RESUMO
RESUMEN
1. Introdução
2. Referencial teórico
mesmo que seus mecanismos não sejam sempre entendidos, pois algumas pessoas,
incluindo aquelas com habilidades em Estatística, tendem a estimar probabilidades
utilizando-se de certos métodos, sem necessariamente pensar sobre aleatoriedade,
variedade, independência ou sobre os riscos que podem surgir ao utilizar caminhos
diferentes daqueles provenientes de aspectos formais.
3. Método
PAULA
ALEX
FERNANDA
FELIPE
CARLINHA LUIZ
Todos os grupos justificaram que, uma vez que a moeda tem apenas duas faces, a
chance de sair uma delas é de 50%. Essa resposta revela a tendência dos alunos
pensarem apenas na equiprobabilidade, na probabilidade clássica.
V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 9
28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de janeiro, Brasil
Na segunda seção os alunos responderam a sete tarefas, sendo que três (1, 5 e 7)
foram realizadas diretamente no software R, e as outras quatro (2, 3, 4 e 6), no papel &
lápis, mas com o apoio dos resultados obtidos no R. Ressalta-se que os alunos não
lançaram a moeda, mas sim, simularam seu lançamento.
Nesta seção era esperado que os alunos utilizassem as funções de simulação
apresentadas na atividade preliminar, permitindo ao grupo a sua autonomia e controle
do ambiente computacional como previsto por Papert (1980) em sua visão
construcionista. Pretendia-se, ainda, que os alunos refletissem sobre as respostas
apresentadas na primeira seção em consonância com os resultados obtidos na
V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 10
28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de janeiro, Brasil
experimentação, uma vez que, por meio da interação dos alunos com o experimento de
ensino, era esperado que, a cada tarefa, os alunos pudessem construir o seu
conhecimento sobre probabilidade e que esse avanço pudesse ser observado nos
resultados obtidos no decorrer do desenvolvimento do experimento de ensino. Assim,
nas reflexões propostas nesta seção, o objetivo foi que os próprios alunos analisassem se
realmente os conceitos de probabilidade que tinham ao iniciar o experimento, se
confirmavam ou não após a simulação, principalmente no que se refere à pergunta
chave: “Todos os amigos têm a mesma chance de serem visitados?”.
1) Para Carlinha visitar um amigo, vocês (cada dupla de participantes) terão que
simular o lançamento da moeda quatro vezes, que denominamos de experimento. Se
sair cara (0), Carlinha andará um quarteirão para o Norte, se sair coroa (1), um
quarteirão para o Leste. Para a realização desta simulação no software R, utilizaremos
a seguinte linguagem: para representar a face cara utilizaremos o algarismo 0 e para
representar a face coroa o algarismo 1 . Vocês devem simular esse experimento 30
vezes. Por exemplo, se sair a sequência: cara, cara, coroa, cara, ou seja, (0,0,1,0);
deve-se atribuir Alex para o amigo visitado. A cada simulação preencha a tabela 1.
Figura 3- Simulação de D3
2) Quem tem mais chance de ser visitada Paula ou Fernanda? Por quê?
Todos os grupos identificaram que Fernanda seria a amiga mais visitada. As
justificativas utilizadas, apontadas por Hernandez, Kataoka & Oliveira (2010), estão
baseadas nos resultados da simulação, tendo como destaque o fato que, para Paula ser
visitada, teria de sair quatro faces iguais e isso fez com que ela fosse menos visitada do
que Fernanda.
3) Existe a chance da Carlinha não visitar algum amigo?( )Não( )Sim Por quê?
D2 e D3 identificaram que havia a possibilidade de algum amigo não ser visitado:
D2 usou como exemplo o caso de Paula, relatando “que no caso de sair apenas faces
coroa não será visitada”; D3 relatou que, apesar de não ter acontecido em sua simulação
o caso de um amigo não ser visitado, esse seria um resultado possível. Já o grupo D1
parece que não respondeu com base nos possíveis resultados de uma simulação, mas
sim, pensando na probabilidade teórica, uma vez que, na sua justificativa, alegou que
qualquer sequência levaria à casa de um amigo (Figura 4).
Os alunos dos grupos D2 e D3, mais uma vez, disseram que mudaram de opinião,
só que agora em relação à resposta dada na tarefa 4. Já o grupo D1 não mudou de
opinião, mas alterou a sua justificativa.
O grupo D2, apesar de indicar uma mudança de opinião, isso, de fato, não
ocorreu, já que os alunos desse grupo reconheciam que algum amigo poderia não ser
visitado dependendo da face da moeda, ou seja, eles mudaram apenas a justificativa,
deixando-a um pouco mais elaborada do que a apresentada na tarefa 4 da seção I.
Apesar de D3 declarar mudar de opinião na tarefa 4, essa mudança não foi
observada na justificativa apresentada, quando comparada com a resposta dada na seção
um. Nota-se que, em ambas, o grupo relatou não ser possível afirmar se todos têm ou
não a mesma chance de visita, uma vez que as visitas dependerão da face que aparecerá
de maneira aleatória. Escutando o diálogo que o grupo teve no momento desta tarefa,
percebeu-se que, apesar de os alunos não terem avançado na ideia que gira em torno
desta questão, a dupla abriu espaço para a discussão, sendo que um elemento do grupo
V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 13
28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de janeiro, Brasil
falou “temos que pegar a folha da tarefa 4 para olharmos o que respondemos”. De fato,
eles observaram a resposta da tarefa 4, porém chegaram à conclusão de que a
justificativa utilizada deveria permanecer a mesma.
07) Construam um gráfico e escolham uma dupla qualquer. Em seguida, comparem
seus resultados. Eles são iguais? ( ) Sim ( ) Não. O que vocês acham disso?
Todos os grupos relataram que os gráficos não eram iguais uma vez que as
sequências obtidas pelas simulações eram diferentes para cada grupo. D2 destacou que,
apesar das diferenças, a Fernanda era sempre a amiga mais visitada, e o amigo menos
visitado, em um dos gráficos, era Paula e, no outro, era Luiz. D3 destacou que, apesar
das diferenças, Fernanda e Alex mantiveram maiores chances de visita.
Carlinha
Esta tarefa tinha por finalidade possibilitar ao aluno, por meio da árvore de
possibilidades, a visualização de dezesseis caminhos (tarefa 2), que são mutuamente
excludentes, o que significa que a Carlinha não pode percorrer simultaneamente dois ou
mais caminhos. Logo, o espaço amostral associado ao experimento aleatório "Lançar
uma moeda 4 vezes” é formado por Ω={0000, 0001, 0010, 0011, 0100, 0101, 0110,
0111, 1000, 1001, 1010, 1011, 1100, 1101, 1110, 1111}; que são os dezesseis caminhos
1
possíveis, sendo a probabilidade para cada caminho de , desde que os lançamentos
16
V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 14
28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de janeiro, Brasil
da moeda sejam independentes. Logo, o resultado pode ser obtido pela multiplicação
1 1 1 1 1
das probabilidades de cada lançamento ( . . . = ).
2 2 2 2 16
Pretendia-se que os alunos percebessem que a probabilidade de cada caminho ser
1
de não implicaria no fato de que cada amigo teria de ser visitado pela Carlinha.
16
Como cada caminho tem tal probabilidade de ser escolhido, então era esperado que os
alunos identificassem que só existiria um caminho que levaria à Paula (0000), sendo
1
assim, a sua probabilidade de visita (de ) seria a mesma para Luiz (1111). No caso de
16
4
Alex, existiriam quatro possibilidades (0001, 0010, 0100, 1000), sendo então a sua
16
probabilidade de visita, fato que também aconteceria com a probabilidade de visita de
Felipe (1110, 1101, 1011, 0111).Neste contexto, Fernanda seria a colega que teria a
maior probabilidade de visita, ou seja, 6/16 (0011, 0101, 0110, 1001, 1010, 1100).
Era esperado também que os alunos percebessem que a visita de cada amigo
poderia ser determinada pelo número de vezes que aparece a face cara, associando este
fato à soma obtida em cada combinação, ou seja, no caso da soma ser 0 − quatro faces
cara − Paula será a amiga visitada; no caso de soma igual a 1 − três faces cara - Alex
será visitado; se a soma for 2 − duas faces caras - Fernanda será visitada; para o caso de
soma 3 − uma face cara− a visita será a Felipe; e se ocorrer nenhuma face cara, ou seja,
para soma igual a 4, Luiz será o amigo visitado. No estudo de Hernandez, Kataoka &
Oliveira (2010), nessa tarefa, 61,3% dos grupos de alunos identificaram corretamente
que os caminhos para chegar a cada amigo dependiam do número de caras.
Observou-se que nesta tarefa, D1 conseguiu montar a árvore, mas apresentou
dificuldade na hora de contar os amigos visitados. O professor-pesquisador interferiu
ajudando o grupo a construir um exemplo de sequência e mostrando, no esquema de
caminhos, qual era o amigo visitado (Figura 5), e isto foi suficiente para que o grupo
conseguisse terminar a tarefa.
D2 executou a tarefa, mas cometeu um erro ao atribuir cinco visitas a Felipe e
cinco para Fernanda, quando na realidade seriam quatro para Felipe e seis para
Fernanda (Figura 6). Observa-se, que o erro ocorreu no momento que o grupo deveria
ter registrado a sequência XCXC, indicando Fernanda como sendo a amiga a ser
visitada, mas registrou a sequência XCXX, apontando Felipe como sendo o amigo a ser
V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 15
28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de janeiro, Brasil
Fernanda por ter mais caminhos a serem saídos”. Essa resposta demonstra um avanço
do grupo na construção do conceito de probabilidade uma vez que, por meio da árvore,
desconstruíram a justificativa de que as visitas dependiam apenas do sorteio. Este
avanço nas observações de D3 leva-nos a reforçar a necessidade da análise da
construção do conhecimento ao longo de todo o desenvolvimento do experimento.
Notamos assim que, apesar das maiores dificuldades apresentadas por D3 até aquele
momento, isso não prejudicou o avanço do grupo no decorrer da sequência de tarefas e
no repensar de sua resposta a cada novo questionamento. Os outros grupos, D1 e D2,
parecem não mudar de opinião e, em suas justificativas, continuam acreditando que as
visitas ainda estavam condicionadas apenas à aleatoriedade dos sorteios das moedas.
Observamos que, desde a primeira seção, os alunos já declararam perceber que os
amigos não tinham as mesmas chances de visita, porém, inicialmente, com justificativas
mal estruturadas, sendo esperado que os alunos apresentassem justificativas mais
próximas da probabilidade teórica e com a observação da árvore de possibilidades.
Porém, pôde-se notar que os alunos tinham pouca familiaridade com as associações
necessárias após a estruturação da árvore de possibilidades, o que pode ter desviado a
atenção deles apenas para o entendimento da dinâmica da construção da árvore em
detrimento da compreensão do conceito probabilístico envolvido. Notamos que,
somente a partir das discussões propostas na seção seguinte, é que ficou mais clara a
ideia de probabilidade teórica.
optou por não apontar o erro, dando continuidade às tarefas e deixando para que,
posteriormente, em uma possível comparação com os colegas dos outros grupos, esse
erro pudesse ser percebido pelo próprio grupo.
Ao final deste bloco de tarefas, foi possível notar que os participantes se
mostraram totalmente envolvidos com a problemática posta, já conseguiam encarar cada
nova tarefa como um importante passo para a resolução do problema ao qual já se
colocavam na posição de integrantes. Isto nos fez identificar uma importante
característica do construcionismo, uma vez que, segundo Maltempi (2004), o
aprendizado deve ocorrer por meio de um processo ativo, em que os aprendizes sejam
parte do desenvolvimento das tarefas e não meros espectadores do processo. É possível
notar que, como previsto no construcionismo, este bloco de tarefas contribuiu para
proporcionar aos aprendizes uma posição de controle sobre as suas próprias
construções.
Acreditamos que contribuímos para o desenvolvimento do que Gal (2005)
denomina de letramento probabilístico, por meio destas novas reflexões propostas neste
bloco de tarefas. Assim, a árvore de possibilidades e a organização proposta na tabela
de distribuição de probabilidade da visita da Carlinha a seus amigos fizeram com que os
alunos refletissem, mesmo que de maneira informal, sobre elementos como
aleatoriedade, previsão e incerteza,contemplando, assim, pontos da abordagem de
grandes tópicos, além de também serem colocados a pensar sobre cálculos
probabilísticos em visões diferenciadas. Outra importante característica a ser destacada
é que os alunos passaram a atribuir sentido mais contextualizado ao termo
probabilidade, ou seja, este termo deixou de ser um termo de caráter específico escolar e
passou a ser um termo pensado e estudado em uma situação mais cotidiana. Isso se deve
tanto ao fato do termo estar sendo trabalhado por meio de uma situação que pode ser
considerada como “menos formal” para os alunos quando relacionada à forma como
este assunto é normalmente tratado no decorrer das aulas de matemática, como ao fato
de que, neste momento, os alunos já se sentiam parte da problemática posta.
E, finalmente, destaca-se a característica que acreditamos ser a mais contemplada
com a inserção deste bloco de tarefas no que se refere às perguntas críticas. Notou-se
que os alunos fizeram afirmações do tipo “não é possível determinar se há ou não na
prática privilégios na ordem de visitas”, em todos os momentos. E logo após o trabalho
com a árvore de possibilidades, eles se questionaram sobre a afirmação feita, uma vez
V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 19
28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de janeiro, Brasil
que os resultados obtidos nesta representação apontaram para certos privilégios. Essas
perguntas críticas que ocorreram desde a primeira seção e foram reforçadas com a
inserção da seção II, mostraram-se fundamentais para a condução do experimento na
perspectiva construcionista, pois, de fato, demonstraram a interação dos participantes
com a tarefa proposta.
5. Considerações finais
Referências
GAL, I. Towards “Probability Literacy” for all citizens: Building Blocks and
Instructional Dilemmas. In Jones, G. A. (Ed), Exploring probability in school:
Challenges for teaching and learning. p. 39-63. 2005.
PAPERT, S. Midstorms: Children, computers and powerful ideas. Basic Books, New
York. Trad. Como Logo: Computadores e Educação. 2. Ed. São Paulo: Editora
Brasiliense, 1980. 253 p.
V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 21
28 a 31 de outubro de 2012, Petrópolis, Rio de janeiro, Brasil