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A GRANDE IMPRENSA É A MÃE DAS “FAKE NEWS”

Todos sabemos da intensa campanha protagonizada pelos órgãos da imprensa hegemônica em


defesa da lava-jato e do pretenso combate à corrupção. Alçar Moro, Dallagnol e as forças
tarefas ao lugar de heróis nacionais ante a moralização da política, hoje, custa caro para os
grandes veículos, acossados pela extrema direita e pela esquerda. Por uma questão de
coerência com o próprio projeto direitista e antipopular, a mídia deve seguir defendendo a
lava jato mesmo quando é público e notório - até as pedras de marte sabem! - a parcialidade
que marcou e conduziu aqueles processos políticos travestidos de uma falsa legitimidade
jurídica, o chamado “lawfare”, determinantes para que o país esteja na atual situação de crise
política, econômica, social, moral e sanitária.
Em editorial publicado recentemente, sobre o julgamento do Supremo Tribunal Federal que
definiu a suspeição de Sérgio Moro em sua atuação no caso Banestado e a provável reversão
da condenação de Lula, O Globo1 aponta que o retorno do líder petista à cena política favorece
Bolsonaro, que poderia se beneficiar utilizando a bandeira do antipetismo. Para sustentar seu
argumento, o jornal lembra que “não se deve esquecer o sólido conjunto de provas contra o
ex-presidente Lula”, mas não menciona quais provas são, tampouco que a condenação, sem
provas, de Lula se deu por “atos indeterminados”. Também não cita o vultuoso conjunto de
informações divulgadas pela Vaza Jato - as quais o próprio jamais noticiou com a devida
“imparcialidade” auto atribuída ao seu jornalismo (sic) - revelando toda a sorte de
promiscuidade que permeou a relação entre o então Juiz (sic), Sérgio Moro, e os integrantes
do Ministério Público que integravam as forças tarefas.
OG está correto quando diz que “estará em julgamento não apenas o futuro de Lula e do
xadrez eleitoral, mas a capacidade do Estado e da Sociedade de enfrentar com a necessária
energia a corrupção em suas diversas formas e estágios”, inclusive aquela praticada por
agentes do Estado que, sob o guarda-chuva institucional do judiciário e do Ministério Público,
politizaram a justiça, estupraram o estado de direito e levaram o país à deterioração política, à
bancarrota econômica e à degradação moral.
Por sua vez, O Estado de S. Paulo2, em consonância, aponta que “o país inteiro assistiu a muitas
horas de julgamento, em diversas instâncias, sobre o caso do tríplex do Guarujá”, mas não
menciona que toda essa visibilidade foi construída pela própria grande mídia que, após apoiar
o golpe que destituiu a presidente Dilma, em 2016, precisava trabalhar pela condenação,
prisão e perda dos direitos políticos de Lula, sob a constante ameaça deste ser candidato, nas
eleições de 2018, vencer e, assim, frustrar o plano das elites de assumir o poder, ainda que no
tapetão com o capitão. O combo da miséria.
Ao evocar a legitimidade das instâncias superiores, que julgaram e seguiram a condenação de
Lula proferida em primeira instância, OESP agride a função do STF enquanto corte suprema
responsável por rever e corrigir deformidades e incongruências jurídicas, ainda que isso
aconteça apenas no tempo político (Pode, Arnaldo?) do judiciário.
Os jornalões, assim como as elites em geral, estão consternados. Os grupos que capitanearam
o golpe, em 2016, não tiveram condições para assumir o controle político da situação. Tiveram
de aceitar Bolsonaro e todo o ódio preconizado pela grande mídia, apropriado de um
enraizado e historicamente construído sentimento anticomunista, semeado contra os

1
https://oglobo.globo.com/opiniao/segunda-turma-do-stf-desfalcada-prenuncia-retrocesso-
na-lava-jato-1-24609774
2
https://opiniao.estadao.com.br/noticias/notas-e-informacoes,os-muitos-efeitos-de-uma-
nulidade,70003414317
“vermelhos” e a classe trabalhadora, tudo sintetizado e direcionado ao PT. Após a publicação
dos editoriais, Lula perguntou, em nota, “por que os jornais têm medo da justiça e da
verdade?”3.
O receio do retorno de Lula à cena política não é que Bolsonaro ganhe poder a partir do
antipetismo, mas que a população, mobilizada por Lula, coloque fim à draconiana agenda
econômica que retira direitos e desmonta o país. Este cenário também romperia com a
tradição política da nossa República, cujas mudanças foram todas acordadas pelo alto, entre as
elites, sem a participação da população. Notem que a disputa política segue sendo entre
extrema-direita e esquerda. A direita, sem opções de líderes populares e carismáticos, se
debate.
Quem se debate é afogado.

#LulaLivre
#ForaBolsonaro

Carla Teixeira – Doutoranda em História pela UFMG. Pesquisa Mídia, Política e História do
Brasil Republicano.

3
https://pt.org.br/globo-e-estadao-por-que-tanto-medo-da-verdade-e-da-justica/

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