabe-
doria, e força, e honra, e glória, e louvor.
Os Salmos, naturalmente, transbordam em adoração.
Por exemplo: o primeiro versículo do Salmo 8 é facilmente
adaptável à adoração pessoal. Como? Diz o salmista:
Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda
a terra é o teu nome!
Adaptando-o, fica assim:
Ó SENHOR, Senhor meu, quão magnífico em toda
a terra é o teu nome!
Na adoração não se tem de usar exatamente as mesmas
palavras dos Salmos. Pode-se adorar fazendo uso do sentido
geral do salmo, numa oração como esta:
Ó SENHOR, TU és o meu Senhor, pois em misericór-
dia e graça maravilhosa me redimiste. Tu me
compraste. Livraste os meus pés de uma rede.
O "Como" da Adoração 85

Reconciliaste-me contigo. Ó SENHOR, meu Senhor,


quão excelente é para mim o teu maravilhoso nome!
Tu, que tens a tua glória acima dos céus, deste o
teu único Filho amado numa cruz. Fizeste dEle a
propiciação pelo meu pecado. Ó SENHOR, Senhor
meu, quão magnífico é o teu nome em toda a terra.
Salmo 19.1:
Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento
anuncia as obras das suas mãos.
Como poderemos adaptar este versículo à adoração pes-
soal?
Os céus proclamam a tua glória, e o firmamento
anuncia as obras das tuas mãos.
Isto é adoração.
SI 36.5-9:
A tua benignidade, SENHOR, chega até aos céus, até
às nuvens a tua fidelidade. A tua justiça é como as
montanhas de Deus; os teus juízos, como um abismo
profundo. Tu, Senhor, preservas os homens e os ani-
mais.
Isto é adoração! Está-se atribuindo valor a Deus.
Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade! Por
isso os filhos dos homens se acolhem à sombra das
tuas asas. Fartam-se da abundância da tua casa,
e na torrente das tuas delícias lhes dás de beber.
Pois em Ti está o manancial da vida; na tua luz eu
vejo a luz.
E no Salmo 29.1,2:
Tributai ao SENHOR, filhos de Deus, tributai ao SE-
NHOR glória e força".
86 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Como adaptar este versículo? Este não é tão simples!


Eu tributo a Ti, SENHOR, eu tributo a Ti glória e
força.
Notou como o versículo deve tornar-se pessoal?
Então, vejamos o versículo 2:
Tributai ao SENHOR a glória devida ao seu nome...
Diríamos assim:
Eu tributo a Ti, SENHOR, a glória devida ao teu
nome.
E no Salmo 90.1,2:
Senhor, Tu tens sido o nosso refugio, de geração
em geração.
A adaptação é bem fácil:
Senhor, Tu tens sido o meu refúgio...
Você dirá " d e geração em geração"? Não!
Tu tens sido o meu refúgio, maravilhoso Senhor,
desde aquele primeiro dia em que as minhas ca-
deias foram soltas e meu coração liberto.
E no versículo 2:
Antes que os montes nascessem e se formassem a
terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és
Deus.
Que pode observar dessas passagens das Escritoras usa-
das para adoração? Elas se ocupam com Ele. E não ordena o
primeiro mandamento que amemos ao SENHOR nosso Deus
de todo coração? Na adoração, ficamos totalmente ocupa-
dos com Aquele a quem amamos. Não nos preocupamos
conosco mesmos, ou com os outros, ou com quaisquer ou-
tras coisas. Isto é vital à adoração verdadeira!
O "Como" da Adoração 87

Novamente, no Salmo 93.1:


Reina o SENHOR. Revestiu-se de majestade; de po-
der se revestiu o SENHOR, e se cingiu...
Como adaptar este versículo? Lembremo-nos de que
deve tornar-se marcantemente pessoal.
Tu, SENHOR, estás reinando. Tu estás revestido de
majestade; Tu estás revestido de poder, e tu estás
cingido...
Outra vez: Salmo 104.1:
Bendize, ó minha alma, ao SENHOR! SENHOR, Deus
meu, como tu és magnificente! sobrevestido de gló-
ria e majestade.
Como adaptaríamos este versículo?
Eu Te bendigo, Senhor maravilhoso! Eu Te ben-
digo. Te bendigo com toda a minha alma, pois Tu
és o meu Deus e o meu Senhor. Tu és muito grande.
Tu estás vestido com glória e com majestade.
Há versículos que não precisam ser adaptados, como
é o caso do Salmo 139.1-4:
SENHOR, tu me sondas e me conheces. Sabes quando
me assento e quando me levanto; de longe penetras
os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar
e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos.
Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu,
SENHOR, já a conheces toda.
Quando você for utilizar estas passagens da Escritura,
comece simplesmente lendo-as para o Senhor. É importante
que você as decore. Determine para si a tarefa de decorar
um versículo por semana. Quando chegar a hora de você
adorar, perceberá o Espírito de Deus utilizando-Se dos ver-
sículos decorados para levar o seu coração a adorar.
88 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Utilizando Hinos

Os hinos constituem-se, também, numa ajuda preciosa.


Existem vários hinários disponíveis que você pode utilizar.
Consideremos alguns dos grandes hinos de adoração.
Lembremo-nos de que devem ter expressões de louvor bas-
tante diretas, e que devem ter um cunho bem pessoal.
"Santo! Santo! Santo!" é um hino de adoração.
"Santo, Santo, Santo, Deus Onipotente!
Cantam, de manhã, nossas vozes com ardor.
Santo, Santo, Santo, justo e compassivo
Es Deus Triuno, excelso Criador!
Isso é adoração! Decore o hino, fazendo sua, a letra
que ele tem!
Alguns dos momentos mais felizes da minha vida fo-
ram vividos no Japão, ao lado da Elizabeth, a nossa filha
mais velha. Quando ela contava cerca de três anos e meio,
costumava levá-la comigo quando ia a uma cidadezinha pró-
xima. Enquanto sacolejávamos juntos em nosso pequeno
" F u s c a " pela estrada esburacada, eu lhe ensinei esse hino.
Foi o primeiro hino que aprendeu. Por quê? Porque, apesar
de ser uma criança pequena, de três anos e meio, ela pre-
cisava aprender uma coisa da qual nunca deveria se esquecer:
nascera para adorar a Deus. Ainda posso ouvir aquela voz
terninha, cantando: "Querubins e serafins". Que melodia
gostosa para os ouvidos de um pai! E quão agradável para
os ouvidos do Senhor!
Outro hino de adoração é "Formoso Cristo".
Formoso Cristo, Rei da natureza,
Filho de Deus, homem és também
Eu quero Te alegrar,
A Ti desejo honrar
És da minha alma glória e paz!
Isto é adoração!
O "Como" da Adoração 89

Lindos os prados são, muito amena a viração,


Sob as delícias primaveris
Mais lindo és Tu, Jesus,
Mais pura é a tua luz
Que ao miserável faz feliz!
Adapte a segunda estrofe, e diga:
Lindos os prados são, muito amena a viração,
sob as delícias primaveris
Mais lindo és Tu, Jesus,
Mais puro és Tu, Senhor,
Pois Tu salvaste este infeliz!
Há um outro hino muito lindo: "Fala à minha alma,
ó Cristo".
Fala à minha alma, ó Cristo
Fala-me com amor!
Segreda com ternura:
"Eu sou teu Salvador!"
Faze-me bem disposto
Para Te obedecer,
Sempre louvar teu nome
E dedicar-Te o ser.
Faze-me ouvir bem manso,
Em suave murmurar:
"Na cruz verti meu sangue
Para te libertar".
Fala-me cada dia,
Fala com terno amor,
Segreda ao meu ouvido
"Tu tens um Salvador!"
Fala-me sempre, ó Cristo,
Dá-me orientação;
concede-me alegria
E gozo em oração.
90 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Faze-me consagrado,
Mui pronto a trabalhar,
Remindo sempre o tempo,
Pois logo vais voltar.
Como na antigüidade
Mostravas teu querer,
Revela-me hoje e sempre
Qual seja o meu dever.
A Ti somente eu quero
Louvores entoar,
Teu nome eternamente
Engrandecer e honrar.

Há, também, outro hino belíssimo: "Será possível que


eu seja beneficiado?"
Será possível que eu seja beneficiado
Pelo sangue do Salvador?
Ele morreu por mim; fui a causa do seu sofrer?
Por mim Ele enfrentou a cruz?
Quão grande amor!
Como pode ser que Tu, meu Deus,
Quiseste morrer por mim?
Este é um dos mais belos hinos de todos os tempos.
Como adaptá-lo? Não é tão simples, mas, é possível!
Será possível, Amado Senhor,
que eu seja beneficiado
Pelo teu precioso sangue?
Morreste por mim, que fui a causa da tua dor?
Por mim, que Te levei a enfrentar a cruz?
Quão grande amor!
Como pode ser que Tu, meu Deus,
Quiseste morrer por mim?
Diz a terceira estrofe:
"Como" da Adoração

Deixou o trono do Pai, no céu,


Em livre graça, infinita,
Esvaziou-Se de tudo, menos do amor.
E morreu pela raça impotente de Adão.
É pura misericórdia! Imensa, livre
Pois, Tu, meu Deus, me achaste a mim!
Adaptando-a, ficaria assim:
Tu deixaste o trono do teu Pai, no céu,
Em tua livre graça, infinita,
Tu te esvaziaste de tudo, menos do amor,
E morreste pela raça impotente de Adão.
Bendito Senhor, é pura misericórdia,
tão imensa, tão livre,
E, ó Amado, me achaste a mim!
Um outro hino é: "Rei da glória, Te Adoramos'
Rei da glória, Te adoramos.
Cristo! Soberano! Deus!
Ante Ti já nos prostramos,
Glorioso aí nos céus.
Tributamos-Te louvor,
Admirável Salvador.
Rei de toda a terra ungido,
Seu Herdeiro e seu Senhor.
Pelos homens repelido,
Desprezado o teu amor!
Homenagem nós aqui
Te prestamos, Cristo, a Ti.
Tu, "a Vida", entregue à morte!
Justo, entregue à maldição!
De teu Pai primeiro objeto,
Dado à cruz em oblação!
Alvo e centro, Tu, de amor,
Es pra nós, Jesus, Senhor.
92 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Régias glórias Te pertencem,


Régias honras Tu terás;
Do rebelde mundo o cetro
Brevemente empunharás.
Alvo agora, alvo então,
De louvor e adoração!
Também este hino:
Qual mirra fragrante que espalha ao redor
Seu rico perfume, sua aura de olor,
Senhor, o teu nome, no meu coração,
Infunde alegria e satisfação.
Jesus, nome terno de excelso valor!
Teu nome bendito, Jesus Salvador,
Acima de todos, sem par, sem igual,
Exala a fragrância do amor divinal!
E este:
Jesus, Senhor, em Ti pensar
Nos traz doçura e paz;
Quão deleitável meditar
No amor que satisfaz!
Que seja para Ti, Senhor,
Suprema devoção!
És digno, nosso Salvador,
De toda a adoração.

Utilizando Livros

Em nossos dias, ninguém compreendeu o que seja ado-


rar como o Dr. A. W. Tozer. Ele soube o que é adorar a
Deus. Em 1952, quando o Dr. Tozer foi convidado a dirigir
uma série de reuniões no Wheaton College, fui convidado
a trabalhar como conselheiro junto a alunos interessados.
Hesitante em saber se deveria aceitar o convite, perguntei
O "Como" da Adoração 93

por que o Dr. Tozer não poderia fazer ele mesmo o acon-
selhamento. Explicaram-me que ele exigia de si mesmo duas
horas e meia de oração para cada hora que tivesse que pre-
gar. Como ele teria que pregar por duas horas diariamente,
precisaria de cinco para orar. Aceitei o convite imediata-
mente.
Há um livro do Dr. A. W. Tozer que você precisa ob-
ter: O Conhecimento de Deus — Um livro pequenino sobre
os atributos de Deus. Há uma grande carência em nossos
dias de um conhecimento verdadeiro de Deus. Como será
esse Ser maravilhoso? Não podemos sequer defini-Lo! Po-
rém, à medida que estudamos os seus atributos, passamos
a ver "como que por espelho" algo da maravilha d Aquele
a Quem adoramos. Não há outra obra publicada que possa
oferecer-lhe uma introdução tão vívida aos atributos de Deus.
Faça um resumo de cada capítulo, até que você consiga do-
minar o seu ensino. Creio que isso irá ajudá-lo, tão rápido
quanto possível, a conhecer um pouco como é Deus.
Há um outro livro do Dr. A. W. Tozer, À Procura
de Deus, que haverá também de inspirá-lo e ajudá-lo a ado-
rar. Seus artigos. Adoração: Ocupação Normal de Seres
Morais, e Adoração: Jóia Ausente na Igreja Evangélica tam-
bém são de muito valor. Encontram-se no livro O Melhor
de Tozer.
Estes livros serão de grande valor no seu estudo pes-
soal sobre adoração.

Obstáculos à Adoração

Precisamos considerar cuidadosamente os seguintes seis


obstáculos à adoração. Ignorá-los será perder o direito a uma
experiência consistente de adoração satisfatória.

Um Coração Insubmisso

O primeiro obstáculo é um coração insubmisso. Não


94 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

há uma tal coisa como "rendição para sempre". Disse o


Senhor em Lucas 9.23:
Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue,
dia a dia tome a sua cruz e siga-me.
Somos, aqui, confrontados com uma crise, seguida por
um processo. Quando é que a crise acontece? "Se alguém
quer vir após mim, a si mesmo se negue..." A crise con-
siste em tirar o ego do trono, e nele colocar o Senhor Jesus
Cristo. Essa crise é seguida de um processo: tomar a cruz
diariamente — diariamente destronar o ego para que o Se-
nhor Jesus Cristo permaneça no trono. Nunca podemos deixar
de nos submeter. É preciso manter a atitude de um coração
submisso. Caso contrário, seremos carregados para longe
dEle e nos submeteremos a sentimentos que Lhe são opos-
tos. Perceberemos, de uma hora para outra, que não estamos
conseguindo chegar ao Senhor em nosso período de adoração
e correremos o perigo terrível de perdermos a vontade de
adorar. Mantenha o seu coração submisso e sensível ao Se-
nhor.

Pecado Não Confessado

O segundo obstáculo, com toda a certeza, é o pecado


não confessado. Não pense que o seu pecado inconfesso irá
simplesmente desaparecer. Não! Irá desaparecer tanto quanto
um câncer! O pecado é um câncer. É preciso que lhe demos
tratamento. Lembre-se de manter "as contas em dia", atra-
vés da confissão do pecado. Confesse-o imediatamente,
chamando-o pelo pior nome que tiver. Arrependa-se, e con-
tinue a caminhar com o Senhor.

Atitude Errada

O terceiro obstáculo à adoração é uma atitude errada,


especialmente se for em relação a algum irmão ou irmã em
O "Como" da Adoração 95

Cristo. Quando tomamos atitudes erradas, entristecemos o


Espírito de Deus. Se houver esse tipo de situação, será im-
possível adorarmos a Deus. Vigie as suas atitudes com todo
o cuidado. E trate-as sem compaixão, fazendo a confissão
necessária e arrependendo-se.

Oposição do Inimigo

Poderá haver ocasiões em que uma nuvem de opressão


surja para perturbá-lo. Recuse-a em o nome de Jesus Cristo.
"Sujeitai-vos, portanto, a Deus, mas resisti ao diabo, e ele
fugirá de v ó s " (Tg 4.7). Uma tal opressão é bem mais co-
mum nos campos missionários, mas você também poderá
experimentá-la. Não se deixe enganar, pensando que o súbito
pesar em seu espírito é devido a algum pecado. Invariavel-
mente, será obra do inimigo.

Cansaço Físico

O quinto obstáculo à adoração é o cansaço físico. Te-


nho descoberto que um banho frio pela manhã é de grande
ajuda! É, também, primordial que se durma suficientemente.
John Wesley, a cada noite assim se escusava: "São dez ho-
ras. Preciso recolher-me. Tenho um compromisso às 4 da
manhã com o meu Senhor". Exercício físico consistente,
especialmente andar, é uma necessidade. Procure, ainda,
evitar fadiga emocional, pois esta causará um cansaço mais
debilitante do que qualquer outro fator.

Incredulidade

A incredulidade é o sexto obstáculo. Quando alguém


se prepara para adorar, a fé tem de estar presente, antes
de mais nada. É preciso crer que se terá um período de tempo
maravilhoso na presença do Senhor.
Tive o privilégio, certa ocasião, de conhecer uma ver-
96 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

dadeira adoradora do Senhor, na Escócia. Seu nome era Sra.


Stewart. Uma irmã amorável, de origem humilde, que se
sustentava limpando escritórios, numa região da Escócia onde
as mulheres ainda esfregam o chão de joelhos.
Quando visitei a Escócia com a minha esposa, disse-
-lhe: "Precisamos visitar a Sra. Stewart, pois ela vem orando
por mim diariamente há muitos anos".
Fomos à sua casa humilde: apenas duas peças e uma
cozinha pequena. Havia um espelho na parede que dividia
as peças. Uma, era o seu quarto; a outra, servia de sala.
Cedo, a cada manhã, ao passar do quarto para a sala,
ela se olhava no espelho. Por quê? Sua resposta era reve-
ladora: "Sabe, adoro ao meu Senhor na sala. Quando saio
do meu quarto, passo pelo espelho e dou uma olhada final
para mim mesma. É que eu quero ter a melhor aparência
possível para apresentar-me ao meu Senhor maravilhoso".
Essa mulher conhecia ao seu Senhor intimamente. Eu
daria muito para ouvi-la adorar ao Senhor Jesus Cristo. Não
havia dúvida em sua mente de que ela iria ver ao seu Se-
nhor. Por isso, ela queria ter a melhor aparência possível.

Absorção em Adoração

Foi um privilégio para mim servir o Exército Austra-


liano por seis anos, durante o longo período da guerra iniciado
em setembro de 1939. Nessa época, fiquei conhecendo al-
guns crentes excelentes. Não muitos. Todavia, alguns deles
foram excepcionais homens de Deus. O mais excelente de-
les foi um jovem chamado Tom Walton. Eu estava presente
na noite em que ele foi convertido, numa barraca de acam-
pamento do exército. O capelão pregara uma mensagem
evangelística muito poderosa. Durante o apelo, ouviu-se o
"tá, tá, t á " dos cravos do coturno de um jovem que vinha
à frente. Abri os olhos e vi um rapaz corado, com grandes
óculos de armação de osso, que ia à frente para render tudo
a Jesus como seu Senhor.
O "Como" da Adoração 97

Pensei: "será que ele vai permanecer mesmo?" O Exér-


cito Australiano não era lugar para covardes, mas... Todavia,
ele permaneceu.
O jovem Tom foi enviado como reforço para uma das
nossas divisões mais antigas, que havia lutado na África.
Os soldados antigos não se sentiam dispostos a aceitar um
reforço ainda " c r u " . Mas, o jovem Tom conquistou os seus
corações quando arriscou a vida e foi condecorado por bra-
vura em sua primeira tarefa com seu esquadrão.
Quando ele foi morto, seis semanas antes do armistício,
aqueles veteranos embrutecidos choraram descontrolados.
Haviam perdido o " C r e n t e " , a quem amavam de coração.
Certa vez fui ao oficial comandante do seu esquadrão
e pedi-lhe que, uma vez que haviam estado recentemente
em luta por um longo período, Tom pudesse ser liberado
para passar alguns dias comigo.
O oficial respondeu: "Walton?... Walton?... Ah! o
Crente!"
"Não sei exatamente qual o nome que vocês lhe dão,
mas o seu nome é Tom Walton", respondi.
"Bem, nós o chamamos de ' C r e n t e ' . "
Por que o chamavam de Crente? O que fazia dele al-
guém tão diferente a ponto de o batalhão inteiro conhecê-lo
e respeitá-lo grandemente? A resposta é simples. O nosso
jovem soldado de Jesus havia feito da adoração a coisa pri-
mordial de sua vida.
Li o seu diário, após a guerra. Não era difícil encontrar
frases como: "Atacaremos ao alvorecer. Levantar-me-ei às
4 horas para adorar ao meu Senhor".
Certa manhã ele não estava presente à revista quando
o seu nome foi chamado. O oficial perguntou ao sargento:
"Onde está o Walton?"
A resposta foi: "Não sei, senhor".
Encontrando Tom, o sargento disse-lhe: "Walton! Wal-
ton! Estamos em revista. Corra! Que está acontecendo com
você?"
98 Como Adorar o Senhor Jesus Cristo

Tom, a toda pressa, apanhou o seu equipamento e foi


para a revista. Três ou quatro dias depois, aconteceu a mesma
coisa.
"Onde está o Walton, Sargento?"
" N ã o sei."
" V á procurá-lo."
O sargento foi à barraca do Tom. Lá estava ele, ajo-
elhado, orando. O oficial lhe disse: "Walton, se isto acon-
tecer outra vez, terei que levá-lo ao coronel".
Aconteceu outra vez, e, então, ele foi levado ao coro-
nel que o havia condecorado e, naturalmente, o conhecia.
O coronel disse-lhe: "Você esteve ausente à revista por
três vezes. Isso não é exemplo que um cabo dê. Crente, isso
é estranho. O que está havendo?"
Tom, com o seu jeito bonito e suave respondeu: " C o -
ronel, eu começo a adorar ao meu Senhor (ele costumava
chamá-Lo de 'o meu maravilhoso Senhor Jesus"), e, então,
não consigo ouvir mais nada. Não ouço a corneta. Nem o
barulho dos soldados. Nada. Desculpe-me".
Tom havia alcançado aquelas alturas raras de absorção
na adoração ao seu Senhor. O ruído do equipamento, o re-
pique agudo da corneta, o barulho da marcha — a tudo ele
estava surdo.
Aos dezenove anos de idade, Tom Walton estava ser-
vindo em Borneo quando, de repente — já não era mais,
pois Deus o tomou para Si.

Meu Jesus! Ó meu Jesus!


Quão precioso é esse nome de "JESUS"!
Na miséria me buscou,
Com seu sangue me lavou,
Com seu gozo me dotou meu Jesus!
LIVROS DA EDITORA FIEL

VIDA CRISTÃ
Chaves para o Crescimento Espiritual - John F. MacArthur, Jr.
Como Adorar o Senhor Jesus Cristo - Joseph S. Carroll
Como Ler a Bíblia - Charles H . Spurgeon
Conforto em Tempos de Enfermidade - P. B. Power
Cristo em Gênesis - Henry Law
Decisão por Cristo, A - L. R. Shelton, Jr.
Deseja Deus...Crentes Realizem Milagres Hoje? - John C. Whitcomb
Educação Cristã - Francisco Solano Portela Neto
Enriquecendo-se com a Bíblia - A. W. Pink
Entre os Gigantes de Deus - J. I. Packer
Existe o Milagre de Curas Hoje? - Brian Edwards
Fé Genuína - J. C. Ryle
Fé Inútil - Jim Elliff
Guiado pelo Espírito - Jim Elliff
Homem e Mulher - John Piper e Wayne Grudem
Importância da Igreja Local, A - Daniel E. Wray
Morte da Razão, A - Francis A. Schaeffer
Obreiro Cristão Normal, O - Watchman Nee
Onde Estão os Apóstolos e Profetas? - Brian Edwards
Oração que Deus Responde, A - Guy Appérré
Ouse ser Firme - Stuart Olyott
Pessoa de Cristo no Tabernáculo, A - Floyd Lee Gilbert
Plena Satisfação em Deus - John Piper
Pode Uma Criança ser Salva - Dennis Gundersen
Procura de Algo Mais, A - John F. MacArthur, Jr.
Provisão Divina para sua Saúde, A - S. I. MacMillen
Psicologia da Felicidade, A - Clyde N. Narramore
Que Existe de Especial no Domingo, O? - Brian Ewards
Santidade... Sem a Qual Ninguém Verá o Senhor - J. C. Ryle
Santos no Mundo - Leland Ryken
Separados pela Verdade - Peter Masters
Sob o Fogo da Provação - Roger Ellsworth
Tempos de Refrigério (Uma Chamada à Oração) - L. R. Shelton, Jr.
Verdadeira Espiritualidade - Francis A. Schaeffer

DOUTRINA
"Antigo" Evangelho, O - J. I. Packer
Assembléia de Westminster, A - Guilherme Kerr
Avivamento: O quê e Por quê? - John Armstrong
Batismo do Espírito Santo, O - Erroll Hulse
Batistas e a Doutrina da Eleição, Os - Robert B. Selph
Bebês Devem ser Batizados - T. E. Watson
Carismáticos, Os - John F. MacArthur, Jr.
Com Vergonha do Evangelho - John F. MacArthur, Jr.
Como Pode um Deus.. .Mandar Pessoas p/ o Inferno? - John Benton
Conheça as Marcas das Seitas - Dave Breese
Desafio à Reforma - Thomas K. Ascol
Deus é Soberano - A. W. Pink
Disciplina Bíblica na Igreja - Daniel E. Wray
Divindade de Cristo, A - L. R. Shelton, Jr.
Dom Maior, O - Jonathan Edwards
Eleição - Charles H. Spurgeon
Estudos no Sermão do Monte - D. Martyn Lloyd-Jones
Evangelho de Hoje: Autêntico ou Sintético?, O - Walter J. Chantry
Evangelho Segundo Jesus, O - John F. MacArthur, Jr.
Existe Mesmo o Crente Carnal? - Ernest Reisinger
Fé para Hoje - Confissão de Fé Batista de 1689
Maior Luta do Mundo, A - Charles H. Spurgeon
Manual de Teologia - John L. Dagg
Nascido Escravo - Martinho Lutero
Nossa Suficiência em Cristo - John F. MacArthur. Jr.
Pregação e Pregadores - D. Martin Lloyd-Jones
Que é ura Cristão Bíblico?, O - Albert N. Martin
Que há de Errado com a Pregação de Hoje, O? - Albert N. Martin
Quem me Livrará? - J. C. Philpot
Regeneração por Decisão - James E. Adams
Salvação Bíblica, A - W. A. Criswell
Sincero, mas Errado - D. Martin Lloyd-Jones
Triunidade de Deus no VT, A - Stanley Rosenthal
Verdades que Transformam - D. James Kennedy
Vocábulos de Deus - J. I. Packer

BIOGRAFIA
Ansiedades de um Padre - H. J. Hegger
Christiana Tsai, A Rainha do Quarto Escuro - Christiana Tsai
De Traficante de Escravos a Pregador - Brian Edwards
Manuel, O índio Diplomata - Hugh Stevens
Torturado por sua Fé - Haralan Popov
Verdade nos Libertou, A - Várias Autoras
Vida de David Brainerd, A - Jonathan Edwards

CRIAÇÃO
Criação ou Evolução - Henry Morris
Mistério dos Dinossauros, O - Norma Whitcomb
No Princípio - E. H. Andrews
Terra... De Onde Veio?, A - John Whitcomb

EVANGELISMO
Caminho Estreito que Conduz para a Vida, O - Nichols
Como Irei a Deus? - Horatius Bonar
Convite para Viver - John Blanchard
"Minha Paz vos Dou, A" - John Blanchard
Perguntas Cruciais - John Blanchard (4 cores)
Vivo ou Morto? - J. C. Ryle

DIDÁTICO

Concordância Fiel do Novo Testamento - volumes I e 2

FAMÍLIA
Casados, mas Felizes - Tim Lahaye
Felicidade no Lar - J. A. Petersen
Filhos Precisam de Pais - J. A. Petersen
Não Deixe de Corrigir Seus Filhos - Bruce A. Ray
Pastoreando o Coração da Criança, Tedd Tripp
Salário de Uma Mãe, O - Elizabeth Strachan
Vida Cristã no Lar, A - Jay E. Adams
Você Está Contente, Mamãe? - Dóris C. Aldrich

ADOLESCENTES & JOVENS


Onde Irei Daqui, ó Deus? - Zac Poonen
Palavra aos Moços, Uma - J. C. Ryle
Peregrino, O - John Bunyan
Rock In... Igreja?! - John Blanchard
Santidade do Sexo, A - Frank Lawes e Stephen Olford
Sexo e Casamento - M. Capper e M. Williams

CRIANÇAS
Conduzindo os Pequeninos a Deus - Marian M. Schooland (4 cores)
Evangelho para Crianças, O - John Leuzarder (4 cores)
Pequena Águia, A - Jim Elliff (4 cores)
Série Mackenzie: (4 cores) Ana, A Mãe que Orava
Ester, A Rainha Corajosa
Gideão, O Soldado de Deus
João Batista, Uma Voz no Deserto
Josué, O Líder Corajoso
Maria, Mãe de Jesus
Neemias, O Construtor de Deus
Pedro, O Apóstolo
Pedro, O Pescador
Rebeca, A Mãe dos Gêmeos
Rute, A Moça Ceifeira
Simão Pedro, O Discípulo
DEVOCIONAL
Luz Diária (Textos Bíblicos)
Meditações no Evangelho de Mateus - J. C. Ryle
Meditações no Evangelho de Marcos - J. C. Ryle
Meditações no Evangelho de Lucas - J. C. Ryle
Meditações no Evangelho de João - J. C. Ryle

ACONSELHAMENTO
Conselheiro Capaz - Jay E. Adams
Manual do Conselheiro Cristão, O - Jay E. Adams
Tarefas Práticas p/ Uso no Aconselhamento Bíblico - Wayne Mack

SÉRIE DE FOLHETOS " B O M D I A "


1. A Bíblia Tinha Razão!
2. A Bíblia e a Evolução
3. Divórcio, A Opção Moderna
4. Mentira é Caso Sério!
5. Pornografia - Há Algo Errado com Isso?
6. Preocupações que nos Inquietam
7. Seitas: Onde Está a Verdade?
8. A Consciência: Amiga ou Inimiga?
9. Quem é Deus para Você?
10. O que é o amor, Afinal?

VERSÍCULOS
(CONJUNTO COM 13 VERSÍCULOS, COM SUPORTE EM MOGNO OU SEM
SUPORTE) - Ano 1 - Trimestre 1, 2, 3, 4

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Editora Fiel
da Missão Evangélica Literária
Caixa Postal 1601
12230-990 - São José dos Campos, SP

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