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1- INTRODUÇÃO

Nesta primeira parte do TCC apresentaremos uma breve discussão sobre o trato
da mulher negra na época escravista no Brasil e sua conexão com os dias atuais. O
passado escravista ainda traz para a população negra alguns esteriótipos que levam
coisificação da mulher negra. Tais estereótipos têm cunho racista e perpetuam a
discriminação da mulher negra em diversas áreas da sociedade.

Para melhor compreender a condição da mulher negra na época escravista e nos


dias atuais, utilizaremos a análise colocada por Lélia Gonzalez, referente a mucama,
mãe preta, doméstica e Mulata.

Lélia analisava a problemática do mito da democracia racial e seus efeitos


quanto ao (não)lugar da mulher negra desde a época da escravidão, em que relata entre
outras coisas a exploração sexual na relação Senhor do engenho e mucama; e destaca a
herança escravista como manutenção das representações atuais referente a “mãe preta”,
mulata e a empregada doméstica.

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No próximo capitulo abordaremos a perspectiva interssecional(CHESHAW)
que amplia nosso entendimento quanto as múltiplas opressões que uma mulher pode
sofrer(classe, raça, gênero). Vale salientar que nesta pesquisa a análise estará voltada
para a complexidade da relação de violência doméstica contra mulheres negras.

(In)visibilidade e coisificação da mulher negra

O racha no movimento negro e no movimento feminista ocorreu devido a


dificuldade de entendimento das demandas especificas da mulher negra, como o
entendimento do (não)lugar da mulata e empregada doméstica. Pouca coisa mudou
depois do período escravocrata. Não existiam as senzalas, mas as relações de poder se
mantinham no convívio e contrato entre patrão e doméstica.

Foi necessário criar forças e empenho para a criação do movimento feminista


negro, até porquê o negro(a) não tinha visibilidade, poder de fala, direitos e
legitimidade. Alias é uma luta constante até os dias de hoje. Muitas vozes foram
silenciadas até aqui pela lógica da dominação:

Ora, na medida em que nós negros estamos na lata de lixo da sociedade


brasileira, pois assim o determina a lógica da dominação, caberia uma
indagação via psicanálise. E justamente a partir da alternativa proposta por
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Miller, ou seja: por que o negro é isso que a lógica da dominação tenta (e
consegue muitas vezes, nós o sabemos) domesticar? E o risco que assumimos
aqui é o do ato de falar com todas as implicações. Exatamente porque temos
sido falados, infantilizados (infans, é aquele que não tem fala própria, é a
criança que se fala na terceira pessoa, porque falada pelos adultos), que neste
trabalho assumimos nossa própria fala. Ou seja, o lixo vai falar, e numa boa.
(GONZÁLEZ, ANO, Pág.: 225)

Esse trecho evidencia a crueldade do racismo que inferioriza para despir o outro
do direito de ser. Um ser humano que fala, pensa, age e integra uma sociedade. Mas
como falar em um espaço em que a supremacia branca (no caso do movimento
feminista) ou quando o patriarcalismo (no caso do movimento negro) impera.

FALAR BREVEMENTE SOBRE O FEMINISMO NEGRO PEGAR


WERNECK OU SUELI CARNEIRO.

Quem foi e é com essas mulheres que são alvos fáceis de vulnerabilidade em
nossa população brasileira? Quem com elas? Corpos negros para falar desse peso que é
carregar num mesmo corpo as marcas das opressões de classe, raça e gênero. Pelo
menos foi dessa forma que surgiu o feminismo negro, com suas agendas políticas
especificas e o poder de fala e ação. O poder de ser.

A colonialidade é a própria base para a constituição e a afirmação histórica do


sistema capitalista, pois, segundo Grosfoguel(2010), o capitalismo se constitui e
afirma no mundo através de um conjunto de relações de dominação e
exploração, hierarquias sociais que pluralizam as experiências ordenando o
primado de suas relações: (i) uma hierarquia de classe; (ii)uma divisão
internacional do trabalho entre centro e periferia; (iii) um sistema interestatal de
organizações político-militares; (iv) uma hierarquia étnico-racial global que
privilegia os europeus frente aos não europeus;(v)uma hierarquia sexual que
coloca os homens acima das mulheres e o patriarcado europeu sobre outras
formas de relação homem-mulher;(vi)uma hierarquia sexual que desqualifica
homossexuais frente a heterossexuais;(vii) uma hierarquia espiritual que coloca
cristãos acima de não cristãos;(viii)uma hierarquia epistêmica que coloca a
cosmologia e o conhecimento ocidentais sobre os não ocidentais; e (ix) uma
hierarquia lingüística que privilegia as línguas européias – e, também, a
comunicação e a produção de conhecimento e teorias a partir delas, enquanto as
outras produzem folclore ou cultura.(SANTOS, 2017, pág.:60)

Para Lélia é importante traçar os efeitos violentos que a mulher negra, em


particular, sofre por conta da colonialidade acima citada. Para isso utiliza para análise a
articulação entre sexismo e racismo e discute o mito da democracia racial no pós-
abolição. A autora contribuiu para entendermos o papel social da mulata, doméstica e
mãe preta.
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González utiliza como análise o carnaval no Brasil comparativamente com as


representações sociais no período colonial. Como já foi mencionado, a pesquisadora
trabalha com investigação do corpo da mulher negra e faz um paralelo com o mito da
democracia racial.

USAR FANON PARA FALAR DO CORPO NEGRO

USAR DISCUSSÃO SOBRE O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL

BUSCAR CITAÇÃO NO TEXTO DE JANAINA QUE FALA DA MULHER


NEGRA ESCRAVA PARA REMETER A ESCRAVIDÃO

A mucama era a escrava moça que prestava serviços na casa grande e alimentava
os\as filhos\as dos senhores de engenho, por vezes era a ama-de-leite. Além de ser a
ama de leite, era por vezes, quase sempre assediada e tinha que realizar desejos sexuais
do “seu dono”. A mucama era “propriedade” da casa e era usada quando e como bem
entendesse. Como um objeto, ela servia de amparo para os senhores em seus desejos
sexuais mais diversos que não conseguiam realizar com as suas esposas. Esse
imaginário sexual recai sobre a mulata e a doméstica no período pós-colonial.

Mulata entendida como a mucama permitida (GONZALEZ, ANO), aquela que


enfeita o carnaval e contagia o público. A doméstica “nada mais é do que a mucama
permitida, a da prestação de bens e serviços, ou seja, o burro de carga que carrega sua
família e a dos outros nas costas. Daí, ela ser o lado oposto da exaltação; porque está no
cotidiano”. (GONZALEZ, ANO, Pág.: 230)

Parafraseando Lélia, a doméstica traz a tona a culpabilidade branca, pois a


empregada doméstica continua sendo a mucama. Vale o questionamento, porquê
desempenham atividades que não precisa lidar com o público ou empregos com cargos
sulternazados? Ainda há um estranhamento quando o\a negro\a ocupam cargos
superiores, porque o brasileiro em geral entende que o lugar do negro é na serventia.
Sempre no papel de prestar serviços. Mas no carnaval pode protagonizar o evento. É
autorizado brilhar. Neste cenário que a mulata é exaltada e se torna capa de jornais.
Ganha prestígio. Mas como salienta Lélia, depois a mulata retorna ao seu lugar de
doméstica.
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Sobre a mãe-preta Lélia destaca que,

simplesmente, é a mãe. É isso mesmo, é a mãe. Porque a branca, na verdade, é a


outra. Se assim não é, a gente pergunta: que é que amamenta, que dá banho, que
limpa cocô, que põe prá dormir, que acorda de noite prá cuidar, que ensina a
falar, que conta história e por aí afora? É a mãe, não é? Pois então. Ela é a mãe
nesse barato doido da cultura brasileira. Enquanto mucama, é a mulher; então
“bá”, é a mãe. A branca, a chamada legítima esposa, é justamente a outra que,
por impossível que pareça, só serve prá parir os filhos do senhor. Não exerce a
função materna. Esta é efetuada pela negra. Por isso a “mãe preta” é a mãe.
( Pág.:235)

DESENVOLVER A CITAÇÃO

Toda essa representação que a mulher negra ocupa no imaginário coletivo reflete
no cenário doméstico, ela sendo esposa, mãe e doméstica. Ela sofre com esse imaginário
cotidianamente. Esta pesquisa busca entender como a questão étnico-racial se dá no
contexto de violência doméstica. Temos inúmeros motivos para entender que o corpo da
mulher negra é o destituído de direitos, inclusive, o direito a vida. Daí os índices de
feminicidio(COLOCAR EM NOTA DE RODA PÉ) da mulher negra crescentes
enquanto da branca só decresce. A mulher negra sempre nos índices que refletem
vulnerabilidades. Até quando teremos que estudar o racismo para provar que ele existe e
perpassa as relações sociais?
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SEGUNDO CAPITULO TRABALHAR A INTERSECCIONALIDADE ,


DAVIS, TEXTOS QUE EU TENHO E A DISSERTAÇÃO. A MULHER NEGRA NO
CENÁRIO DE VIOLÊNCIA.

Pag 3

...a se delinear, para nós, aquilo que se poderia chamar de contradições internas. O
fato é que, enquanto mulher negra, sentimos a necessidade de aprofundar nessa reflexão, ao
invés de continuarmos na reprodução e repetição dos modelos que nos eram oferecidos pelo
esforço de investigação das ciências sociais. Os textos só nos falavam da mulher negra numa
perspectiva sócio-econômica que elucidava uma série de problemas propostos pelas relações
raciais. Mas ficava (e ficará) sempre um resto que desafiava as explicações. E isso começou a
nos incomodar. Exatamente a partir das noções de mulata, doméstica e mãe preta que
estavam ali, nos martelando com sua insistência...
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COLOCAR NOTA DE RODAPÉ EXPLICANDO SUPERFICIALMENTE

Colocar discussão da Lélia por Cardoso e Lélia.

Depois finalizar com Interseccionalidade de Kimbelé

E Entrar com os dados estatísticos e a dissertação , feminicidio ... Dialogo com as autoras Ângela ,
entre outras...

Pesquisa de campo;

SANTOS, Renato Emerson dos. O movimento negro brasileiro e sua luta antirracismo: por uma perspectiva
descolonial. In: Geografia e giro descolonial: experiências, idéias e horizontes de renovação do pensamento crítico.
2017 (completar a referência)

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