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1- INTRODUÇÃO
Nesta primeira parte do TCC apresentaremos uma breve discussão sobre o trato
da mulher negra na época escravista no Brasil e sua conexão com os dias atuais. O
passado escravista ainda traz para a população negra alguns esteriótipos que levam
coisificação da mulher negra. Tais estereótipos têm cunho racista e perpetuam a
discriminação da mulher negra em diversas áreas da sociedade.
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No próximo capitulo abordaremos a perspectiva interssecional(CHESHAW)
que amplia nosso entendimento quanto as múltiplas opressões que uma mulher pode
sofrer(classe, raça, gênero). Vale salientar que nesta pesquisa a análise estará voltada
para a complexidade da relação de violência doméstica contra mulheres negras.
Miller, ou seja: por que o negro é isso que a lógica da dominação tenta (e
consegue muitas vezes, nós o sabemos) domesticar? E o risco que assumimos
aqui é o do ato de falar com todas as implicações. Exatamente porque temos
sido falados, infantilizados (infans, é aquele que não tem fala própria, é a
criança que se fala na terceira pessoa, porque falada pelos adultos), que neste
trabalho assumimos nossa própria fala. Ou seja, o lixo vai falar, e numa boa.
(GONZÁLEZ, ANO, Pág.: 225)
Esse trecho evidencia a crueldade do racismo que inferioriza para despir o outro
do direito de ser. Um ser humano que fala, pensa, age e integra uma sociedade. Mas
como falar em um espaço em que a supremacia branca (no caso do movimento
feminista) ou quando o patriarcalismo (no caso do movimento negro) impera.
Quem foi e é com essas mulheres que são alvos fáceis de vulnerabilidade em
nossa população brasileira? Quem com elas? Corpos negros para falar desse peso que é
carregar num mesmo corpo as marcas das opressões de classe, raça e gênero. Pelo
menos foi dessa forma que surgiu o feminismo negro, com suas agendas políticas
especificas e o poder de fala e ação. O poder de ser.
A mucama era a escrava moça que prestava serviços na casa grande e alimentava
os\as filhos\as dos senhores de engenho, por vezes era a ama-de-leite. Além de ser a
ama de leite, era por vezes, quase sempre assediada e tinha que realizar desejos sexuais
do “seu dono”. A mucama era “propriedade” da casa e era usada quando e como bem
entendesse. Como um objeto, ela servia de amparo para os senhores em seus desejos
sexuais mais diversos que não conseguiam realizar com as suas esposas. Esse
imaginário sexual recai sobre a mulata e a doméstica no período pós-colonial.
DESENVOLVER A CITAÇÃO
Toda essa representação que a mulher negra ocupa no imaginário coletivo reflete
no cenário doméstico, ela sendo esposa, mãe e doméstica. Ela sofre com esse imaginário
cotidianamente. Esta pesquisa busca entender como a questão étnico-racial se dá no
contexto de violência doméstica. Temos inúmeros motivos para entender que o corpo da
mulher negra é o destituído de direitos, inclusive, o direito a vida. Daí os índices de
feminicidio(COLOCAR EM NOTA DE RODA PÉ) da mulher negra crescentes
enquanto da branca só decresce. A mulher negra sempre nos índices que refletem
vulnerabilidades. Até quando teremos que estudar o racismo para provar que ele existe e
perpassa as relações sociais?
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...a se delinear, para nós, aquilo que se poderia chamar de contradições internas. O
fato é que, enquanto mulher negra, sentimos a necessidade de aprofundar nessa reflexão, ao
invés de continuarmos na reprodução e repetição dos modelos que nos eram oferecidos pelo
esforço de investigação das ciências sociais. Os textos só nos falavam da mulher negra numa
perspectiva sócio-econômica que elucidava uma série de problemas propostos pelas relações
raciais. Mas ficava (e ficará) sempre um resto que desafiava as explicações. E isso começou a
nos incomodar. Exatamente a partir das noções de mulata, doméstica e mãe preta que
estavam ali, nos martelando com sua insistência...
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E Entrar com os dados estatísticos e a dissertação , feminicidio ... Dialogo com as autoras Ângela ,
entre outras...
Pesquisa de campo;
SANTOS, Renato Emerson dos. O movimento negro brasileiro e sua luta antirracismo: por uma perspectiva
descolonial. In: Geografia e giro descolonial: experiências, idéias e horizontes de renovação do pensamento crítico.
2017 (completar a referência)